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Classificação: +16
Categorias: Kristen Stewart
Gêneros: Drama
Avisos: Violência
Séries: Nenhuma
[ Reviews ]
Finding Happiness escrita por Belitta
Capítulo 1
Capítulo 1
Apagar a Luz
Quantas vezes eu já pensei em morrer?
Em acabar com tudo aquilo e poder ter paz nem que seja em outra vida?
Eu ainda não sabia por que acordava todas as manhas, seria tão mais fácil se eu apenas
morresse dormindo. Abri os olhos contra minha própria vontade e me levantei
percebendo a dor de cabeça infernal que eu estava.
A garrafa de vodka rolou do meu colo até o chão. Eu teria revirado os olhos se isso não
fosse fazer minha cabeça doer ainda mais.
Peguei a maldita garrafa e joguei com força em alguma parede daquele apartamento
vazio. Eu teria que comprar mais garrafas hoje, meu estoque de bebida já havia
acabado.
Fui até a cozinha e peguei uma caixa de pizza gelada na geladeira e comi com rapidez
olhando para o relógio do microondas.
- Fuck!
Tomei um banho rápido e não me olhei no espelho, não suportava me ver no espelho,
fui pro quarto vestindo uma roupa qualquer e colocando meu casaco maior que eu por
cima da minha blusa branca. Peguei meu all star e sai sem nem ver se tinha amarrado ou
não.
Fui para o meio fio em frente ao meu prédio e fiz sinal pra algum táxi.
Eu não tinha carro, eu não gostava de carros e carros chamavam muita atenção.
Merda.
Eu também não gostava quando me olhavam.
Ele apenas assentiu depois de um momento e seguiu o destino que lhe pedi.
Cheguei atrasada dentro daquele prédio enorme, mas não corri pelos corredores.
Cheguei a minha sala e o professor já estava por lá, entrei na sala esperando que
ninguém fosse me ver, mas eu estava enganada.
Chegar atrasada na faculdade também chamava atenção. E comigo, não era o tipo bom
de atenção.
Sentei-me no meu habitual lugar no fundo, onde ninguém mais se sentava, o que era um
alivio, por que eu não gostava de companhia.
Ninguém na sala parecia me notar, o que também era um alivio. O professor fazia
perguntas, eu sabia de todas elas, mas levantar a mão pra responder significava chamar
atenção e eu não iria fazer isso, ficar quieta no meu canto apenas prestando atenção já
me era suficiente.
Minha aula de estatísticas passou e com ela muitas outras também passaram, as aulas
eram em tempo integral e eu passava os intervalos na biblioteca, ninguém ia à biblioteca
e por isso lá era um lugar adorável.
Olhei da janela pra todo aquele lugar imenso, o prédio do campus, a quadra onde tinha
alguns acadêmicos de educação física. Olhei aqueles garotos com horror, garotos e
homens não eram algo pra se confiar, as cicatrizes em minhas costas e por meu corpo
eram uma prova disso.
Os livros não estavam prendendo a minha atenção e isso era péssimo ou no mínimo
perigoso, eu odiava ficar com o pensamento vazio, isso me trazia lembranças.
Passei a mão pelo cabelo em um gesto de puro nervosismo e tédio e meu telefone tocou.
Era minha mãe.
As pessoas deviam me achar louca por usar uma blusa de frio grossa em meio ao calor
que se fazia em Los Angeles naquele dia. Mas eu não me importava.
Segui pelos corredores de saída e cheguei até um pequeno campo que dividia o campus
de dormitórios.
Eu tinha preferido um apartamento só pra mim quando me matriculei aqui, eu não tinha
nada contra os dormitórios, mas não gostaria de dividir um apartamento, ainda mais
com alguma garota histéricas que só pensaria nos garotos e nas festas universitárias.
Sentei em algum lugar por ali, encostada na parede e puxei meus joelhos no peito,
tirando meu relatório da bolsa e revisando pra última aula.
Peguei a minha garrafinha prateada e tomei um gole da pouca vodka que ainda restava
ali.
Capítulo 2
Passei aquele tempo do meu intervalo lendo e relendo aquelas páginas de números e
números da minha frente, a vodka tinha acabado e quando eu ainda tinha alguns
minutos, não resisti e puxei um cigarro da bolsa.
Meu Mallboro de menta. Sorri de leve. Ele era tão bom quanto minhas bebidas.
Traguei o cigarro com vontade, deixando a nicotina fazer efeito e me relaxar, pelo
menos durante algum tempo.
As bebidas me tiravam de órbita por mais tempo. Era por isso que eu bebia. Pra sair da
realidade.
Uma dor aguda e interna se passou em meu baixo ventre e eu fechei os olhos impedindo
as lágrimas de caírem. Não pelo físico machucado.
Traguei o restante do meu cigarro e me levantei com pressa depois que a dor
momentânea passou.
Peguei minha bolsa e pus o capuz, cruzando meus braços em frente ao peito e
caminhando em direção a minha sala.
Passei despercebida como sempre entrando e me sentando no mesmo lugar, me
preparando pra que aquela gritaria que se fazia lá dentro passasse e que o professor
chegasse logo.
Peguei minha bolsa e procurei meu relatório começando a ficar desesperada e irritada
por não estar lá dentro, fechei os olhos e trinquei os dentes percebendo que eu tinha
deixado no campo onde eu estava sentada.
Me levantei irritada e voltei a caminhar com pressa até o lugar que eu estava. O
encontrando no mesmo lugar. Quase soltei uma maldição.
Voltei aos corredores e algum cego fez questão de esbarrar em mim com seu café de
Starbucks.
Olhei pra cara do idiota com os olhos cerrados enquanto minha blusa branca era
manchada pelo líquido. Eu não me importava com a droga da blusa, mas o cara era
realmente um idiota.
- Você olha para os pés enquanto anda e a culpa é minha? – minha raiva extrapolou os
limites e eu soltei todo ar pela boca indignada.
- Eu não estou irritada pela blusa idiota, você molhou o meu trabalho. – retruquei quase
gritando.
- Oh, então eu... sinto muito. – soltei um som raivoso por entre os dentes.
- Claro que sente, por que isso vai fazer secar meu trabalho. – eu não podia ser mais
irônica.
- É bom que possa mesmo. – ele revirou os olhos e pegou o papel da minha mão.
- Vem comigo. – ele estava falando sério? Ele ergueu uma sobrancelha me dizendo para
realmente segui-lo, eu estava ainda mais irritada.
- Por quê?
- Eu vou dar um jeito nisso. – respondeu começando a caminhar para o lado aposto dos
corredores, subindo as escadarias e parando na secretária acadêmica. Eu o segui.
- O que está fazendo? – perguntei quando ele colocou meu trabalho em cima de alguma
outra máquina.
- Eu sei o que uma scanner faz. – Ele riu do meu comentário. Eu já estava ficando
incomodada em estar em um lugar sozinha com um garoto, abracei meus braços e fiquei
um pouco longe dele enquanto ele imprimia meu trabalho novamente.
- Pronto Kristen, está feito. – ele perguntou de repente me olhando nos olhos, desviei o
olhar do dele, eu não gostava de olhar alguém nos olhos. Franzi o cenho pra ele.
- O trabalho.
- Tem seu nome no trabalho. – revirei os olhos pra mim mesma e peguei o trabalho de
suas mãos. Já ia saindo da sala quando ele me chamou.
- Você foi o culpado, eu não vou agradecer. – e saí da sala ainda em tempo de ouvir uma
risada dele.
Ninguém percebia.
Capítulo 3
Notas iniciais do capítulo
mais um cap :)
Apagar a Luz
Na hora do intervalo eu não agüentei ficar naquela biblioteca sem fumar um cigarro.
Entrei em uma das cabines privadas e coloquei minhas coisas em cima da mesa e peguei
meu Mallboro, eu tinha comprado minhas bebidas ao sair ontem daqui.
O que era ótimo, por que só a bebida me permitia dormir a noite, ela bloqueava minha
mente e os pesadelos ficavam um pouco afastadas.
Eu cheguei a cheirar alguma coisa os meus primeiros tempos aqui, mas aquilo passou a
me incomodar e eu ficava fora de órbita por um tempo menor do que quando eu bebia.
Eu estaria mentindo se eu dissesse que não comprava algumas coisas ainda, não podia
ser considerada viciada, mas eu sempre tinha alguma coisa na bolsa para casos mais
urgentes, como quando minha mãe me ligava por exemplo.
Eu já tinha noção que não conseguia dormir sã, por isso as bebidas e alguns remédios no
meu armário do banheiro. Sem isso, eu não conseguia nem viver mais.
Era uma rota de fuga dos meus pensamentos e da dor em meu baixo ventre.
Era a rota de fuga mais segura para uma pessoa como eu.
Eu não era mais depressiva, não tanto quanto era quando saí de Miami pelo menos, mas
a minha depressão me deixou seqüelas, como o medo das pessoas.
Mas o medo de garotos e o horror que eles me tocassem não tinha nada haver com a
depressão.
Traguei meu cigarro com mais vontade e tomei um gole da minha garrafinha prateada
que já estava muito bem abastecida com minha vodka pura.
Soltei um som aliviado quando senti o liquido descer por minha garganta e passar no
meu esôfago. Eu não sentia mais a queimação, mas não era de se estranhar, eu bebia
desde meus 9 anos.
Nove anos...
Bebi todo o estoque de vodka que tinha feito naquela garrafinha em um gole só, ao me
permitir pensar naquela merda.
Mas parecia inevitável, minha cicatriz nas costas parecia queimar todos os dias, apenas
pra me lembrar de quem eu era e de como vim parar dessa forma.
Não me preocupei com o horário, eu não teria aulas muito importantes hoje e meu
apartamento já estava ficando normal demais pra mim.
Eu estava fumando tanto um cigarro atrás do outro que não percebi quando a porta abriu
e um cara entrou na cabine. Eu engoli em seco quando notei exatamente isso. Era um
garoto.
Mas quando vi quem era o medo deu lugar à raiva e eu trinquei meus dentes.
Ele olhou surpreso pra mim, como se não soubesse que eu estava lá.
Bufei irritada novamente enquanto ele me encarava.
- Achei que fosse proibido fumar aqui dentro. – ele sorriu irônico o que me deu mais
raiva ainda.
- Você não é muito nova pra fumar isso tudo? – ele apontou pro maço vazio ao meu lado
no chão.
- Quem se importa?! – disse já odiando aquela conversa toda e doida pra sair dali, me
levantei e fui em direção a porta, ele riu.
- Você não precisa sair. Eu não queria te incomodar. – ele falou sorrindo e por um
momento eu me senti perdida naquilo, mas abanei minha cabeça rápido. – E eu posso te
dar outro cigarro, já que o seu acabou.
- Achei que fosse proibido fumar aqui dentro. – ele riu baixo quando repeti a mesma
coisa que ele me disse tirando o cigarro da boca e soltando a fumaça.
Ele não falou mais nada e parecia bem concentrado em suas escritas, não desviando os
olhos uma única vez. O silêncio passou a me irritar, não por que me incomodasse, mas
já que ele estava ali, poderia falar alguma coisa certo?
Não. Não estava certo, eu não estava muito bem aquele dia.
Eu sempre gostara do silêncio, mas naquele momento eu não estava gostando. E isso era
estranho e no mínimo diferente.
- Nova demais pra beber também não? – disse apontando pra minha garrafinha prateada
que eu tinha esquecido de guardar.
- Você é muito curioso não acha? – perguntei irritada novamente e quando ele riu baixo
só fez minha raiva dobrar de tamanho. Ele deu de ombros e não respondeu, voltando aos
seus estudos.
A cabine voltou a ficar em silêncio e eu peguei outro cigarro do maço que ele tinha me
dado, eu estava com tanta raiva que seria capaz de fumar todos aqueles cigarros só pra
tirar aquele sorriso idiota de seu rosto.
- Seu nome? – perguntei a ele sem ironia ou irritação, só queria que ele falasse alguma
coisa.
Ele franziu o cenho pra mim, mas um sorriso não deixava de brincar em seu rosto.
- Apenas responda.
- É Robert.
Assenti com a cabeça e quase taquei alguma coisa nele pra que ele continuasse a falar.
- Não está tendo aula? – não foi preciso atingi-lo com alguma coisa afinal.
Dei de ombros tragando mais um de seus cigarros.
- Eu já vi você por aqui, tem muito tempo que estuda na UCLA? – suspirei, lá vem ele
com essa droga de tempo de novo.
- Desde o ano passado. – falei baixo, pedindo para que ele parasse com aquelas
perguntas.
Eu não estava pedindo pra que ele falasse? Suspirei irritada comigo mesma.
- Desde os 20, me formo no próximo ano. – ele falou como se não fosse grande coisa.
- Economia.
- Ah. – ele realmente parecia não gostar daquilo, mas eu não falei mais nada e nem
perguntei.
Só ali naquela conversa com ele que eu percebi um sotaque diferente, mais arrastado e
que deixava sua voz mais grossa, mais rouca.
- Você é da onde? – perguntei curiosa, ele riu baixo de novo, mas ele não me olhava,
continuava encarando seu caderno e fazendo anotações.
- Sou de Londres.
- Até Kristen.
Assenti com a cabeça e ele se virou saindo da cabine. O acompanhei pela parte de vidro
que havia nas repartições e ele sumiu da minha vista quando desceu as escadarias.
Respirei fundo e tentei entender por que diabos eu não tinha saído correndo dali, no
momento em que ele entrou naquela porta.
Me levantei vendo que realmente tinha fumado todo seu maço de cigarros, ele não
fumava de menta, e sim de canela, mas não era ruim, pelo contrário o cigarro deixava
um gosto bom na boca.
Bufei irritada e querendo ir lá pra fora, peguei minhas coisas saindo da biblioteca,
descendo as escadarias e chegando em minha aula.
Apagar a Luz
Peguei um táxi até duas ruas antes da minha e parei em um pub onde eu comprava
bebidas sem ser barrada.
Paguei a ele assim que me entregou as bebidas e voltei para a saída do lugar
encontrando com o ar de Los Angeles caminhando até meu apartamento.
O meu canto não era muito grande, mas eu conseguia viver bem, eu não dependia da
minha mãe o que era um alivio pra mim. Eu tinha tudo o que precisava ao alcance das
minhas mãos, tinha meus cigarros, minhas bebidas e minha TV em minha frente.
Eu poderia passar horas vendo TV que não enjoava, era a minha paixão.
Se é, que eu era apaixonada por algo.
Eu queria sair dali, não conseguia entender o que estava acontecendo, e também não
queria que fizessem comigo o mesmo que fizeram com Dorothy. Aquele lugar era
horrível, tinha gente demais, a casa era pequena pra tanta gente sempre andando de
um lado pro outro.
Ele disse que iríamos pra Nova York no natal, mas até agora eu estava ali.
- Não, eu não quero ir. – comecei a chorar enquanto ele me carregava com força pelo
braço.
As portas se fecharam antes mesmo que ele pudesse ouvir o meu grito de desespero.
- NÃAAAAAO. – mais uma garrafa era quebrada no meu apartamento, me deixei cair
no chão, com a dor das lembranças e o horror por mim mesma me tomando e me tirando
o fôlego, comecei a engasgar com meus próprios soluços enquanto as lágrimas não me
davam trégua, abracei meu corpo no chão, em cima do tapete da minha sala esperando
que a dor cessasse e que eu pudesse me levantar e tentar ser digna novamente por
algumas horas.
Aquilo tinha que passar, aquilo tinha que passar um dia, mas já havia se passado tanto
tempo e o horror, a repulsa eram os mesmos.
Me levantei de súbito tentando enxugar as lágrimas inutilmente, tirando meu casaco no
meio do caminho, pegando mais um vodka no armário da cozinha.
Liguei a banheira do meu banheiro e terminei de tirar minha roupa entrando na água
morna que arrepiava um pouco minha pele. Deitei minha cabeça na borda com meus
olhos fechados podendo sentir as lágrimas voltando, mas eu não podia com elas, nunca
pude.
Eu era fraca.
Minha garrafa de vodka me fez companhia até eu me sentir entorpecida, tentei resisti a
tentação de pegar alguma coisa mais forte em minha bolsa que me tirasse do ar por
algum momento, e consegui afastar a idéias para o fundo da minha mente.
O gosto da vodka foi à última coisa que senti antes de apagar em minha cama.
--
Aquele professor era um saco.
Eu não agüentava mais ele falando todo dia a mesma coisa, e eu não era a única, quanta
gente que estava com o ipod no ouvido naquele momento?
Bufei irritada batendo a ponta da minha caneta na mesa, até que finamente fomos
liberados e eu podia desaparecer em uma cabine na biblioteca com o meu cigarro.
Cheguei a mesma que estava a última vez e qual não foi minha surpresa, de não estar
vazia.
- Achei que fosse proibido fumar por aqui. – respondi no mesmo tom apontando o
cigarro que ele segurava nas mãos, ouvindo sua risada logo depois.
- Culpado. – ele ainda sorria, revirei os olhos e teria saído de lá se algo não tivesse
chamado minha atenção.
Não me respondeu dano de ombros, mas não deixava de sorrir, voltando a rabiscar algo
em seu caderno. Entrei e me sentei do outro lado, de frente pra ele, encostada na parede
o observando.
- Você compõe?
- Não era eu o curioso por aqui? E são apenas alguns rabiscos... – será que ele não tinha
dor no maxilar por sorrir tanto. Pelo jeito que estava concentrado, tinha certeza que
eram mais que ‘’alguns rabiscos’’. – Está faltando aula de novo?
- Não – revirei os olhos pegando um cigarro do meu bolso de trás. - Mas você parece
estar – sorri de lado.
- E então? Você toca ou não? – ele ainda não tinha respondido minha primeira pergunta.
- Toco.
- Alguns pubs...
- Legal... – repeti sem saber o que falar, levei o meu cigarro a boca tragando e
prendendo a fumaça em meus pulmões por um momento antes de solta-la, abri meus
olhos que nem percebi que havia fechado e ele me encarava.
Seus olhos fundos nos meus, como se estivesse percorrendo minha alma.
Me senti estranha, diferente, não conseguia desviar o olhar, continuei encarando seus
olhos, os verdes-azulados me prendiam no lugar.
Era como se eu estivesse perdida por um momento e assim que consegui, mudei o rumo
de meus olhos, para qualquer outro lugar que não fosse próximo a ele.
Aquela sensação me incomodava e para piorar o vazio que caiu por ali. Mas ele falou se
levantando com aquele maldito sorriso no rosto.
- Até Kristen. – eu estava estranha de novo em ouvir meu nome vindo dele.
- Até. – eu devo ter falado baixo, ainda estava um pouco perdida e tentando me situar.
- No pub, amanha é sexta, eu vou tocar a duas ruas da avenida principal. – ele sorriu de
lado me dando um aceno de cabeça antes de se virar e começar a caminhar, com seu
caderno em uma mão e na outra o violão.
Balancei a cabeça me sentindo um tanto quanto... Diferente.
Suspirei e senti raiva de mim mesmo, não me incomodei em saber o motivo daquilo, eu
sempre sentia raiva de mim mesma.
Para o meu azar, tinha gente sentada perto de mim quando entrei novamente na sala,
mas como sempre, fingia que não via ninguém e ninguém, fingia que me via.
Entrei pela minha porta jogando minhas coisas todas no sofá sem me importar com o
toque, deixei o celular em cima do balcão da cozinha, me sentando em um dos bancos
altos depois de pegar um macarrão instantâneo e ligar o fogo deixando-o esquentar.
Coloquei a tigela quente em meu colo, tirando meus all star com o próprio pé e sorri
enquanto ligava a TV com o controle. Coloquei na MTV e fiquei escutando e vendo os
clipes com muita tranqüilidade até que meu telefone residencial tocou, não atendi
também é claro, eu sabia quem era.
- Kristen? Kristen, sei que está em casa, por favor, atenda... – eu nem me mexi focando
meus olhos na TV apesar de não prestar atenção em nada. – Kristen, minha filha fale
comigo... há meses não me dá noticias, quero apenas saber se está bem... – eu continuei
parada com meu coração batendo alto em meus ouvidos. – Certo. Nós ainda temos que
conversar, você sabe disso, você foge dessa conversa a seis anos eu só queria te
entender... – ouvi seu suspiro e o barulho de chiado me indicou que ela havia desligado.
Enxuguei uma lágrima que nem percebi que havia caído e aumentei mais ainda o
volume da TV me negando a pensar em suas palavras.
Seis anos, mais pra mim ainda era como se fosse apenas dias...
É claro que as coisas não foram fáceis, ainda mais com a minha depressão. Mas no
momento em que vi que tinha que sobreviver, eu lutei...
Eu teria que lutar se quisesse fazer alguma coisa da minha vida. Vivi até os 17 em um
abrigo no Texas, quando recebi a herança que meu pai havia me deixado. Junto com a
herança, eu recebi este apartamento, onde eu morava desde então. Minha faculdade era
paga aos poucos, por que eu ainda tinha esperanças de um dia poder fazer o que eu
realmente quero.
Era até estranho meu desejo de profissão visto que eu era uma estudante de matemática.
Eu não gostava do que fazia, mas às vezes os números são mais fáceis de lidar do que as
pessoas. Mas isso, eu só aprendi depois de muito tempo.
Enxuguei mais lágrimas de meus olhos que já estavam molhados e terminei de assistir a
TV e comer meu macarrão. Geralmente eu mesma cozinharia algo descente para comer,
mas especialmente hoje, eu estava cansada... mentalmente e fisicamente.
Deitei-me no próprio sofá para dormir, mas depois de um tempo, percebi que seria
impossível, minha cabeça começou a doer e eu comecei a ver as coisas meio turvas,
minhas mãos tremeram de leve e senti calafrios em minha espinha.
Eu não era viciada neles, é claro. Apenas gostava de tê-los por perto e tomar quando a
falta de sono batia o que sempre acontecia quando eu não tomava minha bebida, mas eu
não estava a fim de acordar de ressaca amanhã.
Coloquei dois comprimidos na boca para apagar de vez e funcionou apesar de me sentir
fraca. Eu dormi na mesma hora.
A idéia de não acordar de ressaca no dia seguinte, ficou esquecida em minha mente
quando me levantei com uma puta dor de cabeça. Gemi me levantando e considerei
muito seriamente o pensamento de não ir à aula hoje.
Mas infelizmente eu teria um teste de porcentagem onde se eu não fosse poderia ficar
com sérios problemas, eu poderia arranjar um jeito de sair mais cedo.
Coloquei minha jeans que precisava ser lavada com urgência e coloquei uma blusa
vermelha de mangas, meu casaco maior que eu estava também em meu Look, se é que
eu tinha algum.
Passei a mão pelo cabelo depois de jogar uma água na cara e escovar os dentes, os
deixei presos e sem me olhar no espelho, eu sai do apartamento, com minha bolsa em
meu ombro.
Capítulo 5
Capítulo 5
Apagar a Luz
Coloquei meus fones em meu ouvido e perdi a noção do tempo escutando Muse.
Eu nem mesmo havia pegado no livro ou nas minhas anotações para estudar para o teste
de hoje, mas eu sabia toda a matéria. Não ter amigos contribuía para que eu não tivesse
com quem conversar, não tendo assim quem me atrapalhar nas aulas.
Escutei ao longe alguns alunos caminhando e percebi que era minha deixa para ir pra
sala, apaguei o cigarro no meu tênis e guardei a carteira novamente em bolso, buscando
e pendurando minha bolsa em meu ombro saindo da cabine.
Passei por todos os imensos corredores até chegar ao refeitório onde comprei uma coca
e uma barra de cereais pra mim, eu tinha esquecido de tomar café da manhã em casa.
Me sentei em uma das mesas afastadas e quando eu menos esperei a cadeira em minha
frente foi afastada e aquele idiota britânico se sentava ali me encarando com aquele
sorriso no rosto.
- Bom dia.
- Sério? – revirei os olhos quando ele riu de novo. – Não me leve a mal, mas é que te vi
aqui e pensei que estava precisando de companhia, mas se quiser posso ir embora.
Arregalei os olhos.
- Não. Não precisa ir... pode ficar aqui. – ele sorriu de novo e se sentou.
Ficamos em silêncio durante algum tempo apenas tomando nossas latinhas, de vez em
quando eu pegava seus olhos de cor indefinida me fitando, me olhando como se pudesse
me enxergar por dentro e por mais que aquilo me incomodasse às vezes, não conseguia
desviar o olhar. E continuava o encarando da mesma forma.
- E então você vai? – ele disse me deixando confusa por um momento, desviei meus
olhos dos seus quando percebi que ainda estava os olhando deslumbrada.
- O que?
- Alguns estudantes do terceiro ano estão dando uma festa na semana que vem. Você
não vai?
- Nem eu. Mas parece que vai ser legal. Devia ir.
- Pode ser. – dei de ombros. – Hoje à noite você toca não é? – o sorriso dele brilhou
mais que antes pra mim.
- Você vai no pub? – olhei pra ele rápido me perguntando por que era a segunda vez que
ele me falava aquilo.
Ele abriu a boca pra me responder, mas uma garota loira abanou a mão na direção dele e
como ela chamava a atenção, nos desviamos o olhar ao vê-la. Ele acenou com a cabeça
pra ela discretamente sem dar muita atenção, ela não gostou muito disso, principalmente
depois quando ele voltou o rosto pra mim.
- Então..nos vemos a noite se você for é claro. – ele sorriu novamente e eu sorri de
volta, um tanto quanto deslumbrada.
- Claro...se eu for... – mordi os lábios de novo vendo que ele desviava os olhos dos meus
e que eles caiam direto pro meu lábio maltratado, mas logo ele desviou e sorriu antes de
se despedir e se levantar.
Dois segundos depois vi a moça loira ir atrás, por onde ele havia saído.
Não, não devia, até por que você nem sabe o motivo de se sentir estranha com isso
Kristen.
O teste como eu previra era fácil, até mais fácil que eu imaginava. Fui a primeira a
acabar e sai da sala com antecedência o que foi uma sorte por que eu estava louca pra ir
pra casa, eu então eu podia ir até a biblioteca e ver na cabine...
Argh. Idiota.
Prendi minha bolsa mais forte nos ombros chegando do lado de fora da Universidade e
esperando um taxi que não demorou a chegar.
Como havia chegado mais cedo aproveitei pra dar uma geral noapartamento, ele não era
grande nem nada, mas era pra lá de confortável e bonito. Eu não tinha fotos minhas
espalhadas por aí, pelo contrário, eu não gostava de fotografias, era a mesma coisa que
um espelho.
Ajeitei minhas roupas velhas no meu guarda-roupa e lavei o resto que estava na área de
limpeza, limpei meu banheiro e voltei pra sala, tirando o pó dos móveis, eu adorava
fazer as tarefas de casa e morar sozinha era uma benção.
A tarde foi chegando e eu ficando com fome, coloquei um leite no microondas pra mim
e peguei alguns cookies de mel no armário, me sentei no sofá e liguei minha TV
novamente na MTV.
Bufei irritada passando a mão no cabelo com uma parte de mim – a maior – que queria
ir, e uma outra dizendo pra eu ter cuidado.
Mas cuidado com o quê? Eu não tinha motivos pra ficar em casa em uma sexta a noite,
não se eu quisesse esquecer meu passado. Respirei fundo e ouvi meu telefone tocar,
soube que era meu irmão pelo toque personalizado.
- Oi Tay.
- Kris, ainda bem que você atendeu. – franzi um cenho bebendo mais um gole de vodka.
- Pode me dizer por quê? – eu bufei de novo, Taylor era a única pessoa que sabia de
tudo que tinha acontecido comigo, mas ele não sabia o motivo de eu não voltar pra
Miami.
- Eu sei Kris... apenas fique bem okay, sabe que pode me ligar não sabe?
- Sei, obrigada Tay. De verdade.
Desliguei o aparelho e olhei por todo meu apartamento antes de me decidir ir ao pub.
Troquei-me rápido colocando minha jeans e meu all star branco com uma blusa também
branca e uma jaqueta por cima de tudo. Peguei meu celular e as chaves do apartamento,
trancando a porta e descendo as escadas depressa.
O porteiro deve ter arregalados os olhos ao me ver sair de casa, eu nunca sai antes. Sorri
internamente.
Peguei um táxi e ele seguiu para o endereço do Pub me olhando com cara feia quando
acendi um cigarro dentro do carro.
Chegamos no pub em menos de cinco minutos, era perto, mas que fiquei receosa de vir
a pé e sozinha.
Entrei no lugar já vendo muita gente por ali, o lugar estava cheio e fui direto pro bar,
pedi uma vodka pura enquanto acendia outro cigarro.
- Então você veio. – eu quase dei um pulo ao sentir a voz rouca com aquele sotaque
inglês perto demais de mim, senti minha respiração se acelerar e tentei controlar meu
pulso.
- Ah, eu não conheço ninguém por aqui e também não devo demorar... – mordi os lábios
de novo para vê-lo fazer o mesmo.
- Isso não é problema..posso te apresentar meus amigos... – ele apontou pra trás dele, vi
dois caras lá, eles não me pareciam ser ruins, mas minha razão gritou antes que eu
pudesse dar alguma resposta incoerente.
Robert colocou sua mão direita em minhas costas e eu tremi, sentindo o lugar onde ele
tocava queimar, mesmo por cima da blusa.
Que diabos era aquilo? Eu não devia estar saindo correndo daqui?
- Hey, para de beber um segundo Tom. – disse Robert tirando uma caneca de cerveja das
mãos do cara que era o Tom e ele se voltou contra Robert.
- Quero apresentar a vocês, esta é Kristen. – mordi meus lábios, por que eles me
olhavam com cara de espanto e olhos arregalados.
- Rob? É você mesmo? – um outro cara perguntou, eu não sabia o por que daquilo, mas
me senti estranha, Robert rolou os olhos e no próximo minuto Tom veio até mim me
abraçando.
- Qual o problema em chamar ela de Kris Robert? – ele perguntou pelo que me pareceu
ser cínico.
- Ótimo. – Tom me sorriu e eu tentei retribui. – Então senta Kris. – assenti com a cabeça
e logo depois Rob se sentou ao meu lado.
- Quer cerveja? – o outro cara me perguntou. – E Ah, sou Sam. – eu sorri de novo apesar
de ainda estar estranha.
- Estudante de matemática.
- Uaal, inteligente uh?! – eu fiquei sem graça com o elogio e Robert me sorriu.
- Não sou mal humorada. – me defendi aceitando a cerveja que Sam me passava do
garçom, eu não iria beber nada que ninguém me desse, se tinha uma coisa que eu
aprendi em minha vida era nunca aceitar a bebida dos outros, você nunca sabe o que
colocaram nela.
Eu ia terminar de falar, mas alguém no palco chamou por Robert e eu entendi que era a
vez dele de tocar, ele me olhou como se não quisesse me deixar ali sozinha, mesmo
estando com seus amigos, devia ser por que ele sabia que eu não era tão bem humorada.
- Já volto. – ele me disse pra mim antes de sair fazendo Tom e Sam cerrar os olhos pra
ele como se não entendessem aquilo e pra falar a verdade, nem eu entendia. Apenas
assenti com a cabeça mesmo sabendo que ele não estava vendo agora.
- Então...você não tem nenhuma amiga pra me apresentar Kris? – Tom perguntou
divertido e eu pude rir, pela primeira vez em tanto tempo eu pude rir.
- Deixa só a Dakota te ouvir falando isso. – Sam comentou rindo da cara de indignação
que ele fez.
Eu não sabia quem era Dakota, mas parecia namorada de Tom ou algo assim.
Continuei ali, bebendo minha cereja e conversando com eles de um jeito até animado,
pra mim que nunca tinha saído do meu apartamento, a não ser pra comprar bebidas.
Tom e Sam eram mais agradáveis do que eu tinha imaginado, eles eram engraçados e
me tratavam como se eu fosse amiga deles de infância o que era ótimo, por que eu não
me senti excluída nem deixada de lado, em algum momento antes de Robert começar a
tocar Sam saiu do bar dizendo que iria fumar lá fora, e em menos de 4 minutos ele
conversava com uma ruiva no outro extremo do bar, fazendo Tom rir do jeito tímido que
ele conseguia chegar numa garota.
Sua voz rouca e com o sotaque inconfundível começou a cantar, a melodia bonita com a
voz aveludada, ele cantava bem e tocava também, as mãos grandes e o modo como ele
pegava no violão era profissional.
- Ele toca há quanto tempo? – perguntei baixo a Tom que sorriu pra mim.
- Há muito tempo. – ele riu.
- Ele toca bem. – ele não me respondeu apenas sorriu voltando seu olhar para Sam e a
garota ruiva.
Segundo ele, Sam acabaria deixando a garota escapar e Tom teria que ir até lá para
ajudar o amigo de alguma forma, empurrando ele para uma grade de segurança e o
forçando a ir até a garota de novo.
Ele tocou por muito tempo, finalizando com Use Somebody do King of Leons.
- Hey Tom! – me virei para ver a moça loira atrás de mim olhando pra Tom e ele
passando a mão no cabelo, olhando pra mim e depois pra Robert antes de olhar
finalmente pra garota.
- Hey Nina.
- Ainda bem que encontrei você, eu não tinha lugar pra sentar. – ela deu mais alguns
passos se sentando ao lado de Tom e sorrindo pra ele. – Onde está o Sam?
- Haam, deve estar por aí... – Por que Tom estava tão desconfortável? E por que eu,
também estava?
Olhei por trás dela vendo Robert se aproximar, eles eram alguma coisa um do outro ou
algo assim?
- E então? – ouvi a voz de Robert do meu lado enquanto ele se sentava, me virei pra ele
para encontrá-lo sorrindo.
Novidade.
- Você toca bem e canta também. – eu nunca tinha elogiado uma pessoa antes tão
sinceramente. E pra minha surpresa ele ficara sem graça com o elogio, eu quase ri por
isso.
- Oi Rob! – ele se virou não parecendo muito em feliz em desviar nossos olhares.
- Olá Nina. – ele voltou o olhar pro meu voltando a sorrir. – Que fumar lá fora?
- Ah... hmm claro. – o que eu estava fazendo? Eu não precisava de inimigos e pelo olhar
da tal Nina era isso que eu era pra ela agora. Não que eu me importasse de qualquer
forma.
Ela travou o maxilar tão forte que eu quase escutei seus dentes batendo.
Dei um último gole na minha cerveja quando Robert se levantou, ele me esperou e abriu
a porta do pub pra eu passar primeiro.
- Você mereceu minha ingratidão. – disse me referindo ao dia que ele esbarrou em mim
com seu café da Starbucks.
- Okay, culpado. – ele levantou as mãos como se fosse inocente. Me fazendo sorrir de
leve. Robert pegou seu maço no bolso do jeans me fazendo reparar pela primeira vez em
seu corpo.
Ele usava uma blusa vermelha de frio com as mangas enroladas até o cotovelo, a jeans e
calçava chuteiras o que me fez rir internamente.
- Toma. – ele me ofereceu o cigarro dele, eu tinha trago o meu é claro, mas eu queria
sentir o gosto de canela de novo.
- Parece que estamos evoluindo. – ele encostou-se à parede na lateral da rua do pub e eu
fiz o mesmo enquanto tragava o cigarro e sentia a fumaça preencher meus pulmões,
fechando os olhos antes de solta-la.
Ficamos um tempo em silêncio, mas não era incomodo como fora na biblioteca há dois
dias, era confortável, tranqüilizador. Era bom, assim como o cigarro dele.
- Ele é inglês, se matriculou aqui por diversão, faz relações internacionais. Nos
conhecemos desde que me entendo por gente. – ele respondeu sorrindo pra mim e
soltando a fumaça devagar pela boca.
- A família dele tem muita grana e seus pais não são o que podemos chamar de
exemplos. Na verdade Tom morou mais na minha casa que na dele própria. – ele riu de
novo e eu sorri ouvindo seu riso.
Traguei de novo o cigarro quando ouvimos a porta se abrir e passos rápidos andando e
se aproximando de onde estávamos.
- Olá. – era a Nina de novo, eu quase suspirei alto, mas desvie o olhar os focando na rua
em minha frente, Robert não me pareceu muito contente com sua aparição surpresa. –
Será que podemos conversar Rob?
- Não. – ele respondeu apenas voltando o olhar pra mim. Nina parece ter se irritado
ainda mais. E eu já estava perdendo a paciência com aquela merda toda.
- Sinto muito por isso, eu acho. – ele disse pra mim voltando a tragar seu cigarro e ligar
nossos olhares, eu desviei depois de dois segundos encarando a cor indefinida.
Eu não respondi, não sabia o que falar. Ele sentia muito pelo o quê afinal?
- Aquelas músicas? Não tinha escutado antes? São suas não são?
- Obrigado, eu acho. – disse rindo baixo e eu fiquei com vontade de rir também.
Nossos olhos se encontraram de novo e mais uma vez se prenderam, nós dois
encostados naquela parede fria em uma noite de Los Angeles.
Os olhos de cor indefinida passaram a ser mais claros pra mim, era como se eu pudesse
enxergá-los de verdade a partir de agora.
Eram de um verde azulado como um oceano e era tão claro como um nascer do sol.
Senti que ele se aproximava; não que ele fizesse algum movimento com o corpo, mas
talvez o fato de seus olhos terem caído por um milésimo de segundo para minha boca
fez com que eu achasse que ele estava mais perto.
Franzi a testa pra mim mesmo, me achando uma idiota. O que eu estava pensando?
- Alô?! – ele atendeu parecendo estar com raiva, suas mãos passaram pelos fios de areia
de seu cabelo em um gesto irritado. Eu voltei a tragar cigarro que já estava no fim. – Eu
não sei ainda Lizzy, serão os últimos dias de estágio antes das férias e não sei quando
voltarei a Londres. – ele parou escutando a Lizzy do outro lado da linha. – Diga a ela
que estou bem. – ele colocou o cigarro na boca antes de jogar o resto fora pisando com
o pé, seus olhos caíram sobre mim, mas eu desviei. – Boa noite Lizzy, eu também.
Ele desligou o telefone o guardando no bolso, e me ofereceu outro cigarro que eu
rejeitei, oferecendo a ele do meu de menta agora. Ele sorriu aceitando e nos encostamos
novamente a parede.
- Sim, m formo do fim do ano, preciso disso pra passar no próximo semestre.
- E estou, mas eu faço apenas licenciatura, para dar aulas... e são só de três anos. Já
completei o primeiro e termino o segundo esse ano, só faltará o terceiro, no ano que
vem. – expliquei pra ele.
- Assistência social eu acho. – disse percebendo que ele sabia mais da minha vida em
alguns dias do que minha mãe sabia de mim em seis anos. Aquilo teve um efeito
diferente sobre mim. Mas que não era desagradável. Não muito pelo menos.
- Acho que sim. – eu ri baixo fazendo seus olhos se voltarem pra mim instantaneamente,
seus lábios se curvaram em um sorriso de ternura... e fascinação?
- Quer voltar lá pra dentro? Acho queo cigarro acabou... – ele riu pra depois jogar o que
restava de seu cigarro fora, eu fiz o mesmo tragando o meu de menta pela última vez.
Entramos e sentamos com os garotos de novo, Sam conversava com a Nina e Tom pedia
claramente desculpas a Robert pelo olhar, o mesmo revirou os olhos se sentando ao meu
lado.
- Olha lá Tom... – Sam bateu em seu ombro rindo e nos viramos na mesma hora para a
entrada do bar, onde uma moça de pele branca e cabelo preto entrava. Tom praticamente
se escondeu em baixo da mesa. Fazendo todo mundo rir.
- A Camilla é uma chata Robert e não fala meu nome alto merda. – aquilo só fez Robert
rir ainda mais sendo seguido por mim logo depois.
- Ela é bonita. – Nina falou de repente.
- Ugh, é a única coisa que ela tem. – ele riu e voltou a se sentar direito na mesa quando
ela entrou para o bar.
- Eu já vou indo. – eu disse e ele se virou pra mim, o que foi uma péssima idéia já que
seus rosto estava perto demais do meu agora, eu tentava de novo controlar meu pulso.
- Eu quero ir. – me afastei enquanto ainda tinha sanidade e me levantei. – Já vou indo. –
disse sorrindo para os garotos que se levantaram e me abraçaram, eu retribui mesmo
surpresa e me sentindo estranha com tanto contato.
- É isso ai garoto. – Tom deu um tapa em suas costas voltando a beber. Robert riu me
guiando pra fora.
- Mas Robert...eu achei que você pudesse me levar..- Nina mordeu os lábios, era
impressão minha ou ela estava tentando seduzir alguém?
- Eu não posso Nina, peça pra Sam ou Tom. – ele se virou novamente pra mim
colocando sua mão em minhas costas até que estivéssemos do lado de fora do bar.
- Haam, você não precisa fazer isso, eu não tenho problemas em andar sozinha. –
mentira.
- Quem se importa? – ele riu pra mim e de repente foi inevitável não fazer o mesmo. –
Você tem um sorriso bonito, devia fazer isso mais vezes.
- Acho que os dois então. – ele riu baixo colocando as duas mãos dentro do bolso da
calça jeans e continuamos a caminhar. – Vai ficar por aqui no feriado de 4 de julho? –
por que ele estava me perguntando aquilo? Ainda estávamos na metade de junho...
- Ah sim...sua família?
- Miami. – respondi em seco e indiferente, não que eu não gostasse da minha mãe, mas
tinha meus motivos pra ficar longe de lá e longe dela. – Vai pra Londres? – perguntei.
- Eu não sei ainda, mais é bem provável que sim...tem algum tempo que não vejo minha
família. – ele disse dando de ombros me fazendo perceber que ele era um cara ligado a
isso; a família.
E eu gostei daquilo.
Ele riu é claro, mas não parecia achar minha ação tão idiota como eu mesmo achei. Ele
segurou minhas mãos na sua e deu um beijo em seu torso, me deixando surpresa.
É claro que ele é inglês.
Pensei sorrindo internamente.
- Boa noite Kristen.
- Boa noite Robert.
Eu disse tentando ignorar a merda da coisa estranha em meu estomago ao dizer o nome
dele e o ouvir dizendo meu nome.
Ele se virou depois de alguns segundos me olhando nos olhos e eu entrei logo para o
prédio, por que em um maldito impulso eu poderia ficar ali até vê-lo desaparecer.
A úlltima coisa que me lembro era de ter chegado a minha cama, depois de um banho
frio e perguntado a mim mesma, por que não tinha tomado os remédios ou a minha
Vodka para conseguir dormir.
Mas quando acordei naquele sabado de manha sem ressacas ou dores infernais, eu
percebi que não importava, fosse o que fosse, tinha pelo menos afastado os pesadelos.
--
Capítulo 6
Capítulo 6
Apagar a Luz
Tédio.
Era tudo a que se resumiam meus finais de semana, já era domingo e eu não tinha posto
meus pés pra fora de casa.
Não que eu saísse muito, ou sequer saísse, eu só estava ficando enjoada dessa coisa toda
de tédio.
Liguei e desliguei a TV inúmeras vezes e meu telefone – celular e fixo – tocaram tão
inúmeras vezes quanto.
Era tão irritante ficar ouvindo aquele barulhinho chato e saber que você não ai atender.
Bufei irritada me levantando do sofá onde eu estava indo logo pra cozinha pegando uma
cerveja e bebendo tudo de uma vez só.
Eu precisava de mais bebida se quisesse dormir de novo sem pesadelos aquela noite.
- Louca. – resmunguei pra mim mesmo batendo com força a porta da geladeira.
Mas por mais irritada que eu estivesse não podia negar que era verdade, eu não havia
precisado das bebidas na noite de sexta.
Grunhi mais irritada ainda e tendo certeza que estava louca, não deixei meu pensamento
completar aquela frase idiota e rumei para o meu quarto. Troquei de roupa rápido
tirando meus shorts e colocando uma jeans, eu não iria sair de short na rua, não mesmo.
Eu não sabia bem pra onde ir, mas não iria muito longe, pensei em ir à locadora e alugar
alguma coisa, mas desisti segundos depois, era longe da onde eu morava e eu não estava
a fim de pegar um taxi agora.
Fiquei andando boa parte do dia – na verdade o dia inteiro – sentindo o sol de Los
Angeles me queimar a pele, mas não era incomodo, não como era no México...
Neguei com a cabeça fingindo que as imagens em minha mente fosse apenas isso:
imagens.
Respirei fundo e ergui a cabeça recebendo os raios solares em meu rosto e gostando da
sensação. Voltei a caminhar pela cidade observando o movimento.
Voltei pra casa quando escutei meu estomago protestar, mas antes de chegar lá, a
exatamente duas ruas do meu prédio e vi o Robert.
Ele parecia meio distante, e estava andando de um lado para o outro vagarosamente no
meio fio. Estranhei sua atitude me aproximando, ignorando os alertas em minha mente e
o medo começando a correr em minhas veias.
- Robert? – perguntei indecisa. Ele me olhou primeiro assustado e depois nervoso,
passando a mão em seus cabelos sorrindo um pouco sem graça.
- Hey... haam, eu estava só passando por aqui ... e .. – ele estava nervoso, isso era
visível. Mordi os lábios em reflexo a curiosidade.
- E... – perguntei pra só depois perceber que eu não tinha nada haver com aquilo.
Neguei com cabeça colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. – Certo, eu
não devia ter perguntado isso..eu...vou indo, haam...até amanha.
Eu já ia saindo quando suas mãos seguraram meu braço, em um ato reflexo meu corpo
se arrepiou, enviando calafrios de medo pelas minhas terminações nervosas, mas logo
depois seus olhos se encontraram com os meus e dessa vez os arrepios não eram de
medo.
Hãm?
- Você quer iralmoçar comigo? Quer dizer, nós podemos ir ao Father's Office.
- Isso, então... quer ir? – perguntou sorrindo novamente fazendo eu me sentir meio
perdida por alguns instantes.
- Haam, tudo bem... – disse querendo parecer indiferente, mas ficando feliz, mesmo sem
saber porque.
Onde estava minha coerência? Meu senso de preservação e minhas pernas quando eu
deveria estar correndo e me escondendo em casa?
Que saco Stewart.
E enquanto eu caminhava com ele pelas ruas, eu sorria internamente por estar ali.
--
- Cheese burguer, batatas fritas e uma coca.
- O mesmo. – ele sorriu pra garçonete que sorriu de volta enquanto eu ficava levemente
incomodada com aquilo. Suspirei.
- Não vai atender? É só fingir que não estou aqui. – ele riu me vendo pegar o celular e
desligá-lo.
- Eu nem tinha que ter trago isso. – disse ficando irritada que fosse minha mãe
novamente.
- Isso me lembra que... – ele mesmo colocou sua mão no bolso, tirando o seu celular de
lá me entregando. – Eu ainda não tenho seu numero. – ele sorriu me deixando tonta por
um segundo.
- Ah claro. – peguei seu telefone anotando meu número o devolvendo minutos depois. –
Pronto. – disse sorrindo.
- Eu disse que você ficava linda sorrindo. – meu sorriso sumiu dando lugar ao meu
pulso acelerado. Controle-se sua idiota.
- Haam... obrigada, eu acho. – ele riu da minha falta depalavras e com certeza ele podia
ver o vermelho em meu rosto.
Eu me odiava.
Eu não podia nem formular uma frase decente para responder a ele.
E o que eu falaria afinal?
Argh.
Eu queria me matar.
- Claro. Vamos.
- Ah..eu.. não sei.. – antes que eu terminasse a frase o celular tocou novamente, mas
dessa vez era o dele.
- Merda. – o ouvi resmungando antes de colocar o aparelho no ouvido. – Que? – ele não
parecia feliz em atender aquela ligação. – Não, eu não posso. – Seus olhos caíram sobre
mim. – Estou ocupado. – arregalei meus olhos enquanto ele sorria pra mim e piscava
um olho.
Céus.
- Não, nem amanha. – ele falou mais alguma coisa que não entendi e desligou passando
a mão no cabelo e depois voltando seu olhar pra mim sorrindo.
- Então? Decidiu?
- Ah .. eu..eu não quero atrapalhar você...eu vou pra casa sozinha, não tem importância..
Ele apenas assentiu com a cabeça, parecia estar esperando outra resposta.
- Okay. Vamos? – ele voltou a sorrir. Eu sorri de volta. Já estava virando rotina, eu
simplesmente sorria de volta.
Voltamos a caminhar pelo sol da tarde de LA, ele era mais divertido do que eu podia
imaginar, era muito bom ficar na presença dele. Eu não sentia o medo normal, que eu
sentia quando outros garotos se aproximavam e isso era estranho..no mínimo diferente,
mas era agradável saber que eu não sentia esse medo o tempo inteiro.
- Entregue. – rolei os olhos com sua fala ouvindo sua risada logo em seguida.
- Certo. Então até amanhã. – ele mordeu os lábios e eu forcei meus olhos a se focarem
nos botões de sua camisa quadriculada.
- Eu não vou pra faculdade amanhã. – ele não falara como se estivesse alegre.
- Ah não? – isso queria dizer que não nos veríamos e eu estava...triste? Desapontada?
Ou apenas doida.
Foco Kristen.
- Okay então ..haam ...até terça? – não era pra ser uma pergunta Stewart.
- Eu não sei, acho que teria estágio todos os dias agora, até as férias de verão.
- Mas e as provas?
- Ah sim...
- Certo, haam...
- Eu posso te ligar?
- Pode. – eu iria falar ‘’claro que pode’’ mas felizmente segurei minha língua.
- Okay. – ele sorriu se aproximando, eu quase dei um passo pra trás por instinto, mas
também me segurei, sem saber por que, alias...eu não sabia era mais de nada. – Até Kris.
– seu sorriso se alargou e seus lábios encostaram-se a meu rosto, na minha bochecha
direita.
- Até. – ele sorriu antes de se virar e começar a caminhar e antes de virar a esquina,
olhou pra trás novamente.
Eu devo ter ficado ali parada igual a uma idiota sem nem mesmo pensar, por alguns
longos minutos, as pessoas já me olhavam como se eu fosse louca.
Me sentei em frente a TV e passei horas na frente dela sem nem ver o que se passava.
--
Vamos lá Kristen. Você consegue.
Era o que eu me dizia a exatos 30min. Aquele teste estava um horror e eu estava presa
em uma única questão.
Fórmulas.
Argh.
Eu precisava sair dali, aquela sala já estava me sufocando.
Hoje era quarta-feira. Isso conta com desde sábado sem beber nada, por que eu tive uma
linda ilusão de que se eu dormir duas noites sem elas, eu poderia dormir o resto.
Mas não foi bem assim.
Na segunda-feira eu dormi plenamente, é claro que isso não tinha nada haver com as
SMS que troquei com Robert pela noite afora.
‘’ Kris?’’
‘’ Whatever.’’
‘’ Eu quase posso te ver rolando os olhos nesses momento.’’ – eu me lembro de ter rido
ao ler a mensagem, deitada em minha cama com os olhos grudados na tela no telefone.
Eu apostava que ele estava sorrindo, mas é claro que eu não diria aquilo.
Nós conversamos assim, por um bom tempo, apenas banalidades, faculdade, ele me
contou do estágio, mas alguma coisa ainda me incomodava ali.
Eu sai da sala já era tarde, tarde pra mim pelo menos que estava acostumada a ser uma
das primeiras. Fui até a biblioteca na cabine de sempre, suspirando ai vê-la vazia.
Cheguei em casa praticamente correndo pelos corredores. Tranquei minha porta como
sempre fazia e fui direto pra cozinha, deixando a bebida pura fazer efeito em meu
organismo.
Eu não recebi SMS’s aquele dia, nem no dia anterior.
Eu precisava dos meus remédios novamente.
Parecia que eu estava dormindo sobre algo frio, gelado e me cortava de fora pra dentro.
Eu sentia facas internas em meu baixo ventre me impedindo de querer abrir os olhos
pela dor.
Eu ouvia um barulho irritante, vindo de algum lugar perto de mim, mas me recusava a
abrir os olhos. Eu não queria saber onde estava, tinha medo de que ainda estivesse no
mesmo lugar sujo e escuro que eu costumava viver depois dos 9 anos.
Eu preferia nunca mais abrir os olhos, se fosse pra ver aquele lugar novamente.
- Kristen. – ouvi meu nome de longe numa voz familiar. – Kristen, me atenda...estou
ficando preocupado.
Consegui abrir os olhos vendo com clareza e alivio de que eu estava apenas no chão da
minha cozinha e não num lugar sujo e fedorento.
- Eu não preciso de cuidados. – disse rápido querendo voltar logo pro chão da cozinha,
ainda tinha bebida na garrafa.
- Vai se ferrar Taylor. E não me ligue mais. – bati o telefone com força no gancho,
tirando as ligações com a tomada.
Me levantei irritada querendo saber quem era o idiota que me perturbava de novo e
percebi que era do meu celular.
- Quê?
- Sério? – ele riu baixo de novo, mas depois pareceu ter ficado sério.
- Queria dizer que sinto muito por não ter te ligado nem nada ontem, nem na terça.. eu
trabalhei o dia inteiro e ia te ligar a noite, mas achei que estaria dormindo.
- Hum.
- É sério Kris, escute. Vem no pub hoje? Eu não vou tocar, mas o Sam vai..
Bufei irritada voltando a área de serviço e pegando minha toalha para um banho quente.
Odiava tomar banho frio.
A banheira me fez relaxar um pouco e eu percebi que tinha sido estúpida com meu
irmão. Ele só queria me ajudar no final das contas, eu apenas não gostava de parecer tão
dependente assim.
Sai do banho olhando no relógio de cabeceira do meu quarto. Já eram quase hora do
almoço, mas hoje eu queria cozinhar. Coloquei uma roupa qualquer e fui pra cozinha,
jogando a garrafa de Vodka vazia no lixo e limpando o que eu havia derramado ontem.
Depois de limpado tudo eu tomei dois comprimidos pra dor de cabeça e dor muscular, já
que eu não ficara muito bem dormindo naquele chão.
Preparei um arroz com cenoura, frango frito e batatas. Sentei no banco alto deixando o
prato em cima do balcão e comecei a comer.
A dor de cabeça foi cedendo dando lugar ao sono, passei a maior parte da tarde
dormindo e quando acordei fui estudar, eu ainda tinha prova amanhã e na próxima
segunda-feira .
Dei um jeito em meu cabelo, deixando metade dele preso e a outra metade solta.
Não devia estar tão ruim, eu não saberia dizer com certeza por que não me olhava no
espelho para fazê-lo.
- Oi.
- Estou.
- Então pode descer, eu não sei o numero do seu apartamento e não me faça apertar
todos. – ele riu e foi inevitável que eu não o fizesse de volta pra ele.
Ele me esperava lá embaixo com uma calça jeans e a blusa quadriculada de vermelho e
sorriu ao me ver.
- Woow.
- Vamos? – ele pareceu que ia falar mais, mas não disse e eu não perguntei.
- Praia de Santa Mônica. – ele disse ao motorista que fez o que ele pediu. – Quer um
cigarro? – perguntou me olhando.
- Claro. – ele me entregou um dele, eu tinha esquecido o meu, na verdade o meu tinha
acabado, eu compraria um mais tarde em alguma conveniência.
É claro que o motorista reclamou abrindo a janela do carro, eu quase ri quando Robert
revirou os olhos.
Quase.
Mas uma pequena parte de mim sentiu medo. Eu estava no carro com um garoto e por
mais que eu me sentisse bem ao lado dele, ainda sim eu quis chegar logo no pub.
Ele acendeu seu cigarro e logo depois o meu, nossos olhos se encontraram e eu passei a
mão no cabelo nervosa para vê-lo fazer o mesmo logo em seguida soltando um riso
baixo, com algo que não consegui saber por que.
- Chegamos. – ele disse sorrindo abrindo a porta do carro pra mim novamente. –
Madame.
Revirei os olhos enquanto ele sorria. Sorri de volta apesar dele não ter visto.
Entramos no pub e o lugar já estava cheio de gente, eu reconheci Sam no palco que
quando me viu sorriu e acenou com a mão. Acenei de volta sentindo Robert colocar as
mãos em minhas costas me guiando por entre as pessoas, eu fiquei grata a ele por isso,
não apenas pela sensação agradável que seu toque me causava, mas também pelo meu
equilíbrio.
Era bem provável que eu abaixasse minha cabeça em meio a toda aquela gente e
acabasse batendo em alguém. O significava atenção.
- Aqui. Senta aqui. – sentei-me à mesa que era um pouco afastada, mas ele ainda
continuava de pé. – Vou falar com Sam e já volto. – ele olhou em volta parecendo não
querer se afastar. – Não demoro. – ele se virou com um suspiro andando em direção ao
palco.
Eu fiquei observando enquanto ele conversava com Sam, o modo como seus lábios se
moviam e como suas mãos passavam por seu cabelo a cada minuto. Sorri
involuntariamente mordendo os lábios.
Você só precisa se aproximar...
Desviei o olhar, eu não tinha motivos para ficar a encarando e ainda não sabia o motivo
dela ter essa ‘’raiva’’ de mim.
Olhei pra Robert de repente, querendo que ele voltasse logo para mesa, e como se
tivesse sido puxado ele me encarou de volta, ele sorriu e eu esqueci do que queria
quando seus olhos me olhavam daquela maneira ou seu sorriso que naquele momento
era pra mim.
- Kris. – ouvi meu nome sendo cantado e como estava no banco encostado na parede
olhei pro meu lado vendo Tom com uma garota loira que também sorria.
- Vou lá então. E ah, me deixe te apresentar. Dakota esta é Kris, Kris Dakota.
- Oii. – ela me abraçou também sorrindo e eu retribuí tentando não me sentir estranha
com tanto contato.
- Olá. Já não vi você na faculdade? – perguntei distraída, eu raramente via alguém, mas
tinha certeza que já a tinha avistado pelos corredores.
- Matemática.
- Falou?
- Haam, sim... acho que ouvi algo sobre isso... – ela mordeu os lábios como se tivesse
falado demais, franzi o cenho, mas não falei nada. – Veio aqui na última noite com os
garotos? – perguntou animada.
- Ah sim, eu vim...
- Queria ter vindo, o Rob canta bem... – ela sorriu sincera.
- Voltei.
- Voltamos meu caro. – Tom respondeu a frase de Robert e os dois se sentaram a mesa
rindo, Robert se sentou ao meu lado e Tom ao lado de Dakota lhe dando um beijo de
leve nos lábios, desviei o olhar.
- Sim, por favor. – ele assentiu com a cabeça acenando para um garçom que passava.
- Três cervejas e uma vodka. – ele fez o pedido. – Sam falou que vem logo pra cá. – ele
disse a mim depois que o garçom foi embora.
- Não, hoje não... ele vai amanha pra Malibu, vai tocar por lá com a banda.
- Ah sim. Por que não vai tocar hoje? – perguntei enquanto ele pegava as canecas com o
garçom e me entregava uma.
- Vai me mostrar? – nem eu acreditei que tinha perguntado aquilo, desviei um olhar do
dele e tomei minha cerveja.
- Talvez. – ele disse sorrindo de novo. Virei ainda mais minha cerveja.
Sam começou a tocar e as pessoas iam cada vez mais pra pista de dança, ele tocava
muito bem, algumas garotas gritavam pra ele que ria entre divertido e envergonhado.
- Quer fumar? – perguntou Robert. Virei meu copo de vodka que eu tinha pedido há
algum tempo, aquele já era meu terceiro.
- Claro. – me levantei ficando um pouco tonta, mas consegui disfarçar, não que isso
tivesse passado despercebido a Robert que sorriu apoiando suas mãos em minhas costas,
Tom disse alguma coisa pra ele que eu não tinha escutado e saímos do bar logo em
seguida. – Vamos até uma conveniência?
- Ah sim, sabe que pode fumar do meu. – ele sorriu e eu sorri de volta simplesmente.
- Sim, mas aí não terei mais pra amanha e nem você. – mordi os lábios apontando minha
frase pra ele que riu baixo.
- Certo. Vamos. – começamos a caminhar em direção a rua de trás do pub, onde havia
uma conveniência.
O vento frio fazia bem a minha tontura da bebida e infelizmente ele não tinha mais
motivos pra deixar suas mãos em mim.
Resmunguei internamente.
- Está distante ou é a bebida? – perguntou divertido, sorri um pouco olhando pra ele.
- Eu fiquei?
- Ela falou com você? – perguntou fechando um pouco a expressão, era estranho ele
ficar assim, eu estava acostumada com seus sorrisos.
- Vocês se conhecem? – dei ênfase no ‘’conhecem’’ e ele entendeu o que eu quis dizer.
- Velhos tempos e essa coisa toda. – ele disse rindo baixo sem se importar muito com
aquilo.
Eu não tinha que ter ficado alegre com aquilo. Mordi os lábios e ele me fitou parando e
repente no meio da rua.
- O que foi?
- Nada. – ele sorriu se aproximando e pareceu natural quando ele tirou uma mecha de
meu cabelo do rosto, colocando atrás da minha orelha e deixando sua mão ali, enquanto
um sorriso ainda se fazia em seu rosto.
Nossos olhos grudados um no outro, eu não podia nem pensar em desviar dos azuis
esverdeados que me prendiam e não me deixavam desconfortáveis. Não mais.
O momento passou e ele se afastou depois de alguns segundos ainda sorrindo, foi
inevitável não o fazê-lo também.
- Fazer o que?
- Não sei, passo na sua casa. – assenti com a cabeça. Recebendo seu sorriso.
Entramos na conveniência e compramos meu cigarro, sim compramos por que ele não
me deixou pagar, eu quase gritei dizendo que não queria e que era desnecessário, mas
ele me ignorou completamente pagando o cigarro e comprando algumas garrafas de
cerveja.
- Pra que isso? Não vamos voltar ao pub? – perguntei apontando pra sacola de cervejas
enquanto ele tinha um cigarro na boca.
- Não precisamos voltar lá.
- Achei que íamos ver o Sam tocar. – ele sorriu pegando o cigarro entre os dedos.
Eu queria?
Nós voltamos a caminhar a esmo, nem eu, nem ele sabíamos pra onde estávamos indo,
mas pela primeira vez não me importei. Eu gostava de ficar com ele, era...diferente.
Um diferente bom.
- Venha. – ele pegou em minha mão de repente deixando minha pele formigando. Foi
me guiando pela areia fofa até estarmos mais perto do mar e se sentou. Me sentei ao seu
lado enquanto ele já abria uma cerveja e passava pra mim.
‘’Não pela bebida em si’’ Que merda era aquela que eu estava pensando?
Suspirei.
- Talvez. – ele sorriu ainda mais. – Não vai me contar os seus? – perguntei sem esperar
resposta, apenas por diversão.
- Perguntei dos seus pensamentos. – disse desviando o olhar para o mar tentando ainda
parecer um pouco divertida.
- E eu te respondi.
Continuei encarando seus olhos até que com um movimento ele tocou meu rosto.
Era inevitável que eu deitasse minha cabeça em sua mão, a temperatura morna era
agradável
- Você só precisa deixar.. – ele disse em um sussurro e eu lutei pra deixar meus olhos
abertos.
- Deixar o quê?
- Que eu te conheça. – eu me retesei, sentindo o medo fluir por minhas veias .
- Você não vai querer me conhecer... – respondi evasiva não querendo falar daquilo.
- Eu posso decidir isso.
Eu quase me irritei, mas tinha aquela voz dentro de mim... a voz que sempre falava mais
alto quando meu passado vinha a tona...
Eu não valia à pena e se nos aproximássemos mais, ele logo descobriria aquilo...
Comecei a caminhar a passos rápidos ignorando o medo de andar pelas ruas sozinhas,
isso me lembrava tantas coisas...
Não deixei que as lágrimas caíssem, no fundo eu ainda esperava que ele ainda viesse
atrás de mim, mas isso não aconteceu...
--
Capítulo 7
Capítulo 7
Apagar a Luz
Obvio.
Normal.
Eu recebi SMS’s a noite inteira...eu queria muito ter ignorado todas elas, o que eu fiz,
parcialmente pelo menos, porque eu lia e não respondia.
‘’ Já está em casa?’’
Na sexta eu não o vi, ele me mandou uma SMS... perguntando novamente se eu estava
bem e o que tinha acontecido. É claro que eu não ia dizer.
- Eu estou tentando Kristen, mas você não me dá noticias. Poderia por um segundo
deixar sua rebeldia e atender ao telefone? – ouvi seu suspiro antes que ela desligasse o
telefone deixando o recado na secretária eletrônica.
Rebeldia...
Se eu fosse rebelde tinha colocado um fim naquele casamento idiota que ela tinha a
muito tempo e teria estragado a vida boa dela em Miami contando a minha história.
Mas eu fui idiota o suficiente quando fugi de lá não querendo que ela sofresse com o
que eu tinha passado, já tinha sido demais ver a cara de Taylor quando ele soube...
Eu passei meu final de semana inteiro deitada em meu quarto.
Aquele fim de semana em especial estava sendo difícil, era o aniversário do meu pai, se
ele ainda estivesse vivo...
Lembrar da morte dele era a mesma coisa que me lembrar de tudo.
Eu não estava lá quando ele se foi... e eu sabia que tinha culpa na historia. Por que eles
estavam atrás de mim, mais jamais conseguiram me achar...
Eu sentia meu peito doer, minha cabeça explodia e se eu não arranjasse algo pra fazer,
eu iria enlouquecer..
E talvez até fosse o melhor. Eu passara tantos anos assim que acabei por me acostumar a
comodidade que a depressão me causava, passou a ser confortável com o passar do
tempo.
E no decorrer da semana eu me vi buscando algo que eu não sabia bem o que era, pelos
corredores da faculdade, eu passava mais tempo na cabine da biblioteca fumando meu
cigarro - que agora era de canela – e olhando incansavelmente para a pequena porta.
Até que eu me xingava mentalmente e me odiava ainda mais por estar sendo idiota; e eu
me levantava e saia dali.
Já era quinta-feira novamente e eu me sentia uma estúpida por estar sentindo falta dele.
Bufei irritada enquanto fazia um chocolate quente. Coloquei tudo na panela e estava
mexendo há alguns minutos.
Meu telefone fixo tocou novamente e eu deixei tocá-lo até cair na secretária, mas
quando vi que era meu irmão eu atendi...ainda devia um pedido de desculpas a ele.
- Hey Tay.
- É...bem sim...haam...escute.. eu sinto muito okay...não devia ter falado daquele jeito.
- Sim, estou sim. Oh droga. – corri de volta pra cozinha desligando o fogo e vendo com
alivio que não tinha estragado tudo.
- Certo. Tenho que ir, me ligue okay. Melanie está te mandando um beijo.
- Mandarei. Se cuida.
Nos despedimos e desligamos. Coloquei o chocolate quente em uma caneca e fui pra
sala, sentei no meu sofá ligando a TV em algum canal idiota de perguntas e respostas.
Olhei pela minha janela e vi que ia chover, era tão raro chover em LA, mas acontecia às
vezes.
Continuei tomando meu chocolate até que vi que já era tarde e resolvi tomar um banho.
Devo ter adormecido na banheira por que meus dedos ficaram enrugados quando sai de
lá, colocando uma calça larga cinza e uma blusa sem mangas.
Em casa era o único local onde eu me permitia ficar de short, mas naquela semana eu
não suportaria ver minhas cicatrizes. Coloquei minha toalha na área de serviço e quando
comecei a lavar a roupa a maldita da campainha tocou, me deixando irritado por que
tinha certeza que seria algum carteiro idiota me entregando alguma coisa idiota.
Mas eu não podia estar mais errada, foi o meu pensamento quando abri a porta dando de
cara com os olhos azuis esverdeados que encontraram com os meus.
- Eu disse que ia acabar batendo em cada apartamento, ainda bem que te encontrei a
tempo, a senhora do andar debaixo deve estar me praguejando até agora. – ele disse com
o seu sorriso no rosto e eu me permiti sorrir também.
Eu fiquei indecisa por meio segundo, minha razão debatendo em batalhas com o que eu
queria. E no final eu apenas ignorei a voz do receio em minha cabeça e dei espaço pra
que ele entrasse no apartamento.
Tente me desligar do fato de que eu estava sozinha com um garoto em minha casa.
Fique calma.
- Então.. – tentei começar a conversa. – É agora que você me diz o que veio fazer aqui?
– perguntei mordendo os lábios para vê-lo sorrindo e mandando embora
automaticamente meu medo anterior.
- Podemos começar com você me respondendo, porque não atendia minhas ligações...
Rolei os olhos enquanto abria a geladeira pegando duas garrafas de cerveja as abrindo
oferecendo uma pra ele e pegando outra pra mim.
- Não seja difícil, você passou mais de uma semana me ignorando completamente. Não
vou deixar isso passar em branco.
Ele estava se divertindo, bebeu mais um gole da cerveja enquanto eu ainda não
respondia.
Foi a última coisa que ele disse antes de se inclinar e me dá um beijo na testa para
depois sair da cozinha e logo após pela porta.
Foi fácil sorrir depois disso enquanto ainda sentia minha pele formigando pelo seu
contato.
--
- Você podia pelo menos ter me dito que íamos a um lugar assim.
- Qual o problema? Não gostou? – perguntou enquanto abria a porta do taxi pra mim em
frente a um restaurante bonito. Eu não tinha entendido o nome, mas me parecia ser
cubano.
O lugar não chegava a ser chique ou cheio de frescuras, mas eu achei que iríamos a uma
lanchonete. Não que eu estivesse reclamando é claro.
- Eu poderia ter colocado uma roupa melhor em vez de jeans e all star.
- Mas você está linda. – ele disse enquanto tirava uma mecha de meu cabelo do meu
rosto.
- Ela é sim.
- Ela nasceu aqui, mas foi pra Londres em um intercâmbio, foi lá que conheceu Tom e
quando viemos pra cá, ela também voltou.
- Ah sim.
- O que tem feito nessa semana? – suspirei, não querendo falar daquilo.
- Trabalho, faculdade, campus, ligar pra você, trabalho, faculdade, campus e ligar pra
você...
- Você não me ligou tanto assim...
- Não, ele deve estar perdido em algum lugar da casa. – respondi sincera recebendo um
sorriso seu.
- Nós devíamos realmente parar. – eu disse rindo quando voltamos a praia e ele acendia
um cigarro.
- Nós vamos tentar. – eu ri de novo sabendo que aquilo não era verdade. Ele riu junto
comigo.
- Você sorriu mais esta noite do que todos os outros dias em que te vi.
Ele fingiu que não me ouviu, talvez ele percebesse que eu não iria lhe dar respostas.
- Entendo. Por que decidiu fazer? – ele deu de ombros pegando o cigarro entre os dedos
e soltando a fumaça devagar.
- Eu tinha que fazer algo da vida. – ele riu. – Os bares de Londres não iriam me
agüentar por muito tempo mais.
- E seus pais?
- Eles gostam do que faço. Mas gostariam de qualquer outro curso, eles aprovam minhas
escolhas, algumas delas pelos menos. – ele riu de novo.
- Isso é legal.
- E sua família?
Suspirei, não queria falar, mas eu tinha perguntado primeiro, ele apenas revidou.
- Minha mãe mora em Miami com meu irmão mais novo e o marido dela. – tentei não
me sentir sufocada falando nisso. - E meu irmão mais velho mora com a Mulher em NY.
Nos falamos as vezes.
- Faleceu há alguns anos. – ele não disse nada, e eu gostei disso, ele não era clichê e não
iria soltar um ‘’sinto muito’’. Era legal da parte dele, era a forma dele de dizer que
sentia muito. – Quando acaba seu estágio? – mudei de assunto.
- Terá férias?
- Sim, as férias de verão, normal. – assenti com a cabeça e ele parou de repente se
virando pra mim e sorrindo. – Vem comigo. – ele começou a me puxar pela mão e eu ri
quando começamos a praticamente correr.
Subimos em uma determinada parte da praia que era mais alta que as outras e ele me
ajudou a subir por sobre umas pedras que até então eram desconhecida pra mim.
- Uaal. – foi à única coisa que eu disse quando olhei a vista espetacular que tinha ali de
cima, a lua cheia batia no mar fazendo o vasto caminho de luz, junto com vento leve da
noite, nos trazendo o cheiro da maresia.– É lindo. – olhei pra ele que estava ao meu
lado.
- A maioria das garotas diria que é romântico. – ele riu baixo fazendo uma careta se
formar em meu rosto.
Ele estava se aproximando e minha respiração não podia ser mais acelerada junto com
meu coração, seus olhos se fixaram em minha boca para voltar depois voltar aos meus.
O formigamento em minha bochecha era pela sua mão que agora tocava meu rosto,
enquanto a outra me abraçava pela cintura me trazendo cada vez mais pra perto...
Era indescritível a sensação de ser beijada por alguém que você quer que te beije. Sim
por que aquele era o meu primeiro beijo que não era forçado ou algo assim.
Esperei pelo medo quando seus dois braços de repente foram pra minha cintura, me
abraçando e suas mãos se espalmando na lateral do meu corpo, mas isso não aconteceu.
O gosto de canela era mais acentuado agora com sua língua pedindo passagem em meus
lábios para logo depois se enroscar com a minha.
Me senti um pouco idiota por um segundo; eu não sabia fazer aquilo direito. Mas suas
mãos subiram por minhas costas chegando em meu cabelo, acariciando o couro
cabeludo em movimento tão carinhoso que achei que fosse desmaiar com as sensações.
Seu gosto cada vez mais impregnado em mim me deixando leve e quente. Como eu
nunca me senti antes.
Minhas mãos ganharam vida e foram parar no seu cabelo e o beijo que até então era
calmo, passou a ser mais apressado, sem deixar de ser carinhoso. Seu polegar fazia
círculos em meu rosto e sua outra mão, continuava a alisar minha cintura.
Eu nunca havia me sentido tão segura e protegida antes e enquanto ele me abraçava sem
desgrudar os lábios dos meus, eu me perguntei se eu ainda teria uma chance nessa vida.
De ser feliz.
Acabamos nos afastando eventualmente e quando abri os olhos ele me encarava com
um sorriso de... fascinação nos lábios.
--
- Nos vemos amanha? – ele perguntou enquanto parávamos em frente ao meu prédio,
tirando uma mecha de cabelo de meu rosto e colocando atrás da orelha.
- Tudo bem.
Eu tentei, tentei mesmo, não sorrir muito com aquilo, mas não deve ter funcionado já
que o sorriso dele se expandiu.
Até.
Eu era tão menor que ele, que era absurdo o quanto ele tinha que se abaixar pra chegar
até meus lábios.
Entrei pelo prédio sentindo que ele me observava até que passei pelo portão, onde ele
me lançou mais um sorriso.
E quando cheguei em meu apartamento, eu não podia estar com um sorriso maior no
rosto.
Dormi pensando que talvez, apenas talvez, ainda pudesse haver uma chance pra mim
afinal.
--
Capítulo 8
Apagar a Luz
Foi uma sensação estranha acordar naquela sexta-feira. Como se nada fosse real, ou que
houve ontem não tinha acontecido.
Olhei em volta em meu quarto... eu não devia estar com dezenas de garrafa de bebida
em minha volta?
Só havia uma razão para eu não ter precisado delas ontem à noite...
Meus dedos se passaram por meus lábios, eu quase podia sentir a queimação ainda.
Sorri involuntariamente, percebendo que eu realmente havia sorrido mais ontem e hoje
do que jamais sorri a minha vida inteira.
Levantei-me rápido tomando um banho morno pra depois trocar de roupa e sair
procurando meu celular pelo apartamento.
Fui encontrá-lo sem bateria debaixo do sofá da sala. Como ele havia parado ali?
Tinha mais de 20 ligações de Robert durante toda a semana e algumas SMS’s onde ele
me pedia pra ligar pra ele, ou apenas perguntando onde eu estava e se estava bem.
Eu sorri, ele havia me mandado a mensagem de madrugada bem depois que cheguei em
casa, isso significava que ele tinha demorado a dormir, assim como eu.
Deixei o telefone carregando por alguns minutos enquanto eu fazia algo pra comer e
logo depois me levantei o pegando e saindo de casa a caminho da faculdade que hoje eu
iria a pé, não estava a fim de taxis por hoje.
Assisti às minhas aulas da manhã como sempre, invisível em meio a toda aquela gente,
pelo menos uma coisaem mim não havia mudado.
Neguei com a cabeça. Eu tinha que parar era de ficar pensando naquilo.
Eu nem sabia como as coisas estariam hoje...
E também não era idiota ao ponto de achar que poderia ter alguma esperança.
Bufei irritada saindo da cabine na biblioteca pegando minha bolsa escutando meu
celular tocar.
Não pude evitar ficar meio triste quando vi que quem me ligava era apenas minha mãe.
Acabei de fazer um relatório para estatísticos e gráficos e fui uma das primeiras a
entregar todas aquelas folhas. Meus olhos chegavam o doer de tanto fixar em um único
ponto para fazer todas aquelas porcarias.
Cheguei em casa um pouco cansada e com sono, tomei um banho quente e relaxante
olhando para os meus remédios no armário do banheiro.
Eu podia tomá-los...
Dormiria rápido e só acordaria amanhã, quando que pudesse tomar outro e depois outro
e mais outro...
- Sim...porque?
- Não, é nada...apenas cansaço eu acho. – dei espaço pra que ele entrasse.
- Não. – respondi sincera. – Quer beber alguma coisa? Devo ter cerveja na geladeira.
- Okay.
Ele voltou pra sala e se sentou no sofá. Eu arrumei um pouco a cozinha que eu tinha
deixado bagunçada desde que cheguei.
- Kristen? – ele me chamou da sala com aquele sotaque britânico que eu já tinha
deixado gravado em minha mente e que reconheceria sempre a partir de agora.
- Estou aqui. – respondi indo até a sala e me sentando no sofá com as pernas pra cima. –
Então? Escolheu?
- Você não tem muitas opções você sabe. – ele riu. – Procurando Nemo?
- Qual o problema com ‘’Procurando Nemo’’? – perguntei divertida.
Ele foi até a TV ligando o aparelho de DVD e colocando o disco dentro se sentando
novamente no sofá com o controle em mãos.
- O quê?
Ele não me respondeu, apenas passou o braço por minha cintura me abraçando e me
fazendo ficar colada nele.
- Bem melhor. – ele disse sorrindo. Eu sorri de volta e ele se abaixou em minha direção.
Me deu um beijo leve e calmo nos lábios, os entreabrindo devagar me deixando tonta
com seu gosto e embriagada com seu cheiro que nunca tive a oportunidade de sentir
antes, mas que era tão bom quanto.
Sua mão em meu cabelo e a outra ainda em minha cintura me seguravam com
habilidade e seus lábios nunca deixavam os meus.
Nos separamos algum tempo depois a meu completo contragosto. Eu queria continuar o
beijando.
Senti seu beijo em meu cabelo antes que ele desse o play.
Assistir Nemo nunca fora tão divertido e confortável, como estava sendo agora.
E eu nunca havia me sentindo tão bem na vida, como me senti naqueles momentos que
eu tive com ele.
Era até como se eu fosse feliz ou pudesse ser um dia.
--
Eu devo ter adormecido ao longo do filme, estava tão quente e reconfortante onde
estava, por que só dormindo eu poderia estar em lugar assim e enquanto estivesse
sonhando.
Meus olhos não se abriam e eu me sentia embriagada por um cheiro e uma presença que
já me era familiar e que mesmo de olhos fechados eu poderia enxergar.
Me agarrei ainda mais ao que quer que fosse e pude sentir que pernas estavam
entrelaçadas as minhas.
Minha primeira reação foi o medo, mas ela logo foi abandonada pela sensação de paz
que me invadia. Abri meus olhos vagarosamente encontrando um fundo cinza logo em
frente a minha vista. Pisquei varias vezes repetidamente para situar minha visão e
clarear a mente de onde eu estava.
Robert.
Era por isso a sensação de paz, eu estava em seus braços e o cheiro bom era de sua
camisa cinza que estava em minha frente e que se movia lentamente junto com seu peito
– onde eu apoiava minha cabeça – pela sua respiração.
Levantei um pouco o rosto, mas apenas um pouco mesmo, não queria me afastar dali. E
estava escuro, tentei olhar para o relógio através do balcão da cozinha, mas não
consegui, devido ao fato de que eu estava na ponta do sofá deitada com Robert de frente
pra mim, onde seus braços e seu corpo me abrigavam confortavelmente.
Apertei mais meu rosto em seu peito antes que ele acordasse.
Eu tinha que aproveitar alguns momentos assim; poderia não tê-los mais a qualquer
segundo.
Ele podia se levantar daqui e dizer que havia sido algo sem importância como uma frase
clichê do tipo ‘’ Nós nos vemos por aí. ‘’
Por que eu nunca descobria o que o fazia estar aqui ainda, ou o que o fizera me beijar
daquele jeito e me olhar de um modo que me queimava por dentro deixando meu
coração acelerado. Ergui meu rosto para ficar de frente com o seu, marcando cada traço
do rosto puramente masculino sem deixar de ser encantador.
Tirei minha mão que estava encolhida em algum lugar por ali e pus suavemente em seu
rosto sentindo a pele e a já normal queimação que seu contato me causava. A
movimentei levemente por ali, deixando apenas meu dedão passar para cima e para
baixo em traços calmos e até mesmo... carinhosos.
A não ser quando meu pai era vivo, mas já fazia tanto tempo...
Fechei meus olhos curtindo a sensação de pura paz que me tomava quando ouvi sua
voz.
Ainda demorei a abrir os olhos, seu hálito quente batia em meu rosto devido a nossa
intensa proximidade. E quando fiz, foi como era antes...eles me queimavam por dentro
em um frenesi quente e doce.
Sua mão se colocou por cima minha em seu rosto e ele fechou os olhos novamente
deixando um sorriso brincando em seus lábios. Eu sorri junto com ele.
- Isso. – ele disse me indicando que falava do carinho e eu parei por um segundo antes
de continuar com seus olhos que permaneciam fechados.
Ficamos ali por tempos indetermináveis. Até que em um certo ponto ele me puxou mais
pela cintura, entrelaçando os dedos de minha mão com os seus os deixando ainda em
seu rosto.
- Você nem se mexe enquanto dorme, achei que iria te jogar pra fora do sofá em algum
momento. – foi inevitável não sorrir divertida daquilo.
- Você também não se mexeu muito eu acho. – talvez ele estivesse se mexido em algum
momento, devido que quando nos sentamos, ele estava apenas recostado no sofá e não
deitados um de frente para o outro como agora.
- Sorte a sua então. – seu sorriso não deixava seu rosto.
- É, sorte a minha.
Ele suspirou e fechou os olhos novamente e permanecemos com nossos dedos da mão
entrelaçados e eu ainda sentia seu rosto debaixo de minha palma quando adormeci
novamente depois dele ter me puxado ainda mais pra perto dele, me fazendo esconder o
rosto em seu pescoço.
- Acordou? – levantei meu rosto para som e encontrei seus olhos me fitando com um
sorriso preguiçoso no rosto.
- Hey.
- Um pouco. – seus braços se fecharam ainda mais em minha volta e eu prensei meu
rosto em seu peito me sentindo aquecida imediatamente. – Que horas são? - Perguntei
de repente.
- 23:27.
- Dormimos demais.
Ele colocou uma mão em meu rosto e eu o ergui para logo depois ele colar a testa na
minha deixando nossos narizes encostados.
- Eu tenho que ir. – ele disse baixinho e sussurrando me dando pequenos selinhos nos
lábios com seu polegar passando em minha bochecha e sua mão espalmada em meu
rosto.
- Okay. – respondi simplesmente, mas minha mão se fechou em punho na sua camisa
sem nem mesmo eu perceber, mas ele sim percebeu e sorriu.
Eu tinha consciência dos meus limites e de até onde eu poderia ir sem me quebrar.
Demorou um tempo pra que ele se levantasse e eu fizesse o mesmo o levando até a
porta recebendo mais um beijo na testa.
Fechei a porta quando ele já estava descendo as escadas e senti meu estômago protestar
por tanto tempo sem comer e fui fazer algo para me alimentar.
Fiz torradas com geléia de amendoim e me sentei no sofá, não sentia com sono, mas
ainda queria me deitar.
Fiquei vendo a MTV por muito tempo até acabar minhas torradas e o meu suco, me
deitei em minha cama algum tempo depois pensando em tudo o que estava acontecendo.
Eu estava quebrando minhas regras de ‘’nunca se aproximar de alguém. ’’
Mas o incrível era que eu não me importava, não ainda pelo menos.
... nada que não fosse um certo inglês de cabelos de areia dourada...
Me sentindo...estranha...
--
Não saberia dizer por que acordei de mau humor naquela merda de sábado de manhã,
mas por um momento tudo me incomodou.
A droga da luz que entrava pela minha cortina, a merda de um recado na secretária
eletrônica, o bip irritante d meu celular – que me deu mais raiva ainda quando vi que era
apenas da operadora – enfim.
Eu estava péssima.
Como eu previra o recado na secretária era da minha mãe, rolei os olhos irritada.
Por que diabos ela apenas não desistia? Seria tão melhor pra ela quanto pra mim.
Simplesmente ignorei e fui pra cozinha arrumar algo para comer, mas também não
estava a fim de cozinhar. Eu estava mesmo era com vontade de gritar pra dizer a
verdade.
- Bom dia flor do dia. – rolei os olhos dando espaço para que Robert entrasse. – Wow,
estamos de mau humor hoje.
- Humpf. – me sentei na sala me batendo mentalmente por estar daquele jeito, mas ele
apenas riu se sentando do meu lado e me puxando pra perto dele pela cintura.
- O que houve? – perguntou me dando um beijo na têmpora, mas ainda estava sorrindo.
- Humpf, não. Eu não sei por que estou assim. – ele riu de novo me irritando ainda mais.
- Okay, okay. Você não está com humor para risos. Que tal sairmos uh? Já tomou café?
Joguei uma água no rosto e escovei meus dentes novamente, não peguei meu celular o
deixando em cima da minha cama e coloquei um vestido verde claro que batia em meus
joelhos, eu não usava nada mais curto que isso.
Coloquei uma sandália baixa qualquer e fui pra sala, meu mau humor se esvaindo
quando vi Robert sentado em meu sofá encarando a capa de um de meus livros.
E eu sorri.
- Agatha Christie? – perguntou vendo o nome do livro. - A Duquesa da Morte, não sabia
que gostava dela.
- Comecei a gostar justamente por esse nome que davam a ela, ela me pareceu ser
interessante. Já leu algum?
- Sim, O Mistério do Trem Azul. A Ruth é legal. – ele sorriu e eu retribui me sentando
ao seu lado pegando o livro de suas mãos.
- Estamos melhor agora? – perguntou divertido me fazendo revirar os olhos, mas sim, já
estava melhor.
- Por aí eu acho. – assenti com a cabeça seguindo ele para a porta a trancando logo
depois.
Caminhamos por um tempo conversando amenidades e ele me disse que não tinha ido a
festa na casa de alguém que ele tinha comentado comigo.
- Vem. Vamos comer alguma coisa. – ele se sentou em uma das mesas da pequena
cafeteria e pediu dois Mochas com ovos mexidos e bacon.
Eu sorri de novo.
- O que quer fazer depois daqui? – ele me indagou enquanto comíamos. Dei de ombros.
- Okay.
- Eu também. Você não vai pagar nada, estamos saindo e a conta é minha. – ele sorriu
passando um braço em minha cintura e voltamos a caminhar.
Ele respondeu como se fosse obvio e como se não acreditasse que eu estivesse
perguntando aquilo.
- Eu não sei.. nunca sai com ninguém antes... é você quem tem que responder isso.
- Então...é claro que estamos saindo. – ele sorriu me puxando mais pra perto beijando
meu cabelo.
- Acha que é legal ficarmos aqui? – perguntei mordendo os lábios enquanto ele franzia o
cenho.
Ele sorriu de novo e mais uma vez me puxou pela mão, para logo depois me segurar
pela cintura.
- Acabaram suas provas? – ele perguntou enquanto andávamos um pouco acima da praia
onde as pessoas patinavam ou corriam àquela hora.
- A partir de segunda-feira.
- E vai ficar aqui nas férias? – perguntei tentando parecer indiferente, mas não queria
imaginar se ele viajasse ou algo assim...
Eu estava ficando dependente. E não podia continuar desse jeito.
- Ainda não decidi talvez eu vá pra Londres. – ele me olhou e sorriu. – Mas tenho
certeza que vou preferi ficar aqui. – e me deu um selinho de leve.
Até por que; não era muito de mim ficar assim, feliz por qualquer coisa.
Nós chegamos outra vez a porta do meu prédio e subimos, eu me senti diferente, como
se já fosse normal, ele simplesmente entrar aqui comigo.
- O que quer fazer? – perguntei enquanto nos dois sentávamos no sofá, ele novamente
me trouxe pra perto dele e eu tentava de novo não sorrir disso.
-Eu não sei. – eu não consegui segurar o sorriso dessa vez.
Liguei a TV e começamos a assistir The Big Bang Theory, uma série de comedia que eu
descobri no segundo episódio que o Robert adorava.
Eu já estava novamente recostada em seu peito com minha cabeça deitada ali e estava
estupidamente bom e confortável, o cheiro de sua camisa chegava a mim por ondas de
paz me fazendo ficar com sono pela tranqüilidade que me transmitia. Uma de suas mãos
estava na minha cintura espalmada ali e a outra brincava com uma mecha do meu
cabelo que tinha soltado do meu rabo de cavalo.
- Não. – respondi erguendo meus olhos pra ele, mas havia sido um erro já que seu rosto
estava perto demais do meu e seus olhos voltaram a me queimar como sempre. Suas
mãos continuaram onde estavam quando ele se inclinou sorrindo e começou a me beijar.
Seus lábios se partiram e ele pediu passagem por minha boca que eu cedi sem pensar
duas vezes, eu queria sentir sua língua se enroscando com a minha de novo e o gosto de
canela que eu jamais esqueceria.
Senti sua mão apertar minha cintura e não me incomodei, pelo contrário, aquilo era
bom, era diferente e me dava sensações diferentes de tudo que já senti um dia.
Um pouco envergonhada, coloquei uma mão em seu rosto sentindo um pouco da barba
por fazer arranhando minha palma, ele estava inclinado então meu rosto ainda se
encontrava em seu peito me deixando ouvir seus batimentos que constatei com pequena
surpresa que estavam tão acelerados quantos os meus.
O beijo foi ganhando mais forma e velocidade, mas em momento algum ele tentou algo
mais, me deixando satisfeita, por que eu não seria capaz de fazer nada, além do que
mostrava que ele me respeitava.
- Acho que já encontramos algo pra fazer uh? – disse sorrindo ainda com os lábios
roçando nos meus e eu sorri de volta, apenas para demonstrar a ele como eu estava me
sentindo.
--
Capítulo 9
Apagar a Luz
É claro que a série na TV ficara esquecida, nós nos afastávamos apenas eventualmente
para buscar ar e eu descobria sensações gostosas a cada segundo que passava com ele.
Podia ser com seus beijos calmos e envolventes ou com a urgência e fome que ele
parecia demonstrar a cada vez que eu tocava seu rosto ou deixava minhas mãos
pousadas em seu peito.
Uma hora ou outra nós sorriamos um ao outro e no segundo seguinte ele já estava
novamente com os lábios grudados nos meus e pedindo passagem para ter o meu gosto
em sua boca.
Meus bons momentos não podiam durar muito mais tempo no que logo depois das
15:00 ele foi embora.
Ele havia dito. Eu disse apenas um okay baixo recebendo seu beijo em minha testa e
suas palavras dizendo que jantaríamos amanhã.
Minha secretária eletrônica bipou umas duas vezes, mas eu simplesmente ignorei.
Hoje eu só atenderia meu celular e mesmo assim só depois de ver quem era.
--
ROBERT
- E aí cara?! – sentei-me à mesa em quê Sam estava sentado esperando o resto de sua
banda chegar. Eu já estava quase me arrependendo de estar ali, não devia ter saído de
um onde estava, sorri involuntariamente tentando disfarçar para que Sam não visse.
- Tá chegando, foi deixar a Dakota no campus. – ele me passou uma caneca de cerveja
enquanto nos sentávamos.
- E então?
Isso explicava por que tinha ficado um pouco nervosa no nosso primeiro beijo.
- Já deixei bem claro as coisas pra ela Sam, não tenho mais nada haver com isso.
Eu não respondi.
Ela não tinha olhos verdes intensos e nem cabelos castanhos escuros que ficavam
levemente avermelhados na luz do sol ou da lua.
Ela não sabia sorrir no momento certo e nem me fazer ficar encantado com um jeito mal
humorado.
Ela não era misteriosa, nem me deixava sentir respeito por ela e não era uma garota
forte também.
Mas eu estava pedindo demais se quisesse que alguma outra garota fosse assim e eu não
queria.
- Vocês podem conversar e resolver isso logo Rob, ela me liga até de madrugada cara. –
eu ri dele e seu desespero pra Nina parasse com suas chateações.
Minhas costas doeram um pouco de ficar tanto tempo dormindo no sofá, mas
incrivelmente eu não sentia falta de uma cama.
Acordei naquele sábado já de noitinha, o pote de sorvete ficara vazio e ainda estava no
chão ao lado do sofá, me levantei ajeitando a cozinha e fazendo algo decente para
comer. Acabei por um macarrão com queijo básico, mas que me manteve satisfeita pelo
resto da noite.
Tomei um remédio para minha dor nas costas que não demorou a passar e já que estava
sem sono fui rever matérias passadas, afinal eu não podia bobear com a faculdade, no
próximo ano eu já estaria me formando com a licenciatura e queria arranjar um bom
emprego já de cara, eu não aceitaria ficar parada e sozinha.
Além do quê, a herança de meu pai apesar de ser grande, não iria me durar a vida toda.
Comecei meus estudos com álgebra e porcentagem, seguindo para gráficos e etc.
Fazer matemática me dava chance de forçar meu pensamento e trabalhar minha mente
de forma mais objetiva e racional que foi o que eu procurara quando resolvi fazer o
curso. Na época eu tinha 19 anos e estava saindo da depressão graças a ajuda de meu
irmão e sua mulher que eram psicólogos.
Os dois sabiam de tudo que ocorrera comigo e não fora fácil convencê-los a deixar tudo
pra trás sem fazer alardes. Eu não permiti que contassem a minha mãe sobre nada, não
suportaria vê-la sofrer ou ver seu ódio e nojo de mim.
Não era eu quem iria arriscar isso. Não iria pagar pra ver.
Me deitei na cama eram mais de 02:00 da manhã, quando o sono começou a bater e eu
abri meus olhos rapidamente ouvindo meu celular tocar embaixo de mim.
- Oi. – disse assim que atendi depois de ver o nome na tela, mordi os lábios para
esconder meu sorriso.
- Até agora?
- Estava escrevendo.
- E porque ligou?
- Ahaam. – disse irônica e rolando os olhos, não acreditando no que ele dizia.
- Estou falando sério Kristen.
- Eu não sirvo de inspiração Robert, se for assim, ela não ser tão boa quanto às outras.
- Está brincando certo? – ele só podia estar brincando, eu não servia pra nada, ainda
mais pra inspiração de uma de suas músicas.
- O Tom não está reclamando de nossa conversa? – se ele estava no campus, Tom
deveria estar dormindo a essa hora e devíamos o estar atrapalhando a isso.
- Não, ele saiu com a Dakota. E por falar nela, ela queria seu número...
- Tudo bem. – pude sentir que ele sorria.
Não falamos mais nada, não por um tempo, ficamos apenas ouvindo nossas respirações
pelo bocal do telefone, senti vontade de fumar e acendi um cigarro que sempre guardava
ao lado da minha mesinha de cabeceira.
Coloquei o palito na boca tragando a fumaça para dentro de meus pulmões me sentindo
relaxar enquanto o gosto da canela me fazia sentir falta dele.
- Não combinamos que íamos tentar parar Kristen? – ele disse de repente me fazendo
arregalar os olhos.
- Por que eu também eu estou fumando. –eu sorri pegando o palito entre os dedos.
- Então não pode estar me repreendendo por isso.
- Culpado.
- É comum.
- Eu achei legal.
- Eu sei. – ele riu. – Tenho que ir, se não a sua música não sai.
- Onde vamos?
‘’ Se ficar na duvida de onde vamos, não se arrume, você é linda de all star.’’
Minha tentativa de não sorrir foi completamente esquecida e eu adormeci com meus
lábios curvados abertamente.
--
Capítulo 10
Capítulo 10
Apagar a Luz
O dia seguinte foi normal, a não ser com a falta ridícula e enorme que eu sentia de
Robert, era incabível que eu me sentisse dessa forma, afinal, havia menos de um dia que
eu não o via.
Bufei irritada em meu sofá enquanto esperava algumas batatas assarem no forno, liguei
a TV deixando os clipes da MTV fazerem sua parte e estourando no último volume pelo
meu apartamento.
Tirei as batatas do forno e comi apenas com catchup sem paciência para fazer algo mais.
Quando a noite foi chegando minha ansiedade crescia e eu comecei me arrumar, não
muito, já que eu achava que não iríamos a um lugar cheio dessas frescuras todas.
Coloquei um vestido preto tomara que caia que ia até acima dos joelhos, que era o
bastante para não deixar minhas pernas a mostra, escondendo assim minhas cicatrizes.
Coloquei um all star qualquer e peguei um casaco de moletom azul, era verão, mas não
custava nada levar.
Deixei meu cabelo solto que hoje estava com alguns cachos largos na ponta e não me
olhei no espelho e nem passei maquiagem, eu não gostava disso e não me servia pra
nada de qualquer forma.
Robert foi pontual como sempre e como só um inglês era capaz de ser.
- Woow. Você está linda. – engoli em seco e saí do apartamento trancando a porta do
apartamento.
- Eu estou normal.
- Por isso mesmo, você é sempre linda. – ele repetiu me deixando sem graça e com as
bochechas coradas. Ele riu é claro colocando as duas mãos em meu rosto.
- Não falo mais isso. –ele sorriu me dando um beijo demorado nos lábios. – Vamos?
- Aonde vamos?
- Está brincando?
- Não acredito?
Eu mordi os lábios.
- Não se preocupe, fiz nossas reservas no andar de cima que é mais afastado.
Ele continuou me abraçando pela cintura e eu me sentia confortável ali com seus braços
me rodeando, como se eu estivesse protegida.
- Você sempre sai em Londres? – perguntei aleatoriamente enquanto chegávamos mais
perto do restaurante.
- Londres é fantástico. – ele respondeu e sorriu pra quando entramos no restaurante, ele
deu seu nome na recepção e fomos guiados para o segundo andar como ele havia dito.
- Obrigada. – eu disse quando ele puxou minha cadeira para que eu me sentasse.
- Boa noite.
- Vinho?
- Nada. – ele sorriu. Mordi os lábios assentindo, seus olhos caíram para meu
movimento, mas logo voltaram aos meus.
- Então... porque faz faculdade agora? Quer dizer você já deveria ser formado... –
perguntei mudando de assunto. Ele sorriu de novo.
- Os bares de Londres como eu disse. – ele riu baixo me fazendo sorrir junto com ele. –
Por isso vim pra cá, para fazer a faculdade, meus pais me queriam por lá... mas eu
sempre gostei daqui e quando todos decidiram eu não tive mais duvidas.
- Ah sim, seus pais trabalham por lá? – perguntei querendo saber tudo dele.
- Sim, meu pai é vendedor de carros importados e minha mãe era booker de uma
agência, mas deixou de trabalhar a algum tempo.
- Não, ela é formada em turismo, mas nunca trabalhou. Apenas meu irmão que é
psicólogo. E o caçula, que ainda é novo demais para decidir o que quer. – sorri me
lembrando de Cam, meu irmãozinho mais novo que eu sempre adorara, mas que não via
há muitos, muitos, muitos anos. – Tem irmãs? – perguntei de novo.
- Sim, sou sim. – ele sorriu e eu retribuí encantando, para não dizer deslumbrada com
quão bonito ele era.
- Aqui é bonito. – eu disse olhando ao redor levando a taça de vinho aos lábios.
Ele sorriu.
- Achei que tinha trago outras garotas aqui. – eu tinha que ter ficado era com a boca
fechada.
- Sério?
Mordi os lábios.
- E por que está fazendo agora?
Meu coração bateu completamente acelerado no peito, minha respiração ficando mais
rápido e eu engoli em seco.
Voltamos a comer mais era como se suas palavras pairassem sobre mim, como um
elefante rosa no meio de nossa mesa do restaurante. Conversávamos besteiras e
amenidades, falávamos da faculdade e ele me contava sua vida em Londres me
deixando saber sobre sua família ‘’ incrível ‘’ nas palavras dele.
E eu não duvidava disso, Robert era incrível e sua família também devia ser eu tinha
certeza.
- Vamos? – ele perguntou depois de receber seu cartão de crédito das mãos do garçom.
- Claro. – ele puxou a cadeira pra que eu levantasse de novo me deixando sorrindo com
isso.
- Não sei. – ele sorriu e pra minha surpresa me abraçou por trás, deixando suas duas
mãos espalmadas em minha barriga.
Eu fiquei estática.
Quando ele viu que eu apenas continuei andando ele riu baixo em meu ouvido - me
causando arrepios violentos – e buscou minhas mãos entrelaçando nossos dedos e os
voltando juntos para minha barriga.
Não foi apenas a atitude dele que me deixou surpresa, foi também o que eu senti e eu
senti tudo, menos medo.
Eu não sentia mais medo com ele, não como eu sentia de qualquer outro garoto que se
aproximasse.
Caminhamos a esmo apenas assim, seu queixo se apoiou em meu ombro e ele estava
mais inclinado que o normal devido a nossa quase gritante diferença de altura.
Eu estava tão confortável com seu corpo quente me abraçado daquele jeito, era tão
diferente sentir meu estomago se contorcendo daquele modo como se tivesse alguma
coisa se mexendo dentro dele que me fazia querer flutuar...
Chegamos em frente ao meu prédio, mas não entramos. Ele se encostou na parede da
lateral do mesmo sorrindo pra mim e puxando pra ele.
Seus braços voltaram a envolver meu corpo dessa vez de frente enquanto eu sentia meus
cabelos balançando por causa do vento e o cheiro gostoso de sua camisa direto em meu
nariz.
Ele prendeu minha cabeça embaixo de seu queixo me fazendo ficar com o rosto deitado
em seu peito.
Meus braços rodearam também o seu corpo me apertando contra ele rezando pra que ele
não percebesse, mas é claro que ele percebeu e sorriu pra mim levando uma de suas
mãos a meu rosto me fazendo encará-lo.
Ficamos muito tempo nos olhando, eu permiti que os azuis esverdeados me queimassem
por dentro e eu senti meus ossos derreteram quando ele passou o nariz por meu rosto
para depois brincar com o meu.
Seu cheiro me deixando tonta...
- Kristen.
Era como se ele quisesse constatar e afirmar que era eu mesma a estar ali.
A emoção tomou conta de mim quando percebi que era eu a estar fazendo isso, por que
ele era o meu sonho e a minha irrealidade, não o contrário.
- Rob.. – sussurrei com nossos olhos fechados antes que seus lábios descessem aos
meus.
Nossos rostos em uma perfeita sincronia, como se fossem feitos para isso, inclinados em
direções opostas dando um melhor encaixe em nossos lábios que se devoraram sem
perder o carinho e a intensidade de cada gesto dele para comigo.
Escutei meu próprio gemido baixinho quando seus dentes morderam a ponta da minha
língua para sugá-la devagar logo em seguida, subi minhas mãos de seu peito as
imiscuindo diretamente em seus fios de areia bagunçados que eu descobrir adorar tocar
enquanto nos beijávamos.
Abri mais minha boca para recebê-lo por completo deixando que ele tomasse de mim o
que ele quisesse, eu não me oporia a nada que viesse dele.
Ele me fazia sentir bem como ninguém jamais me fez e jamais farão.
Por que ele era o Robert.
Ele seria sempre – a partir de agora – o meu porto-seguro, me mantendo em seus braços
fortes contra uma tempestade e um passado que ameaçava vir a tona a qualquer minuto
que ele passava comigo.
Eu parecia mais confiante agora, mas sabia que não teria toda essa coragem quando
chegasse a hora de falar alguma coisa, se é que essa hora chegaria.
Mas eu não pensaria nisso agora, não enquanto estivesse em seus braços com seus
lábios grudados nos meus me intoxicando com aquele gosto e cheiro de canela que só
ele tinha.
Separamos-nos eventualmente, mas não separamos nossos rostos, que continuaram com
as testas coladas e seu hálito batendo direto em meu nariz, fazendo minha cabeça girar.
- Por quê?
- Isso é bom. – era uma afirmação e seu sorriso se alargou ainda mais.
--
- Vai pra faculdade amanhã? – perguntei enquanto tinha meu rosto afundado em seu
pescoço sentindo suas mãos fazerem carinho em meu cabelo e alisar minha cintura
devagar.
Ele ainda estava encostado na parede e já estávamos assim a alguns bons minutos.
- Vou ter que ir para as provas. – senti seu beijo em meu rosto e sua respiração funda
chegando ao meu cabelo me deixando arrepiada.
- Já estudou?
- Não. – eu sorri de fraco e ele me acompanhou sem se importar muito com esse fato.
- Shampoo.
Ele riu.
- Mas você inteira cheira a mel. – ele disse passando o nariz em meu pescoço e apesar
do arrepio eu tive medo de que ele visse uma pequena marca que eu tinha por ali, perto
do meu ombro direito.
- E você fez?
- O quê?
- A música?
- Haam, não sei se te respondo isso. – cerrei os olhos pra ele que ria mais. – Okay, okay.
Ainda não terminei, satisfeita?
- Quero.
- Não íamos parar? – ele sorriu colocando o cigarro na boca e acendendo voltando com
seus braços ao meu redor logo em seguida.
Fumamos os mesmos cigarros por um bom tempo até que foi ficando tarde e cada vez
mais tarde.
- É melhor você entrar. Está tarde. – ele me fitou jogando o cigarro fora e segurando
meu rosto entre suas mãos.
Assenti com a cabeça, ele tinha razão.
Ele me levou até a porta do prédio me olhando até que eu passasse pelo portão e me
sorriu uma última vez antes de se virar.
Entrei pela porta do meu apartamento indo direto pra cozinha beber uma garrafinha de
água. E ouvi um recado na secretária que não era da minha mãe e sim de Taylor.
- Kris? Não está em casa? – ele parou por um momento provavelmente estranhando o
fato de eu não ter atendido. – Bom, assim que ouvir o recado me ligue, tenho boas
noticias irmãzinha.
E desligou, pela animação em sua voz, eu tinha certeza que eram mesmo boas noticias.
Fui pro banheiro tomando um banho quente e me lembrando Robert quando passei o
shampoo de mel e guaraná.
--
Caminhei pelos corredores da faculdade contra todas aquelas pessoas que saiam de suas
respectivas salas, entrando no andar da biblioteca e passando pelas estantes encontrando
a cabine.
- Minhas aulas acabaram agora. – respondi recebendo seu beijo em minha testa e no
rosto, para depois seus braços me enlaçarem.
- Tudo bem com os trabalhos?
- Sim, consegui passar direto.
- Fui bem eu acho. Não estava tão difícil como pensei. – assenti com a cabeça.
Ele me puxou nos levando para o chão e se sentando ali encostado me deixando
recostado no meio de suas pernas com o rosto deitado em seu peito.
- Não vamos levar mesmo a sério a idéia de tentar parar? – ele riu.
- Podemos começar a parti de agora baby.
Estremeci um pouco com a parte do baby, mas gostando que ele me chamasse assim.
- Está estudando? – olhe pra baixo ao seu lado vendo muitos papéis ali. Passei o cigarro
pra ele.
- Um pouco. – sorri.
- Mas quero que você estude. – ele riu baixo de novo antes de me beijar demoradamente
se afastando minutos depois a contragosto.
Deitei-me em seu peito como já era de praxe e me deixar pensar em nada que não fosse
seu cheiro me invadindo e seu corpo onde eu estava encolhida.
Ele pegou os papéis os folheando e ficando concentrado em sua matéria que eu não
sabia qual era.
Ficamos ali e de vez em quando eu acendia um cigarro, ele sorria mas fingia que não
via, ainda mais quando ele mesmo tomava de meus dedos para seus lábios, soltando a
fumaça depois lentamente.
Eu me assustei quando a porta da cabine se abriu e uma garota loira entrou por ela, o
susto me fez reconhecer apenas depois de um momento que era Dakota.
- Olá garotos.
- Hey Dak. – Robert a cumprimentou sorrindo para depois voltar a seus papeis, meus
olhos ainda estavam arregalados me indicando perfeitamente onde eu estava e que ela
estava nos vendo.
- Hey Dakota. – disse tentando sorrir e me levantar dali o mais rápido possível, mas
Robert segurou meu pulso.
- Onde vai?
- Haam, sim...mas...eu preciso estudar. – soltei seu pulso e dei mais um sorriso de
despedida a Dakota antes de sair da cabine.
Não acreditava que tinha saído de lá daquele jeito, o quão burra eu realmente podia ser?
Parei do lado de fora do campus, eu não tinha mais aulas no período da tarde e tudo o
que eu queria era ir pra casa. Peguei um táxi dando logo meu endereço e colocando meu
capuz pela minha cabeça, não querendo que ninguém me visse.
Meu telefone fixo tocou e eu deixei asecretária atender e só depois que vi que era meu
irmão eu peguei o telefone.
- Hey.
- Kris? Você está bem? Não me atendeu ontem a noite, fiquei preocupado.
- Adivinhe.
- Taylor...
Ele gritou no telefone e sua felicidade pode ser enviada em ondas até mim e eu sorri por
ele.
- Não é? Melanie não esta aqui agora, mas ela te ligará mais tarde. Ainda nem acredito
Kiki.
- Eu sei. – ele riu para depois ficar em silencio por um minuto e eu sabia no que ele
estava pensando. – Escute Kiki? Você foi ao médico?
- Você foi?
- Eu não preciso de um médico. Eu estou bem. Escute, falo com Melanie mais tarde,
parabéns de novo Tay. Eu te amo.
Não sei pra que perguntar se já sabia que minha resposta era negativa.
Não sei pra quê ir a um médico quando sei que a resposta dele pra minha pergunta
também seria negativa.
Eu jamais poderia sentir o que Melanie estava sentindo daquele momento ou fazer
alguém sentir o que Taylor estava sentindo com a noticia.
Meu peito se apertou levando meus pensamentos a Robert.
Será que ele ficara chateado com o jeito que eu sai da biblioteca?
Suspirei passando a mão no cabelo e indo até o banheiro jogar uma água na cara e tentar
esfriar minha cabeça com um banho relaxante.
- Olá. – ele disse me dando um beijo na testa enquanto eu lhe dava espaço pra entrar no
apartamento.
- Hey. – fiquei na ponta dos pés quando ele se inclinou em mim, para receber melhor
seu beijo.
- A gente pode conversar? – ele passou a mão em seu cabelo em sinal de nervosismo.
Eu engoli em seco com ondas de medo sendo enviadas por minhas terminações.
- Tudo bem. – ele me puxou pela mão me sentando ao seu lado no sofá. – O que houve?
- Não minta.
- Certo, olhe. – ele me encarou deixando suas mãos em meu rosto. - Você tem algum
problema em as pessoas nos verem junto?
Arregalei os olhos negando rapidamente com a cabeça, ele estava entendendo tudo
errado.
- Eu pensei que você tivesse algum problema em nos verem juntos...quer dizer..eu não
sou...o tipo de garota legal...para se apresentar aos amigos.
- Tudo bem agora certo? – assenti com a cabeça mordendo os lábios. – Certo. O que
quer fazer?
- É isso aí. – respondi sorrindo, ele se deitou no sofá enquanto eu ligava o DVD.
Eu ainda estava receosa e hesitante com nossa pequena conversa, mas não me poderia
negar que me aliviava em muito ele não ter vergonha de mim.
Claro que ele mudaria de idéia um dia, se descobrisse....
Mas quando me deitei em seu lado com minha cabeça em seu peito e seus braços em
minha volta, meus medos não fizeram diferença e se transformaram em nada.
Até mesmo a dor no peito que eu ainda carregava da minha conversa com Taylor.
Eu estava protegida.
--
Capítulo 11
Capítulo 11
Apagar a Luz
- Acho que está precisando de um novo colchão baby.
- Você sempre dorme em mim enquanto vemos o filme. – ele riu me dando um beijo na
testa. – Não que eu esteja reclamando é claro. – ele sorriu de novo me fazendo sorrir
junto com ele e me aconchegar mais em seu corpo com minhas mãos em seu peito.
- Meu colchão não é tão confortável. – mordi os lábios sentindo meu rosto corar depois
que disse isso, é claro que ele riu.
- Obrigado.
Eu iria soltar algo como ‘’ vou me aproveitar disso ‘’ mas me freei na hora mordendo
minha língua.
Nós já estávamos no sofá há algum tempo, o filme já tinha acabado assim como dois
maços de cigarro de canela, nos realmente não levamos a sério a historia de tentar parar.
Ele estava recostado no sofá com seus braços em minha volta e minha cabeça em seu
ombro. O cheiro de sua camisa azul escura me invadia e o seu perfume me trazia aquela
já conhecida sensação de paz e tranqüilidade em mim.
- Sabem. – ele disse sorrindo passando a mão em meu rosto com o polegar fazendo
círculos em minha bochecha, mandando embora meu receio anterior. Mas ele ficou sério
de repente.
- O que houve?
- Não. Eu tenho que estudar e terei que trabalhar por meio período.
- Okaay.
Eu não tinha mais aulas a tarde, mas por mais que eu não quisesse ficar longe dele, eu
entendia e queria que ele estudasse para se dar bem na faculdade.
- Fique com o celular na mão Stewart. – ele passou o indicador na ponta do meu nariz.
Gemi contrariada me afastando e sentando no sofá, inclinando meu corpo para buscar o
aparelho.
- Sim?
No momento em que atendi fiquei com medo de ser minha mãe, mas para minha alegria
não era.
- Hey Kris.
- Melanie, oi. – me deitei novamente no ombro de Robert que continuou sorrindo pra
mim beijando meu rosto.
- Ah eu estou muito bem. Obrigada Kiki. – eu também podia sentir sua felicidade até
mim. – Mas eu te liguei para outra coisa.
- Claro. Pode falar. – empurrei o ombro de Robert de leve enquanto ele ria tentando
chegar até minha boca.
- Melanie, é claro que podem vir. – disse empurrando de novo o ombro de Robert e
tampando sua boca com as mãos enquanto ele ria altamente.
- Obrigada Kiki de verdade. Nós nos vemos no próximo mês então, estou com saudade.
- Até mês que vem Mel. Dê um beijo em Taylor por mim.
- Você não pode ficar quieto. – disse rindo depois que coloquei o telefone novamente no
gancho.
- Mas ela podia ter ouvido. – me deitei de novo nele recebendo seus braços em minha
volta, respirei fundo seu cheiro e fechei os olhos.
- E quem é ela? – perguntou sorrindo passando a mão em meu cabelo, me deixando com
sono novamente.
- O que foi?
Juntos...
- Não. Não tem. – ele sorriu e me abraçou mais forte, fechei os olhos de novo
descansando o rosto em seu peito sentindo um beijo leve em minha testa.
Eu sabia que Taylor ficaria com o pé atrás, mas eu não permitiria que ninguém tentasse
controlar a minha vida.
Não mais.
Afinal, eu e Robert...estávamos juntos.
Eu sorri contra sua camisa antes de adormecer novamente.
Ele não ficou lá por muito tempo, em algum momento da noite eu me lembro de tê-lo
levado até a porta e recebido seu beijo em meu rosto antes de voltar pra dentro do meu
apartamento e caí na cama dormindo apenas para constatar que meu colchão não era
realmente tão confortável como ele.
--
O resto da semana se passou em um borrão em minha frente.
Eu me encontrava com Robert sempre que dava na faculdade enquanto ele tinha as
provas e depois – quando não tinha que estudar - ele vinha até meu apartamento e
ficávamos mais um tempo juntos, é claro que para minha infelicidade isso não podia
acontecer todos os dias pois ele tinha o trabalho com o estágio e eu estava resolvendo as
minhas coisas com meu próximo semestre, já começando desde agora a estudar.
E assim o tempo foi passando, nós nos aproximávamos mais e mais a cada dia que
passava, o meu medo de ficar perto dele tinha desaparecido completamente e hoje eu já
contava as horas para vê-lo.
Meus sentimentos também foram mudando com o passar desse tempo, entramos em
julho e com ele, as férias de verão e eu só podia reafirmar a cada dia mais que eu estava
louca em relação ao que eu sentia.
Sim. Louca.
Por que não era normal você sentir o coração disparado só em ouvir a respiração de uma
pessoa era?
Também não devia ser normal querer ser uma pessoa melhor e se esforçar pra isso
apenas pra não decepcionar essa outra pessoa era?
Mas era exatamente isso que eu fazia, meu coração disparava tanto no peito quando ele
estava perto que eu achava que ele pararia de bombear a qualquer segundo.
Eu aprendia isso todos os dias quando ele passava pela minha porta com aquele sorriso
dele que me deixava tonta só de olhar e que me fazia ficar embriagada com sua presença
quando ele se aproximava.
Hoje faria uma semana completa que não nos víamos e os pesadelos me acompanharam
a cada dia junto com minha garrafa de vodka que já estava preparada em algum canto da
minha cozinha para o caso dele não conseguir aparecer hoje, afinal era o seu último dia
no estágio antes das férias e não me surpreenderia que ele estivesse cansado para sair de
casa.
Mas isso não me impedia de morder as pontas dos dedos e ficar apreensiva segurando o
telefone na mão.
Não foi até a campainha tocar que meu coração quase pulou pra fora do peito e eu
disparei pela sala para abrir a porta.
Abri a boca para responder, mas ele não me deu tempo, puxando minha cintura pra ele
e colando nossos rostos e nosso corpo antes de me beijar.
Apaixonadamente e intensamente.
Retribui na mesma intensidade ficando na ponta dos pés para enlaçar seu pescoço com
meus braços enquanto uma de suas mãos subia pelas minhas costas chegando a meu
cabelo, puxando os fios de leve.
Seus dentes puxaram meu lábio inferior arrancando um gemido baixinho de mim, ele
entrou pelo apartamento fechando a porta com o pé sem desgrudar um minuto sequer de
mim. Eu suspirava enquanto nossos lábios se devoraram em um beijo delicioso e
urgente onde eu colocava toda a saudade que eu senti dele durante toda essa semana,
essa maldita semana.
Ele nos guiou pra trás e eu acabei caindo no sofá com seu corpo em cima do meu, suas
mãos agora apertavam minha cintura e sua língua se enroscava com a minha me
deixando embriagada com seu gosto.
Mas quando suas mãos tentaram entrar por debaixo da minha blusa apenas apara se
espalmar em minha pele eu estaquei. Não por medo dele, nem nada do tipo.
Mas sim medo de que ele sentisse as marcas das cicatrizes que eu trazia na lateral de
minha barriga. Seus lábios deixaram os meus quando ele sentiu que eu não correspondia
mais ao beijo e para meu contra gosto ele se afastou, se sentando no sofá com o cenho
franzido me puxando pra perto dele.
- O que foi? – ele passou a mão em meus cabelos e eu tentei sorrir deixando minha mão
em seu rosto.
- Nada. Não foi nada. – ele suavizou a expressão apesar de não parecer acreditar no que
eu disse, mas no minuto seguinte ele estava sorrindo me dando mais um beijo demorado
e gostoso nos lábios deixando o gosto entrar por completo em minha boca.
--
- De cogumelos.
- Ah pede com abacaxi pra mim? Eles sempre colocam quando pedem.
- Abacaxi?
- É, é bom Robert.
Ele riu assentindo com a cabeça levando o cigarro na boca, eu continuei deitada no sofá,
já tinha mais de 2 horas que estávamos aqui e ficamos com fome em determinado
momento. Eu disse que sabia cozinhar, mas ele não acreditou em mim.
- Eu vou tomar um banho. – disse me levantando e lhe dando um selinho na ponta dos
lábios.
Claro que ele teve que se abaixar para que eu conseguisse fazer isso e ainda riu baixo
quando eu revirei os olhos.
Peguei minha toalha na área de serviço entrando no banheiro e logo após em minha
banheira, eu sentia que queria relaxar.
Mas não demorei nada no que logo estava de volta a sala o encontrando assistindo The
Big Bang Theory.
- Já pediu? – me sentei ao seu lado e ele me puxou para perto deixando minhas pernas
dobradas em cima das suas.
- Ahaam. – ele respondeu apenas passando o nariz por meu rosto e depois minha orelha
e meu cabelo me deixando arrepiada. – Mel e guaraná. – ele sussurrou.
Ele riu baixo em meu ouvido antes de se voltar para meus olhos e me beijar como antes.
Apaixonadamente.
Deixei meus lábios nos seus se movimentando e recebendo seu gosto enquanto sua
língua se enroscava com a minha com um carinho e adoração sem igual.
- A pizza. – resmunguei quando seus lábios voltaram aos meus ainda me beijando.
Rob... – disse abafado com seus beijos.
- Ah sim baby, a pizza... – ele me soltou com uma cara irritada e eu segurei o riso.
Era tão bom rir que se eu soubesse disso tinha feito há mais tempo.
Ele se levantou indo atender a porta. Vi quando ele pegou a carteira pagando e pegando
a caixa em suas mãos.
Saí do sofá pegando duas cocas na geladeira sorrindo e voltando pra sala onde ele me
sorriu colocando a caixa em cima da mesinha de centro.
- Cogumelos com abacaxi... – ele disse me olhando. – Tem certeza que é bom não é?
- Toma, não tem cerveja. – ele sorriu abrindo as duas latinhas e me entregando uma.
- Hey, eu não sou mal humorada. – cerrei meus olhos pra ele que apenas riu mais.
- Você é sim, mas eu posso dar um jeito nisso. – ele sorriu malicioso e eu o olhei com
olhar de desafio.
- Pode é?
- Ah eu posso.
E quando eu pensei que ele ia fazer outra coisa, ele me pega de surpresa no colo, me
levando a sala e me jogando no sofá.
Me fazendo cócegas.
- Está bem humorada agora uh? – ele perguntava enquanto eu arfava e lágrimas de tanto
rir saiam de meus olhos, mas ele não parava.
- Okay, eu estou bonzinho hoje. – ele disse divertido se sentando no sofá e me ajudando
a fazer o mesmo enquanto eu recuperava o ar. – Melhor? – ele perguntou sorrindo com
as mãos em meu rosto.
- Sim. – eu ainda arfei. – Preciso de água. – disse com a voz arrastada e ainda soltando
alguns risos.
- Vou pegar pra você. – ele riu me soltando e me dando um beijo na testa.
Quando abri a porta foi pra ver meu irmão e minha cunhada ali.
- Okay, agora eu tenho certeza que eu errei de apartamento. – ele disse rindo e me
abraçando de volta. – Olá Kiki.
- Olá. – respondi a ele indo abraçar Melanie que ainda não tinha muita barriga.
- Olá Mel.
- E então, que alegria é essa? Não te vejo assim, sei lá...desde os nove anos? – vi
Melanie bater no braço dele com cara feia, mas eu sorri.
- Vamos entrar. – os chamei e Taylor pegou a mala deles me seguindo ainda emburrado
para o apartamento.
- Boa noite. – ele disse a meu irmão que não respondeu e a minha cunhada que lhe
sorriu, estendendo a mão pra ele.
Num gesto que mais me surpreendeu, ele passou os braços em minha cintura, como se
fosse para me proteger de algo depois que cumprimentou Melanie.
O sorriso dela se expandiu e meu irmão estava quase tendo um AVC ali na minha sala.
- Namorado.
- Haam, Rob... ela é minha cunhada, Mel. – disse ainda um pouco atordoada.
Ele sorriu a ela e depois a abraçou, meu irmão não se moveu.
A sala caiu num silêncio e por mais que eu quisesse quebra-lo, não conseguia, as
palavras de Robert ainda estavam por minha cabeça.
Namorado.
Namorado.
Namorado.
Humpf.
- Então Kiki, onde podemos colocar a mala? – a voz de Melanie veio ao fundo de uma
forma distante pra mim.
Eu não devia satisfações a ninguém. Ele era meu irmão, que eu amava demais, mas não
deixaria que ninguém se metesse em minha vida.
- Ele não gostou muito de mim. – Robert disse rindo baixo pra mim depois que eles
sumiram no corredor.
- Acha melhor eu ir embora? É sua família, assim pode dar um pouco de atenção a eles.
- Se você quiser. Sabe que vou te ligar. – eu sorri ficando na ponta dos pés para que ele
me enlaçasse pela cintura.
Ele me beijou de novo e de novo quando o levei na porta e eu vi seu sorriso até que ele
desapareceu pelas escadas.
Me virei pra sala sorrindo dando de cara com Taylor que tinha os braços cruzados no
peito.
- Pode me dar um desconto? Tem dez minutos que chegou Taylor. – disse passando
direto pra cozinha.
- O que pensa você que está fazendo Taylor? – eu estava começando a ficar realmente
irritada. – Eu entendo que se preocupe comigo, mas sou dona da minha vida e faço dela
o que quiser.
- Você não entende que eu estou bem? Olhe pra mim Taylor. Há quanto tempo não me
vê sorrindo?
Era a única certeza que eu tinha, era Robert o motivo da minha mudança.
- Kris...
- Eu realmente entendo Taylor, como você se sente, nem eu me sinto segura de tudo,
mas eu estou bem. Pela primeira vez desde que eu tenho nove anos, eu posso dizer que
estou bem.
Disse a ele com toda confiança que eu tinha na voz encarando seus olhos para que ele
acreditasse em mim.
- Sei que você tem sua vida Kiki, mas não vou permitir que alguém te machuque.
- Eu não vou me machucar. Ainda tenho senso de preservação Taylor. – disse irritada,
me virando para a pia e apoiando minhas mãos ali.
Ouvi seu suspiro.
- Sinto muito okay. – ele deixou uma mão em meu ombro e eu me virei pra ele.
- Eu sei me cuidar Taylor. Não sou idiota. Sei o que estou fazendo.
E eu sabia.
- Senti saudades.
- Atrapalho? – ouvimos a voz de Melanie que agora tinha os cabelos loiros amarrados
em uma trança e molhados e ela já estava de pijama e com um roupão.
- Então, já fez o seu papel de cara chato? – perguntou pra Taylor erguendo uma
sobrancelha. Ele revirou os olhos enquanto eu ria.
- Até amanhã.
Fui pro meu quarto e adormeci de imediato segurando meu celular em mãos e
recebendo uma de suas mensagens na madrugada, cocei os olhos sonolenta, mas tinha
um sorriso no rosto.
Sim, eu teria bons sonhos e em todos eles eu estava com um certo inglês de cabelos de
areia bagunçados e um perfume que me enlouquecia até na inconsciência.
Acordei ainda bocejando e desejando voltar pra cama, fazia um dia gostoso em LA e o
calor não estava desagradável. Abri as janelas do meu quarto para depois entrar no
banheiro escovando meus dentes e jogando uma água na cara.
- Bom dia. – ouvi a voz de Melanie logo que cheguei na cozinha me sentando no balcão.
Assenti com a cabeça e ela se sentou ao meu lado no banco alto do balcão colocando a
caixa de leite a sua frente.
- Estou com três meses. – disse sorrindo visivelmente animada. – Fase dos enjôos. – ela
me olhou para logo depois morder os lábios, eu percebi o que ela queria e a parei antes
que ela começasse a falar.
- Isso é ótimo Mel, eu fico muito feliz. – disse sincera pronta pra me levantar dali e
voltar pra cama, mas ela me segurou na mão.
- Quer me contar sobre o Robert? – ela disse voltando a sorrir, mordi os lábios para não
fazer mesmo. – Estão mesmo juntos?
Eu sabia que ela não estava querendo se meter em minha vida ou tentar me controlar
como Taylor fez noite passada, ela estava apenas curiosa e animada por mim.
- Por que não me ligou pra contar? – ela parecia ofendida, mas estava divertida.
- Isso não tem muito tempo Mel e as coisas foram simplesmente acontecendo. – sorri
bebendo mais do suco.
- Acha que ele aceitaria jantar hoje com a gente? Ele me pareceu bem educado e gentil.
- Sabe que não vou a praia Mel. – apontei me levantando levando as coisas pra pia e
abrindo a torneira.
- Eu sei Kiki, mas é apenas para caminharmos um pouco e use roupas de ginástica,
vamos fazer Cooper. – ela disse animada batendo as mãos uma na outra, eu ri da sua
animação quando ela pegou o pano e começou a enxugar a louça que eu lavava.
- Tudo bem, mas nada de banho de mar.
Fui pro quarto pegando uma blusa qualquer de cor escura e uma legging, prendi meu
cabelo em um rabo de cavalo alto e calcei meus tênis pegando meu iPod e indo pra sala
esperar Melanie, já estava sentada quando Taylor chegou com um copo da Starbucks.
- Claro, vou trocar de roupa. – ele me deu um beijo no rosto entrando pelo apartamento
até seu quarto, que ficava em frente ao meu.
O apartamento não era grande, mas tinha dois quartos e um banheiro social além da
minha suíte.
Eles não demoraram a aparecer, e fomos juntos andando até a praia, onde de lá,
coloquei meus fones no ouvido e começamos a correr, não muito depressa por causa de
Mel.
Eu adorava correr, era uma sensação tão gostosa que te fazia ficar bem enquanto a
estava fazendo. Fazia-me sentir livre, como se não houvesse barreiras e o horizonte
fosse meu destino, era bom, relaxante e viciante.
Mas eu nunca o fazia realmente. Apenas quando Melanie vinha me visitar – eu nunca
saia de LA – porque não gostava de ficar andando por ai sozinha, mesmo que fosse de
manhã ou qualquer outro horário.
Fizemos duas voltas, vendo pessoas patinando em meio ao calçadão, outras jogando
vôlei na praia ou fazendo caminhada como a gente.
- Alguém aqui quer beber algo? – perguntou Taylor colocando os óculos de sol na
cabeça.
- você pode?
- Não sei, mas estou me sentindo bem até agora.
- Nada disso senhora, iremos pra casa. – disse a voz de Taylor atrás de nós.
- Não é preciso de verdade. – ele ia retrucar, mas seu telefone tocou e ele soltou uma
imprecação ao atender. – passei a mão no cabelo em um gesto de nervoso e já
acstumada a isso.
Bebi do suco de laranja que ele havia trago enquanto conversava com Mel.
- Kris?
- Oii.
Meu coração bateu mais rápido por um instante, minha boca ficou seca tentando
produzir mais saliva e eu senti meu corpo reverberando em medo e expectativa.
- Então diga que estou bem, não irei atendê-la Taylor. – me virei de costas pra ele
ficando de frente para o azul esverdeado do mar, isso me lembrava Robert...
- Tudo bem. – ouvi ele dizer antes de senti-lo se afastar com o telefone no ouvido, virei
mais um gole do meu suco e Melanie ficou ao meu lado esperando Taylor, mas não
disse nada.
Eu queria ir pra casa e ligar pra Robert, queria ficar com ele agora.
Voltamos a correr, e depois de mais uns 30 minutos chegamos em casa, Taylor não
comentara sobre a ligação da mamãe e eu não perguntei, o clima acabou por ficar tenso,
eu não gostava disso, eles eram minha família e eu sentia falta quando estavam longe,
mas eles tinham que entender que se eu não atendia a mamãe, era porque tinha meus
motivos e eu não abriria mão disso.
Capítulo 12
Apagar a Luz
"Os sonhos podem ser um modo de abrir a janela e deixar que o ar poluído saia"
(William P. Young)
- Certo. É também uma chance de ser gentil, não foi muito educado da minha parte não
ter falado com ele ontem à noite.
- Ele disse a mesma coisa agora Rob. – ele riu baixo enquanto falava comigo ao
telefone.
- Então nos vemos a noite não é? Daqui a pouco quer dizer, ás 20:00?
- Sabe que não precisa fazer isso não é? – tirei o cigarro da boca me sentando em minha
cama onde já estava a bons minutos conversando com ele ou mesmo não conversando
nada, só a respiração dele do outro lado da linha me era suficiente. – Ele só está
tentando achar que manda em mim, você sabe.
- Tudo bem então, nós sempre podemos sair correndo no meio da noite.
- Eu te espero aqui.
- Até Rob.
Me deitei novamente na cama e me permiti ficar ali, sem pensar em nada, sem
absolutamente nada em minha cabeça a não ser o vazio.
Talvez fosse aquele cheiro bom de sua camisa e seu perfume que me deixava com sono,
ou aquela temperatura morna de sua pele na minha que me deixava em paz me fazendo
sentir como se eu tivesse um lar.
Um lar.
Pensar nisso me fazia voltar a conversa com Melanie. Mas de que adiantaria ir ao
médico? Eu não queria escutar da boca dele que eu não podia ter filhos, eu odiaria ter
que passar por isso.
Não que um dia eu tenha colocado esperanças dentro de mim, isso, eu nunca tinha feito,
até por que eu nunca me imaginei com ninguém e seria idiota da minha parte pensar que
agora as coisas seriam diferentes.
- Oi Mel, entre.
- Sim, ele vai passar aqui. – passei a mão no cabelo lhe voltando um sorriso pequeno.
- All star, como sempre. – ri baixo me deitando de novo pra pegar outro cigarro e
acender.
- Tudo bem então. Vou tomar meu banho. - Assenti com a cabeça enquanto ela saia do
quarto, pegando outro cigarro entre meus dedos e tragando a fumaça e o gosto de
canela.
- Robert.
Levantei-me rápido indo até a sala e me surpreendendo com a cena em minha frente.
Taylor com Melanie ao seu lado, sentados de frente pra Robert no sofá e ele ria. Eles
estavam claramente se divertindo.
- Hey Kiki. – Melanie disse fazendo todos se virarem pra mim, eu vi o sorriso
iluminado no rosto e nos olhos de Robert.
- Boa noite baby.
Ele me deu mais um beijo no rosto antes que eu me levantasse voltando pro quarto.
Sorri indo pro banheiro, me banhei rapidamente prendendo depois meu cabelo em um
coque para que não molhasse e me enxuguei voltando ao quarto.
Peguei uma jeans skinny escura colocando meu all star e uma blusa branca que grudava
no corpo, botei por cima um bolero curto que se abotoava logo em meu diafragma com
a estampa xadrez na cor bege com detalhes vermelhos.
Dei de ombros soltando o cabelo e voltando pra sala onde eles continuavam da mesma
forma e ainda rindo.
- Você está linda. E não adianta falar que está normal. – ele disse rindo antes que eu
revirasse os olhos. – Vamos?
- Aonde quer ir? – ele me perguntou me abraçando pela cintura quando já estávamos
andando pelas ruas. Ninguém quis pegar um táxi.
- Por mim está ótimo. - Melanie sorriu e Taylor assentiu com a cabeça, olhei pra Robert
e ele estava sorrindo pra mim.
- Tudo que você quiser. – ele sussurrou em meu ouvido, o sotaque britânico aguçado me
fazendo arrepiar até o ultimo fio de cabelo.
Continuamos caminhando e a conversa entre todos surgiu naturalmente, meu irmão não
estava mais com a cara emburrada de ontem e era legal com Robert.
Chegamos ao restaurante e quando Rob entrou me puxando pela mão, pude perceber
como ele estava vestido.
- Frango xadrez. – respondi a ele que também pediu o mesmo, Mel e Taylor pediram
algo que não entendi o nome, mas sabia que era com arroz glutinoso.
Suas mãos estavam entrelaçadas as minhas em cima da mesa e Melanie tinha um sorriso
tão grande no rosto, como o que eu queria soltar, mas estava segurando.
Ainda não tinha conversado com ele sobre aquele papo todo de... namorado.
Então não sabia se era verdade e também não sabia como me sentia sobre isso.
Nós nos levamos da mesa e seguimos pra fora do restaurante, Robert e Taylor dividiram
a conta, já que nenhum dos dois deixou o outro pagar sozinho.
- Vamos Taylor. – Melanie o puxou sorrindo pra nós. – Boa noite Robert, foi um prazer.
- Ela não vai demorar a subir, eu garanto. – ele sorriu pra mim e eu fechei a cara.
Eles subiram e Robert me puxou pra ele encostando-se à parede como em uma outra
noite, me abraçando pela cintura sorrindo.
- Você seria grossa com ele e isso não resolveria nada. – ele sorriu de novo.
- Não é, mas iria responder como se fosse. – ele riu baixo. – Ele só está preocupado com
você, o que é absolutamente normal.
- Isso não muda as coisas Kristen, ele está preocupado. – ele riu de novo deixando as
mãos em meu rosto. – Eu passo aqui na sexta para irmos para o pub okay?
- Não vou te ver amanhã, não é? – eu tentei, tentei mesmo, não transparecer o quão
triste eu tinha ficado.
- Tenho que trabalhar amanhã, tempo integral. – ele também não estava alegre com isso.
- Okay. – me deitei novamente em seu peito respirando fundo o cheiro de sua camisa
misturado com o cheiro de seu perfume único e tremendamente masculino que me
intoxicava, me deixando viciada nele.
Eu entendia que ele tinha que trabalhar, por isso não fiz birra nem nada do tipo, até por
que, não era de mim fazer algo sim, compreender era uma qualidade que eu sabia que
tinha.
Eu poderia dormir ali que por mim estava tudo bem, mas eu sentira falta dele, então
fiquei na ponta dos pés para receber seus lábios nos meus, era a primeira vez que eu
tomava a iniciativa e ele assim sorriu ao perceber isso.
Nosso beijo foi como os outros, intenso, carinhoso, envolvente e perfeito. A língua
habilidosa se enroscava com a minha me deixando ofegante e eu já suspirava com meu
corpo tremulo quando ele se afastou depois de vários minutos.
- Você não vai entrar agora. – ele disse em meus lábios sussurrando as palavras com seu
hálito quente e reconfortante de canela e tabaco me deixando tonta e ameaçando meus
pulmões a ficarem danificados pela falta de oxigênio.
- Eu nem pesaria nisso. – eu deixaria pra ficar sem graça com minhas palavras depois,
porque no segundo seguinte de seu sorrio, seu lábios me calaram, me devorando com
uma intensidade que ameaçava me sufocar e eu não reclamaria se isso acontecesse, por
que não havia nada melhor do que beijar Robert.
Seu gosto me invadindo com os beijos rápidos e acelerados, sua língua enroscada na
minha onde ele mordia e sugava para depois voltar a me beijar com cada vez mais
paixão e agilidade.
Eu suspirava, mas não parava o beijo, na verdade eu mataria quem ousasse quebrar
aquele beijo; que de longe poderia ser o melhor de toda a minha vida.
Em um gesto atrevido minhas mãos estavam em seu peito e foram subindo pelo pescoço
e nuca agarrando os fios de areia entre meus dedos, ouvi seu gemido baixo e senti um
aperto em minha cintura que só me fez ficar ainda mais acesa.
Suas mãos se imiscuíram por dentro da minha blusa causando um atrito delicioso com
sua pele na minha.
A falta de ar nos pegou no mesmo instante em que minha razão gritava que ele poderia
estar sentindo minhas cicatrizes, mas eu não queria me afastar apesar de saber que era
preciso.
Me larguei dele, não sem antes voltar a ficar na ponta dos pés para lhe dar um último
beijo.
Ele sorriu me dando um beijo na testa e colocando uma mexa de meu cabelo atrás da
orelha.
Subi a escadaria até meu andar com uma pequena parte de mim preocupada que ele
tivesse sentido minhas marcas, eu teria que ter mais cuidado daqui pra frente.
Abri a porta do apartamento o vendo silencioso, eu achei que Taylor ia ficar me
esperando para vim com aquele papo de ‘’ o que você pensa que esta fazendo ‘’ mas foi
um alivio encontrar a sala vazia e a cozinha também.
Fui direto pro meu quarto, me trocando e me deitando na cama adormecendo depois de
alguns de segundos, sem pesadelos e sem ressacas de bebida.
Taylor e Melanie iriam embora na próxima manhã, então acordei naquela quinta-feira
preparada para os levar a qualquer lugar de Los Angeles que eles quisessem.
Fomos Museu de arte contemporânea, ficamos passeando por Hollywood por muito
tempo, almoçamos na beira da praia de Santa Monica onde Taylor estava louco pra ir e
eles ficaram insistindo pra que eu fosse pra Nova York no ano-novo.
Eu não iria, eu nunca havia ido lá pra nada, na verdade eu nem tinha saído de LA desde
que cheguei. Então disse apenas que iria pensar na possibilidade ganhando o sorriso
deles pra mim.
- Mas e se for menino Mel? Que nome vai ser? – perguntei enquanto voltávamos para o
meu prédio, eles conversavam sobre o bebê e eu acabei ficando curiosa.
- Será Kristiny.
- A você Kristen.
Eu estaquei.
- Sério?
- Eu sei, mas vou acabar confundindo se colocar seu nome todo. Fala sério Kiki, você
merece mais que qualquer outra.
- Obrigada.
A abracei afugentando as lágrimas dos meus olhos, seria idiota se eu chorasse agora.
Separei-me dele lhe dando um beijo no rosto não deixando que suas palavras se
fixassem em minha cabeça.
Deitei-me em minha cama que apesar de ser de casal, era bem menor que as
convencionais e adormeci completamente sentindo falta de ouvir a voz de Robert
naquele dia.
Abrir os olhos era a única coisa que eu não queria fazer àquela hora, minhas pálpebras
pesadas indicavam que meu sono estava longe de passar e seria preciso uma noite
inteira de sono para que eu pudesse ficar renovada.
Meu cabelo estava espalhado pelo meu rosto quando percebi que eram apenas
20h07min da noite resmunguei vendo que eu era acordada pelo barulho do meu
telefone, atendi sem nem ver quem era.
- Quê?
- Achei que iria te encontrar de bom humor. – ele disse rindo baixo.
- Acabei de acordar. – resmunguei, mas feliz de estar falando com ele, me ajeitei melhor
na cama me deitando de novo nos travesseiros.
- Não. – disse rápido, ele sorriu do outro lado. – Er...eu já dormi demais...er...então? O
que está fazendo?
- Eu senti sua falta hoje Kris. – mordi os lábios sentindo o coração querendo sair do
peito.
- Boa noite .... – era impressão minha ou ele iria falar mais alguma coisa.
- Boa noite Rob, bons sonhos.
- Idem.
Nos despedimos e ele desligou o telefone. Eu ainda fiquei um tempo olhando pra tela
com o lábio inferior preso entre os dentes. O que será que ele quis dizer e não disse?
E por diabos meu coração estava batendo daquela forma tão rápida e meu estomago
estava contorcido em...
Expectativa.
Eu quase gritei com raiva de mim mesma, mas o que eu achava que estava pensando?
Que tipo de estúpida eu era?
Imbecil. Idiota.
Eu fui dormir que ódio de mim mesma, o que em geral seria normal, se não fosse que
dessa vez as palavras não ditas de Robert ficaram em minha cabeça com uma pergunta
crucial..
Capítulo 13
Apagar a Luz
- Eu também vou sentir sua falta Mel. – eu disse a abraçando enquanto ouvíamos a
segunda chamada de seu vôo.
Acenei uma última vez antes de eles irem para o portão de embarque. Eles seguiriam
para Palo Alto, para a universidade de Stanford agora e ficariam no campus durante a
palestra de psicologia, tinham vindo antes apenas para me ver, o que eu fiquei muito
grata, já que sentia uma falta imensa dos dois.
Peguei um taxi ainda no aeroporto partindo pra casa, Robert deveria estar trabalhando e
não adiantava eu querer falar com ele agora, seria impossível com ele estando na
empresa onde fazia o estágio e onde também tentava garantir a sua vaga depois da
formação.
Fiz meu almoço básico, apenas um frango com queijo com uma latinha de coca-cola do
lado, minha diversão durante toda a tarde foi ver TV, a nova temporada de The Big
Bang Theory sendo lançando no canal me fazendo lembrar de Robert e sua risada
gostosa enquanto assistíamos juntos.
Lembrei-me do sonho, não fora um sonho normal onde você e um cara estão de mãos
dadas passeando por um jardim ao pôr-do-sol, não, não fora essa coisa clichê e sem
noção.
Fora um sonho bem comum na verdade, apesar de eu não ter entendido nada.
Era uma estação de trem, eu estava dentro de um deles, era um vermelho com bancos de
carvalho escuro e pude ver pelas janelas que Robert me esperava olhando o tempo
inteiro para o relógio rotineiro que existia em qualquer meio de transporte. E quando eu
cheguei, eu não corri em seus braços como no final de um filme, mas ele veio até mim
deixando suas mãos mornas em meu cabelo e no meu rosto se abaixando em minha
altura pra sussurrar perto dos meus lábios.
Não fora incomum, nem anormal, mas eu fiquei boas horas da madrugada tentando
entender o maldito sonho.
Sim, aquilo fora um sonho, eu tinha certeza. Se fosse um pesadelo Robert não estaria
esperando por mim e eu não estaria sorrindo ao vê-lo, pelo contrário.
Em meus pesadelos em geral, eu apenas corria, corria sem rumo, eu sabia que minha
inconsciência estava relembrando as coisas enquanto eu dormia, por isso que com
pesadelos eu sempre acordava ofegante e suando frio com medo até mesmo do barulho
que o vento fazia na janela de vidro do meu quarto.
Parecia séculos que eu não tinha um pesadelo assim e eu preferia continuar dessa forma,
mas seria pedir muito para que não só os pesadelos parassem, mas também as
lembranças.
Lembranças de uma época que eu sempre iria ter horror e nojo, assim como as cicatrizes
em minhas costas, para me lembrar de tudo o que eu passei.
Mas que eu havia sobrevivido, era nisso que eu me agarrava quando o medo ameaçava
me consumir.
E mesmo que o que tínhamos – seja lá o nome disso ou do que eu sentia por ele – não
durasse; eu seria eternamente grata pelo que ele estava me dando.
Por que eu tinha sido mais feliz nesses quase dois meses, o que eu não fui desde que
tinha nove anos, a droga de nove anos de idade.
Suspirei sorrindo e me libertando dos pensamentos, voltei minha atenção pra TV e
fiquei nela durante toda a parte da tarde, é claro que acabei adormecendo e acordei com
algum celular tocando, quase dei um tapa na minha testa percebendo que era o meu
celular.
- Não.. ainda não está na hora. –olhei de relance para o relógio da parede da cozinha e vi
que ainda eram 20h00min, eu tinha 1hora para me arrumar o que no meu caso era tempo
de sobra.
- Eu sei. – ele estava sorrindo. – Acho que vou chegar mais cedo. Se importa?
- Claro que não. – me amaldiçoei depois que disse as palavras rápido e alto demais, é
claro que ele ainda estava rindo.
- Até baby.
Desligamos e eu fui direto para a área de serviço buscar minha toalha, entrando em meu
banheiro logo em seguida.
Abri a torneira e deixei a banheira encher com muita água quente, entrei logo em
seguida quase adormecendo de novo.
Sai de lá enrolada na toalha pegando uma calça em meu guarda-roupa e uma rasteirinha
como sandália, que tinha uma flor na frente. Prendi meu cabelo em rabo de cavalo
deixando algumas mexas solta por sobre meu ombro e pus uma T-shirt com o desenho
do Snoop na frente.
Eu mesma revirei meus olhos para aquele desenho, mas até que ele era divertido.
Fechei a porta do meu quarto ainda ajeitando minha sandália que eu tinha me esquecido
de prender com os fios.
- Hey.
Eu quase me assusto com a voz de Robert no sofá antes dele se levantar sorrindo e vir
até mim.
- Hey. – desisti de prender a sandália e me ergui ficando na altura de seu peito é claro,
ele riu baixo vendo que eu estava realmente comparando nossa altura.
- Sabe que você é linda assim toda pequenininha. – rolei os olhos pra ele. – Estou
falando sério. – ele riu para deixar suas mãos em minha cintura e depositar com carinho
um beijo em minha testa.
- Está bonito. – mordi o lábio olhando pra baixo logo após fazer o elogio, é lógico que
ele riu.
- Não acredito.
- Pois acredite. – ele ainda ria. – Venha aqui. – ele me puxou pro sofá me fazendo sentar
em seu colo, eu não senti medo, apenas um desconforto, era muita intimidade, mas...
E aqueles momentos apenas mostravam como estávamos realmente bem juntos e que ele
me queria com ele, pois se não quisesse não estava ali agora não é mesmo?
Ainda mais ali abotoando minha sandália com tanto cuidado que me fazia querer chorar,
pelo modo que ele me tratava, como se eu fosse uma boneca que quebraria a qualquer
momento.
Mas o que ele não sabia, era que eu estava longe de ser uma boneca.
- Vamos? – sua mão colocava uma mexa de meu cabelo atrás da orelha e seu sorriso me
tirou instantaneamente dos pensamentos anteriores.
- Vamos.
Ele segurou minha mão entrelaçando nossos dedos e eu me perguntei novamente sobre
aquela coisa toda de namorados. Mas não queria tomar a iniciativa daquilo, até mesmo
porque eu não sabia o que pensar disso, então apenas me deixei guiar por ele.
Chegamos ao pub do mesmo jeito que saímos do meu apartamento, ele sorriu abrindo a
porta pra mim e nos guiando para a mesa.
- Sam está te procurando no palco, agora vai e deixa que eu cuido da Kris. – ele riu
bagunçando o cabelo dela.
- Eu não demoro. – me deu selinho leve nos lábios antes de se afastar de mim, me
deixando nervosa com sua ausência e com seu gesto.
- Venha Kris. Estamos sentados aqui.
Ela me levou me puxando pela mão até o outro extremo do bar onde nos sentávamos em
algumas cadeiras vermelhas e á havia várias cervejas na mesa.
- Tom está no palco também com Sam, eles já voltam. – disse sorrindo pra mim que
retribui a ela.
- Um pouco. – eu me sentei de frente pro palco enquanto ela ficava na minha lateral
levando uma caneca de cerveja nos lábios. – Quer beber alguma coisa?
- Haam, cerveja eu acho. – sorri a ela que retribuiu chamando o garçom e pedindo mais
duas cervejas, ela iria me acompanhar.
- Ai graças a Deus viu, acho que vou pra Ohio, tenho que ver meus pais.
- Eles são de Ohio?
- Pois é. – ela riu. – Tom viria pra LA com Rob e eu não queria deixá-lo, nem queria que
ele deixasse suas coisas e mudasse os planos para ficar em Ohio comigo. Era mais
simples os meus pais entenderem que eu viria pra cá.
- Então eles sabem de Tom? – era tão fácil conversar com Dakota e eu gostava disso.
Ela tinha uma alegria e uma energia que seria invejável a qualquer ser vivente na terra.
- Sim, sabem sim, eles se dão super bem. – ela falou sorrindo bebendo sua cerveja
enquanto o garçom deixava mais duas na mesa.
Peguei uma pra mim e fiquei bebendo e conversando com Dakota durante vários
minutos.
- Kriiiis. – ouvi meu nome sendo cantado e desviei minha atenção de Dakota para ver
Tom em minha frente com uma garrafa de cerveja em mãos olhando pra mim e sorrindo.
- Hey Tom.
- Hey Kristenzinha. – rolei os olhos divertida para meu novo apelido e voltei a me
sentar na mesa enquanto ele ia para o lado de Dakota lhe dando um beijo de leve nos
lábios.
E não demorou muito para que Robert voltasse sorrindo pra mim.
- Demorei? – perguntou se sentando do meu lado me puxando pela cintura e beijando
meu cabelo.
- Vou pedir mais cerveja quer? – mostrei minha caneca cheia pra ele que sorriu
assentindo com a cabeça e levantando a mão pra chamar o garçom e pedir mais bebida.
- Acho que daqui a pouco, umas 22h30min, por aí. – Robert respondeu olhando em seu
relógio de pulso.
- Eu não sei, só não acho legal tocar hoje. – eu mordi os lábios, queria tanto que ele
tocasse.
- Deixa de besteira Rob, é claro que você vai tocar. – Dakota disse a ele que riu pegando
a cerveja das mãos do garçom.
Dakota e Tom voltaram a conversar outras coisas e eu me apoiei nos ombros de Robert
deitando minha cabeça ali enquanto conversamos amenidades.
Ele tinha uma mão em volta da minha cintura que logo após subiu e imiscuiu em meu
cabelo, acariciando os fios do começo, onde eles estavam presos, até o final em minhas
costas.
- Você quer que eu toque? – perguntou sorrindo em meu cabelo. Mordi os lábios
suspirando e o olhando nos olhos em seguida.
Ele não me respondeu, em vez disso, seus lábios desceram sobre os meus pedindo
passagem com sua língua, em um beijo calmo e quente.
Antes mesmo de eu me importar com estarmos desse jeito em meio a tanta gente, uma
voz irritante nos interrompeu.
- Olá. – ela parecia concentrada em cerrar o maxilar para conseguir falar aquele
comprimento.
Separei meus lábios do de Robert enquanto Dakota virava as costas pra Nina e se
voltava pra mim sorrindo e piscando um olho.
- Oi Nina. – Tom falou com ela, Robert travou seu braço em minha cintura, me
impedindo de sair de seus braços, não que eu quisesse de verdade.
- Que bom que encontrei um lugar para sentar, está cheio hoje aqui. – ela sorriu para os
garotos.
Tom deu um sorriso de consternação a ela que pareceu não perceber e chamou o garçom
pedindo uma bebida.
Ela jamais olhava pra mim ou Dakota que apenas parecia estar segurando o riso na
garganta e ora outra me olhava sorrindo.
- Quer fumar lá fora? – ele me perguntou colocando uma mexa de cabelo atrás da minha
orelha.
- Claro. – ele me ajudou a levantar e saímos do bar com sua mão colada a minha cintura.
Ele se encostou a parede me chamando para abraçá-lo, eu fui na mesma hora, para sentir
seus braços me envolvendo enquanto ele tirava um cigarro do bolso acendendo e
tragando para passar pra mim depois.
Peguei o cigarro entre os dedos deixando minha cabeça em seu peito e sua outra mão
em minhas costas alisando minha cintura em movimentos calmos e carinhosos.
- Não se importe com Nina okay? Daqui a pouco ela desiste e sai de lá.
- Se importa que ela esteja lá?
- Não me faz diferença, mas não gosto quando algo te incomoda. – falou pegando o
cigarro me olhando nos olhos.
- Ela não esta me incomodando. – disse sorrindo pra ele que me retribuiu largamente.
Ficamos fumando e trocando alguns beijos lá fora com suas mãos em meu rosto até que
anunciaram Sam no palco, entramos e nos sentávamos no mesmo lugar que antes com
Dakota e Tom ao meu lado.
- Vai mesmo tocar não é? – ele riu apertando seu braço em minha cintura e não me
respondeu.
- Sim, estou.
- E não vai pra Londres? – era impressão minha ou ela estava se aproximando?
Robert não a olhava enquanto respondia suas perguntas, ele olhava pra mim, colocando
meu cabelo atrás da orelha ou deixando suas mãos paradas em minha cintura.
- Sabia que você ia convencê-lo. – disse Dakota animada com Tom acompanhando sua
risada.
- Sim...mas foi apenas isso e ele não me respondeu. – respondi a ela que ainda sorria.
- Como se ele não fosse fazer o que você quer. – ela piscou pra mim e eu arregalei os
olhos.
- Em geral...ele faz Kiki. – ela respondeu confiante com um sorriso nos rosto.
Mordi os lábios sem saber o que achar daquilo, mas algo no fundo de minha alma se
remexeu.
Alegria.
Argh. Estúpida.
Bebi minha cerveja e olhei pro palco ele já começava a tocar e tinha os olhos cravados
em mim;.
A melodia doce ecoou pelo pub com o som de mais instrumentos acompanhando, mas
eu só ouvia a voz dele e sentia seus olhos me queimando por dentro.
Engoli em seco sentindo meu coração querer pular do peito, eu podia sentir uma
emoção diferente correndo por minhas veias me fazendo sentir mais viva que antes.
Apaixonada.
OMG.
Eu sentia minhas mãos tremendo e suando por debaixo da mesa onde elas estavam, eu
sentia meus olhos marejados.
Ele repetiu o refrão mais uma vez antes de se calar recebendo mais e mais aplausos.
Tom ficou de pé na mesa assoviando pra ele e rindo.
Ele deixou o palco sorrindo apertando a mão de Sam e voltando a mesa, eu não
conseguia desviar meus olhos dos deles.
- Isso foi incrível Rob. – Dakota o abraçou depois que Tom lhe deu um murro no ombro.
- É isso aí cara.
Ele voltou a se sentar do meu lado buscando minhas mãos em baixo da mesa e me
fazendo olhar pra ele.
- Sim. Não é sua música, mas você é a inspiração para cantá-la de qualquer forma.
Eu precisava de oxigênio.
- Obrigada. De verdade.
Aquela foi a coisa mais incrível e significativa que alguém já tinha feito pra mim.
Ninguém mais.
- Então você gostou? – perguntou sorrindo tirando alguma coisa molhada do meu rosto
que eu me amaldiçoei por ter deixado escapar.
Num impulso que eu não pude refrear, eu me abracei a ele enterrando meu rosto em seu
peito sem me importar com quem estava perto ou com quem estava os vendo.
Ele retribuiu meu abraço e senti seus beijos em meu cabelo me mostrando ainda mais
seu carinho por mim.
Eu me deixei ficar ali. Sem medo e sem pressões em minha cabeça. Tudo que eu queria
era estar ali com ele, em seus braços me sentindo tão segura e protegida.
Já tinha passado tanto tempo do que havia acontecido comigo, mas eu ainda tinha uma
necessidade inexplicável de me sentir assim...
Segura e protegida.
De ser colocada entre muralhas e ser capaz de confiar que nada e nem ninguém nunca
mais iria me machucar.
Os braços dele eram minha muralha e nada iria me abalar enquanto eu estivesse entre
eles.
Ele não me soltou durante todo o resto da noite, mantinha meu rosto em seu peito e uma
mão em meu cabelo enquanto conversava com Tom e com Sam que agora estava na
mesa.
Nina, em algum momento que não percebi havia saído dali, mas pela cara risonha de
Dakota, fora um momento bem interessante para ela.
- Aqui. O nome dele é Adam Muller. Ou algo assim. – entreguei o aparelho a ela que
estava sorrindo.
- Claro honey.
Nós rimos da maneira meio trôpega que Tom falava com ela e senti os lábios de Rob em
meu rosto.
Ele me ajudou a levantar e nos despedimos de todo mundo saindo para o ar um pouco
frio da noite de Los Angeles.
- Oh...mais Rob...seus pais...você não precisa...fazer isso por mim ou algo do tipo...
Mordi os lábios assentindo e em mais um impulso passei meu braço por cima sua
cintura, deixando o outro em seu abdômen por cima da camisa escura que ele usava.
Engoli em seco. Não queria que ele fosse embora. Não agora.
- Eu te vejo amanhã. – se aproximou dando um beijo em minha testa e um selinho
demorado nos lábios.
Apenas assenti com a cabeça incapaz de dar um passo para me afastar dele.
- Oi. – ele se abaixou ficando na altura de meus olhos, ele estava sorrindo.
- Er...haam..você não quer ficar aqui? Quer dizer...já é tarde e você bebeu. – ele riu do
meu apontamento. – Não seria melhor...você fic..
- Eu posso? – arregalei os olhos.
Entramos no apartamento e eu pedi que ele trancasse a porta, eu tinha medo de dormir
com as coisas abertas aqui em casa.
- É melhor jogar uma água no rosto. Você parece que vai dormi em pé. – apontei
sorrindo pra ele.
- Você bebeu tanto quanto eu Kris. – disse sorrindo se apoiando na parede da cozinha
onde eu tinha uma garrafinha de água nas mãos.
- Mas eu não trabalhei o dia inteiro. – sorri me aproximando. – Vem, meu quarto é o
primeiro da direita. - Apontei a direção pra ele que sorriu entrando pelos corredores.
Deixei a garrafinha em cima da pia e segui para o quarto, peguei uma calça de flanela
pra mim e uma blusa de malha branca que me colava no corpo e me deitei tirando a
presilha de meu cabelo.
Parei um momento para assimilar que tinha um garoto em minha casa, no meu quarto e
no meu banheiro.
Parei outro momento me lembrando que era Robert ali e este fato foi suficiente para
fazer um sorriso aparecer no meu rosto levando todo medo embora.
- Eu usei a sua escova de dente extras do armário do banheiro. – ele riu baixo recebendo
meu sorriso de volta.
Como?
- Eu durmo na sala Kris, sem problemas. – ele pareceu ter ouvido a minha confusão com
suas palavras.
Suspirei e o olhei nos olhos para depois me afastar mais em cima da cama levantando o
edredom, num sinal claro, para que ele se deitasse.
- Tem certeza? – rolei os olhos pra ele que riu baixo de novo se deitando do meu lado.
Ficamos nos olhando por algum tempo, sem nenhum tipo de contato, quando do nada
sua mão veio para minha cintura me puxando pra ficar perto dele. Eu me rendi aos meus
impulsos e fiz exatamente o que queria.
Deitei minha cabeça em seu peito sentindo o cheiro de sua camisa e seu perfume me
invadir por completo me deixando sonolenta. Meu coração disparava com tanta força no
peito que chegava a machucar.
Braços longos e fortes me rodearam, circulando minha cintura e apertando meu corpo
pequeno ao dele, como se para ter certeza que eu estava ali.
Senti seu beijo no topo da minha cabeça e suas mãos me envolvendo com seus toques
carinhosos.
Foi o bastante para fechar os olhos me deixando ser intoxicada com sua presença.
E eu estava ali, por mais irreal que fosse, eu estava nos braços de Robert.
--
Capítulo 14
Apagar a Luz
Acordar na manha seguinte foi mais difícil do que eu previra, eu estava tão confortável
e tão quente envolvida por braços calorosos que eu não queria nem abrir olhos. Eu não
queria nem pensar nisso.
Passei meu nariz por seu peito, onde minha cabeça repousava, apenas para inspirar mais
e mais de seu cheiro bom. Mãos grandes apertaram a base de minhas costas como em
um ato reflexo para minha atitude.
Com a claridade da luz que entrava pelas janelas do meu quarto, eu fui quase obrigada a
abrir os olhos os piscando varias vezes para afugentar a leve dor que eles tinham.
Encontrei um fundo escuro e minha mente demorou alguns segundos para processar que
era a camisa de Robert que estava em meu rosto, logo bem a frente de meus olhos.
Senti um sorriso involuntário surgir em meus lábios quando percebi que havíamos
dormindo juntos, não literalmente, mas sim apenas dormindo.
E era tão bom dormir com ele, com o rosto enterrado em seu peito, sentindo seus braços
em minha volta e seu queixo prendendo minha cabeça embaixo dele.
Abracei seu corpo mais uma vez fechando os olhos e sorrindo, como uma boba ou uma
criança que estava prestes a ganhar seu presente de natal.
Devo ter adormecido de novo por que quando acordei, ele passava suas mãos em
movimentos lentos em minhas costas e meu rosto agora estava em seu pescoço sentindo
seu cheiro mais acentuado.
- Acordou? – perguntou quando eu respirei fundo em sua pele, eu iria corar, mas não
cheguei a tanto.
- Sério? Que horas agora? – senti que ele virava o rosto para o lado, olhando a cabeceira
da cama.
- 14h33min.
- Não se preocupe, podemos colocar a culpa na cama ser confortável baby. – ele me
puxou pra ele de novo – eu devia ter me afastado sem perceber. – mas dessa vez nós
dois ficamos de lado olhando um para o outro sorrindo.
- Então eu não tenho que trocar de colchão? – falei me lembrando de nossa conversa
outro dia.
- Então dormiu várias vezes acompanhado uh? – sorri e me escondi em seu peito.
Eu não era uma louca que dava crises de ciúmes com tudo, mas era insegura.
- Isso importa? – perguntou fazendo carinho em meu cabelo, sorri contra a sua camisa
escura.
- Então não vamos mais perder tempo discutindo sobre camas. – ele se virou me
deixando na cama e se colocando por cima de mim – constatei que ele realmente sorria
– segurando seu peso em seus antebraços se inclinando para me beijar, mas eu desviei
um pouco o fazendo franzir a testa.
Ele revirou os olhos antes de voltar a sorrir e descer os lábios sobre os meus.
Dei de ombros quando sua língua pedia passagem e eu cedia sem pensar duas vez,
passei minhas mãos por seu pescoço, as infiltrando em seu cabelo.
Nós ficamos bastante tempo assim, nos beijando e nos tocando com cuidado a cada
segundo. O sol que batia na janela de vidro não era desconfortável e nos proporcionava
um calor gostoso.
- Vou fazer algo pra você comer. – ele disse entre beijos, me dando selinhos de leve a
cada palavra pronunciada.
- Tudo bem. - Respondi virando minhas mãos em punho na sua camisa vendo seu riso
baixo bater em meu rosto onde ele me beijava agora.
Não estava me importando com nada na verdade, contanto que ele permanecesse ali
comigo. Ele riu de novo descendo os beijos para meu pescoço antes de me olhar
novamente nos olhos.
- Qualquer coisa. – respondi sorrindo espalmando minhas mãos em seu rosto masculino
de feições fortes e bonitas, sentindo a barba por fazer arranhando minha pele.
- Okaay. – ele me deu mais um beijo antes de sair de cima de mim. – Vou à Starbucks.
- Tudo bem. – eu queria pedir para que ele não demorasse, mas me freei.
Ele sorriu entrando no banheiro e saindo de lá em pouco tempo, ele sorriu se inclinando
para me dar um beijo na testa.
- Já volto.
Sorri, ele era capaz de responder as minhas perguntas, sem que eu nem as fizesse.
Ele saiu pela porta e eu me levantei abrindo mais as cortinas da minha janela com um
sorriso bobo nos lábios, entrei no banheiro escovando meus dentes e jogando uma água
na cara.
Sai de lá me trocando e indo pra cozinha, fiz alguns ovos mexidos enquanto Robert não
voltava e percebendo que estava mais com fome do que eu imaginava, comi tudo antes
que ele passasse pela porta.
Eu senti vontade de rir sozinha, tinha tanto tempo que eu não tinha um apetite assim,
tinha até perdido peso nos últimos antes de Robert aparecer na minha vida.
Fiz mais ovos e coloquei bacons sentindo uma vontade enorme de comer bacon.
- Hey. Trouxe um café duplo. – ele disse assim que passou na porta da sala, me virei do
banco sorrindo pra ele que se aproximava me dando um beijo.
- Come alguma coisa, ontem a gente só bebeu. – ele me entregou o meu copo de café
me surpreendendo quando vi que estava com expresso.
- Como sabia que eu gostava de expresso? – perguntei enquanto ele se sentava do meu
lado no balcão americano.
- Prestei atenção aquele dia em que saímos da faculdade direto para a Starbucks. –
respondeu sorrindo comigo o acompanhando.
Assenti com a cabeça e comemos, sim, eu ainda comi mais aquela manhã, sentindo de
novo a mesma vontade louca de rir sozinha.
- Tenho que ir pra casa, mas eu volto aqui okay?! – disse depois um tempo quando já
estávamos no sofá vendo TV.
- Tudo bem.
- Podemos dar uma volta. – ele sorriu se levantando e eu o acompanhei até a porta.
Assenti com a cabeça ficando na ponta na ponta dos pés para receber seu beijo em meus
lábios.
Eu estava apaixonada.
"E o pequeno príncipe disse ao homem: Adultos nunca entendem e é cansativo para as
crianças sempre terem que explicar as coisas a eles."
(O Pequeno Príncipe)
Eu sempre me perguntava o que eu fizera na vida para merecer tudo aquilo que estava
acontecendo comigo.
Quando eu tinha sete anos, meu pai me dizia que eu era grande demais para ser apenas
uma criança, mas que ele queria que eu nunca deixasse de ser. É claro que eu nunca
entendi o que ele queria me falar ou me mostrar com aquilo, mais sempre me esforcei
em fazer ele ter orgulho de mim; eu não precisava fazer muito esforço, ele não cansava
de dizer que eu era o seu maior presente, assim como meus irmãos.
Meu pai era um homem alegre que era muito mais que feliz junto com a minha mãe e eu
morria de vontade de saber se um dia, alguém me olharia com aquele brilho nos olhos
de quando ele olhava pra ela.
E agora eu sabia.
Havia ali o mesmo tipo de brilho, embora eu não soubesse o que significava.
Uma palavra ampla, mas que resumia o turbilhão de sentimentos dentro de mim.
Talvez ela não fosse completa, porque pesadelos e lembranças ainda são constantes em
minha cabeça, mas ela era suficiente, ela era mais do que suficiente.
Ele me conhecia como ninguém e sabia que eu odiaria continuar a viver em Miami, mas
eu lamentaria deixar o sol e a praia da Florida.
Acabou por achar uma solução, a Califórnia.
Com todo o sol e praia que eu gostava e que foram fundamentais para me ajudar em
minha fuga contra as lembranças ruins.
Meu pai não estava mais em Miami quando retornei pra casa aos 12 anos, eu conseguia
me lembrar da gritaria e dos escândalos quando eu, uma menina, machucada por dentro
e por fora apareceu do nada, novamente naquela casa.
As imagens da minha mãe correndo ao meu encontro em meio aquele jardim enorme,
com os olhos chorando em emoção por me ter de volta e por ver o estado em que eu me
encontrava.
Eu tinha medo de que ela me tocasse, eu tinha raiva e nojo de mim mesma para deixar
que ela me repudiasse também. Ela ou qualquer outro.
Jamais dei explicações a ninguém sobre detalhes do que tinha me acontecido. Taylor e
Melanie que na época eram apenas noivos, perceberam minhas atitudes estranhas e não
foi difícil para eles conseguirem chegar a um denominador comum, já que eram ambos
psicólogos.
A verdade acabou vindo a tona pra eles da minha própria boca, depois disso, o meu
quarto foi minha principal companhia, eu não abria a porta nem para comer.
Havia passado semanas até que eu pudesse encarar os dois novamente, minha mãe
ficava sempre na sombra, preocupada, arranjando um jeito de chegar até mim, mas eu já
tinha sofrido demais e não queria que ela sofresse.
A primeira atitude após minha confirmação dos fatos para Mel e Taylor, foi ir ao
hospital, eu fiz exames de sangue, hemogramas e tudo o mais que eles queriam que eu
fizesse até que eles chegaram pra mim e disseram que incrivelmente, eu estava limpa.
Como 12 anos eu não sabia nada daquilo, apenas presumi que era algo bom, já que
limpa, era uma coisa que eu nunca mais sentiria que estaria em vida.
Uma vez Charles Bukowski disse que ‘’nós sempre estamos maduros e prontos para
sermos levados’’ e eu acreditei nisso durante um tempo, porque com o passar do
mesmo, você aprende a ser forte e a levantar a cada vez que te derrubam.
Ergui os olhos mais uma vez para o sol que estava se despedindo do céu naquela tarde e
vi que já era hora de voltar pra casa ou então ficaria tarde e eu teria medo de andar por
ai sozinha.
Cheguei em casa abrindo logo a porta do apartamento, tirei minhas sandálias baixinhas
deixando do lado da porta e indo pra cozinha, eram mais ou menos 17:56 da tarde e eu
estava morrendo de fome, já que estava desde do almoço na rua.
Almocei com Dakota que agora morava um andar abaixo do meu junto com Tom, eu
havia ficado muito alegre que eles estivessem por perto e Rob também tinha ficado.
Ele estava sempre aqui comigo agora, nós dormíamos juntos praticamente todas as
noites, menos quando ele tinha hora extra na empresa e quase nunca tínhamos tempo de
nos ver, com os meus trabalhos da faculdade e ele se esforçando entre os estudos e o
trabalho, mas suas ligações e SMS’s eram constantes.
Peguei um macarrão instantâneo no meu armário de cima da pia e esquentei a água para
mim, Robert teria as horas extras hoje e não aparecia por aqui me deixando sentir sua
falta durante todo o tempo.
Ele sempre ligava quando tinha um tempo do trabalho e outras vezes como ele mesmo
dizia: eu te ligo nem que seja direto da sala de reuniões Kris, mas eu ligo.
Logo depois ele me dava aquele sorriso que era só dele e eu retribuía com outro fazendo
ele sorrir ainda mais largamente.
Sorri para o nada involuntariamente colocando o macarrão dentro da panela com a água
e esperei os malditos minutos se passarem, coloquei depois em uma tigela e fui pra sala
colocando no programa da Oprah e assistindo enquanto ela entrevistava os garotos de
uma banda que eu nunca tinha ouvido falar.
Minha campainha tocou e meu coração deu um pulo com a esperança correndo por
minhas veias, limpei minha boca com as mãos me levando de um salto indo pra porta.
- Sei que estava achando que era o Rob, mas sou eu e pode acreditar Kristenzinha, eu
sou muito melhor que ele. – Tom disse rindo de mim enquanto eu revirava os olhos
dando passagem para ele entrar no apartamento.
- Ela está chegando agora do estágio e vai vim direto pra cá, o Rob me ligou e disse pra
você atender o telefone por que ele está te ligando a horas.
Meus olhos se arregalaram e eu fui direto pro meu quarto ouvindo a risada de Tom atrás
de mim, meu celular ainda tocava em cima da cama e eu o peguei rápido.
- Hey.
- Kris. Ainda bem, aconteceu alguma coisa? – ele parecia aliviado em me ouvir, fazendo
um pequeno sorriso brotar em meu rosto.
- Desculpe Rob, almocei com a Dakota e depois fiquei na rua, acabei esquecendo do
celular.
- Sim, acabou de chegar, Dakota também vem pra cá. Vai direto para o campus não é? –
falei já triste de que ele não poderia ficar hoje.
- Na verdade eu já estou no campus baby. Estou indo ai em dois minutos, se você quiser,
é claro.
- Okay amor, não vou demorar, estou levando comida chinesa pra você, frango xadrez. –
sorri, ele sabia de tudo o que eu gostava.
- Obrigada.
- E manda o Tom para de ser folgado e comprar uma pizza, antes que ele durma no seu
sofá. – eu ri acompanhada por ele.
- Eu sei, eu sei, já estou indo comprar a pizza. – Tom disse erguendo as mãos rindo e se
levantando do sofá.
- Como sabe? – perguntei sorrindo pegando a tigela com o macarrão dentro e indo pra
cozinha.
- Ele me ligou antes de vim aqui e por Deus, quem é que come pizza de cogumelo com
abacaxi?
Ele saiu resmungando fechando a porta atrás dele, na certa Robert o pediu pra comprar a
minha pizza com abacaxi e ele estava achando estranho.
Neguei com a cabeça ouvindo o telefone na sala tocar, deixei que a secretária atendesse
antes de pegar o aparelho nas mãos, e fiz muito bem, já que era minha mãe.
- Kris? Kristen, por favor, filha atenda. Estou tão preocupada com você. – ouvi seu
suspiro sentindo meu coração falhar uma batida. – Filha? Eu só quero ouvir sua voz. –
outro silencio e eu senti algo quente e molhado correndo por meu rosto, meus dedos
doendo para pegar o telefone e falar com minha mãe. – Me ligue quando achar que deve
Kristen. Eu amo você.
- Eu também te amo. – resmunguei antes de mais e mais lágrimas saírem pelo meu
rosto, encostei minhas costas na parede da cozinha e deslizei por ela, puxando meus
joelhos para meu peito e me permiti chorar silenciosamente ali.
Chorar por tudo que eu queria naquele momento, e eu queria poder ter coragem de falar
com minha mãe sem sentir vergonha ou raiva de mim.
Queria abraçá-la e contar a ela sobre Robert para que ela pudesse ter uma conversa de
garotas comigo e eu queria nunca ter passado por tudo que eu passei, por que eu poderia
estar com minha mãe agora, em algum lugar de Miami, levando o Rob para que ela
conhecesse.
- Kris? Trouxe a sua comida chinesa ba.. – ele de repente parou e tentei enxugar as
minhas lágrimas o mais rápido que pude enquanto me levantava e tentava sorrir a ele
normalmente.
- Hey. – passei a mão no rosto. – Que bom que trouxe, eu acabei só almoçando por hoje.
– disse me aproximando dele e rezando para que ele não visse meu rosto vermelho, mas
ele estava sério e não sorria pra mim como seria o normal sempre que ele me via.
Seus cabelos de areia estavam molhados indicando que realmente tinha acabado de sair
do campus, sua calça jeans e uma blusa verde de mangas acompanhava as chuteiras que
ele calçava.
Ele suspirou vindo até mim e colocando suas mãos em meu rosto, baixando o olhar para
que ficasse na altura dos meus.
- Sabe que não vou acreditar nisso. Quer, por favor, me dizer o que te fez ficar assim?
Eu não queria falar daquilo, na verdade eu queria apenas que ele me abraçasse e me
deixasse deitar o rosto em seu peito naquele momento.
- Tudo bem. Falamos disso depois. – ele olhou pra mim esperando claramente que eu
concordasse com ele, eu fiz assentindo com a cabeça depois de uns segundos.
E depois do que parecia uma eternidade sem, seus braços me envolveram, circulando
minha cintura e prendendo minha cabeça abaixo de seu queixo.
Fechei os olhos travando os meus próprios braços ao redor de seu corpo apertando meu
rosto em seu peito sentindo o cheiro da camisa verde escuro que ele usava.
- Sabe que pode me contar qualquer coisa Kristen, eu vou ouvir você.
- Eu sei. Obrigada.
Eu quis chorar de novo, mas ele levantou meu queixo com seus dedos, me fazendo
encará-lo.
- Eu vou te ouvir e vou ficar com você. – ele repetiu com os olhos azuis esverdeados me
mostrando a veracidade por trás daquelas palavras, assenti com a cabeça, sem tempo de
responder por que Tom e Dakota entraram no apartamento.
- Hey casal, vimos a porta aberta e entramos. – Dakota disse pra mim enquanto sorria.
- Encontrei com Tom, amor? – ela olhou para a porta, mas Tom já estava sentado no
sofá encarando a caixa de pizza aberta com uma expressão pensativa.
- Estou pensando se essa parada é boa. – ele apontou para a caixa de pizza.
- É uma delicia Tom. – puxei Rob para o sofá e todo mundo se sentou encarando a caixa
assim como Tom.
- Logo vi porque ele quis desse sabor também. – disse revirando os olhos recebendo um
olhar fulminante de Dakota.
- Não deve ser tão ruim amor. – Dakota pegou uma fatia levando a boca.
Robert caiu em uma gargalhada alucinante quando Tom pegou a fatia e fez cara de
vomito ao colocar na boca
- O que Dak?
- Você é alérgico a abacaxi. – ela lembrou tarde demais fazendo Rob rir ainda mais.
- É claro que não Dak, dá onde tirou isso? – ela revirou os olhos tirando a fatia de suas
mãos.
- Deixe de ser idiota Sturridge, você não come abacaxi desde que tinha seis anos e
minha mãe te levou para o hospital cara.
- Oh meu Deus. – ele estava chocado agora fazendo Rob e eu rir ainda mais.
- Tudo bem amor, você só deu uma mordida.
- Exagerado.
A noite se passou mais agradável do que eu pensava, Tom havia ficado levemente
vermelho e havia exagerado nos sintomas, fazendo Dakota perder a cabeça e ficar
irritada com Rob rindo horrores ao meu lado segurando minha mão.
- Mas amor, eu estou morrendo. – ela revirou os olhos saindo do apartamento escorando
Tom em seus ombros, os levei até a porta rindo dos dois.
Fechei a porta rindo e indo até Rob que estava na cozinha arrumando a bagunça que
tínhamos feito.
- Ele está bem não é? – perguntei me aproximando enquanto ele jogava a caixa de pizza
no lixo e ria da minha pergunta.
- Ele está ótimo Kris, mas não vai perder a oportunidade de fazer Dakota ficar mimando
ele a noite inteira.
- Ah sim. – eu ri junto com ele que acabava de limpar a pia e me olhava nos olhos que
estavam sérios agora.
- Não é tão simples. – soltei um sorriso sem humor por baixo do fôlego.
- Há algum motivo para você não querer falar com ela? – seus olhos tão intensos em
mim com tanta emoção que eu tive que desviar os meus.
- Eu não quero falar sobre isso Rob, por favor. – engoli em seco e ele me abraçou.
- Tudo bem.
- Vai ficar aqui não vai? – perguntei abafado contra a sua camisa, me apertando contra
ele.
Me abracei a ele novamente e ficamos ali por muitos minutos até que ele me pegou no
colo sorrindo me levando até o quarto.
Ele me deixou em cima da cama e foi até a cômoda pegar uma calça de pijamas pra
mim junto com uma blusa que ele sabia que eu sempre usava pra dormir, depois pegou a
calça de flanela dele que agora ficava ali também, já que ele sempre ficava por aqui, era
bem mais simples do que dormir de jeans.
Ele entrou no banheiro saindo de lá para se deitar ao meu lado, me puxando para o seu
peito que ainda tinha a blusa verde escura.
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Capítulo 15
Apagar a Luz
‘’Cada qual sabe amar ao seu modo; o modo pouco importa, o essencial é que saiba
amar. ’’
(Machado de Assis)
Estava sozinha quando acordei novamente, rolei pro lado tentando achar o corpo morno
de Robert me abraçando, mais não tinha nada. O edredom grosso e branco estava
enroscado em minha cintura e na minha perna com meu cabelo espalhado por todo meu
rosto.
Meus olhos estavam pesados e sonolentos e com dificuldade de ficar abertos, mas
quando a constatação de que eu estava sozinha me abateu, eu despertei quase de
imediato.
Suspirei indo pra cozinha e pegando uma garrainha de água na geladeira pra mim e me
virei vendo Robert passar pela porta, ele já tinha colocado a jeans e as chuteiras de novo
e trazia dois copos de café da Starbucks.
- Hey.
-Hey baby, achei que ainda estaria dormindo. – ele se aproximou me beijando de leve os
lábios. – Trouxe seu expresso. – sorriu me entregando o copo.
Senti dois dedos sendo colocados em meu queixo levantando minha cabeça e logo seus
olhos intensos estavam queimando nos meus, com seu corpo em minha frente.
- Não fique assim okay?! – assenti com a cabeça e levei meus lábios aos dele.
Mas eu já deveria estar acostumada com as sensações que seu gosto causava em mim.
Não demorou muito para que sua língua pedisse passagem e eu cedesse na mesma hora,
para começarmos uma dança intensa de brigas por território um na boca do outro.
O meu copo de café foi esquecido em algum lugar e eu levei minhas mãos a seu cabelo,
deixei uma em seu queixo o puxando ainda mais pra mim, as mãos grandes de Robert já
apertavam minha cintura e desciam para minha perna que ainda estava com a calça do
pijama.
As coisas começaram a acelerar e o beijo foi ganhando mais forma e muito mais
velocidade, ele parecia estar com fome do meu gosto e eu do dele. A canela com tabaco
me inebriava, me deixando perdida em meus sentidos.
Nossos rostos em uma sincronia perfeita e exata, buscando a melhor inclinação para um
beijo pra lá de delicioso.
Um som bem baixinho saiu direto da minha garganta quando Robert se aproximou mais
apertando meu quadril, espalmando suas mãos ali para logo depois uma delas subir até
meu cabelo, puxando os fios com um pouco mais de força que o normal.
Num impulso incontrolável de tê-lo mais perto, eu cruzei minhas pernas em sua cintura
e foi a vez dele de gemer baixo, o som me enviando calafrios direto na espinha, me
deixando louca por fazê-lo gemer de novo.
Minhas unhas passavam em sua nuca e as mãos dele se infiltraram dentro da minha
blusa, alisando minha cintura, minha barriga e subindo mais, chegando ao meu sutiã.
Gemi baixinho e ele separou nossas bocas para buscar ar, seus olhos vieram aos meus
pedindo permissão para que ele continuasse e sem nenhuma razão dentro de mim, eu
assenti com a cabeça.
Seus lábios quentes desceram por meu pescoço, abocanhando minha pele, dando leves
mordidas me deixando marcada com seus dentes, eu já estava ofegando com todos os
seus toques ferventes e sensuais em meu corpo.
E de repente, eu estava sem blusa, apenas com meu sutiã de renda branco e com a calça
do pijama, ele parou por um minuto me olhando, fiquei com medo.
Esperei pela rejeição quando ele visse as cicatrizes na lateral da minha cintura e engoli
em seco, pronta pra buscar minha blusa que estava caída em algum lugar do chão da
cozinha, mas ele parou minhas mãos e meu corpo antes que eu me libertasse da prisão
de seus braços.
- Você é perfeita.
Ele disse olhando dentro dos meus olhos, engoli em seco de novo encarando os azuis
esverdeados que me olhavam com uma sinceridade absurda.
- Robert...
- Shii, sabe que não vou te forçar a nada Kris. Está tudo bem.
Minha respiração estava ofegante, mas eu não conseguiria continuar com nada, não
agora.
- Me desculpe. – disse envergonhada por ter parado o que estava tão bom.
Ele sorriu pra mim se abaixando e buscando minha blusa me ajudando a colocá-la de
volta, eu não ergui o rosto em nenhum momento com vergonha de olhar pra ele.
Eu estava sendo absurda em não continuar com o que começamos, ele era tão perfeito
comigo que eu não via motivos para não me entregar a ele.
Mas eu sabia que não era medo o que eu sentia, não era medo de me lembrar de coisas
desagradáveis ou mesmo medo dele.
Eu tinha medo da rejeição quando ele visse as cicatrizes e tentasse deduzir por ele
mesmo o que havia acontecido comigo.
De que depois de me ver desse jeito, ele ficasse com ódio por eu não ter contato antes e
saísse de vez da minha vida.
- Olhe pra mim Kris. – continuei olhando para o chão, ele estava imensamente mais
interessante que nunca. Ouvi seu suspiro e senti suas mãos em meu rosto me encarando
calorosamente. – Não fique assim. Já disse que está tudo bem.
- Muito melhor. Agora. – ele me deu um selinho demorado. – Vamos até a praia?
Encontrei Tom e Dakota nas escadas e eles já estão saindo.
Sorri de novo assentindo com a cabeça, mordi os lábios percebendo que minhas pernas
ainda estavam ao redor da cintura dele, ele riu baixo me beijando mais demoradamente,
passando a língua pelo contorno de meus lábios com uma sensualidade infernal antes de
se encontrar com a minha.
Nos separamos ofegantes depois de muitos minutos e eu sai do balcão indo pro meu
quarto trocar de roupa. Peguei um vestido e uma rasteirinha com algumas pedrinhas
brancas em cima e saí de lá ouvindo sua risada na sala em frente a TV.
- The Big Bang Theory? – perguntei sorrindo, ele desligou a TV ainda rindo e chegando
até me mim me dando um beijo na testa.
- Ahaam. – ele sorriu de novo. – Vamos? – seus dedos colocaram uma mexa de meu
cabelo atrás da orelha.
E eu gostava disso.
Ficamos na praia durante toda a parte da manha e a tarde também, almoçamos nas
barracas perto do píer de Santa Monica vendo o parque de diversão em nossa frente.
É claro que Tom não iria perder a oportunidade de fazer uma piada e todo clima era
divertido e descontraído quando estávamos todos juntos.
- Onde está o Sam? – perguntei depois que já voltávamos pra casa.
- Está em Malibu. Vai tocar por lá nesse final de semana.
- Ah sim. – respondi a Rob.
- Tchau casal. – Dakota me disse enquanto subíamos as escadas e ela e Tom iam para o
apartamento deles.
- Pra quê? – perguntei franzindo o cenho. Ele sorriu se aproximando de mim deixando
as mãos em meu rosto.
- Ah sim, não pode estudar aqui? – perguntei mordendo os lábios fazendo ele sorrir mais
ainda.
- Você quer? – disse se abaixando roçando os lábios nos meus, minha cabeça girou e eu
senti meus ossos virarem liquido enquanto eu podia sentir se gosto em minha língua.
- Você sabe que eu quero. – disse em um sussurro antes de lhe beijar de verdade.
Ele correspondeu ao beijo rindo entre ele, apertando minha cintura e me tirando do
chão.
Ele me levou até o que me pareceu ser o sofá e se sentou lá me deixando em seu colo,
sem para de me beijar.
- Não vou demorar então. – disse entre beijos rápidos e leves em meus lábios.
- Tudo bem. – disse a favor, mas minha boca não saiu da sua, ele riu voltando a me
beijar de verdade.
Não foi depois de mais de 20 minutos que eu consegui me soltar dele e deixá-lo ir,
Robert ainda sorria quando saiu do meu apartamento e eu mordia os lábios já sentindo
falta dele.
Entrei no meu banheiro enchendo a banheira com água quente quase até a borda e
deixando que formasse espuma em cima, tirei minha roupa entrando e me sentindo em
casa, eu poderia dormir ali e foi o que acho que fiz por que quando acordei meus dedos
estavam enrugados e a água já estava morna.
Peguei minha toalha me enrolando nela e indo pro quarto, coloquei uma calça de malha
e uma blusa vermelha com um ‘’ I LOVE LA’’ escrito na frente de branco.
Ouvi barulhos na cozinha e antes que meu coração começasse a bater mais rápido por
conta do medo, eu vi a silhueta masculina de Robert no fogão, sorri involuntariamente
vendo ele tentar cozinhar.
- O que está fazendo? – ele se virou pra minha voz sorrindo percebendo que era eu a
falar com ele.
- Dormindo?
- Está tudo bem. – sorri a ele me aproximando. – O que está tentando fazer?
- Macarrão com queijo. – disse rindo baixo apontando para panela de água quente em
cima do fogão.
- Sabe que vou querer experimentar isso não sabe? – falei divertida erguendo as
sobrancelhas.
- Mas é claro que vai. – ele riu de novo enquanto eu me sentava no banco do balcão
colocando a mão no queixo e rindo alegre de suas tentativas de quebrar o macarrão e
cortar o queijo.
- O quê?
- O tempero baby. Você não colocou o tempero. – ele arregalou os olhos correndo para
os armários enquanto eu voltava a rir altamente.
- Pronto. Agora sim. – disse colocando um prato na minha frente, olhei pra ele
desconfiada. – Ora vamos lá Kris. Eu acho que está bom.
- E então?
- Eu nunca cozinhei, você sabe. – ele riu baixo fazendo um prato pra ele e se sentando
do meu lado.
- Isso está bom. Está muito bom Rob. – sorri a ele lhe dando um pequeno beijo nos
lábios.
Nós voltamos a comer divertidos e eu tinha dito a verdade, o macarrão estava ótimo.
- Vai estudar? – perguntei enquanto ele me abraçava por trás deixando seu queixo
apoiado no meu ombro.
- Eu não sei. – seu nariz passou por meu pescoço respirando fundo me deixando
arrepiada. – Você é uma distração e tanto amor.
Eu ri baixo para tentar abafar um gemido que iria sair da minha garganta quando ele
mordeu e puxou o lóbulo da minha orelha.
- Então nós podemos apenas ficar aqui. – me soltei devagar dele sentando no sofá o
puxando pra mim, ele sorriu torto se deitando do meu lado.
Liguei a TV com o controle sentindo os braços de Robert me envolver por trás, suas
mãos entraram por minha blusa se espalmando em minha barriga, meu corpo inteiro se
arrepiou e ele ia tirar as mãos quando eu as segurei no lugar.
Entrelacei nossos dedos por dentro da minha blusa e senti seu sorriso em minha nuca,
sorri também e ficamos vendo o programa de perguntas e respostas da TV.
Me virei pra ficar de frente pra ele enquanto ainda riamos da última resposta errada
dada pelo participante e ele deitou minha cabeça em seu peito, acariciando meus cabelos
e minha cintura com seus movimentos leves enquanto eu me encolhia em seu corpo
quente.
Consegui sentir uma atmosfera diferente ali, ergui o rosto para fitar seus olhos que
agora estavam mais claros e suaves, ou isso fosse apenas minha imaginação, já que eles
continuavam queimando nos meus do mesmo jeito.
A TV já estava desligada e a luz que entrava pela janela da sala era pouca, mas ainda
sim eu conseguia ver suas feições, os traços perfeitamente masculinos, o queixo
quadrado com os olhos me derretendo por dentro.
Deixei uma mão minha no seu rosto, sentindo a barba já feita em minha palma, ele fez o
mesmo movimento que eu, pondo sua mão em meu rosto e fechando os olhos colando
nossas testas.
- Eu preciso te falar uma coisa. – seu hálito bateu direto em meu rosto me deixando
tonta, com a cabeça girando ao sentir a canela com tabaco.
Fiquei calada com meu coração pedindo para sair do peito. Disparado como nunca
esteve antes.
Seu nariz brincou com o meu durante um segundo e meu coração não parava de bater
descontroladamente, minha respiração já estava ofegante e eu conseguia sentir meu
sangue pulsando com mais força.
- Eu amo você.
Eu tinha certeza que tinha ofegado no momento em que as palavras saíram dos lábios
deles, meus olhos se fecharam tentando diminuir o impacto que me causou.
- Eu não quero que fale nada Kristen. – ele beijou minha testa. – Eu só precisava dizer
isso a você. – me deu um beijo no rosto, nas pálpebras. – Só queria que você soubesse
disso. – ele reafirmou beijando meus lábios num carinho tão bom e delicioso que foi
impossível não chorar.
Minhas emoções me arrebentavam por dentro fazendo mais e mais lágrimas caírem, eu
não conseguia mais parar, ele pareceu ter escutado meu silencioso grito de socorro e me
abraçou, me deixando protegida em seus braços grandes e fortes.
Era isso então? Era isso que se sentia quando estava apaixonada?
Era amor.
Eu nunca achei que fosse capaz de fazer alguém se apaixonar por mim, mas ali estava
Robert. Me provando que nada era impossível, dizendo que me amava.
E o mais incrível de tudo isso, era que eu acreditava nele. Eu acreditava no brilho de
seus olhos enquanto eles queimavam nos meus.
Eu o amava.
Meu lado racional gritou pela minha auto-preservação, mas meu coração falou mais
alto.
Pela primeira vez depois de tanto tempo; eu deixei meu coração falar.
- Robert... eu...
- Já disse que não quero que fale nada Kris, se você não sente o mesm...
- Mas eu sinto...
Ele parou a frase no meio do caminho, seus olhos voltaram para os meus com um brilho
diferente de tudo que eu já tinha visto.
Eu respirei fundo, colando nossas testas e deixando minhas mãos novamente em seu
rosto, mais lágrimas caiam pela minha bochecha, mas eu não estava me importando
com nada.
Robert estava ali, com seus braços a minha volta, dizendo tudo que eu sonhei escutar
um dia.
- Obrigada. Obrigada por isso Rob. Você está me dando mais do que pensa que
realmente está. – prendi um soluço na garganta falando com minha voz embargada de
lágrimas e emoções conflitantes e intensas dentro de mim.
- Eu quero te dar tudo Kristen. Eu vou te dar tudo.
- Eu amo você.
Me agarrei a ele que me envolveu com rapidez com um sorriso mais que iluminado nos
lábios, ele era um reflexo do meu.
- Eu te amo. – ele beijava meu rosto, secando o rastro de lágrimas que ainda existia ali,
até que seus lábios me tomaram.
Ele e seu gosto perfeito me inebriaram até que eu me senti tonta e sem ar.
- Eu tenho que deixar você respirar de vez em quando. – ele disse divertido sem soltar o
rosto do meu.
- Tente se lembrar disso depois Pattz. – ele sorriu, alegre e iluminado. Ou então apenas
perfeito, como ele era.
Não pensei muito antes de colar meus lábios nos dele outra vez.
Mais tarde naquela noite enquanto eu dormia sobre seu peito, com um sorriso se
fazendo em meu rosto, eu pude finalmente responder a pergunta que rondava minha
mente.
Apagar a Luz
Quem foi o ser inteligente que tinha inventado o despertador afinal de contas?
Levantei meu rosto arrasado por ter sido acordada pelo som estridente daquela porcaria
que chamavam de alarme.
Bufei, passando a mão no cabelo e olhando pela minha cama – que estava vazia –
apenas para ficar mais irritada.
- Fuck!
É claro que ele não era tão confortável ou confortante quanto um certo par de braços
fortes e longos ao qual eu já estava acostumada, afinal, já tínhamos quase seis meses
que estávamos juntos e que há muito, nós já dormíamos todos os dias aqui.
Minha mãe ainda me ligava constantemente, junto com Taylor que agora pareceu querer
me encher o saco para saber como Robert estava se comportando comigo; mas eu ficava
feliz por ter noticias do bebê dele e de Mel, que já estava com uma barriga enorme de
sete meses pelo que ele me enviou por e-mail.
Eu me lembro de ter ficado horas e mais horas em frente a tela do computador,
imaginando como deveriaser a sensação de estar grávida do homem que se amava.
Pela expressão no rosto de Melanie, deveria ser a coisa mais especial e importante que
acontecia na vida de uma mulher.
Eu tinha fechado a página da internet antes que meus olhos enchessem de lágrimas e
afundado a parte masoquista do meu ser para o fundo da minha mente.
Depois de longos três dias em que ele estava apenas trabalhando e estudando, eu o
veria.
Parecia uma eternidade, apesar dele nunca ter deixado de me ligar ou me mandar
SMS’s. Ainda sim, eu tinha uma necessidade quase gritante de vê-lo, a ele e a seu
sorriso.
Coloquei uma jeans clara skinny de strech e um par de sapatilhas, com uma T-shirt
branca que tinha o desenho de um urso panda muito fofo na frente.
Prendi meu cabelo em uma trança que acabou ficando mais longa do que eu previra e
sai do apartamento com minha bolsa no ombro.
Esperei um táxi parar no meio fio para que eu entrasse dando a ele a direção da
faculdade.
Meu telefone começou a tocar dentro do bolso da minha jeans e eu atendi vendo o toque
personalizado de quando Robert me ligava.
Senti que ele sorria do outro lado e apressei o passo até o refeitório, entrei pelas portas
duplas começando a procurar entre a quantidade absurda de estudantes que estavam ali.
Olhei pra minha esquerda quase achando que estava vendo uma miragem quando o
inglês dos meus sonhos estava vindo em minha direção. O cabelo de areia na sua atual
bagunça charmosa, com uma jeans escura e uma blusa verde escura de botões.
Mordi os lábios esperando que ele se aproximasse mais, se eu desse um passo, era
provável que eu me jogasse nele no minuto seguinte.
Seu cheiro me inundou quase no mesmo instante em que seus lábios tocaram minha
testa, controlei meus dedos para que não se crispassem em sua camisa o puxando para
mais perto de mim.
Lutei contra meu corpo que queria ficar na ponta dos pés para alcançar sua boca perfeita
de encontro a minha.
- Eu também senti sua falta. – mordi os lábios de novo fazendo ele rir baixo.
- Vem. – ele me puxou com ele me abraçando pela cintura até a mesa que estava com
Tom e Dakota e que também estava Nina.
- Hey Tom, Dak. – beijei o rosto dela dando um abraço em Tom,morávamos no mesmo
prédio, mas eu os via mais era aqui na faculdade.
- Então qual é a boa? – ele perguntou enquanto Rob me puxava pra ele dando um beijo
em meu rosto rindo. – Você não poderia largar ela por um minuto? Estou tentando
manter uma conversa aqui. – Tom disse se fazendo de indignado, Rob ria altamente já.
- Idiota, eu não vou largar minha namorada só porque você brigou com a sua Sturridge.
– ele respondeu divertido apertando ainda mais meu corpo.
Dakota soltou, mas ela estava divertida, estava apenas tentando – assim como Tom –
não perder a oportunidade de ser mimada, eu acompanhei Robert nos risos.
- Claro.
Me levantei e me despedi de Tom e Dakota que ainda fazia doce para não perdoar Tom.
- Ela é namorada do Tom amor, com certeza ela conhece meus pais. Tom a apresentou
pra eles quando começaram a namorar.
- E ... – ele parou em frente a minha sala se escorando na porta, sorrindo torto pra mim
me deixando perdida por um momento. – Você também os conhecerá..se aceitar ir pra
Londres comigo no final do ano.
Suas mãos colocaram uma mexa do meu cabelo atrás da minha orelha e eu fingi que não
vi a quantidade de garotas que nos encaravam com expressões de choque e surpresa no
rosto.
- como? – eu acho que não tinha entendido muito bem a fala dele.
- Quer ir pra Londres comigo no final do ano? Serão apenas cinco dias e teremos o
feriado de primeiro de janeiro, não vamos perder nada da faculdade.
- Oh..eu não..
- Não precisa responder agora, você sabe. – ele sorriu de novo me dando um beijo na
testa antes de se virar e começar a andar pelos corredores de forma rápida para chegar a
tempo para sua primeira aula.
Levei dois segundos para perceber que ainda estava parada estática na porta da sala.
Certo.
Por que existiam milhões de motivos para eles não gostarem de mim.
Dito e feito.
As aulas passaram como um borrão lento e demorado na minha frente, eu via apenas s
professores entrando e saindo vez ou outra, escutava as conversas paralelas e estava até
vendo alguns olhares – femininos – serem direcionados a mim.
Cheguei até lá e fiquei o esperando sentando em um dos bancos que tinham na frente
algumas estátuas com o símbolo da universidade.
Peguei uma garrafinha de água da minha bolsa e meu livro de Jane Austen que eu estava
lendo. Abri na página que eu tinha parado e comecei a ler enquanto esperava por ele.
- Ele é perfeito não é? – me assustei com a voz estridente acima de mim fazendo sombra
bem em cima do me livro, me segurei para não revirar os olhos ou bufar irritada para a
voz e a presença de Nina.
- Depende do que está falando. – nem olhei pra ela, não perderia meu tempo. Jane
Austen e Mr.Darcy tinha mais o que me ensinar do que uma garota com ciúmes de um
cara que nunca fora nada dela.
- Você sabe do que estou falando. – ela se sentou ao meu lado, eu continuei olhando pro
meu livro e bebendo minha água, ela iria embora logo não ia? Suspirei. – Estou falando
do Robert. – ela apontou aleatoriamente. Humpf, como se eu não soubesse.
- Eu não sei. Me diz você que parece tão intima dele. – soltei um sorriso de ironia em
sua direção.
- Oh sim, nós somos íntimos. Muito íntimos. – ela mordeu os lábios olhando para o
nada.
- Mas é claro que são. – virei a página do livro, lamentando que minha água tinha
acabado e ficando com preguiça de pegar mais.
- Talvez ele já tenha feito isso com você Nina. – sorri pra ela já me cansando daquela
conversa. – Mas mentiras é uma coisa que não existe entre mim e Robert.
- Claro, claro. Qual o objetivo dessa conversa mesmo Nina? Ainda não entendi a sua.
- Ela não tem motivo nenhum Kristen. – me virei na voz de Robert que estava atrás de
mim, o sol me atrapalhava de ver um pouco seu rosto, mais ainda sim conseguia definir
suas feições, e ele não estava alegre com aquela conversa, assim como eu.
- Olá Robert. – ela sorriu brilhantemente pra ele e eu a olhei com consternação.
- Nada demais. – sorri a ele ficando na ponta dos pés para lhe chegar aos lábios, mas
nem isso era suficiente, ele teve que se abaixar um pouco segurando minha cintura com
seus braços por causa do café e me beijando pacientemente. – Vamos pra casa? –
perguntei depois de um tempo.
Ele me passou o copo de café com expresso sorrindo e me enlaçando pela cintura
enquanto íamos a pé para a rua.
- Tenho que ir à empresa agora, mas não devo demorar, eu esqueci de pegar uns
relatórios de valores e preciso deles. – mordi os lábios.
- Okaay então.
- Vou te deixar em casa e depois volto aqui rápido, vou à empresa e volto pra sua casa.
Fomos andando conversando sobre as aulas e ele me contou do trabalho, como estava e
que teria muitas chances de continuar na empresa, eu fiquei muito feliz e orgulhosa
dele.
- Entregue. – falou divertido me beijando de verdade, com suas mãos puxando meus
fios de cabelo e seu corpo totalmente grudado ao meu.
- Até mais tarde. – lhe dei um selinho.
- Eu já volto.
Entrei pela portaria sentindo que ele ainda me observava para só depois virar e caminhar
de volta para o campus.
Minha cabeça começou a doer no instante que eu coloquei meus pés dentro do meu
apartamento, gemi irritada indo direto pro banheiro e buscando um remédio para aquela
dor infernal que fazia minha cabeça latejar.
- Merda.
Bufei, voltando meus passos para cozinha pra pegar uma garrafinha de água na
geladeira.
Ela me parecia tão real que eu me virei horrorizada para a direção que saia o som.
- Kristen, todos nós estamos preocupados com você, querida. Atenda ao telefone e pare
de preocupar a sua mãe. Ela anda chorando muito e você sabe que eu, como marido
dela, odeio ver ela desse jeito. Então ligue pra ela, está bem gracinha? Não quer que eu
volte a telefonar de novo quer? Você não gostaria se eu o fizesse, Kristen.
Algo que eu achei ser o pânico começava a me invadir, engoli em seco o excesso de
saliva que minha boca estava produzindo e me senti doente.
Meus estomago se embrulhou, fazendo com que tudo que tinha comido hoje durante
todo o dia fosse parar no chão já que eu não tive coragem de me mexer para chegar até a
pia.
Soluços.
Soluços fortes e horríveis irradiavam do meu peito e era o único som no meu
apartamento.
Aquilo não podia estar acontecendo, ele não podia estar me ligando, não podia.
Deixei-me cair no chão puxando meus joelhos em meu peito numa tentativa inútil de
não me quebrar, as lágrimas caiam e caiam por meu rosto com as lembranças vindo com
força em minha mente.
- NÃO. – era Dorothy quem falou se colocando em minha frente, me protegendo com
seu corpo. – Ela é apenas uma criança, não façam isso com ela...comigo...façam
comigo..não com ela.
Eu comecei a chorar, eu sabia o que eles iriam fazer com ela, foi com o seu choro que
eu acordei na última manhã antes de ser colocada nesse caminhão frio.
Um homem diferente e mais velho estava por cima dela enquanto ela chorava, ele ria e
eu chorei junto com ela ao ver que ela estava sofrendo.
Dorothy era muito mais velha que eu ou a Ash e tinha mais coragem que muito homem
que eu já havia visto com meu pai.
Eles queriam fazer comigo o mesmo que fizeram com ela, eu comecei a chorar ainda
mais me agarrando a blusa de Dorothy.
Meu papai já devia ter chegado de viagem, mas então onde ele estava que não veio
atrás de mim?
- Você terá a criança Sr.Wood. Não se preocupe com isso. Estamos liberados na
próxima guarda? Vamos passar pela fronteira ainda hoje.
- A guarda não será problema se a menina for delicada comigo. – ele sorriu.
Eu não gostei de ver o sorriso nele.
O moço alto subiu no caminhão pegando a Ash e o Aaron pelo cabelo os puxando pra
fora de lá, meu corpo começou a tremer e a ficar gelado.
- Por favor, por favor. Não faça isso com ela. – Dorothy chorava em minha frente.
A última coisa que senti antes do horror e do pânico, foram suas mãos retirando minha
saia pela força de seu braço.
Tenente Brian Wood e sua crueldade sem limites, foi o primeiro a me lançar naquele
mundo de horror e pesadelos do qual eu vivia.
Era por isso que eu não falava com ela, para que ela não sofresse em dobro pelo meu
passado.
O maldito a fazia feliz, ele ainda conseguia fazer alguém feliz, quando tinha roubado
tudo que eu tinha com apenas nove anos.
Eu ainda fiquei ali alguns minutos me contorcendo em dores que talvez jamais
passariam, até que eu me lembrei do meu motivo pra sair dali.
Robert.
Meu sonho.
Me levantei de um salto ignorando os soluços que machucavam meu peito, fui direto
para meu quarto, minha banheira e me lavei.
Esfregando-me com tanta força que mais um pouco sairia sangue de minha pele, mas eu
estava suja, tinha que limpar aquilo de alguma forma.
Tomei mais três banhos naquele final de tarde, eu arranquei meu telefone e todos os
seus fios da tomada o guardando no fundo do armário da área de serviço, limpei a
cozinha para tomar outro banho depois.
Deitei em minha cama me sentindo mais composta e bem, ainda me abraçava, mais já
estava muito melhor.
Robert.
Robert.
O sorriso, os cabelos de areia, o toque macio e carinhoso de suas mãos, sua voz
sussurrando que me amava.
Me amava.
Robert me amava.
Limpei meu rosto rapidamente, jogando uma água na cara e sai do meu banheiro
praticamente correndo ao ouvi a sua voz me chamando pelo apartamento.
- Kristen?
Ele sorriu se aproximando e me enviando uma paz que só ele era capaz de me
proporcionar.
Meus pés saíram do chão quando ele me abraçou apertado, afundando o rosto em meu
pescoço e respirando na minha pele, para logo depois seus olhos virem sob os meus.
- Eu te amo.
- Eu também te amo. – disse depois de enlaçar sua nuca com meus braços.
E quando sua língua se enroscava com a minha daquele jeito e suas mãos me apertavam
com carinho e habilidade era que eu via que não existia nada melhor no mundo.
- Huum...
- Eu vou.
Seu sorriso foi o bastante para iluminar qualquer rastro de tristeza ou dor que havia em
mim naquele dia.
beeijos
Apagar a Luz
Relaxar.
Já havia tomado a decisão e não iria voltar a trás, por que eu queria aquilo.
Não deixaria mais nada pra depois.
Eu só precisava me controlar.
Parei de andar de um lado para o outro na minha cozinha e fui pra sala tentar me distrair
com a TV que agora passava Friends.
Fiquei sentada, não conseguiria deitar estando tão energética como estava hoje.
Nervosismo porque eu nunca fizera aquilo antes. Não com a minha vontade pelo menos.
Coloquei minhas mãos em minha cabeça e a abaixei, eu não devia me sentir assim, era
para ser algo normal e eu sentia que faltava alguma coisa.
- Kris? ? a voz de Robert ecoou pelo apartamento assim que ele entrou pela porta da
sala.
Seu sorriso perfeito e torto ao me ver ali no sofá e ele se aproximou de mim.
- Hey. ? ergui o rosto para receber seu beijo, controlando o tremor em minhas mãos.
- Hey baby. O que houve? ? perguntou se sentando ao meu lado e me puxando para seu
colo; eu fiquei de frente pra ele, com uma perna em cada lado de seu corpo, suas mãos
em minha coxa e na minha cintura enquanto eu olhava para os botões de sua camisa
xadrez azul.
- Tomou mesmo? ? colocou uma mexa do meu cabelo pra trás da orelha sorrindo, eu
adorava quando ele se preocupava comigo.
- Sim, já tomei. ? sorri confiante pra ele.
- Então okay. Eu tenho uma proposta pra te fazer... ? ele sorria travesso agora, com mais
uma pitada de expectativa que não consegui adivinhar por que.
- Proposta?
- Eu estou comprando um apartamento. Estive olhando algumas coisas, mas quero que
você venha comigo.
- Claro que eu vou com você, mas por que todo esse mistério? ? ri baixo não entendendo
onde ele queria chegar.
- Não está entendendo Kris. Quero que você venha comigo. Quero que more comigo. ?
ele não estava mais brincando.
Era sério. Seus olhos que queimavam nos meus eram apelativos, me implorando por
uma resposta positiva.
- Kristen?
Devo ter ficado muito tempo sem responder para que ele estivesse me chamando agora.
- Haam?
- Robert eu... não... sei...eu... ? parei de falar, minha garganta estava travando e eu voltei
meus olhos para o dele que continuava a me encarar intensamente.
- Kris, nós praticamente moramos juntos. ? seus braços me apertavam mais forte, como
se tivesse medo de que eu me afastasse, mas eu não iria fazer isso. ? Você está usando
minhas roupas. ? ele apontou divertido, mordi os lábios constatando que estava
realmente vestindo uma de suas blusas, eu riria disso se nossa conversa não fosse séria.
Nós praticamente morávamos juntos. E qual motivo para não fazê-lo totalmente?
- Porque você não vem pra cá? ? perguntei hesitante, mordendo os lábios.
- Por que aqui é o seu apartamento. Eu quero uma coisa nossa. ? disse enfático para logo
depois suspirar. ? Quero que fique comigo Kris, não quero ter que sentir sua falta
quando chegar em casa e não poder te ver durante dias. Estou odiando dormir sem você.
Mais uma vez seu sorriso iluminou meu dia, me dando a paz que eu precisava para me
acalmar e fazer relaxar, deixando a coragem fluir pelas minhas veias.
- Amanhã eu vou te levar lá, pra você conhecer. ? ele disse em cima de mim, com seus
braços me apertando pela cintura.
- Sim, bom...eu queria te fazer uma surpresa. ? ele riu beijando meu rosto inteiro. ?
Acho que você vai gostar.
- Tenho certeza que sim. ? eu sorri sendo calada logo depois pelos seus beijos.
Perdemos a noção do tempo e acabamos ficando naquele sofá durante toda a tarde e a
noite também.
Pedimos uma pizza que agora ele também comia de cogumelos com abacaxi e passamos
o resto da noite assistindo Oprah e The Big Bang Theory.
Dormimos abraçados como sempre e eu sonhei imaginando como seria acordar e
adormecer todos os dias com ele e seus braços a minha volta, o corpo morno e
aconchegante me protegendo...
---
- Hey.
- Hey baby. ? ele me deu um beijo enquanto sentávamo-nos à mesa do refeitório da
universidade.
- Onde está Dakota e Tom?
- Eles têm aula extra hoje.
- Ah sim, e vamos que horas no apartamento? ? ele sorriu com minha animação me
puxando mais pra perto dele.
- Depois da sua última aula, vou te esperar no pátio externo.
- Okay. ? ele bebeu do meu copo de expresso e ficamos conversando até o horário das
nossas próximas aulas e ele me levou até minha sala.
- Até daqui a pouco.
- Até. ? eu disse antes de receber seu beijo leve em meus lábios.
Entrei na sala subindo os degraus da arquibancada para chegar até minha cadeira.
E foi como sempre. Aulas e aulas e mais aulas.
A única que prendeu minha atenção hoje foi a de porcentagem, que era uma das quais
eu mais gostava de estudar. Odiava as aulas de gráficos e barras.
Eram coisas demais e detalhes demais.
A matemática era puro detalhe no final das contas.
Praticamente disparei pela porta e pelos corredores da faculdade quando a última aula
acabou, as pessoas passavam por mim sem nem eu ver os rosto direito. Não que eu me
importasse realmente.
Eu estava mais do que animada para me mudar com Robert.
Nós iríamos morar juntos, ficar juntos e viver junto.
Tudo me dava apenas certeza do que eu queria fazer.
- Cheguei. ? disse em seu ouvido, ele estava de costas pra mim e me esperando no
mesmo lugar que eu estava ontem.
- Hey baby. Vamos? ? perguntou me beijando os lábios.
- Vamos. ? eu saí puxando sua mão até o meio fio da rua ouvindo sua risada.
- Não sabia que você iria ficar tão animada assim.
- É claro que eu estou animada.
Ele riu de novo passando suas mãos em meu cabelo, me dando um beijo ali.
Fez sinal para um táxi e quando o mesmo parou, ele abriu a porta pra mim e depois
disse o endereço do lugar para o taxista.
- É perto da praia?
- Não vou te falar nada. ? ele sorriu pegando um cigarro em seu bolso e me oferecendo
um.
- Isso não é justo, por que não posso saber onde é?
- Por que é uma surpresa e você está muito curiosa. ? ele riu encostando-se ao banco do
taxi e me puxando pra ele.
Demoramos uns 30 minutos para chegarmos ao lugar que era realmente perto da praia,
devíamos estar apenas há umas três ruas de lá, eu conseguia sentir o cheiro da maresia
me acalmando e me deixando sonolenta.
- Chegamos, venha. ? ele pagou o táxi começando a me puxar pela mão, eu sorri
acompanhando ele até dentro do prédio.
- Em qual andar? ? perguntei quando paramos em frente ao elevador.
- trigésimo sétimo. Têm apenas 40 andares aqui, você vai gostar da vista. ? ele sorriu
pra mim e entramos no elevador.
Eu estava ficando impaciente, queria logo entrar no apartamento e ver aonde nós
iríamos viver.
- É aqui. ? ele puxou minha cintura para o lado esquerdo do corredor, chegamos em uma
porta grande e branca. ? Preparada?
- Anda logo. ? ele riu divertido abrindo a porta pra mim.
Eu não acreditei enquanto passava pela porta.
Era lindo e tão parecido com a gente.
Não era grande, mas era espaçoso e as cores em tons de castanhos davam um ar de
aconchego e conforto.
A lareira branca no meio da parede também devia contribuir pra isso.
Uma TV ficava em cima dela, dando o toque de modernidade do qual gostávamos.
Uma grande janela de vidro fazia um contraste perfeito com tudo e a vista era...
...Era sem palavras.
Me aproximei dela colocando minha mão no vidro olhando a imensidão de Los Angeles
e da praia, eu podia ver a maior parte da cidade daqui de cima, uma visão incrível e
inesquecível.
- Gostou? ? os braços longos de Robert me abraçaram por trás, apoiando seu queixo em
meu ombro. ? Nós podemos ver outros se você quiser.
- É perfeito Rob. Obrigada. É..tão parecido com você... é
quente...acolhedor..confortante.
- Não sei, achei que seria bom ter quartos sobrando. ? ele sorriu dando de ombro, abriu
uma porta. ? Este é o nosso quarto.
Era lindo, não, era muito mais que lindo, era perfeito, assim como Robert.
A cama grande com o edredom branco e castanho por cima, os travesseiros que até de
longe eu podia sentir a maciez, um quadro bonito pendurado acima com as luminárias
nas duas mesinhas de cabeceira.
E mais uma vez, uma parede de vidro na lateral, com as cortinas tampando um pouco
agora.
Uma porta no outro lado me indicava o banheiro, caminhei até lá abrindo para ver outra
maravilha.
Uma banheira redonda e espaçosa estava na parede de frente para a pia e para uma outra
ducha, os quadriculados em leves camadas de tom de laranja davam aquele toque
familiar que era incrível.
- Mas eu não escolhi nada amor, deixei para você ver, se quiser mudar alguma coisa...
E isso não tinha nada haver com o apartamento, não em todo pelo menos.
Olhei em seus olhos erguendo meu rosto, que ainda sim batia abaixo de seu peito,
constatei que ele estava realmente sorrindo e fiz disso meu próprio reflexo, ficando na
ponta dos pés e fechando os olhos. Nossos lábios se encontraram com um gosto
diferente naquele final de tarde de Los Angeles, como se estivéssemos ali a muito tempo
e nunca nos cansássemos de receber o gosto do outro.Minhas mãos se fechando em
punho nos fios de areia dourada e os braços que eu tanto ansiava se passaram pelo meu
corpo, me apertando contra ele.
E eu estava em casa.
Com uma felicidade sem limites reverberando dentro de mim eu pude constatar que se
aquilo não fosse amor, nada mais seria e quando minhas mãos desceram em peito
abrindo os botões de sua camisa, nenhum de nós dois teve dúvidas sobre aquele
momento.
Era o momento perfeito com a pessoa perfeita e nada poderia se comparar ao modo que
Robert me abraça com a força de seus braços e seus dedos se cravando em minha pele
por debaixo da minha blusa e nossos gemidos eram as únicas coisas que preenchiam o
silêncio delicioso do lugar.
Nosso lugar.
- Kristen...
- Eu quero Rob. ? disse ofegante sentindo seus dentes me arranhando o pescoço. ? Eu
quero você.
Não foi necessário falarmos muito depois disso, seu gemido em meu ouvido foi o
suficiente para ter mais absoluta certeza das coisas que estávamos fazendo e que eu
estava vivendo com ele.
Senti a sua excitação enquanto ele me devorava com mais um beijo e retirava minha
blusa por cima da minha cabeça, eu pensei que sentiria o medo da rejeição, mas isso não
aconteceu, me deixando mais relaxada ao perceber que ele delineava as marcas em
minhas costas com um carinho tão grande que eu tinha vontade de chorar.
E só então percebi que tínhamos caminhado, minha perna bateu no colchão da cama,
mas ele me impediu de me deitar, me buscando em seu colo e me posicionando no meio
do edredom macio e branco, com os seus olhos pregados nos meus, fazendo uma
emoção diferente rolar por meu organismo, junto com a pressão que eu já sentia em
baixo ventre quando ele se deitou por cima de mim.
Minhas mãos trêmulas terminaram de tirar sua blusa e como eu não usava sutiã aquele
dia, seus lábios facilmente encontraram o caminho até, abocanhando meus seios em sua
boca, brincando com o mamilo entre seus dentes e me fazendo perder o pouco de
sanidade que talvez ainda me restasse. E ele foi descendo... e descendo...
Retirando minha calça, beijando minha perna até o dedão do meu pé, onde ele também
mordeu passando sua língua e fazendo um gemido alto ecoar pelo quarto, saído direto
da minha garganta.
Mas foi quando ele me beijou por cima da calcinha, que eu cravei minhas unhas no
edredom, tentando a qualquer custo, achar um ponto de equilíbrio para a o calor
efervescente que transpassava do seu corpo direto para o meu, atingindo em cheio as
minhas terminações nervosas.
Habilidosa e experiente.
Com o fogo se alastrando e eu sentindo o suor dele quando tinha minhas mãos travadas
em seus fios de cabelo.
- Robert...
Consegui balbuciar depois de um segundo que ele retirou sua língua de lá e voltou me
beijando o umbigo, mordendo minha barriga e meus seios para logo depois de encontrar
com minha boca. As línguas se enroscando com pressa e carinho, sua mão na minha
cintura enquanto a outra alisava minha bochecha, retirando algo molhado dali.
Minhas lágrimas de emoção, por ele estar me fazendo dele.
E eu o recebi em meu corpo, quente e abrasador, com um prazer infinito que estava
alimentando o fogo por todos os meus poros, se expandindo numa velocidade incrível
para cada célula existente em mim a cada vez que ele se movimentava.
Sem nunca desconectar nossas bocas e nossos gostos que se mesclavam em um só,
nossos cheiros se tornando único enquanto eu cruzava minhas pernas no seu quadril o
ajudando com as investidas.
Os gemidos eram abafados por nossas línguas e nossos pulmões gritando por um pouco
de ar.
O suor quase pingava da minha testa e o prazer me sufocando a Cada segundo que ele
aumentava a velocidade de suas estocadas dentro de mim.
Um gemido alto de ambas as partes se fez presente e eu recebi seu corpo em cima do
meu, com seus olhos me encarando...
E ele me acolheu em seus braços e palavra nenhuma mais foi dita, não precisávamos,
entendíamos corretamente tudo o que o outro queria dizer.
A gente se amava.
Capítulo 18
Apagar a Luz
‘’É difícil não gostar de um homem que não apenas nota ás cores, mas fala delas’’
(Markus Zusak)
- Acorda.
Sorri em meio ao sonho. Eu ouvia levemente a voz de Robert misturado com o som da
praia que estava abaixo de nos, naquela nuvem.
- Amor? – em vez de apenas a voz, eu agora sentia seus beijos, em meu ombro...meu
braço...minha nuca... – Kris?
- Baby?
A voz dele também não era apenas minha imaginação. Nem os seus beijos.
- Huum. – resmunguei sonolenta querendo voltar a dormir com seu corpo colado no
meu, me deixando aconchegada e aninhada em seu peito.
- Acorde amor.
- Eu não quero ir pra faculdade... – ouvi seu riso baixo direto em minha nuca, me
causando arrepios.
- Não estou com fome. – choraminguei me agarrando ao travesseiro macio que tinha o
cheiro dele.
Apesar de minhas pupilas estarem pesadas e loucas por uma noite de sono inteira, eu
abri meus olhos, encontrando a vista da praia e da cidade de Los Angeles em minha
frente, pela visão da parede de vidro.
- Bom dia.
É claro que eu tinha que comer alguma coisa, eu só tinha almoçado ontem e a nossa
noite tinha sido perfeita e intensa demais para que parássemos, para pensar em coisas
banais como comida.
Sorri involuntariamente, já sentindo falta de ter o corpo dele em cima do meu como
estivera por tantas vezes durante a madrugada.
- O que quer comer? Eu trouxe seu expresso. – ele disse me entregando um copo da
Starbucks.
- Você saiu? – perguntei franzindo o cenho notando que ele já estava vestido, com a
roupa de ontem, mas estava.
- Sim. – ele suspirou. – Eu tenho que trabalhar. – nem ele e nem eu estávamos felizes
com aquilo, mas eu entendia.
- Pode ficar e dormir um pouco mais, eu trago roupa pra você e nós podemos deixar a
mudança para amanhã.
- Mas eu tenho mesmo que ir, não posso faltar hoje. – disse suspirando e bebendo meu
café. – Tenho revisão de teste.
Bebi o restante do meu café, percebendo só agora que estava sentada na cama apenas
com o edredom em volta de mim, eu quis rir ainda mais com aquilo.
Ele gritou do que eu achei ser a cozinha, já que os únicos cômodos que eu tinha visto
foram à sala e nosso quarto.
Olhei a chave e vi que tinha um chaveirinhode all star colorido escrito ‘’Kristen’’ ao
redor deles, sorri de novo.
- Obrigada. – lhe disse quando ele entrou em campo de visão, recebendo seu sorriso e
seu abraço em minha cintura.
Ele trancou o apartamento e seguimos de mãos dadas até o elevador e de lá para a rua já
chamando um taxi.
- Vou te deixar em casa. – ele me deu um selinho segurando meu queixo com sua mão
direita. – Depois vou pro campus, passo pra te buscar assim que sair da empresa okay?
- Tudo bem. – ele sorriu brilhantemente pra mim e puxou meu corpo para perto do dele,
deitei minha cabeça em seu ombro e ele a prendeu embaixo de seu queixo, passando as
mãos lentamente por minhas costas.
Ele me deixou na portaria do prédio saindo do taxi, mas pedindo pra que ele esperasse.
- Te busco as sete.
- Kris?
Ele sorriu de novo e me deu mias um beijo na testa, antes de entrar novamente no táxi e
sair indo para o campus.
Eu não iria abandonar o apartamento que meu pai deixou pra mim, eu iria me mudar
para ser feliz e eu viria sempre aqui.
Corri para meu banheiro tomando apenas uma ducha morna, coloquei um all star branco
e uma calça escura skinny, uma blusa branca de mangas e com detalhes de preto na
frente.
O seu jeito de me tratar, me fazendo sentir especial em cada segundo que ele estava
comigo era indescritível.
A sensação do amor dele por mim, de ser amada por alguém tão surpreendente como
Robert, era algo tão surreal...
E lembrar da minha vida, me lembrava dos meu medos, mas o único que eu pensava
agora era: O que Robert deduziu das minhas cicatrizes?
Bom, ele dissera que eu ‘’ era perfeita ’’ mesmo depois de tê-las visto, então ele não
pode ter ficado tão chateado assim. E a forma que ele cuidou de mim e me amou pelo
resto da noite e ainda hoje de manhã, denunciava que se ele achou alguma coisa... não
se importou.
Entrei pelos corredores da faculdade procurando minha sala e entrando direto, vendo
que estava atrasada e que iria me ferrar na revisão.
Sentei-me na minha cadeira habitual e me esforcei em prestar atenção na aula.
Não deu muito certo no final das contas, eu coloquei meu iPod no ouvido na
metade da terceira aula e ele não saiu de lá até sermos liberados.
- Kristenzinha. – ouvi meu nome sendo cantado assim que coloquei os pés no refeitório,
sorri me virando vendo Tom e Dakota vindo em minha direção.
- Hey.
- Claro. – nós seguimos para uma das mesas do refeitório vendo como o movimento de
estudantes ali começava a crescer.
- E então, já se mudaram?
- Sim, ele estava meio indeciso se você iria aceitar ou não. – eu sorri.
- A gente se muda hoje. Temos que pegar minhas coisas no outro apartamento.
- Eu iria dizer para fazermos uma festa, mas acho que não vai rolar. – ela sorriu me
olhando, eu neguei com cabeça divertida. Uma festa certamente não iria rolar mesmo. –
Então, vamos ao pub amanhã à noite?
- É show do Sam.
- Por mim está ótimo, é bo...- minha frase foi interrompida pelo barulho do toque
personalizado do meu celular. – Hey. – respondi atendendo já com um sorriso no rosto.
- Sim. – peguei meu copo de café vendo Tom e Dakota continuando a conversa sobre
amanhã a noite. – Tudo bem no trabalho?
- Ah sim, é show do Sam e Dakota já deve está querendo dar uma festa em nosso
apartamento. – ele riu baixo.
- É, ela está. Mas não vai...por isso vamos no pub. – sorri de volta a ele.
- Tudo bem então. Eu tenho que ir.
- Okay.
- Kris?
- Huum?
- Eu também te amo.
- Eu não sei se é uma boa idéia. Rob não gosta muito de festas assim. – eu disse
indecisa.
- Eu sei, mas não seria apenas pra ele, muita gente se forma nesse fim de ano.
Continuamos conversando e acabamos nos divertindo com Tom ao seu lado contando as
noites de bebedeiras de Londres com os amigos juntos.
As aulas da tarde foram normais, como todas as outras e eu sai de lá no horário de
sempre.
Cheguei em casa sentindo de novo que já começava a ter saudades daquele lugar.
Peguei duas das minhas bolsas de viagem e coloquei todas as minhas roupas lá dentro,
junto com as de Rob que ainda haviam por ali. Coloquei tudo que era meu, meus livros,
a foto de Melanie e Taylor que ficava em cima da minha mesinha de cabeceira, a foto da
minha mãe que eu guardava a sete chaves no fundo da minha gaveta e uma foto minha
de quando criança, abraçada com meu pai.
Joguei tudo dentro da bolsa, sentindo que eu estava começando uma vida nova agora e
que seria eternamente guardada em mim.
Fechei as malas, buscando mais coisas em volta do apartamento, minha escova de dente
e algumas coisas que ficavam pela sala. Joguei tudo dentro de uma outra mala e fechei
também.
- Hey, já pegou suas coisas? – senti seu beijo na lateral do meu pescoço, sorri
involuntariamente.
- É isso que estou vendo. – suspirei. – Acho que não. – sorri de novo.
- Então vamos?
Assenti com a cabeça, ele pegou minhas malas e eu me lembrei de pagar alguém para
dar um jeito na comida que estava ficando na geladeira ou então iria estragar tudo, e eu
não queria que isso acontecesse.
- Espera. – engoli em seco passando pela sala, ele parou me olhando curiosamente.
- O que foi?
- Seria...idiota...se eu dissesse..que vou sentir falta daqui? – perguntei com meu coração
palpitando.
Mas ele sorriu, deixou as malas no chão e segurou meu rosto com as mãos grandes.
Pensei aleatoriamente, de como era bom seu toque em minha pele e me lembrei de
nossa noite segurando um sorriso no rosto.
- Seria idiota, se você não sentisse falta daqui Kristen. É normal que você se sinta assim
amor.
- Eu sei. – ele me abraçou, aninhando meu corpo pequeno ao seu, respirei seu cheiro
bom.
Ele realmente estava ali, junto com seus olhos abrasadores e seu sorriso perfeito.
- Vamos? – pegou uma mexa do meu cabelo a colocando atrás da minha orelha.
E saímos do apartamento.
Apagar a Luz
"Talvez, nós todos damos o melhor de nossos corações, sem questionar para aqueles
que mal pensam em nós. ‘’
(T.H. White)
Sorri sozinha, nós éramos dois desorganizados, eu ainda não sabia como fazia para
ajeitar essa casa todos os dias.
Neguei com a cabeça sorrindo indo em direção a cozinha, finalmente eu tinha conhecido
o resto do apartamento e eu havia adorado a cozinha.
Era simplesmente linda e moderna. Preta e branca, com uma mesa pequena de vidro no
centro e as cadeiras vermelhas.
Entrei abrindo a geladeira e fechando com o pé, tomei uma água e me senti inspirada
para cozinhar...
Mordi os lábios sem saber o que fazer e acabei por escolhendo um estrogonofe de
frango, eu não sabia onde Robert estava, mas com certeza ele não iria demorar.
Cortei o frango em pedacinhos pequeno, meu pé direito estava apoiado na minha perna
esquerda e eu sorria enquanto cozinhava. Segurei na ponta da tábua de cortar e deixei
que o frango caísse na panela fazendo aquele barulhinho gostoso e aquele cheiro
adorável no ar.
- Baby? – era a voz de Robert.
- Na cozinha Rob. – gritei de volta, dois minutos depois ele estava ali, me abraçando por
trás e respirando fundo meu cheiro e o cheiro da comida.
- Onde estava? – ele me deu um beijo no rosto e se sentou em cima do balcão ao meu
lado com seu sorriso inabalável no rosto.
- Cheguei em casa e como você ia demorar um pouco mais, eu fui logo no aeroporto e
reservei nossas passagens.
- Sim, com antecedência é tudo mais fácil. – ele sorriu de novo. Eu assenti com a cabeça
também sorrindo e voltando a prestar atenção na comida.
- Pode pegar o creme de leite ali no armário... eu não vou alcançar de qualquer forma. –
disse revirado os olhos e enchendo um copo grande de água para colocar na comida,
fazendo o caldo do estrogonofe.
- Eu tinha que ter pensado nisso quando comprei o apartamento. – ele estava divertido,
segurei meu riso na boca reparando no que ele estava vestindo.
Uma calça jeans escura, os pés descalços, e a blusa xadrez azul por cima de uma camisa
de mangas pretas.
E ele não tinha idéia em como meu corpo esquentava só de vê-lo tão sexy como ele era.
Foco.
Respirei fundo voltando minha atenção pra comida, coloquei um pouco do caldo
colocando na mão para experimentar.
- Está aqui baby. – ele me passou a caixinha de creme de leite já aberta, sorri pra ele
agradecendo. – Quer ajuda aqui?
- Okay, eu vou tomar um banho...ainda estou com o cheiro do café da empresa. – ele
revirou os olhos e me deu um beijo na têmpora antes de sair da cozinha.
Esperei alguns bons minutos até que o tempero tivesse pegado completamente,
experimentei de novo e vi que estava no ponto certo.
Desliguei o forno e lavei minha mão enxugando no pano de prato.
Entrei logo pela porta o vendo na banheira, mordi os lábios quando ele sorriu pra mim,
com aquele toque charmoso de malicia em seus lábios.
Não pensei em nada mais, levei minhas mãos à barra da minha blusa branca, a tirando
por cima da minha cabeça... mesmo de longe eu pude ouvir seu gemido rouco.
Desabotoei os dois botões da minha jeans, rezando para que meus movimentos saíssem
sensuais, e deslizei a calça pelas minhas pernas.
Eu não tinha mais vergonha de ficar assim na frente dele, minhas cicatrizes agora eram
apenas detalhes, que Robert não parecia se importar, pelo contrário, várias vezes eu já
tinha acordado com seus lábios beijando as marcas em minhas costas.
Seus olhos cerraram e passaram por todo meu corpo, me esquentando...me queimando
por dentro e por fora e eu senti minha cabeça girar.
- Você só pode estar querendo me matar Kristen. – ele disse rouco e suas mãos
dispararam pela minha cintura, apertando meu corpo até que eu estivesse sentada sobre
ele, em seu colo, com minhas pernas em cada lado de seu corpo.
Ele desabotoou meu sutiã branco, o retirando com habilidade, seus lábios macios e
quentes já estavam em meu pescoço, lambendo a pele para logo depois morder, as vezes
forte, as vezes delicado, beijando em seguida para abafar a dor.
Mais eu não sentia dor, eu o sentia excitado demais e queria logo dar um jeito naquilo.
Meu coração palpitava de expectativa, eu queria ser dele de novo, queria que ele me
levasse aquele precipício de um prazer incrível, por que não importava quantas vezes eu
tinha Robert, nunca era o suficiente.
Ajustei meu corpo para se encaixar ao dele completamente ouvindo seu rosnado e o
sentindo em meus seios, meus olhos fechados e minhas mãos espalmadas em sua nuca,
o trazendo cada vez mais pra perto de mim.
- Robert...
Eu já deslizava com facilidade sobre seu corpo com os lábios em seu pescoço, também
beijando e lambendo sentindo seu gosto puro e gostoso em minha boca.
Mordi com força a pele escondida debaixo de sua orelha quando ele parou minha
cintura, forçando seu corpo a se encontrar com o meu.
Escutei meu próprio gemido alto e ele me desceu ao mesmo tempo que seu corpo subiu,
nos encaixando de uma maneira forte e perfeita, seus rosnado em meus seios me
impulsionavam a ir cada vez com mais intensidade, eu já podia sentir as luzes brilhantes
ao meu redor.
Espasmos febris percorriam meu organismo, me arrepiando por inteira, ele puxou meu
cabelo com a mão espalmada em minha nuca, e se movimentou mais vezes dentro de
mim que já começava a ofegar.
- Robert...
Ele mordeu meu pescoço com tanta força que foi o bastante para que eu atingisse o
ápice.
Meu corpo inteiro estremeceu violentamente em cima do dele e eu desabei sobre seu
peito, respirando com dificuldade, ele ainda investiu duas vezes em mim antes de me
acompanhar naquele abismo sufocante de prazer.
Seus braços me circularam e eu tinha agora meu rosto o vão de seu pescoço.
Suas mãos seguraram minha face e ele se inclinou para me beijar, lento e
preguiçosamente, eu adorava beijar Robert, o gosto de sua boca na minha era
indescritível, como um viciado que não suporta ficar sem seu vicio, eu não suportava
ficar sem a língua dele enroscada na minha do jeito que estava, me acariciando e
varrendo minha boca como se fosse a primeira vez que estivesse ali.
Inclinei meu rosto para um melhor encaixe e parti ainda mais meus lábios, espalmando
minhas mãos em seu peito enquanto ele já espalmava as suas em meu cabelo.
Ele lambeu o contorno de meus lábios com uma sensualidade infernal que já começava
a esquentar meu corpo novamente, senti sua excitação e me remexi em seu colo.
- Kristen. – ele rosnou em minha boca, a devorando com ainda mais urgência e fome,
mordendo minha língua e a sugando para dentro da sua, eu gemia alto demais e no
minuto seguinte, seu corpo fazia parte de mim outra vez.
Nossas bocas não se desgrudaram enquanto suas mãos massageavam meus seios ou
deslizava pela minha barriga encontrando meu ponto mais sensível, é claro que nesse
momento eu já gritava enlouquecida pelas sensações embriagantes que ele me causava.
O clímax abrasador e fervente foi apenas a conseqüência do que Robert era capaz de
fazer comigo.
O som de sua risada gostosa se infiltrou em meus ouvidos passando direto para meu
organismo, me alimentando com ela e me saboreando de nossos momentos juntos.
Nos levantamos depois de muito tempo, ele me enxugou com a toalha grande e branca
que tinha no banheiro e até me vestiu, com sua blusa e com uma calcinha no estilo de
short.
- Estou com fome. – eu disse recebendo seus braços em minhas costas enquanto
caminhávamos para a cozinha, ele gargalhou é claro.
Assenti com a cabeça sorrindo vendo ele mexer no fogão e mexendo o estrogonofe, para
depois pegar dois pratos no armário, servindo a ele e a mim.
- Isso ta uma delicia você sabe. – ele elogiava minha comida desde que acreditou que eu
realmente cozinhava.
- Obrigada.
Sorri.
- Eu sei, mas eu preciso disso pra me formar. – eu sorri enxugando minha mão no pano
de prato.
- Você já se deu muito bem por hoje. – eu ri entrando em nosso quarto e o encarando.
Ele se jogou por cima de mim na cama e eu gritei surpresa, rindo contente por ele já
estar comigo de novo.
E deixei pra pensar depois, afinal, ter ele nunca era suficiente pra mim também.
--
Capítulo 20
Capítulo 20
Apagar a Luz
"Não seja ninguém, além de você mesmo, em um mundo que está fazendo seu melhor
noite e dia, para te tornar outra pessoa, esta prestes a lutar a batalha mais difícil que
qualquer ser humano pode lutar e nunca deixa de lutar.”
(E.E. Cummings)
Capítulo 21
Capítulo 21
Apagar a Luz
Quando acordei fazia ainda mais frio, mas o corpo de Robert estava protetoramente se
agarrado ao meu.
Ele tinha o rosto em meu colo e nossas pernas estavam tão entrelaçadas que pareciam
como um nó que nada era capaz de desfazer.
Olhei por sobre o ombro para o relógio de cabeceira e as luzes vermelhas me indicavam
9:33 da manhã.
- Rob? – sussurrei perto do seu ouvido, mas ele apenas se mexeu apertando ainda mais
seu rosto em meu corpo. Sorri largamente acariciando seus fios de areia.
Depois de um tempo vi que ele realmente não iria acordar tão cedo, mas eu não podia
ficar ali o dia inteiro como se fosse uma visita inútil.
Lutei contra a pressão de seu corpo no meu e consegui me levantar depois de muito,
muito tempo, fui com cuidado até o banheiro, pegando uma blusa de Robert cinza e
amarrando na minha cintura onde tinha ficado mais folgada. Coloquei minha jeans e um
all star com as meias grossas.
O casaco enorme por cima ajudou a dispensar a friagem apesar do aquecedor ainda está
ligado. Cobri seu copo com o edredom novamente e sai do quarto com cuidado.
- Oh, bom dia querida. Achei que iria dormir mais.
- Bom dia Clare. – era estranho não tratá-la com o ‘’senhora’’ na frente do sobrenome,
mais era confortável.
- Se bem conheço Rob não vai acordar tão cedo, ainda mais nesse frio. – ela negou com
a cabeça sorrindo me esticando uma xícara com café quente.
- Obrigado. Sim, ele está desmaiado. – eu ri baixo tomando o café. – Em Los Angeles
ele acorda cedo por causa do trabalho.
- Ah sim e você também não é? Por causa da faculdade.
- Isso, eu também. – ela se sentou ao meu lado.
- E como é a vida por lá?
- É agitada, com toda aquela coisa de Hollywood e da Califórnia em si, mas é bem
agradável.
- Imagino que deve ser.
- Sra. Pattinson, obrigada por me receber tão bem aqui. – agradeci sincera.
- É um prazer ter você aqui Kristen, acredite, todos estamos muito felizes por vocês dois
querida. – ela sorriu, o mesmo sorriso de Robert.
- Obrigada. – agradeci de novo.
Nós conversamos e nosso papo fluía livremente, ela me contava das aventuras de Robert
com as irmãs na infância e da cachorra dele, que ele tinha paixão.
- Patty?
- É isso aí, era a Patty. Robert era simplesmente louco com a cachorra dele. Todos nós
éramos na verdade.
Eu sorri, imaginando Rob e as irmãs correndo pelo jardim, brincando, um menino
pequeno com os olhos azuis esverdeados e os cabelos de areia.
- Por que tenho a leve impressão que estão falando de mim? – sua voz de sotaque
inconfundível nos fez virar, dando de cara com ele, que usava as chuteiras normais que
sempre usava mais uma calça jeans e uma blusa xadrez por baixo do casaco.
- Estávamos falando da Patty e venha se sentar e tomar seu café. Estou surpresa que
esteja de pé tão cedo. – ela sorriu dando um beijo na bochecha dele.
- É eu sei. – ele olhou pra mim como se eu tivesse culpa disso, reprimi um sorriso na
boca.
- Bom, tenho que resolver algumas coisas para o jantar de natal, eu volto em alguns
minutos.
Sorrindo, ela deixou a cozinha.
- Qual é o problema em me esperar acordar ou me acordar junto com você?
- Nenhum baby, por quê? – eu estava sendo irônica.
- Odeio acordar sem você Kristen, sabe disso amor. – ele fez uma voz tão manhosa que
eu não outra alternativa, a não ser me levantar da cadeira em que eu estava e passar para
a sua, me sentando em seu colo de lado.
- Me desculpe. – disse sorrindo passando minhas mãos em seu cabelo e nuca, ele
resmungou algo e acabou deitando o rosto em meu pescoço, eu sorri com sua manha. –
Você anda muito mimado.
- Não ando não. – ele resmungou.
Achei que ele tivesse dormido de novo, porque ficou um silencio tão confortável e
gostoso que eu não queria quebrá-lo.
- Acho que e deveria ajudar sua mão com as coisas do jantar de amanhã. – falei baixinho
sem parar o carinho em seu cabelo.
- Não. – disse apenas e eu suspirei.
- Não vou ficar aqui parada Robert, quero ajudar no que eu puder.
- Então venha até o supermercado comigo. Vamos. – ele disse já se levantando.
- Não vai tomar seu Café?
- Nós paramos em algum lugar. – eu peguei meu casaco no cabideiro da sala e Robert o
colocou em mim, me dando um beijo estalado na boca.
- Mãe? – gritou na sala.
- Estou aqui. – ela disse descendo as escadas com o que me pareceu ser enfeite natalino
em suas mãos.
- Onde está a lista de compras para o natal?
- Oh, eu iria mesmo te pedir para sair e comprar. Está em cima da geladeira.
- Okay.
Ele foi para a cozinha e eu ajudei Clare e arrumar as coisas em cima da mesinha de
cabeceira.
- Eu sempre deixo Dakota pra arrumar a arvore, ela que gosta dessas coisas. – eu sorri
me lembrando de Dakota.
- Ela vem no ano-novo.
- É, vai ser bom estar todo mundo aqui, principalmente você querida.
- Obrigada Sra. Pattinson. – sorri sincera, com mais um surto de gratidão por ela.
- Vamos Kris. – a voz de Robert ecoou na sala e Clare me abraçou.
- Pra onde vamos?
- Não é longe, aqui no centro mesmo. – ele me deu um beijo no rosto entrelaçando
nossas mãos que já estavam geladas pelo frio.
Chegamos ao supermercado que realmente não era muito longe da casa dele e fomos às
compras, lembrei do dia em nós dois fomos fazer as compras da nossa casa, Robert não
queria nem saber o que estava sendo comprado, ele apenas jogava tudo no carrinho.
- Isso não está na lista Rob. – apontei sorrindo para as cervejas que ele comprou.
- Vamos continuar as comprar baby. – disse sorrindo depois de revirar os olhos.
- Isso me lembra que faz tempo que não bebo. – divaguei aleatoriamente, na verdade eu
não bebia desde que conheci Robert, a não ser socialmente.
- E isso é ruim? – perguntou rindo baixo.
- Não, na verdade isso é ótimo, eu andava bebendo demais. – sorri de volta pra ele
colocando uma lata de castanhas no carrinho como pedia a lista.
- São duas latas baby e sim, eu me lembro de você beber demais na cabine da biblioteca.
– ele ainda estava rindo baixo.
- Como se fosse só eu. – apontei me fingindo de indignada, ele riu ainda mais se
inclinando sobre o carrinho para me beijar rapidamente.
Continuamos as compras e Robert não me deixou levar nenhuma sacola pra casa, nem
preciso dizer que revirei os olhos pra ele ficando muito irritada.
- Eu não sou inútil.
- É claro que não, mas eu gosto de fazer as coisas pra você. Posso? – perguntou sorrindo
torto na sala da casa dele.
-Se eu disser que não, vai mudar alguma coisa? – eu estava tentando, tentando mesmo,
não me perder naquele sorriso.
- Talvez... – disse evasivo se aproximando cada vez mais de mim, eu já respirava com
dificuldade com seu cheiro me intoxicando.
- Huum... – resmunguei engolindo em seco e com meu coração palpitando de
expectativa pelo seu beijo.
- Algum problema baby?
Cínico. Cafajeste.
Ele sabia muito bem o que me causava, merda.
Controle-se, controle-se.
- Nenhum. – minha voz não era confiante, mas a voz dele já estava me deixando louca.
Aquele sotaque carregado no meu rosto, me fazendo sentir o cheiro de seu hálito de
canela e tabaco.
- Precisa respirar?
Senhor, ele iria me levar à insanidade bem ali, no meio da sala da casa dele, apenas com
seus lábios puxando e mordendo os meus lentamente daquela forma, com suas mãos se
infiltrando com agilidade nos fios do meu cabelo e os puxando delicadamente.
- Huum... – resmunguei de novo crispando meus dedos no seu casaco pra ajudar no meu
nervosismo e a controlar minha expectativa.
- Nós podemos subir... – ele mordeu minha orelha, passando o nariz pelo meu rosto até
chegar na minha boca. – E você me diz o que você quer... – ele não me beijou, apenas
roçou os lábios nos meus me deixando ainda mais acesa.
- Você tem meio segundo para me beijar Pattinson e eu estou falando sério. – coloquei
toda a concentração que eu tinha na minha voz.
E ele, como bom namorado que era, me beijou depois de rir baixo do meu desespero.
Sua língua nem pedia mais passagem por meus lábios, ela já se enroscava com a minha
sem precisar de autorização, abri ainda mais minha boca para lhe dar livre acesso e que
ele tomasse de mim tudo o que podia.
Fiquei na ponta dos pés enquanto suas mãos ainda se enroscavam em meu cabelo,
suspirei letamente em meio ao beijo quando ele mordeu minha língua para logo depois
tomá-la novamente pra si, a sugando, preenchendo minha boca com seu gosto
inigualável e perfeito.
Sua camisa já estava amassada pela força de minhas mãos que a apertavam em punho,
eu estava ficando cada vez mais necessitada dele.
E como um balde de água fria ou facas no meu organismo, eu me lembrei que ainda
estávamos na sala de estar de sua casa e que seus pais ou suas irmãs, chegariam a
qualquer momento, descendo pelas escadas e me encontrando numa posição muito
comprometedora com Robert, já que agora, as mãos dele começavam a levantar minha
blusa.
- Não. – de mais um selinho. – Estamos na sala Rob. – ele resmungou alguma coisa que
eu não entendi e não retirou as mãos da minha pele nem os lábios dos meus. – Rob...
Já estava correndo o risco de me entregar a ele ali mesmo naquela sala.
- Não tem ninguém em casa Kris. – ele desceu os beijos por meu rosto, chegando ao
pescoço e lambendo minha pele com urgência.
- Então vamos pro quarto. – seu rosnado em meu ouvido me dizia que ele havia aceitado
a idéia.
Seus braços travaram na minha cintura como garras me levantando do chão, sem tirar o
rosto do meu pescoço, a barba por fazer me arranhava, me deixando ainda mais viciada
com seus toques quentes e experientes na minha pele.
Não vi muita coisa no caminho até seu quarto, estava ocupada demais em puxar os fios
de areia entre meus dedos e fechar os olhos curtindo a sensação das maravilhas que ele
fazia comigo.
Robert era perfeito.
Em todos os sentidos.
Minhas costas encontraram o edredom de seu quarto e eu arquei-as quando senti o peso
maravilhosamente de seu corpo em cima do meu.
Meu organismo já lutava por oxigênio enquanto ele descia os beijos do meu pescoço
para minha clavícula e depois direto pra minha barriga, mordendo minha cintura tão
forte que eu cheguei a gemer de dor e de prazer ao mesmo tempo.
Suas mãos tão grandes se concentravam em meus seios, os massageando por baixo da
blusa de frio que eu usava e soube que não demoraria muito pra que ele a tivesse
arrancando.
E realmente não demorou, meio segundo depois ele a rasgou no meio, sim, ele rasgou,
para logo em seguida abocanhar meu seio direto, puxando os mamilo entre os dentes e
lambendo, me fazendo ver estrelas daquele jeito.
- Robert...
Eu não conseguia parar de gemer, minha razão gritava que ainda estávamos na casa
dele, mas meu corpo simplesmente não ouvia.
E em queria ouvir. Eu tinha Robert em cima de mim, me levando a loucura com suas
mãos e seus beijos, minha razão que fosse pro inferno.
Soltei uma lufada de ar pela boca tentando me acalmar e acalmar meu organismo, meu
baixo ventre gritava por um alivio que eu estava desesperada pra senti, por isso apressei
as coisas e desci minhas mãos pelo peito de Robert, retirando a camisa xadrez para
chegar até o batão de sua jeans, ele rosnou levantando o rosto para me torturar no
pescoço subindo pra minha orelha.
Não tinha como me concentrar com ele fazendo aquilo e deixando suas mãos me
estimulando ainda por cima da jeans, eu estava enlouquecendo e precisava dele.
Com urgência.
- Anda logo Robert...
- Sem pressa amor...
Ele e aquele seu sorriso safado que me matava e que me dava vontade de arrancar
daquele rosto bonito, mas eu ficava deslembrada demais para me importar com qualquer
coisa.
Ele parou de me estimular e antes que eu soltasse um resmungo de reclamação, suas
mãos retiraram com uma habilidade desumana, minha calça e minha calcinha, tudo
junto.
Segurei um grito na minha garganta ou pelo menos eu acho que segurei, quando sua
boca invadiu minha intimidade e sua língua passava por toda minha extensão.
Espasmos dolorosamente quentes serpenteavam pelo meu corpo me fazendo jogar a
cabeça pra trás e revirar os olhos, apertando mais seu cabelo o puxando pra mim.
Mas foi quando ele mordeu e lambeu meu ponto mais sensível, que eu tive certeza que
eu gritei, e gritei alto mesmo chegando a um ápice arrebatador depois de sentir seus
dedos dentro de mim, me estimulando ainda mais. Meu corpo por inteiro tremeu pelo
que me pareceu ser horas e quando eu achei que tinha acabado, ele voltou por cima de
mim, rolei os olhos internamente.
É claro que não tinha acabado, Robert era insaciável e pelo que eu sabia de muitas
noites agitadas e produtivas, aquilo não iria acabar tão cedo.
- Eu já disse o quão deliciosa você é?
Seus olhos me encaravam e falavam pra mim com sinceridade.
Ele se encaixou lentamente dentro de mim, moldando meu corpo para recebê-lo e parou
com os movimentos, apenas seus olhos me encaravam, eu queria explodir de novo,
minha consciência gritando para que eu fizesse algo e que ele se mexesse logo, eu não
estava mais agüentando aquela tortura de seu corpo em cima de mim, dentro de mim
sem nenhum movimento.
Seus braços levantaram os meus, os prendendo em cima da minha cabeça.
- Não feche os olhos. – ele disse entre dentes. Eu assenti rápida e apressadamente, eu
faria tudo para que ele se movesse.
Mas também estava tentando entender o que ele queria dizer.
Ele começou a suas investidas, uma, depois outra e mais outra. Tudo era muito calmo e
lento, saindo e entrando suavemente dentro de mim, eu já começava a pirar, mas não
desviava meus olhos dos seus nem um minuto, o verde azulado num tom tão claro de
oceano que eu poderia enxergar sua alma.
E eu entendi o que ele estava dizendo.
Ele me amava.
Estava dizendo que me amava sem precisar de palavras e nós realmente não
precisávamos. Seus olhos e suas atitudes comigo me provavam a cada dia que o nosso
amor era forte e verdadeiro demais para que palavras fossem utilizadas.
Mas de repente, eu senti uma vontade louca de verbalizar aquilo, enquanto seu corpo
ainda investia em mim com o suor nos fazendo deslizar sobre o outro com tanta
facilidade, eu disse aquilo que nunca tinha dito a ninguém em minha vida, apenas a ele.
- Eu te amo. – minha voz era apenas um sussurro e até para meus ouvidos, me saiu mais
como um gemido do que uma palavra, mas o seu sorriso torto perfeito me fez acreditar
que ele tinha escutado.
- Eu te amo. – ele respondeu, fazendo um esforço sobre-humano para não explodir
dentro de mim e não avançar nas investidas.
Os lábios quentes desceram sobre os meus e eu os recebi como sempre.
Era febril, envolvente, macios, suaves e com uma sensualidade sem fim.
A língua habilidosa apenas massageava a minha e sugava, querendo apenas sentir o
gosto para depois explorar toda minha boca em um ato sufocante de puro cuidado e
necessidade do outro.
O gosto dele chegava a mim como um vicio, eu era incapaz de ficar longe dele por
menos de um segundo, eu não queria nunca mais que aquele momento acabasse.
Mas os espasmos foram se tornando mais fortes e violentos e sua última estocada em
meu foi profunda e intensa demais para que eu agüentasse sem explodir em um êxtase
total de puro prazer e tudo a minha volta era apenas poeira, eu só sentia o corpo de
Robert ainda se movimentando em mim e seus dedos se entrelaçando aos meus ainda
em cima da minha cabeça.
Um rosnado feroz me indicou que ele havia chegado lá e que agora flutuava comigo,
seu rosto se afundou em meu pescoço dando leves beijos com sua respiração pesada e
confortável, até que seu peso caiu sobre mim.
Eu não me importava se ele era o dobro do meu tamanho, eu gostava de tê-lo assim, me
cobrindo por inteira, sentindo cada pedacinho de nossos corpos, um grudado no outro.
Passei minhas pernas por sua cintura ouvindo seu gemido baixo já que ele ainda estava
dentro de mim, sorri dando um beijo em seu cabelo e infiltrando minhas mãos por entre
os fios, esperando nossas respirações se acalmarem.
Meu coração ainda estava acelerado quando sua boca veio sobre a minha de novo,
quente e perfeita, suave e carinhosa.
Deliciosa.
Ele se levantou depois de um tempo, comigo em seu colo e com minhas pernas
emboladas na sua cintura. Seus lábios ainda me beijavam cuidadosos e enlouquecedores
e depois de alguns passos senti a água quente jorrando por entre nós dois.
Os lábios macios saíram dos meus, me dando um último selinho antes de suas mãos
virem pro meu rosto. Ele tinha o seu sorriso incrível que era um reflexo do meu próprio,
lhe beijei novamente até que meus sentidos se esvaíssem.
Robert me deu banho, passou o seu próprio shampoo em meus cabelos enquanto eu
apenas sorria e ele brincava comigo.
- Eu definitivamente tenho que passar a te dar banho todos os dias, você fica ainda mais
linda com a água escorrendo por seu corpo baby.
Seus dentes morderam minha nuca e eu soltei um gemido baixinho.
- Fique a vontade. – ele riu baixo.
- Não me provoque.
Retribui seu riso e nos beijamos mais uma vez antes que ele me enrolasse em uma
toalha grande e me levasse no colo até o quarto.
- Ta frio Rob. – resmunguei chorosa quando ele me deixou em cima da cama, na
verdade eu estava querendo que seus braços voltassem para meu corpo. O que
aconteceu pouco tempo depois, com seu sorriso perfeito, ele se aproximou e me vestiu
com tanto casaco que eu quase não podia ser vista.
- Melhor? – perguntou me pegando em seu colo, me aninhando em seu peito e beijando
meus fios de cabelo.
- Muito. – ele riu baixo apertando seus braços em minha volta.
- Quer dormir um pouco?
- Acho que um pouco. – eu já estava ridiculamente confortável.
- Então durma. – seus lábios beijaram minha testa demoradamente e ele me embalou
como uma criança.
Eu adormeci profundamente com meu corpo pequeno encolhido em seu peito.
--
Capítulo 22
Apagar a Luz
Ainda estava frio quando eu acordei e Robert continuava com meu corpo em seus
braços, mas agora estávamos deitados e ele lia algumas folhas de papéis aconchegando
meu rosto em seu pescoço.
- Hey. – disse com a voz rouca.
- Hey. – ele soltou as folhas no chão e deixou as mãos em meu rosto sorrindo. – Achei
que iria dormir mais, estava prestes a te acordar.
- Que horas são?
- Vai dar 1 da tarde amor.
- Deus, devia ter me acordado Rob, sua mãe deve estar procurando por você. – ele riu
baixo de meu pequeno desespero.
- Ela já veio aqui nos chamar pra almoçar, está tudo bem Kris.
- Oh, okay então. – voltei a me deitar em seu pescoço e suas mãos continuaram em meu
cabelo. – Não almoçou?
- Esperei por você. Quer ir agora?
- Acho que sim, estou ficando com fome. – ele sorriu me beijando para logo depois se
levantar e me ajudar a fazer o mesmo.
- Pegou o casaco?
- Está aqui. – falei já o colocando.
Nossos dedos se entrelaçaram e descemos juntos as escadas até chegar no hall. Na sala
de TV estava a família toda, as irmãs de Rob junto com seus pais e um cara que eu não
tinha visto ainda, mas que estava ao lado de Vick.
- Hey, achei que iam dormir pra sempre. – Lizzy falou divertida pra Rob e pra mim, ele
revirou os olhos pra ela que apenas riu em resposta.
- Venham comer crianças, vou esquentar o almoço de vocês. – Clare falou passando por
nós.
- Deixa com a gente mãe, a gente se vira.
- Sim, por favor, Sra. Pattinson, não se incomode.
- Claro que não, eu mesma ajeito as coisas por aqui. – ela sorriu fazendo Robert rir e me
puxar pra cozinha.
- O que quer comer?
- Qualquer coisa Rob. – ele sorriu se levantando e servindo a nós dois, pegou duas
latinhas de coca na geladeira enquanto Clare estava no fogão.
Eu estava me sentindo mal em não ajudá-la, mas quando eu disse algo ela já me
respondeu que não precisava e que era apenas pra que eu sentasse e relaxasse.
Mas eu ia pirar se não fizesse alguma coisa e logo.
Nós comemos e elogiamos ao mesmo tempo a comida dela, era realmente divina, será
que ela me ajudaria a fazer uns pratos? Eu cozinhava, mas sabia tão pouco sobre
variedades...
Clare me deixou pelo menos ajudá-la na louça, talvez ela tivesse visto que eu estava
doida por ser útil e quis me dar uma força.
Ela era tão legal e carismática, alem de uma generosidade sem fim com um encanto
inigualável.
- Vamos dar uma volta. – Robert disse logo depois que saímos da cozinha e de ajudar
sua mãe, já tinha me colocado o casaco e uma luva fina de lã.
- Aonde vamos?
- Já são quase 4 horas, podemos dar uma volta antes de irmos até as torres no pôr-do-
sol.
- Ah sim, então vamos. – sorri a ele ficando na ponta dos pés para lhe beijar.
Ele sorriu de volta e gritou no ambiente que estávamos saindo e que iríamos demorar.
Passeamos juntos até o Big Ben, que segundo Robert era sempre mais incrível de noite,
fomos ao museu de arte de Londres e passamos pelo London Eyes e ficamos no centro
comercial durante algum tempo.
Mas foi quando avistei uma loja de bebês que eu voltei um pouco a realidade de todo
aquele sonho que eu vivia com Rob e ali em Londres. Senti meu coração falhando uma
batida dolorosa no meu peito e eu quis acreditar que era apenas por que eu queria
conhecer o bebê de Melanie, mas no fundo do meu ser, minha consciência sabia que era
porque eu jamais entraria numa loja daquelas por mim mesma.
- O que houve? – ouvi a voz de Robert do meu lado e ele enxugou algo molhado em
meu rosto que eu me amaldiçoei mil vezes por ter deixado escapar.
- Nada, não é nada. – ele suspirou.
- Achei que não mentisse pra mim. – perguntou sério me fazendo engolir em seco.
- Não estou mentindo. – eu odiava mentir pra ele. – Por favor, vamos até as torres? Já
está dando à hora do pôr-do-sol e eu estou curiosa.
Senti que ele ia discutir, mas implorei silenciosamente com meu olhar pra que ele não o
fizesse.
Ele resmungou algo que não entendi, mas logo depois puxou minhas mãos.
Robert me abraçou pela cintura durante toda a caminhada até as torres e de lá quando
chegamos no castelo, nós não podíamos entrar, mas ele me levou pra outra parte dos
fundos, onde ela liberado e havia um parque, o castelo estava nos fundos e ele se sentou
na grama me puxando para o meio de suas pernas.
- Você está bem?
Não consegui responder. Apenas apoiei meu rosto em seu peito vendo o sol começar a
se por em nossa frente. O céu estava nublado e com ares de que iria nevar então o sol
era apenas uma camada bem fina no horizonte.
Robert não falou mais nada, somente me abraçou beijando o topo da minha cabeça,
como se ele sentisse que eu precisava daquilo.
E ele sentia. Ele podia me sentir assim como eu podia senti-lo em qualquer
circunstância.
Por diversas vezes eu me perguntava o porquê, de eu ser tão difícil e complicada para
me desvencilhar do meu passado, é claro que qualquer pessoa que passou pelo o que eu
passei teria dificuldades de levar uma vida pelo menos normal.
Mas eu simplesmente não conseguia. Robert me salvou de todas as formas possíveis que
eu poderia ser salva, hoje eu conseguia sorrir e ser feliz.
Algo que eu achei que seria inalcançável.
Ele me mostrou o que era um amor e o que era ser amada por um homem.
Ele era o meu porto seguro e saber que eu não merecia nada do que ele estava me
dando, me machucava tanto.
Eu não poderia nem lhe dar um filho um dia quando ele quisesse.
Era isso que me matava; as conseqüências do meu passado. Isso agora influenciaria
Robert, porque eu era egoísta demais para deixá-lo viver sua vida com alguém saudável
de coração e de corpo.
Alguém que não teria marcas como eu tinha.
Marcas que ele mesmo estava curando a cada momento que estava comigo, me olhando
nos olhos daquela maneira abrasadora como só ele fazia.
E eu queria tanto poder retribuir tudo isso, ele fora o único homem que eu me entregara
por completo, porque eu sabia; eu daria a Robert minha alma se ele pedisse.
A certeza de ser estéril fazia meu coração ficar gelado com uma sensação estranha de
perder todos os meus órgãos vitais.
Nunca me importara muito com isso, na verdade, eu nunca tivera idade para poder
crescer normalmente e sonhar com um príncipe e com uma família grande.
Mas depois que o tempo foi passando, as dores em meu baixo ventre eram como um
alerta para a minha covardia em não procurar um médico, com o horror tomando conta
de mim em imaginar alguém me tocando. Meu medo era quase tangível e a consciência
me bateu de repente, como um furacão no litoral que não avisa quando vem.
Eu não podia ter filhos. E não precisava de médicos pra me dizer aquela crueldade.
A violência que eu sofri era mais do que uma confirmação paras as minhas suspeitas.
Meus soluços vieram com força e eu senti os braços quentes e fortes de Robert me
apertando contra ele, beijando meu rosto tentando acalmar meu choro que estava se
tornando compulsivo.
- Shii, se acalme Kristen. – ele me embalava de novo, nossos corpos balançando
suavemente. Sua voz era assustada, é claro que era.
Idiota. Estúpida.
Eu ia fazê-lo se preocupar a toa.
Consegui me recompor depois de mais de dez minutos. Enxuguei meu rosto e seus
beijos me acalmavam ainda mais.
Ele era tão carinhoso e cuidadoso comigo que eu ficava emocionada, querendo chorar
de novo. Respirei fundo, ainda meio trêmula, rezando pra que ele não me perguntasse
nada.
- Quer me contar o que houve? Está me assustando Kristen. – ele falou com um
desespero na voz que eu senti uma pontada no coração.
- Eu estou bem. – menti sem olhar nos seus olhos, me deitei novamente em seu peito
ouvindo sua respiração se tornar profundamente.
- Bem, é a última coisa que você está Kristen. – eu não podia ver, mas sabia que seus
dentes estavam trincados.
- Por favor Rob, me deixe só ficar aqui. – falei com a voz voltando a ficar embargada e
abafada pelo seu pescoço.
Ele respirou fundo ainda mais algumas vezes antes de relaxar e segurar meu rosto em
suas mãos, tinha certeza que meus olhos ainda estavam vermelhos e tentei lutar
novamente contra as lágrimas que queriam sair.
- Eu sei que existe alguma coisa que você me esconde Kristen – seus olhos eram tão
intensos e queimavam ainda mais nos meus, mais do que o normal. – Eu sei disso e me
apaixonei por você sabendo, eu só queria que você pudesse confiar em mim e dizer o
que é. Eu não posso te ajudar desse jeito, não posso tentar curar você disso, com você
omitindo as coisas. – eu já estava chorando de novo. – Mas eu vou esperar o tempo que
for necessário pra que você possa me olhar sem essa tristeza que existe por trás Kristen.
Eu te amo e não vou deixar de amar por causa dos seus segredos. Apenas...confie em
mim.
Não me importei em volta a chorar copiosamente em seu colo, seus braços me
abraçaram com ainda mais força abafando meus soluços em sua pele.
- Me perdoe...p-por isso... – eu ainda não tinha parado de chorar e meu rosto continuava
no vão de seu pescoço.
- Não tenho que te perdoar por nada Kristen, só quero que confie em mim. – ele disse
com a voz persuasiva em meu ouvido, passando as mãos em meu cabelo tentando me
deixar calma.
- Eu confio, eu confio Robert.
E eu realmente confiava, mas não estava pronta para perdê-lo.
- Tudo bem Kris, está tudo bem amor. – Apenas se acalme. – ele disse e eu voltei a
chorar, mas dessa vez silenciosamente em seu pescoço.
Demorei alguns minutos para me tranqüilizar totalmente, o cheiro de Robert me
intoxicava, relaxando minhas células e meu organismo por completo, inclusive meu
coração.
Ele estava me curando.
De novo.
Sua voz cantava Lifehouse em meu ouvido, a voz rouca me inebriando, colocando um
curativo por todas as minhas feridas que vez ou outra, ainda eram abertas.
- Eu amo você. Acredite em mim Kristen.
- Eu te amo Robert, eu te amo. Eu apenas..não quero ter qu...
- Está tudo bem. Tudo bem.
Nós não falamos mais nada. Não era preciso, ele sabia que eu confiava e o amava.
Era apenas isso que importava.
Ele esperou que eu estivesse calma e recomposta e quis se certificar que eu estava bem
de verdade; levantamo-nos e fomos andando pra casa, novamente com seus braços me
rodeando.
- Está melhor?
- Estou. – respondi sincera e ele sorriu abrindo a porta de casa.
- Achei que iriam demorar mais crianças. – era Clare que descia as escadas com o que
eu achei ser roupas dobradas.
- Estava começando a esfriar demais mãe, resolvemos voltar. – ele disse passando por
ela e lhe dando um beijo na testa fazendo ela sorrir.
- Então tomem um banho e eu vou fazer um chocolate quente. – ela piscou pra mim e eu
sorri agradecendo a ela e também aos céus por ela não ter reparado em meu rosto que
com certeza devia estar um pouco inchado.
- Vem Kiki. – Robert me puxou pela mão subindo os degraus e entrando em seu quarto,
suas mãos retiraram meu casaco e o seu próprio. – Tomar um banho? Ou podemos ficar
aqui se quiser. – eu sabia que ele ainda estava preocupado comigo então sorri a ele e me
deitei na cama.
Ele riu se deitando ao meu lado, nós ficamos assim durante um tempo, apenas nos
olhando de frente um pro outro, deitados naquela cama pequena que era minha casa
agora, tudo o que era de Robert, era meu e tudo que era meu, era dele.
- Sei que estraguei nosso passeio de hoje e me desculpe por isso. – mordi os lábios
pousando minha mão em seu rosto enquanto ele fechava os olhos com o toque e tinha
um sorriso nos lábios.
- Você não estraga nada Kris. E nós temos todo o tempo para voltar lá.
Eu sorri mais largamente.
- Todo o tempo. – nós dois sorrimos e ele colocou a mão por cima da minha. – Eu gosto
disso.
- Eu também, eu gosto muito disso.
--
‘’E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida. E que
bons amigos são a família que nos permitiram escolher. ‘’
(William Shakespeare)
Sabe quando você olha pro horizonte ou pra uma paisagem e percebe que, por mais que
tenha andado, sua caminhada não foi o bastante? E que sempre tem, mais um pouco de
caminho a percorrer?
Era assim que eu me sentia naquele momento.
Noite de Natal.
Noites assim sempre tinham algo de especial no ar, chegava a ser como mágica, era a
única época do ano em que todos se esqueciam de desavenças e davam uma nova
chance.
Minha última noite de natal havia sido em Miami e eu tinha apenas oito anos e não me
lembrava muito bem das coisas que aconteciam por lá, mas eu quase podia sentir o
cheiro das coisas que estavam na casa naquela noite quente da Flórida.
Mamãe ajudava Amber na cozinha a fazer meus cookies de baunilha com morango e
tinha que ser enfeitado, com todos os formatos de papai Noel e estrelinhas de natal.
Taylor os preferia no formato de bola de basquete por que era mais velho e Cam por seu
o mais novo, ainda só um bebê, não preferia nada, por que não podia comer dos cookies.
Papai chegava mais cedo da empresa e a primeira coisa que ele fazia era dar um abraço
na gente e um beijo amoroso em mamãe, perguntando como havia sido o dia dela e qual
de nós três tinha feito mais bagunça. Mamãe gargalhava e nunca respondia, sempre
acobertando os filhos das travessuras que fazíamos em meio a casa.
Então ele me pegava no colo e me balançava bem alto, eu escutava os sons alegres que
saiam de Cam e a risada gostosa de mamãe e Taylor embaixo de mim, enquanto eu
sorria feliz por ele já estar em casa.
- O que foi que minha princesinha aprontou por hoje? Huum? – eu só ria ainda mais
quando ele me chamava assim, com meus olhos brilhando de expectativa pra que ele
me jogasse no ar como ele sempre fazia.
- Pare com isso John, ela vai se machucar.
- Não vou não mamãe. – eu dizia em meio às gargalhadas.
E quando ele me jogou no ar, era como se eu flutuasse, mais sempre voltava pro lugar
exato onde eu devia estar.
Na minha família.
Voltei ao presente enxugando meu rosto das lágrimas que eu deixei cair, eu ainda me
sentia vendo um horizonte... eu sempre poderia ir mais longe do que eu achava que
realmente podia.
- Amor?
Virei-me pra voz de Robert que agora me olhava fechando a porta de seu quarto, eu
perdi a hora olhando pela sua janela, vendo o movimento de Londres no natal.
- Hey.
- O que foi? – ele se aproximou tocando meu rosto.
- Só estou sendo idiota. – ri baixo e sem humor me deitando em seu peito, agarrando sua
blusa com minhas mãos em punho.
- Você não está sendo idiota, apenas teimosa. O que estava pensando?
Eu respirei fundo sentindo suas mãos em meu cabelo.
- Na minha mãe.
- Não quer ligar pra ela?
- Não. Acho que não. – afundei mais ainda meu rosto em seu peito e deixei que ele me
ninasse até que meu organismo e meu coração estivessem mais calmos.
- Então não fique assim okay? Vamos descer? – ele passou o polegar em baixo dos meus
olhos e beijou minhas pálpebras suavemente me fazendo sorrir.
- Vamos, eu ainda acho que deveria ter ajudado sua mãe com a ceia. Não acho justo ela
fazer tudo sozinha. – eu disse entrelaçando nossos dedos e saindo do quarto.
- Minha mãe adora fazer a ceia Kris, ela te colocaria pra fora da cozinha se tentasse
colocar a mão lá. – ele disse rindo baixo.
Neguei com a cabeça sorrindo.
Descemos o hall e depois pro jardim, não sem antes Robert implicar com Lizzy que
estava quieta assistindo televisão.
- Não faça isso com ela Rob. – brinquei com ele.
- Não acredito que está defendendo minha irmã. – ele disse rindo e nos sentando em um
banco de madeira que dava vista para o jardim.
- Só estou dizendo para não irritá-la Rob. – respondi divertida encostando minha cabeça
em seu ombro enquanto ele me abraçava pela cintura.
- Certo, não irei mais irritá-la.
- Não mente pra mim. – dei um tapa leve em sua cintura fazendo com que ele risse
ainda mais.
- Sabe que não minto pra você amor.
- Não mente é? – cerrei meus olhos pra ele que sorriu brincando com seu nariz no meu.
- Não minto.
- Então vamos lá Pattinson, com quantas garotas já dormiu?
- Não acredito que esta me perguntando isso. – ele arregalou os olhos, mas estava
querendo sorri.
- Responda e nada de mentiras.
- Ah meu Deus Kristen... eu não sei...acho que.. – ele passou a mão no cabelo nervoso e
eu mordi os lábios para não sorrir dele. – Ah... eu realmente não sei amor... algumas eu
acho. – ele riu um pouco no final.
- Algumas? – ergui as sobrancelhas. – Por quantas já foi apaixonado?
- Ah Cristo, por que diabos estamos fazendo isso?
- Porque eu quero saber e me diga a verdade.
- Não fui apaixonado por nenhuma Kristen, não tão intensamente como sou por você. –
ele disse sério olhando em meus olhos.
- Por nenhuma? – ele negou. – Nenhuma mesmo? – ele riu um pouco.
- Não Kristen. Só por você, pelo menos assim, algo tão sincero...é a primeira vez. – seus
lábios eram curvados em um sorriso tão lindo e verdadeiro que eu tive que beijá-lo.
Profundamente, sorrindo como uma idiota por ter escutado aquilo.
- Você diz isso. – lhe dei um selinho, não desgrudando nossas testas que estavam
coladas. – Por que sabe que eu vou gostar de ouvir. – lhe beijei de novo dessa vez mais
demorado sentindo suas mãos em meu cabelo.
- Não. – ele sorriu voltando a me beijar. – Eu digo por que é verdade. – seus dentes
morderam e puxaram meu lábio inferior lenta e deliciosamente.
- Eu te amo. – sussurrei ainda dentro da sua boca.
Sua resposta veio com um beijo esfomeado.
Nós continuamos ali nos beijando e nos curtindo um pouco mais, ele me deitou em seu
colo e observamos o céu claro de Londres com os flocos de neve caindo perfeitamente
pelo jardim que estava ainda mais lindo com toda aquela áurea natalina espelhada pelo
ar. Eu já resmungava deliciada com as sensações do me corpo que ele me causava, os
dedos longos passeando delicadamente por minha barriga até sua mão se espalmar na
minha pele, com a outra mão passando por todo o comprimento do meu cabelo, do
começo até a minha cintura onde os fios terminavam.
- Acho que não vou querer ir embora. – eu disse baixinho e sorrindo perto do seu
abdômen ouvindo seu riso baixo e sentindo seus lábios em minha testa.
- Depois que você se formar, nós podemos vim pra cá, você poderia fazer Assistência
Social aqui. – eu sorri ainda mais.
- Acho que não seria uma má idéia. Aqui é muito frio. – ele riu baixo de novo sem parar
os movimentos carinhosos de suas mãos.
- Crianças? Venham cear. – a voz de Clare soou animada e eu me levantei meio a
contragosto, estava muito confortável no colo de Robert. Obrigada.
- Acho que estou sendo uma péssima impressão Rob, nós devíamos estar lá dentro com
sua família, não aqui fora tirando o tempo que você tem com eles.
Ele riu baixo me abraçando.
- Você é absurda Kristen. – seus lábios cobriram meu rosto de beijos e entramos pela
porta seguindo até a sala de jantar.
- Hey Kristen. – Vick me cumprimentou com um abraço e com a voz carregada daquele
mesmo sotaque de Robert.
- Hey Vick, Oi Sr. Pattinson.
- Apenas Richard Kris. – eu sorri da forma intima como todos já me tratavam e o
abracei também.
- Pode me ajudar aqui querido? – Clare puxou Robert para a cozinha e todos nós nos
sentamos a mesa, meus olhos se encheram de lágrimas, quando vi tudo decorado e com
as estrelinhas de natal enfeitando os pratos na mesa, uma bandeja de cookies estava bem
a minha frente e eu me deixei levar pela esperança de que talvez eles fossem de
baunilhas e morangos.
- Pronto. Agora sim. – os dois voltaram à mesa e Rob colocou uma bandeja grande no
centro da toalha vermelha, vindo se sentar ao meu lado logo em seguida sorrindo pra
mim.
Richard fez uma pequena e breve oração ao qual todos acompanharam e eu quis chorar
quando ele disse que estava muito feliz por todos os Pattinson estarem na mesa, Robert
apertou levemente minha mão indicando que eu era pra estar ali, que não havia lugar
mais certo pra mim.
Eles também eram a minha família agora.
Engoli o choro e a minha emoção jantando animadamente com todo mundo. Era para eu
ter me sentindo uma intrusa, mas toda vez que eles me chamavam de ‘’Kris’’ ou que
Rob falava da nossa casa e nossa vida juntos em LA, eu sentia o que ele queria me
passar.
Eu estava em casa.
- Gostou da torta de limão querida? Robert disse que você gostava.
- Ah sim Clare, está ótima, eu poderia ter te ajudado com ela. – respondi enquanto a
ajudava a tirar os pratos da mesa junto com Vick e Lizzy.
- É mesmo mãe, Robert disse que ela sabe cozinhar como ninguém. – eu corei de leve
quando recebi o elogio de Vick.
- Não duvido disso, pode me ajudar amanhã no almoço. Que tal filha?
- Eu vou adorar Clare.
Ela sorriu e voltamos nós três a arrumar a cozinha enquanto conversamos, elas falaram
mais de Robert quando era mais novo e me contorcia de risadas a cada história
engraçada ou divertida que eles passaram juntos.
Elas falavam com um carinho e uma proteção tão grande com ele que era de me admirar
que ele não fosse um homem mimado. Não muito pelo menos.
- Já acabaram de roubar minha mulher de mim? – sua voz ecoou na cozinha me fazendo
levar um pequeno susto enquanto enxugava uma louça e passava pra Lizzy que o
fuzilou com o olhar levando um susto também.
- Ela teria sorte se fosse roubada de você Pattz. – ela atacou divertida me fazendo rir um
pouco e ele revirar os olhos.
- Pare de implicar com seu irmão Lizzy. – disse Clare terminando de guardar algo no
forno.
- Pare de implicar comigo Elizabeth.
Cedo demais pra todo aquele papo de não ser mimado.
Eu ainda sorria pra ele.
- Não me chame de Elizabeth.
- Elizabeth. – ele provocou divertido me fazendo querer rir.
- Mãe. – ela exclamou indignada, nem parecia que todos ali éramos adultos, mas era tão
divertido essas implicâncias em família que não tinham idade para que acontecesse,
além de mostrar apenas o quanto os irmãos se adoravam.
- Oh meu Deus. Parem os dois.
Robert riu ainda mais e se aproximou de mim.
- Vamos subir?
- Sim, só vou terminar aqui.
- Pode subir Kris, nós já terminamos por aqui. – Vick disse enxugando as mãos em um
pano de prato.
- Sim filha suba, todos nos vamos dormir.
Clare sorriu pra mim e com um beijo de boa noite e feliz natal em todo mundo, ela se
retirou com Richard.
Todos nos despedimos e nós subimos logo para o quarto.
Suas mãos me ajudaram com as roupas e eu me enfiei rápido debaixo do seu edredom e
fiquei observando ele retirar as tantas camadas de roupas que usávamos por aqui.
Quando se deitou do meu lado, ele sorria brilhantemente e me puxava pra seu peito. Lhe
dei um sorriso e um beijo de leve no local, me deitando ali em seguida.
Suas mãos não demoraram a fazer caminho por toda a minha coluna e acariciar meu
couro cabeludo, ficamos assim durante muito tempo, sua respiração compassada
embaixo de mim, o ronronar baixinho me levando ao sono e o cheiro de sua pele quente
me intoxicando como sempre.
- Rob? – chamei achando que ele já havia adormecido pelo silencio gostoso em que
estávamos.
- Sim. – sorri com o som de sua voz rouca e inglesa.
- Obrigada. Foi o melhor natal que já tive em muitos anos.
Apesar de não ver, eu podia jurar que ele estava sorrindo e eu senti seu beijo no topo da
minha cabeça.
- Disponha Kris, ainda viram outros natais e mais outros.
Fui eu quem sorri dessa vez.
Nós ainda teríamos uma vida inteira de ‘’natais’’ pela frente.
--
- Mas que droga Kristen, eu vou te colar na cama, na próxima vez que você sair dela
sem me chamar.
Eu ri.
- Não tenho culpa que você esta dormindo demais Rob.
- E o sono acaba quando você sai da cama, não pode esperar até que eu também esteja
de pé? – perguntou de sobrancelha erguida me fazendo ri ainda mais enquanto me
levantava da mesa do café da manhã.
- Vou te esperar a partir de agora okay? – ele bufou passando a mão no cabelo.
- Ótimo Stew. – ele suspirou parecendo cansado e se aproximou de mim. – Odeio
acordar sem você.
Eu sorri quando seus braços me enlaçaram a cintura e ele se abaixou muito para passar o
nariz por todo meu pescoço, me deixando completamente arrepiada.
- Eu juro que vou te esperar okay? – passei minhas mãos que já estavam livres por seu
cabelo molhado de banho com um cheiro irresistível de shampoo e também respirei
fundo esperando a tontura leve me alcançar.
Ele resmungou algo que não entendi, mas que fez rir levemente.
- Bom dia crianças. – era Clare que entrava na cozinha cheia de sacolas na mão, Rob foi
ajudá-la e eu não tive para corar por ela nos ter visto daquele jeito. – Já tomaram café?
- Não, ainda não mãe.
- Nem você Kris? Já esta acordada há tanto tempo querida. – eu me aproximei dela
ajudando a guardar as compras.
- Ah não, estava esperando Robert.
- Você está me mimando demais esse garoto. – sorri ouvindo a voz de Lizzy atrás de nós
e Robert revirar os olhos.
Ela entrou no lugar divertida, abrindo a geladeira e buscando uma maça nas mãos.
- Fique quieta Elizabeth. – ele lhe disse pegando duas xícaras e servindo café pra mim e
pra ele e depois pegando torradas e servindo na mesa. – Vem comer baby.
- Vá comer querida, Lizzy me ajuda por aqui. – eu sorri com Lizzy piscando um olho
pra mim e sorrindo.
- Quer cereal? – ele perguntou.
- Não, torrada está ótimo. – me sentei ao seu lado e comemos em silencio, conversando
apenas com Clare enquanto Robert e Lizzy implicavam um com o outro. – Podemos ir
ao parque hoje? Mais tarde? – perguntei depois de um tempo.
- Claro. – ele respondeu mordendo sua torrada. – Se arrume que nós saímos em seguida.
– bebeu seu café me dando um beijo na testa.
Sorri a ele me levantando e subindo a escadaria até chegar em seu quarto.
Peguei uma blusa de frio azul claro que ia até o cotovelo e um casaco preto com jeans
skinny azul e um all star branco.
- Vamos amor? – ele colocou o rosto dentro do quarto.
Eu dei um jeito no meu cabelo o colocando em um rabo de cavalo alto e desci com ele
me segurando pela cintura.
Hoje era 31/01, véspera de ano novo e Tom e Dakota estariam chegando para ficar
também na casa dos Pattinson.
Fomos conversando e decidimos apenas andar um pouco mais.
Atravessamos a ponte novamente chegando até ao parque que viemos outro dia, estava
mais claro agora ou eu estava vendo além dos meus olhos, mas continuava bonito com o
céu cinzento incrível. Várias pessoas andavam e corriam por ali, fazendo exercícios
matinais ou apenas passeando com as crianças, me desliguei totalmente deste ultimo
fato, eu já havia preocupado Robert o suficiente para ter uma nova crise existencial.
- Venha. – ele disse me puxando para uma árvore ao lado de mais outras pessoas que
estavam um pouco mais distantes.
- Está bom assim? – perguntou alisando minha cintura e cheirando meu cabelo depois
que nos sentamos. Eu sorri de olhos fechados aspirando o cheiro de sua camisa de frio
pra mim.
- Está perfeito. – apertei meu rosto em seu peito e entrelacei nossas mãos em minha
cintura.
Ficamos em um silêncio confortável, eu poderia até dormir ali e acho que realmente o
fiz.
- Rob?
- Huum? – ele também parecia prestes a dormir.
- Canta pra mim? – pedi suavemente.
Ouvi seu riso baixo e podia jurar que ele estava de olhos fechados.
- O que quer que eu cante?
- Qualquer coisa...só cante...quero ouvir sua voz. – parecia idiota um pedido daqueles,
pois eu ouvia sua voz todos os dias, mas eu queria muito que naquele momento ele
cantasse algo pra mim, me deixando aquecida e ainda mais protegida de tudo.
O sussurro suave escapou de seus lábios me acalmando instantaneamente e me deixando
emocionada.
O tempo está passando
Muito mais rápido do que eu
E eu estou começando a me arrepender de não passá-lo com você
Agora eu estou imaginando porque deixei isso preso dentro de mim
Então, estou começando a me arrepender de não ter dito tudo para você
Então, se eu ainda não o fiz, tenho que deixar você saber
-Você nunca vai estar sozinha, de agora em diante, mesmo que você pense em desistir,
não vou deixá-la cair...
E agora, enquanto eu puder
Estarei te segurando com ambas as mãos
Pois sempre acreditei
Que não há nada que eu precise a não ser você
Então, se eu ainda não o fiz,
Tenho que deixar você saber
Reconheci a melodia de Nickelback quando ele ainda estava finalizando a música; a voz
rouca e suave com aquele sotaque a mais que só fazia da música ainda mais deliciosa.
- Vamos ver o mundo sozinhos, vou te abraçar até a dor passar... – ele sussurrou os
últimos acordes perto demais do meu rosto e eu ergui a cabeça para fitar seus olhos
claros que me encantavam.
- Eu sei que você vai. – sussurrei de volta recebendo seu sorriso perfeito.
Ele me beijou levemente e eu deitei minha cabeça no vamente em seu peito, Robert
ainda continuou cantando apenas a melodia da música e eu fui sentindo minhas
pálpebras cansadas.
Eu não estava com sono nem nada do tipo, mas era tão tranqüilo ali que eu não pude
resistir a cochilar em seus braços em meio a todo aquele cheiro de ar livre.
- Baby?
- Huum... – resmunguei contente depois do que me pareceu horas.
- Vamos, já passa da hora do almoço amor e você não comeu quase nada hoje. – senti
seu beijo em meu cabelo e abri os olhos o fitando.
- Vamos. – abri um sorriso largo pra ele que me retribuiu com um beijo demorado e
quente.
Robert me ajudou a levantar e saímos do parque do mesmo jeito que viemos, não
demoramos muito a chegar em sua casa e sua mãe logo nos recebeu, nos chamando pra
almoçar.
- Tortilhas querida.
- Obrigada Clare. – disse a ela lhe voltando o sorriso que ela me dava.
Todos se sentaram a mesa para almoçar, o clima era o mesmo do dia de natal, Robert
implicando com Lizzy e rindo das besteiras de todo mundo na mesa.
Richard e Clare tinham uma sintonia tão perfeita um com o outro que podia ser visto de
longe que apesar de tantos anos de casados, eles ainda eram incondicionalmente
apaixonados.
Victoria e Lizzy já eram noivas, mas os mesmos estavam passando o ano-novo com a
família por isso não viriam hoje, apenas Dakota e Tom eram esperados e estava sendo
mais um motivo de festa na casa, Tom era mais um dos filhos de Clare e Richard, que
apesar de não tê-los gerados, foram eles que praticamente o criaram devido à falta de
atenção dos próprios pais biológicos.
Assistimos TV a maior parte da tarde, Clare escolheu algum filme que todo mundo
gostou, e eu estava me divertindo mais ali do que em qualquer outro lugar.
- Quando você quiser subir avisa okay?
Assenti com a cabeça, não queria ir agora, eu gostava de ficar na presença da família
dele, era como se eu fosse parte daquele lugar o que de acordo com eles mesmo, eu já
era.
Foi só quando o filme já estava no final que ouvimos um som de carro na porta.
- Cheguei família. – a voz de Tom ecoou na sala onde ele já entrava com Dakota do seu
lado que dava pulinhos no lugar.
- Tom. – Lizzy gritou indo abraçar a ele e depois Dakota, as duas começaram a pular
juntas e Robert já ria da cena.
- Oi filho. – Clare o abraçou junto com Richard e Dakota veio pro meu lado quase
pulando em cima de mim e eu ri de sua animação, eu tinha sentido muita falta dela.
- Kristenzinha. – Tom me agarrou abraçando forte minha cintura e me tirando do chão.
- Oii Tom. – o abracei também e depois Robert o cumprimentou com aqueles velhos
tapas fortes nas mãos que só de ver eu já sentia a minha palma ficar vermelha.
- Saíram que horas de Ohio cara?
- Não sei não irmão, acho que eram umas 8 horas né honey?
- Era mais de 9horas Tom. – ela disse a ele rindo e revirando os olhos. – Nós vamos sair
não é? Eu quero enfeitar a casa, vem comigo até o centro?
- Claro Dak, eu só tenho que colocar um casaco. – respondi a ela sorrindo para vê-la
batendo as mãos e dando pulinhos no mesmo lugar.
Neguei com a cabeça e me aproximei de Robert que já tinha uma cerveja nas mãos junto
com Tom. Avisei a ele que ia sair e peguei meu casaco perto da porta.
- Vamos? – falei pra ela. – Nós podemos ir mais tarde Dak, acabou de chegar de viagem,
deve estar cansada não?
- Claro que não, vamos logo Kiki, quero fazer muitas compras. – ela sorriu animada e
deu um beijo em Tom se despedindo de todo mundo e saímos de casa em direção ao
centro.
Dakota só podia ser compulsiva obsessiva por compras, era a única explicação que tinha
para aquele tanto de sacolas que carregávamos, ela queria colocar enfeites de
prosperidade por todos os cantos e se não fosse eu a impedir, ainda teríamos fogos de
artifício soltos no quintal.
- Por que não chamou Lizzy e Vick? – perguntei quando já estávamos voltando pra casa.
- Ah, eu chamei sim, mas Lizzy ia falar com o noivo no skype que eles tinham
combinado e Vick não gosta de compras. – ela fez uma careta como se fosse um crime
alguém não gostar de compras.
- Nem eu.
- Percebi. Não acredito que não comprou nada pra você Kiki. – ela negou com a cabeça
abrindo o pequeno portão para subir as escadas até a porta.
- Eu já tenho roupa o suficiente Dak e eu odeio essas coisas de salto. – disse rindo pra
ela.
- OMG. – ela ainda agia como se isso fosse um crime me fazendo rir ainda mais dela e
da sua animação.
- Hey, vocês demoraram, Robert estava por ter uma sincope. – era Lizzy que falava com
os pés em cima do sofá comendo o que me pareceu ser um sorvete.
- É claro que ele estava. – Dakota respondeu revirando os olhos.
Eu ri das duas.
- Vou subir então.
Escutei a risada de Lizzy enquanto subia os degraus.
- Amor? – perguntei entrando no quarto. – Baby? – tirei meu casaco pesado e meu all
star, sentindo meus dedinhos dos pés já congelando em contato com a madeira fria.
- Kris? – sua voz vinha do banheiro, sorri indo em sua direção.
O vapor quente me recebeu nublando um pouco minha visão, entrei e fechei a porta
atrás de mim vendo seu corpo em pé na ducha que pelo que percebi estava fervendo e
eu estava morrendo de vontade de entrar lá dentro e me aquecer também.
- Oii, acabei de chegar. – vi seu sorriso em meio à fumaça e a água ainda caindo por
todo seu corpo nu.
- Gostou? – revirei os olhos.
- Foi divertido. – ele riu baixo.
- Não está cansada?
- Um pouco. – disse já tirando minhas meias e minha blusa sorrindo pra ele.
- Isso é uma ótima idéia, você sabe. – ele apontou divertido para minhas roupas no chão,
seus olhos passaram por meu corpo que agora só estava de calcinha e sutiã, me
queimando por dentro, me deixando embriagada e olha que nem estava perto dele ainda.
Neguei com a cabeça sorrindo e terminei de tirar as roupas, entrado debaixo da água
junto com ele que me abraçou apertado buscando por minha boca.
Deixei que seu gosto me inebriasse e sua língua se enroscasse com a minha em uma
batalha de gostos sem igual. Ficamos nos beijando por todo o tempo com seus toques
quentes em meu corpo e a água escaldante só fazia de tudo ainda mais delicioso.
Robert me colocou contra a parede em algum momento em que ainda me beijava,
minhas mãos agarraram seu cabelo enquanto ele levantava uma perna minha a travando
em seu quadril.No momento seguinte, ele já estava dentro de mim, lento, quente,
delicioso me fazendo explodir em um ápice intenso e profundo.
- Sentiu minha falta baby? – perguntei depois de uns minutos tentando recuperar meu
oxigênio.
- Você não faz idéia do quanto Kristen. – ele sorriu e me beijou a boca demoradamente e
logo depois me deu um beijo na testa carinhoso.
Resmunguei bem baixinho quando ele se separou de mim, mas nunca deixando de me
abraçar, suas mãos me deram banho, passando o shampoo em meus cabelos e eu sentia
seus beijos em minha nuca, meus ombros, meu pescoço, me deixando tão embriagada
com sua presença que eu poderia dormir ali, debaixo d’água que ainda sim, não
acordaria de suas sensações em minha pela quente.
- Eu te amo. – eu sorri ao ouvir sua voz em meu ouvido com suas mãos em minha
cintura.
- Eu também te amo. – sussurrei.
Seus lábios partiram para o meu pescoço e nós não saímos do banho tão cedo naquele
final de tarde aconchegante.
Depois do que me pareceu ser um longo e cansativo dia, eu finalmente estava nos
braços de Robert.
--
Capítulo 23
Capítulo 23
as coisas vão começar a ficar mais... tensas a partir desse cap, então eu juro que vou
tentar postar mais rápido :) beeeijos
Apagar a Luz
(Charles Bukowski)
Três semanas depois.
Apagar a Luz
- Rob? Quem é baby? – disse caminhando pelos corredores até chegar à sala.
Ele estava com a porta aberta e com o cenho franzido, seus braços estavam cruzados em
frente ao peito e tinha uma expressão que não pude identificar.
- Rob? – ele me olhou quando o chamei.
- Kristen...
Em um momento de pura rapidez, eu vi uma silhueta magra e feminina adentrar o
apartamento, meu coração começou a disparar no peito, meu corpo entrou em uma
tremedeira sem fim e eu já estava ficando entorpecida.
- Kristen? – ela falou com a voz sufocada pelas lágrimas que eu já podia ver em seu
rosto.
- Mãe? – minha voz ainda mais abafada que a dela, a descrença atingia minhas veias
como rajadas fortes de uma ventania.
Era impossível que minha mãe estivesse realmente ali.
Eu só podia estar vendo coisas, ainda estava esperando que ela desaparecesse como
fumaça ou que eu acordasse suando no meio da noite depois de um sonho...
Ou um pesadelo. Eu ainda não sabia identificar onde eu estava.
Ela deu um passo em minha direção com o corpo sendo sacudido pelo que eu achei ser
espasmos por causa das lágrimas.
Não consegui andar, eu não conseguia me mover. Nem pensar eu estava conseguindo.
- Kris? – ela me chamou e eu arfei por um momento percebendo que era ela realmente.
Os cabelos curtos e escuros, a pele branca como a minha, os olhos tão claros de um
verde intenso apagava as marcas do tempo em seu rosto.
A expressão maternal que eu tentava afundar a cada dia em minha mente estava ali.
Estava novamente na minha frente.
- Mamãe...
- Filha... nós viemos te ver..e ...eu só queria ver você...
E eu já não pensava mais, num impulso que foi impossível de controlar eu estava
andando até ela e me jogando em seus braços com as lágrimas caindo de meus olhos
sem que eu pudesse as manter por dentro de mim.
Ela me segurou tão forte, mais tão forte que eu não achei que ela tivesse essa força,
rodeei sua cintura com meus braços e afundei meu rosto em seu pescoço sentindo o
cheiro de amor de mãe que há anos eu não sentia.
- Oh Kristen... – ela soluçou. – Eu achei que não fosse querer me ver. – nós duas
chorávamos agora, os soluços se perderam em algum momento e tudo o que restou foi o
meu paraíso nos braços da minha mãe. – Você esta bem? – ela perguntou me olhando,
eu me esqueci de tudo ao meu redor, eu nem me importava mais onde estava, a única
coisa que minha mente ainda se lembrava era de Robert e eu sorri quando olhei por trás
dela e o vi ainda na porta aberta com um sorriso perfeito no rosto.
- Eu estou ótima mamãe. Eu estou muito bem. – disse limpando minhas lágrimas.
- Sim, eu estou vendo filha. Você esta feliz. – suas mãos trêmulas tiraram meu cabelo do
rosto.
- Sim, eu estou muito feliz...
Minha frase morreu no mesmo instante em que eu escutei a voz dolorosamente
conhecida, olhei novamente por sobre o ombro dela para ver o meu horror crescendo
mais e mais a cada segundo.
- Boa noite. – Robert o cumprimentou educado.
NÃO.
Não. Ele não merecia educação.
Ele não merecia entrar em nossa casa.
Meus braços saíram imediatamente da minha mãe e eu os cruzei em frente ao meu peito
dando um passo totalmente defensivo pra trás.
Meus olhos se arregalaram no espanto e no medo que já começava a me envenenar, me
fazendo querer sair dali...
Foquei meus olhos em Robert que me olhava com a testa franzida e implorei com o
olhar para que ele chegasse perto de mim já que eu não conseguia fazer nenhum
movimento.
- Filha? – voltei minha atenção pra minha mãe tentando focar meus olhos em um único
ponto, mas eu não estava conseguindo, a presença daquele homem na sala me deixava
perigosamente com medo e completamente sufocada.
Em menos de um segundo Robert já estava do meu lado, passando seus braços por
minha cintura me deixando mais calma por tê-lo ali comigo.
Nada me aconteceria enquanto eu tivesse Robert.
Seu amor por mim e o meu amor por ele era como uma proteção, para ambos.
Ele era minha fortaleza.
- Boa noite Kristen.
Eu quis vomitar, meu estomago se embolou e eu tive que resistir ao impulso de levar as
mãos na boca.
O tenente Brian Wood me olhava com aqueles mesmos olhos em tons escuros que eu
me lembrava, ele ainda me dava nojo e me fazia sentir suja só de respirar o mesmo ar
que eu.
Eu não iria agüentar prender o vomito por muito tempo.
Me desvencilhei de Robert e cheguei ao banheiro social em passos rápidos e ligeiros,
meus joelhos cederam ao mesmo tempo em que a bile amarga subia por minha garganta.
Senti as mãos grandes de Robert segurando meu cabelo e minha testa enquanto me
debruçava sobre o vaso e colocava até o que eu não tinha pra fora.
- Nós vamos ao médico. – ele disse enquanto me pegava no colo e se sentava no chão
frio do banheiro.
- Não, não vamos, por favor.
- Eu não vou deixar você assim Kristen.
- Eu estou bem Rob. – coloquei minhas mãos em seu rosto ainda respirando com
dificuldade. – Acredite em mim, eu estou bem.
Ele resmungou algo que não entendi.
- Onde eles estão? – perguntei de repente não querendo dizer nomes.
- Sua mãe queria vim até aqui, mas achei melhor não. Estão te esperando na sala.
Assenti com a cabeça o agradecendo silenciosamente por aquilo.
Eu estava morrendo de saudades da minha mãe e tudo que eu queria era passar algum
tempo com ela, mas talvez isso não fosse possível... não com aquele homem com ela.
- Quer ir deitar? Acho melhor você descansar um pouco. – ele passou os dedos em meu
rosto me beijando de leve.
- Eu também acho melhor. - de repente eu me sentia cansada demais ou talvez fosse só
uma desculpa para não ver aquele homem de novo.
- Vai se despedir da sua mãe?
- Vou. – disse querendo chorar novamente. Mas eu não poderia magoá-la.
Ele me ajudou a levantar e pendeu meu cabelo em um rabo de cavalo alto, por um
momento eu me lembrei que estava de short e corri para o quarto colocando uma calça
de moletom preta.
- Pra que isso? – Rob perguntou na porta do quarto.
- Pra nada, acho que estou ficando com frio.
Não sei dizer se ele acreditou em mim, mas seus braços me rodearam e seguimos para a
sala.
- Você está bem? – minha mãe perguntou assustada, crispei minhas mãos na blusa de
Robert engolindo em seco e assentindo com a cabeça.
- Sim...está tudo bem... – ela concordou comigo.
- Nós estamos em um hotel, eu posso te ver amanha filha? – seus olhos me eram tão
intensos que eu me vi concordando.
- Sim...eu..te ligo. – eu achei que ela fosse chorar novamente, mas ela apenas me
abraçou me deixando um pouco desconfortável por sair dos braços de Robert, mas eu
também havia gostado de tê-la tão perto.
- Boa noite Sr Pattinson.
- Boa noite Sra. Wood. – eles se cumprimentaram e eu virei o rosto, encarando a camisa
de Rob quando Brian se aproximou para apertar a mão dele.
Vi Robert por um momento vacilar em apertar sua mão, como se não o quisesse fazê-lo
e apenas depois de um segundo eles se encararam, Robert tinha a expressão um pouco
fechada e meio que relutante ele apertou a mão de Brian.
- Boa noite Kristen. Espero te ver amanha querida. – ele disse.
O idiota não se atreveu a se aproximar de mim.
Covarde estúpido e imbecil.
Ele não tinha coragem pra se meter com alguém do tamanho dele e ele estava intrigado
com Robert para tentar algum tipo de aproximação.
Foi apenas quando Rob trancou o apartamento que eu me permiti chorar, chorar
imensamente. Ele se assustou e me embalou em seus braços como um bebê, sussurrando
melodias para me acalmar.
De repente senti minhas costas em algo macio e percebi que estávamos no nosso quarto,
ele me depositou na cama e já ia se levantar quando minhas mãos se travaram em seu
pulso.
- Não. Por favor, não... me deixe aqui Rob.
- Shii... sabe que não vou te deixar... eu estou aqui. – eu chorei ainda mais.
Ele se deitou ao meu lado me puxando para seu peito, eu ainda me lembro de ter
chorado por muito tempo sem que ele fizesse nenhuma pergunta.
Meus soluços foram diminuindo gradativamente e eu me sentia um pouco, apenas um
pouco melhor com o decorrer das horas.
O cheiro calmo e perfeito de Robert me inebriando e me deixando em um delicioso
estado de torpor que eu abracei e que era muito bem vindo naquele momento.
Eu não queria pensar em nada que não fosse Robert.
Nada que não fosse estar nos braços deles como eu estava agora.
--
‘’Essa é uma das coisas que as pessoas não nos ensinam quando falam de crescer: como
lhe dar com as dores que não passam com um beijo.’’
(Soul Love)
- Você é a rainha de tudo... até onde o olho enxerga sob seu comando, eu serei o seu
guardião, quando tudo estiver desmoronando, vou segurar firme a sua mão.
Você nunca pode dizer nunca
Ainda não sabemos quando
De novo, de novo e de novo
Mais jovens do que éramos antes
Não me deixe ir
Não me deixe ir
Não me deixe ir
- Nós estamos nos separando, e chegando juntos, novamente e novamente, nós estamos
distanciando um do outro, mas nós nos mantemos juntos, nos mantemos juntos, juntos
de novo...
Apagar a Luz
Eu liguei pra minha mãe, marcando de nos encontrarmos no píer de Santa Monica,
depois de uma longa conversa com Robert e comigo mesma sobre o que eu deveria ou
não fazer.
- Você vai ficar bem não é? – ele perguntou pela milésima vez enquanto me deixava na
porta da faculdade ainda dentro do taxi.
- Já disse que sim Rob. – sorri a ele e ajeitei mais sua gravata que vez ou outra ele tinha
mania de afrouxar, eu não o culpava eventualmente, aquilo devia incomodar pra
caramba.
Ele me deu um beijo demorado nos lábios e depois um na testa. Sorri lhe beijando de
novo antes de sair da taxi.
Acenei ainda na calçada e o vi partir, podendo assim tirar aquele ar de confiança que eu
realmente não sentia, mas que era necessário para não deixá-lo preocupado.
Eu não estava com medo de encarar minha mãe, afinal ela era isso... ela era apenas
minha mãe.
Estava me sentindo apenas incerta quanto a tudo isso, eu não saberia o que dizer a ela e
tinha medo de que nossa relação ficasse mais abalada do que já estava.
É claro que mais de seis anos longe de casa criava todo tipo de afastamento, mas saber
que isso podia ser estampado ali na minha cara, era demais.
Eu odiaria decepcionar minha mãe mais do que ela já era decepcionada comigo.
Sorri lembrando dele e de Dakota, fazia quase uma semana que não nos víamos, Dakota
estava enfurnada em seu estágio ou nos livros por que iria se formar no meio do ano e
Tom assim como Robert já estava formado.
Nós não fomos a festa de colação de grau deles, preferimos sair para um pub onde teria
um show do Sam e como eles mesmo diziam, ‘’ o diploma ta na mão e é isso que
importa ‘’
É claro que eu e Dakota nos matávamos de rir com os três quando estavam bebendo e
falando besteira, a noite acabou sendo muito melhor que qualquer festa de formatura.
O professor não demorou a entrar na sala e logo aquela folha com todas aquelas
questões foram colocadas em minha frente, eu quis sair dali e ir pra minha casa, mas
sabia que precisava daquilo, afinal iríamos entrar em fevereiro e partir dali tínhamos que
estudar mais ainda, por que o próximo semestre era mais para o lado do estágio.
Eu devo ter ido bem na prova, respondi todas as questões e fui uma das primeiras a sair
da sala.
Liguei pra Robert, mas dava apenas caixa de mensagem, ele deveria estar em reunião,
sorri já sabendo que ele ia chegar em casa estressado.
‘’Baby, acabei de sair da faculdade, você deve estar em reunião então me ligue depois,
estou indo encontrar minha mãe e... espero que você esteja bem. Eu te amo.’’
Desliguei e fiz sinal pra um taxi que passava na rodovia, disse a ele o endereço e nós
seguimos pra lá.
Passei um SMS pra ela, avisando que já estava chegando ao píer e ela me deu um toque
avisando que já estava lá.
Respirei fundo quando desci do taxi e engoli em seco quando a avistei com um pote de
frozen de iorgute na mão sorrindo pra mim.
Ela tinha os óculos escuros na cabeça e usava bermuda larga de pano com uma blusa
branca combinando com sua sandália de verão clarinha.
Jules ainda parecia meio receosa de falar comigo, apesar de demonstrar estar apta a me
ouvir mesmo que eu tenha ficado mais de seis anos sem dar noticias.
- Oi mãe. – eu me sentia bem em chamá-la assim, mesmo sabendo que eu não tinha esse
direito.
- Toma, eu trouxe pra você. Tem pingos de castanha e chocolate. – ela sorriu me
passando o frozen e eu sorri agradecida, ela ainda se lembrava de como eu gostava das
coisas. – Vamos dar uma volta? Acho que nunca vim a Los Angeles. – comentou
começando a caminhar comigo ao seu lado.
Eu tinha minha mochila nas costas, usava minha skinny azul marinho com uma blusa
vermelha clara e colada no corpo, com meu all star, não era nada in beach, mas eu não
me importava e estava muito confortável.
Já era quase cinco horas e o sol ainda brilhava, mesmo que fracamente e ainda havia
calor por ali.
- É, eu já estou adorando. Vim com Brian hoje na praia, o mar é uma delicia.
Assenti com a cabeça tomando meu frozen antes que tivesse vontade de vomitar ao
ouvir ela falando dele.
- Como me achou aqui? Quer dizer, você não sabia onde eu morava com Robert. –
afirmei de simples enquanto nos sentávamos em algumas cadeiras brancas de uma
barraca perto da praia, coloquei minha mochila em cima da mesa pondo meus pés em
cima da minha cadeira, a olhei levando mais frozen a minha boca.
Eu não respondi, virei meus olhos para o mar recebendo uma rajada fraca do vento que
agora balançava meus cabelos.
Perguntei torcendo para que ela não ultrapassasse um limite invisível entre nós.
- Não sei..sobre tudo. – ela deu de ombros também olhando para o mar. – Sobre sua vida
aqui, sobre a faculdade...amigos e...sobre Robert.
- A vida aqui é incrível, tenho amigos na faculdade e eles também são as pessoas mais
incríveis que já conheci.
- E Robert?
Perfeição era a única palavra que poderia juntar todas as qualidades de Robert.
- Isso é tão bom de ouvir Kristen. – olhei para seu rosto e seus olhos estavam marejados,
desviei na mesma hora, eu não precisava chorar também.
- Sim, isso é muito bom.
- Não. Eu...viajei.
- Ah sim... Taylor foi pra Miami, deve ser por isso que ele não conseguia te ligar. – ela
queria saber onde eu tinha ido e suspirei antes de responder.
- Quê?
- Por que?
Merda.
Era por isso que eu me mantinha longe, eu sempre a machucava de uma forma ou de
outra, até mesmo quando estava tentando ser legal e me redimir, dando a ela satisfações
da minha vida que eu não precisava dar.
- Sinto muito...eu..
- Está tudo bem. – ela sorriu forçado e eu não insisti nas coisas virando novamente meu
rosto pro mar que me lembrava Robert.
Era a mesma calmaria, tranqüilidade e paz que ele me passava, sem contar na cor dos
seus olhos, os azuis esverdeados, da cor do oceano que me deixavam inebriada.
- Tenho três. A Dakota que é linda e fissurada por compras com uma animação e alegria
sem limites. – eu sorri a encarando. – Tem o Tom que é como se fosse meu irmão mais
velho. E o Sam, que é um músico talentoso e que é gentil e preza os amigos como só ele
o faz.
- Não, eu os conheci quando comecei a sair com Robert. Todos eles são como irmãos e
só depois eu ‘’ entrei pra família. ’’
- É bom saber que tem amigos assim aqui com você. Eles devem ser ótimos.
- Seu irmão queria vim pra cá também. – ela disse depois de um tempo em que ficamos
caladas.
- Sim, ele está ótimo. Ele queria vim até aqui, conhecer você.
Senti meus olhos marejarem e foquei minha atenção nas ondas que batiam no píer.
Quando eu sai de casa, Cam era apenas um bebê e depois quando voltei do México, ele
já tinha quase quatro anos, sai de casa de novo e nunca mais o vi, era claro que ele não
me conhecia e eu sentia uma falta enorme dele, assim como sentia de Taylor.
- Ele viu uma foto sua esses dias na biblioteca lá de casa, ele disse que você devia estar
mais linda ainda depois de crescida.
Me neguei a encará-la e senti algo quente e salgado escorrendo pela minha bochecha,
junto com um nó espinhoso em minha garganta.
Me virei pra ela com o cenho franzido ignorando o fato de que ela pudesse estar vendo
minhas lágrimas.
Eu comecei a chorar, um choro silencioso onde a única coisa que eu sentia, era mágoa.
Magoa das pessoas que me arrancaram da minha família, mágoa das pessoas que me
fizeram perder a minha infância, magoa do meu passado sujo e nojento que ainda
ameaçava me sufocar, mágoa de Brian por ainda estar vivo mesmo depois de tudo o que
fez comigo.
Eu sabia que essa mágoa viraria ódio em apenas alguns segundos e depois repulsa,
fazendo com que eu desejasse mais uma vez aquela bolha cômoda que a depressão me
causava.
Fechei meus olhos com força travando meus braços em volta do meu joelho e
agradecendo aos céus por Robert não poder esta me vendo daquela forma tão fraca.
Chorei junto com minha mãe por muitos segundos, ela não dizia nada e nem eu, não era
preciso, aquele era o nosso momento, depois de mais de seis anos, nós finalmente
estávamos ali, juntas e dando um abraço que já havia muito que estava atrasado.
Eu solucei um pouco mais alto retirando meu rosto de seu ombro para buscar um pouco
de ar.
Ela voltou a fechar seus braços ao meu redor e continuamos com nosso pequeno
momento por vários e vários minutos, eu sentia que não queria deixar que ela se fosse.
Eu estava com medo de mim mesma, porque sabia que eventualmente, eu iria afastá-la
de mim em algum momento.
Quebramos nosso abraços e ela sorriu pra mim sem se afastar do meu lado, ela puxou a
cadeira mais pra perto e continuamos a conversar.
Conversamos tanto sobre tantas coisas que quando eu percebi já era mais de 7horas da
noite.
Robert já devia ter chegado do trabalho e com certeza estava me esperando.
Foi só pensar nele que meu celular tocou, com o seu toque personalizado com o som de
Lifehouse, You and Me.
- Hey.
- Eu também te amo.
Desliguei o telefone com um sorriso no rosto e olhei pra minha mãe que também sorria
pra mim.
Ela sorriu.
Nos levantamos e nos despedimos no final do calçadão de Santa Monica, ela pegaria um
taxi até seu hotel e eu segui pra minha casa.
- Baby? – gritei pelo corredor e verifiquei em nosso quarto e banheiro, mas ele ainda
não havia chegado do trabalho.
Tomei um banho morno e fui pra cozinha, eu estava inspirada pra cozinhar naquela
noite, apesar de me sentir um pouco cansada mentalmente, eu estava afim de fazer algo
gostoso para a janta.
Peguei algumas batatas na geladeira e limpei tudo enrolando em uma folha de alumínio
e colocando para gratinar no forno.
Temperei alguns filés de frango ligando o fogão e os grelhando na chapa com cebolas
do jeito que Robert adorava.
Corri para a porta e na pressa de voltar a cozinha acabei nem vendo no olho mágico.
Meu estomago embolou e eu senti a bile chegando com força ao ver Brian na minha
porta.
- Olá gracinha.
Capítulo 26
Capítulo 26
Apagar a Luz
“Há duas tragédias na vida, uma é perder o que o seu coração deseja, a outra é
consegui-lo.”
(George Bernard Shaw)
Foi a primeira coisa que saiu de meus lábios, minha voz era fria e rude, e eu não fazia
esforço para mostrar o meu horror por ele estar aqui.
- Não tenho nada pra falar com você. – eu quase cuspi as palavras nele, embora a minha
vontade fosse realmente essa e depois matá-lo se possível.
Sem falar nada eu tentei fechar a porta, mais o idiota a travou com o pé, forçando a
madeira pra dentro.
- Isso não foi educado Kristen. – falou fechando a porta atrás de si enquanto eu já
começava a respirar fundo e dar passos defensivos para trás.
- Diga logo o que quer e saia daqui. – minha voz tremia e eu fazia esforço para que ela
saísse confiante e grosseira.
- Não precisa ficar com medo, sabe que não vou te machucar.
- É claro que não vai, eu já cresci não é? Não posso mais diverti você seu estúpido
nojento.
- Não vamos descer essa discussão de nível gracinha, eu só vim te dar um recado.
Fiquei calada lutando para não vomitar em cima do tapete da sala, por que se fosse em
cima dele não teria problema.
- Sua mãe continua sem saber de algumas coisas e eu espero que isso continue assim
Kristen.
- Minha mãe não saberá de nada, mas não faço isso por você, eu faço por ela, ela não
merece saber o tipo escroto que ela tem dentro de casa. E eu também vou te dar um
recado Brian. – minha voz agora era puro veneno misturado com o ódio e as lembranças
que assaltavam minha mente. – Não se atreva a machucar minha mãe ou meu irmão. Eu
juro que vou até o inferno pra acabar com essa sua reputação de policial bom moço.
- Vai fazer o que Kristen? Me denunciar? – eu o encarei fria. – Vai dizer ao mundo o que
aconteceu aqui ? – ele gesticulou pra nós dois. – É claro que você não vai, seu
namorado não sabe disso sabe? Ele sabe que nós nos divertíamos gracinha?
- NÃO COLOQUE ROBERT NESSA HISTÓRIA. ELE NÃO TEM NADA HAVER
COM ISSO. NÃO.CHEGUE.PERTO.DELE.
Meus olhos e minha boca eram puro veneno, eu sentia o ácido em minhas veias se
alastrando a cada segundo em que ele estava em minha presença, mas se ele achava que
eu ainda era aquela menina que não tinha forças ele estava mais do enganado, ele não
iria chegar perto de Robert, eu não deixaria ele nem olhar pra Rob, eu o mataria antes
que ele fizesse alguma das duas coisas.
- Saí. Da. Minha. Casa. Agora. – eu não era gentil, na verdade eu queria torturá-lo até
que ele pedisse por misericórdia por tudo o que tinha feito comigo e por estar
ameaçando Robert.
- Não se enfureça gracinha. – sua expressão era divertida e eu só conseguia sentir raiva
e nojo. – Eu já dei o meu recado e estou indo embora. Mas está avisada Kristen, uma
palavra sua a sua mãe e seu namorado saberá com quantos homens já dormiu e o que
cada um deles aproveitou de suas...haam.... qualidades. – os olhos frios percorreram
meu corpo de cima a baixo, com aquele mesmo desejo vivo e doente brilhando em
crueldade que eu vira a tantos anos atrás.
- Sai daqui. – falei num fio de voz me sentindo suja só com o seu olhar sobre mim. –
FORA.
- Não chegue perto de mim. – disse já começando a ficar desesperada. – Sai daqui. Sai
daqui. – eu repetia sem parar, ele não podia se aproximar, eu estava entrando em pânico
com seu olhar de anseio, meus olhos já derramavam lágrimas de puro medo e
nervosismo.
- Ele vai demorar a chegar não vai? – perguntou me engolindo com o olhar.
- Pare de chorar, não é possível que você nunca vá perder essa maldita mania. – falou
rude e ficando parado no lugar me dando tempo para que pudesse me recompor.
Não havia sentido que tinha dado mais e mais passos pra trás, mas agora eu estava
encostada na parede nas minhas costas, limpando meu rosto furiosamente para não
parecer fraca.
E tudo o que eu queria era me arrastar por ela até que estivesse parada no chão, por que
eu estava suja demais para poder desejar os braços quentes de Robert agora.
Funguei uma vez e senti meu coração dando saltos e mais saltos quando ouvi a porta se
abrir e Robert entrar por ela.
Eu quis vomitar de novo, lutei contra o impulso de levar as mãos na boca quando ele me
encarou e depois a Brian, seu cenho franzido e seu olhar cerrado, eu sabia que ele não
estava entendendo e que com certeza estava vendo as marcas de lágrimas em meu rosto.
No segundo seguinte ele estava em minha frente com suas mãos em meu rosto.
- O que houve?
A última coisa que vi foi um impulso de Robert de ir até dele, antes de Brian fechar a
porta.
- Kristen o que houve? Por que está chorando baby? – ele me encarava com a mesma
expressão de antes, o cenho franzido e raivoso e ainda sim era a pessoa mais linda que
eu já tinha visto na vida.
- Não foi nada Rob, não foi nada. – limpei mais uma lágrima que caia.
Eu gostei quando ele tirou suas mãos mornas do meu rosto, eu não era digna de receber
seu toque, eu estava me sentindo tão suja e nojenta que não era capaz nem de olhá-lo
nos olhos.
Disse com pressa de sair dali e de mudar de assunto, eu sabia que ele não deixaria as
coisas assim, mas eu precisava de um tempo.
Coloquei uma calça de moletom e uma blusa branca normal, quando voltei pra ir a
cozinha, Robert estava na sala e tinha o paletó em cima do sofá com o telefone nas
mãos.
- Ele só veio..dar um recado da minha mãe... – minha respiração acelerou assim como
meu coração, eu odiava tanto mentir pra ele.
- Ele demorou 40 minutos pra dar um recado? – ele estava sendo irônico ou era
impressão minha?
- O quê?
- Acabo de falar com a portaria Kristen, ele entrou aqui tem mais de 40 minutos. – agora
ele estava sério e eu estava chocada.
- Não acredito que você ligou pra portaria pra saber a quanto tempo ele estava aqui
Robert.
- É a minha mulher, tenho direito de saber quando algo te machuca Kristen. Eu não
gostei desse homem, pode ser paranóia minha, mas eu não o quero aqui.
Engoli em seco.
- Eu sei.
- Ótimo. – ele arrancou a gravata com força e agilidade a jogando em cima do paletó no
sofá. – Vai me contar agora o que houve?
- Tudo bem. – ele estava magoado. E ele não podia ter mais razão.
Ele passou por mim sem dizer nenhuma palavra e foi em direção ao quarto, eu senti
uma pontada aguda no coração ao vê-lo se afastar de mim sem nem me dar um beijo ou
algo assim.
Cheguei até a porta do quarto onde ele já estava sem camisa e entrando no banheiro.
- Rob? – chamei num fio de voz. – Venha jantar... – eu começava a ter sérios problemas
com o choro e já tentava empurrá-lo novamente.
Entrei na cozinha ignorando a água em meus olhos e na minha bochecha, caindo por
minha boca me deixando com o gosto salgado das lágrimas. Guardei a janta e desliguei
o forno de pró-aquecimento.
Aquelas batatas estavam me enjoando também e era melhor eu não comer nada se não
quisesse passar mal.
Voltei pro quarto e me sentei na cama ouvindo o barulho do chuveiro, eu queria tanto
entrar lá e fazer amor com ele, perguntar como foi o seu dia e saber se estava tudo bem,
mas eu não tinha coragem pra isso.
Na verdade eu não teria coragem de dormir ali com ele sabendo como eu estava
repulsiva naquele momento, mas se eu fosse pra outro quarto as coisas só ficariam
piores.
Quando ele saiu, foi novamente sem me encarar, ele pegou sua calça de moletom cinza
e jogou a toalha de volta no banheiro.
Eu criei coragem para tentar falar com ele e não ficarmos daquele jeito.
- Rob?
- Huum? – ele resmungou quando pegou seu notebook que usava apenas pra trabalha e
se sentou no sofá perto da janela.
- Você não vem dormir? – perguntei desesperada pra sentir ele junto de mim.
- Não.
- Agora não Kristen. – ele suspirou pesadamente, passado a mão no cabelo em seu jeito
nervoso e finalmente me encarou.
Eu teria preferido que ele não tivesse feito. A magoa que eu via em seu olhar era o que
bastava para terminar de me quebrar por dentro.
- Eu aceito que não me conte as coisas e que esconda tudo o que você quiser esconder.
Mas não minta pra mim Kristen. Não faça isso.
Ainda nos encaramos pelo que me pareceu ser horas até que eu desviei meu olhar que já
estava nublado pelas lágrimas que eu não iria agüentar segurar.
Me virei para deitar meu rosto no travesseiro, a peça macia acabou abafando meus
soluços pelo resto da noite, mesmo quando ele finamente se deitou ao meu lado sem me
puxar para seu peito.
Capítulo 27
Apagar a Luz
"Todos nós moramos numa casa de fogo, sem bombeiros para chamar e sem saída.
Apenas a janela do andar de cima para olhar pra fora enquanto o fogo com nós presos,
trancados dentro dela. "
(Tenesse Williams)
Eu acordei naquela manhã de sábado meio atordoada, minha mente não estava se
focando direito e de repente até o cheiro do ar me enjoou.
Voltei pro quarto depois de escovar os dentes e vi Robert dormindo de bruços como ele
sempre fazia.
Ele tinha a mão esquerda debaixo do travesseiro e a outra estava esticada para o lado em
que eu dormia, mas ela não estava me tocando enquanto eu estivera na cama.
Quis sorri da sua tentativa de me abraçar durante o sono, eu também havia feito isso de
madrugada, quando fingi está dormindo e apenas o observava com as lágrimas ainda
nos olhos.
Cobri suas costas tonificadas com o edredom que até antes estava apenas abaixo da
cintura e me abaixei de leve para passar as mãos em seu cabelo caótico, aproveitando
que ele estava dormindo.
Sai de lá sentindo meu coração cada vez mais apertado.
Hoje era sábado e eu havia perdido o sono em algum momento daquela noite, alguns
pesadelos me assaltaram, mais eu não me recordava do que era, o que era muito bom já
que eu não precisava acordar suando e gritando pela madrugada a fora e acordar Robert
depois que ele tinha trabalhado o dia inteiro e ainda chegado em casa com toda aquela
confusão e nossa briga.
Nossa briga.
Eu não queria nem me lembrar daquilo. Não queria me lembrar de sua voz seca ou do
modo como ele não me encarava. Dos seus olhos magoados dizendo para que eu não
mentisse pra ele.
Merda, eu estava estragando tudo com as minhas inseguranças.
O que era totalmente ridículo já que ele me mostrava a cada segundo o quanto me
amava e o quanto eu era especial pra ele.
Eu amava Robert além de qualquer limite.
Mas toda vez que eu pensava na idéia de contar tudo, minhas incertezas gritavam, o
medo da rejeição, o medo da piedade e do ódio borbulhavam dentro de mim.
E quando ele soubesse que eu não podia ter filhos?
Mas que diabos era aquilo que eu vomitava com qualquer coisa agora?
Saco.
Engoli minhas lágrimas que já estavam querendo sair e levantei a cabeça querendo me
livrar de todos aqueles pensamentos.
- Tudo bem?
Me sobressaltei com sua voz atrás de mim e me virei depressa demais, me sentindo
ainda mais tonta e tendo que disfarçar isso.
- Sim..haam..tudo bem.
Ele assentiu com a cabeça e ia saindo da cozinha quando o chamei de volta, reparando
em seus cabelos desalinhados e em seu peito nu, ele usava apenas a calça de moletom
de dormir.
- Não vem tomar café? Eu vou fazer alguma coisa agora. – disse apontando pra cafeteira
atrás de mim.
Ele pareceu que ia recusar por um momento, mas no final assentiu com a cabeça e me
ajudou a fazer as coisas.
Nós não falávamos nada, apenas ficamos ali, fazendo nosso café da manhã.
Eu fiz ovos mexidos com queijo por que ele gostava e algumas salsichas ignorando o
fato que o cheiro delas pareciam estar meio estragados e reviravam meu estômago,
acabei jogando tudo fora tampando meu nariz com a mão e esperando a vontade de
vomitar passar.
Na verdade eu queria chegar até ele e sorri lhe desejando um bom dia e tomar nosso
café da manhã juntos como sempre fazia.
Ele lavou os pratos depois que acabamos e disse para que eu deitasse por causa do
enjôo, resisti ao impulso de revirar os olhos por causa do seu exagero, mas fiz o que ele
pediu apesar do mal estar já ter passado.
Deitei-me em nossa cama e aproveitei pra terminar de ler meu livro que já estava nas
últimas páginas, mas que eu acabara me esquecendo de terminá-lo.
Robert passou o dia inteiro dentro do seu escritório e em nenhum momento ele veio até
mim, eu sabia que ele estava com razão, mas poxa, não custava nada tentar falar
comigo.
Eu era a errada da historia, mas tinha medo de que ele ficasse ainda mais chateado e
magoado comigo se eu tentasse falar com ele.
Chamei ele para almoçar depois das 13:00 e ele disse que estava sem fome e que
comeria depois, eu ainda insisti um pouco, mas ele não saiu de lá, enfurnado naquela
droga de notebook com toda aquela papelada em volta dele.
Quando acordei foi meio lentamente como nessa manhã. Olhei para a parede de vidro e
notei que o sol já estava se pondo e que eu estava coberta com um lençol branco bem
fino e que meu livro estava marcado na pagina e fechado ao meu lado.
Suspirei e me levantei, indo até o banheiro escovando meus dentes e passando uma água
no meu pescoço que estava um pouco dolorido.
Eu não sabia o que fazer quando voltei pro quarto. Era sábado e se eu não fosse tão
idiota, eu e Rob estaríamos agora na praia ou comendo um cachorro quente no píer de
Santa Monica.
Estúpida.
Fiquei parada em meu lugar sem saber o que estava acontecendo, até que ele foi se
aproximando e se aproximando e depois do que pareceram quilômetros, ele chegou à
minha frente.
- Me desculpe por ontem. – pediu baixo passando suas mãos por meu rosto.
Fechei meus olhos apreciando seu toque mais do que bem vindo em minha pele.
Ele suspirou e me abraçou apertado, escondendo seu rosto em meu pescoço enquanto eu
deitava o meu em seu peito, sorrindo feliz e respirando o melhor cheiro do mundo.
O da pele de Robert.
- Eu não queria te pressionar a nada. Falei sério quando disse que você só vai fazer o
que quiser. – disse abafado contra o vão do meu pescoço, ele também respirava fundo,
com certeza pegando meu cheiro pra ele.
Apenas apreciando meu gosto assim como eu fazia com ele, abrindo mais minha boca
para que sua língua tivesse total liberdade para tomar de mim tudo o que ele quisesse.
Deixei minhas mãos em seu rosto, eu adorava tocá-lo no rosto enquanto nos
beijávamos, me dava uma sensação de realidade, de que ele realmente estava ali, por
que eu podia reconhecer seus traços apenas com meu toque.
Rob mordeu e puxou meu lábio inferior o prendendo em sua boca, lambendo o contorno
e sugando como se quisesse arrancá-lo de mim, eu adorei aquilo.
Voltamos a nos beijar e não saímos de lá tão cedo, ainda tínhamos muito o que
recuperar, eu nunca havia sentido tanta falta dele como senti desde ontem até agora.
Qualquer segundo sem ele era suficiente para me por louca de saudade dele e de seus
olhos intensos, ou seu toque perfeito e sua voz calmante assim como seu cheiro.
Ele se deitou no sofá e me puxou pro seu colo, me aninhando em seu peito e acariciando
meu cabelo por todo o seu comprimento.
- Quer fazer alguma coisa hoje? – ele perguntou me beijando de novo nos lábios.
- Não. Quero ficar aqui com você. – beijei seu pescoço ouvindo ele rir baixinho.
- Não me provoque. – disse, mas ele mesmo já me levantava e me deixava sentada em
seu colo, de frente pra ele.
Eu sorri quando suas mãos foram para a barra da minha blusa a retirando delicadamente
por cima da minha cabeça, para depois massagear meus seios ainda por cima do sutiã.
- Rob... – chamei seu nome em um gemido baixinho, jogando minha cabeça pra trás
quando sua boca invadiu meu pescoço, o mordendo e lambendo a pele para depois
respirar por cima, dando uma sensação gostosa de prazer.
- Quietinha baby. – ele sorriu malicioso e suas mãos deixaram meus seios, eu tenho
certeza que tinha resmungado pela perda do contato, mas ouvi ele rindo de novo e sua
boca pela minha clavícula e ombros, dando beijos molhados.
Seus lábios rodearam o tecido do sutiã, sem me beijar por completo naquela parte, eu já
estava ansiosa para que ele me tomasse por inteira e acabasse com aquela pressão que já
existia em meu baixo ventre.
Robert levou as mãos em minhas costas e o senti abrindo com facilidade o fecho do meu
sutiã, movi minhas mãos para retirar tudo mais rápido e ele abocanhou meu seio
esquerdo o tomando por todo em sua boca.
Ele lambia e sugava com sua outra mão massageando o esquerdo, até que ele juntou os
dois e seus beijos seguiram assim, ora um ora outro nunca me deixando sem atenção.
Eu estava enlouquecendo.
Desci minhas mãos por seu peito gemendo quando ele puxou meu mamilo com força
em sua boca para depois lamber e voltar a sugar com voracidade.
Cheguei até o cós da sua calça de moletom arranhando o abdômen com minhas unhas
pequenas, levantei seu rosto no meu e tomei sua boca na minha antes que eu perdesse o
resto da sanidade que ainda me restava.
Ele rosnou e eu já me contorcia, mexendo meu quadril de encontro a sua excitação que
eu já podia sentir, me dando ainda mais vontade que ele se enterrasse em meu corpo.
- Robert...
Gemi abafado por seus lábios, Robert mordeu a ponta da minha língua e suas mãos
apertavam meus seios, o polegar circulava superficialmente os mamilos e eu estava
mais do que enlouquecida.
- Eu preciso de você...
- Você me tem baby. – ele disse num gemido rouco quando puxei sua calça pra baixo,
libertando o meu objeto de desejo e me fazendo ficar ainda mais acesa e ansiosa.
Ele ainda queria me torturar mais, senti isso quando suas mãos adentravam pela minha
calça e passaram a me estimular, em um ritmo frenético com seus dedos dentro de mim
me fazendo rebolar apenas para criar mais atrito.
Com urgência.
Mordi meus lábios e libertei seu cabelo da prisão que meus dedos faziam, me levantei
rapidamente e muito ofegante, meu corpo estava suado e tinha certeza que meu rosto
estava ainda mais vermelho.
Retirei minha calça o encarando, Robert mordia os lábios e gemia baixinho me vendo
tirar também a calcinha.
Suas mãos se cravaram em minha cintura, fazendo um aperto tão forte que eu me
encaixei em seu corpo com violência.
- Você é minha. – disse com a voz abafada e rouca em meu ouvido puxando o lóbulo e
mordendo, lambendo a minha pele. Meus olhos se reviraram e eu apertei seu cabelo em
punho em minhas mãos, os puxando a cada estocada que ele dava em meu corpo.
Suas mãos me guiavam pra cima e pra baixo, num vai-e-vem tão delicioso que eu seria
capaz de morrer se ele parasse agora, mas ele não ia fazer isso.
Minha frase se perdeu num prazer imensurável, ele jogou meu corpo no sofá e se deitou
por cima de mim, me invadindo por completo e gritando meu nome abafado em meu
ouvido.
Gemi tão alto que não duvidava que viessem reclamar pelo barulho, mas que fosse tudo
pro inferno, quem é que pensaria em alguma coisa com um homem daqueles invadindo
seu corpo em investidas rápidas, fortes e poderosas daquele jeito.
Cristo, ele sabia o que estava fazendo, ele sabia muito bem o que estava fazendo.
Arqueei minhas costas quando ele puxou uma perna minha para seu quadril, me
segurando pela dobra do joelho.
Senti ele se derramando dentro de mim com um rosnado que mais pareceu um grito em
meu ouvido.
Ele ainda estocou mais duas vezes antes de se jogar em meu corpo.
Recebi o seu com meus braços e pernas envolto dele, o abraçando e aconchegando seu
rosto em meus seios.
- Você vai me matar Kristen. – ele disse abafado contra minha pele e eu sorri beijando
seu cabelo.
Suas mãos circularam minha cintura e ele subiu os beijos por minha clavícula até chegar
a pescoço e depois meu rosto.
Ele me beijou de um jeito tão perfeito e doce que eu tive que me perguntar como ele
conseguia ser mais perfeito a cada dia que passava.
E como que poderia amá-lo mais do que eu já amava.
- Não quer mesmo sair hoje?! – perguntou me dando selinhos pequenos e suaves.
- Não, por que? Você quer? – disse de olhos fechados escutando seu riso baixo em meu
ouvido.
- Está? – perguntei com a voz abafada e rouca pelas sensações que ele causava em
minha pele.
- Oh sim baby. – ele me olhou mordendo meu lábio inferior. – Eu estou muito. – arfei
quando o senti me invadindo lentamente. – Muito bem aqui. – arqueei minhas costas,
jogando minha cabeça pra trás, suas mãos sustentaram minha cintura e seus beijos
tomaram novamente o lugar em meus seios.
- Robert... – sussurrei arfante e quase sem respiração pela intensidade com a qual ele me
invadia.
Eu não ouvi mais nada além do som dos nossos corpos se chocando, nossas peles
deslizavam facilmente por conta do suor e eu ainda o abraçava com minhas pernas e
braços, arranhando todas as suas costas e nuca.
Ele parecia gostar disso, já que sempre se movimentava mais forte depois dos meus
gemidos e arranhadas.
Ele respirou fundo e me tirou debaixo dele, rodando nossos corpos no sofá até que eu
ficasse por cima de seu corpo.
Me encaixei no meio de suas pernas deitando minha cabeça em seu peito, sorrindo feliz
recebendo seu beijo no topo da minha cabeça e seus braços me rodeando, me
protegendo e me aquecendo.
Sorri de novo.
- Nada. Só estava aproveitando. – fechei os olhos sorrindo e pude sentir que ele também
sorria, com suas mãos passando pela linha da minha coluna suavemente em um
movimento continuo de puro carinho e dedicação.
- Aproveitando o quê?
- Você. – ele riu baixo e eu apoiei meu queixo em seu tórax, olhando pra ele e sorrindo
com as mãos em suas costelas, espalmadas sentindo sua pele embaixo de mim. – É
sério.
- Já disse que é você. Seu toque. – fechei os olhos sentindo suas mãos em minhas costas.
– Seu corpo. – movi minhas mãos de suas costelas por seu peito até chegar a seus
ombros e descer pelos braços. – Seu cheiro. – passei meu nariz por seu peitoral definido
respirando fundo, o fazendo apertar levemente minha cintura.
O encarei novamente e ele sorria assim como eu.
Seus olhos ficaram intensos e muito mais suaves do que antes, sua expressão ficou séria,
mas eu podia sentir os azuis esverdeados brilhando como nunca.
- Eu amo você.
Eu não saí dali por muitas e muitas horas. Fiquei aconchegada e encolhida naquele
corpo e naquela alma que eram a minha casa.
Capítulo 28
beeeeijos
Apagar a Luz
Tem gente que morre de mágoa, um troço que afeta o coração. Uma porrada de gente
morre de ataque cardíaco. E é o coração que mais dói quando as coisas dão errado e
se desmoronam.
(Markus Zusak)
Não via quase nada na minha frente.
Eu tinha me arrependido de ter aberto os olhos, eu não fazia idéia de que horas eram,
mas sabia que não estava mais no sofá e que o corpo quente que me embalara no sono,
não estava mais comigo.
Eu ainda estava nua e com o edredom me enrolando por inteira pois o ar condicionado
estava ligado e devia ter sido Robert que me cobriu depois que saiu da cama.
Sim, porque com ele aqui, não havia maneira que eu pudesse sentir frio.
Mas onde diabos, ele tinha se metido.
Me sentei a contra gosto na cama, passando as mãos pelos olhos e sentindo minha
cabeça girar um pouco. Olhei no relógio de nossa cabeceira e vi que já eram mais de
sete horas da noite. Franzi ainda mais o cenho.
Me levantei e tomei um banho morno colocando uma roupa bem leve para o caso dele
querer sair ou algo assim.
- Hey, onde estava? – perguntei quando ele me beijou deixando as chaves na mesinha de
centro.
- Fui comprar algo pra você comer. – ele sorriu me entregando a caixinha que eu
reconheci da Donutt’s .
Abri a caixinha encontrando alguns muffins e sorri a ele agradecendo, eu estava mesmo
com fome.
- Você não vai comer? – perguntei mastigando enquanto ele me puxava para seu lado o
sofá.
- Deve ser Tom. – ele disse colocando seu braço atrás de sua cabeça para tentar pegar o
telefone na mesinha junto com o abajur. – Sim? – ele falou deixando sua mão
acariciando meu couro cabeludo e depois todo o meu cabelo. – Oh..haam...sim..espere...
Kris? – olhei pra ele que colocava a mão no bocal no aparelho.
- Oii.
- É sua mãe.
Pisquei algumas vezes para assimilar o fato de que era minha mãe no telefone e meio
que mecanicamente peguei o aparelho de suas mãos me sentando no sofá, olhando pra
ele.
- Olá mamãe.
- Que bom, liguei pra saber se gostaria de jantar comigo e com Brian. – eu tentei não
enjoar.
- Oh... eu não sei mamãe. – como eu iria falar pra ela que aquilo não era uma boa idéia?
– Haam..eu...eu vou falar com Robert.
- O que foi?
- Oh...haam...
- Nós não precisamos ir...eu..acho que isso não é uma boa idéia e ... – passei a mão em
meu cabelo trazendo minhas pernas pra cima do sofá enquanto Robert franzia o cenho.
- Haam, eu não sei... ontem você disse que não queria ele aqui...e ...- engoli em seco.
- Não precisa deixar de ver sua mãe por mim Kristen. E eu estarei lá com você.
Eu não entendi direito sua lógica, mas achei melhor não discuti.
- Tudo bem.
Ele sorriu me puxando de novo pro seu peito e eu peguei o telefone em minhas mãos,
liguei pra ela avisando que iríamos e ficamos de nos encontrar na Santa Monica
Boulevard.
- Você quer mesmo ir? – ele perguntou deixando as mãos em meu rosto.
- Sim, eu quero ir pela minha mãe. Não posso deixá-la assim, eu já me sinto culpada o
suficiente por tê-la magoado tanto.
- Você vai estar comigo? – perguntei olhando em seus olhos rezando para que ele não
visse as lágrimas nos meus e entendesse meu pedido silencioso.
Ele entendeu.
Entendeu e sorriu.
--
Troquei de roupa colocando uma blusa de listras horizontais em preto e branco e uma
calça skinny azul marinho, com um par de all star.
-Obrigada. – falei corando fazendo ele rir baixo e me dar um beijo nos lábios de leve. –
Você também está bonito. – mordi seus lábios e ele riu ainda mais.
Reparei em sua roupa, em como ele ficava ainda mais sexy naquela blusa de mangas
preta com listras bem finas de um azul bem escuro. A calça jeans e o tênis davam a ele
um ar totalmente irresistível.
Assenti pra ele e entrelaçamos nossos dedos, ele trancou o apartamento e descemos
sorrindo.
Resolvemos ir andando, não era tão longe assim de casa e a noite de Los Angeles era
bonita demais para ser desperdiçada com carros.
Ficamos conversando até que em momento em me parava e me beijava e eu apenas
sorria contra seus lábios e enlaçava seu pescoço na mesma hora.
Nós nos separamos depois do que me pareceu ser horas, embora ainda não fosse o
suficiente pra mim. Ele me sorriu e voltamos a caminhar até o lugar e ele abriu a porta
pra mim.
Respirei fundo crispando meus dedos na blusa de Robert quando vi minha mãe e Brian
sentados numa mesa redonda a pouca distância de nós.
Eles nos viram e eu quis vomitar quando Brian me encarou, com aquele sorriso cínico
que ele tinha e que me dava êmbolos no estomago e uma vontade louca de desaparecer.
Robert notou e seus dedos se cravaram em minha cintura me fazendo engolir em seco e
me perguntar o que quê eu estava fazendo ali.
Minha mãe veio nos cumprimentar e Robert e ela se davam muito bem e ele não saiu do
meu lado um minuto sequer depois que nos sentamos na mesa, ele encarava firmemente
Brian quando o mesmo olhava pra mim.
Por diversas vezes eu senti a perna dele tocando a minha por debaixo da mesa e isso
fazia meus olhos se enxerem de lágrimas por não conseguir evitar que lembranças de
puro pânico assaltassem minha mente.
- O que houve Kristen? – Rob perguntou e eu me assustei ao perceber que havia deixado
uma lágrima escapar.
Idiota.
- Nada, eu acho que estou com um pouco de dor no estomago. – não era totalmente
mentira, meu estomago não estava dolorido, mas aquela pizza de abacaxi estava me
enjoando em níveis imagináveis.
- Nós podemos ir pra casa. – ele passou a mão em meu cabelo carinhoso.
- Eu tenho antiácido no carro gracinha. Posso pegar pra você. – era Brian e eu quis
morrer quando percebi do que ele havia me chamado.
Robert também percebeu e no mesmo momento suas mãos apertaram a minha com tanta
força que eu achei que fosse quebrar, seus olhos se cravaram em Brian que sustentou
seu olhar.
- Rob? – tentei chamá-lo num fio de voz, minha sorte era que minha mãe havia ido ao
toalete senão já teria que esta dando explicações. – Rob, por favor. – mordi os lábios
para evitar que eles tremessem, mas ele ainda encarava Brian.
- Não quer o antiácido, gracinha?
- Ela não precisa de nada. – Robert respondeu. A voz fria e ácida me enviando calafrios
por todo o corpo. Eu podia sentir a raiva e o veneno correndo por suas veias e eu só
rezava para que fossemos embora logo e que eu conseguisse segurar as lágrimas até
chegar em casa.
Minha mãe chegou no exato momento em que Brian ia começar outra de suas ironias.
- Estou um pouco enjoada. – e minhas mãos estavam doendo pelo aperto de Robert, mas
eu não iria reclamar disso. Oh meu Deus, eu queria tanto ir pra casa.
- Foi algo que comeu?
- Não... – lutei para que minha voz saísse firme em vez de embargada. – É apenas o
cheiro que estava me enjoando.
- Oh. – ela franziu o cenho e eu vi um pequeno sorriso em seu rosto, mas antes que ela
pudesse falar o telefone de Robert tocou.
Ele pareceu ter voltado a respirar e finalmente tirou os olhos de Brian que sorriu nojento
pra mim. Desviei meu olhar e agora Rob me olhava.
- Eu tenho que atender. Não vou demorar. – eu tomei aquilo como um aviso, ou fosse
apenas a minha vontade de ir embora falando mais alto.
- Deve ser algo importante. – Brian comentou e minha mãe não percebeu seu cinismo.
Eu engoli em seco querendo vomitar tudo o que eu tinha comido naquele dia. Verifiquei
minha mão que estava sendo apertada por Robert e vi que ficaria uma marca ali pela
manhã, o local ainda pulsava um pouco e eu tinha certeza que ficaria roxo no dia
seguinte.
- Parece que ele te machucou gracinha. – Brian sussurrou ao meu lado, minha mãe
estava falando demais para poder prestar atenção nas ações dele.
Puxei minha mão que ele segurava na hora, mas ele a prendeu em seus dedos forçando
um entrelaçamento entre elas, fazendo o horror subir em mim por ele estar me tocando.
- Mas já vão?
- Sim mamãe...eu realmente não estou me sentindo bem e ... vou me deitar um pouco.
Não falamos uma palavra e aquele silêncio era mortal pra mim, quase como se me
sufocasse, retirando todo meu oxigênio.
Subimos pelo elevador e eu não me arriscava a olhar pra ele, meus olhos já ardiam e ele
Robert tinha as mãos em punho quando entramos em casa.
Ele fechou a porta com tanta força que eu estremeci por dentro e por fora.
Engoli em seco com minha respiração se tornando cada vez mais rarefeita.
- Rob... eu não tenho... – comecei tentando achar algo para sair disso, mas foi em vão.
Ele não me deixaria sair dali. Não sem falar a verdade.
E eu não podia me arriscar a contar tudo pra ele.
- Não Kristen. – ele quase gritou me deixando um pouco assustada, cruzei meus braços
no peito dando um passo pra trás por instinto. – A verdade. Eu quero a verdade. Agora.
E lá estava o veneno de novo. Era quase como se eu pudesse ver através dele e soubesse
o que ele estava sentindo.
E ele estava irado. E muito magoado.
Não podia.
Suas palavras vieram como gelo até mim, penetrando em minha pele como facadas frias
e sem piedade.
- Robert...
- E COMO EU AJO ROBERT? – joguei as mãos pra cima para que ele continuasse.
- TUDO ISSO É CULPA? É POR ISSO QUE SAIU DE CASA? É POR ISSO QUE
NÃO FALA COM SUA MÃE?
- FALE CLARAMENTE.
- VOCÊ DORMIU COM ELE? – ele gritou com fúrias as últimas palavras e eu levei um
segundo para assimilá-las antes do horror me alcançar.
Levei minhas mãos à boca num gesto de puro instinto para a bile que sabia a minha
garganta.
- É ISSO NÃO É? – ele se aproximou, seu rosto vermelho pela raiva que ele deixava
exalar e seus músculos tensionados. – Você dormiu com ele Kristen? – a voz baixa só
reforçava ainda mais a frieza com que ele dizia aquilo.
Eu não iria agüentar aquilo por muito tempo, resisti à ânsia do vomito deixando as
lágrimas correrem soltas pelo meu rosto.
-Oh meu Deus. – o pânico rolava solto por meu organismo, minhas mãos tremiam
lançando espasmos de desespero por todas as minhas terminações nervosas.
Eu sentia algo se partindo dentro de mim e implorei silenciosamente pra que não fosse
meu coração.
- Você não sabe o que esta dizendo Robert.... - prendi um soluço na garganta. - Você não
faz idéia do que está dizendo.
- ENTÃO ME DIGA KRISTEN. DIGA LOGO O QUE HOUVE.
- Eu..não posso. - eu levei as mãos ao meu coração, as dores se tornavam mais fortes a
medida que ele gritava, minhas lágrimas agora era grossas e eu podia sentir meus olhos
vermelhos e ardidos.
Como eu poderia dizer?
Fechei meus olhos recebendo um tapa na cara a cada palavra que ele dizia.
Eu sentia que ele se aproximava de mim a passos rápidos e abri minhas pálpebras para
encontrar seu rosto irado mais próximo de mim.
- Robert..
- Responda Kristen. - ele estava tão frio e rude que eu me sentia mal em estar ali. -
Dormiu com ele depois que ele chegou a LA?
Foi durante apenas um segundo que suas palavras pairaram sobre mim.
Tudo virou um borrão e minha mão direita se chocou com o rosto dele.
Foi apenas um tapa, mas eu sabia que tinha sido forte.
Eu senti horror de mim mesma por ter batido nele. Seus olhos ainda estavam fechados e
ele tentava se controlar.
Dei passos instintivos pra trás levando minhas mãos na boca para tampar o horror dos
meus atos e daquela nossa discussão.
Eu quis pedir desculpas, mas não consegui, suas palavras martelavam em minha mente,
os gritos de horror me invadiam e eu jamais poderia pedir desculpas por aquilo.
Então eu estava correndo, me virei para o corredor e cheguei mais do que rapidamente
ao nosso quarto, tranquei a porta atrás de mim e escorreguei pela madeira clara com as
mãos na boca tentando conter meus soluços e os pedaços que estavam se quebrando
dentro de mim.
Meu ar se tornando rarefeito e eu me assustei quando ouvi suas batidas na porta.
Eu não respondi, juntei meus joelhos no peito fazendo um esforço para não soluçar e
não me partir no meio daquele chão frio.
- Kris... abra a porta baby. - sua voz triste tinha e com um toque de arrependimento
apenas me quebrou ainda mais.
Eu não respondi a sua fala e me encolhi em posição fetal chorando tudo o que poderia
chorar por toda a minha vida.
Não conseguia me sentir inteira, não conseguia sentir meus órgãos e o mais doloroso de
tudo...
Eu não conseguia sentir meu coração.
Era como se tudo se desfalecesse a minha volta e eu não conseguisse fazer nada para
impedir.
Meu peito subia e descia rápido demais por conta dos soluços e das lágrimas que
banhavam o meu rosto sem pedir permissão.
- Kristen...
Ouvi sua voz arrependida mais uma vez e fechei os olhos com força, ele não era o único
arrependido ali.
Eu fora tão idiota em acreditar que ele viveria bem com os meus segredos.
Mas quem iria viver com alguém assim? Que mentia e que omitia as coisas durante a
cada segundo que respirava?
Robert estava coberto de razão, mas isso não retirava a mágoa que suas palavras me
causaram.
Eu tinha consciência que não era o maior exemplo para que ele pudesse confiar em
mim, mas daí a acreditar que eu o trairia dessa forma tão baixa era outra coisa.
Nunca tinha olhado para outro homem, sempre fora apenas Robert.
Em toda a minha vida, ele foi meu único homem, de corpo e alma, que me abraçava e
me fazia sentir protegida.
Olhar nossa cama só fazia meu coração dar solavancos de dor e desespero.
Ele ainda me amaria quando eu saísse daqui? Ele ainda estaria me esperando para dizer
boa noite e me aconchegar em seus braços?
Eu não agüentaria ficar ali. Não conseguia nem imaginar como ficariam as coisas entre
a gente agora, mas não era egoísta ao ponto de obrigar minha presença a ele.
Robert precisava de um tempo pra ele, talvez pra pensar e se lembrar por que ele não
deveria me amar.
Apagar a Luz
‘’ O amor é como um precipício; a gente se joga nele e reza pro chão nunca chegar’’
(Lisbela)
Não me lembro de muita coisa depois que levantei com esforço daquele chão frio, mas
sabia que estava na hora de me erguer e enfrentar as coisas como elas eram.
E elas não eram fáceis.
Peguei uma mochila minha e abri o guarda-roupa deixando que as lágrimas refizessem
seu trabalho pelo meu rosto, o manchando e o marcando com seus rastros.
Eu teria a que fazer a única coisa que não queria.
Joguei um pouco de minhas roupas na mochila e sem pensar direito abri a porta do
quarto com minha bolsa de faculdade e a de roupas em meus ombros.
Elas pareciam pesar mil toneladas.
A casa inteira estava vazia. Me senti estranha passando ali, mas não era algo ruim, ou
pelo menos eu achava que não.
Era apenas que eu estava acostumada com a risada de Robert na sala ou com nossas
conversas na cozinha e com ele entrando pelos corredores comigo em seu colo mesmo
que tivesse chegado cansado do trabalho.
Permiti que meus olhos procurassem por ele entre as paredes, eu precisava vê-lo antes
de ir embora, para pelo menos avisar que estava indo.
- Onde vai?
Sua voz atrás de mim me assustou e eu dei um pulo no lugar antes de me virar para ele.
Ele ainda estava com a mesma roupa de ontem, o cabelo desarrumado e as bolsas roxas
debaixo de seus olhos me indicavam que ele também não tinha dormido direito.
Pra dizer a verdade, eu nem fazia idéia de há quantas horas o sol já havia nascido.
Robert levava um copo de bebida na mão e seu cenho franzido era angustiado olhando
de mim para minha bolsa.
- Aonde vai? – perguntou de novo bem baixo fazendo meu coração disparar.
- Kris... me desculpe por ontem, por te dito tudo aquilo.. eu... perdi a noção... – ele
estava tão nervoso e pedindo desculpas por algo que eu também devia me desculpar.
- Não. – ele disse taxativo segurando meu pulso, seus olhos mais uma vez eram
angustiados e magoados e aquilo estava me matando.
Eu não poderia fazer nada para tirar aquela mágoa dali.
- Nós precisamos disso, você sabe. – as lágrimas caiam agora e eu não me importava
com elas.
- Não Kristen. Nós podemos conversar baby. – ele estava sendo persuasivo e estava
quase conseguindo o que queria.
- Vai?
- Eu vou. – disse tentando parecer confiante.
Suas mãos passaram pelo meu rosto e foi inevitável que eu não colocasse as minhas no
seu também.
Mas a magoa de suas palavras de ontem ainda rondavam minha alma e não me
deixavam em paz e eu sabia que ele também se sentia da mesma forma, ele não
esqueceria as minhas mentiras e as das suas suposições.
Abri os olhos para encarar os azuis esverdeados e ali eu tive a certeza que não podia
ficar.
Retirei minhas mãos do seu rosto e o vi fechando os olhos. Suas mãos me soltaram
gentilmente, como se estivesse relutando em me deixar ir, assim como eu estava
relutando em ir embora. Tudo o que eu queria era ficar ali, com ele.
Como ele mesmo dissera uma vez: era um circulo vicioso.
Ele era o meu vicio.
Completo e inteiro.
Apressei meus passos para evitar que meu coração me traísse e eu me jogasse em seus
braços como era do meu querer.
Ouvi meu nome ser sussurrado antes de fechar a porta e seguir para o elevador.
--
Chorar foi à única coisa que fiz quando entrei em meu apartamento naquela hora da
manhã, deixei meu corpo se encostar na porta e como na noite anterior, ele deslizou até
que eu me vi sentada no chão com minhas mãos na boca tentando aliviar meu pranto.
Estava tudo tão diferente, a última vez que sai daqui era para entrar em uma vida nova e
ao lado de Robert.
Minha razão me gritava para continuar escondendo, não por mim, mas sim por Robert.
Ele não merecia saber daquelas coisas, ele não merecia sofrer com o que eu passei.
Não por querer, mas todos sempre acabam machucando quando descobrem uma coisa
dessas.
Como fez Taylor, que mesmo sem saber, me machucou com sua expressão de pena
sobre mim quando ele soube de tudo.
E com Robert, não seria apenas piedade. Seria ódio. E ele também estaria com razão em
se sentir assim.Meus pensamentos iam e voltavam com tudo isso de contar ou não, eu
sempre pesava os prós e os contras e no final de tudo, minha razão sempre acaba
ganhando.
Apenas para me lembrar de como eu estava sozinha e de como estava frio naquele dia.
Eu escutava os sons do que eu achei ser meu aparelho de celular, mas não me movi para
pegá-lo, depois do que me pareceram horas eu também escutei batidas em minha porta,
mas novamente não me movi, talvez a dor estivesse amortecendo os meus sentidos, me
deixando em um completo estado de torpor.
Não era ruim, no entanto.
Era apenas confortável.
Você sempre tinha uma desculpa para ficar quieta em seu canto sem que ninguém te
incomodasse. Chegava quase a se confortável.Você se sentia insegura, mas ninguém se
aproximava para saber o que era.
Foi assim comigo no começo e a única pessoa que se aproximou de mim, estava a
algumas ruas de onde eu me encontrava.
E eu estava sozinha.
E desprotegida.
--
Adormecer naquele chão frio da sala do apartamento definitivamente não era uma boa
idéia, principalmente quando se está chorando e soluçando há horas sem parar.
Limpei meu rosto com o torso de minha mão e fui para o meu banheiro.
Sentir o cheiro do meu quarto foi como se tornasse as coisas mais reais e eu podia sentir
o pranto crescendo em meu peito querendo me sufocar enquanto eu lutava contra ele.
Engoli o choro entrando em meu banheiro rapidamente e tirando minha roupa antes
mesmo que a água se enchesse em minha banheira.
Encostei minha cabeça na borda com meu cabelo se espalhando na água, formando
mechas negras.
Fiquei observando eles, pois não queria fechar os olhos, fechar os olhos seria péssimo
em minhas condições naquele momento, foi assim que reparei em uma coisa que me fez
querer desesperadamente ser cega durante alguns segundos para que eu não tivesse
visto.
Era a marca perfeita do que havíamos feito ontem no sofá do nosso apartamento.
A prova mais do que viva de que eu era dele e de que eu o amava incondicionalmente.
Fui dormir de novo apenas horas depois de ter ficado na banheira, ignorei de novo o
barulho insistente em meu telefone e algumas batidas na minha porta.
Eu só queria dormir, dormir e esquecer aquele dia que estava se tornando cada vez mais
um inferno pra mim.
A única coisa que pensei ao colocar minha cabeça no travesseiro, era como estaria
Robert naquele momento e como eu faria para dormir sem o seu calor junto ao meu.
--
Definitivamente dormir, foi a última coisa que fiz durante as primeiras horas daquela
noite, alguns sonhos rondavam minha mente e mais intrigante que seu conteúdo era o
que eles eram em si.
Eu esperava pelos pesadelos, pelo cheiro fétido que sempre me levava á loucura quando
as lembranças me invadiam, mas isso não aconteceu.
Eram apenas sonhos, e eram tão bonitos que eu me recordo de ter acordado pelo menos
duas vezes me lamentando por ter saído deles e deixar pra trás aquele pequeno mundo
de fantasia no qual eu podia fingir que vivia.
Todos eram basicamente a mesma coisa, eu e Rob na praia, não fazíamos nada
especificamente, ele apenas olhava pra mim, com os azuis esverdeados tão bonitos e
intensos que eram refletidos na cor do oceano a nossa frente.
Aparecia também uma terceira pessoa, eu não me lembrava quem era, mas era uma
menina e ela tinha o mesmo tom de cabelo de Robert e o mesmo jeito de sorrir, mas
algo no olhar dela me fazia ficar intrigada durante o sono, seus olhos eram verdes, eram
de um verde tão intensos que quando acordei, senti vontade de me olhar no espelho para
verificar a cor dos meu próprios olhos.
A menina linda dos meus sonhos jamais poderia ter os mesmos olhos que eu tenho.
Era nesse momento que meu desespero voltava à tona e eu percebia como o corpo e o
calor de Robert me fazia falta, eu queria poder abraçá-lo naquele momento e esperar
que ele me circulasse com seus braços grandes e longos cantando pra mim até que eu
estivesse adormecida em seu peito novamente.
E era neste momento também que a idéia de sair da nossa casa me parecia mais certa do
que nunca. Por que eu nunca seria a mulher que ele merecia e precisava ter ao lado dele.
Uma mulher saudável de corpo e alma, capaz de amá-lo sem receio de segredos e medos
e que pudesse lhe dar filhos lindos para que ele pudesse amar com o coração enorme
que ele tinha.
Robert merecia isso; mais do que qualquer outra pessoa.
Um barulho irritante de campainha me despertou dos meus devaneios e eu enxuguei
minhas lágrimas com o torso de minha mão, levantando-me da cama e tirando o
edredom de cima de mim.
Eu não queria atender ninguém, então apenas olharia pelo olho-mágico e ignoraria
como na noite passada, eu não queria visitas, eu não precisava de visitas para me ver do
jeito que eu estava, eu gostava de guardar a minha fraqueza pra mim mesma e não ter
platéia.
Era Dakota.
Eu quis muito não atendê-la e continuar com os meus pensamentos de sofrer sozinha,
mas no segundo seguinte eu já abria a porta e ela sorriu pequeno pra mim.
- Eu e Tom estávamos tocando aqui desde ontem à noite. – ela respondeu entrando pelo
apartamento.
- Você bebeu?
- Você não esta com uma cara muito boa. – ela fez uma cara como se estivesse se
desculpando por aquilo e eu sorri a ela, meio que sem humor, mas ainda sim foi um
sorriso.
- É eu acho que não estou mesmo.
- Certo. Vim apenas saber como você estava. – ela sorriu voltando na direção da porta. –
Sei que não tenho nada haver com isso Kiki, mas por favor, atenda ao telefone. Robert
está ficando desesperado atrás de você.
Ela disse e saiu do apartamento, me deixando atônita por um segundo.
Suspirei.
Na verdade eu estava esperando que ele aparecesse aqui, na minha porta. Me pedindo
pra voltar pra casa, mas isso era estúpido da minha parte, já que fora eu quem quis um
tempo.
Peguei o celular nas minhas mãos e como um reflexo para meu ato, ele tocou.
O som de Lifehouse com You and Me invadiu minha sala e apartamento e eu respirei
mais fundo antes de colocar o aparelho no ouvido.
- Oii. – minha voz estava quebrada e falhando com apenas aquele cumprimento e
quando ele respondeu, eu me senti desfalecer por uns instantes, o som da sua voz me
fazendo ficar levemente acesa a sua presença e o poder que ele exercia sobre mim.
- Kristen...
- Oii... eer ...haam... me desculpe não ter atendido ontem...eu... dormi a maior parte do
tempo... uh...
- Eu fiquei preocupado. – eu queria tanto abraçá-lo naquele momento que meus braços
ficaram doloridos pela falta que ele me fazia.
- Eu estou bem.
- Está?
- Sei como as coisas estão Kristen, acho que nós precisamos mesmo disso...e vou dar
isso a você... apenas me ligue e não demore a ...me dar noticias. – ele disse por fim.
- Eu vou ligar Rob. – minha voz já estava embargada. – Como você está? Já está no
trabalho? – eu também havia ficado preocupada com ele.
- Sim, estou na empresa... eu tenho que ir Kris... me ligue okay? A qualquer hora.
- Vou ligar.
- Kris?
- Huum? – meu coração disparou no peito de uma forma tão rápida que eu achei que a
sair do meu corpo, pura expectativa rolava por minhas veias e eu me vi fechando os
olhos esperando e rezando por suas palavras.
Abri minhas pálpebras com força, piscando algumas vezes para afugentar minhas
lágrimas que começavam a me arder por dentro.
- Até Rob.
- Até Kristen.
Desliguei o aparelho e o joguei em cima do sofá.
Me arrastei até o quarto me encolhendo em minha cama em posição fetal, rezando para
que ele tocasse de novo e ele terminasse aquela maldita frase para que eu pudesse dizer
a minha também.
Mas isso não aconteceu.
Nem naquele dia, nem nos outros dias infernais que se seguiram.
Capítulo 30
Capítulo 30
Apagar a Luz
Ele sabia que nós precisávamos desse tempo e estava tentando me dar isso como disse
que faria. Mas ficar sem ouvir sua voz era quase massacrante.
Era como se a cada toque do meu telefone, eu sentisse que meu sangue era trocado por
linhas novas de esperanças constante que viviam a me cercar.
Tom me ligava regularmente agora, ele e Dakota vinham me ver quase todos os dias e
eu cheguei ao ponto de estourar com toda aquela atenção deles.
Não que me incomodassem que eles ficassem aqui comigo, mas me incomodava o fato
de que eles perdiam tempo de suas vidas para apenas me fazer companhia por que eu
não estava mais com Robert.
Isso me irritou e eu disse a eles para pararem. Eles ainda me ligavam e disseram
entender, eu sabia que eles tinham mesmo entendido e pedi desculpas pela minha falta
de noção quase o tempo todo.Tom sorriu e Dakota gritou. Eu apenas rolei os olhos
fazendo eles rirem ainda mais, o que me irritou em altos níveis, acabei os colocando pra
fora de novo.
Eu mantive contato com minha mãe, ela me ligava todos os dias também e nos
encontramos algumas vezes.Ela notou que eu estava triste e pra baixo como se eu
tivesse com todo o meu corpo em espasmos constantes de dor, mas eu disse que não era
nada e ela não me perguntou mais sobre isso.
Já fazia sete dias que eu tinha saído de minha casa com Robert e eu não podia sentir
mais falta dele ou de seus toques, de seus olhos e de seu sorriso que era exclusivo pra
mim.
Aquele era o ultimo dia da minha mãe na cidade e ela pediu para que eu a levasse no
aeroporto no último vôo da noite. Eu hesitei pra caramba antes de exaustivamente
aceitar.
Não por que eu não queria vê-la, longe de mim. Tudo o que eu queria era que ela
pudesse ficar mais tempo para que eu aproveitasse tudo dela; tudo o que eu tinha
perdido nos últimos anos.
Mas eu não queria encarar Brian de novo, eu não teria espírito pra isso, ainda mais
agora sabendo que eu estava sozinha.Sem ninguém que cuidasse de mim durante meus
pesadelos que agora eram inevitáveis durante todas essas últimas noites.
Aqueles sonhos com Robert e a pequena menina bonita vinham ainda constantemente,
mas tinha vezes que eu preferia que eles não viessem.
Eles eram como injeções ilusórias em minhas veias e assim que eu abria os olhos, a dor
da realidade me engolfava e me fazia sufocar por falta de certos braços quentes e
acolhedores me envolvendo.
Revirei minha geladeira em busca de algo saudável para comer constatando com
impaciência que não havia nada naquela merda. Nada prático pelo menos, até os meus
armários estavam vazios e precisando urgente de uma reposição.Eu tinha evitado fazer
isso nos últimos dias, talvez como uma esperança de que eu não precisasse abastecer a
dispensa, por que minha estadia ali não seria demorada.
Mas agora eu precisava urgente de macarrão instantâneo ou um hot pocket de cebola, do
jeito que Robert gostava.
Bufei irritada que não tinha nada disso e fui a contra gosto preparar algo para comer,
aliás, eu estava sentindo mais fome do que o normal nos últimos dias, eu não comia o
tempo todo, mas era quase como um reflexo, talvez por que eu não tenha bebida aqui no
apartamento e eu não saia de casa a não ser para a faculdade ou ver mamãe.
Peguei o frango na geladeira que pra minha sorte estava descongelado e cortei em cubos
sem me preocupar com a estética daquilo que eu estava fazendo.
Coloquei tudo pra fitar no fogo alto e fui fazer algumas cenouras em rodelas para
acompanhar.
No segundo em que o cheiro de frango frito estragado invadiu minhas narinas, meu
estomago se embolou por completo, o enjôo veio em ondas até mim, me fazendo
ajoelhar no chão frio da cozinha procurando pela merda da lixeira e vomitando tudo o
que tinha comido naquele dia.
- Fuck!
Eu ainda estava enjoada e levemente tonta, eu sentia uma certa pressão na minha nuca
daquelas que você sente quando a sua pressão está baixa e eu mantive meu rosto pra
cima em busca de ar para esperar que o mal star passasse.
Demorou alguns minutos para que eu me sentisse bem e levantasse, passei a mão no
rosto e lavei minha boca, passando um pouco da água gelada em minha nuca para
aliviar a pressão que havia ali.
Olhei para o frango em minha frente fazendo uma careta e joguei tudo no lixo, comi
apenas alguns pedaços da cenoura e fui tomar banho.
Troquei-me e percebi que já estava na hora de levar minha mãe no aeroporto.
Suspirei pesadamente criando coragem para enfrentar e encarar Brian mais uma vez.
Ergui minha cabeça com uma força e determinação que eu não tinha e chamei um taxi,
me preparando também preparando também para despedir-me da minha mãe.
Sai do carro entrando no aeroporto. Caminhei alguns passos até a avistar abraçada a
Brian perto de uma das escadarias no saguão.
A visão me fez enjoar novamente, resisti ao impulso de dar meia volta e sair de lá.
Mas minha mãe merecia o meu esforço.
- Mãe? – chamei ainda um pouco distante.
Ela se virou sorrindo por ter escutado minha voz e se soltou de Brian no mesmo
instante, me abraçando. Eu senti o cheiro dele enquanto ela me apertava e eu repeti um
mantra na minha cabeça de: Não vomite Kristen. Não vomite.
- Achei que não viria. – ela falou passando a mão em meu cabelo, num gesto que me
lembrou totalmente Robert.
Pisquei algumas vezes para que ela não visse que lágrimas se formavam em meus olhos.
- Eu disse que vinha mãe.
- Eu sei meu amor. – ela sorriu. – Sabe, seu irmão vai querer vim até aqui.
Eu também sorri.
- Traga-o mamãe. Eu sinto a falta dele.
- Sei que sente, vocês três sempre foram ligados.
Assenti com a cabeça lembrando a minha amizade com meus irmãos, até mesmo com
Cam que era tão novinho, mas que era o xodó da casa.
Conversamos um pouco e ela me contou como estava Amber e das bagunças de Cam no
time de beisebol da escola.
- Ele estava tão animado com a última vitória deles no jogo. E você não vai acreditar.
- O que? – respondi a sua animação.
- Acho que ele tem uma namoradinha.
- Sério?
- Sim, mas ainda não tenho certeza. – ela riu baixo alisando minhas costas com suas
mãos.
- Mas ele não é novo demais?
- E não é? Mas vocês estão crescendo, parece que foi ontem que eu te colocava em seu
berço e seu pai vinha te ninar a noite inteira. Cam pode ser o caçula, mas você sempre
foi a mais mimada. – ela sorriu meio triste em volto a suas lembranças. – A princesinha.
Ela me olhou com os olhos marejados e eu mordi os lábios que estavam tremendo.
Eu queria dizer tantas coisas a minha mãe.
Dizer que a amava e que eu só queria protegê-la.
Que a respeitava e que ela me fazia tanta falta...
Mas nosso momento foi cortado pelo som de seu celular.
Ela alisou minhas costas antes de se afastar sorrindo.
Devia ser Cam ou Taylor no telefone.
- Você faz falta a ela gracinha.
- Vai pro inferno Brian. – disse entre dentes, cruzando meus braços no peito e resistindo
ao impulso de mais uma vez sair correndo dali.
- Só estou dizendo para que você continue a fazer sua mãe alegre Kristen, ela fica
péssima quando você não liga.
- Vai. Pro. Inferno. – repeti apertando os olhos com força para abri-los novamente
depois de um segundo.
- Onde está o seu namorado? Ele não gostou muito de mim não é?
Não respondi, era provável que não saísse nada de meus lábios.
- Sabe... ele me parece ser o tipo de cara sério... inteligente... não vejo como ele foi se
envolver com uma garota como você.
A bile subiu em minha garganta com força e eu parei no lugar para não virar a mão na
cara dele e alarmar todo o aeroporto e também minha mãe.
- Claro que ele não sabe de nada. – ele sorriu cínico me fazendo enjoar, seu dedo
indicador chegando perto de alisar meu braço, mas eu o retirei a tempo. – Mas ele devia
ser mais esperto e se afastar, por mais que você tenha... qualidades. Ainda sim, ele me
parece merecer mais do que você pode oferecer gracinha. Imagine se um dia ele
descobre de nossas aventuras? Ele vai te odiar tanto...
Me virei em um átimo em direção a ele, minha mão voou no ar e atingiu seu rosto em
cheio.
- Seu porco nojento, você é apenas um estúpido e uma merda de homem. Que teve uma
puta sorte na vida ao encontrar uma mulher como minha mãe. Não me subestime, não
chegue perto de Robert seja para fazer o que for, ou eu abro minha boca e o mundo
inteiro vai saber quem é você. – minha voz exalava veneno e os olhos dele agora eram
frios de pura raiva, mas eu sabia que ele não ia fazer nada. – Covarde.
Sibilei as palavras pra ele antes de me virar e ir em direção a minha mãe, ela estava
distante agora o que fora uma sorte de ninguém ter visto o tapa que dei em Brian.
- Eu vou sentir sua falta. – falei a abraçando com força e me aconchegando no corpo
maternal que também me abraçava.
- Eu vou.
- Vai me ligar?
- Eu vou mamãe.
A abracei de novo e ouvimos a primeira chamada de seu vôo.
- Boa viagem.
- Dê lembranças minhas ao Robert.
Engoli em seco assentindo com a cabeça enquanto ela se afastava ainda sorrindo pra
mim, Brian Wood me encarou, mas eu o ignorei, suas palavras ainda rondando em
minha mente, me deixando enjoada.
Mas acima de tudo, elas me deixavam mais conscientes.
Quando cheguei ao meu apartamento, as lágrimas já rolavam em ondas grossas por meu
rosto e quando eu peguei o telefone e escutei sua voz, eu quis chorar ainda mais pelo
que ia fazer e pela falta absurda que ele me fazia.
- Kristen... – ele parecia mais do que aliviado em me ouvir, era quase... deliciado.
Capítulo 31
Apagar a Luz
"Talvez o maior problema da solidão seja o fato de andarmos pela vida achando que
só nós sofremos dela."
(Jeanne Marie Laskas)
Apagar a Luz
‘’Aquele que já não consegue sentir espanto nem surpresa está, por assim dizer, morto;
os seus olhos estão apagados. ’’
(Albert Einstein)
- Você quer falar mais claramente Taylor? Não estou entendendo onde está querendo
chegar.
- Sabe muito bem onde quero chegar. Você precisa parar com isso Kristen, ficar
sofrendo e se lamentando não vai te levar a lugar algum.
- Quem disse que estou sofrendo?
- Eu disse. – ele respirou fundo. – Você só tem que se livrar disso, lembrar o que
aconteceu não vai te ajudar a superar Kiki, você não vê que está perdendo as coisas por
causa de sua teimosia?
- Não? Você tem uma família que te ama, mas que você vira as costas, você tinha um
namorado que te amava e você também não deu valor a isso.
- FOI POR DAR VALOR A ELE QUE EU SAÍ DE SUA VIDA, E OUTRA COISA
TAYLOR, EU NÃO DEVO SATISFAÇÕES A NINGUEM, EU NÃO PRECISO DE
NINGUEM.
- DEVE SER MUITO FÁCIL PARA VOCÊ FALAR, VOCÊ NÃO ESTAVA COMIGO
EM MOMENTO ALGUM E A MINHA VIDA JÁ É UM INFERNO E NEM POR ISSO
EU PEDI A SUA AJUDA OU O QUE QUER QUE SEJA DE QUALQUER PESSOA.
- POR QUE É FRACA DEMAIS PARA ADMITIR QUE PRECISA DESSA AJUDA.
NINGUEM É CAPAZ DE VIVER SOZINHO KRISTEN.
Não permiti minha mente de continuar processando as palavras de Taylor, não valeria à
pena fazer isso, seria inútil e não me levaria a lugar nenhum.
Passei as mãos no meu cabelo que ainda estavam molhados do banho e entrei na
cozinha desesperada por uma cerveja ou uma vodka.
Pensando bem, vodka não era uma boa idéia, da última vez que bebi, o cheiro me
enjoou e eu passei a noite inteira no banheiro vomitando até minha alma por causa
daquela porcaria.
Mas eu tinha que ficar fora de órbita, eu precisava disso, antes que...
Quê nada!
Eu precisava parar de achar que a bebida resolveria alguma maldita coisa por mim.
As ruas do México eram o principal foco do meu subconsciente, mas havia também
algo que vivia entre eles.
A última vez que eu o tinha visto, ali mesmo naquela sala que agora se tornava doloroso
olhar e ficar ali, revivendo suas palavras e as minhas próprias, junto com o sentimento
de fracasso e saudade que me assaltavam.
Acabou.
- Vamos lá Kiki, ânimo garota, nós temos afazeres hoje. – ela disse já entrando pelo
apartamento e eu cruzei os braços em frente ao peito e franzindo o cenho.
- Que afazeres?
- Compras. É claro que vamos fazer compras Kris, nós temos o jogo hoje e como boa
americana que somos, temos que estar preparadas.
- O quê?
- Não, eu não vou. – revirei os olhos indo pra cozinha e bebendo uma garrafinha de
água em um só gole.
-Vamos lá Kiki. Você nunca mais saiu comigo ou com Tom, fica sempre em casa se
empanturrando de cervejas e cigarro.
- Vamos parar por aqui okay? – disse séria pra ela. – E eu sempre fico com você e Tom,
não fale que não Dak, seria injusto.
- Okay, okay. Não falo mais nada. – ela baixou o olhar e eu me senti meio culpada, eu
realmente estava deixando os dois de lado, mas não era por egoísmo, era só que eu não
queria ninguém me encarando como se eu fosse uma louca que precisava de ajuda.
- Okay. Mas eu só vou comprar as coisas com você. Não vou assistir ao jogo.
Eu não tinha certeza de quem iria nesse jogo e era melhor prevenir, eu não estava
preparada para um encontro agora.
- Tudo bem então. – ela sorriu e eu até sorri um pouco também. – Vamos, vai trocar de
roupa.
Revirei os olhos de novo e entrei em meu quarto, ignorando novamente as lembranças
que aquilo me trazia.
Coloquei uma calça de malha escura e uma blusa branca normal. Peguei meu all star e
me encontrei com Dakota na sala.
- Vamos ao Owens. Temos que comprar cerveja e batata frita e algumas stacks.
- Okay.
- E depois vamos comprar os uniformes. Sam também vem pra cá e vamos comprar três
masculinos.
- Haam, Dak?
- Eeer, você sabe... ou tem.. – eu não consegui mais falar, minha garganta se fechou e eu
me senti levemente tonta por estar querendo entrar naquele assunto.
Não respondi, desviei o olhar para o banco vazio ao meu lado, o tecido de revestimento
parecia mil vezes mais interessante agora.
- Kris... ele passa tempo demais na empresa agora ou trabalhando em casa. Eu não sei o
que está acontecendo com ele, mas ele vai ficar melhor seja do que for. Ele está saindo
direto com Tom e Sam, acho que ele está bem. Robert é meu irmão e eu não vou
perguntar o que houve com vocês, eu o conheço bem demais pra saber que ele jamais
diria alguma coisa.
Ela sorriu no final da fala e eu tentei, mas não consegui sorrir de volta.
Meu coração palpitando à medida que suas palavras se infiltravam em meu organismo,
meu oxigênio ficou escasso e eu quis voltar desesperadamente para o meu apartamento.
Ele estava guardando tudo pra si, assim como eu. Talvez a única diferença, fosse que ele
já tivesse me esquecido.
Robert era o tipo de cara perfeito demais para ficar sozinho, alguma garota já deve ter
tomado conta do espaço que eu deixei vazio.
O pensamento de vê-lo com outra garota martelou tão fundo que a dor se agitou, meu
estomago revirando com as imagens que meu cérebro produzia. Os machucados se
abrindo como se sal tivesse sido jogado em cima, ardendo na mesma intensidade que
meus olhos ardiam agora.
- Shii Kris, não fique assim. – ela passou as mãos em meu rosto.
- Estou bem Dakota. – desviei o olhar para a janela.
Não respondi, eu sabia mais do que ninguém, do que as cicatrizes eram capazes de fazer
a uma pessoa.Eu estava sendo estúpida, tinha consciência disso, fora eu quem decidira
acabar, para dar a ele a chance de encontrar alguém melhor que eu, que seria capaz de
dar ele tudo o que eu não podia.
Eu queria o melhor pra ele e nem por um segundo eu podia me arrepender disso, ele
havia me dado tanto quando eu não tinha nada para oferecer, eu não era ingrata ao ponto
de lhe negar a chance de uma vida mais feliz e saudável com outra garota. E não me
importava de ter cicatrizes se fosse preciso para vê-lo feliz.
Limpei discretamente algo quente em meu rosto e esperei que Dakota não tivesse visto,
mas ela não comentou nada e chegamos ao market em pouco tempo.Compramos tudo o
que era preciso, as batatas fritas e as stacks, com as cervejas e o refrigerante para
Dakota.
Conversamos mais sobre a faculdade e o que faríamos depois dela, eu sabia que
continuaria em Los Angeles e ela disse que também ficaria por que não iria deixar nem
Tom e nem Robert.
Tentei não me importar com aquilo, mas a coragem de Dakota às vezes me dava uma
certa pontada aguda de inveja, ela deixara os pais em Ohio para seguir com o cara que
ela amava e com seu ‘’irmão.’’ Se o meu caso fosse o mesmo do dela, eu tenho certeza
que faria a mesma coisa por Rob, como quando ele disse que poderíamos morar em
Londres..
Eu não me importaria em deixar os EUA e tudo o que tivesse nele, para seguir com Rob
para onde ele quisesse ir. Pensar nisso agora machucava, pois não haveria mais
possibilidades de uma vida juntos e em Londres, nem em qualquer outro lugar. Não pra
mim.
Minha cabeça tinha que se focar em alguma coisa, eu não podia mais ficar remoendo
aquilo, o que passou tinha passado e eu sempre levaria comigo a certeza de que ele seria
mais feliz sem me ter por perto.
- Vamos.
E ah, eu tenho uma comunidade no orkut com as minhas fics, quem quiser é só add láa,
vou ficar contente de ver vocês por lá :) beeijos e eu trago o proximo cap. ainda hoje :)
http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=106776925
Apagar a Luz
Não me lembro de que horas eram quando finalmente acordei, mas já havia anoitecido.
Abri meus olhos contra minha própria vontade, se dependesse de mim, eu não sairia
daquela cama nunca mais. Bufei soltando todo o meu ar pelo nariz e passei minhas
mãos no rosto pra afastar aquele cansaço que eu sentia.
Levantei-me preguiçosamente e entrei no banheiro, enchi minha banheira com a água
quente e devo ter dormido novamente lá dentro, por que quando abri os olhos, meus
dedos já estavam enrugados.
Suspirei de novo escovando meus dentes e reparando só agora que tinha algo errado
comigo.
Meu pacote de absorventes estava fechado e ainda lacrado, do mesmo jeito que eu
comprei, franzi o cenho fazendo as contas, a última vez que eu tinha menstruado foi
logo depois que chegamos de Londres. Isso significava que um ciclo completo já tinha
se fechado e ainda sim, minha menstruação não dava sinais de aparecimento.
Eu não me importava realmente, nunca havia ligado para aquilo, era apenas intrigante,
eu nunca fora muito regular e sempre me recusara a ir a um médico para resolver essas
coisas, não me adiantaria em nada ter ou não ter menstruação.
Respirei fundo guardando de novo o pacote pequeno e escutei meu celular tocando no
quarto, atendi com meu coração disparado, para ver só depois, que era Dakota.
- Hey.
- Oii Dak.
- Está em casa?
- Sim, estou. Por quê? – cocei meus olhos que ainda estavam um pouco pesados e sai do
cômodo indo em direção a cozinha.
- Nada. Lakers ganhou. – ela disse animada.
- Dak..
- Dakota.. eu já disse...
Não era possível que uma pessoa não podia nem ficar em casa sozinha.
Rolei os olhos sabendo que ela chegaria aqui a qualquer momento.
Fui na cozinha e peguei um pão de centeio passando geléia de uva com um suco de
laranja.
Balancei a cabeça para tirar os pensamentos e escolhi uma jeans skinny azul marinho e
uma blusa no estilo bata branca de alças, com alguns detalhes azuis. Coloquei uma
sapatilha qualquer que combinasse e deixei meus cabelos soltos, ele esconderia meu
rosto durante a noite.
Esperei Dakota na sala, me esforçando para criar coragem para sair de casa, quando
tudo o que eu queria era voltar pra minha cama.A campainha não demorou a tocar e eu
rolei os olhos, não sei por que ela não entrava de vez, sempre fazia isso.
- Eu não vou sair com você, se tiver com essa cara Kristen.
- Está falando sério? – respondi fingindo alegria, a fazendo rolar os olhos e me puxar
pela mão.
- Não me irrite Stewart. Estou fazendo isso porque sou uma boa amiga e não te quero
enfornada nesse apartamento esperando que a morte te encontre. – ela disse teatralmente
e eu consegui sorrir minimamente.
- Vamos a quê pub?
- No perto da praia. Tom já está lá ajudando Sam com a banda. – falou entrando no taxi,
eu a segui.
Tive vontade de perguntar quem mais estaria lá, mas me freei. Talvez ela não soubesse
ou talvez até nem me diria se eu perguntasse.
Mordi os lábios em curiosidade.
Chegamos e foi só ai que tive a oportunidade de olhar no relógio, eram mais de 21horas
e por Deus, eu ainda estava morrendo de sono.
Dakota me puxou mais uma vez pelo braço, nos fazendo entrar.O lugar já estava cheio e
eu comecei a percorrer cada extensão dele a procura de algo que nem eu sabia o quê, ou
talvez nem quisesse saber.
Bufei irritada com seu gênio imperativo e ela me deu um beijo no rosto rindo e indo em
direção ao palco.
A traição de meus olhos era vista mais uma vez e eu de novo varri o lugar a busca de
alguém, meu coração palpitando e eu sabia que era de esperança e expectativa.
- Kristenzinha. – a voz de Tom cantou atrás de mim e eu me levantei para receber seu
abraço e seu rodopio comigo ainda no ar. – Que milagre te fez sair de casa?
Ele riu.
- É claro que ela está. Ela foi ao bar pegar bebida pra vocês. – ele sorriu e se sentou
comigo nas cadeiras vermelhas. – Você está bem? – perguntou me olhando e perdendo o
sorriso.
- Não vamos começar com isso okay? Eu estou ótima. – não falei o encarando, Tom me
conhecia tão bem quanto Dakota e saberia que eu estava mentindo.
Senti mãos em meu cabelo e por um momento lágrimas vieram aos meus olhos, me
lembrando de um tempo em que eu passava mal, mas era protegida por braços tão
quentes e fortes... braços que não eram aqueles.
- Não é nada. – respirei fundo e me levantei pra lavar meu rosto e minha boca na pia.
- Kris?
- Não é nada Dak, sério. Acho que me desacostumei um pouco com a bebida. Só isso. –
cuspi a água na pia e enxagüei minhas mãos.
Ela pareceu ter ficado realmente preocupada e franziu o cenho.
- Não é a primeira vez que te vejo passando mal, você sabe. Você quase desmaiou
semana passada.
- Kristen...
Ela suspirou derrotada e assentiu com a cabeça, mas ainda estava olhando pra mim.
- Você tem bala aí? Ou um cigarro?
- Haam, Dak?
- Ele.. quer dizer... você sabe se ele vem... – mordi os lábios e coloquei uma mexa do
meu cabelo pra trás da orelha.
Eu quase pude ouvir seu sorriso.
- Eu não sei. Acho que sim, ele sabe que Sam tinha show hoje.
- Ele sabe que... eu estou aqui? – olhei para minhas mãos que de repente tinham a forma
mais interessante que eu já tinha visto.
- Não Kris... eu te chamei aquela hora e... talvez ele não... – ela deixou a frase morrer e
eu assenti com a cabeça entendendo o que ela quis falar. – Kris...
- Vamos... eu ainda quero ver Sam antes que ele comesse a tocar.
- Tudo bem.
Ela passou seus braços nos meus e nós voltamos pra mesa onde Sam já estava lá com
outro cara que eu não sabia quem era.
Retribui seu abraço constatando que realmente eu tinha sentindo falta de todos eles.
- Hey Sam.
- Como você está? – rolei os olhos o fazendo rir e o seu amigo me encarou.
- Estou ótima.
- É claro que está. – ele respondeu negando com a cabeça e ainda levava um sorriso no
rosto. – Bom, me deixe apresentar a você. Marcus. – ele apontou para o cara de cabelos
lisos que estava ao seu lado. – Esta é Kristen. Kris, este é Marcus.
- Olá. – ele disse, apenas acenei com a cabeça apertando levemente a mão que ele me
estendia. Ele segurou na ponta dos meus dedos e deu um beijo no torso da minha mão.
Me incomodei com a intimidade e puxei minha mão de volta levemente, vendo Tom
ficar desconfortável e Dakota suspirar sorrindo pra mim.
Tom assentiu com a cabeça apontando o lugar a sua frente, eu acabei tendo que me
sentar ao seu lado apesar de não querer.
- Você está melhor? – Tom me perguntou sério.
- Sim, foi apenas um enjôo. – sorri a ele tentando passar segurança e ele me sorriu de
volta. – Só não vou beber hoje.
- Sim, acho que sim. – respondi simplesmente, ninguém precisava saber que eu parecia
uma idiota vomitando por cada cheiro estranho que eu via.
Nós começamos a conversar sobre banalidades, mas minha mente estava voltando para
o que Dakota disse no banheiro, ele não sabia que eu estava aqui e se soubesse, talvez
ele não viesse, foi por isso que ela não contou a ele, por que queria que ele viesse hoje.
Fechei meus olhos com força tentando prestar atenção no que Marcus falava pra mim,
mas não consegui e quando abri os olhos foi para ver o que eles procuravam desde que
entrei neste maldito pub.
Robert estava passando pela porta verde de madeira com um vidro na parte superior, ele
tinha o olhar sério e a barba por fazer, suas mãos no bolso da calça preta jeans e a blusa
quadriculada de azul de mangas, por cima de uma outra branca.
Ele nunca estivera tão lindo como naquele momento.
Senti meus lábios se curvando em um sorriso involuntário e minha respiração saindo um
pouco mais descompassada agora.
- Olha Tom. O Rob chegou. – uma voz feminina que eu presumi ser Dakota avisou.
Por um segundo ele olhou pra trás como se estivesse esperando alguém e eu me sentir
morrer por um instante.
Era uma garota.
Não devia ter mais de 22 anos.
E ela era linda.
Ela chegou ao lado dele e lhe sorriu, ele retribuiu seu sorriso, me dando uma pontada
aguda no peito.
Meu rosto inteiro ardeu junto com meus olhos, eu sentia uma pressão estranha na
cabeça, como se algo estivesse tentando me afundar.
- Kris? Vamos ao banheiro comigo?
E sem esperar por uma resposta da minha parte, ela se levantou e puxou minha mão.
Chegamos ao banheiro e eu parecia não saber como tínhamos chegado ali.
A visão do sorriso de Robert. Um sorriso que não era pra mim, assaltava meu peito,
fazendo as feridas se abrirem e arderem como uma intensidade violenta.
- Você não pode ficar assim. – Dakota se aproximou.
- Mas eu estou... – concertei meu corpo e olhei para Dakota mordendo os lábios.
Eu podia segurar minhas emoções até que estivesse em casa.
- Kristen..
Não respondi apenas revirando os olhos para ela e saindo pela porta do banheiro.
Para que ele tivesse a chance de ter alguém melhor e que pudesse dar a ele tudo o que
eu jamais poderia pensar em dar?
E a menina parecia ser ideal para Robert, mesmo que de uma forma meio errada.
Eu não podia ficar ali, sabia que não conseguiria.
- O quê?
- Mas Kristen...
- Eu estou indo Dak. – bebi um gole grande de água e olhei para a mesa.
Robert não estava lá, somente a garota que Tom e Marcus já pareciam conhecer.
- Pode se despedir de Tom pra mim? E peça desculpas a Sam, eu não estou me sentindo
mesmo bem.
Ela suspirou.
- Claro. Quer que eu vá com você?
- Obvio que não Dak. Eu vou ficar bem com um remédio.
- Tudo bem Kiki, me ligue okay?
Cheguei até o lado de fora do lugar já olhando de um lado para outro na pressa de achar
logo um táxi, mas não foi bem um táxi que eu achei.
Olhando para a parede lateral eu o vi ali, parado com um cigarro entre os dedos e
segurando um telefone na outra mão.
Não sei se ele estava me vendo, mas eu podia sentir meu coração disparado e minha
respiração começando a ficar descompassada.
Foi no segundo em que decidi desviar o rosto, que ele me encarou.
Os azuis esverdeados me prendendo e me queimando por dentro como sempre fizeram.
Meus ossos virando puro líquido com minhas mãos tremendo, as virei em punhos
quando a saudade que eu sentia dele me invadiu.
Instintiva e forte.
E eu quis me aproximar.
Quis tanto me aproximar.
Algo me impedia apesar de eu não saber o que era, talvez fosse a mágoa que eu sentia
de mim mesma, ou a consciência dizendo que fui eu quem escolhera por isso, devendo
assim deixá-lo em paz.
Seus dedos longos pegaram o cigarro novamente o levando até a boca.
Canela.
Ele ainda devia ter o mesmo gosto de canela.
Engoli em seco percebendo que estávamos apenas nós dois parados ali, nos encarando
com intensidade no olhar.
Tantas emoções se passavam por seu rosto e eu tinha certeza que ele estava
identificando cada uma que se passava pelo meu.
Suas mãos abaixaram o telefone e eu estremeci de leve, como se seus movimentos
fizessem dele algo mais real.
Só que nada podia ser mais real do que aquilo, seus olhos nos meus e as sensações que
ele me fazia sentir, meu peito doía das feridas e de como meu coração estava
desesperado, como se quisesse sair de lá dentro para se encontrar com o dele.
Cruzei meus braços e mordi os lábios sem nem mesmo me dar conta de meus
movimentos, num gesto de defesa para a dor que me assaltava por não poder senti-lo.
- Oii.
Ele assentiu tragando mais uma vez e olhando para os seus pés agora.
- Rob?
- Rob? – a garota que estava com ele repetiu, nos encontrando ali há menos de três
metros de distancia um do outro e com um clima meio estranho no ar.
Ele não respondeu, nem mesmo quando ela se aproximou dele, eu senti meu coração ser
apertado no fundo do peito como se uma mão o estivesse esmagando.
- Não vai entrar? – ela perguntou colocando a mão em seu braço e ficando numa
proximidade perigosa demais do seu corpo.
Meus olhos arderam e eu me virei lentamente para a rua num desespero completo por
sair dali e achar logo um taxi.
- Não. – ouvi sua resposta curta.
- Eu sei.
- Olá. - A garota me olhava com o que eu achei ser curiosidade no olhar e eu não baixei
o rosto, ela podia ser melhor para Robert, mas eu não precisava ficar ali e ver isso de
camarote. Além de sua vez conter um ‘’quê’’ a mais do que eu achei ser ciúmes.
- Olá. – respondi pra ela e reparando que o taxi tinha chegado - Boa... noite. – eu disse
sem o encarar.
- Boa noite.
Engoli em seco tentando descer o maldito nó em minha garganta e abri a porta do taxi,
entrando rapidamente e dando meu endereço para a senhora que me olhava com
também curiosidade.
Por que todo mundo simplesmente não ia se foder?
Uma parte de mim dizia que eu não iria agüentar e eu ainda tinha que me segurar até
chegar em casa.
Desci do taxi e paguei deixando dinheiro de sobra para a senhora e entrei em meu
apartamento.
As lembranças de nós dois invadiram minha mente e foi inevitável não deixar as
lágrimas saírem, elas podiam ser meu escape, elas me fariam sentir melhor.
Porque não era mais pra mim que ele cantaria, não era eu quem dormiria com ele essa
noite, não era a mim que seus braços aqueceriam e protegeriam.
Não mais.
E eu não podia fazer nada para reverter isso. Não se eu quisesse que ele fosse feliz.
Bloqueei minha mente das lembranças como um ato inútil, já que elas vinham mais
constantemente que antes, junto com as lágrimas agora.
Apagar a Luz
ROBERT
‘’Mas o tempo pode ser uma coisa bem voraz, às vezes se apodera de todos os detalhes
só para si mesmo. "
(Khaled Hosseini)
Não respondi, ela já sabia que eu não ia responder e que eu simplesmente estava
odiando aquela coisa toda melosa dela comigo.
Traguei uma última vez o cigarro antes de jogá-lo no cimento frio da calçada e amassar
com os meus pés.
Minha mente ainda girava com a visão dela indo embora, ela não me parecia bem, ou
talvez fosse só minha imaginação querendo que realmente ela não estivesse bem.
Não por egoísmo ou algo do tipo, mas sim porque se ela não estivesse bem, significaria
que ela sentia minha falta e eu como o idiota que era, queria desesperadamente que ela
ainda pensasse em mim.
- Eu já vou embora Megan. – falei extenuado de continuar aquela conversa, não que
Megan fosse o tipo de garota chata ou que só falasse besteira, era só eu que não estava a
fim de nada que ela pudesse me oferecer.
Esse era o tipo de garota que Megan Fox era, do tipo legal, mas que não valeria a pena
se apresentar a alguém, principalmente meus amigos. Eu ainda não sabia que diabos ela
estava fazendo aqui quando eu me neguei a trazê-la. Mas quando ela resolveu vim, eu
resolvi ser apenas educado.
- Eu já vou embora Megan. – repeti passando a mão no cabelo nervoso e saindo de perto
esperando um táxi no meio fio... como Kristen... fez agora a pouco.
Suspirei irritado.
Megan não era feia, era legal e não esperaria nada de mim no dia seguinte. Mas ela
ficaria chateada se eu chamasse o nome de outra garota enquanto estivéssemos numa
cama, não que eu me importasse muito com isso.
Mas ela não tinha olhos verdes e nem cabelos pretos acastanhados com um toque leve
de vermelho.Não. Ela realmente não poderia vir comigo.
- Hoje não Megan. – na verdade eu diria que nunca, mas não quis ser rude com ela.
- Tudo bem. – vi que ela ficou meio chateada com a rejeição, apenas lhe dei um meio
sorriso e entrei direto no taxi que já me esperava.
Ao mesmo tempo em que eu queria ir pra casa, eu não queria. A cada dia entrar lá
dentro era uma tortura e minha parte masoquista não iria me deixar em paz até que meu
coração estivesse novamente com sérios problemas ou que eu estivesse enfiado em um
copo de bebida quente.
Por que eu estava melhor, isso eu podia garantir. Não era como nos primeiros dias mais
insuportáveis, agora eu já tentava olhar as coisas de longe e tentava também não me
senti machucado com nada.Achei melhor ir lá de qualquer forma, pra onde quer que eu
fosse nessa maldita cidade eu ainda me lembraria dela e de seu sorriso.
Ainda que encarar a bebida fosse mais fácil do que encarar a falta dela na maioria das
vezes. Isso não fazia seu cheiro ir embora do apartamento ou a sua presença ser lançada
a cada cômodo em que eu entrava, mas pelo menos me deixava fora de órbita e eu não
pensava em muita coisa.
Entrei na sala ignorando o palpitar incomodo em meu peito e fui direto pra cozinha
colocando o uísque no copo de vidro.
A campainha tocou antes mesmo de dar o primeiro gole, rolei os olhos e voltei à sala
abrindo a porta impaciente
- Não acredito.
- Sim acredite. – Dakota disse sorrindo e entrando direto no apartamento.
Bufei irritado e voltei pra cozinha escutando seus passos me seguirem.
- Porque saiu cedo de lá? – ela se sentou no balcão e também pegou um copo para que
bebesse comigo.
- Não estava a fim de continuar. – respondi simplesmente bebendo e sentindo o liquido
passar direto por minha garganta.
- Huum...
Fiquei calado na esperança de que ela cansasse e fosse embora, mas ela ainda se sentou
ao meu lado no sofá.Não falamos nada, Dakota enchia nossos copos de tempos em
tempos e apesar de estar irritado, não podia negar que ela sempre fora uma boa
companhia, como uma irmã mais nova.
Ela encarava a lareira e eu focava meus olhos na parede de cor castanha ignorando
minha mente que processa imagens em minha cabeça.
- Não seria tão ruim veja, Tom viria aqui e chutaria sua bunda, o que realmente não é
uma má idéia.
Acho que devo ter rosnado pra ela embora não a encarasse, ela riu de novo me irritando
mais ainda.
- Sabe que só quero que vocês fiquem bem não sabe?
Não respondi. Bebi meu uísque ignorando completamente a voz de Dakota. Tive
vontade de responder que nós estávamos muito bem, mas me calei.
Não valeria a pena de qualquer maneira.
- Ela não passou bem hoje. – ela disse depois de suspirar. – Na verdade, ela não vem
estado bem há muito tempo, acho que não deveria estar te contando isso, mas eu venho
ficando preocupada.
Franzi o cenho e a encarei.
Ela suspirou novamente deixando seu copo de bebida na mesa de centro e me olhou.
- Acho que ela está sentindo alguma coisa que não quer falar e não digo só dos
sentimentos. Vejo que está sempre enjoada e sua pressão anda caindo muito
ultimamente. Eu não sei o que é, talvez nem ela saiba, só... estou preocupada.
- Acho que isso não é mais problema meu. – ignorei sentindo meu peito arder e se
agitar. Meus instintos de proteção, se alterando em quando a Kristen.
- Não. – agora ela estava irritada. – Talvez seja problema do Marcus então.
- Quê?
- Marcus. – ela sorriu irônica. - Ele se interessou por ela, você sabe. Ele até me pediu o
telefone, eu inventei uma desculpa porque ele é um idiota, mas vou falar com ela sobre
isso.
- Então não sei por que está me contando. – respondi friamente fazendo algo dentro de
mim se revirar com violência e fúria.
Eu ri.
- Eu não estou com ela Dak. – nem sei por que respondi essa merda.
- Ótimo. – assentiu e se levantou nos pés para me dar um abraço.
Retribui com a irritação por ela tendo passado.
- Boa noite. – murmurei e ela sorriu saindo pela porta.
Tranquei tudo e fui pro quarto, impedindo que as palavras de Dakota se infiltrassem em
minha mente.
Kristen era livre, ela conheceria e sairia com quem ela quisesse.
E não seria difícil encontrar alguém que se interessasse por ela.
Ela tinha aquele jeito autêntico e tão... encantador... e...
E eu precisava tirá-la da minha cabeça.
Logo.
Tomei um banho frio e me deitei.
A parte masoquista do meu cérebro ficou olhando para a cômoda que guardávamos
nossas roupas, pensei em me levantar e ir até lá para grudar uma de suas blusas em
minhas mãos para dormir melhor à noite.
Como eu vinha fazendo desde que ela foi embora.
Mas não fiz isso, já estava na hora daquele maldito vicio por Kristen passar, eu não
agüentaria muito mais toda essa abstinência que ela me fazia sentir por seu corpo, seu
cheiro, sua pele e suas palavras... sua presença...
Como uma válvula de escape ou qualquer porra do tipo, eu só precisava acabar com isso
e logo.Com esse maldito vicio que ela me causava.
--
Capítulo 35
Capítulo 35
beeeeeeeeeeijos
Apagar a Luz
KRISTEN
A única coisa que se coloca entre um homem e o que ele quer na vida, são
normalmente a vontade de tentar e a fé para acreditar que aquilo é possível.
(Richard M. Devos)
Acordar depois daquele maldito dia no pub fora uma tristeza sem fim, meu corpo estava
doido da noite mal dormida e minha cabeça parecia que ia se explodir em mil caquinhos
pelo chão.
Demorou para que o remédio fizesse efeito, mas quando o fez, eu voltei a dormir,
chegando atrasada na faculdade como bônus.
Rolei meus olhos me lembrando daquela noite, minha mente passara horas e mais horas
imaginando os dois juntos numa forma tão profunda de autopunição, que eu acabei me
irritando com tudo e joguei metade do meu quarto abaixo, indo dormir no de hóspedes
por não agüentar mais nem um segundo daquilo.
A faculdade tinha sido um inferno e eu não tinha me dado bem em economia doméstica,
teria que refazer uma prova ainda na semana que vem para salvar minha nota de inicio
de semestre. Aquilo era um verdadeiro saco, mas se eu queria me formar, era obrigada a
isso.
Peguei meu cigarro na bolsa enquanto subia as escadas, eu estava com saudades de Tom
e Dakota, mas preferi não ir a te lá, eu poderia fazer isso mais tarde, quando meu
estomago já estivesse mais calmo da sessão de enjôos contínuos que eu tive hoje.
Rolei os olhos de novo tentando contar mentalmente cada vez que fui ao banheiro
apenas para vomitar, eu queria ir ao médico, mas sabia que não teria coragem pra isso,
então fiquei na minha, não devia ser nada de qualquer forma.
Dei de ombros pra mim mesma e sozinha entrei na minha casa, joguei minha mochila
no sofá e tirei meus all stars com meus próprios pés ficando de meia em casa e andando
pelo piso de madeira.
Meus olhos se focaram na geladeira e eu senti uma fome monstra, já que não tinha
comido nada depois do café da manhã e o que eu comi, foi embora pelo banheiro da
universidade.
Peguei um pão de centeio, passando geléia e colocando uma fatia de peito de peru
comendo no balcão mesmo da cozinha junto com um suco de laranja e maça.
- Love? – ouvi a voz de Dakota e sorri pequeno gritando para que ela entrasse. – Hey. O
que está comendo? – perguntou se sentando ao meu lado e pegando um pedaço de meu
sanduíche improvisado. – Huum. É bom. – disse mastigando.
- Obrigada. – mordi de novo e lhe passei o suco que nós ficamos bebendo e comendo
juntas até que acabamos. – E então chegou agora do estágio? – joguei um guardanapo
na lixeira e me virei para encarar seu rosto.
- Sim, acabei de chegar. Tom ainda está no trabalho e pensei em ficarmos por aqui. – ela
sorriu e eu retribui.
Fomos pra sala e me sentei em posição de chinês no sofá esperando alguma decisão
dela.
- Eu sei. É só que... vamos ver algum filme de aventura? Ou... terror e suspense? – dei
as dicas e ela suspirou.
Respirei aliviada e assenti totalmente com a cabeça quando ela veio com o filme
‘’Legião.’’
- Eu nunca vi esse filme. Ele é bom? – disse se sentando do meu lado e deitando a
cabeça em meu colo.
Sorri começando a passar as mãos por seus fios de cabelo dourados, me ajeitando mais
confortavelmente ao sofá.
O filme era realmente curto, com muito suspense e uma pitada de terror.
Dakota parecia uma criança, se escondendo cada vez que aparecia sangue na tela, me
fazendo rir horrores com ela.
Respirei fundo antes que meus olhos ardessem e repeti um mantra na minha cabeça de
que eu só tinha que ficar forte e que ele estava bem sem mim.
Por que eu sabia que estava.
- Oii.
- Dak..
- Me responda só amanha. – ela sorriu e olhou em seu relógio. – Bom, eu vou indo que
Tom deve ter chegado. – me abraçou e deu um beijo em meu cabelo saindo da cozinha e
depois da sala.
Banho quente geralmente era meu melhor remédio quando eu estava pra baixo ou
quando estava cansada e naquele fim de tarde não foi diferente.
Enrolei-me em minha toalha branca e troquei de roupa, coloquei algo básico já que
ficaria só em casa pelo resto da noite.
Bocejei quando coloquei minhas meias azuis turquesa e sorri idiota, eu estava
parecendo uma criança andando pelo apartamento daquele jeito.Assisti Oprah até onde
podia agüentar, me recusando a trocar de canal, me impedindo assim de rever os
episódios de Big Bang Theory, era incrível que só o nome de uma droga de seriado que
ele gostava, tinha o poder de me machucar.
Acabei dormindo no sofá eventualmente e como acontecia direto agora, acordei diversas
vezes na madrugada.Mas daquela vez foi diferente, foi mais um de meus sonhos, com
Robert e a menina igual a ele no cabelo e igual a mim nos olhos.
Aquilo me deixava um pouco irritada também, não era a toa que eu andava mudando de
humor tão frenquetemente, com ilusões sendo passadas em minha cabeça toda hora,
quem não ficaria louca...Pousei minha mão direita cuidadosamente em minha nuca a
sentindo latejar um pouco por causa da posição desconfortável em que dormi e também
por causa da droga da pressão baixa.
Rolando os olhos, coloquei no microondas e num gesto de puro tédio e cansaço daquele
apartamento vazio, fiquei observando o copo girar lá dentro.
Estava tão absorta que tomei um susto quando o aparelho apitou.
Bufei muito mais do que irritada e olhando direto para o relógio de cozinha, vendo que
eram quatro horas da manhã. Quem diabos iria me ligar as quatro horas da manhã?
Não atendi para não ter surpresas desagradáveis, mas a voz de Melanie ecoou pelo
apartamento me fazendo franzir o cenho.
- Kris? Se estiver aí, prefiro que não atenda ao telefone e me deixe falar com você por
aqui mesmo, preciso que me escute até o final e não quero ser interrompida. – juntei
minhas sobrancelhas com força ou perceber o tom de voz que ela utilizava, não era
grosseiro nem nada parecido, mas era firme. Como se estivesse tentando me passar uma
mensagem.
Não tirei meus olhos da TV, mas a desliguei para escutar direito o que ela tinha a me
falar. Devia ser algo realmente importante para ela me ligar as quatro da madrugada,
sendo que ela sabia da diferença de fuso horário entre Los Angeles e Nova York.
- Eu sei que sou a última pessoa no mundo, que teria moral para julgar suas ações
Kristen, até porque sei, que você também não merece ser julgada. Entendi o que você
disse a Taylor e sinceramente acho que você esta com um pouco de razão, apesar de ser
bem pouca mesmo.
Fiz uma careta de quem não estava entendendo nada, e eu realm
ente não estava.
- Ninguém tem o direito de tirar de você a dor ou o sofrimento pelo qual você passou. E
Taylor foi covarde ao jogar isso pra cima de você. Mas Kiki? ... você também consegue
ver que ele tem razão em algumas coisas não consegue? Como dizer que guardar tudo
isso pra si, só vai fazer você ficar pior e se fechar para o mundo, não é uma boa idéia.
Ela suspirou e eu engoli em seco, não me deixando abalar por suas palavras.
- Escutei ele dizendo algo como, você ter uma família que te ame e não posso negar a
veracidade das palavras dele, não eu que vi como sua mãe sofre a cada instante ou como
ela espera ansiosa do lado do telefone, por nem que seja um pequeno telefonema. Eu
vejo Taylor de madrugada andar de um lado para outro, pensando nas melhores formas
de tentar te ajudar. Mas você nunca deu abertura pra isso.
Queria mais era que todo mundo fosse pro inferno e me deixasse em paz...
E sozinha.
- Você tem medo de se aproximar das pessoas, com medo de que elas possam te
machucar e nada pode ser mais natural que isso. Só queria que você pudesse ver o outro
lado da moeda Kiki, o lado em que é divertido ter amigos e se abrir para novas emoções
que você nunca teve oportunidades de ter. Eu, assim como Taylor e toda sua família,
espera ansiosa o dia em que você voltará a Miami e contara tudo o que aconteceu a sua
mãe. Não por força ou pressão. Mas sim porque você está preparada para enfrentar isso
de cabeça erguida, como a menina forte que você sempre foi.
- Acha que amar dói Kiki? Amar alguém é a pior dor que se pode sentir quando esse
mesmo alguém te machuca, então imagine como está sua mãe e Taylor. Imagine como
está Robert... Não que ele esteja machucado... mas deve ser a mesma sensação que você
sente nesse momento por tê-lo deixado.
E ainda havia a raiva, por ninguém viver o que eu vivi e mesmo assim querer me dar a
porra de uma lição de moral.
- Imagine como estão seus amigos Kiki, que você se afasta e que se eles não te
amassem, já teriam te deixado de lado há bastante tempo. Assim como sua família, que
sempre estará a sua espera... Eu não posso dizer o mesmo sobre Robert, porque apesar
de ele talvez ainda te amar... se você tem medo de confiar nele... é a maior prova de que
você não o merece.
- Vai pro inferno. – sussurrei baixinho com minhas mãos em punho, apertando o copo
de leite com tanta força em minhas mãos, que a qualquer segundo ele se partiria em mil
caquinhos... como meu coração naquele momento.
- William Shakespeare disse uma vez que; nossas dúvidas são traidoras e nos fazem
perder o que com freqüência poderíamos ganhar, por simples medo de arriscar. Talvez
esse seja o seu caso Kiki, o seu medo de amar está impedindo que você seja amada por
completo. E eu tenho que dizer uma coisa Kris... o amor... será a única coisa capaz de te
salvar desse mundo que você esta criando para você mesma. Não que você não tenha o
direito de sofrer. Você tem. E precisa passar por isso, para se livrar de uma vez por todas
de um passado que só te causa amargura.
- Me desculpe por isso Kiki, mas eu te amo. E, como disse, tudo o que eu mais quero é
que um dia você possa encontrar a sua felicidade, deixando pra trás as coisas ruins, você
jamais esquecerá, isso é impossível. Mas você pode superar Kris, você pode ser feliz e
ninguém merece isso mais do que você meu amor. Tente ver além da depressão. – ela
suspirou. –E perdoe seu irmão; ele precisa de você e sente a sua falta mais do que você
imagina. Nós todos te amamos Kiki.
Ela não falou por alguns instantes, me levantei ficando em frente ao telefone para ver a
próxima merda que ela iria me falar ignorando completamente meu rosto molhado e
ardido.
- E Kris... nunca é tarde para correr atrás daquilo que faz bem para a gente e daquilo que
se ama e que é amada em troca. Você só precisa de fé, porque amor você já tem, é só
não tentar esconde-lo ou afastá-lo de você. – eu quase podia ver seu sorriso e continuei
imóvel com as mãos ainda em punho. – Se cuide Kiki. Se cure.
Arranquei os fios da tomada e disparei o aparelho para a parede mais próxima, ouvindo
seu estralo e confortando a minha raiva.
Mas ela estava longe de passar.
As lágrimas grossas estavam lá para me provar que ela tinha conseguido o que queria,
ela queria me ferir e finalmente havia conseguido.
E eu tinha que sentir raiva antes que meu coração e minha mente começassem a filtrar o
que ela disse.
O salgado em meu rosto era pelas lágrimas que não paravam mais de cair, meu peito
dava solavancos violentos devido aos soluços que meu organismo produzia.
Todo o oxigênio era drenado de meu corpo, eu quase podia sentir. Eu estava ficando
sem ar, sem motivos e sem razões para nada.
Além da depressão.
Além da depressão.
- AO INFERNO COM A MALDITA DEPRESSÃO.
Gritei com raiva puxando meus joelhos de encontro ao meu peito, numa tentativa mais
do que frustrada de não me deixar quebrar e nem me abalar.
Eu queria os braços de Robert agora, eu queria a minha muralha, meu escudo, minha
fortaleza. Queria poder me jogar nele e esperar que ele me ninasse cantando pra mim,
com sua voz de anjo, me esquentando e confortando minha alma.
Capítulo 36
Capítulo 36
Apagar a Luz
O sol mais do que bonito de Los Angeles invadia minha janela de vidro naquele
instante.
Meus olhos doeram e eu ainda sentia minha face ardida e quente, apesar dela ter sido
deitada em cima daquele chão frio.
Fiz uma careta horrenda ao me lembrar da noite passada, sentindo o peso no meu
coração ainda continuar. Não queria levantar dali, ficar sobre meus próprios pés me
daria à sensação da realidade e eu não queria sentir isso.
Passei as mãos no rosto tentando aliviar minha cara do inchaço e da vermelhidão, mas
também para disfarças meus olhos que continuavam querendo chorar.
Foi inevitável levantar em algum momento. Minha cabeça girando e eu me senti fraca,
com vontade de voltar para o chão novamente. Mas ergui a cabeça e segui em frente,
com a merda de um orgulho e uma auto-suficiência que já era própria do meu ser.
Consegui chegar ao meu quarto escorando minhas mãos na parede do corredor, e bufei
irritada ao ver a bagunça que ainda estava ali e que eu não tinha coragem para arrumar.
Peguei uma blusa qualquer junto com uma calça e fui em direção ao banheiro, tomando
um banho morno para me livrar daquela sensação de mal estar que eu estava, tanto
emocionalmente, como fisicamente.
Troquei de roupa e voltei bocejando para a cozinha, fiz um cereal com mel e aveia pra
mim, me sentando no balcão para comer, bloqueando minha mente de qualquer imagem
da maldita noite passada.
Quando acabei, lavei toda a louça que estava na pia, aproveitando para arrumar a
bagunça que estava na sala, o copo de leite havia mesmo se espatifado no chão e eu me
recusei a ter qualquer lembrança de meus motivos para ficar tão irritada aquele ponto.
Depois de tudo limpo foi que senti o sono me bater, mas agora era sono de verdade e
não apenas cansaço como ultimamente.
--
Odeio barulhos irritantes. Isso é fato.
Suspendi apenas meu rosto, o tirando do travesseiro e enxergando através das mexas de
meu cabelo que estavam grudados nele por causa do sono profundo.
- Inferno.
- Se eu te conheço, você esta bêbeda ou ainda esta de cama. Então levanta daí agora
Stewart.
- Vai pra merda Dakota. – disse resmungando por baixo do fôlego e soprando um mexa
do meu cabelo da frente do meu rosto.
- Quê?
- Não. Não pode ser. – me joguei na cama e olhei o relógio de cabeceira choramingando
e piscando um maldito 17h12min na minha cara. – Que merda.
Desliguei o telefone resmungando irritadíssima por eu ainda estar com sono. Ajeitei
meu cabelo apenas passando a mão por eles e não sorri quando Dakota entrou no meu
apartamento com sua áurea de alegria intocável.
- Boa tarde sunshine.
- Humpf.
- Vamos fazer algo hoje? Você disse que iria ao pub. – ela disse me seguindo até a
geladeira.
- Não disse não.
- Também não disse isso. – apontei querendo ri da sua cara de raiva enquanto eu levava
a garrafinha de água na boca.
- Essa eu queria ver. – a ignorei sorrindo, voltando meu corpo para a geladeira e
pegando um suco de manga que estava ali e colocado direto no copo.
- Sim, não sou surda Kiki. – ela estava sendo cínica agora e eu quis esganá-la, mas me
contentei em rolar os olhos bebendo meu suco.
- Parece que é.
- Sim, passei apenas para confirmar que você ia. – ela sorriu de novo e eu retribui com
um sorriso pequeno. – Na portaria uh? Eu te espero. – assenti com a cabeça antes que
ela saísse pela porta da sala.
Suspirei e comi um pão de mel com o que restava do suco e fui tirar mais um cochilo na
minha cama que me parecia o céu naquele momento.
--
Tirando o fato de que ia ser morta por Dakota, isso não tinha nenhum problema, mas eu
realmente não queria ter que escutar resmungos hoje.
Apenas os meus.
Suspirando peguei meu celular e desci até a portaria depois de fechar o apartamento e
guardar as chaves no meu bolso.
- Está atrasada.
- Jura?
- Juro. E vamos logo. Tom já está lá. – ela sorriu me abraçando e eu rolei os olhos
reparando em como ela estava.
Dakota era tão simples quanto eu no modo de se vestir, só que ela conseguia deixar um
all star parecendo um sapato de luxo pelas roupas que combinava com ele. O vestido
meio bege com dourado dava a ela o ar de menina que ela tinha, como os cabelos loiros
e os olhos mais azuis que eu já tinha visto.
Caminhar com Dakota era mais fácil e simples do que levar os cachorros para passear,
ela era energética e nossa amizade se tornava a cada dia mais, mais forte e intensa.
Eu amava a Dakota, como amava Tom e Sam.
Eles eram realmente minha família, a família que eu pude escolher.
Fiz algum esforço para não me lembrar das palavras de Melanie, mas foi impossível
quando Dakota sorriu pra mim e entramos no pub, sendo recebida por um abraço muito
forte de Tom.
‘’ ...e que se eles não te amassem, já teriam te deixado de lado há bastante tempo.’’
Eu era amada pelos meus amigos e isso era tão... bom e gratificante.
Que me fazia querer retribuir cada gota de alegria que eles me proporcionavam, apenas
por estarem comigo.
- Kristenzinha. – Tom disse ainda me prendendo em seu abraço e tirando meus pés do
chão.
- Você vai esmagá-la Tom. – a voz de Dakota ralhou com ele.
- É verdade, você é muito pequena.
Ele bagunçou meu cabelo rindo enquanto eu tentava tirar suas mãos dali e revirava os
olhos, mas eu estava sorrindo.
- Eu não sou pequena.
- Não é como se você fosse mais alta que eu Dak. – apontei pra ela ouvindo a
gargalhada de Tom.
- Oii.
Escutei a voz que fazia meu coração entrar em uma espécie de colapso doloroso, engoli
em seco me virando enquanto todos ainda sorriam, mas não eu. Minha respiração
ficando fraca demais para que eu fizesse qualquer tipo de movimento.
- Hey Dak. – tive vontade de sorrir quando ele bagunçou o seu cabelo, minhas
lembranças me levando a tempos atrás quando ele me abraçaria sorrindo e me
perguntaria onde eu queria me sentar para ver melhor o show.
- Oii.
- Hey. – minha voz saiu um pouco quebrada e um clima estranho se apoderou do lugar.
- Então... vamos sentar? Daqui a pouco isso aqui vai encher. – Tom nos salvou daquela
situação enquanto Dakota apenas sorria largamente.
Assenti devagar desviando meus olhos do dele e colocando uma mexa insistente de meu
cabelo, atrás da orelha.
- Okay cara, nós vamos estar do outro lado do bar. – ele apenas assentiu e se virou indo
na direção do palco onde Sam ajeitava a luz e passava o som antes de começar a tocar.
Assenti de novo já me irritando com aquela mexa em meu cabelo. Nos sentamos e não
foi surpresa ao ver que, menos de dois minutos depois, Marcus nos encontrava e pedia
para sentar com a gente.
Tom não havia ficado muito contente com isso, Dakota disse que ele estava interessado
em mim e que Tom sabia, e que não me queria perto daquele idiota, ele só estava
tentando cuidar de mim, e eu jamais daria algum tipo de chance para um cara como
Marcus.
Eu nunca mais conseguiria ver um homem sem compará-lo com Robert e toda sua
perfeição.
Dak fez nossos pedidos e em pouco tempo o garçom chegou com minha água e a
cervejas deles.
Robert voltou logo depois, fazendo borboletas voarem em meu estomago e minha
garganta secar com sua proximidade, ainda que meio afastada.
- Ele vai começar a tocar? – Dakota perguntou pra ele.
Robert tinha seus olhos cravados em Marcus, eu não entendi sua expressão e nem os
motivos de suas mãos estarem em punho quando ele se sentou ao lado de Tom, mas ele
não tirou os olhos dele.
- Sim. Vai começar a tocar agora. – ele desviou o olhar e pegou a caneca de cerveja que
Tom lhe passava.
O som da banda de Sam estourou no pub e nada mais foi dito, eu conversava com
Dakota tentando ignorar a vontade de olhar pra Robert e ficar olhando pelo resto da
noite inteira.
Mas não sabia se ele também estava me olhando, afinal... ele não tinha motivo algum
para fazê-lo.
Eu tentei, tentei mesmo não fazer uma careta para Marcus assim que ele me perguntou
aquela merda.
Se fosse outro cara – Robert – me perguntando aquilo, eu já teria aceitado de muito
tempo.
- Sinto muito Marcus, estou tentando parar de fumar. – rolei os olhos internamente.
- Nós podemos sair então... dar uma volta. – ele já estava próximo demais, suas mãos
tentaram se encostar a minha, mas eu tirei a tempo.
Ele já estava indo muito longe, e era melhor parar antes que eu fosse grossa com ele, o
que eu não queria porque ele ainda era amigo de Sam, mas era realmente melhor que ele
parasse com aquilo.
- Estou muito bem aqui dentro. Obrigada. – tentei dar um meio sorriso, mas acho que
não saiu de direito.
Desviei o olhar dele e de relance vi a expressão concentrada de Robert para o palco, ele
tinha as feições graves e suas mãos estavam novamente em punho, seu maxilar travado
e eu o conhecia muito bem para dizer que ele estava irritado.
Suspirei sem saber o motivo daquilo, mas não foi uma boa idéia, o cheiro do perfume de
Marcus invadiu minhas narinas e meu estomago se embrulhou, lançando náuseas para
cada um de meus poros.
Me levantei de repente fazendo Dakota me olhar, murmurei um ‘’ já volto’’ e sai de lá
desesperada para encontrar o banheiro mais próximo.
Como no outro dia, eu me curvei em meus próprios joelhos e deixei que a bile subisse
pela minha garganta, passando pela minha boca e jogando fora tudo aquilo que estava
me fazendo mal. Demorei muito mais do que imaginava para colocar tudo pra fora, meu
estomago estava vazio a não ser por água e a bile do meu organismo.
- Aaah. – disse suspirando e levando minhas mãos à boca, quando mais uma ânsia me
tomou, eu já pressentia que ficaria com uma azia daquelas hoje.
- Kris?
- Da-ak. – respondi com a voz abafada pelos movimentos contínuos do meu esôfago.
- Oh droga. – ela segurou meus cabelos com a voz preocupada.
Demorou ainda mais um tempo para que a bile passasse junto com as ânsias, meu
estomago ardia e queimava e eu precisava com urgência de um copo de água bem
gelado.
- Vamos ao médico, por favor. – ela disse molhando suas mãos na pia e colocando em
minha testa e na minha nuca.
- Vai mesmo?
- Eu prometo.
- Tudo bem. – ela suspirou secando suas mãos. – Vamos voltar pra lá?
- Sim, é claro...
- Tom está convencendo Rob a tocar, Sam deve chamá-lo daqui a pouco.
Engoli em seco, não estava preparada para ouvir sua voz cantando para tanta gente, ao
invés de apenas só pra mim.
- Está okay?
Assenti incapaz de falar alguma coisa, prendi meu cabelo em um coque alto e mal feito
e segui Dakota para a parte de fora do banheiro.
- Você está bem? – Tom me perguntou assim que sentamos.
- Sim. Tudo bem. – forcei um sorriso pra Tom que ainda ficou desconfiado e Dakota me
passou uma outra garrafa de água, só que agora gelada junto com o que eu vi ser um
comprimido.
- Eu não vou tomar a merda de um remédio. – sussurrei pra ela notando o olhar intenso
de Robert sobre mim enquanto levava a caneca de cerveja na boca.
- Tome logo Stew. É para enjôo.
Fiz uma cara muito, muito irritada pra ela antes de pegar o remédio e o tomar de vez.
- Eu não precisos de cuidados Dakota.
- Então faça por onde não merecê-los.
- Não sou mais criança. – eu estava quase alterando minha voz apertando a garrafinha
de água com força em minhas mãos.
- Vamos acalmar os ânimos okay? – ouvi a voz de Tom sobre a nossa pequena bolha
irritante.
- Eu estou calma. – ela disse.
Virei meu rosto na hora cruzando os braços sobre o peito, aquilo já estava sendo demais
pra mim.
Apenas ouvi seu suspiro me recusando a olhar pra ele, eu já estava me machucando o
suficiente por aquela noite.
- Boa noite. – ele disse sorrindo ao se sentar no palco, eu subi meu olhar, o encarando
disfarçadamente sobre a cabeça da quantidade de pessoas que gritavam pra ele naquele
momento. Sua boca se abriu como se ele fosse falar algo mais, só que ele perece ter
desistido, seus olhos procuravam alguma coisa pelo salão e eu rezei para que Megan
não estivesse ali.
Engoli a choro em minha garganta e fiquei olhando para o tampo da mesa de carvalho,
era mais seguro dessa forma.
Ouvi os acordes do violão, meu coração disparando no peito com o som de sua voz me
trazendo lembranças de um tempo que não existia mais, lembranças que machucavam
agora e que só me fazia desejá-lo de volta com toda a força do meu ser.
Eu o encarei e eu quase podia sentir a queimação em meus ossos quando ele fixou os
olhos em mim.
Ele fechou os olhos, parecendo estar sentindo e falando a música, minhas mãos
tremeram e eu as escondi debaixo da mesa.
Tive vontade de falar, de gritar aquilo pra ele, eu o queria de volta, eu precisava dele
mais do que qualquer coisa na minha vida. Robert era o meu sonho bom, minha razão e
meu motivo de acordar todos os dias sem pesadelos, eu queria seus braços a minha
volta, seu cheiro inconfundível me invadindo novamente.
Mas isso era impossível.
A melodia suave me embalava em total desespero, eu precisava sair dali antes que meu
coração me traísse e meus olhos transbordassem com as lágrimas que eu estava tentando
sufocar.
Sempre que eu escutava uma música, eu podia sentir o que ela estava passando, mas não
com tanta intensidade como quando escutava uma na voz de Robert. Ele conseguia me
prender no tom e na melodia, era por isso que todas as emoções se misturavam dentro
de mim, me deixando em uma bagunça que eu não saberia resolver.
Ele parou de cantar e deixou apenas o violão tocando, ainda olhando pra mim e de olhos
fechados às vezes, sentindo a música como eu mesma sentia. Os aplausos ecoaram pelo
lugar, mas eu não conseguia ver nada além dos olhos de Robert, que me chamavam, me
imploravam para fazer algo que eu sabia, que era fraca demais para fazer.
Eu não poderia fazê-lo feliz.
Eu era baixa demais para ele.
Ele tocou uma música mais animada tirando os olhos dos meus, mas ora ou outra ainda
me encarava.
Meu coração ainda palpitava forte e eu bebi minha água em grandes goles para aplacar a
ardência em minha garganta, por causa do esforço que eu fazia para segurar as lágrimas.
- Eu... eu tenho que ir embora. – falei de repente e já me levantando.
- Mas já Kiki?
- Sim Tom, amanhã eu quero estudar e ... eu preciso fazer...algumas coisas. – ficar
nervosa me deixava em aflição e eu precisava sair dali.
- Vejo você amanhã Kiki. – Dakota disse me olhando, ela estava entendendo o que eu
estava sentindo e eu até esqueci que tinha brigado com ela.
Murmurei um ‘’boa noite’’ para Marcus e saí apressada por entre as pessoas.
Senti olhos em minhas costas e não quis me virar para ver quem era, eu só queria sair
dali e ir pro meu apartamento, me encolher em minha cama e nunca mais acordar se
fosse possível.
Eu sabia que aquela noite iria ser longa, talvez a mais longa de todas.
A voz de Robert me acompanhava durante todo o trajeto até em casa, eu estava ficando
ensandecida com o som da música se estourando em meus tímpanos. Mais além da
música, ecoava também todas as vezes que ele cantou pra mim, só pra mim, enquanto
estávamos em nossa cama no meio da noite, ou depois que ele saia de cima de mim, me
acolhendo em corpo com seus braços me aquecendo, com aquele sorriso perfeito no
rosto.
E eu dormia feliz. Robert era minha felicidade.
Funguei não agüentando mais segurar a merda das lágrimas que caiam, eu não poderia
fazer nada para tê-lo de volta, ele não me amava mais e já devia ter alguma garota na
nos.. na sua casa esperando para quando ele voltasse.
E ele a faria feliz, como fez a mim. E ela poderia retribuir tudo o que ele podia lhe
oferecer.
Entrei em meu apartamento querendo gritar aquela maldita dor que me assaltava, eu
estava perdendo os sentidos e só estava tentando me enganar.
Eu não queria outra garota com Robert, eu não queria que ele fosse de outra garota.
Ele era meu. Ele era só meu.
Será que ele ainda me amaria? Ele já teria me esquecido?
Ele parecia feliz quando estava comigo não parecia? Estava sempre sorrindo e diferente
do que esta agora, era estranho vê-lo do jeito que estava hoje ou no outro dia, eu estava
acostumada com seu bom humor e alegria inigualável.
Porque eram feitos pra você.
Minha mente gritou.
Era isso? Eu fazia Robert feliz?
O que eu poderia fazer com a besteira que tinha feito com ele?
Era corajosa o suficiente para contar toda a verdade?
Mas eu iria perdê-lo de qualquer maneira, contando a verdade ou não. Ele não iria mais
ser meu.
Mais você teria feito a sua parte e mostrado que confia nele.
Minha inconsciência gritou de novo, fazendo as palavras de Melanie ecoar pelos meus
ouvidos.
‘’Eu não posso dizer o mesmo sobre Robert, porque apesar de ele talvez ainda te
amar... se você tem medo de confiar nele... é a maior prova de que você não o merece.’’
Era isso, eu o tinha o perdido por medo e seria muito bem feito pra mim, se ele não me
quisesse mais. Eu só tinha que confiar nele, eu precisava confiar nele. Era a minha única
chance de tê-lo de volta e de receber seus braços ao meu redor.
‘’Não por força ou pressão. Mas sim porque você está preparada para enfrentar isso de
cabeça erguida, como a menina forte que você sempre foi.’’
Eu estava preparada para confiar nele.
Eu tinha que estar preparada, para fazê-lo olhar pra mim como antes, para que ele
pudesse ser meu de novo e só meu.
Não era por força ou pressão agora.
Era por vontade. Era por pura vontade e coragem.
--
Capítulo 37
Capítulo 37
Apagar a Luz
‘’Jamais desconsidere a maravilha das suas lagrimas, elas podem ser águas curativas e
uma fonte de alegria! Algumas vezes são as melhores palavras que o coração pode
falar!’’
(William P.Young)
Mas me sentir assim, não bloqueava as duvidas na minha cabeça, só que nada iria me
abalar, nem a incerteza e nem mesmo a merda da minha segurança. E daí que ele podia
ter outra mulher? E daí que ele não me amava mais?
Isso machucava, mas era melhor eu dizer que ainda o amava do que ficar pra sempre na
escuridão. Eu sabia que existia a chance de 99% dele me rejeitar e me jogar pra fora do
apartamento pela janela, mas nada me faria desistir de contar a ele tudo o que estava
sendo engasgado por meu peito, que já dava pulos dolorosos em meu corpo.
Meu coração acelerou ainda mais quando o porteiro me reconheceu e não me impediu
de entrar, subi o elevador até onde eu sabia que era nos...
Argh. Que era seu andar.
Parei quando cheguei na porta 77D.
Era isso mesmo o que eu queria não era? Então eu não tinha que ter medo.
Não deveria sentir medo, era apenas Robert do outro lado da porta.
Talvez esse fosse o motivo para ter medo, por ser ele ali e eu ter que o encarar
novamente, apenas esperando qualquer reação repulsiva da sua parte.
Toquei a campainha com os dedos trêmulos e a respiração ofegante, havia um nó em
minha garganta que não estava descendo e eu senti minha língua enrolar na boca.
Ou...
Oh por favor, que não seja uma garota, que não seja uma garota.
Fechei meus olhos com força repetindo esse mantra na minha cabeça e esperando que
ela abrisse a porta com uma blusa de Robert para acabar de vez com o que ainda restava
do meu coração. Se é que ainda restava alguma coisa.
- Haam... não.. não que eu saiba.. na verdade eu.. – molhei meus lábios ainda encarando
o chão e coloquei uma mexa de meu cabelo atrás da orelha.
- Você...
- Eu vim pegar minhas roupas que estão aqui. – falei rápido e me chutando
mentalmente.
Estúpida e idiota. Imbecil, inútil. Tapada.
Eu tinha ódio de mim mesma.
- Ah..haam.. é claro... entre.. – ele me deu espaço e eu hesitei um pouco antes de passar
por ele, aquele apartamento me trazendo lembranças incríveis e dolorosas. Ele parecia
meio desapontado.
Tentei negar o seu cheiro quando passei ao seu lado, mas foi impossível. Eu estava
levemente tonta e entorpecida demais com sua presença para ser capaz de fazer algo,
além disso.
- Pode entrar. – ele disse depois que fechou a porta, eu estremeci levemente, não poderia
esquecer do motivo que me trouxe até aqui, mas não estava pronta. Não agora ali com
ele.
Assenti com a cabeça conseguindo das alguns passos em direção aos corredores, eu não
teria coragem para entrar no quarto também. Não se quisesse me manter inteira até estar
em casa novamente.
Engoli em seco fechando os olhos com força. Me virei lentamente e encarei o chão
antes de subir meu olhar até o dele.
- Eu não vim aqui para pegar as roupas Rob... – ele franziu o cenho.
- Não?
Neguei com a cabeça rapidamente criando coragem para encará-lo de novo.
Meu corpo inteiro palpitava na expectativa da sua reação e do que ele iria dizer.
Ele não respondeu e eu experimentei olhá-lo, não foi uma boa idéia, eu via fogo em seus
olhos, mais ele não parecia nem ter me escutado.
- Kristen...
- Não. Por favor, me deixa falar, eu preciso dizer Rob. – dei dois passos incertos para
frente limpando as lágrimas com o torso da minha mão direita. – Eu amo você e foi um
erro tentar negar isso a mim mesma. – soltei um soluço sem forças para continuar
falando.
Fechei os olhos pra tentar controlar minha respiração que estava mais do que
descompassada.
- Então porque fez? – ele ainda estava tão frio, tão distante. Atirando uma flecha direto
no meu peito.
- Melhor pra mim? Você achou que era melhor pra mim Kristen? – não respondi, ele
podia ver minhas lágrimas queimando meu rosto e sabia que eu estava sendo verdadeira.
– Você só pode estar brincando.
- Robert...
- VOCÊ DISSE QUE HAVIA ACABADO, DISSE QUE NÃO QUERIA MAIS E ME
APARECE AQUI DE MADRUGADA DIZENDO QUE QUERIA O MELHOR PRA
MIM? COM CERTEZA, ESSA MERDA NÃO FOI O MELHOR PRA MIM KRISTEN.
Tomei um susto com o seu grito, mas me impedi de recuar, eu só queria me aproximar
dele, cada vez mais.
A expressão séria me congelou por dentro, era como se ele estivesse dizendo o que mais
temia escutar. Mordi os lábios para que parassem de tremer e assenti com a cabeça.
- É tarde demais não é? – ele não respondeu e mais lágrimas caiam, o desespero
ameaçava me engolfar. – É pela garota do pub? Ela está aqui é isso? Eu devo ir embora
para não atrapalhar vocês? – eu já estava sendo irônica, mas o pânico estava correndo
por minhas veias deixando meu rosto ainda mais marcado com o choro.
Ele não respondeu, continuou me olhando com raiva e fogo nos olhos.
- Chega.
- Diga... – minha voz se quebrou e eu engoli em seco, meu organismo inteiro pareceu ter
acordado para a presença de Robert a menos de dois centímetros de mim.
- Saia daqui Kristen. – olhei pra ele, suas mãos em punho ao lado de seu corpo, os olhos
fechados e o maxilar travado.
Ele era tão bonito.
- É isso..que..você quer? – não estava mais
conseguindo controlar minhas ações, nem minha voz.
Minha presença não parecia o estar atingindo e eu senti mais uma vez algo se partindo
em meu âmago.
Nosso cantinho.
Foi aqui que minha vida realmente começou e era aqui que ela terminaria.
- Eu ainda tenho que te devolver uma coisa. – passei as mãos em meus olhos para secá-
los e peguei em meu bolso da calça o chaveiro de all star que tinha meu nome, senti sua
respiração se descompassar novamente. – Isso é seu. Só não deixe ela ver. – sorri
irônica apontando com o polegar sobre meu ombro, para a direção dos quartos e
deixando o objeto sobre a mesa ao lado da porta.
Olhei pra ele uma ultima vez sem conseguir identificar suas emoções e me virei
suspirando e fechando os olhos. Os espasmos da dor começavam a invadir meu peito
enquanto eu abafava os soluços na minha garganta.
Mordi os lábios apertando os olhos com força, eu senti sua presença atrás do meu corpo,
suas mãos se pousaram levemente na minha cintura e eu apostava como seus olhos
estavam fechados assim como os meus.
- Robert...
- Não quero.
Arrepios violentos se passaram por meu corpo inteiro quando seu nariz pousou na
lateral do meu pescoço, suas mãos apertaram minha pele da cintura e ele sugou meu
cheiro pra ele violentamente, afundando seu rosto no vão embaixo da minha orelha,
começando com a mágica de seus lábios em contato comigo.
Joguei minha cabeça pra trás recebendo os seus beijos molhados na minha nuca e suas
mãos se imiscuírem por baixo da minha blusa preta, se espalmando em minha barriga
plana.
A boca urgente e áspera sem deixar de ser carinhosa. E eu não pensei em mais nada.
Cravei meus dedos em seu rosto, puxando seu queixo mais pra perto e partindo mais
meus lábios para que ele tomasse tudo o que pudesse tomar de mim.
A língua se enroscou com a minha envolvente, doce e quente. Fazendo a mágica com o
sabor de canela e tabaco.
Eu estava perdida no tempo o sentindo assim tão próximo, como há tanto tempo eu não
sentia, seus lábios que eram cada vez mais famintos nos meus e que não se separavam
de mim por nada, assim como nossos corpos que estava mais do que grudados com suas
mãos em meu quadril e se imiscuindo por meu cabelo, torcendo os fios entre os dedos e
os puxando com mais força do que o normal.
- Eu preciso de você Kristen... é um maldito vicio. – ele mordeu e puxou meu lábio
inferior me fazendo sentir à falta de seu gosto e gemer baixinho. A mão direita entrou
por minha blusa, se espalmando em minha cintura, grande demais para deixar algum
pedaço sem seu toque. – Que eu não sei mais superar. – ele colocou a testa na minha,
tentando achar o seu controle, ofegante assim como eu.
- Não precisa... não precisa Rob.. – lhe beijei os lábios apertando os fios de areia em
meus dedos, era tão bom senti-lo daquela forma. – Não precisava superar... estou aqui...
eu estou aqui baby. – lhe beijei de novo grudando nossos lábios. – E eu sou sua...
E eu era.
Era completamente dele. Sempre fora.
Ele gemeu baixo antes de voltar a me devorar com os lábios impiedosos de tão sensuais
e deliciosos que eram, não havia sensação no mundo que se comparava a beijar Robert.
Num impulso simples e com sua ajuda eu cruzei minhas pernas firmemente em sua
cintura, entrelaçando os tornozelos nas suas costas sentindo os seus beijos descerem
pelo meu pescoço e suas mãos apertarem com força minhas pernas até se imiscuírem
novamente por minha blusa, massageando meus seios e me deixando enlouquecida com
sua língua quente em minha pele.
Ele começou a andar sem nem mesmo eu perceber, tirei meu all star com os próprios
pés desesperada para que ele me jogasse em qualquer canto e me fizesse dele do jeito
que só ele sabia fazer.
Só Robert tocava meu corpo com precisão, ele sabia onde me beijar, onde morder e
onde sugar, ele tinha um manual de instruções para me fazer feliz.
Meu corpo bateu em algo macio, mas não me importei em abrir os olhos para ver onde
era, estava ocupada demais em arquear as costas para o tão bem vindo peso de Robert
completamente sobre mim, ele prendeu minhas mãos acima da minha cabeça e com uma
só mão rasgou a minha blusa escura, para partir ao meio o pano de meu sutiã logo em
seguida.
Eu já estava pronta pra ele, não queria mais pré-eliminares, eu só precisava o sentir
dentro de mim, se movendo com velocidade.
Mas ele ainda me torturaria muito, ele queria me ver acabada e implorando em baixo
dele e eu iria adorar a tortura, mesmo que fosse chorando de agonia.
- Rápido Robert... eu preciso de você.
Minha frase foi cortada pela sua mordida em meu pescoço, soltei um grito pela força
com que seus dentes me marcaram, eu sentia a pele latejar e queria que ele fizesse de
novo e ele fez.
Do outro lado e em todo meu pescoço, ele me marcou por inteira, mordendo forte e
depois sugando e soprando em cima apenas para aumentar meu prazer e continuar me
enlouquecendo completamente.
- Seu cheiro. – ele se afundou em meu cabelo respirando fundo, suas mãos massageando
meus seios, passando o polegar superficialmente pelos mamilos me fazendo gritar de
agonia.
As mãos tão quentes e ágeis desceram se moldando em meu corpo, na lateral até chegar
em meu jeans e começar a me estimular por cima do mesmo, rebolei meu quadril para
aplacar a pressão gostosa em meu baixo-ventre.
Eu estava ficando louca, era tempo demais sem ele para que eu pudesse suportar.
- Robert...
Ouvi o barulho do estralo que minha calça fez quando Robert retirou o botão pela força
e abaixou minha calça, se movendo com rapidez para tirá-la.
Depois que a peça passou por meu pé direito, eu me inclinei nos cotovelos, eu mesma
retirando minha calcinha fazendo ele gemer baixinho e morder os lábios.
- Eu faço isso por você baby.
Baby.
Eu era o baby dele de novo.
Sorri sendo abafada por seus beijos e gritando com suas caricias em minha intimidade,
me invadindo e me adorando com seus toques carinhosos e sufocantes de perfeição.
Ele se levantou de novo, me deixando sentir falta de seu peso, tirou a camisa e eu me
sentei na cama, com pressa de ajudá-lo, desabotoei sua calça a abaixando e sem resisti,
acariciei seu cumprimento que já estava mais do que pronto pra mim.
Deitei-me novamente ficando a sua mercê. Sentindo seu corpo sobre o meu
completamente nu e livre de barreiras para que pudéssemos nos amar.
Seus lábios me beijaram tão docemente que eu senti vontade de desmaiar, os carinhos
eram cuidadosos e intensos, chegavam a ser violentos, sem perder a emoção de seu
beijo suave.
Os beijos nos calavam dos gemidos que eram altos demais, minhas unhas alastrando
suas costas e ombros de marcas vermelhas e grossas, rodeei seu quadril com minhas
pernas o ajudando com as investidas escutando apenas os sons de nossos corpos se
chocando e os gemidos abafados em nossa boca.
O seu cheiro me inundava, amortecendo meus sentidos, fazendo com que eu sentisse
apenas Robert e que o resto era apenas isso... resto.
Não respondi jogando minha cabeça pra trás, abrindo minha boca quando ele estocou
em algum ponto especial dentro de mim.
- Robert...
Gritei quando o ápice me atingiu.
Abri os olhos encarando os azuis esverdeados intensos, que nunca estiveram tão suaves
antes.
- Eu te amo.
Nossa conexão era tão forte, que assim que ele atingiu seu clímax, eu também atingi o
meu de novo.
Eu quis chorar ao receber sua voz em meu ouvido e seu beijo em meu pescoço.
Mas ele não se afastou, me puxou para seu peito, aconchegando meu rosto em seu
pescoço, o braço direito envolveu meus ombros para que eu não me afastasse e o outro
circulou minha cintura, me prendendo naquele corpo que era minha casa e minha luz.
- Me perdoa. – disse baixinho e já chorando de novo.
- Shii. – ele beijou minha testa carinhosamente. – Vamos ficar bem agora Kris.
O encarei.
- Eu sei que tem. – deitei minha cabeça nas mãos grandes e quentes que enquadravam
meu rosto. – Mas não agora. Eu só quero te sentir.
Levava um sorriso bobo no rosto quando finalmente fomos dormir, o sol já amanhecia e
eu estava onde sempre deveria ter estado. Sentindo o cheiro dele e a calma que
acalentava todo meu ser, sendo embalada pelo corpo forte que me protegia até nos
sonhos.
Capítulo 38
Capítulo 38
beeeeeeijos
Apagar a Luz
O céu naquele tom bonito de amanhecer com as ondas da praia batendo levemente nas
pedras, onde eu estava sentada.
Havia mais alguém comigo, apesar de não conseguir identificar, a pessoa me trazia paz
e muita confiança só de estar ali.
Eu sabia que estava em um lugar desconhecido, mas que ao mesmo tempo, me parecia
familiar demais para nunca ter estado ali. Um sol quente e saudável batia em meu rosto
e em meus braços que estavam sendo expostos àquela maravilha de horizonte e
paisagem.
Sentada em cima daquelas pedras, com uma companhia agradável e reconfortante, era
como se eu estivesse feliz, o que eu realmente estava.
Era um sonho.
- Achei que iria dormir mais um pouco baby. – disse suavemente, se abaixando um
pouco para depositar um selinho carinhoso em meus lábios.
Foi chegando mais perto dele que eu afundei meu rosto em seu pescoço, puxando fundo
seu cheiro, como ele fazia naquele momento comigo, a ponta do seu nariz passando por
toda a lateral do meu.
- Maresia. – murmurei, sentindo seu sorriso em minha pele.
- Mel e guaraná. – ele disse em um sussurro me fazendo sorrir de olhos fechados.
- Eu não queria acordar nunca mais.
-Não estamos sonhando Kiki. – o olhei nos olhos perdendo o contato direto com seu
cheiro, mas minhas mãos ainda estavam espalmadas em seu peito nu, o edredom o
cobria apenas da cintura para baixo.
- Nós temos que conversar. – disse a contra gosto. Eu não queria perder aquilo que
estávamos tendo agora.
- Eu sei. – respondeu suspirando e fazendo carinho com seu polegar em meu rosto.
- Me perdoa? – minha voz era fraca novamente.
- Vamos pular essa parte okay? Não tem nada para perdoar Kris, você está aqui. – seus
braços se apertaram em minha volta. – É isso que importa.
Pensei amargamente.
Deixei que as lembranças dolorosas me invadissem, eu precisava da dor delas para que
ele entendesse o que eu passei. Puxei meus joelhos para cima do estofado branco e
apoiei meu queixo ali, começando a contar pra ele tudo o que eu podia me lembrar
daqueles anos mais negros da minha vida.
- Eu tinha nove anos quando vi meu pai pela última vez. – engoli o choro e os soluços. –
Ele havia chegado de uma viagem de negócios e era natal, começo de dezembro.
Lembro-me que ele prometeu levar todo mundo pra Nova York no ano-novo. Eu fiquei
louca, junto com meus irmãos, nós finalmente veríamos a ‘’bola gigante’’ cair do céu. –
sorri triste com a lembrança.
‘’ Meu pai era o tipo de cara voltado completamente para a família, com um amor
incondicional pela minha mãe e por nós três, ele chegava em casa, nos abraçava e dava
um beijo em mamãe, perguntando qual de nós havia feito mais bagunça, até que ele
sorria pra mim e me pegava no colo, eu era a princesinha da casa, como ele mesmo
dizia junto com mamãe.’’
Não me importei com as lágrimas que começavam a cair, elas me fariam bem.
‘’ Nós três, os irmãos. Sempre fomos os mais unidos que qualquer outro irmão da
vizinhança, nós só tínhamos uns aos outros e cada um de nós cuidava do próximo como
podia, nossa vida era estável, sem problemas financeiros nem nada do tipo, papai era
dono de uma empresa de valores e tinha ações na bolsa de Nova York, por isso ele vivia
viajando para lá.’’
Traguei meu cigarro sabendo que toda minha biografia iria me custar belos machucados
mais tarde, mas eu devia aquilo a Robert. Eu devia aquilo a mim.
‘’ Dia 21 de dezembro papai não voltou pra casa, ele ligou avisando que teria que viajar,
mas que chegaria a tempo do natal e que voltaríamos todos para NY na virada do ano.
Eu fiquei triste assim como todos os outros, ninguém gostava de ter o papai ou a mamãe
muito longe. E eu nunca soube se ele realmente voltou para aquele natal. ’’
Apertei meus olhos com força, era nessa parte que Rob iria começar a me odiar, eu tinha
que me preparar para aquilo.
‘’ Eu tinha amiga, Ashley. Ela era a minha vizinha e apesar de ter dez anos, estudávamos
juntas na mesma classe. Ash era alegre e brincalhona, mas muito desligada da vida real
para se importar com algo que não fosse suas bonecas ou um Cupcake de amora. Antes
de sairmos de feriado para o natal, ela me disse que queria me apresentar um novo
amigo do pai dela, que vinha visitar ela sempre na escola agora. Eu estranhei no
começo, não gostava de falar com estranhos e o meu pai tinha me ensinado a sair da
escola e esperar a mamãe no pátio externo, sem sair de lá para nada. ‘’
‘’ Mas eu não podia decepcionar a Ash e acabei indo com ela até a rua lateral do
colégio. Vi uma Van azul escura com um moço bem alto parado e encostado nela, com
os braços cruzados e um sorriso feio no rosto.’’
- Olá mocinhas. – ele havia dito, não gostei da voz dele e me agarrei ainda mais á
minha boneca que estava em meus braços, querendo voltar para a escola e esperar
minha mãe.
- Oh mais por quê? Nós podemos dar uma volta e comer um Cupcake, o que vocês
acham?
- Isso mesmo e depois eu deixo cada uma na casa de vocês, que tal?
- Não, eu vou esperar a mamãe. – me virei para sair, mas ele puxou meu bracinho fino
demais para as mãos dele, não gostei quando ele me tocou. Era ruim e nojento.
- Eu vou. – disse Ash já pulando no assento do carona ao lado do motorista, ela mesmo
fechou a porta e travou o seu cinto de segurança, sorrindo feliz que iria comer um
Cupcake.
‘’Encarei o homem alto e ele parecia ter ganhado na loteria pelo brilho que seus olhos
traziam, eu queria voltar e recuar dali, mas não poderia deixar Ash sozinha com aquele
homem, ela era minha amiguinha e ele era amigo do papai dela. Não poderia haver nada
de mal. Eu assenti com a cabeça e entrei naquela maldita Van. Foi a última vez que eu vi
meu colégio.
‘’ Me desesperei quando olhei pela janela de vidro escuro, vendo que não estávamos
mais em Miami, eu nem podia mais ver a praia, nem os prédios ou as casas. Cutuquei o
braço de Ashley que havia dormido, estávamos a tempo demais andando com o carro,
eu comecei a entrar em pânico e pedi ao moço para nos levar de volta. Ele disse que
não, e não tinha mais aquele sorriso no rosto. Ele parou o carro num acostamento e
abriu o porta luvas, preguei as minhas costas no banco com medo do que ele iria fazer,
suas mãos tamparam minha boca quando comecei a gritar e a última coisa que senti foi
uma picada de agulha em meu braço e logo em seguida a completa escuridão.’’
Meu peito batia de forma dolorosamente lenta, como se eu estivesse morrendo torturada
e era como eu me sentia, eu podia rever cada cena, cada sentimento que eu passei,
estava tudo ali, na minha frente, sendo exposto como uma vitrine. Não sabia qual estava
sendo a reação de Robert, mas eu escutava sua respiração ofegante, me recusava a olhá-
lo, não teria coragem pra isso.
‘’ Quando acordei estava num lugar diferente, parecia uma casa abandonada, mas
conservada em algumas partes, eu escutava um choro baixinho e uma risada alta vinda
do meu lado, mas os meus olhos estavam pesados demais para que eu pudesse abri-los.
Consegui depois de um tempo ouvindo os resmungos e tarde demais percebi que era
preferível ficar cega ao ver a cena em minha frente. Um homem velho e horrendo
violentava uma moça de no máximo 22 anos, ele ria e ela chorava desesperada, não me
conformei com aquilo e sem pensar muito me joguei em cima dele, batendo em suas
costas tentando fazer ele parar de machucar ela, comecei a chorar também. Ele me tirou
de cima dele com uma só mão e me disse para ficar longe e que minha vez iria chegar.
Não desisti e uma mulher gritou comigo, eu nunca a tinha visto ali, mas ela me aplicou
a injeção de novo e eu dormi chorando. ’’
‘’ Não vi mais Ashley e nem a menina do choro, até o dia em que acordei em algo que
estava em movimento, parecia um carro, só que era bem maior e frio. Ouvi uma voz me
chamando ao longe e abri os olhos tentando me focar, vi que era a moça que me
chamava e arregalei os olhos perguntando se ela estava bem, ela sorriu triste me dizendo
que sim e me abraçou, me agradecendo por tentar ajudá-la, ela estava suja e percebi que
eu também estava, foi quando me toquei que estávamos dentro de um caminhão. Não
fazia idéia de quantos dias nós estávamos ali dentro, já que cada vez que eu acordava,
era sedada novamente.
‘’ Mais dias se passaram e Ashley finalmente despertou, nós ficamos juntas o tempo
inteiro, chorando e nos perguntando quando poderíamos ir pra casa. A moça que se
chamava Dorothy nos embalava e prometia que ia ficar tudo bem, mas não ficou. As
coisas só pioraram, quando chegou à tarde naquele dia, nós paramos e abriram as portas
do caminhão, a luz entrou ofuscando meus olhos, mas consegui ver o sorriso no rosto de
Dorothy quando percebemos que era uma guarita policial.’’
Limpei minhas lágrimas, eu queria poder contar tudo de vez, mas meus soluços não
deixavam.
Respirei engolindo em seco e contei a ele como foi meu encontro com Brian, sem dizer
o nome é claro.
‘’ Eles não nos ajudaram como pensávamos que iriam fazer. Pelo contrário, o homem
que era responsável pela fronteira do país, tinha o direito de escolher uma de nós. Ele
parecia financiar as coisas por ali também. E ele escolheu a mim. ’’
- Para com isso Kristen. – eu fingi não escutar seu tom de raiva e pura ira ecoando em
meus ouvidos.
‘’ Ele entrou no caminhão e fez o que tinha que ser feito, saindo de lá com um sorriso
nojento no rosto, me deixando ali, machucada, sangrando e acabada, por dentro e por
fora.. Dorothy tentou me defender mais ninguém lhe deu ouvidos e ela e Ashley
choraram comigo pelo resto daquela maldita viagem. Mas estar machucada não
impediu que me jogassem em uma outra casa qualquer quando chegamos no nosso
destino, que eu não fazia idéia de onde era. Dorothy me pediu para nunca desistir de sair
dali, não importa quando tempo se passasse, haveria sempre uma esperança, para
qualquer uma das garotas e garotos que eram levados para aquele lugar frio e escuro. E
acredite, tinha muitas lá dentro.’’
‘’ O tempo foi passando e cada vez mais, eu era machucada. Não sabia quantos homens
entravam no meu quarto a cada dia e também não fazia questão de contar, eu apenas
lutava contra cada um deles e sempre levava uma surra no final da noite. É daí que vem
minhas cicatrizes, elas eram feitas a faca, cada vez que uma de nós se rebelava, éramos
marcadas. Dorothy tinha tantas cicatrizes como eu, já Ashley não tinha tanta. O policial
da fronteira vinha freqüentemente ‘’me visitar’’ como ele mesmo dizia. Mas eu sempre
fiz o que Dorothy me pediu. Eu jamais perdi a esperança de sair daquele lugar.’’
‘’ Eu fiz doze anos no mesmo dia em que vi o corpo de Ashley ser levado da casa.
Aquela visão me derrubou por dias consecutivos e foi o que bastou, para que eu desse
um chega naquela situação toda, afinal.. eu nunca sabia quando chegaria a minha vez de
ser morta por qualquer uma daquelas pessoas também. Bolei um plano de fuga com
Dorothy, nós raramente nos víamos então, era difícil ter alguma coisa concreta. Ouve
um tiroteio no lugar onde estávamos e Dorothy disse que aquela era a nossa deixa, mas
eu só descobri tempos mais tardes, que ela não pretendia sair dali, porque sabia que
seria mais difícil de escapar se eu estivesse acompanhada, ela desistiu de fugir para me
dar a chance de ser livre. Me pediu para avisar os pais dela sobre sua morte e para que
eu me curasse. ‘’
‘’ Ela seduziu dois homens na porta da casa, para que eu fugisse, eu tinha conseguido
me livrar do garoto que estava em meu quarto quando bati nele com uma faca de
cozinha que Dorothy havia me entregado no dia mais cedo. E eu sai da casa, me
sentindo sozinha e horrenda por estar sem Dorothy, mas continuei o meu caminho. Não
olhei pra trás. Descobri que estava no México depois de três dias escondida em meio a
fenos de uma fazenda. E sabia que tinha que estar na fronteira, pois havíamos chegado
rápido demais, pelo menos era o que eu achava. ’’
‘’Fui seguindo os rastros dos rios que existiam na área rural, eu tinha fome e sede, e
chorava a cada segundo, mas nada me faria parar ou descansar. Eu tinha que ir pra casa,
eu estava machucada... eu só tinha doze anos. ‘’
Meus soluços saíram de forma violenta e eu baixei minha cabeça sentindo a presença de
Robert perto demais de mim.
‘’ Encontrei lembranças perdidas dos meus pais e foi me agarrado a elas que eu me
levantei e saí pelas ruas da tarde da Flórida, procurando o endereço pelo qual eu ainda
me lembrava, meu corpo inteiro doía e eu não sabia se eles ainda estavam lá, se ainda
me amariam depois de saber de tudo ou se me colocariam pra fora de casa, mas achei
melhor arriscar. Minha mãe me acolheu com todo o seu amor, chorando desesperada e
aliviada por me ter de volta depois de mais de três anos fora de casa, não contei nada
pra ela e nem a ninguém. Tinha vergonha e medo que me rejeitasse. Guardei aquela dor
pra mim, me afastando de todo mundo e entrando em uma depressão confortável,
principalmente depois de saber que meu pai tinha morrido. ’’
‘’ Minha mãe tentava falar comigo, mas eu não respondia. Não queria que ela sofresse,
preferia ter aquela dor só pra mim do que a ver chorando. Até que Taylor descobriu e o
seu olhar de pena me fez odiá-lo. Ele e Melanie me levaram até o hospital, dizendo que
incrivelmente, eu estava limpa. Devia ser uma coisa boa, já que eu não me sentia nem
um pouco dessa forma. Eu era suja e odiava que me tocassem, nem mesmo o médico.
Por isso não vou a hospitais. Detesto que tenham pessoas me tocando.’’
‘’ Mas isso mudou quando conheci você, na verdade, você me mudou completamente.
Eu aprendi a sorrir e ver a vida de uma maneira diferente a que eu estava acostumada. ’’
Chorei me virando pra ele, para vê-lo com lágrimas nos olhos também.
- Você me fez feliz onde eu só conseguia enxergar a minha própria escuridão e meu
próprio terror. Eu nunca tive medo de você, nunca me importei que me tocasse ou que
fizesse sua. Porque era você. Mas também me sentia suja a cada dia em que não lhe
contava a verdade.
- Me perdoe por não ter pedido para que se afastasse, me perdoe por não ter contado
antes, mas eu morria de medo de perder você. Você era a única coisa no mundo que eu
não podia perder Robert. – minha voz quebrada e abafada pelos meus próprios soluços.
- Tanto eu, quanto Ashley e Dorothy e mais outras milhares de garotas, fomos vitimas
do tráfico de pessoas. – ergui a cabeça engolindo em seco. – Ainda machuca as
lembranças do horror que é viver tudo aquilo e todos me julgam dizendo que eu tenho
que superar, mas ninguém sabe o que é isso. Eu era só uma criança.
Solucei sentindo ele perto demais de mim agora tocando meus pulsos e se abaixando
para olhar em meus olhos.
- Eu não tive culpa Robert. Não tive. Tinha apenas nove anos e todos eles eram mais
velhos e me machucav...
Minhas lágrimas molhavam seu peito enquanto eu sussurrava abafada por sua pele, suas
mãos em minha cabeça, fazendo carinho em meu cabelo para que eu me acalmasse, mas
eu também sentia os soluços vindo dele...
Deixei meu choro se soltar, os soluços altos e doloridos com minhas mãos em punha no
seu corpo, eu pedia perdão a ele constantemente, rezando para que ele pudesse
realmente me perdoar.
- Me perdoa.
- Não tem nada que perdoar Kristen. Vai ficar tudo bem. – ele disse com a voz abafada.
Eu quis retrucar, mas não tinha forçar para fazê-lo. Senti meu corpo ser erguido chão e
ele se sentou na cama comigo em seu colo, nos cobrindo com o edredom branco
enquanto eu chorava sem parar.
Sua voz cantou em meu ouvido durante o resto daquela tarde inteira, nossos corpos em
sincronia, ele me embalando como se embalada um bebê para dormir.
Eu tinha mais coisas para contar pra ele, mas podia deixar para amanhã, sabendo que
aqueles momentos podiam ser os últimos, antes que a consciência o tomasse e ele visse
que eu não passava de um nada em sua vida.
Capítulo 39
Capítulo 39
beeeeeeeeeeeijos
Apagar a Luz
Respirei fundo sabendo que não podia mais ficar ali, Robert não queria me ver de novo
e eu nem podia culpá-lo por isso, podia apenas lhe dar razão.
Saí da cama sentindo os olhos marejarem, seu cheiro me invadia e percebi que ainda
estava com sua camisa. Sorri triste pensando em leve-la comigo para que eu pudesse
sentir o seu cheiro quando quisesse e quando a saudade dele fosse me machucar.
Foi respirando fundo que sai do quarto notando a casa completamente silenciosa, me
abaixei pegando meu all star no corredor, parecia que estava tudo tão diferente desde
quando o tirei dos meus pés.
Voltei pro quarto pensando em tomar um banho, Robert não estava em casa e talvez ele
não se importasse. Entrei na ducha quente e me esfreguei até o ponto em que minha pele
estava quase se esfolando, ainda me sentia suja, não importa quantas vezes eu me
limpasse, eu sempre me sentiria daquele jeito.
Consegui dar um nó de lado na camisa de Robert, calcei meu all star e me vesti
completamente com algumas roupas que ainda estavam ali. Abri uma mochila qualquer
que eu nem sabia se era minha ou dele e comecei a jogar todas as minhas roupas lá
dentro, ignorando o gosto salgado e amargo que as lágrimas me deixavam.
- O que esta fazendo? – escutei sua voz atrás de mim, fingi que meu corpo não
estremeceu e não me virei para encará-lo, continuando a colocar as roupas na mochila.
- Indo embora, na verdade eu já tinha que ter ido desde hoje mais cedo. – e era verdade,
não deveria ter continuado naquela ilusão com ele, de que tudo ficaria bem e que nós
ainda podíamos ser felizes, isso não aconteceria mais, não depois de hoje à tarde.
- E por que diabos está indo embora? – ele estava irritado agora e eu o encarei irônica
limpando meu rosto da água amarga.
- Não me ouviu Robert? Não ouviu nenhuma palavra que eu disse mais cedo? –
perguntei indignada que ele continuasse aquela brincadeira. – Estou indo embora, você
não precisa me aturar aqui. – peguei a última muda de roupa e coloquei dentro da
mochila, mas antes que eu pudesse fechá-la, seus braços estavam em meus pulsos e suas
mãos tiravam a mochila de perto de mim.
- Você não vai a lugar algum Kristen. Não sem mim. – disse taxativo e com raiva.
Travei meu maxilar.
- Eu vou sim.
- Kristen... – ele esticou a mão, se aproximando de mim e tentando me tocar.
- Não faça isso. Não encoste em mim Robert. – fechei meus olhos e os abri de novo para
ver a agonia em seus olhos, ele estava entendendo errado, eu não sentia medo dele. – Eu
não mereço isso, não mereço nada do que você faz por mim. Nunca mereci você Rob,
me deixe ir, por favor.
- Não. Você é minha mulher, vai ficar onde eu estiver.
- DROGA, POR QUE VOCÊ QUER CONTINUAR COM ISSO, NÃO FINJA QUE
ESTÁ TUDO BEM, POR QUE NÃO ESTÁ. VOCÊ ME ESCUTOU, SABE O QUE
EU PASSEI E NÓS PODEMOS PARAR DE FINGIR QUE VOCÊ NÃO ESTÁ ME
ODIANDO AGORA.
Seus braços me envolveram de novo em seu peito, acalentando meu corpo que voltava
com os soluços violentos.
- Por favor, eu estou te implorando Robert. Não vá até lá. Não faça isso. Por favor. Eu
preciso de você aqui... por favor.
As mãos grandes se fecharam em punho e desceram simultaneamente até se
encontrarem com a madeira escura da cômoda. O barulho foi ensurdecedor me fazendo
arrepiar com a sua raiva e recuar um passo pra trás deixando as lágrimas caírem por
meu rosto.
- Não. Não.. ele tentou.. naquele dia em que você chegou em casa, mas não chegou nem
perto de mim.
- Oh meu Deus. – ele colocou as duas mãos em sua têmpora, como se a qualquer
momento a sua cabeça fosse explodir, me aproximei com uma mão nos lábios e toquei
seu ombro que estava travado.
- Ro-ob...
- Desgraçado.
- Rob.. me olhe.. olha pra mim baby.
- Não posso. Não quero machucar você.
- Você não vai me machucar. Olha...pra mim. – eu pedi de novo vendo o desespero dele
ser enviado por ondas até mim.
Seus olhos eram repletos de uma agonia e dor sem fim, a raiva podia ser emanada e eu a
sentia em cada poro do meu ser, eu estava louca por livrar ele daquilo.
- Promete que não vai fazer nada Rob... eu não estou preparada pra isso... por favor...
- Kris...
- Por favor, baby. Estou te pedindo Rob, não quero que vá até lá...
- Não vou aceitar o que ele te fez Kristen. – negou com a cabeça e com as mãos ainda
em punho.
- Ninguém vai aceitar isso Rob.. só – passei as mãos no nariz para evitar meu soluço. –
Só me espere.. estar preparada para enfrentar isso... apenas me espere Rob.
Solucei quando seus braços me encontraram, molhei seu peito novamente com minhas
lágrimas, o agarrando pela cintura, com a minha pele se arrepiando ao senti-lo puxar
meu cheiro pra ele, como se estivesse tentando se acalmar.
Era com muita força que ele apertava meu corpo, ele estava me esmagando em seus
braços sem nem mesmo que eu me importasse, ele poderia me massacrar que eu não
estaria nem aí.
Levei minhas unhas a sua nuca e arranhei da base de seu pescoço até o final de suas
costas com força, eu precisava senti-lo. Desesperadamente.
Sua boca desceu sobre a minha urgente e faminta, com a língua quente e áspera
chegando a quase violenta, sem deixar de ser carinhosa se enroscando com a minha,
tentando aplacar a dor de nós dois naquele momento.
Como na noite anterior ele me levantou em seu colo deixando minhas pernas travadas
em sua cintura. Em menos de dois segundo, meu corpo Ra jogado na cama e eu recebia
seu peso maravilhosamente perfeito por cima de mim. Nossas roupas já não existiam
mais, eram apenas detalhes.
Tudo era apenas detalhe.
Eu só escutava nossos próprios gemidos que eram abafados por nossas bocas grudadas e
ansiosas pelo outro, o som de nossos corpo se chocando era uma sincronia perfeita para
os meus ouvidos, minhas pernas em volta dele o ajudando com os movimentos ritmados
e incessantes.
Eu me sentia plena, em um total estado de perfeição sentindo Robert me preencher da
melhor forma possível, investindo com força e agilidade, com as mãos em meu quadril
ou me estimulando no meu ponto mais intimo.
Era um prazer sem igual, que me fazia sentir como se me partisse ao meio e me colasse
novamente, começando da onde nossos corpos se uniam e se alastrando por cada poro
da minha pele.
O suor nos fazia deslizar com mais facilidade e Robert tirou a boca de meus seios
quando nosso ápice chegou.
Junto e efervescente.
Gritando para que ficássemos daquela maneira pra sempre.
- Eu te amo. – sussurrei o acolhendo em meu corpo mais uma vez naquela noite.
Espalmei minhas mãos em seu peito ainda sentindo nossa respiração falha e
descompassada, assim como nossos corações.
Ele tinha os braços em volta dos meus ombros e cintura, as mãos grandes demais para
deixar algum pedaço faltando.
Não falamos mais nada, sua presença e o fato de estarmos juntos dispensava qualquer
palavra ou assunto.
Adormeci com a sensação de pura paz me invadindo junto com seu cheiro perfeito e
inebriante.
--
Quando acordei novamente, estava sozinha na cama, meio desorientada e sabia que já
era de madrugada. Eu teria aula assim que amanhecesse e Robert precisava trabalhar.
De repente as revelações expostas pesaram por um momento e eu me perguntei
desesperada por onde ele estava.
Ele não tinha me deixado tinha?
Então onde ele estava?
- Kris?
Movi meu rosto para a direção da janela, olhando aliviada sua forma máscula de pé, em
frente ao vidro com a visão de Los Angeles.
- Tudo bem? – perguntou apagando o cigarro na mesinha ao seu lado.
Assenti meio rápido demais e me senti tonta, muito tonta.
- O que houve? – perguntei ignorando minha vertigem.
- Nada. – ele não me encarou, se virando novamente para a vidraça.
Engoli em seco, minha mente processando fatos que poderiam deixá-lo daquele jeito e
nenhum deles era bom.
- Rob..
- Está tudo bem Kristen.
- Você está com raiva?
- Sim.
Me impedi de soluçar, prendi o lençol branco a minha volta segurando ele no corpo
enquanto me levantava meio trôpega.
- Não estou com raiva de você baby. – ele suspirou se virando e me olhando nos olhos. –
Estou tentando assimilar as coisas.
Eu estava me sentindo fraca e indefesa, desesperada para que ele estivesse comigo.
- É absurdo você se sentir assim. Se acalme. – beijou minha testa num gesto tão
carinhoso que eu senti sono de novo e me aconcheguei em seu peito.
- Me desculpe.
- Pare de me pedir desculpas. – ele já balançava o corpo, me ninando novamente.
Suspirou.
- O que foi? – disse o ouvindo suspirar outra vez.
Ele me encarou, com as mãos em meu rosto.
- Vou esperar você está preparada para voltar a Miami, faço isso por você e por nós dois
Kristen, mas nada vai diminuir o ódio que estou sentindo.
Ele era intenso e a sinceridade reverberava por cada letra que dizia.
Assenti com a cabeça, apertando meus lábios com força e respirando o cheiro de sua
pele.
- Vai ficar tudo bem agora não vai Rob?
- Vai ficar tudo bem meu amor. Tudo bem Kris. Eu prometo. Ninguém nunca mais vai te
machucar.
Sorri e ele retribuiu, era a primeira vez que ele me sorria depois de toda a verdade ser
contada.
Ele estava me confirmando, fazendo meu sorriso se alargar.
Sim, ficaria tudo bem. Eu tinha certeza disso.
Capítulo 40
Apagar a Luz
"Aquilo que você aprende depois de tudo que já aprendeu, é o que mais tem
valor."
(John Wooden)
Estávamos ali desde que nos amamos novamente, já eram mais de seis horas da manhã e
nós dois tínhamos que sair, mas isso não estava importando no momento. Eu tinha os
seus lábios em mim, passeando por toda a minha pele com suas mãos grandes
segurando meu corpo debaixo dele.
Ele sorriu malicioso antes de beijá-los com pura luxúria, abocanhando-os totalmente,
como se fossem a única coisa no mundo pra ele naquele momento.
Minha voz já eram gemidos com os seus movimentos ritmados, suas mãos desceram até
minha intimidade começando a me estimular.
- Deus Robert...
Não era possível que ele não se cansasse. Não que eu estivesse reclamando, mas nós
não saímos daquela cama desde sábado à noite, nem para comer nem nada disso,
passamos muito mais de 24horas, apenas fazendo amor.
E eu estava muito bem com isso, principalmente com o jeito que ele me olhava cada vez
que deslizava entre minhas pernas e me preenchia daquela maneira deliciosa, como
estava fazendo agora.
Ele me olhava nos olhos, com amor e desejo brilhando nos orbes azuis esverdeadas que
sempre seriam a minha vida. Era por ali que podia enxergar a sua alma durante cada
segundo.
- Robert...
Gemi involuntariamente, fechando meus olhos com força e mordendo meus lábios, ele
estava atingindo um ponto especial dentro de mim e puxava a pele dos meus seios entre
seus dentes, os lambendo e brincando com o mamilo. Minhas mãos viraram punho em
sua nuca que eu já sentia úmida por causa do suor.
Mordendo os lábios para não gritar e cravando minhas unhas em suas costas, até que ele
se derramou dentro de mim e eu cheguei lá de novo.Era intensidade demais para que eu
agüentasse sem gritar seu nome, o fazendo ecoar por todo o quarto e talvez até pelo
apartamento.
- Kristen.
Ele disse e desabou em cima de mim, apertei ainda mais minhas pernas que estavam em
volta do seu corpo sem nem mesmo que eu me lembrasse como elas haviam ido parar
ali.
Fiquei acariciando os fios de areia amarela, sentindo o suor em minhas mãos até que
recuperássemos as respirações.
- Temos que ir. – ele disse me dando um beijo no rosto e me olhando sorrindo.
- Não. – choraminguei.
- Não.
Ele riu baixo e me beijou, esqueci de tudo como sempre, apenas para sentir seu beijo e
seu gosto inigualável em minha boca, se enroscando em minha língua e me fazendo
perder a sanidade.
- Vamos.
Um gemido de protesto saiu de nossas gargantas quando ele saiu de dentro de mim, me
fazendo sentir vazia e fria, querendo que ele me esquentasse de novo.
- Eu não vou.
- Okay. Coma alguma coisa, estamos aqui desde sábado sem comer nada.
Ele riu me dando um beijo nos lábios e seguindo para o banheiro.
Seu cheiro estava no travesseiro, então afundei meu rosto ficando embriagada com a
colônia masculina e ali escutando o barulho da ducha.
Eu estava me sentindo completa, leve e plenamente divina.
Tirar os segredos das minhas costas, fora muito mais que um alivio, fora a minha cura,
agora Robert sabia de tudo e mesmo assim me amava e me desejava, isso me fazia mais
forte.
Muito mais forte.
- Baby?
Abri meus olhos pesados para encontrá-lo já com o terno, mas ainda tinha a barba por
fazer, senti um desejo incontrolável de tocar seu rosto e sentir o mesmo arranhando
minha palma.
E foi o que eu fiz.
- Dormiu?
- Um pouco, eu acho.
- Então volte a fazê-lo. Estarei em casa antes das seis.
Assenti com a cabeça sorrindo, tirei minha mão de seu rosto a colocando debaixo do
meu travesseiro onde minha face estava afundada.
Ele me deu um beijo demorado na testa e a última coisa que ouvi, foi à porta do quarto
sendo encostada antes que eu caísse num sono profundo e delicioso.
--
Acordei tarde, muito tarde... já eram 04:13 e meus olhos ainda estavam pesados, mas eu
tinha que acordar, meu estomago estava reclamando de fome e eu precisava de um
antiácido urgente, aquela azia estava acabando comigo.
Consegui levantar depois de um tempo apenas encarando o quarto, sorrindo como uma
idiota por perceber o estado da cama completamente bagunçado, reafirmando que
Robert estava ali comigo e que seria meu, pro resto da vida.
Respirando fundo e com um sorriso no rosto, me levantei da cama percebendo que
ainda estava nua, rolei os olhos internamente e cacei uma blusa de Rob pelo quarto, a
amarrando de lado quando ficou folgada demais, afinal, uma blusa dele era mais do que
um vestido pra mim.
Sorri vestindo uma calcinha em estilo short, saindo do quarto.
Meu estomago estava revirando, pela azia e pela fome, eu precisava urgentemente de
comida mesmo sabendo que isso poderia piorar a queimação.
Nem ficando na ponta dos pés, eu consegui alcançar os armários, sentindo tonturas e
uma vertigem poderosa.
- Fuck. – coloquei a mão na cabeça esperando que passasse.
Era a merda da minha pressão novamente.
Aquilo tinha que parar logo antes que Robert visse um dia e ficasse preocupado por
besteiras.
Respirei fundo incontáveis vezes até que estivesse melhor, abri meus olhos lentamente e
suspirei, soltando todo meu ar pela boca. Alcancei a geladeira tirando de lá uma barra de
cereal de baunilha e aveia, comendo junto com um copo de leite.
Por mais fome que eu tivesse, não iria conseguir comer nada enquanto aquela azia
estivesse me consumindo.
Fiz uma bolinha de papel com a embalagem sorrindo divertida e tentando acertar a
lixeira que estava em cima da pia e eu sentada em cima do balcão.
Desisti depois de sete tentativas inúteis e me levantei, ainda teria que estudar para a
prova de recuperação amanhã e sabia que não podia me dar mal nessa, era a última
oportunidade de salvar a minha nota de começo de semestre.
E ainda teria que arrumar a casa que estava uma bagunça, ficar longe daqui não fora
uma boa idéia em hipótese alguma e não poderia estar mais feliz por ter voltado para
minha casa.
Quando tinha acabado de arrumar o quarto, foi que o telefone tocou, me livrei das
roupas sujas que estavam em minha mão e atendi calmamente ao telefone.
- Oii.
- Kris? – eu sorri com o tom de voz surpreso.
- Oii Dak.
- OMG, eu vou matar você, como assim não me contou que estava aí? Cadê o Robert?
Vocês voltaram? OMFG conta logo.
- Vamos com calma Dak. – ri de novo voltando com as roupas para meus braços e
andando pelo corredor com o ombro enganchado no aparelho.
- Calma, é o caralho. Conta logo Stew.
- Voltei pra casa. – disse apenas, joguei as roupas na área de serviço colocando tudo na
máquina e tirando o telefone do ouvido para aplacar a dor que seu grito me causou.
- OMG OMG OMG! Quando foi isso?
- No sábado, eu acho. – sorri botando a medida certa de sabão na gaveta da lava-roupas.
- Bandida, estou tremendamente irritada agora.
- Por quê?
- Você não me contou Stewart. – disse como se fosse obvio e eu rolei os olhos sorrindo e
apertando o ‘’liga’’ na máquina.
- Dak, nem eu sabia que viria até aqui... foi de repente.
- Ainda não está perdoada.
- O que você quer então? – falei divertida já prevendo a hora em que ela diria que
faríamos compras.
- Haam, eu não sei... nós vamos até sua casa hoje.
- Tudo bem.
Eu iria adorar ter eles aqui e Robert também.
- Certo, mais ainda não está perdoada.
Ela desligou e eu sabia que tinha um sorriso no seu rosto.
Ainda fiquei olhando as roupas girarem lá dentro por alguns segundos, antes de sair de
lá e voltar para dentro do apartamento. Tomei um banho morno e relaxante, as gotas de
água caiam em minha pele esquentando meus poros e me fazendo sentir tranqüila.
Enrolei-me na toalha branca, colocando uma calça de malha cinza que tinha duas listas
pretas do seu lado e era mais larga nos pés, com uma blusa branca colada no corpo,
deixei meu cabelo solto e molhado colocando apenas as mexas atrás da orelha e me
sentei na cama para estudar.
E foi só isso que eu fiz durantes as próximas horas, estudei e estudei, a matéria já caia
como pluma em meu cérebro, faltava apenas uma última parte que eu deixaria pra
depois, já eram mais de seis horas e eu bocejava pra caramba.
Além da fome estrondosa que eu estava sentindo. Suspirei me levantando da cama
reparando na bagunça que eu tinha feito, fui pelos corredores e chegando na cozinha
comecei a fazer algo pro jantar.
Dakota e Tom deveriam aparecer então resolvi fazer algo que desse para todos, uma
salada de legumes com um arroz de cenoura e filé em cubos.
Fiz tudo bem picadinho e temperado, colocando um pouco mais de sabor no arroz para
abrandar o gosto da cenoura porque Robert não gostava muito e fiz um molho de tomate
e manjericão jogando algumas rodelas de cebolas refogadas por cima do filé.
Limpei o balcão enquanto esperava o filé grelhar e verifiquei as horas, Robert estava
mais do que atrasado para chegar em casa, já estava dando sete horas e ele ainda não
havia chegado, suspirei virando os lados do filé e misturando com as cebolas
quadradinhas.
- Amor? – escutei um barulho de chaves caindo em cima de uma mesa e sorri, limpando
minhas mãos no pano de prato caminhando até a sala.
- Hey. – sorri ao vê-lo e fui retribuída com o meu sorriso torto em seu rosto.
- Oii. – ele se aproximou e beijou minha testa, eu sentia tanta falta de sentir aquilo, dele
chegar do trabalho e procurar por mim em casa e depois me beijar perguntando como
foi meu dia.
- Olá.
- Estou atrasado e me desculpe por isso. – seus dedos colocaram uma mexa de meu
cabelo atrás da orelha e mais uma vez eu sorri, ficando na ponta dos pés e nada mais foi
dito.
Enlacei seu pescoço com minhas mãos pequenas, as imiscuindo em seu cabelo dourado,
entreabrindo os lábios para dar passagem a sua língua ávida.
- Acho que senti a sua falta.
Ele se referia ao tempo que ficamos separados, e me lembrar daquilo me machucava,
ficar longe de Robert era uma dor sobre-humana, que eu jamais escolheria sentir de
novo.
- Eu também senti sua falta.
Ele sorriu voltando a me beijar.
Beijar Robert era sempre indescritível, era amor, prazer, desejo... tudo misturado em um
único e especial toque, nada do que eu já havia sentido na vida se comparava com a
sensação de seus lábios nos meus, suas mãos em mim e seu gosto me enlouquecendo
daquela maneira.
- Tome um banho e vem jantar, Tom e Dakota... – lhe beijei de novo. – Vão aparecer por
aqui mais tarde.
- Okay.. – ele respondeu, mas não me desgrudou.
O fez apenas depois de meia hora, sim ele ainda ficou me agarrando durante meia hora
antes de se virar sorrindo divertido pra mim.O segui com o olhar, vendo o modo irritado
que ele tirava a gravata até que senti um cheiro diferente.
OMG.
A comida.
Disparei pela cozinha e desliguei o fogo vendo o filé já estar sendo torrado.
- Merda.
Com um garfo, eu tirei os que estavam queimados, colocando novos no lugar,
suspirando e no mesmo segundo, eu levei as mãos na boca.Ajoelhei-me de um átimo
próxima a lixeira e deixei que a bile subisse, o enjôo crescendo à medida que eu
respirava e já podia sentir a pressão em minha nuca.
Meu estomago queimando com a maldita azia que não passava até que senti mãos no
meu cabelo, era Robert que se ajoelhava atrás de mim e mesmo sem vê-lo, já podia
imaginar a cara preocupada que ele estava fazendo.
- Nós vamos ao médico.
- N-ão. – vomitei de novo levando minhas mãos a barriga.
- Não estou perguntando Kristen.
- Por favor, Rob. Nada de hospitais, sabe que não vou a lugar algum.
- Kris... eu vou estar com você, ninguém vai te fazer mal, amor.
Limpei minha boca no torso da mão e me virei para encarar seus olhos agoniados.
- Eu sei... mas isso não é nada, foi o cheiro do filé queimado. – apontei inutilmente
enrolando meu cabelo em um coque mal feito enquanto ele me ajudava a levantar.
- Sei que está sentindo isso a algum tempo. E vamos ao médico assim que passar mal
novamente Kristen.
Ele estava sério e taxativo demais, ele não iria me deixar escapar. Apenas assenti,
derrotada, eu sabia que havia algo de errado comigo, só não sabia o que era e nem tinha
coragem para procurar saber.
Fui para o quarto depois de receber seu beijo em minha testa, as vezes era ainda um
pouco irreal que eu estivesse mesmo ali novamente, no nosso apartamento, nosso canto.
Apenas meu e dele.
Sem pressões e sem mentiras entre nós.
Estava tudo perfeito demais para que eu me preocupasse com a minha saúde.
Escovei meus dentes com um meio sorriso no rosto ouvindo a capainha tocar e Rob
gritar um ‘’eu atendo’’ lá da sala. Cuspi a água na pia junto com a pasta de dente e bebi
mais água antes de enxugar minha boca com a toalha de rosto e me recompor da crise
de ânsias até poder voltar pra sala.
- Sua bandida. – Dakota falou quando me viu entrando no cômodo.
- Oi pra você também Dakota.
- Chata. – ela sorriu e me abraçou, quase pulando em cima de mim e rindo igual uma
louca.
- Você está me esmagando Dak.
- É pra esmagar mesmo. Ah estou tão feliz por vocês. – ela me soltou depois de alguns
momentos para me dar um beijo em rosto.
- Atrapalho essa relação? – ouvi a voz de Tom e a gargalhada de Robert atrás de nós.
- Sim. Você está atrapalhando. – disse Dakota sorrindo pra mim. – Nós estamos
deixando vocês dois e indo assumir o nosso amor nas placas de Hollywood baby. – a
sua piscada de olho me fez rir e o modo como ela se enlaçou ao meu corpo também.
- Larga da minha mulher, Dakota.
- Fica quieto Rob, eu também estou irritada com você. – apontou fazendo ele revirar os
olhos e me puxar dos braços de Dakota para os seus.
- E por que diabos você está irritada?
- Por que? Como que isso. – ele fez um sinal com o indicador, mostrando a mim e a ele
abraçados no meio da sala. – Acontece e eu não sou informada? Uh? Eu estou indignada
e absolutamente irritada com este fato Pattinson.
- Oh meu Deus Dakota, está querendo me dar um motivo de te jogar pela janela?
- Que cheiro é esse? – Tom perguntou mudando totalmente de assunto.
- Você não vai me defender? – ela perguntou me fazendo rir.
- Eu não preciso fazer isso amor, sabe que Robert jamais faria algo com você.
- Não duvide. – Rob disse sorrindo.
- Okay. Vamos comer? Acabei de fazer o jantar.
Mudei de assunto antes que alguém realmente fosse jogado pela janela, Robert riu me
abraçando ainda mais forte e seguimos todos pra cozinha.
Tom foi o primeiro a fazer o seu prato e o de Dakota também, nos sentamos todos na
mesa e comemos conversando com uma alegria e disposição que há muito tempo eu não
sentia. Perguntei de Sam, mas ele estava em Malibu fazendo show, por isso não poderia
vir hoje.
- Acho que já estou perdoando você. – ela disse tentando se passar de indiferente,
enxugando os pratos e colocando na pia, os garotos guardariam depois porque nenhuma
de nós duas alcançávamos os armários de cima.
- Sério? – fui meio irônica sorrindo passando mais um copo pra ela.
- Sim e agradeça isso ao meu bom coração Stew.
- Okay. – sorri batendo seu quadril com o meu retirando um sorriso dela também.
- Fico feliz ao te ver assim, você sabe.
- Eu sei Dak e muito obrigada.
Ela sorriu e voltamos a conversar amenidades.
Depois de termos arrumado tudo e de Tom ter levantado Dakota pra que ela mesma
guardasse os pratos, nos sentamos todos na sala ainda rindo dos gritos de Dakota na
cozinha com medo de cair dos braços de Tom.
- Sabe que eu não deixaria você cair honey. – ele beijou seu rosto.
- Sei. Acho bom mesmo.
Eu ri me abraçando a Rob, Dakota não dava o braço a torcer, mas adorava os cuidados
de Tom com ela.
- Você não está com sono?
- Acho que só estou cansado. – Robert me respondeu passando a mão em meu cabelo.
- Bom galera, vamos puxar o carro.
- Boa noite.
- Boa noite. - respondi a eles, me levantando e indo em direção a porta, dei um beijo nos
dois antes que eles saíssem pelos corredores.
- Vamos dormir? – Rob me perguntou.
- Claro.
Ele me pegou nos braços me deixando sorrindo e logo após senti meu corpo em algo
macio.
Retirou sua blusa pegando o edredom em suas mãos quando se deitou por cima de mim,
aconchegando sua cabeça m meus seios.
- Bons sonhos Kris. – me beijou levemente os lábios sorrindo e se deitando novamente
em minha pele.
- Boa noite Rob.
Meus braços circularam seu pescoço fazendo carinho com minhas mãos em seu cabelo,
sentindo a ceda dos fios dourados e não demorei a adormecer.
Capítulo 41
Capítulo 41
Apagar a Luz
Aquela semana poderia ser conceituada de várias formas e de diferentes etimologias,
mas a principal, seria: contraditória.
Por um lado tinha o meu céu e paraíso, eu estava com Robert e nós não podíamos estar
melhor, se eu soubesse que ficaríamos assim após eu lhe contar tudo, já teria feito antes
e ignorado completamente minhas inseguranças.
Eu deveria saber desde o principio que ele me amava do mesmo jeito que eu o amava e
que nada nos separaria.
Mas tudo o que acontece têm seus motivos e momentos certos, eu não acreditava muito
nisso antes, mas passei a acreditar nas coisas depois que Rob entrou na minha vida.
Ele e toda aquela onda se sentimentos avassaladores dentro de mim.
Com ele, eu aprendi a ter fé, em coisas que jamais pensei em crer, como na felicidade
por exemplo.
Apesar de o fato de ser estéril ainda mexer comigo, também pesava o fato de que eu não
havia contado isso a Rob, isso me machucava em altos níveis de peso na consciência e
no coração, já que eu sentia que ele queria ter uma família.
Uma família grande, um time de futebol.
E me doía saber que - mesmo que ele não se importasse - eu teria que lhe negar isso.
Suspirei e fechei meu livro de Shakespeare que estava lendo a uma semana, hoje já era
sexta feira e como toda tarde, eu havia chegado da faculdade passando mal e agora -
depois de banho tomado - eu me deitava com uma azia infernal corroendo meu
estomago e com uma crise de sensibilidade que eu nunca tivera antes.
Tudo me irritava, o sol estava quente demais, cozinhar não estava me acalmando, Los
Angeles de repente ficou muito pequeno para toda minha irritação sem motivo e sem
controle, só esperava que quando Rob chegasse eu já estivesse melhor, talvez fosse algo
de errado comigo já que eu me sentia diferente.
Eu estava doente, mas não poderia contar isso a Rob, ele ficaria preocupado demais por
algo que não devia ser tão grave assim.
Fuck!
Merda.
Me levantei contrariada, andando por todo apartamento até encontrar minha mochila da
faculdade jogada pela sala, busquei meus livros de gráficos e planos e sentei no chão
mesmo, apoiando meu material na mesinha de centro em carvalho claro.
Mas a porcaria da minha mente não estava se concentrando, gráficos e barras, gráficos
de linhas... e blá, blá, blá.
E eu senti uma vontade enorme de chorar, tanta vontade que estava esmagando meu
peito, sufocando minha respiração e eu não agüentei mais.
Demorou tempo demais pra passar, alias durou quase uma eternidade e o pior de tudo
foi Rob entrar e me ver naquela situação.
Ele jogara suas coisas no chão em um átimo e como um raio se aproximou de mim, me
pegando no colo.
- Deus, o que houve baby? - suas mãos eram frenéticas em meu rosto, tirando os fios de
cabelo que estavam grudados por conta da água salgada.
Eu nunca fora uma pessoa muito carente, nunca demonstrará pelo menos, eu gostava de
ser forte e de que os outros me vissem assim, chorar era apenas para ocasiões.
E por bons motivos, não por uma crise de carência como aquela.
- Rob..
Ele se levantou comigo em seu colo e me deitou na cama, se esticando do meu lado
após tirar os sapatos, me aconchegou em seu peito e apenas depois do que me
pareceram horas, eu consegui me acalmar.
- Me desculpe por isso. - murmurei brincando com os botões de sua camisa social que
estava meio entre aberta.
- Vai me contar o que houve?
- Nada. - ele me olhou sério. - É verdade, eu.. não sei o que aconteceu...
- Ninguém chora desse jeito por nada Kristen..
- Mas é verdade Rob. - me ergui em minha mão direita enquanto a outra se colocava em
seu rosto, tentando lhe passar sinceridade.- Eu estava irritada com tudo.. meio desligada
das coisas e de repente... eu fiquei com vontade de chorar...e bom.. saiu aquilo.
Minha expressão era de total confusão, porque eu não entendia também o que estava
acontecendo, eram mudanças estranhas demais para que eu pudesse assimilar com
rapidez.
- Tudo bem. - ele suspirou puxando meu rosto novamente por seu peito. - Eu acredito
em você. - seu suspiro deu o assunto por encerrado e eu sorri minimamente contra a
pele do seu peitoral levemente definido, os pelinhos que seguiam dali até o abdômen
eram um charme e me enlouqueciam quando eu passava as unhas por ali e...
OMG.
Era só o que me faltava, virar uma devassa.
Neguei lentamente com a cabeça, pra que ele não percebesse e suspirei.
- Está com sono? Chegou há muito tempo da UCLA?
- Não, uma hora mais ou menos. Mas estou me sentindo cansada. - murmurei.
- Então durma, vou trazer algo para que possa comer.
- Não. - disse quase gritando e travando meus dedos em sua camisa, ele se deitou de
novo sorrindo. - Fique aqui.
- Tudo bem baby. Agora relaxe.
As mãos grandes e quentes se passavam por minha coluna e faziam carinho em meu
cabelo.
- Canta pra mim?
Ele riu baixo antes de dar um beijo no topo da minha cabeça.
- Sempre.
--
Pelo que me pareceu menos de duas horas depois, eu tive uma crise horrível de vômitos
consecutivos.
E para piorar tudo, Rob estava comigo, me vendo e segurando meus cabelos, enquanto
eu praticamente abraçava o vaso e colocava até a minha alma pra fora, com minhas
mãos na barriga.
- Nós vamos ao médico. Agora.
- Rob.. - eu tossi um pouco quando ele me deixou sentada na cama.
- Agora Kristen.
Ele foi direto na cômoda e tomou um banho tão rápido que quase não o vi entrando no
banheiro, seu cabelo molhado e cheirando a shampoo me atiçou, mas eu tentei me
controlar.
- É desnecessário Rob, eu estou bem.
Choraminguei já prevendo o horror de ter alguém me tocando.
- Eu vou estar com você okay? - suas mãos enquadraram meu rosto, me olhando nos
olhos porque eu já chorava. - Ninguém vai encostar em você se não for necessário e eu
vou estar do seu lado, eu prometo Kris, mas não me peça para ignorar isso.
Eu podia lidar com aquilo não podia?
Ele poderia arranjar uma médica em vez de um médico e apesar de não mudar as coisas,
já melhorava bastante.
Assenti receosa com a cabeça, sem poder negar que estava nervosa ou curiosa sobre o
que seria falado em um maldito consultório.
- Ótimo, venha.
- Eu consigo andar. - resmunguei irritada quando ele me pegou no colo, rolou os olhos
nem se dando ao trabalho de me responder.
Chegar ao hospital não foi difícil, apesar do transito caótico de Los Angeles,
conseguimos andar com o carro com mais rapidez. Ele havia comprado um carro é
claro, na terça-feira, nós fomos juntos escolher e eu que não entendia muito daquilo dei
palpite apenas na cor, ele não ficou muito feliz, mas não me criticou.
- Fique sentada. Eu vou até a recepção. - ignorei o que ele falou continuando de pé e
com os braços cruzados. - Teimosa. - ele resmungou antes de entrar por aquela parede
toda branca de hospital.
- Como?
Capítulo 42
Apagar a Luz
‘’Faça o que seu coração acha certo, pois de qualquer forma você será criticado.’’
(Eleanor Roosevelt)
Eu fiquei numa espécie de transe pelo que me pareceu ser muito tempo.
As palavras numa tentativa infundada de se infiltrarem em muita mente eram como uma
bomba, daquelas do tipo de gás, que ficam rondando a sua volta após ter estourado.
- Isso é... completamente.. impossível. – disse enfática, mas com a voz um pouco
quebrada querendo achar os termos certos de dizer aquilo pra eles.
- Kristen...
- Okay. Vamos te examinar para ver se encontramos algo paras os motivos de seus
sintomas.
Me levantei no mesmo instante que ela também se levantou, cruzei meus braços em
frente ao peito e mordi os lábios para não gritar de frustração e raiva.
Estúpida.
Que diabos de direito ela achava que tinha para me dizer que estava grávida?
Ela não sabia de nada da minha vida e vinha pra cima de mim com uma bomba dessas e
o pior era a expressão feliz de Robert.
Argh.
Eu precisava de um cigarro.
Urgente.
Abri a porta do carro com força evitando que minhas lágrimas caíssem, elas não seriam
apenas de raiva, o vazio dentro de mim estava gritando para ser preenchido e eu não
podia fazer isso.
Grávida.
- Não sabia que a possibilidade de estar grávida era assim tão horrível pra você.
Assustei-me completamente com a voz de Robert dentro do carro, estava tão afundada
em meus pensamentos que nem o tinha visto entrar ou bater a porta.
Virei meu rosto pra ele tentando segurar o choro em meus olhos, ele não me encarava,
os olhos estavam vidrados no pára-brisa do carro e as mãos apertavam com força o
volante entre seus dedos.
- Impossível?
- Sim.
Apertei meus olhos com força já escutando a duvida na sua voz, ele me encarava agora.
Suas mãos em punho se chocaram com o volante enquanto ele tentava se acalmar.
- Você não toma pílula e nós nunca usamos camisinha. Ainda não consigo ver a
impossibilidade aqui. – ele me olhou e suspirou depois de um momento. – Sei que ainda
está na faculdade, mas você não estaria sozinha Kris. Eu estou aqui e vamos passar por
qualquer coisa juntos.
- Rob..
- Grávida Kris, você pode estar grávida amor. Pode parecer assustador agora, eu
também estou assustado, mas isso é uma coisa boa. É perfeito baby.
- O que eu não estou entendendo? – suas mãos seguraram meu rosto me fazendo encará-
lo, as lágrimas já desciam por minha face fazendo as marcas salgadas até meus lábios. –
Kris, o que houve? Não quer ser mãe ou algo assim?
- Como?
- Eu não posso ser mãe... sou estéril. – finalmente soltei as palavras que me marcavam e
machucavam desde os 16 anos.
- Kristen..
- Eu menstruei pela primeira vez com nove anos, depois que fui... levada de Miami... ela
parou de vim...
- Fez exames? – sua voz era sufocada como a minha, mas eu sabia que ele estava apenas
decepcionado e cuidadoso para não entrar em assuntos que ele sabia que iriam me
machucar.
- Não. Nunca me importei o suficiente pra poder enfrentar um hospital. – passei as mãos
no nariz. – Voltei com o ciclo aos 16 anos e no abrigo no Texas, eu aprendi o suficiente
de biologia para saber que sem menstruação, sem gravidez Rob.
- Meu Deus... – ele parecia frustrado agora, passando as mãos nervosamente pelo cabelo
dourado.
Mas eu tentava controlar minha raiva, ele estava querendo me acalmar, mas estava
piorando as coisas.
- Kristen...
- Não Rob. Pare com isso. – bati na minha perna olhando em seus olhos. – Nós dois
sabemos que não está tudo bem, se estivesse... você não teria essa decepção nos olhos.
- Não. Eu quero ficar sozinha. – limpei minhas lágrimas, me virando de novo pra janela.
– Me leve pra casa, por favor.
- Venha aqui Kristen.
Seus braços me puxaram com força e delicadeza até que eu estivesse em seu colo, de
frente pra ele com uma perna de cada lado de seu corpo.
A decepção era mais visível agora quando vista de perto e os azuis esverdeados nunca
estiveram tão escuros assim.
Suspirou.
- Eu te amo. Você é a mulher da minha vida. Não existe nada mais natural que eu querer
ter uma família com você. Ter filhos, seus filhos. Nossos filhos.
- Mas essa não é a única maneira de fazer algo assim. Existem muitas formas... pra
podermos ter nossa própria família okay?
- Eu me sinto horrível Rob, eu queria tanto poder ter filhos.. eu me sinto incompleta e
vazia... você já me deu tanto.. e nem um filho eu posso te dar... – mordi os lábios para
que parassem de tremer. – Foi por isso que sai de casa... você merece alguém melhor
que eu.
Desabei sob seus braços, que me acolheram escondendo meu rosto em seu ombro, eu
chorava copiosamente, o vazio mais uma vez gritando dentro de mim e eu queria mais
do que tudo poder preenchê-lo.
Tive raiva de suas mãos que afagavam meu cabelo com tanto carinho, eu não merecia
merda nenhuma que ele me dava e mesmo assim ele continuava ali, me amando
incondicionalmente, quando nem um filho eu poderia lhe dar.
Mas apesar da raiva, eu não era forte o suficiente para afastá-lo. Afastar a sua calma e
tranqüilidade ou suas mãos tão quentes e seu corpo tão acolhedor do meu, de uma forma
meio errada, ele me completava mesmo que eu não merecia nada disso.
Ficamos tempo demais ali, seus lábios em meu rosto enquanto eu chorava tudo o que
podia chorar desde que eu tinha 16 anos.
Nunca fora uma garota de sonhos ou de príncipes, pelo contrário... o fato de não poder
ser mãe sempre havia me machucado, mas antes eu até achava uma coisa boa, pelo
menos não teria que implicar alguém á minha presença suja.
Foi só depois que eu conheci Robert que essa dor passou a se abrir e limão fora jogado
em cima das minhas feridas, talvez porque eu já soubesse que um momento como
aquele chegaria e que inevitavelmente, eu teria que lhe negar o sonho de ser pai.
- Acha que pode fazer uma coisa por mim? – ele pediu sussurrando em meu ouvido.
Apenas assenti, ele nunca me pedira nada e fazer algo por ele era tudo o que eu queria.
- Não.
- Shii. – ele passou as mãos em meu cabelo para me acalmar. – Você me disse que nunca
fez exames e nós podemos descobrir isso agora okay?
- Rob...
- Por favor Kristen, se não for gravidez... tudo bem. Mas você pode estar doente e não
vou permitir que fique desse jeito. Nós podemos procurar ajuda.. podemos conversar
com alguém...
- Eu não quero fazer exames, isso só vai me destruir ainda mais Rob... uma
confirmação.. só vai fazer com que eu me sinta...péssima e ainda mais vazia.
- Por favor.
Eu ia negar de novo, mas ele estava sendo persuasivo demais, os azuis esverdeados
voltaram a brilhar agora com o que eu achei ser esperança e eu odiaria ver aquela
pequeno pedaço de felicidade se esvair dele.
- Tudo bem. – disse por fim, sufocada com minhas próprias lágrimas.
- Obrigado.
Seus lábios desceram sobre meus e eu fiquei naquele delicioso transe que seu gosto me
causava, como em uma ponte entre a consciência e o inconsciência. Eu adorava me
sentir assim com ele, mesmo que não esquecesse os motivos por meus pesadelos
naquele momento.
Decidimos ficar mais um pouco por ali, seus braços me envolvendo até que eu estivesse
preparada pra enfrentar o que quer que fosse dentro daquele hospital.
Eu sabia que ele estaria comigo. Isso me dava forças mesmo sabendo que o magoaria de
novo.
- Vamos?
Assenti com a cabeça minimamente recebendo seu beijo em minha testa e depois um
selinho demorado e carinhoso nos lábios.
- É claro que podemos, ficam prontos hoje, mas pegamos amanhã okay?
Robert entrelaçou nossos dedos para depois me puxar pela cintura e fazer encostar
minha cabeça em seu ombro, me aconchegou ali durante o percurso do estacionamento
até a recepção me deixando sentada na sala de espera.
Tentei respirar mais fundo e ver as coisas de fora, mas era impossível.
Nunca me imaginei em uma sala de espera hospitalar, além daquele cheio de limpeza
que só hospital tinha, ainda tinha os motivos por eu estar ali.
Foquei meu rosto na mesinha de vidro até que ouvi os passos de Robert.
Até os passos dele eu já reconhecia.
- Vamos? – perguntou.
Ele não estava sozinho, a Dra. McGraw estava ao seu lado e me senti envergonhada
pelo modo grosseiro como a tratei mais cedo, afinal de contas ela não sabia de nada da
minha vida e aquele era apenas seu trabalho que eu pude notar, ela fazia muito bem.
- Está melhor? – suspirei assentindo, ela não era tão irritante assim...
- Sim... haam... me desculpe pelo modo que agi... acho que só estava... irritada... –
coloquei uma mexa de meu cabelo atrás da orelha vendo Robert sorrir um pouco pela
minha atitude.
- Está tudo okay. Eu vou acompanhar vocês até o laboratório, preciso apenas de um
hemograma para confirmas minhas suspeitas e estará liberada, o Sr Pattinson já me
informou que só viram pegar o resultado amanhã.
- Okay.
Fomos andando pelos corredores, ficar por ali me dava uma sensação de sufocamento,
era estranho, me encolhi nos braços de Robert que estavam a minha volta e de repente
paramos numa porta que dizia ‘’Laboratório’’.
Me enchi de uma coragem que eu não tinha e me sentei naquela cadeira cinza que eram
parecidas com cadeiras de escritórios odontológicos, só que sem toda aquela
aparelhagem do lado.
Fiz o que ela pediu, ficando meus olhos nos de Robert, ele me sorriu pequeno, eu sabia
que ele ainda estava triste com a descoberta assim como eu quando deduzi tudo sozinha
há mais de quatro anos atrás.
A Dra. amarrou um elástico grosso no meu braço e retirou a seringa das embalagens,
limpando o local da minha veia com o algodão molhado.
Apertei meus olhos e trinquei meus dentes quando a agulha penetrou em minha pele, ao
inferno que só criança não gostava de injeção. Aquela merda doía, pra caramba.
- Prontinho.
Ela retirou o tubo da seringa e guardou em um local que não pude ver, retirou as luvas e
me entregou um pedaço de algodão.
- Amanhã de manhã já estará aqui, a espera de vocês. – disse saindo pela porta.
Robert mais uma vez agradeceu a ela e me abraçou nos guiando até o carro.
- Sim. – respondi simplesmente olhando pela janela e puxando meus pés pra cima do
banco.
Não respondi.
Andamos no carro em um completo silêncio, eu sentia os olhares de canto dele pra mim,
mas não os retribuía, eu sentia falta de seus braços a minha volta e isso me matava a
cada segundo.
Ele estava sofrendo assim como eu, só que ele preferia esconder as coisas para cuidar de
mim e aquilo me torturava em níveis que ele nem podia imaginar.
Não queria que ele abrisse mão das coisas por mim, ele não devia fazer isso.
Assenti recebendo seu beijo em minha testa e fui pro quarto como ele tinha dito.
Peguei uma nova toalha de linho no banheiro e tomei um banho quente, chegando quase
a escaldar minha pele, demorei mais do que esperado debaixo da água, sentindo meus
poros e meus músculos se acalmando, me deixando relaxada e levemente entorpecida
por causa do vapor.
Pus somente uma calcinha boy short verde com uma blusa azul marinho de Rob, me
encolhendo entre as cobertas e esperando que ele aparecesse para dormir comigo.
- Hey.
- Oii.
Fiz um sim com a cabeça percebendo só agora como eu estava com fome, a azia
finalmente tinha melhorado e eu sentia que podia comer tudo o que havia naquela
bandeja.
Comi os cookies de baunilha e aveia com um copo de leite quente e uma maça bem
vermelhinha. Deixei as outras coisas quando estava satisfeita, colocando a bandeja no
chão ao meu lado da cama, me sentindo fraca demais de repente para me levantar dali.
Não demorou muito e Robert surgia pela porta do banheiro secando o cabelo ainda com
uma tolha nas mãos, vestido com a calça de pijamas velha e cinza que ele sempre usava
pra dormir.
Seus braços me puxaram pra ele num movimento já automático e certo de nossos
corpos, que se juntavam sem precisar de aviso.
Ficamos deitados de lado com minha cabeça apoiada em seu ombro e minha testa
grudada em seu peito. Os braços tão quentes me circulavam, me mantendo protegida do
frio que fazia dentro de mim.
- Não.
Ergui meu rosto para fitá-lo, deixando minhas mãos espalmadas em seu peito, sentindo
nossas pernas se entrelaçarem.
Colocou a mão direita em meu rosto e fez movimentos circulares com o polegar em
minha bochecha. O carinho era tão bom, eu me vi fechando os olhos para recebê-lo
mais completamente.
Seus lábios beijaram a lágrima grossa e sincera que saiu de meus olhos, me
aconchegando mais em seus braços longos e seu corpo acolhedor.
Capítulo 43
Capítulo 43
Apagar a Luz
O nervosismo rolava em ondas fortes por todo meu corpo, reverberando por cada célula
da minha pele e se expondo para fora do meu organismo em espasmos dolorosos de
pura ansiedade.
Não que isso me desse esperanças, mas me fazia sentir viva por pelo menos alguns
minutos.
Eu ainda estava deitada, minha bochecha encostada no peito quente de Robert ouvindo
as batidas um pouco erráticas do seu coração, junto com o movimento suave que seu
corpo fazia por conta do oxigênio entrando e saindo de seus pulmões.
Não queria sair dali jamais.
Deixei minhas mãos brincarem com sua pele, fazendo desenhos aleatórios em seu
abdômen e peitoral, meus olhos focavam os movimentos de meus dedos e tudo o que eu
conseguia fazer era um bebê. Como nos sonhos que eu tivera com Rob e uma menininha
com seus cabelos e meus olhos.
Minha mão que estava inerte na lateral de seu quadril, subiu para minha barriga e
libertei meus pensamentos para que pudessem voar bem distante de uma realidade na
qual eu vivia.
Se houvesse uma chance pra mim ainda, aquele resultado seria positivo e neste
momento havia um bebê, bem pequenininho dentro de mim, sendo acolhido e protegido
por todo meu coração cheio de amor para recebê-lo e quando ele crescesse, teria os
mesmos traços de Robert.
A beleza, o gênio e todo aquele charme que me fez enlouquecer desde quando o vi.
E que apesar de ter os meus olhos, seria tão bonito quanto ele.
Sorri involuntariamente para a imagem surreal que se formava em minha imaginação,
um bebê lindo, uma menininha que Robert iria mimar assim como fazia comigo e ela
seria levada e esperta e protegida com unhas e dentes por mim e por ele, de todos que a
pudessem machucar, teria os meus olhos com seu cabelo de areia dourada e puxaria
nossa mania de passar a mão por eles sempre que estivesse nervosa.
- Baby?
Abri meus olhos de repente com o sorriso alegre se esvaindo de meu rosto.
- Está tudo bem? – ele perguntou.
- Sim. – respondi meio atordoada encontrando seus olhos.- Acho que estava sonhando.
Disse e ele assentiu, parecia me entender, mas não perguntei o motivo, algo me dizia
que eu não gostaria de saber.
- Vou preparar um café pra gente.
- Não precisa. Eu faço isso. – falei pra ele que já se levantava da cama.
- Tudo bem. Vou resolver algumas coisas da empresa e já saímos okay?
Apenas assenti e me ergui na ponta dos pés para receber seu beijo.
Peguei a bandeja que havia deixado ali ontem e saí do quarto entrando logo na cozinha.
Abri a geladeira no mesmo momento depois de deixar a bandeja na pia, eu precisava
desesperadamente me ocupar com algo, eu ficaria louca com toda aquela atmosfera
pairando sobre nós dois.
Fiz ovos mexidos com salsichas e torradas e preparei um suco de laranja que Rob
gostava, coloquei tudo na mesa preparando uma caneca de leite quente pra mim.
Estava um pouco sem fome, mas tinha que comer por medo que a azia ou os enjôos
voltassem.
- Rob? – gritei no apartamento seguindo até o pequeno escritório. – Hey. Vem comer.
Ele me olhou por cima dos papéis e sorriu de leve assentindo com a cabeça.
- Eu já vou baby.
Ainda não havia descoberto como ele conseguia se organizar em meio a todas aquelas
planilhas e balanços com cada vez mais contas e contas pra fazer, tudo ali dentro era
uma bagunça e só ele mesmo para se achar nas suas coisas, apesar de que eu sempre
estava ali, tentando ajeitar tudo e entendia um pouco de toda a sua própria
desorganização.
Talvez por que eu fosse tão bagunceira quanto ele.
Ele se levantou e me abraçou enquanto seguíamos para a cozinha de novo.
- Está enjoada?
Neguei com a cabeça simplesmente, baixando meu olhar para a mesa de vidro.
- Hey. – dois de seus dedos levantaram meu rosto, se colocando debaixo de meu queixo.
- Ainda não sabemos como estão as coisas.
- Eu sei.
Respondi apenas para que ele não ficasse preocupado, mas o gosto amargo na minha
boca não saia de maneira nenhuma.
Eu já sabia como estavam as coisas há quatro anos.
Aquele teste, só iria confirmar minhas certezas.
E o gosto amargo ficou de repente, insuportável demais pra mim.
--
Em todo o tempo que eu já morava em Los Angeles, eu nunca tinha visto o céu tão
limpo e brilhante como estava agora. O azul anil seria capaz de cegar quem o olhasse
por muito tempo e ele não era um reflexo meu naquele instante.
Meus olhos estavam vidrados no oceano em minha frente, meus joelhos flexionados em
meu peito enquanto ele tentava não se partir ao meio.
Pequenos grãos de areia branca grudavam na minha calça jeans e o sol estava alto
demais, batendo em meu rosto e clareando minha visão para a imensidão a minha frente.
Eu havia pedido a Robert que me deixasse aqui quando saímos de casa, ele seguiria para
pegar os exames com os resultados e se encontraria comigo logo depois.
Ele tinha hesitado muito até concordar comigo. Parecia estar considerando se eu iria ou
não fazer alguma besteira estando sozinha em frente à praia, mas ele conseguiu ver a
minha necessidade de ficar ali e sozinha por alguns instantes.
Não teria coragem para encarar aquele hospital de novo, não estando tão desestruturada
com estava agora e desde ontem.
Sentia o medo, com a ansiedade de mais cedo se esvaindo do meu corpo dando lugar ao
terror de esperar por algo que eu já sabia a resposta. Mas a confirmação só iria me fazer
ficar pior.
Não era como algo que podia ser reversível, eu não podia fazer o propósito para o que
fora criada, com essa coisa toda de ‘’crescei e multiplicai-vos’’. Não que eu fosse muito
religiosa, mas tinha as minhas crenças e agora eu também tinha a minha própria fé.
Grávida.
Uma palavra nunca teve o poder de me machucar tanto.
Levei minhas mãos a minha barriga, sem desviar meus olhos do mar e pedi
silenciosamente que eu ainda fosse capaz de dar uma família a Robert. Seja por
qualquer método, por qualquer meio.
Eu poderia adotar. Isso seria simples e fácil. Como respirar.
Eu teria uma família junto com Robert e o meu bebê seria tão amado como se tivesse
nascido de mim.
Nada seria fácil e nada abrandaria a minha própria dor, mas eu poderia amar, eu ainda
tinha essa capacidade dentro de mim.
Suspirei fechando meus olhos, uma rajada fraca de vento passava por mim, balançando
meus cabelos que agora estavam num tom meio avermelhado por conta do sol.
Preferi ficar num lugar mais afastado da direção principal de Santa Monica, do outro
lado do píer onde era tudo mais tranqüilo e calmo, eu podia respirar fundo ali tendo
apenas o mar e aquele sol incrível como companhia.
Às vezes parecia que tudo girava em círculos, como se ninguém nunca saísse do lugar
por mais que andassem léguas e léguas. Isso acontecia com as coisas também, elas
jamais mudavam ou se transformavam...
Ou era apenas eu que ficara congelada no tempo, sem notar os movimentos a minha
volta.
- Hey.
Ao contrário do que pensei a voz rouca e repentina não me assustou, era como se eu já
identificasse a sua presença perto de mim e o meu coração já o reconhecia a quilômetros
e ficava sempre disparado como agora.
Não respondi, nem olhei pra ele.
Via pelo canto do olho os papéis do hospital em sua mão, mas não perguntei nada, seu
silêncio já me era uma resposta mais do que certa.
Ele estava sentado assim como eu, sem me encarar... com os olhos vidrados no oceano
que praticamente brilhava agora fazendo um contraste perfeito contra aquela areia
branca.
- Podemos ir pra casa?
Perguntei simplesmente continuando da mesma forma que antes.
- Ainda não.
Limitei-me a dar um suspiro e me levantar. Segurei minhas sandálias baixas na mão
direita e comecei a andar na direção dos carros estacionados.
Até que ele segurou meu pulso.
- Espera.
Apenas o olhei esperando que ele dissesse o que queria dizer.
E que fosse rápido, eu queria mesmo ir pra casa.
- Três meses.
- O quê? – perguntei totalmente confusa.
Um sorriso pequeno se formou em seu rosto, ele estava se contendo em alguma coisa
me deixando ainda mais atordoada.
- Você está grávida de três meses.
Eu não conseguia mais vê-lo, me desvencilhei de suas mãos que me apertavam no pulso
e lhe dei as costas, voltando a andar.
- Hey. Você não me escutou.
Ele me virou de novo.
- Não é uma boa hora pra brincadeiras Robert, você não precisa me enganar para que eu
fique bem.. eu estou bem okay.. aliás eu estou bem até dem...
- Shii, shii. Dá pra ficar quieta baby? – disse sorrindo de novo colocando um dedo nos
meus lábios. – Você está grávida Kris. Olhe aqui. – ele me estendeu os exames que eu
não peguei. – Pegue logo, eu conversei com a médica, ela me disse e disse que pelos
sintomas.. você está grávida de três meses meu amor... você estava errada Kristen...
você não é estéril.
- Isso é impossível.
- Veja. Veja por você mesma.
Ele não disfarçava mais o sorriso, lágrimas eram produzidas em meus olhos enquanto
ele me entregava o envelope.
Rápido demais eu o abri, mesmo que eu ainda não acreditasse muito naquela história.
Não conseguia entender muita coisa que estava ali, mas no final da folha verde com os
símbolos do hospital, estava escrito em letras de forma.
POSITIVO.
Olhei pra Robert num átimo, um olhar confuso e arregalado, de pura surpresa e o que eu
achei ser... emoção... se agitando dentro de mim.
- Isso não é real Robert...
- Você sabe que é Kristen.
- Oh meu Deus.
Levei minha mão aos lábios enquanto a outra ainda segurava o papel nas mãos, tentando
acalmar meu pranto e os milhares de sentimentos que se explodiam dentro de mim
Eu estava errada. Eu estivera errada esse tempo todo.
Emoção. Realidade. Amor. Cura.
Tudo era uma mistura em meus olhos e nos de Robert quando o encarei.
Eu vi minha vida inteira se passar pelos olhos dele.
A felicidade em minha família, o horror de ser levada de casa, todo o terror que eu
passei no México, meu sofrimento ao pensar que era estéril.
Estava tudo ali, sendo exposto pelos olhos que eu mais amava na vida, os azuis
esverdeados também estavam marejados, limpando meu passado e com um dom incrível
de me curar do que quer que fosse.
- Grávida... – sussurrei.
- Grávida, meu amor.
Solucei violentamente, mas agora era da emoção que reverberavam por cada poro do
meu corpo. Meus joelhos cederam e se encontraram com a areia da praia, eu estava me
desmoronando em felicidade e pura gratidão, eu ainda não podia acreditar.
Robert se ajoelhou em minha frente e seus braços me enlaçaram.
- Eu não mereço isso Rob.. é demais pra...
- Shii. Shii. Ninguém merece mais do que você Kris. – ele disse suave em meu ouvido.
A emoção podia na sua voz era um puro reflexo da minha.
- Nós vamos ser pais... – solucei me escondendo em seu pescoço. – Eu que pensava que
jamais sentiria isso...
- Você estava errada...
Ele estava tão feliz.
O mundo poderia explodir agora que eu não me importaria nem um pouco.
Contando que ele ainda estivesse me abraçando e que sua mão direita ainda estivesse
debaixo da minha blusa, espalmadas delicadamente em minha barriga.
- Olha pra mim. – ele pediu e eu o fiz sem me incomodar com as marcas vermelhas em
meu rosto, elas eram a prova da minha felicidade naquele momento. – Nós ainda temos
que ir ao médico, eu já marquei um obstetra pra você, para amanhã okay?
- Tudo o que for preciso Rob.
Ele sorriu brilhantemente e me ergueu em seus braços, levantando meu corpo no ar
enquanto eu grudava meus lábios nos seus.
- Um bebê Rob. Nós vamos ter um bebê.
- Vai ser uma menina.
- Mas pode ser um menino.
- Sim. E nós vamos mudar de casa. – ele disse sorrindo comigo ainda em seu colo.
- Vamos? – lhe dei um beijo.
- Vamos. Filhos precisam de espaço, além do quê, eu não quero você se cansando
subindo e descendo do apartamento.
- Mas lá tem elevador Rob. – respondi rindo divertida com a sua preocupação
exagerada.
- Não importa.
- Okay. Vamos mudar de casa então.
Ele sorriu de novo e nada mais foi dito.
Nós seriamos uma família agora.
Uma família perfeitamente feliz.
--
Ficamos na praia ainda por muito, muito tempo... até o pôr-do-sol para ser mais exata.
Nada poderia se comparar a estar encostada no peito de Robert com toda aquela
imensidão bonita de Los Angeles em nossa frente.
Sentindo a felicidade de sermos três, a partir de agora.
As mãos deles estavam espalmadas em barriga que depois de olhar muito tempo, vimos
que já tinha um pequeno volume por ali.
- Como não percebemos isso antes?
- Acho que não esperávamos baby.
- É. Quer mesmo que seja uma menina? – virei meu rosto pra ele recebendo seu beijo
em meus lábios.
- Não importa o que for.
- Nem pra mim. Temos que pensar nos nomes. – sorri brilhantemente pra ele que me
retribuiu.
- Podemos comprar aqueles livros de significados.
- Não Rob. Significados não. – resmunguei o fazendo rir baixo.
- Nada de significados então.
- Obrigada.
Lhe dei um beijo rápido e voltei a ficar de frente pra praia.
- Vamos? Já estamos aqui a tempo demais.
- Okay.
Ele me ajudou a levantar puxando minha mão e pegou minhas sandálias as carregando,
me enlaçou pela cintura e nossos rostos não perdiam o sorriso.
- Imagine quando Dakota souber. – eu disse me sentando no carro e fechando a porta.
- Já posso escutar os gritos dela.
- Ela será a madrinha.
- Agora eu posso mesmo escutar os gritos dela.
Eu ri olhando a paisagem de LA enquanto seguíamos pelas ruas, Rob pegou minha mão
e as entrelaçou no meu banco, deixando as duas ali.
Eu sorria igual uma idiota.
- Quer comer alguma coisa? Não comemos nada desde manhã.
- Salsichas, ovos e torradas.
- Okay.
Sorri pra ele e me deitei no sofá ligando a TV, passava The Big Bang Theory e eu sentia
muito, muito sono.
- Não está queimado está?
Perguntei quando ele apareceu na sala com um prato em mãos.
- Não. – respondeu sorrindo.
Peguei o prato e comi tudo, tudo mesmo e ainda pedi mais.
Não sabia se era por causa da adrenalina e felicidade que ainda corriam por meu corpo
ou se já era efeitos da gravidez.
Gravidez.
Eu sentia vontade de gritar.
Pus minhas mãos na barriga e senti os olhos de Robert em cima de mim.
- O que foi? – perguntei a ele.
Nos deitamos aconchegados no sofá, seu peito moldava todo meu corpo na parte de trás
e seus braços me circulavam, com as mãos na minha barriga junto com as minhas
próprias.
- Estava imaginando você com a barriga grande. – ele riu baixo em meu pescoço. – Tão
pequena e baixinha assim.
- Hey. Eu não sou baixinha.
- Não fique com complexos amor, mas você não foi agraciada com tamanho.
- Está reclamando?
- Não. Já disse que você é linda baixinha.
Sorri e seus braços me apertaram dando um beijo em meu rosto.
- Você não vai comer nada?
- Agora não.
- Acho que estou com sono.
- Pode dormir.
A última coisa que senti foi um beijo em meu cabelo e nossas pernas serem
entrelaçadas.
Capítulo 44
Capítulo 44
Apagar a Luz
Nosso bebê.
Crescia pequenininho dentro de mim e nossa felicidade não podia ser maior.
Descobri que estava errada sobre ser estéril, foi uma das melhores coisas que já tinham
me acontecido. Agora eu podia dar uma família a Rob e realizar o nosso sonho de ter
um time inteiro de futebol. Eu não me importaria com o corpo nem com essas coisas
todas que muitas mulheres pensam antes de ter um filho.
Minhas pernas se entrelaçaram com força em sua cintura quando ele me ergueu nos
braços, suas mãos em meu bumbum sustentando meu peso enquanto caminhávamos até
o banheiro, em meio a beijos quentes e profundos. Chegando quase a urgência.
Nossas roupas já não existiam, eu sentia sua excitação em meu baixo ventre quando ele
me imprensou contra a parede fria do Box e a água morna caia sobre nossos corpos. Eu
estava enlouquecendo antes mesmo dele se colocar dentro de mim, lento e torturante.
E delicioso.
Seus beijos em minha pele, em meus seios e pescoço, com os dentes me arranhando e
me mordendo onde podia, com força e vontade, me fazendo perder a sanidade.
Talvez fosse a gravidez, mas eu podia sentir seu toque perfeito como nunca havia
sentido antes.
- Devagar baby.
Ele disse quando beijei seu queixo e levei minhas mãos até onde eu queria, passando
por seus braços. Eles pareciam maiores e mais tonificados.. e a cada dia ele ficava
melhor....Com meu corpo em brasa, pegando fogo me deixando suada apenas com seu
olhar de luxúria em cima de mim.
- Robert.. por fav...
A frase foi esquecida pela invasão de seu corpo no meu. Era forte, mas era delicada.
Nossos gemidos preencheram o cômodo e minhas costas se arrastavam pra cima e baixo
no azulejo do banheiro. A parede fria era um calmante para minha alma febril naquele
momento.
Uma mordida no meu pescoço me avisou que ele estava perto e na mesma hora suas
mãos – que estavam travadas no meu quadril, o ajudando a ir mais fundo nas investidas
– vieram para meu ponto mais sensível, me estimulando, me instigando a chegar junto
com ele.
Não foi preciso fazer muito no final das contas.
Nós dois caímos juntos em queda livre de pura emoção e eletricidade.
Meu corpo sofria espasmos poderosos com as ondas quentes que eram enviadas de onde
estávamos unidos, para cada poro de minha pele e cada célula que eu tivesse.
Era encantador. Era perfeito e sublime.
Robert beijou minha boca para abafar os gemidos altos que eu soltava, ele continuou
investindo dentro de mim depois do ápice, me fazendo chegar de novo, com ele me
acompanhando. Suas mordidas em minha língua me enlouqueciam e pensei que nunca
mais fosse voltar a terra.
- Você precisa respirar baby.
Ouvi a sua voz rouca e ofegante bem distante, apesar de senti-la em meu ouvido.
- Estou tenta-ando.
Engoli o excesso de saliva em minha boca e ele me beijou novamente, calmo e
carinhoso, com as mãos em meu rosto até que eu estivesse mais tranqüila e de volta ao
meu próprio corpo.Vi seu sorriso quando abri os olhos e senti de novo a água caindo em
cima de nós dois, ele me beijou de novo e me deu um banho delicioso.
Ele me vestiu com uma calça de pano azul marinho que amarrava no quadril e com uma
blusa branca de alças mais grossas e que grudava no corpo.
Quando me deitei, olhei pra baixo e vi que havia mesmo barriga e que já estava
‘’grande’’ consideravelmente pra quem já tinha mais ou menos 3 meses de gestação.
Eu ainda ficava tão alegre com a palavra gestação que eu tinha vontade de sair pulando
e gritando pra todo mundo que eu estava grávida.
- Nós podemos procurar a casa no próximo fim de semana o que acha?
Rob perguntou se deitando ao meu lado, sorri me aconchegando em seu peito e
recebendo seus braços em minha volta.
- Posso procurar por esses dias... assim que voltar da faculdade.
- Posso te ajudar...
- O que vamos fazer com o apartamento?
- Estava pensando em vender...
- Acho que é legal... não precisamos ficar aqui e com outra casa.
- Okay. – ele sorriu me beijando na testa. – Durma um pouco, te acordo na hora da
consulta.
Apenas sorri e passei meus braços a sua volta também, me encolhendo totalmente em
seu corpo e sentindo o seu cheiro de banho com o de sua camisa preta.
- Eu te amo.
Foi à última coisa que escutei.
--
Quando acordei novamente estava no quarto e sentia as mãos de Robert em minhas
costas fazendo carinho, nos levantamos juntos e como meu cabelo ainda estava molhado
resolvi não prendê-lo totalmente, apenas a metade dele colocando uma presilha
prateada.
Calcei minha sandália rasteirinha e escovei meus dentes.
- Vamos? – perguntei a ele que estava na cozinha com uma garrafinha de água em mãos.
- Vamos.
Nossas mãos se entrelaçaram e caminhamos até a garagem do prédio. Não demoramos
muito a chegar no hospital.
- Fique aqui. Vou até a recepção.
Assenti e me sentei naquela sala de espera com as cadeiras azuis, não tinha muita gente
ali e as que haviam, pareciam ser mais acompanhantes do que pacientes.Robert voltou
com o prontuário em mãos e guardando a carteira no bolso.
- Somos os únicos pra hoje, o médico já está lá dentro. Venha.
Peguei a mão que ele me estendia e andamos pelos corredores até achar a sala que dizia
‘’Obstetra. ’’
Uma enfermeira nos atendeu e pediu que entrássemos.
- Srta Stewart, Sr Pattinson. – nos cumprimentou, ele era um senhor baixinho e que
usava óculos redondos, tinha mesmo cara de médico. – Sou o Dr. Collins.
- Boa tarde. – eu respondi junto com Robert que juntou nossas mãos.
- É o coraçãozinho do bebê.
Eu quis chorar de pura emoção e alegria ao ouvir aquele som bonito e rápido, as mãos
de Robert enxugaram algo molhado em meu roso e quando encarei seus olhos, me perdi
naquela imensidão...
Nosso amor era quase palpável e tão intenso... assim como nossa emoção e felicidade.
Nosso bebê estava ali mesmo, dentro de mim.
- E olha só o eu temos aqui.. acho que descobrimos o motivo de seus enjôos.
- Há algo errado? – perguntei meio assustada, mas ele sorria.
- Não, não. Os bebês estão ótimos. Parabéns pais, terão belos gêmeos.
- Gêmeos... - repeti entorpecida em minha própria alegria. – Gêmeos Rob... serão
gêmeos...
- Eu estou vendo baby. – senti seu beijo em minha testa e seu olhar emocionado no
meu. -Obrigada. – ele sussurrou baixinho.
Ele não devia agradecer, era eu quem tinha que fazer isso...
- Acabamos por hoje. – o médico disse me entregando alguns papéis para que limpasse
minha barriga. Rob me ajudou a levantar da cama depois de enxugar mais uma vez meu
rosto e eu sentia nossa felicidade em ondas, rolando por todos os cantos daquele
escritório.
Nos sentamos de novo em frente ao médico enquanto ele escrevia coisas e mais coisas,
nossas mãos entrelaçadas e nossos sorrisos grudados no rosto.
- Os enjôos seguidos é por causa da gestação de gêmeos, então nada com o que se
preocupar, eles devem diminuir gradativamente. Estou lhe passando vitaminas e um
remédio para eles okay?
Assenti enquanto Rob pegava o papel.
- Você pode ter aumento de apetite que também é normal, apenas tome cuidado para não
engordar além do básico de uma gestação. O ideal é comer pouco, mas muitas vezes ao
dia. Isso ajudará com a azia também.
- O que ela não pode fazer? – Rob perguntou e eu já previa uma lista pregada na
cabeceira da nossa cama, com os dizeres ‘’ O que Kristen pode e não pode fazer ’’ e eu
só conseguia sorrir com isso.
- Nada de pegar pesos ou se abaixar. Caminhar é sempre bom, desde que não seja nada
excessivo e tenha sempre uma garrafa de água com você.
- Como estão os bebês? – eu perguntei apertando a mão de Robert.
- Eles estão ótimos. Já abrem as mãos e um está escondido atrás do outro. – nós
sorrimos. – E pesam de 14 a 18 gramas o que é normal também. Nossas consultas serão
mais regulares e nunca ignore nada do que sentir.
Claro que ela notou como eu estava animada e me alugou por meia hora no telefone
enquanto eu me negava a contar sem que fosse pessoalmente.
- Não acredito que ela ficou 50 minutos tentando fazer você falar.
- Nem eu. Ainda sinto minhas orelhas quentes.
Ele riu me abraçando ainda mais no sofá e eu me encolhi em seu corpo.
Já estávamos ali há bastante tempo, o sol já havia sumido e dado lugar a uma lua bonita
bem em cima do céu de Los Angeles.
Resmunguei algo incoerente e abafado pela pele de seu pescoço, mas era um gemido de
satisfação por estar sentindo o gosto de sua pele em meus lábios.
- Não me provoque.
Mordi o local escutando seu gemido baixinho vindo direto de sua garganta e suas mãos
me apertaram ainda mais.
Fui abaixando mais ainda os beijos, sorrindo com as sensações que eu causava nele, isso
me fazia bem, me fazia sentir poderosa... e sedutora... o fazendo sentir daquele jeito.. e
saber que era pra mim e por mim...
E que eu podia dar a ele as mesmas sensações que ele me causava...
Minhas mãos se infiltraram em sua blusa enquanto eu voltava a morder seu queixo e seu
pescoço.
Até que minha cintura reclamou de seus apertos fortes e...
O telefone tocou.
-Fuck.
- Alô?
Apagar a Luz
beeeijos
Apagar a Luz
Apagar a Luz
Minha mãe não demorou muito mais na cidade, eu sabia que ela sentia falta de Cam e
mesmo que ela não falasse, ela também sentia falta de Brian.
Não era como se ela fosse completamente apaixonada por ele, mas ele a fazia feliz e
talvez fosse isso que ela estivesse buscando quando se casou com ele.
Por que eu sabia; ela jamais amaria outro homem como amou meu pai.
Assim como eu; jamais amaria outro cara que não fosse Robert.
As coisas ficaram normais depois deste tempo em que ela esteve aqui, parecia que com
ela por perto eu sempre vivia com uma certa tensão, de que ela falasse algo de seu
casamento que fizesse Robert perder a paciência com o marido dela e jogar tudo o que
sabia pra cima.
Mas isso não aconteceu. Ele adorava minha mãe e eu já devia ter sacado que Rob jamais
faria alguma coisa desse tipo.
Não que ter minha mãe por perto seria difícil. Pelo contrário. Ter ela junto comigo não
tinha preço, talvez porque ela não me cobrasse as coisas e nem uma explicação. Mesmo
que por dentro estivesse sofrendo com o que ela achava ser falta de confiança nela.
Ou talvez...
Ela entendesse que ainda não era a hora. E que eu não estava preparada para um
confronto daquela magnitude.
- E então? O que acha desse?
- Eu não sei Dak. Não é colorido demais?
Perguntei fazendo uma careta, escutando seus resmungos por toda a loja de bebês,me
deixando com um sorriso divertido no rosto.
Estávamos a mais de meia hora escolhendo as roupinhas dos gêmeos e desde esse
tempo, Robert já me ligara três vezes.
Sim, três vezes em meia hora.
Era hilário na maioria das vezes, mas estava começando a me irritar.
- Quer parar de drama? É uma menina Kristen, ela precisa de coisas coloridas.
Suspirei.
- Tudo bem, tudo bem. Vamos levar.
Ela começou a dar pulinhos no mesmo lugar e colocar no antes braço que já estava
cheio com outras roupinhas de menino.
- Vamos Dak. Meus pés estão começando a ficar inchados.
- Pelo menos o quarto já está pronto.
- Sim.. está tão bonito Dak. Os dois.
- Não está? – perguntou retoricamente. – Nós fizemos um bom trabalho Kiki.
Passamos no caixa e saímos da loja com mais sacola que cabiam em nossas mãos.
Pegamos um táxi, meus pés estavam mesmo doendo e eu queria desesperadamente a
minha cama nova e confortável.
Robert e eu nos mudamos há umas duas semanas mais ou menos, logo no começo de
agosto. E a casa não poderia ser melhor.
Era bonita e elegante por dentro e por fora. Além de ser mais espaçosa e aconchegante.
Com um jardim bonito onde as crianças poderiam brincar quando já fossem maiores e
com os cômodos mais pertos um do outro.
E com a decoração feita, ficou mais aconchegante ainda. Com a sala em tons de branco
e os sofás da mesma cor, com os móveis em madeira clara de carvalho, uma janela de
frente para a rua e uma escada em sentido de curva, nos levava ao segundo andar.
Ajudei Dakota com as sacolas enquanto subíamos as escadinhas que nos levariam a
porta da frente, eu andava mais devagar por causa das dores em minhas costas e do
inchaço já latente em meus pés.
- Pronto. – ela disse quando já estávamos no quarto de Annabelle.
Havíamos decidido os nomes deles, seria Annabelle Julie Pattinson e Jeremy Thomas
Pattinson. Cada um teria seu quarto e na porta teria uma plaquinha com o primeiro
nome de cada um, do jeito que eu tinha imaginado as coisas pra eles.
No de Annabelle, era tudo em cores claras apesarem de ser um tom mais diferente de
Rosa que se misturava ao tom meio pastel, fazendo tudo ficar mais bonito com as
figuras de uma princesa diferente pregado no guarda-roupa e na cômoda.
Não havia nada de Cinderela ou Branca de Neve e não podia ter ficado mais lindo do
que estava e do jeito que a minha filha merecia.
O quarto de Jeremy era logo em frente e também era claro, em tons de azul e branco
com o papel de parede listrado. Tinha o berço perto de uma janela alta e o guarda-roupa
com a cômoda encostados-se à parede, com um tapete felpudo enfeitando e fechando
um conjunto com os brinquedos e desenhos, assim como no quarto da irmã.
Guardamos todas as coisas e as roupinhas que compramos aquele dia. Eu teria que lavar
e depois passar tudo para guardar de novo, mas também não queria que as coisinhas
deles ficassem espalhadas por ai.
- O que vamos fazer agora?
- Dormir. – eu disse me aconchegando no sofá.
- É bom mesmo. Seus pés estão inchados. – ela sorriu ligando a TV na minha frente.
- Você pode ir Dak. Eu não quero ficar atrapalhando seu dia inteiro. – ela revirou os
olhos é claro.
- Posso esperar Robert chegar. Não vou deixar você aqui sozinha.
Sorri pra ela e continuamos a assistir a MTV.
- Já decidiu o que vai fazer com a faculdade?
- Sim, já está tudo acertado. Vou parar de estudar esse semestre e volto no ano que vem.
É melhor pra mim, os bebês já estarão mais crescidos e vou ter mais tempo para ficar
com eles. – respondi sorrindo alisando minha barriga já de sete meses.
- Isso é bom. Meu estágio já acabou. Graças a Deus.
- Vai mesmo dar aula?
- Sim, acho que sim. É melhor pra mim por enquanto.
Assenti e continuamos a conversar pelo resto do dia. Fiz um sanduíche pra nós duas
com ela me ajudando na cozinha que também era linda, com a mesa de madeira clara
com os utensílios em verde e laranja.
Dali podia ver pela janela, a piscina que não era muito grande, mas que era perfeita pra
gente, junto com um jardim bonito que Dakota tinha preparado, mas que como eu não
tinha nenhum dom pra aquilo, iria acabar bem mais rápido do o normal.
- E como estão as coisas entre vocês?
- Estão ótimas.
- Isso é muito bom. – ela disse me fazendo sorrir.
- Acho que só fico irritada quando ele chega tarde demais do trabalho.
- Nem me fale. Eu tenho vontade de esganar o Tom quando isso acontece.
- Vocês brigaram ontem não foi? – ela assentiu mordendo seu sanduíche e sorrindo.
- Sim. Atendi uma ligação da secretária dele. – respondeu depois de engolir enquanto eu
bebia meu suco de laranja.
- E...
- E nada. Era pra falar de trabalho, mas ela tinha uma voz tão bitchfeelings que eu
saquei na hora que a vadia dava em cima do meu homem.
- Jura?
- Juro, love. É claro que ele dormiu no sofá depois disso.
Eu gargalhei altamente com as historias de Dakota e seu jeito impagável de contá-las.
- Mas ele não tinha culpa Dak, Robert ficou no telefone com ele durante bons minutos
tentando acalmá-lo do surto.
- Ah, eu ouvi. – ela gargalhou. – Mas não se preocupe. Já falei que quero aquela vadia
fora do escritório dele.
- Não seja tão ruim Dak.
- Humpf. Não vou deixar uma bruaca dá em cima do meu homem e fingir que isso não
está acontecendo Kiki.
Nós ainda rimos durante muito, muito tempo. Mas minhas costas estavam doendo e
tudo o que eu queria era me deitar.
- Você está bem?
- Sim. Tudo bem. – menti, não tinha necessidade de deixá-la preocupada por coisa
pouca, além de que as dores em minhas costas eram quase constantes.
- Não quer ir deitar? Estarei aqui até Rob chegar. Se precisar de alguma coisa me grita
okay?!
Dei um beijo no seu rosto antes de me levantar e ir direto para o andar de cima,
entrando no meu quarto e fechando as cortinas.
A noite estava um pouco fria ou era apenas o inchaço em meus pés pedindo por um
cobertor bem quentinho enrolado neles. A água da banheira não podia ter sido mais
relaxante, meus músculos suavizaram e a dor nas costas estava passando
gradativamente.
Me deixei levar pelo cansaço do meu corpo e adormeci aos poucos alisando minha
barriga intumescida.Quando acordei a água da banheira já estava fria e meus dedos
enrugados, soltei um bocejo enquanto me enrolava na toalha de linho branco e sai de lá
buscando minha calcinha e uma blusa de Rob.
Eu estava com saudades dele.
Na verdade, eu estava com muita saudade dele.
Cada vez que ele chegava atrasado do trabalho era um martírio, eu ficava esperando até
tarde e mesmo que isso não me incomodasse, a falta que ele me fazia a cada segundo
era quase latente em meu corpo.
Eu necessitava de Robert grudado em mim 24horas por dia e ainda sim não seria
suficiente.
- O papai já vai chegar bebês. Ele já vai chegar.
Disse passando a mão na minha barriga e sorri sentindo que eles se mexiam
minimamente, estava um pouco raro os movimentos deles, por que apesar da minha
barriga estar crescendo e os deixando com muito pouco espaço para se virarem e
chutarem.
Fui em direção a minha cama e me recostei nos travesseiros de pano branco que eram
tão macios quanto o edredom da mesma cor em que eu estava deitada.
- Hey.
- Oii Dak. – me virei para a porta onde ela estava.
- Está mesmo bem não é?
- Sim, está tudo bem.
Ela sorriu entrando no quarto e me dando um beijo no rosto e outro na minha barriga.
- Rob ligou pro meu telefone, disse que já está chegando. Onde está seu celular? Ele não
conseguiu falar com você. Esqueceu em algum lugar?
- Na cozinha, na verdade.
- Certo. – disse sorrindo. – Eu já estou indo okay?!
- Obrigada Dak.
- De nada, love. – suspirei sentindo sua mão na minha cintura antes que ela se
levantasse e saísse pela porta do quarto.
Fiquei parada por alguns instantes ouvindo os passos dela na escada e depois a porta da
frente se fechando e soltei um suspiro de alivio por Robert já estar a caminho.
A paisagem de Los Angeles me fazia companhia, com a luz fraca da lua entrando pela
janela de vidro e ultrapassando o pano fino da cortina de cor clara, pensei em ligar a TV,
mas estava com sono demais e ver TV só me daria mais sono ainda.
E eu queria esperar Robert chegar para poder dormir, queria seus braços em minha volta
e sua voz cantando enquanto eu adormecia, detestava dormir sem ele, era ruim e eu me
sentia sozinha e com frio o tempo todo. Fora que ainda eram oito da noite, eu nunca
tinha ido dormir tão cedo assim, desde que fiquei grávida.
Suspirei lentamente me virando na cama para achar uma posição mais confortável, até
que ouvi um barulho de carro e depois de chaves, vindo direto da sala. Um sorriso idiota
se formou no meu rosto e eu me levantei desajeitada da cama e com um protesto claro
de minhas costas.
- Baby? – ele me chamou.
A voz britânica e rouca me enlouquecendo mesmo a distância e eu senti meus joelhos
fraquejarem quando ele entrou no meu campo de visão.
Da porta do quarto eu podia vê-lo, ele estava cansado, isso era claramente visto em seu
semblante, mas ali também tinha um sorriso. Aquele sorriso que me fazia estremecer
por dentro e que me mostrava todo o amor que ele tinha por mim.
- Hey.
- Oii.
Quis andar rápido até ele, mas não foi preciso, seus braços longos e fortes logo estavam
ao meu redor, me deixando com o rosto deitado em seu peito e minhas mãos em volta
da sua cintura, assim como ele fazia comigo.
Parecia que eu tinha andado quilômetros até estar nos braços dele de novo, era como um
náufrago que espera por muito tempo uma chance de salvamento. Era como se eu
estivesse caindo de um precipício e eu me agarrava a ele com toda a força que eu tinha,
deixando minhas mãos se crisparem em sua camisa social branca.
- Você está bem?
Sua voz cortou o silêncio fazendo meus olhos se abrirem de imediato, estava tão
gostoso ali em seu peito que achei que eu pudesse dormir ali mesmo estando de pé.
- Eu devia estar irritada com você.
Eu disse, mas sem vontade nenhuma de brigar com ele. Pelo contrário, eu até levava um
sorriso bobo nos lábios e fechei meus olhos para respirar seu cheiro mais fortemente.
- Eu sei. Ainda estou surpreso que não esteja.
- Eu senti sua falta.
- Eu também baby. Me perdoe por chegar só agora.
Recebi seu beijo em meu cabelo e ergui meu rosto para encarar seus olhos de semblante
exausto. Pedi pra ele entrar no banho e eu desci para fazer algo pra janta.
Ele não me deixou guardar, nem lavar a louça depois e eu nem reclamei, estava mesmo
ficando cansada e querendo ir pra nossa cama dormir um pouco.Ou muito se fosse
possível.
Soltei um bocejo enquanto nos deitávamos na cama e ele tirava o edredom branco e
grosso.
- Quer que eu ligue o ar?
- Não precisa. Estou com um pouco de frio. – lhe respondi vendo que ele assentia antes
de se deitar por trás de mim me abraçando.
Nossas mãos se entrelaçaram de novo e eu as segurei juntas no meu peito, prendendo
ele em mim de todas as formas que eu podia no momento e sorri quando ele entrelaçou
nossas pernas.
- Canta pra mim?
O sorriso que ele deu podia ser sentido em minha nuca me fazendo arrepiar por inteira,
junto com a sua voz que me embalou em um sono pra lá de confortável e aconchegante.
Quando estava quase adormecendo notei que ele se abaixava um pouco para dar dois
beijos na minha barriga e depois um no meu rosto, ainda sussurrando uma melodia doce
em meu ouvido até que seu rosto se afundou em meu pescoço, puxando meu cheiro pra
ele.
Não havia nada melhor para se sentir nesse mundo.
--
Acordei sentindo algo estranho passeando por meu corpo.
Estranho, mas quente.
E áspero.
E confortável.
Meus olhos ainda pesados de sono não se abriram, mas eu não sentia nenhuma claridade
ao meu redor, então ainda devia ser de madrugada.
- Baby? – sua voz me chamou também sonolenta, sem deixar de ser sexy. – Kris? – ele
me chamou de novo, perto demais do meu ouvido e eu gemi sem querer, mordendo
meus lábios e sentindo suas mãos subirem ainda mais através da sua camisa que eu
usava.
Precisei apertar minhas coxas uma nas outras para aplacar o calor incontrolável que
subiu por dentro de mim principalmente naquele local e que irradiava por todos os
poros do meu corpo, essencialmente onde sua mão passava, me apertando e me fazendo
gemer baixinho de satisfação.
- Rob...
Meu estomago já estava borbulhando e eu sentia a expectativa ansiosa que era lançada
em minhas células, me deixando mais ardente e febril. E foi impossível não gemer
quando seus dentes morderam meu pescoço com as mãos ainda brincando e
massageando meus seios.
Robert colocou uma de suas pernas entre as minhas, deixando seu joelho bater direto na
minha intimidade. Eu comecei a respirar por arquejo quando ele se movimentou naquela
região, o atrito delicioso esmagando de calor todas as minhas terminações nervosas e o
ar se tornando rarefeito a minha volta.
Eu mordia meus lábios tentando controlar a miríade de sensações em meu âmago, mas
eu não conseguia, não com ele lambendo meu pescoço e minha orelha daquele jeito ou
com as suas mãos apertando meus seios para depois se abaixarem até meu quadril.
- Eu já disse o quanto você é deliciosa?
Perguntou rouco, lambendo a pele de trás da minha orelha, para depois lamber a própria
completamente. Ele mastigava a pele do local entre seus dentes, me levando a
insanidade e enviando espasmos já doloridos por meu corpo e eu mordi minha própria
língua para controlar o grito alto quando suas mãos retiraram minha calcinha e
começaram a massagear minha intimidade.
- Rob-bert...
Eu adorava quando ele fazia aquilo.
Me torturava.
Era bom e intenso demais.
Mostrava o seu desejo por mim e eu queria mostrar a Robert o quanto eu o desejava
também.
Empurrei meu quadril em direção a ele, cravando minhas unhas em seu abdômen nu,
deixando a outra mão se imiscuir por seu cabelo.
- Eu quero você Rob! – disse ofegante sentindo ele circular com polegar o meu ponto
sensível. – Dentro de mim, por favor, amor.
Num movimento brusco ele se sentou na cama e me puxou pra cima dele, ainda de
costas.
Ele se recostou na cabeceira da cama e eu dobrei meus joelhos, ajudando a mão dele a
estimular minha intimidade.
- Se toca pra mim, Kristen.
-Robert...
Eu só conseguia dizer o nome dele. Nenhuma frase parecia coerente naquele momento.
- Não. Continua. – protestei quando suas mãos me deixaram, quase chorando de agonia
pra que ele acabasse logo com aquela tortura deliciosa.
- Você vai fazer isso, baby.
Nunca foi tão sexy ele sussurrar um ‘’ baby’’ no meu ouvido.
Deitei minha nuca em seu ombro, arfando e me remexendo no volume que eu já sentia
em meu bumbum.
- Assim?
- Isso, baby. Assim.
Continuei com meus dedos se movimentando, circulando bem no meu ponto mais
sensível pra depois ir entrando em minha intimidade com força.
- Coloca mais um Kris.
Arfei de novo quando ele me ajudou a colocar um terceiro dedo dentro de mim, fazendo
uma certa pressão para que eles deslizassem com muito mais velocidade.
Minha boca já estava aberta e meu cabelo suado caído por seu peito enquanto ele lambia
e mordia minha nuca. Os dentes afiados arranhando minha pele e a cada vez que ele
mordia com força, eu rebolava em seu quadril, o deixando louco com o atrito.
- Eu vou... Oh Deus... Robert...
- Vem, Kris... pra mim, baby. Vem.
- Robert!
Foi meu último grito abafado por sua mão na minha boca.
Libertei meu corpo da pressão em meu baixo ventre com os espasmos me percorrendo
por inteira, como ondas quentes de um vulcão.
Era daquele jeito que eu me sentia, com os meus sentimento em total erupção no meu
corpo que ainda era sustentado por Robert embaixo de mim, circulando meu quadril
com seus braços.
- Você tem que respirar... – ele sussurrou.
Eu apenas continuei tentando levar ar aos meus pulmões, ele não fazia idéia de como
meu corpo estava mais sensível por conta da gravidez e ele colocar suas mãos em meus
seios naquele momento, não era o que eu precisava para acalmar meu organismo.
- Robert...
- Você esta bem, baby? – disse sussurrando novamente, com os dentes no lóbulo da
minha orelha.
Virei meu rosto de perfil, travando ainda mais meus dedos em seu cabelo de areia
dourada.
- Eu quero um beijo...
E ele atendeu meu pedido, me beijando com ferocidade como se tivesse séculos que ele
não me via com um desejo enlouquecedor que crescia dali e se expandia totalmente, até
que eu senti o gosto de sangue em meus lábios quando ele puxou, mordendo com força
o lábio inferior.
Mas não parei, pelo contrário.
Eu queria mais, eu queria muito mais.
- De novo Rob. – disse ofegante ainda sentindo ele em meus lábios, mordendo de leve e
lambendo. – Faz de novo, baby.
- Porra, Kristen.
Suas mãos sustentaram minha cintura cuidadosamente, me levantando de seu colo e
colocando minhas costas no colchão macio que há essa hora, já estava sem o edredom,
de tanto que meus pés ficaram frenéticos quando eu atingira meu ápice.
- O que você vai...
Quis perguntar quando o vi se inclinar pra cima de mim, ele não podia se deitar em meu
corpo.
- Silêncio, baby.
Me surpreendi quando ele se sentou no seu calcanhar cravando seus dedos e suas mãos
em minhas coxas e as erguendo para que eu as cruzasse em seu quadril.
Mas a ansiedade já voltava a rolar solta em meu corpo e eu me vi gemendo antes
mesmo dele se afundar dentro de mim.
E quando ele abaixou sua calça de flanela, eu senti meu coração falhando uma batida
dolorosa no peito, mordi os lábios para tentar conter o grito que acabou sendo em vão.
Sentir ele dentro de mim era algo surreal demais pra que eu agüentasse calada.
- Você está bem? – perguntou rouco e também mordendo seus lábios.
- Continue.. se movendo.. Oh meu Deus...
Joguei minha cabeça pra trás, a arqueando em resposta aos seus movimentos completos
e contínuos dentro de mim.
Fortes e Lentos.
Me matando de tortura a cada segundo que ele me provocava, parando de se mexer, para
depois voltar com mais força e precisão, acertando um ponto em cheio dentro de mim
que me fazia revirar os olhos e chamar seu nome cada vez mais alto.
Estando naquela posição eu podia senti-lo indo mais fundo.
O Cabelo de areia já estava molhado de suor e as mãos continuaram cravadas em meu
quadril, me fazendo imaginar a marca roxa que teria por ali.
E eu queria que ele me marcasse mais.
Em um gesto de total ousadia, eu levei minhas próprias mãos aos meus seios.
O movimento lhe chamou a atenção e ele praguejou alguma coisa, deixando seus olhos
fixados nos meus.
- Mais forte... – eu pedi arfante.
- Porra! Continua assim, baby. – ele pediu e eu aumentei a pressão em meus seios,
mordendo minha boca e chamando por seu nome quando senti os espasmos começando
a me percorrer.
- Rob...
- Vem junto comigo, Kris. Eu não vou agu...
Seu polegar pressionou meu ponto sensível, circulando o local e puxando com certa
força, sem deixar de me olhar nos olhos nem um segundo.
Foi o bastante.
Nós caímos naquele redemoinho completo de sensações exuberantes.
Meu nome sendo chamado por seus lábios de uma forma tão doce que eu tive uma
necessidade efêmera de beijá-lo, mesmo sabendo que isso era impossível com nossos
corpos ainda naquela posição.
Até que ele jogou seu corpo ao meu lado, ambos ofegantes e suados.
- Está tudo bem?
- Perfeitamente bem, baby. – respondi me virando de costas pra que ele pudesse me
abraçar.
Ficamos ali abraçados e aquecidos um no corpo do outro até que sentimos nossas
respirações se acalmarem e ele sorriu.
- Eu já disse que você é perfeita?
Foi a minha vez de sorrir sentindo seu beijo em meu rosto.
- Hoje, ainda não.
-Você é perfeita.
- Eu te amo.
E aquela não foi à única vez que ele me acordou de madrugada, quando adormeci, o dia
já estava claro lá fora e o sol superava o pano da cortinava, banhando o corpo dele
daquele jeito.
Grudado no meu.
E eu rezei pra que fosse assim pra sempre.
---Capítulo 48
Capítulo 48
bom tem amis um capitulo aqui, eu iria dividi-lo em dois, mas acho que não ia ficar
muito legal, rs! Espero que gostem :) beeeeijos
Apagar a Luz
bom tem amis um capitulo aqui, eu iria dividi-lo em dois, mas acho que não ia ficar
muito legal, rs! Espero que gostem :) beeeeijos
Apagar a Luz
Capítulo 47
Apagar a Luz
Minha mãe não demorou muito mais na cidade, eu sabia que ela sentia falta de Cam e
mesmo que ela não falasse, ela também sentia falta de Brian.
Não era como se ela fosse completamente apaixonada por ele, mas ele a fazia feliz e
talvez fosse isso que ela estivesse buscando quando se casou com ele.
Por que eu sabia; ela jamais amaria outro homem como amou meu pai.
Assim como eu; jamais amaria outro cara que não fosse Robert.
As coisas ficaram normais depois deste tempo em que ela esteve aqui, parecia que com
ela por perto eu sempre vivia com uma certa tensão, de que ela falasse algo de seu
casamento que fizesse Robert perder a paciência com o marido dela e jogar tudo o que
sabia pra cima.
Mas isso não aconteceu. Ele adorava minha mãe e eu já devia ter sacado que Rob jamais
faria alguma coisa desse tipo.
Não que ter minha mãe por perto seria difícil. Pelo contrário. Ter ela junto comigo não
tinha preço, talvez porque ela não me cobrasse as coisas e nem uma explicação. Mesmo
que por dentro estivesse sofrendo com o que ela achava ser falta de confiança nela.
Ou talvez...
Ela entendesse que ainda não era a hora. E que eu não estava preparada para um
confronto daquela magnitude.
- E então? O que acha desse?
- Eu não sei Dak. Não é colorido demais?
Perguntei fazendo uma careta, escutando seus resmungos por toda a loja de bebês,me
deixando com um sorriso divertido no rosto.
Estávamos a mais de meia hora escolhendo as roupinhas dos gêmeos e desde esse
tempo, Robert já me ligara três vezes.
Sim, três vezes em meia hora.
Era hilário na maioria das vezes, mas estava começando a me irritar.
- Quer parar de drama? É uma menina Kristen, ela precisa de coisas coloridas.
Suspirei.
- Tudo bem, tudo bem. Vamos levar.
Ela começou a dar pulinhos no mesmo lugar e colocar no antes braço que já estava
cheio com outras roupinhas de menino.
- Vamos Dak. Meus pés estão começando a ficar inchados.
- Pelo menos o quarto já está pronto.
- Sim.. está tão bonito Dak. Os dois.
- Não está? – perguntou retoricamente. – Nós fizemos um bom trabalho Kiki.
Passamos no caixa e saímos da loja com mais sacola que cabiam em nossas mãos.
Pegamos um táxi, meus pés estavam mesmo doendo e eu queria desesperadamente a
minha cama nova e confortável.
Robert e eu nos mudamos há umas duas semanas mais ou menos, logo no começo de
agosto. E a casa não poderia ser melhor.
Era bonita e elegante por dentro e por fora. Além de ser mais espaçosa e aconchegante.
Com um jardim bonito onde as crianças poderiam brincar quando já fossem maiores e
com os cômodos mais pertos um do outro.
E com a decoração feita, ficou mais aconchegante ainda. Com a sala em tons de branco
e os sofás da mesma cor, com os móveis em madeira clara de carvalho, uma janela de
frente para a rua e uma escada em sentido de curva, nos levava ao segundo andar.
Ajudei Dakota com as sacolas enquanto subíamos as escadinhas que nos levariam a
porta da frente, eu andava mais devagar por causa das dores em minhas costas e do
inchaço já latente em meus pés.
- Pronto. – ela disse quando já estávamos no quarto de Annabelle.
Havíamos decidido os nomes deles, seria Annabelle Julie Pattinson e Jeremy Thomas
Pattinson. Cada um teria seu quarto e na porta teria uma plaquinha com o primeiro
nome de cada um, do jeito que eu tinha imaginado as coisas pra eles.
No de Annabelle, era tudo em cores claras apesarem de ser um tom mais diferente de
Rosa que se misturava ao tom meio pastel, fazendo tudo ficar mais bonito com as
figuras de uma princesa diferente pregado no guarda-roupa e na cômoda.
Não havia nada de Cinderela ou Branca de Neve e não podia ter ficado mais lindo do
que estava e do jeito que a minha filha merecia.
O quarto de Jeremy era logo em frente e também era claro, em tons de azul e branco
com o papel de parede listrado. Tinha o berço perto de uma janela alta e o guarda-roupa
com a cômoda encostados-se à parede, com um tapete felpudo enfeitando e fechando
um conjunto com os brinquedos e desenhos, assim como no quarto da irmã.
Guardamos todas as coisas e as roupinhas que compramos aquele dia. Eu teria que lavar
e depois passar tudo para guardar de novo, mas também não queria que as coisinhas
deles ficassem espalhadas por ai.
- O que vamos fazer agora?
- Dormir. – eu disse me aconchegando no sofá.
- É bom mesmo. Seus pés estão inchados. – ela sorriu ligando a TV na minha frente.
- Você pode ir Dak. Eu não quero ficar atrapalhando seu dia inteiro. – ela revirou os
olhos é claro.
- Posso esperar Robert chegar. Não vou deixar você aqui sozinha.
Sorri pra ela e continuamos a assistir a MTV.
- Já decidiu o que vai fazer com a faculdade?
- Sim, já está tudo acertado. Vou parar de estudar esse semestre e volto no ano que vem.
É melhor pra mim, os bebês já estarão mais crescidos e vou ter mais tempo para ficar
com eles. – respondi sorrindo alisando minha barriga já de sete meses.
- Isso é bom. Meu estágio já acabou. Graças a Deus.
- Vai mesmo dar aula?
- Sim, acho que sim. É melhor pra mim por enquanto.
Assenti e continuamos a conversar pelo resto do dia. Fiz um sanduíche pra nós duas
com ela me ajudando na cozinha que também era linda, com a mesa de madeira clara
com os utensílios em verde e laranja.
Dali podia ver pela janela, a piscina que não era muito grande, mas que era perfeita pra
gente, junto com um jardim bonito que Dakota tinha preparado, mas que como eu não
tinha nenhum dom pra aquilo, iria acabar bem mais rápido do o normal.
- E como estão as coisas entre vocês?
- Estão ótimas.
- Isso é muito bom. – ela disse me fazendo sorrir.
- Acho que só fico irritada quando ele chega tarde demais do trabalho.
- Nem me fale. Eu tenho vontade de esganar o Tom quando isso acontece.
- Vocês brigaram ontem não foi? – ela assentiu mordendo seu sanduíche e sorrindo.
- Sim. Atendi uma ligação da secretária dele. – respondeu depois de engolir enquanto eu
bebia meu suco de laranja.
- E...
- E nada. Era pra falar de trabalho, mas ela tinha uma voz tão bitchfeelings que eu
saquei na hora que a vadia dava em cima do meu homem.
- Jura?
- Juro, love. É claro que ele dormiu no sofá depois disso.
Eu gargalhei altamente com as historias de Dakota e seu jeito impagável de contá-las.
- Mas ele não tinha culpa Dak, Robert ficou no telefone com ele durante bons minutos
tentando acalmá-lo do surto.
- Ah, eu ouvi. – ela gargalhou. – Mas não se preocupe. Já falei que quero aquela vadia
fora do escritório dele.
- Não seja tão ruim Dak.
- Humpf. Não vou deixar uma bruaca dá em cima do meu homem e fingir que isso não
está acontecendo Kiki.
Nós ainda rimos durante muito, muito tempo. Mas minhas costas estavam doendo e
tudo o que eu queria era me deitar.
- Você está bem?
- Sim. Tudo bem. – menti, não tinha necessidade de deixá-la preocupada por coisa
pouca, além de que as dores em minhas costas eram quase constantes.
- Não quer ir deitar? Estarei aqui até Rob chegar. Se precisar de alguma coisa me grita
okay?!
Dei um beijo no seu rosto antes de me levantar e ir direto para o andar de cima,
entrando no meu quarto e fechando as cortinas.
A noite estava um pouco fria ou era apenas o inchaço em meus pés pedindo por um
cobertor bem quentinho enrolado neles. A água da banheira não podia ter sido mais
relaxante, meus músculos suavizaram e a dor nas costas estava passando
gradativamente.
Me deixei levar pelo cansaço do meu corpo e adormeci aos poucos alisando minha
barriga intumescida.Quando acordei a água da banheira já estava fria e meus dedos
enrugados, soltei um bocejo enquanto me enrolava na toalha de linho branco e sai de lá
buscando minha calcinha e uma blusa de Rob.
Eu estava com saudades dele.
Na verdade, eu estava com muita saudade dele.
Cada vez que ele chegava atrasado do trabalho era um martírio, eu ficava esperando até
tarde e mesmo que isso não me incomodasse, a falta que ele me fazia a cada segundo
era quase latente em meu corpo.
Eu necessitava de Robert grudado em mim 24horas por dia e ainda sim não seria
suficiente.
- O papai já vai chegar bebês. Ele já vai chegar.
Disse passando a mão na minha barriga e sorri sentindo que eles se mexiam
minimamente, estava um pouco raro os movimentos deles, por que apesar da minha
barriga estar crescendo e os deixando com muito pouco espaço para se virarem e
chutarem.
Fui em direção a minha cama e me recostei nos travesseiros de pano branco que eram
tão macios quanto o edredom da mesma cor em que eu estava deitada.
- Hey.
- Oii Dak. – me virei para a porta onde ela estava.
- Está mesmo bem não é?
- Sim, está tudo bem.
Ela sorriu entrando no quarto e me dando um beijo no rosto e outro na minha barriga.
- Rob ligou pro meu telefone, disse que já está chegando. Onde está seu celular? Ele não
conseguiu falar com você. Esqueceu em algum lugar?
- Na cozinha, na verdade.
- Certo. – disse sorrindo. – Eu já estou indo okay?!
- Obrigada Dak.
- De nada, love. – suspirei sentindo sua mão na minha cintura antes que ela se
levantasse e saísse pela porta do quarto.
Fiquei parada por alguns instantes ouvindo os passos dela na escada e depois a porta da
frente se fechando e soltei um suspiro de alivio por Robert já estar a caminho.
A paisagem de Los Angeles me fazia companhia, com a luz fraca da lua entrando pela
janela de vidro e ultrapassando o pano fino da cortina de cor clara, pensei em ligar a TV,
mas estava com sono demais e ver TV só me daria mais sono ainda.
E eu queria esperar Robert chegar para poder dormir, queria seus braços em minha volta
e sua voz cantando enquanto eu adormecia, detestava dormir sem ele, era ruim e eu me
sentia sozinha e com frio o tempo todo. Fora que ainda eram oito da noite, eu nunca
tinha ido dormir tão cedo assim, desde que fiquei grávida.
Suspirei lentamente me virando na cama para achar uma posição mais confortável, até
que ouvi um barulho de carro e depois de chaves, vindo direto da sala. Um sorriso idiota
se formou no meu rosto e eu me levantei desajeitada da cama e com um protesto claro
de minhas costas.
- Baby? – ele me chamou.
A voz britânica e rouca me enlouquecendo mesmo a distância e eu senti meus joelhos
fraquejarem quando ele entrou no meu campo de visão.
Da porta do quarto eu podia vê-lo, ele estava cansado, isso era claramente visto em seu
semblante, mas ali também tinha um sorriso. Aquele sorriso que me fazia estremecer
por dentro e que me mostrava todo o amor que ele tinha por mim.
- Hey.
- Oii.
Quis andar rápido até ele, mas não foi preciso, seus braços longos e fortes logo estavam
ao meu redor, me deixando com o rosto deitado em seu peito e minhas mãos em volta
da sua cintura, assim como ele fazia comigo.
Parecia que eu tinha andado quilômetros até estar nos braços dele de novo, era como um
náufrago que espera por muito tempo uma chance de salvamento. Era como se eu
estivesse caindo de um precipício e eu me agarrava a ele com toda a força que eu tinha,
deixando minhas mãos se crisparem em sua camisa social branca.
- Você está bem?
Sua voz cortou o silêncio fazendo meus olhos se abrirem de imediato, estava tão
gostoso ali em seu peito que achei que eu pudesse dormir ali mesmo estando de pé.
- Eu devia estar irritada com você.
Eu disse, mas sem vontade nenhuma de brigar com ele. Pelo contrário, eu até levava um
sorriso bobo nos lábios e fechei meus olhos para respirar seu cheiro mais fortemente.
- Eu sei. Ainda estou surpreso que não esteja.
- Eu senti sua falta.
- Eu também baby. Me perdoe por chegar só agora.
Recebi seu beijo em meu cabelo e ergui meu rosto para encarar seus olhos de semblante
exausto. Pedi pra ele entrar no banho e eu desci para fazer algo pra janta.
Ele não me deixou guardar, nem lavar a louça depois e eu nem reclamei, estava mesmo
ficando cansada e querendo ir pra nossa cama dormir um pouco.Ou muito se fosse
possível.
Soltei um bocejo enquanto nos deitávamos na cama e ele tirava o edredom branco e
grosso.
- Quer que eu ligue o ar?
- Não precisa. Estou com um pouco de frio. – lhe respondi vendo que ele assentia antes
de se deitar por trás de mim me abraçando.
Nossas mãos se entrelaçaram de novo e eu as segurei juntas no meu peito, prendendo
ele em mim de todas as formas que eu podia no momento e sorri quando ele entrelaçou
nossas pernas.
- Canta pra mim?
O sorriso que ele deu podia ser sentido em minha nuca me fazendo arrepiar por inteira,
junto com a sua voz que me embalou em um sono pra lá de confortável e aconchegante.
Quando estava quase adormecendo notei que ele se abaixava um pouco para dar dois
beijos na minha barriga e depois um no meu rosto, ainda sussurrando uma melodia doce
em meu ouvido até que seu rosto se afundou em meu pescoço, puxando meu cheiro pra
ele.
Não havia nada melhor para se sentir nesse mundo.
--
Acordei sentindo algo estranho passeando por meu corpo.
Estranho, mas quente.
E áspero.
E confortável.
Meus olhos ainda pesados de sono não se abriram, mas eu não sentia nenhuma claridade
ao meu redor, então ainda devia ser de madrugada.
- Baby? – sua voz me chamou também sonolenta, sem deixar de ser sexy. – Kris? – ele
me chamou de novo, perto demais do meu ouvido e eu gemi sem querer, mordendo
meus lábios e sentindo suas mãos subirem ainda mais através da sua camisa que eu
usava.
Precisei apertar minhas coxas uma nas outras para aplacar o calor incontrolável que
subiu por dentro de mim principalmente naquele local e que irradiava por todos os
poros do meu corpo, essencialmente onde sua mão passava, me apertando e me fazendo
gemer baixinho de satisfação.
- Rob...
Meu estomago já estava borbulhando e eu sentia a expectativa ansiosa que era lançada
em minhas células, me deixando mais ardente e febril. E foi impossível não gemer
quando seus dentes morderam meu pescoço com as mãos ainda brincando e
massageando meus seios.
Robert colocou uma de suas pernas entre as minhas, deixando seu joelho bater direto na
minha intimidade. Eu comecei a respirar por arquejo quando ele se movimentou naquela
região, o atrito delicioso esmagando de calor todas as minhas terminações nervosas e o
ar se tornando rarefeito a minha volta.
Eu mordia meus lábios tentando controlar a miríade de sensações em meu âmago, mas
eu não conseguia, não com ele lambendo meu pescoço e minha orelha daquele jeito ou
com as suas mãos apertando meus seios para depois se abaixarem até meu quadril.
- Eu já disse o quanto você é deliciosa?
Perguntou rouco, lambendo a pele de trás da minha orelha, para depois lamber a própria
completamente. Ele mastigava a pele do local entre seus dentes, me levando a
insanidade e enviando espasmos já doloridos por meu corpo e eu mordi minha própria
língua para controlar o grito alto quando suas mãos retiraram minha calcinha e
começaram a massagear minha intimidade.
- Rob-bert...
Eu adorava quando ele fazia aquilo.
Me torturava.
Era bom e intenso demais.
Mostrava o seu desejo por mim e eu queria mostrar a Robert o quanto eu o desejava
também.
Empurrei meu quadril em direção a ele, cravando minhas unhas em seu abdômen nu,
deixando a outra mão se imiscuir por seu cabelo.
- Eu quero você Rob! – disse ofegante sentindo ele circular com polegar o meu ponto
sensível. – Dentro de mim, por favor, amor.
Num movimento brusco ele se sentou na cama e me puxou pra cima dele, ainda de
costas.
Ele se recostou na cabeceira da cama e eu dobrei meus joelhos, ajudando a mão dele a
estimular minha intimidade.
- Se toca pra mim, Kristen.
-Robert...
Eu só conseguia dizer o nome dele. Nenhuma frase parecia coerente naquele momento.
- Não. Continua. – protestei quando suas mãos me deixaram, quase chorando de agonia
pra que ele acabasse logo com aquela tortura deliciosa.
- Você vai fazer isso, baby.
Nunca foi tão sexy ele sussurrar um ‘’ baby’’ no meu ouvido.
Deitei minha nuca em seu ombro, arfando e me remexendo no volume que eu já sentia
em meu bumbum.
- Assim?
- Isso, baby. Assim.
Continuei com meus dedos se movimentando, circulando bem no meu ponto mais
sensível pra depois ir entrando em minha intimidade com força.
- Coloca mais um Kris.
Arfei de novo quando ele me ajudou a colocar um terceiro dedo dentro de mim, fazendo
uma certa pressão para que eles deslizassem com muito mais velocidade.
Minha boca já estava aberta e meu cabelo suado caído por seu peito enquanto ele lambia
e mordia minha nuca. Os dentes afiados arranhando minha pele e a cada vez que ele
mordia com força, eu rebolava em seu quadril, o deixando louco com o atrito.
- Eu vou... Oh Deus... Robert...
- Vem, Kris... pra mim, baby. Vem.
- Robert!
Foi meu último grito abafado por sua mão na minha boca.
Libertei meu corpo da pressão em meu baixo ventre com os espasmos me percorrendo
por inteira, como ondas quentes de um vulcão.
Era daquele jeito que eu me sentia, com os meus sentimento em total erupção no meu
corpo que ainda era sustentado por Robert embaixo de mim, circulando meu quadril
com seus braços.
- Você tem que respirar... – ele sussurrou.
Eu apenas continuei tentando levar ar aos meus pulmões, ele não fazia idéia de como
meu corpo estava mais sensível por conta da gravidez e ele colocar suas mãos em meus
seios naquele momento, não era o que eu precisava para acalmar meu organismo.
- Robert...
- Você esta bem, baby? – disse sussurrando novamente, com os dentes no lóbulo da
minha orelha.
Virei meu rosto de perfil, travando ainda mais meus dedos em seu cabelo de areia
dourada.
- Eu quero um beijo...
E ele atendeu meu pedido, me beijando com ferocidade como se tivesse séculos que ele
não me via com um desejo enlouquecedor que crescia dali e se expandia totalmente, até
que eu senti o gosto de sangue em meus lábios quando ele puxou, mordendo com força
o lábio inferior.
Mas não parei, pelo contrário.
Eu queria mais, eu queria muito mais.
- De novo Rob. – disse ofegante ainda sentindo ele em meus lábios, mordendo de leve e
lambendo. – Faz de novo, baby.
- Porra, Kristen.
Suas mãos sustentaram minha cintura cuidadosamente, me levantando de seu colo e
colocando minhas costas no colchão macio que há essa hora, já estava sem o edredom,
de tanto que meus pés ficaram frenéticos quando eu atingira meu ápice.
- O que você vai...
Quis perguntar quando o vi se inclinar pra cima de mim, ele não podia se deitar em meu
corpo.
- Silêncio, baby.
Me surpreendi quando ele se sentou no seu calcanhar cravando seus dedos e suas mãos
em minhas coxas e as erguendo para que eu as cruzasse em seu quadril.
Mas a ansiedade já voltava a rolar solta em meu corpo e eu me vi gemendo antes
mesmo dele se afundar dentro de mim.
E quando ele abaixou sua calça de flanela, eu senti meu coração falhando uma batida
dolorosa no peito, mordi os lábios para tentar conter o grito que acabou sendo em vão.
Sentir ele dentro de mim era algo surreal demais pra que eu agüentasse calada.
- Você está bem? – perguntou rouco e também mordendo seus lábios.
- Continue.. se movendo.. Oh meu Deus...
Joguei minha cabeça pra trás, a arqueando em resposta aos seus movimentos completos
e contínuos dentro de mim.
Fortes e Lentos.
Me matando de tortura a cada segundo que ele me provocava, parando de se mexer, para
depois voltar com mais força e precisão, acertando um ponto em cheio dentro de mim
que me fazia revirar os olhos e chamar seu nome cada vez mais alto.
Estando naquela posição eu podia senti-lo indo mais fundo.
O Cabelo de areia já estava molhado de suor e as mãos continuaram cravadas em meu
quadril, me fazendo imaginar a marca roxa que teria por ali.
E eu queria que ele me marcasse mais.
Em um gesto de total ousadia, eu levei minhas próprias mãos aos meus seios.
O movimento lhe chamou a atenção e ele praguejou alguma coisa, deixando seus olhos
fixados nos meus.
- Mais forte... – eu pedi arfante.
- Porra! Continua assim, baby. – ele pediu e eu aumentei a pressão em meus seios,
mordendo minha boca e chamando por seu nome quando senti os espasmos começando
a me percorrer.
- Rob...
- Vem junto comigo, Kris. Eu não vou agu...
Seu polegar pressionou meu ponto sensível, circulando o local e puxando com certa
força, sem deixar de me olhar nos olhos nem um segundo.
Foi o bastante.
Nós caímos naquele redemoinho completo de sensações exuberantes.
Meu nome sendo chamado por seus lábios de uma forma tão doce que eu tive uma
necessidade efêmera de beijá-lo, mesmo sabendo que isso era impossível com nossos
corpos ainda naquela posição.
Até que ele jogou seu corpo ao meu lado, ambos ofegantes e suados.
- Está tudo bem?
- Perfeitamente bem, baby. – respondi me virando de costas pra que ele pudesse me
abraçar.
Ficamos ali abraçados e aquecidos um no corpo do outro até que sentimos nossas
respirações se acalmarem e ele sorriu.
- Eu já disse que você é perfeita?
Foi a minha vez de sorrir sentindo seu beijo em meu rosto.
- Hoje, ainda não.
-Você é perfeita.
- Eu te amo.
E aquela não foi à única vez que ele me acordou de madrugada, quando adormeci, o dia
já estava claro lá fora e o sol superava o pano da cortinava, banhando o corpo dele
daquele jeito.
Grudado no meu.
E eu rezei pra que fosse assim pra sempre.
---Capítulo 48
bom tem amis um capitulo aqui, eu iria dividi-lo em dois, mas acho que não ia ficar
muito legal, rs! Espero que gostem :) beeeeijos
Apagar a Luz
Capítulo 49
Capítulo 49
Notas iniciais do capítulo
Meninas, aqui tem um pov Rob e um pov da Kris, a fic está chegando ao fim, talvez até
o final de semana já esteja acabada * sniiif
Apagar a Luz
ROBERT
‘’Aquele que conheceu apenas a sua mulher, e a amou, sabe mais de mulheres do que
aquele que conheceu mil.’’
(Leon Tolstoi)
KRISTEN
Capítulo 50
beeeeeeeeeeeijos
Apagar a Luz
Demoramos quase quatro dias para sairmos do hospital, não que eu estivesse contando,
por que na maioria das vezes, eu apenas dormia e acordava para amamentar as crianças.
Não gostava de hospital e meu coração ainda palpitava a cada vez que uma pessoa
diferente entrava lá dentro. Ninguém me tocava mais, o que era um alivio e isso também
fazia com que Robert fosse pro trabalho com menores preocupações.
Ele dera ordens na recepção pra que ninguém entrasse no meu quarto e nem falasse
comigo, apenas ele ou Tom e Dakota, que vinham sempre acompanhados de Sam pra
me ver ou para ver as crianças no berçário.
E eu estava cada dia mais alegre e feliz com as coisas a minha volta.
Eu tinha meus filhos.
Eu tinha Robert.
E tinha os melhores amigos que eu poderia sonhar em ter.
Não precisa de mais nada.
Ou pensava que não precisava.
Ficar tempo demais no hospital me dava a chance de pensar em muitas coisas e a
principal delas, era em minha família e minha mãe... que estava afoita do outro lado da
linha falando comigo e quase chorando por vontade de vir pra cá e conhecer os netos.
- Não acredito que sou avó de novo.
- Agora só falta o Cam para te dar mai um neto, mamãe.
- Isso seria tão bom. Eu queria tanto poder ir até ai e ficar uns dias com vocês, meu
amor.
- Eu sei que sim. Mas cuide das suas coisas okay?! Taylor me contou que não passou
bem na semana passada... o que houve?
- Não acredito que ele já te ligou.
- Sim, eu estava falando com ele antes de você ligar. E responda minha pergunta, mãe.
- Não foi nada, minha pressão caiu. Foi só.
- Tem certeza? Você foi ao médico?
- Está tudo sob controle, Kristen.
Suspirei resignada por não poder estar com ela e obrigá-la a me contar se estava mesmo
bem como dizia.
- Tudo bem mamãe. Apenas se cuide, por favor. – naquele momento Robert entrava no
meu quarto, sorrindo pra mim que já estava arrumada para ir embora. – Eu tenho que ir,
vou sair do hospital hoje.
- Não se preocupe filha. – ela disse e eu podia ver a emoção em sua voz, por eu estar
preocupada com ela, eu sempre me preocupava com ela, só não sabia como demonstrar.
– Dê um beijo em Robert por mim e nos meus netos também.
- Pode deixar... eu...
Eu queria falar que a amava e vi o sorriso de Robert me encorajando a fazer aquilo. Mas
engoli em seco e fechei meus olhos, me despedindo apenas.
- Tudo bem? – ele perguntou quando desliguei o telefone.
- Sim... – respirei fundo. – As crianças?
- Já chegarão. – ele se aproximou, me abraçando e dando um beijo em minha testa. –
Pronta pra irmos?
- Oh sim, por favor. Eu necessito da minha casa.
- Então é só esperar as crianças.
Ele disse rindo e me ajudando a levantar da cama. Passei minhas mãos pelo cabelo em
pura ansiedade de ir logo pra casa com meus filhos e ficar com eles o dia inteiro.
- Ainda vai trabalhar hoje? – perguntei ouvindo seu suspiro.
- Sim, me desculpe. Mas tenho que voltar pra empresa.
Assenti sorrindo pra ele e dando um beijo em seu rosto depois que me aconcheguei mais
em seus braços.
- Vamos ter que ir de táxi okay?!
- Tudo bem. Eu esqueci de comprar as cadeirinhas pra eles, eu sou uma péssima mãe, eu
sei.
Eu respondi fazendo ele ri.
- Não seja exagerada.
Revirei meus olhos e sorri de novo.
E mais ainda quando nossos filhos chegaram pela mão de duas enfermeiras e do
médico.
- Já está liberada Kristen.
- Obrigada.
Estiquei meus braços para pegar Jeremy enquanto Annabelle era colocada nos braços de
Robert. Agradecemos a todo mundo que estava na sala no dia do parto e que haviam
cuidado de mim e dos bebês naqueles dias e logo estávamos no táxi, indo – finalmente –
para nossa casa.
- Está cansada. Não quer dormir um pouco?
- Annabelle deve acorda a qualquer momento. Acho que vou ficar acordada e depois eu
durmo.
- Certo.
Ele a colocou no seu berço lhe dando um beijo na testa, assim como ele fazia comigo e
depois fomos juntos pro quarto de Jeremy o colocando em seu berço também, para que
ele pudesse fazer a mesma coisa que fez com Annabelle.
- Vou tentar chegar mais cedo okay?! – assenti com a cabeça, fechando os olhos pra
sentir seu cheiro mais forte. – Me ligue qualquer coisa, Kristen. Com você ou com as
crianças.
- Pode deixar, baby.
Sua boca desceu sobre a minha num beijo deliciosamente molhado e intenso até que nos
afastamos meio a contragosto e ele sorriu saindo do quarto.
Fiquei parada um tempo, escutando seus passos pesados na escada e depois a porta se
fechando e por fim o barulho de carro saindo da garagem, suspirei com um meio sorriso
no rosto me virando para Jeremy que dormia igual a um anjo.
O rostinho grudado no berço e suas mãozinhas ao lado dela, com aquelas roupinhas
fofas de cores verdes.
- E então filho?! Somos só eu, você e sua irmãzinha... o que faremos? – escutei um
choro fino de Annabelle no outro quarto.
- Tudo bem... eu já sei o que faremos.
Sorri antes de sair do quarto e indo alimentar Annabelle.
- Hei princesinha.
Eu adorava falar com eles, mania que eu peguei desde o começo, enquanto Robert
cantava, eu apenas conversava com eles e os movimentos que eles faziam na minha
barriga, me fazia acreditar que estavam escutando.
A peguei calmamente do berço, colando seu corpinho miúdo junto do meu enquanto a
amamentava. Ela fechou seus olhinhos parecendo estar realmente com fome e se pôs
prontamente a sugar meu seio... ainda doía um pouco no começo... mas aliviava depois
também.
- Agora você vai voltar a dormir não é? – falei inutilmente, já que ela tinha voltado a
dormir na mesma hora.
Levantei a alça do vestido com um sorriso já pregado no meu rosto e me senti cansada e
com um pouco de sono... Jeremy acordaria em pouco tempo para se alimentar e eu tinha
que aproveitar este pequeno intervalo deles. Liguei a baba eletrônica do quarto dos dois
e tomei um banho morno, adormecendo logo depois.
Acordei novamente com o choro de Jeremy que voltou a dormir logo depois de
amamentado.
Sai do quarto dele entrando logo no de Annabelle para conferir se estava tudo bem e
desci logo em seguida, quando vi que já eram mais de três horas da tarde e meu
estômago reclamava de fome.
Preparei um sanduíche qualquer e comi com um suco de laranja para depois voltar até
as crianças para trocá-las.
O dia se passou até rápido, meu corpo cansado que despertava de três em três horas,
estava quase implorando por uma noite longa de sono. Robert chegou eram mais de seis
horas e me ajudou com o banho deles para que pudéssemos jantar e dormir logo em
seguida.
Mais dias se passaram e ele estava comigo mais tempo do que realmente podia, ficava
acordado de madrugada mesmo quando chegava exausto do trabalho e era mais presente
na vida das crianças do que eu já tinha visto alguém fazer.
- Não precisa levantar Rob. Eu vou até lá baby. – eu lhe disse em uma noite.
Eu sabia que o trabalho dele estava ainda mais pesado com a crise que aconteceu na
bolsa de Nova York e ele estava lutando para que as ações da empresa não sofressem
tanto com o impacto disso. Mas é claro que ele não me deu ouvidos, apenas me beijou e
foi pro quarto de Annabelle enquanto eu amamentava Jeremy.
Nós fazíamos isso todas as noites desde que chegamos do hospital. Eu sabia que podia
amamentar os dois, mas eles tinham horários diferentes para amamentação, por isso eu
ficava mais tempo acordada do que dormindo.
Dei um beijo em Jeremy o colocando no berço de novo, acendi sua luminária de
carrinhos e o cobri com sua manta azul com branco, antes de sair do quarto.
- Ela está com fome? – perguntei entrando no quarto de Annabelle e estranhando porque
não tinha nem duas horas que ela havia mamado.
- Não. – ele sorriu olhando pra ela e fechando os botões de seu pijaminha lilás. – Era a
fralda. Mas já está tudo resolvido.
Eu sorri me aproximando dele enquanto ele a ninava em seu peito que estava sem
camisa, ele a olhava com tanta devoção... tanto amor... o mesmo olhar que ele dava a
Jeremy e a mim.
Era o mesmo olhar do meu pai para a minha mãe quando chegava do trabalho, enquanto
ainda morávamos em Miami e éramos mais felizes que qualquer outra família daquela
vizinhança pequena.
E hoje...
Hoje eu tinha minha própria família.
Meus filhos que eu amava além de qualquer razão.
Robert que era o pai dos meus filhos e o homem que eu amaria até o final da minha
vida.
E até depois dela também.
Era divino, sublime e completamente surreal que eu... logo eu, pudesse estar sempre
assim... tão feliz.. tão divertida com a vida...
Com a minha vida. E não com a vida que eu queria ter.
Por que eu tinha tudo o que eu queria ali, ao alcance das minhas mãos.
O homem perfeito, filhos perfeitos.
Eu tinha a minha própria família perfeita.
- Hey! O que houve?
Senti que ele se aproximava de mim depois de ter colocado Annabelle no berço, foi só
então que percebi que tinham lágrimas em meu rosto.
- Nada. Não é nada. – respondi enxugando minhas lágrimas silenciosas.
- Baby...
- Está tudo bem Rob... eu apenas...
- Apenas... – ele me encorajou a terminar minha frase.
- Nunca imaginei estar aqui... assim... desse jeito.. com você e nossos filhos...
- Kris... – seus braços se passaram a minha volta me deixando olhar em seus olhos. –
Isso é real, meu amor. Não precisa chorar. - Seus lábios desceram até minha testa de um
jeito tão carinhoso que eu senti sono e louca para dormir em seus braços.
- Eu sei... mas ao mesmo tempo parece tão irreal Rob. Olhe só isso...
Nós olhamos para Annabelle que já tinha voltado a dormir, embrulhada na sua manta
cor de rosa com a luz da lua lá fora batendo direto no seu rostinho.
Dando a ela o ar angelical que os dois pareciam ter.
- Eu nunca me imaginei assim... tão feliz.
- Não imagine Kristen. – seus olhos me encararam. – Apenas veja, baby. Tudo isso é
seu... é nosso, meu amor.
Deixei que minhas lágrimas fizessem seu trabalho naquele momento, às vezes sorrindo,
às vezes querendo gargalhar.
Eu me sentia tão bem, que poderia rodar o mundo inteiro a pé e não ficar cansada.
Não se fosse pra voltar para ali.
Para minha família.
Para Robert e meus filhos.
Eles eram a minha luz e o meu lar.
Nada além disso, realmente importava.
Não se eu sempre pudesse voltar para seus braços no final das contas.
Capítulo 50
Capítulo 50
beeeeeeeeeeeijos
Apagar a Luz
Demoramos quase quatro dias para sairmos do hospital, não que eu estivesse contando,
por que na maioria das vezes, eu apenas dormia e acordava para amamentar as crianças.
Não gostava de hospital e meu coração ainda palpitava a cada vez que uma pessoa
diferente entrava lá dentro. Ninguém me tocava mais, o que era um alivio e isso também
fazia com que Robert fosse pro trabalho com menores preocupações.
Ele dera ordens na recepção pra que ninguém entrasse no meu quarto e nem falasse
comigo, apenas ele ou Tom e Dakota, que vinham sempre acompanhados de Sam pra
me ver ou para ver as crianças no berçário.
E eu estava cada dia mais alegre e feliz com as coisas a minha volta.
Eu tinha meus filhos.
Eu tinha Robert.
E tinha os melhores amigos que eu poderia sonhar em ter.
Não precisa de mais nada.
Ou pensava que não precisava.
Ficar tempo demais no hospital me dava a chance de pensar em muitas coisas e a
principal delas, era em minha família e minha mãe... que estava afoita do outro lado da
linha falando comigo e quase chorando por vontade de vir pra cá e conhecer os netos.
- Não acredito que sou avó de novo.
- Agora só falta o Cam para te dar mai um neto, mamãe.
- Isso seria tão bom. Eu queria tanto poder ir até ai e ficar uns dias com vocês, meu
amor.
- Eu sei que sim. Mas cuide das suas coisas okay?! Taylor me contou que não passou
bem na semana passada... o que houve?
- Não acredito que ele já te ligou.
- Sim, eu estava falando com ele antes de você ligar. E responda minha pergunta, mãe.
- Não foi nada, minha pressão caiu. Foi só.
- Tem certeza? Você foi ao médico?
- Está tudo sob controle, Kristen.
Suspirei resignada por não poder estar com ela e obrigá-la a me contar se estava mesmo
bem como dizia.
- Tudo bem mamãe. Apenas se cuide, por favor. – naquele momento Robert entrava no
meu quarto, sorrindo pra mim que já estava arrumada para ir embora. – Eu tenho que ir,
vou sair do hospital hoje.
- Não se preocupe filha. – ela disse e eu podia ver a emoção em sua voz, por eu estar
preocupada com ela, eu sempre me preocupava com ela, só não sabia como demonstrar.
– Dê um beijo em Robert por mim e nos meus netos também.
- Pode deixar... eu...
Eu queria falar que a amava e vi o sorriso de Robert me encorajando a fazer aquilo. Mas
engoli em seco e fechei meus olhos, me despedindo apenas.
- Tudo bem? – ele perguntou quando desliguei o telefone.
- Sim... – respirei fundo. – As crianças?
- Já chegarão. – ele se aproximou, me abraçando e dando um beijo em minha testa. –
Pronta pra irmos?
- Oh sim, por favor. Eu necessito da minha casa.
- Então é só esperar as crianças.
Ele disse rindo e me ajudando a levantar da cama. Passei minhas mãos pelo cabelo em
pura ansiedade de ir logo pra casa com meus filhos e ficar com eles o dia inteiro.
- Ainda vai trabalhar hoje? – perguntei ouvindo seu suspiro.
- Sim, me desculpe. Mas tenho que voltar pra empresa.
Assenti sorrindo pra ele e dando um beijo em seu rosto depois que me aconcheguei mais
em seus braços.
- Vamos ter que ir de táxi okay?!
- Tudo bem. Eu esqueci de comprar as cadeirinhas pra eles, eu sou uma péssima mãe, eu
sei.
Eu respondi fazendo ele ri.
- Não seja exagerada.
Revirei meus olhos e sorri de novo.
E mais ainda quando nossos filhos chegaram pela mão de duas enfermeiras e do
médico.
- Já está liberada Kristen.
- Obrigada.
Estiquei meus braços para pegar Jeremy enquanto Annabelle era colocada nos braços de
Robert. Agradecemos a todo mundo que estava na sala no dia do parto e que haviam
cuidado de mim e dos bebês naqueles dias e logo estávamos no táxi, indo – finalmente –
para nossa casa.
- Está cansada. Não quer dormir um pouco?
- Annabelle deve acorda a qualquer momento. Acho que vou ficar acordada e depois eu
durmo.
- Certo.
Ele a colocou no seu berço lhe dando um beijo na testa, assim como ele fazia comigo e
depois fomos juntos pro quarto de Jeremy o colocando em seu berço também, para que
ele pudesse fazer a mesma coisa que fez com Annabelle.
- Vou tentar chegar mais cedo okay?! – assenti com a cabeça, fechando os olhos pra
sentir seu cheiro mais forte. – Me ligue qualquer coisa, Kristen. Com você ou com as
crianças.
- Pode deixar, baby.
Sua boca desceu sobre a minha num beijo deliciosamente molhado e intenso até que nos
afastamos meio a contragosto e ele sorriu saindo do quarto.
Fiquei parada um tempo, escutando seus passos pesados na escada e depois a porta se
fechando e por fim o barulho de carro saindo da garagem, suspirei com um meio sorriso
no rosto me virando para Jeremy que dormia igual a um anjo.
O rostinho grudado no berço e suas mãozinhas ao lado dela, com aquelas roupinhas
fofas de cores verdes.
- E então filho?! Somos só eu, você e sua irmãzinha... o que faremos? – escutei um
choro fino de Annabelle no outro quarto.
- Tudo bem... eu já sei o que faremos.
Sorri antes de sair do quarto e indo alimentar Annabelle.
- Hei princesinha.
Eu adorava falar com eles, mania que eu peguei desde o começo, enquanto Robert
cantava, eu apenas conversava com eles e os movimentos que eles faziam na minha
barriga, me fazia acreditar que estavam escutando.
A peguei calmamente do berço, colando seu corpinho miúdo junto do meu enquanto a
amamentava. Ela fechou seus olhinhos parecendo estar realmente com fome e se pôs
prontamente a sugar meu seio... ainda doía um pouco no começo... mas aliviava depois
também.
- Agora você vai voltar a dormir não é? – falei inutilmente, já que ela tinha voltado a
dormir na mesma hora.
Levantei a alça do vestido com um sorriso já pregado no meu rosto e me senti cansada e
com um pouco de sono... Jeremy acordaria em pouco tempo para se alimentar e eu tinha
que aproveitar este pequeno intervalo deles. Liguei a baba eletrônica do quarto dos dois
e tomei um banho morno, adormecendo logo depois.
Acordei novamente com o choro de Jeremy que voltou a dormir logo depois de
amamentado.
Sai do quarto dele entrando logo no de Annabelle para conferir se estava tudo bem e
desci logo em seguida, quando vi que já eram mais de três horas da tarde e meu
estômago reclamava de fome.
Preparei um sanduíche qualquer e comi com um suco de laranja para depois voltar até
as crianças para trocá-las.
O dia se passou até rápido, meu corpo cansado que despertava de três em três horas,
estava quase implorando por uma noite longa de sono. Robert chegou eram mais de seis
horas e me ajudou com o banho deles para que pudéssemos jantar e dormir logo em
seguida.
Mais dias se passaram e ele estava comigo mais tempo do que realmente podia, ficava
acordado de madrugada mesmo quando chegava exausto do trabalho e era mais presente
na vida das crianças do que eu já tinha visto alguém fazer.
- Não precisa levantar Rob. Eu vou até lá baby. – eu lhe disse em uma noite.
Eu sabia que o trabalho dele estava ainda mais pesado com a crise que aconteceu na
bolsa de Nova York e ele estava lutando para que as ações da empresa não sofressem
tanto com o impacto disso. Mas é claro que ele não me deu ouvidos, apenas me beijou e
foi pro quarto de Annabelle enquanto eu amamentava Jeremy.
Nós fazíamos isso todas as noites desde que chegamos do hospital. Eu sabia que podia
amamentar os dois, mas eles tinham horários diferentes para amamentação, por isso eu
ficava mais tempo acordada do que dormindo.
Dei um beijo em Jeremy o colocando no berço de novo, acendi sua luminária de
carrinhos e o cobri com sua manta azul com branco, antes de sair do quarto.
- Ela está com fome? – perguntei entrando no quarto de Annabelle e estranhando porque
não tinha nem duas horas que ela havia mamado.
- Não. – ele sorriu olhando pra ela e fechando os botões de seu pijaminha lilás. – Era a
fralda. Mas já está tudo resolvido.
Eu sorri me aproximando dele enquanto ele a ninava em seu peito que estava sem
camisa, ele a olhava com tanta devoção... tanto amor... o mesmo olhar que ele dava a
Jeremy e a mim.
Era o mesmo olhar do meu pai para a minha mãe quando chegava do trabalho, enquanto
ainda morávamos em Miami e éramos mais felizes que qualquer outra família daquela
vizinhança pequena.
E hoje...
Hoje eu tinha minha própria família.
Meus filhos que eu amava além de qualquer razão.
Robert que era o pai dos meus filhos e o homem que eu amaria até o final da minha
vida.
E até depois dela também.
Era divino, sublime e completamente surreal que eu... logo eu, pudesse estar sempre
assim... tão feliz.. tão divertida com a vida...
Com a minha vida. E não com a vida que eu queria ter.
Por que eu tinha tudo o que eu queria ali, ao alcance das minhas mãos.
O homem perfeito, filhos perfeitos.
Eu tinha a minha própria família perfeita.
- Hey! O que houve?
Senti que ele se aproximava de mim depois de ter colocado Annabelle no berço, foi só
então que percebi que tinham lágrimas em meu rosto.
- Nada. Não é nada. – respondi enxugando minhas lágrimas silenciosas.
- Baby...
- Está tudo bem Rob... eu apenas...
- Apenas... – ele me encorajou a terminar minha frase.
- Nunca imaginei estar aqui... assim... desse jeito.. com você e nossos filhos...
- Kris... – seus braços se passaram a minha volta me deixando olhar em seus olhos. –
Isso é real, meu amor. Não precisa chorar. - Seus lábios desceram até minha testa de um
jeito tão carinhoso que eu senti sono e louca para dormir em seus braços.
- Eu sei... mas ao mesmo tempo parece tão irreal Rob. Olhe só isso...
Nós olhamos para Annabelle que já tinha voltado a dormir, embrulhada na sua manta
cor de rosa com a luz da lua lá fora batendo direto no seu rostinho.
Dando a ela o ar angelical que os dois pareciam ter.
- Eu nunca me imaginei assim... tão feliz.
- Não imagine Kristen. – seus olhos me encararam. – Apenas veja, baby. Tudo isso é
seu... é nosso, meu amor.
Deixei que minhas lágrimas fizessem seu trabalho naquele momento, às vezes sorrindo,
às vezes querendo gargalhar.
Eu me sentia tão bem, que poderia rodar o mundo inteiro a pé e não ficar cansada.
Não se fosse pra voltar para ali.
Para minha família.
Para Robert e meus filhos.
Eles eram a minha luz e o meu lar.
Nada além disso, realmente importava.
Não se eu sempre pudesse voltar para seus braços no final das contas.
--Capítulo 52
Capítulo 52
beeeeeeeeeijos
Apagar a Luz
‘’Para onde quer que olhe, vejo pessoas apenas avançando. E talvez eu devesse
simplesmente fazer o mesmo. ’’
(Cecelia Ahern)
Era mais uma tarde quente de Los Angeles, era domingo para ser mais específica e nós
estaríamos dentro de um avião para Miami amanhã de tarde.
Meu coração ainda estava acelerado com as possibilidades do que eu iria encontrar por
lá e o medo reverberava por minhas células, como um martelo incessante na cabeça de
prego. Me lembrando de tudo o que poderia estar me esperando na Flórida.
As crianças fariam 12 meses em apenas algumas semanas.
E eu gostava de ter a ilusão de que até lá, minha família pudesse estar unida e completa
novamente, com a minha mãe e meus irmãos aqui.. assim como a família de Robert que
provavelmente viria para o aniversário deles.
Suspirei fechando a janela da sala, onde eu estava desde que coloquei as crianças pra
dormir. Rob tinha ido até o centro fazer a confirmação das nossas passagens e no
mercado comprar as coisas que eu pedi pra hoje, mas não demoraria a estar em casa o
que era um alivio pra mim. Ele tinha sido minha força, junto com nossos filhos, durante
toda as duas semanas em que eu tentava me preparar psicologicamente para voltar a
casa da minha mãe.
Eu sabia que ele também estava e pior ainda, ele estava tentando afundar a raiva de
Brian pra dentro de sua mente, como eu pedi pra que ele fizesse, mas não estava
surtindo efeito. Eu conseguia ver o fogo nos seus olhos e o brilho da raiva por trás dos
azuis esverdeados. A raiva o estava consumindo e aquela era a chance que ele tinha de
ficar cara a cara com Brian.
E eu não poderia fazer nada pra impedir.
Soltei todo ar pela minha boca escutando o choro que eu já reconhecia de Annabelle.
- Shii, estou aqui princesinha.
- Pap...
- O papai já vai chegar.
Annabelle além de grudada em Robert, também era ciumenta.
- Não faça esse bico pra mim. Ele só funciona com seu pai. – lhe disse rindo e a levando
para o andar de baixo comigo, passando antes no quarto de Jeremy e vendo que ele
ainda dormia. Igual um anjo.
A coloquei na cadeira alta do lado da mesa da cozinha e preparei um cereal infantil pra
que ela pudesse comer ao invés de tomar mamadeira.
Ela começou a comer bem, até que não quis mais e começou a chorar de novo
chamando pelo pai e querendo meu colo.
- Não precisa de lágrimas, Annabelle. – disse firme pra ela que parou de chorar,
deitando o rostinho em meu ombro. – A mamãe está aqui, filha.
Fiquei ninando ela até que Robert chegou e ela fez manha pra ir pro colo dele, que
claro, a pegou sem nem esperar resposta minha e se pôs a mimá-la.
- O que houve?
Eu ri lhe dando um beijo.
- Você a esta mimando demais, foi isso que houve. – ele sorriu ninando ela em seus
braços, que agora já não chorava mais.
- As compras estão aqui amor. – ele me passou uma sacola de papel do mercado. – E
nossa reserva no hotel, já está feita.
- Okay. – inspirei o ar fortemente e fui pra cozinha preparar o almoço.
- Você está bem?
- Sim. Eu estou. – sorri pra ele. – Ela já voltou a dormir? – olhei Annabelle em seus
braços.
- Sim. – disse retribuindo meu sorriso. – Se eu colocá-la no berço agora, ela vai chorar.
Revirei os olhos fazendo ele rir de novo e me dar mais um beijo antes de sair da
cozinha, com certeza iria pra sala e depois passaria pra ver Jeremy no quarto dele.
Fiz o almoço retirando o frango da geladeira e fazendo uma salada com as verduras que
Rob havia comprado pra mim, bati um suco de laranja e fiz um na mamadeira pra
Jeremy que gostava e que acordaria pedindo por um.
Robert finalmente tinha colocado Annabelle no berço e nós almoçamos tranqüilos e sem
tocar no assunto da viagem amanhã.
- Onde está o suco? – ele me perguntou quando ouviu Jeremy chorando e eu estava
arrumando a cozinha.
- Deixei na geladeira amor, na porta.
Ele sorriu pegando o suco e subindo as escadas para o quarto de Jeremy.
Terminei de arrumar a cozinha e subi pra tomar um banho e tentar relaxar um pouco, a
tensão para o dia de amanhã estava quase me sufocando.
Meu banho foi rápido, por que apesar de precisar relaxar mesmo, eu também queria
dormir e dormir muito se fosse possível. Desabei na minha cama que eu agradeceria até
o fim da minha vida por ser grande e confortável.
E adormeci feito um anjo, sabendo que Robert cuidaria das crianças pra que eu pudesse
ficar quietinha, embaixo dos edredons e com o ar condicionado ligado.
Mas meu sono durou muito mais tempo do que eu planejava, quando despertei
novamente, já era de noite e por Deus, eu dormi mais de cinco horas.
Prendi meu cabelo ainda meio tropeçando nas cobertas da cama por causa da sonolência
e disparei escada abaixo para ver Jeremy dormindo no peito de Robert enquanto o
mesmo assistia algum canal de esportes na TV.
- O que houve? – perguntou me olhando e continuando com o carinho nas costas de
Jeremy. Eu respirei fundo passando a mão no rosto.
- Acordei assustada. – revirei os olhos para escutar seu riso baixo depois. – Annabelle?
- Dormindo e tomada banho. – sorri tentando achar um lugar por ali onde eu pudesse me
deitar perto dele também. Rob chegou seu corpo mais pra dentro do sofá e eu me
encostei em seu ombro, sorrindo feliz e abraçando Jeremy também com um braço só.
Ficamos ali por muito tempo. Apenas aproveitando o carinho um do outro.
- Tudo bem? – sua voz baixa me perguntou, me encarando diretamente.
- Sim. – suspirei. – Acho que sim.
- Vai ficar tudo bem.
Assenti recebendo seu beijo em minha testa e foi apenas fechar os olhos pra que eu
dormisse de novo.
--
‘’Passageiros do vôo 6776 da American Airlines com destino a Miami, última chamada
para embarque. ’’
Chegar ao aeroporto necessitou de um pouco mais de compreensão da minha parte
masoquista e psicológica. Meus instintos de defesa gritando dentro de mim para que eu
não fosse, para que nem pensasse naquela possibilidade e com meu coração numa
batalha interna para que eu pudesse acabar logo com todo aquele sofrimento que já
durava tempo demais.
Jeremy estava inquieto no meu colo, talvez sentindo minha tensão e Robert passeava
com Annabelle pelo aeroporto em busca de M&M’s que ela queria, mas logo eles
estariam aqui já que a última chamada para o vôo já tinha sido feita.
- Não pode filho. – disse a Jeremy que puxava as pontas do meu cabelo e queria colocar
na boca.
- Baby? Vamos?
- Sim. – respirei fundo. – Conseguiu os M&M’s?
- Sim, mas ela já comeu tudo. – eu ri com ele vendo a boca de Annabelle toda suja com
o chocolate.
Ele me entregou outro pacotinho para que eu desse a Jeremy que daqui a pouco pediria
por seu suco de laranja.
Entramos no avião e eu tentava controlar minha pulsação e meus fortes indícios de
enjôos, meu estomago embrulhava e tudo o que eu queria fazer era dormir nos braços de
Robert pelo resto da minha eternidade.
Só assim eu me sentiria segura.
- Nós vamos ficar bem! – ele me garantiu cobrindo Jeremy que dormia em meu colo
quando já estávamos quase chegando.
Eu só consegui assenti com a cabeça, tentando descer o nó estranho e desconfortável em
minha garganta.
Fechei meus olhos no mesmo instante em que meus pés saíram do avião, vertigens
assaltavam meu corpo e as lembranças me invadiam sem piedade.
- Kris? Amor? – a voz de Robert estava agoniada.
Oh Deus, eu estava passando mal e com meu filho nos braços.
Me agarrei a Jeremy e me impedi de desmaiar, eu não poderia ser fraca agora.
Não podia.
- Kristen..
- Eu to bem. – tentei garantir a ele. – Eu to bem Rob.
- Me dê ele aqui, Kris. – falou tentando pegar Jeremy dos meus braços, mas eu o prendi
com mais força.
- Não, Rob! Eu vou me controlar, eu preciso que ele fique aqui agora.
Olhei em seus olhos e ele notou meu desespero, amparando Annabelle com um só braço
e me enlaçando com o outro.
Nós chegamos ao hotel The Palms, com aquele calor infernal que era Miami, as ruas
ensolaradas, a baía com os veleiros e atravessando a ponte para chegar a Miami Beach,
na costa da praia.
Nossa suíte no hotel tinha sofrido alterações, pedi a Robert que reservasse apenas um
quarto por que não queria ficar separada das crianças nem mesmo por uma parede e ele
o fez, me entendendo e mandando que colocassem apenas os berços móveis pra eles.
Tentei me acalmar depois de um banho, mas não surtiu efeito. Eu estava com sono,
cansada da viagem de mais de três horas e com medo de que algo acontecesse as
crianças ou a Robert enquanto estivéssemos nessa cidade.
Havia algo de maior em meus temores e talvez apenas Robert conseguisse me entender.
Estar ali de novo era como se algo pudesse acontecer com eles, como aconteceu comigo
e eu nem queria fechar os olhos para não ter pesadelos com isso.
Eu morreria se algo acontecesse a Robert ou as crianças.
Droga!
Eu estava chorando.
Fui de volta pro banheiro sabendo que Rob ainda estava no saguão do hotel e aproveitei
pra chorar, eu não queria chorar na frente dele e nem na frente de ninguém.
Demorei alguns segundos pra me recompor novamente e quando sai do banheiro, ele
estava na cama sentado e olhando justamente para o lugar da onde eu saia.
Meus olhos foram dos berços para ele e ele assentiu com a cabeça dizendo que estava
tudo bem e para que eu me aproximasse.
Me sentei em seu colo e deixei meu rosto se afundar no seu pescoço, uma perna de cada
lado do seu corpo e minhas mãos crispadas em sua camisa regata.
- Shii, baby. Vai ficar tudo bem.
- Eu não quero que ela me odeie. – murmurei.
- Ela não vai te odiar, meu amor. Ninguém vai odiar você.
Eu ainda chorei por muito tempo em seu colo. Sua voz e seus braços me acalentaram
durante todos os segundos em que eu permiti meu desespero de vir a tona.
Aquilo era preciso. Deixar tudo esvaziar para que eu pudesse me sentir pronta quando
encarasse minha mãe frente a frente.
E não foi até anoitecer que eu tive coragem de ligar pra ela.
- Mãe?
- Kristen? Filha, está com celular diferente? Não reconheci à operadora.
- Não.. este é outro. – respirei fundo e mordi meus lábios, encarando a visão da praia de
Miami pela sacada do hotel. – Na verdade mãe... – engoli em seco. – Eu estou em
Miami.
Capítulo 53
Capítulo 53
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beeeeeijos
Apagar a Luz
‘’Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando
as conseqüências. Aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha. ’’
(William Shakespeare)
Eu sentia minha cabeça rodando, dando voltas e mais voltas... em círculos infundados
de uma lógica irreal. A emoção e o choro da minha mãe ao telefone eram as principais
vozes na minha cabeça.
Minha mente tentava repassar cada palavra que eu diria a ela e eu sabia que na hora
‘’H’’ seria tudo bem mais difícil do que estava sendo agora.
Me virei na cama sem tirar o braço de Rob que estava travado na minha cintura e
delineei com a ponta dos dedos todos os traços do seu rosto perfeito.
A barba por fazer, os lábios finos e com um gosto tão bom... os cílios negros protegendo
as orbes esverdeadas que eu mais amava na vida... tão igual a Jeremy e a Annabelle...
Será que ele sabia o quanto eu o amava?
O quanto de amor tinha dentro de mim por ele?
O quão eu era grata por ele ter me salvado?
E o quão ele me fazia feliz só por sorrir?
Engoli o nó seco que estava travando a minha garganta.
Eu tinha tanto medo de perdê-lo um dia. Que fazia meu coração palpitar de angústia só
com o pensamento.
Aproximei nossos rostos e lhe beijei levemente os lábios antes de me levantar da cama e
ir para o berço e ficar olhando meus filhos por um tempo indeterminado.
O que seria de mim se eu não os tivesse?
Era um amor tão incondicional que não cabia no peito e se expandia por cada célula do
meu organismo.
Eu mataria e morreria por eles e por Robert.
Eles eram a minha vida.
- Senti a sua falta na cama. – Rob falou suave passando seus braços em minha cintura
me abraçando por trás e afundando seu rosto no pescoço. Me fazendo sorri como
sempre.
- Eu já iria voltar.
- Eles estão bem?
- Sim. Tudo bem... eu apenas...
- Shii... eu sei.
E sem falar mais nada ele pegou Jeremy do berço me indicando para pegar Annabelle
que mesmo adormecida deixou seu rostinho em meu pescoço.
- Venha. Vamos dormir.
Ele aconchegou Jeremy em seu peito nu, rodeando minha cintura com o outro braço até
que eu estivesse deitada em teu ombro com Annabelle aconchegada em mim também.
Senti seu beijo em minha testa e logo depois as crianças também foram beijadas.
- Eu amo você. Vocês.
Sorri pra ele com os olhos marejados e não precisei fazer esforço pra cair na
inconsciência.
--
Fora um pouco complicada demais encontrar a casa da minha novamente, eu tinha
apenas vagas lembranças de quando saí daqui e já se passara tanto tempo que eu pensei
que tudo poderia estar diferente.
Mas eu devia saber que mamãe jamais mudaria algo na casa em que ela passou a vida
inteira com papai e com os filhos e que mesmo que Brian morasse ali com ela, ela
jamais desistiria daquela casa.
- É aqui baby.
Robert disse ao meu lado apertando sua mão na minha enquanto parava o carro em
frente aos portões grandes de ferro preto.
- Eu posso fazer isso.
- É claro que você pode. É apenas a sua mãe Kiki.
Engoli em seco e liguei pra mãe dizendo que já estava lá e que ela poderia abrir os
portões. Passamos pelo jardim e eu mantive meus olhos fechados o tempo inteiro, eu
não precisava ver o cenário de tanta felicidade e ao mesmo tempo de tanto horror.
Sai do carro segurando Annabelle firmemente em meus braços, seus olhos verdes
sorridentes olhavam pra Jeremy que estava no colo de Robert e eles brincavam entre si
se escondendo ora ou outra em nossos pescoços. Rob passou um braço em minha
cintura quando mamãe abriu a porta branca da casa e tinha as mãos na boca pela
emoção que devia estar sentindo.
- Oh Deus. Nem acredito que estão aqui.
- Mamãe! – a abracei como pude através do corpinho de Annabelle que se esticava na
direção de Jeremy.
- Mais eles são tão lindos Kristen. – ela falou depois de abraçar Robert que sorriu pra
ela e lhe passou Jeremy, que parecia estar curioso em relação a ela. – Olá Jeremy!
Venham, entrem. Taylor chegou hoje de manhã com Kristiny e Melanie, eles nem
acreditaram quando disse que estavam aqui.
Olhei pra Robert e ele me encorajou com o olhar e nossas mãos se entrelaçaram com
força enquanto adentravam a grande casa e nos sentávamos com meu irmão e Melanie.
Minha relação com Melanie estava estável, as suas palavras pra mim no meu
apartamento ainda eram gravadas em minha mente e mesmo que eu soubesse que ela só
queria o meu bem, meu orgulho jamais me permitiria abaixar a cabeça em algum
momento.
- Onde está Kristiny? – perguntei a Taylor.
- Está dormindo. – minha mãe respondeu sorrindo pra mim e brincando com Jeremy em
seu colo. – Fiz um quarto só pra ela e vou fazer pra eles também. Mas como você só me
avisou ontem que estava aqui, não deu tempo... mas mandei arrumar o seu antigo quarto
pra você e Rob e posso mandar colocar o antigo berço de vocês lá... pelo menos por esse
final de semana...
- Nós estamos em um hotel mamãe. Não.. precisa... – eu nem podia imaginar como seria
ficar naquela casa com o medo de Brian aparecer a qualquer momento.
- Oh.. – ela ficou magoada, mas tentou disfarçar olhando pra Jeremy.
Engoli em seco fingindo prestar atenção na conversa de Rob e Taylor.
- Ela é linda...
Taylor disse segurando Annabelle, meus olhos encontraram com os de Robert de novo e
novamente meu ar se tornou rarefeito.
- Mamãe... – desci o nó espinhoso em minha garganta quando a encarei.
A sala parecia ter caído num leve estado de tensão que era quase palpável pra mim e que
estava ameaçando me sufocar.
Sufocar a mim e a minha coragem.
- Será que nós podíamos conversar?
Ela havia me entendido. Assim que seus olhos pousaram nos meus, eu soube que ela
havia entendido.
Nos levantamos calmamente e eu implorei pra Robert me seguir, mas ele se negou.
Eu sabia que ele estava tentando me dar a chance de uma conversa aberta e livre de
qualquer impedimento com minha mãe, mas eu iria precisar tanto dele... apesar de saber
que ele estava certo.
Era quase como se eu pudesse sentir as lágrimas querendo descer pelos meus olhos no
momento em que nós duas nos sentamos na cadeira da biblioteca. O cômodo claro e
espaçoso me dava uma sensação de liberdade e ao mesmo tempo de prisão.
Era desconfortável. Ou era apenas meu inconsciente se acovardando.
- Kristen, filha...
- Eu quero te contar tudo mamãe... desde o começo.. completamente tudo.
Eu conseguia enxergar que seus lábios estavam tremendo e que existia uma atmosfera
nova no ar enquanto eu deixava as palavras e as lágrimas escaparem do meu organismo.
As feridas se reabrindo e machucando com cada vez mais força por ver que ela também
estava sofrendo com aquilo.
E ali estavam eles...
O horror. O medo. O ódio. A incredulidade e por fim... o fracasso.
Ela se sentia fracassada por não poder ter me ajudado.
E eu daria minha vida para não ver aquilo em seu olhar, para que ela não tivesse me
pedindo perdão ajoelhada em minha frente como ela fazia nesse momento.
Os olhos de um verde tão intenso, estavam parecendo um mar-aberto furioso, a
irrealidade me batia tão fundo no peito que eu achei que nunca mais seria capaz de
encará-la novamente. Principalmente quando contei de Brian.
- O que? – ela disse soluçando enquanto estávamos abraçadas no tapete da biblioteca e
ela parou de me pedir perdão por um segundo.
- Ele financia o tráfico mamãe.. e libera a fronteira para os imigrantes... por isso ele se
mudou para Miami.. aqui é fácil de se encontrar garotas estrangeiras e de quem ninguém
sentira falta.. pelo menos é o que ele acha. – limpei meu rosto das lágrimas e podia
sentir que ele estava inchado e vermelho.
Ela voltou a chorar, se agarrando em mim novamente e no segundo seguinte ela se
levantava com fúria, com o ódio quase transbordando de seus olhos.
Só então eu percebi que a porta lá embaixo estava sendo aberta e que um silêncio
estranho pairava no lugar. Meus olhos se pousaram no relógio vendo que era a hora
exata em que Brian chegava em casa.
O pânico me tomou ao me lembrar de Robert lá em baixo.
Ele iria atacar Brian... eu tinha certeza disso...
Oh meu Deus... meus filhos.
- Jeremy.. Annabelle...
Sussurrei pra mim mesma e vi o vulto da minha mãe saindo da biblioteca em um átimo,
a segui desesperada para chegar lá em baixo também.
- SEU DESGRAÇADO, EU VOU MATAR VOCÊ.. MATAR VOCE BRIAN.. COMO
PODE?
Ela avança com as mãos em punho pra Brian e Taylor ia a sua direção para pará-la
enquanto ele tentava se defender dos murros que ela dava em suas costelas... mas ele era
muito mais forte que ela...
- ME SOLTE TAYLOR, AGORA.
-Jules? O que houve querid... – ele me olhou parada ali, apenas encarando Robert e a
forma com que ele segurava as crianças com força em seus braços... como que uma
forma de controle. – Você contou a ela?
Engoli em seco e vi Robert deixar as crianças com Melanie que encarava a situação
aturdida.
- KRISTEN! – Brian gritou meu nome, me deixando assustada e como a muito anos
atrás.. eu dei passos instintivos pra trás... me defendendo da presença que ele parecia
exercer sobre a sala.
- Não fale com a minha filha... seu maldito, eu mato você Brian.. eu mato você...juro
que mato se olhar pra ela de novo...
- Oras... – ele disse irônico parecendo não se importar com a situação daquele momento
e encarando a minha mãe. – Já fiz muito mais do que apenas olhá-la querida! Não foi
gracinha?
Um soluço forte e intenso saiu de minha garganta e foi apenas durante um segundo em
que eu prendi o grito na garganta, que eu vi a silhueta de Robert se chocar com a de
Brian e o pulso firma dele se chocar com o queixo daquele estúpido.
- NÃO ROBERT.
Gritei desespera para que ele parasse de atingir Brian, mas Taylor já tinha pegado toda a
situação e agora também estava do lado de Robert e já havia soltado a minha mãe que
disparou até o telefone.
- É da policia de Miami? – ela dizia sufocada pelas lágrimas, e parecia tão perdia quanto
eu... apenas com raiva lhe borbulhando no olhar.
Ouvi ela dizer e comecei a sentir o pranto correndo por minhas veias, o medo rolando
por mim em ondas dolorosas e em espasmos violentos. Minhas costelas doíam do
esforço que eu fazia pra respirar enquanto eu sentia meu corpo inteiro tremendo do que
eu achei ser o puro pânico.
As coisas começaram a rodar a minha volta, minha mãe chorando ao telefone.. Taylor
tentando ajudar e separar ao mesmo tempo Robert e Brian... Jeremy e Annabelle
chorando e eu quis ser forte.. eu precisava ser forte.. por eles.. por Rob...
Pela minha família...
Mas eu não estava conseguindo...
E a escuridão me engolfou enquanto eu ouvia meu nome ser gritado uma última vez.
--
- Pelo amor de Deus... acorde baby.
- Ela vai acordar Robert. Ela vai... – era a voz de Taylor que falava agora, mas eu não
conseguia abrir meus olhos.
Eles estavam pesados e pareciam colocados um no outro.
Parecia que eu estava dormindo a uma eternidade e agora era difícil pensar em acordar,
mas eu sabia que tinha que fazê-lo.
Forcei minhas pálpebras e como num esforço inumano eu conseguir enxergar as coisas
em minha volta.
- Graças a Deus. – a voz agoniada e aliviada de Robert me atingiu e eu balancei a
cabeça levemente para tirar a tontura que eu senti em meu corpo e no meu organismo
por inteiro.
- Rob... – disse com a voz meio engasgada e arrastada.
- Está tudo bem baby.
- Você está machucado... – notei um pouco de sangue já medicado ao lado de sua boca e
olhei pra Taylor vendo que ele também estava machucado.
Foi então que a realidade voltou a me engolfar e eu pensei que desmaiaria de novo.
- As crianças... – eu disse desesperada e me levantando com pressa da cama, mas as
mãos de Rob me pararam e me sentaram nela de novo. – Rob as crianças.. onde estão?
Cadê meus filhos? Robert...
- Shii, shii... se acalme.. está tudo bem. As crianças estão com sua mãe e Melanie.
Mas eu não me acalmei.
- Kris.. relaxe.. está tudo bem agora. – Taylor me disse quando eu comecei a chorar em
desespero e Robert me abraçando.
Me agarrei a ele com toda a força que eu tinha, só ali com ele eu me sentiria bem e
segura, afundando meu rosto em seu pescoço e sem pensar mais em nada a minha volta.
- As crianças estão bem... se acalme, amor.
- Você se machucou.. vocês se machucaram.. – olhei pra Taylor. – Foi Brian não foi?
Droga, eu disse pra ficar longe dele Rob.
- Ele já foi preso Kris... – franzi minha sobrancelha sem acreditar naquelas palavras. –
Sim, amor.. nós fomos pra delegacia enquanto você dormia..
- Eu dormi quanto tempo?
- Quase um dia inteiro.. desde ontem depois de toda a confusão.
- Eu não desmaiei? – perguntei confusa.
- Sim.. mas sua mãe chamou o médico e ele te deu algo pra dormir.. você estava tendo
uma crise de pânico.. ou algo assim.
- Então.. ele esta mesmo preso? – disse querendo confirmações.
- Sim, você terá que ir a delegacia prestar o seu depoimento e com isso será instaurado o
inquérito.
- Não vai ser tão simples assim... – eu falei pra Taylor.
- Não. Não vai. Mas nós temos provas e a cidade inteira sabe que você ficou
desaparecida dos 9 aos 12 anos Kris, Brian não tem nenhum álibi nesse período de
tempo e só precisamos que você faça um exame de corpo para provar que não está
mentindo em relação a violência que sofreu.
Engoli em seco estremecendo nos braços de Robert com a menção daquelas últimas
palavras.
- Você precisa descansar mais um pouco. – ele disse no meu cabelo.
- Eu quero ver as crianças. – eu pedi implorativa.
- Vou pedir a mamãe para trazê-las.
Assenti com a cabeça agradecendo a Taylor e Rob se sentou do meu lado na cama
enquanto eu me deitava percebendo que estava em meu antigo quarto.
Mamãe não havia mudado nada desde que fui embora.
- Ela não mudou nada. – ele sorriu.
- Não. E devo dizer Kris... ela está muito feliz que você está aqui.
- Achei que ela iria me odiar.
- Na verdade ela esta se odiando por não ter ajudado você.
- Eu sei. – baixei meu olhar olhando para nossas mãos entrelaçadas. – Não queria que
ela se sentisse assim.
- Isso passa. Todos estão juntos agora. Vai ficar tudo bem.
Eu tentei sorrir e deve ter funcionado, por que ele retribuiu.
Aquele sorriso brilhante e lindo que fazia meu fôlego ficar preso na garganta só de
olhar.
- Para com isso.
- Isso o quê?
- Ficar me deixando perdida. – eu nem conseguia parar de olhar e o sorriso dele só se
alargava. – Argh Rob, para.
Ele gargalhou me dando um beijo delicioso na boca.
- Chegamos em má hora?
- Mã...
Jeremy se agitou nos braço da minha mãe enquanto Annabelle vinha engatinhando até
Rob que a suspendeu na cama e a deixou do nosso lado.
- Claro que não mamãe. – estiquei meus braços e Jeremy se sentou em minha barriga
prestando atenção na mão de Robert que brincava com ele e com Annabelle ao mesmo
tempo.
- Você está bem?
- Sim. Tudo bem.
Olhei em seus olhos e eu vi a tristeza misturada com a felicidade. Ergui minha mão e
pedi pra que ela se sentasse do meu outro lado recebendo mais um sorriso de Robert.
- Eu te amo, mamãe.
E ela começou a chorar me abraçando como podia e eu deixei uma lágrima de emoção e
felicidade rolar por meu rosto, apertando a mão de Robert entre as minhas e segurando
Jeremy como podia em meus braços, sentindo a mãozinha de Annabelle junto com a de
Rob entre meus dedos.
Era como a sensação de estar num deserto e encontrar água, estar perdido e encontrar
abrigo, num mar revolto e de repente encontrar um farol.
Era a sensação de voltar pra casa se expandindo e se alojando no meu peito.
Bem dentro e no fundo do meu coração.
E eu sabia, eu sabia que ela ficaria ali pra sempre.
--Capítulo 54
Capítulo 54
Apagar a Luz
Era como se eu pudesse olhar minha vida inteira por uma vitrine de loja ou por uma tela
enorme de cinema.
Estava tudo ali.
Exposto.
Aberto.
Ferindo e se curando.
Bem na frente dos meus olhos.
Com aquele mar azul da Florida me encarando de volta e fazendo aquelas grama verde
sujar de terra os meus pés descalços.
Eu podia ouvir os gritos atrás de mim, a felicidade rolando solta no ambiente e uma
união se apoderando do meu ser de um jeito tão forte que me assustava.
Era como um vendaval de emoções.
Me tragando para um mundo colorido onde eu só poderia enxergar a minha felicidade,
depois de tanto tempo olhando a minha vida por uma vitrine de loja.
As coisas aos poucos foram entrando em seu eixo.
Brian ainda estava preso e apesar de saber que talvez não fosse por muito tempo, era
bom ter a certeza que ele nunca mais usaria o seu cargo na policia para financiar e nem
facilitar a vida de pessoas que poderiam sofrer com o mesmo que eu sofri. E que ele
jamais andaria por Miami com a cabeça erguida novamente, por que eu o havia
denunciado.
Eu havia ido a delegacia a dez dias atrás, quando Robert me deixou sair do quarto
finalmente sem aquela sua preocupação excessiva de cuidar do meu emocional e de que
eu não faria nada que eu não quisesse.
Mas eu queria ir até lá e denunciar Brian e eu o fiz, junto com o exame corporal
comprovando o meu depoimento. Este último foi mais difícil, eu ainda não queria as
pessoas me tocando, mas Robert me garantiu que nada iria me acontecer e que ele
estaria do outro lado da porta, me esperando.
E ele estava.
Robert sempre estaria me esperando, assim como eu sempre estaria esperando por ele.
Era um circulo vicioso.
Meus lábios se curvaram em um sorriso enquanto eu erguia mais minha cabeça para
receber o sol forte no meu rosto, colocando meus braços pra cima e me espreguiçando
um pouco mais.
Eu tinha dormido tanto aquele dia que nem sabia direito que horas eram, mas foi com o
barulho da piscina que eu me despertara.
E era por isso que eu estava ali agora no jardim ouvindo a bagunça que Taylor e Cam
faziam na piscina da mamãe junto com Melanie que tentava controlar Kristiny pra que
não caísse na água sozinha.
Robert estava dando mamadeira a Jeremy que tinha se acostumado a ser alimentado de
pé e que se sentássemos, ele parava de tomar e começava sempre a chorar.
Annabelle estava na cozinha com mamãe e Amber, mais duas pessoas para ficá-la
mimando enquanto eu tentava colocar algum limite nela, que eu já tinha visto ser
impossível.
Eles estavam cada dia mais crescidos e espertos, estava chegando a hora de fazerem um
ano e todo mundo ia pra Los Angeles comemorar a data junto com a família de Robert
que também iria para o aniversário.
Eu já estava vendo a farra que isso seria pra eles e pra Dakota que ficaria louca
cuidando da decoração e da própria barriga de três meses.
Robert ficara todo bobo quando soube que ela estava grávida, e Tom ficara em estado de
choque e nós sabíamos que era de felicidade.
Eles estavam planejando um filho a tempo demais e não precisavam mais esperar por
isso e eu quase podia enxergar uma menina ou um menino de olhos azuis correndo de
Tom e Dakota por aquele apartamento em que eles moravam.
E era delicioso a visão que eu tinha dos meus amigos se tornando uma família bem ali...
ao alcance das minhas mãos e do amor incondicional que eu tinha por eles.
- Kristen. Vem pra piscina!
Cam exclamou me chamando, ele tinha treze anos e eu não pude nem contar a minha
alegria ao rever meu irmãozinho que eu sentira falta todos os anos que passei fora de
casa.
O jardim inteiro parecia estar com uma atmosfera diferente, com a alegria infestando o
ambiente em cada átomo do ar de Miami.
Eu voltaria com Robert e as crianças amanhã de manha para a Califórnia e já havia
prometido a minha mãe que voltaria mais vezes.
Eu teria motivos pra voltar agora... eu sempre tive na verdade...
Mas agora as coisas eram diferentes.. eu não tinha mais medo, eu tinha a Rob e aos
meus três filhos.
Sim, eu estava grávida de novo.
E parecia que agora também era diferente, descobri ontem que estava com dois meses e
era sem igual à sensação de poder acompanhar aquilo desde o começo.
Saber desde o principio que existia um pedacinho meu e de Robert ali, crescendo bem
dentro de mim.
E que a felicidade existia.
Ela existia em cada olhar que ele me dava.
Em cada sorriso que prendia o meu fôlego na garganta.
A cada vez que meus filhos esticavam seus bracinhos até mim.
Ou a cada vez que Robert os mimava sem me deixar impor limites a eles.
Era como se eu pudesse pegar a minha felicidade e guardá-la no meu coração, mas isso
não era necessário. Ela já estava guardada lá.
Pra sempre.
Na forma mais bela de um amor infinito pela minha família.
Pelo homem perfeito que havia me dado filhos perfeitos.
Que havia me amado incondicionalmente, mesmo quando eu não o merecia.
Que havia ficado do meu lado, quando todos se afastavam e eu me afastava de todos.
Robert me salvou quando eu mesma não buscava por uma salvação.
Quando era afundada em um terror sem limites, mas consegui enxergar no seu amor, a
minha fonte de alegria inesgotável e onde eu aprendera a amar e ser amada
incansavelmente.
Eu jamais me cansaria de amar a Robert.
- Um beijo pelos seus pensamentos.
Sua voz rouca e britânica soou atrás de mim antes de seus braços me envolverem
suavemente por trás se apertando e se espalmando em minha barriga.
Ele havia ficado tão feliz em saber que ia ser pai novamente, que me dava vontade de
ficar grávida pra sempre só pra ver seus olhos brilhando daquela forma, como brilharam
na gravidez de Jeremy e Annabelle.
- Aqui é lindo.
Lhe respondi deitando minha nuca em seu ombro e o sentindo cheirar meu cabelo e meu
pescoço com suavidade e carinho sem igual, com o vento nos balançando suavemente
ouvindo o barulho do mar a nossa frente e uma calmaria estranha na piscina. As crianças
deviam estar com mamãe e Cam em algum momento deve ter ido jogar vídeo game com
Taylor e eu tinha que admitir, eu estava doida por me juntar a eles, eu adorava jogar
vídeo game com meus irmãos.
Eu sempre ganhava e eles perdiam nas apostas.
- A maioria das garotas diria que é romântico.
Sussurrou a mesma frase de nosso primeiro beijo, me deixando com os olhos fechados e
um sorriso bobo se formando em meus lábios.
- Eu não sou a maioria das garotas. – lhe repeti ainda de olhos fechados e sorrindo, seus
braços longos se apertaram em minha volta e ele colou seus lábios em meu ouvido.
- Você é muito melhor que elas, baby.
Um arrepio de pura emoção invadiu por completo todas as minhas terminações
nervosas, lançando amor e cura para cada um de meus poros.
E no segundo seguinte ele estava me beijando.
Lento, quente... delicioso e amoroso.
Robert.
Só ele me beijava daquele jeito, me fazendo erguer as mãos e travá-las em seu cabelo
bagunçado, ficando na ponta dos pés por causa da nossa quase gritante diferença de
altura enquanto ele tinha as mãos espalmadas em minha cintura ou se infiltrando em
meus fios de cabelo, os torcendo entre seus dedos longos e me enlouquecendo com seu
gosto perfeito que eu adorava sentir se enroscando com minha língua daquela forma
quase indecorosa, sem deixar de ser carinhoso.
- Eu amo você. – ele sussurrou entre meus lábios.
- Eu amo você. – repeti antes de voltar a beijá-lo sentindo o sol em nossa pele.
Eu estava no lugar em que sempre deveria ter estado.
Com Robert.
Nos seus braços.
Em minhas muralhas protetoras.
E no final das contas... eu tinha mesmo descoberto o que era a felicidade.
Com a certeza de que ele tinha me salvado, de todas as maneiras que uma mulher
poderia ser salva.
Capítulo 55
Capítulo 55 Epílogo
Eu tenho sim, outras fics no orkut e uma que vai estrear agora em pouco tempo :)
Eu adoraria de verdade, ver todas vocês por lá, eu vou colocar aqui, o link da minha
comunidade e lá vocês podem ficar a vontade para lerem todas elas e comentarem me
fazerem perguntas e tudo o maais.
http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=106776925
Tomara que vocês gostem das outras, eu ainda não sei se vou conseguir trazer todas aqui
para o Nyah, então por enquanto vou continuar só no orkut ;/
Apagar a Luz
FIM