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VII EDIÇÃO
Mestrandos:
VII EDIÇÃO
Trabalho apresentado à
ACIPOL como parte dos
requisitos para a avaliação
no módulo de TCOT
Mestrandos:
CAPITULO I: INTRODUÇÃO...................................................................................................................1
CAPITULO II: REVISÃO DA LITERATURA..........................................................................................3
2.1 TÉCNICAS ESPECIAIS DE INVESTIGAÇÃO DO CRIME ORGANIZADO E DO
TERRORISMO.......................................................................................................................................3
2.2 O QUE É UMA INVESTIGAÇÃO CRIMINAL?.............................................................................7
2.3 CRIME ORGANIZADO...................................................................................................................8
2.4 TERRORISMO.................................................................................................................................9
2.5 LIMITES DA ACTUAÇÃO POLICIAL NA INVESTIGAÇÃO CRIMINAL................................10
2.6.DIREITOS HUMANOS E INVESTIGACAO CRIMINAL................................................................12
2.7.ÉTICA E INVESTIGAÇÃO CRIMINAL...........................................................................................14
CAPITULO III: CONCLUSÃO................................................................................................................16
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................................17
Legislação..............................................................................................................................................17
Instrumentos Internacionais de Direitos Humanos................................................................................17
CAPITULO I: INTRODUÇÃO
A utilização dessas técnicas é geralmente regida por leis e regulamentos específicos, visando
equilibrar a necessidade de segurança com a proteção dos direitos individuais e a privacidade.
Portanto, as técnicas especiais de investigação são uma parte crucial da estratégia de combate ao
crime organizado e ao terrorismo em muitas jurisdições ao redor do mundo.
Com o evoluir do tempo, novas técnicas foram aperfeiçoadas para combater estes fenómenos,
visto que quando a prevenção falha e o facto criminal ocorre, é chamada a investigação para
esclarecê-los, contudo, observando os limites previamente estabelecidos por lei. Daí surge a
nossa pergunta de partida: Quais são as Técnicas Especiais de Investigação do Crime
Organizado e do Terrorismo?
Para responder esta pergunta de partida, foram elaborados os seguintes objectivos que abaixo se
indicam:
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Como objectivo geral, pretende-se identificar as técnicas especiais de investigação do crime
organizado e do terrorismo enquanto que no que tange aos objectivos específicos, pretende-se
identificar o fundamento do emprego de técnicas especiais na investigação do crime organizado
e do terrorismo bem como os seus limites.
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CAPITULO II: REVISÃO DA LITERATURA
As acções encobertas;
Nos termos do Artigo 226 do CPP, consideram-se acções encobertas, aquelas que são
desenvolvidas por funcionários de investigação criminal ou por terceiro actuando sob o controlo
do Serviço Nacional de Investigação Criminal para prevenção ou repressão dos crimes indicados
nesta lei, com ocultação da sua qualidade e identidade.
Segundo o disposto no Artigo 227 do CPP, as acções encobertas são admissíveis no âmbito da
prevenção e repressão de vários crimes, contudo, importa-nos destacar os crimes relacionados
com o crime organizado e o terrorismo, mormente os previstos nas seguintes alíneas:
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f) Organizações terroristas e financiamento ao terrorismo;
h) Executados com bombas, granadas, matérias ou engenhos explosivos, armas de fogo e
objectos armadilhados, armas nucleares, químicas ou radioactivas;
i) Roubo em instituições de crédito, repartições da Fazenda Pública e correios;
j) Associações criminosas;
k) Relativos ao tráfico de estupefacientes e de substâncias psicotrópicas;
l) Branqueamento de capitais, outros bens ou produtos;
m) Corrupção, peculato e participação económica em negócio e tráfico de influências;
o) Infrações económico-financeiras cometidas de forma organizada ou com recurso à tecnologia
informática;
p) Infracções económico-financeiras de dimensão internacional ou transnacional;
q) Contrafacção de moeda, títulos de créditos, valores selados, selos e outros valores equiparados
ou a respectiva passagem.
1. As acções encobertas devem ser adequadas aos fins de prevenção e repressão criminais
identificados em concreto, nomeadamente a descoberta de material probatório, e
proporcionais quer àquelas finalidades quer à gravidade do crime em investigação.
O agente encoberto age com identidade fictícia nos termos do Artigo 230 do CPP.
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1. Para o efeito do artigo 226, os agentes do Serviço Nacional de Investigação Criminal
podem actuar sob identidade fictícia.
1. Não é punível a conduta do agente encoberto que, no âmbito de uma acção encoberta,
consubstancie a prática de actos preparatórios ou de execução de uma infracção em
qualquer forma de comparticipação diversa da instigação e da autoria mediata,
sempre que guarde a devida proporcionalidade com a finalidade da mesma.
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criminosas. Os colaboradores trabalham disfarçadamente para as autoridades a fim de coletar
informações, reunir provas e, em alguns casos, facilitar a prisão de criminosos.
A protecção de testemunhas;
A proteção de testemunhas é fundamental para garantir que pessoas que testemunham em casos
criminais estejam seguras de represálias. Isso pode envolver o fornecimento de identidades
secretas, realocação para áreas seguras, alteração de aparência e outras medidas para garantir a
segurança dos colaboradores que testemunham contra criminosos. Veja se o disposto no n° 2 do
artigo 164 do CPP.
As entregas controladas;
As entregas controladas são uma técnica na qual as autoridades permitem que um crime
aparentemente ocorra, mas sob estrito controle policial. Isso pode ser feito para rastrear o
movimento de drogas, dinheiro ou outros produtos ilegais, identificar cúmplices e coletar
evidências para acusar os criminosos envolvidos.
A Intercepção de comunicações
A interceptação de comunicações envolve a obtenção de autorização legal para monitorar
conversas telefônicas, mensagens de texto, e-mails e outras formas de comunicação eletrônica de
suspeitos. Isso é geralmente feito mediante ordem judicial e é altamente regulamentado para
proteger os direitos à privacidade. A interceptação de comunicações é usada para coletar
evidências que podem ser usadas em processos criminais.
A Intercepção de comunicações são um dos meios especiais de prova veja se o disposto no artigo
222 e sgts do CPP.
Todas essas técnicas são poderosas, mas também precisam ser usadas com cautela e dentro dos
limites da lei para garantir que os direitos civis sejam respeitados. Elas desempenham um papel
importante na luta contra o crime e na busca da justiça, mas também podem ser controversas
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devido ao potencial de abuso. Portanto, geralmente estão sujeitas a regulamentações rigorosas e
supervisão judicial para garantir que sejam usadas de maneira ética e legal.
Desde tempos ancestrais até à idade hodierna, tem sido comummente aceite que a informação
radicada no conhecimento de vulnerabilidades e fragilidades do adversário constitui pressuposto
de qualquer tipo de estratégia, incluindo as que são aplicadas à investigação criminal. Para
reforçar esta ideia, invocamos um dos maiores estrategas da história da humanidade, o general
chinês Sun Tzu (500 a.C.), que defende o seguinte: “Conhece o teu inimigo e conhece-te a ti
próprio; numa centena de batalhas nunca estarás em perigo”.
Na mesma senda, Luís Vaz de Camões, autor da grande epopeia portuguesa, dispôs “Adivinhar
perigos é evitá-los”.
Uma investigação criminal é um processo legalizado usado para reunir informações e provas
relativas a um crime. O objetivo é determinar se um suspeito cometeu realmente o crime e se eles
podem ser responsabilizados legalmente.
A investigação criminal pode ser conduzida por polícia, detetives, promotores, investigadores
forenses e outros profissionais de segurança. E, deve observar os limites da atuação policial na
investigação criminal.
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para o Ministério Público para que este decida se houve ou não o cometimento de algum delito e
qual a melhor forma de proceder.
2.3 CRIME ORGANIZADO
O conceito de crime organizado é difuso, não existindo clareza na sua definição, por isso que é
mais fácil caracterizá-lo do que defini-lo.
Crime organizado envolve um grupo de duas ou mais pessoas, cada uma com uma tarefa
específica para desempenhar, e que faz uso de estruturas ligadas a empresas, bem como da
violência ou de outros meios de intimidação, e exerce influência sobre políticos, a mídia, o
governo, as autoridades da justiça criminal ou sobre a economia. [...]/ qualquer empresa ou grupo
de pessoas engajadas em atividade ilegal continuada que tem como seu propósito primeiro a
geração de lucros, independente das fronteiras nacionais. [...] Empresa ou grupo de pessoas
inclui qualquer associação de criminosos, seja trabalhando em organizações, tais como grandes
corporações com regras internas e hierarquias estabelecidas, ou operando juntos em torno de um
propósito comum (INTERPOL cit. In Schabbach, 2013).
O crime organizado pode abranger uma ampla gama de atividades ilícitas, incluindo tráfico de
drogas, tráfico de pessoas, extorsão, contrabando, lavagem de dinheiro, corrupção, jogo ilegal,
entre outras.
3. Violência e Coerção:
O uso da violência e intimidação é comum para proteger os interesses do grupo, eliminar
concorrentes e impor conformidade dentro da organização.
4. Corrupção:
Grupos criminosos muitas vezes tentam corromper funcionários públicos, policiais e outras
autoridades para evitar a aplicação da lei e garantir sua proteção.
5. Globalização:
Muitos grupos de crime organizado operam internacionalmente, aproveitando as fronteiras e a
facilidade de transporte para expandir suas atividades.
6. Lavagem de Dinheiro:
A lavagem de dinheiro é uma parte importante do crime organizado, pois permite que os lucros
ilícitos sejam legitimados através de negócios legais.
2.4 TERRORISMO
A definição do terrorismo não é consensual entre os diversos autores, tal como o crime
organizado, Galitos citando Schmid considera aceitável o modelo por este proposto. Schmid
analisou as 165 definições de terrorismo que existiam até 2004 e construi uma base de dados
com diferentes explicações académicas do fenómeno para descobrir a frequência com que certas
palavras surgiam como elementos definidores e alistou os resultados apurados em percentagens
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numa tabela. Estes resultados apurados são referentes a 10 factores mais relevantes de cada
investigação.
Na referida tabela, é possível verificar que as variáveis mais frequentes nas definições de
terrorismo são:
- A coerção / Violência / Força, as questões políticas, o medo e a ameaça. Estes factores são
seguidos de outros tais como os efeitos psicológicos negativos e as questões mais estritamente
relacionadas com as tácticas, estratégias e o planeamento.
Não obstante, o conceito de terrorismo não ser consensual entre os diversos autores, o glossário
da Lei nº. 11/2022, de 07 de Julho (Lei de Prevenção e Combate ao Branqueamento de Capitais e
Financiamento do Terrorismo), define o terrorismo como sendo o uso de ameaça ou uso de
violência física ou psicológica com intuito de criar insegurança social, terror ou pânico na
população ou de pressionar o Estado ou alguma organização de carácter económico, social ou
político a realizar ou abster-se de realizar certa ou certas actividades.
A atuação policial deve estar em estrita observância aos comandos legais relacionados aos
direitos inerentes a pessoa humana.
A atuação policial na investigação criminal está limitada ao que determina a legislação vigente,
que regula principalmente a coleta de provas nos termos do artigo 206 e sgts do CPP, a prisão
nos termos do artigo 64 da CRM e 243 do CPP, o interrogatório segundo o disposto no artigo
175 e sgts do CPP, a busca e apreensão nos termos do artigo 213 e sgts do CPP, entre outros.
A Polícia e/ou investigador deve sempre respeitar os direitos e garantias fundamentais dos
cidadãos, como a liberdade individual, a presunção de inocência, a inviolabilidade de domicílio e
a privacidade da vida privada.
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Os agentes da polícia e/ou investigador têm o direito de usar força, desde que de forma razoável
para prender suspeitos ou proteger a si mesmos ou a outros. No entanto, eles não têm o direito de
usar excessiva ou desnecessária a força para fazer isso.
Outra área onde os limites da atuação policial na investigação criminal são muito importantes é
na detenção de suspeitos. Os agentes da polícia não têm o direito de detê-los sem fundamento
legal ou usar estratégias ilegais para obter confissões.
Os limites da atuação policial na investigação criminal estão baseados no cumprimento das leis e
dos direitos humanos. Os agentes da polícia não podem usar métodos ilegais ou desumanos para
obter informações ou concluir suas investigações.
Além disso, a lei exige que os agentes da polícia e/ou investigadores sigam os procedimentos
legais estabelecidos na legislação aplicável ao caso. Eles também não podem aplicar pressão
ilegal ou usar força excessiva contra as pessoas investigadas.
Os limites da atuação policial na investigação criminal devem ser observados, tendo em vista que
a polícia é responsável pela primeira etapa de investigação, que inclui a identificação de
suspeitos, o recolhimento de evidências e a realização de entrevistas.
O trabalho da polícia é crucial para obter informações que ajudem a desvendar o crime e levar o
suspeito à justiça. Durante a investigação criminal, a polícia executa ações como a realização de
buscas, apreensão de documentos, armas e outros artecfatos relacionados ao crime.
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Além disso, a polícia também cumpre ordens judiciais, realizando prisões, conduzindo
investigações e fazendo cumprir sentenças judiciais. Portanto, observar os limites da atuação
policial na investigação criminal é fundamental para que a justiça possa ser feita.
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Consta ainda do Artigo 7º PIDCP - Ninguém poderá ser submetido a tortura, nem a
penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes. Será proibido, sobretudo,
submeter uma pessoa, sem seu livre consentimento, a experiências médicas ou científicas.
6. Prova legal e coleta de evidências: Garanta que todas as evidências sejam coletadas de
maneira legal, respeitando a privacidade e os direitos das pessoas envolvidas. Não utilize
provas obtidas por meios ilegais.
8. Igualdade perante a lei: Garanta que todas as pessoas sejam tratadas com igualdade
perante a lei, independentemente de raça, gênero, religião, orientação sexual, origem
étnica ou outras características pessoais.
11. Direitos das vítimas: Reconheça os direitos das vítimas de crimes e promova seu acesso
à justiça e a medidas de proteção, conforme apropriado.
O respeito aos Direitos Humanos na investigação criminal não é apenas uma questão de
ética, mas também de legalidade e justiça. Garantir que as práticas de aplicação da lei estejam em
conformidade com os princípios de Direitos Humanos é fundamental para manter a confiança do
público no sistema de justiça e para proteger a dignidade e os direitos de todos os envolvidos.
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Fiabilidade e rigor: Fiabilidade e rigor ao realizar atividades de investigação, agindo de forma
meticulosa, cuidadosa e com atenção aos detalhes; e na comunicação de resultados, reportando-
os de forma correta, integral e imparcial.
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CAPITULO III: CONCLUSÃO
A atuação policial e/ou dos investigadores na investigação criminal deve ser guiada pela lei e
pelo respeito aos direitos humanos. Estes agentes não podem invadir a privacidade dos cidadãos
ou usar técnicas coercitivas ou abusivas para obter informações.
Os limites da atuação dos agentes na investigação criminal incluem o uso proibido de tortura ou
maus tratos, prisões arbitrárias, detenções ilegais, buscas e apreensões ilegais e execuções
sumárias.
O abuso de autoridade da polícia também é proibido. As leis devem ser cumpridas rigorosamente
para garantir que os direitos dos indivíduos sejam protegidos e que as investigações sejam
realizadas de forma justa, imparcial e adequada.
Os agentes em causa devem seguir as normas estabelecidas pelas autoridades locais, bem como
as leis e regulamentações internacionais de direitos humanos.
É nesta senda que em resposta ao objectivo geral, identificamos diversas técnicas especiais de
investigação do crime organizado e do terrorismo e destacamos as seguintes: Acções encobertas;
Gestão e controlo de colaboradores; Protecção de testemunhas; Entregas controladas;
Seguimento e vigilância electrónica; e Intercepção de comunicações.
No que tange aos objectivos específicos, procuramos esclarecer que o fundamento do emprego
das técnicas especiais na investigação do crime organizado e do terrorismo basearam-se numa
descrição detalhada e fundamentada em relação as técnicas especiais, a investigação criminal, o
crime organizado e o terrorismo e por último, não menos importante, por forma a atingir os
limites da investigação criminal, o grupo encontrou o seu fundamento nos Direitos Humanos e
na Ética.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Durkheim, E. (1987). As Regras do Método Sociológico. 13.ed. São Paulo: Nacional, (Texto
originalmente publicado em 1985).
Tzu, S. (1974). A Arte da Guerra. Tradução de Pedro Cardoso, Editora Futura. Lisboa.
Camões, L. V. (1981). Lusíadas, Canto VIII, 89, I Volume, 6.ª Edição, Círculo de Leitores.
Lisboa.
https://www.galvaoesilva.com/os-limites-da-atuacao-policial-na-investigacao-criminal/
Legislação
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