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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E TECNOLOGIA


CAMPUS XIX – CAMAÇARI

JÉSSICA DOS SANTOS DANTAS


MARIANA DE JESUS DIAS SOUZA

ENDIVIDAMENTO E PANDEMIA: UMA ANÁLISE SOBRE A PERCEPÇÃO DOS


MICRO E PEQUENOS EMPREENDEDORES VAREJISTAS SOBRE O
ENDIVIDAMENTO DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19, EM CAMAÇARI, NA
BAHIA

CAMAÇARI, BAHIA
2023
1. INTRODUÇÃO

A pandemia de covid-19 teve um impacto significativo em todo o mundo,


desencadeando uma crise sanitária, social e econômica sem precedentes. No
contexto brasileiro, as Micro e Pequenas Empresas (MPEs) foram particularmente
afetadas, enfrentando grandes desafios para manter suas operações e sobreviver
em meio às restrições impostas para conter a propagação do vírus. Camaçari,
cidade localizada no estado da Bahia, não foi exceção, e suas MPEs enfrentaram
um cenário desafiador durante esse período.

Diante das restrições impostas, muitas MPEs em Camaçari foram obrigadas a


interromper suas atividades ou operar com capacidade reduzida, o que resultou em
uma queda significativa na receita. Essa redução de receita, combinada com o
aumento dos custos operacionais relacionados às medidas de segurança sanitária,
levou muitas empresas a buscarem financiamento adicional para manter suas
operações e pagar suas obrigações financeiras. No entanto, o acesso a linhas de
crédito emergenciais e outros programas de apoio financeiro pode ter sido limitado,
resultando em um maior endividamento para algumas MPEs.

Ao analisar o endividamento das MPEs durante a pandemia em Camaçari, é


fundamental considerar o cenário econômico e as particularidades locais. Camaçari
é conhecida por sua atividade industrial e pela presença de grandes empresas, mas
também abriga um número significativo de micro e pequenos empreendimentos que
desempenham um papel vital na economia local. Compreender as dificuldades
específicas enfrentadas por essas empresas e buscar soluções adaptadas à
realidade de Camaçari é essencial para a recuperação econômica da região.

Nesta perspectiva, este trabalho tem como questão norteadora: Qual a


percepção dos micros e pequenos empreendedores (MEIs) varejistas sobre o
endividamento durante a pandemia de covid-19 no município de Camaçari, na
Bahia? Ainda nesse sentido, o artigo tem como objetivo geral compreender a
percepção dos micros e pequenos empreendedores (MEIs) varejistas sobre o
endividamento durante a pandemia de covid-19 no município de Camaçari, na
Bahia, buscando, especificamente, verificar as principais fontes de recursos
utilizadas para o financiamento das atividades das MPEs, além de identificar os
principais fatores que contribuíram para o endividamento dessas empresas durante
a pandemia. Além disso, também se propõe a analisar as principais estratégias de
gestão financeira adotadas pelos micros e pequenos empreendedores para lidar
com o endividamento nesse período.

Este artigo visa contribuir para a compreensão do impacto da pandemia nas


MPEs em Camaçari, analisando o endividamento como um dos desafios enfrentados
por essas empresas. Além disso, busca identificar as medidas adotadas e discutir as
perspectivas de recuperação para esse setor empresarial, que é tão importante para
a cidade e seus habitantes. Por fim, em pesquisa realizada nos periódicos da
CAPES e Scielo, não foram encontrados trabalhos que abordassem,
especificamente, o tema na localidade em questão. Assim, através dessa análise,
espera-se fornecer percepções relevantes de modo a auxiliar no desenvolvimento de
estratégias e políticas que possam impulsionar a retomada econômica e fortalecer
as MPEs em Camaçari, na Bahia.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. Principais fontes de recursos utilizadas pelas MPEs

Antes de abordarmos as principais fontes de financiamentos das micro e


pequenas empresas, é imprescindível trazer a conceituação do que seria uma MPE.
Micro e Pequenas Empresas, ou MPEs, são classificadas de acordo com critérios
estabelecidos por legislação específica de cada país. No Brasil, a Lei Complementar
nº 123/2006, em seu artigo 3°, parágrafos I e III, define as Micro e Pequenas
Empresas, respectivamente, como: estabelecimentos que possuem receita bruta
anual igual ou inferior a R$ 360.000,00, e, no caso das pequenas empresas,
entidades que possuem faturamento anual superior a R$ 360.000,00 e igual ou
inferior a R$ 4.800.000,00. (SEBRAE, 2022)

Além dessa classificação baseada na receita bruta anual, as MPEs


compartilham algumas características, tais quais: tamanho reduzido, uma vez que
possuem estrutura organizacional e operacional menor se comparadas às grandes
empresas, o que implica em um número limitado de funcionários e uma estrutura
hierárquica simplificada; diversidade de atuação em setores, em razão da presença
dessas organizações em diferentes segmentos da economia, incluindo comércio,
serviços, indústria e agronegócio, fazendo com que desempenhem um papel
significativo na geração de empregos e contribuam para a economia local;
flexibilidade e agilidade, devido a serem empresas menores, o que faz com que se
adaptem rapidamente às mudanças do mercado e às demandas dos clientes;
relevância socioeconômica, pois desempenham um papel vital na economia,
contribuindo para o crescimento econômico, a inovação e a criação de empregos,
além de, muitas vezes, estarem integradas nas comunidades locais, gerando
impacto social positivo; e, por fim, desafios específicos, uma vez que as MPEs
enfrentam desafios particulares, como acesso a financiamento, concorrência com
empresas maiores, limitações de recursos e burocracia, desafios esses que podem
ser agravados em momentos de crise, como a pandemia de covid-19.

No tocante aos desafios enfrentados pelas MPEs, destaca-se, entre outros, a


dificuldade dessas empresas em conseguirem crédito junto às instituições
financeiras. Conforme descrito na Resolução n° 2.844/2001, do Banco Central do
Brasil, as instituições financeiras são as responsáveis pela chegada dos recursos de
financiamento às empresas, organizações, grupos coletivos, cooperativas, governos
e pessoas físicas, enfim, aos clientes. Apesar disso, as MPEs, mesmo se
enquadrando na lista de órgãos que dependem de recursos advindos dos bancos,
esbarram em inúmeras dificuldades no que se refere ao financiamento de suas
atividades, o que, no Brasil, decorre, basicamente, de dois fatores estruturais: o alto
custo financeiro e as fortes restrições de acesso ao crédito (CARVALHO E
ABRAMOVAY, 2004).

Como principais formas das MPEs financiarem suas atividades podemos citar
o financiamento com recursos próprios, ou seja, capital próprio, o qual pode ocorrer
quando os proprietários ou sócios investem seu próprio dinheiro na empresa ou,
ainda, através de lucros retidos, que ocorre quando as MPEs reinvestem os lucros
gerados no negócio para financiar seu crescimento. Empréstimos bancários também
são uma alternativa que pode ser utilizada pelos empresários, sendo esse um
financiamento com capitais de terceiros (instituições financeiras). Como modalidade
dos empréstimos bancários, podemos citar as linhas de crédito para MPEs, quando
os bancos oferecem empréstimos específicos, muitas vezes com taxas de juros mais
baixas e prazos de pagamento flexíveis. Os bancos também oferecem microcrédito
para empreendedores de baixa renda que desejam iniciar ou expandir seus
negócios. Por fim, também há os investidores anjos, que são investidores individuais
com recursos financeiros consideráveis que podem injetar capital em MPEs em troca
de participação acionária e orientação.

Além dessas fontes de financiamento, também cabe mencionar outros tipos


de injeção de recursos nas MPEs, tais quais: capital de risco, ou venture capital, que
são empresas que investem em MPEs com alto potencial de crescimento em troca
de participação acionária significativa; financiamento coletivo (plataformas de
crowdfunding) as quais permitem que MPEs levantem dinheiro junto a um grande
número de pessoas que contribuem com pequenas quantias; programas de
incentivo governamental; créditos de longo prazo, entre outras.

Em pesquisa realizada pelo SEBRAE em 2023, parte da série histórica datada


de 2013, as principais fontes de recursos utilizadas para financiar as MPEs, são:
cartão de crédito (34%), pagamento de fornecedores a prazo (16%) e empréstimo de
amigos e parentes (9%). No ano de 2017, os resultados da mesma pesquisa
realizada pelo órgão mostraram que o ranking das principais fontes de financiamento
utilizadas pelos micros e pequenos empreendedores era diferente: negociação de
prazo com os fornecedores com 53%, o cheque pré-datado com 28% e o cheque
especial, 29%. Nesse sentido, ainda que a negociação de prazo com fornecedores
ainda conste como um dos principais métodos de financiamento, é possível
visualizar mudança no comportamento dos empresários brasileiros, os quais optam,
majoritariamente, por utilizarem cartões de crédito, opção que sequer figurava entre
os principais há 6 anos. Para o presidente do órgão, Carlos Melles, a liderança do
cartão de crédito e do pagamento a prazo dos fornecedores revela que os
empresários estão optando por soluções fora dos empréstimos comerciais
tradicionais, mesmo que isso represente o pagamento de juros mais altos (no caso
dos cartões de crédito). Ainda segundo Melles, o fortalecimento dessas escolhas se
deve a explosão do número de MEIs nos últimos 2 anos foram (o número chegou a
5,2 milhões), sendo que o microempreendedor tende a ter menor relação com os
bancos e a buscar outras saídas mais rápidas e menos burocráticas.
2.2. As condições de endividamento das micro e pequenas empresas
O endividamento das micro e pequenas empresas, não apenas em Camaçari,
mas na região metropolitana da Bahia como um todo, é um problema que afeta
muitos empreendedores. De acordo com dados do SEBRAE, cerca de 64% das
micro e pequenas empresas na região enfrentam algum tipo de endividamento. Os
principais motivos apontados para essa situação são a falta de planejamento
financeiro, a queda no faturamento devido à crise econômica e a dificuldade de
acesso a crédito com taxas de juros acessíveis. (SEBRAE, 2023)

Muitas empresas acabam recorrendo a empréstimos bancários para manter o


negócio funcionando ou para investir em novos projetos, mas as altas taxas de juros
e as exigências burocráticas dificultam o acesso a esse tipo de recurso. Além disso,
a falta de capacitação dos empresários para lidar com questões financeiras também
contribui para o endividamento das empresas. Muitos empreendedores não
possuem conhecimentos básicos sobre gestão financeira e acabam tomando
decisões equivocadas, que podem levar ao acúmulo de dívidas. As consequências
do endividamento nas micro e pequenas empresas são a redução dos
investimentos, o atraso no pagamento de fornecedores e funcionários e a limitação
do crescimento do negócio. Em alguns casos, as empresas acabam fechando as
portas devido à falta de capacidade de pagamento das dívidas. (BID, 2021)

A inflação e as altas taxas de juros têm provocado o aumento da


inadimplência de milhões de empresas no Brasil. As micro e pequenas empresas
são a maior parcela dessas companhias negativadas, com pelo menos 5,5 milhões
de empresas inadimplentes. De acordo com o Serasa Experian, 30% das empresas
brasileiras estão com algum tipo de endividamento, considerando o mês de
setembro de 2022. Mais da metade das pequenas empresas comprometem mais de
30% de seu custo mensal com o pagamento de dívidas. Diante disso, é importante
que as empresas tenham um planejamento financeiro bem estruturado, que inclua a
análise dos riscos e a elaboração de um fluxo de caixa realista para evitar o
endividamento. (Serasa Experian, 2022).

Para enfrentar esse problema, é fundamental que os empresários busquem


capacitação e orientação sobre gestão financeira, além de buscar alternativas de
crédito mais acessíveis, como linhas de financiamento específicas para micro e
pequenas empresas oferecidas pelo governo ou por instituições de microcrédito

As condições de endividamento das micro e pequenas empresas na Bahia


podem variar dependendo do setor de atuação e do perfil financeiro de cada
empresa. No entanto, algumas condições comuns incluem (SEBRAE, 2022):

 acesso limitado ao crédito: muitas micro e pequenas empresas têm dificuldade


em obter empréstimos e linhas de crédito devido à falta de garantias ou histórico
de crédito. Isso pode tornar o endividamento mais desafiador;
 juros altos: as taxas de juros aplicadas aos empréstimos para micro e pequenas
empresas podem ser mais altas do que as oferecidas a empresas maiores e
mais estabelecidas. Isso ocorre devido ao risco percebido do empreendimento;
 prazos curtos de pagamento: os prazos para pagamento de empréstimos e
financiamentos podem ser curtos para micro e pequenas empresas na Bahia.
Isso pode resultar em uma carga financeira maior, pois as parcelas mensais
podem ser mais altas. Geralmente, essas empresas têm fluxo de caixa mais
apertado e menor capacidade de pagamento em curto prazo. Dessa forma, é
importante que os prazos sejam adequados à realidade dessas empresas;
 garantias exigidas: para obter crédito, algumas instituições financeiras podem
exigir garantias, como imóveis ou avalistas, o que pode dificultar o acesso ao
financiamento para empresas com poucos ativos;
 carência e renegociação: algumas instituições financeiras oferecem períodos de
carência para pagamento de empréstimos, além da possibilidade de
renegociação das condições em caso de dificuldades financeiras. No entanto,
nem todas as empresas têm acesso a essas opções;
 limites de crédito: algumas instituições financeiras podem impor limites para
empréstimos a micro e pequenas empresas, dificultando o acesso a linhas de
crédito maiores e restringindo o crescimento e desenvolvimento dos negócios;
 avaliação de crédito: as MPEs também podem enfrentar restrições na avaliação
de crédito pelos bancos. Muitas vezes, devido à falta de histórico financeiro ou de
informações contábeis adequadas, é mais difícil para essas empresas
comprovarem sua capacidade de pagamento e obter empréstimos com melhores
condições;
 taxa de juros: as micro e pequenas empresas, geralmente, têm mais dificuldade
em conseguir empréstimos com juros baixos em comparação às grandes
empresas. Isso ocorre devido ao maior risco percebido pelos bancos, visto que
as pequenas empresas têm menos recursos financeiros e maior chance de
inadimplência;
 garantias: os bancos costumam exigir garantias para conceder empréstimos às
micro e pequenas empresas. Essas garantias podem incluir bens pessoais do
empresário, como imóveis ou veículos, além de garantias reais, como alienação
fiduciária de máquinas ou equipamentos.

É fundamental buscar uma gestão financeira para uma administração efetiva


dos negócios gerais da empresa, a um contexto fundamental na origem das MPEs,
que são a sobrevivência de famílias de classe média e baixa, esses
microempreendedores iniciam suas empresas pela falta de renda fixa, como trabalho
de CLT, temporário ou qualquer modalidade de trabalho. Dessa maneira, os
conhecimentos necessários para o gerenciamento do empreendimento acabam
sendo deficitários e precários, o que resulta em negociações e escolhas financeiras
precipitadas que geram o endividamento. (SEBRAE, 2023)

Cabe ressaltar que essas são apenas algumas das condições gerais de
endividamento das micro e pequenas empresas na Bahia. Cada empresa pode
enfrentar desafios específicos dependendo de seu setor de atuação, tamanho,
histórico financeiro e outros fatores, falta de educação financeira, já que muitos
empreendedores de micro e pequenas empresas possuem pouco conhecimento
sobre gestão financeira, o que pode levar a uma má administração do
endividamento e a um aumento do risco de insolvência.

Também é importante salientar que essas condições podem variar de acordo


com cada empresa e a situação econômica do país. É fundamental que os
empreendedores busquem informações sobre linhas de crédito específicas para
micro e pequenas empresas, bem como capacitações em gestão financeira, a fim de
equilibrar o endividamento e garantir a saúde financeira do negócio.

A Lei Complementar nº 193, de 17 de março de 2022 e regulamentado, no


âmbito da Receita Federal, pela Instrução Normativa RFB nº 2.078 publicada no
Diário Oficial da União do dia 29 de abril. A intenção é oferecer melhores condições
para que as empresas enfrentem os efeitos econômicos causados pela Covid-19 e
mantenham-se regularizadas. Em 2022 as MEIS tiveram a possibilidade de aderir a
um programa Reescalonamento do Pagamento de Débitos no âmbito do Simples
Nacional (Relp) e fazer o pagamento em 180 vezes com até 90% de desconto sobre
multas e juros. As micro e pequenas empresas e MEIs podem aderir mesmo que
não estejam atualmente no Simples Nacional. Ou seja, aquelas que tenham sido
excluídas ou desenquadradas do regime poderão participar do programa e parcelar
suas dívidas, desde que tenham sido apuradas pelo Simples. Parcelamentos
rescindidos ou em andamento também poderão ser incluídos. (NETTO, M. et
al.2021)

Com a pandemia da covid 19, diversas alternativas governamentais


precisaram ser desenvolvidas, por conta das medidas de restrição e distanciamento,
as quais atingiram todo o mundo e trouxeram graves impactos financeiros. Os
efeitos da pandemia da covid 19 ainda estão sendo registrados, mas os pedidos de
falências de empresas brasileiras tiveram alta de 12,7% em 2020, segundo Boa
Vista. É a primeira vez que o país registra aumento na demanda dos
estabelecimentos desde o fim da dupla recessão de 2015 e 2016.

2.3. Impactos da pandemia nas atividades comerciais das MPEs e os


obstáculos enfrentados na obtenção de financiamento durante a
crise

Os impactos da pandemia ainda estão sendo analisadas no decorrer do


retorno das atividades comerciais, que estão se recuperando aos poucos das
marcas decorrentes de uma pandemia mundial, tanto em aspectos financeiros,
quanto sociais. Um dos efeitos desses impactos foi o fechamento de empresas,
em especial as MPES, as quais não resistiram aos impactos da pandemia e
“morreram”, tendo que fechar suas portas definitivamente. O resultado disso
foram perdas financeiras, tanto para os empreendedores quanto para a economia
em geral. Em suma, a pandemia da covid 19 teve um impacto devastador nas
atividades comerciais das MPEs, levando a quedas nas vendas, dificuldades
financeiras, fechamento de empresas e aumento no desemprego. O cenário é
desafiador e exige a adoção de medidas de suporte e apoio para a sobrevivência
e recuperação dessas empresas.

No Brasil, segundo pesquisa realizada pelo Sebrae (2020), mais de 89,9%


das empresas foram afetadas pela pandemia. Muitas tiveram que fechar as
portas temporariamente ou mudar a forma de atendimento. Além disso, 3 em
cada 4 micro e pequenas empresas tiveram que reduzir seu orçamento de
despesas e 40% reduziram seu pessoal.

A maioria das micro e pequenas empresas falham pelos seguintes


motivos: falta de capacitação administrativa, financeira, mercadológica e
tecnológica dos empreendedores. Outros fatores que dificultam a sobrevivência
das MPEs são: o baixo número de capital empregado, presença significativa de
proprietários, sócios e empregados com vínculo familiar. Mais de 10,1 milhões de
empresas foram afetadas negativamente, interrompendo temporariamente as
operações. Os quatro segmentos mais afetados foram: construção civil,
alimentação fora do lar, moda e varejo tradicional. A pandemia de covid 19, pelo
seu contexto inesperado, ocasionou cenários devastadores e medidas de
restrição que provocaram um aumento dos custos operacionais relacionados com
as medidas de segurança sanitária.

Em um cenário caótico da crise econômica enfrentada pelas MPEs no


Brasil que demostrou os detalhes e situações financeiros e de gestão das
empresas e seus conhecimentos em administração financeira e contábeis. Além
dos impactos do contexto pandêmicos que, dentre outras coisas, se destacam a
queda nas vendas, com o fechamento de lojas e restrições de circulação de
pessoas, muitas MPEs foram obrigados a suspender suas atividades ou tiveram
uma queda significativa em suas vendas. Isso resultou em uma queda brusca na
receita e dificuldade para pagar despesas fixas e acidentes.

Dificuldade de acesso ao crédito, a falta de fluxo de caixa e pensamentos


sobre o futuro tornou mais difícil para as MPEs obterem crédito junto às
instituições financeiras. Muitas não tiveram acesso aos programas de apoio
governamental e, consequentemente, tiveram dificuldade em se manter
financeiramente durante a pandemia. Mudança de hábitos de consumo, o
isolamento social e o medo de contágio levaram a uma mudança nos hábitos de
consumo da população. Muitos consumidores passaram a preferir fazer compras
online e evitar aglomerações em estabelecimentos, o que afetou diretamente as
MPEs que não estavam preparadas para essa modalidade de venda.

Aumento de custos e adaptação para cumprir as medidas sanitárias e


distanciamento social impostas, as MPEs tiveram que se adaptar rapidamente e
implementar novas medidas, como fornecer equipamentos de proteção individual,
reorganizar o layout da loja e investir em tecnologia para viabilizar o trabalho
remoto, além de gastos operacionais como um todo. Redução de funcionários e
demissões para se adequarem à nova realidade econômica, muitas MPEs
tiveram que reduzir sua força de trabalho ou demitir funcionários. Isso resultou
em um aumento no desemprego e agravou a situação socioeconômica de muitas
famílias.

A crise da covid 19 expôs os desafios enfrentados por micro e pequenas


empresas no Brasil. As medidas adotadas para conter a propagação do vírus e a
crise econômica causada por ela afetaram essas empresas, que são importantes
geradoras de emprego e renda. Medidas de apoio econômico foram
implementadas para ajudar essas empresas a atravessarem esse período difícil,
mas a incerteza sobre a duração da crise e seus desdobramentos dificulta a
previsão dos desafios a longo prazo. É fundamental equilibrar as necessidades
imediatas de recursos, para evitar uma queda drástica nas receitas, com
estratégias de longo prazo que promovam investimentos e fortaleçam a
resiliência das MPEs em crises futuras. As estratégias públicas para mitigar os
efeitos econômicos da pandemia apostam em medidas de financiamento,
especialmente para as MPEs. Essas empresas buscam acesso ao crédito para
suavizar o impacto negativo no fluxo de caixa causado pela crise. As políticas de
crédito visam aumentar a oferta de recursos aos agentes econômicos por meio
da coordenação dos principais atores do sistema financeiro. Foram formuladas
medidas especiais para as MPEs com o objetivo de fornecer os recursos
necessários para que elas resistam à crise e possam se adaptar ao novo
contexto. O financiamento é essencial para fornecer liquidez, honrar pagamentos
e permitir mudanças nos modelos de negócio. O médio e longo prazo, o
financiamento será importante para impulsionar investimentos e a recuperação
da economia. Devido às incertezas sobre a duração da crise e a recuperação
pós-pandemia, as MPEs precisam de linhas de crédito com prazos e períodos de
carência mais longos.

Podemos descrever como alguns dos obstáculos enfrentados pela MPEs:


restrições de crédito durante as crises, com os bancos e instituições financeiras
tendendo a reduzir a oferta de crédito, o que tornou mais difícil para as MPEs
obterem financiamento; queda na demanda, já que a crise muitas vezes resulta
em uma diminuição na demanda por produtos e serviços, o que afetou
diretamente as MPEs. Com menor receita, elas podem enfrentar dificuldades em
obter financiamento; incerteza econômica: a incerteza econômica durante as
crises pode tornar as instituições financeiras mais cautelosas ao emprestar
dinheiro para as MPEs. Elas podem ter receio de que a empresa não seja capaz
de pagar o empréstimo devido à instabilidade econômica.

Além disso, a falta de garantias das MPEs, por não possuírem os recursos
necessários para oferecer garantias adequadas para obter financiamento, pode
dificultar o acesso ao crédito. Desta forma, durante as crises, as instituições
financeiras podem perceber as MPEs como sendo mais arriscadas, devido à
incerteza econômica, o que pode levar a condições mais rigorosas de
empréstimo ou a recusas de solicitação de crédito.

3. METODOLOGIA

A metodologia utilizada nesse trabalho foi a abordagem qualitativa,


que, segundo Denzin e Lincoln (2006), envolve uma abordagem interpretativa
do mundo, o que significa que seus pesquisadores estudam as coisas em
seus cenários naturais, tentando entender os fenômenos em termos dos
significados que as pessoas a eles conferem. Seguindo essa linha de
raciocínio, Vieira e Zouain (2005) afirmam que a pesquisa qualitativa atribui
importância fundamental aos depoimentos dos atores sociais envolvidos, aos
discursos e aos significados transmitidos por eles. Nesse sentido, esse tipo
de pesquisa preza pela descrição detalhada dos fenômenos e dos elementos
que o envolvem.
Essa pesquisa se constitui como exploratória, pois tem como objetivo
analisar a percepção dos micros e pequenos empreendedores varejistas
sobre o endividamento durante a pandemia de covid-19, em Camaçari, Bahia.
Além disso, a pesquisa também se configura como descritiva pois mostra as
características de um evento de um determinado grupo de empreendedores.
O estudo de campo é aquele em que ocorre a coleta de dados junto com o
grupo de pessoas na qual se quer explorar. De acordo com Gil (2008), o
objetivo de uma pesquisa exploratória é familiarizar-se com um assunto ainda
pouco conhecido ou explorado. Assim, se constitui em um tipo de pesquisa
muito específica, sendo comum assumir a forma de um estudo de caso.
Nesse tipo de pesquisa, haverá sempre alguma obra ou entrevista com
pessoas que tiveram experiências práticas com problemas semelhantes ou
análise de exemplos análogos que podem estimular a compreensão.

Richardson (1999, p. 102) destaca que "o objetivo fundamental da


pesquisa qualitativa não reside na produção de opiniões representativas e
objetivamente mensuráveis de um grupo; está no aprofundamento da
compreensão de um fenômeno social por meio de entrevistas em
profundidade e análises qualitativas da consciência articulada dos atores
envolvidos no fenômeno". A presente pesquisa se configura como estudo de
campo devido a semelhança de suas características como a coleta de dados
e profundidade em um grupo de pessoas. A pesquisa quantitativa é aquela
cuja apresentação do resultado é feita através de dados numéricos e nele é
feita análises estatísticas, empregando ferramentas de análise como média,
gráficos, coeficiente de correção entre outros A presente pesquisa é
analisada através de resultado de respostas em formulário, sendo sua análise
feita por gráficos numéricos caracterizando assim a pesquisa como
abordagem quantitativa. Segundo Bauer e Gaskel (2002, p. 24), muitos
esforços foram despendidos na tentativa de justapor pesquisa quantitativa e
qualitativa como paradigmas competitivos. No entanto, os autores defendem
que isso não é possível, uma vez que não há quantificação sem qualificação,
bem como não há análise estatística sem interpretação. Seguindo esse
raciocínio, Vidich e Lyman (2006, p. 40) destacam: "[...] todos os métodos de
pesquisa são, no fundo, qualitativos [...]; o emprego de dados quantitativos ou
de procedimentos matemáticos não elimina o elemento intersubjetivo que
representa a base da pesquisa social"

Portanto, este estudo teve como objetivo encontrar uma resposta para
um problema de pesquisa, com o objetivo de validar as escolhas feitas pelos
empreendedores varejistas em relação ao endividamento durante a pandemia
de covid-19, em Camaçari, Bahia. Para tanto, será utilizada como instrumento
de pesquisa, uma entrevista semiestruturada, que é um é um método de
coleta de dados que se baseia em fazer perguntas dentro de um quadro
temático pré-determinado. Segundo Lakatos, a entrevista semiestruturada é
um processo educacional, de acompanhamento e controle, que visa alcançar
desempenho profissional da mais alta qualidade. Uma das características da
entrevista semiestruturada é a utilização de um roteiro previamente
elaborado. De acordo com Gil (1999), na entrevista semiestruturada, “o
entrevistador permite ao entrevistado falar livremente sobre o assunto, mas,
quando este se desvia do tema original, esforça-se para a sua retomada”.
Assim, podemos dizer que a entrevista semiestruturada consiste em um
modelo de entrevista flexível, o que significa que ela possui um roteiro prévio,
mas abre espaço para que o candidato e entrevistador façam perguntas fora
do que havia sido planejado.

O público-alvo para aplicação do questionário serão empreendedores


da região metropolitana de Salvador, Camaçari-BA. A faixa etária do público-
alvo para o presente estudo foi de jovens e adultos entre 21 e 50 anos,
período da vida em que é possível obter vínculo empregatício e ter acesso a
crédito no mercado financeiro. Além disso, será preciso estar, no momento da
pesquisa, vinculado a uma empresa, CNPJ ou negócios do setor varejista na
região metropolitana. No total serão desenvolvidas 15 (quinze) questões,
organizadas em 3 (três) blocos: O primeiro bloco aborda questões sobre as
motivações dos empreendedores, ou seja, o que os levou a iniciarem seus
negócios. Além disso, nesse bloco também faremos levantamento sobre o
nível de instrução e conhecimento desses profissionais em relação a gestão
financeira. O segundo bloco trata sobre as principais fontes de recursos
utilizadas por esses empreendedores para o financiamento das suas
atividades. Por fim, o terceiro bloco trará questões relacionadas aos desafios
enfrentados pelos entrevistados durante o período pandêmico, bem como
suas estratégias para superar essas dificuldades.

As entrevistas foram realizadas através de formulário desenvolvido na


plataforma Google Forms, contendo perguntas com múltiplas escolhas e
perguntas com espaço para resposta dos entrevistados, divulgado pelo
WhatsApp. As entrevistas foram realizadas durante o mês de novembro de
2023. Os dados inicialmente obtidos por meio do Google Forms foram
tratados por meio de planilhas dinâmicas, analisados e apresentados em
gráficos e tabelas, com a finalidade de cumprir os objetivos propostos e
responder a problemática levantada.

ANÁLISE DE RESULTADOS

Essa seção apresenta os resultados da pesquisa realizada por meio de


entrevista semiestruturada aplicada aos micros e pequenos empreendedores
varejistas do município de Camaçari, no período compreendido entre os dias
15 e 25 de novembro de 2023. Ressalta-se que a população na data de
realização da pesquisa totalizava 10.455 profissionais e que na aplicação do
formulário, tanto via rede social quanto presencialmente, foram entrevistados
11 empreendedores.

5.1 Perfil dos entrevistados

A amostra do artigo foi composta por 11 micro e pequenos


empreendedores dos quais 63,6% são do sexo feminino e 36,4% são do sexo
masculino. Desse público total, 36,4% dos entrevistados possuem idade de
21 a 30 anos, 36,4% possuem idade de 41 a 50 anos e os outros 27,3%
possuem idade de 31 a 40 anos. Dos profissionais respondentes, 72,7%
afirmam estar cursando ou já ter concluído uma graduação, 9,1% afirmam ter
ensino médio completo, 9,1% dizem ter graduação completa e os 9,1%
restante possuem ensino fundamental incompleto.
Fonte: Extraído dos resultados do formulário, no Google Forms

5.2 Motivações e conhecimentos

A partir da análise da amostra, partindo da questão “Você se considera


um empreendedor por necessidade ou por estratégia de renda extra?”, foi
percebido que a maioria (45,5%) dos entrevistados se consideram
empreendedores por estratégia, 36,4% se consideram empreendedores por
renda extra, 9,1% por necessidade e 9,1% se consideram empreendedores
por natureza.
Em relação a conhecimentos de gestão financeira, 54,5% dos
respondentes alegaram não possuir conhecimentos de gestão financeira
antes de começar a empreender e 45,5% disseram possuir conhecimentos
antes de começar seus negócios.
Quando questionados sobre o nível de conhecimento de administração
financeira e gerencial, 54,5% dos respondentes disseram possuir bons
conhecimentos na área obtidos através de meio formal (graduação, curso
técnico, entre outros), 27,3% alegaram ter bons conhecimentos de
administração financeira e gerencial obtidos através da vivência na área e
18,2% disseram não possuir conhecimentos na área.

Fonte: Extraído dos resultados do formulário, no Google Forms


5.3. Mapeamento e controle das dívidas

Em relação ao endividamento desses empreendedores, 72,7% dos


entrevistados afirmaram não ser vantajoso fazer uma dívida para pagar outra,
contraposto a 27,3% que responderam ser vantajoso. Além disso, a maioria,
ou seja, 81,8% dos empreendedores responderam que conseguiam mapear
suas dívidas, enquanto 18,2% disseram não conseguir realizar esse
mapeamento.

Fonte: Extraído dos resultados do formulário, no Google Forms

Além disso, 90,2% dos respondentes disseram possuir controle das


dívidas de maneira organizada e eficiente, contra 9,8% que disseram não ter
controle das dívidas. Nesse sentido, foi perguntado se os empreendedores
possuíam índice de apuração e acompanhamento de suas dívidas, dos quais,
63,6% disseram que sim e 36,4% negaram possuir esse índice.

Fonte: Extraído dos resultados do formulário, no Google Forms

5.4. Fontes de financiamento

Quando perguntados sobre a(s) principal(is) fonte(s) de financiamento


dos seus negócios, 40% dos empreendedores disseram optar por
antecipação de recebíveis, seguido de empréstimo bancário (30%) e crédito
para capital de giro (20%). Esses resultados coadunam, em certo ponto, com
a pesquisa realizada pelo SEBRAE (2023), a qual diz que o empréstimo
bancário é a segunda fonte de financiamento mais utilizada por micro e
pequenos empreendedores.

Fonte: Extraído dos resultados do formulário, no Google Forms

Perguntamos aos entrevistados se eles já haviam utilizado alguma das


formas de financiamento alternativas existentes no mercado: 80% dos
empreendedores disseram que não e apenas 20% afirmaram já ter utilizado
formas de financiamento alternativas.
Quando perguntados sobre a possibilidade de buscar investidores
externos para sua empresa, 100% dos empreendedores responderam que
não. Apesar disso, quando perguntados se o acesso a fontes de
financiamento adequadas era um fator crítico para o sucesso de suas
empresas, 60% dos entrevistados responderam que sim e 40% disseram não
ser um fator crítico.

5.5. Impactos da pandemia e estratégias de gestão financeira

Nessa seção, através de perguntas abertas, buscamos compreender o


impacto vivenciado pelos micros e pequenos empreendedores varejistas de
Camaçari, durante a pandemia. Perguntados se acreditavam que as
estratégias de gestão financeira adotadas durante a pandemia seriam úteis
para o futuro de suas empresas, 81,8% dos empreendedores afirmaram que
sim e apenas 18,2% disseram que não. Em relação às estratégias financeiras
mais utilizadas pelos empreendedores durante o período de isolamento
social, destacamos a venda por e-commerce e redes sociais e o uso de
ferramentas digitais, de modo geral. Em relação aos principais desafios
enfrentados durante a pandemia, se destacam, dentre as demais respostas
dadas pelos entrevistados, falta de crédito, redução de receitas e necessidade
de reestruturar suas operações e encerramento das atividades por parte dos
clientes, consequentemente, comprometendo o faturamento. Por outro lado,
um número expressivo de respondentes (36%), disse não ter enfrentado
problemas durante o período pandêmico.

Nesse bloco de perguntas, também perguntamos sobre a


reestruturação dos negócios pós pandemia e sobre a possibilidade de
renegociação de dívidas adquiridas durante o período pandêmico. A maioria
dos entrevistados se referiu ao processo de recuperação dos negócios como
“lenta”, “complexa” e “difícil”, o que corrobora com pesquisa realizada pelo
SEBRAE, em 2020, que diz que mais de 89,9% das empresas foram afetadas
pela pandemia, sendo que muitas tiveram que fechar as portas
temporariamente ou mudar a forma de atendimento. Em relação a negociação
das dívidas, 63,6% dos entrevistados disseram não ter considerado a
possibilidade de renegociar suas dívidas com fornecedores e instituições
financeiras.

Nesta análise foi identificado que os resultados analisados corroboram


com o contexto apresentados no presente artigo, porém que as percepções
desses empreendedores diante as questões apresentadas de endividamento
durante a pandemia ainda é uma temática que estão em construções. De
maneira unanime uma grande percepção foi que a pandemia mostrou para
esses microempreendedores que para manter os seus empreendimentos é de
necessidade urgente de investimento em capacitação, inovação, gestão
financeira e estratégia para se manter no mercado para superar os impactos
da pandemia e novos desafios econômicos que podem surgir no mercado
para as MPEs.

CONCLUSÃO
O estudo teve como objetivo analisar sobre a percepção dos micros e
pequenos empreendedores varejista sobre o endividamento durante a
pandemia de covid-19, em Camaçari, na Bahia de uma amostra de 11 micro e
pequenos empreendedores, foram disponibilizadas 15 perguntas com a
finalidade de identificar a percepção desses empreendedores diante a crise
economia causada pela pandemia.
Foi fundamental buscar o perfil desses empreendedores e identificar a
relevância da gestão financeira para uma administração efetiva dos negócios
gerais da empresa, a um contexto fundamental na origem das MPEs, que são
a sobrevivência de famílias de classe média e baixa, esses
microempreendedores iniciam suas empresas pela falta de renda fixa, como
trabalho de CLT, temporário ou qualquer modalidade de trabalho. Dessa
maneira, os conhecimentos necessários para o gerenciamento do
empreendimento acabam sendo deficitários e precários, o que resulta em
negociações e escolhas financeiras precipitadas que geram o endividamento.
Cabe ressaltar que essas são apenas algumas das condições gerais de
endividamento das micro e pequenas empresas na Bahia.
Diante as questões de estrutura financeira e de gestão de negócios as
MPEs, também foram possíveis verificar que as empresas foram afetadas
negativamente com a pandemia do COVID-19, interrompendo
temporariamente as operações. Em um cenário caótico da crise econômica
enfrentada pelas MPEs no Brasil que demostrou os detalhes e situações
financeiros e de gestão das empresas e seus conhecimentos em
administração financeira e contábil. dos impactos do contexto pandêmicos
que, dentre outras coisas, se destacam a queda nas vendas, com o
fechamento de lojas e restrições de circulação de pessoas, muitas MPEs
foram obrigados a suspender suas atividades ou tiveram uma queda
significativa em suas vendas. Dificuldade de acesso ao crédito, a falta de
fluxo de caixa e pensamentos sobre o futuro tornou mais difícil para as MPEs
obterem crédito junto às instituições financeiras.
Muitas não tiveram acesso aos programas de apoio governamental e,
consequentemente, tiveram dificuldade em se manter financeiramente
durante a pandemia. Muitos consumidores passaram a preferir fazer compras
online e evitar aglomerações em estabelecimentos, o que afetou diretamente
as MPEs que não estavam preparadas para essa modalidade de venda.
Aumento de custos e adaptação para cumprir as medidas sanitárias e
distanciamento social impostas, as MPEs tiveram que se adaptar rapidamente
e implementar novas medidas, como fornecer equipamentos de proteção
individual, reorganizar o layout da loja e investir em tecnologia para viabilizar
o trabalho remoto, além de gastos operacionais como um todo. Redução de
funcionários e demissões para se adequarem à nova realidade econômica,
muitas MPEs tiveram que reduzir sua força de trabalho ou demitir
funcionários.

As medidas adotadas para conter a propagação do vírus e a crise


econômica causada por ela afetaram essas empresas, que são importantes
geradoras de emprego e renda. Medidas de apoio econômico foram
implementadas para ajudar essas empresas a atravessarem esse período
difícil, mas a incerteza sobre a duração da crise e seus desdobramentos
dificulta a previsão dos desafios a longo prazo.
Os resultados do estudo demonstram que os empreendedores, em
maior parte (81%), se acreditavam que as estratégias de gestão financeira
adotadas durante a pandemia seriam úteis para o futuro de suas empresas.
Contudo, identificou-se que os impactos causados durante a pandemia do
covid-19 aos empreendedores ainda é uma discussão em aberto, a amostra
coletada nas entrevistas demostram um contexto ainda pouco mensurado
pelos micros e pequenos empreendedores de Camaçari, ao apresentar a
entrevista para grupos de empreendedores da região muitos não souberam
responder as perguntas especificas sobre endividamento e quais eram sua
percepção durante a pandemia sobre a questão apresentada outros tiveram
resistência a entrevista por desconhecimento dos processos metodológicos
de pesquisas.
Apesar da unanimidade de entendimento sobre a relevância dos
conhecimentos de gestão financeira e controles de endividamento para um
empreendimento na pesquisa, que a disfunções da cultura organizacional
desses negócios e perfil desses empreendedores ainda se sobrepõe a
magnitude que a temática tem no dia a dia para as MPEs. Se mostram, ainda
que sem conhecimentos mais aprofundados, conscientes de seus desafios
como gestores de empreendimentos, no entanto, as ações que são tomadas
a partir da necessidade e/ou desejo, sem fundamento aprofundado dessa
questão e pensado, na maioria dos casos, em curto prazo por uma questão
de sobrevivência do empreendimento.

REFERÊNCIAS

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como instrumento de gestão. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do
Conhecimento, p. 49–70, 2021.

Análise dos impactos da pandemia da covid-19 na gestão financeira de


uma pequena empresa varejista: estudo de caso Analysis of the impacts
of the covid-19 pandemic om the financial management of a sala retail
company: case study Linha de pesquisa: GESTÃO FINANCEIRA Camila
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Análise dos impactos da pandemia da covid-19 na gestão financeira de


uma pequena empresa varejista: estudo de caso Analysis of the impacts
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Pires Ribeiro Profa. Dra. [s.l: s.n.].

BRAGA, K.; PEREIRA PORTO, R. Acompanhamento da política creditícia


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Dificuldades e Perspectivas de Acesso ao Sistema Financeiro Nacional
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Henrique Cordeiro Martins 2 Alessandro Flávio Barbosa Chaves3. [s.l:
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Superior de Tecnologia em Gestão Empresarial 2 Docente do Curso
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LARISSA. Endividamento atinge patamar recorde nas empresas


brasileiras em 2021, aponta estudo inédito da. Disponível em:
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Conheça as fontes de financiamento e as principais linhas de crédito -


Sebrae.2022. Disponível em:
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financiamento-e-as-principais-linhas-de-
credito,7475a8ce76801510VgnVCM1000004c00210aRCRD>. Acesso em: 17
set. 2023.

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