Você está na página 1de 1

Inflação

Notícias | Economia

Inflação: antes
rejeitado, pé de
frango agora é a
‘carne possível’
Com o preço do boi nas alturas e
outras carnes também mais caras o
pé de frango virou a opção ao
alcance do bolso do consumidor

ECONOMIA | por Agência Estado -


Economia
18/09/2021 - 10H29
(ATUALIZADO EM 28/06/2022 - 01H04)

 0:00

Considerado o corte mais barato, preço


do pé de frango subiu 100% em 2021
PXHERE

A cozinheira Irene Moreno, moradora de


Sorocaba (interior de SP) aderiu de vez
ao pé de frango. "Sempre gostei, mas
agora virou a mistura possível, pois é o
que dá para comprar. A carne bovina
perdeu vez em casa. Primeiro é o frango,
depois o porco.

Dizem que pé de frango faz bem para os


ossos, mas eu digo que faz bem para o
bolso." Segundo ela, porém, sua mãe já
voltou do açougue reclamando que até
o pé do frango está caro. "Agora estão
vendendo em embalagens de isopor e,
quando você vai fazer a conta, o quilo
sai a mais de R$ 10", disse.

PUBLICIDADE

Leia mais:  In,ação alta faz consumidor


trocar carne por alimento empanado

Preço do pé de frango subiu


100%

Com o preço do boi nas alturas e outras


carnes também mais caras o pé de
frango virou a opção ao alcance do
bolso do consumidor, ainda que
também tenha subido. O quilo do frango
inteiro estava a R$ 8,41 na quarta-feira,
acumulando alta de 43% este ano,
segundo o Centro de Estudos Avançados
em Economia Aplicada (Cepea) da Escola
Superior de Agronomia da Universidade
de São Paulo (Esalq/USP).

Em janeiro, o quilo estava a R$ 5,90. No


mesmo período, o preço do pé de
frango, considerado o corte mais barato,
subiu 100%, passando de R$ 2,50 para
R$ 5 no atacado. O Índice Nacional de
Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a
in\ação o]cial do País, acumula alta de
5,67% de janeiro a agosto e, em 12
meses, chega a 9,68%.

Dono do açougue Vitória, no Jardim


Novo Mundo, periferia de Sorocaba, o
comerciante Aguinaldo Jesus dos Santos
vê no consumo dos cortes mais baratos
um re\exo da crise econômica agravada
pela pandemia.

"De uns tempos para cá, o consumidor


passou a buscar mais o frango. Aquele
que comprava carne bovina de primeira
está levando o ]lé de peito, mas a
maioria vai de pé de frango ou moela,
que são carnes mais baratas." Na
quarta-feira, Santos vendia o pé de
frango a granel por R$ 7,90 o quilo. "Está
barato, pois em supermercados você vai
comprar em bandejas e pagar até R$
12."

VEJA TAMBÉM

ECONOMIZE ECONOMIA
Em um ano, cesta básica Ipea: in5açã
paulistana sobe mais que o famílias de m
dobro da in5ação

Para o representante comercial


Henrique Laureano Ribeiro, de
Sorocaba, que trabalha com venda da
carne há 14 anos, a disparada no preço
do pé de frango decorre da exportação
para países da Ásia e da queda no poder
aquisitivo da população.

PUBLICIDADE

Citroën - Sponsored Citroën

Novo Citroën C3 22/23 Robuste

Saiba mais Saiba mais

"Outros cortes mais baratos, como o


pescoço e a moela, também estão tendo
maior procura", disse. A moela, que em
janeiro era vendida a R$ 6,50 no
atacado, hoje tem o preço do quilo em
R$ 9 80 para que o comerciante revenda
a R$ 15.

Ele explica que cortes mais nobres do


frango também subiram porque
passaram a ser opção para quem
consumia carne bovina. O peito com
osso subiu de R$ 6,60 para R$ 10,80 no
atacado — alta de 63% — e o ]lezinho
(sassami), de R$ 8,50 para R$ 14 —
aumento de 65%.

As exportações de carne de frango in


natura cresceram 6,2% este ano, até
agosto, mas o que levou à alta no preço
foi o aumento no consumo interno, o
que permitiu que os granjeiros
começassem a recuperar as perdas do
primeiro semestre.

Em agosto, o preço da ave viva subiu em


média 4,8% em São Paulo, enquanto os
custos de produção aumentaram 1,2%.
Mesmo com os preços favoráveis, os
avicultores controlaram o alojamento de
pintinhos para evitar excesso de oferta.

"Estamos com um pé no acelerador e


outro no freio. Aumentamos em 20% a
quantidade de aves em alojamento, mas
com cautela", disse o veterinário Sandro
Del Ben, da empresa Frango da Hora,
com criatórios e abatedouro na região
de Tietê, interior paulista.

Ele conta que no começo do ano o preço


de venda estava em R$ 6 50 o quilo e o
custo era de R$ 7,20. "Era prejuízo,
principalmente devido aos custos da
matéria prima e excesso de frango no
mercado. A partir do ]nal de maio, a
situação se inverteu e, mesmo com o
preço alto do milho e soja e o preço do
pintinho a R$ 2 a unidade, o frango
começou a dar lucro", disse.

Consumo maior

Para Luiz Gustavo Susumu Tutui,


analista de mercado de frango do
Cepea/Esalq/USP, a alta nos preços
acompanhou a elevação na demanda
pela ave, que se tornou a carne mais
consumida no País, assumindo o lugar
da carne bovina.

"O preço do frango aumentou mais que


o de outras carnes, mas o consumidor
vê que ainda está mais em conta que a
bovina e a suína." O maior consumo,
segundo ele, deu margem para que o
avicultor conseguisse ganho, mesmo
com o aumento no custo de produção.

Inflação de alimentos, gás …


por Notícias



 !     
Ainda segundo o especialista, o setor
avícola se ajustou melhor à pandemia e
à escalada de preços dos insumos, como
milho e soja também utilizados nas
rações para bovinos e suínos. "Como o
frango tem produção rápida, podendo
ser abatido em 40 dias, foi possível
ajustar a produção à demanda, evitando
as grandes oscilações de preços.

Nas últimas semanas, vejo o setor mais


cauteloso. Há o receio de até quanto
desses aumentos o consumidor
consegue absorver. Além disso, no ]m
do ano há tendência de maior consumo
de outras carnes, como a suína",
analisou.

Veja quais os alimentos da


cesta básica ficaram mais
caros em 2021

No período de fevereiro de 2020 a fevereiro


de 2021, o valor da cesta básica do
paulistano teve alta de 29%, conforme
levantamento com base na pesquisa mensal
da Fundação Procon-SP, em convênio com o
Dieese. O preço médio era de R$ 786,51
passou para R$ 1.014,63. Veja nas fotos a
seguir os alimentos que tiveram as maiores
altas
Tânia Rêgo/Agência Brasil

Óleo de soja - foi o produto que apresentou


maior alta: 93,01%. O preço médio da
embalagem com 900 ml passou de R$ 3,86
para R$ 7,45. O atraso na colheita causou
incertezas quanto ao volume que seria
produzido. Em seguida, houve a competição
entre compradores internos e externos e a
desvalorização do real frente ao dólar que
contribuiu para estimular as exportações.
Enquanto internamente ocorria a procura por
derivados de soja, as exportações do farelo e
do óleo de soja eram favorecidas, devido à
menor disponibilidade na Argentina. A partir
de janeiro/21, a valorização externa e o baixo
excedente doméstico mantiveram os preços
em alta, entretanto, os preços médios
começaram a baixar 
ADRIANO ISHIBASHI/FRAMEPHOTO/ESTADÃO CONTEÚDO-
12/01/2021

Arroz - a segunda maior alta de preço:


82,63%. O preço médio do pacote de 5kg do
arroz passou de R$ 12,78 em fevereiro/20
para R$ 23,34 em fevereiro de 2021. Entre os
motivos, a desvalorização do real frente ao
dólar, que aumenta o custo de produção
interna e estimula as exportações, a
diminuição da área plantada nos últimos
anos e a queda nos estoques reguladores.
Desde janeiro, a preferência das
bene_ciadoras, entretanto, foi liquidar o
arroz em estoque, com preços inferiores aos
veri_cados em semanas anteriores, o que
justi_ca o recuo no preço médio iniciado
naquele mês 
Guia da Cozinha

Cebola - a terceira maior variação: 57,96%. O


preço médio era de R$ 3,33 e passou para R$
5,26. No ano de 2020 as chuvas durante o
plantio e as dúvidas suscitadas pela
pandemia resultaram em diminuição da área
plantada do bulbo, puxando as cotações da
cebola para cima. A safra 2020/21 foi afetada
por condições climáticas adversas, tais como
estiagem, granizo e chuvas resultando em
uma oferta interna reduzida e altos preços do
bulbo. Em fevereiro/21, novamente a oferta
reduzida de cebola, em especial nas praças
do Sul, resultou em aumento de preço 
ITACI BATISTA/ESTADÃO CONTEÚDO-06/11/2010

Batata - o quilo 41,77%, com o preço médio


passando de R$ 4,07 para R$ 5,77. Uma das
mudanças no hábito alimentar, provocadas
pela pandemia e o isolamento social, foi a
maior procura por produtos naturais, como a
batata, em detrimento de produtos
industrializados. Com essa demanda e os
problemas na oferta causados pelo clima, os
preços da batata subiram
LUCAS LACAZ RUIZ/ESTADÃO CONTEÚDO-16/12/2020

PUBLICIDADE

Carne - cortes de primeira sofreram variação


de 38,97%. O preço médio do quilo passou de
R$ 28,84 para R$ 40,08. A carne de segunda
teve variação de 43,03%, passando de R$
22,82 para R$ 32,64. Intenso ritmo de
exportação, principalmente para a China;
baixa disponibilidade de boi gordo no pasto;
elevação nos preços de importantes insumos
pecuários importados; e, aumento no valor
dos insumos internos de alimentação, como
o milho e o farelo de soja, foram os motivos.
Em 2021, a limitada disponibilidade de
animais prontos para abate e a valorização
dos insumos mantêm os preços elevados
MARCO AMBROSIO/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO
CONTEÚDO

Feijão - teve aumento de 22,60%, passando


de R$ 5,53 para R$ 6,78. A redução da área
plantada, as adversidades climáticas e a ação
dos produtores para manter o preço em alta,
ao segurar os estoques, foram os motivos.
Além disso, volumes acima do comum
adquiridos pelos consumidores, com o
avanço do novo coronavírus, tiveram como
consequência a alta nos preços  
ITACI BATISTA/ESTADÃO CONTEÚDO-03/02/2011

Frango - o preço médio do frango resfriado


inteiro teve variação de 14,59%, de R$ 7,61
para R$ 8,72. A exportação e os altos custos
de produção são alguns dos motivos. Em
janeiro deste ano, o maior volume do frango
exportado segue para a China, mesmo que
em menor ritmo. No mercado interno, como
o frango é o concorrente proteico mais
barato, esteve competitivo frente às carnes
suína e bovina
Gabriela Biló/Estadão Conteúdo- 12/09/2017

Ovo - o preço médio passou de R$ 7,08 para


R$ 7,95, variação de 12,29%. Durante 2020, o
alto preço dos insumos, como o milho e a
soja, teve impacto no custo de produção dos
ovos. Em fevereiro, o aumento da
mortalidade das poedeiras, devido às
temperaturas altas, teve como consequência
a restrição da oferta de ovos e, com isso, os
preços subiram 
Pixabay

PUBLICIDADE

PÉ DE GALINHA PREÇO DO FRANGO

INFLAÇÃO COMIDA

Você também pode gostar