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Autora: Giselle Mari Speck

Resenha critica do artigo intitulado “Previsões para o Mercado de Carnes”

A situação do mercado no setor de carnes é caracterizada por altos preços


nominais para todas as carnes, apoiados no lado da demanda pelo rápido
crescimento nas economias em desenvolvimento e no lado da oferta pelos altos
custos dos insumos, notavelmente pelos grãos usados na alimentação animal e
nos insumos relacionados à energia. Aproximadamente dois terços do aumento das
importações de carne do mundo são oriundas de países em desenvolvimento. Em
contrapartida, alguns entraves quanto ao crescimento das exportações dessas carnes
como a presença de febre aftosa, gripe aviária, o surgimento da “vaca louca” em
rebanhos bovinos.
O artigo de estudo apresentou projeções brasileiras de produção, consumo,
exportação e preço médio de exportação para as carnes de frango, bovina e suína
observadas no período de 1972-2009 e análise de previsões no período de 2010-
2020. O Brasil apresenta grande competitividade no mercado internacional devido ao
baixo custo de produção nos três tipos de carne, aumento de profissionalização nestes
setores, com a adoção de técnicas mais modernas e práticas de bem-estar animal.
De acordo com as projeções apresentadas na produção de carnes no Brasil, a
carne de frango permanecerá a mais produzida, acompanhada pela carne bovina. A
produção de carne de frango terá um aumento de aproximadamente 5 milhões de
toneladas, a carne bovina atingirá 11 milhões de toneladas, enquanto a suína, apenas
4 milhões de toneladas nos próximos 10 anos. As taxas de crescimento da produção
de carnes bovina, suína e de frango no Brasil serão de 1,9% a.a., 1,8% a.a. e 3,7%
a.a., respectivamente, para o mesmo período. Conforme os dados, a expectativa é de
que a produção de carne de frango tenha um crescimento maior que das carnes
bovina e suína.
Segundo alguns artigos, a produtividade no setor de carnes é vista como
crítica a longo prazo, uma vez que implica em um nível menor de insumos que são
requeridos para produzir uma dada produção. Por exemplo, os ganhos de
produtividade que aumentam as taxas de extração (que medem os volumes de
animais abatidos no país em um ano em relação ao tamanho total do rebanho)
implicam em menores estoques de animais que usam extensivamente alimentos,
terras, água e outros insumos e ajudam a melhorar a sustentabilidade. Além de
aumentar a produtividade rural, as melhoras no manejo da cadeia de fornecimento,
em particular o manejo da cadeia de frio, têm e continuarão tendo um importante
impacto no crescimento desse setor. Isso é especialmente verdadeiro em muitos
países em desenvolvimento onde a estocagem e o transporte de carnes têm sido
limitados.
Já em relação ao consumo, as carnes de frango e bovina continuarão sendo as
mais consumidas. O consumo brasileiro de carne bovina passará para 9 milhões de
toneladas em 2020, correspondendo a um aumento anual de 1,9%. Com relação à
carne suína, as estimativas apontam para um crescimento do consumo de 1,8% ao
ano (3,2 milhões em 2020). A preferência brasileira pelo consumo da carne de frango
é refletida na sua taxa de crescimento de 2,3% a.a. no período de 2010 a 2020,
passando para 9,8 milhões.
As economias emergentes também aumentarão sua demanda, onde o
crescimento da renda e a urbanização fortalecerão a ingestão de proteínas
animais à custa de alimentos de origem vegetal. Inversamente nos países
desenvolvidos, onde a demanda está bastante saturada, uma desaceleração da
renda e no crescimento populacional, o envelhecimento e a reincidência de medos
relacionados aos alimentos se combinarão para frear a demanda por carnes.
Assim como na produção e no consumo, a carne de frango continuará sendo a
mais exportada ao longo de todo o período projetado, em torno de 5 milhões de
toneladas, seguida pela carne bovina em 2 milhões de toneladas e pela carne suína
em torno de 800 mil toneladas.De acordo com as estimativas obtidas, a carne bovina
(taxa anual de crescimento em 1,5%) continuará sendo a mais valorizada no mercado
internacional, seguida pela carne suína (1,1% ao ano).
Uma série de direcionadores importantes de mercados e eventos
macroeconômicos poderá alterar as projeções de mercado brasileiro de carnes
desse estudo. A principal questão será a situação do mercado de alimentos
animais e os fatores que afetarão sua evolução durante o período. Considerando a
sensibilidade do setor de carne às condições macroeconômicas, qualquer distúrbio
durante o período analisado poderia ter um grande impacto, como barreiras
sanitárias às compras da carne brasileira por alguns países.
Algumas doenças animais têm potencial para afetar a produção doméstica
e regional de carnes. Apesar da erradicação de algumas ter se mostrado
tecnicamente possível, também se mostrou cara. Países e regiões estão
protegendo seu status de livre de doenças e fazendo grandes esforços para
sustentar essa situação. A febre aftosa é um exemplo. Surtos de doenças que são
zoonoses, como o H1N1, também são potenciais fatores que poderão impactar
significantemente não somente no acesso a mercados, mas também, no
comportamento dos consumidores.
O mercado mundial de carnes também está bastante fragmentado pela
legislação específica dos países no que se refere a segurança alimentar e as
restrições às importações representam um risco significante para a validade das
projeções.
Acredita-se que os países em desenvolvimento aumentarão sua
participação na produção global em todas as categorias de carnes e, até o final do
período. Os maiores retornos à escala continuarão concentrando a produção em
menos fazendas maiores, não somente nos países desenvolvidos, mas cada vez
mais também em mercados emergentes. Essa mudança estrutural continuará
aumentando a dependência da produção de carne de alimentos animais à base de
grãos.
Apesar dos fortes preços das carnes durante a projeção, as importações de
carnes em países em desenvolvimento deverão aumentar, direcionadas por um
crescimento na população e na renda e na alta elasticidade da renda da demanda.
Da mesma maneira, os fortes preços resultarão em lucros de exportação
sustentados, que encorajarão os grandes países exportadores de carne a investir
nos mercados internacionais de carne, apesar da alta incidência prevalente de
barreiras de importação relacionadas a questões sanitárias e de segurança
alimentar.
Os preços da carne permanecerão em um alto patamar durante o período
previsto sob custos de produção persistentemente altos, devido não somente aos
altos custos dos alimentos animais e insumos relacionados à energia, incluindo
transporte e custos de cadeias de refrigeração, mas também, a questão cada vez
mais rígida de segurança alimentar, meio-ambiente e regulamentações de bem-
estar animal (rastreabilidade, acomodações, transporte, etc.)
A resposta da oferta pode ser limitada em muitos países e regiões por
limitações em recursos naturais, competição pela terra e água por colheitas
alternativas e investimentos insuficientes em infraestrutura em regiões importantes
ricamente favorecidas com recursos naturais para a produção pecuária.
O crescimento da produtividade na cadeia de produção de carnes tem sido
significante nos últimos anos. Apesar dos maiores custos, rebanhos melhorados,
práticas de manejo de cria e do rebanho, especialmente melhores práticas de
alimentação, permitiram um crescimento na produção de carnes e essa tendência
deverá continuar durante o período analisado.

Referências

SILVA E SOUZA, G., SOUZA, M.O., MARQUES, D.V., GAZZOLA, R., MARRA, R.
Previsões para o Mercado de Carnes. RESR, Piracicaba, SP, vol. 49, nº 02, p. 473-
492, abr/jun 2011.

OCDE/FAO: perspectivas mundiais para o mercado de carnes. Disponível em <


http://www.beefpoint.com.br/cadeia-produtiva/especiais/ocdefao-perspectivas-
mundiais-para-o-mercado-de-carnes> .Acesso em 24/08/2013.

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