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ORAL PORTUGUES

PRIMEIRA FASE (apresentação e caracterização do peixe “quatro olhos”)


Numa primeira fase, o padre António Vieira, recorda uma viagem marítima que
executou com destino a Pará (terra localizada no Brasil), onde se deparou com um
peixe cientificamente denominado por “quatro-olhos”.
Devido ao seu nome, o peixe despertou interesse no pregador, fazendo este procurar
descobrir a origem do nome do animal.
Ao averiguar a origem do nome, descobriu que este derivava do seu aspeto físico, cujo
saía do padrão comum animal. Este possuía a capacidade de conseguir visionar o céu e
a terra ao mesmo tempo, característica que o permite ter vantagem perante os seus
predadores, tanto dos predadores marítimos como dos aéreos. A sua íris possui duas
projeções que dividem a pupila em duas, a superior, adaptada à visão aérea, e a
inferior, adaptada à visão aquática, dando a sensação da posse de 4 olhos.

Com objetivo de melhor explicar os peculiares olhos do peixe, António Vieira utiliza a
comparação, comparando o aspeto dos olhos do bichinho com dois vidros de um
relógio de ouro.

SEGUNDA FASE (analogia e crítica)


Após a caracterização do peixe em questão, António Vieira apela aos homens cristãos,
dizendo que deviam seguir o exemplo do peixe, ou seja, que estes deviam olhar para
cima (considerando o vocábulo “cima” como o Céu) mas sempre com noção do que
está em baixo (considerando o vocábulo “baixo” como o Inferno). Assim, seguindo a
doutrina cristã, hão de alcançar o “Paraíso” após suas mortes.
De seguida, o pregador, crítica os homens que não seguem o exemplo do peixe,
concluindo que estes só olham para a frente, ou seja, só olham para a vaidade e para
as coisas negativas que os afasta do objetivo cristão (o Céu). Esta crítica, segundo o
pregador, comprova assim a frase: “Vaidade das vaidades, tudo é vaidade.”, citada
pelo profeta David. (exemplo de DOCERE)

TERCEIRA FASE (agradecimento e segunda crítica)


Numa terceira fase, como forma de conclusão do capítulo 3, o padre faz um
agradecimento geral aos peixes, pois estes são um dos principais motivos da ida do
Homem para o Céu, sendo estes a alternativa para a carne (alimento que é
considerado por diversas religiões pecado) nos principais jejuns religiosos.
Este agradecimento é acompanhado pelo recurso expressivo Anáfora que, através da
repetição do vocábulo “vós”, realça a importância dos peixes na vida de um praticante
religioso. Como podemos observar segundo o texto…….
Após o agradecimento, António Vieira, através do modo imperativo, pede aos peixes
que se continuem a multiplicar e que não se esqueçam de continuar a alimentar os
pobres, estatuto social que não consegue adquirir carne devido aos preços elevados. O
orador critica assim a sua sociedade contemporânea devido a abundância de pobreza
na mesma, onde é preciso um aumento continuo dos peixes como a sardinha
(alimento dos pobres) para fazer face á pobreza, enquanto os peixes e alimentos que
estão presentes nos banquetes dos mais ricos existem em menor quantidade,
verificando um grande desequilíbrio entre riqueza e pobreza.

EXEMPLOS DA CONCRETIZAÇÃO DOS OBJETIVOS DA ELOQUENCIA

DOCERE
António Vieira cita a frase “Voltai-me, Senhor, os olhos, para que não vejam a vaidade”
dita pelo profeta David com o objetivo de ensinar o seu auditório através de
argumentos de autoridade e citações históricas.

DELECTARE
O padre António Vieira, através da frase exclamativa acompanhada de uma interjeição
“Oh que bem informaram estes quatro olhos uma alma racional, e que bem empregada
fora neles, melhor que em muitos homens!”, pretende captar a atenção do seu
auditório.

MOVERE
O orador, através da frase “Porque cuidais que as multiplica o Criador em número tão
inumerável?” utiliza a pergunta retórica com objetivo de persuadir o auditório,
conduzindo-o a adoção de novos comportamentos.

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