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Finding Happiness escrita por Belitta

Sinopse: Um segredo ameaçando engolfar a vida de Kristen, um passado atormentado


por seus fantasmas fazendo do medo seu principal companheiro, será que o amor
poderia salvá-la?
Ela daria essa chance? De Encontrar a própria felicidade?

Classificação: +16
Categorias: Kristen Stewart
Gêneros: Drama
Avisos: Violência
Séries: Nenhuma

Capítulos: 55 (195802 palavras) | Terminada: Sim


Publicada: 21/09/2010 às 16:08:12 | Atualizada: 27/11/2010 às 18:53:48

[ Reviews ]
Finding Happiness escrita por Belitta

Capítulo 1
Capítulo 1

Notas iniciais do capítulo


Espero que gostem :D

Apagar a Luz
Quantas vezes eu já pensei em morrer?

Em acabar com tudo aquilo e poder ter paz nem que seja em outra vida?

Dei um tapa no meu despertador o fazendo cair no chão quebrando.

Ótimo, mais um despertador pra esse mês.

Eu ainda não sabia por que acordava todas as manhas, seria tão mais fácil se eu apenas
morresse dormindo. Abri os olhos contra minha própria vontade e me levantei
percebendo a dor de cabeça infernal que eu estava.

A garrafa de vodka rolou do meu colo até o chão. Eu teria revirado os olhos se isso não
fosse fazer minha cabeça doer ainda mais.

Peguei a maldita garrafa e joguei com força em alguma parede daquele apartamento
vazio. Eu teria que comprar mais garrafas hoje, meu estoque de bebida já havia
acabado.

Fui até a cozinha e peguei uma caixa de pizza gelada na geladeira e comi com rapidez
olhando para o relógio do microondas.

- Fuck!

Eu estava atrasada pra droga da faculdade.

Tomei um banho rápido e não me olhei no espelho, não suportava me ver no espelho,
fui pro quarto vestindo uma roupa qualquer e colocando meu casaco maior que eu por
cima da minha blusa branca. Peguei meu all star e sai sem nem ver se tinha amarrado ou
não.

Apenas passei a mão no cabelo e o prendi em um rabo de cavalo frouxo.

Fui para o meio fio em frente ao meu prédio e fiz sinal pra algum táxi.

Eu não tinha carro, eu não gostava de carros e carros chamavam muita atenção.

Eu não gostava de atenção.

Um taxi parou e eu entrei rapidamente colocando o capuz do meu casaco.

- UCLA, por favor. – pedi baixo e ele me olhou pelo retrovisor.

Merda.
Eu também não gostava quando me olhavam.

Ele apenas assentiu depois de um momento e seguiu o destino que lhe pedi.

Cheguei atrasada dentro daquele prédio enorme, mas não corri pelos corredores.

Correr na faculdade era atenção.

Cheguei a minha sala e o professor já estava por lá, entrei na sala esperando que
ninguém fosse me ver, mas eu estava enganada.

Chegar atrasada na faculdade também chamava atenção. E comigo, não era o tipo bom
de atenção.

Sentei-me no meu habitual lugar no fundo, onde ninguém mais se sentava, o que era um
alivio, por que eu não gostava de companhia.

Ninguém na sala parecia me notar, o que também era um alivio. O professor fazia
perguntas, eu sabia de todas elas, mas levantar a mão pra responder significava chamar
atenção e eu não iria fazer isso, ficar quieta no meu canto apenas prestando atenção já
me era suficiente.

Minha aula de estatísticas passou e com ela muitas outras também passaram, as aulas
eram em tempo integral e eu passava os intervalos na biblioteca, ninguém ia à biblioteca
e por isso lá era um lugar adorável.

Olhei da janela pra todo aquele lugar imenso, o prédio do campus, a quadra onde tinha
alguns acadêmicos de educação física. Olhei aqueles garotos com horror, garotos e
homens não eram algo pra se confiar, as cicatrizes em minhas costas e por meu corpo
eram uma prova disso.

Neguei com a cabeça afastando os pensamentos e começando a caminhar pelos


corredores da biblioteca, resistindo de tirar meu maço de cigarros da bolsa e fumar ali
mesmo.

Os livros não estavam prendendo a minha atenção e isso era péssimo ou no mínimo
perigoso, eu odiava ficar com o pensamento vazio, isso me trazia lembranças.

E essas lembranças não eram boas.

Passei a mão pelo cabelo em um gesto de puro nervosismo e tédio e meu telefone tocou.
Era minha mãe.

E eu não iria atender.


Ignorei a chamada e desliguei o telefone, olhei de novo para aqueles corredores e bufei
frustrada, voltando até a minha cabine e pegando minhas coisas, colocando novamente
meu casaco com o meu capuz na cabeça.

As pessoas deviam me achar louca por usar uma blusa de frio grossa em meio ao calor
que se fazia em Los Angeles naquele dia. Mas eu não me importava.

Segui pelos corredores de saída e cheguei até um pequeno campo que dividia o campus
de dormitórios.

Eu tinha preferido um apartamento só pra mim quando me matriculei aqui, eu não tinha
nada contra os dormitórios, mas não gostaria de dividir um apartamento, ainda mais
com alguma garota histéricas que só pensaria nos garotos e nas festas universitárias.

Não. Eu definitivamente não precisava disso.

Sentei em algum lugar por ali, encostada na parede e puxei meus joelhos no peito,
tirando meu relatório da bolsa e revisando pra última aula.
Peguei a minha garrafinha prateada e tomei um gole da pouca vodka que ainda restava
ali.

Eu tinha mesmo que comprar mais bebidas se quisesse dormir.

Capítulo 2

Passei aquele tempo do meu intervalo lendo e relendo aquelas páginas de números e
números da minha frente, a vodka tinha acabado e quando eu ainda tinha alguns
minutos, não resisti e puxei um cigarro da bolsa.

Meu Mallboro de menta. Sorri de leve. Ele era tão bom quanto minhas bebidas.

Traguei o cigarro com vontade, deixando a nicotina fazer efeito e me relaxar, pelo
menos durante algum tempo.

As bebidas me tiravam de órbita por mais tempo. Era por isso que eu bebia. Pra sair da
realidade.

Uma dor aguda e interna se passou em meu baixo ventre e eu fechei os olhos impedindo
as lágrimas de caírem. Não pelo físico machucado.

Mas pelo o que aquela dor me fazia lembrar.

Traguei o restante do meu cigarro e me levantei com pressa depois que a dor
momentânea passou.

Peguei minha bolsa e pus o capuz, cruzando meus braços em frente ao peito e
caminhando em direção a minha sala.
Passei despercebida como sempre entrando e me sentando no mesmo lugar, me
preparando pra que aquela gritaria que se fazia lá dentro passasse e que o professor
chegasse logo.

Peguei minha bolsa e procurei meu relatório começando a ficar desesperada e irritada
por não estar lá dentro, fechei os olhos e trinquei os dentes percebendo que eu tinha
deixado no campo onde eu estava sentada.

Me levantei irritada e voltei a caminhar com pressa até o lugar que eu estava. O
encontrando no mesmo lugar. Quase soltei uma maldição.

Voltei aos corredores e algum cego fez questão de esbarrar em mim com seu café de
Starbucks.

Eu não poderia ficar mais irritada.

Olhei pra cara do idiota com os olhos cerrados enquanto minha blusa branca era
manchada pelo líquido. Eu não me importava com a droga da blusa, mas o cara era
realmente um idiota.

- Não olha por onde anda não?

- Você olha para os pés enquanto anda e a culpa é minha? – minha raiva extrapolou os
limites e eu soltei todo ar pela boca indignada.

- Você está brincando certo?

- Ora, é apenas uma blusa!

- Eu não estou irritada pela blusa idiota, você molhou o meu trabalho. – retruquei quase
gritando.

- Oh, então eu... sinto muito. – soltei um som raivoso por entre os dentes.

- Claro que sente, por que isso vai fazer secar meu trabalho. – eu não podia ser mais
irônica.

E ele riu baixo. O idiota riu baixo.

- Eu posso dar um jeito nisso.

- É bom que possa mesmo. – ele revirou os olhos e pegou o papel da minha mão.

- Vem comigo. – ele estava falando sério? Ele ergueu uma sobrancelha me dizendo para
realmente segui-lo, eu estava ainda mais irritada.
- Por quê?

- Eu vou dar um jeito nisso. – respondeu começando a caminhar para o lado aposto dos
corredores, subindo as escadarias e parando na secretária acadêmica. Eu o segui.

Ele entrou para as salas ao fundo e mexeu em algumas maquinas, eu reconhecia as de


cópias, impressores e computadores por lá.

- O que está fazendo? – perguntei quando ele colocou meu trabalho em cima de alguma
outra máquina.

- É uma scanner, vai copiar seu trabalho para o computador de novo.

- Eu sei o que uma scanner faz. – Ele riu do meu comentário. Eu já estava ficando
incomodada em estar em um lugar sozinha com um garoto, abracei meus braços e fiquei
um pouco longe dele enquanto ele imprimia meu trabalho novamente.

- Pronto Kristen, está feito. – ele perguntou de repente me olhando nos olhos, desviei o
olhar do dele, eu não gostava de olhar alguém nos olhos. Franzi o cenho pra ele.

- Como sabe meu nome?

- O trabalho.

- Como? – perguntei sem entender ainda.

- Tem seu nome no trabalho. – revirei os olhos pra mim mesma e peguei o trabalho de
suas mãos. Já ia saindo da sala quando ele me chamou.

- De nada. – falou irônico e com um sorriso lindo no rosto.

Lindo? Certo, eu precisava mesmo comprar minha bebida.

Aquilo me deixou com mais raiva.

- Você foi o culpado, eu não vou agradecer. – e saí da sala ainda em tempo de ouvir uma
risada dele.

- Ugh, idiota. – resmunguei entrando na sala e já deixando meu trabalho na mesa do


professor que já estava ali, mas ele não percebeu minha presença.

Ninguém percebia.

E isso era ótimo.


--Capítulo 3

Capítulo 3
Notas iniciais do capítulo
mais um cap :)

Apagar a Luz

O dia seguinte era a mesma coisa, era sempre a mesma coisa.

Na hora do intervalo eu não agüentei ficar naquela biblioteca sem fumar um cigarro.

Entrei em uma das cabines privadas e coloquei minhas coisas em cima da mesa e peguei
meu Mallboro, eu tinha comprado minhas bebidas ao sair ontem daqui.

O que era ótimo, por que só a bebida me permitia dormir a noite, ela bloqueava minha
mente e os pesadelos ficavam um pouco afastadas.

Eu cheguei a cheirar alguma coisa os meus primeiros tempos aqui, mas aquilo passou a
me incomodar e eu ficava fora de órbita por um tempo menor do que quando eu bebia.

Eu estaria mentindo se eu dissesse que não comprava algumas coisas ainda, não podia
ser considerada viciada, mas eu sempre tinha alguma coisa na bolsa para casos mais
urgentes, como quando minha mãe me ligava por exemplo.

Eu já tinha noção que não conseguia dormir sã, por isso as bebidas e alguns remédios no
meu armário do banheiro. Sem isso, eu não conseguia nem viver mais.

Era uma rota de fuga dos meus pensamentos e da dor em meu baixo ventre.

Era a rota de fuga mais segura para uma pessoa como eu.
Eu não era mais depressiva, não tanto quanto era quando saí de Miami pelo menos, mas
a minha depressão me deixou seqüelas, como o medo das pessoas.
Mas o medo de garotos e o horror que eles me tocassem não tinha nada haver com a
depressão.
Traguei meu cigarro com mais vontade e tomei um gole da minha garrafinha prateada
que já estava muito bem abastecida com minha vodka pura.
Soltei um som aliviado quando senti o liquido descer por minha garganta e passar no
meu esôfago. Eu não sentia mais a queimação, mas não era de se estranhar, eu bebia
desde meus 9 anos.

Nove anos...

Bebi todo o estoque de vodka que tinha feito naquela garrafinha em um gole só, ao me
permitir pensar naquela merda.
Mas parecia inevitável, minha cicatriz nas costas parecia queimar todos os dias, apenas
pra me lembrar de quem eu era e de como vim parar dessa forma.

Não me preocupei com o horário, eu não teria aulas muito importantes hoje e meu
apartamento já estava ficando normal demais pra mim.

Eu estava fumando tanto um cigarro atrás do outro que não percebi quando a porta abriu
e um cara entrou na cabine. Eu engoli em seco quando notei exatamente isso. Era um
garoto.

Mas quando vi quem era o medo deu lugar à raiva e eu trinquei meus dentes.

- Isso só pode ser meu Karma.

Ele olhou surpreso pra mim, como se não soubesse que eu estava lá.
Bufei irritada novamente enquanto ele me encarava.

Eu não gostava de pessoas me encarando.

- Achei que fosse proibido fumar aqui dentro. – ele sorriu irônico o que me deu mais
raiva ainda.

- Sério? - ele rolou os olhos ainda sorrindo com a minha ironia.

- Você não é muito nova pra fumar isso tudo? – ele apontou pro maço vazio ao meu lado
no chão.

- Quem se importa?! – disse já odiando aquela conversa toda e doida pra sair dali, me
levantei e fui em direção a porta, ele riu.

- Você não precisa sair. Eu não queria te incomodar. – ele falou sorrindo e por um
momento eu me senti perdida naquilo, mas abanei minha cabeça rápido. – E eu posso te
dar outro cigarro, já que o seu acabou.

- Você fuma? – perguntei aleatoriamente, ele apenas deu de ombros. Eu me sentei no


chão novamente e ele se sentou à mesa tirando e abrindo o seu caderno e os livros que
tinha pegado lá fora e me entregando um maço de cigarro depois de tirar um pra ele.
Sorri irônica aceitando.

- Achei que fosse proibido fumar aqui dentro. – ele riu baixo quando repeti a mesma
coisa que ele me disse tirando o cigarro da boca e soltando a fumaça.

- Sério? – rolei os olhos e acendi o meu cigarro.

Ele não falou mais nada e parecia bem concentrado em suas escritas, não desviando os
olhos uma única vez. O silêncio passou a me irritar, não por que me incomodasse, mas
já que ele estava ali, poderia falar alguma coisa certo?
Não. Não estava certo, eu não estava muito bem aquele dia.

Eu sempre gostara do silêncio, mas naquele momento eu não estava gostando. E isso era
estranho e no mínimo diferente.

Merda de vodka que foi acabar rápido.

- Quantos anos você tem?

Me assustei um pouco com sua pergunta repentina e franzi o cenho tentando me


acostumar com ela.

- Hmm, tenho 20. Por quê?

Por que ele queria saber minha idade?

- Nova demais pra beber também não? – disse apontando pra minha garrafinha prateada
que eu tinha esquecido de guardar.

- Você é muito curioso não acha? – perguntei irritada novamente e quando ele riu baixo
só fez minha raiva dobrar de tamanho. Ele deu de ombros e não respondeu, voltando aos
seus estudos.

A cabine voltou a ficar em silêncio e eu peguei outro cigarro do maço que ele tinha me
dado, eu estava com tanta raiva que seria capaz de fumar todos aqueles cigarros só pra
tirar aquele sorriso idiota de seu rosto.

Eu estava ficando incomodada de novo, já estava querendo - necessitando - minha


bebida, eu não sabia por que diabos eu estava assim, mas alguma coisa ali me
incomodava, eu odiava me sentir incomodada com alguma coisa.

Já me bastava o incomodo que eu causava a mim mesma.

Fechei os olhos e senti minha garganta se fechando.

Eu tinha que parar com aquilo.

- Seu nome? – perguntei a ele sem ironia ou irritação, só queria que ele falasse alguma
coisa.

Ele franziu o cenho pra mim, mas um sorriso não deixava de brincar em seu rosto.

- Curiosa não? – revirei os olhos.

- Apenas responda.
- É Robert.

- Quantos anos Robert? – me senti estranha falando o nome dele.

- 24. – ele respondeu depois de rir baixo.

Assenti com a cabeça e quase taquei alguma coisa nele pra que ele continuasse a falar.

- Não está tendo aula? – não foi preciso atingi-lo com alguma coisa afinal.
Dei de ombros tragando mais um de seus cigarros.

- Eu já vi você por aqui, tem muito tempo que estuda na UCLA? – suspirei, lá vem ele
com essa droga de tempo de novo.

- Desde o ano passado. – falei baixo, pedindo para que ele parasse com aquelas
perguntas.

Eu só podia estar com sérios problemas.

Eu não estava pedindo pra que ele falasse? Suspirei irritada comigo mesma.

- E você estuda aqui há quanto tempo?

Eu nunca o tinha visto ali, na verdade eu nunca via ninguém.

E me espantou que ele tivesse me visto antes.

- Desde os 20, me formo no próximo ano. – ele falou como se não fosse grande coisa.

- Você faz o quê?

- Economia.

- Ah. – ele realmente parecia não gostar daquilo, mas eu não falei mais nada e nem
perguntei.

Só ali naquela conversa com ele que eu percebi um sotaque diferente, mais arrastado e
que deixava sua voz mais grossa, mais rouca.

- Você é da onde? – perguntei curiosa, ele riu baixo de novo, mas ele não me olhava,
continuava encarando seu caderno e fazendo anotações.

- Sou de Londres.

Quase dei um tapa na minha testa, o sotaque era britânico, óbvio.


Ele se levantou depois um tempo e me olhou nos olhos e daquela vez, eu não desviei.

- Até Kristen.

Assenti com a cabeça e ele se virou saindo da cabine. O acompanhei pela parte de vidro
que havia nas repartições e ele sumiu da minha vista quando desceu as escadarias.

Respirei fundo e tentei entender por que diabos eu não tinha saído correndo dali, no
momento em que ele entrou naquela porta.

Me levantei vendo que realmente tinha fumado todo seu maço de cigarros, ele não
fumava de menta, e sim de canela, mas não era ruim, pelo contrário o cigarro deixava
um gosto bom na boca.

Alguma coisa de boa nele pelo menos.

Estava irritada de novo. E comigo mesma.

Ele era um idiota.

Bufei irritada e querendo ir lá pra fora, peguei minhas coisas saindo da biblioteca,
descendo as escadarias e chegando em minha aula.

Atrasada Kristen. De novo.

Apagar a Luz

Saco, saco, saco.

Eu nunca estudei tanto numero em minha vida.

Saí da faculdade completamente apressada, louca por chegar em meu apartamento e


poder beber meu wiskhy com meus maços de cigarro de lado.

Peguei um táxi até duas ruas antes da minha e parei em um pub onde eu comprava
bebidas sem ser barrada.

- Kristen. – Jonh me atendeu já no balcão.


- Duas garrafas Jonh e cervejas, por favor. – pedi rápido, querendo sair dali. Eu vinha
aqui desde que cheguei a LA, Jonh não falava nada por que já me conhecia e também
não tínhamos mais intimidade do que vendedor e cliente.

Paguei a ele assim que me entregou as bebidas e voltei para a saída do lugar
encontrando com o ar de Los Angeles caminhando até meu apartamento.

O meu canto não era muito grande, mas eu conseguia viver bem, eu não dependia da
minha mãe o que era um alivio pra mim. Eu tinha tudo o que precisava ao alcance das
minhas mãos, tinha meus cigarros, minhas bebidas e minha TV em minha frente.

Eu poderia passar horas vendo TV que não enjoava, era a minha paixão.
Se é, que eu era apaixonada por algo.

Continuei tomando minha bebida, não percebendo enquanto caia na inconsciência.

Eu queria sair dali, não conseguia entender o que estava acontecendo, e também não
queria que fizessem comigo o mesmo que fizeram com Dorothy. Aquele lugar era
horrível, tinha gente demais, a casa era pequena pra tanta gente sempre andando de
um lado pro outro.

Por que todo mundo estava ali afinal?

Onde eu estava e porque meu papai não vinha me buscar?

Ele disse que iríamos pra Nova York no natal, mas até agora eu estava ali.

Naquela lugar estranho e frio.

Onde estava Ash?

- Vamos lá gracinha! Hora de viajar.

- Não, eu não quero ir. – comecei a chorar enquanto ele me carregava com força pelo
braço.

- Você precisa ir.

- Meu pai? Onde está meu pai?


- O seu pai não vai voltar boneca. Agora cala a boca e sobe logo nesse caminhão.

As portas se fecharam antes mesmo que ele pudesse ouvir o meu grito de desespero.

- NÃAAAAAO. – mais uma garrafa era quebrada no meu apartamento, me deixei cair
no chão, com a dor das lembranças e o horror por mim mesma me tomando e me tirando
o fôlego, comecei a engasgar com meus próprios soluços enquanto as lágrimas não me
davam trégua, abracei meu corpo no chão, em cima do tapete da minha sala esperando
que a dor cessasse e que eu pudesse me levantar e tentar ser digna novamente por
algumas horas.

Aquilo tinha que passar, aquilo tinha que passar um dia, mas já havia se passado tanto
tempo e o horror, a repulsa eram os mesmos.
Me levantei de súbito tentando enxugar as lágrimas inutilmente, tirando meu casaco no
meio do caminho, pegando mais um vodka no armário da cozinha.

Liguei a banheira do meu banheiro e terminei de tirar minha roupa entrando na água
morna que arrepiava um pouco minha pele. Deitei minha cabeça na borda com meus
olhos fechados podendo sentir as lágrimas voltando, mas eu não podia com elas, nunca
pude.
Eu era fraca.

Minha garrafa de vodka me fez companhia até eu me sentir entorpecida, tentei resisti a
tentação de pegar alguma coisa mais forte em minha bolsa que me tirasse do ar por
algum momento, e consegui afastar a idéias para o fundo da minha mente.

O gosto da vodka foi à última coisa que senti antes de apagar em minha cama.

--
Aquele professor era um saco.

Eu não agüentava mais ele falando todo dia a mesma coisa, e eu não era a única, quanta
gente que estava com o ipod no ouvido naquele momento?

Bufei irritada batendo a ponta da minha caneta na mesa, até que finamente fomos
liberados e eu podia desaparecer em uma cabine na biblioteca com o meu cigarro.

Cheguei a mesma que estava a última vez e qual não foi minha surpresa, de não estar
vazia.

- Isto é meu karma? – falou debochado com aquele sotaque britânico.

- Achei que fosse proibido fumar por aqui. – respondi no mesmo tom apontando o
cigarro que ele segurava nas mãos, ouvindo sua risada logo depois.

- Culpado. – ele ainda sorria, revirei os olhos e teria saído de lá se algo não tivesse
chamado minha atenção.

- Está tocando? – ele tinha um violão ao seu lado no chão.

Não me respondeu dano de ombros, mas não deixava de sorrir, voltando a rabiscar algo
em seu caderno. Entrei e me sentei do outro lado, de frente pra ele, encostada na parede
o observando.
- Você compõe?

- Não era eu o curioso por aqui? E são apenas alguns rabiscos... – será que ele não tinha
dor no maxilar por sorrir tanto. Pelo jeito que estava concentrado, tinha certeza que
eram mais que ‘’alguns rabiscos’’. – Está faltando aula de novo?

- Não – revirei os olhos pegando um cigarro do meu bolso de trás. - Mas você parece
estar – sorri de lado.

- Culpado. – todos esses sorrisos já estavam me tirando do sério.

- E então? Você toca ou não? – ele ainda não tinha respondido minha primeira pergunta.

- Toco.

- Legal. – ele riu baixo. – Toca em algum lugar por aqui?

- Alguns pubs...

- Legal... – repeti sem saber o que falar, levei o meu cigarro a boca tragando e
prendendo a fumaça em meus pulmões por um momento antes de solta-la, abri meus
olhos que nem percebi que havia fechado e ele me encarava.

Eu me paralisei, de repente não me movia mais.

Seus olhos fundos nos meus, como se estivesse percorrendo minha alma.
Me senti estranha, diferente, não conseguia desviar o olhar, continuei encarando seus
olhos, os verdes-azulados me prendiam no lugar.

Era como se eu estivesse perdida por um momento e assim que consegui, mudei o rumo
de meus olhos, para qualquer outro lugar que não fosse próximo a ele.

Aquela sensação me incomodava e para piorar o vazio que caiu por ali. Mas ele falou se
levantando com aquele maldito sorriso no rosto.

- Até Kristen. – eu estava estranha de novo em ouvir meu nome vindo dele.

- Até. – eu devo ter falado baixo, ainda estava um pouco perdida e tentando me situar.

- Apareça por lá.

- Lá onde? – eu estava confusa e ele ainda ria baixo voltando a me olhar.

- No pub, amanha é sexta, eu vou tocar a duas ruas da avenida principal. – ele sorriu de
lado me dando um aceno de cabeça antes de se virar e começar a caminhar, com seu
caderno em uma mão e na outra o violão.
Balancei a cabeça me sentindo um tanto quanto... Diferente.

Suspirei e senti raiva de mim mesmo, não me incomodei em saber o motivo daquilo, eu
sempre sentia raiva de mim mesma.

Para o meu azar, tinha gente sentada perto de mim quando entrei novamente na sala,
mas como sempre, fingia que não via ninguém e ninguém, fingia que me via.

As aulas foram se arrastando, se arrastando. Tinha pessoas sentadas do meu lado


conversando alto e escandalosamente. Como o professor não percebia uma coisa
daquelas. Revirei os olhos para uma das meninas que conversavam sobre as festas,
mordendo minha língua para não dizer alguma coisa.

A última aula chegou ao fim e eu disparei para o meu apartamento.

Subi as escadas rápido, sentindo a vibração do telefone em bolso de trás.

Entrei pela minha porta jogando minhas coisas todas no sofá sem me importar com o
toque, deixei o celular em cima do balcão da cozinha, me sentando em um dos bancos
altos depois de pegar um macarrão instantâneo e ligar o fogo deixando-o esquentar.

O toque finalmente parou. E eu quase dei um suspiro de alivio me virando novamente


para o fogão, despejando o macarrão em uma tigela.
O maldito telefone tocou de novo e mais uma vez o ignorei.

Coloquei a tigela quente em meu colo, tirando meus all star com o próprio pé e sorri
enquanto ligava a TV com o controle. Coloquei na MTV e fiquei escutando e vendo os
clipes com muita tranqüilidade até que meu telefone residencial tocou, não atendi
também é claro, eu sabia quem era.

A voz da minha mãe saiu pela secretária eletrônica.

- Kristen? Kristen, sei que está em casa, por favor, atenda... – eu nem me mexi focando
meus olhos na TV apesar de não prestar atenção em nada. – Kristen, minha filha fale
comigo... há meses não me dá noticias, quero apenas saber se está bem... – eu continuei
parada com meu coração batendo alto em meus ouvidos. – Certo. Nós ainda temos que
conversar, você sabe disso, você foge dessa conversa a seis anos eu só queria te
entender... – ouvi seu suspiro e o barulho de chiado me indicou que ela havia desligado.

Enxuguei uma lágrima que nem percebi que havia caído e aumentei mais ainda o
volume da TV me negando a pensar em suas palavras.

Seis anos, mais pra mim ainda era como se fosse apenas dias...

O medo. O escuro. A repulsa. O medo novamente.


Eu não podia culpar minha mãe por querer receber noticias minhas, eu não dava as caras
por Miami há seis anos exatos, desde quando sai de casa.

É claro que as coisas não foram fáceis, ainda mais com a minha depressão. Mas no
momento em que vi que tinha que sobreviver, eu lutei...

Eu teria que lutar se quisesse fazer alguma coisa da minha vida. Vivi até os 17 em um
abrigo no Texas, quando recebi a herança que meu pai havia me deixado. Junto com a
herança, eu recebi este apartamento, onde eu morava desde então. Minha faculdade era
paga aos poucos, por que eu ainda tinha esperanças de um dia poder fazer o que eu
realmente quero.

E eu quero ser assistente social.

Era até estranho meu desejo de profissão visto que eu era uma estudante de matemática.

Eu não gostava do que fazia, mas às vezes os números são mais fáceis de lidar do que as
pessoas. Mas isso, eu só aprendi depois de muito tempo.

Enxuguei mais lágrimas de meus olhos que já estavam molhados e terminei de assistir a
TV e comer meu macarrão. Geralmente eu mesma cozinharia algo descente para comer,
mas especialmente hoje, eu estava cansada... mentalmente e fisicamente.

Deitei-me no próprio sofá para dormir, mas depois de um tempo, percebi que seria
impossível, minha cabeça começou a doer e eu comecei a ver as coisas meio turvas,
minhas mãos tremeram de leve e senti calafrios em minha espinha.

Eu precisava de remédios pra dormir. Imediatamente.

Eu não era viciada neles, é claro. Apenas gostava de tê-los por perto e tomar quando a
falta de sono batia o que sempre acontecia quando eu não tomava minha bebida, mas eu
não estava a fim de acordar de ressaca amanhã.

Coloquei dois comprimidos na boca para apagar de vez e funcionou apesar de me sentir
fraca. Eu dormi na mesma hora.

A idéia de não acordar de ressaca no dia seguinte, ficou esquecida em minha mente
quando me levantei com uma puta dor de cabeça. Gemi me levantando e considerei
muito seriamente o pensamento de não ir à aula hoje.

Mas infelizmente eu teria um teste de porcentagem onde se eu não fosse poderia ficar
com sérios problemas, eu poderia arranjar um jeito de sair mais cedo.

Coloquei minha jeans que precisava ser lavada com urgência e coloquei uma blusa
vermelha de mangas, meu casaco maior que eu estava também em meu Look, se é que
eu tinha algum.
Passei a mão pelo cabelo depois de jogar uma água na cara e escovar os dentes, os
deixei presos e sem me olhar no espelho, eu sai do apartamento, com minha bolsa em
meu ombro.

O taxi me deixou em frente à Universidade com momentos adiantados e eu entrei logo


direto pra biblioteca, na minha cabine de sempre e eu me senti diferente ao perceber que
estava vazia.

O que eu estava esperando afinal?

Balancei a cabeça bufando irritada e me sentei no mesmo lugar de sempre cruzando as


pernas em posição de índio, peguei meu mallboro de menta no bolso de trás e me
perguntei se da próxima vez que eu fosse comprar meus cigarros, teria problemas em
comprar um de canela.

Capítulo 5
Capítulo 5

Notas iniciais do capítulo


mais um capitulo :D

Apagar a Luz

Coloquei meus fones em meu ouvido e perdi a noção do tempo escutando Muse.

Eu nem mesmo havia pegado no livro ou nas minhas anotações para estudar para o teste
de hoje, mas eu sabia toda a matéria. Não ter amigos contribuía para que eu não tivesse
com quem conversar, não tendo assim quem me atrapalhar nas aulas.

Escutei ao longe alguns alunos caminhando e percebi que era minha deixa para ir pra
sala, apaguei o cigarro no meu tênis e guardei a carteira novamente em bolso, buscando
e pendurando minha bolsa em meu ombro saindo da cabine.

Passei por todos os imensos corredores até chegar ao refeitório onde comprei uma coca
e uma barra de cereais pra mim, eu tinha esquecido de tomar café da manhã em casa.

Me sentei em uma das mesas afastadas e quando eu menos esperei a cadeira em minha
frente foi afastada e aquele idiota britânico se sentava ali me encarando com aquele
sorriso no rosto.

- Bom dia.

- Humpf.- ele riu do meu mau humor.


- É sempre assim quando acorda? – perguntou divertido bebendo da sua própria latinha
de suco.

- Apenas quando sou incomodada.

- Sério? – revirei os olhos quando ele riu de novo. – Não me leve a mal, mas é que te vi
aqui e pensei que estava precisando de companhia, mas se quiser posso ir embora.

Bufei irritada e ele riu baixo se levantando.

Arregalei os olhos.

- Não. Não precisa ir... pode ficar aqui. – ele sorriu de novo e se sentou.
Ficamos em silêncio durante algum tempo apenas tomando nossas latinhas, de vez em
quando eu pegava seus olhos de cor indefinida me fitando, me olhando como se pudesse
me enxergar por dentro e por mais que aquilo me incomodasse às vezes, não conseguia
desviar o olhar. E continuava o encarando da mesma forma.

- E então você vai? – ele disse me deixando confusa por um momento, desviei meus
olhos dos seus quando percebi que ainda estava os olhando deslumbrada.

- O que?

- Alguns estudantes do terceiro ano estão dando uma festa na semana que vem. Você
não vai?

- Não sou muito chegada a festas.

- Nem eu. Mas parece que vai ser legal. Devia ir.

- Pode ser. – dei de ombros. – Hoje à noite você toca não é? – o sorriso dele brilhou
mais que antes pra mim.

- Sim, eu toco hoje.

- Huum... – respondi incerta do que falar, mordendo meu lábio inferior.

- Você vai no pub? – olhei pra ele rápido me perguntando por que era a segunda vez que
ele me falava aquilo.

- Eu não sei. – respondi sincera apesar de estar querendo ir...

Ele abriu a boca pra me responder, mas uma garota loira abanou a mão na direção dele e
como ela chamava a atenção, nos desviamos o olhar ao vê-la. Ele acenou com a cabeça
pra ela discretamente sem dar muita atenção, ela não gostou muito disso, principalmente
depois quando ele voltou o rosto pra mim.
- Então..nos vemos a noite se você for é claro. – ele sorriu novamente e eu sorri de
volta, um tanto quanto deslumbrada.

Deus, a quanto tempo eu não sorria? Quero dizer espontaneamente.

- Claro...se eu for... – mordi os lábios de novo vendo que ele desviava os olhos dos meus
e que eles caiam direto pro meu lábio maltratado, mas logo ele desviou e sorriu antes de
se despedir e se levantar.

Dois segundos depois vi a moça loira ir atrás, por onde ele havia saído.

Eu não devia me sentir estranha, devia?

Não, não devia, até por que você nem sabe o motivo de se sentir estranha com isso
Kristen.

Eu disse a mim mesma, bufei irritada me levantando e saindo do refeitório da


universidade caminhando pelos corredores até chegar a minha sala.

O teste como eu previra era fácil, até mais fácil que eu imaginava. Fui a primeira a
acabar e sai da sala com antecedência o que foi uma sorte por que eu estava louca pra ir
pra casa, eu então eu podia ir até a biblioteca e ver na cabine...

Argh. Idiota.

Prendi minha bolsa mais forte nos ombros chegando do lado de fora da Universidade e
esperando um taxi que não demorou a chegar.

Como havia chegado mais cedo aproveitei pra dar uma geral noapartamento, ele não era
grande nem nada, mas era pra lá de confortável e bonito. Eu não tinha fotos minhas
espalhadas por aí, pelo contrário, eu não gostava de fotografias, era a mesma coisa que
um espelho.
Ajeitei minhas roupas velhas no meu guarda-roupa e lavei o resto que estava na área de
limpeza, limpei meu banheiro e voltei pra sala, tirando o pó dos móveis, eu adorava
fazer as tarefas de casa e morar sozinha era uma benção.

A tarde foi chegando e eu ficando com fome, coloquei um leite no microondas pra mim
e peguei alguns cookies de mel no armário, me sentei no sofá e liguei minha TV
novamente na MTV.

Os clipes começaram a ficar chatos ou com músicas horríveis, mudei de canal


colocando em Friends o que foi ótimo, me deu um bom humor razoável para um fim de
tarde.
Tomei um banho e voltei pra cozinha, olhei em meus armários e a garrafa de vodka
praticamente me chamou, eu bebi uns bons goles antes de me decidir se iria ou não na
droga do Pub daqui a pouco.

Bufei irritada passando a mão no cabelo com uma parte de mim – a maior – que queria
ir, e uma outra dizendo pra eu ter cuidado.

Mas cuidado com o quê? Eu não tinha motivos pra ficar em casa em uma sexta a noite,
não se eu quisesse esquecer meu passado. Respirei fundo e ouvi meu telefone tocar,
soube que era meu irmão pelo toque personalizado.

- Oi Tay.

- Kris, ainda bem que você atendeu. – franzi um cenho bebendo mais um gole de vodka.

- Eu sempre te atendo. – ele riu.

- Eu sei... a mãe me ligou...não vai telefonar pra ela?

- Sabe que não vou fazer isso.

- Pode me dizer por quê? – eu bufei de novo, Taylor era a única pessoa que sabia de
tudo que tinha acontecido comigo, mas ele não sabia o motivo de eu não voltar pra
Miami.

- Taylor, eu só não quero okay? Não preciso conversar com ninguém...

- Eu sei Kris... apenas fique bem okay, sabe que pode me ligar não sabe?
- Sei, obrigada Tay. De verdade.

- Boa noite irmãzinha.

- Boa noite Tay.

Desliguei o aparelho e olhei por todo meu apartamento antes de me decidir ir ao pub.

Troquei-me rápido colocando minha jeans e meu all star branco com uma blusa também
branca e uma jaqueta por cima de tudo. Peguei meu celular e as chaves do apartamento,
trancando a porta e descendo as escadas depressa.

O porteiro deve ter arregalados os olhos ao me ver sair de casa, eu nunca sai antes. Sorri
internamente.

Peguei um táxi e ele seguiu para o endereço do Pub me olhando com cara feia quando
acendi um cigarro dentro do carro.

Qual o problema que eles têm com cigarros afinal?


Quase rolei os olhos pra ele.

Chegamos no pub em menos de cinco minutos, era perto, mas que fiquei receosa de vir
a pé e sozinha.

Entrei no lugar já vendo muita gente por ali, o lugar estava cheio e fui direto pro bar,
pedi uma vodka pura enquanto acendia outro cigarro.

- Então você veio. – eu quase dei um pulo ao sentir a voz rouca com aquele sotaque
inglês perto demais de mim, senti minha respiração se acelerar e tentei controlar meu
pulso.

- Haam, hey...pois é... – ele riu da minha falta de jeito.

- Não vai ficar aqui sozinha vai?

- Ah, eu não conheço ninguém por aqui e também não devo demorar... – mordi os lábios
de novo para vê-lo fazer o mesmo.

- Isso não é problema..posso te apresentar meus amigos... – ele apontou pra trás dele, vi
dois caras lá, eles não me pareciam ser ruins, mas minha razão gritou antes que eu
pudesse dar alguma resposta incoerente.

- Hmm, pode ser.

Essa era a maldita resposta incoerente, onde estava minha razão?


Meu coração começou a disparar no peito com o medo quando nos aproximamos.

Robert colocou sua mão direita em minhas costas e eu tremi, sentindo o lugar onde ele
tocava queimar, mesmo por cima da blusa.

Que diabos era aquilo? Eu não devia estar saindo correndo daqui?

- Hey, para de beber um segundo Tom. – disse Robert tirando uma caneca de cerveja das
mãos do cara que era o Tom e ele se voltou contra Robert.

- Hey, isso é meu. – Robert riu devolvendo a caneca na mesa.

- Quero apresentar a vocês, esta é Kristen. – mordi meus lábios, por que eles me
olhavam com cara de espanto e olhos arregalados.

- Rob? É você mesmo? – um outro cara perguntou, eu não sabia o por que daquilo, mas
me senti estranha, Robert rolou os olhos e no próximo minuto Tom veio até mim me
abraçando.

- Sou Tom, sente aqui Kris.


- Kris? – Robert estava divertido.

- Qual o problema em chamar ela de Kris Robert? – ele perguntou pelo que me pareceu
ser cínico.

- Nenhum eu acho, tem algum problema? – ele me perguntou sorrindo.

- Não, não..tem nenhum problema. – mordi os lábios.

- Ótimo. – Tom me sorriu e eu tentei retribui. – Então senta Kris. – assenti com a cabeça
e logo depois Rob se sentou ao meu lado.

- Quer cerveja? – o outro cara me perguntou. – E Ah, sou Sam. – eu sorri de novo apesar
de ainda estar estranha.

- Olá. E sim, eu aceito a cerveja.

- Então kris, faz o quê na faculdade? – Tom me perguntou e vi Robert revirando os


olhos pelo tom de bêbado que estava em sua voz.

- Estudante de matemática.

- Uaal, inteligente uh?! – eu fiquei sem graça com o elogio e Robert me sorriu.

- E mal humorada. – ele disse rindo me fazendo revirar os olhos.

- Não sou mal humorada. – me defendi aceitando a cerveja que Sam me passava do
garçom, eu não iria beber nada que ninguém me desse, se tinha uma coisa que eu
aprendi em minha vida era nunca aceitar a bebida dos outros, você nunca sabe o que
colocaram nela.

- Eu nunca te vi no campus. – Sam falou pra mim, me olhando e me deixando


desconfortável, mas era apenas pelo olhar, por que a companhia deles era legal.

- Ah não, eu não moro no campus...

Eu ia terminar de falar, mas alguém no palco chamou por Robert e eu entendi que era a
vez dele de tocar, ele me olhou como se não quisesse me deixar ali sozinha, mesmo
estando com seus amigos, devia ser por que ele sabia que eu não era tão bem humorada.

- Já volto. – ele me disse pra mim antes de sair fazendo Tom e Sam cerrar os olhos pra
ele como se não entendessem aquilo e pra falar a verdade, nem eu entendia. Apenas
assenti com a cabeça mesmo sabendo que ele não estava vendo agora.
- Então...você não tem nenhuma amiga pra me apresentar Kris? – Tom perguntou
divertido e eu pude rir, pela primeira vez em tanto tempo eu pude rir.
- Deixa só a Dakota te ouvir falando isso. – Sam comentou rindo da cara de indignação
que ele fez.

- Nem fala uma coisa dessas brincando cara, ela me mata.

Eu não sabia quem era Dakota, mas parecia namorada de Tom ou algo assim.

Continuei ali, bebendo minha cereja e conversando com eles de um jeito até animado,
pra mim que nunca tinha saído do meu apartamento, a não ser pra comprar bebidas.

Tom e Sam eram mais agradáveis do que eu tinha imaginado, eles eram engraçados e
me tratavam como se eu fosse amiga deles de infância o que era ótimo, por que eu não
me senti excluída nem deixada de lado, em algum momento antes de Robert começar a
tocar Sam saiu do bar dizendo que iria fumar lá fora, e em menos de 4 minutos ele
conversava com uma ruiva no outro extremo do bar, fazendo Tom rir do jeito tímido que
ele conseguia chegar numa garota.

Robert pegou no violão e no segundo seguinte nossos olhos se encontraram, um sorriso


se formava em seu rosto por um motivo que eu não sabia, mas ele continuou sorrindo
enquanto nossos olhares não se desviavam.

Sua voz rouca e com o sotaque inconfundível começou a cantar, a melodia bonita com a
voz aveludada, ele cantava bem e tocava também, as mãos grandes e o modo como ele
pegava no violão era profissional.

- Ele toca há quanto tempo? – perguntei baixo a Tom que sorriu pra mim.
- Há muito tempo. – ele riu.

- Ele toca bem. – ele não me respondeu apenas sorriu voltando seu olhar para Sam e a
garota ruiva.

Segundo ele, Sam acabaria deixando a garota escapar e Tom teria que ir até lá para
ajudar o amigo de alguma forma, empurrando ele para uma grade de segurança e o
forçando a ir até a garota de novo.

Ele tocou por muito tempo, finalizando com Use Somebody do King of Leons.

- Hey Tom! – me virei para ver a moça loira atrás de mim olhando pra Tom e ele
passando a mão no cabelo, olhando pra mim e depois pra Robert antes de olhar
finalmente pra garota.

- Hey Nina.

- Ainda bem que encontrei você, eu não tinha lugar pra sentar. – ela deu mais alguns
passos se sentando ao lado de Tom e sorrindo pra ele. – Onde está o Sam?
- Haam, deve estar por aí... – Por que Tom estava tão desconfortável? E por que eu,
também estava?

Olhei por trás dela vendo Robert se aproximar, eles eram alguma coisa um do outro ou
algo assim?

Pra que eu queria saber afinal?

Bufei baixo e começando a ficar seriamente irritada.

- E então? – ouvi a voz de Robert do meu lado enquanto ele se sentava, me virei pra ele
para encontrá-lo sorrindo.

Novidade.

- Você toca bem e canta também. – eu nunca tinha elogiado uma pessoa antes tão
sinceramente. E pra minha surpresa ele ficara sem graça com o elogio, eu quase ri por
isso.

- Oi Rob! – ele se virou não parecendo muito em feliz em desviar nossos olhares.

- Olá Nina. – ele voltou o olhar pro meu voltando a sorrir. – Que fumar lá fora?

- Ah... hmm claro. – o que eu estava fazendo? Eu não precisava de inimigos e pelo olhar
da tal Nina era isso que eu era pra ela agora. Não que eu me importasse de qualquer
forma.

Ela travou o maxilar tão forte que eu quase escutei seus dentes batendo.

Dei um último gole na minha cerveja quando Robert se levantou, ele me esperou e abriu
a porta do pub pra eu passar primeiro.

- Obrigada. – ele riu pra minha surpresa novamente. Ou não.


- Está me agradecendo uh? – revirei os olhos.

- Você mereceu minha ingratidão. – disse me referindo ao dia que ele esbarrou em mim
com seu café da Starbucks.

- Okay, culpado. – ele levantou as mãos como se fosse inocente. Me fazendo sorrir de
leve. Robert pegou seu maço no bolso do jeans me fazendo reparar pela primeira vez em
seu corpo.

Ele usava uma blusa vermelha de frio com as mangas enroladas até o cotovelo, a jeans e
calçava chuteiras o que me fez rir internamente.

Ele era bonito. Na verdade ele era muito bonito.


Não era surpresa que a tal de Nina se interessasse por ele, se é que eles já não tiveram
algo. Mordi minha bochecha segurando minha língua pra não falar.

- Toma. – ele me ofereceu o cigarro dele, eu tinha trago o meu é claro, mas eu queria
sentir o gosto de canela de novo.

- Obrigada. – ele riu.

- Parece que estamos evoluindo. – ele encostou-se à parede na lateral da rua do pub e eu
fiz o mesmo enquanto tragava o cigarro e sentia a fumaça preencher meus pulmões,
fechando os olhos antes de solta-la.

Ficamos um tempo em silêncio, mas não era incomodo como fora na biblioteca há dois
dias, era confortável, tranqüilizador. Era bom, assim como o cigarro dele.

- Você mora no campus? – perguntei de repente me lembrando da pergunta de Tom pra


mim lá dentro.

- Sim, divido o dormitório com Tom.

- Ele tem um sotaque diferente também.

- Ele é inglês, se matriculou aqui por diversão, faz relações internacionais. Nos
conhecemos desde que me entendo por gente. – ele respondeu sorrindo pra mim e
soltando a fumaça devagar pela boca.

- Ah sim, por que diversão? – ele deu de ombros.

- A família dele tem muita grana e seus pais não são o que podemos chamar de
exemplos. Na verdade Tom morou mais na minha casa que na dele própria. – ele riu de
novo e eu sorri ouvindo seu riso.

Traguei de novo o cigarro quando ouvimos a porta se abrir e passos rápidos andando e
se aproximando de onde estávamos.

Olhamos pro lado ao mesmo tempo desconectando nossa troca de olhares.

- Olá. – era a Nina de novo, eu quase suspirei alto, mas desvie o olhar os focando na rua
em minha frente, Robert não me pareceu muito contente com sua aparição surpresa. –
Será que podemos conversar Rob?

- Não. – ele respondeu apenas voltando o olhar pra mim. Nina parece ter se irritado
ainda mais. E eu já estava perdendo a paciência com aquela merda toda.

Apesar de não saber por que.


- Nina, vamos lá pra dentro, Sam queria conversar com você, tem tempo que não se
falam. – Tom surgiu do nada segurando o braço de Nina e enviando um olhar de
desculpas a Robert, ela acabou indo com ele sem desviar os olhos de mim e de Robert.

- Sinto muito por isso, eu acho. – ele disse pra mim voltando a tragar seu cigarro e ligar
nossos olhares, eu desviei depois de dois segundos encarando a cor indefinida.

Eu não respondi, não sabia o que falar. Ele sentia muito pelo o quê afinal?

Então me veio uma pergunta em mente.

- Aquelas músicas? Não tinha escutado antes? São suas não são?

- São tão ruins assim? – ele disse divertido.

- Não, pelo contrário, são muito boas. – eu disse confiante e sincera.

- Obrigado, eu acho. – disse rindo baixo e eu fiquei com vontade de rir também.

Nossos olhos se encontraram de novo e mais uma vez se prenderam, nós dois
encostados naquela parede fria em uma noite de Los Angeles.
Os olhos de cor indefinida passaram a ser mais claros pra mim, era como se eu pudesse
enxergá-los de verdade a partir de agora.

E eles não eram mais indefinidos.

Eram de um verde azulado como um oceano e era tão claro como um nascer do sol.

Ele era mais lindo do que eu pensava.

Senti que ele se aproximava; não que ele fizesse algum movimento com o corpo, mas
talvez o fato de seus olhos terem caído por um milésimo de segundo para minha boca
fez com que eu achasse que ele estava mais perto.

E nosso contato visual se rompeu pelo barulho de um telefone.


De um maldito telefone.

Franzi a testa pra mim mesmo, me achando uma idiota. O que eu estava pensando?

Eu estava enlouquecendo. Só podia estar.

- Alô?! – ele atendeu parecendo estar com raiva, suas mãos passaram pelos fios de areia
de seu cabelo em um gesto irritado. Eu voltei a tragar cigarro que já estava no fim. – Eu
não sei ainda Lizzy, serão os últimos dias de estágio antes das férias e não sei quando
voltarei a Londres. – ele parou escutando a Lizzy do outro lado da linha. – Diga a ela
que estou bem. – ele colocou o cigarro na boca antes de jogar o resto fora pisando com
o pé, seus olhos caíram sobre mim, mas eu desviei. – Boa noite Lizzy, eu também.
Ele desligou o telefone o guardando no bolso, e me ofereceu outro cigarro que eu
rejeitei, oferecendo a ele do meu de menta agora. Ele sorriu aceitando e nos encostamos
novamente a parede.

- Já faz estágio. – eu disse afirmando.

- Sim, m formo do fim do ano, preciso disso pra passar no próximo semestre.

- Eu só me formo daqui a um ano e meio.

- Dois? Achei que estava na escola desde o ano passado...

- E estou, mas eu faço apenas licenciatura, para dar aulas... e são só de três anos. Já
completei o primeiro e termino o segundo esse ano, só faltará o terceiro, no ano que
vem. – expliquei pra ele.

- Achei que gostasse da matemática.

- Não é ruim, mais ainda não é o que quero fazer.

- E o que quer fazer?

- Assistência social eu acho. – disse percebendo que ele sabia mais da minha vida em
alguns dias do que minha mãe sabia de mim em seis anos. Aquilo teve um efeito
diferente sobre mim. Mas que não era desagradável. Não muito pelo menos.

- Isso é bem legal.

- Acho que sim. – eu ri baixo fazendo seus olhos se voltarem pra mim instantaneamente,
seus lábios se curvaram em um sorriso de ternura... e fascinação?

Louca. Minha mente gritou.

Neguei com a cabeça discretamente e rápido, tentando tirar aqueles pensamentos da


minha mente.

- Quer voltar lá pra dentro? Acho queo cigarro acabou... – ele riu pra depois jogar o que
restava de seu cigarro fora, eu fiz o mesmo tragando o meu de menta pela última vez.

Entramos e sentamos com os garotos de novo, Sam conversava com a Nina e Tom pedia
claramente desculpas a Robert pelo olhar, o mesmo revirou os olhos se sentando ao meu
lado.

Os olhos de Nina se perderam da conversa com Sam e passaram a me encarar, me


deixando um pouco desconfortável. Mas fingi que não me importava.
Eu engatei uma conversa com Robert e Tom e Sam pareceu desistir de Nina e entrou
também, ela já ficava apenas observando, ainda não sabia o por que dela estar ali...

- Olha lá Tom... – Sam bateu em seu ombro rindo e nos viramos na mesma hora para a
entrada do bar, onde uma moça de pele branca e cabelo preto entrava. Tom praticamente
se escondeu em baixo da mesa. Fazendo todo mundo rir.

- Não fala meu nome alto porra.

- Ahh qual é Tom, ela não deve ser tão ruim...

- A Camilla é uma chata Robert e não fala meu nome alto merda. – aquilo só fez Robert
rir ainda mais sendo seguido por mim logo depois.
- Ela é bonita. – Nina falou de repente.

- Ugh, é a única coisa que ela tem. – ele riu e voltou a se sentar direito na mesa quando
ela entrou para o bar.

Num momento de vislumbre olhei relógio de pulso de Robert e arregalei os olhos


vendo que já eram mais de uma da manhã. Eu não tinha horário pra chegar em casa,
mas já estava querendo ir embora, Nina ainda estava me incomodando.

Bebi um outro gole da cerveja e me aproximei de Robert.

- Eu já vou indo. – eu disse e ele se virou pra mim, o que foi uma péssima idéia já que
seus rosto estava perto demais do meu agora, eu tentava de novo controlar meu pulso.

- Já? Por quê?

- Eu quero ir. – me afastei enquanto ainda tinha sanidade e me levantei. – Já vou indo. –
disse sorrindo para os garotos que se levantaram e me abraçaram, eu retribui mesmo
surpresa e me sentindo estranha com tanto contato.

- Eu te levo. – Robert se levantou.

- É isso ai garoto. – Tom deu um tapa em suas costas voltando a beber. Robert riu me
guiando pra fora.

- Mas Robert...eu achei que você pudesse me levar..- Nina mordeu os lábios, era
impressão minha ou ela estava tentando seduzir alguém?
- Eu não posso Nina, peça pra Sam ou Tom. – ele se virou novamente pra mim
colocando sua mão em minhas costas até que estivéssemos do lado de fora do bar.

- Haam, você não precisa fazer isso, eu não tenho problemas em andar sozinha. –
mentira.

- Eu quero te levar. – mordi os lábios sem saber o que dizer.


- A Nina, ela não pareceu gostar...muito dessa idéia.

- Quem se importa? – ele riu pra mim e de repente foi inevitável não fazer o mesmo. –
Você tem um sorriso bonito, devia fazer isso mais vezes.

- Isso o quê? – disse ignorando a parte do ‘’bonito’’.

- Sorrir, você às vezes é... um pouco distante...

- Então não mais mal humorada? – perguntei divertida.

- Acho que os dois então. – ele riu baixo colocando as duas mãos dentro do bolso da
calça jeans e continuamos a caminhar. – Vai ficar por aqui no feriado de 4 de julho? –
por que ele estava me perguntando aquilo? Ainda estávamos na metade de junho...

- Ham, sim, provavelmente sim...não tenho pra onde ir...

- Ah sim...sua família?

- Miami. – respondi em seco e indiferente, não que eu não gostasse da minha mãe, mas
tinha meus motivos pra ficar longe de lá e longe dela. – Vai pra Londres? – perguntei.

- Eu não sei ainda, mais é bem provável que sim...tem algum tempo que não vejo minha
família. – ele disse dando de ombros me fazendo perceber que ele era um cara ligado a
isso; a família.

E eu gostei daquilo.

Estúpida. Minha mente me lembrou.

Me irritei comigo mesma de novo.


Passamos o resto do caminho conversando besteiras, bobagens e mais besteiras, era fácil
demais conversar com ele.
Parei quando já estava em frente ao meu prédio.
- Então é aqui.
- Certo. Eu te vejo... na universidade. – ele parecia querer falar outra coisa, mas eu não
perguntei o que era.

- Isso, universidade. – de repente era estranho eu me despedir apenas com um ‘’Tchau’’


e em um gesto totalmente idiota eu estiquei minha mão pra ele.

Ele riu é claro, mas não parecia achar minha ação tão idiota como eu mesmo achei. Ele
segurou minhas mãos na sua e deu um beijo em seu torso, me deixando surpresa.
É claro que ele é inglês.
Pensei sorrindo internamente.
- Boa noite Kristen.
- Boa noite Robert.
Eu disse tentando ignorar a merda da coisa estranha em meu estomago ao dizer o nome
dele e o ouvir dizendo meu nome.

Ele se virou depois de alguns segundos me olhando nos olhos e eu entrei logo para o
prédio, por que em um maldito impulso eu poderia ficar ali até vê-lo desaparecer.

Me encostei na porta do meu apartamento sentindo meu pulso acelerado, revirei os


olhos irritada e segui para o banho.

A úlltima coisa que me lembro era de ter chegado a minha cama, depois de um banho
frio e perguntado a mim mesma, por que não tinha tomado os remédios ou a minha
Vodka para conseguir dormir.

Mas quando acordei naquele sabado de manha sem ressacas ou dores infernais, eu
percebi que não importava, fosse o que fosse, tinha pelo menos afastado os pesadelos.

--

Capítulo 6
Capítulo 6

Notas iniciais do capítulo


:)

Apagar a Luz

Tédio.

Era tudo a que se resumiam meus finais de semana, já era domingo e eu não tinha posto
meus pés pra fora de casa.

Não que eu saísse muito, ou sequer saísse, eu só estava ficando enjoada dessa coisa toda
de tédio.

Liguei e desliguei a TV inúmeras vezes e meu telefone – celular e fixo – tocaram tão
inúmeras vezes quanto.

Era tão irritante ficar ouvindo aquele barulhinho chato e saber que você não ai atender.

Bufei irritada me levantando do sofá onde eu estava indo logo pra cozinha pegando uma
cerveja e bebendo tudo de uma vez só.
Eu precisava de mais bebida se quisesse dormir de novo sem pesadelos aquela noite.

Mas não foi a bebida que te livrou dos pesadelos.

Outra coisa irritante. Minha voz interna.

- Louca. – resmunguei pra mim mesmo batendo com força a porta da geladeira.

Mas por mais irritada que eu estivesse não podia negar que era verdade, eu não havia
precisado das bebidas na noite de sexta.

E ainda não descobri por que.

Talvez um certo ingl...

Grunhi mais irritada ainda e tendo certeza que estava louca, não deixei meu pensamento
completar aquela frase idiota e rumei para o meu quarto. Troquei de roupa rápido
tirando meus shorts e colocando uma jeans, eu não iria sair de short na rua, não mesmo.

Eu não sabia bem pra onde ir, mas não iria muito longe, pensei em ir à locadora e alugar
alguma coisa, mas desisti segundos depois, era longe da onde eu morava e eu não estava
a fim de pegar um taxi agora.

Fiquei andando boa parte do dia – na verdade o dia inteiro – sentindo o sol de Los
Angeles me queimar a pele, mas não era incomodo, não como era no México...

Não. Eu não iria pensar nisso agora.

Eu não iria pensar nisso. Não podia e não me permitiria.

Neguei com a cabeça fingindo que as imagens em minha mente fosse apenas isso:
imagens.

E não lembranças de uma vida que eu queria esquecer.

Respirei fundo e ergui a cabeça recebendo os raios solares em meu rosto e gostando da
sensação. Voltei a caminhar pela cidade observando o movimento.

Voltei pra casa quando escutei meu estomago protestar, mas antes de chegar lá, a
exatamente duas ruas do meu prédio e vi o Robert.

Ele parecia meio distante, e estava andando de um lado para o outro vagarosamente no
meio fio. Estranhei sua atitude me aproximando, ignorando os alertas em minha mente e
o medo começando a correr em minhas veias.
- Robert? – perguntei indecisa. Ele me olhou primeiro assustado e depois nervoso,
passando a mão em seus cabelos sorrindo um pouco sem graça.

- Hey... haam, eu estava só passando por aqui ... e .. – ele estava nervoso, isso era
visível. Mordi os lábios em reflexo a curiosidade.

- E... – perguntei pra só depois perceber que eu não tinha nada haver com aquilo.
Neguei com cabeça colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. – Certo, eu
não devia ter perguntado isso..eu...vou indo, haam...até amanha.
Eu já ia saindo quando suas mãos seguraram meu braço, em um ato reflexo meu corpo
se arrepiou, enviando calafrios de medo pelas minhas terminações nervosas, mas logo
depois seus olhos se encontraram com os meus e dessa vez os arrepios não eram de
medo.

- Espera..eu, só estava.. hmm.. você.. quer almoçar? – perguntou de repente.

Hãm?

- Como? – ele sorriu.

- Você quer iralmoçar comigo? Quer dizer, nós podemos ir ao Father's Office.

- Ah sim, o melhor sanduíche de Los Angeles...

- Isso, então... quer ir? – perguntou sorrindo novamente fazendo eu me sentir meio
perdida por alguns instantes.

- Haam, tudo bem... – disse querendo parecer indiferente, mas ficando feliz, mesmo sem
saber porque.

Onde estava minha coerência? Meu senso de preservação e minhas pernas quando eu
deveria estar correndo e me escondendo em casa?
Que saco Stewart.

Rolei os olhos pra mim mesma.

E enquanto eu caminhava com ele pelas ruas, eu sorria internamente por estar ali.
--
- Cheese burguer, batatas fritas e uma coca.

- O mesmo. – ele sorriu pra garçonete que sorriu de volta enquanto eu ficava levemente
incomodada com aquilo. Suspirei.

Que diabos havia comigo afinal?

- O que houve? – ouvi a voz de Robert ao longe me deixando confusa.


- Como?

- Aconteceu alguma coisa? Você parece distante...


- Oh, não, não, é..claro que não. Acho que só estou distraída. – ele riu. - Quando vai
tocar de novo? – disse tentando mudar de assunto, ele sorriu ainda mais.
- Eu não sei, acho que quinta-feira.
Assenti com a cabeça imaginando se eu poderia perguntar se seria no mesm..
- No mesmo lugar eu acho... – ele respondeu ao meu pensamento, mordi os lábios
involuntariamente percebendo seus olhos seguirem rapidamente meu movimento.
Franzi o cenho quando os mesmos se desviaram na mesma velocidade com um suspiro
quase imperceptível, mas não disse nada. Não havia nada pra dizer.
Nossos pedidos chegaram e Robert começou uma conversa alegre, me deixando muito
mais que confortável, exceto quando ele sorria diretamente pra mim e seus olhos me
encontravam, me prendendo neles e eu ficava incapaz de desviar dos azuis esverdeados
intensos.
- Sério, não ligue pro Tom e aquele papo de Kris... – ele disse rindo enquanto comia o
sanduíche. Eu sorri.
- Eu não ligo, não tenho problemas com o ‘’Kris’’ ... – ele riu.
- Okay Kris.
Rolei meus olhos divertida.
- O Sam, não estuda na universidade?
- Não. – bebeu da coca. – Ele é músico, sempre canta por ai...
- Ah sim, legal... você também leva jeito pra isso. – ele riu baixo me olhando.

- Estamos mesmo evoluindo não?!

Rolei os olhos novamente. Mas também estava sorrindo.

Meu celular tocou no meu bolso. Eu tinha trago aquela merda.

- Não vai atender? É só fingir que não estou aqui. – ele riu me vendo pegar o celular e
desligá-lo.

- Eu nem tinha que ter trago isso. – disse ficando irritada que fosse minha mãe
novamente.

- Isso me lembra que... – ele mesmo colocou sua mão no bolso, tirando o seu celular de
lá me entregando. – Eu ainda não tenho seu numero. – ele sorriu me deixando tonta por
um segundo.

- Ah claro. – peguei seu telefone anotando meu número o devolvendo minutos depois. –
Pronto. – disse sorrindo.

- Eu disse que você ficava linda sorrindo. – meu sorriso sumiu dando lugar ao meu
pulso acelerado. Controle-se sua idiota.
- Haam... obrigada, eu acho. – ele riu da minha falta depalavras e com certeza ele podia
ver o vermelho em meu rosto.

Eu me odiava.

Eu não podia nem formular uma frase decente para responder a ele.
E o que eu falaria afinal?

‘’ Ah sim Robert, eu também te acho lindo quando sorri e quando...’’

Argh.

Eu queria me matar.

- Então? Vamos? – perguntou quando me viu jogar o guardanapo na mesa.

- Claro. Vamos.

- Eu te deixo em casa ou você que ir a outro lugar?

- Ah..eu.. não sei.. – antes que eu terminasse a frase o celular tocou novamente, mas
dessa vez era o dele.

- Merda. – o ouvi resmungando antes de colocar o aparelho no ouvido. – Que? – ele não
parecia feliz em atender aquela ligação. – Não, eu não posso. – Seus olhos caíram sobre
mim. – Estou ocupado. – arregalei meus olhos enquanto ele sorria pra mim e piscava
um olho.

Céus.

Que merda era essa no meu estomago?

- Não, nem amanha. – ele falou mais alguma coisa que não entendi e desligou passando
a mão no cabelo e depois voltando seu olhar pra mim sorrindo.

- Então? Decidiu?

- Ah .. eu..eu não quero atrapalhar você...eu vou pra casa sozinha, não tem importância..

- É claro que não. Então você quer mesmo ir pra casa?

- Haam, sim.. eu quero. – mentira.

Ele apenas assentiu com a cabeça, parecia estar esperando outra resposta.
- Okay. Vamos? – ele voltou a sorrir. Eu sorri de volta. Já estava virando rotina, eu
simplesmente sorria de volta.

Voltamos a caminhar pelo sol da tarde de LA, ele era mais divertido do que eu podia
imaginar, era muito bom ficar na presença dele. Eu não sentia o medo normal, que eu
sentia quando outros garotos se aproximavam e isso era estranho..no mínimo diferente,
mas era agradável saber que eu não sentia esse medo o tempo inteiro.

Não quando estava com ele pelo menos.

- Entregue. – rolei os olhos com sua fala ouvindo sua risada logo em seguida.

- Certo. Então até amanhã. – ele mordeu os lábios e eu forcei meus olhos a se focarem
nos botões de sua camisa quadriculada.

- Eu não vou pra faculdade amanhã. – ele não falara como se estivesse alegre.

- Ah não? – isso queria dizer que não nos veríamos e eu estava...triste? Desapontada?

Ou apenas doida.

Foco Kristen.

- Estágio. – ele assentiu com a cabeça.

- Ah sim... – isso não mudava as coisas.

- Okay então ..haam ...até terça? – não era pra ser uma pergunta Stewart.

- Eu não sei, acho que teria estágio todos os dias agora, até as férias de verão.

- Mas e as provas?

- Eu farei no horário reservado.

- Ah sim...

Eu ainda estava desapontada.

- Certo, haam...

- Eu posso te ligar?

- Pode. – eu iria falar ‘’claro que pode’’ mas felizmente segurei minha língua.
- Okay. – ele sorriu se aproximando, eu quase dei um passo pra trás por instinto, mas
também me segurei, sem saber por que, alias...eu não sabia era mais de nada. – Até Kris.
– seu sorriso se alargou e seus lábios encostaram-se a meu rosto, na minha bochecha
direita.

Em um gesto mais carinhoso e passional que um simples aceno de despedida.

E eu me senti tonta novamente.

- Até. – ele sorriu antes de se virar e começar a caminhar e antes de virar a esquina,
olhou pra trás novamente.

Eu devo ter ficado ali parada igual a uma idiota sem nem mesmo pensar, por alguns
longos minutos, as pessoas já me olhavam como se eu fosse louca.

Atenção. Ótimo. Tudo o que eu precisava era de atenção.

Rolei os olhos ironicamente virando as costas pra rua e entrando no prédio.

Me sentei em frente a TV e passei horas na frente dela sem nem ver o que se passava.

Me dei conta do horário quando os créditos finais de um filme começaram a passar.

Olhei no relógio do meu microondas e vi que daqui a pouco já seria o pôr-do-sol.

Respirei fundo pegando uma roupa qualquer em meu guarda-roupa e entrando no


banho.

Adormeci como na noite de sexta-feira. Sem precisar das bebidas.

--
Vamos lá Kristen. Você consegue.

Era o que eu me dizia a exatos 30min. Aquele teste estava um horror e eu estava presa
em uma única questão.

Fórmulas.

Argh.
Eu precisava sair dali, aquela sala já estava me sufocando.

Era a bebida. Era a falta da minha bebida.

Hoje era quarta-feira. Isso conta com desde sábado sem beber nada, por que eu tive uma
linda ilusão de que se eu dormir duas noites sem elas, eu poderia dormir o resto.
Mas não foi bem assim.

Os pesadelos voltaram com força total na noite de ontem pra hoje.

Na segunda-feira eu dormi plenamente, é claro que isso não tinha nada haver com as
SMS que troquei com Robert pela noite afora.

‘’ Já está dormindo? Bom, se não...é só pra dizer boa noite. Robert.’’

‘’ Estou aqui. Kris.’’

‘’ Kris?’’

‘’ Whatever.’’

‘’ Eu quase posso te ver rolando os olhos nesses momento.’’ – eu me lembro de ter rido
ao ler a mensagem, deitada em minha cama com os olhos grudados na tela no telefone.
Eu apostava que ele estava sorrindo, mas é claro que eu não diria aquilo.

Nós conversamos assim, por um bom tempo, apenas banalidades, faculdade, ele me
contou do estágio, mas alguma coisa ainda me incomodava ali.

Deixei pra lá.

Abanei a cabeça, me livrando das memórias e passando para a álgebra novamente.

Eu sai da sala já era tarde, tarde pra mim pelo menos que estava acostumada a ser uma
das primeiras. Fui até a biblioteca na cabine de sempre, suspirando ai vê-la vazia.

Tirei meu cigarro – de canela – do bolso tragando um ou dois palitos antes de me


levantar novamente.

Cheguei em casa praticamente correndo pelos corredores. Tranquei minha porta como
sempre fazia e fui direto pra cozinha, deixando a bebida pura fazer efeito em meu
organismo.
Eu não recebi SMS’s aquele dia, nem no dia anterior.
Eu precisava dos meus remédios novamente.
Parecia que eu estava dormindo sobre algo frio, gelado e me cortava de fora pra dentro.
Eu sentia facas internas em meu baixo ventre me impedindo de querer abrir os olhos
pela dor.

Eu ouvia um barulho irritante, vindo de algum lugar perto de mim, mas me recusava a
abrir os olhos. Eu não queria saber onde estava, tinha medo de que ainda estivesse no
mesmo lugar sujo e escuro que eu costumava viver depois dos 9 anos.

Eu preferia nunca mais abrir os olhos, se fosse pra ver aquele lugar novamente.
- Kristen. – ouvi meu nome de longe numa voz familiar. – Kristen, me atenda...estou
ficando preocupado.

Reconheci a voz do meu irmão com pesar.

Quem eu estava esperando afinal?

Consegui abrir os olhos vendo com clareza e alivio de que eu estava apenas no chão da
minha cozinha e não num lugar sujo e fedorento.

- Kristen. – era a secretária eletrônica que enviava a voz do meu irmão.


Minha cabeça explodia latejando, deixando o barulho ainda mais desagradável a minha
crise de ressaca.

Me arrastei até o telefone em minha mesinha de cabeceira ao lado do sofá e coloquei no


ouvido.

- Alô. – minha voz saiu mais arrastada do que eu imaginava.

- Kris? Caramba, eu fiquei preocupado...achei que..

- Que o que Taylor?

- Você bebeu não foi?

- Me deixe em paz. – resmunguei.

- Você tem que parar com isso.

- E você tem que parar de querer mandar em mim.

- Sou seu irmão mais velho, tenho direito de cuidar de você.

- Eu não preciso de cuidados. – disse rápido querendo voltar logo pro chão da cozinha,
ainda tinha bebida na garrafa.

- Nós dois sabemos que você precisa.

- Vai se ferrar Taylor. E não me ligue mais. – bati o telefone com força no gancho,
tirando as ligações com a tomada.

- Quem precisa da merda de cuidados. – resmunguei pra mim mesma novamente,


voltando para a cozinha e acabando com o resto da vodka, eu ainda devia ter cervejas na
geladeira.
Bip Bip

Mas que merda.

Me levantei irritada querendo saber quem era o idiota que me perturbava de novo e
percebi que era do meu celular.

Vi o nome da frente e atendi aquela droga.

- Quê?

- Wow, estamos de mau humor hoje. – ele estava se divertindo.

- Sério? – ele riu baixo de novo, mas depois pareceu ter ficado sério.

- Queria dizer que sinto muito por não ter te ligado nem nada ontem, nem na terça.. eu
trabalhei o dia inteiro e ia te ligar a noite, mas achei que estaria dormindo.

- Hum.

- É sério Kris, escute. Vem no pub hoje? Eu não vou tocar, mas o Sam vai..

- Não sei se vai dá.

- Por favor. Não seja difícil.- eu suspirei. – Eu passo aí que horas?


- Pra que vai passar aqui? – perguntei depressa.

- Para irmos ao pub Kristen. Esquece, passo aí as 21:00.

- Okay. – disse derrotada.

Eu não iria negar de qualquer forma.

Desliguei o telefone e me senti deplorável, eu estava cheirando completamente a álcool


e a madeira. Ótimo.

Bufei irritada voltando a área de serviço e pegando minha toalha para um banho quente.
Odiava tomar banho frio.

A banheira me fez relaxar um pouco e eu percebi que tinha sido estúpida com meu
irmão. Ele só queria me ajudar no final das contas, eu apenas não gostava de parecer tão
dependente assim.

Sai do banho olhando no relógio de cabeceira do meu quarto. Já eram quase hora do
almoço, mas hoje eu queria cozinhar. Coloquei uma roupa qualquer e fui pra cozinha,
jogando a garrafa de Vodka vazia no lixo e limpando o que eu havia derramado ontem.
Depois de limpado tudo eu tomei dois comprimidos pra dor de cabeça e dor muscular, já
que eu não ficara muito bem dormindo naquele chão.

Preparei um arroz com cenoura, frango frito e batatas. Sentei no banco alto deixando o
prato em cima do balcão e comecei a comer.

A dor de cabeça foi cedendo dando lugar ao sono, passei a maior parte da tarde
dormindo e quando acordei fui estudar, eu ainda tinha prova amanhã e na próxima
segunda-feira .

Me levantei da escrivaninha do meu quarto eram exatamente 20:00, eu não precisava de


muito tempo para me arrumar. Coloquei um vestido até os joelhos e uma sandália baixa,
não estava fazendo frio e eu esperava que não esfriasse depois.

Dei um jeito em meu cabelo, deixando metade dele preso e a outra metade solta.

Não devia estar tão ruim, eu não saberia dizer com certeza por que não me olhava no
espelho para fazê-lo.

Meu telefone tocou.

- Oi.

- Hey, já esta pronta? – revirei os olhos.

- Estou.

- Então pode descer, eu não sei o numero do seu apartamento e não me faça apertar
todos. – ele riu e foi inevitável que eu não o fizesse de volta pra ele.

- Okay, estou indo.

Desliguei, trancando a porta da frente.

Ele me esperava lá embaixo com uma calça jeans e a blusa quadriculada de vermelho e
sorriu ao me ver.

- Woow.

- Hey. – disse o olhando.

- Vamos? – ele pareceu que ia falar mais, mas não disse e eu não perguntei.

- Vamos. É no mesmo pub?

- Não, dessa vez é perto da praia. Podemos pegar um táxi.


- Tudo bem. – ele sorriu me olhando e parando no meio fio fazendo sinal para algum
taxi que passava por ali.

Abriu a porta do carro pra mim.

- Praia de Santa Mônica. – ele disse ao motorista que fez o que ele pediu. – Quer um
cigarro? – perguntou me olhando.

- Claro. – ele me entregou um dele, eu tinha esquecido o meu, na verdade o meu tinha
acabado, eu compraria um mais tarde em alguma conveniência.

É claro que o motorista reclamou abrindo a janela do carro, eu quase ri quando Robert
revirou os olhos.

Quase.

Mas uma pequena parte de mim sentiu medo. Eu estava no carro com um garoto e por
mais que eu me sentisse bem ao lado dele, ainda sim eu quis chegar logo no pub.

Ele acendeu seu cigarro e logo depois o meu, nossos olhos se encontraram e eu passei a
mão no cabelo nervosa para vê-lo fazer o mesmo logo em seguida soltando um riso
baixo, com algo que não consegui saber por que.

- Chegamos. – ele disse sorrindo abrindo a porta do carro pra mim novamente. –
Madame.

Revirei os olhos enquanto ele sorria. Sorri de volta apesar dele não ter visto.

Entramos no pub e o lugar já estava cheio de gente, eu reconheci Sam no palco que
quando me viu sorriu e acenou com a mão. Acenei de volta sentindo Robert colocar as
mãos em minhas costas me guiando por entre as pessoas, eu fiquei grata a ele por isso,
não apenas pela sensação agradável que seu toque me causava, mas também pelo meu
equilíbrio.

Era bem provável que eu abaixasse minha cabeça em meio a toda aquela gente e
acabasse batendo em alguém. O significava atenção.

- Aqui. Senta aqui. – sentei-me à mesa que era um pouco afastada, mas ele ainda
continuava de pé. – Vou falar com Sam e já volto. – ele olhou em volta parecendo não
querer se afastar. – Não demoro. – ele se virou com um suspiro andando em direção ao
palco.

Eu fiquei observando enquanto ele conversava com Sam, o modo como seus lábios se
moviam e como suas mãos passavam por seu cabelo a cada minuto. Sorri
involuntariamente mordendo os lábios.
Você só precisa se aproximar...

Voz interna irritante.

Rolei os olhos internamente ficando com raiva de meus pensamentos precisando


urgente de uma cerveja. Passei os olhos pelo bar tentando encontrar um garçom, eu não
queria sair daqui. Vi um par de olhos estranhos me incomodando até que parei para ver
quem era e vi Nina, me encarando séria, apesar de não estar com cara fechada.

Desviei o olhar, eu não tinha motivos para ficar a encarando e ainda não sabia o motivo
dela ter essa ‘’raiva’’ de mim.

Olhei pra Robert de repente, querendo que ele voltasse logo para mesa, e como se
tivesse sido puxado ele me encarou de volta, ele sorriu e eu esqueci do que queria
quando seus olhos me olhavam daquela maneira ou seu sorriso que naquele momento
era pra mim.

- Kris. – ouvi meu nome sendo cantado e como estava no banco encostado na parede
olhei pro meu lado vendo Tom com uma garota loira que também sorria.

- Oi Tom. – sorri a ele que me abraçou desajeitado já que eu estava sentada.

- Onde está o Rob?

- No palco, foi falar com Sam.

- Vou lá então. E ah, me deixe te apresentar. Dakota esta é Kris, Kris Dakota.

- Oii. – ela me abraçou também sorrindo e eu retribuí tentando não me sentir estranha
com tanto contato.

- Olá. Já não vi você na faculdade? – perguntei distraída, eu raramente via alguém, mas
tinha certeza que já a tinha avistado pelos corredores.

- Sim, faço Biologia e você?

- Matemática.

- Ah é mesmo, o Rob falou..

- Falou?

- Haam, sim... acho que ouvi algo sobre isso... – ela mordeu os lábios como se tivesse
falado demais, franzi o cenho, mas não falei nada. – Veio aqui na última noite com os
garotos? – perguntou animada.

- Ah sim, eu vim...
- Queria ter vindo, o Rob canta bem... – ela sorriu sincera.

Ou era eles que sorriam demais ou eu que nunca sorria.

- É... ele canta. – eu me senti bem dizendo aquilo.

- Voltei.

- Voltamos meu caro. – Tom respondeu a frase de Robert e os dois se sentaram a mesa
rindo, Robert se sentou ao meu lado e Tom ao lado de Dakota lhe dando um beijo de
leve nos lábios, desviei o olhar.

- Então demorei? – perguntou divertido.

- Não sei... – ele riu.

- Vou pedir uma cerveja, quer?

- Sim, por favor. – ele assentiu com a cabeça acenando para um garçom que passava.

- Três cervejas e... vai querer o que Dak?

- Vodka. – ela respondeu.

- Três cervejas e uma vodka. – ele fez o pedido. – Sam falou que vem logo pra cá. – ele
disse a mim depois que o garçom foi embora.

- Ele vai tocar com a banda?

- Não, hoje não... ele vai amanha pra Malibu, vai tocar por lá com a banda.

- Ah sim. Por que não vai tocar hoje? – perguntei enquanto ele pegava as canecas com o
garçom e me entregava uma.

- Ainda estou compondo alguma coisa... – ele sorriu pra mim.

- Vai me mostrar? – nem eu acreditei que tinha perguntado aquilo, desviei um olhar do
dele e tomei minha cerveja.

- Talvez. – ele disse sorrindo de novo. Virei ainda mais minha cerveja.

Eu também precisaria de uma vodka aquela noite.

Sam começou a tocar e as pessoas iam cada vez mais pra pista de dança, ele tocava
muito bem, algumas garotas gritavam pra ele que ria entre divertido e envergonhado.
- Quer fumar? – perguntou Robert. Virei meu copo de vodka que eu tinha pedido há
algum tempo, aquele já era meu terceiro.

- Claro. – me levantei ficando um pouco tonta, mas consegui disfarçar, não que isso
tivesse passado despercebido a Robert que sorriu apoiando suas mãos em minhas costas,
Tom disse alguma coisa pra ele que eu não tinha escutado e saímos do bar logo em
seguida. – Vamos até uma conveniência?

- Claro, mas pra quê? – ele perguntou.

- Preciso comprar cigarros.

- Ah sim, sabe que pode fumar do meu. – ele sorriu e eu sorri de volta simplesmente.

- Sim, mas aí não terei mais pra amanha e nem você. – mordi os lábios apontando minha
frase pra ele que riu baixo.

- Certo. Vamos. – começamos a caminhar em direção a rua de trás do pub, onde havia
uma conveniência.

O vento frio fazia bem a minha tontura da bebida e infelizmente ele não tinha mais
motivos pra deixar suas mãos em mim.

Certo. Pare com isso. Agora.

Resmunguei internamente.

- Está distante ou é a bebida? – perguntou divertido, sorri um pouco olhando pra ele.

- Um pouco dos dois eu acho.

- Você ficou estranha lá dentro. O que houve? – franzi o cenho.

- Eu fiquei?

- Sim, antes de eu voltar pra mesa.

Ah claro, foi então que me lembrei da Nina.

- Qual o lance com a Nina?

- Ela falou com você? – perguntou fechando um pouco a expressão, era estranho ele
ficar assim, eu estava acostumada com seus sorrisos.

- Não. É só estranho...sei lá.. – eu nem sabia o que quero dizer.


- Sinto muito por isso, eu acho. – ele suspirou passando a mão esquerda no cabelo em
nervosismo. – Não se importe com isso, Nina é exagerada às vezes. – mordi os lábios
prendendo uma pergunta.

- Vocês se conhecem? – dei ênfase no ‘’conhecem’’ e ele entendeu o que eu quis dizer.

- Velhos tempos e essa coisa toda. – ele disse rindo baixo sem se importar muito com
aquilo.

- Ex-namorada... – eu tinha que aprender a ficar de boca fechada.


- Não chegou a tanto.

Eu não tinha que ter ficado alegre com aquilo. Mordi os lábios e ele me fitou parando e
repente no meio da rua.

- O que foi?

- Nada. – ele sorriu se aproximando e pareceu natural quando ele tirou uma mecha de
meu cabelo do rosto, colocando atrás da minha orelha e deixando sua mão ali, enquanto
um sorriso ainda se fazia em seu rosto.

Minha pele formigou e eu senti meu pulso se acelerando.

Nossos olhos grudados um no outro, eu não podia nem pensar em desviar dos azuis
esverdeados que me prendiam e não me deixavam desconfortáveis. Não mais.

O momento passou e ele se afastou depois de alguns segundos ainda sorrindo, foi
inevitável não o fazê-lo também.

- Vai sair cedo da faculdade amanhã?

- Haam, eu não sei...se eu acabar o teste cedo... por que?

- Podíamos fazer alguma coisa. – franzi o cenho.

- Fazer o que?

- Não sei, passo na sua casa. – assenti com a cabeça. Recebendo seu sorriso.

Entramos na conveniência e compramos meu cigarro, sim compramos por que ele não
me deixou pagar, eu quase gritei dizendo que não queria e que era desnecessário, mas
ele me ignorou completamente pagando o cigarro e comprando algumas garrafas de
cerveja.

- Pra que isso? Não vamos voltar ao pub? – perguntei apontando pra sacola de cervejas
enquanto ele tinha um cigarro na boca.
- Não precisamos voltar lá.

- Achei que íamos ver o Sam tocar. – ele sorriu pegando o cigarro entre os dedos.

- Você quer voltar?

Eu queria?

- Não. – me vi respondendo de repente enquanto seus olhos me prendiam de novo. Ele


sorriu ainda mais largamente enquanto acendia mais um cigarro passando ele pra mim.

Nós voltamos a caminhar a esmo, nem eu, nem ele sabíamos pra onde estávamos indo,
mas pela primeira vez não me importei. Eu gostava de ficar com ele, era...diferente.

Um diferente bom.

Paramos em frente à praia, estava um lugar tão bonito..

Eu não vinha à praia, era cicatriz de mais para ser exposta.

- Venha. – ele pegou em minha mão de repente deixando minha pele formigando. Foi
me guiando pela areia fofa até estarmos mais perto do mar e se sentou. Me sentei ao seu
lado enquanto ele já abria uma cerveja e passava pra mim.

Ficamos bebendo e fumando durante um bom tempo, a cerveja já estava acabando e eu


me perguntei se ele iria comprar mais, não pela bebida em si, apenas para não sairmos
dali.

‘’Não pela bebida em si’’ Que merda era aquela que eu estava pensando?

Suspirei.

- O quê foi? – talvez eu tenha suspirado alto demais.

- Nada...só estava pensando... – ele sorriu.

- Não vai me contar? – perguntou divertido.

- Talvez. – ele sorriu ainda mais. – Não vai me contar os seus? – perguntei sem esperar
resposta, apenas por diversão.

- Eu te acho incrível. – disse sorrindo.

Como? Eu parei por um instante.


Incrível...

Ele realmente não me conhecia.

- Perguntei dos seus pensamentos. – disse desviando o olhar para o mar tentando ainda
parecer um pouco divertida.

- E eu te respondi.

- Não pode pensar isso...nem nos conhecemos direito.

Ele não me respondeu.

Apenas me olhou e eu não tentei desviar o olhar.

Continuei encarando seus olhos até que com um movimento ele tocou meu rosto.

Era inevitável que eu deitasse minha cabeça em sua mão, a temperatura morna era
agradável

Agradável demais eu diria.

- Você só precisa deixar.. – ele disse em um sussurro e eu lutei pra deixar meus olhos
abertos.

- Deixar o quê?
- Que eu te conheça. – eu me retesei, sentindo o medo fluir por minhas veias .
- Você não vai querer me conhecer... – respondi evasiva não querendo falar daquilo.
- Eu posso decidir isso.

E contrariando todas as minhas expectativas...ele se afastou...

Eu quase me irritei, mas tinha aquela voz dentro de mim... a voz que sempre falava mais
alto quando meu passado vinha a tona...

Ele realmente não iria querer me conhecer.

Eu não valia à pena e se nos aproximássemos mais, ele logo descobriria aquilo...

E eu já me odiava o bastante para querer que ele me odiasse também.

Bebi um último gole da cerveja e joguei meu cigarro fora me levantando.

- Eu tenho que ir. – ele também se levantou.

- Ter que ir, é diferente de querer ir.


- Acho que é um pouco dos dois então.

Eu não esperei por uma resposta.

Comecei a caminhar a passos rápidos ignorando o medo de andar pelas ruas sozinhas,
isso me lembrava tantas coisas...

Não deixei que as lágrimas caíssem, no fundo eu ainda esperava que ele ainda viesse
atrás de mim, mas isso não aconteceu...

Ele devia ter escutado meu recado silencioso.

Eu jamais valeria à pena.

--

Capítulo 7
Capítulo 7

Notas iniciais do capítulo


mais um capitulo :) espero que gostem ;*

Apagar a Luz

Eu não havia segurado as lágrimas por muito tempo.

Obvio.

E minha garrafa de vodka tinha me feito companhia mais uma vez.

Normal.

Eu recebi SMS’s a noite inteira...eu queria muito ter ignorado todas elas, o que eu fiz,
parcialmente pelo menos, porque eu lia e não respondia.

‘’ Você está bem? Fiquei preocupado... eu te ligo amanhã. Rob. ’’

‘’ Já está em casa?’’

‘’ Nos falamos depois então. ’’


E eu não sabia dizer por que, mas sua última mensagem havia me afetado mais, me
fazendo beber ainda mais da minha bebida.
Eu não devia sentir aquela merda. Eu nem queria nada daquilo.

Na sexta eu não o vi, ele me mandou uma SMS... perguntando novamente se eu estava
bem e o que tinha acontecido. É claro que eu não ia dizer.

E para piorar a minha sexta-feira minha mãe me liga.

- Eu estou tentando Kristen, mas você não me dá noticias. Poderia por um segundo
deixar sua rebeldia e atender ao telefone? – ouvi seu suspiro antes que ela desligasse o
telefone deixando o recado na secretária eletrônica.

Rebeldia...

Se eu fosse rebelde tinha colocado um fim naquele casamento idiota que ela tinha a
muito tempo e teria estragado a vida boa dela em Miami contando a minha história.

Mas eu fui idiota o suficiente quando fugi de lá não querendo que ela sofresse com o
que eu tinha passado, já tinha sido demais ver a cara de Taylor quando ele soube...
Eu passei meu final de semana inteiro deitada em meu quarto.
Aquele fim de semana em especial estava sendo difícil, era o aniversário do meu pai, se
ele ainda estivesse vivo...
Lembrar da morte dele era a mesma coisa que me lembrar de tudo.
Eu não estava lá quando ele se foi... e eu sabia que tinha culpa na historia. Por que eles
estavam atrás de mim, mais jamais conseguiram me achar...

Isso foi apenas o matando aos poucos...

Eu sentia meu peito doer, minha cabeça explodia e se eu não arranjasse algo pra fazer,
eu iria enlouquecer..

Ou entrar em depressão novamente...

E talvez até fosse o melhor. Eu passara tantos anos assim que acabei por me acostumar a
comodidade que a depressão me causava, passou a ser confortável com o passar do
tempo.

E no decorrer da semana eu me vi buscando algo que eu não sabia bem o que era, pelos
corredores da faculdade, eu passava mais tempo na cabine da biblioteca fumando meu
cigarro - que agora era de canela – e olhando incansavelmente para a pequena porta.

Até que eu me xingava mentalmente e me odiava ainda mais por estar sendo idiota; e eu
me levantava e saia dali.

Já era quinta-feira novamente e eu me sentia uma estúpida por estar sentindo falta dele.
Bufei irritada enquanto fazia um chocolate quente. Coloquei tudo na panela e estava
mexendo há alguns minutos.

Meu telefone fixo tocou novamente e eu deixei tocá-lo até cair na secretária, mas
quando vi que era meu irmão eu atendi...ainda devia um pedido de desculpas a ele.

- Hey Tay.

- Vejo que está melhor.

- É...bem sim...haam...escute.. eu sinto muito okay...não devia ter falado daquele jeito.

- Não se preocupe com isso Kris. Você está bem?

- Sim, estou sim. Oh droga. – corri de volta pra cozinha desligando o fogo e vendo com
alivio que não tinha estragado tudo.

- O que houve? – perguntou preocupado, eu suspirei.

- Nada, achei que estava queimando algo no fogo. – ele riu.

- Certo. Tenho que ir, me ligue okay. Melanie está te mandando um beijo.

- Mande outro pra ela. – respondi me referindo a sua esposa.

- Mandarei. Se cuida.

Nos despedimos e desligamos. Coloquei o chocolate quente em uma caneca e fui pra
sala, sentei no meu sofá ligando a TV em algum canal idiota de perguntas e respostas.

Olhei pela minha janela e vi que ia chover, era tão raro chover em LA, mas acontecia às
vezes.

Continuei tomando meu chocolate até que vi que já era tarde e resolvi tomar um banho.
Devo ter adormecido na banheira por que meus dedos ficaram enrugados quando sai de
lá, colocando uma calça larga cinza e uma blusa sem mangas.

Em casa era o único local onde eu me permitia ficar de short, mas naquela semana eu
não suportaria ver minhas cicatrizes. Coloquei minha toalha na área de serviço e quando
comecei a lavar a roupa a maldita da campainha tocou, me deixando irritado por que
tinha certeza que seria algum carteiro idiota me entregando alguma coisa idiota.

Mas eu não podia estar mais errada, foi o meu pensamento quando abri a porta dando de
cara com os olhos azuis esverdeados que encontraram com os meus.

- Robert? – perguntei incrédula.


- Eu acho que sim.

- Como...? Como você...?

- Eu disse que ia acabar batendo em cada apartamento, ainda bem que te encontrei a
tempo, a senhora do andar debaixo deve estar me praguejando até agora. – ele disse com
o seu sorriso no rosto e eu me permiti sorrir também.

Eu senti tanta falta daquilo.

- E aí posso entrar ou não?

Eu fiquei indecisa por meio segundo, minha razão debatendo em batalhas com o que eu
queria. E no final eu apenas ignorei a voz do receio em minha cabeça e dei espaço pra
que ele entrasse no apartamento.

Tente me desligar do fato de que eu estava sozinha com um garoto em minha casa.

Fique calma.

Era a única coisa que minha mente falava.

- Então.. – tentei começar a conversa. – É agora que você me diz o que veio fazer aqui?
– perguntei mordendo os lábios para vê-lo sorrindo e mandando embora
automaticamente meu medo anterior.

- Podemos começar com você me respondendo, porque não atendia minhas ligações...

Eu suspirei indo pra cozinha, ele me seguiu.

- Pra que eu atenderia?

- Pra me informar que estava viva pelo menos, eu fiquei preocupado.

Rolei os olhos enquanto abria a geladeira pegando duas garrafas de cerveja as abrindo
oferecendo uma pra ele e pegando outra pra mim.

- Não precisava ficar preocupado, eu estou ótima.

- Certo. Ainda estou chateado.

Eu bufei não acreditando naquilo.

- Mas...você pode se redimir...


- Posso é?

- Pode. Vamos jantar hoje?

Eu quase engasguei com a cerveja.

Ele era doido?

- Você é doido? – verbalizei o pensamento. Ele riu, é claro.

- Não, é apenas um convite. Eu te pego as 20:00.

- Ainda não disse se vou.

- Não seja difícil, você passou mais de uma semana me ignorando completamente. Não
vou deixar isso passar em branco.

Ele estava se divertindo, bebeu mais um gole da cerveja enquanto eu ainda não
respondia.

- As 20:00 Kristen. Em ponto.

Foi a última coisa que ele disse antes de se inclinar e me dá um beijo na testa para
depois sair da cozinha e logo após pela porta.

Foi fácil sorrir depois disso enquanto ainda sentia minha pele formigando pelo seu
contato.

Eu tinha realmente sentido falta dele.

--

- Você podia pelo menos ter me dito que íamos a um lugar assim.

- Qual o problema? Não gostou? – perguntou enquanto abria a porta do taxi pra mim em
frente a um restaurante bonito. Eu não tinha entendido o nome, mas me parecia ser
cubano.

O lugar não chegava a ser chique ou cheio de frescuras, mas eu achei que iríamos a uma
lanchonete. Não que eu estivesse reclamando é claro.

- Não é isso... apenas acho que... ah esquece, vamos...

- Acha o quê? – ele me puxou de volta pelo pulso.

- Eu poderia ter colocado uma roupa melhor em vez de jeans e all star.
- Mas você está linda. – ele disse enquanto tirava uma mecha de meu cabelo do meu
rosto.

Eu tentei ignorar o toque e meu pulso acelerado.

Rolei os olhos o fazendo rir é claro.

- Vamos lá. – ele me puxou pela mão entrando comigo no lugar.

Eu tinha razão, era cubano.

- O que vai querer?

- Tortilhas. – ele sorriu.

- O mesmo. – respondeu ao garçom. – Ainda está incomodada com a roupa? – disse


depois que o garçom foi embora.

- Eu não estou incomodada.

- Estamos mal humorados hoje? – perguntou divertido. Rolei os olhos. – A Dakota


gostou de você. – ele disse mudando de assunto.

- Ela é legal. – respondi sincera.

- Ela é sim.

- Se conhecem a muito tempo?

- Ela nasceu aqui, mas foi pra Londres em um intercâmbio, foi lá que conheceu Tom e
quando viemos pra cá, ela também voltou.

- Legal. Ela mora no campus não é?

- Sim, mas acho que é por pouco tempo...

- Ah sim.

- O que tem feito nessa semana? – suspirei, não querendo falar daquilo.

- Nada demais, faculdade, casa, faculdade, casa e etc... e você?

- Trabalho, faculdade, campus, ligar pra você, trabalho, faculdade, campus e ligar pra
você...
- Você não me ligou tanto assim...

- Já olhou em seu celular?

- Não, ele deve estar perdido em algum lugar da casa. – respondi sincera recebendo um
sorriso seu.

- Então não pode me afirmar isso.

Rolei os olhos derrotada.

O garçom chegou com nossa comida e comemos em um silêncio reconfortante.

Eu pegava alguns de seus olhares em mim e retribuía da mesma forma.

- Vamos dar uma volta.

Ele disse quando voltamos ao lado de fora do restaurante.

Los Angeles era lindo, principalmente à noite.

Nós começamos a andar, conversando amenidades, falando besteiras e discutindo sobre


cigarros.

- Nós devíamos realmente parar. – eu disse rindo quando voltamos a praia e ele acendia
um cigarro.

- Nós vamos tentar. – eu ri de novo sabendo que aquilo não era verdade. Ele riu junto
comigo.

- Você sorriu mais esta noite do que todos os outros dias em que te vi.

- Eu sorri mais hoje do que em todos os outros dias da minha vida.

Ele fingiu que não me ouviu, talvez ele percebesse que eu não iria lhe dar respostas.

- Então? Preparado para a formação? – ele rolou os olhos sorrindo.

- Não vejo a hora de isso acabar pra falar a verdade.

- Não gosta do curso?

- Aprendi a gostar com o tempo, não é tão ruim quanto parece.

- Entendo. Por que decidiu fazer? – ele deu de ombros pegando o cigarro entre os dedos
e soltando a fumaça devagar.
- Eu tinha que fazer algo da vida. – ele riu. – Os bares de Londres não iriam me
agüentar por muito tempo mais.

- E seus pais?

- Eles gostam do que faço. Mas gostariam de qualquer outro curso, eles aprovam minhas
escolhas, algumas delas pelos menos. – ele riu de novo.
- Isso é legal.

- E sua família?

Suspirei, não queria falar, mas eu tinha perguntado primeiro, ele apenas revidou.

- Minha mãe mora em Miami com meu irmão mais novo e o marido dela. – tentei não
me sentir sufocada falando nisso. - E meu irmão mais velho mora com a Mulher em NY.
Nos falamos as vezes.

- Seu pai? – engoli em seco.

- Faleceu há alguns anos. – ele não disse nada, e eu gostei disso, ele não era clichê e não
iria soltar um ‘’sinto muito’’. Era legal da parte dele, era a forma dele de dizer que
sentia muito. – Quando acaba seu estágio? – mudei de assunto.

- Um pouco antes de me formar.

- Terá férias?

- Sim, as férias de verão, normal. – assenti com a cabeça e ele parou de repente se
virando pra mim e sorrindo. – Vem comigo. – ele começou a me puxar pela mão e eu ri
quando começamos a praticamente correr.

Subimos em uma determinada parte da praia que era mais alta que as outras e ele me
ajudou a subir por sobre umas pedras que até então eram desconhecida pra mim.

- Uaal. – foi à única coisa que eu disse quando olhei a vista espetacular que tinha ali de
cima, a lua cheia batia no mar fazendo o vasto caminho de luz, junto com vento leve da
noite, nos trazendo o cheiro da maresia.– É lindo. – olhei pra ele que estava ao meu
lado.

- A maioria das garotas diria que é romântico. – ele riu baixo fazendo uma careta se
formar em meu rosto.

- Não sou a maioria das garotas.

- Não. Você não é. – ele se virou de frente pra mim.


Nossos olhos se encontraram e eu me senti tremer por dentro. Meus lábios estavam
secos de repente e eu os umedeci de forma rápida, seus olhos acompanharam meu
movimento voltando a me encarar no segundo seguinte.

Ele estava se aproximando e minha respiração não podia ser mais acelerada junto com
meu coração, seus olhos se fixaram em minha boca para voltar depois voltar aos meus.

O formigamento em minha bochecha era pela sua mão que agora tocava meu rosto,
enquanto a outra me abraçava pela cintura me trazendo cada vez mais pra perto...

Nossas respirações se misturavam e o hálito quente de canela me invadia, fazendo eu


me sentir levemente tonta.

- Robert.. – sussurrei embriagada com sua proximidade.

- Me deixe te levar. – ele pediu em um sussurro como o meu.

E eu me deixei levar por ele.

Minha mente se apagou quando seus lábios se encostaram aos meus.

Era indescritível a sensação de ser beijada por alguém que você quer que te beije. Sim
por que aquele era o meu primeiro beijo que não era forçado ou algo assim.

E eu descobri que queria tê-lo beijado a muito tempo.

Esperei pelo medo quando seus dois braços de repente foram pra minha cintura, me
abraçando e suas mãos se espalmando na lateral do meu corpo, mas isso não aconteceu.

O gosto de canela era mais acentuado agora com sua língua pedindo passagem em meus
lábios para logo depois se enroscar com a minha.

Me senti um pouco idiota por um segundo; eu não sabia fazer aquilo direito. Mas suas
mãos subiram por minhas costas chegando em meu cabelo, acariciando o couro
cabeludo em movimento tão carinhoso que achei que fosse desmaiar com as sensações.

Seu gosto cada vez mais impregnado em mim me deixando leve e quente. Como eu
nunca me senti antes.

Eu jamais esqueceria aquele gosto.

Minhas mãos ganharam vida e foram parar no seu cabelo e o beijo que até então era
calmo, passou a ser mais apressado, sem deixar de ser carinhoso. Seu polegar fazia
círculos em meu rosto e sua outra mão, continuava a alisar minha cintura.

Sentia minha cabeça girar, mas em momento algum parei o beijo.


Era delicioso...
O beijo e a sensação de estar em seus braços.

Eu nunca havia me sentido tão segura e protegida antes e enquanto ele me abraçava sem
desgrudar os lábios dos meus, eu me perguntei se eu ainda teria uma chance nessa vida.

De ser feliz.

Ou de pelo menos, ser capaz de esquecer de tudo um dia.

Acabamos nos afastando eventualmente e quando abri os olhos ele me encarava com
um sorriso de... fascinação nos lábios.

- Você com certeza não é como as outras garotas.

Eu sorri eele voltou a me beijar.

--

- Nos vemos amanha? – ele perguntou enquanto parávamos em frente ao meu prédio,
tirando uma mecha de cabelo de meu rosto e colocando atrás da orelha.

- Vai pra Universidade? – perguntei vendo ele sorrir.

- Não. Mas posso passar aqui..se você quiser..

- Tudo bem.

Eu tentei, tentei mesmo, não sorrir muito com aquilo, mas não deve ter funcionado já
que o sorriso dele se expandiu.

- Até amanhã então Kristen.

Até.

Ele se inclinou me dando um selinho demorado e depois um beijo na testa.

Eu era tão menor que ele, que era absurdo o quanto ele tinha que se abaixar pra chegar
até meus lábios.

E isso me fez querer sorrir.

Entrei pelo prédio sentindo que ele me observava até que passei pelo portão, onde ele
me lançou mais um sorriso.
E quando cheguei em meu apartamento, eu não podia estar com um sorriso maior no
rosto.

Dormi pensando que talvez, apenas talvez, ainda pudesse haver uma chance pra mim
afinal.
--

Capítulo 8

Apagar a Luz

Foi uma sensação estranha acordar naquela sexta-feira. Como se nada fosse real, ou que
houve ontem não tinha acontecido.

Fora apenas um sonho ou algo assim?

Olhei em volta em meu quarto... eu não devia estar com dezenas de garrafa de bebida
em minha volta?

Só havia uma razão para eu não ter precisado delas ontem à noite...

Meus dedos se passaram por meus lábios, eu quase podia sentir a queimação ainda.

Junto com o gosto da canela.

Sorri involuntariamente, percebendo que eu realmente havia sorrido mais ontem e hoje
do que jamais sorri a minha vida inteira.

Levantei-me rápido tomando um banho morno pra depois trocar de roupa e sair
procurando meu celular pelo apartamento.

Fui encontrá-lo sem bateria debaixo do sofá da sala. Como ele havia parado ali?

Dei de ombros. Não importava de qualquer forma.

O coloquei no carregador e liguei.

Tinha mais de 20 ligações de Robert durante toda a semana e algumas SMS’s onde ele
me pedia pra ligar pra ele, ou apenas perguntando onde eu estava e se estava bem.

Mas havia uma da noite anterior, eu sorri vendo a cartinha na tela.


‘’Só pra garantir que você vai me atender a partir agora. Eu te vejo amanhã, ou hoje
mais tarde. Rob.’’

Eu sorri, ele havia me mandado a mensagem de madrugada bem depois que cheguei em
casa, isso significava que ele tinha demorado a dormir, assim como eu.

E eu não sabia o que tirar disso ou que isso realmente era.

Deixei o telefone carregando por alguns minutos enquanto eu fazia algo pra comer e
logo depois me levantei o pegando e saindo de casa a caminho da faculdade que hoje eu
iria a pé, não estava a fim de taxis por hoje.

Assisti às minhas aulas da manhã como sempre, invisível em meio a toda aquela gente,
pelo menos uma coisaem mim não havia mudado.

Eu ainda não gostava de atenção.

Fui pra biblioteca no intervalo, fumei o de sempre querendo sorrir me lembrando de


algo como ‘’ nós deveríamos tentar parar. ’’

Neguei com a cabeça. Eu tinha que parar era de ficar pensando naquilo.
Eu nem sabia como as coisas estariam hoje...

E também não era idiota ao ponto de achar que poderia ter alguma esperança.

Bufei irritada saindo da cabine na biblioteca pegando minha bolsa escutando meu
celular tocar.

Não pude evitar ficar meio triste quando vi que quem me ligava era apenas minha mãe.

Ignorei a chamada pensando em desligar o telefone, mas não o fiz.


Passei no refeitório para comer alguma coisa e depois segui para as minhas próximas
aulas.

Acabei de fazer um relatório para estatísticos e gráficos e fui uma das primeiras a
entregar todas aquelas folhas. Meus olhos chegavam o doer de tanto fixar em um único
ponto para fazer todas aquelas porcarias.
Cheguei em casa um pouco cansada e com sono, tomei um banho quente e relaxante
olhando para os meus remédios no armário do banheiro.

Eu podia tomá-los...

Dormiria rápido e só acordaria amanhã, quando que pudesse tomar outro e depois outro
e mais outro...

O som da campainha me tirou dos meus pensamentos.


- Oi.

- Hey. – eu respondi a ele que estava sorrindo.

- Tudo bem? – me perguntou com o cenho franzido.

- Sim...porque?

- Está distante. – mordi os lábios.

- Não, é nada...apenas cansaço eu acho. – dei espaço pra que ele entrasse.

- Dia ruim na faculdade?

- Trabalhos demais eu acho. – sorri a ele que retribuiu se aproximando e me dando um


beijo na testa.

- Então é melhor não sairmos hoje.

- Ah sim, me desculpe por isso. – ele riu.

- Tem problemas em ficarmos aqui?

- Não. – respondi sincera. – Quer beber alguma coisa? Devo ter cerveja na geladeira.

Caminhei para a cozinha sentindo que ele me seguia.

- Claro. – peguei duas garrafas passando uma pra ele.

- E você, como foi no estágio?

- O mesmo de sempre, cansativo e essa coisa toda.

Assenti com a cabeça bebendo um gole da cerveja.

- Então, o que vamos fazer? – perguntou divertido.

- Haam, não sei deve ter alguns filmes por aqui.

- Okay.

Ele voltou pra sala e se sentou no sofá. Eu arrumei um pouco a cozinha que eu tinha
deixado bagunçada desde que cheguei.
- Kristen? – ele me chamou da sala com aquele sotaque britânico que eu já tinha
deixado gravado em minha mente e que reconheceria sempre a partir de agora.

- Estou aqui. – respondi indo até a sala e me sentando no sofá com as pernas pra cima. –
Então? Escolheu?

- Você não tem muitas opções você sabe. – ele riu. – Procurando Nemo?
- Qual o problema com ‘’Procurando Nemo’’? – perguntei divertida.

- Nenhum. Por isso vamos assisti-lo.

Ele foi até a TV ligando o aparelho de DVD e colocando o disco dentro se sentando
novamente no sofá com o controle em mãos.

Eu o fiquei observando, todos os seus movimentos até que ele me encarou.

- Sério? – ele disse me deixando confusa.

- O quê?

Ele não me respondeu, apenas passou o braço por minha cintura me abraçando e me
fazendo ficar colada nele.

- Bem melhor. – ele disse sorrindo. Eu sorri de volta e ele se abaixou em minha direção.

Me deu um beijo leve e calmo nos lábios, os entreabrindo devagar me deixando tonta
com seu gosto e embriagada com seu cheiro que nunca tive a oportunidade de sentir
antes, mas que era tão bom quanto.

Sua mão em meu cabelo e a outra ainda em minha cintura me seguravam com
habilidade e seus lábios nunca deixavam os meus.

Nos separamos algum tempo depois a meu completo contragosto. Eu queria continuar o
beijando.

Ele continuava com seu sorriso inabalável no rosto.

Encostei eventualmente minha cabeça em seu ombro, me sentindo ridiculamente


confortável. Ele se recostou ainda mais no sofá me deixando totalmente sobre ele com
seus braços ainda me rodeando.

Senti seu beijo em meu cabelo antes que ele desse o play.

Assistir Nemo nunca fora tão divertido e confortável, como estava sendo agora.

E eu nunca havia me sentindo tão bem na vida, como me senti naqueles momentos que
eu tive com ele.
Era até como se eu fosse feliz ou pudesse ser um dia.

--

Eu devo ter adormecido ao longo do filme, estava tão quente e reconfortante onde
estava, por que só dormindo eu poderia estar em lugar assim e enquanto estivesse
sonhando.

Mas eu não sonhava há tanto tempo...

Meus olhos não se abriam e eu me sentia embriagada por um cheiro e uma presença que
já me era familiar e que mesmo de olhos fechados eu poderia enxergar.

Me agarrei ainda mais ao que quer que fosse e pude sentir que pernas estavam
entrelaçadas as minhas.

Minha primeira reação foi o medo, mas ela logo foi abandonada pela sensação de paz
que me invadia. Abri meus olhos vagarosamente encontrando um fundo cinza logo em
frente a minha vista. Pisquei varias vezes repetidamente para situar minha visão e
clarear a mente de onde eu estava.

E foi então que me lembrei. Quer dizer, que me encontrei novamente.

Robert.

Era por isso a sensação de paz, eu estava em seus braços e o cheiro bom era de sua
camisa cinza que estava em minha frente e que se movia lentamente junto com seu peito
– onde eu apoiava minha cabeça – pela sua respiração.

Levantei um pouco o rosto, mas apenas um pouco mesmo, não queria me afastar dali. E
estava escuro, tentei olhar para o relógio através do balcão da cozinha, mas não
consegui, devido ao fato de que eu estava na ponta do sofá deitada com Robert de frente
pra mim, onde seus braços e seu corpo me abrigavam confortavelmente.

Apertei mais meu rosto em seu peito antes que ele acordasse.

Eu tinha que aproveitar alguns momentos assim; poderia não tê-los mais a qualquer
segundo.

Ele podia se levantar daqui e dizer que havia sido algo sem importância como uma frase
clichê do tipo ‘’ Nós nos vemos por aí. ‘’

Por que eu nunca descobria o que o fazia estar aqui ainda, ou o que o fizera me beijar
daquele jeito e me olhar de um modo que me queimava por dentro deixando meu
coração acelerado. Ergui meu rosto para ficar de frente com o seu, marcando cada traço
do rosto puramente masculino sem deixar de ser encantador.
Tirei minha mão que estava encolhida em algum lugar por ali e pus suavemente em seu
rosto sentindo a pele e a já normal queimação que seu contato me causava. A
movimentei levemente por ali, deixando apenas meu dedão passar para cima e para
baixo em traços calmos e até mesmo... carinhosos.

Eu não sabia ser carinhosa.

Eu não sabia nem o que era isso.

A não ser quando meu pai era vivo, mas já fazia tanto tempo...

Fechei meus olhos curtindo a sensação de pura paz que me tomava quando ouvi sua
voz.

- Isso é muito bom.

Ainda demorei a abrir os olhos, seu hálito quente batia em meu rosto devido a nossa
intensa proximidade. E quando fiz, foi como era antes...eles me queimavam por dentro
em um frenesi quente e doce.

- Isso o quê? – perguntei baixo assim como sua voz.

Sua mão se colocou por cima minha em seu rosto e ele fechou os olhos novamente
deixando um sorriso brincando em seus lábios. Eu sorri junto com ele.
- Isso. – ele disse me indicando que falava do carinho e eu parei por um segundo antes
de continuar com seus olhos que permaneciam fechados.

Ficamos ali por tempos indetermináveis. Até que em um certo ponto ele me puxou mais
pela cintura, entrelaçando os dedos de minha mão com os seus os deixando ainda em
seu rosto.

Seus olhos se abriram e encararam os meus, não desviamos o olhar e a intensidade


daquilo ameaçava me sufocar, mas não de uma maneira estúpida ou idiota e sim de uma
maneira reconfortante e... deliciosa.

- Há quanto tempo está acordada? – perguntou de repente. Eu dei de ombros.

- Alguns minutos eu acho. – ele sorriu.

- Você nem se mexe enquanto dorme, achei que iria te jogar pra fora do sofá em algum
momento. – foi inevitável não sorrir divertida daquilo.

- Você também não se mexeu muito eu acho. – talvez ele estivesse se mexido em algum
momento, devido que quando nos sentamos, ele estava apenas recostado no sofá e não
deitados um de frente para o outro como agora.
- Sorte a sua então. – seu sorriso não deixava seu rosto.

- É, sorte a minha.

Eu tinha sorte de tê-lo ali na verdade.

Ele suspirou e fechou os olhos novamente e permanecemos com nossos dedos da mão
entrelaçados e eu ainda sentia seu rosto debaixo de minha palma quando adormeci
novamente depois dele ter me puxado ainda mais pra perto dele, me fazendo esconder o
rosto em seu pescoço.

Seu cheiro me dava paz e muito sono.

Quando acordei novamente eu sentia frio, apesar de não estar sozinha.

- Acordou? – levantei meu rosto para som e encontrei seus olhos me fitando com um
sorriso preguiçoso no rosto.

- Hey.

- Acho que está com frio.

- Um pouco. – seus braços se fecharam ainda mais em minha volta e eu prensei meu
rosto em seu peito me sentindo aquecida imediatamente. – Que horas são? - Perguntei
de repente.

- 23:27.

- Nossa, achei que fosse mais tarde.

- Dormimos demais.

Ele colocou uma mão em meu rosto e eu o ergui para logo depois ele colar a testa na
minha deixando nossos narizes encostados.

- Eu tenho que ir. – ele disse baixinho e sussurrando me dando pequenos selinhos nos
lábios com seu polegar passando em minha bochecha e sua mão espalmada em meu
rosto.

- Okay. – respondi simplesmente, mas minha mão se fechou em punho na sua camisa
sem nem mesmo eu perceber, mas ele sim percebeu e sorriu.

- Volto amanhã...se você quiser.

- Eu quero. – respondi sincera alargando mais ainda seu sorriso.


E ele me beijou de novo, calmo, suave e lento enviando arrepios por todo meu corpo e
fazendo meu pulso se acelerar de uma maneira que chegava a ser vergonhosa. Seus
lábios se entreabriram e ele passou a língua pra dentro de minha boca, soltei um gemido
baixinho e senti meu rosto corar logo em seguida, mas não me importei, não no
momento.
Ficamos ali mais um tempo, nos beijando e sentindo as respirações um do outro, eu não
queria que ele fosse e ele não parecia querer sair dali.
Mas ele não podia ficar.

Eu tinha consciência dos meus limites e de até onde eu poderia ir sem me quebrar.

Demorou um tempo pra que ele se levantasse e eu fizesse o mesmo o levando até a
porta recebendo mais um beijo na testa.
Fechei a porta quando ele já estava descendo as escadas e senti meu estômago protestar
por tanto tempo sem comer e fui fazer algo para me alimentar.

Fiz torradas com geléia de amendoim e me sentei no sofá, não sentia com sono, mas
ainda queria me deitar.

Fiquei vendo a MTV por muito tempo até acabar minhas torradas e o meu suco, me
deitei em minha cama algum tempo depois pensando em tudo o que estava acontecendo.
Eu estava quebrando minhas regras de ‘’nunca se aproximar de alguém. ’’

Mas o incrível era que eu não me importava, não ainda pelo menos.

Eu deixaria as coisas acontecerem.

Eu simplesmente não iria me importar com nada agora...

... nada que não fosse um certo inglês de cabelos de areia dourada...

Ao contrário do que eu pensava, não senti raiva do pensamento, adormecendo com um


leve sorriso nos lábios...

Me sentindo...estranha...

Uma boa estranha.

--

Não saberia dizer por que acordei de mau humor naquela merda de sábado de manhã,
mas por um momento tudo me incomodou.

A droga da luz que entrava pela minha cortina, a merda de um recado na secretária
eletrônica, o bip irritante d meu celular – que me deu mais raiva ainda quando vi que era
apenas da operadora – enfim.
Eu estava péssima.

Como eu previra o recado na secretária era da minha mãe, rolei os olhos irritada.

Por que diabos ela apenas não desistia? Seria tão melhor pra ela quanto pra mim.

Simplesmente ignorei e fui pra cozinha arrumar algo para comer, mas também não
estava a fim de cozinhar. Eu estava mesmo era com vontade de gritar pra dizer a
verdade.

E eu gritei quando a campainha tocou.

- Bom dia flor do dia. – rolei os olhos dando espaço para que Robert entrasse. – Wow,
estamos de mau humor hoje.

- Humpf. – me sentei na sala me batendo mentalmente por estar daquele jeito, mas ele
apenas riu se sentando do meu lado e me puxando pra perto dele pela cintura.

- O que houve? – perguntou me dando um beijo na têmpora, mas ainda estava sorrindo.

- Eu não sei. – respondi sincera.

- Alguma coisa ontem depois que fui embora?

- Humpf, não. Eu não sei por que estou assim. – ele riu de novo me irritando ainda mais.

- Okay, okay. Você não está com humor para risos. Que tal sairmos uh? Já tomou café?

- Sim e não. Mas não espere uma boa companhia.

- Você está me avisando pelo menos. – ele estava se divertindo.

Eu revirei os olhos enquanto seguia para o meu quarto.

Joguei uma água no rosto e escovei meus dentes novamente, não peguei meu celular o
deixando em cima da minha cama e coloquei um vestido verde claro que batia em meus
joelhos, eu não usava nada mais curto que isso.

Prendi o cabelo em um rabo de cavalo alto, eu tinha os cabelos um pouco compridos


então sua ponta batia na metade de minhas costas agora.

Coloquei uma sandália baixa qualquer e fui pra sala, meu mau humor se esvaindo
quando vi Robert sentado em meu sofá encarando a capa de um de meus livros.

E eu sorri.
- Agatha Christie? – perguntou vendo o nome do livro. - A Duquesa da Morte, não sabia
que gostava dela.

- Comecei a gostar justamente por esse nome que davam a ela, ela me pareceu ser
interessante. Já leu algum?

- Sim, O Mistério do Trem Azul. A Ruth é legal. – ele sorriu e eu retribui me sentando
ao seu lado pegando o livro de suas mãos.

- Eu sempre gostei mais do Poirot. – ele riu me fazendo rirjunto.

- Estamos melhor agora? – perguntou divertido me fazendo revirar os olhos, mas sim, já
estava melhor.

- Aonde vamos? – mudei de assunto e ele sorriu se levantando e me dando um beijo na


testa.

- Por aí eu acho. – assenti com a cabeça seguindo ele para a porta a trancando logo
depois.

Caminhamos por um tempo conversando amenidades e ele me disse que não tinha ido a
festa na casa de alguém que ele tinha comentado comigo.

Eu fiquei estranhamente feliz em saber que ele não tinha ido.

- Vem. Vamos comer alguma coisa. – ele se sentou em uma das mesas da pequena
cafeteria e pediu dois Mochas com ovos mexidos e bacon.

Eu sorri de novo.

Eu adorava ovos mexidos com bacon.

- O que quer fazer depois daqui? – ele me indagou enquanto comíamos. Dei de ombros.

- Não sei. Você que sabe. – ele sorriu.

- Okay.

Nós saímos depois que acabamos e ele pagou.

- Você podia me deixar pagar de vez em quando.

Ele revirou os olhos.

- Não vou responder você. – eu sorri.


- Mas estou falando sério.

- Eu também. Você não vai pagar nada, estamos saindo e a conta é minha. – ele sorriu
passando um braço em minha cintura e voltamos a caminhar.

- E nós estamos saindo?

- É claro que estamos.

Ele respondeu como se fosse obvio e como se não acreditasse que eu estivesse
perguntando aquilo.

- Estamos não estamos? – perguntou depois de dois segundos.

Eu não era a única insegura aqui, pelo menos.

- Eu não sei.. nunca sai com ninguém antes... é você quem tem que responder isso.

- Então...é claro que estamos saindo. – ele sorriu me puxando mais pra perto beijando
meu cabelo.

Eu me deixei ficar ali, sem pressões e sem medos em minha cabeça.


Nós voltamos à praia que daquela hora estava cheia, eu me retesei quando ele me puxou
pra areia.

- Acha que é legal ficarmos aqui? – perguntei mordendo os lábios enquanto ele franzia o
cenho.

- Por que não?

- Eu não sei...é gente demais. – ele sorriu.

- Nós podemos voltar. – assenti rápido com a cabeça.

Ele sorriu de novo e mais uma vez me puxou pela mão, para logo depois me segurar
pela cintura.

- Acabaram suas provas? – ele perguntou enquanto andávamos um pouco acima da praia
onde as pessoas patinavam ou corriam àquela hora.

- Sim, ainda bem. Fará as suas quando?

- A partir de segunda-feira.

- E vai ficar aqui nas férias? – perguntei tentando parecer indiferente, mas não queria
imaginar se ele viajasse ou algo assim...
Eu estava ficando dependente. E não podia continuar desse jeito.

- Ainda não decidi talvez eu vá pra Londres. – ele me olhou e sorriu. – Mas tenho
certeza que vou preferi ficar aqui. – e me deu um selinho de leve.

Eu tentei, tentei mesmo, não me senti ridiculamente alegre com isso.

Até por que; não era muito de mim ficar assim, feliz por qualquer coisa.

Nós chegamos outra vez a porta do meu prédio e subimos, eu me senti diferente, como
se já fosse normal, ele simplesmente entrar aqui comigo.

- O que quer fazer? – perguntei enquanto nos dois sentávamos no sofá, ele novamente
me trouxe pra perto dele e eu tentava de novo não sorrir disso.
-Eu não sei. – eu não consegui segurar o sorriso dessa vez.

Liguei a TV e começamos a assistir The Big Bang Theory, uma série de comedia que eu
descobri no segundo episódio que o Robert adorava.

- A Penny é mais engraçada.

- Ela é chata. – ele riu.

Eu já estava novamente recostada em seu peito com minha cabeça deitada ali e estava
estupidamente bom e confortável, o cheiro de sua camisa chegava a mim por ondas de
paz me fazendo ficar com sono pela tranqüilidade que me transmitia. Uma de suas mãos
estava na minha cintura espalmada ali e a outra brincava com uma mecha do meu
cabelo que tinha soltado do meu rabo de cavalo.

- Com sono? – perguntou divertido.

- Não. – respondi erguendo meus olhos pra ele, mas havia sido um erro já que seu rosto
estava perto demais do meu e seus olhos voltaram a me queimar como sempre. Suas
mãos continuaram onde estavam quando ele se inclinou sorrindo e começou a me beijar.

Como já de praxe, meu pulso se acelerou no mesmo ritmo incontrolável do meu


coração.

Seus lábios se partiram e ele pediu passagem por minha boca que eu cedi sem pensar
duas vezes, eu queria sentir sua língua se enroscando com a minha de novo e o gosto de
canela que eu jamais esqueceria.

Senti sua mão apertar minha cintura e não me incomodei, pelo contrário, aquilo era
bom, era diferente e me dava sensações diferentes de tudo que já senti um dia.

Por que eu queria aquilo, eu gostava de me sentir desse jeito.


E alguma coisa gritou dentro de mim que esses sentimentos eram apenas por Robert
estar ali, porque era ele ali e ninguém mais, não poderia haver mais ninguém.

Um pouco envergonhada, coloquei uma mão em seu rosto sentindo um pouco da barba
por fazer arranhando minha palma, ele estava inclinado então meu rosto ainda se
encontrava em seu peito me deixando ouvir seus batimentos que constatei com pequena
surpresa que estavam tão acelerados quantos os meus.

O beijo foi ganhando mais forma e velocidade, mas em momento algum ele tentou algo
mais, me deixando satisfeita, por que eu não seria capaz de fazer nada, além do que
mostrava que ele me respeitava.

Isso sim era uma surpresa.

Ninguém nunca tinha me respeitado antes.

- Acho que já encontramos algo pra fazer uh? – disse sorrindo ainda com os lábios
roçando nos meus e eu sorri de volta, apenas para demonstrar a ele como eu estava me
sentindo.

E que nada podia ser melhor que aquilo.

E ele voltou a me beijar.

--

Capítulo 9

Notas iniciais do capítulo


O pov do rob como eu tinha prometido também está nesse capitulo :D espero que
gostem!

Apagar a Luz

É claro que a série na TV ficara esquecida, nós nos afastávamos apenas eventualmente
para buscar ar e eu descobria sensações gostosas a cada segundo que passava com ele.

Podia ser com seus beijos calmos e envolventes ou com a urgência e fome que ele
parecia demonstrar a cada vez que eu tocava seu rosto ou deixava minhas mãos
pousadas em seu peito.
Uma hora ou outra nós sorriamos um ao outro e no segundo seguinte ele já estava
novamente com os lábios grudados nos meus e pedindo passagem para ter o meu gosto
em sua boca.

Meus bons momentos não podiam durar muito mais tempo no que logo depois das
15:00 ele foi embora.

- Tenho que ajudar Sam em algo da banda.

Ele havia dito. Eu disse apenas um okay baixo recebendo seu beijo em minha testa e
suas palavras dizendo que jantaríamos amanhã.

Fechei a porta do apartamento e peguei um pote de sorvete no meu refrigerador, mas


não consegui ficar séria ou abalada por muito tempo.
Seu cheiro ainda estava no sofá quando me sentei de novo pra continuar assistindo a
série que logo acabaria e começaria outra.

Acabei dormindo ali como de praxe.

Minha secretária eletrônica bipou umas duas vezes, mas eu simplesmente ignorei.

Hoje eu só atenderia meu celular e mesmo assim só depois de ver quem era.
--

ROBERT

- E aí cara?! – sentei-me à mesa em quê Sam estava sentado esperando o resto de sua
banda chegar. Eu já estava quase me arrependendo de estar ali, não devia ter saído de
um onde estava, sorri involuntariamente tentando disfarçar para que Sam não visse.

- Fala Sam. Cadê o Tom?

- Tá chegando, foi deixar a Dakota no campus. – ele me passou uma caneca de cerveja
enquanto nos sentávamos.

Assenti com a cabeça bebendo.

- E então?

- Então o quê? – perguntei, mas já sabia do que ele estava falando.

- Desenrola Rob, como estão as coisas com a Kris?

Não pude evitar sorrir continuando a olhar pro palco.

- Ah meu Deus, eu não estou vendo isso cara.


- Vendo o quê Sam?

- Esse sorriso idiota.

- Não tem sorriso idiota nenhum. – mas eu sabia que tinha.

- Ah meu Deus de novo. Vocês estão juntos?

- Nós estamos saindo.

Sorri de novo ao pensar em nossa conversa de hoje mais cedo...

‘’ Eu nunca tinha saído com ninguém antes. ’’

Isso explicava por que tinha ficado um pouco nervosa no nosso primeiro beijo.

E eu era um idiota por ficar feliz com aquilo.

- Isso parece que vai ficar sério.

Suspirei. Bebendo novamente minha cerveja.

- O que vai fazer com Nina? – olhei pra Sam.

- Eu não tenho que fazer nada com ela.

- Ela acha que tem.

- Já deixei bem claro as coisas pra ela Sam, não tenho mais nada haver com isso.

- Eu sei cara, ela só gosta de você, sabe disso.

Eu não respondi.

Nina era o tipo de garota previsível demais e normal demais.

Ela não tinha olhos verdes intensos e nem cabelos castanhos escuros que ficavam
levemente avermelhados na luz do sol ou da lua.

Ela não sabia sorrir no momento certo e nem me fazer ficar encantado com um jeito mal
humorado.

Ela não era misteriosa, nem me deixava sentir respeito por ela e não era uma garota
forte também.
Mas eu estava pedindo demais se quisesse que alguma outra garota fosse assim e eu não
queria.

Não existia mais ninguém como Kristen, disso eu tinha certeza.

- Nunca aconteceu nada demais entre a gente Sam.

- Já disse isso a ela?

- Sim, mas ela não parece me escutar. Não que eu me importe.

- Vocês podem conversar e resolver isso logo Rob, ela me liga até de madrugada cara. –
eu ri dele e seu desespero pra Nina parasse com suas chateações.

- Não existe um ‘’vocês’’ Sam. Já disse.

- E existe ‘’ vocês ‘’ com a Kris?

Eu sorri de novo antes de responder com o olhar ainda no palco.


- Talvez.

Disse evasivo, mas eu já sabia que existia.


--
KRISTEN

Minhas costas doeram um pouco de ficar tanto tempo dormindo no sofá, mas
incrivelmente eu não sentia falta de uma cama.

Acordei naquele sábado já de noitinha, o pote de sorvete ficara vazio e ainda estava no
chão ao lado do sofá, me levantei ajeitando a cozinha e fazendo algo decente para
comer. Acabei por um macarrão com queijo básico, mas que me manteve satisfeita pelo
resto da noite.

Tomei um remédio para minha dor nas costas que não demorou a passar e já que estava
sem sono fui rever matérias passadas, afinal eu não podia bobear com a faculdade, no
próximo ano eu já estaria me formando com a licenciatura e queria arranjar um bom
emprego já de cara, eu não aceitaria ficar parada e sozinha.

Além do quê, a herança de meu pai apesar de ser grande, não iria me durar a vida toda.

Comecei meus estudos com álgebra e porcentagem, seguindo para gráficos e etc.

Fazer matemática me dava chance de forçar meu pensamento e trabalhar minha mente
de forma mais objetiva e racional que foi o que eu procurara quando resolvi fazer o
curso. Na época eu tinha 19 anos e estava saindo da depressão graças a ajuda de meu
irmão e sua mulher que eram psicólogos.
Os dois sabiam de tudo que ocorrera comigo e não fora fácil convencê-los a deixar tudo
pra trás sem fazer alardes. Eu não permiti que contassem a minha mãe sobre nada, não
suportaria vê-la sofrer ou ver seu ódio e nojo de mim.

Eu já o fazia por todo mundo.

Era nessas horas que eu pensava.

Se Robert soubesse de tudo, ele ainda teria coragem de me tocar? De me beijar da


maneira que ele faz? Ou ele iria apenas me odiar e nunca mais querer chegar perto de
mim?

Suspirei negando com a cabeça.

Não era eu quem iria arriscar isso. Não iria pagar pra ver.

Tirei minha cabeça de pensamentos duvidosos e voltei a me focar em minha


matemática, eu passaria na biblioteca da Universidade para já pegar os livros avançados
para o próximo semestre, assim não ficaria atrasada em matéria nenhuma e poderia me
dar ao luxo de usar meu iPod durante as aulas.

Me deitei na cama eram mais de 02:00 da manhã, quando o sono começou a bater e eu
abri meus olhos rapidamente ouvindo meu celular tocar embaixo de mim.

- Oi. – disse assim que atendi depois de ver o nome na tela, mordi os lábios para
esconder meu sorriso.

- Hey, achei que iria te acordar.

- Não, estava estudando.

- Até agora?

- É, eu acabei dormindo de tarde e perdi o sono. E você?

- Estava escrevendo.

- As músicas? – perguntei curiosa.

- Isso, estava tentando pelo menos.

- E porque ligou?

- Por que a música é sua, e você é a inspiração.

- Ahaam. – disse irônica e rolando os olhos, não acreditando no que ele dizia.
- Estou falando sério Kristen.

- Eu também. – ele riu baixo.

- Não está não.

- Vai me mostrar a música?

- Vai acreditar em mim?

- Eu não sirvo de inspiração Robert, se for assim, ela não ser tão boa quanto às outras.

- Mais essa nem seria a primeira.

- Está brincando certo? – ele só podia estar brincando, eu não servia pra nada, ainda
mais pra inspiração de uma de suas músicas.

- Não, eu não estou brincando. – ele riu baixo e eu engoli em seco.

- Certo. Está no campus? – mudei de assunto para algo mais seguro.

Ele riu é claro.

- Sim, estou no campus.

- O Tom não está reclamando de nossa conversa? – se ele estava no campus, Tom
deveria estar dormindo a essa hora e devíamos o estar atrapalhando a isso.

- Não, ele saiu com a Dakota. E por falar nela, ela queria seu número...
- Tudo bem. – pude sentir que ele sorria.

Não falamos mais nada, não por um tempo, ficamos apenas ouvindo nossas respirações
pelo bocal do telefone, senti vontade de fumar e acendi um cigarro que sempre guardava
ao lado da minha mesinha de cabeceira.

Coloquei o palito na boca tragando a fumaça para dentro de meus pulmões me sentindo
relaxar enquanto o gosto da canela me fazia sentir falta dele.

- Não combinamos que íamos tentar parar Kristen? – ele disse de repente me fazendo
arregalar os olhos.

- Como?.. Como sabe? – ele riu.

- Por que eu também eu estou fumando. –eu sorri pegando o palito entre os dedos.
- Então não pode estar me repreendendo por isso.

- Culpado.

De repente me veio uma curiosidade.

- Qual o seu nome todo?

- Por quê? – o senti sorrindo novamente. Dei de ombros.

- Curiosidade, eu acho. – levei o cigarro na boca de novo.

- Pattinson. Robert Thomas Pattinson.

- É bonito. – ele riu.

- Não é tão ruim. E o seu? – eu suspirei.

- Stewart. Kristen Stewart.

- Sem nome do meio?

- Kristen Jaymes Stewart.

- É legal. – ele sorriu de novo.

- É comum.

- Eu achei legal.

- Estou rolando os olhos pra você agora. – eu realmente estava.

- Eu sei. – ele riu. – Tenho que ir, se não a sua música não sai.

- Claro, claro. – disse irônica novamente o fazendo rir mais.

- Até amanhã. Passo aí as 20:00.

- Onde vamos?

- Não vou falar. – eu bufei. – Boa noite Kris.

- Boa noite Rob.


Desligamos o telefone, mas eu ainda encarava a tela, minutos depois chegou uma SMS
dele.
Tentei não sorrir.

‘’ Se ficar na duvida de onde vamos, não se arrume, você é linda de all star.’’

Minha tentativa de não sorrir foi completamente esquecida e eu adormeci com meus
lábios curvados abertamente.
--

Capítulo 10
Capítulo 10

Notas iniciais do capítulo


Maiiis um meninaas :)

Apagar a Luz

O dia seguinte foi normal, a não ser com a falta ridícula e enorme que eu sentia de
Robert, era incabível que eu me sentisse dessa forma, afinal, havia menos de um dia que
eu não o via.

Bufei irritada em meu sofá enquanto esperava algumas batatas assarem no forno, liguei
a TV deixando os clipes da MTV fazerem sua parte e estourando no último volume pelo
meu apartamento.

Tirei as batatas do forno e comi apenas com catchup sem paciência para fazer algo mais.

Quando a noite foi chegando minha ansiedade crescia e eu comecei me arrumar, não
muito, já que eu achava que não iríamos a um lugar cheio dessas frescuras todas.

Coloquei um vestido preto tomara que caia que ia até acima dos joelhos, que era o
bastante para não deixar minhas pernas a mostra, escondendo assim minhas cicatrizes.
Coloquei um all star qualquer e peguei um casaco de moletom azul, era verão, mas não
custava nada levar.

Deixei meu cabelo solto que hoje estava com alguns cachos largos na ponta e não me
olhei no espelho e nem passei maquiagem, eu não gostava disso e não me servia pra
nada de qualquer forma.
Robert foi pontual como sempre e como só um inglês era capaz de ser.

- Woow. Você está linda. – engoli em seco e saí do apartamento trancando a porta do
apartamento.

- Eu estou normal.

- Por isso mesmo, você é sempre linda. – ele repetiu me deixando sem graça e com as
bochechas coradas. Ele riu é claro colocando as duas mãos em meu rosto.

- Não falo mais isso. –ele sorriu me dando um beijo demorado nos lábios. – Vamos?

Assenti com a cabeça recebendo seu braço em minha cintura.

Descemos as escadas e começamos a caminhar pelas ruas.

- Quer pegar um táxi?

- Por mim podemos ir andando.

- Tudo bem. – ele sorriu.

- Aonde vamos?

- Spago Beverly Hills.

Eu parei arregalando os olhos pra ele.

- Está brincando?

- Porque você sempre acha que estou brincando.

- Não acredito?

- Por quê? Muita gente?

Eu mordi os lábios.

- Não se preocupe, fiz nossas reservas no andar de cima que é mais afastado.

- Obrigada. – disse mais aliviada, mas ainda estava nervosa.

Ele continuou me abraçando pela cintura e eu me sentia confortável ali com seus braços
me rodeando, como se eu estivesse protegida.
- Você sempre sai em Londres? – perguntei aleatoriamente enquanto chegávamos mais
perto do restaurante.

- Saia sempre com Tom e Sam pelos pub’s nada demais.

- As coisas por lá devem ser legais.

- Londres é fantástico. – ele respondeu e sorriu pra quando entramos no restaurante, ele
deu seu nome na recepção e fomos guiados para o segundo andar como ele havia dito.

- Obrigada. – eu disse quando ele puxou minha cadeira para que eu me sentasse.

O garçom logo apareceu.

- Boa noite.

- Boa noite. – respondemos ao homem que meolhava.

- O que vai querer? – Robert me perguntou.

- Huum. – mordi os lábios olhando o menu. – Salada de lagostim. – respondi olhando


pra ele que se voltou para o garçom, mais serio do que antes.

- Salada de lagostim e legumes refogados. – ele pediu encarando profundamente o


garçom que tirou seus olhos de mim, eu não entendi nada, mas fingi que não percebi.

- Vinho?

- Sim, por favor.

O garçom saiu e eu vi os olhos de Robert o seguindo.

- O que foi? – perguntei olhando pra ele.

- Nada. – ele sorriu. Mordi os lábios assentindo, seus olhos caíram para meu
movimento, mas logo voltaram aos meus.

- Então... porque faz faculdade agora? Quer dizer você já deveria ser formado... –
perguntei mudando de assunto. Ele sorriu de novo.

- Os bares de Londres como eu disse. – ele riu baixo me fazendo sorrir junto com ele. –
Por isso vim pra cá, para fazer a faculdade, meus pais me queriam por lá... mas eu
sempre gostei daqui e quando todos decidiram eu não tive mais duvidas.

- Ah sim, seus pais trabalham por lá? – perguntei querendo saber tudo dele.
- Sim, meu pai é vendedor de carros importados e minha mãe era booker de uma
agência, mas deixou de trabalhar a algum tempo.

- Legal. – respondi sincera.

- E sua mãe? Trabalha em Miami? – engoli em seco.

- Não, ela é formada em turismo, mas nunca trabalhou. Apenas meu irmão que é
psicólogo. E o caçula, que ainda é novo demais para decidir o que quer. – sorri me
lembrando de Cam, meu irmãozinho mais novo que eu sempre adorara, mas que não via
há muitos, muitos, muitos anos. – Tem irmãs? – perguntei de novo.

- Sim, Victória é a mais velha e Lizzy é a do meio.

- Você é o mais novo?

- Sim, sou sim. – ele sorriu e eu retribuí encantando, para não dizer deslumbrada com
quão bonito ele era.

O garçom trouxe nossos pedidos e começamos a comer.

- Aqui é bonito. – eu disse olhando ao redor levando a taça de vinho aos lábios.

Ele sorriu.

- Nunca tinha vindo aqui. – ele também pegou a taça de vinhos.

- Sério? – ele assentiu.

- Como descobriu esse lugar?

- Dakota. – eu sorri assentindo e limpando minha boca com o guardanapo.

- Achei que tinha trago outras garotas aqui. – eu tinha que ter ficado era com a boca
fechada.

Ele riu baixo descansando os talhares no prato.

- Nunca sai com uma garota pra jantar ou algo assim.

- Sério?

- Sério, nunca pensei em fazer algo assim pra uma garota.

Mordi os lábios.
- E por que está fazendo agora?

Ele sorriu deixando seus olhos nos meus.

- Por que você é diferente.

Meu coração bateu completamente acelerado no peito, minha respiração ficando mais
rápido e eu engoli em seco.

- Diferente? – perguntei hesitante. Ele riu baixo.

- É... diferente. – ele disse apenas.

Assenti com a cabeça voltando a morder os lábios.

Voltamos a comer mais era como se suas palavras pairassem sobre mim, como um
elefante rosa no meio de nossa mesa do restaurante. Conversávamos besteiras e
amenidades, falávamos da faculdade e ele me contava sua vida em Londres me
deixando saber sobre sua família ‘’ incrível ‘’ nas palavras dele.

E eu não duvidava disso, Robert era incrível e sua família também devia ser eu tinha
certeza.

- Vamos? – ele perguntou depois de receber seu cartão de crédito das mãos do garçom.

- Claro. – ele puxou a cadeira pra que eu levantasse de novo me deixando sorrindo com
isso.

Eu nunca fora tratada com tanto cavalheirismo.

- Quer voltar pra casa? – me perguntou já do lado de fora do restaurante. Mordi os


lábios.

- Não sei. – ele sorriu e pra minha surpresa me abraçou por trás, deixando suas duas
mãos espalmadas em minha barriga.

Eu fiquei estática.

Quando ele viu que eu apenas continuei andando ele riu baixo em meu ouvido - me
causando arrepios violentos – e buscou minhas mãos entrelaçando nossos dedos e os
voltando juntos para minha barriga.

Nos não falamos nada, na verdade não precisava.

Não foi apenas a atitude dele que me deixou surpresa, foi também o que eu senti e eu
senti tudo, menos medo.
Eu não sentia mais medo com ele, não como eu sentia de qualquer outro garoto que se
aproximasse.

Eu estava me deixando levar, como ele me pedira.

Caminhamos a esmo apenas assim, seu queixo se apoiou em meu ombro e ele estava
mais inclinado que o normal devido a nossa quase gritante diferença de altura.

Eu estava tão confortável com seu corpo quente me abraçado daquele jeito, era tão
diferente sentir meu estomago se contorcendo daquele modo como se tivesse alguma
coisa se mexendo dentro dele que me fazia querer flutuar...

... era intenso e... delicioso me sentir assim.

Chegamos em frente ao meu prédio, mas não entramos. Ele se encostou na parede da
lateral do mesmo sorrindo pra mim e puxando pra ele.

Seus braços voltaram a envolver meu corpo dessa vez de frente enquanto eu sentia meus
cabelos balançando por causa do vento e o cheiro gostoso de sua camisa direto em meu
nariz.

Ele prendeu minha cabeça embaixo de seu queixo me fazendo ficar com o rosto deitado
em seu peito.

Apenas me confirmando que não havia nada melhor que aquilo.

Meus braços rodearam também o seu corpo me apertando contra ele rezando pra que ele
não percebesse, mas é claro que ele percebeu e sorriu pra mim levando uma de suas
mãos a meu rosto me fazendo encará-lo.

Ficamos muito tempo nos olhando, eu permiti que os azuis esverdeados me queimassem
por dentro e eu senti meus ossos derreteram quando ele passou o nariz por meu rosto
para depois brincar com o meu.
Seu cheiro me deixando tonta...

- Kristen.

Ele disse apenas.


Demorei um segundo para identificar que ele não estava me chamando, nem me
perguntando nada e sim era uma voz de constatação.

Era como se ele quisesse constatar e afirmar que era eu mesma a estar ali.

A emoção tomou conta de mim quando percebi que era eu a estar fazendo isso, por que
ele era o meu sonho e a minha irrealidade, não o contrário.
- Rob.. – sussurrei com nossos olhos fechados antes que seus lábios descessem aos
meus.

Suspirei antes de entreabrir os lábios permitindo que seu gosto me invadisse me


deixando tonta e embriagada. Sua língua se enroscou com a minha num beijo
envolvente e perfeito de tão delicioso que era.
Suas mãos me apertaram contra ele e a que estava em meu rosto foi para o meu cabelo,
puxando os fios de leve sem me machucar.

Nossos rostos em uma perfeita sincronia, como se fossem feitos para isso, inclinados em
direções opostas dando um melhor encaixe em nossos lábios que se devoraram sem
perder o carinho e a intensidade de cada gesto dele para comigo.

Escutei meu próprio gemido baixinho quando seus dentes morderam a ponta da minha
língua para sugá-la devagar logo em seguida, subi minhas mãos de seu peito as
imiscuindo diretamente em seus fios de areia bagunçados que eu descobrir adorar tocar
enquanto nos beijávamos.

Abri mais minha boca para recebê-lo por completo deixando que ele tomasse de mim o
que ele quisesse, eu não me oporia a nada que viesse dele.

Por que ele me fazia bem.

Ele me fazia sentir bem como ninguém jamais me fez e jamais farão.
Por que ele era o Robert.

Não importava se pra ele nada disso estava valendo.

Eu não valia a pena e mesmo assim ele estava ali.

Ele seria sempre – a partir de agora – o meu porto-seguro, me mantendo em seus braços
fortes contra uma tempestade e um passado que ameaçava vir a tona a qualquer minuto
que ele passava comigo.

Mas eu enfrentaria meus medos e meus receios.

Por Robert, eu enfrentaria.

Eu parecia mais confiante agora, mas sabia que não teria toda essa coragem quando
chegasse a hora de falar alguma coisa, se é que essa hora chegaria.

Se é que o que tínhamos agora duraria.

Mas eu não pensaria nisso agora, não enquanto estivesse em seus braços com seus
lábios grudados nos meus me intoxicando com aquele gosto e cheiro de canela que só
ele tinha.
Separamos-nos eventualmente, mas não separamos nossos rostos, que continuaram com
as testas coladas e seu hálito batendo direto em meu nariz, fazendo minha cabeça girar.

Ele estava sorrindo.

- É por isso que você é diferente. – ele sussurrou.

- Por quê?

- Por que você é indescritível.

- Isso é bom. – era uma afirmação e seu sorriso se alargou ainda mais.

- Sim, isso é muito bom.

E seus lábios voltaram para os meus.

--

- Vai pra faculdade amanhã? – perguntei enquanto tinha meu rosto afundado em seu
pescoço sentindo suas mãos fazerem carinho em meu cabelo e alisar minha cintura
devagar.

Ele ainda estava encostado na parede e já estávamos assim a alguns bons minutos.

- Vou ter que ir para as provas. – senti seu beijo em meu rosto e sua respiração funda
chegando ao meu cabelo me deixando arrepiada.
- Já estudou?

- Não. – eu sorri de fraco e ele me acompanhou sem se importar muito com esse fato.

- Você tem cheiro de mel e guaraná. – ele disse me olhando.

- Shampoo.

Ele riu.

- Mas você inteira cheira a mel. – ele disse passando o nariz em meu pescoço e apesar
do arrepio eu tive medo de que ele visse uma pequena marca que eu tinha por ali, perto
do meu ombro direito.

- Sabonete. – disse sorrindo.

- É bom. – ele me olhou com um sorriso divertido noslábios.

Rolei os olhos o fazendo rir mais ainda.


- Por que você nunca me leva a sério?

- Eu levo, às vezes. – ele continuou rindo.

- Viu, como ontem quando disse da música.

- E você fez?

- O quê?

- A música?

- Haam, não sei se te respondo isso. – cerrei os olhos pra ele que ria mais. – Okay, okay.
Ainda não terminei, satisfeita?

- Não. Eu quero ver.

- Depois. – arregalei os olhos.

- Vai mesmo me deixar ver? – ele sorriu.

- Você não quer?

- Quero.

- Então você vai ver.

Assenti voltando a deitar meu rosto em seu peito.

Depois de um tempo ele retirou um maço de cigarro de seu bolso e eu sorri.

- Não íamos parar? – ele sorriu colocando o cigarro na boca e acendendo voltando com
seus braços ao meu redor logo em seguida.

- íamos tentar, mas você quebrou isso ontem.

- Você também. – ele riu.

- Culpado. – ele pegou o cigarro entre os dedos me oferecendo e eu aceitei.

Fumamos os mesmos cigarros por um bom tempo até que foi ficando tarde e cada vez
mais tarde.

- É melhor você entrar. Está tarde. – ele me fitou jogando o cigarro fora e segurando
meu rosto entre suas mãos.
Assenti com a cabeça, ele tinha razão.

- Eu te vejo amanhã. Na cabine da biblioteca. – eu sorri.


- Tudo bem.
Ele sorriu antes de se inclinar para me dar um beijo na testa.

- Boa noite Kris.

- Boa noite Rob.

Ele me levou até a porta do prédio me olhando até que eu passasse pelo portão e me
sorriu uma última vez antes de se virar.

Entrei pela porta do meu apartamento indo direto pra cozinha beber uma garrafinha de
água. E ouvi um recado na secretária que não era da minha mãe e sim de Taylor.

- Kris? Não está em casa? – ele parou por um momento provavelmente estranhando o
fato de eu não ter atendido. – Bom, assim que ouvir o recado me ligue, tenho boas
noticias irmãzinha.

E desligou, pela animação em sua voz, eu tinha certeza que eram mesmo boas noticias.

Mas á eram mais de meia-noite, eles já deveriam estar dormindo.


Eu ligaria amanhã antes de sair para a faculdade.

Fui pro banheiro tomando um banho quente e me lembrando Robert quando passei o
shampoo de mel e guaraná.

Fui dormir mais uma vez um sono pesado e sem pesadelos.

--

Caminhei pelos corredores da faculdade contra todas aquelas pessoas que saiam de suas
respectivas salas, entrando no andar da biblioteca e passando pelas estantes encontrando
a cabine.

Entrei já o encontrando lá dentro com um cigarro na boca e um sorriso que agora se


fazia ali.

- Você demorou. – ele disse enquanto se levantava e caminhava em minha direção.

- Minhas aulas acabaram agora. – respondi recebendo seu beijo em minha testa e no
rosto, para depois seus braços me enlaçarem.
- Tudo bem com os trabalhos?
- Sim, consegui passar direto.

- Isso é bom. – ele disse sorrindo me dando um selinho pequeno e carinhoso.

- Como foi nas provas de hoje.

- Fui bem eu acho. Não estava tão difícil como pensei. – assenti com a cabeça.

Ele me puxou nos levando para o chão e se sentando ali encostado me deixando
recostado no meio de suas pernas com o rosto deitado em seu peito.

- Toma. – ele me passou seu cigarro sorrindo.

- Não vamos levar mesmo a sério a idéia de tentar parar? – ele riu.
- Podemos começar a parti de agora baby.

Estremeci um pouco com a parte do baby, mas gostando que ele me chamasse assim.

Tomei o cigarro de suas mãos tragando a fumaça sorrindo.


- Talvez outro dia.

- Outro dia então. – ele riu baixo.

- Está estudando? – olhe pra baixo ao seu lado vendo muitos papéis ali. Passei o cigarro
pra ele.

- Um pouco. – sorri.

- Vou te deixar estudar quieto então.

- Você não está me atrapalhando Kristen.

- Mas quero que você estude. – ele riu baixo de novo antes de me beijar demoradamente
se afastando minutos depois a contragosto.

Deitei-me em seu peito como já era de praxe e me deixar pensar em nada que não fosse
seu cheiro me invadindo e seu corpo onde eu estava encolhida.

Ele pegou os papéis os folheando e ficando concentrado em sua matéria que eu não
sabia qual era.

Ficamos ali e de vez em quando eu acendia um cigarro, ele sorria mas fingia que não
via, ainda mais quando ele mesmo tomava de meus dedos para seus lábios, soltando a
fumaça depois lentamente.
Eu me assustei quando a porta da cabine se abriu e uma garota loira entrou por ela, o
susto me fez reconhecer apenas depois de um momento que era Dakota.

- Olá garotos.

- Hey Dak. – Robert a cumprimentou sorrindo para depois voltar a seus papeis, meus
olhos ainda estavam arregalados me indicando perfeitamente onde eu estava e que ela
estava nos vendo.

- Hey Dakota. – disse tentando sorrir e me levantar dali o mais rápido possível, mas
Robert segurou meu pulso.

- Onde vai?

- Tenho que voltar para sala.

- Não tinha só o tempo da manhã?

- Haam, sim...mas...eu preciso estudar. – soltei seu pulso e dei mais um sorriso de
despedida a Dakota antes de sair da cabine.

Idiota. Idiota. Idiota.

Não acreditava que tinha saído de lá daquele jeito, o quão burra eu realmente podia ser?

Parei do lado de fora do campus, eu não tinha mais aulas no período da tarde e tudo o
que eu queria era ir pra casa. Peguei um táxi dando logo meu endereço e colocando meu
capuz pela minha cabeça, não querendo que ninguém me visse.

Cheguei ao meu apartamento apressada e me sentei no sofá com os joelhos puxados no


peito e minha respiração profunda.

Eu só tinha que ficar calma.

Meu telefone fixo tocou e eu deixei asecretária atender e só depois que vi que era meu
irmão eu peguei o telefone.

- Hey.

- Kris? Você está bem? Não me atendeu ontem a noite, fiquei preocupado.

- Eu sai Tay, sinto muito, e acabei me esquecendo de ligar hoje de manhã.

- Que horas chegou ontem? – ele só podia ta querendo me irritar.

- Isso importa? – ele suspirou com meu tom de voz.


- Não quero te controlar Kristen, apenas fiquei preocupado.

- Eu sei, me desculpe. – respirei fundo. – Então qual a boa noticia?

- Adivinhe.

- Taylor...

- EU VOU SER PAI!

Ele gritou no telefone e sua felicidade pode ser enviada em ondas até mim e eu sorri por
ele.

- Tay, isso é muito bom...

- Não é? Melanie não esta aqui agora, mas ela te ligará mais tarde. Ainda nem acredito
Kiki.

- Puxa, isso é realmente muito bom.

- Eu sei. – ele riu para depois ficar em silencio por um minuto e eu sabia no que ele
estava pensando. – Escute Kiki? Você foi ao médico?

- Não comece com isso Taylor.

- Você foi?

- Sabe que não vou deixar ninguém tocar em mim.

- Mas seria apenas o médico Kristen e você precisa.

- Eu não preciso de um médico. Eu estou bem. Escute, falo com Melanie mais tarde,
parabéns de novo Tay. Eu te amo.

Desliguei o telefone sem esperar resposta.

Odiava que ele viesse com aquele assunto...

Não sei pra que perguntar se já sabia que minha resposta era negativa.
Não sei pra quê ir a um médico quando sei que a resposta dele pra minha pergunta
também seria negativa.

Eu jamais poderia sentir o que Melanie estava sentindo daquele momento ou fazer
alguém sentir o que Taylor estava sentindo com a noticia.
Meu peito se apertou levando meus pensamentos a Robert.

Será que ele ficara chateado com o jeito que eu sai da biblioteca?

Suspirei passando a mão no cabelo e indo até o banheiro jogar uma água na cara e tentar
esfriar minha cabeça com um banho relaxante.

Fiz algo para comer e me sentei em frente a TV logo depois.

Não foi até as 19:00 que Robert apareceu.

- Olá. – ele disse me dando um beijo na testa enquanto eu lhe dava espaço pra entrar no
apartamento.

- Hey. – fiquei na ponta dos pés quando ele se inclinou em mim, para receber melhor
seu beijo.

- A gente pode conversar? – ele passou a mão em seu cabelo em sinal de nervosismo.

Eu engoli em seco com ondas de medo sendo enviadas por minhas terminações.

- Tudo bem. – ele me puxou pela mão me sentando ao seu lado no sofá. – O que houve?

- Por que saiu daquele jeito na biblioteca?

Ele foi direto.

- Por nada...eu só..

- Não minta.

- Não estou mentindo.

- Certo, olhe. – ele me encarou deixando suas mãos em meu rosto. - Você tem algum
problema em as pessoas nos verem junto?
Arregalei os olhos negando rapidamente com a cabeça, ele estava entendendo tudo
errado.

- Então por que saiu daquele jeito? A verdade.

Engoli em seco e desviei meu olhar do seu.

- Eu pensei que você tivesse algum problema em nos verem juntos...quer dizer..eu não
sou...o tipo de garota legal...para se apresentar aos amigos.

Disse mordendo os lábios os impedindo de tremerem.


- Você achou que... que eu estaria com vergonha?
- Isso seria normal. – não o encarei de novo.
- Isso é absurdo Kristen.
Eu não respondi.
- Olhe pra mim okay? – eu fiz depois de um tempo. – Eu não menti quando disse que
você era incrível Kristen.

- Você pode mudar de idéia sobre isso.

- Impossível baby. – ele sorriu.

Ele sorriu. Seu sorriso.

- Tudo bem agora certo? – assenti com a cabeça mordendo os lábios. – Certo. O que
quer fazer?

- Eu não sei, podemos ver um filme.

- Procurando Nemo? – perguntou divertido.

- É isso aí. – respondi sorrindo, ele se deitou no sofá enquanto eu ligava o DVD.

Eu ainda estava receosa e hesitante com nossa pequena conversa, mas não me poderia
negar que me aliviava em muito ele não ter vergonha de mim.
Claro que ele mudaria de idéia um dia, se descobrisse....

Mas quando me deitei em seu lado com minha cabeça em seu peito e seus braços em
minha volta, meus medos não fizeram diferença e se transformaram em nada.

Até mesmo a dor no peito que eu ainda carregava da minha conversa com Taylor.

Eu estava protegida.
--

Capítulo 11
Capítulo 11

Notas iniciais do capítulo


Mais um, hoje ainda eu volto com outro :D

Apagar a Luz
- Acho que está precisando de um novo colchão baby.

- Por quê? – perguntei ainda sonolenta.

- Você sempre dorme em mim enquanto vemos o filme. – ele riu me dando um beijo na
testa. – Não que eu esteja reclamando é claro. – ele sorriu de novo me fazendo sorrir
junto com ele e me aconchegar mais em seu corpo com minhas mãos em seu peito.

- Meu colchão não é tão confortável. – mordi os lábios sentindo meu rosto corar depois
que disse isso, é claro que ele riu.

- Tudo bem, você pode dormir em mim quando quiser.

- Obrigado.

Eu iria soltar algo como ‘’ vou me aproveitar disso ‘’ mas me freei na hora mordendo
minha língua.

Nós já estávamos no sofá há algum tempo, o filme já tinha acabado assim como dois
maços de cigarro de canela, nos realmente não levamos a sério a historia de tentar parar.

Ele estava recostado no sofá com seus braços em minha volta e minha cabeça em seu
ombro. O cheiro de sua camisa azul escura me invadia e o seu perfume me trazia aquela
já conhecida sensação de paz e tranqüilidade em mim.

- Tem show do Sam na sexta-feira naquele mesmo pub da praia. Vamos?


- Uhuum. – disse, mas ainda estava com medo de que ele não se sentisse a vontade em
me mostrar a seus amigos. – Eles sabem... que estamos...saindo?

- Sabem. – ele disse sorrindo passando a mão em meu rosto com o polegar fazendo
círculos em minha bochecha, mandando embora meu receio anterior. Mas ele ficou sério
de repente.

- O que houve?

- Não vamos poder nos ver amanhã.

- Não? - Eu não consegui disfarçar a tristeza em minha voz.

- Não. Eu tenho que estudar e terei que trabalhar por meio período.

- Okaay.

Não. Não estava okay.

- Não tem prova amanhã? – perguntei como última esperança.


- Apenas na parte da tarde.

Eu não tinha mais aulas a tarde, mas por mais que eu não quisesse ficar longe dele, eu
entendia e queria que ele estudasse para se dar bem na faculdade.

- Tudo bem. – Eu sorri a ele que me retribuiu.

- Fique com o celular na mão Stewart. – ele passou o indicador na ponta do meu nariz.

Ele me beijou antes que meu telefone tocasse.

Gemi contrariada me afastando e sentando no sofá, inclinando meu corpo para buscar o
aparelho.

- Sim?

No momento em que atendi fiquei com medo de ser minha mãe, mas para minha alegria
não era.

- Hey Kris.

- Melanie, oi. – me deitei novamente no ombro de Robert que continuou sorrindo pra
mim beijando meu rosto.

- Então, como está?

- Estou bem e você? Parabéns, Taylor me disse ontem.

- Ah eu estou muito bem. Obrigada Kiki. – eu também podia sentir sua felicidade até
mim. – Mas eu te liguei para outra coisa.

- Claro. Pode falar. – empurrei o ombro de Robert de leve enquanto ele ria tentando
chegar até minha boca.

- Haverá um seminário de psicologia em Palo Alto, na Universidade de Stanford aí na


Califórnia. E eu queria saber se poderemos ir visitar você.Taylor disse que não
precisava ligar, mas eu queria te avisar que estamos indo neste seminário e queríamos
muito te ver.

- Melanie, é claro que podem vir. – disse empurrando de novo o ombro de Robert e
tampando sua boca com as mãos enquanto ele ria altamente.

Eu me controlava para não rir também.

- Obrigada Kiki de verdade. Nós nos vemos no próximo mês então, estou com saudade.
- Até mês que vem Mel. Dê um beijo em Taylor por mim.

- Darei. Se cuide Kiki.

Nos despedimos e eu desliguei o telefone.

- Você não pode ficar quieto. – disse rindo depois que coloquei o telefone novamente no
gancho.

- Até você está rindo Kristen.

- Mas ela podia ter ouvido. – me deitei de novo nele recebendo seus braços em minha
volta, respirei fundo seu cheiro e fechei os olhos.

- E quem é ela? – perguntou sorrindo passando a mão em meu cabelo, me deixando com
sono novamente.

- Melanie, minha cunhada. Está vindo pra cá com meu irmão.

- Ah sim. – senti que ele hesitava em terminar de falar.

- O que foi?

- Tem problemas em eles saberem que estamos juntos?

Juntos...

Essa palavra me rondou por um instante antes que eu respondesse.

- Não. Não tem. – ele sorriu e me abraçou mais forte, fechei os olhos de novo
descansando o rosto em seu peito sentindo um beijo leve em minha testa.

E realmente não tinha.

Eu sabia que Taylor ficaria com o pé atrás, mas eu não permitiria que ninguém tentasse
controlar a minha vida.

Não mais.
Afinal, eu e Robert...estávamos juntos.
Eu sorri contra sua camisa antes de adormecer novamente.
Ele não ficou lá por muito tempo, em algum momento da noite eu me lembro de tê-lo
levado até a porta e recebido seu beijo em meu rosto antes de voltar pra dentro do meu
apartamento e caí na cama dormindo apenas para constatar que meu colchão não era
realmente tão confortável como ele.

--
O resto da semana se passou em um borrão em minha frente.

Eu me encontrava com Robert sempre que dava na faculdade enquanto ele tinha as
provas e depois – quando não tinha que estudar - ele vinha até meu apartamento e
ficávamos mais um tempo juntos, é claro que para minha infelicidade isso não podia
acontecer todos os dias pois ele tinha o trabalho com o estágio e eu estava resolvendo as
minhas coisas com meu próximo semestre, já começando desde agora a estudar.

Seus SMS’s eram companhias constantes em meu telefone, desde um pequeno e


confortante ‘’boa noite’’ até um atencioso ‘’ dormiu bem?’’
Era assim que geralmente nos falávamos quando não conseguíamos nos ver.

E assim o tempo foi passando, nós nos aproximávamos mais e mais a cada dia que
passava, o meu medo de ficar perto dele tinha desaparecido completamente e hoje eu já
contava as horas para vê-lo.

Meus sentimentos também foram mudando com o passar desse tempo, entramos em
julho e com ele, as férias de verão e eu só podia reafirmar a cada dia mais que eu estava
louca em relação ao que eu sentia.

Sim. Louca.

Por que não era normal você sentir o coração disparado só em ouvir a respiração de uma
pessoa era?

Também não devia ser normal querer ser uma pessoa melhor e se esforçar pra isso
apenas pra não decepcionar essa outra pessoa era?

Mas era exatamente isso que eu fazia, meu coração disparava tanto no peito quando ele
estava perto que eu achava que ele pararia de bombear a qualquer segundo.

E a cada dia mais eu deixava um pouquinho de meus medos e receios de lado.

Robert me mostrava um lado da vida que eu nunca vira antes.

O lado em que é bom ter amigos como Tom, Sam e Dakota.

O lado em que é bom sorrir e que isso não te prejudicaria em nada.

Eu aprendia isso todos os dias quando ele passava pela minha porta com aquele sorriso
dele que me deixava tonta só de olhar e que me fazia ficar embriagada com sua presença
quando ele se aproximava.

Hoje faria uma semana completa que não nos víamos e os pesadelos me acompanharam
a cada dia junto com minha garrafa de vodka que já estava preparada em algum canto da
minha cozinha para o caso dele não conseguir aparecer hoje, afinal era o seu último dia
no estágio antes das férias e não me surpreenderia que ele estivesse cansado para sair de
casa.

Mas isso não me impedia de morder as pontas dos dedos e ficar apreensiva segurando o
telefone na mão.

Não foi até a campainha tocar que meu coração quase pulou pra fora do peito e eu
disparei pela sala para abrir a porta.

- Oi. – era ele.

Ele e seu sorriso inabalável.

Abri a boca para responder, mas ele não me deu tempo, puxando minha cintura pra ele
e colando nossos rostos e nosso corpo antes de me beijar.

Apaixonadamente e intensamente.

Retribui na mesma intensidade ficando na ponta dos pés para enlaçar seu pescoço com
meus braços enquanto uma de suas mãos subia pelas minhas costas chegando a meu
cabelo, puxando os fios de leve.

Sua língua pediu passagem que foi cedida instantaneamente.

Seus dentes puxaram meu lábio inferior arrancando um gemido baixinho de mim, ele
entrou pelo apartamento fechando a porta com o pé sem desgrudar um minuto sequer de
mim. Eu suspirava enquanto nossos lábios se devoraram em um beijo delicioso e
urgente onde eu colocava toda a saudade que eu senti dele durante toda essa semana,
essa maldita semana.

Ele nos guiou pra trás e eu acabei caindo no sofá com seu corpo em cima do meu, suas
mãos agora apertavam minha cintura e sua língua se enroscava com a minha me
deixando embriagada com seu gosto.

Mas quando suas mãos tentaram entrar por debaixo da minha blusa apenas apara se
espalmar em minha pele eu estaquei. Não por medo dele, nem nada do tipo.

Mas sim medo de que ele sentisse as marcas das cicatrizes que eu trazia na lateral de
minha barriga. Seus lábios deixaram os meus quando ele sentiu que eu não correspondia
mais ao beijo e para meu contra gosto ele se afastou, se sentando no sofá com o cenho
franzido me puxando pra perto dele.

- O que foi? – ele passou a mão em meus cabelos e eu tentei sorrir deixando minha mão
em seu rosto.
- Nada. Não foi nada. – ele suavizou a expressão apesar de não parecer acreditar no que
eu disse, mas no minuto seguinte ele estava sorrindo me dando mais um beijo demorado
e gostoso nos lábios deixando o gosto entrar por completo em minha boca.

Nos afastamos depois de alguns minutos.


Ele não me deixou mais sozinha, suas mãos estavam sempre em mim como agora, que
elas seguravam meu rosto. A temperatura morna me deixando com sono. Eu sorri, sua
testa se colando a minha enquanto ele ainda tinha os olhos abertos e me queimavam por
dentro.
- Eu senti sua falta Kristen.

- Eu também. Eu também senti sua falta.

Eu nunca tinha sido tão verdadeira em algumas palavras.

--

- De que você quer baby?

- De cogumelos.

- Okay. – e ele sorriu me olhando através do balcão da cozinha pegando o celular e


pedindo uma pizza.

- Ah pede com abacaxi pra mim? Eles sempre colocam quando pedem.

- Abacaxi?

- É, é bom Robert.

Ele riu assentindo com a cabeça levando o cigarro na boca, eu continuei deitada no sofá,
já tinha mais de 2 horas que estávamos aqui e ficamos com fome em determinado
momento. Eu disse que sabia cozinhar, mas ele não acreditou em mim.

- Eu vou tomar um banho. – disse me levantando e lhe dando um selinho na ponta dos
lábios.

Claro que ele teve que se abaixar para que eu conseguisse fazer isso e ainda riu baixo
quando eu revirei os olhos.

Peguei minha toalha na área de serviço entrando no banheiro e logo após em minha
banheira, eu sentia que queria relaxar.

Mas não demorei nada no que logo estava de volta a sala o encontrando assistindo The
Big Bang Theory.
- Já pediu? – me sentei ao seu lado e ele me puxou para perto deixando minhas pernas
dobradas em cima das suas.

- Ahaam. – ele respondeu apenas passando o nariz por meu rosto e depois minha orelha
e meu cabelo me deixando arrepiada. – Mel e guaraná. – ele sussurrou.

- Shampoo. – mordi os lábios repetindo o mesmo que disse ontem.

Ele riu baixo em meu ouvido antes de se voltar para meus olhos e me beijar como antes.

Apaixonadamente.

Deixei meus lábios nos seus se movimentando e recebendo seu gosto enquanto sua
língua se enroscava com a minha com um carinho e adoração sem igual.

Até que nosso momento foi cortado pela campainha.

- Humpf. – ele resmungou puxando meu lábio inferior.

- A pizza. – resmunguei quando seus lábios voltaram aos meus ainda me beijando.
Rob... – disse abafado com seus beijos.

- Haam? – ele não me soltava e a campainha voltou a tocar.

- A pizza. – ele ainda não me largou.

- Ah sim baby, a pizza... – ele me soltou com uma cara irritada e eu segurei o riso.

Era tão bom rir que se eu soubesse disso tinha feito há mais tempo.

Ele se levantou indo atender a porta. Vi quando ele pegou a carteira pagando e pegando
a caixa em suas mãos.

Saí do sofá pegando duas cocas na geladeira sorrindo e voltando pra sala onde ele me
sorriu colocando a caixa em cima da mesinha de centro.
- Cogumelos com abacaxi... – ele disse me olhando. – Tem certeza que é bom não é?

- Tenho e você podia ter pedido apenas metade. – ele riu.

- Mas você gosta, então pedi tudo logo. – eu o acompanhei na risada.

- Toma, não tem cerveja. – ele sorriu abrindo as duas latinhas e me entregando uma.

Começamos a comer e nos dividíamos entre a pizza, os beijos e a TV.


Era tão gostoso fiar desse jeito, eu nunca imaginei estar assim um dia.
Nunca.
- Eu te ajudo a arrumar. – ele disse sorrindo me seguindo para a cozinha e começando a
jogar as coisas no lixo.

- Dá próxima vez eu cozinho. – apontei pra ele lavando as mãos na pia.

- Espero que você esteja bem humorada no dia. – ele riu.

- Hey, eu não sou mal humorada. – cerrei meus olhos pra ele que apenas riu mais.

- Você é sim, mas eu posso dar um jeito nisso. – ele sorriu malicioso e eu o olhei com
olhar de desafio.

- Pode é?

- Ah eu posso.

E quando eu pensei que ele ia fazer outra coisa, ele me pega de surpresa no colo, me
levando a sala e me jogando no sofá.

Me fazendo cócegas.

- Está bem humorada agora uh? – ele perguntava enquanto eu arfava e lágrimas de tanto
rir saiam de meus olhos, mas ele não parava.

- Robe..rt, para, para, eu estou bem humorada.

- Tem certeza? – ele continuou.

- Te..nho. – eu já estava me contorcendo. – Para, pa..ra.

- Okay, eu estou bonzinho hoje. – ele disse divertido se sentando no sofá e me ajudando
a fazer o mesmo enquanto eu recuperava o ar. – Melhor? – ele perguntou sorrindo com
as mãos em meu rosto.

- Sim. – eu ainda arfei. – Preciso de água. – disse com a voz arrastada e ainda soltando
alguns risos.

- Vou pegar pra você. – ele riu me soltando e me dando um beijo na testa.

A campainha tocou e eu me levantei enquanto ele ia pra cozinha.

Quando abri a porta foi pra ver meu irmão e minha cunhada ali.

O sorriso em meu rosto continuou e Taylor me olhou fascinado.


- Oh meu Deus, eu errei de apartamento.

- Taylor. – eu cantei correndo me atirando em seus braços.

- Okay, agora eu tenho certeza que eu errei de apartamento. – ele disse rindo e me
abraçando de volta. – Olá Kiki.

- Olá. – respondi a ele indo abraçar Melanie que ainda não tinha muita barriga.

- Oi Kris! – me falou sorrindo.

- Olá Mel.

- E então, que alegria é essa? Não te vejo assim, sei lá...desde os nove anos? – vi
Melanie bater no braço dele com cara feia, mas eu sorri.

- Kristen? – ouvi o sotaque britânico lá de dentro me chamando e me virei novamente


pra Taylor, que tinha fechado a expressão e franzido o cenho.

- Quem é Kristen? – mordi os lábios para evitar sorrir.

- Vamos entrar. – os chamei e Taylor pegou a mala deles me seguindo ainda emburrado
para o apartamento.

- Rob? – vi da sala suas costas na cozinha e ele franzindo o cenho se aproximando de


mim.

- Boa noite. – ele disse a meu irmão que não respondeu e a minha cunhada que lhe
sorriu, estendendo a mão pra ele.

Num gesto que mais me surpreendeu, ele passou os braços em minha cintura, como se
fosse para me proteger de algo depois que cumprimentou Melanie.

O sorriso dela se expandiu e meu irmão estava quase tendo um AVC ali na minha sala.

- Robert. Esses são Melanie e Taylor.

- Mel, esse é Robert meu...

- Namorado.

Eu quase engasguei com minha saliva.

- Sou irmão dela. – Taylor disse entre dentes.

- Haam, Rob... ela é minha cunhada, Mel. – disse ainda um pouco atordoada.
Ele sorriu a ela e depois a abraçou, meu irmão não se moveu.

A sala caiu num silêncio e por mais que eu quisesse quebra-lo, não conseguia, as
palavras de Robert ainda estavam por minha cabeça.

Namorado.

Namorado.

Namorado.

Eu estava parecendo uma adolescente idiota e chata.

Humpf.

Quase rolei os olhos irritada comigo mesma.

- Então Kiki, onde podemos colocar a mala? – a voz de Melanie veio ao fundo de uma
forma distante pra mim.

- Ah claro Mel. No quarto de sempre.

- Certo. Vem comigo querido?


- Agora não Mel, podemos ir depois. – ele ainda encarava Robert que não desviava o
olhar.
Eu já estava pirando.
- Vamos Tay, por favor? – Melanie o puxou e ele se rendeu antes de suspirar, me
lançando um olhar do tipo ‘’ nós vamos conversar sobre isso.’’

Eu rolei os olhos pra ele.

Eu não devia satisfações a ninguém. Ele era meu irmão, que eu amava demais, mas não
deixaria que ninguém se metesse em minha vida.

- Ele não gostou muito de mim. – Robert disse rindo baixo pra mim depois que eles
sumiram no corredor.

- Não ligue pra ele. – eu sorri.

- Acha melhor eu ir embora? É sua família, assim pode dar um pouco de atenção a eles.

Eu não queria que ele fosse, não mesmo.

Mas ele tinha razão.


- Vamos nos ver amanhã?

Insegura agora. Ótimo Kristen.

- Se você quiser. Sabe que vou te ligar. – eu sorri ficando na ponta dos pés para que ele
me enlaçasse pela cintura.

- Tudo bem então.

Ele me beijou de novo e de novo quando o levei na porta e eu vi seu sorriso até que ele
desapareceu pelas escadas.

Me virei pra sala sorrindo dando de cara com Taylor que tinha os braços cruzados no
peito.

- Posso saber o que foi isso?

- Pode me dar um desconto? Tem dez minutos que chegou Taylor. – disse passando
direto pra cozinha.

Ele me seguiu, claro.

- Exatamente. Dez minutos e eu vejo você com esse cara.

- Robert. Esse cara tem nome Taylor.

- O que pensa que está fazendo Kristen?

- O que pensa você que está fazendo Taylor? – eu estava começando a ficar realmente
irritada. – Eu entendo que se preocupe comigo, mas sou dona da minha vida e faço dela
o que quiser.

- Não vou deixar você se machucar kristen.

- Você não entende que eu estou bem? Olhe pra mim Taylor. Há quanto tempo não me
vê sorrindo?

Ele não respondeu, apenas me encarou.

- Eu estou mudando e é pra melhor.

- É ele que está fazendo isso com você? Deixando-te assim?


- É.

Era a única certeza que eu tinha, era Robert o motivo da minha mudança.
- Kris...
- Eu realmente entendo Taylor, como você se sente, nem eu me sinto segura de tudo,
mas eu estou bem. Pela primeira vez desde que eu tenho nove anos, eu posso dizer que
estou bem.

Disse a ele com toda confiança que eu tinha na voz encarando seus olhos para que ele
acreditasse em mim.

- Sei que você tem sua vida Kiki, mas não vou permitir que alguém te machuque.

- Eu não vou me machucar. Ainda tenho senso de preservação Taylor. – disse irritada,
me virando para a pia e apoiando minhas mãos ali.
Ouvi seu suspiro.

- Sinto muito okay. – ele deixou uma mão em meu ombro e eu me virei pra ele.

- Eu sei me cuidar Taylor. Não sou idiota. Sei o que estou fazendo.
E eu sabia.

- Eu sei Kiki, me desculpe, só fiquei preocupado. – assenti com a cabeça e ele me


abraçou.

Retribui seu abraço percebendo só agora como ele me fizera falta.

- Senti saudades.

- Eu também Kris. Muita. – ele sorriu.

- Atrapalho? – ouvimos a voz de Melanie que agora tinha os cabelos loiros amarrados
em uma trança e molhados e ela já estava de pijama e com um roupão.

- Claro que não, Mel.

- Então, já fez o seu papel de cara chato? – perguntou pra Taylor erguendo uma
sobrancelha. Ele revirou os olhos enquanto eu ria.

Ela me olhou como se estivesse fascinada com algo.

- Eu não fui chato. – ela revirou os olhos.

- Não se preocupe Kiki, eu dou um jeito nele.

- Obrigada. – disse rindo de novo.

- Quer ajuda pra arrumar algo por aqui?


- Ah não, não, Robert já me ajudou por aqui. Vão dormir, devem estar cansados.

- Okay, até amanhã Kiki.

- Até amanhã.

Os dois me deram um beijo na bochecha antes de saírem.

Amanhã conversaríamos mais e eu poderia matar a saudade que tinha deles.

Fui pro meu quarto e adormeci de imediato segurando meu celular em mãos e
recebendo uma de suas mensagens na madrugada, cocei os olhos sonolenta, mas tinha
um sorriso no rosto.

‘’ Bons sonhos baby. ’’

Sim, eu teria bons sonhos e em todos eles eu estava com um certo inglês de cabelos de
areia bagunçados e um perfume que me enlouquecia até na inconsciência.

Acordei ainda bocejando e desejando voltar pra cama, fazia um dia gostoso em LA e o
calor não estava desagradável. Abri as janelas do meu quarto para depois entrar no
banheiro escovando meus dentes e jogando uma água na cara.

- Bom dia. – ouvi a voz de Melanie logo que cheguei na cozinha me sentando no balcão.

- Bom dia Mel.

- Fiz o café da manhã, se importa? – revirei os olhos pegando algumas torradas.

- Claro que não. Onde está Tay?

- Foi na Starbucks, ele queria um cappuccino. – disse sorrindo.

Assenti com a cabeça e ela se sentou ao meu lado no banco alto do balcão colocando a
caixa de leite a sua frente.

- Como está a gravidez? – perguntei curiosa.

- Estou com três meses. – disse sorrindo visivelmente animada. – Fase dos enjôos. – ela
me olhou para logo depois morder os lábios, eu percebi o que ela queria e a parei antes
que ela começasse a falar.

- Isso é ótimo Mel, eu fico muito feliz. – disse sincera pronta pra me levantar dali e
voltar pra cama, mas ela me segurou na mão.

- Kristen, nós podemos ir ao médico você sabe.


- Ninguém vai tocar em mim. – disse séria.
- Eu vou com você Kris e peço pra ficar na sala enquanto os exames são fei...
- Não Mel, por favor, não me faça repetir isso. Eu estou muito bem assim. – ela suspirou
e assentiu com a cabeça, respirei um pouco mais aliviada e voltei a tomar meu suco que
já tinha colocado no copo pra mim.

- Quer me contar sobre o Robert? – ela disse voltando a sorrir, mordi os lábios para não
fazer mesmo. – Estão mesmo juntos?

Eu sabia que ela não estava querendo se meter em minha vida ou tentar me controlar
como Taylor fez noite passada, ela estava apenas curiosa e animada por mim.

- Eu acho que sim. – soltei um sorriso pequeno.

- Por que não me ligou pra contar? – ela parecia ofendida, mas estava divertida.

- Isso não tem muito tempo Mel e as coisas foram simplesmente acontecendo. – sorri
bebendo mais do suco.

- Ele te faz bem.

Era uma afirmação.

- Ele faz. – concordei pegando outra torrada com geléia de morango.


- Ele é bem bonito. – ela piscou um olho pra mim levando seu leite aos lábios e eu sorri
limpando minha boca com a mão.
- Eu sei. – mordi os lábios novamente.

- Acha que ele aceitaria jantar hoje com a gente? Ele me pareceu bem educado e gentil.

- Ele é, é inglês. – acrescentei sorrindo.

- Ah bem que eu sabia, aquele sotaque bonito. – eu ri um pouco.

- Pois é, vou falar com ele quando ele me ligar.

- Certo. O que acha de irmos a praia agora?

Suspirei olhando pra ela cm cara de cética.

- Sabe que não vou a praia Mel. – apontei me levantando levando as coisas pra pia e
abrindo a torneira.

- Eu sei Kiki, mas é apenas para caminharmos um pouco e use roupas de ginástica,
vamos fazer Cooper. – ela disse animada batendo as mãos uma na outra, eu ri da sua
animação quando ela pegou o pano e começou a enxugar a louça que eu lavava.
- Tudo bem, mas nada de banho de mar.

- Feito. – ela sorriu.

Fui pro quarto pegando uma blusa qualquer de cor escura e uma legging, prendi meu
cabelo em um rabo de cavalo alto e calcei meus tênis pegando meu iPod e indo pra sala
esperar Melanie, já estava sentada quando Taylor chegou com um copo da Starbucks.

- Hey, aonde vai?

- Caminhar com Mel. Não vem?

- Claro, vou trocar de roupa. – ele me deu um beijo no rosto entrando pelo apartamento
até seu quarto, que ficava em frente ao meu.

O apartamento não era grande, mas tinha dois quartos e um banheiro social além da
minha suíte.

Eles não demoraram a aparecer, e fomos juntos andando até a praia, onde de lá,
coloquei meus fones no ouvido e começamos a correr, não muito depressa por causa de
Mel.

Eu adorava correr, era uma sensação tão gostosa que te fazia ficar bem enquanto a
estava fazendo. Fazia-me sentir livre, como se não houvesse barreiras e o horizonte
fosse meu destino, era bom, relaxante e viciante.

Mas eu nunca o fazia realmente. Apenas quando Melanie vinha me visitar – eu nunca
saia de LA – porque não gostava de ficar andando por ai sozinha, mesmo que fosse de
manhã ou qualquer outro horário.

Fizemos duas voltas, vendo pessoas patinando em meio ao calçadão, outras jogando
vôlei na praia ou fazendo caminhada como a gente.

- Alguém aqui quer beber algo? – perguntou Taylor colocando os óculos de sol na
cabeça.

- Sim, eu quero uma água querido.

- Um suco, eu acho. – respondi.

- Que horas Mel? – perguntei enquanto Taylor ia comprar as coisas.

- 10:30. Quer continuar caminhando?

- você pode?
- Não sei, mas estou me sentindo bem até agora.

- Nada disso senhora, iremos pra casa. – disse a voz de Taylor atrás de nós.

- Não é preciso de verdade. – ele ia retrucar, mas seu telefone tocou e ele soltou uma
imprecação ao atender. – passei a mão no cabelo em um gesto de nervoso e já
acstumada a isso.

Bebi do suco de laranja que ele havia trago enquanto conversava com Mel.

- Kris?

- Oii.

- É a mamãe no telefone... não quer atender?

Meu coração bateu mais rápido por um instante, minha boca ficou seca tentando
produzir mais saliva e eu senti meu corpo reverberando em medo e expectativa.

- Não. Não vou atender.

- Kristen...ela está preocupada..

- Então diga que estou bem, não irei atendê-la Taylor. – me virei de costas pra ele
ficando de frente para o azul esverdeado do mar, isso me lembrava Robert...

- Tudo bem. – ouvi ele dizer antes de senti-lo se afastar com o telefone no ouvido, virei
mais um gole do meu suco e Melanie ficou ao meu lado esperando Taylor, mas não
disse nada.

Eu queria ir pra casa e ligar pra Robert, queria ficar com ele agora.

Voltamos a correr, e depois de mais uns 30 minutos chegamos em casa, Taylor não
comentara sobre a ligação da mamãe e eu não perguntei, o clima acabou por ficar tenso,
eu não gostava disso, eles eram minha família e eu sentia falta quando estavam longe,
mas eles tinham que entender que se eu não atendia a mamãe, era porque tinha meus
motivos e eu não abriria mão disso.

Eu era livre, não precisava ficar preocupada com nada.


Capítulo 12

Capítulo 12

Apagar a Luz
"Os sonhos podem ser um modo de abrir a janela e deixar que o ar poluído saia"
(William P. Young)

- Certo. É também uma chance de ser gentil, não foi muito educado da minha parte não
ter falado com ele ontem à noite.

- Ele disse a mesma coisa agora Rob. – ele riu baixo enquanto falava comigo ao
telefone.

- Então nos vemos a noite não é? Daqui a pouco quer dizer, ás 20:00?

- Isso, ás 20:00, passa aqui ou espera a gente no restaurante?

- Passo ai pra te buscar. – eu sorri.

- Sabe que não precisa fazer isso não é? – tirei o cigarro da boca me sentando em minha
cama onde já estava a bons minutos conversando com ele ou mesmo não conversando
nada, só a respiração dele do outro lado da linha me era suficiente. – Ele só está
tentando achar que manda em mim, você sabe.

Ele riu de novo.

- Mas eu quero ir jantar com vocês.

- Tudo bem então, nós sempre podemos sair correndo no meio da noite.

- Eu gostaria de ver isso! – disse divertido me fazendo sorrir.

- Eu te espero aqui.

- Tudo bem, até daqui a pouco Kris.

- Até Rob.

Desliguei o telefone olhando no meu relógio de cabeceira, os números piscavam com


aquela luz vermelha intensa e marcava 18:47 da tarde, eu não precisava me levantar
agora.

Me deitei novamente na cama e me permiti ficar ali, sem pensar em nada, sem
absolutamente nada em minha cabeça a não ser o vazio.

Eu não precisava me lembrar de nada agora e se precisasse, não seriam lembranças


ruins, alias, desde que estava com Robert, eu tinha me esquecido completamente de
lembranças ruins que havia em mim, eu não sabia explicar como, mas era simples
assim.

Talvez fosse aquele cheiro bom de sua camisa e seu perfume que me deixava com sono,
ou aquela temperatura morna de sua pele na minha que me deixava em paz me fazendo
sentir como se eu tivesse um lar.

Um lar.

Pensar nisso me fazia voltar a conversa com Melanie. Mas de que adiantaria ir ao
médico? Eu não queria escutar da boca dele que eu não podia ter filhos, eu odiaria ter
que passar por isso.

Não que um dia eu tenha colocado esperanças dentro de mim, isso, eu nunca tinha feito,
até por que eu nunca me imaginei com ninguém e seria idiota da minha parte pensar que
agora as coisas seriam diferentes.

- Kiki? – batidas na porta me tiraram dos meus devaneios.

- Oi Mel, entre.

- Então? Ele aceitou? – perguntou fechando a porta atrás de si e sorrindo.

- Sim, ele vai passar aqui. – passei a mão no cabelo lhe voltando um sorriso pequeno.

- Okaay, isso é ótimo. Já escolheu sua roupa?

- All star, como sempre. – ri baixo me deitando de novo pra pegar outro cigarro e
acender.

- Tudo bem então. Vou tomar meu banho. - Assenti com a cabeça enquanto ela saia do
quarto, pegando outro cigarro entre meus dedos e tragando a fumaça e o gosto de
canela.

Acabei adormecendo eventualmente e quando acordei de novo a escuridão dominava


meu quarto e a luz vermelha do meu relógio marcava 20:16.

- Robert.

Levantei-me rápido indo até a sala e me surpreendendo com a cena em minha frente.

Taylor com Melanie ao seu lado, sentados de frente pra Robert no sofá e ele ria. Eles
estavam claramente se divertindo.

- Hey Kiki. – Melanie disse fazendo todos se virarem pra mim, eu vi o sorriso
iluminado no rosto e nos olhos de Robert.
- Boa noite baby.

- Er..oi..porque não me acordaram? – disse me aproximando e ganhando um beijo de


Robert na testa quando me sentei ao seu lado.

- Resolvemos deixar você dormir mais um pouco, parecia cansada. – Melanie me


respondeu com um sorriso de todos pra mim.

- Ah bom, então...haam, eu vou me ajeitar.

Ele me deu mais um beijo no rosto antes que eu me levantasse voltando pro quarto.

Eles estavam se dando bem.

Isso era tão bom.

Sorri indo pro banheiro, me banhei rapidamente prendendo depois meu cabelo em um
coque para que não molhasse e me enxuguei voltando ao quarto.

Peguei uma jeans skinny escura colocando meu all star e uma blusa branca que grudava
no corpo, botei por cima um bolero curto que se abotoava logo em meu diafragma com
a estampa xadrez na cor bege com detalhes vermelhos.

Olhei-me de cima a baixo.

Não devia estar tão ruim.

Dei de ombros soltando o cabelo e voltando pra sala onde eles continuavam da mesma
forma e ainda rindo.

- Vamos? – falei ao me aproximar.

- Vamos. – todos me responderam e Robert me enlaçou a cintura enquanto meu irmão e


Melanie já saiam do apartamento.

- Você está linda. E não adianta falar que está normal. – ele disse rindo antes que eu
revirasse os olhos. – Vamos?

Assenti com a cabeça recebendo um selinho leve em meus lábios.

- Aonde quer ir? – ele me perguntou me abraçando pela cintura quando já estávamos
andando pelas ruas. Ninguém quis pegar um táxi.

- Não sei...comida chinesa? – olhei indecisa pra todos.

- Por mim está ótimo. - Melanie sorriu e Taylor assentiu com a cabeça, olhei pra Robert
e ele estava sorrindo pra mim.
- Tudo que você quiser. – ele sussurrou em meu ouvido, o sotaque britânico aguçado me
fazendo arrepiar até o ultimo fio de cabelo.

Continuamos caminhando e a conversa entre todos surgiu naturalmente, meu irmão não
estava mais com a cara emburrada de ontem e era legal com Robert.

Chegamos ao restaurante e quando Rob entrou me puxando pela mão, pude perceber
como ele estava vestido.

Ele estava tão bonito.

Mordi os lábios em um movimento natural de quando estava perto dele.


- O que vai querer?

- Frango xadrez. – respondi a ele que também pediu o mesmo, Mel e Taylor pediram
algo que não entendi o nome, mas sabia que era com arroz glutinoso.

Voltamos a conversar e a risada gostosa de Robert era presença constante na mesa e em


minha mente, onde ela já estava gravada há muito tempo, assim como os traços de seu
rosto e seus olhos que vez ou outra, voltavam a se encontrar com os meus me
queimando como sempre.

Suas mãos estavam entrelaçadas as minhas em cima da mesa e Melanie tinha um sorriso
tão grande no rosto, como o que eu queria soltar, mas estava segurando.

Ainda não tinha conversado com ele sobre aquele papo todo de... namorado.

Então não sabia se era verdade e também não sabia como me sentia sobre isso.

Nós nos levamos da mesa e seguimos pra fora do restaurante, Robert e Taylor dividiram
a conta, já que nenhum dos dois deixou o outro pagar sozinho.

Eu quase rolei os olhos com toda essa coisa de orgulho masculino.

Mas sorri quando os braços de Robert voltaram a minha cintura enquanto


caminhávamos de volta ao meu apartamento.

- Não vão entrar? – Taylor perguntou na portaria do prédio.

- Agora não. – respondi simplesmente.

- Vamos Taylor. – Melanie o puxou sorrindo pra nós. – Boa noite Robert, foi um prazer.

- Igualmente Melanie. – ele sorriu de volta a ela.

- Não demore. – Taylor falou emburrado me olhando.


Eu abri a boca pra mandar ele para aquele lugar, mas antes disso Robert disse na minha
frente.

- Ela não vai demorar a subir, eu garanto. – ele sorriu pra mim e eu fechei a cara.

Eles subiram e Robert me puxou pra ele encostando-se à parede como em uma outra
noite, me abraçando pela cintura sorrindo.

- Devia ter me deixado responder.

- Você seria grossa com ele e isso não resolveria nada. – ele sorriu de novo.

- Eu não sou grossa.

- Não é, mas iria responder como se fosse. – ele riu baixo. – Ele só está preocupado com
você, o que é absolutamente normal.

- Eu tenho 20 anos, sou independente. – resmunguei me encostando em seu peito para


depois fechar os olhos. Senti seu sorriso em meu cabelo.

- Isso não muda as coisas Kristen, ele está preocupado. – ele riu de novo deixando as
mãos em meu rosto. – Eu passo aqui na sexta para irmos para o pub okay?

- Não vou te ver amanhã, não é? – eu tentei, tentei mesmo, não transparecer o quão
triste eu tinha ficado.

- Tenho que trabalhar amanhã, tempo integral. – ele também não estava alegre com isso.

- Okay. – me deitei novamente em seu peito respirando fundo o cheiro de sua camisa
misturado com o cheiro de seu perfume único e tremendamente masculino que me
intoxicava, me deixando viciada nele.

Eu entendia que ele tinha que trabalhar, por isso não fiz birra nem nada do tipo, até por
que, não era de mim fazer algo sim, compreender era uma qualidade que eu sabia que
tinha.

Talvez até a única.

Eu poderia dormir ali que por mim estava tudo bem, mas eu sentira falta dele, então
fiquei na ponta dos pés para receber seus lábios nos meus, era a primeira vez que eu
tomava a iniciativa e ele assim sorriu ao perceber isso.

Nosso beijo foi como os outros, intenso, carinhoso, envolvente e perfeito. A língua
habilidosa se enroscava com a minha me deixando ofegante e eu já suspirava com meu
corpo tremulo quando ele se afastou depois de vários minutos.
- Você não vai entrar agora. – ele disse em meus lábios sussurrando as palavras com seu
hálito quente e reconfortante de canela e tabaco me deixando tonta e ameaçando meus
pulmões a ficarem danificados pela falta de oxigênio.

- Eu nem pesaria nisso. – eu deixaria pra ficar sem graça com minhas palavras depois,
porque no segundo seguinte de seu sorrio, seu lábios me calaram, me devorando com
uma intensidade que ameaçava me sufocar e eu não reclamaria se isso acontecesse, por
que não havia nada melhor do que beijar Robert.

Seu gosto me invadindo com os beijos rápidos e acelerados, sua língua enroscada na
minha onde ele mordia e sugava para depois voltar a me beijar com cada vez mais
paixão e agilidade.

Eu suspirava, mas não parava o beijo, na verdade eu mataria quem ousasse quebrar
aquele beijo; que de longe poderia ser o melhor de toda a minha vida.

Em um gesto atrevido minhas mãos estavam em seu peito e foram subindo pelo pescoço
e nuca agarrando os fios de areia entre meus dedos, ouvi seu gemido baixo e senti um
aperto em minha cintura que só me fez ficar ainda mais acesa.

Suas mãos se imiscuíram por dentro da minha blusa causando um atrito delicioso com
sua pele na minha.

A falta de ar nos pegou no mesmo instante em que minha razão gritava que ele poderia
estar sentindo minhas cicatrizes, mas eu não queria me afastar apesar de saber que era
preciso.

- Vai passar aqui na sexta?

- Sim. – me deu um selinho. – As 21h00min estarei aqui.

- Certo. – fiz uma careta. – É melhor eu entrar. – ele assentiu.

- Sim. É melhor mesmo.

Me larguei dele, não sem antes voltar a ficar na ponta dos pés para lhe dar um último
beijo.

Ele sorriu me dando um beijo na testa e colocando uma mexa de meu cabelo atrás da
orelha.

- Bons sonhos baby. – ele disse.

- Boa noite Rob. – sorri e me virei entrando no prédio.

Subi a escadaria até meu andar com uma pequena parte de mim preocupada que ele
tivesse sentido minhas marcas, eu teria que ter mais cuidado daqui pra frente.
Abri a porta do apartamento o vendo silencioso, eu achei que Taylor ia ficar me
esperando para vim com aquele papo de ‘’ o que você pensa que esta fazendo ‘’ mas foi
um alivio encontrar a sala vazia e a cozinha também.

Fui direto pro meu quarto, me trocando e me deitando na cama adormecendo depois de
alguns de segundos, sem pesadelos e sem ressacas de bebida.

Taylor e Melanie iriam embora na próxima manhã, então acordei naquela quinta-feira
preparada para os levar a qualquer lugar de Los Angeles que eles quisessem.

Fomos Museu de arte contemporânea, ficamos passeando por Hollywood por muito
tempo, almoçamos na beira da praia de Santa Monica onde Taylor estava louco pra ir e
eles ficaram insistindo pra que eu fosse pra Nova York no ano-novo.

Eu não iria, eu nunca havia ido lá pra nada, na verdade eu nem tinha saído de LA desde
que cheguei. Então disse apenas que iria pensar na possibilidade ganhando o sorriso
deles pra mim.

- Mas e se for menino Mel? Que nome vai ser? – perguntei enquanto voltávamos para o
meu prédio, eles conversavam sobre o bebê e eu acabei ficando curiosa.

- Vai ser Thor. Sempre gostei desse nome.

- E se for menina? – eles sorriram um para o outro e depois pra mim.

- Será Kristiny.

- É bonito. – sorri de volta a eles.

- É uma homenagem a tia.

- Você não tem irmãs. – apontei.

- A você Kristen.

Eu estaquei.

- Sério?

- Muito sério. – ela disse entrando pela portaria.

- Sabe que não mereço isso.

- Eu sei, mas vou acabar confundindo se colocar seu nome todo. Fala sério Kiki, você
merece mais que qualquer outra.
- Obrigada.

A abracei afugentando as lágrimas dos meus olhos, seria idiota se eu chorasse agora.

Ela sorriu permitindo que Taylor me abraçasse.

- Eu também acho que você mereça mais que qualquer pessoa.

- Eu não sou tudo isso.

- Você é muito melhor do que acha que é Kris.

Separei-me dele lhe dando um beijo no rosto não deixando que suas palavras se
fixassem em minha cabeça.

Eu sabia meu valor. E ele era quase nulo.

Entramos no apartamento e todos foram para o banho, sai da minha banheira


completamente relaxada e nova em folha. Escovei meus cabelos desfazendo os nós que
tinham nos fios e os prendendo em um rabo de cavalo frouxo, todo esse tour pela cidade
havia me deixado com sono.

Deitei-me em minha cama que apesar de ser de casal, era bem menor que as
convencionais e adormeci completamente sentindo falta de ouvir a voz de Robert
naquele dia.

Abrir os olhos era a única coisa que eu não queria fazer àquela hora, minhas pálpebras
pesadas indicavam que meu sono estava longe de passar e seria preciso uma noite
inteira de sono para que eu pudesse ficar renovada.

Revirei-me pela cama trançando o edredom em minhas pernas pela confusão de


travesseiros em que eu estava e olhei relutantemente a luz vermelha que vinha do
relógio em contraste com a total escuridão do quarto.

Meu cabelo estava espalhado pelo meu rosto quando percebi que eram apenas
20h07min da noite resmunguei vendo que eu era acordada pelo barulho do meu
telefone, atendi sem nem ver quem era.
- Quê?

- Achei que iria te encontrar de bom humor. – ele disse rindo baixo.

- Acabei de acordar. – resmunguei, mas feliz de estar falando com ele, me ajeitei melhor
na cama me deitando de novo nos travesseiros.

- Agora? Por quê?


- Andei pela cidade o dia inteiro com Taylor e Melanie, fiquei cansada. - ele riu, o riso
entrando pelo bocal do telefone e me atingindo direto no coração.

- Então acho melhor desligar e deixar você dormir.

- Não. – disse rápido, ele sorriu do outro lado. – Er...eu já dormi demais...er...então? O
que está fazendo?

- Acabei a sua música.

- Sério? E quando vai me deixar ver?

- Eu não sei. – ele riu.

- Vai tocar no pub não vai?

- Acho que sim, mas ainda não sei.

- Me mostre antes. – falei.

- Talvez. – ele estava divertido.

- Humpf. – ele riu de novo.

- Eu senti sua falta hoje Kris. – mordi os lábios sentindo o coração querendo sair do
peito.

- Eu também senti sua falta.

- Boa noite .... – era impressão minha ou ele iria falar mais alguma coisa.
- Boa noite Rob, bons sonhos.
- Idem.
Nos despedimos e ele desligou o telefone. Eu ainda fiquei um tempo olhando pra tela
com o lábio inferior preso entre os dentes. O que será que ele quis dizer e não disse?
E por diabos meu coração estava batendo daquela forma tão rápida e meu estomago
estava contorcido em...
Expectativa.
Eu quase gritei com raiva de mim mesma, mas o que eu achava que estava pensando?
Que tipo de estúpida eu era?
Imbecil. Idiota.

Eu fui dormir que ódio de mim mesma, o que em geral seria normal, se não fosse que
dessa vez as palavras não ditas de Robert ficaram em minha cabeça com uma pergunta
crucial..

O que ele quis dizer?


E pela primeira vez, eu sonhei com Robert.
--

Capítulo 13

Apagar a Luz

‘’Se tu vens às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. ’’


Antonie de Saint-Exupéry

- Eu também vou sentir sua falta Mel. – eu disse a abraçando enquanto ouvíamos a
segunda chamada de seu vôo.

- Me ligue Kiki, sempre okay.

- Eu prometo. – sorri a ela.

- Se cuide irmãzinha e me ligue qualquer coisa. – Taylor apareceu do meu lado me


abraçando.

- Eu me cuido, você sabe.

- É claro. – ele riu buscando Mel pela cintura.

Acenei uma última vez antes de eles irem para o portão de embarque. Eles seguiriam
para Palo Alto, para a universidade de Stanford agora e ficariam no campus durante a
palestra de psicologia, tinham vindo antes apenas para me ver, o que eu fiquei muito
grata, já que sentia uma falta imensa dos dois.

Peguei um taxi ainda no aeroporto partindo pra casa, Robert deveria estar trabalhando e
não adiantava eu querer falar com ele agora, seria impossível com ele estando na
empresa onde fazia o estágio e onde também tentava garantir a sua vaga depois da
formação.

Fiz meu almoço básico, apenas um frango com queijo com uma latinha de coca-cola do
lado, minha diversão durante toda a tarde foi ver TV, a nova temporada de The Big
Bang Theory sendo lançando no canal me fazendo lembrar de Robert e sua risada
gostosa enquanto assistíamos juntos.
Lembrei-me do sonho, não fora um sonho normal onde você e um cara estão de mãos
dadas passeando por um jardim ao pôr-do-sol, não, não fora essa coisa clichê e sem
noção.

Fora um sonho bem comum na verdade, apesar de eu não ter entendido nada.

Era uma estação de trem, eu estava dentro de um deles, era um vermelho com bancos de
carvalho escuro e pude ver pelas janelas que Robert me esperava olhando o tempo
inteiro para o relógio rotineiro que existia em qualquer meio de transporte. E quando eu
cheguei, eu não corri em seus braços como no final de um filme, mas ele veio até mim
deixando suas mãos mornas em meu cabelo e no meu rosto se abaixando em minha
altura pra sussurrar perto dos meus lábios.

- Eu senti sua falta baby.

E antes mesmo que eu pudesse responder, eu havia acordado.

Não fora incomum, nem anormal, mas eu fiquei boas horas da madrugada tentando
entender o maldito sonho.

Sim, aquilo fora um sonho, eu tinha certeza. Se fosse um pesadelo Robert não estaria
esperando por mim e eu não estaria sorrindo ao vê-lo, pelo contrário.

Em meus pesadelos em geral, eu apenas corria, corria sem rumo, eu sabia que minha
inconsciência estava relembrando as coisas enquanto eu dormia, por isso que com
pesadelos eu sempre acordava ofegante e suando frio com medo até mesmo do barulho
que o vento fazia na janela de vidro do meu quarto.

Parecia séculos que eu não tinha um pesadelo assim e eu preferia continuar dessa forma,
mas seria pedir muito para que não só os pesadelos parassem, mas também as
lembranças.

Lembranças de uma época que eu sempre iria ter horror e nojo, assim como as cicatrizes
em minhas costas, para me lembrar de tudo o que eu passei.

Mas que eu havia sobrevivido, era nisso que eu me agarrava quando o medo ameaçava
me consumir.

Eu era uma sobrevivente.

Que só agora depois de conhecer Robert, estava aprendendo a finalmente viver.

E mesmo que o que tínhamos – seja lá o nome disso ou do que eu sentia por ele – não
durasse; eu seria eternamente grata pelo que ele estava me dando.

Por que eu tinha sido mais feliz nesses quase dois meses, o que eu não fui desde que
tinha nove anos, a droga de nove anos de idade.
Suspirei sorrindo e me libertando dos pensamentos, voltei minha atenção pra TV e
fiquei nela durante toda a parte da tarde, é claro que acabei adormecendo e acordei com
algum celular tocando, quase dei um tapa na minha testa percebendo que era o meu
celular.

- De quem mais seria Stewart? – bufei irritada atendendo a droga do aparelho.

- Estava dormindo? – perguntou a voz rouca e inglesa do outro lado da linha.

- Não. – disse rápido com um sorriso no rosto.

- Não queria te acordar. – ele riu enquanto eu revirava os olhos.

- Já estava na hora mesmo. – ele riu de novo.

- Você está pronta?

- Não.. ainda não está na hora. –olhei de relance para o relógio da parede da cozinha e vi
que ainda eram 20h00min, eu tinha 1hora para me arrumar o que no meu caso era tempo
de sobra.

- Eu sei. – ele estava sorrindo. – Acho que vou chegar mais cedo. Se importa?

- Claro que não. – me amaldiçoei depois que disse as palavras rápido e alto demais, é
claro que ele ainda estava rindo.

- Okaay então, estarei aí em meia hora.

- Tudo bem, eu devo estar me arrumando, então apenas entre certo?


- Tudo bem.

- Até daqui a pouco.

- Até baby.

Desligamos e eu fui direto para a área de serviço buscar minha toalha, entrando em meu
banheiro logo em seguida.

Abri a torneira e deixei a banheira encher com muita água quente, entrei logo em
seguida quase adormecendo de novo.

Sai de lá enrolada na toalha pegando uma calça em meu guarda-roupa e uma rasteirinha
como sandália, que tinha uma flor na frente. Prendi meu cabelo em rabo de cavalo
deixando algumas mexas solta por sobre meu ombro e pus uma T-shirt com o desenho
do Snoop na frente.
Eu mesma revirei meus olhos para aquele desenho, mas até que ele era divertido.

Fechei a porta do meu quarto ainda ajeitando minha sandália que eu tinha me esquecido
de prender com os fios.

- Hey.

Eu quase me assusto com a voz de Robert no sofá antes dele se levantar sorrindo e vir
até mim.

- Hey. – desisti de prender a sandália e me ergui ficando na altura de seu peito é claro,
ele riu baixo vendo que eu estava realmente comparando nossa altura.

- Sabe que você é linda assim toda pequenininha. – rolei os olhos pra ele. – Estou
falando sério. – ele riu para deixar suas mãos em minha cintura e depositar com carinho
um beijo em minha testa.

- Está bonito. – mordi o lábio olhando pra baixo logo após fazer o elogio, é lógico que
ele riu.

- Estou? Essa definitivamente é a primeira vez que alguém me chama de bonito. –


arregalei os olhos.

- Não acredito.

- Pois acredite. – ele ainda ria. – Venha aqui. – ele me puxou pro sofá me fazendo sentar
em seu colo, eu não senti medo, apenas um desconforto, era muita intimidade, mas...

Aaah, a quem eu queria enganar?

Eu adorava cada coisa que ele fazia comigo.

E aqueles momentos apenas mostravam como estávamos realmente bem juntos e que ele
me queria com ele, pois se não quisesse não estava ali agora não é mesmo?
Ainda mais ali abotoando minha sandália com tanto cuidado que me fazia querer chorar,
pelo modo que ele me tratava, como se eu fosse uma boneca que quebraria a qualquer
momento.

Mas o que ele não sabia, era que eu estava longe de ser uma boneca.

- Vamos? – sua mão colocava uma mexa de meu cabelo atrás da orelha e seu sorriso me
tirou instantaneamente dos pensamentos anteriores.
- Vamos.
Ele segurou minha mão entrelaçando nossos dedos e eu me perguntei novamente sobre
aquela coisa toda de namorados. Mas não queria tomar a iniciativa daquilo, até mesmo
porque eu não sabia o que pensar disso, então apenas me deixei guiar por ele.
Chegamos ao pub do mesmo jeito que saímos do meu apartamento, ele sorriu abrindo a
porta pra mim e nos guiando para a mesa.

Dakota apareceu sorrindo e animada antes que nos sentássemos.

- Sam está te procurando no palco, agora vai e deixa que eu cuido da Kris. – ele riu
bagunçando o cabelo dela.

- Eu não demoro. – me deu selinho leve nos lábios antes de se afastar de mim, me
deixando nervosa com sua ausência e com seu gesto.
- Venha Kris. Estamos sentados aqui.

Ela me levou me puxando pela mão até o outro extremo do bar onde nos sentávamos em
algumas cadeiras vermelhas e á havia várias cervejas na mesa.

- Tom está no palco também com Sam, eles já voltam. – disse sorrindo pra mim que
retribui a ela.

- Tom toca também?

- Um pouco. – eu me sentei de frente pro palco enquanto ela ficava na minha lateral
levando uma caneca de cerveja nos lábios. – Quer beber alguma coisa?

- Haam, cerveja eu acho. – sorri a ela que retribuiu chamando o garçom e pedindo mais
duas cervejas, ela iria me acompanhar.

- Então como vão as coisas? Passou no semestre?

- Sim, já estou de férias, quer dizer estamos.

- Ai graças a Deus viu, acho que vou pra Ohio, tenho que ver meus pais.
- Eles são de Ohio?

- Sim, moram em Colombus.

- Legal. E veio pra cá fazer faculdade?

- Pois é. – ela riu. – Tom viria pra LA com Rob e eu não queria deixá-lo, nem queria que
ele deixasse suas coisas e mudasse os planos para ficar em Ohio comigo. Era mais
simples os meus pais entenderem que eu viria pra cá.

- Então eles sabem de Tom? – era tão fácil conversar com Dakota e eu gostava disso.
Ela tinha uma alegria e uma energia que seria invejável a qualquer ser vivente na terra.

- Sim, sabem sim, eles se dão super bem. – ela falou sorrindo bebendo sua cerveja
enquanto o garçom deixava mais duas na mesa.
Peguei uma pra mim e fiquei bebendo e conversando com Dakota durante vários
minutos.

- Kriiiis. – ouvi meu nome sendo cantado e desviei minha atenção de Dakota para ver
Tom em minha frente com uma garrafa de cerveja em mãos olhando pra mim e sorrindo.

Sorri de volta ficando de pé e o abraçando.

- Hey Tom.

- Hey Kristenzinha. – rolei os olhos divertida para meu novo apelido e voltei a me
sentar na mesa enquanto ele ia para o lado de Dakota lhe dando um beijo de leve nos
lábios.

- Cadê o Rob? - Ela perguntou.

- Está com Sam, ele já volta. – ele me olhava enquanto falava.

E não demorou muito para que Robert voltasse sorrindo pra mim.
- Demorei? – perguntou se sentando do meu lado me puxando pela cintura e beijando
meu cabelo.

- Não sei... – mordi os lábios fazendo ele rir.

- Certo. Não vou mais sair daqui então.

- Obrigada. – eu sorri a ele contente por ele ter voltado.

- Vou pedir mais cerveja quer? – mostrei minha caneca cheia pra ele que sorriu
assentindo com a cabeça e levantando a mão pra chamar o garçom e pedir mais bebida.

- Que horas o Sam começa a tocar? – Dakota perguntou aos dois.

- Acho que daqui a pouco, umas 22h30min, por aí. – Robert respondeu olhando em seu
relógio de pulso.

- E você? Não vai tocar?

- Acho que não. – ele me olhou sorrindo.

- Por quê? – perguntei.

- Eu não sei, só não acho legal tocar hoje. – eu mordi os lábios, queria tanto que ele
tocasse.
- Deixa de besteira Rob, é claro que você vai tocar. – Dakota disse a ele que riu pegando
a cerveja das mãos do garçom.

- Talvez. – ele bebeu me olhando.

Dakota e Tom voltaram a conversar outras coisas e eu me apoiei nos ombros de Robert
deitando minha cabeça ali enquanto conversamos amenidades.

Ele tinha uma mão em volta da minha cintura que logo após subiu e imiscuiu em meu
cabelo, acariciando os fios do começo, onde eles estavam presos, até o final em minhas
costas.

Num movimento tão carinhoso e delicado que eu estava quase dormindo.


- Você poderia tocar alguma coisa você sabe. – disse tentando parecer indiferente, mas
querendo que ele aceitasse.

- Você quer que eu toque? – perguntou sorrindo em meu cabelo. Mordi os lábios
suspirando e o olhando nos olhos em seguida.

- Eu quero. – foi a vez dele de morder os lábios.

Ele não me respondeu, em vez disso, seus lábios desceram sobre os meus pedindo
passagem com sua língua, em um beijo calmo e quente.
Antes mesmo de eu me importar com estarmos desse jeito em meio a tanta gente, uma
voz irritante nos interrompeu.

- Olá. – ela parecia concentrada em cerrar o maxilar para conseguir falar aquele
comprimento.

Separei meus lábios do de Robert enquanto Dakota virava as costas pra Nina e se
voltava pra mim sorrindo e piscando um olho.

- Oi Nina. – Tom falou com ela, Robert travou seu braço em minha cintura, me
impedindo de sair de seus braços, não que eu quisesse de verdade.
- Que bom que encontrei um lugar para sentar, está cheio hoje aqui. – ela sorriu para os
garotos.

Tom deu um sorriso de consternação a ela que pareceu não perceber e chamou o garçom
pedindo uma bebida.

Ela jamais olhava pra mim ou Dakota que apenas parecia estar segurando o riso na
garganta e ora outra me olhava sorrindo.

- Quer fumar lá fora? – ele me perguntou colocando uma mexa de cabelo atrás da minha
orelha.

- Claro. – ele me ajudou a levantar e saímos do bar com sua mão colada a minha cintura.
Ele se encostou a parede me chamando para abraçá-lo, eu fui na mesma hora, para sentir
seus braços me envolvendo enquanto ele tirava um cigarro do bolso acendendo e
tragando para passar pra mim depois.

Peguei o cigarro entre os dedos deixando minha cabeça em seu peito e sua outra mão
em minhas costas alisando minha cintura em movimentos calmos e carinhosos.

- Você quer ir embora?

- É claro que não. Por que iria?

- Não se importe com Nina okay? Daqui a pouco ela desiste e sai de lá.
- Se importa que ela esteja lá?

- Não me faz diferença, mas não gosto quando algo te incomoda. – falou pegando o
cigarro me olhando nos olhos.

- Ela não esta me incomodando. – disse sorrindo pra ele que me retribuiu largamente.

E era verdade. Ela não me incomodava, não muito pelo menos.

Ficamos fumando e trocando alguns beijos lá fora com suas mãos em meu rosto até que
anunciaram Sam no palco, entramos e nos sentávamos no mesmo lugar que antes com
Dakota e Tom ao meu lado.

Dakota me sorriu de novo revirando os olhos na direção de Nina que se balançava


devagar no ritmo da musica.

- Vai mesmo tocar não é? – ele riu apertando seu braço em minha cintura e não me
respondeu.

- Como está a faculdade Rob?

- Ótima. – respondeu a Nina.

- Já está nas férias de verão?

- Sim, estou.

- E não vai pra Londres? – era impressão minha ou ela estava se aproximando?

Robert não a olhava enquanto respondia suas perguntas, ele olhava pra mim, colocando
meu cabelo atrás da orelha ou deixando suas mãos paradas em minha cintura.

- Não, eu não vou.


- Oh, seus pais irão sentir sua falta. – ela conhecia os pais de Rob?
- É eles vão. – ele sorriu pra mim novamente me dando um selinho nos lábios. – Preste
atenção okay? – disse a mim e se levantou indo para o palco.

Abri um sorriso quando o vi pegando o violão das mãos de Sam e se sentando


começando a tocar.

- Sabia que você ia convencê-lo. – disse Dakota animada com Tom acompanhando sua
risada.

- Mas eu não fiz nada. – falei indignada.

- Você disse que queria vê-lo tocando?

- Sim...mas foi apenas isso e ele não me respondeu. – respondi a ela que ainda sorria.

- Como se ele não fosse fazer o que você quer. – ela piscou pra mim e eu arregalei os
olhos.

- Ele não faz tudo que eu quero.

- Em geral...ele faz Kiki. – ela respondeu confiante com um sorriso nos rosto.

Mordi os lábios sem saber o que achar daquilo, mas algo no fundo de minha alma se
remexeu.

Alegria.

Eu estava alegre em ouvir aquilo.

Argh. Estúpida.

Bebi minha cerveja e olhei pro palco ele já começava a tocar e tinha os olhos cravados
em mim;.

A melodia doce ecoou pelo pub com o som de mais instrumentos acompanhando, mas
eu só ouvia a voz dele e sentia seus olhos me queimando por dentro.

Que dia é hoje


e de que mês?
Esse relógio nunca pareceu tão vivo
Eu não consigo prosseguir e não consigo voltar
Tenho perdido tempo demais

Porque somos você, eu e todas as pessoas


Com nada para fazer, nada para perder
E somos você, eu e todas as pessoas e
Eu não sei por que não consigo tirar meus olhos de você

Engoli em seco sentindo meu coração querer pular do peito, eu podia sentir uma
emoção diferente correndo por minhas veias me fazendo sentir mais viva que antes.

Mais viva que nunca.

Eu jamais havia me sentindo desse jeito...tão pura e leve e..

Apaixonada.

OMG.

Se controle Kristen. Se controle.

Ele não podia estar querendo dizer aquelas coisas.

Era apenas uma musica. Era apenas uma música.

Eu tinha que me controlar.

Todas as coisas que quero dizer


Não estão saindo direito
Estou tropeçando nas palavras você deixou minha mente girando
Eu não sei pra onde ir daqui

Porque somos você, eu e todas as pessoas


Com nada para fazer, nada para provar
E somos você, eu e todas as pessoas e
Eu não sei por que não consigo tirar meus olhos de você.

Eu sentia minhas mãos tremendo e suando por debaixo da mesa onde elas estavam, eu
sentia meus olhos marejados.

Ouvia gritos e aplausos de garotas principalmente perto do palco, mas eu continuava


apenas ouvindo a ele e deixando que seus olhos fizessem sua mágica em mim, me
transformando por dentro e me deixando intoxicada com todos os sentimentos que
reverberavam me fazendo eu me sentir tonta e sem ar.

Existe algo sobre você agora


Que não consigo compreender completamente
Tudo o que ela faz é bonito
Tudo o que ela faz é certo
Porque somos você, eu e todas as pessoas
Com nada para fazer, nada para perder
E somos você, eu e todas as pessoas e
Eu não sei por que não consigo tirar meus olhos de você.

Ele repetiu o refrão mais uma vez antes de se calar recebendo mais e mais aplausos.
Tom ficou de pé na mesa assoviando pra ele e rindo.
Ele deixou o palco sorrindo apertando a mão de Sam e voltando a mesa, eu não
conseguia desviar meus olhos dos deles.

- Isso foi incrível Rob. – Dakota o abraçou depois que Tom lhe deu um murro no ombro.

- É isso aí cara.

Ele voltou a se sentar do meu lado buscando minhas mãos em baixo da mesa e me
fazendo olhar pra ele.

- Gostou? – engoli em seco com minha respiração se tornando rarefeita.


- Lifehouse? – ele sorriu.

- Sim. Não é sua música, mas você é a inspiração para cantá-la de qualquer forma.

Certo. Agora eu já estava passando mal.

Eu precisava de oxigênio.

- Obrigada. De verdade.

O quão idiota eu era por querer chorar?

Aquela foi a coisa mais incrível e significativa que alguém já tinha feito pra mim.

E só podia ser Robert. Apenas ele faria isso por mim.

Ninguém mais.

- Então você gostou? – perguntou sorrindo tirando alguma coisa molhada do meu rosto
que eu me amaldiçoei por ter deixado escapar.

- Sim. Eu adorei Robert. Muito obrigada.

Num impulso que eu não pude refrear, eu me abracei a ele enterrando meu rosto em seu
peito sem me importar com quem estava perto ou com quem estava os vendo.

Existia apenas eu e Robert ali.


Como em uma bolha.

Eu adorava essa bolha.

Ele retribuiu meu abraço e senti seus beijos em meu cabelo me mostrando ainda mais
seu carinho por mim.

Eu me deixei ficar ali. Sem medo e sem pressões em minha cabeça. Tudo que eu queria
era estar ali com ele, em seus braços me sentindo tão segura e protegida.

Já tinha passado tanto tempo do que havia acontecido comigo, mas eu ainda tinha uma
necessidade inexplicável de me sentir assim...

Segura e protegida.

De ser colocada entre muralhas e ser capaz de confiar que nada e nem ninguém nunca
mais iria me machucar.

E eu me sentia assim com Robert.

Os braços dele eram minha muralha e nada iria me abalar enquanto eu estivesse entre
eles.

Ele não me soltou durante todo o resto da noite, mantinha meu rosto em seu peito e uma
mão em meu cabelo enquanto conversava com Tom e com Sam que agora estava na
mesa.

Nina, em algum momento que não percebi havia saído dali, mas pela cara risonha de
Dakota, fora um momento bem interessante para ela.

- Mas nós já estamos pensando em comprar outro lugar não é honey?


- Sim, sim, eu já falei com algumas pessoas, só nos resta achar uma casa que preste
agora. – Dakota respondeu a Tom enquanto falávamos deles irem morar juntos.
- No meu prédio, tem dois apartamentos vagos. Posso te dar o número do proprietário se
você quiser.

- Claro Kiki. Estamos procurando de tudo. – eu sorri e ela me passou o celular, eu


peguei o eu em meu bolso digitando os números de um para o ouro.

- Aqui. O nome dele é Adam Muller. Ou algo assim. – entreguei o aparelho a ela que
estava sorrindo.

- Na segunda nós vamos lá não é Tom.

- Claro honey.
Nós rimos da maneira meio trôpega que Tom falava com ela e senti os lábios de Rob em
meu rosto.

- Vamos? – olhei pra ele que sorria.

- Claro. Já está ficando tarde.

Ele me ajudou a levantar e nos despedimos de todo mundo saindo para o ar um pouco
frio da noite de Los Angeles.

- Frio? – perguntou já me abraçando.

- Um pouco. Eu acho. – ele riu baixo dando um beijo em minha têmpora.


- Não vai mesmo pra Londres?

- Não. Vou ficar aqui com você.

- Oh...mais Rob...seus pais...você não precisa...fazer isso por mim ou algo do tipo...

- Eu quero ficar aqui Kristen.

Mordi os lábios assentindo e em mais um impulso passei meu braço por cima sua
cintura, deixando o outro em seu abdômen por cima da camisa escura que ele usava.

Ele sorriu e continuamos a andar até chegar na frente do meu apartamento.

Engoli em seco. Não queria que ele fosse embora. Não agora.
- Eu te vejo amanhã. – se aproximou dando um beijo em minha testa e um selinho
demorado nos lábios.

Apenas assenti com a cabeça incapaz de dar um passo para me afastar dele.

- Er..haam...Rob? – eu queria me matar por estar fazendo aquilo.

- Oi. – ele se abaixou ficando na altura de meus olhos, ele estava sorrindo.

- Er...haam..você não quer ficar aqui? Quer dizer...já é tarde e você bebeu. – ele riu do
meu apontamento. – Não seria melhor...você fic..
- Eu posso? – arregalei os olhos.

- Mas é claro que pode Robert.

- Você quer que eu fique?

Respirei fundo antes de responder.


- Eu quero. – ele apenas sorriu me abraçando e entrando comigo pela portaria. Eu
mordia os lábios para esconder meu sorriso gigante que queria sair.

Entramos no apartamento e eu pedi que ele trancasse a porta, eu tinha medo de dormir
com as coisas abertas aqui em casa.

- É melhor jogar uma água no rosto. Você parece que vai dormi em pé. – apontei
sorrindo pra ele.

- Você bebeu tanto quanto eu Kris. – disse sorrindo se apoiando na parede da cozinha
onde eu tinha uma garrafinha de água nas mãos.

- Mas eu não trabalhei o dia inteiro. – sorri me aproximando. – Vem, meu quarto é o
primeiro da direita. - Apontei a direção pra ele que sorriu entrando pelos corredores.

Deixei a garrafinha em cima da pia e segui para o quarto, peguei uma calça de flanela
pra mim e uma blusa de malha branca que me colava no corpo e me deitei tirando a
presilha de meu cabelo.

Parei um momento para assimilar que tinha um garoto em minha casa, no meu quarto e
no meu banheiro.

Parei outro momento me lembrando que era Robert ali e este fato foi suficiente para
fazer um sorriso aparecer no meu rosto levando todo medo embora.

Ele saiu do banheiro me olhando sorrindo.

- Eu usei a sua escova de dente extras do armário do banheiro. – ele riu baixo recebendo
meu sorriso de volta.

- Fique a vontade. – ele me olhou se aproximando para me dar um beijo na testa.

- Boa noite baby.

Como?

- Eu durmo na sala Kris, sem problemas. – ele pareceu ter ouvido a minha confusão com
suas palavras.

Suspirei e o olhei nos olhos para depois me afastar mais em cima da cama levantando o
edredom, num sinal claro, para que ele se deitasse.

- Tem certeza? – rolei os olhos pra ele que riu baixo de novo se deitando do meu lado.

Ficamos nos olhando por algum tempo, sem nenhum tipo de contato, quando do nada
sua mão veio para minha cintura me puxando pra ficar perto dele. Eu me rendi aos meus
impulsos e fiz exatamente o que queria.
Deitei minha cabeça em seu peito sentindo o cheiro de sua camisa e seu perfume me
invadir por completo me deixando sonolenta. Meu coração disparava com tanta força no
peito que chegava a machucar.

Braços longos e fortes me rodearam, circulando minha cintura e apertando meu corpo
pequeno ao dele, como se para ter certeza que eu estava ali.

Senti seu beijo no topo da minha cabeça e suas mãos me envolvendo com seus toques
carinhosos.

- Bons sonhos Kris.

Foi o bastante para fechar os olhos me deixando ser intoxicada com sua presença.

Eu nunca havia me sentido tão bem na minha vida.

E eu estava ali, por mais irreal que fosse, eu estava nos braços de Robert.

Minha muralha protetora.

Eu estava em casa. Depois de tantos anos. Eu finalmente estava em casa.

--

Capítulo 14

Apagar a Luz

Acordar na manha seguinte foi mais difícil do que eu previra, eu estava tão confortável
e tão quente envolvida por braços calorosos que eu não queria nem abrir olhos. Eu não
queria nem pensar nisso.

Passei meu nariz por seu peito, onde minha cabeça repousava, apenas para inspirar mais
e mais de seu cheiro bom. Mãos grandes apertaram a base de minhas costas como em
um ato reflexo para minha atitude.

Com a claridade da luz que entrava pelas janelas do meu quarto, eu fui quase obrigada a
abrir os olhos os piscando varias vezes para afugentar a leve dor que eles tinham.
Encontrei um fundo escuro e minha mente demorou alguns segundos para processar que
era a camisa de Robert que estava em meu rosto, logo bem a frente de meus olhos.

Senti um sorriso involuntário surgir em meus lábios quando percebi que havíamos
dormindo juntos, não literalmente, mas sim apenas dormindo.
E era tão bom dormir com ele, com o rosto enterrado em seu peito, sentindo seus braços
em minha volta e seu queixo prendendo minha cabeça embaixo dele.

Abracei seu corpo mais uma vez fechando os olhos e sorrindo, como uma boba ou uma
criança que estava prestes a ganhar seu presente de natal.

Devo ter adormecido de novo por que quando acordei, ele passava suas mãos em
movimentos lentos em minhas costas e meu rosto agora estava em seu pescoço sentindo
seu cheiro mais acentuado.

- Acordou? – perguntou quando eu respirei fundo em sua pele, eu iria corar, mas não
cheguei a tanto.

- Acho que sim. – respondi sonolenta e sorrindo.

Não tirei meu rosto de sua pele.

- É melhor levantarmos baby. Estamos dormindo a mais tempo do que posso me


lembrar. – ele riu baixo contra meu cabelo.

- Sério? Que horas agora? – senti que ele virava o rosto para o lado, olhando a cabeceira
da cama.

- 14h33min.

- OMG. – ele riu de novo.

- Não se preocupe, podemos colocar a culpa na cama ser confortável baby. – ele me
puxou pra ele de novo – eu devia ter me afastado sem perceber. – mas dessa vez nós
dois ficamos de lado olhando um para o outro sorrindo.

- Então eu não tenho que trocar de colchão? – falei me lembrando de nossa conversa
outro dia.

- Não, acho que não. Este está ótimo.

- É um expert em camas agora Pattinson? Já esteve em quantas? – é claro que eu tinha


que soltar aquilo e ele obviamente, percebeu o duplo sentido e riu de novo e
longamente.

- Algumas. – respondeu evasivo sorrindo deixando uma mão em meu rosto me


encarando. – Nenhuma tão confortável como essa agora.
- Nenhuma?

- Nenhuma. – garantiu. – E não estou falando da qualidade do colchão. – sorriu de novo


pra mim.

- E está falando de quê?

- Da companhia e do sono profundo que a mesma me proporcionou.

Engoli em seco, alegre com suas palavras.

- Então dormiu várias vezes acompanhado uh? – sorri e me escondi em seu peito.

Eu não era uma louca que dava crises de ciúmes com tudo, mas era insegura.

Uma maldita insegurança.

- Isso importa? – perguntou fazendo carinho em meu cabelo, sorri contra a sua camisa
escura.

- Não. – senti que ele sorria.

- Então não vamos mais perder tempo discutindo sobre camas. – ele se virou me
deixando na cama e se colocando por cima de mim – constatei que ele realmente sorria
– segurando seu peso em seus antebraços se inclinando para me beijar, mas eu desviei
um pouco o fazendo franzir a testa.

- Acabei de acordar. – e não tinha escovado os dentes, completei em pensamentos.

Ele revirou os olhos antes de voltar a sorrir e descer os lábios sobre os meus.

Dei de ombros quando sua língua pedia passagem e eu cedia sem pensar duas vez,
passei minhas mãos por seu pescoço, as infiltrando em seu cabelo.

Nós ficamos bastante tempo assim, nos beijando e nos tocando com cuidado a cada
segundo. O sol que batia na janela de vidro não era desconfortável e nos proporcionava
um calor gostoso.

- Vou fazer algo pra você comer. – ele disse entre beijos, me dando selinhos de leve a
cada palavra pronunciada.

- Tudo bem. - Respondi virando minhas mãos em punho na sua camisa vendo seu riso
baixo bater em meu rosto onde ele me beijava agora.

- Vou fazer bagunça na sua cozinha, você sabe.


- Eu não me importo.

Não estava me importando com nada na verdade, contanto que ele permanecesse ali
comigo. Ele riu de novo descendo os beijos para meu pescoço antes de me olhar
novamente nos olhos.

- O que você gosta de comer de manhã?

- Qualquer coisa. – respondi sorrindo espalmando minhas mãos em seu rosto masculino
de feições fortes e bonitas, sentindo a barba por fazer arranhando minha pele.

- Okaay. – ele me deu mais um beijo antes de sair de cima de mim. – Vou à Starbucks.

- Tudo bem. – eu queria pedir para que ele não demorasse, mas me freei.
Ele sorriu entrando no banheiro e saindo de lá em pouco tempo, ele sorriu se inclinando
para me dar um beijo na testa.

- Já volto.

Sorri, ele era capaz de responder as minhas perguntas, sem que eu nem as fizesse.

Ele saiu pela porta e eu me levantei abrindo mais as cortinas da minha janela com um
sorriso bobo nos lábios, entrei no banheiro escovando meus dentes e jogando uma água
na cara.

Sai de lá me trocando e indo pra cozinha, fiz alguns ovos mexidos enquanto Robert não
voltava e percebendo que estava mais com fome do que eu imaginava, comi tudo antes
que ele passasse pela porta.

Eu senti vontade de rir sozinha, tinha tanto tempo que eu não tinha um apetite assim,
tinha até perdido peso nos últimos antes de Robert aparecer na minha vida.

Fiz mais ovos e coloquei bacons sentindo uma vontade enorme de comer bacon.

- Hey. Trouxe um café duplo. – ele disse assim que passou na porta da sala, me virei do
banco sorrindo pra ele que se aproximava me dando um beijo.

- Come alguma coisa, ontem a gente só bebeu. – ele me entregou o meu copo de café
me surpreendendo quando vi que estava com expresso.

- Como sabia que eu gostava de expresso? – perguntei enquanto ele se sentava do meu
lado no balcão americano.

- Prestei atenção aquele dia em que saímos da faculdade direto para a Starbucks. –
respondeu sorrindo comigo o acompanhando.
Assenti com a cabeça e comemos, sim, eu ainda comi mais aquela manhã, sentindo de
novo a mesma vontade louca de rir sozinha.

- Tenho que ir pra casa, mas eu volto aqui okay?! – disse depois um tempo quando já
estávamos no sofá vendo TV.

- Tudo bem.

- Quer sair hoje?

- Podemos dar uma volta. – ele sorriu se levantando e eu o acompanhei até a porta.

- Não vou demorar. – recebi seu beijo em minha testa.

Assenti com a cabeça ficando na ponta na ponta dos pés para receber seu beijo em meus
lábios.

- Até daqui a pouco.

Disse antes dele se virar descendo as escadas.

Fechei a porta do apartamento atrás de mim depois de entrar e encostei-me a ela,


mordendo os lábios para esconder um sorriso.

Eu estava apaixonada.

E queria gritar. Gritar de alegria.


--

"E o pequeno príncipe disse ao homem: Adultos nunca entendem e é cansativo para as
crianças sempre terem que explicar as coisas a eles."
(O Pequeno Príncipe)

Eu sempre me perguntava o que eu fizera na vida para merecer tudo aquilo que estava
acontecendo comigo.

E em meio aos meus pensamentos, eu nunca encontrava uma resposta.

Quando eu tinha sete anos, meu pai me dizia que eu era grande demais para ser apenas
uma criança, mas que ele queria que eu nunca deixasse de ser. É claro que eu nunca
entendi o que ele queria me falar ou me mostrar com aquilo, mais sempre me esforcei
em fazer ele ter orgulho de mim; eu não precisava fazer muito esforço, ele não cansava
de dizer que eu era o seu maior presente, assim como meus irmãos.

Meu pai era um homem alegre que era muito mais que feliz junto com a minha mãe e eu
morria de vontade de saber se um dia, alguém me olharia com aquele brilho nos olhos
de quando ele olhava pra ela.
E agora eu sabia.

Eu sabia disso quando via nos olhos de Robert.

Havia ali o mesmo tipo de brilho, embora eu não soubesse o que significava.

Talvez fosse felicidade.

Talvez o nome de tudo que eu estava sentindo fosse esse; felicidade.

Uma palavra ampla, mas que resumia o turbilhão de sentimentos dentro de mim.

Talvez ela não fosse completa, porque pesadelos e lembranças ainda são constantes em
minha cabeça, mas ela era suficiente, ela era mais do que suficiente.

O pôr-do-sol se fazia no horizonte enquanto eu estava na beira da praia de Santa


Monica, o céu naquela cor bonita de laranja, misturado com um rosa e com um
vermelho brilhante que me fazia querer alcançá-lo.

O inverno não demoraria a chegar, estávamos no começo de novembro, mas em Los


Angeles jamais esfriava. Esse foi um dos motivos pelo qual eu seria eternamente grata a
meu pai – não só pelo herói que ele foi pra mim – por ele ter escolhido LA como um
local para que eu morasse quando me deixou o apartamento.

Ele me conhecia como ninguém e sabia que eu odiaria continuar a viver em Miami, mas
eu lamentaria deixar o sol e a praia da Florida.
Acabou por achar uma solução, a Califórnia.

Com todo o sol e praia que eu gostava e que foram fundamentais para me ajudar em
minha fuga contra as lembranças ruins.

Meu pai não estava mais em Miami quando retornei pra casa aos 12 anos, eu conseguia
me lembrar da gritaria e dos escândalos quando eu, uma menina, machucada por dentro
e por fora apareceu do nada, novamente naquela casa.

As imagens da minha mãe correndo ao meu encontro em meio aquele jardim enorme,
com os olhos chorando em emoção por me ter de volta e por ver o estado em que eu me
encontrava.

Eu tinha medo de que ela me tocasse, eu tinha raiva e nojo de mim mesma para deixar
que ela me repudiasse também. Ela ou qualquer outro.

Jamais dei explicações a ninguém sobre detalhes do que tinha me acontecido. Taylor e
Melanie que na época eram apenas noivos, perceberam minhas atitudes estranhas e não
foi difícil para eles conseguirem chegar a um denominador comum, já que eram ambos
psicólogos.
A verdade acabou vindo a tona pra eles da minha própria boca, depois disso, o meu
quarto foi minha principal companhia, eu não abria a porta nem para comer.

Havia passado semanas até que eu pudesse encarar os dois novamente, minha mãe
ficava sempre na sombra, preocupada, arranjando um jeito de chegar até mim, mas eu já
tinha sofrido demais e não queria que ela sofresse.

Foi por isso que nunca contei nada a ela.

Para protegê-la de meus próprios fantasmas.

A primeira atitude após minha confirmação dos fatos para Mel e Taylor, foi ir ao
hospital, eu fiz exames de sangue, hemogramas e tudo o mais que eles queriam que eu
fizesse até que eles chegaram pra mim e disseram que incrivelmente, eu estava limpa.

Como 12 anos eu não sabia nada daquilo, apenas presumi que era algo bom, já que
limpa, era uma coisa que eu nunca mais sentiria que estaria em vida.

Uma vez Charles Bukowski disse que ‘’nós sempre estamos maduros e prontos para
sermos levados’’ e eu acreditei nisso durante um tempo, porque com o passar do
mesmo, você aprende a ser forte e a levantar a cada vez que te derrubam.

É claro que agora as coisas eram mais fáceis de serem enfrentadas.

Agora eu tinha um motivo pra viver.

Um motivo que eu nunca imaginei ter antes.

Eu tinha Robert e seu sorriso perfeito.

Que agora sempre se juntava ao meu próprio sorriso.

Ergui os olhos mais uma vez para o sol que estava se despedindo do céu naquela tarde e
vi que já era hora de voltar pra casa ou então ficaria tarde e eu teria medo de andar por
ai sozinha.

Cheguei em casa abrindo logo a porta do apartamento, tirei minhas sandálias baixinhas
deixando do lado da porta e indo pra cozinha, eram mais ou menos 17:56 da tarde e eu
estava morrendo de fome, já que estava desde do almoço na rua.

Almocei com Dakota que agora morava um andar abaixo do meu junto com Tom, eu
havia ficado muito alegre que eles estivessem por perto e Rob também tinha ficado.

Ele estava sempre aqui comigo agora, nós dormíamos juntos praticamente todas as
noites, menos quando ele tinha hora extra na empresa e quase nunca tínhamos tempo de
nos ver, com os meus trabalhos da faculdade e ele se esforçando entre os estudos e o
trabalho, mas suas ligações e SMS’s eram constantes.

Peguei um macarrão instantâneo no meu armário de cima da pia e esquentei a água para
mim, Robert teria as horas extras hoje e não aparecia por aqui me deixando sentir sua
falta durante todo o tempo.

Ele sempre ligava quando tinha um tempo do trabalho e outras vezes como ele mesmo
dizia: eu te ligo nem que seja direto da sala de reuniões Kris, mas eu ligo.

Logo depois ele me dava aquele sorriso que era só dele e eu retribuía com outro fazendo
ele sorrir ainda mais largamente.

Ele gostava quando eu sorria, já tinha percebido isso.

Sorri para o nada involuntariamente colocando o macarrão dentro da panela com a água
e esperei os malditos minutos se passarem, coloquei depois em uma tigela e fui pra sala
colocando no programa da Oprah e assistindo enquanto ela entrevistava os garotos de
uma banda que eu nunca tinha ouvido falar.

Minha campainha tocou e meu coração deu um pulo com a esperança correndo por
minhas veias, limpei minha boca com as mãos me levando de um salto indo pra porta.

- Sei que estava achando que era o Rob, mas sou eu e pode acreditar Kristenzinha, eu
sou muito melhor que ele. – Tom disse rindo de mim enquanto eu revirava os olhos
dando passagem para ele entrar no apartamento.

- E então? Cadê a Dak?

- Ela está chegando agora do estágio e vai vim direto pra cá, o Rob me ligou e disse pra
você atender o telefone por que ele está te ligando a horas.

Meus olhos se arregalaram e eu fui direto pro meu quarto ouvindo a risada de Tom atrás
de mim, meu celular ainda tocava em cima da cama e eu o peguei rápido.

- Hey.

- Kris. Ainda bem, aconteceu alguma coisa? – ele parecia aliviado em me ouvir, fazendo
um pequeno sorriso brotar em meu rosto.

- Desculpe Rob, almocei com a Dakota e depois fiquei na rua, acabei esquecendo do
celular.

- Ah sim. – ele sorriu do outro lado. – Tom está aí?

- Sim, acabou de chegar, Dakota também vem pra cá. Vai direto para o campus não é? –
falei já triste de que ele não poderia ficar hoje.
- Na verdade eu já estou no campus baby. Estou indo ai em dois minutos, se você quiser,
é claro.

- Eu não vou responder você. – ele riu.

- Okay amor, não vou demorar, estou levando comida chinesa pra você, frango xadrez. –
sorri, ele sabia de tudo o que eu gostava.

- Obrigada.

- E manda o Tom para de ser folgado e comprar uma pizza, antes que ele durma no seu
sofá. – eu ri acompanhada por ele.

Nos despedimos e desliguei o telefone voltando pra sala.

- Eu sei, eu sei, já estou indo comprar a pizza. – Tom disse erguendo as mãos rindo e se
levantando do sofá.

- Como sabe? – perguntei sorrindo pegando a tigela com o macarrão dentro e indo pra
cozinha.

- Ele me ligou antes de vim aqui e por Deus, quem é que come pizza de cogumelo com
abacaxi?

Ele saiu resmungando fechando a porta atrás dele, na certa Robert o pediu pra comprar a
minha pizza com abacaxi e ele estava achando estranho.

Neguei com a cabeça ouvindo o telefone na sala tocar, deixei que a secretária atendesse
antes de pegar o aparelho nas mãos, e fiz muito bem, já que era minha mãe.

- Kris? Kristen, por favor, filha atenda. Estou tão preocupada com você. – ouvi seu
suspiro sentindo meu coração falhar uma batida. – Filha? Eu só quero ouvir sua voz. –
outro silencio e eu senti algo quente e molhado correndo por meu rosto, meus dedos
doendo para pegar o telefone e falar com minha mãe. – Me ligue quando achar que deve
Kristen. Eu amo você.

O chiado na ligação indicava que ela havia desligado.

- Eu também te amo. – resmunguei antes de mais e mais lágrimas saírem pelo meu
rosto, encostei minhas costas na parede da cozinha e deslizei por ela, puxando meus
joelhos para meu peito e me permiti chorar silenciosamente ali.

Chorar por tudo que eu queria naquele momento, e eu queria poder ter coragem de falar
com minha mãe sem sentir vergonha ou raiva de mim.
Queria abraçá-la e contar a ela sobre Robert para que ela pudesse ter uma conversa de
garotas comigo e eu queria nunca ter passado por tudo que eu passei, por que eu poderia
estar com minha mãe agora, em algum lugar de Miami, levando o Rob para que ela
conhecesse.

- Kris? Trouxe a sua comida chinesa ba.. – ele de repente parou e tentei enxugar as
minhas lágrimas o mais rápido que pude enquanto me levantava e tentava sorrir a ele
normalmente.

- Hey. – passei a mão no rosto. – Que bom que trouxe, eu acabei só almoçando por hoje.
– disse me aproximando dele e rezando para que ele não visse meu rosto vermelho, mas
ele estava sério e não sorria pra mim como seria o normal sempre que ele me via.

Seus cabelos de areia estavam molhados indicando que realmente tinha acabado de sair
do campus, sua calça jeans e uma blusa verde de mangas acompanhava as chuteiras que
ele calçava.

- O que houve? – perguntou com seriedade na voz colocando as sacolas de comida em


cima do balcão.

- Nada. – neguei com a cabeça. – Eu estava apenas...

- Chorando. Você estava chorando.

- Não estava não.

Ele suspirou vindo até mim e colocando suas mãos em meu rosto, baixando o olhar para
que ficasse na altura dos meus.

- Sabe que não vou acreditar nisso. Quer, por favor, me dizer o que te fez ficar assim?

- Não é nada Rob, já disse.

Eu não queria falar daquilo, na verdade eu queria apenas que ele me abraçasse e me
deixasse deitar o rosto em seu peito naquele momento.

- Tudo bem. Falamos disso depois. – ele olhou pra mim esperando claramente que eu
concordasse com ele, eu fiz assentindo com a cabeça depois de uns segundos.

E depois do que parecia uma eternidade sem, seus braços me envolveram, circulando
minha cintura e prendendo minha cabeça abaixo de seu queixo.

Fechei os olhos travando os meus próprios braços ao redor de seu corpo apertando meu
rosto em seu peito sentindo o cheiro da camisa verde escuro que ele usava.

- Sabe que pode me contar qualquer coisa Kristen, eu vou ouvir você.
- Eu sei. Obrigada.
Eu quis chorar de novo, mas ele levantou meu queixo com seus dedos, me fazendo
encará-lo.

- Eu vou te ouvir e vou ficar com você. – ele repetiu com os olhos azuis esverdeados me
mostrando a veracidade por trás daquelas palavras, assenti com a cabeça, sem tempo de
responder por que Tom e Dakota entraram no apartamento.

- Hey casal, vimos a porta aberta e entramos. – Dakota disse pra mim enquanto sorria.

Sorri de volta pra ela dizendo que estava tudo bem.

- Encontrei com Tom, amor? – ela olhou para a porta, mas Tom já estava sentado no
sofá encarando a caixa de pizza aberta com uma expressão pensativa.

Robert me abraçou pela cintura rindo da atitude de Tom.

- O que está fazendo? – perguntei a ele.

- Estou pensando se essa parada é boa. – ele apontou para a caixa de pizza.

- É uma delicia Tom. – puxei Rob para o sofá e todo mundo se sentou encarando a caixa
assim como Tom.

- Então é você que gosta de cogumelos com abacaxi?

- Ahaam. – resmunguei pegando uma fatia e levando a boca.

- Logo vi porque ele quis desse sabor também. – disse revirando os olhos recebendo um
olhar fulminante de Dakota.

- Não deve ser tão ruim amor. – Dakota pegou uma fatia levando a boca.

Robert caiu em uma gargalhada alucinante quando Tom pegou a fatia e fez cara de
vomito ao colocar na boca

- AMOR. – Dakota gritou de repente me fazendo rir.

- O que Dak?

- Você é alérgico a abacaxi. – ela lembrou tarde demais fazendo Rob rir ainda mais.

- É claro que não Dak, dá onde tirou isso? – ela revirou os olhos tirando a fatia de suas
mãos.
- Deixe de ser idiota Sturridge, você não come abacaxi desde que tinha seis anos e
minha mãe te levou para o hospital cara.

- Oh meu Deus. – ele estava chocado agora fazendo Rob e eu rir ainda mais.
- Tudo bem amor, você só deu uma mordida.

- Ah honey, acho que estou ficando com febre. – ela riu.

- Exagerado.

A noite se passou mais agradável do que eu pensava, Tom havia ficado levemente
vermelho e havia exagerado nos sintomas, fazendo Dakota perder a cabeça e ficar
irritada com Rob rindo horrores ao meu lado segurando minha mão.

- Anda logo Tom.

- Mas amor, eu estou morrendo. – ela revirou os olhos saindo do apartamento escorando
Tom em seus ombros, os levei até a porta rindo dos dois.

- Se cuide Tom. – eu disse a ele antes deles começarem a descer as escadas.

Fechei a porta rindo e indo até Rob que estava na cozinha arrumando a bagunça que
tínhamos feito.

- Ele está bem não é? – perguntei me aproximando enquanto ele jogava a caixa de pizza
no lixo e ria da minha pergunta.

- Ele está ótimo Kris, mas não vai perder a oportunidade de fazer Dakota ficar mimando
ele a noite inteira.

- Ah sim. – eu ri junto com ele que acabava de limpar a pia e me olhava nos olhos que
estavam sérios agora.

- Quer me contar o que houve?

Suspirei deixando minhas mãos em cima das suas em meu rosto.

- Foi minha mãe. Ela me ligou e acabei não atendendo e ...

- É só ligar pra ela, não?

- Não é tão simples. – soltei um sorriso sem humor por baixo do fôlego.

- O que houve Kris?


- Nós não nos falamos desde que eu saí de Miami, eu mando noticias por Taylor, mas
ela quer falar comigo, mas eu não po...

- Há algum motivo para você não querer falar com ela? – seus olhos tão intensos em
mim com tanta emoção que eu tive que desviar os meus.

- Eu não quero falar sobre isso Rob, por favor. – engoli em seco e ele me abraçou.

- Tudo bem.

- Vai ficar aqui não vai? – perguntei abafado contra a sua camisa, me apertando contra
ele.

- Se você quiser. – rolei os olhos fazendo ele rir baixo.

Me abracei a ele novamente e ficamos ali por muitos minutos até que ele me pegou no
colo sorrindo me levando até o quarto.

Ele me deixou em cima da cama e foi até a cômoda pegar uma calça de pijamas pra
mim junto com uma blusa que ele sabia que eu sempre usava pra dormir, depois pegou a
calça de flanela dele que agora ficava ali também, já que ele sempre ficava por aqui, era
bem mais simples do que dormir de jeans.

Eu me troquei no banheiro aproveitando para escovar os dentes e soltar meu cabelo,


sorrindo quando vi minha escova de dente ser colocada ao lado da de Robert e voltei pro
quarto para receber seu beijo e seu sorriso.

Ele entrou no banheiro saindo de lá para se deitar ao meu lado, me puxando para o seu
peito que ainda tinha a blusa verde escura.

Busquei seu cheiro quente e não demorei a adormecer.

--

Capítulo 15

Notas iniciais do capítulo


Mais um meninas, obrigada pelos reviews *-*

Apagar a Luz
‘’Cada qual sabe amar ao seu modo; o modo pouco importa, o essencial é que saiba
amar. ’’
(Machado de Assis)

Estava sozinha quando acordei novamente, rolei pro lado tentando achar o corpo morno
de Robert me abraçando, mais não tinha nada. O edredom grosso e branco estava
enroscado em minha cintura e na minha perna com meu cabelo espalhado por todo meu
rosto.

Meus olhos estavam pesados e sonolentos e com dificuldade de ficar abertos, mas
quando a constatação de que eu estava sozinha me abateu, eu despertei quase de
imediato.

- Rob? – chamei pelo apartamento depois que saí do banheiro. – Robert?


Ninguém me respondeu, ele deve ter ido a Starbucks, pensei aleatoriamente.

Suspirei indo pra cozinha e pegando uma garrainha de água na geladeira pra mim e me
virei vendo Robert passar pela porta, ele já tinha colocado a jeans e as chuteiras de novo
e trazia dois copos de café da Starbucks.
- Hey.

-Hey baby, achei que ainda estaria dormindo. – ele se aproximou me beijando de leve os
lábios. – Trouxe seu expresso. – sorriu me entregando o copo.

- Obrigada. – sorri me sentando no balcão da pia.

- Está melhor? – perguntou me olhando.

Eu suspirei baixando o olhar para meu copo de café.

- Está tudo bem.

Senti dois dedos sendo colocados em meu queixo levantando minha cabeça e logo seus
olhos intensos estavam queimando nos meus, com seu corpo em minha frente.

- Não fique assim okay?! – assenti com a cabeça e levei meus lábios aos dele.

Era para ser apenas um beijo.

Mas eu já deveria estar acostumada com as sensações que seu gosto causava em mim.

Não demorou muito para que sua língua pedisse passagem e eu cedesse na mesma hora,
para começarmos uma dança intensa de brigas por território um na boca do outro.

O meu copo de café foi esquecido em algum lugar e eu levei minhas mãos a seu cabelo,
deixei uma em seu queixo o puxando ainda mais pra mim, as mãos grandes de Robert já
apertavam minha cintura e desciam para minha perna que ainda estava com a calça do
pijama.

As coisas começaram a acelerar e o beijo foi ganhando mais forma e muito mais
velocidade, ele parecia estar com fome do meu gosto e eu do dele. A canela com tabaco
me inebriava, me deixando perdida em meus sentidos.

Nossos rostos em uma sincronia perfeita e exata, buscando a melhor inclinação para um
beijo pra lá de delicioso.

Um som bem baixinho saiu direto da minha garganta quando Robert se aproximou mais
apertando meu quadril, espalmando suas mãos ali para logo depois uma delas subir até
meu cabelo, puxando os fios com um pouco mais de força que o normal.

Num impulso incontrolável de tê-lo mais perto, eu cruzei minhas pernas em sua cintura
e foi a vez dele de gemer baixo, o som me enviando calafrios direto na espinha, me
deixando louca por fazê-lo gemer de novo.
Minhas unhas passavam em sua nuca e as mãos dele se infiltraram dentro da minha
blusa, alisando minha cintura, minha barriga e subindo mais, chegando ao meu sutiã.

Gemi baixinho e ele separou nossas bocas para buscar ar, seus olhos vieram aos meus
pedindo permissão para que ele continuasse e sem nenhuma razão dentro de mim, eu
assenti com a cabeça.

Seus lábios quentes desceram por meu pescoço, abocanhando minha pele, dando leves
mordidas me deixando marcada com seus dentes, eu já estava ofegando com todos os
seus toques ferventes e sensuais em meu corpo.

E de repente, eu estava sem blusa, apenas com meu sutiã de renda branco e com a calça
do pijama, ele parou por um minuto me olhando, fiquei com medo.

Esperei pela rejeição quando ele visse as cicatrizes na lateral da minha cintura e engoli
em seco, pronta pra buscar minha blusa que estava caída em algum lugar do chão da
cozinha, mas ele parou minhas mãos e meu corpo antes que eu me libertasse da prisão
de seus braços.

- Você é perfeita.

Ele disse olhando dentro dos meus olhos, engoli em seco de novo encarando os azuis
esverdeados que me olhavam com uma sinceridade absurda.

Ele não podia me achar me perfeita.

- Robert...

- Shii, sabe que não vou te forçar a nada Kris. Está tudo bem.
Minha respiração estava ofegante, mas eu não conseguiria continuar com nada, não
agora.

- Me desculpe. – disse envergonhada por ter parado o que estava tão bom.

Ele sorriu pra mim se abaixando e buscando minha blusa me ajudando a colocá-la de
volta, eu não ergui o rosto em nenhum momento com vergonha de olhar pra ele.

Eu estava sendo absurda em não continuar com o que começamos, ele era tão perfeito
comigo que eu não via motivos para não me entregar a ele.

Mas eu sabia que não era medo o que eu sentia, não era medo de me lembrar de coisas
desagradáveis ou mesmo medo dele.

Eu tinha medo da rejeição quando ele visse as cicatrizes e tentasse deduzir por ele
mesmo o que havia acontecido comigo.

Era esse meu maior medo.

De que depois de me ver desse jeito, ele ficasse com ódio por eu não ter contato antes e
saísse de vez da minha vida.

Eu não iria agüentar se ele me deixasse.

- Olhe pra mim Kris. – continuei olhando para o chão, ele estava imensamente mais
interessante que nunca. Ouvi seu suspiro e senti suas mãos em meu rosto me encarando
calorosamente. – Não fique assim. Já disse que está tudo bem.

Assenti com a cabeça.

- Vai mesmo ficar assim? – ele sorriu levantando as sobrancelhas.

Eu sorri de volta. Um sorriso verdadeiro pra ele.

- Muito melhor. Agora. – ele me deu um selinho demorado. – Vamos até a praia?
Encontrei Tom e Dakota nas escadas e eles já estão saindo.

Sorri de novo assentindo com a cabeça, mordi os lábios percebendo que minhas pernas
ainda estavam ao redor da cintura dele, ele riu baixo me beijando mais demoradamente,
passando a língua pelo contorno de meus lábios com uma sensualidade infernal antes de
se encontrar com a minha.

Nos separamos ofegantes depois de muitos minutos e eu sai do balcão indo pro meu
quarto trocar de roupa. Peguei um vestido e uma rasteirinha com algumas pedrinhas
brancas em cima e saí de lá ouvindo sua risada na sala em frente a TV.
- The Big Bang Theory? – perguntei sorrindo, ele desligou a TV ainda rindo e chegando
até me mim me dando um beijo na testa.

- Ahaam. – ele sorriu de novo. – Vamos? – seus dedos colocaram uma mexa de meu
cabelo atrás da orelha.

Assenti com a cabeça e fechei o apartamento.

Nos encontramos com Dakota e Tom na portaria do prédio.

- Kristenzinha. – Tom me cumprimentou.

- Bom dia. – respondi a eles sorrindo.

Começamos a caminhar em direção a praia, as mãos de Rob entrelaçadas na minha e eu


estava me sentindo uma adolescente.

E eu gostava disso.

Ficamos na praia durante toda a parte da manha e a tarde também, almoçamos nas
barracas perto do píer de Santa Monica vendo o parque de diversão em nossa frente.

É claro que Tom não iria perder a oportunidade de fazer uma piada e todo clima era
divertido e descontraído quando estávamos todos juntos.
- Onde está o Sam? – perguntei depois que já voltávamos pra casa.
- Está em Malibu. Vai tocar por lá nesse final de semana.
- Ah sim. – respondi a Rob.
- Tchau casal. – Dakota me disse enquanto subíamos as escadas e ela e Tom iam para o
apartamento deles.

- Até Dak. – ela sorriu e eu e Rob continuamos com nosso caminho.

- Eu tenho que ir ao campus. – disse assim que entramos no apartamento.

- Pra quê? – perguntei franzindo o cenho. Ele sorriu se aproximando de mim deixando
as mãos em meu rosto.

- Tomar um banho e estudar amor, amanhã eu tenho teste na universidade.

- Ah sim, não pode estudar aqui? – perguntei mordendo os lábios fazendo ele sorrir mais
ainda.

- Você quer? – disse se abaixando roçando os lábios nos meus, minha cabeça girou e eu
senti meus ossos virarem liquido enquanto eu podia sentir se gosto em minha língua.

- Você sabe que eu quero. – disse em um sussurro antes de lhe beijar de verdade.
Ele correspondeu ao beijo rindo entre ele, apertando minha cintura e me tirando do
chão.

Ele me levou até o que me pareceu ser o sofá e se sentou lá me deixando em seu colo,
sem para de me beijar.

- Não vou demorar então. – disse entre beijos rápidos e leves em meus lábios.

- Tudo bem. – disse a favor, mas minha boca não saiu da sua, ele riu voltando a me
beijar de verdade.

Não foi depois de mais de 20 minutos que eu consegui me soltar dele e deixá-lo ir,
Robert ainda sorria quando saiu do meu apartamento e eu mordia os lábios já sentindo
falta dele.

Entrei no meu banheiro enchendo a banheira com água quente quase até a borda e
deixando que formasse espuma em cima, tirei minha roupa entrando e me sentindo em
casa, eu poderia dormir ali e foi o que acho que fiz por que quando acordei meus dedos
estavam enrugados e a água já estava morna.

Peguei minha toalha me enrolando nela e indo pro quarto, coloquei uma calça de malha
e uma blusa vermelha com um ‘’ I LOVE LA’’ escrito na frente de branco.

Ouvi barulhos na cozinha e antes que meu coração começasse a bater mais rápido por
conta do medo, eu vi a silhueta masculina de Robert no fogão, sorri involuntariamente
vendo ele tentar cozinhar.

- O que está fazendo? – ele se virou pra minha voz sorrindo percebendo que era eu a
falar com ele.

- Hey, achei que ainda estava dormindo. – franzi o cenho.

- Dormindo?

- É, te procurei pela casa e te encontrei dormindo na banheira, desculpe baby, entrei


apenas para te procurar. – ele sorria tão bonito que nem me importei com nada que ele
me dizia.

- Está tudo bem. – sorri a ele me aproximando. – O que está tentando fazer?

- Macarrão com queijo. – disse rindo baixo apontando para panela de água quente em
cima do fogão.

- Sabe que vou querer experimentar isso não sabe? – falei divertida erguendo as
sobrancelhas.
- Mas é claro que vai. – ele riu de novo enquanto eu me sentava no banco do balcão
colocando a mão no queixo e rindo alegre de suas tentativas de quebrar o macarrão e
cortar o queijo.

- O tempero Rob. – disse rindo.

- O quê?

- O tempero baby. Você não colocou o tempero. – ele arregalou os olhos correndo para
os armários enquanto eu voltava a rir altamente.

- Pronto. Agora sim. – disse colocando um prato na minha frente, olhei pra ele
desconfiada. – Ora vamos lá Kris. Eu acho que está bom.

Sorri dando a primeira garfada.

- E então?

Continuei comendo dando outra garfada.

- Como está Kris?

- Aprendeu a cozinhar onde? – disse simplesmente recebendo seu sorriso largo.

- Eu nunca cozinhei, você sabe. – ele riu baixo fazendo um prato pra ele e se sentando
do meu lado.

- Isso está bom. Está muito bom Rob. – sorri a ele lhe dando um pequeno beijo nos
lábios.

Nós voltamos a comer divertidos e eu tinha dito a verdade, o macarrão estava ótimo.

Ele lavou a louça depois enquanto eu ia secando.

- Vai estudar? – perguntei enquanto ele me abraçava por trás deixando seu queixo
apoiado no meu ombro.

- Eu não sei. – seu nariz passou por meu pescoço respirando fundo me deixando
arrepiada. – Você é uma distração e tanto amor.

Eu ri baixo para tentar abafar um gemido que iria sair da minha garganta quando ele
mordeu e puxou o lóbulo da minha orelha.

- Então nós podemos apenas ficar aqui. – me soltei devagar dele sentando no sofá o
puxando pra mim, ele sorriu torto se deitando do meu lado.
Liguei a TV com o controle sentindo os braços de Robert me envolver por trás, suas
mãos entraram por minha blusa se espalmando em minha barriga, meu corpo inteiro se
arrepiou e ele ia tirar as mãos quando eu as segurei no lugar.

Entrelacei nossos dedos por dentro da minha blusa e senti seu sorriso em minha nuca,
sorri também e ficamos vendo o programa de perguntas e respostas da TV.

Brincamos de acertar as respostas e acabamos empatados um com o outro, seu riso


alegre direto em meu ouvido me fazia fechar os olhos para guardar o momento.

Me virei pra ficar de frente pra ele enquanto ainda riamos da última resposta errada
dada pelo participante e ele deitou minha cabeça em seu peito, acariciando meus cabelos
e minha cintura com seus movimentos leves enquanto eu me encolhia em seu corpo
quente.

Consegui sentir uma atmosfera diferente ali, ergui o rosto para fitar seus olhos que
agora estavam mais claros e suaves, ou isso fosse apenas minha imaginação, já que eles
continuavam queimando nos meus do mesmo jeito.

- Tudo bem? – perguntei baixo.

A TV já estava desligada e a luz que entrava pela janela da sala era pouca, mas ainda
sim eu conseguia ver suas feições, os traços perfeitamente masculinos, o queixo
quadrado com os olhos me derretendo por dentro.

Deixei uma mão minha no seu rosto, sentindo a barba já feita em minha palma, ele fez o
mesmo movimento que eu, pondo sua mão em meu rosto e fechando os olhos colando
nossas testas.

- Eu preciso te falar uma coisa. – seu hálito bateu direto em meu rosto me deixando
tonta, com a cabeça girando ao sentir a canela com tabaco.

Fiquei calada com meu coração pedindo para sair do peito. Disparado como nunca
esteve antes.

Seu nariz brincou com o meu durante um segundo e meu coração não parava de bater
descontroladamente, minha respiração já estava ofegante e eu conseguia sentir meu
sangue pulsando com mais força.

- Eu amo você.

Eu tinha certeza que tinha ofegado no momento em que as palavras saíram dos lábios
deles, meus olhos se fecharam tentando diminuir o impacto que me causou.

Minha garganta trancou dificultando a entrada de oxigênio em meu organismo, meus


olhos produziram água que eu lutava para não deixar escapar.
- Robert. – engoli em seco tentando controlar minha respiração e a enxurrada de
sentimentos dentro de mim.

- Eu não quero que fale nada Kristen. – ele beijou minha testa. – Eu só precisava dizer
isso a você. – me deu um beijo no rosto, nas pálpebras. – Só queria que você soubesse
disso. – ele reafirmou beijando meus lábios num carinho tão bom e delicioso que foi
impossível não chorar.

Minhas emoções me arrebentavam por dentro fazendo mais e mais lágrimas caírem, eu
não conseguia mais parar, ele pareceu ter escutado meu silencioso grito de socorro e me
abraçou, me deixando protegida em seus braços grandes e fortes.

Braços que agora eram a minha fortaleza.

Robert era minha casa.

Era isso então? Era isso que se sentia quando estava apaixonada?

Quando se sabia que amava alguém?

Era amor o que eu sentia.

Era amor.

Eu nunca achei que fosse capaz de fazer alguém se apaixonar por mim, mas ali estava
Robert. Me provando que nada era impossível, dizendo que me amava.

E o mais incrível de tudo isso, era que eu acreditava nele. Eu acreditava no brilho de
seus olhos enquanto eles queimavam nos meus.

Eu o amava.

Mas estava pronta para admiti-lo?

Meu lado racional gritou pela minha auto-preservação, mas meu coração falou mais
alto.

Pela primeira vez depois de tanto tempo; eu deixei meu coração falar.

- Robert... eu...

- Já disse que não quero que fale nada Kris, se você não sente o mesm...

- Mas eu sinto...

Ele parou a frase no meio do caminho, seus olhos voltaram para os meus com um brilho
diferente de tudo que eu já tinha visto.
Eu respirei fundo, colando nossas testas e deixando minhas mãos novamente em seu
rosto, mais lágrimas caiam pela minha bochecha, mas eu não estava me importando
com nada.

Robert estava ali, com seus braços a minha volta, dizendo tudo que eu sonhei escutar
um dia.
- Obrigada. Obrigada por isso Rob. Você está me dando mais do que pensa que
realmente está. – prendi um soluço na garganta falando com minha voz embargada de
lágrimas e emoções conflitantes e intensas dentro de mim.
- Eu quero te dar tudo Kristen. Eu vou te dar tudo.

- Eu amo você.

Finalmente as palavras saíram da minha boca e eu me senti muito bem em dizê-las,


como se fosse o certo, como se elas sempre estivessem pairando sobre nós, apenas
esperando o melhor momento para ser dita.

E aquele era o momento perfeito.

- Oh meu Deus, eu amo tanto você. – eu disse de novo.

Me agarrei a ele que me envolveu com rapidez com um sorriso mais que iluminado nos
lábios, ele era um reflexo do meu.

- Eu te amo. – ele beijava meu rosto, secando o rastro de lágrimas que ainda existia ali,
até que seus lábios me tomaram.

Puros. Carinhosos. Macios e envolventes.

Ele e seu gosto perfeito me inebriaram até que eu me senti tonta e sem ar.

- Eu tenho que deixar você respirar de vez em quando. – ele disse divertido sem soltar o
rosto do meu.

- Tente se lembrar disso depois Pattz. – ele sorriu, alegre e iluminado. Ou então apenas
perfeito, como ele era.

Não pensei muito antes de colar meus lábios nos dele outra vez.

Mais tarde naquela noite enquanto eu dormia sobre seu peito, com um sorriso se
fazendo em meu rosto, eu pude finalmente responder a pergunta que rondava minha
mente.

Eu tinha, finalmente, descoberto o que era felicidade.


Capítulo 16
Capítulo 16
Notas iniciais do capítulo
:D espero que gostem meniinaas ;*

Apagar a Luz

‘’ Nada nos deixa tão solitários quanto nossos segredos. ’’


(William P.Young)

Barulho irritante do inferno.

Quem foi o ser inteligente que tinha inventado o despertador afinal de contas?

Levantei meu rosto arrasado por ter sido acordada pelo som estridente daquela porcaria
que chamavam de alarme.

Bufei, passando a mão no cabelo e olhando pela minha cama – que estava vazia –
apenas para ficar mais irritada.

Levantei de lá entrando no meu banheiro, quase gemendo me lembrando que hoje eu


tinha aula.

- Fuck!

Escovei meus dentes e tomei um banho para me despertar.

Já estávamos no final de novembro e daqui a pouco as provas chegariam, eu não podia


me dar ao luxo de faltar a universidade, mesmo que tudo que eu queria era voltar agora
para o meu edredom branquinho e aconchegante que me aguardava em minha cama.

É claro que ele não era tão confortável ou confortante quanto um certo par de braços
fortes e longos ao qual eu já estava acostumada, afinal, já tínhamos quase seis meses
que estávamos juntos e que há muito, nós já dormíamos todos os dias aqui.

Mas nem tudo era alegria.

Minha mãe ainda me ligava constantemente, junto com Taylor que agora pareceu querer
me encher o saco para saber como Robert estava se comportando comigo; mas eu ficava
feliz por ter noticias do bebê dele e de Mel, que já estava com uma barriga enorme de
sete meses pelo que ele me enviou por e-mail.
Eu me lembro de ter ficado horas e mais horas em frente a tela do computador,
imaginando como deveriaser a sensação de estar grávida do homem que se amava.

Pela expressão no rosto de Melanie, deveria ser a coisa mais especial e importante que
acontecia na vida de uma mulher.

Ser capaz de gerar um filho.

Eu tinha fechado a página da internet antes que meus olhos enchessem de lágrimas e
afundado a parte masoquista do meu ser para o fundo da minha mente.

Parei os pensamentos antes que eles me traíssem e acabassem me levando novamente


para o mesmo rumo.

Me enrolei na toalha indo para o quarto trocar de roupa.


Hoje eu veria Robert.

Depois de longos três dias em que ele estava apenas trabalhando e estudando, eu o
veria.

Parecia uma eternidade, apesar dele nunca ter deixado de me ligar ou me mandar
SMS’s. Ainda sim, eu tinha uma necessidade quase gritante de vê-lo, a ele e a seu
sorriso.

Coloquei uma jeans clara skinny de strech e um par de sapatilhas, com uma T-shirt
branca que tinha o desenho de um urso panda muito fofo na frente.

Prendi meu cabelo em uma trança que acabou ficando mais longa do que eu previra e
sai do apartamento com minha bolsa no ombro.
Esperei um táxi parar no meio fio para que eu entrasse dando a ele a direção da
faculdade.

Meu telefone começou a tocar dentro do bolso da minha jeans e eu atendi vendo o toque
personalizado de quando Robert me ligava.

- Kris, onde está amor?

- Acabei de chegar no campus. Está na biblioteca?

- No refeitório, vou até ai buscar você. – eu sorri.

- Não precisa, já estou chegando.

- Okay então, não demore.

Senti que ele sorria do outro lado e apressei o passo até o refeitório, entrei pelas portas
duplas começando a procurar entre a quantidade absurda de estudantes que estavam ali.
Olhei pra minha esquerda quase achando que estava vendo uma miragem quando o
inglês dos meus sonhos estava vindo em minha direção. O cabelo de areia na sua atual
bagunça charmosa, com uma jeans escura e uma blusa verde escura de botões.

Mordi os lábios esperando que ele se aproximasse mais, se eu desse um passo, era
provável que eu me jogasse nele no minuto seguinte.

Seu cheiro me inundou quase no mesmo instante em que seus lábios tocaram minha
testa, controlei meus dedos para que não se crispassem em sua camisa o puxando para
mais perto de mim.

Lutei contra meu corpo que queria ficar na ponta dos pés para alcançar sua boca perfeita
de encontro a minha.

- Eu senti sua falta. – ele disse me dando um selinho demorado.

- Eu também senti sua falta. – mordi os lábios de novo fazendo ele rir baixo.

- Vem. – ele me puxou com ele me abraçando pela cintura até a mesa que estava com
Tom e Dakota e que também estava Nina.

Eu não gostei desse fato.

Alias, ninguém ali parecia gostar disso.

- Kristenzinha. – Tom cantou me cumprimentando sorridente.

- Hey Tom, Dak. – beijei o rosto dela dando um abraço em Tom,morávamos no mesmo
prédio, mas eu os via mais era aqui na faculdade.

- Então qual é a boa? – ele perguntou enquanto Rob me puxava pra ele dando um beijo
em meu rosto rindo. – Você não poderia largar ela por um minuto? Estou tentando
manter uma conversa aqui. – Tom disse se fazendo de indignado, Rob ria altamente já.

- Idiota, eu não vou largar minha namorada só porque você brigou com a sua Sturridge.
– ele respondeu divertido apertando ainda mais meu corpo.

Olhei rápido para Dakota, mas ela também ria.

- Hey, nós não brigamos. Apenas nos...desentendemos. Não é amor?


- Não. Não é Sturridge. E fica quieto.

Rob já ria escandalosamente quase e Nina estava ficando de fora da conversa.

- Mas Dak, eu estava mesmo doente.


- Não estava não. Eu liguei pra tia Clare e ela disse que quando você passou mal aos
seis aos, não fora nada demais e você me fez ficar acordada a noite toda.

Dakota soltou, mas ela estava divertida, estava apenas tentando – assim como Tom –
não perder a oportunidade de ser mimada, eu acompanhei Robert nos risos.

- Quem é Clare? – perguntei sorrindo bebendo do copo de café de Rob.

- É a sua sogra Kristenzinha. – Tom respondeu pra mim sorrindo.

- Ah sim. – preciso falar que eu corei?

Robert percebeu e riu baixo beijando meu rosto.

- Vamos pra aula? Te deixo na sua sala.

- Claro.

Me levantei e me despedi de Tom e Dakota que ainda fazia doce para não perdoar Tom.

- Eles estão bem não é? – perguntei a Rob no corredor das escadarias.

- Estão ótimos baby, Dakota não vai dar o braço a torcer.

- Não sabia que ela conhecia seus pais. – ele riu.

- Ela é namorada do Tom amor, com certeza ela conhece meus pais. Tom a apresentou
pra eles quando começaram a namorar.

- Oh. – eu fiquei sem saber o que falar.

- E ... – ele parou em frente a minha sala se escorando na porta, sorrindo torto pra mim
me deixando perdida por um momento. – Você também os conhecerá..se aceitar ir pra
Londres comigo no final do ano.

Suas mãos colocaram uma mexa do meu cabelo atrás da minha orelha e eu fingi que não
vi a quantidade de garotas que nos encaravam com expressões de choque e surpresa no
rosto.

- como? – eu acho que não tinha entendido muito bem a fala dele.

Ele riu baixo ainda sem tirar as mãos de meu cabelo.

- Quer ir pra Londres comigo no final do ano? Serão apenas cinco dias e teremos o
feriado de primeiro de janeiro, não vamos perder nada da faculdade.
- Oh..eu não..

- Não precisa responder agora, você sabe. – ele sorriu de novo me dando um beijo na
testa antes de se virar e começar a andar pelos corredores de forma rápida para chegar a
tempo para sua primeira aula.

Levei dois segundos para perceber que ainda estava parada estática na porta da sala.

Balancei com a cabeça tentando libertá-la de pensamentos e entrei em minha sala,


sentando na cadeira de sempre.

Certo.

Ele tinha me convidado para viajar com ele.

Isso era normal.

Eu iria conhecer os pais dele.

Okay. Isso era meio assustador.

Por que existiam milhões de motivos para eles não gostarem de mim.

Só de pensar em uma possibilidade do tipo minhas mãos começavam a suar, mais a


principal questão por trás daquilo era:

Eu era importante pra ele. Eu era diferente.

Como ele havia me dito que eu era.

Isso me fez sorrir involuntariamente.

Neguei com a cabeça mordendo os lábios.

Eu não iria conseguir prestar atenção na aula.

Dito e feito.

As aulas passaram como um borrão lento e demorado na minha frente, eu via apenas s
professores entrando e saindo vez ou outra, escutava as conversas paralelas e estava até
vendo alguns olhares – femininos – serem direcionados a mim.

Rolei os olhos quando o último professor saiu.

Eu não gostava de atenção.


Sai da sala em passos rápidos, Robert havia me mandado mensagem enquanto eu ainda
estava em aula dizendo para que eu o esperasse no pátio externo da faculdade.

Cheguei até lá e fiquei o esperando sentando em um dos bancos que tinham na frente
algumas estátuas com o símbolo da universidade.

Peguei uma garrafinha de água da minha bolsa e meu livro de Jane Austen que eu estava
lendo. Abri na página que eu tinha parado e comecei a ler enquanto esperava por ele.

- Ele é perfeito não é? – me assustei com a voz estridente acima de mim fazendo sombra
bem em cima do me livro, me segurei para não revirar os olhos ou bufar irritada para a
voz e a presença de Nina.

- Depende do que está falando. – nem olhei pra ela, não perderia meu tempo. Jane
Austen e Mr.Darcy tinha mais o que me ensinar do que uma garota com ciúmes de um
cara que nunca fora nada dela.

- Você sabe do que estou falando. – ela se sentou ao meu lado, eu continuei olhando pro
meu livro e bebendo minha água, ela iria embora logo não ia? Suspirei. – Estou falando
do Robert. – ela apontou aleatoriamente. Humpf, como se eu não soubesse.

- Eu não sei. Me diz você que parece tão intima dele. – soltei um sorriso de ironia em
sua direção.

- Oh sim, nós somos íntimos. Muito íntimos. – ela mordeu os lábios olhando para o
nada.

Se controle Kristen. Não ria dela. Se controle.

- Mas é claro que são. – virei a página do livro, lamentando que minha água tinha
acabado e ficando com preguiça de pegar mais.

- Não acredita em mim? – perguntou parecendo ofendida.

- Eu acredito nele apenas.

- Ele pode mentir, você sabe.

- Talvez ele já tenha feito isso com você Nina. – sorri pra ela já me cansando daquela
conversa. – Mas mentiras é uma coisa que não existe entre mim e Robert.

Poderia até haver omissões, principalmente da minha parte.

Mas eu sabia que ele nunca mentiria pra mim.

- Homens são homens. Eles sempre mentem.


E eu ri. Não consegui me controlar.

- Claro, claro. Qual o objetivo dessa conversa mesmo Nina? Ainda não entendi a sua.

Fui direta, ela já estava me enchendo o saco.

- Ela não tem motivo nenhum Kristen. – me virei na voz de Robert que estava atrás de
mim, o sol me atrapalhava de ver um pouco seu rosto, mais ainda sim conseguia definir
suas feições, e ele não estava alegre com aquela conversa, assim como eu.

- Olá Robert. – ela sorriu brilhantemente pra ele e eu a olhei com consternação.

- Vamos Kris? – ele perguntou se aproximando de mim e ignorando Nina.


- Claro. – me levantei de um pulo reparando que ele tinha dois copos da Starbucks na
mão, ele me deu um beijo na testa de leve e rápido e eu quase pude ouvir Nina trincando
os dentes.

- Até Kristen, foi muito bom falar com você.

- Idem. – ela se levantou indo embora.

- O que ela queria?

- Nada demais. – sorri a ele ficando na ponta dos pés para lhe chegar aos lábios, mas
nem isso era suficiente, ele teve que se abaixar um pouco segurando minha cintura com
seus braços por causa do café e me beijando pacientemente. – Vamos pra casa? –
perguntei depois de um tempo.

Ele me passou o copo de café com expresso sorrindo e me enlaçando pela cintura
enquanto íamos a pé para a rua.

- Tenho que ir à empresa agora, mas não devo demorar, eu esqueci de pegar uns
relatórios de valores e preciso deles. – mordi os lábios.

- Okaay então.

- Vou te deixar em casa e depois volto aqui rápido, vou à empresa e volto pra sua casa.

- Tudo bem. – eu sabia que ele não ia demorar.

Fomos andando conversando sobre as aulas e ele me contou do trabalho, como estava e
que teria muitas chances de continuar na empresa, eu fiquei muito feliz e orgulhosa
dele.

- Entregue. – falou divertido me beijando de verdade, com suas mãos puxando meus
fios de cabelo e seu corpo totalmente grudado ao meu.
- Até mais tarde. – lhe dei um selinho.
- Eu já volto.

Entrei pela portaria sentindo que ele ainda me observava para só depois virar e caminhar
de volta para o campus.

Minha cabeça começou a doer no instante que eu coloquei meus pés dentro do meu
apartamento, gemi irritada indo direto pro banheiro e buscando um remédio para aquela
dor infernal que fazia minha cabeça latejar.

- Merda.

Bufei, voltando meus passos para cozinha pra pegar uma garrafinha de água na
geladeira.

Foi quando eu ouvi a voz.

A voz assustadora e perigosa que há anos eu não escutava.

Ela me parecia tão real que eu me virei horrorizada para a direção que saia o som.

Era minha secretária eletrônica.

Meu coração acelerou, minha garganta travando me impedindo de respirar direito e


corretamente, minha boca ficou seca e a garrafa de água em minhas mãos foi parar
diretamente no chão.

- Kristen, todos nós estamos preocupados com você, querida. Atenda ao telefone e pare
de preocupar a sua mãe. Ela anda chorando muito e você sabe que eu, como marido
dela, odeio ver ela desse jeito. Então ligue pra ela, está bem gracinha? Não quer que eu
volte a telefonar de novo quer? Você não gostaria se eu o fizesse, Kristen.

Ele desligou o telefone.

Eu estava estática. Não conseguia me mover.

Algo que eu achei ser o pânico começava a me invadir, engoli em seco o excesso de
saliva que minha boca estava produzindo e me senti doente.

Meus estomago se embrulhou, fazendo com que tudo que tinha comido hoje durante
todo o dia fosse parar no chão já que eu não tive coragem de me mexer para chegar até a
pia.

Soluços.
Soluços fortes e horríveis irradiavam do meu peito e era o único som no meu
apartamento.

Aquilo não podia estar acontecendo, ele não podia estar me ligando, não podia.

Eu estava tão feliz sem ele para atormentar minha vida.

Deixei-me cair no chão puxando meus joelhos em meu peito numa tentativa inútil de
não me quebrar, as lágrimas caiam e caiam por meu rosto com as lembranças vindo com
força em minha mente.

- Eu quero a criança. – o policial disse apontando claramente pra mim.

- NÃO. – era Dorothy quem falou se colocando em minha frente, me protegendo com
seu corpo. – Ela é apenas uma criança, não façam isso com ela...comigo...façam
comigo..não com ela.

Eu comecei a chorar, eu sabia o que eles iriam fazer com ela, foi com o seu choro que
eu acordei na última manhã antes de ser colocada nesse caminhão frio.

Um homem diferente e mais velho estava por cima dela enquanto ela chorava, ele ria e
eu chorei junto com ela ao ver que ela estava sofrendo.

Dorothy era muito mais velha que eu ou a Ash e tinha mais coragem que muito homem
que eu já havia visto com meu pai.

- Eu quero a criança. – o policial falou de novo.

Eles queriam fazer comigo o mesmo que fizeram com ela, eu comecei a chorar ainda
mais me agarrando a blusa de Dorothy.

Eu queria ir pra casa.

Meu papai já devia ter chegado de viagem, mas então onde ele estava que não veio
atrás de mim?

- Você terá a criança Sr.Wood. Não se preocupe com isso. Estamos liberados na
próxima guarda? Vamos passar pela fronteira ainda hoje.

- A guarda não será problema se a menina for delicada comigo. – ele sorriu.
Eu não gostei de ver o sorriso nele.

- Ela será. Com certeza ela será.

O moço alto subiu no caminhão pegando a Ash e o Aaron pelo cabelo os puxando pra
fora de lá, meu corpo começou a tremer e a ficar gelado.
- Por favor, por favor. Não faça isso com ela. – Dorothy chorava em minha frente.

- Saia daí vadia. - o moço também a tirou de lá pelos cabelos, colo


cando todos para fora do caminhão menos eu que a cada segundo chorava mais e mais.

O policial subiu no caminhão me encurralando, não me deixando saída.

- Se acalme gracinha. Você vai se divertir um pouco.

A última coisa que senti antes do horror e do pânico, foram suas mãos retirando minha
saia pela força de seu braço.

- Não, não, não. Por favor, não.

As lembranças não me deixavam, me sufocando, eu não conseguia respirar.

O policial, era o mesmo homem no telefone.

Ele era marido da minha mãe.

Tenente Brian Wood e sua crueldade sem limites, foi o primeiro a me lançar naquele
mundo de horror e pesadelos do qual eu vivia.

Era por isso que eu não falava com ela, para que ela não sofresse em dobro pelo meu
passado.

O maldito a fazia feliz, ele ainda conseguia fazer alguém feliz, quando tinha roubado
tudo que eu tinha com apenas nove anos.

Eu ainda fiquei ali alguns minutos me contorcendo em dores que talvez jamais
passariam, até que eu me lembrei do meu motivo pra sair dali.

Robert.

Meu sonho.

Com a minha fortaleza em seus braços, eu estaria segura.

Me levantei de um salto ignorando os soluços que machucavam meu peito, fui direto
para meu quarto, minha banheira e me lavei.

Esfregando-me com tanta força que mais um pouco sairia sangue de minha pele, mas eu
estava suja, tinha que limpar aquilo de alguma forma.
Tomei mais três banhos naquele final de tarde, eu arranquei meu telefone e todos os
seus fios da tomada o guardando no fundo do armário da área de serviço, limpei a
cozinha para tomar outro banho depois.

Deitei em minha cama me sentindo mais composta e bem, ainda me abraçava, mais já
estava muito melhor.

Ser forte Kristen. Seja forte.

Robert.

Robert.

É disso que você tem que se lembrar.

O sorriso, os cabelos de areia, o toque macio e carinhoso de suas mãos, sua voz
sussurrando que me amava.

Me amava.

Robert me amava.

Eu chorei de novo e de novo rezando para que ele chegasse logo.

E realmente não demorou muito para que ele o fizesse.

Limpei meu rosto rapidamente, jogando uma água na cara e sai do meu banheiro
praticamente correndo ao ouvi a sua voz me chamando pelo apartamento.

- Kristen?

- Aqui. – eu parei meio ofegante no corredor de acesso a sala.

Ele sorriu se aproximando e me enviando uma paz que só ele era capaz de me
proporcionar.

Meus pés saíram do chão quando ele me abraçou apertado, afundando o rosto em meu
pescoço e respirando na minha pele, para logo depois seus olhos virem sob os meus.

- Eu te amo.

- Eu também te amo. – disse depois de enlaçar sua nuca com meus braços.

Ele sorriu antes de me beijar deliciosamente e calmamente.


Robert tinha esse dom, de fazer as coisas em minha volta se tornarem absolutamente
coisas.
Ele era o centro do meu mundo, eu praticamente gravitava ao seu redor.

E quando sua língua se enroscava com a minha daquele jeito e suas mãos me apertavam
com carinho e habilidade era que eu via que não existia nada melhor no mundo.

Foi ali que eu tomei duas decisões, essências em nossa vida.

- Rob... – ele continuou me beijando. – Rob.

- Huum...

- Eu vou.

- Vai? – perguntou confuso.

- Pra Londres. Eu vou pra Londres com você no final do ano.

Seu sorriso foi o bastante para iluminar qualquer rastro de tristeza ou dor que havia em
mim naquele dia.

Ela era capaz de fazer sumir qualquer dor em minha vida.


--
Capítulo 17
Capítulo 17

Notas iniciais do capítulo


Meninas, me desculpem a demora desse capitulo okay?! sinto muito! mas ele está aqui
agora e eu espero que vocês gostem :D

beeijos

Apagar a Luz

?O Amor é a única coisa que cresce à medida que se reparte?.


(Antonie de Saint-Exupéry)

Relaxar.

Eu só precisava relaxar e me acalmar.

Já havia tomado a decisão e não iria voltar a trás, por que eu queria aquilo.
Não deixaria mais nada pra depois.

Eu só precisava me controlar.

Parei de andar de um lado para o outro na minha cozinha e fui pra sala tentar me distrair
com a TV que agora passava Friends.

Fiquei sentada, não conseguiria deitar estando tão energética como estava hoje.

Afinal, qual era o meu problema?

Medo e nervosismo era uma boa definição.

Medo de ele me rejeitar assim que visse as marcas em meu corpo.

Nervosismo porque eu nunca fizera aquilo antes. Não com a minha vontade pelo menos.

Coloquei minhas mãos em minha cabeça e a abaixei, eu não devia me sentir assim, era
para ser algo normal e eu sentia que faltava alguma coisa.

- Kris? ? a voz de Robert ecoou pelo apartamento assim que ele entrou pela porta da
sala.

Seu sorriso perfeito e torto ao me ver ali no sofá e ele se aproximou de mim.

- Hey. ? ergui o rosto para receber seu beijo, controlando o tremor em minhas mãos.

- Hey baby. O que houve? ? perguntou se sentando ao meu lado e me puxando para seu
colo; eu fiquei de frente pra ele, com uma perna em cada lado de seu corpo, suas mãos
em minha coxa e na minha cintura enquanto eu olhava para os botões de sua camisa
xadrez azul.

- Nada. Um pouco de dor de cabeça, mas já tomei remédio.

- Tomou mesmo? ? colocou uma mexa do meu cabelo pra trás da orelha sorrindo, eu
adorava quando ele se preocupava comigo.
- Sim, já tomei. ? sorri confiante pra ele.

- Então okay. Eu tenho uma proposta pra te fazer... ? ele sorria travesso agora, com mais
uma pitada de expectativa que não consegui adivinhar por que.

- Proposta?

- É, bem...não é exatamente uma proposta. Um convite. ? ele estava hesitante, suas


mãos apertaram meu corpo onde elas estavam e eu franzi o cenho sentindo o coração
palpitar.
- Okay. Pode fazer. ? ele sorriu segurando meu rosto delicadamente.

Respirou fundo antes de começar.

- Eu estou comprando um apartamento. Estive olhando algumas coisas, mas quero que
você venha comigo.

- Claro que eu vou com você, mas por que todo esse mistério? ? ri baixo não entendendo
onde ele queria chegar.

- Não está entendendo Kris. Quero que você venha comigo. Quero que more comigo. ?
ele não estava mais brincando.

Era sério. Seus olhos que queimavam nos meus eram apelativos, me implorando por
uma resposta positiva.

- Kristen?
Devo ter ficado muito tempo sem responder para que ele estivesse me chamando agora.

- Haam?

- Você quer? Quer vim morar comigo?

- Robert eu... não... sei...eu... ? parei de falar, minha garganta estava travando e eu voltei
meus olhos para o dele que continuava a me encarar intensamente.

- Kris, nós praticamente moramos juntos. ? seus braços me apertavam mais forte, como
se tivesse medo de que eu me afastasse, mas eu não iria fazer isso. ? Você está usando
minhas roupas. ? ele apontou divertido, mordi os lábios constatando que estava
realmente vestindo uma de suas blusas, eu riria disso se nossa conversa não fosse séria.

Mas porque teria que ser séria?

Ele tinha razão não tinha?

Nós praticamente morávamos juntos. E qual motivo para não fazê-lo totalmente?

- Porque você não vem pra cá? ? perguntei hesitante, mordendo os lábios.

- Por que aqui é o seu apartamento. Eu quero uma coisa nossa. ? disse enfático para logo
depois suspirar. ? Quero que fique comigo Kris, não quero ter que sentir sua falta
quando chegar em casa e não poder te ver durante dias. Estou odiando dormir sem você.

Eu sorri, eu também odiava dormir sem ele.

- Eu vou. ? seus olhos se arregalaram.


- Vai?

- Vou. Eu vou com você Rob. Pra onde você quiser.

Mais uma vez seu sorriso iluminou meu dia, me dando a paz que eu precisava para me
acalmar e fazer relaxar, deixando a coragem fluir pelas minhas veias.

E eu estava mais forte do que já havia estado em vida.

Nós continuamos sorrindo enquanto nos beijávamos deitados no sofá, apenas


apreciando o gosto do outro, ele me deixando embriagada como já era de praxe e meus
dedos entre seus fios de areia.

- Amanhã eu vou te levar lá, pra você conhecer. ? ele disse em cima de mim, com seus
braços me apertando pela cintura.

- Você já comprou? ? perguntei franzindo o cenho.

- Sim, bom...eu queria te fazer uma surpresa. ? ele riu beijando meu rosto inteiro. ?
Acho que você vai gostar.

- Tenho certeza que sim. ? eu sorri sendo calada logo depois pelos seus beijos.

Perdemos a noção do tempo e acabamos ficando naquele sofá durante toda a tarde e a
noite também.

Pedimos uma pizza que agora ele também comia de cogumelos com abacaxi e passamos
o resto da noite assistindo Oprah e The Big Bang Theory.
Dormimos abraçados como sempre e eu sonhei imaginando como seria acordar e
adormecer todos os dias com ele e seus braços a minha volta, o corpo morno e
aconchegante me protegendo...
---

- Hey.
- Hey baby. ? ele me deu um beijo enquanto sentávamo-nos à mesa do refeitório da
universidade.
- Onde está Dakota e Tom?
- Eles têm aula extra hoje.
- Ah sim, e vamos que horas no apartamento? ? ele sorriu com minha animação me
puxando mais pra perto dele.
- Depois da sua última aula, vou te esperar no pátio externo.
- Okay. ? ele bebeu do meu copo de expresso e ficamos conversando até o horário das
nossas próximas aulas e ele me levou até minha sala.
- Até daqui a pouco.
- Até. ? eu disse antes de receber seu beijo leve em meus lábios.
Entrei na sala subindo os degraus da arquibancada para chegar até minha cadeira.
E foi como sempre. Aulas e aulas e mais aulas.
A única que prendeu minha atenção hoje foi a de porcentagem, que era uma das quais
eu mais gostava de estudar. Odiava as aulas de gráficos e barras.
Eram coisas demais e detalhes demais.
A matemática era puro detalhe no final das contas.
Praticamente disparei pela porta e pelos corredores da faculdade quando a última aula
acabou, as pessoas passavam por mim sem nem eu ver os rosto direito. Não que eu me
importasse realmente.
Eu estava mais do que animada para me mudar com Robert.
Nós iríamos morar juntos, ficar juntos e viver junto.
Tudo me dava apenas certeza do que eu queria fazer.
- Cheguei. ? disse em seu ouvido, ele estava de costas pra mim e me esperando no
mesmo lugar que eu estava ontem.
- Hey baby. Vamos? ? perguntou me beijando os lábios.
- Vamos. ? eu saí puxando sua mão até o meio fio da rua ouvindo sua risada.
- Não sabia que você iria ficar tão animada assim.
- É claro que eu estou animada.
Ele riu de novo passando suas mãos em meu cabelo, me dando um beijo ali.
Fez sinal para um táxi e quando o mesmo parou, ele abriu a porta pra mim e depois
disse o endereço do lugar para o taxista.
- É perto da praia?
- Não vou te falar nada. ? ele sorriu pegando um cigarro em seu bolso e me oferecendo
um.
- Isso não é justo, por que não posso saber onde é?
- Por que é uma surpresa e você está muito curiosa. ? ele riu encostando-se ao banco do
taxi e me puxando pra ele.
Demoramos uns 30 minutos para chegarmos ao lugar que era realmente perto da praia,
devíamos estar apenas há umas três ruas de lá, eu conseguia sentir o cheiro da maresia
me acalmando e me deixando sonolenta.
- Chegamos, venha. ? ele pagou o táxi começando a me puxar pela mão, eu sorri
acompanhando ele até dentro do prédio.
- Em qual andar? ? perguntei quando paramos em frente ao elevador.
- trigésimo sétimo. Têm apenas 40 andares aqui, você vai gostar da vista. ? ele sorriu
pra mim e entramos no elevador.
Eu estava ficando impaciente, queria logo entrar no apartamento e ver aonde nós
iríamos viver.
- É aqui. ? ele puxou minha cintura para o lado esquerdo do corredor, chegamos em uma
porta grande e branca. ? Preparada?
- Anda logo. ? ele riu divertido abrindo a porta pra mim.
Eu não acreditei enquanto passava pela porta.
Era lindo e tão parecido com a gente.
Não era grande, mas era espaçoso e as cores em tons de castanhos davam um ar de
aconchego e conforto.
A lareira branca no meio da parede também devia contribuir pra isso.
Uma TV ficava em cima dela, dando o toque de modernidade do qual gostávamos.
Uma grande janela de vidro fazia um contraste perfeito com tudo e a vista era...
...Era sem palavras.
Me aproximei dela colocando minha mão no vidro olhando a imensidão de Los Angeles
e da praia, eu podia ver a maior parte da cidade daqui de cima, uma visão incrível e
inesquecível.
- Gostou? ? os braços longos de Robert me abraçaram por trás, apoiando seu queixo em
meu ombro. ? Nós podemos ver outros se você quiser.
- É perfeito Rob. Obrigada. É..tão parecido com você... é
quente...acolhedor..confortante.

- E eu sou tudo isso? ? perguntou divertido.


Eu apenas sorri me virando pra ele.
- Obrigada.
- Aqui também é parecido com você, você sabe. É lindo, incrível, diferente...quente e
acolhedor.
- É parecido com nós então.
- Sim. Foi nisso que eu pensei. Em nós.
Eu sorri sentindo meu dia e minha vida ficarem muito mais iluminados, deitei minha
cabeça em seu peito fechando os olhos, deixando seu cheiro fazer sua mágica em mim.
- Obrigada. ? disse de novo. Ele estava me dando tanto, quando eu não tinha nada para
oferecer em troca...
- Eu disse que eu ia te dar tudo.
- Achei que não estava falando do material.
- E não estava. ? ele sorriu contra meu cabelo. ? Isso foi apenas um capricho.
Sorri de volta a ele me apertando em seu corpo.
- Vem conhecer os outros cômodos.
- É muito grande?
- Não. Têm três quartos, um banheiro social e nosso banheiro da suíte, a cozinha, a
varanda da sala e a área de serviço.

- Porque três quartos?

- Não sei, achei que seria bom ter quartos sobrando. ? ele sorriu dando de ombro, abriu
uma porta. ? Este é o nosso quarto.

Novamente eu não podia acreditar.

Era lindo, não, era muito mais que lindo, era perfeito, assim como Robert.

Eu tinha certeza que estava com um sorriso bobo e enorme no rosto.

A cama grande com o edredom branco e castanho por cima, os travesseiros que até de
longe eu podia sentir a maciez, um quadro bonito pendurado acima com as luminárias
nas duas mesinhas de cabeceira.

E mais uma vez, uma parede de vidro na lateral, com as cortinas tampando um pouco
agora.

Da mesma forma que a na sala, era lindo e aconchegante.


Não grande, mas espaçoso.

Uma porta no outro lado me indicava o banheiro, caminhei até lá abrindo para ver outra
maravilha.

Uma banheira redonda e espaçosa estava na parede de frente para a pia e para uma outra
ducha, os quadriculados em leves camadas de tom de laranja davam aquele toque
familiar que era incrível.

- Você é fantástico Rob. ? disse o abraçando voltando até o quarto.

- Mas eu não escolhi nada amor, deixei para você ver, se quiser mudar alguma coisa...

- Nada, eu não quero mudar nada.

Senti que ele sorria me dando um beijo no cabelo.

Havia apenas uma coisa que eu queria mudar agora.

E isso não tinha nada haver com o apartamento, não em todo pelo menos.

Olhei em seus olhos erguendo meu rosto, que ainda sim batia abaixo de seu peito,
constatei que ele estava realmente sorrindo e fiz disso meu próprio reflexo, ficando na
ponta dos pés e fechando os olhos. Nossos lábios se encontraram com um gosto
diferente naquele final de tarde de Los Angeles, como se estivéssemos ali a muito tempo
e nunca nos cansássemos de receber o gosto do outro.Minhas mãos se fechando em
punho nos fios de areia dourada e os braços que eu tanto ansiava se passaram pelo meu
corpo, me apertando contra ele.

E eu estava em casa.

Com uma felicidade sem limites reverberando dentro de mim eu pude constatar que se
aquilo não fosse amor, nada mais seria e quando minhas mãos desceram em peito
abrindo os botões de sua camisa, nenhum de nós dois teve dúvidas sobre aquele
momento.

Era o momento perfeito com a pessoa perfeita e nada poderia se comparar ao modo que
Robert me abraça com a força de seus braços e seus dedos se cravando em minha pele
por debaixo da minha blusa e nossos gemidos eram as únicas coisas que preenchiam o
silêncio delicioso do lugar.

Nosso lugar.

- Kristen...
- Eu quero Rob. ? disse ofegante sentindo seus dentes me arranhando o pescoço. ? Eu
quero você.

Não foi necessário falarmos muito depois disso, seu gemido em meu ouvido foi o
suficiente para ter mais absoluta certeza das coisas que estávamos fazendo e que eu
estava vivendo com ele.

Robert era a minha certeza.

Senti a sua excitação enquanto ele me devorava com mais um beijo e retirava minha
blusa por cima da minha cabeça, eu pensei que sentiria o medo da rejeição, mas isso não
aconteceu, me deixando mais relaxada ao perceber que ele delineava as marcas em
minhas costas com um carinho tão grande que eu tinha vontade de chorar.

E só então percebi que tínhamos caminhado, minha perna bateu no colchão da cama,
mas ele me impediu de me deitar, me buscando em seu colo e me posicionando no meio
do edredom macio e branco, com os seus olhos pregados nos meus, fazendo uma
emoção diferente rolar por meu organismo, junto com a pressão que eu já sentia em
baixo ventre quando ele se deitou por cima de mim.

Minhas mãos trêmulas terminaram de tirar sua blusa e como eu não usava sutiã aquele
dia, seus lábios facilmente encontraram o caminho até, abocanhando meus seios em sua
boca, brincando com o mamilo entre seus dentes e me fazendo perder o pouco de
sanidade que talvez ainda me restasse. E ele foi descendo... e descendo...

Retirando minha calça, beijando minha perna até o dedão do meu pé, onde ele também
mordeu passando sua língua e fazendo um gemido alto ecoar pelo quarto, saído direto
da minha garganta.

Mas foi quando ele me beijou por cima da calcinha, que eu cravei minhas unhas no
edredom, tentando a qualquer custo, achar um ponto de equilíbrio para a o calor
efervescente que transpassava do seu corpo direto para o meu, atingindo em cheio as
minhas terminações nervosas.

E ele continuou a me beijar ali, agora sem a calcinha e eu já - praticamente - gritava


enquanto sentia sua língua por toda minha extensão.

Habilidosa e experiente.

Com o fogo se alastrando e eu sentindo o suor dele quando tinha minhas mãos travadas
em seus fios de cabelo.

- Robert...

Consegui balbuciar depois de um segundo que ele retirou sua língua de lá e voltou me
beijando o umbigo, mordendo minha barriga e meus seios para logo depois de encontrar
com minha boca. As línguas se enroscando com pressa e carinho, sua mão na minha
cintura enquanto a outra alisava minha bochecha, retirando algo molhado dali.
Minhas lágrimas de emoção, por ele estar me fazendo dele.

E eu o recebi em meu corpo, quente e abrasador, com um prazer infinito que estava
alimentando o fogo por todos os meus poros, se expandindo numa velocidade incrível
para cada célula existente em mim a cada vez que ele se movimentava.

Uma vez. Depois outra. E outra.

Sem nunca desconectar nossas bocas e nossos gostos que se mesclavam em um só,
nossos cheiros se tornando único enquanto eu cruzava minhas pernas no seu quadril o
ajudando com as investidas.

Os gemidos eram abafados por nossas línguas e nossos pulmões gritando por um pouco
de ar.

Estava tudo tão quente.

Muito, muito quente.

O suor quase pingava da minha testa e o prazer me sufocando a Cada segundo que ele
aumentava a velocidade de suas estocadas dentro de mim.

E eu não queria que ele parasse nunca mais de fazer aquilo.

...Até que tudo explodiu em minha frente.

Explosões violentas transpassando pelo corpo a medida que o fogo também ia se


arrastando, como correntes quentes, até que eu me libertei...

Caindo em uma queda livre brilhante.

Um gemido alto de ambas as partes se fez presente e eu recebi seu corpo em cima do
meu, com seus olhos me encarando...

Os verdes azulados nunca estiveram tão claros...

Um reflexo do meu própria olhar e da felicidade completa que eu sentia.


Robert afundou o rosto em meu pescoço depois de vários minutos sussurrando bem
baixinho que me amava e eu fiz o mesmo com ele, sentindo seu cheiro misturado com o
meu e eu quis adormecer ali, com seu corpo ainda dentro de mim, como se fossemos
feitos para isso.

Para nos completarmos.

E ele me acolheu em seus braços e palavra nenhuma mais foi dita, não precisávamos,
entendíamos corretamente tudo o que o outro queria dizer.
A gente se amava.

Nada, além disso, importava de verdade.

Nem os meus medos, minhas inseguranças, muito menos meu passado.


Eu sempre teria Robert.

E eu sempre seria dele.

Capítulo 18

Notas iniciais do capítulo


meninas, me desculpem mais uma vez pela demoraa, mas já estou aqui :)

Apagar a Luz

‘’É difícil não gostar de um homem que não apenas nota ás cores, mas fala delas’’
(Markus Zusak)

Eu me sentia flutuando, como em um sonho bom. Ou eu estava apenas em cima de uma


nuvem qualquer deixando que ela me guiasse pra onde fosse.

Naquele instante, eu arriscaria um palpite de que estávamos acima do mar, da praia de


Los Angeles, porque eu conseguia sentir o sol forte batendo em rosto, me enchendo de
vitamina D e dos raios saudáveis das primeiras horas da manhã.
O cheiro de maresia se fazendo presente em meu olfato, enviando para meus instintos
uma poderosa e abrasadora sensação de paz, reconfortando tudo ao meu redor.

- Acorda.

Sorri em meio ao sonho. Eu ouvia levemente a voz de Robert misturado com o som da
praia que estava abaixo de nos, naquela nuvem.

- Amor? – em vez de apenas a voz, eu agora sentia seus beijos, em meu ombro...meu
braço...minha nuca... – Kris?

Abri os olhos confusa e lentamente.


Okay. Certamente eu não estava numa nuvem, mas estava chegando perto. O edredom
macio enrolado em meu corpo, o real som de ondas e a breve claridade que entrava no
quarto devido a parede de vidro, faziam com que o meu sonho, não fosse nada, perto da
minha realidade.

- Baby?

A voz dele também não era apenas minha imaginação. Nem os seus beijos.
- Huum. – resmunguei sonolenta querendo voltar a dormir com seu corpo colado no
meu, me deixando aconchegada e aninhada em seu peito.

- Acorde amor.

- Eu não quero ir pra faculdade... – ouvi seu riso baixo direto em minha nuca, me
causando arrepios.

- Não precisa, mas tem que comer alguma coisa...

- Não estou com fome. – choraminguei me agarrando ao travesseiro macio que tinha o
cheiro dele.

- Só um pouco okay? Eu deixo você voltar a dormir depois. – eu estava de olhos


fechados, mas podia apostar que ele estava sorrindo.

Apesar de minhas pupilas estarem pesadas e loucas por uma noite de sono inteira, eu
abri meus olhos, encontrando a vista da praia e da cidade de Los Angeles em minha
frente, pela visão da parede de vidro.

- Uau. – disse baixinho.

- Hey, eu estou do outro lado.

Me virei sorrindo e esfregando meu rosto no travesseiro agarrando a ponta da fronha.

- Bom dia baby. – ele também sorria me dando um beijo na testa.

- Bom dia.

- Eu te trouxe o café. Tem que comer alguma coisa.

É claro que eu tinha que comer alguma coisa, eu só tinha almoçado ontem e a nossa
noite tinha sido perfeita e intensa demais para que parássemos, para pensar em coisas
banais como comida.

Sorri involuntariamente, já sentindo falta de ter o corpo dele em cima do meu como
estivera por tantas vezes durante a madrugada.
- O que quer comer? Eu trouxe seu expresso. – ele disse me entregando um copo da
Starbucks.

- Você saiu? – perguntei franzindo o cenho notando que ele já estava vestido, com a
roupa de ontem, mas estava.

- Sim. – ele suspirou. – Eu tenho que trabalhar. – nem ele e nem eu estávamos felizes
com aquilo, mas eu entendia.

- Tudo bem, acho que tenho que ir pra faculdade.

- Pode ficar e dormir um pouco mais, eu trago roupa pra você e nós podemos deixar a
mudança para amanhã.

- Mas eu tenho mesmo que ir, não posso faltar hoje. – disse suspirando e bebendo meu
café. – Tenho revisão de teste.

- Ah sim, quer se mudar de vez hoje então?

Assenti com a cabeça vendo seu sorriso perfeito.

Bebi o restante do meu café, percebendo só agora que estava sentada na cama apenas
com o edredom em volta de mim, eu quis rir ainda mais com aquilo.

Ele me ajudou a levantar e eu troquei minha roupa, pegando também as mesmas de


ontem, iríamos para o apartamento, para que de lá eu fosse para faculdade e ele para o
trabalho.

- Kris, a sua chave está em cima da mesa da sala, amor.

Ele gritou do que eu achei ser a cozinha, já que os únicos cômodos que eu tinha visto
foram à sala e nosso quarto.

Olhei a chave e vi que tinha um chaveirinhode all star colorido escrito ‘’Kristen’’ ao
redor deles, sorri de novo.

- Obrigada. – lhe disse quando ele entrou em campo de visão, recebendo seu sorriso e
seu abraço em minha cintura.

Ele trancou o apartamento e seguimos de mãos dadas até o elevador e de lá para a rua já
chamando um taxi.

- Vou te deixar em casa. – ele me deu um selinho segurando meu queixo com sua mão
direita. – Depois vou pro campus, passo pra te buscar assim que sair da empresa okay?
- Tudo bem. – ele sorriu brilhantemente pra mim e puxou meu corpo para perto do dele,
deitei minha cabeça em seu ombro e ele a prendeu embaixo de seu queixo, passando as
mãos lentamente por minhas costas.

Ele me deixou na portaria do prédio saindo do taxi, mas pedindo pra que ele esperasse.

- Te busco as sete.

- As sete. – sorri reafirmando sua fala, recebendo seu sorriso de volta.

Nossos lábios se encontraram leves, suaves e macios, deixando os meus formigando


pelo contato.

- Kris?

- Huum? – eu disse sem desgrudar nossos lábios.

- Me espere. – ele disse intensamente.

- Sempre. – respondi no mesmo tom de sussurros com o qual nos falávamos.

Ele sorriu de novo e me deu mias um beijo na testa, antes de entrar novamente no táxi e
sair indo para o campus.

Subi pela escadaria sorrindo, encontrando logo meu apartamento.


Foi uma sensação estranha entrar ali. Como se fosse uma outra realidade.

Suspirei. Eu estava contente.

Eu não iria abandonar o apartamento que meu pai deixou pra mim, eu iria me mudar
para ser feliz e eu viria sempre aqui.

Corri para meu banheiro tomando apenas uma ducha morna, coloquei um all star branco
e uma calça escura skinny, uma blusa branca de mangas e com detalhes de preto na
frente.

Arrumei meus cabelos em um rabo de cavalo e desci, indo a pé para a faculdade.

Isso me daria muita coisa pra pensar.

E a principal delas, foi à noite incrível que eu tive com Robert.

Ele era tão diferente de muitos caras que eu já vi.

O seu jeito de me tratar, me fazendo sentir especial em cada segundo que ele estava
comigo era indescritível.
A sensação do amor dele por mim, de ser amada por alguém tão surpreendente como
Robert, era algo tão surreal...

Algo que eu nunca achei que fosse ter na vida.

E lembrar da minha vida, me lembrava dos meu medos, mas o único que eu pensava
agora era: O que Robert deduziu das minhas cicatrizes?

Ele não tinha feito nenhum comentário.

Isso era bom ou ruim?

Bom, ele dissera que eu ‘’ era perfeita ’’ mesmo depois de tê-las visto, então ele não
pode ter ficado tão chateado assim. E a forma que ele cuidou de mim e me amou pelo
resto da noite e ainda hoje de manhã, denunciava que se ele achou alguma coisa... não
se importou.

Entrei pelos corredores da faculdade procurando minha sala e entrando direto, vendo
que estava atrasada e que iria me ferrar na revisão.
Sentei-me na minha cadeira habitual e me esforcei em prestar atenção na aula.

Não deu muito certo no final das contas, eu coloquei meu iPod no ouvido na
metade da terceira aula e ele não saiu de lá até sermos liberados.

- Kristenzinha. – ouvi meu nome sendo cantado assim que coloquei os pés no refeitório,
sorri me virando vendo Tom e Dakota vindo em minha direção.

- Hey.

- Hey Tom, hey Dak. – abracei os dois sorrindo e sendo retribuída.

- Então, vamos sentar?

- Claro. – nós seguimos para uma das mesas do refeitório vendo como o movimento de
estudantes ali começava a crescer.

- E então, já se mudaram?

- Você sabia? – ela riu baixo tomando do copo de café de Tom.

- Sim, ele estava meio indeciso se você iria aceitar ou não. – eu sorri.

- A gente se muda hoje. Temos que pegar minhas coisas no outro apartamento.

- Legal. Podíamos fazer alguma coisa pra comemorar não é Tom?


- Tudo o que você disser honey. – ele disse apenas sorrindo pra ela.

- Eu iria dizer para fazermos uma festa, mas acho que não vai rolar. – ela sorriu me
olhando, eu neguei com cabeça divertida. Uma festa certamente não iria rolar mesmo. –
Então, vamos ao pub amanhã à noite?

- É show do Sam.

- Por mim está ótimo, é bo...- minha frase foi interrompida pelo barulho do toque
personalizado do meu celular. – Hey. – respondi atendendo já com um sorriso no rosto.

- Hey. Está tudo bem?

- Sim. – peguei meu copo de café vendo Tom e Dakota continuando a conversa sobre
amanhã a noite. – Tudo bem no trabalho?

- Normal. – ele sorriu. – Está com Tom?

- Yepe, Dak também está aqui. Nós vamos ao pub amanhã.

- Ah sim, é show do Sam e Dakota já deve está querendo dar uma festa em nosso
apartamento. – ele riu baixo.

- É, ela está. Mas não vai...por isso vamos no pub. – sorri de volta a ele.
- Tudo bem então. Eu tenho que ir.
- Okay.
- Kris?
- Huum?

- Eu te amo. – meu sorriso se alargou.

- Eu também te amo.

Desligamos e eu voltei a falar com Dakota, ela me perguntou se eu tinha gostado do


apartamento e disse que estava querendo dar uma festa, depois da formatura de Rob.

- Eu não sei se é uma boa idéia. Rob não gosta muito de festas assim. – eu disse
indecisa.

- Eu sei, mas não seria apenas pra ele, muita gente se forma nesse fim de ano.

Continuamos conversando e acabamos nos divertindo com Tom ao seu lado contando as
noites de bebedeiras de Londres com os amigos juntos.
As aulas da tarde foram normais, como todas as outras e eu sai de lá no horário de
sempre.

Cheguei em casa sentindo de novo que já começava a ter saudades daquele lugar.

Peguei duas das minhas bolsas de viagem e coloquei todas as minhas roupas lá dentro,
junto com as de Rob que ainda haviam por ali. Coloquei tudo que era meu, meus livros,
a foto de Melanie e Taylor que ficava em cima da minha mesinha de cabeceira, a foto da
minha mãe que eu guardava a sete chaves no fundo da minha gaveta e uma foto minha
de quando criança, abraçada com meu pai.

Eu jamais olhava aquela foto.

Não suportava a dor de olhar.

Joguei tudo dentro da bolsa, sentindo que eu estava começando uma vida nova agora e
que seria eternamente guardada em mim.

Eu seria feliz. Eu era feliz.

Fechei as malas, buscando mais coisas em volta do apartamento, minha escova de dente
e algumas coisas que ficavam pela sala. Joguei tudo dentro de uma outra mala e fechei
também.

- Baby? – ouvi a voz de Robert.

- No quarto Rob. – conferi se estava esquecendo alguma coisa, olhando em volta do


quarto com um dedo no queixo.

- Hey. – ele disse se aproximando, me abraçando por trás.

- Hey, já pegou suas coisas? – senti seu beijo na lateral do meu pescoço, sorri
involuntariamente.

- Sim, está tudo na sala. Esqueceu alguma coisa?

- É isso que estou vendo. – suspirei. – Acho que não. – sorri de novo.
- Então vamos?

Assenti com a cabeça, ele pegou minhas malas e eu me lembrei de pagar alguém para
dar um jeito na comida que estava ficando na geladeira ou então iria estragar tudo, e eu
não queria que isso acontecesse.

- Espera. – engoli em seco passando pela sala, ele parou me olhando curiosamente.

- O que foi?
- Seria...idiota...se eu dissesse..que vou sentir falta daqui? – perguntei com meu coração
palpitando.
Mas ele sorriu, deixou as malas no chão e segurou meu rosto com as mãos grandes.
Pensei aleatoriamente, de como era bom seu toque em minha pele e me lembrei de
nossa noite segurando um sorriso no rosto.

- Seria idiota, se você não sentisse falta daqui Kristen. É normal que você se sinta assim
amor.

- Eu sei. – ele me abraçou, aninhando meu corpo pequeno ao seu, respirei seu cheiro
bom.

- Estou aqui. – ele sussurrou, beijando meu cabelo.


Aquilo me deu força.

Ele realmente estava ali, junto com seus olhos abrasadores e seu sorriso perfeito.

- Vamos? – pegou uma mexa do meu cabelo a colocando atrás da minha orelha.

- Vamos. – disse firme e confiante.

Segurei sua mão na minha e ele entrelaçou nossos dedos.

E saímos do apartamento.

Eu estava preparada para viver nossa própria vida em uma só.


--
Capítulo 19
Capítulo 19

Notas iniciais do capítulo


meninas, espero que aora apareçaa :D

Apagar a Luz

"Talvez, nós todos damos o melhor de nossos corações, sem questionar para aqueles
que mal pensam em nós. ‘’
(T.H. White)

Duas semanas depois...

- Rob? – chamei entrando no apartamento.


Sorri vendo seu sapato jogado no canto da porta com o paletó do terno que ele usava no
trabalho, por cima de um dos braços do sofá e o cheiro dele pelo ambiente.
- Baby? – chamei de novo franzindo o cenho.
Ele não estava em casa? Mas ele já havia chegado do trabalho.
Suspirei, tirando também meu all star e jogando minha bolsa de faculdade no mesmo
lugar que estava seu sapato.

Sorri sozinha, nós éramos dois desorganizados, eu ainda não sabia como fazia para
ajeitar essa casa todos os dias.

Neguei com a cabeça sorrindo indo em direção a cozinha, finalmente eu tinha conhecido
o resto do apartamento e eu havia adorado a cozinha.

Era simplesmente linda e moderna. Preta e branca, com uma mesa pequena de vidro no
centro e as cadeiras vermelhas.

Entrei abrindo a geladeira e fechando com o pé, tomei uma água e me senti inspirada
para cozinhar...

Mordi os lábios sem saber o que fazer e acabei por escolhendo um estrogonofe de
frango, eu não sabia onde Robert estava, mas com certeza ele não iria demorar.

Busquei todos os ingredientes no armário e liguei o fogo jogando os temperos e


esperando que tudo refogasse.

Cortei o frango em pedacinhos pequeno, meu pé direito estava apoiado na minha perna
esquerda e eu sorria enquanto cozinhava. Segurei na ponta da tábua de cortar e deixei
que o frango caísse na panela fazendo aquele barulhinho gostoso e aquele cheiro
adorável no ar.
- Baby? – era a voz de Robert.
- Na cozinha Rob. – gritei de volta, dois minutos depois ele estava ali, me abraçando por
trás e respirando fundo meu cheiro e o cheiro da comida.

- Adoro quando você cozinha. – eu ri baixo.

- Onde estava? – ele me deu um beijo no rosto e se sentou em cima do balcão ao meu
lado com seu sorriso inabalável no rosto.

- Cheguei em casa e como você ia demorar um pouco mais, eu fui logo no aeroporto e
reservei nossas passagens.

- Ah sim, conseguiu as duas juntas?

- Sim, com antecedência é tudo mais fácil. – ele sorriu de novo. Eu assenti com a cabeça
também sorrindo e voltando a prestar atenção na comida.
- Pode pegar o creme de leite ali no armário... eu não vou alcançar de qualquer forma. –
disse revirado os olhos e enchendo um copo grande de água para colocar na comida,
fazendo o caldo do estrogonofe.

- Eu tinha que ter pensado nisso quando comprei o apartamento. – ele estava divertido,
segurei meu riso na boca reparando no que ele estava vestindo.

Uma calça jeans escura, os pés descalços, e a blusa xadrez azul por cima de uma camisa
de mangas pretas.

Ele era irresistível até quando não percebia isso.

E ele não tinha idéia em como meu corpo esquentava só de vê-lo tão sexy como ele era.

Foco Kristen. Foco.

Balancei a cabeça tentando tirar os pensamentos impróprios, ou talvez não tão


impróprios assim... mordi os lábios de novo.

Foco.

Respirei fundo voltando minha atenção pra comida, coloquei um pouco do caldo
colocando na mão para experimentar.

- Está aqui baby. – ele me passou a caixinha de creme de leite já aberta, sorri pra ele
agradecendo. – Quer ajuda aqui?

- Não precisa, já estou acabando.

- Okay, eu vou tomar um banho...ainda estou com o cheiro do café da empresa. – ele
revirou os olhos e me deu um beijo na têmpora antes de sair da cozinha.

Sorri voltando a mexer a mistura com o frango.

Esperei alguns bons minutos até que o tempero tivesse pegado completamente,
experimentei de novo e vi que estava no ponto certo.
Desliguei o forno e lavei minha mão enxugando no pano de prato.

Cheguei no nosso quarto vendo a porta do banheiro aberta, mordi os lábios...

Eu poderia entrar lá e ...

Suspirei dizendo que estava sendo idiota.

Entrei logo pela porta o vendo na banheira, mordi os lábios quando ele sorriu pra mim,
com aquele toque charmoso de malicia em seus lábios.
Não pensei em nada mais, levei minhas mãos à barra da minha blusa branca, a tirando
por cima da minha cabeça... mesmo de longe eu pude ouvir seu gemido rouco.

Desabotoei os dois botões da minha jeans, rezando para que meus movimentos saíssem
sensuais, e deslizei a calça pelas minhas pernas.
Eu não tinha mais vergonha de ficar assim na frente dele, minhas cicatrizes agora eram
apenas detalhes, que Robert não parecia se importar, pelo contrário, várias vezes eu já
tinha acordado com seus lábios beijando as marcas em minhas costas.

Fui abaixando minha calcinha, a tirando delicadamente.

Seus olhos cerraram e passaram por todo meu corpo, me esquentando...me queimando
por dentro e por fora e eu senti minha cabeça girar.

Puro desejo palpitou em meu peito enquanto eu me aproximava da banheira, ele se


sentou se ajeitando entre a água, seus olhos continuaram me devorando...

- Você só pode estar querendo me matar Kristen. – ele disse rouco e suas mãos
dispararam pela minha cintura, apertando meu corpo até que eu estivesse sentada sobre
ele, em seu colo, com minhas pernas em cada lado de seu corpo.

Ele desabotoou meu sutiã branco, o retirando com habilidade, seus lábios macios e
quentes já estavam em meu pescoço, lambendo a pele para logo depois morder, as vezes
forte, as vezes delicado, beijando em seguida para abafar a dor.

Mais eu não sentia dor, eu o sentia excitado demais e queria logo dar um jeito naquilo.

Meu coração palpitava de expectativa, eu queria ser dele de novo, queria que ele me
levasse aquele precipício de um prazer incrível, por que não importava quantas vezes eu
tinha Robert, nunca era o suficiente.

Ajustei meu corpo para se encaixar ao dele completamente ouvindo seu rosnado e o
sentindo em meus seios, meus olhos fechados e minhas mãos espalmadas em sua nuca,
o trazendo cada vez mais pra perto de mim.

- Robert...

Sussurrei quando nossos corpos se formaram um só e ele começava com as primeiras


investidas, segurando meu quadril com uma força tangível e me guiando até que eu
estivesse subindo e descendo em seu corpo.
Eu quis gritar de dor quando ele mordeu e puxou o bico do meu seio, mas a dor foi
ofuscada completamente pelo prazer, e ele fez de novo e de novo, com as nossas
investidas intensas e incansáveis.

Eu já deslizava com facilidade sobre seu corpo com os lábios em seu pescoço, também
beijando e lambendo sentindo seu gosto puro e gostoso em minha boca.
Mordi com força a pele escondida debaixo de sua orelha quando ele parou minha
cintura, forçando seu corpo a se encontrar com o meu.

Oh Deus, aquilo era bom, aquilo era muito bom.

Escutei meu próprio gemido alto e ele me desceu ao mesmo tempo que seu corpo subiu,
nos encaixando de uma maneira forte e perfeita, seus rosnado em meus seios me
impulsionavam a ir cada vez com mais intensidade, eu já podia sentir as luzes brilhantes
ao meu redor.
Espasmos febris percorriam meu organismo, me arrepiando por inteira, ele puxou meu
cabelo com a mão espalmada em minha nuca, e se movimentou mais vezes dentro de
mim que já começava a ofegar.

- Robert...

Ele mordeu meu pescoço com tanta força que foi o bastante para que eu atingisse o
ápice.

Meu corpo inteiro estremeceu violentamente em cima do dele e eu desabei sobre seu
peito, respirando com dificuldade, ele ainda investiu duas vezes em mim antes de me
acompanhar naquele abismo sufocante de prazer.

- Respire. – ouvi sua voz em meu ouvido.

Seus braços me circularam e eu tinha agora meu rosto o vão de seu pescoço.

- Estou tentando. – disse sorrindo a ele que também sorriu.

Suas mãos seguraram minha face e ele se inclinou para me beijar, lento e
preguiçosamente, eu adorava beijar Robert, o gosto de sua boca na minha era
indescritível, como um viciado que não suporta ficar sem seu vicio, eu não suportava
ficar sem a língua dele enroscada na minha do jeito que estava, me acariciando e
varrendo minha boca como se fosse a primeira vez que estivesse ali.

Inclinei meu rosto para um melhor encaixe e parti ainda mais meus lábios, espalmando
minhas mãos em seu peito enquanto ele já espalmava as suas em meu cabelo.

Ele lambeu o contorno de meus lábios com uma sensualidade infernal que já começava
a esquentar meu corpo novamente, senti sua excitação e me remexi em seu colo.

- Kristen. – ele rosnou em minha boca, a devorando com ainda mais urgência e fome,
mordendo minha língua e a sugando para dentro da sua, eu gemia alto demais e no
minuto seguinte, seu corpo fazia parte de mim outra vez.

Nossas bocas não se desgrudaram enquanto suas mãos massageavam meus seios ou
deslizava pela minha barriga encontrando meu ponto mais sensível, é claro que nesse
momento eu já gritava enlouquecida pelas sensações embriagantes que ele me causava.
O clímax abrasador e fervente foi apenas a conseqüência do que Robert era capaz de
fazer comigo.

E ele me fazia loucuras com apenas um


toque.
Desabei mais uma vez em seu peito dessa vez sendo acompanhada por ele que tinha a
respiração tão rarefeita quanta a minha.

- Está respirando agora?

- Ainda estou tentando baby. – disse a ele sorrindo.

O som de sua risada gostosa se infiltrou em meus ouvidos passando direto para meu
organismo, me alimentando com ela e me saboreando de nossos momentos juntos.

Nos levantamos depois de muito tempo, ele me enxugou com a toalha grande e branca
que tinha no banheiro e até me vestiu, com sua blusa e com uma calcinha no estilo de
short.

- Estou com fome. – eu disse recebendo seus braços em minhas costas enquanto
caminhávamos para a cozinha, ele gargalhou é claro.

- Se sente aí, vou esquentar pra você.

Assenti com a cabeça sorrindo vendo ele mexer no fogão e mexendo o estrogonofe, para
depois pegar dois pratos no armário, servindo a ele e a mim.

Me levantei abrindo a geladeira.

- Quer cerveja ou coca? – perguntei erguendo a cabeça pra ele.

- Acho que coca amor, nós dois estudamos amanhã.

- Certo. – peguei as duas latinhas colocando em frente aos nossos pratos.

- Isso ta uma delicia você sabe. – ele elogiava minha comida desde que acreditou que eu
realmente cozinhava.

Sorri pra ele.

- Obrigada.

Terminamos de comer em silêncio, aquele silencio confortável e tranqüilo que Robert


me proporcionava.

- Como foi na faculdade? – perguntou me ajudando a guardar a louça.


- Normal. Tirei nota máxima em porcentagem.

- Isso é ótimo Kris. – me elogiou de novo me dando um beijo no rosto.

Sorri.

- É sim, e no trabalho como está? Tem testes amanhã não é?


- Isso, são os testes finais e eu estou nervoso com isso.

- Você já estudou e suas notas são ótimas, Rob.

- Eu sei, mas eu preciso disso pra me formar. – eu sorri enxugando minha mão no pano
de prato.

- Relaxa. – deixei minhas mãos em seu rosto, fazendo ele sorrir.

- Eu vou. – me deu um selinho.

- Vem dormir. – saí o puxando da cozinha pelos corredores.

- Dormir amor? Achei que eu ia me dar bem de novo. – disse divertido.

- Você já se deu muito bem por hoje. – eu ri entrando em nosso quarto e o encarando.

- É um ciclo vicioso Kris, quanto mais eu te tenho. – ele se aproximou mordendo os


lábios e segurando minha cintura, respirando fundo em meu pescoço, eu já começava a
ficar levemente tonta com sua presença inebriante. – Mais eu quero te ter.

Ele se jogou por cima de mim na cama e eu gritei surpresa, rindo contente por ele já
estar comigo de novo.

Relaxei sob seus toques e seus beijos carinhosos e ágeis.

E deixei pra pensar depois, afinal, ter ele nunca era suficiente pra mim também.
--
Capítulo 20
Capítulo 20

Apagar a Luz
"Não seja ninguém, além de você mesmo, em um mundo que está fazendo seu melhor
noite e dia, para te tornar outra pessoa, esta prestes a lutar a batalha mais difícil que
qualquer ser humano pode lutar e nunca deixa de lutar.”
(E.E. Cummings)

Revirei os olhos, reparando em toda a bagunça que tinha no quarto.


Meias de Robert espalhadas junto com as minhas, nossas roupas perto da parede de
vidro e o tapete todo bagunçado e revirado, onde ele dormia agora serenamente,
enrolado apenas com um cobertor fino, sorri me aproximando e esquecendo da bagunça
por alguns instantes.
Ele dormia de bruços, com o rosto virado pro lado e tinha a mão esquerda esticada para
a direção da janela, onde eu estivera antes.
O rosto bonito e másculo transmitia de longe uma calma aconchegante, que chagava até
ser contagiante, pela força arrasadora pela qual me tomava.
Espalmei minha mão direita ali, acariciando a pele com a barba por fazer, seus olhos
podiam estar fechados, mas eu me sentia derreter por dentro apenas por vê-lo.
- Posso saber por que estou acordado sozinho? – ele murmurou sem abrir os olhos,
tateando o lugar onde eu estava antes.
- Por que nosso vôo sai em quatro horas e precisamos ajeitar o apartamento Rob. – disse
sorrindo continuando com o carinho em sua face.
- Huum, isso não é desculpa Stew.
- É a realidade. Não quer ver seus pais? – ele suspirou.
Demorou alguns minutos para que ele abrisse os olhos e se sentasse no tapete me
encarando.
- Nós dormimos mesmo no tapete.
Eu ri.
- Sim, nós dormimos.
- Por que diabos eu estou vestido então? – eu tive que gargalhar da sua expressão
confusa por alguns segundos.
Ele se levantou começando a rir junto comigo.
- Será que você só pensa nisso? – apontei divertida.
- Eu só penso em você...o que me leva a isso. – eu ri de novo, ficando na ponta dos pés
para beijá-lo.
- Tome um banho, troque de roupa...estarei na cozinha.
- Não quer ajuda lá? Ou me ajudar no banho? – ele sorriu malicioso.
Pensei por um momento, não seria tão mal entrar no banho com ele seria? Será que
nosso vôo podia se atrasar...
- Acho melhor não baby, se eu entrar, você não vai me deixar sair de lá a tempo de ir
para o aeroporto então...
Ele suspirou rolando os olhos, mas sorriu pra mim logo depois.
Me virei alegre, saindo pela porta indo em direção a cozinha.
Coloquei alguns pães na torradeira e tirei a geléia de morangos do refrigerador, pegando
a caixa de leite também.
Ele logo apareceu, arrumado com sua blusa escura preta com pequenas listas de azul
marinho e a jeans no mesmo tom de Black.
Me deu um beijo na testa pegando duas canecas e nos servindo com um café que
acabava de sair da cafeteira.
- Quer cereal? – perguntou pegando a caixa no armário.
- Quero sim. – ele sorriu preparando do jeito que ele sabia que eu gostava, com pouco
leite e com mel.
- Aqui. – ele me deu a tigela com a colher já em cima, eu sorri o agradecendo. – É
melhor pegar uma blusa de frio amor, é inverno em Nova York e nós temos uma escala
por lá.
- Eu vou pegar, mas aqui ainda está quente demais, para uma blusa assim. – ele riu
baixo pegando as torradas e comendo tomando seu café preto.
- É frio em Londres também. Você vai gostar de lá.
- Seus pais sabem que estou indo? – perguntei curiosa.
- Eles deveriam? – perguntou sério.
- Robert, você não disse que eu estava indo?
- Kristen, você é minha mulher, não tem que pedir permissão pra entrar na casa dos
meus pais, e sim amor, eles sabem que você está indo. – completou sorrindo torto pra
mim.
O maldito estava tentando me deslumbrar, e estava quase conseguindo...
Foco Kristen.
- Certo. – parei por um instante mordendo os lábios. – E se eles não gostarem de mim?
– franzi o cenho em duvida e desespero. – É a sua família e...eles podem não gostar de
mim? – repeti a pergunta com outras palavras, meu coração já começava a palpitar com
a insegurança.
- Eles vão adorar você Kris. – ele segurou minha mão por cima da mesa de vidro e
sorriu logo em seguida. – É apenas meus pais, não estamos indo pra forca.
Eu ri do seu comentário ficando mais relaxada.
Acabamos de tomar café com ele me contando de Londres e de seus pais, eu fiquei grata
por isso, queria saber tudo o que podia sobre eles para conseguir me acalmar.
- Vamos? – perguntou me dando um beijo nos lábios. Assenti com a cabeça e ele pegou
nossas malas.
- Já chamou o taxi?
- Sim, já está nos esperando.
Tranquei o apartamento e guardei a chave em minha bolsa, nós iríamos apenas no ano-
novo, mas a mãe de Robert tinha ligado, pedindo para que fossemos no natal também,
as irmãs dele iriam aparecer por lá e ficaria todos juntos.
E eu só ficava cada vez mais nervosa.
- Relaxa. – ele disse divertido quando entramos no taxi.
- Humpf. – ele riu mais é claro.
- Então voltamos ao tempo do mau humor?
- Não estou mal humorada. – porque que ele ainda ria?
- Okay, okay. Sei que estou te irritando agora. – ele sorriu me puxando pra seu peito e
beijando o topo da minha cabeça. – Apenas relaxe okay? Sabe que se quiser voltar, eu
paro o táxi agora.
- Não. Não precisa. – eu sorri sabendo que ele era capaz de fazer aquilo, mas eu não era
uma chata que iria estragar a visita a seus pais, ele sentia falta da família e eu entendia
isso.
Eu estava apenas nervosa.
- Então se acalme. – ele sorriu mexendo em seu bolso. – Tome. – disse me passando um
cigarro, sorri acendendo ele e tragando... a canela começava a me acalmar. – Melhor?
- um pouco. – ele sorriu me beijando de leve os lábios, deixei meu rosto deitado em seu
peito por todo o caminho até o LAX.
- Chegamos na hora. – ele sorriu ouvindo a primeira chamada do nosso vôo.
‘’Atenção passageiros do vôo 77074 da American Airlines com destino a Nova York,
primeira chamada para embarque. ’’
Entramos na fila, passando as passagens para a moça no portão e seguimos para dentro
do avião.
Eu dormi a maior parte do caminho, eu sabia que os braços de Robert estavam me
envolvendo e minha cabeça em seu peito, mesmo inconsciente eu podia sentir sua
presença e seu cheiro me acalmando.
Nós chegamos em Nova York eram 15:30 da tarde e pegaríamos nossa conexão as
18:00, eu pensei em ligar pra Taylor para que nos encontrássemos, mas ele devia estar
no hospital ou em casa, ajudando Mel a cuidar do bebê que já tinha nascido no começo
desse mês, e era uma menina, e como eles haviam dito se chamava Kristiny.
Eu sabia que era muita falta de consideração da minha parte não ir até lá vê-los, estava
morrendo por dentro de saudade deles e de querer conhecer o bebê, mais eu evitava
bebês desde que eu tomei consciência da minha realidade, eu não podia ver um sem
chorar e sem me lembrar de tudo o que eu passei.
Era ingrato, errado e irracional de mim, fazer aquilo.
Mas era como um mecanismo de defesa, próprio da minha mente, estar com Robert me
fez superar e viver muitas coisas em minha vida, mas a incapacidade de poder gerar um
filho ainda me machucava profundamente.
Robert me acolheu em seu colo durante todo o tempo em que passamos na sala VIP do
aeroporto esperando nosso vôo ser anunciado, eu não tinha mais sono aquela altura, mas
jamais dispensaria uma oportunidade de tê-lo tão perto de mim assim – mesmo sabendo
que eu poderia ter a hora que eu quisesse – é claro que ele percebeu isso e riu dizendo
que eu era linda e me beijando depois que eu fiz uma careta.
- Vem, já é nosso vôo. – ele se levantou me ajudando a também ficar de pé.
Ele tinha praticamente me obrigado a colocar a blusa de mangas compridas, eu me
irritei um pouco com isso, mas coloquei a maldita da blusa de frio. Estava esfriando de
qualquer forma.
Fiquei apenas alguns minutos acordada, ouvindo aquela irritante voz de aeromoça
perguntando se queríamos alguma coisa.
Sim, era irritante, por que elas olhavam para meu Robert como se eu nem estivesse ali,
eu nunca gostara de atenção, mas de qualquer forma, elas tinham que se tocar.
Não foi preciso algum tipo de reclamação da minha parte, já que ele nem as olhava, sua
atenção era toda minha, eu quase sorri delas colocando uma etiqueta nele escrito ‘’
Kristen ’’
Possessiva. Ótimo Kristen, muito bom.
Rolei os olhos internamente respirando fundo o cheiro dele e quando suas mãos me
abraçaram fazendo carinho em meu cabelo, eu adormeci.
- Hey. – ele me olhou, me acordando em meio ao sono.
- Huum. – choraminguei apertando mais meu rosto em seu peito.
- Tem que comer alguma coisa amor. Está sem comer nada desde de manhã.
- Quero só uma coca Rob. – levantei meu rosto minimamente, abrindo os olhos para
enxergar os seus.
- Olá. – eu sorri junto ele.
- Olá. – esfreguei meus olhos com as mãos, me despertando mais. – Pediu alguma coisa
pra você?
- Só um refrigerante. Não quer mesmo comer nada? – neguei com a cabeça. – Nem um
sanduíche?
- Não, estou mesmo sem fome.
- Certo.
Ele pediu as coisas e ficamos tomando refrigerante por um bom tempo e qual não foi à
novidade que eu adormeci de novo encolhida no corpo de Robert que voltou a me
abraçar.
Minhas pupilas estavam pesadas apesar de eu não sentir mais sono, mas eu estava tão
confortável...
- Kris... nós chegamos baby.
Certo. Agora sim ele me despertou.
- Oh!
Ele riu baixo me ajudando a levantar, saímos do avião fazendo o check in e pegando
nossas malas na esteira.
- Que horas são? – perguntei enquanto ele chamava um táxi. Estava claro aqui, apesar
de parecer nublado, mas aqui era frio então deveria ser normal do tempo ficar assim.
- Vai dar sete horas da manhã. Vamos. – ele me enlaçou pela cintura e entramos no taxi.
Eu me sentia cada vez mais nervosa e doida pra pegar um cigarro, mas me controlei
apertando minhas mãos em punho.
Relaxe Kristen. Apenas relaxe.
Eu repeti como um mantra em minha cabeça, Robert tinha as mãos grudadas em meu
corpo tentando me acalmar, ele sabia que eu estava nervosa.
- Kristen, por favor se acalme baby.
- Estou calma. – e eu estava, olhava pela janela do táxi vendo a paisagem bonita de
Londres.
Eu nunca tinha ido a Londres.
E aquela vez me pareceu perfeito para conhecer uma cidade tão bonita quanto aquela.
Mais ainda tinha o meu nervosismo.
Merda.
- Do que tem medo? – ele perguntou de repente, segurando meu rosto entre suas mãos
grandes e mornas.
Respirei fundo olhando em seus olhos.
- Não é nada, Rob... mas, e se eles não gostarem de mim? – falei de uma vez,
aproveitando que estava com coragem.
Ele suspirou se inclinando para me beijar.
- Eles vão adorar você.
Lutei contra um suspiro e contra a voz irritante em minha cabeça que repetia motivos e
mais motivos para que ele se decepcionasse comigo.
- Agora relaxe. – assenti com a cabeça e ele voltou a me beijar.
Os lábios macios e carinhosos nos meus, a sua língua massageando a minha era
suficiente para mandar meu nervosismo embora.
- Melhor? – me deu outro selinho.
- Sim. – ele sorriu e me deitou novamente em seu peito.
Chegamos a uma casa bonita em um bairro legal de Londres, era grande e parecia com
Robert, eu quase podia ver ele criança correndo pelo jardim que eu via na casa.
- Eles vão estar acordados? Não acha que é muito cedo? – ele riu baixo pegando as
malas e me dando um beijo.
- Já está todo mundo acordado eu acho, talvez apenas minhas irmãs estejam dormindo.
Venha.
Ele me segurou pela cintura e meu coração quis pular do peito, minha razão mandava
adrenalina para minhas pernas me convidando a fugir dali.
Mas eu não iria decepcionar a Robert. Nem a mim mesma.
- Olha pra mim. – eu o fiz engolindo em seco. – Eu estou aqui. Sabe que não vou deixar
nada acontecer a você. – ele sorriu colocando uma mexa de meu cabelo atrás da orelha.
– Vou te proteger. – eu sorri.
É claro que ele iria me proteger, ele era minha fortaleza.
Assenti com a cabeça me sentindo mais confiante.
Nós sorrimos um para o outro e ele girou a maçaneta da porta.
Demos alguns passos e ele colocou as malas no chão.
- Mãe? – chamou pela ambiente segurando minha mão com nossos dedos entrelaçados
para depois ir retirando seu casaco e o meu também. – Pai?
A casa de Robert era simplesmente a cara dele, quente, aconchegante, como nosso
apartamento, só que sem a parede de vidro.
Os móveis de carvalho davam um ar antigo, sem deixar de ser elegante.
Era tudo tão bonito que eu poderia ficar horas em frente da lareira com ele ao meu lado
tomando um chocola...
- Robert? – me virei para a voz feminina que o chamava.
Era uma mulher loira, uma jovem senhora só que sem os cabelos brancos, pelo
contrário, ela parecia bem mais nova para ser mãe de 3 filhos, os traços suaves que eu
reconheci alguns como de Robert e sorri vendo que ele tinha puxado seus olhos. A mão
dele se separou da minha e eu quase comecei a ofegar quando eles se abraçaram.
- Ah meu Deus, achei que só fosse chegar a tarde. – ela passou a mão pelo cabelo dele
que sorria, eu também sorri vendo a cena de carinho entre os dois.
- Chegamos no vôo da manhã. Venha aqui. – ele a puxou até mim que estava paralisada
esperando pela reação dela.
- Oh, Kristen certo? – disse sorrindo. - Olá querida. – me assustei quando ela me
abraçou, mas logo depois relaxei e retribui seu abraço, contente por ela não me achar
uma vadia e botar pra fora daqui.
- Olá Sra. Pattinson. – disse sorrindo, ela me retribuiu ainda com suas mãos em meus
braços.
- Nada de senhoras por aqui, você é de casa, não precisa de formalidade. – eu quase
surtei com a porrada de gratidão que eu senti por ela naquele momento.
- Obrigada...
- Clare. Chame-me de Clare querida.
- Obrigada Clare. – eu sorri de novo e mais largamente.
- Onde está o papai? – Robert disse voltando a me abraçar pela cintura, sorrindo
iluminado pra mim que lutei para não me deslumbrar, seria uma vergonha com sua mãe
ali por perto.
- Foi ao mercado. Já deve estar chegando. Venham tomar café. Acabei de fazer. – ela
nos convidou sorridente e Robert saiu me puxando até a cozinha.
- O que quer comer? – ele perguntou quando nos sentamos.
- Haam, eu...nada...estou se fome. – mordi os lábios escutando seu suspiro.
- Mamãe, tem cereal? – gritou baixo.
- No armário de sempre Rob, o leite está lá também. Sua irmã esqueceu de colocar na
geladeira. – ela disse distante do que eu achei ser uma dispensa. Ele sorriu pra mim se
levantando e voltando com uma caixa de cereais e o leite.
- Coma okay?! Não comeu nada baby.
- Obrigada. – recebi seu beijo em minha testa e começamos a comer.
- Arrumei o seu quarto filho, mas podem ficar no de hospedes, lá talvez seja mais
confortável pra vocês dois. – Clare disse sorrindo pra mim.
Eu fiquei vermelha. Na verdade eu fiquei muito vermelha e Robert riu.
- Não se preocupe mãe, agente se ajeita.
- E então? Me conte? Cadê Tom? – ela se sentou também tomando café, Robert segurou
minha mão em cima da mesa e eu segurei um sorriso no rosto.
- Ele virá no ano-novo. Está esperando Dakota terminar as provas.
- E vocês? Já terminaram?
- Sim, terminamos semana passada.
- Oh que bom. Faz Economia também querida?
- Ah não, eu faço matemática. – dessa vez foi eu quem respondeu, Robert sorriu e eu
sabia que ele estava orgulhoso de mim.
Eu também estava.
- Parabéns. – ela ainda sorria com sinceridade pra mim.
Conversamos e ficamos ali uma boa parte do tempo.
- Querida, veja se está tudo aqui. – um senhor entrou na cozinha com as sacolas cheias
em suas mãos.
Tanto Robert como eu, nos apressamos em ajudá-lo.
- Hei filho. – ele disse pra Robert. – Achei que não iria vim.
- Esqueci de dizer que meu vôo era de manhã. – ele sorriu abraçando seu pai.
- Como estão as coisas?
- Estão bem, eu acho. – eu quis rir daquilo. – Pai, esta é Kristen. Kris, meu pai, Richard.
Engoli em seco mais uma vez para depois relaxar quando ele me abraçou.
- Bem vinda filha.
- Obrigada Sr. Pattinson. – sorri pra ele retribuindo.
- Apenas Richard, por favor. – sorri de novo assentindo.
Rob me abraçou beijando meu rosto que estava corado.
- Vamos subir, vou levar as malas.
- Certo. Escolham o quarto que quiserem.
- Obrigada. – eu disse de novo fazendo Robert rir.
Fomos pra sala e depois subimos as escadas quando ele pegou as malas.
- Posso te mostrar os quartos e você escolhe em qual ficamos. – eu sorri.
- Podemos ficar no seu. – ele sorriu assentindo me dando um beijo na testa.
Ele entrou em uma porta marrom no corredor do lado esquerdo e eu vi logo por que
aquele era o quarto dele.
Era pequeno, mas tinha muito espaço, que era ocupado por uma cama de solteiro, as
mesinhas de cabeceira com as luminárias, havia também um violão do lado do guarda
roupa junto com uma bola de futebol.
- Gosta de futebol? – perguntei vendo que a cama ainda tinha um edredom azul com
desenhos de gols e traves em sua estampa.
Ele riu olhando o edredom também.
- Sim, gosto muito, futebol é legal.
Assenti com a cabeça sorrindo pra ele.
- É arrumado demais para ser seu quarto. – apontei divertida.
- Eu não venho aqui a bom tempo, baby. – eu ri. - Quer tomar um banho? – apontou
para uma porta que eu não tinha visto do outro lado do guarda-roupa.
- Seria ótimo.
- Então vai lá. – em deu um beijo demorado. – Vou falar com meus pais e já volto.
- Tudo bem.
Ele sorriu antes de se virar e sair pela porta.
Suspirei olhando ao redor, era tudo tão parecido com ele, tão familiar e indescritível.
Sorri involuntariamente buscando minha mochila e pegando uma roupa descente pra
vestir, na verdade tudo o que eu queria era me enfiar em uma blusa de Robert e ficar
com ela o resto da vida, mas como isso não era possível, peguei uma calça de algodão
preta com uma blusa de mangas compridas brancas indo em direção ao banheiro.
Tomei um banho quente, lento e delicioso a ducha era forte me fazendo relaxar.
Eu já estava de roupa quando ele voltou.
- Hey.
- Hey, demorou. – me ergui para receber seu beijo.
- Desculpe, minha mãe estava querendo saber o que você gosta pro almoço. – ele riu
tirando a blusa e as roupas para entrar no banho.
Arregalei os olhos.
- Disse a ela que não precisa se incomodas não é?! Robert, eu não quer dar trabalho.
- Ela gosta de você. – ele disse fingindo que não tinha me ouvido.
- Seus pais são incríveis, Rob e é por isso que eu não quero dar trabalho nenhum a eles.
Ele rolou os olhos entrando debaixo da ducha quente e me olhando sorrindo.
- Relaxa Kris, eles adoraram você, como disse que iriam fazer.
Suspirei.
- Okay. Não gosto de ter que incomodá-los.
- Para com isso.
Ele disse apenas, eu suspirei de novo.
- Me desculpe, estou apenas sendo chata. – fiz uma careta e ele riu baixo.
- Você não está sendo chata Kris.
- Estou sendo agora.
- Você é teimosa. – ele continuava sorrindo.
- Qual é, você me ama. – apontei divertida fazendo ele cair em gargalhada deliciosa.
- Eu amo. – disse sincero e eu sorri pra ele.
- Eu também te amo.
Voltei para o quarto depois de lhe dar um beijo, por incrível que pareça eu ainda estava
morrendo de sono.
Me deitei em sua cama sentindo seu cheiro em uma pequena quantidade, mas ainda
assim, era seu cheiro.
- Já dormiu? – perguntou sua voz de sotaque inconfundível.
Abri os olhos preguiçosamente e o fitei sorrindo.
- Quase.
Ele riu e eu me afastei da cama para lhe dar espaço, suas mãos retiraram o edredom
debaixo de mim e nos cobriu com ele.
Como a cama era de solteiro, eu tive que dormir em cima dele, não que eu estivesse
reclamando. Estava muito confortável. Obrigada.
- Bons sonhos Kris. – ele disse beijando minha testa.
- Bons sonhos Rob.
- Eu amo você.
Eu não precisei responder, ele já sabia a resposta.
Inspirei seu cheiro profundamente e intensamente já que ele estava sem blusa e com
apenas uma calça de algodão preta.
Minha cabeça deitada em seu peito e não demorei a cair na inconsciência.
--
Quantas vezes Robert já reclamou comigo, sobre eu sempre deixar ele acordando
sozinho?
Agora eu entendia por que; odiei acordar ali sem ele.
Bufei irritada saindo da cama sentindo o frio entrar pela janela, levei um segundo para
me situar de que não estava em Los Angeles e sim em Londres.
E na casa dos pais de Robert.
OMG.
Respira Kristen. O pior já passou e eles são legais.
Suspirei passando a mão nervosamente no cabelo e fui pro banheiro escovar meus
dentes e jogar uma água na cara.
Deixei meu cabelo solto já que ele ainda estava um pouco úmido do banho de mais cedo
e olhei no relógio de cabeceira de Robert.
Eram 12h37min, onde ele poderia ter ido?
Suspirei de novo conferindo se minha roupa estava apresentável e sai do quarto,
seguindo para os corredores chegando logo depois nas escadas.
- Mas como ele está fofo, gente. – era uma voz feminina vindo da direção da cozinha.
- Você pode falar baixo Lizzy, Kristen ainda está dormindo merda.
- Olha a boca Robert. – era a mãe dele, eu quase ri da sua repreensão.
- Desculpe mãe. – ele parecia estar ocupado com alguma coisa.
- E ela não vai descer? Quero conhecer quem foi que te amarrou irmãozinho.
- Argh, você vai acabar assustando ela Lizzy. – ele repreendia, mas estava sorrindo.
Por mais que eu quisesse escutar mais, era melhor eu aparecer logo antes que alguém
me pegasse aqui e intrometida não era algo de bom para se apresentar a família de seu
namorado.
- Boa tarde. – disse entrando na cozinha.
- Olá querida. –Clare me cumprimentou sorrindo fechando a porta da geladeira.
Robert apenas me olhou, com aquele sorriso orgulhoso no rosto.
- Olá. – uma moça loira disse sorrindo pra mim antes que eu respondesse a ele. – Sou
Lizzy.
- Kristen. – aceitei sua mão que ela estendia e retribui seu sorriso.
- Que bom que você deu um jeito nele. – ela disse divertida e Robert rosnou quando eu
estava rindo junto com ela.
- O que eu disse sobre assustá-la Lizzy?!
- Sou mais velha que você Pattz, me respeite. – ela disse já rindo horrores na cozinha.
- E eu sou mais velha que os dois, então mereço mais respeito que todo mundo. – outra
moça loira entrou na cozinha, vindo da mesma direção que eu.
- Hey Vick.
- Eai irmãozinho. – ela me viu e sorriu pra mim depois que Robert revirava os olhos.
Essa coisa de sorrisos era de família definitivamente.
- Olá, sou Vick.
- Kristen. – ele me abraçou e eu retribuí relaxando.
- Chegaram há muito tempo? – ela perguntou e Robert voltou para meu lado.
- Não muito, logo de manha cedo.
- E não dormiram ainda? – ela passou por nós abrindo a geladeira, Lizzy estava sentada
no balcão conversando com Clare.
- Já dormimos. – respondi a ela.
- Robert disse que você gostava de tortilhas querida. – Clare olhou pra mim sorrindo.
- Oh, por favor, não se incomode com isso Sra. Pattinson. – eu disse fuzilando Rob com
o olhar e me desculpando com ela.
O maldito ainda ria.
- Relaxe baby, quer dar uma volta por aí?
- Haam...pode ser. – mordi os lábios olhando pra ele.
- Então vamos. – ele me puxou pela mão saindo da cozinha.
- Tchau. – tive tempo de falar a elas que me sorriram acenando.
- Coloque o casaco, está muito frio lá fora.
Assenti com a cabeça e ele me ajudou a colocar o tênis com meias mais grossas.
- Onde quer ir primeiro? O almoço está quase pronto e você tem que comer.
- Já tomei café Rob.
- Mas não comeu tudo. Venha. – ele sorriu me dando um beijo na testa. – Onde quer ir
primeiro? – perguntou segurando minha mãe enquanto descíamos as escadas.
- Não sei... na Torre de Londres, no Big Ben, London Eye... você que sabe.
- Okay. – ele riu baixo - vamos começar com a torre de Londres que está mais próxima,
ainda vamos ter muitos dias pra você ver o resto.
Assenti de novo e contente.
Saímos para o frio de Londres e Robert me envolveu para que eu ficasse mais aquecida,
é claro que funcionou e em segundos eu já estava perfeitamente confortável em seus
braços caminhando pelas ruas bonitas e elegantes do seu bairro e logo andando até o
centro.
Realmente não era muito longe, eu logo vi as torres e a ponte onde elas ficavam.
- Nós não vamos atravessar? – ele sorriu.
- É claro que vamos, mas amanhã. Quero trazer você aqui no pôr-do-sol. É muito mais
incrível. – ele disse colocando uma mexa do meu cabelo atrás da orelha.
- Amanhã é dia 23 e daqui a pouco será natal e ano-novo. Não achei que estava
passando tudo tão rápido. – murmurei enquanto sentia o frio pinicando em minha pele.
Estávamos parados ao lado da rodovia, dali podíamos ver perfeitamente as esculturas
grandes e coloquiais que formavam o castelo depois das torres. Meu rosto estava
deitado em seu peito e ele me abraçava firmemente pela cintura beijando meu cabelo,
alisando minhas costas.
Eu nunca havia sentindo tanta paz, quanto eu sentia com Robert.
Apenas com meu pai, mas isso já fazia tempo demais para que eu pudesse me lembrar.
- Quer voltar? – perguntou baixinho. Assenti sorrindo pra ele e recebendo seus lábios
nos meus, quentes, macios e envolventes como sempre.
Seus dedos se entrelaçaram com os meus e voltamos para sua casa.
- Oh, ainda bem que chegaram. – ele tinha o telefone na mão e sorria pra gente. – Iria te
ligar agora, venham, o almoço está na mesa.
Eu sorri pra ele e seguimos para a cozinha de novo.
A família de Robert era como ele descrevera. Incrível.
Eu nunca fui tão bem tratada em um lugar como estava sendo ali, não que eu tivesse ido
em muitos lugares, mas enfim.
O resto do dia se passou alegre e confortável.
Todo mundo se sentou na lareira já que o frio estava começando a piorar e eu ajudei
Clare a fazer um chocolate quente.
Ela me ensinou a fazer do jeito que Rob gostava, já que eu nunca tinha feito chocolate
quente lá em casa.
Eu apenas sorria sincera enquanto ela falava e conversamos fluentemente.
Robert bocejou ao meu lado, nossas canecas já estavam na mesinha de centro.
- Quer ir dormir? – passei a mão no seu rosto, percebi onde estava quando ouvi um ‘’
ooown’’ vindo de algum lugar e rapidamente a tirei dali, ele riu é claro quando minhas
bochechas ficaram vermelhas.
- Quero, mas eu espero você baby. Podemos ficar aqui mais um pouco.
- Não, não precisa, só vou ajudar sua mãe com a louça.
- É claro que não querida. Podem ir subindo, os dois. Eu dou um jeito nisso tudo
amanhã, também já vamos dormir. – ela disse pra mim.
- Ótimo, então vamos. – ele levantou dando um beijo na mãe e nas irmãs e um tapa no
ombro do pai como um gesto de boa noite e acabou me pegando e pela mão começando
a caminhar pela direção das escadas.
- Boa noite. – disse a eles que me responderam sorrindo.
- Eles te adoram, você sabe. – ele disse fechando a porta do quarto e me ajudando a tirar
a roupa.
- Eles são incríveis, Robert. – respondi sincera enquanto ele levantava a barra da minha
blusa, já beijando minha nuca e meus ombros.
Ele sorriu e tirou sua própria blusa de frio, me dando um último beijo na testa.
- Acho que também estou morrendo de sono. – disse rindo depois de bocejar.
- Então vem dormir.
Suas mãos me puxaram pra cama, ele estava apenas de boxer preta agora me dando total
liberdade para seu corpo, ele se deitou me colocando em cima dele, repousei minha
cabeça em seu peito respirando feliz com seu cheiro me invadindo.
Ele tinha ligado o aquecedor e logo depois nos coberto com o edredom.
--

Capítulo 21
Capítulo 21

Notas iniciais do capítulo


Oi meninas, desculpem a demora! Mais um capitulo, espero que gostem :D

Apagar a Luz
Quando acordei fazia ainda mais frio, mas o corpo de Robert estava protetoramente se
agarrado ao meu.
Ele tinha o rosto em meu colo e nossas pernas estavam tão entrelaçadas que pareciam
como um nó que nada era capaz de desfazer.
Olhei por sobre o ombro para o relógio de cabeceira e as luzes vermelhas me indicavam
9:33 da manhã.
- Rob? – sussurrei perto do seu ouvido, mas ele apenas se mexeu apertando ainda mais
seu rosto em meu corpo. Sorri largamente acariciando seus fios de areia.
Depois de um tempo vi que ele realmente não iria acordar tão cedo, mas eu não podia
ficar ali o dia inteiro como se fosse uma visita inútil.
Lutei contra a pressão de seu corpo no meu e consegui me levantar depois de muito,
muito tempo, fui com cuidado até o banheiro, pegando uma blusa de Robert cinza e
amarrando na minha cintura onde tinha ficado mais folgada. Coloquei minha jeans e um
all star com as meias grossas.
O casaco enorme por cima ajudou a dispensar a friagem apesar do aquecedor ainda está
ligado. Cobri seu copo com o edredom novamente e sai do quarto com cuidado.
- Oh, bom dia querida. Achei que iria dormir mais.
- Bom dia Clare. – era estranho não tratá-la com o ‘’senhora’’ na frente do sobrenome,
mais era confortável.
- Se bem conheço Rob não vai acordar tão cedo, ainda mais nesse frio. – ela negou com
a cabeça sorrindo me esticando uma xícara com café quente.
- Obrigado. Sim, ele está desmaiado. – eu ri baixo tomando o café. – Em Los Angeles
ele acorda cedo por causa do trabalho.
- Ah sim e você também não é? Por causa da faculdade.
- Isso, eu também. – ela se sentou ao meu lado.
- E como é a vida por lá?
- É agitada, com toda aquela coisa de Hollywood e da Califórnia em si, mas é bem
agradável.
- Imagino que deve ser.
- Sra. Pattinson, obrigada por me receber tão bem aqui. – agradeci sincera.
- É um prazer ter você aqui Kristen, acredite, todos estamos muito felizes por vocês dois
querida. – ela sorriu, o mesmo sorriso de Robert.
- Obrigada. – agradeci de novo.
Nós conversamos e nosso papo fluía livremente, ela me contava das aventuras de Robert
com as irmãs na infância e da cachorra dele, que ele tinha paixão.
- Patty?
- É isso aí, era a Patty. Robert era simplesmente louco com a cachorra dele. Todos nós
éramos na verdade.
Eu sorri, imaginando Rob e as irmãs correndo pelo jardim, brincando, um menino
pequeno com os olhos azuis esverdeados e os cabelos de areia.
- Por que tenho a leve impressão que estão falando de mim? – sua voz de sotaque
inconfundível nos fez virar, dando de cara com ele, que usava as chuteiras normais que
sempre usava mais uma calça jeans e uma blusa xadrez por baixo do casaco.
- Estávamos falando da Patty e venha se sentar e tomar seu café. Estou surpresa que
esteja de pé tão cedo. – ela sorriu dando um beijo na bochecha dele.
- É eu sei. – ele olhou pra mim como se eu tivesse culpa disso, reprimi um sorriso na
boca.
- Bom, tenho que resolver algumas coisas para o jantar de natal, eu volto em alguns
minutos.
Sorrindo, ela deixou a cozinha.
- Qual é o problema em me esperar acordar ou me acordar junto com você?
- Nenhum baby, por quê? – eu estava sendo irônica.
- Odeio acordar sem você Kristen, sabe disso amor. – ele fez uma voz tão manhosa que
eu não outra alternativa, a não ser me levantar da cadeira em que eu estava e passar para
a sua, me sentando em seu colo de lado.
- Me desculpe. – disse sorrindo passando minhas mãos em seu cabelo e nuca, ele
resmungou algo e acabou deitando o rosto em meu pescoço, eu sorri com sua manha. –
Você anda muito mimado.
- Não ando não. – ele resmungou.
Achei que ele tivesse dormido de novo, porque ficou um silencio tão confortável e
gostoso que eu não queria quebrá-lo.
- Acho que e deveria ajudar sua mão com as coisas do jantar de amanhã. – falei baixinho
sem parar o carinho em seu cabelo.
- Não. – disse apenas e eu suspirei.
- Não vou ficar aqui parada Robert, quero ajudar no que eu puder.
- Então venha até o supermercado comigo. Vamos. – ele disse já se levantando.
- Não vai tomar seu Café?
- Nós paramos em algum lugar. – eu peguei meu casaco no cabideiro da sala e Robert o
colocou em mim, me dando um beijo estalado na boca.
- Mãe? – gritou na sala.
- Estou aqui. – ela disse descendo as escadas com o que me pareceu ser enfeite natalino
em suas mãos.
- Onde está a lista de compras para o natal?
- Oh, eu iria mesmo te pedir para sair e comprar. Está em cima da geladeira.
- Okay.
Ele foi para a cozinha e eu ajudei Clare e arrumar as coisas em cima da mesinha de
cabeceira.
- Eu sempre deixo Dakota pra arrumar a arvore, ela que gosta dessas coisas. – eu sorri
me lembrando de Dakota.
- Ela vem no ano-novo.
- É, vai ser bom estar todo mundo aqui, principalmente você querida.
- Obrigada Sra. Pattinson. – sorri sincera, com mais um surto de gratidão por ela.
- Vamos Kris. – a voz de Robert ecoou na sala e Clare me abraçou.
- Pra onde vamos?
- Não é longe, aqui no centro mesmo. – ele me deu um beijo no rosto entrelaçando
nossas mãos que já estavam geladas pelo frio.
Chegamos ao supermercado que realmente não era muito longe da casa dele e fomos às
compras, lembrei do dia em nós dois fomos fazer as compras da nossa casa, Robert não
queria nem saber o que estava sendo comprado, ele apenas jogava tudo no carrinho.
- Isso não está na lista Rob. – apontei sorrindo para as cervejas que ele comprou.
- Vamos continuar as comprar baby. – disse sorrindo depois de revirar os olhos.
- Isso me lembra que faz tempo que não bebo. – divaguei aleatoriamente, na verdade eu
não bebia desde que conheci Robert, a não ser socialmente.
- E isso é ruim? – perguntou rindo baixo.
- Não, na verdade isso é ótimo, eu andava bebendo demais. – sorri de volta pra ele
colocando uma lata de castanhas no carrinho como pedia a lista.
- São duas latas baby e sim, eu me lembro de você beber demais na cabine da biblioteca.
– ele ainda estava rindo baixo.
- Como se fosse só eu. – apontei me fingindo de indignada, ele riu ainda mais se
inclinando sobre o carrinho para me beijar rapidamente.
Continuamos as compras e Robert não me deixou levar nenhuma sacola pra casa, nem
preciso dizer que revirei os olhos pra ele ficando muito irritada.
- Eu não sou inútil.
- É claro que não, mas eu gosto de fazer as coisas pra você. Posso? – perguntou sorrindo
torto na sala da casa dele.
-Se eu disser que não, vai mudar alguma coisa? – eu estava tentando, tentando mesmo,
não me perder naquele sorriso.
- Talvez... – disse evasivo se aproximando cada vez mais de mim, eu já respirava com
dificuldade com seu cheiro me intoxicando.
- Huum... – resmunguei engolindo em seco e com meu coração palpitando de
expectativa pelo seu beijo.
- Algum problema baby?
Cínico. Cafajeste.
Ele sabia muito bem o que me causava, merda.
Controle-se, controle-se.
- Nenhum. – minha voz não era confiante, mas a voz dele já estava me deixando louca.
Aquele sotaque carregado no meu rosto, me fazendo sentir o cheiro de seu hálito de
canela e tabaco.
- Precisa respirar?
Senhor, ele iria me levar à insanidade bem ali, no meio da sala da casa dele, apenas com
seus lábios puxando e mordendo os meus lentamente daquela forma, com suas mãos se
infiltrando com agilidade nos fios do meu cabelo e os puxando delicadamente.
- Huum... – resmunguei de novo crispando meus dedos no seu casaco pra ajudar no meu
nervosismo e a controlar minha expectativa.
- Nós podemos subir... – ele mordeu minha orelha, passando o nariz pelo meu rosto até
chegar na minha boca. – E você me diz o que você quer... – ele não me beijou, apenas
roçou os lábios nos meus me deixando ainda mais acesa.
- Você tem meio segundo para me beijar Pattinson e eu estou falando sério. – coloquei
toda a concentração que eu tinha na minha voz.
E ele, como bom namorado que era, me beijou depois de rir baixo do meu desespero.
Sua língua nem pedia mais passagem por meus lábios, ela já se enroscava com a minha
sem precisar de autorização, abri ainda mais minha boca para lhe dar livre acesso e que
ele tomasse de mim tudo o que podia.
Fiquei na ponta dos pés enquanto suas mãos ainda se enroscavam em meu cabelo,
suspirei letamente em meio ao beijo quando ele mordeu minha língua para logo depois
tomá-la novamente pra si, a sugando, preenchendo minha boca com seu gosto
inigualável e perfeito.
Sua camisa já estava amassada pela força de minhas mãos que a apertavam em punho,
eu estava ficando cada vez mais necessitada dele.
E como um balde de água fria ou facas no meu organismo, eu me lembrei que ainda
estávamos na sala de estar de sua casa e que seus pais ou suas irmãs, chegariam a
qualquer momento, descendo pelas escadas e me encontrando numa posição muito
comprometedora com Robert, já que agora, as mãos dele começavam a levantar minha
blusa.
- Não. – de mais um selinho. – Estamos na sala Rob. – ele resmungou alguma coisa que
eu não entendi e não retirou as mãos da minha pele nem os lábios dos meus. – Rob...
Já estava correndo o risco de me entregar a ele ali mesmo naquela sala.
- Não tem ninguém em casa Kris. – ele desceu os beijos por meu rosto, chegando ao
pescoço e lambendo minha pele com urgência.
- Então vamos pro quarto. – seu rosnado em meu ouvido me dizia que ele havia aceitado
a idéia.
Seus braços travaram na minha cintura como garras me levantando do chão, sem tirar o
rosto do meu pescoço, a barba por fazer me arranhava, me deixando ainda mais viciada
com seus toques quentes e experientes na minha pele.
Não vi muita coisa no caminho até seu quarto, estava ocupada demais em puxar os fios
de areia entre meus dedos e fechar os olhos curtindo a sensação das maravilhas que ele
fazia comigo.
Robert era perfeito.
Em todos os sentidos.
Minhas costas encontraram o edredom de seu quarto e eu arquei-as quando senti o peso
maravilhosamente de seu corpo em cima do meu.
Meu organismo já lutava por oxigênio enquanto ele descia os beijos do meu pescoço
para minha clavícula e depois direto pra minha barriga, mordendo minha cintura tão
forte que eu cheguei a gemer de dor e de prazer ao mesmo tempo.
Suas mãos tão grandes se concentravam em meus seios, os massageando por baixo da
blusa de frio que eu usava e soube que não demoraria muito pra que ele a tivesse
arrancando.
E realmente não demorou, meio segundo depois ele a rasgou no meio, sim, ele rasgou,
para logo em seguida abocanhar meu seio direto, puxando os mamilo entre os dentes e
lambendo, me fazendo ver estrelas daquele jeito.
- Robert...
Eu não conseguia parar de gemer, minha razão gritava que ainda estávamos na casa
dele, mas meu corpo simplesmente não ouvia.
E em queria ouvir. Eu tinha Robert em cima de mim, me levando a loucura com suas
mãos e seus beijos, minha razão que fosse pro inferno.
Soltei uma lufada de ar pela boca tentando me acalmar e acalmar meu organismo, meu
baixo ventre gritava por um alivio que eu estava desesperada pra senti, por isso apressei
as coisas e desci minhas mãos pelo peito de Robert, retirando a camisa xadrez para
chegar até o batão de sua jeans, ele rosnou levantando o rosto para me torturar no
pescoço subindo pra minha orelha.
Não tinha como me concentrar com ele fazendo aquilo e deixando suas mãos me
estimulando ainda por cima da jeans, eu estava enlouquecendo e precisava dele.
Com urgência.
- Anda logo Robert...
- Sem pressa amor...
Ele e aquele seu sorriso safado que me matava e que me dava vontade de arrancar
daquele rosto bonito, mas eu ficava deslembrada demais para me importar com qualquer
coisa.
Ele parou de me estimular e antes que eu soltasse um resmungo de reclamação, suas
mãos retiraram com uma habilidade desumana, minha calça e minha calcinha, tudo
junto.
Segurei um grito na minha garganta ou pelo menos eu acho que segurei, quando sua
boca invadiu minha intimidade e sua língua passava por toda minha extensão.
Espasmos dolorosamente quentes serpenteavam pelo meu corpo me fazendo jogar a
cabeça pra trás e revirar os olhos, apertando mais seu cabelo o puxando pra mim.
Mas foi quando ele mordeu e lambeu meu ponto mais sensível, que eu tive certeza que
eu gritei, e gritei alto mesmo chegando a um ápice arrebatador depois de sentir seus
dedos dentro de mim, me estimulando ainda mais. Meu corpo por inteiro tremeu pelo
que me pareceu ser horas e quando eu achei que tinha acabado, ele voltou por cima de
mim, rolei os olhos internamente.
É claro que não tinha acabado, Robert era insaciável e pelo que eu sabia de muitas
noites agitadas e produtivas, aquilo não iria acabar tão cedo.
- Eu já disse o quão deliciosa você é?
Seus olhos me encaravam e falavam pra mim com sinceridade.
Ele se encaixou lentamente dentro de mim, moldando meu corpo para recebê-lo e parou
com os movimentos, apenas seus olhos me encaravam, eu queria explodir de novo,
minha consciência gritando para que eu fizesse algo e que ele se mexesse logo, eu não
estava mais agüentando aquela tortura de seu corpo em cima de mim, dentro de mim
sem nenhum movimento.
Seus braços levantaram os meus, os prendendo em cima da minha cabeça.
- Não feche os olhos. – ele disse entre dentes. Eu assenti rápida e apressadamente, eu
faria tudo para que ele se movesse.
Mas também estava tentando entender o que ele queria dizer.
Ele começou a suas investidas, uma, depois outra e mais outra. Tudo era muito calmo e
lento, saindo e entrando suavemente dentro de mim, eu já começava a pirar, mas não
desviava meus olhos dos seus nem um minuto, o verde azulado num tom tão claro de
oceano que eu poderia enxergar sua alma.
E eu entendi o que ele estava dizendo.
Ele me amava.
Estava dizendo que me amava sem precisar de palavras e nós realmente não
precisávamos. Seus olhos e suas atitudes comigo me provavam a cada dia que o nosso
amor era forte e verdadeiro demais para que palavras fossem utilizadas.
Mas de repente, eu senti uma vontade louca de verbalizar aquilo, enquanto seu corpo
ainda investia em mim com o suor nos fazendo deslizar sobre o outro com tanta
facilidade, eu disse aquilo que nunca tinha dito a ninguém em minha vida, apenas a ele.
- Eu te amo. – minha voz era apenas um sussurro e até para meus ouvidos, me saiu mais
como um gemido do que uma palavra, mas o seu sorriso torto perfeito me fez acreditar
que ele tinha escutado.
- Eu te amo. – ele respondeu, fazendo um esforço sobre-humano para não explodir
dentro de mim e não avançar nas investidas.
Os lábios quentes desceram sobre os meus e eu os recebi como sempre.
Era febril, envolvente, macios, suaves e com uma sensualidade sem fim.
A língua habilidosa apenas massageava a minha e sugava, querendo apenas sentir o
gosto para depois explorar toda minha boca em um ato sufocante de puro cuidado e
necessidade do outro.
O gosto dele chegava a mim como um vicio, eu era incapaz de ficar longe dele por
menos de um segundo, eu não queria nunca mais que aquele momento acabasse.
Mas os espasmos foram se tornando mais fortes e violentos e sua última estocada em
meu foi profunda e intensa demais para que eu agüentasse sem explodir em um êxtase
total de puro prazer e tudo a minha volta era apenas poeira, eu só sentia o corpo de
Robert ainda se movimentando em mim e seus dedos se entrelaçando aos meus ainda
em cima da minha cabeça.
Um rosnado feroz me indicou que ele havia chegado lá e que agora flutuava comigo,
seu rosto se afundou em meu pescoço dando leves beijos com sua respiração pesada e
confortável, até que seu peso caiu sobre mim.
Eu não me importava se ele era o dobro do meu tamanho, eu gostava de tê-lo assim, me
cobrindo por inteira, sentindo cada pedacinho de nossos corpos, um grudado no outro.
Passei minhas pernas por sua cintura ouvindo seu gemido baixo já que ele ainda estava
dentro de mim, sorri dando um beijo em seu cabelo e infiltrando minhas mãos por entre
os fios, esperando nossas respirações se acalmarem.
Meu coração ainda estava acelerado quando sua boca veio sobre a minha de novo,
quente e perfeita, suave e carinhosa.
Deliciosa.
Ele se levantou depois de um tempo, comigo em seu colo e com minhas pernas
emboladas na sua cintura. Seus lábios ainda me beijavam cuidadosos e enlouquecedores
e depois de alguns passos senti a água quente jorrando por entre nós dois.
Os lábios macios saíram dos meus, me dando um último selinho antes de suas mãos
virem pro meu rosto. Ele tinha o seu sorriso incrível que era um reflexo do meu próprio,
lhe beijei novamente até que meus sentidos se esvaíssem.
Robert me deu banho, passou o seu próprio shampoo em meus cabelos enquanto eu
apenas sorria e ele brincava comigo.
- Eu definitivamente tenho que passar a te dar banho todos os dias, você fica ainda mais
linda com a água escorrendo por seu corpo baby.
Seus dentes morderam minha nuca e eu soltei um gemido baixinho.
- Fique a vontade. – ele riu baixo.
- Não me provoque.
Retribui seu riso e nos beijamos mais uma vez antes que ele me enrolasse em uma
toalha grande e me levasse no colo até o quarto.
- Ta frio Rob. – resmunguei chorosa quando ele me deixou em cima da cama, na
verdade eu estava querendo que seus braços voltassem para meu corpo. O que
aconteceu pouco tempo depois, com seu sorriso perfeito, ele se aproximou e me vestiu
com tanto casaco que eu quase não podia ser vista.
- Melhor? – perguntou me pegando em seu colo, me aninhando em seu peito e beijando
meus fios de cabelo.
- Muito. – ele riu baixo apertando seus braços em minha volta.
- Quer dormir um pouco?
- Acho que um pouco. – eu já estava ridiculamente confortável.
- Então durma. – seus lábios beijaram minha testa demoradamente e ele me embalou
como uma criança.
Eu adormeci profundamente com meu corpo pequeno encolhido em seu peito.
--
Capítulo 22

Notas iniciais do capítulo


Hei meninas :) outro capitulo, vou tentar não demorar mais tanto pra postar aqui,
desculpem sempre as minhas demoras! beijos

Apagar a Luz

Ainda estava frio quando eu acordei e Robert continuava com meu corpo em seus
braços, mas agora estávamos deitados e ele lia algumas folhas de papéis aconchegando
meu rosto em seu pescoço.
- Hey. – disse com a voz rouca.
- Hey. – ele soltou as folhas no chão e deixou as mãos em meu rosto sorrindo. – Achei
que iria dormir mais, estava prestes a te acordar.
- Que horas são?
- Vai dar 1 da tarde amor.
- Deus, devia ter me acordado Rob, sua mãe deve estar procurando por você. – ele riu
baixo de meu pequeno desespero.
- Ela já veio aqui nos chamar pra almoçar, está tudo bem Kris.
- Oh, okay então. – voltei a me deitar em seu pescoço e suas mãos continuaram em meu
cabelo. – Não almoçou?
- Esperei por você. Quer ir agora?
- Acho que sim, estou ficando com fome. – ele sorriu me beijando para logo depois se
levantar e me ajudar a fazer o mesmo.
- Pegou o casaco?
- Está aqui. – falei já o colocando.
Nossos dedos se entrelaçaram e descemos juntos as escadas até chegar no hall. Na sala
de TV estava a família toda, as irmãs de Rob junto com seus pais e um cara que eu não
tinha visto ainda, mas que estava ao lado de Vick.
- Hey, achei que iam dormir pra sempre. – Lizzy falou divertida pra Rob e pra mim, ele
revirou os olhos pra ela que apenas riu em resposta.
- Venham comer crianças, vou esquentar o almoço de vocês. – Clare falou passando por
nós.
- Deixa com a gente mãe, a gente se vira.
- Sim, por favor, Sra. Pattinson, não se incomode.
- Claro que não, eu mesma ajeito as coisas por aqui. – ela sorriu fazendo Robert rir e me
puxar pra cozinha.
- O que quer comer?
- Qualquer coisa Rob. – ele sorriu se levantando e servindo a nós dois, pegou duas
latinhas de coca na geladeira enquanto Clare estava no fogão.
Eu estava me sentindo mal em não ajudá-la, mas quando eu disse algo ela já me
respondeu que não precisava e que era apenas pra que eu sentasse e relaxasse.
Mas eu ia pirar se não fizesse alguma coisa e logo.
Nós comemos e elogiamos ao mesmo tempo a comida dela, era realmente divina, será
que ela me ajudaria a fazer uns pratos? Eu cozinhava, mas sabia tão pouco sobre
variedades...
Clare me deixou pelo menos ajudá-la na louça, talvez ela tivesse visto que eu estava
doida por ser útil e quis me dar uma força.
Ela era tão legal e carismática, alem de uma generosidade sem fim com um encanto
inigualável.
- Vamos dar uma volta. – Robert disse logo depois que saímos da cozinha e de ajudar
sua mãe, já tinha me colocado o casaco e uma luva fina de lã.
- Aonde vamos?
- Já são quase 4 horas, podemos dar uma volta antes de irmos até as torres no pôr-do-
sol.
- Ah sim, então vamos. – sorri a ele ficando na ponta dos pés para lhe beijar.
Ele sorriu de volta e gritou no ambiente que estávamos saindo e que iríamos demorar.
Passeamos juntos até o Big Ben, que segundo Robert era sempre mais incrível de noite,
fomos ao museu de arte de Londres e passamos pelo London Eyes e ficamos no centro
comercial durante algum tempo.
Mas foi quando avistei uma loja de bebês que eu voltei um pouco a realidade de todo
aquele sonho que eu vivia com Rob e ali em Londres. Senti meu coração falhando uma
batida dolorosa no meu peito e eu quis acreditar que era apenas por que eu queria
conhecer o bebê de Melanie, mas no fundo do meu ser, minha consciência sabia que era
porque eu jamais entraria numa loja daquelas por mim mesma.
- O que houve? – ouvi a voz de Robert do meu lado e ele enxugou algo molhado em
meu rosto que eu me amaldiçoei mil vezes por ter deixado escapar.
- Nada, não é nada. – ele suspirou.
- Achei que não mentisse pra mim. – perguntou sério me fazendo engolir em seco.
- Não estou mentindo. – eu odiava mentir pra ele. – Por favor, vamos até as torres? Já
está dando à hora do pôr-do-sol e eu estou curiosa.
Senti que ele ia discutir, mas implorei silenciosamente com meu olhar pra que ele não o
fizesse.
Ele resmungou algo que não entendi, mas logo depois puxou minhas mãos.
Robert me abraçou pela cintura durante toda a caminhada até as torres e de lá quando
chegamos no castelo, nós não podíamos entrar, mas ele me levou pra outra parte dos
fundos, onde ela liberado e havia um parque, o castelo estava nos fundos e ele se sentou
na grama me puxando para o meio de suas pernas.
- Você está bem?
Não consegui responder. Apenas apoiei meu rosto em seu peito vendo o sol começar a
se por em nossa frente. O céu estava nublado e com ares de que iria nevar então o sol
era apenas uma camada bem fina no horizonte.
Robert não falou mais nada, somente me abraçou beijando o topo da minha cabeça,
como se ele sentisse que eu precisava daquilo.
E ele sentia. Ele podia me sentir assim como eu podia senti-lo em qualquer
circunstância.
Por diversas vezes eu me perguntava o porquê, de eu ser tão difícil e complicada para
me desvencilhar do meu passado, é claro que qualquer pessoa que passou pelo o que eu
passei teria dificuldades de levar uma vida pelo menos normal.
Mas eu simplesmente não conseguia. Robert me salvou de todas as formas possíveis que
eu poderia ser salva, hoje eu conseguia sorrir e ser feliz.
Algo que eu achei que seria inalcançável.
Ele me mostrou o que era um amor e o que era ser amada por um homem.
Ele era o meu porto seguro e saber que eu não merecia nada do que ele estava me
dando, me machucava tanto.
Eu não poderia nem lhe dar um filho um dia quando ele quisesse.
Era isso que me matava; as conseqüências do meu passado. Isso agora influenciaria
Robert, porque eu era egoísta demais para deixá-lo viver sua vida com alguém saudável
de coração e de corpo.
Alguém que não teria marcas como eu tinha.
Marcas que ele mesmo estava curando a cada momento que estava comigo, me olhando
nos olhos daquela maneira abrasadora como só ele fazia.
E eu queria tanto poder retribuir tudo isso, ele fora o único homem que eu me entregara
por completo, porque eu sabia; eu daria a Robert minha alma se ele pedisse.
A certeza de ser estéril fazia meu coração ficar gelado com uma sensação estranha de
perder todos os meus órgãos vitais.
Nunca me importara muito com isso, na verdade, eu nunca tivera idade para poder
crescer normalmente e sonhar com um príncipe e com uma família grande.
Mas depois que o tempo foi passando, as dores em meu baixo ventre eram como um
alerta para a minha covardia em não procurar um médico, com o horror tomando conta
de mim em imaginar alguém me tocando. Meu medo era quase tangível e a consciência
me bateu de repente, como um furacão no litoral que não avisa quando vem.
Eu não podia ter filhos. E não precisava de médicos pra me dizer aquela crueldade.
A violência que eu sofri era mais do que uma confirmação paras as minhas suspeitas.
Meus soluços vieram com força e eu senti os braços quentes e fortes de Robert me
apertando contra ele, beijando meu rosto tentando acalmar meu choro que estava se
tornando compulsivo.
- Shii, se acalme Kristen. – ele me embalava de novo, nossos corpos balançando
suavemente. Sua voz era assustada, é claro que era.
Idiota. Estúpida.
Eu ia fazê-lo se preocupar a toa.
Consegui me recompor depois de mais de dez minutos. Enxuguei meu rosto e seus
beijos me acalmavam ainda mais.
Ele era tão carinhoso e cuidadoso comigo que eu ficava emocionada, querendo chorar
de novo. Respirei fundo, ainda meio trêmula, rezando pra que ele não me perguntasse
nada.
- Quer me contar o que houve? Está me assustando Kristen. – ele falou com um
desespero na voz que eu senti uma pontada no coração.
- Eu estou bem. – menti sem olhar nos seus olhos, me deitei novamente em seu peito
ouvindo sua respiração se tornar profundamente.
- Bem, é a última coisa que você está Kristen. – eu não podia ver, mas sabia que seus
dentes estavam trincados.
- Por favor Rob, me deixe só ficar aqui. – falei com a voz voltando a ficar embargada e
abafada pelo seu pescoço.
Ele respirou fundo ainda mais algumas vezes antes de relaxar e segurar meu rosto em
suas mãos, tinha certeza que meus olhos ainda estavam vermelhos e tentei lutar
novamente contra as lágrimas que queriam sair.
- Eu sei que existe alguma coisa que você me esconde Kristen – seus olhos eram tão
intensos e queimavam ainda mais nos meus, mais do que o normal. – Eu sei disso e me
apaixonei por você sabendo, eu só queria que você pudesse confiar em mim e dizer o
que é. Eu não posso te ajudar desse jeito, não posso tentar curar você disso, com você
omitindo as coisas. – eu já estava chorando de novo. – Mas eu vou esperar o tempo que
for necessário pra que você possa me olhar sem essa tristeza que existe por trás Kristen.
Eu te amo e não vou deixar de amar por causa dos seus segredos. Apenas...confie em
mim.
Não me importei em volta a chorar copiosamente em seu colo, seus braços me
abraçaram com ainda mais força abafando meus soluços em sua pele.
- Me perdoe...p-por isso... – eu ainda não tinha parado de chorar e meu rosto continuava
no vão de seu pescoço.
- Não tenho que te perdoar por nada Kristen, só quero que confie em mim. – ele disse
com a voz persuasiva em meu ouvido, passando as mãos em meu cabelo tentando me
deixar calma.
- Eu confio, eu confio Robert.
E eu realmente confiava, mas não estava pronta para perdê-lo.
- Tudo bem Kris, está tudo bem amor. – Apenas se acalme. – ele disse e eu voltei a
chorar, mas dessa vez silenciosamente em seu pescoço.
Demorei alguns minutos para me tranqüilizar totalmente, o cheiro de Robert me
intoxicava, relaxando minhas células e meu organismo por completo, inclusive meu
coração.
Ele estava me curando.
De novo.
Sua voz cantava Lifehouse em meu ouvido, a voz rouca me inebriando, colocando um
curativo por todas as minhas feridas que vez ou outra, ainda eram abertas.
- Eu amo você. Acredite em mim Kristen.
- Eu te amo Robert, eu te amo. Eu apenas..não quero ter qu...
- Está tudo bem. Tudo bem.
Nós não falamos mais nada. Não era preciso, ele sabia que eu confiava e o amava.
Era apenas isso que importava.
Ele esperou que eu estivesse calma e recomposta e quis se certificar que eu estava bem
de verdade; levantamo-nos e fomos andando pra casa, novamente com seus braços me
rodeando.
- Está melhor?
- Estou. – respondi sincera e ele sorriu abrindo a porta de casa.
- Achei que iriam demorar mais crianças. – era Clare que descia as escadas com o que
eu achei ser roupas dobradas.
- Estava começando a esfriar demais mãe, resolvemos voltar. – ele disse passando por
ela e lhe dando um beijo na testa fazendo ela sorrir.
- Então tomem um banho e eu vou fazer um chocolate quente. – ela piscou pra mim e eu
sorri agradecendo a ela e também aos céus por ela não ter reparado em meu rosto que
com certeza devia estar um pouco inchado.
- Vem Kiki. – Robert me puxou pela mão subindo os degraus e entrando em seu quarto,
suas mãos retiraram meu casaco e o seu próprio. – Tomar um banho? Ou podemos ficar
aqui se quiser. – eu sabia que ele ainda estava preocupado comigo então sorri a ele e me
deitei na cama.
Ele riu se deitando ao meu lado, nós ficamos assim durante um tempo, apenas nos
olhando de frente um pro outro, deitados naquela cama pequena que era minha casa
agora, tudo o que era de Robert, era meu e tudo que era meu, era dele.
- Sei que estraguei nosso passeio de hoje e me desculpe por isso. – mordi os lábios
pousando minha mão em seu rosto enquanto ele fechava os olhos com o toque e tinha
um sorriso nos lábios.
- Você não estraga nada Kris. E nós temos todo o tempo para voltar lá.
Eu sorri mais largamente.
- Todo o tempo. – nós dois sorrimos e ele colocou a mão por cima da minha. – Eu gosto
disso.
- Eu também, eu gosto muito disso.
--
‘’E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida. E que
bons amigos são a família que nos permitiram escolher. ‘’
(William Shakespeare)

Sabe quando você olha pro horizonte ou pra uma paisagem e percebe que, por mais que
tenha andado, sua caminhada não foi o bastante? E que sempre tem, mais um pouco de
caminho a percorrer?
Era assim que eu me sentia naquele momento.
Noite de Natal.
Noites assim sempre tinham algo de especial no ar, chegava a ser como mágica, era a
única época do ano em que todos se esqueciam de desavenças e davam uma nova
chance.
Minha última noite de natal havia sido em Miami e eu tinha apenas oito anos e não me
lembrava muito bem das coisas que aconteciam por lá, mas eu quase podia sentir o
cheiro das coisas que estavam na casa naquela noite quente da Flórida.
Mamãe ajudava Amber na cozinha a fazer meus cookies de baunilha com morango e
tinha que ser enfeitado, com todos os formatos de papai Noel e estrelinhas de natal.
Taylor os preferia no formato de bola de basquete por que era mais velho e Cam por seu
o mais novo, ainda só um bebê, não preferia nada, por que não podia comer dos cookies.
Papai chegava mais cedo da empresa e a primeira coisa que ele fazia era dar um abraço
na gente e um beijo amoroso em mamãe, perguntando como havia sido o dia dela e qual
de nós três tinha feito mais bagunça. Mamãe gargalhava e nunca respondia, sempre
acobertando os filhos das travessuras que fazíamos em meio a casa.
Então ele me pegava no colo e me balançava bem alto, eu escutava os sons alegres que
saiam de Cam e a risada gostosa de mamãe e Taylor embaixo de mim, enquanto eu
sorria feliz por ele já estar em casa.
- O que foi que minha princesinha aprontou por hoje? Huum? – eu só ria ainda mais
quando ele me chamava assim, com meus olhos brilhando de expectativa pra que ele
me jogasse no ar como ele sempre fazia.
- Pare com isso John, ela vai se machucar.
- Não vou não mamãe. – eu dizia em meio às gargalhadas.
E quando ele me jogou no ar, era como se eu flutuasse, mais sempre voltava pro lugar
exato onde eu devia estar.
Na minha família.
Voltei ao presente enxugando meu rosto das lágrimas que eu deixei cair, eu ainda me
sentia vendo um horizonte... eu sempre poderia ir mais longe do que eu achava que
realmente podia.
- Amor?
Virei-me pra voz de Robert que agora me olhava fechando a porta de seu quarto, eu
perdi a hora olhando pela sua janela, vendo o movimento de Londres no natal.
- Hey.
- O que foi? – ele se aproximou tocando meu rosto.
- Só estou sendo idiota. – ri baixo e sem humor me deitando em seu peito, agarrando sua
blusa com minhas mãos em punho.
- Você não está sendo idiota, apenas teimosa. O que estava pensando?
Eu respirei fundo sentindo suas mãos em meu cabelo.
- Na minha mãe.
- Não quer ligar pra ela?
- Não. Acho que não. – afundei mais ainda meu rosto em seu peito e deixei que ele me
ninasse até que meu organismo e meu coração estivessem mais calmos.
- Então não fique assim okay? Vamos descer? – ele passou o polegar em baixo dos meus
olhos e beijou minhas pálpebras suavemente me fazendo sorrir.
- Vamos, eu ainda acho que deveria ter ajudado sua mãe com a ceia. Não acho justo ela
fazer tudo sozinha. – eu disse entrelaçando nossos dedos e saindo do quarto.
- Minha mãe adora fazer a ceia Kris, ela te colocaria pra fora da cozinha se tentasse
colocar a mão lá. – ele disse rindo baixo.
Neguei com a cabeça sorrindo.
Descemos o hall e depois pro jardim, não sem antes Robert implicar com Lizzy que
estava quieta assistindo televisão.
- Não faça isso com ela Rob. – brinquei com ele.
- Não acredito que está defendendo minha irmã. – ele disse rindo e nos sentando em um
banco de madeira que dava vista para o jardim.
- Só estou dizendo para não irritá-la Rob. – respondi divertida encostando minha cabeça
em seu ombro enquanto ele me abraçava pela cintura.
- Certo, não irei mais irritá-la.
- Não mente pra mim. – dei um tapa leve em sua cintura fazendo com que ele risse
ainda mais.
- Sabe que não minto pra você amor.
- Não mente é? – cerrei meus olhos pra ele que sorriu brincando com seu nariz no meu.
- Não minto.
- Então vamos lá Pattinson, com quantas garotas já dormiu?
- Não acredito que esta me perguntando isso. – ele arregalou os olhos, mas estava
querendo sorri.
- Responda e nada de mentiras.
- Ah meu Deus Kristen... eu não sei...acho que.. – ele passou a mão no cabelo nervoso e
eu mordi os lábios para não sorrir dele. – Ah... eu realmente não sei amor... algumas eu
acho. – ele riu um pouco no final.
- Algumas? – ergui as sobrancelhas. – Por quantas já foi apaixonado?
- Ah Cristo, por que diabos estamos fazendo isso?
- Porque eu quero saber e me diga a verdade.
- Não fui apaixonado por nenhuma Kristen, não tão intensamente como sou por você. –
ele disse sério olhando em meus olhos.
- Por nenhuma? – ele negou. – Nenhuma mesmo? – ele riu um pouco.
- Não Kristen. Só por você, pelo menos assim, algo tão sincero...é a primeira vez. – seus
lábios eram curvados em um sorriso tão lindo e verdadeiro que eu tive que beijá-lo.
Profundamente, sorrindo como uma idiota por ter escutado aquilo.
- Você diz isso. – lhe dei um selinho, não desgrudando nossas testas que estavam
coladas. – Por que sabe que eu vou gostar de ouvir. – lhe beijei de novo dessa vez mais
demorado sentindo suas mãos em meu cabelo.
- Não. – ele sorriu voltando a me beijar. – Eu digo por que é verdade. – seus dentes
morderam e puxaram meu lábio inferior lenta e deliciosamente.
- Eu te amo. – sussurrei ainda dentro da sua boca.
Sua resposta veio com um beijo esfomeado.
Nós continuamos ali nos beijando e nos curtindo um pouco mais, ele me deitou em seu
colo e observamos o céu claro de Londres com os flocos de neve caindo perfeitamente
pelo jardim que estava ainda mais lindo com toda aquela áurea natalina espelhada pelo
ar. Eu já resmungava deliciada com as sensações do me corpo que ele me causava, os
dedos longos passeando delicadamente por minha barriga até sua mão se espalmar na
minha pele, com a outra mão passando por todo o comprimento do meu cabelo, do
começo até a minha cintura onde os fios terminavam.
- Acho que não vou querer ir embora. – eu disse baixinho e sorrindo perto do seu
abdômen ouvindo seu riso baixo e sentindo seus lábios em minha testa.
- Depois que você se formar, nós podemos vim pra cá, você poderia fazer Assistência
Social aqui. – eu sorri ainda mais.
- Acho que não seria uma má idéia. Aqui é muito frio. – ele riu baixo de novo sem parar
os movimentos carinhosos de suas mãos.
- Crianças? Venham cear. – a voz de Clare soou animada e eu me levantei meio a
contragosto, estava muito confortável no colo de Robert. Obrigada.
- Acho que estou sendo uma péssima impressão Rob, nós devíamos estar lá dentro com
sua família, não aqui fora tirando o tempo que você tem com eles.
Ele riu baixo me abraçando.
- Você é absurda Kristen. – seus lábios cobriram meu rosto de beijos e entramos pela
porta seguindo até a sala de jantar.
- Hey Kristen. – Vick me cumprimentou com um abraço e com a voz carregada daquele
mesmo sotaque de Robert.
- Hey Vick, Oi Sr. Pattinson.
- Apenas Richard Kris. – eu sorri da forma intima como todos já me tratavam e o
abracei também.
- Pode me ajudar aqui querido? – Clare puxou Robert para a cozinha e todos nós nos
sentamos a mesa, meus olhos se encheram de lágrimas, quando vi tudo decorado e com
as estrelinhas de natal enfeitando os pratos na mesa, uma bandeja de cookies estava bem
a minha frente e eu me deixei levar pela esperança de que talvez eles fossem de
baunilhas e morangos.
- Pronto. Agora sim. – os dois voltaram à mesa e Rob colocou uma bandeja grande no
centro da toalha vermelha, vindo se sentar ao meu lado logo em seguida sorrindo pra
mim.
Richard fez uma pequena e breve oração ao qual todos acompanharam e eu quis chorar
quando ele disse que estava muito feliz por todos os Pattinson estarem na mesa, Robert
apertou levemente minha mão indicando que eu era pra estar ali, que não havia lugar
mais certo pra mim.
Eles também eram a minha família agora.
Engoli o choro e a minha emoção jantando animadamente com todo mundo. Era para eu
ter me sentindo uma intrusa, mas toda vez que eles me chamavam de ‘’Kris’’ ou que
Rob falava da nossa casa e nossa vida juntos em LA, eu sentia o que ele queria me
passar.
Eu estava em casa.
- Gostou da torta de limão querida? Robert disse que você gostava.
- Ah sim Clare, está ótima, eu poderia ter te ajudado com ela. – respondi enquanto a
ajudava a tirar os pratos da mesa junto com Vick e Lizzy.
- É mesmo mãe, Robert disse que ela sabe cozinhar como ninguém. – eu corei de leve
quando recebi o elogio de Vick.
- Não duvido disso, pode me ajudar amanhã no almoço. Que tal filha?
- Eu vou adorar Clare.
Ela sorriu e voltamos nós três a arrumar a cozinha enquanto conversamos, elas falaram
mais de Robert quando era mais novo e me contorcia de risadas a cada história
engraçada ou divertida que eles passaram juntos.
Elas falavam com um carinho e uma proteção tão grande com ele que era de me admirar
que ele não fosse um homem mimado. Não muito pelo menos.
- Já acabaram de roubar minha mulher de mim? – sua voz ecoou na cozinha me fazendo
levar um pequeno susto enquanto enxugava uma louça e passava pra Lizzy que o
fuzilou com o olhar levando um susto também.
- Ela teria sorte se fosse roubada de você Pattz. – ela atacou divertida me fazendo rir um
pouco e ele revirar os olhos.
- Pare de implicar com seu irmão Lizzy. – disse Clare terminando de guardar algo no
forno.
- Pare de implicar comigo Elizabeth.
Cedo demais pra todo aquele papo de não ser mimado.
Eu ainda sorria pra ele.
- Não me chame de Elizabeth.
- Elizabeth. – ele provocou divertido me fazendo querer rir.
- Mãe. – ela exclamou indignada, nem parecia que todos ali éramos adultos, mas era tão
divertido essas implicâncias em família que não tinham idade para que acontecesse,
além de mostrar apenas o quanto os irmãos se adoravam.
- Oh meu Deus. Parem os dois.
Robert riu ainda mais e se aproximou de mim.
- Vamos subir?
- Sim, só vou terminar aqui.
- Pode subir Kris, nós já terminamos por aqui. – Vick disse enxugando as mãos em um
pano de prato.
- Sim filha suba, todos nos vamos dormir.
Clare sorriu pra mim e com um beijo de boa noite e feliz natal em todo mundo, ela se
retirou com Richard.
Todos nos despedimos e nós subimos logo para o quarto.
Suas mãos me ajudaram com as roupas e eu me enfiei rápido debaixo do seu edredom e
fiquei observando ele retirar as tantas camadas de roupas que usávamos por aqui.
Quando se deitou do meu lado, ele sorria brilhantemente e me puxava pra seu peito. Lhe
dei um sorriso e um beijo de leve no local, me deitando ali em seguida.
Suas mãos não demoraram a fazer caminho por toda a minha coluna e acariciar meu
couro cabeludo, ficamos assim durante muito tempo, sua respiração compassada
embaixo de mim, o ronronar baixinho me levando ao sono e o cheiro de sua pele quente
me intoxicando como sempre.
- Rob? – chamei achando que ele já havia adormecido pelo silencio gostoso em que
estávamos.
- Sim. – sorri com o som de sua voz rouca e inglesa.
- Obrigada. Foi o melhor natal que já tive em muitos anos.
Apesar de não ver, eu podia jurar que ele estava sorrindo e eu senti seu beijo no topo da
minha cabeça.
- Disponha Kris, ainda viram outros natais e mais outros.
Fui eu quem sorri dessa vez.
Nós ainda teríamos uma vida inteira de ‘’natais’’ pela frente.
--

- Mas que droga Kristen, eu vou te colar na cama, na próxima vez que você sair dela
sem me chamar.
Eu ri.
- Não tenho culpa que você esta dormindo demais Rob.
- E o sono acaba quando você sai da cama, não pode esperar até que eu também esteja
de pé? – perguntou de sobrancelha erguida me fazendo ri ainda mais enquanto me
levantava da mesa do café da manhã.
- Vou te esperar a partir de agora okay? – ele bufou passando a mão no cabelo.
- Ótimo Stew. – ele suspirou parecendo cansado e se aproximou de mim. – Odeio
acordar sem você.
Eu sorri quando seus braços me enlaçaram a cintura e ele se abaixou muito para passar o
nariz por todo meu pescoço, me deixando completamente arrepiada.
- Eu juro que vou te esperar okay? – passei minhas mãos que já estavam livres por seu
cabelo molhado de banho com um cheiro irresistível de shampoo e também respirei
fundo esperando a tontura leve me alcançar.
Ele resmungou algo que não entendi, mas que fez rir levemente.
- Bom dia crianças. – era Clare que entrava na cozinha cheia de sacolas na mão, Rob foi
ajudá-la e eu não tive para corar por ela nos ter visto daquele jeito. – Já tomaram café?
- Não, ainda não mãe.
- Nem você Kris? Já esta acordada há tanto tempo querida. – eu me aproximei dela
ajudando a guardar as compras.
- Ah não, estava esperando Robert.
- Você está me mimando demais esse garoto. – sorri ouvindo a voz de Lizzy atrás de nós
e Robert revirar os olhos.
Ela entrou no lugar divertida, abrindo a geladeira e buscando uma maça nas mãos.
- Fique quieta Elizabeth. – ele lhe disse pegando duas xícaras e servindo café pra mim e
pra ele e depois pegando torradas e servindo na mesa. – Vem comer baby.
- Vá comer querida, Lizzy me ajuda por aqui. – eu sorri com Lizzy piscando um olho
pra mim e sorrindo.
- Quer cereal? – ele perguntou.
- Não, torrada está ótimo. – me sentei ao seu lado e comemos em silencio, conversando
apenas com Clare enquanto Robert e Lizzy implicavam um com o outro. – Podemos ir
ao parque hoje? Mais tarde? – perguntei depois de um tempo.
- Claro. – ele respondeu mordendo sua torrada. – Se arrume que nós saímos em seguida.
– bebeu seu café me dando um beijo na testa.
Sorri a ele me levantando e subindo a escadaria até chegar em seu quarto.
Peguei uma blusa de frio azul claro que ia até o cotovelo e um casaco preto com jeans
skinny azul e um all star branco.
- Vamos amor? – ele colocou o rosto dentro do quarto.
Eu dei um jeito no meu cabelo o colocando em um rabo de cavalo alto e desci com ele
me segurando pela cintura.
Hoje era 31/01, véspera de ano novo e Tom e Dakota estariam chegando para ficar
também na casa dos Pattinson.
Fomos conversando e decidimos apenas andar um pouco mais.
Atravessamos a ponte novamente chegando até ao parque que viemos outro dia, estava
mais claro agora ou eu estava vendo além dos meus olhos, mas continuava bonito com o
céu cinzento incrível. Várias pessoas andavam e corriam por ali, fazendo exercícios
matinais ou apenas passeando com as crianças, me desliguei totalmente deste ultimo
fato, eu já havia preocupado Robert o suficiente para ter uma nova crise existencial.
- Venha. – ele disse me puxando para uma árvore ao lado de mais outras pessoas que
estavam um pouco mais distantes.
- Está bom assim? – perguntou alisando minha cintura e cheirando meu cabelo depois
que nos sentamos. Eu sorri de olhos fechados aspirando o cheiro de sua camisa de frio
pra mim.
- Está perfeito. – apertei meu rosto em seu peito e entrelacei nossas mãos em minha
cintura.
Ficamos em um silêncio confortável, eu poderia até dormir ali e acho que realmente o
fiz.
- Rob?
- Huum? – ele também parecia prestes a dormir.
- Canta pra mim? – pedi suavemente.
Ouvi seu riso baixo e podia jurar que ele estava de olhos fechados.
- O que quer que eu cante?
- Qualquer coisa...só cante...quero ouvir sua voz. – parecia idiota um pedido daqueles,
pois eu ouvia sua voz todos os dias, mas eu queria muito que naquele momento ele
cantasse algo pra mim, me deixando aquecida e ainda mais protegida de tudo.
O sussurro suave escapou de seus lábios me acalmando instantaneamente e me deixando
emocionada.
O tempo está passando
Muito mais rápido do que eu
E eu estou começando a me arrepender de não passá-lo com você
Agora eu estou imaginando porque deixei isso preso dentro de mim
Então, estou começando a me arrepender de não ter dito tudo para você
Então, se eu ainda não o fiz, tenho que deixar você saber

-Você nunca vai estar sozinha, de agora em diante, mesmo que você pense em desistir,
não vou deixá-la cair...
E agora, enquanto eu puder
Estarei te segurando com ambas as mãos
Pois sempre acreditei
Que não há nada que eu precise a não ser você
Então, se eu ainda não o fiz,
Tenho que deixar você saber

Você nunca vai estar sozinha


De agora em diante
Mesmo que você pense em desistir
Não vou deixá-la cair
Quando toda a esperança tiver desaparecida
Eu sei que você pode continuar
Vamos ver o mundo, sozinhos
Vou te abraçar até a dor passar
Eu estarei lá de qualquer forma
Não vou desperdiçar mais nenhum dia
Eu estarei lá de qualquer forma
Não vou desperdiçar mais nenhum dia

Reconheci a melodia de Nickelback quando ele ainda estava finalizando a música; a voz
rouca e suave com aquele sotaque a mais que só fazia da música ainda mais deliciosa.
- Vamos ver o mundo sozinhos, vou te abraçar até a dor passar... – ele sussurrou os
últimos acordes perto demais do meu rosto e eu ergui a cabeça para fitar seus olhos
claros que me encantavam.

- Eu sei que você vai. – sussurrei de volta recebendo seu sorriso perfeito.
Ele me beijou levemente e eu deitei minha cabeça no vamente em seu peito, Robert
ainda continuou cantando apenas a melodia da música e eu fui sentindo minhas
pálpebras cansadas.
Eu não estava com sono nem nada do tipo, mas era tão tranqüilo ali que eu não pude
resistir a cochilar em seus braços em meio a todo aquele cheiro de ar livre.
- Baby?
- Huum... – resmunguei contente depois do que me pareceu horas.
- Vamos, já passa da hora do almoço amor e você não comeu quase nada hoje. – senti
seu beijo em meu cabelo e abri os olhos o fitando.
- Vamos. – abri um sorriso largo pra ele que me retribuiu com um beijo demorado e
quente.
Robert me ajudou a levantar e saímos do parque do mesmo jeito que viemos, não
demoramos muito a chegar em sua casa e sua mãe logo nos recebeu, nos chamando pra
almoçar.
- Tortilhas querida.
- Obrigada Clare. – disse a ela lhe voltando o sorriso que ela me dava.
Todos se sentaram a mesa para almoçar, o clima era o mesmo do dia de natal, Robert
implicando com Lizzy e rindo das besteiras de todo mundo na mesa.
Richard e Clare tinham uma sintonia tão perfeita um com o outro que podia ser visto de
longe que apesar de tantos anos de casados, eles ainda eram incondicionalmente
apaixonados.
Victoria e Lizzy já eram noivas, mas os mesmos estavam passando o ano-novo com a
família por isso não viriam hoje, apenas Dakota e Tom eram esperados e estava sendo
mais um motivo de festa na casa, Tom era mais um dos filhos de Clare e Richard, que
apesar de não tê-los gerados, foram eles que praticamente o criaram devido à falta de
atenção dos próprios pais biológicos.
Assistimos TV a maior parte da tarde, Clare escolheu algum filme que todo mundo
gostou, e eu estava me divertindo mais ali do que em qualquer outro lugar.
- Quando você quiser subir avisa okay?
Assenti com a cabeça, não queria ir agora, eu gostava de ficar na presença da família
dele, era como se eu fosse parte daquele lugar o que de acordo com eles mesmo, eu já
era.
Foi só quando o filme já estava no final que ouvimos um som de carro na porta.
- Cheguei família. – a voz de Tom ecoou na sala onde ele já entrava com Dakota do seu
lado que dava pulinhos no lugar.
- Tom. – Lizzy gritou indo abraçar a ele e depois Dakota, as duas começaram a pular
juntas e Robert já ria da cena.
- Oi filho. – Clare o abraçou junto com Richard e Dakota veio pro meu lado quase
pulando em cima de mim e eu ri de sua animação, eu tinha sentido muita falta dela.
- Kristenzinha. – Tom me agarrou abraçando forte minha cintura e me tirando do chão.
- Oii Tom. – o abracei também e depois Robert o cumprimentou com aqueles velhos
tapas fortes nas mãos que só de ver eu já sentia a minha palma ficar vermelha.
- Saíram que horas de Ohio cara?
- Não sei não irmão, acho que eram umas 8 horas né honey?
- Era mais de 9horas Tom. – ela disse a ele rindo e revirando os olhos. – Nós vamos sair
não é? Eu quero enfeitar a casa, vem comigo até o centro?
- Claro Dak, eu só tenho que colocar um casaco. – respondi a ela sorrindo para vê-la
batendo as mãos e dando pulinhos no mesmo lugar.
Neguei com a cabeça e me aproximei de Robert que já tinha uma cerveja nas mãos junto
com Tom. Avisei a ele que ia sair e peguei meu casaco perto da porta.
- Vamos? – falei pra ela. – Nós podemos ir mais tarde Dak, acabou de chegar de viagem,
deve estar cansada não?
- Claro que não, vamos logo Kiki, quero fazer muitas compras. – ela sorriu animada e
deu um beijo em Tom se despedindo de todo mundo e saímos de casa em direção ao
centro.
Dakota só podia ser compulsiva obsessiva por compras, era a única explicação que tinha
para aquele tanto de sacolas que carregávamos, ela queria colocar enfeites de
prosperidade por todos os cantos e se não fosse eu a impedir, ainda teríamos fogos de
artifício soltos no quintal.
- Por que não chamou Lizzy e Vick? – perguntei quando já estávamos voltando pra casa.
- Ah, eu chamei sim, mas Lizzy ia falar com o noivo no skype que eles tinham
combinado e Vick não gosta de compras. – ela fez uma careta como se fosse um crime
alguém não gostar de compras.
- Nem eu.
- Percebi. Não acredito que não comprou nada pra você Kiki. – ela negou com a cabeça
abrindo o pequeno portão para subir as escadas até a porta.
- Eu já tenho roupa o suficiente Dak e eu odeio essas coisas de salto. – disse rindo pra
ela.
- OMG. – ela ainda agia como se isso fosse um crime me fazendo rir ainda mais dela e
da sua animação.
- Hey, vocês demoraram, Robert estava por ter uma sincope. – era Lizzy que falava com
os pés em cima do sofá comendo o que me pareceu ser um sorvete.
- É claro que ele estava. – Dakota respondeu revirando os olhos.
Eu ri das duas.
- Vou subir então.
Escutei a risada de Lizzy enquanto subia os degraus.
- Amor? – perguntei entrando no quarto. – Baby? – tirei meu casaco pesado e meu all
star, sentindo meus dedinhos dos pés já congelando em contato com a madeira fria.
- Kris? – sua voz vinha do banheiro, sorri indo em sua direção.
O vapor quente me recebeu nublando um pouco minha visão, entrei e fechei a porta
atrás de mim vendo seu corpo em pé na ducha que pelo que percebi estava fervendo e
eu estava morrendo de vontade de entrar lá dentro e me aquecer também.
- Oii, acabei de chegar. – vi seu sorriso em meio à fumaça e a água ainda caindo por
todo seu corpo nu.
- Gostou? – revirei os olhos.
- Foi divertido. – ele riu baixo.
- Não está cansada?
- Um pouco. – disse já tirando minhas meias e minha blusa sorrindo pra ele.
- Isso é uma ótima idéia, você sabe. – ele apontou divertido para minhas roupas no chão,
seus olhos passaram por meu corpo que agora só estava de calcinha e sutiã, me
queimando por dentro, me deixando embriagada e olha que nem estava perto dele ainda.
Neguei com a cabeça sorrindo e terminei de tirar as roupas, entrado debaixo da água
junto com ele que me abraçou apertado buscando por minha boca.
Deixei que seu gosto me inebriasse e sua língua se enroscasse com a minha em uma
batalha de gostos sem igual. Ficamos nos beijando por todo o tempo com seus toques
quentes em meu corpo e a água escaldante só fazia de tudo ainda mais delicioso.
Robert me colocou contra a parede em algum momento em que ainda me beijava,
minhas mãos agarraram seu cabelo enquanto ele levantava uma perna minha a travando
em seu quadril.No momento seguinte, ele já estava dentro de mim, lento, quente,
delicioso me fazendo explodir em um ápice intenso e profundo.
- Sentiu minha falta baby? – perguntei depois de uns minutos tentando recuperar meu
oxigênio.
- Você não faz idéia do quanto Kristen. – ele sorriu e me beijou a boca demoradamente e
logo depois me deu um beijo na testa carinhoso.
Resmunguei bem baixinho quando ele se separou de mim, mas nunca deixando de me
abraçar, suas mãos me deram banho, passando o shampoo em meus cabelos e eu sentia
seus beijos em minha nuca, meus ombros, meu pescoço, me deixando tão embriagada
com sua presença que eu poderia dormir ali, debaixo d’água que ainda sim, não
acordaria de suas sensações em minha pela quente.
- Eu te amo. – eu sorri ao ouvir sua voz em meu ouvido com suas mãos em minha
cintura.
- Eu também te amo. – sussurrei.
Seus lábios partiram para o meu pescoço e nós não saímos do banho tão cedo naquele
final de tarde aconchegante.
Depois do que me pareceu ser um longo e cansativo dia, eu finalmente estava nos
braços de Robert.
--
Capítulo 23
Capítulo 23

Notas iniciais do capítulo


meninas obrigada pelos reviews okay ? *--*

as coisas vão começar a ficar mais... tensas a partir desse cap, então eu juro que vou
tentar postar mais rápido :) beeeijos

Apagar a Luz

"Fica sempre um pouco de perfume nas mãos que oferecem rosas".


(Thomas Cray)

E tudo de repente eram estrelas brilhantes.


As risadas em volta da mesa grande, a áurea familiar que se instalava em meio ao
jardim, as brincadeiras e os enfeites loucos de Dakota estavam por todo lugar junto com
aquela grama verde do quintal da casa dos Pattinson.
Mas tudo o que realmente brilhava e explodia em raios de luz pra mim naquela noite,
era a esperança e um certo par de mãos mornas que estavam entrelaçadas na minha.
- Acho que essa é a melhor virada de ano que já passei. – eu disse maravilhada com o
céu reluzente que se via da onde eu estava.
- É a primeira de muitas outras, baby. – a voz rouca me fez sorrir fechando os olhos, os
lábios macios em meu ouvido e um leve aperto em minhas mãos que estavam juntas as
dele.
- Eu sei que é. – respondi a sua afirmação sentindo seu sorriso caminhar por meu rosto.
- Eu poderia me casar com você agora.
Ele disse em meio ao beijo, me fazendo sorrir alegremente.
- Eu estou falando sério.
- Eu também baby. – lhe dei mais um selinho e ele bufou.
- Não vai acreditar em mim?
- É claro que acredito. – respondi sorrindo deixando minhas mãos em seu rosto perfeito.
- Então vai casar comigo?
- Quando você quiser. – respondi rápido sabendo que ele não estava falando sério, mas
mesmo assim o sorriso que ele deu foi algo lindamente emocionante e eu tive que beijá-
lo de novo.
- Feliz ano novo casal.
Dakota disse abraçando nós dois ao mesmo tempo, interrompendo nosso beijo perfeito.
- Feliz ano novo Dak. – Rob disse bagunçando seu cabelo.
Eu lhe abracei apertado, eu queria tanto poder dizer a ela e a Tom o quanto eles
significavam pra mim, mas sabia que não teria coragem de fazer isso.
Victoria vinha divertida com Lizzy pra pular no colo de Robert que conseguiu sustentar
as duas em meio as gargalhadas.Tom me abraçou, me levantando pela cintura tirando
meus pés do chão, enquanto beijava meu rosto.
- Bom ano novo Tom. – me abracei a ele também ainda erguida em seus braços.
- Feliz ano novo irmãzinha. – ele beijou meu cabelo antes de finalmente me soltar e
abraçar Richard.
Todos nós nos abraçamos após a contagem regressiva que se fazia, os fogos tomaram o
céu em uma luz brilhante de pura cor e harmonia.
Os braços de Robert me envolveram na mesma hora e eu senti aquilo que se sente
quando se é amada.
Ali também era a minha família.
Sorri me lembrando de tudo que já tinha me acontecido depois que Robert entrou na
minha vida.Todos os muros quebrados, os traumas superados e o medo de viver a vida
foram quebrados pelo seu amor por mim.
Eu sabia que ainda existiam algumas coisas para serem acertadas, ainda me restava o
medo da verdade, mas como ele mesmo dissera pra mim enquanto estávamos no parque:
Eu nunca vou estar sozinha, ele ia me abraçar até a dor passar.
Eu acreditava nisso, eu só tinha que acreditar agora, que era forte e corajosa o suficiente
para dizer a verdade a ele.Depois disso eu teria apenas que esperar ele me aceitar, para
continuar me amando do jeito que só ele fazia.
Me curando e me aninhando em seu peito.
Protegendo minha alma de qualquer ferida que eu pudesse ter.
Afinal, ele era minha fortaleza.
Sempre fora minha única fortaleza.
--
Nós embarcamos de volta para os EUA ainda de manhã.
Clare nos levou até o aeroporto me fazendo prometer que ligaria pra ela assim que
chegássemos lá ou então ela ficaria preocupada e nós sorrimos pedindo para que ela não
o fizesse.
Já havíamos feito o check-in e agora era só entrar no avião para mais uma escala em
Nova York e de lá, de volta pra Los Angeles.
- Gostou? – ele me perguntou me aninhando em seu corpo quando já estávamos dentro
do avião.
- Sim, foi ótimo Rob, eu disse que não iria querer vim embora. – respondi sincera já
fechando os olhos.
- Achei que sentia falta do calor de LA.
- Eu sinto, mas eu gostei daqui.
Respondi brincando a ele que riu baixo.
- Então nós podemos voltar mais vezes.
- Sim, é uma boa idéia. – ele sorriu de novo e eu sentia os movimentos de seus lábios
em minha pele
- Já esta com sono?
- Um pouco, eu acho. – disse sorrindo.
- Então durma. Acordo-te quando estivermos pousando.
Fechei meus olhos imediatamente, eu estava sentindo falta de alguma coisa, como se
tivesse um buraco vazio por ali e que aquilo não estivesse totalmente certo.
- Rob?
- Huum?
- Canta pra mim?
Ele riu baixo e começou com a melodia suave de Lifehouse.
A mesma musica que ele cantou pra mim no pub.
Sorri descobrindo o que faltava, eu só ficava completa com a certeza de que ele estava
ali e com a calmaria que sua voz me trazia.
Adormeci quase que imediatamente.
--
Saímos do avião quando o mesmo pousou e a aeromoça deu aqueles seus recados
normais de aviso.
Esperamos apenas mais algum tempo para nossa próxima passagem para LA e em
menos de uma hora depois, já estávamos decolando.
Estava anoitecendo quando finalmente pousamos na Califórnia, eu havia adorado
Londres e queria realmente voltar pra lá, mas como Robert mesmo disso, eu sentiria
falta do calor de Los Angeles.
- Pronto. Finalmente em casa. – ele disse jogando as malas em algum lugar do
apartamento e me puxando com ele para nos deitarmos no sofá.
Eu ri quando ele fechou os olhos, estava morto de cansado e eu estava sentindo falta do
nosso apartamento.
- Vem tomar um banho e depois nós dormimos Rob, temos faculdade amanha baby.
Ele resmungou mais me seguiu para o nosso quarto, ele foi para o banheiro e eu abri um
pouco as cortinas, dando lugar a vista maravilhosa da praia e da cidade.
- Amor? – ele me gritou me fazendo sorrir.
Tirei minha blusa e meu casaco deixando tudo jogado no chão, amanha eu arrumaria
aquilo tudo de qualquer forma.
Fechei a porta do banheiro e retirei minha jeans e meu all start, desamarrando os
cadarços e também jogando tudo ao lado da pia quadrada.
Ele estava na ducha e não pensei duas vezes antes de me juntar a ele.
Seus braços me rodearam e tomamos um banho delicioso juntos, com suas mãos
passeando por meu corpo, o ensaboando ou encharcando meu cabelo com o shampoo de
mel que havíamos comprado.
Eu tremi um pouco quando seus dedos delinearam as marcas em minhas costas, será que
ele iria comentar agora? Depois de tanto tempo olhando e tocando as cicatrizes, ele iria
falar algo agora?
Engoli em seco quando sua voz sussurrou em meu ouvido.
- O que foi? - ele perguntava levemente e eu sabia que ele não estava questionando das
cicatrizes e sim a reação do meu corpo ao seu toque nelas.
- Nada, não é nada. – mordi os lábios querendo me enrolar numa toalha, eu estava com
medo da rejeição.Mas seus braços não me soltaram e ele continuou a me dar banho
calma e cuidadosamente como sempre fizera.
Ele trocou minha roupa, me vestindo com uma de suas camisa e uma calcinha shorts.
Nos deitamos na cama e o colchão macio se afundou ao nosso peso, ainda mais quando
Robert se levantou e deitou por cima de mim, deixando a cabeça descansando em meus
seios.
Sorri acariciando seu cabelo enquanto ele entrelaçava nossas pernas em um nó firme e
forte.
Estava quase adormecendo, sua respiração ritmada e suave era tudo o que eu precisava
para ser levada ao sono, seus braços rodeavam minha cintura e apesar de não poder ver,
eu quase sentia que ele estava com o rosto sereno apesar de estar cansado.
- Você não se incomoda? – perguntei de repente.
- Com o que?
A voz me indicava que ele não estava adormecido.
Engoli em seco antes de responder.
- Com as minhas cicatrizes...
Tentei o máximo que pude falar daquilo com normalidade, não sei dizer se funcionou.
Pude sentir seu sorriso e seu polegar fazia círculos em minha cintura, me apertando
contra ele.
- Não. – respondeu simplesmente.
- Não? – eu não pude evitar ficar um pouco chocada com aquilo, minhas cicatrizes eram
enormes e horríveis, era impossível que ele não achasse aquilo ridículo.
- Sei que tem motivos por trás delas Kristen e já disse que vou esperar para que você
possa me contar.
Ele ergueu seus olhos pra mim, virando a cabeça para cima para que pudesse me
encarar. Eu já sentia meus olhos ficarem marejados pela intensidade dos dele.
- Além do quê... cicatrizes só mostram que você foi forte e corajosa o bastante para
passar por qualquer coisa que você possa ter passado Kris. E que você esta aqui hoje.
Comigo. É apenas com isso que eu me importo, contando que eu sempre possa te ter ao
alcance das minhas mãos.
Eu devo ter sorrido, mas não tive certeza, meus lábios estavam nos dele no minuto
seguinte.
Meu interior borbulhava de emoções cada vez mais conflitantes e que eu não sabia
distinguir nenhuma delas, mas sabia que as palavras dele tiveram um efeito estranho
sobre mim.
Talvez fosse a sinceridade que elas continham ou a intensidade delas e de seu olhar que
me queimaram por dentro. Seu rosto voltou a repousar em meu peito e minhas mãos
voltaram para seu cabelo, retribuindo um pouco do imenso carinho e amor que ele tinha
por mim.
Eu jamais poderia demonstrar a Robert o quanto eu realmente o amava, por que
palavras eram poucas demais pra isso e gestos eram simples se forem colocados com a
importância que ele tinha na minha vida.
- Eu te amo. – eu disse baixinho esperando que ele ainda estivesse acordado.
Ainda sim, qualquer verbalização do meu amor por ele, não era suficiente.
Robert sempre mereceria mais do que eu podia dar.
--
"Sempre haverá alguma coisa pra arruinar nossas vidas. Tudo depende do quê, ou de
quem nos encontra antes. Nós estamos sempre maduros e prontos pra sermos levados."

(Charles Bukowski)
Três semanas depois.

- Eu sei Taylor, mas eu já disse que viajei.


- Viajou? Pra onde Kristen? Você nunca sai de Los Angeles. – rolei os olhos controlando
minha língua para não o mandar pro inferno.
- Taylor, eu sou maior de idade vacinada e independente, não tente controlar a minha
vida okay?
- Controlar é um termo bem amplo. Pode ao menos me dizer onde estava? Caramba eu
fiquei preocupado. Te liguei inúmeras vezes e seu celular só estava desligado e você não
me ligou nem no natal.
- Eu nunca ligo pra ninguém no natal Taylor. Sabe disso.
- Eu achei que as coisas estavam melhores não?
- Sim, as coisas estão perfeitamente melhores Tay.
- E com você e o Robert? Está tudo bem?
- Sim, está tudo ótimo. Ele chega em casa daqui a pouco. – me abaixei ao lado da cama
para procurar um dos meus livros que eu deixei cair na noite passada.
Quer dizer que Robert derrubou enquanto tirava minha roupa. Me esforcei para não ri
no bocal do telefone me lembrando da noite de ontem.
Eu tinha razão, estava tudo muito perfeito.
- Diga que mandei um abraço a ele e Melanie está te mandando um beijo.
- Dê um beijo nela por mim e em Kristiny também.
Engoli o nó em minha garganta ao falar do bebê.
- Pode deixar. – ele suspirou. – Se cuide okay?
- Você também. Eu te amo Tay.
- Eu também te amo Kiki. Ah Kris...
- Oii.
- Haam... er..nada não, deixa, eu te ligo amanhã.
- Okay, até amanhã.
Me despedi dele e desliguei o aparelho, me abaixando novamente na cama sorrindo e
finalmente achando o livro.
Senti-me levemente tonta enquanto me levantava, o que vinha acontecendo com muita
freqüência nos últimos dias, minha sorte e que Robert nunca estava em casa ou então eu
passava mal na faculdade, se não ele já viria com preocupações desnecessárias e me
levaria a um médico.
Fiz uma careta.
Ninguém merece médicos.
Suspirei colocando meu livro em cima da cama e tirando minha roupa da faculdade,
tomei um banho morno sentindo vontade de tomar banho frio por que o calor de LA
estava insuportável aquele dia.
Coloquei meus shorts jeans com uma blusa velha de Rob e amarrei onde ficava mais
folgado.
- Amor? – ouvi a porta da sala batendo e sorri feliz que ele já tinha chegado em casa.
Fui em direção a ele que me abraçou dando um beijo em minha testa sorrindo.
- Hey baby. – disse o ajudando com a gravata que ele odiava usar.
- Hey, tudo bem?
- Yepe, tudo ótimo. – retirei a gravata por cima de sua camisa enquanto suas mãos já
estavam na minha cintura e ele se abaixava pra me beijar.
M deixei levar sorrindo por entre o beijo enlaçando meus braços em seu pescoço e
ficando na ponta dos pés para lhe dar maior liberdade com meu corpo.
- Senti sua falta. – ele murmurou sugando meu lábio inferior e passando sua língua no
contorno dele me deixando completamente necessitada dele.
- Eu também baby. – ele sorriu ainda mais me erguendo para que eu cruzasse minhas
pernas em seu quadril, eu o fiz sorrindo terminando de abrir os botões de sua camisa
social branca que ele também odiava usar. – Vai tomar um banho uh? – lhe beijei
novamente. – Vou fazer alguma coisa pra gente comer. – lhe beijei mais molhado e mais
demoradamente.
- Okay. – ele respondeu mordendo de leve minha língua para depois caminhar comigo
em seu colo até a cozinha, me deixando sentada em cima do balcão, com aquele seu
sorriso perfeito nos lábios. – Eu já volto. – ele me beijou de novo antes de sair.
Eu ri sozinha enquanto descia do balcão e mexia na geladeira e no forno, tentando achar
algo para que pudéssemos comer agora.
Peguei duas caixas de hot pocket e liguei o microondas, não era bem o que eu esperava
fazer de janta, mais era a única coisa que eu tinha em mente no momento.
Coloquei os minutos necessários e esperei sentada no balcão enquanto via o prato
branco lá de dentro ficar girando. Me senti idiota e fiquei com vontade de rir de novo.
- O que foi?
- Foi o que? – olhei pra entrada da cozinha o vendo chegar perto de mim sorrindo,
ficando entre minhas pernas com suas mãos em minha coxa.
- Essa cara de feliz?
- Eu sou feliz. – ri a ele que me retribuiu.
- Certo, e então o que temos hoje? – perguntou de brincadeira começando a beijar meu
rosto.
- Desculpe baby, sem inspiração pra cozinhar. Vamos de hot pocket.
- Okay. – ele disse rindo e abrindo o microondas quando o mesmo já havia apitado. –
Quer o de bacon certo?
- Isso. – ele já sabia do que eu gostava sem nem mesmo me perguntar.
Ele colocou os dois em um pratinho e sentou ao meu lado no balcão.
- Acho que não precisamos da mesa uh? – comentei o fazendo rir.
- A mesa foi um desperdício baby. – disse comendo.
- Haam. – disse limpando minha boca e me lembrando do telefonema de Taylor. –
Taylor te mandou um abraço.
- Ele ligou hoje?
- Sim, queria me perturbar por não ter ligado pra ele no natal. – rolei os olhos.
- E por que você não ligou? – perguntou abrindo a geladeira com o pé para depois pegar
uma latinha de coca pra gente.
Dei de ombros.
- Não sei, nunca ligo pra ninguém no natal.
- Haam. Nós podemos ir a Nova York qualquer dia desse, ele sente a sua falta, você
sabe.
- Eu sei, também sinto falta dele. – disse sincera.
- E você é a madrinha da filha deles, podemos ir lá visitar o bebê. – disse sorrindo.
- Nós somos os padrinhos Rob e está falando sério? – ele riu baixo me passando a lata já
aberta.
- Claro amor. Eu adoro bebês.
Tentei disfarçar minha expressão bebendo o refrigerante, que também iria ajudar a
descer o nó estranho que se formava em minha garganta naquele momento.
- Kris? Kristen? – ele me chamou, sua voz parecendo um pouco distante. – Kris? – suas
mãos agora estavam em meu rosto.
Engoli em seco forçando um sorriso.
- Oi.
- Está okay? – perguntou preocupado.
- Claro, eu comi algo estranho na faculdade, isso está mexendo com meu estomago. –
rolei os olhos, mas eu realmente estava me sentindo enjoada, talvez fosse aquele bacon.
- Certo, já disse para não comer aquelas porcarias.
Eu gargalhei.
- Qual é Rob, você come mais aquelas coisas do que eu.
Ele riu junto comigo.
- Está mesmo bem não é?
- Claro que sim, deixe de paranóia. – sorri e joguei a caixinha com metade do sanduíche
fora e lhe dei um beijo. – Eu tenho que estudar pra amanhã. – pulei do balcão ainda
agarrada a ele. – Estarei na sala. – lhe beijei de novo e sai da cozinha.
Entrei no nosso quarto indo direto pro banheiro, forcei o vomito mesmo que minha
barriga já estivesse embolada o suficiente para isso não ser necessário.
Impedi meus ouvidos de ficarem martelando as palavras dele em minha mente.
Eu adoro bebês. Eu adoro bebê.
OMG.
Vomitei mais uma vez enquanto lavava as mãos, o cheiro do sabonete me enjoando até a
alma.
- Kris? Amor você esta mesmo bem? – ele chegou por trás de mim, eu vi sua sombra já
que não olhava pelo espelho.
- Sim, eu estou Rob, foi o maldito bacon.
- Não quer ir a um hospital? – ele já estava se preocupando a toa.
- Não. – me virei pra ele sorrindo. - Estou mesmo bem. – lhe dei um beijo de leve. –
Agora tenho que estudar.
- Okay, vou terminar uma planilha e volto pra ficar com você.
- Tudo bem. – ele me beijou na testa e saiu do quarto.
Ele devia estar em um dos quartos que fizemos de escritório já que o apartamento tinha
dois quartos sobrando.
Ah meu Deus, era por isso que tínhamos mais quartos? Por que ele queria bebês?
Era claro que ele queria bebês Kristen. Vocês estão juntos, nada mais norma do que ele
querer ter uma família...
Mas ele queria uma família pra agora? Quer dizer...
Ah droga, eu nem sabia mais o que pensar.
Engoli meu choro e fui pro quarto fazer o que eu tinha pra fazer, amanhã eu teria alguns
testes na faculdade e não poderia deixar de passar neles.
Sentei em nossa cama com meus livros de álgebra e porcentagem abertos, mergulhei
nos números e símbolos até onde eu pude, entendendo cada qual ao seu modo e fazendo
e refazendo mil vezes a mesma questão até que ela se infiltrasse em meu cérebro.
Já se passava das nove da noite quando a campainha tocou, Robert gritou que iria
atender.
Eu só soube um minuto mais tarde, que o meu inferno estava recomeçando.
--
Capítulo 24
Capítulo 24

Notas iniciais do capítulo


ufaa, consegui trazer ainda hoje :D

Apagar a Luz

‘’Todo mundo é capaz de dominar uma dor, exceto quem a sente. ’’


(William Shakespeare)

- Rob? Quem é baby? – disse caminhando pelos corredores até chegar à sala.
Ele estava com a porta aberta e com o cenho franzido, seus braços estavam cruzados em
frente ao peito e tinha uma expressão que não pude identificar.
- Rob? – ele me olhou quando o chamei.
- Kristen...
Em um momento de pura rapidez, eu vi uma silhueta magra e feminina adentrar o
apartamento, meu coração começou a disparar no peito, meu corpo entrou em uma
tremedeira sem fim e eu já estava ficando entorpecida.
- Kristen? – ela falou com a voz sufocada pelas lágrimas que eu já podia ver em seu
rosto.
- Mãe? – minha voz ainda mais abafada que a dela, a descrença atingia minhas veias
como rajadas fortes de uma ventania.
Era impossível que minha mãe estivesse realmente ali.
Eu só podia estar vendo coisas, ainda estava esperando que ela desaparecesse como
fumaça ou que eu acordasse suando no meio da noite depois de um sonho...
Ou um pesadelo. Eu ainda não sabia identificar onde eu estava.
Ela deu um passo em minha direção com o corpo sendo sacudido pelo que eu achei ser
espasmos por causa das lágrimas.
Não consegui andar, eu não conseguia me mover. Nem pensar eu estava conseguindo.
- Kris? – ela me chamou e eu arfei por um momento percebendo que era ela realmente.
Os cabelos curtos e escuros, a pele branca como a minha, os olhos tão claros de um
verde intenso apagava as marcas do tempo em seu rosto.
A expressão maternal que eu tentava afundar a cada dia em minha mente estava ali.
Estava novamente na minha frente.
- Mamãe...
- Filha... nós viemos te ver..e ...eu só queria ver você...
E eu já não pensava mais, num impulso que foi impossível de controlar eu estava
andando até ela e me jogando em seus braços com as lágrimas caindo de meus olhos
sem que eu pudesse as manter por dentro de mim.
Ela me segurou tão forte, mais tão forte que eu não achei que ela tivesse essa força,
rodeei sua cintura com meus braços e afundei meu rosto em seu pescoço sentindo o
cheiro de amor de mãe que há anos eu não sentia.
- Oh Kristen... – ela soluçou. – Eu achei que não fosse querer me ver. – nós duas
chorávamos agora, os soluços se perderam em algum momento e tudo o que restou foi o
meu paraíso nos braços da minha mãe. – Você esta bem? – ela perguntou me olhando,
eu me esqueci de tudo ao meu redor, eu nem me importava mais onde estava, a única
coisa que minha mente ainda se lembrava era de Robert e eu sorri quando olhei por trás
dela e o vi ainda na porta aberta com um sorriso perfeito no rosto.
- Eu estou ótima mamãe. Eu estou muito bem. – disse limpando minhas lágrimas.
- Sim, eu estou vendo filha. Você esta feliz. – suas mãos trêmulas tiraram meu cabelo do
rosto.
- Sim, eu estou muito feliz...
Minha frase morreu no mesmo instante em que eu escutei a voz dolorosamente
conhecida, olhei novamente por sobre o ombro dela para ver o meu horror crescendo
mais e mais a cada segundo.
- Boa noite. – Robert o cumprimentou educado.
NÃO.
Não. Ele não merecia educação.
Ele não merecia entrar em nossa casa.
Meus braços saíram imediatamente da minha mãe e eu os cruzei em frente ao meu peito
dando um passo totalmente defensivo pra trás.
Meus olhos se arregalaram no espanto e no medo que já começava a me envenenar, me
fazendo querer sair dali...
Foquei meus olhos em Robert que me olhava com a testa franzida e implorei com o
olhar para que ele chegasse perto de mim já que eu não conseguia fazer nenhum
movimento.
- Filha? – voltei minha atenção pra minha mãe tentando focar meus olhos em um único
ponto, mas eu não estava conseguindo, a presença daquele homem na sala me deixava
perigosamente com medo e completamente sufocada.
Em menos de um segundo Robert já estava do meu lado, passando seus braços por
minha cintura me deixando mais calma por tê-lo ali comigo.
Nada me aconteceria enquanto eu tivesse Robert.
Seu amor por mim e o meu amor por ele era como uma proteção, para ambos.
Ele era minha fortaleza.
- Boa noite Kristen.
Eu quis vomitar, meu estomago se embolou e eu tive que resistir ao impulso de levar as
mãos na boca.
O tenente Brian Wood me olhava com aqueles mesmos olhos em tons escuros que eu
me lembrava, ele ainda me dava nojo e me fazia sentir suja só de respirar o mesmo ar
que eu.
Eu não iria agüentar prender o vomito por muito tempo.
Me desvencilhei de Robert e cheguei ao banheiro social em passos rápidos e ligeiros,
meus joelhos cederam ao mesmo tempo em que a bile amarga subia por minha garganta.
Senti as mãos grandes de Robert segurando meu cabelo e minha testa enquanto me
debruçava sobre o vaso e colocava até o que eu não tinha pra fora.
- Nós vamos ao médico. – ele disse enquanto me pegava no colo e se sentava no chão
frio do banheiro.
- Não, não vamos, por favor.
- Eu não vou deixar você assim Kristen.
- Eu estou bem Rob. – coloquei minhas mãos em seu rosto ainda respirando com
dificuldade. – Acredite em mim, eu estou bem.
Ele resmungou algo que não entendi.
- Onde eles estão? – perguntei de repente não querendo dizer nomes.
- Sua mãe queria vim até aqui, mas achei melhor não. Estão te esperando na sala.
Assenti com a cabeça o agradecendo silenciosamente por aquilo.
Eu estava morrendo de saudades da minha mãe e tudo que eu queria era passar algum
tempo com ela, mas talvez isso não fosse possível... não com aquele homem com ela.
- Quer ir deitar? Acho melhor você descansar um pouco. – ele passou os dedos em meu
rosto me beijando de leve.
- Eu também acho melhor. - de repente eu me sentia cansada demais ou talvez fosse só
uma desculpa para não ver aquele homem de novo.
- Vai se despedir da sua mãe?
- Vou. – disse querendo chorar novamente. Mas eu não poderia magoá-la.
Ele me ajudou a levantar e pendeu meu cabelo em um rabo de cavalo alto, por um
momento eu me lembrei que estava de short e corri para o quarto colocando uma calça
de moletom preta.
- Pra que isso? – Rob perguntou na porta do quarto.
- Pra nada, acho que estou ficando com frio.
Não sei dizer se ele acreditou em mim, mas seus braços me rodearam e seguimos para a
sala.
- Você está bem? – minha mãe perguntou assustada, crispei minhas mãos na blusa de
Robert engolindo em seco e assentindo com a cabeça.
- Sim...está tudo bem... – ela concordou comigo.
- Nós estamos em um hotel, eu posso te ver amanha filha? – seus olhos me eram tão
intensos que eu me vi concordando.
- Sim...eu..te ligo. – eu achei que ela fosse chorar novamente, mas ela apenas me
abraçou me deixando um pouco desconfortável por sair dos braços de Robert, mas eu
também havia gostado de tê-la tão perto.
- Boa noite Sr Pattinson.
- Boa noite Sra. Wood. – eles se cumprimentaram e eu virei o rosto, encarando a camisa
de Rob quando Brian se aproximou para apertar a mão dele.
Vi Robert por um momento vacilar em apertar sua mão, como se não o quisesse fazê-lo
e apenas depois de um segundo eles se encararam, Robert tinha a expressão um pouco
fechada e meio que relutante ele apertou a mão de Brian.
- Boa noite Kristen. Espero te ver amanha querida. – ele disse.
O idiota não se atreveu a se aproximar de mim.
Covarde estúpido e imbecil.
Ele não tinha coragem pra se meter com alguém do tamanho dele e ele estava intrigado
com Robert para tentar algum tipo de aproximação.
Foi apenas quando Rob trancou o apartamento que eu me permiti chorar, chorar
imensamente. Ele se assustou e me embalou em seus braços como um bebê, sussurrando
melodias para me acalmar.
De repente senti minhas costas em algo macio e percebi que estávamos no nosso quarto,
ele me depositou na cama e já ia se levantar quando minhas mãos se travaram em seu
pulso.
- Não. Por favor, não... me deixe aqui Rob.
- Shii... sabe que não vou te deixar... eu estou aqui. – eu chorei ainda mais.
Ele se deitou ao meu lado me puxando para seu peito, eu ainda me lembro de ter
chorado por muito tempo sem que ele fizesse nenhuma pergunta.
Meus soluços foram diminuindo gradativamente e eu me sentia um pouco, apenas um
pouco melhor com o decorrer das horas.
O cheiro calmo e perfeito de Robert me inebriando e me deixando em um delicioso
estado de torpor que eu abracei e que era muito bem vindo naquele momento.
Eu não queria pensar em nada que não fosse Robert.
Nada que não fosse estar nos braços deles como eu estava agora.
--

‘’Essa é uma das coisas que as pessoas não nos ensinam quando falam de crescer: como
lhe dar com as dores que não passam com um beijo.’’
(Soul Love)

Eu não dormi naquela madrugada.


Tudo estava acontecendo rápido demais.
Em menos de 12 horas eu estava na cozinha da nossa casa comendo um hot pocket com
Robert enquanto falávamos besteira e no minuto seguinte, meu mundo desmoronava em
pedaços que eu não sabia se seria capaz de juntá-los novamente.
Robert tantas vezes me chamou de forte, mas forte, era a única coisa que eu não me
sentia quando estava na presença de Brian ou quando era obrigada a encarar meu
passado nojento assim, tão de perto.
Minha mente gritava que eu devia ser corajosa e racional o suficiente para enfrentar isso
de cabeça erguida, e por diversas vezes eu me sentia assim. Forte, corajosa.
Mas no segundo seguinte, minhas lembranças me traiam e as marcas do meu corpo me
gritavam, como em aviso para que eu nunca ficasse livre daquelas coisas em mim.
Eu tinha consciência que minha mãe tinha que saber de tudo, não por mim é claro, mas
por ela mesma, ela tinha que saber que convivia com um monstro dentro de casa.
Por que Brian era perigo para qualquer um a sua volta, não que ele fosse fazer com
todos o que fez comigo, ele adorava apenas crianças, por isso ele me escolheu naquele
maldito caminhão rumo ao México.
Sua expressão de fome enquanto me olhava ainda ali na sala me deixava sufocada,
fazendo minha garganta travar impedindo meus pulmões de circularem com o oxigênio.
Apertei mais forte minhas mãos na blusa de Robert e testei meu ar, respirando fundo a
pele de seu pescoço onde eu me mantinha encolhida e totalmente protegida e aquecida.
Ergui meu rosto e tracei as linhas do rosto de Rob com a ponta dos meus dedos, eu não
sabia o que seria de mim se não fosse ele. Se não fosse seus braços para me abraçar
naquele momento e me aquecer.
Eu estava sentindo tanto frio, mas ele me esquentava; Robert era capaz de esquentar
minha alma.
Não sei em que momento daquela madrugada eu adormeci, mas tinha consciência para
sentir que ele me abraçava com cada vez mais força em seu sono, eu me sentia tão bem
e segura que não foi difícil fechar os olhos cansados e já vermelhos de tanto chorar.
Acordei o que me pareceram ser minutos, mas eu sabia que já tinha se passado horas
desde que eu havia dormido.
Tateei a cama ao meu lado encontrando o lençol já frio e vazio, meu peito se apertou e
eu abri os olhos que doeram um pouco por conta da claridade que entrava pela parede
de vidro.
- Rob? – perguntei meio difusa e com os olhos meio apertados retirando o edredom de
cima de mim e me sentando na cama. – Rob? – repeti meu chamado constatando que
ainda era cedo para ele ter saído já que ainda eram 06h07min da manhã.
Olhei ainda pelo quarto para ver se ele estava em algum lugar por ali numa vã esperança
de que ele não tivesse me deixado sozinha, foi quando escutei sua voz.
- Hey amor. – me virei rapidamente pra onde vinha sua voz e o vi com a calça e a blusa
de ontem, os cabelos em um total caos e ele não podia estar mais lindo. – Eu não quis te
acordar. – disse se aproximando e me beijando os lábios de leve. – Ainda está muito
cedo. – sua mão colocou uma mexa de meu cabelo pra trás.
Eu me levantei, ficando de pé na cama para me sentar em seu colo novamente,
escondendo meu rosto em seu pescoço e ouvindo seu riso baixo.
- Onde estava? – perguntei tentando não parecer manhosa, mas ele sorriu me enlaçando
o corpo todo.
- Estava no escritório. Tenho que terminar algumas coisas para hoje.
- Ah sim. – disse apenas, eu entendia que ele tinha que trabalhar.
- Não quer dormir mais um pouco? Te acordo na hora da faculdade. – ele me deu um
beijo na testa carinhoso fazendo com que eu não quisesse sair dali nunca mais.
- Não. Não estou mais com sono. – respirei seu cheiro gostoso pra mim, me deixando
intoxicada e levemente tonta.
- Demorou a dormir ontem. – ele comentou.
- Me desculpe pelo meu surto, eu não queria te deixar assustado. – respondi sincera.
- Não me assustou, só fiquei preocupado. – suas mãos faziam um carinho tão bom em
meu cabelo que eu já estava cogitando a idéia de poder mesmo voltar pra cama. – Quer
conversar sobre isso? Sabe que vou te ouvir.
Respirei fundo, eu não queria falar sobre aquilo, não agora.
- Tudo bem. – ele disse quando viu que eu não iria falar nada. – Olha pra mim.
Eu o fiz e ele segurou meu rosto entre suas mãos.
- Não precisa fazer nada que não queira. Se não quiser me contar, não precisa fazer isso.
Se não quer ver sua mãe, também não precisa, sabe que vou fazer o que você quiser.
- Obrigada. – disse com a voz embargada. Abracei seu pescoço com força tentando me
impedir de chorar. – Eu só tenho medo. Tenho tanto medo.
E o meu principal medo, era de perdê-lo.
- Eu sei. Vou estar aqui Kiki.
Assenti com a cabeça me escondendo de novo em seu pescoço.
- Está tudo bem. – e ele me embalou de novo, eu não chorava, mas queria sentir ele
comigo.
Seus braços me deitaram na cama e ele se deitou do meu lado, puxando minha cabeça
pro seu peito e acarinhando meus fios de cabelo até que eu estivesse melhor.
- Canta pra mim? – eu pedi necessitada de ouvir sua voz.
- Quando você quiser.
Ele começou com a melodia suave que não demorei a reconhecer, era The Fray.
E ele estava cantando pra mim.
-Há algumas coisas sobre as quais não falamos, melhor continuarmos assim, e
simplesmente segurar o sorriso, apaixonando e desapaixonando, envergonhado e
orgulhoso, juntos todo tempo...
Você nunca pode dizer nunca
Ainda não sabemos quando
Mas de novo e de novo
Mais jovens do que éramos antes
Não me deixe ir
Não me deixe ir
Não me deixe ir

- Você é a rainha de tudo... até onde o olho enxerga sob seu comando, eu serei o seu
guardião, quando tudo estiver desmoronando, vou segurar firme a sua mão.
Você nunca pode dizer nunca
Ainda não sabemos quando
De novo, de novo e de novo
Mais jovens do que éramos antes
Não me deixe ir
Não me deixe ir
Não me deixe ir

- Nós estamos nos separando, e chegando juntos, novamente e novamente, nós estamos
distanciando um do outro, mas nós nos mantemos juntos, nos mantemos juntos, juntos
de novo...

Eu estava junto com Robert.


Era isso que importava.
--
Capítulo 25

Notas iniciais do capítulo


espero que gostem desse capitulo meninas :)

Apagar a Luz

Eu liguei pra minha mãe, marcando de nos encontrarmos no píer de Santa Monica,
depois de uma longa conversa com Robert e comigo mesma sobre o que eu deveria ou
não fazer.

E eu não podia magoar minha mãe.

Não depois de tudo o que eu já causei a ela.

- Você vai ficar bem não é? – ele perguntou pela milésima vez enquanto me deixava na
porta da faculdade ainda dentro do taxi.

- Já disse que sim Rob. – sorri a ele e ajeitei mais sua gravata que vez ou outra ele tinha
mania de afrouxar, eu não o culpava eventualmente, aquilo devia incomodar pra
caramba.

- Tudo bem, apenas me ligue qualquer coisa.

Ele me deu um beijo demorado nos lábios e depois um na testa. Sorri lhe beijando de
novo antes de sair da taxi.

Acenei ainda na calçada e o vi partir, podendo assim tirar aquele ar de confiança que eu
realmente não sentia, mas que era necessário para não deixá-lo preocupado.

Eu não estava com medo de encarar minha mãe, afinal ela era isso... ela era apenas
minha mãe.
Estava me sentindo apenas incerta quanto a tudo isso, eu não saberia o que dizer a ela e
tinha medo de que nossa relação ficasse mais abalada do que já estava.

É claro que mais de seis anos longe de casa criava todo tipo de afastamento, mas saber
que isso podia ser estampado ali na minha cara, era demais.

Eu odiaria decepcionar minha mãe mais do que ela já era decepcionada comigo.

Balancei a cabeça tentando tirar todos os pensamentos da minha mente.

Precisava me concentrar em minhas provas de hoje ou ficaria bem encrencada no final


do meu penúltimo semestre.

Entrei na sala e senti falta de Tom me gritando de ‘’Kristenzinha’’ no corredor.

Sorri lembrando dele e de Dakota, fazia quase uma semana que não nos víamos, Dakota
estava enfurnada em seu estágio ou nos livros por que iria se formar no meio do ano e
Tom assim como Robert já estava formado.

Nós não fomos a festa de colação de grau deles, preferimos sair para um pub onde teria
um show do Sam e como eles mesmo diziam, ‘’ o diploma ta na mão e é isso que
importa ‘’

É claro que eu e Dakota nos matávamos de rir com os três quando estavam bebendo e
falando besteira, a noite acabou sendo muito melhor que qualquer festa de formatura.

O professor não demorou a entrar na sala e logo aquela folha com todas aquelas
questões foram colocadas em minha frente, eu quis sair dali e ir pra minha casa, mas
sabia que precisava daquilo, afinal iríamos entrar em fevereiro e partir dali tínhamos que
estudar mais ainda, por que o próximo semestre era mais para o lado do estágio.

Eu devo ter ido bem na prova, respondi todas as questões e fui uma das primeiras a sair
da sala.

Peguei meu celular assim que cheguei ao pátio externo.

Liguei pra Robert, mas dava apenas caixa de mensagem, ele deveria estar em reunião,
sorri já sabendo que ele ia chegar em casa estressado.

Deixei um recado no telefone.

‘’Baby, acabei de sair da faculdade, você deve estar em reunião então me ligue depois,
estou indo encontrar minha mãe e... espero que você esteja bem. Eu te amo.’’

Desliguei e fiz sinal pra um taxi que passava na rodovia, disse a ele o endereço e nós
seguimos pra lá.
Passei um SMS pra ela, avisando que já estava chegando ao píer e ela me deu um toque
avisando que já estava lá.

Respirei fundo quando desci do taxi e engoli em seco quando a avistei com um pote de
frozen de iorgute na mão sorrindo pra mim.

Ela tinha os óculos escuros na cabeça e usava bermuda larga de pano com uma blusa
branca combinando com sua sandália de verão clarinha.

- Oi. – ela disse.

Jules ainda parecia meio receosa de falar comigo, apesar de demonstrar estar apta a me
ouvir mesmo que eu tenha ficado mais de seis anos sem dar noticias.

- Oi mãe. – eu me sentia bem em chamá-la assim, mesmo sabendo que eu não tinha esse
direito.

- Toma, eu trouxe pra você. Tem pingos de castanha e chocolate. – ela sorriu me
passando o frozen e eu sorri agradecida, ela ainda se lembrava de como eu gostava das
coisas. – Vamos dar uma volta? Acho que nunca vim a Los Angeles. – comentou
começando a caminhar comigo ao seu lado.

Eu tinha minha mochila nas costas, usava minha skinny azul marinho com uma blusa
vermelha clara e colada no corpo, com meu all star, não era nada in beach, mas eu não
me importava e estava muito confortável.

Já era quase cinco horas e o sol ainda brilhava, mesmo que fracamente e ainda havia
calor por ali.

- Você vai gostar daqui, é quente e sempre tem muita acontecendo.

- É, eu já estou adorando. Vim com Brian hoje na praia, o mar é uma delicia.

Assenti com a cabeça tomando meu frozen antes que tivesse vontade de vomitar ao
ouvir ela falando dele.

- Como me achou aqui? Quer dizer, você não sabia onde eu morava com Robert. –
afirmei de simples enquanto nos sentávamos em algumas cadeiras brancas de uma
barraca perto da praia, coloquei minha mochila em cima da mesa pondo meus pés em
cima da minha cadeira, a olhei levando mais frozen a minha boca.

- Haam... – ela estava hesitante, então eu descobri.

- Taylor? – eu tentei não me sentir irritada com aquilo.

Ela suspirou derrotada.


- Não se irrite com ele Kristen, ele só estava tentando me ajudar, ele me alertou de que
não seria uma boa idéia vir até aqui.

Eu não respondi, virei meus olhos para o mar recebendo uma rajada fraca do vento que
agora balançava meus cabelos.

- Você não quer conversar?

Olhei pra ela novamente.

- Conversar sobre o quê?

Perguntei torcendo para que ela não ultrapassasse um limite invisível entre nós.

- Não sei..sobre tudo. – ela deu de ombros também olhando para o mar. – Sobre sua vida
aqui, sobre a faculdade...amigos e...sobre Robert.

Suspirei mastigando os pingos de castanhas do frozen.

- A vida aqui é incrível, tenho amigos na faculdade e eles também são as pessoas mais
incríveis que já conheci.

Ela sorriu quando me viu sorrir também.

- E Robert?

- Ele é perfeito. – disse sincera.

Perfeição era a única palavra que poderia juntar todas as qualidades de Robert.

Ele realmente era perfeito.

- Está feliz não é?

- Muito, como nunca pensei em ser um dia.

- Isso é tão bom de ouvir Kristen. – olhei para seu rosto e seus olhos estavam marejados,
desviei na mesma hora, eu não precisava chorar também.
- Sim, isso é muito bom.

Acabamos caindo em um silencio confortável.

Terminei de tomar meu frozen e deixei o potinho de plástico em cima da mesa,


abraçando meus joelhos em cima da minha cadeira branca.
- Ficou aqui no natal?

Me assustei um pouco, nós estávamos em um silencio relaxante que sua voz me


sobressaltou.

- Não. Eu...viajei.

- Ah sim... Taylor foi pra Miami, deve ser por isso que ele não conseguia te ligar. – ela
queria saber onde eu tinha ido e suspirei antes de responder.

- Estava em Londres com Robert.

- Quê?

- Eu, eu estava em Londres.

- Por que?

- Fomos passar o natal com a família dele.

Respondi e tarde demais percebi que aquilo a tinha magoado.

Merda.

Era por isso que eu me mantinha longe, eu sempre a machucava de uma forma ou de
outra, até mesmo quando estava tentando ser legal e me redimir, dando a ela satisfações
da minha vida que eu não precisava dar.

- Sinto muito...eu..

- Está tudo bem. – ela sorriu forçado e eu não insisti nas coisas virando novamente meu
rosto pro mar que me lembrava Robert.

Era a mesma calmaria, tranqüilidade e paz que ele me passava, sem contar na cor dos
seus olhos, os azuis esverdeados, da cor do oceano que me deixavam inebriada.

- Como são seus amigos?

- Tenho três. A Dakota que é linda e fissurada por compras com uma animação e alegria
sem limites. – eu sorri a encarando. – Tem o Tom que é como se fosse meu irmão mais
velho. E o Sam, que é um músico talentoso e que é gentil e preza os amigos como só ele
o faz.

- Conheceu eles na faculdade?

Eu deveria estar me incomodando com todo o interrogatório, mas na verdade estava


alegre de poder conversar sobre aquilo com ela, eram seis anos de distância e nós duas
estávamos tentando suprir isso, mesmo que a minha maneira fosse ainda um pouco
errada.

- Não, eu os conheci quando comecei a sair com Robert. Todos eles são como irmãos e
só depois eu ‘’ entrei pra família. ’’

Sorri me lembrando de todos.

- É bom saber que tem amigos assim aqui com você. Eles devem ser ótimos.

- Sim, eles são. É como uma família aqui em Los Angeles.

Ela assentiu sorrindo pra mim.

- Seu irmão queria vim pra cá também. – ela disse depois de um tempo em que ficamos
caladas.

- Cam? – eu quis chorar ao falar do meu irmãozinho. – Ele está bem?

- Sim, ele está ótimo. Ele queria vim até aqui, conhecer você.

Senti meus olhos marejarem e foquei minha atenção nas ondas que batiam no píer.

Quando eu sai de casa, Cam era apenas um bebê e depois quando voltei do México, ele
já tinha quase quatro anos, sai de casa de novo e nunca mais o vi, era claro que ele não
me conhecia e eu sentia uma falta enorme dele, assim como sentia de Taylor.

- Ele viu uma foto sua esses dias na biblioteca lá de casa, ele disse que você devia estar
mais linda ainda depois de crescida.

Me neguei a encará-la e senti algo quente e salgado escorrendo pela minha bochecha,
junto com um nó espinhoso em minha garganta.

- Será que eu poderia levar uma foto sua pra ele?

Engoli em seco lutando para segurar as lágrimas dentro de mim.

- Eu não tenho fotos, não tiro nenhuma.

- Ah sim, bom...contarei a ele que ele estava certo então.

Me virei pra ela com o cenho franzido ignorando o fato de que ela pudesse estar vendo
minhas lágrimas.

- Você realmente está muito mais linda depois de crescida princesinha.


Meus lábios tremeram e eu os mordi para que parassem com aquilo, meus olhos
arderam pela força com que eu brigava com minhas lágrimas para impedi-las de molhar
meu rosto. O que acabou sendo impossível.

Eu comecei a chorar, um choro silencioso onde a única coisa que eu sentia, era mágoa.

Magoa das pessoas que me arrancaram da minha família, mágoa das pessoas que me
fizeram perder a minha infância, magoa do meu passado sujo e nojento que ainda
ameaçava me sufocar, mágoa de Brian por ainda estar vivo mesmo depois de tudo o que
fez comigo.

Mas acima de tudo isso.

Eu tinha a mágoa por mim mesma.

Eu sabia que essa mágoa viraria ódio em apenas alguns segundos e depois repulsa,
fazendo com que eu desejasse mais uma vez aquela bolha cômoda que a depressão me
causava.

Fechei meus olhos com força travando meus braços em volta do meu joelho e
agradecendo aos céus por Robert não poder esta me vendo daquela forma tão fraca.

Senti braços pequenos e acolhedores me rodeando e devolvi o abraço materno que


estava recebendo.

Chorei junto com minha mãe por muitos segundos, ela não dizia nada e nem eu, não era
preciso, aquele era o nosso momento, depois de mais de seis anos, nós finalmente
estávamos ali, juntas e dando um abraço que já havia muito que estava atrasado.

- Eu te amo filha, eu amo tanto você Kristen.

Eu solucei um pouco mais alto retirando meu rosto de seu ombro para buscar um pouco
de ar.

- Eu sinto muito mamãe....por tudo...eu realmente sinto tan-to.

Ela voltou a fechar seus braços ao meu redor e continuamos com nosso pequeno
momento por vários e vários minutos, eu sentia que não queria deixar que ela se fosse.

Eu estava com medo de mim mesma, porque sabia que eventualmente, eu iria afastá-la
de mim em algum momento.

Quebramos nosso abraços e ela sorriu pra mim sem se afastar do meu lado, ela puxou a
cadeira mais pra perto e continuamos a conversar.

Conversamos tanto sobre tantas coisas que quando eu percebi já era mais de 7horas da
noite.
Robert já devia ter chegado do trabalho e com certeza estava me esperando.

Foi só pensar nele que meu celular tocou, com o seu toque personalizado com o som de
Lifehouse, You and Me.

- Hey.

- Oi baby, está tudo bem? – ele perguntou.

- Sim, tudo bem. Já esta em casa?

- Vou chegar em alguns minutos, ainda está com sua mãe?

- Sim, estou na praia, mas também já estamos indo.

- Tudo bem. Eu te vejo em casa. Eu te amo.

- Eu também te amo.

Desliguei o telefone com um sorriso no rosto e olhei pra minha mãe que também sorria
pra mim.

- Ele parece mesmo ser perfeito uh? – eu ri baixo.

- Sim, ele é. Ele é muito.

Ela sorriu.

Nos levantamos e nos despedimos no final do calçadão de Santa Monica, ela pegaria um
taxi até seu hotel e eu segui pra minha casa.

Em pouco tempo eu estava subindo os elevadores e entrando pelo apartamento, tirando


os all star e jogando minha mochila tudo em um canto só ao lado da porta. Deixei
minhas chaves com o meu chaveiro em cima da mesinha de centro da sala e chamei por
Robert no apartamento.

- Baby? – gritei pelo corredor e verifiquei em nosso quarto e banheiro, mas ele ainda
não havia chegado do trabalho.

Tomei um banho morno e fui pra cozinha, eu estava inspirada pra cozinhar naquela
noite, apesar de me sentir um pouco cansada mentalmente, eu estava afim de fazer algo
gostoso para a janta.

Peguei algumas batatas na geladeira e limpei tudo enrolando em uma folha de alumínio
e colocando para gratinar no forno.
Temperei alguns filés de frango ligando o fogão e os grelhando na chapa com cebolas
do jeito que Robert adorava.

Fiz alguns legumes cozidos e um suco de laranja deixando tudo no pró-aquecimento,


por que eu só iria comer quando Rob chegasse, até porque eu também não estava com
muita fome.

A campainha tocou bem na hora que eu retirei as batatas do forno e me queimava


levemente.

Corri para a porta e na pressa de voltar a cozinha acabei nem vendo no olho mágico.

Meu estomago embolou e eu senti a bile chegando com força ao ver Brian na minha
porta.

- Olá gracinha.
Capítulo 26
Capítulo 26

Notas iniciais do capítulo


Meninas, eu repostei o capitulo, espero que agora dê para entender melhor :) amanha
mesmo eu venho com outro okaay?

obrigada pelos reviews *--*

Apagar a Luz

“Há duas tragédias na vida, uma é perder o que o seu coração deseja, a outra é
consegui-lo.”
(George Bernard Shaw)

- O que você esta fazendo aqui?

Foi a primeira coisa que saiu de meus lábios, minha voz era fria e rude, e eu não fazia
esforço para mostrar o meu horror por ele estar aqui.

- Oras Kristen. Vamos lá, só quero conversar com você.

- Sai da minha casa. Agora.

Eu disse com o maxilar travado.


- Apenas um minuto.

- Não tenho nada pra falar com você. – eu quase cuspi as palavras nele, embora a minha
vontade fosse realmente essa e depois matá-lo se possível.

- Nós dois sabemos que temos gracinha.

Sem falar nada eu tentei fechar a porta, mais o idiota a travou com o pé, forçando a
madeira pra dentro.

- Isso não foi educado Kristen. – falou fechando a porta atrás de si enquanto eu já
começava a respirar fundo e dar passos defensivos para trás.

- Diga logo o que quer e saia daqui. – minha voz tremia e eu fazia esforço para que ela
saísse confiante e grosseira.

- Não precisa ficar com medo, sabe que não vou te machucar.

- É claro que não vai, eu já cresci não é? Não posso mais diverti você seu estúpido
nojento.

Ele riu. Eu sempre desconfiei que ele tivesse problemas mentais.

- Não vamos descer essa discussão de nível gracinha, eu só vim te dar um recado.

Fiquei calada lutando para não vomitar em cima do tapete da sala, por que se fosse em
cima dele não teria problema.

- Sua mãe continua sem saber de algumas coisas e eu espero que isso continue assim
Kristen.

Seus olhos agora eram frios, ele estava tentando me comprar.

- Minha mãe não saberá de nada, mas não faço isso por você, eu faço por ela, ela não
merece saber o tipo escroto que ela tem dentro de casa. E eu também vou te dar um
recado Brian. – minha voz agora era puro veneno misturado com o ódio e as lembranças
que assaltavam minha mente. – Não se atreva a machucar minha mãe ou meu irmão. Eu
juro que vou até o inferno pra acabar com essa sua reputação de policial bom moço.

Ele riu mais uma vez.

- Vai fazer o que Kristen? Me denunciar? – eu o encarei fria. – Vai dizer ao mundo o que
aconteceu aqui ? – ele gesticulou pra nós dois. – É claro que você não vai, seu
namorado não sabe disso sabe? Ele sabe que nós nos divertíamos gracinha?
- NÃO COLOQUE ROBERT NESSA HISTÓRIA. ELE NÃO TEM NADA HAVER
COM ISSO. NÃO.CHEGUE.PERTO.DELE.

Meus olhos e minha boca eram puro veneno, eu sentia o ácido em minhas veias se
alastrando a cada segundo em que ele estava em minha presença, mas se ele achava que
eu ainda era aquela menina que não tinha forças ele estava mais do enganado, ele não
iria chegar perto de Robert, eu não deixaria ele nem olhar pra Rob, eu o mataria antes
que ele fizesse alguma das duas coisas.

- Woow, defendendo o namorado.

- Saí. Da. Minha. Casa. Agora. – eu não era gentil, na verdade eu queria torturá-lo até
que ele pedisse por misericórdia por tudo o que tinha feito comigo e por estar
ameaçando Robert.

- Não se enfureça gracinha. – sua expressão era divertida e eu só conseguia sentir raiva
e nojo. – Eu já dei o meu recado e estou indo embora. Mas está avisada Kristen, uma
palavra sua a sua mãe e seu namorado saberá com quantos homens já dormiu e o que
cada um deles aproveitou de suas...haam.... qualidades. – os olhos frios percorreram
meu corpo de cima a baixo, com aquele mesmo desejo vivo e doente brilhando em
crueldade que eu vira a tantos anos atrás.

- Sai daqui. – falei num fio de voz me sentindo suja só com o seu olhar sobre mim. –
FORA.

Ele riu e deu um passo em minha direção.

- Não chegue perto de mim. – disse já começando a ficar desesperada. – Sai daqui. Sai
daqui. – eu repetia sem parar, ele não podia se aproximar, eu estava entrando em pânico
com seu olhar de anseio, meus olhos já derramavam lágrimas de puro medo e
nervosismo.

- Ele vai demorar a chegar não vai? – perguntou me engolindo com o olhar.

- Nã..o, ele já está chega..ndo...saia daqui...pelo amor de Deus..saia daqui... – meus


soluços vieram fortes e eu não conseguia controlá-los.

- Pare de chorar, não é possível que você nunca vá perder essa maldita mania. – falou
rude e ficando parado no lugar me dando tempo para que pudesse me recompor.

Não havia sentido que tinha dado mais e mais passos pra trás, mas agora eu estava
encostada na parede nas minhas costas, limpando meu rosto furiosamente para não
parecer fraca.

E tudo o que eu queria era me arrastar por ela até que estivesse parada no chão, por que
eu estava suja demais para poder desejar os braços quentes de Robert agora.

- Não se atreva a dizer alguma coisa a sua mãe.


Eu apenas o encarei desejando mais do que tudo que ele fosse embora logo.

Funguei uma vez e senti meu coração dando saltos e mais saltos quando ouvi a porta se
abrir e Robert entrar por ela.

Eu quis vomitar de novo, lutei contra o impulso de levar as mãos na boca quando ele me
encarou e depois a Brian, seu cenho franzido e seu olhar cerrado, eu sabia que ele não
estava entendendo e que com certeza estava vendo as marcas de lágrimas em meu rosto.

- Kristen... – ele me chamou.

No segundo seguinte ele estava em minha frente com suas mãos em meu rosto.
- O que houve?

- Nada. Nada. – respondi rápido.

- Kristen? – ele me chamou de novo, mas foi interrompido por Brian.

- Bom, eu já vou indo. Foi bom conversar com você querida.

A última coisa que vi foi um impulso de Robert de ir até dele, antes de Brian fechar a
porta.

- Não. – eu o parei rapidamente. – Não faz isso.

- Kristen o que houve? Por que está chorando baby? – ele me encarava com a mesma
expressão de antes, o cenho franzido e raivoso e ainda sim era a pessoa mais linda que
eu já tinha visto na vida.

- Não foi nada Rob, não foi nada. – limpei mais uma lágrima que caia.

Eu gostei quando ele tirou suas mãos mornas do meu rosto, eu não era digna de receber
seu toque, eu estava me sentindo tão suja e nojenta que não era capaz nem de olhá-lo
nos olhos.

- Kristen... – sua voz veio em tom de aviso.

- Por favor, venha, o jantar está pronto...eu só vou no quarto e já volto.

Disse com pressa de sair dali e de mudar de assunto, eu sabia que ele não deixaria as
coisas assim, mas eu precisava de um tempo.

Cheguei ao banheiro e estava chorando de novo, tranquei a porta e me ajoelhei na


privada, mas que merda era aquela que toda hora eu enjoava agora?
Vomitei tudo o que eu podia e depois tomei um banho bem rápido e morno me
esfregando tanto até que minha pele ficasse vermelha e marcada.

Coloquei uma calça de moletom e uma blusa branca normal, quando voltei pra ir a
cozinha, Robert estava na sala e tinha o paletó em cima do sofá com o telefone nas
mãos.

- O que foi? – perguntei quando ele desligou.

- O que Brian estava fazendo aqui? – perguntou direto.

- Ele só veio..dar um recado da minha mãe... – minha respiração acelerou assim como
meu coração, eu odiava tanto mentir pra ele.

- Ele demorou 40 minutos pra dar um recado? – ele estava sendo irônico ou era
impressão minha?
- O quê?

- Acabo de falar com a portaria Kristen, ele entrou aqui tem mais de 40 minutos. – agora
ele estava sério e eu estava chocada.

- Não acredito que você ligou pra portaria pra saber a quanto tempo ele estava aqui
Robert.

- É a minha mulher, tenho direito de saber quando algo te machuca Kristen. Eu não
gostei desse homem, pode ser paranóia minha, mas eu não o quero aqui.
Engoli em seco.

- Eu sei.

- Ótimo. – ele arrancou a gravata com força e agilidade a jogando em cima do paletó no
sofá. – Vai me contar agora o que houve?

Eu fiquei calada, sentindo meus olhos voltarem a arderem.

- Tudo bem. – ele estava magoado. E ele não podia ter mais razão.

Ele passou por mim sem dizer nenhuma palavra e foi em direção ao quarto, eu senti
uma pontada aguda no coração ao vê-lo se afastar de mim sem nem me dar um beijo ou
algo assim.
Cheguei até a porta do quarto onde ele já estava sem camisa e entrando no banheiro.

- Rob? – chamei num fio de voz. – Venha jantar... – eu começava a ter sérios problemas
com o choro e já tentava empurrá-lo novamente.

- Eu estou sem fome. – disse sem me encarar.


Assenti com a cabeça e sai do quarto.

Entrei na cozinha ignorando a água em meus olhos e na minha bochecha, caindo por
minha boca me deixando com o gosto salgado das lágrimas. Guardei a janta e desliguei
o forno de pró-aquecimento.

Aquelas batatas estavam me enjoando também e era melhor eu não comer nada se não
quisesse passar mal.

Voltei pro quarto e me sentei na cama ouvindo o barulho do chuveiro, eu queria tanto
entrar lá e fazer amor com ele, perguntar como foi o seu dia e saber se estava tudo bem,
mas eu não tinha coragem pra isso.

Na verdade eu não teria coragem de dormir ali com ele sabendo como eu estava
repulsiva naquele momento, mas se eu fosse pra outro quarto as coisas só ficariam
piores.

Me deitei esperando o momento que ele fosse sair do banho.

Quando ele saiu, foi novamente sem me encarar, ele pegou sua calça de moletom cinza
e jogou a toalha de volta no banheiro.

Eu criei coragem para tentar falar com ele e não ficarmos daquele jeito.

- Rob?

- Huum? – ele resmungou quando pegou seu notebook que usava apenas pra trabalha e
se sentou no sofá perto da janela.

- Você não vem dormir? – perguntei desesperada pra sentir ele junto de mim.

- Não.

- Rob.. – disse num fio de voz que já estava começando a se quebrar.

- Agora não Kristen. – ele suspirou pesadamente, passado a mão no cabelo em seu jeito
nervoso e finalmente me encarou.

Eu teria preferido que ele não tivesse feito. A magoa que eu via em seu olhar era o que
bastava para terminar de me quebrar por dentro.

- Eu aceito que não me conte as coisas e que esconda tudo o que você quiser esconder.
Mas não minta pra mim Kristen. Não faça isso.

Ainda nos encaramos pelo que me pareceu ser horas até que eu desviei meu olhar que já
estava nublado pelas lágrimas que eu não iria agüentar segurar.
Me virei para deitar meu rosto no travesseiro, a peça macia acabou abafando meus
soluços pelo resto da noite, mesmo quando ele finamente se deitou ao meu lado sem me
puxar para seu peito.

Eu nunca tinha sentindo tanto frio como estava sentindo agora.


--
Capítulo 27

Capítulo 27

Notas iniciais do capítulo


Meninas, eu repostei o capitulo anterior okay?! espero que agora de pra entender bem
dele :) obrigada pelos reviews *--*

Apagar a Luz

"Todos nós moramos numa casa de fogo, sem bombeiros para chamar e sem saída.
Apenas a janela do andar de cima para olhar pra fora enquanto o fogo com nós presos,
trancados dentro dela. "
(Tenesse Williams)

Eu acordei naquela manhã de sábado meio atordoada, minha mente não estava se
focando direito e de repente até o cheiro do ar me enjoou.

Me levantei calmamente e segui em direção para o banheiro, tranquei a porta atrás de


mim e vomitei tudo que estava no meu estomago, o que não era muito já que eu não
havia jantado no na noite anterior.

Voltei pro quarto depois de escovar os dentes e vi Robert dormindo de bruços como ele
sempre fazia.
Ele tinha a mão esquerda debaixo do travesseiro e a outra estava esticada para o lado em
que eu dormia, mas ela não estava me tocando enquanto eu estivera na cama.

Quis sorri da sua tentativa de me abraçar durante o sono, eu também havia feito isso de
madrugada, quando fingi está dormindo e apenas o observava com as lágrimas ainda
nos olhos.
Cobri suas costas tonificadas com o edredom que até antes estava apenas abaixo da
cintura e me abaixei de leve para passar as mãos em seu cabelo caótico, aproveitando
que ele estava dormindo.
Sai de lá sentindo meu coração cada vez mais apertado.
Hoje era sábado e eu havia perdido o sono em algum momento daquela noite, alguns
pesadelos me assaltaram, mais eu não me recordava do que era, o que era muito bom já
que eu não precisava acordar suando e gritando pela madrugada a fora e acordar Robert
depois que ele tinha trabalhado o dia inteiro e ainda chegado em casa com toda aquela
confusão e nossa briga.

Suspirei fechando os olhos com força.

Nossa briga.

Eu não queria nem me lembrar daquilo. Não queria me lembrar de sua voz seca ou do
modo como ele não me encarava. Dos seus olhos magoados dizendo para que eu não
mentisse pra ele.
Merda, eu estava estragando tudo com as minhas inseguranças.
O que era totalmente ridículo já que ele me mostrava a cada segundo o quanto me
amava e o quanto eu era especial pra ele.
Eu amava Robert além de qualquer limite.
Mas toda vez que eu pensava na idéia de contar tudo, minhas incertezas gritavam, o
medo da rejeição, o medo da piedade e do ódio borbulhavam dentro de mim.
E quando ele soubesse que eu não podia ter filhos?

Minha respiração começou a ficar descompassada e eu me apoiei no balcão da cozinha


tentando fazer o enjôo o meu estomago passar.

Mas que diabos era aquilo que eu vomitava com qualquer coisa agora?
Saco.
Engoli minhas lágrimas que já estavam querendo sair e levantei a cabeça querendo me
livrar de todos aqueles pensamentos.
- Tudo bem?

Me sobressaltei com sua voz atrás de mim e me virei depressa demais, me sentindo
ainda mais tonta e tendo que disfarçar isso.

- Sim..haam..tudo bem.

Ele assentiu com a cabeça e ia saindo da cozinha quando o chamei de volta, reparando
em seus cabelos desalinhados e em seu peito nu, ele usava apenas a calça de moletom
de dormir.

- Não vem tomar café? Eu vou fazer alguma coisa agora. – disse apontando pra cafeteira
atrás de mim.
Ele pareceu que ia recusar por um momento, mas no final assentiu com a cabeça e me
ajudou a fazer as coisas.
Nós não falávamos nada, apenas ficamos ali, fazendo nosso café da manhã.
Eu fiz ovos mexidos com queijo por que ele gostava e algumas salsichas ignorando o
fato que o cheiro delas pareciam estar meio estragados e reviravam meu estômago,
acabei jogando tudo fora tampando meu nariz com a mão e esperando a vontade de
vomitar passar.

- Hey, o que foi? – ele se aproximou tocando m meu pulso.


- Nada. – consegui dizer depois de tirar a mão da boca. – Acho que a salsicha estava
estragada.
Ele franziu o cenho e olhou a embalagem vendo que estava tudo certo.
- Não tem nada estragado, você esta mesmo bem? – a preocupação era evidente em sua
voz.
- Sim. Tudo bem, é apenas um enjôo.
- Não acha melhor irmos ao médico?
- Não. Não mesmo. Já esta passando. – disse voltando a fazer os ovos antes que
queimassem.
Ele voltou a cafeteira e trouxe de lá duas canecas. Me entregou uma e depois se sentou
na mesa começando a comer. Eu não soube o que fazer.

Na verdade eu queria chegar até ele e sorri lhe desejando um bom dia e tomar nosso
café da manhã juntos como sempre fazia.

Suspirei me sentando no balcão e comendo ali mesmo.

Ele lavou os pratos depois que acabamos e disse para que eu deitasse por causa do
enjôo, resisti ao impulso de revirar os olhos por causa do seu exagero, mas fiz o que ele
pediu apesar do mal estar já ter passado.

Deitei-me em nossa cama e aproveitei pra terminar de ler meu livro que já estava nas
últimas páginas, mas que eu acabara me esquecendo de terminá-lo.

Robert passou o dia inteiro dentro do seu escritório e em nenhum momento ele veio até
mim, eu sabia que ele estava com razão, mas poxa, não custava nada tentar falar
comigo.

Eu era a errada da historia, mas tinha medo de que ele ficasse ainda mais chateado e
magoado comigo se eu tentasse falar com ele.

Chamei ele para almoçar depois das 13:00 e ele disse que estava sem fome e que
comeria depois, eu ainda insisti um pouco, mas ele não saiu de lá, enfurnado naquela
droga de notebook com toda aquela papelada em volta dele.

Voltei a me deitar na cama e só me lembro de ter adormecido sentindo a sua falta de


novo.

Quando acordei foi meio lentamente como nessa manhã. Olhei para a parede de vidro e
notei que o sol já estava se pondo e que eu estava coberta com um lençol branco bem
fino e que meu livro estava marcado na pagina e fechado ao meu lado.
Suspirei e me levantei, indo até o banheiro escovando meus dentes e passando uma água
no meu pescoço que estava um pouco dolorido.
Eu não sabia o que fazer quando voltei pro quarto. Era sábado e se eu não fosse tão
idiota, eu e Rob estaríamos agora na praia ou comendo um cachorro quente no píer de
Santa Monica.

Estúpida.

Me virei da parede de vidro e olhei para a porta o vendo ali.

Fiquei parada em meu lugar sem saber o que estava acontecendo, até que ele foi se
aproximando e se aproximando e depois do que pareceram quilômetros, ele chegou à
minha frente.
- Me desculpe por ontem. – pediu baixo passando suas mãos por meu rosto.
Fechei meus olhos apreciando seu toque mais do que bem vindo em minha pele.

Eu havia sentindo tanto a sua falta.

- Me desculpe você Rob. Eu sinto muito, de verdade.

Ele suspirou e me abraçou apertado, escondendo seu rosto em meu pescoço enquanto eu
deitava o meu em seu peito, sorrindo feliz e respirando o melhor cheiro do mundo.
O da pele de Robert.
- Eu não queria te pressionar a nada. Falei sério quando disse que você só vai fazer o
que quiser. – disse abafado contra o vão do meu pescoço, ele também respirava fundo,
com certeza pegando meu cheiro pra ele.

- Eu sei, me desculpe por ter sido idiota.

Ele sorriu e me beijou demoradamente e lentamente.

Apenas apreciando meu gosto assim como eu fazia com ele, abrindo mais minha boca
para que sua língua tivesse total liberdade para tomar de mim tudo o que ele quisesse.

Afinal, eu era dele.

Eu sempre seria de Robert.

Deixei minhas mãos em seu rosto, eu adorava tocá-lo no rosto enquanto nos
beijávamos, me dava uma sensação de realidade, de que ele realmente estava ali, por
que eu podia reconhecer seus traços apenas com meu toque.
Rob mordeu e puxou meu lábio inferior o prendendo em sua boca, lambendo o contorno
e sugando como se quisesse arrancá-lo de mim, eu adorei aquilo.

Voltamos a nos beijar e não saímos de lá tão cedo, ainda tínhamos muito o que
recuperar, eu nunca havia sentido tanta falta dele como senti desde ontem até agora.

Qualquer segundo sem ele era suficiente para me por louca de saudade dele e de seus
olhos intensos, ou seu toque perfeito e sua voz calmante assim como seu cheiro.
Ele se deitou no sofá e me puxou pro seu colo, me aninhando em seu peito e acariciando
meu cabelo por todo o seu comprimento.
- Quer fazer alguma coisa hoje? – ele perguntou me beijando de novo nos lábios.
- Não. Quero ficar aqui com você. – beijei seu pescoço ouvindo ele rir baixinho.
- Não me provoque. – disse, mas ele mesmo já me levantava e me deixava sentada em
seu colo, de frente pra ele.

Eu sorri quando suas mãos foram para a barra da minha blusa a retirando delicadamente
por cima da minha cabeça, para depois massagear meus seios ainda por cima do sutiã.

- Rob... – chamei seu nome em um gemido baixinho, jogando minha cabeça pra trás
quando sua boca invadiu meu pescoço, o mordendo e lambendo a pele para depois
respirar por cima, dando uma sensação gostosa de prazer.

- Quietinha baby. – ele sorriu malicioso e suas mãos deixaram meus seios, eu tenho
certeza que tinha resmungado pela perda do contato, mas ouvi ele rindo de novo e sua
boca pela minha clavícula e ombros, dando beijos molhados.

Seus lábios rodearam o tecido do sutiã, sem me beijar por completo naquela parte, eu já
estava ansiosa para que ele me tomasse por inteira e acabasse com aquela pressão que já
existia em meu baixo ventre.

Robert levou as mãos em minhas costas e o senti abrindo com facilidade o fecho do meu
sutiã, movi minhas mãos para retirar tudo mais rápido e ele abocanhou meu seio
esquerdo o tomando por todo em sua boca.

Ele lambia e sugava com sua outra mão massageando o esquerdo, até que ele juntou os
dois e seus beijos seguiram assim, ora um ora outro nunca me deixando sem atenção.

Eu estava enlouquecendo.
Desci minhas mãos por seu peito gemendo quando ele puxou meu mamilo com força
em sua boca para depois lamber e voltar a sugar com voracidade.
Cheguei até o cós da sua calça de moletom arranhando o abdômen com minhas unhas
pequenas, levantei seu rosto no meu e tomei sua boca na minha antes que eu perdesse o
resto da sanidade que ainda me restava.

Ele rosnou e eu já me contorcia, mexendo meu quadril de encontro a sua excitação que
eu já podia sentir, me dando ainda mais vontade que ele se enterrasse em meu corpo.
- Robert...
Gemi abafado por seus lábios, Robert mordeu a ponta da minha língua e suas mãos
apertavam meus seios, o polegar circulava superficialmente os mamilos e eu estava
mais do que enlouquecida.
- Eu preciso de você...
- Você me tem baby. – ele disse num gemido rouco quando puxei sua calça pra baixo,
libertando o meu objeto de desejo e me fazendo ficar ainda mais acesa e ansiosa.
Ele ainda queria me torturar mais, senti isso quando suas mãos adentravam pela minha
calça e passaram a me estimular, em um ritmo frenético com seus dedos dentro de mim
me fazendo rebolar apenas para criar mais atrito.

Eu não iria agüentar mais, eu precisava dele.

Com urgência.

Mordi meus lábios e libertei seu cabelo da prisão que meus dedos faziam, me levantei
rapidamente e muito ofegante, meu corpo estava suado e tinha certeza que meu rosto
estava ainda mais vermelho.
Retirei minha calça o encarando, Robert mordia os lábios e gemia baixinho me vendo
tirar também a calcinha.

Montei de novo em cima dele e remexi meus quadris.

Suas mãos se cravaram em minha cintura, fazendo um aperto tão forte que eu me
encaixei em seu corpo com violência.

Gememos juntos em concordância aquele ato, eu me sentia completa quando Robert me


preenchia, me fazia dele, eu era sua mulher.

- Você é minha. – disse com a voz abafada e rouca em meu ouvido puxando o lóbulo e
mordendo, lambendo a minha pele. Meus olhos se reviraram e eu apertei seu cabelo em
punho em minhas mãos, os puxando a cada estocada que ele dava em meu corpo.

Suas mãos me guiavam pra cima e pra baixo, num vai-e-vem tão delicioso que eu seria
capaz de morrer se ele parasse agora, mas ele não ia fazer isso.

- Oh meu Deus... Robert...

Minha frase se perdeu num prazer imensurável, ele jogou meu corpo no sofá e se deitou
por cima de mim, me invadindo por completo e gritando meu nome abafado em meu
ouvido.

Gemi tão alto que não duvidava que viessem reclamar pelo barulho, mas que fosse tudo
pro inferno, quem é que pensaria em alguma coisa com um homem daqueles invadindo
seu corpo em investidas rápidas, fortes e poderosas daquele jeito.
Cristo, ele sabia o que estava fazendo, ele sabia muito bem o que estava fazendo.

Arqueei minhas costas quando ele puxou uma perna minha para seu quadril, me
segurando pela dobra do joelho.

Ele ia mais fundo daquele jeito.

Oh meu Deus, ele ia tão fundo.


Fechei meus olhos com força e mordi os lábios, nossos corpos se moviam em sincronia
perfeita, o abracei com minhas duas pernas e suas mãos não saiam da minha coxa e seus
olhos não saiam dos meus.
Arranhei suas costas furiosamente quando o ápice mais intenso que qualquer outro me
invadiu, inundando meus poros de pura eletricidade e prazer.
Joguei a cabeça pra trás quando ele continuou as investidas estimulando nossos corpos
juntos com suas mãos.

Ele não iria para agora, eu o conhecia.

Ele não sairia dali até me ver acabada em baixo dele.


E oh Deus eu não resistiria a mais tempo...
Outra frase esquecida e eu gritei seu nome pela segunda vez.
Meu clímax foi intenso.
Instintivo e forte.

Senti ele se derramando dentro de mim com um rosnado que mais pareceu um grito em
meu ouvido.

Ele ainda estocou mais duas vezes antes de se jogar em meu corpo.
Recebi o seu com meus braços e pernas envolto dele, o abraçando e aconchegando seu
rosto em meus seios.

- Você vai me matar Kristen. – ele disse abafado contra minha pele e eu sorri beijando
seu cabelo.

Suas mãos circularam minha cintura e ele subiu os beijos por minha clavícula até chegar
a pescoço e depois meu rosto.

Enchendo-me com seu carinho e cuidado comigo.

Ele me beijou de um jeito tão perfeito e doce que eu tive que me perguntar como ele
conseguia ser mais perfeito a cada dia que passava.
E como que poderia amá-lo mais do que eu já amava.

- Não quer mesmo sair hoje?! – perguntou me dando selinhos pequenos e suaves.

- Não, por que? Você quer? – disse de olhos fechados escutando seu riso baixo em meu
ouvido.

- Eu estou muito bem aqui, obrigada.

- Está? – perguntei com a voz abafada e rouca pelas sensações que ele causava em
minha pele.

- Oh sim baby. – ele me olhou mordendo meu lábio inferior. – Eu estou muito. – arfei
quando o senti me invadindo lentamente. – Muito bem aqui. – arqueei minhas costas,
jogando minha cabeça pra trás, suas mãos sustentaram minha cintura e seus beijos
tomaram novamente o lugar em meus seios.

- Robert... – sussurrei arfante e quase sem respiração pela intensidade com a qual ele me
invadia.

- Eu sempre fico bem... dentro de você Kristen.

Eu não ouvi mais nada além do som dos nossos corpos se chocando, nossas peles
deslizavam facilmente por conta do suor e eu ainda o abraçava com minhas pernas e
braços, arranhando todas as suas costas e nuca.

Ele parecia gostar disso, já que sempre se movimentava mais forte depois dos meus
gemidos e arranhadas.

Não demoramos a chegar ao ápice novamente, nada se comparava a sensação de sentir


Robert se derramando quente e delicioso dentro de meu corpo, a sensação de estar em
seus braços era a melhor coisa que eu já havia experimentado.

Ele respirou fundo e me tirou debaixo dele, rodando nossos corpos no sofá até que eu
ficasse por cima de seu corpo.

Me encaixei no meio de suas pernas deitando minha cabeça em seu peito, sorrindo feliz
recebendo seu beijo no topo da minha cabeça e seus braços me rodeando, me
protegendo e me aquecendo.

Sorri de novo.

- O que foi? – ele perguntou baixinho.

- Nada. Só estava aproveitando. – fechei os olhos sorrindo e pude sentir que ele também
sorria, com suas mãos passando pela linha da minha coluna suavemente em um
movimento continuo de puro carinho e dedicação.

- Aproveitando o quê?

- Você. – ele riu baixo e eu apoiei meu queixo em seu tórax, olhando pra ele e sorrindo
com as mãos em suas costelas, espalmadas sentindo sua pele embaixo de mim. – É
sério.

- E o que você está aproveitando? – perguntou divertido.

- Já disse que é você. Seu toque. – fechei os olhos sentindo suas mãos em minhas costas.
– Seu corpo. – movi minhas mãos de suas costelas por seu peito até chegar a seus
ombros e descer pelos braços. – Seu cheiro. – passei meu nariz por seu peitoral definido
respirando fundo, o fazendo apertar levemente minha cintura.
O encarei novamente e ele sorria assim como eu.

Um sorriso lindo que me deixava tonta e completamente perdida.

- Você tem cheiro de maresia.


Ele sorriu ainda mais.
- Isso é bom. – era uma afirmação, mas me pareceu mais uma pergunta.
- Sim, é muito bom. – fechei os olhos de novo sentindo seu cheiro gostoso. – É bom,
delicioso, calmo e bastante convidativo. Me traz paz. – abri os olhos o encarando
sincera e com um sorriso ainda no rosto. – Tem cheiro de amor.

Seus olhos ficaram intensos e muito mais suaves do que antes, sua expressão ficou séria,
mas eu podia sentir os azuis esverdeados brilhando como nunca.

- Eu amo você.

Fechei os olhos querendo chorar.

- Eu também amo você.

Seus braços me puxaram pra cima e seus lábios alcançaram os meus.

Eu não saí dali por muitas e muitas horas. Fiquei aconchegada e encolhida naquele
corpo e naquela alma que eram a minha casa.

E desejei silenciosamente, que eu pudesse ficar ali pra sempre.


--Capítulo 28

Capítulo 28

Notas iniciais do capítulo


Meninaas, bom... esse capitulo está meio tenso, então vou tentar trazer outro ainda
hoje :D E Ahhh, respondendo: Sim, a kris está grávida :DDDDD

beeeeijos

Apagar a Luz

Tem gente que morre de mágoa, um troço que afeta o coração. Uma porrada de gente
morre de ataque cardíaco. E é o coração que mais dói quando as coisas dão errado e
se desmoronam.
(Markus Zusak)
Não via quase nada na minha frente.

Na verdade eu só via muitas coisas brancas.

Eu tinha me arrependido de ter aberto os olhos, eu não fazia idéia de que horas eram,
mas sabia que não estava mais no sofá e que o corpo quente que me embalara no sono,
não estava mais comigo.

Resmunguei alguma coisa erguendo um pouquinho a cabeça para olhar em volta do


quarto.

Eu ainda estava nua e com o edredom me enrolando por inteira pois o ar condicionado
estava ligado e devia ter sido Robert que me cobriu depois que saiu da cama.

Sim, porque com ele aqui, não havia maneira que eu pudesse sentir frio.
Mas onde diabos, ele tinha se metido.

Me sentei a contra gosto na cama, passando as mãos pelos olhos e sentindo minha
cabeça girar um pouco. Olhei no relógio de nossa cabeceira e vi que já eram mais de
sete horas da noite. Franzi ainda mais o cenho.

Onde ele estava?

Me levantei e tomei um banho morno colocando uma roupa bem leve para o caso dele
querer sair ou algo assim.

- Rob? – chamei pelo apartamento. – Baby?


- Oii. – ele respondeu fechando a porta da sala atrás de si com algumas caixinhas nas
mãos.

- Hey, onde estava? – perguntei quando ele me beijou deixando as chaves na mesinha de
centro.

- Fui comprar algo pra você comer. – ele sorriu me entregando a caixinha que eu
reconheci da Donutt’s .
Abri a caixinha encontrando alguns muffins e sorri a ele agradecendo, eu estava mesmo
com fome.

- Você não vai comer? – perguntei mastigando enquanto ele me puxava para seu lado o
sofá.

- Não, eu tomei um café. Estou bem.


Assenti com a cabeça mastigando e assistindo The Big Bang Theory ao som de sua
risada.
Terminei de comer os muffins e joguei a caixinha no lixo, voltando pra sala e me
deitando em seus braços logo depois com um sorriso no rosto.
Não demorou muito até o telefone tocar.

- Deve ser Tom. – ele disse colocando seu braço atrás de sua cabeça para tentar pegar o
telefone na mesinha junto com o abajur. – Sim? – ele falou deixando sua mão
acariciando meu couro cabeludo e depois todo o meu cabelo. – Oh..haam...sim..espere...
Kris? – olhei pra ele que colocava a mão no bocal no aparelho.

- Oii.

- É sua mãe.

Pisquei algumas vezes para assimilar o fato de que era minha mãe no telefone e meio
que mecanicamente peguei o aparelho de suas mãos me sentando no sofá, olhando pra
ele.
- Olá mamãe.

- Filha, boa noite. Está tudo bem?

- Sim, tudo okay.

- Que bom, liguei pra saber se gostaria de jantar comigo e com Brian. – eu tentei não
enjoar.

- Oh... eu não sei mamãe. – como eu iria falar pra ela que aquilo não era uma boa idéia?
– Haam..eu...eu vou falar com Robert.

Ela suspirou minimamente, mas não disse nada.

Nos despedimos e eu desliguei o aparelho olhando pra ele.

- O que foi?

- Ela quer jantar com a gente. – respondi mordendo os lábios.

- Oh...haam...

- Nós não precisamos ir...eu..acho que isso não é uma boa idéia e ... – passei a mão em
meu cabelo trazendo minhas pernas pra cima do sofá enquanto Robert franzia o cenho.

- Por que não?

- Haam, eu não sei... ontem você disse que não queria ele aqui...e ...- engoli em seco.

- Não precisa deixar de ver sua mãe por mim Kristen. E eu estarei lá com você.
Eu não entendi direito sua lógica, mas achei melhor não discuti.
- Tudo bem.

Ele sorriu me puxando de novo pro seu peito e eu peguei o telefone em minhas mãos,
liguei pra ela avisando que iríamos e ficamos de nos encontrar na Santa Monica
Boulevard.

- Você quer mesmo ir? – ele perguntou deixando as mãos em meu rosto.

- Sim, eu quero ir pela minha mãe. Não posso deixá-la assim, eu já me sinto culpada o
suficiente por tê-la magoado tanto.

Ele me abraçou apertado e eu me agarrei a ele.

- Ela ama você, você sabe. – ele sussurrou.

- Você vai estar comigo? – perguntei olhando em seus olhos rezando para que ele não
visse as lágrimas nos meus e entendesse meu pedido silencioso.

Ele entendeu.

Entendeu e sorriu.

Palavras não eram necessárias.

--
Troquei de roupa colocando uma blusa de listras horizontais em preto e branco e uma
calça skinny azul marinho, com um par de all star.

- Você está linda. – disse sorrindo segurando meu rosto.

-Obrigada. – falei corando fazendo ele rir baixo e me dar um beijo nos lábios de leve. –
Você também está bonito. – mordi seus lábios e ele riu ainda mais.

Reparei em sua roupa, em como ele ficava ainda mais sexy naquela blusa de mangas
preta com listras bem finas de um azul bem escuro. A calça jeans e o tênis davam a ele
um ar totalmente irresistível.

- Claro, claro. – me deu outro beijo. – Vamos?

Assenti pra ele e entrelaçamos nossos dedos, ele trancou o apartamento e descemos
sorrindo.

Resolvemos ir andando, não era tão longe assim de casa e a noite de Los Angeles era
bonita demais para ser desperdiçada com carros.
Ficamos conversando até que em momento em me parava e me beijava e eu apenas
sorria contra seus lábios e enlaçava seu pescoço na mesma hora.

Já estávamos a uma rua da pizzaria e chegaríamos no horário certo.

Eu podia ficar beijando Robert por muito tempo ainda.

Nós nos separamos depois do que me pareceu ser horas, embora ainda não fosse o
suficiente pra mim. Ele me sorriu e voltamos a caminhar até o lugar e ele abriu a porta
pra mim.

Respirei fundo crispando meus dedos na blusa de Robert quando vi minha mãe e Brian
sentados numa mesa redonda a pouca distância de nós.

Eles nos viram e eu quis vomitar quando Brian me encarou, com aquele sorriso cínico
que ele tinha e que me dava êmbolos no estomago e uma vontade louca de desaparecer.

Robert notou e seus dedos se cravaram em minha cintura me fazendo engolir em seco e
me perguntar o que quê eu estava fazendo ali.

Minha mãe veio nos cumprimentar e Robert e ela se davam muito bem e ele não saiu do
meu lado um minuto sequer depois que nos sentamos na mesa, ele encarava firmemente
Brian quando o mesmo olhava pra mim.

Por diversas vezes eu senti a perna dele tocando a minha por debaixo da mesa e isso
fazia meus olhos se enxerem de lágrimas por não conseguir evitar que lembranças de
puro pânico assaltassem minha mente.

- O que houve Kristen? – Rob perguntou e eu me assustei ao perceber que havia deixado
uma lágrima escapar.

Idiota.

- Nada, eu acho que estou com um pouco de dor no estomago. – não era totalmente
mentira, meu estomago não estava dolorido, mas aquela pizza de abacaxi estava me
enjoando em níveis imagináveis.

- Nós podemos ir pra casa. – ele passou a mão em meu cabelo carinhoso.
- Eu tenho antiácido no carro gracinha. Posso pegar pra você. – era Brian e eu quis
morrer quando percebi do que ele havia me chamado.

Robert também percebeu e no mesmo momento suas mãos apertaram a minha com tanta
força que eu achei que fosse quebrar, seus olhos se cravaram em Brian que sustentou
seu olhar.
- Rob? – tentei chamá-lo num fio de voz, minha sorte era que minha mãe havia ido ao
toalete senão já teria que esta dando explicações. – Rob, por favor. – mordi os lábios
para evitar que eles tremessem, mas ele ainda encarava Brian.
- Não quer o antiácido, gracinha?

- Ela não precisa de nada. – Robert respondeu. A voz fria e ácida me enviando calafrios
por todo o corpo. Eu podia sentir a raiva e o veneno correndo por suas veias e eu só
rezava para que fossemos embora logo e que eu conseguisse segurar as lágrimas até
chegar em casa.

Minha mãe chegou no exato momento em que Brian ia começar outra de suas ironias.

- Não comeu a pizza filha? Está tudo bem?

- Estou um pouco enjoada. – e minhas mãos estavam doendo pelo aperto de Robert, mas
eu não iria reclamar disso. Oh meu Deus, eu queria tanto ir pra casa.
- Foi algo que comeu?

- Não... – lutei para que minha voz saísse firme em vez de embargada. – É apenas o
cheiro que estava me enjoando.

- Oh. – ela franziu o cenho e eu vi um pequeno sorriso em seu rosto, mas antes que ela
pudesse falar o telefone de Robert tocou.

Ele pareceu ter voltado a respirar e finalmente tirou os olhos de Brian que sorriu nojento
pra mim. Desviei meu olhar e agora Rob me olhava.

- Eu tenho que atender. Não vou demorar. – eu tomei aquilo como um aviso, ou fosse
apenas a minha vontade de ir embora falando mais alto.

- Deve ser algo importante. – Brian comentou e minha mãe não percebeu seu cinismo.

Eu engoli em seco querendo vomitar tudo o que eu tinha comido naquele dia. Verifiquei
minha mão que estava sendo apertada por Robert e vi que ficaria uma marca ali pela
manhã, o local ainda pulsava um pouco e eu tinha certeza que ficaria roxo no dia
seguinte.

- Parece que ele te machucou gracinha. – Brian sussurrou ao meu lado, minha mãe
estava falando demais para poder prestar atenção nas ações dele.

Puxei minha mão que ele segurava na hora, mas ele a prendeu em seus dedos forçando
um entrelaçamento entre elas, fazendo o horror subir em mim por ele estar me tocando.

- Me solta. – sussurrei de volta com a voz embargada.


- Kristen? – me virei imediatamente para a voz grossa e fria de Robert atrás de mim,
seus olhos me encararam e eu tinha certeza que ele já tinha visto a mão de Brian sobre a
minha.
E eu quis morrer de novo.
- Vamos embora. – ele falou.

Eu assenti com a cabeça rapidamente e me levantei.

- Mas já vão?

- Sim mamãe...eu realmente não estou me sentindo bem e ... vou me deitar um pouco.

- Oh...mais filha...nós podemos ir ao um hospital. – ela disse preocupada.


- Não se preocupe Sra. Wood, eu cuidarei dela. – minha mãe sorriu assentindo, mas eu
gelei por dentro, eu conhecia aquele tom de voz de Robert.

E ele não era nada bom.

- Tudo bem. Amanhã eu te ligo para saber como está.


Assenti com a cabeça rapidamente e dei um abraço nela.

Robert a cumprimentou e ignorando totalmente Brian, suas mãos se cravaram em minha


cintura com força, me levando para a porta do lugar.
Eu já não agüentava segurar minhas lágrimas, mas pelo menos, elas ainda eram
silenciosas.

Ele fez um sinal para um taxi e abriu a porta pra mim.

Não falamos uma palavra e aquele silêncio era mortal pra mim, quase como se me
sufocasse, retirando todo meu oxigênio.

Subimos pelo elevador e eu não me arriscava a olhar pra ele, meus olhos já ardiam e ele
Robert tinha as mãos em punho quando entramos em casa.

Ele fechou a porta com tanta força que eu estremeci por dentro e por fora.

- Vai me explicar o que esta acontecendo agora? – perguntou me encarando.

Engoli em seco com minha respiração se tornando cada vez mais rarefeita.

- Rob... eu não tenho... – comecei tentando achar algo para sair disso, mas foi em vão.
Ele não me deixaria sair dali. Não sem falar a verdade.
E eu não podia me arriscar a contar tudo pra ele.

Ele iria me odiar e me deixar.


Eu não suportaria se ele me deixasse.

- Não Kristen. – ele quase gritou me deixando um pouco assustada, cruzei meus braços
no peito dando um passo pra trás por instinto. – A verdade. Eu quero a verdade. Agora.

E lá estava o veneno de novo. Era quase como se eu pudesse ver através dele e soubesse
o que ele estava sentindo.
E ele estava irado. E muito magoado.

- Robert... o que você quer que eu diga?

Eu não podia dizer a verdade a ele.

Não podia.

Eu não conseguia nem pensar nessa possibilidade.


- Que tal começarmos pelo começo Kristen. – perguntou ácido e eu quis chorar, mas eu
já estava fazendo isso. – Da onde conhece Brian?

Suas palavras vieram como gelo até mim, penetrando em minha pele como facadas frias
e sem piedade.

- O que você está querendo dizer?

- DA ONDE CONHECE BRIAN, KRISTEN? E NÃO ME FALE QUE ELE É SEU


PADRASTO POR QUE NÃO VOU ACREDITAR NISSO.

Eu não respirava mais, se fosse qualquer um gritando comigo eu já tinha revidado de


muito tempo, mas era Robert ali e ele não podia estar com mais razão do que estava
agora.

- Robert...

- Responda. – ele disse tentando se controlar.


- ELE É MEU PADRASTO. O QUE ACHA QUE TENHO COM ELE? – e eu tinha
estourado também.
- Você esta mentindo. ESTA MENTINDO KRISTEN. Se ele fosse seu padrasto não te
olharia como te olha e você não agiria como age quando está perto dele.

- E COMO EU AJO ROBERT? – joguei as mãos pra cima para que ele continuasse.

- ESTRANHA, NERVOSA, VOCÊ NÃO O OLHA, NÃO O ENCARA E NEM


ENCARA SUA MÃE. O QUE É ISSO KRISTEN?
- O QUE VOCÊ ESTA DIZENDO?

- É CULPA? – seus olhos nunca estiveram tão negros.


- O QUE?

- TUDO ISSO É CULPA? É POR ISSO QUE SAIU DE CASA? É POR ISSO QUE
NÃO FALA COM SUA MÃE?

- FALE CLARAMENTE.

- VOCÊ DORMIU COM ELE? – ele gritou com fúrias as últimas palavras e eu levei um
segundo para assimilá-las antes do horror me alcançar.

Levei minhas mãos à boca num gesto de puro instinto para a bile que sabia a minha
garganta.

- É ISSO NÃO É? – ele se aproximou, seu rosto vermelho pela raiva que ele deixava
exalar e seus músculos tensionados. – Você dormiu com ele Kristen? – a voz baixa só
reforçava ainda mais a frieza com que ele dizia aquilo.

Eu não iria agüentar aquilo por muito tempo, resisti à ânsia do vomito deixando as
lágrimas correrem soltas pelo meu rosto.

- Eu vou fingir que não estou escutando isso Robert.

- EU QUERO APENAS A VERDADE. FOI PRA CAMA COM ELE? COM O


MARIDO DA SUA MÃE?

-Oh meu Deus. – o pânico rolava solto por meu organismo, minhas mãos tremiam
lançando espasmos de desespero por todas as minhas terminações nervosas.

Eu sentia algo se partindo dentro de mim e implorei silenciosamente pra que não fosse
meu coração.

- Você não sabe o que esta dizendo Robert.... - prendi um soluço na garganta. - Você não
faz idéia do que está dizendo.
- ENTÃO ME DIGA KRISTEN. DIGA LOGO O QUE HOUVE.

- Eu..não posso. - eu levei as mãos ao meu coração, as dores se tornavam mais fortes a
medida que ele gritava, minhas lágrimas agora era grossas e eu podia sentir meus olhos
vermelhos e ardidos.
Como eu poderia dizer?

Ele iria me deixar.


O que eu faria da minha vida sem Robert?

Eu o amava além da razão e não estava preparada para seu ódio.

Eu jamais estaria preparada pra isso.


- Quando foi que tudo aconteceu? Ham? - ele perguntou seco e apressado por uma
resposta, passando as mãos no cabelo em sinal de puro nervosismo e raiva. - Quando
você estava em Miami? Por isso saiu de lá?

Fechei meus olhos recebendo um tapa na cara a cada palavra que ele dizia.

Eu sentia que ele se aproximava de mim a passos rápidos e abri minhas pálpebras para
encontrar seu rosto irado mais próximo de mim.
- Robert..

- Responda Kristen. - ele estava tão frio e rude que eu me sentia mal em estar ali. -
Dormiu com ele depois que ele chegou a LA?

Foi durante apenas um segundo que suas palavras pairaram sobre mim.

Tudo virou um borrão e minha mão direita se chocou com o rosto dele.
Foi apenas um tapa, mas eu sabia que tinha sido forte.

O estralo e marca vermelha na face dele me mostravam isso.

Eu senti horror de mim mesma por ter batido nele. Seus olhos ainda estavam fechados e
ele tentava se controlar.

Dei passos instintivos pra trás levando minhas mãos na boca para tampar o horror dos
meus atos e daquela nossa discussão.

- Kristen... - ele disse incrivelmente suave.

Eu quis pedir desculpas, mas não consegui, suas palavras martelavam em minha mente,
os gritos de horror me invadiam e eu jamais poderia pedir desculpas por aquilo.

Então eu estava correndo, me virei para o corredor e cheguei mais do que rapidamente
ao nosso quarto, tranquei a porta atrás de mim e escorreguei pela madeira clara com as
mãos na boca tentando conter meus soluços e os pedaços que estavam se quebrando
dentro de mim.
Meu ar se tornando rarefeito e eu me assustei quando ouvi suas batidas na porta.

- ABRA A PORTA. KRISTEN, ABRA A PORTA. AGORA.

Eu não respondi, juntei meus joelhos no peito fazendo um esforço para não soluçar e
não me partir no meio daquele chão frio.

- Kristen, vamos conversar. Abra a porta baby.


Não prendi um soluço alto que saiu de minha garganta, senti meu corpo se inclinando
pro lado até que eu estivesse deitada de ombros no chão.

- Kristen... - ele disse.


- Vai embora...por favor Ro...bert... me deixe.

Consegui balbuciar com muito esforço.

- Kris... abra a porta baby. - sua voz triste tinha e com um toque de arrependimento
apenas me quebrou ainda mais.

Eu não respondi a sua fala e me encolhi em posição fetal chorando tudo o que poderia
chorar por toda a minha vida.

Não conseguia me sentir inteira, não conseguia sentir meus órgãos e o mais doloroso de
tudo...
Eu não conseguia sentir meu coração.

Era como se tudo se desfalecesse a minha volta e eu não conseguisse fazer nada para
impedir.

Meu peito subia e descia rápido demais por conta dos soluços e das lágrimas que
banhavam o meu rosto sem pedir permissão.
- Kristen...

Ouvi sua voz arrependida mais uma vez e fechei os olhos com força, ele não era o único
arrependido ali.

Eu fora tão idiota em acreditar que ele viveria bem com os meus segredos.

Mas quem iria viver com alguém assim? Que mentia e que omitia as coisas durante a
cada segundo que respirava?

Robert estava coberto de razão, mas isso não retirava a mágoa que suas palavras me
causaram.

‘’Dormiu com ele depois que ele chegou a LA?’’

Eu tinha consciência que não era o maior exemplo para que ele pudesse confiar em
mim, mas daí a acreditar que eu o trairia dessa forma tão baixa era outra coisa.

Nunca tinha olhado para outro homem, sempre fora apenas Robert.

Em toda a minha vida, ele foi meu único homem, de corpo e alma, que me abraçava e
me fazia sentir protegida.

Que era capaz de me aquecer apenas me olhando.

Alguma coisa gritou dentro de mim, e eu soube que o estava perdendo.


E eu não iria conseguir alcançá-lo de novo.
Por que pessoas como eu, nunca têm uma segunda chance.
Foi apenas ilusão acreditar que eu poderia ser amada.
Eu não havia sido feita para aquilo.
Meus olhos vagaram para onde eu estava e eu me vi em nosso quarto, acho que já tinha
se passado horas desde que eu entrara aqui.

Olhar nossa cama só fazia meu coração dar solavancos de dor e desespero.

Quantas vezes ele havia me amado ali?

Ali, ou em qualquer outro lugar.

Quantas vezes ele já me tinha feito dele?

Ele ainda me amaria quando eu saísse daqui? Ele ainda estaria me esperando para dizer
boa noite e me aconchegar em seus braços?

Solucei forte mais uma vez.

Eu não agüentaria ficar ali. Não conseguia nem imaginar como ficariam as coisas entre
a gente agora, mas não era egoísta ao ponto de obrigar minha presença a ele.

Robert precisava de um tempo pra ele, talvez pra pensar e se lembrar por que ele não
deveria me amar.

Me levantei do chão ainda abraçando meu peito.

Meus olhos se pousaram no relógio e eu me senti fraca.


Olhar para o tempo, nunca fora tão difícil.
Capítulo 29
Capítulo 29

Notas iniciais do capítulo


Esta aqui meninas, como prometido! Amanha eu trago mais um :D

Apagar a Luz

‘’ O amor é como um precipício; a gente se joga nele e reza pro chão nunca chegar’’
(Lisbela)

Não me lembro de muita coisa depois que levantei com esforço daquele chão frio, mas
sabia que estava na hora de me erguer e enfrentar as coisas como elas eram.
E elas não eram fáceis.

Peguei uma mochila minha e abri o guarda-roupa deixando que as lágrimas refizessem
seu trabalho pelo meu rosto, o manchando e o marcando com seus rastros.
Eu teria a que fazer a única coisa que não queria.
Joguei um pouco de minhas roupas na mochila e sem pensar direito abri a porta do
quarto com minha bolsa de faculdade e a de roupas em meus ombros.
Elas pareciam pesar mil toneladas.
A casa inteira estava vazia. Me senti estranha passando ali, mas não era algo ruim, ou
pelo menos eu achava que não.
Era apenas que eu estava acostumada com a risada de Robert na sala ou com nossas
conversas na cozinha e com ele entrando pelos corredores comigo em seu colo mesmo
que tivesse chegado cansado do trabalho.
Permiti que meus olhos procurassem por ele entre as paredes, eu precisava vê-lo antes
de ir embora, para pelo menos avisar que estava indo.
- Onde vai?
Sua voz atrás de mim me assustou e eu dei um pulo no lugar antes de me virar para ele.

Ele ainda estava com a mesma roupa de ontem, o cabelo desarrumado e as bolsas roxas
debaixo de seus olhos me indicavam que ele também não tinha dormido direito.

Pra dizer a verdade, eu nem fazia idéia de há quantas horas o sol já havia nascido.
Robert levava um copo de bebida na mão e seu cenho franzido era angustiado olhando
de mim para minha bolsa.
- Aonde vai? – perguntou de novo bem baixo fazendo meu coração disparar.

- Vou pro meu apartamento. – disse rápida e engolindo em seco.

- Este é o seu apartamento.

- Não... eu..vou para o meu antigo Robert.

- Kristen... por favor...vamos conversar.

- Depois. – respondi o interrompendo antes que ele me fizesse ficar.

Eu não podia mais ficar.

- Kris... me desculpe por ontem, por te dito tudo aquilo.. eu... perdi a noção... – ele
estava tão nervoso e pedindo desculpas por algo que eu também devia me desculpar.

- Robert..nós conversamos depois... eu tenho mesmo que ir.

- Não. – ele disse taxativo segurando meu pulso, seus olhos mais uma vez eram
angustiados e magoados e aquilo estava me matando.
Eu não poderia fazer nada para tirar aquela mágoa dali.

- Me deixe ir Robert... é apenas um tempo... eu..

Queria dizer que voltaria, mas eu não tinha certeza disso.


Tinha que ir embora antes que voltasse a chorar ali na sua frente.

- Eu não posso deixar você ir. – ele disse quase sufocado.

- Nós precisamos disso, você sabe. – as lágrimas caiam agora e eu não me importava
com elas.

- Não Kristen. Nós podemos conversar baby. – ele estava sendo persuasivo e estava
quase conseguindo o que queria.

- É apenas um tempo... eu vou voltar...

- Vai?
- Eu vou. – disse tentando parecer confiante.
Suas mãos passaram pelo meu rosto e foi inevitável que eu não colocasse as minhas no
seu também.
Mas a magoa de suas palavras de ontem ainda rondavam minha alma e não me
deixavam em paz e eu sabia que ele também se sentia da mesma forma, ele não
esqueceria as minhas mentiras e as das suas suposições.
Abri os olhos para encarar os azuis esverdeados e ali eu tive a certeza que não podia
ficar.

Nós dois estávamos magoados e com um tanto quanto de raiva do outro.


Ele, por eu não contar a verdade. E eu, pelas suas palavras de ontem à noite.

Retirei minhas mãos do seu rosto e o vi fechando os olhos. Suas mãos me soltaram
gentilmente, como se estivesse relutando em me deixar ir, assim como eu estava
relutando em ir embora. Tudo o que eu queria era ficar ali, com ele.
Como ele mesmo dissera uma vez: era um circulo vicioso.
Ele era o meu vicio.

Completo e inteiro.

E cada dia de abstinência, seria como uma morte lenta e dolorosa.

Apressei meus passos para evitar que meu coração me traísse e eu me jogasse em seus
braços como era do meu querer.

Ouvi meu nome ser sussurrado antes de fechar a porta e seguir para o elevador.
--
Chorar foi à única coisa que fiz quando entrei em meu apartamento naquela hora da
manhã, deixei meu corpo se encostar na porta e como na noite anterior, ele deslizou até
que eu me vi sentada no chão com minhas mãos na boca tentando aliviar meu pranto.
Estava tudo tão diferente, a última vez que sai daqui era para entrar em uma vida nova e
ao lado de Robert.

Agora estava tudo quase que em um caos.

Minha mãe estava na cidade com Brian.

Eu estava no meu antigo apartamento.

E o pior de tudo, era que eu estava sem Robert.

Por que eu seria capaz de enfrentar tudo se ele estivesse comigo.

Mas eu fora idiota o bastante para deixar minhas inseguranças me tomarem e me


levarem até onde estou agora.

Mas teria mudado alguma coisa se eu tivesse contado a verdade?

Ele teria me pedido pra ficar como fez a momentos atrás?

Minha razão me gritava para continuar escondendo, não por mim, mas sim por Robert.

Ele não merecia saber daquelas coisas, ele não merecia sofrer com o que eu passei.

E eu não estava preparada para seu ódio.

Por que isso seria inevitável.


A raiva. O nojo. O medo de mim e do que eu precisei fazer para estar aqui agora.
Ele iria me machucar ainda mais.

Não por querer, mas todos sempre acabam machucando quando descobrem uma coisa
dessas.

Como fez Taylor, que mesmo sem saber, me machucou com sua expressão de pena
sobre mim quando ele soube de tudo.

E com Robert, não seria apenas piedade. Seria ódio. E ele também estaria com razão em
se sentir assim.Meus pensamentos iam e voltavam com tudo isso de contar ou não, eu
sempre pesava os prós e os contras e no final de tudo, minha razão sempre acaba
ganhando.

Eu iria acabar perdendo Robert.


De uma maneira ou de outra, eu iria perdê-lo.

Pode não ter sido hoje, mas aconteceria um dia.

Seria inevitável e eu não poderia fazer nada para impedir.


Por que eu era uma fraca idiota que não servia nem para lutar pelo que queria.
Meus soluços acabaram por se acalmar em meu peito, mas isso não significava que a
minha dor também tinha passado.
Pelo contrário, parece que a cada movimento que eu fazia, seja com os olhos ou para me
abraçar com mais força, a dor voltava com seus espasmos.

Apenas para me lembrar de como eu estava sozinha e de como estava frio naquele dia.

Eu escutava os sons do que eu achei ser meu aparelho de celular, mas não me movi para
pegá-lo, depois do que me pareceram horas eu também escutei batidas em minha porta,
mas novamente não me movi, talvez a dor estivesse amortecendo os meus sentidos, me
deixando em um completo estado de torpor.
Não era ruim, no entanto.
Era apenas confortável.

Era como entrar na minha pequena bolha de depressão de novo.

Você sempre tinha uma desculpa para ficar quieta em seu canto sem que ninguém te
incomodasse. Chegava quase a se confortável.Você se sentia insegura, mas ninguém se
aproximava para saber o que era.

Foi assim comigo no começo e a única pessoa que se aproximou de mim, estava a
algumas ruas de onde eu me encontrava.

E eu estava sozinha.

Com frio e com medo.

E desprotegida.

Eu estava sem as minhas muralhas.

--

Adormecer naquele chão frio da sala do apartamento definitivamente não era uma boa
idéia, principalmente quando se está chorando e soluçando há horas sem parar.

Eu podia sentir meus músculos tensos e implorando por um relaxante muscular ou um


bom banho quente.
Levantei-me meio tropeçando nas coisas, à janela em minha frente, já me fazia ver a
noite de Los Angeles e suas estrelas no céu.
Não que isso me importasse de verdade.
Estrelas nunca são bonitas quando você as vê sozinha. Sem nenhuma companhia, ou
pior ainda; com um coração partido.

Limpei meu rosto com o torso de minha mão e fui para o meu banheiro.

Sentir o cheiro do meu quarto foi como se tornasse as coisas mais reais e eu podia sentir
o pranto crescendo em meu peito querendo me sufocar enquanto eu lutava contra ele.

Engoli o choro entrando em meu banheiro rapidamente e tirando minha roupa antes
mesmo que a água se enchesse em minha banheira.

Encostei minha cabeça na borda com meu cabelo se espalhando na água, formando
mechas negras.

Fiquei observando eles, pois não queria fechar os olhos, fechar os olhos seria péssimo
em minhas condições naquele momento, foi assim que reparei em uma coisa que me fez
querer desesperadamente ser cega durante alguns segundos para que eu não tivesse
visto.

Minha cintura estava marcada.

Era a marca perfeita do que havíamos feito ontem no sofá do nosso apartamento.

A prova mais do que viva de que eu era dele e de que eu o amava incondicionalmente.

Não me importei com as lágrimas.

Elas viriam em algum momento de qualquer forma.

Eu teria que me acostumar com elas em algum momento.

Fui dormir de novo apenas horas depois de ter ficado na banheira, ignorei de novo o
barulho insistente em meu telefone e algumas batidas na minha porta.
Eu só queria dormir, dormir e esquecer aquele dia que estava se tornando cada vez mais
um inferno pra mim.

A única coisa que pensei ao colocar minha cabeça no travesseiro, era como estaria
Robert naquele momento e como eu faria para dormir sem o seu calor junto ao meu.

--

Definitivamente dormir, foi a última coisa que fiz durante as primeiras horas daquela
noite, alguns sonhos rondavam minha mente e mais intrigante que seu conteúdo era o
que eles eram em si.

Eles eram sonhos.


Há quanto tempo eu não sonhava?

Eu esperava pelos pesadelos, pelo cheiro fétido que sempre me levava á loucura quando
as lembranças me invadiam, mas isso não aconteceu.
Eram apenas sonhos, e eram tão bonitos que eu me recordo de ter acordado pelo menos
duas vezes me lamentando por ter saído deles e deixar pra trás aquele pequeno mundo
de fantasia no qual eu podia fingir que vivia.
Todos eram basicamente a mesma coisa, eu e Rob na praia, não fazíamos nada
especificamente, ele apenas olhava pra mim, com os azuis esverdeados tão bonitos e
intensos que eram refletidos na cor do oceano a nossa frente.
Aparecia também uma terceira pessoa, eu não me lembrava quem era, mas era uma
menina e ela tinha o mesmo tom de cabelo de Robert e o mesmo jeito de sorrir, mas
algo no olhar dela me fazia ficar intrigada durante o sono, seus olhos eram verdes, eram
de um verde tão intensos que quando acordei, senti vontade de me olhar no espelho para
verificar a cor dos meu próprios olhos.

Mas chorei negando com a cabeça.

A menina linda dos meus sonhos jamais poderia ter os mesmos olhos que eu tenho.

Eu não poderia gerar alguém tão perfeito.

Eu não podia gerar ninguém.

Era nesse momento que meu desespero voltava à tona e eu percebia como o corpo e o
calor de Robert me fazia falta, eu queria poder abraçá-lo naquele momento e esperar
que ele me circulasse com seus braços grandes e longos cantando pra mim até que eu
estivesse adormecida em seu peito novamente.

E era neste momento também que a idéia de sair da nossa casa me parecia mais certa do
que nunca. Por que eu nunca seria a mulher que ele merecia e precisava ter ao lado dele.

Uma mulher saudável de corpo e alma, capaz de amá-lo sem receio de segredos e medos
e que pudesse lhe dar filhos lindos para que ele pudesse amar com o coração enorme
que ele tinha.
Robert merecia isso; mais do que qualquer outra pessoa.
Um barulho irritante de campainha me despertou dos meus devaneios e eu enxuguei
minhas lágrimas com o torso de minha mão, levantando-me da cama e tirando o
edredom de cima de mim.

Eu não queria atender ninguém, então apenas olharia pelo olho-mágico e ignoraria
como na noite passada, eu não queria visitas, eu não precisava de visitas para me ver do
jeito que eu estava, eu gostava de guardar a minha fraqueza pra mim mesma e não ter
platéia.

Era Dakota.
Eu quis muito não atendê-la e continuar com os meus pensamentos de sofrer sozinha,
mas no segundo seguinte eu já abria a porta e ela sorriu pequeno pra mim.

- Já estava na hora. – ela exclamou divertida.

- Como? – franzi o cenho.

- Eu e Tom estávamos tocando aqui desde ontem à noite. – ela respondeu entrando pelo
apartamento.

- Oh sim...eu devo ter escutado alguma coisa.

- Você bebeu?

- O que? Não, não. Por quê?

- Você não esta com uma cara muito boa. – ela fez uma cara como se estivesse se
desculpando por aquilo e eu sorri a ela, meio que sem humor, mas ainda sim foi um
sorriso.
- É eu acho que não estou mesmo.

- Você quer conversar? Você sabe, eu vou te ouvir.

- Não precisa Dak. Eu estou bem.

- Certo. Vim apenas saber como você estava. – ela sorriu voltando na direção da porta. –
Sei que não tenho nada haver com isso Kiki, mas por favor, atenda ao telefone. Robert
está ficando desesperado atrás de você.
Ela disse e saiu do apartamento, me deixando atônita por um segundo.

Era isso que eu esperava? Ligações?

Suspirei.

Na verdade eu estava esperando que ele aparecesse aqui, na minha porta. Me pedindo
pra voltar pra casa, mas isso era estúpido da minha parte, já que fora eu quem quis um
tempo.

Uma merda de tempo.

Peguei o celular nas minhas mãos e como um reflexo para meu ato, ele tocou.

O som de Lifehouse com You and Me invadiu minha sala e apartamento e eu respirei
mais fundo antes de colocar o aparelho no ouvido.
- Oii. – minha voz estava quebrada e falhando com apenas aquele cumprimento e
quando ele respondeu, eu me senti desfalecer por uns instantes, o som da sua voz me
fazendo ficar levemente acesa a sua presença e o poder que ele exercia sobre mim.

- Kristen...

- Oii... eer ...haam... me desculpe não ter atendido ontem...eu... dormi a maior parte do
tempo... uh...
- Eu fiquei preocupado. – eu queria tanto abraçá-lo naquele momento que meus braços
ficaram doloridos pela falta que ele me fazia.

- Eu estou bem.

- Está?

Não respondi, ele sabia que eu não estava bem.

- Sei como as coisas estão Kristen, acho que nós precisamos mesmo disso...e vou dar
isso a você... apenas me ligue e não demore a ...me dar noticias. – ele disse por fim.

- Eu vou ligar Rob. – minha voz já estava embargada. – Como você está? Já está no
trabalho? – eu também havia ficado preocupada com ele.

- Sim, estou na empresa... eu tenho que ir Kris... me ligue okay? A qualquer hora.

- Vou ligar.

- Kris?

- Huum? – meu coração disparou no peito de uma forma tão rápida que eu achei que a
sair do meu corpo, pura expectativa rolava por minhas veias e eu me vi fechando os
olhos esperando e rezando por suas palavras.

- Eu... eu... – ele suspirou parecendo nervoso. – Não é nada.

Abri minhas pálpebras com força, piscando algumas vezes para afugentar minhas
lágrimas que começavam a me arder por dentro.

- Até Rob.

- Até Kristen.
Desliguei o aparelho e o joguei em cima do sofá.

Me arrastei até o quarto me encolhendo em minha cama em posição fetal, rezando para
que ele tocasse de novo e ele terminasse aquela maldita frase para que eu pudesse dizer
a minha também.
Mas isso não aconteceu.

Nem naquele dia, nem nos outros dias infernais que se seguiram.

Capítulo 30
Capítulo 30

Notas iniciais do capítulo


Eu volto ainda hoje com o proximo. Prometo :)

Apagar a Luz

"Parece que há um tipo de ordem no universo no movimento das estrelas e na volta da


terra e na mudança das estações. Mas a vida do homem é quase um puro caos. Todo
mundo tem sua postura, defendem seus próprios direitos e sentimentos, errando os
motivos dos outros e dele mesmo.”

(Katherine Anne Porter)

Robert não me ligou depois daquele dia.

Eu também não o fiz.

Ele sabia que nós precisávamos desse tempo e estava tentando me dar isso como disse
que faria. Mas ficar sem ouvir sua voz era quase massacrante.

Era como se a cada toque do meu telefone, eu sentisse que meu sangue era trocado por
linhas novas de esperanças constante que viviam a me cercar.

Mas nunca era ele.

Tom me ligava regularmente agora, ele e Dakota vinham me ver quase todos os dias e
eu cheguei ao ponto de estourar com toda aquela atenção deles.

Não que me incomodassem que eles ficassem aqui comigo, mas me incomodava o fato
de que eles perdiam tempo de suas vidas para apenas me fazer companhia por que eu
não estava mais com Robert.

Isso me irritou e eu disse a eles para pararem. Eles ainda me ligavam e disseram
entender, eu sabia que eles tinham mesmo entendido e pedi desculpas pela minha falta
de noção quase o tempo todo.Tom sorriu e Dakota gritou. Eu apenas rolei os olhos
fazendo eles rirem ainda mais, o que me irritou em altos níveis, acabei os colocando pra
fora de novo.
Eu mantive contato com minha mãe, ela me ligava todos os dias também e nos
encontramos algumas vezes.Ela notou que eu estava triste e pra baixo como se eu
tivesse com todo o meu corpo em espasmos constantes de dor, mas eu disse que não era
nada e ela não me perguntou mais sobre isso.
Já fazia sete dias que eu tinha saído de minha casa com Robert e eu não podia sentir
mais falta dele ou de seus toques, de seus olhos e de seu sorriso que era exclusivo pra
mim.
Aquele era o ultimo dia da minha mãe na cidade e ela pediu para que eu a levasse no
aeroporto no último vôo da noite. Eu hesitei pra caramba antes de exaustivamente
aceitar.
Não por que eu não queria vê-la, longe de mim. Tudo o que eu queria era que ela
pudesse ficar mais tempo para que eu aproveitasse tudo dela; tudo o que eu tinha
perdido nos últimos anos.
Mas eu não queria encarar Brian de novo, eu não teria espírito pra isso, ainda mais
agora sabendo que eu estava sozinha.Sem ninguém que cuidasse de mim durante meus
pesadelos que agora eram inevitáveis durante todas essas últimas noites.
Aqueles sonhos com Robert e a pequena menina bonita vinham ainda constantemente,
mas tinha vezes que eu preferia que eles não viessem.
Eles eram como injeções ilusórias em minhas veias e assim que eu abria os olhos, a dor
da realidade me engolfava e me fazia sufocar por falta de certos braços quentes e
acolhedores me envolvendo.
Revirei minha geladeira em busca de algo saudável para comer constatando com
impaciência que não havia nada naquela merda. Nada prático pelo menos, até os meus
armários estavam vazios e precisando urgente de uma reposição.Eu tinha evitado fazer
isso nos últimos dias, talvez como uma esperança de que eu não precisasse abastecer a
dispensa, por que minha estadia ali não seria demorada.
Mas agora eu precisava urgente de macarrão instantâneo ou um hot pocket de cebola, do
jeito que Robert gostava.
Bufei irritada que não tinha nada disso e fui a contra gosto preparar algo para comer,
aliás, eu estava sentindo mais fome do que o normal nos últimos dias, eu não comia o
tempo todo, mas era quase como um reflexo, talvez por que eu não tenha bebida aqui no
apartamento e eu não saia de casa a não ser para a faculdade ou ver mamãe.
Peguei o frango na geladeira que pra minha sorte estava descongelado e cortei em cubos
sem me preocupar com a estética daquilo que eu estava fazendo.
Coloquei tudo pra fitar no fogo alto e fui fazer algumas cenouras em rodelas para
acompanhar.
No segundo em que o cheiro de frango frito estragado invadiu minhas narinas, meu
estomago se embolou por completo, o enjôo veio em ondas até mim, me fazendo
ajoelhar no chão frio da cozinha procurando pela merda da lixeira e vomitando tudo o
que tinha comido naquele dia.
- Fuck!
Eu ainda estava enjoada e levemente tonta, eu sentia uma certa pressão na minha nuca
daquelas que você sente quando a sua pressão está baixa e eu mantive meu rosto pra
cima em busca de ar para esperar que o mal star passasse.
Demorou alguns minutos para que eu me sentisse bem e levantasse, passei a mão no
rosto e lavei minha boca, passando um pouco da água gelada em minha nuca para
aliviar a pressão que havia ali.
Olhei para o frango em minha frente fazendo uma careta e joguei tudo no lixo, comi
apenas alguns pedaços da cenoura e fui tomar banho.
Troquei-me e percebi que já estava na hora de levar minha mãe no aeroporto.
Suspirei pesadamente criando coragem para enfrentar e encarar Brian mais uma vez.
Ergui minha cabeça com uma força e determinação que eu não tinha e chamei um taxi,
me preparando também preparando também para despedir-me da minha mãe.
Sai do carro entrando no aeroporto. Caminhei alguns passos até a avistar abraçada a
Brian perto de uma das escadarias no saguão.
A visão me fez enjoar novamente, resisti ao impulso de dar meia volta e sair de lá.
Mas minha mãe merecia o meu esforço.
- Mãe? – chamei ainda um pouco distante.
Ela se virou sorrindo por ter escutado minha voz e se soltou de Brian no mesmo
instante, me abraçando. Eu senti o cheiro dele enquanto ela me apertava e eu repeti um
mantra na minha cabeça de: Não vomite Kristen. Não vomite.
- Achei que não viria. – ela falou passando a mão em meu cabelo, num gesto que me
lembrou totalmente Robert.
Pisquei algumas vezes para que ela não visse que lágrimas se formavam em meus olhos.
- Eu disse que vinha mãe.
- Eu sei meu amor. – ela sorriu. – Sabe, seu irmão vai querer vim até aqui.
Eu também sorri.
- Traga-o mamãe. Eu sinto a falta dele.
- Sei que sente, vocês três sempre foram ligados.
Assenti com a cabeça lembrando a minha amizade com meus irmãos, até mesmo com
Cam que era tão novinho, mas que era o xodó da casa.
Conversamos um pouco e ela me contou como estava Amber e das bagunças de Cam no
time de beisebol da escola.
- Ele estava tão animado com a última vitória deles no jogo. E você não vai acreditar.
- O que? – respondi a sua animação.
- Acho que ele tem uma namoradinha.
- Sério?
- Sim, mas ainda não tenho certeza. – ela riu baixo alisando minhas costas com suas
mãos.
- Mas ele não é novo demais?
- E não é? Mas vocês estão crescendo, parece que foi ontem que eu te colocava em seu
berço e seu pai vinha te ninar a noite inteira. Cam pode ser o caçula, mas você sempre
foi a mais mimada. – ela sorriu meio triste em volto a suas lembranças. – A princesinha.
Ela me olhou com os olhos marejados e eu mordi os lábios que estavam tremendo.
Eu queria dizer tantas coisas a minha mãe.
Dizer que a amava e que eu só queria protegê-la.
Que a respeitava e que ela me fazia tanta falta...
Mas nosso momento foi cortado pelo som de seu celular.
Ela alisou minhas costas antes de se afastar sorrindo.
Devia ser Cam ou Taylor no telefone.
- Você faz falta a ela gracinha.
- Vai pro inferno Brian. – disse entre dentes, cruzando meus braços no peito e resistindo
ao impulso de mais uma vez sair correndo dali.
- Só estou dizendo para que você continue a fazer sua mãe alegre Kristen, ela fica
péssima quando você não liga.
- Vai. Pro. Inferno. – repeti apertando os olhos com força para abri-los novamente
depois de um segundo.
- Onde está o seu namorado? Ele não gostou muito de mim não é?
Não respondi, era provável que não saísse nada de meus lábios.
- Sabe... ele me parece ser o tipo de cara sério... inteligente... não vejo como ele foi se
envolver com uma garota como você.
A bile subiu em minha garganta com força e eu parei no lugar para não virar a mão na
cara dele e alarmar todo o aeroporto e também minha mãe.
- Claro que ele não sabe de nada. – ele sorriu cínico me fazendo enjoar, seu dedo
indicador chegando perto de alisar meu braço, mas eu o retirei a tempo. – Mas ele devia
ser mais esperto e se afastar, por mais que você tenha... qualidades. Ainda sim, ele me
parece merecer mais do que você pode oferecer gracinha. Imagine se um dia ele
descobre de nossas aventuras? Ele vai te odiar tanto...
Me virei em um átimo em direção a ele, minha mão voou no ar e atingiu seu rosto em
cheio.
- Seu porco nojento, você é apenas um estúpido e uma merda de homem. Que teve uma
puta sorte na vida ao encontrar uma mulher como minha mãe. Não me subestime, não
chegue perto de Robert seja para fazer o que for, ou eu abro minha boca e o mundo
inteiro vai saber quem é você. – minha voz exalava veneno e os olhos dele agora eram
frios de pura raiva, mas eu sabia que ele não ia fazer nada. – Covarde.

Sibilei as palavras pra ele antes de me virar e ir em direção a minha mãe, ela estava
distante agora o que fora uma sorte de ninguém ter visto o tapa que dei em Brian.

Ela desligou o aparelho assim que me viu e sorriu pra mim.


- Eu sinto muito, mas tenho que ir.
- Tudo bem. Meu vôo sai em meia hora.

- Eu vou sentir sua falta. – falei a abraçando com força e me aconchegando no corpo
maternal que também me abraçava.

- Eu também vou sentir sua falta princesinha.

Dei dois beijos em seu rosto e deixei que as lágrimas caíssem.


- Vai se cuidar não vai filha?

- Eu vou.

- Vai me ligar?

- Eu vou mamãe.
A abracei de novo e ouvimos a primeira chamada de seu vôo.

- Boa viagem.
- Dê lembranças minhas ao Robert.

Engoli em seco assentindo com a cabeça enquanto ela se afastava ainda sorrindo pra
mim, Brian Wood me encarou, mas eu o ignorei, suas palavras ainda rondando em
minha mente, me deixando enjoada.
Mas acima de tudo, elas me deixavam mais conscientes.

Eu não era mulher pra Robert.

Ele não merecia alguém como eu.

Ele só merecia ser feliz.

Quando cheguei ao meu apartamento, as lágrimas já rolavam em ondas grossas por meu
rosto e quando eu peguei o telefone e escutei sua voz, eu quis chorar ainda mais pelo
que ia fazer e pela falta absurda que ele me fazia.

- Robert? – escondi um soluço, o abafando em minhas mãos.

- Kristen... – ele parecia mais do que aliviado em me ouvir, era quase... deliciado.

Respirei fundo e busquei uma coragem que nem de longe eu tinha.

Ainda mais para fazer aquilo.

- Nós precisamos conversar.


--Capítulo 31

Capítulo 31

Notas iniciais do capítulo


meninaaa, esá aqui como prometi, me desculpem por não editá-lo :/// beeeeijos :)tento
trazer outro ainda hoje :D

Apagar a Luz

"Talvez o maior problema da solidão seja o fato de andarmos pela vida achando que
só nós sofremos dela."
(Jeanne Marie Laskas)

- Então é isso que está me dizendo Kristen?


- Sim... é isso e você sabe que vai ser melhor. – limpei meu rosto das lágrimas fazendo
um esforço sobre humano para encarar seus olhos que agora estavam escuros.
- Melhor pra quem?
- Pra nós dois.
Eu queria dizer que seria melhor pra ele, mas ele não acreditaria em mim.
Desde a hora em que ele passou pela minha porta, eu soube que o que eu estava fazendo
agora, era o mais certo.
Os olhos com bolsas roxas, a barba por fazer.. tudo me indicava que ele não estava bem
e saber que eu iria piorar isso estava me matando a cada segundo que se passava.
Quando disse entre soluços e sufocos , que era melhor terminamos, seus olhos
rapidamente se estreitaram, formando uma linha firme enquanto ele tentava entender o
que eu estava pensando e querendo ao dizer aquilo.
Falar pra Robert que eu não o queria foi a coisa mais terrível e torturante que eu já fiz
em minha vida, nem mesmo as dores que já passei quando fui levada de casa se
comparava ao meu estado naquele momento.
Era alucinante o poder da dor em meu corpo e principalmente em meu coração.
Eu me sentia inexistente, como se toda a vida que existia em mim fosse sugada com
força e intensidade, deixando apenas o vazio e o frio em meu âmago.
Meus braços eram cruzados no peito para aplacar a ardência nos mesmos, que era
devida ao fato de eu estar louca por me jogar em seus braços e esperar que eles se
fechassem ao redor de mim, me protegendo, me acalmando e me aquecendo como
sempre fizeram.
E mesmo ali na minha sala, com sua blusa quadriculada de vermelho e preto com sua
calça jeans amassada e o cabelo de areia bagunçado; os olhos magoados e implorativos.
Ele ainda era a pessoa mais linda que eu já tinha visto na vida.
- Isso com certeza não é o melhor pra nós dois. Não pra mim.
- Mas pra mim é. – disse com esforço ignorando mais jatos de lágrimas em meu rosto.
- Então por que está chorando? Depois de tanto tempo juntos, você me diz algo assim,
por causa de uma discussão estúpida? – ele quase cuspiu as palavras passando as mãos
no cabelo em gesto de nervosismo e irritação.
- Não foi por causa da discussão. Não totalmente. – passei minhas mãos no nariz
abaixando meu rosto, eu incapaz de mentir olhando para seus olhos, como quando disse
que não o queria mais, eu disse olhando para o chão.
- Eu já te pedi desculpas pelo que eu disse Kristen. – ele estava desesperado agora e eu
já estava há muito tempo.
- Não foi pelo o que você disse Robert.
- ENTÃO FOI PELO QUÊ?
Me assustei com seu grito e ele me encarou intensamente.
- É por mim. Sabe que não vamos ficar bem com tudo isso entre nós. – eu apontei meus
dedos pra mim mesma, para reforçar que não tinha nada haver com nossas brigas e sim
comigo, que não conseguiria ficar em paz continuando a esconder as coisas dele.
- A única coisa que esta entre nós, é as suas mentiras. – apontou friamente e entre
dentes.
O encarei e ele sustentou meu olhar, pisquei algumas vezes para ver melhor e afugentar
as lágrimas, mas acabou sendo totalmente inútil.
- Por favor, vai ser melhor assim.
Eu só quero proteger você.
Completei em pensamento.
- Okay. – ele falou assentindo com a cabeça. – Vai ser como você quiser Kristen. – ele
passou suas mãos no cabelo mais uma vez, mas invés de alivio, eu só podia sentir os
machucados em meu coração se abrindo com suas palavras. – Como você quiser.
Ele disse por fim.
Jogando ácido nas minhas próprias feridas, as palavras me magoando enquanto eu o
sentia partir de meus braços.
Ergui o rosto do chão para tentar encará-lo, mas não foi uma boa idéia, meu choro ainda
caia de meus olhos e o brilho magoado dos seus me levavam ao desespero, beirando o
pânico e explodindo com as sensações dentro de mim.
Por um milésimo de segundo eu me movi, meus passos parando no mesmo instante em
que eu percebi meus movimentos, prendi meus soluços na garganta com minhas mãos
pegando fogo para tentar tocá-lo.
Nem que fosse uma última vez.
- Acabou. – ele sussurrou.
Seus olhos me encararam com tantas emoções diferentes que eu não soube distinguir
nenhuma, elas passavam rápido demais e eu via seu esforço em tentar escondê-las.
Abaixei minha mão que – sem que eu percebesse – tinha erguido e mordi os lábios,
machucada com suas palavras.
Eu quis repetir, dizer também que havia acabado, mas não tive força pra isso.
Nem força e nem tempo, no segundo seguinte ele dava dois passos e saia pela porta a
fechando com rapidez e força atrás de si, sem olhar pra trás.
Me deixando sozinha.
E desesperada.
Eu queria gritar para que ele voltasse, para que esquecesse o que eu disse e para pedir
que ele ainda me amasse. Ainda me tocasse como só ele fazia e cuidasse de mim como
só ele era capaz de fazer.
Mas este grito nunca saiu.
Não nas palavras que eu desejava, o som que esvaiu de meus lábios era de pura dor, os
machucados se abrindo de uma forma tão dolorosa que me queimavam por dentro, me
sufocando... retirando todos os meus órgãos mais vitais.
Eu me sentia oca, vazia e totalmente sem vida.
Percebi que o tempo se passava quando meus joelhos encontraram o chão e eu me
abracei, tentando apagar as lembranças de Robert da minha mente.
Elas machucavam mais do que a realidade.
Me encolhi em posição fetal apertando meus olhos molhados com força.Nunca uma
cicatriz doeu tanto, como aquela que eu levava agora no peito.
Capítulo 32
Capítulo 32

Notas iniciais do capítulo


Heei meninas, amanha eu trago mais um e obrgada pelos reviwes :)

Apagar a Luz
‘’Aquele que já não consegue sentir espanto nem surpresa está, por assim dizer, morto;
os seus olhos estão apagados. ’’
(Albert Einstein)

Três semanas depois...

- Você quer falar mais claramente Taylor? Não estou entendendo onde está querendo
chegar.

- Sabe muito bem onde quero chegar. Você precisa parar com isso Kristen, ficar
sofrendo e se lamentando não vai te levar a lugar algum.
- Quem disse que estou sofrendo?

- Eu disse. – ele respirou fundo. – Você só tem que se livrar disso, lembrar o que
aconteceu não vai te ajudar a superar Kiki, você não vê que está perdendo as coisas por
causa de sua teimosia?

-Eu não tenho nada para perder.

- Não? Você tem uma família que te ama, mas que você vira as costas, você tinha um
namorado que te amava e você também não deu valor a isso.

- FOI POR DAR VALOR A ELE QUE EU SAÍ DE SUA VIDA, E OUTRA COISA
TAYLOR, EU NÃO DEVO SATISFAÇÕES A NINGUEM, EU NÃO PRECISO DE
NINGUEM.

- NÃO VENHA COM ESSA MERDA DE AUTO-SUFICIENCIA PRA CIMA DE MIM


KRISTEN. NÓS DOIS SABEMOS QUE TERMINAR UMA RELAÇÃO POR MEDO,
NÃO É LÁ A COISA MAIS SAUDÁVEL.

- EU NÃ ESTAVA COM MEDO.

- ENTÃO ESTAVA COM O QUE? ESTAVA COM A DROGA DE AUTO-


DEPRECIAÇÃO QUE VOCÊ FAZ QUESTÃO DE GUARDAR DENTRO DE VOCÊ.
LEVANTE A CABEÇA KRISTEN, VOCÊ SEMPRE FOI FORTE E AGORA ESTÁ
FAZENDO DA SUA VIDA, O SEU PRÓPRIO INFERNO.

- DEVE SER MUITO FÁCIL PARA VOCÊ FALAR, VOCÊ NÃO ESTAVA COMIGO
EM MOMENTO ALGUM E A MINHA VIDA JÁ É UM INFERNO E NEM POR ISSO
EU PEDI A SUA AJUDA OU O QUE QUER QUE SEJA DE QUALQUER PESSOA.

- POR QUE É FRACA DEMAIS PARA ADMITIR QUE PRECISA DESSA AJUDA.
NINGUEM É CAPAZ DE VIVER SOZINHO KRISTEN.

- VAI PRO INFERNO TAYLOR. E ME ESQUECE.


Não esperei pela sua resposta, o telefone saiu minhas num jato de violência
impressionante e ele já se chocava com o sofá, minha intenção era fazê-lo se chocar
contra a parede, mas pelo visto eu tinha errado o alvo.

Não permiti minha mente de continuar processando as palavras de Taylor, não valeria à
pena fazer isso, seria inútil e não me levaria a lugar nenhum.

Passei as mãos no meu cabelo que ainda estavam molhados do banho e entrei na
cozinha desesperada por uma cerveja ou uma vodka.
Pensando bem, vodka não era uma boa idéia, da última vez que bebi, o cheiro me
enjoou e eu passei a noite inteira no banheiro vomitando até minha alma por causa
daquela porcaria.

Mas eu tinha que ficar fora de órbita, eu precisava disso, antes que...

Quê nada!

Eu precisava parar de achar que a bebida resolveria alguma maldita coisa por mim.

Me sentei completamente estressada no sofá parei por um momento observando todo a


apartamento, eu vinha evitando fazer isso nas últimas três semanas, mas por diversas
vezes meus olhos me enganavam e minhas lembranças vinham a tona com tudo o que já
aconteceu ali dentro...

Foram as piores semanas da minha vida, ou chegava bem perto.


Eu não dormia se não fosse pela bebida, eu fumava com cada vez mais freqüência, e os
pesadelos não me deixavam em paz.

As ruas do México eram o principal foco do meu subconsciente, mas havia também
algo que vivia entre eles.

Aquela noite. Aquela maldita noite.

A última vez que eu o tinha visto, ali mesmo naquela sala que agora se tornava doloroso
olhar e ficar ali, revivendo suas palavras e as minhas próprias, junto com o sentimento
de fracasso e saudade que me assaltavam.

Acabou.

Ele havia dito.


Suspirei engolindo em seco e me levantando, tentando impedir os pensamentos que
viviam rondando a minha mente.

Eu tinha que estudar e estudar, já eram meados de fevereiro e as provas do semestre


estavam chegando.
A campainha tocou no segundo em que sai da sala.

Respirei fundo antes de abrir.


- Surpresa. – Dakota cantou, erguendo os braços e com um sorriso feliz no rosto.
- Hey Dak. – respondi com um meio sorriso.

- Vamos lá Kiki, ânimo garota, nós temos afazeres hoje. – ela disse já entrando pelo
apartamento e eu cruzei os braços em frente ao peito e franzindo o cenho.

- Que afazeres?

- Compras. É claro que vamos fazer compras Kris, nós temos o jogo hoje e como boa
americana que somos, temos que estar preparadas.

- O quê?

Dakota era doida?


- Hoje tem jogo dos Lakers. Vamos reunir todo mundo lá em casa e nós duas vamos
comprar os uniformes agora e as coisas para comermos.
- Woow woow. Vamos com calma Peter Pan. – coloquei minhas mãos pra cima ouvindo
ela bufar. – Eu não vou a lugar algum, Dakota.

- Mas é claro que você vai.

- Não, eu não vou. – revirei os olhos indo pra cozinha e bebendo uma garrafinha de
água em um só gole.

-Vamos lá Kiki. Você nunca mais saiu comigo ou com Tom, fica sempre em casa se
empanturrando de cervejas e cigarro.

- Vamos parar por aqui okay? – disse séria pra ela. – E eu sempre fico com você e Tom,
não fale que não Dak, seria injusto.

- Okay, okay. Não falo mais nada. – ela baixou o olhar e eu me senti meio culpada, eu
realmente estava deixando os dois de lado, mas não era por egoísmo, era só que eu não
queria ninguém me encarando como se eu fosse uma louca que precisava de ajuda.

Suspirei, ficando levemente irritada.

- Okay. Mas eu só vou comprar as coisas com você. Não vou assistir ao jogo.

Eu não tinha certeza de quem iria nesse jogo e era melhor prevenir, eu não estava
preparada para um encontro agora.

- Tudo bem então. – ela sorriu e eu até sorri um pouco também. – Vamos, vai trocar de
roupa.
Revirei os olhos de novo e entrei em meu quarto, ignorando novamente as lembranças
que aquilo me trazia.

Coloquei uma calça de malha escura e uma blusa branca normal. Peguei meu all star e
me encontrei com Dakota na sala.

- Vamos aonde? – perguntei trancando o apartamento.

- Vamos ao Owens. Temos que comprar cerveja e batata frita e algumas stacks.
- Okay.

- E depois vamos comprar os uniformes. Sam também vem pra cá e vamos comprar três
masculinos.

Engoli em seco já sabendo que de quem seria o terceiro uniforme.

- Haam, Dak?

- Sim? – disse já entrando no taxi e mexendo em sua bolsa.

Mordi meus lábios ficando nervosa de repente.

- Eeer, você sabe... ou tem.. – eu não consegui mais falar, minha garganta se fechou e eu
me senti levemente tonta por estar querendo entrar naquele assunto.

- Se eu tenho o visto? – perguntou sucinta.

Não respondi, desviei o olhar para o banco vazio ao meu lado, o tecido de revestimento
parecia mil vezes mais interessante agora.

- Kris... ele passa tempo demais na empresa agora ou trabalhando em casa. Eu não sei o
que está acontecendo com ele, mas ele vai ficar melhor seja do que for. Ele está saindo
direto com Tom e Sam, acho que ele está bem. Robert é meu irmão e eu não vou
perguntar o que houve com vocês, eu o conheço bem demais pra saber que ele jamais
diria alguma coisa.

Ela sorriu no final da fala e eu tentei, mas não consegui sorrir de volta.

Meu coração palpitando à medida que suas palavras se infiltravam em meu organismo,
meu oxigênio ficou escasso e eu quis voltar desesperadamente para o meu apartamento.

Ele estava guardando tudo pra si, assim como eu. Talvez a única diferença, fosse que ele
já tivesse me esquecido.

Robert era o tipo de cara perfeito demais para ficar sozinho, alguma garota já deve ter
tomado conta do espaço que eu deixei vazio.
O pensamento de vê-lo com outra garota martelou tão fundo que a dor se agitou, meu
estomago revirando com as imagens que meu cérebro produzia. Os machucados se
abrindo como se sal tivesse sido jogado em cima, ardendo na mesma intensidade que
meus olhos ardiam agora.

- Shii Kris, não fique assim. – ela passou as mãos em meu rosto.
- Estou bem Dakota. – desviei o olhar para a janela.

- Nenhuma cicatriz dói pra sempre Kiki.

Não respondi, eu sabia mais do que ninguém, do que as cicatrizes eram capazes de fazer
a uma pessoa.Eu estava sendo estúpida, tinha consciência disso, fora eu quem decidira
acabar, para dar a ele a chance de encontrar alguém melhor que eu, que seria capaz de
dar ele tudo o que eu não podia.

Eu queria o melhor pra ele e nem por um segundo eu podia me arrepender disso, ele
havia me dado tanto quando eu não tinha nada para oferecer, eu não era ingrata ao ponto
de lhe negar a chance de uma vida mais feliz e saudável com outra garota. E não me
importava de ter cicatrizes se fosse preciso para vê-lo feliz.

Nem que fosse para o ver com outra garota.

Limpei discretamente algo quente em meu rosto e esperei que Dakota não tivesse visto,
mas ela não comentou nada e chegamos ao market em pouco tempo.Compramos tudo o
que era preciso, as batatas fritas e as stacks, com as cervejas e o refrigerante para
Dakota.

Conversamos mais sobre a faculdade e o que faríamos depois dela, eu sabia que
continuaria em Los Angeles e ela disse que também ficaria por que não iria deixar nem
Tom e nem Robert.

Tentei não me importar com aquilo, mas a coragem de Dakota às vezes me dava uma
certa pontada aguda de inveja, ela deixara os pais em Ohio para seguir com o cara que
ela amava e com seu ‘’irmão.’’ Se o meu caso fosse o mesmo do dela, eu tenho certeza
que faria a mesma coisa por Rob, como quando ele disse que poderíamos morar em
Londres..

Eu não me importaria em deixar os EUA e tudo o que tivesse nele, para seguir com Rob
para onde ele quisesse ir. Pensar nisso agora machucava, pois não haveria mais
possibilidades de uma vida juntos e em Londres, nem em qualquer outro lugar. Não pra
mim.

Minha cabeça tinha que se focar em alguma coisa, eu não podia mais ficar remoendo
aquilo, o que passou tinha passado e eu sempre levaria comigo a certeza de que ele seria
mais feliz sem me ter por perto.

- Kris? Kris acorda.


Foquei meus olhos para Dakota que passava a mão pra cima e pra baixo de meu rosto,
para me alertar.
- Ah, oi Dak... eer vamos? –passei as mãos em meu cabelo, estava doida pra ir pra casa.

- Vamos.

Ela sorriu assentindo e não demoramos muito a chegar em casa.


- Não quer mesmo ver o jogo?
- Não Dak, tenho que estudar. – respondi enquanto subíamos as escadas.
- Você vai ficar bem?
- Eu estou ótima Dakota. – disse rapidamente apesar dela não parecer acreditar muito,
mas também não insistiu.
- Okay, é só aparecer aqui.. você sabe.
Assenti retribuindo o abraço que ela me dava para depois subir as escadas até meu
apartamento. Entrei e fechei a porta, respirando fundo e fechando os olhos.
Tinha que estudar ainda, mas estava ficando com sono, com muito sono.
Na verdade, eu vinha dormindo muito nos últimos dias, mas isso devia ser por que era o
único modo de sair de órbita sem ser pela bebida e alguma coisa me dizia que eu não
iria gostar de beber.
Liguei o ar condicionado e me cobri com o edredom, eu não havia almoçado, mas eu me
sentia levemente tonta e talvez fosse mesmo melhor dormir.
Não foi difícil cair na inconsciência.
Capítulo 33
Capítulo 33

Notas iniciais do capítulo


Meninaaas, ta aqui mais uum, e respondendo as perguntas: ela vai dizer a verdade pra
ele assim que eles se reconciliarem :D e aii ela descobre que ta gravida :)

E ah, eu tenho uma comunidade no orkut com as minhas fics, quem quiser é só add láa,
vou ficar contente de ver vocês por lá :) beeijos e eu trago o proximo cap. ainda hoje :)

http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=106776925

Apagar a Luz

Não me lembro de que horas eram quando finalmente acordei, mas já havia anoitecido.

Abri meus olhos contra minha própria vontade, se dependesse de mim, eu não sairia
daquela cama nunca mais. Bufei soltando todo o meu ar pelo nariz e passei minhas
mãos no rosto pra afastar aquele cansaço que eu sentia.
Levantei-me preguiçosamente e entrei no banheiro, enchi minha banheira com a água
quente e devo ter dormido novamente lá dentro, por que quando abri os olhos, meus
dedos já estavam enrugados.

Suspirei de novo escovando meus dentes e reparando só agora que tinha algo errado
comigo.

Meu pacote de absorventes estava fechado e ainda lacrado, do mesmo jeito que eu
comprei, franzi o cenho fazendo as contas, a última vez que eu tinha menstruado foi
logo depois que chegamos de Londres. Isso significava que um ciclo completo já tinha
se fechado e ainda sim, minha menstruação não dava sinais de aparecimento.

Eu não me importava realmente, nunca havia ligado para aquilo, era apenas intrigante,
eu nunca fora muito regular e sempre me recusara a ir a um médico para resolver essas
coisas, não me adiantaria em nada ter ou não ter menstruação.
Respirei fundo guardando de novo o pacote pequeno e escutei meu celular tocando no
quarto, atendi com meu coração disparado, para ver só depois, que era Dakota.

- Hey.

- Oii Dak.

- Está em casa?

- Sim, estou. Por quê? – cocei meus olhos que ainda estavam um pouco pesados e sai do
cômodo indo em direção a cozinha.
- Nada. Lakers ganhou. – ela disse animada.

- Parabéns Dak. – eu quase podia vê-la revirando os olhos agora.

- Como você não veio hoje aqui, vamos a um pub?

- Dak..

- Por favor, Kiki.

- Eu acho melhor não, eu dormi a tarde e ainda não estudei.


- Mas amanhã é sexta, e você sempre sabe a matéria completa Kiki.
- Eu sei, mas mesmo assim... tenho que estudar Dak.

- Você é chata. – eu sorri.

- Estou tentando cuidar do meu futuro.

Disse sem pensar, mas falar de futuro, me machucava.


- Porra nenhuma de futuro. Eu estou passando aí em meia hora para ver você se
arrumando.

- Dakota.. eu já disse...

- Meia hora Stewart.


Bufei quando ela desligou o telefone.
Merda.

O que quê eu iria fazer em um pub?

Servir de vela para Tom e Dakota?

Não era possível que uma pessoa não podia nem ficar em casa sozinha.
Rolei os olhos sabendo que ela chegaria aqui a qualquer momento.

Fui na cozinha e peguei um pão de centeio passando geléia de uva com um suco de
laranja.

Comi rapidamente e voltei pro quarto.

Não tinha muitas roupas, a maioria ainda ficava no apartamento de...

Respira fundo Stewart. Respira fundo.

Balancei a cabeça para tirar os pensamentos e escolhi uma jeans skinny azul marinho e
uma blusa no estilo bata branca de alças, com alguns detalhes azuis. Coloquei uma
sapatilha qualquer que combinasse e deixei meus cabelos soltos, ele esconderia meu
rosto durante a noite.
Esperei Dakota na sala, me esforçando para criar coragem para sair de casa, quando
tudo o que eu queria era voltar pra minha cama.A campainha não demorou a tocar e eu
rolei os olhos, não sei por que ela não entrava de vez, sempre fazia isso.

- Eu não vou sair com você, se tiver com essa cara Kristen.

- Está falando sério? – respondi fingindo alegria, a fazendo rolar os olhos e me puxar
pela mão.
- Não me irrite Stewart. Estou fazendo isso porque sou uma boa amiga e não te quero
enfornada nesse apartamento esperando que a morte te encontre. – ela disse teatralmente
e eu consegui sorrir minimamente.
- Vamos a quê pub?

- No perto da praia. Tom já está lá ajudando Sam com a banda. – falou entrando no taxi,
eu a segui.

Tive vontade de perguntar quem mais estaria lá, mas me freei. Talvez ela não soubesse
ou talvez até nem me diria se eu perguntasse.
Mordi os lábios em curiosidade.

Chegamos e foi só ai que tive a oportunidade de olhar no relógio, eram mais de 21horas
e por Deus, eu ainda estava morrendo de sono.

Dakota me puxou mais uma vez pelo braço, nos fazendo entrar.O lugar já estava cheio e
eu comecei a percorrer cada extensão dele a procura de algo que nem eu sabia o quê, ou
talvez nem quisesse saber.

Não mudaria nada de qualquer forma.

- Senta aí que vou falar com Tom que nós chegamos.

Bufei irritada com seu gênio imperativo e ela me deu um beijo no rosto rindo e indo em
direção ao palco.

A traição de meus olhos era vista mais uma vez e eu de novo varri o lugar a busca de
alguém, meu coração palpitando e eu sabia que era de esperança e expectativa.

- Kristenzinha. – a voz de Tom cantou atrás de mim e eu me levantei para receber seu
abraço e seu rodopio comigo ainda no ar. – Que milagre te fez sair de casa?

- Sua namorada esta insuportavelmente insuportável hoje.

Ele riu.

- É claro que ela está. Ela foi ao bar pegar bebida pra vocês. – ele sorriu e se sentou
comigo nas cadeiras vermelhas. – Você está bem? – perguntou me olhando e perdendo o
sorriso.

- Não vamos começar com isso okay? Eu estou ótima. – não falei o encarando, Tom me
conhecia tão bem quanto Dakota e saberia que eu estava mentindo.

- Eu espero mesmo que esteja. – ele sorriu e bagunçou meu cabelo.


- Senti falta de vocês.
- Nós também sentimos sua falta. – Dakota disse chegando à mesa com duas canecas de
cerveja e um sorriso no rosto. – Não foi amor?
- Claro que foi honey. – ele lhe deu um selinho e eu desviei o olhar.
Não estava disposta a encarar demonstrações públicas de afeto.
- Onde está Sam?
- Ele já vai vim até aqui. Mandou-te um beijo. – ela disse me entregando uma das
canecas.
Em um segundo que coloquei o liquido na boca, a bile subiu com força me dando uma
ânsia incontrolável de vômito, me levantei de um átimo e com a mão na boca andei
rapidamente até a direção em que ficavam os banheiros.
O lugar não era exatamente o que podíamos chamar e bem arrumado, mas era limpo
pelo menos, me curvei em um dos cubículos, colocando minhas mãos nos joelhos e
deixando que meu estômago expulsasse as substâncias que lhe faziam mal.

Senti mãos em meu cabelo e por um momento lágrimas vieram aos meus olhos, me
lembrando de um tempo em que eu passava mal, mas era protegida por braços tão
quentes e fortes... braços que não eram aqueles.

- Hei. O que houve? – Dakota perguntou preocupada.

- Não é nada. – respirei fundo e me levantei pra lavar meu rosto e minha boca na pia.
- Kris?
- Não é nada Dak, sério. Acho que me desacostumei um pouco com a bebida. Só isso. –
cuspi a água na pia e enxagüei minhas mãos.
Ela pareceu ter ficado realmente preocupada e franziu o cenho.

- Não é a primeira vez que te vejo passando mal, você sabe. Você quase desmaiou
semana passada.

- Foi minha pressão que estava baixa, não é nada demais.

- Kristen...

- Por favor, Dak. Eu estou bem.

Ela suspirou derrotada e assentiu com a cabeça, mas ainda estava olhando pra mim.
- Você tem bala aí? Ou um cigarro?

- Só chiclete. – ela colocou a mão no bolso e me entregou uma caixinha de masca de


hortelã.
- Obrigada, - ela sorriu.
- Vamos voltar? Acho que Sam já está na mesa.

- Haam, Dak?

- Sim? – disse se virando quando já estava na porta de saída.

- Ele.. quer dizer... você sabe se ele vem... – mordi os lábios e coloquei uma mexa do
meu cabelo pra trás da orelha.
Eu quase pude ouvir seu sorriso.
- Eu não sei. Acho que sim, ele sabe que Sam tinha show hoje.
- Ele sabe que... eu estou aqui? – olhei para minhas mãos que de repente tinham a forma
mais interessante que eu já tinha visto.

- Não Kris... eu te chamei aquela hora e... talvez ele não... – ela deixou a frase morrer e
eu assenti com a cabeça entendendo o que ela quis falar. – Kris...
- Vamos... eu ainda quero ver Sam antes que ele comesse a tocar.
- Tudo bem.
Ela passou seus braços nos meus e nós voltamos pra mesa onde Sam já estava lá com
outro cara que eu não sabia quem era.

- Kristen. – ele disse me abraçando.

Retribui seu abraço constatando que realmente eu tinha sentindo falta de todos eles.

- Hey Sam.

- Como você está? – rolei os olhos o fazendo rir e o seu amigo me encarou.

- Estou ótima.

- É claro que está. – ele respondeu negando com a cabeça e ainda levava um sorriso no
rosto. – Bom, me deixe apresentar a você. Marcus. – ele apontou para o cara de cabelos
lisos que estava ao seu lado. – Esta é Kristen. Kris, este é Marcus.
- Olá. – ele disse, apenas acenei com a cabeça apertando levemente a mão que ele me
estendia. Ele segurou na ponta dos meus dedos e deu um beijo no torso da minha mão.

Me incomodei com a intimidade e puxei minha mão de volta levemente, vendo Tom
ficar desconfortável e Dakota suspirar sorrindo pra mim.

- Posso me sentar com vocês? – Marcus perguntou.

Tom assentiu com a cabeça apontando o lugar a sua frente, eu acabei tendo que me
sentar ao seu lado apesar de não querer.
- Você está melhor? – Tom me perguntou sério.
- Sim, foi apenas um enjôo. – sorri a ele tentando passar segurança e ele me sorriu de
volta. – Só não vou beber hoje.

- É a bebida que está fazendo isso?

- Sim, acho que sim. – respondi simplesmente, ninguém precisava saber que eu parecia
uma idiota vomitando por cada cheiro estranho que eu via.

Nós começamos a conversar sobre banalidades, mas minha mente estava voltando para
o que Dakota disse no banheiro, ele não sabia que eu estava aqui e se soubesse, talvez
ele não viesse, foi por isso que ela não contou a ele, por que queria que ele viesse hoje.

Mas ele deixaria mesmo de vir se soubesse que eu estava aqui?


Eu acreditava que ele viria de qualquer forma, ele não deixaria o amigo na mão por
causa de uma ex-namorada...
Suspirei engolindo o choro preso na garganta.
E tentei me manter focada na conversa.
Era meio incomodo conversar e estar ao lado de Marcus, seus olhos pretos me davam
uma espécie de estranhamento que não era bom.
Ele me encarava com intensidade demais no olhar e eu cheguei a pedir uma ajuda
silenciosa para Tom, mas ele ainda não entendia meus olhares, não como Robe...
Pare. Agora.

Fechei meus olhos com força tentando prestar atenção no que Marcus falava pra mim,
mas não consegui e quando abri os olhos foi para ver o que eles procuravam desde que
entrei neste maldito pub.

Robert estava passando pela porta verde de madeira com um vidro na parte superior, ele
tinha o olhar sério e a barba por fazer, suas mãos no bolso da calça preta jeans e a blusa
quadriculada de azul de mangas, por cima de uma outra branca.
Ele nunca estivera tão lindo como naquele momento.
Senti meus lábios se curvando em um sorriso involuntário e minha respiração saindo um
pouco mais descompassada agora.

- Olha Tom. O Rob chegou. – uma voz feminina que eu presumi ser Dakota avisou.

Tom levantou o braço e ele viu a Tom.

Por um segundo ele olhou pra trás como se estivesse esperando alguém e eu me sentir
morrer por um instante.
Era uma garota.
Não devia ter mais de 22 anos.
E ela era linda.
Ela chegou ao lado dele e lhe sorriu, ele retribuiu seu sorriso, me dando uma pontada
aguda no peito.
Meu rosto inteiro ardeu junto com meus olhos, eu sentia uma pressão estranha na
cabeça, como se algo estivesse tentando me afundar.
- Kris? Vamos ao banheiro comigo?

Virei-me como um robô para a direção da voz de Dakota.

E sem esperar por uma resposta da minha parte, ela se levantou e puxou minha mão.
Chegamos ao banheiro e eu parecia não saber como tínhamos chegado ali.
A visão do sorriso de Robert. Um sorriso que não era pra mim, assaltava meu peito,
fazendo as feridas se abrirem e arderem como uma intensidade violenta.
- Você não pode ficar assim. – Dakota se aproximou.

Não respondi, eu estava entorpecida.

- Eu estou bem. – consegui dizer depois de alguns segundos.

- Pare de fingir que está bem Kristen...

- Mas eu estou... – concertei meu corpo e olhei para Dakota mordendo os lábios.
Eu podia segurar minhas emoções até que estivesse em casa.

- Kristen..

- Nós podemos voltar?

- Sabia que você ia dizer isso. Tem certeza?

Não respondi apenas revirando os olhos para ela e saindo pela porta do banheiro.

- Não quer beber nada?


- Acho que apenas uma água Dak.
Na verdade eu não queria nada, eu só queria criar coragem para me sentar naquela mesa
com todos eles juntos.
Eu podia ir embora, mas eu tinha que provar pra mim mesma que estava preparada pra
isso.

Então, porque eu me sentia um tanto quanto irritada?

Não fora pra isso que eu o deixei?

Para que ele tivesse a chance de ter alguém melhor e que pudesse dar a ele tudo o que
eu jamais poderia pensar em dar?
E a menina parecia ser ideal para Robert, mesmo que de uma forma meio errada.
Eu não podia ficar ali, sabia que não conseguiria.

-Tome. – Dakota disse me entregando a garrafinha.

- Dak, eu vou embora.

- O quê?

- Não estou me sentindo bem.


Não era totalmente mentira, eu sentia uma leve tontura e meu estomago voltar a dar
sinais de ânsia.

- Mas Kristen...

- Eu estou indo Dak. – bebi um gole grande de água e olhei para a mesa.
Robert não estava lá, somente a garota que Tom e Marcus já pareciam conhecer.

- Pode se despedir de Tom pra mim? E peça desculpas a Sam, eu não estou me sentindo
mesmo bem.

Ela suspirou.
- Claro. Quer que eu vá com você?
- Obvio que não Dak. Eu vou ficar bem com um remédio.
- Tudo bem Kiki, me ligue okay?

Assenti e a abracei saindo do bar depois de lhe dar um beijo no rosto.

Cheguei até o lado de fora do lugar já olhando de um lado para outro na pressa de achar
logo um táxi, mas não foi bem um táxi que eu achei.

Olhando para a parede lateral eu o vi ali, parado com um cigarro entre os dedos e
segurando um telefone na outra mão.
Não sei se ele estava me vendo, mas eu podia sentir meu coração disparado e minha
respiração começando a ficar descompassada.
Foi no segundo em que decidi desviar o rosto, que ele me encarou.
Os azuis esverdeados me prendendo e me queimando por dentro como sempre fizeram.
Meus ossos virando puro líquido com minhas mãos tremendo, as virei em punhos
quando a saudade que eu sentia dele me invadiu.
Instintiva e forte.
E eu quis me aproximar.
Quis tanto me aproximar.
Algo me impedia apesar de eu não saber o que era, talvez fosse a mágoa que eu sentia
de mim mesma, ou a consciência dizendo que fui eu quem escolhera por isso, devendo
assim deixá-lo em paz.
Seus dedos longos pegaram o cigarro novamente o levando até a boca.
Canela.
Ele ainda devia ter o mesmo gosto de canela.
Engoli em seco percebendo que estávamos apenas nós dois parados ali, nos encarando
com intensidade no olhar.
Tantas emoções se passavam por seu rosto e eu tinha certeza que ele estava
identificando cada uma que se passava pelo meu.
Suas mãos abaixaram o telefone e eu estremeci de leve, como se seus movimentos
fizessem dele algo mais real.
Só que nada podia ser mais real do que aquilo, seus olhos nos meus e as sensações que
ele me fazia sentir, meu peito doía das feridas e de como meu coração estava
desesperado, como se quisesse sair de lá dentro para se encontrar com o dele.

Cruzei meus braços e mordi os lábios sem nem mesmo me dar conta de meus
movimentos, num gesto de defesa para a dor que me assaltava por não poder senti-lo.

- Oii.

Mordi os lábios de novo engolindo em seco.

- Oii. – baixei meu olhar, não tinha coragem para encará-lo.

- Não vai ficar?


- N-ão. Eu...tenho que estudar.

Ele assentiu tragando mais uma vez e olhando para os seus pés agora.
- Rob?

Um nó se formava em minha garganta à medida que a voz que o chamou se


aproximava.

- Rob? – a garota que estava com ele repetiu, nos encontrando ali há menos de três
metros de distancia um do outro e com um clima meio estranho no ar.

Ele não respondeu, nem mesmo quando ela se aproximou dele, eu senti meu coração ser
apertado no fundo do peito como se uma mão o estivesse esmagando.
- Não vai entrar? – ela perguntou colocando a mão em seu braço e ficando numa
proximidade perigosa demais do seu corpo.
Meus olhos arderam e eu me virei lentamente para a rua num desespero completo por
sair dali e achar logo um taxi.
- Não. – ouvi sua resposta curta.

Vi um taxi no fim da rua e fiz um sinal para que ele parasse.

- Você vai sozinha? – a voz rouca e de sotaque inconfundível disse me fazendo


estremecer.

- Sim, não é muito longe.

- Eu sei.

Engoli em seco encarando seus olhos.

Ele também estava com.... saudade?

Eu conhecia aquele brilho nos olhos dele e novamente eu quis me aproximar... e me


aproximar...

- Olá. - A garota me olhava com o que eu achei ser curiosidade no olhar e eu não baixei
o rosto, ela podia ser melhor para Robert, mas eu não precisava ficar ali e ver isso de
camarote. Além de sua vez conter um ‘’quê’’ a mais do que eu achei ser ciúmes.

- Olá. – respondi pra ela e reparando que o taxi tinha chegado - Boa... noite. – eu disse
sem o encarar.

- Boa noite.
Engoli em seco tentando descer o maldito nó em minha garganta e abri a porta do taxi,
entrando rapidamente e dando meu endereço para a senhora que me olhava com
também curiosidade.
Por que todo mundo simplesmente não ia se foder?

Mais que inferno.


Ela acelerou e eu quis olhar pra trás, minha parte mais masoquista querendo olhar
novamente os dois juntos, para enfiar a imagem na minha cabeça pra que assim eu
deixasse de ser idiota.

Uma parte de mim dizia que eu não iria agüentar e eu ainda tinha que me segurar até
chegar em casa.

Desci do taxi e paguei deixando dinheiro de sobra para a senhora e entrei em meu
apartamento.

Não sabia se queria chorar ou não.

Mas não importava de qualquer forma e não adiantaria fazer nada.

Robert estava bem e com uma garota que eu o merecia.

O que eu sentia não tinha importância.

Mas não deixava de doer.

As lembranças de nós dois invadiram minha mente e foi inevitável não deixar as
lágrimas saírem, elas podiam ser meu escape, elas me fariam sentir melhor.

A música baixa e rouca que eu escutava enquanto me encolhia na cama, era só um


presente da minha imaginação.

Porque não era mais pra mim que ele cantaria, não era eu quem dormiria com ele essa
noite, não era a mim que seus braços aqueceriam e protegeriam.

Não mais.

Ele estava me esquecendo.

E eu não podia fazer nada para reverter isso. Não se eu quisesse que ele fosse feliz.

Bloqueei minha mente das lembranças como um ato inútil, já que elas vinham mais
constantemente que antes, junto com as lágrimas agora.

Fechei meus olhos e não consegui dormir.

Eu definitivamente precisava de um calmante ou dos meus remédios.

Mas algo me dizia que eles não iriam funcionar.


Capítulo 34
Capítulo 34

Notas iniciais do capítulo


Meninas, eu trouxe esse capitulo de pov do Rob! E ó, muito obrigada pelo carinho dos
reviews okay?! de verdade, eu to muito alegre de estar aqui postando FH e de ter
conhecido vocês, mesmo que seja virtualmente. Obrigada mesmo :)

eu vou tentar trazer outro cap. ainda hoje, beeeijos!

Apagar a Luz

ROBERT

‘’Mas o tempo pode ser uma coisa bem voraz, às vezes se apodera de todos os detalhes
só para si mesmo. "

(Khaled Hosseini)

- Não quer mesmo voltar lá pra dentro?

Não respondi, ela já sabia que eu não ia responder e que eu simplesmente estava
odiando aquela coisa toda melosa dela comigo.

Traguei uma última vez o cigarro antes de jogá-lo no cimento frio da calçada e amassar
com os meus pés.
Minha mente ainda girava com a visão dela indo embora, ela não me parecia bem, ou
talvez fosse só minha imaginação querendo que realmente ela não estivesse bem.

Não por egoísmo ou algo do tipo, mas sim porque se ela não estivesse bem, significaria
que ela sentia minha falta e eu como o idiota que era, queria desesperadamente que ela
ainda pensasse em mim.

- Mas Rob, o que vai fazer aqui? Sozinho?

- Eu já vou embora Megan. – falei extenuado de continuar aquela conversa, não que
Megan fosse o tipo de garota chata ou que só falasse besteira, era só eu que não estava a
fim de nada que ela pudesse me oferecer.

- Não veio para o show do seu amigo?

Esse era o tipo de garota que Megan Fox era, do tipo legal, mas que não valeria a pena
se apresentar a alguém, principalmente meus amigos. Eu ainda não sabia que diabos ela
estava fazendo aqui quando eu me neguei a trazê-la. Mas quando ela resolveu vim, eu
resolvi ser apenas educado.

- Eu já vou embora Megan. – repeti passando a mão no cabelo nervoso e saindo de perto
esperando um táxi no meio fio... como Kristen... fez agora a pouco.

Suspirei irritado.

- Posso ir com você? – ela perguntou do meu lado mordendo os lábios.


Suspirei novamente.

Megan não era feia, era legal e não esperaria nada de mim no dia seguinte. Mas ela
ficaria chateada se eu chamasse o nome de outra garota enquanto estivéssemos numa
cama, não que eu me importasse muito com isso.
Mas ela não tinha olhos verdes e nem cabelos pretos acastanhados com um toque leve
de vermelho.Não. Ela realmente não poderia vir comigo.

- Hoje não Megan. – na verdade eu diria que nunca, mas não quis ser rude com ela.

- Tudo bem. – vi que ela ficou meio chateada com a rejeição, apenas lhe dei um meio
sorriso e entrei direto no taxi que já me esperava.
Ao mesmo tempo em que eu queria ir pra casa, eu não queria. A cada dia entrar lá
dentro era uma tortura e minha parte masoquista não iria me deixar em paz até que meu
coração estivesse novamente com sérios problemas ou que eu estivesse enfiado em um
copo de bebida quente.
Por que eu estava melhor, isso eu podia garantir. Não era como nos primeiros dias mais
insuportáveis, agora eu já tentava olhar as coisas de longe e tentava também não me
senti machucado com nada.Achei melhor ir lá de qualquer forma, pra onde quer que eu
fosse nessa maldita cidade eu ainda me lembraria dela e de seu sorriso.

Ainda que encarar a bebida fosse mais fácil do que encarar a falta dela na maioria das
vezes. Isso não fazia seu cheiro ir embora do apartamento ou a sua presença ser lançada
a cada cômodo em que eu entrava, mas pelo menos me deixava fora de órbita e eu não
pensava em muita coisa.

Entrei na sala ignorando o palpitar incomodo em meu peito e fui direto pra cozinha
colocando o uísque no copo de vidro.

A campainha tocou antes mesmo de dar o primeiro gole, rolei os olhos e voltei à sala
abrindo a porta impaciente
- Não acredito.
- Sim acredite. – Dakota disse sorrindo e entrando direto no apartamento.
Bufei irritado e voltei pra cozinha escutando seus passos me seguirem.

- Porque saiu cedo de lá? – ela se sentou no balcão e também pegou um copo para que
bebesse comigo.
- Não estava a fim de continuar. – respondi simplesmente bebendo e sentindo o liquido
passar direto por minha garganta.

- Sam perguntou por você.

- Eu vou falar com ele amanhã.

- Huum...

Suspirei mais irritado ainda e me virando pra ela sério.


- O que diabos você quer Dakota?
- Hey, vamos com calma. – ela desceu do balcão parando em minha frente e ainda
sorria. – Você está bem?
- Não espera que eu te responda isso, espera? – respondi irônico.
- Sim, eu espero.
- Eu estou ótimo.

Me virei saindo da cozinha e ela novamente me seguiu.

- Que bom, isso é realmente muito bom.

Fiquei calado na esperança de que ela cansasse e fosse embora, mas ela ainda se sentou
ao meu lado no sofá.Não falamos nada, Dakota enchia nossos copos de tempos em
tempos e apesar de estar irritado, não podia negar que ela sempre fora uma boa
companhia, como uma irmã mais nova.
Ela encarava a lareira e eu focava meus olhos na parede de cor castanha ignorando
minha mente que processa imagens em minha cabeça.

- Você falou com ela?

- Não sei do que está falando.

- Sabe muito bem do que estou falando.

- De que isso importa?


- Em nada, porque vocês dois são uns malditos teimosos que não enxergam o que
acontece bem na frente de vocês.

- Está tentando arranjar um jeito de que eu te jogue pela janela? É isso?


Ela riu.

- Não seria tão ruim veja, Tom viria aqui e chutaria sua bunda, o que realmente não é
uma má idéia.

Acho que devo ter rosnado pra ela embora não a encarasse, ela riu de novo me irritando
mais ainda.
- Sabe que só quero que vocês fiquem bem não sabe?

Não respondi. Bebi meu uísque ignorando completamente a voz de Dakota. Tive
vontade de responder que nós estávamos muito bem, mas me calei.
Não valeria a pena de qualquer maneira.
- Ela não passou bem hoje. – ela disse depois de suspirar. – Na verdade, ela não vem
estado bem há muito tempo, acho que não deveria estar te contando isso, mas eu venho
ficando preocupada.
Franzi o cenho e a encarei.
Ela suspirou novamente deixando seu copo de bebida na mesa de centro e me olhou.

- Acho que ela está sentindo alguma coisa que não quer falar e não digo só dos
sentimentos. Vejo que está sempre enjoada e sua pressão anda caindo muito
ultimamente. Eu não sei o que é, talvez nem ela saiba, só... estou preocupada.

- Acho que isso não é mais problema meu. – ignorei sentindo meu peito arder e se
agitar. Meus instintos de proteção, se alterando em quando a Kristen.
- Não. – agora ela estava irritada. – Talvez seja problema do Marcus então.
- Quê?

- Marcus. – ela sorriu irônica. - Ele se interessou por ela, você sabe. Ele até me pediu o
telefone, eu inventei uma desculpa porque ele é um idiota, mas vou falar com ela sobre
isso.

- Então não sei por que está me contando. – respondi friamente fazendo algo dentro de
mim se revirar com violência e fúria.

- Na verdade, nem eu sei. – suspirou se levantando. – Se cuide Rob.


Assenti com a cabeça murmurando um ‘’ eu me cuido’’ e a levei até a porta.
- E mais uma coisa. – ela parou na porta sorrindo. – Não coloque Megan bitch no
mesmo ambiente que eu novamente. Ela é uma vadia e você merece coisa melhor.

Eu ri.

- Eu não estou com ela Dak. – nem sei por que respondi essa merda.
- Ótimo. – assentiu e se levantou nos pés para me dar um abraço.
Retribui com a irritação por ela tendo passado.
- Boa noite. – murmurei e ela sorriu saindo pela porta.
Tranquei tudo e fui pro quarto, impedindo que as palavras de Dakota se infiltrassem em
minha mente.
Kristen era livre, ela conheceria e sairia com quem ela quisesse.
E não seria difícil encontrar alguém que se interessasse por ela.
Ela tinha aquele jeito autêntico e tão... encantador... e...
E eu precisava tirá-la da minha cabeça.
Logo.
Tomei um banho frio e me deitei.
A parte masoquista do meu cérebro ficou olhando para a cômoda que guardávamos
nossas roupas, pensei em me levantar e ir até lá para grudar uma de suas blusas em
minhas mãos para dormir melhor à noite.
Como eu vinha fazendo desde que ela foi embora.

Mas não fiz isso, já estava na hora daquele maldito vicio por Kristen passar, eu não
agüentaria muito mais toda essa abstinência que ela me fazia sentir por seu corpo, seu
cheiro, sua pele e suas palavras... sua presença...

Eu precisava me livrar daquilo para seguir em frente.

Como uma válvula de escape ou qualquer porra do tipo, eu só precisava acabar com isso
e logo.Com esse maldito vicio que ela me causava.
--
Capítulo 35
Capítulo 35

Notas iniciais do capítulo


meninas, eu trouxe outroo logoo aishoaishoas, antes de ir pra faculdade rs. Nesse aqui a
kiki vai ficar mais esperta de seus erros e eu prometo que posto mais um ainda hoje :D

beeeeeeeeeeijos

e ahh, sim sim, teremos eles com os bebes siim :D

Apagar a Luz

KRISTEN

A única coisa que se coloca entre um homem e o que ele quer na vida, são
normalmente a vontade de tentar e a fé para acreditar que aquilo é possível.
(Richard M. Devos)

Acordar depois daquele maldito dia no pub fora uma tristeza sem fim, meu corpo estava
doido da noite mal dormida e minha cabeça parecia que ia se explodir em mil caquinhos
pelo chão.

Demorou para que o remédio fizesse efeito, mas quando o fez, eu voltei a dormir,
chegando atrasada na faculdade como bônus.

Rolei meus olhos me lembrando daquela noite, minha mente passara horas e mais horas
imaginando os dois juntos numa forma tão profunda de autopunição, que eu acabei me
irritando com tudo e joguei metade do meu quarto abaixo, indo dormir no de hóspedes
por não agüentar mais nem um segundo daquilo.

E mesmo agora, mais de sete dias depois, eu ainda me irava só de lembrar.

A faculdade tinha sido um inferno e eu não tinha me dado bem em economia doméstica,
teria que refazer uma prova ainda na semana que vem para salvar minha nota de inicio
de semestre. Aquilo era um verdadeiro saco, mas se eu queria me formar, era obrigada a
isso.
Peguei meu cigarro na bolsa enquanto subia as escadas, eu estava com saudades de Tom
e Dakota, mas preferi não ir a te lá, eu poderia fazer isso mais tarde, quando meu
estomago já estivesse mais calmo da sessão de enjôos contínuos que eu tive hoje.

Rolei os olhos de novo tentando contar mentalmente cada vez que fui ao banheiro
apenas para vomitar, eu queria ir ao médico, mas sabia que não teria coragem pra isso,
então fiquei na minha, não devia ser nada de qualquer forma.
Dei de ombros pra mim mesma e sozinha entrei na minha casa, joguei minha mochila
no sofá e tirei meus all stars com meus próprios pés ficando de meia em casa e andando
pelo piso de madeira.

Meus olhos se focaram na geladeira e eu senti uma fome monstra, já que não tinha
comido nada depois do café da manhã e o que eu comi, foi embora pelo banheiro da
universidade.

Peguei um pão de centeio, passando geléia e colocando uma fatia de peito de peru
comendo no balcão mesmo da cozinha junto com um suco de laranja e maça.

- Love? – ouvi a voz de Dakota e sorri pequeno gritando para que ela entrasse. – Hey. O
que está comendo? – perguntou se sentando ao meu lado e pegando um pedaço de meu
sanduíche improvisado. – Huum. É bom. – disse mastigando.

- Obrigada. – mordi de novo e lhe passei o suco que nós ficamos bebendo e comendo
juntas até que acabamos. – E então chegou agora do estágio? – joguei um guardanapo
na lixeira e me virei para encarar seu rosto.

- Sim, acabei de chegar. Tom ainda está no trabalho e pensei em ficarmos por aqui. – ela
sorriu e eu retribui.

- Claro Dak, venha. Escolha um filme.

Fomos pra sala e me sentei em posição de chinês no sofá esperando alguma decisão
dela.

- Procurando Nemo. – ela gritou animada e eu me retesei completamente.


- Não. Por favor Dak, Procurando Nemo não. – neguei com a cabeça tentando ser
persuasiva, meu coração machucava só de pensar nas lembranças que esse filme me
traria.
- Mas por quê? Eu gosto e é legal Kiki.

- Eu sei. É só que... vamos ver algum filme de aventura? Ou... terror e suspense? – dei
as dicas e ela suspirou.

- Tudo bem, tudo bem. Vamos ver.

Respirei aliviada e assenti totalmente com a cabeça quando ela veio com o filme
‘’Legião.’’

- Eu nunca vi esse filme. Ele é bom? – disse se sentando do meu lado e deitando a
cabeça em meu colo.

Sorri começando a passar as mãos por seus fios de cabelo dourados, me ajeitando mais
confortavelmente ao sofá.

- Sim, ele é bom. É curto, mas é legal.

- Certo. Vamos lá. – sorriu apertando o controle e dando play.

O filme era realmente curto, com muito suspense e uma pitada de terror.
Dakota parecia uma criança, se escondendo cada vez que aparecia sangue na tela, me
fazendo rir horrores com ela.

- Ela se deu bem no final.

- Ela quem? – sorri me levantando e pegando uma garrafa de água na geladeira


- A menina loira, ela teve quem protegesse ela e o bebê pelo resto da vida agora.
- É... ela tem.
Constatei com certo pesar.

Todos tinham sempre alguém que os protegesse.

Eu tive o meu pai e depois tive Robert...

Hoje eu não tinha mais ninguém...

Respirei fundo antes que meus olhos ardessem e repeti um mantra na minha cabeça de
que eu só tinha que ficar forte e que ele estava bem sem mim.
Por que eu sabia que estava.

- Kiki? – a voz de Dakota me chamou a atenção de novo.

- Oii.

- Vamos ao pub amanhã?


Mordi os lábios incerta.

- Não acho uma boa idéia Dak...

- Vamos lá, por favor... é apenas um sábado comigo e com Tom.

Ergui as sobrancelhas não sabendo se acreditava nisso ou não, ou se também gostava


disso ou não.

- Dak..

- Me responda só amanha. – ela sorriu e olhou em seu relógio. – Bom, eu vou indo que
Tom deve ter chegado. – me abraçou e deu um beijo em meu cabelo saindo da cozinha e
depois da sala.

Respirei fundo olhando tudo a minha volta.


Não haveria nenhum mal em sair com Dakota amanhã haveria?
Suspirei e fui tomar um banho.
Eu precisava relaxar e tirar minha mente de caminhos perigosos para o meu coração.
--

Banho quente geralmente era meu melhor remédio quando eu estava pra baixo ou
quando estava cansada e naquele fim de tarde não foi diferente.

A sensação de ter a água te embalando era indescritível e eu sempre dormia enquanto


relaxava. E acordava sempre xingando com todos os meus dedos enrugados.

Enrolei-me em minha toalha branca e troquei de roupa, coloquei algo básico já que
ficaria só em casa pelo resto da noite.

Bocejei quando coloquei minhas meias azuis turquesa e sorri idiota, eu estava
parecendo uma criança andando pelo apartamento daquele jeito.Assisti Oprah até onde
podia agüentar, me recusando a trocar de canal, me impedindo assim de rever os
episódios de Big Bang Theory, era incrível que só o nome de uma droga de seriado que
ele gostava, tinha o poder de me machucar.

Acabei dormindo no sofá eventualmente e como acontecia direto agora, acordei diversas
vezes na madrugada.Mas daquela vez foi diferente, foi mais um de meus sonhos, com
Robert e a menina igual a ele no cabelo e igual a mim nos olhos.
Aquilo me deixava um pouco irritada também, não era a toa que eu andava mudando de
humor tão frenquetemente, com ilusões sendo passadas em minha cabeça toda hora,
quem não ficaria louca...Pousei minha mão direita cuidadosamente em minha nuca a
sentindo latejar um pouco por causa da posição desconfortável em que dormi e também
por causa da droga da pressão baixa.

Outra porcaria pra me acompanhar nos últimos dias.


Me levantei suspirando e acendendo a luz da sala, chegando na cozinha e buscando por
uma garrafinha de água na geladeira. Dei de ombros pegando uma caixinha de leite e
fiquei durante um tempo encarando aquela coisa branca escrito ‘’ Milk ’’ e com
faixinhas vermelhas em volta.

Rolando os olhos, coloquei no microondas e num gesto de puro tédio e cansaço daquele
apartamento vazio, fiquei observando o copo girar lá dentro.
Estava tão absorta que tomei um susto quando o aparelho apitou.

Me xingando mentalmente de idiota, peguei o copo e me sentei na sala novamente


ligando a TV e colocando na MTV.

Bufei muito mais do que irritada e olhando direto para o relógio de cozinha, vendo que
eram quatro horas da manhã. Quem diabos iria me ligar as quatro horas da manhã?

Não atendi para não ter surpresas desagradáveis, mas a voz de Melanie ecoou pelo
apartamento me fazendo franzir o cenho.

- Kris? Se estiver aí, prefiro que não atenda ao telefone e me deixe falar com você por
aqui mesmo, preciso que me escute até o final e não quero ser interrompida. – juntei
minhas sobrancelhas com força ou perceber o tom de voz que ela utilizava, não era
grosseiro nem nada parecido, mas era firme. Como se estivesse tentando me passar uma
mensagem.
Não tirei meus olhos da TV, mas a desliguei para escutar direito o que ela tinha a me
falar. Devia ser algo realmente importante para ela me ligar as quatro da madrugada,
sendo que ela sabia da diferença de fuso horário entre Los Angeles e Nova York.

- Eu sei que sou a última pessoa no mundo, que teria moral para julgar suas ações
Kristen, até porque sei, que você também não merece ser julgada. Entendi o que você
disse a Taylor e sinceramente acho que você esta com um pouco de razão, apesar de ser
bem pouca mesmo.
Fiz uma careta de quem não estava entendendo nada, e eu realm
ente não estava.

- Ninguém tem o direito de tirar de você a dor ou o sofrimento pelo qual você passou. E
Taylor foi covarde ao jogar isso pra cima de você. Mas Kiki? ... você também consegue
ver que ele tem razão em algumas coisas não consegue? Como dizer que guardar tudo
isso pra si, só vai fazer você ficar pior e se fechar para o mundo, não é uma boa idéia.

Ela suspirou e eu engoli em seco, não me deixando abalar por suas palavras.

Ela, como mesma disse, não era ninguém pra me julgar.

- Escutei ele dizendo algo como, você ter uma família que te ame e não posso negar a
veracidade das palavras dele, não eu que vi como sua mãe sofre a cada instante ou como
ela espera ansiosa do lado do telefone, por nem que seja um pequeno telefonema. Eu
vejo Taylor de madrugada andar de um lado para outro, pensando nas melhores formas
de tentar te ajudar. Mas você nunca deu abertura pra isso.

Eu podia mandar todo mundo se foder agora?

Queria mais era que todo mundo fosse pro inferno e me deixasse em paz...

E sozinha.

- Você tem medo de se aproximar das pessoas, com medo de que elas possam te
machucar e nada pode ser mais natural que isso. Só queria que você pudesse ver o outro
lado da moeda Kiki, o lado em que é divertido ter amigos e se abrir para novas emoções
que você nunca teve oportunidades de ter. Eu, assim como Taylor e toda sua família,
espera ansiosa o dia em que você voltará a Miami e contara tudo o que aconteceu a sua
mãe. Não por força ou pressão. Mas sim porque você está preparada para enfrentar isso
de cabeça erguida, como a menina forte que você sempre foi.

As lágrimas em meu rosto eram de raiva, de pura e instintiva raiva.

Chegando quase ao ódio.

- Acha que amar dói Kiki? Amar alguém é a pior dor que se pode sentir quando esse
mesmo alguém te machuca, então imagine como está sua mãe e Taylor. Imagine como
está Robert... Não que ele esteja machucado... mas deve ser a mesma sensação que você
sente nesse momento por tê-lo deixado.

Ela já estava indo longe de mais.

Eu começava a soluçar com suas palavras, mas ela não ia me atingir.

Eu sabia que era a depressão falando mais alto dentro de mim.

Meus instintos de auto-suficiência se aguçando, tampando minha visão de tudo o que


pudesse ser bom ou que fizesse de mim uma pessoa melhor.

E ainda havia a raiva, por ninguém viver o que eu vivi e mesmo assim querer me dar a
porra de uma lição de moral.

- Imagine como estão seus amigos Kiki, que você se afasta e que se eles não te
amassem, já teriam te deixado de lado há bastante tempo. Assim como sua família, que
sempre estará a sua espera... Eu não posso dizer o mesmo sobre Robert, porque apesar
de ele talvez ainda te amar... se você tem medo de confiar nele... é a maior prova de que
você não o merece.
- Vai pro inferno. – sussurrei baixinho com minhas mãos em punho, apertando o copo
de leite com tanta força em minhas mãos, que a qualquer segundo ele se partiria em mil
caquinhos... como meu coração naquele momento.
- William Shakespeare disse uma vez que; nossas dúvidas são traidoras e nos fazem
perder o que com freqüência poderíamos ganhar, por simples medo de arriscar. Talvez
esse seja o seu caso Kiki, o seu medo de amar está impedindo que você seja amada por
completo. E eu tenho que dizer uma coisa Kris... o amor... será a única coisa capaz de te
salvar desse mundo que você esta criando para você mesma. Não que você não tenha o
direito de sofrer. Você tem. E precisa passar por isso, para se livrar de uma vez por todas
de um passado que só te causa amargura.

- Me desculpe por isso Kiki, mas eu te amo. E, como disse, tudo o que eu mais quero é
que um dia você possa encontrar a sua felicidade, deixando pra trás as coisas ruins, você
jamais esquecerá, isso é impossível. Mas você pode superar Kris, você pode ser feliz e
ninguém merece isso mais do que você meu amor. Tente ver além da depressão. – ela
suspirou. –E perdoe seu irmão; ele precisa de você e sente a sua falta mais do que você
imagina. Nós todos te amamos Kiki.

Ela não falou por alguns instantes, me levantei ficando em frente ao telefone para ver a
próxima merda que ela iria me falar ignorando completamente meu rosto molhado e
ardido.

- E Kris... nunca é tarde para correr atrás daquilo que faz bem para a gente e daquilo que
se ama e que é amada em troca. Você só precisa de fé, porque amor você já tem, é só
não tentar esconde-lo ou afastá-lo de você. – eu quase podia ver seu sorriso e continuei
imóvel com as mãos ainda em punho. – Se cuide Kiki. Se cure.

Arranquei os fios da tomada e disparei o aparelho para a parede mais próxima, ouvindo
seu estralo e confortando a minha raiva.
Mas ela estava longe de passar.
As lágrimas grossas estavam lá para me provar que ela tinha conseguido o que queria,
ela queria me ferir e finalmente havia conseguido.

Mas não ia durar muito tempo, eu tinha certeza.

E eu tinha que sentir raiva antes que meu coração e minha mente começassem a filtrar o
que ela disse.

Ela não estava certa, não podia estar certa.

Eu vivia muito bem sozinha, não precisava de ninguém


E ninguém precisava de mim, esse era o jogo.
Veja além da depressão Kristen
A frase ecoando em meu cérebro, reverberando pelo meu ouvido como um elefante rosa
no meio da sala.
Minhas mãos foram colocadas uma em cada lado da minha cabeça e me senti pequena
demais para lidar com as coisas. Meu corpo cedeu e eu acabei me sentando no chão da
minha sala, com a luz acesa e com o piso frio.

O salgado em meu rosto era pelas lágrimas que não paravam mais de cair, meu peito
dava solavancos violentos devido aos soluços que meu organismo produzia.
Todo o oxigênio era drenado de meu corpo, eu quase podia sentir. Eu estava ficando
sem ar, sem motivos e sem razões para nada.
Além da depressão.
Além da depressão.
- AO INFERNO COM A MALDITA DEPRESSÃO.

Gritei com raiva puxando meus joelhos de encontro ao meu peito, numa tentativa mais
do que frustrada de não me deixar quebrar e nem me abalar.

Eu queria os braços de Robert agora, eu queria a minha muralha, meu escudo, minha
fortaleza. Queria poder me jogar nele e esperar que ele me ninasse cantando pra mim,
com sua voz de anjo, me esquentando e confortando minha alma.

Mas eu não o tinha mais.

E estava tão, mais tão frio ali.

Tão escuro e gelado.


Abracei-me com mais força ignorando a dor em meu coração que palpitava com dava
vez mais intensidade.
Adormeci em algum momento em que o dia já estava nascendo, a sensação de paz que
eu sentia era apenas os presentes de minhas lembranças.
Porque eu jamais sentiria aquela paz dos braços dele novamente.
E eu só podia chorar por isso. E me contentar com os meus próprios braços para me
aquecer naqueles dias tão frios.
--

Capítulo 36
Capítulo 36

Notas iniciais do capítulo


Meninas aqui tem mais uuuum :D proximo é a reconciliação !

Apagar a Luz

"A esperança é cheia de confiança. É algo maravilhoso e belo, uma lâmpada


iluminada em nosso coração. É o motor da vida. É uma luz na direção do futuro."
(Conrad de Meester)

O sol mais do que bonito de Los Angeles invadia minha janela de vidro naquele
instante.
Meus olhos doeram e eu ainda sentia minha face ardida e quente, apesar dela ter sido
deitada em cima daquele chão frio.

Fiz uma careta horrenda ao me lembrar da noite passada, sentindo o peso no meu
coração ainda continuar. Não queria levantar dali, ficar sobre meus próprios pés me
daria à sensação da realidade e eu não queria sentir isso.

Eu queria sentir a Robert.

Mesmo que isso fosse impossível.

Passei as mãos no rosto tentando aliviar minha cara do inchaço e da vermelhidão, mas
também para disfarças meus olhos que continuavam querendo chorar.

E eu estava com uma dor de cabeça filha da mãe.

Foi inevitável levantar em algum momento. Minha cabeça girando e eu me senti fraca,
com vontade de voltar para o chão novamente. Mas ergui a cabeça e segui em frente,
com a merda de um orgulho e uma auto-suficiência que já era própria do meu ser.

Consegui chegar ao meu quarto escorando minhas mãos na parede do corredor, e bufei
irritada ao ver a bagunça que ainda estava ali e que eu não tinha coragem para arrumar.

Peguei uma blusa qualquer junto com uma calça e fui em direção ao banheiro, tomando
um banho morno para me livrar daquela sensação de mal estar que eu estava, tanto
emocionalmente, como fisicamente.

Troquei de roupa e voltei bocejando para a cozinha, fiz um cereal com mel e aveia pra
mim, me sentando no balcão para comer, bloqueando minha mente de qualquer imagem
da maldita noite passada.

Quando acabei, lavei toda a louça que estava na pia, aproveitando para arrumar a
bagunça que estava na sala, o copo de leite havia mesmo se espatifado no chão e eu me
recusei a ter qualquer lembrança de meus motivos para ficar tão irritada aquele ponto.

Depois de tudo limpo foi que senti o sono me bater, mas agora era sono de verdade e
não apenas cansaço como ultimamente.

Voltei pro quarto e não me demorei a adormecer.

--
Odeio barulhos irritantes. Isso é fato.

Da onde diabos vinha aquela merda que não me deixava em paz?

Suspendi apenas meu rosto, o tirando do travesseiro e enxergando através das mexas de
meu cabelo que estavam grudados nele por causa do sono profundo.
- Inferno.

Me desvencilhei do edredom de cor bege, que em algum momento da madrugada eu me


enrolei com ele já no quarto, jogando travesseiros por todos os lados até achar o maldito
aparelho de celular e rolar os olhos resmungando ao ver que era Dakota.
Atendi apesar de estar tentadoramente tentada a ignorar.

- Se eu te conheço, você esta bêbeda ou ainda esta de cama. Então levanta daí agora
Stewart.

- Vai pra merda Dakota. – disse resmungando por baixo do fôlego e soprando um mexa
do meu cabelo da frente do meu rosto.

- Foi o que eu pensei. Abra a Porta.

- Quê?

- Kristen, faz noção de que horas são agora?

- Ainda é de manhã Dakota. – quase gritei a fazendo rir.

- Já são mais de cinco horas da tarde love.

- Não. Não pode ser. – me joguei na cama e olhei o relógio de cabeceira choramingando
e piscando um maldito 17h12min na minha cara. – Que merda.

- Justamente. Agora abra a porcaria da porta.

- E porque eu iria fazer isso? – perguntei já me levantando.


- Stewart....

- Tá bom, ta bom. Já estou indo.

Desliguei o telefone resmungando irritadíssima por eu ainda estar com sono. Ajeitei
meu cabelo apenas passando a mão por eles e não sorri quando Dakota entrou no meu
apartamento com sua áurea de alegria intocável.
- Boa tarde sunshine.
- Humpf.

- Para com isso agora Kristen.

Rolei os olhos e fui pra cozinha, eu estava morrendo de fome.

- Vamos fazer algo hoje? Você disse que iria ao pub. – ela disse me seguindo até a
geladeira.
- Não disse não.

- Disse que iria pensar.

- Também não disse isso. – apontei querendo ri da sua cara de raiva enquanto eu levava
a garrafinha de água na boca.

- Stewart... não me dê motivos para cometer um assassinato hoje love.

- Essa eu queria ver. – a ignorei sorrindo, voltando meu corpo para a geladeira e
pegando um suco de manga que estava ali e colocado direto no copo.

- Dá pra somente responder?

- Não acho que seja uma boa idéia Dak...

- Ótimo, eu te pego as 21h00min – disse sorrindo e eu bufei.

- Você ouviu o que eu disse?

- Sim, não sou surda Kiki. – ela estava sendo cínica agora e eu quis esganá-la, mas me
contentei em rolar os olhos bebendo meu suco.

- Parece que é.

- As 21h00min. Esteja pronta, love.


- Já está indo? – perguntei vendo seu sorriso se afastando junto com ela pela porta da
cozinha.

- Sim, passei apenas para confirmar que você ia. – ela sorriu de novo e eu retribui com
um sorriso pequeno. – Na portaria uh? Eu te espero. – assenti com a cabeça antes que
ela saísse pela porta da sala.

Suspirei e comi um pão de mel com o que restava do suco e fui tirar mais um cochilo na
minha cama que me parecia o céu naquele momento.
--

Acordei atrasada para variar.

Tirando o fato de que ia ser morta por Dakota, isso não tinha nenhum problema, mas eu
realmente não queria ter que escutar resmungos hoje.
Apenas os meus.

Bufei cansada me levantando da cama e indo depressa até o banheiro.


Depois de um banho rápido e sem molhar o cabelo, eu os deixei solto, colocando uma
jeans skinny e uma blusa preta colada no corpo que tinha três pequenos botões em cima,
peguei meu all star branco.

Tive um pouco de dificuldade na hora de fechar a calça, eu estava engordando e nem


tinha percebido, mas como eu fora ganhar peso se de cinco em cinco minutos meu
estomago revirava e eu vomitava tudo?

Suspirando peguei meu celular e desci até a portaria depois de fechar o apartamento e
guardar as chaves no meu bolso.

- Está atrasada.

- Jura?

- Juro. E vamos logo. Tom já está lá. – ela sorriu me abraçando e eu rolei os olhos
reparando em como ela estava.

Dakota era tão simples quanto eu no modo de se vestir, só que ela conseguia deixar um
all star parecendo um sapato de luxo pelas roupas que combinava com ele. O vestido
meio bege com dourado dava a ela o ar de menina que ela tinha, como os cabelos loiros
e os olhos mais azuis que eu já tinha visto.

Caminhar com Dakota era mais fácil e simples do que levar os cachorros para passear,
ela era energética e nossa amizade se tornava a cada dia mais, mais forte e intensa.
Eu amava a Dakota, como amava Tom e Sam.
Eles eram realmente minha família, a família que eu pude escolher.
Fiz algum esforço para não me lembrar das palavras de Melanie, mas foi impossível
quando Dakota sorriu pra mim e entramos no pub, sendo recebida por um abraço muito
forte de Tom.

‘’ ...e que se eles não te amassem, já teriam te deixado de lado há bastante tempo.’’

Ela estava certa não estava?

Eu era amada pelos meus amigos e isso era tão... bom e gratificante.

Que me fazia querer retribuir cada gota de alegria que eles me proporcionavam, apenas
por estarem comigo.

- Kristenzinha. – Tom disse ainda me prendendo em seu abraço e tirando meus pés do
chão.
- Você vai esmagá-la Tom. – a voz de Dakota ralhou com ele.
- É verdade, você é muito pequena.
Ele bagunçou meu cabelo rindo enquanto eu tentava tirar suas mãos dali e revirava os
olhos, mas eu estava sorrindo.
- Eu não sou pequena.

- Não, você é desprovida de tamanho Kiki.

- Não é como se você fosse mais alta que eu Dak. – apontei pra ela ouvindo a
gargalhada de Tom.

- Que audácia. – sua boca abriu em indignação e eu comecei a ri.

- Oii.

Escutei a voz que fazia meu coração entrar em uma espécie de colapso doloroso, engoli
em seco me virando enquanto todos ainda sorriam, mas não eu. Minha respiração
ficando fraca demais para que eu fizesse qualquer tipo de movimento.

- E aí cara. – Tom deu um tapa em sua mão e um no ombro.

- Rob. – Dakota cantou o abraçando.

- Hey Dak. – tive vontade de sorrir quando ele bagunçou o seu cabelo, minhas
lembranças me levando a tempos atrás quando ele me abraçaria sorrindo e me
perguntaria onde eu queria me sentar para ver melhor o show.

Prendi a respiração no peito quando ele me olhou.

- Oii.

- Hey. – minha voz saiu um pouco quebrada e um clima estranho se apoderou do lugar.

- Então... vamos sentar? Daqui a pouco isso aqui vai encher. – Tom nos salvou daquela
situação enquanto Dakota apenas sorria largamente.

Assenti devagar desviando meus olhos do dele e colocando uma mexa insistente de meu
cabelo, atrás da orelha.

- Vou até o palco falar com Sam. – Rob disse a Tom.

- Okay cara, nós vamos estar do outro lado do bar. – ele apenas assentiu e se virou indo
na direção do palco onde Sam ajeitava a luz e passava o som antes de começar a tocar.

- Vamos? – Dakota me perguntou, me impedindo de continuar seguindo Robert com


meu olhar.

Assenti de novo já me irritando com aquela mexa em meu cabelo. Nos sentamos e não
foi surpresa ao ver que, menos de dois minutos depois, Marcus nos encontrava e pedia
para sentar com a gente.
Tom não havia ficado muito contente com isso, Dakota disse que ele estava interessado
em mim e que Tom sabia, e que não me queria perto daquele idiota, ele só estava
tentando cuidar de mim, e eu jamais daria algum tipo de chance para um cara como
Marcus.

Nem pra ele e nem pra ninguém.

Eu nunca mais conseguiria ver um homem sem compará-lo com Robert e toda sua
perfeição.

- Kristen. – me cumprimentou, se sentando ao meu lado nas cadeiras vermelhas.

Dei apenas um aceno de cabeça.

- Quer uma água? – Dakota me perguntou.

- Oh sim, por favor.


Eu não iria beber hoje, a vodka continuava embrulhando meu estomago fortemente e
tudo o que eu não queria, era ser uma louca durante toda a noite e sair desesperada para
um banheiro.

Dak fez nossos pedidos e em pouco tempo o garçom chegou com minha água e a
cervejas deles.

Robert voltou logo depois, fazendo borboletas voarem em meu estomago e minha
garganta secar com sua proximidade, ainda que meio afastada.
- Ele vai começar a tocar? – Dakota perguntou pra ele.
Robert tinha seus olhos cravados em Marcus, eu não entendi sua expressão e nem os
motivos de suas mãos estarem em punho quando ele se sentou ao lado de Tom, mas ele
não tirou os olhos dele.

- Sim. Vai começar a tocar agora. – ele desviou o olhar e pegou a caneca de cerveja que
Tom lhe passava.

O som da banda de Sam estourou no pub e nada mais foi dito, eu conversava com
Dakota tentando ignorar a vontade de olhar pra Robert e ficar olhando pelo resto da
noite inteira.

Mas não sabia se ele também estava me olhando, afinal... ele não tinha motivo algum
para fazê-lo.

- Quer fumar lá fora?

Eu tentei, tentei mesmo não fazer uma careta para Marcus assim que ele me perguntou
aquela merda.
Se fosse outro cara – Robert – me perguntando aquilo, eu já teria aceitado de muito
tempo.
- Sinto muito Marcus, estou tentando parar de fumar. – rolei os olhos internamente.

O que diabos esse cara viu em mim?

- Nós podemos sair então... dar uma volta. – ele já estava próximo demais, suas mãos
tentaram se encostar a minha, mas eu tirei a tempo.
Ele já estava indo muito longe, e era melhor parar antes que eu fosse grossa com ele, o
que eu não queria porque ele ainda era amigo de Sam, mas era realmente melhor que ele
parasse com aquilo.
- Estou muito bem aqui dentro. Obrigada. – tentei dar um meio sorriso, mas acho que
não saiu de direito.

Desviei o olhar dele e de relance vi a expressão concentrada de Robert para o palco, ele
tinha as feições graves e suas mãos estavam novamente em punho, seu maxilar travado
e eu o conhecia muito bem para dizer que ele estava irritado.

Suspirei sem saber o motivo daquilo, mas não foi uma boa idéia, o cheiro do perfume de
Marcus invadiu minhas narinas e meu estomago se embrulhou, lançando náuseas para
cada um de meus poros.
Me levantei de repente fazendo Dakota me olhar, murmurei um ‘’ já volto’’ e sai de lá
desesperada para encontrar o banheiro mais próximo.

Como no outro dia, eu me curvei em meus próprios joelhos e deixei que a bile subisse
pela minha garganta, passando pela minha boca e jogando fora tudo aquilo que estava
me fazendo mal. Demorei muito mais do que imaginava para colocar tudo pra fora, meu
estomago estava vazio a não ser por água e a bile do meu organismo.

- Aaah. – disse suspirando e levando minhas mãos à boca, quando mais uma ânsia me
tomou, eu já pressentia que ficaria com uma azia daquelas hoje.
- Kris?

- Da-ak. – respondi com a voz abafada pelos movimentos contínuos do meu esôfago.
- Oh droga. – ela segurou meus cabelos com a voz preocupada.
Demorou ainda mais um tempo para que a bile passasse junto com as ânsias, meu
estomago ardia e queimava e eu precisava com urgência de um copo de água bem
gelado.
- Vamos ao médico, por favor. – ela disse molhando suas mãos na pia e colocando em
minha testa e na minha nuca.

- Não é preciso Dak.

- Você me diz isso a malditos meses e nunca toma uma atitude.

- Por que não precisa.


- Você viu o que aconteceu ali? – ela apontou para o vaso em que eu tinha vomitado e eu
rolei os olhos aproveitando a água fria em meu corpo.
Eu queria Robert ali.
Suspirei.

- Eu vou me cuidar okay?

- Vai mesmo?

- Eu prometo.

- Tudo bem. – ela suspirou secando suas mãos. – Vamos voltar pra lá?
- Sim, é claro...
- Tom está convencendo Rob a tocar, Sam deve chamá-lo daqui a pouco.
Engoli em seco, não estava preparada para ouvir sua voz cantando para tanta gente, ao
invés de apenas só pra mim.
- Está okay?
Assenti incapaz de falar alguma coisa, prendi meu cabelo em um coque alto e mal feito
e segui Dakota para a parte de fora do banheiro.
- Você está bem? – Tom me perguntou assim que sentamos.
- Sim. Tudo bem. – forcei um sorriso pra Tom que ainda ficou desconfiado e Dakota me
passou uma outra garrafa de água, só que agora gelada junto com o que eu vi ser um
comprimido.
- Eu não vou tomar a merda de um remédio. – sussurrei pra ela notando o olhar intenso
de Robert sobre mim enquanto levava a caneca de cerveja na boca.
- Tome logo Stew. É para enjôo.
Fiz uma cara muito, muito irritada pra ela antes de pegar o remédio e o tomar de vez.
- Eu não precisos de cuidados Dakota.
- Então faça por onde não merecê-los.

- Não sou mais criança. – eu estava quase alterando minha voz apertando a garrafinha
de água com força em minhas mãos.

- Jura? – ela estava realmente conseguindo me irritar.

- Vamos acalmar os ânimos okay? – ouvi a voz de Tom sobre a nossa pequena bolha
irritante.
- Eu estou calma. – ela disse.
Virei meu rosto na hora cruzando os braços sobre o peito, aquilo já estava sendo demais
pra mim.

- Rob? Sam está te chamando no palco.

Apenas ouvi seu suspiro me recusando a olhar pra ele, eu já estava me machucando o
suficiente por aquela noite.

- Boa noite. – ele disse sorrindo ao se sentar no palco, eu subi meu olhar, o encarando
disfarçadamente sobre a cabeça da quantidade de pessoas que gritavam pra ele naquele
momento. Sua boca se abriu como se ele fosse falar algo mais, só que ele perece ter
desistido, seus olhos procuravam alguma coisa pelo salão e eu rezei para que Megan
não estivesse ali.

Ele iria cantar pra ela?

Engoli a choro em minha garganta e fiquei olhando para o tampo da mesa de carvalho,
era mais seguro dessa forma.

Ouvi os acordes do violão, meu coração disparando no peito com o som de sua voz me
trazendo lembranças de um tempo que não existia mais, lembranças que machucavam
agora e que só me fazia desejá-lo de volta com toda a força do meu ser.

A saudade me invadia sem piedade e quando percebi, ele estava cantando.

Eu o encarei e eu quase podia sentir a queimação em meus ossos quando ele fixou os
olhos em mim.

Cem dias me fizeram mais velho


Desde a última vez que vi seu lindo rosto
Milhares de mentiras me fizeram mais frio
E eu não creio que possa te olhar do mesmo jeito.
Mas todas as milhas que nos separam
Elas desaparecem agora enquanto estou sonhando com seu rosto.

Ele fechou os olhos, parecendo estar sentindo e falando a música, minhas mãos
tremeram e eu as escondi debaixo da mesa.

Estou aqui sem você amor


Mas você continua em minha mente solitária
Eu penso em você amor
E sonho com você o tempo todo
Estou aqui sem você
Mas você continua comigo nos meus sonhos
E esta noite só existe você e eu.

A distância continua aumentando


Enquanto as pessoas deixam de se falar
Dizem que esta vida está sobrecarregada
Mas espero que isso melhore com o passar do tempo

Eu também estou aqui sem você.

Tive vontade de falar, de gritar aquilo pra ele, eu o queria de volta, eu precisava dele
mais do que qualquer coisa na minha vida. Robert era o meu sonho bom, minha razão e
meu motivo de acordar todos os dias sem pesadelos, eu queria seus braços a minha
volta, seu cheiro inconfundível me invadindo novamente.
Mas isso era impossível.

Era completamente impossível.

Estou aqui sem você amor


Mas você continua em minha mente solitária
Eu penso em você amor
E sonho com você o tempo todo
Estou aqui sem você
Mas você continua comigo nos meus sonhos
E esta noite, somos só você e eu
E esta noite garota, somos só você e eu.

Tudo que eu sei, e qualquer lugar aonde eu vá


Isso se torna mais difícil, mas eu não vou desistir do meu amor
E quando o último cair, e quando tudo estiver dito e feito
Isso se tornará mais difícil, mas eu não vou desistir do meu amor

A melodia suave me embalava em total desespero, eu precisava sair dali antes que meu
coração me traísse e meus olhos transbordassem com as lágrimas que eu estava tentando
sufocar.

Estou aqui sem você amor


Mas você continua em minha mente solitária
Eu penso em você amor
E sonho com você o tempo todo
Estou aqui sem você
Mas você continua comigo nos meus sonhos
E esta noite, somos só você e eu
E esta noite garota, somos só você e eu.

Sempre que eu escutava uma música, eu podia sentir o que ela estava passando, mas não
com tanta intensidade como quando escutava uma na voz de Robert. Ele conseguia me
prender no tom e na melodia, era por isso que todas as emoções se misturavam dentro
de mim, me deixando em uma bagunça que eu não saberia resolver.
Ele parou de cantar e deixou apenas o violão tocando, ainda olhando pra mim e de olhos
fechados às vezes, sentindo a música como eu mesma sentia. Os aplausos ecoaram pelo
lugar, mas eu não conseguia ver nada além dos olhos de Robert, que me chamavam, me
imploravam para fazer algo que eu sabia, que era fraca demais para fazer.
Eu não poderia fazê-lo feliz.
Eu era baixa demais para ele.
Ele tocou uma música mais animada tirando os olhos dos meus, mas ora ou outra ainda
me encarava.
Meu coração ainda palpitava forte e eu bebi minha água em grandes goles para aplacar a
ardência em minha garganta, por causa do esforço que eu fazia para segurar as lágrimas.
- Eu... eu tenho que ir embora. – falei de repente e já me levantando.
- Mas já Kiki?
- Sim Tom, amanhã eu quero estudar e ... eu preciso fazer...algumas coisas. – ficar
nervosa me deixava em aflição e eu precisava sair dali.
- Vejo você amanhã Kiki. – Dakota disse me olhando, ela estava entendendo o que eu
estava sentindo e eu até esqueci que tinha brigado com ela.
Murmurei um ‘’boa noite’’ para Marcus e saí apressada por entre as pessoas.
Senti olhos em minhas costas e não quis me virar para ver quem era, eu só queria sair
dali e ir pro meu apartamento, me encolher em minha cama e nunca mais acordar se
fosse possível.
Eu sabia que aquela noite iria ser longa, talvez a mais longa de todas.

A voz de Robert me acompanhava durante todo o trajeto até em casa, eu estava ficando
ensandecida com o som da música se estourando em meus tímpanos. Mais além da
música, ecoava também todas as vezes que ele cantou pra mim, só pra mim, enquanto
estávamos em nossa cama no meio da noite, ou depois que ele saia de cima de mim, me
acolhendo em corpo com seus braços me aquecendo, com aquele sorriso perfeito no
rosto.
E eu dormia feliz. Robert era minha felicidade.
Funguei não agüentando mais segurar a merda das lágrimas que caiam, eu não poderia
fazer nada para tê-lo de volta, ele não me amava mais e já devia ter alguma garota na
nos.. na sua casa esperando para quando ele voltasse.
E ele a faria feliz, como fez a mim. E ela poderia retribuir tudo o que ele podia lhe
oferecer.
Entrei em meu apartamento querendo gritar aquela maldita dor que me assaltava, eu
estava perdendo os sentidos e só estava tentando me enganar.
Eu não queria outra garota com Robert, eu não queria que ele fosse de outra garota.
Ele era meu. Ele era só meu.
Será que ele ainda me amaria? Ele já teria me esquecido?
Ele parecia feliz quando estava comigo não parecia? Estava sempre sorrindo e diferente
do que esta agora, era estranho vê-lo do jeito que estava hoje ou no outro dia, eu estava
acostumada com seu bom humor e alegria inigualável.
Porque eram feitos pra você.
Minha mente gritou.
Era isso? Eu fazia Robert feliz?
O que eu poderia fazer com a besteira que tinha feito com ele?
Era corajosa o suficiente para contar toda a verdade?
Mas eu iria perdê-lo de qualquer maneira, contando a verdade ou não. Ele não iria mais
ser meu.
Mais você teria feito a sua parte e mostrado que confia nele.
Minha inconsciência gritou de novo, fazendo as palavras de Melanie ecoar pelos meus
ouvidos.
‘’Eu não posso dizer o mesmo sobre Robert, porque apesar de ele talvez ainda te
amar... se você tem medo de confiar nele... é a maior prova de que você não o merece.’’
Era isso, eu o tinha o perdido por medo e seria muito bem feito pra mim, se ele não me
quisesse mais. Eu só tinha que confiar nele, eu precisava confiar nele. Era a minha única
chance de tê-lo de volta e de receber seus braços ao meu redor.
‘’Não por força ou pressão. Mas sim porque você está preparada para enfrentar isso de
cabeça erguida, como a menina forte que você sempre foi.’’
Eu estava preparada para confiar nele.
Eu tinha que estar preparada, para fazê-lo olhar pra mim como antes, para que ele
pudesse ser meu de novo e só meu.
Não era por força ou pressão agora.
Era por vontade. Era por pura vontade e coragem.
--
Capítulo 37

Capítulo 37

Notas iniciais do capítulo


Meninaaaas, ta aqui a reconciliação IOSHAOISH

eu tento trazer o proximo ainda hoje, espero que gostem! beeeeeeeeijos

Apagar a Luz

‘’Jamais desconsidere a maravilha das suas lagrimas, elas podem ser águas curativas e
uma fonte de alegria! Algumas vezes são as melhores palavras que o coração pode
falar!’’
(William P.Young)

Eu me sentia corajosa, eu me sentia forte enquanto percorria as ruas de Los Angeles


dentro do taxi que me levaria até o nos...

Até o apartamento dele.

Mas me sentir assim, não bloqueava as duvidas na minha cabeça, só que nada iria me
abalar, nem a incerteza e nem mesmo a merda da minha segurança. E daí que ele podia
ter outra mulher? E daí que ele não me amava mais?
Isso machucava, mas era melhor eu dizer que ainda o amava do que ficar pra sempre na
escuridão. Eu sabia que existia a chance de 99% dele me rejeitar e me jogar pra fora do
apartamento pela janela, mas nada me faria desistir de contar a ele tudo o que estava
sendo engasgado por meu peito, que já dava pulos dolorosos em meu corpo.

Meu coração acelerou ainda mais quando o porteiro me reconheceu e não me impediu
de entrar, subi o elevador até onde eu sabia que era nos...
Argh. Que era seu andar.
Parei quando cheguei na porta 77D.
Era isso mesmo o que eu queria não era? Então eu não tinha que ter medo.
Não deveria sentir medo, era apenas Robert do outro lado da porta.
Talvez esse fosse o motivo para ter medo, por ser ele ali e eu ter que o encarar
novamente, apenas esperando qualquer reação repulsiva da sua parte.
Toquei a campainha com os dedos trêmulos e a respiração ofegante, havia um nó em
minha garganta que não estava descendo e eu senti minha língua enrolar na boca.

Demorou até que eu escutasse passos dentro do apartamento, o que me surpreendeu um


pouco, eu achei que ele ainda estaria no pub.

Ou...
Oh por favor, que não seja uma garota, que não seja uma garota.
Fechei meus olhos com força repetindo esse mantra na minha cabeça e esperando que
ela abrisse a porta com uma blusa de Robert para acabar de vez com o que ainda restava
do meu coração. Se é que ainda restava alguma coisa.

A porta se abriu e o cheiro dele me invadiu


completamente e intensamente.
Não tive coragem de abrir os olhos.
- Kristen? – ele disse, depois do que me pareceu ser horas, com a voz rouca e pouco
surpresa.
Abri os olhos lentamente para confirmar que era ele ali e não uma vadia qualquer
vestindo as suas roupas e o seu cheiro bom.

- Haam... hey. – ele franziu o cenho enquanto eu engolia em seco.


- Hey.
Não falamos nada, eu não olhava pra ele, não teria essa coragem.
- Aconteceu alguma coisa?

Eu estava me sentindo doente.

- Haam... não.. não que eu saiba.. na verdade eu.. – molhei meus lábios ainda encarando
o chão e coloquei uma mexa de meu cabelo atrás da orelha.

- Você...

- Eu vim pegar minhas roupas que estão aqui. – falei rápido e me chutando
mentalmente.
Estúpida e idiota. Imbecil, inútil. Tapada.
Eu tinha ódio de mim mesma.
- Ah..haam.. é claro... entre.. – ele me deu espaço e eu hesitei um pouco antes de passar
por ele, aquele apartamento me trazendo lembranças incríveis e dolorosas. Ele parecia
meio desapontado.
Tentei negar o seu cheiro quando passei ao seu lado, mas foi impossível. Eu estava
levemente tonta e entorpecida demais com sua presença para ser capaz de fazer algo,
além disso.
- Pode entrar. – ele disse depois que fechou a porta, eu estremeci levemente, não poderia
esquecer do motivo que me trouxe até aqui, mas não estava pronta. Não agora ali com
ele.
Assenti com a cabeça conseguindo das alguns passos em direção aos corredores, eu não
teria coragem para entrar no quarto também. Não se quisesse me manter inteira até estar
em casa novamente.

Mas quem disse que eu queria ir pra casa?


Eu daria minha vida para ficar ali com ele, para que ele me pegasse no colo e me
jogasse naquela cama quente e subisse por cima de mim pelo resto daquela noite... pelo
resto dos meus dias.

Engoli em seco fechando os olhos com força. Me virei lentamente e encarei o chão
antes de subir meu olhar até o dele.

O nó em minha garganta se intensificando e me proibindo de respirar normalmente.


Ele tinha os braços cruzados em frente ao peito com uma expressão indecifrável no
rosto, sua camisa verde musgo de mangas e a calça cinza de flanela estavam ali, e eu
podia jurar que ele estava bebendo e trabalhando.

Eu tinha que ter coragem para ter aquela conversa.

Eu não sabia bem o que falar... mas eu só tinha que me explicar.


- Haam... eu.. eu não... – soltei todo ar pela boca fechando os olhos novamente.
- Você não....

- Eu não vim aqui para pegar as roupas Rob... – ele franziu o cenho.

- Não?
Neguei com a cabeça rapidamente criando coragem para encará-lo de novo.

- Então o que veio fazer aqui Kristen?


Engoli em seco finalmente o olhando. Mordi meus lábios para que minha voz não saísse
embargada e nem quebrada.
Suspirei sentindo as lágrimas queimando meu rosto.

- Eu amo você. – soltei de uma vez só.

Depois desviei meu olhar do dele voltando a encarar o chão.

Meu corpo inteiro palpitava na expectativa da sua reação e do que ele iria dizer.
Ele não respondeu e eu experimentei olhá-lo, não foi uma boa idéia, eu via fogo em seus
olhos, mais ele não parecia nem ter me escutado.

Era pior do que uma faca no meu peito, mas eu merecia.

Sabia que merecia.


As lágrimas já caíram, mas não me importei com elas, seria inútil tentar limpa-las e eu
ainda tinha que me explicar pra ele.
- Me perdoa. – disse com a voz totalmente embargada e o olhando nos olhos para que
ele visse que eu estava sendo sincera. - Me perdo-oa por achar que eu podia viver sem
você. – prendi um soluço na garganta, baixando o olhar não agüentando os machucados
do meu peito. – Por ter... mentido e... escondido as coisas quando você merecia saber de
todas elas.

- Kristen...
- Não. Por favor, me deixa falar, eu preciso dizer Rob. – dei dois passos incertos para
frente limpando as lágrimas com o torso da minha mão direita. – Eu amo você e foi um
erro tentar negar isso a mim mesma. – soltei um soluço sem forças para continuar
falando.

Fechei os olhos pra tentar controlar minha respiração que estava mais do que
descompassada.

- Então porque fez? – ele ainda estava tão frio, tão distante. Atirando uma flecha direto
no meu peito.

- Porque eu achei que seria melhor pra você.

- Melhor pra mim? Você achou que era melhor pra mim Kristen? – não respondi, ele
podia ver minhas lágrimas queimando meu rosto e sabia que eu estava sendo verdadeira.
– Você só pode estar brincando.

- Robert...
- VOCÊ DISSE QUE HAVIA ACABADO, DISSE QUE NÃO QUERIA MAIS E ME
APARECE AQUI DE MADRUGADA DIZENDO QUE QUERIA O MELHOR PRA
MIM? COM CERTEZA, ESSA MERDA NÃO FOI O MELHOR PRA MIM KRISTEN.

Tomei um susto com o seu grito, mas me impedi de recuar, eu só queria me aproximar
dele, cada vez mais.

- Nem pra mim Robert...

- Devia ter pensado nisso antes.

A expressão séria me congelou por dentro, era como se ele estivesse dizendo o que mais
temia escutar. Mordi os lábios para que parassem de tremer e assenti com a cabeça.

- É tarde demais não é? – ele não respondeu e mais lágrimas caiam, o desespero
ameaçava me engolfar. – É pela garota do pub? Ela está aqui é isso? Eu devo ir embora
para não atrapalhar vocês? – eu já estava sendo irônica, mas o pânico estava correndo
por minhas veias deixando meu rosto ainda mais marcado com o choro.

- Você não sabe o que está falando.

- ENTÃO ME DIZ. NÃO É ISSO? TEM ALGUEM AQUI ROBERT?


- O QUE ISSO TE IMPORTA?

Porque ele não negava as minhas perguntas?

Oh meu Deus, eu precisava ir embora.

- EU TE AMO, MAIS QUE INFERNO ROBERT. ESTOU DIZENDO QUE TE AMO E


QUE FOI A MERDA DE UM ERRO ACHAR QUE PODIA RESPIRAR SEM VOCÊ.
– eu já estava sendo implorativa e não me importava nem um pouco com isso.

- ENTÃO PORQUE NÃO PENSOU NISSO, ANTES DE FAZER, ANTES DE ME


DIZER QUE JÁ HAVIA TUDO ACABADO PRA VOCÊ E QUE NÃO SE SENTIA
MAIS DA MESMA FORMA?
- PORQUE EU SOU UMA IDIOTA E QUERIA TE PROTEGER DE MIM MESMA,
EU NÃO SOU BOA O SUFICIENTE PRA VOCÊ ROBERT... FOI PO-OR ISSO QUE
EU DISSE TUDO AQUILO.

- EU NÃO ACREDITO EM VOCÊ.


-SIM, VOCÊ ACREDITA SIM. VOCÊ CONSEGUE ME VER ROB, SABE QUE NÃO
ESTOU MENTINDO AGORA.
Ele apenas me encarou.
- Olha pra mim. – eu pedi chorando e tentando me aproximar. – Olha pra mim Rob e diz
que você não sente mais nada.

Ele não respondeu, continuou me olhando com raiva e fogo nos olhos.

Dei mais dois passos pra frente e mais alguns eu o alcançaria.

- Diz... diz que não sente minha falta.

- Chega.

- Eu estou morrendo de saudade de você.


- EU DISSE QUE CHEGA. – ele gritou de novo.
Eu me aproximei mais, ficando tão perto dele que nossos pés se tocavam , eu sentia sua
respiração ofegante e descompassada – como a minha – direto em meu rosto, o hálito de
tabaco e canela me intoxicando e envenenando minhas veias.

- Diga... – minha voz se quebrou e eu engoli em seco, meu organismo inteiro pareceu ter
acordado para a presença de Robert a menos de dois centímetros de mim.

- Saia daqui Kristen. – olhei pra ele, suas mãos em punho ao lado de seu corpo, os olhos
fechados e o maxilar travado.
Ele era tão bonito.
- É isso..que..você quer? – não estava mais
conseguindo controlar minhas ações, nem minha voz.

- Foi o que você quis. – ele disse seco e taxativo.

Minha presença não parecia o estar atingindo e eu senti mais uma vez algo se partindo
em meu âmago.

- Eu te amo. – ainda sussurrei antes de me afastar, apertando meus lábios e não me


importando com as lágrimas em meu rosto.
Nunca fora tão difícil me separar de Robert.
Ele estava me deixando ir e dessa vez não haveria mais volta.
Não haveria outra chance, pra nenhum de nós dois.
Assenti com a cabeça, protelando um pouco o momento em que eu teria que lhe dar as
costas e sai daquela casa que por tanto tempo havia sido apenas nossa.

Nosso cantinho.

Foi aqui que minha vida realmente começou e era aqui que ela terminaria.

Bem típico de uma ironia.

- Eu ainda tenho que te devolver uma coisa. – passei as mãos em meus olhos para secá-
los e peguei em meu bolso da calça o chaveiro de all star que tinha meu nome, senti sua
respiração se descompassar novamente. – Isso é seu. Só não deixe ela ver. – sorri
irônica apontando com o polegar sobre meu ombro, para a direção dos quartos e
deixando o objeto sobre a mesa ao lado da porta.

Olhei pra ele uma ultima vez sem conseguir identificar suas emoções e me virei
suspirando e fechando os olhos. Os espasmos da dor começavam a invadir meu peito
enquanto eu abafava os soluços na minha garganta.

- Espera. – ouvi sua voz sufocada e seus passos atrás de mim.


Foi inevitável continuar prendendo os soluços, as lágrimas voltaram a lavar meu rosto
com o que eu achei ser esperança, se infiltrando em meu coração.
- Não vai.

Mordi os lábios apertando os olhos com força, eu senti sua presença atrás do meu corpo,
suas mãos se pousaram levemente na minha cintura e eu apostava como seus olhos
estavam fechados assim como os meus.

- Robert...

- Não vai Kris. Fica. Fica aqui.

- Você quer..que eu vá.

- Não quero.
Arrepios violentos se passaram por meu corpo inteiro quando seu nariz pousou na
lateral do meu pescoço, suas mãos apertaram minha pele da cintura e ele sugou meu
cheiro pra ele violentamente, afundando seu rosto no vão embaixo da minha orelha,
começando com a mágica de seus lábios em contato comigo.

Joguei minha cabeça pra trás recebendo os seus beijos molhados na minha nuca e suas
mãos se imiscuírem por baixo da minha blusa preta, se espalmando em minha barriga
plana.

- Robert.. – eu arfei e ele me virou de repente.


Ficamos frente a frente com minhas mãos em seu peito e ele me envolvendo.
Nossos olhos conectados até que ele se abaixou e eu fiquei na ponta dos pés para
receber as sensações que seus beijos me causavam.

Até que ele estava comigo.

A boca urgente e áspera sem deixar de ser carinhosa. E eu não pensei em mais nada.

Cravei meus dedos em seu rosto, puxando seu queixo mais pra perto e partindo mais
meus lábios para que ele tomasse tudo o que pudesse tomar de mim.

Eu queria que ele me invadisse, me engolisse por inteira, eu não me importava.

Ele tinha que tomar o que era dele e eu era dele.

A língua se enroscou com a minha envolvente, doce e quente. Fazendo a mágica com o
sabor de canela e tabaco.

Eu estava perdida no tempo o sentindo assim tão próximo, como há tanto tempo eu não
sentia, seus lábios que eram cada vez mais famintos nos meus e que não se separavam
de mim por nada, assim como nossos corpos que estava mais do que grudados com suas
mãos em meu quadril e se imiscuindo por meu cabelo, torcendo os fios entre os dedos e
os puxando com mais força do que o normal.

- Eu preciso de você Kristen... é um maldito vicio. – ele mordeu e puxou meu lábio
inferior me fazendo sentir à falta de seu gosto e gemer baixinho. A mão direita entrou
por minha blusa, se espalmando em minha cintura, grande demais para deixar algum
pedaço sem seu toque. – Que eu não sei mais superar. – ele colocou a testa na minha,
tentando achar o seu controle, ofegante assim como eu.
- Não precisa... não precisa Rob.. – lhe beijei os lábios apertando os fios de areia em
meus dedos, era tão bom senti-lo daquela forma. – Não precisava superar... estou aqui...
eu estou aqui baby. – lhe beijei de novo grudando nossos lábios. – E eu sou sua...

E eu era.
Era completamente dele. Sempre fora.

Ele gemeu baixo antes de voltar a me devorar com os lábios impiedosos de tão sensuais
e deliciosos que eram, não havia sensação no mundo que se comparava a beijar Robert.

Era essencial, sem comparação...

Num impulso simples e com sua ajuda eu cruzei minhas pernas firmemente em sua
cintura, entrelaçando os tornozelos nas suas costas sentindo os seus beijos descerem
pelo meu pescoço e suas mãos apertarem com força minhas pernas até se imiscuírem
novamente por minha blusa, massageando meus seios e me deixando enlouquecida com
sua língua quente em minha pele.
Ele começou a andar sem nem mesmo eu perceber, tirei meu all star com os próprios
pés desesperada para que ele me jogasse em qualquer canto e me fizesse dele do jeito
que só ele sabia fazer.

Só Robert tocava meu corpo com precisão, ele sabia onde me beijar, onde morder e
onde sugar, ele tinha um manual de instruções para me fazer feliz.

Meu corpo bateu em algo macio, mas não me importei em abrir os olhos para ver onde
era, estava ocupada demais em arquear as costas para o tão bem vindo peso de Robert
completamente sobre mim, ele prendeu minhas mãos acima da minha cabeça e com uma
só mão rasgou a minha blusa escura, para partir ao meio o pano de meu sutiã logo em
seguida.

Eu já estava pronta pra ele, não queria mais pré-eliminares, eu só precisava o sentir
dentro de mim, se movendo com velocidade.
Mas ele ainda me torturaria muito, ele queria me ver acabada e implorando em baixo
dele e eu iria adorar a tortura, mesmo que fosse chorando de agonia.
- Rápido Robert... eu preciso de você.
Minha frase foi cortada pela sua mordida em meu pescoço, soltei um grito pela força
com que seus dentes me marcaram, eu sentia a pele latejar e queria que ele fizesse de
novo e ele fez.
Do outro lado e em todo meu pescoço, ele me marcou por inteira, mordendo forte e
depois sugando e soprando em cima apenas para aumentar meu prazer e continuar me
enlouquecendo completamente.

- Seu cheiro. – ele se afundou em meu cabelo respirando fundo, suas mãos massageando
meus seios, passando o polegar superficialmente pelos mamilos me fazendo gritar de
agonia.

As mãos tão quentes e ágeis desceram se moldando em meu corpo, na lateral até chegar
em meu jeans e começar a me estimular por cima do mesmo, rebolei meu quadril para
aplacar a pressão gostosa em meu baixo-ventre.
Eu estava ficando louca, era tempo demais sem ele para que eu pudesse suportar.
- Robert...
Ouvi o barulho do estralo que minha calça fez quando Robert retirou o botão pela força
e abaixou minha calça, se movendo com rapidez para tirá-la.

Depois que a peça passou por meu pé direito, eu me inclinei nos cotovelos, eu mesma
retirando minha calcinha fazendo ele gemer baixinho e morder os lábios.
- Eu faço isso por você baby.

Baby.
Eu era o baby dele de novo.
Sorri sendo abafada por seus beijos e gritando com suas caricias em minha intimidade,
me invadindo e me adorando com seus toques carinhosos e sufocantes de perfeição.
Ele se levantou de novo, me deixando sentir falta de seu peso, tirou a camisa e eu me
sentei na cama, com pressa de ajudá-lo, desabotoei sua calça a abaixando e sem resisti,
acariciei seu cumprimento que já estava mais do que pronto pra mim.
Deitei-me novamente ficando a sua mercê. Sentindo seu corpo sobre o meu
completamente nu e livre de barreiras para que pudéssemos nos amar.
Seus lábios me beijaram tão docemente que eu senti vontade de desmaiar, os carinhos
eram cuidadosos e intensos, chegavam a ser violentos, sem perder a emoção de seu
beijo suave.

- Eu te amo Kristen. – arquei as costas sentindo ele me invadir lenta e dolorosamente.


Seus lábios secaram minhas lágrimas e ele grudou nossas testas, não desconectando
nossos olhares. – É uma maldição... mas eu.. amo você.

Os movimentos começaram. Um e depois outro. Num ritmo incessante de pura loucura


e satisfação.

Os beijos nos calavam dos gemidos que eram altos demais, minhas unhas alastrando
suas costas e ombros de marcas vermelhas e grossas, rodeei seu quadril com minhas
pernas o ajudando com as investidas escutando apenas os sons de nossos corpos se
chocando e os gemidos abafados em nossa boca.

O seu cheiro me inundava, amortecendo meus sentidos, fazendo com que eu sentisse
apenas Robert e que o resto era apenas isso... resto.

- Robert... – chamei quando o ar se tornou insuportável.

- Eu amo você. Sente isso.. Kristen?

Não respondi jogando minha cabeça pra trás, abrindo minha boca quando ele estocou
em algum ponto especial dentro de mim.

Oh meu Deus, eu não iria durar muito tempo.

Ele sabia o que fazer comigo e eu estava perdendo minha sanidade.

- Robert...
Gritei quando o ápice me atingiu.

Violento, quente, me fazendo tremer dolorosamente em cima daquela cama, debaixo de


seu corpo que ainda investia dentro de mim.

- Olha pra mim. – ele sussurrou em forma de gemido.

Abri os olhos encarando os azuis esverdeados intensos, que nunca estiveram tão suaves
antes.

- Eu te amo.

- Eu te amo. – respondi repetindo sua fala.

Nossa conexão era tão forte, que assim que ele atingiu seu clímax, eu também atingi o
meu de novo.

Forte e poderoso, sem desgrudar nossos olhares.

Eu podia ver sua alma naquele momento.


Na verdade acho que sempre pude.
Ele chamou meu nome ainda tremendo e desabando sobre meu corpo, o acolhi em meus
braços tentando voltar minha respiração ao normal.

- Eu não consigo ficar sem você.

Eu quis chorar ao receber sua voz em meu ouvido e seu beijo em meu pescoço.

Ele saiu de dentro de mim com um choramingo de insatisfação de nós dois, eu já me


sentia incompleta, vazia e querendo que ele me preenchesse novamente.

Mas ele não se afastou, me puxou para seu peito, aconchegando meu rosto em seu
pescoço, o braço direito envolveu meus ombros para que eu não me afastasse e o outro
circulou minha cintura, me prendendo naquele corpo que era minha casa e minha luz.
- Me perdoa. – disse baixinho e já chorando de novo.

- Shii. – ele beijou minha testa carinhosamente. – Vamos ficar bem agora Kris.

O encarei.

- Ainda tenho coisas a contar pra você.

- Eu sei que tem. – deitei minha cabeça nas mãos grandes e quentes que enquadravam
meu rosto. – Mas não agora. Eu só quero te sentir.

Ele me beijou e recomeçamos o que estávamos fazendo.


Eu estava sendo amada nos braços de Robert.

Levava um sorriso bobo no rosto quando finalmente fomos dormir, o sol já amanhecia e
eu estava onde sempre deveria ter estado. Sentindo o cheiro dele e a calma que
acalentava todo meu ser, sendo embalada pelo corpo forte que me protegia até nos
sonhos.

E pelos braços quentes que me rodeavam.

Eu estava em minha fortaleza.

Capítulo 38
Capítulo 38

Notas iniciais do capítulo


Está aqui meninas, esperam que entendam a kiki agora :)

beeeeeeijos

Apagar a Luz

‘’A maior prova de amor, é a confiança. ’’


(Joyce Brothers)

Era tudo tão doce e claro.

O céu naquele tom bonito de amanhecer com as ondas da praia batendo levemente nas
pedras, onde eu estava sentada.
Havia mais alguém comigo, apesar de não conseguir identificar, a pessoa me trazia paz
e muita confiança só de estar ali.
Eu sabia que estava em um lugar desconhecido, mas que ao mesmo tempo, me parecia
familiar demais para nunca ter estado ali. Um sol quente e saudável batia em meu rosto
e em meus braços que estavam sendo expostos àquela maravilha de horizonte e
paisagem.
Sentada em cima daquelas pedras, com uma companhia agradável e reconfortante, era
como se eu estivesse feliz, o que eu realmente estava.

Era um sonho.

Como a muito, eu não tinha.


Sorri sentindo o sol bater forte demais em meu rosto, franzi o cenho na tentativa de
aplacar um pouco a luz forte demais.
E como num passe de mágica, eu abri os olhos.
Ainda estava claro e era um dia ensolarado.
Pisquei várias vezes os olhos tentando focar minha visão em um ponto único, mas as
cortinas estavam fechadas apesar de ter bastante luz no quarto.
Depois de um suspiro contente, me virei para saber da onde vinha toda aquela paz e
harmonia que eu estava sentindo.
E descobri de onde.
Eu dormia nos braços de Robert, por isso não soube identificar os meus sonhos e a
realidade, estar com ele já era um sonho mais do que perfeito.
O corpo tonificado era completamente moldado ás minhas costas, ele tinha seus braços
fechados em um circulo apertado em minha cintura, como se estivesse com medo de
que eu saísse dali.
Mas eu não sairia, eu nunca mais sairia do lado de Robert.
Não enquanto ele me quisesse.
A expressão serena e tranqüila dominava seu rosto de traços leves e masculinos, a barba
loira por fazer espetando a palma de mão esquerda que estava pousada em sua
bochecha, fazendo um carinho que eu estava morrendo de saudade de fazer e que eu
sabia que ele gostava.
Sorri sentindo que nossas pernas não podiam estar mais emboladas umas nas outras e
que o seu pé batia direto em minha canela, dando ainda mais a sensação de realidade
com nossos corpos colados daquele jeito.
Virei meu corpo completamente e me aconcheguei em seu peito, sentindo o cheiro de
sua pele me invadir, intoxicando meus sentidos, me deixando levemente tonta e
completamente satisfeita.
Meu sorriso se alargou quando senti os beijos calmos e carinhosos em meu cabelo, sua
mão me puxando para mais perto enquanto a outra se imiscuía em meus fios.

- Achei que iria dormir mais um pouco baby. – disse suavemente, se abaixando um
pouco para depositar um selinho carinhoso em meus lábios.
Foi chegando mais perto dele que eu afundei meu rosto em seu pescoço, puxando fundo
seu cheiro, como ele fazia naquele momento comigo, a ponta do seu nariz passando por
toda a lateral do meu.
- Maresia. – murmurei, sentindo seu sorriso em minha pele.
- Mel e guaraná. – ele disse em um sussurro me fazendo sorrir de olhos fechados.
- Eu não queria acordar nunca mais.

-Não estamos sonhando Kiki. – o olhei nos olhos perdendo o contato direto com seu
cheiro, mas minhas mãos ainda estavam espalmadas em seu peito nu, o edredom o
cobria apenas da cintura para baixo.

- Nós temos que conversar. – disse a contra gosto. Eu não queria perder aquilo que
estávamos tendo agora.
- Eu sei. – respondeu suspirando e fazendo carinho com seu polegar em meu rosto.
- Me perdoa? – minha voz era fraca novamente.
- Vamos pular essa parte okay? Não tem nada para perdoar Kris, você está aqui. – seus
braços se apertaram em minha volta. – É isso que importa.

- Eu preciso que você me perdoe Rob...


-E eu já disse que está tudo bem. Não conseguiria ter raiva de você mesmo se eu
quisesse ou tivesse motivos pra isso.
- Você pode mudar de idéia. – mordi os lábios sabendo que estava chegando a hora de
contar tudo pra ele.
- Isso é impossível. – me deu outro selinho. Sorri fraco aprofundando um pouco o beijo,
poderia ser o último.
- Eu te amo. – lhe disse com a voz embargada.
- Eu também te amo.

Espero que continue me amando depois disso também.

Pensei amargamente.

Suspendi o edredom de cima de mim e me desvencilhei calmamente de seus braços, lhe


dando um sorriso pequeno.
- Aonde vai?
Não respondi, peguei minha calcinha, a vestindo junto com uma blusa sua, eu sentia
tanta falta de fazer aquilo.
Fui andando até em cima da nossa cômoda, pegando o maço de cigarros de canela que
ele sempre guardava ali em e acendi um pra mim.
Estava precisando desesperadamente me acalmar.
Meus olhos atravessaram o quarto e vi a sua expressão confusa, me sentei no sofá perto
da janela que mesmo com as cortinas fechadas deixava o sol entrar.
Traguei três vezes antes que ele viesse se sentar ao meu lado, já vestido com a calça de
pijama.
Engoli em seco, focando em qualquer lugar que não fosse seu rosto.
Aquela seria minha prova de fogo, mas eu me sentia preparada pra isso.
Ou pelo menos eu achava.
- Você não precisa fazer isso. – ele disse e eu já sentia as lágrimas invadindo meus
olhos, com o desespero começando a querer me engolfar.
- Eu sei. Mas eu quero.
- Kristen...
Desci o nó estranho e espinhoso por minha garganta e traguei o cigarro de novo.
Era agora ou não seria nunca mais.

Deixei que as lembranças dolorosas me invadissem, eu precisava da dor delas para que
ele entendesse o que eu passei. Puxei meus joelhos para cima do estofado branco e
apoiei meu queixo ali, começando a contar pra ele tudo o que eu podia me lembrar
daqueles anos mais negros da minha vida.

- Eu tinha nove anos quando vi meu pai pela última vez. – engoli o choro e os soluços. –
Ele havia chegado de uma viagem de negócios e era natal, começo de dezembro.
Lembro-me que ele prometeu levar todo mundo pra Nova York no ano-novo. Eu fiquei
louca, junto com meus irmãos, nós finalmente veríamos a ‘’bola gigante’’ cair do céu. –
sorri triste com a lembrança.

‘’ Meu pai era o tipo de cara voltado completamente para a família, com um amor
incondicional pela minha mãe e por nós três, ele chegava em casa, nos abraçava e dava
um beijo em mamãe, perguntando qual de nós havia feito mais bagunça, até que ele
sorria pra mim e me pegava no colo, eu era a princesinha da casa, como ele mesmo
dizia junto com mamãe.’’

Não me importei com as lágrimas que começavam a cair, elas me fariam bem.

‘’ Nós três, os irmãos. Sempre fomos os mais unidos que qualquer outro irmão da
vizinhança, nós só tínhamos uns aos outros e cada um de nós cuidava do próximo como
podia, nossa vida era estável, sem problemas financeiros nem nada do tipo, papai era
dono de uma empresa de valores e tinha ações na bolsa de Nova York, por isso ele vivia
viajando para lá.’’

Traguei meu cigarro sabendo que toda minha biografia iria me custar belos machucados
mais tarde, mas eu devia aquilo a Robert. Eu devia aquilo a mim.

‘’ Dia 21 de dezembro papai não voltou pra casa, ele ligou avisando que teria que viajar,
mas que chegaria a tempo do natal e que voltaríamos todos para NY na virada do ano.
Eu fiquei triste assim como todos os outros, ninguém gostava de ter o papai ou a mamãe
muito longe. E eu nunca soube se ele realmente voltou para aquele natal. ’’

Apertei meus olhos com força, era nessa parte que Rob iria começar a me odiar, eu tinha
que me preparar para aquilo.

‘’ Eu tinha amiga, Ashley. Ela era a minha vizinha e apesar de ter dez anos, estudávamos
juntas na mesma classe. Ash era alegre e brincalhona, mas muito desligada da vida real
para se importar com algo que não fosse suas bonecas ou um Cupcake de amora. Antes
de sairmos de feriado para o natal, ela me disse que queria me apresentar um novo
amigo do pai dela, que vinha visitar ela sempre na escola agora. Eu estranhei no
começo, não gostava de falar com estranhos e o meu pai tinha me ensinado a sair da
escola e esperar a mamãe no pátio externo, sem sair de lá para nada. ‘’

‘’ Mas eu não podia decepcionar a Ash e acabei indo com ela até a rua lateral do
colégio. Vi uma Van azul escura com um moço bem alto parado e encostado nela, com
os braços cruzados e um sorriso feio no rosto.’’

- Olá mocinhas. – ele havia dito, não gostei da voz dele e me agarrei ainda mais á
minha boneca que estava em meus braços, querendo voltar para a escola e esperar
minha mãe.

- Oii Ben. – Ash respondeu sorrindo e abraçando as pernas do moço.

- Olá Ash, trouxe a sua amiguinha que eu pedi.


- Ash, eu vou voltar pra escola. – eu respondi emburrada sem encará-lo.

- Oh mais por quê? Nós podemos dar uma volta e comer um Cupcake, o que vocês
acham?

- Sim, sim. Vamos Kris, ele é amigo do papai.

- Isso mesmo e depois eu deixo cada uma na casa de vocês, que tal?

- Não, eu vou esperar a mamãe. – me virei para sair, mas ele puxou meu bracinho fino
demais para as mãos dele, não gostei quando ele me tocou. Era ruim e nojento.

- Vamos lá Kris. Será apenas alguns minutos.

- Eu vou. – disse Ash já pulando no assento do carona ao lado do motorista, ela mesmo
fechou a porta e travou o seu cinto de segurança, sorrindo feliz que iria comer um
Cupcake.

‘’Encarei o homem alto e ele parecia ter ganhado na loteria pelo brilho que seus olhos
traziam, eu queria voltar e recuar dali, mas não poderia deixar Ash sozinha com aquele
homem, ela era minha amiguinha e ele era amigo do papai dela. Não poderia haver nada
de mal. Eu assenti com a cabeça e entrei naquela maldita Van. Foi a última vez que eu vi
meu colégio.

‘’ Me desesperei quando olhei pela janela de vidro escuro, vendo que não estávamos
mais em Miami, eu nem podia mais ver a praia, nem os prédios ou as casas. Cutuquei o
braço de Ashley que havia dormido, estávamos a tempo demais andando com o carro,
eu comecei a entrar em pânico e pedi ao moço para nos levar de volta. Ele disse que
não, e não tinha mais aquele sorriso no rosto. Ele parou o carro num acostamento e
abriu o porta luvas, preguei as minhas costas no banco com medo do que ele iria fazer,
suas mãos tamparam minha boca quando comecei a gritar e a última coisa que senti foi
uma picada de agulha em meu braço e logo em seguida a completa escuridão.’’

Meu peito batia de forma dolorosamente lenta, como se eu estivesse morrendo torturada
e era como eu me sentia, eu podia rever cada cena, cada sentimento que eu passei,
estava tudo ali, na minha frente, sendo exposto como uma vitrine. Não sabia qual estava
sendo a reação de Robert, mas eu escutava sua respiração ofegante, me recusava a olhá-
lo, não teria coragem pra isso.

‘’ Quando acordei estava num lugar diferente, parecia uma casa abandonada, mas
conservada em algumas partes, eu escutava um choro baixinho e uma risada alta vinda
do meu lado, mas os meus olhos estavam pesados demais para que eu pudesse abri-los.
Consegui depois de um tempo ouvindo os resmungos e tarde demais percebi que era
preferível ficar cega ao ver a cena em minha frente. Um homem velho e horrendo
violentava uma moça de no máximo 22 anos, ele ria e ela chorava desesperada, não me
conformei com aquilo e sem pensar muito me joguei em cima dele, batendo em suas
costas tentando fazer ele parar de machucar ela, comecei a chorar também. Ele me tirou
de cima dele com uma só mão e me disse para ficar longe e que minha vez iria chegar.
Não desisti e uma mulher gritou comigo, eu nunca a tinha visto ali, mas ela me aplicou
a injeção de novo e eu dormi chorando. ’’

As lembranças de Dorothy eram sempre as mais dolorosas, elas me machucavam tão


fundo no peito quando um raio de 220V.

‘’ Não vi mais Ashley e nem a menina do choro, até o dia em que acordei em algo que
estava em movimento, parecia um carro, só que era bem maior e frio. Ouvi uma voz me
chamando ao longe e abri os olhos tentando me focar, vi que era a moça que me
chamava e arregalei os olhos perguntando se ela estava bem, ela sorriu triste me dizendo
que sim e me abraçou, me agradecendo por tentar ajudá-la, ela estava suja e percebi que
eu também estava, foi quando me toquei que estávamos dentro de um caminhão. Não
fazia idéia de quantos dias nós estávamos ali dentro, já que cada vez que eu acordava,
era sedada novamente.

‘’ Mais dias se passaram e Ashley finalmente despertou, nós ficamos juntas o tempo
inteiro, chorando e nos perguntando quando poderíamos ir pra casa. A moça que se
chamava Dorothy nos embalava e prometia que ia ficar tudo bem, mas não ficou. As
coisas só pioraram, quando chegou à tarde naquele dia, nós paramos e abriram as portas
do caminhão, a luz entrou ofuscando meus olhos, mas consegui ver o sorriso no rosto de
Dorothy quando percebemos que era uma guarita policial.’’

Limpei minhas lágrimas, eu queria poder contar tudo de vez, mas meus soluços não
deixavam.

- Kristen... não faça isso.

- Me deixe terminar Rob. Eu preciso.

Respirei engolindo em seco e contei a ele como foi meu encontro com Brian, sem dizer
o nome é claro.

‘’ Eles não nos ajudaram como pensávamos que iriam fazer. Pelo contrário, o homem
que era responsável pela fronteira do país, tinha o direito de escolher uma de nós. Ele
parecia financiar as coisas por ali também. E ele escolheu a mim. ’’

- Para com isso Kristen. – eu fingi não escutar seu tom de raiva e pura ira ecoando em
meus ouvidos.

‘’ Ele entrou no caminhão e fez o que tinha que ser feito, saindo de lá com um sorriso
nojento no rosto, me deixando ali, machucada, sangrando e acabada, por dentro e por
fora.. Dorothy tentou me defender mais ninguém lhe deu ouvidos e ela e Ashley
choraram comigo pelo resto daquela maldita viagem. Mas estar machucada não
impediu que me jogassem em uma outra casa qualquer quando chegamos no nosso
destino, que eu não fazia idéia de onde era. Dorothy me pediu para nunca desistir de sair
dali, não importa quando tempo se passasse, haveria sempre uma esperança, para
qualquer uma das garotas e garotos que eram levados para aquele lugar frio e escuro. E
acredite, tinha muitas lá dentro.’’
‘’ O tempo foi passando e cada vez mais, eu era machucada. Não sabia quantos homens
entravam no meu quarto a cada dia e também não fazia questão de contar, eu apenas
lutava contra cada um deles e sempre levava uma surra no final da noite. É daí que vem
minhas cicatrizes, elas eram feitas a faca, cada vez que uma de nós se rebelava, éramos
marcadas. Dorothy tinha tantas cicatrizes como eu, já Ashley não tinha tanta. O policial
da fronteira vinha freqüentemente ‘’me visitar’’ como ele mesmo dizia. Mas eu sempre
fiz o que Dorothy me pediu. Eu jamais perdi a esperança de sair daquele lugar.’’

Me levantei do sofá fungando e ficando de pé em frente a janela, cruzando meus braços


em meu peito, impedindo meu peito de se quebrar, mais do que já estava quebrado.

‘’ Eu fiz doze anos no mesmo dia em que vi o corpo de Ashley ser levado da casa.
Aquela visão me derrubou por dias consecutivos e foi o que bastou, para que eu desse
um chega naquela situação toda, afinal.. eu nunca sabia quando chegaria a minha vez de
ser morta por qualquer uma daquelas pessoas também. Bolei um plano de fuga com
Dorothy, nós raramente nos víamos então, era difícil ter alguma coisa concreta. Ouve
um tiroteio no lugar onde estávamos e Dorothy disse que aquela era a nossa deixa, mas
eu só descobri tempos mais tardes, que ela não pretendia sair dali, porque sabia que
seria mais difícil de escapar se eu estivesse acompanhada, ela desistiu de fugir para me
dar a chance de ser livre. Me pediu para avisar os pais dela sobre sua morte e para que
eu me curasse. ‘’

‘’ Ela seduziu dois homens na porta da casa, para que eu fugisse, eu tinha conseguido
me livrar do garoto que estava em meu quarto quando bati nele com uma faca de
cozinha que Dorothy havia me entregado no dia mais cedo. E eu sai da casa, me
sentindo sozinha e horrenda por estar sem Dorothy, mas continuei o meu caminho. Não
olhei pra trás. Descobri que estava no México depois de três dias escondida em meio a
fenos de uma fazenda. E sabia que tinha que estar na fronteira, pois havíamos chegado
rápido demais, pelo menos era o que eu achava. ’’

‘’Fui seguindo os rastros dos rios que existiam na área rural, eu tinha fome e sede, e
chorava a cada segundo, mas nada me faria parar ou descansar. Eu tinha que ir pra casa,
eu estava machucada... eu só tinha doze anos. ‘’

Meus soluços saíram de forma violenta e eu baixei minha cabeça sentindo a presença de
Robert perto demais de mim.

‘’ Depois de mais três dias, encontrei os homens a quem os imigrantes chamam de


coyote. Eu não tinha dinheiro para atravessar e o exercito estava nas terras que dividiam
os países. Então eles disseram que me atravessariam pelo mar, eu aceitei, daria tudo
para ir embora dali. Como eu não tinha dinheiro, eles pediram a única coisa que eu
tinha, não me importei também, eles não fariam nada de diferente que os outros fizeram,
seria apenas algumas marcas a mais. ’’

Engoli em seco ignorando meu choro desesperado.


‘’ Passei onze dias em um maldito bote salva vidas, nossa água havia acabado e duas de
quatro pessoas que estavam com a gente, já tinham morrido no percurso, mas eu não iria
desistir, eu tinha prometido a Dorothy e eu chagaria a Miami nem que fosse a nado. A
visão da costa ensolarada era como um presente dos céus, eu chorava copiosamente,
ajudando a fazer o bote chegar até a areia. Me ajoelhei naqueles pontinhos brancos e me
lembro de ter quase desmaiado ali. Mas minha força de vontade era maior, era muito
maior do que a minha sede.’’

‘’ Encontrei lembranças perdidas dos meus pais e foi me agarrado a elas que eu me
levantei e saí pelas ruas da tarde da Flórida, procurando o endereço pelo qual eu ainda
me lembrava, meu corpo inteiro doía e eu não sabia se eles ainda estavam lá, se ainda
me amariam depois de saber de tudo ou se me colocariam pra fora de casa, mas achei
melhor arriscar. Minha mãe me acolheu com todo o seu amor, chorando desesperada e
aliviada por me ter de volta depois de mais de três anos fora de casa, não contei nada
pra ela e nem a ninguém. Tinha vergonha e medo que me rejeitasse. Guardei aquela dor
pra mim, me afastando de todo mundo e entrando em uma depressão confortável,
principalmente depois de saber que meu pai tinha morrido. ’’

‘’ Minha mãe tentava falar comigo, mas eu não respondia. Não queria que ela sofresse,
preferia ter aquela dor só pra mim do que a ver chorando. Até que Taylor descobriu e o
seu olhar de pena me fez odiá-lo. Ele e Melanie me levaram até o hospital, dizendo que
incrivelmente, eu estava limpa. Devia ser uma coisa boa, já que eu não me sentia nem
um pouco dessa forma. Eu era suja e odiava que me tocassem, nem mesmo o médico.
Por isso não vou a hospitais. Detesto que tenham pessoas me tocando.’’

‘’ Mas isso mudou quando conheci você, na verdade, você me mudou completamente.
Eu aprendi a sorrir e ver a vida de uma maneira diferente a que eu estava acostumada. ’’

Chorei me virando pra ele, para vê-lo com lágrimas nos olhos também.

- Você me fez feliz onde eu só conseguia enxergar a minha própria escuridão e meu
próprio terror. Eu nunca tive medo de você, nunca me importei que me tocasse ou que
fizesse sua. Porque era você. Mas também me sentia suja a cada dia em que não lhe
contava a verdade.

Ele se aproximou mais, vi uma lágrima grossa saindo de seus olhos.

- Me perdoe por não ter pedido para que se afastasse, me perdoe por não ter contado
antes, mas eu morria de medo de perder você. Você era a única coisa no mundo que eu
não podia perder Robert. – minha voz quebrada e abafada pelos meus próprios soluços.

E ele se aproximou mais.

- Tanto eu, quanto Ashley e Dorothy e mais outras milhares de garotas, fomos vitimas
do tráfico de pessoas. – ergui a cabeça engolindo em seco. – Ainda machuca as
lembranças do horror que é viver tudo aquilo e todos me julgam dizendo que eu tenho
que superar, mas ninguém sabe o que é isso. Eu era só uma criança.
Solucei sentindo ele perto demais de mim agora tocando meus pulsos e se abaixando
para olhar em meus olhos.

Seus braços me embalaram no momento em que eu desabei, minha estrutura se


desmoronando e ele me amparou com seus braços fortes e quentes.

Estavam me protegendo de novo.

Robert estava chorando junto comigo.

- Eu não tive culpa Robert. Não tive. Tinha apenas nove anos e todos eles eram mais
velhos e me machucav...
Minhas lágrimas molhavam seu peito enquanto eu sussurrava abafada por sua pele, suas
mãos em minha cabeça, fazendo carinho em meu cabelo para que eu me acalmasse, mas
eu também sentia os soluços vindo dele...

Eu estava ficando desesperada, sentia o pânico das lembranças me engolfando e me


levando para um lugar distante demais, onde eu não podia sentir a Robert.
- Eu estou aqui. Estou aqui com você.

Deixei meu choro se soltar, os soluços altos e doloridos com minhas mãos em punha no
seu corpo, eu pedia perdão a ele constantemente, rezando para que ele pudesse
realmente me perdoar.

- Me perdoa.

- Não tem nada que perdoar Kristen. Vai ficar tudo bem. – ele disse com a voz abafada.

Eu quis retrucar, mas não tinha forçar para fazê-lo. Senti meu corpo ser erguido chão e
ele se sentou na cama comigo em seu colo, nos cobrindo com o edredom branco
enquanto eu chorava sem parar.

Sua voz cantou em meu ouvido durante o resto daquela tarde inteira, nossos corpos em
sincronia, ele me embalando como se embalada um bebê para dormir.

Eu tinha mais coisas para contar pra ele, mas podia deixar para amanhã, sabendo que
aqueles momentos podiam ser os últimos, antes que a consciência o tomasse e ele visse
que eu não passava de um nada em sua vida.

Me agarrei em seus braços deixando o cheiro de seu pescoço me acalmando, me


deixando com sono e me fazendo dormir plenamente.

Nem que fosse pela última vez.


--

Capítulo 39
Capítulo 39

Notas iniciais do capítulo


Está aqui meninas, e eu to muito feliz que vocês entenderam ela, obrigada viu? de
verdade :D

beeeeeeeeeeeijos

Apagar a Luz

Estava sozinha na cama quando acordei novamente, o quarto em uma penumbra e eu


não via mais a claridade que me despertara naquela manhã, também não sentia mais o
calor que tinha me aquecido naquela madrugada.

Respirei fundo sabendo que não podia mais ficar ali, Robert não queria me ver de novo
e eu nem podia culpá-lo por isso, podia apenas lhe dar razão.

Saí da cama sentindo os olhos marejarem, seu cheiro me invadia e percebi que ainda
estava com sua camisa. Sorri triste pensando em leve-la comigo para que eu pudesse
sentir o seu cheiro quando quisesse e quando a saudade dele fosse me machucar.

Foi respirando fundo que sai do quarto notando a casa completamente silenciosa, me
abaixei pegando meu all star no corredor, parecia que estava tudo tão diferente desde
quando o tirei dos meus pés.

Voltei pro quarto pensando em tomar um banho, Robert não estava em casa e talvez ele
não se importasse. Entrei na ducha quente e me esfreguei até o ponto em que minha pele
estava quase se esfolando, ainda me sentia suja, não importa quantas vezes eu me
limpasse, eu sempre me sentiria daquele jeito.
Consegui dar um nó de lado na camisa de Robert, calcei meu all star e me vesti
completamente com algumas roupas que ainda estavam ali. Abri uma mochila qualquer
que eu nem sabia se era minha ou dele e comecei a jogar todas as minhas roupas lá
dentro, ignorando o gosto salgado e amargo que as lágrimas me deixavam.

- O que esta fazendo? – escutei sua voz atrás de mim, fingi que meu corpo não
estremeceu e não me virei para encará-lo, continuando a colocar as roupas na mochila.

- Indo embora, na verdade eu já tinha que ter ido desde hoje mais cedo. – e era verdade,
não deveria ter continuado naquela ilusão com ele, de que tudo ficaria bem e que nós
ainda podíamos ser felizes, isso não aconteceria mais, não depois de hoje à tarde.
- E por que diabos está indo embora? – ele estava irritado agora e eu o encarei irônica
limpando meu rosto da água amarga.
- Não me ouviu Robert? Não ouviu nenhuma palavra que eu disse mais cedo? –
perguntei indignada que ele continuasse aquela brincadeira. – Estou indo embora, você
não precisa me aturar aqui. – peguei a última muda de roupa e coloquei dentro da
mochila, mas antes que eu pudesse fechá-la, seus braços estavam em meus pulsos e suas
mãos tiravam a mochila de perto de mim.
- Você não vai a lugar algum Kristen. Não sem mim. – disse taxativo e com raiva.
Travei meu maxilar.
- Eu vou sim.
- Kristen... – ele esticou a mão, se aproximando de mim e tentando me tocar.
- Não faça isso. Não encoste em mim Robert. – fechei meus olhos e os abri de novo para
ver a agonia em seus olhos, ele estava entendendo errado, eu não sentia medo dele. – Eu
não mereço isso, não mereço nada do que você faz por mim. Nunca mereci você Rob,
me deixe ir, por favor.
- Não. Você é minha mulher, vai ficar onde eu estiver.

- DROGA, POR QUE VOCÊ QUER CONTINUAR COM ISSO, NÃO FINJA QUE
ESTÁ TUDO BEM, POR QUE NÃO ESTÁ. VOCÊ ME ESCUTOU, SABE O QUE
EU PASSEI E NÓS PODEMOS PARAR DE FINGIR QUE VOCÊ NÃO ESTÁ ME
ODIANDO AGORA.

- EU TE AMO. ESCUTOU ISSO? COMO PODERIA TE ODIAR?


- NÃO. Não pode me amar Robert... você não deve me amar... – fechei os olhos
liberando minhas lágrimas.

Seus braços me envolveram de novo em seu peito, acalentando meu corpo que voltava
com os soluços violentos.

- Eu não vou te deixar. – ele sussurrou.

- Eu não preciso-o de pena Robert.


Ele se sentou na ponta da cama e me sentou em seu colo, como hoje mais cedo, me
ninando e embalando no seu corpo até que eu já estivesse mais calma, e minha garganta
não soltasse mais soluços, seu peito estava molhado novamente com o meu choro.
- Eu te amo Kris. A última coisa que sinto por você, é pena.
- Você está com raiva. – murmurei me agarrando em seus ombros e pescoço.
- Estou. – senti as mãos dele se fechando em punho nas minhas costas.
- Me perdoa. – ele suspirou e deu um beijo na minha testa.
- Não tenho raiva de você, jamais poderia.
- Então..
- Tenho raiva de quem te machucou. – sua voz era intensa e seus músculos de fecharam
me deixando sentir em minhas mãos. – Eu poderia matar cada um deles, com as minhas
próprias mãos e ainda sim, não seria suficiente.
Eu entendia a raiva que ele sentia e sabia que ele estava dizendo tudo aquilo de coração,
eu me sentia da mesma forma, era a mesma ira e fome de vingança que me
acompanhava desde sempre.
Mas eu não deixaria que ele se sentisse assim.
- Não fique assim. Já faz muitos anos. – disse sem confiança.
- Não importa, o tempo é o que menos importa aqui Kristen.
- Eu sei. Mas por favor, não fique assim, não adiantará de nada Rob.
Ele assentiu depois de um suspiro irritado, seus músculos ainda estavam travados e eu
lhe beijei os lábios suavemente, apenas os encostando, para senti-lo comigo.
- Tenho mais uma coisa pra te contar, mas tem que me prometer que ficará calmo. – eu
não tinha certeza se deveria falar agora, mas não iria desistir até que ele soubesse de
tudo. E iria tentar pará-lo quando seu ataque de fúria viesse.
- O que foi? – perguntou simplesmente.
- O policial... o guarda da fronteira...
- Não. Não quero mais ouvir nada disso. Você não precisa contar. – ele disse fechando
os olhos e negando rapidamente com a cabeça.
- Eu sei quem é o policial Rob. Eu o conheço. – ignorei seu pedido, engolindo em seco.
Seus olhos se abriram e eu vi o lampejo da raiva e o fogo nascendo por eles.
- Diga. – ele disse entre dentes.
- Rob..
- O nome Kristen.
Apertei meus olhos fortemente, me agarrando ainda mais a seu corpo, impedindo que
ele fugisse dali quando sua raiva chegasse ao cume.
- Brian. Brian Wood.
- O QUÊ?
-É ele Rob… o marido da minha mãe. – respondi com a voz embargada apertando,
meus braços e pernas a sua volta firmemente.
- Kristen, o que está me dizendo?
- O marido da minha mãe, era o homem na guarita policial da fronteira Rob... o
responsável pela liberação... e ele financia o tráfico também...
Ele destravou sem esforço meus braços e pernas de seu corpo, me deixando na cama e
se levantando de um átimo.

- Eu vou matá-lo. – a voz assustadoramente irada disse, ele se encaminhou para a


cômoda.

- O que esta fazendo? – perguntei com o desespero me engolfando.


- Eu estou indo pra Miami.

- NÃO. Você não pode fazer isso Robert.


- Fique quieta Kristen. Eu estou indo pra Miami no próximo vôo do LAX.
- Rob não, não faça isso. – segurei sua mão que já retirava o celular do bolso para ligar
para a companhia aérea. – Tenho motivos pra nunca ter contado a verdade Rob. Não
posso magoar minha mãe.

- NÃO ME PEÇA PARA FICAR QUIETO COM ISSO KRISTEN.

- Por favor, eu estou te implorando Robert. Não vá até lá. Não faça isso. Por favor. Eu
preciso de você aqui... por favor.
As mãos grandes se fecharam em punho e desceram simultaneamente até se
encontrarem com a madeira escura da cômoda. O barulho foi ensurdecedor me fazendo
arrepiar com a sua raiva e recuar um passo pra trás deixando as lágrimas caírem por
meu rosto.

- ELE TE FEZ ALGUMA COISA QUANDO ESTAVA AQUI? – ele me olhou. –


RESPONDE KRISTEN, ELE TE FEZ ALGUMA COISA?

- Não. Não.. ele tentou.. naquele dia em que você chegou em casa, mas não chegou nem
perto de mim.

- Oh meu Deus. – ele colocou as duas mãos em sua têmpora, como se a qualquer
momento a sua cabeça fosse explodir, me aproximei com uma mão nos lábios e toquei
seu ombro que estava travado.

- Ro-ob...

- Desgraçado.
- Rob.. me olhe.. olha pra mim baby.
- Não posso. Não quero machucar você.
- Você não vai me machucar. Olha...pra mim. – eu pedi de novo vendo o desespero dele
ser enviado por ondas até mim.
Seus olhos eram repletos de uma agonia e dor sem fim, a raiva podia ser emanada e eu a
sentia em cada poro do meu ser, eu estava louca por livrar ele daquilo.

- Promete que não vai fazer nada Rob... eu não estou preparada pra isso... por favor...

- Kris...

- Por favor, baby. Estou te pedindo Rob, não quero que vá até lá...

- Não vou aceitar o que ele te fez Kristen. – negou com a cabeça e com as mãos ainda
em punho.

- Ninguém vai aceitar isso Rob.. só – passei as mãos no nariz para evitar meu soluço. –
Só me espere.. estar preparada para enfrentar isso... apenas me espere Rob.

Solucei quando seus braços me encontraram, molhei seu peito novamente com minhas
lágrimas, o agarrando pela cintura, com a minha pele se arrepiando ao senti-lo puxar
meu cheiro pra ele, como se estivesse tentando se acalmar.

Era com muita força que ele apertava meu corpo, ele estava me esmagando em seus
braços sem nem mesmo que eu me importasse, ele poderia me massacrar que eu não
estaria nem aí.

Levei minhas unhas a sua nuca e arranhei da base de seu pescoço até o final de suas
costas com força, eu precisava senti-lo. Desesperadamente.
Sua boca desceu sobre a minha urgente e faminta, com a língua quente e áspera
chegando a quase violenta, sem deixar de ser carinhosa se enroscando com a minha,
tentando aplacar a dor de nós dois naquele momento.
Como na noite anterior ele me levantou em seu colo deixando minhas pernas travadas
em sua cintura. Em menos de dois segundo, meu corpo Ra jogado na cama e eu recebia
seu peso maravilhosamente perfeito por cima de mim. Nossas roupas já não existiam
mais, eram apenas detalhes.
Tudo era apenas detalhe.
Eu só escutava nossos próprios gemidos que eram abafados por nossas bocas grudadas e
ansiosas pelo outro, o som de nossos corpo se chocando era uma sincronia perfeita para
os meus ouvidos, minhas pernas em volta dele o ajudando com os movimentos ritmados
e incessantes.
Eu me sentia plena, em um total estado de perfeição sentindo Robert me preencher da
melhor forma possível, investindo com força e agilidade, com as mãos em meu quadril
ou me estimulando no meu ponto mais intimo.
Era um prazer sem igual, que me fazia sentir como se me partisse ao meio e me colasse
novamente, começando da onde nossos corpos se uniam e se alastrando por cada poro
da minha pele.
O suor nos fazia deslizar com mais facilidade e Robert tirou a boca de meus seios
quando nosso ápice chegou.
Junto e efervescente.
Gritando para que ficássemos daquela maneira pra sempre.

E seus olhos claros me diziam a mesma coisa.

- Eu te amo. – sussurrei o acolhendo em meu corpo mais uma vez naquela noite.

Não foi até estarmos exaustos completamente, que Robert me deixou.


As mãos grandes me puxaram e acolheram meu corpo em cima do seu, deixando meu
nariz e minha boca perto do seu ouvido enquanto ele entre abria as pernas e eu deslizava
por elas, sendo aquecida até a alma por aquele corpo que sempre seria meu lar.

Espalmei minhas mãos em seu peito ainda sentindo nossa respiração falha e
descompassada, assim como nossos corações.
Ele tinha os braços em volta dos meus ombros e cintura, as mãos grandes demais para
deixar algum pedaço faltando.
Não falamos mais nada, sua presença e o fato de estarmos juntos dispensava qualquer
palavra ou assunto.
Adormeci com a sensação de pura paz me invadindo junto com seu cheiro perfeito e
inebriante.
--
Quando acordei novamente, estava sozinha na cama, meio desorientada e sabia que já
era de madrugada. Eu teria aula assim que amanhecesse e Robert precisava trabalhar.
De repente as revelações expostas pesaram por um momento e eu me perguntei
desesperada por onde ele estava.
Ele não tinha me deixado tinha?
Então onde ele estava?
- Kris?
Movi meu rosto para a direção da janela, olhando aliviada sua forma máscula de pé, em
frente ao vidro com a visão de Los Angeles.
- Tudo bem? – perguntou apagando o cigarro na mesinha ao seu lado.
Assenti meio rápido demais e me senti tonta, muito tonta.
- O que houve? – perguntei ignorando minha vertigem.
- Nada. – ele não me encarou, se virando novamente para a vidraça.
Engoli em seco, minha mente processando fatos que poderiam deixá-lo daquele jeito e
nenhum deles era bom.
- Rob..
- Está tudo bem Kristen.
- Você está com raiva?
- Sim.

Me impedi de soluçar, prendi o lençol branco a minha volta segurando ele no corpo
enquanto me levantava meio trôpega.

- Me desculpe. Eu não dev...

- Não estou com raiva de você baby. – ele suspirou se virando e me olhando nos olhos. –
Estou tentando assimilar as coisas.

Assenti novamente sentindo meus olhos arderem.

- Acho que vou deixar você assimilar as coisas sozinho então.

- Nem pense nisso. – respondeu se aproximando e me pegando em seus braços.

Eu estava me sentindo fraca e indefesa, desesperada para que ele estivesse comigo.

- Me sinto tão mal de fazer você passar por isso... – solucei.

- É absurdo você se sentir assim. Se acalme. – beijou minha testa num gesto tão
carinhoso que eu senti sono de novo e me aconcheguei em seu peito.
- Me desculpe.
- Pare de me pedir desculpas. – ele já balançava o corpo, me ninando novamente.
Suspirou.
- O que foi? – disse o ouvindo suspirar outra vez.
Ele me encarou, com as mãos em meu rosto.
- Vou esperar você está preparada para voltar a Miami, faço isso por você e por nós dois
Kristen, mas nada vai diminuir o ódio que estou sentindo.
Ele era intenso e a sinceridade reverberava por cada letra que dizia.
Assenti com a cabeça, apertando meus lábios com força e respirando o cheiro de sua
pele.
- Vai ficar tudo bem agora não vai Rob?
- Vai ficar tudo bem meu amor. Tudo bem Kris. Eu prometo. Ninguém nunca mais vai te
machucar.

Acreditei em suas palavras como um cego acreditava em seus outros sentidos.


Eu sabia que ele iria me proteger e que eu estaria segura, aonde quer que eu fosse.

Sorri e ele retribuiu, era a primeira vez que ele me sorria depois de toda a verdade ser
contada.
Ele estava me confirmando, fazendo meu sorriso se alargar.
Sim, ficaria tudo bem. Eu tinha certeza disso.
Capítulo 40

Notas iniciais do capítulo


aqui meninas, mais um *-*

Apagar a Luz

"Aquilo que você aprende depois de tudo que já aprendeu, é o que mais tem
valor."
(John Wooden)

O dia amanheceu com a mesma sensação de paz com a qual adormeci.


Meus pensamentos soltos e leves e tudo parecia estar em uma ordem mais correta do
que nunca.

- Acha que eu engordei?

- Quê? – resmungou continuando com os beijos em minha barriga.

Estávamos ali desde que nos amamos novamente, já eram mais de seis horas da manhã e
nós dois tínhamos que sair, mas isso não estava importando no momento. Eu tinha os
seus lábios em mim, passeando por toda a minha pele com suas mãos grandes
segurando meu corpo debaixo dele.

Eu estava muito bem. Obrigada.

- Você acha que eu engordei?


- Huum.. – disse pensativo, subindo com beijos por meus seios e se fixando ali. – Acho
que não baby, mas..
- O quê?

Droga, sabia que tinha engordado.


- Estão maiores. – apontou, sua expressão levemente pensativa, como se fosse um
código que ele tentava decifrar enquanto olhava para os meus seios.

- Sério? – olhei também e realmente estavam maiores, na verdade, eu nunca tive


muito... então aquele tamanho era realmente desproporcional.
- Sim, é sério.

Ele sorriu malicioso antes de beijá-los com pura luxúria, abocanhando-os totalmente,
como se fossem a única coisa no mundo pra ele naquele momento.

- Não tem... muita graça neles... você sabe.

- Eles são perfeitos.

Minha voz já eram gemidos com os seus movimentos ritmados, suas mãos desceram até
minha intimidade começando a me estimular.
- Deus Robert...

Não era possível que ele não se cansasse. Não que eu estivesse reclamando, mas nós
não saímos daquela cama desde sábado à noite, nem para comer nem nada disso,
passamos muito mais de 24horas, apenas fazendo amor.

E eu estava muito bem com isso, principalmente com o jeito que ele me olhava cada vez
que deslizava entre minhas pernas e me preenchia daquela maneira deliciosa, como
estava fazendo agora.
Ele me olhava nos olhos, com amor e desejo brilhando nos orbes azuis esverdeadas que
sempre seriam a minha vida. Era por ali que podia enxergar a sua alma durante cada
segundo.

- Eu te amo. – sussurrou abafado na pele do meu pescoço.

Os movimentos se tornando consecutivos sem deixarem de ser lentos e fortes, me


fazendo chorar de agonia para que meu ápice chegava logo, aliviando toda a
necessidade essencial que eu tinha por ele.

- Robert...

Gemi involuntariamente, fechando meus olhos com força e mordendo meus lábios, ele
estava atingindo um ponto especial dentro de mim e puxava a pele dos meus seios entre
seus dentes, os lambendo e brincando com o mamilo. Minhas mãos viraram punho em
sua nuca que eu já sentia úmida por causa do suor.

E eu cheguei ao meu clímax com mais dois movimentos certeiros dele.

Mordendo os lábios para não gritar e cravando minhas unhas em suas costas, até que ele
se derramou dentro de mim e eu cheguei lá de novo.Era intensidade demais para que eu
agüentasse sem gritar seu nome, o fazendo ecoar por todo o quarto e talvez até pelo
apartamento.
- Kristen.

Ele disse e desabou em cima de mim, apertei ainda mais minhas pernas que estavam em
volta do seu corpo sem nem mesmo que eu me lembrasse como elas haviam ido parar
ali.

Fiquei acariciando os fios de areia amarela, sentindo o suor em minhas mãos até que
recuperássemos as respirações.
- Temos que ir. – ele disse me dando um beijo no rosto e me olhando sorrindo.

- Não. – choraminguei.

- Sabe que temos Kristen.

- Não.
Ele riu baixo e me beijou, esqueci de tudo como sempre, apenas para sentir seu beijo e
seu gosto inigualável em minha boca, se enroscando em minha língua e me fazendo
perder a sanidade.
- Vamos.
Um gemido de protesto saiu de nossas gargantas quando ele saiu de dentro de mim, me
fazendo sentir vazia e fria, querendo que ele me esquentasse de novo.

- Eu não vou.

Disse me enroscando nas cobertas brancas ouvindo seu riso.


- Não vai pra faculdade? – ele estava sentado na cama agora, passando a mão em meu
cabelo, eu estava mesmo ficando com sono.
- Não. Tenho uma prova só amanhã e vou dormir enquanto você estiver no trabalho. –
sorri pra ele me virando de bruços, deitando em cima do meu estomago com o rosto
voltado pra ele.
- Sabe que eu ficaria com você o dia todo não é?
- Uhuum.

Resmunguei apenas, já me embriagando de novo com seus lábios na minha pele,


subindo e descendo sobre as minhas costas. Fechei meus olhos...

- Eu não vou demorar.

- Okay. Coma alguma coisa, estamos aqui desde sábado sem comer nada.
Ele riu me dando um beijo nos lábios e seguindo para o banheiro.
Seu cheiro estava no travesseiro, então afundei meu rosto ficando embriagada com a
colônia masculina e ali escutando o barulho da ducha.
Eu estava me sentindo completa, leve e plenamente divina.
Tirar os segredos das minhas costas, fora muito mais que um alivio, fora a minha cura,
agora Robert sabia de tudo e mesmo assim me amava e me desejava, isso me fazia mais
forte.
Muito mais forte.
- Baby?
Abri meus olhos pesados para encontrá-lo já com o terno, mas ainda tinha a barba por
fazer, senti um desejo incontrolável de tocar seu rosto e sentir o mesmo arranhando
minha palma.
E foi o que eu fiz.
- Dormiu?
- Um pouco, eu acho.
- Então volte a fazê-lo. Estarei em casa antes das seis.
Assenti com a cabeça sorrindo, tirei minha mão de seu rosto a colocando debaixo do
meu travesseiro onde minha face estava afundada.
Ele me deu um beijo demorado na testa e a última coisa que ouvi, foi à porta do quarto
sendo encostada antes que eu caísse num sono profundo e delicioso.
--
Acordei tarde, muito tarde... já eram 04:13 e meus olhos ainda estavam pesados, mas eu
tinha que acordar, meu estomago estava reclamando de fome e eu precisava de um
antiácido urgente, aquela azia estava acabando comigo.
Consegui levantar depois de um tempo apenas encarando o quarto, sorrindo como uma
idiota por perceber o estado da cama completamente bagunçado, reafirmando que
Robert estava ali comigo e que seria meu, pro resto da vida.
Respirando fundo e com um sorriso no rosto, me levantei da cama percebendo que
ainda estava nua, rolei os olhos internamente e cacei uma blusa de Rob pelo quarto, a
amarrando de lado quando ficou folgada demais, afinal, uma blusa dele era mais do que
um vestido pra mim.
Sorri vestindo uma calcinha em estilo short, saindo do quarto.
Meu estomago estava revirando, pela azia e pela fome, eu precisava urgentemente de
comida mesmo sabendo que isso poderia piorar a queimação.
Nem ficando na ponta dos pés, eu consegui alcançar os armários, sentindo tonturas e
uma vertigem poderosa.
- Fuck. – coloquei a mão na cabeça esperando que passasse.
Era a merda da minha pressão novamente.
Aquilo tinha que parar logo antes que Robert visse um dia e ficasse preocupado por
besteiras.
Respirei fundo incontáveis vezes até que estivesse melhor, abri meus olhos lentamente e
suspirei, soltando todo meu ar pela boca. Alcancei a geladeira tirando de lá uma barra de
cereal de baunilha e aveia, comendo junto com um copo de leite.
Por mais fome que eu tivesse, não iria conseguir comer nada enquanto aquela azia
estivesse me consumindo.
Fiz uma bolinha de papel com a embalagem sorrindo divertida e tentando acertar a
lixeira que estava em cima da pia e eu sentada em cima do balcão.
Desisti depois de sete tentativas inúteis e me levantei, ainda teria que estudar para a
prova de recuperação amanhã e sabia que não podia me dar mal nessa, era a última
oportunidade de salvar a minha nota de começo de semestre.
E ainda teria que arrumar a casa que estava uma bagunça, ficar longe daqui não fora
uma boa idéia em hipótese alguma e não poderia estar mais feliz por ter voltado para
minha casa.
Quando tinha acabado de arrumar o quarto, foi que o telefone tocou, me livrei das
roupas sujas que estavam em minha mão e atendi calmamente ao telefone.
- Oii.
- Kris? – eu sorri com o tom de voz surpreso.
- Oii Dak.
- OMG, eu vou matar você, como assim não me contou que estava aí? Cadê o Robert?
Vocês voltaram? OMFG conta logo.
- Vamos com calma Dak. – ri de novo voltando com as roupas para meus braços e
andando pelo corredor com o ombro enganchado no aparelho.
- Calma, é o caralho. Conta logo Stew.
- Voltei pra casa. – disse apenas, joguei as roupas na área de serviço colocando tudo na
máquina e tirando o telefone do ouvido para aplacar a dor que seu grito me causou.
- OMG OMG OMG! Quando foi isso?
- No sábado, eu acho. – sorri botando a medida certa de sabão na gaveta da lava-roupas.
- Bandida, estou tremendamente irritada agora.
- Por quê?
- Você não me contou Stewart. – disse como se fosse obvio e eu rolei os olhos sorrindo e
apertando o ‘’liga’’ na máquina.
- Dak, nem eu sabia que viria até aqui... foi de repente.
- Ainda não está perdoada.
- O que você quer então? – falei divertida já prevendo a hora em que ela diria que
faríamos compras.
- Haam, eu não sei... nós vamos até sua casa hoje.
- Tudo bem.
Eu iria adorar ter eles aqui e Robert também.
- Certo, mais ainda não está perdoada.
Ela desligou e eu sabia que tinha um sorriso no seu rosto.
Ainda fiquei olhando as roupas girarem lá dentro por alguns segundos, antes de sair de
lá e voltar para dentro do apartamento. Tomei um banho morno e relaxante, as gotas de
água caiam em minha pele esquentando meus poros e me fazendo sentir tranqüila.
Enrolei-me na toalha branca, colocando uma calça de malha cinza que tinha duas listas
pretas do seu lado e era mais larga nos pés, com uma blusa branca colada no corpo,
deixei meu cabelo solto e molhado colocando apenas as mexas atrás da orelha e me
sentei na cama para estudar.
E foi só isso que eu fiz durantes as próximas horas, estudei e estudei, a matéria já caia
como pluma em meu cérebro, faltava apenas uma última parte que eu deixaria pra
depois, já eram mais de seis horas e eu bocejava pra caramba.
Além da fome estrondosa que eu estava sentindo. Suspirei me levantando da cama
reparando na bagunça que eu tinha feito, fui pelos corredores e chegando na cozinha
comecei a fazer algo pro jantar.
Dakota e Tom deveriam aparecer então resolvi fazer algo que desse para todos, uma
salada de legumes com um arroz de cenoura e filé em cubos.
Fiz tudo bem picadinho e temperado, colocando um pouco mais de sabor no arroz para
abrandar o gosto da cenoura porque Robert não gostava muito e fiz um molho de tomate
e manjericão jogando algumas rodelas de cebolas refogadas por cima do filé.
Limpei o balcão enquanto esperava o filé grelhar e verifiquei as horas, Robert estava
mais do que atrasado para chegar em casa, já estava dando sete horas e ele ainda não
havia chegado, suspirei virando os lados do filé e misturando com as cebolas
quadradinhas.
- Amor? – escutei um barulho de chaves caindo em cima de uma mesa e sorri, limpando
minhas mãos no pano de prato caminhando até a sala.
- Hey. – sorri ao vê-lo e fui retribuída com o meu sorriso torto em seu rosto.
- Oii. – ele se aproximou e beijou minha testa, eu sentia tanta falta de sentir aquilo, dele
chegar do trabalho e procurar por mim em casa e depois me beijar perguntando como
foi meu dia.
- Olá.
- Estou atrasado e me desculpe por isso. – seus dedos colocaram uma mexa de meu
cabelo atrás da orelha e mais uma vez eu sorri, ficando na ponta dos pés e nada mais foi
dito.
Enlacei seu pescoço com minhas mãos pequenas, as imiscuindo em seu cabelo dourado,
entreabrindo os lábios para dar passagem a sua língua ávida.
- Acho que senti a sua falta.
Ele se referia ao tempo que ficamos separados, e me lembrar daquilo me machucava,
ficar longe de Robert era uma dor sobre-humana, que eu jamais escolheria sentir de
novo.
- Eu também senti sua falta.
Ele sorriu voltando a me beijar.
Beijar Robert era sempre indescritível, era amor, prazer, desejo... tudo misturado em um
único e especial toque, nada do que eu já havia sentido na vida se comparava com a
sensação de seus lábios nos meus, suas mãos em mim e seu gosto me enlouquecendo
daquela maneira.
- Tome um banho e vem jantar, Tom e Dakota... – lhe beijei de novo. – Vão aparecer por
aqui mais tarde.
- Okay.. – ele respondeu, mas não me desgrudou.
O fez apenas depois de meia hora, sim ele ainda ficou me agarrando durante meia hora
antes de se virar sorrindo divertido pra mim.O segui com o olhar, vendo o modo irritado
que ele tirava a gravata até que senti um cheiro diferente.
OMG.
A comida.
Disparei pela cozinha e desliguei o fogo vendo o filé já estar sendo torrado.
- Merda.
Com um garfo, eu tirei os que estavam queimados, colocando novos no lugar,
suspirando e no mesmo segundo, eu levei as mãos na boca.Ajoelhei-me de um átimo
próxima a lixeira e deixei que a bile subisse, o enjôo crescendo à medida que eu
respirava e já podia sentir a pressão em minha nuca.
Meu estomago queimando com a maldita azia que não passava até que senti mãos no
meu cabelo, era Robert que se ajoelhava atrás de mim e mesmo sem vê-lo, já podia
imaginar a cara preocupada que ele estava fazendo.
- Nós vamos ao médico.
- N-ão. – vomitei de novo levando minhas mãos a barriga.
- Não estou perguntando Kristen.
- Por favor, Rob. Nada de hospitais, sabe que não vou a lugar algum.
- Kris... eu vou estar com você, ninguém vai te fazer mal, amor.
Limpei minha boca no torso da mão e me virei para encarar seus olhos agoniados.
- Eu sei... mas isso não é nada, foi o cheiro do filé queimado. – apontei inutilmente
enrolando meu cabelo em um coque mal feito enquanto ele me ajudava a levantar.
- Sei que está sentindo isso a algum tempo. E vamos ao médico assim que passar mal
novamente Kristen.
Ele estava sério e taxativo demais, ele não iria me deixar escapar. Apenas assenti,
derrotada, eu sabia que havia algo de errado comigo, só não sabia o que era e nem tinha
coragem para procurar saber.
Fui para o quarto depois de receber seu beijo em minha testa, as vezes era ainda um
pouco irreal que eu estivesse mesmo ali novamente, no nosso apartamento, nosso canto.
Apenas meu e dele.
Sem pressões e sem mentiras entre nós.
Estava tudo perfeito demais para que eu me preocupasse com a minha saúde.
Escovei meus dentes com um meio sorriso no rosto ouvindo a capainha tocar e Rob
gritar um ‘’eu atendo’’ lá da sala. Cuspi a água na pia junto com a pasta de dente e bebi
mais água antes de enxugar minha boca com a toalha de rosto e me recompor da crise
de ânsias até poder voltar pra sala.
- Sua bandida. – Dakota falou quando me viu entrando no cômodo.
- Oi pra você também Dakota.
- Chata. – ela sorriu e me abraçou, quase pulando em cima de mim e rindo igual uma
louca.
- Você está me esmagando Dak.
- É pra esmagar mesmo. Ah estou tão feliz por vocês. – ela me soltou depois de alguns
momentos para me dar um beijo em rosto.
- Atrapalho essa relação? – ouvi a voz de Tom e a gargalhada de Robert atrás de nós.
- Sim. Você está atrapalhando. – disse Dakota sorrindo pra mim. – Nós estamos
deixando vocês dois e indo assumir o nosso amor nas placas de Hollywood baby. – a
sua piscada de olho me fez rir e o modo como ela se enlaçou ao meu corpo também.
- Larga da minha mulher, Dakota.
- Fica quieto Rob, eu também estou irritada com você. – apontou fazendo ele revirar os
olhos e me puxar dos braços de Dakota para os seus.
- E por que diabos você está irritada?
- Por que? Como que isso. – ele fez um sinal com o indicador, mostrando a mim e a ele
abraçados no meio da sala. – Acontece e eu não sou informada? Uh? Eu estou indignada
e absolutamente irritada com este fato Pattinson.
- Oh meu Deus Dakota, está querendo me dar um motivo de te jogar pela janela?
- Que cheiro é esse? – Tom perguntou mudando totalmente de assunto.
- Você não vai me defender? – ela perguntou me fazendo rir.
- Eu não preciso fazer isso amor, sabe que Robert jamais faria algo com você.
- Não duvide. – Rob disse sorrindo.
- Okay. Vamos comer? Acabei de fazer o jantar.
Mudei de assunto antes que alguém realmente fosse jogado pela janela, Robert riu me
abraçando ainda mais forte e seguimos todos pra cozinha.
Tom foi o primeiro a fazer o seu prato e o de Dakota também, nos sentamos todos na
mesa e comemos conversando com uma alegria e disposição que há muito tempo eu não
sentia. Perguntei de Sam, mas ele estava em Malibu fazendo show, por isso não poderia
vir hoje.
- Acho que já estou perdoando você. – ela disse tentando se passar de indiferente,
enxugando os pratos e colocando na pia, os garotos guardariam depois porque nenhuma
de nós duas alcançávamos os armários de cima.
- Sério? – fui meio irônica sorrindo passando mais um copo pra ela.
- Sim e agradeça isso ao meu bom coração Stew.
- Okay. – sorri batendo seu quadril com o meu retirando um sorriso dela também.
- Fico feliz ao te ver assim, você sabe.
- Eu sei Dak e muito obrigada.
Ela sorriu e voltamos a conversar amenidades.
Depois de termos arrumado tudo e de Tom ter levantado Dakota pra que ela mesma
guardasse os pratos, nos sentamos todos na sala ainda rindo dos gritos de Dakota na
cozinha com medo de cair dos braços de Tom.
- Sabe que eu não deixaria você cair honey. – ele beijou seu rosto.
- Sei. Acho bom mesmo.
Eu ri me abraçando a Rob, Dakota não dava o braço a torcer, mas adorava os cuidados
de Tom com ela.
- Você não está com sono?
- Acho que só estou cansado. – Robert me respondeu passando a mão em meu cabelo.
- Bom galera, vamos puxar o carro.
- Boa noite.
- Boa noite. - respondi a eles, me levantando e indo em direção a porta, dei um beijo nos
dois antes que eles saíssem pelos corredores.
- Vamos dormir? – Rob me perguntou.
- Claro.
Ele me pegou nos braços me deixando sorrindo e logo após senti meu corpo em algo
macio.
Retirou sua blusa pegando o edredom em suas mãos quando se deitou por cima de mim,
aconchegando sua cabeça m meus seios.
- Bons sonhos Kris. – me beijou levemente os lábios sorrindo e se deitando novamente
em minha pele.
- Boa noite Rob.
Meus braços circularam seu pescoço fazendo carinho com minhas mãos em seu cabelo,
sentindo a ceda dos fios dourados e não demorei a adormecer.
Capítulo 41
Capítulo 41

Notas iniciais do capítulo


Meninas, o capitulo está aqui :D Me desculpem pelo sumiço, mas robsten no Brasil me
deixa louca, rs.

beeijos, e tento trazer outro o mais rápido possivel.

Apagar a Luz
Aquela semana poderia ser conceituada de várias formas e de diferentes etimologias,
mas a principal, seria: contraditória.

Por um lado tinha o meu céu e paraíso, eu estava com Robert e nós não podíamos estar
melhor, se eu soubesse que ficaríamos assim após eu lhe contar tudo, já teria feito antes
e ignorado completamente minhas inseguranças.
Eu deveria saber desde o principio que ele me amava do mesmo jeito que eu o amava e
que nada nos separaria.
Mas tudo o que acontece têm seus motivos e momentos certos, eu não acreditava muito
nisso antes, mas passei a acreditar nas coisas depois que Rob entrou na minha vida.
Ele e toda aquela onda se sentimentos avassaladores dentro de mim.

Com ele, eu aprendi a ter fé, em coisas que jamais pensei em crer, como na felicidade
por exemplo.

Apesar de o fato de ser estéril ainda mexer comigo, também pesava o fato de que eu não
havia contado isso a Rob, isso me machucava em altos níveis de peso na consciência e
no coração, já que eu sentia que ele queria ter uma família.
Uma família grande, um time de futebol.
E me doía saber que - mesmo que ele não se importasse - eu teria que lhe negar isso.
Suspirei e fechei meu livro de Shakespeare que estava lendo a uma semana, hoje já era
sexta feira e como toda tarde, eu havia chegado da faculdade passando mal e agora -
depois de banho tomado - eu me deitava com uma azia infernal corroendo meu
estomago e com uma crise de sensibilidade que eu nunca tivera antes.

Tudo me irritava, o sol estava quente demais, cozinhar não estava me acalmando, Los
Angeles de repente ficou muito pequeno para toda minha irritação sem motivo e sem
controle, só esperava que quando Rob chegasse eu já estivesse melhor, talvez fosse algo
de errado comigo já que eu me sentia diferente.

E não só no corpo, mas por inteira.

Quis tirar os pensamentos de minha mente, mas tudo me levava a um só ponto.

Eu estava doente, mas não poderia contar isso a Rob, ele ficaria preocupado demais por
algo que não devia ser tão grave assim.
Fuck!

Aquele edredom era branco demais também.

Merda.
Me levantei contrariada, andando por todo apartamento até encontrar minha mochila da
faculdade jogada pela sala, busquei meus livros de gráficos e planos e sentei no chão
mesmo, apoiando meu material na mesinha de centro em carvalho claro.
Mas a porcaria da minha mente não estava se concentrando, gráficos e barras, gráficos
de linhas... e blá, blá, blá.

Eu queria era que tudo aquilo se fodesse.

E eu senti uma vontade enorme de chorar, tanta vontade que estava esmagando meu
peito, sufocando minha respiração e eu não agüentei mais.

Minhas lágrimas vieram violentas assim como meus soluços.

Eu tentava limpá-las porque elas eram desconexas e completamente insanas, eu não


tinha motivo algum para estar chorando e mesmo assim, ali estava eu... No chão da
minha sala com as pernas em meu peito tentando a qualquer custo aplacar aquela dor
irracional que eu sentia.

Demorou tempo demais pra passar, alias durou quase uma eternidade e o pior de tudo
foi Rob entrar e me ver naquela situação.

Ele jogara suas coisas no chão em um átimo e como um raio se aproximou de mim, me
pegando no colo.

- Deus, o que houve baby? - suas mãos eram frenéticas em meu rosto, tirando os fios de
cabelo que estavam grudados por conta da água salgada.

- Nada Rob... n-ão houv-e nada. - solucei me agarrando em sua camisa.

Eu nunca fora uma pessoa muito carente, nunca demonstrará pelo menos, eu gostava de
ser forte e de que os outros me vissem assim, chorar era apenas para ocasiões.

E por bons motivos, não por uma crise de carência como aquela.

- Conta pra mim Kristen, o que aconteceu?

Os olhos agoniados varreram o apartamento procurando por alguma coisa ou por


alguém, mas eu não podia deixá-lo acreditar naquilo, por que não era a verdade.

- Rob..

- Shii... está tudo bem.

Ele se levantou comigo em seu colo e me deitou na cama, se esticando do meu lado
após tirar os sapatos, me aconchegou em seu peito e apenas depois do que me
pareceram horas, eu consegui me acalmar.

- Me desculpe por isso. - murmurei brincando com os botões de sua camisa social que
estava meio entre aberta.
- Vai me contar o que houve?

- Nada. - ele me olhou sério. - É verdade, eu.. não sei o que aconteceu...
- Ninguém chora desse jeito por nada Kristen..

- Mas é verdade Rob. - me ergui em minha mão direita enquanto a outra se colocava em
seu rosto, tentando lhe passar sinceridade.- Eu estava irritada com tudo.. meio desligada
das coisas e de repente... eu fiquei com vontade de chorar...e bom.. saiu aquilo.
Minha expressão era de total confusão, porque eu não entendia também o que estava
acontecendo, eram mudanças estranhas demais para que eu pudesse assimilar com
rapidez.
- Tudo bem. - ele suspirou puxando meu rosto novamente por seu peito. - Eu acredito
em você. - seu suspiro deu o assunto por encerrado e eu sorri minimamente contra a
pele do seu peitoral levemente definido, os pelinhos que seguiam dali até o abdômen
eram um charme e me enlouqueciam quando eu passava as unhas por ali e...
OMG.
Era só o que me faltava, virar uma devassa.
Neguei lentamente com a cabeça, pra que ele não percebesse e suspirei.
- Está com sono? Chegou há muito tempo da UCLA?
- Não, uma hora mais ou menos. Mas estou me sentindo cansada. - murmurei.
- Então durma, vou trazer algo para que possa comer.
- Não. - disse quase gritando e travando meus dedos em sua camisa, ele se deitou de
novo sorrindo. - Fique aqui.
- Tudo bem baby. Agora relaxe.
As mãos grandes e quentes se passavam por minha coluna e faziam carinho em meu
cabelo.
- Canta pra mim?
Ele riu baixo antes de dar um beijo no topo da minha cabeça.
- Sempre.

A melodia de You and Me me invadiu e adormeci completamente.

--

Mas quem dera fosse por muito tempo.

Pelo que me pareceu menos de duas horas depois, eu tive uma crise horrível de vômitos
consecutivos.
E para piorar tudo, Rob estava comigo, me vendo e segurando meus cabelos, enquanto
eu praticamente abraçava o vaso e colocava até a minha alma pra fora, com minhas
mãos na barriga.
- Nós vamos ao médico. Agora.
- Rob.. - eu tossi um pouco quando ele me deixou sentada na cama.
- Agora Kristen.
Ele foi direto na cômoda e tomou um banho tão rápido que quase não o vi entrando no
banheiro, seu cabelo molhado e cheirando a shampoo me atiçou, mas eu tentei me
controlar.
- É desnecessário Rob, eu estou bem.
Choraminguei já prevendo o horror de ter alguém me tocando.
- Eu vou estar com você okay? - suas mãos enquadraram meu rosto, me olhando nos
olhos porque eu já chorava. - Ninguém vai encostar em você se não for necessário e eu
vou estar do seu lado, eu prometo Kris, mas não me peça para ignorar isso.
Eu podia lidar com aquilo não podia?
Ele poderia arranjar uma médica em vez de um médico e apesar de não mudar as coisas,
já melhorava bastante.
Assenti receosa com a cabeça, sem poder negar que estava nervosa ou curiosa sobre o
que seria falado em um maldito consultório.
- Ótimo, venha.
- Eu consigo andar. - resmunguei irritada quando ele me pegou no colo, rolou os olhos
nem se dando ao trabalho de me responder.
Chegar ao hospital não foi difícil, apesar do transito caótico de Los Angeles,
conseguimos andar com o carro com mais rapidez. Ele havia comprado um carro é
claro, na terça-feira, nós fomos juntos escolher e eu que não entendia muito daquilo dei
palpite apenas na cor, ele não ficou muito feliz, mas não me criticou.

- Fique sentada. Eu vou até a recepção. - ignorei o que ele falou continuando de pé e
com os braços cruzados. - Teimosa. - ele resmungou antes de entrar por aquela parede
toda branca de hospital.

Aquilo só estava fazendo meus enjôos aumentarem.

Cinco minutos depois ele voltava com um prontuário em mãos.


- Venha, você não vai demorar a ser chamada.
Ele me abraçou pela cintura e eu encostei minha cabeça em seu peito quando nos
sentamos.
- Eu não quero entrar lá Rob, não quero. - disse abafada.
- Você só terá que dizer os seus sintomas okay? Vamos fazer os exames pedidos e vamos
pra casa, não vou deixar ninguém te machucar Kris, mas não posso ignorar o estado em
que você esta baby. Pode estar doente.
Sua voz era carregada de uma agonia sem fim e eu me senti meio culpada, ele estava
fazendo tudo por mim e eu estava sendo uma ingrata e insensível com ele.
- Okay.
- Obrigada. - recebi seu beijo em meu cabelo e no segundo seguinte uma enfermeira nos
chamou.
Eu odiava essa coisa de esperar em hospital, não estávamos pagando? Porque
esperávamos tanto assim? Era apenas minha irritação falando mais alto.
Que saco.
- Srta Stewart. Sr Pattinson. Sou a Dra. McGraw.
Uma médica - graças a Deus - me cumprimentou com um aceno de mão e eu lhe forcei
um sorriso, aquelas paredes brancas estavam me irritando além de limites, cruzei meus
braços enquanto ela cumprimentava a Robert.

Aquilo me irritou também, me fazendo bufar de raiva.


Rob entrelaçou nossas mãos e a deixaram em cima de minha perna, fazendo
movimentos circulares com o polegar no meu torso, numa tentativa meio inútil de me
acalmar, mas saber que ele estava ali me deixava em paz também.
- E então? O que temos aqui? - ela perguntou com aquele sorriso branco demais pro
meu gosto.
Argh.
- Ela anda passando muito mal, enjôos e muita azia.
- Está tomando algum antiácido ou automedicação?
- Não, não tomo nada.
- Certo. Dores de cabeça?
- As vezes, mas não demoram muito e logo vão embora.
- Esses enjôos, são muito consecutivos?- ela estava escrevendo em algum bloquinho e
eu estava colaborando até demais com ela.
- Sim. Não. - apertei meus lábios respirando fundo. - Apenas enjôo fácil e... qualquer
coisa me irrita...
- Está sentindo alguma mudança no seu corpo Srta Stewart? - eu não sabia onde ela
queria chegar com aquela conversa.
- Sim... alguma.. estou engordando e meus seios estão maiores.. bem maiores.. - franzi o
cenho quando ela me perguntou sobre o meu ciclo menstrual. - Haam.. acho que foi em
janeiro.. não.. foi antes de janeiro... ainda estávamos em Londres e.. o que está
havendo?
Perguntei já vendo um sorriso no rosto dela e uma expressão meio chocada e meio
alegre se instalar nas feições de Rob.

- Não acho que tenha nada de errado com você.

- Como?

- Já pensou na possibilidade de estar grávida?


-Capítulo 42

Capítulo 42

Notas iniciais do capítulo


Aiin, meninas. Que bom que vocês me entendem, IHSAOISHOAIH
bom, aqui tem mais um capitulo eu espero que gostem :D beeeeeeeijos

Apagar a Luz

‘’Faça o que seu coração acha certo, pois de qualquer forma você será criticado.’’
(Eleanor Roosevelt)

Eu fiquei numa espécie de transe pelo que me pareceu ser muito tempo.
As palavras numa tentativa infundada de se infiltrarem em muita mente eram como uma
bomba, daquelas do tipo de gás, que ficam rondando a sua volta após ter estourado.

- Isso é... completamente.. impossível. – disse enfática, mas com a voz um pouco
quebrada querendo achar os termos certos de dizer aquilo pra eles.

- Nós podemos fazer um hemograma e confirmaremos isso em uma hora.

- Não. – respondi de novo sem me dar ao trabalho de olhar pra ela.

- Kristen...

- Não Rob. Eu não estou grávida. Tenho certeza disso.

- Srta Stewart, os sintomas que está me descrevendo se encaixam com o de uma


gestação, não estou confirmando. Posso examinar você, mas o hemograma lhes dará a
resposta correta.

- Já disse que não. Eu não estou grávida.

Robert suspirou do meu lado e a médica o encarou.

- Okay. Vamos te examinar para ver se encontramos algo paras os motivos de seus
sintomas.

Me levantei no mesmo instante que ela também se levantou, cruzei meus braços em
frente ao peito e mordi os lábios para não gritar de frustração e raiva.

A irritação me consumia por inteira.

- Eu espero você lá fora.


Disse a Robert e saí pela porta sem lhe dar a chance de resposta ou que a médica
quisesse com que eu mudasse de idéia.

Estúpida.

Que diabos de direito ela achava que tinha para me dizer que estava grávida?

Ela não sabia de nada da minha vida e vinha pra cima de mim com uma bomba dessas e
o pior era a expressão feliz de Robert.

Argh.

Eu precisava de um cigarro.
Urgente.

Abri a porta do carro com força evitando que minhas lágrimas caíssem, elas não seriam
apenas de raiva, o vazio dentro de mim estava gritando para ser preenchido e eu não
podia fazer isso.

Era como uma morte lenta.

Peguei um maço de cigarros no porta-luvas e amaldiçoei meio mundo quando nem


aquela porcaria me acalmou. Não sei pra quê servia então.
Eu queria gritar, gritar de raiva e de ódio, pela médica e por toda a merda que eu tinha
passado que me fazia ficar naquele estado agora.

Grávida.

Meu sonho impossível.

- Não sabia que a possibilidade de estar grávida era assim tão horrível pra você.

Assustei-me completamente com a voz de Robert dentro do carro, estava tão afundada
em meus pensamentos que nem o tinha visto entrar ou bater a porta.

Virei meu rosto pra ele tentando segurar o choro em meus olhos, ele não me encarava,
os olhos estavam vidrados no pára-brisa do carro e as mãos apertavam com força o
volante entre seus dedos.

Ele parecia distante e estava com o semblante decepcionado.

- Não é horrível. É só impossível Robert. – sussurrei, já prevendo a hora em que teria


que jogar aquilo pra cima dele, destruindo a felicidade que tinha em seu rosto com a ‘’
possibilidade ‘’ de ser pai.

Eu teria que lhe negar aquilo.

- Impossível?

- Sim.

- E porque diabos seria impossível Kristen?

Apertei meus olhos com força já escutando a duvida na sua voz, ele me encarava agora.

- Impossível. Simples assim. Não precisa de por que.

Suas mãos em punho se chocaram com o volante enquanto ele tentava se acalmar.
- Você não toma pílula e nós nunca usamos camisinha. Ainda não consigo ver a
impossibilidade aqui. – ele me olhou e suspirou depois de um momento. – Sei que ainda
está na faculdade, mas você não estaria sozinha Kris. Eu estou aqui e vamos passar por
qualquer coisa juntos.

- Rob..

- Grávida Kris, você pode estar grávida amor. Pode parecer assustador agora, eu
também estou assustado, mas isso é uma coisa boa. É perfeito baby.

- Você não está entendendo...

- O que eu não estou entendendo? – suas mãos seguraram meu rosto me fazendo encará-
lo, as lágrimas já desciam por minha face fazendo as marcas salgadas até meus lábios. –
Kris, o que houve? Não quer ser mãe ou algo assim?

- Eu não posso Rob... – solucei.

- Como?

- Eu não posso ser mãe... sou estéril. – finalmente soltei as palavras que me marcavam e
machucavam desde os 16 anos.
- Kristen..

Me desvencilhei de suas mãos, abraçando meus joelhos no peito.

A paisagem do hospital era mais interessante agora.

- Eu menstruei pela primeira vez com nove anos, depois que fui... levada de Miami... ela
parou de vim...
- Fez exames? – sua voz era sufocada como a minha, mas eu sabia que ele estava apenas
decepcionado e cuidadoso para não entrar em assuntos que ele sabia que iriam me
machucar.
- Não. Nunca me importei o suficiente pra poder enfrentar um hospital. – passei as mãos
no nariz. – Voltei com o ciclo aos 16 anos e no abrigo no Texas, eu aprendi o suficiente
de biologia para saber que sem menstruação, sem gravidez Rob.

- Meu Deus... – ele parecia frustrado agora, passando as mãos nervosamente pelo cabelo
dourado.

- Me desculpe. Me desculpe. Eu te juro Rob, nada.. absolutamente nada, me faria mais


feliz do que poder ter um filho. – solucei de novo. – Poder te dar um filho... mas eu não
posso.

- Você não tem culpa... está tudo bem.

- Não. Não está tudo bem.


Eu odiava quando ele fazia isso, Robert adorava esconder o que sentia e nunca me dizia
nada.

Mas eu tentava controlar minha raiva, ele estava querendo me acalmar, mas estava
piorando as coisas.

- Kristen...

- Não Rob. Pare com isso. – bati na minha perna olhando em seus olhos. – Nós dois
sabemos que não está tudo bem, se estivesse... você não teria essa decepção nos olhos.

- Venha aqui. – ele me chamou.

- Não. Eu quero ficar sozinha. – limpei minhas lágrimas, me virando de novo pra janela.
– Me leve pra casa, por favor.
- Venha aqui Kristen.

Seus braços me puxaram com força e delicadeza até que eu estivesse em seu colo, de
frente pra ele com uma perna de cada lado de seu corpo.

As mãos quentes envolviam meu rosto e se recusavam a me deixar desviar o olhar.

A decepção era mais visível agora quando vista de perto e os azuis esverdeados nunca
estiveram tão escuros assim.

Suspirou.

- Eu te amo. Você é a mulher da minha vida. Não existe nada mais natural que eu querer
ter uma família com você. Ter filhos, seus filhos. Nossos filhos.

Mais e mais lágrimas caiam e eu engolia o choro, prendendo os soluços poderosos na


minha garganta.

- Mas essa não é a única maneira de fazer algo assim. Existem muitas formas... pra
podermos ter nossa própria família okay?

- Eu me sinto horrível Rob, eu queria tanto poder ter filhos.. eu me sinto incompleta e
vazia... você já me deu tanto.. e nem um filho eu posso te dar... – mordi os lábios para
que parassem de tremer. – Foi por isso que sai de casa... você merece alguém melhor
que eu.

Desabei sob seus braços, que me acolheram escondendo meu rosto em seu ombro, eu
chorava copiosamente, o vazio mais uma vez gritando dentro de mim e eu queria mais
do que tudo poder preenchê-lo.

- Shii. Nunca mais repita isso.


- Eu não posso gerar um filho Robert... isso machuca tanto.
- Está tudo bem meu amor.

- Não. Droga, não está tudo bem.

Tive raiva de suas mãos que afagavam meu cabelo com tanto carinho, eu não merecia
merda nenhuma que ele me dava e mesmo assim ele continuava ali, me amando
incondicionalmente, quando nem um filho eu poderia lhe dar.

Mas apesar da raiva, eu não era forte o suficiente para afastá-lo. Afastar a sua calma e
tranqüilidade ou suas mãos tão quentes e seu corpo tão acolhedor do meu, de uma forma
meio errada, ele me completava mesmo que eu não merecia nada disso.

Ficamos tempo demais ali, seus lábios em meu rosto enquanto eu chorava tudo o que
podia chorar desde que eu tinha 16 anos.

Nunca fora uma garota de sonhos ou de príncipes, pelo contrário... o fato de não poder
ser mãe sempre havia me machucado, mas antes eu até achava uma coisa boa, pelo
menos não teria que implicar alguém á minha presença suja.

Foi só depois que eu conheci Robert que essa dor passou a se abrir e limão fora jogado
em cima das minhas feridas, talvez porque eu já soubesse que um momento como
aquele chegaria e que inevitavelmente, eu teria que lhe negar o sonho de ser pai.

- Acha que pode fazer uma coisa por mim? – ele pediu sussurrando em meu ouvido.

Apenas assenti, ele nunca me pedira nada e fazer algo por ele era tudo o que eu queria.

- Vamos entrar lá e fazer o hemograma...

- Não.
- Shii. – ele passou as mãos em meu cabelo para me acalmar. – Você me disse que nunca
fez exames e nós podemos descobrir isso agora okay?
- Rob...

- Por favor Kristen, se não for gravidez... tudo bem. Mas você pode estar doente e não
vou permitir que fique desse jeito. Nós podemos procurar ajuda.. podemos conversar
com alguém...

- Eu não quero fazer exames, isso só vai me destruir ainda mais Rob... uma
confirmação.. só vai fazer com que eu me sinta...péssima e ainda mais vazia.

Tentei dizer o olhando nos olhos.

- Por favor.
Eu ia negar de novo, mas ele estava sendo persuasivo demais, os azuis esverdeados
voltaram a brilhar agora com o que eu achei ser esperança e eu odiaria ver aquela
pequeno pedaço de felicidade se esvair dele.

- Tudo bem. – disse por fim, sufocada com minhas próprias lágrimas.

- Obrigado.

Seus lábios desceram sobre meus e eu fiquei naquele delicioso transe que seu gosto me
causava, como em uma ponte entre a consciência e o inconsciência. Eu adorava me
sentir assim com ele, mesmo que não esquecesse os motivos por meus pesadelos
naquele momento.

Decidimos ficar mais um pouco por ali, seus braços me envolvendo até que eu estivesse
preparada pra enfrentar o que quer que fosse dentro daquele hospital.

Eu sabia que ele estaria comigo. Isso me dava forças mesmo sabendo que o magoaria de
novo.

Mesmo contra tudo, ele ainda continuava comigo.

- Vamos?

Assenti com a cabeça minimamente recebendo seu beijo em minha testa e depois um
selinho demorado e carinhoso nos lábios.

- Podemos pegar o resultado só amanhã? – perguntei esperançosa de não magoar a mim


mesma e a ele tão cedo.

- É claro que podemos, ficam prontos hoje, mas pegamos amanhã okay?

- Okay. – respondi baixinho saindo do carro.

Robert entrelaçou nossos dedos para depois me puxar pela cintura e fazer encostar
minha cabeça em seu ombro, me aconchegou ali durante o percurso do estacionamento
até a recepção me deixando sentada na sala de espera.

- Vou pegar os pedidos para os exames.

Assenti de novo e ele saiu.

Tentei respirar mais fundo e ver as coisas de fora, mas era impossível.

Nunca me imaginei em uma sala de espera hospitalar, além daquele cheio de limpeza
que só hospital tinha, ainda tinha os motivos por eu estar ali.

Foquei meu rosto na mesinha de vidro até que ouvi os passos de Robert.
Até os passos dele eu já reconhecia.

Isso quase me fez sorrir.

- Vamos? – perguntou.

Ele não estava sozinho, a Dra. McGraw estava ao seu lado e me senti envergonhada
pelo modo grosseiro como a tratei mais cedo, afinal de contas ela não sabia de nada da
minha vida e aquele era apenas seu trabalho que eu pude notar, ela fazia muito bem.

- Está melhor? – suspirei assentindo, ela não era tão irritante assim...

- Sim... haam... me desculpe pelo modo que agi... acho que só estava... irritada... –
coloquei uma mexa de meu cabelo atrás da orelha vendo Robert sorrir um pouco pela
minha atitude.

- Está tudo okay. Eu vou acompanhar vocês até o laboratório, preciso apenas de um
hemograma para confirmas minhas suspeitas e estará liberada, o Sr Pattinson já me
informou que só viram pegar o resultado amanhã.

- Okay.

Fomos andando pelos corredores, ficar por ali me dava uma sensação de sufocamento,
era estranho, me encolhi nos braços de Robert que estavam a minha volta e de repente
paramos numa porta que dizia ‘’Laboratório’’.

Me enchi de uma coragem que eu não tinha e me sentei naquela cadeira cinza que eram
parecidas com cadeiras de escritórios odontológicos, só que sem toda aquela
aparelhagem do lado.

- Quero que feche a mão e permaneça assim até que eu diga.

Fiz o que ela pediu, ficando meus olhos nos de Robert, ele me sorriu pequeno, eu sabia
que ele ainda estava triste com a descoberta assim como eu quando deduzi tudo sozinha
há mais de quatro anos atrás.

A Dra. amarrou um elástico grosso no meu braço e retirou a seringa das embalagens,
limpando o local da minha veia com o algodão molhado.

Apertei meus olhos e trinquei meus dentes quando a agulha penetrou em minha pele, ao
inferno que só criança não gostava de injeção. Aquela merda doía, pra caramba.

- Prontinho.
Ela retirou o tubo da seringa e guardou em um local que não pude ver, retirou as luvas e
me entregou um pedaço de algodão.

- Amanhã de manhã já estará aqui, a espera de vocês. – disse saindo pela porta.
Robert mais uma vez agradeceu a ela e me abraçou nos guiando até o carro.

- Você está bem?

- Sim. – respondi simplesmente olhando pela janela e puxando meus pés pra cima do
banco.

- Kris.. vai ficar tudo bem.. não importa o resultado okay?

Não respondi.

Eu sabia que não ficaria tudo bem.

Andamos no carro em um completo silêncio, eu sentia os olhares de canto dele pra mim,
mas não os retribuía, eu sentia falta de seus braços a minha volta e isso me matava a
cada segundo.

Ele estava sofrendo assim como eu, só que ele preferia esconder as coisas para cuidar de
mim e aquilo me torturava em níveis que ele nem podia imaginar.

Não queria que ele abrisse mão das coisas por mim, ele não devia fazer isso.

- Se deite okay? – disse quando chegamos ao apartamento. – Eu já vou pro quarto.

Assenti recebendo seu beijo em minha testa e fui pro quarto como ele tinha dito.

Peguei uma nova toalha de linho no banheiro e tomei um banho quente, chegando quase
a escaldar minha pele, demorei mais do que esperado debaixo da água, sentindo meus
poros e meus músculos se acalmando, me deixando relaxada e levemente entorpecida
por causa do vapor.

Pus somente uma calcinha boy short verde com uma blusa azul marinho de Rob, me
encolhendo entre as cobertas e esperando que ele aparecesse para dormir comigo.

Ele ainda faria isso não faria?

- Hey.

Sua voz chegou até mim e eu lutei contra um suspiro de alivio.

- Oii.

- Se senta e come alguma coisa.


Me encostei aos travesseiros na cabeceira da cama e olhei para a bandeja pequena e
redonda que ele deixava em meu colo.

- Vou tomar um banho e já dormimos.

Fiz um sim com a cabeça percebendo só agora como eu estava com fome, a azia
finalmente tinha melhorado e eu sentia que podia comer tudo o que havia naquela
bandeja.

E havia muita coisa.

Comi os cookies de baunilha e aveia com um copo de leite quente e uma maça bem
vermelhinha. Deixei as outras coisas quando estava satisfeita, colocando a bandeja no
chão ao meu lado da cama, me sentindo fraca demais de repente para me levantar dali.

Não demorou muito e Robert surgia pela porta do banheiro secando o cabelo ainda com
uma tolha nas mãos, vestido com a calça de pijamas velha e cinza que ele sempre usava
pra dormir.

Seus braços me puxaram pra ele num movimento já automático e certo de nossos
corpos, que se juntavam sem precisar de aviso.

Ficamos deitados de lado com minha cabeça apoiada em seu ombro e minha testa
grudada em seu peito. Os braços tão quentes me circulavam, me mantendo protegida do
frio que fazia dentro de mim.

- Está chateado comigo?

- Não.
Ergui meu rosto para fitá-lo, deixando minhas mãos espalmadas em seu peito, sentindo
nossas pernas se entrelaçarem.

- Vai continuar me amando amanhã? Quando receber o resultado?

Ele sorriu, levemente.

Colocou a mão direita em meu rosto e fez movimentos circulares com o polegar em
minha bochecha. O carinho era tão bom, eu me vi fechando os olhos para recebê-lo
mais completamente.

- Eu vou te amar pela vida inteira Kristen.

Seus lábios beijaram a lágrima grossa e sincera que saiu de meus olhos, me
aconchegando mais em seus braços longos e seu corpo acolhedor.

E nada mais foi dito.


Não precisava.

Capítulo 43
Capítulo 43

Notas iniciais do capítulo


Eu espero que gostem meninaaaaaaaas :)

Apagar a Luz

"O amor cura. A quem o dá e a quem o recebe."


(Karl Menninger)

Acordar naquele dia seguinte fora um pouco pior do que eu pensava.

O nervosismo rolava em ondas fortes por todo meu corpo, reverberando por cada célula
da minha pele e se expondo para fora do meu organismo em espasmos dolorosos de
pura ansiedade.

Sim, eu não podia negar que estava ansiosa.

Não que isso me desse esperanças, mas me fazia sentir viva por pelo menos alguns
minutos.

Eu ainda estava deitada, minha bochecha encostada no peito quente de Robert ouvindo
as batidas um pouco erráticas do seu coração, junto com o movimento suave que seu
corpo fazia por conta do oxigênio entrando e saindo de seus pulmões.
Não queria sair dali jamais.
Deixei minhas mãos brincarem com sua pele, fazendo desenhos aleatórios em seu
abdômen e peitoral, meus olhos focavam os movimentos de meus dedos e tudo o que eu
conseguia fazer era um bebê. Como nos sonhos que eu tivera com Rob e uma menininha
com seus cabelos e meus olhos.
Minha mão que estava inerte na lateral de seu quadril, subiu para minha barriga e
libertei meus pensamentos para que pudessem voar bem distante de uma realidade na
qual eu vivia.
Se houvesse uma chance pra mim ainda, aquele resultado seria positivo e neste
momento havia um bebê, bem pequenininho dentro de mim, sendo acolhido e protegido
por todo meu coração cheio de amor para recebê-lo e quando ele crescesse, teria os
mesmos traços de Robert.
A beleza, o gênio e todo aquele charme que me fez enlouquecer desde quando o vi.
E que apesar de ter os meus olhos, seria tão bonito quanto ele.
Sorri involuntariamente para a imagem surreal que se formava em minha imaginação,
um bebê lindo, uma menininha que Robert iria mimar assim como fazia comigo e ela
seria levada e esperta e protegida com unhas e dentes por mim e por ele, de todos que a
pudessem machucar, teria os meus olhos com seu cabelo de areia dourada e puxaria
nossa mania de passar a mão por eles sempre que estivesse nervosa.
- Baby?
Abri meus olhos de repente com o sorriso alegre se esvaindo de meu rosto.
- Está tudo bem? – ele perguntou.
- Sim. – respondi meio atordoada encontrando seus olhos.- Acho que estava sonhando.
Disse e ele assentiu, parecia me entender, mas não perguntei o motivo, algo me dizia
que eu não gostaria de saber.
- Vou preparar um café pra gente.
- Não precisa. Eu faço isso. – falei pra ele que já se levantava da cama.
- Tudo bem. Vou resolver algumas coisas da empresa e já saímos okay?

Apenas assenti e me ergui na ponta dos pés para receber seu beijo.

Peguei a bandeja que havia deixado ali ontem e saí do quarto entrando logo na cozinha.
Abri a geladeira no mesmo momento depois de deixar a bandeja na pia, eu precisava
desesperadamente me ocupar com algo, eu ficaria louca com toda aquela atmosfera
pairando sobre nós dois.
Fiz ovos mexidos com salsichas e torradas e preparei um suco de laranja que Rob
gostava, coloquei tudo na mesa preparando uma caneca de leite quente pra mim.
Estava um pouco sem fome, mas tinha que comer por medo que a azia ou os enjôos
voltassem.
- Rob? – gritei no apartamento seguindo até o pequeno escritório. – Hey. Vem comer.
Ele me olhou por cima dos papéis e sorriu de leve assentindo com a cabeça.
- Eu já vou baby.
Ainda não havia descoberto como ele conseguia se organizar em meio a todas aquelas
planilhas e balanços com cada vez mais contas e contas pra fazer, tudo ali dentro era
uma bagunça e só ele mesmo para se achar nas suas coisas, apesar de que eu sempre
estava ali, tentando ajeitar tudo e entendia um pouco de toda a sua própria
desorganização.
Talvez por que eu fosse tão bagunceira quanto ele.
Ele se levantou e me abraçou enquanto seguíamos para a cozinha de novo.

- Não quer cereal? – perguntou depois de ter sentado.

- Não. Só vou tomar um leite com cookies.

- Está enjoada?
Neguei com a cabeça simplesmente, baixando meu olhar para a mesa de vidro.
- Hey. – dois de seus dedos levantaram meu rosto, se colocando debaixo de meu queixo.
- Ainda não sabemos como estão as coisas.
- Eu sei.
Respondi apenas para que ele não ficasse preocupado, mas o gosto amargo na minha
boca não saia de maneira nenhuma.
Eu já sabia como estavam as coisas há quatro anos.
Aquele teste, só iria confirmar minhas certezas.
E o gosto amargo ficou de repente, insuportável demais pra mim.
--
Em todo o tempo que eu já morava em Los Angeles, eu nunca tinha visto o céu tão
limpo e brilhante como estava agora. O azul anil seria capaz de cegar quem o olhasse
por muito tempo e ele não era um reflexo meu naquele instante.
Meus olhos estavam vidrados no oceano em minha frente, meus joelhos flexionados em
meu peito enquanto ele tentava não se partir ao meio.
Pequenos grãos de areia branca grudavam na minha calça jeans e o sol estava alto
demais, batendo em meu rosto e clareando minha visão para a imensidão a minha frente.
Eu havia pedido a Robert que me deixasse aqui quando saímos de casa, ele seguiria para
pegar os exames com os resultados e se encontraria comigo logo depois.
Ele tinha hesitado muito até concordar comigo. Parecia estar considerando se eu iria ou
não fazer alguma besteira estando sozinha em frente à praia, mas ele conseguiu ver a
minha necessidade de ficar ali e sozinha por alguns instantes.
Não teria coragem para encarar aquele hospital de novo, não estando tão desestruturada
com estava agora e desde ontem.
Sentia o medo, com a ansiedade de mais cedo se esvaindo do meu corpo dando lugar ao
terror de esperar por algo que eu já sabia a resposta. Mas a confirmação só iria me fazer
ficar pior.
Não era como algo que podia ser reversível, eu não podia fazer o propósito para o que
fora criada, com essa coisa toda de ‘’crescei e multiplicai-vos’’. Não que eu fosse muito
religiosa, mas tinha as minhas crenças e agora eu também tinha a minha própria fé.
Grávida.
Uma palavra nunca teve o poder de me machucar tanto.
Levei minhas mãos a minha barriga, sem desviar meus olhos do mar e pedi
silenciosamente que eu ainda fosse capaz de dar uma família a Robert. Seja por
qualquer método, por qualquer meio.
Eu poderia adotar. Isso seria simples e fácil. Como respirar.
Eu teria uma família junto com Robert e o meu bebê seria tão amado como se tivesse
nascido de mim.
Nada seria fácil e nada abrandaria a minha própria dor, mas eu poderia amar, eu ainda
tinha essa capacidade dentro de mim.
Suspirei fechando meus olhos, uma rajada fraca de vento passava por mim, balançando
meus cabelos que agora estavam num tom meio avermelhado por conta do sol.
Preferi ficar num lugar mais afastado da direção principal de Santa Monica, do outro
lado do píer onde era tudo mais tranqüilo e calmo, eu podia respirar fundo ali tendo
apenas o mar e aquele sol incrível como companhia.
Às vezes parecia que tudo girava em círculos, como se ninguém nunca saísse do lugar
por mais que andassem léguas e léguas. Isso acontecia com as coisas também, elas
jamais mudavam ou se transformavam...
Ou era apenas eu que ficara congelada no tempo, sem notar os movimentos a minha
volta.
- Hey.
Ao contrário do que pensei a voz rouca e repentina não me assustou, era como se eu já
identificasse a sua presença perto de mim e o meu coração já o reconhecia a quilômetros
e ficava sempre disparado como agora.
Não respondi, nem olhei pra ele.
Via pelo canto do olho os papéis do hospital em sua mão, mas não perguntei nada, seu
silêncio já me era uma resposta mais do que certa.
Ele estava sentado assim como eu, sem me encarar... com os olhos vidrados no oceano
que praticamente brilhava agora fazendo um contraste perfeito contra aquela areia
branca.
- Podemos ir pra casa?
Perguntei simplesmente continuando da mesma forma que antes.
- Ainda não.
Limitei-me a dar um suspiro e me levantar. Segurei minhas sandálias baixas na mão
direita e comecei a andar na direção dos carros estacionados.
Até que ele segurou meu pulso.
- Espera.
Apenas o olhei esperando que ele dissesse o que queria dizer.
E que fosse rápido, eu queria mesmo ir pra casa.
- Três meses.
- O quê? – perguntei totalmente confusa.
Um sorriso pequeno se formou em seu rosto, ele estava se contendo em alguma coisa
me deixando ainda mais atordoada.
- Você está grávida de três meses.
Eu não conseguia mais vê-lo, me desvencilhei de suas mãos que me apertavam no pulso
e lhe dei as costas, voltando a andar.
- Hey. Você não me escutou.
Ele me virou de novo.
- Não é uma boa hora pra brincadeiras Robert, você não precisa me enganar para que eu
fique bem.. eu estou bem okay.. aliás eu estou bem até dem...
- Shii, shii. Dá pra ficar quieta baby? – disse sorrindo de novo colocando um dedo nos
meus lábios. – Você está grávida Kris. Olhe aqui. – ele me estendeu os exames que eu
não peguei. – Pegue logo, eu conversei com a médica, ela me disse e disse que pelos
sintomas.. você está grávida de três meses meu amor... você estava errada Kristen...
você não é estéril.
- Isso é impossível.
- Veja. Veja por você mesma.
Ele não disfarçava mais o sorriso, lágrimas eram produzidas em meus olhos enquanto
ele me entregava o envelope.
Rápido demais eu o abri, mesmo que eu ainda não acreditasse muito naquela história.
Não conseguia entender muita coisa que estava ali, mas no final da folha verde com os
símbolos do hospital, estava escrito em letras de forma.
POSITIVO.
Olhei pra Robert num átimo, um olhar confuso e arregalado, de pura surpresa e o que eu
achei ser... emoção... se agitando dentro de mim.
- Isso não é real Robert...
- Você sabe que é Kristen.
- Oh meu Deus.
Levei minha mão aos lábios enquanto a outra ainda segurava o papel nas mãos, tentando
acalmar meu pranto e os milhares de sentimentos que se explodiam dentro de mim
Eu estava errada. Eu estivera errada esse tempo todo.
Emoção. Realidade. Amor. Cura.
Tudo era uma mistura em meus olhos e nos de Robert quando o encarei.
Eu vi minha vida inteira se passar pelos olhos dele.
A felicidade em minha família, o horror de ser levada de casa, todo o terror que eu
passei no México, meu sofrimento ao pensar que era estéril.
Estava tudo ali, sendo exposto pelos olhos que eu mais amava na vida, os azuis
esverdeados também estavam marejados, limpando meu passado e com um dom incrível
de me curar do que quer que fosse.
- Grávida... – sussurrei.
- Grávida, meu amor.
Solucei violentamente, mas agora era da emoção que reverberavam por cada poro do
meu corpo. Meus joelhos cederam e se encontraram com a areia da praia, eu estava me
desmoronando em felicidade e pura gratidão, eu ainda não podia acreditar.
Robert se ajoelhou em minha frente e seus braços me enlaçaram.
- Eu não mereço isso Rob.. é demais pra...
- Shii. Shii. Ninguém merece mais do que você Kris. – ele disse suave em meu ouvido.
A emoção podia na sua voz era um puro reflexo da minha.
- Nós vamos ser pais... – solucei me escondendo em seu pescoço. – Eu que pensava que
jamais sentiria isso...
- Você estava errada...
Ele estava tão feliz.
O mundo poderia explodir agora que eu não me importaria nem um pouco.
Contando que ele ainda estivesse me abraçando e que sua mão direita ainda estivesse
debaixo da minha blusa, espalmadas delicadamente em minha barriga.
- Olha pra mim. – ele pediu e eu o fiz sem me incomodar com as marcas vermelhas em
meu rosto, elas eram a prova da minha felicidade naquele momento. – Nós ainda temos
que ir ao médico, eu já marquei um obstetra pra você, para amanhã okay?
- Tudo o que for preciso Rob.
Ele sorriu brilhantemente e me ergueu em seus braços, levantando meu corpo no ar
enquanto eu grudava meus lábios nos seus.
- Um bebê Rob. Nós vamos ter um bebê.
- Vai ser uma menina.
- Mas pode ser um menino.
- Sim. E nós vamos mudar de casa. – ele disse sorrindo comigo ainda em seu colo.
- Vamos? – lhe dei um beijo.
- Vamos. Filhos precisam de espaço, além do quê, eu não quero você se cansando
subindo e descendo do apartamento.
- Mas lá tem elevador Rob. – respondi rindo divertida com a sua preocupação
exagerada.
- Não importa.
- Okay. Vamos mudar de casa então.
Ele sorriu de novo e nada mais foi dito.
Nós seriamos uma família agora.
Uma família perfeitamente feliz.
--
Ficamos na praia ainda por muito, muito tempo... até o pôr-do-sol para ser mais exata.
Nada poderia se comparar a estar encostada no peito de Robert com toda aquela
imensidão bonita de Los Angeles em nossa frente.
Sentindo a felicidade de sermos três, a partir de agora.
As mãos deles estavam espalmadas em barriga que depois de olhar muito tempo, vimos
que já tinha um pequeno volume por ali.
- Como não percebemos isso antes?
- Acho que não esperávamos baby.
- É. Quer mesmo que seja uma menina? – virei meu rosto pra ele recebendo seu beijo
em meus lábios.
- Não importa o que for.
- Nem pra mim. Temos que pensar nos nomes. – sorri brilhantemente pra ele que me
retribuiu.
- Podemos comprar aqueles livros de significados.
- Não Rob. Significados não. – resmunguei o fazendo rir baixo.
- Nada de significados então.
- Obrigada.
Lhe dei um beijo rápido e voltei a ficar de frente pra praia.
- Vamos? Já estamos aqui a tempo demais.
- Okay.
Ele me ajudou a levantar puxando minha mão e pegou minhas sandálias as carregando,
me enlaçou pela cintura e nossos rostos não perdiam o sorriso.
- Imagine quando Dakota souber. – eu disse me sentando no carro e fechando a porta.
- Já posso escutar os gritos dela.
- Ela será a madrinha.
- Agora eu posso mesmo escutar os gritos dela.
Eu ri olhando a paisagem de LA enquanto seguíamos pelas ruas, Rob pegou minha mão
e as entrelaçou no meu banco, deixando as duas ali.
Eu sorria igual uma idiota.
- Quer comer alguma coisa? Não comemos nada desde manhã.
- Salsichas, ovos e torradas.
- Okay.
Sorri pra ele e me deitei no sofá ligando a TV, passava The Big Bang Theory e eu sentia
muito, muito sono.
- Não está queimado está?
Perguntei quando ele apareceu na sala com um prato em mãos.
- Não. – respondeu sorrindo.
Peguei o prato e comi tudo, tudo mesmo e ainda pedi mais.
Não sabia se era por causa da adrenalina e felicidade que ainda corriam por meu corpo
ou se já era efeitos da gravidez.
Gravidez.
Eu sentia vontade de gritar.
Pus minhas mãos na barriga e senti os olhos de Robert em cima de mim.
- O que foi? – perguntei a ele.
Nos deitamos aconchegados no sofá, seu peito moldava todo meu corpo na parte de trás
e seus braços me circulavam, com as mãos na minha barriga junto com as minhas
próprias.
- Estava imaginando você com a barriga grande. – ele riu baixo em meu pescoço. – Tão
pequena e baixinha assim.
- Hey. Eu não sou baixinha.
- Não fique com complexos amor, mas você não foi agraciada com tamanho.
- Está reclamando?
- Não. Já disse que você é linda baixinha.
Sorri e seus braços me apertaram dando um beijo em meu rosto.
- Você não vai comer nada?
- Agora não.
- Acho que estou com sono.
- Pode dormir.
A última coisa que senti foi um beijo em meu cabelo e nossas pernas serem
entrelaçadas.
Capítulo 44
Capítulo 44

Notas iniciais do capítulo


Oiiiiiiin, fiquei muito gay com as reviews IHSAOIHSIHS

entãao ta aqui mais um capitulo :) beeijos meninas, e obrigada por tudo!

Apagar a Luz

"Pense apenas no passado quando sua lembrança lhe der prazer."


(Jane Austen)
Pra variar, nós dois dormimos no sofá. Eu tinha que agradecer que minha barriga ainda
não estava enorme ou então acordaria com uma bela dor nas costas.

Sorri involuntariamente levando minhas mãos a barriga e encontrando as mãos de


Robert ali também.

Nosso bebê.

Crescia pequenininho dentro de mim e nossa felicidade não podia ser maior.

Descobri que estava errada sobre ser estéril, foi uma das melhores coisas que já tinham
me acontecido. Agora eu podia dar uma família a Rob e realizar o nosso sonho de ter
um time inteiro de futebol. Eu não me importaria com o corpo nem com essas coisas
todas que muitas mulheres pensam antes de ter um filho.

Ser mãe era maravilhoso e só agora eu percebia isso.

Agora que eu também era mãe.


Sorri de novo e me levantei, sentando sofá e levando meus lábios até o de Rob.
Lhe dei um beijo carinhoso e demorado, apenas um selinho, mas que mostrava todo o
amor infinito que eu tinha por ele.
Pensei em acordá-lo, mas deixei-o dormir mais um pouco, afinal era domingo e nossa
consulta com o obstetra era apenas mais tarde. O beijei de novo e mexi um pouco no
cabelo bagunçado e depois fui pra cozinha, eu estava morrendo de fome. Sem exageros.
Fiz algumas torradas com ovos e salsichas, mas depois de vomitar por causa do cheiro
do último, eu desisti dele fazendo apenas alguns hash browns e um suco de melancia
com laranja.
- Por que não me acordou?
Me virei para a porta da cozinha com um sorriso no rosto, para vê-lo com a cara de
sono, os olhos ainda um pouco pesados e um bico de dar inveja a qualquer criança.
- Eu ia fazer baby. Mas fiquei com uma fome enorme e você também não comeu nada
ontem. Vim fazer nosso café da manhã. – sorri e lhe mostrei a cafeteira que estava
ligada e preparava o seu café preto, como ele gostava.
- Humpf.
- Eu te acordo da próxima vez.
Ele veio em minha direção e eu sorri mais uma vez recebendo seus braços ao meu redor
e seu rosto de afundando em meu pescoço e cabelo.
- Como você está?
- Estou ótima. – senti que ele sorria.
- Isso é bom.
Passei minhas mãos por sua nuca fazendo carinho em seu cabelo e costas.
- Tome café baby.
- Obrigado.
Sentamo-nos e tomamos nosso café.
- Como conseguiu uma consulta pra hoje?
Perguntei já que aquilo estava realmente me intrigando. Afinal, era domingo.
- Digamos que... foi uma consulta a mais...
- Você subornou o médico? – eu ri da cara de inocente que ele fez.
- É claro que não amor.
- Sei.
- O importante é que conseguimos. – ele sorriu e eu assenti bebendo meu suco
enquanto ele comia e elogiava o bolinho de batata palha que eu havia feito.
- Já dá pra ver sua barriga. – ele disse de repente.
- Sério?
- É. Não sei como não percebemos antes. – me virei sorrindo pra cozinha começando a
lavar a louça e sentia sua presença atrás de mim.
- Acho que é por que não esperávamos.
Ele sorriu na minha nuca me abraçando.
Seus lábios sorridentes se abaixaram e eu me deixei levar, esquecendo todo o resto a
minha volta enquanto seu gosto me inebriava, me deixando tonta... e sem respiração.
A língua quente e habilidosa se enroscando daquela maneira experiente com a minha me
levando a loucura e me fazendo abrir ainda mais meus lábios para que ele me tomasse
por inteira.
- Vamos nos atrasar pra consulta. – ele disse contra, mas seus lábios desceram por meu
pescoço e suas mãos se espalmaram em meu quadril largo.
- Uhuum.
Foi a única coisa coerente que eu consegui dizer quando minhas mãos se travaram em
punho no seu cabelo e puxava novamente seus lábios para o meu.
- O que acha de um banho baby?
Não respondi.
Ele não precisava de uma resposta para me fazer dele.

Minhas pernas se entrelaçaram com força em sua cintura quando ele me ergueu nos
braços, suas mãos em meu bumbum sustentando meu peso enquanto caminhávamos até
o banheiro, em meio a beijos quentes e profundos. Chegando quase a urgência.

Nossas roupas já não existiam, eu sentia sua excitação em meu baixo ventre quando ele
me imprensou contra a parede fria do Box e a água morna caia sobre nossos corpos. Eu
estava enlouquecendo antes mesmo dele se colocar dentro de mim, lento e torturante.
E delicioso.
Seus beijos em minha pele, em meus seios e pescoço, com os dentes me arranhando e
me mordendo onde podia, com força e vontade, me fazendo perder a sanidade.
Talvez fosse a gravidez, mas eu podia sentir seu toque perfeito como nunca havia
sentido antes.
- Devagar baby.
Ele disse quando beijei seu queixo e levei minhas mãos até onde eu queria, passando
por seus braços. Eles pareciam maiores e mais tonificados.. e a cada dia ele ficava
melhor....Com meu corpo em brasa, pegando fogo me deixando suada apenas com seu
olhar de luxúria em cima de mim.
- Robert.. por fav...
A frase foi esquecida pela invasão de seu corpo no meu. Era forte, mas era delicada.
Nossos gemidos preencheram o cômodo e minhas costas se arrastavam pra cima e baixo
no azulejo do banheiro. A parede fria era um calmante para minha alma febril naquele
momento.
Uma mordida no meu pescoço me avisou que ele estava perto e na mesma hora suas
mãos – que estavam travadas no meu quadril, o ajudando a ir mais fundo nas investidas
– vieram para meu ponto mais sensível, me estimulando, me instigando a chegar junto
com ele.
Não foi preciso fazer muito no final das contas.
Nós dois caímos juntos em queda livre de pura emoção e eletricidade.
Meu corpo sofria espasmos poderosos com as ondas quentes que eram enviadas de onde
estávamos unidos, para cada poro de minha pele e cada célula que eu tivesse.
Era encantador. Era perfeito e sublime.
Robert beijou minha boca para abafar os gemidos altos que eu soltava, ele continuou
investindo dentro de mim depois do ápice, me fazendo chegar de novo, com ele me
acompanhando. Suas mordidas em minha língua me enlouqueciam e pensei que nunca
mais fosse voltar a terra.
- Você precisa respirar baby.
Ouvi a sua voz rouca e ofegante bem distante, apesar de senti-la em meu ouvido.
- Estou tenta-ando.
Engoli o excesso de saliva em minha boca e ele me beijou novamente, calmo e
carinhoso, com as mãos em meu rosto até que eu estivesse mais tranqüila e de volta ao
meu próprio corpo.Vi seu sorriso quando abri os olhos e senti de novo a água caindo em
cima de nós dois, ele me beijou de novo e me deu um banho delicioso.
Ele me vestiu com uma calça de pano azul marinho que amarrava no quadril e com uma
blusa branca de alças mais grossas e que grudava no corpo.
Quando me deitei, olhei pra baixo e vi que havia mesmo barriga e que já estava
‘’grande’’ consideravelmente pra quem já tinha mais ou menos 3 meses de gestação.
Eu ainda ficava tão alegre com a palavra gestação que eu tinha vontade de sair pulando
e gritando pra todo mundo que eu estava grávida.
- Nós podemos procurar a casa no próximo fim de semana o que acha?
Rob perguntou se deitando ao meu lado, sorri me aconchegando em seu peito e
recebendo seus braços em minha volta.
- Posso procurar por esses dias... assim que voltar da faculdade.
- Posso te ajudar...
- O que vamos fazer com o apartamento?
- Estava pensando em vender...
- Acho que é legal... não precisamos ficar aqui e com outra casa.
- Okay. – ele sorriu me beijando na testa. – Durma um pouco, te acordo na hora da
consulta.
Apenas sorri e passei meus braços a sua volta também, me encolhendo totalmente em
seu corpo e sentindo o seu cheiro de banho com o de sua camisa preta.
- Eu te amo.
Foi à última coisa que escutei.
--
Quando acordei novamente estava no quarto e sentia as mãos de Robert em minhas
costas fazendo carinho, nos levantamos juntos e como meu cabelo ainda estava molhado
resolvi não prendê-lo totalmente, apenas a metade dele colocando uma presilha
prateada.
Calcei minha sandália rasteirinha e escovei meus dentes.
- Vamos? – perguntei a ele que estava na cozinha com uma garrafinha de água em mãos.
- Vamos.
Nossas mãos se entrelaçaram e caminhamos até a garagem do prédio. Não demoramos
muito a chegar no hospital.
- Fique aqui. Vou até a recepção.
Assenti e me sentei naquela sala de espera com as cadeiras azuis, não tinha muita gente
ali e as que haviam, pareciam ser mais acompanhantes do que pacientes.Robert voltou
com o prontuário em mãos e guardando a carteira no bolso.
- Somos os únicos pra hoje, o médico já está lá dentro. Venha.
Peguei a mão que ele me estendia e andamos pelos corredores até achar a sala que dizia
‘’Obstetra. ’’
Uma enfermeira nos atendeu e pediu que entrássemos.
- Srta Stewart, Sr Pattinson. – nos cumprimentou, ele era um senhor baixinho e que
usava óculos redondos, tinha mesmo cara de médico. – Sou o Dr. Collins.

- Boa tarde. – eu respondi junto com Robert que juntou nossas mãos.

- Então? Como está se sentindo mãe?


- Estou ótima.
- Enjôos? Desmaios?
- Sim, muitos enjôos e consecutivos também. Não desmaiei, mas tenho algumas quedas
de pressão.
- Bom. Vamos descobrir a causa dos enjôos consecutivos e a queda de pressão pode ser
algo normal, mas que logo passará.
Assenti sorrindo e olhando pra Robert que também sorria.
- Vamos fazer uma ultra e ver como está o bebê e de quantos meses é a sua gestação.
- Tudo bem.
Ele pediu para que eu entrasse no banheiro e trocasse minha roupa por uma camisola
hospitalar, eu travei instantaneamente, meus olhos procurando o de Robert que já tinha
percebido minhas mãos tremendo.
- Ela não pode fazer a ultra com as roupas que está? – ele perguntou ao médico.
- Sim. Claro, que sim. A camisola apenas a deixaria mais confortável. – o médico sorriu
e se levantou. – Então vamos lá Srta Stewart.
Respirei aliviada e sorri pra Robert que me ajudou a levantar e juntos seguimos o
médico até uma outra sala pequena e toda branca.
Ele pediu que eu me deitasse e apesar de me sentir nervosa com aquilo, estava mais
ansiosa ainda para ver meu bebê.
Eu cheguei a sorrir e apertar as mãos de Robert que estavam grudadas na minha ao lado
da maca, quando senti o gel gelado na minha barriga.
- Vamos lá.... – ele começou a passar o aparelho pra cima e pra baixo e olhava para o
monitor que eu sinceramente, não estava vendo nada. – Estão vendo aqui? – ele
apontou.
- Não. – respondemos em uníssono e sorrindo.
- É normal. Você está no final do terceiro mês da sua gestação Srta Stewart.
- Quando poderemos saber o sexo? – perguntei curiosa.
- A partir do quarto mês já podemos ter uma resposta, se dermos sorte é claro. Ele pode
se esconder...

- Que som esse? – Rob perguntou fazendo o médico sorrir.

- É o coraçãozinho do bebê.

Eu quis chorar de pura emoção e alegria ao ouvir aquele som bonito e rápido, as mãos
de Robert enxugaram algo molhado em meu roso e quando encarei seus olhos, me perdi
naquela imensidão...
Nosso amor era quase palpável e tão intenso... assim como nossa emoção e felicidade.
Nosso bebê estava ali mesmo, dentro de mim.
- E olha só o eu temos aqui.. acho que descobrimos o motivo de seus enjôos.
- Há algo errado? – perguntei meio assustada, mas ele sorria.
- Não, não. Os bebês estão ótimos. Parabéns pais, terão belos gêmeos.
- Gêmeos... - repeti entorpecida em minha própria alegria. – Gêmeos Rob... serão
gêmeos...
- Eu estou vendo baby. – senti seu beijo em minha testa e seu olhar emocionado no
meu. -Obrigada. – ele sussurrou baixinho.
Ele não devia agradecer, era eu quem tinha que fazer isso...
- Acabamos por hoje. – o médico disse me entregando alguns papéis para que limpasse
minha barriga. Rob me ajudou a levantar da cama depois de enxugar mais uma vez meu
rosto e eu sentia nossa felicidade em ondas, rolando por todos os cantos daquele
escritório.
Nos sentamos de novo em frente ao médico enquanto ele escrevia coisas e mais coisas,
nossas mãos entrelaçadas e nossos sorrisos grudados no rosto.
- Os enjôos seguidos é por causa da gestação de gêmeos, então nada com o que se
preocupar, eles devem diminuir gradativamente. Estou lhe passando vitaminas e um
remédio para eles okay?
Assenti enquanto Rob pegava o papel.
- Você pode ter aumento de apetite que também é normal, apenas tome cuidado para não
engordar além do básico de uma gestação. O ideal é comer pouco, mas muitas vezes ao
dia. Isso ajudará com a azia também.
- O que ela não pode fazer? – Rob perguntou e eu já previa uma lista pregada na
cabeceira da nossa cama, com os dizeres ‘’ O que Kristen pode e não pode fazer ’’ e eu
só conseguia sorrir com isso.
- Nada de pegar pesos ou se abaixar. Caminhar é sempre bom, desde que não seja nada
excessivo e tenha sempre uma garrafa de água com você.
- Como estão os bebês? – eu perguntei apertando a mão de Robert.
- Eles estão ótimos. Já abrem as mãos e um está escondido atrás do outro. – nós
sorrimos. – E pesam de 14 a 18 gramas o que é normal também. Nossas consultas serão
mais regulares e nunca ignore nada do que sentir.

Robert o cumprimentou e eu também, saímos de lá com um sorriso enorme no rosto.

- Oh meu Deus Robert... gêmeos baby.


- Vamos ter que arranjar uma casa maior. – ele disse sorrindo e fechando o meu cinto
quando entramos no carro.
- Dakota e Tom vão enlouquecer.
- Podemos contar a eles hoje.
Assenti animada de poder partilhar isso com eles e com Sam, eles eram a minha família
também.
- Vamos pra casa ou quer ir a outro lugar? – perguntou manobrando o carro.
- Podemos ir a praia um pouco? Quero ir ao píer e tomar um sorvete.
- Então é sério aquilo de aumento de apetite.
Disse sorrindo e eu dei um tapa de leve em seu ombro.
- Hey. Eu como por três agora okay?!
Ele riu ainda mais e continuou a dirigir, soltando sua mão da minha apenas para passar a
marcha do carro e logo elas voltavam a se entrelaçar no meu banco.
- Temos que pensar o que vamos fazer com a sua faculdade.
- Vou pedir uma licença nos cursos, perguntar se eles podem me dar as provas adiantada
ou depois que todos fizerem quando tiver chegando a hora de nascer.
Coloquei minhas mãos na barriga enquanto caminhávamos.
- Eles nasceram em agosto. Acho que eles iram liberar você até lá.
- Espero que sim. – sorri pra ele que segurava a minha sandália na sua mão direita e
entrelaçava a outra a minha. – Acha que eu poderia... contar a minha mãe?
Perguntei hesitante, depois de um suspiro. Não foi uma boa idéia já que eu senti que ele
tensionava e parava de andar.
- Sabe que não há problema algum com sua mãe. Desde que aquele filho da puta não
apareça por aqui. E eu acho ótimo você contar pra ela. – ele sorriu relaxando. – Ela
sente a sua falta, você sabe.
Engoli o excesso de saliva em minha boca e assenti sorrindo pra ele que me enlaçou a
cintura.
- Vamos pra casa?
- Vamos. – respondi.
Chegamos em casa e ele fez mais um sanduíche de manteiga de amendoim pra mim, eu
estava mesmo com fome.
Ligamos pra Dakota confirmando que iríamos mesmo sair e ficamos de nos encontrar as
22h00min na porta do Don Hills.

Claro que ela notou como eu estava animada e me alugou por meia hora no telefone
enquanto eu me negava a contar sem que fosse pessoalmente.

- Não acredito que ela ficou 50 minutos tentando fazer você falar.
- Nem eu. Ainda sinto minhas orelhas quentes.
Ele riu me abraçando ainda mais no sofá e eu me encolhi em seu corpo.
Já estávamos ali há bastante tempo, o sol já havia sumido e dado lugar a uma lua bonita
bem em cima do céu de Los Angeles.
Resmunguei algo incoerente e abafado pela pele de seu pescoço, mas era um gemido de
satisfação por estar sentindo o gosto de sua pele em meus lábios.
- Não me provoque.
Mordi o local escutando seu gemido baixinho vindo direto de sua garganta e suas mãos
me apertaram ainda mais.
Fui abaixando mais ainda os beijos, sorrindo com as sensações que eu causava nele, isso
me fazia bem, me fazia sentir poderosa... e sedutora... o fazendo sentir daquele jeito.. e
saber que era pra mim e por mim...
E que eu podia dar a ele as mesmas sensações que ele me causava...
Minhas mãos se infiltraram em sua blusa enquanto eu voltava a morder seu queixo e seu
pescoço.
Até que minha cintura reclamou de seus apertos fortes e...
O telefone tocou.
-Fuck.

Ele praguejou baixinho um monte de maldições, eu ri de seu estado e estiquei minhas


mãos para pegar o aparelho, os levando ao ouvido.

- Se for Dakota, eu vou jogá-la pela janela. De verdade.

Ele brincou me fazendo voltar a rir e atender a droga da ligação.

- Alô?

- Oii... eer.. Robert?


- Não. – franzi o cenho para a voz feminina do outro lado da linha. – Não é o Robert.
Quem fala?
-Haam... é a Megan... ele está aí?
Meu sangue subiu na cabeça enquanto minha razão tentava se auto controlar. Eu sabia
que ele não estava mais se encontrando com ela e eu confiava nele acima de qualquer
coisa, mas isso não me impedia de ter raiva.
- É claro Megan. Vou passar pra ele. – disse a ela irônica ignorando os olhos arregalados
de Robert. – É pra você baby. – lhe passei o telefone e ele suspirou o pegando.
- Oi Megan... não... isso não vai mais acontecer eu... sim... – ele passou as mãos no
rosto e continuou me olhando. – Sinto muito Megan...
Ele desligou depois de alguns minutos...
- Eu deveria te deixar dormindo no sofá por causa disso.
- Baby... ela não queria nada demais... só saber porque eu não liguei...
- Então você ligava pra ela Pattinson?
Eu não estava mais com raiva, sabia que eles não estavam se encontrando nem nada
disso... eu só estava sorrindo do seu quase desespero em me explicar a situação.
- Kristen...
- Shii. – coloquei dois dedos em seus lábios e nos virei no sofá ficando em cima dele
que sorria pra mim.
Me sentei em seu colo com uma perna de cada lado de seu corpo, me curvando em cima
dele que estava deitado.
- Se essa vadia ligar de novo. – disse em seu ouvido mordendo o lóbulo e lambendo
devagar. – Você vai mesmo dormir no sofá.
- Você não faria isso baby... – respondeu meio ofegante.
- Não?
- Você viria até o sofá pra dormir comigo... – ele disse confiante e eu suspirei derrotada.
- Certo... não se garanta muito Pattinson.
Ele estava certo de qualquer maneira, eu não iria dormir sem ele de forma alguma.
Ele gargalhou acariciando minhas pernas pra cima e pra baixo.
- Agora porque não... esquecemos esse telefonema huum? – ele disse subindo as mãos
por minha barriga e seios até que elas se infiltraram em meu cabelo.
Fechei meus olhos com força para depois os abrir para encará-lo.
Levei minhas mãos à barra da minha blusa branca e a retirei por minha cabeça,
escutando seu gemido ao me ver apenas com a calça e o sutiã preto que agora era
preenchido por completo em meus seios. Espalmei minhas mãos em seu peito e lhe
sorri.
- Você vai se arrepender disso Stewart... – disse com aquela voz rouca e britânica que já
me enlouquecia.
Sorri de novo pra ele e desci minhas mãos por seu corpo.
Foi o bastante.
E ele me fez esquecer o telefonema e tudo a minha volta...
Capítulo 45
Capítulo 45

Notas iniciais do capítulo


Heei meninas :) mais um capitulo :D

volto ainda hoje com mais um, beeeijos beijos :)

Apagar a Luz

- Acha que ela vai estourar meus tímpanos?


- Não duvide disso.
Ele disse sorrindo segurando minha mão enquanto seguíamos no carro para o Don Hills.
Não ficava muito longe do nosso apartamento, mas era mais para longe da praia e
Dakota já tinha me alugado mais meia hora no telefone por que estávamos atrasados
apenas dez minutos.
Don Hills era uma boate, não muito grande, mas badalada em Los Angeles. Sempre
tinha uma fila considerável na porta e gente demais disposta a dançar e beber a noite
inteira, mas conseguimos entrar em pouco tempo.
- Eles devem estar no fundo. – Rob disse no meu ouvido, enlaçando minha cintura e me
guiando por entre as pessoas que já estavam se espalhando pelo lugar e o som alto que
vazava de algum canto por ali.
Avistamos Dakota com seus cabelos dourados a três mesas de distancia de onde
estávamos, ela estava com Tom e Sam que já tinham uma garrafa de cerveja na mão.
- Hey. – eu disse quando chegamos.
Ela gritou quando nos viu e num átimo estava a nossa frente.
- Me conta.
Eu ri vendo Rob cumprimentar a Tom e a Sam.
- Contar o quê Dak?
- Não se faça de desentendida. Anda logo Kris, conta.
- Kristenzinha. – Tom cantou meu nome me abraçando logo em seguida.
- Você está me esmagando Tom.
- Eu sempre esqueço o seu tamanho. – ele riu enquanto eu abraçava Sam.
- Não é pelo meu tamanho.
Disse simplesmente e sorri ao lado de Robert quando nos sentamos, Dakota quicava no
banco do meu lado.
- Dá pra parar de lengalenga? – ela disse curiosa.
- O que você quer saber Dakota? – Rob perguntou aceitando a garrafa de cerveja que
Tom lhe passava.
- Ela estava alegre demais no telefone e sei que algo aconteceu.
Ela disse sucinta, como se tudo fosse obvio e Tom sorria ao lado dela.
Robert apenas gargalhou.
Ele olhou pra mim com em um sinal de vá em frente e eu respirei fundo antes de encará-
los.
- Eu estou grávida.
As coisas aconteceram um pouco rápidas demais e divertidas demais, a cerveja que Tom
bebia foi cuspida pra fora de sua boca, Sam apenas nos olhou e Dakota levou às mãos a
boca.
- Não vai gritar?
- Estou me preparando pra isso. – ela respondeu a Robert que gargalhou de novo.
- AH MEU DEUS. AH MEUS DEUS. VOCÊ ESTÁ GRÁVIDA?
-Sim e fale baixo Dakota... – respondi rindo.
Tenho certeza que foi possível escutar até por cima do som da musica pelas oitavas que
seu grito atingiu.
- Cara, isso é fantástico.
Sam abraçou Robert sorrindo e lhe dando aqueles tapas tão forte no ombro que se fosse
eu já teria desmontado.
- Eu sei.
- Eu vou ser tio. – Tom parecia emocionadamente divertido quando também abraçou
Robert e a mim.
- Eu vou ser madrinha. Eu vou ser madrinha Stewart.
Dakota me intimou praticamente pulando em cima de mim e passando a mão na minha
barriga, e eu ria de felicidade constantemente.
- E eu vou ser pai.
O orgulho na voz de Robert me fez ficar ainda mais feliz e sentir a perfeição que era
estar ali com ele e com todos os nossos amigos.Ele me beijou enquanto os outros
levantaram as suas garrafas de cerveja e brindavam.
- E adivinhem só: são gêmeos.
- OMG. Nós temos que fazer compras. NOW.
- Eu sabia que você ia dizer isso. – eu falei sorrindo recebendo os braços de Robert em
minha volta.
- E vai me deixar decorar o apartamento?
- Claro.
- Tom... – ela cantou olhando pra ele com aquele olhos azuis implorativos. – Eu também
quero um bebê. – falou com a voz chorosa.
- Nós vamos ter quantos você quiser Honey.
Ela o puxou para o beijo e Sam e Rob ficaram zoando com ele pelo resto da noite,
parece que ter um filho para Tom tinha uma pequena piada interna por trás.
Eu não me lembrava de ser tão feliz como estava sendo agora, eu tinha Robert, meus
amigos e estava grávida. Eu tinha apenas 20 anos e era incrível que isso parecesse
assustador para outras mães na mesma idade que eu, mas pra mim estava sendo tão
normal sem deixar de ser surreal... como se fosse assim que as coisas tinham que
acontecer.
Eu seria mãe e meus filhos teriam o melhor pai do mundo.
Qualquer mulher no meu lugar se sentiria perfeitamente realizada.
E eu me sentia assim.
Nós estávamos discutindo sobre Sam ser o padrinho de um dos bebês porque Dak e Tom
seriam de outro, então conversávamos e Sam parecia bem animado.
- Dakota vai fazer uma loucura com essas crianças, eu já posso imaginar isso. – ele disse
rindo com Robert enquanto bebiam da cerveja.
- Ela vai ser ótima. – respondi orgulhosa de ter uma amiga como Dakota.
- É claro que vai. – Rob sorriu pra mim.
Lhe dei um beijo nos lábios depois de me levantar.
- Vou comprar uma água. Vão querer mais cerveja?
- Você não vai até lá sozinha. – ele disse taxativo e se levantou também.
Sam riu e eu apenas revirei os olhos quando ele me guiava em meio a multidão de gente
que já esburrava praticamente no lugar.
- Eu posso andar sozinha, Rob.
Ele me ignorou completamente, é claro.
Eu sorri me esticando para lhe dar outro beijo.
- Achei que fosse chamar seu irmão e Melanie para serem os padrinhos.
Dessa vez fui eu quem não respondera, não queria falar de Melanie e Taylor.
- Brigou com eles não foi?
- Podemos conversar isso depois? – pedi pra ele mordendo os lábios.
Ele só sorriu me enlaçando a cintura e me beijando profundamente.
- O que você quiser baby.
Sorri e voltamos pra mesa.
Nos sentamos de novo com Sam e os dois engataram uma conversa sobre a banda e as
novas música que Rob tava ajudando Sam a compor.
Olhei distraída para o local inteiro levando a minha garrafa de água na boca e vi Dakota
e Tom dançando ao som da batida agitada que tocava nas caixas de som alto.
Sorri involuntariamente sentindo os braços de Robert em minha volta.
Seu sorriso me iluminou como sempre fazia me lançando aquela áurea de pura paz e
tranqüilidade que só ele sabia me dar. Ele deu um beijo suave em minha testa e deitei
minha cabeça em seu ombro fazendo ele sorrir antes de voltar a conversa com Sam.
Ficamos conversando durante tanto tempo sobre tudo, Dakota me contou como estava
na faculdade e no estágio e fiquei feliz quando ela disse que já tinha o seu emprego
garantido para lecionar no ensino médio da Public Elementary School.
Ela seria uma ótima professora de biologia, pelo menos enquanto não fazia sua
especialização em biologia marinha que era o que queria mesmo fazer.
- E você? Como vai fazer?
- Eles devem nascer em agosto. – passei as mãos em minha barriga que ainda não estava
tão grande assim. – Posso tentar um acordo com a faculdade ou então... não me importo
em trancar um semestre e refazer no próximo período de aulas.
- Talvez seja o melhor. Assim pode aproveitar mais com eles. – apontou sorrido.
- Sim, é nisso que estou pensando. – respondi sorrindo pra ela.
- Ainda não acredito. Gêmeos Kris.
- Acho que a gente nem imaginava isso Dak, foi uma surpresa. Uma boa surpresa. –
sorri a ela que ainda parecia em um sonho enquanto olhava para minha barriga pequena.
- Vamos?
Robert me perguntou mais de meia hora depois.
- Achei que ia estar cansada. – ele sorriu me olhando.
- Só estou com sono.
Lhe respondi e levantamos juntos com seus braços me enlaçando. Despedimo-nos de
todo mundo e agora em vez de um beijo, eu ganhava três de uma só vez. Eu ri com
aquilo é claro.
Rob me guiou novamente por entre as pessoas até estarmos do lado de fora da boate e
seguindo para o nosso carro. Ele entrelaçou nossas mãos no banco como sempre fazia e
eu lhe sorri voltando a observar a paisagem de Los Angeles.
- Quer comer alguma coisa?
- Acho que um leite quente com cookies. – disse sorrindo entrando e me sentando no
sofá da nossa sala.
- Eu vou pegar e depois que comer, nós dormimos okay?!
Apenas assenti, eu estava mesmo com sono.
Ele voltou com um copo gigante de leite quente e com muitos de baunilha no prato, eu
comi tudo e ele sorriu ao me pegar no colo nos guiando até o quarto e depois até o
banheiro.
- Quero só ver quando eu estiver imensa.
- O que quê tem? – perguntou divertido me colocando debaixo da ducha e tirando minha
roupa.
- Quero só ver você me levar no colo.
- Veremos Stew.
Sorri o ajudando com a própria roupa para que ele se juntasse logo a mim debaixo da
água quente que já rolava por meu corpo.
- Estou dizendo que ficarei muito enorme.
- Você ficará linda, você sabe.
Apenas sorri pra ele e foi o bastante, seus braços me envolveram e eu me satisfazia dos
carinhos e cuidados que ele me dava, seus dedos longos em meu cabelo, massageando o
couro com o shampoo de mel e guaraná enquanto eu beijava seu peito molhado.
Nos vestimos com o normal de dormir, eu com uma camisa dele e uma calcinha boy
short e ele apenas com uma calça de flanelas preta.
Me encolhi em seus braços, sentindo minha bochecha contra seu peito e seus braços a
minha volta, fechando um circulo ao redor de minha cintura.
- Eu te amo. – eu lhe disse.
- Eu também te amo.
Ele alisou minha barriga levemente, me mostrando que não era apenas a mim que ele
amava, meu sorriso se alargou e eu me agarrei ainda mais a ele entrelaçando nossas
pernas e apertando meu rosto em sua pele.
Não foi difícil adormecer.
Capítulo 46
Capítulo 46

Notas iniciais do capítulo


Hei meninas, desculpem pela demora, mas aqui esta mais um capitulo :D

beeeijos

Apagar a Luz

‘’Quando fala o amor, a voz de todos os deuses deixa o céu embriagado de


harmonia. ’’
(Willian Shakespeare)

Nenhuma semana nunca fora tão corrida como aquela.


Dakota me mantinha ocupada a cada segundo em que eu respirava, eram sempre
compras e mais compras e depois... mais compras ainda.
Eu não podia negar que estava gostando daquilo embora uma parte de mim se sentisse
cansada de gastar tanto dinheiro apenas com as roupas, mas eu finalmente podia entrar
em uma loja de bebês e o melhor, era que era pra mim mesma. Não pude evitar sorrir
com isso.
Minha barriga que crescia a cada dia mais, estava ficando realmente grande para uma
gestação de quatro meses e qualquer pessoa já podia ver que eu estava grávida e de
gêmeos.
Na faculdade principalmente, era onde todos me olhavam. Talvez surpresos por alguém
como eu, que nunca falara com ninguém lá dentro, aparecer assim grávida de repente.
Eu podia ver algum certo tipo de preconceito ali também quando eles olhavam para
minha mão e não viam nenhuma aliança.
E novamente eu só podia sorrir. Eles não me importavam, na verdade eu tinha tudo que
precisava bem ao alcance das minhas mão.
Eu tinha Robert. Meus filhos. Meus amigos e minha mãe.
Sim, eu contara pra ela da gravidez e nós duas gritamos juntas no telefone pelo que me
pareceu horas. Ainda ria com a lembrança de sua voz me dizendo dos cuidados que
tinha que ter e da preocupação com a minha faculdade. Ela também havia me
aconselhado a parar um semestre ou então ela viria pra cá para me ajudar com os bebês,
mas eu disse que não precisava...
Não que eu não quisesse minha mãe aqui, pelo contrário. Eu queria e muito que ela
pudesse estar comigo, mas não queria mais ninguém e ela entendeu o meu recado
dizendo que arranjaria um jeito de vir sozinha.
E foi assim que o meu quarto mês passou e chegou o quinto, minha barriga cresceu
ainda mais assim como alguns sintomas que aumentaram como meu apetite e outros
diminuíram como meus enjôos e a vontade de ir ao banheiro toda hora. Nós
descobrimos que seria um casal e a felicidade que eu sentia era tanta que por diversas
vezes eu tinha medo de dormir e perceber que tudo fora apenas um sonho.
Mas não era. Nada ali era um sonho.
E as coisas não podiam estar melhores.
Na verdade, elas nunca foram tão boas.
O tempo se passava mais rápido na medida em que a minha ansiedade pelos bebês
também crescia dentro de mim.
As vezes eu até me perguntava se aquilo não era demais pra mim ou se eu realmente
merecia tudo o que estava recebendo e sentindo.
Eu tinha consciência de meus erros e por diversas vezes ainda pensava em tudo o que
tinha me acontecido na vida. Não que eu fosse a primeira a passar por aquilo, mas uma
marca como essa não se esquece tão fácil.
Se é que poderia ser esquecida.
Mas eu me via mais livre, mais solta do meu passado como nunca estive antes.
Eu já conseguia falar com a minha mãe com um sorriso no rosto e sem lágrimas,
embora a culpa não me deixasse em paz na maioria das vezes. Ainda não estava pronta
para contar tudo a ela e destruir a sua vida em Miami, podia ser um pouco irracional e
até mesmo perigoso querer que ela continuasse naquele conto de fadas, mas eu sabia
que Brian não faria nada de mal nem com ela e nem com Cam.
Ele não gostava disso e não arriscaria sua pele por algo que já tinha conquistado. O filho
da puta era um covarde estúpido que ainda traficava pessoas por dinheiro e para se
aproveitar de garotas, recebendo seus lucros a cada ‘’visita’’ nas casas de ponto.
Pura raiva era injetada em minhas veias a cada vez que eu me lembrava de suas mãos
em meu corpo ou o que ele também fazia com outras garotas apesar que era sempre a
mim que ele chamava quando estava no México.
Eu sentia vontade de vomitar e em cima dele se fosse possível e eu não podia contar que
pensava nisso pra ninguém. Robert ainda tinha os olhos em fogo a cada vez que por
azar, minha mãe soltava o nome dele enquanto estávamos em casa.
É, a minha mãe estava aqui comigo, já era final de julho e eu estava nas minhas férias
de verão. Ela havia chegado há três dias e graças a sua ajuda, eu e Dakota conseguimos
achar uma casa descente e pra lá de confortante aos arredores de Santa Monica.
Ainda era perto da praia e tinha a frente meio rosada com um jardim bonito e colorido, a
cara perfeita da Califórnia e do sol quente de Los Angeles. Era pequena, mas com um
interior espaçoso e tinha três quartos o que também era ótimo.
Como estávamos no final de julho eu e Dakota também tínhamos mais tempo com as
compras dos móveis e das roupinhas dos bebês, minha mãe estava sempre comigo e
escolhíamos tudo a dedo, eu e Robert queríamos tudo de melhor para os nossos filhos.
Sorri involuntariamente passando as mãos na minha barriga que estava tão enorme que
daria inveja a qualquer elefante. Por diversas vezes eu me perguntava como Rob ainda
podia se sentir atraído por mim estando naquela situação e daquele tamanho.
Eu ficava meio mal sempre que ele chegava mais atrasado do trabalho ou não me ligava
durante o dia porque estava em reunião, minha baixa-estima atacava e eu me sentia
envergonhada de falar aquilo com ele. É claro que ele percebia e me dava uma bronca
por ter aquele tipo de pensamento e no fim da noite sempre acabávamos suados e
ofegantes com nossos corpos ainda grudados um no outro, como uma junção perfeita de
dois quebra-cabeças.
Robert também ficava cada dia mais atencioso e cuidadoso em relação a mim e aos
bebês, eu estava me aproximando do oitavo mês e depois daí de acordo com o médico,
eles poderiam a nascer a qualquer momento e eu não via a hora disso acontecer e nem
Rob.
Suspirei indo em direção a cozinha do apartamento, no mês que vem já estaríamos na
outra casa e com bem mais espaço para as crianças e pra nós dois também, já que tinha
uma piscina nos fundo e eu finalmente poderia aproveitar o sol da Califórnia como se
merece em vez de ficar me escondendo entre roupas para que ninguém visse minhas
cicatrizes.
- Hey.
Me assustei de verdade com a voz da minha mãe no beiral da entrada da cozinha,
levando minhas mãos no peito fechando a geladeira com força e ofeguei por um
momento.
- Me desculpa. – ela sorriu se aproximando.
- Putz. – eu sorri. – Ta tudo bem.
Ela me deu um beijo no rosto e se encostou no balcão.
- Quer que eu faça alguma coisa pra você comer?
- Obrigada mãe. Mas não precisa, acho que tenho que ir ao mercado... – abri a geladeira
olhando o se interior novamente. – Necessitamos de algumas compras. – ri levemente
buscando uma maçã no fundo da geladeira.
- Sabe que Robert não vai deixar você sair sem ele. – disse rindo também e me
lembrando das nossas pequenas brigas por causa das suas paranóias.
- Ele só está sendo exagerado. – rolei os olhos internamente e fechei a geladeira.
- Ele está cuidando de você.
Bufei por ela sempre ficar do lado dele agora.
- Mãe... por favor.
Ela riu colocando as mãos pra cima.
- Tudo bem, tudo bem. Vou tomar um banho. Qualquer coisa me chame.
Lhe dei um beijo no rosto sorrindo por nossa proximidade estar apenas crescendo a
medida que o tempo se passava. Ela havia relutado um pouco em ficar aqui no
apartamento e eu sabia que ela não queria dar uma de ‘’intrusa’’ na nossa vida juntos,
mas nós dois mais uma vez insistimos que aquilo era besteira e que ela sempre seria
bem vinda em nossa casa para ficar quanto tempo ela quisesse.
Passei meus olhos para os armários mais altos tentando imaginar as coisas que faltavam
para compra tudo de uma vez só, mas como eu não os alcançaria deixei pra lá e faria as
compras de acordo com o que eu achava que era necessário.
Ouvi de repente o barulho de chaves caindo em algo de vidro e soube que Rob havia
chegado e ainda mais cedo do que de costume.
- Kristen? –ele me chamou. - Baby?
- Aqui.
Me encostei no beiral da porta que dividia o corredor e a sala e cruzei os braços no peito
sorrindo igual a uma idiota enquanto ele se aproximava e se abaixava para me beijar.
Meus braços não ficaram cruzados por muito tempo. Obvio.
No minuto seguinte eu já o tinha enlaçado o pescoço completamente sentindo um pouco
de desconforto por estar na ponta dos pés com eles sustentando todo o meu corpo
daquele tamanho.
Robert pediu passagem com a língua e na mesma hora foi cedida, entre abri mais ainda
os lábios para sentir nossas línguas se enroscando em um beijo deliciosamente saudoso
e molhado que fazia barulhos um pouco altos demais.
- Senti sua falta. – murmurei entre seus beijos que agora dava pequenos selinhos em
meu lábio superior e me mordiscava... deixando os dentes se arranharem por minha
pele.
Ele sorriu me buscando em seu colo como uma noiva e eu gemi em frustração.
- Mas que droga Rob. Me põe no chão.
- Por quê? – revirei os olhos para o seu sorriso enquanto ele se sentava no sofá com as
minhas mãos crispadas na blusa social do seu terno.
- Porque eu estou imensa e se eu cair, vou sair rolando pelo apartamento inteiro.
- Você é absurda. – ele riu passando as mãos em meu cabelo.
- Sou realista.
- Você é linda.
- Humpf. – escondi meu rosto em seu pescoço puxando seu cheiro pra mim com força
deixando que ele me embalasse.
- Passou bem o dia? Achei que iria te encontrar deitada.
- E eu faço outra coisa agora além de ficar deitada? – perguntei retoricamente e
levemente irritada.
- Nós podemos sair. Quer ir até a praia ou comer alguma coisa na rua?
- Eu quero andar.
- Não. Nós iríamos de carro.
- Mas Rob... eu preciso ir até o Owens. Tenho que fazer as compras da casa.
Eu disse como última esperança, olhando pra ele com o máximo de imploração que
tinha e fazendo um leve bico com os lábios que eu descobrira ser fatal nos últimos dias.
- Não.
Ele nem me olhava enquanto respondia.
- Por favor... eu quero e preciso andar um pouco...
- Não Kristen.
- Rob....
- Argh. – ele passou as mãos no rosto irritado, eu sabia que ele estava cedendo. – Não
me olhe assim... eu já disse que não.
- Por favor. O Owens é apenas há três quadras daqui e eu volto de táxi para trazer as
coisas. – minha voz era manhosa e meus lábios se encostavam aos dele a cada palavra
que eu dizia. – Por favor ,baby.
- Não Kristen. Não me faça dizer de novo.
- Eu volto rapidinho. Eu juro... por favor, amor.
- Mas...
- Será rápido.
- Kristen...
- Eu te ligo se sentir alguma coisa.
- Mas Kris...
- Eu te amo.
- Argh.
Segurei uma gargalhada na garganta e ataquei seus lábios com os meus com ferocidade.
Eu jamais me cansaria da boca de Robert na minha e do seu gosto que me embriagava
por inteira.
- Obrigada. – disse lhe dando um último selinho bem demorado aproveitando para
morder e puxar seu lábio inferior do mesmo jeito que ele sempre fazia comigo.
- Vai me ligar okay?! Qualquer coisa que sentir.
- Tudo bem.
Lhe beijei novamente sentindo os bebês se agitando dentro de mim quando as mãos de
Robert se pousarem e começaram a acariciar a minha barriga.
- Eu já vou.
- Certo. Vou pedir uma pizza pra gente. – assenti com a cabeça me levantando do seu
colo a contragosto. – Onde está sua mãe?
- Acho que no banho. Vou chamá-la para ir comigo.
- Ótimo. – ele sorriu se levantando e me dando mais um beijo.
Robert me enlaçou pela cintura e fomos para o quarto onde ele entraria para o banho e
eu trocaria minha roupa.
Pus apenas um vestido que batia nos joelhos, eu tinha calças jeans próprias para
gestantes, mas não gostava muito de usá-las. Vestidos sempre me deixavam mais
confortável. Coloquei uma sandália aberta para o caso de meus pés incharem enquanto
eu estivesse andando o que não era muito difícil de acontecer e quando eu estava
amarrando, Robert saiu do banheiro com os cabelos molhados e apenas de toalha.
Minha mente se esforçou para desviar os olhos de seu peito nu, e eu tentei me focar em
algo que não fosse à vontade que sentia dele me pegar nos seus braços e me prender em
seu corpo pelo resto daquele dia inteiro.
- Não sentiu nada hoje mesmo não é?
Sua voz rouca disse me tirando do meu pequeno transe de perversão.
- Não. Eles se mexeram muito apenas. – disse sorrindo tentando descer o excesso de
saliva em minha boca a cada vez que uma gotinha de água escorria por seu corpo bem
ali na minha frente e ele me retribuiu o sorriso, se abaixando em meus pés para amarras
as sandálias pra mim.
- Não faça nenhum esforço, tudo bem?!
- Não fique paranóico Rob, são apenas algumas ruas.
- Sabe que vou ficar preocupado.
Eu sabia e acabei sorrindo disso e quando ele deitou o rosto em minha barriga beijando
por cima do tecido, os bebês se agitaram ao seu toque e eu coloquei minhas mãos em
seu cabelo de areia dourada.
- Nós estamos bem.
- Eu sei que sim.
Ele me sorriu dando um último beijo em minha barriga e depois um nos meus lábios
indo trocar de roupa.
- Vai trabalhar em casa? – perguntei quando ele já pegava o notebook e me olhava com
cara de culpado.
- Eu tenho amor, me desculpe. – ele se aproximou e me beijou de novo. – Preciso
adiantar algumas coisas e amanhã posso vim almoçar com vocês.
Assenti pra ele sorrindo, eu entendia que ele tinha que trabalhar seja em casa ou na
empresa e apesar de sentir uma falta enorme dele na maioria dos segundos que ele
estava no escritório, eu conseguia ser compreensiva e não deixar que isso chateasse nem
a ele e nem a mim.
- Estou indo então. – o abracei mais uma vez. – Eu te amo.
Disse antes de sair do quarto e bater no de hóspedes onde minha mãe estava.
- Quer ir ao mercado comigo?
- Claro. Vou chamar um táxi.
- Não mãe, nós vamos a pé. – lhe disse sorrindo ao ver sua cara de surpresa.
- Rob deixou mesmo você ir a pé? Sim, porque eu também não acho uma boa idéia você
ficar andando Kristen...
- Eu fiz com que ele deixasse, não se preocupe mamãe.
Ela suspirou querendo gargalhar e seguiu comigo para fora do quarto e depois fora do
apartamento.
- Dói? – perguntei de repente.
- O quê?
- O parto? Quer dizer, eu quero fazer os dois partos normal. Não queria por cesariana.
- Isso vai ser mais complicado. Pode ser que os dois nasçam de normal ou um deles pelo
menos, de cesárea.
- É, o médico me explicou. – suspirei olhando um pouco pra cima vendo o sol batendo
direto em nossos rostos.
- Você acaba nem pensando na dor no final das contas, a emoção de que eles logo
estarão com você, é suficiente para aplacar qualquer dor.
Meu sorriso pra ela foi além de brilhante, era iluminado... mesmo que ela não pudesse
ver porque olhando para frente.
Eu sempre sentira uma certa inveja da maneira que minha mãe criara nós três. Nós
éramos unidos e amávamos uns aos outros com todo amor que havia no mundo,
aprendemos desde cedo a respeitar as pessoas e nunca criar desavenças, seja na rua ou
em casa.
Ela e meu pai tinham dado a nós, a melhor educação que poderíamos ter.
Assim como Clare e Richard haviam criado Robert e suas irmãs.
Eles eram meu exemplo de criação perfeita.
- Quero criá-los da mesma forma que você me criou mamãe. E da mesma forma como
Clare criou seus três filhos. Vocês são as melhores mães que eu já tive o prazer de
conhecer.
A sinceridade das minhas palavras haviam há assustado um pouco, mesmo que um
sorriso angelical tivesse se formado em seu rosto.
- Obrigada.
Lhe sorri novamente e passei meu braço direito por seu ombro, eu vi o brilho de uma
lágrima em seus olhos e dei um beijo em seu rosto enquanto seu sorriso se alargava e
seus braços enlaçavam a minha cintura grossa.
- Eu disse a verdade. Agooora... vamos as compras, antes que Robert comece a me ligar
preocupado.
Demoramos mais tempo do que eu achei que fossemos mesmo demorar, eu já me sentia
cansada e parecia que minha barriga pesava 100 kg agora, fazendo meus pés também
incharem.
- Vamos logo para o caixa Kristen.
- Ainda temos que pegar as uvas mamãe.
- Agora.
Eu não iria discutir com minha mãe e a segui revirando os olhos, ficando irritada.
- É desnecessário.
- Não é não. – ela passava as compras no caixa e eu me recostei no fundo do mesmo
para tentar aliviar um pouco a dor em minhas costas e nos meus pés. – Você devia ter
escutado Robert. Eu poderia ter feito as compras sozinha, sem problema algum.
- Eu queria andar. Ia enlouquecer presa naquele apartamento.
- Não seja exagerada Kristen. Ele está cuidando de você.
- Acho que estou perdendo a minha mãe. – disse irônica.
Ela riu passando o cartão para a mulher do caixa.
- Vamos.
A segui novamente enquanto ela empurrava o carrinho até o estacionamento e pedia um
táxi perto do meio fio.
Nunca fora tão bom sentar em um táxi ou chegar no apartamento rápido, eu estava
quase gemendo quando nos sentamos no sofá da minha sala de TV.
Eu poderia dormir agora sem nenhum esforço.
- O que houve? – Robert perguntou quando me viu com as pernas pra cima no sofá e
minha mãe que já entrava para a cozinha.
- Acho que meus pés estão inchados.
- Sabia que não devia ter te deixado sair. – me disse bufando e se sentando em baixo dos
meus pés no sofá, os deixando em seu colo e começando uma massagem divina.
- Foi apenas uma caminhada, baby. Isso é normal.
- Não importa. Está bom? – perguntou subindo as mãos pela panturrilha, eu soltava
gemidos baixinhos de satisfação e fechava os olhos sentindo o entorpecimento que
aquilo estava me causando.
- Sim... muito bom... – e realmente estava.
As mãos de Rob eram masculinas e fortes, do jeito que eu gostava dele e eu tinha
praticamente obsessão pelas suas mãos. Massagem era a coisa mais perfeita do mundo
quando era feita por ele, sem contar com aquela queimação típica que seu toque causava
na minha pele e no meu organismo.
A sensação de bem estar por ter ele ao meu lado só aumentava junto com a massagem,
seus dedos longos subindo até minha coxa e eu sabia que ele estava se aproveitando
daquilo também.
- Não se aproveite de mim Pattinson. – disse em tom de brincadeira, mordendo meus
lábios quando ele apertou minha perna com um pouco mais de força.
- Aahh eu não vou me aproveitar de você. Não agora.
Okay. Agora sim eu estava excitada e o desgraçado sabia disso.
O sorriso malicioso em seus lábios me fazia respirar com mais força e meu coração
acelerar por ansiedade.
- Agora? – perguntei com a voz mais rouca que o normal já tremendo por dentro.
- Oh não baby. Vou esperar você está... recuperada...
MALDITO!
Minhas mãos se apertaram em punho na almofada enquanto eu travava o maxilar com
força.
- Querem que eu faça a janta?
- Eu pedi pizza. – ele respondeu a minha mãe, desviando o olhar do meu, mas sem tirar
o sorriso vitorioso.
- Está melhor? – ela me perguntou.
Defina melhor.
- Sim... só um pouco de dor nas costas.
Consegui lhe responder sem a voz trêmula.
- Venha comer alguma coisa. Vou fazer uma vitamina pra você.
- Não precisa Rob. Eu estou bem.
- Prefere de laranja ou maça?
Apenas suspirei forte aceitando a sua ajuda para me levantar.
- Vou fazer as duas então. Vou te deixar no quarto.
- E coloque um travesseiro nas costas.
- Deus, isso só pode ser um complô.
Minha mãe riu me fazendo revirar os olhos.
- Não vou ficar deitada o dia inteiro. – avisei a Robert que já me levava para o quarto.
- Sim,baby. Você vai.
- Fuck!
- Se comporte.
O ignorei me virando para entrar no banheiro. Precisava de um banho urgente e sentia o
sono cada vez mais próximo.
- Eu já trago algo para você comer. – ele me disse antes de fechar a porta do banheiro e
depois ouvi a do quarto sendo fechada também.
Tomar um banho nunca fora tão relaxante como estava sendo agora. Deixei que a
banheira enchesse bastante com a água quente e devo ter adormecido um pouco
sentindo a temperatura relaxar meus músculos e até fazer a dor nas costas diminuir
também.
Ainda procurei uma roupa mais confortável pra dormir e como sempre no final das
contas, estava com uma blusa de Rob azul escura que tinha até uns furinhos no ombro...
mas ela era o meu xodó.
Ele a usava sempre e por isso tinha mais do seu cheiro ali do que em outras. Peguei uma
calcinha boy short preta e me deitei em cima de um travesseiro colocando mais um na
minha cabeça.
- Coloque os pés pra cima filha.
Mesmo com as pupilas loucas para uma noite de sono completa eu sorri me virando
para onde vinha a voz da minha mãe.
- Eu vou colocar. – a chamei com a mão e ela se sentou ao meu lado na cama. – Onde
está Rob?
- Fazendo sua vitamina e esquentando uma sopa pra você.
Só de falar em comida minha boca salivou de novo.
- Eu já vou dormir, se precisar de alguma coisa me chama.
- Boa noite mãe.
Senti seu beijo em minha testa antes de fechar os olhos de novo.
Pareceu ter me passado horas até que senti o colchão macio se afundando perto de mim.
- Baby, acorda. Tem que comer alguma coisa.
- Eu quero dormir. – resmunguei.
- Não seja teimosa, vamos.
- Rooob...
- Só um pouco Kristen.
Ainda resmunguei por alguns segundos até que ele viesse até mim ajeitando mais
travesseiros para que eu ficasse confortável e ficou ali, alisando minha barriga até que
eu tomasse a sopa inteira.
- Agora a vitamina.
- Mas...
- A vitamina Kristen.
- Argh.
Tomei aquela droga logo de uma vez, resistindo ao impulso de tampar o nariz com as
mãos para não sentir o gosto.
- Isso é ruim.
- Você precisa tomar. – revirei os olhos mesmo sabendo que ele não via, pois estava
tirando a bandeja e colocando em cima da nossa cômoda.
Me aconcheguei em seu corpo sentindo que ele me moldava as costas por inteiro, seu
peito colado em mim, com suas mãos se entrelaçando e espalmando em minha barriga,
sentindo os bebês se mexerem.
- Já conseguiu falar com o novo comprador do apartamento? – perguntei sonolenta pra
ele.
- Sim. Já está tudo certo. O contrato da nova casa também já está feito.
- Eu vou sentir falta daqui.
- Vamos ficar melhor na outra casa.
Assenti recebendo seu beijo em minha nuca de leve.
- Eu te amo. – lhe disse.
Seu rosto se afundou em meu pescoço, no meio do meu cabelo recebendo meu cheiro e
aspirando forte.
- Quero te perguntar uma coisa.
Estranhei o tom um pouco mais sério que ele usava e prendi ainda mais suas mãos nas
minhas, com medo de que ele pudesse se levantar dali a qualquer momento.
- Sim...
- No hospital... quando você ainda achava que não podia ter filhos... – suspirei baixinho.
– Você disse algo sobre um abrigo em que ficou...
- Sim. – afirmei um pouco aliviada por seu isso e não algo pior.
- Quer me contar sobre isso?
Suspirei de novo.
- Não é nada demais.
Ele ficou em silêncio e eu percebi que era minha deixa para continuar.
- Depois que saí de Miami eu... já havia aprendido um pouco a me virar sozinha... –
resgatei o ar com força para os meus pulmões, me agarrando em suas mãos com ainda
mais força que antes. – Fugi da minha casa não foi fácil com toda aquela atenção em
cima de mim e tudo mais... mas eu dei um jeito e de carona em carona.. eu cheguei até o
Texas. Acabei chegando em um abrigo que eu sinceramente, não me lembro o nome.. e
dali eu fiquei até os 17 anos.
- Seus irmãos?
- Taylor conseguiu me achar e mamãe foi até lá. Mas me recusei a sair do Texas. Ela
ficou na cidade por mais de quinze dias até que criei coragem para conversar com ela e
dizer que eu não queria voltar pra Flórida.
- E ela...
- Eu disse pra que ela fosse embora. E quando ela tentou me tocar...eu..fugi de novo. Foi
a última vez que a vi antes dela aparecer aqui no apartamento aquele dia.
Ficamos em um silêncio por longos minutos.
- Eu queria ter coragem para contar tudo a ela... mas... eu tenho medo. – engoli em seco,
tentando descer o nó que se fazia em minha garganta. – Não quero que ela tenha raiva
ou nojo de mim... eu só... não quero que ela sofra e nem tenha pena pelo que eu passei.
- Ela te ama Kristen.
- Isso só me faz sentir pior Rob. Ela é minha mãe e a última vez que eu disse que a
amava, eu tinha nove anos. Eu queria desculpas e dizer que vou voltar pra casa... mas eu
não posso.
Nesse momento eu já chorava. Compulsivamente.
- Shii... shii... me perdoe... não devia ter falado disso.
Ele falou mudando de posição para que ficasse na minha frente e pudesse me embalar
ainda deitados na cama.
Escondi meu rosto em seu peito e me permitir chorar silenciosamente por muitas horas.
- Eu sou uma idiota... – solucei. – Eu a tenho aqui, ao meu lado, mas sempre que ela se
aproxima... tenho medo de magoá-la. Não posso contar a verdade Rob. Não posso.
- Ela vai ter que saber um dia Kristen. Você não pode, é esconder isso pra sempre meu
amor.
- Do que vai adiantar contar? – olhei em seus olhos, buscando a minha paz que eu tanto
precisava naquele momento.
- Deixe ela decidir isso. Você não pode prever a reação dela e nem como ela se sentirá.
Olhe isso de fora baby. Ela é sua mãe e vai ser pra sempre.
- Não quero ter que ver... – solucei com um nó preso na minha garganta. – o olhar dela
Rob... eu não iria agüentar.
- Você é tão forte Kristen, mas não consegue enxergar isso.
- Eu não sou. – resmunguei.
- É claro que você é. – disse taxativo. – Já parou pra pensar em tudo o que você
enfrentou?
- Eu não fui a única a passar por isso.
- Acha mesmo que todas reagiriam da mesma forma que você? Você mesmo disse que a
maioria delas se acostuma Kristen...
Eu não sabia o que pensar quanto aquilo, minha cabeça dava voltas e voltas a cada vez
que eu falava sobre esse assunto, era como se novamente meu passado estivesse sendo
exposto e mesmo que eu tivesse Robert me abraçando para aliviar minha dor, ainda era
uma ardência sem fim no meu peito com as recordações daquela época. E eu também
podia sentir a raiva que ele colocava nas palavras, a cada vez que meu passado era
citado.
Ele nunca iria perdoar as pessoas que me machucaram.
O que talvez fosse normal.
- Eu não posso contar pra ela... – neguei minimamente com a cabeça sentindo suas mãos
no meu rosto para limpar minhas lágrimas. – Não ainda.
- Você tem que estar preparada.
Assenti me afundando em seu peito, cravando minhas unhas na sua pele com um medo
latente de que ele me deixasse.
- Eu estou aqui.
Meus braços se passaram envolta de seu quadril mesmo com o desconforto visível do
meu corpo em ficar naquela posição.
Ele me soltou e antes que eu pudesse começar a chorar de novo, o vi ajeitando os
travesseiros, de forma que ele ficava encostado na cabeceira da cama e logo depois me
puxando pra ele.
Deitei a parte de trás da minha cabeça em seu peito sentindo seus braços me rodear e
como sempre, se espalmarem em minha barriga logo depois. O desconforto passou um
pouco com as minhas costas em seu peito e de repente eu senti a paz que estava
procurando.
Era a paz que ele me dava, esquentando meu coração e a minha alma.
- Me desculpe... não devia ter deixado você nervosa. – ele disse beijando meu cabelo. -
Não vamos mais falar sobre isso.
Ele não tinha que me pedir desculpas por nada.
- Acho que sou quem tem que pedir desculpas Rob. – funguei já me sentindo melhor
que antes. – Eu sempre entro em pânico, tenho que me acostumar com isso.
Ouvi a sua risada baixa perto do meu ouvido era como música, era divino.
- Então durma. E se acalme.
Concordei com ele entrelaçando nossas mãos em minha barriga sentindo a agitação
dentro de mim.
- Boa noite, baby.
- Eu amo você.
Lhe respondi de novo, antes de cair na inconsciência.
Capítulo 47
Capítulo 47

Notas iniciais do capítulo


Oiii meninas, ontem não deu pra chegar até aqui, então eu estou trazendo mais um
capitulo hoje :) obrigada pelos reviews meninas *--*
aaah, a fic está chegando ao fim ://

Apagar a Luz

Minha mãe não demorou muito mais na cidade, eu sabia que ela sentia falta de Cam e
mesmo que ela não falasse, ela também sentia falta de Brian.
Não era como se ela fosse completamente apaixonada por ele, mas ele a fazia feliz e
talvez fosse isso que ela estivesse buscando quando se casou com ele.
Por que eu sabia; ela jamais amaria outro homem como amou meu pai.
Assim como eu; jamais amaria outro cara que não fosse Robert.
As coisas ficaram normais depois deste tempo em que ela esteve aqui, parecia que com
ela por perto eu sempre vivia com uma certa tensão, de que ela falasse algo de seu
casamento que fizesse Robert perder a paciência com o marido dela e jogar tudo o que
sabia pra cima.
Mas isso não aconteceu. Ele adorava minha mãe e eu já devia ter sacado que Rob jamais
faria alguma coisa desse tipo.
Não que ter minha mãe por perto seria difícil. Pelo contrário. Ter ela junto comigo não
tinha preço, talvez porque ela não me cobrasse as coisas e nem uma explicação. Mesmo
que por dentro estivesse sofrendo com o que ela achava ser falta de confiança nela.
Ou talvez...
Ela entendesse que ainda não era a hora. E que eu não estava preparada para um
confronto daquela magnitude.
- E então? O que acha desse?
- Eu não sei Dak. Não é colorido demais?
Perguntei fazendo uma careta, escutando seus resmungos por toda a loja de bebês,me
deixando com um sorriso divertido no rosto.
Estávamos a mais de meia hora escolhendo as roupinhas dos gêmeos e desde esse
tempo, Robert já me ligara três vezes.
Sim, três vezes em meia hora.
Era hilário na maioria das vezes, mas estava começando a me irritar.
- Quer parar de drama? É uma menina Kristen, ela precisa de coisas coloridas.
Suspirei.
- Tudo bem, tudo bem. Vamos levar.
Ela começou a dar pulinhos no mesmo lugar e colocar no antes braço que já estava
cheio com outras roupinhas de menino.
- Vamos Dak. Meus pés estão começando a ficar inchados.
- Pelo menos o quarto já está pronto.
- Sim.. está tão bonito Dak. Os dois.
- Não está? – perguntou retoricamente. – Nós fizemos um bom trabalho Kiki.
Passamos no caixa e saímos da loja com mais sacola que cabiam em nossas mãos.
Pegamos um táxi, meus pés estavam mesmo doendo e eu queria desesperadamente a
minha cama nova e confortável.
Robert e eu nos mudamos há umas duas semanas mais ou menos, logo no começo de
agosto. E a casa não poderia ser melhor.
Era bonita e elegante por dentro e por fora. Além de ser mais espaçosa e aconchegante.
Com um jardim bonito onde as crianças poderiam brincar quando já fossem maiores e
com os cômodos mais pertos um do outro.
E com a decoração feita, ficou mais aconchegante ainda. Com a sala em tons de branco
e os sofás da mesma cor, com os móveis em madeira clara de carvalho, uma janela de
frente para a rua e uma escada em sentido de curva, nos levava ao segundo andar.
Ajudei Dakota com as sacolas enquanto subíamos as escadinhas que nos levariam a
porta da frente, eu andava mais devagar por causa das dores em minhas costas e do
inchaço já latente em meus pés.
- Pronto. – ela disse quando já estávamos no quarto de Annabelle.
Havíamos decidido os nomes deles, seria Annabelle Julie Pattinson e Jeremy Thomas
Pattinson. Cada um teria seu quarto e na porta teria uma plaquinha com o primeiro
nome de cada um, do jeito que eu tinha imaginado as coisas pra eles.
No de Annabelle, era tudo em cores claras apesarem de ser um tom mais diferente de
Rosa que se misturava ao tom meio pastel, fazendo tudo ficar mais bonito com as
figuras de uma princesa diferente pregado no guarda-roupa e na cômoda.
Não havia nada de Cinderela ou Branca de Neve e não podia ter ficado mais lindo do
que estava e do jeito que a minha filha merecia.
O quarto de Jeremy era logo em frente e também era claro, em tons de azul e branco
com o papel de parede listrado. Tinha o berço perto de uma janela alta e o guarda-roupa
com a cômoda encostados-se à parede, com um tapete felpudo enfeitando e fechando
um conjunto com os brinquedos e desenhos, assim como no quarto da irmã.
Guardamos todas as coisas e as roupinhas que compramos aquele dia. Eu teria que lavar
e depois passar tudo para guardar de novo, mas também não queria que as coisinhas
deles ficassem espalhadas por ai.
- O que vamos fazer agora?
- Dormir. – eu disse me aconchegando no sofá.
- É bom mesmo. Seus pés estão inchados. – ela sorriu ligando a TV na minha frente.
- Você pode ir Dak. Eu não quero ficar atrapalhando seu dia inteiro. – ela revirou os
olhos é claro.
- Posso esperar Robert chegar. Não vou deixar você aqui sozinha.
Sorri pra ela e continuamos a assistir a MTV.
- Já decidiu o que vai fazer com a faculdade?
- Sim, já está tudo acertado. Vou parar de estudar esse semestre e volto no ano que vem.
É melhor pra mim, os bebês já estarão mais crescidos e vou ter mais tempo para ficar
com eles. – respondi sorrindo alisando minha barriga já de sete meses.
- Isso é bom. Meu estágio já acabou. Graças a Deus.
- Vai mesmo dar aula?
- Sim, acho que sim. É melhor pra mim por enquanto.
Assenti e continuamos a conversar pelo resto do dia. Fiz um sanduíche pra nós duas
com ela me ajudando na cozinha que também era linda, com a mesa de madeira clara
com os utensílios em verde e laranja.
Dali podia ver pela janela, a piscina que não era muito grande, mas que era perfeita pra
gente, junto com um jardim bonito que Dakota tinha preparado, mas que como eu não
tinha nenhum dom pra aquilo, iria acabar bem mais rápido do o normal.
- E como estão as coisas entre vocês?
- Estão ótimas.
- Isso é muito bom. – ela disse me fazendo sorrir.
- Acho que só fico irritada quando ele chega tarde demais do trabalho.
- Nem me fale. Eu tenho vontade de esganar o Tom quando isso acontece.
- Vocês brigaram ontem não foi? – ela assentiu mordendo seu sanduíche e sorrindo.
- Sim. Atendi uma ligação da secretária dele. – respondeu depois de engolir enquanto eu
bebia meu suco de laranja.
- E...
- E nada. Era pra falar de trabalho, mas ela tinha uma voz tão bitchfeelings que eu
saquei na hora que a vadia dava em cima do meu homem.
- Jura?
- Juro, love. É claro que ele dormiu no sofá depois disso.
Eu gargalhei altamente com as historias de Dakota e seu jeito impagável de contá-las.
- Mas ele não tinha culpa Dak, Robert ficou no telefone com ele durante bons minutos
tentando acalmá-lo do surto.
- Ah, eu ouvi. – ela gargalhou. – Mas não se preocupe. Já falei que quero aquela vadia
fora do escritório dele.
- Não seja tão ruim Dak.
- Humpf. Não vou deixar uma bruaca dá em cima do meu homem e fingir que isso não
está acontecendo Kiki.
Nós ainda rimos durante muito, muito tempo. Mas minhas costas estavam doendo e
tudo o que eu queria era me deitar.
- Você está bem?
- Sim. Tudo bem. – menti, não tinha necessidade de deixá-la preocupada por coisa
pouca, além de que as dores em minhas costas eram quase constantes.
- Não quer ir deitar? Estarei aqui até Rob chegar. Se precisar de alguma coisa me grita
okay?!
Dei um beijo no seu rosto antes de me levantar e ir direto para o andar de cima,
entrando no meu quarto e fechando as cortinas.
A noite estava um pouco fria ou era apenas o inchaço em meus pés pedindo por um
cobertor bem quentinho enrolado neles. A água da banheira não podia ter sido mais
relaxante, meus músculos suavizaram e a dor nas costas estava passando
gradativamente.
Me deixei levar pelo cansaço do meu corpo e adormeci aos poucos alisando minha
barriga intumescida.Quando acordei a água da banheira já estava fria e meus dedos
enrugados, soltei um bocejo enquanto me enrolava na toalha de linho branco e sai de lá
buscando minha calcinha e uma blusa de Rob.
Eu estava com saudades dele.
Na verdade, eu estava com muita saudade dele.
Cada vez que ele chegava atrasado do trabalho era um martírio, eu ficava esperando até
tarde e mesmo que isso não me incomodasse, a falta que ele me fazia a cada segundo
era quase latente em meu corpo.
Eu necessitava de Robert grudado em mim 24horas por dia e ainda sim não seria
suficiente.
- O papai já vai chegar bebês. Ele já vai chegar.
Disse passando a mão na minha barriga e sorri sentindo que eles se mexiam
minimamente, estava um pouco raro os movimentos deles, por que apesar da minha
barriga estar crescendo e os deixando com muito pouco espaço para se virarem e
chutarem.
Fui em direção a minha cama e me recostei nos travesseiros de pano branco que eram
tão macios quanto o edredom da mesma cor em que eu estava deitada.
- Hey.
- Oii Dak. – me virei para a porta onde ela estava.
- Está mesmo bem não é?
- Sim, está tudo bem.
Ela sorriu entrando no quarto e me dando um beijo no rosto e outro na minha barriga.
- Rob ligou pro meu telefone, disse que já está chegando. Onde está seu celular? Ele não
conseguiu falar com você. Esqueceu em algum lugar?
- Na cozinha, na verdade.
- Certo. – disse sorrindo. – Eu já estou indo okay?!
- Obrigada Dak.
- De nada, love. – suspirei sentindo sua mão na minha cintura antes que ela se
levantasse e saísse pela porta do quarto.
Fiquei parada por alguns instantes ouvindo os passos dela na escada e depois a porta da
frente se fechando e soltei um suspiro de alivio por Robert já estar a caminho.
A paisagem de Los Angeles me fazia companhia, com a luz fraca da lua entrando pela
janela de vidro e ultrapassando o pano fino da cortina de cor clara, pensei em ligar a TV,
mas estava com sono demais e ver TV só me daria mais sono ainda.
E eu queria esperar Robert chegar para poder dormir, queria seus braços em minha volta
e sua voz cantando enquanto eu adormecia, detestava dormir sem ele, era ruim e eu me
sentia sozinha e com frio o tempo todo. Fora que ainda eram oito da noite, eu nunca
tinha ido dormir tão cedo assim, desde que fiquei grávida.
Suspirei lentamente me virando na cama para achar uma posição mais confortável, até
que ouvi um barulho de carro e depois de chaves, vindo direto da sala. Um sorriso idiota
se formou no meu rosto e eu me levantei desajeitada da cama e com um protesto claro
de minhas costas.
- Baby? – ele me chamou.
A voz britânica e rouca me enlouquecendo mesmo a distância e eu senti meus joelhos
fraquejarem quando ele entrou no meu campo de visão.
Da porta do quarto eu podia vê-lo, ele estava cansado, isso era claramente visto em seu
semblante, mas ali também tinha um sorriso. Aquele sorriso que me fazia estremecer
por dentro e que me mostrava todo o amor que ele tinha por mim.
- Hey.
- Oii.
Quis andar rápido até ele, mas não foi preciso, seus braços longos e fortes logo estavam
ao meu redor, me deixando com o rosto deitado em seu peito e minhas mãos em volta
da sua cintura, assim como ele fazia comigo.
Parecia que eu tinha andado quilômetros até estar nos braços dele de novo, era como um
náufrago que espera por muito tempo uma chance de salvamento. Era como se eu
estivesse caindo de um precipício e eu me agarrava a ele com toda a força que eu tinha,
deixando minhas mãos se crisparem em sua camisa social branca.
- Você está bem?
Sua voz cortou o silêncio fazendo meus olhos se abrirem de imediato, estava tão
gostoso ali em seu peito que achei que eu pudesse dormir ali mesmo estando de pé.
- Eu devia estar irritada com você.
Eu disse, mas sem vontade nenhuma de brigar com ele. Pelo contrário, eu até levava um
sorriso bobo nos lábios e fechei meus olhos para respirar seu cheiro mais fortemente.
- Eu sei. Ainda estou surpreso que não esteja.
- Eu senti sua falta.
- Eu também baby. Me perdoe por chegar só agora.
Recebi seu beijo em meu cabelo e ergui meu rosto para encarar seus olhos de semblante
exausto. Pedi pra ele entrar no banho e eu desci para fazer algo pra janta.
Ele não me deixou guardar, nem lavar a louça depois e eu nem reclamei, estava mesmo
ficando cansada e querendo ir pra nossa cama dormir um pouco.Ou muito se fosse
possível.
Soltei um bocejo enquanto nos deitávamos na cama e ele tirava o edredom branco e
grosso.
- Quer que eu ligue o ar?
- Não precisa. Estou com um pouco de frio. – lhe respondi vendo que ele assentia antes
de se deitar por trás de mim me abraçando.
Nossas mãos se entrelaçaram de novo e eu as segurei juntas no meu peito, prendendo
ele em mim de todas as formas que eu podia no momento e sorri quando ele entrelaçou
nossas pernas.
- Canta pra mim?
O sorriso que ele deu podia ser sentido em minha nuca me fazendo arrepiar por inteira,
junto com a sua voz que me embalou em um sono pra lá de confortável e aconchegante.
Quando estava quase adormecendo notei que ele se abaixava um pouco para dar dois
beijos na minha barriga e depois um no meu rosto, ainda sussurrando uma melodia doce
em meu ouvido até que seu rosto se afundou em meu pescoço, puxando meu cheiro pra
ele.
Não havia nada melhor para se sentir nesse mundo.
--
Acordei sentindo algo estranho passeando por meu corpo.
Estranho, mas quente.
E áspero.
E confortável.
Meus olhos ainda pesados de sono não se abriram, mas eu não sentia nenhuma claridade
ao meu redor, então ainda devia ser de madrugada.
- Baby? – sua voz me chamou também sonolenta, sem deixar de ser sexy. – Kris? – ele
me chamou de novo, perto demais do meu ouvido e eu gemi sem querer, mordendo
meus lábios e sentindo suas mãos subirem ainda mais através da sua camisa que eu
usava.
Precisei apertar minhas coxas uma nas outras para aplacar o calor incontrolável que
subiu por dentro de mim principalmente naquele local e que irradiava por todos os
poros do meu corpo, essencialmente onde sua mão passava, me apertando e me fazendo
gemer baixinho de satisfação.
- Rob...
Meu estomago já estava borbulhando e eu sentia a expectativa ansiosa que era lançada
em minhas células, me deixando mais ardente e febril. E foi impossível não gemer
quando seus dentes morderam meu pescoço com as mãos ainda brincando e
massageando meus seios.
Robert colocou uma de suas pernas entre as minhas, deixando seu joelho bater direto na
minha intimidade. Eu comecei a respirar por arquejo quando ele se movimentou naquela
região, o atrito delicioso esmagando de calor todas as minhas terminações nervosas e o
ar se tornando rarefeito a minha volta.
Eu mordia meus lábios tentando controlar a miríade de sensações em meu âmago, mas
eu não conseguia, não com ele lambendo meu pescoço e minha orelha daquele jeito ou
com as suas mãos apertando meus seios para depois se abaixarem até meu quadril.
- Eu já disse o quanto você é deliciosa?
Perguntou rouco, lambendo a pele de trás da minha orelha, para depois lamber a própria
completamente. Ele mastigava a pele do local entre seus dentes, me levando a
insanidade e enviando espasmos já doloridos por meu corpo e eu mordi minha própria
língua para controlar o grito alto quando suas mãos retiraram minha calcinha e
começaram a massagear minha intimidade.
- Rob-bert...
Eu adorava quando ele fazia aquilo.
Me torturava.
Era bom e intenso demais.
Mostrava o seu desejo por mim e eu queria mostrar a Robert o quanto eu o desejava
também.
Empurrei meu quadril em direção a ele, cravando minhas unhas em seu abdômen nu,
deixando a outra mão se imiscuir por seu cabelo.
- Eu quero você Rob! – disse ofegante sentindo ele circular com polegar o meu ponto
sensível. – Dentro de mim, por favor, amor.
Num movimento brusco ele se sentou na cama e me puxou pra cima dele, ainda de
costas.
Ele se recostou na cabeceira da cama e eu dobrei meus joelhos, ajudando a mão dele a
estimular minha intimidade.
- Se toca pra mim, Kristen.
-Robert...
Eu só conseguia dizer o nome dele. Nenhuma frase parecia coerente naquele momento.
- Não. Continua. – protestei quando suas mãos me deixaram, quase chorando de agonia
pra que ele acabasse logo com aquela tortura deliciosa.
- Você vai fazer isso, baby.
Nunca foi tão sexy ele sussurrar um ‘’ baby’’ no meu ouvido.
Deitei minha nuca em seu ombro, arfando e me remexendo no volume que eu já sentia
em meu bumbum.
- Assim?
- Isso, baby. Assim.
Continuei com meus dedos se movimentando, circulando bem no meu ponto mais
sensível pra depois ir entrando em minha intimidade com força.
- Coloca mais um Kris.
Arfei de novo quando ele me ajudou a colocar um terceiro dedo dentro de mim, fazendo
uma certa pressão para que eles deslizassem com muito mais velocidade.
Minha boca já estava aberta e meu cabelo suado caído por seu peito enquanto ele lambia
e mordia minha nuca. Os dentes afiados arranhando minha pele e a cada vez que ele
mordia com força, eu rebolava em seu quadril, o deixando louco com o atrito.
- Eu vou... Oh Deus... Robert...
- Vem, Kris... pra mim, baby. Vem.
- Robert!
Foi meu último grito abafado por sua mão na minha boca.
Libertei meu corpo da pressão em meu baixo ventre com os espasmos me percorrendo
por inteira, como ondas quentes de um vulcão.
Era daquele jeito que eu me sentia, com os meus sentimento em total erupção no meu
corpo que ainda era sustentado por Robert embaixo de mim, circulando meu quadril
com seus braços.
- Você tem que respirar... – ele sussurrou.
Eu apenas continuei tentando levar ar aos meus pulmões, ele não fazia idéia de como
meu corpo estava mais sensível por conta da gravidez e ele colocar suas mãos em meus
seios naquele momento, não era o que eu precisava para acalmar meu organismo.
- Robert...
- Você esta bem, baby? – disse sussurrando novamente, com os dentes no lóbulo da
minha orelha.
Virei meu rosto de perfil, travando ainda mais meus dedos em seu cabelo de areia
dourada.
- Eu quero um beijo...
E ele atendeu meu pedido, me beijando com ferocidade como se tivesse séculos que ele
não me via com um desejo enlouquecedor que crescia dali e se expandia totalmente, até
que eu senti o gosto de sangue em meus lábios quando ele puxou, mordendo com força
o lábio inferior.
Mas não parei, pelo contrário.
Eu queria mais, eu queria muito mais.
- De novo Rob. – disse ofegante ainda sentindo ele em meus lábios, mordendo de leve e
lambendo. – Faz de novo, baby.
- Porra, Kristen.
Suas mãos sustentaram minha cintura cuidadosamente, me levantando de seu colo e
colocando minhas costas no colchão macio que há essa hora, já estava sem o edredom,
de tanto que meus pés ficaram frenéticos quando eu atingira meu ápice.
- O que você vai...
Quis perguntar quando o vi se inclinar pra cima de mim, ele não podia se deitar em meu
corpo.
- Silêncio, baby.
Me surpreendi quando ele se sentou no seu calcanhar cravando seus dedos e suas mãos
em minhas coxas e as erguendo para que eu as cruzasse em seu quadril.
Mas a ansiedade já voltava a rolar solta em meu corpo e eu me vi gemendo antes
mesmo dele se afundar dentro de mim.
E quando ele abaixou sua calça de flanela, eu senti meu coração falhando uma batida
dolorosa no peito, mordi os lábios para tentar conter o grito que acabou sendo em vão.
Sentir ele dentro de mim era algo surreal demais pra que eu agüentasse calada.
- Você está bem? – perguntou rouco e também mordendo seus lábios.
- Continue.. se movendo.. Oh meu Deus...
Joguei minha cabeça pra trás, a arqueando em resposta aos seus movimentos completos
e contínuos dentro de mim.
Fortes e Lentos.
Me matando de tortura a cada segundo que ele me provocava, parando de se mexer, para
depois voltar com mais força e precisão, acertando um ponto em cheio dentro de mim
que me fazia revirar os olhos e chamar seu nome cada vez mais alto.
Estando naquela posição eu podia senti-lo indo mais fundo.
O Cabelo de areia já estava molhado de suor e as mãos continuaram cravadas em meu
quadril, me fazendo imaginar a marca roxa que teria por ali.
E eu queria que ele me marcasse mais.
Em um gesto de total ousadia, eu levei minhas próprias mãos aos meus seios.
O movimento lhe chamou a atenção e ele praguejou alguma coisa, deixando seus olhos
fixados nos meus.
- Mais forte... – eu pedi arfante.
- Porra! Continua assim, baby. – ele pediu e eu aumentei a pressão em meus seios,
mordendo minha boca e chamando por seu nome quando senti os espasmos começando
a me percorrer.
- Rob...
- Vem junto comigo, Kris. Eu não vou agu...
Seu polegar pressionou meu ponto sensível, circulando o local e puxando com certa
força, sem deixar de me olhar nos olhos nem um segundo.
Foi o bastante.
Nós caímos naquele redemoinho completo de sensações exuberantes.
Meu nome sendo chamado por seus lábios de uma forma tão doce que eu tive uma
necessidade efêmera de beijá-lo, mesmo sabendo que isso era impossível com nossos
corpos ainda naquela posição.
Até que ele jogou seu corpo ao meu lado, ambos ofegantes e suados.
- Está tudo bem?
- Perfeitamente bem, baby. – respondi me virando de costas pra que ele pudesse me
abraçar.
Ficamos ali abraçados e aquecidos um no corpo do outro até que sentimos nossas
respirações se acalmarem e ele sorriu.
- Eu já disse que você é perfeita?
Foi a minha vez de sorrir sentindo seu beijo em meu rosto.
- Hoje, ainda não.
-Você é perfeita.
- Eu te amo.
E aquela não foi à única vez que ele me acordou de madrugada, quando adormeci, o dia
já estava claro lá fora e o sol superava o pano da cortinava, banhando o corpo dele
daquele jeito.
Grudado no meu.
E eu rezei pra que fosse assim pra sempre.
---Capítulo 48

Capítulo 48

Notas iniciais do capítulo


Hei meninas *--*

bom tem amis um capitulo aqui, eu iria dividi-lo em dois, mas acho que não ia ficar
muito legal, rs! Espero que gostem :) beeeeijos
Apagar a Luz

‘’A medida do amor é amar sem medida.’’


Victor Hugo

Era um calo infernal.


Aquele sol, aquele mar...
Tudo parecia estar contribuindo para que a temperatura aumentasse daquele jeito.
Estava mais de 33graus em Los Angeles e por Deus, eu estava quase derretendo.
A luz da manhã se infiltrava pela janela de vidro do meu quarto e tudo o que eu queria
era continuar dormindo pelo resto dos meus dias, pelo menos enquanto ainda estivesse
grávida.
Seria um sonho poder passar pela gravidez inteira, apenas na minha cama, com uma
crise inigualável de sedentarismo. E apesar de poder mesmo fazer isso, eu também sabia
que uma hora teria que levantar.
Passei a mão através do colchão macio tentando encontrar um corpo quente para poder
me abraçar naquela hora e fiquei até irritada quando não encontrei ninguém ali.
Mas que merda!
Onde diabos estava Robert?
- Rob? – chamei sem nem abri os olhos direito. – Baby?
Ergui um pouco minha cabeça do travesseiro e olhei pelo quarto apenas para vê-lo
vazio.
Fuck!
- Ah droga, eu não quero levantar. – resmunguei pra mim mesma, já pensando em criar
coragem para sair da cama, apesar do calor da cidade, eu podia ficar ali dentro com o ar
condicionado ligado e dormir pelo resto da manhã.
- Kris?
Ouvi sua voz me despertando quase automaticamente.
- Aqui. – resmunguei de novo.
- Acorde baby, você tem que comer alguma coisa.
- Eu sei.
Eu sabia e também estava com uma fome...
- Mas não quero me levantar Rob...
- Não vai sair da cama amor, só se sente.
Ele me deu a mão e me ajudou a me recostar na cabeceira de madeira branca.
- Eu trouxe pra você.
Sorri pra ele que colocava uma bandeja em meu colo.
- Acho que estou virando uma inútil. – falei fazendo uma careta para minha própria
preguiça.
- Esta no último mês de gravidez, Kris. Acho que é normal ficar assim.
- Sedentária?
- Cansada. – ele riu.
Aquele riso lindo que só ele tinha.
E eu me deixei deslumbrar por um instante.
- A comida baby.
- Ham? – eu ainda estava perdida em seu sorriso.
- Tem que comer.
- Ah sim. – neguei com a cabeça tentando me distrair com a comida. – Não acha que
tem muita coisa aqui?! – disse olhando pra imensidão de comida em minha frente.
- Não era você que comia por três?!
Eu ri começando a comer as panquecas e estavam muito boas, muito boas mesmo.
- Onde aprendeu a fazer panquecas? – falei com a boca meio cheia e balançando o garfo
na minha frente.
- Eu liguei pra minha mãe.
- Sério?
Ele assentiu rindo e ficou ali do meu lado alisando minha perna até que eu terminasse
com o último gole do suco e com o cereal também.
- Eu vou estar com o dobro do meu peso depois que eles nascerem.
- Você vai estar linda.
- Argh.
Cruzei meus braços em cima da minha barriga enquanto ele tirava a bandeja de cima de
mim.
- Não fique irritada.
- Agora eu quero levantar Rob. – ele sorriu me ajudando a ficar de pé. – Podemos andar
um pouco?
- Não vou deixar você sair por ai andando sozinha Kristen. – disse enfático. – Mas nós
podemos ir a Hollywood, o que acha? Vamos de carro e você pode andar um pouco.
- Tudo bem. Tenho que trocar de roupa.
- Certo. Estou te esperando lá em baixo.
Ele me deu um beijo demorado nos lábios antes de sair do quarto, levando a bandeja
com ele.Era cada vez mais difícil escolher uma roupa descente pra mim e que fosse
confortável. Eu não queria usar jeans e nem muitas blusas apertadas, principalmente
agora que já estava perto dos bebês nascerem.
Eu queria ficar mais confortável, por isso escolhia mais vestidos e sandálias abertas para
o caso do inchaço em meus pés.
Coloquei um que apertava mais em meus seios e se alargava em minha cintura e batia
até os joelhos, junto com uma sandália e meu colar de pingentes que não saia do meu
pescoço.
- Vamos? – perguntei quando cheguei até o corredor das escadas e chamei por ele.
- Vamos.
Robert pegou seu boné que tinha um ‘’LB’’ escrito na frente e seus óculos escuros, me
dando um também para depois irmos para o carro.
Andamos devagar, apenas vendo a paisagem e o movimento intenso de Los Angeles. O
sol ainda entrava por meus poros e me fazia sentir confortável agora que não estava
mais com aquela preguiça embutida em mim.
Ele dirigiu segurando minha mão no banco enquanto seguíamos na direção da
Hollywood Boulevard, praticamente o centro de toda aquela loucura cinematográfica.
Acabamos parando em algum lugar por ali e fomos andando bem devagar pelas ruas,
nossas mãos entrelaçadas e ele não fazia idéia de como era sexy com aquele ar
despojado e com o sorriso despreocupado no rosto.
- O que foi? – perguntou depois de perceber que eu o encarava.
- Você é bonito.
Disse simplesmente.
Ele era muito mais do que bonito, na verdade.
- Sou é?
- Oh sim, baby. Você é.
Eu não podia ver seus olhos por causa dos óculos que nós dois usávamos, mas sabia que
ele estava os revirando naquele momento.
- Não adianta revirar os olhos. Você sabe que eu to falando a verdade. – dei de ombros
sorrindo pra ele e o fazendo gargalhar de verdade.
- Tudo bem, baby. Vou fingir que eu sou bonito então.
Foi a minha vez de revirar os olhos.
- Está tudo bem? – ele perguntou depois de mais tempo em que andávamos. – Não está
sentindo nada? – suas mãos foram para minha barriga, enlaçando a minha cintura.
- Estou bem. – sorri pra ele. – Mas estou com sede.
- Venha aqui.
Fomos andando em direção a um restaurante que tinha aquelas cadeiras do lado de fora
e ele me deixou sentada ali enquanto ia até lá dentro pegar alguma coisa para bebermos.
- Aqui. Uma água, baby.
- Obrigada.
O calor voltava a tomar conta do lugar e eu quis ir pra casa, mas não pediria isso. Era
domingo, um dos poucos dias que tínhamos para sairmos juntos e eu não iria estragar
aquilo com as minhas besteiras.
- Que horas são?
- 11h20min.
- Putz, eu acordei tão tarde assim?
- Você demorou a dormir ontem. Até achei que estava passando mal.
- Sério? – ele assentiu passando seu braço por meu ombro, pelo encosto da cadeira. –
Acho que não estava encontrando uma posição confortável. Não sei como ainda posso
ficar maior do que já estou. – deitei minha cabeça em seu braço fechando os olhos.
- Já está chegando ao fim e eles nasceram logo.
Senti seu sorriso em meu cabelo e sorri junto com ele.
Sim, nossos bebês logo estariam ali. Eu quase já podia senti-los em meus braços.
- Acho que eles serão mais parecidos com você.
- Por quê?
- Não sei. – respondi levantando o rosto para ver seu sorriso radiante. – Eu costumava
sonhar com uma menina com o seu cabelo. Mas ela tinha os meus olhos.
- Verdes. – ele sussurrou puxando meu queixo delicadamente pra ele e deixando nossos
lábios quase se encostando. – Eles terão os olhos verdes, iguais aos seus.
- Huum...
Resmunguei pra que ele me beijasse logo.
E ele o fez, me deixando na vontade louca de agarrá-lo em cima daquela mesa de
restaurante, mas eu tinha que me controlar. Eu necessitava me controlar para não virar
uma pervertida quando estava com Robert.
- Eu estou com fome. – sussurrei entre seus lábios.
- Só eu estou vendo o duplo sentido nessa frase, baby?
- Talvez não... – mordi meus lábios o encarando, vendo os azuis esverdeados ficando
mais escuros de repente. – Porque não vamos pra casa, uh?
E ele sorriu.
Sem falar nada, ele me ajudou a levantar e seguimos devagar até o carro. Eu sabia que
ele estava sendo cuidadoso pra que eu não me cansasse andando tanto daquele jeito e
pra isso, ele era total atencioso comigo, na verdade ele sempre fora assim.
Sorri enquanto fazíamos o caminho de volta até em casa, mas dessa vez nossas mãos
não estavam entrelaçadas, ele tinha a mão na minha perna, subindo e descendo por
minha coxa, indo para a parte interna e externa da mesma, já me fazendo ficar quente
em níveis altos demais.
- Rob... – chamei em tom de uma falsa repreensão.
- O que foi baby?
Cínico.
Gemi um pouco alto demais quando seus dedos se infiltraram por dentro do meu vestido
e se imiscuíram pela minha calcinha, até achar meu ponto sensível e começar a me
estimular.
Rebolei em sua mão, querendo criar mais atrito. Com meus quadris investindo em seus
dedos.
- Está bom, baby?
Eu arfei quando ele retirou sua mão de dentro do pano fino, olhando pra ele com fogo
nos olhos.
Ele não me deixaria daquela forma, deixaria?
- Robert... – disse entredentes.
Ele parou o carro e quando percebi já estávamos na garagem da nossa casa. Seu sorriso
malicioso enquanto abria a porta me mostrava que eu estava realmente encrencada
aquela tarde.
- Venha. – suas mãos me ajudaram a sair do carro e eu tentava passar minhas pernas
uma na outra pra aplacar o calor entre elas.
Ate que ele me pegou no colo já quando entravamos na sala e me depositou no sofá.
- Agora, nós vamos brincar um pouco, baby.
Eu tinha certeza que iria morrer se ele continuasse falando daquele jeito no meu ouvido,
minhas mãos se crisparam em sua camisa e eu retirei com pressa o boné de sua cabeça,
enlouquecida para agarrar os fios de areia entre meus dedos. Seus lábios foram
descendo e abocanhando meus seios completamente, os provocando com sua língua ao
redor do meu mamilo que era mil vezes mais sensível agora.
- Oh Deus Robert...
- Quietinha, baby.
Ele continuou com a tortura e eu já sabia onde seus lábios iriam parar quando suas mãos
retiraram minha calcinha de forma dolorosamente lenta, até que ele estava me beijando
onde eu já pulsava para senti-lo. A língua ágil passando por toda a minha extensão me
fazendo querer chorar de agonia quando seus dedos longos entraram em mim com uma
velocidade absurda e ele mordia meu ponto sensível, lambendo e circulando, para
depois voltar a morder.
Joguei minha cabeça pra trás, arqueando minhas costas para tentar respirar e reprimir os
gritos altos que estavam presos em minha garganta, enquanto eu ofegava.
Definitivamente, aquele homem seria a minha morte.
--
--
As semanas se passavam como um borrão na minha frente.Era tudo rápido demais e
intenso demais estar nesses últimos estágios da gravidez.Os movimentos dos bebês
diminuíram quase por completo e eu tinha que admitir que eles me faziam falta.
Robert entrava em pânico total cada vez que saia pra trabalhar e tinha voltado com a
mania de me ligar três vezes a cada meia hora. Eu não ficava mais irritada, porque
também estava com certo medo de que eu pudesse sentir alguma coisa e não tivesse
ninguém ali comigo e que pudesse acontecer alguma coisa com os bebês.
Eu morreria se acontecesse alguma coisa com eles.
Abanei minha cabeça fechando os olhos com força, para tirar aqueles pensamentos da
minha mente.É claro que nada aconteceria.Ficaria tudo bem. Eu sabia que ficaria.
Levantei meu corpo sob protesto de cima da cama. Eu estava tão redonda que as blusas
de Robert chagavam a grudar na minha barriga mesmo as roupas dele sendo bem
maiores do que eu.
Fui pro banheiro e escovei meus dentes jogando água no meu rosto pra tirar aquela
preguiça de dentro de mim, eu queria ficar na cama pelo resto do meu dia inteiro apenas
esperando as ligações de Rob e tentando me auto controlar para não sentir sua falta, mas
eu sabia que tinham coisas a serem feitas pelo apartamento, começando pelo quarto dos
bebês.
E já tinha lavado as roupinhas ontem enquanto Robert estava trabalhando e aquilo nos
rendeu uma boa briga pelo começo da noite. Ele com aquela paranóia de não me deixar
fazer nada e eu com aqueles instintos teimosos de que podia fazer de tudo.
Até que ele se irritou e ficou trancado no escritório por quase a noite inteira e eu fiquei
me remoendo pra ir atrás dele.
E acabei indo no final das contas.
Fizemos as pazes depois de muita conversa e acabamos na cama. Como sempre.
Suspirei prendendo o meu cabelo num rabo de cavalo frouxo. Estava um calor infernal
na Califórnia, e aquele dia em especial eu me sentia mais com preguiça ainda. Fui
caminhando até o andar debaixo procurando algo para comer na cozinha e depois fui
pro quarto de Jeremy com uma maça na mão direita.
- Onde vou colocar essas roupinhas? – perguntei pra mim mesma colocando um dedo no
meu queixo e observando o quarto.
Eu tinha duas opções, ou o guarda-roupa ou a cômoda.
E no final, escolhi colocar tudo na cômoda, seria mais prático e eu queria ficar me
esticando na ponta dos pés para pendurar todas as roupinhas.
Me sentei no chão em posição de chinês e retirei tudo do cesto que eu havia colocado
depois que lavei. Dobrei tudo com o máximo de delicadeza que eu possuía e ficava
babando e conversando com eles na minha barriga a todo instante.
Eu iria ser a mãe mais coruja de todos os tempos, tinha certeza disso.
Fui para o quarto de Annabelle fazendo o mesmo no quarto dela, arrumando as
coisinhas e guardado os brinquedos que Robert já tinha comprado para os dois.
Me levantei, me sentindo cansada, muito cansada. Fui direto pro meu quarto para que eu
pudesse me deitar e fechar os olhos por vários minutos.
Foi então que senti.
Uma dor infernal começando na região lombar e se expandindo por todas minhas costas,
me fazendo até arquea-las devido a contração intensa que se passou em meu corpo.
- Oh meu Deus.
Engoli em seco e tentei me recordar das palavras do médico.
‘’- As contrações viram em intervalos grandes de tempo e depois vão diminuindo, você
contará os minutos entre uma e outra e a cada vez que diminuir, você ira para o
hospital. ‘’
- Certo. Eu consigo fazer isso. Pode ser um alarme falso. – respirei fundo fechando
meus olhos. – Vamos lá Kristen, se controle.
Eu fiquei repetindo este mantra na minha cabeça pelos próximos 40 minutos, que foi
quando a outra contração me atingiu.
Instintiva e forte.
- Ah. – puxei ar novamente para os meus pulmões. – Respira. Respira.
Mas eu não conseguia respirar direito quando a dor me batia e ela se tornou mais forte e
mais rápida e eu já contava os intervalos de 20 em vinte minutos entre uma dor e outra.
- Meu Deus. – passei a mão na minha testa que estava suando.
Eu precisava ligar pra Robert, eu iria entrar em desespero a qualquer segundo.
Aproveitei do intervalo da contração e me inclinei por cima da cama até a mesinha de
cabeceira, pegando meu telefone e já gritando com a próxima contração.
- Ate-ten-de Rob... – eu respirava fundo e por arquejos, minha respiração falhava e
quando eu achei que poderia me acalmar, sentia algo molhado escorrer por minhas
pernas.
Olhei pra baixo com o medo e a ansiedade correndo por minhas veias, quando vi o
liquido molhando o edredom branco.
A bolsa. Minha bolsa tinha estourado.
Okay. Com certeza aquilo não era um alarme falso.
- Robert... – chamei seu nome mesmo ele não estando na linha ainda, que só chamava e
chamava. – Oh meu Deus, atenda a droga do telefone.
Outro grito saiu da minha garganta e as contrações agora vinham de 15 em 15 minutos.
- Kristen?
- Robert. Pelo amor de Deus... – ofeguei. – Venha pra casa.
- Estou entrando no carro, baby. Respire okay? Não solte o telefone e continue comigo
na linha.
Eu tive que morder um travesseiro pra evitar gritar alto quando percebi que minha
barriga estava mais inchada e que meu corpo já fazia movimentos próprios.
- Oh Deus Robert... as contrações... – arfei de novo. – Estão vindo muito rápidas.
- Eu já estou chegando. Estou chegando Kristen.
Ele estava nervoso, para não dizer apavorado. Eu quase podia vê-lo com uma mão no
cabelo enquanto a outra apertava com força o volante entre os dedos, deixando o
telefone no viva-voz.
- Rob...
- Inferno de trânsito da porra. – ele exclamou irritado e eu pude ouvir quando suas mãos
bateram no volante. – Eu vou chegar a tempo, baby. Já estou perto de casa okay?!
Continue falando comigo Kristen.
- Estou aqui...
- Certo...
Alguns minutos se passaram e ele se assustou mais ainda com o meu grito nas
contrações e depois do que eu achei ser uma eternidade, a porta da sala bateu com força
e eu pude ouvir aliviada, os seus passos rápidos e pesados nos degraus da escada.
- Kris.. – ele disse já se aproximando de mim e da cama, passando seus braços ao redor
dos meus ombros e da minha perna. – Shii... já estou aqui, baby.
Mais uma contração e eu me revirei violentamente em seu colo, puxando a blusa de sua
camisa social com força, praticamente a rasgando se eu tivesse mesmo força pra isso.
Ele andou mais rápido e sem nem trancar a casa, seus braços me colocaram no banco
traseiro do carro, deitando meu corpo ali. Robert dizia o tempo todo que iria ficar tudo
bem, e eu sabia que ele estava tentando convencer mais a si mesmo do que a mim.
- Tom... – ele disse me fazendo imaginar que ele estava de novo no celular enquanto o
carro seguia acelerado. – Vai pro hospital cara. Agora.
- É com a Kristen? Oh meu Deus, Dakota... – Tom gritou do outro lado da linha. – Nós
já estamos chegando cara. Encontramos você lá.
Rob se despediu deles e me fitou, olhando rapidamente para o banco de trás.
- As contrações?
- 10 em 10 minutos... – respondi ofegante, e podendo reparar só agora que eu não vestia
nada além de sua camisa e da minha calcinha boy short. – Rob.. minhas roupas...
- Oh droga... – ele bateu no volante de novo. – Não quero que pense nisso okay? Eu vou
estar com você e você não vai pensar em nada além disso tudo bem?!
- Rob..
Eu estava quase entrando em pânico. Eu pensava nos meus bebês e no meu medo de que
acontecesse algo com eles e só de imaginar todas aquelas pessoas tendo que tocar em
mim...
- Me responda Kristen. Você vai olhar só pra mim, meu amor. Ninguém vai machucar
você. Eu não vou deixar Kiki.
- Eu sei. – respirei fundo e senti o carro parando.
Ouvi Robert chamando desesperado por alguém na recepção e de repente eu era
colocada em uma cadeira de rodas.
- O Dr. Collins já esta a caminho. Alguém com o nome de Tom Sturridge ligou e nós
estávamos esperando por vocês.
Robert assentiu e eu quase podia ver o alivio se formando em seu organismo enquanto
uma enfermeira me levava até outra sala com as mãos dele grudadas na minha.
Tive que retirar minha roupa e colocar uma camisola própria do hospital, lutando contra
meus instintos de auto preservação por outras pessoas me verem daquele jeito.
- Srta Stewart? – ouvi a voz do Dr. Collins que já colocava os pares de luva. – Sr.
Pattinson. Parece que chegou a hora. Como estão as contrações?
- 7 em 7 minutos doutor. – uma enfermeira respondeu fazendo com que ele assentisse
com a cabeça.
- Você está pronta Kristen, vamos apenas fazer um exame de toque.
Engoli em seco e fechei os olhos deixando as lágrimas caírem.
- Olha pra mim, eu disse pra você olhar pra mim Kristen. Abra os olhos meu amor.
Eu o fiz depois de um tempo.
Ele estava tão assustado e eu só estava piorando a sua situação com o meu ataque de
pânico. Coloquei minha palma em sua bochecha e ficamos nos encarando pelo que me
pareceu uma eternidade.
- Vamos lá Kristen. É agora.
Rob segurou com mais força meus dedos, sem nunca deixar de me olhar nos olhos.
- Agora.
Eu me sentia forte naquele momento. Eu colocaria meus filhos no mundo para que eles
fossem amados por mim e por Robert, com um amor que já era infinito...
E eu fiz força, empurrando pra baixo até que minha respiração se perdesse e eu tivesse
que parar para receber oxigênio.
- De novo.
Senti um das enfermeiras segurando minha perna e me ajudando na força do meu corpo,
até que encostei o queixo na minha clavícula e forcei novamente.
- Uma última vez Kristen. Vamos lá. – Dr. Collins dizia, com a esperança reverberando
em sua fala, ele parecia concentrado e eu sabia que ele iria fazer de tudo pra ajudar
meus filhos.
Empurrei de novo e de novo até que não restasse mais força dentro de mim, deixei
minha cabeça bater na cama hospitalar e chorei emocionada quando ouvi um chorinho
bem fino ecoando pelo quarto branco.
- É Jeremy Kris, ele nasceu meu amor. – Rob dizia do meu lado, colocando sua testa na
minha que estava pra lá de suada, com a voz soltando um orgulho tão contagiante que
eu quis rir.
Rir de pura felicidade e emoção.
E eu também quis chorar.
Logo eu, que nunca pensara em passar por algo desse tipo, eu que não merecia essa
felicidade imensa, estava ali, pronta pra receber meus filhos nos meus braços e protegê-
los com a minha vida.
- O que houve? – Rob perguntou apertando minha mão e olhando assustado para o
médico.
- Nada, o bebê está virando. E isso é ótimo porque poderemos fazer os dois de normal.
Respirei mais aliviada, deixando o medo sair do meu corpo.
E o médico me mandou empurrar de novo depois de um tempo, eu o fiz buscando forças
de eu onde nem eu sabia, eu sentia meu corpo cansado e fraco, mas eu tinha que ser
forte. Era minha filha que iria nascer agora e eu tinha que ter força. E eu tive.
Quando eu já estava exausta ouvi mais um choro e de novo, eu chorei junto com ela e
com Jeremy, que eu sabia que estava em algum lugar por ali.
- Oh meu Deus Kristen. – ele sussurrou de olhos fechados me dando um beijo de leve
nos lábios. – Eu amo tanto você.
E eu chorei de novo ou ouvi-lo dizendo com tanta emoção na voz, a verdade era
empregada ali com tanto fervor que eu me senti aquecer por dentro e meu peito inchar
de um amor infinito que eu tinha por ele.
- Eu amo você. – sussurrei antes de ele sorrir carinhoso pra mim e se afastar
minimamente.
- Tem gente que quer conhecer a mamãe.
Uma enfermeira sorridente colocou um pacotinho bem pequeno de cor azul perto do
meu peito direito e depois um rosa, no meu peito esquerdo.
- Oh Deus.
Eu os abracei com o resto de força que eu tinha, fechando meus olhos e deixando meus
lábios encostarem-se à testa de cada um dos dois por tempo indefinido.
- Eles são lindos, Rob.
Ele deu aquele sorriso.
Aquele sorriso emocionado que voltou a me aquecer junto com nossos filhos ali no meu
peito, seu rosto se abaixou e ele também beijou cada um deles e depois a mim, com os
lábios carinhosos em minha pele e passando um de seus braços para também abraçar os
gêmeos.
Mas cedo demais a mesma enfermeira os tirou de mim, me deixando ali sentindo
desespero por ficar longe deles.
- Eles vão pro berçário.
Assenti deitando meu rosto em sua mão que me acariciava.
O Dr. Collins veio até nós e nos cumprimentou pedindo para que eu ficasse no soro por
pelo menos um tempo, até que eu recuperasse as minhas forças. Não discuti com ele,
nem poderia. Rob apertava minha mão com tanta força que eu achei que fosse me partir
ao meio, como em um aviso que eu iria cumprir tudo o que o médico falava.
No final das contas, eu nem senti a picada da agulha em meu pulso, apenas um beijo de
Rob em meu rosto. O cansaço me tomou completamente e eu dormi de imediato.
--
Capítulo 48
Capítulo 48

Notas iniciais do capítulo


Hei meninas *--*

bom tem amis um capitulo aqui, eu iria dividi-lo em dois, mas acho que não ia ficar
muito legal, rs! Espero que gostem :) beeeeijos

Apagar a Luz

‘’A medida do amor é amar sem medida.’’


Victor Hugo

Era um calo infernal.


Aquele sol, aquele mar...
Tudo parecia estar contribuindo para que a temperatura aumentasse daquele jeito.
Estava mais de 33graus em Los Angeles e por Deus, eu estava quase derretendo.
A luz da manhã se infiltrava pela janela de vidro do meu quarto e tudo o que eu queria
era continuar dormindo pelo resto dos meus dias, pelo menos enquanto ainda estivesse
grávida.
Seria um sonho poder passar pela gravidez inteira, apenas na minha cama, com uma
crise inigualável de sedentarismo. E apesar de poder mesmo fazer isso, eu também sabia
que uma hora teria que levantar.
Passei a mão através do colchão macio tentando encontrar um corpo quente para poder
me abraçar naquela hora e fiquei até irritada quando não encontrei ninguém ali.
Mas que merda!
Onde diabos estava Robert?
- Rob? – chamei sem nem abri os olhos direito. – Baby?
Ergui um pouco minha cabeça do travesseiro e olhei pelo quarto apenas para vê-lo
vazio.
Fuck!
- Ah droga, eu não quero levantar. – resmunguei pra mim mesma, já pensando em criar
coragem para sair da cama, apesar do calor da cidade, eu podia ficar ali dentro com o ar
condicionado ligado e dormir pelo resto da manhã.
- Kris?
Ouvi sua voz me despertando quase automaticamente.
- Aqui. – resmunguei de novo.
- Acorde baby, você tem que comer alguma coisa.
- Eu sei.
Eu sabia e também estava com uma fome...
- Mas não quero me levantar Rob...
- Não vai sair da cama amor, só se sente.
Ele me deu a mão e me ajudou a me recostar na cabeceira de madeira branca.
- Eu trouxe pra você.
Sorri pra ele que colocava uma bandeja em meu colo.
- Acho que estou virando uma inútil. – falei fazendo uma careta para minha própria
preguiça.
- Esta no último mês de gravidez, Kris. Acho que é normal ficar assim.
- Sedentária?
- Cansada. – ele riu.
Aquele riso lindo que só ele tinha.
E eu me deixei deslumbrar por um instante.
- A comida baby.
- Ham? – eu ainda estava perdida em seu sorriso.
- Tem que comer.
- Ah sim. – neguei com a cabeça tentando me distrair com a comida. – Não acha que
tem muita coisa aqui?! – disse olhando pra imensidão de comida em minha frente.
- Não era você que comia por três?!
Eu ri começando a comer as panquecas e estavam muito boas, muito boas mesmo.
- Onde aprendeu a fazer panquecas? – falei com a boca meio cheia e balançando o garfo
na minha frente.
- Eu liguei pra minha mãe.
- Sério?
Ele assentiu rindo e ficou ali do meu lado alisando minha perna até que eu terminasse
com o último gole do suco e com o cereal também.
- Eu vou estar com o dobro do meu peso depois que eles nascerem.
- Você vai estar linda.
- Argh.
Cruzei meus braços em cima da minha barriga enquanto ele tirava a bandeja de cima de
mim.
- Não fique irritada.
- Agora eu quero levantar Rob. – ele sorriu me ajudando a ficar de pé. – Podemos andar
um pouco?
- Não vou deixar você sair por ai andando sozinha Kristen. – disse enfático. – Mas nós
podemos ir a Hollywood, o que acha? Vamos de carro e você pode andar um pouco.
- Tudo bem. Tenho que trocar de roupa.
- Certo. Estou te esperando lá em baixo.
Ele me deu um beijo demorado nos lábios antes de sair do quarto, levando a bandeja
com ele.Era cada vez mais difícil escolher uma roupa descente pra mim e que fosse
confortável. Eu não queria usar jeans e nem muitas blusas apertadas, principalmente
agora que já estava perto dos bebês nascerem.
Eu queria ficar mais confortável, por isso escolhia mais vestidos e sandálias abertas para
o caso do inchaço em meus pés.
Coloquei um que apertava mais em meus seios e se alargava em minha cintura e batia
até os joelhos, junto com uma sandália e meu colar de pingentes que não saia do meu
pescoço.
- Vamos? – perguntei quando cheguei até o corredor das escadas e chamei por ele.
- Vamos.
Robert pegou seu boné que tinha um ‘’LB’’ escrito na frente e seus óculos escuros, me
dando um também para depois irmos para o carro.
Andamos devagar, apenas vendo a paisagem e o movimento intenso de Los Angeles. O
sol ainda entrava por meus poros e me fazia sentir confortável agora que não estava
mais com aquela preguiça embutida em mim.
Ele dirigiu segurando minha mão no banco enquanto seguíamos na direção da
Hollywood Boulevard, praticamente o centro de toda aquela loucura cinematográfica.
Acabamos parando em algum lugar por ali e fomos andando bem devagar pelas ruas,
nossas mãos entrelaçadas e ele não fazia idéia de como era sexy com aquele ar
despojado e com o sorriso despreocupado no rosto.
- O que foi? – perguntou depois de perceber que eu o encarava.
- Você é bonito.
Disse simplesmente.
Ele era muito mais do que bonito, na verdade.
- Sou é?
- Oh sim, baby. Você é.
Eu não podia ver seus olhos por causa dos óculos que nós dois usávamos, mas sabia que
ele estava os revirando naquele momento.
- Não adianta revirar os olhos. Você sabe que eu to falando a verdade. – dei de ombros
sorrindo pra ele e o fazendo gargalhar de verdade.
- Tudo bem, baby. Vou fingir que eu sou bonito então.
Foi a minha vez de revirar os olhos.
- Está tudo bem? – ele perguntou depois de mais tempo em que andávamos. – Não está
sentindo nada? – suas mãos foram para minha barriga, enlaçando a minha cintura.
- Estou bem. – sorri pra ele. – Mas estou com sede.
- Venha aqui.
Fomos andando em direção a um restaurante que tinha aquelas cadeiras do lado de fora
e ele me deixou sentada ali enquanto ia até lá dentro pegar alguma coisa para bebermos.
- Aqui. Uma água, baby.
- Obrigada.
O calor voltava a tomar conta do lugar e eu quis ir pra casa, mas não pediria isso. Era
domingo, um dos poucos dias que tínhamos para sairmos juntos e eu não iria estragar
aquilo com as minhas besteiras.
- Que horas são?
- 11h20min.
- Putz, eu acordei tão tarde assim?
- Você demorou a dormir ontem. Até achei que estava passando mal.
- Sério? – ele assentiu passando seu braço por meu ombro, pelo encosto da cadeira. –
Acho que não estava encontrando uma posição confortável. Não sei como ainda posso
ficar maior do que já estou. – deitei minha cabeça em seu braço fechando os olhos.
- Já está chegando ao fim e eles nasceram logo.
Senti seu sorriso em meu cabelo e sorri junto com ele.
Sim, nossos bebês logo estariam ali. Eu quase já podia senti-los em meus braços.
- Acho que eles serão mais parecidos com você.
- Por quê?
- Não sei. – respondi levantando o rosto para ver seu sorriso radiante. – Eu costumava
sonhar com uma menina com o seu cabelo. Mas ela tinha os meus olhos.
- Verdes. – ele sussurrou puxando meu queixo delicadamente pra ele e deixando nossos
lábios quase se encostando. – Eles terão os olhos verdes, iguais aos seus.
- Huum...
Resmunguei pra que ele me beijasse logo.
E ele o fez, me deixando na vontade louca de agarrá-lo em cima daquela mesa de
restaurante, mas eu tinha que me controlar. Eu necessitava me controlar para não virar
uma pervertida quando estava com Robert.
- Eu estou com fome. – sussurrei entre seus lábios.
- Só eu estou vendo o duplo sentido nessa frase, baby?
- Talvez não... – mordi meus lábios o encarando, vendo os azuis esverdeados ficando
mais escuros de repente. – Porque não vamos pra casa, uh?
E ele sorriu.
Sem falar nada, ele me ajudou a levantar e seguimos devagar até o carro. Eu sabia que
ele estava sendo cuidadoso pra que eu não me cansasse andando tanto daquele jeito e
pra isso, ele era total atencioso comigo, na verdade ele sempre fora assim.
Sorri enquanto fazíamos o caminho de volta até em casa, mas dessa vez nossas mãos
não estavam entrelaçadas, ele tinha a mão na minha perna, subindo e descendo por
minha coxa, indo para a parte interna e externa da mesma, já me fazendo ficar quente
em níveis altos demais.
- Rob... – chamei em tom de uma falsa repreensão.
- O que foi baby?
Cínico.
Gemi um pouco alto demais quando seus dedos se infiltraram por dentro do meu vestido
e se imiscuíram pela minha calcinha, até achar meu ponto sensível e começar a me
estimular.
Rebolei em sua mão, querendo criar mais atrito. Com meus quadris investindo em seus
dedos.
- Está bom, baby?
Eu arfei quando ele retirou sua mão de dentro do pano fino, olhando pra ele com fogo
nos olhos.
Ele não me deixaria daquela forma, deixaria?
- Robert... – disse entredentes.
Ele parou o carro e quando percebi já estávamos na garagem da nossa casa. Seu sorriso
malicioso enquanto abria a porta me mostrava que eu estava realmente encrencada
aquela tarde.
- Venha. – suas mãos me ajudaram a sair do carro e eu tentava passar minhas pernas
uma na outra pra aplacar o calor entre elas.
Ate que ele me pegou no colo já quando entravamos na sala e me depositou no sofá.
- Agora, nós vamos brincar um pouco, baby.
Eu tinha certeza que iria morrer se ele continuasse falando daquele jeito no meu ouvido,
minhas mãos se crisparam em sua camisa e eu retirei com pressa o boné de sua cabeça,
enlouquecida para agarrar os fios de areia entre meus dedos. Seus lábios foram
descendo e abocanhando meus seios completamente, os provocando com sua língua ao
redor do meu mamilo que era mil vezes mais sensível agora.
- Oh Deus Robert...
- Quietinha, baby.
Ele continuou com a tortura e eu já sabia onde seus lábios iriam parar quando suas mãos
retiraram minha calcinha de forma dolorosamente lenta, até que ele estava me beijando
onde eu já pulsava para senti-lo. A língua ágil passando por toda a minha extensão me
fazendo querer chorar de agonia quando seus dedos longos entraram em mim com uma
velocidade absurda e ele mordia meu ponto sensível, lambendo e circulando, para
depois voltar a morder.
Joguei minha cabeça pra trás, arqueando minhas costas para tentar respirar e reprimir os
gritos altos que estavam presos em minha garganta, enquanto eu ofegava.
Definitivamente, aquele homem seria a minha morte.
--
--
As semanas se passavam como um borrão na minha frente.Era tudo rápido demais e
intenso demais estar nesses últimos estágios da gravidez.Os movimentos dos bebês
diminuíram quase por completo e eu tinha que admitir que eles me faziam falta.
Robert entrava em pânico total cada vez que saia pra trabalhar e tinha voltado com a
mania de me ligar três vezes a cada meia hora. Eu não ficava mais irritada, porque
também estava com certo medo de que eu pudesse sentir alguma coisa e não tivesse
ninguém ali comigo e que pudesse acontecer alguma coisa com os bebês.
Eu morreria se acontecesse alguma coisa com eles.
Abanei minha cabeça fechando os olhos com força, para tirar aqueles pensamentos da
minha mente.É claro que nada aconteceria.Ficaria tudo bem. Eu sabia que ficaria.
Levantei meu corpo sob protesto de cima da cama. Eu estava tão redonda que as blusas
de Robert chagavam a grudar na minha barriga mesmo as roupas dele sendo bem
maiores do que eu.
Fui pro banheiro e escovei meus dentes jogando água no meu rosto pra tirar aquela
preguiça de dentro de mim, eu queria ficar na cama pelo resto do meu dia inteiro apenas
esperando as ligações de Rob e tentando me auto controlar para não sentir sua falta, mas
eu sabia que tinham coisas a serem feitas pelo apartamento, começando pelo quarto dos
bebês.
E já tinha lavado as roupinhas ontem enquanto Robert estava trabalhando e aquilo nos
rendeu uma boa briga pelo começo da noite. Ele com aquela paranóia de não me deixar
fazer nada e eu com aqueles instintos teimosos de que podia fazer de tudo.
Até que ele se irritou e ficou trancado no escritório por quase a noite inteira e eu fiquei
me remoendo pra ir atrás dele.
E acabei indo no final das contas.
Fizemos as pazes depois de muita conversa e acabamos na cama. Como sempre.
Suspirei prendendo o meu cabelo num rabo de cavalo frouxo. Estava um calor infernal
na Califórnia, e aquele dia em especial eu me sentia mais com preguiça ainda. Fui
caminhando até o andar debaixo procurando algo para comer na cozinha e depois fui
pro quarto de Jeremy com uma maça na mão direita.
- Onde vou colocar essas roupinhas? – perguntei pra mim mesma colocando um dedo no
meu queixo e observando o quarto.
Eu tinha duas opções, ou o guarda-roupa ou a cômoda.
E no final, escolhi colocar tudo na cômoda, seria mais prático e eu queria ficar me
esticando na ponta dos pés para pendurar todas as roupinhas.
Me sentei no chão em posição de chinês e retirei tudo do cesto que eu havia colocado
depois que lavei. Dobrei tudo com o máximo de delicadeza que eu possuía e ficava
babando e conversando com eles na minha barriga a todo instante.
Eu iria ser a mãe mais coruja de todos os tempos, tinha certeza disso.
Fui para o quarto de Annabelle fazendo o mesmo no quarto dela, arrumando as
coisinhas e guardado os brinquedos que Robert já tinha comprado para os dois.
Me levantei, me sentindo cansada, muito cansada. Fui direto pro meu quarto para que eu
pudesse me deitar e fechar os olhos por vários minutos.
Foi então que senti.
Uma dor infernal começando na região lombar e se expandindo por todas minhas costas,
me fazendo até arquea-las devido a contração intensa que se passou em meu corpo.
- Oh meu Deus.
Engoli em seco e tentei me recordar das palavras do médico.
‘’- As contrações viram em intervalos grandes de tempo e depois vão diminuindo, você
contará os minutos entre uma e outra e a cada vez que diminuir, você ira para o
hospital. ‘’
- Certo. Eu consigo fazer isso. Pode ser um alarme falso. – respirei fundo fechando
meus olhos. – Vamos lá Kristen, se controle.
Eu fiquei repetindo este mantra na minha cabeça pelos próximos 40 minutos, que foi
quando a outra contração me atingiu.
Instintiva e forte.
- Ah. – puxei ar novamente para os meus pulmões. – Respira. Respira.
Mas eu não conseguia respirar direito quando a dor me batia e ela se tornou mais forte e
mais rápida e eu já contava os intervalos de 20 em vinte minutos entre uma dor e outra.
- Meu Deus. – passei a mão na minha testa que estava suando.
Eu precisava ligar pra Robert, eu iria entrar em desespero a qualquer segundo.
Aproveitei do intervalo da contração e me inclinei por cima da cama até a mesinha de
cabeceira, pegando meu telefone e já gritando com a próxima contração.
- Ate-ten-de Rob... – eu respirava fundo e por arquejos, minha respiração falhava e
quando eu achei que poderia me acalmar, sentia algo molhado escorrer por minhas
pernas.
Olhei pra baixo com o medo e a ansiedade correndo por minhas veias, quando vi o
liquido molhando o edredom branco.
A bolsa. Minha bolsa tinha estourado.
Okay. Com certeza aquilo não era um alarme falso.
- Robert... – chamei seu nome mesmo ele não estando na linha ainda, que só chamava e
chamava. – Oh meu Deus, atenda a droga do telefone.
Outro grito saiu da minha garganta e as contrações agora vinham de 15 em 15 minutos.
- Kristen?
- Robert. Pelo amor de Deus... – ofeguei. – Venha pra casa.
- Estou entrando no carro, baby. Respire okay? Não solte o telefone e continue comigo
na linha.
Eu tive que morder um travesseiro pra evitar gritar alto quando percebi que minha
barriga estava mais inchada e que meu corpo já fazia movimentos próprios.
- Oh Deus Robert... as contrações... – arfei de novo. – Estão vindo muito rápidas.
- Eu já estou chegando. Estou chegando Kristen.
Ele estava nervoso, para não dizer apavorado. Eu quase podia vê-lo com uma mão no
cabelo enquanto a outra apertava com força o volante entre os dedos, deixando o
telefone no viva-voz.
- Rob...
- Inferno de trânsito da porra. – ele exclamou irritado e eu pude ouvir quando suas mãos
bateram no volante. – Eu vou chegar a tempo, baby. Já estou perto de casa okay?!
Continue falando comigo Kristen.
- Estou aqui...
- Certo...
Alguns minutos se passaram e ele se assustou mais ainda com o meu grito nas
contrações e depois do que eu achei ser uma eternidade, a porta da sala bateu com força
e eu pude ouvir aliviada, os seus passos rápidos e pesados nos degraus da escada.
- Kris.. – ele disse já se aproximando de mim e da cama, passando seus braços ao redor
dos meus ombros e da minha perna. – Shii... já estou aqui, baby.
Mais uma contração e eu me revirei violentamente em seu colo, puxando a blusa de sua
camisa social com força, praticamente a rasgando se eu tivesse mesmo força pra isso.
Ele andou mais rápido e sem nem trancar a casa, seus braços me colocaram no banco
traseiro do carro, deitando meu corpo ali. Robert dizia o tempo todo que iria ficar tudo
bem, e eu sabia que ele estava tentando convencer mais a si mesmo do que a mim.
- Tom... – ele disse me fazendo imaginar que ele estava de novo no celular enquanto o
carro seguia acelerado. – Vai pro hospital cara. Agora.
- É com a Kristen? Oh meu Deus, Dakota... – Tom gritou do outro lado da linha. – Nós
já estamos chegando cara. Encontramos você lá.
Rob se despediu deles e me fitou, olhando rapidamente para o banco de trás.
- As contrações?
- 10 em 10 minutos... – respondi ofegante, e podendo reparar só agora que eu não vestia
nada além de sua camisa e da minha calcinha boy short. – Rob.. minhas roupas...
- Oh droga... – ele bateu no volante de novo. – Não quero que pense nisso okay? Eu vou
estar com você e você não vai pensar em nada além disso tudo bem?!
- Rob..
Eu estava quase entrando em pânico. Eu pensava nos meus bebês e no meu medo de que
acontecesse algo com eles e só de imaginar todas aquelas pessoas tendo que tocar em
mim...
- Me responda Kristen. Você vai olhar só pra mim, meu amor. Ninguém vai machucar
você. Eu não vou deixar Kiki.
- Eu sei. – respirei fundo e senti o carro parando.
Ouvi Robert chamando desesperado por alguém na recepção e de repente eu era
colocada em uma cadeira de rodas.
- O Dr. Collins já esta a caminho. Alguém com o nome de Tom Sturridge ligou e nós
estávamos esperando por vocês.
Robert assentiu e eu quase podia ver o alivio se formando em seu organismo enquanto
uma enfermeira me levava até outra sala com as mãos dele grudadas na minha.
Tive que retirar minha roupa e colocar uma camisola própria do hospital, lutando contra
meus instintos de auto preservação por outras pessoas me verem daquele jeito.
- Srta Stewart? – ouvi a voz do Dr. Collins que já colocava os pares de luva. – Sr.
Pattinson. Parece que chegou a hora. Como estão as contrações?
- 7 em 7 minutos doutor. – uma enfermeira respondeu fazendo com que ele assentisse
com a cabeça.
- Você está pronta Kristen, vamos apenas fazer um exame de toque.
Engoli em seco e fechei os olhos deixando as lágrimas caírem.
- Olha pra mim, eu disse pra você olhar pra mim Kristen. Abra os olhos meu amor.
Eu o fiz depois de um tempo.
Ele estava tão assustado e eu só estava piorando a sua situação com o meu ataque de
pânico. Coloquei minha palma em sua bochecha e ficamos nos encarando pelo que me
pareceu uma eternidade.
- Vamos lá Kristen. É agora.
Rob segurou com mais força meus dedos, sem nunca deixar de me olhar nos olhos.
- Agora.
Eu me sentia forte naquele momento. Eu colocaria meus filhos no mundo para que eles
fossem amados por mim e por Robert, com um amor que já era infinito...
E eu fiz força, empurrando pra baixo até que minha respiração se perdesse e eu tivesse
que parar para receber oxigênio.
- De novo.
Senti um das enfermeiras segurando minha perna e me ajudando na força do meu corpo,
até que encostei o queixo na minha clavícula e forcei novamente.
- Uma última vez Kristen. Vamos lá. – Dr. Collins dizia, com a esperança reverberando
em sua fala, ele parecia concentrado e eu sabia que ele iria fazer de tudo pra ajudar
meus filhos.
Empurrei de novo e de novo até que não restasse mais força dentro de mim, deixei
minha cabeça bater na cama hospitalar e chorei emocionada quando ouvi um chorinho
bem fino ecoando pelo quarto branco.
- É Jeremy Kris, ele nasceu meu amor. – Rob dizia do meu lado, colocando sua testa na
minha que estava pra lá de suada, com a voz soltando um orgulho tão contagiante que
eu quis rir.
Rir de pura felicidade e emoção.
E eu também quis chorar.
Logo eu, que nunca pensara em passar por algo desse tipo, eu que não merecia essa
felicidade imensa, estava ali, pronta pra receber meus filhos nos meus braços e protegê-
los com a minha vida.
- O que houve? – Rob perguntou apertando minha mão e olhando assustado para o
médico.
- Nada, o bebê está virando. E isso é ótimo porque poderemos fazer os dois de normal.
Respirei mais aliviada, deixando o medo sair do meu corpo.
E o médico me mandou empurrar de novo depois de um tempo, eu o fiz buscando forças
de eu onde nem eu sabia, eu sentia meu corpo cansado e fraco, mas eu tinha que ser
forte. Era minha filha que iria nascer agora e eu tinha que ter força. E eu tive.
Quando eu já estava exausta ouvi mais um choro e de novo, eu chorei junto com ela e
com Jeremy, que eu sabia que estava em algum lugar por ali.
- Oh meu Deus Kristen. – ele sussurrou de olhos fechados me dando um beijo de leve
nos lábios. – Eu amo tanto você.
E eu chorei de novo ou ouvi-lo dizendo com tanta emoção na voz, a verdade era
empregada ali com tanto fervor que eu me senti aquecer por dentro e meu peito inchar
de um amor infinito que eu tinha por ele.
- Eu amo você. – sussurrei antes de ele sorrir carinhoso pra mim e se afastar
minimamente.
- Tem gente que quer conhecer a mamãe.
Uma enfermeira sorridente colocou um pacotinho bem pequeno de cor azul perto do
meu peito direito e depois um rosa, no meu peito esquerdo.
- Oh Deus.
Eu os abracei com o resto de força que eu tinha, fechando meus olhos e deixando meus
lábios encostarem-se à testa de cada um dos dois por tempo indefinido.
- Eles são lindos, Rob.
Ele deu aquele sorriso.
Aquele sorriso emocionado que voltou a me aquecer junto com nossos filhos ali no meu
peito, seu rosto se abaixou e ele também beijou cada um deles e depois a mim, com os
lábios carinhosos em minha pele e passando um de seus braços para também abraçar os
gêmeos.
Mas cedo demais a mesma enfermeira os tirou de mim, me deixando ali sentindo
desespero por ficar longe deles.
- Eles vão pro berçário.
Assenti deitando meu rosto em sua mão que me acariciava.
O Dr. Collins veio até nós e nos cumprimentou pedindo para que eu ficasse no soro por
pelo menos um tempo, até que eu recuperasse as minhas forças. Não discuti com ele,
nem poderia. Rob apertava minha mão com tanta força que eu achei que fosse me partir
ao meio, como em um aviso que eu iria cumprir tudo o que o médico falava.
No final das contas, eu nem senti a picada da agulha em meu pulso, apenas um beijo de
Rob em meu rosto. O cansaço me tomou completamente e eu dormi de imediato.
--Capítulo 47

Capítulo 47

Notas iniciais do capítulo


Oiii meninas, ontem não deu pra chegar até aqui, então eu estou trazendo mais um
capitulo hoje :) obrigada pelos reviews meninas *--*

aaah, a fic está chegando ao fim ://

Apagar a Luz

Minha mãe não demorou muito mais na cidade, eu sabia que ela sentia falta de Cam e
mesmo que ela não falasse, ela também sentia falta de Brian.
Não era como se ela fosse completamente apaixonada por ele, mas ele a fazia feliz e
talvez fosse isso que ela estivesse buscando quando se casou com ele.
Por que eu sabia; ela jamais amaria outro homem como amou meu pai.
Assim como eu; jamais amaria outro cara que não fosse Robert.
As coisas ficaram normais depois deste tempo em que ela esteve aqui, parecia que com
ela por perto eu sempre vivia com uma certa tensão, de que ela falasse algo de seu
casamento que fizesse Robert perder a paciência com o marido dela e jogar tudo o que
sabia pra cima.
Mas isso não aconteceu. Ele adorava minha mãe e eu já devia ter sacado que Rob jamais
faria alguma coisa desse tipo.
Não que ter minha mãe por perto seria difícil. Pelo contrário. Ter ela junto comigo não
tinha preço, talvez porque ela não me cobrasse as coisas e nem uma explicação. Mesmo
que por dentro estivesse sofrendo com o que ela achava ser falta de confiança nela.
Ou talvez...
Ela entendesse que ainda não era a hora. E que eu não estava preparada para um
confronto daquela magnitude.
- E então? O que acha desse?
- Eu não sei Dak. Não é colorido demais?
Perguntei fazendo uma careta, escutando seus resmungos por toda a loja de bebês,me
deixando com um sorriso divertido no rosto.
Estávamos a mais de meia hora escolhendo as roupinhas dos gêmeos e desde esse
tempo, Robert já me ligara três vezes.
Sim, três vezes em meia hora.
Era hilário na maioria das vezes, mas estava começando a me irritar.
- Quer parar de drama? É uma menina Kristen, ela precisa de coisas coloridas.
Suspirei.
- Tudo bem, tudo bem. Vamos levar.
Ela começou a dar pulinhos no mesmo lugar e colocar no antes braço que já estava
cheio com outras roupinhas de menino.
- Vamos Dak. Meus pés estão começando a ficar inchados.
- Pelo menos o quarto já está pronto.
- Sim.. está tão bonito Dak. Os dois.
- Não está? – perguntou retoricamente. – Nós fizemos um bom trabalho Kiki.
Passamos no caixa e saímos da loja com mais sacola que cabiam em nossas mãos.
Pegamos um táxi, meus pés estavam mesmo doendo e eu queria desesperadamente a
minha cama nova e confortável.
Robert e eu nos mudamos há umas duas semanas mais ou menos, logo no começo de
agosto. E a casa não poderia ser melhor.
Era bonita e elegante por dentro e por fora. Além de ser mais espaçosa e aconchegante.
Com um jardim bonito onde as crianças poderiam brincar quando já fossem maiores e
com os cômodos mais pertos um do outro.
E com a decoração feita, ficou mais aconchegante ainda. Com a sala em tons de branco
e os sofás da mesma cor, com os móveis em madeira clara de carvalho, uma janela de
frente para a rua e uma escada em sentido de curva, nos levava ao segundo andar.
Ajudei Dakota com as sacolas enquanto subíamos as escadinhas que nos levariam a
porta da frente, eu andava mais devagar por causa das dores em minhas costas e do
inchaço já latente em meus pés.
- Pronto. – ela disse quando já estávamos no quarto de Annabelle.
Havíamos decidido os nomes deles, seria Annabelle Julie Pattinson e Jeremy Thomas
Pattinson. Cada um teria seu quarto e na porta teria uma plaquinha com o primeiro
nome de cada um, do jeito que eu tinha imaginado as coisas pra eles.
No de Annabelle, era tudo em cores claras apesarem de ser um tom mais diferente de
Rosa que se misturava ao tom meio pastel, fazendo tudo ficar mais bonito com as
figuras de uma princesa diferente pregado no guarda-roupa e na cômoda.
Não havia nada de Cinderela ou Branca de Neve e não podia ter ficado mais lindo do
que estava e do jeito que a minha filha merecia.
O quarto de Jeremy era logo em frente e também era claro, em tons de azul e branco
com o papel de parede listrado. Tinha o berço perto de uma janela alta e o guarda-roupa
com a cômoda encostados-se à parede, com um tapete felpudo enfeitando e fechando
um conjunto com os brinquedos e desenhos, assim como no quarto da irmã.
Guardamos todas as coisas e as roupinhas que compramos aquele dia. Eu teria que lavar
e depois passar tudo para guardar de novo, mas também não queria que as coisinhas
deles ficassem espalhadas por ai.
- O que vamos fazer agora?
- Dormir. – eu disse me aconchegando no sofá.
- É bom mesmo. Seus pés estão inchados. – ela sorriu ligando a TV na minha frente.
- Você pode ir Dak. Eu não quero ficar atrapalhando seu dia inteiro. – ela revirou os
olhos é claro.
- Posso esperar Robert chegar. Não vou deixar você aqui sozinha.
Sorri pra ela e continuamos a assistir a MTV.
- Já decidiu o que vai fazer com a faculdade?
- Sim, já está tudo acertado. Vou parar de estudar esse semestre e volto no ano que vem.
É melhor pra mim, os bebês já estarão mais crescidos e vou ter mais tempo para ficar
com eles. – respondi sorrindo alisando minha barriga já de sete meses.
- Isso é bom. Meu estágio já acabou. Graças a Deus.
- Vai mesmo dar aula?
- Sim, acho que sim. É melhor pra mim por enquanto.
Assenti e continuamos a conversar pelo resto do dia. Fiz um sanduíche pra nós duas
com ela me ajudando na cozinha que também era linda, com a mesa de madeira clara
com os utensílios em verde e laranja.
Dali podia ver pela janela, a piscina que não era muito grande, mas que era perfeita pra
gente, junto com um jardim bonito que Dakota tinha preparado, mas que como eu não
tinha nenhum dom pra aquilo, iria acabar bem mais rápido do o normal.
- E como estão as coisas entre vocês?
- Estão ótimas.
- Isso é muito bom. – ela disse me fazendo sorrir.
- Acho que só fico irritada quando ele chega tarde demais do trabalho.
- Nem me fale. Eu tenho vontade de esganar o Tom quando isso acontece.
- Vocês brigaram ontem não foi? – ela assentiu mordendo seu sanduíche e sorrindo.
- Sim. Atendi uma ligação da secretária dele. – respondeu depois de engolir enquanto eu
bebia meu suco de laranja.
- E...
- E nada. Era pra falar de trabalho, mas ela tinha uma voz tão bitchfeelings que eu
saquei na hora que a vadia dava em cima do meu homem.
- Jura?
- Juro, love. É claro que ele dormiu no sofá depois disso.
Eu gargalhei altamente com as historias de Dakota e seu jeito impagável de contá-las.
- Mas ele não tinha culpa Dak, Robert ficou no telefone com ele durante bons minutos
tentando acalmá-lo do surto.
- Ah, eu ouvi. – ela gargalhou. – Mas não se preocupe. Já falei que quero aquela vadia
fora do escritório dele.
- Não seja tão ruim Dak.
- Humpf. Não vou deixar uma bruaca dá em cima do meu homem e fingir que isso não
está acontecendo Kiki.
Nós ainda rimos durante muito, muito tempo. Mas minhas costas estavam doendo e
tudo o que eu queria era me deitar.
- Você está bem?
- Sim. Tudo bem. – menti, não tinha necessidade de deixá-la preocupada por coisa
pouca, além de que as dores em minhas costas eram quase constantes.
- Não quer ir deitar? Estarei aqui até Rob chegar. Se precisar de alguma coisa me grita
okay?!
Dei um beijo no seu rosto antes de me levantar e ir direto para o andar de cima,
entrando no meu quarto e fechando as cortinas.
A noite estava um pouco fria ou era apenas o inchaço em meus pés pedindo por um
cobertor bem quentinho enrolado neles. A água da banheira não podia ter sido mais
relaxante, meus músculos suavizaram e a dor nas costas estava passando
gradativamente.
Me deixei levar pelo cansaço do meu corpo e adormeci aos poucos alisando minha
barriga intumescida.Quando acordei a água da banheira já estava fria e meus dedos
enrugados, soltei um bocejo enquanto me enrolava na toalha de linho branco e sai de lá
buscando minha calcinha e uma blusa de Rob.
Eu estava com saudades dele.
Na verdade, eu estava com muita saudade dele.
Cada vez que ele chegava atrasado do trabalho era um martírio, eu ficava esperando até
tarde e mesmo que isso não me incomodasse, a falta que ele me fazia a cada segundo
era quase latente em meu corpo.
Eu necessitava de Robert grudado em mim 24horas por dia e ainda sim não seria
suficiente.
- O papai já vai chegar bebês. Ele já vai chegar.
Disse passando a mão na minha barriga e sorri sentindo que eles se mexiam
minimamente, estava um pouco raro os movimentos deles, por que apesar da minha
barriga estar crescendo e os deixando com muito pouco espaço para se virarem e
chutarem.
Fui em direção a minha cama e me recostei nos travesseiros de pano branco que eram
tão macios quanto o edredom da mesma cor em que eu estava deitada.
- Hey.
- Oii Dak. – me virei para a porta onde ela estava.
- Está mesmo bem não é?
- Sim, está tudo bem.
Ela sorriu entrando no quarto e me dando um beijo no rosto e outro na minha barriga.
- Rob ligou pro meu telefone, disse que já está chegando. Onde está seu celular? Ele não
conseguiu falar com você. Esqueceu em algum lugar?
- Na cozinha, na verdade.
- Certo. – disse sorrindo. – Eu já estou indo okay?!
- Obrigada Dak.
- De nada, love. – suspirei sentindo sua mão na minha cintura antes que ela se
levantasse e saísse pela porta do quarto.
Fiquei parada por alguns instantes ouvindo os passos dela na escada e depois a porta da
frente se fechando e soltei um suspiro de alivio por Robert já estar a caminho.
A paisagem de Los Angeles me fazia companhia, com a luz fraca da lua entrando pela
janela de vidro e ultrapassando o pano fino da cortina de cor clara, pensei em ligar a TV,
mas estava com sono demais e ver TV só me daria mais sono ainda.
E eu queria esperar Robert chegar para poder dormir, queria seus braços em minha volta
e sua voz cantando enquanto eu adormecia, detestava dormir sem ele, era ruim e eu me
sentia sozinha e com frio o tempo todo. Fora que ainda eram oito da noite, eu nunca
tinha ido dormir tão cedo assim, desde que fiquei grávida.
Suspirei lentamente me virando na cama para achar uma posição mais confortável, até
que ouvi um barulho de carro e depois de chaves, vindo direto da sala. Um sorriso idiota
se formou no meu rosto e eu me levantei desajeitada da cama e com um protesto claro
de minhas costas.
- Baby? – ele me chamou.
A voz britânica e rouca me enlouquecendo mesmo a distância e eu senti meus joelhos
fraquejarem quando ele entrou no meu campo de visão.
Da porta do quarto eu podia vê-lo, ele estava cansado, isso era claramente visto em seu
semblante, mas ali também tinha um sorriso. Aquele sorriso que me fazia estremecer
por dentro e que me mostrava todo o amor que ele tinha por mim.
- Hey.
- Oii.
Quis andar rápido até ele, mas não foi preciso, seus braços longos e fortes logo estavam
ao meu redor, me deixando com o rosto deitado em seu peito e minhas mãos em volta
da sua cintura, assim como ele fazia comigo.
Parecia que eu tinha andado quilômetros até estar nos braços dele de novo, era como um
náufrago que espera por muito tempo uma chance de salvamento. Era como se eu
estivesse caindo de um precipício e eu me agarrava a ele com toda a força que eu tinha,
deixando minhas mãos se crisparem em sua camisa social branca.
- Você está bem?
Sua voz cortou o silêncio fazendo meus olhos se abrirem de imediato, estava tão
gostoso ali em seu peito que achei que eu pudesse dormir ali mesmo estando de pé.
- Eu devia estar irritada com você.
Eu disse, mas sem vontade nenhuma de brigar com ele. Pelo contrário, eu até levava um
sorriso bobo nos lábios e fechei meus olhos para respirar seu cheiro mais fortemente.
- Eu sei. Ainda estou surpreso que não esteja.
- Eu senti sua falta.
- Eu também baby. Me perdoe por chegar só agora.
Recebi seu beijo em meu cabelo e ergui meu rosto para encarar seus olhos de semblante
exausto. Pedi pra ele entrar no banho e eu desci para fazer algo pra janta.
Ele não me deixou guardar, nem lavar a louça depois e eu nem reclamei, estava mesmo
ficando cansada e querendo ir pra nossa cama dormir um pouco.Ou muito se fosse
possível.
Soltei um bocejo enquanto nos deitávamos na cama e ele tirava o edredom branco e
grosso.
- Quer que eu ligue o ar?
- Não precisa. Estou com um pouco de frio. – lhe respondi vendo que ele assentia antes
de se deitar por trás de mim me abraçando.
Nossas mãos se entrelaçaram de novo e eu as segurei juntas no meu peito, prendendo
ele em mim de todas as formas que eu podia no momento e sorri quando ele entrelaçou
nossas pernas.
- Canta pra mim?
O sorriso que ele deu podia ser sentido em minha nuca me fazendo arrepiar por inteira,
junto com a sua voz que me embalou em um sono pra lá de confortável e aconchegante.
Quando estava quase adormecendo notei que ele se abaixava um pouco para dar dois
beijos na minha barriga e depois um no meu rosto, ainda sussurrando uma melodia doce
em meu ouvido até que seu rosto se afundou em meu pescoço, puxando meu cheiro pra
ele.
Não havia nada melhor para se sentir nesse mundo.
--
Acordei sentindo algo estranho passeando por meu corpo.
Estranho, mas quente.
E áspero.
E confortável.
Meus olhos ainda pesados de sono não se abriram, mas eu não sentia nenhuma claridade
ao meu redor, então ainda devia ser de madrugada.
- Baby? – sua voz me chamou também sonolenta, sem deixar de ser sexy. – Kris? – ele
me chamou de novo, perto demais do meu ouvido e eu gemi sem querer, mordendo
meus lábios e sentindo suas mãos subirem ainda mais através da sua camisa que eu
usava.
Precisei apertar minhas coxas uma nas outras para aplacar o calor incontrolável que
subiu por dentro de mim principalmente naquele local e que irradiava por todos os
poros do meu corpo, essencialmente onde sua mão passava, me apertando e me fazendo
gemer baixinho de satisfação.
- Rob...
Meu estomago já estava borbulhando e eu sentia a expectativa ansiosa que era lançada
em minhas células, me deixando mais ardente e febril. E foi impossível não gemer
quando seus dentes morderam meu pescoço com as mãos ainda brincando e
massageando meus seios.
Robert colocou uma de suas pernas entre as minhas, deixando seu joelho bater direto na
minha intimidade. Eu comecei a respirar por arquejo quando ele se movimentou naquela
região, o atrito delicioso esmagando de calor todas as minhas terminações nervosas e o
ar se tornando rarefeito a minha volta.
Eu mordia meus lábios tentando controlar a miríade de sensações em meu âmago, mas
eu não conseguia, não com ele lambendo meu pescoço e minha orelha daquele jeito ou
com as suas mãos apertando meus seios para depois se abaixarem até meu quadril.
- Eu já disse o quanto você é deliciosa?
Perguntou rouco, lambendo a pele de trás da minha orelha, para depois lamber a própria
completamente. Ele mastigava a pele do local entre seus dentes, me levando a
insanidade e enviando espasmos já doloridos por meu corpo e eu mordi minha própria
língua para controlar o grito alto quando suas mãos retiraram minha calcinha e
começaram a massagear minha intimidade.
- Rob-bert...
Eu adorava quando ele fazia aquilo.
Me torturava.
Era bom e intenso demais.
Mostrava o seu desejo por mim e eu queria mostrar a Robert o quanto eu o desejava
também.
Empurrei meu quadril em direção a ele, cravando minhas unhas em seu abdômen nu,
deixando a outra mão se imiscuir por seu cabelo.
- Eu quero você Rob! – disse ofegante sentindo ele circular com polegar o meu ponto
sensível. – Dentro de mim, por favor, amor.
Num movimento brusco ele se sentou na cama e me puxou pra cima dele, ainda de
costas.
Ele se recostou na cabeceira da cama e eu dobrei meus joelhos, ajudando a mão dele a
estimular minha intimidade.
- Se toca pra mim, Kristen.
-Robert...
Eu só conseguia dizer o nome dele. Nenhuma frase parecia coerente naquele momento.
- Não. Continua. – protestei quando suas mãos me deixaram, quase chorando de agonia
pra que ele acabasse logo com aquela tortura deliciosa.
- Você vai fazer isso, baby.
Nunca foi tão sexy ele sussurrar um ‘’ baby’’ no meu ouvido.
Deitei minha nuca em seu ombro, arfando e me remexendo no volume que eu já sentia
em meu bumbum.
- Assim?
- Isso, baby. Assim.
Continuei com meus dedos se movimentando, circulando bem no meu ponto mais
sensível pra depois ir entrando em minha intimidade com força.
- Coloca mais um Kris.
Arfei de novo quando ele me ajudou a colocar um terceiro dedo dentro de mim, fazendo
uma certa pressão para que eles deslizassem com muito mais velocidade.
Minha boca já estava aberta e meu cabelo suado caído por seu peito enquanto ele lambia
e mordia minha nuca. Os dentes afiados arranhando minha pele e a cada vez que ele
mordia com força, eu rebolava em seu quadril, o deixando louco com o atrito.
- Eu vou... Oh Deus... Robert...
- Vem, Kris... pra mim, baby. Vem.
- Robert!
Foi meu último grito abafado por sua mão na minha boca.
Libertei meu corpo da pressão em meu baixo ventre com os espasmos me percorrendo
por inteira, como ondas quentes de um vulcão.
Era daquele jeito que eu me sentia, com os meus sentimento em total erupção no meu
corpo que ainda era sustentado por Robert embaixo de mim, circulando meu quadril
com seus braços.
- Você tem que respirar... – ele sussurrou.
Eu apenas continuei tentando levar ar aos meus pulmões, ele não fazia idéia de como
meu corpo estava mais sensível por conta da gravidez e ele colocar suas mãos em meus
seios naquele momento, não era o que eu precisava para acalmar meu organismo.
- Robert...
- Você esta bem, baby? – disse sussurrando novamente, com os dentes no lóbulo da
minha orelha.
Virei meu rosto de perfil, travando ainda mais meus dedos em seu cabelo de areia
dourada.
- Eu quero um beijo...
E ele atendeu meu pedido, me beijando com ferocidade como se tivesse séculos que ele
não me via com um desejo enlouquecedor que crescia dali e se expandia totalmente, até
que eu senti o gosto de sangue em meus lábios quando ele puxou, mordendo com força
o lábio inferior.
Mas não parei, pelo contrário.
Eu queria mais, eu queria muito mais.
- De novo Rob. – disse ofegante ainda sentindo ele em meus lábios, mordendo de leve e
lambendo. – Faz de novo, baby.
- Porra, Kristen.
Suas mãos sustentaram minha cintura cuidadosamente, me levantando de seu colo e
colocando minhas costas no colchão macio que há essa hora, já estava sem o edredom,
de tanto que meus pés ficaram frenéticos quando eu atingira meu ápice.
- O que você vai...
Quis perguntar quando o vi se inclinar pra cima de mim, ele não podia se deitar em meu
corpo.
- Silêncio, baby.
Me surpreendi quando ele se sentou no seu calcanhar cravando seus dedos e suas mãos
em minhas coxas e as erguendo para que eu as cruzasse em seu quadril.
Mas a ansiedade já voltava a rolar solta em meu corpo e eu me vi gemendo antes
mesmo dele se afundar dentro de mim.
E quando ele abaixou sua calça de flanela, eu senti meu coração falhando uma batida
dolorosa no peito, mordi os lábios para tentar conter o grito que acabou sendo em vão.
Sentir ele dentro de mim era algo surreal demais pra que eu agüentasse calada.
- Você está bem? – perguntou rouco e também mordendo seus lábios.
- Continue.. se movendo.. Oh meu Deus...
Joguei minha cabeça pra trás, a arqueando em resposta aos seus movimentos completos
e contínuos dentro de mim.
Fortes e Lentos.
Me matando de tortura a cada segundo que ele me provocava, parando de se mexer, para
depois voltar com mais força e precisão, acertando um ponto em cheio dentro de mim
que me fazia revirar os olhos e chamar seu nome cada vez mais alto.
Estando naquela posição eu podia senti-lo indo mais fundo.
O Cabelo de areia já estava molhado de suor e as mãos continuaram cravadas em meu
quadril, me fazendo imaginar a marca roxa que teria por ali.
E eu queria que ele me marcasse mais.
Em um gesto de total ousadia, eu levei minhas próprias mãos aos meus seios.
O movimento lhe chamou a atenção e ele praguejou alguma coisa, deixando seus olhos
fixados nos meus.
- Mais forte... – eu pedi arfante.
- Porra! Continua assim, baby. – ele pediu e eu aumentei a pressão em meus seios,
mordendo minha boca e chamando por seu nome quando senti os espasmos começando
a me percorrer.
- Rob...
- Vem junto comigo, Kris. Eu não vou agu...
Seu polegar pressionou meu ponto sensível, circulando o local e puxando com certa
força, sem deixar de me olhar nos olhos nem um segundo.
Foi o bastante.
Nós caímos naquele redemoinho completo de sensações exuberantes.
Meu nome sendo chamado por seus lábios de uma forma tão doce que eu tive uma
necessidade efêmera de beijá-lo, mesmo sabendo que isso era impossível com nossos
corpos ainda naquela posição.
Até que ele jogou seu corpo ao meu lado, ambos ofegantes e suados.
- Está tudo bem?
- Perfeitamente bem, baby. – respondi me virando de costas pra que ele pudesse me
abraçar.
Ficamos ali abraçados e aquecidos um no corpo do outro até que sentimos nossas
respirações se acalmarem e ele sorriu.
- Eu já disse que você é perfeita?
Foi a minha vez de sorrir sentindo seu beijo em meu rosto.
- Hoje, ainda não.
-Você é perfeita.
- Eu te amo.
E aquela não foi à única vez que ele me acordou de madrugada, quando adormeci, o dia
já estava claro lá fora e o sol superava o pano da cortinava, banhando o corpo dele
daquele jeito.
Grudado no meu.
E eu rezei pra que fosse assim pra sempre.
---Capítulo 48

Notas iniciais do capítulo


Hei meninas *--*

bom tem amis um capitulo aqui, eu iria dividi-lo em dois, mas acho que não ia ficar
muito legal, rs! Espero que gostem :) beeeeijos

Apagar a Luz

‘’A medida do amor é amar sem medida.’’


Victor Hugo

Era um calo infernal.


Aquele sol, aquele mar...
Tudo parecia estar contribuindo para que a temperatura aumentasse daquele jeito.
Estava mais de 33graus em Los Angeles e por Deus, eu estava quase derretendo.
A luz da manhã se infiltrava pela janela de vidro do meu quarto e tudo o que eu queria
era continuar dormindo pelo resto dos meus dias, pelo menos enquanto ainda estivesse
grávida.
Seria um sonho poder passar pela gravidez inteira, apenas na minha cama, com uma
crise inigualável de sedentarismo. E apesar de poder mesmo fazer isso, eu também sabia
que uma hora teria que levantar.
Passei a mão através do colchão macio tentando encontrar um corpo quente para poder
me abraçar naquela hora e fiquei até irritada quando não encontrei ninguém ali.
Mas que merda!
Onde diabos estava Robert?
- Rob? – chamei sem nem abri os olhos direito. – Baby?
Ergui um pouco minha cabeça do travesseiro e olhei pelo quarto apenas para vê-lo
vazio.
Fuck!
- Ah droga, eu não quero levantar. – resmunguei pra mim mesma, já pensando em criar
coragem para sair da cama, apesar do calor da cidade, eu podia ficar ali dentro com o ar
condicionado ligado e dormir pelo resto da manhã.
- Kris?
Ouvi sua voz me despertando quase automaticamente.
- Aqui. – resmunguei de novo.
- Acorde baby, você tem que comer alguma coisa.
- Eu sei.
Eu sabia e também estava com uma fome...
- Mas não quero me levantar Rob...
- Não vai sair da cama amor, só se sente.
Ele me deu a mão e me ajudou a me recostar na cabeceira de madeira branca.
- Eu trouxe pra você.
Sorri pra ele que colocava uma bandeja em meu colo.
- Acho que estou virando uma inútil. – falei fazendo uma careta para minha própria
preguiça.
- Esta no último mês de gravidez, Kris. Acho que é normal ficar assim.
- Sedentária?
- Cansada. – ele riu.
Aquele riso lindo que só ele tinha.
E eu me deixei deslumbrar por um instante.
- A comida baby.
- Ham? – eu ainda estava perdida em seu sorriso.
- Tem que comer.
- Ah sim. – neguei com a cabeça tentando me distrair com a comida. – Não acha que
tem muita coisa aqui?! – disse olhando pra imensidão de comida em minha frente.
- Não era você que comia por três?!
Eu ri começando a comer as panquecas e estavam muito boas, muito boas mesmo.
- Onde aprendeu a fazer panquecas? – falei com a boca meio cheia e balançando o garfo
na minha frente.
- Eu liguei pra minha mãe.
- Sério?
Ele assentiu rindo e ficou ali do meu lado alisando minha perna até que eu terminasse
com o último gole do suco e com o cereal também.
- Eu vou estar com o dobro do meu peso depois que eles nascerem.
- Você vai estar linda.
- Argh.
Cruzei meus braços em cima da minha barriga enquanto ele tirava a bandeja de cima de
mim.
- Não fique irritada.
- Agora eu quero levantar Rob. – ele sorriu me ajudando a ficar de pé. – Podemos andar
um pouco?
- Não vou deixar você sair por ai andando sozinha Kristen. – disse enfático. – Mas nós
podemos ir a Hollywood, o que acha? Vamos de carro e você pode andar um pouco.
- Tudo bem. Tenho que trocar de roupa.
- Certo. Estou te esperando lá em baixo.
Ele me deu um beijo demorado nos lábios antes de sair do quarto, levando a bandeja
com ele.Era cada vez mais difícil escolher uma roupa descente pra mim e que fosse
confortável. Eu não queria usar jeans e nem muitas blusas apertadas, principalmente
agora que já estava perto dos bebês nascerem.
Eu queria ficar mais confortável, por isso escolhia mais vestidos e sandálias abertas para
o caso do inchaço em meus pés.
Coloquei um que apertava mais em meus seios e se alargava em minha cintura e batia
até os joelhos, junto com uma sandália e meu colar de pingentes que não saia do meu
pescoço.
- Vamos? – perguntei quando cheguei até o corredor das escadas e chamei por ele.
- Vamos.
Robert pegou seu boné que tinha um ‘’LB’’ escrito na frente e seus óculos escuros, me
dando um também para depois irmos para o carro.
Andamos devagar, apenas vendo a paisagem e o movimento intenso de Los Angeles. O
sol ainda entrava por meus poros e me fazia sentir confortável agora que não estava
mais com aquela preguiça embutida em mim.
Ele dirigiu segurando minha mão no banco enquanto seguíamos na direção da
Hollywood Boulevard, praticamente o centro de toda aquela loucura cinematográfica.
Acabamos parando em algum lugar por ali e fomos andando bem devagar pelas ruas,
nossas mãos entrelaçadas e ele não fazia idéia de como era sexy com aquele ar
despojado e com o sorriso despreocupado no rosto.
- O que foi? – perguntou depois de perceber que eu o encarava.
- Você é bonito.
Disse simplesmente.
Ele era muito mais do que bonito, na verdade.
- Sou é?
- Oh sim, baby. Você é.
Eu não podia ver seus olhos por causa dos óculos que nós dois usávamos, mas sabia que
ele estava os revirando naquele momento.
- Não adianta revirar os olhos. Você sabe que eu to falando a verdade. – dei de ombros
sorrindo pra ele e o fazendo gargalhar de verdade.
- Tudo bem, baby. Vou fingir que eu sou bonito então.
Foi a minha vez de revirar os olhos.
- Está tudo bem? – ele perguntou depois de mais tempo em que andávamos. – Não está
sentindo nada? – suas mãos foram para minha barriga, enlaçando a minha cintura.
- Estou bem. – sorri pra ele. – Mas estou com sede.
- Venha aqui.
Fomos andando em direção a um restaurante que tinha aquelas cadeiras do lado de fora
e ele me deixou sentada ali enquanto ia até lá dentro pegar alguma coisa para bebermos.
- Aqui. Uma água, baby.
- Obrigada.
O calor voltava a tomar conta do lugar e eu quis ir pra casa, mas não pediria isso. Era
domingo, um dos poucos dias que tínhamos para sairmos juntos e eu não iria estragar
aquilo com as minhas besteiras.
- Que horas são?
- 11h20min.
- Putz, eu acordei tão tarde assim?
- Você demorou a dormir ontem. Até achei que estava passando mal.
- Sério? – ele assentiu passando seu braço por meu ombro, pelo encosto da cadeira. –
Acho que não estava encontrando uma posição confortável. Não sei como ainda posso
ficar maior do que já estou. – deitei minha cabeça em seu braço fechando os olhos.
- Já está chegando ao fim e eles nasceram logo.
Senti seu sorriso em meu cabelo e sorri junto com ele.
Sim, nossos bebês logo estariam ali. Eu quase já podia senti-los em meus braços.
- Acho que eles serão mais parecidos com você.
- Por quê?
- Não sei. – respondi levantando o rosto para ver seu sorriso radiante. – Eu costumava
sonhar com uma menina com o seu cabelo. Mas ela tinha os meus olhos.
- Verdes. – ele sussurrou puxando meu queixo delicadamente pra ele e deixando nossos
lábios quase se encostando. – Eles terão os olhos verdes, iguais aos seus.
- Huum...
Resmunguei pra que ele me beijasse logo.
E ele o fez, me deixando na vontade louca de agarrá-lo em cima daquela mesa de
restaurante, mas eu tinha que me controlar. Eu necessitava me controlar para não virar
uma pervertida quando estava com Robert.
- Eu estou com fome. – sussurrei entre seus lábios.
- Só eu estou vendo o duplo sentido nessa frase, baby?
- Talvez não... – mordi meus lábios o encarando, vendo os azuis esverdeados ficando
mais escuros de repente. – Porque não vamos pra casa, uh?
E ele sorriu.
Sem falar nada, ele me ajudou a levantar e seguimos devagar até o carro. Eu sabia que
ele estava sendo cuidadoso pra que eu não me cansasse andando tanto daquele jeito e
pra isso, ele era total atencioso comigo, na verdade ele sempre fora assim.
Sorri enquanto fazíamos o caminho de volta até em casa, mas dessa vez nossas mãos
não estavam entrelaçadas, ele tinha a mão na minha perna, subindo e descendo por
minha coxa, indo para a parte interna e externa da mesma, já me fazendo ficar quente
em níveis altos demais.
- Rob... – chamei em tom de uma falsa repreensão.
- O que foi baby?
Cínico.
Gemi um pouco alto demais quando seus dedos se infiltraram por dentro do meu vestido
e se imiscuíram pela minha calcinha, até achar meu ponto sensível e começar a me
estimular.
Rebolei em sua mão, querendo criar mais atrito. Com meus quadris investindo em seus
dedos.
- Está bom, baby?
Eu arfei quando ele retirou sua mão de dentro do pano fino, olhando pra ele com fogo
nos olhos.
Ele não me deixaria daquela forma, deixaria?
- Robert... – disse entredentes.
Ele parou o carro e quando percebi já estávamos na garagem da nossa casa. Seu sorriso
malicioso enquanto abria a porta me mostrava que eu estava realmente encrencada
aquela tarde.
- Venha. – suas mãos me ajudaram a sair do carro e eu tentava passar minhas pernas
uma na outra pra aplacar o calor entre elas.
Ate que ele me pegou no colo já quando entravamos na sala e me depositou no sofá.
- Agora, nós vamos brincar um pouco, baby.
Eu tinha certeza que iria morrer se ele continuasse falando daquele jeito no meu ouvido,
minhas mãos se crisparam em sua camisa e eu retirei com pressa o boné de sua cabeça,
enlouquecida para agarrar os fios de areia entre meus dedos. Seus lábios foram
descendo e abocanhando meus seios completamente, os provocando com sua língua ao
redor do meu mamilo que era mil vezes mais sensível agora.
- Oh Deus Robert...
- Quietinha, baby.
Ele continuou com a tortura e eu já sabia onde seus lábios iriam parar quando suas mãos
retiraram minha calcinha de forma dolorosamente lenta, até que ele estava me beijando
onde eu já pulsava para senti-lo. A língua ágil passando por toda a minha extensão me
fazendo querer chorar de agonia quando seus dedos longos entraram em mim com uma
velocidade absurda e ele mordia meu ponto sensível, lambendo e circulando, para
depois voltar a morder.
Joguei minha cabeça pra trás, arqueando minhas costas para tentar respirar e reprimir os
gritos altos que estavam presos em minha garganta, enquanto eu ofegava.
Definitivamente, aquele homem seria a minha morte.
--
--
As semanas se passavam como um borrão na minha frente.Era tudo rápido demais e
intenso demais estar nesses últimos estágios da gravidez.Os movimentos dos bebês
diminuíram quase por completo e eu tinha que admitir que eles me faziam falta.
Robert entrava em pânico total cada vez que saia pra trabalhar e tinha voltado com a
mania de me ligar três vezes a cada meia hora. Eu não ficava mais irritada, porque
também estava com certo medo de que eu pudesse sentir alguma coisa e não tivesse
ninguém ali comigo e que pudesse acontecer alguma coisa com os bebês.
Eu morreria se acontecesse alguma coisa com eles.
Abanei minha cabeça fechando os olhos com força, para tirar aqueles pensamentos da
minha mente.É claro que nada aconteceria.Ficaria tudo bem. Eu sabia que ficaria.
Levantei meu corpo sob protesto de cima da cama. Eu estava tão redonda que as blusas
de Robert chagavam a grudar na minha barriga mesmo as roupas dele sendo bem
maiores do que eu.
Fui pro banheiro e escovei meus dentes jogando água no meu rosto pra tirar aquela
preguiça de dentro de mim, eu queria ficar na cama pelo resto do meu dia inteiro apenas
esperando as ligações de Rob e tentando me auto controlar para não sentir sua falta, mas
eu sabia que tinham coisas a serem feitas pelo apartamento, começando pelo quarto dos
bebês.
E já tinha lavado as roupinhas ontem enquanto Robert estava trabalhando e aquilo nos
rendeu uma boa briga pelo começo da noite. Ele com aquela paranóia de não me deixar
fazer nada e eu com aqueles instintos teimosos de que podia fazer de tudo.
Até que ele se irritou e ficou trancado no escritório por quase a noite inteira e eu fiquei
me remoendo pra ir atrás dele.
E acabei indo no final das contas.
Fizemos as pazes depois de muita conversa e acabamos na cama. Como sempre.
Suspirei prendendo o meu cabelo num rabo de cavalo frouxo. Estava um calor infernal
na Califórnia, e aquele dia em especial eu me sentia mais com preguiça ainda. Fui
caminhando até o andar debaixo procurando algo para comer na cozinha e depois fui
pro quarto de Jeremy com uma maça na mão direita.
- Onde vou colocar essas roupinhas? – perguntei pra mim mesma colocando um dedo no
meu queixo e observando o quarto.
Eu tinha duas opções, ou o guarda-roupa ou a cômoda.
E no final, escolhi colocar tudo na cômoda, seria mais prático e eu queria ficar me
esticando na ponta dos pés para pendurar todas as roupinhas.
Me sentei no chão em posição de chinês e retirei tudo do cesto que eu havia colocado
depois que lavei. Dobrei tudo com o máximo de delicadeza que eu possuía e ficava
babando e conversando com eles na minha barriga a todo instante.
Eu iria ser a mãe mais coruja de todos os tempos, tinha certeza disso.
Fui para o quarto de Annabelle fazendo o mesmo no quarto dela, arrumando as
coisinhas e guardado os brinquedos que Robert já tinha comprado para os dois.
Me levantei, me sentindo cansada, muito cansada. Fui direto pro meu quarto para que eu
pudesse me deitar e fechar os olhos por vários minutos.
Foi então que senti.
Uma dor infernal começando na região lombar e se expandindo por todas minhas costas,
me fazendo até arquea-las devido a contração intensa que se passou em meu corpo.
- Oh meu Deus.
Engoli em seco e tentei me recordar das palavras do médico.
‘’- As contrações viram em intervalos grandes de tempo e depois vão diminuindo, você
contará os minutos entre uma e outra e a cada vez que diminuir, você ira para o
hospital. ‘’
- Certo. Eu consigo fazer isso. Pode ser um alarme falso. – respirei fundo fechando
meus olhos. – Vamos lá Kristen, se controle.
Eu fiquei repetindo este mantra na minha cabeça pelos próximos 40 minutos, que foi
quando a outra contração me atingiu.
Instintiva e forte.
- Ah. – puxei ar novamente para os meus pulmões. – Respira. Respira.
Mas eu não conseguia respirar direito quando a dor me batia e ela se tornou mais forte e
mais rápida e eu já contava os intervalos de 20 em vinte minutos entre uma dor e outra.
- Meu Deus. – passei a mão na minha testa que estava suando.
Eu precisava ligar pra Robert, eu iria entrar em desespero a qualquer segundo.
Aproveitei do intervalo da contração e me inclinei por cima da cama até a mesinha de
cabeceira, pegando meu telefone e já gritando com a próxima contração.
- Ate-ten-de Rob... – eu respirava fundo e por arquejos, minha respiração falhava e
quando eu achei que poderia me acalmar, sentia algo molhado escorrer por minhas
pernas.
Olhei pra baixo com o medo e a ansiedade correndo por minhas veias, quando vi o
liquido molhando o edredom branco.
A bolsa. Minha bolsa tinha estourado.
Okay. Com certeza aquilo não era um alarme falso.
- Robert... – chamei seu nome mesmo ele não estando na linha ainda, que só chamava e
chamava. – Oh meu Deus, atenda a droga do telefone.
Outro grito saiu da minha garganta e as contrações agora vinham de 15 em 15 minutos.
- Kristen?
- Robert. Pelo amor de Deus... – ofeguei. – Venha pra casa.
- Estou entrando no carro, baby. Respire okay? Não solte o telefone e continue comigo
na linha.
Eu tive que morder um travesseiro pra evitar gritar alto quando percebi que minha
barriga estava mais inchada e que meu corpo já fazia movimentos próprios.
- Oh Deus Robert... as contrações... – arfei de novo. – Estão vindo muito rápidas.
- Eu já estou chegando. Estou chegando Kristen.
Ele estava nervoso, para não dizer apavorado. Eu quase podia vê-lo com uma mão no
cabelo enquanto a outra apertava com força o volante entre os dedos, deixando o
telefone no viva-voz.
- Rob...
- Inferno de trânsito da porra. – ele exclamou irritado e eu pude ouvir quando suas mãos
bateram no volante. – Eu vou chegar a tempo, baby. Já estou perto de casa okay?!
Continue falando comigo Kristen.
- Estou aqui...
- Certo...
Alguns minutos se passaram e ele se assustou mais ainda com o meu grito nas
contrações e depois do que eu achei ser uma eternidade, a porta da sala bateu com força
e eu pude ouvir aliviada, os seus passos rápidos e pesados nos degraus da escada.
- Kris.. – ele disse já se aproximando de mim e da cama, passando seus braços ao redor
dos meus ombros e da minha perna. – Shii... já estou aqui, baby.
Mais uma contração e eu me revirei violentamente em seu colo, puxando a blusa de sua
camisa social com força, praticamente a rasgando se eu tivesse mesmo força pra isso.
Ele andou mais rápido e sem nem trancar a casa, seus braços me colocaram no banco
traseiro do carro, deitando meu corpo ali. Robert dizia o tempo todo que iria ficar tudo
bem, e eu sabia que ele estava tentando convencer mais a si mesmo do que a mim.
- Tom... – ele disse me fazendo imaginar que ele estava de novo no celular enquanto o
carro seguia acelerado. – Vai pro hospital cara. Agora.
- É com a Kristen? Oh meu Deus, Dakota... – Tom gritou do outro lado da linha. – Nós
já estamos chegando cara. Encontramos você lá.
Rob se despediu deles e me fitou, olhando rapidamente para o banco de trás.
- As contrações?
- 10 em 10 minutos... – respondi ofegante, e podendo reparar só agora que eu não vestia
nada além de sua camisa e da minha calcinha boy short. – Rob.. minhas roupas...
- Oh droga... – ele bateu no volante de novo. – Não quero que pense nisso okay? Eu vou
estar com você e você não vai pensar em nada além disso tudo bem?!
- Rob..
Eu estava quase entrando em pânico. Eu pensava nos meus bebês e no meu medo de que
acontecesse algo com eles e só de imaginar todas aquelas pessoas tendo que tocar em
mim...
- Me responda Kristen. Você vai olhar só pra mim, meu amor. Ninguém vai machucar
você. Eu não vou deixar Kiki.
- Eu sei. – respirei fundo e senti o carro parando.
Ouvi Robert chamando desesperado por alguém na recepção e de repente eu era
colocada em uma cadeira de rodas.
- O Dr. Collins já esta a caminho. Alguém com o nome de Tom Sturridge ligou e nós
estávamos esperando por vocês.
Robert assentiu e eu quase podia ver o alivio se formando em seu organismo enquanto
uma enfermeira me levava até outra sala com as mãos dele grudadas na minha.
Tive que retirar minha roupa e colocar uma camisola própria do hospital, lutando contra
meus instintos de auto preservação por outras pessoas me verem daquele jeito.
- Srta Stewart? – ouvi a voz do Dr. Collins que já colocava os pares de luva. – Sr.
Pattinson. Parece que chegou a hora. Como estão as contrações?
- 7 em 7 minutos doutor. – uma enfermeira respondeu fazendo com que ele assentisse
com a cabeça.
- Você está pronta Kristen, vamos apenas fazer um exame de toque.
Engoli em seco e fechei os olhos deixando as lágrimas caírem.
- Olha pra mim, eu disse pra você olhar pra mim Kristen. Abra os olhos meu amor.
Eu o fiz depois de um tempo.
Ele estava tão assustado e eu só estava piorando a sua situação com o meu ataque de
pânico. Coloquei minha palma em sua bochecha e ficamos nos encarando pelo que me
pareceu uma eternidade.
- Vamos lá Kristen. É agora.
Rob segurou com mais força meus dedos, sem nunca deixar de me olhar nos olhos.
- Agora.
Eu me sentia forte naquele momento. Eu colocaria meus filhos no mundo para que eles
fossem amados por mim e por Robert, com um amor que já era infinito...
E eu fiz força, empurrando pra baixo até que minha respiração se perdesse e eu tivesse
que parar para receber oxigênio.
- De novo.
Senti um das enfermeiras segurando minha perna e me ajudando na força do meu corpo,
até que encostei o queixo na minha clavícula e forcei novamente.
- Uma última vez Kristen. Vamos lá. – Dr. Collins dizia, com a esperança reverberando
em sua fala, ele parecia concentrado e eu sabia que ele iria fazer de tudo pra ajudar
meus filhos.
Empurrei de novo e de novo até que não restasse mais força dentro de mim, deixei
minha cabeça bater na cama hospitalar e chorei emocionada quando ouvi um chorinho
bem fino ecoando pelo quarto branco.
- É Jeremy Kris, ele nasceu meu amor. – Rob dizia do meu lado, colocando sua testa na
minha que estava pra lá de suada, com a voz soltando um orgulho tão contagiante que
eu quis rir.
Rir de pura felicidade e emoção.
E eu também quis chorar.
Logo eu, que nunca pensara em passar por algo desse tipo, eu que não merecia essa
felicidade imensa, estava ali, pronta pra receber meus filhos nos meus braços e protegê-
los com a minha vida.
- O que houve? – Rob perguntou apertando minha mão e olhando assustado para o
médico.
- Nada, o bebê está virando. E isso é ótimo porque poderemos fazer os dois de normal.
Respirei mais aliviada, deixando o medo sair do meu corpo.
E o médico me mandou empurrar de novo depois de um tempo, eu o fiz buscando forças
de eu onde nem eu sabia, eu sentia meu corpo cansado e fraco, mas eu tinha que ser
forte. Era minha filha que iria nascer agora e eu tinha que ter força. E eu tive.
Quando eu já estava exausta ouvi mais um choro e de novo, eu chorei junto com ela e
com Jeremy, que eu sabia que estava em algum lugar por ali.
- Oh meu Deus Kristen. – ele sussurrou de olhos fechados me dando um beijo de leve
nos lábios. – Eu amo tanto você.
E eu chorei de novo ou ouvi-lo dizendo com tanta emoção na voz, a verdade era
empregada ali com tanto fervor que eu me senti aquecer por dentro e meu peito inchar
de um amor infinito que eu tinha por ele.
- Eu amo você. – sussurrei antes de ele sorrir carinhoso pra mim e se afastar
minimamente.
- Tem gente que quer conhecer a mamãe.
Uma enfermeira sorridente colocou um pacotinho bem pequeno de cor azul perto do
meu peito direito e depois um rosa, no meu peito esquerdo.
- Oh Deus.
Eu os abracei com o resto de força que eu tinha, fechando meus olhos e deixando meus
lábios encostarem-se à testa de cada um dos dois por tempo indefinido.
- Eles são lindos, Rob.
Ele deu aquele sorriso.
Aquele sorriso emocionado que voltou a me aquecer junto com nossos filhos ali no meu
peito, seu rosto se abaixou e ele também beijou cada um deles e depois a mim, com os
lábios carinhosos em minha pele e passando um de seus braços para também abraçar os
gêmeos.
Mas cedo demais a mesma enfermeira os tirou de mim, me deixando ali sentindo
desespero por ficar longe deles.
- Eles vão pro berçário.
Assenti deitando meu rosto em sua mão que me acariciava.
O Dr. Collins veio até nós e nos cumprimentou pedindo para que eu ficasse no soro por
pelo menos um tempo, até que eu recuperasse as minhas forças. Não discuti com ele,
nem poderia. Rob apertava minha mão com tanta força que eu achei que fosse me partir
ao meio, como em um aviso que eu iria cumprir tudo o que o médico falava.
No final das contas, eu nem senti a picada da agulha em meu pulso, apenas um beijo de
Rob em meu rosto. O cansaço me tomou completamente e eu dormi de imediato.
--

Capítulo 49
Capítulo 49
Notas iniciais do capítulo
Meninas, aqui tem um pov Rob e um pov da Kris, a fic está chegando ao fim, talvez até
o final de semana já esteja acabada * sniiif

eu tento trazer outro capitulo o mais rápido que eu puder! Beiiijos

Apagar a Luz

ROBERT

‘’Aquele que conheceu apenas a sua mulher, e a amou, sabe mais de mulheres do que
aquele que conheceu mil.’’
(Leon Tolstoi)

- Ela vai ficar bem?


- Sim. Ela vai ficar bem. Os bebês estão ótimos e mais alguns dias poderão ir pra casa.
Assenti com a cabeça agradecendo ao médico e as enfermeiras que ainda estavam na
sala.
Eu não tirei meus olhos de Kristen em nenhum segundo, ela agora dormia
profundamente do meu lado, com as minhas mãos fazendo um carinho no seu rosto
enquanto eu sentia meu peito se inchando do puro orgulho que eu sentia dela e por ela.
Ela havia sido tão forte.
Não só naquele momento.
Mas em toda sua vida.
Por tudo o que já tinha passado e ela ainda estava ali.
Ela ainda me olhava com aqueles olhos verdes incríveis que eram capazes de tirar meu
chão e com aquela força sobrenatural que ela tinha de me fazer ignorar as coisas e
pensar apenas nela.
Deixei meu polegar passar por seus lábios quentes e sorri me recordando da sua mania
de mordê-los enquanto colocava uma mexa de cabelo atrás de sua orelha.
Ela era tão perfeita.
Mesmo com suas teimosias e birras.
Ela sempre seria a mulher mais linda do mundo pra mim.
Uma batida fraca na porta me tirou dos meus devaneios e olhei vendo uma enfermeira
entrando na sala.
- Vamos levá-la para o quarto privativo. Ela terá mais conforto e privacidade.
Assenti de novo agradecendo e ignorando o sorriso que ela me deu. Dei um beijo na
testa de Kristen e sai do quarto indo em direção ao berçário. Eu queria ver meus filhos
de novo, o tempo em que eles ficaram na sala comigo e com Kristen não era o suficiente
pra ficar realmente com eles.
Caminhei por aqueles corredores brancos do hospital até chegar ao berçário da ala de
pediatria e lá estavam eles. Os nomes estavam escritos em baixo dos berços, que eram
juntos um do outro.
Annabelle estava tão quietinha, apesar de estar acordada e já era uma princesa com
aquele manto rosa que a cobria, enquanto ela balançava um pouco as mãozinhas pra
cima, os olhos abertos e tinham as cores exatas dos olhos de Kristen.
O verde incrivelmente perfeito e furioso.
E eu me apaixonei mais ainda por ela. Por Jeremy. E por Kristen.
Jeremy tinha os meus olhos, as cores indefinidas ainda estavam um pouco escuras, mas
ele era claramente mais parecido comigo.
Meu garoto.
Eu tinha certeza que estava igual a um idiota parado ali na frente daquela ‘’janela’’ de
vidro enquanto a enfermeira erguia ele pra que eu pudesse ver.
O orgulho atravessando minhas veias e se alojando direto em meu coração, me fazendo
querer ficar ali os observando pelo resto da minha vida.
- Hey.
Não me virei pra saber quem era, nem precisava. Reconheci a voz meio de cansada de
Tom do meu lado e sua mão em meu ombro.
- Desculpa à demora cara, Dakota quis passar na sua casa pra pegar as coisas dos bebes
e da Kris.
Sorri por ela ter se lembrado disso quando nem eu mesmo me lembrei na hora.
- Cadê eles?
- Ali. – apontei para os berços da frente ainda com aquele sorriso idiota no rosto.
- Uau.
- São incríveis não é?!
- São sim cara, parabéns irmão.
- Obrigada Tom, por estar aqui também cara. Sei que estava indo pro trabalho.
- Idiota. – ele resmungou também sem conseguir tirar os olhos dos meus filhos.
Eu fiquei ali o tempo inteiro, ignorando o olhar das enfermeiras em mim e em Tom que
com certeza nos achava loucos por estar a tanto tempo parados no mesmo lugar.
- Hey. – ele exclamou colocando a mão no vidro, depois de um tempo. – Aquele garoto
esta perto demais do berço de Annabelle.
- Ele está dormindo Tom.
- Não importa cara, ele pode crescer e querer namorar a minha afilhada. Qual a dele
afinal?!
- Deixa de ser idiota. Minha filha não vai namorar.
- Eu espero mesmo que não. Fique de olho, irmão. Ela é muito gata. Mas eu te ajudo,
cara.Temos que ensinar Jeremy a protegê-la quando estiverem na escola.
Eu quis gargalhar de nossa preocupação antecipada.
Eu não precisava me preocupar, precisava?
Mas, pensando bem... o berço daquele garoto estava realmente muito perto do de
Annabelle e eu poderia pedir pras enfermeira pra que pudessem afastar já que minha
filha era bonita demais pra ficar tão perto de garotos daquele jeito.
- Está perto demais, não está? – perguntei baixo, ficando meio preocupado...
- É o que eu estou dizendo irmão.
- Não acredito que estão discutindo sobre isso?
Ouvi a voz de Dakota atrás de nós e ela levava uma bolsa em suas mãos.
- Oii, honey.
Ela revirou os olhos antes de me abraçar, quase me fazendo ficar surdo com seu grito.
- Por Deus, Dakota. Estamos em um hospital.
- Oh... ops. – ela riu me entregando a sacola. – Me deixe ver meus afilhados.
Dakota se abraçou a Tom pra poder ver as crianças e eu sorri de novo vendo meus
amigos ali comigo. Uma enfermeira pegou Annabelle no colo e a ergueu pra que a
víssemos e depois fez a mesma coisa com Jeremy.
- Ooown Rob. Ela vai ser a cara da Kris. – ela exclamou querendo chorar.
- É linda não é?
- Olhe só Jeremy, é maior e tem os seus olhos Rob. Tão bonito. Acho que a Kris, vai
ficar de cabelos brancos quando ele começar a namorar.
- Vamos parar com esse papo de namoro por aqui okay?!
Eu não queria nem pensar em algum idiota chegando perto da minha filha.
- E a Kris? Cadê ela cara?
- Está no quarto. Descansando.
- Sabe quando ela acorda?
- Não. – eu disse, mas esperava que fosse logo.
O quão estúpido eu era por já estar com saudades dela?
Suspirei vendo as duas enfermeiras colocarem eles de volta no berço.
- Eu vou ficar no quarto com ela tudo bem? Vocês dois parecem estar preocupados com
o berço do bebê estar perto demais de Annabelle.
Revirei meus olhos sorrindo e ela se virou atrás de nós.
- Se ela quiser alguma coisa me chame. Ou se acordar também. – dei meu último aviso
antes dela desaparecer pelo corredor.
Eu ainda queria ficar mais um tempo ali.
Olhando pra meus filhos.
Olhando para um sentimento totalmente novo, mas ao mesmo tempo muito familiar, que
me tomava o peito.
Para o meu futuro com Kristen.
Um futuro que estava só começando.
E que seria mais longo do que qualquer outro já tenha sido.
Por que futuro nós tínhamos.
E eu sabia que o amor que eu sentia por ela e pelas crianças, apenas cresceria cada dia
mais, com o passar do tempo.
Dos dias, das horas, dos minutos...
--

KRISTEN

Era como mais um dos meus sonhos bons.


Era mais uma das minhas irrealidades.
Um sentimento estranho, mas tão reconfortante que me tomava...
Que me fazia querer abrir meus olhos meio sonolentos para encarar a atmosfera perfeita
que eu sentia a minha volta.
Eu conseguia sentir os cheiros, as cores. As visões que poderiam ter ao longo daquele
caminho percorrido. E tudo isso só se tornaria mais real no momento em que eu abrisse
meus olhos.
Mas eles pareciam travados um no outro. Sem querer abrir ou me dar a chance para
fazê-lo, me fazendo recordar das palavras do médico que me pediu para ficar no soro.
Será que eles tinham colocado mais algum remédio ali, para que eu dormisse?
Se fosse isso, eles iriam me ver irritada.
Que diabos!
Eu queria ver meus filhos.
E queria ver Robert.
Eu queria ver os três agora. Naquele exato momento.
Franzi um pouco meu nariz, tentando movimentar minha boca e meu rosto por
completo, tirando um pouco a dormência que eu senti neles por ter dormido tanto.
E finalmente conseguir enxergar por trás dos cílios.
Meio embaçado e as coisas ainda um pouco desfocadas, mas ainda sim era uma visão.
Inspirei fundo e aquele cheiro característico de hospital me invadiu, me fazendo
imaginar que eu estava em uma sala privativa já que não havia barulhos por ali.
- Kris?
Olhei para o meu lado vendo Dakota de pé e com um sorriso no rosto.
- Hey Dak! Onde está Robert? Meus filhos?
Minhas mãos foram direto pra minha barriga que agora estava plana.
-Ele está com Tom no berçário. – me respondeu revirando os olhos. – Eles parecem
estar discutindo sobre um berço de outro garoto estar perto demais de Annabelle. E
terão que ensinar Jeremy a defendê-la quando estiverem na escola.
Eu gargalhei.
- Mas eles acabaram de nascer!
- Diga isso então. Daqui a pouco eles acharão que Jeremy esta paquerando a enfermeira.
Eu gargalhei novamente, adorando aquele clima de felicidade que estava praticamente
incrustado em mim.
- Mas não se preocupe. Eles logo estarão aqui. O que acha de um banho?
- Oh sim, por favor. Eu necessito de um banho.
- Ótimo. Eu passei na sua casa e peguei a bolsa que vocês tinham separado para o bebe
e para você.
- Você é um anjo, Dakota.
- Eu sei, love. – ela sorriu piscando pra mim. – Eu sou foda.
Gargalhei e entrei no pequeno banheiro que tinha no quarto.
Tomei um banho rápido e morno, apenas pra tirar aquele cansaço do meu corpo que
logo se transformou em ansiedade.
- Oii.
Olhei pra porta do banheiro no mesmo instante em que Robert aparecia ali e fechava a
porta atrás de si. Meu sorriso se alargou e ele correspondeu com ar de alegria que era
um reflexo de mim.
- Hei. As crianças?
- Estão no berçário. Já viram aqui, para que possa alimentá-las.
Sorri ainda mais em expectativas de vê-los de novo e de poder amamentá-los.
- Como eles são? – perguntei enquanto ele me tirava da ducha e me enrolava numa
toalha, para depois começar a me enxugar.
- Jeremy é maior e bem parecido comigo, eu acho. – ele sorriu, com aquele orgulho
reverberando ali novamente. – Annabelle é uma princesa e tem seus olhos.
- Eles são lindos.
- Sim, baby. Eles são.
Ele trocou minha roupa e eu me deitei de novo recebendo os abraços de Tom. Rob se
sentou ao meu lado na cama, segurando em minha mão enquanto meu coração pulava
alto no peito de tanta vontade de ter meus filhos em meus braços de novo.
E de novo e de novo.
Eu jamais seria capaz de me separar deles.
Nunca. Nem em pensamento.
- Eu vou lá fora, tenho que ligar pra faculdade. – Dakota disse com um sorriso no rosto
e saiu do quarto junto com Tom, que também tinha que ligar pro trabalho e avisar que
chegaria mais tarde.
- Eles não estão demorando?
Ele sorriu me dando um beijo na testa.
- Relaxe okay?! Eles ainda estão no berçário.
Mas eu só conseguia ficar mais ansiosa e aflita. E não foi fácil me segurar pra sair
daquela cama e ir direto ver meus filhos, por conta própria, até que uma enfermeira
chegou. Trazendo Jeremy nos braços.
Minhas mãos tremendo levemente, mas ao mesmo tempo eu me sentia total e
completamente preparada para tê-los em meus braços.
- Acho que tem alguém com fome, mãe.
Eu quis chorar quando ele foi colocado no meu corpo, os olhinhos bem abertos, ele era
tão pequeno e tão fofo que eu tinha vontade de prende-lo ali apenas pra sentir seu
corpinho miúdo junto do meu.
- Pode alimentá-lo. – ela disse e eu assenti com a cabeça, sem saber direito como fazer
isso.
Rob me ajudou a baixar a alça do meu vestido levemente e eu posicionei Jeremy,
esperando que ele me ajudasse com aquela tarefa inédita e sorri quando ele por conta
própria abocanhou meu seio, me machucando um pouco no começo, mas depois se
tornando algo tão bom e tão mágico.
Algo que eu nunca pensei em vivenciar.
Meus olhos encararam Robert e eu vi que assim como eu, as íris indefinidas estavam
marejadas, seus dedos longos se passavam pelo pouco cabelo aloirado que havia em
Jeremy, sempre com aquele sorriso bobo e orgulhoso no rosto.
Jeremy era nosso garoto.
E eu sabia o quão feliz ele estava por tê-lo. Assim como estávamos também por
Annabelle.
- Nossa filha? – perguntei a enfermeira que já ia saindo do quarto.
- Ela vai acordar em alguns minutos e já a trago aqui. – assenti agradecendo e voltando
para o meu momento com Jeremy que agora estava com os olhinhos fechados.
- Ele vai ser idêntico a você. – sussurrei levemente para vê-lo sorrir de novo.
No minuto seguinte Annabelle entrava no quarto, estava agitada e balançava os
bracinhos pra cima apesar de seus olhinhos estarem fechados.
Robert a pegou enquanto Jeremy acabava de mamar e ficou passeando com ela pelo
quarto, para distraí-la da fome.
Ele me passou Annabelle e depois pegou Jeremy, fazendo o mesmo com ele.
E antes que a enfermeira viesse até ali, para levá-los de mim novamente, nós ficamos
assim.
Nós quatro. Um sorriso bobo de pura felicidade e emoção era impresso no meu rosto e
no de Robert, que logo veio se sentar ao meu lado e me beijar levemente, ainda ninando
Jeremy em seus braços.
Ele seria o melhor pai do mundo.
E eu... bem... eu seria apenas a garota de sorte.
Que ele havia escolhido pra ser dele...
Pelo resto da vida.
--Capítulo 50

Capítulo 50

Notas iniciais do capítulo


Aqui mais um meninas, trago outro assim que puder :)

beeeeeeeeeeeijos

Apagar a Luz

Demoramos quase quatro dias para sairmos do hospital, não que eu estivesse contando,
por que na maioria das vezes, eu apenas dormia e acordava para amamentar as crianças.
Não gostava de hospital e meu coração ainda palpitava a cada vez que uma pessoa
diferente entrava lá dentro. Ninguém me tocava mais, o que era um alivio e isso também
fazia com que Robert fosse pro trabalho com menores preocupações.
Ele dera ordens na recepção pra que ninguém entrasse no meu quarto e nem falasse
comigo, apenas ele ou Tom e Dakota, que vinham sempre acompanhados de Sam pra
me ver ou para ver as crianças no berçário.
E eu estava cada dia mais alegre e feliz com as coisas a minha volta.
Eu tinha meus filhos.
Eu tinha Robert.
E tinha os melhores amigos que eu poderia sonhar em ter.
Não precisa de mais nada.
Ou pensava que não precisava.
Ficar tempo demais no hospital me dava a chance de pensar em muitas coisas e a
principal delas, era em minha família e minha mãe... que estava afoita do outro lado da
linha falando comigo e quase chorando por vontade de vir pra cá e conhecer os netos.
- Não acredito que sou avó de novo.
- Agora só falta o Cam para te dar mai um neto, mamãe.
- Isso seria tão bom. Eu queria tanto poder ir até ai e ficar uns dias com vocês, meu
amor.
- Eu sei que sim. Mas cuide das suas coisas okay?! Taylor me contou que não passou
bem na semana passada... o que houve?
- Não acredito que ele já te ligou.
- Sim, eu estava falando com ele antes de você ligar. E responda minha pergunta, mãe.
- Não foi nada, minha pressão caiu. Foi só.
- Tem certeza? Você foi ao médico?
- Está tudo sob controle, Kristen.
Suspirei resignada por não poder estar com ela e obrigá-la a me contar se estava mesmo
bem como dizia.
- Tudo bem mamãe. Apenas se cuide, por favor. – naquele momento Robert entrava no
meu quarto, sorrindo pra mim que já estava arrumada para ir embora. – Eu tenho que ir,
vou sair do hospital hoje.
- Não se preocupe filha. – ela disse e eu podia ver a emoção em sua voz, por eu estar
preocupada com ela, eu sempre me preocupava com ela, só não sabia como demonstrar.
– Dê um beijo em Robert por mim e nos meus netos também.
- Pode deixar... eu...
Eu queria falar que a amava e vi o sorriso de Robert me encorajando a fazer aquilo. Mas
engoli em seco e fechei meus olhos, me despedindo apenas.
- Tudo bem? – ele perguntou quando desliguei o telefone.
- Sim... – respirei fundo. – As crianças?
- Já chegarão. – ele se aproximou, me abraçando e dando um beijo em minha testa. –
Pronta pra irmos?
- Oh sim, por favor. Eu necessito da minha casa.
- Então é só esperar as crianças.
Ele disse rindo e me ajudando a levantar da cama. Passei minhas mãos pelo cabelo em
pura ansiedade de ir logo pra casa com meus filhos e ficar com eles o dia inteiro.
- Ainda vai trabalhar hoje? – perguntei ouvindo seu suspiro.
- Sim, me desculpe. Mas tenho que voltar pra empresa.
Assenti sorrindo pra ele e dando um beijo em seu rosto depois que me aconcheguei mais
em seus braços.
- Vamos ter que ir de táxi okay?!
- Tudo bem. Eu esqueci de comprar as cadeirinhas pra eles, eu sou uma péssima mãe, eu
sei.
Eu respondi fazendo ele ri.
- Não seja exagerada.
Revirei meus olhos e sorri de novo.
E mais ainda quando nossos filhos chegaram pela mão de duas enfermeiras e do
médico.
- Já está liberada Kristen.
- Obrigada.
Estiquei meus braços para pegar Jeremy enquanto Annabelle era colocada nos braços de
Robert. Agradecemos a todo mundo que estava na sala no dia do parto e que haviam
cuidado de mim e dos bebês naqueles dias e logo estávamos no táxi, indo – finalmente –
para nossa casa.
- Está cansada. Não quer dormir um pouco?
- Annabelle deve acorda a qualquer momento. Acho que vou ficar acordada e depois eu
durmo.
- Certo.
Ele a colocou no seu berço lhe dando um beijo na testa, assim como ele fazia comigo e
depois fomos juntos pro quarto de Jeremy o colocando em seu berço também, para que
ele pudesse fazer a mesma coisa que fez com Annabelle.
- Vou tentar chegar mais cedo okay?! – assenti com a cabeça, fechando os olhos pra
sentir seu cheiro mais forte. – Me ligue qualquer coisa, Kristen. Com você ou com as
crianças.
- Pode deixar, baby.
Sua boca desceu sobre a minha num beijo deliciosamente molhado e intenso até que nos
afastamos meio a contragosto e ele sorriu saindo do quarto.
Fiquei parada um tempo, escutando seus passos pesados na escada e depois a porta se
fechando e por fim o barulho de carro saindo da garagem, suspirei com um meio sorriso
no rosto me virando para Jeremy que dormia igual a um anjo.
O rostinho grudado no berço e suas mãozinhas ao lado dela, com aquelas roupinhas
fofas de cores verdes.
- E então filho?! Somos só eu, você e sua irmãzinha... o que faremos? – escutei um
choro fino de Annabelle no outro quarto.
- Tudo bem... eu já sei o que faremos.
Sorri antes de sair do quarto e indo alimentar Annabelle.
- Hei princesinha.
Eu adorava falar com eles, mania que eu peguei desde o começo, enquanto Robert
cantava, eu apenas conversava com eles e os movimentos que eles faziam na minha
barriga, me fazia acreditar que estavam escutando.
A peguei calmamente do berço, colando seu corpinho miúdo junto do meu enquanto a
amamentava. Ela fechou seus olhinhos parecendo estar realmente com fome e se pôs
prontamente a sugar meu seio... ainda doía um pouco no começo... mas aliviava depois
também.
- Agora você vai voltar a dormir não é? – falei inutilmente, já que ela tinha voltado a
dormir na mesma hora.
Levantei a alça do vestido com um sorriso já pregado no meu rosto e me senti cansada e
com um pouco de sono... Jeremy acordaria em pouco tempo para se alimentar e eu tinha
que aproveitar este pequeno intervalo deles. Liguei a baba eletrônica do quarto dos dois
e tomei um banho morno, adormecendo logo depois.
Acordei novamente com o choro de Jeremy que voltou a dormir logo depois de
amamentado.
Sai do quarto dele entrando logo no de Annabelle para conferir se estava tudo bem e
desci logo em seguida, quando vi que já eram mais de três horas da tarde e meu
estômago reclamava de fome.
Preparei um sanduíche qualquer e comi com um suco de laranja para depois voltar até
as crianças para trocá-las.
O dia se passou até rápido, meu corpo cansado que despertava de três em três horas,
estava quase implorando por uma noite longa de sono. Robert chegou eram mais de seis
horas e me ajudou com o banho deles para que pudéssemos jantar e dormir logo em
seguida.
Mais dias se passaram e ele estava comigo mais tempo do que realmente podia, ficava
acordado de madrugada mesmo quando chegava exausto do trabalho e era mais presente
na vida das crianças do que eu já tinha visto alguém fazer.
- Não precisa levantar Rob. Eu vou até lá baby. – eu lhe disse em uma noite.
Eu sabia que o trabalho dele estava ainda mais pesado com a crise que aconteceu na
bolsa de Nova York e ele estava lutando para que as ações da empresa não sofressem
tanto com o impacto disso. Mas é claro que ele não me deu ouvidos, apenas me beijou e
foi pro quarto de Annabelle enquanto eu amamentava Jeremy.
Nós fazíamos isso todas as noites desde que chegamos do hospital. Eu sabia que podia
amamentar os dois, mas eles tinham horários diferentes para amamentação, por isso eu
ficava mais tempo acordada do que dormindo.
Dei um beijo em Jeremy o colocando no berço de novo, acendi sua luminária de
carrinhos e o cobri com sua manta azul com branco, antes de sair do quarto.
- Ela está com fome? – perguntei entrando no quarto de Annabelle e estranhando porque
não tinha nem duas horas que ela havia mamado.
- Não. – ele sorriu olhando pra ela e fechando os botões de seu pijaminha lilás. – Era a
fralda. Mas já está tudo resolvido.
Eu sorri me aproximando dele enquanto ele a ninava em seu peito que estava sem
camisa, ele a olhava com tanta devoção... tanto amor... o mesmo olhar que ele dava a
Jeremy e a mim.
Era o mesmo olhar do meu pai para a minha mãe quando chegava do trabalho, enquanto
ainda morávamos em Miami e éramos mais felizes que qualquer outra família daquela
vizinhança pequena.
E hoje...
Hoje eu tinha minha própria família.
Meus filhos que eu amava além de qualquer razão.
Robert que era o pai dos meus filhos e o homem que eu amaria até o final da minha
vida.
E até depois dela também.
Era divino, sublime e completamente surreal que eu... logo eu, pudesse estar sempre
assim... tão feliz.. tão divertida com a vida...
Com a minha vida. E não com a vida que eu queria ter.
Por que eu tinha tudo o que eu queria ali, ao alcance das minhas mãos.
O homem perfeito, filhos perfeitos.
Eu tinha a minha própria família perfeita.
- Hey! O que houve?
Senti que ele se aproximava de mim depois de ter colocado Annabelle no berço, foi só
então que percebi que tinham lágrimas em meu rosto.
- Nada. Não é nada. – respondi enxugando minhas lágrimas silenciosas.
- Baby...
- Está tudo bem Rob... eu apenas...
- Apenas... – ele me encorajou a terminar minha frase.
- Nunca imaginei estar aqui... assim... desse jeito.. com você e nossos filhos...
- Kris... – seus braços se passaram a minha volta me deixando olhar em seus olhos. –
Isso é real, meu amor. Não precisa chorar. - Seus lábios desceram até minha testa de um
jeito tão carinhoso que eu senti sono e louca para dormir em seus braços.
- Eu sei... mas ao mesmo tempo parece tão irreal Rob. Olhe só isso...
Nós olhamos para Annabelle que já tinha voltado a dormir, embrulhada na sua manta
cor de rosa com a luz da lua lá fora batendo direto no seu rostinho.
Dando a ela o ar angelical que os dois pareciam ter.
- Eu nunca me imaginei assim... tão feliz.
- Não imagine Kristen. – seus olhos me encararam. – Apenas veja, baby. Tudo isso é
seu... é nosso, meu amor.
Deixei que minhas lágrimas fizessem seu trabalho naquele momento, às vezes sorrindo,
às vezes querendo gargalhar.
Eu me sentia tão bem, que poderia rodar o mundo inteiro a pé e não ficar cansada.
Não se fosse pra voltar para ali.
Para minha família.
Para Robert e meus filhos.
Eles eram a minha luz e o meu lar.
Nada além disso, realmente importava.
Não se eu sempre pudesse voltar para seus braços no final das contas.
Capítulo 50
Capítulo 50

Notas iniciais do capítulo


Aqui mais um meninas, trago outro assim que puder :)

beeeeeeeeeeeijos

Apagar a Luz

Demoramos quase quatro dias para sairmos do hospital, não que eu estivesse contando,
por que na maioria das vezes, eu apenas dormia e acordava para amamentar as crianças.
Não gostava de hospital e meu coração ainda palpitava a cada vez que uma pessoa
diferente entrava lá dentro. Ninguém me tocava mais, o que era um alivio e isso também
fazia com que Robert fosse pro trabalho com menores preocupações.
Ele dera ordens na recepção pra que ninguém entrasse no meu quarto e nem falasse
comigo, apenas ele ou Tom e Dakota, que vinham sempre acompanhados de Sam pra
me ver ou para ver as crianças no berçário.
E eu estava cada dia mais alegre e feliz com as coisas a minha volta.
Eu tinha meus filhos.
Eu tinha Robert.
E tinha os melhores amigos que eu poderia sonhar em ter.
Não precisa de mais nada.
Ou pensava que não precisava.
Ficar tempo demais no hospital me dava a chance de pensar em muitas coisas e a
principal delas, era em minha família e minha mãe... que estava afoita do outro lado da
linha falando comigo e quase chorando por vontade de vir pra cá e conhecer os netos.
- Não acredito que sou avó de novo.
- Agora só falta o Cam para te dar mai um neto, mamãe.
- Isso seria tão bom. Eu queria tanto poder ir até ai e ficar uns dias com vocês, meu
amor.
- Eu sei que sim. Mas cuide das suas coisas okay?! Taylor me contou que não passou
bem na semana passada... o que houve?
- Não acredito que ele já te ligou.
- Sim, eu estava falando com ele antes de você ligar. E responda minha pergunta, mãe.
- Não foi nada, minha pressão caiu. Foi só.
- Tem certeza? Você foi ao médico?
- Está tudo sob controle, Kristen.
Suspirei resignada por não poder estar com ela e obrigá-la a me contar se estava mesmo
bem como dizia.
- Tudo bem mamãe. Apenas se cuide, por favor. – naquele momento Robert entrava no
meu quarto, sorrindo pra mim que já estava arrumada para ir embora. – Eu tenho que ir,
vou sair do hospital hoje.
- Não se preocupe filha. – ela disse e eu podia ver a emoção em sua voz, por eu estar
preocupada com ela, eu sempre me preocupava com ela, só não sabia como demonstrar.
– Dê um beijo em Robert por mim e nos meus netos também.
- Pode deixar... eu...
Eu queria falar que a amava e vi o sorriso de Robert me encorajando a fazer aquilo. Mas
engoli em seco e fechei meus olhos, me despedindo apenas.
- Tudo bem? – ele perguntou quando desliguei o telefone.
- Sim... – respirei fundo. – As crianças?
- Já chegarão. – ele se aproximou, me abraçando e dando um beijo em minha testa. –
Pronta pra irmos?
- Oh sim, por favor. Eu necessito da minha casa.
- Então é só esperar as crianças.
Ele disse rindo e me ajudando a levantar da cama. Passei minhas mãos pelo cabelo em
pura ansiedade de ir logo pra casa com meus filhos e ficar com eles o dia inteiro.
- Ainda vai trabalhar hoje? – perguntei ouvindo seu suspiro.
- Sim, me desculpe. Mas tenho que voltar pra empresa.
Assenti sorrindo pra ele e dando um beijo em seu rosto depois que me aconcheguei mais
em seus braços.
- Vamos ter que ir de táxi okay?!
- Tudo bem. Eu esqueci de comprar as cadeirinhas pra eles, eu sou uma péssima mãe, eu
sei.
Eu respondi fazendo ele ri.
- Não seja exagerada.
Revirei meus olhos e sorri de novo.
E mais ainda quando nossos filhos chegaram pela mão de duas enfermeiras e do
médico.
- Já está liberada Kristen.
- Obrigada.
Estiquei meus braços para pegar Jeremy enquanto Annabelle era colocada nos braços de
Robert. Agradecemos a todo mundo que estava na sala no dia do parto e que haviam
cuidado de mim e dos bebês naqueles dias e logo estávamos no táxi, indo – finalmente –
para nossa casa.
- Está cansada. Não quer dormir um pouco?
- Annabelle deve acorda a qualquer momento. Acho que vou ficar acordada e depois eu
durmo.
- Certo.
Ele a colocou no seu berço lhe dando um beijo na testa, assim como ele fazia comigo e
depois fomos juntos pro quarto de Jeremy o colocando em seu berço também, para que
ele pudesse fazer a mesma coisa que fez com Annabelle.
- Vou tentar chegar mais cedo okay?! – assenti com a cabeça, fechando os olhos pra
sentir seu cheiro mais forte. – Me ligue qualquer coisa, Kristen. Com você ou com as
crianças.
- Pode deixar, baby.
Sua boca desceu sobre a minha num beijo deliciosamente molhado e intenso até que nos
afastamos meio a contragosto e ele sorriu saindo do quarto.
Fiquei parada um tempo, escutando seus passos pesados na escada e depois a porta se
fechando e por fim o barulho de carro saindo da garagem, suspirei com um meio sorriso
no rosto me virando para Jeremy que dormia igual a um anjo.
O rostinho grudado no berço e suas mãozinhas ao lado dela, com aquelas roupinhas
fofas de cores verdes.
- E então filho?! Somos só eu, você e sua irmãzinha... o que faremos? – escutei um
choro fino de Annabelle no outro quarto.
- Tudo bem... eu já sei o que faremos.
Sorri antes de sair do quarto e indo alimentar Annabelle.
- Hei princesinha.
Eu adorava falar com eles, mania que eu peguei desde o começo, enquanto Robert
cantava, eu apenas conversava com eles e os movimentos que eles faziam na minha
barriga, me fazia acreditar que estavam escutando.
A peguei calmamente do berço, colando seu corpinho miúdo junto do meu enquanto a
amamentava. Ela fechou seus olhinhos parecendo estar realmente com fome e se pôs
prontamente a sugar meu seio... ainda doía um pouco no começo... mas aliviava depois
também.
- Agora você vai voltar a dormir não é? – falei inutilmente, já que ela tinha voltado a
dormir na mesma hora.
Levantei a alça do vestido com um sorriso já pregado no meu rosto e me senti cansada e
com um pouco de sono... Jeremy acordaria em pouco tempo para se alimentar e eu tinha
que aproveitar este pequeno intervalo deles. Liguei a baba eletrônica do quarto dos dois
e tomei um banho morno, adormecendo logo depois.
Acordei novamente com o choro de Jeremy que voltou a dormir logo depois de
amamentado.
Sai do quarto dele entrando logo no de Annabelle para conferir se estava tudo bem e
desci logo em seguida, quando vi que já eram mais de três horas da tarde e meu
estômago reclamava de fome.
Preparei um sanduíche qualquer e comi com um suco de laranja para depois voltar até
as crianças para trocá-las.
O dia se passou até rápido, meu corpo cansado que despertava de três em três horas,
estava quase implorando por uma noite longa de sono. Robert chegou eram mais de seis
horas e me ajudou com o banho deles para que pudéssemos jantar e dormir logo em
seguida.
Mais dias se passaram e ele estava comigo mais tempo do que realmente podia, ficava
acordado de madrugada mesmo quando chegava exausto do trabalho e era mais presente
na vida das crianças do que eu já tinha visto alguém fazer.
- Não precisa levantar Rob. Eu vou até lá baby. – eu lhe disse em uma noite.
Eu sabia que o trabalho dele estava ainda mais pesado com a crise que aconteceu na
bolsa de Nova York e ele estava lutando para que as ações da empresa não sofressem
tanto com o impacto disso. Mas é claro que ele não me deu ouvidos, apenas me beijou e
foi pro quarto de Annabelle enquanto eu amamentava Jeremy.
Nós fazíamos isso todas as noites desde que chegamos do hospital. Eu sabia que podia
amamentar os dois, mas eles tinham horários diferentes para amamentação, por isso eu
ficava mais tempo acordada do que dormindo.
Dei um beijo em Jeremy o colocando no berço de novo, acendi sua luminária de
carrinhos e o cobri com sua manta azul com branco, antes de sair do quarto.
- Ela está com fome? – perguntei entrando no quarto de Annabelle e estranhando porque
não tinha nem duas horas que ela havia mamado.
- Não. – ele sorriu olhando pra ela e fechando os botões de seu pijaminha lilás. – Era a
fralda. Mas já está tudo resolvido.
Eu sorri me aproximando dele enquanto ele a ninava em seu peito que estava sem
camisa, ele a olhava com tanta devoção... tanto amor... o mesmo olhar que ele dava a
Jeremy e a mim.
Era o mesmo olhar do meu pai para a minha mãe quando chegava do trabalho, enquanto
ainda morávamos em Miami e éramos mais felizes que qualquer outra família daquela
vizinhança pequena.
E hoje...
Hoje eu tinha minha própria família.
Meus filhos que eu amava além de qualquer razão.
Robert que era o pai dos meus filhos e o homem que eu amaria até o final da minha
vida.
E até depois dela também.
Era divino, sublime e completamente surreal que eu... logo eu, pudesse estar sempre
assim... tão feliz.. tão divertida com a vida...
Com a minha vida. E não com a vida que eu queria ter.
Por que eu tinha tudo o que eu queria ali, ao alcance das minhas mãos.
O homem perfeito, filhos perfeitos.
Eu tinha a minha própria família perfeita.
- Hey! O que houve?
Senti que ele se aproximava de mim depois de ter colocado Annabelle no berço, foi só
então que percebi que tinham lágrimas em meu rosto.
- Nada. Não é nada. – respondi enxugando minhas lágrimas silenciosas.
- Baby...
- Está tudo bem Rob... eu apenas...
- Apenas... – ele me encorajou a terminar minha frase.
- Nunca imaginei estar aqui... assim... desse jeito.. com você e nossos filhos...
- Kris... – seus braços se passaram a minha volta me deixando olhar em seus olhos. –
Isso é real, meu amor. Não precisa chorar. - Seus lábios desceram até minha testa de um
jeito tão carinhoso que eu senti sono e louca para dormir em seus braços.
- Eu sei... mas ao mesmo tempo parece tão irreal Rob. Olhe só isso...
Nós olhamos para Annabelle que já tinha voltado a dormir, embrulhada na sua manta
cor de rosa com a luz da lua lá fora batendo direto no seu rostinho.
Dando a ela o ar angelical que os dois pareciam ter.
- Eu nunca me imaginei assim... tão feliz.
- Não imagine Kristen. – seus olhos me encararam. – Apenas veja, baby. Tudo isso é
seu... é nosso, meu amor.
Deixei que minhas lágrimas fizessem seu trabalho naquele momento, às vezes sorrindo,
às vezes querendo gargalhar.
Eu me sentia tão bem, que poderia rodar o mundo inteiro a pé e não ficar cansada.
Não se fosse pra voltar para ali.
Para minha família.
Para Robert e meus filhos.
Eles eram a minha luz e o meu lar.
Nada além disso, realmente importava.
Não se eu sempre pudesse voltar para seus braços no final das contas.
--Capítulo 52

Capítulo 52

Notas iniciais do capítulo


Hei meninas, mais um capitulo :)

beeeeeeeeeijos

Apagar a Luz

‘’Para onde quer que olhe, vejo pessoas apenas avançando. E talvez eu devesse
simplesmente fazer o mesmo. ’’

(Cecelia Ahern)

Era mais uma tarde quente de Los Angeles, era domingo para ser mais específica e nós
estaríamos dentro de um avião para Miami amanhã de tarde.
Meu coração ainda estava acelerado com as possibilidades do que eu iria encontrar por
lá e o medo reverberava por minhas células, como um martelo incessante na cabeça de
prego. Me lembrando de tudo o que poderia estar me esperando na Flórida.
As crianças fariam 12 meses em apenas algumas semanas.
E eu gostava de ter a ilusão de que até lá, minha família pudesse estar unida e completa
novamente, com a minha mãe e meus irmãos aqui.. assim como a família de Robert que
provavelmente viria para o aniversário deles.
Suspirei fechando a janela da sala, onde eu estava desde que coloquei as crianças pra
dormir. Rob tinha ido até o centro fazer a confirmação das nossas passagens e no
mercado comprar as coisas que eu pedi pra hoje, mas não demoraria a estar em casa o
que era um alivio pra mim. Ele tinha sido minha força, junto com nossos filhos, durante
toda as duas semanas em que eu tentava me preparar psicologicamente para voltar a
casa da minha mãe.
Eu sabia que ele também estava e pior ainda, ele estava tentando afundar a raiva de
Brian pra dentro de sua mente, como eu pedi pra que ele fizesse, mas não estava
surtindo efeito. Eu conseguia ver o fogo nos seus olhos e o brilho da raiva por trás dos
azuis esverdeados. A raiva o estava consumindo e aquela era a chance que ele tinha de
ficar cara a cara com Brian.
E eu não poderia fazer nada pra impedir.
Soltei todo ar pela minha boca escutando o choro que eu já reconhecia de Annabelle.
- Shii, estou aqui princesinha.
- Pap...
- O papai já vai chegar.
Annabelle além de grudada em Robert, também era ciumenta.
- Não faça esse bico pra mim. Ele só funciona com seu pai. – lhe disse rindo e a levando
para o andar de baixo comigo, passando antes no quarto de Jeremy e vendo que ele
ainda dormia. Igual um anjo.
A coloquei na cadeira alta do lado da mesa da cozinha e preparei um cereal infantil pra
que ela pudesse comer ao invés de tomar mamadeira.
Ela começou a comer bem, até que não quis mais e começou a chorar de novo
chamando pelo pai e querendo meu colo.
- Não precisa de lágrimas, Annabelle. – disse firme pra ela que parou de chorar,
deitando o rostinho em meu ombro. – A mamãe está aqui, filha.
Fiquei ninando ela até que Robert chegou e ela fez manha pra ir pro colo dele, que
claro, a pegou sem nem esperar resposta minha e se pôs a mimá-la.
- O que houve?
Eu ri lhe dando um beijo.
- Você a esta mimando demais, foi isso que houve. – ele sorriu ninando ela em seus
braços, que agora já não chorava mais.
- As compras estão aqui amor. – ele me passou uma sacola de papel do mercado. – E
nossa reserva no hotel, já está feita.
- Okay. – inspirei o ar fortemente e fui pra cozinha preparar o almoço.
- Você está bem?
- Sim. Eu estou. – sorri pra ele. – Ela já voltou a dormir? – olhei Annabelle em seus
braços.
- Sim. – disse retribuindo meu sorriso. – Se eu colocá-la no berço agora, ela vai chorar.
Revirei os olhos fazendo ele rir de novo e me dar mais um beijo antes de sair da
cozinha, com certeza iria pra sala e depois passaria pra ver Jeremy no quarto dele.
Fiz o almoço retirando o frango da geladeira e fazendo uma salada com as verduras que
Rob havia comprado pra mim, bati um suco de laranja e fiz um na mamadeira pra
Jeremy que gostava e que acordaria pedindo por um.
Robert finalmente tinha colocado Annabelle no berço e nós almoçamos tranqüilos e sem
tocar no assunto da viagem amanhã.
- Onde está o suco? – ele me perguntou quando ouviu Jeremy chorando e eu estava
arrumando a cozinha.
- Deixei na geladeira amor, na porta.
Ele sorriu pegando o suco e subindo as escadas para o quarto de Jeremy.
Terminei de arrumar a cozinha e subi pra tomar um banho e tentar relaxar um pouco, a
tensão para o dia de amanhã estava quase me sufocando.
Meu banho foi rápido, por que apesar de precisar relaxar mesmo, eu também queria
dormir e dormir muito se fosse possível. Desabei na minha cama que eu agradeceria até
o fim da minha vida por ser grande e confortável.
E adormeci feito um anjo, sabendo que Robert cuidaria das crianças pra que eu pudesse
ficar quietinha, embaixo dos edredons e com o ar condicionado ligado.
Mas meu sono durou muito mais tempo do que eu planejava, quando despertei
novamente, já era de noite e por Deus, eu dormi mais de cinco horas.
Prendi meu cabelo ainda meio tropeçando nas cobertas da cama por causa da sonolência
e disparei escada abaixo para ver Jeremy dormindo no peito de Robert enquanto o
mesmo assistia algum canal de esportes na TV.
- O que houve? – perguntou me olhando e continuando com o carinho nas costas de
Jeremy. Eu respirei fundo passando a mão no rosto.
- Acordei assustada. – revirei os olhos para escutar seu riso baixo depois. – Annabelle?
- Dormindo e tomada banho. – sorri tentando achar um lugar por ali onde eu pudesse me
deitar perto dele também. Rob chegou seu corpo mais pra dentro do sofá e eu me
encostei em seu ombro, sorrindo feliz e abraçando Jeremy também com um braço só.
Ficamos ali por muito tempo. Apenas aproveitando o carinho um do outro.
- Tudo bem? – sua voz baixa me perguntou, me encarando diretamente.
- Sim. – suspirei. – Acho que sim.
- Vai ficar tudo bem.
Assenti recebendo seu beijo em minha testa e foi apenas fechar os olhos pra que eu
dormisse de novo.
--
‘’Passageiros do vôo 6776 da American Airlines com destino a Miami, última chamada
para embarque. ’’
Chegar ao aeroporto necessitou de um pouco mais de compreensão da minha parte
masoquista e psicológica. Meus instintos de defesa gritando dentro de mim para que eu
não fosse, para que nem pensasse naquela possibilidade e com meu coração numa
batalha interna para que eu pudesse acabar logo com todo aquele sofrimento que já
durava tempo demais.
Jeremy estava inquieto no meu colo, talvez sentindo minha tensão e Robert passeava
com Annabelle pelo aeroporto em busca de M&M’s que ela queria, mas logo eles
estariam aqui já que a última chamada para o vôo já tinha sido feita.
- Não pode filho. – disse a Jeremy que puxava as pontas do meu cabelo e queria colocar
na boca.
- Baby? Vamos?
- Sim. – respirei fundo. – Conseguiu os M&M’s?
- Sim, mas ela já comeu tudo. – eu ri com ele vendo a boca de Annabelle toda suja com
o chocolate.
Ele me entregou outro pacotinho para que eu desse a Jeremy que daqui a pouco pediria
por seu suco de laranja.
Entramos no avião e eu tentava controlar minha pulsação e meus fortes indícios de
enjôos, meu estomago embrulhava e tudo o que eu queria fazer era dormir nos braços de
Robert pelo resto da minha eternidade.
Só assim eu me sentiria segura.
- Nós vamos ficar bem! – ele me garantiu cobrindo Jeremy que dormia em meu colo
quando já estávamos quase chegando.
Eu só consegui assenti com a cabeça, tentando descer o nó estranho e desconfortável em
minha garganta.
Fechei meus olhos no mesmo instante em que meus pés saíram do avião, vertigens
assaltavam meu corpo e as lembranças me invadiam sem piedade.
- Kris? Amor? – a voz de Robert estava agoniada.
Oh Deus, eu estava passando mal e com meu filho nos braços.
Me agarrei a Jeremy e me impedi de desmaiar, eu não poderia ser fraca agora.
Não podia.
- Kristen..
- Eu to bem. – tentei garantir a ele. – Eu to bem Rob.
- Me dê ele aqui, Kris. – falou tentando pegar Jeremy dos meus braços, mas eu o prendi
com mais força.
- Não, Rob! Eu vou me controlar, eu preciso que ele fique aqui agora.
Olhei em seus olhos e ele notou meu desespero, amparando Annabelle com um só braço
e me enlaçando com o outro.
Nós chegamos ao hotel The Palms, com aquele calor infernal que era Miami, as ruas
ensolaradas, a baía com os veleiros e atravessando a ponte para chegar a Miami Beach,
na costa da praia.
Nossa suíte no hotel tinha sofrido alterações, pedi a Robert que reservasse apenas um
quarto por que não queria ficar separada das crianças nem mesmo por uma parede e ele
o fez, me entendendo e mandando que colocassem apenas os berços móveis pra eles.
Tentei me acalmar depois de um banho, mas não surtiu efeito. Eu estava com sono,
cansada da viagem de mais de três horas e com medo de que algo acontecesse as
crianças ou a Robert enquanto estivéssemos nessa cidade.
Havia algo de maior em meus temores e talvez apenas Robert conseguisse me entender.
Estar ali de novo era como se algo pudesse acontecer com eles, como aconteceu comigo
e eu nem queria fechar os olhos para não ter pesadelos com isso.
Eu morreria se algo acontecesse a Robert ou as crianças.
Droga!
Eu estava chorando.
Fui de volta pro banheiro sabendo que Rob ainda estava no saguão do hotel e aproveitei
pra chorar, eu não queria chorar na frente dele e nem na frente de ninguém.
Demorei alguns segundos pra me recompor novamente e quando sai do banheiro, ele
estava na cama sentado e olhando justamente para o lugar da onde eu saia.
Meus olhos foram dos berços para ele e ele assentiu com a cabeça dizendo que estava
tudo bem e para que eu me aproximasse.
Me sentei em seu colo e deixei meu rosto se afundar no seu pescoço, uma perna de cada
lado do seu corpo e minhas mãos crispadas em sua camisa regata.
- Shii, baby. Vai ficar tudo bem.
- Eu não quero que ela me odeie. – murmurei.
- Ela não vai te odiar, meu amor. Ninguém vai odiar você.
Eu ainda chorei por muito tempo em seu colo. Sua voz e seus braços me acalentaram
durante todos os segundos em que eu permiti meu desespero de vir a tona.
Aquilo era preciso. Deixar tudo esvaziar para que eu pudesse me sentir pronta quando
encarasse minha mãe frente a frente.
E não foi até anoitecer que eu tive coragem de ligar pra ela.
- Mãe?
- Kristen? Filha, está com celular diferente? Não reconheci à operadora.
- Não.. este é outro. – respirei fundo e mordi meus lábios, encarando a visão da praia de
Miami pela sacada do hotel. – Na verdade mãe... – engoli em seco. – Eu estou em
Miami.
Capítulo 53
Capítulo 53

Notas iniciais do capítulo


Eu espero que gostem desse capitulo meninas *--*

e pra quem ainda não tem, minha comunidade de fcs no orkut :)

http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=106776925

beeeeeijos

Apagar a Luz

‘’Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando
as conseqüências. Aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha. ’’
(William Shakespeare)

Eu sentia minha cabeça rodando, dando voltas e mais voltas... em círculos infundados
de uma lógica irreal. A emoção e o choro da minha mãe ao telefone eram as principais
vozes na minha cabeça.
Minha mente tentava repassar cada palavra que eu diria a ela e eu sabia que na hora
‘’H’’ seria tudo bem mais difícil do que estava sendo agora.
Me virei na cama sem tirar o braço de Rob que estava travado na minha cintura e
delineei com a ponta dos dedos todos os traços do seu rosto perfeito.
A barba por fazer, os lábios finos e com um gosto tão bom... os cílios negros protegendo
as orbes esverdeadas que eu mais amava na vida... tão igual a Jeremy e a Annabelle...
Será que ele sabia o quanto eu o amava?
O quanto de amor tinha dentro de mim por ele?
O quão eu era grata por ele ter me salvado?
E o quão ele me fazia feliz só por sorrir?
Engoli o nó seco que estava travando a minha garganta.
Eu tinha tanto medo de perdê-lo um dia. Que fazia meu coração palpitar de angústia só
com o pensamento.
Aproximei nossos rostos e lhe beijei levemente os lábios antes de me levantar da cama e
ir para o berço e ficar olhando meus filhos por um tempo indeterminado.
O que seria de mim se eu não os tivesse?
Era um amor tão incondicional que não cabia no peito e se expandia por cada célula do
meu organismo.
Eu mataria e morreria por eles e por Robert.
Eles eram a minha vida.
- Senti a sua falta na cama. – Rob falou suave passando seus braços em minha cintura
me abraçando por trás e afundando seu rosto no pescoço. Me fazendo sorri como
sempre.
- Eu já iria voltar.
- Eles estão bem?
- Sim. Tudo bem... eu apenas...
- Shii... eu sei.
E sem falar mais nada ele pegou Jeremy do berço me indicando para pegar Annabelle
que mesmo adormecida deixou seu rostinho em meu pescoço.
- Venha. Vamos dormir.
Ele aconchegou Jeremy em seu peito nu, rodeando minha cintura com o outro braço até
que eu estivesse deitada em teu ombro com Annabelle aconchegada em mim também.
Senti seu beijo em minha testa e logo depois as crianças também foram beijadas.
- Eu amo você. Vocês.
Sorri pra ele com os olhos marejados e não precisei fazer esforço pra cair na
inconsciência.
--
Fora um pouco complicada demais encontrar a casa da minha novamente, eu tinha
apenas vagas lembranças de quando saí daqui e já se passara tanto tempo que eu pensei
que tudo poderia estar diferente.
Mas eu devia saber que mamãe jamais mudaria algo na casa em que ela passou a vida
inteira com papai e com os filhos e que mesmo que Brian morasse ali com ela, ela
jamais desistiria daquela casa.
- É aqui baby.
Robert disse ao meu lado apertando sua mão na minha enquanto parava o carro em
frente aos portões grandes de ferro preto.
- Eu posso fazer isso.
- É claro que você pode. É apenas a sua mãe Kiki.
Engoli em seco e liguei pra mãe dizendo que já estava lá e que ela poderia abrir os
portões. Passamos pelo jardim e eu mantive meus olhos fechados o tempo inteiro, eu
não precisava ver o cenário de tanta felicidade e ao mesmo tempo de tanto horror.
Sai do carro segurando Annabelle firmemente em meus braços, seus olhos verdes
sorridentes olhavam pra Jeremy que estava no colo de Robert e eles brincavam entre si
se escondendo ora ou outra em nossos pescoços. Rob passou um braço em minha
cintura quando mamãe abriu a porta branca da casa e tinha as mãos na boca pela
emoção que devia estar sentindo.
- Oh Deus. Nem acredito que estão aqui.
- Mamãe! – a abracei como pude através do corpinho de Annabelle que se esticava na
direção de Jeremy.
- Mais eles são tão lindos Kristen. – ela falou depois de abraçar Robert que sorriu pra
ela e lhe passou Jeremy, que parecia estar curioso em relação a ela. – Olá Jeremy!
Venham, entrem. Taylor chegou hoje de manhã com Kristiny e Melanie, eles nem
acreditaram quando disse que estavam aqui.
Olhei pra Robert e ele me encorajou com o olhar e nossas mãos se entrelaçaram com
força enquanto adentravam a grande casa e nos sentávamos com meu irmão e Melanie.
Minha relação com Melanie estava estável, as suas palavras pra mim no meu
apartamento ainda eram gravadas em minha mente e mesmo que eu soubesse que ela só
queria o meu bem, meu orgulho jamais me permitiria abaixar a cabeça em algum
momento.
- Onde está Kristiny? – perguntei a Taylor.
- Está dormindo. – minha mãe respondeu sorrindo pra mim e brincando com Jeremy em
seu colo. – Fiz um quarto só pra ela e vou fazer pra eles também. Mas como você só me
avisou ontem que estava aqui, não deu tempo... mas mandei arrumar o seu antigo quarto
pra você e Rob e posso mandar colocar o antigo berço de vocês lá... pelo menos por esse
final de semana...
- Nós estamos em um hotel mamãe. Não.. precisa... – eu nem podia imaginar como seria
ficar naquela casa com o medo de Brian aparecer a qualquer momento.
- Oh.. – ela ficou magoada, mas tentou disfarçar olhando pra Jeremy.
Engoli em seco fingindo prestar atenção na conversa de Rob e Taylor.
- Ela é linda...
Taylor disse segurando Annabelle, meus olhos encontraram com os de Robert de novo e
novamente meu ar se tornou rarefeito.
- Mamãe... – desci o nó espinhoso em minha garganta quando a encarei.
A sala parecia ter caído num leve estado de tensão que era quase palpável pra mim e que
estava ameaçando me sufocar.
Sufocar a mim e a minha coragem.
- Será que nós podíamos conversar?
Ela havia me entendido. Assim que seus olhos pousaram nos meus, eu soube que ela
havia entendido.
Nos levantamos calmamente e eu implorei pra Robert me seguir, mas ele se negou.
Eu sabia que ele estava tentando me dar a chance de uma conversa aberta e livre de
qualquer impedimento com minha mãe, mas eu iria precisar tanto dele... apesar de saber
que ele estava certo.
Era quase como se eu pudesse sentir as lágrimas querendo descer pelos meus olhos no
momento em que nós duas nos sentamos na cadeira da biblioteca. O cômodo claro e
espaçoso me dava uma sensação de liberdade e ao mesmo tempo de prisão.
Era desconfortável. Ou era apenas meu inconsciente se acovardando.
- Kristen, filha...
- Eu quero te contar tudo mamãe... desde o começo.. completamente tudo.
Eu conseguia enxergar que seus lábios estavam tremendo e que existia uma atmosfera
nova no ar enquanto eu deixava as palavras e as lágrimas escaparem do meu organismo.
As feridas se reabrindo e machucando com cada vez mais força por ver que ela também
estava sofrendo com aquilo.
E ali estavam eles...
O horror. O medo. O ódio. A incredulidade e por fim... o fracasso.
Ela se sentia fracassada por não poder ter me ajudado.
E eu daria minha vida para não ver aquilo em seu olhar, para que ela não tivesse me
pedindo perdão ajoelhada em minha frente como ela fazia nesse momento.
Os olhos de um verde tão intenso, estavam parecendo um mar-aberto furioso, a
irrealidade me batia tão fundo no peito que eu achei que nunca mais seria capaz de
encará-la novamente. Principalmente quando contei de Brian.
- O que? – ela disse soluçando enquanto estávamos abraçadas no tapete da biblioteca e
ela parou de me pedir perdão por um segundo.
- Ele financia o tráfico mamãe.. e libera a fronteira para os imigrantes... por isso ele se
mudou para Miami.. aqui é fácil de se encontrar garotas estrangeiras e de quem ninguém
sentira falta.. pelo menos é o que ele acha. – limpei meu rosto das lágrimas e podia
sentir que ele estava inchado e vermelho.
Ela voltou a chorar, se agarrando em mim novamente e no segundo seguinte ela se
levantava com fúria, com o ódio quase transbordando de seus olhos.
Só então eu percebi que a porta lá embaixo estava sendo aberta e que um silêncio
estranho pairava no lugar. Meus olhos se pousaram no relógio vendo que era a hora
exata em que Brian chegava em casa.
O pânico me tomou ao me lembrar de Robert lá em baixo.
Ele iria atacar Brian... eu tinha certeza disso...
Oh meu Deus... meus filhos.
- Jeremy.. Annabelle...
Sussurrei pra mim mesma e vi o vulto da minha mãe saindo da biblioteca em um átimo,
a segui desesperada para chegar lá em baixo também.
- SEU DESGRAÇADO, EU VOU MATAR VOCÊ.. MATAR VOCE BRIAN.. COMO
PODE?
Ela avança com as mãos em punho pra Brian e Taylor ia a sua direção para pará-la
enquanto ele tentava se defender dos murros que ela dava em suas costelas... mas ele era
muito mais forte que ela...
- ME SOLTE TAYLOR, AGORA.
-Jules? O que houve querid... – ele me olhou parada ali, apenas encarando Robert e a
forma com que ele segurava as crianças com força em seus braços... como que uma
forma de controle. – Você contou a ela?
Engoli em seco e vi Robert deixar as crianças com Melanie que encarava a situação
aturdida.
- KRISTEN! – Brian gritou meu nome, me deixando assustada e como a muito anos
atrás.. eu dei passos instintivos pra trás... me defendendo da presença que ele parecia
exercer sobre a sala.
- Não fale com a minha filha... seu maldito, eu mato você Brian.. eu mato você...juro
que mato se olhar pra ela de novo...
- Oras... – ele disse irônico parecendo não se importar com a situação daquele momento
e encarando a minha mãe. – Já fiz muito mais do que apenas olhá-la querida! Não foi
gracinha?
Um soluço forte e intenso saiu de minha garganta e foi apenas durante um segundo em
que eu prendi o grito na garganta, que eu vi a silhueta de Robert se chocar com a de
Brian e o pulso firma dele se chocar com o queixo daquele estúpido.
- NÃO ROBERT.
Gritei desespera para que ele parasse de atingir Brian, mas Taylor já tinha pegado toda a
situação e agora também estava do lado de Robert e já havia soltado a minha mãe que
disparou até o telefone.
- É da policia de Miami? – ela dizia sufocada pelas lágrimas, e parecia tão perdia quanto
eu... apenas com raiva lhe borbulhando no olhar.
Ouvi ela dizer e comecei a sentir o pranto correndo por minhas veias, o medo rolando
por mim em ondas dolorosas e em espasmos violentos. Minhas costelas doíam do
esforço que eu fazia pra respirar enquanto eu sentia meu corpo inteiro tremendo do que
eu achei ser o puro pânico.
As coisas começaram a rodar a minha volta, minha mãe chorando ao telefone.. Taylor
tentando ajudar e separar ao mesmo tempo Robert e Brian... Jeremy e Annabelle
chorando e eu quis ser forte.. eu precisava ser forte.. por eles.. por Rob...
Pela minha família...
Mas eu não estava conseguindo...
E a escuridão me engolfou enquanto eu ouvia meu nome ser gritado uma última vez.
--
- Pelo amor de Deus... acorde baby.
- Ela vai acordar Robert. Ela vai... – era a voz de Taylor que falava agora, mas eu não
conseguia abrir meus olhos.
Eles estavam pesados e pareciam colocados um no outro.
Parecia que eu estava dormindo a uma eternidade e agora era difícil pensar em acordar,
mas eu sabia que tinha que fazê-lo.
Forcei minhas pálpebras e como num esforço inumano eu conseguir enxergar as coisas
em minha volta.
- Graças a Deus. – a voz agoniada e aliviada de Robert me atingiu e eu balancei a
cabeça levemente para tirar a tontura que eu senti em meu corpo e no meu organismo
por inteiro.
- Rob... – disse com a voz meio engasgada e arrastada.
- Está tudo bem baby.
- Você está machucado... – notei um pouco de sangue já medicado ao lado de sua boca e
olhei pra Taylor vendo que ele também estava machucado.
Foi então que a realidade voltou a me engolfar e eu pensei que desmaiaria de novo.
- As crianças... – eu disse desesperada e me levantando com pressa da cama, mas as
mãos de Rob me pararam e me sentaram nela de novo. – Rob as crianças.. onde estão?
Cadê meus filhos? Robert...
- Shii, shii... se acalme.. está tudo bem. As crianças estão com sua mãe e Melanie.
Mas eu não me acalmei.
- Kris.. relaxe.. está tudo bem agora. – Taylor me disse quando eu comecei a chorar em
desespero e Robert me abraçando.
Me agarrei a ele com toda a força que eu tinha, só ali com ele eu me sentiria bem e
segura, afundando meu rosto em seu pescoço e sem pensar mais em nada a minha volta.
- As crianças estão bem... se acalme, amor.
- Você se machucou.. vocês se machucaram.. – olhei pra Taylor. – Foi Brian não foi?
Droga, eu disse pra ficar longe dele Rob.
- Ele já foi preso Kris... – franzi minha sobrancelha sem acreditar naquelas palavras. –
Sim, amor.. nós fomos pra delegacia enquanto você dormia..
- Eu dormi quanto tempo?
- Quase um dia inteiro.. desde ontem depois de toda a confusão.
- Eu não desmaiei? – perguntei confusa.
- Sim.. mas sua mãe chamou o médico e ele te deu algo pra dormir.. você estava tendo
uma crise de pânico.. ou algo assim.
- Então.. ele esta mesmo preso? – disse querendo confirmações.
- Sim, você terá que ir a delegacia prestar o seu depoimento e com isso será instaurado o
inquérito.
- Não vai ser tão simples assim... – eu falei pra Taylor.
- Não. Não vai. Mas nós temos provas e a cidade inteira sabe que você ficou
desaparecida dos 9 aos 12 anos Kris, Brian não tem nenhum álibi nesse período de
tempo e só precisamos que você faça um exame de corpo para provar que não está
mentindo em relação a violência que sofreu.
Engoli em seco estremecendo nos braços de Robert com a menção daquelas últimas
palavras.
- Você precisa descansar mais um pouco. – ele disse no meu cabelo.
- Eu quero ver as crianças. – eu pedi implorativa.
- Vou pedir a mamãe para trazê-las.
Assenti com a cabeça agradecendo a Taylor e Rob se sentou do meu lado na cama
enquanto eu me deitava percebendo que estava em meu antigo quarto.
Mamãe não havia mudado nada desde que fui embora.
- Ela não mudou nada. – ele sorriu.
- Não. E devo dizer Kris... ela está muito feliz que você está aqui.
- Achei que ela iria me odiar.
- Na verdade ela esta se odiando por não ter ajudado você.
- Eu sei. – baixei meu olhar olhando para nossas mãos entrelaçadas. – Não queria que
ela se sentisse assim.
- Isso passa. Todos estão juntos agora. Vai ficar tudo bem.
Eu tentei sorrir e deve ter funcionado, por que ele retribuiu.
Aquele sorriso brilhante e lindo que fazia meu fôlego ficar preso na garganta só de
olhar.
- Para com isso.
- Isso o quê?
- Ficar me deixando perdida. – eu nem conseguia parar de olhar e o sorriso dele só se
alargava. – Argh Rob, para.
Ele gargalhou me dando um beijo delicioso na boca.
- Chegamos em má hora?
- Mã...
Jeremy se agitou nos braço da minha mãe enquanto Annabelle vinha engatinhando até
Rob que a suspendeu na cama e a deixou do nosso lado.
- Claro que não mamãe. – estiquei meus braços e Jeremy se sentou em minha barriga
prestando atenção na mão de Robert que brincava com ele e com Annabelle ao mesmo
tempo.
- Você está bem?
- Sim. Tudo bem.
Olhei em seus olhos e eu vi a tristeza misturada com a felicidade. Ergui minha mão e
pedi pra que ela se sentasse do meu outro lado recebendo mais um sorriso de Robert.
- Eu te amo, mamãe.
E ela começou a chorar me abraçando como podia e eu deixei uma lágrima de emoção e
felicidade rolar por meu rosto, apertando a mão de Robert entre as minhas e segurando
Jeremy como podia em meus braços, sentindo a mãozinha de Annabelle junto com a de
Rob entre meus dedos.
Era como a sensação de estar num deserto e encontrar água, estar perdido e encontrar
abrigo, num mar revolto e de repente encontrar um farol.
Era a sensação de voltar pra casa se expandindo e se alojando no meu peito.
Bem dentro e no fundo do meu coração.
E eu sabia, eu sabia que ela ficaria ali pra sempre.
--Capítulo 54

Capítulo 54

Notas iniciais do capítulo


Meninas, este é o ultimo capitulo de FH :///

Nós nos vemos lá em baixo :// beijooos

Apagar a Luz

DUAS SEMANAS DEPOIS...


‘’Quando as pessoas são almas gêmeas, sempre acabam juntas no final. ’’
(One Tree Hill)

Era como se eu pudesse olhar minha vida inteira por uma vitrine de loja ou por uma tela
enorme de cinema.
Estava tudo ali.
Exposto.
Aberto.
Ferindo e se curando.
Bem na frente dos meus olhos.
Com aquele mar azul da Florida me encarando de volta e fazendo aquelas grama verde
sujar de terra os meus pés descalços.
Eu podia ouvir os gritos atrás de mim, a felicidade rolando solta no ambiente e uma
união se apoderando do meu ser de um jeito tão forte que me assustava.
Era como um vendaval de emoções.
Me tragando para um mundo colorido onde eu só poderia enxergar a minha felicidade,
depois de tanto tempo olhando a minha vida por uma vitrine de loja.
As coisas aos poucos foram entrando em seu eixo.
Brian ainda estava preso e apesar de saber que talvez não fosse por muito tempo, era
bom ter a certeza que ele nunca mais usaria o seu cargo na policia para financiar e nem
facilitar a vida de pessoas que poderiam sofrer com o mesmo que eu sofri. E que ele
jamais andaria por Miami com a cabeça erguida novamente, por que eu o havia
denunciado.
Eu havia ido a delegacia a dez dias atrás, quando Robert me deixou sair do quarto
finalmente sem aquela sua preocupação excessiva de cuidar do meu emocional e de que
eu não faria nada que eu não quisesse.
Mas eu queria ir até lá e denunciar Brian e eu o fiz, junto com o exame corporal
comprovando o meu depoimento. Este último foi mais difícil, eu ainda não queria as
pessoas me tocando, mas Robert me garantiu que nada iria me acontecer e que ele
estaria do outro lado da porta, me esperando.
E ele estava.
Robert sempre estaria me esperando, assim como eu sempre estaria esperando por ele.
Era um circulo vicioso.
Meus lábios se curvaram em um sorriso enquanto eu erguia mais minha cabeça para
receber o sol forte no meu rosto, colocando meus braços pra cima e me espreguiçando
um pouco mais.
Eu tinha dormido tanto aquele dia que nem sabia direito que horas eram, mas foi com o
barulho da piscina que eu me despertara.
E era por isso que eu estava ali agora no jardim ouvindo a bagunça que Taylor e Cam
faziam na piscina da mamãe junto com Melanie que tentava controlar Kristiny pra que
não caísse na água sozinha.
Robert estava dando mamadeira a Jeremy que tinha se acostumado a ser alimentado de
pé e que se sentássemos, ele parava de tomar e começava sempre a chorar.
Annabelle estava na cozinha com mamãe e Amber, mais duas pessoas para ficá-la
mimando enquanto eu tentava colocar algum limite nela, que eu já tinha visto ser
impossível.
Eles estavam cada dia mais crescidos e espertos, estava chegando a hora de fazerem um
ano e todo mundo ia pra Los Angeles comemorar a data junto com a família de Robert
que também iria para o aniversário.
Eu já estava vendo a farra que isso seria pra eles e pra Dakota que ficaria louca
cuidando da decoração e da própria barriga de três meses.
Robert ficara todo bobo quando soube que ela estava grávida, e Tom ficara em estado de
choque e nós sabíamos que era de felicidade.
Eles estavam planejando um filho a tempo demais e não precisavam mais esperar por
isso e eu quase podia enxergar uma menina ou um menino de olhos azuis correndo de
Tom e Dakota por aquele apartamento em que eles moravam.
E era delicioso a visão que eu tinha dos meus amigos se tornando uma família bem ali...
ao alcance das minhas mãos e do amor incondicional que eu tinha por eles.
- Kristen. Vem pra piscina!
Cam exclamou me chamando, ele tinha treze anos e eu não pude nem contar a minha
alegria ao rever meu irmãozinho que eu sentira falta todos os anos que passei fora de
casa.
O jardim inteiro parecia estar com uma atmosfera diferente, com a alegria infestando o
ambiente em cada átomo do ar de Miami.
Eu voltaria com Robert e as crianças amanhã de manha para a Califórnia e já havia
prometido a minha mãe que voltaria mais vezes.
Eu teria motivos pra voltar agora... eu sempre tive na verdade...
Mas agora as coisas eram diferentes.. eu não tinha mais medo, eu tinha a Rob e aos
meus três filhos.
Sim, eu estava grávida de novo.
E parecia que agora também era diferente, descobri ontem que estava com dois meses e
era sem igual à sensação de poder acompanhar aquilo desde o começo.
Saber desde o principio que existia um pedacinho meu e de Robert ali, crescendo bem
dentro de mim.
E que a felicidade existia.
Ela existia em cada olhar que ele me dava.
Em cada sorriso que prendia o meu fôlego na garganta.
A cada vez que meus filhos esticavam seus bracinhos até mim.
Ou a cada vez que Robert os mimava sem me deixar impor limites a eles.
Era como se eu pudesse pegar a minha felicidade e guardá-la no meu coração, mas isso
não era necessário. Ela já estava guardada lá.
Pra sempre.
Na forma mais bela de um amor infinito pela minha família.
Pelo homem perfeito que havia me dado filhos perfeitos.
Que havia me amado incondicionalmente, mesmo quando eu não o merecia.
Que havia ficado do meu lado, quando todos se afastavam e eu me afastava de todos.
Robert me salvou quando eu mesma não buscava por uma salvação.
Quando era afundada em um terror sem limites, mas consegui enxergar no seu amor, a
minha fonte de alegria inesgotável e onde eu aprendera a amar e ser amada
incansavelmente.
Eu jamais me cansaria de amar a Robert.
- Um beijo pelos seus pensamentos.
Sua voz rouca e britânica soou atrás de mim antes de seus braços me envolverem
suavemente por trás se apertando e se espalmando em minha barriga.
Ele havia ficado tão feliz em saber que ia ser pai novamente, que me dava vontade de
ficar grávida pra sempre só pra ver seus olhos brilhando daquela forma, como brilharam
na gravidez de Jeremy e Annabelle.
- Aqui é lindo.
Lhe respondi deitando minha nuca em seu ombro e o sentindo cheirar meu cabelo e meu
pescoço com suavidade e carinho sem igual, com o vento nos balançando suavemente
ouvindo o barulho do mar a nossa frente e uma calmaria estranha na piscina. As crianças
deviam estar com mamãe e Cam em algum momento deve ter ido jogar vídeo game com
Taylor e eu tinha que admitir, eu estava doida por me juntar a eles, eu adorava jogar
vídeo game com meus irmãos.
Eu sempre ganhava e eles perdiam nas apostas.
- A maioria das garotas diria que é romântico.
Sussurrou a mesma frase de nosso primeiro beijo, me deixando com os olhos fechados e
um sorriso bobo se formando em meus lábios.
- Eu não sou a maioria das garotas. – lhe repeti ainda de olhos fechados e sorrindo, seus
braços longos se apertaram em minha volta e ele colou seus lábios em meu ouvido.
- Você é muito melhor que elas, baby.
Um arrepio de pura emoção invadiu por completo todas as minhas terminações
nervosas, lançando amor e cura para cada um de meus poros.
E no segundo seguinte ele estava me beijando.
Lento, quente... delicioso e amoroso.
Robert.
Só ele me beijava daquele jeito, me fazendo erguer as mãos e travá-las em seu cabelo
bagunçado, ficando na ponta dos pés por causa da nossa quase gritante diferença de
altura enquanto ele tinha as mãos espalmadas em minha cintura ou se infiltrando em
meus fios de cabelo, os torcendo entre seus dedos longos e me enlouquecendo com seu
gosto perfeito que eu adorava sentir se enroscando com minha língua daquela forma
quase indecorosa, sem deixar de ser carinhoso.
- Eu amo você. – ele sussurrou entre meus lábios.
- Eu amo você. – repeti antes de voltar a beijá-lo sentindo o sol em nossa pele.
Eu estava no lugar em que sempre deveria ter estado.
Com Robert.
Nos seus braços.
Em minhas muralhas protetoras.
E no final das contas... eu tinha mesmo descoberto o que era a felicidade.
Com a certeza de que ele tinha me salvado, de todas as maneiras que uma mulher
poderia ser salva.
Capítulo 55
Capítulo 55 Epílogo

Notas iniciais do capítulo


Meninaaas aqui está o epilogo e é com o coração na mão que eu me despeço de vocês.
Eu já disse tudo o que queria dizer, mas não custa dizer novo. MUITO OBRIGADA por
estarem aqui, por acompanhares, lerem, se emocionarem. Obrigada pelos reviews, pelas
recomendações, pelas palavras de cada uma de vocês.

Eu tenho sim, outras fics no orkut e uma que vai estrear agora em pouco tempo :)

Eu adoraria de verdade, ver todas vocês por lá, eu vou colocar aqui, o link da minha
comunidade e lá vocês podem ficar a vontade para lerem todas elas e comentarem me
fazerem perguntas e tudo o maais.

http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=106776925

Tomara que vocês gostem das outras, eu ainda não sei se vou conseguir trazer todas aqui
para o Nyah, então por enquanto vou continuar só no orkut ;/

MUUUUUUUITOS ABRAÇOS, EU ADOREI CONHECER TODAS VOCÊS *-*

Apagar a Luz

‘’Amar uma pessoa significa querer envelhecer com ela.’’


(Albert Camus)

- Não. Eu já disse que não vou responder.


- Eu já sei a sua resposta Kristen. Quero apenas ouvi-la. – ele resmungou me olhando de
baixo pra cima.
- Não, Robert.
- Não é a resposta?
- Não.
- Você pode explicar o ‘’não’’?
- Não e não. Eu não vou responder e não vou explicar. Deixa de ser chato e levanta logo
desse chão. Seus joelhos vão começar a doer.
- Mas que droga Kristen, eu quero só uma resposta.
- E eu já disse que não vou dar. Nós não precisamos disso Rob. Estamos juntos a mais
de cinco anos, acha mesmo que precisamos da droga de um papel?
- Eu não quero o papel Kristen. – disse como se fosse obvio. – É apenas a droga de um
casamento e você só tem que me responder à droga de um sim.
- Não.
- Ótimo. – e ele sorriu, colocando aquela droga de anel no meu dedo.
Aquilo era diamante? Eu iria matar Robert.
- Não me lembro de ter te respondido Pattinson.
- Amor, você me respondeu ontem.. naquela cama.. – ele apontou para os lençóis da
nossa cama que ainda estavam bagunçados me fazendo corar minimamente. – Acho que
não precisamos de mais nada, baby.
- Argh. Você é teimoso e impertinente. Já disse que é total desnecessário um casamento.
- Eu quero.
- Humpf. Não pense que eu vou andar por ai caçando um vestido de noiva e flores para
uma igreja, Pattinson. Nós estamos juntos a tempo suficiente para que...
- ...que eu me sinta um idiota de ter demorado tanto a lhe fazer esse pedido. Nós
podemos mudar de assunto agora? Você ainda tem que se arrumar e...
- Me arrumar? – o interrompi incrédula.
- Dakota esta no corredor amor, com o seu vestido de noiva e com algo que eu penso ser
maquiagem, apenas esperando por você.
- Espera aí!
Ótimo, agora ele estava me irritando.
- Como assim um vestido de noiva?! E maquiagem! Cristo, eu vou matar você Robert.
- Você pode me matar na nossa lua de mel, o que acha?
Ele estava sorrindo. Aquele sorriso que ele sabia que me deixava sem fôlego e igual
uma idiota o encarando embasbacada.
- Eu já disse pra você parar com isso.
- Isso o quê?
Cínico.
- Argh. Eu não vou vestir um vestido de noiva.
- Você pode estar de jeans amor, eu não me importo.
- Você é irritante.
- Você me ama.
- Quem disse?
- Eu disse.
- Vai sonhando Pattinson.
- Não ama não? – ele estava prendendo outro sorriso nos lábios e eu quis chorar de
agonia.
- Não. – minha voz parecia tão convidativa.
- Tem certeza que não me ama?
- Não.
- Então diz que me ama.
- Não.
- Eu vou tomar isso como um sim. – ele gargalhou e me deu um beijo longo e molhado,
me fazendo implorar por mais, literalmente.
- Na lua de mel... – mordi seus lábios. – Você vai poder me jogar na cama e tirar minha
roupa?
Ele gargalhou de novo, é claro. Mas a risada veio acompanhada de um puxão mais forte
no meu cabelo onde suas mãos estavam infiltradas e de um sorriso matador que me fez
ofegar em seus braços.
- Baby... nós não vamos precisar chegar em uma cama... para que eu tire a sua roupa.
Eu devo ter gemido, mas não me preocupei com esse fato. A queimação no meio das
minhas pernas já estava se tornando desconfortável e era melhor ele sair dali antes que
eu o atacasse de verdade.
- Vou deixar Dakota arrumar você, antes que você desista. – ele me beijou rindo antes
de sair do quarto.
Aquilo me deu um tempo para pensar nas coisas.
Ele tinha acabado de me pedir em casamento.
Nós iríamos nos casar.
Agora.
Tipo, nesse exato momento.
Oh meu Deus.
Eu iria ter uma crise de pânico.
Levei minhas mãos ao peito sentindo meu coração mais disparado que o normal.
Mas que diabos era aquilo?
Excitação? Alegria?
Por que eu estava feliz que iria me casar, não estava?
É claro que eu estava.
Aquilo era apenas nervosismo.
Era apenas nervosismo.
Eu só tinha que respirar.
Puxei o ar com força para os meus pulmões e segui respirando por mais alguns minutos
até que Dakota entrasse no quarto trancando a porta atrás de si.
Aquilo me levou para outro choque de realidade.
- Oh meu Deus. – repeti ao ver o vestido de noiva que ela expunha em cima da cama. –
Não acredito que vou mesmo fazer isso.
- Ah você vai, love. E anda logo que eu estou irritada com o Rob.
- Por que?
- Ele me fez encontrar um vestido de noiva em menos de 24horas. Como acha que estou
sobre isso? – ela disse como se fosse obvio, já chegando perto de mim e soltando meu
cabelo do rabo de cavalo frouxo que eu usava.
- Isso é o de menos Dak. Eu vou me casar. Escutou isso?
- Não é máximo? – me respondeu dando pulinhos no mesmo lugar e tirando a minha
blusa de mim.
- Talvez. Mas nós não precisamos disso. São mais de cinco anos juntos. Temos três
filhos, por Deus, um casamento não é necessário.
- Você só está nervosa.
- Eu sei. – soltei todo ar pelo meu nariz enquanto tirava minha calça jeans.
- Hey. É só o Robert lá fora. – ela disse me encarando. – É o cara que beija o chão por
onde você passa. Vocês se amam acima de qualquer coisa Kristen. Não há motivos pra
ficar nervosa.
- Eu vou me casar e fui informada disso há quinze minutos. Tenho muitos motivos pra
ficar nervosa.
Ela gargalhou.
- Okay, love. Entra agora naquele banheiro e toma um banho super rápido, não passe
creme no cabelo, apenas o shampoo. E volte para o quarto. Estarei te esperando.
Fiz o que ela pediu, mesmo ainda estando nervosa e com os sentimentos a flor da pele.
- Você consegue Kristen, vamos lá.
Resmunguei pra mim mesma durante todo o banho e sai de lá apressada e aos trôpegos
me enrolando em uma toalha de linho branco.
- Agora, vem aqui, que vou te ajudar a colocar.
Eu coloquei aquela coisa que diziam ser o vestido de noiva.
Eu não podia negar, era lindo e Dakota tinha um gosto indiscutível para moda.
O vestido era simplesmente perfeito pra mim.
Não tinha véu, nem nada daquelas pedrinhas pra enfeitar.
Ela já me conhecia e sabia como eu gostava das coisas.
Olhei meu corpo de cima a baixo e o pano branco tinha caído como uma luva em mim,
com o anel de noivado brilhando em meu dedo e uma gargantilha maravilhosa que
segundo Dakota, fora exigência de Robert.
- Eu não sei, terá que perguntar isso a ele quando chegarmos lá em baixo.
- Quem está lá em baixo? – perguntei pegando um buque de flores coloridas que ela me
passava esperando que ela prendesse meu cabelo – já seco – em um coque bastante
bonito.
- Apenas Tom, as crianças e Sam. E o juiz é claro.
Eu achei que ele fosse chamar a família dele e a minha família, mas conhecendo como
Robert era apressado e inseguro, com certeza ele estava querendo me fazer uma
surpresa, não dando tempo assim de chamar nossas famílias.
- Acho que ele está querendo fazer algo mais tradicional depois. Com os pais dele e sua
mãe e essa coisa toda, em uma igreja também.
- OMG.
- Relaxa. – ela riu colocando um último grampo no meu cabelo. - Você está linda.
Eu respirei fundo engolindo em seco e me permitindo pela primeira vez desde os nove
anos, me olhar no espelho.
Cheguei a ofegar com a minha imagem.
O tecido branco marcando a minha cintura fina e minha silhueta magra, expondo meus
braços e o pescoço onde estava a gargantilha bonita.
Meu cabelo preto arruivado preso num coque e deixando uma mexa cair em minha
tempero, uma maquiagem levemente escura e um batom vermelho claro nos lábios,
meus olhos de um verde tão claro e intenso estavam brilhando.
Felicidade.
Era isso o que eu estava sentindo.
Eu estava brilhantemente feliz e absurdamente alegre com o meu recém-casamento.
Que seria mais feliz e duradouro que qualquer outro tenha sido.
- Vamos?
- Vamos. – respondi a Dakota querendo chorar de emoção quando vi Tom e Sam me
esperando a porta para o jardim.
- Kristenzinha.
Abracei os dois procurando pelos meus filhos no jardim e os encontrando correndo até
mim, menos Melinda que ainda era muito novinha para conseguir caminhar e que estava
nos braços de Robert.
- Nós não temos um altar, mas vamos te levar até lá na frente de qualquer forma.
Eu ri pra eles antes de me abaixar e abraçar Jeremy e Annabelle.
- Estão se comportando? – disse a eles passando a mão pelo vestido de princesa que
Annabelle usava e pelo mini-terno de Jeremy recebendo um sorriso dos dois de volta.
- Sim, olha mãe. – Jeremy me mostrou uma caixinha de veludo fechado. – O papai disse
que é pra senhora, mas não posso te dar agora.
- Mas por quê?
- Por que eu e a Belle vamos levar até aquele moço careca.
Ele respondeu em meu ouvido rindo igual a Robert e pegando na mãozinha de
Annabelle para voltarem a correr até o pai depois de me dar um beijo em cada
bochecha.
- Cadê Tyler?
Perguntei a Tom e antes mesmo que ele me respondesse Dakota saia de dentro da casa
com um menino lindo nos braços.
- Tia ta bonita. – ele disse querendo vim no meu colo, mas sem Dakota deixar.
- A tia vai levar você pra tomar um sorvete logo que suas aulas acabarem okay? – os
olhos azuis brilharam e ele gargalhou quando eu disse pra não contar pra Dak.
- Você esta levando meu filho para o mau caminho. – ela disse me fazendo gargalhar. –
E anda logo vocês dois, levem ela até o juiz, antes que Robert tenha uma sincope.
E eles me levaram.
O jardim não estava com uma decoração de casamento, tinha apenas um altar pequeno
de madeira e uma mesa onde o juiz estava atrás e Robert na frente segurando Melinda
nos seus braços e com um sorriso tão lindo no rosto que eu quis logo chegar até ele.
Ele usava uma roupa social, mas sem a gravata e ajeitava a roupinha de renda de
Melinda.
Ela estava linda com uma presilha de flores no cabelo loiro e sorriu pra mim enquanto
eu me aproximava.
Os garotos bateram no braço de Robert assim que me entregaram pra ele e Tom pegou
Melinda em seus braços enquanto Jeremy e Annabelle ficavam entre mim e Robert com
as alianças de nós dois nas mãozinhas espalmadas.
- Eu, Kristen Jaymes Stewart, aceito você Robert Thomas Pattinson, como meu legitimo
esposo e prometo te ser fiel, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, até que a
morte nos separe. – eu falei com a voz embargada enquanto deslizava a aliança grossa
de ouro pro seu dedo esquerdo.
- Eu, Robert Thomas Pattinson, aceito você, Kristen Jaymes Stewart, como minha
legitima esposa e prometo te ser fiel, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, até a
que a morte nos separe.
Não havia maior emoção do que ele dizer aquilo olhando nos meus olhos, os azuis
esverdeados estavam marejados e o amor que eu via neles era capaz de aniquilar
qualquer nervosismo do meu ser, Robert era minha cura até quando ele não percebia
isso.
E ele também deslizou a aliança para o meu dedo da mão esquerda e eu num vislumbre
rápido eu percebi que havia nossos nomes escritos ali dentro com a data da noite de
hoje.
Meu lado possessivo gritou em concordância.
Ele era meu.
Ele era definitivamente meu agora.
E se alguma vadia chegasse perto dele....
- Eu quero chorar.
Ouvi a voz de Dakota e eu mesmo comecei a chorar de emoção quando seus lábios se
encontraram com a minha testa carinhosamente e logo depois com meus lábios.
Eu ouvi o juiz de paz dizer alguma coisa, mas eu queria que ele saísse logo dali e que eu
pudesse ir para nosso quarto pra que ele me jogasse na cama e tirasse minha roupa e...
- Nós vamos comemorar agora! – Tom gritou pra Sam que pegou Jeremy no colo lhe
fazendo cócegas.
- Memorar... – Melinda disse e esticou os bracinhos pra Robert de novo causando uma
pequena crise de ciúmes em Annabelle.
Ela era totalmente grudada em Robert e não aceitava outra pessoa no colo dele a não ser
ela, nem mesmo eu ela deixava.
- Larga desse bico princesinha. – eu disse a suspendendo no meu colo e a balançando no
ritmo da música que Sam começava a tocar apenas no violão e Dakota saia de dentro da
casa com muitos sacos de batata frita e refrigerantes.
- Foi mesmo tudo em cima da hora? – perguntei a Robert quando ele me beijou no
cabelo e sorriu pra Melinda.
- Sim, na verdade eu já tinha tudo pronto para daqui a dois meses, seria mais tradicional,
mas você me conhece baby. Eu queria te ter logo.
- Você já me tinha, Pattinson. – revirei os olhos levando Annabelle para o chão que se
debatia pra brincar com Jeremy e Tyler. – Se comporte, você é uma mocinha. – falei pra
ela que sorriu pra mim e me deu um beijo no rosto que já estava sem maquiagem.
- Mas agora é oficial, Sra. Pattinson.
Existia alguma coisa mais linda que o sorriso dele?
Cristo, eu poderia passar a minha vida inteira apenas o olhando enquanto ele sorria
daquela forma tão bonita, me tirando de órbita daquele jeito.
Ele era tão lindo.
- Eu gostei disso.
- Eu sabia que eu você ia gostar do casamento, Kristen. Você só é teimosa demais pra
admitir.
Fiz uma careta pra ele esperando pelo seu beijo que não demorou a chegar.
Lento, quente.
Tão delicioso.
A sua língua se enroscando com a minha daquele jeito, dentro da sua boca com nossas
respirações se acelerando e tudo mais a nossa volta ficando esquecido.
Eu sempre esquecia de tudo quando estava nos braços dele.
- Será que vocês podiam procurar um quarto?
Dakota disse me fazendo separar de Robert por um segundo e mandá-la procurar Tom.
Ela revirou os olhos é claro.
- Nós temos que ir. – ele me disse entre meus lábios novamente.
- Pro quarto? Você vai me jogar na cama agora?
Ele riu abafado enquanto eu prendia sua língua dentro da minha boca de novo.
- Para Londres amor.
- Nós vamos pra Londres? – perguntei sem prestar muita atenção na conversa. Eu iria
pra onde ele fosse.
- Sim, vamos para a Ilha de Ventnor, baby. Você vai adorar.
- Você vai estar comigo, é claro que eu vou adorar.
- É bom ouvir isso.
- Você vai me jogar na cama não vai?!
- Oh Deus, eu criei um monstro. - Ele falou rindo.
- E as crianças amor?
- Iram com a gente e minha mãe ficará com eles na capital. Depois iremos direto pra
Miami, sua mãe sente a sua falta, você sabe.
Assenti com a cabeça.
Maravilhada com o quadro que ele pintava em minha imaginação.
Eu não agüentaria ficar muito tempo longe das crianças, mas não resistiria a um tempo
apenas pra nós dois, como em muito nós não tínhamos.
Nossa Lua de Mel.
A primeira de muitas outras.
E a única que eu me lembraria pra sempre.
Nossa vida, nossa felicidade, nossos filhos.
E tantos outros que ainda viriam... por que nós dois queríamos mais.
E nada melhor do que Londres, para eternizar tudo aquilo.
O país que o havia trazido pra mim.

FIM

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