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PAGÃ?
Desde tempos imemoriais, a humanidade se viu diante da questão
do caráter definitivo da morte. Incessantemente, as pessoas têm
buscado compreender e lidar com o inevitável fim da existência,
recorrendo a diversas formas de negação dessa realidade. No centro
desses ensinamentos encontra-se a noção de uma alma imortal,
alicerçada como pilar fundamental dessa busca por sentido.
Objetivo
Antes de prosseguirmos, é importante observar que este tópico está
dividido em duas partes. Esta primeira parte se destina a uma
apresentação concisa da história da crença na imortalidade da alma,
enquanto a segunda parte tem como objetivo uma análise crítica
dessa crença à luz da Bíblia. Então, vamos lá!
O papiro de Ani, que data por volta de 1275 a.C., traduzido para o inglês por E. A.
Wallis Budge, sob o título de The Egyptian Book of The Dead [O Livro dos Mortos do
Antigo Egito], descreve com grandes detalhes o modo de enfrentar os desafios da
jornada no pós vida rumo ao Sekhet-Aaru (campos de junco), que na mitologia egípcia,
representa o paraíso e morada dos que transpuseram o juízo de Osíris.
Esse ensino foi encontrado inalterado em todos os escritos dos pais apostólicos
(Barnabé de Alexandria, Clemente de Roma, Policarpo de Esmirna, Hermas de Roma,
Inácio de Antioquia, Didaquê), e nos escritos de uma série de escritores depois deles,
por exemplo, Justino, Irineu, Novaciano, Arnóbio e Lactâncio.
Em seu estudo sobre os escritos dos pais apostólicos (escritores que viveram mais
próximo dos apóstolos), Le Roy conclui citando uma pesquisa semelhante feita pelo
padre anglicano Henry Constable, que diz: “Do princípio ao fim, não há neles [nos pais
apostólicos] nenhuma palavra sobre imortalidade da alma, que seja tão proeminente
nos escritos dos pais posteriores. A imortalidade é para eles direito assegurado aos
redimidos.”
Foi a partir do final do século II que os escritores cristãos adotaram (com suas próprias
pequenas modificações) o conceito platônico da imortalidade da alma. Os
proponentes mais influentes dessa doutrina foram Tertuliano (155 – 240),Origenes (c.
185 – 254), Agostinho (354 – 430) e Tomas de Aquino (1225 -1274). Haviam se
convertido ao cristianismo, mas as raízes do paganismo ainda estavam vivas em suas
mentes, pois trouxeram consigo não só essa, mas muitas outras filosofias pagãs para o
meio cristão. Veja agora um breve resumo sobre a ideia de cada um deles.
Conclusão
Ao longo de toda a história humana, Satanás tem conseguido manter praticamente
intacta a mentira contada a Adão e Eva no jardim “é certo que não morrereis” (Gn 3:4).
A crença na imortalidade da alma, presente nas mais diversas civilizações há milênios,
sempre foi a embalagem perfeita para esse engano. A fim de enfrentar o medo que a
morte sempre causou, o ser humano passou a crer que possui dentro de si um
elemento divino, capaz de continuar vivendo mesmo após a morte do corpo; e que a
morte é apenas a passagem de uma vida para outra.
Infelizmente, esse ensino dualista foi acolhido pela igreja cristã no fim do II século e
permanece no meio cristão até o dia de hoje. E como resultado, a necessidade da volta
de Jesus para conceder a imortalidade aos crentes na ressurreição final é anulada (I Co
15:54; I Ts 4:16, 17). Quem quer que seja que acredite numa alma imortal precisa
rever sua posição.
Não se deixe enganar mais, amigo. A doutrina da imortalidade da alma é uma mentira!
Nossa única proteção contra esse engano diabólico consiste em compreender aquilo
que a Bíblia ensina sobre o que constitui a natureza humana . Clique aqui para ler a
segunda parte.
Um forte abraço e fique com Deus!
Referências:
¹ E. A. Wallis Budge, O livro dos Mortos do Antigo Egito (2021), 3ª ed. p. 11-12.
² Examinar Le Roy Edwin Froom, The Conditionalist Faith of Our Fathers (1961), v. 1, p.
632 – 755.
³ Tetuliano, On the Resurrection, capítulo 1, seção 36, em Ante-Nicene Fathers, v. 3, p.
547.
4
Orígenes, De Principiis, livro 4, capítulo 1, seção 36, em Ante-Nicene Fathers, v. 4, p.
381.
5
Orígenes, Against Celsus, livro 4, capítulo 13, em Ante-Nicene Fathers, v.4, p. 502.
6
Agostinho, Epistle 137, capítulo 3.
7
Tomás de Aquino, Summa contra Gentiles IV, 79.
8
Catecismo da igreja Católica (1994), p. 93.
9
Samuele Bacchiocchi, Crenças Populares, capítulo 2, p. 48 – 60.
10
Helenístico: período intertestamentário, que são os quatro séculos que separam o fim do
Antigo Testamento do início do Novo. Nesse mesmo período, um grupo de escritores judeus
influenciados pela filosofia de Platão ensinava às pessoas a acreditar na imortalidade da alma e
a rezar pelos mortos, além de negar a ressurreição. Os ensinamentos desse grupo podem ser
encontrados nos livros apócrifos do Antigo Testamento, e aparecem na Bíblia católica, mas não
na Bíblia protestante. Esses livros são: 1 e 2 Macabeus, Baruque, Judite, acréscimos em Daniel
e Ester, Eclesiástico, Tobias e Sabedoria de Salomão.