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MANUAL DE BOAS PRÁTICAS

DE PRODUÇÃO DE OVOS E
FRANGOS CAIPIRAS
MANUAL DE BOAS PRÁTICAS DE
PRODUÇÃO DE OVOS E FRANGOS
CAIPIRAS

BELO HORIZONTE
EMATER-MG
SETEMBRO DE 2020
FICHA TÉCNICA
AUTORES:
Márcia Portugal Santana
Coordenadora Estadual de Pequenos
Animais – Emater–MG
Dirceu Alves Ferreira
Coordenador Estadual de Pequenos
Animais – Emater–MG
Luiz Fernando Chaves Mendes
Coordenador Regional de Pequenos
Animais – Emater–MG

REVISÃO:
Lizete Dias
Ruth Navarro

PROJETO GRÁFICO:
Cezar Hemetrio
DIAGRAMAÇÃO:
Igor Bottaro
FOTO DA CAPA:
Arquivo Emater–MG
EMATER MINAS GERAIS
Av. Raja Gabáglia, 1626. Gutierrez
Belo Horizonte, MG.
www.emater.mg.gov.br

Série Ciências Agrárias


Tema Zootecnia
Área Avicultura
SUMÁRIO
1 – INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 6

2 – SELEÇÃO DAS AVES........................................................................................................... 6

3 – INSTALAÇÕES – GALINHEIROS OU GALPÕES...............................................................7

4 – QUANTIDADE DE AVES......................................................................................................9

5 – PIQUETES.............................................................................................................................9

6 – EQUIPAMENTOS..................................................................................................................9

7 – MANEJO DE PINTINHOS.................................................................................................. 11

8 – MANEJO DAS GALINHAS POEDEIRAS...........................................................................13

9 – MANEJO DE FRANGOS PARA ENGORDA......................................................................14

10 – ALIMENTAÇÃO E ÁGUA..................................................................................................15

11 – LIMPEZA E DESINFECÇÃO DAS INSTALAÇÕES E DOS EQUIPAMENTOS...............16

12 – VACINAÇÃO, VERMIFUGAÇÃO E DEFICIÊNCIAS........................................................18

13 – BEM-ESTAR ANIMAL...................................................................................................... 20

14 – OVO E CARNE................................................................................................................. 20

15 – SUGESTÃO DE RAÇÕES PARA GALINHAS CAIPIRAS DE POSTURA.......................21

16 – SUGESTÃO DE RAÇÃO PARA FRANGOS DE CORTE CAIPIRA..................................22

17 – MEDIDAS PREVENTIVAS DE DOENÇAS COM A UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS


NATURAIS..................................................................................................................................22

18 – BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................24
1 – INTRODUÇÃO
Na criação de aves no sistema
caipira, pode-se ter a criação de ciclo
completo, só engorda ou só postura, e
A criação de galinhas e frangos para cada sistema de criação existem
caipiras sempre foi para os pequenos particularidades que serão disponibi-
produtores uma importante fonte de lizadas aqui.
produção de alimentos proteicos (car- Por que o nome caipira? As aves
ne e ovos), o que melhorou substan- são criadas em um sistema semi-in-
cialmente sua alimentação. Todavia tensivo, no qual possuem livre acesso
a criação das aves domésticas, ditas a piquetes, liberdade para expressar
caipiras, nos terreiros das pequenas seus instintos naturais, escolher seus
propriedades, não acompanhou a alimentos, sempre pensando no bem-
evolução tecnológica e, por isso, apre- -estar animal.
senta baixa produtividade e alta mor-

2 – SELEÇÃO DAS
talidade, em função da pouca quali-
dade genética, da falta de cuidados

AVES
higiênico-sanitários e da deficiência
alimentar. Este quadro impossibilita
produtores ou agricultores familia-
res de terem uma produção unifor- É muito importante a definição
me e constante, durante o ano todo. de qual sistema criar e com que fina-
Com o passar dos anos, essa situação lidade, para se ter sucesso na escolha
tem mudado, devido a mudanças de e seleção de aves a serem criadas.
hábitos alimentares das pessoas, ao Temos as raças puras, os cruza-
público diferenciado que paga pelo mentos (linhagens) e as sem raças de-
produto e à valorização do alimento, finidas (SRD). O produtor tem a opção
levando a atividade a um crescimento de escolha de acordo com a ativida-
significativo e tornando-a uma ativi- de que deseja. O importante aqui é o
dade lucrativa, quando bem maneja- manejo que ele dará às aves.
da. Para isso, vários pontos que serão As aves adultas, frangas ou fran-
considerados aqui devem ser obser- gos devem ser selecionados, consi-
vados e seguidos para o sucesso da derando principalmente os seguintes
atividade. Um fator importante a ser aspectos:
observado e bem conduzido é a es-
trutura para a criação, que deve ser
proporcional à quantidade de aves,
funcional e bem manejada dentro das
Boas Práticas.
6 Manual de Boas Práticas de Produção de Ovos e Frangos Caipiras
• saudáveis, sem defeitos físicos, de Uma instalação funcional deve ter:
aplumo;
• boa conformação corporal, boa • Duas paredes de alvenaria
cobertura muscular; (ideal), mas essas paredes podem
ser construídas com material
• sexualmente ativos;
disponível na propriedade,
• galinhas e frangas devem ter como: bambu ou madeira, e duas
posturas frequentes e produção de paredes teladas com fio 24 ou 22;
ovos uniformes e sem defeitos; uso de cortinas.
• frangos e galos devem ser • Telhado: telha de barro (2,66 a
vigorosos, musculosos e pesados. 2,80 m/altura); zinco (3,50 m/
altura); amianto (3 m/altura).
Quando adquirir pintinhos ou Pintar a parte externa da telha de
pintainhas, observar se apresentam amianto de branco, para diminuir
características como bico e canela a absorção de calor e melhorar o
brilhantes e encerados, olhos bri- conforto térmico.
lhantes e ativos. • Passeio ou varanda ao redor da
instalação.

3 – INSTALAÇÕES • Mureta: ideal que tenha entorno


de alvenaria, com 50 cm de altura.
– GALINHEIROS • Piso: firme, de preferência de

OU GALPÕES cimento, com caimento de 1 a 1,5%.


• Construído no sentido leste/oeste.
São os locais onde as aves dor-
mem, botam, chocam, alimentam-se, O galinheiro é a instalação, quan-
bebem água e descansam. do a produção é por meio do ciclo
Devem ser simples, mas funcio- completo, ou seja: galinhas, galos,
nais, estar em um ambiente limpo, em frangas, frangos e pintinhos. Todas as
terreno seco, ensolarado, bem venti- aves devem ser separadas pela fase
lado e protegido dos ventos fortes e de vida, receber os cuidados sanitá-
de animais. rios e o manejo adequado.

Manual de Boas Práticas de Produção de Ovos e Frangos Caipiras 7


Foto 1: Modelo de divisão interna usando bambu – Fonte: produtor Márcio Antônio Santana

Os galpões são instalações para criações de frangas para postura ou fran-


gos para a engorda.

Foto 2: Modelo de galpão e piquetes

Esse galpão podem ser um único, pões, cada um com um piquete.


com 4 piquetes rotacionados, ou divi- Essa variação vai depender do
dido em 2, cada um com dois piquetes produtor, do objetivo de criação e do
rotacionados, ou divididos em 4 gal- manejo que será adotado.

8 Manual de Boas Práticas de Produção de Ovos e Frangos Caipiras


4 – QUANTIDADE
capim-napier. A altura da pastagem
recomendada é de 10 a 20 cm. Al-

DE AVES gumas forrações são mais sensíveis,


necessitando de irrigação, adubação
e rotatividade (média de 7 dias), para
O número de aves dependerá das a densidade de 1 ave/3 m². Essa área
possibilidades do produtor e do local indicada é a área total dos piquetes.
de criação.

• Aves adultas (galinhas e ou galos) 6 – EQUIPAMENTOS


= 5 aves/m².
Dependendo da quantidade de
• Cria (pintinhos com até 30 dias de
aves, da idade delas, da mão de obra
vida) = 20 a 30 pintinhos/m².
disponível e do poder aquisitivo do
• Uso do círculo de proteção = 50 a produtor, haverá ajustes quanto ao
70 pintinhos/1,20 m². manejo, ao material usado, à quanti-
• Recria: aves de 31 a 60 dias de dade e ao tamanho.
vida: 15 a 20 aves/m².
6.1 – BEBEDOUROS
• Terminação: aves de 61 a 120 dias
de vida = 10 aves/m².
1º – 3º dia de vida: (água 2 h antes da
ração)

5 – PIQUETES 
Colocar água + açúcar + sal
(25 l – 1 kg – 100 g)
Os piquetes são áreas onde as
HIDRATAR/COMBATER ESTRESSE
aves vão escolher alimentos diversifi-
cados, exercitar, brincar, tomar banho
de sol, de terra, exercer seus instintos • Até 10 dias de vida – bebedouro de
naturais. pressão (3 l/60 aves).
Podem ser rotacionados ou não, • Após 10 dias de vida – bebedouros
ter cobertura vegetal ou ser de terra. pendulares (1:100) ou nipple (1:40).
Podem ser em áreas de pomar ou de
pós-colheita Os bebedouros devem ser regula-
Para forração dos piquetes, é dos sempre na altura de acordo com a
recomendado o uso de tifton, ca- idade das aves. No pendular, a regu-
pim quicuio, coastcross, estilosan- lagem e a borda superior 5 cm acima
tes, como a grama-seda, estrela, e o

Manual de Boas Práticas de Produção de Ovos e Frangos Caipiras 9


do dorso das aves, no nipple, a regu- ave (idade)
lagem de 35 a 45 graus de inclinação
• Pintinhos4poleiros baixos para
é para pintinhos, e para aves adultas,
aprendizagem
de 75 a 85 graus de inclinação.

6.4 – NINHOS
6.2 – COMEDOUROS

• Ideal41:4 galinhas
• Até 4 dias de vida – Comedouros
tipo bandeja 30X40X50 (50 aves) • Local4calmo/reservado para
- Fornecer menor quantidade reprodução
de ração mais X ao dia = evitar
• Altura440 – 60 cm do piso/pouco
desperdício
inclinado
• Após 4 dias de vida – Comedouros
• Dimensão430 cm L x 35 cm A x 30
Tubular (1:40). Devem ser
cm C
regulados sendo a borda do
comedouro na altura do dorso da • Material4diversos – recomendado
ave. plástico
• Cama4capim seco/serragem
Devem ser regulados, sendo a grossa (fundo: folhas de fumo/
borda do comedouro na altura do repelente)
dorso da ave.
6.5 – CAMA DE AVIÁRIO – forração do
6.3 – POLEIROS piso do galinheiro ou galpão

• Vertical (escada) e horizontal • Diminui o atrito das aves com o


(mesa) piso.
• Fixados440 – 60 cm do piso • Aumenta o conforto das aves.
• Espaço420 – 25 cm entre as • Ter altura de 5-8 cm (verão) ou
aves/50 cm entre os poleiros 8-10 cm (inverno)
• Comprimento4calculado com • Adquirir produto idôneo, livre de
base no número de aves cheiro forte, de resíduos de outros
• Material 4áspero/roliço produtos

• Diâmetro 4proporcional ao pé da • Não deixar acumular placas (fezes,


água)

10 Manual de Boas Práticas de Produção de Ovos e Frangos Caipiras


• Podem-se usar maravalha, bagaço rão mais cuidados, como: água, aque-
de cana seca, capim seco, restos cimento, ração de melhor qualidade,
culturais de café, palha de arroz, vacinas e medicamentos. Além disto,
etc. estarão afastados das aves adultas
que podem transmitir doenças. As-

7 – MANEJO DE
sim, a mortalidade diminuirá sensi-
velmente; e o desempenho melhorará

PINTINHOS
substancialmente.
Uma área de 1 metro quadrado
será suficiente para 20 a 30 pintinhos.
A alta mortalidade de pintinhos Os pinteiros podem ser construídos
na criação caipira ou no sistema cai- na própria propriedade ou compra-
pira de criação está relacionada com dos no comércio (criadeiras teladas).
o manejo e a alimentação inadequa- As instalações devem ser sim-
dos e com a não observância dos as- ples. Os pinteiros suspensos são in-
pectos de higiene e sanidade. teressantes do ponto de vista sanitá-
É preciso que os pintinhos produ- rio, para se evitarem doenças, como a
zidos na propriedade ou os adquiri- coccidiose, por exemplo.
dos com um dia de vida de incubató- É essencial que nos primeiros 10
rios idôneos recebam cuidados, para dias de criação, os pintinhos possam
que se desenvolvam saudavelmente, contar com uma fonte de calor, forne-
aumentando, assim, a produtividade cida por uma lâmpada de 60 watts in-
da criação. candescente, colocada em uma cam-
Os pintinhos devem ser criados pânula. A campânula será regulada,
em pinteiros pelo menos até 4 sema- podendo ser suspensa ou abaixada,
nas de idade. No pinteiro, eles recebe- conforme comportamento dos pinti-
nhos.

Manual de Boas Práticas de Produção de Ovos e Frangos Caipiras 11


Foto 3: Disposição dos equipamentos dentro do círculo e comportamento das aves ao
calor Fonte: produtor Márcio Antônio Santana

É muito comum o uso do círculo e seco, casca de arroz, etc. Nos dois
de proteção em galpões para receber primeiros dias, a cama deve ser reco-
os pintinhos com até 15 dias de vida, berta por papel ou jornal, para evitar
onde receberão todos os cuidados que os pintinhos se alimentem dela.
necessários. Pode ser feito de euca- Nos períodos de frio intenso, é
tex, papelão, zinco. conveniente ou recomendado o uso
É importante que no piso dos de cortinas no pinteiro, que poderão
pinteiros tenha uma cama, que pode ser feitas de sacos de ração (plásti-
ser de diversos materiais, como: cepi- co ou de papel) ou outro de material
lho de madeira, sabugo de milho tri- apropriado.
turado, capim-elefante desintegrado

12 Manual de Boas Práticas de Produção de Ovos e Frangos Caipiras


8 – MANEJO
de acordo com cada fase de vida, po-
leiros e ninhos. Comedouros com cal-

DAS GALINHAS cário calcítico também poderão estar


disponíveis para as aves. Os animais

POEDEIRAS encontrados mortos deverão ser reti-


rados diariamente, pois podem pro-
vocar o aparecimento do botulismo,
Neste sistema de semiconfina-
doença que acarreta alta mortalidade.
mento recomendado, as aves serão
A colheita dos ovos deverá ser
recolhidas ao galinheiro ou galpões
feita duas a três vezes por dia, para
ao anoitecer e, na manhã seguinte,
evitar contaminações, quebras e su-
soltas em torno de 11 horas, período
jeira.
em que receberão a alimentação ba-
A criação conjunta de perus, pa-
lanceada e botarão os ovos. Para isso,
tos e outras espécies de galinhas não
há necessidade da instalação fecha-
pode ser feita em um mesmo ambien-
da. Quando a criação envolve frangos
te, pois apresenta problemas sanitá-
e galinhas poedeiras, sugere-se que
rios, além de causar prejuízos com a
todas as aves sejam presas à tardinha
alimentação. Essas aves devem ser
e, na manhã seguinte, após recebe-
criadas separadamente.
rem a ração balanceada, sejam soltos
Para se ter uma produção cons-
as frangas e frangos, deixando as ga-
tante de ovos, recomendam-se, pelo
linhas poedeiras e as prestes a entra-
menos, 2 lotes de aves: no 1º lote gali-
rem em postura presas até 11 horas.
nhas botando e no 2º lote frangas ini-
Este manejo permitirá mais cuidado
ciando a postura, fornecer ração ba-
com as aves, quando serão ofertados
lanceada de postura, acesso livre aos
melhor alimentação, tratamento com
ninhos, aves selecionadas, calmas,
vermífugos, vacinas e outros medi-
sem defeitos. A maturidade sexual é
camentos, se necessários, e melhor
em média com 18 semanas, e o início
observação da postura das aves. É
da postura é com 20 a 21 semanas du-
também na parte da manhã que as
rante 1 a 2 anos.
galinhas botam mais ovos.
A ave quando está botando apre-
Na área do galinheiro ou galpão,
senta cristas maiores, mais verme-
as aves deverão ter à disposição água
lhas, canela clara e são mais magras.
de boa qualidade e ração balanceada

Manual de Boas Práticas de Produção de Ovos e Frangos Caipiras 13


O QUE OBSERVAR E • MUDA

ATENTAR QUANDO AS A troca de pena ou queda de pena


entre a 10ª e 14ª semana de produção
GALINHAS PARAM DE é natural, assim como o período de
BOTAR descanso. Elas depois voltam a pro-
duzir. Geralmente dura de 3 a 4 meses.

• IDADE
Galinhas possuem vida útil pro-
CICLO DE PRODUÇÃO DE
dutiva para botar ovos até 2,5 anos. OVOS
Depois diminuem e param.
• ALIMENTAÇÃO 20 – 21 semanas4Iniciam a produção
O balanço nutricional é muito 26 a 28 semanas4Pico postura
importante, principalmente proteína 30 semanas487 a 88% botando
e cálcio. Galinhas gordas não botam. Por 15 semanas4permanecem com a
Formam o ovo e acumulam. Muita produção
ração ou ração balanceada mistura- 
da com milho engorda as galinhas. A 1,5 – 2 anos
ração já é balanceada. Não pode dar

9 – MANEJO DE
milho, pois é um alimento energético.
O ideal são galinhas com peso 1,5
a 2 kg/PV = fornecer 100 g/ração/dia/
galinha divididos em 2 a 3 vezes ao FRANGOS PARA
dia. No intervalo entre a ração, forne-
cer alimentação verde para diminuir o
ENGORDA
estresse.
• Lotes: pelo menos 2 lotes.
• DOENÇA
Manter o ambiente sempre hi- • Fornecer ração de engorda ou
gienizado e desinfetado. Aves sempre terminação.
vacinadas. • Não apresentar defeitos/
• ESTRESSE selecionados.
O estresse faz com que as gali- • Abate – Após 70 dias até 120 dias –
nhas parem de botar. O ambiente tem caipira.
que ser calmo, quieto, sem trânsito de
• Peso médio – 2,5 kg/PV.
pessoas e animais.

14 Manual de Boas Práticas de Produção de Ovos e Frangos Caipiras


10 – ALIMENTAÇÃO • Proteicos: farelo de soja, de
girassol, de amendoim, farinha

E ÁGUA de peixe, feijão-comum, folha de


mandioca, ora-pro-nóbis, grãos
de leguminosas (guandu, mucuna,
• Uso de ração balanceada feijão-de-porco, leucena, fava).
específica a cada fase de vida
(inicial, crescimento, postura e • Fontes minerais: calcário calcítico
engorda). ou farinha de concha, fosfato
bicálcico ou farinha de osso
• Complementar a alimentação à calcinada, sal comum (cálcio,
base de capins, restos culturais, fósforo, sódio e cloro).
frutas, minhocas e insetos.
• Micronutrientes: premix e núcleos
– vitaminas e micronutrientes.
QUANTIDADE DE RAÇÃO
BALANCEADA/AVE/DIA ALIMENTOS ALTERNATIVOS

POSTURA Abóbora, couve, repolho, alface


(com restrições), chicória, mostarda,
Inicial: 1ª a 8ª semana440 g/dia/ave inhame, taioba, frutas diversas, pau-
Crescimento: 9ª a 18ª semana470 g/ -ferro, algaroba, capins, raiz de man-
dia/ave dioca, cana, batata-doce, folha de
Postura: 18ª semana ao fim da mandioca, ora-pro-nóbis, grãos de
vida4≈110 g/dia/ave leguminosas (guandu, mucuna, feijão-
-de-porco, leucena, fava), folha de ba-
CORTE naneira, pseudocaule da bananeira e
restos culturais como capins.
Inicial: 1ª a 5ª semana440 g/dia/ave Ofertar os alimentos alternativos
Engorda: 6ª semana ao abate4110 a diariamente e, no final do dia ou dia
200 g/dia/ave seguinte, retirar o excedente, o que
não foi comido, para evitar contami-
RAÇÃO BALANCEADA nação, principalmente as frutas.
Recomendam-se comedouros com
calcário calcítico como suplementação,
• Energéticos: milho, sorgo, milheto,
principalmente para as poedeiras, e
raiz de mandioca, cana, batata-
pigmentantes, como: urucum, açafrão,
doce, banana.
abóbora, para melhorar a pigmentação
dos ovos e carne.
Além dos alimentos, são impor- ser feitas sistematicamente, sempre
tantes na dieta das aves caipiras: in- utilizando EPIs. Esses procedimentos
setos, pequenos animais e pedriscos são necessários para que não haja
(importante para digestão – moela). contaminações, problemas sanitários
e que, no final da cadeia produtiva, os
ÁGUA produtos como os ovos e carnes es-
tejam aptos a serem consumidos na
• Fresca/pura/temperatura 20º C alimentação humana.

• Regula temperatura corporal/


11.1 – LIMPEZA DAS INSTALAÇÕES
auxilia a digestão
1 – Uso de EPIs (calça/bota/lu-
AVE NÃO PRODUZ SALIVA – UMEDECER vas/máscara/blusa de manga com-
ALIMENTO prida).
2 – Retirada das aves do local.
• Consumo: 2 a 3 l/kg de ração 3 – Retirada de equipamentos/
ninhos/poleiros.
• Captada de caixa-d’água, livre
4 - Vassoura de fogo em toda a
de microrganismo patogênicos/
cama/poleiros/ninho/telado/fres-
tratada
tas/mureta/cortina.
5 – Cama: leirar a cama e desin-

11 – LIMPEZA E fectar ou retirar toda a cama – com-


postagem.
DESINFECÇÃO 6 – Varrer/lavar com água e sabão
neutro toda a instalação (paredes,
DAS teto, tela, cortinas).

INSTALAÇÕES
7 – Deixar secar. Se estiver na
época de fazer a desinfecção, ela deve

E DOS
ser feita, se não, depois de seco, colo-
car a cama, equipamentos e aves.

EQUIPAMENTOS 8 – Área externa e piquetes: lim-


par/varrer/rastelar.

É importantíssimo proceder à hi- 1 vez semana ou quando houver


gienização e desinfecção de toda a necessidade
instalação e dos equipamentos dia-
riamente, nos alojamentos. Devem

16 Manual de Boas Práticas de Produção de Ovos e Frangos Caipiras


11.2– DESINFECÇÃO DAS INSTALAÇÕES tada e reutilizada. Para isso a reutili-
zação só pode ser feita por lotes que
1 – Depois de varrer e lavar. não tiveram problemas sanitários.
2 – Pulverizar toda a instalação/
poleiros/ninho com produto registra- 1 – Retirar partes da cama molha-
do ou autorizado afim. da, com muitos excrementos e passar
3 – Deixar secar. vassoura de fogo, para queimar o ex-
4 – Caiar usando: cal hidratada cesso de penas, e jogar cal.
a 25% ou cal virgem a 50% – deixar 2 – Umedecer a cama e fazer uma
secar. leira em local seco e protegido (pode
5 – Colocar a cama, os equipa- ser no galpão vazio). Cobrir com lona.
mentos e as aves. 3 – Deixar por um período míni-
mo de 8 dias, sendo o ideal 21 dias
É feita logo após a limpeza – mínimo (vazio sanitário).
de 3 em 3 meses 4 – Após o tratamento, revolver a
cama até que atinja umidade de 20 a
11.3 – LIMPEZA E DESINFECÇÃO DOS 25%.
EQUIPAMENTOS
11.5 – DESTINO DAS CARCAÇAS
Diariamente, os equipamentos
devem ser limpos e, periodicamente, Diariamente, quando realizar a hi-
desinfetados. gienização das instalações e dos equi-
pamentos, é fundamental proceder à
1 – Retirar crostas de fezes/comi- remoção das carcaças (aves descarta-
da velha/mofada e molhada. das e mortas), para o controle da mul-
2 – Lavar água corrente/sabão tiplicação e disseminação de micro-
neutro – SECAR. -organismos patogênicos dentro da
criação. O descarte pode ser feito em
1 vez por semana4desinfetar com fossas sépticas no caso de menor nú-
produtos registrados ou autorizados mero de aves, porém é importante que
– IMERSÃO. sejam construídas em locais secos,
longe de lençóis freáticos e a 200 m do
11.4 – DESINFECÇÃO DA CAMA AVIÁRIA galinheiro ou galpão. O ideal é que se
faça a compostagem das carcaças.
Após a retirada da instalação, a
cama deve ser ensacada. Ela pode ser
usada como compostagem ou ser tra-
12 – VACINAÇÃO,
As principais deficiências são:

VERMIFUGAÇÃO • beber ovo4deficiência de


proteína;
E DEFICIÊNCIAS • arrancar pena4estresse/
deficiência cálcio;
A infestação por verminose se dá:
• canibalismo4deficiência proteína/
estresse/manejo.
• De ave para ave.
• Pela ingestão de larvas/ovos/ A vacinação é um desafio sani-
parasita. tário e deve estar de acordo com as
• Por hospedeiros (insetos e normas vigentes, que devem ser se-
moluscos). guidas, de acordo com a probabilida-
de de doenças na região.
• Por meio de água e alimento Os pintinhos adquiridos de in-
contaminados. cubatórios idôneos já vêm vacinados
contra marek e bouba aviária. Os ad-
Vermífugos naturais podem ser quiridos de outras origens ou produ-
usados, como: pseudocaule e folha de zidos na propriedade deverão seguir
bananeira, limão, semente de abóbo- um esquema de vacinação sugerido
ra, semente de mamão, etc. ao lado.
CALENDÁRIO DE VACINAÇÃO AVICULTURA

IDADE (dias) DOENÇA VIA DE APLICAÇÃO

1 marek + bouba subcutânea

2 bronquite ocular/nasal

7 gumboro forte ocular/nasal

14 newcastle + bronquite ocular/nasal

newcastle + bronquite +
21 ocular/nasal
gumboro forte

bouba forte
26 membrana da asa intramuscular
coriza

coriza Infecciosa
49 intramuscular
(aquosa)

60 cólera e tifo aviário Intramuscular

newcastle + bronquite +
66 ocular/nasal
gumboro forte

coriza/intramuscular intramuscular
90
newcastle + bronquite ocular/nasal

cólera e tifo (Não


100 vacinar 45 dias antes intramuscular
do abate.)

newcastle + bronquite
130 intramuscular (as duas)
(tríplice oleosa)

Obs.: Outras vacinas devem ser utilizadas somente em regiões onde hou-
ver a presença destas doenças, seguindo a orientação do médico veterinário.
13 – BEM-ESTAR
ANIMAL
• livre de doenças e injúrias;
• livre de desnutrição; ≠ OVO CAIPIRA
• livre para expressar o
comportamento; • Qualidade vida das aves – bem-
• livre para se movimentar; estar animal

• livre do medo e do sofrimento. • Mais saboroso


• ↑ Betacaroteno (convertido Vit. A

14 – OVO E = imunologia)
• ↑ Vit. A, E, ômega-3
CARNE • Os ovos devem ser colhidos 2
a 3 vezes por dia nos ninhos,
Os cuidados com as Boas Práticas armazenados em local fresco,
de Produção e Fabricação devem ser seco, escuro, por menos tempo
seguidos. Podem interferir no sabor, possível e com a ponta mais fina
na cor, na textura e nos nutrientes dos para baixo.
ovos.

TERMO “OVO CAIPIRA”4pela ≠ CARNE CAIPIRA


maneira de criação e não pela cor da
casca e gema • Caipira4sistema semiconfinado
• ↑ Saborosa/menos teor de
gordura/↑firme/pigmentada
• Qualidade da carne4depende
• Genética/sanidade/manejo/
alimentação/abate/
processamento/outros fatores
15 – SUGESTÃO
RECRIA – 9º a 18 semanas de vida –
(70g/ração/dia/ave)

DE RAÇÕES Ingredientes Quantidade em Kg


PARA GALINHAS Farelo de

CAIPIRAS DE
62
Milho

POSTURA
Farelo de
20
Soja

Farelo de
14
INICIAL – 1º a 8º semanas de vida – Trigo
(40g/ração/dia/aves) Calcário
0
Calcítico
Ingredientes Quantidade em Kg Núcleo –
4
Farelo de Recria
63
Milho
POSTURA – 19º semanas até o fim ci-
Farelo de
33 clo - (~ 110g/ração/dia/aves)
Soja

Farelo de
0 Ingredientes Quantidade em Kg
Trigo
Farelo de
Calcário 60
0 Milho
Calcítico
Farelo de
Núcleo - 23
4 Soja
Inicial
Farelo de
5
Trigo

Calcário
8
Calcítico

Núcleo –
4
Postura
16 – SUGESTÃO
ENGORDA – 61 a 120 dias (~ 110 a
120g/ração/dia/aves)

DE RAÇÃO PARA Ingredientes Quantidade em Kg


FRANGOS DE Farelo de

CORTE CAIPIRA
82
Milho

Farelo de
14
INICIAL – 1 a 30 dias ( ~ 40g/ração/ Soja
dia/aves)
Núcleo -
4
Engorda
Ingredientes Quantidade em Kg

Farelo de

17 – MEDIDAS
63
Milho

PREVENTIVAS DE
Farelo de
33
Soja

Núcleo -
4 DOENÇAS COM
A UTILIZAÇÃO
Inicial

RECRIA – 31 a 60 dias (~ 70g/ração/


dia/aves) DE PRODUTOS
Ingredientes Quantidade em Kg
NATURAIS
Farelo de Além de manter o calendário de
68 vacinação das aves em dia, também
Milho
podem-se usar alguns produtos na-
Farelo de turais como preventivos, conforme
28
Soja experiências de alguns agricultores
Núcleo - familiares, como as sugestões abaixo
4 para aves caipiras, acima de 30 dias
Recria
de idade.
ALHO (Allium sativum) MAMÃO VERDE (Carica
papaya)
No tratamento de aves, pode ser
usado para combater verminoses e Usado como anti-helmíntico, an-
doenças respiratórias. Eficiente por tioxidante, anti-inflamatório, digesti-
ser um excelente antibiótico natural. vo, vermífugo, cicatrizante e expecto-
Amasse sete dentes de alho e po- rante.
nha em uma garrafa (tipo PET) de dois Colocar pedaços nos piquetes
litros, com água limpa e deixe por 24 após o fornecimento da ração balan-
horas. Colocar no bebedouro das aves ceada. Oferecer no máximo duas ve-
durante sete dias consecutivos. Após zes por semana.
esse período, voltar ao fornecimento
normal de água. Repita o tratamento
a cada 15 dias.
BANANEIRA (Musa
LIMÃO (Citrus limonium) paradisiaca)

O uso da folha da bananeira e do


Utilizado em função de suas pro-
pseudocaule demonstrou eficácia no
priedades medicinais, como: anti-in-
combate a verminoses.
flamatória, antisséptica, bactericida,
Oferecer às aves folhas da bana-
expectorante, vermífugo natural e vi-
neira (inteiras ou picadas), de forma
tamina C.
que todas elas possam ficar bicando
Esprema o suco nos bebedouros
pelo piquete, por um período de cinco
das aves durante três dias consecuti-
dias consecutivos. (Repetir a cada 15
vos. (Repita a cada 15 dias.)
dias.)
O pseudocaule deve ser ofereci-
do às aves da mesma forma.
18 – BIBLIOGRAFIA
SOBREIRA, (RS) R.S. Criação de
galinhas caipiras. Embrapa Meio
Norte, Brasília, DF. 73 p. 2007. : il.
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técnicas, 1. 1986. 20p.
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Orgânico. 2 ed. rev. ampl. Embrapa Brasília, DF. 2p
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• PRADO, G.A.F.; PRADO, G.F. Criação e
Manejo de Aves Poedeiras. (Uniube)
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• SAGRILO, E.; VIEIRA, F.J.; NETO, R.B.;
CIÊNCIAS AGRÁRIAS

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