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RESENHA CRÍTICA DO CAPÍTULO III E IV DO LIVRO ANÁLISE DE CONTEÚDO

DE LAURENCE BARDIN

Kaique Sampaio Santos


Dr. Antônio Sousa Alves

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo / Laurence Bardin: tradução Luis Antero Reto,
Augusto Pinheiro – São Paulo: Edições 70, 2016.

O capítulo III do livro Análise de Conteúdo trata a respeito da categorização. Bardin


define a categorização como uma operação de classificação de elementos constitutivos de um
conjunto por diferenciação, e em seguida, por um reagrupamento segundo o gênero (analogia),
com os critérios previamente definidos. As categorias são rubricas ou classes, as quais reúnem
um grupo de elementos sob um titulo genérico, agrupamento esse efetuado em razão das
características comum desses elementos.

Para a autora, classificar elementos em categorias impõe a investigação do que cada um


deles tem em comum com os outros. O vai permitir o seu agrupamento é a parte comum
existente entre eles. É possível, contudo, eu outros critérios insistam em outros aspectos de
analogia, talvez modificando consideravelmente a repartição anterior. A categorização,
portanto, é um processo de tipo estruturalista e comporta duas etapas: a) o inventário: isolar os
elementos, b) a classificação: repartir os elementos e, portanto, procurar ou impor certa
organização às mensagens.

Assim, a categorização tem como primeiro objetivo, fornecer, por condensação, uma
representação simplificada dos dados brutos. Na análise quantitativa, as inferências finais são,
no entanto, efetuadas a partir do material reconstruído. Supõe-se, portanto, que a
decomposição-reconstrução desempenha determinada função na indicação de correspondências
entre as mensagens e a realidade subjacente. A análise de conteúdo assenta implicitamente na
crença de que a categorização (passagem de dados brutos a dados organizados) não introduz
desvios (por excesso ou por recusa) no material, mas dá a conhecer índices invisíveis, ao nível
dos dados brutos.

Segundo Bardin, a categorização pode empregar dois processos inversos: a) é fornecido


o sistema de categorias e repartem-se da melhor maneira possível os elementos à medida que
vão sendo encontrados, b) o sistema de categorias não é fornecido, antes resulta da
classificação analógica e progressiva dos elementos.

A autora ressalta que existem categorias boas e más. Um conjunto de categorias boas
deve possuir as seguintes qualidades a exclusão mútua, a homogeneidade, a pertinência, a
objetividade e a fidelidade e a produtividade. Posteriormente, Bardin faz uma discussão a
respeito do índice para computadores, a autora define o índice como um sistema de analise
categorial adaptado ao tratamento automático. Num índice, a classificação das palavras faz-se
de nível de conceitos-chave ou títulos conceituais. Cada um dos conceitos-chaves reúne certo
numero de unidade de significação e representa uma variável de teoria analista.

Assim, a construção de índices para computador tem obrigado a fazer-se a ligação entre
a formulação teórica e os mecanismos de análise. A elaboração das categorias vê aumentar o
seu rigor; preceitos rigorosos de “rotulação” das palavras, definição unívoca das categorias e
definição precisa das fronteiras entre conceitos e a logica interna do processo de investigação.

No capítulo IV a autora faz uma discussão a respeito da inferência. Para a autora, a


análise de conteúdo fornece informações suplementares ao leitor critico de uma mensagem,
seja este linguista, psicólogo, sociólogo, critico literário, historiador, exegeta religioso ou leitor
profano que deseja distanciar-se da sua leitura aderente. Para analisarmos a inferência,
precisamos nos debruçar a respeito dos elementos constitutivos do mecanismo de comunicação:
a mensagem, o canal, o emissor e o receptor.

Em outras palavras, insiste dizer que a análise de conteúdo constitui um bom


instrumento de indução para se investigarem as causas a partir dos efeitos, embora o inverso,
predizer os efeitos a partir de fatores conhecimentos, ainda não esteja ao alcance das nossas
capacidades. No estado atual dos conhecimentos, a inferência, faz-se, habitualmente, caso a
caso, à falta de leis exatas referentes às ligações habituais entre a existência de certas variáveis
do emissor (ou do receptor) e as variáveis textuais.

Por fim, a autora cita alguns exemplos de inferências em relação aos antecedentes da
comunicação: assegurar as informações militares e políticas, analisar as características
psicológicas dos indivíduos, observar aspectos ou mudanças culturais, as provas de legalidade e
autenticidade e os resultados da comunicação, que são os fatores da exposição seletiva das
mensagens devido às atitudes preexistentes, ao papel dos grupos de pertença, à credibilidade do
locutor, à incidência persuasiva de uma mensagem, à medida de legibilidade, à evolução do
fluxo de comunicação.

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