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6ª Conferência sobre
Tecnologia de Equipamentos

SISTEMA DE PROGRAMAÇÃO E PLANEJAMENTO DE INSPEÇÃO DE


TUBULAÇÃO

Romildo Rudek Junior


Petrobras S.A. – UN-REPAR

Tadeu dos Santos Bastos


Petrobras S.A. – UN-REVAP

Rui Fernando Costacurta


Petrobras S.A. – UN-REPAR

Hezio Rosa da Silva


Petrobras S.A. – UN-REGAP

Luiz Antonio Ferreira


Petrobras S.A. – UN-REPAR

Trabalho apresentado no 6º COTEQ –


Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos,
Salvador, agosto de 2002

As informações e opiniões contidas neste trabalho são de exclusiva responsabilidade dos


autores.

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SINÓPSE

Sistemática de cálculo desenvolvida em planilha eletrônica, a fim de possibilitar uma


programação para manutenção e inspeção dos sistemas de tubulações contidos numa
refinaria de petróleo, de modo que possibilite a visualização de todas as etapas do
cálculo e permita uma rápida análise das medições, minimizando-se os erros grosseiros
implícitos nas medições de espessura.

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1. Introdução:

Estatísticas mostram que a grande parte dos acidentes em plantas industriais tem como
causa os sistemas de tubulações e apesar disto não existe ainda um sistema de controle
de inspeção de tubulação confiável, o qual é feito manualmente ou por sistemas
simplórios que apenas fazem cálculos da taxa de corrosão pontual baseado na ultima
campanha.

A necessidade de decidir-se por troca ou não de trechos ou sistemas de tubulações,


baseando-se em históricos nem sempre muito confiáveis, sempre causou preocupação
durante tomadas de decisões.

Erros de medições são comuns devido à localização incorreta de pontos, erros causados
pelo aparelho e inspetores de medição de espessura. Estes erros se não forem
adequadamente tratados levarão a decisões nem sempre corretas sobre a manutenção do
sistema de tubulação.

A crescente necessidade de aumento da confiabilidade destes sistemas aliados a


campanhas mais longas de unidades de processo e a gerencia cada vez maior dos custos
de manutenção e inspeção, enfatizou a necessidade de um tratamento dos erros de
medição que proporcionasse uma visão sistêmica do conjunto das tubulações e ainda
uma maior previsibilidade dos serviços de manutenção de tubulação nas paradas.

2. Objetivos:

• A partir de uma pequena amostragem proporcionar uma visão geral de cada


sistema de tubulação e tratar os erros de medição;
• Proporcionar tomadas rápidas de decisão com um alto grau de confiabilidade;
• Consideração de campanhas futuras nas tomadas de decisão;
• Facilitar e otimizar a preparação da lista de serviços para a parada de
manutenção;
• Acompanhar os sistemas para se antecipar aos problemas.

3. Metodologia:

A metodologia consiste na análise do conjunto de medições, estabelecendo-se uma taxa


representativa do sistema de isocorrosão (mesmo material e produto na mesma
temperatura e pressão) através da regressão linear, estabelecimento da vida
remanescente da tubulação e fornecimento de informações para a próxima parada.

A planilha “excel” foi escolhida pela facilidade a acessibilidade em todas as etapas de


tratamento dos dados, bem como a fácil conversibilidade de banco de dados em geral.

Foram criadas basicamente três planilhas:

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• “Registro de medições” ao longo do tempo;


• “Cálculo” de taxa de corrosão e vida remanescente;
• “Analise” do sistema de tubulação e informações para a próxima parada.

3.1. Registro de medições:


Os registros de medição são baseados em isométricos de inspeção ou de montagem com
componentes numerados, os quais contém algumas características, tais como:

• Material;
• Diâmetro;
• Espessura nominal;
• Espessura mínima arbitrada;
• Data das medidas de espessura.

Definimos como universo de amostragem as últimas seis datas de medição de espessura


para o sistema, ou seja, se o sistema possuir sete datas em que foram realizadas
medições, serão consideradas as 06 (seis) mais recentes.

No Registro de Medições possibilita já uma analise preliminar dos valores de espessura


tabulados por isométricos-pontos × datas.

Nesta analise preliminar é possível à escolha manual dos valores a serem excluídos dos
nos cálculos que se seguirão. Por exemplo: Temos os seguintes valores para um
determinado ponto:

Data 10/98 10/94 10/90 10/86


Medida (mm) 8,0 9,0 13,0 11,0

Apesar de podermos eliminar manualmente este valor da data 10/90, que depende da
experiência do profissional, veremos adiante que a metodologia utilizada eliminaria para
o cálculo da taxa representativa do sistema, se o mesmo for deixado.

3.2. Cálculo:
Nesta planilha são visualizados os cálculos executados que são:

a) Xc = média das taxas curtas da última campanha, ou seja, os dois valores de medição
mais recentes são utilizados para levantamento das respectivas taxas pontuais e após isto
se realiza a média simples de todas estas taxas.

b) Calculo da taxa de corrosão por regressão linear em cada ponto;

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O método de regressão linear para cálculo da taxa de corrosão, permite obter um valor
de taxa mais próximo e coerente com a realidade, pois leva em consideração todos os
valores históricos medidos.

10,0

ESPESSURA (mm)
9,0

8,0 E = -0,0623 t + 6,1991


R = 0,8774
7,0

6,0

5,0

4,0

3,0

2,0

1,0
TEMPO (ANOS)
0,0
0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00

As espessuras medidas são lançadas em um gráfico (espessura X tempo) a partir da data


da primeira medição conforme mostra o gráfico acima. É possível então ajustar uma reta
a este conjunto de pontos. Existem vários métodos de ajustes de retas, mas o mais
amplamente aceito e difundido é o método dos mínimos quadrados. Por esse método, o
qual não é oportuno discutir agora, consegue-se determinar a equação da reta E = A + Bt
onde E é a espessura e t o tempo, A e B são os coeficientes da reta. A taxa de corrosão é
o coeficiente A (coeficiente angular da reta), no exemplo acima foi apurada uma taxa de
0,0623 mm/ano em módulo. O sinal negativo indica matematicamente que a espessura
está diminuindo com o tempo. Pode-se notar pelo gráfico a tendência de queda da
espessura com o tempo.

c) Coeficiente de correlação; que é calculado para fins de verificação.

O coeficiente de correlação R é um número que varia entre -1 e 1 (-1 ≤ R ≤ 1) e serve


para avaliar o grau de aderência a uma reta dos pontos marcados no gráfico. Quanto
mais próximo de 1 ou de -1 mais perfeita é a aderência, o sinal indica se a reta é
ascendente ou descendente. Um coeficiente de correlação igual a 1 indica que todos os
pontos estão perfeitamente alinhados, ou seja, pertencem de fato a uma reta. Por outro
lado, um coeficiente de correlação próximo de zero indica que os pontos estão
totalmente espalhados e não há aderência a uma reta. Um dado valor de R para ser
considerado aceitável depende do grau de incerteza inerente a cada conjunto de dados
experimentais.

No caso dos sistemas de tubulação, considerando as tolerâncias e incertezas do método


de medição de espessura, um valor de até 0,65 para R é aceitável. No exemplo acima R
= 0,8774 em módulo o que mostra uma aderência bastante boa considerando as
incertezas inerentes ao processo de medição de espessura.

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d) Best-Fit pontual para esta coluna são transferidos as taxas que apresentaram índices
de correlação > 0,65 ou sejam as taxas pontuais mais aderentes à reta espessura x tempo
de cada ponto.

Este índice de correlação de 0,65 foi escolhido baseado em simulações pratica com
sistemas de tubulações das refinarias de Araucária-PR e Betim-MG pertencentes a
PETROBRAS.

Exemplificando os itens “b”, “c” e “d”, com dados extraídos de sistema real controlados
na PETROBRAS/UN-REPAR:
DATAS
ISO PONTO b c d
Nov/82 Jul/85 Nov/87 Ago/92 Abr/93 Mai/98 regressão Coeficiente de Best Fit
para taxa correlação pontual
BEST FIT r somente para
os índices de
correlação >=
0,65

1 15 10,8 10,2 10,1 9,8 0,06 0,95 0,06

1 16 9,1 8,4 8,5 8,2 0,05 0,87 0,05

1 19 11,2 9,6 10,6 10,5 0,00 0,05

Concluímos que o ponto 19 não será utilizado para taxa representativa do sistema.

e) Xh = média das taxas selecionadas pelo índice de correlação > 0,65, gerando a taxa
representativa do sistema em análise.

f) Sh = Desvio padrão das taxas best-fit, gerando o desvio representativo do sistema.

g) vida remanescente pontual:

A vida remanescente pontual será projetada para todos os pontos do sistema, utilizando
as seguintes taxas de corrosão:

• Taxa representativa do sistema, Xh;

• Para os pontos em que a taxa da ultima campanha seja maior que a taxa
representativa Xh, a taxa a ser considerada para projeção será a do próprio ponto.

Esta consideração realçará pontos com algum tipo desvio (erro grosseiro de medição,
corrosão localizada, etc) e auxilia na previsão das próximas medições. A vida
remanescente do menor ponto do sistema será destacada.

h) Campanha prevista para o sistema:


Permite a inserção do número de anos da próxima campanha.

i) Conclusão para os pontos medidos na ultima campanha:


A seguinte regra é aplicada:

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Condição para t atual: Conclusão para o ponto:


t atual ≥ t min + (N × (Xh + 2 × Sh) “ok”

t min + NXh ≤ t atual < t min + (N(Xh + 2Sh) “a região do ponto deve ser
pesquisada/acompanhada”
t atual < t min + (NXh) “a região deve ser substituída

Onde:
t atual: espessura atual do ponto medido;
t min: espessura mínima do ponto;
N: campanha prevista;
Xh: taxa representativa do sistema;
Sh: desvio padrão representativo;

Nesta conclusão para o ponto dito como “ok”, o fato da utilização da taxa representativa
mais duas vezes o desvio padrão, garante matematicamente que 94,6% de todas as taxas
pontuais utilizadas para o cálculo, que apresentam desvios em relação à taxa
representativa, estejam contidas nesta condição.

Seguindo a mesma analogia o ponto tido como “a região do ponto deve ser
pesquisada/acompanhada”, que está compreendido entre a condição descrita no
parágrafo anterior e simplesmente a taxa representativa, apenas considera a taxa
representativa para a conclusão citada.

Na terceira condição, “a região deve ser substituída” simplesmente a vida remanescente


é menor que a campanha prevista, de acordo com a taxa representativa.

j) Conclusão para todos os pontos medidos na última campanha:

Segue a mesma regra descrita no item “Conclusão para os pontos medidos na ultima
campanha”, com a adição de atualização para os pontos não medidos neste último
instante. Por exemplo: Para um ponto que sua ultima medida foi em 1990, a espessura
medida na época será atualizada para este ultimo instante e após isto será aplicada a
regra. A taxa utilizada para atualização do ponto será a taxa representativa calculada
neste último instante.

3.3. Análise

A análise é composta dos seguintes itens:

a) Taxa representativa do sistema, em mm/ano;

b) Desvio padrão representativo;

c) Taxa pontual máxima;

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d) Ponto com a menor vida remanescente no sistema, em anos.

Esta vida remanescente é calculada com a maior taxa escolhida entre a taxa
representativa do sistema e a taxa pontual. Desta maneira podemos identificar os
pontos medidos que se destacam do sistema.

e) Campanha prevista, em anos.

Inserção da campanha futura.

f) Conclusão para os pontos medidos nesta campanha:

Quantifica os pontos conforme regra citada em no item “Conclusão para os pontos


medidos na ultima campanha”. Classificando-os em:
• “ok”;
• “a região do ponto deve ser pesquisada/acompanhada”;
• “a região deve ser substituída”;
• “espessura mínima não informada”;
• “não medido nesta oportunidade”

g) Conclusão para todos os pontos do sistema:

Quantifica os pontos conforme regra citada no item “Conclusão para os pontos medidos
na ultima campanha”. Classificando-os em:
• “ok”;
• “a região do ponto deve ser pesquisada/acompanhada”;
• “a região deve ser substituída”;
• “espessura mínima não informada”;

h) Histograma de vida remanescente pontual:

Permite visualizar rapidamente, a quantidade de pontos do sistema por faixa de vida


remanescente. As faixas estão dispostas em:
• “menor que 0”;
• “entre 0 e 1 ano”;
• “entre 1 e 3 anos”;
• “entre 3 e 6 anos”;
• “entre 6 e 20 anos”;
• “maior que 20 anos”.

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3.4. Exemplificação de uma análise descrita:

4. Conclusões:

A metodologia apresenta facilidade nas análises pretendidas, constituindo em importante


ferramenta para tomadas de decisões em planejamento e inspeções de sistemas de
tubulações.

Nos testes realizados com os sistemas de tubulações, cerca de 100 sistemas, que
possuem grande diversidade de produtos, da refinaria de Araucária-PR mostrou-se
adequado.

5. Referências bibliográficas:

TOLEDO, Geraldo Luciano et al. Estatística básica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1985.

KUME, Hitoshi. Métodos estatísticos para melhoria da qualidade. 5. ed. São Paulo:
Gente, 1993.

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