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Seguidamente foi nomeado cardeal de Óstia por méritos que obteve ao trabalhar
a favor da reforma. Posteriormente foi nomeado núncio para a Alemanha e foi delegado
para tratar as causas de Gregório VII onde acabou por ser prisioneiro do imperador
Henrique IV, que se encontrava em guerra aberta com a Santa Sé, opondo-se às
reformas que reforçavam o poder da Santa Sé. Foi na Alemanha que encontrou o seu
maior desafio até então pois eram muitos os príncipes e bispos que se aproximavam de
Henrique IV.
Assim sendo, com a morte do papa Gregório VII é eleito o papa Victor III que
estava entre os cardiais que o papa anterior havia designado como possível sucessor
para a cátedra de Pedro. No entanto, teria ainda que se debater com o papa ou antipapa
Clemente III que queria fixar a sua residência no Vaticano. No leito da sua morte
recomendou Otão de Laguery bispo de Óstia, futuro Urbano II que permaneceu como
papa entre 1086 e 1087.
«A tal se não pode resignar Henrique IV, que depressa acorre com hostes
numerosas e restaura o antipapa. Volta Urbano II para o Sul. No Concílio de Amalfi
prestam-lhe homenagem Rogério, duque de Apúlia e Calábria e setenta bispos que
aplaudem os seus eloquentes anátemas contra o soberano da Alemanha e contra a
investidura leiga, a simonia, o nicolaísmo. E as coisas não tardam a sofrer modificações
profundas. Matilde da Toscana, que nunca desarma e até recorre a um consórcio fictício
com o moço filho do duque da Baviera, desenvolve porfiada ação militar e obriga os
imperiais a retroceder. Outros acontecimentos trazem graves preocupações e desaires ao
imperador [germânico]: primeiro a constituição da Liga Lombarda (em que se juntam
Milão, Cremona, Lodi, Placência), insurgida contra os bispos ilegitimamente investidos;
logo seu filho Conrado entra em franca revolta e se faz coroar em Milão rei de Itália. Ao
mesmo tempo, sob o comando do [p. 19] decidido Gebardo, bispo de Constança,
importantes efetivos se movimentam na Alemanha e põem em xeque as suas
guarnições.
É agora que lhe vai ser possível dar a sua inteira medida e lançar a Igreja nos
caminhos para que tende a partir de Gregório VII.
Antigo prior de Cluny, cujo espírito absorveu no maior grau, Urbano II, ao sentir
próximo do fim o mais poderoso antagonista e ao compreender até que ponto a nova
1
Cf. Ameal, 2:17–18.
2
Ameal, 2:18.
disposição das forças internacionais lhe é favorável - resolve-se a tirar das premissas
postas todas as consequências e a dar plena execução aos grandes planos de
Hildebrando.»3
O seu primeiro passo é revitalizar o papel dos legados pontifícios: assim, nomeia legado
em França o bispo Hugo de Lião, que já anteriormente exerceu tais funções e se fez
notar pelo zelo e pela atividade; e legado em Espanha o arcebispo Bernardo de Toledo,
desde 1088 primaz das dioceses ibéricas. Autorizados a convocar, em nome do Vigário
de Cristo, sínodos e concílios - os legados representam oportuna descentralização do
poder papal e velam com maior eficácia pela disciplina do clero e pela reforma dos
costumes.
A primeira ação que teve como papa foi exortar que príncipes e bispos que
tinham sido fiéis aos seus dois últimos antecessores a serem também fiéis ao novo Papa,
declarando prosseguir com a política que Gregório VII iniciara, afirmando assim:
5
«” Tudo aquilo que ele rejeitou, eu rejeito, o que ele amou eu abraço, o que ele
considerou católico, eu confirmo e aprovo”.»
3
Ameal, 2:18–19.
4
Ameal, 2:18–19.
5
Dos Apóstlos ao Papa João Paulo II, pp. 69.
Concluindo, verificamos que o papa Urbano II teve uma enorme importância
política para aquilo que era o contexto do Vaticano no século XI. Apesar de não ter tido
um pontificado sereno e facilitado, Urbano II mostrou-se resiliente, extremamente
diplomático, conseguindo enfrentar os desafios e as dificuldades da sua época,
mostrando ser exemplo de papa e até de santidade que foi reconhecida posteriormente.
BIBLIOGRAFIA
QuidNovi. Dos Apóstolos ao Papa João Paulo II - O Trono de São Pedro. Vol. IV.
12 vols. Matosinhos: QuidNovi, 2005.
Saba, Agustín. Historia de los Papas. Vol. I. Barcelona: Editorial Labor, 1948.