Você está na página 1de 20

Revista GeSec

São Paulo, SP, Brasil

v. 14, n.5, p. 7745-7764,


2023
ISSN: 2178-9010

DOI: http://doi.org/10.7769/gesec.v14i5.2149

Mercado interno brasileiro de carne bovina (2011-2019)

Brazilian internal market of beef (2011-2019)

Thaina Foltran Fernandes1


Prof. Dr. Jeronimo Alves dos Santos2
Marta Cristina Marjotta-Maistro3
Adriana Estela Sanjuan Montebello4

Resumo
Este artigo teve como objetivo geral analisar a margem de preços e o principal fator que
influencia na diferença de preços. Como objetivo específico foi analisado a correlação entre
os preços e identificado a elasticidade de preços entre os estados produtores e consumidores
de carne bovina. Foram utilizados dados de preços (período de 2011 a 2019) coletados na base
de dados da Agrolink. Como resultado, identificou se que o estado de Minas Gerais foi o que
apresentou a maior alta de preços e a maior intervenção nos estados ofertantes com as maiores
elasticidades estimadas encontradas. Os meses de preços elevados foram de novembro a
dezembro e os menores preços encontrados nos meses de maio a agosto. O estado de Goiás
foi o que apresentou a maior convergência e a menor interferência de preços para os estados
demandantes. Todos os estados apresentaram correlação positiva forte entre os preços.
Conclui-se que existem interferências entre os estados considerados por esta pesquisa como
ofertantes e demandantes.

1
Graduanda em Engenharia Agronômica, Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal de São Carlos
(CCA-UFSCar), Rod. Washington Luiz, s/n, Monjolinho, São Carlos - SP, CEP: 13565-905.
E-mail: thainafoltranfernandes@gmail.com Orcid: https://orcid.org/0000-0002-2770-5743
2
Doutor em Economia Aplicada, Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal de São Carlos (CCA-
UFSCar), Rod. Washington Luiz, s/n, Monjolinho, São Carlos - SP, CEP: 13565-905.
E-mail: jeronimo@ufscar.br Orcid: https://orcid.org/0000-0002-4793-4973
3
Doutora em Economia Aplicada, Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal de São Carlos (CCA-
UFSCar), Rod. Washington Luiz, s/n, Monjolinho, São Carlos - SP, CEP: 13565-905.
E-mail: marjotta@ufscar.br Orcid: https://orcid.org/0000-0003-2548-6214
4
Doutora em Economia Aplicada, Centro de Ciências Agrárias, Universidade Federal de São Carlos (CCA-
UFSCar), Rod. Washington Luiz, s/n, Monjolinho, São Carlos - SP, CEP: 13565-905.
E-mail: adrianaesm@ufscar.br Orcid: https://orcid.org/0000-0003-2822-6434
Mercado interno brasileiro de carne bovina (2011-2019) 7746

Palavras-chave: Elasticidade. Margem de Preços. Relação de Preços.

Abstract
This research project aimed to analyze the dynamics of the Brazilian domestic market between
the main beef producing and consuming states. With the price data (period from 2011 to 2019)
collected in the Agrolink database, we adopted the difference methods of Base, Margin of
Commercialization; Correlation and Elasticity analysis calculated and estimated. As a result,
it was identified that the state of Minas Gerais was the one that presented the highest price
increase and the largest intervention in the supplying states with the highest estimated
elasticities found. The months of high prices were from November to December and the
lowest prices found in the months of May to August. The state of Goiás was the one that
presented the greatest price convergence for the demanding states. All states showed a strong
positive correlation in relation to prices. The state of Goiás was the one that showed the least
interference with the demanding states. It is concluded that there is an influence between the
states considered producers and demanders.
Keywords: Elasticity. Price Margin. Price Ratio.

Introdução

Para entender a pecuária de corte no Brasil, deve-se compreender como funciona sua
cadeia produtiva, sendo separada em diversos elos, destes, pode-se destacar algumas das
principais etapas como: a produção rural e agroindústria. A propriedade rural é responsável
pela criação do gado e por manter o seu bem-estar, garantindo uma carne de boa qualidade; e
agroindústria é responsável pelo transporte do gado, pelo abate, processamento, distribuição
e comercialização, assim chegando ao consumidor final (EMBRAPA, 2019).
O primeiro passo pós porteira é o transporte do gado das fazendas até os frigoríficos
em que serão abatidos. Na segunda etapa, o abate, são aplicadas as inspeções sanitárias,
evitando assim carcaças contaminadas. O terceiro passo se dá pela desossa que pode ser feita
tanto pelos frigoríficos, quanto em entrepostos especializados ou nos açougues. Geralmente a
desossa feita por frigoríficos está vinculada ao processo de embalagem da carne, sendo assim,
o produto vai do frigorífico direto ao consumidor. Em caso de desossa feita nos açougues, o
risco de contaminação da carcaça se torna maior, pois além da manipulação da carne no local,
adiciona-se o risco durante o transporte (GOMES, FEIJÓ e CHIARI, 2017).

Revista Gestão e Secretariado (GeSec), São Paulo, SP, v. 14, n. 5, 2023, p. 7745-7764.
Mercado interno brasileiro de carne bovina (2011-2019) 7747

A bovinocultura de corte está entre as principais produções e comercializações que


geram renda para o Brasil, sendo assim, de suma importância para o agronegócio do país. De
acordo com dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC,
2020), a cadeia produtiva de corte foi responsável por 8,5% do PIB brasileiro em 2019,
equivalente a R$ 618,50 bilhões. Esses valores referem-se aos insumos, investimentos em
genética, sanidade animal, nutrição, exportações e vendas no mercado interno.
Conforme dados da ABIEC (2020), em 2019 o Brasil obtinha o maior rebanho bovino
comercial do mundo, com 213,7 milhões de cabeças, sendo também o maior exportador de
carne do mundo (os 4 maiores importadores foram China, Hong Kong, Egito e Chile), com
saída de 23,67% de toda sua produção.
De acordo com Gomes, Feijó e Chiari (2017), exportações de carne bovina
correspondiam a 6% do Produto Interno Bruto (PIB) ou 30% do PIB do Agronegócio.
Em 2019, cerca de 43,4 milhões de cabeças de gado no Brasil foram destinadas para
abate. Destes abates, 10,49 milhões TEC (Tonelada Equivalente Carcaça) concedidos à
produção de carne, sendo 76,3% designado ao mercado interno, enquanto 23,6% às
exportações. O setor do agronegócio representou 44,1% do total de exportações brasileiras de
2019, sendo 3,9% de carne bovina (ABIEC, 2020).
De acordo com as estatísticas de produção agropecuária, em 2017, os estados
responsáveis pelo maior número de rebanho destinados à corte no Brasil, respectivamente,
eram: Mato Grosso (94,6% de 31 milhões de cabeças), Mato Grosso do Sul (94,65% de 22
milhões de cabeças), Pará (89,56% de 20 milhões de cabeças) e Goiás (68,51% de 23 milhões
de cabeças) (ABIEC, 2020).
Em 2019, o Brasil exportou 1,5 milhão de toneladas de carne bovina in natura, o Mato
Grosso foi a Unidade Federativa que mais proporcionou saídas desse produto, responsável por
21% do total, enquanto São Paulo e Goiás exportaram 18% e 14% respectivamente (IBGE,
2019).
Em contrapartida, de acordo com os dados de consumo per capita da (POF Pesquisa
de Orçamento Familiar) do IBGE de 2017 e com os dados de população por estado em 2017
(IBGE, 2019), os maiores consumidores por Unidade Federativa de carne bovina são,
respectivamente, São Paulo (19,5%), Bahia (8,89%) e Minas Gerais (8,52%).
Dada a importância do Brasil na produção, exportação e consumo de carne bovina é
relevante analisar a dinâmica do mercado interno brasileiro, ou seja, mostrar a relação de
oferta e demanda entre os principais estados produtores e os principais estados consumidores
por meio da análise de preços. Para isso, este trabalho teve como objetivo geral analisar a
margem de preços e o principal fator que influencia na diferença de preços. Como objetivo

Revista Gestão e Secretariado (GeSec), São Paulo, SP, v. 14, n. 5, 2023, p. 7745-7764.
Mercado interno brasileiro de carne bovina (2011-2019) 7748

específico foi analisado a correlação entre os preços e identificou a elasticidade de preços entre
os estados produtores e consumidores.

Revisão Bibliográfica

A pesquisa de Souza (2008), estabeleceu relações do mercado de carne bovina


brasileiro com o mercado externo dessa commodity. Conclui-se que o Brasil possui grande
potencial para este mercado, visto que, houve grande evolução das exportações de carne
bovina brasileira para o mundo, tomando-se como base a produção de baixo custo dessa carne.
Contudo, sugeriu aos produtores maior organização em questões sanitárias, ambientais e de
rastreabilidade, tais quais são exigidas pelos países compradores.
Xavier (2004) estudou as perspectivas econômicas para os bovinocultores de corte da
região Norte Mato-grossense. O Noroeste do Paraná, região com aptidão para o mercado da
pecuária de corte, foi utilizado para fins de comparação. Os resultados apresentados mostram
que o Noroeste do Paraná possui evidente vantagem quando se trata dos preços dos insumos
básicos para a produção do gado, como também pelo preço final do boi gordo. Por fim, a
região Norte Mato-Grossense possui boas perspectivas econômicas para o mercado de carne
bovina devido ao menor preço das terras utilizadas para bovinocultura extensiva e também
pelo preço do gado.
Victer (2017), estudou analisou a gestão empresarial da bovinocultura no estado do
Pará. Verificou as principais diferenças, vantagens e desvantagens da gestão tradicional e da
gestão empresarial de bovinocultura. A pesquisa foi exploratória e descritiva, do tipo
documental e houve pesquisa de campo do tipo estudo de caso, feitas diretamente aos
funcionários e ao gestor da fazenda estudada. Concluiu-se que a bovinocultura de gestão
empresarial apresenta mais benefícios, uma vez que se pratica a sustentabilidade e os
rendimentos e lucros do produtor rural são maiores.
Neto e Soares (2015) estudaram a reestruturação produtiva da pecuária bovina de corte
em Goiás, com ênfase nas fazendas de confinamento. Os estabelecimentos analisados
possuíam sistema intensivo de criação, favorecendo a padronização e homogeneização do
gado para o abate nos frigoríficos. Constatou que o ciclo de maturação dos animais quanto as
áreas de produção eram reduzidos, além de aumentar a taxa de consumação de produtos
industrializados e a lotação por gado dos estabelecimentos. O estudo demonstrou que o
sistema intensivo de criação é favorecido pelas inovações tecnológicas e também atende às
exigências europeias de sanidade animal, melhoramento genético e qualidade da carne,
aumentando as chances de sucesso no mercado estrangeiro.

Revista Gestão e Secretariado (GeSec), São Paulo, SP, v. 14, n. 5, 2023, p. 7745-7764.
Mercado interno brasileiro de carne bovina (2011-2019) 7749

Urso (2007) analisou a cadeia de carne bovina no Brasil com o intuito de identificar a
existência de discordâncias entre pecuaristas, frigoríficos e supermercados. Verificou-se a
presença e diferença de conteúdo informacional do mercado futuro de boi gordo entre os
agentes, e seus poderes de mercado e barganha dentro da cadeia. O estudo baseou-se na
estrutura analítica de Crespi, Gao e Peterson (2005) e no modelo momentum threshold
autoregression (M-TAR). Concluiu-se que os supermercados e os frigoríficos possuem maior
poder de barganha, enquanto que os frigoríficos, maior informação do mercado futuro do boi
gordo. O estado de São Paulo foi identificado como a região formadora de preço do boi gordo.
O trabalho de Pedreira e Monteiro (2015) estudou a competitividade da bovinocultura
de corte do Estado da Bahia. A metodologia utilizada foi dividida em duas etapas, sendo a
primeira a identificação dos recursos produtivos importantes desse mercado econômico e a
classificação quanto à resposta aos requisitos de relevância estratégica da Resource-based
view (Visão Baseada em Recursos - RBV). Na segunda etapa foi feito um estudo multi-caso
por meio de entrevistas em 10 propriedades relacionadas ao gado de corte na Bahia. Foram
três recursos os quais consolidaram as hipóteses da RBV, sendo eles planejamento estratégico,
tecnologia e recursos humanos.
Mattos et. Al (2009) analisaram os prováveis efeitos dos custos de transação do
mercado de boi gordo entre os estados de Minas Gerais e São Paulo. A metodologia utilizada
foi um modelo de correção de erro vetorial com threshold (TVEC). Concluiu-se que os custos
de transação entre os mercados são relevantes e algumas medidas devem ser tomadas para que
haja a redução dos mesmos. Redução de taxas e despesas financeiras, melhoria de
infraestrutura, de transporte, de comunicação e barreiras técnicas podem contribuir para maior
integração entre os mercados e possivelmente maior competitividade entre eles.

Metodologia e Fonte de Dados

3.1 Diferencial de Base e Margem de Comercialização Absoluta

Para analisar os principais fatores que influenciam na diferença de preço entre estados
foi utilizado o conceito de diferença de base, definido por Marques e Mello (2006) e Sanches
et. al (2018), nesse trabalho será analisado os motivos que contribuem na diferença de preços
entre os estados conforme definido na Equação I.

Diferença de preço (Base) = preço origem (𝑃𝑂 ) – preço destino (𝑃𝐷 ) (I)

Revista Gestão e Secretariado (GeSec), São Paulo, SP, v. 14, n. 5, 2023, p. 7745-7764.
Mercado interno brasileiro de carne bovina (2011-2019) 7750

Em que:
𝑃𝑂 é o preço de origem (estado ofertante); e
𝑃𝐷 é o preço de destino (estado demandante);
O conceito de diferença de Base e o conceito de margem de comercialização absoluta
são convergentes quando se quer analisar as diferenças de preços entre regiões. Dessa forma
o conceito de margem de comercialização refere-se a análise de variação dos preços nos níveis
de mercado (MENDES, 2013).
Uma das principais diferenças entre os preços de uma região à outra, está atrelado aos
custos envolvidos no transporte. Os custos para o transporte rodoviário são baseados de acordo
com o tipo de carga (nesse caso, animais vivos) e a distância a ser percorrida entre o local de
origem e destino (ZUCCHI, 2010).
De acordo com Ferrari (2006), conforme citado por Zucchi (2010), cerca de 40% do
custo do frete é representado pelo valor do diesel, enquanto os outros 60% equivalem ao valor
de manutenção e depreciação.
Segundo Souza (2015), o modelo de transporte rodoviário é de alto custo devido à sua
manutenção e valor dos pedágios, porém, apesar das suas desvantagens, como a falta de
infraestrutura rodoviária, é o modal mais utilizado dentro do território nacional, tanto para o
transporte de animais vivos quanto para a carne processada, havendo facilidade de
movimentação pelas estradas.

3.2 Correlação de Pearson

Para o cálculo das relações entre as variáveis de preço, será utilizado a correlação entre
as variáveis definido por HOFFMANN (2016), que determina como uma variável estabelece
relação linear sobre outra variável, visto na Equação II abaixo:

∑ 𝑥𝑖 𝑦 𝑖
𝑟= (II)
√∑ 𝑥𝑖2 ∑ 𝑦𝑖2

Em que:
r = -1........................................correlação perfeita negativa;
-1 < r < 0..................................correlação negativa;
r = 0.........................................correlação nula;
0 < r < 1...................................correlação positiva;
r = 1.........................................correlação perfeita positiva; e

Revista Gestão e Secretariado (GeSec), São Paulo, SP, v. 14, n. 5, 2023, p. 7745-7764.
Mercado interno brasileiro de carne bovina (2011-2019) 7751

𝑥𝑖 𝑒 𝑦𝑖 são as variáveis preços entre as regiões.

Importante destacar que coeficiente r igual à zero não significa inexistência de relação
entre as duas variáveis, portanto, não há uma correlação linear entre as variáveis, mas pode
haver uma correlação parabólica (HOFFMANN, 2016). Nesse caso, o cálculo de correlação
será utilizado para correlacionar as variáveis de preços entre os estados ofertantes-
demandantes.

3.3 Elasticidade5 Entre os Preços

A elasticidade, segundo Andrade (2019), mede a variação proporcional em uma


variável em resposta a uma variação proporcional em outra variável. O princípio da
elasticidade é baseado na variação proporcional de uma variável quando há a variação de outra
variável qualquer. Neste caso, quando o preço da carne bovina varia em 1% no estado
ofertante, o valor desse mesmo produto variará em X% no estado demandante. Os dados de
elasticidade foram calculados de acordo com os preços mensais do portal Agrolink durante os
anos de 2011 a 2019, totalizando 108 dados de preços para os estados selecionados.
Sendo assim, utilizou-se esse conceito para calcular a elasticidade entre os preços
estimados da seguinte forma:

lnPd = A + β lnPo (III)

Sendo Pd preço do estado demandante, Po é o preço do estado ofertante, A é o


coeficiente linear e β o coeficiente angular, mas também a elasticidade entre os preços.
Neste trabalho definiu-se a elasticidade no ponto (calculada) em relação os preços dos
estados da seguinte forma:

∆𝑃𝑑
∆%𝑃𝑑 𝑃𝑑 𝑃𝑑𝑓−𝑃𝑑𝑖 𝑃𝑜𝑖
𝐸𝑃𝑜𝑃𝑑 = ∆%𝑃𝑜 = ∆𝑃𝑜 = 𝑋 𝑃𝑜𝑓−𝑃𝑜𝑖 (IV)
𝑃𝑑𝑖
𝑃𝑜

Em que:
∆%𝑃𝑑 é a variação percentual do preço de destino;

5 O propósito do cálculo da elasticidade nesta pesquisa foi identificar a sensibilidade de um preço em relação ao
outra sem partir da definição de elasticidade de transmissão de preços como observado no trabalho de Margarido,
Shikida e Calvo (2018)
Revista Gestão e Secretariado (GeSec), São Paulo, SP, v. 14, n. 5, 2023, p. 7745-7764.
Mercado interno brasileiro de carne bovina (2011-2019) 7752

∆%𝑃𝑜 é a variação percentual do preço de origem;


𝑃𝑜𝑖 é o preço de origem do mês inicial em que se pretende analisar a elasticidade;
𝑃𝑜𝑓 é o preço de origem do mês posterior de subsequente;
𝑃𝑑𝑖 é o preço de destino do mês inicial em que se pretende analisar a elasticidade;
𝑃𝑑𝑓 é o preço de destino do mês posterior subsequente;

Mendes, et al. (2015) sugere que a elasticidade é uma resposta à variação no preço,
sendo assim, o ajuste do mesmo comanda o equilíbrio entre as quantidades ofertadas e
demandadas de um produto.
A elasticidade é o tamanho da influência que uma variável de mercado tem sobre a
outra, podendo ser aplicada em diferentes exemplos, como elasticidade-preço da demanda e
elasticidade-preço da oferta (VASCONCELLOS E GARCIA, 2014).
De acordo com Cario (2008), a carne bovina é um exemplo de produto com alta
elasticidade-preço de demanda, ou seja, a variação de preço atua fortemente sobre a demanda
desse produto.

3.4 Base de Dados

Foi utilizado para este trabalho dados secundários retirados do IBGE (2017), o
consumo per capita de carne bovina em quilogramas por estado juntamente com o total da
população no ano de 2017, tendo como objetivo definir os principais estados consumidores
deste produto, além disso, pelo lado da oferta, foram selecionados dados da ABIEC (2020)
para identificar os principais estados produtores de carne bovina em 2017. O levantamento
dos preços mensais (de janeiro de 2011 a dezembro de 2019) da arroba do boi por estado
selecionado, foi extraído a partir dos dados do site Agrolink.
O frete equivalente ao transporte de gado entre os estados demandantes e ofertantes foi
cotado de acordo com o site Rotas Brasil (2021), seguindo algumas especificações, como
carga geral (onde são inclusas as cargas vivas), caminhão de dois eixos, frete calculado de
acordo com a RESOLUÇÃO Nº 5.923, 03/03/2021 de Preços Mínimos de Frete (GOVERNO
DO BRASIL, 2021) mais o valor dos pedágios e ponto de partida e chegada referente às
capitais de cada estado. Utilizou-se como base as rotas mais rápidas entre as capitais.

Revista Gestão e Secretariado (GeSec), São Paulo, SP, v. 14, n. 5, 2023, p. 7745-7764.
Mercado interno brasileiro de carne bovina (2011-2019) 7753

Resultados e Discussão

4.1 Análise dos Preços da Carne Bovina dos Principais Estados Produtores e
Consumidores

Os estados de São Paulo, Minas Gerais e Bahia foram identificados como os maiores
consumidores de carne bovina por indução da relação do consumo per-capita com o tamanho
da população destes estados em 20176 (IBGE, 2021 A, B).
Por outro lado, Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul e Pará foram os estados que
apresentaram o maior volume de cabeças de gado abatidas em 2017, dessa forma, foram
considerados, nesta pesquisa, como os principais estados ofertantes de carne bovina do país
(ABIEC, 2021).
Diante desse cenário foram levantados os preços mensais do portal Agrolink do período
de 2011 a 2019, um total de 108 dados de preços para os estados selecionados (São Paulo,
Minas Gerais, Bahia, Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul e Pará).
Nesse período selecionado observou-se uma taxa inflacionária de 65,10%; aumento do
PIB per-capita de 55,13%; as exportações de carne bovina ampliaram em 70,30%; a taxa de
abate brasileira cresceu em 77,14%; o consumo per-capita de carne bovina que em 2008 era
de, aproximadamente, 17 quilos, passou a ser de 26,7 quilos em 2017, crescimento de 56,71%
(ABIEC, 2021; IBGE, 2021B; IBGE, 2021C; IBGE, 2021D; IBGE, 2021E).
Em relação a análise de preços no período, os preços ao longo do tempo variaram, em
termos nominais, em 103,6% no país, dentre os estados selecionados, Minas Gerais foi o que
apresentou maior crescimento nos preços (112%) e o Mato Grosso do Sul a menor alta
(95,5%).
Na Figura 1 apresentam-se as médias mensais dos preços por arroba de boi gordo,
verifica-se uma tendência ao longo desse período, ou seja, os preços atingem um pico nos
meses de novembro e dezembro e decrescem até o meio do ano. Neste caso, os picos foram
observados em novembro para os estados do Mato Grosso do Sul e Pará e em dezembro para
o Brasil e todos os outros estados. O menor valor foi encontrado na média do mês de maio
para o estado da Bahia; nos meses de junho no Brasil e nos estados de Minas Gerais e Goiás;
em julho, nos estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Pará; e no Mato Grosso o valor
mínimo foi identificado mais tardiamente nos meses de agosto.

6
Última pesquisa da POF em 2017 e estimativa da população brasileira.
Revista Gestão e Secretariado (GeSec), São Paulo, SP, v. 14, n. 5, 2023, p. 7745-7764.
Mercado interno brasileiro de carne bovina (2011-2019) 7754

140

135

130

125

120

115

110
jan

mai
abr

nov
mar

ago

set
jun
fev

jul

out

dez
Brasil SP MG BA GO MS MT PA

Figura 1 – Preço Boi Gordo (15Kg) média mensal, estados selecionados e Brasil (2011-2019).
Fonte: dados da pesquisa.

Este resultado corrobora com a análise feita por Schuntzemberger (2010) que apontou
que o Ciclo anual da pecuária de corte da região Centro-Sul do Brasil tem período de preços
baixos entre abril e setembro e de alta a partir de outubro; a Figura 2 ilustra esta constatação.

Figura 2 - Ciclo anual da pecuária de corte da região centro-sul do Brasil


Fonte: de Medeiros e Montevechi (2005), adaptado pelos autores.

Os estados considerados nessa pesquisa como maiores demandantes, obtiveram

Revista Gestão e Secretariado (GeSec), São Paulo, SP, v. 14, n. 5, 2023, p. 7745-7764.
Mercado interno brasileiro de carne bovina (2011-2019) 7755

maiores médias de preços, como o estado de São Paulo e Bahia, sendo que o estado da Bahia
ultrapassou a média de preços de São Paulo no mês de dezembro. Tratando-se de um
comparativo entre estados ofertantes e demandantes, em Minas Gerais os preços ficaram
abaixo, de março até julho, comparando com o estado do Mato Grosso do Sul. Todos os outros
estados considerados como ofertantes tiveram os preços menores que dos estados
demandantes. O estado do Mato Grosso foi o que apresentou a menor média de preços ao
longo do tempo.
Os menores aumentos de preços foram observados nos meses de janeiro cresceram em
média 50,54%, sendo que o maior aumento para estes meses foi encontrado no estado da Bahia
(59,75%), e o Mato Grosso com o menor aumento em 45,86%. Os meses de dezembro foram
os que apresentaram maiores altas, média de 99,93%; destaca-se o estado de Goiás com
aumento de 103,51% e o menor aumento o estado da Bahia com 85,35%.

4.2 Análise da Margem de Preços entre Estados Ofertantes e Demandantes

A análise de Margem de preços entre os estados ofertantes e demandantes remete aos


diferenciais de preços e conceito de diferença de Base (anteriormente definido) para preços
encontrados ao longo da séria obtida.
Explorando para os dados do estado de São Paulo, conforme ao que se apresenta na
Tabela 1, Mato Grosso é o estado que apresentou a maior média de Margem de preços,
enquanto que o estado do Pará obteve o menor diferencial de preço observado em outubro de
2012, neste estado também foi encontrada a maior diferença de Base de preço em junho de
2016, não obstante, foi o estado que apresentou a maior variabilidade dos diferenciais dos
preços, como também apresentou a maior distância e consequentemente o maior frete
encontrado.
Essa análise converge com a do CEPEA (2012), que explicou que a média mensal para
o mês de outubro de 2012 foi a menor em 5 anos, pois a percepção do mercado, neste período,
foi que a oferta de animais seria maior. Em relação a junho de 2016, teve-se redução de abate
de animais e aumento do preço do boi no mercado atacadista de São Paulo CEPEA (2016).

SP GO MS MT PA

Média 10,11 8,72 15,48 14,44


Mínimo 4,27 3,28 8,48 2,14
Máximo 17,65 17,53 26,53 27,72
Amplitude 13,38 14,24 18,05 25,58

Revista Gestão e Secretariado (GeSec), São Paulo, SP, v. 14, n. 5, 2023, p. 7745-7764.
Mercado interno brasileiro de carne bovina (2011-2019) 7756

Desv-Pad 2,67 3,64 4,30 5,06


Distância km7 943,30 992,50 1.529,10 2.919,10
Frete (R$) 2.451,29 2.558,52 3.716,70 6.669,03
Correlação8 0,8938 0,9073 0,9040 0,9129

BA GO MS MT PA

Média 7,39 6,00 12,76 11,72


Mínimo -10,53 -13,79 -4,14 -6,49
Máximo 20,20 22,11 31,57 31,21
Amplitude 30,73 35,90 35,70 37,70
Desv-Pad 6,36 7,83 7,11 7,20
Distância km 1.644,20 2.426,90 2.579,10 2.128,80
Frete (R$) 3.758,30 5.450,13 5.780,63 4.762,78
Correlação 0,9286 0,9350 0,9430 0,9389

MG GO MS MT PA

Média 2,03 0,64 7,40 6,36


Mínimo -10,15 -13,15 -3,76 -6,11
Máximo 10,04 12,77 21,68 21,32
Amplitude 20,19 25,92 25,44 27,43
Desv-Pad 4,06 5,61 5,36 5,05
Distância km 873,00 1.312,30 1.588,70 2.675,10
Frete (R$) 2.121,02 3.240,90 3.661,03 6.002,17
Correlação 0,9076 0,9159 0,9241 0,9268
Tabela 1 – Diferencial de preços; frete, distância, correlação entre os estados ofertantes (GO, MS, MT,
PA) e demandantes (SP, BA, MG)
Fonte: dados de pesquisa.

O estado de Goiás, apresentou a menor incerteza (variabilidade, Desvio Padrão 2,67)


nas negociações de preços com estado de São Paulo, juntamente a isso, apresentou a menor
distância e menor frete implicando em uma maior assertividade das relações de preços, mesmo
mostrando o menor coeficiente de correlação o que, evidentemente, não compromete a
intensidade do direcionamento dos preços ao estado demandante.
Dentre as médias de diferencial de preço no estado de São Paulo, os maiores valores
estão correlacionados com o estado de Mato Grosso e Pará, respectivamente, o frete destes
mesmos dois estados também são os mais caros, sendo Pará responsável pelo maior valor
devido à maior distância do estado demandante.
Em relação a análise de frete, Zucchi (2010) relata que os fatores principais que
compõem o frete são o tipo de carga e a distância entre o ponto de origem e o destino, sendo

7 Refere-se a distância entre as capitais dos seus respectivos estados


8 Correlação de preços entre os estados demandantes e ofertantes
Revista Gestão e Secretariado (GeSec), São Paulo, SP, v. 14, n. 5, 2023, p. 7745-7764.
Mercado interno brasileiro de carne bovina (2011-2019) 7757

possível confirmar tal alegação de acordo com a Tabela 1, visto que, os fretes mais caros são
compostos pelas maiores distâncias entre os estados.
Ao verificar o estado demandante Bahia, encontra-se, novamente, que o estado de
Goiás apresentou a menor variância nos diferenciais de preços, menor distância e menor frete
e, concomitantemente a isso, a menor correlação de preços, enquanto que em Mato Grosso do
Sul obteve-se a menor diferença de preços observados em março de 2014; equivale dizer que
nesse período de março a julho de 2014 os preços do boi nos estados ofertantes ficaram mais
caros que no estado da Bahia, segundo o CEPEA (2014), nesse período houve uma oferta
restrita e uma maior demanda dos confinadores.
Examinando os dados para Minas Gerais, Goiás também apresentou a menor variância
nos diferenciais de preços, menor distância e menor frete, e menor correlação observada. A
maior Margem de preços foi averiguada em Mato Grosso para dezembro de 2016. O estado
do Pará foi o que apresentou a maior amplitude das diferenças de Base e Mato Grosso do Sul
a maior incerteza nas negociações de preços.
Segundo o CEPEA (2016), no ano de 2016 o setor agropecuário passou pelas crises
econômicas, alta inflacionária e aumento de desemprego o que causou redução de demanda
interna e também redução da procura internacional, além de alta dos insumos.
De acordo com as análises, pode-se concluir que os estados de São Paulo e Minas
Gerais seguem determinado padrão, em que os diferenciais de preço ofertante-demandante
mais relevantes estão relacionados aos maiores valores de frete, e o frete mais caro é
consequência da maior distância entre os estados. Porém, a Bahia não segue esta tendência
referente a média de diferencial de preço, visto que o Pará é responsável pela segunda posição
apesar de ter o terceiro maior valor fretado.
São Paulo, quando se refere a todos os estados ofertantes, tem os maiores índices de
média de diferencial de preço, seguido da Bahia e de Minas Gerais. Mueller (1987) confirma
tal hipótese baseando-se na ideia de que o aumento da demanda, consequentemente, aumenta
o preço do produto, sendo São Paulo o maior consumidor de carne bovina do país, Bahia e
Minas Gerais respectivamente segundo e terceiro maiores consumidores.

4.3 Análise da Elasticidade Entre Preços Calculada e Estimada Entre os Estados


Ofertantes (GO, MS, MT, PA) e Demandantes (SP, BA, MG)

De acordo com a Tabela 2, São Paulo foi o estado que apontou a maior média de
elasticidade de preço (de acordo com a equação IV) para o Mato Grosso e Mato Grosso do
Sul, se comparados com os outros estados demandantes. Por outro lado, em Minas Gerais

Revista Gestão e Secretariado (GeSec), São Paulo, SP, v. 14, n. 5, 2023, p. 7745-7764.
Mercado interno brasileiro de carne bovina (2011-2019) 7758

obteve-se as maiores médias de elasticidade de preços para os estados do Pará e Goiás,


revelando que São Paulo é mais sensível as alterações de preços nos estados de Mato Grosso
e Mato Grosso do Sul, enquanto que Minas Gerais é mais sensível ao Pará e Goiás. Goiás
apresenta-se como maior conexão de preços com o estado da Bahia.

MT SP BA MG
Média 0,9247 0,5285 0,7437
Mínimo -5,8964 -8,8350 -9,9356
Máximo 8,4249 9,6026 7,3220
Amplitude 14,3213 18,4376 17,2576
Desv-Pad 2,0946 2,8869 2,6396
MS SP BA MG
Média 1,1213 0,1884 0,9363
Mínimo -3,4569 -9,3171 -3,9530
Máximo 9,6686 7,0215 8,5917
Amplitude 13,1255 23,4987 12,5447
Desv-Pad 1,6594 3,0684 1,8804
PA SP BA MG
Média 0,6932 0,4133 0,7726
Mínimo -6,9545 -9,8749 -9,8153
Máximo 5,7274 7,8836 7,3205
Amplitude 12,6820 17,7584 17,1358
Desv-Pad 1,7588 2,5723 2,3562
GO SP BA MG
Média 0,8951 0,8389 1,1793
Mínimo -5,1596 -3,2157 -5,0986
Máximo 6,3692 9,2044 7,2932
Amplitude 11,5287 12,4201 12,3918
Desv-Pad 1,4468 2,0659 1,6717
Tabela 2 – Elasticidade calculada entre os estados ofertantes (GO, MS, MT, PA) e demandantes (SP, BA,
MG)
Fonte: dados de pesquisa

A maior elasticidade observada foi a relação de Mato Grosso do Sul com São Paulo,
ou seja, caso os preços do Mato Grosso do Sul subissem 1% em janeiro de 2016 os preços em
São Paulo seriam influenciados em 9,66%. Da mesma forma, encontra-se uma relação inversa
das elasticidades entre todos estados ofertantes com os demandantes, quando se atenta ao
ponto mínimo da elasticidade encontrada. Como exemplo, encontrou-se em maio de 2019, a
relação de -9,93 da elasticidade de preços calculada entre Minas Gerais e Mato Grosso, ou
seja, caso os preços de Mato Grosso aumentassem e 1%, isso refletiria em uma redução de
9,93% dos preços em Minas Gerais.

Revista Gestão e Secretariado (GeSec), São Paulo, SP, v. 14, n. 5, 2023, p. 7745-7764.
Mercado interno brasileiro de carne bovina (2011-2019) 7759

A menor variação das elasticidades analisadas foi encontrada entre Goiás e São Paulo,
e o maior desvio padrão encontrado foi entre a Bahia e Mato Grosso do Sul. Implicando que
existe uma maior previsibilidade de indução de preços entre a primeira associação que a
segunda.
Simultaneamente a esta análise, para investigar as possíveis diferenças da elasticidade
calculada pela Equação IV, foi utilizada a Equação III para que fosse possível estimar a
elasticidade de todo o conjunto de dados. Na Tabela 3, observa que todos as estimativas estão
bem ajustadas e com grau de significância de 1%.

Demandantes/ Elasticidad
Ofertantes e Erro Padrão Test t p-valor Adj R-squared

SP/GO 0,978 0,008 117,530 0.000 0,992

SP/MS 1,028 0,011 96,500 0.000 0,989

SP/MT 1,013 0,011 90,500 0.000 0,987

SP/PA 0,994 0,017 58,380 0.000 0,970

BA/GO 1,020 0,025 41,610 0.000 0,942

BA/MS 1,057 0,032 33,340 0.000 0,912

BA/MT 1,060 0,025 42,130 0.000 0,943

BA/PA 1,046 0,026 40,100 0.000 0,938

MG/GO 1,060 0,015 72,660 0.000 0,980

MG/MS 1,106 0,021 52,040 0.000 0,962

MG/MT 1,100 0,016 68,870 0.000 0,978

MG/PA 1,086 0,017 63,250 0.000 0,974


Tabela 3 – Elasticidade estimada entre os estados ofertantes (GO, MS, MT, PA) e demandantes (SP, BA,
MG)
Fonte: dados de pesquisa
*p-valor com 1% de significância

Verificou-se, conforme a estimativa, que o estado de Minas Gerais foi o que apresentou
maior intervenção pelos estados ofertantes, o que mais influenciou aquele estado foi o Mato
Grosso do Sul. Este estado também foi o que mais induziu a relação de preços com São Paulo.
E o estado de Goiás foi que apresentou a menor relação de elasticidade com os estados
demandantes.

Revista Gestão e Secretariado (GeSec), São Paulo, SP, v. 14, n. 5, 2023, p. 7745-7764.
Mercado interno brasileiro de carne bovina (2011-2019) 7760

Conclusões

Dada a dinâmica do mercado interno de carne bovina brasileiro, foram definidos, por
este trabalho, os principais estados demandantes e ofertantes. Ao longo do período analisado,
identificou-se que o estado de Minas Gerais obteve a maior alta de preços. Notou-se que os
picos de preços aconteceram nos meses de novembro e dezembro, enquanto que os menores
valores foram encontrados entre os meses de maio a agosto.
Em relação aos diferenciais de preços, o estado de Goiás foi que apresentou a menor
variabilidade nas negociações de preços para todos os estados demandantes, em que foi
observado a menor distância, frete, variabilidade e correlação. Todos os estados demandantes
e ofertantes apresentaram correlação positiva forte, inferindo que os preços tendem na mesma
direção. Percebeu-se também que a distância entre os estados está diretamente relacionada ao
custo do frete e com maiores diferenças de base, com exceção para estado da Bahia.
Constatou-se que os preços em São Paulo foram mais sensíveis às alterações de preços
nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, enquanto que Minas Gerais é mais sensível
aos estados do Pará e Goiás. Os preços no estado de Goiás apresentaram maior conexão com
os preços da Bahia. Detectou-se que em alguns períodos, as elasticidades ficaram invertidas,
contrastando com a forte correlação positiva encontrada. Além disso, verificou-se que o estado
de Minas Gerais foi o que apresentou a maior intervenção nos estados ofertantes, com as
maiores elasticidades estimadas encontradas, e o estado de Goiás foi o que mostrou a menor
interferência com os estados demandantes.
Dessa forma, esta pesquisa mostrou a relação dos preços entre os estados demandantes
e ofertantes por meio da análise de preços, de elasticidade, de correlação e das implicações
das distâncias entre os mercados. Sugere-se que a partir dessas análises, sejam adotadas
políticas de oferta e demanda de insumos e produção entre os estados demandantes e ofertantes
que possa minimizar as amplitudes entre os períodos identificados com a menor baixa e maior
alta de preços. Recomenda-se também que sejam levantados outros estudos que corroboram
com as relações de fluxo de comercialização entre estes estados.

Agradecimentos

Trabalho financiado pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica


(PIBIC/CNPq).

Revista Gestão e Secretariado (GeSec), São Paulo, SP, v. 14, n. 5, 2023, p. 7745-7764.
Mercado interno brasileiro de carne bovina (2011-2019) 7761

Referências
Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC). Perfil da Pecuária no
Brasil. Relatório anual, 2018. Disponível em:
<https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4392168/mod_resource/content/1/Sum%C
3%A1rio%20ABIEC%202017.pdf>. Acesso em: 30 de set. de 2020.

Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC). Série histórica de


exportação de carne bovina. Disponível em: http://abiec.com.br/exportacoes/.
Acesso em: 10 de mar. de 2021.

AGROLINK . Disponível em: https://www.agrolink.com.br/cotacoes/. Acesso em: 20 de jun.


de 2020.

ANDRADE, M. S. C.; TIRYAKI, F. G. Econometria na Prática. Rio de Janeiro: Alta Books


Editora, 2019.

CARIO, Silvio. Introdução à economia de empresas. Florianópolis: Departamento de


Ciências da Administração/UFSC, 2008.

Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA). AGROMENSAL –


CEPEA/ESALQ (outubro 2012). Disponível em:
https://cepea.esalq.usp.br/br/categoria/agromensal.aspx?mes=10&ano=2012. Acesso
em 23 de mar. de 2021.

Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA). AGROMENSAL –


CEPEA/ESALQ (março de 2014). Disponível em:
https://cepea.esalq.usp.br/br/categoria/agromensal.aspx?mes=4&ano=2014. Acesso
em 23 de mar. de 2021.

Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA). AGROMENSAL –


CEPEA/ESALQ (junho de 2016). Disponível em:
https://cepea.esalq.usp.br/br/categoria/agromensal.aspx?mes=6&ano=2016. Acesso
em 23 de mar. de 2021.

Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA). AGROMENSAL –


CEPEA/ESALQ (dezembro de 2016). Disponível em:
https://cepea.esalq.usp.br/br/categoria/agromensal.aspx?mes=12&ano=2016. Acesso
em 23 de mar. de 2021.

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA). Qualidade da carne bovina.


Disponível em: <https://www.embrapa.br/qualidade-da-carne/carne-bovina>. Acesso
em: 29 de jul. de 2019.

GOMES, R. da C.; FEIJÓ, G. L. D.; CHIARI, L. Evolução e Qualidade da Pecuária


Brasileira. EMBRAPA. Campo Grande, 24 de março de 2017. Disponível em:
<https://www.embrapa.br/documents/10180/21470602/EvolucaoeQualidadePecuaria.
pdf/64e8985a-5c7c-b83e-ba2d-168ffaa762ad>. Acesso em: 28 de set. de 2020.

Revista Gestão e Secretariado (GeSec), São Paulo, SP, v. 14, n. 5, 2023, p. 7745-7764.
Mercado interno brasileiro de carne bovina (2011-2019) 7762

HOFFMANN, R. Análise de regressão: uma introdução à econometria. Portal de Livros


Abertos da USP, 2016. Disponível em:
<https://www.esalq.usp.br/biblioteca/sites/default/files/Analise_Regress%C3%A3o.p
df>. Acesso em: 08 de jan. de 2021.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA (IBGE). Indicadores


IBGE: estatística da produção pecuária. Disponível em:
<https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/bibliotecacatalogo?view=detalhes&id=7238
0>Acesso em: 02 de out. de 2020.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA (IBGE). Projeção da


População. Disponível em:
<https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/populacao.html>. Acesso em: 30 de jul.
de 2019.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA (IBGE). Sistema IBGE de


Recuperação Automática – SIDRA. Índice Nacional de Preços ao Consumidor
Amplo. Disponível em: https://sidra.ibge.gov.br/tabela/1737. Acesso em: 10 de mar.
de 2021C.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA (IBGE). Pesquisa


Trimestral do Abate de Animais. Disponível em:
https://sidra.ibge.gov.br/tabela/1092. Acesso em: 10 de mar. de 2021E.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA (IBGE). Painel de


Indicadores. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/indicadores. Acesso em: 10 de
mar. de 2021D.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA (IBGE). População


residente das Unidades da Federação e Grandes Regiões, enviada ao Tribunal de
Contas da União - 2001-2020. Disponível em:
https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/populacao/9103-estimativas-de-
populacao.html?=&t=resultados. Acesso em: 10 de mar. de 2021A.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA (IBGE). Pesquisa


Orçamento Familiar - POF. Disponível em:
https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/educacao/9050-pesquisa-de-orcamentos-
familiares.html?=&t=o-que-e. Acesso em: 10 de mar. de 2021B.

MARGARIDO, M. A.; SHIKIDA, P. F. A.; CALVO, J. C. A. Análise da elasticidade da


transmissão dos preços internacionais do açúcar para os preços no Brasil: uma
aplicação do Modelo Estrutural. Redes - Santa Cruz do Sul: Universidade de Santa
Cruz do Sul, v. 23, n.1, janeiro-abril, 2018.

MARQUES, P.V.; MELLO, P. C. Mercados Futuros e de Opções Agropecuárias.


Piracicaba, S.P., Departamento de Economia, Administração e Sociologia da
Esalq/USP, 2006, Série Didática nº D-129.

MENDES, J. T. G; PADILHA JUNIOR, J. B. Agronegócio: uma abordagem econômica,


Editora Pearson, São Paulo, 5º reimpressão, 2013. 365 p.

Revista Gestão e Secretariado (GeSec), São Paulo, SP, v. 14, n. 5, 2023, p. 7745-7764.
Mercado interno brasileiro de carne bovina (2011-2019) 7763

MENDES, C. M.; TREDEZINI, C. A. de O.; BORGES, F. T. de M.; FAGUNDES, M. B. B.


Introdução à economia– 3 ed. rev. amp. Florianópolis : Departamento de Ciências da
Administração / UFSC; [Brasília] : CAPES : UAB, 2015. Disponível em:
<https://educapes.capes.gov.br/bitstream/capes/401353/1/introducao_a_economia-
3ed-miolo-online-atualizado.pdf>. Acesso em: 25 de jan. de 2021.

MUELLER, C. O ciclo do gado e as tentativas governamentais de controle do preço da


carne. Estudos Econômicos, São Paulo, V. 17, N. 3, p.435-456, set.- dez, 1987.

NETO, O.; SOARES, P. As fazendas de confinamento na reestruturação produtiva da


pecuária de corte em Goiás. Sociedade e Território, Natal, vol. 27. Edição Especial I
– XXII ENGA. p. 168-188, set. 2015.

PEDREIRA, A.; MONTEIRO, A. Recursos estratégicos e competitividade das


propriedades rurais: um estudo da bovinocultura de corte no estado da Bahia.
Gramado – RS, mai. de 2015. Disponível em: < https://ifbae.s3.eu-west-
3.amazonaws.com/file/congres/2015_B131.pdf>. Acesso em: 16 de dez. de 2020.

ROTAS BRASIL. Disponível em: < http://rotasbrasil.com.br/?aviso=true>. Acesso em 06 de


jan. de 2021.

SANCHES, A. L. R.; BARROS, G. S. de C.; ALVES, L. R. A. Contrato futuro de base de


preços de milho no Brasil: evidências empíricas de transmissão assimétrica entre
as regiões. SOBER- Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia
Rural. Campinas – SP, 29 de julho a 01 de agosto de 2018.

SCHUNTZEMBERGER, A. M. S. Análise do comportamento dos preços do boi gordo na


pecuária de corte paranaense: período 1994-2009. 2010. 85f. Dissertação
(Mestrado) – Setor de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Paraná, Curitiba,
PR.

SOUZA, F. O mercado da carne bovina no Brasil. Rev. Acad., Ciênc. Agrár. Ambient.,
Curitiba, v. 6, n. 3, p. 427-434, jul./set. 2008. Disponível
em:<https://periodicos.pucpr.br/index.php/cienciaanimal/article/view/10640/10037>.
Acesso em: 19 de set. de 2019.

SOUZA, K. Especificidades da distribuição da carne bovina. Brasília- DF, dez. de 2015.


Disponível em:
<https://bdm.unb.br/bitstream/10483/13840/1/2015_KarenSantosdeSousa.pdf>.
Acesso em: 05 de jan. de 2021.

URSO, Fabiana. A cadeia da carne bovina no Brasil: uma análise de poder de mercado e
teoria da informação. / Fabiana Salgueiro Perobelli Urso – 2007. Disponível em:
<http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/1771/FabianaSalgueir
oPerobelliUrso13072007.pdf?sequence=3&isAllowed=y>. Acesso em: 11 de nov. de
2020.

VASCONCELLOS, M.; GARCIA, M. Fundamentos de economia. 5. ed. – São Paulo :


Saraiva, 2014.

Revista Gestão e Secretariado (GeSec), São Paulo, SP, v. 14, n. 5, 2023, p. 7745-7764.
Mercado interno brasileiro de carne bovina (2011-2019) 7764

VICTER, F. A gestão da bovinocultura no município de Paragominas-Pará-Brasil.


Lisboa, 2017. Disponível em: <
https://recil.grupolusofona.pt/jspui/bitstream/10437/10393/1/DISSERTA%c3%87AO
%20VICTER%20CORRIGIDA%201%20pos%20defesa%20%281%29.pdf>. Acesso
em: 13 de nov. de 2020.

XAVIER, Marcelo. A configuração da cadeia produtiva da carne bovina na região norte


do estado do Mato Grosso: um estudo das perspectivas econômicas para os
bovinocultores de corte. Porto Alegre, RS. Abril de 2004. Disponível em:
<https://lume.ufrgs.br/handle/10183/6820>. Acesso em: 11 de nov. de 2020.

Submetido em: 10.04.2023


Aceito em: 12.05.2023

Revista Gestão e Secretariado (GeSec), São Paulo, SP, v. 14, n. 5, 2023, p. 7745-7764.

Você também pode gostar