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SUMÁRIO
6 PLURALIDADE DAS EXISTÊNCIAS
Porfírio não crê na metempsicose, ainda mesmo como punição das almas per-
versas e, segundo ele, a reencarnação só se opera no género humano. (2)
Segundo Jâmblico, a justiça de Deus não é a justiça dos homens. O homem
define a justiça sob o ponto de vista da sua vida actual e do seu estado presente.
Deus define-a relativamente às nossas existências sucessivas e à universalidade das
nossas vidas. (2)
Entre os romanos, que receberam a maior parte dos seus conhecimentos da
Grécia, Virgílio exprime claramente a ideia da palingenesia. Diz também Ovídio que a
sua alma, quando for pura, irá habitar os astros que povoam o firmamento, o que
estende a palingenesia até aos outros mundos semeados no espaço. (2)
Os gauleses praticavam a religião dos druidas, acreditavam na unidade de
Deus e nas vidas sucessivas. (2)
Durante todo o período da Idade Média, a doutrina palingenésica ficou vela-
da, porque era severamente proscrita pela Igreja, então toda-poderosa. Foi preciso
chegar aos tempos modernos, e à liberdade de pensar e discutir publicamente, para
que a verdade das vidas sucessivas pudesse renascer à grande luz da publicidade. (2)
Descartes, Leibnitz e Kant tiveram uma certa intuição destes factos (caracte-
res dissemelhantes dos gémeos e terem os meninos-prodígio talentos que os pais
não possuíam); Descartes, sobretudo, na sua teoria das ideias inatas refere-se a ela.
(6)
Todas estas religiões se basearam na crença nas vidas sucessivas: o Brama-
nismo, o Budismo, o Druidismo, o Islamismo. O Cristianismo não abriu excepção à
regra. Traços desta doutrina se nos deparam no Evangelho. Os padres gregos Oríge-
nes, Clemente de Alexandria e a maior parte dos cristãos dos primeiros séculos admi-
tiam-na. (6)
Ainda que em tempos remotos grandes pensadores cristãos tenham aceite a
doutrina das vidas sucessivas, como Orígenes, Agostinho, Francisco de Assis, Jeróni-
mo, entre inúmeros outros pensadores religiosos e leigos, antigos e modernos, mui-
tos mantêm-se na obstinada negativa de quem concluiu sem estudar, como o que
não viu e não gostou.
Segundo Leslie D. Weatherhead, da Igreja Anglicana de Londres (The Case for
Reencarnation, de Leslie D. Weatherhead, Londres, 1958), o conceito das vidas su-
cessivas foi rejeitado pela Igreja Católica no Concílio de Constantinopla, em 553, por
votação, na qual a reencarnação perdeu por 3 a 2. O que realmente aconteceu foi
que um sínodo local condenou os ensinamentos de Orígenes acerca da preexistência
da alma, em 553, na cidade de Constantinopla, crê-se que até por imposição política
do imperador Justiniano, a cuja esposa desagradava a ideia de poder reencarnar
como escrava, se maltratasse os escravos, como então se ensinava. (14)
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"Seria verdadeira a
metempsicose, se indicasse
a progressão da alma,
passando de um estado
inferior a outro superior,
onde adquirisse
desenvolvimentos que lhe
transformassem a natureza.
É, porém, falsa no sentido
de transmigração directa da
alma do animal para o
homem e reciprocamente,
o que implicaria a ideia de
um retrocesso." (9)
A reencarnação,
como os espíritos a
ensinam, funda-se, ao contrário, na marcha ascendente da Natureza e na progressão
do homem, dentro da sua própria espécie, o que em nada lhe diminui a dignidade. O
que o rebaixa é o mau uso que faz das faculdades que Deus lhe outorgou para que
progrida. (9)
Emmanuel explica como nasceu entre os egípcios a doutrina da metempsico-
se:
O grande povo dos faraós guardava a reminiscência do seu doloroso degredo
na face obscura do mundo terreno. E tanto lhe doía semelhante humilhação que, na
lembrança do pretérito, criou a teoria da metempsicose, acreditando que a alma de
um homem podia regressar ao corpo de um irracional, por determinação punitiva
dos deuses. A metempsicose era o fruto da sua amarga impressão, a respeito do
exílio penoso que lhe fora infligido no ambiente terrestre. (7)
Pitágoras foi o primeiro que introduziu na Grécia a doutrina dos renascimen-
tos da alma, doutrina que havia conhecido nas suas viagens ao Egipto e à Pérsia. Ele
tinha duas doutrinas, uma reservada aos iniciados, que frequentavam os mistérios, e
outra destinada ao povo; esta última deu nascimento ao erro da metempsicose. Para
os iniciados, a ascensão era gradual e progressiva, sem regressão às formas inferio-
res, enquanto ao povo, pouco evoluído, se ensinava que as almas ruins deviam re-
nascer em corpos de animais. (2)
O vulgo não quer ver hoje na metempsicose mais do que a passagem da alma
humana para o corpo de seres inferiores. Na Índia, no Egipto e na Grécia ela era
considerada, de um modo mais geral, como transmigração das almas para outros
corpos humanos. Tendemos a crer que a descida da alma à animalidade num corpo
inferior não era, como a ideia do inferno, no Catolicismo, mais do que um espanta-
lho, destinado, no pensamento dos antigos, a apavorar os maus. Qualquer retroces-
so desta espécie seria contrário à justiça, à verdade; além de que o desenvolvimento
do organismo, ou perispírito, vedando ao ser humano a possibilidade de continuar a
adaptar-se às condições da vida animal, torná-la-ia, aliás, impossível. (5)
A reencarnação fazia parte dos dogmas dos judeus, sob o nome de ressurrei-
ção. Só os saduceus, cuja crença era a de que tudo acaba com a morte, não acredi-
tavam nisso. As ideias dos judeus sobre esse ponto, como sobre muitos outros, não
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Esta última observação do Cristo mostra bem que ele se surpreendeu não co-
nhecesse um mestre em Israel a reencarnação, porque ela era ensinada como dou-
trina secreta aos intelectuais da época.
Uma das provas que se pode apresentar é a de que existiam ensinos ocultos ao co-
mum dos homens, e que foram compilados nas diferentes obras que constituem a
Cabala. (2)
No ensino secreto, reservado aos iniciados, proclamava-se a imortalidade da
alma, as vidas sucessivas e a pluralidade dos mundos habitados. (2)
Não há dúvida de que, sob o nome de ressurreição, o princípio da reencarna-
ção era ponto de uma das crenças fundamentais dos judeus, ponto que Jesus e os
profetas confirmaram de modo formal; donde se segue que negar a reencarnação é
negar as palavras do Cristo. Um dia, porém, as suas palavras, quando forem medita-
das sem ideias preconcebidas, reconhecer-se-ão autorizadas quanto a esse ponto,
bem como em relação a muitos outros. (10)
A essa autoridade, do ponto de vista religioso, se adita, do ponto de vista filo-
sófico, a das provas que resultam da observação dos factos. Quando se trata de re-
montar dos efeitos às causas, a reencarnação surge como necessidade absoluta,
como condição inerente à humanidade; numa palavra: como lei da natureza. (10)
Sem o princípio da preexistência da alma e da pluralidade das existências são
ininteligíveis, na sua maioria, as máximas do Evangelho, razão por que têm dado
lugar a tão contraditórias interpretações. Somente esse princípio lhes restituirá o sen-
tido verdadeiro. (10)
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como o fruto não é a raiz, como o sábio não é o feto informe que o pôs no mundo.
(12)
O sentimento da justiça absoluta diz-nos também que o animal, tanto quanto
o homem, não deve viver e sofrer para o nada. Uma cadeia ascendente e contínua
liga todas as criações; o mineral ao vegetal, o vegetal ao animal, e este ao ente hu-
mano. (4)
A alma elabora-se no seio dos organismos rudimentares. No animal está ape-
nas em estado embrionário; no homem adquire o conhecimento, e não pode retro-
gradar mais. Porém, em todos os graus ela prepara e dá forma ao seu invólucro. As
formas sucessivas que reveste são a expressão do seu valor próprio. A situação que
ocupa na escala dos seres está em relação directa com o seu estado de adiantamen-
to. (4)
A finalidade da alma é o desenvolvimento de todas as faculdades a ela ine-
rentes. Para consegui-lo, é obrigada a encarnar grande número de vezes na Terra, a
fim de cimentar as suas faculdades morais e intelectuais, enquanto aprende a senho-
rear e governar a matéria. É mediante uma evolução ininterrupta, a partir das formas
de vida mais rudimentares, até à condição humana, que o princípio pensante con-
quista, lentamente, a sua individualidade. Chegado a esse estágio, cumpre-lhe fazer
eclodir a sua espiritualidade, dominando os instintos remanescentes da sua passa-
gem pelas formas inferiores, a fim de elevar-se, na série das transformações, para
destinos sempre mais altos. (3)
No dia em que a alma, libertando-se das formas animais chegar ao estado
humano, conquistar a sua autonomia, a sua responsabilidade moral, e compreender
o dever, nem por isso atingirá o seu fim ou terminará a sua evolução. Longe de aca-
bar, começará a sua obra real; novas tarefas a chamarão. As lutas do passado nada
são ao lado das que o futuro lhe reserva. Os seus renascimentos em corpos carnais
se sucederão. (4)
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densa a matéria, deixa de rastejar penosamente pela superfície do solo, menos gros-
seiras lhe são as necessidades físicas, não sendo mais preciso que os seres vivos se
destruam mutuamente para se nutrirem. O espírito acha-se mais livre e tem, das coi-
sas longínquas, percepções que desconhecemos. Vê com os olhos do corpo o que só
pelo pensamento entrevemos. (9)
Da purificação do espírito decorre o aperfeiçoamento moral dos seres encar-
nados. As paixões animais enfraquecem-se e o egoísmo cede lugar ao sentimento de
fraternidade. Assim, nos mundos superiores ao nosso, desconhecem-se as guerras,
carecendo de objecto os ódios e as discórdias, porque ninguém pensa em causar
dano ao seu semelhante. A intuição que os seus habitantes têm do futuro, a segu-
rança que uma consciência isenta de remorsos lhes dá, fazem com que a morte ne-
nhuma apreensão lhes cause. Encaram-na de frente, sem temor, como simples trans-
formação. (9)
A duração da vida, nos diferentes mundos, parece guardar proporção com o
grau de superioridade física e moral de cada um, o que é perfeitamente racional.
Quanto menos material o corpo, menos sujeito às vicissitudes que o desorganizam.
Quanto mais puro o espírito, menos paixões a miná-lo. É essa, ainda, uma graça da
Providência, que desse modo abrevia os sofrimentos. (9)
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este planeta, encontrá-lo-á como o deixou, recebendo, assim, o fruto dos desmandos
de agora ou, então, da sua preservação.
A compreensão da reencarnação será a pedra-de-toque para que a sociedade
se torne mais justa, mais fraterna e mais feliz.
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Os espíritos que seguem o caminho do bem chegam mais depressa aos níveis
mais elevados de aperfeiçoamento intelectual e moral; sendo as aflições da vida fruto
da imperfeição do espírito, quanto menos imperfeições menos tormentos. Aquele
que não for invejoso, nem ciumento, nem avarento, nem ambicioso, não sofrerá as
torturas que se originam dessas imperfeições.
Os espíritos que desde o princípio seguem o caminho do bem nem por isso
são espíritos perfeitos. Não têm, é certo, maus pendores, mas precisam adquirir a
experiência e os conhecimentos indispensáveis para alcançar a perfeição. Podemos
compará-los a crianças que, seja qual for a bondade dos seus instintos naturais, ne-
cessitam desenvolver-se, e esclarecer-se e não passam, sem transição, da infância à
madureza. (9)
Depende dos
espíritos progredirem
mais ou menos
rapidamente em busca
da perfeição,
conforme o desejo que
têm de alcançá-la e a
submissão que
testemunham à
vontade de Deus. Os
espíritos não podem
conservar-se
eternamente nas
ordens inferiores;
mudam de ordem
mais rápida ou demo-
radamente, porém não podem degenerar. À medida que avançam, compreendem o
que os distancia da perfeição. O espírito, ao concluir uma prova, fica com a ciência
que daí lhe veio, e não a esquece. Pode permanecer estacionário durante algum
tempo, porém não retrograda.
A encarnação é necessária ao duplo progresso moral e intelectual do espírito:
ao progresso intelectual pela actividade obrigatória do trabalho; ao progresso moral
pela necessidade recíproca dos homens entre si. A vida social é a pedra de toque das
boas ou más qualidades. (11)
A bondade, a maldade, a doçura, a violência, a benevolência, a caridade, o
egoísmo, a avareza, o orgulho, a humildade, a sinceridade, a franqueza, a lealdade,
a má-fé, a hipocrisia, numa palavra, tudo o que constitui o homem de bem, ou
perverso, tem por móvel, por alvo e por estímulo as relações do homem com os seus
semelhantes. (11)
Uma só existência corporal é manifestamente insuficiente para o espírito ad-
quirir todo o bem que lhe falta e eliminar o mal que lhe sobra. (11)
Deus, que é soberanamente justo e bom, concede ao espírito tantas encarna-
ções quantas as necessárias para atingir o seu objectivo: a perfeição. (11)
Para cada nova existência junto à permeio à matéria, o espírito entra com o
cabedal adquirido nas anteriores, em aptidões, conhecimentos intuitivos, inteligência
e moralidade. Cada existência é, assim, um passo avante no caminho do progresso.
(11)
A encarnação é inerente à inferioridade dos espíritos, deixando de ser neces-
sária desde que estes, transpondo-lhe os limites, ficam aptos para progredir no esta-
do espiritual, ou nas existências corporais de mundos superiores, que nada têm da
materialidade terrestre. Da parte destes a encarnação é voluntária, tendo por fim
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abre à inteligência inquiridora uma perspectiva de justiça muito mais ampla, através
de existências diversas. (1)
Em relação ao Espiritismo, o pensamento reencarnacionista está expresso em:
Nascer, morrer, renascer ainda, progredir sempre, tal é a lei. (9)
Allan Kardec formulou aos espíritos a questão n.º 196 inscrita em O Livro dos
Espíritos, cuja resposta apresenta a súmula dos objectivos da encarnação:
“Não podendo os espíritos aperfeiçoar-se, a não ser por meio das tribulações
da existência corpórea, segue-se que a vida material seja uma espécie de crisol ou de
depurador, por onde têm que passar todos os seres do mundo espiritual para alcan-
çarem a perfeição?
– Sim, é exactamente isso. Eles melhoram-se nessas provas, evitando o mal e
praticando o bem; porém, somente ao cabo de mais ou menos longo tempo, con-
forme os esforços que empreguem; somente após muitas encarnações sucessivas, ou
depurações, atingem a finalidade para que tendem.” (9)
A obrigação que o espírito encarnado tem de prover ao alimento do corpo, à
sua segurança, ao seu bem-estar, força-o a empregar as suas faculdades em investi-
gações, a exercitá-las e desenvolvê-las. Útil, portanto, ao seu adiantamento é a sua
união com a matéria. (12)
Daí, constituir a encarnação uma necessidade. Além disso, pelo trabalho inte-
ligente que ele executa em seu proveito, sobre a matéria, auxilia a transformação e o
progresso material do globo que lhe serve de habitação. (12)
A
reencarnação,
afirmada pelas
vozes de além-
túmulo, é a única
forma racional
que pode admitir
a reparação das
faltas cometidas e
a evolução
gradual dos seres.
Sem ela, não se vê
sanção moral
satisfatória e
completa; não há
possibilidade de
conceber a existência de um ser que governe o universo com justiça. (5)
Se admitirmos que o homem vive actualmente pela primeira vez neste mun-
do, que uma única existência terrestre é o quinhão de cada um de nós, a incoerência
e a parcialidade, forçoso seria reconhecê-lo, presidem à repartição dos bens e dos
males, das aptidões e das faculdades, das qualidades nativas e dos vícios originais.
(5)
Todos os espíritos tendem para a perfeição e Deus lhes faculta os meios de
alcançá-la, proporcionando-lhes as provações da vida corporal. A Sua justiça, porém,
concede-lhes realizar, em novas existências, o que não puderam fazer, ou concluir,
numa primeira prova. (9)
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Deus não obraria com equidade, nem de acordo com a sua bondade, se con-
denasse para sempre os que talvez hajam encontrado, oriundos do próprio meio em
que foram colocados e alheios à vontade que os animava, obstáculos ao seu melho-
ramento. Se a sorte do homem se fixasse irrevogavelmente depois da morte, não
seria uma única a balança em que Deus pesa as acções de todas as criaturas e não
haveria imparcialidade no tratamento que a todas dispensa. (9)
A doutrina da reencarnação, isto é, a que consiste em admitir para o mesmo
espírito muitas existências sucessivas, é a única que corresponde à ideia que forma-
mos da justiça de Deus para com os homens que se acham em condição moral infe-
rior; a única que pode explicar o futuro e firmar as nossas esperanças, pois oferece
os meios de resgatarmos os nossos erros, em novas provações. A razão no-la indica e
os espíritos a ensinam. (9)
O homem, que tem consciência da sua inferioridade, haure consoladora espe-
rança na doutrina da reencarnação. Se crê na justiça de Deus, não pode contar que
venha a achar-se, para sempre, em pé de igualdade com os que mais fizeram do que
ele. Sustém-no, porém, e reanima-lhe a coragem a ideia de que aquela inferioridade
não o deserda eternamente do supremo bem e que, mediante novos esforços, dado
lhe será conquistá-lo. Quem é que, ao cabo da sua carreira, não deplora haver tão
tarde ganho uma experiência de que já não mais pode tirar proveito? Entretanto,
essa experiência tardia não fica perdida; o espírito a utilizará em nova existência. (9)
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ridade, se bem que a morte não lhes tenha sobrevindo inopinadamente. Todavia,
apresenta-se sempre mais generalizada entre os que, embora doentes, não pensa-
vam morrer. Observa-se, então, o singular espectáculo de um espírito assistir ao seu
próprio enterro como se fora o de um estranho, falando desse acto como de coisa
que lhe não diz respeito, até ao momento em que compreende a verdade. (9)
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RESUMO
INTRODUÇÃO – REVISÃO HISTÓRICA
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REENCARNAÇÃO E METEMPSICOSE
REENCARNAÇÃO E RESSURREIÇÃO
A reencarnação fazia parte dos dogmas dos judeus, sob o nome de ressurrei-
ção. Eles acreditavam que um homem que vivera podia reviver, sem saberem exac-
tamente de que maneira o facto poderia dar-se.
A ressurreição dá a ideia de voltar à vida o corpo que já está morto, o que a
Ciência demonstra ser materialmente impossível. A reencarnação é a volta da alma,
ou espírito, à vida corpórea, mas noutro corpo, especialmente formado para ele e
que nada tem de comum com o antigo. A ressurreição podia ser aplicada a Lázaro,
mas não a Elias, nem aos outros profetas.
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S. Mateus, Cap. XVI, v.13 a 17 - S. Marcos, Cap. VIII, v. 27 a 30: “... porque
uns diziam que João Baptista ressuscitara dentre os mortos; outros que aparecera
Elias; e outros que um dos antigos profetas ressuscitara...”.
S. Mateus, Cap. XVII, v.10 a 13; S. Marcos, cap. IX, v.11 a 13: “... É verdade
que Elias há-de vir e restabelecer todas as coisas, mas eu vos declaro que Elias já veio
e eles não o conheceram e o trataram como lhes aprouve... Então seus discípulos
compreenderam que fora de João Baptista que ele falara.”
S. João, Cap. III, v.1 a 12: “... Jesus lhe respondeu: – Em verdade, em verda-
de, digo-te explica: Ninguém pode ver o reino de Deus se não nascer de novo. Disse-
lhe Nicodemos: – Como pode nascer um homem já velho? Pode tornar a entrar no
ventre de sua mãe, para nascer segunda vez? Retorquiu-lhe Jesus: – Não te admires
de que eu te haja dito ser preciso que nasças de novo. Respondeu-lhe Nicodemos: –
Como pode isso fazer-se? Jesus lhe observou: – Pois quê! És mestre em Israel e igno-
ras estas coisas?”
Esta última observação de Jesus demonstra que a reencarnação era ensinada
aos intelectuais da época.
Existiam ensinos secretos, reservados aos iniciados, que foram compilados nas
diferentes obras dos hebreus e que constituem a Cabala.
Sob o nome de ressurreição, a reencarnação era o ponto de uma das crenças
fundamentais dos judeus.
Sem o princípio da preexistência da alma e da pluralidade das existências são
ininteligíveis, na sua maioria, as máximas do Evangelho. Somente o princípio da re-
encarnação dará a essas máximas o sentido verdadeiro.
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OBJECTIVO DA ENCARNAÇÃO
JUSTIÇA DA REENCARNAÇÃO
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BIBLIOGRAFIA
(1) Deolindo Amorim, O Espiritismo e as Doutrinas Espiritualistas, Cap. VI, 3.ª Edi-
ção, Livraria Ghignone Editora
(2) Gabriel Delanne, A Reencarnação, Cap. I e XIV, Edição da Federação Espírita Bra-
sileira
(3) Gabriel Delanne, A Evolução Anímica, Introdução, 4.ª Edição da Federação Espíri-
ta Brasileira
(4) Léon Denis, Depois da Morte, Parte Segunda, XI - 8.ª Edição da Federação Espírita
Brasileira
(5) Léon Denis, O Problema do Ser, do Destino e da Dor, Segunda Parte, Cap. XIII e
XVII, 11.ª Edição da Federação Espírita Brasileira
(6) Léon Denis, O Além e a Sobrevivência do Ser, Estudos sobre a reencarnação ou
as vidas sucessivas, 3.ª Edição da Federação Espírita Brasileira
(7) Emmanuel, A Caminho da Luz, psicografia de Francisco Cândido Xavier, Cap. III,
4.ª Edição da Federação Espírita Brasileira
(8) Emmanuel, O Consolador, psicografia de Francisco Cândido Xavier, Questão n.º
148, 4.ª Edição da Federação Espírita Brasileira
(9) Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Parte Segunda, Cap. II e Cap. XI, 44.ª Edição
da Federação Espírita Brasileira
(10) Allan Kardec, O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. IV, 77.ª Edição da Fede-
ração Espírita Brasileira
(11) Allan Kardec, O Céu e o Inferno, 1.ª Parte, Cap. III, 23.ª Edição (Popular) da Fe-
deração Espírita Brasileira
(12) Allan Kardec, A Génese, Cap. I e XI, 19.ª Edição (Popular) da Federação Espírita
Brasileira
(13) Mário Cavalcanti Melo e Carlos Imbassahy, Reencarnação e suas Provas, Primeira
Parte, Pág. 34 da 1.ª Edição da Livraria da Federação Espírita do Paraná
(14) Leslie D. Weatherhead, The Case For Reencarnation, Londres, 1958
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