Você está na página 1de 11

O HOMEM VITRUVIANO

Cláudia Borim da Silva


Irene Cazorla
Verônica Yumi Kataoka

O Homem Vitruviano é uma sequência de


ensino que tem como objetivo analisar os
padrões das relações que se estabelecem
entre as variáveis estatísticas.

Objetivos específicos
• Analisar os padrões das relações que se estabelecem entre as vari-
áveis estatísticas.
• Apresentar uma noção intuitiva de modelagem.
• Vivenciar fisicamente as medidas de posição.

Conteúdos
• Gráficos: diagrama de pontos (dotplot), diagrama da caixa
(boxplot), diagrama de dispersão bivariado.
• Medidas de posição: quartis.
• Valores discrepantes (outliers).
• Erro aleatório.
• Medidas de dispersão: amplitude total, amplitude interquartílica.

Tempo estimado
• 8 horas-aula.

Materiais
• Reportagens sobre Leonardo da Vinci, Homem Vitruviano e medi-
das antropométricas.
• Cartaz em papel madeira com planilha para registrar os dados.
• Malhas para construção dos gráficos em papel A4.
• Lápis de cor.

38
A Estatística vai à Escola

• Calculadora.
• Régua de 30 e 50 cm.
• 1 ita métrica utilizada para costura.
• 2 itas métricas de dois metros, construídas em papel madeira.
• Fita crepe ou adesiva.
• Fita métrica gigante, construída em papel-madeira para realizar o
dotplot humano da altura. O ideal é que cada unidade tenha pelo
menos 20 cm de comprimento para que os alunos possam ficar en-
fileirados. Se seus alunos medem de 150 a 190cm, isto é, há 40 cm de
diferença, então a ita métrica gigante medirá oito (8) metros.
• Fita métrica gigante construída em papel madeira, para ajustar o
dotplot humano do número do calçado. O ideal é que cada unidade
tenha pelo menos 20 cm, para que os alunos possam ficar enfileira-
dos. Se seus alunos calçam de 34 a 44, há 10 números de diferença,
então a ita métrica gigante medirá dois (2) metros.

No ambiente papel e lápis


No ambiente papel e lápis, as atividades percorrem oito etapas:
Etapa 1: Contextualizando e formulando a pergunta da pesquisa
Neste caso estamos investigando a harmonia nas diversas partes do
corpo humano, como por exemplo, será que a altura é igual à enver-
gadura dos braços conforme postulado por Leonardo da Vinci?
Etapa 2: Construindo o instrumento de coleta de dados
Que medidas vamos coletar para validar ou refutar nossa(s) hipótese(s)?
Envergadura dos braços; altura; largura dos ombros; número do calça-
do, perímetro cefálico, gênero, entre outras. Definidas as variáveis de-
vemos decidir como vamos “mensurá-las, definido os instrumentos de
coleta de dados, que podem ser régua, ita métrica, questionário etc.
Etapa 3: Coletando os dados
Nesse encontro, junto com os alunos, levante os dados. Para isso
meça a altura, o perímetro cefálico etc., como mostra as duas
primeiras fotografias da Figura 1.

39
Coleção UESC-Escola consCiência

Etapa 4: Organizando os dados


Para organizar os dados, construa um cartaz contento a “Planilha de
dados” em papel pardo e afixe na parede, para que cada aluno
preencha seus dados, como mostra a terceira fotografia da Figura 1.

Figura 1 – Coletando e registrando os dados dos alunos do Colégio


Estadual Eduardo Catalão, de Ilhéus.
Fonte: Acervo da pesquisa do AVALE

Etapa 5: Trabalhando com os procedimentos estatísticos


Cálculo de medidas e construção de tabelas e gráficos. Por exemplo,
para trabalhar as medidas de tendência central (média, mediana e
moda) e dispersão (amplitude total, variância e desvio padrão), po-
demos utilizar o “dotplot humano”, “dotplot no papel” e diagrama da
caixa (boxplot); para covariação o diagrama de dispersão e modela-
gem matemática, assim como o cálculo e interpretação dessas me-
didas estatísticas. Nas fotos a seguir ilustramos o dotplot humano
(Figura 2 e 3) e no papel (Figura 4).

Construindo o dotplot humano


Para formar o dotplot humano da altura dos alunos, peça que façam
uma fila do mais alto ao mais baixo. Caso dois ou mais alunos
tenham a mesma altura, peça que formem uma fila transversal.
Para calcular a mediana basta pedir ao aluno que está na posição
central que dê um passo à frente (no caso do número de alunos ser
ímpar). No nosso exemplo, tínhamos 25 alunos, logo a mediana foi a
estatura do aluno que estava ocupando o 13º lugar. Neste caso, a
garota que está à frente da fila (Figura 2).
No caso do dotplot humano do calçado, peça aos alunos que formem

40
A Estatística vai à Escola

ilas segundo o número do calçado, do maior para o menor (Figura 3).

Figura 2 - Dotplot humano Figura 3 - Dotplot do Figura 4 - Aluno construindo


para a altura dos alunos da número do calçado o dotplot no papel.
Escola Estadual Eduardo dos alunos do Colégio
Catalão, de Ilhéus. Estadual Menandro
Minahin, de Una.

Construindo o dotplot no papel


Também podemos construir malhas que facilitem a construção de
gráficos de barras, de linhas e o dotplot, bem como planilhas que fa-
cilitem o cálculo das medidas. Na Figura 5 apresentamos o dotplot
no qual utilizamos círculos para as meninas e X para os meninos. O
mesmo procedimento pode ser feito com as outras variáveis.

Figura 5. Dotplot para a altura, por gênero (Legenda: círculo = meninas, X = meninos).

Construindo o dot-boxplot no papel


Professor, aproveite o dotplot construído no papel (Figura 5) e so-
licite aos alunos que desenhem um retângulo em que as laterais
correspondam aos valores do 1º e 3º quartis. No interior do
retângulo, eles devem traçar um segmento vertical, correspondente
à mediana. Além disso, os alunos devem calcular a amplitude
interquartílica (AI) e os “bigodes” inferior e superior. Como temos 25
dados, a mediana ocupará o 13º lugar ((n+1)/2) e seu valor será 173
cm.

41
Coleção UESC-Escola consCiência

Para encontrar os quartis, sendo 25 um número ímpar, ao dividir por


quatro tem resto um, logo, a posição do primeiro quartil (Q1), é
obtida por (n-1)/4, neste caso, 24/4 = 6. Assim, Q1 estará entre o 6º e
7º lugares, e seu valor será a média dos valores que ocupam essas
posições (163 e 165). No caso do terceiro quartil (Q3), multiplicamos
(n-1) por ¾ e adicionamos um, logo Q3 estará entre as posições 19º
e 20º, e seu valor será a média dos valores que ocupam essas
posições (178 e 178), ver diagrama na página 45.
Para completar, devemos examinar se existem alturas que fiquem abaixo
ou acima dos “bigodes”, respectivamente. Caso existam, essas alturas
serão consideradas valores discrepantes (outliers), e os bigodes serão
traçados no último valor que não é outlier. Caso não existam valores
outliers, então os bigodes coincidem com os valores mínimo e máximo.
Finalizamos, assim, a construção do dotplot com o diagrama de caixa
(boxplot), que denominamos de dot-boxplot (Figura 6). Maiores detalhes
ver tutorial do Homem Vitruviano no site do AVALE.

Figura 6. Dot-boxplot para a altura por gênero (Legenda: círculo = meninas, X = meninos).

Construindo o diagrama de dispersão bivariado


Para responder à pergunta de pesquisa, se a altura é igual à enverga-
dura dos braços, recomendamos construir o diagrama de dispersão
bivariado. Para isso, entregue aos alunos uma folha com uma malha
e decidam coletivamente a variável a ser colocada em cada eixo. No
exemplo da Figura 7, escolhemos a “Altura”, na abscissa (X), e “Enver-
gadura dos Braços”, na ordenada (Y).
É interessante lembrar que estamos construindo no plano cartesiano e
que vamos registrar pares ordenados, em que x representa um valor da
abscissa e y, um valor da ordenada. Portanto, cada ponto representa as
medidas de altura e envergadura de cada aluno. Recomendamos utilizar
cores ou formatos diferentes, para distinguir os meninos das meninas.

42
n = 4k
n/4 n/4 um elemento n/4 n/4
+1
n = 25 6 6 1 6 6

Fórmula Q1 = (x6 + x7)/2 Q2 = x13 Q3 = (x19 + x20)/2


Posição (n-1)/4 e o próximo (n+1)/2 (3(n-1)/4)+1 e o próximo

A Estatística vai à Escola


F M F M F F F F F F F F F F M M M M M M M M M M M

179
170

173
169

180
174

184
178
173

176
163
157

161

162

162
163

165

166
166

166

173

173

178

179

180
43

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º 18º 19º 20º 21º 22º 23º 24º 25º

25% 25% 25% 25%


6 dados 6 dados 6 dados 6 dados

Q1 = (X6º + X7º)/2 Q2 = (X13º) Q3 = (X19º + X20º)/2


Q1 = (163 + 165)/2 Q2 = 173 Q3 = (178 + 178)/2
Q1 = 164 Md = 173 Q3 = 178
AI = 178 – 164 = 14

“bigode” inferior “bigode” superior


Q1 – 1,5AI = 164 – 21 = 143 Q3 + 1,5AI = 178 + 21 = 199
Coleção UESC-Escola consCiência

Professor, observe que, na


construção do diagrama de
dispersão, poderemos estar
associando alunos com a
mesma altura, mas com en-
vergaduras diferentes. Isso
ocorreu no exemplo, em que
três alunas tinham 166 cm de
altura, mas envergaduras
iguais a 164, 159 e 167 cm,
respectivamente (Figura 7).
Essa relação entre a altura e a
envergadura dos braços não
se configura em uma função Figura 7. Relação entre a altura e a enver-
matemática, uma vez que o gadura dos braços, por gênero, feito a mão.
conjunto domínio é formado
por indivíduos diferentes com mesma altura (mesmo valor em X) e en-
vergaduras diferentes (imagens diferentes). Em uma função matemáti-
ca, cada valor no domínio é único e tem apenas uma imagem.
Para verificar a adequação da formulação de Vitruvius, que afirma
que a altura é igual à envergadura dos braços, traçamos a reta da
função matemática Y = X. Agora, analisemos a nuvem de pontos.
Caso os pontos estejam próximos da reta, esta função matemática
representa uma boa aproximação da tendência dessa relação (Figura
11, página 48). A variação que existe entre o valor observado da
envergadura e o valor estimado pela função para uma determinada
altura é o que denominamos de erro aleatório. Essa variação é
inerente aos fenômenos que permeiam nosso cotidiano.
Outra forma de verificar a adequação dessa modelagem, é calcular a
razão entre a altura e a envergadura de cada aluno e analisar, de
uma forma geral, se os valores estão próximos de um. Este tipo de
verificação é intuitiva

44
A Estatística vai à Escola

No ambiente virtual
Etapa 6: Potencializando as análises no AVALE
No laboratório de informática, os alunos são apresentados ao AVALE,
realizam seu cadastro e entram no sistema (esse cadastro já foi apre-
sentado na Figura 4 da página 20). Uma entrada de dados personali-
zada é gerada, on-line; nela cada aluno digita seus dados e os envia ao
sistema (Figura 8). Nesse momento, o sistema alimenta uma planilha
com os dados de todos os alunos da turma, disponibilizando-a, em
tempo real (Figura 9).

Figura 8. Tela de entrada dos dados personalizada na SE do HV.

Figura 9. Fragmento da planilha de dados personalizada na SE do HV.

Com os dados cadastrados, os alunos podem refazer todos os cálcu-


los e/ou gráficos já realizados no ambiente papel e lápis. Para isso, o
AVALE disponibiliza as estatísticas (Figura 10) e os gráficos (Figura
11), minimizando esforço e potencializando a aprendizagem.

45
Coleção UESC-Escola consCiência

Variáveis Média Mediana DP CV mínimo Máximo AT


Antebraço 45.88 46 2.66 5.79 41 51 10
Braço 34.32 35 1.97 5.75 31 37 6
Altura 170.80 173 7.23 4.23 157 184 27
Envergadura 170.44 170 7.62 4.47 155 187 32
Perímetro 55.56 56 1.77 3.18 53 58 5
Palma aberta 20.92 21 1.72 8.22 17 24 7
Calçado 38.92 39 2.21 5.67 35 43 8
Figura 10. Medidas estatísticas das variáveis estudadas no HV, geradas pelo AVALE.

Figura 11 - Gráficos gerados no AVALE para a atividade do HV.

As fotos abaixo mostram o trabalho desenvolvido com os alunos da


Escola Catalão e com os professores da especialização da UESC.

46
A Estatística vai à Escola

Etapa 7: Comunicando os resultados

Nas fotografias a seguir, observamos os professores-alunos da Espe-


cialização em Ensino de Ciências e Matemática e alunos da Escola
Estadual Eduardo Catalão comunicando os resultados e defendendo
suas hipóteses, bem como o processo de institucionalização
(formalização) dos conteúdos envolvidos nesta SE.

47

Você também pode gostar