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Caderno de resumos

XV Congresso Linguagens e
Identidades Amazônicas
“emdependênciasseculares”
Editora do Núcleo de Estudos das Culturas Amazônicas e Pan-Amazônicas
www.nepaneditora.com.br | editoranepan@gmail.com | 68 99940-6513

Diretor administrativo: Marcelo Alves Ishii


Conselho Editorial: Agenor Sarraf Pacheco (UFPA), Ana Pizarro (Universidade de Santiago do
Chile), Carlos André Alexandre de Melo (Ufac), Elder Andrade de Paula – (Ufac), Francemilda
Lopes do Nascimento (Ufac), Francielle Maria Modesto Mendes (Ufac), Francisco Bento da
Silva (Ufac), Francisco de Moura Pinheiro (Ufac), Gerson Rodrigues de Albuquerque (Ufac),
Hélio Rodrigues da Rocha (Unir), Hideraldo Lima da Costa (Ufam), João Carlos de Souza
Ribeiro (Ufac), Jones Dari Goettert (UFGD), Leopoldo Bernucci (Universidade da Califórnia),
Livia Reis (UFF), Luís Balkar Sá Peixoto Pinheiro (Ufam), Marcela Orellana (Universidade de
Santiago do Chile), Marcello Messina (UFPB/Ufac), Marcia Paraquett (UFBA), Marcos Vinicius
de Freitas Reis (Unifap), Maria Antonieta Antonacci (PUC-SP), Maria Chavarria (Universidade
Nacional Maior de São Marcos, Peru), Maria Cristina Lobregat (Ifac), Maria Nazaré Cavalcante
de Souza (Ufac), Miguel Nenevé (Unir), Raquel Alves Ishii (Ufac), Sérgio Roberto Gomes Souza
(Ufac), Sidney da Silva Lobato (Unifap), Tânia Mara Rezende Machado (Ufac).
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
C749c Congresso Linguagens e Identidades Amazônicas (15.: 2022: Rio Branco, AC).
Cadernos de resumos do XV Congresso Linguagens e Identidades Amazônicas:
“emdependênciasseculares” / organização Keyse Kerolayne Levy, Endy Yasmim
da Silva Cavalcante, Layla Karinne Nascimento Silva . – Rio Branco: Nepan Editora,
2022.
107 p.
Inclui referências bibliográficas.
E-book no formato PDF.
ISBN: 978-65-89135-74-6
1. Linguagem 2. Identidade. 3. Congressos e eventos. I. Levy, Keyse Kerolayne. II.
Cavalcante, Endy Yasmim da Silva. III. Silva, Layla Karinne Nascimento. IV. Título.
CDD 22. ed. 400
Bibliotecária Maria do Socorro de O. Cordeiro – CRB 11/667
Sumário
A canção do Kapa (quatipuru) pelas memórias de Shuayne.................................. 16
Cristiane de Bortoli (UFAC)
A constituição de uma literatura em Nheengatu e de uma
normatização gramatical dele na segunda metade do século XIX................... 16
Eduardo de Almeida Navarro (USP)
A Escola Indígena Tamãkãya: relatos e reflexões acerca da educação
escolar no Estado do Acre................................................................................................. 17
Jannice Moraes de Oliveira Cavalcante (UFAC)
A transposição cultural por meio da tradução nos cantos Areruias.................... 17
Jucicleide Pereira Mendonça dos Santos (UFPA)
Arte Verbal do povo Ikpeng: a História de Kureko................................................ 18
Anna Carolina Gonçalves Dias (UFPA)
Literatura indígena brasileira: pele silenciosa, pele sonora........................... 18
Clécio Ferreira Nunes (UFAC)
Mito e perspectivismo indígena na narrativa dos Karipuna em
Oiapoque/AP: a cobra grande da montanha Tipoca................................................ 19
Mariana Janaina dos Santos Alves (UNIFAP)
“Gente da estiva” e a heterogeneidade cultural num poema afro-
paraense............................................................................................................................... 20
Marco Chandía Araya (UFPA)
O uso de paralelismo linguístico como recurso estético na arte
verbal do povo Ikpeng......................................................................................................... 20
Angela Fabiola Alves Chagas (UFPA)
Poéticas (e políticas) indígenas e Brasis - o caso do grupo de
pesquisa YURA que faz dez anos....................................................................................... 21
Andréa Martini (UFAC)
Poéticas e políticas do Circum-Roraima: o caso do Wätunnä Ye’kwana......... 21
Isabel Maria Fonseca Gondinho (UFPA)
Poéticas en lenguas originarias escritas por mujeres en Perú......................... 22
Carolina Ortiz Fernández (UNMSM)
Uma análise acerca da temática macumba sob o olhar crítico do
romance Macunaíma . .......................................................................................................... 23
Lauanda Macedo de Sales (UEPA)
Reginaldo Lima Oliveira Júnior (UEPA)
Uma análise do efeito de autoria indígena em Koch-Grünberg e
Cristino Wapichana.............................................................................................................. 23
Aldenor da Silva Pimentel (UFRR)
“Wató, a pedra de fogo”: uma narrativa tradicional Taurepang
recontada por meio da Literatura de autoria indígena...................................... 24
Bruna Wagner (UFAC)
A criação da terra Indígena do Rio Caeté................................................................... 24
Eliana Ferreira de Castela (UFV)
Caminhos para o atlântico: apontamentos sobre paisagens indígenas
como saída para um dilema da modernidade.............................................................. 25
Cliverson Pessoa (USP)
Coreopolítica e coreopolícia entre Brasil e Peru (2020-2021): uma
cartografia de corpos haitianos em diásporas pelo Acre.................................. 25
Armstrong da Silva Santos (UFAC)
Geopoesia amazonial: raizamas de livros invisíveis e alguma
angústia numeral.................................................................................................................. 26
Augusto Rodrigues da Silva Junior (UNB)
Marcos Eustáquio de Paula Neto (IFG)
Geopoesia da dramaturgia: tradução coletiva do espetáculo Os
Contadores de Era uma vez em “O mistério da árvore mãe”................................ 27
Jackeline dos Santos Monteiro (UEA)
Vitor de Lima Gonçalves (UFAM)
Gritos da amazônia: o genocídio indígena e os desafios histórico-
culturais-políticos nas práticas decoloniais........................................................... 27
Andréia Souza de Araújo (UFAC)
Lucas Nascimento Assef de Carvalho (UFAC)
Novos cenários, ordens mundiais futuras e geocorpografias da
alteridade: uma análise crítica do viés etnocêntrico em estudos
sobre configurações futuras do mundo...................................................................... 28
Marcello Messina (SFU)
O território dos Shanenawa............................................................................................ 28
Maria Abijicelia Brandão da Silva Shanenawa (UFAC)
Reserva Extrativista Chico Mendes: uma fronteira amazônica........................ 29
Anselmo Gonçalves da Silva (IFAC)
Do Aquiri ao Acre: de como as narrativas se materializam no concreto...... 29
Poliana de Melo Nogueira (UFAC)
“Rudes”, “alcoólicos “ e “preguiçosos”: as descrições de Paul Walle e
Henry Walter Bates sobre as culturas das Amazônia(s)...................................... 30
Rodrigo de Sousa da Silva (IFAC)
A temática indígena e a sua abordagem no ambiente escolar............................ 31
Vanesa Lima Tomaz da Silva (UFAC)
Ana Gabriele Freire Rodrigues (UF)
Análise do material didático na perspectiva intercultural de ensino
de Língua Inglesa .................................................................................................................. 31
Gigliane de Souza Silva (UFAC)
Autoestima e o ensino de Língua Inglesa: percepções de licenciandos
de Letras/Inglês da Universidade Federal do Acre............................................... 32
Layla Karinne Nascimento Silva (UFAC)
Desafios da implementação de um Centro de Idiomas na Universidade
Federal do Acre, Brasil: um olhar sobre a avaliação............................................ 32
Ana Sara da Costa Ferreira (UFAC)
Joaquim Damásio Calixto Neto (UFAC)
Diálogos entre alfabetização e letramento em contexto de
formação continuada de professores em Rio Branco-AC..................................... 33
Paula Tatiana da Silva-Antunes (UFAC)
Nagila Maria Silva Oliveira (UFAC)
Ensino e aprendizagem de Inglês na região Amazônica: pensando a
formação de professores sob o prisma da experiência......................................... 34
Patricia Christina dos Reis (UEA)
Valdeni da Silva Reis (UFMG)
A gamificação como estratégia para o ensino da Língua Portuguesa
em turmas dos primeiros anos do ensino médio integrado do Ifac -
contribuições para o processo de letramento dos alunos................................. 34
Risonete Gomes Amorim (UFAC)
Entre ensino e form(ação) docente: “nixi pae” o “espírito da
floresta” e as linguagens da “jiboia”.............................................................................. 35
Geórgia Pereira Lima (UFAC)
Danilo Rodrigues do Nascimento (UFAC)
Estágio supervisionado de Língua Inglesa e inclusão: reflexões a
partir de uma experiência em turmas de 9º ano do Colégio Militar
Estadual Tiradentes em Rio Branco - AC, Brasil...................................................... 36
Paulo de Alencar Souza (UFAC)
Estágio supervisionado de Língua Inglesa: relato de experiência em
uma turma de Ensino Médio do Instituto Federal do Acre................................. 36
Endy Yasmim da Silva Cavalcante (UFAC)
Intercâmbio virtual e formação inicial de professorxs de Língua
Inglesa: aprendizagem telecolaborativa na amazônia ocidental.................... 37
Rodrigo Nascimento de Queiroz (UNIR)
Queila Barbosa Lopes (UFAC)
Narrativa (auto)biográfica de um professor de língua inglesa: uma
pesquisa-formação em letramento digital................................................................ 38
Luiz Eduardo Guedes Conceição (IFAC)
Reflexões para o ensino de Português escrito como segunda língua
para pessoas surdas: análise de mensagens enviadas por surdos via
aplicativo WhatsApp e sua ordenação de sentidos................................................ 38
Vivian Gonçalves Louro Vargas (UFAC)
Lucas Vargas Machado da Costa (UFAC)
Novas perspectivas para o ensino de Língua Portuguesa: ensino da
argumentação por meio do Blog...................................................................................... 39
João Paulo Bulhões e Mattos (PUC-RJ)
O ensino da Língua Espanhola numa abordagem intercultural no
ensino técnico integrado do IFAC................................................................................... 40
José Eliziário de Moura (IFAC)
Ana Lúcia Vidal Barros (IFAC)
O ensino de Língua Portuguesa na perspectiva da sociolinguística
educacional.............................................................................................................................. 40
Lucivânia Rodrigues da Silva (UFT)
O gênero textual Relatório Final de Estágio Supervisionado:
discursos e percepções de si e do outro na escrita acadêmica em
tempos de pandemia.............................................................................................................. 41
Francemilda Lopes do Nascimento (UFAC)
O Programa Residência Pedagógica em duas edições: a hora e a vez da
Língua Portuguesa e da Literatura na sala de aula............................................... 42
Rosana Nunes Alencar (UNIR)
Nidiane Aparecida Latocheski
Os impactos da pandemia na volta às aulas presenciais em uma escola
privada de Palmas -TO.......................................................................................................... 42
Luciana Severino da Silva (UFT)
Perfis de letramento digital de professores de Língua Inglesa de
Porto Velho............................................................................................................................. 43
Tamara Afonso dos Santos (UFAC)
Política linguística (de)colonial? O ensino (bilíngue) de Francês na
Escola Estadual Professora Marly Maria e Souza da Silva................................. 43
Marilene Almeida (UNIFAP)
“De um olhar apaixonado ao ouro cobiçado”: algumas considerações
em torno de Urihi, de Devair Fiorotii........................................................................... 44
Rayelle Coelho Duarte Santos (UFRR)
A arte e figurações da Amazônia no romance Cinzas do Norte, de
Milton Hatoum ....................................................................................................................... 45
Tatiana Cavalcante Fabem (SEDUC - PA)
A árvore do teatro do oprimido, as plantas professoras e os
processos pedagógicos do gesto da Floresta............................................................ 45
Flavio Santos da Conceição (UFAC)
Rafael Wöss Correa (UFAC)
A linguagem literária e violência: interpretações da violência por
meio do narrador em Moscow de Edyr Augusto........................................................ 46
Deyglyson Luan de Oliveira Ferreira (UFPA)
Corpo, memória e visualidade teatral na Amazônia acreana............................. 46
Juliana Feitosa Albuquerque (UFAC)
Criação de figurinos: experimentações com insumos amazônicos e
bases materiais coletadas ................................................................................................ 47
Vanessa Sousa do Nascimento
Colección y exposición: nación, patrimonio y Amazonía........................................ 48
Maria Florencia Donadi (UNC)
Entre cabeças e espectros: a arte indígena verbal e visual e o
deslocamento das formas.................................................................................................. 48
Mayara Ribeiro Guimarães (UFPA)
Entre dobraduras, imagens e linguagens: a arte do Alma................................... 49
Maria Nazaré Rodrigues Oliveira Dornellas (UFAC)
Jonsos Nunes Júnior (UFAC)
Lambe-lambe tecendo histórias...................................................................................... 49
Tânia Villarroel Andrade (USP)
Maqueson Pereira, um menino da beira do barranco: visualidades
amazônicas e processos de criação................................................................................ 50
Hanna Talita Gonçalves Pereira de Araujo (UFAC)
Narração e ilustração na literatura infantil/juvenil: uma nuance
poética no cenário amazônico.......................................................................................... 50
Maria de Fátima Castro de Oliveira Molina (UNIR)
Os jogos improvisacionais no processo de ensino-aprendizagem em
uma escola na Amazônia Ocidental................................................................................ 51
Douglas Adriano Mendonça Rodrigues (UFAC)
Projeto de extensão “Conversas Amazônicas II” e “Olhares sobre a
Literatura”: uma estética literária na Amazônia................................................... 52
Iza Reis Gomes (IFRO)
Eliane Auxiliadora Pereira (CMCG)
Traçar-tecer-tramar, a experiência da Lei 11.645 nos currículos
de Arte dos Institutos Federais: a busca por novas poéticas
afroindígenas nos Projetos Políticos Pedagógicos dos Cursos de
Licenciaturas em Arte......................................................................................................... 52
Urubatan Miranda da Silva (IFSP)
Recepção crítica de Dois Irmãos, de Milton Hatoum............................................... 53
Guilherme Pires de Souza (UEA)
Recepção crítica de Órfãos do Eldorado, de Milton Hatoum................................ 54
Júlio César Rodrigues Lima (UEA)
Surdez e música no cinema: um olhar dialógico....................................................... 54
Amanda Melo da Silva Lima (UFRR)
Teatro e narrativa oral: traços de uma mesma linguagem................................. 55
Marcelo Perez Maciel
Há Música Acreana Urbana, por exemplo, se não há nada por aqui.................. 55
João José Veras de Souza
A necessidade e retomada da Língua Ãdá Shãwãdawa............................................ 56
José Wandres Lima da Silva Shawanawa
As contribuições dos estudos culturais nos estudos surdos: (des)
construção da identidade surda.................................................................................... 56
Karlene Ferreira de Souza (UFAC)
Claudia de Souza Martins Lima (UFAC)
Aspectos fonológicos da variedade do Português falado no
Quilombo do Curiaú (Macapá/AP)................................................................................... 57
Raíza Ramos Neves (FAMAT)
Chullachaqui de lá, curupira de cá: lendas amazônicas
compartilhadas entre Brasil e Peru............................................................................. 58
Aquesia Maciel Goes (UFAC)
Crenças e atitudes linguísticas: reflexões acerca da variação,
identidade e preconceito................................................................................................... 58
Lenilson de Almeida Feitosa (SEMED BREVES - PA)
Descrição fonético-fonológica do falar de Humaitá e de seus
processos fonológicos........................................................................................................ 59
Aline de Lima Benevides (USP)
Tayssa Lohanna Oliveira Garcia (UFAM)
A construção da memória a partir das narrativas orais dos povos
amazônicos................................................................................................................................ 59
Amanda Ferreira Ferreira (UFPA)
A metamorfose labiríntica do ‘’Ser” Borboleta....................................................... 60
Maria Liduína de Araújo
Cobra Norato, o ser encantado: tradição oral e performance na
encantaria amazônica.......................................................................................................... 60
Sandra Mara Souza de Oliveira Silva (UFAC)
Ana Cláudia de Souza Garcia (UFAC)
Cozinheiros à margem da história no Acre Territorial: relatos
iniciais da pesquisa................................................................................................................ 61
Ezir Leite de Moura Júnior (UFAC)
Dona Margá e sua arte de contar história................................................................. 61
Pabla Alexandre Pinheiro da Silva (UFAC)
Espaço-lugar de trânsitos: uma Sena Madureira de histórias e
memórias não prestigiadas pela historiografia oficial...................................... 62
Emilly Ganum Areal (UFAC)
Fronteiras identitárias, culturais e memorialísticas de judias
prostituídas na peça teatral Eretz Amazônia, de Márcio Souza....................... 63
Angélica da Silva Pinheiro (UFPA)
Memória e oralidade: o quilé da borracha no Vale do Guaporé - RO.............. 63
Joely Coelho Santiago (UFAC)
Hélio Rodrigues da Rocha (UNIR)
Memória: uma reflexão sobre a construção da memória das
personagens de Dois Irmãos, de Milton Hatoum........................................................ 64
Dayanna Vieira de Jesus (UFMT)
Memórias da ditadura em cartas de Cruzeiro do Sul - Acre................................ 64
Francisca Janaina Silva de Souza (UFAC)
Nóemia de Sousa: memória, história, identidade..................................................... 65
Ana Claudia Servilha Martins (SEDUC)
O cosmos sagrado da Barquinha da Madrinha Chica: ecletismo
ritual numa religião amazônica...................................................................................... 65
David de Lima Damasceno (UFAC)
O sagrado e a fé representados no cemitério Cruz Milagrosa: uma
história de memória e narrativas ................................................................................. 66
Carla Simone de Oliveira Peres (UFAC)
O trajeto entre memórias: uma leitura do romance Relato de um
certo oriente, de Milton Hatoum.................................................................................... 66
Werick Araújo Moraes (UEA)
O ‘’Dia-D’’: pular a roleta e fazer movimento - narrativas de
mulheres sindicalistas do Acre . .................................................................................... 67
Evandro Luzia Teixeira (UFAC)
Povos originários e Direitos Humanos na Constituição de 1988: uma
perspectiva decolonial....................................................................................................... 68
Danielle Bruzzi Auad (UEMG)
Andrea Machado de Almeida Mattos (UFMG)
Professor leigo e formação docente: memórias tecidas com
trajetórias de professoras na cidade de Rio Branco............................................ 68
Adriana Alves de Lima (UFAC)
“La cabeza y los pies de la dialéctica’’: exterioridad y mítica-
panandina en el discurso de Cesar Vallejo................................................................. 69
Carlos David Larraondo Chauca (UFAC)
Narrativas da tradição oral do povo Oro Wari e Oro Nao: “a grande
alagação” e o “mito do surgimento do milho” .......................................................... 70
Sâmela Fernandes da Costa (UNIR)
Valdir Vegini (UNIR)
“Tudo passa sobre a terra” e “todo camina, pero pasa también”: breve
reflexão entre mementos/monumentos que “criam” pelo apagamento
da repetição e narrativas rememorativas que re-inventam e se rebelam.... 70
Suerda Mara Monteiro Vital Lima (UFAC)
Trabalho escravo na Amazônia Sul Ocidental: interconexões entre
degradação do trabalho e da natureza...................................................................... 71
Letícia Helena Mamed (UFAC)
Eurenice Oliveira de Lima (UFAC)
Vida e trabalho nos seringais da Amazônia Acreana: representações
do fazer na obra O Empate, de Florentina Esteves................................................. 72
Manoel Messias Feitosa Soares (UFAC)
Auxiliadora dos Santos Pinto (UNIR)
A crônica representada pelas Sete Crônicas de Milton Hatoum: uma
abordagem social em defesa dos indígenas no projeto editorial.................... 72
Keliane Costa dos Santos (UEA)
Identidade e alteridade em debate: reflexões sobre o 12º Encontro
Nacional da Pastoral da Juventude em Rio Branco - Acre, Brasil.................... 73
Ketlen Lima de Souza (UFAC)
Corpos enunciadores de resistência na Amazônia Ocidental:
escrevivências de mulheres em privação de liberdade......................................... 74
Pâmela Dias Villela Alves (IPECAL)
Samila de Paula Niz
A escrevivência amazônida nas poéticas de Amanara Brandão Lube e
Mari Santos.............................................................................................................................. 74
Erlândia Ribeiro da Silva (UFES)
Patrícia Pereira da Silva (UNIR)
A imposição da maternidade como modelo de sucesso feminino na
Nigéria colonial em As alegrias da maternidade (1979), de Buchi Emecheta.......75
Yasmim Vicuna Encarnação de Souza
A violência contra a mulher na narrativa de autoria feminina
afrobrasileira do século XIX .......................................................................................... 76
Larissa da Silva Sousa (UNIFESSPA)
As caras e cores da nossa diversidade: falando sobre a construção
da identidade na Educação Infantil.............................................................................. 76
Francisca Karoline Rodrigues Braga Ramos (UFAC)
As contribuições das mulheres da Associação de Mulheres Negras do
Acre e de seu trabalho no movimento social para a preservação das
narrativas das trajetórias sociais do movimento negro na Amazônia
Acriana....................................................................................................................................... 77
Amanda Silva Alves (UFAC)
Luci Praun (UFAC)
As leis penais na pós-abolição que contribuíram para o encarceramento..........78
Solene Oliveira da Costa (UFAC)
As personagens femininas na obra de José Lins do Rego....................................... 78
Lucinéia Alves dos Santos (UNIFAP)
As relações de gênero e poder nos textos jornalísticos do Jornal O
Rio Branco................................................................................................................................ 79
Jirlany Marreiro da Costa Bezerra (UFAC)
Branquitude crítica na temática indígena: desafios e possibilidades.......... 79
Ramon Nere de Lima (UFAC)
Geovanna Moraes de Almeida (UFAC)
Cidadã de segunda classe: a resistência e a construção da autonomia
feminina negra em Buchi Emecheta................................................................................ 80
Raimunda Alves de Souza
Desesperança, misoginia e independência feminina em meio ao
conflito armado da ditadura militar na Somali em O pomar das
almas perdidas (2016), de Nadifa Mohamed................................................................ 80
Livia Carina Silva de Lima
Feminino e as amarras do discurso patriarcal: uma reflexão sobre a
sexualidade feminina através da Beata Maria do Egito, de Raquel de
Queiroz....................................................................................................................................... 81
Larícia Pinheiro Silva
Feminismo e educação: a igualdade de gênero em discussão................................ 82
Josélia de Fátima Tuschinski (UPF)
Ivânia Campigotto Aquino (UPF)
Gênero, corpo e sexualidade: o que (não) dizem os livros didáticos
da educação do campo?........................................................................................................ 82
Wellington Rildo da Silva Marques (UNIFESP)
Licenciatura intercultural indígena do Sul da Mata Atlântica, da
UFSC: povos Laklãnõ Xokleng, Kaingang e Guarani de(s)colonizando
a academia................................................................................................................................. 83
Andrisson Ferreira da Silva (UFSC)
Juliana Salles Machado (UFSC)
Literatura no contexto amazônico: o feminino nos escritos de
Monique Malcher................................................................................................................... 83
Maria da Conceição Castro de Jesus (UFRR)
Mulheres negras, jornais e (não) representação.................................................... 84
Thais Albuquerque Figueiredo (UFAC)
Negras e negros nas pesquisas étnico-raciais dos cursos de pós-
graduação da Universidade Federal do Acre............................................................ 85
Ângela Maria Bastos de Albuquerque Silva (SEE - AC)
Jorge Fernandes da Silva (UFAC)
O discurso masculino sobre a histérica e a histeria em O homem, de
Aluízio Azevedo...................................................................................................................... 85
Marcos Alexandre da Silva (UFF)
O pensamento feminista negro no Brasil.................................................................... 86
Queila Batista dos Santos (SEE - AC)
Sulamita Rosa da Silva (USP)
Perfil social de estudantes cotistas em uma IFES da Amazônia........................ 86
Andrio Alves Gatinho (UFPA)
Pessoas privadas de liberdade e relações afetivas: o discurso
heteronormativo nos sites Contilnet e AC 24 Horas............................................ 87
Lisânia Ghisi Gomes (UFAC)
Questões preliminares sobre performatividade de raça e de gênero
na literatura de “expressão amazônica”..................................................................... 88
Andressa Queiroz da Silva (UFAC)
Um olhar “assombrado” acerca das marcas estruturais que
invisibiliza os povos originários: “a branquitude” como “arma” do
descaso contra as mulheres indígenas na cidade de Rio Branco...................... 88
Antonia Diniz (UFAC)
Valdirene Nascimento da Silva Oliveira (UFF)
Uma leitura da questão de gênero em dois contos claricianos........................ 89
Maria Alice Sabaini de Souza Milani (UNIR)
“As histórias importam”: a interseccionalidade na obra O perigo de
uma história única de Chimamanda Ngozi Adichie.................................................... 90
Ioneide Marques Corrêa (UFPA)
Iris de Fátima Lima Barbosa (UFPA)
“Cacheada, pixaim ou sarará”: alisamento e transição capilar em
textos do G1 Acre.................................................................................................................. 90
Jaine Araújo da Silva (UFAC)
“Vó, a senhora é lésbica?”: alguns aspectos do conto e a
representação lésbica na literatura moderna........................................................ 91
Carolina Lobo Aguiar (UNEMAT)
A leitura entre os Shanenawa: práticas e memórias na Aldeia
Morada Nova............................................................................................................................ 91
Maria Ana da Silva Morais Lima (UFAC)
Educação escolar e povos indígenas: políticas e garantias
constitucionais ameaçadas no governo de Jair Messias Bolsonaro................ 92
Leila Tavares Silva do Nascimento (UFAC)
Lúcia de Fátima Melo (UFAC)
Educação escolar indígena, literatura e estereótipos em Canumã: a
travessia (2019), de Ytanajé Coelho Cardoso............................................................ 93
Francisca Georgiana do Nascimento Pinho (UFC)
“O que as pessoas pensam quando digo que sou do Acre”: as
representações do facebook desACREditados.......................................................... 93
Francielle Maria Modesto Mendes (UFAC)
Bruna Giovanna da Silva Dantas Vieira (UFAC)
Análise de discurso e materiais fílmicos: algumas considerações
sobre leitura de arquivo e autoria............................................................................... 94
Denise Machado Pinto (UFSM)
Como tudo começou: as narrativas mitológicas em um templo do Vale
do Amanhecer.......................................................................................................................... 94
João Henrique Fernandes da Silva (UFAC)
Conotação autonímica como heterogeneidade mostrada no (fio do)
discurso..................................................................................................................................... 95
Marcos Sobrinho Freire de Oliveira (UFAC)
Aline Suelen Santos (UFAC)
Escola, trabalho docente e ensino remoto: o dialogismo em notícias
publicadas durante a pandemia...................................................................................... 96
Maria Ivanize Corrêa dos Santos (UEA)
Narrativas de viajantes de ciência pela Amazônia: importa quem fala?........ 96
Raquel Alves Ishii (UFAC)
Juciane dos Santos Cavalheiro (UEA)
Estudos enunciativos e discursivos: uma reflexão introdutória
quanto aos preceitos bakhtinianos.............................................................................. 97
Daianne Severo da Silva (IFAM)
O indígena e sua relação com a leitura e escrita: uma análise discursiva.... 97
Ariceneide Oliveira da Silva (UFAM)
O letramento, a educação universal e a educação como prática de
liberdade: convergências e divergências.................................................................... 98
Raimunda Delfino dos Santos Aguiar (UFG)
O silenciamento feminino em Dois Irmãos: o discurso e a
subjetividade feminina em Domingas............................................................................. 99
Caroline Stephanny Costa Dantas (UEA)
Poetisa ou poeta: a ideologia encarnada na língua................................................ 99
Katia Fernandes de Lima (UFF)
Vidas em transição: um olhar sobre o sujeito LGBTQIA+ a partir da
Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão Nº 26/DF.........................100
Francisco Weyder Monteiro de Oliveira (UFAC)
A Iara já não canta só em português: a internacionalização do
folclore amazônico na literatura infantojuvenil do século XX....................100
Victoria Barboza de Castro Cunha (UTFPR)
A tradução de elementos culturais específicos da cidade de Porto
Velho: traduzir ou não traduzir?................................................................................101
Manuela Gomes Aragão (UNIR)
Mirella Nunes Giracca (UNIR)
O poema Cobra Norato, de Raul Bopp: a tradução e a selva...............................101
Cláudio Antônio da Silva (USP)
O processo tradutório cultural como marca de prática
colonizatória no Chaco Paraguaio de 1900..............................................................102
Rogério de Mendonça Correia (UFAC)
Tradução cultural e comunicação cósmica: diálogos com fragmentos
da literatura/poesia oral daimista amazônica de Luiz Mendes.....................103
Fernanda Cougo Mendonça (UFAC)
Tradução e interpretação da Libras/Português, Português/Libras:
o que está sendo desenvolvido no ensino superior?.............................................103
Sônia Maria da Costa França (UFAC)
Shelton Lima de Souza (UFAC)
O Monte Roraima na tradução de Theodor Koch-Grunberg............................104
Riane de Deus Lima (UFPA)
As manifestações da Amazônia em Contos do Mato, de Arthur Engrácio.....104
Maison Antonio dos Anjos Batista (SEDUC)
Colonialidade de sabores: racialização, alimentação e doenças na
invenção do “outro” amazônico.....................................................................................105
Sérgio Roberto Gomes de Souza (UFAC)
Completude e incompletude da natureza brasileira em Iracema e
Ubirajara.................................................................................................................................106
Ana Maria Amorim Correia (UFF)
Interações discursivas e intersecções transculturais em Luandino
Vieira e Guimarães Rosa....................................................................................................106
Francisco Menezes da Silva (UFGD)
Paulo Jacob: apontamentos de uma literatura decolonial na Amazônia....107
Maria de Nazaré Cavalcante de Sousa
Sufoco na floresta: a cidade como busca por libertação em No circo
sem teto da Amazônia, de Ramayna de Chevalier.....................................................107
Marijane Costa Fernandes
A canção do Kapa (quatipuru) pelas memórias
de Shuayne
Cristiane de Bortoli (UFAC)
Resumo: O povo Shanenawa passou pelo processo de escravização serin-
galista, tendo seus costumes e modos de vida ameaçados. Vivem na Terra
Indígena Katukina/Kaxinawa, no Acre. Shuayne (102 anos) é um mestre de
canções e histórias de seu povo, e é um rauyá, termo que designa um dos ti-
pos de especialistas relacionados à cura na sociedade shanenawa. Observa
o mundo por diferentes olhares, se comunica com outros seres e plantas e,
de acordo com Manoela da Cunha, este tipo de especialista é um tradutor
e decifrador de mundos. Dentre o conjunto de canções e histórias shane-
nawa, temos várias que dialogam com animais e plantas, como a canção do
Kapa (quatipuru), que é cantada na hora de plantar roçado. Para explicar
esta canção, ele traz duas histórias e fragmentos de outras, imbricadas,
que tratam sobre a criação dos legumes, onde ressalta a importância desse
animal para seu povo. Essa conjunção de fragmentos de histórias é o que
identificamos a partir dos pressupostos de Lévi-Strauss como bricolagem
que, assim como um mosaico, a narrativa apresenta algo único a partir de
diversas partes que se unem como uma colagem, sem terem necessaria-
mente uma ordem fixa e podendo ser modificadas a cada versão.
Palavras-chave: Canções Shanenawa; Tradução; Animais.

A constituição de uma literatura em


Nheengatu e de uma normatização gramatical
dele na segunda metade do século XIX
Eduardo de Almeida Navarro (USP)
Resumo: Na segunda metade do século XIX, a Amazônia conheceria
profundas transformações econômicas, sociais e culturais. Por um lado,
a navegação a vapor abreviaria o deslocamento ao longo dos rios daquela
região, facilitando os contatos com suas cidades e vilas. Por outro lado,
o início do Ciclo da Borracha levaria imenso contingente de nordestinos
para o trabalho nos seringais, no comércio e na produção agropecuária. No
ano de 1877 a língua portuguesa suplantou a língua geral em falantes. Foi
justamente nessa época que foram publicadas obras que tinham por obje-
tivo salvar a língua que começava a desaparecer das vilas, cidades e comu-
nidades ribeirinhas. As mais importantes delas no século XIX foram O Sel-
vagem, de Couto de Magalhães, a Gramática da Língua Brasileira, de Pedro
Luís Simpson e a Poranduba Amazonense, de Barbosa Rodrigues, além de
outras, publicadas no início do século XX, como os Vocabulários de Erma-
no Stradelli e Lendas em Nhengatu e Português, de Brandão de Amorim.
Utilizando o método comparatista, analisamos a história externa de tais
obras, buscando conhecer os objetivos que presidiram a sua elaboração

16
e as relações que tiveram com o projeto de revitalização do Nheengatu
quando ele começava a morrer na maior parte da Amazônia.
Palavras-chave: Nheengatu; Século XIX; Literatura; Gramática.

A Escola Indígena Tamãkãya: relatos e


reflexões acerca da educação escolar no
Estado do Acre
Jannice Moraes de Oliveira Cavalcante (UFAC)
Resumo: As políticas públicas educacionais têm se pautado na suposi-
ção de que a escola é uma engrenagem de desenvolvimento que sustenta
uma ordem social democrática e igualitária. Mas compreendendo que a
educação escolar indígena foi imposta desde o início do processo coloni-
zatório português - cujos objetivos pautavam-se na catequização e “civili-
zação” dos povos ameríndios, promovendo o silenciamento de indígenas
que aqui habitavam e fortalecendo a hierarquia entre os sujeitos partícipes
da colonização por meio de uma relação assimétrica de poder - refletire-
mos sobre a Educação Linguística entre os povos indígenas e como ela se
efetiva por meio das políticas públicas educacionais no Estado do Acre,
em particular na TI Campinas/Katukina, onde está localizada a Escola Es-
tadual Tamãkãya, do povo Katukina-Pano. A metodologia utilizada tem
cunho etnográfico (WAGNER, 2012, CUNHA, 2009, SOUZA, 2017) que,
aliada à pesquisa de campo e somadas à legislação, estão sendo realizadas
na comunidade indígena Katukina. Desta feita, as reflexões são perpassa-
das pela Lei nº 2.965 de 2 de julho de 2015 e pela LDB, Lei nº 9.394/96, e os
desafios enfrentados por educadores indígenas que estão diante das impo-
sições do Estado frente a seus próprios modelos de educação linguística.
Palavras-chave: Políticas públicas; Educação escolar indígena; Escola Es-
tadual Tamãkãya.

A transposição cultural por meio da tradução


nos cantos Areruias
Jucicleide Pereira Mendonça dos Santos (UFPA)
Resumo: A música ameríndia tem apresentado particularidades poé-
ticas, nos cantos de dança celebrados pelas etnias de Roraima (KOCH-
-GRUNBERG, 1913-2006). Foi na Tríplice fronteira Brasil, Venezuela e
Guiana Inglesa que se originou o canto Areruia. Sua origem está ligada di-
retamente à reinterpretação do evangelho pregado pelos missionários cris-
tãos na região circum Roraima (ABREU, 1995). As alterações nos costumes
e tradições desencadearam o surgimento de uma religião indígena cristã,
o Areruia, com seguidores em diferentes etnias, bem como a construção
das Igrejas do Aleluia em terras fronteiriças e o reconhecimento oficial
pelo Governo da República Federativa da Guiana Inglesa com bases cris-

17
tãs (STAATS, 1996). As transformações religiosas impostas, inicialmente,
por meio da catequização, foram posteriormente assimiladas e adaptadas
à cosmovisão indígena, incluindo crenças relacionadas ao messianismo e
a ascensão para um novo mundo, além do recebimento de elementos na-
tivos oferecidos por uma divindade: um novo canto, a maniva e a banana.
Esta comunicação busca entender como a tradução do termo aleluia para
as línguas indígenas representa um sintoma das mudanças culturais, polí-
ticas e sociais que a nova religião indígena acarretou sobre o modo de viver
dos povos originários e como podem ser vistas na poesia dos cantos.
Palavras-chave: Areruia; Tradução; Poética.

Arte Verbal do povo Ikpeng: a História de


Kureko
Anna Carolina Gonçalves Dias (UFPA)
Resumo: Neste trabalho, nosso objetivo é desenvolver a análise morfo-es-
trutural da narrativa do povo Ikpeng, História do Kureko. A mesma explica
como seu líder, Kureko, salvou o povo e os fez renascer, após uma catástro-
fe na aldeia. Os Ikpengs residem no médio Xingu, no Mato Grosso e pos-
suem considerável contato com não-índios. Nosso eixo de análise advém
do referencial teórico estruturalista do folclorista russo, Vladimir I. Pro-
pp, Morfologia do Conto Maravilhoso (1922), que estabelece uma estrutura
universal para diversos contos, criando um acervo teórico-metodológico.
Dessa forma, dentro da narrativa escolhida, veremos nos resultados pre-
liminares, não só a grandiosidade cultural prevista, mas também, impor-
tantes aspectos de sua estrutura no âmbito da escrita e da oralidade. Tais
resultados reafirmam o esplendor da obra de Propp e a riqueza linguística
do povo Ikpeng. Além de Propp, outros autores servirão de base para o de-
senvolvimento do trabalho: Lévi-Strauss (1978; 1955), Storto (2019), Calvet
(2011) e Franchetto (2003).
Palavras-chave: Estruturalismo; Narrativas; Ikpeng; Arte verbal.

Literatura indígena brasileira: pele


silenciosa, pele sonora
Clécio Ferreira Nunes (UFAC)
Resumo: O presente trabalho parte de uma experiência existente sobre o
processo de criação de um curso de extensão intitulado Literatura indíge-
na brasileira: pele silenciosa, pele sonora, que está sendo desenvolvido com
o aporte do Programa de Educação Tutorial - PET, da Universidade Federal
do Acre - UFAC, denominado Pet conexões de saberes comunidades indíge-
nas. Para tanto, objetiva-se relatar os procedimentos de levantamento de
referencial teórico que embasam o projeto; descrever a elaboração do pla-
no de ensino e discutir sobre os autores e textos indígenas brasileiros que

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serão trabalhados no transcurso da extensão. Thiél (2012), Cagneti, Pauli
(2015), Munduruku (2012) e Graúna (2012) aportam teoricamente o traba-
lho. Como resultados parciais desta iniciativa, constata-se que foi possível
estruturar o curso, mesmo havendo um número inferior de autores indí-
genas e não indígenas que discutem sobre a literatura indígena brasileira
em comparação às demais literaturas como a lusófona, por exemplo. Por
fim, foi fundamental considerar a preparação para a prática docente, isto
é, por se tratar de um curso que envolve a área de literatura, em específico
a literatura indígena brasileira, foi primordial conhecer autoria, temática,
gênero literário e especificidades dos textos indígenas brasileiros, para, a
posteriori, debater com os cursistas.
Palavras-chave: Curso de extensão; Literatura indígena brasileira; textu-
alidade indígena.

Mito e perspectivismo indígena na narrativa


dos Karipuna em Oiapoque/AP: a cobra
grande da montanha Tipoca
Mariana Janaina dos Santos Alves (UNIFAP)
Resumo: A oralidade, aspecto fundamental da cultura indígena, é a força
motriz para a fundamentação dos saberes e a integração do conhecimento
entre os povos indígenas. Sob essa perspectiva, tomamos a narrativa da
Cobra grande da montanha Tipoca contada pelos indígenas karipuna, da
Aldeia Manga, em Oiapoque/AP, como pressuposto para reflexão sobre
os aspectos que envolvem a oralidade e a cultura. O mito é “ilógico, in-
verossímil ou impossível, talvez imoral, e de qualquer modo falso, mas
ao mesmo tempo compulsivo, fascinante, profundo e digno, quando não
mesmo sagrado” (BURKERT, 1991, p. 15). Na cultura antiga, o mito predo-
mina na poesia e nas artes, conforme assinalou o autor sobre o mito vivo
não há unanimidade, uma vez que a palavra grega mythos significa fala,
narração, concepção. A partir desta analogia, pode-se afirmar que os mi-
tos são “narrativas tradicionais” (BURKERT, 1991, p. 17). A multiplicidade
de narrativas existentes favorece a narrativa popular, tornando acessível a
formulação individual. Com base nos postulados de Burkert (1991) sobre
o mito, Brisset (1998) na identidade cultural sobre o sentimento de per-
tencimento, apresentaremos a narrativa e o foco dado pelo narrador com
ênfase no perspectivismo do povo karipuna que vive na fronteira do Brasil
com a Guiana Francesa.
Palavras-chave: Karipuna; Oralidade; Mito; Narrativa; Perspectivismo
indígena.

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“Gente da estiva” e a heterogeneidade
cultural num poema afro-paraense
Marco Chandía Araya (UFPA)
Resumo: No processo de produção literária latino-americana, gera-se
um fenômeno de natureza homogêneo e outro, heterogêneo. O primeiro,
com ênfase na cultura letrada, faz com que a criação adquira um alto grau
de homogeneidade; é uma sociedade que se fala assim mesma (Cornejo,
1982). Por outro lado, na criação das culturas subalternas, resistindo no
campus de poder, e cujo substrato é a oralidade, o processo de circulação
não se ajusta à letra, criando interpretações que não se encaixam ao mo-
delo canônico e, portanto, demanda outras abordagens inclusivas desta
realidade. O universo heterogêneo não pode, assim, ser construído a partir
de uma linguagem monológica, senão dialógica (2003). Cornejo, assumin-
do o conceito de heterogeneidade não-dialética (porque o processo não se
acaba, não se encerra, segundo o modelo dialético, em sínteses) (Moraña,
2013), opta por três núcleos: discurso, sujeito e representação. O objetivo
aqui é fazer um ato de leitura no poema Gente da estiva (1930), de Bruno
de Menezes, a partir da hipótese de que a poesia afro-indígena da Amazô-
nia paraense, imersa nessa realidade territorial, exige uma aproximação
dialógica, própria da natureza diversa e heterogênea, subvertendo a ordem
monológica letrada do Ocidente.
Palavras-chave: Literatura afro amazônica; Heterogeneidade não-dialé-
tica; “Gente de estiva”; Bruno de Menezes; Cornejo-Polar.

O uso de paralelismo linguístico como recurso


estético na arte verbal do povo Ikpeng
Angela Fabiola Alves Chagas (UFPA)
Resumo: Por longo tempo, o trabalho com narrativas indígenas resumia-
-se a extrair delas exemplos de estruturas linguísticas para comparar e cor-
roborar hipóteses levantadas a partir de dados provenientes de elicitação.
Recentemente, as narrativas vêm se tornando alvo de um outro tipo de
análise, que leva em consideração a constituição estética desses textos.
Nessa perspectiva, as estruturas gramaticais e os recursos discursivos de
uma língua são analisados como um meio para se alcançar os efeitos artís-
ticos presentes nas narrativas, enquanto arte verbal dos povos ameríndios.
O objetivo desta proposta é apresentar o uso do paralelismo linguístico
- forma de repetição que gera significados - como recurso linguísticos-
-discursivos na arte verbal de narrativas Ikpeng. Para dar conta da análise
dos paralelismos presentes nessas narrativas, recorreremos aos trabalhos
de Franchetto (1989, 2003), Scherre (1998), Monod-Becquelin & Becquey
(2008). Resultados preliminares mostram que estruturas paralelísticas
ajudam a construir um sentido poético ao texto narrado, trazendo efeito

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melódico à narração, ao mesmo tempo em que, semanticamente, as repe-
tições acrescentam uma noção de intensidade às ações descritas pelo nar-
rador. Através da divulgação dos resultados desta pesquisa, pretendemos
contribuir para maior visibilidade da arte verbal produzida pelos povos
indígenas brasileiros, pontualmente, através de narrativas tradicionais do
povo Ikpeng.
Palavras-chave: Paralelismo linguístico; Arte verbal indígena; Narrativas
tradicionais; Povo Ikpeng.

Poéticas (e políticas) indígenas e Brasis - o caso


do grupo de pesquisa YURA que faz dez anos
Andréa Martini (UFAC)
Resumo: Retrospectiva de ações de pesquisa, ensino e extensão realizadas
pelo Grupo de Pesquisa YURA - Poéticas Indígenas e Brasis. Fundado em
2012, o Grupo YURA vincula-se à Área de Humanidades do Curso de Licen-
ciatura Indígena da Universidade Federal do Acre, campus Floresta, Acre,
Brasil. A discussão teórico-antropológica é amplíssima. Arguta em rela-
ção às chamadas ontologias e epistemologias indígenas. Porém, uso aqui,
a produção científica realizada pelos componentes do Grupo YURA que
serão destacados. Foram utilizadas (auto) etnografia, no caso de pesquisa-
dores(as) indígenas, estudos de caso, genealogias, breves censos agrícolas,
calendários de produção e de festividades, bem como, pesquisa em campo
e sobre sistemas classificatórios próprios. Isso nos trabalhos destacados.
Haverá, pois, uma discussão interna aos próprios autores derivada destas
condutas em Grupo... É o que se supõem. Já nisso, poderíamos espelhar
mimesis e memorabilia variadas. Os trabalhos refletem ontologias e epis-
temologias próprias indígenas. Em se considerando, os resultados destas
poéticas em intercurso, ação política entre linguagens e línguas indígenas
e outras, quais as imbricações destes “textos finais” que são os Trabalhos
de Conclusão de Curso e projetos de pesquisa colaborativos. Os trabalhos
finais resultados e resultantes, implicam em reconsiderações afetivas, do
foco ou objeto de pesquisa.
Palavras-chave: Povos Indígenas (Pano); Antropologia; Educação; Acre;
Brasil.

Poéticas e políticas do Circum-Roraima: o


caso do Wätunnä Ye’kwana
Isabel Maria Fonseca Gondinho (UFPA)
Resumo: A presente comunicação discute aspectos relativos à produção
das textualidades indígenas, tomando como referência duas versões do
Wätunnä, a cosmogonia ye’kwana: a do francês Marc de Civrieux intitula-
da Watunna Mitologia Makiritare que foi publicada na Venezuela em 1970.

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Marc de Civrieux coletou as narrativas mitológicas juntos aos Ye’kwana
entre os anos de 1950 a 1970 e a sua obra é considerada um clássico da Lite-
ratura Indígena na Venezuela; e a do Ye’kwana Marcos Rodrigues, intitula-
da Histórias e Saberes Ye’kwana, publicada em 2019 no Brasil, sendo a pri-
meira versão do Wätunnä coletada, escrita e traduzida por um Ye’kwana.
Para tanto, o nosso estudo acerca-se da pluralidade poética indígena do
circum-Roraima, que é um rico espaço em termos de diversidade humana
e cultural, localizado na tríplice fronteira Brasil-Guyana-Venezuela. Nossa
proposta parte do pressuposto da necessidade de se cultivar uma área de
investigação que aproxime a teoria literária da antropologia e que atente
para as particularidades advindas das culturas e línguas indígenas. Isso
significa que o registro escrito das artes verbais indígenas põe em jogo um
processo complexo de criação, recriação, tradução e circulação, envolven-
do não apenas uma dimensão poética, como também uma dimensão ética
e política.
Palavras-chave: Textualidades indígenas; Tradução; Circulação; Poética;
Wätunnä.

Poéticas en lenguas originarias escritas por


mujeres en Perú
Carolina Ortiz Fernández (UNMSM)
Resumo: Se explora y reflexiona en torno a la creación poética de dos po-
etas, una del sur y otra del oriente peruano con el objeto de conocer su
decisión de escribir en la lengua originaria de su lugar de nacimiento. En
segundo lugar, comprender su arte poética y las particularidades que evi-
dencian los sujetos poéticos configurados en diálogo con la perspectiva
de género y la descolonialidad del poder. La pesquisa se aborda a partir de
entrevistas y el análisis de los textos más representativos en los que se con-
figuran su arte poética. Ya no es la mirada del gamonal o misti que escri-
be en quechua ni la mirada indigenista, sino la autorepresentación runa,
sobretodo de las warmikuna y las nuwa-aina. Mediante ella, las mujeres
agrietan el canon literario y la cultura dominante, rompen con los estere-
otipos sexistas de feminidad y masculinidad tejidos de racismo que atra-
viesan el conjunto de instituciones que niegan aún a numerosas mujeres
la educación intercultural y una vida digna. Cada ñoqa/yo poético parte de
la tradición cantada de su región y reafirma su auto representación desde
un paradigma propio que se abre al mundo en diálogo con otros códigos
transculturales facilitados por el activismo digital.
Palavras-chave: Poética quechua; Poética shipibo konibo; Género y po-
der; Analfabetismo; Kené.

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Uma análise acerca da temática macumba sob
o olhar crítico do romance Macunaíma
Lauanda Macedo de Sales (UEPA)
Reginaldo Lima Oliveira Júnior (UEPA)
Resumo: O presente trabalho de pesquisa bibliográfica analisa a temática
macumba na obra Macunaíma, o herói sem nenhum caráter, de Mário de
Andrade, um clássico atemporal, considerado uma das principais obras li-
terárias brasileiras, abordando como essa crença é tratada, especificamen-
te, explicando pontos culturais, religiosos e heroicos das personagens. A
obra sob análise destaca inúmeras chaves importantes que podem ser re-
lacionadas ao mundo real e ao mundo de fantasia. Assim, objetivo da pes-
quisa busca relacionar e entender como essa narrativa de caráter místico,
em que os acontecimentos não seguem as convenções realistas, reflete na
sociedade. Nesse contexto, o estudo busca relacionar questões de mitos e
crenças que envolvem essa temática com os fatos reais da vida social, ou
seja, mostrar como a macumba é retratada no romance e quais laços esta-
belece com os fatos da realidade brasileira. Sendo assim, ao longo da pes-
quisa, o trabalho será descrito dentro de uma estrutura de análises do tema
proposto, tendo como referencial teórico o poeta surrealista e modernista
francês, Benjamin Péret. O estudo tem demonstrado a importância das
literaturas e linguagens para a compreensão das realidades, fomentando o
pensamento crítico nesse processo.
Palavras-chave: Macunaíma; Literatura; Macumba.

Uma análise do efeito de autoria indígena em


Koch-Grünberg e Cristino Wapichana
Aldenor da Silva Pimentel (UFRR)
Resumo: Este trabalho tem por objetivo analisar o efeito de autoria indí-
gena nas obras Mitos e lendas dos índios Taulipáng e Arekuná, de Theodor
Koch-Grünberg, e A onça e o fogo e Chuva, gente!, de Cristino Wapichana.
Para tanto, foi realizada pesquisa documental das referidas obras, embasa-
das teoricamente nas noções de efeito de autoria, a partir de Gallo (2012),
e autoria indígena, com base em Graúna (2013 apud Doririco, 2018), Behr
(2017 apud Doririco, 2018), Romero (2010), Goldemberg (2009), Souza
(2006), Doririco (2015, 2018) e Carvalho (2021). Como considerações fi-
nais, sustenta-se que Cristino Wapichana é um exemplo da emergência e
da consolidação, nas últimas décadas, de uma autoria indígena individu-
alizada, em que histórias, antes contadas por agentes externos aos povos
originários, hoje são publicadas e assinadas pelos próprios escritores indí-

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genas. De forma complementar, para além dos recontos e adaptação, esses
autores publicam narrativas não inspiradas em histórias preexistentes de
seu povo.
Palavras-chave: Literatura; Literatura indígena; Autoria.

“Wató, a pedra de fogo”: uma narrativa


tradicional Taurepang recontada por meio
da Literatura de autoria indígena
Bruna Wagner (UFAC)
Resumo: Os mais diferentes povos, ao longo da história humana, constru-
íram narrativas para explicar ou dar origem às coisas do mundo. Um dos
principais elementos que fazem parte da vida cotidiana das sociedades é o
fogo, utilizado como ferramenta para os mais diferentes fins. Esta energia
primordial tem sua origem contada de diferentes formas entre os povos
originários situados no território chamado Brasil. Dentre eles, o povo in-
dígena Taurepang possui a sua narrativa da origem da dominação e ma-
nuseio desse elemento. Esse conhecimento, passado entre as gerações por
meio da oralidade, passa agora a ser transmitido também por meio da fer-
ramenta escrita, da Literatura. O presente estudo trata de Literaturas Indí-
genas, utilizando o conto Wató, a pedra de fogo, de Cristiano Wapichana,
para mostrar como ocorre essa transposição de veículo de perpetuação de
conhecimentos. No conto referido, o autor reescreve, ou reconta, a história
tradicional Taurepang da origem da dominação do fogo. Mesclando a nar-
rativa literária e noções teóricas de escritores indígenas, como Munduruku
e Dorrico, esta comunicação tem como objetivo comentar como as Lite-
raturas Indígenas viabilizam o conhecimento desses saberes tradicionais.
Nesse sentido, conhecemos por meio dela como se deu a dominação do
fogo na mitologia do povo Taureang.
Palavras-chave: Literaturas Indígenas; Povo Indígena Taurepang; Fogo.

A criação da terra Indígena do Rio Caeté


Eliana Ferreira de Castela (UFV)
Resumo: O trabalho objetiva analisar o processo de criação da Terra indí-
gena Caeté do povo Jaminawa; e investigar os conflitos internos e as ten-
sões vivenciadas pelos Jaminawa, frente à relação com os órgãos oficiais do
Estado, na criação de mais uma terra indígena (AI). A pesquisa será biblio-
gráfica e documental, constando da revisão de livros, artigos, dissertações,
teses e documentos oficiais de órgãos indígenas e indigenistas. Na aplica-
ção das diferentes fontes de pesquisa procurar-se-á orientar-se pelo espí-
rito crítico. Trata-se de pesquisa qualitativa onde o rigor será no confronto
das fontes de informações. As referências são: o conceito de território de
Santos, (2006); a dissertação de Castela, (2009); as pesquisas de Terry e

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Iglesias, (2002); Castela, (1999); Acre, (2010). O estudo considera que a
criação da TI Caeté, acomoda situações e soluciona alguns problemas do
Estado, longe de oferecer um território que atenda às buscas e soluções de
problemas antigos, dos povos Jaminawa, da referida terra indígena.
Palavras-chave: Terra Indígena; Jaminawa; Caeté.

Caminhos para o atlântico: apontamentos


sobre paisagens indígenas como saída para um
dilema da modernidade
Cliverson Pessoa (USP)
Resumo: Desde a sua independência, a Bolívia buscou uma saída geopolí-
tica em direção à Europa para escoar sua produção e importar outros pro-
dutos industrializados. O rio Madeira era a via mais promissora, porém,
corredeiras e cachoeiras inviabilizavam a sua navegação, o que culminou
numa série de negociações territoriais desta república com o Império bra-
sileiro resultando no projeto da ferrovia Madeira-Mamoré. Neste ensaio,
demonstra-se uma outra rota como solução para este dilema percorrido
pelo seringalista Antônio Labre em 1887. A saída alternativa se estendia
por meio de caminhos indígenas entre os rios Madre de Dios e Acre em
um trecho de quase 200 quilômetros no meio da floresta. O percurso até
então desconhecido no auge caucheiro, era repleto de estradas, aldeias
e templos sagrados de diferentes grupos indígenas sem contatos diretos
com a sociedade ocidental. Hoje, a materialidade desses lugares conver-
ge com antigos sítios arqueológicos formados por estruturas de terra que
existem na região conhecidos como geoglifos (Pessoa, 2017; Ranzi, 2021),
correspondendo a uma persistência histórica em habitar lugares previa-
mente modificados. Essa paisagem minuciosamente arquitetada por esses
grupos ofereciam, segundo Labre, uma saída mais eficaz para a Bolívia em
direção ao Atlântico.
Palavras-chave: Caminhos indígenas; Economia da Borracha; Moderni-
dade na Selva.

Coreopolítica e coreopolícia entre Brasil e


Peru (2020-2021): uma cartografia de corpos
haitianos em diásporas pelo Acre
Armstrong da Silva Santos (UFAC)
Resumo: Nesta comunicação, tecemos uma reflexão sobre as mobilida-
des haitianas através do Acre em direção ao Peru, entre os anos de 2020 e
2021, focando na capacidade de transformação e reapropriação dos espa-
ços acreanos não apenas como locais de trânsito, mas como palco de rei-
vindicações políticas e reescrita da terra. Com este objetivo identificamos
duas cartografias que se chocam e se relacionam, a saber, uma cartografia
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do espezinhar/soterrar e outra do caminhar/resistir. A discussão acerca
das relações entre essas duas cartografias foi feita mediante observações
etnográficas multilocais, matérias jornalísticas e documentos oficiais que
serviram de base para problematizar as diásporas haitianas através do Acre
como trânsitos coereopolíticos (Lepecki, 2102), ou seja, como movimentos
políticos que reivindicam o espaço enquanto campo de atuação e transfor-
mação social (Arendt, 2006). A coreopolítica das diásporas haitianas dis-
puta com os rearranjos institucionais (coreopolícia), que se movem, limi-
tam e transformam visando frear o movimento dos corpos, a dinâmica das
mobilidades e a poética da relação (Glissant, 2011). As conclusões apontam
para um quadro de reescrita contínua das noções de fronteira e produção
de novos desafios aos Estados Nacionais para incorporar as exigências de
ampliação das concepções de cidadania haitiana no Brasil.
Palavras-chave: Coreopolítica; Coreopolícia; Diáspora Haitiana; Frontei-
ra.

Geopoesia amazonial: raizamas de livros


invisíveis e alguma angústia numeral
Augusto Rodrigues da Silva Junior (UNB)
Marcos Eustáquio de Paula Neto (IFG)
Resumo: Propomos exercício de crítica polifônica movimentando a geo-
poesia amazonial nos percursos de desassossego em Vicente Cecim e An-
tísthenes Pinto. Na multiplicidade da polifonia, percorremos raizamas e
enfronteiramentos que se movem nos banzeiros de Viagem a Andara: o
livro invisível (Cecim, 1988) e remansos de Angústia numeral (Pinto, 1976).
Para explorar paragens ilhadas e peninsulares movemos a teoria da geopo-
esia (Silva Junior; Marques; 2015) com os conceitos de literatura de campo
(etnografia; etnoflânerie) e enfronteiramento (ecopolítica; territorialida-
de; liminaridade). Ao tratar das raizamas (raízes e rizomas) amazônidas
em Cecim e Pinto, movimentamos vocalidades e corporalidades ances-
trais. Evocando relação profunda e íntima com a terra, a água, as pessoas
a Terra firma-se na sua condição de casa de morar e de preservar (Garcia,
1972). Os geopoetas, narradores e navegantes, encontradores e contadoras
de histórias lançam suas redes de pesca, com nós, entrançamentos, vazios
e modos de alimentar e irrompem nas linhas e entrelinhas da geopoesia.
No inacabamento que se movimenta nas entranhas da floresta, de bio-
mas, de ambientes, fauna, flora, flúvia, céuna e raizama fazem do visível
alimento para livros invisíveis e o campo amazônido, com suas angústias
numerais, é pulmão do mundo, mas é antes de tudo – as pessoas.
Palavras-chave: Geopoesia amazonial; Raizamas; Livros invisíveis; An-
gústia numeral.

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Geopoesia da dramaturgia: tradução
coletiva do espetáculo Os Contadores de Era
uma vez em “O mistério da árvore mãe”
Jackeline dos Santos Monteiro (UEA)
Vitor de Lima Gonçalves (UFAM)
Resumo: O objetivo deste trabalho é apresentar elementos dialógicos e
raizamáticos do espetáculo Os Contadores de Era uma vez em O Mistério
da Árvore Mãe. O espetáculo foi montado em 2021 no período de feverei-
ro a abril e apresentado de 10 a 12 de maio, no município do Careiro da
Várzea/AM. Dramaturgia assinada por Jackeline Monteiro e Vitor Lima.
Foi uma proposta de conscientização sobre a preservação e cuidado com
a fauna e flora. De forma lúdica, denuncia as constantes devastações que
acontecem na floresta. O clímax movente, é uma notícia (real) sobre o
desaparecimento da floresta amazônica. Nessa geopoesia da dramaturgia
pretendemos apontar os textos que compuseram a obra: poemas e músicas
autorais do grupo ALLEGRIAH, realizando dialogicamente uma aproxi-
mação de contos da geopoesia amazonial, tais como ‘A história de Ma-
pinguari, Muiraquitã e aproxima-se da obra de Ailton Krenak, Ideias para
adiar o fim do mundo (2019); o Livro das árvores Ticuna, Jussara Gruber
(1997); e a música Magia da Natureza do cantor Eduardo QC. A peça é para
todas as idades, porém, chama a atenção do público infantil por conta da
ludicidade que há do início ao fim, além da utilização das formas anima-
das que reverberam o imaginário amazônida.
Palavras-chave: Dramaturgia; Imaginário amazônida; Geopoesia; Teatro.

Gritos da amazônia: o genocídio indígena e os


desafios histórico-culturais-políticos nas
práticas decoloniais
Andréia Souza de Araújo (UFAC)
Lucas Nascimento Assef de Carvalho (UFAC)
Resumo: Com o advento do conquistador, a Amazônia tornou-se palco
para exploração, destruição da cultura e genocídio, a título de exemplifi-
cação, ilustremos os índios Yanomamis e Kaxinawás, que são privados de
coexistir no seu principal meio de subsistência que é a terra e sofrem com
a omissão do Estado. O presente estudo tem como objetivo discutir a vio-
lência que se funda no aniquilamento de corpos e florestas numa faixa que
se estende do Estado do Acre até a região sul do Pará, contrastada aos de-
safios histórico-culturais-políticos e às tentativas de práticas decoloniais
no Brasil. As abordagens utilizadas são de cunho qualitativo, documental
e bibliográfico. No que se refere ao campo teórico, apoiou-se em contri-
buições de Freire (2007), Iglesias (2010), Rodriguez (2016), Almeida (2010)

27
e Branco (1952). Os resultados indicam que o desnudamento do marco
temporal e a discussão a respeito do decolonialismo oportunizam as res-
significações das pesquisas históricas, ao mesmo tempo em que permitem
novas percepções da desconstrução do colonialismo na sociedade.
Palavras-chave: Amazônia; Exploração; Genocídio; Práticas Decoloniais.

Novos cenários, ordens mundiais futuras e


geocorpografias da alteridade: uma análise
crítica do viés etnocêntrico em estudos
sobre configurações futuras do mundo
Marcello Messina (SFU)
Resumo: Nos últimos 15 anos, apareceram muitos trabalhos que abordam
configurações futuras do mundo, o fim da unipolaridade e a ascensão de
atores não-ocidentais no cenário internacional. Nesses trabalhos, os con-
ceitos de “democracia liberal” e “ordem liberal” tornam-se frequentemente
a priori incontestáveis. Neste trabalho preliminar, recorro à Análise Críti-
ca do Discurso para avaliar a justaposição entre essas categorias impal-
páveis e descaracterizadas e os epítetos altamente carregados reservados
aos líderes dos governos não-ocidentais em ascensão, focando também
na caracterização regional/étnica/racial instrumental à formulação desses
epítetos. Focarei inicialmente nos trabalhos de Ikenberry e Kupchan, tam-
bém considerando o uso dos significantes “democracia”, “universalidade”
e “diversidade”, empregados para dissimular um imaginário altamente po-
larizado, em que juízos de valor traçam uma divisão clara entre políticas
“boas” e “más”, “superiores” e “inferiores”. Traindo uma consciência subs-
tancialmente eurocêntrica, o conceito de “diversidade”, particularmente,
surge como um chavão “politicamente correto” que sinaliza a convivência e
a tolerância com entidades inferiores e indesejadas, sob uma aparência de
pluralismo e inclusão. Para concluir, utilizarei um corpus heterogêneo de
documentos (como o discurso de Dilma Rousseff na 69° assembléia geral
da ONU) para argumentar que a “diversidade política” vislumbrada por
Kupchan é uma exigência humanitária, e não uma eventualidade adversa
a ser tolerada.
Palavras-chave: Geopolítica; ACD; Multipolarismo; Geocorpografias; Di-
versidade.

O território dos Shanenawa


Maria Abijicelia Brandão da Silva Shanenawa (UFAC)
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo contar a história do povo
Shanenawa da aldeia Morada Nova (Feijó/Ac.). Para isso, utilizamos como
metodologia, a entrevista. Nessa conversa com os anciões da aldeia, nos
propomos resgatar as narrativas, informações e vivências do povo shane-

28
nawa. Iremos narrar como o cacique Inácio Brandão junto com dezesseis
pessoas se deslocaram por vários lugares, trabalhando para os patrões dos
seringais através da retirada de madeira, borracha e cauchos, até a con-
quista e demarcação da terra Indígena Katukina/Kaxinawá da Aldeia Mo-
rada Nova. Como tataraneta, mulher indígena e estudante de mestrado
me proponho realizar este registro dentro da cultura “nawa” não indígena.
Os anciões relatam que saíram da cabeceira do rio Gregório na cidade de
Tarauacá até a chegada no seringal Liége em frente a cidade de Feijó. Iná-
cio trabalhou uns tempos com o dono do seringal que lhe doou um pedaço
de terra para ele e o grupo se fixarem. Depois disso, já velho, Inácio passou
o cargo de liderança para o filho primogênito Bruno Brandão, meu bisavô.
Com o passar do tempo o povo Shanenawa começou a se organizar e a for-
talecer sua cultura para que outras gerações não perdessem a “nuke tsãy”,
nossa língua materna.
Palavras-chave: Histórias dos Shanenawas; Território; Aldeia Morada
Nova.
Reserva Extrativista Chico Mendes: uma
fronteira amazônica
Anselmo Gonçalves da Silva (IFAC)
Resumo: A Reserva Extrativista Chico Mendes é uma institucionalidade
recente, criada em 12 de março de 1990, abrangendo um território e forma-
ção social que a precede. Desde a sua origem, essa área protegida tem se
transformado rapidamente — cultural, econômica e territorialmente. Atu-
almente pode ser abordada como uma fronteira, em diversas perspectivas
deste termo — ontológica, de commodities, de lógica organizacional e de
ordenamento, etc. Na última década a pecuária e as pressões do capital são
um motor desse processo; mas não só, há muitas nuances que emergem da
observação no nível local. O objetivo desse texto é descrever as transfor-
mações que ocorreram no território da Reserva Extrativista Chico Mendes,
abordando-as a partir de teorias de fronteiras. Para isso, será utilizado o
método da autoetnografia, considerando que o autor trabalhou na região e
com esta unidade de conservação, direta ou indiretamente, por mais de 12
anos. Os resultados descreveram mudanças profundas, ao mesmo tempo
que permanências, numa perspectiva do pesquisador participante.
Palavras-chave: Áreas protegidas; Amazônia; Fronteiras.

Do Aquiri ao Acre: de como as narrativas se


materializam no concreto
Poliana de Melo Nogueira (UFAC)
Resumo: Este ensaio está sendo organizado como parte das reflexões
construídas na disciplina “Teorias Linguísticas” do Programa de Pós-Gra-
duação em Letras: Linguagem e Identidade da Universidade Federal do

29
Acre e tem por objetivo discutir os processos de representação arquitetô-
nica, iconográfica e discursiva que se apresentam como eixos narrativos
de uma perspectiva linear e progressiva da história do Acre. Com base na
observação do Aquiri Shopping, espaço inaugurado em dezembro de 2020
em Rio Branco - Acre, proponho uma discussão acerca da narrativa que
se produz tanto a partir da construção em si, quanto das imagens e textos
presentes no ambiente, para evidenciar os modos de difusão e conservação
da ideia de progresso (do Aquiri ao Acre). A perspectiva teórica/crítica se
baseia nos seguintes intelectuais indígenas: Ailton Krenak (2019), Gersen
Baniwa (2017), Edson Kayapó (2020) e nos pesquisadores Manuela Car-
neiro (2009), Zygmunt Bauman (2005) e Homi Bhabha (1998) por acredi-
tar que suas análises possibilitam tanto a crítica ao discurso do progresso,
quanto a ideia de que existiriam culturas superiores e, portanto, aptas ao
domínio de todas as outras.
Palavras-chave: Fotografias; Representação; Discurso.

“Rudes”, “alcoólicos” e “preguiçosos”: as


descrições de Paul Walle e Henry Walter
Bates sobre as culturas das Amazônia(s)
Rodrigo de Sousa da Silva (IFAC)
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo realizar uma discussão
acerca de narrativas sobre as Amazônia(s), voltando-se, especificamente,
aos discursos de Paul Walle e Henry Walter Bates, problematizando al-
guns conceitos elaborados por tais naturalistas, como “rudes”, “alcoólicos”
e “preguiçosos”, que fabricariam o sujeito amazônico “atrasado”, elabora-
ção essa resultante de seu olhar colonial. Como metodologia realizaremos
uma revista bibliográfica nos escritos dos autores já citados, e para contra-
por o olhar colonial apresentado em suas narrativas, utilizaremos como
referencial teórico Raquel Ishii (2016) que contribui com sua análise refe-
rente a Henry Bates e seu olhar eurocêntrico sobre as culturas amazônicas,
Miguel Nenevé e Sonia Sampaio (2015) demonstrando a necessidade de
pluralizar o conceito de Amazônia, que muitas vezes reduz os sujeitos que
ali vivem e exalta apenas uma natureza exuberante, Gerson Albuquerque
(2016) contribui com a discussão sobre o conceito de Amazonialismo, um
neologismos criado a partir de uma vertente discursiva, recheada de in-
tencionalidade. É possível perceber que os vários discursos que cercam as
muitas Amazônia(s) são repercutidos e aceitos por serem realizados por
homens dotados de saberes institucionalizados, contudo, sujeitos locais
perdem nomes, vozes e qualquer expressão de fala.
Palavras-chave: Amazônia(s); Descrições; Discursos; Rudes; Alcoólicos.

30
A temática indígena e a sua abordagem no
ambiente escolar
Vanesa Lima Tomaz da Silva (UFAC)
Ana Gabriele Freire Rodrigues (UF)
Resumo: Essa pesquisa trata-se de um trabalho de conclusão de curso que
apresenta reflexões acerca da abordagem da temática indígena em duas
escolas do ensino fundamental do município de Cruzeiro do Sul - Acre.
Diante dessa perspectiva, e partindo da análise dos Projetos Político Pe-
dagógicos, sob a luz da Base Nacional Comum Curricular. Diante da re-
levância, e dimensão dessa discussão, tomamos como referência a Lei nº
11.645/2008 que assegura a obrigatoriedade do ensino de história e cultura
africana, afro-brasileira e da cultura dos povos indígena nas escolas de en-
sino fundamental e médio do país. Buscando tratar do multiculturalismo
em contexto educacional (Moreira, 2008; Candau, 2008;), e socializar dis-
cussões, estudos e princípios norteadores de procedimentos pedagógicos
em que questões referentes, principalmente a identidade, tenham maior
enfoque. Visto que, a visão dos povos indígenas como índios é, comumen-
te, constituída na infância e permanece para o resto da vida (Bergamaschi,
2012; Gomas, 2012;), para que haja a valorização das culturas pormenori-
zadas nos currículos, essas histórias precisam se efetivar na práxis escolar.
Palavras-chave: Povos indígenas; Lei nº 11.645/2008; Ensino Fundamen-
tal; Práxis escolar.

Análise do material didático na perspectiva


intercultural de ensino de Língua Inglesa
Gigliane de Souza Silva (UFAC)
Resumo: O material didático é um dos apoios que alunos e professores
terão em sua jornada de conhecimento. Ao tratar do ensino de línguas
inglesa é importante que sua escolha passe pelo processo de averiguação
não somente em termos de conteúdo linguístico, mas também histórico,
cultural e político e, nessa perspectiva, proponho-me nesse artigo fazer
uma análise do material didático da escola de idiomas CNA em Rio Bran-
co-Acre, à luz da concepção de interculturalidade proposta por Catherine
Walsh (2005) e Vera Maria Candau (2016), além da construção identitária
proposta por bell hooks e da concepção de linguagem interacionista do
círculo de Bakhtin. Minha análise focou-se em uma apostila produzida por
um curso de idiomas para alunos iniciantes de um curso de língua inglesa
e parte das leituras e discussões realizadas em sala de aula a respeito das
escolhas semióticas e discursivas presentes e ausentes na apostila, a fim
de, examinar tais escolhas realizadas na produção do material que estão
sempre cercadas de subjetividades ideológicas e nunca estão postas por
um simples agir do acaso, e como consequência da análise, propor a des-

31
colonização do material didático de ensino de línguas e também de seus
professores.
Palavras-chave: Material didático; Interculturalidade; Ensino de língua
inglesa.

Autoestima e o ensino de Língua Inglesa:


percepções de licenciandos de Letras/Inglês
da Universidade Federal do Acre
Layla Karinne Nascimento Silva (UFAC)
Resumo: No Brasil, o acesso a uma língua adicional ocorre desde o Ensino
Fundamental II no âmbito da Educação Básica. Mesmo que consideremos
um relevante período de contato com essas línguas, é muito comum nos
depararmos com estudantes inseguros, dizendo não se sentirem proficien-
tes, julgando-se incapazes de se comunicar consideravelmente bem nes-
sas línguas. Como o estudante de Letras/Inglês conceitua “ser proficiente”?
Sua autoestima é afetada por esse conceito? São questões que buscamos
responder a partir da aplicação de um questionário a licenciandos da
Universidade Federal do Acre. Foram analisadas 94 respostas coletadas
pelos alunos do 5º período do referido curso por meio do aplicativo
Google Forms aplicados aos matriculados no 1° semestre/2022. Ao refletir
sobre o conceito de proficiência e a relação com a autoestima no ensino
da língua inglesa dialogamos com Rajagopalan (2003, 2009), Scaramucci
(2000) e Marcelino (2020). Foi possível compreender que o conceito
sobre ser proficiente é muito complexo e influencia no desejo de muitos
na escolha em atuar na sala de aula, na medida em que se relaciona com
a (in)segurança ao aprender/ensinar uma língua estrangeira.
Palavras-chave: Autoestima; Formação de professores; Ensino de Língua
Inglesa; Proficiência em Língua Inglesa.

Desafios da implementação de um Centro de


Idiomas na Universidade Federal do Acre,
Brasil: um olhar sobre a avaliação
Ana Sara da Costa Ferreira (UFAC)
Joaquim Damásio Calixto Neto (UFAC)
Resumo: Com a volta presencial dos cursos de línguas do Centro de Idio-
mas na Universidade Federal do Acre - UFAC no primeiro semestre 2022, e
a sua consequente demanda por adaptações e transformações nas práticas
de ensino devido ao contexto da pandemia de COVID-19, o acompanha-
mento das ações de forma sistemática tem sido de importância vital para o
aprimoramento e a continuidade da oferta regular de cursos. Esta comuni-
cação oral tem o intuito de compreender os desafios apontados por docen-

32
tes, discentes e monitores do centro durante os meses de julho a agosto de
2022, perfazendo um grupo de 80 pessoas. Para tanto, esta análise se deu a
partir dos dados que foram coletados ao término dos cursos por intermé-
dio de questionários eletrônicos elaborados por meio do aplicativo Google
Forms. Ainda, considerou-se as reflexões de Luckesi (2005) no que diz res-
peito ao planejamento e estabelecimento de objetivos como indicadores
necessários para a realização de uma avaliação criteriosa. Concluímos que,
em que pese o programa enquanto extensão universitária se demonstrar
de grande relevância social, há ainda muitos desafios a serem vencidos,
dentre eles os horários divergentes aos compromissos dos discentes-mi-
nistrantes, assim como a grande evasão de dos mesmos.
Palavras-chave: Centro de Idiomas; Avaliação; Cursos de Línguas; Desa-
fios; COVID-19.

Diálogos entre alfabetização e letramento


em contexto de formação continuada de
professores em Rio Branco-AC
Paula Tatiana da Silva-Antunes (UFAC)
Nagila Maria Silva Oliveira (UFAC)
Resumo: Nesta pesquisa, compartilhamos uma experiência formativa vi-
venciada na disciplina Alfabetização, Leitura e Escrita, ofertada por meio
do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu “Saberes e Práticas Pedagógicas no
Ensino Fundamental”, na Universidade Federal do Acre. As pesquisado-
ras, também docentes da referida disciplina, problematizaram os saberes
linguísticos acionados no processo de aprendizagem de leitura e escrita,
promovendo um diálogo sobre alfabetização e letramento a partir da abor-
dagem teórica de Soares (2018; 2021) acerca dos métodos de alfabetização e
teorias sobre a aquisição do sistema alfabético-ortográfico de escrita. Após
essas discussões, os alunos foram orientados a elaborar uma proposta di-
dática para o ensino de línguas, com base na metodologia proposta por
Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004) sobre o modelo de Sequência Didáti-
ca (SD). No processo avaliativo da disciplina, observamos o envolvimento
dos alunos-professores na tentativa de, a partir do referencial teórico men-
cionado, mobilizarem reflexões sobre as próprias práticas pedagógicas,
problematizando os saberes linguísticos acionados na aquisição da língua
materna de seus alunos nas escolas onde atuam.
Palavras-chave: Alfabetização; Letramentos; Formação; Professores; Se-
quência didática.

33
Ensino e aprendizagem de Inglês na região
Amazônica: pensando a formação de
professores sob o prisma da experiência
Patricia Christina dos Reis (UEA)
Valdeni da Silva Reis (UFMG)
Resumo: Nesses 200 anos de independência, o ato de ouvir histórias con-
tadas pelos próprios personagens, e não por terceiros, faz-se cada vez mais
necessário. Deste modo, o presente trabalho tem como objetivo contribuir
para a valorização da experiência (Larrosa, 2016), no processo de forma-
ção de professores de inglês da região Amazônica, lançando luz sobre suas
histórias e suas narrativas de aprendizagem. A metodologia está funda-
mentada na coleta e análise de narrativas de professores de inglês da cida-
de de Parintins, no interior do Amazonas, por meio dos princípios e dos
procedimentos apregoados pela análise de discurso franco-brasileira. As-
sim, este artigo apresenta, primeiramente uma exposição teórica com foco
na noção de Experiência em Larrosa (2016), principal referência teórica
deste trabalho e, em seguida, uma análise de excertos em que os professo-
res compartilham a experiência de atuar no seu território. Os resultados
indicam o modo como a experiência do professor de inglês de Parintins,
especialmente na zona rural, pode ser apreendida em momentos desafia-
dores de suas trajetórias de formação e atuação. Por fim, esta investigação
defende que abrir escuta para grupos invisibilizados significa abrir espaço
para novas formas de ser professor, de aprender e de ensinar.
Palavras-chave: Formação de Professores; Ensino-Aprendizagem de In-
glês; Experiência; Narrativas; Parintins.

A gamificação como estratégia para o


ensino da Língua Portuguesa em turmas dos
primeiros anos do ensino médio integrado
do Ifac - contribuições para o processo de
letramento dos alunos
Risonete Gomes Amorim (UFAC)
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo investigar como o uso
das tecnologias digitais, pelo viés da gamificação, pode favorecer o ensi-
no/aprendizagem da língua portuguesa, pela diversidade de linguagens
que permeiam os multiletramentos. Desse modo a justificativa para tal
pesquisa está concentrada inicialmente na formação e atuação enquan-
to docente EBTT de Língua Portuguesa no Instituto Federal de Educação
do Acre, onde possibilitou com que a inserção de metodologias ativas no
desenvolvimento de novas práticas relacionadas aos multiletramentos

34
fossem estudadas como estratégias de ensino. A metodologia pensada é
de cunho bibliográfico, possuindo caráter quali-quanti, sendo realizado
também uma pesquisa de campo com os alunos do Ifes, com uso de ques-
tionários e entrevista se for o caso. Nesse sentido, para fundamentar essa
pesquisa que ainda está em andamento, foram utilizados os seguintes au-
tores: Alves (2015), Kleiman (2007), Leffa (2014), Rojo (2012), Souza (2021),
entre outros. Por fim, como já mencionado, esta pesquisa encontra-se em
andamento não havendo ainda resultados concretos. Mas considera-se
uma pesquisa de fundamental importância, haja vista a era globalizada,
cuja principal característica é o uso de tecnologias, que vem trazendo para
todos os setores da sociedade mudanças significativas para o desenvolvi-
mento social, intelectual e profissional do ser humano.
Palavras-chave: Gamificação; Multiletramentos; Ensino; Língua portu-
guesa.

Entre ensino e form(ação) docente: “nixi pae” o


“espírito da floresta” e as linguagens da “jiboia”
Geórgia Pereira Lima (UFAC)
Danilo Rodrigues do Nascimento (UFAC)
Resumo: O contexto histórico educacional a partir da Constituição de
1988 seguida pela Lei Nº 9.394/96 e, especificamente, a Lei nº 11.645/08
constituíram bases das mudanças que implicaram no reconhecimento da
história e cultura dos povos originários na educação brasileira. Entretanto,
a Resolução nº 1/2015, Art. 1º “institui as Diretrizes Curriculares Nacionais
para a Formação de Professores Indígenas [na] Educação Superior e de
Ensino Médio […]”. Neste sentido, a finalidade deste estudo em analisando
o caderno de pesquisa Nixi Pae – o espírito da floresta (2006) e as implica-
ções das legitimidades visa entrever as linguagens da “jiboia” no ensino e
na form(ação) de professores Huni Kuĩ no/do Acre. A perspectiva é pensar
estas linguagens como práticas insurgentes (Walsh, 2013), bem como, as
interdisciplinaridades e o material didático (Bittencourt, 2011) para evi-
denciar os diálogos com diversas fontes, sobressaindo daí três resultados:
1) identificar os sentidos da ideia da “jiboia” como experiência de conheci-
mento, particularmente, Huni Kuí; 2) analisar possíveis elementos de le-
gitimação da form(ação) da docência indígenas e, ainda, 3) o ressignifica-
do da “jiboia” como material didático da floresta para Ensino de História.
Portanto, nossa intenção é recolocar as diversas formas de resistências e
(re)eixstir dos povos originários no contexto educacional brasileiro deco-
lonial.
Palavras-chave: Cultura Huni Kuí; Nixi pae; Jiboia; Formação docente.

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Estágio supervisionado de Língua Inglesa
e inclusão: reflexões a partir de uma
experiência em turmas de 9º ano do Colégio
Militar Estadual Tiradentes em Rio Branco -
AC, Brasil
Paulo de Alencar Souza (UFAC)
Resumo: Esta comunicação oral procura refletir sobre o processo de in-
clusão de alunos com deficiência a partir das experiências vivenciadas du-
rante a realização do Estágio Supervisionado de Língua Inglesa em duas
turmas de 9º ano do Colégio Militar Estadual Tiradentes, em Rio Branco
- AC, Brasil. A experiência de estágio foi realizada entre os meses de julho
a setembro de 2022, com foco na modalidade de Educação Especial. Para
tanto, as reflexões foram desenvolvidas a partir de pesquisa documental
e de registro de diário de campo como dispositivo de coleta de informa-
ções observadas no cotidiano da escola, nos termos propostos por Olivei-
ra (2014). Considerou-se ainda as proposições conceituais de Veiga-Neto
(2011) a respeito de aspectos relativos à inclusão e de Freire (2015) para pen-
sar a construção da autonomia no fazer docente. Conclui-se que apesar das
políticas de assistência especializada oferecidas aos alunos público-alvo
da Educação Especial, o pouco conhecimento de informações relativas às
deficiências por parte do professor, o déficit na formação inicial deste pro-
fissional e as exigências que atravessam o cotidiano escolar contribuem,
ainda que subjetivamente, para a manutenção de um ambiente ainda pau-
tado numa lógica marcada pela invisibilidade, silenciamento e exclusão
dos “anormais” (Veiga-Neto, 2011) do processo de aprendizagem.
Palavras-chave: Inclusão; Educação Básica; Educação Especial; Estágio
Supervisionado; Ensino de Língua Inglesa.

Estágio supervisionado de Língua Inglesa:


relato de experiência em uma turma de
Ensino Médio do Instituto Federal do Acre
Endy Yasmim da Silva Cavalcante (UFAC)
Resumo: Esta comunicação tem como objetivo relatar as experiências vi-
venciadas ao longo da disciplina de Estágio Supervisionado III, ofertada
durante o primeiro semestre letivo de 2022, no curso de Letras/Inglês da
Universidade Federal do Acre - UFAC, refletindo sobre a prática docente
desenvolvida na modalidade de educação profissional e tecnológica. O es-
tágio ocorreu na disciplina de língua inglesa, no 3º ano B (Edificações) do
Instituto Federal do Acre - IFAC, que oferece de forma integrada o ensino
médio e uma formação profissionalizante. Durante a realização do está-
gio, foi produzido um diário de campo contendo as observações das ativi-
36
dades desenvolvidas na escola-campo de estágio, bem como foi feito um
estudo sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais referentes à modalidade
educação profissional e tecnológica. Como referencial teórico-metodoló-
gico, partimos de Veiga-Neto (2001) para discutir os conceitos de inclusão
e exclusão, de Freire (2015) para pensar sobre a construção da autonomia,
e Oliveira (2014) que situa o papel do diário de campo como instrumento
de pesquisa em ações de estágio supervisionado. Em que pese a turma de
alunos do 3º ano constituir-se de uma turma profissionalizante em Edifi-
cações, verificou-se que o currículo de língua inglesa posto em prática não
dialoga com o perfil profissionalizante do curso.
Palavras-chave: Estágio supervisionado; Língua Inglesa; Prática docente;
Educação profissional e tecnológica.

Intercâmbio virtual e formação inicial de


professorxs de Língua Inglesa: aprendizagem
telecolaborativa na amazônia ocidental
Rodrigo Nascimento de Queiroz (UNIR)
Queila Barbosa Lopes (UFAC)
Resumo: O’Dowd (2018) afirma que o intercâmbio intercultural online
oportuniza diversos benefícios na educação superior. Objetivamos, nesta
comunicação oral, apresentar aspectos reflexivo-críticos experienciados
em práticas interculturais no intercâmbio virtual da modalidade teletan-
dem (Telles, 2006; 2011) no âmbito das ações do Laboratório de Intercâm-
bio Intercultural On-line (LIIO). Embasada na abordagem qualitativa, a
metodologia adotada segue os seguintes procedimentos: i) identificação
dos elementos linguístico-discursivos e ii) interpretação das atitudes de
autonomia e sensibilização presentes nos discursos narrados nos diários
reflexivos de professores em formação inicial do curso de Letras Inglês da
Universidade Federal do Acre (UFAC) que participaram de uma turma in-
tegrada (Zakir, 2017). Os interagentes foram discentes: i) de Português da
Universidade da Califórnia - Davis e ii) de Língua Inglesa da UFAC. Em
consonância ao rico escopo de dados constituídos nesse cenário, a presen-
te comunicação apresentará um recorte temporal de apenas uma turma de
interagentes. Os dados apontam a ampliação das atitudes de autonomia,
humanismo crítico e sensibilidade face à questões conflitantes que enfo-
cam nas realidades socioculturais materializadas nos discursos de “Si” e
do “Outro”.
Palavras-chave: Aprendizagem Telecolaborativa; Formação Inicial; In-
tercâmbio Virtual.

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Narrativa (auto)biográfica de um professor
de língua inglesa: uma pesquisa-formação em
letramento digital
Luiz Eduardo Guedes Conceição (IFAC)
Resumo: Esta pesquisa objetiva problematizar o letramento digital de um
professor de língua inglesa através de uma narrativa (auto)biográfica. A
pesquisa, ainda em andamento, problematiza quando, como e se o pesqui-
sador/pesquisado foi autorizando-se com as mediações das ferramentas
digitais e suas relações sociais. Trata-se de uma pesquisa-formação cuja
abordagem é (auto)biográfica. Opta-se pelo método da pesquisa-formação
com base na abordagem de formação discutidos por Miller (2013), Freire
(1996, 2007), Nóvoa (1988, 1991, 1995, 2000, 2001) e Josso (2004, 2007),
Abranhão (2003) e Passegi, Souza e Vicente (2011). O corpus está sendo
composto por narrativas (auto)biográficas do pesquisado e também pes-
quisador, em que faz uma problematização de sua formação em Letramen-
to Digital a partir das perspectivas teóricas de Street (2014), Gilster (1997),
Soares (2006) e Ribeiro (2016). Os resultados iniciais mostram que o perfil
de letramento digital pessoal não é automaticamente transferido para o
perfil profissional enquanto professor, mas, pode apresentar, em algum
momento, um ponto de intersecção em que as habilidades do seu perfil
pessoal acabam sendo transferidas para sua prática pedagógica, também o
contrário pode acontecer.
Palavras-chave: Letramento Digital; Formação de professores; Pesquisa-
-formação; Narrativa (auto)biográfica.

Reflexões para o ensino de Português escrito


como segunda língua para pessoas surdas:
análise de mensagens enviadas por surdos
via aplicativo WhatsApp e sua ordenação de
sentidos
Vivian Gonçalves Louro Vargas (UFAC)
Lucas Vargas Machado da Costa (UFAC)
Resumo: A presente pesquisa iniciou-se a partir da observação de textos
escritos em português, em mensagens enviadas via aplicativo WhatsApp
por pessoas surdas adultas bilíngues, usuárias da Libras e do português es-
crito. O intuito foi analisar a escrita dessas pessoas e como elas organizam
os sentidos em torno das mensagens, verificando as estratégias utilizadas
para a construção dos textos. Foram selecionados textos de surdos com
os quais tem-se um contato constante, sendo os mais variados assuntos
discutidos. Após a análise, notaram-se algumas formas específicas de uso

38
do português e maneiras de construir sentidos por meio de estruturas de
português escrito consideradas não adequadas à sua norma padrão. As-
sim, concluímos que os significados dos textos, apesar da inadequação à
norma padrão da língua portuguesa, se constroem para formar sentidos
e expressam compreensões de mundo próprias. Os apontamentos aqui
trazidos poderão contribuir para se refletir sobre o ensino de português
como segunda língua (L2) para surdos. Dentre os referenciais teórico-bi-
bliográficos que subsidiaram a análise estão presentes Bagno (2007;2015)
com questões relacionadas ao preconceito e variação linguística; Bakhtin
(2015) com discussões sobre linguagem e gênero do discurso e Coracini
(2007) com discussões sobre o uso da língua em contextos singulares de
produção de escrita.
Palavras-chave: Escrita; Português como L2; Sentidos; Surdos.

Novas perspectivas para o ensino de Língua


Portuguesa: ensino da argumentação por
meio do Blog
João Paulo Bulhões e Mattos (PUC-RJ)
Resumo: Seguindo os pressupostos teóricos da Teoria do Letramento e
da Linguística Textual esta monografia tem por objetivo geral propor uma
análise como o uso de novas tecnologias pode colaborar para o letramento
crítico no ensino de língua portuguesa. Visando a cumprir o objetivo ge-
ral, apresentamos como objetivos específicos: (i) caracterizar o Blog como
ferramenta didática digital; (ii) analisar Blogs educativos disponíveis na
internet e (iii) propor estratégias de aplicação de Blogs no processo de en-
sino e aprendizagem da argumentação. Essa análise de dados pauta-se na
metodologia qualitativa dos dados, tomando como base um corpus sin-
crônico, composto por redações escritas pelos participantes dos Blogs. A
modalidade escrita contém textos disponíveis na internet, retirados dos
Blogs “Banco de redações UOL” e “redação em debate’’. Assumimos as se-
guintes hipóteses de trabalho: i) a dificuldade que os alunos apresentam
em escrever textos argumentativos eficientes como, por exemplo, em um
artigo de opinião; ii) posicionar-se criticamente; iii) se a ferramenta digital
Blog seria efetiva no ensino da argumentação. Os resultados demonstram
ser possível considerar que a ferramenta digital Blog seja eficaz no ensino
da argumentação, atendendo assim à BNCC em sua quinta competência,
com alguma intervenção do professor.
Palavras-chave: Argumentação; Letramento Crítico; Blog.

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O ensino da Língua Espanhola numa
abordagem intercultural no ensino técnico
integrado do IFAC
José Eliziário de Moura (IFAC)
Ana Lúcia Vidal Barros (IFAC)
Resumo: A temática apresentada aborda o ensino do vocabulário gastro-
nômico latino-americano por meio da leitura e escrita, tendo a cultura
como ponto de partida. Justifica-se pela necessidade de incluir aspectos
culturais nas aulas de línguas estrangeiras. O objetivo é incentivar a práti-
ca da abordagem interdisciplinar no ensino de língua espanhola. Trata-se
de uma pesquisa ação efetivada com alunos de terceiro ano do ensino mé-
dio integrado. A realização das ações foi através de uma aula prática, um
café da manhã cultural oferecido aos alunos com perspectiva de construí-
rem um relato no final da aula. Como embasamento teórico utilizou-se os
estudos da linguagem como interação social (Bakhtin/Voloshinov, 1995);
a Educação Intercultural (Fleuri, 2001); a perspectiva de interculturalidade
e motivação abordada por (Kraviski; Bergmann, 2006); Cultura no ensino
de língua estrangeira (Kramsch, 2017) e o estudo de línguas focado na in-
terdisciplinaridade (Frigotto, 1995). Como resultado observou-se o maior
envolvimento dos discentes, demonstrando interesse e prazer na aquisi-
ção do conhecimento. Portanto, considera-se que a interdisciplinaridade
oferece maiores possibilidades de ensino e aprendizagem dada a participa-
ção dos discentes de forma coletiva e colaborativa nas aulas de espanhol.
Palavras-chave: Espanhol; Interculturalidade; Ensino-aprendizagem;
Interdisciplinaridade; Aula-prática.

O ensino de Língua Portuguesa na perspectiva


da sociolinguística educacional
Lucivânia Rodrigues da Silva (UFT)
Resumo:Este artigo propõe ampliar as discussões referente à proposta da
Sociolinguística Educacional quanto à inserção da variação linguística
em sala de aula. Discutir sobre as propostas da variação Linguística no
Documento Curricular do Tocantins/2019 (DCT/2019) e apresentar uma
proposta didática para trabalhar a variação linguística nas aulas de língua
portuguesa do 6º Ano do Ensino Fundamental. O estudo embasou-se em
Bagno (2011); Bortoni (2010); Borin (2010); Dias, (2011) e do Documento
Curricular do Estado do Tocantins (DCT/2019), por intermédio de uma
abordagem metodológica e por pesquisa biográfica, análise e reflexão so-
bre a temática em pauta. Conclui-se que esse trabalho possibilitará aos do-
centes dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental refletir a sua prática em
sala de aula, quanto às estratégias para o trabalho com a variação linguís-

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tica como objeto de conhecimento. Dessa forma, os resultados apontaram
que a formação de professores é uma excelente investimento na educação
sobre a sociolinguística educacional.
Palavras-chave: Sociolinguística. Variação Linguística. Documento Cur-
ricular do Estado do Tocantins (DCT/2019).

O gênero textual Relatório Final de Estágio


Supervisionado: discursos e percepções de si
e do outro na escrita acadêmica em tempos de
pandemia
Francemilda Lopes do Nascimento (UFAC)
Resumo: A presente proposta de comunicação propõe analisar o gênero
textual Relatório Final de Estágio Supervisionado, produzido por acadêmi-
cos do Curso de Letras Espanhol, da Universidade Federal do Acre, especi-
ficamente nos semestres de 2021 e 2022, período em que as práticas peda-
gógicas foram desenvolvidas na modalidade de ensino remoto por ocasião
do isolamento social imposto pela pandemia de COVID-19. Entendendo os
relatórios como formações discursivas pretendemos reconhecer as percep-
ções de si e de ensino afetadas por fatores situacionais que modificaram as
formas de ensinar e interagir de professores e de professores em formação.
Desse modo, ocupa-se de uma pesquisa desenvolvida por meio de uma
análise qualitativa e documental. Nos debruçaremos fundamentalmente
sobre os princípios da Análise de Discurso Crítica entendendo que os dis-
cursos “constroem ou constituem”, as entidades e relações sociais, assim
pensamos essas produções como uma construção e prática social que pode
favorecer transformações significativas nos sujeitos e instituições. Ao re-
fletirmos as práticas de linguagem como práticas discursivas entendemos
que estas produzem efeitos de sentidos no mundo social, nesse caso, aca-
dêmico, podendo assim acarretar mudanças e transformações nos modos
de conceber os processos formativos no sentido de reforçar o quanto ques-
tões consideradas secundárias apresentam-se como fundamentais para o
trabalho docente.
Palavras-chave: Relatórios Finais; Formação Inicial; Ensino; Língua Es-
panhola.

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O Programa Residência Pedagógica em duas
edições: a hora e a vez da Língua Portuguesa
e da Literatura na sala de aula
Rosana Nunes Alencar (UNIR)
Nidiane Aparecida Latocheski
Resumo: Este trabalho apresenta uma experiência pedagógica realizada
na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Maria Arlete Toledo,
de Vilhena-RO, no âmbito de duas edições do Programa Residência Pe-
dagógica (PRP) do Curso de Letras da Universidade Federal de Rondônia
(UNIR), Campus de Vilhena. As ações desenvolvidas priorizaram o tra-
balho com a leitura, sobretudo de textos literários, e produção textual,
procurando potencializar as competências linguística e crítico-reflexiva
dos estudantes da educação básica da referida escola. Na primeira edição
(2018 a 2020), todas as atividades foram realizadas de forma presencial
e isso possibilitou, entre outras ações, a realização de oficinas de criação
de poemas, cordel e livro artesanal. Já na segunda edição (2020 a 2022),
em razão da Covid-19, o Programa foi desenvolvido de modo híbrido, im-
pondo alguns desafios, tais como: lidar com as dificuldades da tecnologia,
trabalhar com novas ferramentas e aplicar metodologias ativas de ensino.
Essas e outras discussões têm como suporte teórico as concepções de Sel-
ma Garrido Pimenta (2018); Lilian Bacich e José Moran (2015; 2017). Enfim,
consideramos que os resultados finais do trabalho demonstram que o PRP
contribui positivamente na formação dos futuros professores e também
para desenvolvimento de projetos de ensino relevantes na escola.
Palavras-chave: Programa Residência Pedagógica; Formação de Profes-
sores; Ensino de Língua Portuguesa e Literatura.

Os impactos da pandemia na volta às aulas


presenciais em uma escola privada de Palmas -TO
Luciana Severino da Silva (UFT)
Resumo: A presente pesquisa tem como propósito investigar os impac-
tos da pandemia na volta às aulas presenciais em uma escola privada de
Palmas-To. Partindo da consequência da Covid-19, no ano pandêmico, a
educação como principal assunto desta pesquisa padeceu com mudanças
urgentemente adotadas no ensino público e privado. O desafio de ensinar
por meio do uso de aparelhos tecnológicos como computador e smartpho-
ne foi lançado e muitos docentes tiveram que se desdobrar para que de al-
guma forma esse modelo de ensino proposto às pressas alcançassem êxito.
Mediante aos fatos ocorridos durante a pandemia, escolas, alunos e pro-
fessores ficaram prejudicados por algumas das decorrências, tais como, a
adaptação ao novo método de ensino, evasão escolar, e inadimplência. Por

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certo, com o retorno das aulas presenciais a partir de 2021, pode -se notar
que o ensino já não é o mesmo. Dessa forma, por meio dessa pesquisa que
ainda se encontra em andamento, pretende-se avaliar tais consequências.
Para desenvolvimento da mesma, foi realizada até o momento uma coleta
de dados. Professores, alunos e gestores foram entrevistados através de um
questionário. Ademais, nossas investigações se apoiam nos embasamen-
tos teóricos como Undime (2021), Bacich, Neto, Trevisani (2015), Moran
(2013) e Aguiar (2021), dentre outros.
Palavras-chave: Educação; Pandemia; Tecnologias; Professores x Alunos;
Escola.

Perfis de letramento digital de professores


de Língua Inglesa de Porto Velho
Tamara Afonso dos Santos (UFAC)
Resumo: Este trabalho tem como objetivo apresentar a pesquisa de douto-
rado em andamento intitulada Perfis de letramento digital de Professores
de Língua Inglesa de Porto Velho vinculada ao Programa de Pós-Gradua-
ção em Letras: Linguagem e Identidade - PPGLI da Universidade Federal
do Acre. A pesquisa tem como objetivo compreender o uso das TDICs pelos
professores de língua inglesa da rede pública de ensino da cidade de Porto
Velho em contexto pandêmico, identificando seus perfis de letramento di-
gital e concepções sobre o uso das tecnologias em sua prática docente. To-
mamos como referencial teórico as contribuições de Gilster (1997) Buzato
(2006), Ribeiro e Coscarelli (2014), Dudeney, Hockly e Pegrum (2016) para
reflexão acerca dos letramentos digitais e Cani (2019) para reflexão sobre
perfis de letramento digital. Como abordagem metodológica utilizamos a
pesquisa qualitativa uma vez que buscamos descrever, analisar e interpre-
tar dados considerando os sujeitos da pesquisa e sua relação com o contex-
to em que estão inseridos. Os resultados iniciais apontam que desenvolver
letramento digital para uso pessoal não significa necessariamente desen-
volver o letramento digital para o uso profissional, contudo, ambos podem
apresentar uma zona de convergência, onde as habilidades de uso pessoal
podem ser transferidas para a prática profissional e vice-versa.
Palavras-chave: Letramento Digital; Professores de língua inglesa; TDI-
Cs.

Política linguística (de)colonial? O ensino


(bilíngue) de Francês na Escola Estadual
Professora Marly Maria e Souza da Silva
Marilene Almeida (UNIFAP)
Resumo: Este trabalho tem por objetivo central analisar a configuração de
Política Linguística instituída na Escola Estadual Professora Marly Maria e

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Souza da Silva para o ensino de francês a partir do Projeto Escolas com Clas-
ses Bilíngues do Amapá. O projeto foi idealizado pela Embaixada France-
sa, “favorecido” por acordos bilaterais entre o Brasil e a França, que possi-
bilitaram “parcerias” entre o Amapá e a Guiana Francesa, criando a Escola
Estadual que institucionalizou um Ensino Bilingue (Francês-Português)
no Amapá. Para fundamentação teórica, tomaremos por base, as episte-
mologias decoloniais pautadas em Quijano (2009), Santos (2009), Walsh
(2013, 2017, 2018,), Mignolo (2008, 2017), e Maldonado-Torres (2008). Este
trabalho situa-se no campo da Linguística Aplicada (In)disciplinar, Moita
Lopes (2008) tendo como princípio a pesquisa qualitativa-interpretativis-
ta (Denzin; Lincoln, 2006) e Bortoni-Ricardo (2008), conjugando a análi-
se documental realizada a partir da Análise do Discurso Crítico, Resende
(2014, 2019, 2017), Melo (2010, 2011) e um estudo de caso de base etnográ-
fica, Gil (2008), André (2012). O estudo é um recorte de uma pesquisa em
andamento; os resultados parciais mostram que as Políticas Linguísticas
que subsidiaram a implementação do Ensino de FLE no Amapá e na Escola
estão alinhadas à colonialidade de língua/linguagem no ensino de francês.
Palavras-chave: Política Linguística; (de)Colonialidade; Ensino de Fran-
cês.

“De um olhar apaixonado ao ouro cobiçado”:


algumas considerações em torno de Urihi, de
Devair Fiorotii
Rayelle Coelho Duarte Santos (UFRR)
Resumo: A proposta deste trabalho é traçar algumas considerações ini-
ciais de uma pesquisa de mestrado em andamento, no Programa de Pós-
-Graduação em Letras da UFRR, e que tem no texto poético Urihi: nossa
terra, nossa floresta, publicado em 2017 por Devair Fiorotti, um dos seus
objetos. A intenção é buscar entender como o poeta constrói seu olhar no
poema narrativo a partir da perspectiva do olhar indígena em suas estrei-
tas e dolorosas relações com o estrangeiro, notadamente na figura do ga-
rimpeiro. As intenções analíticas do trabalho passam, em sua ancoragem
teórica, pela discussão em torno das representações regionalistas na obra,
a partir das defesas e rejeições das ideias de regionalismo apresentadas por
Coutinho (2004), Chiappini (1995) e Campos & Leão (2021), assim como se
orienta também pela leitura de Urihi com base no perspectivismo amerín-
dio explicitado por Viveiros de Castro (2007) ao tentar adotar uma postura
anticolonial. Como conclusão prévia, é possível pensar nas relações que a
narrativa de Fiorotti estabelece com a realidade dos povos indígenas e sua
constante luta pela conquista de espaço não apenas físico e territorial, mas
literário.
Palavras-chave: Urihi; Devair Fiorotti; Regionalismo; Perspectivismo
ameríndio.

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A arte e figurações da Amazônia no romance
Cinzas do Norte, de Milton Hatoum
Tatiana Cavalcante Fabem (SEDUC - PA)
Resumo: O presente trabalho faz, à luz dos estudos sobre significação de
Mikhail Bakhtin (1997), e sobre arte, de Pierre Bourdieu (2007) e Nestor
Garcia Canclini (2012), uma reflexão sobre os critérios de validação esté-
tica de obras artísticas de grupos majoritários e minoritários. O objetivo
deste estudo é observar que mecanismos de poder operam nos processos
hierarquizantes das produções artístico-culturais dos referidos grupos,
bem como as transformações de significados a partir da passagem de de-
terminados objetos para o que o pesquisador russo chamou de sistemas
ideológicos instituídos. Mais especificamente a obra analisada será Cinzas
do Norte (2005), do escritor amazonense contemporâneo Milton Hatoum,
em que há a presença de artistas reconhecidos no circuito artístico institu-
ído, assim como criadores minoritários que não têm suas obras reconhe-
cidas dentro desse circuito. A história acontece na cidade de Manaus e o
contexto histórico da narrativa estudada é a ditadura militar instaurada no
Brasil a partir do ano de 1964.
Palavras-chave: Arte; Ideologia; Romance.

A árvore do teatro do oprimido, as plantas


professoras e os processos pedagógicos do
gesto da Floresta
Flavio Santos da Conceição (UFAC)
Rafael Wöss Correa (UFAC)
Resumo: A comunicação “A Árvore do Teatro do Oprimido (TO), as plan-
tas professoras e os processos pedagógicos do Gesto da Floresta” pretende
oferecer um diálogo entre conceitos das artes cênicas com o campo das
Pedagogias decoloniais e as tradições amazônicas ayahuasqueiras, cruzan-
do autores como Augusto Boal (TO), Paulo Freire (Ped. Oprimido), Air-
ton Krenak, Luiz Rufino (Ped.Encruzilhadas) e Maria Albuquerque (Ped.
Ayahuasca). Para a prática de um teatro libertador, que leve em considera-
ção a fala dos povos oprimidos e os coloque como protagonistas, é neces-
sário uma pedagogia que valorize esse processo de emancipação. A Peda-
gogia do Oprimido aliada aos conceitos práticos e estéticos do Teatro do
Oprimido, em diálogo com outras propostas pedagógicas emancipatórias,
poderá ser o caminho para a proposição de uma pedagogia do teatro não
antropocêntrica, onde os ensinamentos das plantas professoras da Ama-
zônia como a Ayahuasca e o Daime, os animais, os rios, os encantados da
Floresta sejam caminhos para o autoconhecimento e para a transformação
social. Essa comunicação oferta uma reflexão sobre o processo do projeto

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de pesquisa que está em andamento na UFAC, que pretende ser o início
de uma pesquisa das Pedagogias decoloniais como base para a prática da
Estética e do TO.
Palavras-chave: Pedagogias não antropocêntricas; Estética do Oprimido;
Árvore do Teatro do Oprimido; Pedagogias das Florestas; Plantas Profes-
soras.

A linguagem literária e violência:


interpretações da violência por meio do
narrador em Moscow de Edyr Augusto
Deyglyson Luan de Oliveira Ferreira (UFPA)
Resumo: Propõe-se neste trabalho uma breve análise a respeito das inter-
pretações da violência por meio da linguagem literária de Moscow (2001),
segundo romance do autor paraense Edyr Augusto. Além disso, outra pro-
posta desse trabalho é fazer uma breve discussão sobre alguns meandros
acerca da linguagem literária com base em abordagens vistas na disciplina
Teorias da Linguagem do Programa de Pós-graduação Linguagens e Sa-
beres da Amazônia (PPLSA). Tendo em vista isso, algumas concepções de
Fromkim & Rodman (1993), Fiorin (2005, 2008), Kristeva (1969) e Silva
& Sousa (2017) são utilizadas para auxiliar na compreensão das relações
entre linguagem literária e seus aspectos linguísticos juntos à literatura.
Outrossim, a partir dessa discussão, toma-se algumas concepções de Ginz-
burg (2018), Mendes (2018) e Bosi (1974) para construir as interpretações
por meio da violência nas páginas de Moscow. Desse modo, por meio de
uma análise qualitativa dedutiva de natureza teórica, observou-se que a
linguagem em primeira pessoa de Augusto permite interpretar um am-
biente amazônico construído e constituído pela violência, caracterizando
a linguagem deste como Brutalismo (Bosi, 1974). Além disso, a partir das
construções linguísticas presentes em Moscow, revela-se uma Amazônia
paraense alicerçada em conflitos sociais, lutas e ambições provocadas pela
desigualdade social e aspectos culturais.
Palavras-chave: Linguagem; Violência; Amazônia; Moscow; Interpreta-
ções

Corpo, memória e visualidade teatral na


Amazônia acreana
Juliana Feitosa Albuquerque (UFAC)
Resumo: A presente comunicação tem por objetivo exercitar a reflexão
acerca da narrativa cênica enquanto jogo que engendra, cria e transforma
espaços, em que corpos em performance operam, transitam e reorganizam
cenários do cotidiano. Diferentemente da concepção mimética que com-
preende o jogo cênico como reprodução dos aspectos históricos sociais nos

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quais estão inseridos seus participantes, recebendo influência passiva de
seu meio, a proposta é perceber que as próprias escolhas da construção cê-
nica alteram e compõem percepções de mundos, compreendendo as cate-
gorias de tempo e espaço como indissociáveis. Como elemento de análise,
serão utilizados aspectos do teatro acreano da década de 1990 para pensar
sobre o fazer cênico, destacando a construção da linguagem corporal e a
iluminação cênica da peça teatral Histórias de Quirá, produzida pelo gru-
po Adsabá (Rio Branco – Acre) na qual serão traçadas relações sobre pre-
sença e ausência que se apresentam no jogo de luz e sombra da encenação.
Para compor a discussão serão utilizadas reflexões de Benjamin (2013); Di-
di-Hubermann (2015); Jacques (2012); Ranciére (2009) e Taylor (2009).
Palavras-chave: Corpo; Memória; Performance; Teatro acreano; Visuali-
dades.

Criação de figurinos: experimentações


com insumos amazônicos e bases materiais
coletadas
Vanessa Sousa do Nascimento
Resumo: Este trabalho nasceu com o objetivo de incentivar o uso de ma-
teriais não usuais, recicláveis e naturais coletados, proporcionando aces-
so à técnicas de baixo custo e ambientalmente responsáveis com insumos
amazônicos e técnicas ancestrais para o tingimento. Com base no livro
de Maria Emilia Kubrusly e Renato Imbroisi, Desenho de fibra: artesana-
to têxtil no Brasil, que expirou um percurso da pesquisa exploratória de
criatividade a partir do uso de materiais da natureza para o uso em fibras
, os testes com tingimento para confecção de painéis demonstrativos, foi
conduzido utilizando-se a estrutura tanto doméstica como do Laborató-
rio de Cenografia e Figurinos na UFAC, no qual se realizou a seleção dos
materiais apropriados para experimentos sobre tonalidades, resistência,
durabilidade, texturas entre outros. A experimentação para obtenção de
cores e suas variações foi feita a partir da coleta de folhas, sementes e raízes
amazônicas, utilizando amostras de três tipos de fibras têxteis: algodão
cru 100%, voil e viscose. Os testes e experimentos realizados demonstram
a infinidade de possibilidades que se pode alcançada, pela diversidade dis-
ponível nas florestas locais e facilidade de coleta, as folhas, flores, semen-
tes e raízes são um material natural com grande potencial de uso no caso
estudado.
Palavras-chave: Baixo custo; Figurinos; Materiais; Sustentável; Tingi-
mento Natural.

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Colección y exposición: nación, patrimonio y
Amazonía
Maria Florencia Donadi (UNC)
Resumo: La ponencia se propone analizar el contraste entre la conforma-
ción y concepción de la colección de Ermanno Stradelli, que abarcó toda
su vida amazónica (entre 1879 y 1926), y la apropiación que de ella hicie-
ron museos y exposiciones. La colección de Stradelli se comprende como
pathos (Benjamin, 2005, 2012), mientras que aquellos componentes que
fueron empleados por el dispositivo exhibitivo (Benett, 1993) conciben a la
colección como conjunto ordenado y útil. Este último contribuye a dar for-
mar a los objetivos de “integración” y subordinación de la territorialidad
amazónica a la nación “Brasil”, un procedimiento que se evidencia en ese
contraste. Mientras la nación, a través del dispositivo de ferias y exhibicio-
nes patrimonializa la colección y la territorialidad amazónica, Stradelli se
propondrá respectar su singularidad, inapropiable y recuperar su misterio
como herencia. Analizaremos los escritos del conde italiano Stradelli y re-
levamos algunos documentos que dan cuenta de la conformación de su
colección. Asimismo, relevamos la presencia de elementos o fragmentos
de la colección de autoría de Stradelli en diferentes ferias y exposiciones:
en Brasil y en el exterior, especialmente en la Exposición de las Misiones
Católicas (1892) y en la Exposición Universal de Saint Louis (1904).
Palavras-chave: Stradelli; Amazonía; Colección; Brasil.

Entre cabeças e espectros: a arte indígena


verbal e visual e o deslocamento das formas
Mayara Ribeiro Guimarães (UFPA)
Resumo: A cosmovisão indígena, em particular a do artista amazonense
Denilson Baniwa, com suas cenas de sacrifício, devir animal e antropo-
fagia cultural, põe em jogo um sistema de ontologias fundado em uma
relação de profunda troca entre humano e extra-humano (animal, vegetal,
sobrenatural, cosmos). Reconhecê-la implica uma metamorfose que retira
o homem do seu lugar soberano e renova os deslocamentos. O desmonte
das forças de homogeneização e domesticação das tripas impostas pelo
pensamento ocidental ganha força nos trabalhos de Baniwa que, em diálo-
go com narrativas presentes no livro Moqueca de maridos, organizado por
Betty Mindlin, e de trechos da narrativa de A queda do céu, de Davi Kope-
nawa e Bruce Albert, promovem uma transformação da história cultural e
artística no Brasil. Com isso, engendra-se um exercício de desarticulação
da forma e do pensamento em nome de uma outra ideia de mundo, expe-
riência estética , cultural e social e de outra relação com a natureza. Nesta
apresentação, discutirei o tema do sacrifício da cabeça humana e da aber-

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tura a uma sociedade policéfala (Bataille, 1970, “Acéphale”) em exemplos
das artes verbal e visual indígenas.
Palavras-chave: Arte verbal indígena; Arte indígena contemporânea; So-
ciedade policéfala.

Entre dobraduras, imagens e linguagens: a


arte do Alma
Maria Nazaré Rodrigues Oliveira Dornellas (UFAC)
Jonsos Nunes Júnior (UFAC)
Resumo: O presente artigo objetiva apresentar um breve estudo desen-
volvido a partir da exposição de Arnaldo Araújo denominada Trajetória:
da arte à psicologia, de Alma para alma, ocorrida em abril de 2022, nesta
cidade de Rio Branco/AC. Para isto, foi traçado um diálogo entre as dife-
rentes expressões artísticas – dobraduras, pintura, instalação, performan-
ce e poesia – enquanto elementos simbólicos para o artista e sua comuni-
cação com o público. No aporte teórico-metodológico lançamos mão das
contribuições de Jung (2013) no que se refere ao símbolo, Peres (2019) que
trata da discussão sobre a relação do artista com a obra (2019) e a dimensão
dialética da imagem de Didi-Huberman (2013). Ao final, apresentamos al-
gumas possibilidades de análise da estética do Alma para além do sentido
da “representação”, mas, no sentido da “provocação” que leve a refletir por
exemplo, a condição do “ser” com questões existenciais, diante dos obje-
tos ali representados. Ganha destaque ainda neste estudo, a linguagem
híbrida que consiste na mistura dos elementos artísticos propostos nesta
exposição do Alma.
Palavras-chave: Arte.; Imagem; Linguagens.

Lambe-lambe tecendo histórias


Tânia Villarroel Andrade (USP)
Resumo: Este trabalho se propõe a partilhar a experiência da elaboração
de um lambe-lambe do conto A moça tecelã, texto de Marina Colasanti. A
confecção de uma boneca é um ato artesanal, que por si, atualmente pro-
blematiza a questão do brinquedo como forma de conhecimento (BENJA-
MIN, 2002) a ser valorizada. É possível também considerar que um sim-
ples cenário confeccionado de forma autoral pode mobilizar emoções e
sensações que expressam uma experiência artístico- pedagógica que ficam
impregnadas na intencionalidade mágica (Jodorowsky, 2014) da obra te-
atral de animação - que inclui qualidades de luz, texturas dos materiais e
escolhas que refletem elementos importantes da linguagem como drama-
turgia expandida de cada artista na sua individuação (Jung, 1991), tanto
como obra de arte como percurso de vida elaborado em símbolos (Jung,
2008). A arte como ato mágico oracular pode ampliar o significado da ima-

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gem de uma carta de tarot . É processo criativo tanto para o artista como
para o público e inclusive nesse encontro de partes envolvidas na troca de
repertório imagético.
Palavras-chave: Lambe-lambe; Teatro de animação; Processo criativo;
Arte como oráculo; Tarot.

Maqueson Pereira, um menino da beira


do barranco: visualidades amazônicas e
processos de criação
Hanna Talita Gonçalves Pereira de Araujo (UFAC)
Resumo: A presente comunicação consiste num recorte da pesquisa Vi-
sualidades e Narrativas Amazônicas: interlocuções entre arte e cultura
que busca compreender as visualidades amazônicas e suas relações com a
construção narrativa. Consideramos que o ser humano é um ser narrativo
que faz uso da linguagem por meio da significação (Bruner, 1997) e, deste
modo, organiza seus modos de ser e estar no mundo. As visualidades pre-
sentes no cotidiano influenciam de maneira definitiva nossa percepção,
ao mesmo tempo que a narrativa media a própria experiência e configura
a construção social da realidade, o que inclui a subjetividade. Trazemos,
para fins de análise, os dizeres e obras de Maqueson Pereira, artista acre-
ano de reconhecimento internacional. Buscamos analisar o papel das vi-
sualidades amazônicas na construção narrativa deste artista que viveu até
sua juventude na floresta profunda e como essas visualidades o constituem
enquanto artista e se refletem em suas produções. Teóricos do campo das
artes visuais (Barbosa, 1997, 2008; Pillar, 2009; Ostrower, 1997, 1987, 1999,
1988), da função social da imagem (Gombrich, 1993, 2007, 2012) e do cam-
po narrativo (Bruner, 1997; Ricoeur, 2012, 2019) servirão de arcabouço para
a análise dos dados.
Palavras-chave: Visualidades; Amazônia; Maqueson Pereira; Processo de
criação.

Narração e ilustração na literatura


infantil/juvenil: uma nuance poética no
cenário amazônico
Maria de Fátima Castro de Oliveira Molina (UNIR)
Resumo: A atual literatura infantil/juvenil brasileira é impulsionada por
uma intensa e diversificada produção de obras sintonizadas com os dife-
rentes sistemas culturais e artísticos que se traduzem nas vias da imagina-
ção pela imagem e pela palavra. Aliam-se à produção de sentidos, as mate-
rialidades das obras associadas à fusão do verbal e do visual, marcas de uma
produção literária atenta aos desafios e dinâmicas que se apresentam ao
leitor em diferentes contextos espaciais. Nessa perspectiva, a abordagem
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propõe analisar a relação verbal e visual nas obras O menino e o rio, do es-
critor rondoniense Rubens Cavalcante e O igarapé encantando do escritor
e ilustrador paraense Maciste Costa. Como questão problematizadora, a
abordagem volta-se para investigar como elementos do imaginário cultu-
ral amazônico ganham representação poética na composição das obras.
A fundamentação teórica constitui-se a partir dos conceitos relacionados
à literatura infantil/juvenil, à cultura amazônica, ao livro ilustrado, texto
e imagem. A base teórica relacionada a esses conceitos parte, respectiva-
mente, dos estudos de Coelho (2000), Loureiro (2001), Menegazzi; Debus
(2020) e Colomer (2017).
Palavras-chave: Literatura infantojuvenil; Narração; Ilustração; Amazô-
nia.

Os jogos improvisacionais no processo de


ensino-aprendizagem em uma escola na
Amazônia Ocidental
Douglas Adriano Mendonça Rodrigues (UFAC)
Resumo: Este trabalho consiste no relato final de estágio, sobre a elabo-
ração e organização de uma sequência de aulas aplicadas, na disciplina de
Arte, em uma escola de Rio Branco- AC, que atende estudantes do 9º ano,
que advém de bairros periféricos. As metodologias trabalhadas neste pro-
jeto foram os Jogos Improvisacionais de Viola Spolin (2010) e a Ludopeda-
gogia de Kishimoto (1994), que através do lúdico, ensina por meio do jogo,
da brincadeira e da materialidade, estimulando o pensamento crítico, cria-
tivo e reflexivo. Nessa perspectiva, os educandos têm um maior índice de
aprendizagem através das experiências que por preleções e fórmulas fei-
tas, nunca o jogo como um “brincar” puro e simples, mas compreendendo
ele, o jogo, como ferramenta de trabalho, estudo e aprendizado (VIOLA,
2010). Nesse sentido, levamos em consideração o contexto social e cultu-
ral de cada educando, colocando-os a refletirem suas posições dentro da
sociedade, como sujeitos transformadores do meio que vivem, por entre
os jogos, visto que, eles não são apenas uma forma de desafogo ou entrete-
nimento para gastar as energias das crianças, mas meios que contribuem
e enriquecem o desenvolvimento intelectual (PIAGET, 1978), fortalecendo
assim o processo de ensino-aprendizagem.
Palavras-chave: Ensino-aprendizagem; Jogos improvisacionais; Lúdico.

51
Projeto de extensão “Conversas Amazônicas
II” e “Olhares sobre a Literatura”: uma
estética literária na Amazônia
Iza Reis Gomes (IFRO)
Eliane Auxiliadora Pereira (CMCG)
Resumo: O projeto de extensão intitulado ‘Conversas Amazônicas II –
Olhares sobre a Literatura’ teve como objetivo proporcionar conversas com
pesquisadores e teóricos sobre Literatura. Atendeu à demanda de profis-
sionais na área da Literatura com conversas teóricas, experiências práticas
e pesquisas de dissertação de mestrado. O percurso metodológico perpas-
sou por ações extensionistas em que o público participou de conversas com
estudiosos e pesquisadores da área da Literatura numa perspectiva expe-
riencial. O público-alvo foram profissionais, estudantes e pesquisadores
da área da Literatura e áreas afins. Os autores trabalhados foram Milton
Hatoum, Daniel da Rocha Leite, Márcio Souza e Miguel Ferrante por meio
das respectivas obras: Dois irmãos, A história das crianças que plantaram
um rio, Mad Maria e Seringal. Toda a atividade foi realizada pela platafor-
ma Google Meet. Como resultado, obtivemos uma troca de informações
sobre a pesquisa realizada no estado de Rondônia pelos professores pes-
quisadores. Além de um material gravado disponibilizado ao público por
meio do youtube. Esse projeto cumpriu suas metas e alcançou um público
que questiona seu fazer e sua atuação em sala de aula. Os pesquisadores
participantes conseguiram abordar a estética literária amazônica que não
se fecha em si, mas está sempre aberta às contribuições de outras culturas.
Palavras-chave: Literatura; Amazônia; Escritores; Estética; Pesquisado-
res.

Traçar-tecer-tramar, a experiência da Lei


11.645 nos currículos de Arte dos Institutos
Federais: a busca por novas poéticas
afroindígenas nos Projetos Políticos
Pedagógicos dos Cursos de Licenciaturas em
Arte
Urubatan Miranda da Silva (IFSP)
Resumo: A pesquisa focaliza o currículo e a educação Afro-indígena, ten-
do como referencial a Lei nº 11.645/08, que regulamenta a inclusão, de for-
ma obrigatória, no currículo oficial, da História e cultura afro-brasileira e
indígena, que expressa um marco muito importante nas discussões sobre
a diversidade cultural no Brasil e a necessidade de seu reconhecimento
no currículo. Desta forma, essas questões precisam ser articuladas e ser

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amplamente discutidas nos diferentes espaços educativos, com destaque
principalmente nos territórios de formação docente, a universidade. Uti-
lizamos como campo empírico os cursos de Licenciatura em Artes de onze
Institutos Federais do Brasil. Examina-se também de forma exaustiva, os
documentos oficiais, como os PCN´s, LDB nº 9.394/96 e o atual Plano
Nacional de Educação, aprovado em julho de 2014. Mapeamos através de
tabelas, a partir da leitura dos PPP´s e Currículos, para que dessa forma
possamos compreender as dificuldades e os avanços apresentados na es-
trutura curricular, as dinâmicas e estratégias, com foco nesses materiais,
percebendo se a Lei nº 11.645/08 está sendo contemplada na prática engen-
drando possíveis caminhos para uma melhor implementação dos estudos
da Cultura e História afro-brasileira e indígena.
Palavras-chave: Currículo; Licenciaturas em Arte; PPP; Educação Afroin-
dígena; Institutos Federais.

Recepção crítica de Dois Irmãos, de Milton


Hatoum
Guilherme Pires de Souza (UEA)
Resumo: O presente trabalho, realizado na Universidade do Estado do
Amazonas: “Recepção da obra e fortuna crítica de e sobre Milton Hatoum”,
parte do reconhecimento de Milton Hatoum e de sua obra como uma das
mais relevantes da literatura nacional contemporânea. Seja esteticamente,
como um dos mais hábeis escritores da última década, quanto social e po-
liticamente, levantando reflexões e discursos historicamente pertinentes.
Esta comunicação, fundamentada em leituras sobre a Estética da Recep-
ção, traz resultados de uma pesquisa desenvolvidos no âmbito de iniciação
científica, cujo objetivo pauta-se em compreender as bases e repercussões
da obra na esfera da crítica literária acadêmica. Busca-se, a partir dessas
premissas, realizar a compilação da crítica produzida e já coletada entre
os anos 2000 e 2019, além de levantamento, análise e síntese-temática da-
quela produzida nos anos 2020 a 2022 sobre uma de suas obras, Dois Ir-
mãos. Essa compilação, feita a partir de pesquisas em diversas plataformas
digitais, resultou em 12 novos trabalhos, entre teses e dissertações. Todos
organizados a partir de suas palavras e temas chave. Depreendeu-se desse
esforço uma síntese temática deles, encontrando os pontos principais de
análise da narrativa. Destacamos nela, como exemplo, a centralidade dada
ao estudo da relação dos irmãos Omar e Yakub.
Palavras-chave: Dois Irmãos; Milton Hatoum; Recepção crítica; Estética
da recepção.

53
Recepção crítica de Órfãos do Eldorado, de
Milton Hatoum
Júlio César Rodrigues Lima (UEA)
Resumo: Nesta comunicação, traz-se os resultados iniciais de nossa pes-
quisa, desenvolvida no âmbito da iniciação científica, sobre a recepção
crítica da novela Órfãos do Eldorado (2008), de Milton Hatoum. A histó-
ria gira em torno da lenda amazonense da Cidade Encantada, juntamente
com outras referências míticas. Propõe-se, em um primeiro momento, a
realizar a compilação do levantamento crítico (período de 2000 a 2019)
de Órfão do Eldorado (2008), realizado por Cavalheiro (2020). Posterior-
mente, realiza-se a compilação do levantamento crítico – Teses e Disser-
tações dos anos de 2020 a 2022, assim como Trabalhos de Conclusão de
Curso (TCC), artigos publicados em periódicos e Anais, capítulos de livros,
dentre outros – do período de 2008 a 2022. Os dados serão agrupados em
temáticas; posteriormente, serão selecionados alguns gêneros discursivos
e/ou temáticas para realizar a análise da obra. O objetivo desta pesquisa
é, por meio da obra de Hatoum, compreender âmbitos sociais, desde a
economia até o meio antropológico, conseguindo analisar a Amazônia e
suas problemáticas que perduram até a contemporaneidade, desnudando
o conhecimento e auxiliando o meio acadêmico.
Palavras-chave: Amazônia; Órfãos do Eldorado; Milton Hatoum, recep-
ção crítica.

Surdez e música no cinema: um olhar


dialógico
Amanda Melo da Silva Lima (UFRR)
Resumo: Existem inúmeros trabalhos de análise fílmica voltados para o
cinema ouvinte e expressão majoritária da cultura, porém, a análise relati-
va às produções surdas ainda é escassa. A Língua de Sinais inaugura aspec-
tos específicos na elaboração cinematográfica, criando algo distinto das
produções ouvintes, exprimindo vivências do cotidiano do surdo. Assim,
se a língua é diferente e produz identidade e cultura singulares, nesse caso
por se tratar de uma língua espaço-visual, logo a estética dos filmes pro-
duzidos também será outra. Para esse trabalho de pesquisa, selecionamos
dois curta-metragens e dois filmes: Ana (2004), Tamara (2013), O som do
silêncio (2019) e No Ritmo do Coração (2021). As quatro produções envol-
vem a questão da musicalidade no universo da surdez e um enlace notável
com os aspectos comunicativos presentes nas relações familiares e afeti-
vas. A relevância desse trabalho de pesquisa está no desenvolvimento de
uma discussão que possibilite a reflexão teórica e crítica dos produtos cul-
turais surdos, verificando aspectos dialógicos entre as personagens, bem
como a linguagem cinematográfica utilizada e particularidades identitá-

54
rias e culturais. O aporte teórico tem base nos seguintes autores Mikhail
Bakhtin - Dialogismo e Polifonia; Stuart Hall - Estudos Culturais; Karin
Strobel - Estudos Surdos.
Palavras-chave: Cinema; Surdez; Música; Dialogismo.

Teatro e narrativa oral: traços de uma


mesma linguagem
Marcelo Perez Maciel
Resumo: Este estudo surgiu após leitura do texto Do timbó ao timbó ou
o que eu não sei, eu invento, de Devair Fiorotti (2012), que ao entrevistar
o indígena Taurepang Clemente Flores, afirma que um dos aspectos im-
portantes na narrativa oral é a performance do narrador. Entende-se que o
narrador deve explorar suas capacidades de expressão para alcançar várias
camadas de compreensão. À vista disso, este estudo teve como objetivo
verificar a existência de correlação entre a linguagem utilizada no teatro e
a linguagem da narrativa oral a partir da performance do narrador. Divi-
diu-se esta análise em três partes: “Narrativa oral e cultura: registro de uma
memória”; “A performance na construção de sentidos”; e “O teatro e sua
linguagem polissêmica”. Nesse sentido, concluiu-se que há traços de tea-
tralidade no caráter performático em questão, e a narrativa oral, enquanto
manifestação cultural de povos tradicionais, é uma expressão que traz em
sua essência elementos de uma linguagem apropriada pela prática do te-
atro. Os autores que contribuíram com este estudo foram: Barros (2009);
Benjamin (1987); Chauí (2009); Courtney (2010); Fiorotti (2012); Heide-
gger (2003); Kowzan (1988); Schechner (2006); Tedesco (2014); Zumthor
(2007); entre outros.
Palavras-chave: Linguagem; Cultura; Teatro; Narrativa oral; Performan-
ce.

Há Música Acreana Urbana, por exemplo, se


não há nada por aqui
João José Veras de Souza
Resumo: O objetivo da presente comunicação é propor uma reflexão in-
terdisciplinar – tendo a teoria decolonial como base - sobre a condição
por que tem passado o que aqui, no território geocultural do Acre, se ca-
tegoriza como música acreana urbana. É problematizar a respeito de sua
inexistência (como expressão da cultura local colonizada) assim como de
sua resistência estética e política, o que pode ser possível em estado de
decolonialidade. O processo metodológico será por um trajeto analítico-
-reflexivo/sonoro/literário do que se considera aqui a música urbana feita
no Acre, a de Rio Branco (uma parte de sua expressão), pelo qual se preten-
de demonstrar indícios de existência, ao mesmo tempo em que se propõe

55
pensar o que vem a ser essa música na sua relação/condição com a colonia-
lidade estética, motivo de sua invisibilidade, de modo a apontar elementos
que possibilitem a se chegar a um lugar em que possa ser ouvida, portanto
existida.
Palavras-chave: Música; Acreana; Urbana; Colonialidade estética.

A necessidade e retomada da Língua Ãdá


Shãwãdawa
José Wandres Lima da Silva Shawanawa
Resumo: Quando se fala de temáticas indígenas do Acre, se houve muito
falar em alguns nomes, mas pouco se sabe do povo Shãwãdawa, conheci-
do como Jaminawa Arara. Já foram realizados tanto trabalhos acadêmicos
(Cunha, 1993; Souza, 2012; Couto 2010, Tastevin, 1912; Terri Aquino, 1977)
quanto relatos históricos orais (Siqueira, 2017, 2019). No entanto, pouca
coisa chegou até a aldeia em forma de materiais didáticos ou paradidá-
ticos. Dessa forma, a comunidade reivindica ações pontuais para ajudar
no processo de recuperação, fortalecimento da língua materna. Assim, o
trabalho é parte de uma pesquisa em andamento no qual o objetivo é a ela-
boração de uma gramática não-convencional na língua Ãdá Shãwã. Justifi-
ca-se a proposta no fato da decisão em comunidade da retomada, registro
e recuperação da língua, fundamentada na Constituição Federal de 1988,
na LDB 9.394/96 e no Decreto n. 6861/2009. O estudo de caso será inicial-
mente realizado com o Shãwãdawas do Bagé, Marechal Thaumaturgo, e
do Cruzeiro do Vale, Porto Walter. Assim, pretendemos ampliar a cartilha
Nuku Tsãy Kedê Vixawê Shãwãdawa Ravê com real intenção ajudar o Povo
Shãwãdawa no processo de recuperação de sua identidade linguística, pois
fazemos parte desse povo e fomos escolhidos pela comunidade para tal
propósito.
Palavras-chave: Retomada; Língua Ãdá Shãwã; Jaminawa Arara; Direitos.

As contribuições dos estudos culturais


nos estudos surdos: (des)construção da
identidade surda
Karlene Ferreira de Souza (UFAC)
Claudia de Souza Martins Lima (UFAC)
Resumo: A natureza interdisciplinar dos Estudos Culturais possibilita,
além das diversas formas de expressão de cultura, problematizar relações
sociopolíticas e de poder. Tal característica permite que os Estudos Surdos
se apresentem como uma ramificação dos Estudos Culturais, trazendo dis-
cussões acerca da cultura surda e da surdez como diferença em contrapo-
sição ao discurso deficiente. Nesse sentido, com objetivo de evidenciar as
contribuições dos Estudos Culturais nos Estudos Surdos para a (des)cons-
56
trução da identidade surda, são apresentados, de maneira breve, alguns
apontamentos em torno da vinculação da surdez, enquanto diferença ét-
nico-linguística. Alinhado a uma perspectiva qualitativa-interpretativista,
este trabalho faz uso das pesquisas bibliográficas que dialogam com os
Estudos Culturais e Estudos Surdos. Recorreu-se, para isso, a Stuart Hall
(2019); Raymond Williams (2011); Adriana Thoma (2017); Sá (2002); Peter
Mclaren (1997) e outros. Como resultado, tem-se que os estudos surdos
revelam a surdez como característica identitária, que a pessoa surda tam-
bém tem diversas identidades à medida que ocupa papéis sociais no am-
biente em que está inserida, e que a linguagem é um elemento importante
na construção da identidade surda.
Palavras-chave: Estudos Culturais; Estudos Surdos; Identidade Surda;
Surdos.

Aspectos fonológicos da variedade do


Português falado no Quilombo do Curiaú
(Macapá/AP)
Raíza Ramos Neves (FAMAT)
Resumo: No Estado do Amapá, existem 44 comunidades afrodescenden-
tes reconhecidas e certificadas como Comunidades Remanescentes de
Quilombos (CRQ), pela Fundação Palmares. Dentre essas comunidades,
está o Curiaú, a primeira comunidade do estado a receber o título de qui-
lombo. Essa comunidade apresenta uma riqueza histórico-cultural muito
particular e por diversas vezes é objeto de especulações sobre sua cultura,
modo de vida e tradição. Nosso principal objetivo é descrever os aspectos
fonético-fonológicos do português falado no Quilombo do Curiaú, a sa-
ber: (1) monotongação , (2) africação, (3) assimilação das vogais átonas por
influência das consoantes nasais e palatais (4) nasalização da consoante
nasal /N/ para a vogal precedente tônica ou átona e (5) palatalização da
lateral alveolar /l/ para a lateral palatal segundo Silva (2016). Para a coleta
de dados linguísticos e formação do corpus, fizemos entrevistas com os
moradores do Quilombo do Curiaú (Amapá). A transcrição das entrevistas
utilizando o modelo da “Chave de Transcrição do Projeto Vertentes”, coor-
denado pelo Dr. Dante Lucchesi (UFBA). Considerando as intrincadas re-
lações entre cidade, quilombo e povos indígenas, optamos por um estudo
que teve como foco os aspectos sociolinguísticos, em virtude da interface
necessária entre os aspectos linguísticos, sociais e históricos.
Palavras-chave: Curiaú; Fonologia; Variação Linguística; Sociolinguísti-
ca.

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Chullachaqui de lá, curupira de cá: lendas
amazônicas compartilhadas entre Brasil e
Peru
Aquesia Maciel Goes (UFAC)
Resumo: Os limites territoriais entre o Brasil e o Peru não separam a ener-
gia do imaginário (Pizarro, 2012) das águas e das florestas compartilhados
pelos sujeitos que habitam esse espaço fronteiriço. As lendas do curupira e
do chullachaqui – em quéchua significa pés desiguais – são narradas oral-
mente por populações ribeirinhas de ambos os países com muita similitu-
de em seu enredo, nos fazendo perceber que se trata de um imaginário co-
mum aos sujeitos que também compartilham os mesmos rios e florestas,
porém com algumas diferenças e similitudes culturais e estruturais típicos
das narrativas orais que não estão estáticas em livros, mas transitando nas
comunidades. No entanto, para essa análise tivemos que nos ater à mate-
riais disponíveis em livros – Luís da Câmara Cascudo, 1954 e César Toro
Montalvo, 2013 –, sites e vídeos da plataforma Youtube, buscando compa-
rar os elementos que convergem ou divergem nessas duas narrativas que
transitam pelas fronteiras porosas (Basso, 2003) amazônicas, alheias aos
limites impostos pelos Estados.
Palavras-chave: Lendas Amazônicas; Fronteiras; Imaginário.

Crenças e atitudes linguísticas: reflexões


acerca da variação, identidade e preconceito
Lenilson de Almeida Feitosa (SEMED BREVES - PA)
Resumo: Este estudo advém de uma ampla pesquisa bibliográfica e tem
por objetivo central evidenciar as contribuições dos estudos sobre crenças
e atitudes linguísticas para o campo da Sociolinguística variacionista. Para
tanto, buscou-se, em pesquisas já materializadas na área, respaldo teórico
e metodológico, para dialogar e refletir sobre questões que envolvem va-
riação, preconceito e identidade linguística, partindo, assim, de estudos
preconizados por Francês (2014), Botassini (2015), Santos (2019), Razky e
Gusmão (2019) e Furtado (2020). Somam-se a esses os estudos de Labov
(2008), Calvet (2002), Bagno (2008) e da Psicologia Social Lambert e Lam-
bert (1996). Os procedimentos metodológicos, de acordo com os objetivos
traçados, foram sendo percorridos por meio das leituras, triagens e análi-
ses que configuram as pesquisas já realizadas no âmbito da temática pro-
posta. Os resultados apontam para a presença do preconceito linguístico
na sociedade, a partir de determinados usos, porém sentimentos e percep-
ções dos falantes ou grupos sociais intervêm nas escolhas linguísticas, seja
em uma modalidade ou em um repertório vocabular. Destaca-se ainda que
a escolha pelo uso de uma variedade linguística de prestígio em relação a

58
uma estigmatizada tende ao apagamento ou descontinuidade de uso de
uma determinada forma ou dialeto na comunidade.
Palavras-chave: Palavras-chave; Crenças; Escolhas Linguísticas; Falantes.

Descrição fonético-fonológica do falar de


Humaitá e de seus processos fonológicos
Aline de Lima Benevides (USP)
Tayssa Lohanna Oliveira Garcia (UFAM)
Resumo: Esta pesquisa realizou uma descrição fonético-fonológica do fa-
lar humaitaense (AM), bem como de seus processos fonológicos, a partir
de entrevistas semiespontâneas, a fim de incluir essa variedade linguística
nas descrições fonológicas do português brasileiro. Para tanto, o estudo
pautou-se na Fonética e Fonologia de Laboratório (Cohn, 2010; Pierrehum-
bert, Beckman & Ladd, 2012) e na Sociolinguística Variacionista (Labov,
2008; Coelho, 2015). Foram realizadas 6 entrevistas com falantes nascidos
e criados em Humaitá (AM), sendo homens e mulheres, de três faixas etá-
rias distintas. As produções foram transcritas foneticamente e submetidas
à análise via Praat (Boersma; Weenink, 2018). Foram observados tanto os
processos fonético-fonológicos internos à palavra como entre palavras. De
modo geral, observou-se que o falar humaitaense apresenta processos fo-
nológicos semelhantes às variedades do Sudeste do Brasil, descrição essa
que ainda não era encontrada na literatura da área. Sendo assim, processos
como neutralização das vogais átonas finais, palatalização de consoantes
oclusivas alveolares e sândi externo foram verificados na produção de to-
dos os falantes; além de processos particulares, como a aspirantização de
fricativas alveopalatais.
Palavras-chave: Descrição Fonética-Fonológica; Processos Fonológicos;
Falar Humaitaense; Português Brasileiro.

A construção da memória a partir das


narrativas orais dos povos amazônicos
Amanda Ferreira Ferreira (UFPA)
Resumo: As discussões em torno do conceito de memória nas narrativas
orais e de sua importância para a permanência e perpetuação da cultu-
ra amazônica tem aumentado cada vez mais, visto que com as narrativas
memorialísticas os aspectos culturais desses povos são constantemen-
te lembrados e rememorados. É nesse sentido que este trabalho fornece
considerações sobre a construção da memória a partir das narrativas orais
dos povos amazônicos. Objetiva-se discorrer a respeito do conceito de me-
mória e verificar como ela é construída nas narrativas orais de ribeirinhos
de Abaetetuba-Pa. Neste estudo utilizou-se como metodologia a pesquisa
qualitativa bibliográfica e descritiva. A coleta de dados se deu por meio da

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pesquisa de campo, utilizando-se de entrevistas semiestruturadas realiza-
das com moradores das comunidades ribeirinhas. E, para tanto, o aporte
teórico se apoia em Jelin (2001), que aborda sobre o conceito de memória;
Sarlo (2007), que destaca a respeito da lembrança, do esquecimento e da
narração de experiência; Pizarro (2022), a qual discute a respeito da Ama-
zônia, dando ênfase para as humanidades que permeiam nesse cenário; e
Manhães (2020), que trata sobre a importância das narrativas orais para a
conservação e geração de novos significados da memória social e coletiva.
Palavras-chave: Memória; Narrativas orais; Amazônia.

A metamorfose labiríntica do ‘’Ser”


Borboleta
Maria Liduína de Araújo
Resumo: A apresentação “Terra labiríntica: a representação viva do Mito”,
realizada em disciplinas da Pós-graduação em Letras: Literatura Com-
parada, iniciou com slides com uma recepção denominada “Labirinto de
Prazer Vivo”. Essa ideia surgiu devido o Labirinto da Arte estar presente,
visivelmente, na natureza e nas falésias das praias de Canoa Quebrada e,
depois, ser representada, artisticamente, na arte das tecelãs cearenses e,
em pequenas garrafinhas feitas de areia colorida da própria praia. Depois,
por meio das imagens de uma toalha tecida e o ato de criar, no slide “De-
leite x Processo”, evidenciei a famosa “mimesis” defendida por Aristóteles
em A Poética e, também, a questão da apreciação do “Belo” defendida por
Platão em algumas de suas obras, por exemplo, A República e O Banquete.
A seguir, enfatizei a questão do “Fio labiríntico”. Coloquei três carretéis de
fios prata para exemplificar o “Destino prata” para falar sobre a projeção de
Teseu ao sair “simbolicamente” do seu corpo de mortal e iniciar sua “odis-
seia” dentro do labirinto de “Vida x Morte= SER”. Com essa apresentação
aprendi que a Vida é um imenso labirinto com várias escolhas e obstácu-
los para simples larvas virarem lindas borboletas, em meio ao constante
“caos” na Metamorfose da Vida.
Palavras-chave: Terra; Labirinto; Mito; Metamorfose; Borboleta.

Cobra Norato, o ser encantado: tradição


oral e performance na encantaria amazônica
Sandra Mara Souza de Oliveira Silva (UFAC)
Ana Cláudia de Souza Garcia (UFAC)
Resumo: Este trabalho aborda algumas concepções acerca da tradição
oral, destacando o valor da cultura oral para a manutenção e divulgação de
saberes em comunidades regidas pela lógica da oralidade. Nesse sentido,
o estudo aqui apresentado tem como foco as narrativas tecidas sobre o
Cobra Norato, um ser encantado da região amazônica brasileira, especi-

60
ficamente as que são difundidas no estado do Pará, a partir do relato oral
de uma senhora, ex-moradora da região de Maxirá, na cidade paraense de
Monte Alegre, e do vídeo que traz o episódio 26, da série Vou te contar,
do Canal Futura. Foi realizada uma análise comparativa entre as narrati-
vas, a fim de observar a construção dos sentidos em cada uma, abordando
alguns aspectos que envolvem a oralidade e a performance, tendo como
aporte teórico os postulados de Paul Zumthor (1997, 2007), Jan Vansina
(2010) e Amadou Hampâté Bá (2010). A análise demonstrou que gêneros
discursivos distintos, considerando as suas especificidades de enunciação,
produzem sentidos diferentes; além do mais, a performance apresentada
em cada narrativa também é parte significativa na produção dos sentidos.
Palavras-chave: Tradição oral; Performance; Cobra Norato.

Cozinheiros à margem da história no Acre


Territorial: relatos iniciais da pesquisa
Ezir Leite de Moura Júnior (UFAC)
Resumo: A presente discussão é uma síntese que compõe o projeto de
pesquisa aprovado (2022) e em desenvolvimento no PPGLI – UFAC, inti-
tulado “Alimentação, banquetes e cardápios no Acre Territorial: perspecti-
vas decoloniais entre narrativas, espaços e modos de vida (1908-1918)”, sob
orientação do Prof. Dr. Francisco Aquinei Timotéo Queirós. A comida, a
cozinha e as comensalidades não podem ser pensadas sem o cozinheiro;
ele se torna a chave central desse debate. O estudo dialoga com os pre-
ceitos da micro-história italiana, influenciados pelas discussões propostas
por Henrique Espada Lima (2006), Carlos Ginzburg (2006), Giovanni Levi
(2015) e José Barros D´Assunção (2018). A metodologia utilizada busca por
rastros documentais na hemeroteca digital sobre as atividades atinentes
à comensalidades no jornal acreano o Alto Purús (1908-1918). As pala-
vras “garimpadas” no periódico foram: “cozinheiro”, “cozinheira”, “chef” e
“mestre cuca”. O termo cozinheiro aparece em doze ocorrências nos mais
diversos editoriais: hospital, necrotério, colunas sociais, obituários, ser-
viços e colunas livres. Os poucos fragmentos encontrados fazem referên-
cias a cozinheiros, porém, há de se levantar que nenhum é mostrado no
exercício da função, isso leva ao que Durval Muniz (2007) colocou como
“apagamento da história”, tendo como fio condutor a alimentação em sua
dimensão social, cultural e política.
Palavras-chave: Cozinheiro; Acre territorial; Comensalidades; Alimenta-
ção.

Dona Margá e sua arte de contar história


Pabla Alexandre Pinheiro da Silva (UFAC)
Resumo: Quando a luz apagava, os sete filhos de Dona Margá esperavam
com alegria a contação de suas histórias preferidas: A velha, a cachorri-

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nha e o monstro e A flor do Lirolá. As histórias contadas na infância pela
matriarca, ainda ecoam nas memórias de seus filhos, são registros de mo-
mentos felizes e singulares. Por isso, o objetivo deste trabalho é fazer uma
análise comparativa entre as histórias contadas por Dona Margá (A ve-
lha, a cachorrinha e o monstro; A flor do Lirolá), A terrível Parábola (Gui-
marães Rosa, 1997) e A flor de Lirolai e outros contos da América Latina
(Bodenmüller; Prando, 2015); observando suas adaptações/variações, ora-
lidade, performance e produções de sentidos. Os autores escolhidos para
balizar a escrita são: Paul Zumthor (1993, 1997, 2005), Le Goff (1990) e
Ricoeur (2007). A metodologia utilizada tem abordagem qualitativa e será
desenvolvida por meio de uma análise comparativa entre as narrativas de
Dona Margá e as obras supracitadas. Espera-se deste trabalho conservar na
memória a arte de contar história de Dona Margá, buscando preencher o
vazio de sua ausência.
Palavras-chave: Tradição Oral; Memória; Narrativas.

Espaço-lugar de trânsitos: uma Sena


Madureira de histórias e memórias não
prestigiadas pela historiografia oficial
Emilly Ganum Areal (UFAC)
Resumo: Este trabalho foi articulado a partir de disciplinas, eventos e
grupos de estudos no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Letras:
Linguagem e Identidade da Universidade Federal do Acre (UFAC), e tem
como objetivo trazer histórias ignoradas pela narrativa amazonialista ofi-
cial. Temos a intenção de dar a ver, histórias contadas por prostitutas, se-
ringueiros, padre-médico, histórias de incesto, que tratam de experiências
sociais vividas e caladas na cidade de Sena Madureira, a partir de sujeitos
que falam de suas memórias e de seus relatos pessoais. Nesse sentido, o
caminho teórico-metodológico foi construído em diálogo com a pesquisa
descritiva e bibliográfica em sintonia com os seguintes referenciais: Albu-
querque (1995, 2015, 2016, 2020), Antonacci (2014), Benjamin (2008, 1994),
Certeau (2000), Glissant (2005), Hall (2005), Pízarro (2012), entre outros.
Portanto, se observou as multiplicidades de vozes, sujeitos(as) na constru-
ção da cidade de Sena Madureira. Assim, destacando à história contrapelo,
no sentido de trazer à tona essas vozes de resistência e sobrevivências, que
foram enclausuradas como “errantes”, “marginais” e “singulares”.
Palavras-chave: Trânsitos; Histórias; Memórias; Sena Madureira.

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Fronteiras identitárias, culturais e
memorialísticas de judias prostituídas na
peça teatral Eretz Amazônia, de Márcio Souza
Angélica da Silva Pinheiro (UFPA)
Resumo: São reconhecidos nacional e internacionalmente os autores que
discutem a cultura judaica, assim como a história da imigração dos ju-
deus na Amazônia. Na literatura vê-se, também, marcas judaicas em obras
escritas por descendentes de judeus. Márcio Souza, em Eretz Amazônia,
peça de teatro contida no livro Teatro Seleto (2018), apresenta, nas setes
cenas que compõem o texto, a temática cultural e identitária dos judeus
que deixaram o Marrocos e na Amazônia fizeram um novo lar. A peça é
também homônima à obra seminal de Samuel Benchimol Eretz Amazô-
nia. Em uma das cenas, surge a temática das judias prostituídas, que à re-
velia vivem uma experiência diaspórica e transcultural, embora lutem para
manter aspectos da identidade judaica. Rememora-se, na cena, a trajetó-
ria hostil de moças judias imigrantes conduzidas à prostituição. Apoiados
no pensamento de Stuart Hall (2003), este trabalho buscará entender os
processos identitários e diaspóricos retratados nas personagens, conside-
rando conceitos de memória Halbwachs (1990), além dos processos trans-
culturais pontuados por Fernando Ortiz (1983), que apontam rastros da
cultura judaica na Amazônia.
Palavras-chave: Identidade; Cultura; Judias; Prostituídas; Memória.

Memória e oralidade: o quilé da borracha no


Vale do Guaporé - RO
Joely Coelho Santiago (UFAC)
Hélio Rodrigues da Rocha (UNIR)
Resumo: O sistema de aviamento, século XIX e meados do século XX,
ocorria sob vigilância por parte daqueles que se intitularam patrões/donos
da terra. Nesses espaços, os produtos eram revendidos a prazo, e, no acerto
da dívida era descontado o quilé da borracha. O objetivo geral deste estu-
do é analisar mecanismos de controle no interior das colocações de serin-
ga, assim como, estratégias e negociações entre os grupos que procuraram
esses espaços para trabalhar o leite da seringueira. Para isso, realizamos
análise documental, conversas informais e entrevistas semiestruturadas
fundamentadas por pressupostos teórico-metodológicos da História Oral.
O presente estudo se justifica mediante a possibilidade de análise das for-
mas de sobrevivência em áreas de extrativismo no/do Vale do Guaporé. A
pesquisa, do tipo bibliográfica e etnográfica, com abordagem qualitativa e
de natureza descritiva, foi fundamentada a partir dos estudos de Patricia
Collins (2020); Ecléa Bosi (1994); Michel Foucault (1997); Santos (1996);

63
Pizarro (2012); Kilomba (2019); Fanon (2021); Du Bois (2021); Quijano
(2005), dentre outros/as. Nesta perspectiva, o estudo se torna relevante
para problematizar narrativas oficiais nos campos da linguagem, identida-
de e memória nos espaços amazônicos.
Palavras-chave: Memória; Oralidade; Seringal; Guaporé.

Memória: uma reflexão sobre a construção


da memória das personagens de Dois Irmãos,
de Milton Hatoum
Dayanna Vieira de Jesus (UFMT)
Resumo: O presente trabalho analisa o romance Dois Irmãos, publicado
em 2000 pelo romancista e crítico literário, Milton Hatoum. Tendo como
categoria analítica a construção da memória das personagens que se inter-
põe entre o espaço de silenciamento e abismos vividos pelos moradores da
casa. O eixo central desse trabalho é mostrar como o romance em estudo
traz a construção das personagens que apresentam em toda a narrativa
memórias individuais e coletivas em conflitos constantes. Partiremos da
análise da memória e espaço e sua relação na construção de suas iden-
tidades e como esses fatores interferem no contexto familiar vivido pe-
las personagens. A representação da cidade e dos espaços de intimidade,
como o casarão, as memórias dos objetos e a decoração do lar, o quintal e
a seringueira serão observados também como lugares de práticas sociais
e subjetivas do sujeito de modo a evidenciar como esses espaços revelam
experiências vividas que, na narrativa, dão construção à memória e iden-
tidade das personagens que vivenciam abismos e silenciamentos na casa
libanesa. Como referencial teórico buscou-se neste trabalho as contribui-
ções de Bauman (2005), Halbwachs,(1990).
Palavra-chave: Família; Memória; Espaço; Identidade.

Memórias da ditadura em cartas de Cruzeiro


do Sul - Acre
Francisca Janaina Silva de Souza (UFAC)
Resumo: Em 1964, no início da ditadura civil militar no Acre, a família do
ex-governador José Augusto de Araújo, deposto pelo golpe militar, iniciou
a troca de cartas com amigos e parentes durante o período de exílio, dian-
te do teor das cartas fizemos a seleção de duas para análise do contexto
em questão, nelas evidenciamos elementos que narram fatos referentes
a renúncia de José Augusto a partir da vida privada dos personagens que
residiam e as escreveram na cidade de Cruzeiro do Sul, as cartas saíam do
Acre e eram enviadas para o Rio de Janeiro. Estão claros nos conteúdos
das cartas as situações de coação política, humilhações, violências, menti-
ras e saudades que são destacadas no sentido de ampliar o conhecimento

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acerca do golpe militar no Acre e seus impasses. Nos referenciamos nas
discussões propostas por Paul Veyne (1998), Ansart (2004,2005) e Hannah
Arendt (2013) para dialogar com os escritos como eventos da história, res-
sentimentos e a crise que abalou a república através de memórias/cartas, e
partirmos de situações subjetivas dos personagens, em uma construção de
narrativas que unem o desejo e a esperança do retorno à democracia.
Palavra-chave: Ditadura; Memória; História; Cartas; Acre.

Nóemia de Sousa: memória, história, identidade


Ana Claudia Servilha Martins (SEDUC)
Resumo: A obra ficcional da poetisa Noémia de Sousa está interligada
às questões políticas e históricas moçambicanas. No ínterim, o presen-
te trabalho justifica-se pela importância dessa autora para a organização
do pensamento revolucionário e contestador no período colonial e pós-
-colonial em Moçambique. Carolina Noémia Abranches de Sousa Soares,
popularmente conhecida como Noémia de Souza, foi uma poetisa, jorna-
lista e militante política moçambicana. Sua literatura engajada contribui
ao processo denominado de combate à estrutura colonial que teve início
em 1950, mediante ações revolucionárias de países africanos como Ango-
la, São Thomé e Príncipe, Cabo Verde e Guiné Bissau. Noémia de Souza é
uma voz feminina que discute os resquícios dos colonialismos que resul-
taram em movimentos que imprimem violências e desigualdades. Nessa
pragmática, como resultado das tessituras diálogas, insere-se que Noémia
de Souza promove a valorização do passado ancestral e cultural para que
este continue sendo relevante na contemporaneidade. Apoiando-nos em
nomes de destaque nos estudos das literaturas africanas de língua portu-
guesa, a exemplo de Ana Mafalda Leite (2006), Carmen Lúcia Tindó Secco
(2002, 2003), Francisco Noa (1996), Patrick Chabal (1994) e Pires Laran-
jeira (1995), pretendemos mostrar a importância do gênero poético dessa
autora para a formação e a consolidação da literatura moçambicana.
Palavra-chave: Literatura; Poesia; Noémia de Sousa; Moçambique.

O cosmos sagrado da Barquinha da


Madrinha Chica: ecletismo ritual numa
religião amazônica
David de Lima Damasceno (UFAC)
Resumo: Desenvolvemos neste artigo um breve resumo sobre a funda-
ção do Centro Espírita Obras de Caridade Príncipe Espadarte, fundado
em 1991, em Rio Branco – AC, pertencente à linha da barquinha, uma das
três linhas a compor a Tradição Ayahuasqueira. Apresentamos elementos,
símbolos e performances rituais dessa que é uma religião fundamental-
mente Amazônica, que sincretiza três diferentes matrizes religiosas (afri-

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cana, ameríndia e européia) em seu código de ética, criando uma nova
matriz e fundando um Cosmos único. Tivemos como objetivo, para além
da apresentação do histórico de fundação do centro, propor alguns ques-
tionamentos sobre o sincretismo vivenciado por esse movimento religioso,
buscando entender os fenômenos existentes dentro de tal movimento que
propiciaram a criação de um Cosmos único e que hibridiza três matrizes
religiosas. Para tanto, utilizamos os conceitos de Cosmos de Mircea Eliade
(1992) e a vasta bibliografia sobre a Tradição Ayahuasqueira, com foco no
trabalho de Goulart (2004) e Mercante (2012).
Palavra-chave: Barquinha; Tradição Ayahuasqueira; Cultura.

O sagrado e a fé representados no cemitério


Cruz Milagrosa: uma história de memória e
narrativas
Carla Simone de Oliveira Peres (UFAC)
Resumo: O presente estudo tem como objetivo abordar o sagrado e a fé
representados no cemitério Cruz Milagrosa como composição de uma me-
mória histórica da cidade de Rio Branco, considerando a ocupação demo-
gráfica do Acre que tem como protagonistas de sua história além dos nati-
vos, os nordestinos. Nesse aporte, o cemitério é um espaço referencial com
forte teor histórico religioso para professar a fé de devotos para além do
enredo de forte projeção de seus feitos milagrosos que envolve sua história
na cidade, atraindo pessoas de diversos lugares da região. Os procedimen-
tos metodológicos adotados para esse estudo foi a pesquisa de campo de
caráter qualitativo e algumas pequenas reportagens em matérias de jor-
nais, pois as narrativas dessa história são através da oralidade de alguns
antigos. Compondo nosso referencial teórico utilizamos Le Goff (1990),
Pollak (1992); Assis (2012), Aries (2012/2014), Eliade (2001) dentre outros.
Diante do estudo, foi possível concluir que o cemitério permaneceu du-
rante décadas, sendo o único, como lugar de devoção e “milagres”, em que
o “povo faz o santo” e “constrói seu local sagrado”, fundamentados em sua
crença, fé e religiosidade, considerando ser esse o cemitério mais antigo da
cidade de Rio Branco-Acre.
Palavra-chave: Sagrado; Fé; Milagre; Cemitério, Memória.

O trajeto entre memórias: uma leitura


do romance Relato de um certo oriente, de
Milton Hatoum
Werick Araújo Moraes (UEA)
Resumo: Ao falarmos do trajeto entre memórias no romance hatouniano
em questão, nos situamos diante de pensamentos que se vinculam ao dis-
curso do outro. Ademais, podemos notar as vozes participantes e caracte-
66
rísticas singulares. Essas questões nos permitem perceber realidades silen-
ciadas e peculiaridades de um tempo em espaço amazônico que também
dizem respeito aos aspectos culturais daqueles que vieram do Líbano. Este
trabalho se dedica ao estudo da forma de narração no romance Relato de
um certo oriente, de Milton Hatoum. Nesse percurso, projetamos analisar
a obra como alguém que viaja e se dispõe a relatar o que ver, para efeito de
respondibilidade ou réplica, pondo em perspectiva o que as personagens
representam, estando elas na posição de narradores ou simplesmente fi-
guradas na narração. Nosso arcabouço teórico é baseado no discurso ro-
manesco em Mikhail Bakhtin (2015), na Geopoesia flúvia de Silva Júnior
(2020) e na ideia de narração em Walter Benjamim (1983).
Palavra-chave: Romance; Memória; Narrador; Geopoesia.

O ‘’Dia-D’’: pular a roleta e fazer movimento -


narrativas de mulheres sindicalistas do Acre
Evandro Luzia Teixeira (UFAC)
Resumo: No Brasil, durante a década de 80, os movimentos sociais se co-
locaram à frente de eventos políticos, quando intencionavam enfrentar os
governos com práticas alinhadas à ditadura. Por meio do artigo O “dia-
-d”: pular a roleta e fazer movimento - narrativas de mulheres sindicalistas
do Acre, proponho oferecer reflexões sobre o processo de organização dos
movimentos, a partir das narrativas de lideranças sociais, destacando duas
mulheres, sujeitas de pesquisa, em andamento, vinculada ao programa de
Pós-graduação em linguagem e Identidade da Universidade Federal do
Acre. Situo suas narrativas no acontecimento “O dia-D”, que se concreti-
zou numa articulação de múltiplas representações, que teve como causa
aglutinadora o aumento da tarifa do transporte coletivo na cidade de Rio
Branco-AC’. Leituras sobre a arte de ser e fazer, numa perspectiva de aná-
lise das relações entre o Estado e a sociedade. A metodologia consistiu
em ouvir narrativas, intercruzando interpretações, balizadas por pensa-
mentos extraídos em Foucault (2003/2006) , Certeau (192~2014), Portelli
(1987), Sarlo (2007) e Albuquerque (2019). Vivências e experiências, por
meio de falas, trazem aprendizados sobre as organizações e movimentos
dos trabalhadores, estudantes e movimento comunitário, que se constitu-
íram atores políticos na cidade de Rio Branco-Acre em 1987.
Palavra-chave: Dia-D; Movimentos sociais; Narrativas; Poder.

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Povos originários e Direitos Humanos na
Constituição de 1988: uma perspectiva
decolonial
Danielle Bruzzi Auad (UEMG)
Andrea Machado de Almeida Mattos (UFMG)
Resumo:Este trabalho tem por objetivo discutir questões ligadas aos direi-
tos constitucionais dos Povos Originários estabelecidos na Constituição
Federal de 1988 a partir de uma perspectiva decolonial. Para tanto, parti-
remos dos Arts. 231 e 232 da Constituição que, respectivamente, reconhece
aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e
os direitos originários sobre suas terras, e confere legitimidade aos índios,
suas comunidades e organizações para ingressar em juízo em defesa de
seus direitos e interesses. Baseando-nos nos conceitos de colonialidade/
decolonialidade, que evidenciam as heranças coloniais de dominação po-
lítico-econômico-institucional advindas das metrópoles europeias, e pós-
-memória, que define a relação existente entre a memória de uma geração
que vivenciou um grande trauma coletivo e as gerações subsequentes que
não vivenciaram esse trauma mas que possuem recordações baseadas na
transmissão intergeracional de histórias e narrativas, tentaremos discutir
a história e os traumas vividos pelos povos originários brasileiros, desde a
colonização até a conquista de seus direitos com a promulgação da Consti-
tuição de 1988. Esperamos com este trabalho fomentar as discussões acer-
ca dos direitos dos povos originários e trazer um posicionamento favorável
à sua luta, dos pontos de vista histórico, social, jurídico e ético.
Palavra-chave: Povos Originários; Direito constitucional; Decolonialida-
de; História; Pós-memória.

Professor leigo e formação docente:


memórias tecidas com trajetórias de
professoras na cidade de Rio Branco
Adriana Alves de Lima (UFAC)
Resumo: As trajetórias de professoras da cidade de Rio Branco, Acre fo-
ram escolhidas como objeto de estudo por me permitir problematizar o
que está posto a respeito da formação de professores na educação acreana
pela história cânone. Nesse sentido, o escopo desse estudo é analisar as
trajetórias professoras da cidade de Rio Branco, Acre, às quais por meio de
uma entrevista oral enunciam que ao iniciar a docência na década de 60 e
70 começaram a lecionar como professoras leigas, por não terem formação
acadêmica para assumir uma sala de aula. Assim, este trabalho fundamen-
ta-se numa pesquisa de cunho qualitativo, na perspectiva da abordagem da
história oral proposta por Portelli (2010), assim como as obras de Jacques

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Derrida (2001), Michel de Certeau (1982), Michel Foucault (1979), Walter
Benjamim (1987) o referencial teórico-metodológico inicial que inspiraria
minha escrita. Este referencial me permitiu compreender que as sujeitas
professoras são arquivos, que seus corpos são arquivos, e que a história da
educação do Acre é uma escrita fabricada pelo discurso oficial. Nesse sen-
tido, pretendo recalcar as trajetórias dessas professoras para possibilitar
um outro gesto de interpretação a respeito da formação de professores no
Acre.
Palavra-chave: Memórias; Narrativas; Formação de Professores; Profes-
sor Leigo.

“La cabeza y los pies de la dialéctica’’:


exterioridad y mítica-panandina en el
discurso de Cesar Vallejo
Carlos David Larraondo Chauca (UFAC)
Resumo: La siguiente comunicación pretende una lectura/traducción del
ensayo La cabeza y los pies de la dialéctica de Cesar Vallejo localizado en el
compendio “Contra el Secreto Profesional” publicado en el año 1973, bajo
el sello Mosca Azul Ediciones. Dentro del texto se discutirán conceptos
como “darwinismo”, “darwinismo social”, “dialéctica materialista”, “dialéc-
tica idealista” y su relación con la “modernidad/colonialidad”, esto desde
el espacio propuesto por Vallejo, interpretado aquí como una “exteriori-
dad” a la cual el poeta recorre al personificar, mediante un proceso chamá-
nico, un animal “prehistórico”: el “megaterio”, que se postra interpelante
ante los grandes monumentos/discursos de la modernidad. En mi lectura,
distingo al megaterio como uno de los seres solares que Vallejo performa
en su poética en asociación con la mítica panandina del “Inkarrí”, tal como
lo hace en los poemarios Los heraldos negros y Trilce. Así, al anteponer un
cuerpo de otros tiempos ante los monumentos de la modernidad, Vallejo
agencia un diálogo atemporal que identifico como un reclamo histórico,
un “pasado” que se presentifica en el aquí/ahora y se opone al silencia-
miento de cuerpos que el discurso eurocéntrico/etnocéntrico enclaustra
en un pasado ya superado.
Palavra-chave: César Vallejo; Inkarri; Dialectica; Modernidad; Literatura
Hispanoamericana.

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Narrativas da tradição oral do povo Oro
Wari e Oro Nao: “a grande alagação” e o “mito
do surgimento do milho”
Sâmela Fernandes da Costa (UNIR)
Valdir Vegini (UNIR)
Resumo: Esta pesquisa, que ainda se encontra em andamento, tem por
objeto de estudo analisar duas narrativas da cultura indígena Oro Wari’
e o subgrupo Oro Nao’ denominadas: A grande alagação e Mito do surgi-
mento do Milho. Assim, analisaremos linguisticamente à luz da tradição
oral vansiniana que propõe, principalmente, a sua constituição peculiar
quanto à identidade e memória coletiva dessa etnia. A narrativa é reti-
rada do livro A cultura mitológica sobre a origem de povos indígenas de
Rondônia, organizado pelo Deinter (2018) e com estudantes indígenas que
expressam as riquezas presentes em sua cultura, memória e identidade.
Para procedimento das coletas adotamos tipo investigativo ou bibliográ-
fico, tendo como base teórica de Gil (2008). Dessa forma, para sustenta-
ção das análises, serão norteados pelos estudos narratológicos os teóricos
Labov (1997) e Ferreira Netto (2008). Apontaremos para conceituar sobre
identidade Stuart Hall (2016), Munduruku (2014) e Maciel (2021); aborda
Eagleton (2005), Thiél (2012) e Jecupé (1998, 2020) acerca da cultura geral
e indígena; Halbwacs (2006) e Pollak (1992) discutem a temática memória.
Os resultados preliminares evidenciam marcas identitárias do povo local e
contribuem de forma significativa para o registro da história cultural reve-
lando os saberes, modo de viver e memória dos indígenas.
Palavra-chave: Narrativa; Povo Oro Wari; Cultura indígena; Tradição
oral; Memória.

“Tudo passa sobre a terra” e “todo camina,


pero pasa también”: breve reflexão entre
mementos/monumentos que “criam” pelo
apagamento da repetição e narrativas
rememorativas que re-inventam e se rebelam
Suerda Mara Monteiro Vital Lima (UFAC)
Resumo: A partir de um jogo estabelecido entre a última frase do roman-
ce de José de Alencar, Iracema, (“tudo passa sobre a terra) e a epígrafe que
abre a obra rememorativa de Ana Pizarro, La Luna, El Viento, El Año, El
Día (“todo camina, pero pasa también”) busca-se refletir sobre como o
imaginário é/tem sido o lugar de disputa de poder e controle, bem como
de direito ou negação à vida e modos de existência. Enquanto a narrativa
de Alencar estaria vinculada a uma relação com a marcação de um calen-

70
dário, de um tempo-espaço opressivo, que segue ocultando e reiterando a
violência e horror do processo de dominação, incessantemente impondo
a lógica dos vencedores por meio da manutenção de um mito fundador,
apagando a figura da “vencida”, da “abjeta”, da não catalogada como huma-
na e engessando-a em símbolo do poder, da origem e do uno apresenta-se
essa ideia outra de jogo com o tempo-espaço, ideia que abre a narrativa de
Pizarro, extraída de um dos textos mesoamericanos, o Chilam Balam de
Chumayel, que ressalta, re-inventa fendas, entrelugares, uma maneira ou-
tra de relacionar-se com o tempo e com o espaço, a partir da rememoração,
movimento vital para Benjamin.
Palavra-chave: Repetição/apagamento; Tempo oficial; Tempo rememo-
rativo; Monumentos; Invenção.

Trabalho escravo na Amazônia Sul Ocidental:


interconexões entre degradação do
trabalho e da natureza
Letícia Helena Mamed (UFAC)
Eurenice Oliveira de Lima (UFAC)
Resumo: Na Amazônia Sul Ocidental, tomando como locus de observa-
ção o Estado do Acre, o fenômeno da escravidão, em suas diferentes mani-
festações, operou no passado, quando do avanço das fronteiras e produção
gomífera, e persiste hoje, em floresta nativa ou em empreendimentos do
agronegócio. Nas atividades que recorrem à escravização de trabalhado-
res, danos socioambientais também estão presentes, evidenciando inter-
conexões entre as duas práticas. A pesquisa em curso objetiva mapear e
analisar a dinâmica convergente entre degradação do trabalho e da natu-
reza, à luz da perspectiva dialética e aporte crítico da sociologia do traba-
lho, mediante combinação de pesquisa bibliográfica e documental, com
abordagem quanti e qualitativa dos casos de escravidão contemporânea
no Acre. O ponto de partida é a instauração da política nacional de com-
bate ao trabalho escravo no país, em 1995, que até 2019 indica a libertação
de 236 trabalhadores em empreendimentos situados nas cidades de Rio
Branco (capital), Brasileia e Epitaciolândia, área mais densamente povo-
ada e principal polo de desenvolvimento regional. Essa área também se
destaca por abrigar a tríplice fronteira Brasil-Peru-Bolívia e ser atravessada
pela rodovia Interoceânica, importante corredor viário sul-americano, que
assegura a integração de economias, a célere circulação de mercadorias e a
intensa movimentação de trabalhadores imigrantes.
Palavra-chave: Trabalho escravo; Natureza; Amazônia Sul Ocidental.

71
Vida e trabalho nos seringais da Amazônia
Acreana: representações do fazer na obra O
Empate, de Florentina Esteves
Manoel Messias Feitosa Soares (UFAC)
Auxiliadora dos Santos Pinto (UNIR)
Resumo: Trata-se de apresentação resultados parciais de pesquisa que tem
por objetivo a análise sobre a vida e o trabalho nos seringais amazônicos
tendo como ponto de partida o diálogo entre trajetória de vida, represen-
tações do trabalho nos seringais na obra literária O Empate, de Florentina
Esteves, e historiografia. Busca-se desvelar a interrelação entre discurso
histórico e ficcional, enfatizando as expressões e termos utilizados pelos
seringueiros e seringueiras nos contextos acreanos. Alguns aspectos nor-
teadores da pesquisa podem ser apresentados a partir das seguintes pro-
blemáticas: Como trabalho e vida cotidiana se entrecruzam nos espaços
dos seringais? De que forma se apresentam as diferentes atividades nas
colocações e como estas organizam o trabalho e a vida de homens, mu-
lheres e crianças? Do ponto de vista metodológico, trata-se de pesquisa
bibliográfica que dialoga com memórias sobre a trajetória e experiências
de vida e trabalho do pesquisador em seringais acreanos e de fronteira. A
relevância do estudo liga-se à ênfase às historicidades amazônicas, suas
expressões na literatura, e na memória como fonte de reconstituição das
vivências. Do ponto de vista do referencial teórico, destacam-se os estu-
dos de: Cândido (2006), Nunes (1988), Baccega (2007), Halbwachs (2003),
Portelli (2016), Hall (2016), Albuquerque (2016), entre outros.
Palavra-chave: Amazônia acreana; Seringais; Trabalho; Memória; Socie-
dade.

A crônica representada pelas Sete Crônicas


de Milton Hatoum: uma abordagem social em
defesa dos indígenas no projeto editorial
Keliane Costa dos Santos (UEA)
Resumo: Os estudos entre literatura e sociedade focalizam vários níveis
de correlação, entre eles está o conhecimento centrado nos aspectos sociais
e de sua ocorrência nas obras. Destacamos para este trabalho um diálogo
sobre os aspectos sociais envolvidos no processo literário, bem como os es-
tímulos da criação literária, da estrutura literária, da relação entre escritor
e leitor. Dessa forma, o presente estudo busca compreender como a função
social da literatura apresenta-se nos projetos editoriais de obras literárias.
Como corpus, utilizamos quatro paratextos da obra Sete crônicas de Milton
Hatoum: apresentação, prefácio, posfácio e o designer gráfico presente nos
títulos dos capítulos e na capa. Tomamos como aporte teórico-metodoló-

72
gico a perspectiva dialógica proposta por Mikhail Bakhtin, para apresentar
as características discursivas na estética da criação literária de Hatoum; a
abordagem dos paratextos editoriais proposto por Gérard Genette, a fim
de compreender o projeto editorial do livro em sua materialidade; e a pers-
pectiva epistemológica de Antonio Candido acerca do papel das literaturas
na sociedade. As descrições alicerçadas nestas contribuições evidenciam
o movimento social do autor no projeto editorial da obra, adequando-a
ao contexto de publicação, o caráter solidário e senso de responsabilidade
social autoral pelas causas dos povos indígenas na estética da obra.
Palavra-chave: “Literatura e sociedade”; “Discurso social”; “Projeto edito-
rial”; “Povos indígenas”; “Milton Hatoum”.

Identidade e alteridade em debate: reflexões


sobre o 12º Encontro Nacional da Pastoral
da Juventude em Rio Branco - Acre, Brasil
Ketlen Lima de Souza (UFAC)
Resumo:O 12º Encontro Nacional da Pastoral da Juventude - ENPJ, entida-
de vinculada à igreja católica, foi realizado entre os dias 07 e 14 de janeiro
de 2018, na cidade de Rio Branco, no estado do Acre, Brasil, tendo como lo-
cal de referência a Universidade Federal do Acre e como tema “Txai: da sei-
va da vida, a festa do bem viver”. Este trabalho teve como objetivo compre-
ender o papel do 12º ENPJ no debate e construção da identidade/alteridade
da juventude integrante da pastoral. Como procedimentos metodológicos
foi realizado levantamento e análise documental de relatório descritivo
do evento e de registros feitos a partir de observação participante. Alguns
conceitos e reflexões se mostraram pertinentes para a análise, tais como a
reafirmação da identidade política de Teixeira (2006), a participação juve-
nil na sociedade de Rodrigues (2010) e a alteridade e os sentidos éticos de
Estevam (2004). O encontro contou com a presença de 419 delegados/as
de todo o Brasil. A participação de integrantes com realidades tão distintas
na composição da Pastoral da Juventude possibilitou a construção de um
espaço plural de reflexões para a comunidade.
Palavra-chave: Identidade; Alteridade; Religião; Pastoral da Juventude;
Acre.

73
Corpos enunciadores de resistência na
Amazônia Ocidental: escrevivências de
mulheres em privação de liberdade
Pâmela Dias Villela Alves (IPECAL)
Samila de Paula Niz
Resumo: Este trabalho objetiva falar sobre o trabalho de resistência atra-
vés do “Projeto Escrevivências da Libertação: releituras e reconstruções de
trajetórias”, realizado na Unidade Feminina do Sistema Prisional Acreano.
Projeto desenvolvido pela Rede MulherAções a partir de uma metodologia
de leitura, escrita e práticas sociais pautada no conceito de “Escrevivên-
cias” de Conceição Evaristo e nos eixos teórico-metodológicos de Paulo
Freire. Tem, ainda, como base bibliográfica Augusto Boal, Bárbara Santos,
experiências vivenciadas no Grupo de Estudos do Teatro do Oprimido na
floresta e a escrita terapêutica criada por Carla Silva. Abordando sobre te-
mas como o racismo, violência contra a mulher, luta de mulheres, impor-
tantes personagens negros e negras da história brasileira, trabalha-se na
perspectiva do corpo aprisionado e estigmatizado, sendo a primeira vez
-ao que se sabe- que o Teatro do Oprimido é abordado neste contexto em
nosso Estado. A partir da importância dessas mulheres resistirem na Ama-
zônia e neste Estado com a segunda maior taxa de encarceramento do país,
o projeto visa favorecer que elas se coloquem num lugar de experienciar
como o “nós” e o “eu” pode ser percebido, concebido e auto narrado a partir
de si mesma, do coletivo e de suas trajetórias, um desencarceramento não
só do corpo.
Palavra-chave: Resistência; Escrevivênciaa; Desencarceramento; Mulhe-
res; Coletivo.

A escrevivência amazônida nas poéticas de


Amanara Brandão Lube e Mari Santos
Erlândia Ribeiro da Silva (UFES)
Patrícia Pereira da Silva (UNIR)
Resumo:Este trabalho tem como objetivo analisar de que maneira a an-
cestralidade e a resistência estão presentes em dois poemas da obra Entre
portos: narrativas às margens (2021), da escritora rondoniense Amanara
Brandão Lube, e dois poemas do livro A não tão grande outra (2022), da
poeta e rapper rondoniense Mari Santos. Tais poemas serão analisados a
fim de que possamos compreender a potência poética nessas duas escri-
tas, que apesar de distintas falam de um mesmo lugar. Conceição Evaris-
to, em Ponciá Vicêncio (2017, p. 9), analisa a escrita feita por mulheres
negras como “ato político”, nesse sentido, compreendemos a barreira que
as escritoras aqui mencionadas enfrentaram ao lutarem não só por espa-

74
ço editorial, mas também pela condição étnica, social e geográfica. Estas
nuances aparecem nos poemas analisados, reverberando poeticamente no
cotidiano apresentado, as violências simbólicas e factuais oferecem uma
crítica audaz ao nosso tempo, denunciando desde os silenciamentos pelos
quais as mulheres passam, até a ausência de direitos sobre o próprio corpo.
Para tanto, esta pesquisa recorre aos estudos críticos de Conceição Evaristo
(2017), Audre Lorde (2019), bell hooks (2019) e demais pesquisadoras que
nos ajudem a compreender a escrevivência e a resistência que atravessam
os poemas das obras aqui analisadas.
Palavra-chave: Escrevivência; Resistência; Poesia; Amanara Brandão
Lube; Mari Santos.

A imposição da maternidade como modelo


de sucesso feminino na Nigéria colonial em
As alegrias da maternidade (1979), de Buchi
Emecheta
Yasmim Vicuna Encarnação de Souza
Resumo: Esta pesquisa analisa a imposição da maternidade como modelo
de sucesso feminino na Nigéria colonial em As alegrias da maternidade,
(1979), de Buchi Emecheta, autora que sofreu esta mesma imposição em
sua vida e figurou muitas personagens com base em sua vivência cultural
na Nigéria. Este trabalho busca entender tais imposições, quais os efei-
tos na protagonista Nnu Ego, além de suas relações com outras persona-
gens que sufocam seus desejos, e como sofre conflitos internos, por não
gostar da maternidade em muitos momentos. A pesquisa é bibliográfica,
qualitativa, e se pauta nas considerações de autoras como Beauvoir (2019),
Woolf (2019), Perrot (2012), Davis (2016), hooks (2019), Showalter (2014),
Wollstonecraft (2016), Makana (2013), dentre outras autoras que teorizam
os feminismos como movimentos sociais, como crítica literária feminista,
e o feminismo negro como meio de dar voz às mulheres antes silenciadas,
além da situação da mulher na Nigéria. A pesquisa revela que a protago-
nista Nnu Ego não consegue engravidar e é vista como um fracasso para
sua tribo. Quando engravida, porém, a sucessão de filhos não a faz se sen-
tir realizada, se culpa e se anula como mulher em outros setores da vida e
não consegue ver outra perspectiva que não a maternidade.
Palavra-chave: Feminismo; Feminismo Negro; Maternidade.

75
A violência contra a mulher na narrativa de
autoria feminina afrobrasileira do século XIX
Larissa da Silva Sousa (UNIFESSPA)
Resumo: Este trabalho tem o objetivo de apontar e discutir as diferentes
formas de violência contra a mulher ocorridas em duas narrativas de Ma-
ria Firmina dos Reis: o romance Úrsula e o conto A escrava, analisando
a partir da observação das vivências das personagens e da forma como a
atuação masculina e a forma como vive em sociedade afetam as suas vidas
e a maneira como elas são violentadas pelo sistema patriarcal. Para tal,
Pierre Bourdieu (2010), Joan Scott (1991) e Jean Delumeau (2009), guiam
as análises e discussões garantindo a fundamentação teórica que embasa
os apontamentos à obra da autora maranhense. A elaboração deste segue
um panorama de como a violência é apresentada nas narrativas e, ainda, é
intuído a promoção de uma relação entre os acontecimentos trazidos pelo
texto fictício e a vida cotidiana. A partir deste estudo, nota-se nas narrati-
vas da escritora afrobrasileira que é pujante naquele contexto as violências
às quais as mulheres eram expostas naquele período, fossem elas físicas e/
ou simbólicas, fato que é reflexo do meio social – extremamente patriar-
cal – que Firmina vivia. Com as discussões, vê-se como evidente que ainda
hoje as mulheres seguem sendo vítimas da violência de gênero.
Palavra-chave: Violência; Mulher; Autoria feminina; Afrobrasileira; Ma-
ria Firmina dos Reis.

As caras e cores da nossa diversidade:


falando sobre a construção da identidade na
Educação Infantil
Francisca Karoline Rodrigues Braga Ramos (UFAC)
Resumo: Neste trabalho se apresenta os resultados do projeto de ensino
Quem sou eu? As caras e cores da nossa diversidade, desenvolvido com a
turma do Pré Escolar II no Colégio de Aplicação da UFAC durante o Ensi-
no Remoto, objetivando a construção da noção de identidade no contexto
amazônico, a partir da percepção das diferenças físicas individuais e cul-
turais, enquanto elementos da diversidade cultural acreana. A abordagem
metodológica de organização do trabalho docente foi o projeto de ensino,
desenvolvido de forma síncrona e assíncrona, no Google Meet e Whatsa-
pp, respectivamente. Foram realizadas atividades como rodas de conversa
on-line, leitura e apreciação de diversas obras literárias sobre a temática ét-
nico-racial na infância, oficinas para produção de pinturas, jogos digitais,
leitura e releitura de obras de arte do artista indígena Denilson Baniwa,
e produção de autorretratos. Para tanto, contou-se com a colaboração de
Alves e Ghiggi (2012), Nery (2007), Bauman (2005), dentre outros, para
discutir a realização da proposta de trabalho e o processo de construção de

76
identidade em crianças pequenas. Os resultados obtidos mostraram que
as interações e produções das crianças forneceram elementos para identi-
ficar as diversas construções identitárias estabelecidas pela turma e em sua
relação com o outro e o nós.
Palavra-chave: Educação Infantil; Diversidade; Identidade Amazônica;
Alteridade.

As contribuições das mulheres da Associação


de Mulheres Negras do Acre e de seu trabalho
no movimento social para a preservação
das narrativas das trajetórias sociais do
movimento negro na Amazônia Acriana
Amanda Silva Alves (UFAC)
Luci Praun (UFAC)
Resumo: O trabalho refere-se a pesquisa em andamento, em nível de
doutorado e tem como objetivo conhecer e descrever as contribuições das
mulheres da Associação de Mulheres Negras do Acre e de seu trabalho no
movimento social para a preservação das narrativas das trajetórias sociais
do movimento negro na Amazônia Acriana. Para tanto, serão realizadas
entrevistas com mulheres que atuaram na criação da Associação ou que se
tornaram sócias entre 2015 e 2021. Para a seleção da amostra, será adotada a
técnica snowball e seu ponto de saturação será definido quando os objeti-
vos da pesquisa forem alcançados ou quando novas indicações não impli-
quem mais informações relevantes ao estudo. Quanto ao referencial teóri-
co, utilizar-se-ão, dentre outros, os estudos de Kimberle Crenshaw (1989),
Angela Davis (2016), Audre Lorde (2019), Patricia Hill Collins (2019), Bell
Hooks (2018), Lélia Gonzalez (2020), Sueli Carneiro (2011), Beatriz Nasci-
mento (2021) e Achille Mbembe (2014). Os resultados da pesquisa serão
analisados a partir da sistematização dos fatos narrados nas entrevistas
e do delineamento de um panorama que verifique e documente as ações
narradas. As informações serão organizadas de acordo com os dados ob-
tidos nas entrevistas, a partir de critérios temporais, relativos a aconteci-
mentos e situações narradas, e temáticos.
Palavra-chave: Associação de Mulheres Negras do Acre; Movimento ne-
gro acriano; Movimento negro; Movimento de mulheres; Movimento de
Mulheres negras.

77
As leis penais na pós-abolição que
contribuíram para o encarceramento
Solene Oliveira da Costa (UFAC)
Resumo: Resumo: Neste texto, temos o objetivo de analisar como as leis
penais foram instrumentos utilizados para punir os ex-escravizados e seus
descendentes no pós-abolição. Assim, propomos investigar como essas
leis contribuíram para o encarceramento em massa da população negra e
empobrecida com viés no Acre, pois, conforme os dados do Infopen (2021),
proporcionalmente, esse é o segundo Estado brasileiro com o maior nú-
mero de pessoas privadas de liberdade. Tem-se, portanto, essa situação
como resultado de um sistema de justiça reprodutor do racismo estrutu-
ral e da ineficiência do Estado em garantir políticas públicas para pesso-
as em situação de vulnerabilidade social e econômica. A metodologia da
pesquisa é qualitativa mediante a utilização de bibliografias que discutem
o racismo estrutural de Almeida (2020), em diálogo com a teoria da necro-
política de Mbembe (2016) e a biopolítica de Foucault (1976). Diante da
complexidade, faz-se necessário discutir a invisibilidade e a criminaliza-
ção da população negra historicamente silenciada e colocada em posição
de subalternização.
Palavra-chave: Leis; Racismo; População negra.
As personagens femininas na obra de José
Lins do Rego
Lucinéia Alves dos Santos (UNIFAP)
Resumo: Pretende-se abordar nesta comunicação a representação das per-
sonagens femininas dos romances: Menino de Engenho, Doidinho e Ban-
guê de José Lins do Rego. Para tanto, utilizaremos a dicotomia: inocência e
pecado, teorizada por David Brookshaw (1983). Faremos uma abordagem
do estereótipo literário da mulata, que muitas vezes é apresentada como
a “mulata incendiada de luxúria” (Queirós Jr.,1975), personagem respon-
sável pela devassidão e ruína do protagonista. Há também a normalização
do estupro em um dos romances de Lins do Rego, esse aspecto está pre-
sente na obra de Gilberto Freyre (2003), amigo e grande influenciador do
escritor paraibano. Estudaremos sobre a invisibilidade construída através
da não identificação de algumas personagens negras que são apontadas
com racialização; não possuem nomes, são chamadas de negras somente.
Acrescentaremos a esta pesquisa a teoria da invisibilidade da mulher ne-
gra, abordada por Bell Hooks (2019) em seus estudos sobre representação
social. Este ponto de vista é capturado, igualmente, por Gonzales (1984)
que afirmou a existência de três noções para a mulher negra brasileira:
“mulata, doméstica e mãe preta”.
Palavra-chave: José Lins do rego; Personagens femininas; Racialização;
Estereótipo; Representação.
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As relações de gênero e poder nos textos
jornalísticos do Jornal O Rio Branco
Jirlany Marreiro da Costa Bezerra (UFAC)
Resumo: Este trabalho tem como objetivo discutir de que forma as rela-
ções de gênero e poder articulam as representações sobre as mulheres cri-
minalizadas através dos textos jornalísticos do jornal O Rio Branco entre
os anos de 1982 a 1989, para isso o estudo tem buscado como referencial
teórico Stuart Hall (2013, 2016), Marcia Silva (2014), Judith Butler (2003),
Michel Foucault (2014, 2016, 2021), entre outros autores, onde apontam
que as práticas e os valores sociais do sujeito influenciam na maneira como
as narrativas são perpassadas, neste caso as matérias coletadas do referido
jornal. A pesquisa debruça-se sob a perspectiva de analisar como se dá as
representações sobre a mulher criminalizada, tendo como procedimento
metodológico a análise de conteúdo de Bardin (2016). A presente pesquisa
em andamento possui 524 textos e está em fase inicial de análise, porém
tem observado que as representações sobre as mulheres criminalizadas
eram permeadas por estereótipos, discriminação e preconceitos oriundos
de ideias pré-concebidas sobre o papel social da mulher na sociedade, in-
culcado principalmente a partir do século XIX e XX, porém sendo ainda
difundidos em pleno século XXI.
Palavra-chave: Criminalizadas; Discriminação; Estereótipos; Mulheres;
Representação.

Branquitude crítica na temática indígena:


desafios e possibilidades
Ramon Nere de Lima (UFAC)
Geovanna Moraes de Almeida (UFAC)
Resumo: Este trabalho visa pensar a possibilidade da utilização concei-
tual de “branquitude crítica” aplicado à temática indígena, considerando
a relação entre branquitude e colonialidade no processo de racialização e
desumanização dos povos originários, já que a branquitude como constru-
to ideológico parte do princípio de um locus de poder de pessoas brancas,
em detrimento dos não-brancos (Muller; Cardoso, 2017). Destarte a coli-
gação dessas ponderações, Cardoso (2008, 2011) afirma que a identidade
racial do branco não se trata de um elemento homogêneo, segmentando-
-a em acrítica (secção abertamente racista) e crítica. A branquitude críti-
ca, por sua vez, reporta-se ao grupo de pessoas brancas que desaprovam
as vantagens sistêmicas provenientes das estruturas sociais racistas e se
aliam à luta por igualdade racial. Por conseguinte, a partir do exposto, vis-
lumbra-se como este conceito ampliado poderia ser utilizado para sujeitos
aliados engajados em cooperar na luta indígena. Do ponto de vista teórico-
-metodológico, se trata de uma pesquisa bibliográfica de cunho qualitativo

79
em diálogo com Munduruku (2010), Baniwa (2007), Krenak (2019), Cardo-
so (2008, 2010), Bento (2002, 2022) e Quijano (2005, 2007). Previamente,
percebe-se que há uma ausência de análises concernentes à viabilidade da
inferência da branquitude na episteme indigenista na condição de sujeitos
parceiros de luta.
Palavra-chave: Branquitude Crítica; Povos indígenas; Decolonialidade.

Cidadã de segunda classe: a resistência e a


construção da autonomia feminina negra em
Buchi Emecheta
Raimunda Alves de Souza
Resumo: A pesquisa parte da premissa de que embora os movimentos
feministas tenham conseguido fazer ouvir as vozes femininas em diver-
sos contextos, não pensaram na situação de mulheres negras e periféricas,
que continuaram sendo subjugadas por questões sexistas, de classe e raça.
Pensando nessa problemática, a crítica feminista e o feminismo negro sur-
gem para dar voz as mulheres até então silenciadas. É o caso da protago-
nista Adah, que é a provedora do lar na Nigéria, depois, na Inglaterra, mas,
mesmo assim, é inferiorizada pelo marido, no romance Cidadã de segunda
classe (1974) de Buchi Emecheta, que figura o papel da mulher negra ni-
geriana que busca melhores condições de vida no Reino Unido, predomi-
nante branco e racista. Esta análise tem como base autoras como Beauvoir
(2009), Woolf (2019), Showalter (2014), Davis (2016), Bell Hooks (2019),
para entender os primeiros movimentos feministas, e o desdobramento da
temática feminista em feminismos negros, bem como a sistematização de
uma crítica literária feminista, de modo a entender, no romance, a escri-
ta e a protagonização negras, e a figuração da personagem que simboliza
outras mulheres africanas. A pesquisa revela que Adah resiste às imposi-
ções patriarcais familiares, tentando formar uma nova identidade no país
estrangeiro.
Palavra-chave: Crítica literária feminista; Feminismo negro; Buchi Eme-
cheta; Cidadã de segunda classe.

Desesperança, misoginia e independência


feminina em meio ao conflito armado da
ditadura militar na Somali em O pomar das
almas perdidas (2016), de Nadifa Mohamed.
Livia Carina Silva de Lima
Resumo: A sociedade patriarcal somali sempre relegou à mulher papéis
de inferiorização em relação ao homem. Tal posição foi questionada no
governo ditatorial de Siad Barre, de 1969 até 1991, que buscou dar igualda-

80
de de direitos entre os gêneros. Porém, as mulheres continuaram subalter-
nizadas, mesmo nos cargos políticos e militares. Diante disso, discutem-se
aspectos como a desesperança, misoginia, luta, violência e independência
feminina no conflito armado da ditadura militar na Somália em O pomar
das almas perdidas, (2016), de Nadifa Mohamed, romance que dá prota-
gonismo a três mulheres, cujas vidas se entrecruzam. Como metodologia,
realiza-se pesquisa bibliográfica, qualitativa, discutindo autoras como Be-
auvoir (2009), Davis (2016), hooks (2019), Showalter (2014), entre outras,
acerca dos movimentos feministas, feminismo negro e africano, da situa-
ção das mulheres na Somália e da crítica literária feminista, observando
como as relações e os conflitos das protagonistas representam a sociedade
somali em termos de misoginia e exclusão da mulher. A pesquisa revela
que as mulheres são as maiores vítimas numa guerra, visto que sociedades
totalitárias são marcadas pelo sexismo, mas a união entre as 3 protago-
nistas simboliza a sororidade entre as mulheres, a melhor arma contra o
patriarcado.
Palavra-chave: Feminismo; Feminismo negro; Somália; Nadifa Moha-
med.
Feminino e as amarras do discurso
patriarcal: uma reflexão sobre a
sexualidade feminina através da Beata Maria
do Egito, de Raquel de Queiroz
Larícia Pinheiro Silva
Resumo: O trabalho busca promover a desconstrução da ideia de identi-
dade feminina através de uma análise reflexiva da protagonista Beata Maria
do Egito, tendo como foco discorrer sobre as relações de sexualidade e as
restrições que servem como artifícios para silenciar e aprisionar o femini-
no pelo discurso do patriarcado. Com este intuito se observa os discursos
presentes na tecitura do perfil feminino na narrativa de Raquel de Queiroz,
no romance Beata Maria do Egito (2003). Utiliza-se a pesquisa bibliográfi-
ca através do método comparativo em que relaciona as teorias de identida-
de, literatura e as questões de gênero, usando como suporte os textos de:
Stuart Hall e Tomaz Silva (2014); Antonio Esteves (2010); Antônio Candido
(2006); Mary Del Priori e Emanoel Araújo (2011); Michelle Perrot (2012); e
Judith Butler (2015). Assim, nota-se uma identidade que remete a uma for-
ma opressiva de dependência e carência do ser que precisa de um amado
para dar-lhe o prazer e a ilusão de segurança, como evidencia a tentativa
do Tenente-Delegado de Polícia ao envolver-se sexualmente com a Beata
Maria do Egito com o intuito de subjugá-la a sua vontade. A protagonista
se apropria do próprio corpo como arma de defesa para tentar dissuadi-lo
a libertá-la da prisão.
Palavra-chave: Beata Maria do Egito. Sexualidade. Identidade feminina.
Vozes dissonantes. Patriarcado.

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Feminismo e educação: a igualdade de gênero
em discussão
Josélia de Fátima Tuschinski (UPF)
Ivânia Campigotto Aquino (UPF)
Resumo: O presente trabalho tem como foco, estudos de gênero e edu-
cação, tais aspectos compõem a área de pesquisa da minha Dissertação
de Mestrado em Letras na Universidade de Passo Fundo (UPF) RS. O es-
tudo visa identificar os elementos que outorgam a participação do(s) fe-
minismo(s) nas organizações políticas e sociais e analisar de que forma
eles contribuem para o desenvolvimento da igualdade de gêneros. Para
isso, o texto discute à luz da Crítica Feminista, os tópicos: O papel do (s)
feminismo (s) nas reivindicações por direitos igualitários entre os gêneros
e a educação formal da mulher como força estruturante de sua autonomia
econômica, política e intelectual. Na busca por elementos, o ponto inicial
da minha investigação baseou-se no que designei cinco distintas vertentes
representativas de feminismo (s) a saber, Feminismo Liberal com os movi-
mentos: (Iluminista e Sufragista) Radical, Socialista, Feminismo Negro, e
Feminismo Interseccional. No decorrer dessa análise menciono as aproxi-
mações e distanciamentos das ideias que permeiam as distintas vertentes,
bem como, seus efeitos nos Estudo Feminista brasileiro.
Palavra-chave: Crítica feminista. Educação. Igualdade de gêneros.

Gênero, corpo e sexualidade: o que (não) dizem


os livros didáticos da educação do campo?
Wellington Rildo da Silva Marques (UNIFESP)
Resumo: A necessidade do debate empreendido por constantes reflexões
e questionamentos, no que se refere à temática envolvendo gênero, corpo
e sexualidade, consideravelmente vem ganhando espaço, tanto no contex-
to escolar quanto para além dos muros desses espaços socioeducativos,
e como pauta vem sendo ressignificadas por pesquisadores, educadores,
pais e psicólogos, entre outros profissionais. Partindo dessas premissas, o
estudo que vem sendo desenvolvido, tem como objetivo central analisar
as maneiras como gênero, corpo e sexualidade são (ou não) abordados no
livro didático da educação do campo, como tentativa de compreender se o
tratamento dado a esse objeto de pesquisa é (des)legitimado por um viés
cunhado no determinismo biológico-reducionista ou por uma perspecti-
va sociocultural. Para consecução da investigação aqui proposta, optou-se
por uma abordagem metodológica de cunho qualitativo, combinando pes-
quisa bibliográfica e documental, e que constitui-se como corpus da pes-
quisa, a coleção Culturas e regiões do Brasil. Sobre os pressupostos meto-
dológicos, a pesquisa está sendo ancorada nos estudos desenvolvidos por
Silva; Mello (2011), Hall (2003), Bauman (2003), Louro (1997), Rodrigues;

82
Barreto (2013), entre outros. Os resultados, ainda que de forma parcial,
vêm demonstrando a urgência da representatividade do corpo, enquanto
sujeitos múltiplos e contraditórios.
Palavra-chave: Gênero; Corpo; Sexualidade; Livro didático; Educação do
Campo.

Licenciatura intercultural indígena do


Sul da Mata Atlântica, da UFSC: povos
Laklãnõ Xokleng, Kaingang e Guarani de(s)
colonizando a academia
Andrisson Ferreira da Silva (UFSC)
Juliana Salles Machado (UFSC)
Resumo: O presente trabalho tem por objetivo analisar experiências em
andamento desde agosto de 2022, resultado de observações e análises atra-
vés de monitoria voluntária e posterior estágio docência no curso de Licen-
ciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica, curso de graduação
da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que atende os povos
Laklãnõ Xokleng, Kaingang e Guarani. O aporte teórico está em Quijano
(2009) e Walsh (2009) tratando da colonialidade e interculturalidade. Por
metodologia descritiva elencamos e refletimos como os mais de 40 alunos
e alunas, com faixa etária de 20 a 45 anos, interferem no universo acadê-
mico com suas ontologias e culturas, observando seu universo dentro do
contexto não-indígena, visualizando a universidade criada, historicamen-
te, para o contexto branco, mas que necessita se reconfigurar para atender
a diversidade originária. Como considerações parciais, dentro dessa ex-
periência de proximidade com estes alunos indígenas, venho, a cada dia,
aprendendo sobre as suas línguas, tradições, educação, necessidades; uma
diversidade intercultural que permite compreendê-los dentro do espaço
universitário como protagonistas de seus povos. Assim, é possível entrever
como a universidade, ainda, não está preparada para atender a diversida-
de, contudo, esses estudantes rompem a academia eurocentrada, propor-
cionando a sua reconfiguração e novas formas de ensino-aprendizagem.
Palavra-chave: Educação Indígena; Universidade; Formação de Professo-
res Indígenas; Interculturalidade; Decolonialidade.

Literatura no contexto amazônico: o


feminino nos escritos de Monique Malcher
Maria da Conceição Castro de Jesus (UFRR)
Resumo: Este trabalho discute a questão da escrita feminina na literatura
contemporânea, suas formas de silenciamento e visualização. No trata-
mento desta temática são abordados a questão do feminino na obra, Flor

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de Gume, da escritora amazonense Monique Malcher. Será de grande valia
aprofundar-se na escrita de autoria feminina em contexto amazônico, isto
é, escritoras nascidas ou situadas na Amazônia, pois se na esfera nacional
as produções literárias de mulheres ainda estão em processo de reconheci-
mento, a mulher escritora amazônica está duplamente à margem desse es-
paço de reconhecimento e circulação. E sendo assim, a motivação princi-
pal deste estudo é, entre outras, que essa temática está diretamente ligada
à luta das mulheres por igualdade de direitos. Intentando mostrar como
a mulher usa sua escrita para representar a si mesma, estipulamos como
problemática as seguintes questões: Como reverbera a literatura produzi-
da por mulheres e como mulheres escritoras representam outras mulhe-
res através de suas personagens femininas? Para fundamentação teórica
usamos como base as concepções de Telles (2004), Woolf (1928) e Perrot
(2003) que trazem discussões sobre a literatura produzida por mulheres,
entre outras que contribuem significativamente para o entendimento do
que é proposto neste texto.
Palavra-chave: Literatura; Escrita; Mulher; Violência; Força.

Mulheres negras, jornais e (não)


representação
Thais Albuquerque Figueiredo (UFAC)
Resumo: O trabalho apresentado tem como objetivo abordar como as
mulheres negras estão (ou não) representadas nos periódicos acreanos
datados no período de 1980 a 1989, recorte anterior às políticas reparati-
vas. Os jornais estão disponibilizados no acervo da Hemeroteca digital, e a
análise será mediante eixos temáticos previamente selecionados através de
marcadores booleanos, de modo que a investigação abrangerá os cadernos
como um todo. Essa pesquisa se justifica pela condição de gênero e pelo
trabalho desenvolvido em Iniciação Científica durante os anos de (2019-
2020), cuja pesquisa se baseava nas representações de populações negras
na imprensa acreana entre 2015 a 2019, observando se havia impacto das
ações afirmativas. A metodologia aplicada será de cunho bibliográfico e
documental e método quali-quanti, pois, haverá inquirição e levantamen-
to de dados. O texto se refere a uma pesquisa em andamento de modo
que não é possível apontar um resultado, todavia, compreende-se que os
meios de comunicação não são imparciais, e por vezes sujeitos historica-
mente marginalizados sofrem um processo de apagamento, ou aparecem
de forma estereotipada. Por fim, como suporte teórico-metodológico uti-
lizou-se de: Albuquerque (2016), Almeida (2021), Barros (2012), Carneiro
(2003), Cruz e Peixoto (2007), Hall (2016), hooks, (2029), Kilomba (2019),
Mbembe (2014), Spivak (2010), entre outros.
Palavra-chave: Mulher negra; Jornais; Representação; Rio Branco.

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Negras e negros nas pesquisas étnico-raciais
dos cursos de pós-graduação da Universidade
Federal do Acre
Ângela Maria Bastos de Albuquerque Silva (SEE - AC)
Jorge Fernandes da Silva (UFAC)
Resumo: A pesquisa é um levantamento bibliográfico com temáticas ét-
nico-raciais negras em dois programas de pós-graduação da Universidade
Federal do Acre: Letras: Linguagem e Identidade - (PPGLI), e Programa
de Pós-Graduação em Educação - (PPGE). Os principais objetivos foram:
identificar e organizar as pesquisas com temáticas étnicos-raciais negras
para compreender a relevância e visibilidade de seus conteúdos nos res-
pectivos programas. Os dois principais referenciais utilizados foram Or-
landi (2007), e Munanga (2004). Na metodologia foi utilizada a pesquisa
bibliográfica pela revisão da literatura sobre a temática étnico-racial negra
nos dois programas a partir de 2009 até 2022. A principal categoria aciona-
da foi a negritude apontada por Munanga (2012) como elemento de valori-
zação da história e cultura negra, frente ao silenciamento imperante con-
substanciado em Orlandi (2007), sobre pesquisas étnicos-raciais negras
até a primeira década do século XXI. Por outro lado foi possível concluir
que as produções acadêmicas encontradas tanto no Programa de Pós-Gra-
duação em Letras: Linguagem e Identidade - (PPGLI), como no Programa
de Pós-Graduação em Educação - (PPGE), cumprem relevante função na
visibilização e divulgação da história, cultura, e trajetórias negras especial-
mente no âmbito da Amazônia acreana.
Palavra-chave: Negras e negros; Dissertações; Ufac; Programas de pós-
-graduação.

O discurso masculino sobre a histérica e a


histeria em O homem, de Aluízio Azevedo
Marcos Alexandre da Silva (UFF)
Resumo: Este artigo assume como objeto de estudo o primeiro capítulo
do romance naturalista O Homem, de Aluísio Azevedo e tem por objetivo
analisar a construção discursiva tanto da mulher acometida por histeria
(no caso, a personagem Magdalena) quanto da doença de acordo com o
olhar masculino. Para tal fim, a análise parte de duas chaves de leitura: a
psicanálise – Alonso (2005), Birman (2019), Freud (1893/2016) e Rouanet
(2004) – e o patriarcado – Kehl (2008), Roudinesco (2022), Daflon (2021)
e Tavares (2013). Como resultado, esta investigação inédita constata que o
pai da protagonista, o narrador e o autor a inferiorizam mediante qualifi-
cadores como “melancólica”, “magra”, “insociável” e, opostamente, exaltam
as personagens masculinas, ou seja, há uma distinção discursiva com base

85
no sexo. Igualmente, Magdalena não tem liberdade sobre seu corpo, visto
que o pai não a permite se deslocar desacompanhada nem ficar sozinha na
própria casa. Então, para além de uma depreciação do sexo feminino, essas
reflexões assinalam uma castração do pai em relação à filha e, em última
instância, uma dominação do homem sobre a mulher, característica do
sistema patriarcal e projetada da realidade para o discurso.
Palavra-chave: Psicanálise; Histeria; O Homem; Patriarcado; Discurso.

O pensamento feminista negro no Brasil


Queila Batista dos Santos (SEE - AC)
Sulamita Rosa da Silva (USP)
Resumo: O objetivo desse texto foi de abordar sobre o pensamento fe-
minista negro no Brasil, tendo como base as contribuições de intelectuais
negras brasileiras, no sentido em que intelectuais negras não necessaria-
mente são acadêmicas nem encontradas apenas na classe média (Collins,
2019). Como referencial teórico nos amparamos em Collins (2019), Arraes
(2020), González (1988), Ratts (2006), entre outros autores para discutir
a respeito do pensamento feminista negro, que reflete os interesses e os
pontos de vistas de mulheres negras, valorizando as experiências vividas.
Como procedimentos metodológicos, realizamos um estudo bibliográfi-
co tanto dos princípios do pensamento feminista negro, como também
das histórias de intelectuais negras brasileiras presentes em uma obra de
cordéis, explicitando as contribuições de Dandara, Luísa Mahin, Teresa de
Benguela, Carolina de Jesus, Lélia González, Beatriz Nascimento, Concei-
ção Evaristo, Sueli Carneiro, Preta Ferreira, entre outras pensadoras ne-
gras brasileiras. Concluímos que as intelectuais negras contribuíram para
o pensamento feminista negro brasileiro no Brasil na medida em que, com
suas práticas, ações e obras o constroem a partir das interações que esta-
belecem em suas práticas tanto individuais como coletivas, resultando na
textura do mesmo em todas as formas de expressões e linguagem.
Palavra-chave: Mulheres negras; Intelectuais, Pensamento feminista Ne-
gro; Brasil.

Perfil social de estudantes cotistas em uma


IFES da Amazônia
Andrio Alves Gatinho (UFPA)
Resumo: O trabalho analisa dados de uma pesquisa com cotistas em uma
IFES na Amazônia oriental, tomando como objeto a reflexão de um for-
mulário de pesquisa que levantou o perfil desses estudantes. O objetivo
da pesquisa foi analisar os perfis dos estudantes cotistas, com informações
referentes a sua trajetória escolar. Discute como as desigualdades modu-
lam diferentes percursos escolares e recupera o elo entre as disposições

86
sociais e o rompimento com os “determinismos” de classe, gênero e raça,
fundamentalmente orientado pelos trabalhos de Bernard Lahire, Pierre
Bourdieu e Jessé Souza. Metodologicamente foi aplicado um questionário
aos estudantes regularmente matriculados e o estudo contou com a coleta
de dados junto à Superintendência de Assistência Estudantil da Univer-
sidade e da Assistência Social do Estado, sobretudo os relacionados aos
programas de auxílio estudantil e transferência de renda. Os resultados
indicam que o perfil do estudante de Pedagogia da UFPA não difere signi-
ficativamente sobre o levantado em pesquisas nacionais, mas sugere aten-
ção diferenciada para entender os desafios que os estudantes das classes
populares, em especial pretos e pardos com renda de até 1,5 SM per capita e
que foram beneficiários de programas de transferência de renda em algum
momento de suas trajetórias escolares têm.
Palavra-chave: Cotas. Perfil Social. Desigualdades Sociais.

Pessoas privadas de liberdade e relações


afetivas: o discurso heteronormativo nos
sites Contilnet e AC 24 Horas
Lisânia Ghisi Gomes (UFAC)
Resumo: O presente resumo faz parte do projeto desenvolvido no cur-
so de Doutorado, do Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGLI), da
Universidade Federal do Acre (UFAC), com objetivo de estudar as repre-
sentações sobre as mulheres que se relacionam de forma familiar, afetiva
e sexual com pessoas privadas de liberdade, a partir de publicações em
sites de notícias do Acre. Para este trabalho, iremos direcionar as reflexões
para como a imprensa reforça o discurso heteronormativo sobre as rela-
ções afetivas entre mulheres e pessoas privadas de liberdade. De forma
metodológica, utilizamos a pesquisa bibliográfica e as análises documen-
tal e de conteúdo, tendo como recorte 48 publicações veiculadas nos sites
de notícia AC24Horas e Contilnet, no período de 2020. Para ampliar as
discussões sobre gênero, sexualidade e cultura midiática, trazemos auto-
res como Stuart Hall, Michel Foucault, Dulcília Schroeder Buitoni, Liriam
Spanholz, Marcia Veiga da Silva e Judith Butler. Dentre as reflexões obti-
das até o momento, foi possível perceber como a imprensa desconsidera
relações afetivas que se distanciam da heteronormatividade, tendo apenas
como foco relacionamentos entre mulher cisgênero e homem cisgênero.
Palavra-chave: Pessoas privadas de liberdade; Relações afetivas; Discurso
heteronormativo; Imprensa;

87
Questões preliminares sobre
performatividade de raça e de gênero na
literatura de “expressão amazônica”
Andressa Queiroz da Silva (UFAC)
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo apresentar o projeto de
pesquisa submetido no programa de pós-graduação doutorado em Letras:
Linguagem e Identidade da Universidade Federal do Acre-PPGLI/UFAC.
O projeto propõe a análise de literaturas de “expressão amazônica”, que são
compreendidas como sendo “amazônicas” por terem narrativas tecidas em
meio a uma atmosfera considerada pertencente ao então Estado do Acre.
A partir de uma caracterização do que se está entendendo por literatura
de “expressão acreana”, objetivou-se analisar, por meio de uma perspecti-
va linguístico-identitária, traços de performatividade de gênero e de raça
dos personagens, em que, para tal, recorreu-se, metodologicamente, aos
seguintes passos: primeiramente a leitura das obras selecionadas, seguida
da geração dos termos que heteroidentificam os personagens e, posterior-
mente, por meio do método da indexicalidade (Blommaert, 2006), serão
averiguados os efeitos semânticos dos usos desses termos para se verificar
os diferentes sentidos linguístico-identitários que o uso de termos pode
construir. Para a análise dos dados submetidos ao método da indexicalida-
de, utilizar-se-ão os seguintes referenciais teóricos: Austin (1960[1990]),
Derrida (1972[1988]), Pennycook (2006) e Butler (1997).
Palavra-chave: Literatura de expressão amazônica; Identidades; Gênero
e Raça.

Um olhar “assombrado” acerca das marcas


estruturais que invisibiliza os povos
originários: “a branquitude” como “arma”
do descaso contra as mulheres indígenas na
cidade de Rio Branco
Antonia Diniz (UFAC)
Valdirene Nascimento da Silva Oliveira (UFF)
Resumo: Este estudo tem por objetivo, discutir as práticas de violências
contra as mulheres indígenas, nos espaços da cidade de Rio Branco. Os
estereótipos que tendem “sustentar” sua inferiorização em detrimento
das mulheres não indígenas, dentre tantas outras formas de desrespeito
e apagamentos históricos, cuja finalidade é difundir ideários que visam
“desumanizar” e invisibilizá-las. Essa busca incessante pela desistência de-
las em resistir tantas violências e falta de políticas públicas efetivas, causa
estranheza, assusta e assombra, posto que os povos indígenas são os “se-

88
nhores/as dessa terra” que já sobreviviam com culturas e identidades des-
de muito antes da chegada dos invasores. “O sistema capitalista prioriza o
consumo, sem pensar as pessoas como sujeitos complexos indissociáveis
da natureza”. Kopenawa (2015). A pesquisa é de abordagem qualitativa e
bibliográfica. Tem como base teórica: Kambeba (2020), Paula (2017), Vei-
ga Neto (2001), Krenak (2015), Santos (2012) e Cimi (2021). Concluiu-se
que as mulheres indígenas sofrem violências, porém resistem mantendo
seus modos culturais vivos há 522 anos. Esses modos de resistência vêm
ganhando notoriedade a partir de movimentos sociais, escritas, manifes-
tações nas redes sociais.
Palavra-chave: Mulheres indígenas; Violências; Desigualdades sociais;
Resistências.

Uma leitura da questão de gênero em dois


contos claricianos
Maria Alice Sabaini de Souza Milani (UNIR)
Resumo: A presente comunicação tem como objetivo discutir, através de
análise comparativa, o papel do feminino bem como sua representação
nos contos Devaneios e embriaguez de uma rapariga e Feliz Aniversário,
atentando-se para a questão do gênero como possível definidor da condi-
ção submissa e, até mesmo marginal que as personagens femininas desses
contos vivenciam mediante o contato com o outro gênero. Em ambos os
contos é perceptível a insatisfação e a angústia das personagens que ten-
tam se afirmar como sujeitos em uma sociedade patriarcal. Para tanto, elas
se valem de seus gestos, de um discurso interrompido, na maioria das ve-
zes. A narrativa, nesse sentido, se desenvolve com uma parcela mínima de
ação, da qual se evidencia os pensamentos que nos são apresentados via
narrador ou pela própria personagem, que por meio do monólogo inte-
rior e do fluxo de consciência presentes na obra clariciana deixa submergir
seus conflitos identitários e interiores provenientes da relação eu\outro. É
interessante observar como, aparentemente, as identidades se revelam e
se modificam a partir da perspectiva e do contato com o marido, os filhos,
os netos e os amigos. O embasamento teórico desta comunicação será:
Bonnici (2005), Zolin (2009), Nunes (1969), Beauvoir (1980), Perrot (2005)
entre outros.
Palavra-chave: Gênero; Personagens femininas; Contos.

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“As histórias importam”: a
interseccionalidade na obra O perigo de uma
história única de Chimamanda Ngozi Adichie
Ioneide Marques Corrêa (UFPA)
Iris de Fátima Lima Barbosa (UFPA)
Resumo: O perigo de uma história única (2019) de Chimamanda Ngozi
Adichie (1977) apresenta importantes debates sobre as relações de poder,
criação e reprodução de estereótipos. Para este exercício crítico, a autora
utiliza uma abordagem autobiográfica para relatar episódios de racismo,
sexismo e classismo, problemáticas que historicamente afetam o convívio
social de países terceiro-mundistas. Dessa forma, neste trabalho, estuda-
remos a produção da pensadora africana, sob o viés da interseccionalida-
de, ressaltando que os vínculos de poder e a instauração da “história única”,
promovem a estruturação de sistemas de opressão, que envolvem questões
de gênero, classe e raça. Para a construção dessa análise utilizaremos os
aportes teóricos das intelectuais Carneiro (2003), Collins e Bilge (2020)
e Akotirene (2020). São estudiosas que, através de suas produções, argu-
mentam sobre a categoria de interseccionalidade como ferramenta crítica,
bem como da movimentação social, política e cultural mundial desde o sul
global. Logo, ao utilizarmos o conceito de interseccionalidade aplicado à
obra da teórica, identificaremos os mecanismos de violências simbólica e
epistêmica e evidenciamos a resistência de grupos subalternizados. Tudo
isso demonstra que este livro possibilita reflexões para além do discurso
oficial. São questionamentos que desestruturam a soberania de grupos he-
gemônicos que atuam na sociedade contemporânea.
Palavra-chave: Interseccionalidade; História Única; Chimamanda Ngozi
Adichie.

“Cacheada, pixaim ou sarará”: alisamento e


transição capilar em textos do G1 Acre
Jaine Araújo da Silva (UFAC)
Resumo: Busca-se verificar de que forma o site G1 Acre interpreta e re-
presenta a lida de mulheres com seus cabelos crespos e cacheados em três
textos, partindo do entendimento de que tais texturas capilares estão inse-
ridas nos intensos jogos das relações raciais vigentes no Brasil, autointitu-
lado país da democracia racial. Os objetivos do trabalho são identificar nas
narrativas das fontes os atravessamentos sociais, familiares e raciais que
lhes fizeram tomar as decisões de alisar o cabelo e de, depois, passar pelo
processo de transição capilar; e, ainda, compreender o papel desenvolvido
por grupos de apoio a mulheres que decidem passar pela transição capilar.
As três matérias analisadas foram publicadas no site em novembro dos

90
anos de 2015 e 2016. Elas são estudadas a partir das elaborações teóricas
de Gomes (2020 [2006]), Silva (2014), Moraes (2015), Hall (2016), Collins
(2019), entre outros autores. A análise do conteúdo dos textos mostra que
as representações jornalísticas dos fenômenos limitam-se à narrativa das
fontes-personagens (Bardin, 2016 [1977]) , deixando de lado a possibilida-
de de aprofundamento histórico e político dos conflitos raciais exprimidos
nos tratos de cabelos crespos e cacheados na sociedade brasileira.
Palavra-chave: Cabelo cacheado; Cabelo crespo; G1 Acre; Mulheres ne-
gras; Representações.

“Vó, a senhora é lésbica?”: alguns aspectos


do conto e a representação lésbica na
literatura moderna
Carolina Lobo Aguiar (UNEMAT)
Resumo: O objetivo do presente trabalho é analisar o conto Vó, a senhora
é lésbica?, publicado na obra intitulada Amora (2015), de Natalia Borges
Polesso. Nesse sentido, observando a representação de sujeitos e casais
lésbicos nas obras literárias contemporâneas. Tendo em vista esses aspec-
tos, avaliaremos o conto citado como um mecanismo capaz de apresen-
tar o papel da literatura em provocar o leitor através de sua experiência
literária, ou seja, instigar e direcionar o leitor às práticas de reflexões e
questionamentos acerca de paradigmas sociais e leitura de mundo. Para
tanto, valemo-nos, peculiarmente, de conceitos que giram em torno dos
estudos de gênero e sexualidade e a forma particular de narração do gênero
conto. Entre Outros, resgataremos, igualmente, conceitos e reflexões de:
a) Judith Butler e Adrienne Rich, especialmente, a definição de heterossu-
xualidade compulsória; b) Antonio Candido, Eliane Yunes sobre algumas
concepções de leitura; c) Ricardo Piglia, Julio Cortázar e Alfredo Bosi, so-
bretudo, as teorias atinentes à estrutura do conto moderno.
Palavra-chave: Gênero e sexualidade; Existência lésbica; Conto contem-
porâneo; Papel da literatura.

A leitura entre os Shanenawa: práticas e


memórias na Aldeia Morada Nova
Maria Ana da Silva Morais Lima (UFAC)
Resumo: O presente trabalho objetiva compreender as práticas de leitura
entre os shanenawa por meio das memórias de leitura de duas professoras
indígenas, Matsiani e Yxãpanã, ambas da aldeia Morada Nova – terra indí-
gena Katukina/Kaxinawá, Feijó/Acre. Para isso, nos propomos descrever o
contexto da escola indígena como espaço de desenvolvimento das práticas
de leitura shanenawa refletindo suas concepções de leitura. A metodologia
se dá por meio da pesquisa narrativa em dois momentos, a produção de

91
narrativas e a análise delas. A análise se faz a partir das tentativas de com-
preender três categorias: as práticas de leitura realizadas por essas pro-
fessoras e o que elas pensam sobre ser leitor, e sobre o que é ler. Para isso,
tomaremos como base teórica as noções de leitura de mundo (FREIRE,
2011); leitura enquanto experiência e leitor enquanto sujeito da experiência
(LARROSA, 2004). Os resultados são parciais: de modo diferente da cul-
tura ocidental que tem a leitura vinculada a uma compreensão da escrita
em si, observamos através dessas primeiras narrativas das professoras, que
suas leituras têm forte vínculo com a oralidade e com a experiência.
Palavra-chave: Leitura; Professores indígenas; Leitor; Práticas de leitura.

Educação escolar e povos indígenas: políticas


e garantias constitucionais ameaçadas no
governo de Jair Messias Bolsonaro
Leila Tavares Silva do Nascimento (UFAC)
Lúcia de Fátima Melo (UFAC)
Resumo: O presente estudo vinculado ao eixo temático Educação Escolar
Indígena, de cunho bibliográfico e documental, sintetiza algumas refle-
xões provindas da pesquisa de Mestrado em Educação, ainda em curso,
desenvolvida junto ao Programa de Pós-Graduação em Educação PPGE/
UFAC. Esta comunicação objetiva deslindar o contexto de vulnerabilidade
no qual os povos indígenas estão inseridos e os mecanismos ameaçadores
dos direitos preconizados pela Constituição Federal de 1988. A postura
política bolsonarista contribuiu de forma impetuosa para a imobilização
dos direitos desses povos, com o congelamento dos processos de demar-
cação, incentivo à exploração das terras indígenas e enfraquecimento dos
órgãos de defesa e de preservação física e cultural dos povos mais vulnerá-
veis (Has, 2020; Lobo, 2020; Inácio, 2021; Pereira, 2021). Entre os órgãos de
caráter consultivo fragilizados pelo Decreto n.º 9.759/2019 instituído pelo
governo Bolsonaro, evidencia-se a Comissão Nacional de Educação Esco-
lar Indígena (CNEEI), responsável por assessorar o Ministério da Educa-
ção na formulação de políticas para essa modalidade de ensino no Brasil.
As conclusões provisórias do estudo indicam o caráter tíbio das políticas
governamentais e a carência de ações de fato comprometidas com o aten-
dimento das necessidades dos povos indígenas, valorização da diversidade
cultural e, sobretudo, proposições que respeitem os seus processos de es-
colarização.
Palavra-chave: Educação escolar indígena; Direitos e povos indígenas;
Constituição Federal de 1988.

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Educação escolar indígena, literatura e
estereótipos em Canumã: a travessia (2019),
de Ytanajé Coelho Cardoso
Francisca Georgiana do Nascimento Pinho (UFC)
Resumo: Os escritos, acadêmicos e literários, de Ytanajé Coelho Cardoso
são marcados por um ideal de contracorrente, especialmente por o autor
ser oriundo da etnia Munduruku. Em sua obra de estreia literária, os su-
jeitos indígenas se deparam com novas motivações de sobrevivência com
a aquisição da educação formalizada, e perpassam questões que vão desde
a preservação da tradição oral à experiência da educação indígena como
objeto de reflexão acadêmica. Em Canumã – a travessia (2019), uma fa-
mília munduruku migra da aldeia para a cidade e, nesse mudança, há o
retrato das angústias e desafios vividos pela família, em diferentes níveis:
a adaptação na escola pelas crianças, na dificuldade em emprego para os
adultos e o enfrentamento de estereótipos de ambos por serem indígenas.
Assim, este trabalho visa analisar as questões que atravessam o processo de
formação educacional dos sujeitos indígenas e a presença ainda marcante
de estereótipos sobre as aldeias, os sujeitos indígenas e tradição cultural
do povo munduruku. A pesquisa é fundamentada em Honorato (2021),
Dorrico e Danner (2020), Cardoso (2017), Sá (2012), entre outros. Navegar
em Canumã implica perceber o processo da educação escolar como um
fator determinante na construção de estratégias de ação contra tradições e
representações literárias paternalistas.
Palavra-chave: Literatura indígena; Educação escolar indígena; Ytanajé
Cardoso.

“O que as pessoas pensam quando digo que


sou do Acre”: as representações do facebook
desACREditados
Francielle Maria Modesto Mendes (UFAC)
Bruna Giovanna da Silva Dantas Vieira (UFAC)
Resumo: Este estudo tem por objetivo analisar as representações sobre o
estado do Acre produzidas pela página de humor DesACREditados publi-
cada no Facebook, criada em dezembro/2014 pelos acreanos Lucas Dutra
e Wesley Santos. A pesquisa se justifica pela necessidade de entender o
porquê deste estado amazônico ser retratado nesta página como um lugar
habitado em sua maioria por povos indígenas, que convivem diretamente
com animais selvagens e pré-históricos. A metodologia utilizada é a Aná-
lise de Conteúdo de Laurence Bardin. O corpus deste artigo é formado por
três memes, que fazem parte de um total de 36 coletados na página em es-
tudo que tem em comum a presença de dinossauros. Os três memes estu-

93
dados se caracterizam por responderem a uma pergunta: o que as pessoas
pensam quando digo que sou do Acre. O referencial bibliográfico se baseia
em estudos de Raquel Recuero sobre memes na internet; no conceito de
representação de Stuart Hall; nos estudos de Ana Pizarro sobre o proces-
so de formação social das Amazônias brasileiras; e na pesquisa de Durval
Albuquerque Jr. a respeito de estereótipos, preconceitos geográficos e de
lugar. Esses memes enfatizam imagens e metáforas já existentes, que mar-
cam os sentidos de vazio, distanciamento, primitivismo, atraso.
Palavra-chave: Representações; Memes; Amazônia Acreana.

Análise de discurso e materiais fílmicos:


algumas considerações sobre leitura de
arquivo e autoria
Denise Machado Pinto (UFSM)
Resumo: Como trabalhar com o funcionamento da materialidade fílmica?
Como analisar imagens em movimento? Essas e outras questões, perse-
guidas em um processo de doutoramento, sob orientação da Profa. Dra.
Amanda Scherer, no PPGL da UFSM, impulsionaram a elaboração deste
trabalho, que busca apresentar formas de compreender a leitura de arqui-
vo em Análise de Discurso pecheutiana, quando se trata de um material
de ordem fílmica. Realiza-se um passeio entre noções de leitura, autoria e
recorte, visando construir uma reflexão sobre cinema como discurso, tan-
to posto metodologicamente no trabalho de pesquisa, como inserido no
campo pedagógico, através de uma experiência de constituição de alteri-
dade. O referencial teórico é fundamento em Michel Pêcheux, Eni Orlan-
di, Suzy Lagazzi e Claudia Pfeiffer, traçando uma escuta atenta ao que se
produz sobre o cinema em espaços educacionais (Adriana Fresquet, Cezar
Migliorin e Alain Bergala). Considera-se, com o entrecruzar entre teóricos
da educação e do cinema e analistas de discurso, que se faz cada vez mais
importante a descrição do filme enquanto discurso e lugar de criação e au-
toria. Para tanto, conclui-se que é necessário explorar os efeitos de sentido
e os processos parafrásticos e polissêmicos, sem jamais desconsiderar a
realização de planos e montagens na produção fílmica.
Palavra-chave: Análise de Discurso; Cinema; Leitura; Educação.

Como tudo começou: as narrativas


mitológicas em um templo do Vale do
Amanhecer
João Henrique Fernandes da Silva (UFAC)
Resumo: Essa apresentação tem por objetivo trazer considerações acer-
ca da narrativa mitológica encontrada entre adeptos do Vale do Amanhe-
cer, partindo de investigação realizada no Templo Delano do Amanhecer
94
em Rio Branco – AC, entre os anos de 2019 e 2022. O propósito é analisar
como esse movimento religioso conta a história de sua própria origem e
criação; a história de “como tudo começou”. Em contato direto com seus
adeptos, utilizamos do recurso etnográfico -- tal como apresentado por
Geertz (1989) -- através da descrição densa, fazendo uso da observação
participante, cujo propósito é inserir-se em dado contexto a fim de com-
preendê-lo mais adequadamente, em diálogo e cooperação com seus par-
ticipantes, por meio de entrevistas com informantes selecionados. Utili-
zamos, também, muitos escritos doutrinários a que se teve acesso com
permissão dos responsáveis, como forma de aprimorar a compreensão das
narrativas, como, por exemplo, Sassi (1979; 2000) e Tumarã (1999), tendo
por orientação as obras de Eliade (1992; 2000), Durand (1988) e Cassirer
(1991), que tratam da estrutura dos mitos e do imaginário humano. O mais
importante, no fim, é perceber como essas narrativas estão cheias de valor
e significado, e que orientam a vida dos indivíduos através de imagens,
ritos e símbolos.
Palavra-chave: Narrativas; Mitologia; Cosmologia; Vale do Amanhecer;
Acre.

Conotação autonímica como heterogeneidade


mostrada no (fio do) discurso
Marcos Sobrinho Freire de Oliveira (UFAC)
Aline Suelen Santos (UFAC)
Resumo: Este trabalho é um recorte dos resultados do projeto Comple-
xidade enunciativa em práticas discursivas desenvolvido na Universidade
Federal do Acre. Intenciona discutir um dos conceitos norteadores da he-
terogeneidade mostrada, a saber: o de conotação autonímica, para uma
amostragem da inscrição do outro no (fio do) discurso. Para essa discus-
são, esse trabalho se filiará nos estudos, de modo geral, da Heterogeneida-
de da Escrita (Corrêa, 2004), e, de modo específico, das Heterogeneidades
Enunciativas (Authier-Revuz, 1998, 2004), uma vez que eles abordam a
presença do sujeito na linguagem. De cunho teórico, eminentemente bi-
bliográfico, o traçado metodológico se pautará: i. no recorte do conceito,
à luz de um determinado enquadramento teórico; e ii. na explicação de
como esse conceito recobre o outro no campo da materialidade do discur-
so. O que se espera com a discussão teórica proposta neste trabalho é mar-
car o estatuto do outro na linguagem como uma forma de organização do
discurso, ou seja, é mostrar a complexidade enunciativa que circunscreve
as práticas discursivas (orais e letradas) como constitutivas da organização
do dizer.
Palavra-chave: Complexidade enunciativa; Heterogeneidade mostrada;
Conotação autonímica.

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Escola, trabalho docente e ensino remoto: o
dialogismo em notícias publicadas durante a
pandemia
Maria Ivanize Corrêa dos Santos (UEA)
Resumo: A pandemia de COVID-19 provocou transformações em diver-
sos setores da sociedade brasileira. Na educação, o surgimento dos primei-
ros casos da doença resultou no fechamento das escolas, que recorreram a
outros recursos para garantir a continuidade do ano letivo, fazendo surgir
discursos sobre a educação no país, como as notícias veiculadas pela im-
prensa. Nesse contexto, este trabalho tem por objetivo analisar o dialo-
gismo nos enunciados de notícias acerca da educação no Brasil, especial-
mente sobre a escola, o trabalho docente e o ensino remoto. Para tanto,
selecionamos dois dos jornais de maior circulação do país: Folha de S. Pau-
lo e O Estado de S. Paulo, dos quais extraímos 17 textos publicados nos dois
primeiros meses de fechamento das escolas (março e abril de 2020). Como
fundamento teórico-metodológico, empregamos os trabalhos do Círculo
de Bakhtin (Volóchinov, 2019, 2021; Bakhtin, 2015, 2018) e de seus interlo-
cutores em Análise Dialógica do Discurso (ADD), dos quais mobilizamos
os conceitos de dialogismo, ideologia e gêneros do discurso. Nas primeiras
análises, observamos que os textos convergem ao abordar a dificuldade
dos estudantes com o ensino remoto, a preocupação dos docentes com os
alunos de baixa renda e a necessidade de disponibilizar recursos aos estu-
dantes sem acesso à internet.
Palavra-chave: Dialogismo; Escola; Trabalho docente; Ensino remoto;
Notícias.

Narrativas de viajantes de ciência pela


Amazônia: importa quem fala?
Raquel Alves Ishii (UFAC)
Juciane dos Santos Cavalheiro (UEA)
Resumo: Esta comunicação oral visa analisar narrativas de viajantes de
ciência pela Amazônia do século XIX a partir das questões sobre autoria
desenvolvidas por Michel Foucault. Dividido em duas partes, busca-se
primeiro apresentar o pensamento de Foucault, cuja análise de textos pre-
tende ir além do recorte de autor e obra. Em seguida, apresenta-se uma
breve discussão historiográfica das narrativas de viajantes de ciência en-
fatizando não a autoria, mas a “função autor” que age como instância dis-
cursiva ou instrumento de regramentos de discursividade sobre o quê e o
como pode ser dito. Do mesmo modo, em se tratando de discursos de ciên-
cia, os elementos da técnica, especialmente a catalogação de espécimes da
fauna e flora amazônica, bem como o papel das instituições de pesquisa na

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produção e circulação de relatos de viajantes de ciência são apresentados
como princípios norteadores de uma análise dos mecanismos que produ-
zem e legitimam um discurso de autoridade.
Palavra-chave: Discurso; Função autor; Narrativas de ciência; Relatos de
viagem; Amazônia.

Estudos enunciativos e discursivos: uma


reflexão introdutória quanto aos preceitos
bakhtinianos
Daianne Severo da Silva (IFAM)
Resumo: Concernente à teoria inerente aos preceitos bakhtinianos, pre-
tende-se, neste estudo em andamento, investigar sobre os conceitos de
Enunciado e Enunciado Concreto. Sabe-se da diversidade de leituras pos-
síveis quanto às categorias referentes à Enunciado/ Enunciado Concreto, e
não é intenção, neste estudo, esgotá-las, mesmo considerando nossa dis-
cussão no seio do círculo bakhtiniano (Brait, 2020). Mas, como objetivo,
se torna imprescindível, no cenário dos estudos da linguagem, discutir as
categorias supramencionadas, considerando os pressupostos bakhtinia-
nos, sobretudo, à luz das obras Marxismo e Filosofia da Linguagem (Vo-
lóchinov, 2016), Bakhtin: conceitos-chave (Brait, 2020); e Bakhtin: Outros
conceitos-chave (Brait, 2020). Para tanto, os fichamentos, bem como as
interpretações, em curso, realizadas das referidas obras, estão sendo di-
recionadas de modo a sustentar o discurso inerente às categorias contem-
pladas no presente texto. Com o estudo em curso, municiada em Brait
(2020), é possível afirmar que sempre há que considerar a interação em
que os enunciados acontecem, a quem o enunciado está sendo dirigido,
a percepção do locutor quanto ao destinatário, resultando na concepção
fronteiriça entre enunciado e discurso.
Palavra-chave: Enunciado/Enunciado concreto; Discurso; Círculo Bakh-
tiniano.

O indígena e sua relação com a leitura e


escrita: uma análise discursiva
Ariceneide Oliveira da Silva (UFAM)
Resumo: Este trabalho é parte de uma pesquisa que está em desenvol-
vimento. Ele traz uma análise discursiva da relação dos povos indígenas
com a leitura e a escrita nos séculos XX e XXI. O corpus compõe-se de
entrevistas-depoimentos de lideranças, concedidas a Daniel Munduruku,
na obra O caráter educativo do Movimento Indígena brasileiro (1970-1990).
Este estudo busca compreender como leitura e escrita estão sendo relacio-
nadas na voz indígena, uma vez que elas pertencem a um saber que era do-
minado apenas pelo colonizador; busca, também, compreender como lei-

97
tura e escrita passam a ter importância na vida dos indígenas após séculos
de silenciamento. Para isso, mobiliza dispositivos da Análise do Discurso
materialista, que possibilita pensar língua, sujeito e sentido. No gesto de
análise, os sentidos de leitura e escrita vão sendo mobilizados a partir das
materialidades discursivas, entre o linguístico, o histórico e o ideológico
da posição do sujeito. O estudo já possibilitou algumas considerações, a
saber: escrita/leitura aparecem significadas de forma paradoxal, tensiona-
das entre memória e conhecimento ancestral e a importância dessas tec-
nologias (leitura e escrita) para o processo de autoafirmação dos indígenas
na sociedade brasileira, em forma de produção de documentos, literatura,
sites, blogs e outros.
Palavra-chave: Leitura e escrita; Efeitos de sentido; Análise discursiva;
Povos indígenas; Memória.

O letramento, a educação universal e


a educação como prática de liberdade:
convergências e divergências
Raimunda Delfino dos Santos Aguiar (UFG)
Resumo: Este artigo discute os conceitos de letramento e a educação uni-
versal proposta por Platão em A República, e a educação como prática de
liberdade, proposta por Freire. Tem como objetivo analisar os enunciados
do campo dos saberes regulados e contidos nas Orientações Curriculares
para o Ensino Médio/DCNs-EM, via políticas educacionais, sobre o letra-
mento e o letramento digital, pela ordem do discurso, a dizerem, a desdi-
zerem, a confirmarem ou a contestarem esta ou aquela teoria, buscamos
analisar as formações discursivas contidas nesses documentos, de onde
emergem, se da educação ou se da política, e por quais “instâncias de de-
limitação” estão atravessadas. A pesquisa situa-se na área da Análise do
Discurso de linha francesa e tem como perspectiva teórico-metodológica,
a genealogia proposta por Michel Foucault e fundamentar-se-á, especial-
mente em Foucault (2006; 2007; 2013); Freire (2006; 2020); Platão 2014;
Coscarelli (2016a; 2017) e Kalantzis (2020). Investigamos, via enunciados,
aspectos de convergência e de divergência entre as propostas educacionais
de Freire e a abordagem do letramento sugerida pelo documento normati-
zador do ensino de língua portuguesa no ensino médio.
Palavra-chave: Letramento; Educação Universal; Educação como prática
de liberdade; Discurso.

98
O silenciamento feminino em Dois Irmãos: o
discurso e a subjetividade feminina em Domingas
Caroline Stephanny Costa Dantas (UEA)
Resumo: Nesta comunicação, analisamos a constituição da subjetivida-
de da personagem Domingas, de Dois irmãos (2000), de Milton Hatoum.
Interessa-nos dois aspectos, a saber: o silenciamento feminino e a posição
subalterna. Como aporte teórico-metodológico, apoiamo-nos nos estudos
enunciativos de Émile Benveniste – sobretudo pela sua compreensão de
subjetividade, entendida como a capacidade do falante de se propor como
sujeito – e da Análise Dialógica do Discurso do Círculo de Bakhtin, para
analisar a representação subalterna da figura feminina no romance. O es-
tudo está dividido em três seções. A primeira busca uma contextualização
de acordo com a construção da narrativa, sobretudo a representação do es-
paço e do tempo. A segunda, busca observar as relações dialógicas, subje-
tivas da personagem, situando não somente as vozes sociais, mas também
o silenciamento de Domingas. E, por último, a caracterização da posição
social de Domingas em diálogo com a alteridade. As conclusões buscam
compreender como se constitui a personagem Domingas ao que se refere à
subalternidade feminina e ao silenciamento de uma mulher indígena.
Palavra-chave: Subjetividade; Silenciamento Feminino; Subalternidade;
Literatura Amazonense; Milton Hatoum.

Poetisa ou poeta: a ideologia encarnada na língua


Katia Fernandes de Lima (UFF)
Resumo: Durante muito tempo, as mulheres foram afastadas da área do
conhecimento por força da lei e dos costumes vigentes. Vestígios desse
conservadorismo aparecem nos discursos críticos de importantes litera-
tos brasileiros quando abordam a lírica de autoria feminina no início do
século XX. De fato, Francisca Julia, Gilka Machado, Cecília Meireles, entre
outras, não escaparam dos julgamentos sexistas. A partir de um levanta-
mento bibliográfico, o presente trabalho busca focalizar o texto da recep-
ção crítica dentro de um contexto mais amplo, a fim de entender as razões
do enquadramento da produção do sujeito-mulher num plano secundário
mediante a análise linguística de tais apreciações. Por conseguinte, aborda
os contextos de uso das palavras poeta e poetisa sob a perspectiva tanto
da gramática normativa quanto da linguística funcionalista, em diálogo
com Foucault (1969) e Goffman (1980). Considerada sob essas perspecti-
vas, observa-se que a leitura restritiva dos analistas acarreta uma lacuna
na historiografia literária brasileira, visto promover o apagamento de algu-
mas vozes poéticas femininas e a evolução à margem da literatura oficial
de outras dicções.
Palavra-chave: Poesia Brasileira; Recepção crítica; Lírica feminina.

99
Vidas em transição: um olhar sobre o
sujeito LGBTQIA+ a partir da Ação Direta de
Inconstitucionalidade por Omissão Nº 26/DF
Francisco Weyder Monteiro de Oliveira (UFAC)
Resumo: A pesquisa visa a analisar o discurso da Associação Nacional de
Juristas Evangélicos – ANAJURE enquanto amicus curiae na Ação Dire-
ta de Inconstitucionalidade por Omissão Nº 26/DF. Para isso, é profícuo
identificar os recursos jurídicos utilizados pela ANAJURE para pugnar
pelo indeferimento da ADO Nº 26/DF; entender os mecanismos políti-
co-discursivos presentes nos Memoriais da ANAJURE, a fim de negar ao
sujeito LGBTQIA+ a identidade de gênero, ao se opor à criminalização da
homofobia, objeto da ADO, refletindo sobre o papel do Estado-juiz na de-
fesa dos Direitos Humanos e na proibição da funcionalização, típica das
sociedades totalitárias, que retira do sujeito o direito à igualdade, à liber-
dade, à felicidade, à identidade e à vida, no corpo socialmente aceito e
constituído. O método de pesquisa é o qualitativo-documental cujo fim
é a compreensão do problema a partir dos n-sentidos a ele atribuídos. O
método de análise é o dialético, estabelecendo relação e contraposição de
ideias, a fim de desvelar como o discurso forense, a serviço da religião,
invalida a existência de minorias, em especial a LGBTQIA+. O fulcro da
pesquisa é a ADO Nº 26/DF desvelando os contornos históricos, políticos,
culturais e religiosos que ainda encarceram os corpos LGBTQIA+.
Palavra-chave: Discurso; LGBTQIA+; Criminalização; Identidade.

A Iara já não canta só em português: a


internacionalização do folclore amazônico
na literatura infantojuvenil do século XX
Victoria Barboza de Castro Cunha (UTFPR)
Resumo: Iara, uma das mais famosas personagens do imaginário popular
brasileiro, já serviu de inspiração para diversos autores da língua portugue-
sa, de Olavo Bilac a Clarice Lispector; todavia, pouco se sabe sobre como a
sereia conseguiu atrair os olhares estrangeiros. O escocês Andrew Lang foi
responsável por importar parte da nossa cultura dentro de uma coletânea
de contos dirigidos ao público infantil no início do século XX, numa ten-
tativa de resgatar a tradição oral na literatura mundial. Mas qual teria sido
o resultado desse audacioso projeto de tradução cultural de Lang? Visan-
do responder a essa pergunta, esta pesquisa documental (Cellard, 2008)
compara três adaptações da lenda da Iara, a de Andrew Lang (1904), a de
Monteiro Lobato (1921), e a de Câmara Cascudo (1945), fundamentando-se
em Lajolo e Zilberman (1988), Lefevere (1992), Gambier (1994), O’Sullivan
(2009), e Milton (2004, 2013). Observa-se que o texto de Cascudo reflete

100
uma inspiração nacionalista, que tenta emular o dialeto da região norte,
provocando o efeito da estrangeirização (Venuti, 2004). Já a versão de Lang
e a adaptação de Lobato optam não apenas pela reestruturação do enredo,
mas também pela domesticação linguística (Venuti, 2004), subordinando
o leitor infantojuvenil a uma literatura descontextualizada de elementos
regionais distintivos.
Palavra-chave: Literatura infantil; A lenda da yara; Tradução cultural; Re-
tradução; Adaptação.

A tradução de elementos culturais


específicos da cidade de Porto Velho:
traduzir ou não traduzir?
Manuela Gomes Aragão (UNIR)
Mirella Nunes Giracca (UNIR)
Resumo: O objetivo desta pesquisa foi realizar a categorização e a tradu-
ção dos culturemas do Guia Turístico de Porto Velho, RO. Para isso, os prin-
cipais métodos empregados foram a pesquisa-ação e a pesquisa qualitativa
e organiza-se metodologicamente em três etapas que são: I. mapeamento
dos materiais turísticos da cidade de Porto Velho e do Estado de Rondônia;
II. análise e categorização dos culturemas de acordo com o modelo de clas-
sificação de âmbitos culturais de Molina Martinez (2001); III. tradução do
material seguindo as técnicas de tradução de Molina Martinez (2001). En-
fim, pudemos perceber que não era adequado traduzir alguns dos cultu-
remas, visto que o propósito do guia turístico é ofertar informações acerca
dos pontos turísticos e fazer com que os turistas consigam chegar até o(s)
local(ais) de destino, por isso utilizamos nestes casos a tradução literal.
Enquanto que, para outros culturemas do material, o mais apropriado foi
aplicar outras técnicas como, a saber: a amplificação, a redução, entre ou-
tras, por estarem presentes nos textos explicativos seguidos dos títulos que
se tratavam os respectivos textos.
Palavra-chave: Guia turístico; Porto Velho; Culturemas; Tradução Fun-
cional.

O poema Cobra Norato, de Raul Bopp: a


tradução e a selva
Cláudio Antônio da Silva (USP)
Resumo: A comunicação desdobra-se sobre as práticas e discursos sobre a
literatura e a construção da identidade brasileira. A tradução de Cobra No-
rato, de Raul Bopp, do português para o nheengatu (LGA), a pesquisa de
campo em São Gabriel da Cachoeira, Amazonas, e as escolhas tradutórias,
discutidas junto aos aportes teóricos da área de tradução: Lawrence Venuti
(“A invisibilidade do tradutor’), Walter Benjamin (“A tarefa do tradutor”),
101
Haroldo de Campos (“Metalinguagem e outras metas”), Even-Zohar(“Teo-
ria dos polissistemas”), André Lefevere (“Tradução, reescrita e manipula-
ção da fama literária”), Paul Valéry (“Primeira aula do curso de poética”) e
outros trabalhos. Uma história sucinta do tupi ao nheengatu amazônico,
entrelaçada com a questão complexa de lidar com línguas de minorias, em
perigo de extinção faz-se necessária para compreensão da tradução de Co-
bra Norato e sua resistência cultural sem perder a fundamentação teórica
e tradutológica e muito menos a via de mão dupla de diálogo com a inter-
pretação e a recepção do público-alvo do texto, os falantes do Nheenga-
tu. Delineamos também os processos de uma oficina de poesia dada, que
constituiu alimento para este trabalho orientado por Eduardo Navarro que
registra as narrativas, a gramática. Enfim, um pouco dessa fortuna literária
amazônica.
Palavra-chave: Nheengatu; Raul Bopp; Identidade nacional; Modernis-
mo no Brasil; Narrativas indígenas.

O processo tradutório cultural como marca


de prática colonizatória no Chaco Paraguaio
de 1900
Rogério de Mendonça Correia (UFAC)
Resumo: À luz de excertos do processo tradutório da obra Among the In-
dians of the Paraguayan Chaco: a story of missionary work in South Ameri-
ca, de Wilfrid Barbrooke Grubb, objetivamos evidenciar como a tradução
cultural expõe processos colonizatórios intrínsecos e marcas de apaga-
mentos étnicos seculares, por meio de uma proposição decolonial de pro-
cesso tradutório e análise discursiva. A análise se concentrará em excertos
traduzidos da obra que constituem parte do processo investigativo e de
composição de tese do proponente, sob a ótica de autores como Mittmann,
Quijano, Walsh, Rocha, Orlandi e outros, autores da teoria do processo
tradutório, autores que discutem decolonialidade em perspectivas que in-
teressam à temática proposta aqui, e autores da análise de discurso que
ajudam no suporte à interpretação do dito e do não dito. Podemos concluir
previamente que, embora seja já relativamente pacificada a relação colo-
nial entre esse tipo de obra e colonialidade, há uma prospecção cultural
a respeito os Lengua que se impõe historicamente a partir da obra que os
escreve, descreve e inscreve na história sob o olhar do outro. Compreende-
mos assim a necessidade de outros processos tradutórios, outras escritas,
outros olhares desde o local/os locais para os outros mundos.
Palavra-chave: Tradução; Decolonialidade; Discurso.

102
Tradução cultural e comunicação cósmica:
diálogos com fragmentos da literatura/poesia
oral daimista amazônica de Luiz Mendes
Fernanda Cougo Mendonça (UFAC)
Resumo: Me proponho aqui a revistar/realizar novo diálogo com fragmen-
tos de performances cotidianas e rituais do repertório de literatura/poe-
sia oral e cultura daimista amazônica de Luiz Mendes, ancião conhecido
como o orador do Mestre Irineu Serra. Me coloco a refletir sobre a seguinte
questão: se, e de que maneiras, as noções de tradução cultural (Bhabha,
1998; Hall, 2003; 2006) e comunicação cósmica (Luciano-Baniwa, 2015;
2017) perpassam tais narrativas? Me valendo teórico-metodologicamente
de tais conceitos, bem como dos estudos de Poesia e História Oral (Zum-
thor, 1993, 2010; Portelli, 2010) - e realizando uma tradução muitas vezes
“babélica” (Larrosa, 2004) - percebo, no interior e a partir da obra viva
desse ancião, que a “tradição daimista”, herdeira das diásporas, é também
viva. Cultura e literatura/poesia forjadas no caldeirão de circularidade de
pessoas no mundo; forjadas nos contatos de/entre humanos e não-huma-
nos em Amazônias, Brasis, Europas, Áfricas; em contextos sagrados e co-
tidianos das/nas “culturas da Ayahuasca”. Observo, nessa cultura daimista
viva, imaginários e poéticas que não se submetem - pelo menos não plena-
mente - aos modelos homogeneizantes e etnocêntricos de pertencimento
cultural orientados para a “nação”. Repertórios de resistência (Hall, 2003)
capazes de fazer o novo entrar no mundo.
Palavra-chave: Tradução cultural; Comunicação cósmica; Literatura/po-
esia oral ; Repertório de resistência; Daime-Ayahuasca-Amazônia.

Tradução e interpretação da Libras/


Português, Português/Libras: o que está
sendo desenvolvido no ensino superior?
Sônia Maria da Costa França (UFAC)
Shelton Lima de Souza (UFAC)
Resumo: A tradução e interpretação de Libras/português, português/Li-
bras no ensino superior tem sido discutida de uma forma mais ampla nos
últimos anos. Nesse sentido, faz-se urgente refletir sobre esses dois pro-
cessos que apresentam características estruturais distintas. Assim, o que
significa a tradução e a interpretação de produções discursivas de pessoas
surdas? Segundo Pagura (2015) e Rodrigues (2018), a interpretação é a con-
versão do discurso oral, da língua de partida para a língua de chegada de
forma consecutiva e em tempo real, enquanto que a tradução é a conversão
de um texto escrito para outra língua, seja ela escrita ou falada. Os auto-
res se referem a processos tradutórios interpretativos envolvendo línguas

103
oro auditivas. Este trabalho tem o objetivo de colher dados sobre formas
de tradução e interpretação que estão sendo/foram realizadas por meio
de línguas como a Libras e o português na Universidade Federal do Acre/
UFAC. As reflexões foram tecidas por meio das respostas construídas por
esses profissionais a partir de aplicação de entrevistas estruturadas dire-
tamente realizadas com os profissionais mencionados. Alguns resultados
mostram que há pouca ou quase nenhum trabalho realizado sobre tra-
dução de Libras/português, português/Libras na UFAC, cujo trabalho se
concentra com ações de interpretação entre as duas línguas.
Palavra-chave: Tradução; Interpretação; Libras. Português.

O Monte Roraima na tradução de Theodor


Koch-Grunberg
Riane de Deus Lima (UFPA)
Resumo: A leitura de Makunaima=Macunaíma: Contribuições para o es-
tudo de um herói transcultural (2015), de Fábio Carvalho, assinala a au-
sência de duas seções nas edições brasileiras de Mythen und Legenden der
Taulipáng und Arekuná-indianer (1924), do etnógrafo alemão Theodor Ko-
ch-Grünberg. Encontrei três traduções em português: 1953; 2002; 2006,
mas apenas as edições venezuelanas consultadas, 1989 e 1981, traziam as
seções: PRÓLOGO, TEXTOS, FONÉTICA. O objetivo geral é analisar, na
perspectiva da tradução e literatura comparada, as edições venezuelanas
de 1981, 1989 e brasileiras de 1953 e 2006. Os objetivos específicos são exa-
minar “PROLOGO” e “TEXTOS” e verificar a transposição oralidade/es-
crita. A metodologia pressupõe as narrativas indígenas como fonte para a
literatura brasileira. A análise do texto inédito evidenciará relações inter-
culturais, o estudo dos mitos coligidos em língua original, possibilidades
de tradução e a transposição oralidade/escrita nas 724 notas de rodapé
inéditas. O referencial teórico metodológico fundamentado em Goethe
(2020), Ruth Finnegan (1992) e André Lefevere (2007). Por fim, lograre-
mos maior entendimento do modo que o etnógrafo definiu dimensões es-
téticas do texto de extração indígena, sua transposição e tradução, sob a
perspectiva da crítica e da literatura contemporâneas.
Palavra-chave: Tradução; Literatura indígena; Literatura comparada.

As manifestações da Amazônia em Contos do


Mato, de Arthur Engrácio
Maison Antonio dos Anjos Batista (SEDUC)
Resumo: A floresta, dentro dos estudos voltados para a topoanálise, com-
preende um macroespaço, levando-se em consideração ser ela a oposição
da cidade. Não diferente disso, a Amazônia é um grande espaço e que ga-
nha representação em diversas manifestações artísticas, inclusive na Li-

104
teratura. Todavia, é improvável olhá-la como algo finito e acabado em um
único quadro homogêneo. Ela se manifesta em múltiplos espaços naturais
que formam seu todo. Assim, buscando identificar essas facetas é que se
propõe analisar no livro Contos do Mato (1981), de Arthur Engrácio, como
a floresta se apresenta em microespaços, a partir de uma abordagem quali-
tativa com procedimentos bibliográficos, onde se identificará as manifes-
tações da natureza nos contos, seja na forma da própria floresta, das águas
e até dos animais, pois estes compõem a paisagem natural do ambiente.
Para Borges Filhos (2007), entre as diversas funções, o espaço ficcional
pode situar as personagens em seus contextos socioeconômicos. Logo, a
Floresta Amazônica tem uma relação estreitíssima com os tipos humanos
que a compõem. Sendo necessária a identificação dos microespaços ama-
zônicos para se compreender como as personagens interagem com o ma-
croespaço que é a Amazônia, concorre para isso o estudo de obras literárias
que utilizam a floresta como espaço ficcional.
Palavra-chave: Floresta; Topoanálise; Contos do Mato; Arthur Engrácio.

Colonialidade de sabores: racialização,


alimentação e doenças na invenção do
“outro” amazônico
Sérgio Roberto Gomes de Souza (UFAC)
Resumo: A proposta deste trabalho é analisar construções que tratam so-
bre supostos determinismos entre as características fenotípicas das popu-
lações indígenas que viviam nas Amazônias e seus hábitos alimentares,
apontados como fatores etiológicos dos adoecimentos que ocorriam na
região. O recorte cronológico sugerido é a segunda metade do século XIX
e a primeira década do século XX. O objetivo é problematizar com bio-
determinísmos que relacionam origens étnicas a costumes grafados como
“selvagens”, destacando-se o não contato com regras básicas de higiene, a
ausência de requintes no paladar e a pouca disposição para o trabalho, o
que resultava em carência alimentar e debilidade dos corpos. Enfatizamos
neste contexto a ideia de “raça”, elemento fundador da modernidade colo-
nial e preceito fundamental para processos taxonômicos, essenciais para
as definições de contrastes entre os “homens do Norte” e os habitantes
de “Abya Yala”. Os escritos foram referenciados pelos estudos Pós-Colo-
niais Latino-Americanos, destacando-se os trabalhos de Enrique Dussel
(2005), Anibal Quijano (1992; 2005) e Santiago Castro-Gomez (2005). Para
as análises sobre alimentação e colonialidade, ressaltamos as elaborações
de Achinte Albán Adolfo (2010). Em relação às fontes, foram priorizados
os relatórios produzidos por João Martins da Silva Coutinho (1862), Padre
João Daniel (1882) e João Barbosa Rodrigues (1885).
Palavra-chave: Amazônia; Eurocentrismo; Alimentação; Biodeterminís-
mo.

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Completude e incompletude da natureza
brasileira em Iracema e Ubirajara
Ana Maria Amorim Correia (UFF)
Resumo: Em Iracema (1865) e Ubirajara (1874), José de Alencar realça na
natureza brasileira aspectos museais, incluindo sua projeção enquanto
patrimônio nacional. Este recurso reverbera o desejo de desfazer o senti-
mento de lacuna nacional, devido à ausência de monumentos líticos capa-
zes de narrar o passado grandioso dos povos originários. A necessidade de
enobrecer a pátria por um mito fundacional capaz de chancelar a grandio-
sidade brasileira está em pauta, visto que se trata de um país recentemente
declarado independente com o desafio de consolidar sua formação nacio-
nal. Na falta de testemunhos arquitetônicos de antigas civilizações no Bra-
sil, procurados por expedições e abrigados no imaginário da época, coube
à natureza alencariana responder pela memória, patrimônio e grandiosi-
dade brasileira nas lendas indianistas. Este esforço de completude, porém,
é tributário de uma ordem colonialista, fundada em uma concepção de fal-
ta. Neste artigo, propomos uma leitura crítica sobre a estratégia patrimo-
nial em Alencar e como ela se relaciona com o princípio de incompletude,
conforme pesquisas sobre a Amazônia central, trabalhadas na arqueologia
contemporânea (Neves, 2022).
Palavra-chave: Natureza; Patrimônio; Arqueologia; José de Alencar.
Interações discursivas e intersecções
transculturais em Luandino Vieira e
Guimarães Rosa
Francisco Menezes da Silva (UFGD)
Resumo: Investigar as práticas interculturais literárias por meio da re-
lação inerente às questões do universo cultural sertanejo e mussequiano
caracteriza o intuito central deste estudo. O debate ora proposto reverbera
a exploração de intersecções linguísticas no cenário dos contos A hora e a
Vez de Augusto Matraga, de João Guimarães Rosa, e Vavó Xixi e Seu Neto
Zeca Santos, de Luandino Vieira, importantes textos literários de caráter
transregionalista e mussequeano, visto serem obras de composição regio-
nal da história, cultura e linguagem, brasileira e angolana, compiladoras
de uma abordagem alegórica da história em âmbito pós-colonial, seja pela
exploração de costumes da realidade universal tanto no Brasil como em
Angola, ou recriação da experiência humana a partir de uma revolução
no plano do estilo e das formas de linguagem. As obras estabelecem um
do conflito existencial de ambos os personagens principais, que calham
por transformações de caráter não só psicológico, mas também comporta-
mentais.
Palavra-chave: Musseques; Sertão; Transculturalidade; Pós-colonialis-
mo.

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Paulo Jacob: apontamentos de uma
literatura decolonial na Amazônia
Maria de Nazaré Cavalcante de Sousa
Resumo: O presente trabalho visa apontar outras possibilidades de leitu-
ra da literatura produzida na Amazônia, do tipo que se distancia do dicotô-
mico olhar eurocentrado inferno/paraíso e cultura/natureza. Nesse passo,
com este trabalho, se busca abordar práticas de escritas que compõem ou
recompõem a imensa variedade de marcas culturais de diversidades sobre
a gente e as peculiaridades do espaço amazônico que dialogam e convi-
vem. Para tal intento, será analisado um dos nomes dos literatos amazô-
nicos que estão fora do cânone brasileiro. Trata-se do romancista Paulo
Jacob, um jurista manauara, filho de judeus serfadistas que escreveu em
torno de 13 romances, todos ambientados na Amazônia brasileira. Inse-
rir no universo acadêmico outros romancistas em suas outras formas do
fazer literário, por tal razão não considerados cânones, se constitui aqui
também uma maneira de buscar democratizar o acesso à uma produção
invisibilizada na academia brasileira que continua, com seus cursos de le-
tras, difundindo uma racionalidade colonizadora, inclusive, para além do
campo literário.
Palavra-chave: Literatura; decolonialidade; Amazônia.
Sufoco na floresta: a cidade como busca por
libertação em No circo sem teto da Amazônia,
de Ramayna de Chevalier
Marijane Costa Fernandes
Resumo: A literatura produzida no Amazonas é intrigante, pois envolve a
cidade e a floresta, promovedoras ora do encanto pelo local, ora do distan-
ciamento. Nem sempre um ambiente amistoso é visto na habitação da flo-
resta amazônica, sendo, para muitos, a cidade, o lugar que traz segurança e
civilização. À luz de teóricos como Foucault, não basta apenas questionar
quem fala, mas também o lugar de onde se fala, desse modo, analisa-se
o conflito do herói Zé Raimundo, em No circo sem teto da Amazônia, de
Ramayana de Chevalier, como um ser que busca a redenção na cidade, vis-
to a floresta ser a representação da opressão e o homem uma marionete.
Levantar-se-á questionamentos racionais sobre o espaço, o que de acordo
com Pesavento (2002), a cidade é o lugar do homem por excelência, e, para
Grossmann (1993), as narrativas sobre a Amazônia são semelhantes às crô-
nicas dos viajantes que por aqui passaram. Em Chevalier, o herói perten-
ce a terra, é o caboclo, que ambiciona ser prático, a ponte para alcançar
a cidade. As representações dos espaços cidade/floresta são analisados a
partir dos postulados teórico-metodológicos de Foucault (2003; 2015), Pe-
savento (2002), Bakhtin (2002; 2003; 2010), dentre outros.
Palavra-chave: Cidade; Floresta; Redenção; Literatura brasileira.

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Ficha Técnica
Organizadoras: Keyse Kerolayne Levy, Endy Yasmim da Silva Cavalcante, Layla Karinne
Nascimento Silva
Revisora: Gleiciany Florêncio de Araújo
Diagramação: Marcelo Ishii
Projeto Gráfico: Raquel Ishii

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