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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE PATOS DE MINAS -UNIPAM

TRABAHO DE BIOCLIMATOLOGIA

Novas tecnologias aplicadas à bioclimatologia


animal

Carlos Rafael Borges Peres


Debora Cristina de Sousa
Kimberlly Luane B. dos Santos
Maycon Douglas dos Santos Carvalho
Mírian Mendonça
Nayara de Paula Oliveira
GAIOLAS ENRIQUECIDAS PARA POEDEIRAS

INTRODUÇÃO

O desenvolvimento daavicultura é o símbolo do crescimento e


modernização do agronegócio no Brasil. Issoporque a atividade avícola
reúne em sua estrutura funcional três importantes elementosno cálculo
econômico do capitalismo em sua configuração atual: tecnologia de
ponta,eficiência na produção e diversificação no consumo.

Em especial, avicultura de postura se destaca no Brasil, com


crescimento deprodução de ovos em 2012 de 1,4% em relação a 2011
(IBGE, 2012), sendo que aprodução de ovos neste período foi de 671,176
milhões de dúzias de ovos. OBrasil se encontra entre os sete maiores
produtores de ovos do mundo, atrás apenas da Dinamarca, Holanda, China,
EUA, Índia e Japão.

Com vista na grande importância econômica da avicultura, o país


necessitaadequar-se às principais mudanças exigidas pela União Européia
as quais se referem àslegislações de bem-estar animal.

A cadeia produtiva de ovos no Brasil se caracteriza pela


produção de ovos paraconsumo tanto “in natura” quanto industrializados,
onde a produção épredominantemente pelo sistema de criação em gaiolas .

Diante dessa grande capacidade produtiva do Brasil e da escassez


de informações pertinentes a ambiência de aves poedeiras, faz-se
necessária a realização de estudos que comprovem a viabilidade técnica e
econômica do Brasil como produtor de ovos atendendo as exigências de
bem estar animal. Estudos devem possibilitar a adaptação dos modelos de
gaiolas convencionais para gaiolas enriquecidas e colocar o Brasil dentre os
países que se preocupam com boas práticas de produção e qualidade do
produto final.A avicultura de postura tem alcançado altos níveis de
produção, resultado das inovações tecnológicas, como a automação do
setor de produção e pelas mudanças marcantes nas áreas de genética,
nutrição e sanidade. Para consolidação desta produção é fundamental o
monitoramento das variáveis bioclimáticas do ambiente onde se encontram
as aves, além do seu comportamento, necessitando de meios rápidos e
precisos de se monitorar constantemente o comportamento e a reação das
aves .

Sabendo que deve sempre considerar as 5 liberdade para o bem


estar animal que são elas ;Liberdade Fisiológica: livres de fome e sede e
com pronto acesso à água fresca e a uma dieta que os mantenha saudáveis e
vigorosos; Liberdade Ambiental: livres de desconfortos e vivendo em um
ambiente apropriado que inclui abrigo e uma área confortável para
descanso; Liberdade Sanitária: livres de dor, ferimentos e doenças por meio
de prevenção ou de rápido diagnóstico e tratamento; Liberdade
Comportamental: livres para expressar comportamento normal, uma vez
que lhes sejam garantidos: espaço suficiente, condições de moradia
apropriadas e a companhia de outros animais de sua espécie; Liberdade
Psicológica: livres de medos e angústias e com a garantia de condições e
tratamento que evitam sofrimentos mentais . Esses cinco itens buscam
oferecer uma análise para a compreensão do bem-estar sob o ponto de vista
do animal, e não somente sob o ponto de vista do homem, servindo como
um ponto de partida para avaliar os aspectos bons e ruins de um sistema de
criação .

Assim a criação de aves em gaiolas é o assunto mais questionado


em relação ao bem-estar animal. O espaço limitado, a falta de contato com
o solo e não convívio social impossibilita ou limita atividades consideradas
naturais do animal. Assim, novos sistemas de criação nas gaiolas
enriquecidas temassociando as vantagens econômicas e de manejo das
gaiolas e melhores condições de bem-estar para as poedeiras, foram
criadas as gaiolas enriquecidas. As mesmas são chamadas de enriquecidas
por possuírem poleiros, ninhos, material de cama, lixa para desgastes das
unhas, maior liberdade de movimentação e amplo espaço nos
comedouros para que todas as aves se alimentem simultaneamente. Essas
gaiolas são realidade em alguns países da União Europeia (Suíça, Noruega,
Alemanha e Grã- Bretanha) e vêm sendo banidas nos países que não
permitem gaiolas para a criação de aves.Dessa forma o uso das gaiolas
enriquecidas são vistos como ótima opção em substituição ao sistema
convencional .

GAIOLAS ENRIQUECIDAS

São chamadas de enriquecidas por possuírem poleiros, ninhos,


material de cama, lixa para desgastes das unhas, maior liberdade de
movimentação e amplo espaço nos comedouros para que todas as aves se
alimentem simultaneamente. Maior espaço (mínimo de 750 cm²/ave) para
movimentar ou escapar da ave mais agressiva ou dominante, maior
resistência óssea ,mantendo os mesmos padrões econômicos e higiênicos
da criação em gaiolas convencionais.

E o sistemas alternativos (em solo ou ao ar livre) com ninhos


(pelo menos um ninho por cada 7 galinhas), poleiros adequados e uma
densidade animal que não deverá exceder 9 galinhas poedeiras por m² de
área útil.
O sistema de criação em cama, quando devidamente projetado,
pode ser compatível ao sistema de criação em gaiolas, pois possibilita a
obtenção de mesmo desempenho produtivo e qualidade de ovos produzidos
em ambas as linhagens utilizadas . Além disso, quando em condições de
melhor conforto térmico proporciona melhor qualidade da casca dos ovos e
diminui as perdas de ovos por trincas .

COMEDOUROS

Os comedouros devem ser em linha e ter ao menos 10 cm de


comprimento para cada galinha; ou então ser de forma circular, com um
espaço mínimo de 4 cm de comprimento a cada galinha.

BEBEDOUROS

Os bebedouros contínuos devem ter 2,5 cm de comprimento para


cada galinha e os de colares devem ter 1 cm de comprimento por galinha.
No caso de pipetas, deve haver uma pipeta para a cada dez
galinhas, mas se os bebedouros forem em série, deve ter duas pipetas perto
de cada galinha.

NINHOS

Um ninho pode ter até 7 galinhas. No caso de ninhos coletivos,


cada metro quadrado deve abrigar, no máximo, 120 galinhas.O material
utilizado como cama nos ninhos deve propiciar conforto e higiene às aves.
Optar por localização e estruturas de ninhos que favoreçam ao conforto e o
comportamento natural das aves
POLEIROS

Os poleiros devem respeitar um espaço de 15 cm por galinha e


jamais devem ter arestas cortantes ou ser de material que possa machucar o
animal. Jamais devem ser construídos na área da cama e a distância
horizontal entre eles deve ter, no mínimo, 30 cm, sendo que a distância da
parede não deve ser menor do que 20 cm.

Nos sistemas enriquecido às gaiolas devem possuir poleiros, os


quais devem ser distribuídos adequadamente. Os poleiros devem ser
posicionados de forma a evitar que fezes das aves nos níveis superiores
caiam sobre as aves dos níveis inferiores.

CAMA

Cada galinha precisa de um espaço de 250 cm² para sua cama,


sendo que o espaço do chão deve ser ocupado ao menos um terço pelas
camas . O material de cama utilizado no aviários deve proporcionar
conforto e higiene às aves, devendo ser mantido seco, solto e limpo. Deve
se realizar o manejo da cama, da ventilação e dos bebedouros de tal forma
que evite lesões de cochim plantar, celulites e enterites das aves. Caso
sejam utilizados, os estrados de madeira, alambrados ou plástico devem ser
mantidos corretamente. Monitorar a cama e providenciar a retirada de aves
mortas constantemente, a fim de evitar contaminações . Período de
desinfecção 14 a 16 dias.
CHAÕ

O chão para galinhas poedeiras deve ter uma superfície macia


para o conforto das galinhas poedeiras e com superfície ideal para não
machucar e suportar as garras dos animais.

DENSIDADE

A densidade de galinhas poedeiras não pode ser maior do que 9


galinhas poedeiras por metro quadrado.

AMBIÊNCIA

Em relação à ambiência avícola, há exigência de que os aviários


de criação para poedeiras sejam tecnicamente planejados para promoverem
o resfriamento interno nas épocas quentes do ano a fim de reduzir a
mortalidade de aves e manter a produção de ovos em altos níveis com boa
qualidade. O estresse térmico, ou ambiente com temperatura acima de 27
°C promove diferentes perdas produtivas, como: redução da espessura da
casca, maior risco de contaminação por salmonela, perda de peso dos
componentes constituintes do ovo e menor número de postura .

Os animais homeotérmicos se comportam como um sistema


termodinâmico que continuamente trocam de calor com o meio. Variações
térmicas no ambiente externo, podem causar alterações no ambiente interno
(organismo) do mesmo, tendo como consequência modificações em seus
padrões hormonais e balanço nutricional que pode causar diminuição na
produtividade .

FATORES AMBIENTAIS TERMICOS

Podem ser classificados em :

Físicos: como área por animal, luz, som e equipamentos .

Sociais: densidade populacional, comportamento animal e


dominância .

Térmicos: como temperatura, umidade relativa, ventilação e


radiação .

A luz tem um papel importante sobre o desempenho das


poedeiras. Tanto o fotoperíodo quanto a intensidade de luz podem produzir
efeitos na produção de ovos.. A luz tem um efeito decisivo sobre a
maturidade sexual, produção, persistência e peso dos ovos.

Fatores termodinâmicos , por serem animais homeotérmicos, as


aves devem manter a temperatura corporal constante, e isso se dá por meio
de processos bioquímicos, fisiológicos e comportamentais. Quando a
umidade relativa e a temperatura ambiente aumentam acima da zona de
conforto térmico das aves, estas apresentam estresse por calor. À medida
que estes dois parâmetros aumentam, a capacidade de as aves dissiparem
calor é acentuadamente reduzida, tendo como consequência sua
temperatura corporal aumentada.

MANEJO ADEQUADO COM AS POEDEIRAS

No Brasil, como galinhas poedeiras requerem o manejo adequado


para que a sua produção seja efetiva, gerando lucros ao avicultor .

O ciclo de vida das galinhas poedeiras possui duas fases, a


de crescimento e a de postura. Alguns dias antes da fase de postura, as
galinhas poedeiras já estão com os seus órgãos reprodutores desenvolvidos,
mas ainda não produzem ovos.

Somente após a 18ª semana, é que as poedeiras começam a botar


ovos efetivamente. Principalmente, se o manejo das galinhas for um
manejo correto.Entretanto, o auge da produção das galinhas
poedeiras ocorre por volta de nove semanas, após o desenvolvimento das
cristas e barbelas .

Para que o avicultor atinja uma alta produtividade e uniformidade


de postura, é necessário que as aves sejam monitoradas durante o seu
desenvolvimento.Isso pode ser feito por amostragem, ou seja, um número
determinado de aves é pesado. As galinhas são separadas, de acordo com
um padrão, e passam a receber um manejo diferenciado até estarem aptas à
postura.

Outro aspecto fundamental refere-se ao controle de doenças, caso


contrário o avicultor terá prejuízos e aumento de gastos com o plantel. Por
isso, a qualquer indício de doenças, um médico veterinário deve ser
chamado.Como vimos, o manejo correto das galinhas poedeiras é fator
primordial para o sucesso do avicultor. O manejo bem feito das poedeiras,
o controle de doenças e o monitoramento das aves durante o crescimento só
tornam o negócio viável e lucrativo para o avicultor .

OVOS

Qualidade dos ovos tem alto valor nutritivo, uma vez que possui
elevado teor proteico, além de lipídeos, minerais e vitaminas. A qualidade
nutritiva do ovo pode ser avaliada através de medidas que correlacionam
seus componentes internos .Fatores como fisiologia da ave, tempo de
oviposição, estrutura da gaiola, número de fêmeas por gaiola, frequência de
colheita de ovos, idade das aves, nutrição,condições de manejo, estado
sanitário, temperatura e umidade, genética e manejo das aves, influenciam
o tamanho e a qualidade do ovo .

A classificação dos ovos por peso varia muito de país para


país.No Brasil, os ovos são classificados em grupos, classes e tipos,
segundo a coloração da casca, qualidade e peso, de acordo com as
especificações .

Um fator mundialmente conhecido para se avaliar a qualidade


dos ovos é a unidade Haugh.Trata-se de uma expressão matemática que
correlaciona o peso do ovo com a altura da clara espessa, sendo que, de
modo geral, quanto maior o valor da unidade Haugh melhor a qualidade do
ovo .

Já na União Europeia, cada ovo já é carimbado individualmente,


com códigos padronizados, que permitem que o ovo seja rastreado sem
interrupção ao longo de toda a cadeia. Isso protege tanto o consumidor
quanto o criador. A transparência em toda a cadeia alimentar garante
segurança máxima para os consumidores. Os ovos recebem um carimbo na
casca, permitindo identificar o sistema de criação, o país de procedência e o
produtor. O sistema de criação de galinhas poedeiras é identificado com um
dígito.

SANIDADE

As criações em gaiolas enriquecidas não têm apresentado bons


resultados do ponto de vista sanitário. Os ovos provenientes de gaiolas
enriquecidas têm maior índice de contaminação na casca, comparado com
os ovos de gaiolas convencionais. Os sistemas com gaiolas convencionais
têm maior facilidade de manejo, consequentemente, o controle sanitário é
maior devido à possibilidade de maior higienização, comparadas aos
sistemas enriquecido. Porém, as gaiolas convencionais não estão de acordo
com as normas de bem-estar das aves.

ASPECTOS ECONOMICOS

Apesar do avanço tecnológico, os custos de produção dos ovos


nos sistemas enriquecido são em média 20% superiores aos obtidos com as
gaiolas em bateria, pois os mesmos são aumentados com poleiros,
alimentação,alojamento e mão-de-obra, além da menor produção de ovos.
Da mesma forma, os custos de produção dos ovos em gaiolas em bateria
que exijam um espaço mínimo de 750 cm² por galinha são superiores aos
atuais .
Qualidade dos ovos ,comparado ao produzido em gaiolas
convencionais, os ovos de sistemas enriquecidos apresentaram 1% de
diferença na qualidade .

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Há novos desafios para a produção animal que, além de buscar


melhor produtividade e aumento na qualidade do produto, deve-se também
ter em conta que há uma exigência por sistemas de produção que não
agridam ao ambiente e que assegurem o bem-estar das aves. Para melhor
avaliar as atuais estratégias de produção de aves é necessário ampliar o
conhecimento sobre seus comportamentos e bem-estar.

Os sistemas de criação enriquecidos às gaiolas oferecem


benefícios às aves com respeito ao aumento do repertório de atividades e
provisão de espaço e liberdade para a execução de comportamentos que são
considerados de conforto e essenciais para as aves. Porém, estes sistemas
requerem cuidados especiais de manejo para não prejudicarem a saúde das
aves e a integridade física, química e microbiológica dos ovos.
ABATE HUMANITÁRIO DE AVES

INTRODUÇÃO

O bem-estar dos animais é o resultado da somatória de cada


liberdade mensurada, para avaliar de forma abrangente todos os fatores que
interferem na qualidade de vida do animal. O termo abate humanitário é
definido como o conjunto de diretrizes técnicas e ciêntíficas que garantem
o bem-estar dos animais.
Quando consideramos bem-estar animal no frigorífico, não
podemos esquecer que a maior influência será decorrente do manejo.

MANEJO DAS AVES E CAIXAS

Manejo de apanha

A apanha é a primeira etapa do manejo pré-abate, momento em


que as aves estão mais susceptíveis ao estresse, influenciando diretamente o
bem-estar e qualidade da carcaça. As perdas causadas nesse processo
representam um número significativo para as indústrias, e estão
relacionadas principalmente às partes mais nobres da carcaça (coxa,
sobrecoxa, asas e peito). Com o objetivo de reduzir as perdas econômicas e
melhorar a qualidade da carne, o bem-estar dos trabalhadores e das aves, as
agroindústrias treinamentos e capacitações das equipes de apanha, a fim de
aprimorar as boas práticas no manejo das aves.
Equipes treinadas desenvolvem a apanha nas horas mais frias do
dia, procurando manter o ambiente calmo e com o mínimo de barulho e
ruídos. Na apanha noturna, a utilização da luz promove um ambiente mais
calmo, já que diminui a luminosidade o que favorece a diminuição dos
estímulos sensoriais. Para facilitar o processo de apanha, a realização da
subdivisão dos lotes em pequenos grupos é fundamental, já que diminui o
espaço para fuga e também evita o aglomeramento das aves, umas sobre as
outras, o que traz benefícios, pois pode reduzir estresse e lesão nos animais.

Métodos de apanha

As aves podem ser apanhadas de várias maneiras e o método


pode ser determinado através de legislações, instruções normativas,
padrões de procedimento do controle de qualidade da empresa ou pela
exigência do cliente. É muito importante que nessa etapa se priorizem as
práticas de bem-estar as quais tem reflexo direto na qualidade da carne.
Quanto mais durar a apanha, maior o risco de estresse, desidratação e morte
das aves no galpão e daquelas que já se encontram dentro das caixas,
principalmente as primeiras caixas que foram carregadas no caminhão e
que serão as últimas a serem carregadas.
A apanha pode ser realizada da seguinte forma: 1) Dorso – é o
método menos estressante e o mais indicado para redução de lesões.
Entretanto, como as aves têm que ser levantadas individualmente e
colocadas nas caixas para transportes, pode ser um método mais lento,
portanto é necessária uma equipe treinada e com quantidade suficiente de
funcionários; 2) Duas pernas – esse método consiste em apanhar aves do
chão por ambas as pernas e carregá-las com, no máximo, três aves por mão.
É mais rápido que a apanha pelo dorso e exige menor número de pessoas;
entretanto, as aves são invertidas e suspensas pelas pernas e há maior
estresse, risco de lesões e mortalidade do que na apanha pelo dorso; 3)
Mecânica – alguns países, como Itália e Estados Unidos, utilizam
equipamentos para levantar as aves do chão e fazer com que sejam
colocadas em caixas de transporte sem contato com humanos. O método
mecânico não é muito utilizado ao alto custo do equipamento, exigência de
adaptação nos galpões, dificuldades de higienização e preocupação com a
biossegurança. Além disso, pesquisas demonstram que a porcentagem de
mortes na chegada é maior nesse método (035%), quando comparado à
apanha manual (0,15%).

Nunca apanhe ou levante as aves por uma única asa, pela cabeça
(pescoço) ou por uma única asa. Esses métodos são proibidos, já que
causaram lesões nas aves, dor e sofrimento, afetando diretamente o bem-
estar animal.

Cuidados durante o manejo de aves e de caixas

O manejo das aves dentro das caixas é considerado ponto crítico,


pois pode comprometer o bem-estar nas etapas posteriores.
A conservação das caixas é de extrema importância. Precisam ser
bem projetadas para que seja fácil colocar as aves dentro das caixas na
operação de apanha e retirá-las para a pendura no frigorífico, causar-lhes
ferimentos ou danos. São recomendadas caixas com aberturas amplas que
sejam adequadas ao tamanho das aves, resistentes, seguras e fáceis para
higienização e desinfecção.

Manejo de caixas durante o transporte

As caixas, quando colocadas nos caminhões, devem ser


empilhadas de forma estável, segura e de modo que exista movimento
suficiente de ar em volta das caixas, principalmente durante o verão ou em
regiões com clima quente. Uma boa ventilação deve manter a temperatura
dentro das caixas numa faixa que não causará estresse por calor ou frio.

Manutenção das caixas

É necessária fazer uma verificação constante das caixas,


procurando por danos nas mesmas, como buracos, falta de tampa ou portas
que podem cortar, entre outros problemas que possam causar lesões ou até
mesmo levar à morte. Caixas que não possam ser reparadas devem ser
descartadas.

ÁREA DE ESPERA

As aves que chegam ao frigorífico são encaminhadas para um


galpão de espera, local coberto, com laterais abertas, para permitir que os
caminhões aguardem em um local com sombra e bem ventilado para
posteriormente proceder-se ao descarregamento das caixas e ao abate das
aves. Recomenda-se que a área de espera seja provida de ventiladores e/ou
exaustores e nebulizadores, para minimizar o estresse térmico das aves
As aves devem permanecer nos galpões de espera o tempo
mínimo para garantir o fluxo de abate e seu bem-estar. Recomenda-se
como ideal um período de uma hora, não mais que duas. Aves que esperam
muito no caminhão pode problemas de desidratação, já que se encontram
sem acesso a água e ração.

TEMPO DE JEJUM

O tempo de jejum é compreendido entre a retirada da última


alimentação sólida (ração) na granja até o momento do abate. Durante o
período que antecede a apanha é essencial que as aves tenham livre acesso
a água.
A prática do jejum objetiva atender aos critérios higiênico-
sanitários, pois as aves precisam chegar ao frigorífico com o mínimo de
conteúdo gastrointestinal para reduzir riscos de contaminação durante as
etapas de insensibilização, sangria e evisceração, assim como reduzir a
quantidade de excremento no transporte e espera das aves.
Quando o jejum é realizado de maneira correta tem-se um
impacto positivo no bem-estar e na qualidade da carne. No entanto para
definir o tempo ideal deve-se levar em consideração o tempo de jejum na
granja, duração do transporte e período de espera no frigorífico. Para isso é
fundamental que essas operações sejam perfeitamente planejadas e
cronometradas pela área de produção e logística de transporte, a fim de
evitar jejum prolongado. Recomenda-se um período de jejum ideal, na
granja de 6 a 8 horas, somando-se ao período de transporte e espera no
frigorífico, totalizando um período de jejum de 8 a 10 horas.

MORTALIDADE

Durante o transporte e espera no frigorífico, as mortes podem ser


influenciadas por diversos fatores (pela saúde dos animais, pelo estresse
térmico e pelas injúrias e traumas ocorridos nas etapas anteriores ao
transporte, longo tempo de transporte ou espera) que antecedem o abate.
No entanto, as aves mortas só serão identificadas no momento da pendura
nos ganchos. São chamadas de “mortes na chegada” ou “Dead Arrivals”
(DOA‟A).
Existem vários fatores que afetam o percentual de DOA‟S,
incluindo: 1) Esquipe de apanha – deve ser treinada e capacitada para
reduzir os níveis de estresse das aves nessa etapa. Principalmente, evitar
traumas durante o fechamento e carregamento das caixas; 2) Densidade nas
caixas de transporte – no verão deve-se diminuir a quantidade de aves por
caixa; 3) Duração e horário do transporte – transportar aves em distâncias
próximas ao frigorífico diminui o risco de mortalidade; 4) Parada do
caminhão – após o carregamento, qualquer ponto de parada durante a
viagem deve ser evitado. Motoristas devem ser treinados para reduzir
problemas ocasionados durante a viagem; 5) Período de espera longo no
frigorífico – aves sob condições de estresse térmico não devem ser expostas
a longos períodos de espera.
Todos esses fatores não apenas podem levar a mortalidade, mas
também podem ocasionar danos à carcaça e à qualidade da carne de frango,
o que acarreta elevadas perdas econômicas.
ESTRUTURA E OPERAÇÃO DA LINHA DE PENDURA

A linha de pendura é um processo automatizado que permite alta


velocidade no abate em um curto período de tempo. No Brasil, a maioria
dos frigoríficos possui a linha de pendura associada ao método de
insensibilização em cubas de imersão com água eletrificada. Entretanto,
para que as aves vivas sejam insensibilizadas através da eletronarcose, é
necessário que elas estejam suspensas de ponta-cabeça nos ganchos da
linha de pendura.

TEMPO ENTRE PENDURA E A INSENSIBILIZAÇÃO

Quando colocadas nos ganchos algumas aves normalmente


iniciam o bater de asas que cessa gradativamente após 12 segundos,
contados a partir do momento em que foram penduradas; até então, as aves
tendem a se debater a arquear o pescoço para cima na tentativa de buscar
apoio e libertar-se dos ganchos. O tempo entre a pendura e a
insensibilização deve ser o menor possível, considerando que as aves
sentirão dor e desconforto devido à pressão das pernas com o gancho e à
posição em que se encontram. Com isso, recomenda-se o tempo mínimo de
12 segundos e no máximo 1 minuto. Um período curto entre a pendura e a
insensibilização oferece benefícios adicionais, caso haja uma parada na
linha, pois o número de aves que precisarão ser removidas será reduzido.

SISTEMAS ELÉTRICOS

Cuba de insensibilização elétrica

O método mais comum de insensibilização no Brasil é o elétrico


ou eletronarcose em cubas de imersão. Esse sistema consiste em pendurar
as aves, ainda conscientes, pelas pernas, em ganchos de metal que estão
ligados à nória em movimento. As aves penduradas são imersas em uma
cuba de insensibilização com água eletrificada, de modo que a corrente
elétrica flua da cuba para as aves, dissipando-se para o gancho, para
submetê-las à perda da consciência imediata.

Eletrocussão (morte por parada cardíaca)


O sistema de insensibilização por eletrocussão induz à
inconsciência da ave seguida de morte por fibrilação ventricular (arritmia
cardíaca grave, caracterizada por uma série de contrações ventriculares
rápidas e fracas (inefetivas), produzidas por múltiplos impulsos elétricos
originários de vários pontos do ventrículo). Portanto é um método
irreversível se aplicado corretamente, proporcionando maior segurança de
insensibilidade da ave antes da sangria.

SANGRIA

O tempo de permanência da ave em estado de inconsciência e


insensibilidade, após a eletronarcose, é curto. Para garantir a morte e
prevenir riscos de qualquer recuperação, as aves insensibilizadas devem ser
sangradas sem demora.
Essa operação deve ser realizada mesmo que se utilize a
insensibilização seguida de parada cardíaca, já que não é possível garantir
que todas as aves sejam afetivamente mortas no processo de eletrocussão.
Com base na legislação brasileira (Instrução Normativa nº 3), o
processo de sangria deve perdurar por, no mínimo, 3 minutos para que seja
considerada satisfatória e a ave possa entrar no tanque de escaldagem.
O tempo necessário para provocar a inconsciência e morte apenas
pela perda de sangue dependerá da espécie, do número de vasos cortados e
da eficiência do corte. Quando os vasos sanguíneos corretos são cortados, a
perda de sangue irá privar o cérebro de nutrientes e oxigênio e a
consciência será gradualmente perdida.
O corte do pescoço pode realizado tanto manual como
mecanicamente. Métodos mecânicos são normalmente usados quando o
abastecimento da linha é rápido, sendo obrigatória a presença de um
repasse manual. É importante que o tempo entre a insensibilização e a
sangria seja contabilizado desde a saída até o repasse das aves. Para obter
boa eficácia na sangria, secciona-se a parte ventral do pescoço logo abaixo
da cabeça para romper traqueia, esôfago e ambas as carótidas e veias
jugulares.

A sangria mecânica, em que se executa um corte em apenas um


lado do pescoço, não causa secção completa das duas artérias, atingindo
apenas uma carótida e uma jugular. Isso faz com que a morte da ave leve
um tempo maior para acorrer, havendo possibilidade de retorno da
consciência. Apesar da sangria mecânica aumentar o rendimento de
produção, requer a presença de um operário para supervisionar e sangrar as
aves que permanecerem sem o corte após passarem pelo equipamento.
Além da questão humanitária, se a ave passar consciente pela
escaldagem poderá haver a contaminação dos órgãos e terá uma aparência
vermelha indesejável.
É inadmissível, sob o ponto de vista do bem-estar animal, a ave
passar pelo tanque de escaldagem sem ser sangrada.

Eletrocussão x eficiência de sangria

Frigoríficos que trabalham com eletrocussão, ocasionando a


morte (parada cardíaca) durante o processo de insensibilização, possuem a
mesma eficiência de sangria se comparados a sistemas de insensibilização
por eletronarcose.

CONDIÇÃO FÍSICA E ABATE EMERGENCIAL

A avaliação da condição física das aves para verificar se estão


aptas a serem abatidas deve ser realizada durante a criação, momento de
apanha, inspeção ante mortem e pendura. As aves que apresentarem
problemas relacionados a condições física ou de saúde devem ser
identificadas, separadas e sacrificadas pelo método de abate emergencial
para evitar sofrimento posterior. Há pelo menos 3 métodos principais de
abate emergencial de aves: 1) Insensibilização por pistola de dardo cativo –
os equipamentos de dardo cativo têm como finalidade causar uma
insensibilização imediata provocando a inconsciência e impedindo que haja
tradução do estímulo da dor, o qual é obtido em torno de 150 a 200
milésimos de segundo. Para que isso ocorra, a força causada pelo impacto
do dardo contra o crânio do animal produzirá a concussão cerebral o que o
torna inconsciente antes da tradução do estímulo, assegurando que as aves
não sintam dor;
2) Insensibilização elétrica portátil individual – consiste em
passar corrente elétrica através do cérebro da ave, causando imediata perda
da consciência e insensibilidade à dor. A corrente é transmitida através de
um eletrodo portátil posicionado diretamente na cabeça de cada ave, sendo
um método reversível de insensibilização individual;

3) Deslocamento cervical – deve ser realizado por um


funcionário capacitado, executando o deslocamento manual do pescoço de
aves que não apresentarem condições de saúde ou estiverem sofrendo
qualquer tipo de injúria. Esse procedimento causa luxação cervical e
ruptura na medula espinhal. Quando realizado de forma correta e eficiente,
causa dano aos principais vasos sanguíneos que suprem o cérebro,
resultando em hipóxia cerebral e consequentemente a morte da ave.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A falta de comprometimento com o bem-estar e a ausência de


cuidados com os animais na fase de apanha, espera no frigorífico, pendura,
insensibilização e sangria podem levar a produção de carne de baixa
qualidade e perdas significativas no valor comercial da carcaça. Portanto, o
abate humanitário tem papel fundamental para, além de assegurar o bem-
estar das aves, prevenir lesões, estresse, dor e agitação, reduzindo as perdas
tanto pelos hematomas e contusões quanto pelas fraturas.
ABATE HUMANITÁRIO DE BOVINOS

A cada dia, mais do que buscar nas gôndolas dos supermercados


carnes com qualidade, o consumidor tende a buscar produtos dos quais
tenha a certeza de que chegaram ali cumprindo os mais rigorosos processos
de abate e manejo. E esta preocupação passou a se tornar uma exigência
porque os consumidores querem carnes cada vez melhores e, agora,
provenientes de abatedouros que não causem sofrimentos aos bois abatidos.

Esta é uma tendência sem volta, estabelecida por uma nova


ordem que valoriza a busca pela qualidade de vida e preservação do
planeta, e preocupa-se com os direitos reservados aos animais. Diante
desse cenário, a discussão do “abate humanitário” ganha espaço. O abate
humanitário consiste em uma série de práticas e procedimentos que visam
preservar o bem-estar do animal, minimizar seu estresse e sofrimento,
desde seu embarque na fazenda, até a sala de abate no frigorífico.

O bem-estar do animal é o resultado da somatória de cada


liberdade mensurada, para avaliar de forma abrangente todos os fatores que
interferem na qualidade de vida do animal.
É crescente a preocupação dos consumidores com a forma como
os animais são criados, transportados e abatidos, pressionando a indústria
ao desafio de um novo paradigma: trate com cuidado, por respeitar a
capacidade de sentir dos animais (senciência), melhorando não só a
qualidade intrínseca dos produtos de origem animal, mas também a
qualidade ética.
Os princípios básicos que devem ser observados para atender à
qualidade ética no manejo pré-abate são:
• Métodos de manejo pré-abate e instalações que reduzam o
estresse;
• Equipe treinada e capacitada, comprometida, atenta e
cuidadosa no manejo dos bovinos;
• Equipamentos apropriados, com manutenção periódica, a
serem utilizados devidamente ajustados à espécie e situação;
• Processo eficaz de insensibilização que induza à imediata
perda da consciência e sensibilidade, de modo que não haja recuperação e,
consequentemente, não haja sofrimento até a morte do animal.
Capacitar pessoas para o manejo com os bovinos é o fator de
maior impacto positivo para o bem estar dos animais em frigoríficos.
Quando se fornecem aos colaboradores informações, recursos e
procedimentos adequados para esse serviço há uma consequente mudança
de conduta, favorecendo os animais e a qualidade da carne.
É difícil manter um alto padrão no serviço quando se trabalha
num ambiente quente, sem acesso a água e sob cansaço. Problemas como
esses no ambiente de trabalho, em que o bem-estarhumanoestá
comprometido, são facilmente transmitidos, em forma de agressividade ou
descuido, aos animais. É esperado que a escassez ou ausência de recursos
proporcionem um manejo inadequado.
O manejo pré-abate exerce grande influência no bem-estar dos
animais. Se um sistema de abate não for acompanhado por uma boa prática
de manejo, haverá um desafio significante para a preservação de um bom
nível de bem-estar dos animais.
É fundamental conhecer o comportamento dos bovinos para
reconhecer sinais de estresse e dor para, assim, manejá-los de forma eficaz
nesta etapa. Deve-se também conhecer as relações dos bovinos com o
ambiente de produção e suas necessidades, para poder proporcionar, nas
instalações e no manejo, os recursos que promovam melhorias no bem-
estar dos animais. Desse modo, haverá um equilíbrio entre a produção ética
e a rentabilidade econômica.
CARACTERÍSTICAS SENSORIAIS DOS BOVINOS
Bovinos dependem principalmente dos sentidos: visão, olfato e
audição para avaliar estímulos e, assim, responder a diferentes situações,
como mudanças no ambiente e ameaças. Ao se depararem com um barulho
repentino, sua primeira reação é evitá-lo, ou seja, fugir. Após avaliar a
situação, se não for perigosa, o bovino perderá o interesse.

COMPORTAMENTO E GENÉTICA
O comportamento é determinado pelo ambiente e pela genética,
havendo diferenças entre raças. Em geral, é reconhecido que o Bos taurus
indicusé mais reativo que o Bos taurus taurus. Assim como animais
cruzados zebuínos podem ser mais reativos ao manejar que os bovinos
europeus puros ou aqueles oriundos de cruzamentos entre raças europeias.
O ambiente de criação tem maior influência que a genética em
relação ao comportamento dos bovinos, no manejo. Animais criados em
sistemas extensivos, independentemente da raça, tendem a ser mais reativos
que aqueles criados em ambientes fechados ou em sistemas de
confinamento. A falta de contato com humanos na fase inicial de criação
resulta em animais temerosos e às vezes agressivos em relação às pessoas.
Fases como pós-nascimento e pós-desmame devem receber tratamento
especial, pois irão afetar diretamente o comportamento dos bovinos quando
adultos.

MANEJO PRÉ-ABATE
Manejo pré-abate envolve três elementos-chave: animais,
instalações e pessoas. Esses elementos interagem entre si com efeitos que
podem contribuir para um bom manejo, desde que estejam em harmonia.
Para isso é necessário o conhecimento de cada elemento e de
sua influência nos demais, buscando
sempre boas interações. O melhor nível possível de bem-estar
animal estará na interseção positiva entre os três elos.

1. Animais:reagem ao ambiente e ao comando das pessoas


envolvidas no manejo, havendo diferenças individuais e entre raças;
2. Instalações:a forma como a estrutura física da fazenda e do
frigorífico é projetada e construída para favorecer o manejo;
3. Pessoas:como as pessoas se comportam e interagem com os
bovinos e com as instalações.
Esses três elos são interdependentes e o conhecimento sobre os
animais é o impulso que dinamiza e favorece essas interações, e quando em
harmonia, minimizam o nível de estresse nos animais e nas pessoas
envolvidas.

ZONA DE FUGA
Bovinos preservam uma área ao seu redor, denominada “zona
de fuga”, que é definida pela máxima aproximação que um animal tolera da
presença de um estranho ou ameaça, antes de iniciar a fuga. Quando a zona
de fuga é invadida o animal tende a afastar-se para manter uma distância
segura da ameaça.
A compreensão da zona de fuga é importante para influenciar,
conduzir e controlar a movimentação dos bovinos. Para isso, o manejador
deve:
• Situar-se fora da zona de fuga e em um dos lados, evitando se
posicionar na área cega do animal;
• Caminhar para dentro da zona de fugapara fazer o animal
avançar;
• Logo que o animal seguir, avançar com ele, permanecendo
dentro da zona de fuga;
• Observar que, ao mover-se para fora da zona de fuga do
bovino e parar, o animal para de se movimentar.

AUXÍLIOS PARA O MANEJO


São recursos e atitudes do manejador que auxiliam na condução
dos bovinos. Quando utilizados corretamente, esses auxílios estimulam os
animais a se moverem para onde o manejador deseja.
Certos grupos de bovinos podem requerer mais persuasão do
que outros. O essencial é que o nível de persuasão seja ampliado apenas
quando não houver resposta dos animais, pois esse é o momento apropriado
para a utilização de auxílios para o manejo, tais como:
Estímulos sonoros (chocalho e voz) –estimulam a condução do
bovino através do som emitido. O uso da voz durante o manejo é uma
prática comum em fazendas, muitos animais estão condicionados a
responder com facilidade. Associados ao som, a movimentação e o
posicionamento do manejador promovem uma resposta adicional. É
importante salientar que a emissão do som de forma contínua não trará
respostas tão significativas na condução, quando comparada à utilização
intermitente. Deve-se evitar o uso rotineiro e contínuo do chocalhoem
animais que já estão se movimentando na direção desejada
Não é recomendada a utilização de chocalho em animais muito
reativos, principalmente sendo de metal, devido à possibilidade de causar
estímulo excessivo.
Bandeira – estimula principalmente a condução, auxiliando,
também, no bloqueio da visão. Por ser flexível, sua movimentação chama
atenção dos animais, e a extensão do cabo promove aproximação, dando
a impressão de que o manejador está mais perto dos animais. A
bandeira não deve tocar no animal e é importante posicioná-la para o alto,
de modo que os bovinos a serem conduzidos a vejam. O uso em conjunto
da bandeira e voz é ideal para a condução dos animais.
Bastões elétricos –é um método doloroso e estressante devido à
transmissão da corrente elétrica para o animal. Sua utilização é permitida
APENAScomo último recurso, ou seja, quando todos os outros auxílios de
manejo aplicados não obtiveram resultado, e somente nos bovinos que se
recusam insistentemente a se mover. Em muitos países, a utilização desse
recurso é controlada e limitada apenas ao brete que antecede o boxe de
insensibilização.
O uso do bastão elétrico NUNCAdeve ser tolerado em partes
sensíveis do bovino, como ânus, genitais, focinho, olhos, úbere. Quando
necessário, deve ser usado apenas:
• Nos animais que se recusaram insistentemente a seguir em
frente;
• Sobre os quartos traseiros de bovinos adultos, acima do jarrete
para evitar coices e riscos de
acidentes;
• Quando há espaço à frente do bovino conduzido;
• Tempo máximo de um segundo, com pausa entre cada
aplicação.
O bastão elétrico NUNCA DEVE ser utilizado:
• Repetidamente, principalmente se o animal não reagir;
• Ligado diretamente à rede elétrica, devido ao fato de a alta
voltagem provocar choques extremamente dolorosos.
ÁREA DE DESCANSO
Dentre as etapas do manejo pré-abate, uma das mais
estressantes é o transporte. Mesmo as melhores condições utilizadas nessa
etapa não poderão manter os bovinos livres de estresse, por ser uma
experiência desconhecida, onde estão expostos a ruídos, trepidação,
mudanças de ambiente, além do esforço de se manterem em pé durante a
viagem e serem conduzidos por desníveis ao entrarem e saírem do veículo.
Há ainda, outros fatores no transporte que influem diretamente
no bem-estar dos animais, como o ambiente social, que envolve a mistura
de lotes e a densidade, e o ambiente físico, que está associado à distância
percorrida e às condições das rodovias e dos veículos.
Para que os animais sejam abatidos com o menor nível de
estresse, é necessário oferecer dentro do frigorífico um ambiente de
descanso que proporcione recuperação do estresse físico e psicológico
ocasionado pela viagem. O período de permanência na área de descanso,
além de permitir a recuperação dos animais, também tem como finalidade
completar o tempo de jejum e realizar a inspeção ante mortem, assim como
agrupar um número suficiente de bovinos para suprir a velocidade da linha
de abate.
A área de descanso deve oferecer um ambiente calmo e
tranquilo e um manejo adequado, de forma a minimizar condições de
estresse.
O tempo de permanência dos bovinos na área de descanso foi
estimado considerando principalmente as necessidades operacionais,
sanidade e higiene alimentar. Entretanto, longo tempo de descanso pode
influenciar negativamente o bem-estar animal e a qualidade da carne.
Para frigoríficos registrados no serviço de inspeção federal
(DIPOA/MAPA) que não atendem à exportação à União Europeia (UE) e
que seguem somente a Instrução Normativa n° 3 (Regulamento técnico de
métodos de insensibilização para o abate humanitário de animais de
açougue) o jejum não deve exceder 24 horas após a chegada dos animais ao
frigorífico. De acordo com o artigo 110 do RIISPOA, admite-se a redução
do tempo de permanência dos animais no frigorífico quando o tempo de
viagem não ultrapassar 2 horas, desde que os animais estejam sob controle
sanitário permanente e que permaneçam no mínimo 6 horas no frigorífico.
Animais que excederem o tempo de permanência nos currais do
frigorífico devem ser alimentados, conforme exigências específicas.
Para frigoríficos exportadores que atendem ao Regulamento da
EC 1099 o tempo de permanência máxima dos bovinos nos currais do
frigorífico deve ser de 12 horas, e caso não sejam abatidos devem receber
alimento.
Para frigoríficos brasileiros que não atendem à exportação (UE)
e devem atender à Instrução Normativa n° 3, preconiza-se alimentar os
animais mantidos após 24 horas nos currais do frigorífico.
O alimento deve ser fornecido em quantidades moderadas, a
intervalos adequados e deve estar acessível a todos os animais. Antes de
serem abatidos, os bovinos devem ser submetidos a um novo jejum.

ÁGUA NO PERÍODO DE DESCANSO


A dieta hídrica (fornecimento de água) é fundamental para
recuperar os animais da desidratação causada pelo transporte. Esse
procedimento também diminui o estresse térmico pelo calor e auxilia na
eliminação do conteúdo gastrointestinal, evitando rompimento de vísceras e
minimizando a contaminação da carcaça.
A água deve estar disponível para todos os bovinos durante todo
o período de descanso. Os bebedouros devem permitir que, no mínimo,
20% dos bovinos de cada curral bebam simultaneamente. Para isso, é
importante o fornecimento de água potável e em quantidade suficientepara
o tamanho do lote, devido ao fato de os bovinos não terem acesso a água,
desde o início do procedimento de embarque na fazenda.

DENSIDADE DOS CURRAIS DE DESCANSO


Devido ao tempo de permanência nessa área, os animais
necessitam de espaçosuficiente para expressar comportamentos básicos
como levantar, deitar, virar e andar, além de terem condições para realizar a
termorregulação. O espaço mínimo recomendado por animal é de 2,5 m²

CONFORTO TÉRMICO
Os bovinos são homeotérmicos e mantêm a temperatura
corporal dentro de certos limites (37,8°C a 39,2°C). Desde que estejam em
boas condições de saúde, conseguem lidar com uma ampla faixa de
temperatura.
A regulação da temperatura corporal é realizada por diversos
mecanismos, sendo a maioria acionada por meio de centros
termorreguladores, localizados no hipotálamo, termorreceptores da pele e
dos tecidos mais profundos. Quando há alteração da temperatura corporal
do bovino, detectado pelo centro térmico do hipotálamo, são
desencadeados alguns procedimentos para manter a temperatura corporal
normal.
Quando o bovino se encontra na zona de conforto térmico
(zCT), que corresponde à faixa de temperatura ótima, a temperatura
corporal se mantém constante com o mínimo esforço dos mecanismos
termorregulatórios. Quando a temperatura do ambiente diminui ou
aumenta, os bovinos podem sair da zona de conforto térmico e, com isso, o
organismo aciona mecanismos para produzir ou perder calor. Nessas
situações, ocorrem mudanças fisiológicas e também pode haver mudanças
comportamentais com as quais o animal busca maximizar a eficiência de
troca de calor.
A troca de calor só é eficiente quando o ambiente está dentro
dos limites de termoneutralidade. Há diferenças para as zonas de conforto
térmico entre animais de origem indiana (Bos taurus indicus), de origem
europeia (Bos taurus taurus) e mestiços. Embora não haja definições
precisas sobre esses valores (ZCT), de acordo com o pesquisador Jonas C.
C. Pereira (2010) os dados da literatura citam para bovinos de origem
indiana entre 10ºC e 27ºC, europeia 0ºC e 16ºC e mestiços 5ºC e 31ºC.
Nas regiões brasileiras, há uma ampla variação climática
(temperatura e umidade relativa), apresentando no Sul, em determinadas
épocas do ano, registros de baixa temperatura, expondo os animais ao
estresse pelo frio. No entanto, é mais comum os bovinos sofrerem estresse
por calor, já que na maior parte do território brasileiro estão expostos a
ambientes com temperatura elevada.

SOMBRA E NEBULIZAÇÃO
Durante o período de descanso no frigorífico, devem-se prover
os recursos que favoreçam a recuperação dos bovinos. A utilização de
cobertura parcial dos currais com sombrites favorece essa recuperação, por
reduzir a radiação solar e proporcionar melhor sensação térmica. Além
disso, é importante que haja boa circulação de ar no ambiente, e o plantio
de árvores ao redor dessa área contribui para amenizar a temperatura.
INSTALAÇÕES
Na busca de priorizar o bem-estar dos animais no manejo pré-
abate é essencial levar em consideração as instalações do frigorífico. O
modo de projetá-las tem impacto significativo na qualidade do manejo,
velocidade da linha e nas condições de trabalho.
O projeto ou modificação das instalações não deve se restringir
ao dimensionamento de estruturas e definições de espaços, mas ter como
base o entendimento do manejo em função das características e
necessidades dos bovinos, além de suas interações com as pessoas e o
ambiente. Sob essa perspectiva, as instalações apresentam-se como um
recurso a favor do manejo fácil, ágil e seguro e da redução do sofrimento
dos animais. Para tanto, devem ser projetadas de forma a encorajar o
deslocamento dos bovinos e a facilitar o manejo, desde o desembarque até
o abate, visando diminuir o estresse e eliminar os riscos de ferimentos.

BRETES
Devido às diferenças regionais, em alguns estados o brete é
conhecido como tronco. Há dois formatos de bretes: em curva e em linha
reta, sendo este último o mais comum. Independente do formato do brete,
as paredes laterais devem ser totalmente fechadas e as porteiras vazadas,
especialmente a da entrada (junção entre seringa e brete), para que os
bovinos vejam o caminho a seguir através dessas porteiras, assim como o
avanço dos outros animais à frente deles. No entanto, nos bretes em linha
reta com graves problemas na entrada do boxe (reflexos, mudança brusca
da iluminação e instalação, barulhos excessivos), a porteira que os antecede
poderá favorecer mais o manejo se for totalmente fechada, o que diminuirá
as paradas ou o retorno dos animais.
É necessário esclarecer que o boxe de insensibilização possui
uma porteira própria, as porteiras mencionadas correspondem às
subdivisões do brete.As porteiras devem ter a altura das paredes do brete e
se estenderem até o chão. O espaçamento entre as barras de ferro da
porteira não pode ser muito largo, para evitar que os animais venham a se
ferir, prendendo a cabeça, chifres ou as patas entre as barras

BOXE DE INSENSIBILIZAÇÃO
O boxe promove o isolamento do bovino dos demais do grupo,
para que seja efetuada a insensibilização. Essa estrutura restringe a
movimentação do animal, o que permite maior precisão para o disparo da
pistola. Para isso, é necessário que o boxe tenha tamanho adequado aos
bovinos a serem abatidos. Um boxe muito grande facilita a movimentação
do animal em seu interior, o que não só dificulta a insensibilização, como
aumenta os riscos de acidentes para o operador e os bovinos.
O material mais utilizado para a construção dessa estrutura é o
metal, que impõe aos animais uma mudança repentina na instalação. Além
disso, há outros fatores, como ruídos na sala de abate, déficit na iluminação
que, associados ao isolamento promovido pelo boxe, tornam os bovinos
resistentes para entrarem nessa estrutura. A presença desses fatores
ocasiona aumento no uso do bastão elétrico, o que faz dessa etapa um
ponto crítico no manejo pré-abate.
Modelos de boxes que apresentam piso antiderrapante e porteira
em duas folhas contribuem para eficácia do manejo. Esse tipo de porteira
em duas folhas, acionada por sistema pneumático, permite maior rapidez ao
abrir e fechar, quando comparada ao tipo guilhotina, e contribui para a
entrada de um bovino por vez. Recomenda-se nesse tipo de porteira a
fixação de uma borracha entre as folhas para evitar ruído agudo causado
pelo fechamento.
Para melhorar a eficiência durante a insensibilização, é
necessário imobilizar o bovino para permitir o correto posicionamento da
pistola de dardo cativo.
Mesmo um operador com grande habilidade e
comprometimento com o trabalho não poderá executar seu serviço de
forma eficiente se não dispuser de recursos adequados. O boxe sem
contenção promove apenas a redução do espaço; no entanto, existem
modelos de boxes que, além de restringirem o espaço para o animal,
também oferecem recursos para a imobilização.

FATORES QUE PROVOCAM DISTRAÇÕES DURANTE


O MANEJO
Tudo o que foi mencionado ao longo deste capítulo tem como
objetivo favorecer a condução dos bovinos dentro do frigorífico. Para tanto,
é essencial que as instalações sejam projetadas sob o ponto de vista do
bovino, e não do homem, e que exista comprometimento com a correção
dos pontos críticos de bemestar animal.
Perceber o que chama a atenção dos animais é útil para detectar
os pontos críticos das instalações. A movimentação de pessoas ou veículos
próximo ao local de manejo, objetos no chão ou ruídos agudos, farão com
que os animais se distraiam. O ideal é que na hora do manejo não haja
nenhuma fonte de distração para os animais e que eles estejam atentos
apenas ao comando do manejador e ao percurso a seguir. Assim, perceber e
corrigir pequenas fontes de distração nas instalações as tornará mais
eficientes e seguras, e manterá a condução dos animais num ritmo
constante.
INSENSIBILIZAÇÃO POR DARDO CATIVO
Um dos primeiros instrumentos designados para insensibilizar
bovinos foi a marreta, ferramenta que, para ser eficaz, depende, dentre
outros fatores, da força e da habilidade do operador. Posteriormente, no
início do século passado, o procedimento sofreu modificações por meio da
mecanização e os métodos antigos foram sendo substituídos por pistolas de
dardo cativo.
Métodos de insensibilização por dardo cativo, quando utilizados
de forma correta e com manutenção adequada, minimizam o sofrimento
dos animais e riscos de acidentes para os operadores. No entanto, quando
mal utilizados, podem, além de gerar dor e sofrimento aos animais,
aumentar a probabilidade de aparecimento de hematomas e defeitos na
qualidade da carne.

COMO FUNCIONA?
Os equipamentos de dardo cativo têm como finalidade causar
perda imediata da consciência, provocando a inconsciência do bovino sem
que haja transdução do estímulo da dor, o qual é obtido em torno de 150 –
200 milésimos de segundo. A força causada pelo impacto do dardo contra o
crânio do animal produzirá concussão cerebral o que o torna inconsciente
em aproximadamente dois milésimos de segundo, assegurando que o
mesmo não sinta dor.Desse modo, não há tempo suficiente para que o
estímulo da dor seja traduzido, o que assegura a insensibilização imediata
do bovino sem indício de dor.
Concussão cerebral é geralmente caracterizada por um curto
distúrbio da função cerebral normal que resulta em:
• Comprometimento repentino e relativamente breve da
consciência;
• Paralisação da atividade neural;
• Perda da memória.
Existem várias teorias sobre a razão pelo qual ocorre o estado
de concussão. A hipótese mais aceita, de acordo com o pesquisador Nigel
A. Shaw (2002), é que há um dano direto aos neurônios, o que causa súbita
despolarização neuronal, seguida por um curto período de espasmo tônico e
clônico e finalmente uma fase quiescente (repouso) devido à paralisia
nervosa.
Em muitos casos a concussão causa somente danos funcionais e
pode ser reversível. Entretanto, onde há energia suficiente aplicada ao
cérebro devido ao impacto, haverá movimento dos hemisférios cerebrais e
aumento da probabilidade de danos aos tecidos, ou deformação, entre o
córtex e o crânio.
Acredita-se que sejam esses os fatores que produzirão isquemia
na região cerebral e perda permanente da atividade.
De acordo com o pesquisador Neville Gregory (1998) a
diferença no gradiente de pressão intracraniana também interfere e pode
levar a uma disfunção da transmissão do estímulo neural. Com o aumento
da pressão, decorrente de uma hemorragia severa, há bloqueio do fluxo
sanguíneo, ocasionando isquemia (perda do suprimento sanguíneo para
estruturas cerebrais vitais).
O cérebro é um órgão complexo; um golpe no crânio gera ondas
de distorção de alta velocidade. A frequência dessas ondas de pressão varia
em diferentes regiões do cérebro, o que pode ser determinante para induzir
à inconsciência.

EQUIPAMENTOS DE DARDO CATIVO


Os primeiros equipamentos de dardo cativo apresentavam
alguma forma de penetração no crânio e cérebro dos bovinos. Entretanto,
percebeu-se que com a aplicação de uma determinada força concussiva no
crânio, produzia-se uma insensibilização imediata, o que gerou o
desenvolvimento de equipamentos de dardo cativo não penetrantes. Assim,
há dois tipos de pistolas com dardo cativo: penetrantes e não penetrantes, e
podem ser acionadas manualmente, através do gatilho, ou com disparo
automático, quando em contato com o crânio do bovino. A fonte de
energiaque lança o dardo cativo, também em ambos os tipos, pode ser
obtida por cartucho de explosão ou por ar comprimido (pistolas
pneumáticas).

PISTOLAS DE DARDO CATIVO PENETRANTE


Pistola de dardo cativo penetrante, além de causar concussão,
ocasiona danos irreversíveis.A penetração do dardo causa uma grande
hemorragia, lesão severa (laceração) com perda de tecido neural do
cerebelo e mesencéfalo, atingindo frequentemente a ponte, a medula
oblonga e a parte caudal do córtex cerebral. Outro efeito é a pressão gerada
através da onda de impacto e um colapso do tecido cerebral induzido pela
retração do dardo. Para que isso ocorra, o dardo cativo deve penetrar até o
limite máximo nas estruturas cerebrais.
Logo após a insensibilização, a atividade respiratória e as
reações voluntárias cessam, podendo haver movimentos involuntários dos
membros (pedaleio). A atividade elétrica cerebral, quando avaliada através
de um eletroencefalograma (EEG), torna-se inexistente em
aproximadamente 60 segundos, já a atividade cardíaca de acordo com o
pesquisador R. J. Vimini (1983) pode continuar em média de 8 a 10
minutos, caso o animal seja sangrado correta e imediatamente.
PISTOLAS DE DARDO CATIVO NÃO PENETRANTE
Pistolas de dardos não penetrantes, em sua maioria, possuem a
ponta do dardo em formato similar a um cogumelo. O impacto desse dardo
contra o crânio do animal provoca uma depressão do osso frontal sem
perfuração, resultando em perda imediata da consciência. Os dardos com
ponteira em formato de cogumelo e com maior diâmetro são mais eficazes
e geram menos fraturas quando comparado àqueles com ponteiras de
menor diâmetro.
O impacto do dardo contra o crânio do animal contribui para a
formação de hemorragia sub-aracnoide generalizada nos lobos temporais e
frontais e ao redor do córtex cerebral. Há também a formação de vacúolos
no tecido cerebral e alteração na pressão intracraniana, quando o encéfalo é
arremessado para trás e para frente. Dependendo do dano tecidual causado
pelo impacto, pode provocar a perda temporária ou permanente da
consciência.
Como não há perfuração do crânio pelo dardo, o dano é menor
ao cérebro, com isso o período de inconsciência pode ser curto. Portanto, o
tempo entre a insensibilização e a sangria deve ser o menor possível, dentro
de 30 segundos a partir do primeiro disparo.
A eficiência da insensibilização por dardo cativo não penetrante
dependerá, entre outros fatores, da habilidade do operador e da contenção
da cabeça do animal, o que é fundamental para se ter maior precisão no
alvo. Uma pequena margem de erro pode ser decisiva para causar falhas na
insensibilização.As pistolas de dardo cativo não penetrantes não são
recomendadas para bovinos com menos de 8 meses de idade. O crânio
desses animais ainda não é rígido como o de um bovino adulto e absorve a
energia do impacto, o que reduz a eficiência da insensibilização. O uso
dessas pistolas também não é recomendado para animais muito velhos e
touros, uma vez que possuem crânios mais espessos.
PISTOLAS DE EMERGÊNCIA
Um insensibilizador de emergência deve estar disponível
próximo ao operador, de modo a permitir acesso rápido ao equipamento no
momento de falha no procedimento de insensibilização.
Se o primeiro disparo falhar, o segundo deve ser realizado numa
posição próxima à anterior, devido aos danos causados pelo primeiro
disparo reduzirem o efeito de um segundo impacto no mesmo local.

QUALIDADE DA CARNE
O manejo pré-abate dos bovinos destinados ao consumo
humano está diretamente ligado à qualidade da carne que irá para a mesa
do consumidor. A falta de comprometimento com o bem-estar e a ausência
de cuidados com os animais nessa fase podem levar à produção de carne de
baixa qualidadee a perdas significativas no valor comercial da carcaça.

ESTRESSE
O estresse é o principal indicador utilizado para avaliar o bem-
estar do bovino, que é continuamente exposto a fatores estressantes no
manejo pré-abate, aos quais responde através de uma combinação de
respostas bioquímicas, fisiológicas e comportamentais. Essas reações
ajudam o bovino a eliminar ou a reduzir os aspectos adversos do manejo e
do ambiente, como tentativa de resgatar o equilíbrio do organismo. Durante
a exposição a esses fatores o organismo pode passar pelas seguintes
alterações:
• Reação de alerta (alarme) –o organismo se prepara para a
reação de “fuga ou luta” por meio da atividade do Sistema Nervoso
Simpático (SNS), que proporciona a ativação da glândula adrenal
(suprarrenal) a secretar hormônios, como cortisol, adrenalina e
noradrenalina. Estes hormônios causam aumento da frequência cardíaca e
respiratória, elevação dos níveis de glicose no sangue, vasodilatação,
dilatação das pupilas e defecação, entre outros.
• Adaptação ou resistência –após um determinado tempo de
exposição ao fator estressante e liberação de mais hormônios (cortisol,
adrenalina e noradrenalina), o bovino poderá se recuperar da reação de
alerta e adaptar–se à nova situação.
• Exaustão –se os fatores estressantes forem muito intensos e
persistirem no ambiente, pode ocorrer que o bovino não consiga se adaptar
a essa condição e os mecanismos de adaptação comecem a falhar, causando
déficit das reservas de energia. Disso resultará estresse excessivo
(distresse) e sofrimento, podendo levar à morte.

FATORESQUE PODEM INFLUENCIAR AQUALIDADE


DA CARNE
Existem determinados fatores que podem influenciar a
qualidade da carne, interferindo na capacidade de retenção da água, cor e
pH, o que resultará em forte impacto econômico no rendimento da carcaça
e na qualidade dos produtos derivados. Por isso, deve-se levar em conta a
importância de cada fator para que se obtenham resultados econômicos
satisfatórios, atendendo às exigências de mercado e reduzindo as perdas
ocasionadas pelos defeitos de qualidade da carne.
Animal –referem-se às características individuais dos bovinos
(genética, reatividade, idade, sexo), podendo influenciar na susceptibilidade
ao estresse e na qualidade da carne;
Ambiente –sistema de criação, conforto térmico, densidade,
instalações da propriedade e do frigorífico;
Nutrição –condição física, composição e quantidade de
alimento, disponibilidade e qualidade da água;
Sanidade –ausência de doenças, ferimentos e segurança
alimentar durante o processamento e armazenamento;
Manejo –interfere na forma como os bovinos reagem durante a
criação na propriedade e no préabate. Principalmente no momento do pré-
abate, em que os bovinos estão expostos a vários fatores estressantes como:
mudança de ambiente, embarque, transporte, desembarque, mistura de
lotes, jejum, métodos de condução e contenção;
Insensibilização e fatores post mortem–métodos de
insensibilização e sangria afetam diretamente o bem-estar e a qualidade da
carne e são considerados de caráter ético. No entanto, os fatores post
mortem(velocidade de resfriamento, estimulação elétrica, maturação, tipo
de armazenamento) também influenciam na qualidade da carne, porém
estão mais relacionados ao ponto de vista tecnológico

DEFEITOS DA CARNE BOVINA


DFD
A carne com o defeito DFD, do inglês dark, firm, dryou escura,
firme e seca, é consequência do manejo ante morteminadequado, que
determina o consumo do glicogênio muscular antes do abate, contribuindo
para um pH final elevado(menor produção de ácido lático devido à baixa
reserva de glicogênio). Essa condição é encontrada em animais submetidos
a estresse de longa duração (estresse crônico).
Nesse defeito, o pH final elevado da carne (acima de 6,0)
favorece o desenvolvimento de microorganismos responsáveis pela
degradação do produto, assim como alterações nas características físicas,
bioquímicas e organolépticas da carne, resultando em:
• Alta capacidade de retenção de água (CRA) das fibras
musculares, apresentando aspecto seco na superfície;
• Textura firme;
• Coloração escura;
• Curto período de conservação;
• Carne imprópria para a elaboração de alguns produtos
industrializados.

MINIMIZANDO O DEFEITO DFD


Para diminuir a incidência de carnes com o defeito DFD, é
necessário minimizar os fatores que proporcionam estresse e gasto de
energia no manejo pré-abate. Para isso recomenda-se:
• Conduzir os bovinos em pequenos grupos, de forma calma
(fazenda e frigorífico);
• Embarcar e desembarcar os bovinos calmamente, sem a
utilização do bastão elétrico ou quaisquer objetos que possam causar
ferimentos;
• Manter o tempo de transporte e descanso adequados, bem
como a densidade ajustada de acordo com o peso dos animais;
• Evitar a mistura de animais desconhecidos durante o
transporte e período de descanso;
• Promover o conforto térmico, reduzindo o estresse pelo frio ou
pelo calor.
DOMA RACIONAL : O BEM ESTAR EQUESTRE

INTRODUÇÃO

Na doma tradicional o cavalo é submetido ao homem pela força e


pelo medo, é estabelecida como que uma luta, na qual o homem sempre
será o vencedor. O principio é o uso da violência. O cavalo é tratado como
um animal selvagem, submisso pelo medo, dor ou cansaço. Sendo assim
nunca será movido pelo respeito ao homem,e sim pelo medo.

A proposta apresentada pela doma racional é o primeiro passo


para diminuir a brutalidade da doma tradicional, e proporcionar animais
mais bem domados e treinados, procurando fazê-los gostar do trabalho que
desempenham.

O método racional exclui qualquer forma de brutalidade contra o


animal, partindo do princípio de que o cavalo vê, sente, e ouve, sendo
capaz de absorver todas as sensações que lhe são passadas pelo domador.
Desta forma, considera-se um cavalo bem domado aquele que pode ser
montado por um ginete ou por uma criança. A técnica baseia-se no fato de
que os eqüinos apresentam excelente memória, motivo pelo qual se deve
cuidar para que desde o seu primeiro contato com o homem haja um
relacionamento positivo e agradável, sem traumas que possam marcá-lo
para o resto da vida.

A doma, historicamente, sempre foi um processo de dominação e


submissão do animal às vontades do homem. Era um processo, muitas
vezes, cruel para o animal, que sofria muitas e dolorosas punições - doma
tradicional. Atualmente, apesar de ainda se utilizar esse processo de doma,
o que mais se usa é um método que consiste em ganhar a confiança do
animal, ao invés de dominá-lo pelo terror. Este processo, adotado no
mundo inteiro é conhecido como doma moderna ou, principalmente, doma
racional.

Em algumas fazendas e haras, utiliza-se uma certa mistura das


domas tradicional e racional. Não é o mais indicado, porém eficiente.
Nestes casos, apesar de serem utilizados artifícios conhecidos como o laço
e o palanque, o responsável pela doma cria um vínculo de confiança com o
cavalo, fazendo com que este sofra o mínimo possível.

Ressalta-se que o objetivo da doma é fazer com que o cavalo


aceite normalmente o contato e os comandos do homem, além de se
habituar às embocaduras, sela e rédeas. Também é de vital importância
que, através da doma, o cavalo aprenda a reagir aos comandos de voz que o
cavaleiro faz, como as ordens de partir e parar.

DOMA TRADICIONAL

A chamada „„doma tradicional‟‟, ou, nos países de língua


espanhola „„doma gauchar‟‟, é o método mais rápido para se executar o
processo disciplinatório de um equino. Embora esta prática possa ser
considerada uma demonstração de força e beleza, para alguns é o método
mais cruel e violento com o animal.

O principio é o uso da violência. O cavalo é tratado como um


animal selvagem, submisso pelo medo, dor e cansaço. É laçado, às vezes
até derrubado, suas orelhas são torcidas

pelas mãos rudes dos peões, seu lábio superior é torcido pelo
cruel instrumento de contenção conhecido como Pito ou cachimbo. O cabo
do cabresto, outro instrumento do gênero, é amarrado na cauda e a cada
tentativa de disparar, o potrinho recebe um violento tranco no queixo.

Na doma tradicional, chicotes e esporas são ajudas auxiliares


indispensáveis, sangrando o cavalo. A rudeza dos comandos de rédeas
também sangra a boca, quase sempre produzindo futuras calosidades nos
pontos de controle da embocadura. É comum encontrar cavalo assim
domado com queixo duro, às vezes até com o pescoço flácido, devido aos
traumatismos no grande músculo braquiocéfalo. Cavalos assim domados,
raramente terão um posicionamento correto da cabeça, devido à flexão
deficiente da nuca ou, em casos extremos, lesão nesta delicada região. A
doma tradicional tende a gerar um cavalo medroso e acuado, extremamente
propenso a adquirir vícios dos mais variados e agressividade como por
exemplo morder, empinar , sentar ,escoicear ,levantar e abaixar a cabeça
bruscamente afim de retirar as embocaduras(freios, bridões), onde o
domador tradicional usa de mais crueldade para a „‟retirada das manias‟‟.

Métodos da doma tradicional onde não se visa o Bem-estar do


animal

- O uso do laço. O giro do laço amedronta o cavalo, que


pressente uma agressão. A laçada entrando na cabeça é dolorosa. O aperto
na garganta faz o cavalo sufocar. - O uso do cachimbo

– Com a orelha torcida por uma das mãos e o lábio superior


torcido pelo cachimbo, o cavalo sente um medo imensurável, afetando
negativamente a assimilação do aprendizado.

- O uso do tronco, onde o cavalo é submetido á uma dolorosa


tortura tendo sua perna traseira esquerda amarrada a sua perna dianteira
direita por até dois dias e depois vice-versa. - O uso das esporas: às vezes
pontiagudas, são aplicados pelo domador tanto na região do baixo-ventre
do animal como em seu pescoço, provocando lesões e perfurações. - O uso
do chicote: Após o cavalo ter sido chicoteado brutalmente, esse
instrumento se torna um objeto de grande pavor. E diversos outros métodos
de „‟tortura‟‟ da doma tradicional são utilizados para se impor submissão
do animal pelo domador.
DOMA RACIONAL

Decorrente da grande paixão por esses maravilhosos animais


resolveram criar um método, dentro dos princípios e ações da doma
racional, onde houvesse maior proximidade entre cavalo e cavaleiro, e onde
os riscos e traumas para o animal reduzissem-se a quase zero.

O método da doma racional é suave para o cavalo, baseia-se no


princípio da não violência. O cavalo é subjugado pela paciência, o carinho,
a aproximação cautelosa, as lições

progressivas e repetitivas, sendo recompensando pelos acertos.


Uma vantagem é que os modernos métodos de criação favorecem o contato
rotineiro entre cavalo e cavaleiro, na alimentação, no controle sanitário, no
manejo reprodutivo, no trato do pêlo. Quando o potro atinge a idade da
doma de sela, aceita a aproximação do treinador com muito mais
facilidade.

Tal método apresenta vantagens e desvantagens perante a doma


comum. Uma das principais vantagens observadas, é o tempo que se leva
para ter um animal domado, que será montado por volta da terceira semana
de trabalho, diferente da doma tradicional que pode-se levar até 6 meses.
Tal método forma cavalos dóceis, capazes de serem conduzidos por
qualquer cavaleiro, seja ele experiente ou uma criança.

Apresenta-se a seguir, as ações básicas que norteiam a doma


racional

1. Dominar o cavalo conquistando-lhe a confiança, e não pelo


medo;

2. Transmitir os comandos com clareza e manter sempre o


comando;
3. Demonstrar ao cavalo, através do afago (carinho), quando ele
responder positivamente a um comando;

4. Encarar cada animal com sua individualidade

5. Ter paciência e repetir os comandos sempre que necessário.

O EQUINO

A visão dos equinos, quando olham para frente é binocular, e,


além de ser reduzida, é focalizada com o movimento da cabeça, sendo
monocular no que se refere à visão lateral, que é muito ampla, mas sem
nitidez. No que se refere à sua audição, são capazes de captar os sons
agudos não audíveis para o homem. Através do movimento das orelhas
ampliam o seu campo auditivo, o que lhes facilita a localização do ponto de
onde o som partiu.

Os equinos são sensíveis às carícias e afagos tanto quanto aos


castigos; no entanto estes deverão ser aplicados, por seu dono,
imediatamente após cometerem um erro. Por exemplo, o cavalo que
corcoveia, deverá apanhar enquanto estiver pulando, não adianta depois
que o cavaleiro cair, montar novamente e se pôr a surrá-lo.

IDADE IDEAL PARA O INÍCIO DA DOMA

O equino pode ser domado em qualquer idade. No entanto,


alguns aspectos básicos devem ser considerados. O animal quanto mais
novo, mais ligeiro se amansa e se submete.

O adulto, muitas vezes, reluta um pouco mais, possuindo maior


força e vigor, o que dificulta o manejo.

Pode ser iniciada logo após o nascimento, sem o uso de cordas ou


buçal, simplesmente
acercando-se do potrinho, mantendo-o seguro com as mãos e
braços, acariciando-o,

fazendo-o perder o medo das pessoas.

DOMA TRADICIONAL X DOMA RACIONAL

Na doma tradicional, o cavalo é submetido ao homem pela força


e pelo medo. Já na

racional, a primeira tarefa é fazer com que o cavalo perca este


medo do homem e, a partir

de então, passe a confiar no domador, por saber que ele estará


protegendo-o e que não vai

lhe causar nenhum mal. Na doma tradicional, é estabelecida uma


espécie de luta, na qual

o homem sempre será o vencedor, na racional, o cavalo é


conquistado.

Na doma racional é utilizada a inteligência do homem e o


entendimento do animal e, na

tradicional, a força e brutalidade do homem e o medo e


submissão do animal.

ERROS E ACERTOS NO MANEJO DO ANIMAL

ACERTOS

1-Aproximar de um potro em início da doma com tranquilidade e


segurança mesmo
com cavalos desconhecidos que você não tenha contato
constantemente. Pegá-los em

um local onde seu espaço seja limitado, facilitando a


aproximação;

2- Colocar o cabresto pelo focinho e passar por trás das orelhas


conversando

principalmente com o potro e outros enquanto coloca lentamente


sem assustá-lo.

3- Usar voz firme e sempre igual, isto é, no mesmo tom para que
o animal entenda o

que você espera dele.

4- Recompensar o cavalo com carinhos no pescoço a cada etapa


executada de maneira

correta, lembrando que se deve premiar no momento em que o


animal realiza

corretamente a tarefa pedida.

5- Parar com a insistência ou aula assim que o animal realize por


algumas vezes o que

lhe foi pedido. Ministrar os ensinamentos progressiva e


repetidamente.

6- Encilhar o animal pelo lado esquerdo, entretanto o cavalo bem


domado aceitará o manejo pelos dois lados.

7- Para cada tipo de animal, melhor dizendo para cada tipo de


modalidade que você quer fazer com seu animal necessita de selas
diferentes, selas tipo australianas são usadas normalmente para cavalos de
marcha, selas tipo Western coloca-se em cavalos Árabes e Quarto de
Milha, selas tipo seletas mais leves usase em cavalos de corrida e saltos.

ERROS

1- Não se aproximar brutalmente principalmente pela sua


traseira. Os cavalos têm medo dos homens e com susto poderão reagir
repentinamente.

2- Não colocar o cabresto rápido e não amassar as orelhas, pois


podem sentir dor ou irritação, e o animal pode reagir e criar traumas,
difíceis de tirarem.

3- Não rode o animal com o cabresto e evitar dar puxões fortes.

4- Não repetir as palavras de comando na hora que o animal está


realizando os ensinamentos. Se ele está fazendo é porque já entendeu e a
voz de comando nessa hora só irá confundi-lo.

5- Não recompensar o animal após não ter feito o que foi pedido
ou recusar. Nunca bata em seu cavalo, pois só servirá para desorientá-lo.

6- Não pare com o trabalho ou a aula no momento que o cavalo


errar o exercício. Caso o cavalo não execute o exercício de forma correta,
mesmo que depois de algumas tentativas, mude o exercício para um mais
fácil e termine a aula. A repetição demasiada cansa fisicamente e
mentalmente o cavalo. Ele ficará cansado e perderá a disposição e o
rendimento. Por isso procure variar as lições para mantê-lo sempre atento e
disposto.

7- Não jogar o material que irá no dorso, pois é um lugar sensível


(perto do rim) e esse impacto provocará dores e traumas.
MONTY ROBERTS: O ENCANTADOR DE CAVALOS

Monty Roberts nasceu em Salinas, Califórnia. Conhecido como o


"homem que ouve cavalos" (Título do seu mais famoso Best-sellerle) leva
uma vida extraordinária. Um treinador premiado de cavalos de
campeonatos mundiais, pai adotivo de 47 crianças (além de três de sua
própria) e criador da técnica de treinamento equina de renome mundial e
revolucionário chamado Join-Up, Monty Roberts podia agora, em seus
últimos anos, estar descansando sobre os louros - mas isso não é o seu
estilo. Monty muitas vezes expressa que seu objetivo na vida é deixar o
mundo um lugar melhor para os cavalos e para as pessoas. Cresceu vendo
seu pai "quebrar" cavalos usando métodos tradicionais que envolvem dor,
controle, medo e coerção. Testando seus novos métodos sobre a natureza
dos cavalos, Monty experimentou algumas de suas novas ideias e foi
prontamente punido por desafiar os métodos tradicionais de seu pai.Seu
método de doma, surgiu exatamente da aversão que tinha aos métodos do
pai, que utilizava violência e formas brutais de dominação do animal (A
doma tradicional). Seu amor pelos animais o fez observá-los em seu estado
natural, soltos em suas manadas nas paisagens naturais do Estado da
Califórnia. Por ser neto de uma índia, aprendeu a considerar o cavalo como
um irmão e utilizou a forma indígena de observar as manadas de cavalos e
sua organização social. Identificou a função secundária do garanhão, que se
dedicava a cuidar de seus haréns e vigiar os predadores; enquanto que cabia
à égua mais velha, a matriarca, a organização hierárquica social, a educação
dos potros, bem como a decisão dos rumos da manada.

JOIN-UP : A TÉCNICA REVOLUCIONÁRIA DA DOMA


RACIONAL CRIADA POR MONTY ROBERTS

O Join-Up® acontece quando o animal escolhe voluntariamente


estar com o ser humano, aceitando sua liderança e sua proteção. Esse
processo de comunicação por meio do comportamento e da linguagem
corporal se baseia em uma relação de confiança. O resultado faz do cavalo
um parceiro voluntário e faz desabrochar seu pleno potencial, seja como
um cavalo de trabalho ou de competição de alto nível.

Dentro dessa técnica Monty desenvolveu uma linguagem a qual


deu o nome de „EQQUS‟,na qual ele usa de linguagens corporais para se
comunicar com o animal. “Descobri que o ingrediente chave da linguagem
„Eqqus‟ é o posicionamento do corpo e sua direção de viagem. A atitude do
corpo relativa ao longo áxis da espinha dorsal e ao pequeno eixo (áxis) é
crucial para o vocabulário dos cavalos. É o vocabulário deles.‟‟
(ROBERTS,1996 , p. 97)

CONCLUSÃO

Nos tempos atuais o Bem-estar animal é visado com suma


importância , sendo assim o uso de métodos racionais sem o uso da
violência contra o animal propõe melhor qualidade de vida do mesmo.
Bibliografia ROBERTS, Monty. O homem que Ouve Cavalos.
Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002. 350p. SOUSA, Cláudio Melo.O
Domador de Cavalos. [s.l.p.]: Record, 1978.137p.
www.afe.com.br/noticia/10199/doma-racional:-a-forma-correta-de-
amansar-equinos GUILHON, Paulo. Doma Racional Interativa. Minas
Gerais: Aprenda Fácil, 2002. 208p.

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