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Décio Terror Filho

Aula 12
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Interpretação
de textos
literários ou
não-literários.
Figuras de
linguagem.
Autor:
Décio Terror Filho
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Interpretação de textos. 1

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Sumário

1 – Reconhecimento de tipos textuais ............................................................................... 3

1 – Descritivo .................................................................................................................................................. 3

2 – Narrativo .................................................................................................................................................. 4

3 – Dissertativo............................................................................................................................................... 5

2 – Interpretação de informações explícitas e explícitas .................................................... 8

3 – Compreensão e intelecção de textos .......................................................................... 13

4 – Lista de questões de revisão....................................................................................... 69

5 – Gabarito ..................................................................................................................... 99
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Olá, pessoal!

Veremos nesta aula as a interpretação e compreensão de textos.

Nesta aula, procurarei trabalhar com textos bem didáticos a fim de você entender a dinâmica da
interpretação do texto.

1 – Reconhecimento de tipos textuais


A organização básica do texto encontra-se em três tipos: descritivo, narrativo e dissertativo.

1 – Descritivo

Descritivo: O texto descritivo enfatiza o estático, é um retrato, um recorte de uma paisagem, uma
ação, um costume. O texto descritivo vai induzindo o leitor a imaginar o espaço, o tempo, o costume, isto é,
tudo que ambienta a história, a informação.

“Luzes de tons pálidos incidem sobre o cinza dos prédios. Nos bares, bocas cansadas conversam,
mastigam e bebem em volta das mesas. Nas ruas, pedestres apressados se atropelam. O
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trânsito caminha lento e nervoso. Eis São Paulo às sete da noite.”

(em Platão e Fiorin)

Podemos notar no texto muitos adjetivos, juntamente com a enumeração de substantivos e verbos.
Não há interpretação de movimento neste texto. Tudo é recorte de instantes, por isso poderíamos pintar um
quadro com base na imagem que ele nos sugere.

Assim, descrever é enumerar características, ações e elementos que produzem uma imagem
“congelada” do instante ou da rotina.

Dentre a variedade de textos descritivos, ressaltam-se os textos instrucionais, injuntivos. Veja um


exemplo:

INSTRUÇÕES
Verifique se este caderno:
- corresponde a sua opção de cargo.
- contém 70 questões, numeradas de 1 a 70.
- contém a proposta e o espaço para o rascunho da Prova Discursiva. Caso
contrário, reclame ao fiscal da sala outro caderno.
Não serão aceitas reclamações posteriores.
- Para cada questão existe apenas UMA resposta certa.
- Leia cuidadosamente cada uma das questões e escolha a resposta certa.
- Essa resposta deve ser marcada na FOLHADE RESPOSTAS que você recebeu.
Capa de uma prova de concurso

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Este texto é uma capa da prova de concurso. Nele se observa uma ordenação lógica, uma interlocução
direta com o leitor (o candidato ao cargo). Assim, a característica fundamental do texto instrucional é
levar o receptor a modificar comportamento, a agir de acordo com os preceitos emanados do texto, seguir
a sequência. Este tipo de texto é também chamado de injuntivo ou prescritivo. Apresenta em sua estrutura
procedimentos a serem seguidos.

Portanto, o texto descritivo pode se manifestar por meio de vários gêneros textuais, como manual de
instrução, bula, capa de uma prova de concurso, fragmentos enumerativos de um edital, receita, os quais
serão vistos adiante.

A organização básica do texto encontra-se em três tipos: descritivo, narrativo e dissertativo.

2 – Narrativo

Diferentemente do texto descritivo, o narrativo é aquele que trabalha o movimento, as ações se


prolongam no tempo, sendo esta a característica principal. Narrar é contar uma história, baseando-se na
ótica do narrador (aquele que conta), sobre uma ou mais ações de um personagem(ns), numa sequência
temporal, em determinado lugar. A história pode ser imaginária (ficção) ou real (fato). Pode ser contada por
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alguém que é o pivô da história (narrador-personagem), ou por alguém que está testemunhando as ações
(narrador-observador). Quando há o narrador-personagem, há verbos e/ou pronomes em primeira pessoa
do singular. Quando há narrador-observador, há verbos e/ou pronomes em terceira pessoa.

Muitas vezes, quando o autor de um texto quer considerar um problema relevante na sociedade,
parte de um fato (narra uma pequena história real) e a partir dela tece suas considerações. Assim, pode-se
dizer que a primeira parte do texto é narrativa e a segunda é dissertativa, a qual será vista adiante.

Eis, a seguir, um bom exemplo deste tipo de texto encontrado na prova da banca CESPE (médico
perito INSS -2009), em que os elementos da narrativa se fazem presentes.

A Revolta da Vacina

O Rio de Janeiro, na passagem do século XIX para o século XX, era ainda uma cidade de ruas estreitas
e sujas, saneamento precário e foco de doenças como febre amarela, varíola, tuberculose e peste. Os navios
estrangeiros faziam questão de anunciar que não parariam no porto carioca e os imigrantes recém-chegados
da Europa morriam às dezenas de doenças infecciosas.

Ao assumir a presidência da República, Francisco de Paula Rodrigues Alves instituiu como meta
governamental o saneamento e reurbanização da capital da República. Para assumir a frente das reformas,
nomeou Francisco Pereira Passos para o governo municipal. Este, por sua vez, chamou os engenheiros
Francisco Bicalho para a reforma do porto e Paulo de Frontin para as reformas no centro. Rodrigues Alves
nomeou ainda o médico Oswaldo Cruz para o saneamento.

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O Rio de Janeiro passou a sofrer profundas mudanças, com a derrubada de casarões e cortiços e o
consequente despejo de seus moradores. A população apelidou o movimento de o “bota-abaixo”. O objetivo
era a abertura de grandes bulevares, largas e modernas avenidas com prédios de cinco ou seis andares.

Ao mesmo tempo, iniciava-se o programa de saneamento de Oswaldo Cruz. Para combater a peste,
ele criou brigadas sanitárias que cruzavam a cidade espalhando raticidas, mandando remover o lixo e
comprando ratos. Em seguida o alvo foram os mosquitos transmissores da febre amarela.

Finalmente, restava o combate à varíola. Autoritariamente, foi instituída a lei de vacinação


obrigatória. A população, humilhada pelo poder público autoritário e violento, não acreditava na eficácia da
vacina. Os pais de família rejeitavam a exposição das partes do corpo a agentes sanitários do governo.

A vacinação obrigatória foi o estopim para que o povo, já profundamente insatisfeito com o “bota-
abaixo” e insuflado pela imprensa, se revoltasse. Durante uma semana, enfrentou as forças da polícia e do
exército até ser reprimido com violência. O episódio transformou, no período de 10 a 16 de novembro de
1904, a recém-reconstruída cidade do Rio de Janeiro em uma praça de guerra, onde foram erguidas
barricadas e ocorreram confrontos generalizados.

Internet: <www.ccs.saude.gov.br> (com adaptações).

Observe os traços temporais que marcam a evolução dos acontecimentos, ao mesmo tempo em que
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as ações vão sendo desenvolvidas num cenário (Rio de Janeiro). Veja os elementos temporais: “na passagem
do século XIX para o século XX”; “Ao assumir a presidência da República”; “Ao mesmo tempo”; “Em seguida”;
“Finalmente”; “Durante uma semana”; “no período de 10 a 16 de novembro de 1904”.

Com isso, observa-se que há uma história sendo contada por alguém que não participou dela
(narrador-observador). Ele não tem necessidade de se posicionar diante de alguma situação, o que se
pretende com o texto é narrar um fato que ocorreu no Rio de Janeiro.

3 – Dissertativo

Dissertar é um processo em que o emissor transmite conhecimento, relata, expõe ideias, discorre
sobre determinado assunto, argumenta. De certa maneira, o texto mostra o ponto de vista que o autor tem
de determinado assunto, fundamentado em argumentos e raciocínios baseados em sua vivência,
conhecimento, posturas.

É certo dizer que ele engloba um conjunto de juízos. É próprio de temas abstratos e usado em textos
críticos, teses, exposição, explanação e argumentação.

Dependendo do ponto de vista, da organização e do conteúdo, a dissertação pode simplesmente


relatar saberes científicos, dados estatísticos, etc ou pode também buscar defender um princípio, uma visão
parcial ou não de um assunto, apresentando argumentos precisos, exemplos, contradições, comparações,
causas etc, para defender suas ideias. Sua estrutura normalmente é a seguinte:

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1) Introdução: é o parágrafo que abre a discussão ou simplesmente expõe a informação principal, da


qual se partirá nos próximos parágrafos à exemplificação, explicação, etc. Neste parágrafo normalmente se
encontra o tópico frasal, o qual também é entendido como tese, cuja função é transmitir a opinião do autor,
o centro da informação.

2) Desenvolvimento: pode ser composto de um ou mais parágrafos, os quais servem para ampliar e
analisar o conteúdo informado na introdução. Nele, encontramos os procedimentos argumentativos, que
podem conter a relação de causa e consequência, exemplificações, contrastes, citações de autoridades no
assunto. Enfim, é o debate ou simplesmente o mergulho nas implicações do tema.

3) Conclusão: é o fechamento da informação, seja ela crítica ou não. Muitas vezes iniciadas por
elementos como “Portanto”, “Em suma”, “Enfim”, etc. Nela há normalmente a ratificação, confirmação da
tese, tomando por base os argumentos dos parágrafos de desenvolvimento.

Com base nisso, a dissertação se divide basicamente em dois tipos:

a) Dissertativo-expositivo: quando o autor apenas transmite os saberes de uma comunidade (como


em livros didáticos, enciclopédias etc), não colocando sua opinião sobre o assunto, mas apenas os dados
objetivos.

Ferramenta que devolve spam ao emissor já é realidade


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Uma nova ferramenta para combater a praga do spam foi recentemente desenvolvida. O sistema é
capaz de devolver os e-mails inconvenientes às pessoas que os enviaram, e está estruturado em torno de uma
grande base de dados que contém os números de identificação dos computadores que enviam spam. Depois
de identificar os endereços de onde procedem, o sistema reenvia o e-mail ao remetente.

A empresa que desenvolveu o sistema assinalou que essa ferramenta minimiza o risco de ataques de
phishing, a prática que se refere ao envio maciço de e-mails que fingem ser oficiais, normalmente de uma
entidade bancária, e que buscam roubar informação como dados relativos a cartões de crédito ou senhas.

Internet: <http://informatica.terra.com.br>. Acesso em mar./2005 (com adaptações).

(Prova: ANS / 2005 / superior/ CESPE)

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados
e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos:

I - a soberania;

II - a cidadania

III - a dignidade da pessoa humana;

IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

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V - o pluralismo político.

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

(Excerto da CF/88. In: http://www.planalto.gov.br)

Não se nota em nenhum dos dois textos a intervenção do autor, sinalizando sua opinião. Houve
apenas a exposição de fato (no primeiro) e de dado conceitual (no segundo). A base deles foi a transmissão
do saber, a informação. Por isso são textos dissertativo-expositivos.

b) Dissertativo-argumentativo ou opinativo: quando o autor transmite sua opinião dentro do texto.


Geralmente é o cobrado nos concursos, tanto em interpretação de textos quanto na elaboração de redações.

Veja alguns exemplos de texto dissertativo-argumentativo:

Existe, por certo, um abismo muito largo e profundo entre a cosmovisão dos médicos em geral
(fundada em sua leitura dos fenômenos biológicos) e as concepções de vida da vasta maioria da população.
Salta à vista, na abordagem do assunto (a ética e a verdade do paciente), que se fica, mais uma vez, diante
da pergunta feita por Pôncio Pilatos a Jesus Cristo, encarando, como estava, um homem pleno de sua
verdade, “O que é a verdade?” E é evidente que um e outro se cingiam a verdades díspares.
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Dalgimar Beserra de Menezes. A ética médica e a verdade do paciente. In: Desafios éticos, p. 212-5 (com
adaptações). (Prova: ANS / 2005 / superior)

Com pouco mais de meio século de atividade da indústria automobilística no Brasil, de acordo com
registros, foram vendidos 2,5 milhões de carros. Contraposto aos sucessivos recordes de congestionamentos
nas grandes cidades brasileiras, esse resultado expõe as fragilidades de um modelo de desenvolvimento e
urbanização que privilegia o transporte motorizado individual, prejudica a mobilidade e até a produtividade
das pessoas. O carro, no entanto, não é o único vilão. A solução para o problema da mobilidade passa pela
criação de alternativas ao uso do transporte individual.

“Como as opções alternativas ao transporte individual são pouco eficientes, pela falta de conforto,
segurança ou rapidez, as pessoas continuam optando pelos automóveis, motocicletas ou mesmo táxis, ainda
que permaneçam presas no trânsito”, afirma S. G., profissional da área de desenvolvimento sustentável.
Contudo, restringir o uso do carro não resolve o problema. De acordo com consultores em transportes, a
tecnologia é uma das ferramentas para equacionar o problema do trânsito, desde que escolhida e
implementada com competência.

Enfrentamento do problema da mobilidade determinará futuro das grandes metrópoles. In: Revista Ideia
Socioambiental. São Paulo. Internet: <www.ideiasocioambiental.com.br>. (com adaptações).

(Prova: DETRAN 2010 Médio)

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É claro que um texto não terá apenas uma tipologia textual. Muitas vezes terá as três num só texto,
mas vale o que predomina, aquele que transmite a ideia central do texto, o objetivo.

2 – Interpretação de informações explícitas e explícitas


Muitos alunos têm afirmado que interpretação de texto é questão muito subjetiva, pois depende da
opinião ou do pensamento de quem monta a prova. Isso não é verdade.

Toda banca examinadora exige do professor, durante a montagem da prova, um documento em que
ele defende os argumentos das respostas das questões. Assim, numa interpretação de texto, ele deve se
pautar exclusivamente nos dados do texto, para corroborar se a afirmativa está correta ou não, inclusive
para se defender de possíveis recursos.

Por isso, não podemos resolver questões de interpretação de texto somente no achismo. Temos que
provar que o julgamento da alternativa de cada questão está correto ou não, com fundamento no texto.

É importante notarmos que, dentro de um texto, há informações implícitas e explícitas. É mais fácil
o concursando encontrar as informações explícitas, mas vemos que muitas vezes a prova cobra as
informações implícitas.
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Toda informação implícita do texto é “carregada” de vestígios. Como em uma investigação, o


criminoso não está explícito, mas ele existe. Um bom investigador é um excelente leitor de vestígios. Os
vestígios podem ser: uma palavra irônica, as características do ambiente e do personagem, a época em que
o texto foi escrito ou a que o texto se refere, o vocabulário do autor, o rodapé do texto, as figuras de
linguagem, o uso da primeira ou terceira pessoa verbal etc. Tudo isso pode indicar a intenção do autor ao
escrever o texto, daí se tira o vestígio que nos leva à boa interpretação.

Outro ponto que devemos entender é que, quando se interpreta um texto para realizar um concurso,
temos, na realidade, duas interpretações a serem feitas. A primeira é a compreensão do texto em si,
entender as expressões ali colocadas, tirar conclusões, compreender as entrelinhas, o contexto; a outra é a
compreensão do pedido da questão.

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Às vezes até compreendemos bem o texto, mas não entendemos o pedido da questão.

Portanto, devemos comparar dois textos: o propriamente dito e o enunciado da questão. Após isso,
devemos confrontá-los e julgar se possuem ideias semelhantes ou não. Isso é a interpretação.

a) Como vimos, em um texto podemos encontrar os dados explícitos, isto é, aquilo que o pedido da
questão informou é encontrado literalmente no texto. Didaticamente, representamos os dados explícitos
com o sinal “xxx”:
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Este é o tipo de questão mais simples e o que normalmente é cobrado em prova.

b) Outro tipo de interpretação é a dos dados implícitos:

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Neste tipo de interpretação, a questão não possui literalmente o mesmo trecho do texto. Nela há um
entendimento, uma conclusão (xxx), a qual podemos chamar de inferência, com base nos vestígios (...), que
são os vocábulos no texto. Para saber se a questão está correta, basta confrontar esses dois textos e observar
se há semelhança de sentido.

Muitas vezes, nesse tipo de questão, vemos expressões categóricas que eliminam a possibilidade de
semelhança no sentido. Por exemplo:
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Podemos dizer que o Brasil vem crescendo economicamente e que o brasileiro está melhorando sua
qualidade de vida e aumentando seu poder de compra. Mas isso não quer dizer que todo brasileiro
aumentou seu padrão de compra, concorda? Por isso, chamamos de palavra categórica aquela que especifica
demais ou amplia demais o universo a que se refere o termo. Perceba que a palavra “todo” ampliou muito
(todo brasileiro aumentou seu poder de compra) um referente tomado de maneira geral (o brasileiro
aumentou seu poder de compra).

Assim, palavras como só, somente, apenas, nunca, sempre, ninguém, tudo, nada etc têm papel
importante nas afirmativas das questões. Essas palavras categóricas não admitem outra interpretação e
normalmente estão nas questões para que o candidato a visualize como errada.

Vale lembrar que essas palavras categóricas são encontradas nos diversos tipos de interpretação
(literal ou implícita).

Vamos exercitar tomando como exemplo a seguinte frase:

É preciso construir mísseis nucleares para defender o Ocidente de ataques de extremistas.

Marque (C) para informação de possível inferência do texto e (E) como informação equivocada do texto.

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1. O Ocidente necessita construir mísseis.

2. Há uma finalidade de defesa contra ataques de extremistas.

3. Os mísseis atuais não são suficientes para conter os ataques de extremistas.

4. Uma guerra de mísseis vai destruir o mundo inteiro e não apenas os extremistas.

5. A ação dos diplomatas com os extremistas é o único meio real de dissuadi-los de um ataque ao Ocidente.

6. Todo o Oriente está contra o Ocidente.

7. O Ocidente está sempre sofrendo invasões do Oriente.

8. Mísseis nucleares são a melhor saída para qualquer situação bélica.

9. Os extremistas não têm bom relacionamento com o Ocidente.

10. O Ocidente aguarda estático um ataque do Oriente.

Vamos às respostas com base nos vestígios!


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1. O Ocidente necessita construir mísseis. (C)

(Inferência certa, pois o vestígio é “É preciso”)

2. Há uma finalidade de defesa contra o ataque de extremistas. (C)

(Inferência certa, pois o vestígio é a oração subordinada adverbial de finalidade “para defender o Ocidente
de ataques de extremistas”.)

3. Os mísseis atuais não são suficientes para conter os ataques de extremistas. (E) (Inferência errada, pois
não há evidência no texto de que já havia mísseis anteriormente)

4. Uma guerra de mísseis vai destruir o mundo inteiro e não apenas os extremistas. (E)

(Inferência errada, pois a expressão “destruir o mundo inteiro” é uma suposição com base em expressão
categórica. Não há certeza de que os mísseis destruirão por completo o mundo, mas é certo que vão abalar
o mundo inteiro.)

5. A ação dos diplomatas com os extremistas é o único meio real de dissuadi-los de um ataque ao Ocidente.
(E)

(Inferência errada, pois novamente há expressão categórica, pois pode haver outros meios, outras
negociações, não só pelos diplomatas.)

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6. Todo o Oriente está contra o Ocidente. (E)

(Inferência errada, pois novamente há expressão categórica. Não se sabe se todo o Oriente está contra o
Ocidente. Pelo texto, apenas os extremistas)

7. O Ocidente está sempre sofrendo invasões do Oriente. (E)

(Inferência errada, pois novamente há expressão categórica: “sempre”. Além disso, houve uma palavra que
extrapolou o texto: “invasões”. Nada foi afirmado sobre invasão no texto.)

8. Mísseis nucleares são a melhor saída para qualquer situação bélica. (E)

(Consideração sem fundamento no texto. Veja as palavras categóricas.)

9. Os extremistas não têm bom relacionamento com o Ocidente. (C)

(Inferência possível, pois é vista a preocupação de possível ataque.)

10. O Ocidente aguarda estático um ataque do Oriente. (E)

(Consideração sem fundamento no texto.)


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Quando realizamos as questões de interpretação, vemos muitas dessas expressões categóricas ou


palavras que extrapolam o conteúdo do texto. Normalmente, já consideramos as questões erradas logo na
primeira leitura, por estarem bem fora do contexto. Mas, logicamente, sempre devemos voltar ao texto para
confirmar. Aí vem o “burilamento”. Deve-se ter paciência para encontrar os vestígios que comprovem a
resposta como a correta.

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3 – Compreensão e intelecção de textos


A partir de agora, faremos uma explanação partindo da leitura de textos, com a finalidade de observar
a sua organização interna e a forma de argumentação.

Ao longo da leitura do texto, vou inserindo comentários que vão ajudar a interpretar e entender a
estrutura textual e todos os conteúdos previstos para esta aula.

TRATAMENTO DE CHOQUE
A refrigeração é uma questão delicada para os fruticultores. As baixas temperaturas, ao mesmo tempo
em que são necessárias à conservação das frutas, também podem causar danos ao produto, se a
exposição ao frio for prolongada. Essa contradição, entretanto, está com os dias contados. É o que
promete um novo método desenvolvido por pesquisadores do Laboratório de Fisiologia e Bioquímica
Pós-Colheita da Esalq – Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz.
O processo, chamado de condicionamento térmico, consiste em mergulhar o fruto em água quente
antes de refrigerá-lo. “O frio faz com que a fruta fique vulnerável à ação de substâncias que deterioram
a casca, mas o uso da água quente ativa seu sistema de defesa”, afirma o pesquisador Ricardo Kluge.
A temperatura da água e a duração do mergulho variam para cada espécie, mas, em média, as frutas
são mantidas em 52 graus por poucos minutos. Em alguns casos, o tratamento aumenta a conservação
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em até 50% do tempo; se um produto durava 40 dias em ambiente frio, pode passar a durar 60.
Resistência. A Esalq também desenvolveu um outro tipo de tratamento, o “aquecimento intermitente”.
Essa técnica consiste em pôr a fruta em ambiente refrigerado e, depois de dez dias, deixá-la em
temperatura ambiente por 24 horas, para então devolvê-la à câmara fria. “Isso faz com que o produto
crie resistência ao frio e não seja danificado”, afirma Ricardo Kluge. Para o produtor de pêssegos Waldir
Parise, isso será muito válido, pois melhora a qualidade final do produto. Ele acredita que a nova técnica
aumentará o valor da fruta no mercado. “Acho que facilitará bastante nossa vida.”
De acordo com o pesquisador Kluge, o grande desafio é fazer com que essa novidade passe a ser usada
pelo produtor. “No começo é difícil, pois muitos apresentam resistência às novidades”, diz. Neste ano,
os pesquisadores trabalharão mais próximos dos agricultores, tentando ensinar-lhes a técnica. “Acho
que daqui a três anos ela será mais usada”. O Chile já usa o método nas ameixas.
As frutas tropicais devem ser as mais abordadas pelo estudo, pois não apresentam resistência natural
às baixas temperaturas. A pesquisa testou o método só no limão taiti, na laranja valência e no pêssego
dourado-2.
(Luis Roberto Toledo e Carlos Gutierrez. Revista Globo Rural – Março/2006)

Todo texto veicula um assunto, que é especificado pela visão do autor, a qual chamamos de tema. O
tema é a ideia principal do texto, é o resumo em uma palavra ou expressão do conteúdo central.

Esse resumo pode ser expresso no título, e isso já nos ajuda muito na interpretação do texto.
Candidato que realiza a leitura de um texto para interpretá-lo e não se lembra do título ou não entendeu seu

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emprego, é sinal de que não interpretou bem o texto, pois o título nos induz ao caminho principal das ideias
do autor, ou pelo menos sugere.

Muitas vezes o posicionamento do autor é expresso numa frase, a qual chamamos de tese. Essa tese
normalmente é expressa na introdução do texto, mas pode aparecer também no seu final, na conclusão.

O parágrafo de introdução:

No texto ora lido, perceba que a primeira frase “A refrigeração é uma questão delicada para os fruticultores.”
é a tese, a ideia-núcleo, o tópico-frasal. Esta frase nos mostra que o assunto a ser tratado no texto impõe
contrastes.

Em seguida, ainda neste primeiro parágrafo, há uma explicação de a refrigeração ser interpretada
como questão delicada para os fruticultores: as baixas temperaturas são necessárias, mas podem causar
danos. Em seguida, é sugerida uma abertura de técnicas possíveis para solucionar o problema (final do
primeiro parágrafo). Dessa forma, o autor introduziu o texto, gerando uma expectativa em sua leitura, o
leitor vê necessidade de continuar lendo o texto para entender essas técnicas, que serão são desenvolvidas
e explicadas nos parágrafos seguintes.

Os parágrafos de desenvolvimento:
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Nesta parte do texto, o leitor observa que há uma ampliação dos argumentos iniciados na introdução.
Agora, é hora de provar o que fora dito anteriormente.

Para tanto, o autor pode se valer de contrastes (“mas o uso da água quente ativa seu sistema de
defesa”, “mas, em média, as frutas são mantidas em 52 graus por poucos minutos.”), explicações (“O
processo consiste em mergulhar o fruto em água quente antes de refrigerá-lo”, “Essa técnica consiste em pôr
a fruta em ambiente refrigerado”, “pois melhora a qualidade final do produto.”), conformidade ou
argumento de autoridade (“É o que promete um novo método desenvolvido por pesquisadores do
Laboratório de Fisiologia e Bioquímica Pós-Colheita da Esalq – Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz”,
“afirma o pesquisador Ricardo Kluge”, “Para o produtor de pêssegos Waldir Parise,”, causa/consequência
(“O frio faz com que a fruta fique vulnerável”, “o uso da água quente ativa seu sistema de defesa”), dado
estatístico ou estimativa (“aumenta a conservação em até 50% do tempo”) etc.

O importante é você perceber que nos parágrafos de desenvolvimento são feitas as análises para
provar o que foi afirmado na introdução do texto.

O parágrafo de conclusão:

Aqui, podemos perceber que, após toda a argumentação nos parágrafos de desenvolvimento, o autor
chega a uma conclusão que confirma o que foi dito na introdução. Isto é, os dados elencados nos parágrafos
de desenvolvimento servem para convencer o leitor sobre a opinião do autor, expressa pela tese do texto, a
qual será ratificada (confirmada) no parágrafo de conclusão. É como se ele dissesse informalmente ao leitor:

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“Está vendo, leitor, como foi importante o meu discurso inicial? Com isso, devemos realizar tais ações... ou
prestar atenção em tais aspectos... ou nos mover a evitar tais problemas... e assim por diante”.

Com base em nossa conversa sobre o texto lido, agora vamos às questões!!!!

1. (Prática textual)
Segundo o texto, entre a refrigeração e os fruticultores há uma:
A) Oposição ideológica. B) Semelhança espacial.
C) Utilização benéfica e maléfica. D) Ausência de utilidade.
E) Utilização desnecessária.

Comentário: Esta questão aborda justamente a tese do texto: “A refrigeração é uma questão delicada para
os fruticultores.”
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Assim, entre a refrigeração e os fruticultores, há uma questão delicada, que será explicada em
seguida: as baixas temperaturas são necessárias à conservação das frutas (utilização benéfica), mas também
pode causar danos (utilização maléfica). Tudo vai depender do uso pelo fruticultor.

Assim, explicitamente sabemos que a alternativa correta é a (C).

Veja que a alternativa (A) está errada, porque não há oposição ideológica entre refrigeração e
fruticultores.

A alternativa (B) está errada, porque não se pode dizer que os dois ocupam o mesmo espaço.

As alternativas (D) e (E) praticamente têm a mesma ideia: a pouca utilidade. Por isso, estão erradas.

Gabarito: C

2. (Prática textual)
O emprego das aspas no segundo parágrafo:
A) Ressalta a importância da nova técnica.
B) Serve para ressaltar a fala do autor da reportagem.
C) Serve para ressaltar a fala do pesquisador.
D) Serve para complementar a reportagem.

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E) Explica o que é o aquecimento intermitente.

Comentário: A citação (trecho da afirmação de alguém) é uma forma de o autor confirmar o que está sendo
argumentado no texto. Por isso, várias vezes no texto percebemos as falas de pesquisadores. Isso é feito
para que o leitor tenha uma maior confiança nos argumentos elencados pelo autor.

Essa citação normalmente é limitada pelas aspas, para que o leitor não confunda o que é afirmado
por ele ou pela citação da fala de alguém.

Assim, cabe apenas a alternativa (C) como correta.

Gabarito: C

3. (Prática textual)
“No começo é difícil, pois muitos apresentam resistências às novidades”. Pelo processo da intertextualidade
a alternativa que contém uma citação com o mesmo valor semântico do período acima é:
A) “À mente apavora o que ainda não é mesmo velho”.
B) “...o horror de um progresso vazio”
C) “Oh! Mundo tão desigual! De um lado esse carnaval, de outro a fome total”.
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D) “Foste um difícil começo”.


E) “Como vai explicar vendo o céu clarear sem lhe pedir licença”.

Comentário: Primeiro, vamos entender o que significa:

Intertextualidade: É o cuidado que se tem num texto de absorver os conhecimentos, conceitos, observações
elencados em outros textos renomados, conhecidos. Normalmente isso é feito para levantar mais crédito ao
argumento defendido pelo autor.

Citação: É o recorte da fala de alguém ou de algum trecho de texto.

Valor semântico: É a conservação do sentido de uma expressão por outra.

A questão, então, quer saber se o candidato consegue verificar o sentido da expressão “No começo é
difícil, pois muitos apresentam resistências às novidades”, contida no texto, com outras expressões retiradas
de outros textos (citações). Isso é a intertextualidade:

Neste trecho, a ideia de muitos apresentarem resistências às novidades significa que é fácil lidar com
aquilo que já conhecemos, pois nos acomodamos com o velho. Por isso, a novidade traz receio.

A alternativa (A) é a correta, pois o que ainda não é velho (conhecido plenamente por mim) apavora.
Isso é o mesmo que muitos resistirem às novidades, concorda?!!!!!

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A alternativa (B) apresenta a expressão “...o horror de um progresso vazio”, a qual significa uma
desaprovação à ascensão sem base. Isso não diz respeito à frase do texto.

A alternativa (C) apresenta a expressão “Oh! Mundo tão desigual! De um lado esse carnaval, de outro
a fome total”, que mostra os contrastes sociais, como uma crítica. Isso não tem relação com a frase do texto.

A alternativa (D) apresenta a expressão “Foste um difícil começo”, a qual indica simplesmente que o
começo foi difícil, mas não necessariamente que alguém tem medo desse começo. Por isso, está diferente
da argumentação da frase do texto.

A alternativa (E) apresenta a expressão “Como vai explicar vendo o céu clarear sem lhe pedir licença”,
a qual nos remete à indagação da explicação de algo que não conhecemos.

Gabarito: A

4. (Prática textual)
Assinale a frase em que o vocábulo destacado tem seu antônimo corretamente indicado:
A) “A refrigeração é uma questão delicada para os fruticultores”: difícil
B) “ ... se a exposição ao frio for prolongada”: rápida
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C) “ O frio faz com que a fruta fique vulnerável à ação de substâncias...” : desamparados
D) “Acho que facilitará bastante nossa vida.”: suficientemente
E) “No começo é difícil, pois muitos apresentam resistência às novidades...”: empecilho.

Comentário: Antônimo é o sentido contrário da palavra.

Na alternativa (A), o adjetivo “delicada” tem seu sentido preservado com o adjetivo “difícil”.

A alternativa (B) é a correta, pois o adjetivo “prolongada” é o oposto de “rápida”.

Na alternativa (C), o adjetivo “desamparados” não mantém o mesmo sentido, mas também não
marca a oposição. Por isso, está errada.

Na alternativa (D), o advérbio “bastante” tem o seu sentido preservado no advérbio


“suficientemente”.

Na alternativa (E), o substantivo “resistência” tem o seu sentido preservado no substantivo


“empecilho”.

Gabarito: B

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5. (Prática textual)
“Para o produtor de pêssegos Waldir Parise, isso será muito válido...” A palavra sublinhada nessa frase tem
como referente:
A) “... a temperatura da água e a duração do mergulho...”
B) “A refrigeração é uma questão delicada para os fruticultores”.
C) “ ... o produto crie resistência ao frio e não seja danificado”.
D) “Essa contradição, entretanto, está com os dias contados”.
E) “ ... aumenta a conservação em até 50% do tempo...”

Comentário: Esta questão trabalha especificamente a coesão referencial, isto é, o pronome trabalha em
recurso anafórico e devemos saber contextualmente a que termo ele se refere. Para tanto, veja que o
primeiro pronome “isso” retoma todo o período anterior, o qual se encontra sublinhado:

“Essa técnica consiste em pôr a fruta em ambiente refrigerado e, depois de dez dias, deixá-la em temperatura
ambiente por 24 horas, para então devolvê-la à câmara fria¹. “Isso¹ faz com que o produto crie resistência
ao frio e não seja danificado²”, afirma Ricardo Kluge. Para o produtor de pêssegos Waldir Parise, isso² será
muito válido, pois melhora a qualidade final do produto. Ele acredita que a nova técnica aumentará o valor
da fruta no mercado. “Acho que facilitará bastante nossa vida.”
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Agora, veja que o segundo pronome “isso” retoma a expressão “o produto crie resistência ao frio e
não seja danificado” (em negrito). Assim, a alternativa correta é a (C).

Gabarito: C

A ENERGIA E OS CICLOS INDUSTRIAIS


No decorrer da história, a ampliação da capacidade produtiva das sociedades teve como contrapartida
o aumento de consumo e a contínua incorporação de novas fontes de energia. Entretanto, até o século
XVIII, a evolução do consumo e o aprimoramento de novas tecnologias de geração de energia foram
lentos e descontínuos.
A Revolução Industrial alterou substancialmente esse panorama. Os ciclos iniciais de inovação
tecnológica da economia industrial foram marcados pela incorporação de novas fontes de energia:
assim, o pioneiro ciclo hidráulico foi sucedido pelo ciclo do carvão, que por sua vez cedeu lugar ao ciclo
do petróleo.
Em meados do século XIX, as invenções do dínamo e do alternador abriram o caminho para a produção
de eletricidade. A primeira usina de eletricidade do mundo surgiu em Londres, em 1881, e a segunda em
Nova York, no mesmo ano. Ambas forneciam energia para a iluminação. Mais tarde, a eletricidade iria
operar profundas transformações nos processos produtivos, com a introdução dos motores elétricos nas
fábricas, e na vida cotidiana das sociedades industrializadas, na qual foram incorporados dezenas de
eletrodomésticos.
Nas primeiras décadas do século XX, a difusão dos motores a combustão interna explica a importância
crescente do petróleo na estrutura energética dos países industrializados. Além de servir de combustível

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para automóveis, aviões e tratores, ele também é utilizado como fonte de energia nas usinas
termelétricas e ainda, é matéria-prima para muitas indústrias químicas. Desde a década de 1970,
registrou-se também aumento significativo na produção e consumo de energia nuclear nos países
desenvolvidos.
Nas sociedades pré-industriais, entretanto, os níveis de consumo energético se alteraram com menor
intensidade, e as fontes energéticas tradicionais – em especial a lenha – ainda são predominantes.
Estima-se que o consumo de energia comercial per capita no mundo seja de aproximadamente 1,64
toneladas equivalentes de petróleo (TEP) por ano, mas esse número significa muito pouco: um norte-
americano consome anualmente, em média, 8 TEPs contra apenas 0,15 consumidos por habitante em
Bangladesh e 0,36 no Nepal.
Os países da OCDE (Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que possuem cerca de
um sexto da população mundial, são responsáveis por mais da metade do consumo energético global.
Os Estados Unidos, com menos de 300 milhões de habitantes, consomem quatro vezes mais energia do
que o continente africano inteiro, onde vivem cerca de 890 milhões de pessoas.
(Magnoli, Demétrio, Regina Araújo, 2005. Geografia – A construção do mundo. Geografia Geral e do Brasil, Moderna
– pg. 167)

6. (Prática textual)
Nos dois primeiros parágrafos do texto, o autor afirma que, EXCETO:
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A) O aumento de consumo foi uma contrapartida à ampliação da capacidade produtiva das sociedades.
B) A eletricidade operou, nos processos produtivos, transformações profundas.
C) As novas fontes de energia marcaram os ciclos iniciais de inovação tecnológica.
D) Anteriormente ao século XVIII, o aprimoramento de novas fontes de energia e a evolução do consumo
foram lentos e descontínuos.
E) O panorama de evolução das novas fontes de energia foi alterado de forma fundamental pela Revolução
Industrial.

Comentário: A alternativa (A) está correta e expressa literalmente o que se diz no primeiro período do texto:
“...a ampliação da capacidade produtiva das sociedades teve como contrapartida o aumento de consumo e
a contínua incorporação de novas fontes de energia.” .

A alternativa (B) é a errada, pois esta informação faz parte do terceiro parágrafo, e a questão pediu
apenas a interpretação dos dois primeiros parágrafos.

A alternativa (C) está correta, porque esta informação encontra-se no segundo período do segundo
parágrafo: “Os ciclos iniciais de inovação tecnológica da economia industrial foram marcados pela
incorporação de novas fontes de energia”.

A alternativa (D) está correta, pois relata o segundo período do primeiro parágrafo: “Entretanto, até
o século XVIII, a evolução do consumo e o aprimoramento de novas tecnologias de geração de energia foram
lentos e descontínuos.”

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A alternativa (E) está correta, pois relata o primeiro período do segundo parágrafo: “A Revolução
Industrial alterou substancialmente esse panorama.”. Note que “esse panorama” retoma a expressão “o
aprimoramento de novas tecnologias de geração de energia” do período anterior. Além disso, perceba que
“substancialmente”, de acordo com o contexto, é o mesmo que “de forma fundamental”.

Gabarito: B

7. (Prática textual)
Ao mencionar que as invenções do dínamo e do alternador abriram caminho para a produção de eletricidade,
o autor do texto mostra que:
A) O setor industrial impulsionou a economia dos países subdesenvolvidos.
B) As usinas de eletricidade forneciam energia para a iluminação.
C) A partir dessas invenções o uso de energia elétrica em Londres e Nova York colocou essas duas cidades
no topo da economia mundial.
D) A partir dessas invenções o uso de energia elétrica se expandiu e provocou substanciosas mudanças na
vida cotidiana das sociedades industrializadas.
E) A partir do dínamo e do alternador as indústrias tomaram um novo rumo no século XVIII.
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Comentário: No terceiro parágrafo, note que a invenção do dínamo e do alternador abriram caminho para
a eletricidade e esta “iria operar profundas transformações nos processos produtivos, com a introdução dos
motores elétricos nas fábricas, e na vida cotidiana das sociedades industrializadas, na qual foram
incorporados dezenas de eletrodomésticos”.

Veja que a interpretação é literal dos dados do 3° parágrafo do texto. Por isso, a alternativa correta
é a (D).

Você poderia ter ficado na dúvida, porque esta alternativa não menciona as “transformações nos
processos produtivos”, mas esta omissão não implica erro na informação de que a sociedade industrializada
se beneficiou dessas transformações, ok!

Gabarito: D

8. (Prática textual)
A importância do petróleo se deve, EXCETO:
A) Ao fato de servir de matéria-prima para indústrias químicas.
B) Ao fato de servir de combustível para automóveis, aviões e tratores.
C) Ao fato de ser fonte de energia eólica.
D) Ao fato de ser fonte de energia nas usinas termelétricas.
E) Ao fato de ser fonte de energia nas indústrias têxteis.

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Comentário: Questão simples com dados explícitos no 4° parágrafo. Você poderia ter ficado na dúvida entre
as alternativas (C) e (E), pois não se encontra literalmente “energia eólica” e “indústrias têxteis”.

Assim, devemos observar que “indústria têxtil” se enquadra na expressão “importância crescente do
petróleo na estrutura energética dos países industrializados”, aí se enquadrando as fábricas.

Por outro lado, veja que a energia eólica é a energia captada do vento, nada tendo a ver com o
petróleo, por isso a alternativa (C) é a errada.

Assim, observe: tivemos um vestígio que nos permitiu subentender “indústrias têxteis”, mas não
houve qualquer vestígio que nos fizesse subentender “energia eólica”.

Gabarito: C

9. (Prática textual)
Os dados estatísticos apresentados no texto:
A) São utilizados como curiosidade.
B) São utilizados para dar mais veracidade às informações contidas no texto.
C) São sempre utilizados em reportagens.
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D) São utilizados como argumentos essenciais.


E) São utilizados como informações superficiais.

Comentário: Os números presentes no 4° e 5° parágrafos do texto são dados estatísticos do texto, os quais
servem para dar mais credibilidade aos argumentos do texto.

Assim, a alternativa correta é a (B).

A alternativa (A) está muito fora do contexto, pois não há simplesmente a satisfação de uma
curiosidade.

A alternativa (C) está errada, pois a palavra “sempre” é categórica, isto é, palavra que não abre
exceção à regra, e sabemos que nem todas as reportagens têm dados estatísticos.

A alternativa (D) está errada, pois os procedimentos argumentativos, como explicação,


causa/consequência, contraste, dados estatísticos, estimativas, exemplificações, são elementos
complementares que auxiliam na fundamentação da tese do texto; essa, sim, elemento essencial do texto.

A alternativa (E) está errada, pois esses dados não são superficiais, eles embasam os argumentos do
texto.

Em suma: esses dados estatísticos não são nem essenciais, nem superficiais: são importantes.

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Gabarito: B

SEGREDO
Há muitas coisas que a psicologia não nos explica. Suponhamos que você esteja em um 12º andar, em
companhia de amigos, e, debruçando-se à janela, distinga lá embaixo, inesperada naquele momento, a
figura de seu pai, procurando atravessar a rua ou descansando em um banco diante do mar. Só isso. Por
que, então, todo esse alvoroço que visita a sua alma de repente, essa animação provocada pela presença
distante de uma pessoa da sua intimidade? Você chamará os amigos para mostrar-lhes o vulto de traços
fisionômicos invisíveis: “Aquele ali é papai”. E os amigos também hão de sorrir, quase enternecidos,
participando um pouco de sua glória, pois é inexplicavelmente tocante ser amigo de alguém cujo pai se
encontra longe, fora do alcance do seu chamado.
Outro exemplo: você ama e sofre por causa de uma pessoa e com ela se encontra todos os dias. Por que,
então, quando essa pessoa aparece à distância, em hora desconhecida aos seus encontros, em uma
praça, em uma praia, voando na janela de um carro, por que essa ternura dentro de você, e essa
admirável compaixão?
Por que motivo reconhecer uma pessoa ao longe sempre nos induz a um movimento interior de doçura
e piedade?
Às vezes, trata-se de um simples conhecido. Você o reconhece de longe em um circo, um teatro, um
campo de futebol, e é impossível não infantilizar-se diante da visão.
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Até para com os nossos inimigos, para com as pessoas que nos são antipáticas, a distância, em relação
ao desafeto, atua sempre em sentido inverso. Ver um inimigo ao longe é perdoá-lo bastante.
Mais um caso: dois amigos íntimos se vêem inesperadamente de duas janelas. Um deles está, digamos,
no consultório do dentista, o outro visita o escritório de um advogado no centro da cidade. Cinco horas
da tarde; lá embaixo, o tráfego estridula; ambos olham distraídos e cansados quando se descobrem
mutuamente. Mesmo que ambos, uma hora antes, estivessem juntos, naquele encontro súbito e de
longe é como se não se vissem há muito tempo; com todas as graças da alma despertas, eles começam
a acenar-se, a dar gritos, a perguntar por gestos o que o outro faz do outro lado. Como se tudo isso fosse
um mistério.
E é um mistério.
(Paulo Mendes Campos)

Você notou a tese? Aquela frase que apresenta a situação, a opinião do autor e certamente motivará
a argumentação nos parágrafos seguintes? Ela nos ajuda a entender o perfil do texto. Confirmando a tese,
temos o título, que normalmente traz um resumo da tese e do tema (ideia central do texto).

Assim, o título “Segredo” é um resumo da tese “Há muitas coisas que a psicologia não nos explica.”.

Lembra-se do que falamos anteriormente sobre a conclusão? Ela confirma a tese, o tema, a
introdução do texto. Justamente isso ocorreu na última frase do texto: “E é um mistério”.

Note a estrutura do texto: o parágrafo de introdução nos apresenta a tese. Em seguida, ambienta o
leitor sobre uma situação para que este se identifique com ela e entenda os argumentos do texto.

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Os parágrafos seguintes apresentam novas situações que ilustram o tema do texto, com novas
explicações.

O terceiro parágrafo é uma pergunta. Essa pergunta consolida os dois exemplos dados
anteriormente, e motiva o leitor a pensar, a aprofundar na questão.

Nos parágrafos seguintes, o texto continua com mais exemplos para confirmar e nos familiarizar, para
nos sentirmos parte desse tema.

Quanto aos conectivos do texto, podemos perceber que há expressões que retomam palavras, como
“isso”, “essa”, “lhes, “cujo”, “seu” etc. São recursos chamados anafóricos, pois retomam palavra ou
expressão anterior para evitar a repetição viciosa.

Há, também, os chamados operadores sequenciais, isto é, palavras ou expressões que dão
andamento, continuidade ao texto, aos argumentos. Veja no primeiro parágrafo: o vocábulo “então” marca
um desenvolvimento da ideia anterior: uma sequência. O vocábulo “E” (linha 8) faz o mesmo papel: dá
prosseguimento à ideia explorada no enunciado anterior. Além desses, há exemplos clássicos, como o início
do segundo parágrafo com “Outro exemplo”, ou no início do 6° parágrafo: “Mais um caso”. Dentro deste
parágrafo, temos a combinação dos elementos sequenciais “Um deles” e “o outro”.

Agora, vamos a algumas questões:


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10. (Prática textual)


Com relação ao significado das palavras empregadas no texto, todas as opções estão corretas, EXCETO:
A) “... quase enternecidos” : amorosos
B) “ ...essa ternura...” : meiguice
C) “ ... inexplicavelmente tocante...” : comovente
D) “ ... sempre nos induz...” : motiva
E) “ ... o tráfego estridula...” : rompe

Comentário: Questão simples, não é? “enternecidos” é gerado da palavra “ternura”, isto é, “amoroso”. Da
mesma forma “ternura” tem o sentido contextual de “meiguice”, “tocante” é o mesmo que “comovente”,
“induz” é o mesmo que “motiva”. Mas, mesmo que não soubéssemos o sentido de “estridula”, o contexto
nos ajuda muito, concorda? Jogue essa palavra no texto, leia as frases em que ele se encontra:

”Mais um caso: dois amigos íntimos se vêem inesperadamente de duas janelas. Um deles está, digamos, no
consultório do dentista, o outro visita o escritório de um advogado no centro da cidade. Cinco horas da tarde;
lá embaixo, o tráfego estridula; ambos olham distraídos e cansados quando se descobrem mutuamente.”

Mostra-se um ambiente urbano às cinco horas da tarde, isso só pode nos induzir a entender um
tráfego agitado, intenso, barulhento. O radical do verbo “estridula” tem relação semântica com o do adjetivo
“estridente”, isto é “barulhento”.

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Gabarito: E

11. (Prática textual)


O tema central do texto é:
A) Divagações sobre a amizade.
B) Reflexões sobre encontros imprevistos.
C) Indagações sobre momentos efêmeros.
D) Mistérios do mundo moderno.
E) Mistérios das atitudes incontidas.

Comentário: Para entendermos o tema central, normalmente nos atemos à tese, ao título e à conclusão.
Esses são elementos-chave que geralmente transmitem a ideia central do texto.

Mas nesta questão não precisaríamos aprofundar tanto: basta trabalharmos com as alternativas por
eliminação.

Não há “divagações” no texto, por isso a alternativa (A) está errada. Note que divagar é o mesmo que
andar sem rumo, sem direção. Figurativamente, significa fantasiar, devanear, argumentar sem nexo.
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A alternativa (B) é a correta, pois vemos nos parágrafos a estrutura de perguntas e respostas, tudo
para buscar uma reflexão sobre encontros a distância.

A alternativa (C) está errada, pois até percebemos que o texto possui indagações e que também se
mostram momentos efêmeros, isto é, passageiros. Porém, não é essa a ideia central: o que se quer neste
texto é mostrar a força, a beleza, a situação intrigante de avistar alguém conhecido ao longe e se sentir bem.

A alternativa (D) está errada, porque não se quer mostrar mistérios do mundo moderno.

A alternativa (E) está errada, porque não é foco no texto mostrar os mistérios das atitudes incontidas.

Gabarito: B

12. (Prática textual)


“Há muitas coisas que a psicologia não nos explica”.
O período acima:
A) Serve como reflexão. B) Exprime uma idéia secundária.
C) É uma citação popular. D) Justifica o título do texto.
E) Evidencia o valor da ciência.

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Comentário: Veja que a questão nos aponta a tese, para que nós possamos refletir sobre o seu papel na
estrutura do texto.

A alternativa (A) está errada, porque não corresponde à funcionalidade da tese deste texto. Esta tese
serve para chamar-nos a atenção quanto ao que vai ser dito posteriormente. Normalmente, as frases que
servem de reflexão são as perguntas retóricas, isto é, aquelas perguntas deixadas no final do texto, como
que pedindo ao leitor para continuar pensando sobre o tema. Não foi o caso de frases deste texto, muito
menos da tese.

A alternativa (B) está errada, pois a tese é a ideia central, e não secundária.

A alternativa (C) está errada, pois não há vestígios de que essa frase seja de um dito popular.

A alternativa (D) é a correta, pois normalmente o título se baseia na tese, na ideia central, como um
resumo, para chamar a atenção do leitor quanto à ideia central. Isso foi realmente trabalhado neste texto.
O título “Segredo” resume a estrutura “a psicologia não nos explica”.

A alternativa (E) está errada, pois, se a psicologia não nos explica, não há evidências de valorização
da ciência.

Gabarito: D
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13. (Prática textual)


“Você o reconhece de longe em um circo...”( 4º§). Por um processo anafórico, a palavra sublinhada na frase
acima tem como referente no texto:
A) amigo B) pai C) conhecido D) inimigo E) dentista

Comentário: Esta questão trabalha a coesão referencial. Temos, então, que voltar ao trecho do texto e
observar a que palavra se refere o pronome “o”:

“Às vezes, trata-se de um simples conhecido. Você o reconhece de longe em um circo, um teatro, um campo
de futebol, e é impossível não infantilizar-se diante da visão.”

Assim, o pronome “o” é um recurso anafórico, pois retoma uma palavra anteriormente expressa:
“conhecido”.

Gabarito: C

14. (Prática textual)


“Até para com os nossos inimigos, para com as pessoas que nos são antipáticas, a distância, em relação ao
desafeto, atua sempre em sentido inverso.”
Do excerto acima, depreende-se que, EXCETO:
A) A distância aproxima as pessoas.

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B) O ser humano reage de forma programada.


C) O ser humano é imprevisível.
D) A distância modifica o comportamento das pessoas.
E) Em terra estranha, conhecidos tornam-se amigos ainda mais íntimos.

Comentário: Note que o texto todo nos mostra uma reflexão sobre os encontros imprevistos, vendo ao
longe, o que nos leva a um momento de doçura e piedade. O trecho transcrito nesta questão reforça ainda
mais esta ideia, pois até com os inimigos a visão a distância atua em sentido inverso: ver um inimigo ao longe
é perdoá-lo bastante.

Assim, sabemos que a visão ao longe é algo imprevisto, justamente isso motivou o texto e este trecho.
Portanto, podemos notar que o ser humano não reage de forma programada, pois ele é imprevisível.

Concluindo, a alternativa errada é a (B).

Gabarito: B

15. (Prática textual)


Assinale a alternativa que mantém uma intertextualidade com o texto “Segredo”:
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A) “Sei lá, sei não, a vida é uma grande ilusão”. (Vinícius de Moraes)
B) “Em terra de cego quem tem um olho é rei”. (Ditado popular)
C) “Existem dois lados em todas as questões: o meu e o errado”. (Oscar Levant)
D) “Cínico é quem vê as coisas como são em vez de vê-las como deveriam ser”. (Oscar Wilde)
E) “Há mais mistérios entre o céu e a terra do que pensa nossa vã filosofia”. (Shakespeare)

Comentário: Intertextualidade é o texto que explora os conhecimentos, conceitos, observações elencados


em outros textos renomados, conhecidos. Normalmente isso é feito para levantar mais crédito ao argumento
defendido pelo autor.

Como o texto reflete sobre o segredo, isto é, algo que a ciência ainda não nos explica, podemos
entender que a única alternativa que transmite esse tema é a frase da alternativa (E).

Gabarito: E

16. (Prática textual)


Assinale a alternativa que contém uma frase em sentido conotativo:
A) “E é um mistério”.
B) “Cinco horas da tarde; lá embaixo...”
C) “... em uma praia, voando na janela de um carro...”

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D) “Aquele ali é papai”.


E) “Por que, então, todo esse alvoroço...”

Comentário: Semanticamente, podemos dividir as palavras em sentido denotativo (sentido real) e


conotativo (sentido figurado). O sentido figurado é gerado a partir do sentido real, é sua ampliação. Por
exemplo: O tigre é uma fera.

A palavra “fera” tem o sentido denotativo, real, de animal feroz, ágil, bravio. Por extensão, podemos
notar que este adjetivo pode ter, em outro contexto, um sentido figurativo. Veja:

Ele é fera no computador.

Agora, “fera” tem outro sentido, tem um valor ampliado do anterior. Como “fera” dá noção de
esperteza, agilidade no animal, podemos ver esse sentido neste outro contexto, em que alguém, como o
Tigre, também é ágil e esperto, porém esta agilidade ocorre no computador.

Agora, vamos à questão! Devemos achar a frase com sentido figurativo, conotativo:

As frases “E é um mistério”, “Cinco horas da tarde; lá embaixo...”, “Aquele ali é papai” e “Por que,
então, todo esse alvoroço...” transmitem sentido denotativo, real.
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Porém, na alternativa (C), sabemos que não se quis dizer que alguém estaria voando na janela de um
carro. O verbo “voando” está sendo usado em sentido figurativo, que mostra que o carro está se movendo
rapidamente:

“... em uma praia, voando na janela de um carro...”

Gabarito: C

17. (Prática textual)


O tom final do texto é, EXCETO:
A) fúnebre B) inexplicável C) enigmático D) obscuro E) oculto

Comentário: Note que a questão pediu a exceção!!! Notadamente não há um tom fúnebre no texto.

Assim, só cabe a alternativa (A).

Gabarito: A

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Quando confrontados pelos aspectos mais obscuros ou espinhosos da existência, os antigos gregos
costumavam consultar os deuses (naquela época, não havia psicanalistas). Para isso, existiam os
oráculos – locais sagrados onde os seres imortais se manifestavam, devidamente encarnados em suas
sacerdotisas. Certa vez, talvez por brincadeira, um ateniense perguntou ao conceituado oráculo de
Delfos se haveria na Grécia alguém mais sábio que o esquisitão Sócrates. A resposta foi sumária: “Não”.
O inesperado elogio divino chegou aos ouvidos de Sócrates, causando-lhe uma profunda sensação de
estranheza. Afinal de contas, ele jamais havia se considerado um grande sábio. Pelo contrário:
considerava-se tão ignorante quanto o resto da humanidade. Após muito meditar sobre as palavras do
oráculo, Sócrates chegou à conclusão de que mudaria sua vida (e a história do pensamento). Se ele era
o homem mais sábio da Grécia, então o verdadeiro sábio é aquele que tem consciência da própria
ignorância. Para colocar à prova sua descoberta, ele foi ter com um dos figurões intelectuais da época.
Após algumas horas de conversa, percebeu que a autoproclamada sabedoria do sujeito era uma casca
vazia. E concluiu: “Mais sábio que esse homem eu sou. É provável que nenhum de nós saiba nada de
bom, mas ele supõe saber alguma coisa e não sabe, enquanto eu, se não sei, tampouco suponho saber.
Parece que sou um tantinho mais sábio que ele exatamente por não supor saber o que não sei”. A partir
daí, Sócrates começou uma cruzada pessoal contra a falsa sabedoria humana – e não havia melhor palco
para essa empreitada que a vaidosíssima Atenas. Em suas próprias palavras, ele se tornou um
“vagabundo loquaz” – uma usina ambulante de insolência iluminadora, movida pelo célebre bordão que
Sócrates legou à posteridade: “Só sei que nada sei”.
Para sua tarefa audaz, Sócrates empregou o método aprendido com os professores sofistas. Mas havia
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grandes diferenças entre a dialética de Sócrates e a de seus antigos mestres. Em primeiro lugar, Sócrates
não cobrava dinheiro por suas “lições” – aceitava conversar com qualquer pessoa, desde escravos até
políticos poderosos, sem ganhar um tostão. Além disso, os diálogos de Sócrates não serviam para
defender essa ou aquela posição ideológica, mas para questionar a tudo e a todos sem distinção. Ele
geralmente começava seus debates com perguntas diretas sobre temas elementares: “O que é o Amor?”
“O que é a Virtude?” “O que é a Mentira?” Em seguida, destrinchava as respostas que lhe eram dadas,
questionando o significado de cada palavra. E continuava fazendo perguntas em cima de perguntas, até
levar os exaustos interlocutores a conclusões opostas às que haviam dado inicialmente – e tudo isso
num tom perfeitamente amigável. Assim, o pensador demonstrava uma verdade que até hoje continua
universal: na maior parte do tempo, a grande maioria das pessoas (especialmente as que se consideram
mais sabichonas) não sabe do que está falando.
(José Francisco Botelho. Revista Vida Simples, edição 91, abril de 2010 / com adaptações)

Primeiramente, note como esse texto é recheado de exemplos de “operadores sequenciais".

No segundo parágrafo, temos expressões como “Afinal de contas”, “Pelo contrário”, “Após”, “A partir
daí”. No terceiro parágrafo, temos “Em primeiro lugar”, “Além disso”, “Em seguida”, “E”, “Assim”.

Note que todas essas expressões cuidam da evolução do texto, ligam o trecho anterior ao posterior,
realizando um encadeamento, uma sequência. Por isso esse recurso é chamado de “operadores sequenciais”.

Agora, vamos às questões!

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18. (Prática textual)


Analise as afirmativas a seguir:
I. As conclusões que impulsionaram a cruzada pessoal de Sócrates contra a falsa sabedoria humana foram
motivadas por um elogio divino.
II. Ao saber que o conceituado oráculo de Delfos o havia considerado o maior sábio da Grécia, Sócrates
prontamente chegou à conclusão de que transformaria sua vida.
III. Os antigos mestres de Sócrates cobravam por suas “lições”.
IV. Sócrates concluiu que era mais sábio do que um dos figurões intelectuais da época, pois, após conversar
com ele, percebeu que este era incapaz de reconhecer a própria ignorância.
Explícita ou implicitamente estão presentes no texto somente as ideias registradas nas afirmativas:
A) I, II, IV B) I, III, IV C) II, III, IV D) II, IV E) I, II, III, IV

Comentário: A afirmativa I está correta, pois o elogio divino está expresso na última frase do primeiro
parágrafo “Certa vez, talvez por brincadeira, um ateniense perguntou ao conceituado oráculo de Delfos se
haveria na Grécia alguém mais sábio que o esquisitão Sócrates. A resposta foi sumária: ‘Não’.”. Além disso,
perceba que o segundo parágrafo nos mostra que “Sócrates começou uma cruzada pessoal contra a falsa
sabedoria humana”.
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A afirmativa II está errada, pois o advérbio “prontamente” dá uma noção de que Sócrates, assim que
ficou sabendo do elogio, passou à cruzada pessoal. Mas, no segundo parágrafo, foi informado que o elogio
foi inesperado para ele. Assim, “Após muito meditar sobre as palavras do oráculo, Sócrates chegou à
conclusão de que mudaria sua vida (e a história do pensamento).”. Por isso, não houve uma reação imediata,
isso ocorreu após muito meditar.

A afirmativa III está correta, pois no terceiro parágrafo é informado que “... havia grandes diferenças
entre a dialética de Sócrates e a de seus antigos mestres. Em primeiro lugar, Sócrates não cobrava dinheiro
por suas ‘lições’”.

Se há diferença e ele não cobrava por suas lições, subentende-se que seus amigos cobravam.

A afirmativa IV está correta e podemos exemplificar com a seguinte citação de Sócrates, expressa no
segundo parágrafo: “Mais sábio que esse homem eu sou. É provável que nenhum de nós saiba nada de bom,
mas ele supõe saber alguma coisa e não sabe, enquanto eu, se não sei, tampouco suponho saber. Parece que
sou um tantinho mais sábio que ele exatamente por não supor saber o que não sei”.

Assim, a alternativa (B) é a correta.

Gabarito: B

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19. (Prática textual)


Em “Quando confrontados pelos aspectos mais obscuros ou espinhosos da existência” (1º§), “percebeu que
a autoproclamada sabedoria do sujeito era uma casca vazia” (2º§) e “Em seguida, destrinchava as
respostas que lhe eram dadas” (3º§), as expressões destacadas são, respectivamente, exemplos de:
A) Denotação, conotação, conotação. B) Denotação, denotação, conotação.
C) Denotação, denotação, denotação. D) Conotação, conotação, conotação.
E) Conotação, denotação, denotação.

Comentário: Vimos em questões anteriores a diferença entre “denotação” (sentido real) e “conotação”
(sentido figurado). Assim, sabemos que, literalmente, “aspectos” não tem espinhos. Então “espinhosos” está
sendo usado em sentido figurativo, simbolizando dificuldades, obstruções.

A palavra “sabedoria” é também algo abstrato, portanto não possui “casca” literalmente. Assim,
casca é entendida figurativamente como uma aparência, rótulo.

O verbo “destrinchar” significa literalmente dividir, cortar em pedaços menores, separar. Por
extensão temos o sentido figurativo da análise, isto é, esmiuçar os argumentos, separar as explicações,
aprofundar no conhecimento metodicamente.
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Assim, todas as palavras possuem sentido conotativo, figurativo.

Gabarito: D

20. (Prática textual)


NÃO haverá alteração do sentido do texto caso se substitua:
A) “A resposta foi sumária” (1º§) por A resposta foi breve, rápida.
B) “vagabundo loquaz” (2º§) por vagabundo incansável.
C) “a autoproclamada sabedoria do sujeito” (2º§) por a sabedoria anunciada pelo próprio sujeito.
D) “bordão” (2º§) por frase que se repete muito.
E) “Para sua tarefa audaz” (3º§) por Para sua tarefa audaciosa.

Comentário: Bom, cuidado com o pedido da questão. Muitas vezes a palavra “não” nos confunde. A questão
pediu a alternativa que não altera o sentido. Assim, ela quer aquela que mantém o mesmo sentido. Eles não
poderiam ser mais claros????? Pois é, fazem isso para nos confundir na hora da prova. Então cuidado!
Realizando as questões em casa, na tranquilidade, naturalmente a gente percebe essa pegadinha, mas na
hora da prova muita gente erra de bobeira!!!!! A questão é perdida à toa. Então, cuidado, ok!

A alternativa (A) está errada, porque “sumária” significa “resumido, breve, conciso, sintético”. Assim,
o erro foi o vocábulo “rápida”.

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A alternativa (B) é a correta, porque “loquaz” tem o sentido contextual de falar muito, por isso,
contextualmente, podemos subentender aquele que não se cansa de falar (“incansável”).

A alternativa (C) está errada, porque “autoproclamada” significa proclamar ou atribuir características
a si mesmo. Note que “a sabedoria anunciada pelo próprio sujeito” não tem o mesmo sentido, concorda?

A alternativa (D) está errada. Observe que um dos sentidos da palavra “bordão” é realmente uma
palavra ou frase que se repete muito. Esse recurso muitas vezes é utilizado por humoristas, pois a repetição
daquela expressão é o mote, é o fechamento da piada ou da situação cômica.

Mas neste texto, não! Sócrates não repetia a sua célebre frase exaustivamente. Na realidade, neste
contexto, “bordão” é a frase de apoio, é uma verdade, uma máxima, como a proferida por Sócrates no texto:
“Só sei que nada sei”.

A alternativa (E) está errada, pois “audaz” tem relação com ousadia, coragem, aquele que tem
audácia. Já em “audacioso” o sufixo “-oso” dá uma noção de excesso, por isso cabe o entendimento de
atitude além da necessária. Assim, entendemos que a tarefa de Sócrates não era audaciosa, mas “audaz”:
corajosa.

Gabarito: B
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21. (Prática textual)


Os termos destacados constituem elementos coesivos por retomarem termos ou ideias anteriormente
registrados, EXCETO:
A) “Para isso, existiam os oráculos” (1º§)
B) “Afinal de contas, ele jamais havia se considerado um grande sábio.” (2º§)
C) “Só sei que nada sei” (2º§)
D) “Além disso, os diálogos de Sócrates não serviam para defender essa ou aquela posição ideológica” (3º§)
E) “Em seguida, destrinchava as respostas que lhe eram dadas” (3º§)

Comentário: Questão simples e rápida, pois não se pede o termo retomado, mas simplesmente se o termo
retoma palavra ou expressão anterior. Vimos na aula de sintaxe o valor da palavra “que”. Na alternativa (C),
há uma conjunção integrante, isto é, ela serve apenas como ligação de uma oração a outra, não tem a
intenção de retomar qualquer palavra anteriormente expressa.

Gabarito: C

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22. (Prática textual)


Em “Quando confrontados pelos aspectos mais obscuros ou espinhosos da existência” (1º§), “Após muito
meditar sobre as palavras do oráculo” (2º§), “então o verdadeiro sábio é aquele que tem consciência da
própria ignorância” (2º§), “A partir daí, Sócrates começou uma cruzada pessoal contra a falsa sabedoria”
(2º§), e “Mas havia grandes diferenças entre a dialética de Sócrates e a de seus antigos mestres” (3º§), as
expressões destacadas indicam, respectivamente, ideia de:
A) Tempo, tempo, conclusão, conclusão, adversidade.
B) Tempo, tempo, tempo, conclusão, adversidade.
C) Tempo, tempo, conclusão, tempo, adversidade.
D) Consequência, tempo, tempo, conclusão, adversidade.
E) Tempo, tempo, tempo, conclusão, adição.

Comentário: Note que os operadores sequenciais “Após” e “A partir daí”, marcam uma evolução temporal.
O tempo também é marcado pela conjunção “Quando”.

Assim, já sabemos que a alternativa correta é a (C).

Note que o operador sequencial “então” transmite um valor de conclusão, resultado do que vinha
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ocorrendo antes, e o conectivo “Mas” é um operador argumentativo que transmite valor de oposição,
contraste, adversidade.

Gabarito: C

Encontros e desencontros
Hoje, jantando num pequeno restaurante aqui perto de casa, pude presenciar, ao vivo, uma cena
que já me tinham descrito. Um casal de meia idade se senta à mesa vizinha da minha. Feitos os pedidos
ao garçom, o homem, bem depressinha, tira o celular do bolso, e não mais o deixa, a merecer sua
atenção exclusiva. A mulher, certamente de saber feito, não se faz de rogada e apanha um livro que
trazia junto à bolsa. Começa a lê-lo a partir da página assinalada por um marcador. Espichando o meu
pescoço inconveniente (nem tanto, afinal as mesas eram coladinhas) deu para ver que era uma obra da
Martha Medeiros.
Desse modo, os dois iam usufruindo suas gulodices, sem comentários, com algumas reações dele,
rindo com ele mesmo com postagens que certamente ocorriam em seu celular. Até dois estranhos,
postos nessa situação, talvez acabassem por falar alguma coisa. Pensei: devem estar juntos há algum
tempo, sem ter mais o que conversar. Cada um sabia tudo do outro, nada a acrescentar, nada de novo
ou surpreendente. E assim caminhava, decerto, a vida daquele casal.
O que me choca, mesmo observando esta situação, como outras que o dia a dia me oferece, é a
ausência de conversa. Sem conversa eu não vivo, sem sua força agregadora para trocar ideias, para
convencer ou ser convencido pelo outro, para manifestar humor, para desabafar sobre o que angustia
a alma, em suma, para falar e para ouvir. A conversa não é a base da terapia? Sei não, mas, atualmente,
contar com um amigo para jogar conversa fora ou para confessar aquele temor que lhe está roubando

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o sossego talvez não seja fácil. O tempo também, nesta vida corre-corre, tem lá outras prioridades. Mia
Couto é contundente: “Nunca o nosso mundo teve ao seu dispor tanta comunicação. E nunca foi tão
dramática a nossa solidão.” Até se fala muito, mas ouvir o outro? Falo de conversas entre pessoas no
mundo real. Vive-se hoje, parece, mais no mundo digital. Nele, até que se conversa muito; porém, é tão
diferente, mesmo quando um está vendo o outro. O compartilhamento do mesmo espaço, diria, é que
nos proporciona a abrangência do outro, a captação do seu respirar, as batidas de seu coração, o seu
cheiro, o seu humor...
Desse diálogo é que tanta gente está sentindo falta. Até por telefone as pessoas conversam,
atualmente, bem menos. Pelo whatsApp fica mais fácil, alega-se. Rapidinho, rapidinho. Mas e a
conversa? Conversa-se, sim, replicam. Será? Ou se trocam algumas palavras? Quando falo em conversa,
refiro-me àquelas que se esticam, sem tempo marcado, sem caminho reto, a pularem de assunto em
assunto. O whatsApp é de graça, proclamam. Talvez um argumento que pode ser robusto, como se diz
hoje, a favor da utilização desse instrumento moderno.
Mas será apenas por isso? Um amigo me lembra: nos whatsApps se trocam mensagens por
escrito. Eu sei. Entretanto, língua escrita é outra modalidade, outro modo de ativar a linguagem, a
começar pela não copresença física dos interlocutores. No telefone, não há essa copresença física, mas
esse meio de comunicação não é impeditivo de falante e ouvinte, a cada passo, trocarem de papéis e
até mesmo de falarem ao mesmo tempo, configurando, pois, características próprias da modalidade
oral. Contudo, não se respira o mesmo ar, ainda que já se possa ver o outro. As pessoas passaram a
valer-se menos do telefone, e as conversas também vão, por isso, tornado-se menos frequentes.
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Gosto, mesmo, é de conversas, de preferência com poucos companheiros, sem pauta, sem temas
censurados, sem se ter de esmerar na linguagem. Conversa sem compromisso, a não ser o de evitar a
chatice. Com suas contundências, conflitos de opiniões e momentos de solidariedade. Conversa que é
vida, que retrata a vida no seu dia a dia. No grupo maior, há de tudo: o louco, o filósofo, o depressivo, o
conquistador de garganta, o saudosista... Nem sempre, é verdade, estou motivado para participar desses
grupos. Porém, passado um tempo, a saudade me bate.
Aqueles bate-papos intimistas com um amigo de tantas afinidades, merecedores que nos
tornamos da confiança um do outro, esses não têm nada igual. A apreensão abrangente do amigo, de
seu psiquismo, dos seus sentimentos, das dificuldades mais íntimas por que passa, faz-nos sentir,
fortemente, a nossa natureza humana, a maior valia da vida.
Esses momentos vão se tornando, assim me parece, uma cena menos habitual nestes tempos
digitais. A pressa, os problemas a se multiplicarem, as tarefas a se diversificarem, como encontrar uma
brecha para aquela conversa, que é entrega, confiança, despojamento? Conversa que exige respeito:
um local calminho, sem gritos, vozes esganiçadas, garçons serenos. Sim, umas tulipas estourando de
geladas e uns tira-gostos de nosso paladar a exigirem nova pedida. Não queria perder esses encontros.
Afinal, a vida está passando tão depressa...

Adaptado de: UCHOA, Carlos Eduardo. Disponível em: http://carloseduardouchoa.com.br/blog/

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No 3º parágrafo, o autor cita o escritor moçambicano Mia Couto. Essa estratégia objetiva
(A) valorizar a literatura contemporânea, por meio desse escritor.
(B) ser coerente com as pessoas que não gostam da Internet.
(C) comprovar que literatura e Internet são incompatíveis.
(D) induzir o leitor a aceitar o texto como verdadeiro.
(E) corroborar as ideias explicitadas anteriormente.

Comentário: Observe, no trecho a seguir, que a citação de Mia Couto corrobora com o que o autor disse
anteriormente, sendo, portanto, um argumento de autoridade: O que me choca, mesmo observando esta
situação, como outras que o dia a dia me oferece, é a ausência de conversa. Sem conversa eu não vivo, sem
sua força agregadora para trocar ideias, para convencer ou ser convencido pelo outro, para manifestar
humor, para desabafar sobre o que angustia a alma, em suma, para falar e para ouvir. A conversa não é a
base da terapia? Sei não, mas, atualmente, contar com um amigo para jogar conversa fora ou para confessar
aquele temor que lhe está roubando o sossego talvez não seja fácil. O tempo também, nesta vida corre-corre,
tem lá outras prioridades. Mia Couto é contundente: “Nunca o nosso mundo teve ao seu dispor tanta
comunicação. E nunca foi tão dramática a nossa solidão.”
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Dessa forma, o autor comenta sobre a falta de conversa e coloca a fala de Mia Couto para confirmar
seu pensamento, em que o autor moçambicano diz que estamos solitários num mundo com tanta
ferramenta de comunicação à disposição.

A alternativa (A) está errada, pois não há no texto nenhum dado que confirme o que foi dito nesta
alternativa.

A alternativa (B) está errada, pois foge ao tema do texto, que não diz nada sobre as pessoas gostarem
ou não da internet.

A alternativa (C) está errada, pois o texto não fala sobre literatura x internet.

A alternativa (D) está errada, porque o objetivo argumentativo do autor não é este, pois, ao analisar
um texto, fica a critério do leitor considerá-lo ou não verdadeiro. O autor apenas utiliza a citação de Mia
Couto para corroborar as ideias explicitadas anteriormente, conforme a alternativa (E), que é a correta,
confirmando o que foi comentado anteriormente, ao analisarmos o fragmento do texto.

Gabarito: E

24. (Marinha / Colégio Naval Aluno 2017)


Em "O compartilhamento do mesmo espaço, diria, é que nos proporciona a abrangência do outro, a captação
do seu respirar, as batidas de seu coração, o seu cheiro, o seu humor..." (3°§), infere-se que para o autor
(A) a comunicação digital, nos dias de hoje, não prescinde da abrangência do outro.

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(B) na Internet, o compartilhamento do espaço é a reprodução da abrangência do outro.


(C) captar o cheiro, o humor e as batidas do coração do receptor garante a interlocução.
(D) o compartilhamento do mesmo espaço é a forma real para a humanização do diálogo.
(E) o mundo digital, ao contrário do que se pensa, não permite a interlocução em tempo real.

Comentário: As alternativas (A) e (B) estão erradas, pois falam sobre comunicação digital e internet, e o
excerto fala sobre a presença física das pessoas, compartilhamento do mesmo espaço físico.

Na alternativa (C), as sensações descritas não são um meio de garantir a interlocução. Na verdade,
tudo isso pode acontecer sem que haja comunicação.

A alternativa (D) é a correta, pois, segundo o texto, a forma real para a humanização do diálogo é “a
abrangência do outro, a captação do seu respirar, as batidas de seu coração, o seu cheiro, o seu humor..."

Novamente, a alternativa (E) menciona apenas o meio digital, fugindo do tema da frase do enunciado,
além disso, o mundo digital permite, sim, a interlocução em tempo real.

Gabarito: D

25. (Marinha / Colégio Naval Aluno 2017)


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Sobre as ideias expressas no texto, é correto afirmar que


(A) o cronista deixa ciara a sua preferência pelas conversas ao telefone, apesar de reconhecer que o
whatsApp, por ser de graça, torna a comunicação mais rápida, uma vez que os falantes e ouvintes podem
trocar de papel a todo instante.
(B) nos bate-papos intimistas cabem todos os assuntos, mesmo que haja divergência de opiniões, já que
retratam a vida no seu dia a dia e envolvem pessoas diferentes, mas afinadas na confiança estabelecida
e na percepção mais abrangente do outro.
(C) o texto parte de um registro do cotidiano - o comportamento de um casal em um restaurante - para
analisar os exageros cometidos pelos usuários da Internet, os quais priorizam o mundo digital e
abandonam completamente os bate-papos intimistas com os amigos.
(D) a citação de Mia Couto, no 3º parágrafo, ratifica a ideia central do texto: as pessoas estão cada vez mais
sós, vivendo em um mundo virtual, onde a conversa não é plena, já que não há o compartilhamento do
mesmo espaço e a troca de ideias praticamente inexiste.
(E) o 6º parágrafo se contrapõe ao 8º, pois enquanto naquele o cronista estabelece algumas causas para a
diminuição das conversas e delimita os elementos necessários ao ambiente onde esse diálogo
acontecerá, neste ele especifica como deve ser a conversa entre as pessoas.

Comentário: A alternativa (A) está errada, pois, segundo o autor, o telefone também perdeu seu lugar na
comunicação, sendo substituído, muitas vezes pelo whatsApp.

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A alternativa (B) é a correta. Observe que os trechos a seguir convergem para o que está escrito na
alternativa: “Gosto, mesmo, é de conversas, de preferência com poucos companheiros, sem pauta, sem
temas censurados, sem se ter de esmerar na linguagem. Conversa sem compromisso, a não ser o de evitar a
chatice. Com suas contundências, conflitos de opiniões e momentos de solidariedade. Conversa que é vida,
que retrata a vida no seu dia a dia. No grupo maior, há de tudo: o louco, o filósofo, o depressivo, o
conquistador de garganta, o saudosista... Nem sempre, é verdade, estou motivado para participar desses
grupos. Porém, passado um tempo, a saudade me bate.

Aqueles bate-papos intimistas com um amigo de tantas afinidades, merecedores que nos tornamos
da confiança um do outro, esses não têm nada igual.”

A alternativa (C) está errada, pois o autor não critica os abusos da internet, apenas diz que ele sente
falta da conversa, do contato físico. Além disso, o termo “completamente” é muito generalizante, saindo
completamente do assunto tratado no texto.

A alternativa (D) está errada, pois não podemos dizer que, segundo o autor, a troca de ideias
praticamente inexiste.

A alternativa (E) está errada, pois o 8º parágrafo confirma o que foi dito no 6º parágrafo, sobre as
conversas.
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Gabarito: B

26. (Marinha / Colégio Naval Aluno 2017)


Em que opção o sinônimo indicado para o termo sublinhado NÃO mantém o mesmo sentido daquele
apresentado, no texto, pelo trecho destacado?
(A) “Espichando o meu pescoço inconveniente[...].”(1º§) - esticando.
(B) "A apreensão abrangente do amigo,(7°§) - aflição.
(C) “Conversa-se, sim, replicam.” (4°§) - respondem.
(D) “[...] os dois iam usufruindo suas gulodices. (2°§) - guloseimas.
(E) "[...] confessar aquele temor que lhe está roubando[...].” (3°§) - medo.

Comentário: A alternativa (A) está correta, observe no contexto: Espichando o meu pescoço inconveniente
(nem tanto, afinal as mesas eram coladinhas) deu para ver que era uma obra da Martha Medeiros. Assim,
“espichando” e “esticando” têm o mesmo sentido.

A alternativa (B) é a errada, pois, no contexto, a palavra “apreensão” significa “depreensão”,


“absorção”. Observe: A apreensão abrangente do amigo, de seu psiquismo, dos seus sentimentos, das
dificuldades mais íntimas por que passa.

A alternativa (C) está correta, observe no contexto: Mas e a conversa? Conversa-se, sim, replicam.
Assim, “replicam” tem o mesmo sentido de “respondem”.

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A alternativa (D) está correta, observe no contexto: Feitos os pedidos ao garçom, [...] Desse modo, os
dois iam usufruindo suas gulodices. Assim, “gulodices” tem o mesmo sentido de “guloseimas”.

A alternativa (E) está correta, observe no contexto: confessar aquele temor que lhe está roubando o
sossego talvez não seja fácil. Assim, “temor” tem o mesmo sentido de “medo”.

Gabarito: B

O desaparecimento dos livros na vida cotidiana e a diminuição da leitura é preocupante quando


sabemos que os livros são dispositivos fundamentais na formação subjetiva das pessoas. Nos
perguntamos sobre o que os meios de comunicação fazem conosco: da televisão ao computador, dos
brinquedos ao telefone celular, somos formados por objetos e aparelhos.
Se em nossa época a leitura diminui vertiginosamente, ao mesmo tempo, cresce o elogio da
ignorância, nossa velha conhecida. Há, nesse contexto, dois tipos de ignorância em relação às quais os
livros são potentes ou impotentes. Uma é a ignorância filosófica, aquela que em Sócrates se expunha na
ironia do "sei-que-nada-sei". Aquele que não sabe e quer saber pode procurar os livros, esses objetos
que guardam tantas informações, tantos conteúdos, que podemos esperar deles muita coisa: perguntas
e, até mesmo, respostas. A outra é a ignorância prepotente, à qual alguns filósofos deram o nome de
"burrice". Pela burrice, essa forma cognitiva impotente e, contudo, muito prepotente, alguém
transforma o não saber em suposto saber, a resposta pronta é transformada em verdade. Nesse caso,
os livros são esquecidos. Eles são desnecessários como "meios para o saber". Cancelada a curiosidade,
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como sinal de um desejo de conhecimento, os livros tornam-se inúteis. Assim, a ignorância que nos
permite saber se opõe à que nos deforma por estagnação, A primeira gosta dos livros, a segunda os
detesta. [ ... ]
Para aprender a perguntar, precisamos aprender a ler. Não porque o pensamento dependa da
gramática ou da língua formal, mas porque ler é um tipo de experiência que nos ensina a desenvolver
raciocínios, nos ensina a entender, a ouvir e a falar para compreender. Nos ensina a interpretar. Nos
ajuda, portanto, a elaborar questões, a fazer perguntas. Perguntas que nos ajudam a dialogar, ou seja,
a entrar em contato com o outro. Nem que este outro seja, em um primeiro momento, apenas cada um
de nós mesmos.
Pensar, esse ato que está faltando entre nós, começa aí, muitas vezes em silêncio, quando nos
dedicamos a esse gesto simples e ao mesmo tempo complexo que é ler um livro. É lamentável que as
pessoas sucumbam ao clima programado da cultura em que ler é proibido. Os meios tecnológicos de
comunicação são insidiosos nesse momento, pois prometem uma completude que o ato de ler um livro
nunca prometeu. É que o ato da leitura nunca nos engana. Por isso, também, muitos afastam-se dele.
Muitos que foram educados para não pensar, passam a não gostar do que não conhecem. Mas há quem
tenha descoberto esse prazer que é o prazer de pensar a partir da experiência da linguagem -
compreensão e diálogo - que sempre está ofertada em um livro. Certamente para essas pessoas, o
mundo todo - e ela mesma - é algo bem diferente.

(TIBURI, Márcia. Potência do pensamento: por uma filosofia política da leitura. Disponível em
http://revistacult.uol.com.br - 31 de jan. 2016 - com adaptações)

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Aula 12

27. (Marinha / Colégio Naval Aluno 2016)


Em seu processo argumentativo, o texto
a) faz uma análise totalmente imparcial sobre as causas do desaparecimento dos livros na vida cotidiana.
b) explora a ideia da ignorância sob um ponto de vista fundamentalmente empírico.
c) contrapõe o ato de pensar ao de ler, mostrando que este implica silêncio e aquele, concentração.
d) associa leitura a pensamento, mostrando que muitos desconhecem essa relação prazerosa.
e) ratifica a ideia de que os meios tecnológicos de comunicação são mais completos que os livros.

Comentário: A alternativa (A) está errada, pois não se pode dizer que há uma análise “totalmente” imparcial
do texto. Note que a autora insere seu posicionamento de que ler é muito importante. De certa forma, já
entendemos aí uma parcialidade, um posicionamento da autora. Assim, a palavra categórica “totalmente”
nos mostra o erro da alternativa.

Para entendermos melhor o que diz a alternativa (B), vejamos o significado da palavra “empirismo”:
doutrina ou atitude que a admite que o conhecimento provenha unicamente da experiência, negando a
existência de princípios puramente racionais.

Retomando as palavras do texto, apenas um ponto de vista sobre a ideia de ignorância nega o
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racional, qual seja, quando a autora fala sobre a ignorância prepotente, a qual ela chama de “burrice”, que
dispensa o livro como agregador de saber. Observe:

Há, nesse contexto, dois tipos de ignorância em relação às quais os livros são potentes ou impotentes.
Uma é a ignorância filosófica, aquela que em Sócrates se expunha na ironia do "sei-que-nada-sei". Aquele
que não sabe e quer saber pode procurar os livros, esses objetos que guardam tantas informações, tantos
conteúdos, que podemos esperar deles muita coisa: perguntas e, até mesmo, respostas. A outra é a
ignorância prepotente, à qual alguns filósofos deram o nome de "burrice". Pela burrice, essa forma cognitiva
impotente e, contudo, muito prepotente, alguém transforma o não saber em suposto saber, a resposta pronta
é transformada em verdade. Nesse caso, os livros são esquecidos. Eles são desnecessários como "meios para
o saber".

Portanto, a alternativa (B) está errada, pois apenas o ponto de vista sobre ideia da ignorância tomada
como “burrice” está mais ligado ao prático, ao empírico.

A alternativa (C) está errada, pois, segundo a autora, o ato de pensar precisa da leitura, e vice-versa,
não havendo, portanto, uma contraposição, mas sim uma comunhão de ideia. Leia o trecho a seguir para
comprovar:

....precisamos aprender a ler. Não porque o pensamento dependa da gramática ou da língua formal, mas
porque ler é um tipo de experiência que nos ensina a desenvolver raciocínios, nos ensina a entender, a ouvir
e a falar para compreender.

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A alternativa (D) é a correta, pois afirma que leitura e pensamento estão associados, confirmando o
que a autora expõe no texto:

Pensar, esse ato que está faltando entre nós, começa aí, muitas vezes em silêncio, quando nos dedicamos a
esse gesto simples e ao mesmo tempo complexo que é ler um livro.

Além disso, a alternativa é confirmada também com a passagem a seguir, da qual podemos inferir
que muitas pessoas desconhecem a relação prazerosa entre leitura e pensamento:

Mas há quem tenha descoberto esse prazer que é o prazer de pensar a partir da experiência da linguagem -
compreensão e diálogo - que sempre está ofertada em um livro.

A alternativa (E) está errada, pois o texto não trata sobre os meios tecnológicos. Isso extrapola os
dados do texto.

Gabarito: D

28. (Marinha / Colégio Naval Aluno 2016)


Qual opção está de acordo com as ideias expressas no texto?
a) A ignorância prepotente rejeita os livros como forma de conhecimento, mas os substitui pela curiosidade
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cognitiva.
b) Os meios tecnológicos de comunicação suplantaram os livros por serem, certamente, mais completos e
atualizados.
c) O aprendizado da leitura permite que o indivíduo pense a partir da experiência da linguagem, que implica
compreensão e diálogo.
d) A leitura de um livro exclui o pensamento e faz com que a pessoa fique em contato com uma realidade
diferente daquela vivida.
e) Para que a leitura se torne prazerosa, é preciso que o leitor associe o texto lido a outros meios
tecnológicos mais completos.

Comentário: A alternativa (A) está errada, pois, segundo a informação do texto sobre a ignorância
prepotente, as pessoas apenas falam aquilo que elas já conhecem, sem explorar qualquer outro tipo de fonte
de informação. Por isso, não podemos entender do texto que elas substituem os livros pela curiosidade
cognitiva.

A alternativa (B) está errada, pois o texto não aborda a questão dos meios tecnológicos como fonte
de conhecimento.

A alternativa (C) é a correta, pois a informação está literalmente no texto. Observe:

Mas há quem tenha descoberto esse prazer que é o prazer de pensar a partir da experiência da linguagem -
compreensão e diálogo - que sempre está ofertada em um livro.

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A alternativa (D) está errada, pois leitura e pensamento estão associados. Além disso, a pessoa que
lê reflete melhor sobre a realidade em que vive.

A alternativa (E) está errada, pois, novamente, o texto não fala sobre a tecnologia como portadora e
transmissora de conhecimento.

Gabarito: C

29. (Marinha / Colégio Naval Aluno 2016)


Com o fragmento "Muitos que foram educados para não pensar, passam a não gostar do que não
conhecem." (4°§), infere-se que
a) a educação atual não valoriza o raciocínio lógico nem o conhecimento.
b) se as pessoas começarem a pensar, naturalmente passarão a gostar de livros.
c) nos dias de hoje, não pensar é mais valorizado do que gostar do que não se conhece.
d) quem não gosta do que não conhece também não gosta de livros nem de conhecimento.
e) não gostar do que não se conhece é consequência de não ter sido educado para pensar.

Comentário: Analisando o fragmento do enunciado, a segunda parte é consequência da primeira. Observe:


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Muitos que foram educados para não pensar, então/por isso/como consequência passam a não gostar do
que não conhecem.

A alternativa (A) está errada, pois faz uma generalização dizendo que a educação atual não valoriza
o raciocínio lógico e o enunciado diz que Muitos que foram educados, isto é, nem todos.

A alternativa (B) está errada, pois menciona apenas os livros, enquanto o enunciado menciona o
conhecimento em geral.

A alternativa (C) está errada, a começar pela locução adverbial “nos dias de hoje”, pois não há essa
informação no texto. Além disso, o fragmento original não menciona nada do que foi dito na alternativa em
questão.

A alternativa (D) está errada, pois novamente menciona os livros que não são mencionados no
fragmento original.

A alternativa (E) é a correta, pois menciona exatamente o que analisamos sobre o fragmento no início
do comentário: a segunda parte é consequência da primeira (muitas pessoas passam a gostar do que não
conhecem, porque foram educados para não pensar). Observe abaixo o “jogo” com as palavras. O que está
em cor verde é a causa e o que está em cor azul, a consequência:

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Muitos que foram educados para não pensar, passam a não gostar do que não conhecem

não gostar do que não se conhece é consequência de não ter sido educado para pensar

Note que, no lugar da expressão “passam a”, que transmite uma noção de causa e consequência, foi
colocada a expressão “é consequência de”, que transmite uma noção de consequência e causa.

Gabarito: E

Aumenta o número de adultos que não consegue focar sua atenção em uma única coisa por
muito tempo. São tantos os estímulos e tanta a pressão para que o entorno seja completamente
desvendado que aprendemos a ver e/ou fazer várias coisas ao mesmo tempo. Nós nos tornamos, à
semelhança dos computadores, pessoas multitarefa, não é verdade?
Vamos tomar como exemplo uma pessoa dirigindo. Ela precisa estar atenta aos veículos que vêm
atrás, ao lado e à frente, à velocidade média dos carros por onde trafega, às orientações do GPS ou de
programas que sinalizam o trânsito em tempo real, às informações de alguma emissora de rádio que
comenta o trânsito, ao planejamento mental feito e refeito várias vezes do trajeto que deve fazer para
chegar ao seu destino, aos semáforos, faixas de pedestres etc.
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Quando me vejo em tal situação, eu me lembro que dirigir, após um dia de intenso trabalho no
retorno para casa, já foi uma atividade prazerosa e desestressante.
O uso da internet ajudou a transformar nossa maneira de olhar para o mundo. Não mais
observamos os detalhes, por causa de nossa ganância em relação a novas e diferentes informações.
Quantas vezes sentei em frente ao computador para buscar textos sobre um tema e, de repente, me dei
conta de que estava em temas que em nada se relacionavam com meu tema primeiro.
Aliás, a leitura também sofreu transformações pelo nosso costume de ler na internet. Sofremos
de uma tentação permanente de pular palavras e frases inteiras, apenas para irmos direto ao ponto. O
problema é que alguns textos exigem a leitura atenta de palavra por palavra, de frase por frase, para
que faça sentido. Aliás, não é a combinação e a sucessão das palavras que dá sentido e beleza a um
texto?
Se está difícil para nós, adultos, focar nossa atenção, imagine, caro leitor, para as crianças. Elas já
nasceram neste mundo de profusão de estímulos de todos os tipos; elas são exigidas, desde o início da
vida, a dar conta de várias coisas ao mesmo tempo; elas são estimuladas com diferentes objetos, sons,
imagens etc.
Aí, um belo dia elas vão para a escola. Professores e pais, a partir de então, querem que as
crianças prestem atenção em uma única coisa por muito tempo. E quando elas não conseguem,
reclamamos, levamos ao médico, arriscamos hipóteses de que sejam portadoras de síndromes que
exigem tratamento etc.
A maioria dessas crianças sabe focar sua atenção, sim. Elas já sabem usar programas complexos
em seus aparelhos eletrônicos, brincam com jogos desafiantes que exigem atenção constante aos
detalhes e, se deixarmos, passam horas em uma única atividade de que gostam.

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Mas, nos estudos, queremos que elas prestem atenção no que é preciso, e não no que gostam.
E isso, caro leitor, exige a árdua aprendizagem da autodisciplina. Que leva tempo, é bom lembrar.
As crianças precisam de nós, pais e professores, para começar a aprender isso. Aliás, boa parte
desse trabalho é nosso, e não delas.
Não basta mandarmos que elas prestem atenção: isso de nada as ajuda. O que pode ajudar, por
exemplo, é analisarmos o contexto em que estão quando precisam focar a atenção e organizá-lo para
que seja favorável a tal exigência. E é preciso lembrar que não se pode esperar toda a atenção delas por
muito tempo: o ensino desse quesito no mundo de hoje é um processo lento e gradual.

SAYÃO, Rosely. Profusão de estímulos. Folha de São Paulo, 11 fev. 2014 - adaptado.

30. (Marinha / Colégio Naval Aluno 2014)


Considerando os termos grifados em "[...] por causa de nossa ganância em relação a novas e diferentes
informações.” (4°§) e "Elas já nasceram neste mundo de profusão de estímulos de todos os tipos (6°§), a
antonímia dos termos grifados foi indicada de forma correta, respectivamente, em qual opção?
a) Avidez, insuficiência.
b) Abnegação, exuberância.
c) Desapego, escassez.
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d) Altruísmo, afluência.
e) Concupiscência, falha.

Comentário: A palavra “ganância”, no contexto, significa “ânsia por ganhos exorbitantes; avidez, cobiça,
cupidez”. Logo, já eliminamos as alternativas (A) e (E), pois apresentam termos sinônimos.

A palavra “profusão”, no contexto, significa “grande quantidade; abundância, exuberância”. Logo, já


eliminamos as alternativas (B) e (D), pois apresentam termos sinônimos.

Resta, portanto, a alternativa (C) como a correta.

Gabarito: C

31. (Marinha / Colégio Naval Aluno 2014)


Sobre a construção do texto, é correto afirmar que
a) o sétimo parágrafo apresenta exemplos de pais e professores que ajudam as crianças a focar a atenção
nos estudos.
b) o quarto parágrafo apresenta a ideia de que as inúmeras informações ajudam na concentração do foco de
atenção.
c) o último parágrafo reforça a falta de atenção de adultos e crianças em focar uma única coisa.

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d) o oitavo parágrafo analisa que a maioria das crianças não consegue realmente focar a atenção por causa
dos jogos eletrônicos.
e) o segundo parágrafo apresenta a ideia de que o foco de atenção é mantido, apesar de vários detalhes que
precisam do cuidado do condutor.

Comentário: A alternativa (A) está errada, pois o exemplo citado é o de que pais e professores não tentam
ajudar as crianças por si só, mas sim as levam ao médico. Comprove lendo o trecho a seguir: Aí, um belo dia
elas vão para a escola. Professores e pais, a partir de então, querem que as crianças prestem atenção em
uma única coisa por muito tempo. E quando elas não conseguem, reclamamos, levamos ao médico,
arriscamos hipóteses de que sejam portadoras de síndromes que exigem tratamento etc.

A alternativa (B) está errada, pois, no quarto parágrafo, a autora exemplifica o fato de que, quando
estamos diante de inúmeras informações, perdemos o foco naquilo que realmente queríamos fazer. Observe
isso no trecho a seguir: Não mais observamos os detalhes, por causa de nossa ganância em relação a novas
e diferentes informações. Quantas vezes sentei em frente ao computador para buscar textos sobre um tema
e, de repente, me dei conta de que estava em temas que em nada se relacionavam com meu tema primeiro.

A alternativa (C) está errada, pois o último parágrafo reforça a ideia de como podemos agir para que
a falta de foco em uma coisa só não seja prejudicial para as crinaças. Assim, para comprovar, observe o trecho
a seguir: Não basta mandarmos que elas prestem atenção: isso de nada as ajuda. O que pode ajudar, por
exemplo, é analisarmos o contexto em que estão quando precisam focar a atenção e organizá-lo para que
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seja favorável a tal exigência.

A alternativa (D) está errada, pois no oitavo parágrafo a autora afirma que as crianças sabem focar
sua atenção, sim, usando como exemplo os jogos eletrônicos. Assim, observe isso no trecho a seguir: A
maioria dessas crianças sabe focar sua atenção, sim. Elas já sabem usar programas complexos em seus
aparelhos eletrônicos, brincam com jogos desafiantes que exigem atenção constante aos detalhes e, se
deixarmos, passam horas em uma única atividade de que gostam.

A alternativa (E) é a correta, pois o parágrafo exemplifica todos os aspectos do trânsito aos quais o
motorista deve se ater e que, ainda sim, consegue dirigir e manter o foco em todos eles.

Gabarito: E

32. (Marinha / Colégio Naval Aluno 2014)


De acordo com o texto, é correto afirmar que:
a) acidentes de trânsito ocorrem devido ao excesso de estímulos nas ruas.
b) o uso da internet em vez de livros impressos prejudicou a compreensão da leitura de textos.
c) o foco da atenção das crianças está naquilo de que gostam e têm interesse, mas nem sempre no que é
necessário.
d) adultos que não conseguem focar a atenção em uma única coisa foram crianças que não tiveram estímulos
desde o início da vida.

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e) crianças e adultos apresentam deficiência de atenção porque pertencem a gerações diferentes.

Comentário: A alternativa (A) está errada, pois o texto não trata do tema “acidente de trânsito”. A autora
apenas cita o trânsito como exemplo do fato de sermos “pessoas multitarefa”.

A alternativa (B) está errada, pois não há menção aos livros impressos no texto. A autora apenas
comenta que nossa forma de ler mudou “pelo nosso costume de ler na internet”.

A alternativa (C) é a correta, pois é a interpretação literal do que está escrito no texto, note: Mas, nos
estudos, queremos que elas prestem atenção no que é preciso, e não no que gostam.

A alternativa (D) está errada, pois no texto não há a informação de que adultos que não conseguem
focar a atenção em uma única coisa foram crianças que não tiveram estímulos desde o início da vida. As
informações que estão no texto dão conta de que os adultos aprenderam “a ver e/ou fazer várias coisas ao
mesmo tempo”, enquanto as crianças já nasceram nesse “mundo de profusão de estímulos”.

A alternativa (E) está errada, pois não há no texto a informação de que o fato de pertencerem a
gerações diferentes compromete a atenção.

Gabarito: C
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33. (Marinha / Colégio Naval Aluno 2014)


Em “o ensino desse quesito no mundo de hoje é um processo lento e gradual." (11°§), o termo grifado pode
ser substituído, sem mudança de sentido, por
a) detalhamento.
b) preceito.
c) item.
d) comando.
e) mandamento.

Comentário: Observe o contexto no qual a palavra “quesito” aparece no texto.

O que pode ajudar, por exemplo, é analisarmos o contexto em que estão quando precisam focar a atenção e
organizá-lo para que seja favorável a tal exigência. E é preciso lembrar que não se pode esperar toda a
atenção delas por muito tempo: o ensino desse quesito no mundo de hoje é um processo lento e gradual.

Note que a palavra “quesito” é o mesmo que “tema”, “elemento”, “assunto”. Assim, a palavra que
mais se aproxima desse conceito é “item”. Portanto, a alternativa (C) é a correta.

Gabarito: C

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34. (Marinha / Colégio Naval Aluno 2014)


Em que opção a articulista estabelece explicitamente um diálogo com o interlocutor?
a) "E isso, caro leitor, exige a árdua aprendizagem! [...]." (9 °§)
b) "As crianças precisam de nós, pais e professores, [...]." (10°§)
c) "Vamos tomar como exemplo uma pessoa dirigindo." (2°§)
d) "O que pode ajudar, por exemplo, é analisarmos [...]." (11°§)
e) "Se está difícil para nós, adultos, focar nossa [...]." (6°§)

Comentário: O diálogo com o leitor é estabelecido claramente por meio do vocativo “caro leitor”. Assim, a
alternativa correta, é a (A).

Gabarito: A

35. (Marinha / Colégio Naval Aluno 2014)


Qual é a opção que explicita uma ideia defendida no texto?
a) Pais e professores devem motivar as crianças a se interessarem pelas coisas de que gostam.
b) Com a profusão de estímulos a que estão sujeitas, as crianças tornam-se criteriosas e autodisciplinadas.
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c) Pessoas multitarefa são comparadas a computadores por serem capazes de executar as atividades de
forma seletiva.
d) O uso da internet torna as pessoas mais detalhistas e concentradas em diferentes atividades ao mesmo
tempo.
e) Há um contraste entre o que a escola exige da criança e a forma como esta foi estimulada a se comportar
desde o início da vida.

Comentário: A alternativa (A) está errada, pois, de acordo com o texto, pais e professores precisam orientar
e ajudar as crianças a focar a atenção naquilo que é necessário, pois elas já prestam atenção no que já
gostam. Comprove isso com a leitura dos trechos a seguir: A maioria dessas crianças sabe focar sua atenção,
sim. Elas já sabem usar programas complexos em seus aparelhos eletrônicos, brincam com jogos desafiantes
que exigem atenção constante aos detalhes e, se deixarmos, passam horas em uma única atividade de que
gostam.

Mas, nos estudos, queremos que elas prestem atenção no que é preciso, e não no que gostam. E
isso, caro leitor, exige a árdua aprendizagem da autodisciplina. [...]

As crianças precisam de nós, pais e professores, para começar a aprender isso.

A alternativa (B) está errada, pois afirma o contrário do que já constatamos acima. As crianças não se
tornam criteriosas e autodisciplinas, elas precisam a prender a autodisciplina.

Interpretação de textos. 45

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A alternativa (C) está errada, pois as pessoas são multitarefas não por serem seletivas, mas por ter
que darem conta de várias coisas ao mesmo tempo. Note isso no trecho a seguir: São tantos os estímulos e
tanta a pressão para que o entorno seja completamente desvendado que aprendemos a ver e/ou fazer várias
coisas ao mesmo tempo. Nós nos tornamos, à semelhança dos computadores, pessoas multitarefa, não é
verdade?

A alternativa (D) está errada, pois o uso da internet não torna as pessoas mais detalhistas e
concentradas em diferentes atividades ao mesmo tempo, mas sim mais concisas, desconcentradas e diretas.
Como podemos depreender dos trechos a seguir: Quantas vezes sentei em frente ao computador para buscar
textos sobre um tema e, de repente, me dei conta de que estava em temas que em nada se relacionavam
com meu tema primeiro.

Sofremos de uma tentação permanente de pular palavras e frases inteiras, apenas para irmos direto
ao ponto.

A alternativa (E) é a correta, pois o texto menciona que as crianças já nascem num “mundo de
profusão de estímulos de todos os tipos; elas são exigidas, desde o início da vida, a dar conta de várias coisas
ao mesmo tempo”, entretanto, quando chegam à escola precisam focar a atenção em uma coisa só por muito
tempo. Evidenciando o contraste entre o que a escola exige e o que a criança está costumada.

Gabarito: E
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As lições de outros escritores

Pode parecer um lugar-comum, mas é verdade verdadeira: a única arma que se pode usar para
aprender a escrever melhor, é ler, ler muito. As lições que se tiram dos textos dos escritores que vieram
antes de nós são inúmeras e valem a pena.
O escritor iniciante, por mais talento que tenha, se depara com obstáculos que parecem intransponíveis.
Até mais do que no futebol, a inexperiência torna os movimentos desarticulados, faz o praticante gastar
esforços inúteis, deixa-o sem ação diante dos problemas. Muito disso pode ser evitado com o uso
recorrente da leitura. [...] Ler, ler muito, ensina alguns truques do ofício de escritor. Por isso é que todo
escritor profissional já revelou que lê muito.
[...] Num mundo marcado pela correria, algumas pessoas acham que a leitura é uma ocupação
ultrapassada, que demanda tempo demais. É besteira, claro. Ainda mais quem deseja escrever para ser
lido.
[...] A primeira pergunta que se faz é: tudo bem, deve ser, mas o quê? A resposta é fácil: leia o
que gosta. Devemos deixar de lado os livros que podem chatear, por importantes que sejam. Se já se
tem um gênero planejado, melhor ainda. Digamos que alguém queira escrever romances de fundo
social. Leiam-se, então, livros do gênero que se pretende explorar, verificando neles o que funciona e o
que não funciona. Precisa-se analisar o autor, a forma com que ele escreve, como ele desenvolve a ação,
constrói os personagens, arma os diálogos, usa o cenário e o tempo, sobretudo como ele transmite sua
mensagem.

Interpretação de textos. 46

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Todo mundo precisa ler, mas os escritores devem ler. Sobretudo os livros certos. [...] O
enfrentamento e a absorção de um livro são coisas extremamente subjetivas. Assim, se um amigo
recomendar determinado romance que, além de tudo, está nas listas de best-sellers, talvez seja muito
chato para nós. Da mesma forma, se um clássico como Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa,
se impõe à nossa leitura como um clássico unânime, pode-se achar impossível se interessar por esse
mundo e por esses personagens. Não se deve envergonhar. Deixemo-lo de lado e partamos para outro
livro. Algum dia se descobrirão os encantos de Guimarães Rosa. E nem sempre o que é clássico
incontestável é o livro indicado para o momento. Pode acontecer também que se descubra, meio por
acaso, outro clássico: começamos a lê-lo e nos empolgamos, descobrindo o prazer que há em avançar
por ele, um livro que nunca abordamos, porque era venerado pela crítica e nos deixava um tanto
receosos de enfrentá-lo.[...]
Como escritor em processo, tem-se de ler de um modo diferente. Há quem goste de sublinhar
frases ou trechos significativos. É útil também para destacar metáforas ou comparações espertas. Ou
ainda para realçar idéias que admiramos, detestamos ou imaginamos que merecem uma reflexão
posterior. Como artesão da escrita, deve-se ler e procurar sempre no dicionário uma palavra que não se
conheça, incorporando-a em nosso repertório. Afinal, não estamos só lendo um texto como um leitor
comum; queremos entender como o escritor fez aquilo. Às vezes, apenas sublinhar não basta. O
comentário que surgiu na sua mente deve ser escrito, para não ser esquecida essa primeira impressão.
Se o texto nos impressionou e se ele se ajusta ao que pretendemos escrever, façamos mais
um esforço. Leiamo-lo de novo, depois de saber o que vai acontecer na ação ou quais idéias serão
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discutidas. Perceber-se-ão com mais clareza os métodos do escritor e, se for o caso, entenderemos
melhor o que ficou confuso na primeira leitura. Na ficção, ainda se pode ver melhor nessa segunda
leitura se o personagem tem coerência, ou se poderia ser dispensado da trama.
A leitura estimula o pensamento e pode nos tornar mais sensíveis ao que vamos escrever.
Com o primeiro rascunho pronto, começa-se a editar. Ou seja, deve-se ler e reler cada palavra e ver se
ela está encaixando no todo, até mesmo se está escrita corretamente. Começa-se a encarar melhor o
texto, como se fosse escrito por outra pessoa. E se houver dificuldades em entender alguma coisa ou
em achar lógico um ou outro desenvolvimento do texto, lembremo-nos de que outras pessoas - os
nossos leitores também terão.

Geraldo Galvão Ferraz, in Revista Língua Portuguesa - Ano III, N° 28, 2008 - com adaptações.

36. (Marinha / Colégio Naval Aluno 2008)


Assinale a opção em que o trecho confirma, na visão do autor, o aspecto subjetivo no processo de
leitura/escrita.
A) "Às vezes, apenas sublinhar não basta." (6º §)
B) "Ler, ler muito, ensina alguns truques do ofício de escritor." (2° § )
C) "Há quem goste de sublinhar frases ou trechos significativos." (6° § )
D) "Precisa-se analisar o autor, a forma com que ele escreve, como ele desenvolve a ação. . . " (4°§)
E) "Leiam-se, então, livros do gênero que se pretende explorar, verificando neles o que funciona..." (4° § )

Interpretação de textos. 47

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Comentário: É subjetivo o gosto de sublinhar ou não um texto, depende de cada um. Analise a própria
semântica do verbo gostar, ele é um sentimento que cada um tem e expressa de uma maneira. Assim, o
aspecto subjetivo está destacado na alternativa (C).

Gabarito: C

37. (Marinha / Colégio Naval Aluno 2008)


Em todas as opções abaixo, aparece, literal e explicitamente, a opinião do autor através de um ou mais
termos, EXCETO em
A) "Muito disso pode ser evitado com o uso recorrente da leitura. [...] Ler, ler muito,..." (2° §)
B) "... que a leitura é uma ocupação ultrapassada, que demanda tempo demais..." (3° §)
C) "Até mais do que no futebol, a inexperiência torna os movimentos desarticulados,..." (2° §)
D) “... romance que, (...), está nas listas de BEST-SELLERS, talvez, seja muito chato..." (5° §)
E) "Afinal, não estamos só lendo um texto como um leitor comum, queremos entender..." (6° § )

Comentário: Se voltarmos ao texto, ficará claro que o enunciado presente na alternativa (B) não demonstra
a opinião do autor. Observe:
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“... algumas pessoas acham que a leitura é uma ocupação ultrapassada, que demanda tempo demais”.

Assim, alternativa (B).

Gabarito: B

38. (Marinha / Colégio Naval Aluno 2008)


Assinale a opção em que se encontra, de forma direta ou implícita, uma afirmação correta quanto às dicas
para se escrever melhor apresentadas no texto.
A) Deve-se ler somente o gênero literário, em detrimento de outros.
B) Somente livros do gênero textual de interesse devem ser lidos.
C) Não se deve perder tempo com trechos ou textos ininteligíveis.
D) Diante de uma dificuldade de sentido, o ideal é que se procure a significação atribuída.
E) Apenas frases ou trechos significativos devem ser destacados, graficamente, no ato da leitura.

Comentário: Com exceção da alternativa (D), as demais alternativas estão presentes de forma explícita no
texto.

Note a mensagem implícita da alternativa (D):

“Como artesão da escrita, deve-se ler e procurar sempre no dicionário uma palavra que não se conheça,
incorporando-a em nosso repertório.”

Interpretação de textos. 48

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Gabarito: D

39. (Marinha / Colégio Naval Aluno 2008)


Assinale a opção que contém um trecho em que se configura, literal e discursivamente, empatia, ou seja, o
autor se identifica com o leitor acerca de obstáculos na leitura.
A) "As lições que se tiram dos textos dos escritores que vieram antes de nós são inúmeras e valem a pena."
(1° § )
B) "Por isso é que todo escritor profissional já revelou que lê muito." (2° §)
C) "Ainda mais quem deseja escrever para ser lido." (3° §)
D) "Afinal, não estamos só lendo um texto como um leitor comum..." (6° §)
E) “... lembremo-nos de que outras pessoas - os nossos leitores - também terão. " (8° §)

Comentário: Note que, na alternativa (E), o autor evoca, de certa forma, a lembrança e a participação do
leitor, demonstrando, assim, empatia a ele. Assim, a alternativa correta é (E).

Gabarito: E

40. (Marinha / Colégio Naval Aluno 2008)


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Assinale a opção que contém um significado diferente para o termo destacado em "O escritor iniciante, por
mais talento que tenha..." (20º §)
A) Principiante.
B) Itinerante.
C) Infante.
D) Neófito.
E) Novato.

Comentário: Com exceção da alternativa (B), que significa “aquele que transita ou se desloca”, as demais
alternativas estão dentro do mesmo capo semântico: iniciante. Assim, temos a alternativa (B).

Interpretação de textos. 49

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Inimigos
O apelido de Maria Teresa, para Norberto, era "Quequinha". Depois do casamento, sempre que
queria contar para os outros uma de sua mulher, o Norberto pegava sua mão, carinhosamente, e
começava:
– Pois a Quequinha ...
E a Quequinha, dengosa, protestava:
– Ora, Beto!
Com o passar do tempo, o Norberto deixou de chamar a Maria Teresa de Quequinha. Se ela
estivesse ao seu lado e ele quisesse se referir a ela, dizia:
– A mulher aqui...
Ou, às vezes:
– Esta mulherzinha ...
Mas nunca mais Quequinha.
(O tempo, o tempo. O amor tem mil inimigos, mas o pior deles é o tempo. O tempo ataca em
silêncio. O tempo usa armas químicas.)
Com o tempo, Norberto passou a tratar a mulher por "Ela".
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– Ela odeia o Charles Bronson.


– Ah, não gosto mesmo.
Deve-se dizer que o Norberto, a esta altura, embora a chamasse de Ela, ainda usava um vago
gesto de mão para indicá-la. Pior foi quando passou a dizer "essa aí" e a apontar com o queixo.
– Essa aí ...
E apontava com o queixo, até curvando a boca com certo desdém.
(O tempo, o tempo. O tempo captura o amor e não o mata na hora. Vai tirando uma asa, depois
outra...)
Hoje, quando quer contar alguma coisa da mulher, o Norberto nem olha na sua direção. Faz
meneio de lado com a cabeça e diz:
– Aquilo ...
VERISSIMO, Luís Fernando. Novas comédias da vida privada. Porto Alegre: L&PM, 1996. P. 70-71.

41. (Marinha / SMV Oficiais 2018)


Assinale a opção que melhor expressa o sentimento do Norberto em relação à sua esposa.
A) “...Aquilo...”. (§ 19)
B) “[...] O amor tem mil inimigos, mas o pior deles é o tempo.” (§ 10).
C) “O tempo usa armas químicas.” (§ 10)
D) “– Ah, não gosto mesmo.” (§ 13)

Interpretação de textos. 50

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E) “– Ora, Beto!” (§ 4)

Comentário: Ao longo do texto, Norberto muda a forma com que trata sua esposa, passando do apelido
carinhoso “Quequinha” ao pronome demonstrativo “Aquilo”, como se a esposa fosse um objeto, algo
qualquer.

Dessa forma, a alternativa que melhor expressa o sentimento do Norberto em relação à sua esposa
é a (A).

Gabarito: A

42. (Marinha / SMV Oficiais 2018)


Em todos os trechos abaixo, a língua está sendo usada no seu sentido conotativo, EXCETO em
A) “Esta mulherzinha [...]” (§ 8)
B) “O amor tem mil inimigos [...]” (§ 10)
C) “E a Quequinha, dengosa, protestava” (§ 3)
D) “O tempo captura o amor e não o mata na hora” (§ 10)
E) “Vai tirando uma asa, depois outra [...] (§ 10)
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Comentário: A alternativa (A) está correta, pois o termo “mulherzinha” que, em seu sentido denotativo,
significa mulher pequena, de baixa estatura, foi empregado no sentido conotativo, indicando a forma inferior
com a qual o personagem Norberto tratava sua esposa.

A alternativa (B) está correta, pois a expressão “o amor tem mil inimigos” foi empregada no sentido
conotativo, uma vez que o sentimento amor não pode ter inimigos literalmente. A expressão quer dizer,
então, que há muitas coisas que podem acabar com o sentimento de amor e, como escrito no texto, o tempo
é uma delas.

A alternativa (C) é a errada, pois o trecho “E a Quequinha, dengosa, protestava” foi empregado no
sentido literal, denotativo, uma vez que narra como Quequinha reagia ao tratamento carinhoso do marido,
isto é, ficava envergonhada.

A alternativa (D) está correta, pois a expressão “O tempo captura o amor e não o mata na hora” foi
empregada no sentido denotativo, uma vez que o tempo não captura e mata o amor literalmente. Logo, a
expressão foi empregada no sentido conotativo e significa que o sentimento de amor do casal vai acabando
aos poucos com o passar do tempo, isto é, quanto mais o tempo passa, menos amor há entre as pessoas.

Cabe observar que o amor, no texto, está personificado na forma do Cupido, uma vez que o verbo
“capturar” remete a pegar algo físico, palpável.

Interpretação de textos. 51

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Além disso, a expressão “Vai tirando uma asa, depois outra [...]” também está empregada no sentido
conotativo, pois remete à ideia de tirar as asas do Cupido, acabando, portanto, com o amor. Dessa forma, a
alternativa (E) está correta.

Gabarito: C

Confrontos
Que é o Brasil entre os povos contemporâneos? Que são os brasileiros? [ ... ]
Nós, brasileiros, [ ... ] somos um povo em ser, impedido de sê-lo. Um povo mestiço na carne e no
espírito, já que aqui a mestiçagem jamais foi um crime ou pecado. Nela fomos feitos e ainda
continuamos nos fazendo. Essa massa de nativos oriundos da mestiçagem vive por séculos sem
consciência de si, afundada na ninguendade. Assim foi até se definir como uma nova identidade étnico-
nacional, a de brasileiros. Um povo, até hoje, em ser, na dura busca de seu destino. [ ... ]
É de assinalar que, apesar de feitos pela fusão de matrizes tão diferenciadas, os brasileiros são,
hoje, um dos povos mais homogêneos linguística e culturalmente e também um dos mais integrados
socialmente da Terra. Falam uma mesma língua, sem dialetos. Não abrigam nenhum contingente
reivindicativo de autonomia, nem se apegam a nenhum passado. Estamos abertos é para o futuro. [ ... ]
O Brasil é já a maior das nações neolatinas, pela magnitude populacional, e começa a sê-lo
também por sua criatividade artística e cultural. Precisa agora sê-lo no domínio da tecnologia da futura
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civilização, para se fazer uma potência econômica, de progresso autossustentado.


Estamos nos construindo na luta para florescer amanhã como uma nova civilização, mestiça e
tropical, orgulhosa de si mesma. Mais alegre, porque mais sofrida. Melhor, porque incorpora em si mais
humanidades. Mais generosa, porque aberta à convivência com todas as raças e todas as culturas e
porque assentada na mais bela e luminosa província da Terra.
RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro; a formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.
p. 409-411. (Coleção Companhia de Bolso). (Fragmento).

43. (Marinha / SMV Oficiais 2018)


Infere-se, a partir da leitura do texto, que o povo brasileiro
A) foi constituído no crime ou pecado.
B) é um povo sem criatividade artística e cultural por ter sido constituído pela fusão de povos diferentes.
C) é um povo que, além de ser mestiço e saudosista, é um dos mais integrados socialmente da Terra.
D) possui identidade étnico-nacional denominada mestiçagem.
E) ainda está em construção.

Comentário: A alternativa (A) está errada, pois o provo brasileiro não foi constituído no crime ou pecado.
Comprove no trecho retirado do texto: Um povo mestiço na carne e no espírito, já que aqui a mestiçagem
jamais foi um crime ou pecado.

Interpretação de textos. 52

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A alternativa (B) está errada, pois o povo brasileiro é um povo com criatividade artística e cultural
apesar de ter sido constituído pela fusão de povos diferentes. Comprove no trecho retirado do texto: É de
assinalar que, apesar de feitos pela fusão de matrizes tão diferenciadas, os brasileiros são, hoje, um dos povos
mais homogêneos linguística e culturalmente e também um dos mais integrados socialmente da Terra. [...] e
começa a sê-lo também por sua criatividade artística e cultural.

A alternativa (C) está errada, pois o brasileiro é um povo que, além de ser mestiço e não se apegar
ao passado, é um dos mais integrados socialmente da Terra. Comprove no trecho retirado do texto: um dos
povos mais homogêneos linguística e culturalmente e também um dos mais integrados socialmente da Terra.
Falam uma mesma língua, sem dialetos. Não abrigam nenhum contingente reivindicativo de autonomia, nem
se apegam a nenhum passado. Estamos abertos é para o futuro.

A alternativa (D) está errada, pois o povo brasileiro possui identidade étnico-nacional denominada
brasileiros. Comprove no trecho retirado do texto: Assim foi até se definir como uma nova identidade étnico-
nacional, a de brasileiros.

A alternativa (E) é a correta, pois o povo brasileiro ainda está em construção, em busca de suas
características e de crescimento como uma nação. Comprove nos trechos retirados do texto: Um povo, até
hoje, em ser, na dura busca de seu destino. [...] Estamos abertos é para o futuro. [...] Estamos nos construindo
na luta para florescer amanhã como uma nova civilização, mestiça e tropical, orgulhosa de si mesma.
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Gabarito: E

44. (Marinha / SMV Oficiais 2018)


O texto é predominantemente
A) expositivo e narrativo.
B) narrativo e descritivo.
C) injuntivo e expositivo.
D) argumentativo e descritivo.
E) descritivo e expositivo.

Comentário: O texto 2 é argumentativo, pois o autor reúne argumentos para explicar o porquê de o brasileiro
ainda não ser uma nação que se identifica como nação, unida por uma só língua e cultura, mas que já dá
passos para que isso aconteça no futuro.

Observe isso nos fragmentos a seguir: Nós, brasileiros, [...] somos um povo em ser, impedido de sê-lo.
Um povo mestiço na carne e no espírito, já que aqui a mestiçagem jamais foi um crime ou pecado. Nela fomos
feitos e ainda continuamos nos fazendo. Essa massa de nativos oriundos da mestiçagem vive por século sem
consciência de si, afundada na ninguendade. Assim foi até se definir como uma nova identidade étnico-
nacional, a de brasileiros. Um povo, até hoje, em ser, na dura busca de seu destino. [...] um dos povos mais
homogêneos linguística e culturalmente e também um dos mais integrados socialmente da Terra. [...]
Estamos nos construindo na luta para florescer amanhã como uma nova civilização, mestiça e tropical,

Interpretação de textos. 53

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orgulhosa de si mesma. Mais alegre, porque mais sofrida. Melhor, porque incorpora em si mais humanidades.
Mais generosa, porque aberta à convivência com todas as raças e todas as culturas e porque assentada na
mais bela e luminosa província da Terra.

O texto 2 apresenta trecho descritivo, pois descreve a origem dos brasileiros e suas características
como um povo mestiço, mas homogêneo linguística e culturalmente. Note a descrição do povo brasileiro no
trecho a seguir: um dos povos mais homogêneos linguística e culturalmente e também um dos mais
integrados socialmente da Terra. Falam uma mesma língua, sem dialetos. Não abrigam nenhum contingente
reivindicativo de autonomia, nem se apegam a nenhum passado.

Portanto, a alternativa (D) é a correta.

Gabarito: D

45. (Marinha / SMV Praças 2018)


A Cabra e o asno.
Viviam no mesmo quintal. A cabra ficou com ciúme porque o asno recebia mais comida. Fingindo
estar preocupada, disse:
– Que vida a sua! Quando não está no moinho, está carregando um fardo. Quer um conselho?
Finja um mal-estar e caia num buraco.
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O asno concordou, mas, ao se jogar no buraco, quebrou uma porção de ossos. O dono procurou
socorro.
– Se lhe der um bom chá de pulmão de cabra, logo estará bom – disse o veterinário.
A cabra foi sacrificada e o asno ficou curado.

Fábulas de Esopo. Fonte: Almanaque Brasil de cultura popular, ano 5, n. 55, out. 2003, p. 29.

Em qual opção o dito popular sintetiza a moral da história acima?


A) Quem tudo quer tudo perde.
B) Quem espera sempre alcança.
C) Quem tem boca vaia Roma.
D) Quem avisa amigo é.
E) Quem não tem cão caça como gato.

Comentário: O que podemos notar dessa história é que a cabra deu um conselho com segundas intenções
para o asno e ela sofreu as consequências do mau que causou.

A cabra julgava ter pouca comida, porque dividia com o asno. Porém, por conta de sua ganância,
perdeu a vida.

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Portanto, a melhor moral da história é a da alternativa (A): Quem tudo quer tudo perde.

Gabarito: A

Noruega como Modelo de Reabilitação de Criminosos

O Brasil é responsável por uma das mais altas taxas de reincidência criminal em todo o mundo.
No país, a taxa média de reincidência (amplamente admitida mas nunca comprovada empiricamente) é
de mais ou menos 70%, ou seja, 7 em cada 10 criminosos voltam a cometer algum tipo de crime após
saírem da cadeia.
Alguns perguntariam "Por quê?". E eu pergunto: "Por que não?" O que esperar de um sistema
que propõe reabilitar e reinserir aqueles que cometerem algum tipo de crime, mas nada oferece, para
que essa situação realmente aconteça? Presídios em estado de depredação total, pouquíssimos
programas educacionais e laborais para os detentos, praticamente nenhum incentivo cultural, e, ainda,
uma sinistra cultura (mas que diverte muitas pessoas) de que bandido bom é bandido morto (a vingança
é uma festa, dizia Nietzsche).
Situação contrária é encontrada na Noruega. Considerada pela ONU, em 2012, o melhor país
para se viver (1° no ranking do IDH) e, de acordo com levantamento feito pelo Instituto Avante Brasil, o
8° país com a menor taxa de homicídios no mundo, lá o sistema carcerário chega a reabilitar 80% dos
criminosos, ou seja, apenas 2 em cada 10 presos voltam a cometer crimes; é uma das menores taxas de
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reincidência do mundo. Em uma prisão em Bastoy, chamada de ilha paradisíaca, essa reincidência é de
cerca de 16% entre os homicidas, estupradores e traficantes que por ali passaram. Os EUA chegam a
registrar 60% de reincidência e o Reino Unido, 50%. A média europeia é 50%.
A Noruega associa as baixas taxas de reincidência ao fato de ter seu sistema penal pautado na
reabilitação e não na punição por vingança ou retaliação do criminoso. A reabilitação, nesse caso, não é
uma opção, ela é obrigatória. Dessa forma, qualquer criminoso poderá ser condenado à pena máxima
prevista pela legislação do país (21 anos), e, se o indivíduo não comprovar estar totalmente reabilitado
para o convívio social, a pena será prorrogada, em mais 5 anos, até que sua reintegração seja
comprovada.
O presídio é um prédio, em meio a uma floresta, decorado com grafites e quadros nos
corredores, e no qual as celas não possuem grades, mas sim uma boa cama, banheiro com vaso sanitário,
chuveiro, toalhas brancas e porta, televisão de tela plana, mesa, cadeira e armário, quadro para afixar
papéis e fotos, além de geladeiras. Encontra-se lá uma ampla biblioteca, ginásio de esportes, campo de
futebol, chalés para os presos receberem os familiares, estúdio de gravação de música e oficinas de
trabalho. Nessas oficinas são oferecidos cursos de formação profissional, cursos educacionais, e o
trabalhador recebe uma pequena remuneração. Para controlar o ócio, oferecer muitas atividades, de
educação, de trabalho e de lazer, é a estratégia.
A prisão é construída em blocos de oito celas cada (alguns dos presos, como estupradores e
pedófilos, ficam em blocos separados). Cada bloco tem sua cozinha. A comida é fornecida pela prisão,
mas é preparada pelos próprios detentos, que podem comprar alimentos no mercado interno para
abastecer seus refrigeradores.

Interpretação de textos. 55

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Todos os responsáveis pelo cuidado dos detentos devem passar por no mínimo dois anos de
preparação para o cargo, em um curso superior, tendo como obrigação fundamental mostrar respeito a
todos que ali estão. Partem do pressuposto que, ao mostrarem respeito, os outros também aprenderão
a respeitar.
A diferença do sistema de execução penal norueguês em relação ao sistema da maioria dos
países, como o brasileiro, americano, inglês, é que ele é fundamentado na ideia de que a prisão é a
privação da liberdade, e pautado na reabilitação e não no tratamento cruel e na vingança.
O detento, nesse modelo, é obrigado a mostrar progressos educacionais, laborais e
comportamentais, e, dessa forma, provar que pode ter o direito de exercer sua liberdade novamente
junto à sociedade.
A diferença entre os dois países (Noruega e Brasil) é a seguinte: enquanto lá os presos saem e
praticamente não cometem crimes, respeitando a população, aqui os presos saem roubando e matando
pessoas. Mas essas são consequências aparentemente colaterais, porque a população manifesta muito
mais prazer no massacre contra o preso produzido dentro dos presídios (a vingança é uma festa, dizia
Nietzsche).
LUIZ FLÁVIO GOMES, jurista, diretor-presidente do Instituto Avante Brasil e coeditor do Portal atualidadesdodireito.com.br.
Estou no blogdolfg.com.br. ** Colaborou Flávia Mestriner Botelho, socióloga e pesquisadora do Instituto Avante Brasil.
FONTE: Adaptado de http://institutoavantebrasil.com.br/noruega-como-modelo-dereabilitacao-de-criminosos/ Acessado
em 17 de março de 2017.

46. (Exército / EsPCEx Cadete 2017)


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Em dois momentos do texto, o redator cita Nietzsche, que teria afirmado: "a vingança é uma festa". A partir
do que se depreende da leitura, essa "festa" significa
[A] uma notória satisfação das pessoas em geral em relação às matanças e às condições humilhantes a que
são submetidos os presos no Brasil.
[B] um presídio cujas celas contenham uma cama, vaso sanitário, chuveiro, toalhas brancas, televisão de tela
plana, composto, ainda, por ampla biblioteca, ginásio de esportes e chalés para os presos receberem seus
familiares.
[C] uma sinistra cultura de nada oferecer para que um criminoso possa se reabilitar e ser reinserido em uma
sociedade que conta com presídios em estado de depredação total e pouquíssimos programas
educacionais para os detentos.
[D] a situação de ser considerada, a Noruega, o melhor país para se viver, com a menor taxa de homicídios
do mundo, onde o sistema carcerário chega a reabilitar cerca de 80% dos criminosos.
[E] a atitude dos presos no Brasil que, após o cumprimento da pena, exercem sua liberdade roubando e
matando as pessoas, comprovando que o sistema poderia ser melhor se aderisse ao adágio "bandido bom
é bandido morto".

Comentário: A alternativa (A) é a correta. Ao lermos o texto, depreendemos de seu contexto que a falta de
estrutura dos presídios brasileiros gera um alto índice de reincidência. Além disso, há uma cultura de que
“bandido bom é bandido morto”. Observe nos trechos abaixo a comprovação dessas informações:

Interpretação de textos. 56

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[...] Presídios em estado de depredação total, pouquíssimos programas educacionais e laborais para os
detentos, praticamente nenhum incentivo cultural, e, ainda, uma sinistra cultura (mas que diverte muitas
pessoas) de que bandido bom é bandido morto (a vingança é uma festa, dizia Nietzsche).

A diferença entre os dois países (Noruega e Brasil) é a seguinte: enquanto lá os presos saem e
praticamente não cometem crimes, respeitando a população, aqui os presos saem roubando e matando
pessoas. Mas essas são consequências aparentemente colaterais, porque a população manifesta muito mais
prazer no massacre contra o preso produzido dentro dos presídios (a vingança é uma festa, dizia Nietzsche).

A alternativa (B) está errada, pois descreve o presídio da Noruega, porém a ideia de vingança é
tratada no texto, referindo-se ao comportamento dos brasileiros em relação ao sistema prisional brasileiro
e suas condições humilhantes.

A alternativa (C) está errada, pois o texto não informa que essa vingança seria a ideia de nada oferecer
ao detento. Assim, tal palavra categórica nos mostra que esta alternativa destoa da linha argumentativa do
texto.

A alternativa (D) está errada, pois, novamente a noção de vingança refere-se ao Brasil, e não à
Noruega.

A alternativa (E) está errada, pois a noção de vingança refere-se à atitude dos brasileiros em relação
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ao sofrimento dos presos nas cadeias, e não aos presos.

Gabarito: A

47. (Exército / EsPCEx Cadete 2017)


Em "Alguns perguntariam 'Por quê?'. E eu pergunto: 'Por que não?", as perguntas retóricas constituem:
[A] crítica ao senso comum, por meio do discurso subjetivo.
[B] linguagem apelativa, com intuito de persuadir o leitor.
[C] verossimilhança, por meio do discurso direto.
[D] diálogo entre textos, fazendo alusão ao discurso alheio.
[E] estratégia argumentativa, ponto de partida da análise do autor.

Comentário: A pergunta retórica é uma estratégia argumentativa, que serve de introdução ao argumento
tecido pelo autor no decorrer do texto de que a cultura da vingança estabelecida no Brasil prejudica a
reinserção do preso na sociedade, pois o sistema prisional do país não tem estrutura para realmente
recuperar um detento. Em contrapartida, o autor usa o sistema da Noruega como exemplo, para reforçar
sua tese.

Observe no contexto: Alguns perguntariam "Por quê?". E eu pergunto: "Por que não?" O que esperar
de um sistema que propõe reabilitar e reinserir aqueles que cometerem algum tipo de crime, mas nada
oferece, para que essa situação realmente aconteça? Presídios em estado de depredação total, pouquíssimos

Interpretação de textos. 57

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programas educacionais e laborais para os detentos, praticamente nenhum incentivo cultural, e, ainda, uma
sinistra cultura (mas que diverte muitas pessoas) de que bandido bom é bandido morto (a vingança é uma
festa, dizia Nietzsche).

Situação contrária é encontrada na Noruega. Considerada pela ONU, em 2012, o melhor país para se
viver (1° no ranking do IDH) e, de acordo com levantamento feito pelo Instituto Avante Brasil, o 8° país com
a menor taxa de homicídios no mundo, lá o sistema carcerário chega a reabilitar 80% dos criminosos, ou seja,
apenas 2 em cada 10 presos voltam a cometer crimes[...]

Assim, a alternativa (E) é a correta.

A alternativa (A) está errada, pois não é um discurso subjetivo, intimista, mas sim um discurso
concreto, com dados que fogem ao senso comum.

A alternativa (B) está errada, pois a pergunta retórica abre caminho para os argumentos mais
persuasivos a seguir. A pergunta, neste contexto, não teve tom apelativo.

A alternativa (C) está errada, pois o texto é jornalístico e conta com dados e estatísticas reais e não
verossimilhantes, ou seja, os dados retratam a realidade, não se parecem com ela. A verossimilhança é usada
em narrativas.
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A alternativa (D) está errada, pois a pergunta retórica não faz alusão a outros textos, mas sim ao
argumento do próprio autor.

Gabarito: E

48. (Exército / EsPCEx Cadete 2017)


"[...] uma sinistra cultura de que bandido bom é bandido morto." O adjetivo em destaque apresenta, no texto,
o significado de:
[A] errada [B] maligna [C] desprezível [D] forte [E] correta

Comentário: A definição de “sinistro” é contrário, que se refere ao algo assustador, mau, temível, ruim.
Assim, já podemos descartar as alternativas (C), (D) e (E), restando as alternativas (A) e (B). Dentre as duas a
que melhor se encaixa é a (B), pois a cultura de vingança brasileira é algo que vai além do errado. De acordo
com o contexto, é maligno desejar o sofrimento alheio.

Desse modo, a alternativa (B) é a correta.

Gabarito: B

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49. (Exército / EsPCEx Cadete 2014)


Leia o texto abaixo e responda o que se pede.

“(...)

– Fabiano, você é um homem, exclamou em voz alta.


Conteve-se, notou que os meninos estavam perto, com certeza iam admirar-se ouvindo-o falar
só. E, pensando bem, ele não era homem: era apenas um cabra ocupado em guardar coisas dos outros.
Vermelho, queimando, tinha os olhos azuis, a barba e os cabelos ruivos; mas como vivia em terra alheia,
cuidava de animais alheios, descobria-se, encolhia-se na presença dos brancos e julgava-se cabra.
Olhou em torno, com receio de que, fora os meninos, alguém tivesse percebido a frase
imprudente.
Corrigiu-a, murmurando:
– Você é um bicho, Fabiano.
Isto para ele era motivo de orgulho. Sim senhor, um bicho, capaz de vencer dificuldades.”

(Fragmento de “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos)


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A partir do texto apresentado, é correto afirmar que o personagem Fabiano


[A] subestima-se pela própria condição animal.
[B] questiona a própria condição humana.
[C] valoriza-se como ser humano.
[D] sente vergonha da condição animal.
[E] abomina a própria condição animal.

Comentário: A alternativa (A) está errada, pois o próprio Fabiano afirma que é um bicho e ele tem orgulho
disso, pois é capaz de se sobrepujar.

A alternativa (B) é a correta, pois ele não gostou de ser chamado de homem, ele prefere ser bicho,
porque nessa condição ele consegue vencer as dificuldades, criticando a condição humana.

A alternativa (C) está errada, pois Fabiano se valoriza como bicho, isto para ele era motivo de orgulho.

A alternativa (D) está errada, pois ele sente orgulho de si na condição animal, pelo fato de vencer as
dificuldades.

A alternativa (E) está errada, pois ele mesmo corrige a mulher em voz baixa dizendo que ele é um
animal.

Gabarito: B

Interpretação de textos. 59

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Aula 12

MAS O QUE SÃO, AFINAL, “CRIPTOMOEDAS”?

Renato Bazan

O Bitcoin é uma “criptomoeda” inventada por um internauta (ou grupo) cujo pseudônimo era
Satoshi Nakamoto. A figura misteriosa lançou o conceito em 2008, ajudou a implementá-lo, e
desapareceu da Internet em 2011. Sua proposta originou a primeira entre 1.358 unidades monetárias
digitais, todas unidas pelo mesmo objetivo: o de usar a Internet para desviar de qualquer tipo de controle
monetário governamental.
Há duas características fundamentais que garantem esse objetivo: primeiro, a não existência de
manifestação física dessas moedas; segundo, a natureza criptográfica de todas as transações.
O que valida a existência da moeda é uma gigantesca planilha que detém o conjunto de todas as
operações já feitas, constantemente atualizada por milhares de servidores anônimos ao redor do
mundo. Cada transação só se toma válida depois que cada um desses servidores a autoriza em seu
próprio bloco de operações, e o “bloco” é ligado à “corrente” com as informações anteriores. Esse
desenho estrutural distribuído confere ao blockchain um poderosíssimo freio contra fraudes, que vem
sendo adotado de forma positiva para outros propósitos, como controlar estoques em grandes
supermercados, analisar o tráfego e pelo próprio sistema bancário norte-americano.
Do lado do usuário, a segurança contra fraudes se dá pela atribuição de uma chave digital
exclusiva, tão complexa que exigiria de supercomputadores semanas de processamento para desvendar.
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Nesse ponto mora, simultaneamente, a maior virtude e o maior vício das criptomoedas: se por um lado
esse sistema evita que o dinheiro virtual seja duplicado, por outro remove qualquer tipo de controle
humano sobre o que está acontecendo na planilha. É um terreno fértil para o banditismo.
A automação implacável abrange inclusive a própria geração de novas moedas. Para que novos
Bitcoins sejam emitidos, é necessário que um servidor feche um bloco e acrescente-o à corrente. Isso
acontece a cada 10 minutos, 24 horas por dia, e garante 12,5 novas moedas à máquina que fechar a
operação mais rapidamente. Esse ritmo diminui pela metade a cada 4 anos “para que a moeda possa
valorizar”. Aos derrotados, o sistema confere pequenas taxas de verificação por validar os blocos.
Texto adaptado. Disponível em: httvs: /Avww. diariodocentrodomundo.com.br/em-i-ano-bitcoin-foi-de-brincadeira-de-cassino-
Dara-maior-ameacaeconomica-atual-Dor-renato-bazan (28/04/2018)

50. (Exército / EsFCEx Oficial 2018)


Considerando o texto e seu conteúdo, pode-se afirmar que:
a) A criptomoeda chamada Bitcoin foi criada como uma alternativa monetária para enfrentar a inflação e a
desvalorização das moedas correntes, aspecto que só tem proporcionado a obtenção de lucros por parte
de quem se lança no mercado virtual.
b) O Bitcoin é uma moeda virtual que apresenta aspectos positivos e negativos, sendo que todos eles estão
mais associados aos limites e potencialidades do mundo virtual e suas ferramentas, e menos associados
à interferência direta do ser humano.
c) A moeda virtual denominada Bitcoin surgiu a partir da iniciativa individual de um intemauta, que criou o
dinheiro criptografado para atender suas necessidades individuais, compartilhando posteriormente a
ideia com o mercado monetário internacional.

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d) A origem do Bitcoin, moeda virtual criptografada, está associada ao advento das novas tecnologias digitais
e tem demonstrado grande potencial econômico, além de muita aceitação do mercado investidor, pois
não oferece grandes riscos financeiros.
e) Bitcoin, a moeda virtual criptografada, surgiu no mercado monetário internacional com a propósito de
substituir gradativamente o dinheiro tradicional, aspecto que foi bem aceito por todos e estimulou a
criação de outras dezenas de moedas virtuais.

Comentário: A alternativa (A) está errada, pois o texto não afirma que o bitcoin fora criado para enfrentar a
inflação e a desvalorização das moedas correntes, mas, conforme se encontra no primeiro parágrafo, para
fugir ao controle monetário governamental.

A alternativa (B) é a correta, pois o texto nos mostra que a moeda Bitcoin realmente apresenta
aspectos positivos e negativos. Positivamente, nota-se um poderosíssimo freio contra fraudes, o qual vem
sendo empregado também para outros propósitos. Tal segurança é tão complexa que acaba gerando
desconfiança, pois retira do homem o controle do dinheiro, o que acaba sendo um terreno fértil para o
banditismo. Por isso, está correta a leitura da alternativa de que os aspectos positivos e negativos estão mais
associados aos limites e potencialidades do mundo virtual e suas ferramentas e menos associados à
interferência direta do ser humano.

A alternativa (C) está errada, pois o texto não assegura que a Bitcoin tenha nascido de uma iniciativa
individual. Há uma dúvida, se surgiu de uma pessoa ou grupo, conforme dados da linha 1 do texto.
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A alternativa (D) está errada, porque as informações extrapolam os dados do texto. Em nenhuma foi
afirmado literalmente ou ficou subentendido que há muita aceitação do mercado investidor e que não
oferece riscos financeiros.

A alternativa (E) está errada, pois o texto não afirma que o bitcoin fora criado para substituir o
dinheiro tradicional, mas, conforme se encontra no primeiro parágrafo, para fugir ao controle monetário
governamental.

Gabarito: B

51. (Exército / EsFCEx Oficial 2010)


Por que os cachorros pequenos latem mais?
Porque, como o seu porte não é suficiente para causar medo, eles têm que latir muito para impor
sua presença. Um caso clássico de seleção natural: os cachorros pequenos que latiam mais se deram
melhor em suas “profissões”. Os pastores de Shetland que mais latiam eram os mais valorizados na hora
de tocar o rebanho. Já cães como os terriers, beagles e dachshunds, que eram usados como caçadores,
tinham que fazer barulho para avisar ao caçador que haviam encontrado a presa. “Eles foram
encorajados a latir e recompensados por isso. Está no seu DNA”, diz Luelyn Jockymann, veterinária
especializada em comportamento canino.
Mas a genética sozinha não justifica gritaria exagerada, já que o comportamento do cão pode ser
reforçado ou modificado pelo ambiente e pela criação. “Latidos em excesso têm a ver com baixa

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socialização, pouca visibilidade do ambiente externo ou mesmo condicionamento na criação”, diz a


veterinária Rúbia Burnier. Ou seja, muitas vezes o problema está em viver em apartamento e não em
ser pequeno. Para evitar dor de cabeça, o filhote deve ser acostumado a visitas e a outros estímulos
ambientais entre a 7ª e a 12ª semana de vida. Depois disso, fica mais difícil segurar a mania de grandeza
dos baixinhos.

Inara Chayamiti

A respeito do texto, é correto afirmar que:


a) a explicação para o latido dos cachorros pequenos está, exclusivamente, no seu DNA.
b) os cachorros pequenos latem mais porque, historicamente, aqueles que latiam mais eram mais
valorizados.
c) fatores ambientais, associados à raça do cão, são os elementos fundamentais no entendimento do
excesso de latido dos cachorros de menor porte.
d) os cachorros pequenos latem mais porque foram encorajados para isso - o que ocasionou uma mutação
genética.
e) apenas a predisposição genética não é suficiente para explicar o motivo dos cães pequenos latirem mais.
Fatores ambientais e de criação também são responsáveis pelos latidos.
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Comentário: A alternativa correta é a (E), ideia a qual podemos comprovar no início do segundo parágrafo.
Observe:

“Mas a genética sozinha não justifica gritaria exagerada, já que o comportamento do cão pode ser reforçado
ou modificado pelo ambiente e pela criação.”

Assim, a alternativa correta é (E).

Gabarito: E

TEXTO I
[...] A cena tinha sabor de séculos idos e vividos. Foi aí que atentei então para a desastrada, terrível e
letal mania que se apossou de nosso tempo. Refiro-me à obsessão de emagrecer. Qualquer um de vocês
pode verificar que as mulheres de hoje, mais do que de crianças e criados, falam de regimes para perder
o peso. O regime, as mil e uma variações e modas em torno desse tema sinistro entopem oitenta por
cento das conversas femininas e começam a ameaçar os próprios homens. De repente, não mais que de
repente, como no soneto de Vinícius, todo mundo foi tomado desse complexo de sílfide magricela e
seca!
(Otto Lara Resende. Porque as gordas salvarão o mundo. In: Herberto Sales. Antologia escolar de crônicas.
Rio de Janeiro: Edições de Ouro, 1971.)

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52. (Exército / EsFCEx Oficial 2008)


Sobre o texto, é correto afirmar que:
(A) a ideia central do texto restringe-se à exposição das opiniões pessoais do autor.
(B) trata-se de uma narrativa que apresenta marcas discursivas que remetem às ações situadas no passado.
(C) é uma narração que tende a produzir, “com efeito de verismo”, além de um fato característico de uma
época, a exposição de opiniões pessoais do autor.
(D) a narrativa prioriza fatos situados no passado, já que foram experiências vividas pelo autor, como cronista
e observador de sua época.
(E) remete o leitor, através de marcas espaciais e temporais, a reviver épocas passadas.

Comentário: No texto, temos marcas da opinião do autor, como o grande número de adjetivos e o texto em
primeira pessoa. Além disso, o autor cita uma cena vista por ele para dar veracidade (“efeito de verismo”)
ao que ele constatou, e a expressão “de nosso tempo” aponta para uma época específica, à qual o autor se
refere. Observe tudo isso no excerto a seguir: [...] A cena tinha sabor de séculos idos e vividos. Foi aí que
atentei então para a desastrada, terrível e letal mania que se apossou de nosso tempo. Refiro-me à obsessão
de emagrecer.

Portanto, podemos concluir que a alternativa correta é a (C).


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Gabarito: C

53. (Exército / EsFCEx Oficial 2008)


Analise as afirmativas abaixo e, a seguir, assinale a alternativa correta.
I. A crônica nasce a partir de fatos passados, do conhecimento do autor.
II. O primeiro período da narrativa está desvinculado do verdadeiro sentido da crônica.
III. A narrativa apresenta marcas discursivas que remetem ao contexto sócio-histórico e ao pensamento do
autor, expressando-se como “eu”.
IV. A narrativa não é autobiográfica, o narrador é apenas “narrador-contador”.
(A) Somente I está correta.
(B) Somente I e III estão corretas.
(C) Somente II e III estão corretas.
(D) Somente III e IV estão corretas.
(E) Somente IV está correta.

Comentário: A afirmativa I está correta e a afirmativa II está errada, basta ler o trecho a seguir que
percebemos que a crônica nasce de fatos passados e que o início do texto está vinculado ao verdadeiro
sentido da crônica. [...] A cena tinha sabor de séculos idos e vividos. Foi aí que atentei então para a
desastrada, terrível e letal mania que se apossou de nosso tempo. Refiro-me à obsessão de emagrecer.

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A afirmativa III está correta, pois o texto está todo narrado em primeira pessoa com marcas de uma
constatação de um passado social, que ainda se faz presente. Observe os termos em negrito Qualquer um
de vocês pode verificar que as mulheres de hoje, mais do que de crianças e criados, falam de regimes para
perder o peso. O regime, as mil e uma variações e modas em torno desse tema sinistro entopem oitenta por
cento das conversas femininas e começam a ameaçar os próprios homens.

A afirmativa IV está errada, pois o texto é autobiográfico por apresentar as impressões do autor sobre
seu tempo.

Portanto, as afirmativas corretas são I e III, alternativa (B).

Gabarito: B

54. (Exército / EsFCEx Oficial 2008)


Assinale a alternativa em que o autor, além de expor suas opiniões pessoais, convoca/interpela diretamente
o leitor para compartilhar de suas apreciações.
(A) “(...) entopem oitenta por cento das conversas femininas e começam a ameaçar os próprios homens.”
(linhas 5 e 6).
(B) “Refiro-me à obsessão de emagrecer.” (linha 2).
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(C) “Foi aí que atentei então (...)” (linha 1)


(D) “Qualquer um de vocês pode verificar que as mulheres de hoje, mais do que de crianças e criados, falam
de regimes para perder o peso.” (linhas 3 e 4).
(E) “De repente, não mais que de repente, como no soneto de Vinícius, todo mundo foi tomado desse
complexo de sílfide magricela e seca!” (linhas 6 e 7).

Comentário: Na alternativa (D) o autor claramente convoca o leitor a verificar suas constatações ao usar o
pronome “vocês”. Portanto, esta é a alternativa correta.

Gabarito: D

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TEXTO II
Não tenho pressa. Pressa de quê?
Não têm pressa o sol e a lua: estão certos.
Ter pressa é crer que a gente passa adiante das pernas,
Ou que, dando um pulo, salta por cima da sombra.
5 Não; não tenho pressa.
Se estendo o braço, chego exactamente onde o meu braço chega —
Nem um centímetro mais longe.
Toco só onde toco, não onde penso.
Só posso me sentar onde estou.
10 E isto faz rir com todas as verdades absolutamente verdadeiras,
Mas o que faz rir a valer é que nós pensamos sempre noutra cousa,
E somos vadios do nosso corpo.
(PESSOA, Fernando. Poesia completa de Alberto Caeiro. São Paulo: Cia. das Letras, 2005. p. 143)

55. (Exército / EsFCEx Oficial 2008)


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No texto, o eu-lírico demonstra uma consciência com relação:


(A) à força da natureza.
(B) à efemeridade da vida.
(C) aos seus limites físicos.
(D) a sua capacidade intelectual.
(E) à incapacidade de realização humana

Comentário: O eu lírico demonstra uma consciência com relação aos seus limites físicos. Observe:

Ter pressa é crer que a gente passa adiante das pernas,

Ou que, dando um pulo, salta por cima da sombra.

Não; não tenho pressa.

Se estendo o braço, chego exactamente onde o meu braço chega —

[...]

Toco só onde toco, não onde penso.

Só posso me sentar onde estou

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Gabarito: C

56. (Exército / EsFCEx Oficial 2008)


A relação entre o trecho em destaque e a afirmação que se faz sobre ele está correta em:
(A) “Não tenho pressa (...)” (verso 1) – o trecho apresenta sentido conotativo.
(B) “Ter pressa é crer que a gente passa adiante das pernas,” (verso 3) – a frase denota a necessidade de
superar os limites humanos.
(C) “Nem um centímetro mais longe.” (verso 7) – a expressão conota a capacidade de superação dos seres
humanos.
(D) “Toco só onde toco, não onde penso.” (verso 8) – o verso trata da óbvia capacidade intelectual do
indivíduo.
(E) “E somos vadios do nosso corpo.” (verso 12) – o verso conota a falta de preocupação com o corpo em
seus limites.

Comentário: Em (A) o sentido é denotativo, o eu lírico realmente não tem pressa, por isso a alternativa está
incorreta.

Em (B) o verso denota a pressa que o homem tem de chegar a algum lugar, alcançar algum objetivo,
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por isso a alternativa está incorreta.

Em (C) a expressão conota os limites impostos ao ser humano, por isso a alternativa está incorreta.

Em (D) o verso trata do limite entre o possível (só toco onde toco) e o impossível (não onde penso),
por isso a alternativa está incorreta.

A alternativa (E) está correta.

Gabarito: E

TEXTO III
A ciência, até agora, jamais se viu obrigada a arrepender-se de suas descobertas, nem a eliminar
algum de seus progressos. Ela sempre os manteve e os consolidou, obtendo ganho de causa diante da
opinião, mesmo quando esta se mostrava um pouco arredia. Jamais a ciência se colocou na posição de
ter de voltar atrás. E, entretanto, hoje, em certos momentos, uma leve dúvida nos aflora. Ocorre-nos
perguntarmos se a ciência não chegou ao ponto de tocar numa espécie de limite, além do qual seus
avanços poderiam ser mais prejudiciais do que vantajosos.
[...] Será que, pouco a pouco, de ousadia em ousadia, não teríamos atingido certos domínios que
deveriam permanecer proibidos? Não seria necessário, talvez, remontar às origens do ser? A vida
humana deveria, talvez, continuar a se propagar na sombra, e sem que a ciência viesse a projetar nela
suas indiscretas luzes?

(J. ROSTAND. Peut-on modifier l’homme? [Pode-se modificar o homem?]. São Paulo: Contexto, 2008. p. 223.)

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57. (Exército / EsFCEx Oficial 2008)


O autor do texto se questiona a respeito da:
(A) onipotência da ciência ontem e hoje.
(B) serventia da ciência ontem e hoje.
(C) onipotência da ciência até os dias atuais versus limites para a ciência hoje.
(D) propagação da vida humana sem a projeção da ciência.
(E) luz que a ciência projeta, inquestionável, na vida do homem ontem e hoje.

Comentário: A alternativa (C) é a correta, e os trechos sublinhados abaixo nos mostram esse questionamento
a respeito da onipotência da ciência até os dias atuais versus limites para a ciência hoje:

“A ciência, até agora, jamais se viu obrigada a arrepender-se de suas descobertas, nem a eliminar algum de
seus progressos. Ela sempre os manteve e os consolidou, obtendo ganho de causa diante da opinião, mesmo
quando esta se mostrava um pouco arredia. Jamais a ciência se colocou na posição de ter de voltar atrás. E,
entretanto, hoje, em certos momentos, uma leve dúvida nos aflora. Ocorre-nos perguntarmos se a ciência
não chegou ao ponto de tocar numa espécie de limite, além do qual seus avanços poderiam ser mais
prejudiciais do que vantajosos.
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Gabarito: C

58. (Exército / EsFCEx Oficial 2008)


Em “E, entretanto, hoje, em certos momentos, uma leve dúvida nos aflora.” (linhas 5-6), os operadores
discursivos destacados:
(A) introduzem uma asserção que visa a esclarecer e/ou a retificar uma enunciação anterior.
(B) ligam dois argumentos que apontam para a mesma conclusão.
(C) funcionam como operadores argumentativos de adição e/ou de inclusão da asserção anterior.
(D) introduzem um ato de justificativa do enunciado anterior.
(E) introduzem um esclarecimento que encerra um argumento mais forte que o contido na asserção que o
antecede/precede.

Comentário: As conjunções em destaque introduzem um contra-argumento que vem a ser mais forte que o
anterior. Note que as conjunções adversativas iniciam sempre o argumento mais forte, pois destaca o
contraste. Logo, a alternativa (E) é a correta.

Gabarito: E

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59. (Exército / EsFCEx Oficial 2008)


Sobre o segundo parágrafo do texto é correto afirmar que:
(A) os verbos, em sua maioria, obrigam o interlocutor a dar uma resposta.
(B) com o emprego do modalizador “(...) talvez (...)” (linha 9), o autor coloca ao nível do parecer aquilo que
pretende demonstrar que é.
(C) têm-se, somente, verbos no futuro do pretérito, pois as asserções encerram comentários do autor.
(D) segundo o autor, os avanços da ciência seriam mais lucrativos se propagassem, na sombra, a vida
humana.
(E) a “ciência” está para “luzes indiscretas”, assim como “luzes indiscretas” está para “propagação da vida na
sombra”.

Comentário: A alternativa (A) está incorreta. Observe que há predominância de verbos no modo indicativo.
O modo verbal que evoca, ordena, aconselha é o imperativo.

A alternativa (B) está correta, pois o advérbio “talvez” expressa dúvida, e não um fato, uma precisão.
Assim, podemos entender realmente que o autor coloca ao nível do parecer (aparenta, é possível) aquilo
que pretende demonstrar que é.
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A alternativa (C) está incorreta, pois há predomínio do uso de verbos no pretérito perfeito do
indicativo.

A alternativa (D) está incorreta, pois não foi mencionada, no parágrafo em questão, a lucratividade.
Observe o fragmento:

“A vida humana deveria, talvez, continuar a se propagar na sombra, e sem que a ciência viesse a projetar
nela suas indiscretas luzes?”

A alternativa (E) está incorreta, pois “a vida humana” está para “se propagar na sombra” assim como,
“ciência” está para “indiscretas luzes”.

Gabarito: B

Interpretação de textos. 68

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4 – Lista de questões de revisão

TRATAMENTO DE CHOQUE
A refrigeração é uma questão delicada para os fruticultores. As baixas temperaturas, ao mesmo tempo
em que são necessárias à conservação das frutas, também podem causar danos ao produto, se a
exposição ao frio for prolongada. Essa contradição, entretanto, está com os dias contados. É o que
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promete um novo método desenvolvido por pesquisadores do Laboratório de Fisiologia e Bioquímica


Pós-Colheita da Esalq – Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz.
O processo, chamado de condicionamento térmico, consiste em mergulhar o fruto em água quente
antes de refrigerá-lo. “O frio faz com que a fruta fique vulnerável à ação de substâncias que deterioram
a casca, mas o uso da água quente ativa seu sistema de defesa”, afirma o pesquisador Ricardo Kluge.
A temperatura da água e a duração do mergulho variam para cada espécie, mas, em média, as frutas
são mantidas em 52 graus por poucos minutos. Em alguns casos, o tratamento aumenta a conservação
em até 50% do tempo; se um produto durava 40 dias em ambiente frio, pode passar a durar 60.
Resistência. A Esalq também desenvolveu um outro tipo de tratamento, o “aquecimento intermitente”.
Essa técnica consiste em pôr a fruta em ambiente refrigerado e, depois de dez dias, deixá-la em
temperatura ambiente por 24 horas, para então devolvê-la à câmara fria. “Isso faz com que o produto
crie resistência ao frio e não seja danificado”, afirma Ricardo Kluge. Para o produtor de pêssegos Waldir
Parise, isso será muito válido, pois melhora a qualidade final do produto. Ele acredita que a nova técnica
aumentará o valor da fruta no mercado. “Acho que facilitará bastante nossa vida.”
De acordo com o pesquisador Kluge, o grande desafio é fazer com que essa novidade passe a ser usada
pelo produtor. “No começo é difícil, pois muitos apresentam resistência às novidades”, diz. Neste ano,
os pesquisadores trabalharão mais próximos dos agricultores, tentando ensinar-lhes a técnica. “Acho
que daqui a três anos ela será mais usada”. O Chile já usa o método nas ameixas.
As frutas tropicais devem ser as mais abordadas pelo estudo, pois não apresentam resistência natural
às baixas temperaturas. A pesquisa testou o método só no limão taiti, na laranja valência e no pêssego
dourado-2.
(Luis Roberto Toledo e Carlos Gutierrez. Revista Globo Rural – Março/2006)

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1. (Prática textual)
Segundo o texto, entre a refrigeração e os fruticultores há uma:
A) Oposição ideológica. B) Semelhança espacial.
C) Utilização benéfica e maléfica. D) Ausência de utilidade.
E) Utilização desnecessária.

2. (Prática textual)
O emprego das aspas no segundo parágrafo:
A) Ressalta a importância da nova técnica.
B) Serve para ressaltar a fala do autor da reportagem.
C) Serve para ressaltar a fala do pesquisador.
D) Serve para complementar a reportagem.
E) Explica o que é o aquecimento intermitente.
3. (Prática textual)
“No começo é difícil, pois muitos apresentam resistências às novidades”. Pelo processo da intertextualidade
a alternativa que contém uma citação com o mesmo valor semântico do período acima é:
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A) “À mente apavora o que ainda não é mesmo velho”.


B) “...o horror de um progresso vazio”
C) “Oh! Mundo tão desigual! De um lado esse carnaval, de outro a fome total”.
D) “Foste um difícil começo”.
E) “Como vai explicar vendo o céu clarear sem lhe pedir licença”.

4. (Prática textual)
Assinale a frase em que o vocábulo destacado tem seu antônimo corretamente indicado:
A) “A refrigeração é uma questão delicada para os fruticultores”: difícil
B) “ ... se a exposição ao frio for prolongada”: rápida
C) “ O frio faz com que a fruta fique vulnerável à ação de substâncias...” : desamparados
D) “Acho que facilitará bastante nossa vida.”: suficientemente
E) “No começo é difícil, pois muitos apresentam resistência às novidades...”: empecilho.

5. (Prática textual)
“Para o produtor de pêssegos Waldir Parise, isso será muito válido...” A palavra sublinhada nessa frase tem
como referente:
A) “... a temperatura da água e a duração do mergulho...”
B) “A refrigeração é uma questão delicada para os fruticultores”.

Interpretação de textos. 70

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C) “ ... o produto crie resistência ao frio e não seja danificado”.


D) “Essa contradição, entretanto, está com os dias contados”.
E) “ ... aumenta a conservação em até 50% do tempo...”

A ENERGIA E OS CICLOS INDUSTRIAIS


No decorrer da história, a ampliação da capacidade produtiva das sociedades teve como contrapartida
o aumento de consumo e a contínua incorporação de novas fontes de energia. Entretanto, até o século
XVIII, a evolução do consumo e o aprimoramento de novas tecnologias de geração de energia foram
lentos e descontínuos.
A Revolução Industrial alterou substancialmente esse panorama. Os ciclos iniciais de inovação
tecnológica da economia industrial foram marcados pela incorporação de novas fontes de energia:
assim, o pioneiro ciclo hidráulico foi sucedido pelo ciclo do carvão, que por sua vez cedeu lugar ao ciclo
do petróleo.
Em meados do século XIX, as invenções do dínamo e do alternador abriram o caminho para a produção
de eletricidade. A primeira usina de eletricidade do mundo surgiu em Londres, em 1881, e a segunda em
Nova York, no mesmo ano. Ambas forneciam energia para a iluminação. Mais tarde, a eletricidade iria
operar profundas transformações nos processos produtivos, com a introdução dos motores elétricos nas
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fábricas, e na vida cotidiana das sociedades industrializadas, na qual foram incorporados dezenas de
eletrodomésticos.
Nas primeiras décadas do século XX, a difusão dos motores a combustão interna explica a importância
crescente do petróleo na estrutura energética dos países industrializados. Além de servir de combustível
para automóveis, aviões e tratores, ele também é utilizado como fonte de energia nas usinas
termelétricas e ainda, é matéria-prima para muitas indústrias químicas. Desde a década de 1970,
registrou-se também aumento significativo na produção e consumo de energia nuclear nos países
desenvolvidos.
Nas sociedades pré-industriais, entretanto, os níveis de consumo energético se alteraram com menor
intensidade, e as fontes energéticas tradicionais – em especial a lenha – ainda são predominantes.
Estima-se que o consumo de energia comercial per capita no mundo seja de aproximadamente 1,64
toneladas equivalentes de petróleo (TEP) por ano, mas esse número significa muito pouco: um norte-
americano consome anualmente, em média, 8 TEPs contra apenas 0,15 consumidos por habitante em
Bangladesh e 0,36 no Nepal.
Os países da OCDE (Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que possuem cerca de
um sexto da população mundial, são responsáveis por mais da metade do consumo energético global.
Os Estados Unidos, com menos de 300 milhões de habitantes, consomem quatro vezes mais energia do
que o continente africano inteiro, onde vivem cerca de 890 milhões de pessoas.
(Magnoli, Demétrio, Regina Araújo, 2005. Geografia – A construção do mundo. Geografia Geral e do Brasil, Moderna
– pg. 167)

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6. (Prática textual)
Nos dois primeiros parágrafos do texto, o autor afirma que, EXCETO:
A) O aumento de consumo foi uma contrapartida à ampliação da capacidade produtiva das sociedades.
B) A eletricidade operou, nos processos produtivos, transformações profundas.
C) As novas fontes de energia marcaram os ciclos iniciais de inovação tecnológica.
D) Anteriormente ao século XVIII, o aprimoramento de novas fontes de energia e a evolução do consumo
foram lentos e descontínuos.
E) O panorama de evolução das novas fontes de energia foi alterado de forma fundamental pela Revolução
Industrial.

7. (Prática textual)
Ao mencionar que as invenções do dínamo e do alternador abriram caminho para a produção de eletricidade,
o autor do texto mostra que:
A) O setor industrial impulsionou a economia dos países subdesenvolvidos.
B) As usinas de eletricidade forneciam energia para a iluminação.
C) A partir dessas invenções o uso de energia elétrica em Londres e Nova York colocou essas duas cidades
no topo da economia mundial.
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D) A partir dessas invenções o uso de energia elétrica se expandiu e provocou substanciosas mudanças na
vida cotidiana das sociedades industrializadas.
E) A partir do dínamo e do alternador as indústrias tomaram um novo rumo no século XVIII.

8. (Prática textual)
A importância do petróleo se deve, EXCETO:
A) Ao fato de servir de matéria-prima para indústrias químicas.
B) Ao fato de servir de combustível para automóveis, aviões e tratores.
C) Ao fato de ser fonte de energia eólica.
D) Ao fato de ser fonte de energia nas usinas termelétricas.
E) Ao fato de ser fonte de energia nas indústrias têxteis.

9. (Prática textual)
Os dados estatísticos apresentados no texto:
A) São utilizados como curiosidade.
B) São utilizados para dar mais veracidade às informações contidas no texto.
C) São sempre utilizados em reportagens.
D) São utilizados como argumentos essenciais.
E) São utilizados como informações superficiais.

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SEGREDO
Há muitas coisas que a psicologia não nos explica. Suponhamos que você esteja em um 12º andar, em
companhia de amigos, e, debruçando-se à janela, distinga lá embaixo, inesperada naquele momento, a
figura de seu pai, procurando atravessar a rua ou descansando em um banco diante do mar. Só isso. Por
que, então, todo esse alvoroço que visita a sua alma de repente, essa animação provocada pela presença
distante de uma pessoa da sua intimidade? Você chamará os amigos para mostrar-lhes o vulto de traços
fisionômicos invisíveis: “Aquele ali é papai”. E os amigos também hão de sorrir, quase enternecidos,
participando um pouco de sua glória, pois é inexplicavelmente tocante ser amigo de alguém cujo pai se
encontra longe, fora do alcance do seu chamado.
Outro exemplo: você ama e sofre por causa de uma pessoa e com ela se encontra todos os dias. Por que,
então, quando essa pessoa aparece à distância, em hora desconhecida aos seus encontros, em uma
praça, em uma praia, voando na janela de um carro, por que essa ternura dentro de você, e essa
admirável compaixão?
Por que motivo reconhecer uma pessoa ao longe sempre nos induz a um movimento interior de doçura
e piedade?
Às vezes, trata-se de um simples conhecido. Você o reconhece de longe em um circo, um teatro, um
campo de futebol, e é impossível não infantilizar-se diante da visão.
Até para com os nossos inimigos, para com as pessoas que nos são antipáticas, a distância, em relação
ao desafeto, atua sempre em sentido inverso. Ver um inimigo ao longe é perdoá-lo bastante.
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Mais um caso: dois amigos íntimos se vêem inesperadamente de duas janelas. Um deles está, digamos,
no consultório do dentista, o outro visita o escritório de um advogado no centro da cidade. Cinco horas
da tarde; lá embaixo, o tráfego estridula; ambos olham distraídos e cansados quando se descobrem
mutuamente. Mesmo que ambos, uma hora antes, estivessem juntos, naquele encontro súbito e de
longe é como se não se vissem há muito tempo; com todas as graças da alma despertas, eles começam
a acenar-se, a dar gritos, a perguntar por gestos o que o outro faz do outro lado. Como se tudo isso fosse
um mistério.
E é um mistério.
(Paulo Mendes Campos)

10. (Prática textual)


Com relação ao significado das palavras empregadas no texto, todas as opções estão corretas, EXCETO:
A) “... quase enternecidos” : amorosos
B) “ ...essa ternura...” : meiguice
C) “ ... inexplicavelmente tocante...” : comovente
D) “ ... sempre nos induz...” : motiva
E) “ ... o tráfego estridula...” : rompe

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11. (Prática textual)


O tema central do texto é:
A) Divagações sobre a amizade.
B) Reflexões sobre encontros imprevistos.
C) Indagações sobre momentos efêmeros.
D) Mistérios do mundo moderno.
E) Mistérios das atitudes incontidas.

12. (Prática textual)


“Há muitas coisas que a psicologia não nos explica”.
O período acima:
A) Serve como reflexão. B) Exprime uma idéia secundária.
C) É uma citação popular. D) Justifica o título do texto.
E) Evidencia o valor da ciência.

13. (Prática textual)


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“Você o reconhece de longe em um circo...”( 4º§). Por um processo anafórico, a palavra sublinhada na frase
acima tem como referente no texto:
A) amigo B) pai C) conhecido D) inimigo E) dentista

14. (Prática textual)


“Até para com os nossos inimigos, para com as pessoas que nos são antipáticas, a distância, em relação ao
desafeto, atua sempre em sentido inverso.”
Do excerto acima, depreende-se que, EXCETO:
A) A distância aproxima as pessoas.
B) O ser humano reage de forma programada.
C) O ser humano é imprevisível.
D) A distância modifica o comportamento das pessoas.
E) Em terra estranha, conhecidos tornam-se amigos ainda mais íntimos.

15. (Prática textual)


Assinale a alternativa que mantém uma intertextualidade com o texto “Segredo”:
A) “Sei lá, sei não, a vida é uma grande ilusão”. (Vinícius de Moraes)
B) “Em terra de cego quem tem um olho é rei”. (Ditado popular)
C) “Existem dois lados em todas as questões: o meu e o errado”. (Oscar Levant)
D) “Cínico é quem vê as coisas como são em vez de vê-las como deveriam ser”. (Oscar Wilde)

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E) “Há mais mistérios entre o céu e a terra do que pensa nossa vã filosofia”. (Shakespeare)

16. (Prática textual)


Assinale a alternativa que contém uma frase em sentido conotativo:
A) “E é um mistério”.
B) “Cinco horas da tarde; lá embaixo...”
C) “... em uma praia, voando na janela de um carro...”
D) “Aquele ali é papai”.
E) “Por que, então, todo esse alvoroço...”

17. (Prática textual)


O tom final do texto é, EXCETO:
A) fúnebre B) inexplicável C) enigmático D) obscuro E) oculto

Quando confrontados pelos aspectos mais obscuros ou espinhosos da existência, os antigos gregos
costumavam consultar os deuses (naquela época, não havia psicanalistas). Para isso, existiam os
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oráculos – locais sagrados onde os seres imortais se manifestavam, devidamente encarnados em suas
sacerdotisas. Certa vez, talvez por brincadeira, um ateniense perguntou ao conceituado oráculo de
Delfos se haveria na Grécia alguém mais sábio que o esquisitão Sócrates. A resposta foi sumária: “Não”.
O inesperado elogio divino chegou aos ouvidos de Sócrates, causando-lhe uma profunda sensação de
estranheza. Afinal de contas, ele jamais havia se considerado um grande sábio. Pelo contrário:
considerava-se tão ignorante quanto o resto da humanidade. Após muito meditar sobre as palavras do
oráculo, Sócrates chegou à conclusão de que mudaria sua vida (e a história do pensamento). Se ele era
o homem mais sábio da Grécia, então o verdadeiro sábio é aquele que tem consciência da própria
ignorância. Para colocar à prova sua descoberta, ele foi ter com um dos figurões intelectuais da época.
Após algumas horas de conversa, percebeu que a autoproclamada sabedoria do sujeito era uma casca
vazia. E concluiu: “Mais sábio que esse homem eu sou. É provável que nenhum de nós saiba nada de
bom, mas ele supõe saber alguma coisa e não sabe, enquanto eu, se não sei, tampouco suponho saber.
Parece que sou um tantinho mais sábio que ele exatamente por não supor saber o que não sei”. A partir
daí, Sócrates começou uma cruzada pessoal contra a falsa sabedoria humana – e não havia melhor palco
para essa empreitada que a vaidosíssima Atenas. Em suas próprias palavras, ele se tornou um
“vagabundo loquaz” – uma usina ambulante de insolência iluminadora, movida pelo célebre bordão que
Sócrates legou à posteridade: “Só sei que nada sei”.
Para sua tarefa audaz, Sócrates empregou o método aprendido com os professores sofistas. Mas havia
grandes diferenças entre a dialética de Sócrates e a de seus antigos mestres. Em primeiro lugar, Sócrates
não cobrava dinheiro por suas “lições” – aceitava conversar com qualquer pessoa, desde escravos até
políticos poderosos, sem ganhar um tostão. Além disso, os diálogos de Sócrates não serviam para
defender essa ou aquela posição ideológica, mas para questionar a tudo e a todos sem distinção. Ele
geralmente começava seus debates com perguntas diretas sobre temas elementares: “O que é o Amor?”

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“O que é a Virtude?” “O que é a Mentira?” Em seguida, destrinchava as respostas que lhe eram dadas,
questionando o significado de cada palavra. E continuava fazendo perguntas em cima de perguntas, até
levar os exaustos interlocutores a conclusões opostas às que haviam dado inicialmente – e tudo isso
num tom perfeitamente amigável. Assim, o pensador demonstrava uma verdade que até hoje continua
universal: na maior parte do tempo, a grande maioria das pessoas (especialmente as que se consideram
mais sabichonas) não sabe do que está falando.
(José Francisco Botelho. Revista Vida Simples, edição 91, abril de 2010 / com adaptações)

18. (Prática textual)


Analise as afirmativas a seguir:
I. As conclusões que impulsionaram a cruzada pessoal de Sócrates contra a falsa sabedoria humana foram
motivadas por um elogio divino.
II. Ao saber que o conceituado oráculo de Delfos o havia considerado o maior sábio da Grécia, Sócrates
prontamente chegou à conclusão de que transformaria sua vida.
III. Os antigos mestres de Sócrates cobravam por suas “lições”.
IV. Sócrates concluiu que era mais sábio do que um dos figurões intelectuais da época, pois, após conversar
com ele, percebeu que este era incapaz de reconhecer a própria ignorância.
Explícita ou implicitamente estão presentes no texto somente as ideias registradas nas afirmativas:
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A) I, II, IV B) I, III, IV C) II, III, IV D) II, IV E) I, II, III, IV

19. (Prática textual)


Em “Quando confrontados pelos aspectos mais obscuros ou espinhosos da existência” (1º§), “percebeu que
a autoproclamada sabedoria do sujeito era uma casca vazia” (2º§) e “Em seguida, destrinchava as respostas
que lhe eram dadas” (3º§), as expressões destacadas são, respectivamente, exemplos de:
A) Denotação, conotação, conotação. B) Denotação, denotação, conotação.
C) Denotação, denotação, denotação. D) Conotação, conotação, conotação.
E) Conotação, denotação, denotação.

20. (Prática textual)


NÃO haverá alteração do sentido do texto caso se substitua:
A) “A resposta foi sumária” (1º§) por A resposta foi breve, rápida.
B) “vagabundo loquaz” (2º§) por vagabundo incansável.
C) “a autoproclamada sabedoria do sujeito” (2º§) por a sabedoria anunciada pelo próprio sujeito.
D) “bordão” (2º§) por frase que se repete muito.
E) “Para sua tarefa audaz” (3º§) por Para sua tarefa audaciosa.

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21. (Prática textual)


Os termos destacados constituem elementos coesivos por retomarem termos ou ideias anteriormente
registrados, EXCETO:
A) “Para isso, existiam os oráculos” (1º§)
B) “Afinal de contas, ele jamais havia se considerado um grande sábio.” (2º§)
C) “Só sei que nada sei” (2º§)
D) “Além disso, os diálogos de Sócrates não serviam para defender essa ou aquela posição ideológica” (3º§)
E) “Em seguida, destrinchava as respostas que lhe eram dadas” (3º§)

22. (Prática textual)


Em “Quando confrontados pelos aspectos mais obscuros ou espinhosos da existência” (1º§), “Após muito
meditar sobre as palavras do oráculo” (2º§), “então o verdadeiro sábio é aquele que tem consciência da
própria ignorância” (2º§), “A partir daí, Sócrates começou uma cruzada pessoal contra a falsa sabedoria”
(2º§), e “Mas havia grandes diferenças entre a dialética de Sócrates e a de seus antigos mestres” (3º§), as
expressões destacadas indicam, respectivamente, ideia de:
A) Tempo, tempo, conclusão, conclusão, adversidade.
B) Tempo, tempo, tempo, conclusão, adversidade.
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C) Tempo, tempo, conclusão, tempo, adversidade.


D) Consequência, tempo, tempo, conclusão, adversidade.
E) Tempo, tempo, tempo, conclusão, adição.

Encontros e desencontros
Hoje, jantando num pequeno restaurante aqui perto de casa, pude presenciar, ao vivo, uma cena
que já me tinham descrito. Um casal de meia idade se senta à mesa vizinha da minha. Feitos os pedidos
ao garçom, o homem, bem depressinha, tira o celular do bolso, e não mais o deixa, a merecer sua
atenção exclusiva. A mulher, certamente de saber feito, não se faz de rogada e apanha um livro que
trazia junto à bolsa. Começa a lê-lo a partir da página assinalada por um marcador. Espichando o meu
pescoço inconveniente (nem tanto, afinal as mesas eram coladinhas) deu para ver que era uma obra da
Martha Medeiros.
Desse modo, os dois iam usufruindo suas gulodices, sem comentários, com algumas reações dele,
rindo com ele mesmo com postagens que certamente ocorriam em seu celular. Até dois estranhos,
postos nessa situação, talvez acabassem por falar alguma coisa. Pensei: devem estar juntos há algum
tempo, sem ter mais o que conversar. Cada um sabia tudo do outro, nada a acrescentar, nada de novo
ou surpreendente. E assim caminhava, decerto, a vida daquele casal.

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O que me choca, mesmo observando esta situação, como outras que o dia a dia me oferece, é a
ausência de conversa. Sem conversa eu não vivo, sem sua força agregadora para trocar ideias, para
convencer ou ser convencido pelo outro, para manifestar humor, para desabafar sobre o que angustia
a alma, em suma, para falar e para ouvir. A conversa não é a base da terapia? Sei não, mas, atualmente,
contar com um amigo para jogar conversa fora ou para confessar aquele temor que lhe está roubando
o sossego talvez não seja fácil. O tempo também, nesta vida corre-corre, tem lá outras prioridades. Mia
Couto é contundente: “Nunca o nosso mundo teve ao seu dispor tanta comunicação. E nunca foi tão
dramática a nossa solidão.” Até se fala muito, mas ouvir o outro? Falo de conversas entre pessoas no
mundo real. Vive-se hoje, parece, mais no mundo digital. Nele, até que se conversa muito; porém, é tão
diferente, mesmo quando um está vendo o outro. O compartilhamento do mesmo espaço, diria, é que
nos proporciona a abrangência do outro, a captação do seu respirar, as batidas de seu coração, o seu
cheiro, o seu humor...
Desse diálogo é que tanta gente está sentindo falta. Até por telefone as pessoas conversam,
atualmente, bem menos. Pelo whatsApp fica mais fácil, alega-se. Rapidinho, rapidinho. Mas e a
conversa? Conversa-se, sim, replicam. Será? Ou se trocam algumas palavras? Quando falo em conversa,
refiro-me àquelas que se esticam, sem tempo marcado, sem caminho reto, a pularem de assunto em
assunto. O whatsApp é de graça, proclamam. Talvez um argumento que pode ser robusto, como se diz
hoje, a favor da utilização desse instrumento moderno.
Mas será apenas por isso? Um amigo me lembra: nos whatsApps se trocam mensagens por
escrito. Eu sei. Entretanto, língua escrita é outra modalidade, outro modo de ativar a linguagem, a
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começar pela não copresença física dos interlocutores. No telefone, não há essa copresença física, mas
esse meio de comunicação não é impeditivo de falante e ouvinte, a cada passo, trocarem de papéis e
até mesmo de falarem ao mesmo tempo, configurando, pois, características próprias da modalidade
oral. Contudo, não se respira o mesmo ar, ainda que já se possa ver o outro. As pessoas passaram a
valer-se menos do telefone, e as conversas também vão, por isso, tornado-se menos frequentes.
Gosto, mesmo, é de conversas, de preferência com poucos companheiros, sem pauta, sem temas
censurados, sem se ter de esmerar na linguagem. Conversa sem compromisso, a não ser o de evitar a
chatice. Com suas contundências, conflitos de opiniões e momentos de solidariedade. Conversa que é
vida, que retrata a vida no seu dia a dia. No grupo maior, há de tudo: o louco, o filósofo, o depressivo, o
conquistador de garganta, o saudosista... Nem sempre, é verdade, estou motivado para participar desses
grupos. Porém, passado um tempo, a saudade me bate.
Aqueles bate-papos intimistas com um amigo de tantas afinidades, merecedores que nos
tornamos da confiança um do outro, esses não têm nada igual. A apreensão abrangente do amigo, de
seu psiquismo, dos seus sentimentos, das dificuldades mais íntimas por que passa, faz-nos sentir,
fortemente, a nossa natureza humana, a maior valia da vida.
Esses momentos vão se tornando, assim me parece, uma cena menos habitual nestes tempos
digitais. A pressa, os problemas a se multiplicarem, as tarefas a se diversificarem, como encontrar uma
brecha para aquela conversa, que é entrega, confiança, despojamento? Conversa que exige respeito:
um local calminho, sem gritos, vozes esganiçadas, garçons serenos. Sim, umas tulipas estourando de
geladas e uns tira-gostos de nosso paladar a exigirem nova pedida. Não queria perder esses encontros.
Afinal, a vida está passando tão depressa...

Adaptado de: UCHOA, Carlos Eduardo. Disponível em: http://carloseduardouchoa.com.br/blog/

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23. (Marinha / Colégio Naval Aluno 2017)


No 3º parágrafo, o autor cita o escritor moçambicano Mia Couto. Essa estratégia objetiva
(A) valorizar a literatura contemporânea, por meio desse escritor.
(B) ser coerente com as pessoas que não gostam da Internet.
(C) comprovar que literatura e Internet são incompatíveis.
(D) induzir o leitor a aceitar o texto como verdadeiro.
(E) corroborar as ideias explicitadas anteriormente.

24. (Marinha / Colégio Naval Aluno 2017)


Em "O compartilhamento do mesmo espaço, diria, é que nos proporciona a abrangência do outro, a captação
do seu respirar, as batidas de seu coração, o seu cheiro, o seu humor..." (3°§), infere-se que para o autor
(A) a comunicação digital, nos dias de hoje, não prescinde da abrangência do outro.
(B) na Internet, o compartilhamento do espaço é a reprodução da abrangência do outro.
(C) captar o cheiro, o humor e as batidas do coração do receptor garante a interlocução.
(D) o compartilhamento do mesmo espaço é a forma real para a humanização do diálogo.
(E) o mundo digital, ao contrário do que se pensa, não permite a interlocução em tempo real.
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25. (Marinha / Colégio Naval Aluno 2017)


Sobre as ideias expressas no texto, é correto afirmar que
(A) o cronista deixa ciara a sua preferência pelas conversas ao telefone, apesar de reconhecer que o
whatsApp, por ser de graça, torna a comunicação mais rápida, uma vez que os falantes e ouvintes podem
trocar de papel a todo instante.
(B) nos bate-papos intimistas cabem todos os assuntos, mesmo que haja divergência de opiniões, já que
retratam a vida no seu dia a dia e envolvem pessoas diferentes, mas afinadas na confiança estabelecida
e na percepção mais abrangente do outro.
(C) o texto parte de um registro do cotidiano - o comportamento de um casal em um restaurante - para
analisar os exageros cometidos pelos usuários da Internet, os quais priorizam o mundo digital e
abandonam completamente os bate-papos intimistas com os amigos.
(D) a citação de Mia Couto, no 3º parágrafo, ratifica a ideia central do texto: as pessoas estão cada vez mais
sós, vivendo em um mundo virtual, onde a conversa não é plena, já que não há o compartilhamento do
mesmo espaço e a troca de ideias praticamente inexiste.
(E) o 6º parágrafo se contrapõe ao 8º, pois enquanto naquele o cronista estabelece algumas causas para a
diminuição das conversas e delimita os elementos necessários ao ambiente onde esse diálogo
acontecerá, neste ele especifica como deve ser a conversa entre as pessoas.

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Aula 12

26. (Marinha / Colégio Naval Aluno 2017)


Em que opção o sinônimo indicado para o termo sublinhado NÃO mantém o mesmo sentido daquele
apresentado, no texto, pelo trecho destacado?
(A) “Espichando o meu pescoço inconveniente[...].”(1º§) - esticando.
(B) "A apreensão abrangente do amigo,(7°§) - aflição.
(C) “Conversa-se, sim, replicam.” (4°§) - respondem.
(D) “[...] os dois iam usufruindo suas gulodices. (2°§) - guloseimas.
(E) "[...] confessar aquele temor que lhe está roubando[...].” (3°§) - medo.

O desaparecimento dos livros na vida cotidiana e a diminuição da leitura é preocupante quando


sabemos que os livros são dispositivos fundamentais na formação subjetiva das pessoas. Nos
perguntamos sobre o que os meios de comunicação fazem conosco: da televisão ao computador, dos
brinquedos ao telefone celular, somos formados por objetos e aparelhos.
Se em nossa época a leitura diminui vertiginosamente, ao mesmo tempo, cresce o elogio da
ignorância, nossa velha conhecida. Há, nesse contexto, dois tipos de ignorância em relação às quais os
livros são potentes ou impotentes. Uma é a ignorância filosófica, aquela que em Sócrates se expunha na
ironia do "sei-que-nada-sei". Aquele que não sabe e quer saber pode procurar os livros, esses objetos
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que guardam tantas informações, tantos conteúdos, que podemos esperar deles muita coisa: perguntas
e, até mesmo, respostas. A outra é a ignorância prepotente, à qual alguns filósofos deram o nome de
"burrice". Pela burrice, essa forma cognitiva impotente e, contudo, muito prepotente, alguém
transforma o não saber em suposto saber, a resposta pronta é transformada em verdade. Nesse caso,
os livros são esquecidos. Eles são desnecessários como "meios para o saber". Cancelada a curiosidade,
como sinal de um desejo de conhecimento, os livros tornam-se inúteis. Assim, a ignorância que nos
permite saber se opõe à que nos deforma por estagnação, A primeira gosta dos livros, a segunda os
detesta. [ ... ]
Para aprender a perguntar, precisamos aprender a ler. Não porque o pensamento dependa da
gramática ou da língua formal, mas porque ler é um tipo de experiência que nos ensina a desenvolver
raciocínios, nos ensina a entender, a ouvir e a falar para compreender. Nos ensina a interpretar. Nos
ajuda, portanto, a elaborar questões, a fazer perguntas. Perguntas que nos ajudam a dialogar, ou seja,
a entrar em contato com o outro. Nem que este outro seja, em um primeiro momento, apenas cada um
de nós mesmos.
Pensar, esse ato que está faltando entre nós, começa aí, muitas vezes em silêncio, quando nos
dedicamos a esse gesto simples e ao mesmo tempo complexo que é ler um livro. É lamentável que as
pessoas sucumbam ao clima programado da cultura em que ler é proibido. Os meios tecnológicos de
comunicação são insidiosos nesse momento, pois prometem uma completude que o ato de ler um livro
nunca prometeu. É que o ato da leitura nunca nos engana. Por isso, também, muitos afastam-se dele.
Muitos que foram educados para não pensar, passam a não gostar do que não conhecem. Mas há quem
tenha descoberto esse prazer que é o prazer de pensar a partir da experiência da linguagem -
compreensão e diálogo - que sempre está ofertada em um livro. Certamente para essas pessoas, o
mundo todo - e ela mesma - é algo bem diferente.

Interpretação de textos. 80

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(TIBURI, Márcia. Potência do pensamento: por uma filosofia política da leitura. Disponível em
http://revistacult.uol.com.br - 31 de jan. 2016 - com adaptações)

27. (Marinha / Colégio Naval Aluno 2016)


Em seu processo argumentativo, o texto
a) faz uma análise totalmente imparcial sobre as causas do desaparecimento dos livros na vida cotidiana.
b) explora a ideia da ignorância sob um ponto de vista fundamentalmente empírico.
c) contrapõe o ato de pensar ao de ler, mostrando que este implica silêncio e aquele, concentração.
d) associa leitura a pensamento, mostrando que muitos desconhecem essa relação prazerosa.
e) ratifica a ideia de que os meios tecnológicos de comunicação são mais completos que os livros.

28. (Marinha / Colégio Naval Aluno 2016)


Qual opção está de acordo com as ideias expressas no texto?
a) A ignorância prepotente rejeita os livros como forma de conhecimento, mas os substitui pela curiosidade
cognitiva.
b) Os meios tecnológicos de comunicação suplantaram os livros por serem, certamente, mais completos e
atualizados.
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c) O aprendizado da leitura permite que o indivíduo pense a partir da experiência da linguagem, que implica
compreensão e diálogo.
d) A leitura de um livro exclui o pensamento e faz com que a pessoa fique em contato com uma realidade
diferente daquela vivida.
e) Para que a leitura se torne prazerosa, é preciso que o leitor associe o texto lido a outros meios
tecnológicos mais completos.

29. (Marinha / Colégio Naval Aluno 2016)


Com o fragmento "Muitos que foram educados para não pensar, passam a não gostar do que não
conhecem." (4°§), infere-se que
a) a educação atual não valoriza o raciocínio lógico nem o conhecimento.
b) se as pessoas começarem a pensar, naturalmente passarão a gostar de livros.
c) nos dias de hoje, não pensar é mais valorizado do que gostar do que não se conhece.
d) quem não gosta do que não conhece também não gosta de livros nem de conhecimento.
e) não gostar do que não se conhece é consequência de não ter sido educado para pensar.

Aumenta o número de adultos que não consegue focar sua atenção em uma única coisa por
muito tempo. São tantos os estímulos e tanta a pressão para que o entorno seja completamente
desvendado que aprendemos a ver e/ou fazer várias coisas ao mesmo tempo. Nós nos tornamos, à
semelhança dos computadores, pessoas multitarefa, não é verdade?

Interpretação de textos. 81

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Aula 12

Vamos tomar como exemplo uma pessoa dirigindo. Ela precisa estar atenta aos veículos que vêm
atrás, ao lado e à frente, à velocidade média dos carros por onde trafega, às orientações do GPS ou de
programas que sinalizam o trânsito em tempo real, às informações de alguma emissora de rádio que
comenta o trânsito, ao planejamento mental feito e refeito várias vezes do trajeto que deve fazer para
chegar ao seu destino, aos semáforos, faixas de pedestres etc.
Quando me vejo em tal situação, eu me lembro que dirigir, após um dia de intenso trabalho no
retorno para casa, já foi uma atividade prazerosa e desestressante.
O uso da internet ajudou a transformar nossa maneira de olhar para o mundo. Não mais
observamos os detalhes, por causa de nossa ganância em relação a novas e diferentes informações.
Quantas vezes sentei em frente ao computador para buscar textos sobre um tema e, de repente, me dei
conta de que estava em temas que em nada se relacionavam com meu tema primeiro.
Aliás, a leitura também sofreu transformações pelo nosso costume de ler na internet. Sofremos
de uma tentação permanente de pular palavras e frases inteiras, apenas para irmos direto ao ponto. O
problema é que alguns textos exigem a leitura atenta de palavra por palavra, de frase por frase, para
que faça sentido. Aliás, não é a combinação e a sucessão das palavras que dá sentido e beleza a um
texto?
Se está difícil para nós, adultos, focar nossa atenção, imagine, caro leitor, para as crianças. Elas já
nasceram neste mundo de profusão de estímulos de todos os tipos; elas são exigidas, desde o início da
vida, a dar conta de várias coisas ao mesmo tempo; elas são estimuladas com diferentes objetos, sons,
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imagens etc.
Aí, um belo dia elas vão para a escola. Professores e pais, a partir de então, querem que as
crianças prestem atenção em uma única coisa por muito tempo. E quando elas não conseguem,
reclamamos, levamos ao médico, arriscamos hipóteses de que sejam portadoras de síndromes que
exigem tratamento etc.
A maioria dessas crianças sabe focar sua atenção, sim. Elas já sabem usar programas complexos
em seus aparelhos eletrônicos, brincam com jogos desafiantes que exigem atenção constante aos
detalhes e, se deixarmos, passam horas em uma única atividade de que gostam.
Mas, nos estudos, queremos que elas prestem atenção no que é preciso, e não no que gostam.
E isso, caro leitor, exige a árdua aprendizagem da autodisciplina. Que leva tempo, é bom lembrar.
As crianças precisam de nós, pais e professores, para começar a aprender isso. Aliás, boa parte
desse trabalho é nosso, e não delas.
Não basta mandarmos que elas prestem atenção: isso de nada as ajuda. O que pode ajudar, por
exemplo, é analisarmos o contexto em que estão quando precisam focar a atenção e organizá-lo para
que seja favorável a tal exigência. E é preciso lembrar que não se pode esperar toda a atenção delas por
muito tempo: o ensino desse quesito no mundo de hoje é um processo lento e gradual.

SAYÃO, Rosely. Profusão de estímulos. Folha de São Paulo, 11 fev. 2014 - adaptado.

Interpretação de textos. 82

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30. (Marinha / Colégio Naval Aluno 2014)


Considerando os termos grifados em "[...] por causa de nossa ganância em relação a novas e diferentes
informações.” (4°§) e "Elas já nasceram neste mundo de profusão de estímulos de todos os tipos (6°§), a
antonímia dos termos grifados foi indicada de forma correta, respectivamente, em qual opção?
a) Avidez, insuficiência.
b) Abnegação, exuberância.
c) Desapego, escassez.
d) Altruísmo, afluência.
e) Concupiscência, falha.

31. (Marinha / Colégio Naval Aluno 2014)


Sobre a construção do texto, é correto afirmar que
a) o sétimo parágrafo apresenta exemplos de pais e professores que ajudam as crianças a focar a atenção
nos estudos.
b) o quarto parágrafo apresenta a ideia de que as inúmeras informações ajudam na concentração do foco de
atenção.
c) o último parágrafo reforça a falta de atenção de adultos e crianças em focar uma única coisa.
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d) o oitavo parágrafo analisa que a maioria das crianças não consegue realmente focar a atenção por causa
dos jogos eletrônicos.
e) o segundo parágrafo apresenta a ideia de que o foco de atenção é mantido, apesar de vários detalhes que
precisam do cuidado do condutor.

32. (Marinha / Colégio Naval Aluno 2014)


De acordo com o texto, é correto afirmar que:
a) acidentes de trânsito ocorrem devido ao excesso de estímulos nas ruas.
b) o uso da internet em vez de livros impressos prejudicou a compreensão da leitura de textos.
c) o foco da atenção das crianças está naquilo de que gostam e têm interesse, mas nem sempre no que é
necessário.
d) adultos que não conseguem focar a atenção em uma única coisa foram crianças que não tiveram estímulos
desde o início da vida.
e) crianças e adultos apresentam deficiência de atenção porque pertencem a gerações diferentes.

33. (Marinha / Colégio Naval Aluno 2014)


Em “o ensino desse quesito no mundo de hoje é um processo lento e gradual." (11°§), o termo grifado pode
ser substituído, sem mudança de sentido, por
a) detalhamento.
b) preceito.

Interpretação de textos. 83

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c) item.
d) comando.
e) mandamento.

34. (Marinha / Colégio Naval Aluno 2014)


Em que opção a articulista estabelece explicitamente um diálogo com o interlocutor?
a) "E isso, caro leitor, exige a árdua aprendizagem! [...]." (9 °§)
b) "As crianças precisam de nós, pais e professores, [...]." (10°§)
c) "Vamos tomar como exemplo uma pessoa dirigindo." (2°§)
d) "O que pode ajudar, por exemplo, é analisarmos [...]." (11°§)
e) "Se está difícil para nós, adultos, focar nossa [...]." (6°§)

35. (Marinha / Colégio Naval Aluno 2014)


Qual é a opção que explicita uma ideia defendida no texto?
a) Pais e professores devem motivar as crianças a se interessarem pelas coisas de que gostam.
b) Com a profusão de estímulos a que estão sujeitas, as crianças tornam-se criteriosas e autodisciplinadas.
c) Pessoas multitarefa são comparadas a computadores por serem capazes de executar as atividades de
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forma seletiva.
d) O uso da internet torna as pessoas mais detalhistas e concentradas em diferentes atividades ao mesmo
tempo.
e) Há um contraste entre o que a escola exige da criança e a forma como esta foi estimulada a se comportar
desde o início da vida.

As lições de outros escritores

Pode parecer um lugar-comum, mas é verdade verdadeira: a única arma que se pode usar para
aprender a escrever melhor, é ler, ler muito. As lições que se tiram dos textos dos escritores que vieram
antes de nós são inúmeras e valem a pena.
O escritor iniciante, por mais talento que tenha, se depara com obstáculos que parecem intransponíveis.
Até mais do que no futebol, a inexperiência torna os movimentos desarticulados, faz o praticante gastar
esforços inúteis, deixa-o sem ação diante dos problemas. Muito disso pode ser evitado com o uso
recorrente da leitura. [...] Ler, ler muito, ensina alguns truques do ofício de escritor. Por isso é que todo
escritor profissional já revelou que lê muito.
[...] Num mundo marcado pela correria, algumas pessoas acham que a leitura é uma ocupação
ultrapassada, que demanda tempo demais. É besteira, claro. Ainda mais quem deseja escrever para ser
lido.

Interpretação de textos. 84

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[...] A primeira pergunta que se faz é: tudo bem, deve ser, mas o quê? A resposta é fácil: leia o
que gosta. Devemos deixar de lado os livros que podem chatear, por importantes que sejam. Se já se
tem um gênero planejado, melhor ainda. Digamos que alguém queira escrever romances de fundo
social. Leiam-se, então, livros do gênero que se pretende explorar, verificando neles o que funciona e o
que não funciona. Precisa-se analisar o autor, a forma com que ele escreve, como ele desenvolve a ação,
constrói os personagens, arma os diálogos, usa o cenário e o tempo, sobretudo como ele transmite sua
mensagem.
Todo mundo precisa ler, mas os escritores devem ler. Sobretudo os livros certos. [...] O
enfrentamento e a absorção de um livro são coisas extremamente subjetivas. Assim, se um amigo
recomendar determinado romance que, além de tudo, está nas listas de best-sellers, talvez seja muito
chato para nós. Da mesma forma, se um clássico como Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa,
se impõe à nossa leitura como um clássico unânime, pode-se achar impossível se interessar por esse
mundo e por esses personagens. Não se deve envergonhar. Deixemo-lo de lado e partamos para outro
livro. Algum dia se descobrirão os encantos de Guimarães Rosa. E nem sempre o que é clássico
incontestável é o livro indicado para o momento. Pode acontecer também que se descubra, meio por
acaso, outro clássico: começamos a lê-lo e nos empolgamos, descobrindo o prazer que há em avançar
por ele, um livro que nunca abordamos, porque era venerado pela crítica e nos deixava um tanto
receosos de enfrentá-lo.[...]
Como escritor em processo, tem-se de ler de um modo diferente. Há quem goste de sublinhar frases ou
trechos significativos. É útil também para destacar metáforas ou comparações espertas. Ou ainda para
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realçar idéias que admiramos, detestamos ou imaginamos que merecem uma reflexão posterior. Como
artesão da escrita, deve-se ler e procurar sempre no dicionário uma palavra que não se conheça,
incorporando-a em nosso repertório. Afinal, não estamos só lendo um texto como um leitor comum;
queremos entender como o escritor fez aquilo. Às vezes, apenas sublinhar não basta. O comentário que
surgiu na sua mente deve ser escrito, para não ser esquecida essa primeira impressão.
Se o texto nos impressionou e se ele se ajusta ao que pretendemos escrever, façamos mais um esforço.
Leiamo-lo de novo, depois de saber o que vai acontecer na ação ou quais idéias serão discutidas.
Perceber-se-ão com mais clareza os métodos do escritor e, se for o caso, entenderemos melhor o que
ficou confuso na primeira leitura. Na ficção, ainda se pode ver melhor nessa segunda leitura se o
personagem tem coerência, ou se poderia ser dispensado da trama.
A leitura estimula o pensamento e pode nos tornar mais sensíveis ao que vamos escrever. Com o
primeiro rascunho pronto, começa-se a editar. Ou seja, deve-se ler e reler cada palavra e ver se ela está
encaixando no todo, até mesmo se está escrita corretamente. Começa-se a encarar melhor o texto,
como se fosse escrito por outra pessoa. E se houver dificuldades em entender alguma coisa ou em achar
lógico um ou outro desenvolvimento do texto, lembremo-nos de que outras pessoas - os nossos leitores
também terão.

Geraldo Galvão Ferraz, in Revista Língua Portuguesa - Ano III, N° 28, 2008 - com adaptações.

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36. (Marinha / Colégio Naval Aluno 2008)


Assinale a opção em que o trecho confirma, na visão do autor, o aspecto subjetivo no processo de
leitura/escrita.
A) "Às vezes, apenas sublinhar não basta." (6º §)
B) "Ler, ler muito, ensina alguns truques do ofício de escritor." (2° § )
C) "Há quem goste de sublinhar frases ou trechos significativos." (6° § )
D) "Precisa-se analisar o autor, a forma com que ele escreve, como ele desenvolve a ação. . . " (4°§)
E) "Leiam-se, então, livros do gênero que se pretende explorar, verificando neles o que funciona..." (4° § )

37. (Marinha / Colégio Naval Aluno 2008)


Em todas as opções abaixo, aparece, literal e explicitamente, a opinião do autor através de um ou mais
termos, EXCETO em
A) "Muito disso pode ser evitado com o uso recorrente da leitura. [...] Ler, ler muito,..." (2° §)
B) "... que a leitura é uma ocupação ultrapassada, que demanda tempo demais..." (3° §)
C) "Até mais do que no futebol, a inexperiência torna os movimentos desarticulados,..." (2° §)
D) “... romance que, (...), está nas listas de BEST-SELLERS, talvez, seja muito chato..." (5° §)
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E) "Afinal, não estamos só lendo um texto como um leitor comum, queremos entender..." (6° § )

38. (Marinha / Colégio Naval Aluno 2008)


Assinale a opção em que se encontra, de forma direta ou implícita, uma afirmação correta quanto às dicas
para se escrever melhor apresentadas no texto.
A) Deve-se ler somente o gênero literário, em detrimento de outros.
B) Somente livros do gênero textual de interesse devem ser lidos.
C) Não se deve perder tempo com trechos ou textos ininteligíveis.
D) Diante de uma dificuldade de sentido, o ideal é que se procure a significação atribuída.
E) Apenas frases ou trechos significativos devem ser destacados, graficamente, no ato da leitura.

39. (Marinha / Colégio Naval Aluno 2008)


Assinale a opção que contém um trecho em que se configura, literal e discursivamente, empatia, ou seja, o
autor se identifica com o leitor acerca de obstáculos na leitura.
A) "As lições que se tiram dos textos dos escritores que vieram antes de nós são inúmeras e valem a pena."
(1° § )
B) "Por isso é que todo escritor profissional já revelou que lê muito." (2° §)
C) "Ainda mais quem deseja escrever para ser lido." (3° §)
D) "Afinal, não estamos só lendo um texto como um leitor comum..." (6° §)
E) “... lembremo-nos de que outras pessoas - os nossos leitores - também terão. " (8° §)

Interpretação de textos. 86

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40. (Marinha / Colégio Naval Aluno 2008)


Assinale a opção que contém um significado diferente para o termo destacado em "O escritor iniciante, por
mais talento que tenha..." (20º §)
A) Principiante.
B) Itinerante.
C) Infante.
D) Neófito.
E) Novato.
Inimigos
O apelido de Maria Teresa, para Norberto, era "Quequinha". Depois do casamento, sempre que
queria contar para os outros uma de sua mulher, o Norberto pegava sua mão, carinhosamente, e
começava:
– Pois a Quequinha ...
E a Quequinha, dengosa, protestava:
– Ora, Beto!
Com o passar do tempo, o Norberto deixou de chamar a Maria Teresa de Quequinha. Se ela
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estivesse ao seu lado e ele quisesse se referir a ela, dizia:


– A mulher aqui...
Ou, às vezes:
– Esta mulherzinha ...
Mas nunca mais Quequinha.
(O tempo, o tempo. O amor tem mil inimigos, mas o pior deles é o tempo. O tempo ataca em
silêncio. O tempo usa armas químicas.)
Com o tempo, Norberto passou a tratar a mulher por "Ela".
– Ela odeia o Charles Bronson.
– Ah, não gosto mesmo.
Deve-se dizer que o Norberto, a esta altura, embora a chamasse de Ela, ainda usava um vago
gesto de mão para indicá-la. Pior foi quando passou a dizer "essa aí" e a apontar com o queixo.
– Essa aí ...
E apontava com o queixo, até curvando a boca com certo desdém.
(O tempo, o tempo. O tempo captura o amor e não o mata na hora. Vai tirando uma asa, depois
outra...)
Hoje, quando quer contar alguma coisa da mulher, o Norberto nem olha na sua direção. Faz
meneio de lado com a cabeça e diz:

Interpretação de textos. 87

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– Aquilo ...
VERISSIMO, Luís Fernando. Novas comédias da vida privada. Porto Alegre: L&PM, 1996. P. 70-71.

41. (Marinha / SMV Oficiais 2018)


Assinale a opção que melhor expressa o sentimento do Norberto em relação à sua esposa.
A) “...Aquilo...”. (§ 19)
B) “[...] O amor tem mil inimigos, mas o pior deles é o tempo.” (§ 10).
C) “O tempo usa armas químicas.” (§ 10)
D) “– Ah, não gosto mesmo.” (§ 13)
E) “– Ora, Beto!” (§ 4)

42. (Marinha / SMV Oficiais 2018)


Em todos os trechos abaixo, a língua está sendo usada no seu sentido conotativo, EXCETO em
A) “Esta mulherzinha [...]” (§ 8)
B) “O amor tem mil inimigos [...]” (§ 10)
C) “E a Quequinha, dengosa, protestava” (§ 3)
D) “O tempo captura o amor e não o mata na hora” (§ 10)
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E) “Vai tirando uma asa, depois outra [...] (§ 10)

Confrontos
Que é o Brasil entre os povos contemporâneos? Que são os brasileiros? [ ... ]
Nós, brasileiros, [ ... ] somos um povo em ser, impedido de sê-lo. Um povo mestiço na carne e no
espírito, já que aqui a mestiçagem jamais foi um crime ou pecado. Nela fomos feitos e ainda
continuamos nos fazendo. Essa massa de nativos oriundos da mestiçagem vive por séculos sem
consciência de si, afundada na ninguendade. Assim foi até se definir como uma nova identidade étnico-
nacional, a de brasileiros. Um povo, até hoje, em ser, na dura busca de seu destino. [ ... ]
É de assinalar que, apesar de feitos pela fusão de matrizes tão diferenciadas, os brasileiros são,
hoje, um dos povos mais homogêneos linguística e culturalmente e também um dos mais integrados
socialmente da Terra. Falam uma mesma língua, sem dialetos. Não abrigam nenhum contingente
reivindicativo de autonomia, nem se apegam a nenhum passado. Estamos abertos é para o futuro. [ ... ]
O Brasil é já a maior das nações neolatinas, pela magnitude populacional, e começa a sê-lo
também por sua criatividade artística e cultural. Precisa agora sê-lo no domínio da tecnologia da futura
civilização, para se fazer uma potência econômica, de progresso autossustentado.

Interpretação de textos. 88

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Estamos nos construindo na luta para florescer amanhã como uma nova civilização, mestiça e
tropical, orgulhosa de si mesma. Mais alegre, porque mais sofrida. Melhor, porque incorpora em si mais
humanidades. Mais generosa, porque aberta à convivência com todas as raças e todas as culturas e
porque assentada na mais bela e luminosa província da Terra.
RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro; a formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.
p. 409-411. (Coleção Companhia de Bolso). (Fragmento).

43. (Marinha / SMV Oficiais 2018)


Infere-se, a partir da leitura do texto, que o povo brasileiro
A) foi constituído no crime ou pecado.
B) é um povo sem criatividade artística e cultural por ter sido constituído pela fusão de povos diferentes.
C) é um povo que, além de ser mestiço e saudosista, é um dos mais integrados socialmente da Terra.
D) possui identidade étnico-nacional denominada mestiçagem.
E) ainda está em construção.
44. (Marinha / SMV Oficiais 2018)
O texto é predominantemente
A) expositivo e narrativo.
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B) narrativo e descritivo.
C) injuntivo e expositivo.
D) argumentativo e descritivo.
E) descritivo e expositivo.

45. (Marinha / SMV Praças 2018)


A Cabra e o asno.
Viviam no mesmo quintal. A cabra ficou com ciúme porque o asno recebia mais comida. Fingindo
estar preocupada, disse:
– Que vida a sua! Quando não está no moinho, está carregando um fardo. Quer um conselho?
Finja um mal-estar e caia num buraco.
O asno concordou, mas, ao se jogar no buraco, quebrou uma porção de ossos. O dono procurou
socorro.
– Se lhe der um bom chá de pulmão de cabra, logo estará bom – disse o veterinário.
A cabra foi sacrificada e o asno ficou curado.

Fábulas de Esopo. Fonte: Almanaque Brasil de cultura popular, ano 5, n. 55, out. 2003, p. 29.

Em qual opção o dito popular sintetiza a moral da história acima?


A) Quem tudo quer tudo perde.

Interpretação de textos. 89

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B) Quem espera sempre alcança.


C) Quem tem boca vaia Roma.
D) Quem avisa amigo é.
E) Quem não tem cão caça como gato.

Noruega como Modelo de Reabilitação de Criminosos

O Brasil é responsável por uma das mais altas taxas de reincidência criminal em todo o mundo.
No país, a taxa média de reincidência (amplamente admitida mas nunca comprovada empiricamente) é
de mais ou menos 70%, ou seja, 7 em cada 10 criminosos voltam a cometer algum tipo de crime após
saírem da cadeia.
Alguns perguntariam "Por quê?". E eu pergunto: "Por que não?" O que esperar de um sistema
que propõe reabilitar e reinserir aqueles que cometerem algum tipo de crime, mas nada oferece, para
que essa situação realmente aconteça? Presídios em estado de depredação total, pouquíssimos
programas educacionais e laborais para os detentos, praticamente nenhum incentivo cultural, e, ainda,
uma sinistra cultura (mas que diverte muitas pessoas) de que bandido bom é bandido morto (a vingança
é uma festa, dizia Nietzsche).
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Situação contrária é encontrada na Noruega. Considerada pela ONU, em 2012, o melhor país
para se viver (1° no ranking do IDH) e, de acordo com levantamento feito pelo Instituto Avante Brasil, o
8° país com a menor taxa de homicídios no mundo, lá o sistema carcerário chega a reabilitar 80% dos
criminosos, ou seja, apenas 2 em cada 10 presos voltam a cometer crimes; é uma das menores taxas de
reincidência do mundo. Em uma prisão em Bastoy, chamada de ilha paradisíaca, essa reincidência é de
cerca de 16% entre os homicidas, estupradores e traficantes que por ali passaram. Os EUA chegam a
registrar 60% de reincidência e o Reino Unido, 50%. A média europeia é 50%.
A Noruega associa as baixas taxas de reincidência ao fato de ter seu sistema penal pautado na
reabilitação e não na punição por vingança ou retaliação do criminoso. A reabilitação, nesse caso, não é
uma opção, ela é obrigatória. Dessa forma, qualquer criminoso poderá ser condenado à pena máxima
prevista pela legislação do país (21 anos), e, se o indivíduo não comprovar estar totalmente reabilitado
para o convívio social, a pena será prorrogada, em mais 5 anos, até que sua reintegração seja
comprovada.
O presídio é um prédio, em meio a uma floresta, decorado com grafites e quadros nos
corredores, e no qual as celas não possuem grades, mas sim uma boa cama, banheiro com vaso sanitário,
chuveiro, toalhas brancas e porta, televisão de tela plana, mesa, cadeira e armário, quadro para afixar
papéis e fotos, além de geladeiras. Encontra-se lá uma ampla biblioteca, ginásio de esportes, campo de
futebol, chalés para os presos receberem os familiares, estúdio de gravação de música e oficinas de
trabalho. Nessas oficinas são oferecidos cursos de formação profissional, cursos educacionais, e o
trabalhador recebe uma pequena remuneração. Para controlar o ócio, oferecer muitas atividades, de
educação, de trabalho e de lazer, é a estratégia.

Interpretação de textos. 90

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A prisão é construída em blocos de oito celas cada (alguns dos presos, como estupradores e
pedófilos, ficam em blocos separados). Cada bloco tem sua cozinha. A comida é fornecida pela prisão,
mas é preparada pelos próprios detentos, que podem comprar alimentos no mercado interno para
abastecer seus refrigeradores.
Todos os responsáveis pelo cuidado dos detentos devem passar por no mínimo dois anos de
preparação para o cargo, em um curso superior, tendo como obrigação fundamental mostrar respeito a
todos que ali estão. Partem do pressuposto que, ao mostrarem respeito, os outros também aprenderão
a respeitar.
A diferença do sistema de execução penal norueguês em relação ao sistema da maioria dos
países, como o brasileiro, americano, inglês, é que ele é fundamentado na ideia de que a prisão é a
privação da liberdade, e pautado na reabilitação e não no tratamento cruel e na vingança.
O detento, nesse modelo, é obrigado a mostrar progressos educacionais, laborais e
comportamentais, e, dessa forma, provar que pode ter o direito de exercer sua liberdade novamente
junto à sociedade.
A diferença entre os dois países (Noruega e Brasil) é a seguinte: enquanto lá os presos saem e
praticamente não cometem crimes, respeitando a população, aqui os presos saem roubando e matando
pessoas. Mas essas são consequências aparentemente colaterais, porque a população manifesta muito
mais prazer no massacre contra o preso produzido dentro dos presídios (a vingança é uma festa, dizia
Nietzsche).
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LUIZ FLÁVIO GOMES, jurista, diretor-presidente do Instituto Avante Brasil e coeditor do Portal atualidadesdodireito.com.br.
Estou no blogdolfg.com.br. ** Colaborou Flávia Mestriner Botelho, socióloga e pesquisadora do Instituto Avante Brasil.
FONTE: Adaptado de http://institutoavantebrasil.com.br/noruega-como-modelo-dereabilitacao-de-criminosos/ Acessado
em 17 de março de 2017.

46. (Exército / EsPCEx Cadete 2017)


Em dois momentos do texto, o redator cita Nietzsche, que teria afirmado: "a vingança é uma festa". A partir
do que se depreende da leitura, essa "festa" significa
[A] uma notória satisfação das pessoas em geral em relação às matanças e às condições humilhantes a que
são submetidos os presos no Brasil.
[B] um presídio cujas celas contenham uma cama, vaso sanitário, chuveiro, toalhas brancas, televisão de tela
plana, composto, ainda, por ampla biblioteca, ginásio de esportes e chalés para os presos receberem seus
familiares.
[C] uma sinistra cultura de nada oferecer para que um criminoso possa se reabilitar e ser reinserido em uma
sociedade que conta com presídios em estado de depredação total e pouquíssimos programas
educacionais para os detentos.
[D] a situação de ser considerada, a Noruega, o melhor país para se viver, com a menor taxa de homicídios
do mundo, onde o sistema carcerário chega a reabilitar cerca de 80% dos criminosos.
[E] a atitude dos presos no Brasil que, após o cumprimento da pena, exercem sua liberdade roubando e
matando as pessoas, comprovando que o sistema poderia ser melhor se aderisse ao adágio "bandido bom
é bandido morto".

Interpretação de textos. 91

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47. (Exército / EsPCEx Cadete 2017)


Em "Alguns perguntariam 'Por quê?'. E eu pergunto: 'Por que não?", as perguntas retóricas constituem:
[A] crítica ao senso comum, por meio do discurso subjetivo.
[B] linguagem apelativa, com intuito de persuadir o leitor.
[C] verossimilhança, por meio do discurso direto.
[D] diálogo entre textos, fazendo alusão ao discurso alheio.
[E] estratégia argumentativa, ponto de partida da análise do autor.

48. (Exército / EsPCEx Cadete 2017)


"[...] uma sinistra cultura de que bandido bom é bandido morto." O adjetivo em destaque apresenta, no texto,
o significado de:
[A] errada [B] maligna [C] desprezível [D] forte [E] correta
49. (Exército / EsPCEx Cadete 2014)
Leia o texto abaixo e responda o que se pede.
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“(...)

– Fabiano, você é um homem, exclamou em voz alta.


Conteve-se, notou que os meninos estavam perto, com certeza iam admirar-se ouvindo-o falar
só. E, pensando bem, ele não era homem: era apenas um cabra ocupado em guardar coisas dos outros.
Vermelho, queimando, tinha os olhos azuis, a barba e os cabelos ruivos; mas como vivia em terra alheia,
cuidava de animais alheios, descobria-se, encolhia-se na presença dos brancos e julgava-se cabra.
Olhou em torno, com receio de que, fora os meninos, alguém tivesse percebido a frase
imprudente.
Corrigiu-a, murmurando:
– Você é um bicho, Fabiano.
Isto para ele era motivo de orgulho. Sim senhor, um bicho, capaz de vencer dificuldades.”

(Fragmento de “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos)

A partir do texto apresentado, é correto afirmar que o personagem Fabiano


[A] subestima-se pela própria condição animal.
[B] questiona a própria condição humana.
[C] valoriza-se como ser humano.
[D] sente vergonha da condição animal.

Interpretação de textos. 92

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[E] abomina a própria condição animal.


MAS O QUE SÃO, AFINAL, “CRIPTOMOEDAS”?

Renato Bazan

O Bitcoin é uma “criptomoeda” inventada por um internauta (ou grupo) cujo pseudônimo era
Satoshi Nakamoto. A figura misteriosa lançou o conceito em 2008, ajudou a implementá-lo, e
desapareceu da Internet em 2011. Sua proposta originou a primeira entre 1.358 unidades monetárias
digitais, todas unidas pelo mesmo objetivo: o de usar a Internet para desviar de qualquer tipo de controle
monetário governamental.
Há duas características fundamentais que garantem esse objetivo: primeiro, a não existência de
manifestação física dessas moedas; segundo, a natureza criptográfica de todas as transações.
O que valida a existência da moeda é uma gigantesca planilha que detém o conjunto de todas as
operações já feitas, constantemente atualizada por milhares de servidores anônimos ao redor do
mundo. Cada transação só se toma válida depois que cada um desses servidores a autoriza em seu
próprio bloco de operações, e o “bloco” é ligado à “corrente” com as informações anteriores. Esse
desenho estrutural distribuído confere ao blockchain um poderosíssimo freio contra fraudes, que vem
sendo adotado de forma positiva para outros propósitos, como controlar estoques em grandes
supermercados, analisar o tráfego e pelo próprio sistema bancário norte-americano.
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Do lado do usuário, a segurança contra fraudes se dá pela atribuição de uma chave digital
exclusiva, tão complexa que exigiria de supercomputadores semanas de processamento para desvendar.
Nesse ponto mora, simultaneamente, a maior virtude e o maior vício das criptomoedas: se por um lado
esse sistema evita que o dinheiro virtual seja duplicado, por outro remove qualquer tipo de controle
humano sobre o que está acontecendo na planilha. É um terreno fértil para o banditismo.
A automação implacável abrange inclusive a própria geração de novas moedas. Para que novos
Bitcoins sejam emitidos, é necessário que um servidor feche um bloco e acrescente-o à corrente. Isso
acontece a cada 10 minutos, 24 horas por dia, e garante 12,5 novas moedas à máquina que fechar a
operação mais rapidamente. Esse ritmo diminui pela metade a cada 4 anos “para que a moeda possa
valorizar”. Aos derrotados, o sistema confere pequenas taxas de verificação por validar os blocos.
Texto adaptado. Disponível em: httvs: /Avww. diariodocentrodomundo.com.br/em-i-ano-bitcoin-foi-de-brincadeira-de-cassino-
Dara-maior-ameacaeconomica-atual-Dor-renato-bazan (28/04/2018)

50. (Exército / EsFCEx Oficial 2018)


Considerando o texto e seu conteúdo, pode-se afirmar que:
a) A criptomoeda chamada Bitcoin foi criada como uma alternativa monetária para enfrentar a inflação e a
desvalorização das moedas correntes, aspecto que só tem proporcionado a obtenção de lucros por parte
de quem se lança no mercado virtual.
b) O Bitcoin é uma moeda virtual que apresenta aspectos positivos e negativos, sendo que todos eles estão
mais associados aos limites e potencialidades do mundo virtual e suas ferramentas, e menos associados
à interferência direta do ser humano.

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c) A moeda virtual denominada Bitcoin surgiu a partir da iniciativa individual de um intemauta, que criou o
dinheiro criptografado para atender suas necessidades individuais, compartilhando posteriormente a
ideia com o mercado monetário internacional.
d) A origem do Bitcoin, moeda virtual criptografada, está associada ao advento das novas tecnologias digitais
e tem demonstrado grande potencial econômico, além de muita aceitação do mercado investidor, pois
não oferece grandes riscos financeiros.
e) Bitcoin, a moeda virtual criptografada, surgiu no mercado monetário internacional com a propósito de
substituir gradativamente o dinheiro tradicional, aspecto que foi bem aceito por todos e estimulou a
criação de outras dezenas de moedas virtuais.

51. (Exército / EsFCEx Oficial 2010)


Por que os cachorros pequenos latem mais?
Porque, como o seu porte não é suficiente para causar medo, eles têm que latir muito para impor
sua presença. Um caso clássico de seleção natural: os cachorros pequenos que latiam mais se deram
melhor em suas “profissões”. Os pastores de Shetland que mais latiam eram os mais valorizados na hora
de tocar o rebanho. Já cães como os terriers, beagles e dachshunds, que eram usados como caçadores,
tinham que fazer barulho para avisar ao caçador que haviam encontrado a presa. “Eles foram
encorajados a latir e recompensados por isso. Está no seu DNA”, diz Luelyn Jockymann, veterinária
especializada em comportamento canino.
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Mas a genética sozinha não justifica gritaria exagerada, já que o comportamento do cão pode ser
reforçado ou modificado pelo ambiente e pela criação. “Latidos em excesso têm a ver com baixa
socialização, pouca visibilidade do ambiente externo ou mesmo condicionamento na criação”, diz a
veterinária Rúbia Burnier. Ou seja, muitas vezes o problema está em viver em apartamento e não em
ser pequeno. Para evitar dor de cabeça, o filhote deve ser acostumado a visitas e a outros estímulos
ambientais entre a 7ª e a 12ª semana de vida. Depois disso, fica mais difícil segurar a mania de grandeza
dos baixinhos.

Inara Chayamiti

A respeito do texto, é correto afirmar que:


a) a explicação para o latido dos cachorros pequenos está, exclusivamente, no seu DNA.
b) os cachorros pequenos latem mais porque, historicamente, aqueles que latiam mais eram mais
valorizados.
c) fatores ambientais, associados à raça do cão, são os elementos fundamentais no entendimento do
excesso de latido dos cachorros de menor porte.
d) os cachorros pequenos latem mais porque foram encorajados para isso - o que ocasionou uma mutação
genética.
e) apenas a predisposição genética não é suficiente para explicar o motivo dos cães pequenos latirem mais.
Fatores ambientais e de criação também são responsáveis pelos latidos.

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TEXTO I
[...] A cena tinha sabor de séculos idos e vividos. Foi aí que atentei então para a desastrada, terrível e
letal mania que se apossou de nosso tempo. Refiro-me à obsessão de emagrecer. Qualquer um de vocês
pode verificar que as mulheres de hoje, mais do que de crianças e criados, falam de regimes para perder
o peso. O regime, as mil e uma variações e modas em torno desse tema sinistro entopem oitenta por
cento das conversas femininas e começam a ameaçar os próprios homens. De repente, não mais que de
repente, como no soneto de Vinícius, todo mundo foi tomado desse complexo de sílfide magricela e
seca!
(Otto Lara Resende. Porque as gordas salvarão o mundo. In: Herberto Sales. Antologia escolar de crônicas.
Rio de Janeiro: Edições de Ouro, 1971.)

52. (Exército / EsFCEx Oficial 2008)


Sobre o texto, é correto afirmar que:
(A) a ideia central do texto restringe-se à exposição das opiniões pessoais do autor.
(B) trata-se de uma narrativa que apresenta marcas discursivas que remetem às ações situadas no passado.
(C) é uma narração que tende a produzir, “com efeito de verismo”, além de um fato característico de uma
época, a exposição de opiniões pessoais do autor.
(D) a narrativa prioriza fatos situados no passado, já que foram experiências vividas pelo autor, como cronista
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e observador de sua época.


(E) remete o leitor, através de marcas espaciais e temporais, a reviver épocas passadas.

53. (Exército / EsFCEx Oficial 2008)


Analise as afirmativas abaixo e, a seguir, assinale a alternativa correta.
I. A crônica nasce a partir de fatos passados, do conhecimento do autor.
II. O primeiro período da narrativa está desvinculado do verdadeiro sentido da crônica.
III. A narrativa apresenta marcas discursivas que remetem ao contexto sócio-histórico e ao pensamento do
autor, expressando-se como “eu”.
IV. A narrativa não é autobiográfica, o narrador é apenas “narrador-contador”.
(A) Somente I está correta.
(B) Somente I e III estão corretas.
(C) Somente II e III estão corretas.
(D) Somente III e IV estão corretas.
(E) Somente IV está correta.

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54. (Exército / EsFCEx Oficial 2008)


Assinale a alternativa em que o autor, além de expor suas opiniões pessoais, convoca/interpela diretamente
o leitor para compartilhar de suas apreciações.
(A) “(...) entopem oitenta por cento das conversas femininas e começam a ameaçar os próprios homens.”
(linhas 5 e 6).
(B) “Refiro-me à obsessão de emagrecer.” (linha 2).
(C) “Foi aí que atentei então (...)” (linha 1)
(D) “Qualquer um de vocês pode verificar que as mulheres de hoje, mais do que de crianças e criados, falam
de regimes para perder o peso.” (linhas 3 e 4).
(E) “De repente, não mais que de repente, como no soneto de Vinícius, todo mundo foi tomado desse
complexo de sílfide magricela e seca!” (linhas 6 e 7).

TEXTO II
Não tenho pressa. Pressa de quê?
Não têm pressa o sol e a lua: estão certos.
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Ter pressa é crer que a gente passa adiante das pernas,


Ou que, dando um pulo, salta por cima da sombra.
5 Não; não tenho pressa.
Se estendo o braço, chego exactamente onde o meu braço chega —
Nem um centímetro mais longe.
Toco só onde toco, não onde penso.
Só posso me sentar onde estou.
10 E isto faz rir com todas as verdades absolutamente verdadeiras,
Mas o que faz rir a valer é que nós pensamos sempre noutra cousa,
E somos vadios do nosso corpo.
(PESSOA, Fernando. Poesia completa de Alberto Caeiro. São Paulo: Cia. das Letras, 2005. p. 143)

55. (Exército / EsFCEx Oficial 2008)


No texto, o eu-lírico demonstra uma consciência com relação:
(A) à força da natureza.
(B) à efemeridade da vida.
(C) aos seus limites físicos.
(D) a sua capacidade intelectual.

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(E) à incapacidade de realização humana

56. (Exército / EsFCEx Oficial 2008)


A relação entre o trecho em destaque e a afirmação que se faz sobre ele está correta em:
(A) “Não tenho pressa (...)” (verso 1) – o trecho apresenta sentido conotativo.
(B) “Ter pressa é crer que a gente passa adiante das pernas,” (verso 3) – a frase denota a necessidade de
superar os limites humanos.
(C) “Nem um centímetro mais longe.” (verso 7) – a expressão conota a capacidade de superação dos seres
humanos.
(D) “Toco só onde toco, não onde penso.” (verso 8) – o verso trata da óbvia capacidade intelectual do
indivíduo.
(E) “E somos vadios do nosso corpo.” (verso 12) – o verso conota a falta de preocupação com o corpo em
seus limites.

TEXTO III
A ciência, até agora, jamais se viu obrigada a arrepender-se de suas descobertas, nem a eliminar
algum de seus progressos. Ela sempre os manteve e os consolidou, obtendo ganho de causa diante da
opinião, mesmo quando esta se mostrava um pouco arredia. Jamais a ciência se colocou na posição de
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ter de voltar atrás. E, entretanto, hoje, em certos momentos, uma leve dúvida nos aflora. Ocorre-nos
perguntarmos se a ciência não chegou ao ponto de tocar numa espécie de limite, além do qual seus
avanços poderiam ser mais prejudiciais do que vantajosos.
[...] Será que, pouco a pouco, de ousadia em ousadia, não teríamos atingido certos domínios que
deveriam permanecer proibidos? Não seria necessário, talvez, remontar às origens do ser? A vida
humana deveria, talvez, continuar a se propagar na sombra, e sem que a ciência viesse a projetar nela
suas indiscretas luzes?

(J. ROSTAND. Peut-on modifier l’homme? [Pode-se modificar o homem?]. São Paulo: Contexto, 2008. p. 223.)

57. (Exército / EsFCEx Oficial 2008)


O autor do texto se questiona a respeito da:
(A) onipotência da ciência ontem e hoje.
(B) serventia da ciência ontem e hoje.
(C) onipotência da ciência até os dias atuais versus limites para a ciência hoje.
(D) propagação da vida humana sem a projeção da ciência.
(E) luz que a ciência projeta, inquestionável, na vida do homem ontem e hoje.

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58. (Exército / EsFCEx Oficial 2008)


Em “E, entretanto, hoje, em certos momentos, uma leve dúvida nos aflora.” (linhas 5-6), os operadores
discursivos destacados:
(A) introduzem uma asserção que visa a esclarecer e/ou a retificar uma enunciação anterior.
(B) ligam dois argumentos que apontam para a mesma conclusão.
(C) funcionam como operadores argumentativos de adição e/ou de inclusão da asserção anterior.
(D) introduzem um ato de justificativa do enunciado anterior.
(E) introduzem um esclarecimento que encerra um argumento mais forte que o contido na asserção que o
antecede/precede.

59. (Exército / EsFCEx Oficial 2008)


Sobre o segundo parágrafo do texto é correto afirmar que:
(A) os verbos, em sua maioria, obrigam o interlocutor a dar uma resposta.
(B) com o emprego do modalizador “(...) talvez (...)” (linha 9), o autor coloca ao nível do parecer aquilo que
pretende demonstrar que é.
(C) têm-se, somente, verbos no futuro do pretérito, pois as asserções encerram comentários do autor.
(D) segundo o autor, os avanços da ciência seriam mais lucrativos se propagassem, na sombra, a vida
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humana.
(E) a “ciência” está para “luzes indiscretas”, assim como “luzes indiscretas” está para “propagação da vida na
sombra”.

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5 – Gabarito

1. C 31. E
2. C 32. C
3. A 33. C
4. B 34. A
5. C 35. E
6. B 36. C
7. D 37. B
8. C 38. D
9. B 39. E
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10. E 40. B
11. B 41. A
12. D 42. C
13. C 43. E
14. B 44. D
15. E 45. A
16. C 46. A
17. A 47. E
18. B 48. B
19. D 49. B
20. B 50. B
21. C 51. E
22. C 52. C
23. E 53. B
24. D 54. D
25. B 55. C
26. B 56. E
27. D 57. C
28. C 58. E
29. E 59. B
30. C

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