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Resumo: Teorias da Leitura

Descrição:

 Abordagem dos estudos literários da leitura, incluindo Estruturalismo e leitura


literária, Estética da Recepção, Teoria do Efeito Literário, e relações Literatura-
Psicanálise.

Propósito:

 Ampliar a competência leitora e literária ao compreender diferentes métodos,


pressupostos e objetivos da leitura literária.

Preparação:

 Recomenda-se o uso de um dicionário de literatura para compreender o


vocabulário específico. Recursos online gratuitos incluem o E-Dicionário de
Termos Literários de Carlos Ceia e o Dicionário de Cultura Básica de Salvatore
D’Onofrio.

Objetivos:

Módulo 1: Estruturalismo e leitura literária:

 Identificar implicações dos preceitos estruturalistas para a concepção de leitura


literária.

Módulo 2: Estética da Recepção e Teoria do Efeito Literário:

 Identificar as propostas de Jauss e de Iser quanto ao papel produtivo da leitura


na teoria literária.

Módulo 3: Crítica literária e Psicanálise:

 Reconhecer as possibilidades de pensar a leitura literária a partir de conceitos


psicanalíticos.

Introdução:

 Destaca a participação intensa dos leitores na existência do texto literário,


exemplificada pelo livro "Cem Mil Bilhões de Poemas" de Raymond Queneau.
 Aponta a atenção teórico-crítica ao leitor que emergiu no século XX, explorando
diferentes vertentes teórico-críticas, como Estruturalismo, Estética da Recepção,
Teoria do Efeito Literário e Literatura-Psicanálise.
Conclusão dos Módulos:

1. Estruturalismo e leitura literária:


 Capacidade de identificar implicações dos preceitos estruturalistas na
concepção de leitura literária.
2. Estética da Recepção e Teoria do Efeito Literário:
 Habilidade de identificar as propostas de Jauss e de Iser sobre o papel
produtivo da leitura na teoria literária.
3. Crítica literária e Psicanálise:
 Competência para reconhecer as possibilidades de pensar a leitura
literária a partir de conceitos psicanalíticos.
Resumo: Contexto e Pretexto do Estruturalismo na Literatura

Contexto Histórico:

O Estruturalismo, enquanto abordagem teórica, é contextualizado historicamente,


respondendo a lacunas e tendências predominantes na crítica literária francesa antes de 1950.

Cenário Cultural Francês:

A França, no início do século passado, era um centro cultural influente, atraindo pensadores e
artistas de várias partes do mundo, incluindo figuras como Oswald de Andrade, Tarsila do
Amaral, Julia Kristeva e Tzvetan Todorov.

Características culturais, como prestígio do sistema de ensino e relação com o conhecimento,


influenciaram a busca por legitimidade social e institucional nos estudos literários.

Relação com Ciências Humanas:

O Estruturalismo refletiu esforços dos estudos literários para adquirir legitimidade,


aproximando-se das ciências humanas em ascensão, como Antropologia, Sociologia e,
especialmente, a Linguística.

Desafios Enfrentados:

Houve uma busca por ser percebido como uma ciência "séria", resultando em rigor nas
metodologias de análise e na delimitação precisa do objeto de estudo.

Contraposição às Tendências Anteriores:

Contrariou as principais tendências da crítica francesa da época, marcada por biografismo e


crítica engajada.
Crítica Engajada:

Representada por Jean-Paul Sartre, caracterizava-se por considerar a prosa como uma prática
normativa, atribuindo julgamentos de valor com base na capacidade de produzir mudanças no
mundo.

Biografismo:

Prática de ler obras literárias à luz da vida do autor, buscando decifrar códigos e significados
únicos, uma abordagem combatida pelo Estruturalismo.

Reação à Crítica Engajada e ao Biografismo:

O ensaio "A Morte do Autor" de Roland Barthes, publicado em 1968, argumenta contra a
necessidade de descobrir o autor para interpretar um texto, defendendo a autonomia da obra
sem a imposição de significados definitivos.

Em síntese, o Estruturalismo na literatura emergiu como uma resposta a contextos culturais e


teóricos específicos, desafiando práticas estabelecidas e buscando uma abordagem mais
científica e desvinculada de interpretações autorais.

Resumo: Referências, Propostas e Métodos do Estruturalismo na Literatura

1. Descrever x Explicar:
 Em contraposição à explicação do significado único e correto da obra, o
Estruturalismo concentra-se em descrever como o texto funciona
internamente para produzir sentidos.
2. Significância x Significado:
 Ao invés de atribuir um significado único a cada obra, o Estruturalismo vê
os textos como máquinas de produzir significação quase infinita,
validando múltiplos significados com base em elementos textuais,
estruturais e não em algo externo, como a vida do autor.
3. Intertextualidade x Filiação:
 Em vez de considerar a obra como produto da intenção do escritor, o
Estruturalismo vê o texto como uma rede de citações, referências e
presenças que ocorrem sem planejamento, permitindo ao leitor
incorporar suas próprias referências na leitura.
4. Leitura Ativa e Autonomia do Leitor:
 Com o Estruturalismo, a leitura deixa de ser subordinada às intenções do
autor. Barthes destaca que o lugar de construção de significados é a
leitura, não controlada pelo autor.
5. Relação com Saussure:
 O Estruturalismo tem raízes na linguística de Saussure, considerando a
língua como um sistema de signos. A abordagem imanente concentra-se
na análise estrutural interna, similar à visão saussuriana da língua como
sistema.
6. Abordagem Imanente de Jakobson:
 Roman Jakobson, formalista russo, investiga a estrutura verbal, inspirado
na visão de Saussure. A análise estruturalista se concentra nas relações
internas do texto em vez de interpretar seu conteúdo.
7. Perguntas Centrais da Análise Estruturalista:
 Questiona o que é próprio do conjunto textual, como ele se classifica,
quais procedimentos estéticos são percebidos, e busca entender como o
texto produz sentidos, não apenas qual é seu sentido.
8. Problemas e Lacunas:
 A busca por fazer dos estudos literários uma ciência levou a esquemas
classificatórios exaustivos, tabelas e abstrações. A abordagem
estruturalista abandonou a postura valorativa, o que ampliou o escopo
de objetos de análise, mas também levou a debates sobre a objetividade
e a falta de consideração de questões ideológica
Jauss: A Estética da Recepção

1. Objetivo Inicial:
 Conciliar abordagens históricas e estéticas da literatura.
 Destacar a importância da recepção e seu impacto.
2. Perspectiva Comunicacional:
 Vê a literatura como diálogo e processo.
 Leitor é participante fundamental desse diálogo.
3. Contextualização da Leitura:
 Múltiplos significados produzidos por leitores em contextos sócio-
históricos e estéticos.
 Contextos influenciam a leitura.
4. Horizontes de Expectativas:
 Noção vigente de gênero textual, formas e temas de obras familiares,
contraste entre linguagens.
 Variação conforme época e lugar, influenciando leituras.
5. Distância Estética e Valor Estético:
 Avaliação das obras pela distância entre horizonte de expectativas e
experiência provocada.
 Valoriza obras que quebram ou reorganizam o horizonte.
6. Dinâmica Histórica da Literatura:
 Literatura como série de sistemas, alterados pelas obras.
 Obras respondem a perguntas existentes, colocam novas questões.
7. Leitor e Horizonte Original:
 Leitura como atividade que envolve parâmetros compartilhados por um
grupo de leitores.
 Reconstituição do horizonte original ajuda a compreender as questões
que a obra se propôs a responder.
8. Sentidos Potenciais da Obra Literária:
 Significados não objetivos, atemporais, mutáveis conforme contexto e
leitura.
 Leitura como atividade produtora de significados.
9. Análise Diacrônica e Sincrônica:
 Considera o contexto de composição/publicação, a "série literária" e a
interseção entre diacrônico e sincrônico.

Iser: Teoria do Efeito Estético

1. Leitura como Interação:


 Obra literária é uma interação regulada e estruturada pelo texto.
 Falta de contato direto e objetivo comunicacional específico.
2. Leitor Implícito e Assimetria:
 Leitor é um papel no funcionamento do texto.
 Assimetria entre texto e leitor, com dispositivos textuais que guiam a
leitura.
3. Lacunas e Espaços em Branco:
 Lacunas motivam o leitor a preenchê-las.
 Estrutura tema/pano de fundo: alternância de temas e perspectivas ao
longo da leitura.
4. Leitura Dinâmica e Processo de Descoberta:
 Leitura como processo dinâmico que reorganiza constantemente a
compreensão.
 Descoberta contínua que modifica expectativas.
5. Transformação pela Literatura:
 Literatura transforma o leitor ao reorganizar normas sociais e tradições
literárias.
 Desfamiliarização como processo de ampliação de perspectivas.
6. Abordagem Limitada a Certos Contextos:
 Modelo mais adequado à literatura da modernidade eurocêntrica.
 Valorização da literatura transformadora não se aplica universalmente.
7. Leitor Ativo:
 Leitor não é passivo, mas trabalha intensamente para construir sentido.
 Toda obra é feita para ser lida e direciona a participação do leitor.
8. Interconexão entre Segmentos Textuais:
 Leitor produz sentido a partir da interação com o texto.
 Estruturação da leitura pelos espaços em branco do texto.
9. Teoria do Efeito Estético:
 Nome advém do efeito da leitura na produção de sentido.
 Texto regula interação, mas leitura é uma ação ativa do leitor.
10. Base da Psicanálise: Modelo de Freud
 Psicanálise fundada por Sigmund Freud.
 Teorias construídas a partir de observações e prática clínica.
 Conceitos relevantes: Inconsciente, Pulsão e Édipo.
11. Teoria do Inconsciente e Constituição Psíquica do Sujeito
 Processo narrativo da constituição psíquica.
 Estabelecimento de fronteiras do Eu através de experiências de
frustração.
 Desejo como busca constante por substitutos da satisfação
perdida.
12. Édipo Freudiano: Estabelecimento de Limites e Renúncias
 Desenvolvimento de limites Eu-Outro.
 Édipo como drama, envolvendo a sexualidade infantil.
 Papéis de pai, mãe e criança como estruturas.
13. Sexualidade Infantil e Pulsão
 Diferença entre a sexualidade infantil e a do mundo adulto.
 A pulsão como representante psíquico de estímulos orgânicos.
14. Repressão Inaugural e Formação do Eu e Inconsciente
 Resolução do dilema do Édipo através da repressão do desejo.
 Consequências: formação do Eu e do Inconsciente.
15. Literatura e Psicanálise: "Cura pela Fala"
 Similaridades entre Psicanálise e Literatura na prática da palavra.
 Uso de narrativas e mitos na formulação psicanalítica.
 A Literatura como reveladora da psique humana.
16. Lacan e a Estrutura Linguística do Inconsciente
 Inconsciente estruturado como linguagem.
 Condensação e deslocamento de significados.
 A linguagem como trauma fundador da estrutura psíquica.
17. Práticas de Articulação Literatura-Psicanálise
 Usar conceitos psicanalíticos para interpretar obras literárias.
 Explorar possibilidades terapêuticas da escrita e leitura literárias.
 Refletir sobre a natureza do texto literário com base em conceitos
psicanalíticos.
18. Semiótica de Kristeva na Literatura
 Modalidades Semiótica e Simbólica no processo de significância.
 O semiótico como resistência à estabilidade linguística.
 Pressão poética na linguagem e seus efeitos na leitura.
19. Impacto Social da Perturbação Poética
 Perturbação poética como violência positiva sobre relações
inconscientes e sociais.
 Leitor como local de transformações propostas por Kristeva.
 Exploração poética de propriedades linguísticas para abalar
estruturas sociais.

Esses tópicos resumem os conceitos-chave relacionados à Psicanálise, à


interação entre Literatura e Psicanálise, e à contribuição de Kristeva na
compreensão da linguagem poética e do impacto social da leitura.

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