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IMPORTÂNCIA DO MANEJO CORRETO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE

SAÚDE- IMPACTO AMBIENTA.

Autores: Bruna Lima Silva & Gabriel Martins Cabral

INTRODUÇÃO:
Os resíduos de serviços de saúde (RSS) englobam todos os tipos de geradores de
rejeitos de serviços de saúde, seja humano (farmácia, funerária, tatuagem, laboratório
etc.) ou animal (zoonoses) ANVISA (2004). Conforme o regulamento técnico para o
gerenciamento das RSS da ANVISA, os Resíduos de Serviço de Saúde são divididos
em grupos (A; B; C; D; E), sendo eles: (A) Resíduos infectantes, (B) Substâncias
químicas, (C) radiação ionizante, (D) Resíduos comuns e (E) Perfurocortantes. Nesse
sentido, o descarte incorreto das RSS gera riscos não apenas aos profissionais em seu
ambiente de trabalho, mas, também, promovem impactos ambientais que envolvem a
saúde pública e nos recursos e desastres naturais CAFURE, V e GRACIOLLI, S (2014).
A princípio, a negligência no manejo dos Resíduos de Serviços de Saúde leva à
Intercorrências, como: acidente de trabalho por instrumento perfurocortante em
profissionais da saúde no interior do estado do Tocantins JUNIOR. E et al. (2015) e o
acidente com césio 137 no município Goiânia POZZETTI, V. e GOMES, W. (2018).
Nessa perspectiva, o manejo incorreto desses Resíduos de Serviços de Saúde pode
causar impactos como doenças ou perda na qualidade de vida da população que entram
em contato com os resíduos CAFURE, V e GRACIOLLI, S (2014). Todavia, os RSS se
comparados aos resíduos sólidos urbanos, são uma parcela pequena, entretanto, ao
analisar o potencial de gerar malefícios a saúde torna-se uma preocupação, devido ele
apresentar organismos patogênicos, toxinas, produtos químicos e riscos de conter
materiais radiológicos. SCHNEIDER, V. E., et al. (2004).
Nesse contexto, existem leis para gerenciamento correto de resíduos sólidos, e
para os que geram riscos, como a Lei N. 12305, de 2010, que possui os princípios,
objetivos e instrumentos e as responsabilidades do poder púbico e dos geradores de
resíduos. E a lei 222, de 28 de março de 2018, sobre as Boas Práticas de Gerenciamento
dos Resíduos de Serviços de Saúde e regulamenta que o manejo dos RSS deve abranger
todas as etapas de planejamento, sejam elas de recursos físicos, materiais e da
capacitação das pessoas que utilizam materiais de saúde.
Portanto, o manejo inadequado vai além da falta da separação correta dos
resíduos, abrange para a forma de descarte de lixo de países subdesenvolvidos ou em
desenvolvimento que desprezam inadequadamente em aterros sanitários ao ar livre, sem
o controle adequado, nessa situação, pessoas ou animais podem entrar em contato com
os resíduos e se contaminarem SCHNEIDER, V. E., et al. (2004). Além disso, há falta
de conhecimento sobre as leis e normas, uma carência de planejamento urbano e
institucional, sejam elas públicas ou privadas, na forma de gerenciar seus Resíduos de
Serviços de Saúde, escassez de informação por parte dos profissionais sobre suas
atribuições no descarte e o potencial de contaminação desses resíduos solo
SCHNEIDER, V. E., et al. (2004).
O que são os Resíduos de Serviços de Saúde - RSS?
No livro “A limpeza Urbana Através dos Tempos” de Emílio Marciel Eigenheer, é
retratado a evolução na história de armazenamento e coleta de lixo, vê-se que na
antiguidade havia preocupação na destinação de alguns tipos de resíduos, porém era um
recurso exclusivo para quem possuía uma “alta” posição na sociedade, resultando no
aumento das doenças, principalmente, pela quantidade de pessoas mortas em combates
e em arenas, as quais seus corpos não eram descartados de maneira adequada. Já na
idade média, a queda do Império Romano levou a consequências sanitárias que foram
causadores de epidemias, águas usadas e dejetos eram lançados nas ruas, fossas
causavam contaminação de poços e fontes d’água (EIGENHEER, E. 1993). Deste
modo, entende-se que o processo de tratamento e eliminação de resíduos é uma
discussão histórica que envolve não apenas a cooperação da população como a
disponibilidade de recursos da entidade governamental.
Atualmente, por definição, resíduos é todo o material descartado resultante de
atividades humanas, e que são depositados em lugares afastados da cidade. Dessa
forma, tem-se preocupação, apenas, para a coleta do resíduo, desconsiderando o
tratamento e destino que esses produtos precisam. Entretanto, é essencial a existência de
sistemas de gerenciamento que façam processamento e deposição final correta dos
materiais para que não venham a contaminar o meio ambiente (SCHNEIDER, V. E.,
et al. 2004).
Nesse cenário, a resolução RDC Nº 306 de 2004 da Anvisa dispõem sobre o
regulamento técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde (RSS), e os
divide em cinco categorias conforme tabela abaixo.

Tipos de Resíduos Classificação


Resíduos Infectantes A (A1; A2; A3; A4; A5)
Substâncias Químicas B
Radiação Ionizante C
Resíduos Comuns D
Perfurocortantes E
(fonte: texto retirado de ANVISA. resolução RDC Nº 306 de 2004.)

Nesse contexto, os Resíduos Infectantes fazem parte do grupo A e são divididos


em subgrupos: A1 (Ex: meios de culturas e instrumentos utilizados); A2 (Ex: peças
anatômicas, de animais submetidos a processos de experimentação com inoculação de
microrganismos); A3 (Peças anatômicas do ser humano); A4 (Ex: Sobras de amostras de
laboratório e seus recipientes); A5 (Ex: Órgãos, tecidos, com suspeita ou certeza de
contaminação com príons) (ANVISA, 2004).
O grupo B são os resíduos de substâncias químicas, devem ser acondicionados
material rígido em locais apropriados para cada tipo de substância química, orientando-
se para as propriedades físico-químicas e seu estado físico e seguindo as orientações da
Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos – FISPQ (ANVISA, 2004).
O grupo C são os radioativos representados pelo símbolo internacional de presença de
radiação ionizante (trifólio de cor magenta) possui a cor amarelo e deve ser seguido da
frase “material radioativo”, este tipo de rejeito é considerado resíduo somente após
decorrer tempo que atinja o limite de eliminação do material e devem ser armazenados
considerando a natureza sua física e do radionuclídeo (ANVISA, 2004).
O grupo D são os resíduos comuns são aqueles destinados a reciclagem ou
reutilização que devem ser acondicionados em sacos impermeáveis, eles se dividem em
cores, azul para papéis, amarelo para metais, verde para vidros, vermelho para plásticos,
marrom para resíduos orgânicos (ANVISA, 2004). O grupo E são os perfurocortantes,
aqueles que possui superfícies capaz de cortar ou perfurar, devem ser descartados após o
uso em locais resistentes e com o símbolo de risco biológico junto a palavra
“perfurocortante” (ANVISA, 2004).

Problemas causados no Brasil pelo descarte incorreto de RSS.


No ano de 1987 em Goiânia-GO funcionava em um terreno cedido o Instituto
Goiano de Radiologia (IGR), em troca do terreno, o instituto deveria realizar exames
gratuitos para os pacientes da Santa Casa da Misericórdia de Goiânia, entretanto o
acordo de ajudar os pacientes não foi cumprido e o instituto mudou de local
abandonando aparelhos antigos, dentre eles um de radiografia. Anos depois o dono do
prédio iniciou a demolição do local, mas foi impedido judicialmente de continuar e o
aparelho continuou no terreno, onde foi encontrado por moradores que tomaram posse
do equipamento com intuito de revender. A partir disso, acharam o Césio-137, e este foi
distribuído na população, sem conhecimento e atraídos pelo brilho não imaginavam o
perigo que corriam (VIEIRA, 2013). Nesta circunstância, as pessoas atingidas por
partículas do Césio começaram a ter queimaduras na pele, queda de cabelo e muitas
pessoas foram a óbito (POZZETTI E GOMES, 2018).
O artigo “Acidente de trabalho com material perfurocortante envolvendo
profissionais e estudantes da área da saúde em hospital de referência” fala sobre
doenças e patógenos que podem ser transmitidos por materiais perfurocortantes, como
vírus da hepatite B e C. Além disso, foi realizado um estudo coletando dados pelo
Sistema de informação de agravos de notificação da Vigilância Epidemiológica do
HRA, nos anos de 2009 a 2011, o qual foi constatado vários acidentes de trabalhos no
ambiente hospitalar, sendo o maior número de acidentes por materiais perfurocortantes,
entre esses o descarte inadequado foi um dos motivos para o acidente.
Gerenciamento correto dos RSS.
Segundo a resolução RDC Nº 306, de 7 de dezembro de 2004 da ANVISA, o
gerenciamento de RSS é um conjunto de procedimentos de gestão que possui bases
cientifica e legal, que visa dar um destino seguro aos RSS, de forma a proteger o meio
ambiente e a população, assim como os trabalhadores. O dever de realizar o
gerenciamento é dos serviços geradores de RSS, devendo ao poder púbico fazer a
gestão, regulamentação e fiscalização. Para obter-se um gerenciamento correto
necessita-se de um Plano de Gerenciamento de Resíduos de Saúde- PGRSS, com base
no tipo de resíduo, contendo a forma de manejo, que se divide em: segregação,
acondicionamento, identificação, transporte interno, armazenamento temporário,
tratamento, armazenamento externo, coleta e transporte externo e disposição final
(ANVISA, 2004).
Seguindo esse viés, o manejo é o gerenciamento dos resíduos do início até a
disposição final e possui as etapas de Segregação o qual o resíduo é separado no local
de geração, seguindo suas especificidades. O acondicionamento que é a forma de
embalar para evitar que o resíduo se disperse, respeitando a característica de cada tipo,
logo deve-se ter a identificação dos resíduos acondicionados, devendo ser de fácil
identificação com cores e símbolos. Após, a próxima etapa é o transporte interno, que é
o transporte do resíduo do local de geração para o ponto de armazenamento temporário
ou externo. O armazenamento temporário é o local temporário dos resíduos para
facilitar a coleta interna e externa. No tratamento são realizadas técnicas de
processamento da matéria de forma que diminua os riscos de contaminação e acidentes.
O armazenamento externo é colocar os resíduos em locais exclusivos para aguardar a
coleta externa. A coleta e transporte externo é a etapa em que levará os resíduos
armazenados externamente para a unidade de tratamento ou disposição final que
consiste em deixar dos resíduos em local apropriado (ANVISA, 2004).
Para além, para obter-se um gerenciamento correto dos RSS também deve-se
realizar a capacitação dos profissionais da área da saúde e outras profissões que
trabalham com este tipo de material. O descarte dos RSS é uma atividade de atributo
dos profissionais que o manipulam, devendo saber o local coreto do tipo de resíduo e a
maneira de descartá-lo. Os desconhecimentos sobre este assunto aumentam risco de
acidentes de trabalho, fazendo-se necessário a capacitação dos profissionais neste
assunto, de forma que contribua para a diminuição dos acidentes e poluição ambiental
SCHNEIDER, V. E., et al. (2004).
Importância do Gerenciamento correto dos RSS.
Segundo o artigo Resíduos de Serviços de Saúde: Um Olhar Interdisciplinar
Sobre o Fenômeno, o debate sobre gerenciamento de lixo não é atual, a problemática já
causou surtos epidemiológicos ao longo da história como a cólera, que levou a morte de
diversas pessoas. Além disso, a revolução industrial também foi facilitadora para o
aumento da geração de resíduos, momento em que houve uma constante busca pelo
desenvolvimento, mas que não houve estratégia para destinar os resíduos de forma a
gerar menos poluição na sociedade.
Neste viés, observa-se os RSS representam uma problemática, e devem ser
observados com maior cautela, de forma a e realizar o manejo adequado para obter-se a
diminuição da poluição ambiental. Ademais, se realizado o manejo de forma errônea
pode ocasionar a dispersão de vetores no ar e água e riscos ao manipular objetos
perfurocortantes, químicos e biológicos (BIDONE, 2001). Dessa forma, o
gerenciamento é imprescindível para diminuir a produção de resíduos, feito de forma
adequada proporciona um encaminhamento seguro durante todo o processo de
gerenciamento, evitando danos à saúde púbica e ao meio ambiente (ANVISA,2004).
Nessa perspectiva, o Plano de Gerenciamento de Resíduos de Saúde- PGRSS
realizado de maneira adequada tem efeito positivos, podendo diminuir os riscos de
infecções hospitalares. Além do mais, o gerenciamento torna-se economicamente viável,
pois preconiza que haja a separação de materiais segundo sua classificação, dessa
maneira, a quantidade de resíduo para tratamento será mais bem dimensionada e os
custos no tratamento final dos resíduos irá diminuir (FREITAS, I. SILVA, M. 2012).
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
REFERÊNCIAS

ANVISA. Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamento de


resíduos de serviços de saúde. RESOLUÇÃO RDC Nº 306, DE 7 DE
DEZEMBRO DE 2004.
ANVISA. Gerencia de regulamentação e controle sanitário em serviços de
saúde - GRECS/Gerencia geral de tecnologia em serviços de saúde -
GGTES/ANVISA. Brasília, 09 de Maio de 2018.
CAFURE, V e GRACIOLLI, S. Os resíduos de serviço de saúde e seus
impactos ambientais: uma revisão bibliográfica. INTERAÇÕES, Campo
Grande, v. 16, n. 2, p. 301-314, jul./dez 2014.
FREITAS, I. SILVA, M. Importância do gerenciamento de Resíduos do Serviço
de Saúde na Proteção do Ambiente. Estudos, Goiânia, v. 39, n. 4, p. 493-505,
out./dez. 2012.

JUNIOR, E. et al. Acidente de trabalho com material perfurocortante


envolvendo profissionais e estudantes da área da saúde em hospital de
referência. Rev Bras Med Trab. 2015.
POZZETTI, V. e GOMES, W. TRINTA ANOS DO CÉSIO 137: TRAJETÓRIA
LEGAL DA POLÍTICA NACIONAL BRASILEIRA NA PREVENÇÃO DE
ACIDENTES RADIOATIVOS. Revista de Direito Ambiental E
Socioambientalismo- 2018.
SCHNEIDER, V. E., et al. Manual de gerenciamento de resíduos sólidos
de serviços de saúde. 2. ed. Caxias do Sul: EDUCS, 2004, p.24-49
SCHNEIDER, V. E., et al. Resíduos de serviços de saúde: um olhar
interdisciplinar sobre o fenômeno. FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DE CAXIAS
DO SUL- 2004.
Bidone FRA. Resíduos sólidos provenientes de coletas especiais: eliminação e
valorização. Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e
Ambiental; 2001.
Como o Material particulado advindo
de queimadas pode contribuir para
originar ou agravar doenças
respiratórias.

O que é?
O que causa na saúde?
Leis?
Quais são as faixas etárias mais afetas pela inalação da fumaça decorrentes das queimadas e
quais os sintomas mais frequentes?

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