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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E

TECNOLOGIA DO PARÁ
ÁREA PROFISSIONAL DE MINERAÇÃO
CURSO TÉCNICO DE MINERAÇÃO

Professora: Marlis Elena Ramírez Requelme

2022
DESENVOLVIMENTO MINEIRO

1. INTRODUÇÃO. GENERALIDADES

A mineração é reconhecida como uma atividade de extração de recursos minerais,


responsável por disponibilizar matérias primas para a indústria (metalúrgica, siderúrgica,
fertilizantes, petroquímica, etc). Portanto, apresenta grande importância, tendo uma relação
estreita entre desenvolvimento econômico, qualidade de vida e consumo de bens minerais.
Tecnicamente o desenvolvimento constitui a terceira fase da mineração, como é fase
que envolve grandes despesas, seu inicio requer, que tenha sido provado a posse da jazida
mineral. A extração das substâncias mineiras úteis de uma jazida não pode ser iniciada
imediatamente após sua descoberta, o que exige que ela esteja convenientemente
desenvolvida dentro de um determinado planejamento. Seu planejamento deve ser
condicionado ao tipo de lavra que se irá executar.
Entende-se por desenvolvimento os trabalhos de abertura de uma jazida para garantir
sua lavra ou explotação. O principal objetivo do desenvolvimento é prover acesso à jazida,
permitindo a entrada de mineiros, equipamentos, suplementos, energia, ventilação e saída de
minério e estéril produzido. A explotação de qualquer jazida mineral exige a implantação de
serviços mineiros e abertura de vias de acesso, bem como a disposição espacial e distribuição
das instalações ao redor da explotação mineira (lay-out da mina, Figura 1.1). Antes do início
da fase de explotação, o desenvolvimento é limitado, tanto quanto possível, à construção de
aberturas primárias ou principais. Outras atividades relacionadas ao desenvolvimento
compreendem trabalhos preparatórios, estrutura, pessoal e serviços que suportam a lavra e,
usualmente, as funções de processamento.

Figura 1.1 - Esquema de um empreendimento de mineração.


Na lavra a céu aberto, o acesso à jazida precisa ser obtido pelo decapeamento, ou seja,
retirada o solo ou rocha de cobertura, para expor o minério próximo da superfície. O
decapeamento tem um ciclo de operações para desmonte e manuseio do estéril, idêntico ao
empregado nas operações de lavra propriamente dito. Considerações econômicas determinam
a relação estéril / minério.
Desenvolvimento Mineiro
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Na lavra subterrânea, aberturas de pequeno tamanho são feitas a partir da superfície


para interceptar o corpo de minério e eventualmente conectá-lo com grandes aberturas de
explotação. Esse desenvolvimento é geralmente mais complexo e caro. Requer um cuidadoso
planejamento e projeto dos acessos, segurança e estabilidade. A abertura principal para a
superfície é, geralmente, através de shafts, que podem ser de seção circular ou retangular,
verticais ou inclinados, e de tamanho suficiente para permitir a passagem de homens,
equipamentos e minério (Figura 1.2a). Em terrenos acidentados, aberturas horizontais
denominadas áditos ou túneis, podem ser usados para atingir o corpo do minério (Figura
1.2b).
Em ambos os casos, ocorrem trabalhos de desenvolvimento preliminares, tais como
aquisição de direitos minerários e financiamento, provisão de estradas de acesso e outros
transportes, fontes de energia, manuseio do minério, instalações de tratamento, depósito de
estéril (eis) e barragens de rejeitos etc., precisam preceder, ou caminhar paralelamente à lavra.

(a) (b)

Figura 1.2 - Tipos de aberturas. (a) - terrenos planos (shaft), (b) - terrenos acidentados (ádito).
1.1 Conceitos básicos

Os serviços mineiros empreendidos para facultar a lavra de uma jazida, ou seja, os


trabalhos de abertura de uma jazida mineral para as atividades de lavra são denominados de
desenvolvimento mineiro. Naturalmente, pressupõe que o corpo mineral tenha sido
convenientemente explorado e ratificado ser jazida, pois não seria razoável a execução de
serviços preparatórios que conduziriam a uma lavra ainda problemática.
Pela definição, a etapa de desenvolvimento antecede à explotação, entretanto, esta
divisão não é cronologicamente definida, sendo o desenvolvimento realmente concluído
somente quando a jazida é exaurida ou fechada. As razões pelas quais o desenvolvimento e a
lavra caminham em seqüência, mas sobrepondo-se, são de natureza administrativa e
tecnológica. (1) O investimento para desenvolvimento é muito grande para ser realizado por
inteiro, de uma só vez, sem retorno financeiro e (2) é impossível desenvolver completamente
uma mina, sem executar a lavra em determinados pontos. Da mesma forma como a pesquisa
continua durante a lavra, o desenvolvimento ocorre concomitantemente com esta. A tese de
um limitado desenvolvimento, a despeito da lavra, é amplamente defendida na mineração. Há
um argumento contrário, que advoga a favor do máximo desenvolvimento antes da primeira
produção, visto que para uma eficiente produção uma jazida requer que todos os acessos e
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instalações superficiais estejam preparados antes que algum minério seja produzido. Muitos
equívocos em projetos mineiros remontam da pressa e avareza na explotação de uma jazida.
Desta forma, uma regra do desenvolvimento é que uma satisfatória locação de capital de
trabalho seja designada para este propósito, de modo a permitir que um máximo de
desenvolvimento antes do início da lavra. Em termos de engenharia é o mesmo que dizer que
uma ótima taxa de desenvolvimento - explotação para maximizar o lucro total, precisa ser
determinado para cada novo projeto mineiro. Outra regra estabelece que o desenvolvimento
deve ser executado para acessar a máxima quantidade de minério, para um mínimo de
desenvolvimento de aberturas. Uma exceção à regra ocorre em minas lavradas pelo método de
câmaras e pilares, comumente usado para carvão e não metálicos, onde o desenvolvimento de
aberturas assemelha-se às aberturas para explotação, porém com um custo maior.

1.2 Importância do desenvolvimento

Deve ser enfatizada a extrema importância técnica e econômica do desenvolvimento


mineiro, não apenas pelas despesas que envolve, como principalmente pela preponderante
influência: nos custos de produção, na produtividade, na segurança e na higiene da lavra, e na
flexibilidade quanto ao método de lavra.
Os serviços de desenvolvimento são, por vezes, análogos a outros executados na fase
de exploração, mas se distinguem deles, e de quaisquer outros, pela sua finalidade: preparação
para lavra - envolvendo todos os serviços necessários para sua eficiência e segurança, tais
como vias de acesso, de transporte, de ventilação, de esgotamento, estabelecimento de
unidades de desmonte, depósitos, etc. As explorações podem comportar alguns serviços
semelhantes, tais como: acessos, galerias diversas, etc. porém com a principal finalidade de
determinar as características do corpo em estudo e não, propriamente, de sua preparação para
lavra.
Os desenvolvimentos principais (vias de acesso e alguns subsidiários), se bem que
condicionados pelos princípios fundamentais da lavra, oferecem certa flexibilidade quanto aos
métodos de lavra: várias mudanças são possíveis, com a evolução da lavra, após a abertura
dos acessos e mesmo de serviços de desenvolvimento subsidiários.

2. TIPOS DE DESENVOLVIMENTO

Os desenvolvimentos podem ser agrupados nos seguintes tipos:

2.1. A céu aberto ou subterrâneo: conforme sejam executados na superfície ou no interior dos
terrenos. Em geral, está intimamente ligado com o tipo de lavra, se a céu aberto ou
subterrâneo.

2.2 Prévios ou simultâneos com a lavra: se executados antes que se inicie a lavra, como
condição para esta, ou se efetuados à medida que a lavra prossegue, mantendo uma adequada
quantidade da jazida desenvolvida para se permitir a lavra regular, sem interferência dos
serviços, porém sem exageros de desenvolvimentos, resultando em grandes investimentos
prematuros, sem nenhum reembolso imediato. Em alguns casos, esta simultaneidade pode ser
forçosa, por exemplo, em serviços de lavra a céu aberto nos quais o estéril deva ser lançado
nos trechos já lavrados, evitando-se longos transportes para os bota-foras.
Na lavra, a medida das conveniências ou imposições há um desenvolvimento
simultâneo, acompanhando a lavra e pode ser sistemático ou simplesmente supletivo. Por
tanto, o desenvolvimento só cessa com a própria lavra. Em jazidas a céu aberto, há casos de
desenvolvimento prévio completo, de desenvolvimento com adiantamento acentuado ou de
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desenvolvimento com pequena antecipação. Também em minas subterrâneas, os acessos


principais costumam ser prévios. Mas, em todos os casos, há sempre desenvolvimentos que se
executam a medida que a lavra prossegue.

2.3. Sistemáticos ou supletivos: se são empreendidos segundo um plano geral, em


coordenação com o método de lavra, ou feitos ocasionalmente, para atender a conveniências
ou imposições locais, tais como o provimento das vias de ventilação ou esgotamento, saídas
de emergência, etc. Mais freqüentemente decorrerá da conveniência econômica. Exemplo:
vias principais de acessos, o desenvolvimento subsidiário, também denominado de
desenvolvimento lateral, envolvendo a ligação ao corpo das vias principais de acessos.
O desenvolvimento supletivo, ditado por conveniências locais, poderá resultar de
imposição de necessidades irremovíveis, de provisão de entradas para enchimento, de vias de
ventilação ou de vias para esgotamento, etc. Mais comumente decorrerá de conveniência
econômica.

2.4. Produtivos ou obras mortas: conforme forneçam minério ou estéril, segundo sua locação
na jazida, nas encaixantes ou em terrenos vizinhos. O fornecimento de material útil seria
desejável, por compensar, parcial ou totalmente, as despensas da execução; mas, excluídos os
trabalhos de estabelecimento de unidades de desmonte ou frente de lavra. As principais
finalidades dos desenvolvimentos são transportes rápidos e eficientes, ventilação, drenagem,
etc. Impõem regularidade de traçados e de distanciamento dos locais de desmonte,
conduzindo comumente à locação no estéril, isto é, obras mortas. Esses desenvolvimentos são
comumente mais econômicos (maior regularidade, menor custo de manutenção, não
imobilização de minério como piso ou pilares de proteção, etc.), embora não forneçam
recuperações imediatas, por fornecimento de minério.

2.5. Puros ou exploratórios: segundo tenham ou não finalidade subordinada de completar a


exploração da jazida, para fornecimento de maiores detalhes do corpo; não devem ser
confundidos com os de exploração pura, que podem ocorrer simultaneamente com os de
desenvolvimento ou com os de lavra, mas cuja finalidade é o conhecimento da jazida.

A Figura 2.1 apresenta os desenvolvimentos a céu aberto ou subterrâneos.


(a) (b)

Figura 2.1 - Tipos de desenvolvimento. (a) - céu aberto, (b) - subterrâneo.

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