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V JORNADA NACIONAL DA AGROINDÚSTRIA

Bananeiras, 11 a 14 de setembro de 2012


ISSN 1980-1122

CARACTERIZAÇÃO DA COMERCIALIZAÇÃO DE SUÍNOS NO ESTADO DA PARAÍBA

Dayanna Medeiros da Costa¹; Naijany Aparecida Pacheco de Sousa1; Teresinha Domiciano


Dantas Martins1; Rosilda Renovato da Silva1; Jaqueline Medeiros da Costa 1
CCHSA-UFPB¹ dayana_medeiros13@hotmail.com

Área: (Produção agropecuária)


Instituição fomentadora (CNPq)

Introdução
A suinocultura ocupa um lugar de destaque na cadeia produtiva do agronegócio brasileiro,
sendo a carne suína a fonte de proteína animal mais consumida do mundo (ABIPECS,
2010). A região Nordeste abriga cerca de 20,38% do rebanho brasileiro de suínos,
totalizando 3.945.725 cabeças, deste total, o Estado da Paraíba possui um contingente de
106 mil suínos, distribuídos regionalmente da seguinte forma: 36 mil no Agreste, 28 mil na
Borborema, 46 mil no Sertão e 5 mil na Mata Paraibana (IBGE, 2008). Entretanto, o
Nordeste ainda apresenta uma baixa criação de suínos quando comparados às regiões Sul
e Sudeste, isso pode ser explicado pela baixa incidência de chuvas na região, dificultando a
produção agrícola; além disso, existe a questão cultural da criação destes animais em
instalações precárias, que não oferecem as condições necessárias para que o animal tenha
condições de atingir o seu máximo potencial produtivo. A suinocultura nordestina pode ser
caracterizada como sendo de subsistência, com elevado número de propriedades
produtoras de suínos, com sistema de criação tradicional utilizando baixo nível tecnológico
(SILVA FILHA et al., 2008). Segundo ROPPA (2006) mais de 730 mil pessoas dependem
diretamente da suinocultura, sendo responsável pela renda de mais de 2,7 milhões de
pessoas no país. A suinocultura está presente em todas as regiões do país, empregando
mão-de-obra familiar, constituindo importante fonte de renda e contribuindo para a
estabilidade social no meio rural. A atividade vem passando por um processo de adaptação
às exigências do mercado consumidor, no que diz respeito à segurança alimentar, proteção
ambiental e conceitos de bem estar animal (ABIPECS, 2010). Porém, há crescentes
dificuldades para processos de comercialização por parte dos agricultores familiares
produtores de suíno, pois eles não detêm informações sobre o mercado e as leis de oferta e
procura na maioria das vezes a venda dos animais ocasiona prejuízo para os criadores
(DESER, 2009).
Objetivos
Este trabalho tem como objetivo verificar as características de comercialização de suínos
nas mesorregiões da Paraíba.
V JORNADA NACIONAL DA AGROINDÚSTRIA
Bananeiras, 11 a 14 de setembro de 2012
ISSN 1980-1122

Materiais e Métodos
A pesquisa foi realizada no período de junho de 2008 a dezembro de 2009, as informações
foram coletadas através de visitas “in loco” aos criatórios localizados nas mesorregiões do
Agreste, Borborema, Zona da Mata e Sertão paraibano, sendo escolhidos 64 municípios que
apresentaram maior número de estabelecimentos que criam suínos segundo dados do IBGE
(2007). Para a coleta dos dados da pesquisa foi utilizado um questionário semi-estruturado
com questões fechadas, de acordo com (Guilhermino & Grossi, 1996). Foram visitadas
2.214 propriedades urbanas e rurais, sem aviso prévio. Na Mesorregião do Agreste
paraibano foi entrevistado um total de 722 criadores de suínos, na Borborema 537 criadores,
na Mesorregião da Zona da Mata foi um total de 137 e na Mesorregião do Sertão
entrevistou-se 818 criadores. Os dados coletados foram tabulados e avaliados mediante
distribuição de frequência em planilha do Microsoft Office Excel 2007.
Resultados e Discussão
A tabela 1 mostra que o principal destino da comercialização dos suínos é os marchantes
com 63,3% das vendas, essa é uma prática comum na região Nordeste pela dificuldade de
acesso dos produtores aos locais de comercialização. Seguido pelos vizinhos com 20,0%, o
consumo próprio e venda para feirantes, obtiveram resultados semelhantes 8,7% e 8,1%.
Conforme observamos na tabela 2, a maioria dos criadores comercializam entre 1 a 3
animais, 86,6%, estes poucos suínos vendidos, fazem uma diferença positiva no orçamento
familiar. Apenas a minoria dos produtores 2,2% vendem mais que 9 animais. A tabela 3
observa-se o valor de comercialização dos animais desmamados. Verificamos que 10,4%
dos produtores vendem os suínos entre R$ 40,00 e R$ 50,00, seguido por 5,9% que
vendem de R$ 50,00 e R$60,00, e apenas 0,9% obtém valores acima de R$ 80,00. Na
comercialização de animais para abate a maior parte dos suínos, 27,4%, são vendidos por
R$ 150,00 a R$200,00, seguido por 24,5% dos criadores, que vendem entre R$ 200,00 e R$
250,00 e só uma pequena porcentagem de 3,7% vendem acima de R$ 300,00. Esses
preços são diferenciados daqueles praticados no mercado, pois os criadores vendem os
animais a atravessadores, muitas vezes, não tendo conhecimento do mercado. A tabela 4
mostra que a principal forma de pagamento é a vista, com 58,6%, acompanhada de
pagamento semanal 23,3%, seguido de 12,4% quinzenal e 7,5% outras formas. Na tabela 5,
observamos que 41,2% dos produtores de suínos não sabem onde os animais são abatidos,
31,1% dos abates ocorre em suas próprias casas, é uma prática bastante realizada já que
parte da carne fica para o consumo próprio da família e também por não existir abatedouros
públicos em todas as cidades. Contudo 25,5% responderam que o abate ocorre no
matadouro público. Esses resultados são semelhantes aos encontrados por Silva Filha et al.
(2008), constatou que 11,7% dos entrevistados além de comercializarem diretamente os
animais vivos, mantinham a parte da produção para o próprio consumo.
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Considerações Finais
Os produtores comercializam diretamente os animais vivos e mantém parte da produção
para o próprio consumo. Apesar da pequena quantidade de suínos vendidos, faz uma
diferença positiva no orçamento familiar e no fornecimento de proteína de origem animal de
boa qualidade para a própria família. Entretanto a comercialização de suínos no universo
estudado apresentou-se vulnerável, pois a criação é praticada sem avaliação de
custo/benefício ou de mercado, ao mesmo tempo em que os comerciantes intermediários,
fazem sua própria lei de mercado, oferecendo aos criadores, preços muito inferiores aos
praticados na venda da carne suína no mercado, ocasionando, prejuízo para os criadores.
Referências
ABIPECS – Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína. -
http:\\www.abipecs.org.br\pt\ estatística.html. Acesso em 09 julho 2012.
GUILHERMINO, M. M.; GROSSI, S. F. Técnicas de inquérito na produção animal. B. Indústr.
Anim, v.53, n. único, p.91-98, 1996.
DESER- Departamento de Estudos Socioeconômico Rurais. Estratégias das indústrias de
aves e suínos no Brasil, 2009.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo agropecuário de 2008. Sistema
IBGE de recuperação de dados - SIDRA. Disponível em
:http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/pecua/default.asp?z=t&o=21&i=P.Acessado em: 15 julho
2012.
SILVA FILHA, O. L; PIMENTA FILHO, E. C; SOUZA, J. F de; OLIVEIRA, A. de S.;
OLIVEIRA, R.F.; MELO M.; MELO L. M. de; ARAÚJO, K. A. de O.; SERENO, J. R. B.
Caracterização do sistema de produção de suínos locais na microrregião do Curimataú
Paraibano. Rev. Bras. Saúde Prod. An., v.9, n.1, p . 07-17. 2008
ROPPA, L. Perspectivas da produção mundial de carnes, de 2006 a 2030. In: CONGRESSO
LATINO-AMERICANO DE SUINOCULTURA, 3, 2006. Anais... Foz de Iguaçu, 25 a 27 de
2006, p. 37 – 54. CDROM.

Tabela 1. Destino dos suínos comercializados nas mesorregiões da Paraíba-PB.


Mesorregiões

Destino Agreste Borborema Mata Sertão Total %

Marchantes 364 343 66 457 1230 63,3


Vizinhos 176 80 35 97 388 20,0
Feira livre 79 24 22 32 157 8,1
Consumo próprio 29 34 2 104 169 8,7
Total 648 481 125 690 1944 100,0
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Tabela 2. Quantidade de suínos comercializados nas mesorregiões da Paraíba-PB.


Mesorregiões

Número Agreste Borborema Mata Sertão Total %


1a3 514 438 84 666 1702 87,6
4a6 79 26 20 19 144 7,4
7a9 39 10 4 3 56 2,9
Acima de 9 16 7 17 2 42 2,2
Total 648 481 125 690 1944 100,0

Tabela 3. Valor dos suínos comercializados nas mesorregiões da Paraíba-PB.


Mesorregiões

Valor (R$) Agreste Borborema Mata Sertão Total %


Animais desmamados
40,00 a 50,00 80 41 23 59 203 10,4
50,00 a 60,00 56 18 9 32 115 5,9
60,00 a 70, 000 4 4 9 10 27 1,4
70,00 a 80,00 4 1 6 4 15 0,8
Acima de 80,00 6 4 2 5 17 0,9
Animais para abate
100,00 a 150,00 79 46 16 42 183 9,4
150,00 a 200,00 186 152 26 168 532 27,4
200,00 a 250,00 133 131 16 196 476 24,5
250,00 a 300,00 68 48 15 86 217 11,2
300,00 a 350,00 25 13 0 49 87 4,5
Acima de 350,00 7 23 3 39 72 3,7
Total 648 481 125 690 1944 100,0

Tabela 4. Forma de pagamento dos suínos comercializados nas mesorregiões da Paraíba-


PB.
Mesorregiões
Total
Forma de pagamento Agreste Borborema Mata Sertão Geral %

A vista 383 312 93 351 1139 58,6


Semanal 102 85 19 247 453 23,3
Quinzenal 115 63 5 59 242 12,4
Outros 48 21 8 33 110 5,7
Total 648 481 125 690 1944 100,0

Tabela 5. Local onde os suínos são abatidos nas mesorregiões da Paraíba.


Mesorregiões
Total
Local Agreste Borborema Mata Sertão Geral %
Na própria casa 286 152 38 170 644 33,1
Matadouro público 162 138 38 158 495 25,5
Não sabe 200 191 49 362 801 41,2
Total 648 481 125 690 1944 100,0

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