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O sistema sociopolítico danoso dos resíduos urbanos

VINÍCIUS FERREIRA BAPTISTA*

Resumo: Este artigo tem como objetivo situar os resultados do relatório


produzido pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) destinada a investigar
e apurar as causas e consequências do uso e permanência dos “lixões” no estado
criada pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ) em 5
de fevereiro de 2015. Para tanto, situamos primeiramente uma breve
apresentação do sistema de coleta seletiva no município do Rio e, na segunda
parte analisamos o relatório. Concluímos que o sistema de coletiva seletiva
estruturado na cidade do Rio de Janeiro importa um contexto social de
subdesenvolvimento distante da capacidade de organização que proveja ações de
geração de trabalho, renda e cidadania, criando um processo danoso à sociedade
carioca.
Palavras-chave: Coleta Seletiva; CPI; Rio de Janeiro.
The damaged sociopolitical system in urban waste
Abstract: This article aims to locate the results of the report produced by the
Parliamentary Commission of Inquiry (CPI) to investigate and determine the
causes and consequences of the use and permanence of the "dumps" in the state
created by the Legislative Assembly of the State of Rio de Janeiro (ALERJ) on
February 5th in 2015. In order to do so, we first present a brief presentation of the
selective collection system in the city of Rio, and in the second part we analyze
the report. We conclude that the selective collective system in the city of Rio de
Janeiro imports a social context of underdevelopment that is far from
organizational capacity that provides actions to generate work, income and
citizenship that strengthens a damaging process to the society of Rio.
Key words: Selective Collection; CPI; Rio de Janeiro; Urban solid waste.

*
VINÍCIUS FERREIRA BAPTISTA é administrador. Doutor em Políticas Públicas e
Formação Humana (UERJ). Professor Adjunto do Departamento de Administração Pública e do Programa
de Pós-graduação em Desenvolvimento Territorial e Políticas Públicas da Universidade Federal Rural do
Rio de Janeiro (UFRRJ).
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Foto: Thiago Lontra. Fonte: Notícia da ALERJ:

Introdução: a coleta seletiva no Federal nº. 5.940/2006 institui a


município do rio de janeiro separação dos resíduos recicláveis
descartados pelos órgãos e entidades da
O Programa de Coleta Seletiva Solidária
da Prefeitura do Rio de Janeiro (PCSS), administração pública estadual direta e
criado pelo Decreto Municipal nº. indireta, na fonte geradora, e a sua
30.624/2009 (RIO DE JANEIRO, 2009), destinação às associações e cooperativas
em cumprimento ao Decreto Federal nº. dos catadores de materiais recicláveis
5940/2006, destina materiais recicláveis, (RIO DE JANEIRO, 2007).
separados nas unidades da administração A coleta seletiva de materiais recicláveis,
municipal, a cooperativas e a associações realizada porta a porta nos principais
de catadores, com perspectivas de logradouros de 41 dos 160 bairros do
ampliação da mesma, com a alargamento Município do Rio, permite que 200 t/dia
desta prática nos demais órgãos sejam encaminhadas às esteiras de
municipais. No PCSS está prevista catação da Usina de Reciclagem do Caju,
“extensa capacitação dos catadores para onde trabalham 110 cooperados,
a autogestão das Centrais de Triagem, recuperando cerca de 20 t/dia de
incluindo a gestão financeira e contábil, recicláveis. Ainda segundo o
segurança do trabalho e patrimonial, documento, “a quantidade de recicláveis
saúde ocupacional e ambiental, mercado recuperada pelo sistema de coleta
de materiais recicláveis e seletiva e pelas cooperativas de
comercialização em rede, dentre outras” catadores atingiu 7.797 toneladas em
(RIO DE JANEIRO, 2012, p. 37). todo o ano de 2011. Isto equivale a
Já o Decreto nº. 40.645/07 de 08 de apenas 4 g por pessoa por dia”. O Estado
março de 2007 do Estado do Rio de do Rio de Janeiro produz
Janeiro que, nos moldes do Decreto aproximadamente 12.000 toneladas de

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lixo por dia. Deste total, estima-se que Capacitação, assessoria de gestão e
quase 80% vão parar em lixões sem formação de redes de comercialização
qualquer tipo de tratamento (RIO DE voltados aos catadores; 4) Aquisição de
JANEIRO, 2012, p. 33). máquinas, equipamentos, veículos,
móveis e utensílios, destinado à melhoria
Dados do Sistema Nacional de da estrutura produtiva e de
Informações sobre Saneamento (SNIS), comercialização das cooperativas de
em seu Diagnóstico sobre Resíduos catadores participantes do projeto.
Sólidos de 2010, destaca que do total dos
4.176.978t de resíduos coletados (já
O PEGIRS situa que o Estado do Rio de
somados os 1.989.902t de resíduos
Janeiro apresenta taxa de cobertura de
domiciliares) em 2010, 1.295,8t foram
coleta de Resíduos Domiciliares (RDO)
coletados por catadores de materiais
igual ou superior a 90%, sendo coletados
recicláveis apoiados pela prefeitura.
17 mil t/dia de RSU, das quais
Quanto à coleta seletiva, foram
aproximadamente 5 mil t/dia são
coletados, em 2010, 9.451,9t, sendo que
consideradas como Resíduos de
8.156,1t coletados pela prefeitura e
Limpeza Urbana (RLU) e 13 mil t/dia
1.295,8t coletados por catadores. Ainda
RDO (RIO DE JANEIRO, 2013). O
segundo o SNIS, existem, no município
município do Rio faz apenas 1% de
do Rio de Janeiro, 13 entidades com
coleta seletiva na cidade. A Coleta
aproximadamente 563 pessoas
Seletiva é coordenada pela Compahia
envolvidas na coleta seletiva. A taxa de
Municipal de Limpeza Urbana
recuperação é baixíssima: 0,36%, ou
(Comlurb) e pela Secretaria Municipal
seja, menos de 1% dos resíduos
do Meio Ambiente (SMAC), e parte do
coletados em 2010 foi recuperado (SNIS,
Plano Estratégico do município (2012-
2012).
2014). No âmbito Estadual, a Coleta
O Contrato de Concessão de Seletiva é coordenada pela Secretaria
Colaboração Financeira Não Estadual do Ambiente (SEA) e Instituto
Reembolsável nº. 10.2.2030.1, de Estadual do Ambiente (INEA).
30/12/2010, prevê investimentos de R$
28,3 milhões do Município do Rio de O sistema de coleta seletiva na cidade
Janeiro e R$ 22,2 milhões do Banco vem sofrendo pressão a partir da
Nacional de Desenvolvimento promulgação da PNRS, uma vez que
Econômico e Social (BNDES), pelo Art. 54º a disposição final
contemplando, dentre outras, as ambientalmente adequada passará a ser
seguintes ações para a ampliação do obrigatória, sujeita a responsabilidades
Programa de Coleta Seletiva do nos âmbitos administrativo, civil penal.
Município do Rio de Janeiro atendendo E a coleta seletiva vem justamente a
aproximadamente 25 grupos de assegurar essa adequada destinação, já
catadores: 1) Ampliação da coleta que segrega materiais e evita destinações
seletiva no Município e entrega dos errôneas. A coleta seletiva tem seu início
recicláveis aos catadores; 2) Implantação a partir da separação prévia, na fonte
de seis centrais de triagem (galpões para geradora de resíduos, de materiais
o recebimento, triagem e enfardamento passíveis a serem recuperados ou não,
de recicláveis), que serão posteriormente geralmente separados em materiais
cedidas às cooperativas de catadores recicláveis ou materiais orgânicos.
selecionadas, com possibilidade de Quando separados, os materiais
incluir mais de mil catadores; 3) orgânicos são recolhidos pela Comlurb,

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que os deposita nos CTRs de Gericinó e filhos para que a Escola repense a
Seropédica. proposta educacional na questão do lixo
e do reaproveitamento e recuperação de
Quando aos materiais recicláveis, estes,
materiais. Paralelamente, as
separados na fonte geradora, podem ser
cooperativas reforçam laços de
coletados em seis possibilidades: 1)
proximidade com a comunidade
Pelas Cooperativas de Catadores (ex:
realizando campanhas e exercendo
órgãos públicos do Estado e Município,
influência sobre hábitos de descarte
em atendimento aos Decretos Estadual
adequado. É de considerar que as
nº. 40.645/07 e Municipal 30.624/09,
cooperativas possuem elevada expertise,
assim como em casos de doação, tendo
tanto teórica quando técnica acerca das
em mente que dificilmente alguma
tipologias, por exemplo, de plásticos,
cooperativa sai recolhendo porta-a-
vidros e papeis e as demandas de cada
porta); 2) Pelo Catador Individual,
um desses materiais em processos de
quando o material reciclável está exposto
recuperação quando se variam os tipos
nas ruas à espera de catação; 3) Pelo
dos mesmos. Essa aproximação com a
titular dos serviços de limpeza pública
comunidade faz com que a cooperativa
(no caso a Comlurb, no município do se torne um “local” onde o comércio
Rio); 4) Por empresas privadas
local e moradores podem doar seus
especializadas em coleta de resíduos
resíduos. Ainda pelo âmbito informal,
(isso quando o gerador dispõe de
existem casos em que catadores que
recursos [ele paga pelo recolhimento] ou
trabalham nas ruas vendem seus
quando o material é vendido para essas
materiais às cooperativas. Estas
empresas); 5) Em Pontos de Entrega
cooperativas, quando não conseguem
Voluntária (PEV – também chamados de
agregar o catador de rua para que se
Ecopontos), onde são coletados pelo
associe, costumam comprar os materiais
titular de serviços de limpeza pública; 6) dos mesmos. Existem também casos de
Por atravessadores (geralmente pessoas atravessadores que revendem materiais
voltadas aos ferros-velhos) para cooperativas. Esta é uma conjuntura
Podemos situar a atuação das que é difícil de explicar, mas que no
cooperativas (em termos de recebimento contato com as cooperativas, trata-se de
de resíduos) em duas frentes: pelo uma prática percebida como usual.
âmbito formal ou pelo âmbito informal.
Já no âmbito formal, as cooperativas
Dificilmente uma cooperativa se disporá
recebem material de atores públicos e
a coletar porta-a-porta, tal como faz a
privados por meio de doações. Órgãos
Comlurb pelo simples motivo de que as
públicos, seja de qualquer esfera da
mesmas não costumam ter veículos
próprios que permitam essa logística. federação, costumam atender ao decreto
5.940/2006 (no caso federal e nas demais
Deste modo, as cooperativas recebem
leis estaduais e municipais com o mesmo
resíduos em vez de recolher os mesmos.
teor legislativo) e doar seus materiais
Comecemos pelo âmbito informal. As para as cooperativas. Já empresas
cooperativas costumam realizar trabalho privadas também fazem o mesmo, mas
de base no sentido de conscientização geralmente por intermédio da Prefeitura,
local acerca das positividades e via Comlurb. Há casos em que órgãos
negatividades do exercício da coleta públicos publicam editais com
seletiva em âmbito doméstico. Boa parte determinados requisitos em que
dos cooperativados exercem influência cooperativas participam, tal como em
em escolas, por intermédio dos seus pregões públicos, e assinam um termo de

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compromisso. Não se trata de compra ou diretamente para disposição final, o que
venda de materiais nem de transferência contraria a legislação. Alguns materiais
de recursos, mas de um termo em que são podem não ser aproveitados pela cadeia
apontados, por exemplo, periodicidade recicladora e serem vendidos às
da retirada de resíduos pelas empresas que controlam os lixões e
cooperativas, os locais, como o material aterros. Existem três possibilidades de
será acondicionado até a retirada, entre destinação final: Lixão, Aterro
outros itens importantes. Ainda no Controlado e Aterro Sanitário (pela lei
aspecto formal está uma das principais somente poderia a disposição neste
fontes: o recebimento via o titular da último. Este é o fluxo formal da coleta
limpeza urbana, no caso do Rio, a seletiva. Contudo, existem elementos
Comlurb. Esta possui uma lista de não vistos, em primeiro momento que
cooperativas cadastradas e, a partir da comprovam a existência de aspectos
logística empregada na coleta se danosos neste sistemas. Vejamos, assim,
resíduos, procede-se à entrega às o relatório da CPI dos Lixões.
cooperativas próximas cadastradas.
Trata-se da forma mais comum na gestão O caso da CPI dos lixões
da coleta seletiva. A conjuntura da coleta seletiva é tensa e
Seguindo para o fluxo da coleta seletiva, tenebrosa no Rio. É necessário entrar
a Comlurb, ao coletar resíduos neste mérito, porque não é coincidência
recicláveis (seja pela coleta porta a porta que o projeto do PCSS, e as instalações
ou por PEV), os disponibiliza às das ETRs no município do Rio de
Cooperativas de Catadores registradas Janeiro venham todos a ser suspensos no
pela instituição. Alguns catadores exato momento em que corriam as
individuais vendem seus resíduos para as investigações da CPI.
Cooperativas, assim como para Em 5 de fevereiro de 2015, a Assembleia
Sucateiros de pequeno e médio porte. As Legislativa do Estado do Rio de Janeiro
empresas especializadas vendem os (ALERJ), por meio da Resolução nº 04,
materiais recicláveis para sucateiros de criou a Comissão Parlamentar de
médio e grande porte também. Inquérito (CPI) destinada a investigar e
apurar as causas e consequências do uso
A fase de triagem de resíduos é realizada
e permanência dos “lixões” no estado. A
geralmente por Cooperativas de
criação desta CPI teve como ponto
Catadores e por Sucateiros de pequeno e
principal apurar o cumprimento da
médio porte. Os grandes sucateiros
Política Nacional de Resíduos Sólidos,
preferem apenas acondicionar e revender
no âmbito do Estado do Rio de Janeiro,
resíduos às empresas recicladoras. A fase
de segregação e triagem dos resíduos não sobretudo no que diz respeito à meta de
erradicação de todos os lixões existentes
deve ser confundida: a segregação
no país até o ano de 2014. Nesse sentido,
consiste em separar materiais
além de apurar a existência de lixões no
aproveitáveis dos não aproveitáveis, uma
Estado a criação da referida Comissão
vez que, em certos casos, as cooperativas
também teve o objetivo de avaliar o
recebem resíduos orgânicos junto aos
cenário da gestão de resíduos sólidos no
recicláveis; já a triagem consiste em
Estado, assim como os reflexos
separar os resíduos por tipo em fardos, o
ambientais, sociais e econômicos
que facilita a logística e venda.
causados em virtude da ação ou omissão
Existem casos em que os materiais não do Poder Público. Em 2 de março de
passam por tratamento e são destinados 2016 foi aprovado o Relatório Final da

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CPI elaborado pelo relator, Deputado públicos na prática não avançou como o
Thiago Pampolha, com muitas disputas esperado (ALERJ, 2016, p. 17). Uma das
internas, especificamente levantadas conclusões do relatório da CPI, foi que a
pela Deputada Lucinha, por o relator não empresa Haztec possui 50,01% do
abordar punições nem recomendações capital acionário da SERB (utiliza o
mais efetivas. nome fantasia Ciclus), empresa
proprietária da Central de Tratamento de
A partir da PNRS e através do Decreto
Resíduos de Seropédica. Assim sendo,
estadual nº 42.930/11, que instituiu o
partindo do princípio que a SERB
Pacto Pelo Saneamento, foi criado
(Ciclus) é um braço da Haztec, essa
também o subprograma o “Lixão Zero”,
empresa recebe em seus aterros em torno
com vistas à erradicação dos lixões no
de 12.600 toneladas/dia, o que
Estado e à implantação de aterros
corresponde a aproximadamente 75% do
sanitários e Centrais de Tratamento e
total de resíduos produzidos diariamente
Destinação de Resíduos, com metas de
em todo o Estado do Rio de Janeiro.
erradicar todos os lixões até 2014 e
remediação de todos eles até 2016. Para O valor do contrato para disposição final
a execução do Programa Lixão Zero, as de resíduos com o município do Rio de
ações da Secretaria de Estado do Janeiro e a Ciclus tem o valor global
Ambiente foram voltadas para duas estimado em R$ 1.007.628.360,00 (Um
linhas de atuação: o desenvolvimento do bilhão e sete milhões e seiscentos e vinte
Plano Estadual de Resíduos Sólidos e oito mil e trezentos e sessenta reais),
(PERS) e as ações para a erradicação dos sendo estimado o valor mensal de R$
lixões no Estado do Rio de Janeiro. 5.574.602,00, sendo R$ 2.115.461,00
para os serviços de operação do Sistema
Para dar efetividade à política do Lixão de Transferência e R$ 3.459.141,00 para
Zero, o Estado procurou utilizar como operação do Centro de Tratamento de
instrumentos: o licenciamento de aterros
Resíduos Sólidos.
privados; o ICMS Verde; investimentos
na construção de aterros sanitários Ainda de acordo com o contrato assinado
regionais e no rateio das despesas dos entre o município do Rio de Janeiro e a
consórcios públicos interinstitucionais; SERB (Ciclus), Cláusula 2.2, de modo a
projetos e obras de remediação dos facilitar a logística no transporte dos
lixões desativados; e o Programa resíduos para a Estação Final de
Compra de Lixo Tratado, que auxilia os Tratamento, estava prevista a operação
municípios com o pagamento de parte de 07 Estações de Transferências de
dos custos no processo de transição da Resíduos, sendo três já existentes (Caju,
disposição em lixão para disposição Jacarepaguá e Bangu) e outras quatro a
adequada em aterros. Ademais, o PERS, serem construídas pela empresa (Penha,
através do subprograma lixão zero Marechal Hermes, Tanque e Campo
previu também a formação de consórcios Grande).
e arranjos regionais.
O representante da empresa Comlurb,
Existem ainda 17 lixões em Ricardo Dias de Sena, afirmou à CPI que
funcionamento em nosso Estado e quase no momento apenas 05 ETR's estavam
todos os municípios que depositam hoje em operação (Caju, Jacarepaguá, Bangu,
seus resíduos de forma adequada em Santa Cruz e Marechal Hermes), sendo a
aterros sanitários procuraram o caminho de Campo Grande substituída por Santa
da solução individual, além de que a Cruz, e que faltava ainda a construção
perspectiva dos arranjos e consórcios das outras duas previstas, uma na Penha

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e outra na Taquara (substituindo a de A CPI procurou investigar a amplitude
Tanque prevista pelo contrato) (ALERJ, de atores. Assim como evidenciamos
2016, p. 17). anteriormente e justificamos que
determinados atores não responderam
O relatório da CPI verificou que ocorria
aos e-mails enviados pelo autor da Tese,
um “sequestro” de resíduos, assim como
a CPI também deixa claro que, dos 92
mascaramento do que efetivamente ia
Municípios do Estado somente 40
para o aterro sanitário. Também
responderam ao ofício da CPI
auferiram que vários caminhões levavam
questionando a existência da Coleta
resíduos para Seropédica, levantando
Seletiva.
suspeitas de que a Ciclus não estaria
recebendo material apenas dos contratos Não Possuem Coleta Seletiva:
assinados com municípios especificados, Vassouras, Rio Claro, Barra do Piraí,
mas também de outros geradores. São Fidelis (3,41%), Quissamã, Mendes,
Duque de Caxias, Queimados,
Foi indicado que caminhões que Mangaratiba (só atende as grandes
chegavam ao CTR de Seropédica “não geradoras, não a população), Iguaba
possuíam qualquer identificação, não Grande, Italva, Santa Maria Madalena
permitindo dessa forma identificar de (só pneus, lixo eletrônico e óleo vegetal),
que local vinha o respectivo material, Piraí, Macuco, São Francisco do
dando clara impressão de ilegalidade”, Itabapoana, Arraial do Cabo, Duas
suspeitando-se dos resíduos que entram Barras, Tanguá, Sebastião do Alto,
no aterro sanitário de Seropédica serem Vassouras. Já os que possuem Coleta
em quantidade muito maior do que Seletiva: Mesquita 14,12%, Santo
aquilo que se propôs (ALERJ, 2016, p. Antonio de Pádua 85%, Magé 5,7 %,
17). Miguel Pereira 10%, Bom Jesus de
Destacamos que a Ciclus é de inteira Itabapoana 45,76%, Itaocara 77%,
responsabilidade da prefeitura do Rio de Paracambí, Niterói, Porto Real 100%,
Janeiro, uma vez que foi com esta que o Cantagalo, Quatis, Rio das Ostras,
contrato foi assinado, fazendo parte de Nilópolis, Petrópolis, Itatiaia, Itaperuna
uma série de políticas para a coleta 30%, Volta Redonda, Maricá, Paraíba do
seletiva. Aliás, um dos elementos mais Sul 33,62%, Carmo 70%.
destacados pelo relatório da CPI foi que O desempenho dos Municípios listados,
a prefeitura e o Estado apenas investiram segundo o relatório, é muito ruim,
em inciativas com pouco valor agregado, sobretudo nos que se declararam
abarcando apenas a triagem e não o possuidores de coleta seletiva. Somente
beneficiamento, ou seja, iniciativas que 3 Municípios, Porto Real (100%), Santo
pouco são capazes de gerar valor Antônio de Pádua (85%) e Itaocara
financeiro significativo às cooperativas.
(77%), ultrapassaram a barreira dos 50%
A CPI indica que “encontrou poucas ou do Município com os bairros realizando
quase nulas iniciativas de coleta seletiva. Os outros, com exceção
beneficiamento de recicláveis que, de Bom Jesus de Itabapoana (45,76%),
contribuem muito pouco para diminuir não conseguem chegar nem a 15%.
os índices de material reciclado O relatório da CPI faz uma análise do
enterrado, subvalorizando o potencial Projeto CRS - Catadores e Catadoras em
imenso de geração de emprego e renda rede solidária, que tem como base
através dos postos de trabalho no setor da principal o convênio assinado durante a
reciclagem” (ALERJ, 2016, p. 20). Rio +20 entre a Secretaria de Estado do

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Ambiente (SEA) e a Secretaria Nacional Perguntado sobre a quantidade de
de Economia Solidária (SNES), cooperativas legalizadas informou que a
vinculada ao Ministério do Trabalho e instituição apoiava na ocasião apoiando
Emprego (MTE). O valor global do 45 empreendimentos, sendo 33
convênio é de R$ 9.285.582,56 (nove cooperativas já existentes e possuidoras
milhões, duzentos e oitenta e cinco mil, de CNPJ, mas que precisavam de
quinhentos e oitenta e dois reais e organização administrativa e gerencial, e
cinquenta e seis centavos), sendo R$ outros 12 empreendimentos, de modo
8.297.125,09 provenientes do que 07 já tinham sido legalizados com
MTE/SENAES e R$ 930.000,00 de CNPJ e os 05 restantes se encontravam
responsabilidade da SEA a título de com o CNPJ encaminhado (ALERJ,
contrapartida, a ser utilizada para a 2016).
compra de equipamentos. O prazo de
execução do convênio inicialmente era Ainda neste processo, um dos resultados
de 36 meses, com término previsto para concretos apontados na Meta 3
22/12/2015. Todavia, foi celebrado (assessoria) foi a colocação de terceiro
termo aditivo entre a SEA e o lugar alcançada pela Rede Movimento,
MTE/SENAES, prevendo novo prazo de uma das Redes apoiadas pela Pangea e
encerramento do Projeto para julho de que é representada pela Associação dos
2016. Catadores do Aterro Metropolitano de
Jardim Gramacho - ACAMJG, no edital
Do processo seletivo foi vencedora a Cataforte3, promovido pela Secretaria
OSCIP (Organização Social de Interesse Geral da Presidência da República, o que
Público) PANGEA - Centro de Estudos resultou na aprovação de um
Socioambientais, com a qual foi investimento em equipamentos no valor
celebrado Termo de Parceria em 17 de de R$ 3.332.470,00, a ser realizado pela
dezembro de 2012, no valor global de R$ FUNASA diretamente a 33 cooperativas
7.367.125,09 (sete milhões, trezentos e que fazem parte da referida Rede de
sessenta e sete mil, cento e vinte e cinco Comercialização. Ainda segundo
reais e nove centavos). No relatório da informações da SEA o papel do Projeto
CPI consta depoimento do presidente da CRS neste caso foi proporcionar o apoio
PANGEA, informando que em relação à técnico e jurídico necessário para a
Meta 1, foram identificados e captação do recurso e que o mesmo seria
cadastrados 3.084 catadores, dos quais aplicado sem intervenção da SEA ou da
601 estavam em organizações de PANGEA.
cooperativas, correspondendo a quase
20%; 2.274 catadores estavam em Em 30 de dezembro de 2010 foi assinado
situação de desorganização, ou seja, entre o município do Rio de Janeiro e o
catando, coletando sozinho, Banco Nacional de Desenvolvimento
individualmente, em situação de rua, o Econômico e Social - BNDES o contrato
que corresponde a 73%; e 209 nº 10.2.2030.1 de colaboração financeira
desorganizados em situação de lixão, não reembolsável no valor de R$
correspondendo a 6,77%, não 22.186.541,00 (vinte e dois milhões,
significando que dos 41 municípios cento e oitenta e seis mil e quinhentos e
pesquisados não tenha só isso, uma vez quarenta e um reais). Os recursos seriam
que o cadastro foi realizado com base na destinados ao programa de coleta
meta 3 mil catadores, estipulada, seletiva da cidade do Rio com a inclusão
segundo o presidente do PANGEA, pelo social dos catadores, com orçamento
do Governo Federal. total em R$ 50 milhões, cabendo ao

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município a contrapartida de R$ 28 apoiadas com recursos do Contrato e da
milhões. Ainda de acordo com as correspondente contrapartida, formado
informações divulgadas pela própria por representantes do Município e do
Prefeitura do Rio, o projeto previa a BNDES somente, não contando com
organização de 1.500 catadores e a representantes das cooperativas de
participação de 25 cooperativas catadores. O Conselho Gestor, com a
existentes, a partir da montagem de seis atribuição de gerenciar a implantação do
centrais de triagem de resíduos sólidos, Projeto, é composto, conforme Decreto
que receberiam a infraestrutura, Municipal 32.837, pela Secretaria
incluindo terrenos, instalações, Municipal de Meio Ambiente, Secretaria
equipamentos e caminhões, além do Municipal de Conservação, Secretaria
material da coleta seletiva feita pela Especial de Desenvolvimento Solidário
Comlurb. O projeto previa ainda apoio e COMLURB, não fazendo parte deste
em capacitação, assessoria técnica e a Conselho representantes das
formação de rede de comercialização. cooperativas.

O objetivo principal do financiamento do Foram encontrados também na Central


BNDES seria, portanto, a implantação de de Triagem de Bangu, assim como
seis Centrais de Triagem, que acontece na Central de Triagem de Irajá,
receberiam, dente outros produtos, quase que diariamente, material
material da Comlurb oriundo de contaminado trazendo risco à saúde dos
programa de coleta seletiva. Oportuno catadores também daquela Cooperativa.
esclarecer também que as Centrais de De acordo com os trabalhadores, os
Triagem previstas pelo convênio com o principais sintomas após o contato foram
BNDES não se confundem com as ETR's náuseas, dor de cabeça, perda de voz,
Estações de Transferências/Transbordo) falta de ar e dormência na boca. Os
previstas no contrato entre a Comlurb e a catadores não receberam nenhum auxílio
Ciclus. Enquanto as primeiras objetivam por parte da Comlurb. Com relação ao
o reaproveitamento de parte do lixo fato, a Comlurb alegou se tratar de um
através da reciclagem, as outras servem fato isolado.
como ponto estratégico para receber o
lixo recolhido pela Comlurb e enviá-lo A Central de Irajá entrou em
para a CTR de Seropédica em caminhões funcionamento em 06 de janeiro de 2014
maiores. Todavia, embora o município e contava na ocasião com o trabalho de
do Rio de Janeiro seja o contratante aproximadamente 20 cooperados. O
direto e executor do contrato, material recebido por cooperativa é
responsável pela execução e oriundo da Zona Sul e Tijuca do
acompanhamento das ações, assim como Município do Rio de Janeiro, entretanto,
pela prestação de contas junto ao não recebia material suficiente para
BNDES, os bens adquiridos devem ser manter o sustento de aproximadamente
destinados a cooperativas de catadores 20 pais e mães de família. Os
de materiais recicláveis, conforme equipamentos comprados para a referida
determina o contrato. Central foram inadequados para o
funcionamento da cooperativa. A esteira
O contrato prevê também duas instâncias é fixa e a prensa não comporta a
de governança: Conselho Deliberativo e quantidade triada. Ademais, a
Conselho Gestor. O Conselho empilhadeira é manual e pesa 1 tonelada,
Deliberativo é o órgão de deliberação de modo que o catador teria que
superior acerca das ações que serão empurrar todo esse peso e ainda o do

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material. Para completar, a empilhadeira 2015 (33%- Dez/2014) (ALERJ, 2016, p.
fazia apenas o trabalho de levantar os 23).
fardos, tornando o equipamento inútil
para este tipo de serviço. No caso foram A CPI identificou que está previsto no
encontradas três empilhadeiras manuais subcrédito H do contrato em apreço o
no local, além de 2 prensas de 40 kg valor de R$6.951.000,00 para fins de
(sendo que uma estava quebrada). Além capacitação, assessoria de gestão e
da esteira fixa, esta Comissão encontrou formação de rede de comercialização a
no local uma esteira elétrica móvel, que ser formada pelas cooperativas de
segundo a Sra. Evelin, foi doada à catadores de materiais recicláveis. Nesse
cooperativa através da ONG doe seu lixo sentido, após processo seletivo a
pela Coca-Cola. Havia necessidade, Prefeitura da Cidade do Rio firmou
indicada pela gestora, de caminhão para contrato com o Serviço Nacional de
facilitar logística. O caminhão até então Aprendizagem do Cooperativismo -
não havia sido aprovado pelo conselho SESCOOP. Segundo o representante do
gestor para compra e doação a BNDES, Sr. Francisco José, em reunião
Cooperativa, após atuação da CPI a ordinária dessa CPI realizada no dia 08
compra do caminhão foi aprovada em de junho de 2015, foram liberados para
reunião do Conselho e está em vias de ser esse subcrédito a quantia de R$
comprado e doado para a Cooperativa. 464.580,00 reais (ALERJ, 2016, p. 23).

Outro ponto que merece destaque é que


A CPI situa que foi relatado também pela foram adquiridos equipamentos para a
responsável pela cooperativa, fato Central de Triagem do Centro que não
constatado na visita da Comissão, que o foi implementada onde fora previsto
material entregue pela Comlurb inicialmente em virtude da revitalização
frequentemente continha lixo hospitalar, da região portuária. No entanto, os
como restos de placenta e seringas, que gestores do convênio deixaram de
colocavam em risco a segurança e a indicar um outro local no qual pudesse
saúde dos cooperativados responsáveis ser instalado a referida Central de
pela triagem. A Comissão ouviu também Triagem. Além disso, apesar dos
reclamação no sentido de que recursos disponibilizados pelo BNDES
habitualmente era entregue na os gestores do Projeto não fizeram a
cooperativa o chamado “resíduo pobre”, indicação de locais que pudessem ser
ou seja, aquele com muita mistura de instaladas outras 03 Centrais de Triagem.
carga orgânica e pouco aproveitamento Isso demonstra que nem sempre a falta
para a reciclagem (ALERJ, 2016, p. 23) de recursos é a grande culpada pela
ausência de políticas públicas ou de
Há de se considerar também que houve ações governamentais. Em muitos casos
forte queda na quantidade de material falta o interesse e atenção por parte do
enviado pela Comlurb (a partir de gestor público. No caso em tela, os
outubro de 2014). De janeiro de 2014 recursos existem, foram disponibilizados
para janeiro de 2015 houve uma queda pelo BNDES a título de não
de 214,41%. Essa queda não tem uma reembolsável. No entanto, grande parte
justificativa condizente com o desse valor não foi liberado porque não
estabelecido entre a Cooperativa e a foi requerido pelos gestores do Projeto.
Comlurb. Alta taxa de rejeito de É inaceitável que o Poder Público deixe
material, tanto na média (23%), como de instalar quatro Centrais de Triagem
aumentando no final de 2014 e início de (incluindo a do Centro) simplesmente

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pela falta de agir. Ademais, é de coleta seletiva. Ainda nisso, também não
fundamental importância a foram apresentadas sanções à prefeitura
representação dos catadores no Conselho do Rio de Janeiro, no que se refere aos
Gestor dos Recursos (ALERJ, 2016, p. indícios de envio de materiais
23). contaminados e perigosos para as
cooperativas. Por fim, sequer é abordada
A CPI identificou também o indicativo
a questão das ações da prefeitura serem
de monopólio dos resíduos, em ocasião
focadas em ações de triagem e não no
da visita empreendida pela CPI, que
beneficiamento, o que mantém preços
recebeu a informação de que um aterro
abaixo do mercado, concentrando a
sanitário estava em processo licitatório e
formação de preços pelos atravessadores
que “provavelmente quem venceria seria
e grandes recicladores – neste ponto, as
a empresa Haztec” por contar com um
cooperativas têm preços subvalorizados
CTR próximo, na região de Barra Mansa,
e insuficiente para cobrir custos.
isso muito nos preocupou. Quando em
depoimento a esta CPI, o Exmo. Senhor Quando observamos, desta forma, uma
Secretário de Estado do Ambiente André conjuntura em que uma empresa, a
Correa indagado a respeito dos muitos Ciclus, domina o mercado, dita os preços
empreendimentos da empresa no Estado dos resíduos recicláveis, organiza a
ele assim respondeu que “Seja a empresa logística dos resíduos dentre outros
A, B ou C ou D, quem faz as licitações aspectos, não é de se estranhar que tenha
são os municípios” e que “Se há um respaldo nas ações da prefeitura, no
cartel aqui no Rio de Janeiro, tem que se sentido de manter resíduos recicláveis
denunciar ao Cade. Eu não sou abaixo do preço e, de certa forma,
responsável por cartel. Eu, secretário do inviabilizar aumento da capacidade de
meio ambiente, André Corrêa, não tenho cooperativas. A rede de governança
atribuição constitucional de cuidar pública, como pode ser vista, é
disso” (ALERJ, 2016, p. 26). demasiadamente obscura e intrincada de
interesses antagônicos. Como então
Por fim, estes foram os principais pontos proceder à convergência dos interesses
do relatório final aprovado pela CPI dos dos mesmos: empresas recicladoras,
Lixões que, praticamente, não atravessadores, empresas produtoras,
apresentou sugestão de sanções nem catadores, órgãos públicos, empresas de
indicativos investigativos para que se limpeza urbana, a prefeitura e a
levante a existência efetiva de população? Não há como. Ou se escolhe
monopólio, a concentração de mercado
convergir ou desorganizar interesses. E
dos resíduos, o sequestro de materiais de estes estão desorganizados, conforme
boa qualidade e o envio de materiais de poderemos observar a seguir.
baixa qualidade para as cooperativas.
Sequer levanta discussões acerca de Considerações finais
materiais contaminados para as
O relatório final aprovado pela CPI dos
cooperativas, o envio de resíduos não
Lixões não apresentou sugestão de
previstos nos contratos entre a Prefeitura
sanções frente aos indicativos da
e a Ciclus, o que pode indicar que a
existência efetiva de monopólio, a
empresa se utiliza do espaço do aterro
concentração de mercado dos resíduos, o
para negociar com outros geradores, o
sequestro de materiais de boa qualidade
envio de resíduos.
e o envio de materiais de baixa qualidade
Ao mesmo tempo, a CPI não discutiu os para as cooperativas. Sequer levanta
atrasos nas ETRs e CTRs, que achatam a discussões acerca de materiais

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contaminados para as cooperativas, o desestruturação social que achata os
envio de resíduos não previstos nos mais fracos do sistema e fortalece um
contratos entre a Prefeitura e a Ciclus, o processo danoso à sociedade carioca.
que pode indicar que a empresa se utiliza
do espaço do aterro para negociar com
outros geradores, o envio de resíduos. Referências
ALERJ [ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO
Ao mesmo tempo, a CPI não discutiu os ESTADO DO RIO DE JANEIRO]. Relatório
atrasos nas ETRs e CTRs, que achatam a Final da Comissão Parlamentar de Inquérito
coleta seletiva. Ainda nisso, também não – CPI, destinada a investigar e apurar as causas
foram apresentadas sanções à prefeitura e consequências do uso e permanência dos
do Rio de Janeiro, no que se refere aos “lixões” no estado, criada pela Resolução nº
04/2015 de 6 de março de 2015, de autoria do
indícios de envio de materiais Deputado Thiago Pampolha, aprovado em 2 de
contaminados e perigosos para as março de 2016. Diário Oficial do Estado do Rio
cooperativas. Por fim, sequer é abordada de Janeiro de 28 de março de 2016, Ano XLII, n.
a questão das ações da prefeitura serem 55, Parte II, Poder Legislativo, p. 13-27.
focadas em ações de triagem e não no RIO DE JANEIRO (Estado). Decreto nº.
beneficiamento, o que mantém preços 40.645/07 de 08 de março de 2007. Institui a
abaixo do mercado, concentrando a separação dos resíduos recicláveis descartados
formação de preços pelos atravessadores pelos órgãos e entidades da administração
pública estadual direta e indireta, na fonte
e grandes recicladores – neste ponto, as geradora, e a sua destinação às associações e
cooperativas têm preços subvalorizados cooperativas dos catadores de materiais
e insuficiente para cobrir custos. recicláveis, e dá outras providências.
O caso relatado pela CPI dos lixões é RIO DE JANEIRO (RJ). Prefeitura. Decreto nº.
emblemático: demonstra que se tem uma 30624 de 22 de abril de 2009. Institui a
separação dos materiais recicláveis descartados
máfia dos resíduos amparada em uma pela administração pública municipal na fonte
série de bases institucionais e rede de geradora e a sua destinação às associações e
atores que a legitimam. Sequestro de cooperativas dos catadores de materiais
resíduos, contratos paralelos, a não recicláveis, e dá outras providências.
instalação de ETRs e CTRs só RIO DE JANEIRO (RJ) Prefeitura. Plano
demonstram que existe movimentação Municipal de Gestão Integrada de Resíduos
de se manter os recicláveis em baixo Sólidos da Cidade do Rio de Janeiro: agosto
2012-agosto 2016. Rio de Janeiro, 2012.
valor remuneratório, concentrando o
acesso a poucas cooperativas, enviando RIO DE JANEIRO (Estado). Plano Estadual de
para as mesmas o material contaminado Resíduos Sólidos da Cidade do Rio de Janeiro:
Relatório Síntese 2013. Rio de Janeiro, 2012.
e com baixo valor de processamento.
SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÕES
O que conseguimos concluir é que o SOBRE SANEAMENTO - SNIS. Diagnóstico
sistema de coletiva seletiva estruturado do manejo de resíduos sólidos urbanos – 2010.
na cidade do Rio de Janeiro importa um Brasília: Secretaria Nacional de Saneamento
contexto social de subdesenvolvimento Ambiental, 2012.
distante da capacidade de organização
que proveja ações de geração de Recebido em 2018-12-19
trabalho, renda e cidadania. Pelo Publicado em 2019-03-12
contrário, o que vimos é um sistema de

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