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ESTÉTICA DA RECEPÇÃO E A TEORIA DO EFEITO

Maria Adriele Oliveira de Brito


Maria Erica Passos Olivindo
Geovana dos Santos Passos
Gustavo Silva de Medeiros
Tamires Souza Ribeiro

Resumo
Esse presente estudo procura mostrar, mediante à pesquisa bibliográfica e método
descritivo, um breve estudo sobre a Teoria da Recepção e do Efeito. Apesar de que tal
assunto já tenha sido debatido por inúmeros teóricos e estudiosos, esse artigo
buscará transmitir de maneira clara e objetiva os conceitos pertinentes à temática,
servindo este, até mesmo como uma fonte de pesquisa. Neste sentido, foram
abordados alguns críticos literários relevantes como Hans Robert Jauss e Wolfgang
Iser com a finalidade de fornecer um melhor embasamento teórico. Utiliza-se uma
estrutura formada inicialmente por uma breve introdução sobre o tema, seguida pelo o
desenvolvimento teórico destacando o leitor como agente ativo nos processos de
interpretação e compreensão das obras literárias. Por último, mas não menos
importante, será apresentada a conclusão final do presente trabalho.
Palavras-chave: Estética da recepção. Teoria do efeito. Hans Robert Jauss.
Wolfgang Iser

1.INTRODUÇÃO

No decorrer dos anos, a Literatura tornou-se um foco constante de inúmeras


teorias e foi sendo articulada com áreas distintas do conhecimento, como a
sociologia, a psicanálise, entre outras. A estética da recepção originou-se na
Europa devido à respeitáveis teóricos, dentre os quais destacam-se os
escritores e críticos literários alemães Wolfgang Iser e Hans Robert Jauss.
Graças a conferência realizada na Universidade de Constança por Jauss, no
século XX, a estética da recepção se concretizou como teoria literária e
assim, desempenhou influências na elaboração de perspectivas que, mesmo
inovadoras, ainda apresentavam caráter estruturalista.
Iser centraliza seus estudos na leitura individual, ao passo que Jauss
concentra suas pesquisas na recepção coletiva de determinada produção
textual. Nesse sentido, a Teoria do Efeito desenvolvida por este primeiro
teórico observa as consequências provocadas no receptor e ressalta a
importância da leitura para elevar a criticidade do destinatário. Para ele, a
verdadeira finalidade literária não ocorre somente pelo texto ficcional ou
compreensão subjetiva, mas a relação dialógica entre ambos.
A estética da recepção se delimita como uma teoria adequada para lidar
com a ideia de que o texto se constrói em sentidos através do leitor, contudo,
ela não é um fato individual, mas sim, um social, coletivo. Ao ser absorvida, a
obra ocasiona certo efeito sobre seus destinatários simultaneamente em que
sofre um processo histórico, sendo recebida e interpretada de modos
diferentes com o passar do tempo. Dito isso, a produção escrita deve atender
às expectativas do público alvo.
A abordagem dessa teoria analisa a Literatura enquanto produção, recepção
e comunicação, isto é, a relação entre autor, obra e leitor. Este último, afetado
por fatores ideológicos, sociais, psicológicos, culturais e afins, contribui para
dar significação ao texto. Deste modo, ocorre uma mudança considerável no
objeto de interesse: o leitor passa a ser visto como elemento de relevância
indispensável. O posicionamento dos receptores somente é possível por meio
das interpretações que a obra permite.
Dentro desse contexto, cada receptor traz consigo uma bagagem de
experiências e conhecimentos já adquiridos em si mesmos e possui pré-
definições do que anseia e espera encontrar na leitura. Contudo, é
imprescindível que o contato com a obra o liberte das suas pré-concepções.
Ocasionar a transformação e a reconstituição de perspectivas e
posicionamentos sobre o leitor é, por conseguinte, cumprir o intento do efeito
estético da arte literária.

PRESSUPOSTOS DA ESTÉTICA DA RECEPÇÃO: HANS


ROBERT JAUSS E WOLFGANG ISER
A estética da recepção possui dois grandes nomes, cujo o principal foco é
formular uma reflexão sobre o leitor, algo que pudesse dar sentido, em um
período que se tomava como firme a capacidade do produtor textual de
pensar e escrever com independência. O leitor foi reconhecido em seu papel
ativo na constituição do sentido de uma obra literária, de modo a não se
limitar a um único sentido, mas sim que estivesse envolvido em um processo
dinâmico com o texto.
Esta corrente crítica pode ser percebida pelo grande número de pesquisas
sobre o leitor que a tomam como referência. No entanto, os pesquisadores
envolvidos não foram os primeiros ou os únicos a tratarem do leitor. A
importância da estética da recepção se deve menos ao pioneirismo, e mais à
sistematização de uma reflexão em torno do leitor. Nesse sentido, destacam-
se dois nomes: Wolfgang Iser e Hans Robert Jauss. De uma forma geral
podemos considerar que o primeiro estaria mais centrado em discutir a leitura
como um fenômeno individual e o segundo como ato coletivo. Em uma de
suas conferências, com o título “Provocação”, Jauss acabou por se tornar
marco inicial do que mais tarde ficaria conhecido como Estética da recepção.
Por sua vez, Aristóteles já havia se preocupado em definir a qualidade da
obra artística, a partir da experiência vivida pelo leitor, colocando o receptor
como parte integrante da obra. Assim, se a preocupação com o receptor, com
a experiência vivida pelo leitor da obra de arte, esteve mais ou menos
presente desde a época de Aristóteles, foi a partir de Jauss que ela ganhou
sistematização. Este foi um dos pontos que antecederam a Jauss.
Jauss buscava destacar precisamente a necessidade de pensar a recepção
em uma perspectiva histórica. No livro intitulado “A História da literatura como
Provocação à teoria literária”, ele aponta os motivos pelos quais a história
literária vinha se distanciando dos estudos da estética. Para tratar essa
questão, o autor recorre a duas correntes: a formalista e a marxista,
considerando que apesar de diferentes, “ ambas tentaram resolver o
problema de como compreender a sucessão histórica das obras literárias
como o nexo da literatura” (JAUSS,1994,p.15). Hans Robert Jauss não
aprovava a corrente formalista, já que o resultado dessa perspectiva analítica
consiste na concepção da obra artística, encarando a obra apenas do ponto
de vista linguístico e estrutural, tornando o ato da criação artística o resultado
de uma experiência empírica. Dessa forma, essas estruturas seriam
responsáveis pelo efeito causado no leitor. Já em sua concepção marxista,
ele destaca que tal modelo interpretativo julga a obra de arte partindo de uma
concepção firmada apenas nas ciências sociais, fazendo assim a ligação
entre a obra e sua realidade social.
O papel do leitor só é efetivado quando ele alinha sua perspectiva à do
materialismo histórico. Sendo assim, a reflexão acerca da teoria marxista
resulta de um processo no qual o texto mostra as relações de classe e as
implicâncias dos fatos no estabelecimento do poder, exibindo a obra de
qualquer valor estético. Jauss ainda pontua que:
[...]muito precariamente a literatura admite ser remontada a fatores do
processo econômico, pois a mudança estrutural dá-se com muito maior
lentidão na “infraestrutura” do que na “superestrutura”, e o número de
determinantes verificáveis é muito menor na primeira do que na última.
Somente uma porção reduzida da produção literária é permeável aos
acontecimentos da realidade histórica, e nem todos os gêneros possuem
força testemunhal à “lembranças dos motivos constitutivos da sociedade”
( JAUSS,1994, p.16).
Dessa maneira, percebe-se que o efeito sobre o público vai depender do
modo de como a obra corresponde ou se distancia da expectativa da época.
Portanto, conclui-se que sua teoria está, assim, baseada em princípios
modernistas de literatura, com a valorização da ruptura, compondo o
paradigma de trabalho da recepção de Jauss.
Wolfgang Iser, outro nome fundamental da estética da recepção, considera a
leitura como um processo dinâmico, já que o efeito produzido está ligado à
materialidade do texto e no outro a subjetividade do leitor. Isso significa que
não há propriamente um sentido que poderia ser apreendido por um leitor
passivo, mas tampouco há plena liberdade para o leitor entender algo que
não esteja previsto no texto. Não se trata, portanto, de um leitor real, mas de
um receptor que atua sobre uma estrutura textual. Nas palavras de Iser: “Este
conceito de leitor implícito designa uma rede de estruturas propulsoras de
respostas, que impede o leitor a ‘apreender’ (grasp) o texto” (ISER, 1996, p.
34). Seus estudos não consideram o texto como um produto acabado, mas
sim oferece ao texto uma concepção mais dinâmica.
Ainda vale ressaltar que há uma congruência entre a teoria de Jauss e Iser
no sentido de que nem toda leitura ou interpretação é válida. Embora cada
leitor reaja de uma forma diferente a um mesmo texto, a interpretação partirá
do que é dado por esse texto e da capacidade dialógica desse leitor com as
vozes presentes no texto. Segundo Barnow, o avanço alcançado por Iser,
estaria na realidade, voltado ao texto e não ao leitor, seu foco de discussão. É
como se houvesse uma suspeita em relação ao leitor que não se adequasse
aos espaços deixados pelo texto, como Iser previa.
Dado o exposto, feito através de pesquisas, com base no leitor e na leitura, é
possível perceber , que nem sempre a suposta liberdade dada ao leitor é, de
fato, efetiva. Jauss, ao resgatar uma perspectiva histórica para a recepção
considera que devem ser valorizadas as obras que romperam com o “
horizonte de expectativa” de sua época. Com isso, ele expõe em sua teoria
uma determinada concepção de literatura do leitor privilegiado. Iser, por sua
vez, foca no ato individual da leitura, tem a função de evidenciar que o sentido
do texto não existe sem o leitor, o qual, tem liberdade limitada apenas nas
lacunas deixadas pelo texto, no caso os textos modernistas

QUEM É O PRECURSOR DA ESTÉTICA DA RECEPÇÃO?


A estética receptiva é baseada nos postulados do fenomenólogo Roman
Ingarden, no estruturalismo da escola de Praga - notadamente Jan
Mukarovsky e Félix Vodicka - e na hermenêutica do filósofo alemão Hans
Georg Gadamer. Antes de Jauss e do Iser, outros movimentos teóricos
tratavam de aspectos da receptividade. É sabido que foi Aristóteles (384 –
322 aC.) o mais remoto precursor da Estética da Recepção. Foi este
pensador grego que conferiu ao receptor e ao efeito sobre ele causado pela
obra uma importância que só voltará a se manifestar significativamente no
século XIX e sobretudo no século XX.
A ESTÉTICA DA RECEPÇÃO E O DESENVOLVIMENTO DO
LEITOR LITERÁRIO
A literatura é uma das expressões artísticas que permitem transformar e
libertar as pessoas e a sociedade. Conforme afirma o Guia do Programa do
Paraná (2008), como produção humana, está intrinsecamente ligada à vida
social, faz parte da cultura, tradição e conhecimento de uma nação. Permite
mergulhar no mundo de imaginários, permite reflexão e catálise, atua como
fator de forma e retrata os mais diversos segmentos da sociedade. Cândido
explica que essa humanização é um processo que envolve uma série de
pontos, como o refinamento da sensibilidade estética, a reflexão, a
capacidade de apreciar e compreender as complexidades do mundo e o mais
importante, nos permite conectar ao próximo mundo, visualizando diferentes
perspectivas de vida. Em Cereja (2005), a literatura, além de seu papel
humano, possui propriedades formativas que, de certa forma, podem ser
inferidas das falas de Candido: Não se pode esquecer que o texto literário é
um rico material tanto para a aquisição de conhecimento quanto para a
discussão e reflexão em torno de temas que envolvem estar do ser humano
no mundo. Ele tem, portanto, um papel formador, pedagógico. Em síntese,
tem um papel “humanizador” (CEREJA, 2005. p. 188). É importante sublinhar
que esta figura figurativa é instrumental e não pragmática, uma vez que não
priva a obra de arte de seu objetivo principal que é a realização estética.

TEORIA DO EFEITO
A estética da recepção e a teoria dos efeitos atribuem ao leitor um papel
primordial já que a primeira está na recepção e a segunda na interação com o
texto literário. Em outras palavras, a interpretação não depende apenas do
leitor, uma vez que é estimulada pelo que a obra apresenta, mesmo que cada
interlocutor construa sentido de acordo com sua própria experiência. Segundo
o Guia do Estado do Paraná (2008, p. 283), essas teorias “podem servir de
suporte teórico para a construção de uma reflexão válida sobre a literatura,
levando em consideração o leitor e seu grau de escolaridade”. A partir dos
estudos de Jauss e Iser, as professoras Maria da Glória Bordini e Vera
Teixeira de Aguiar desenvolveram o método de recepção. Esta não é a
versão brasileira dos Estudos Pioneiros da Alemanha, pois o método visa
tornar prática a estética da recepção e a teoria dos efeitos, oferecendo
artigos. Leitura crítica e completa, recepção pelos alunos de novos textos,
investigação e transformação dos seus horizontes esperados. Com base nas
pesquisas de Jauss e Iser, o Método de Recepcional (Hospedagem) busca
formar um leitor ativo, oferecendo momentos de debates, reflexões sobre a
obra lida, permitindo que os alunos ampliem os horizontes esperados. Entre
os objetivos desta abordagem: realizar leituras compreensivas e críticas,
absorver novos textos e leituras de outros, questionar as leituras feitas em
relação aos seus próprios horizontes culturais, transformar horizontes de
expectativa. O método de aceitação é dividido em cinco etapas listadas a
seguir, conforme sugerido pelo Guia Curricular do Estado do Paraná: 1)
identifica o horizonte esperado do aluno / leitor; 2) atingir o horizonte de
espera de; 3) romper o horizonte de expectativas;) questionar o horizonte de
espera de ; 5) ampliar o horizonte de expectativas.

AS SETES TESES DE JAUSS


Para fundamentar sua teoria Jauss se utilizou de setes teses que tem por
objetivo unir a história e a estética, as quatro primeiras teses fazem referência
a estética literária esta que diz respeito aos mecanismos utilizados pelo artista
para lapidar as palavras assim como um escultor faz em bloco de pedra, seu
objetivo é tentar proporcionar um efeito emocional ou um sensação de prazer
ao receptor, as três últimas estão relacionadas a história literária que para
Jauss tem como objetivo unir a historicidade das obras as qualidades
estéticas, sem deixar que uma tenha mais importância que a outra e ambas
andam lado a lado.
A primeira tese, corresponde a historicidade da literatura e mostra que ela
não se dá pela cronologia relacionada a sucessão de fatos, mas sim, pelo
diálogo dinâmico que é estabelecido entre a obra e o leitor sendo esse, o fator
primordial da literatura, portanto, a historicidade só existe por meio da
atualização literária.
Na segunda tese a experiência literária do leitor é o fator crucial pois,
pressupõe um saber prévio tanto de experiências de leitura quanto de vida,
esse saber é o que determina como possivelmente possa ser a recepção do
leitor podendo acionar uma determinada postura emocional e individual
daquilo que é novo, apresentado pela literatura, que dialoga com as
experiências existentes e ajuda a despertar lembranças é desse modo que a
recepção se torna um fator social e histórico já que as relações subjetivas
agora também são parte da leitura e se tornam semelhantes a de outros
homens que vivem no mesmo grupo social atingindo o horizonte de
expectativas, que em sua dimensão é algo que se realiza no presente mas
nunca foi experimento e está atrelado ao limite do que é visível e pode sofrer
alterações e mudanças conforme as perspectivas do leitor. O horizonte de
expectativas é o responsável pela primeira reação que o leitor tem ao ter
contato com a obra, pois se encontra na consciência individual e funciona
como um saber já construído previamente em sociedade.
A terceira tese, faz referência a distância estética, segundo ela o texto pode
satisfazer o horizonte de expectativas do leitor ou provocar um estranhamento
e rompimento desse horizonte já que o caráter estético dos textos é
determinado por quem lê considerando as diferentes épocas em que a obra
foi lida. Essa distância entre as expectativas é nominada por Jauss como
"distância estética" e é ela que determina o caráter artístico de uma obra e
considerando que o horizonte de expectativas varia com o decorrer do tempo
pode-se dizer que uma obra que surpreendeu pela novidade em determinado
período, pode se tornar algo comum e sem grandes atrativos para leitores
posteriores, por esse motivo, o autor acredita que as grandes obras serão
sempre aquelas que conseguirem provocar leitores de todas as épocas
permitindo assim que novas leituras sejam feitas durante vários momentos
históricos.
Com a quarta tese, Jauss tem como objetivo examinar as relações atuais
que o texto pode ter com a época de sua publicação, tendo em vista que os
sentidos de um texto são construídos ao longo da história. O tempo histórico
do leitor pode influenciar na construção de sentidos para a obra e por isso é
importante averiguar qual era o horizonte de expectativas até então e quais
as necessidades do público que foram atendidas. Só é possível compreender
um texto quando antes de tudo compreendemos a resposta para qual ele foi
feito, resposta essa que se dá na reconstrução do horizonte de expectativas,
aspecto fundamental para construir sentido que pode variar entre a recepção
do passado e a atualização do presente. Dessa forma, o modelo proposto por
Jauss “liberta” a literatura do confinamento de obras de um determinado
período.
A quinta tese, diz respeito a recepção da obra ao longo do tempo não
podendo ser determinado apenas pela razão de sua recepção inicial, mas
deve ser analisado junto ao diálogo com leituras anteriores, leituras
posteriores modificam a obra e a colocam em um momento diferente daquele
em que foi produzida. Esse pressuposto demonstra que o valor de um texto
transcende sua época de aparição e o novo não é apenas uma categoria
estética, mas histórica, uma das principais proposta da Estética da Recepção
é o diálogo entre diacronia e sincronia, que utilizamos para realizar o
processo de compreensão total de uma obra, são nos pontos de intersecção
entre elas que encontramos a historicidade da literatura. Essa tese, portanto,
considera o aspecto diacrônico da obra.
A sexta tese, se fundamenta a partir do aspecto sincrônico, sincronia, no
entender de Jauss é um fator importante para a compreensão de alguns
aspectos específicos da história literária da obra, que ao ser comparada com
outras de um mesmo período histórico, demonstra a “evolução literária"
priorizando um gênero em relação a outros contemporâneos, essa tese
procura um ponto de articulação entre obras produzidas na mesma época e
que possam provocar rupturas e consequentemente novos rumos na
literatura. Vale relembrar que para que seja melhor o entendimento da
historicidade de uma obra é necessário o encontro dos aspectos diacrônico e
sincrônico.
Na sétima e última tese, são observados os aspectos diacrônico e sincrônico
e tenta romper o seu horizonte de expectativas com experiências cotidianas
do leitor o que possibilita uma visão crítica quanto a leitura da obra, essa
relação entre literatura e vida, por seu caráter emancipador, abre novos
caminhos para o leitor no âmbito da experiência estética, pois, considera além
do efeito estético da obra, também o seu efeito ético e psicológico. O fato de o
leitor conseguir por meio da literatura perceber os aspectos de sua prática
cotidiana de modo diferenciado é o que justamente provoca a experiência
estética, a contribuição literária na vida social se dá justamente quando, por
meio dela e das representações que promove, uma queda de tabus da moral
e oferecem ao leitor possíveis soluções para os problemas de sua vida.

CONCLUSÃO

Em vista disso, dos argumentos apresentados a estética da recepção está


ligada as precisão do ser humano de ultrapassar os limites da realidade
fazendo com que possa existir uma maior interação entre o texto e o leitor. A
experiência estética se concretiza quando a obra estabelece um processo de
comunicação com o leitor, possibilitando uma identificação da
contextualização.

É notório que as ideias de Jauss (1994), em virtude da estética da recepção


contribuíram de modo relevante para a reformulação das questões literárias
de cunho historiográfico e estético, permitindo ao leitor enquanto entidade
coletiva, o exercício de determinar os parâmetros de recepção de cada época.

Já a teoria do efeito, elaborada por Iser(1996), sucede contribuições de


maior relevância aos estudos literários, pois visualiza a leitura como um
processo de comunicação, um diálogo de vozes que se interligam no ato da
leitura: autor, texto e leitor. O leitor, neste aspecto se se torna atuante, pois,
ao interagir com a estruturação do texto literário, além de sofrer seus efeitos,
e agir sobre eles.

Tanto a estética da recepção como a teoria do efeito reviveram os


fundamentos da teoria literária ao fazerem elevar-se a figura do leitor com
elemento participativo. Portanto, conclui-se que as duas vertentes
contemplam a literatura como provocação, na medida em que permeiam que
o leitor busque novos sentidos, permitindo-o uma visão mais crítica e ampla,
tanto da obra literária como de sua própria identidade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ISER, Wolfgang. O ato de leitura: uma teoria do efeito estético. São Paulo:
Editora 34, 1996.

JAUSS, Hans Robert. A história da literatura como provocação à teoria


literária. São Paulo: Ática, 1994.

MORAIS, Julierme; FERNANDES, Renan. Hans Robert Jauss e os


postulados da estética da recepção: possíveis aplicações no campo de
pesquisa histórica com teatro e cinema. Iporá: Revista Sapiência,
V.1, .2,p.97-114- jul/dez 2012.

NAKAGOME, Patrícia Trindade. Da estética da recepção à recepção


estética. Vitória: REEL- Revista Eletrônica de Estudos Literários, s.3, ano
10,n.14, 2014.

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