Anais do III CoBICET – Trabalho completo

Congresso Brasileiro Interdisciplinar em Ciência e Tecnologiaa

“15 anos dos BIs e LIs: retrospectiva, resistência e futuro”

ELASTICIDADE PREÇO DA DEMANDA POR CARNE BOVINA E

FRANGO
Leonardo Breno de Almeida1, Thiago Costa Carvalho2
1
UFERSA, Mossoró/RN, Brasil (leonardo_breno@hotmail.com.br)
2
UFERSA, Mossoró/RN, Brasil (thiago.costa@ufersa.edu.br)

Resumo: Esta pesquisa tem por objetivo estimar a relação entre as demandas por carne
bovina e por frango e seus respectivos preços. Para tanto, os dados desta pesquisa foram
coletados em um supermercado de pequeno porte localizado no bairro Dom Jaime Camara,
da cidade de Mossoró-RN. Está análise tomou como base a teoria da elasticidade, preço da
demanda aplicando o método de estimação da elasticidade, preço cruzada da demanda
através de um modelo log-log para apresentar uma relação percentual entre as variáveis
explicativas e a variável dependente. As equações que representam os dados obtidos foram
estimadas através de regressão múltipla. Através dessa aplicação obtiveram-se dados os
quais indicam que a carne bovina se relaciona de maneira inversa à variação do seu preço,
e que tanto a demanda por carne bovina quanto por frango para esse estudo dependem de
outros fatores além de seus respectivos preços.

Palavras-chave: Elasticidade preço da demanda; Carne bovina; Carne de frango.

INTRODUÇÃO importância nutricional devido ao alto nível de

proteína, vitaminas e ferro associados à sua ingestão.
O Brasil é referência quando se trata de produção
Segundo OSHIIWA (2012) “O consumo de carne
agropecuária, com grande destaque para a produção de
bovina é um hábito consolidado no Brasil. Os fatores
proteína animal, considerado um dos maiores
responsáveis pelo aumento da demanda do produto
produtores desse segmento, de acordo com dados do
são preferências, preços, propriedades nutricionais,
KRETER (2021) o Brasil é o segundo maior produtor
qualidade, gosto e restrição orçamentária”.
de carne bovina do mundo, sendo que boa parte de sua
produção é exportada para consumo externo, entre os Crises sanitárias vêm afetando o comércio e
principais importadores estão países como China e os exportação antes mesmo da pandemia covid-19, no
Estados Unidos. ano de 2019, quando houve uma elevação abrupta na
quantidade de exportação da proteína animal
Entre os anos de 2019 à 2022, pôde ser observado um
produzida no Brasil, ocasionada por uma zoonose na
grande aumento nos preço dos alimentos, crises
China, a gripe suína que acometeu os rebanhos
mundiais enfrentadas neste período afetarão de forma
chineses, fez com que tais rebanhos viessem a ser
negativa a produção e abastecimento de produtos
sacrificados como medida de controle sanitário. De
essenciais. Em 26 de fevereiro de 2020, foi constatado
forma semelhante, outra doença animal outrora já
o primeiro caso de covid-19 no Brasil e logo em
havia impulsionado o mercado de exportação da
seguida, em março do corrente ano, iniciou-se um
“commodity”. Como foi o caso da encefalopatia
processo de queda da produção da indústria de forma
espongiforme bovina, (doença vaca louca) que
geral, declínio este proveniente de uma necessária
comprometeu o nível de produção americano em
medida de enfrentamento ao vírus, o isolamento
2003.
social. Essa diminuição da produção se repetiu em
todo cenário mundial e fez com que países produtores Com o prolongamento deste cenário de elevação do
e com boas reservas, como o Brasil, alavancassem sua número de exportações é esperado que o preço da
taxa de exportação, o que ocasionou um déficit no carne bovina ao âmbito local continue crescente no
abastecimento do mercado interno. ano de 2022 influenciados pelo mercado externo.
Dados do boletim Ipea apontam como a perspectiva de
Produtos originários da agropecuária tiveram uma
que o quantitativo de exportações continue em
grande elevação da quantidade de exportação no
crescente e, que as exportações de carne bovina
período de 2019 a 2022, com lugar de destaque para
continuem ditando o preço do produto no mercado
produtos de origem animal. Considerado como um dos
interno. (KRETER, 2021)
principais alimentos para a composição da cesta do
brasileiro, a carne bovina é alimento de grande
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Mediante o cenário de aumento constante da um supermercado de pequeno porte do município de

exportação do produto, e consequente elevação do seu Mossoró–RN. Além de estimar a elasticidade preço da
preço ao âmbito local, se faz necessário poder demanda para o produto carne tipo coxão-duro e
mensurar de que maneira a demanda por determinado estimar a elasticidade cruzada da demanda por frango.
produto e por seus bens substitutos são afetadas.
MATERIAL E MÉTODOS
Segundo dados do Ipea KRETER (2022), “O
A demanda ou procura pode ser classificada como a
indicador de preço do boi gordo Cepea/B3 atingiu
quantidade que o consumidor deseja adquirir de certo
valores nominais recordes no primeiro trimestre de
bem ou serviço, a um determinado preço e período.
2022 ... Dois fatores foram determinantes para o
Importante indicador do comportamento do mercado,
aumento dos preços no período analisado: a baixa
ela aponta a quantidade demandada por determinado
oferta de animais para abate e o desempenho recorde
produto por meio da equação da demanda, que
das exportações de carne bovina, especialmente para a
relaciona a quantidade demandada ao preço do bem ou
China”.
serviço. Para Alves (2009) “A lei da demanda,
Com a queda na quantidade ofertada do produto no decorrente da teoria do consumidor, define que a
mercado nacional, é natural o aumento do seu preço e, quantidade demandada de um bem se reduz conforme
consequentemente, a diminuição da demanda, tudo aumenta o seu preço, tudo o mais constante. Assim,
mais permanecendo constante. A maneira com que se tem-se que, em geral, a demanda por um bem, ou uma
comporta a demanda neste caso pode ser mensurada função de demanda por ele, é negativamente
pela teoria da elasticidade preço da demanda, essa relacionada com o preço do bem”.
teoria relaciona a variação da demanda por
A equação da curva da demanda relaciona a
determinado bem ou serviço com a variação de seu
quantidade demandada por um bem ao seu preço por
preço, fornecendo um indicador adimensional
meio da seguinte equação:
geralmente negativo. Segundo Pindyk (2013), “A
elasticidade preço da demanda é normalmente um QD = QD(P) (1)
número negativo. Quando o preço de uma mercadoria
Há outros diversos fatores que influencia a demanda,
aumenta, a quantidade demandada em geral cai”.
fatores como: bens substitutos, o preço de bens
A alta no preço da proteína animal fez com que o complementares, preferências do consumidor e sua
consumo interno da carne bovina caísse de forma renda, estes podem influenciar diretamente a
considerável, impactando o setor varejista de forma demanda. Segundo OSHIIWA (2012) “A demanda
direta, neste cenário entre os principais fornecedores pela carne bovina é influenciada por diversos fatores.
formais do produto ao público final estão os Na maioria das análises, os fatores mais observados
supermercados. Esta alteração influencia não somente são a renda per capita da população, seguido pelo
a demanda pelo próprio produto, mas também, a preço da própria carne e os preços das demais carnes
demanda por seus bens substitutos. substitutas, como suína e de frango”.
“Mudanças nos preços de bens relacionados também É natural deduzir que a demandada por um bem
afetam a demanda. Os bens são substitutos quando um aumenta quando seu preço diminui. Tendo como
aumento no preço de um deles produz um aumento na premissa a ideia de que: consumidores que adquiriram
quantidade demandada do outro. Por exemplo, (...) a este bem podem adquirir a uma maior quantidade
carne de boi e a carne de frango são bens substitutos, deste, quando seu preço diminui, assim como outros
já que muitos consumidores decidem substituir uma consumidores que outrora não conseguiam adquirir tal
pela outra quando os preços mudam.” (PINDYCK, bem poderão ter acesso ao mesmo quando seu custo se
2013) torna menor.
Sabendo que o preço é fator de grande peso na tomada Figura 1. Curva de demanda. (Pindyk, 2013)
de decisão entre bens de consumo, e diante de um
aumento abrupto no preço da carne bovina no mercado
interno, é necessário a implementação de um método
que possa dimensionar o quão afetada é a demanda do
produto ou de seus substitutos quando levado em
consideração a alteração do seu preço de venda.
Assim, é levantada a seguinte indagação, no local
estudado, quão afetada é a demanda por carne bovina
e seus substitutos (o presente estudo considera a carne
de frango), com a elevação no percentual de preço da
carne bovina? Esta pesquisa tem como objetivo
desenvolver um experimento para analisar a
elasticidade do preço da demanda da carne bovina em

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Este trabalho visa mensurar a elasticidade preço da
demanda da carne bovina e de um produto substituto.
Assim, torna-se necessário acompanhar a evolução
dos preços dos produtos e seu efeito sobre a demanda.
A elasticidade do preço da demanda nos fornece um
indicador adimensional da sensibilidade da demanda a
essa variação. Para Pindyk (2013), “a elasticidade
preço da demanda mede quanto a quantidade
demandada pode ser afetada por modificações no
preço. Ela nos informa qual será a variação percentual
na quantidade demandada de uma mercadoria após um
aumento de 1% no preço de tal mercadoria”.
Ep = (%ΔQ) / (%ΔP)
Já para poder mensurar o quão afetado é a demanda
por um bem substituto tendo como referência a
alteração do preço do produto principal, utilizamos a
elasticidade preço cruzada da demanda. Segundo
Pindyk (2013), “refere-se à variação percentual da
quantidade demandada de uma mercadoria que
resultará no aumento de 1% no preço de outra”.
EQbPm = (Pm/Qb)*(ΔQb/ΔPm)
Para teoria da microeconomia, um bem pode ser
classificado de acordo com seu tipo, como mostra o
Quadro 1.
Quadro 1 – Tipos de bens. (Pindyk, 2013)
Tipos de bens
Um bem é normal quando o
efeito renda é positivo:
Bem normal
quando arenda aumenta, o
consumo aumenta.
Um bem é inferior quando o
efeito renda é negativo:
Bem inferior
quando arenda aumenta, o
consumo cai.
Bens cuja curva de
demanda tem inclinação
ascendente pelofato de
Bem de giffen
que o efeito renda
(negativo) é maior do que o
efeitosubstituição.
Dois bens são substitutos
quando um aumento no
Bens substitutos preço de umdeles provoca
um aumento na quantidade
demandada do outro.
Dois bens são
complementares quando
Bens um aumento no preçode um
complementares deles leva a um decréscimo
na quantidade demandada
do outro.
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Segundo Gil (2017): “pode-se definir pesquisa como
o procedimento racional e sistemático cujo objetivo é
fornecer respostas aos problemas que são propostos”.
Este trabalho trata de uma pesquisa aplicada, de
natureza descritiva, desenvolvida aplicando o método
experimental, esta pesquisa visa conhecer o
comportamento da demanda por um produto e por um
bem substituto quando o bem principal é submetido a
uma variação de seu preço.
A pesquisa se dá através da análise experimental de
dados de venda realizadas no checkout do
supermercado para os itens: carne bovina tipo coxão
(2) duro e carne de frango. Esses dados referem-se as
vendas diárias e foram coletados acerca de 5 anos em
um supermercado de pequeno porte, no bairro Dom
Jaime Câmara, na cidade de Mossoró, Rio Grande do
Norte. A amostra compreende um total de 1.513 dias
de venda para ambos os itens, referentes aos anos de
2017 a 2022.
Para mensurar a variação da demanda por um bem e
por seu substituto, ocasionada por alterações dos
(3)
preços de ambos os itens, foi utilizada a teoria da
elasticidade preço cruzada da demanda, todavia para
ser possível decorrer de tal análise é necessário o
conhecimento de alguns modelos de aplicação para
essa teoria, esses modelos apresentam resultados com
naturezas diferentes e para melhor empregabilidade
dos resultados é necessária a utilização de um modelo
que retorne dados com as características necessárias
para uma melhor observação dos fenômenos
estudados.
Os principais modelos de estimação da elasticidade
preço cruzado da demanda são Segundo Alves (2009)
Linear Simples, Lin-Log, Log-Lin e Log.
Antes de aplicar um modelo de análise, é necessário
que os dados sejam descritos por uma função que
retrate a relação entre as variáveis analisadas, tal
função é obtida através da aplicação da regressão
linear, que consiste no modelo matemático que
estabelece através de equação a relação entre a
variável dependente e as variáveis independentes.
A regressão linear pode ser classificada como: simples
ou múltipla. A regressão linear é dita simples quando
o comportamento da variável dependente está
relacionado a somente uma variável independente.
Segundo Hoffmann, Rodolfo (2016) “Dados n pares
de valores de duas variáveis, Xi, Yi (com i = 1, 2, ...,
n), se admitirmos que Y é função linear de X, podemos
estabelecer uma regressão linear simples, cujo modelo
estatístico é Yi=αi + βXi + u, onde α e β são
parâmetros, X é a variável explanatória e Y é a
variável dependente e u é o erro estocástico”.
Já para a regressão linear múltipla a variável
dependente está relacionada a duas ou mais variáveis
determinantes. De acordo Hoffmann, Rodolfo (2016)
“Temos uma regressão linear múltipla quando
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admitimos que o valor da variável dependente é Gráfico 1 – Evolução dos preços. (Autoria própria)
função linear de duas ou mais variáveis
explanatórias.”
Assim, o modelo estatístico regressão linear múltipla
é escrito por:
Y = β0 + β1X1 + β2X2 + β3X3 + +βiXi + u. (4)
Onde:
Y = valor da variável dependente;
β0 = a constante ou coeficiente linear;
βi = é o coeficiente de cada variável independente ou
coeficiente angular;
Xi = é a descrição de cada variável independente;
u = Termo de erro ou resíduo, é a diferença entre o
valor real e o valor previsto da variável dependente;
i = representa as variáveis (i = 1, 2, 3...n).
O comportamento das curvas descritas pelo Gráfico
Comparando a equação da elasticidade preço cruzada 1, demonstram uma maior variação dos preços a
da demanda modelo Log-Log pode se concluir que: partir do quarto trimestre de 2019, período de
X1= é o preço da variável dependente; incidência da zoonose na China que afetou o
X2= renda dos consumidores; mercado mundial de proteína animal. Quando
X3 = preço do bem substituto ou complementar. relacionadas, as duas curvas apresentam
comportamento semelhante, o qual está em acordo
Para estimação destes valores foi utilizado método dos com o esperado, considerando que o frango é bem
Mínimos Quadrados Ordinários (MQO). A variável substituto a carne bovina e que pela teoria da
renda não foi analisada para este estudo, visto que não demanda um aumento no preço do produto normal
foi possível a obtenção de tais dados para a amostra afeta sua demanda de forma negativa e a demanda
coletada. Portanto, para este experimento o valor da por seus bens substitutos de forma positiva, assim
renda não foi considerado. Assim, o impacto causado com o aumento da procura por estes bens é natural o
a demanda pelo bem analisado pela renda do aumento de seu preço, em acordo com a teoria
consumidor para este estudo estará compreendida no econômica de mercado.
erro ou resíduo.
O Gráfico 2 descreve a variação a quantidade
RESULTADOS E DISCUSSÃO demandada por carne bovina e por frango ao longo
Os dados para as equações utilizadas como parâmetros do tempo, esse gráfico aponta que tais curvas se
deste estudo foram encontrados através do software comportam de maneira semelhante, indicando que a
STATA, utilizando o método de regressão linear demanda por ambos os produtos tem variação
múltipla. Para esse experimento todas as variáveis aproximada, assim fica evidente o equilíbrio entre a
foram convertidas ao logaritmo para um melhor demanda por carne bovina e por frangopor parte da
refinamento dos dados e permitindo assim estimar a população a qual foi desenvolvido este estudo.
elasticidade preço cruzada da demanda, através do
modelo log-log que fornece uma análise da variação
percentual entre variável dependente e explicativa. Gráfico 2 - Evolução das quantidades demandadas.
(Autoria própria)
Através da análise do Gráfico 1 que descreve a
variação do preço dos bens ao longo do tempo é
possível aferir que tais curvas apresentam inclinação
semelhante, indicando que os preços de ambos os
produtos têm variação parecida, em suas respectivas
proporções, dentro de um determinado espaço de
tempo.

Como mostra a Tabela 1 e os Gráficos 1 e 2, as

quantidades demandadas por carne bovina e por
frango manifestam uma média de vendas diária
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aproximada, o desvio padrão de tais variáveis quando Como primeiro modelo para análise, a carne
comparado a média amostral pode ser considerado bovina foi adotada como variável dependente, o
grande, o que indica que estes valores estão bem coeficiente β1encontrado no modelo relaciona a
distribuídos ao longo da amostra e não condensados demanda por carne bovina a seu preço, este
próximos da média. Isso permite uma melhor coeficiente apresentou sinal negativo, como
observação da variação da demanda, visto que a esperado, estando assim em acordo com a teoria
quantidade vendida de ambos os produtos apresenta econômica da curva da demanda. O valor aferidofoi
significativa variação ao longo da amostra. de -1,281358 afirmando que para um aumento de 1%
Tabela 1 - Análise descritiva dos dados coletados. no preço da carne bovina ocorrerá uma queda da
(Autoria própria) quantidade demandada por esta de 1,281358%, o que
indica que a demanda por carne é elástica a seu
Variável Média D. Padrão Mínimo Máximo preço, dado que β1>1. Já o valor de β2 é igual a -
Demanda - 0,6096898, assim pode se concluir que a demanda por
Carne 12,38 8,263461 0 85,566 carne bovina se relaciona com o preço do frango de
bovina forma inelástica, indicando que o preço do frango
Demanda - não influencia de imediato a quantidade demanda por
11,57 7,679126 0,495 50,607
Frango carne bovina para a população do estudo.
Preço –
Carne 23,77 6,379821 14,98 36,98 Tabela 3 - Estimação demanda por carne bovina.
bovina (autoria própria)
Preço -
11,10 2,679266 5,45 18,98 Var. Coef. Std. Err. t P >|T|
95% conf.
Frango
Interval
Logpc -1,2813 0,0862 -14,86 0,000 -1,4505 -1,1122
Já a média de preços, quando relacionados os da carne
Logpf -0,6096 0,1006 -6,06 0,000 -0,8071 -0,4122
bovina e do frango, aponta uma variação em
_cons 7,7610 0,1926 40,29 0,000 7,3831 8,1388
proporçãoa carne bovina, considerada para este estudo
como bem principal, assume valores sempre maiores
que o frango. Odesvio padrão para o preço destes bens Para este modelo foram utilizadas duas variáveis
é pequeno quando comparado a seus respectivos explicativas, enquanto o número de graus de
preços, o que indica que tanto o preço da carne bovina liberdade foi de1507, o teste F retornou um valor de
quanto o do frango estão concentrados mais próximos 405,64, valor considerado alto, indicando que o
a suas respectivas médias. modelo está bem ajustado. Já o teste de probabilidade
Através da Tabela 2, constata-se que as variáveis, F apresentou resultado de 0,0000, evidenciando que
quantidade demandada por frango e quantidade a hipótese de que todos os coeficientes são
demandada por carne bovina apresentam índice de simultaneamente iguais a zero pode ser rejeitada a
correlação positivo, comportamento adverso do um nível de significância de 1%.
esperado pela teoria que indica que um bem normal
Para a análise em que a carne bovina é tratada
tem correlação negativa a um bem substituto. Os
como bem principal o coeficiente de determinação da
demais dados apresentam comportamento como
equação (R²) apresentou valor de aproximadamente
esperado, a quantidade demandada por um item tem
0,3499, mostrando que 34,99% da quantidade
correlação negativa com o seu preço, vale destacar a
demandada por carne bovina para população alvo do
interação entre a variável quantidade de frango e o
estudo é explicada pelas variáveis empregadas.
preço da carne bovina que apresentou índice próximo
Aplicando o teste t-Student através dos valores
de zero, o que indica que as duas variáveis não
obtidos na regressão múltipla a um nível de
apresentam correlação.
significância de 5%, é possível concluir que tanto o
Tabela 2. Correlação entre variáveis. (Autoria preçoda carne bovina quanto o preço do frango são
própria). relevantes para o comportamento da demanda por
carne bovina. O intervalo de confiança de 95% pode
Demanda Demanda Preço Preço ser observado na Tabela 3.
Frango Carne Frango Carne
Demanda O P-valor é um dos indicadores mais importantes
Frango 1,0000 no estudo da economia, com o valor encontrado nele
Demanda é estimado o percentual a qual pode ser rejeitada a
0,3092 1,0000 hipótese de que a variável independente analisada
Carne
Preço não explica ademanda pela variável dependente. Este
-0,3043 -0,3973 1,0000 teste aplicado a todas as variáveis e hipóteses deste
Frango
Preço estudo retornou valorigual a zero, indicando assim,
-0,0921 -0,4902 0,7435 1,0000 que todas as variáveis determinantes aplicadas ao
Carne

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modelo explicam a demanda atribuída a variável
dependente.
Já para o segundo modelo de análise, temos como
variável dependente a quantidade demandada por
frango e como variável determinante o preço do
frango e o preço da carne bovina. O coeficiente β1
encontrado foi de - 1,816011 indicando que a cada
incremento de 1% no preço do frango a demanda por
este produto reage de formanegativa em 1,816011%,
esse índice evidencia que a demanda por frango é
elástica quando relacionada a seu preço, já o
coeficiente β2 (neste modelo o preço da carne
bovina) encontrado foi de 0,5538843 com sinal
positivo, indicando uma demanda inelástica do
frango em relação ao preço da carne bovina, como o
sinal encontrado para β2 é positivo tem-se que o
frango é bem substituto da carne bovina.
Tabela 4. Estimação demanda por carne de frango.
(autoria própria)
Var. Coef. Std. Err. t P >|T|
95% conf.
Interval
Logpc -1,2813 0,0862 -14,86 0,000 -1,4505 -1,1122
Logpf -0,6096 0,1006 -6,06 0,000 -0,8071 -0,4122
_cons 7,7610 0,1926 40,29 0,000 7,3831 8,1388
O número de variáveis explicativas analisadas
para este modelo é de 2, enquanto a quantidade de
graus de liberdade 1510, o teste F retornou valor de
133,90, indicando que o modelo está bem ajustado,
já o teste de probabilidade F retornou um valor de
0,0000, assinalando que a hipótese de que todos os
coeficientes são simultaneamente iguais a zero pode
ser rejeitada a 1% de significância.
Para a análise deste segundo cenário, onde a
demanda por frango é tratada como variável
dependente, o coeficiente de determinação (R²)
assume valor de 0,1516 designando que
aproximadamente 15% da demanda por frango é
explicada pelas variáveis preço do frango e preço da
carne bovina. Aplicando o teste t –Student, através
dos valores obtidos na regressão múltipla para um
nível de significância de 5%, é possível concluir que
tanto o preço da carne bovina quanto o preço do
frango são relevantes para o comportamento da
demanda por carne bovina. O intervalo de confiança
de 95% pode ser observado na tabela 5.
De forma semelhante ao primeiro modelo
estudado, o P valor aplicado a todas as variáveis de
hipóteses deste estudo retornou valor igual a zero,
indicando assim que todas as variáveis determinantes
aplicadas ao modelo explicam a demanda atribuída a
variável dependente.
CONCLUSÃO
Este trabalho adotou a teoria da elasticidade preço
cruzada da demanda aplicando o modelo log- log para
estimar, em proporção percentual, quão ligada a
demanda por carne bovina e por frango estão a seus
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respectivos preço e ao preço do outro, em um
supermercado de pequeno porte da cidade de
Mossoró-RN, com objetivo de aferir se a variação
demanda por carne bovina é explicada pela variação
no seu preço e no preço do frango, e assim, poder
mensurar o quão relacionada estão essas variações.
A aplicação do modelo de regressão múltipla,
alinhado a teoria da elasticidade preço cruzada da
demanda retornou que cerca de 35% da demanda por
carne bovina é explicada pelo preço da carne bovina e
pelo preço do frango, resultado que corrobora com a
teoria econômica clássica que afirma que a demanda
está ligada a diversos outros fatores, entre eles a renda
e as preferências do consumidor. Para a demanda por
carne bovina, pode-se ainda aferir que apenas o preço
do produto afeta imediatamente a sua demanda,
demonstrando que a demanda por carne bovina se
comporta de forma inelástica ao preço do frango.
Já para o produto frango, os resultados retornam que a
cerca de 15% da demanda por frango é explicada pelas
variáveis, preço do frango e preço da carne bovina,
como esperado o modelo apresentou coeficientes que
indicam que a demanda por frango está inversamente
relacionada ao aumento de seu preço, e que esta
demanda tem comportamento elástico indicando que
uma variação no preço do frango impacta
instantaneamente sua demanda, e que para o preço da
carne bovina a demanda por frango se relaciona
diretamente indicando que aumentando o valor da
carne bovina a demanda por frango cresce,
evidenciando que o frango é bem substituto a carne
bovina.
Entre as limitações da pesquisa se destaca o percentual
de relação entre variáveis explicativas e a variável
dependente. Tendo em vista a ausência de mais
variáveis explicativas como, por exemplo, a variável
renda e preferência do consumidor, essa dependência
da renda e preferência torna-se notória quando
observamos que para metade das variáveis o modelo
retornou uma demanda inelástica.
Como sugestão para trabalhos futuros a análise da
demanda por carne bovina poderá ser analisada com
um maior percentual de explicação a demanda,
levando em consideração dados como renda e
preferência dos consumidores, que possam trazer
maior índice de explicação para essa demanda por
carne bovina para o local estudado.
REFERÊNCIAS
ALVES, Denisard Cneio de Oliveira. Estimação
Elasticidade-Preço da Demanda dos Clientes
Comerciais e Industriais da SABESP. FIPE –
Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, São
Paulo, fevereiro, 2009.
GIL, Antônio Carlos, 1946- Como elaborar projetos
de pesquisa/Antônio Carlos Gil. - 4. ed. - São
Paulo: Atlas, 2002.
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HOFFMANN, Rodolfo. Análise de regressão: uma

introdução à econometria [recurso eletrônico] /
Rodolfo Hoffmann. - - 5. ed. Piracicaba: O Autor,
2016. 393 p.: il.
KRETER, Ana Cecília. Mercados e preços
agropecuários. IPEA - carta de conjuntura, número
55 — nota de conjuntura 8 — 2 ° trimestre de
2022.
KRETER, Ana Cecília. Mercados e preços
agropecuários. IPEA - carta de conjuntura, número
53 — nota de conjuntura 16 — 4 ° trimestre de
2021.
OSHIIWA, Marie. Perfil e atributos que influenciam
na decisão de compra dos consumidores de carnes
em dois supermercados de médio porte na cidade
de Marília/SP. Departamento de Tecnologia em
Alimentos FATEC – Faculdade de Tecnologia de
Marília, Marília/SP, V. 26, (1-2), pp. 95-113,
2017.
PINDYCK, Robert S. Microeconomia / Robert S.
Pindyck, Daniel L. Rubinfeld; tradução Daniel
Vieira, revisão técnica Edgard Merlo, Julio Pires.
– 8. ed. – São Paulo: Pearson Education do Brasil,
2013.

Evento online – 29 de agosto a 02 de setembro de 2022

www.even3.com.br/cobicet2022