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APONTAMENTO DE AULA – LEB 450

PROF. DR. PETERSON RICARDO FIORIO


PROF. DRA. ANA CLÁUDIA DOS SANTOS LUCIANO

Piracicaba 2022
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................................................. 3

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................... 4

2. MÉTODOS DE FOTOINTERPRETAÇÃO ........................................................................................................ 4

2.1. Foto-leitura ........................................................................................................................................... 4

2.2. Foto-análise .......................................................................................................................................... 5

2.3. Foto-dedução ........................................................................................................................................ 5

3. UMA CONDUTA PARA INTERPRETAÇÃO ................................................................................................... 5

3.1. Do conhecido para o desconhecido ....................................................................................................... 6

3.2. Um tópico de cada vez .......................................................................................................................... 6

3.3. O uso de imagem secundária e o ambiente .......................................................................................... 6

3.4. Conhecer a escala ................................................................................................................................. 6

3.5. Saber a data da fotografia .................................................................................................................... 6

4. FATORES QUE LEVAM A UMA FALSA INTERPRETAÇÃO ............................................................................. 6

4.1. Arranhaduras ........................................................................................................................................ 7

4.2. Marcas de eletricidade .......................................................................................................................... 7

4.3. Variações de tonalidade........................................................................................................................ 7

4.4. Faixas laterais ....................................................................................................................................... 7

4.5. Marcas brancas..................................................................................................................................... 7

5. ELEMENTOS DE INTERPRETAÇÃO DE IMAGENS......................................................................................... 7

5.1. Tonalidade ............................................................................................................................................ 8


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5.2. Cor......................................................................................................................................................... 8

5.3. Textura .................................................................................................................................................. 9

5.4. Tamanho ............................................................................................................................................. 10

5.5. Forma.................................................................................................................................................. 11

5.6. Sombra................................................................................................................................................ 12

5.7. Padrão ................................................................................................................................................ 13

5.8. Localização geográfica........................................................................................................................ 13

6. USO DE IMAGENS NO ESTUDO DE FENÔMENOS AMBIENTAIS ................................................................ 14

6.1. Queimadas .......................................................................................................................................... 14

6.2. Desmatamentos .................................................................................................................................. 16

7. REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 17

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Praia de Ubatuba-SP (imagem em preto e branco) ................................................................... 8


Figura 2: Praia de Ubatuba-SP (imagem colorida) .................................................................................... 9
Figura 3: Região de Aparecida/Guaratinguetá-SP e diferentes tipos de textura.................................... 10
Figura 4: Complexo do Maracanã no Rio de Janeiro e arredores ........................................................... 11
Figura 5: Área agrícola em Barreiras-BA................................................................................................. 11
Figura 6: Região de Cruzeiro e Cachoeira Paulista no Vale do Paraíba no estado de São Paulo ............ 12
Figura 7: Diferentes padrões de ocupação de uma região de São José dos Campos-SP ........................ 13
Figura 8: Queimada em região do Mato Grosso..................................................................................... 15
Figura 9: Queimada Parque Nacional das Emas-GO ............................................................................... 15
Figura 10: Mosaico de uma região de Rondônia .................................................................................... 16
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1. INTRODUÇÃO
A interpretação de fotos é o ato de examinar as imagens fotográficas a fim de identificar os
objetos e determinar sua significância. Além disso, o conceito de identificar o ambiente também é
muito importante, visto que diversos fatores críticos exigem que o processo seja mais do que
simplesmente identificar objetos individuais.
No geral, ocorrem vários estágios consecutivos durante a interpretação de fotos. Assim, as
imagens ou condições específicas devem ser primeiramente detectadas, identificadas e julgadas para,
no final do processo, serem avaliadas de acordo com a sua significância. Algumas imagens poderão ser
prontamente reconhecidas.
O reconhecimento significa que o observador "conhece" a identidade do objeto ou da imagem,
geralmente porque o mesmo tem algum conhecimento ou experiência anterior. Todavia, devem ser
empregadas técnicas analíticas deliberadas para identificar objetos, imagens ou condições com as
quais o observador não tenha experiência anterior, ou onde o objeto seja de difícil identificação.
Dessa forma, quando é identificado e traçado rios e estradas, ou delimitado uma represa, a
área ou mancha urbana correspondente a uma cidade, uma área de cultivos etc., e a partir dessa
análise de uma imagem ou fotografia, é feita a interpretação. Quanto maior a resolução, e mais
adequada a escala, mais direta e fácil é a identificação dos objetos em uma imagem.
Destaca-se que o resultado da interpretação de uma imagem obtida por sensor remoto pode
ser apresentado em forma de um mapa. Quando os dados são utilizados em formato digital e
analisados também de forma digital, utilizam-se softwares de processamento de imagens, conhecidos
como SIG (sistema de informação geográfica).
O material a seguir abordará os principais critérios de intepretação e imagens, bem como
exemplos de aplicação.

2. MÉTODOS DE FOTOINTERPRETAÇÃO
Existem diversas técnicas de exames de fotos para se conseguir a informação desejada. Conforme
Carver (1988), tais técnicas podem ser simples ou mais complexas, tem-se como exemplos a foto-
leitura, a foto-análise e a foto-dedução. Todos estes métodos são conhecidos como fotointerpretação,
embora sejam técnicas independentes, aplicadas em graus crescentes de complexidade.

2.1. Foto-leitura
A foto-leitura é uma técnica de reconhecimento direto de objetos feitos pelo homem e de
características comuns do terreno. Refere-se à visão vertical de construções, trabalhos de engenharia,
campos cultivados, riachos, florestas, formações da terra, por exemplo.
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De forma simplificada, o leitor de fotos utiliza os detalhes da fotografia aérea do mesmo modo
que o leitor de mapas usa os sinais convencionais mostrados em um mapa. Normalmente este
processo não envolve o uso de estereoscópio e é a técnica de interpretação mais simples.

2.2. Foto-análise
É a técnica de examinar o objeto através da separação e distinção de suas partes componentes.
A aplicação deste processo para várias características da fotografia representa a foto-análise. Inclui-
se, todos os aspectos da foto-leitura adicionando-se, porém, uma avaliação do inter-relacionamento
entre as características da foto para a classificação e o levantamento.
Em relação a classificação da terra, por exemplo, a foto-análise representa um estudo
completo e sistemático da imagem estereoscópica. Isto é realizado visando analisar todos os
"elementos" que se referem às condições da terra. O principal objetivo é identificar
estereoscópicamente as inúmeras unidades do terreno e delinear todas as áreas homogêneas que
indicam diferenças nas condições do solo. Cada área homogênea é metodicamente analisada e
comparada às outras. As áreas similares recebem símbolos iguais.

2.3. Foto-dedução
A foto-dedução é a técnica mais complexa das técnicas interpretativas, já que ela inclui todas
as características da foto-leitura e ainda uma avaliação da estrutura geomorfológica da área, os
processos responsáveis por sua formação e o estágio de seu desenvolvimento. Além disso, esta técnica
inclui um detalhado exame de todos os outros elementos da foto aérea e uma cuidadosa avaliação dos
mesmos.
Por meio do estudo da imagem ou modelo estereoscópico são feitas deduções relativas a
elementos ocultos. Quanto os levantamentos de solo e a classificação da terra, a foto-dedução não é
totalmente confiável, a menos que os relacionamentos entre as características físicas da superfície da
terra, bem como entre as características ocultas que deverão ser deduzidas, estejam realmente visíveis
nas fotografias. Todavia, raramente estes relacionamentos ocorrem. Por isso, o único método
consistente em relação ao uso do material fotográfico aéreo para fins de classificação do solo e da
terra, seria uma combinação de análises de fotos aéreas e um sistema planejado de verificação no
campo.

3. UMA CONDUTA PARA INTERPRETAÇÃO


De acordo com Carver (1988), a área em estudo deverá ser primeiro observada a olho nu, em
conjunto com todos os mapas e mosaicos disponíveis. Embora possam parecer incompletos, esses
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dados levam a uma apreciação dos padrões regionais, os quais são muito extensos para aparecer em
uma única fotografia. Desse modo, poderão ser detectados padrões descontínuos, porém repetitivos
que aparecem sobre grandes áreas.

3.1. Do conhecido para o desconhecido


Nos primeiros estágios de interpretação deve ser estabelecido o que é reconhecível e
conhecido. Características e fatores já identificados nos mapas ou em outras fotografias, devem ser
transferidas diretamente. Ficará então, disponível para comparação com imagens desconhecidas, o
que for positivamente identificáveis nas fotos.

3.2. Um tópico de cada vez


A interpretação de fotos deverá ser conduzida metodicamente, com um tópico levando a
outro: o intérprete que não se concentra na sequência dos tópicos, terminará confuso.

3.3. O uso de imagem secundária e o ambiente


Quando afastado de seu ambiente, a aparência de um armazém de cargas ferroviário, será
similar a um depósito de cura de tabaco, porém quando a imagem secundária é usada, a identificação
se torna imediatamente óbvia. Os ramais e os desvios ferroviários, ou celeiros de cura são identificados
como tal. Portanto, a imagem secundária facilita a tarefa.

3.4. Conhecer a escala


Antes de iniciar qualquer interpretação, o intérprete deverá conhecer a escala da foto ou do
mosaico que está sendo trabalhado. Assim, o relacionamento em tamanho entre o conhecido e o
desconhecido e possibilitará calcular o tamanho de um objeto.

3.5. Saber a data da fotografia


É muito importante para o intérprete saber a data em que a fotografia foi tirada. Isto evitará a
perda de tempo na busca de objetos que foram construídos após a tomada das fotografias. Em muitos
casos, construções que aparecem na fotografia podem já terem sido derrubadas. A data ajuda
também, a identificar as espécies de vegetação e as estações do ano.

4. FATORES QUE LEVAM A UMA FALSA INTERPRETAÇÃO


Embora com pouca frequência podem ocorrer falhas no material fotográfico aéreo, o intérprete
não deverá confundi-las com detalhes do terreno (CARVER, 1988).
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4.1. Arranhaduras
Marcas de arranhaduras no filme podem ser reproduzidas na foto como finas linhas brancas
ou pretas. Estes sinais podem ser causados por falha mecânica da câmara ou por um manuseio
descuidado no processamento. Os mesmos são geralmente óbvios e não se compatibilizam com
nenhum detalhe da imagem.

4.2. Marcas de eletricidade


São causadas por liberação de eletricidade estática no filme quando ainda dentro da câmera e
aparecem como tipos de ramificações. Marcas como estas não aparecem nas mesmas posições
relativas nas fotos subsequentes.

4.3. Variações de tonalidade


Devido às variações no ângulo dos raios de sol, uma superfície de água (reservatório), poderá
aparecer com uma tonalidade escura numa foto e com uma tonalidade clara na foto seguinte de
recobrimento o que poderá ser interpretado como área arenosa.

4.4. Faixas laterais


Ponta do filme fixada erroneamente no carretel antes da primeira foto ou após a última, pode
ocasionar faixas no processo de revelação e aparecer na fotografia como faixas paralelas claras ou
escuras, variando em largura.

4.5. Marcas brancas


Marcas brancas que aparecem na mesma posição em todas as fotos, são causadas por marcas
no vidro do equipamento de revelação.

5. ELEMENTOS DE INTERPRETAÇÃO DE IMAGENS


As imagens obtidas por sensores remotos, qualquer que seja o seu processo de formação,
registram a energia proveniente dos objetos da superfície observada. Independentemente da
resolução e escala, as imagens apresentam os elementos básicos de análise e interpretação, a partir
dos quais se extraem informações de objetos, áreas ou fenômenos. Esses elementos são: tonalidade,
cor, textura, tamanho, forma, sombra, padrão e localização (FLORENZANO, 2002).
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5.1. Tonalidade
A tonalidade cinza é um elemento utilizado para interpretar fotografias ou imagens em preto
e branco. Nesse tipo de imagem, as variações da cena fotografada ou imageada são representadas por
diferentes tonalidades, ou tons de cinza, que variam do branco ao preto.
Quanto mais luz ou energia um objeto refletir, mais a sua representação na fotografia ou
imagem vai tender ao branco e, quanto menos energia refletir (absorver mais energia), mais a sua
representação na fotografia ou imagem vai tender ao preto. A figura abaixo exibe uma praia de
Ubatuba-SP, observa-se que a área urbana, que reflete muita energia neste canal, é representada com
tonalidades claras, enquanto que a água limpa e a mata verde e densa, que absorvem muita energia
neste canal, são representadas com tonalidades escuras.

Figura 1: Praia de Ubatuba-SP (imagem em preto e branco)

5.2. Cor
A cor é um elemento usado na interpretação de fotografias ou imagens coloridas, nas quais as
variações da cena fotografada ou imageada são representadas por diferentes cores. Em uma imagem
colorida, a cor do objeto vai depender da quantidade de energia que ele refletir (no canal
correspondente à imagem), da mistura entre as cores (processo aditivo), e da cor que for associada às
imagens originais em preto e branco.
É mais fácil interpretar imagens coloridas do que em preto e branco, justamente porque o olho
humano distingue cem vezes mais cores do que tons de cinza. A figura a seguir representa a mesma
praia de Ubatuba-SP citada anteriormente, mas dessa vez colorida. Destaca-se que a vegetação é
representada pela cor vermelha, porque esta cor foi associada ao canal 4, onde a vegetação reflete
muito mais energia do que nos demais canais utilizados nesta composição colorida.
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Figura 2: Praia de Ubatuba-SP (imagem colorida)

5.3. Textura
A textura refere-se ao aspecto liso (e uniforme) ou rugoso dos objetos em uma imagem. Ela
contém informações quanto às variações (frequência de mudanças) de tons ou níveis de cinza/cor de
uma imagem. A textura é um elemento muito importante na identificação de unidades de relevo: a
textura lisa corresponde a áreas de relevo plano, enquanto que a textura rugosa corresponde a áreas
de relevo acidentado e dissecado pela drenagem. A Figura 3. compreende a região de
Aparecida/Guaratinguetá-SP. Nela é possível identificar através da textura lisa, uma área plana,
correspondente à planície do rio Paraíba do Sul (a); da textura média, uma área de relevo suave
ondulado, correspondente às colinas terciárias (b); da textura rugosa, uma área de relevo ondulado,
correspondente aos morros cristalinos, também denominados mares de morros (c); e relevo
montanhoso (d).
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Figura 3: Região de Aparecida/Guaratinguetá-SP e diferentes tipos de textura

Ademais, sobre a cobertura vegetal, salienta-se que uma área de mata, considerando que que
ela é mais heterogênea, é representada por uma textura mais rugosa do que uma área de
reflorestamento, que é mais homogênea ou uniforme, e esta é mais rugosa em relação a uma área de
cultura.

5.4. Tamanho
Em relação ao tamanho, que é uma função da escala de uma fotografia ou imagem, e relativo
aos objetos na imagem, este é um elemento importante na identificação de objetos. Dessa maneira,
em função do tamanho, pode-se distinguir uma residência de uma indústria, uma área industrial de
uma residencial, grandes avenidas de ruas de tráfego local, um sulco de erosão de uma voçoroca, uma
agricultura de subsistência de uma agricultura comercial, por exemplo. A figura a seguir refere-se a
região do estádio do Maracanã no Rio de Janeiro. No complexo esportivo é possível distinguir, em
função do tamanho, o estádio de futebol do ginásio coberto, o Maracanãzinho e suas piscinas. Além
disso é possível separar a avenida (av. Maracanã), das demais ruas circundantes e os ônibus, dos carros
de passeio.
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Figura 4: Complexo do Maracanã no Rio de Janeiro e arredores

5.5. Forma
A forma é um elemento de interpretação tão importante, que alguns objetos, feições ou
superfícies são identificados apenas com base nesse elemento. Assim, estradas e rios são facilmente
identificados pela sua forma linear (e curvilínea), as construções como casas, prédios de apartamentos
costumam ter formas regulares e bem definidas (quadrados e retângulos), campos de futebol
(retangular), as áreas de cultivo caracterizam-se pela sua forma geométrica, mais comumente
retangular, ou em faixas, e as áreas de culturas irrigadas por sistemas de pivô central apresentam
formas circulares.

Figura 5: Área agrícola em Barreiras-BA


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Tem-se, também, formas irregulares que são indicadoras de objetos naturais (matas, lagos,
feições de relevo, pântanos etc.), enquanto formas regulares indicam objetos artificiais ou culturais,
construídos pelo homem (indústrias, aeroportos, áreas de reflorestamento, áreas agrícolas etc.). É
importante considerar que a forma de um objeto observado a partir de uma perspectiva vertical é
diferente em relação à observação horizontal. Assim sendo, as árvores de um pomar transformam-se
em fotografias de grande escala em pequenos círculos, edifícios transformam-se em retângulos, entre
outros.

5.6. Sombra
A partir da sombra, outros elementos, como a fom ma e o tamanho, também podem ser
inferidos. Por outro lado, a sombra representada em uma imagem, assim como pode ajudar na
identificação de alguns objetos como pontes, chaminés, postes, árvores e feições de relevo, pode
ocultar a visualização dos objetos por ela encobertos. A Figura 6. exibe a região de Cruzeiro e Cachoeira
Paulista no Vale do Paraíba em São Paulo. Nela, as áreas de maior sombreamento, que indicam relevo
mais alto, encontram-se na serra da Mantiqueira.

Figura 6: Região de Cruzeiro e Cachoeira Paulista no Vale do Paraíba no estado de São Paulo
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5.7. Padrão
O padrão pode ajudar na identificação de objetos, pois refere-se ao arranjo espacial ou à
organização desses objetos em uma superfície. Em fotografias aéreas e em imagens de alta resolução
espacial, pode-se associar um padrão de linhas sucessivas a culturas plantadas em fileiras.
Assim, áreas residenciais de alto padrão caracterizam-se por unidades habitacionais grandes,
baixa densidade dessas unidades e muita área verde, enquanto áreas ocupadas com comunidades
caracterizam-se pelo tamanho mínimo das unidades habitacionais, sem espaçamento entre si, nem
organização espacial, estando também ausente a estrutura viária, como é possível verificar na Figura
7. Portanto, em função do padrão e da densidade de ocupação do terreno, diferentes classes
residenciais podem ser distinguidas em fotografias e imagens.

Figura 7: Diferentes padrões de ocupação de uma região de São José dos Campos-SP

5.8. Localização geográfica


A localização geográfica de um objeto pode ajudar muito na sua identificação em uma imagem.
As áreas urbanas, por exemplo, podem ser identificadas por sua proximidade de rodovias, rios e
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litorais. O conhecimento existente sobre o tipo de clima, a geologia, o relevo, a vegetação e o tipo de
ocupação de uma região são utilizados no processo de interpretação de uma imagem. Esse
conhecimento evita confundir, por exemplo, uma vegetação de cerrado, típica dos chapadões do Brasil
central com uma vegetação de caatinga, típica da região semiárida.
Quanto maior é o conhecimento sobre a área de estudo, maior é a quantidade de informação
que se pode obter, a partir da interpretação de fotografias ou imagens desta área. A associação e
comparação de alvos conhecidos no terreno (lagos, rios, cidades, áreas de reflorestamento, áreas de
cultivos etc.), com a sua representação (correspondência) em uma imagem, facilita a identificação dos
componentes da paisagem, familiarizando-nos com essa forma de representação do espaço.
Em relação aos inexperientes em interpretação de imagens, a recomendação é iniciar por uma
imagem de área conhecida. O trabalho de campo é praticamente indispensável ao estudo e
mapeamento do meio ambiente por meio de imagens de sensores remotos. Ele faz parte do processo
de interpretação de imagens. Por meio dele, o resultado da interpretação torna-se mais confiável.

6. USO DE IMAGENS NO ESTUDO DE FENÔMENOS AMBIENTAIS


As imagens de satélites, ao recobrirem superfície sucessivas vezes permitem o estudo e o
monitoramento de fenômenos naturais dinâmicos do meio ambiente como queimadas e
desmatamentos, por exemplo. Esses fenômenos deixam marcas na paisagem que são registradas em
imagens de sensores remotos (FLORENZANO, 2002).

6.1. Queimadas
A importância da detecção e do monitoramento de queima traz, também, contribuições
também aos estudos de modificação do clima incluindo: efeito estufa, chuva ácida, influência dos
aerossóis na visibilidade, balanço de energia, formação de nuvens e precipitação. O excesso de áreas
queimadas pode ter implicações ecológicas, climáticas e ambientais diversas. As imagens de satélites
são muito utilizadas para detectar focos de incêndios, por exemplo.
A Figura 8. mostra uma região do Mato Grosso, obtida em 07/08/1997, na qual é possível
observar por meio de uma pluma de fumaça, em azul-claro, um foco de incêndio. As áreas com
cobertura vegetal aparecem em verde e as áreas desmatadas, em rosa-claro.
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Figura 8: Queimada em região do Mato Grosso

Já a Figura 9. exibe uma imagem do Parque Nacional das Emas, obtida em 25/08/1992, nela é
possível verificar uma área queimada de 300 km no seu interior, destacada em preto: a vegetação
natural está em verde. A área queimada corresponde a 22,56% da área total do parque, cerca de 1.330
km.

Figura 9: Queimada Parque Nacional das Emas-GO


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6.2. Desmatamentos
A exploração de madeira e a substituição da vegetação natural por diferentes tipos de uso da
terra podem intensificar o processo de desmatamento. O emprego do fogo está bastante associado a
esse processo. O aspecto multitemporal das imagens de satélites permite avaliar e monitorar as áreas
desmatadas, como podemos observar na Figura 10 que exibe um mosaico de imagens dos satélites de
uma região de Rondônia: “a” a estrada BR364 (em branco) corta quase que solitária a mata nativa (em
vermelho); enquanto que na imagem “b”, 14 anos depois, é visível o desmatamento (em ciano), ao
longo da rodovia e num padrão radial de ocupação conhecido como "espinha de peixe". Em uma
imagem recente “c”, é possível observar a evolução desse processo, principalmente na parte sudoeste,
onde pode-se identificar algumas áreas em vermelho dentro daquelas de formas geométricas: Elas
representam vegetação em fase de regeneração ou alguma cultura perene como seringueira, café etc.
Assim, a partir da interpretação de imagens de satélites, podem ser gerados mapas de áreas
desmatadas de diferentes datas. Com o uso de um SIG, é possível integrar essas informações e calcular
as taxas de desmatamento.

Figura 10: Mosaico de uma região de Rondônia


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7. REFERÊNCIAS
CARVER, A.J. Fotografia aérea para planejadores do uso da terra. Brasília: MA/SNAP/SRN/CCSA, 1988.
77p.
FLORENZANO, T.G. Imagens de satélite para estudos ambientais. São Paulo: Oficina de Textos, 2002.
97p.

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