Você está na página 1de 9

FICHA TÉCNICA

Texto e encenação Tiago Rodrigues 

Com António Afonso Parra, António Fonseca, Beatriz Maia, Carolina Passos Sousa, Isabel Abreu, Marco

Mendonça, Romeu Costa, Rui M. Silva

Cenografia F. Ribeiro

Figurinos José António Tenente

Desenho de luz Nuno Meira

Sonoplastia, desenho de som e música original Pedro Costa

Coralidade e arranjos vocais João Henriques

Voz off Cláudio de Castro, Nadezhda Bocharova, Paula Mora, Pedro Moldão

Apoio ao movimento Sofia Dias, Vítor Roriz

Apoio em luta e armas David Chan Cordeiro

Assistência de encenação Margarida Bak Gordon

Colaboração artística Magda Bizarro

Direcção de cena Carlos Freitas

Ponto Cristina Vidal

Tradução Daniel Hahn (inglês), Thomas Resendes (francês)

Legendagem Patrícia Pimentel

Produção executiva Pedro Pestana, Rita Forjaz

Produção Teatro Nacional D. Maria II (Portugal)

Co-produção Wiener Festwochen, Emilia Romagna Teatro Fondazione (Modena), ThéâtredelaCité – CDN

Toulouse Occitanie & Théâtre Garonne Scène européenne Toulouse, Festival d’Automne à Paris & Théâtre

des Bouffes du Nord, Teatro di Roma – Teatro Nazionale, Comédie de Caen, Théâtre de Liège, Maison de la

Culture d’Amiens, BIT Teatergarasjen (Bergen), Le Trident – Scène-nationale de Cherbourg-en- Cotentin,

Teatre Lliure (Barcelona), Centro Cultural Vila Flor (Guimarães), O Espaço do Tempo (Montemor-o-

Novo)
Catarina e a beleza de matar fascistas, criação de Tiago Rodrigues (actual director
do Festival de Teatro de Avignon), estreou em Setembro de 2020 em Guimarães, e
desde então tem tido várias reposições, nacionais e internacionais. Voltou a subir ao
palco em Janeiro deste ano no CCB e, como noutras ocasiões, com bilhetes esgotados
num ápice. O grande interesse e curiosidade (raros) que esta peça gerou deve-se
provavelmente ao título provocativo (que atraiu uns e afastou outros) e ao tema que
invoca. A peça parte de um assunto histórico ainda muito vivo na sociedade portuguesa,
o Estado Novo, e daquilo que muitos identificam como uma ameaça política hoje: o
ressurgimento e crescimento de movimentos antidemocráticos. Mas o texto de
Rodrigues vai bem para lá disto: explora conceitos como os de sacrifício, comunidade,
justiça, consciência individual e, principalmente, a eficácia da luta antifascista.
A peça parte de um prisma filosoficamente informado (por vezes de forma
explícita) e alicerçado nos clássicos do teatro, sobretudo na tragédia grega (a Antígona
de Sófocles) e no teatro épico de Bertolt Brecht (referido ad nauseam por uma das
personagens). Neste sentido, relembra-nos textos como os de Luís Sttau Monteiro, mas
com uma diferença relevante: Sttau Monteiro, por exemplo, com Felizmente há luar
(1961), urdiu uma metáfora no passado para poder fintar a censura do presente e
transformá-lo, enquanto Tiago Rodrigues construiu uma narrativa situada num futuro
próximo (2028)1, muito literal na introdução de elementos do presente histórico (através
da referência a eventos decorridos nos últimos anos), para prevenir o perigo de o
fascismo chegar efectivamente ao poder.
No centro da trama encontramos uma família comprometida com aquilo que
acredita ser o legado da sua matriarca, falecida no momento da narrativa. Esta amiga de
Catarina Eufémia testemunhou o seu assassinato, em 1954, à mão da Guarda, quando
faziam greve. A família procura manter a memória de Catarina dando este nome a todos
os familiares, homens e mulheres. Procura também perpetuar a vingança desta morte,
reunindo-se anualmente para executar um fascista e enterrá-lo no seu montado. Para
além de cumprir o referido desígnio, o ritual tem a função de agregar socialmente a
família, renovando e reforçando a percepção que o grupo tem de si. É curioso que este
mecanismo espelhe o que os fascistas fazem com as minorias: mobilizam a sociedade
contra elas, sacrificam-nas, como forma de obter poder. A verificação do movimento

1
Chegamos a esta data por alusão ao ano em que se iniciou a pandemia de COVID-19. Para além disso
sabemos que a família no centro da trama executa um fascista anualmente desde 1954, ano da morte de
Catarina Eufémia. A personagem principal está encarregue de executar o 74º (número também
significativo).
sacrifical em ambos os lados dá força à tese de René Girard, segundo a qual as
sociedades humanas necessitam de um bode expiatório para manter a estabilidade e
harmonia. Mas esse equilíbrio, como em qualquer tragédia, é posto em causa.
Há uma semelhança clara com a Antígona na oposição entre a consciência ética
individual e a tradição ou o costume, e que se manifesta nos diálogos da Catarina-
protagonista com a sua mãe e irmã. É esperado que esta Catarina mate o seu primeiro
fascista, por ter atingido a idade com que Catarina Eufémia morreu, mas vemo-la
procrastinar esta tarefa, porque a dúvida ética assomou. Desde logo, na primeira
composição de cena vemos a família reunida cá fora, à mesa, no mundo social,
enquanto a protagonista está recolhida dentro de um casebre, o que nos relembra a
etimologia de ética: o interior de um estábulo, e por extensão, a interioridade por
oposição à moral enquanto costume. São justamente as dúvidas da protagonista sobre o
que constitui a justiça, se a misericórdia supera o sacrifício, que perturbam o equilíbrio
colectivo mencionado e põem a tragédia em movimento. Esta nossa Antígona, porém,
não é tão resoluta como a original, e a irmã de Catarina e a beleza de matar fascistas
não é uma Ifigénia, muito pelo contrário. Em vez de aliada, torna-se numa opositora,
decidida a tomar o seu lugar no fim do enredo.
A dúvida de Catarina-protagonista cresce ao ponto de se tornar insuportável (o que
é ilustrado por uma exposição quase cómica do clássico trolley problem), de inviabilizar
as relações que as personagens têm umas com as outras e, em última instância, de
comprometer a segurança de toda a família. Por esta razão, a peça mostra um caso em
que a consciência individual arruina a acção colectiva. Por outro lado, esta acção
colectiva, o assassinato mais ou menos arbitrário de uma pessoa indefesa, não deixa de
ser questionável e de nos assustar. Assim, Catarina e a beleza de matar fascistas acaba
por se centrar na tensão inevitável entre estes dois polos. O confronto entre a
consciência individual e colectiva é uma dicotomia central na peça, portanto, e leva-nos
a questionar o cerne da luta política, neste caso concreto, da luta antifascista.
Ironicamente, a obra acaba por instaurar a dúvida no público: torcer pela consciência
individual de Catarina-protagonista, arriscando-se a arruinar o plano colectivo, ou
desejar que o ritual familiar siga em frente, compactuando com crimes morais.
Esta reflexão sobre a conciliação entre a eficácia e a justiça da luta antifascista tem
contornos dignos de nota, como seja a auto-imagem que as personagens alimentam. A
luta é essencial para que as pessoas se sintam próximas daquilo que acham que são. E é
lançada uma suspeita sobre a geração mais nova (de que faz parte a protagonista) de não
compreenderem verdadeiramente a essência da mesma, por não viverem na terra onde
existem os problemas que estão na origem da atracção pelo fascismo (como a falta de
instituições de todos os tipos, nomeadamente culturais). Estas jovens são, numa
expressão usada por uma das personagens, umas “desenraizadas”.
Ao mesmo tempo, acentua-se a ideia de que a luta é mais uma cola social, uma
expressão cultural, e por isso, a peça aponta na direcção de esta de se tornar numa coisa
vazia. As acções que a família toma estão longe de alcançar os objectivos que dizem
querer atingir: derrotar o fascismo ou proteger as mulheres. Tal como as andorinhas,
abundantemente referidas nos diálogos, os seres humanos agregam-se em volta de uma
mesma canção e estão dispostos a sacrificar e a sacrificar-se para proteger o seu ninho,
como vemos acontecer nesta peça. Mas atente-se na canção. O que um dos tios diz ouvir
no chilrear das andorinhas (“fui à missa, vim da missa, lavei a loiça, varri a cozinha, e tu
que fizeste?”) faz lembrar o estado de muitos movimentos de luta política, que acabam
por se concentrar mais na auto-imagem que mencionamos e na sinalização da virtude do
que na verdadeira acção colectiva.
E é isto mesmo que o desfecho do enredo vem problematizar. À maneira de Brecht,
o final desta peça quebra a quarta parede e convoca o público a tomar uma acção diante
de um aterrorizador triunfo do discurso fascista. As acções que o espectador-militante
toma na peça podem ou não corresponder àquelas que toma na sua vida social e política,
mas o que importa no final é que acabe por estranhá-las, por reflectir sobre elas, sobre a
sua justiça e sobre a sua eficácia, sem abdicar das primeiras razões que o levam a agir,
porque os tempos em que vivemos assim o exigem.

Pedro Beirão
Pedro Franco
NOTAS

Argumento principal: exposição de vários modelos de luta antifascista partindo de um ponto de


vista profundamente filosófico (= ponto que está em baixo deste).

Argumento 0: Tempo das narrativas, teatro épico: Sttau e Brecht.

Argumento 1: Sacrifício, formação de comunidade e auto-imagem.

Argumento 2: Justiça versus injustiça e consciência individual.

Argumento 3: A eficácia da luta antifascista.

Catarina… é uma obra verdadeiramente filosófica e (assumindo que o autor é anti-fascista)


profundamente auto-crítica da luta anti-fascista / não didática, não dá uma resposta única ou
fechada. Mais exposição de um problema do que resolução e imposição. 

Diferença relativamente Sttau Monteiro: ST urdiu uma metáfora no passado para poder fintar a
censura do presente e transformá-lo, Tiago Rodrigues fez uma narrativa situada num futuro
próximo (2028, por alusão à pandemia e os 74 fascistas desde 1954 = 2028) muito literal na
introdução de elementos do presente histórico (referência a eventos decorridos em 2020, 2021 e
2022) para transformar o futuro, ou seja, para prevenir o perigo de o fascismo chegar
efectivamente ao poder. -gosto-

Explicar a tradição familiar e que todas as personagens se chamam Catarina. Referência a


Girard (-não percebo-) e a necessidade de um bode expiatório, do sacrifício, para estabilizar a
sociedade. Esta necessidade vê-se do lado fascista e da resistência anti-fascista. A Catarina-da-
dúvida impõe o desequilíbrio quando se oferece, no final, em sacrifício para terminar este flagelo,
como fazem as andorinhas, sempre presentes ao longo dos diálogos, no fora de cena. Instinto
de protecção do ninho: a andorinha atira-se para o possível agressor. As duas irmãs fazem o
mesmo. Simbologia da irmã mais nova: empunha a arma numa mão e a andorinha na outra para
protegê-la. Símbolo de proteger as minorias ou os mais frágeis, enquanto a mais velha protege o
indefeso, como um princípio de justiça (todos os indefesos).

A Catarina-da-dúvida começa a cena dentro de casa —> consciência / etimologia de ética ( ethos
- estábulo) vs. todos lá fora no mundo “político”.
Fascista sempre calado. Só é humanizado pelos voicemails da mulher (inversão da
desumanização no final: no final ele não se cala com o seu discurso que desumaniza os outros).

Hipocondria moral —> semelhança do corpo de Catarinas com Kathy Boudin/Merry Levov.
Encarnam a culpa que não é delas e vivem obcecadas com vingança.

Incoerência vs coerência é um tópico central.

A incoerência de Catarina da dúvida é pela questão da justiça, não a incoerência interesseira da


Catarina-agroturista que pensou por um momento associar se ao fascista. Semelhança com a
Antígona até nos diálogos com a irmã mas sobretudo na questão da consciência individual vs.
colectivo, lei. Ao contrário de Ifigénia, esta irmã continua resoluta em seguir a lei (algo que é
parodiado pelo contraste com a sua sensibilidade vegana), e esta protagonista não é tão
decidida como a Antígona. Dúvida vs. certeza.

Ideia de privilégio epistémico: os familiares na cidade (“as desenraizadas”) não sabem


verdadeiramente o que é a revolução, porque não trabalham a terra etc. Só citam os livros de cor
dos revolucionários do passado, e permitem que o fascismo grasse nos terreno que é fértil para
ele, porque não há recursos, capital cultural (“teatros, cinemas, bibliotecas”). Visão talvez
ingénua da cultura como emancipadora ou didática? Mas com o seu grau de verdade. Explicar. //
Tinha pensado neste ponto mais do prisma da desadequação da luta: no caso das
desenraizadas a luta é desadequada porque ao terem ido embora (não por “não trabalharem a
terra”, acho até mais folclórico/bucólico) não conhecem os problemas reais/factores que criam o
fascismo (que são a razão daquela terra ser fértil para eles), e desse modo não lhes podem dar
uma resposta efectiva.

Uso inteligente do trolley problem—> serve só para aumentar as dúvidas. A filosofia pode-se
tornar patológica. É preciso passar à ação. A ação pode ter beleza, mas não pode ser ação
injusta. O que a justiça? Tópico filosófico por excelência, das tragédias gregas a filosofia de
Platão e por aí fora. Ver discussão trágico-socrática entre mãe e filha: a justiça tem sempre de
trazer prazer como ensinava Aristóteles. Relacção entre o bem, o belo e o prazer. A Catarina-
mãe reconhece que não teve prazer em matar fascistas, apenas sentia que cumprira um “dever”.

Discussão sobre o que significava o testamento da avó: a tradição é uma discussão sobre a
própria tradição, como explica Alasdair MacIntyre. Há uma diferença entre tradição e “opinião”
(as opiniões são perigosas, não são argumentos, são preconceitos). Mas também há uma
diferença entre opinião e dúvida: a opinião pode ser tão dogmática como a tradição.

Por isso, a família também parece dogmática. Há uma formação política, uma padronização na
educação familiar, por exemplo, na lengalenga anti-fascista da mãe para embalar os filhos. //
Porém, isto não é contraditório com a expressão da individualidade de cada personagem: o
autista ouve música, a prima mais nova é vegana, um obcecado com Brecht, que quer montar
um turismo rural, o do bigode planta sobreiros. Apesar de todos terem alguma individualidade
mantém-se que têm todos as mesmas opiniões, quase como um ritual que dá forma à vida deles.

Acerca do ponto anterior***

O desafio vai para lá da emergência dos radicais, o desafio é a unidade na alternativa. Mas
como conciliar a unidade com a democracia / questionamento são?

Intenção brechtiana: público participar e formar colectivo . A reação do público de querer calar o
fascista quando ele discursa —> será este o caminho? O final é irónico? O público grita e não
percebe que não são os gritos de sempre que não vão acabar com a ameaça radical. (joke is on
you, expressão do PB). E a acção colectiva que se gera no final da peça será uma acção das
desenraizadas da cidade? Quantos estão dispostos a ir para além dos gritos de ordem e para
além da tradição mais ou menos dogmática? Pode ser irónico e galvanizante ao mesmo tempo.

Será que o fascista usou tantas palavras no seu discurso final quanto todas as outras
personagens junta?

O que o tio diz ouvir no chilrear das andorinhas (“fui à missa, vim da missa, lavei a loiça, varri a
cozinha, e tu que fizeste?”) faz lembrar o estado da esquerda paroquial, do castelo de vampiros,
mais concentrado nos egos e na sinalização da virtude do que na verdadeira acção colectiva. //
comparar “as andorinhas quando se juntam umas com as outras cantam só uma canção”: cada
grupo tem as suas expressões “culturais”, cada um tem os rituais que os agregam num grupo. A
“luta” corre o risco de ser mais um meio de comunicação/agregação grupal do que uma ação
verdadeiramente militante/preocupada.
*** Talvez não seja importante para esta peça sequer. Ou se calhar sim, para o nosso (qual?)
argumento. Cantar canções, definires-te contra alguma coisa, etc etc, são modos de criares uma
imagem de ti. Quem sou eu?(relacionar bode) —> um antifascista que é neto da pessoa X e faço
determinada coisa porque acredito na justiça. Neste caso, a ação de matar o fascista (que
designei só por “determinada coisa” é necessária para que a imagem que tenho de mim se
complete. Se não matar o fascista não sou quem penso ser e entro em conflito. Transpondo para
o mundo real, podíamos dizer que há pessoas que dizem certas coisas ou que têm certos
comportamentos ineficientes no combate ao fascismo mais porque isso completa uma imagem
que têm de si próprias do que por efetivamente combater o fascismo. {as duas coisas não têm
de ser contrárias. podes combater o fascismo eficientemente e podes fazê-lo porque completa a
imagem que tens de ti}. No caso das personagens da peça e do ponto em que pus estes
*asteriscos*, as personagens mantêm a sua individualidade, mas confluem obrigatoriamente em
torno do ritual, sem o qual quebra a imagem que têm de si, da sua comunidade e do papel
dentro da mesma. Quem é esta família sem a execução anual dos fascistas? Que ligação tem a
geração das duas irmãs mais novas à sua família, à comunidade e à sua “terra mitológica” sem
este ritual? É coincidência que seja o “patriarca/tiotriarca” (ahah), que mostra sinais de estar a
perder o juízo?, que nos é sugerido saber que está em fim de vida (que talvez reconsidere, por
isso, quem é no mundo/se afaste de uma imagem rígida que tenha construído sobre si), aquele
que parece menos importar-se com o ritual, ou mais acceptant das dúvidas da Catarina? Aliás, é
também ele o único que se lembra de um tempo antes do assassinato da Catarina Eufémia, e
que, portanto, já se chamou outra coisa que não Catarina.
Neste caso, podemos pensar sobre a coragem. A Catarina principiante / Catarina das
rosas / Catarina 26 / catarina das dúvidas é a única que mostra coragem para enfrentar a
imagem que tem sobre si - é aí que as dúvidas surgem. Os outros membros da família
relacionam-se com isto de maneiras diferentes. O tiotriarca está a perder o juízo/cagar-se, e por
isso a sua autoimagem não é rígida, estará até em desmantelamento. A dos tios parece
indiferente para esta questão, ou pelo menos não tenho nada a dizer sobre isso {o tio bigode se
calhar acha-se o melhor, porque ele é que cuida do montado}. A da mãe parece cumprir-se
também através das filhas - o falhanço da Catarina 26 é visto pela mãe como um falhanço
próprio. A autopercepção da filha mais nova, Catavegan, está em construção, e faz-se seguindo
dogmaticamente a imagem de luta que a família tem de si: e isso prova-se no momento em que
toma de maneira forçada (sem que ninguém na família peça, e sem que ninguém se mostre
contente por isso) o lugar de carrasco que a irmã deixa vago. E o primo crazy?
Falando ainda sobre a catarina 26 - podemos associá-la a algumas das virtudes cívicas
republicanas clássicas (cícero?), lol, acabei de ler sobre isso. luelo. Nomeadamente à justiça -
“oposição activa à injustiça” -, mas principalmente (“principalmente” só porque foi o gatilho para
associar às virtudes civ , e porque o tema destes parágrafos foi “coragem”) a firmeza. Jorge:
“esta virtude, que também poderia ser traduzida como coragem, é associada por Cícero à
capacidade de transcender os desejos e as preocupações materiais”. Realmente, a Cat 26 não é
apenas corajosa por enfrentar o desconforto de estar perdida na sua identidade individual e
coletiva, mas também por pôr em causa o seu bem-estar familiar (pertença) e material (ela
abdica da camisola, por exemplo, ou quer ir sozinha a pé para o bus) para defender aquilo que
acredita ser justiça {ela acredita realmente nalguma coisa? Ela não se põe em causa porque
acha que o fascista deva viver, ela não se põe em causa porque ache que a tradição deva
acabar, ela põe-se em causa pelo direito de duvidar???? bem, mas ela no fim põe-se em frente
às balas. Pedro, mas ela aceitou ir matá-lo!! Conclusão: drogada}. Cat 26 - acredita que se pode
duvidar, que se pode discutir, mudar? 

Você também pode gostar