Você está na página 1de 10

AVICULTURA COLONIAL – ESTUDO DE MEIO NO MUNICÍPIO DE

MONTE SIÃO - MG

Ana Clara Renzo Corsi¹; André Luiz de Melo¹; Arthur de Oliveira Fonseca¹; Gabriel do
Carmo Ferrari¹; Murilo Belinato Labegalini¹; Thaynara Genghini Nicoliche¹; Margarete
Del Bianchi²

1- Acadêmicos do Curso de Medicina Veterinária do UniPinhal


2- Docente da Disciplina de Produção e Sanidade Avícola do Curso de Medicina
Veterinária do UniPinhal

RESUMO

A criação colonial de frangos tem se mostrado como um meio rentável para o pequeno
produtor rural, uma vez que o manejo não exige grandes investimentos e espaço. Nesse
contexto, em busca de experiência profissional, foi realizada uma revisão bibliográfica
em sites de busca como Google Acadêmico e Scielo, utilizando-se os descritores
produção avícola; sanidade avícola; avicultura familiar; criação de frangos e uma visita
técnica, como estudo de meio, em uma propriedade rural do município de Monte Sião -
MG, a qual permitiu, na prática, comparar os dados de literatura sobre as
recomendações da avicultura colonial e a vivência na propriedade rural estudada,
verificou-se um plantel e 70 aves, criadas em sistema rustico, alimentação a base de
milho, sem medidas sanitárias profiláticas. Perante o que foi visto na visita, discutiu-se
uma proposta de melhoria para a propriedade visitada, já que muitas das atribuições que
o padrão de criação colonial avícola recomenda, não se aplicava ao local. Portanto,
concluiu-se que apesar das informações sobre avicultura colonial exista há tempos, nem
todos os produtores rurais seguem ou não tiveram acesso às mesmas, o que torna a
importância do trabalho de extensão, um veículo para a otimização da produção animal
dentro dos aspectos sanitários, de bem estar animal e de segurança alimentar.

Palavras-chave: produção avícola; sanidade avícola; avicultura familiar; criação de


frangos.

(1) Acadêmicos do Curso de Medicina Veterinária do UniPinhal


(2) Docente da disciplina de Produção e Sanidade Avícola do Curso de Medicina Veterinária do UniPinhal
INTRODUÇÃO
Segundo a Nação Agro (2018), “metade dos produtores do país recebe
assistência técnica. É o extensionista que transfere o conhecimento produzido na
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), nos órgãos de pesquisa e nas
universidades. São esses profissionais que transformam a linguagem científica em
conhecimento prático. Fortalecer o extensionismo é possibilitar a maior presença de
técnicos junto aos produtores e, com isso, identificar problemas, recomendar
tecnologias e colher mais produtividade e qualidade tanto nos alimentos como na vida
das famílias rurais”.
Cruz, Chagas, Botelho (2013) afirmam que “a avicultura familiar apresenta
como vantagens: a) utilização de terras fracas e desvalorizadas, na implantação da
atividade; b) baixo investimento em instalações e equipamentos; c) melhoria da
qualidade da dieta do produtor e sua família através do incremento proteico; d) fixação
do produtor na propriedade; e) asseguramento de renda complementar ao orçamento
familiar.

Manejo e equipamentos
Há a preparação para o recebimento dos pintos: devem-se receber cuidados
especiais nos primeiros dias de vida, como a temperatura adequada, limpeza do
ambiente, disponibilidade de água limpa e fresca, conforto, manter o ambiente sem
restos de ração, água ou medicamentos, além de que deve ser livre de insetos e roedores.
(GONZAGA et al., 2005)

● Cama: Forrar o chão ou o piso do galpão para manter o isolamento térmico entre
o piso e os pés das aves, diminuindo a umidade, oferecendo conforto,
protegendo contra enfermidades. Pode ser feita com casca de arroz, maravalha,
capim ou sabugo de milho. Deve-se evitar materiais tratados com produtos
químicos, pois podem causar intoxicação e aparecimento de doenças.
● Círculo de proteção: responsável por facilitar a adaptação dos pintos no
ambiente, fazendo com que fique próximos a fonte de calor, aos bebedouros e a

1
ração, protegendo contra correntes de ar a facilitando a inspeção diária pelo
tratador.
● Campânula: Equipamento usado para fornecer calor aos pintos, a partir de gás de
cozinha ou energia elétrica. Deve ser acesa antes do alojamento dos pintos para
aquecer o ambiente a uma temperatura aproximadamente de 34°C.
● Temperatura: para verificar se a temperatura está confortável para os pintos é
preciso observar a distribuição no círculo de proteção. Caso fiquem longe da
fonte de aquecimento, indica que o ambiente está quente; caso se agrupem sob a
campânula procurando fonte de calor é preciso baixá-la aos poucos; se os pintos
se agruparem de um único lado do círculo buscando proteção indica que há
corrente de ar frio, sendo necessário usar as cortinas; a distribuição homogênea
indica um ambiente confortável e ideal.
● Alimentação: É recomendado dar aos pintos água durante duas horas, para
hidratá-los antes de colocar ração, é importante observar se todos estão bebendo.
Até os primeiros 21 dias deve ser dada ração do tipo inicial que será distribuída
nas primeiras 12 horas e após o período de 2 horas de água; após, são
distribuídos os comedouros infantis e a ração que sobrar sobre o papel, deve ser
retirada. Quando forem soltos no piquete poderão receber suplementação verde
fornecida em cochos próprios, podendo ser fornecido também sobras de
hortaliças, frutas e outros tubérculos. Ademais, existe também a alimentação
alternativa, que deve ser utilizada diariamente picando o material com um facão
ou triturador de forragem e misturando os ingredientes disponíveis. Outro fato
importante a ser citado é que juntamente à alimentação, o fornecimento de água
potável é indispensável, e têm-se padrões na colocação dos bebedouros que
deveriam ser seguidos para garantir um maior conforto à criação de frangos.
Exemplos básicos são os bebedouros infantis e bebedouros para aves adultas,
que seguem padrões diferentes de tamanhos. Assim como os bebedouros,
existem também diferenças na questão dos comedouros, sendo eles: comedouros
infantis, comedouros para aves adultas e comedouros para alimentação
alternativa (CAMPOS et al., 2005)

Instalações
● Galpão: deve ser construído em um local tranquilo, distante de outras criações,
com acesso restrito às pessoas e veículos envolvidos no trabalho; é recomendado

2
que fosse construído em área plana ou levemente ondulada, no sentido Leste-
Oeste para que o Sol não se incida sobre a cumeeira em dias quentes. Outro
ponto é a colocação de barreiras naturais para contenção por conta dos ventos
em períodos chuvosos. O galpão deve ser construído de forma que facilite o
recebimento dos pintos, o abastecimento de água e alimento, a retirada de
animais adultos, da cama e limpeza.
● Estrutura do galpão: o piso pode ser de chão batido, cimentado ou de madeira; a
cobertura pode ser feita de telhas de barro, alumínio, zinco, palhas de palmeira
ou pedaços de madeira, desde que ofereça máxima proteção do sol, chuva, frio e
calor; existe uma tela com a finalidade de proteger as aves dos predadores e
também proporcionar ventilação necessária; a cortina tem a função de controlar
a ventilação, temperatura e ação do sol e chuva dentro do aviário, devem ser
feitas de material resistente para que suporte as movimentações e adversidade do
tempo; a porta é a entrada para alocação dos pintos, realização das tarefas diárias
de alimentação, limpeza dos equipamentos, inspeção dos animais, retirada de
aves doentes e mortas, e para a substituição da cama; já a portinhola é uma
pequena abertura lateral para dar acesso aos piquetes; o pedilúvio é uma espécie
de tapete colocado na entrada do galpão para evitar a contaminação das aves por
meio de agentes transmissores de doenças nos calçados; caixa d’ água é
fundamental para evitar que por algum problema falte água, e até mesmo para o
fornecimento de boa qualidade; a rede elétrica é importante desde o primeiro dia
de vida dos pintinhos por conta da iluminação e para manter o calor no local.
● Piquete: Área em volta do galpão em que as aves ficam soltas durante o dia para
se movimentarem e diversificarem sua alimentação, como por exemplo,
comendo insetos, minhocas e vegetais; há a existência de fruteiras no piquete,
importante para fornecer sombra às aves, além do alimento; os piquetes podem
ser cercados com cerca elétrica, tela ou madeira.
● Cerca elétrica: facilita a mudança de aves para piquetes distintos, reduz o
pisoteio com menor desgaste da pastagem e do solo, diminui a umidade dentro
da instalação, evita a compactação da cama e favorece o controle sanitário e a
higiene do aviário, além de ajudar nos custos, pois substitui a cerca de tela (um
dos itens mais caros do sistema).

Saúde das aves

3
Segundo Gonzaga et al. (2005), “a saúde das aves depende da higiene das
instalações, organização e limpeza do ambiente de produção, alimentação de boa
qualidade e vazio sanitário das instalações (10 a 15 dias) antes da entrada de um novo
lote”.

Além de todos os cuidados, recomenda-se vacinar os frangos contra


enfermidades que ocorrem na região, e a vacinação é uma medida preventiva que
complementa um programa de biosseguridade. (EMBRAPA, 2005)

De acordo com Gonzaga et al. (2005), “recomenda-se observar sempre as aves,


principalmente no final do dia ou à noite, quando elas estão mais calmas, para avaliar o
desenvolvimento do lote e possíveis anomalias ou doenças”. Além disso, deve-se
observar também, a ocorrência e rouquidão ou espirros, peso, quantidade de alimento no
papo, fazendo sempre anotações em fichas específicas de cada lote, visando evitar a
incidência de enfermidades no plantel, uma vez que é muito mais econômico evitar
doença do que tratá-las.

Como em toda criação, são indispensáveis cuidados de biosseguridade, desde a


aquisição dos pintos, até localização do sistema, acesso ao sistema de produção,
disponibilidade e qualidade de água e ração. (GONZAGA et al, 2005)

É recomendado a criação “All in, All out” facilitando a higiene e posterior vazio
do local, a desinfecção de todo material que entra no aviário, limpeza diária dos
bebedouros, pedilúvio, recolher diariamente aves mortas e resíduos, trabalhando-os em
compostagem, entre outros. (EMBRAPA, 2005)

Vacinação

Como dito anteriormente, o esquema da vacinação deve-se acompanhar


enfermidades daquela região, porém cabe ao médico veterinário responsável pelo
plantel, determinar a necessidade da vacinação.

De acordo com Embrapa (2005), “em frangos de corte, as principais doenças


controladas por vacinação são: Marek, Gumboro, Newcastle, bronquite infecciosa das
aves e varíola aviária. O controle da coccidiose pode ser feito por vacinação na primeira
semana de vida das aves ou pela adição de produtos anticoccidianos à ração”.

4
Salmoneloses, micoplasmoses, influenza aviária e a doença de Newcastle são
enfermidades de controle obrigatório.

É importante salientar que várias enfermidades podem ser evitadas com a


vacinação. Contudo, o esquema vacinal deve ser específico, o que impossibilita definir
um programa único para atender todas as criações em diferentes localidades e situações.
(CAMPOS, 2005)

As vacinas podem ser administradas por diversas formas, dentre elas, temos: Via
oral, via água de beber, ocular, membrana da asa, injetável via subcutânea e via
intramuscular. (CAMPOS, 2005)

Higienização do aviário após a saída do lote

Segundo a Embrapa (2005), “após a saída de todas as aves do sistema de


produção é imprescindível proceder à higienização do aviário e equipamentos, de modo
a prepará-lo para o próximo alojamento”.

Recomenda-se limpar completamente o aviário seguindo protocolos como:


Retirada de utensílios já utilizados, vassoura de fogo reduzindo o número de penas da
cama, remoção de toda a cama do aviário, desinfecção de todos os equipamentos, lavar
paredes, teto, vigas e cortinas com água sob pressão, lavar caixa d’água e tubulações,
aparar a grama ao redor do aviário, desinfetar utilizando desinfetantes disponíveis no
mercado (quaternário de amônio, formaldeído, cloro, iodo e cresóis, glutaraldeído),
realizar vazio sanitário.

A retirada das carcaças é fundamental, evitará a disseminação de


microorganismos patogênicos. O processo mais indicado para o descarte de resíduos é a
compostagem, com baixo investimento, consegue-se construir a câmara composteira. A
mesma, deve ser feita perto do aviário, evitando grande deslocamento de dejetos e aves
mortas. Mesmo que seja uma técnica simples, deve-se tomar cuidado na questão de
temperatura e umidade durante o processo.

O objetivo do presente trabalho foi verificar “in loco” em um estudo de meio, a


Avicultura Familiar em uma propriedade rural no município de Monte Sião, levantar
dados e através de atividade extensionista, propor melhorias em atividades de criação de
aves coloniais, para contribuição da renda familiar do pequeno produtor rural.

5
IMATERIAIS E MÉTODOS

Levantamento Bibliográfico

Para a realização do trabalho, foi realizada uma pesquisa bibliográfica em sites


de busca como Google Acadêmico, Scielo utilizando-se os seguintes descritores:
Produção Avícola, Sanidade Avícola.

Visita Técnica

Para a verificação “in loco” de atividade de avicultura familiar, foi realizada uma
visita técnica em uma propriedade rural no município de Monte Sião Estado de Minas
Gerais como um Estudo de Meio, junto à Disciplina de Produção e Sanidade Avícola,
do Curso de Medicina Veterinária da UniPinhal.

III. RESULTADOS

Como resultados preliminares, da visita técnica, verificou-se, com perfil da


propriedade visitada:

A propriedade localiza-se na cidade de Monte Sião – MG, a qual possui área de


nove alqueires, tendo como principal exploração a cafeicultura.

Sobre a criação das aves, tem-se um galinheiro e um anexo no qual coloca as


galinhas com os pintos novos. Os dois com madeira, grades e telhado. A criação é de
aproximadamente 70 animais. Elas são criadas soltas em toda a área da propriedade,
tendo chão de cimento, grama, terra. A nutrição delas é a base de milho apenas, com
disponibilidade de água potável. Não se faz nenhum tipo de vermifugação e nem vacina.

Figura 1. Anexo do galinheiro Figura 2. Galinheiro


Fonte: Arquivo pessoal Fonte: Arquivo pessoal

6
Figura 3. Aves
Fonte: Arquivo Pessoal

DISCUSSÃO

Nota-se que a propriedade visitada não segue todas as recomendações, se


levarmos em conta todo o padrão imposto como modelo na literatura. Alguns exemplos
podem ser dados ao observarmos que a ausência de uma cama de frango pode ser
prejudicial à criação, uma vez que segundo Gonzaga (2015), a cama garante conforto,
segurança contra enfermidades e isolamento térmico.

Ademais, a alimentação dada pelo produtor rural em questão, é restrita a milho,


a qual pode interferir negativamente no crescimento e desenvolvimento dos animais,
uma vez que, de acordo com Campos et al. (2005), devem ser fornecidos diferentes
tipos de ração nas diferentes fases da vida do frango.

Outrossim, diversos fatos a mais poderiam ser citados, como a estrutura dos
galpões; o cercado dos frangos, que nesse caso não existe; a higienização dos
galinheiros e locais onde os frangos ficam; e principalmente a questão inexistente da
sanidade avícola, a qual conta com planos de vermifugação e vacinação dos animais na
propriedade.

PROPOSTAS DE MELHORIA

Diante da discussão baseada no que a literatura recomenda e a propriedade


visitada no município de Monte Sião – MG, é possível a realização de várias propostas

7
de melhorias que podem e vão garantir um maior bem-estar animal e,
consequentemente, maior sucesso na própria criação, evitando perdas indesejadas.

Dentre as várias propostas a serem apresentadas, têm-se: A criação de uma cama


de frango, seja ela de maravalha, casca de arroz ou até mesmo feno; ao invés da
alimentação restrita à milho, a aquisição de ração garantiria uma dieta mais balanceada,
favorecendo o crescimento e ganho de peso em um menor espaço de tempo; é possível
estabelecer uma vermifugação estratégica duas a três vezes por ano em épocas mais
úmidas; pesquisar as doenças recorrentes da região e montar um plano de vacinação;
cercar a área onde os animais vivem; promover higienizações dos galinheiros
frequentemente.

CONCLUSÃO
A avicultura familiar tem se mostrado eficaz na questão econômica do pequeno
produtor rural, uma vez que não são necessários grandes investimentos para a criação de
frangos, já que o espaço a ser aproveitado pode ser um local que não depende de terra
fértil.
Em contrapartida, caso o produtor busque seguir os padrões das recomendações
literárias, necessita-se de um investimento um pouco maior, porém, ao analisarmos
resultados posteriores, o retorno também seria maior.
Em análise, notou-se que no caso do presente trabalho, o qual abordou uma
propriedade rural de Monte Sião – MG, foi possível concluir que embora hodiernamente
haja maior conhecimento na área da avicultura familiar, as informações de como
melhorar a criação, bem como locais, alimentação, vacinação, entre outros, pode não ter
chegado ainda em todos os pequenos produtores.
Portanto, indubitavelmente a revisão bibliográfica juntamente à visita técnica
permitiu maior conhecimento e aprofundamento na área de criação avícola aos alunos, e
principalmente ao pequeno produtor, o qual foi aconselhado por nós como realizar as
melhorias que garantirão melhor bem-estar das aves, maior desenvolvimento das
mesmas, em um menor espaço de tempo e, consequentemente maior renda ao produtor.

REFERÊNCIAS
CAMPOS, I. S.; GONZAGA, D. S. de O. M.; SCHMIDT, G. S.; AVILA, V. S.
de; JAENISCH, F. R. F.; ALBINO, J. J.; BASSI, L. J.; FLEMING, J. R.; PORTOLEZ,

8
L. F. B. Produção familiar de frango colonial. Rio Branco: Embrapa Acre, 2005. 35 p.
il. color. (Embrapa Acre. Documentos, 94)
CRUZ, F. G. G.; CHAGAS, E. O.; BOTELHO, T. R. P. Avicultura familiar como
alternativa de desenvolvimento sustentável em comunidades ribeirinhas do Amazonas.
Interações (Campo Grande). 2013, v. 14, n. 2, pp. 197-202. Disponível em:
https://doi.org/10.1590/S1518-70122013000200006. Acesso em: 23 de set. de 2022.
FAMÍLIA NAÇÃO AGRO. Nação Agro, 08 dez 2018. Página inicial. Disponível em:
https://www.nacaoagro.com.br/noticias/a-importancia-da-extensao-rural-para-construir-
o-brasil-do-futuro. Acesso em: 23 de set. de 2022.

Você também pode gostar