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Iso Colégio e Cursos

Professor Victor- Literatura

Ana Clara Vasconcelos Cavalcanti- 9ºD

Os Bartolini
Gênero: tragédia

Personagens:

HELENA BARTOLINI - Filha de um visconde.

LORENZO BARTOLINI – Visconde, pai de Helena.

DIANE – Governanta dos Bartolini.

FRANCIS BERNARDI – Filho de um barão.

BERON BERNARDI – Barão, pai de Francis.

CORONEL ROSSI – Coronel da região.

Prólogo:
Helena e Francis sozinhos em um bosque.
HELENA – Penso, querido Francis, que já está na hora de contarmos á todos do amor que
sentimos um pelo outro.
FRANCIS – Mas e quanto a seu pai? Sabemos que ele e meu pai não se dão muito bem.
HELENA – É claro que papai espera que eu me case com uma família mais rica do que somos,
como o filho de um duque ou marquês, pouco importa. Meu coração é teu, Francis!
FRANCIS – E o meu sempre terás, doce Helena! Se é isto que desejas, iremos então contar a
todos. Dê adeus aos encontros as escondidas!
Ato 1:
Dentro do casarão da família Bartolini. Durante a madrugada, ouve-se um grito.
(Helena acorda amedrontada e permanece parada, até que um tempo depois a governanta
adentra o quarto)
DIANE – Querida Helena! Que alívio em saber que a senhorita está bem!
HELENA – Por que não estaria? O que houve? Quem gritou?
DIANE – Se acalme, meu bem. Não sabemos de nada, apenas que invadiram a casa.
HELENA – Como poderiam invadir a casa? Estão todos bem?
(Diane se cala abruptamente até que uma voz familiar distante preenche o silêncio)
FRANCIS – Acreditem em mim quando digo que não fiz nada! Larguem-me!
HELENA – Não pode ser! Francis, é você?
(No corredor, dois homens seguram Francis)
FRANCIS – Que alívio em te ver, Helena! Diga para me largarem!
HOMEM – Este jovem invadiu a casa. O delinquente estava escalando uma árvore para tentar
se infiltrar pela varanda.
FRANCIS – Era uma surpresa, Helena. As flores que trouxe comigo caíram em algum lugar
por onde esses brutamontes me arrastaram.
HELENA – Pobre rapaz. Soltem-no!
(Os homens obedecem e soltam os braços de Francis, que vai de encontro a Helena)
HELENA – Foi muito doce de sua parte, Francis. Me pergunto como fez para passar dos
portões se nunca esteve aqui antes.
(Um homem sai do quarto no fim do corredor e para abruptamente. Todos o encaram)
HOMEM (pálido e trêmulo) – O visconde está morto!
Ato 2:
Quatro dias após a morte do Visconde de Bartolini.
(Helena chega em casa e se depara com a governanta conversando com um desconhecido)
DIANE – Helena, que bom tê-la de volta. Se aproxime! (ela vem, cautelosa) Este é o coronel
Rossi. Veio á procura de informações sobre...os últimos eventos.
HELENA – “Eventos?’ Creio que essa palavra também se encaixa.
CEL. ROSSI – Lamento ter de abordar este assunto tão cedo, mas é meu dever averiguar
esses...
HELENA – Eventos?
DIANE (repreende Helena com o olhar) – Helena!
HELENA – Você quem começou.
CEL. ROSSI – Gostaria de realizar algumas perguntas. Para as duas, se possível.
(Helena e Diane se sentam no sofá de frente para o coronel)
CEL. ROSSI – Gostaria de começar dizendo que lamento sua perda, Srta. Helena. Não quero
que minha presença preocupe a ninguém, mas temo que estes questionamentos são necessários.
Que relação vocês tinham com o visconde?
DIANE – Trabalho, quero dizer, trabalhava para ele faziam quase quinze anos. Não posso
dizer que era um homem tão agradável. Pelo contrário, não gostava de conversa. Mas acho que
isso fazia dele um homem fácil de se conviver.
HELENA – Eu e meu pai não tínhamos muito em comum. Nunca fomos próximos, sua
posição de visconde exigia muito de seu tempo. Mas, mesmo que secretamente, eu o admirava
por se manter firme após minha mãe ter o deixado anos atrás.
CEL. ROSSI – Poderia me falar mais sobre sua mãe, Srta. Helena?
HELENA – Não há muito o que falar. Ela nos deixou quando eu tinha apenas três, hoje tenho
17 então não há como me lembrar de muito. Eles foram casados por trinta anos, as pessoas
dizem que eram muito apaixonados um pelo outro.
CEL. ROSSI – Gostaria de um relato daquela noite.
DIANE – Eu estava dormindo em meus aposentos quando ouvi um grito. No mesmo instante
fui até o quarto de Helena, ver se estava tudo bem.
HELENA – Fui acordada pelo terrível grito, paralisada. Diane chegou e disse que a casa havia
sido invadida. Foi aí que ouvi a voz de Francis vinda do corredor...
CEL. ROSSI – Francis? Quem seria este?
HELENA – O filho do barão. E meu noivo. Me pediu em casamento ontem.
CEL. ROSSI – Seu pai aprovava este rapaz?
HELENA – Nunca chegou a conhecê-lo, apenas ao barão. Meu pai temia que o barão tentasse
roubar sua posição de visconde.
CEL. ROSSI – E este rapaz estava na noite do crime?
DIANE – Encontraram-no escalando uma árvore. Acho que estava tentando entrar pela
varanda ou... perdoe minha intromissão, mas o senhor disse “crime”?
(Helena e Diane se calam e encaram o coronel, pasmas)
CEL. ROSSI – Ao que tudo indica, sim. Envenenamento, para ser mais específico.
Ato 3:
Na residência dos Bernardi, o coronel toca a campainha.
FRANCIS – Posso ajudá-lo?
CEL. ROSSI – Gostaria de falar com Francis Bernardi, filho do barão.
FRANCIS – Presumo então que sou eu quem o senhor procura.
(Francis dá passagem ao coronel indicando que entre, então ele o faz)
CEL. ROSSI – Peço desculpas pela minha intromissão, mas serei direto para não tomar muito
de seu tempo. Creio que ficou sabendo do assassinato do visconde, pai de sua noiva.
FRANCIS – Espere, o senhor disse “assassinato”? Oh, céus! Presumi que a causa tivesse sido
velhice ou algo do tipo. Pobre Helena, deve estar devastada!
CEL. ROSSI – Temo que não tenha sido velhice, afinal, ele nem sequer era tão velho. Estive
com seu médico e o mesmo afirmou que sua saúde estava impecável. Sou bom no que faço, Sr.
Francis, não estaria aqui se realmente não achasse necessário. Agora me diga o que estava
fazendo na noite do crime.
FRANCIS – Claro. Por onde começo? Certo. Pedi a mão de Helena ontem, mas a verdade é
que planejava propô-la em casamento na noite em que tudo aconteceu. Naquela tarde eu estava
passeando pela cidadela quando uma mulher ofereceu flores dizendo que se fossem entregues
hoje para a moça, viveríamos felizes para sempre. Foi aí que decidi: Precisava provar meu amor
á Helena o quanto antes. Paguei três moedas no buquê e segui. Não tinha certeza se Helena
contara á seu pai sobre nós, então agi as escondidas por precaução. Apareci no casarão durante a
madrugada, o portão estava aberto e entrei. Fiquei ali dando voltas ao redor da casa tentando
adivinhar em que quarto estaria Elena até que dois homens me repreenderam.
CEL. ROSSI – E quanto a varanda? Não tentou entrar pela varanda escalando uma árvore,
talvez?
FRANCIS – Escalar uma árvore? (solta uma risada) Como não pensei nisso? Isto sim seria
uma forma de deixar o momento um tanto marcante.
(“sujeito estranho”, pensou o coronel)
CEL. ROSSI – Já tenho tudo que preciso. Obrigada pelo seu tempo, Sr. Bernardi. Lhe vejo em
breve.
Ato 4:
Na casa dos Bartolini, o coronel passeia com a governanta pelo jardim.
DIANE – Confesso que não esperava ver o senhor novamente assim tão cedo, coronel.
CEL. ROSSI – Não esperava precisar vir assim tão cedo, Sra. Diane. Mas temo que houve uma
divergência de versões.
DIANE – O que quer dizer? (Diane aponta em uma direção) Por aqui.
CEL. ROSSI – Fui até a residência do barão interrogar seu filho e o mesmo me contou uma
versão mais detalhada dos acontecimentos. Aconteceu que a versão dele não inclui uma árvore,
e imagino que escalar uma árvore não é algo fácil de esquecer, então imagino que alguém esteja
mentindo (o coronel para e observa fixamente algo no chão)
DIANE – Senhor? Aconteceu algo? (a governanta acompanha seu olhar e se depara com um
buquê de flores) Oh! Que lindo buquê, pena que parte das flores já murchou.
(O coronel se abaixa e pega o buquê do chão)
CEL. ROSSI – A senhora sabe a quem pertence?
DIANE (nega com a cabeça) – Creio que não. Pra falar a verdade, gostaria de poder dizer que
era meu. Tenho certeza que a moça que o recebesse ficaria encantada.
(O coronel vasculha entre as flores do buquê e escuta um tintilar. Ele se atenta e retira das
flores um pequeno frasco. Abre e o cheira)
CEL. ROSSI – Veneno. E temo que sei exatamente a quem essas flores pertencem.
Ato 5:
Na residência dos Bernardi, a campainha toca. Ao atendê-la, Francis se depara com o
coronel e outros dois homens que entram em disparada.
CEL. ROSSI – Francis Bernardi, o senhor acaba de ser preso pelo envenenamento e
assassinato do Visconde de Bartolini (os homens colocam os braços de Francis em suas costas e
seguram-no)
FRANCIS – Espere...O quê? Não compreendo. Deve ser um engano, eu não...
HELENA – Francis? (Helena sai de um cômodo e corre na direção de Francis) O que está
havendo?
CEL. ROSSI – Não imaginei que a senhorita estaria aqui, Srta. Bartolini. Sinto muito por fazê-
la presenciar a isto.
HELENA – O que seria “isto”? Alguém trate de me explicar o que está acontecendo.
CEL. ROSSI – Creio que não há um jeito menos doloroso de dizer isso então serei direto:
Francis é o culpado pelo que aconteceu com o visconde, ele...
FRANCIS – Não escute a eles, Helena! Acredite em mim quando digo que não estou
envolvido com nada disso! Deve ser um engano...
CEL. ROSSI – Não desperdice palavras, Sr. Bernardi, pois elas podem ser usadas contra o
senhor. Temos provas de que foi o responsável pelo envenenamento do visconde. Não há tempo
a perder, iremos prendê-lo agora mesmo (coronel indica a porta com a cabeça para que os
homens levem Francis)
FRANCIS – Acredite em mim, Helena! Nunca faria algo assim, estávamos prestes a se casar!
Amo-te, Helena! Lembre-se disso! (a porta se fecha e Helena continua ali paralisada, com
lágrimas escorrendo de seus olhos)
HELENA (fungando) – Alguém fez isto a meu pai mas este alguém não foi você, Francis. E eu
vou fazer com que todos saibam disso.
Ato 6:
Helena está em seu quarto e a governanta adentra com uma bandeja em mãos.
DIANE – Um chá acompanhado de pão, uvas, biscoitos... (Diane nota que Helena não está a
ouvindo e apoia a bandeja na cama) Querida Helena, sei que continua chateada por conta do que
descobriu sobre Francis, mas você precisa se alimentar...
HELENA – Não há nada para descobrir, vocês todos falam como se Francis fosse o culpado!
(Helena respira e após uma pausa, segura a xícara de chá e cheira) Odeio chá. Especialmente
este, seja lá o que for. Tem um cheiro ruim.
DIANE – É chá de camélias, e você adorava quando era criança (hesitante, Diane continua)
Você sabe oque dizem sobre o primeiro estágio do luto ser a negação, e creio que esteja
acontecendo com você agora. E não estou falando apenas de seu pai, mas de Francis também. O
tempo vai lhe ajudar, falo por experiência própria. (Diane vai embora do quarto)
(Frustrada, Helena sai em disparada pelo corredor e encara o quarto de seu pai. Ela entra e
encara ao redor, até que para na cama. Helena se senta na cama até que sente seu pé encostar em
algo: uma xícara)
HELENA (apanha a xícara debaixo da cama e a cheira) – Camélias.
(“Estranha coincidência”, pensou Helena. Ela coloca a xícara sob a mesinha de seu pai e abre
uma das gavetas. Ao não encontrar nada, ela tenta fecha-la, até que a gaveta emperra. Helena
continua a empurrar, até que decide retirar a gaveta da mesa e tentar coloca-la de volta, mas ao
puxar a gaveta, algo cai. É aí que ela nota: papéis amarelados, repletos de traças.)
HELENA (retira todos os papéis ali escondidos e abre um. Começa a lê-lo e arfa quando nota
do que se tratam)- Não pode ser! (ela lê mais um e engole em seco) O tempo não ajudará dessa
vez, “de Poitiers...”
Ato 7:
(No escritório do coronel, Helena entra em disparada)
HELENA – Onde ele está? O coronel, onde ele está? Preciso... (o coronel aparece e Helena
respira fundo) Houve um engano! Você precisa me ouvir, um terrível erro foi cometido!
CEL. ROSSI – Respire fundo e se sente, Srta. Bartolini. Irei ouvi-la.
HELENA (ofegante) – Meu pai foi envenenado sim, mas não por Francis (o coronel a encara
com pena, ela respira fundo e prossegue) No momento em que eu contei ao senhor que Francis
estava na noite do crime, soube que iriam atrás dele. Soube que ele seria o “bode expiratório”,
porque quando um aristocrata como meu pai é morto, as pessoas querem justiça, não importa
como seja feita, e quem melhor que o filho do homem que almejava a posição de meu pai? Na
tarde em que Francis foi preso, eu estava lá, o senhor me viu lá! E sabe o que eu fazia? Escutava
repetidamente a versão de Francis daquela madrugada: O portão aberto já é estranho por si só,
mas sabe o que é mais estranho? A governanta me disse que o buquê foi achado e que dentro
dele havia veneno, mas como foi parar lá? A resposta óbvia seria que Francis o colocou ali, mas
e quanto a comerciante que fez questão que ele tivesse o buquê de flores naquele dia...
CEL. ROSSI – Impressionante, Srta. Bartolini. Alguém em mente?
HELENA – É isso que fiquei me perguntando, mas nada vinha em mente. Confesso que havia
perdido as esperanças, até que veio o chá. O senhor já experimentou chá de camélias?
CEL. ROSSI(franzindo o cenho) – Já, inclusive é um dos meus favoritos.
HELENA – Exatamente. Eu bebia muito quando mais nova, mas hoje me trouxeram o chá e
senti um cheiro diferente então não o bebi. A princípio não dei muita atenção a isto, até que
tomei coragem e entrei no quarto de meu pai pela primeira vez após o ocorrido. E ali estava,
debaixo da cama: Uma xícara com o mesmo cheiro do chá de camélias de mais cedo. O que é
estranho já que aquele cheiro não é comum, afinal, camélias não mudam de sabor, certo? E foi
aí que encontrei: cartas. Aquelas cartas responderam á perguntas que me fiz durante toda vida.
CEL. ROSSI – Não entendo como...
HELENA – O senhor já ouviu falar em Diane de Poitiers? Ela foi amante do rei Henrique II,
na França. Percebe o nome “Diane”? É o nome da governanta que cuidou de mim desde
pequena. E sabe as cartas que encontrei? Foram escritas pelo meu pai para serem lidas por
Diane, nossa governanta. Por que? Ela era sua amante! (o coronel arfa, pasmado) Eles se
comunicavam por meio de cartas com medo que os criados escutassem suas conversas. As
cartas possuíam datas e li cada uma delas. Na última carta escrita por meu pai ele afirmava que
descobriu sobre aquilo que aconteceu anos atrás, quando Diane ameaçou minha mãe de que se
ela não nos deixasse, haveria consequências.
CEL. ROSSI(perplexo) – Srta. Bartolini...estou sem palavras! Apenas...oh não! Temo que...
HELENA – Tem mais! Depois de ler isso eu corri até os aposentos de Diane e lá estava: três
moedas com o símbolo do barão, e quem mais compraria algo com as moedas do barão a não
ser seu próprio filho? Quem deixaria o portão aberto para ele entrar? Diane. O veneno estava no
chá, e quem os prepara? Diane. Ela sabia que meu pai a entregaria as autoridades por ameaçar a
viscondessa e sua família, e não queria que isso acontecesse, então planejou tudo! Pagou os
serventes para que dissessem que Francis tentou invadir a casa escalando uma árvore, vendeu a
ele um veneno camuflado por flores... (ela respira fundo) Temos provas suficientes para
inocentar Francis!
CEL. ROSSI (com lágrimas nos olhos) – Dano já foi causado. Eles açoitaram suas mãos, e
temo que possam fazer pior.
(Lágrimas escorrem pela face de Helena, ela engole em seco e se levanta)
HELENA – De acordo com Shakespeare, “Ser grande é abraçar uma grande causa”. Irei
fazer melhor e abraçar duas: Libertar Francis e encontrar minha mãe, a exilada viscondessa...

Fim.

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