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“O Juízo” Aluna: Leticia de Souza Lima

O filme Juízo, dirigido por Maria Ramos, traz a tona a realidade enfrentada pela classe
media baixa em sua maioria. Nele são relatadas infrações cometidas por menores, que
variam de furtos a homicídios, e também o posicionamento do Estado diante do
acometimento de tais atos.
Um ponto comum entre todos os casos apresentados é a total falta de apoio da
família, quando existente. É comum, devido principalmente a falta de instrução,
mulheres se tornarem mães ainda na adolescência nas classes sociais inferiores. A falta
de preparo emocional tal como o financeiro, acabam criando uma disfunção familiar
que irá repercutir na criança resultante dessa gravidez. Além do que, a situação ainda é
agravada com a comum ausência da figura paterna, a qual muitas vezes não assume a
responsabilidade, sobrecarregando a mãe. O ambiente familiar para as crianças
apresentadas no filme, é caótico. A falta da figura paterna causa o descontrole, e sua
presença também pode ser problemática. A produção cinematográfica aborda mais
um problema enfrentado pela sociedade, o alcoolismo e a dependência química, estes
são responsáveis grandes responsáveis pelo número crescente de jovens infratores,
não só nas comunidades pobres. Como apresentado no filme, a presença de pais
viciados pode ser tão ou até mais prejudicial a criança do que um pai ausente.
Toda essa desestrutura familiar, desencadeia o cometimento de um crime, as vezes
até vitimando algum membro da família, tamanha a revolta fomentada pelo menor.
Infelizmente o Estado só se faz presente e eficiente para essas comunidades quando é
para punir um crime já cometido, e é esse o cenário em que se passa o filme.
Julgamentos em andamento na vara da infância e juventude, trazem a tona os
contextos nos quais os crimes ocorrem. Em sua totalidade as disfunções familiares se
fazem presentes, chegando ao ponto do menor preferir ficar nas instituições de
reclusão do que em suas próprias casas. Instituições essas extremamente precárias, as
instalações são sujas, escuras e sem ventilação adequada, há falta de colchões e de
espaço, o que acarreta em uma aglomeração de pessoas por sela.
Além de toda a precariedade física do lugar, que por si só já viola o ECA (Estatuto da
Criança e do Adolescente), há também a problematização do tratamento oferecido aos
infratores pelos agentes da lei. A forma como eles são tratados pode ser classificada
como além de desrespeitosa, e o que é mais surpreendente é que, o tratamento
desrespeitoso se estende aos agentes do judiciário. A própria juíza da vara da infância
e juventude desrespeita os menores a todo momento. E mais uma vez os adolescentes
têm seus direitos afetados, pois, os menores devem ser tratados com respeito e
dignidade de acordo com a própria lei a juíza deveria defender.
Por fim, nos momentos finais do filme, é mostrado que destino levou cada menor
infrator que teve seu caso julgado. E a conclusão que se tem é que o objetivo principal
das penalizações, que é a ressocialização dos jovens é raramente alcançado, e o que
realmente acontece é a fuga das instituições e a reincidência criminal.

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