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A língua grega é constituída de muitos vocábulos conceituais. Assim, em grego antigo, não há uma única
palavra para descrever o amor, a filosofia da Grécia antiga classifica o amor em diversas formas:
Ágape (ἀγάπη agápē): significa “amor” no grego moderno. A palavra foi usada de maneiras diferentes
por uma variedade de fontes contemporâneas e antigas, incluindo os escritores da Bíblia. Muitos
pensavam que essa palavra representava apenas o amor divino, incondicional, com auto sacrifício, pela
vontade e pelo pensamento, embora também possa ser praticado por humanos inspirados por esse
sentimento, mas em grau bem inferior, obviamente, em função das imperfeições e limitações humanas.
Os filósofos gregos nos tempos de Platão e outros autores antigos usaram o termo para denotar uma
afeição em contraste com philia (uma afeição que poderia ser encontrada entre amigos e de forma não
sexual) e eros (uma afeição de natureza sexual e romântica). Aparece no Novo Testamento e descreve,
entre outras coisas, o relacionamento entre Jesus e os seus discípulos. Na literatura bíblica, seus
significados são ilustrados como auto sacrifício e a disposição de amor a todas as pessoas, amigos e
inimigos, o chamado amor ao próximo. Por causa do seu uso frequente no Novo Testamento, os
escritores cristãos desenvolveram uma quantidade significativa de teologia baseada unicamente na
interpretação desta palavra.
Eros (ἔρως érōs): remete à palavra grega moderna “érotas”, com a sua significação de “amor romântico".
Entretanto, eros não necessariamente evoca uma natureza sexual, embora muitas vezes esteja
associado ao desejo, à atração física, ao prazer e ao sexo propriamente dito. O eros pode ser
interpretado como um amor a quem se ama mais do que o amor de philos, podendo também se aplicar a
definição de relacionamentos afetivos propriamente ditos. Seria o amor entre os apaixonados.
Filosoficamente, Platão refina uma definição própria de eros: para ele, embora esta forma de amor seja
sentida inicialmente em disposição a uma pessoa, contemplando-se este alguém o amor é transformado
numa apreciação da beleza trazida na alma, ou mesmo na apreciação da beleza formalmente definida
(ver: Teoria das ideias). Deve-se apontar que Platão não observa na atração física uma parte necessária
do amor erótico, donde o “amor platônico” significa um amor sem atração física. Para Platão, o eros
promove o conhecimento da recordação da beleza da alma e contribui para a compreensão da verdade
espiritual. Os amantes e os filósofos são, para ele, inspirados a procurar a verdade pelo eros. O trabalho
mais famoso de Platão sobre o assunto é O Banquete, tratando-se de uma discussão entre os
estudantes de Sócrates sobre a natureza do eros.
Philia (φιλία philía/filia): “amizade” no grego moderno, indica um amor virtuoso e desapaixonado. É o tipo
de amor relacionado à amizade e companheirismo, onde não há a presença do eros. É descrito como o
amor entre amigos e irmãos. Foi desenvolvido conceitualmente por Aristóteles, a incluir a lealdade aos
amigos e à comunidade e requerendo igualdade e familiaridade. Esta é a única outra palavra para o
“amor” usada nos textos antigos do Novo Testamento além de ágape, mas é usada substancialmente
com menor frequência. Aristóteles diz que a philia é necessária como um meio para atingir a felicidade
(“ninguém escolheria viver sem amigos mesmo se tiver todos os outros bens, a nobreza ou gentileza
para si”).
Philos (φίλος filos/phílos): "confiabilidade", "amado" ou "querido", amicabilidade e lealdade baseada na
confiança. Descreve o amor amical e companhia amiga, um tipo de amizade no valor caracteristicamente
grego profundamente enraizado no conceito de reciprocidade, pela troca de favores e apoio, com um
senso íntimo de respeito um para o outro, tendo atitudes amigáveis e confiáveis de
companheiro/parceiro. É o oposto de hostil, odiador e inimigo (ἐχθρός ekhthrós/echthros), separado de
xénos (ξένος estranho ou desconhecido).
Storge (στοργή storgē): “afeição” do grego moderno. É usada para indicar a afeição natural como aquela
que os pais sentem pela prole. É considerado o mais benéfico dos afetos. Acontece especialmente na
família, entre seus membros. Normalmente é caracterizada como o amor dos pais aos filhos e outros
membros do núcleo familiar. É o tipo de amor que nasce naturalmente, muitas vezes biologicamente e
diferentemente de philia e eros, em que o amor aparece de formas circunstanciais. É um amor
considerado “pronto”, do nascimento.
Filautia (φιλαυτία philautía): "amor-próprio", sinônimo de egoísmo. Refere-se a uma atitude mental
positiva e se engaja no autocuidado, autor reconhecimento e auto visibilidade (ou autoconsciência). Isto
não é um senso de vaidade, mas uma consciência e aceitação de quem você realmente é mostrando-se
compaixão em tempos mais escuros. egoísmo. Os gregos dividiram ainda mais esse amor em positivo e
negativo: um na versão doentia é o amor auto obcecado e o outro é o conceito de autocompaixão.
Xênia (ξενία xenía): "hospitalidade", a generosidade e cortesia mostradas aos que estão longe de casa
e/ou associados da pessoa que oferece amizade aos hóspedes. Os rituais de ceder hospitalidade
criaram e expressaram uma relação recíproca entre hóspede e anfitrião, expressa tanto em benefícios
materiais (como a doação de presentes a cada parte) quanto em imateriais (como proteção, abrigo,
favores ou certos direitos normativos).
Pragma (πραγμα/τικότητα prágma/tikótita): "realidade", uma forma amadurecida e pragmática de amor,
tendo envelhecido como bom vinho com o tempo. É comumente visto em cônjuges que são casados há
décadas, e é algo pelo quais todos inconsciente ou secretamente ansiamos — a companhia que olha
além de nossas limitações, mas nos ama por nossa frágil humanidade. Um amor em que somos aceitos
incondicionalmente e nunca nos afastaremos. É difícil encontrar e leva muito tempo e paciência para
cultivar companheirismo.
Ludus (λυδός lūdus/ludós): "jogo", amor lúdico, desejo de querer ou almejar se divertir um com o outro,
fazer atividades em ambientes fechados e ao ar livre, provocar, saciar e fazer brincadeiras inofensivas
um com o outro. A aquisição de amor e atenção em si pode fazer parte do jogo. A afeição entre jovens
amantes, a paquera, provocação compulsória/impulsiva e euforia infantil/instintiva de estar em um novo
relacionamento é parte e parcela dessa forma de amor. Pessoas gregas achavam que o amor deveria ter
um senso de diversão e brincadeira, não precisa ser sério o tempo todo.
Mania (μανία manía): "transtorno mental" do qual o termo "maníaco" ou "manico" é derivado. Um desejo
de manter o parceiro em alta estima e querer amar e ser amado dessa maneira, vendo especialidade na
interação. Esse tipo de amor tende a levar um parceiro a um tipo de loucura e obsessão. Na roda de
cores, é representada pela cor púrpura, pois é uma mistura ou desequilíbrio entre ludus e eros. Isto é o
que acontece quando o amor se torna assustador, e é a competência de stalkers (bisbilhoteiros) e ilusão.
Aqueles que experimentam/vivenciam essa forma de amor também se tornam co-dependentes e podem
ser autores de abuso de seus entes queridos.