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SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL

POLO DE APOIO PRESENCIAL DE ANÁPOLIS-GO


CURSO TÉCNICO EM FRUTICULTURA

WELLISON DE SOUSA OLIVEIRA

IMPLEMENTAÇÃO DA AGRICULTURA DE PRECISÃO EM UMA


ÁREA DE VITICULTURA DE ÁGUAS LINDAS DE GOIAS
Elaboração de zonas de manejo para fertilidade

ANÁPOLIS
2023
1

Wellison De Sousa Oliveira

IMPLEMENTAÇÃO DA AGRICULTURA DE PRECISÃO NA


VITICULTURA EM ÁGUAS LINDAS DE GOIAS
Elaboração de zonas de manejo

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR)
como parte dos requisitos exigidos para a obtenção
de habilitação Técnica em Fruticultura.

Tutor orientador presencial: Dra. Clistiane dos


Anjos Mendes.

ANÁPOLIS
2023
2

Dedico este trabalho em primeiro lugar a minha


família, que me forneceu todo o apoio e amor
para conclusão dessa etapa da minha vida.
3

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiro a Deus por ter me dado essa oportunidade de chegar até aqui, por ter
abençoado e protegido em primeiro lugar a minha família que tanto amo, pela minha saúde e
força de vontade em continuar mesmo quando tudo parecia perdido, obrigado por toda proteção
e livramento. Com toda sua honra e gloria.
A minha namorada Isabella Costa que tanto me apoiou nessa longa jornada, me ouviu e
me aconselhou em cada momento dessa fase de minha vida, e que pode estar presente em cada
momento feliz e triste da minha fase. Obrigado por ser essa maravilha de pessoa. Te amo.
Aos meus amigos de infância Admael Filho e Gean Lucas que sempre estiveram comigo
todos esses anos, que me apoiaram e ofereceram ajuda nas dificuldades, pelas festas e resenhas,
por fazerem a melhor companhia.
Aos meus colegas do SENAR que me acompanharam e apoiaram por todo esse tempo.
A todos os profissionais que me deram a oportunidade de estagiar, a Milena Santos,
Debora Chitolina, Wellington Moura, Ghederson Brito e Vinicius Onassis, obrigado pela
paciência e o conhecimento que puderam me passar.
A todos meus professores do SENAR que me guiaram nessa jornada. Agradeço
imensamente a todos.
4

EPÍFRAGE

“Não corra atrás das borboletas; plante uma flor em seu jardim e todas
as borboletas virão até ela.”
(D. Elhers)
5

RESUMO

A agricultura de precisão pode ser definida por um compilado de metodologias e tecnologias


que buscam inovar o meio rural com melhores métodos de entendimento da fertilidade do solo
e recomendação a taxas variadas de nutrientes, levando a economia de recursos, maiores
produtividades e maior tecnificação do campo. A fertilidade do solo é bastante dinâmica em
nível macro, com um nutriente estando dependente ou limitado ao outro, portanto seu equilíbrio
é essencial para uma melhor dinâmica do solo e aproveitamento para as plantas. As áreas dos
fruticultores, em sua maioria são pequenas terras com um alta intensidade de cultivo por
hectare, esses solos são em sua maioria heterogêneos, possuindo muitos níveis de fertilidade, o
que afeta diretamente os tamanhos e qualidade dos frutos, em especial a fruticultura dedicada a
vinificação o tamanho e quantidade de sólidos solúveis na polpa da fruta é de suma importância
para a fabricação de um bom vinho, e a desuniformidade na fertilidade afeta a padronização
dos cachos e produtividade do parreiral, portanto a agricultura de precisão na viticultura elabora
mapas de fertilidade através dos resultados das análise de solo, demostrando as zonas de
fertilidade do talhão e recomendando doses de fertilizantes somente onde for necessário. Diante
disso, o objetivo geral desse trabalho foi implementar em uma propriedade viticultora a
agricultura de precisão, auxiliando na tomada de decisão da propriedade e auxiliando no manejo
da fertilidade do parreiral. O trabalho propôs por meio de software mapas de fertilidade
elaborados a partir das análises de solo. As amostras foram obtidas pela coleta no talhão de
estudo onde se pode analisar a interação de cada elemento de importância para a cultura contido
no solo. Além de, auxiliar no conhecimento da fertilidade do solo do talhão e recomendar e
auxiliar na correção de acidez do solo e adubação. Como resultado dessa avaliação foi
recomendado ao produtor a necessidade mínima de fertilizantes no próximo manejo de
adubação.

Palavra-chave: fertilidade, adubação, zonas de manejo, mapas de fertilidade, recomendação,


viticultura.
6

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Localização da área de pesquisa em relação ao estado de Goiás 15


Figura 2 - Grid de coleta elaborado pelo software In-Ceres 16
Figura 3 - Coleta de solo com furadeira BT Stil com broca da Saci de 7/8 e balde de coleta 17
Figura 4 – Mapa de fertilidade de Calcio de profundidade 0 – 20 cm 21
Figura 5 – Mapa de fertilidade de Magnésio de profundidade 0 – 20 cm 22
Figura 6 – Mapa de fertilidade de pH em água de profundidade 0 – 20 cm 23
Figura 7 – Mapa de fertilidade de saturação por bases em profundidade 0 – 20 cm 23
Figura 8 – Mapa de fertilidade de potássio em profundidade 0 – 20 cm 24
Figura 9 – Mapa de fertilidade de fosforo em profundidade 0 – 20 cm 25
Figura 10 – Mapa de recomendação de fosforo em profundidade 0 – 20 cm 26
Figura 11 – Mapa de recomendação de potássio em profundidade 0 – 20 cm 27
7

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Parâmetros de interpretação da análise de solo quanto a fertilidade para videira 19


Tabela 2 – Recomendação de adubação de produção para variedades de uvas finas 20
Tabela 3 – Resultado análise de solo 21
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LISTA DE SIGLAS

Senar - Agência Nacional de Aprendizagem Rural


AP – Agricultura de precisão
SR - Sensoriamento remoto
NDVI - Índice de Vegetação da Diferença Normalizada
KML - Keyhole Markup Language
CWA – temperado-inverno seco-verão quente
Ha – hectare
N - Nitrogênio
P - Fósforo
K - Potássio
Ca - Cálcio
Mg - magnésio
S - Enxofre
B - Boro
Cu - Cobre
Cl - Cloro
Fe - Ferro
Mn - Manganês
Mo - Molibdênio
Zn - Zinco
Ni – Níquel
Al – Alumínio
g/ha – Gramas por hectare
NC - Necessidade de calagem
T – Tonelada
PRNT – Poder Relativo Neutralizante Total
CTC – Capacidade de Troca de Cátions
MAP - Fosfato Monoamônico
KCL – Cloreto de potássio
DNA – Ácido desoxirribonucleico
RNA – Ácido ribonucleico
9

ATP – Adenosina trifosfato


ADP – Adenosina difosfato
10

SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 11
2. OBJETIVOS 14
2.1. Objetivos específicos 14
3. MÉTODOS 15
3.1. Delimitação da área, determinação da grade de amostras e georreferenciamento
das amostras 16
4. DESENVOLVIMENTO 18
4.1. Recomendação de calagem para a videira 18
4.2. Fertilidade recomendada para videira 19
4.3. Recomendação de adubação 20
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES 21
5.1. Recomendação De Adubação 26
6. CONCLUSÃO 28
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 29
11

1. INTRODUÇÃO

A definição de Agricultura de precisão (AP) nasceu no início dos anos 90, nos Estados
Unidos da América (EUA), sendo que os primeiros trabalhos foram focados nas culturas
cerealistas da Austrália e dos EUA (ORTEGA e ESSER, 2002). Segundo Bassoi (2013), a
Agricultura de Precisão (AP) pode ser definida como uma estratégia na qual o agricultor pode
variar o uso de insumos e as práticas de cultivo de acordo com a variabilidade do solo e da
cultura em uma área agrícola.
Dessa forma, dentre as metodologias de AP podem ser utilizadas as práticas de coleta e
compilação de dados, planejamento de gestão e procedimentos que contribuam para um melhor
entendimento e manejo dos recursos naturais, de modo que o uso de insumos e a realização de
práticas agrícolas sejam mais eficientes. Ainda, a AP pode se valer do uso intenso de
informações, para entender a variação dos recursos naturais em uma área, associado com os
aspectos da produção. Essas considerações levam à pelo menos três elementos importantes para
a adoção da AP de modo satisfatório: informação, tecnologia e gerenciamento (SRINIVASA N,
2009.
Anteriormente, a AP implicava no uso de imagem de gigantes e sofisticados
maquinários, utilizados por grandes produtores em extensos plantios de grãos. Hoje em dia, sua
aplicação tem outras perspectivas, com o uso de técnicas e equipamentos mais simples e de
baixo custo, e que podem ser aplicados em áreas pequenas e em culturas perenes, como é o caso
da fruticultura (BIROLO, 2013). Pesquisadores da Embrapa em Petrolina PE, demonstraram
que a AP pode ser utilizada em fruticultura, como uma forma de gestão e perfeitamente
aplicável a pequenas lavouras.
Bassoi (2013) realizou levantamento do uso da AP para determinar a zona de manejo
em uma área de viticultura de apenas 1,6 hectare, sendo possível encontrar uma variabilidade
significativa, o que permitiu, entre outras coisas, um manejo diferenciado e mais econômico da
irrigação. Bassoi (2014), em seu livro Agricultura de Precisão em Fruticultura, relata a
variabilidade espacial de fertilidade e produtividade de macieiras e vinhedos, tendo como
resultado divisão das áreas em zonas de manejo diferentes.
A fruticultura tem se mostrado uma área bastante promissora a introdução de tecnologias
voltadas para a obtenção de maiores produtividades e preservação do meio ambiente. Diversas
são as propriedades fruticultoras com pouca tecnificação, o qual é um fator limitante a
produção, o não auxilio de simples tecnologias e metodologias de manejo, acabam tirando do
12

mercado pequenos produtores, diminuído a oferta de produtos no mercado. A AP aplicada em


Fruticultura permite aos produtores facilitar o manejo e romper o gargalo da elevada mão-de-
obra, além de aumentar suas rendas. A adoção do sistema de AP pelos fruticultores, que por
muitas vezes é um serviço ofertado por empresas de consultoria, visa tecnificar a produção de
forma a melhorar as condições da propriedade, promovendo aumento de produtividade e
qualidade dos frutos, assim como a agregação de valor aos frutos ofertados no mercado
(EMBRAPA 2018).
Uma das maiores dificuldades na produção frutícola é a padronização de frutos, que em
um pomar nem sempre são uniformes, devido a manchas de solo e fertilidade, ocorrência de
pragas, doenças, deficiências nutricionais ou de água. As características do desenvolvimento
vegetativo da planta alteram sua absorção e reflectância das luzes incidentes. Sendo assim, o
sensoriamento remoto (SR) utiliza de índices de vegetação como o Índice de Vegetação da
Diferença Normalizada (NDVI), oferecendo vários indicadores das características de
crescimento de culturas agrícolas, como o índice de área foliar (IAF) (YAO et al., 2015)
o que permite ao produtor realizar adequações de manejo ao longo do cultivo. Plantas com
menor área foliar estão sendo impedidas de se desenvolver por diversos motivos, podendo ser
de origem nutricional, patógeno, luminosa ou genética, e a partir dessa avaliação o produtor
pode tomar uma decisão no sistema produtivo e reajustar o manejo antes do dano econômico
(GROHS 2009).
O manejo fitossanitário também é uma preocupação na fruticultura, plantas estressadas,
injuriadas ou mal-nutridas são frágeis e possuem pouca resistência ao ataque de patógenos e
insetos. Nas frutíferas, perdas por injurias nos frutos prejudica toda a rentabilidade do negócio,
pois afeta diretamente a aparência, tamanho e cor, que são fatores decisivos no comércio.
(FRONZA; HARMAN 2016). Todas essas características podem auxiliar em parâmetros de
avaliação por metodologias de AP para manejo fitossanitário, nutricional e outras avaliações no
campo.
Em relação a fertilidade, os solos brasileiros são naturalmente ácidos e pobres e têm
sido submetidos à constante exploração, conduzindo-os à exaustão. A acidez do solo, associada
à insuficiência do adequado balanço de nutrientes, é o fator que mais interfere na produtividade
agrícola (ROZANE; BRUNETTO; NATALE, 2017). Na fruticultura, as áreas produtivas têm
um manejo mais adensado, buscando alta produtividade por área, exigindo atenção nas
pequenas parcelas quanto a variabilidade da fertilidade do solo considerada um empecilho para
obtenção dos altos índices. Dessa forma, a agricultura de precisão é considerada todo esse
conjunto de manejo, auxiliando o produtor na melhor tomada de decisão, com objetivo de
13

melhorar, em termos quantitativos e qualitativos, a produção agrícola como também minimizar


a degradação do meio ambiente.
14

2. OBJETIVOS

O presente trabalho tem como objetivo demonstrar a aplicabilidade da Agricultura de


Precisão dentro de uma de Fruticultura no município de Águas Lindas de Goiás, visando
direcionar o manejo produtivo para melhorar os aspectos qualitativos e quantitativos da
produção.

2.1. Objetivos específicos:


• Demonstrar a aplicabilidade da Agricultura de Precisão dentro de uma área de
Viticultura.
• Realizar análises de solo em talhões da área produtiva e gerar os índices de
manejo.
• Gerar um relatório diagnóstico para a área de produção.
15

3. MÉTODOS

A pesquisa foi realizada no município de Águas Lindas de Goiás, em um Vinhedo de


2,94 hectares (Latitude 15°49'23.06"S, Longitude 48°19'5.55"O, altitude 1118 metros) na
propriedade QUARTETTO VINHEDOS E VINHOS. O clima da região de acordo com a
classificação climática de Köppen-Geiger e classificado como CWA – temperado-inverno seco-
verão quente (KOTTEK, 2006).
O vinhedo possui 5292 plantas da variedade Sauvignon blanc e 5929 plantas da
variedade Syrah, ambas instaladas sobre porta enxerto Paulsen 1103 com espaçamento de 1
metro entre plantas e 2,60 metros entre linhas. O parreiral possui 21 meses de idade, sendo
implantado em setembro de 2021 e com a área de histórico de cultura antecessora os capins do
gênero Brachiaria para pastejo de bovinos. Todo o vinhedo é voltado para a produção e
fabricação de vinhos finos.

Figura 1 – Localização da área da fazenda Quartetto Vinhos e Vinhedos no estado de Goiás.

Fonte: adaptação google Earth


16

3.1. Delimitação da área, determinação da grade de amostras e georreferenciamento


dos pontos

Para delimitação da área foi mapeado manualmente, via software FieldAreas pelo
smartphone, gerando arquivos kml. A determinação da grade amostral foi determinada pelo
software INCERES assim como a georreferenciamentoo dos pontos de coleta.
O Grid de coleta foi definido de acordo com Reis (2013), que retrata em seu trabalho
que para uma interpolação de dados pelo tamanho da área é definida uma quantidade de 50
amostras para 1,63 ha. Conforme o autor, foi definido para este trabalho um grid de 0,1 ha ou
(100 metros quadrados) por amostras, este grid foi definido baseado no mínimo de pontos para
que a interpolação dos dados seja eficiente, e por questões de custos.
A amostragem foi realizada através do aplicativo (Coleta INCERES) que auxilia a
encontrar os pontos georreferenciados em campo. Foram coletadas 29 amostras de solo na
profundidade de 0 – 20 cm e 6 amostras de profundidade de 20 – 40, representando 20% das
amostras (figura 2).

Figura 2 – Grid de coleta de solo elaborado pelo software In-Ceres na fazenda Quartetto Vinhos e Vinhedos No
município de Águas Lindas de Goiás.

Fonte: In-Ceres, elaborado pelo autor.


17

A coleta foi realizada com uma furadeira BT Stil com broca da Saci de 7/8 e balde de
coleta do mesmo (figura 3). As amostras de solo foram acondicionadas em saquinhos de coleta
corretamente identificados de acordo com o padrão oferecido pelo software.

Figura 3 –Coleta de solo com furadeira BT Stil com broca da Saci de 7/8 e balde de coleta na fazenda Quartetto
Vinhos e Vinhedos no município de Águas Lindas de Goiás.

Fonte: Elaborado pelo autor.


18

4. DESENVOLVIMENTO
4.1. Recomendação de calagem para a videira

A calagem tem a finalidade de corrigir a acidez do solo, elevando o pH e neutralizando


os efeitos tóxicos causados pelo Al e Mn, concorrendo, assim, para que haja uma maior
eficiência de uso dos nutrientes pelas culturas (SILVA, 2012). Além da correção da acidez, a
calagem eleva os teores de cálcio e de magnésio do solo, criando um ambiente favorável para
o crescimento das raízes da videira (ALBUQUERQUE, 2009).
Os corretivos da acidez do solo mais usados no Brasil são as rochas calcárias moídas,
chamadas de calcários, sendo classificados em decorrência da concentração de MgO, em
calcíticos com menos de 5%, magnesianos entre 5 e 12% e dolomíticos com mais de 12%,
havendo também o calcário calcinado. Os principais objetivos da calagem na viticultura são:
elevação do pH do solo na faixa entre 6,0 e 6,5, em que se obtém maior disponibilidade de
nutrientes; fornecimento de cálcio e magnésio para a planta; estímulo ao crescimento de micro-
organismos no solo; e neutralização ou redução dos efeitos tóxicos do alumínio e/ou manganês
do solo (TECCHIO et al., 2002).
A calagem pode ser definida por duas fórmulas, segundo Silva (2012) As fórmulas
utilizadas para a recomendação de calagem são:

NC (t/ha) = [3 - (Ca2+ + Mg2+)] + 2 x Al3+ x f (01)

NC = necessidade de calagem.
Ca2+, Mg2+ e Al3+ = teores de Ca, Mg e Al determinados pela análise de solo, em cmolc dm-3 de
solo.
f = 100/PRNT, fator corretivo do calcário.

Este método de calagem é recomendado quando a saturação por bases está abaixo de
60% e os teores de Ca e Mg são inferiores a 1,6 e 0,7 cmolc dm-3, respectivamente, nas
profundidades de 0-20 cm e 20-40 cm (SILVA, 2012).
Nos casos em que o solo apresenta acidez elevada (pH < 5) ou baixa saturação de bases
e baixas concentrações de cálcio e magnésio, é conveniente verificar a necessidade de calagem
pelo método da saturação de bases (RAIJ et aI., 1991), descrito a seguir:
19

NC (t.ha')« T(V2 - V1 )/1 00 x f, (02)


em que:
T= CTC;
V1 = saturação de bases encontrada no solo;
V2= saturação de bases desejada (60% a 80%);
f = 100/PRNT, fator corretivo do calcário.

Em vinhedos já estabelecidos, o calcário deve ser aplicado a lanço, nas faixas entre as
fileiras de plantas. Neste caso, deve-se levar em consideração a área das faixas e não a área total
do terreno para se calcular a quantidade do corretivo (ALBUQUERQUE, 2009).

4.2. Fertilidade recomendada para videiras

A produtividade e a qualidade da uva estão diretamente relacionadas ao estado


nutricional das plantas. Os nutrientes minerais exercem importantes funções nos processos
fisiológicos e nos componentes estruturais da videira, desempenhando uma atividade bastante
complexa (TECCHIO et al., 2002). Dos elementos extraídos pela planta do solo, 14 são
considerados essenciais, podendo ser classificados em dois grupos, de acordo com a quantidade
em que se encontram nos solos e nos vegetais (PEREIRA et al., 2000).
• Macronutrientes: nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg) e
enxofre (S). Quantidades exigidas em kg/ha.
• Micronutrientes: boro (B), cobre (Cu), cloro (Cl), ferro (Fe), manganês (Mn), molibdênio
(Mo), zinco (Zn) e níquel (Ni). Quantidades exigidas em g/ha.

Tabela 1 - Parâmetros de interpretação da análise de solo quanto a fertilidade para videira segundo Pereira et al.
(2000)

Fonte: Pereira et al. (2000).


20

Para uma correta interpretação da análise química do solo, alguns parâmetros têm que
ser estabelecidos, como os níveis de cada nutrientes, conforme mencionado por Pereira et al.
(2000) (Tabela 1)

4.3. Recomendação de adubação

Tabela 2 – Recomendação de adubação de produção para variedades de uvas finas

Fonte: Tecchio et al., 2002 apud Terra et. al. 1997.

Essa adubação precisa ser parcelada em três vezes. A primeira parcela de adubação, que
deve ser aplicada um mês antes da poda, precisa conter 100% do P e 50% do K, juntamente
com 40 t/ha esterco de curral ou 6 t/ha de cama de frango ou 2,5 t/ha de torta de mamona.
Recomenda-se fazer essa adubação em covas próximas às plantas ou em sulcos no meio da
entrelinha de plantio. Após a poda, quando os ramos estiverem com duas ou três folhas
separadas, aplicar 50% da dose de N. O restante do N e K deve ser aplicado quando as bagas
estiverem entre os tamanhos de chumbinho à meia baga. Nas adubações com N e K realizadas
após a poda, os fertilizantes são distribuídos a redor das plantas. Quando o teor de boro no solo
for inferior a 0,20mg/dm3 aplicar 10 a 20g de bórax por planta (TECCHIO et al., 2002).
21

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

As análises de solo, demostraram que o solo da área é bastante fértil comparado aos
parâmetros estabelecidos na tabela 2 e explorados na (tabela 3). Pelos parâmetros estabelecidos
acima. Para a calagens os teores de cálcio e magnésio se demostraram elevados em relação
aos padrões estabelecidos pelo (SILVA, 2012).

Tabela 3 – Resultado análise de solo

RESULTADO ANÁLISE DE SOLO

pH P- Ca Mg+
H2O Resina K+ ++ + CTC V%
mg dm-
3 cmol dm-3 %
0,4 3,4 6,91 73,7
6,51 48,45 1,29
0 3 1
Fonte: elaborado pelo autor.

O mapa de fertilidade de cálcio demostrou um valor médio de Ca ++ de 3,54 cmolc/dm3


(figura 4) e segundo Silva (2012) os valores ideais médios para a cultura e de 1,6 cmolc/dm3
para que a calagem seja necessária. O cálcio é necessário em vários processos metabólicos na
planta, como na síntese de proteínas, ativação de enzimas, assimilação do nitrogênio e
transporte de carboidratos e aminoácidos (WINKLER et aI., 1974).

Figura 4 – Mapa de fertilidade de Calcio de profundidade 0 – 20 cm na fazenda Quartetto Vinhos e Vinhedos No


município de Águas Lindas de Goiás.

Fonte: In-Ceres, elaborado pelo autor.


22

O valor de magnésio Mg++ também se mostrou em valores adequados a cultura (figura


5). O magnésio é absorvido na forma de íon Mg2+, faz parte da molécula de clorofila (PEREIRA
et al., 2000). Também é ativador de várias enzimas, como as enzimas da fotossíntese
ribulosebifosfato e a fosfoenolpiruvato carboxilase, e liga as moléculas de ATP aos sítios ativos
das enzimas (PAULILO et al., 2015).

Figura 5 – Mapa de fertilidade de Magnésio de profundidade 0 – 20 cm na fazenda Quartetto Vinhos e Vinhedos


No município de Águas Lindas de Goiás.

Fonte: In-Ceres, elaborado pelo autor.

Segundo Raij et aI., (1991) a segunda formula de recomendação de calagem pelo


método de saturação de bases quando o pH fosse menor que (pH < 5) também não se aplica,
pelo fato do pH (figura 6) estar em média de pH 6,51, demostrando não ser necessário a correção
da acidez. De acordo com Silva (2023), o pH em água em faixas de valores iguais ou superiores
a 6, tem por objetivo eliminar o efeito da toxidez por alumínio, prejudicial ao vinhedo, e
promover a disponibilidade de elementos químicos essenciais à planta no solo, estimulando o
desenvolvimento radicular.
23

Figura 6 – Mapa de fertilidade de pH em água de profundidade 0 – 20 cm na fazenda Quartetto Vinhos e Vinhedos


No município de Águas Lindas de Goiás.

Fonte: In-Ceres, elaborado pelo autor.

A saturação por bases apresentou valores satisfatórios para cultura, de acordo com Raij
et aI., (1991), sendo recomendado a elevação da saturação por bases de 60 a 80%, e os
resultados demostraram valores médios de 73,1% pela análise e 74,23% pelo software (figura
7), estando dentro dos padrões estabelecidos.

Figura 7 – Mapa de fertilidade de saturação por bases em profundidade 0 – 20 cm na fazenda Quartetto Vinhos e
Vinhedos No município de Águas Lindas de Goiás.

Fonte: In-Ceres, elaborado pelo autor.

O potássio não parece fazer parte de nenhuma molécula no vegetal, mas é ativador de
várias enzimas da fotossíntese e da respiração (PAULILO et al., 2015). Ele é responsável por
diversas funções vitais, como síntese e translocação de carboidratos, metabolismo do nitrogênio
e síntese de proteínas, ativação de enzimas, neutralização de ácidos orgânicos e controle da
abertura e fechamento de estômatos (Tisdale et aI., 1985). O potássio demostrou valores
24

elevados segundo os parâmetros de adubação apresentado por Tecchio et al., (2002 apud Terra
et. al. 1997), seu valor médio está em 158,92 mg//dm3 ou 4,0 cmolc/dm3, estando em níveis
elevados.

Figura 8 – Mapa de fertilidade de potássio em profundidade 0 – 20 cm na fazenda Quartetto Vinhos e Vinhedos


No município de Águas Lindas de Goiás.

Fonte: In-Ceres, elaborado pelo autor.

O fósforo que é considerado um dos principais nutrientes para o desenvolvimento da


videira, está presente nas moléculas dos açúcares fosfatados que participam da fotossíntese, nas
moléculas dos nucleotídeos do DNA e RNA, nos fosfolipídios presentes nas membranas, ATP,
ADP, fosfato inorgânico e ácidos orgânicos fosforilados (PAULILO et al., 2015). Também
apresentou valores adequados e relativamente elevados segundo a literatura, os parâmetros
estabelecidos por Tecchio et al., (2002 apud Terra et. al. 1997), para uma produção de 35 toneladas
por hectare ou mais, o solo necessita de uma fertilidade excelente, com níveis de fosforo em 30
mg/dm2, a média da área em estudo foi de 50,63 mg/dm2, com seu menor valor de 3,50 mg/dm2
(figura 9), demostrando que esses níveis elevados são mais que suficientes para suportar a futura
produção.
25

Figura 9 – Mapa de fertilidade de fosforo em profundidade 0 – 20 cm na fazenda Quartetto Vinhos e Vinhedos No


município de Águas Lindas de Goiás.

Fonte: In-Ceres, elaborado pelo autor.


26

5.1. Recomendações De Adubação

A adubação fosfatada padrão da fazenda é utilizada como fonte o MAP (Fosfato


Monoamônico) com composição entre 10% e 12% de Nitrogênio (N) amoniacal e 50% a 54%
de P2O5 (fósforo) e como fonte de potássio o KCL (cloreto de potássio) com 60% de óxido de
potássio (K₂O) em sua composição. Mas segundo os parâmetros de adubação estabelecidos
acima, os níveis altos de fósforo e potássio no solo excederam os dos parâmetros estabelecidos
por Tecchio et al., (2002 apud Terra et. al. 1997), Silva (2023) e Silva (2012), onde seus valores
respectivamente para fósforo e potássio correspondem a 30 mg/dm2 e 3,0 cmolc/dm3 , e com os
resultados das análises com valores superiores de 50,63 mg/dm2 e 158,92 mg//dm3 ou 4,0
cmolc/dm3 para fósforo e potássio respectivamente.
Os mapas de adubação a taxa variada (figura 10 e 11) não apresentaram variação na
dosagem dos adubos em relação a variabilidade da fertilidade do solo, pois os níveis dos
nutrientes do solo são excedentes aos apresentados como parâmetros.

Figura 10 – Mapa de recomendação de fosforo em profundidade 0 – 20 cm na fazenda Quartetto Vinhos


e Vinhedos No município de Águas Lindas de Goiás.

Fonte: In-Ceres, elaborado pelo autor.

Como não foi possível realizar a taxa variável da atuação, segundo Silva (2023) e
Tecchio et al., (2002 apud Terra et. al. 1997), são recomendados valores mínimos, somente para
manter os níveis de nutrientes no solo pela extração das plantas, esses níveis foram 348,84 kg de
MAP e 133,33 de KCL.
27

Figura 11 – Mapa de recomendação de potássio em profundidade 0 – 20 cm na fazenda Quartetto Vinhos e


Vinhedos No município de Águas Lindas de Goiás.

Fonte: In-Ceres, elaborado pelo autor.


28

6. CONCLUSÃO

A agricultura de precisão é uma ótima ferramenta para demonstrar a real situação da


área, onde pela elaboração dos mapas de fertilidade é possível se atentar a zonas que requerem
maior atenção em relação ao manejo de adubação. O presente trabalho demostrou que a
utilização dos mapas de fertilidade possibilitou a visualização das zonas de fertilidade do
vinhedo, e os mapas de adubação demostram que o vinhedo não necessita de adubação no
presente momento, somente a adubação de base, economizando recursos e diminuindo os
gastos.
A propriedade teve sua última adubação de fosforo e potássio ocorreu na pôs-poda, no
mês de abril, e com as análises se mostrando superiores do que a dos parâmetros estabelecidos
pela literatura, demostrando que o parreiral não necessita de adubação no momento, somente a
mínima exigida pela extração das videiras, as recomendações de adubação serão de auxílio para
a próxima adubação de fósforo e potássio após a colheita das uvas.
29

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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