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TEXTO BÍBLICO

2 Timóteo 3.1-5
1 — Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos;
2 — porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos,
blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos,
3 — sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para
com os bons,
4 — traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus,
5 — tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te.

INTRODUÇÃO

Uma das sete maravilhas do mundo antigo era o templo da deusa Diana, em Éfeso, lugar
para onde afluíam muitas pessoas para participar das famosas orgias da festa da “deusa da
volúpia”. A adoração acontecia através de relações sexuais com as prostitutas cultuais. Foi
para essa cidade que Paulo foi enviado como missionário (At 19). A certa altura, os
comerciantes (que vendiam souvenirs da deusa) revoltaram-se, motivados pela diminuição
dos seus lucros, decorrentes da redução das práticas religiosas mundanas, posto que Paulo
estava revolucionando a cidade, ao levar muitas pessoas a Cristo (At 19.26).

Esse tipo de conflito sempre existirá quando a cosmovisão judaico-cristã for anunciada,
posto que traz em seu bojo um forte confronto aos valores sociais, impondo um novo
padrão comportamental. Em qualquer ambiente, cristianismo e hedonismo nunca
conviverão pacificamente, como também não há paz entre o espírito e a carne (Gl 5.17).

A cultura da busca incessante pelo prazer (hedonismo) retrata, precisamente,


a situação da sociedade contemporânea.

I. A CULTURA DO PRAZER

1. O que é o Hedonismo.
O hedonismo traduz-se como o jeito de ver a vida em que se prioriza, acima de tudo, sem
limites, a satisfação pessoal, buscando, ao mesmo tempo, evitar a dor e o sofrimento. Ele
defende o prazer como um fim em si mesmo... o bem supremo. A Bíblia, porém, desmonta
essa armadilha ao afirmar que “necessidade padecerá quem ama os prazeres [...]” (Pv
21.17). Assim, quem ama o prazer terá falta de prazer, isto é, necessidade.

O grande problema do hedonismo circunscreve-se em divinizar o prazer, transformando-o


em um deus ou, quem sabe, em um demônio, que fará de tudo para conseguir seu objetivo.
A vida, porém, sabe-se, é cheia de sofrimentos, muitos deles necessários. Somos criaturas
caídas, precisamos muitas vezes sofrer para nos separar de nossos hábitos errados, das
nossas noções erradas e dos ídolos para os quais vivemos, para que nossos corações
sejam livres para amar a Deus.
2. As origens do Hedonismo.
A busca incontrolável pelo prazer, como o objetivo maior da própria vida, que demonstra o
caráter vão do homem sem Deus, existe desde os primórdios da humanidade, como se
observa nos casos da bigamia de Lameque e Esaú (Gn 4.23; 26.34), da orgia dos idólatras
(Êx 32.6), da fornicação coletiva dos judeus (Nm 25.1-3), da insaciabilidade de Salomão (Ec
2.10), etc. Como consequência, o fim de cada um deles não foi bom, pois está escrito que
“o homem vão cava o mal” (Pv 16.27).

Como pensamento filosófico, entretanto, o hedonismo foi organizado na Grécia, e seu


maior arauto foi Aristipo de Cirene (435-335 a.C.). Com o passar do tempo, a teoria
hedonista foi absorvida, total ou parcialmente, por outros pensamentos filosóficos, com
destaque especial ao epicurismo e ao utilitarismo.

Importante dizer, porém, que Deus nunca chancelou a tese que coloca o prazer ou a
felicidade como prioridade, motivo pelo qual é possível afirmar que todo hedonista é
idólatra, pois elege o prazer como o bem supremo da vida — a mesma coisa que faz o
avarento, em relação ao dinheiro —, lugar esse que deve pertencer ao Senhor.

3. As consequências do Hedonismo.
A vida do hedonista é vazia de significado. Salomão, depois de prometer a si mesmo
“gozar o prazer” (Ec 2.1), satisfazer a concupiscência dos olhos e realizar seus desejos
mais secretos (Ec 2.10); olhou para as obras de suas mãos e “eis que tudo era vaidade e
aflição de espírito e que proveito nenhum havia debaixo do sol” (Ec 2.11). Se for verdade
que tudo que ocupa o lugar de Deus é um ídolo, então é certo que Salomão idolatrou o
prazer, por algum tempo. Que grande desilusão! Ademais, não fosse suficiente o sofrimento
decorrente dessa crise existencial, o sábio Salomão arrematou tristemente que “por tudo o
dinheiro responde” (Ec 10.19) e, por fim, abandonando a sabedoria,tornou-se idólatra de
deuses estranhos pela influência de mulheres que supostamente lhe davam prazer (1Rs
11.1-8). O suprassumo da vida é começar bem e, com Deus, terminar melhor, sem nunca se
voltar aos paradigmas que regem o sistema corrompido deste mundo.

O hedonismo, bem presente em nossos dias, diviniza o prazer,


transformando-o em um deus ou, quem sabe, em um demônio, que fará de
tudo para conseguir seu objetivo.

II. HEDONISMO E AS OBRAS DA CARNE

1. A ideologia de gênero.
O hedonismo está na base da ideologia de gênero, a qual traduz reivindicações políticas
que chancelam obras da carne como a “prostituição, impureza e lascívia” (Gl 5.19). O
fundamento dessa nova ideologia, portanto, são as paixões sensuais que atentam contra o
denominado “instinto de preservação da espécie”, e agridem a santidade de Deus.

Os seres humanos têm a identificação do gênero a partir da definição do código DNA que
Deus determina para cada pessoa. Assim, eventuais alterações anatômicas, no curso da
vida, proporcionadas por cirurgias de mudança de sexo e uso de hormônios, jamais
transformarão homens em mulheres, ou mulheres em homens.
A Bíblia diz que os que viverem segundo a carne morrerão, mas os que, pelo Espírito,
mortificarem as obras do corpo, viverão (Rm 8.13). O bem supremo da vida não é o prazer,
seja ele qual forma tiver, mas desfrutar de íntima comunhão com Deus, o que produz uma
satisfação total, tanto nesta vida quanto na vindoura.

2. O aborto.
O aborto, aos olhos de Deus, é uma obra da carne chamada homicídio (Gl 5.21). Há
abundantes e irrefutáveis estudos médicos e bioéticos que demonstram que a vida começa
com a fecundação. A partir daí, qualquer agressão à vida que se desenvolve no ventre
materno atentará contra o mandamento de Deus (Êx 20.13), violará a cláusula pétrea (que
não pode ser mudada) da Constituição Federal do Brasil de 1988, que diz ser inviolável o
direito à vida (art. 5º, caput), e transgredirá o art. 2º do Código Civil Brasileiro, o qual anui
que a lei “...põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”.

Foi o Senhor quem trouxe à existência o ser humano, por isso Ele é chamado de o “Autor
da vida” (At 3.15 — ARA). Deus zela pela vida do homem desde o início da formação do
feto. Está escrito: “Os teus olhos viram meu corpo ainda informe.[...]” (Sl 139.16). Somente
Deus é capaz de dimensionar o amor que Ele sente por cada pessoa que nasce, obra-prima
de Suas mãos, imagem e semelhança dEle. Por isso, nenhum ser humano pode tirar a vida
de ninguém.

3. A descriminalização das drogas.


A obra da carne denominada “bebedices” (Gl 5.21) também tem sua motivação no
hedonismo. É a busca pelo prazer que faz uma pessoa “gastar o seu dinheiro naquilo que
não é pão” (Is 55.2). Está escrito: “Não estejas entre os beberrões de vinho... porque o
beberrão...” cairá “em pobreza” (Pv 23.20,21). A ingestão de bebida embriagante tira da
pessoa o bom senso, incutindo-lhe a impressão de que possui um novo “status” de poder,
por provocar-lhe estranhas experiências sensoriais. Esse é o mesmo processo das drogas
ilícitas modernas: maconha, crack, cocaína, LSD, êxtase, etc. Consumi-las, portanto, é uma
obra da carne e, por isso, devem severamente ser combatidas.

Ocorre, porém, que em diversos países do mundo, há uma onda de liberação da


maconha, inclusive no Brasil, mas isso se apresenta muito perigoso. Os jovens, desprovidos
de esperança e sem Deus no mundo, em busca de novas sensações, experimentarão cada
vez mais substâncias psicotrópicas proibidas que poderão aprisioná-los para sempre e
depois humilhá-los até à morte.

“Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo espírito


mortificardes as obras do corpo, vivereis” (Rm 8.13).

III. A COSMOVISÃO JUDAICO-CRISTÃ

1. O corpo como sacrifício vivo (Rm 12.1).


Enquanto o hedonismo segue transtornando o mundo, ao levar mais jovens à
sensualidade, prostituição, drogas, à libertinagem e a todo o tipo de vícios, Deus oferece um
jeito diferente de enxergar os valores da vida. A isso os apologistas chamam de cosmovisão
(um jeito de ver o mundo) judaico-cristã, que é a síntese de tudo aquilo que foi ensinado por
Deus ao longo de milênios e, benevolentemente, deixado escrito na Bíblia.

O discípulo não leva a cruz sem propósito, pois sabe o que está fazendo. Ele usa a razão!
É bem verdade que alegrias e delícias desta vida alcançarão os fiéis (Dt 28.1-13), mas elas
não se constituem nas coisas mais importantes, apenas representam timidamente parte das
alegrias e delícias que serão desfrutadas na eternidade.

2. A mente transformada (Rm 12.2).


Outro aspecto da cosmovisão judaico-cristã (que são as lentes através das quais se vê o
mundo) é a necessidade de ter uma “mudança de mente”, do grego metanoia (Rm 12.2).
Novos pensamentos que visem a glória de Deus, para que se compreenda toda a sua
vontade.

3. A contracultura do Reino.
Aderindo aos ensinamentos da cosmovisão do evangelho de Cristo, produzir-se-á uma
contracultura aos valores infundidos pelas heresias perniciosas no seio social. A cultura do
prazer (hedonismo), nisto incluída toda sorte de mazelas egoístas da sociedade
contemporânea, dará lugar ao serviço sacrificial em prol dos menos favorecidos, a quem a
Bíblia chama de “próximo”, à união familiar duradoura, ao desapego (e não cobiça) das
coisas materiais, dentre inúmeros outros benefícios.

Não é possível separar a busca hedonista pelos deleites e o pecado. As


verdadeiras alegrias e delícias somente são achadas à mão direita de Deus.

CONCLUSÃO

As pessoas que são ávidas pelo prazer não pensam, muitas vezes, nas consequências
das suas escolhas. No princípio, a experiência parece agradável, mas, no fim, exalará o
cheiro da morte. Diante disso, por amor, a igreja do Senhor não deve ficar calada, mas
cumprir com ousadia o mandato cultural recebido de Deus de transformar o mundo em que
se vive, porquanto “feliz é a nação cujo Deus é o Senhor”.

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