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O que influencia o aumento no preço dos


alimentos? Entenda!
Por Mariana Lima Publicado em:19/08/2021 Atualizado em: 27/09/2022

pode gerar com a exportação dos produtos em


Por que os alimentos estão mais caros? Três fatores em detrimento do mercado interno do país.
jogo! Ela pontua que o equilíbrio entre a exportação e o
Arroz, feijão, óleo e leite, itens básicos da alimentação armazenamento de alimentos para o consumo da
brasileira, estão mais caros. Nos últimos meses, em 2021, população local é um dos fatores que ajudam a
os preços observados nas prateleiras do mercado subiram estabilizar os preços dos alimentos, mas o cenário de
em resposta a desvalorização do real, mudanças nos crise que o Brasil vivencia está tornando todo o
hábitos de consumo e ao aumento da inflação, aliados à processo, desde a produção até o consumo final, mais
crise econômica criada pela pandemia da Covid-19. caro; chegando aos preços observados nos mercados.

Para Patrícia Costa, economista e coordenadora da “É uma política que privilegia a exportação sem
Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, realizada estabelecer políticas agrícolas que controlem o consumo
pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos interno, seja estimulando um aumento da produção ou
Socioeconômicos (DIEESE), os três fatores vêm exportando menos; era o que a Conab (Companhia
convergindo desde o segundo semestre de 2020. Nacional de Abastecimento) deveria conseguir fazer
neste cenário. Existem outros elementos que se somam
Em entrevista ao Politize! ela explica a questão: “O real à conta, como a alta da gasolina e da energia elétrica
desvalorizado é um fomento para exportação. Na que fazem parte do processo de distribuição e
pandemia, o Brasil assumiu uma posição de continuar armazenamento dos alimentos”.
exportando, enquanto outros países seguraram o estoque
de suas produções. E, ainda tínhamos o auxílio Para se ter uma ideia, entre abril de 2020 a abril de
emergencial de R$ 600 circulando, dando um maior poder 2021, o preço das commodities agrícolas utilizadas na
de comprar as famílias. Com pouca oferta para muita indústria de alimentos variou de 20% a 100%, segundo
demanda o preço subiu, impactando na inflação”. a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos
(Abia). De acordo com o levantamento, insumos como
O efeito da inflação milho, soja e arroz subiram 84%, 79% e 59%,
Para compreendermos o efeito da inflação, primeiro respectivamente, ao longo do período analisado. Já o
precisamos entender o impacto da alta nas commodities, trigo e o leite tiveram alta de 37%, enquanto o café
produtos que servem como a matéria-prima para robusta subiu 36% e o açúcar ficou 40%.
fabricação de terceiros – como é o caso do milho que
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
serve de insumo para o leite e para carne – e são cotadas
Estatística (IBGE), a inflação começou a registrar um
em dólar. De acordo com Costa, com a alta das
aumento gradual em 2020. Desde então, o preço do
commodities se privilegia o lucro que o agronegócio
óleo de soja subiu 87,89%, o arroz ficou 69,80% mais
caro e a batata passou custar 47,84% a mais. Os preços “quantidade efetiva colocada no mercado (oferta) e a
mais altos, que pesam para as famílias mais pobres e demanda daqueles que estão dispostos a pagar pelo
vulneráveis, promoveram outro cenário para os preço total do produto, considerando o trabalho para a
supermercados. sua produção e o lucro a ser pago para colocá-lo no
mercado”.
O Grupo Pão de Açúcar, por exemplo, teve lucro de R$
1,59 bilhão no último trimestre de 2020, um aumento de O conceito, criado ao longo do século XVIII, ainda se
58,5% em relação ao mesmo período de 2019. Já o mostra atual. Um exemplo de sua funcionalidade pode
Carrefour registrou lucro de R$ 935 milhões, um ser observada com a diminuição do auxílio emergencial
aumento de 47% em relação ao último trimestre do ano em 2021, que não deve passar de R$ 300 para quem
anterior, segundo reportagem da Gênero e Número.[..] conseguir o benefício. A queda no poder de compra, ou
seja, de se conseguir adquirir bens através de recursos
Moeda em baixa monetários, leva a uma baixa nos preços pois a
demanda pelos alimentos irá diminuir enquanto outro
Outro ponto que influência nos preços é a
problema se agrava pelo país.
desvalorização do real brasileiro em comparação ao
dólar. Entre dezembro de 2019 a outubro de 2020, o real “No momento, temos uma população extremamente
perdeu 28% do seu valor perante o dólar. De acordo empobrecida que está pagando mais caro pela
com um levantamento da Fundação Getulio Vargas, pandemia. São famílias vulneráveis e informais que
divulgado pelo BBC News Brasil, é o pior desempenho perderam o emprego e a oportunidade de renda. Em
entre as 30 moedas mais negociadas do mundo junto ao 2020, o auxílio compensava em certa medida o
peso argentino. desemprego dando um maior poder aquisitivo para
famílias que passaram a cozinhar mais em casa. Mas
A desvalorização do real ocorre devido à crise
agora o que temos é insuficiente. Quando não se tem
econômica e política vivenciada pelo país desde 2015 e
renda, a família deixa de comer. E, quando as pessoas
agravada pela pandemia, que colocou o mercado
compram menos, a demanda diminui fazendo com que
brasileiro como “instável para o investimento
o aumento não chegue ao consumidor final”, argumenta
estrangeiro”, devido a insegurança na capacidade de
Patrícia Costa, do DIEESE.
austeridade fiscal – políticas que atuam para equilibrar
os gastos e a arrecadação do Estado – brasileira no Em março deste ano, o IBGE revelou que a suspensão
pós-pandemia. É neste cenário que os diversos insumos do auxílio emergencial, que ocorreu em dezembro, e a
importados acabam tendo seus preços influenciados realização de grandes eventos no início do ano, como o
pelas variações das cotações internacionais. Carnaval, já estavam causando este efeito com a
desaceleração gradual da inflação. Para Patrícia,
Assim, as commodities exportadas geram lucro por
contudo, os preços dos alimentos continuam altos para a
serem cotados em dólar, mas ficam mais caras quando
população, principalmente a mais vulnerável, que
importadas, afetando também o preço para o
precisa lidar com um baixo poder aquisitivo.
consumidor final. Em entrevista à BBC News Brasil, a
economista Maria Andreia Lameiras, pesquisadora “Você tem o alimento no mercado, mas a população não
responsável pelo Indicador Ipea de Inflação por Faixa consegue comprar. O Dieese analisa apenas os 13 itens
de Renda, explicou a questão: principais da cesta, então há comportamentos que não
conseguimos acompanhar, como por exemplo, quem
“Aí, essa alta de alimentos no Brasil fica ainda maior,
está trocando a carne pelo frango ou ovo. As pessoas
porque aquele alimento que tenho que importar fica
estão sem renda, sem auxílio e com um salário mínimo
mais caro e porque o produtor do grão, da carne, vê que
abaixo da inflação”.
é mais vantajoso exportar do que vender para o mercado
interno, porque ele vai receber em dólar e acaba tendo De acordo com edição de maio da Pesquisa Nacional da
rentabilidade muito maior”, argumenta. Cesta Básica do DIEESE (Departamento Intersindical
de Estatística e Estudos Socioeconômicos), o salário
Alta demanda para pouca oferta mínimo necessário para as despesas básicas de um
Além do efeito da inflação nas commodities e a trabalhador e sua família teria que ser de R$ 5.351,11.
desvalorização da moeda, outro fator que impacta no Esse valor corresponde a 4,86 vezes o mínimo oficial
aumento dos preços é a Lei da Oferta e Demanda, (R$ 1.100). No total, o trabalhador remunerado pelo
desenvolvida por Adam Smith. De acordo com Smith, o salário mínimo comprometeu, em média, 54,84% da
preço de uma mercadoria seria regulado com base na
renda para comprar os alimentos básicos para uma Sem um reajuste adequado no salário mínimo, a
pessoa adulta. população brasileira vivenciou ao longo de 2021 o
menor poder de compra – capacidade de adquirir bens e
Em entrevista ao Jornal da USP no Ar, em novembro de serviços por meio do real – em relação aos produtos da
2020, o professor e especialista em inflação da cesta básica desde 2005, segundo o Departamento
Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos
(FEA) da USP, Heron do Carmo, já destacava o peso (Dieese).
desigual dos alimentos na renda familiar. “Se nós
calculássemos só a inflação da classe média, ela seria Ainda, segundo Patrícia Costa, do DIEESE, o Brasil
menor que a inflação geral, enquanto a dos mais pobres deveria aprender com as experiências passadas,
é muito maior que a geral”. principalmente com o cenário vivenciado na crise
econômica de 2008-2009.[...]Sobrevivemos à crise de
O cenário foi analisado pelo Jornal Folha de S. Paulo, 2009 devido ao consumo interno. E o auxílio
com base em dados do Dieese e do Procon-SP. Em emergencial do último ano evidenciou a importância do
2019, o consumidor ia ao supermercado com R$ 100 e consumidor brasileiro. Hoje, não tem nada que
saía com 11 produtos básicos, entre eles o arroz, feijão, possibilite o crescimento interno, um real crescimento e
açúcar e o café, sendo que ainda havia espaço para levar desenvolvimento do país. Agora, seria fundamental
1 quilo de carne de primeira, pão francês e queijo políticas de valorização do salário mínimo e manter os
mussarela. alimentos [produção] aqui dentro. Estamos dando o
melhor para fora quando deveríamos estar contendo a
Com o mesmo valor em abril de 2020, contudo, a carne
exportação. É um sistema que penaliza mais duramente
deu lugar ao frango congelado para que os outros itens
as famílias de baixa renda”, argumenta.[...]
se mantivessem no carrinho. No mesmo mês, já em
2021, o paulistano conseguiria levar 39% de uma cesta
completa de alimentos, que na capital, segundo o
DIESSE, custava em média, R$ 639,47, até fevereiro de
2021.

REFERÊNCIAS

SILVA, J. G. da; TAVARES, L. Segurança alimentar e a alta dos preços dos alimentos: oportunidades e desafios.

disponível em : https://www.politize.com.br/o-que-influencia-o-aumento-no-preco-dos-alimentos/ acesso em


25/10/2022

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