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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

RESÍDUOS LÍTICOS DA GRUTA DO GENTIO II,


UNAÍ-MG

BEATRIZ RAMOS DA COSTA

2009
RESÍDUOS LÍTICOS DA GRUTA DO GENTIO II,
UNAÍ-MG

BEATRIZ RAMOS DA COSTA

Dissertação de Mestrado apresentada ao curso


de mestrado em Arqueologia, Museu Nacional,
da Universidade Federal do Rio de Janeiro,
como parte dos requisitos necessários à
obtenção do título de Mestre em Arqueologia.

Orientadores: Tania Andrade Lima


Renato Rodriguez Cabral Ramos

Rio de Janeiro
Julho de 2009
FICHA CATALOGRÁFICA

Costa, Beatriz R. da
Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MG. Beatriz Ramos da Costa.
– Rio de Janeiro: UFRJ/MN/MArq, 2009.
xviii, 169f, il.; 31 cm.
Orientadora: Tania Andrade Lima
Dissertação (mestrado): UFRJ/MN/MArq, 2009.
Referências Bibliográficas: f. 78-82
1. Resíduos de lascamento. 2. Análise de distribuição espacial. 3.
Tratamento térmico. 4. Magnetismo
I. Lima, Tania Andrade. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Museu
Nacional, Mestrado em arqueologia III. Título
RESÍDUOS LÍTICOS DA GRUTA DO GENTIO II,
UNAÍ-MG

Beatriz Ramos da Costa

Orientadores: Tania Andrade Lima


Renato Rodriguez Cabral Ramos

Dissertação de Mestrado apresentada ao curso de mestrado em Arqueologia, Museu


Nacional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos
necessários à obtenção do título de Mestre em Arqueologia.

Aprovada por:

_________________________________________
Presidente, Prof.ª Drª. Tania Andrade Lima

_________________________________________
Profª. Drª. Sibeli Aparecida Viana

_________________________________________
Profª. Drª. Glaucia Aparecida Malerba Sene

Rio de Janeiro
Julho de 2009
Resumo

RESÍDUOS LÍTICOS DA GRUTA DO GENTIO II,


UNAÍ-MG

Beatriz Ramos da Costa

Orientadores: Tania Andrade Lima


Renato Rodriguez Cabral Ramos

O sítio arqueológico Gruta do Gentio II foi localizado na cidade de Unaí, MG, no


decorrer do Programa de Pesquisas Arqueológicas do Vale do São Francisco no Estado
de Minas Gerais (PROPEVALE), coordenado pelo Prof.. Dr. Ondemar Dias Junior. As
escavações se deram em quatro etapas de campo, ao longo das décadas de 1970 e 1980.
Foram identificadas quatro camadas ocupacionais relacionadas a dois horizontes
distintos, um caçador-coletor e outro horticultor. Uma grande variedade e quantidade de
remanescentes arqueológicos foi recuperada, e vem sendo trabalhada desde então por
diversos pesquisadores. No presente trabalho, os resíduos de lascamento de 14 dos 32
setores escavados foram pesados e quantificados e, a partir desses dados, foram feitas
análises estatísticas de similaridade e de distribuição espacial. Em relação à escolha da
matéria-prima, foi possível identificar conjuntos de associações entre as diferentes
camadas. O primeiro é formado apenas pela camada IV, o segundo pelas camadas III e
II, e o terceiro pela camada I. Em relação à distribuição espacial dos resíduos, também
foi possível identificar duas mudanças de padrão, que coincidem com aqueles
registrados para a escolha da matéria-prima. O primeiro registro de mudança ocorre
entre as camadas IV e III, quando deixam de ocorrer áreas especializadas. E o segundo
entre as camadas II e I, quando um padrão mais disperso se estabelece. No decorrer do
presente trabalho surgiu a oportunidade de investigar a origem do comportamento
magnético registrado em parte dos resíduos líticos. Foram conduzidas medidas
investigativas e experimentais, que sugerem que as rochas que apresentam o
magnetismo localizado nas porções originalmente mais externas foram aquecidas a altas
temperaturas antes do lascamento. Isto permite formular a hipótese de que a atividade
magnética apresentada nas faces externas, talões e córtex das lascas e estilhas de silexito
é a assinatura arqueológica do tratamento térmico realizado nestas rochas.

Palavras Chave: resíduos de lascamento; análise de distribuição espacial; magnetismo;


tratamento térmico.
ABSTRACT

RESÍDUOS LÍTICOS DA GRUTA DO GENTIO II,


UNAÍ-MG

Beatriz Ramos da Costa

Orientadores: Tania Andrade Lima


Renato Rodriguez Cabral Ramos

The archaeological site Gruta do Gentio II was located in the city of Unaí, MG, during
the Programa de Pesquisas Arqueológicas do Vale do São Francisco no Estado de
Minas Gerais (PROPEVALE), under the coordenation of Professor Ondemar Dias
Junior. The excavations were developed in four stages of field work, between the years
of 1970 and 1980. It was identified four ocupational layers, related to two distinct
horizons, one of hunther-gatherers groups, and the other of horticultural ones. A large
number and variety of archaeological remains was recovered, and are worked since
them by several researchers. In the current work, the debris from 14 of the 32 excavated
sectors were weighted and quantified, and, from this data, statistical analysis of
similarity and spatial distribution was made. In relation to raw material preferences, it
was possible to identify sets of linkage between the different layers. The first is formed
only by the layer VI, the second by the layers II and III, and the third by the layer I. In
relation to the spatial distribution of the debris, it was also possible to identify two
changes in pattern, that matches with those registered for the raw material preferences.
The first register of changing is between the layers IV and III, when it stops to occur
specialized areas. And the second, between the layers II and I, when a more scattered
pattern was established. During the current work, the opportunity of investigating the
origin of magnetic behavior registered in part of the stone flakes raised. Were made
investigative and experimental measurements, the results suggests that the stone flakes
that shows magnetism in the originally external portions were heated at high
temperatures before the flaking happened. This led us to formulate the hypothesis that
the magnetic activity shown in the external faces, striking surfaces and cortex of the
flint debris is the archaeological signature of a heat treatment developed in those rocks.

Key words: flaking debris, spatial analysis, magnetism, heat treatment.


Lista de figuras

Figura 1 - Mapa de localização do município de Unaí – MG...........................................4


Figura 2 - Perfil estratigráfico da Gruta do Gentio II, setores NA 1-2-3-4.......................5
Figura 3 - Reprodução de painéis de arte rupestre em Minas Gerais com representações
de vegetais.....................................................................................................10
Figura 4 - Coleta de material fecal do Enterramento n° 10.............................................11
Figura 5 - Mapa das principais bacias hidrográficas do estado de Minas Gerais............14
Figura 6 - Planta topográfica do solo original da Gruta do Gentio II..............................15
Figura 7 - Mapa geológico do Noroeste de Minas Gerais...............................................16
Figura 8 - Mapa da costa sul americana até 9.000 anos..................................................18
Figura 9 - Mapa da costa sul americana após 9.000 anos................................................18
Figura 10 - Planilha de análise dos resíduos de lascamento............................................28
Figura 11 - Planta de setorização da Gruta do Gentio II.................................................30
Figura 12 - Gráfico da quantidade de lascas e fragmentos líticos no setor LB1.............31
Figura 13 - Gráfico do peso do resíduo lítico no setor LB1............................................31
Figura 14 -Gráfico da quantidade de lascas e fragmentos líticos no setor LC0..............32
Figura 15 - Gráfico do peso do resíduo lítico no setor LC0............................................33
Figura 16 - Gráfico da quantidade de lascas e fragmentos líticos no setor NA1............34
Figura 17 - Gráfico do peso do resíduo lítico no setor NA1...........................................35
Figura 18 - Gráfico da quantidade de lascas e fragmentos líticos no setorNA3.............36
Figura 19 - Gráfico do peso do resíduo lítico no setor NA3...........................................36
Figura 20 - Gráfico da quantidade de lascas e fragmentos líticos no setor NB0.............37
Figura 21 - Gráfico do peso do resíduo lítico no setor NB0............................................38
Figura 22 - Gráfico da quantidade de lascas e fragmentos líticos no setor NB2.............39
Figura 23 - Gráfico do peso do resíduo lítico no setor NB2............................................39
Figura 24 - Gráfico da quantidade de lascas e fragmentos líticos no setor NB4.............40
Figura 25 - Gráfico do peso do resíduo lítico no setor NB4............................................41
Figura 26 - Gráfico da quantidade de lascas e fragmentos líticos no setor NC1.............42
Figura 27 - Gráfico do peso do resíduo lítico no setor NC1............................................42
Figura 28 - Gráfico da quantidade de lascas e fragmentos líticos no setor NC3.............43
Figura 29 - Gráfico do peso do resíduo lítico no setor NC3............................................44
Figura 30 - Gráfico da quantidade de lascas e fragmentos líticos no setor ND2............45
Figura 31 - Gráfico do peso do resíduo lítico no setor ND2...........................................45
Figura 32 ¬-Gráfico da quantidade de lascas e fragmentos líticos no setor OA0...........46
Figura 33 - Gráfico do peso do resíduo lítico no setor OA0...........................................47
Figura 34 - Gráfico da quantidade de lascas e fragmentos líticos no setor OA2............48
Figura 35 - Gráfico do peso do resíduo lítico no setor OA2...........................................48
Figura 36 - Gráfico da quantidade de lascas e fragmentos líticos no setor OB3.............50
Figura 37 - Gráfico do peso do resíduo lítico no setor OB3............................................50
Figura 38 - Gráfico da quantidade de lascas e fragmentos líticos no setor ND4............51
Figura 39 - Gráfico do peso do resíduo lítico no setor ND4...........................................52
Figura 40 – Análise de clusteres com base nos dados de quantidade de lascas e
fragmentos líticos da Gruta do Gentio II-MG...............................................54
Figura 41 - Análise de clusteres com base nos dados de peso dos resíduos líticos da
Gruta do Gentio II-MG Peso.........................................................................54
Figura 42 - Ocorrência das camadas ocupacionais na Gruta do Gentio II......................56
Figura 43 - Teste de mapa de contorno da camada III, utilizando o método estatístico
Kriging...........................................................................................................57
Figura 44 - Preparação da amostra para medidas no SQUID..........................................66
Figura 45 - Resultado da difração de raios X na amostra de sílex oolítico.....................67
Figura 46 - Resultado da difração de raios X na amostra de sílex maciço......................67
Figura 47 - Silexito arqueológico (amostra 1) sendo medido com a técnica da difração
de raios X.......................................................................................................67
Figura 48 - Experimentação com aquecimento da amostra 1A no medidor de
suscetibilidade magnética Bartington MS2, sob a coordenação do Prof. Dr.
Miguel Novak................................................................................................68
Figura 49 - Gráfico da medida magnética da amostra 1A durante a experimentação com
aquecimento...................................................................................................69
Figura 50 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada IV,
com base na quantidade de fragmentos.........................................................84
Figura 51 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada IV,
com base no peso total do material................................................................84
Figura 52 - Clusteres por tipo litológico da camada IV, Gruta do Gentio II...................85
Figura 53 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de silexito na camada IV........86
Figura 54 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo hialino na camada
IV...................................................................................................................87
Figura 55 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo leitoso na camada
IV...................................................................................................................88
Figura 56 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzito na camada IV.....89
Figura 57 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outros tipos de sílica na
camada IV......................................................................................................90
Figura 58 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de arenito na camada IV........91
Figura 59 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de calcário na camada IV.......92
Figura 60 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outros tipos litológicos na
camada IV......................................................................................................93
Figura 61 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência do total de tipos litológicos na
camada IV......................................................................................................94
Figura 62 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada III,
com base na quantidade de fragmentos.........................................................95
Figura 63 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada III,
com base no peso total do material................................................................95
Figura 64 - Clusteres por tipo litológico da camada III, Gruta do Gentio II...................96
Figura 65 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de silexitos na camada III......97
Figura 66 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo hialino na camada
III...................................................................................................................98
Figura 67 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência dequartzo leitoso na camada
III...................................................................................................................99
Figura 68 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzito na camada III...100
Figura 69 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outras variedades de sílica na
camada III....................................................................................................101
Figura 70 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de arenito na camada III......102
Figura 71 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de calcário na camada III.....103
Figura 72 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outros tipos litológicos na
camada III....................................................................................................104
Figura 73 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência do total de tipos litológicos na
camada III....................................................................................................105
Figura 74 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada II
inferior, com base na quantidade de fragmentos.........................................106
Figura 75 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada II
inferior, com base no peso total do material................................................106
Figura 76 - Clusteres por tipo litológico da camada II inferior, Gruta do Gentio II.....107
Figura 77 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de silexito na camada II
Inferior.........................................................................................................108
Figura 78 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo hialino na camada II
Inferior.........................................................................................................109
Figura 79 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo leitoso na camada II
Inferior.........................................................................................................110
Figura 80 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzito na camada II
Inferior.........................................................................................................111
Figura 81 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outras variedades de sílica na
camada II Inferior........................................................................................112
Figura 82 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de calcário na camada II
Inferior.........................................................................................................113
Figura 83 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outros tipos litológicos na
camada II Inferior........................................................................................114
Figura 84 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência do total de tipos litológicos na
camada II Inferior........................................................................................115
Figura 85 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada II
média, com base na quantidade de fragmentos...........................................116
Figura 86 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada II
média, com base no peso total do material..................................................116
Figura 87 - Clusteres por tipo litológico da camada II média, Gruta do Gentio II........117
Figura 88 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de silexito na camada II
Média...........................................................................................................118
Figura 89 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo hialino na camada II
Média...........................................................................................................119
Figura 90 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo leitoso na camada II
Média...........................................................................................................120
Figura 91 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzito na camada II
Média...........................................................................................................121
Figura 92 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outras variedades de sílica na
camada II Média..........................................................................................122
Figura 93 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de arenito na camada II
Média...........................................................................................................123
Figura 94 – Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de calcário na camada II
Média...........................................................................................................124
Figura 95 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outros tipos litológicos na
camada II Média..........................................................................................125
Figura 96 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência do total de tipos litológicos na
camada II Média..........................................................................................126
Figura 97 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada II
superior, com base na quantidade de fragmentos........................................127
Figura 98 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada II
superior, com base no peso total do material...............................................127
Figura 99 - Clusteres por tipo litológico da camada II superior, Gruta do Gentio II....128
Figura 100 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de silexito na camada II
Superior.......................................................................................................129
Figura 101 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo hialino na camada
II Superior....................................................................................................130
Figura 102 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo leitoso na camada
II Superior....................................................................................................131
Figura 103 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzito na camada II
Superior.......................................................................................................132
Figura 104 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outras variedades de sílica
na camada II Superior..................................................................................133
Figura 105 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de arenito na camada II
Superior.......................................................................................................134
Figura 106 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de calcário na camada II
Superior.......................................................................................................135
Figura 107 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outros tipos litológicos na
camada II Superior.......................................................................................136
Figura 108 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência do total de tipos litológicos na
camada II Superior.......................................................................................137
Figura 109 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada II
associadas, com base na quantidade de fragmentos....................................138
Figura 110 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada II
associadas, com base no peso total do material...........................................138
Figura 111 - Clusteres por tipo litológico das camadas II associadas, Gruta do Gentio
II...................................................................................................................139
Figura 112 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de silexito na camada II
Associadas...................................................................................................140
Figura 113 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo hialino na camada
II Associadas................................................................................................141
Figura 114 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo leitoso na camada
II Associadas................................................................................................142
Figura 115 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzito na camada II
Associadas...................................................................................................143
Figura 116 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outras variedades de sílica
na camada II Associadas..............................................................................144
Figura 117 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de arenito na camada II
Associadas...................................................................................................145
Figura 118 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de calcário na camada II
Associadas...................................................................................................146
Figura 119 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outros tipos litológicos na
camada II Associadas..................................................................................147
Figura 120 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência do total de tipos litológicos na
camada II Associadas..................................................................................148
Figura 121 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada I
inferior, com base na quantidade de fragmentos.........................................149
Figura 122 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada I
inferior, com base no peso total do material................................................149
Figura 123 - Clusteres por tipo litológico da camada I inferior, Gruta do Gentio II.....150
Figura 124 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de silexito na camada I
Inferior.........................................................................................................151
Figura 125 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo hialino na camada I
Inferior.........................................................................................................152
Figura 126 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo leitoso na camada I
Inferior.........................................................................................................153
Figura 127 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzito na camada I
Inferior........................................................................................................154
Figura 128 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outros tipos de sílica na
camada I Inferior.........................................................................................155
Figura 129 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de arenito na camada I
Inferior.........................................................................................................156
Figura 130 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de calcário na camada I
Inferior.........................................................................................................157
Figura 131 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outros tipos litológicos na
camada I Inferior.........................................................................................158
Figura 132 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência do total de tipos litológicos na
camada I Inferior.........................................................................................159
Figura 133 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada I
superior, com base na quantidade de fragmentos........................................160
Figura 134 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada I
superior, com base no peso total do material...............................................160
Figura 135 - Clusteres por tipo litológico da camada I superior, Gruta do Gentio II....161
Figura 136 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de silexito na camada I
Superior.......................................................................................................162
Figura 137 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo hialino na camada I
Superior.......................................................................................................163
Figura 138 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo leitoso na camada I
Superior.......................................................................................................164
Figura 139 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzito na camada I
Superior.......................................................................................................165
Figura 140 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outras variedades de sílica
na camada I Superior...................................................................................166
Figura 141 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de arenito na camada I
Superior.......................................................................................................167
Figura 142 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de calcário na camada I
Superior.......................................................................................................168
Figura 143 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outros tipos litológicos na
camada I Superior........................................................................................169
Figura 144 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência total de tipos litológicos na
camada I Superior........................................................................................170
Lista de Tabelas
Tabela 1 - Ocorrência de variabilidade dos tipos litológicos no setor LB1, Gruta do
Gentio II – MG...........................................................................................31
Tabela 2 - Ocorrência e variabilidade dos tipos litológicos no setor LC0, Gruta do
Gentio II – MG...........................................................................................32
Tabela 3 - Ocorrência e variabilidade dos tipos litológicos no setor NA1, Gruta do
Gentio II – MG...........................................................................................34
Tabela 4 - Ocorrência e variabilidade dos tipos litológicos no setor NA3, Gruta do
Gentio II – MG...........................................................................................35
Tabela 5 - Ocorrência e variabilidade dos tipos litológicos no setor NB0, Gruta do
Gentio II – MG...........................................................................................37
Tabela 6 - Ocorrência e variabilidade dos tipos litológicos no setor NB2, Gruta do
Gentio II – MG...........................................................................................38
Tabela 7 - Ocorrência e variabilidade dos tipos litológicos no setor NB4, Gruta do
Gentio II – MG...........................................................................................40
Tabela 8 - Ocorrência e variabilidade dos tipos litológicos no setor NC1, Gruta do
Gentio II – MG...........................................................................................41
Tabela 9 - Ocorrência e variabilidade dos tipos litológicos no setor NC3, Gruta do
Gentio II – MG...........................................................................................43
Tabela 10 - Ocorrência e variabilidade dos tipos litológicos no setor ND2, Gruta do
Gentio II – MG...........................................................................................44
Tabela 11 - Ocorrência e variabilidade dos tipos litológicos no setor OA0, Gruta do
Gentio II – MG...........................................................................................46
Tabela 12 - Ocorrência e variabilidade dos tipos litológicos no setor OA2, Gruta do
Gentio II – MG...........................................................................................47
Tabela 13 - Ocorrência e variabilidade dos tipos litológicos no setor OB3, Gruta do
Gentio II – MG...........................................................................................49
Tabela 14 - Ocorrência e variabilidade dos tipos litológicos no setor ND4, Gruta do
Gentio II – MG...........................................................................................51
Tabela 15 - Ocorrência e variabilidade dos tipos litológicos por camada ocupacional
da Gruta do Gentio II – MG.......................................................................52
Tabela 16 - Graduação da massa média dos tipos litológicos.................................57

19
À minha pequena grande família. Lucas e Adriano.
Ao meu querido pai, Dr. Orlando Silvestre da Costa,
e sua esposa, Sandra Carvalhaes,
por todo o apoio e incentivo.

xv
Agradecimentos

Gostaria de agradecer àqueles que contribuíram para a realização deste trabalho:

Ao CNPq pelo apoio financeiro durante parte do curso.


Ao curso de mestrado em Arqueologia do Museu Nacional, pela oportunidade de uma
formação profissional de alto nível, oferecida graças a seu excelente quadro de
docentes, com a ótima contribuição de professores convidados, e afirmação de
convênios internacionais.
À Profª. Tania Andrade Lima, pela insubstituível orientação constante, pelas inúmeras
oportunidades oferecidas, e pela exemplar atuação à frente da coordenação do curso,
sempre buscando a excelência deste.
Em especial, ao Instituto de Arqueologia Brasileira, pela oportunidade de desenvolver
esta pesquisa no âmbito do curso de mestrado em Arqueologia, bem como pelo
oferecimento da infra-estrutura necessária à análise e quantificação do material.
Ao Profº Paulo R. G. Seda, diretor científico do referido Instituto, pela prontidão no
atendimento em todas as questões burocráticas, e à Profª Rosangela Menezes pelo
acompanhamento do trabalho e inúmeras explicações.
À Dr. Glaucia M. Sene pela colaboração nas pesquisas documentais e pelo imenso
conhecimento a respeito da gruta do Gentio II.
Ao Profº. Renato R. C. Ramos, co-orientador, sempre acolhendo prontamente as
questões a respeito da gruta, sedimentação do solo e petrologia dos resíduos.
À secretária Claudine Leite, pela eficiência e gentileza na resolução de diversas
questões ao longo do curso.
Ao Profº André Prous, responsável pela excelente disciplina “Tecnologias históricas e
pré-históricas: análise de material lítico”, durante o qual os questionamentos levantados
pela Profª Tania Andrade Lima a respeito do tratamento térmico em rochas em muito
estimularam meu olhar investigativo, cujo resultado pode ser observado no quinto
capítulo desta dissertação.
Ao Prof. Miguel Novak, pelos ensinamentos, e principalmente pelo entusiasmo com o
qual abraçou esta investigação. E à Profª. Elis Sinnecker, pelas pacientes e detalhadas
explicações, sempre com muito bom humor.

xvi
A todos os professores do curso de mestrado em Arqueologia do Museu do Museu
Nacional.
Ao Profº Marcelo Carvalho, do curso de especialização em Geologia do Quaternário do
MN-UFRJ, pelas pacientes explicações a respeito dos métodos estatísticos e do software
utilizado neste trabalho.
Ao doutorando da COPPE Edson Cardoso, pela aplicação da técnica da difração de
raios X e figuras com os resultados.
À graduanda em geologia Amanda Menezes, pelo auxílio na identificação e
quantificação dos resíduos em dois dos setores analisados.
A todos os colegas, estagiários e pesquisadores do IAB, que acompanharam esta
pesquisa, e que, não raro, colaboraram gentilmente, sempre com bom humor e
entusiasmo, fazendo com que o trabalho se tornasse mais alegre.
Ao geólogo, mestrando e marido Lucas Costa, companheiro em todas as horas, por
ensinar o uso do software Surfer 8, pelo auxílio na quantificação das peças, pelas
explicações geológicas, discussões e muitas outras pequenas contribuições, sem as quais
este trabalho não teria chegado a sua forma final.
A todos aqueles que contribuíram com o desenvolvimento deste trabalho e que, por um
lapso de minha parte não foram aqui citados, meus agradecimentos e sinceras desculpas.

xvii
Sumário

Introdução..........................................................................................................................1
Capítulo 1 – A Gruta do Gentio II.....................................................................................4
1.1. Histórico das pesquisas arqueológicas na Gruta do Gentio II........................4
1.2. Contexto geológico e paleoambiental...........................................................14
Capítulo 2 – Fundamentação teórica...............................................................................21
2.1. As ciências humanas e o cientificismo.........................................................21
2.2. Processo de formação de sítios arqueológicos..............................................22
2.3. Estudos de distribuição espacial intrassítio..................................................25
2.4. Métodos estatísticos......................................................................................26
Capítulo 3 – Os resíduos de lascamento da Gruta do Gentio II......................................27
3.1. Levantamento dos Dados..............................................................................27
3.2. Resultados.....................................................................................................30
3.3. Análise estatística da exploração da matéria prima......................................52
Capítulo 4 – Análise espacial..........................................................................................55
4.1. Distribuição espacial das camadas................................................................55
4.2. Distribuição espacial dos resíduos................................................................56
Capítulo 5 – Estudo da atividade magnética dos resíduos...............................................65
5.1. Medidas investigativas..................................................................................65
5.2. Experimentação com alta temperatura..........................................................68
5.3. Tratamento térmico: uma hipótese...............................................................69
Capítulo 6 – Interpretação dos resultados........................................................................72
Referências bibliográficas...............................................................................................78
Anexos.............................................................................................................................82

xviii
Introdução

Resíduos de lascamento são comumente subestimados nas análises e


interpretações arqueológicas. Na dissertação que ora apresentamos, contudo, eles são o
centro das atenções. Procuramos explorar sua potencialidade informativa,
principalmente com técnicas alternativas à análise lítica tecnológica, buscando resolver
questões que se apresentaram a respeito desse material.
O interesse em desenvolver um trabalho focado em resíduos líticos surgiu
durante o trabalho de curadoria no material lítico proveniente do sítio arqueológico
Gruta do Gentio II, coordenado pela Prof. Rosangela Menezes, e do qual esta autora
participou ao longo dos anos de 2005 e 2006. É manifesto o grande volume dos resíduos
e a sua representatividade, em termos de proporção, sobre o total do material lítico
recuperado do sítio. Um estudo tecnológico deste material é sem dúvida desejável,
porém abordagens alternativas se mostram também muito interessantes e são
potencialmente informativas, de tal modo que propusemos neste trabalho algumas
análises paralelas e complementares.
Nesta dissertação procuramos desenvolver um trabalho efetivamente
interdisciplinar. Através do diálogo com a antropologia, estatística, física, geografia,
geologia e química, levantamos dados, trabalhamos e interpretamos os resíduos líticos.
Cada disciplina desenvolve seus métodos e técnicas exclusivos, porém suas aplicações
não devem ser restritas, sendo a interação com outras disciplinas muito desejável e
frutífera
O projeto desenvolvido aqui teve origem na monografia final apresentada no
curso de especialização em Geologia do Quaternário, do Departamento de Geologia e
Paleontologia do Museu Nacional, UFRJ. Naquele trabalho (COSTA 2007), definimos e
quantificamos os tipos litológicos ocorridos nos resíduos líticos recuperados do setor
NB4 do sítio arqueológico Gruta do Gentio II. Sob a orientação da Profª. Tania Andrade
Lima, foram selecionados quinze fragmentos de resíduos que, com a colaboração do
Prof. Renato Cabral Rodriguez Ramos, e auxílio do então graduando Lucas Araujo
Costa, foram laminados e descritos petrograficamente, sendo possível identificar sete
tipos de silexitos (bandado, oolítico, jaspe, maciço castanho e negro, hidrotermal e
estratificado), além de ortoquartzitos e metaquartzitos. Também foram registradas as
ocorrências de arenito, calcário, quartzo hialino e leitoso, e sílica com outras estruturas

1
cristalinas, como opala e calcedônia. Através da quantificação dos resíduos foi possível
identificar algumas tendências em termos de seleção de matéria prima. Contudo,
questionava-se a representatividade dessas tendências no total do sítio
Para o ingresso no curso de mestrado em arqueologia, apresentamos então um
projeto que visava aprofundar o estudo monográfico, registrando a ocorrência e a
variabilidade dos tipos litológicos dos resíduos recuperados em outros setores do sítio
arqueológico gruta do Gentio II. Através desses dados pretendíamos analisar e
interpretar a distribuição espacial desses resíduos, no sentido de identificar diferentes
padrões relacionados a horizontes temporais distintos. No decorrer das análises surgiu a
possibilidade de irmos além das questões previamente levantadas e investigarmos a
origem do comportamento magnético registrado anteriormente em parte deste material.
O desenvolvimento das pesquisas foi muito prazeroso e enriquecedor. Mais de
um caminho foi aberto, e todos se mostraram certamente promissores e atraentes. Esta
dissertação apresenta o que foi produzido ao longo dos anos de curso, no qual
recebemos formação teórica e prática em diversas interfaces da arqueologia.
No primeiro capítulo desta dissertação é apresentado o objeto deste trabalho, o
sítio arqueológico Gruta do Gentio II. Foi revisado sucintamente o histórico das
pesquisas arqueológicas aí realizadas e do contexto geológico e paleoambiental da
região onde ela se localiza, inserindo o sítio no âmbito das recentes discussões acerca do
processo de povoamento da região central do Brasil e do chamado gap do arcaico
(ARAUJO et al. 2005-2006).
O segundo capítulo apresenta as bases teóricas do trabalho. A fundamentação
do pensamento é muito importante para a prática consciente e consequente da pesquisa
arqueológica. Foram apresentados os princípios sobre os quais o trabalho e
interpretações foram construídos. Discutimos a relação entre as ciências humanas e o
cientificismo, as questões acerca dos processos de formação de sítios arqueológicos,
segundo SCHIFFER (1976, 1996). Por fim, foi esclarecida a posição dos estudos de
distribuição espacial intrassítio e da aplicação de métodos estatísticos no contexto da
arqueologia.
O método de levantamento dos dados, os resultados e a definição adotada das
características dos tipos litológicos são apresentados no terceiro capítulo. Com o
objetivo de permitir uma boa compreensão e visualização dos dados, os resultados da
quantificação do material relacionado a cada um dos setores foram expostos em forma
de tabelas e gráficos. Foi feita também uma análise estatística da exploração da matéria-

2
prima, através da observação das associações de tipologia e intensidade de ocorrência
dos resíduos líticos referentes a cada segmento temporal
A distribuição espacial dos resíduos é tratada no capítulo IV. Através da
análise de clusteres e da observação de mapas de contorno construídos com dados
referentes aos tipos litológicos de cada uma das camadas, foi possível identificar
diferentes padrões de distribuição espacial.
Ao longo das análises, foram identificados inúmeros fragmentos de sílex que
apresentavam atividade magnética. A investigação a respeito da razão deste
comportamento é o tema do capítulo V. Sob a coordenação do professor da disciplina de
Física aplicada à Arqueologia, do Mestrado em Arqueologia do Museu Nacional, Dr.
Miguel Novak, foram feitas medidas magnéticas e experimentais no Laboratório de
Baixas Temperaturas no Instituto de Física da UFRJ, do qual ele é professor titular. Os
resultados permitem a formulação de uma hipótese de trabalho que relaciona a
suscetibilidade magnética registrada nos resíduos de lascamento com um possível
tratamento térmico realizado nas rochas antes do lascamento.
No último capítulo são analisados e interpretados os resultados obtidos ao
longo do processo analítico.

3
Capítulo 1 – A Gruta do Gentio II, Unaí, MG

1.1. Histórico das pesquisas arqueológicas na Gruta do


Gentio II

O sítio arqueológico Gruta do Gentio II foi localizado no município de Unaí,


MG (figura 1), no decorrer do Programa de Pesquisas Arqueológicas do Vale do São
Francisco, no Estado de Minas Gerais (PROPEVALE), coordenado pelo Prof. Dr.
Ondemar Dias Junior a partir de 1970. Esse programa visava o reconhecimento inicial
dos padrões de assentamento pré-histórico do Vale.

Figura 1 - Mapa de localização do município de Unaí – MG (fonte:


http://simbolosnacionais.blogspot.com)

As escavações foram realizadas em quatro etapas, ao longo dos anos de 1976,


1977, 1984 e 1987, e envolveram grande número de profissionais do Instituto de
Arqueologia Brasileira, em diferentes equipes. Nesse período, o salão de cerca de 300m²
teve aproximadamente 140m² de solo arqueológico escavado.
A metodologia de setorização adotada foi a de linhas que se cruzavam a cada
dois metros. As paralelas à boca da gruta foram numeradas e as perpendiculares
alfabetadas. Para a escavação, foram empregados níveis artificiais de 10 cm, tendo sido
também respeitados e registrados os limites das camadas naturais. Após a escavação,

4
cada nível foi documentado através de fichas de setor e/ou enterramento, fotografias e
planos de topo, onde as estruturas e principais vestígios foram plotados.
A estratigrafia do sítio é particularmente complexa e frequentemente interferida
por desmoronamentos das paredes calcárias. Foram decapadas inicialmente sete
camadas, de acordo com a estratigrafia que se apresentava no solo. Posteriormente, com
base na análise do material cultural, as antigas camadas I e II, e III, IV e V foram
associadas entre si, e passaram a ser chamadas, a partir de então, de camada I superior, I
inferior, II superior, II média e II inferior, respectivamente. As camadas III e IV
adotadas neste trabalho correspondem às originais camadas VI e VII.
Foram definidas, portanto, quatro camadas, associadas a dois horizontes
culturais. Um primeiro, que engloba as camadas II, III e IV, se refere a caçadores-
coletores, com datações que variam entre 10.040 e 6.300 anos AP, enquanto o segundo,
que se resume à camada I, é associada a horticultores, com datações entre 3.500 e 400
anos AP.
A definição do perfil estratigráfico se deu através de setores justapostos
escavados até a base (figura 2). As camadas se mostraram bastante irregulares.
Praticamente todas apresentaram desmoronamentos de blocos das paredes calcárias que
por vezes interferiram nas ocupações arqueológicas. Estas interferências foram
localizadas, detalhadamente descritas e contextualmente avaliadas. A modelagem
tridimensional desenvolvida neste trabalho buscou contribuir para um melhor
entendimento da distribuição estratigráfica do sítio.

Figura 2 - Perfil estratigráfico da Gruta do Gentio II, setores NA 1-2-3-4.

5
A composição estratigráfica foi estruturada da seguinte forma1:
Camada IV: Coloração marrom escura, bastante compacta, com espessura ao
redor de 10cm, foi datada em 10.190 ±120 AP (SI 6837).
Camada III: Coloração avermelhada com intromissões de pequenas lentes
esbranquiçadas e de carvão. Fortemente compactada, está restrita à área mais interna do
sítio, onde logrou atingir 40cm de espessura. Em alguns trechos repousa diretamente
sobre a base rochosa. Cinco datações se inserem entre 9.040±70 AP(BETA 3520 e
8.595±215 AP (SI 5077), sendo as demais intermediárias.
Camada II: Predomina a coloração avermelhada, com lentes espessas de
coloração esbranquiçada nas extremidades superior e inferior. Menos friável que a
camada anterior, com áreas mais compactadas. As lentes mais superficiais
correspondem a níveis de abandono da gruta. Foram obtidas quatro datações, que a
situam entre 8.125 ±120 (SI 2373) e 7.295 ±150 (SI 2372), sendo que as outras duas
apresentaram mais de oito mil anos.
Camada I: Coloração variando do cinzento ao marrom avermelhado próximo à
base, subdivida em superior e inferior. Friável e homogênea. Presente em toda a área
central, atingindo 140 cm junto à boca, adelgaçando-se para o interior. É a mais
abundante em vestígios culturais e para ela foram obtidas oito datações, que a colocam
entre 3.490 ±120 AP (SI 2327) e 410 ±60 AP (SI 2836), sendo seis delas com idade
superior a mil anos.
Segundo BIRD, DIAS JUNIOR E CARVALHO (1991), o sítio apresenta dois
horizontes de povoamento bem definidos cultural e cronologicamente.
O primeiro horizonte compreende as camadas VI. III e II do sítio, e corresponde
às ocupações de caçadores-coletores com predominância de implementos líticos, muitas
fogueiras, restos alimentares e vários enterramentos. O segundo compreende a Camada
I e trata-se de um período mais recente de ocupação. Relaciona-se com uma ocupação
de horticultores ceramistas, vinculada à fase Unaí, cujas características gerais se
enquadram nos padrões da Tradição Una. Apresenta vestígios variados de cestaria,
fiação e tecelagem, utensílios e implementos de materiais variados, como osso, cabaça,
couro e madeira, adornos de plumária, conchas, ossos, líticos, cerâmicas, artefatos de

1
Informações extraídas de BIRD, DIAS JUNIOR E CARVALHO, 1991.

6
pedra, além de um grande número de enterramentos, muitos dos quais parcialmente
mumificados, e muitos coprólitos.
Um período de abandono do sítio foi registrado através da ausência de carvões
para datação e de vestígios de ocupação humana. Este lapso corresponde a 3.500 anos, e
se coaduna com a noção de gap do Arcaico, que será debatida no tópico referente ao
contexto geológico e paleoambiental.
O potencial arqueológico do sítio tem sido explorado em diversos trabalhos, em
diferentes campos do conhecimento. Já foram empreendidos estudos de arte rupestre,
paleobotânica, paleoparasitologia, rituais funerários e material lítico.
A arte rupestre registrada no sítio foi apresentada por Seda e Carvalho no artigo
“Os sítios com sinalações pesquisados pelo IAB: um guia para cadastramento” no
Boletim do Instituto de Arqueologia Brasileira n° 9, em 1982, e debatida por Seda no
artigo “A arte rupestre de Unaí, Minas Gerais”, na publicação Arquivos do Museu de
História Natural2, de 1981/1982. O primeiro artigo é uma compilação de todos os sítios
com sinalações rupestres pesquisados pelo IAB no Brasil até a ocasião, acompanhados
de uma descrição catalográfica das ocorrências, onde se inclui a Gruta do Gentio II. Já
no segundo artigo, Seda apresenta uma descrição mais detalhada das inscrições que
ocorrem nos sítios da região de Unaí e discute suas possíveis filiações às tradições que
até então vinham sendo delineadas para a região.
Dos sítios de Unaí, a Gruta do Gentio II é o único que apresenta gravuras. Estas
são simples, esquemáticas e feitas por polimento, e têm como motivo traços finos
paralelos ou que se entrecruzam. Há pinturas nas cores vermelha, preta e amarela, com
tratamento tanto esquemático quanto realista, e com a presença de três técnicas; linear,
linear-cheia e silhueta, com predominância da última. Estão identificados cervídeos,
felinos, um lagarto, aves de asas abertas em posição de vôo e outros animais não
identificáveis. As figuras geométricas se constituem de círculos concêntricos havendo
também “figuras de forma triangular feitas em pontos, e outras representações de difícil
identificação” (SEDA, 1982, p. 400). Os antropomorfos são quase sempre filiformes e
“possuem o corpo alongado e os braços voltados para o teto” (SEDA, op. cit.), na forma
de um duplo Y.
Segundo Seda, entre os sítios da região “as sinalações estão geralmente muito
espalhadas, havendo muito poucas composições, e os painéis são normalmente

2 UFMG

7
pequenos” (SEDA, op. cit., 402). Na Gruta do Gentio II foram consideradas como cenas
três grupos de sinalações: a representação de uma dupla de veados, correndo lado a
lado, porém não se pode “afirmar que seja um casal ou mesmo uma fêmea e um filhote”
(SEDA, op. cit.); “um zoomorfo junto a um grupo de semicírculos, como se fosse um
túnel, o que pode representar uma armadilha, contudo a cena é bastante
discutível”(SEDA op. cit.); e um antropomorfo que parece portar um propulsor.
O autor ressalta que não havia nenhuma datação ou correlação segura para as
sinalações da região, embora Dias Junior (1993) destaque o fato de haver pingos de tinta
vermelha no solo original da gruta, observados após a retirada de todas as camadas
arqueológicas.
Através da observação das suas características, Seda acredita haver imagens que
pertenceriam ao período cerâmico e outras ao período pré-cerâmico, porém nenhum
grupo de sinalações se enquadraria nas tradições Planalto, São Francisco e Sumidouro,
que vêm sendo propostas para a região.
O material arqueobotânico recolhido na Gruta do Gentio II, por sua vez, foi de
grande volume e diversidade, e foi submetido à análise pelo Dr. Robert Mcklevy Bird,
então membro do Institute for the Study of Plants, Food and Man, graças a um convênio
de cooperação internacional entre o Instituto de Arqueologia Brasileira e o Latin
American Archaeological Funds, da Smithsonian Institution. Seus resultados foram
publicados por Bird, Dias Junior e Carvalho, no artigo “Subsídios para a arqueobotânica
no Brasil: o milho antigo em cavernas de Minas Gerais”, na Revista da Sociedade de
Arqueologia Brasileira, em 1991. Em 1983, Dias Junior já havia publicado “As origens
da horticultura no Brasil” na Revista de Arqueología Americana, do Instituto
Panamericano de Geografía e Historia, uma discussão sobre a domesticação dos
vegetais e início do plantio, onde foram traçadas hipóteses sobre o tema e divulgados
resultados sobre materiais de sítios tanto do interior quanto do litoral, entre eles o
Gentio II.
Para os estudos Paleobotânicos foram analisadas 1.269 amostras, compostas de
14.048 peças arqueobotânicas do Sítio Gruta do Gentio II. Entre elas figuravam:
cabaças (Lagenaria siceraria); cuias (Crecentia cujete L.); gavinhas de cucurbitaceae,
possivelmente de melão de São Caetano (Nomordica charantia) ou de abóbora
(Cucurbita pepo); melancia (provavelmente uma intrusão recente devido a sua
superficialidade, no nível 10/20 cm); sementes, divididas entre 120 especimens; três
tipos de amendoim (Arachis hypogea); inúmeras folhas conservadas de leguminosas e

8
palmáceas; 120 amostras de flores secas; 181 peças de frutos inteiros, fragmentados e
cascas, tendo sido identificados exemplares de tingui (Magonia glabarata), pequi
(Caryocar brasiliensis) e jatobá ou jataí (Hymeneae sp.), guazuma (Sterculiaceae),
localmente conhecido como mutamba ou xixá; cogumelos secos não identificados
especificamente; um tubérculo não identificado; restos de taquara, inclusive sementes
de bambu (Phalaris camariensis); algodão (possivelmente Gossypium barbadense), em
peças, fios trançados e tecidos; nozes de palmácea (coquinhos), agrupados em quatro
tipos, tendo sido dois deles identificados entre buriti (Mauritia vinífera) e guariroba
(Syagrus olerácea); e milho, agrupado em quatro tipos diferentes, sendo o tipo 1
pertencente ao “Amazonian Interlocked Flour” e o tipo 2 ao sub-complexo “Moroti
Camba”, do complexo “Tropical Lowland Flour”. Os outros dois tipos não se
enquadram em nenhuma categoria já definida, e, segundo Dias Junior, são “muito
provavelmente os mais antigos da coleção, de pequenas dimensões, não são conhecidos
nem para essa região, nem para qualquer outra da América”. (DIAS JUNIOR 1991)
As informações arqueobotânicas permitem especulações a respeito da economia
das comunidades que ocuparam as grutas já ser plenamente horticultora, de estarem elas
em estágio de experimentação, ou simplesmente aproveitarem os recursos naturais sem
alterações de caráter cultural.
Deve ser levado em consideração que as datações obtidas para esse possível
processo são notadamente posteriores às propostas para os inícios dos cultivos em
outras partes da América. Porém Dias Junior argumenta que “parte do processo deve ter
sido desenvolvido localmente, sobretudo em função da maior antiguidade dos sítios em
relação a outros exemplos brasileiros, e pelo fato, pelo menos válido até agora, da
existência de evidências de atuações sobre plantas locais.” (DIAS JUNIOR op. cit.)
O argumento de que a comunidade explorava recursos locais pode induzir à
idéia de que se tratasse apenas de um estágio de aperfeiçoamento da coleta, porém a
presença do algodão, do amendoim e especialmente do milho, indicam se tratar de um
estágio de experimentação.
Informações obtidas em sítios mais ou menos próximos parecem confirmar esta
última hipótese. Prous relata a exumação de milho em horizontes pré-cerâmicos em
Santana do Riacho, na Serra do Cipó, e mais recentes no norte de Minas Gerais, no
Peruaçu. Sobre a arte rupestre da região também afirma que “somente em Minas Gerais
e Goiás encontramos representações de plantas provavelmente cultivadas” (PROUS
1991), entre raízes e tubérculos.

9
Figura 3 - Reprodução de painéis de arte rupestre em Minas Gerais com representações de vegetais
(PROUS 1991)

Outro trabalho desenvolvido com material recuperado da Gruta do Gentio foi o


de paleoparasitologia. Esta é uma disciplina que associa o levantamento de dados
históricos e arqueológicos ao exame de restos humanos e fezes fossilizadas contendo
ovos de parasitos. Os pesquisadores Ferreira, Araújo e Confalonieri publicaram o artigo
“Os parasitos do homem antigo” na revista Ciência Hoje, de Novembro/Dezembro de
1982, onde apresentaram resultados de algumas pesquisas paleoparasitológicas em
outras regiões através de fontes variadas, como a bíblia, relatos de viajantes, coprólitos
de lagartos, e coprólitos humanos, no caso da Gruta do Gentio II, do Boqueirão
Soberbo, em Varzelândia, e de múmias de um sítio histórico em Itacambira, todas no
estado de Minas Gerais. Em 1984, em conjunto com Lilia Cheuiche Machado,
publicaram o “Estudo prévio de práticas funerárias e o encontro de parasitos humanos
na Gruta do Gentio II, Unaí – MG”, no Boletim Série Ensaios do Instituto de
Arqueologia Brasileira. Este se restringia apenas aos métodos e resultados obtidos para
o material do Gentio.
Os coprólitos são fezes, humanas ou não, que sofreram processo de
mineralização ou de ressecamento. Apenas o segundo tipo permite a análise
paleoparasitológica. Sir Marc Armand Ruffer foi o pioneiro deste tipo de análise, tendo

10
observado a presença de ovos de Schistosoma haematobium, um verme causador do
esquistossomose, em tecido renal de múmias egípcias datadas de 1250 a.C. ,
confirmando as referências em papiros à hematúria (presença de sangue na urina).
(MACHADO et al. 1984, p. 19)
Para a análise do material proveniente do Gentio II, os pesquisadores utilizaram
a técnica desenvolvida por Callen e Cameron, que consiste na aplicação de uma solução
de fosfato trissódico para a reidratação do material, que readquire o aspecto e a forma
originais, podendo ser então levados ao microscópio. (CALLEN & CAMERON 1960
apud FERREIRA, ARAÚJO & CONFALONIERI 1982, p. 65)
Um ponto que deve ser observado cuidadosamente é a questão da origem do
material, se humano ou animal. Pesquisas experimentais procuraram definir parâmetros
para essa distinção em relação ao aspecto da solução após a reidratação, porém os
resultados são muito flexíveis e a definição é dada pelos vestígios encontrados no
coprólito, como indicações de alimentação onívora, resíduos de carvão, e parasitos
exclusivos, que comprovariam a origem humana. No caso da Gruta do Gentio II, esta
questão foi minimizada devido à retirada do material diretamente da cavidade
abdominal de um dos corpos mumificados naturalmente, que puderam ser comparados
com os coletados do solo do sítio.

Figura 4 - Coleta de material fecal do Enterramento n° 10 (FERREIRA, ARAÚJO &


CONFALONIERI 1982)

11
Foram analisadas 66 amostras e “os coprólitos em que se verificou a presença de
parasitos ocorreram com maior freqüência no fundo da caverna, na mesma área em que
foram assinalados inúmeros sepultamentos” (MACHADO et al. 1984, p. 21). “Foram
encontradas as larvas de nematódeos, interpretadas como três estágios evolutivos de um
mesmo parasito, e ovos de Ancilostomídeo e Trichuris trichiura.” (op. cit.)
Devido à excepcionalidade da mumificação natural do enterramento n°10, que
preservava o fardo funerário de tecido vegetal trançado, e da necessidade de sua
conservação, foi utilizado um retosigmoidoscópio e uma pinça de biópsia para coleta de
material que se assemelhava a coprólitos.
Este material foi reidratado e observado ao microscópio. Nele foram encontrados
ovos de nematódeos, (Trichuris trichiura - os mesmos encontrados em diversos níveis
da caverna), e ancilostomídeos, o que confirmou a origem humana das amostras
coletadas diretamente do solo.
Os autores analisaram também material proveniente do sítio Boqueirão Soberbo,
em Varzelândia, distante cerca de 300 km de Unaí, com datações entre 4.905 ± 85 a
1.325 ± 60 anos A.P. onde também foram encontrados ovos de Trichuris trichiura e de
ancilostomídeos.
O material ósseo humano exumado do sítio foi objeto de diversos trabalhos
(MACHADO 1981, 1990, 1992, SILVA 1991, e SENE 1998, 2003, 2007). Porém,
devido à grande complexidade da estratigrafia e da diversidade do material
arqueológico ocorrido do sítio, houve dificuldades na interpretação dos contextos
funerários da Gruta. Em sua tese de doutoramento, Sene (2007) apresentou uma nova
análise laboratorial para todo o material ósseo, que obteve resultados distintos dos
propostos anteriormente, com um número menor de indivíduos e diferenças no modo do
tratamento do corpo e distribuição temporal.
Foram registradas, então, a ocorrência de 23 estruturas funerárias, tanto
individuais quanto duplas e coletivas. Todas se limitam ao horizonte horticultor do sítio,
ou seja, são relacionadas à camada I. Foram identificados um total de 47 indivíduos,
sendo 14 do sexo masculino, 11 do sexo feminino, 20 crianças e 2 adolescentes.
Considera-se também que se tratavam de enterramento primários.
Além da reavaliação do material ósseo, Sene (op. cit.) buscou identificar
caracterizações de gênero nos registros esqueletais e funerários, tendo sido identificadas
diferentes atividades para indivíduos dos sexos masculino e feminino. Entre os homens
jovens, há recorrência de precocidade na degeneração das facetas articulares dos arcos

12
neurais, e de vértebras dorsais e lombares, que apresentam sinais de achatamento do
corpo, “reforçando a possibilidade de forte estresse nas costas, vinculado ao
carregamento de peso excessivo”. As mulheres, por sua vez, apresentam “maior estresse
na região do tornozelo (extremidades distais das tíbias e fíbulas, associadas às lesões
articulares nos astrágalos e calcâneos), indicando a recorrência na posição de
hiperflexão ou agachamento, possivelmente relacionadas às atividades cotidianas”
Em relação às diferentes faixas etárias, os acompanhamentos funerários
demonstraram haver registro do “status da idade madura”, principalmente entre as
mulheres, que podem ter passado a desempenhar papeis rituais outrora restritos aos
homens (cf. GILCHRIST 1999 apud SENE 2007). No caso das crianças, o tratamento
funerário dado às crianças até 5 anos de idade indica uma tendência de não apresentar
uma distinção de sexo, sendo que aquelas que ultrapassam essa faixa etária apresentam
algum ítem no aparato funerário que pode potencialmente ser associado a algum dos
sexos quando adultos.
O material lítico recuperado do sítio vem sendo analisado tecnologicamente pela
Dra. Rosangela Menezes e tem previsão de conclusão ao final de 2009. Algumas
informações são acessíveis de modo preliminar na documentação arquivada no Instituto
de Arqueologia Brasileira.
Em nossa monografia apresentada para o curso de especialização em Geologia
do Quaternário (COSTA 2007), apresentamos uma investigação a respeito dos tipos
litológicos que ocorreram no material proveniente do sítio. Também foram registradas
suas intensidades de ocorrência. O universo amostral foi proveniente de apenas um dos
setores escavados do sítio, que foi selecionado por ser considerado representativo do
contexto geral do sítio, conforme aponta a análise tecnológica da Dr. Rosangela
Menezes, ora em desenvolvimento.
O trabalho indica que os tipos litológicos utilizados foram o sílex, de diversas
categorias, o calcário, quartzo hialino, e, em menor quantidade o leitoso, o quartzito e o
arenito. A intensidade de ocorrência de cada um dos tipos e sua combinação apresentou
diferentes valores para cada uma das camadas ocupacionais apresentadas.
A intenção de registrar e melhor compreender esse fenômeno foi a principal
motivação do desenvolvimento do presente trabalho, cuja proposta original foi a
expansão da aplicação da metodologia proposta naquele trabalho aos demais setores do
sítio.

13
1.2. Contexto geológico e paleoambiental

A gruta do Gentio II é um dos quatro sítios existentes em grutas de um paredão


calcário com cerca de 2,5 km de extensão, em sentido praticamente norte/sul, com a
face mais abrupta voltada para oeste. Ele está a cerca de 10 metros de altura em relação
à dolina fronteiriça, e a cerca de 500 metros do ribeirão Canabrava, tributário do Rio
Preto, que faz parte da Bacia do São Francisco (figura 5).

Figura 5 - Mapa das principais bacias hidrográficas do estado de Minas Gerais (fonte:
http://simbolosnacionais.blogspot.com)

O salão principal da Gruta é “bem iluminado durante todo o dia e é


absolutamente seco” (DIAS JUNIOR 1993, p. 34), tem cerca de 16 metros de
comprimento por 12 de largura e ocupa relativamente a porção mediana de altura do
pilar externo. Ele se situa abaixo de outras cavernas e túneis, e acima de cavernas
escuras e espaçosas, algumas das quais apresentam vestígios arqueológicos esparsos.
Através da planta topográfica do sítio (figura 6), é possível observar que, na
parte central e na boca da gruta, o solo se encontrava em um nível mais baixo do que
nas demais porções da cavidade rochosa. Na parte central havia um sumidouro e o solo
estava em um plano até 45 cm abaixo do nível zero. A entrada da gruta, por sua vez,

14
apresentava um declive que alcançava um metro de profundidade, onde também foi
recuperado material arqueológico.

Figura 6 - Planta topográfica do solo original da Gruta do Gentio II.

Esse paredão rochoso está incluso no contexto geológico do craáton do São


Francisco, em sua margem noroeste. Esta região é constituída por extensas áreas de
coberturas sedimentares de idade neoproterozóica, agrupada litoestratigraficamente no
Grupo Bambuí, parte do Supergrupo São Francisco (figura 7). O Grupo Bambuí é a
unidade neoproterozóica mais significativa do cráton do São Francisco, por sua elevada
extensão e pela constância das características de seus litotipos (COMIG 1999). Também
se caracteriza por ser uma das áreas de relevo cárstico mais significativas do Brasil
(Teixeira et al. 2000), com intensiva formação de cavernas e grutas, bem como geração
de dolinas e sistemas de drenagem em subsuperfície.

15
Figura 7 - Mapa geológico do Noroeste de Minas Gerais

A lapa está situada em um paredão calcário, sobre um bloco crustal alongado no


sentido norte-sul, margeado por falhas de empurrão. As rochas deste bloco são
agrupadas no Subgrupo Paraopeba Indiviso, descrito como uma megasseqüência pelito-
carbonatada plataformal, composta por diversos litotipos carbonáticos, como calcários

16
puros e argilosos; margas, calcários negros e calcários oolíticos e pisolíticos;
intercalados com unidades siliciclásticas pelíticas, como folhelhos, siltitos e argilitos
(COMIG op. cit.). A formação da gruta do Gentio II está, portanto, relacionada à
dissolução das rochas carbonáticas constituintes do bloco de rochas carbonáticas onde
se encontra o sítio.
Internamente, a gruta possui preenchimento sedimentar complexo, intercalando
horizontes deposicionais a blocos de calcário desabados das paredes e do teto. A
pequena espessura dos sedimentos, associada ao longo intervalo de tempo envolvido,
sugere uma taxa de sedimentação extremamente baixa, que confere, entretanto, com o
comportamento sedimentar em grutas.
Pode-se observar que a Gruta do Gentio II apresenta vestígios com datações
desde cerca de 10.000 até aproximadamente 400 anos AP (com um intervalo de
abandono entre 6.300 e 3.500 anos AP), ou seja, a gruta foi ocupada ao longo de grande
parte do Holoceno.
Em escala global, o Holoceno é um período marcado por mudanças
significativas no clima. A partir do final do Pleistoceno, onde predominava um clima
mais frio e seco relacionado ao último máximo glacial, observou-se um aumento
gradual da temperatura global. Também foi registrado um aumento da umidade
relacionado à liberação de grande quantidade de água, anteriormente retida nas geleiras
de regiões extra-tropicais. O aumento da disponibilidade de água nos corpos oceânicos,
associado à elevação da temperatura, proporcionou uma maior taxa de
evapotranspiração, acarretando um acréscimo nos níveis de pluviosidade. Este processo
culminou há cerca de 6.000 anos com o período chamado de “ótimo climático”.
Entretanto, enquanto a curva de temperatura se comporta de uma forma constante,
positiva em direção ao “ótimo climático” a curva de umidade apresenta alternância de
intervalos de climas mais e menos secos ao longo do período.
Tradicionalmente os pesquisadores conheciam e utilizavam o modelo proposto
para as mudanças ocorridas durante o Holoceno em escala global. Este modelo entendia
que os principais agentes de controle climático do continente eram as correntes
oceânicas de Falkland e do Brasil (SCHMITZ 1981) (figura 8 e 9). A primeira, que
banhava quase completamente a costa brasileira até cerca de 9.000 A.P., criaria
condições rigorosas no interior, com aridez e temperatura relativamente fria. Entre
9.000 e 7.000 anos A.P., a umidade teria diminuído ainda mais e a temperatura teria
começado a se elevar devido ao aumento da influência da Corrente do Brasil, vinda das

17
regiões equatoriais. No entanto, conforme Prous já ressaltava, “a sedimentação de grutas
no centro brasileiro contradiz localmente esse esquema, deixando supor variações
regionais importantes” (PROUS 1992, p. 146). Entre 7.000 e 4.000 anos A.P. o clima
teria se tornado notadamente mais úmido, seria o “ótimo climático”. Devido à maior
disponibilidade de água, o nível do mar teria subido alguns metros acima do atual.
Discussões sobre esse tema nas últimas décadas do século XX propõem que esta subida
não se deu de maneira homogênea mundialmente, mas sim acompanhando
características locais.

Figura 8 - Mapa da costa sul americana até Figura 9 - Mapa da costa sul americana após
9.000 anos (fonte: SCHMITZ 1981) 9.000 anos (fonte: SCHMITZ 1981)

18
Nesse período, nas planícies litorâneas e provavelmente em determinados
lugares de terra firme, esta diversidade de recursos pode ter estimulado as populações
humanas à extensão e criação de cultivos. Porém, teria havido outros lugares que eram
bastante ocupados e se tornaram menos adequados ou mesmo inóspitos.
A esse respeito, Schmitz ressaltou que “assim, notamos que diversos abrigos de
intensa utilização se tornam desertos, provavelmente porque a vegetação antes
diversificada se transformou em mata (no sul do Piauí, Pernambuco, Minas Gerais e
Goiás), ou, quem sabe, porque a construção de abrigos perecíveis substituiu o abrigo
natural. Os abrigos, agora abandonados, geralmente vão ser reocupados milênios mais
tarde por grupos cultivadores”. (SCHMITZ op. cit.)
Pode se notar que as contradições entre o modelo do “ótimo climático” e o
registro arqueológico já vinham sendo apontadas, demonstrando a necessidade de uma
melhor compreensão paleoambiental do continente sul americano. Neste sentido Araujo
et al. (2005-2006) apresentou o trabalho “Ocupação Humana e Paleoambientes na
América do Sul: expandindo a noção de um ‘gap do arcaico’”, no qual é tratada a
questão do abandono dos sítios do interior do continente, num período que se entendia
tradicionalmente como de umidade e temperatura mais altas, quando se poderia esperar
maior abundância de ocupações humanas. Através do cotejamento de informações
paleoambientais e arqueológicas de distribuição continental, os autores propuseram um
modelo explicativo para o “gap do Arcaico”.
Segundo Araujo et al. (op. cit.), os principais agentes climáticos responsáveis
pela distribuição das chuvas no Brasil são o Anticiclone do Atlântico Sul, a Zona de
Convergência Inter-Tropical (ITCZ – Inter-Tropical Convergence Zone) e as Frentes
Polares Antárticas. As regiões sul e sudeste do país são mais afetadas atualmente pelo
Anticiclone do Atlântico Sul e pelas Frentes Polares Antárticas, sendo o clima das
regiões norte e nordeste sujeitos às mudanças anuais da ITCZ.
Para a região do centro e sudeste brasileiro, o autor relata que os registros
apontam para um Último Máximo Glacial e Última Glaciação muito secos, seguidos de
um período de aumento de umidade até cerca de 8.500 A.P.. No Holoceno Médio, o
clima se tornou mais árido entre 8.500 A.P. e 4.000 A.P., e a partir de então tendeu para
as condições atuais.
Em especial para a região do sítio Gruta do Gentio II, Araujo et al. (op. cit.)
ressaltam que apesar dos dados arqueológicos apresentarem o gap do Arcaico, os dados
palinológicos disponíveis mostram uma grande diminuição de palinomorfos, sugerindo

19
aridez, no período entre cerca de 21.000 A.P. e 7.200 A.P., seguido por um aumento de
umidade com o auge em cerca de 5.600 A.P. Tais dados são provenientes da localidade
Vereda de Águas Emendadas, a cerca de 150 Km a noroeste do Gentio. (Barbieri, et al.
2000). Por outro lado, em Lagoa Bonita, a 10 km de Águas Emendadas, os dados
sugerem um período de aridez entre 19.000 A.P e 13.000 A.P, seguido por um aumento
de umidade, porém de modo oscilatório (BARBIERI 2001 apud ARAUJO et al. 2005-
2006). Entre cerca de 13.000 A.P e 8.400 A.P., havia na região vegetação de savana e
esse período foi sucedido por outro mais seco, entre 8.400 A.P. e 6.300 A.P.. A partir de
então os dados apresentam uma tendência de aumento da umidade local, com evidência
de um período seco há cerca de 5.300 A.P., o que se encaixa um pouco melhor com o
abandono humano da região central, registrado arqueologicamente. As condições
modernas teriam se estabelecido a partir de 3.200 A.P., ressaltando-se que o período de
ausência de registros arqueológicos do sítio se situa entre 6.300 e 3.500 A.P.
Segundo os autores, a discrepância entre os dados paleoambientais e os
arqueológicos pode se dar por problemas relacionados à interpolação dos dados
palinológicos – devido aos perfis segmentados utilizados para os estudos – , ou por
diferenças microclimáticas induzidas por fatores orográficos, ressaltando-se que os
dados são provenientes de pontos localizados a mais de 150 km do sítio.
Evidencia-se, portanto, a necessidade de uma pesquisa paleoambiental que
caracterize especificamente a área onde se situa a Gruta do Gentio, buscando registrar as
variações paleoclimáticas locais, no sentido de permitir a correta interpretação do
período de abandono da gruta pelas populações humanas.

20
Capítulo 2 – Fundamentação teórica

2.1. As ciências humanas e o cientificismo

Neste trabalho utilizamos métodos como correlações estatísticas, análise de


distribuição espacial através produção de mapas computadorizados, e investigações
químicas e físicas com a ajuda de equipamentos de alta sensibilidade. A estranheza que
pode causar a aplicação desses métodos considerados duros ou científicos em uma
ciência humana está intimamente relacionada com os tradicionais pares dicotômicos
definidos tradicionalmente, como mente/corpo, mente/mundo, indivíduo/sociedade, e
principalmente natureza/cultura, que foi estabelecida a partir de fins do séc. XIX, ao
longo da afirmação da antropologia enquanto disciplina.
Esta estruturação do pensamento está intimamente relacionada ao
estabelecimento do pensamento científico a partir do séc. XVI, que propõe explicar tudo
a partir de um conjunto de métodos e princípios pré-estabelecidos, e tem por
consequência que tudo aquilo que não pode ser coberto por tais métodos, não é
científico. O sucesso do pensamento científico gerou um custo muito alto para as
ciências humanas, no caso, a exclusão do elemento humano do domínio da ciência.

“A suposta onipotência do esquema da ciência física foi alcançada através de um jogo


retórico, a afirmação de que a nova ciência cobre tudo e logo, tudo o que ela falha em
incluir deve, evidentemente, ficar além do reino científico das coisas. Qualquer coisa
resistente aos métodos da nova ciência não poderia, portanto, ser verdadeiramente
‘real’, e a partir de então, teria que, em vez disso, ser puramente subjetiva. Este reino do
não-científico veio para abarcar ‘qualidades secundárias’, tais como cor e temperatura,
‘qualidades terciárias’ tais como significado e expressão, e, por fim, nós mesmos, o
santuário de todas essas qualidades banidas”. (LEWIS 1964, p. 215, apud COSTALL
2007. Tradução nossa.)

O dualismo psicofisico gerado por esta estruturação pressupõe a oposição


excludente entre mente e matéria, que culminou historicamente no problema da relação
entre pesquisador e objeto, entre os quais sempre há um intermediador, que seriam os
instrumentos, as sensações e, em última instância, o pensamento. (LOVEJOY 1929, p.3,
apud COSTALL op. cit.). Para o campo da arqueologia, esta composição de idéias é
particularmente importante, uma vez que a disciplina se propõe, a partir de
remanescentes materiais, portanto físicos, compreender a atividade humana de uma

21
forma mais ampla, o que inclui aspectos comportamentais e simbólicos, classificados
por este antigo modelo como não científicos.
Em meados do séc. XX, a tendência geral dos pesquisadores era a de
compreender que, apesar de dicotômicos, natureza e cultura interagiam, tendo suas
abordagens voltadas para conceitos evolutivos, como adaptação ao meio e seleção
(STEWARD 1951, 1955; WHITE 1959; SAHLINS 1960; COHEN 1968). A partir da
década de 1960, de um modo geral, pode se observar que as ciências sociais começaram
a mudar suas perspectivas a respeito dos conceitos de cultura, natureza, ambiente e
adaptação. Diferentes autores do período têm em comum a definitiva mudança do
paradigma de que a cultura se opõe à natureza de modo excludente. (CROLL &
PARKIN 1972; WAGNER 1975; INGOLD 1972; ELLEN 1996). A cultura passa a ser
vista como uma interação relacional entre os diferentes atores que dela participam,
sendo os seres humanos capazes de interpretar esta interação, e participar dela de modos
distintos e particulares.
A arqueologia processual, também chamada de Nova Arqueologia, ou
arqueologia científica, enfrentou as mudanças de paradigma pelas quais passavam as
ciências sociais de um modo diferente. Em um momento inicial, no início da década de
1960, pesquisadores que se engajaram nessa proposta, nortearam seus trabalhos
colocando uma forte ênfase na busca de padrões gerais e na maneira em que os seres
humanos interagem com os seus nichos ecológicos e a eles se adaptam, também
entendendo a cultura em termos evolutivos (BINFORD 1964). Na sequência, houve um
movimento no sentido de entender a existência de uma relação integrada entre três
fatores básicos para a disciplina: a cultura material, o registro arqueológico e os
indivíduos que viveram e produziram os artefatos e demais vestígios encontrados pelos
pesquisadores atualmente. Sugiram, entre outros, os estudos dos processos de formação
dos sítios, da distribuição espacial, das correlações estatísticas e das análises físico-
químicas, como as presentes neste trabalho.

2.2. Processo de formação de sítios arqueológicos

A abordagem proposta por Schiffer (1972) buscou compreender e estabelecer


bases teóricas sobre como se forma o registro arqueológico. O autor argumenta que
diferentes classes de fatores estão presentes no processo de formação de um sítio. Os

22
fatores naturais (N-transforms), como a tafonomia, que estariam sendo, naquele
momento, os mais trabalhados pela produção científica e normalmente incorporavam
leis de outras ciências como a Química, Física e Geologia. Os fatores culturais (C-
transforms), por sua vez, não vinham sendo trabalhados satisfatoriamente e geralmente
lidavam apenas com aspectos cronológicos.
Dentro desta proposta de abordagem, a teoria dos processos de formação de
sítios arqueológicos se estabeleceu como uma crítica de Schiffer à chamada “Premissa
de Pompéia”, enfoque pelo qual um sítio arqueológico é compreendido como um
“registro fóssil da verdadeira atuação de uma sociedade extinta”, nas palavras de
BINFORD (1964:425). Foi introduzida a idéia de um ciclo de vida para os elementos
culturais, ou seja, sua permanência dentro de um dado sistema cultural. Procurou levar
em consideração a transição destes elementos para o registro arqueológico, avaliando
também os problemas de armazenamento e transporte, que representam o deslocamento
temporal ou espacial.
Através do estabelecimento dos conceitos de Contexto Sistêmico e Contexto
Arqueológico3, o autor propôs um modelo que explica a transição entre um e outro. Ele
divide os elementos culturais em dois tipos, os duráveis e os consumíveis. No modelo, o
ciclo de vida de um elemento durável é composto de cinco estágios, sendo eles a
aquisição, a manufatura, o uso, a manutenção e o descarte, enquanto o ciclo de vida de
um elemento consumível é composto de apenas quatro, pois seu uso é o consumo, e ele
só ocorre uma vez, não havendo manutenção. Esses caminhos na vida de um elemento
não são unilineares, podendo ser reencaminhados a processos ou estágios pelos quais já
passaram. Pode-se chamar esta situação de reutilização, e ela se divide em dois tipos:
reciclagem e ciclagem lateral. A primeira é quando, ao final do uso, o elemento volta
para o processo de manufatura, para se produzir um elemento igual ou diferente do
original. Ciclagem lateral, por sua vez, é quando, ao final da etapa de uso em um
determinado conjunto de atividades, o elemento é utilizado em outro. Como exemplos,
podem ser citados móveis, vestimentas, ferramentas, que são elementos que circulam
entre unidades sociais, classes e castas.
Estes modelos são simplificações, e situações mais complexas podem surgir
como um caleidoscópio a partir deles. Por exemplo, um elemento pode não passar por

3
O contexto sistêmico diz respeito a condição de um elemento que está participando de um sistema
comportamental. Já o contexto arqueológico dá conta dos materiais que passaram através de um
sistema cultural e que são agora objeto de investigação pelo arqueólogo.

23
todas as etapas, ou, como no caso do comércio, não há manufatura no sistema receptor,
ou ainda, pedras de construção, utilizadas brutas, que não tem manufatura.
Outros conceitos que surgem desta discussão, e são particularmente
interessantes para o presente trabalho, são os de resíduo, refugo e refugo de fato.
Resíduo seria um elemento que não passou pelo processo de uso, assim como uma lasca
não utilizada, enquanto refugo é a condição pós-descarte de um elemento (após o uso), a
condição de não mais participar de um sistema comportamental. Já o refugo de fato
seriam os elementos que alcançariam o contexto arqueológico sem o desempenho de
atividades de descarte. Ao lado desses conceitos são estabelecidos também os de refugo
primário e refugo secundário. O primeiro caso trata do material que foi descartado no
mesmo local em que foi utilizado, enquanto o segundo envolveria o transporte do
material para um local distinto.
Em sítios que são submetidos a abandono diferencial, por exemplo, quando um
grupo passa a utilizar apenas uma parte do sítio, matérias primas e elementos usáveis
podem ser removidos da porção abandonada, e poderíamos esperar encontrar
relativamente menos elementos nos processos pré-descarte, ou seja, menos “refugo de
fato”. Já em sítios abandonados repentinamente, como resultado de alguma catástrofe,
como no caso de Pompéia, serão encontrados números relativamente maiores de
elementos em processos de manufatura, uso e manutenção.
Estes comportamentos citados têm implicações espaciais. Por exemplo, dentro
do contexto sistêmico, pode haver um ou mais locais para o desenvolvimento de cada
um dos processos, sendo que o local pode ser um ponto, um conjunto de pontos ou até
mesmo o sítio inteiro. É preciso ter em mente que cada local dentro de um sítio pode ser
utilizado para e por diferentes elementos, ou ainda que um mesmo artefato pode ser
encontrado em diferentes locais de acordo com o processo pelo qual estivesse passando.
Por outro lado, há elementos que, por sua natureza, são manufaturados, usados e
consertados no mesmo local.
Em relação a estas questões, os estudos de distribuição espacial intrassítio
podem oferecer informações relevantes. Ao trabalhar, por exemplo, com grau de
aleatoriedade da deposição, relação entre elementos presentes em conjuntos ou limites
de áreas de atividade, o pesquisador estará, justamente, inferindo o comportamento
humano que gerou, através de seus gestos, o registro arqueológico.

24
2.3. Estudos de distribuição espacial intrassítio

Os estudos de distribuição espacial intrassítio evoluíram conforme os preceitos


teóricos da arqueologia de um modo geral. O já referido movimento da Nova
Arqueologia da década de 1960, também conhecido como Processualismo, defendia,
através de uma visão sistêmica da cultura, a possibilidade de análises estatísticas dos
registros arqueológicos, em cujos resultados seria possível identificar padrões
comportamentais no processo de desenvolvimento cultural.
Como, de modo geral, os resultados eram mais de exceções do que de regras
(BLANKHOLM 1991, p. 40), ao final da década de 1970 os estudos seguiram
basicamente duas linhas (HODDER & ORTON 1976; CARR 1984): uma, buscando a
estruturação de conceitos teóricos adequados a respeito dos processos que formam os
padrões arqueológicos; e outra, que se debruçava sobre o desenvolvimento de novas
metodologias e técnicas, principalmente explorando os recursos de processamento de
dados, cada vez mais acessíveis.
Vemos então que, se com o apogeu da arqueologia dita científica nas décadas de
1960 e 70, os estudos estatísticos e quantitativos eram vistos como um meio de se
verificar padrões gerais no registro arqueológico, a partir dos anos 80 eles passaram a
ser vistos como um método descritivo e investigativo, adequando-se aos novos
conceitos teóricos. Blankholm (op. cit., p. 49) argumenta que os estudos intrassítio
podem e devem ser aproveitados em investigações de questões mais globais.

“Por exemplo, no lugar de questionar ‘Como o espaço e as atividades eram organizadas


no sítio X?’ ou ‘qual é o significado cultural do espaçamento dos acampamentos
organizados hierarquicamente na região Y?’ Seria provavelmente tão importante
perguntar ‘como o espaço era organizado e percebido entre os caçadores-coletores do
Pleistoceno?’ ou ‘Como o espaço era organizado e percebido entre os caçadores -
coletores do Holoceno?’”.

No Brasil, os estudos de distribuição espacial são marcados, sobretudo, pelos


trabalhos de Ian Hodder (HODDER & ORTON 1976; HODDER 1989). Eles apontam
que o valor deste tipo de análise é o de acessar os padrões e relações espaciais que não
seriam percebidos em outros tipos de análise.
Os trabalhos de Irmhild Wüst (WÜST 1983; 1997; WÜST & CARVALHO
1996), Sibeli Viana (VIANA 1996; VIANA et al. 1997), Marcos A. T. de Souza e Luís
C. P. Symanski (SOUZA & SIMANSKY 1996) e Márcia S. Barbosa-Guimarães
(BARBOSA-GUIMARÃES 1999; 2006; BARBOSA-GUIMARÃES & GASPAR

25
1994) marcam a aplicação dos métodos de análise espacial intrassítio, demonstrando sua
utilização em contextos ceramistas, históricos e sambaquieiros.

2.4. Métodos estatísticos

Os métodos quantitativos, em especial as análises estatísticas, são


tradicionalmente associadas às práticas da teoria processualista, como é caso do
presente trabalho. Contudo, mais recentemente, este tipo de procedimento tem sido
adotado por diversos autores com diferentes perspectivas teóricas. Um dos fatores que
impulsionam essa tendência é a popularização dos microcomputadores, que tornaram
factíveis tarefas que demandariam tempo e recursos proibitivos, caso a tecnologia não
estivesse disponível.
Entretanto, o emprego de tais métodos não deve ser atribuído a uma disposição
passageira para explorar novas ferramentas. O principal fator que conduz a esse tipo de
análise dos objetos da pesquisa arqueológica, conforme já discutimos, é a sua própria
natureza, que faz o pensamento quantitativo ser fundamental para a arqueologia
(SHENNAN 1988). “É impossível não notar que muitos aspectos da informação
arqueológica são numéricos e que a análise arqueológica tem um inevitável componente
quantitativo” (DRENNAN 1996).
Assim, para alcançarmos o objetivo desta dissertação de identificar padrões de
deposição dos resíduos de lascamento lítico do material da Gruta do Gentio II, valemo-
nos da aplicação de métodos estatísticos. Buscamos distinguir fatores naturais (N-
transforms) e culturais (C-trasnforms), bem como aqueles que sugiram a estratégia de
aprovisionamento de matéria prima para ciclagem lateral ou reciclagem. As ferramentas
exploradas em cada caso serão oportunamente descritas.
Do mesmo modo que a aplicação de qualquer outra técnica, a “utilização de
ferramentas estatísticas frequentemente implica fazer julgamentos subjetivos”
(DRENNAN op. cit.). A opção por um determinado método produz resultados que não
são os mesmos se a escolha recair sobre outros métodos distintos. Aí reside a
subjetividade a que se refere Drennan. Em nosso trabalho, cada caso será acompanhado
de explicações que tentarão dar conta de explicitar as alternativas adotadas.
.

26
Capítulo 3 – Resíduos líticos

3.1. Levantamento dos Dados

O material recuperado do sítio arqueológico Gruta do Gentio II foi classificado


segundo a metodologia tradicional (EMPERAIRE 1967; entre outros). As peças
passaram por uma primeira etapa de classificação ainda em campo, quando os artefatos
e outras categorias de material arqueológico foram coletados e acondicionados
separadamente para uma maior proteção e facilidade de manuseio.
Em um momento posterior, as peças passaram pelo processo de curadoria,
organizado pela Dra. Rosângela Menezes, levado a cabo no Instituto de Arqueologia
Brasileira a partir do ano de 2004 e do qual a autora participou ao longo dos anos de
2005 e 2006. Durante esse processo, as peças eram reavaliadas tecnologicamente,
buscando a correta distinção entre resíduos de lascamento e artefatos.
Para o presente trabalho, o material classificado como resíduo de lascamento foi
analisado de acordo com o método sugerido em trabalho anterior (COSTA 2007), no
qual as lascas foram separadas de acordo com sua classificação litológica e variação de
ocorrência ao longo do perfil registrado. Este método tem como proposta principal uma
análise adicional ao método de descrição tecnológica.
O registro da ocorrência e variabilidade litológica foi feito com o apoio da
planilha mostrada na figura 10, que apresentou alterações em relação àquela proposta
em 2007. As categorias dimensionais das lascas não foram adotadas por não
apresentarem um potencial informativo, e menos ainda interpretativo, que pudesse ser
considerado interessante para os objetivos atuais. Também foram realizadas adaptações
no cabeçalho da planilha, devido à natureza da investigação, que agora se estende por
diversos setores do sítio. Houve uma mudança nas categorias de classificação litológica,
efetuada por conta das discussões decorrentes do trabalho anterior. Por exemplo, a
categoria calcedônia foi alterada para sílica nas estruturas cristalinas amorfa, cripto e
microcristalina.
A análise do material foi feita no Instituto de Arqueologia Brasileira em nível
macro e microscópico, na qual foi utilizada uma lupa binocular Ward’s, modelo S-AL,
com objetivas de 1x e 2x, e oculares de 10x. E, quando necessário, aplicado teste
químico com ácido clorídrico para identificação de carbonatos. As lascas e estilhas

27
foram divididas de acordo com os tipos litológicos, e o peso de cada grupo foi obtido
por pesagem em uma balança doméstica digital, com capacidade para 2 Kg, graduação
1g e tolerância entre 2 e 5g.

Local: MG-RP- 06 Folha: /


Setor: Data da Coleta: Nº de cat:
Data:
Nivel: Autor: B.Costa
Tipos Litológicos Quantidade Peso (gr) Observações
Calcário
Silexitos
Qzo Hialino
Qzo Leitoso
Quartzito
Arenito
SiO² mic/crip/am
Não Identificado

Total:
Obs:

Figura 10 - Planilha de análise dos resíduos de lascamento.

O tratamento dos dados foi feito a partir do software Microsoft Excel, e produziu
planilhas informativas a respeito da ocorrência e variabilidade dos tipos litológicos em
cada um dos setores analisados. Este software foi utilizado por ser uma ferramenta de
fácil acesso e com bons resultados no cálculo e apresentação dos dados.
Os tipos litológicos foram classificados de acordo com as categorias definidas
previamente e que, no trabalho de 2007, apresentaram ocorrência significativa. Foram
os seguintes: calcário, silexito, quartzo hialino, quartzo leitoso, quartzito, arenito e sílica
amorfa, cripto e microcristalina. Esses tipos são descritos em mais detalhes a seguir.
Calcário – Foram classificadas como calcários as rochas com coloração
acinzentada, textura geralmente maciça, que reagiam com efervescência ao teste com
HCl.
Silexito – Foram classificadas como silexitos as rochas com elevado teor de
quartzo, com textura muito fina a afanítica e fratura conchoidal. Silexito pode ser
definido como uma rocha silicosa de origem química, composta basicamente por
microquartzo e mega quartzo (Folk 1974). O microquartzo abrange as variedades
microcristalina e criptocristalina de quartzo (calcedônia). Megaquartzo consiste no

28
quartzo granular. O material não foi separado entre os diferentes tipos silexitos (a saber:
jaspe, oolítico, bandado, estratificado, etc.) pela dificuldade de caracterização em
amostra de mão (ou seja, sem laminação), por se tratarem de pequenas amostras, e por
apresentarem alterações de deposição e térmica.
Quartzito – Foram classificadas como quartzitos as rochas com elevado teor de
quartzo e granulação de areia fina a média, com fratura conchoidal e coloração
avermelhada. Também foi classificado desta forma o ortoquartzito (PETTIJOHN,
POTTER & SIEVER 1987). Este litotipo consiste em um arenito com alto teor de
quartzo (maior que 95%) com abundante cimentação por sílica, preenchendo
praticamente a totalidade da porosidade e conferindo-lhe uma resistência semelhante
aos quartzitos de origem metamórfica.
Arenito – Foram classificadas como arenito as rochas clásticas compostas
basicamente por quartzo, mas com porosidade significativa e apresentando textura
friável. Diferentemente dos ortoquartzitos, que consistem em quartzo arenitos, a
cimentação destes litotipos não se deu de forma tão avançada, mantendo a porosidade
aberta, e não tornando a rocha tão coesa. Assim, as fraturas nestes arenitos se dão como
rupturas intergranulares, enquanto nos ortoquartzitos são intragranulares
Quartzo – Foram encontradas duas variedades de quartzo: o hialino, que
apresenta aspecto transparente; e o leitoso, que apresenta coloração branca, e opacidade
variando do opaco ao translúcido. Ambos possuem fratura conchoidal bem
desenvolvida.
Sílica microcristalina, criptocristalina ou amorfa – Esta categoria foi criada
para englobar as rochas que tradicionalmente podem ser caracterizadas como opala,
ágata ou calcedônia. Todas as três rochas são compostas por sílica em diferentes estados
de estruturação cristalina, a saber, micro e criptocristalina ou amorfa. Foi estabelecida
apenas uma categoria, por ser de muito difícil distinção entre os tipos através de amostra
de mão, ou seja, sem laminação das peças, mesmo com o recurso da análise
microscópica.

29
3.2. Resultados
Os 14 setores analisados de acordo com a metodologia proposta foram: LB1,
LC0, NA1, NA3, NB0, NB2, NB4, ND4, NC1, NC3, ND2, OA0, OA2 e OB3. (figura
11) Para cada um deles foram produzidos uma planilha e dois gráficos, com os dados
referentes à quantidade e ao peso, respectivamente.

Figura 11 - Planta de setorização da Gruta do Gentio II.

Setor LB1
Este setor, situado na boca da gruta, apresentou vestígios relacionados somente à
camada I Superior, apesar de sua profundidade ter alcançado 110 cm. Nota-se a
ausência de quartzo leitoso e outras formas de sílica, bem como a ocorrência mínima de
quartzo hialino. O registro de sílex foi proporcionalmente menor do que nas outras áreas
do sítio.

30
Tabela 1 - Ocorrência de variabilidade dos tipos litológicos no setor LB1, Gruta do Gentio II-MG
LB1 calcário silexito qz hialino qzo leitoso qtzito arenito SiO2 Outros
30-50 2 70 23 221 2 4 3 469
I Sup
50-110 2 13 16 430 1 62 1 6 2 27

Setor LB1 - Quantidade (un.)

I Sup

I Inf

II Ass

II Sup
Camadas

II Med

II Inf

III

IV

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500

calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros
Figura 12 - Gráfico da quantidade de lascas e fragmentos líticos no setor LB1.

Setor LB1 - Peso (gr)

I Sup

I Inf

II Ass

II Sup
Camadas

II Med

II Inf

III

IV

0 2500 5000 7500 10000 12500 15000 17500 20000 22500 25000

calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros
Figura 13 - Gráfico do peso do resíduo lítico no setor LB1.

31
Setor LC0
Localizado próximo à entrada da gruta, o setor LC0 apresentou apenas uma
pequena área de solo passível de ser escavado, pois havia na área um acúmulo de
grandes blocos de calcário. Todos os seus 30 cm de profundidade foram sedimentados
com material relacionado à camada I Superior. Foi registrada uma pequena quantidade
de lascas de silexito e quartzo hialino, bem como dois fragmentos de quartzito.

Tabela 2 - Ocorrência e variabilidade dos tipos litológicos no setor LC0, Gruta do Gentio II-MG
LB1 calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros
Cam. Nível Q P Q P Q P Q P Q P Q P Q P Q P
30-50 2 70 23 221 2 4 3 469
I Sup
50-110 2 13 16 430 1 62 1 6 2 27

Setor LC0 - Quantidade (un.)

I Sup

I Inf

II Ass

II Sup
Camadas

II Med

II Inf

III

IV

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500

calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros
Figura 14 -Gráfico da quantidade de lascas e fragmentos líticos no setor LC0.

32
Setor LC0 - Peso (gr)

I Sup

I Inf

II Ass

II Sup
Camadas

II Med

II Inf

III

IV

0 2500 5000 7500 10000 12500 15000 17500 20000 22500 25000 27500 30000 32500 35000 37500 40000 42500 45000

calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros
Figura 15 - Gráfico do peso do resíduo lítico no setor LC0.

Setor NA1
O setor NA1 registrou as camadas III, II Média, I Inferior e Superior. Situado na
parte intermediária da gruta, apresentou também uma área perturbada por enterramento
entre os níveis 50 e 80 cm, onde as camadas se encontravam depositadas ligeiramente
inclinadas. Ressalta-se a ausência de quartzo leitoso e arenito em todas as camadas e a
pouca ocorrência de quartzo hialino e outras formas de sílica.

33
Tabela 3 - Ocorrência e variabilidade dos tipos litológicos no setor NA1, Gruta do Gentio II-MG
NA1 calcário silexito qzo hialino qzo leitoso qtzito arenito SiO2 Outros
Cam. Nível Q P Q P Q P Q P Q P Q P Q P Q P
0-10 10 109 118 456 13 21 14 73 1 1 2 19
I Sup 0-20 2 14 42 181 2 2 1 17 3 7
5-20 1 7
5-20 63 328 6 15 5 45 2 10
6-12 3 2
12-20 1 1 7 47 1 1 1 16 1 2
10-20 1 5 43 222 2 4 2 8
10-30 3 124 35 423 2 26 2 35 1 1
20-30 4 136 52 267 7 262 1 4 2 88
I Inf
20-35 1 1 10 80 1 23 1 1
25-45 12 78
30-40 13 51 1 6 1 4
40-50 2 22 65 480 12 34 4 49 1 5 2 1
45-60 1 20 3 138 1 4
60-65 3 30 1 1
II Med 50-60 1 25 41 279 8 14
60-80 6 24 2 1
III
80-100 70 102 1 3

Setor NA1 - Quantidade (un.)

I Sup

I Inf

II Ass

II Sup
Camadas

II Med

II Inf

III

IV

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500

calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros
Figura 16 - Gráfico da quantidade de lascas e fragmentos líticos no setor NA1.

34
Setor NA1 - Peso (gr)

I Sup

I Inf

II Ass

II Sup
Camadas

II Med

II Inf

III

IV

0 2500 5000 7500 10000 12500 15000 17500 20000 22500 25000

calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros
Figura 17 - Gráfico do peso do resíduo lítico no setor NA1.

Setor NA3
Situado no fundo da gruta, o setor NA3 apresentou todas as camadas de
ocupação do sítio em uma estratigrafia relativamente tabular, excetuando-se a camada
IV e a base da camada III, que se mostraram ligeiramente inclinadas. Houve ocorrência
de bastante material como um todo, destacando-se os números do quartzo hialino
referentes à camada III e o registro, ainda que esparso, de quartzo leitoso e outras
formas de sílica.

Tabela 4 - Ocorrência e variabilidade dos tipos litológicos no setor NA3, Gruta do Gentio II-MG
NA3 calcário silexito qzo hialino qzo leitoso qtzito arenito SiO2 Outros
Cam. Nível Q P Q P Q P Q P Q P Q P Q P Q P
I Sup 0-10 3 8 55 650 10 18 2 5 3 105
I Inf 10-40 2 22 23 38 2 2 1 1 1 2
25-30 3 6 44 398 2 2 2 67 2 6
II Sup
50-60 10 10 73 281 2 5 5 2 6 20 1 3 1 2
II Med 60-70 16 66 228 769 9 20 15 120 1 20 6 24 6 23
II Inf 70-80 2 12 74 592 1 4 9 387 1 2 3 95
80-90 228 252 11 8 14 14 2 2 3 7
III 90-100 6 27 398 392 30 37 3 8 6 25 1 1 3 2
100-110 28 57 832 1241 126 173 10 37 11 17 13 26
90-100 39 263 1 1 1 3 4 35 1 1
IV
110-120 3 11 31 81 8 14 1 5

35
Setor NA3 - Quantidade (un.)

I Sup

I Inf

II Ass

II Sup
Camadas

II Med

II Inf

III

IV

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500

calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros
Figura 18 - Gráfico da quantidade de lascas e fragmentos líticos no setorNA3.

Setor NA3 - Peso (gr)

I Sup

I Inf

II Ass

II Sup
Camadas

II Med

II Inf

III

IV

0 2500 5000 7500 10000 12500 15000 17500 20000 22500 25000

calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros
Figura 19 - Gráfico do peso do resíduo lítico no setor NA3.

Setor NB0
Situado na parte central da entrada da gruta, o setor NB0 apresenta algumas
particularidades. Em seus dois metros de profundidade, registrou as camadas IV, III, II
Superior, I Inferior e Superior, em uma estratigrafia relativamente horizontal. Destaca-

36
se a ocorrência de lascas grandes, demonstradas pela relação entre peso e número de
lascas, principalmente em silexitos, mas também em quartzitos e outras formas de sílica.
Tabela 5 - Ocorrência e variabilidade dos tipos litológicos no setor NB0, Gruta do Gentio II-MG
NB0 calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros
Cam. Nível Q P Q P Q P Q P Q P Q P Q P Q P
0-10 119 832 91 300 13 18 2 3 3 60 1 2 1 7 3 29
I Sup
10-20 32 130 179 571 19 35 9 40 2 3 8 106
20-30 1 39 65 222 11 17 2 10 3 79 3 27
20-35 4 5 85 150 8 13 1 1 2 1 1 1 2 7
30-40 83 392 7 8 3 16
40-50 6 134 1 18
I Inf
50-60 36 285 2 3
60-70 5 29 46 410 3 7
80-90 5 258 81 579 4 6 5 44 2 11 1 1
100-110 1 17 68 331 3 7 7 587
110-120 5 52 111 439 8 6 4 24 2 3 1 45
II Sup
120-130 10 143 296 1975 64 98 1 3 10 175 2 7 3 117 2 17
130-140 9 59 92 425 10 20 1 27 1 4
III
160-170 15 17 8 12 1 2 1 4
IV 200 1 31 79 729 14 40 2 25 2 4

Setor NB0 - Quantidade (un.)

I Sup

I Inf

II Ass

II Sup
Camadas

II Med

II Inf

III

IV

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500

calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros
Figura 20 - Gráfico da quantidade de lascas e fragmentos líticos no setor NB0.

37
Setor NB0 - Peso (gr)

I Sup

I Inf

II Ass

II Sup
Camadas

II Med

II Inf

III

IV

0 2500 5000 7500 10000 12500 15000 17500 20000 22500 25000

calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros
Figura 21 - Gráfico do peso do resíduo lítico no setor NB0.

Setor NB2
O setor NB2, localizado na área central da porção intermediária da gruta,
proporcionou apenas 30 cm de solo. Situado em meio à drenagem anteriormente
descrita (Figura 6), sua superfície original estava cerca de 45 cm abaixo do nível
topográfico apontado para os setores do fundo da gruta. Apresentou apenas o registro da
camada I Superior, com índices de ocorrência proporcionais aos demais setores.

Tabela 6 - Ocorrência e variabilidade dos tipos litológicos no setor NB2, Gruta do Gentio II-MG
NB2 calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros
Cam. Nível Q P Q P Q P Q P Q P Q P Q P Q P
0-5 8 28 58 222 13 21 3 9 3 19
5-10 15 243 53 240 15 15 4 91
I Sup 10-20 9 250 79 252 18 30 5 45 2 15
20-30 100 385 22 23 4 8 1 5
30-base 2 5 45 287 3 5 3 99 2 14

38
Setor NB2 - Quantidade (un.)

I Sup

I Inf

II Ass

II Sup
Camadas

II Med

II Inf

III

IV

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500

calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros
Figura 22 - Gráfico da quantidade de lascas e fragmentos líticos no setor NB2.

Setor NB2 - Peso (gr)

I Sup

I Inf

II Ass

II Sup
Camadas

II Med

II Inf

III

IV

0 2500 5000 7500 10000 12500 15000 17500 20000 22500 25000

calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros
Figura 23 - Gráfico do peso do resíduo lítico no setor NB2.

Setor NB4
Localizado no fundo da gruta, este setor apresentou uma grande quantidade de
material, tanto em termos peso, quanto em número de lascas. Apresentou todas as
camadas ocupacionais, sendo possível observar uma tendência ao aumento da
intensidade das ocorrências.

39
Tabela 7 - Ocorrência e variabilidade dos tipos litológicos no setor NB4, Gruta do Gentio II-MG
NB4 calcário silexito qz hialino qzo leitoso qtzito arenito SiO2 Outros
Cam. Nível Q P Q P Q P Q P Q P Q P Q P Q P
I Sup Sup 4 10 9 79
0-10 62 420 259 1312 76 73 3 5 14 355 7 92
10-20 24 40 73 990 34 22 4 33
20-30 31 104 168 1007 58 60 11 428 2 34 8 20
30-40 18 620 212 806 113 127 7 172 6 6 4 22 14 53
I Inf 40-50 29 163 318 1333 63 92 25 390 5 14
50-60 34 115 197 617 58 62 8 50 3 40 6 87
55-65 13 567 238 697 60 84 3 6 2 50 2 8 8 1
60-70 9 52 124 521 58 28 1 1 7 174 1 5 3 7
70-80 22 126 373 941 57 35 8 12 7 89 12 50
30-40 8 87 79 392 18 19 9 141 1 3
II Sup 50-60 12 88 138 860 9 9 4 130 1 1
60-70 1 1 127 451 11 16 1 1 2 44 4 7
50-60 30 139 1 2 2 49
60-70 2 7 56 139 2 7 7 85 3 13
II Med 80-90 3 9 630 1533 180 229 6 10 5 161 2 44 3 14
90-100 70 87 284 512 41 21 2 1 12 115 1 2 22 14
100-110 229 523 101 119 2 2 4 3 1 3 4 5
60-70 1 1 103 179 6 5 1 11
II Inf
100-110 7 4 59 113 4 10 4 7 1 2
100-115 113 133 59 50 2 1 1 3
110-120 11 426 1030 2777 488 495 22 39 7 32 1 3 7 28 4 3
III
120-130 1 16
130-140 4 82 56 134 18 39 2 1
110-120 21 70 721 1364 120 187 8 22 18 29 5 69 2 2 3 10
140-148 78 63 46 26 2 3
IV
140-160 6 7 33 31 3 3
base 6 1087 6 134

Setor NB4 - Quantidade (un.)

I Sup

I Inf

II Ass

II Sup
Camadas

II Med

II Inf

III

IV

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500

calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros

Figura 24 - Gráfico da quantidade de lascas e fragmentos líticos no setor NB4.

40
Setor NB4 - Peso (gr)

I Sup

I Inf

II Ass

II Sup
Camadas

II Med

II Inf

III

IV

0 2500 5000 7500 10000 12500 15000 17500 20000 22500 25000

calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros

Figura 25 - Gráfico do peso do resíduo lítico no setor NB4.

Setor NC1
Localizado na parte intermediária da gruta, no lado leste da área escavada, o
setor NC1 apresentou as camadas III e I Inferior e Superior. Pode ser observada a
ocorrência regular de silexitos e quartzos hialinos, e a pouca quantidade ou ausência de
quartzo leitoso, quartzito, arenito e outras formas de sílica.

Tabela 8 - Ocorrência e variabilidade dos tipos litológicos no setor NC1, Gruta do Gentio II-MG
NC1 calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros
Cam. Nível Q P Q P Q P Q P Q P Q P Q P Q P
0-5 1 16 22 324 3 6
I Sup
5-10 93 643 105 417 20 20 1 4
10-20 250 1871 129 419 20 26 2 6 4 60 4 16
20-30 157 1368 108 315 26 45 1 1 8 120 1 18 1 5 7 27
I Inf
30-40 83 1239 106 446 28 66 3 17
40-57 85 222 59 122 12 9 2 7 1 1 4 8
III 57-60 9 112 140 644 20 42 4 57 2 7 4 39

41
Setor NC1 - Quantidade (un.)

I Sup

I Inf

II Ass

II Sup
Camadas

II Med

II Inf

III

IV

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500

calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros
Figura 26 - Gráfico da quantidade de lascas e fragmentos líticos no setor NC1.

Setor NC1 - Peso (gr)

I Sup

I Inf

II Ass

II Sup
Camadas

II Med

II Inf

III

IV

0 2500 5000 7500 10000 12500 15000 17500 20000 22500 25000

calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros
Figura 27 - Gráfico do peso do resíduo lítico no setor NC1.

Setor NC3
Situado no fundo da gruta, no lado leste da área escavada, o setor NC3 registrou
apenas as camadas I Superior e Inferior, em um metro de profundidade. Destaca-se a

42
ausência resíduos em quartzo leitoso e a pouca ocorrência daquelas em quartzito,
arenito e outras formas de sílica.
Tabela 9 - Ocorrência e variabilidade dos tipos litológicos no setor NC3, Gruta do Gentio II-MG
NC3 calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros
Cam. Nível Q P Q P Q P Q P Q P Q P Q P Q P
0-20 55 662 79 426 10 17 5 70
I Sup 20 16 412 11 63 1 4 2 17
30-35 3 25 62 526 14 30 4 138 1 7 1 8 1 3
20-40 33 201 82 466 10 23 5 155
45-60 2 27 65 621 14 69 4 96
50 14 141 1 7
70 3 38
I Inf 80-95 27 201 10 30
80 1 7 9 99 1 1
85 3 1 1 3
95-105 27 258 5 20
100 1 5

Setor NC3 - Quantidade (un.)

I Sup

I Inf

II Ass

II Sup
Camadas

II Med

II Inf

III

IV

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500

calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros
Figura 28 - Gráfico da quantidade de lascas e fragmentos líticos no setor NC3.

43
Setor NC3 - Peso (gr)

I Sup

I Inf

II Ass

II Sup
Camadas

II Med

II Inf

III

IV

0 2500 5000 7500 10000 12500 15000 17500 20000 22500 25000

calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros
Figura 29 - Gráfico do peso do resíduo lítico no setor NC3.

Setor ND2
Foi escavada apenas a metade sul do setor ND2, que se situa no lado leste da
parte intermediária da gruta. Foram registradas as camadas I Superior e Inferior e II
Superior e Média. Houve pouca ocorrência de material lítico, com ausência de quartzo
leitoso e pouca ocorrência de quartzito, arenito e outras formas de sílica.

Tabela 10 - Ocorrência e variabilidade dos tipos litológicos no setor ND2, Gruta do Gentio II-MG
ND2 calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros
Cam. Nível Q P Q P Q P Q P Q P Q P Q P Q P
I Sup 0-5 13 423 68 524 12 30 6 255
5-15 21 276 46 334 5 24 6 133 1 100
20-30 3 22 20 148 3 8 3 28 1 108
I Inf
30-50 1 2 14 188 3 6 1 11 1 1 1 3
40-50 16 116 1 4
II Sup 50-60 10 47
II Med 60-70 4 9 1 1

44
Setor ND2 - Quantidade (un.)

I Sup

I Inf

II Ass

II Sup
Camadas

II Med

II Inf

III

IV

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500

calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros
Figura 30 - Gráfico da quantidade de lascas e fragmentos líticos no setor ND2.

Setor ND2 - Peso (gr)

I Sup

I Inf

II Ass

II Sup
Camadas

II Med

II Inf

III

IV

0 2500 5000 7500 10000 12500 15000 17500 20000 22500 25000

calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros
Figura 31 - Gráfico do peso do resíduo lítico no setor ND2.

Setor OA0
O setor OA0 se localiza no lado oeste da boca da gruta, junto aos blocos
calcáreos que formam a parede da cavidade rochosa. Foram registradas apenas as
camadas I Superior e Inferior, que apresentaram uma quantidade medíocre de material

45
lítico, composto principalmente de silexito e quartzo hialino, tendo sido registrada
pouca quantidade em quartzo leitoso, quartzito, arenito e outras formas de sílica.

Tabela 11 - Ocorrência e variabilidade dos tipos litológicos no setor OA0, Gruta do Gentio II-MG
OA0 calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros
Cam. Nível Q P Q P Q P Q P Q P Q P Q P Q P
0-5 4 79 7 112 3 3 1 36
5-10 7 169 14 114 3 3 1 1 1 10 1 3
I Sup 10-20 3 33 23 175 4 9 3 34 2 14
20-30 6 125 68 976 15 15 2 18 1 1
30-40 3 6
20-30 36 102 69 496 8 21 1 15 3 4
40-50 2 3 30 185 8 5 1 2 1 14
50-60 3 19 61 300 11 8 4 51 3 3
60-70 1 5 17 42 4 1 1 1
I Inf
70-80 7 9 96 356 24 22 5 130 4 5 3 7 6 25
80-90 22 64 10 12 1 2 2 1
90-100 2 12
110-120 3 28 2 10

Setor OA0 - Quantidade (un.)

I Sup

I Inf

II Ass

II Sup
Camadas

II Med

II Inf

III

IV

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500

calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros
Figura 32 -Gráfico da quantidade de lascas e fragmentos líticos no setor OA0.

46
Setor OA0 - Peso (gr)

I Sup

I Inf

II Ass

II Sup
Camadas

II Med

II Inf

III

IV

0 2500 5000 7500 10000 12500 15000 17500 20000 22500 25000

calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros
Figura 33 - Gráfico do peso do resíduo lítico no setor OA0.

Setor OA2
Localizado na parte oeste da porção intermediária da gruta, o setor OA2 contém
todas as camadas ocupacionais do sítio. Sua superfície original era ligeiramente mais
elevada que na maior parte do restante do sítio, sendo considerado o marco zero
topográfico. Apresentou uma quantidade expressiva de material, destacando-se os
números de quartzo hialino das camadas III e IV, sendo que nesta última o tipo
litológico representa uma significativa porcentagem do total amostral.

Tabela 12 - Ocorrência e variabilidade dos tipos litológicos no setor OA2, Gruta do Gentio II-MG
OA2 calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros
Cam. Nível Q P Q P Q P Q P Q P Q P Q P Q P
I Sup 0-10 7 22 306 288 68 24 1 1 7 67 2 2 16 59
10-20 8 28 314 609 58 23 1 1 5 3 1 1 2 9 8 44
I Inf 20-30 17 108 241 746 33 12 8 139 1 11 3 57
30-40 6 33 102 414 21 18 4 9 1 8 5 18
II Sup 40-50 1 9 76 371 30 16 2 4 3 9 1 3
50-60 83 302 12 6 5 13 8 46 3 13 1 2
II Med
60-70 3 6 245 1214 48 51 2 5 6 7 2 3 5 16 10 144
II Inf 70-80 90 172 110 67 5 43 1 1 5 25
80-90 216 443 94 71 1 1 13 91 3 1
90-100 170 321 23 29 15 128 4 8
III 100-110 14 55 979 1290 217 155 1 2 15 87 1 12 3 7 12 20
110-120 8 30 493 1122 257 223 4 6 6 37 2 3 7 9
120-130 46 275 510 956 228 195 3 2 1 2 6 17 18 50
IV 130-140 17 208 305 412 76 114 4 9 7 13 7 8

47
Setor OA2 - Quantidade (un.)

I Sup

I Inf

II Ass

II Sup
Camadas

II Med

II Inf

III

IV

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500

calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros

Figura 34 - Gráfico da quantidade de lascas e fragmentos líticos no setor OA2.

Setor OA2 - Peso (gr)

I Sup

I Inf

II Ass

II Sup
Camadas

II Med

II Inf

III

IV

0 2500 5000 7500 10000 12500 15000 17500 20000 22500 25000

calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros

Figura 35 - Gráfico do peso do resíduo lítico no setor OA2.

Setor OB3
O Setor OB3 localizado no lado oeste do fundo da gruta foi o que apresentou a
quantidade mais expressiva de material lítico registrado em todas as camadas

48
ocupacionais do sítio. Sua estratigrafia se mostrou um pouco inclinada nas camadas
mais antigas. O topo do setor se encontrava também no nível topográfico zero.

Tabela 13 - Ocorrência e variabilidade dos tipos litológicos no setor OB3, Gruta do Gentio II-MG
OB3 calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros
Cam. Nível Q P Q P Q P Q P Q P Q P Q P Q P
I Sup 0-10 453 2358 174 1058 94 213 17 24 16 184 2 11 6 31 8 79
10-20 11 115 85 426 68 61 9 125 2 6 15 227
15-25 7 45 80 298 23 26 7 367 1 15 2 19 19 152
20-30 93 604 29 74 7 61 2 53 2 10
25-35 27 273 113 537 50 123 1 1 9 180 1 26 3 27 2 46
25-45 56 74 242 2148 62 107 1 2 29 1108 1 3 22 45
35-45 30 287 121 855 9 21 5 134 1 5 1 4
45-55 26 172 241 1217 7 13 20 291 1 91 2 85
I Inf 55-65 16 122 344 2659 29 54 1 1 26 566 7 73
60-70 17 243 79 450 2 7 10 147
65-75 45 280 127 721 16 27 2 6 12 237 3 2
70-80 33 212 218 1450 22 39 1 12 11 207 1 80 5 33
75-85 64 223 640 2476 79 101 28 353 1 4 2 14 21 136
85-95 10 42 13 279 1 2 3 28
90-100 61 281 435 1318 95 171 6 30 2 34 3 2 8 15
100-110 21 178 13 210 5 4
85-95 19 100 458 1781 64 125 1 15 10 41 1 10 7 12 2 7
II Sup
100-105 3 7 42 113 14 8 1 2
95-100 21 204 523 1473 46 97 2 42 3 113 1 1 9 171
II Med
105-110 18 85 34 328 25 37 1 1
100-110 3 42 43 146 8 13 6 19 2 23
II INF
110-120 38 188 270 845 89 145 7 3 1 8 2 6
110-120 13 36 660 2606 90 140 6 11 5 19 8 24 8 31
115-125 15 32 343 673 45 95 1 1 2 14 7 12 2 3
III 120-130 52 461 124 550 17 25 2 5
125-135 1 4 1633 1763 328 309 1 3 8 9 1 1
130-140 2 1
110-120 13 48 3 4 1 24 1 1
135-145 13 48 3 4 1 1
IV
145-155 6 78 123 471 30 40 1 2
170-180 2 70 1 12

49
Setor OB3 - Quantidade (un.)

I Sup

I Inf

II Ass

II Sup
Camadas

II Med

II Inf

III

IV

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500

calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros

Figura 36 - Gráfico da quantidade de lascas e fragmentos líticos no setor OB3.

Setor OB3 - Peso (gr)

I Sup

I Inf

II Ass

II Sup
Camadas

II Med

II Inf

III

IV

0 2500 5000 7500 10000 12500 15000 17500 20000 22500 25000

calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros

Figura 37 - Gráfico do peso do resíduo lítico no setor OB3.

Setor ND4
O setor ND4 se situa no lado leste do fundo da gruta, próximo à parede da
cavidade rochosa. Apresentou as camadas I Superior, II Superior, II Média e II Inferior,

50
com ocorrência, principalmente, de silexito e quartzo hialino. Nota-se a ausência de
quartzo leitoso e arenito, e a pouca ocorrência, porém de modo regular, de quartzito e
outras formas de sílica.

Tabela 14 - Ocorrência e variabilidade dos tipos litológicos no setor ND4, Gruta do Gentio II-MG
ND4 calcário silexito qz hialino qzo leitoso qtzito arenito SiO2 Outros
Cam. Nível Q P Q P Q P Q P Q P Q P Q P Q P
I Sup 0/10 2 12 115 716 11 25 1 6 1 2
II Sup 20/30 24 676 82 979 8 36 1 2 1 10
30/40 10 96 130 836 15 38 4 52 1 31 1 3
II Med
40/50 50 907 240 1205 18 21 7 343 1 10 2 24
50/60 1 5 153 864 9 19 2 125 1 3
II Inf 60/70 10 105 246 1129 18 35 11 401 1 1 12 465

Setor ND4 - Quantidade (un.)

I Sup

I Inf

II Ass

II Sup
Camadas

II Med

II Inf

III

IV

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500

calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros

Figura 38 - Gráfico da quantidade de lascas e fragmentos líticos no setor ND4.

51
Setor ND4 - Peso (gr)

I Sup

I Inf

II Ass

II Sup
Camadas

II Med

II Inf

III

IV

0 2500 5000 7500 10000 12500 15000 17500 20000 22500 25000

calcário silexito qzo hialino qzo leitoso quartzito arenito SiO2 Outros

Figura 39 - Gráfico do peso do resíduo lítico no setor ND4.

3.3. Análise estatística da exploração da matéria prima

A partir dos dados adquiridos nos setores foi feita uma tabela com o somatório
dos números referentes a cada camada ocupacional (tabela 15), na qual foram aplicados
diferentes métodos estatísticos. O objetivo desta análise foi entender melhor os modos
de exploração da matéria prima referentes a cada segmento temporal, observando suas
associações de tipologia e intensidade.

Tabela 15 - Ocorrência e variabilidade dos tipos litológicos por camada ocupacional da Gruta do
Gentio II-MG. (Q: unidades. P: gramas.)

Tipos calcário silexito qz hialino qzo leit. qtzito arenito SiO2 Outros
Cam. Q P Q P Q P Q P Q P Q P Q P Q P
I Sup 867 6681 1945 9997 394 595 21 29 103 1872 5 26 16 62 57 671
I Inf 1194 9241 5705 28299 957 1490 15 60 304 6306 19 333 38 353 181 4034
II Sup 75 1003 1192 6384 192 296 9 24 35 336 3 17 16 143 9 86
II Med 119 1389 1528 6415 182 285 9 60 44 682 3 23 17 95 29 367
II Inf 65 365 1229 5560 272 386 7 3 47 1163 8 21 25 616
III 201 1148 6911 12822 1506 1535 20 34 100 523 6 49 45 92 76 200
IV 27 328 579 2026 849 209 1 3 10 69 1 24 9 27 12 19
Total 2548 20155 19089 71503 4352 4796 82 213 643 10951 37 472 149 793 389 5993

52
A tabela foi dividida entre os dados relacionados à quantidade e aqueles
referentes ao peso do material. Os números foram transformados em porcentagem para
que fosse possível avaliar a contribuição de cada tipo litológico no total analisado. Foi
utilizado o pacote estatístico PAST (Paleontological Statistics), com o método Ward’s
para análise de clusteres. O exame bidirecional permite visualizar quais variáveis
influenciaram mais na conformação dos clados.
Na figura 40, que mostra a análise de clusteres dos dados da quantidade de
lascas e fragmentos, podemos observar três conjuntos de associações e uma disparidade.
Podemos notar associações entre as camadas I Superior e Inferior, seguidas de
associações próximas entre os pares de camadas II Superior e II Media, e II Inferior e
III. A camada IV permanece díspar em relação às demais. Esta observação tem relação
com a intensidade de trabalho em cada tipo litológico, pois entende-se que, apesar das
diferenças tecnológicas adotadas para cada matéria prima, mais lascas representam
maior intensidade de trabalho, e as proporções entre os tipos indicam diferentes
estratégias de exploração de matéria prima.
Estes três conjuntos de associações corroboram a tendência dos demais vestígios
recuperados no sítio. Eles subdividem os horizontes de horticultores e caçadores-
coletores, e ainda apontam que a Camada IV, com sua antiguidade datada de 10.400 AP,
apresenta uma estratégia diferente dos demais caçadores-coletores.
A figura 41 mostra a análise de clusteres com base nos dados de peso dos
resíduos líticos, e podemos observar uma grande subdivisão, coincidente com a
separação entre caçadores-coletores e horticultores. O clado que agrupa as camadas do
horizonte caçador-coletor, por sua vez se apresenta hierarquizada em dois grupos, um
englobando as camadas II Inferior e Média e outro com as camadas IV, III e II Superior.
É importante observar que este último conjunto de associações engloba principalmente
o topo das três camadas de caçadores-coletores e a definição dos clusteres levou em
consideração principalmente as proporções de calcário e silexito. Silexito é sem dúvida
o tipo litológico de maior ocorrência, principalmente em termos de peso, devido ao seu
modo de exploração tecnológica, que produz, em algumas etapas, resíduos grandes. Sua
intensidade de ocorrência foi o principal fator de separação do clado principal. Por outro
lado, o calcário recuperado é proveniente principalmente de desmoronamentos do teto e
paredes da gruta, muito provavelmente aumentando suas concentrações nos períodos de
abandono. Este método de análise, além de apontar para distintas funções da gruta nos

53
diferentes períodos, pode ainda mostrar períodos de abandono e iluminar os processos
de transição cultural.

Figura 40 – Análise de clusteres com base nos dados de quantidade de lascas e fragmentos líticos da
Gruta do Gentio II-MG.

Figura 41 - Análise de clusteres com base nos dados de peso dos resíduos líticos da Gruta do Gentio
II-MG.

54
Capítulo 4 – Análise espacial
O que conduziu à analise da distribuição espacial dos resíduos líticos da Gruta
do Gentio II foi o interesse em investigar como as diferenças na ocorrência e
variabilidade registradas em nosso trabalho anterior (COSTA 2007) no setor NB4 se
manifestam nas demais áreas do sítio.
Inicialmente foi observado que algumas camadas não ocorrem em todos os
setores do sítio. Isso pode ser decorrente tanto de fatores deposicionais naturais quanto
culturais, e mais adiante será ressaltado o que os dados apontam em relação a essa
questão.
Posteriormente, a distribuição espacial dos resíduos foi analisada através de
clusteres e de mapas de contorno, com base nos dados de quantidade e peso do material.
Por fim, através da razão entre quantidade e peso, foram observadas áreas com função
específica dentro da gruta.

4.1. Distribuição espacial das camadas

As quatro camadas de ocupação descritas no sítio Gruta do Gentio II não se


apresentam genericamente de modo tabular, ou seja, em superfícies paralelas. A
estratigrafia mostra linhas que variam desde praticamente horizontais até bastante
inclinadas, principalmente onde ocorrem lentes de sedimento, blocos calcários
colapsados do teto da gruta, ou perturbações por enterramentos das camadas superiores.
A figura 42 mostra, esquematicamente, a ocorrência de cada uma das camadas
nos setores analisados. Pode-se observar que a camada IV, a mais inferior, concentra-se
no lado mais a oeste do fundo da gruta. Ela ocorre também no setor NB0, na parte
central da entrada da gruta, de onde foi, entretanto, recuperado menos material do que
nos demais. As outras camadas demonstram uma tendência de ocupação do espaço da
gruta cada vez mais ampla e homogênea, excetuando-se a camada II Inferior, que se
restringe ao fundo da gruta.

55
Figura 42 - Ocorrência das camadas ocupacionais na Gruta do Gentio II.

4.2. Distribuição espacial dos resíduos

Cada uma das camadas foi examinada através da análise de cluster, com o
objetivo de compreender como se apresentavam as associações entre os tipos litológicos
em cada setor. Foram construídos dois clusteres para cada camada, um com base nos
dados de quantidade de fragmentos e outro no de peso do material.
As associações com base na quantidade de fragmentos apontam a intensidade
de trabalho ou de deposição no caso de descarte. Já aquelas com base nos dados de peso
demonstram o volume de material depositado em cada área. A observação em conjunto
das duas classes de dados permite entender a distribuição espacial dos fragmentos.
Mapas de contorno com base nos mesmos dados foram confeccionados com o
objetivo de melhor definir os limites destas áreas. A produção de tais mapas pode ser
feita à mão, utilizando-se as mesmas técnicas com as quais um topógrafo desenha as
curvas de nível de um terreno, porém esta tarefa foi muito facilitada pelo
desenvolvimento de softwares.
Os mapas deste trabalho foram produzidos no software Surfer 8, que foi
escolhido por ser aquele sobre o qual temos maior domínio. Contudo, praticamente
todos os softwares estatísticos apresentam algumas opções para confecção desse tipo de
gráfico.

56
Foram testados diversos métodos estatísticos para a tarefa, porém não
produziram resultados satisfatórios. Como exemplo, na imagem abaixo vemos um mapa
gerado pelo método Kriging, que supervalorizou os setores analisados (figura 43), não
definindo as áreas de dispersão.

Figura 43 - Teste de mapa de contorno da camada III, utilizando o método estatístico Kriging.

Em vista disso, o método estatístico escolhido foi o local polynomial. Ele é


utilizado na análise de dados demográficos, no tratamento de imagens de satélite e
fotografias, e no modelamento de superfícies. (MARQUETTI & VIALI 2004). No caso
em tela, a suavização da imagem foi muito eficiente para apontar áreas de distribuição e
não pontos amostrais na superfície analisada.
Foram utilizados também dados da razão entre peso e quantidade (P/Q)
informativos da massa média dos resíduos. Para a obtenção desses dados, dividiu-se o
peso registrado pelo número de fragmentos de cada tipo litológico recuperado por setor,
em todas as camadas. Como os tipos litológicos apresentam diferentes densidades, e
seus modos de exploração produzem diferentes padrões de tamanhos e formas, foi
elaborada uma tabela definindo o que consideramos como massas médias altas, baixas e
intermediárias.

Tabela 16 - Graduação da massa média dos tipos litológicos.


Tipos litológicos
Calcário Silexito Qzo Hial. Qzo Leit. Quartzito Arenito SiO2 Outros
Muito alta >20 >12 >5 >5 >20 >15 >15 >15
Massa média (g)

Alta 12<19,9 6<11,9 3<4,9 3<4,9 12<19,9 7<14,9 7<14,9 7<14,9


Intermediária 6<11,9 2<5,9 2<2,9 2<2,9 6<11,9 3<6,9 3<6,9 3<6,9
Baixa 1<5,9 0,6<1.9 0,5<1,9 0,5<1,9 1<5,9 1<2,9 1<2,9 1<2,9
Muito baixa <0,9 <0,5 <0,5 <0,5 <0,9 <0,9 <0,9 <0,9

57
Por fim, foram feitos clusteres e mapas de contorno com os dados de
quantidade, peso e massa média, dos tipos litológicos de cada uma das camadas,
permitindo uma avaliação da distribuição espacial dos fragmentos e identificação de
áreas com especializações.

Camada IV

A Camada IV, como já vimos, apresentou uma estratégia de exploração da


matéria prima distinta do restante do período associado a caçadores-coletores. Também
se apresentou restrita a algumas porções da área escavada, além de ser bastante delgada
em relação às demais.
De um modo geral, os dados apontam três áreas com limites definidos e
características distintas (anexo - figuras 50 a 61). Uma no setor NB4, no fundo da gruta,
distante cerca de cinco metros da parede lateral sul, a qual chamaremos de “área 1”. A
área 2 compreende o setor OB3, localizado no fundo da gruta, junto à parede lateral sul.
E por fim a área 3, no setor NB0, situado na entrada da cavidade rochosa, em uma área
já completamente abrigada pelo teto e fora do declive da boca da gruta. Os outros dois
setores nos quais a camada ocorreu e que foram analisados podem ser entendidos como
setores periféricos ou de transição entre as áreas principais.
Cada uma das áreas apresenta uma combinação diferente entre os tipos
litológicos e suas proporções de quantidade e peso. A mistura de peças grandes e
pequenas e as diferentes ocorrências entre os tipos litológicos excluem a hipótese de que
a disposição dos resíduos tenha sido resultante apenas de carreamento por águas de
chuva ou outros processos deposicionais exclusivamente naturais.
Os tipos litológicos que mais influenciaram as análises nesta camada foram o
silexito e o quartzito, tendo todos os demais apresentado quantidades muito pequenas. O
calcário apresenta uma quantidade muito pequena de fragmentos, porém com grandes
massas, chegando a 35gr em média no setor NB4.
A área 1 apresentou uma quantidade bastante grande de fragmentos de massa
média baixa. Este foi o principal ponto de deposição de silexitos e apesar de apresentar
massa média baixa, seu universo era composto de algumas peças grandes e muitas
pequenas, representando várias etapas do trabalho de lascamento.

58
A área 2 também apresentou o mesmo padrão, com muitos fragmentos de
massa média baixa, e constituiu o principal ponto de deposição de quartzo hialino entre
os setores analisados desta camada, apresentando um número muito alto de fragmentos
e massa média muito baixa. Em relação ao silexito, apresentou massa média um pouco
maior do que a área 1, e indica vinculação com o setor OA2, que tem grande número de
resíduos e massa média compatível com a área 1. A massa média mais alta está
relacionada com as etapas iniciais e finais do trabalho na matéria prima (lascas de
descorticamento e núcleos).
A área 3, por sua vez, apresenta padrão bastante distinto, com massa média
maior para todos os tipos litológicos. Neste caso, uma análise tecnológica poderá
esclarecer se trata-se de aprovisionamento de matéria prima, ou concentração de
resíduos de alguma etapa específica da cadeia operatória.
De um modo geral, para a camada IV, vemos que o fundo da gruta apresenta
áreas com concentração de resíduos pequenos, enquanto o setor mais à frente da
cavidade exibe resíduos maiores, que possivelmente poderiam ser reaproveitados. Este
padrão indica uma especialização de cada área e, se as partes não escavadas da gruta
apresentarem vestígios relacionados a esse período, possivelmente serão também
especializados. Contudo, só através da associação com os demais vestígios
arqueológicos da camada será possível determinar se as áreas 1 e 2 representam áreas de
trabalho ou descarte.

Camada III

A camada III se apresentou bastante irregular, havendo setores em se


encontrava bastante espessa e em outros mais delgada. Por ora não é possível definir se
isso se deu por motivos deposicionais naturais, pelas irregularidades da superfície
decorrentes da ocupação anterior, por intervenções posteriores como as covas do
período horticultor, ou ainda por erosão natural.
A estratégia de exploração da matéria prima adotada pelos grupos que
ocuparam a gruta neste período foi associada à do período seguinte, das camadas II. A
principal distinção entre estes grupos e aqueles relacionados à camada IV é a
intensidade de uso do quartzo hialino. Ao contrário do período mais antigo, que
apresentou uma grande quantidade de pequenas lascas desta matéria prima, o restante
do período caçador-coletor utilizou proporcionalmente mais o sílex. O quartzito

59
representou apenas uma pequena porcentagem do total de resíduos, e uma análise
tecnológica específica poderá informar se são fragmentos de batedores, ou se, de fato, se
tratam de resíduos de lascamento.
Mais uma vez, a combinação entre os tipos e tamanhos dos resíduos sugere
uma atuação cultural, e não uma deposição apenas natural. Um estudo do modelamento
da superfície do solo em cada período poderia contribuir para a confirmação destas
questões, uma vez que indicaria direções preferenciais de escoamento de águas, áreas
mais abrigadas ou mais iluminadas e que pudessem representar áreas resultantes de
alguma preferência cultural.
Em termos de espacialidade (figuras 62 a 73), os dados apontam para uma
divisão entre duas grandes áreas, com os setores do fundo se opondo aos da parte frontal
e central da gruta. Na parte mais interior da cavidade, os setores NB4/NA3 e OB3/OA2
formam uma subdivisão da área, apresentam certa distinção entre si, sendo contudo
muito semelhantes em sua composição e massa média. A região da boca da gruta
apresentou quantidade bem menor de material, tendo ela massa média maior que na
outra área, principalmente no setor NC1. O setor NC1 se localiza no limite sul da área
escavada, sugerindo fortemente que esta ocupação se estende para outras porções da
gruta. Possivelmente os grupos deste período ocuparam com o mesmo padrão outras
porções da gruta, ou seja, o fundo em oposição às partes central e dianteira.

Camadas II Associadas

Conforme já esclarecido anteriormente, o solo da gruta foi originalmente


escavado em sete camadas, tendo sido algumas delas, posteriormente, associadas entre
si pelo Prof. Dr. Ondemar Dias Jr, com base na avaliação da cultura material
recuperada. As originais camadas III, IV e V passaram a constituir subdivisões da
camada II, sendo chamadas de camadas II superior, média e inferior, respectivamente.
Neste trabalho, exploramos os dados dessas camadas tanto em separado quanto
em associação. Entendendo-se que o horizonte II se associa a um evento contínuo,
porém passível de ser subdividido em períodos de acordo com a estratigrafia, temos a
oportunidade de observar as diferenças na distribuição espacial dos resíduos líticos ao
longo do período.

60
A principal matéria-prima explorada em todos os períodos da Camada II foi o
sílex, secundado pelo quartzo hialino. O quartzito também ocorreu, porém de forma
inexpressiva, e, assim como no caso da camada III, apenas uma análise tecnológica
específica esclarecerá seu modo de exploração.
Os dados espaciais das camadas II associadas (figuras 109 a 120) indicam uma
forma de ocupação que, novamente, opõe a parte central às regiões próximas às paredes
do fundo e lateral da gruta. Neste conjunto, os setores OA2 e NA3 não se apresentam
como periferias dos setores do fundo, porém associados ao setor NB0, o mais central,
que, entretanto, ocorreu somente na camada II superior.
De modo distinto das camadas anteriores, o setor que apresentou a maior massa
média de praticamente todos os tipos litológicos foi o ND4. Esta alternativa pode ter
sido assumida em decorrência de algum impedimento de ocupação neste período do
setor NB0, como, por exemplo, um bloco calcário desprendido do teto. De fato, a área
deixa de apresentar deposição entre o período representado pela camada III e a II
superior.
Observemos as particularidades de cada subdivisão da camada II.

Camada II inferior

A análise de cluster com base nos dados de quantidade de fragmentos desta


camada (figura 74) apresentou o padrão escada, que costuma ser interpretado como uma
deficiência no agrupamento das amostras. Provavelmente isso ocorreu por se tratar de
números consideravelmente baixos, semelhantes entre si, e com muitas ausências.
Porém, a análise dos tipos litológicos individualizados sugere que se trate de um
palimpsesto de áreas especializadas (figuras 76 a 84).
Em termos gerais, observam-se duas áreas principais de ocorrência, nos setores
ND4 e OB3. O primeiro apresentou os maiores índices de massa média de fragmentos,
enquanto o segundo apresentou uma massa média intermediária, indicando variedade de
tamanhos. Ressalta-se que não se pode afirmar se o depósito está relacionado a áreas de
trabalho ou a descarte secundário.
Os demais setores apresentaram índices baixos de resíduos. Por exemplo, o
setor OA2 apresentou um número maior de fragmentos de quartzo hialino do que de
sílex, entretanto, não chegando a ultrapassar os índices de silexito dos demais setores.

61
Isso parece sugerir uma área de especialização nesta matéria prima, incluindo o setor
OB3 como periférico, principalmente, pois o primeiro apresenta massa média baixa
enquanto o segundo tem esse índice um pouco mais alto.
O silexito, por sua vez, apresentou o maior número de lascas no setor ND4, que
também teve um índice de massa média intermediário, sugerindo que ali se depositavam
fragmentos grandes e pequenos, produtos de diferentes etapas da cadeia operatória. Já
no setor OB3 e OA2, houve presença apenas de lascas menores, enquanto no setor NA3
houve uma concentração de fragmentos grandes sugerindo se tratar de um núcleo
secundário em relação ao trabalho com silexito. Este núcleo representaria uma
reprodução em menor escala do padrão fundo/centro, com o setor NA3 atuando como
área central e os setores OB3, OA2 e NB4 atuando como fundo ou periferia.

Camada II média

Esta camada apresenta um padrão de distribuição semelhante ao anterior


(figuras 85 a 96), com os setores ND4 e OB3 como áreas principais. Também é possível
observar a oposição entre fundo e centro, já que os setores ND2 e NA1 apresentaram
consideravelmente poucos materiais, porém quando o fazem é com massas médias altas.
Em relação ao quartzo hialino, é possível observar uma concentração apenas no
setor NB4, sem presença de áreas periféricas significativas. Sendo que também se trata
da maior concentração de silexito, este dado sugere que o setor NB4 seja a área
preferencial de depósito dos dois tipos litológicos.
O silexito, por sua vez, parece apresentar novamente um pequeno núcleo de
oposição fundo/centro, com o setor OA2 representando o cerne, e os setores OB3 e
NA3 sua periferia. O setor ND4 parece apresentar um segundo centro, entretanto
possivelmente a periferia estaria mais ao norte, fora da área já escavada.
Esta camada apresentou poucos fragmentos dos demais tipos litológicos
registrados no sítio. As poucas amostras estão associadas aos principais núcleos de
deposição, sugerindo que eram exploradas muito excepcionalmente ou ainda que se
trata de intrusões.

Camada II superior

62
A camada II superior apresenta variações importantes em relação às
antecedentes (figuras 97 a108). Foram recuperados muito poucos fragmentos em
quartzo hialino, indicando que esta matéria prima não era mais amplamente explorada.
Ocorrem silexitos de massa média intermediária, e poucos fragmentos calcáreos com
massa média bastante elevada, provavelmente associados ao período posterior de
abandono do sítio.
Em termos de distribuição espacial, esta camada não apresenta a oposição
fundo/centro. Na verdade, ela apresenta os setores NB4, OB3 e NB0 com concentrações
maiores de lascas e com massa média compatível. O setor que se destaca por apresentar
massa média alta é o ND4, ao fundo da gruta, no limite norte da área escavada.
Vemos, portanto, uma alteração no padrão de distribuição espacial no período
final do horizonte caçador-coletor. A quantidade de material também diminui, enquanto
a massa média aumenta, indicando possivelmente que os fragmentos fossem trabalhados
apenas expeditamente, e não fossem explorados até a exaustão. A análise tecnológica,
tanto dos próprios resíduos, quanto dos artefatos recuperados poderá lançar luz a
respeito deste período de fortes mudanças, que antecedeu o chamado gap do arcaico.

Camada I inferior

Após o abandono do sítio durante o período conhecido como gap do arcaico, a


gruta voltou a ser ocupada, desta vez por populações horticultoras. Uma grande
quantidade de material foi recuperada nesta camada e um resultado interessante foi
obtido com o cálculo da massa média do total de resíduos líticos: praticamente todos os
setores apresentaram média de 2gr por fragmento (figura 132). É evidente que se trata
de mistura de peças grandes e pequenas de diferentes tipos litológicos, porém a
homogeneidade do resultado aponta para uma atividade mais padronizada, apesar de a
intensidade de ocorrência ser concentrada nas mesmas regiões do fundo da gruta.
Nesta camada, podemos observar quatro áreas com características distintas
(figuras 121 a 132). As duas primeiras, nos setores NB4 e OB3, são os pontos de maior
ocorrência de fragmentos, com o primeiro registrando mais de oito quilos de material,
enquanto o segundo ultrapassou o impressionante valor de 15 quilos. As periferias
dessas áreas são os setores OA2 e NA3, que apresentam pouca quantidade de material e
massa média baixa.

63
Uma terceira área compreende toda a porção central da área escavada, nos
setores NA1, OA0, NB0 e NC1. Eles registram um certo grau de homogeneidade na
distribuição tanto em termos de quantidade quanto de massa média.
A quarta área se localiza nos setores NC3 e ND2, caracterizados por
quantidades menores de fragmentos, porém com massas média ainda maiores do que o
restante da camada. É interessante ressaltar que a massa média dos fragmentos de
silexitos aumentou de cerca de 1,7 gr por fragmento para mais de 5 gr por fragmento.
Mais uma vez, a análise tecnológica poderá iluminar essas mudanças, esclarecendo se
este aumento se deu por resultado de uma tecnologia de lascamento distinta, por se
tratar de aprovisionamento de matéria prima, ou ainda pelo não esgotamento dos
núcleos.

Camada I superior

A camada I superior é bastante delgada e a mais superficial. Foi a única que


abrangeu todo o sítio. Pouca quantidade de fragmentos foi atribuída a este período,
porém o índice de massa média foi bastante elevado, destacando-se principalmente os
silexitos e calcários (figuras 133 a 144).
Em um primeiro contato, é bastante difícil identificar o padrão da distribuição
espacial deste material. Entretanto, após uma observação paciente, é possível identificar
três áreas de concentração de resíduos, com a particularidade de eles apresentarem
menor porte, nos setores NB0, NB2 e OA2. O restante da superfície se apresentou como
área periférica ou de transição, à exceção dos setores NB4/NA3 e LB1/LC0, que
apresentaram poucos resíduos. Distintamente do padrão apresentado nas camadas
associadas a caçadores-coletores, não é possível atribuir nenhuma oposição
fundo/centro, mas sim um padrão radial a partir de um ponto central, aparentemente no
setor NA1.
Seria muito interessante cotejar estes dados das Camadas I inferior e superior,
com a distribuição espacial dos enterramentos, tanto os que fizeram recurso a covas
quanto os que foram apenas depositados. É importante lembrar que, uma vez que
durante o período horticultor o espaço do sítio foi utilizado também com propósitos
funerários, a função e o significado do espaço da gruta mudaram.

64
Capítulo 5 – Estudo da atividade magnética dos
resíduos

Já ao longo da análise anteriormente realizada nos resíduos líticos da gruta do


Gentio II, (COSTA 2007), foi observado que alguns fragmentos e lascas apresentavam
atividade magnética, respondendo a um ímã permanente. Esta particularidade foi
registrada, porém estava além dos objetivos daquele trabalho, não sendo explorada
explanatoriamente nem tampouco interpretativamente.
No decorrer do presente trabalho, entretanto, surgiu a oportunidade de se
desenvolver uma investigação neste sentido, contando com a orientação do Profº Miguel
A. Novak, professor da disciplina “Física aplicada à Arqueologia”, do Mestrado em
Arqueologia do Museu Nacional, e acompanhamento da Profª. Elis Sinnecker, ambos
do Instituto de Física/UFRJ. Foram conduzidas medidas investigativas e experimentais
no Laboratório de Baixas Temperaturas, no referido Instituto, sendo possível chegar à
formulação de uma hipótese em relação à presença deste comportamento em parte do
material lascado recuperado no sítio.

5.1. Medidas investigativas

A primeira medida realizada foi em uma estilha em sílex, com medidas 9 x


6mm, que apresentava atividade magnética. Foi utilizado um sistema baseado em um
sensor SQUID, (Superconducting Quantum Interference Devices), que é um
magnetômetro muito sensível usado para medir campos magnéticos extremamente
pequenos. O que foi utilizado neste procedimento permite controle da temperatura da
amostra, podendo ser realizadas medidas de campos magnéticos em temperatura
ambiente, e seu sistema de refrigeração criogênica permite atingir temperaturas muito
baixas, próximas de zero Kelvin.
Os resultados apontaram um comportamento típico de grãos ferromagnéticos
(ou ferrimagnéticos) muito finos. Estas partículas são o resultado da organização de íons
de metais de transição (provavelmente Fe) dispersos na rocha. Estes íons podem
difundir dentro do material e um movimento de aglutinação pode ocorrer quando a
rocha é aquecida, recebendo a energia necessária para a migração dos íons.

65
Figura 44 - Preparação da amostra para medidas no SQUID.

Uma vez que a atividade magnética foi associada ao aquecimento da rocha


após sua formação geológica e inúmeros resíduos recuperados da Gruta do Gentio II
apresentavam alterações térmicas sem a ocorrência de magnetismo, restava identificar
porque apenas parte dos resíduos apresenta este comportamento.
No sentido de compreender se esta diferença se encontrava na diferente
composição das rochas, foram selecionadas duas lascas em silexito arqueológico com
gênese geológica distinta, a saber: amostra 1 - de silexito maciço castanho, com
resquício de córtex calcário, e marcas de alteração térmica, incluindo brilho ceroso por
fratura após a queima; amostra 2 - silexito oolítico, que não respondia ao ímã
permanente e apresentava superfície acinzentada registrando alteração térmica.
Estas amostras foram analisadas com a técnica da difração de raios X, aplicada
com o auxílio do doutorando Edson Cardoso no Laboratório de Instrumentação Nuclear
da COPPE, UFRJ, coordenado pelo Prof. Dr. Ricardo Tadeu Lopes, responsável pela
disciplina “Física aplicada à Arqueologia”, do Mestrado em Arqueologia do Museu
Nacional.
Os resultados demonstraram que os silexitos apresentavam cadeias químicas
muito semelhantes, com apenas ligeiras distinções (figuras 45 e 46). Foi adotada uma
angulação de medidas entre 15º e 45º pois é esta é a faixa em que comumente as rochas
silicosas são trabalhadas. No entanto, em desdobramentos futuros desta investigação,
espera-se refazer as medidas, com angulação expandida, pois de acordo com os
objetivos deste trabalho devemos procurar as diferenças e não as semelhanças entres as
duas amostras, e uma angulação maior pode mostrar outros picos, relacionados a outras
cadeias químicas, além do óxido de silício (SiO2).

66
Figura 45 - Resultado da difração de raios X na amostra de sílex oolítico.

Figura 46 - Resultado da difração de raios X na amostra de sílex maciço.

Figura 47 - Silexito arqueológico (amostra 1) sendo medido com a técnica da difração de raios X.

As mesmas amostras foram analisadas no medidor de suscetibilidade


magnética Bartington, modelo MS2, no Laboratório de Baixas Temperaturas do
Instituto de Física da UFRJ, com o Dr. Miguel Novak. Elas apresentaram resultados
bastante distintos entre si. Enquanto a amostra 1 mostrou comportamento
ferromagnético ou ferrigmagnético, a amostra 2 apresentou comportamento
paramagnético.

67
Entretanto, apesar de apresentar este tipo de comportamento magnético, foi
observado que, na amostra 1, apenas a parte próxima ao córtex respondia ao ímã
permanente, colocando em dúvida se somente o córtex apresentaria condições para
apresentar atividade magnética.

5.2. Experimentação com alta temperatura

Para responder aos questionamentos acerca do comportamento magnético


restrito ao córtex da amostra 1 foi desenvolvido um experimento no mesmo
equipamento Bartington MS2. Este aparelho possui o acessório modelo MS2WFP, que
consiste em um medidor que aquece as amostras a temperaturas elevadas.
Com autorização do Instituto de Arqueologia Brasileira, a amostra 1 foi
partida, de modo a separar a porção que não apresentava atividade magnética,
denominada de amostra 1A. Ela foi então levada ao aparelho e aquecida gradativamente
até a temperatura de 750º C, considerada compatível com a de uma fogueira aberta, e
depois resfriada (figura 48).
Os resultados das medidas registradas durante a experimentação são
apresentadas na figura 49. É possível observar um aumento do sinal magnético, com um
pico na temperatura de 553º C, seguido por uma queda alcançando valores negativos
(paramagnéticos). Durante o resfriamento da amostra, o sinal voltou a ser positivo,
apresentando valores ainda mais altos do que antes do aquecimento. Após o
resfriamento total, a amostra foi testada com um ímã permanente, e respondeu a ele com
bastante intensidade, demonstrando que o aquecimento daquela porção também resultou
no surgimento da atividade magnética.

Figura 48 - Experimentação com aquecimento da amostra 1A no medidor de suscetibilidade


magnética Bartington MS2, sob a coordenação do Prof. Dr. Miguel Novak.

68
Figura 49 - Gráfico da medida magnética da amostra 1A durante a experimentação com
aquecimento.

5.3. Tratamento térmico: uma hipótese

Para tentarmos uma interpretação comportamental desta propriedade


magnética, pesquisamos quais vantagens poderiam ser obtidas com o aquecimento desse
tipo de rocha. Na Europa há vários estudos que lidam com a questão do uso do
tratamento térmico para a melhoria das propriedades de lascamento e como esta
atividade deixa registro no material arqueológico. Aqui será explorado o potencial de
um recente estudo experimental.
Domanski et al. (2009) realizaram experimentações com tratamento térmico
em três tipos de silexitos, que foram explorados com freqüência pelas populações pré-
históricas da Polônia. Os tipos são o bandado, o oolítico (spotted), e o maciço castanho
(chocolate), aqui informalmente denominado de “doce de leite”. Segundo os autores,
cada tipo foi apropriado para diferentes ferramentas, por conta de suas propriedades
mecânicas e características petrológicas. O oolítico e o maciço foram utilizados para
produção de lâminas, enquanto o bandado foi utilizado preferencialmente para produção
de machados polidos.
Amostras não arqueológicas desses silexitos foram submetidas ao aquecimento
em forno elétrico até uma temperatura de 400º C, e tiveram avaliadas suas alterações de
cor, brilho, dano, lascabilidade e estrutura cristalina. Em relação à cor, as variações em
todos os tipos foram súbitas e variáveis, sendo difíceis de reconhecer sem a comparação

69
com peças da mesma origem não aquecidas. O brilho, por sua vez, apresentou mudanças
mais consistentes. As superfícies lascadas após o aquecimento mostraram brilho intenso
e ceroso, sendo facilmente reconhecíveis. Os danos foram registrados principalmente
para o tipo oolítico, que está sujeito a explosões durante o aquecimento devido às
inúmeras inclusões de calcita que se expandem de modo distinto da porção silicosa
quando aquecidas.
A diferença no grau de lascabilidade foi associada às alterações na estrutura
cristalina da rocha durante o aquecimento. Foi registrada uma redução na resistência em
todos os tipos de silexito, sendo que o tipo maciço teve sua lascabilidade melhorada e
equiparada à da obsidiana. “Esta redução é causada pela recristalização dos cristais de
sílica dentro do sílex. O índice de cristalinidade do quartzo nos sílex bandados aumenta
substancialmente, refletindo um aumento no tamanho médio do cristal, e as porções de
fibras entrelaçadas de calcedônia dentro dos sílex maciço e oolítico se tornam mais
granulares após o aquecimento. Fraturas podem se propagar mais facilmente em torno
dos cristais de quartzo maiores e mais equigranulares dos sílex tratados termicamente, a
resistência do material aquecido é reduzida.” (DOMANSKI et al. 2009)
Este processo de recristalização também libera íons que, devido à energia
recebida pelo aquecimento, migram e se aglutinam, formando nano e micro partículas,
funcionando como nano-imãs que geram um campo magnético forte o suficiente para
ser percebido por experimentos de baixa sensibilidade (como atração por um ímã
permanente).
Nas amostras selecionadas para este trabalho foi observado que a resposta
magnética se localizava apenas no córtex e superfícies externas das lascas e estilhas,
principalmente junto ao talão. Entendendo que a recristalização ocorre de forma gradual
e é mais intensa na porção mais aquecida, esta atividade, localizada nas porções
originalmente mais externas, sugere que as rochas foram aquecidas a altas temperaturas
antes do lascamento.
A hipótese formulada é que a atividade magnética apresentada nas faces
externas, talões e córtex das lascas e estilhas de silexito é o registro arqueológico do
tratamento térmico nestas rochas. Esta proposta deve ser analisada sistematicamente em
séries de resíduos, tanto da Gruta do Gentio II quanto de outros sítios cujos resíduos
líticos apresentem a mesma propriedade. A literatura especializada, de um modo geral,
não cita atividade magnética relacionada à silexitos, entretanto, como esta
possivelmente se restringe apenas a uma fração dos resíduos, e estes são comumente

70
tratados com importância secundária nas análises líticas, é possível que o
comportamento já tenha sido detectado, porém sem ter sido ressaltado nas publicações.

71
Capítulo 6 - Interpretação dos resultados

A criatividade do pesquisador deve sempre deve ser cultivada, ainda mais


quando se lança o olhar para um objeto pouco valorizado, no caso dos resíduos líticos,
ou já abundantemente bem trabalhado, como é o caso do sítio arqueológico Gruta do
Gentio II. Tanto a Gruta quanto os resíduos possuem um valioso potencial informativo,
que pode e deve ser continuamente explorado de formas alternativas.
Ao contextualizar o sítio no âmbito das recentes discussões acerca do processo
de povoamento da América do Sul, formalizadas por Araujo et al. (2005-2006),
podemos observar o papel relevante que este registro arqueológico representa no
cenário continental. Sempre ressaltado em trabalhos que lidam com a atividade humana
no Holoceno inicial, o Gentio ainda carece de uma caracterização paleoambiental
específica, que contemple os períodos de mudanças culturais drásticas e permita uma
inserção nos panoramas mais amplos, ora em debate.
No presente trabalho, foi possível contribuir com inferências a respeito das
continuidades e descontinuidades na escolha da matéria-prima e nos padrões de
distribuição espacial dos resíduos na gruta, sendo possível também a formulação de uma
hipótese acerca da atividade tecnológica de tratamento térmico. Ressaltamos que foram
utilizados dados apenas dos resíduos líticos e que foi adotada uma abordagem não
tecnológica em resposta aos questionamentos formulados em nosso trabalho anterior, no
qual o objetivo principal era a classificação e caracterização dos tipos litológicos, e que
estes métodos se monstraram eficientes e adequados.
Os tipos litológicos encontrados no material analisado foram os mesmos
identificados anteriormente em nosso trabalho de 2007, a saber: sete variedades de
silexitos; quartzo hialino; quartzo leitoso; quartzito (orto e meta); arenito; calcário;
opala/calcedônia/ágata (SiO2). Também ocorreram outras matérias primas, porém de
modo inexpressivo, como foi o caso do quartzo da variedade citrino, identificado em
cerca de quatro fragmentos classificados sob a categoria ‘outros’.
Em relação à escolha da matéria prima pelas populações dos diferentes
períodos, observamos três associações na análise de cluster apresentada no capítulo 3.
Deve-se destacar que a camada que apresentou a maior dissimilaridade em relação ao
conjunto do sítio foi a IV. A principal característica responsável por essa divisão é a
proporção de quartzo hialino no número de lascas, tendo sido registrada uma

72
porcentagem bem mais alta desta matéria prima na camada IV que nas demais. Os
dados também apontam um alto grau de especialização, pois praticamente não
ocorreram outros tipos litológicos além de sílex e de quartzo hialino.
As demais camadas se associaram de modo a formar dois grupos: um,
exclusivamente com os registros relacionados a caçadores-coletores, e outro com
aqueles de horticultores. É interessante observar que o ordenamento das camadas desta
parte do gráfico de clusteres coincide com a sequência cronológica da estratigrafia. Isto
ocorre pois os dados apresentam tendências de diminuição da proporção de algumas
matérias-primas, como o quartzo hialino e o próprio sílex, e aumento da proporção de
quartzito, e calcário.
Vemos, portanto, que em relação à escolha e utilização da matéria-prima, são
registrados dois momentos de ruptura. O primeiro, entre a camada IV e as seguintes,
datando de cerca de 9.000 A.P., e o segundo, entre as camadas e II e I, marcando o
limite entre os vestígios de caçadores-coletores e horticultores, lembrando que cerca de
3.500 anos separam os dois registros. Outro ponto que deve ser ressaltado a respeito
deste segundo momento é a mudança de função do sítio, pois conforme apontado por
SENE (2008) foi somente entre os horticultores que o espaço da gruta passou a ser
utilizado para fins funerários.
Através da observação da combinação entre os tipos litológicos e tamanhos
dos resíduos foi possível sugerir que fatores culturais são os responsáveis pelo padrão
de distribuição espacial dos vestígios. Entretanto, neste sentido, um estudo do
modelamento da superfície do solo em cada período poderia contribuir para a
confirmação destas questões, uma vez que indicaria direções preferenciais de
escoamento de águas, áreas mais abrigadas ou mais iluminadas e que pudessem
representar áreas resultantes de escolhas culturais. Em relação à distribuição espacial,
foi possível também identificar diferentes padrões para cada camada.
A camada IV apresentou três áreas, duas com fragmentos de pequeno porte,
sendo uma com predominância de silexito, e outra com intensa ocorrência de quartzo
hialino. A terceira área, na parte central da entrada da gruta, apresenta fragmentos de
maior porte, podendo representar aprovisionamento de matéria-prima ou ser o registro
de alguma etapa específica da cadeia operatória. Ressalta-se, entretanto que, sem a
associação com os demais remanescentes arqueológicos, não é possível afirmar se
representam áreas de trabalho ou de descarte.

73
A camada III apresentou uma característica semelhante à da camada anterior, o
padrão de divisão centro/fundo. Fragmentos de maior porte foram recuperados nos
setores centrais e da entrada da gruta, enquanto nos do fundo, localizaram-se fragmentos
de menor porte, porém em maior quantidade. A diferença da camada III para a que a
antecedeu está na falta de especialização de áreas. A região mais ao fundo se apresentou
como uma grande área de dispersão de resíduos, onde pode se distinguir dois pontos de
concentração nos setores OB3 e NB4.
Ao longo das três divisões que compõem a camada II foi possível observar que
elas não apenas apresentam diferenças entre si em relação ao padrão de distribuição
espacial, como essas mudanças demonstram uma tendência cuja forma final se
assemelha ao padrão registrado mais tarde, entre os horticultores da camada I.
A oposição entre fundo e centro foi registrada, mas, ao invés de fundo com
muitos fragmentos pequenos e centro com poucos fragmentos grandes, o que se
observou foi o fundo com muitos fragmentos de todos os tamanhos e centro com pouca
ocorrência de resíduos. O setor NB0 que representou o ponto mais central nas camadas
anteriores, não ocorreu nas camadas II inferior e média, voltando a ser registrado
somente na camada I superior. O papel de área com fragmentos de maior porte foi
cumprido pelo setor ND4, que se não se situa em área central, mas sim próximo à
parede do fundo da gruta. Observa-se também uma tendência à homogeneidade na
distribuição dos resíduos, bem como no tamanho médio dos fragmentos, sendo mais
difícil a identificação de limites de áreas na camada II superior que na II inferior.
O período horticultor foi marcado pelo significativo aumento do tamanho
médio dos resíduos em sílex. A análise tecnológica poderá esclarecer se este aumento de
cerca de 1,7g para mais de 5g em média por fragmento, se deu por resultado de uma
tecnologia de lascamento distinta, por se tratar de aprovisionamento de matéria-prima,
ou ainda pelo não esgotamento dos núcleos. Em termos de distribuição espacial, pode-
se observar mais uma grande dispersão de fragmentos do que áreas de concentração.
Na camada I inferior foi recuperada uma impressionante quantidade de material e os
setores do fundo apresentaram cerca de quatro vezes mais fragmentos do que os
centrais. Entretanto, há muito material por toda a camada. Isso está relacionado ao longo
período representado por ela, cerca de 3.000 anos de uma ocupação provavelmente mais
frequente e mais densa que as anteriores.
Notamos que, também em relação à distribuição espacial, foi possível
identificar dois momentos de mudanças de padrão, que coincidem com aqueles

74
registrados para a escolha da matéria prima. O primeiro registro de mudança ocorre
entre as camadas IV e III, quando deixam de ocorrer áreas especializadas, e o segundo
entre as camadas II e I, quando um padrão mais disperso se estabelece. As datações
disponíveis para o sítio permitem situar o primeiro momento entre cerca de 10.190 ±120
(camada IV) e 9.040±70 AP (camada III), e o segundo entre 7.295 ±150 e 3.490 ±120
AP.
Fenômeno semelhante também foi registrado, em escala regional por Bueno
(2007), ao trabalhar com a região do Lajeado, no médio rio Tocantins. Após prospectar
a região no âmbito do Projeto de Resgate do Patrimônio Arqueológico da Usina
Hidrelétrica do Lajeado – TO, inúmeros sítios foram identificados, trabalhados e
datados. As datações apontam para uma ocupação da região durante praticamente todo o
Holoceno, podendo ser definidos quatro períodos, a saber: horizonte 1 (ca. 10.530 +/-
90 e 8.980 +/-70 AP); horizonte 2 (ca. 5.980 +/-50 e 5.010 +/- 70 AP); horizonte 3,
representada por sítios líticos recentes (ca. 2.450 +/- 40 e 1.440+/- 60 AP); período
cerâmico (ca. 1.530 +/-60 e 510 +/-40 AP). Através da análise tecnológica e artefatual o
Autor concluiu que:

“A principal ruptura encontrada na região no que tange à organização tecnológica


estaria entre os Horizontes 1 e 2. Apesar de haver algumas diferenças com relação ao
conjunto de artefatos produzidos nas indústrias líticas associadas aos Horizontes 2, 3
e cerâmico, no que tange à organização tecnológica, parece haver entre esses
Horizontes bem mais indicadores de continuidade do que de mudanças.”

E, com base em suas análises e resultados, formulou a seguinte hipótese:

“Segundo essa perspectiva, surge uma hipótese bastante interessante para pensarmos
as modificações identificadas no registro arqueológico de diferentes partes do Brasil
Central, a partir dos 9.000 ou 8.000 anos AP. A desaparição dos artefatos que
caracterizamos como toolkit, associada a modificações na forma de uso e ocupação
do espaço podem indicar uma alteração ou uma fragmentação nas relações sociais dos
diferentes grupos que habitaram essa região no início do Holoceno e que seria
responsável pela homogeneidade tecnológica característica desse período.”

Portanto o registro dessa mudança cultural no Holoceno inicial parece ser


coincidente com o desenvolvimento macroregional do Brasil central. O segundo
momento tem seus motivos mais debatidos e se vinculam com o processo de transição
cultural para a horticultura. Ambos os registros estão de acordo com o que foi
observado para as demais categorias de vestígios recuperados do sítio.
Esses resultados confirmam o potencial informativo dos resíduos de
lascamento. Entretanto, o material proveniente do sítio arqueológico gruta do Gentio II,

75
ao ser analisado atentamente, teve uma de suas características ressaltadas. Parte dos
fragmentos líticos apresentava atividade magnética, e, no decorrer do presente estudo,
surgiu a oportunidade de investigar a origem deste comportamento.
Com a orientação do Prof. Miguel Novak, e acompanhamento da Profª. Elis
Sinnecker, ambos do Intituto de Física da UFRJ, foram conduzidas medidas
investigativas e experimentais em fragmentos arqueológicos de sílex. Foi observada que
a atividade magnética se apresentava principalmente nas faces originalmente externas,
córtex e talões das lascas analisadas. Esta particularidade foi testada fragmentando-se
uma lasca de modo a separar a porção que não apresentava atividade magnética e a
aquecendo à temperatura de 750º C. Durante o aquecimento, as mudanças na atividade
magnética foram registradas no acessório modelo MS2WFP do medidor de
suscetibilidade magnética Bartington MS2. E, após este experimento, o fragmento
passou a responder ao ímã magnético com bastante intensidade.
Esse resultado sugere que as rochas que apresentam esta atividade localizada
nas porções originalmente mais externas foram aquecidas a altas temperaturas antes do
lascamento. O que permite formular a hipótese de que a atividade magnética
apresentada nas faces externas, talões e córtex das lascas e estilhas de silexito é a
assinatura arqueológica do tratamento térmico nestas rochas.
A literatura especializada tradicionalmente não considera a existência de
tratamento térmico no território brasileiro. Entretanto esta visão está baseada nos casos
registrados em outros continentes, como Oceania e Europa, que utilizam fornos e
cozimentos de longa duração. Por outro lado, o registro de material termicamente
alterado em sítios brasileiros parece ser frequente, e o aquecimento das rochas, mesmo
por um período curto, melhora consideravelmente as propriedades de lascamento
(DOMANSKI 2009). Portanto, não há motivos para se desconsiderar a ocorrência de
tratamento térmico em matérias-primas rochosas na pré-história brasileira.
Por tudo aqui apresentado, defendemos que os resíduos líticos devem ter suas
potencialidades mais exploradas. A chave para algumas respostas há muito buscadas
pode estar em abordagens alternativas a vestígios que, por vezes, têm sua relevância
minimizada nas análises e interpretações culturais no âmbito da arqueologia brasileira.
Esperamos que a pesquisa aqui desenvolvida produza desdobramentos futuros.
O estudo da distribuição espacial é uma ferramenta cada vez mais acessível, porém
ainda pouco aplicada, e sua intensificação é muito desejável. As análises físico-

76
químicas devem ser buscadas através de cooperações interdisciplinares, e, longe de
serem difíceis e intangíveis, são ferramentas práticas e úteis.
Por fim, esperamos ter somado nossa contribuição às muitas já feitas à
arqueologia da Gruta do Gentio II, para conhecermos um pouco mais a respeito dos
diversos grupos que a habitaram em diferentes períodos, e em última instância, um
pouco de nós mesmos, os humanos.

77
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82
Anexos

83
750 9 14 76 169 qzohialino
125 70 79 305 838 silexito
1 2 2 7 3 Outros
2 0 0 7 2 SiO2
1 0 0 0 5 arenito
0 1 0 0 10 qzoleitoso
0 4 2 4 18 quartzito
6 3 1 17 33 calcário
OB3

OA2
NA3

NB0

NB4

Camada IV - Q

Figura 50 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada IV, com base na
quantidade de fragmentos.

216 40 40 15 114 qzohialino


69 0 24 0 0 arenito
10 4 1 6 8 Outros
2 0 14 0 13 SiO2
25 0 0 3 0 qzoleitoso
29 25 0 35 9 quartzito
1592 729 541 344 412 silexito
1164 31 78 11 208 calcário
OB3

OA2
NB4

NB0

NA3

Camada IV - P

Figura 51 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada IV, com base no
peso total do material.

84
OA2

OB3
NB4

NA3

NB0

OB3

OA2

OA2

OB3
NB4

NA3

NB0

NB4

NA3

NB0
0

-3
-25
-400
Similarity

Similarity

Similarity
-6
-50
-800

-9
0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6
IV - Arenito IV - calcário IV - Outros tipos líticos

OB3

OA2

OB3

OA2
NB4

NA3

NB0

NB4

NB0

NA3
OA2

OB3

NB4

NA3

NB0

-8

-400
-10
-16
Similarity

Similarity
Similarity

-24 -800
-20

-32

-1200

-40 -30
0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6
IV - Quartzito IV - Qzo Leitoso IV - Silexito
OA2

OB3

OB3

OA2
NB4

NA3

NB0

NB4

NA3

NB0

OB3

OA2
NA3

NB0

NB4
-1000
-250
-8
Similarity

Similarity

Similarity

-2000
-500
-16

-3000
0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6
IV - SiO2 IV - Total IV - Qzo Hialino

Figura 52 - Clusteres por tipo litológico da camada IV, Gruta do Gentio II.

85
Figura 53 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de silexito na camada IV.

86
Figura 54 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo hialino na camada IV.

87
Figura 55 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo leitoso na camada IV.

88
Figura 56 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzito na camada IV.

89
Figura 57 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outros tipos de sílica na camada IV.

90
Figura 58 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de arenito na camada IV.

91
Figura 59 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de calcário na camada IV.

92
Figura 60 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outros tipos litológicos na camada IV.

93
Figura 61 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência do total de tipos litológicos na camada IV.

94
76 107 140 1458 1200 2368 2762 silexito
2 18 20 167 565 819 480 qzohialino
0 2 0 14 7 14 15 SiO2
0 0 0 3 24 9 8 qzoleitoso
0 2 2 0 1 1 1 arenito
0 0 4 19 6 41 12 Outros
1 0 4 30 8 50 15 quartzito
0 9 9 34 15 68 81 calcário
NC1

OA2

OB3
NA1

NB0

NA3

NB4

Camada III - Q

Figura 62 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada III, com base
na quantidade de fragmentos.

3 0 57 42 76 35 345 quartzito
0 0 39 39 35 4 87 Outros
0 8 0 36 20 28 28 SiO2
0 0 0 15 8 40 11 qzoleitoso
0 29 7 1 0 3 12 arenito
1 32 42 569 218 584 673 qzohialino
0 59 112 533 84 508 360 calcário
126 442 644 5593 1885 3060 4132 silexito
NC1

OB3

OA2
NA1

NB0

NA3

NB4

Camada III - P

Figura 63 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada III, com base
no peso total do material.

95
NC1

OA2

OB3
NA1

NB0

NA3

NB4

NC1

OB3

OA2

NC1

OA2

OB3
NB0

NA1

NA3

NB4

NA1

NB0

NA3

NB4
-2000
-3000
-16
Similarity

Similarity

Similarity
-4000
-6000
-32

-6000
0 1 2 3 4 5 6 7 8 0 1 2 3 4 5 6 7 8 0 1 2 3 4 5 6 7 8
III - Silexito III - SiO2 III - Total
OA2

OB3

NC1

OA2

NC1

OB3
NB4

NA1

NA3

NB0

NA3

NB4

NA1

NB0
NC1

OA2

OB3
NB0

NA1

NA3

NB4

-10 -200 -30


Similarity

Similarity
Similarity

-20 -400 -60

-30 -600 -90


0 1 2 3 4 5 6 7 8 0 1 2 3 4 5 6 7 8 0 1 2 3 4 5 6 7 8
III - Arenito III - Calcário III - Outros tipos líticos
OA2

OB3

NC1

OA2

OB3

NC1
NA1

NB0

NB4

NA3

NB4

NA3

NA1

NB0

OA2

OB3

NC1
NB4

NA3

NA1

NB0
-100 -400 -16
Similarity

Similarity

Similarity

-32
-200 -800

-48
-300
0 1 2 3 4 5 6 7 8 0 1 2 3 4 5 6 7 8 0 1 2 3 4 5 6 7 8
III - Quartzito III - Qzo Hialino III - Qzo Leitoso

Figura 64 - Clusteres por tipo litológico da camada III, Gruta do Gentio II.

96
Figura 65 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de silexitos na camada III.

97
Figura 66 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo hialino na camada III.

98
Figura 67 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência dequartzo leitoso na camada III.

99
Figura 68 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzito na camada III.

100
Figura 69 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outras variedades de sílica
na camada III.

101
Figura 70 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de arenito na camada III.

102
Figura 71 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de calcário na camada III.

103
Figura 72 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outros tipos litológicos na camada III.

104
Figura 73 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência do total de tipos litológicos na camada III.

105
679 313 90 74 162 silexito
62 97 110 1 10 qzohialino
5 0 1 1 0 SiO2
0 0 0 0 0 arenito
0 7 0 0 0 qzoleitoso
20 7 5 9 4 quartzito
12 4 5 3 2 Outros
12 41 0 2 8 calcário
ND4

OB3

OA2

NA3

NB4

Camada II inf - Q

Figura 74 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada II inf, com base
na quantidade de fragmentos.

0 0 0 0 0 arenito
22,5
3 0 0 0 0 qzoleitoso
0 15 2 0 1 SiO2
20 158 152 4 15 67 qzohialino
230 113 12 5 0 calcário
27 686 387 7 43 quartzito
17,5
29 465 95 13 25 Outros
991 3524 592 292 172 silexito
15

12,5

10
OB3

ND4

OA2
NA3

NB4

7,5

2,5

1,2 2,4 3,6 4,8 6 7,2 8,4 9,6 10,8 12

Camada II inf - P

Figura 75 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada II inf, com base
no peso total do material.

106
OB3

ND4

OA2

ND4

OA2

OB3

ND4

OB3

OA2
NA3

NB4

NA3

NB4

NA3

NB4
-3

-1000
-6 -1600
Similarity

Similarity

Similarity
-9
-2000

-12 -3200

-3000
0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6
II inf - Silexito II inf - SiO2 II Inf - Total
OA2

ND4

OB3

ND4

OA2

OB3

ND4

OA2

OB3
NA3

NB4

NA3

NB4

NA3

NB4
-100 -200
-160
Similarity

Similarity

Similarity
-200 -400

-320

-300 -600
0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6
II inf - Calcário II inf - Outros tipos líticos II inf - Quartzito
OA2

ND4

OB3
NA3

NB4

OB3

ND4

OA2
NA3

NB4

-2

-80
Similarity

Similarity

-4

-160
-6

0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6
II inf - Qzo Hialino II inf - Qzo Leitoso

Figura 76 - Clusteres por tipo litológico da camada II inferior, Gruta do Gentio II.

107
Figura 77 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de silexito na camada II Inferior.

108
Figura 78 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo hialino na camada II Inferior.

109
Figura 79 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo leitoso na camada II Inferior.

110
Figura 80 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzito na camada II Inferior.

111
Figura 81 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outras variedades de sílica na camada II
Inferior.

112
Figura 82 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de calcário na camada II Inferior.

113
Figura 83 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outros tipos litológicos na camada II
Inferior.

114
Figura 84 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência do total de tipos litológicos na camada II
Inferior.

115
1229 41 4 557 228 370 328 silexito
24 325 8 1 71 9 33 60 qzohialino
7 0 0 1 6 2 8 SiO2
10 0 0 2 0 0 7 qzoleitoso
21 1 0 0 0 1 0 2 arenito
28 0 0 9 6 3 11 Outros
30 0 0 4 15 11 14 quartzito
18 75 1 0 39 16 60 3 calcário

15

12
ND2

OB3

ND4

OA2
NB4

NA1

NA3

Camada II med - Q

Figura 85 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada II média, com
base na quantidade de fragmentos.

20 14 1 378 57 134 59 qzohialino


24 23 0 0 41 146 171 27 Outros
20 0 0 3 3 0 0 arenito
0 0 0 13 18 42 0 qzoleitoso
21 24 0 0 51 29 1 41 SiO2
120 0 0 413 53 114 395 quartzito
66 25 0 103 6 289 1003 calcário
18 769 279 9 2846 1516 1801 2041 silexito

15

12
ND2

OA2

OB3

ND4
NA3

NA1

NB4

1,6 3,2 4,8 6,4 8 9,6 11,2 12,8 14,4 16

Camada II med - P

Figura 86 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada II média, com
base no peso total do material.

116
OB3

OA2

ND2

ND4

ND2

OA2

ND4

OB3

OB3

ND2

OA2

ND4
NB4

NA1

NA3

NA3

NA1

NB4

NA1

NA3

NB4
-1000 -20
-16
Similarity

Similarity

Similarity
-2000 -40

-32

-3000 -60
0 1 2 3 4 5 6 7 8 0 1 2 3 4 5 6 7 8 0 1 2 3 4 5 6 7 8
II med - Qzo Leitoso II med - Silexito II med - SiO2
ND2

OA2

OB3

ND4

OA2

ND2

ND4

OB3

OB3

ND4

ND2

OA2
NA3

NA1

NB4

NA3

NB4

NA1

NA1

NA3

NB4
-300
-1600 -8
Similarity

Similarity

Similarity
-600

-3200 -16

-900
0 1 2 3 4 5 6 7 8 0 1 2 3 4 5 6 7 8 0 1 2 3 4 5 6 7 8
II med - Total II med - Arenito II med - Calcário
OA2

OB3

ND2

ND4

ND4

OB3

OA2

ND2

ND2

ND4

OA2

OB3
NA1

NB4

NA3

NB4

NA3

NA1

NB4

NA1

NA3

-160 -160
-80
Similarity

Similarity

Similarity

-320 -320

-160

-480 -480
0 1 2 3 4 5 6 7 8 0 1 2 3 4 5 6 7 8 0 1 2 3 4 5 6 7 8
II med - Outros tipos líticos II med - Quartzito II med - Qzo Hialino

Figura 87 - Clusteres por tipo litológico da camada II média, Gruta do Gentio II.

117
Figura 88 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de silexito na camada II Média.

118
Figura 89 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo hialino na camada II Média.

119
Figura 90 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo leitoso na camada II Média.

120
Figura 91 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzito na camada II Média.

121
Figura 92 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outras variedades de sílica na camada II
Média.

122
Figura 93 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de arenito na camada II Média.

123
Figura 94 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de calcário na camada II Média.

124
Figura 95 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outros tipos litológicos na camada II
Média.

125
Figura 96 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência do total de tipos litológicos na camada II
Média.

126
500 407 344 10 117 82 76 silexito
78 72 38 0 4 8 30 qzohialino
10 14 15 0 8 0 3 quartzito
7 5 2 0 3 1 0 SiO2
3 3 4 0 1 1 1 Outros
1 2 0 0 0 0 0 arenito
1 1 1 0 5 0 2 qzoleitoso
22 15 21 0 13 24 1 calcário
OB3

ND2

ND4

OA2
NB0

NB4

NA3

Camada II Sup - Q

Figura 97 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada II sup, com
base na quantidade de fragmentos.

120 12 4 2 0 9 0 SiO2
62 9 7 10 0 2 3 Outros
7 10 0 0 0 0 0 arenito
3 15 1 0 0 2 4 qzoleitoso
104 133 44 36 0 7 16 qzohialino
199 41 315 0 0 87 9 quartzito
195 107 176 676 0 16 9 calcário
2414 1894 1703 979 47 679 371 silexito
OB3

ND4

ND2

OA2
NB0

NB4

NA3

Camada II Sup - P

Figura 98 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada II sup, com
base no peso total do material.

127
ND4

ND2

OA2

OB3

ND2

OA2

ND4

OB3

ND2

ND4

OA2

OB3
NA3

NB0

NB4

NB0

NA3

NB4

NB0

NB4

NA3
-200 -20 -100
Similarity

Similarity

Similarity
-400 -40 -200

-600 -60 -300


0 1 2 3 4 5 6 7 8 0 1 2 3 4 5 6 7 8 0 1 2 3 4 5 6 7 8
II sup - Calcário II sup - Outros tipos líticos II sup - Quartzito
OB3

ND2

ND4

OA2

OA2

OB3

ND2

ND4

OB3

ND4

OA2

ND2
NB0

NA3

NB4

NB0

NA3

NB4

NB0

NB4

NA3
-50
-5 -1000
Similarity

Similarity

Similarity
-100
-10 -2000

-150
-3000
0 1 2 3 4 5 6 7 8 0 1 2 3 4 5 6 7 8 0 1 2 3 4 5 6 7 8
II sup - Qzo Hialino II sup - Qzo Leitoso II Sup - Silexito
OB3

ND4

ND2

OA2

ND2

OA2

ND4

OB3

OB3

ND2

ND4

OA2
NB0

NA3

NB4

NA3

NB0

NB4

NB0

NA3

NB4
-40 -1000 -4
Similarity

Similarity

Similarity

-80 -2000
-8

-3000
0 1 2 3 4 5 6 7 8 0 1 2 3 4 5 6 7 8 0 1 2 3 4 5 6 7 8
II sup - SiO2 II sup - Total II sup - Arenito

Figura 99 - Clusteres por tipo litológico da camada II superior, Gruta do Gentio II.

128
Figura 100 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de silexito na camada II Superior.

129
Figura 101 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo hialino na camada II Superior.

130
Figura 102 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo leitoso na camada II Superior.

131
Figura 103 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzito na camada II Superior.

132
Figura 104 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outras variedades de sílica na camada
II Superior.

133
Figura 105 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de arenito na camada II Superior.

134
Figura 106 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de calcário na camada II Superior.

135
Figura 107 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outros tipos litológicos na camada II
Superior.

136
Figura 108 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência do total de tipos litológicos na camada II
Superior.

137
1735 1131 1370 41 14 494 419 407 silexito
373 103 246 8 1 200 14 72 qzohialino
9 8 8 0 0 9 10 5 SiO2
11 0 10 0 0 9 5 1 qzoleitoso
1 0 1 0 0 2 1 2 arenito
49 31 21 0 0 22 32 14 quartzito
104 96 102 1 0 4 31 15 calcário
ND4

OB3

ND2

OA2
NB4

NA1

NA3

NB0

Camada II ass - Q

Figura 109 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada II ass, com
base na quantidade de fragmentos.

247 437 425 14 1 31 104 140 qzohialino


24 58 55 13 0 0 35 120 30 SiO2
0 3 10 0 0 20 7 3 arenito
0 14 60 0 0 2 3 22 qzoleitoso
21 1081 735 182 0 0 594 199 105 quartzito
1792 284 626 25 0 94 195 15 calcário
6544 4841 4686 279 56 2040 2414 2059 silexito
18

15

12
ND4

OB3

ND2

OA2
NB4

NA1

NA3

NB0

2 4 6 8 10 12 14 16 18

Camada II ass - P

Figura 110 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada II ass, com
base no peso total do material.

138
OA2

OB3

ND2

ND4

ND4

OB3

ND2

OA2

OB3

ND2

OA2

ND4
NB4

NA3

NA1

NB0

NB4

NA1

NB0

NA3

NB0

NA1

NA3

NB4
-20 -40
-2500
Similarity

Similarity

Similarity
-40
-80
-5000

-60
0 1 2 3 4 5 6 7 8 0 1 2 3 4 5 6 7 8 0 1 2 3 4 5 6 7 8
II ass - Qzo Leitoso II ass - Silexito II ass - SiO2
ND4

OB3

ND2

OA2

ND4

ND2

OA2

OB3

OB3

ND4

ND2

OA2
NB4

NA1

NA3

NB0

NA3

NA1

NB4

NB0

NB0

NB4

NA3

NA1
-4000 -8 -800
Similarity

Similarity

Similarity
-8000 -16 -1600

0 1 2 3 4 5 6 7 8 0 1 2 3 4 5 6 7 8 0 1 2 3 4 5 6 7 8
II ass - Total II ass - Arenito II ass - Calcário
ND4

OA2

OB3

ND2

ND4

ND2

OA2

OB3
NA1

NA3

NB0

NB4

NA3

NB4

NA1

NB0

ND2

OA2

ND4

OB3
NA1

NA3

NB0

NB4
-160 -200
-400
Similarity

Similarity

Similarity

-320
-400
-800

-480
-600
0 1 2 3 4 5 6 7 8 0 1 2 3 4 5 6 7 8 0 1 2 3 4 5 6 7 8
II ass - Outros tipos líticos II ass - Quartzito II ass - Qzo Hialino

Figura 111 - Clusteres por tipo litológico das camadas II associadas, Gruta do Gentio II.

139
Figura 112 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de silexito na camada II Associadas.

140
Figura 113 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo hialino na camada II
Associadas.

141
Figura 114 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo leitoso na camada II
Associadas.

142
Figura 115 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzito na camada II Associadas.

143
Figura 116 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outras variedades de sílica na camada
II Associadas.

144
Figura 117 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de arenito na camada II Associadas.

145
Figura 118 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de calcáario na camada II Associadas.

146
Figura 119 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outros tipos litológicos na camada II
Associadas.

147
Figura 120 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência do total de tipos litológicos na camada II
Associadas.

148
8 20 1 3 2 0 1 0 4 0 arenito
6 15 3 4 1 0 14 0 0 0 qzoleitoso
18 10 2 1 3 1 2 0 3 6 SiO2
104 51 15 5 16 1 2 0 16 6 Outros
182 85 17 20 17 0 10 9 12 24 quartzito
497 577 86 38 112 2 11 42 65 24 qzohialino
424 242 575 16 31 2 25 36 52 13 calcário
2844 1962 402 470 657 23 96 231 299 309 silexito
OB3

NC1

OA2

ND2

NC3

OA0
NB4

NB0

NA3

NA1

Camada I inf - Q

Figura 121 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada I inf, com base
na quantidade de fragmentos.
204 172 0 445 727 200 151 251 3834 1741 quartzito
51 103 2 92 34 48 119 0 739 274 Outros
146 38 2 84 61 69 53 153 830 583 qzohialino
6 5 1 24 1 7 17 0 290 75 SiO2
18 108 0 0 12 5 12 0 178 90 arenito
7 59 0 0 29 0 1 0 22 24 qzoleitoso
4700 300 22 309 348 166 169 235 2547 2207 calcário
1302 786 38 2146 2503 1465 1769 1830 1,565E04
8224 silexito
OA0

OA2

OB3
NC1

ND2

NA3

NA1

NB0

NC3

NB4

Camada I inf - P

Figura 122 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada I inferior, com
base no peso total do material.

149
OB3

OA2

NC3

OA0

NC1

ND2

OB3

OA2

OA0

NC1

ND2

NC3

OB3

NC3

OA0

NC1

OA2

ND2
NB4

NB0

NA1

NA3

NA1

NB4

NA3

NB0

NB4

NA1

NB0

NA3
-5000 -100
-8000
Similarity

Similarity

Similarity
-1E04
-200

-1,6E04

-1,5E04
-300
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
I inf - Silexito I inf - SiO2 I inf - Total
NC3

OA0

OA2

NC1

OB3

ND2

OB3

NC1

ND2

NC3

OA0

OA2

OB3

NC3

OA0

NC1

OA2

ND2
NA1

NA3

NB0

NB4

NB4

NB0

NA1

NA3

NA3

NB0

NA1

NB4
-1600
-30 -250
Similarity

Similarity

Similarity
-3200
-500
-60

-4800
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
I inf - Arenito I inf - Calcário I inf - Outros tipos líticos
OB3

OA0

NC1

OA2

ND2

NC3

OB3

NC1

NC3

ND2

OA2

OA0
NB4

NA3

NA1

NB0

NB4

NA3

NA1

NB0

ND2

OA2

OA0

NC3

NC1

OB3
NA1

NA3

NB4

NB0
0 0

-400 -25
-1600
Similarity

Similarity

Similarity

-800 -50
-3200

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
I inf - Quartzito I inf - Qzo Hialino I inf - Qzo Leitoso

Figura 123 - Clusteres por tipo litológico da camada I inferior, Gruta do Gentio II.

150
Figura 124 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de silexito na camada I Inferior.

151
Figura 125 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo hialino na camada I Inferior.

152
Figura 126 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo leitoso na camada I Inferior.

153
Figura 127 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzito na camada I Inferior.

154
Figura 128 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outros tipos de silica na camada I
Inferior.

155
Figura 129 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de arenito na camada I Inferior.

156
Figura 130 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de calcário na camada I Inferior.

157
Figura 131 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outros tipos litológicos na camada I
Inferior.

158
Figura 132 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência do total de tipos litológicos na camada I
Inferior.

159
174 270 335 306 55 68 9 39 29 160 115 115 127 152 silexito
453 151 34 7 3 13 4 4 0 12 2 20 94 74 calcário
16 12 19 7 2 6 0 4 2 16 1 7 0 11 quartzito
8 11 7 16 3 0 0 2 0 5 0 3 1 1 Outros
6 3 1 2 0 0 0 0 0 1 1 1 0 1 SiO2
2 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 arenito
17 2 0 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 qzoleitoso
94 32 71 68 10 12 0 2 6 15 11 25 23 25 qzohialino
OB3

OA2

OA0
NB0
NB2

NA3
ND2
NB4

NA1
ND4

NC1
NC3
LB1
LC0

Camada I sup - Q

Figura 133 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada I superior,
com base na quantidade de fragmentos.

79 48 15 0 4 135 3 59 170 0 27 26 105 0 Outros


213 94 30 30 26 53 51 24 4 0 4 23 18 25 qzohialino
31 5 3 0 0 10 8 2 0 0 0 1 0 2 SiO2
24 0 1 0 0 3 0 1 0 0 0 0 0 0 qzoleitoso
11 0 0 0 0 2 7 0 0 0 6 0 0 0 arenito
184 252 98 255 0 100 225 67 52 0 531 97 5 6 quartzito
1058 1386 1383 524 741 871 1015 288 77 79 651 637 650 716 silexito
2358 526 406 423 659 962 1099 22 0 10 83 123 8 12 calcário
OB3

OA0

OA2
NB2

ND2

NC1

NB0

NC3

NB4

NA1

NA3

ND4
LC0

LB1

Camada I sup - P

Figura 134 - Análise de cluster dos setores em relação aos resíduos líticos da camada I superior,
com base no peso total do material.

160
OA2

OA0
ND2

NC1
ND4

NC3
OB3

OB3

NC3
NC1
ND2

OA0
OA2

ND4

OB3
OA0
NC3

OA2

NC1

ND2

ND4
NB4
NB2

NA3
NA1

NB0

NB0

NA3
NB4
NB2

NA1

NB0
NB2

NB4

NA1
NA3
LC0

LC0

LC0
LB1

LB1

LB1
-800 -16 -1600
Similarity

Similarity

Similarity
-1600 -32 -3200

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
I sup - Silexito I sup - SiO2 I sup - Total
NC3
OB3

NC1
ND2
ND4
OA0
OA2

OA2

ND2
OA0

OB3

NC3
ND4

NC1

OA0

NC1
NC3

ND2
ND4

OA2

OB3
NB0
NB4

NA1
NA3
NB2

NA1

NA3

NB2

NB4
NB0

NA1

NB4

NB2

NB0

NA3
LC0

LC0

LC0
LB1

LB1

LB1
-5 -1000
-80
Similarity

Similarity

Similarity
-2000
-10

-160

-3000
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
I sup - Arenito I sup - Calcário I sup - Outros tipos líticos
ND4

NC1

OA2
OA0

ND2
NC3
OB3

OB3

OA2

ND2

ND4
NC1
OA0

NC3
NA3

NB4

NA1
NB0

NB2

NB2
NB4

NA3

NA1

NB0

OB3

ND2
ND4
OA0
OA2

NC1
NC3
LC0

LC0

NB0

NA1
NA3
NB2
NB4
LB1

LB1

LC0
LB1

-200 -100 -10


Similarity

Similarity

Similarity

-400 -200 -20

-600 -300 -30


0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
I sup - Quartzito I sup - Qzo Hialino I sup - Qzo Leitoso

Figura 135 - Clusteres por tipo litológico da camada I superior, Gruta do Gentio II.

161
Figura 136 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de silexito na camada I Superior.

162
Figura 137 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo hialino na camada I Superior.

163
Figura 138 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzo leitoso na camada I Superior.

164
Figura 139 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de quartzito na camada I Superior.

165
Figura 140 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outras variedades de sílica na camada I
Superior.

166
Figura 141 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de arenito na camada I Superior.

167
Figura 142 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de calcário na camada I Superior.

168
Figura 143 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência de outros tipos litológicos na camada I
Superior.

169
Figura 144 - Tabela e gráficos de contorno da ocorrência total de tipos litológicos na camada I
Superior.

170

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