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Laboratório de Conversores Eletromecânicos

Relatório 1

Bruno Ramos
Gustavo Feliciano
Marco Thulio Alves Maciel

Universidade Federal de Minas Gerais

5 de novembro de 2023
1 Introdução
Em um relatório detalhado, são apresentados os resultados de dois experimentos realizados
com uma máquina de Corrente Contínua (CC). Este dispositivo eletromecânico é amplamente
utilizado na indústria para converter energia elétrica em energia mecânica (modo motor) ou
energia mecânica em energia elétrica (modo gerador). A máquina CC opera com base em prin-
cípios fundamentais do eletromagnetismo e é conhecida por seu controle preciso de velocidade
e torque, tornando-a essencial em aplicações que exigem estabilidade operacional, como trens
elétricos, elevadores e máquinas industriais.

2 Experimento 1 – Modo Motor


O experimento em modo motor foi baseado em conceitos teóricos aprendidos em sala de aula. A
configuração incluiu um circuito de retificação e o uso de um varivolt, conectando tanto o campo
shunt da máquina quanto a armadura aos seus respectivos retificadores e varivolts. Todos os
pontos de medição, incluindo o tacogerador, foram conectados a um multímetro, fornecendo
leituras para corrente de campo, tensão de campo, corrente de armadura, tensão de armadura
e velocidade do motor.

Tensão de
Tensão de Corrente de Velocidade
Armadura
Armadura (V) Armadura (A) (RPM)
(%)
50 55 1,55 630
75 82,5 1,96 976
100 110 2,30 1456

Tabela 1: Resultados do Experimento 1 – Modo Motor

3 Experimento 2 – Modo Gerador


No modo gerador, a conexão entre a máquina de indução e a máquina CC era apenas através
do eixo, transferindo velocidade e induzindo tensão. Inicialmente, o circuito de armadura do
experimento anterior foi desconectado, deixando a máquina produzir tensão sem corrente.

Tensão do
Velocidade Velocidade Tensão de
Tacogerador
(%) (RPM) Armadura (V)
(V)
50 43,7 874 83,3
75 65,6 1312 124,7
100 87,5 1750 166,2

Tabela 2: Resultados do Experimento 2 – Modo Gerador

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4 Perguntas e Respostas
4.1 Qual o dispositivo utilizado para converter a tensão alternada em
contínua para alimentação da máquina CC?
O dispositivo utilizado para converter a tensão alternada em contínua para alimentação da
máquina CC é uma ponte retificadora. Isso é mencionado no documento PDF nas instruções
para os experimentos com a máquina CC, onde é indicado o uso de uma ponte retificadora tanto
para conectar o campo shunt da máquina CC (Experimento 1 - Máquina CC como gerador a
vazio) quanto para conectar o circuito de armadura ao circuito de alimentação (Experimento 2
- Máquina CC como um motor).

4.2 Plotar gráfico relacionando a tensão induzida na armadura para


diferentes valores de velocidade – Tabela 1. O que você observa?
Explique brevemente o porquê desse comportamento.

Figura 1: Tensão induzida na Armadura x Velocidade

O gráfico de regressão linear mostra a relação entre a velocidade de rotação de uma máquina
de corrente contínua (CC) e a tensão induzida na armadura da máquina. A relação é linear, o
que é consistente com a teoria fundamental das máquinas elétricas CC.
A tensão induzida na armadura E de uma máquina CC pode ser descrita pela fórmula:

E =K ·Φ·n (1)

onde:
• E é a tensão induzida na armadura,

• K é uma constante de proporcionalidade que depende da construção da máquina,

• Φ é o fluxo magnético por polo, que é constante para um campo magnético constante,

• n é a velocidade de rotação da armadura em rotações por minuto (RPM).


Quando a máquina opera como um gerador, o fluxo magnético Φ é mantido constante
(assumindo que não há mudança na corrente de excitação do campo), e a constante K não
muda. Portanto, a tensão induzida E é diretamente proporcional à velocidade n. Isso resulta

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em uma relação linear entre a velocidade e a tensão induzida, como mostrado no gráfico de
regressão linear.
O comportamento linear indica que, para o intervalo de velocidades experimentadas, a
máquina está operando dentro de suas condições normais, onde não há saturação do núcleo
magnético e a corrente de campo é mantida constante. Se houvesse não-linearidades, poderia
ser um indicativo de saturação magnética ou de variações na corrente de excitação do campo.

4.3 Plotar gráfico relacionando tensão induzida na armadura com


corrente de campo – Tabela 2. O que você observa? Explique
brevemente o porquê desse comportamento.

Figura 2: Tensão induzida na Armadura x Corrente de Campo

O comportamento linear observado no gráfico, onde a tensão induzida na armadura aumenta


proporcionalmente com o aumento da corrente de campo, é típico de máquinas de corrente
contínua (CC) operando em uma região onde o núcleo magnético não está saturado.
Em uma máquina CC, a tensão induzida na armadura E é diretamente proporcional ao
fluxo magnético Φ e à velocidade de rotação n, conforme a equação:

E =K ·Φ·n
onde K é uma constante que depende da construção da máquina.
O fluxo magnético Φ, por sua vez, é proporcional à corrente de campo I até que o núcleo
magnético atinja a saturação. Antes da saturação, o aumento da corrente de campo resulta
em um aumento proporcional do fluxo magnético, o que leva a um aumento linear da tensão
induzida na armadura, como visto no gráfico.

Φ∝I
Portanto, o comportamento linear é esperado e confirma que a máquina está operando
dentro de sua faixa linear, onde a relação entre a corrente de campo e o fluxo magnético é
diretamente proporcional. Isso também indica que a máquina está sendo operada dentro de
suas especificações nominais, sem a presença de efeitos não-lineares como a saturação magnética.

4.4 Usando ainda os valores da Tabela 2, calcule os valores de KΦ e


plote a curva versus a corrente de campo. Explique o formato da
curva.
Aqui está o gráfico que mostra a relação entre KΦ e a corrente de campo:

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Figura 3: Gráfico de KΦ vs. Corrente de Campo.

O gráfico mostra uma linha reta, o que indica que KΦ aumenta linearmente com o aumento
da corrente de campo. Isso é esperado em um intervalo onde o material magnético da máquina
não está saturado. O valor de KΦ é proporcional à corrente de campo, assumindo que a
permeabilidade do material magnético é constante e que a máquina opera na região linear da
sua curva de magnetização.
Se a curva começasse a se achatar em maiores correntes de campo, isso indicaria a satu-
ração do núcleo magnético, onde aumentos adicionais na corrente de campo não resultariam
em aumentos proporcionais no fluxo magnético e, consequentemente, na tensão induzida. No
entanto, dentro do intervalo de corrente de campo apresentado, a relação permanece linear,
sugerindo que a máquina está operando dentro de sua região linear e que a corrente de campo
é um bom indicador do fluxo magnético e da tensão induzida na armadura.

4.5 Por que devemos variar lentamente a tensão da armadura no


processo de partida da máquina CC, assim como feito no expe-
rimento? O que ocorreria se houvesse uma mudança brusca de
tensão?
No processo de partida de uma máquina de corrente contínua (CC), é importante variar lenta-
mente a tensão da armadura por várias razões relacionadas à proteção do motor, ao controle
do torque e à limitação da corrente de partida.

1. Limitação da Corrente de Partida: Quando uma máquina CC é energizada, a re-


sistência da armadura é a única impedância significativa ao fluxo de corrente, pois a
indutância tem pouco efeito durante o estado estacionário. Se a tensão aplicada for
muito alta, a corrente inicial pode exceder em muito a corrente nominal, o que pode cau-
sar aquecimento excessivo, danificar o enrolamento da armadura e outros componentes
elétricos, e até mesmo provocar falhas catastróficas.

2. Controle de Torque: O torque de uma máquina CC é proporcional ao produto da


corrente da armadura e do fluxo do campo magnético. Uma variação lenta da tensão
permite um controle mais suave do torque, evitando picos que podem causar estresse
mecânico e danos aos componentes da máquina, como engrenagens e eixos.

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3. Proteção contra Surtos de Tensão: Mudanças bruscas de tensão podem causar surtos
que podem danificar o isolamento dos enrolamentos e outros componentes eletrônicos
associados ao motor.

4. Evitar a Saturação Magnética: Aumentar a tensão lentamente ajuda a evitar a satu-


ração magnética do núcleo do motor. A saturação pode levar a um aumento não linear
da corrente, que não contribuiria para o aumento do torque, mas aumentaria as perdas
por aquecimento.

Se houvesse uma mudança brusca de tensão, poderiam ocorrer vários problemas:

• Corrente de Pico: Uma corrente de partida muito alta poderia fluir, potencialmente
danificando o motor devido ao aquecimento excessivo.

• Estresse Mecânico: O torque elevado e instantâneo poderia causar estresse mecânico e


danos físicos à máquina e à carga acoplada.

• Surtos Elétricos: Surtos elétricos poderiam danificar o isolamento e componentes ele-


trônicos.

• Operação Instável: A máquina poderia entrar em uma operação instável, com possíveis
flutuações de velocidade e desempenho imprevisível.

Portanto, para garantir uma partida segura e controlada, a tensão da armadura deve ser
aumentada gradualmente.

4.6 Plotar gráfico relacionando a velocidade para diferentes valores


de tensão de armadura – Tabela 4. O que você observa? Explique
baseado no circuito equivalente.

Figura 4: Gráfico de Velocidade vs. Tensão de Armadura.

Com base nos dados e no circuito equivalente, é possível observar que a velocidade do motor
aumenta com o aumento da tensão de armadura. Isto é explicado pela equação de velocidade
do motor de corrente contínua (DC):

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Ea = KΦω
onde:

• Ea é a força eletromotriz (fem) induzida.

• K é uma constante do motor.

• Φ é o fluxo magnético, que é considerado constante se a excitação do campo não mudar.

• ω é a velocidade angular.

Do circuito equivalente, a tensão aplicada Va é igual a Ea menos a queda de tensão devido


à resistência da armadura Ra vezes a corrente da armadura Ia :

Va = Ea − Ra Ia
Com o aumento de Va , Ea também deve aumentar se a corrente da armadura não aumentar
proporcionalmente (o que geralmente não acontece devido à resistência interna e perdas). Com
o aumento de Ea , e assumindo K e Φ constantes, a velocidade angular ω também aumenta.
Isso resulta em um aumento na velocidade do motor medida em RPM.

4.7 Ao manter a tensão de armadura constante e diminuir a tensão


de campo o que ocorre com a velocidade? Explique baseado no
circuito equivalente.
No circuito equivalente de um motor de corrente contínua, a tensão de campo é responsável
por gerar o fluxo magnético Φ dentro do motor. Se a tensão de campo é diminuída e a tensão
de armadura mantida constante, o fluxo magnético Φ criado pelos enrolamentos de campo será
reduzido.
A força eletromotriz induzida Ea no motor é diretamente proporcional ao fluxo magnético
e à velocidade angular (ω) do motor, como indicado pela equação:

Ea = KΦω
onde K é uma constante do motor. Quando Φ é reduzido devido à diminuição da tensão de
campo, para manter a Ea constante, a velocidade angular ω deve aumentar, pois Ea e Φ são
inversamente proporcionais se a tensão de armadura Va for mantida constante e a corrente de
armadura Ia não aumentar desproporcionalmente.
Com a redução do fluxo magnético, e assumindo que a tensão aplicada na armadura não
muda, a velocidade do motor (RPM) deve aumentar. Este é o princípio do controle de velocidade
conhecido como controle de campo ou controle de fluxo em motores de corrente contínua.
Resumindo, ao diminuir a tensão de campo (e consequentemente o fluxo magnético Φ)
enquanto mantém a tensão de armadura constante, a velocidade do motor de corrente contí-
nua aumentará. Este efeito é frequentemente usado para controlar a velocidade do motor em
aplicações práticas.

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