PROPRIEDADE: R&A, LDA NAMPULA,SEGUNDA -FEIRA, 20 DE NOVEMBRO DE 2023 www.ikweli.co.

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Polícia diz que “atirou” apenas em

4 perdizes em Angoche

Carpinteiros e pedreiros com dificuldades de

encontrar trabalho em Nampula
Pág. 2

1
 Sociedade IKWELI

Carpinteiros e pedreiros com dificuldades de

encontrar trabalho em Nampula

N
Por:Virgínia Emília
ampula (IKWELI) – Profis-
sionais que se dedicam
aos ramos de carpintar-
ia e construção civil têm
estado a passar por momentos
difíceis nos últimos tempos na
cidade de Nampula, por conta da
falta de trabalhos que solicitem os
seus conhecimentos.
Por causa disso, estes carpinteiros
e pedreiros, na sua maioria artesa-
nais, não conseguem pagar as suas
contas, fazendo com que os seus
dependentes passem fome.
Com 48 anos de idade, Tomas Paulo
ingressou na actividade de carpin-
taria aos 19, sob influência dos seus
pais. Residente no bairro de Nami-
copo, esta fonte conta que já teve do-nos, agora está sendo difícil ter anos de idade, conta que “o nosso
dias melhores, mas que os últimos esse valor, o máximo que consigo mercado está muito difícil ultima-
têm sido mesmo de sobrevivência. agora são 4.000,00Mt (quatro mil mente, porque agora os clientes que
Paulo disse que o trabalho de carpin- meticais), devido a falta de clientes e compravam o nosso material, estão
taria já foi rentável, “porque em um lugar para vender”. a aderir o trabalho dos chineses,
dia era normal ter lucro 10.000 mil Esta fonte avança que tem sido com porque dantes era possível vender
meticais, e cobria as despesas de enorme sacrifício que mantém os até nos fins-de-semana e tinhamos
casa, e havia um lugar específico seus filhos na escola, pois mal con- 15.000,00Mt (quinze mil meticais)
para vender, era na Feira Dominical, segue para cobrir as despesas. como lucro”, mas agora “é normal le-
mas o município acabou expulsan- Vahanle Sivate, carpinteiro de 20 varmos o nosso trabalho para estra-

2

da, para vender, mas faz um ou dois
meses sem comprarem o nosso ma-
terial, mas dantes em uma semana
clientes já teriam comprado”.
Ainda assim, Sivate não esconde
que já teve bons ganhos neste sec-
tor, recordando que colocou “as
irmãs a estudar”.
“Estou há 15 anos neste trabalho,
quando eu tinha 15 anos de idade,
os meus pais me levavam à carpin-
taria, no sentido de poder aprender
o trabalho, então graças a meu pai,
hoje já consigo fazer o meu tra-
balho, e o pouco que ganho serve
para sustentar a minha família e
com as despesas de casa, mas ag-
ora as coisas mudaram devido a
subida de preços”, conta Célio Se-
lemane, que vive em Namiepe, nos
arredores da cidade de Nampula, o
qual refere que “por exemplo uma
madeira agora está 500,00Mt (quin-
hentos meticais), enquanto dantes
custava 200,00Mt (duzentos met-
icais). Hoje em dia não conseguim-
os ganhar para sustentar a nossa
família, porque dantes eu conseguia
levar para casa 8.000,00Mt (oito mil
meticais), mas agora se tiver a sorte
de vender levo 4.000,00Mt (quatro
mil meticais), quase não ganho nada
praticamente, e assim não consigo
sustentar os meus familiares”.
Ussene Casimiro, de 30 anos de
idade, também, enfrenta os mes-
mos desafios e conta que “a gente
Nampula: Degradação de vias de acesso colocam
em agonia operadores de “chapa-100”
N
ampula (IKWELI) – A situ-
ação da degradação das
vias de acesso na cidade
de Nampula continua a
preocupar os operadores de “cha-
pa-100”, um dos principais meios
de circulação na urbe, que estão
em desespero, porque somam av-
arias nos seus veículos.
Parte significante das ruas e aveni-
das encontra-se esburacada, a chu-
va que se fez sentir na semana pas-
sada tratou de retirar a areia que a
edilidade tinha colocada nas estra-
Sociedade
tinha lugar seguro para vender e com
muito movimento de clientes. Con-
seguia ganhar alguma coisa, mas
ultimamente por estarmos a vender
nas vias públicas e por causa do am-
biente, soul ou chuva as nossas ca-
deiras por serem de madeira acabam
perdendo qualidade”.
Oriundo de Cabo Delgado, Amido
Erati, exerce a actividade de carpin-
taria, e conta que “o meu trabalho
agora está normal, porque consigo
ganhar aquilo que eu não conseguia
dantes, não havia clientes e estava
a iniciar a trabalhar, mas agora já
consigo levar para minha casa, como
lucro, 8.000,0Mt (oito mil meticais)”,
por isso, disse, consegue pagar as
despesas dos seus dependentes.
“Nós carpinteiros enfrentamos vári-
os desafios e dificuldades, falta de
clientes para comprar o nosso mate-
rial, uma vez que dependemos dos
mesmos clientes para a gente ter al-
guma coisa, essas dificuldades aqui
no nosso trabalho aceleraram ness-
es últimos dois meses de Outubro e
Novembro, acho eu por estarmos a
aproximar os dias festivos, é normal
sairmos daqui sem nada, e nos só
trabalhamos quando aparece cliente
para encomendar algo e aproveit-
amos o mesmo valor para fazer a
compra de material”, disse Mutera
Ossufo, referindo-se aos desafios
que enfrenta nos últimos meses.
Alberto João Alfredo, pedreiro arte-
Por: Ruth Lemax
IKWELI
sanal, de 48 anos de idade, também,
passa por momentos difíceis no seu
trabalho e diz que “está a ser muito
complicado trabalhar como pedreiro,
porque nós só conseguimos o tra-
balho através de um cliente que pre-
cisa de uma construção, fora disso a
gente não tem como trabalhar, e pas-
samos mal com os nossos familiares,
porque dependemos do mesmo tra-
balho para o sustento”.
Esta fonte lamenta o facto de “ultima-
mente a população já sabe constru-
ir sozinho sem nenhuma ajuda dos
mestres, passa a ser difícil para nós
que somos mestres, porque se fosse
como era dantes, que havia muitos
clientes, não estaríamos a passar
fome nas nossas casas, pior com a
falta de emprego, paralisou todo”.
“Eu sou pedreiro, mas está sendo
difícil, nem para sustentar a minha
família não está a ser fácil. Fico dois
dias sem ter algo para comer, mui-
tas das vezes, quando sou chamado
para trabalhar em algum sítio, volto a
casa sem nada, mas há patrões que
dão, só para comprar algo para os
nossos filhos e levar para casa, mas
também se o governo estivesse a ve-
lar a situação do seu povo, acredito
que não estaríamos a passar fome de
qualquer maneira, só a oportunidade
de emprego para familiares dele, sa-
bendo que já estão empregados”,
concluiu o senhor Marcelo Jorge, pe-
dreiro de profissão.
3

das.
Os “chapeiros” dizem que metade
das suas receitas vai para a compra
de peças de viaturas, assim como
para o pagamento dos custos de ma-
nutenção.
Operando na rota Sipal – Barragem,
Aurélio Maurício, condutor de “cha-
pa-100” explica que a situação con-
stitui, também, um stress, porque os
prejuízos são enormes para todo o
tipo de veículo que se faz a rua.
“O carro sofre, nos vai e vem dos
buracos acaba estragando algumas
peças rapidamente e isso é preju-
dicial para nós”, comenta Maurício,
Nas zonas de exploração mineira
CESC quer maior envolvimento das comunidades
na gestão das receitas
N
ampula (IKWELI) – O Cen-
tro de Aprendizagem e Ca-
pacitação da Sociedade
Civil (CESC) está a levar
a cabo um projecto que promove
e defende os direitos e benefícios
das comunidades acolhedoras de
projectos de exploração de recur-
sos minerais.
Com efeito, a organização pro-
moveu, na cidade de Nampula, um
workshop de lançamento, no qual
participaram comunidades e mem-
bros do governo.
Salvador Rabissone, gestor do
projecto em alusão, informou que
o mesmo será implementado nos
distritos de Angoche e Moma, tidos
como os mais relevantes no contex-
to da indústria extractiva na provín-
cia.
“Nós temos duas componentes
neste projecto. Primeiro é assegu-
rar que as comunidades locais par-
ticipem no processo de tomada de
decisão em relação aplicação das
receitas que são provenientes da
exploração destes recursos, como
devem saber as leis moçambica-
nas elas estabelecem que parte dos
recursos, ou seja, as receitas que
provem das exploração dos reclusos
Sociedade
que não esconde o seu desespero
dada a chuva que se faz sentir.
Jeremias, um outro operador de
“chapa 100”, que faz troço Sub-
stação – Muhala Expansão, disse
que a situação das estradas não é
das melhores, porque “quando a in-
specção chega quer encontrar tudo
correto, mas por causa das estradas
é impossível, por mais que seja um
automóvel que seja de 0 quilómetro,
se apenas passar pela estrada uma
única vez o carro terá danos”.
Operador de táxi de mota, Ossufo,
que reside no bairro de Napipine,
diz-se acostumado com a situação
Por: Hermínio Raja
naturais devem ser repartidas para
as comunidades e nós achamos que
é importante que essas comunidades
estejam conscientes sobre aquilo
que são os seus direitos em relação
a terra e outros recursos naturais
para que essas comunidades tomem
uma decisão em relação aquilo que
deve ser feito com o valor das receit-
as”, explica a fonte, recordando que
não basta só o governo receber o
valor das receitas das comunidades
e aplicar sem, no entanto, haver uma
auscultação sobre o desejo das co-
munidades em relação ao mesmo
dinheiro.
Por outro lado, Rabissone diz ser
necessário que “essas comunidades
IKWELI
das estradas, porque “sempre foram
assim, nunca tivemos um auxílio
completo para reabilitar as estradas,
temos muitos prejuízos porque so-
mos forçados a comprar novas pecas
todas semanas, pior nós que depen-
demos apenas disso para sobreviv-
er”.
Condutores particulares, também,
falam do que passam por conta da
situação degradante das vias de
acesso, e exigem que algo seja feito
no sentido de melhorar a mobilidade
urbana.
estejam envolvidas no processo de
tomada de decisão, não apenas o
governo entender que recebeu o din-
heiro e aplicar no projecto de con-
strução de hospitais ou escolas, mas
a própria comunidade deve eleger as
suas necessidades prioritárias”.
Para além da província de Nampula,
o mesmo projecto será implementado
na província do Niassa.
Tome Chacuchacha, em represen-
tação do Secretário de Estado na
província de Nampula naquele even-
to, disse que projecto ora lançado é
uma mais-valia, porque por via dele
melhores experiências e mecanismos
sobre a gestão desses fundos serão
partilhados.
4

Polícia diz que “atirou” apenas em
4 perdizes em Angoche
N
ampula (IKWELI) – A Polícia
da República de Moçambique
(PRM), em Nampula, afirma
que, apenas, 4 indivíduos
ficaram feridos na sequência da con-
frontação havida entre a corporação
e membros do partido Renamo que
se manifestavam na principal rua da
cidade de Angoche na tarde da última
quinta-feira (16).
Ao meio da manha desta sexta-feira
(17), Zacarias Nacute, porta-voz da cor-
poração falou a imprensa, em uma col-
ectiva sem direito a perguntas, na qual
apresentou a versão elaborada pela
polícia, onde, nem se quer, um óbito fez-
se referência.
Esta fonte diz que foi uma situação de
desestabilização da ordem pública.
“O partido Renamo manifestou a intenção
de realizar marchas de contestação aos
resultados das últimas eleições e, em
todas as autarquias da nossa província
de Nampula, o processo correu de forma
tranquila e com a devida protecção dos
membros da PRM”, começou por contex-
tualizar Nacute, mais uma vez esquec-
endo da guerra urbana que se viveu nas
cidades de Nampula e Nacala, onde até
vidas de pessoas inocentes e alheias ao
interesse foram perdidas, logo após que
a Comissão Nacional de Eleições apre-
sentou o apuramento geral.
Mais adiante, o porta-voz da PRM
prossegue afirmando que, “no entanto,
na autarquia de Angoche, os membros
e simpatizantes do partido Renamo
desobedeceram os preceitos leais que
norteiam a realização de qualquer tido
de manifestação, iniciando com actos
de violência, portando objectos contun-
dentes, entre outras ilegalidades”.
Ainda na versão policial, Nacute refere
que “a Polícia da República de Moçam-
bique, na pessoa do comandante distri-
tal, aproximou o delegado distrital do par-
tido, assim como o chefe de campanha,
para chamá-los ao bom senso, mas sem
sucesso. Estes [membros da Renamo],
como resposta, arremessaram pedras
à Polícia da República de Moçambique,
tentaram invadir o edifício onde funciona
o Governo distrital, entre outras ilegali-
dades que ocorreram no local”, por isso
Política
Por: Aunício da Silva
“a polícia teve de intervir e como respos-
ta a este acto de reposição da ordem e
tranquilidade públicas, 4 cidadãos con-
traíram ferimentos, dois no braço e dois
na perna e cinco outros cidadãos foram
detidos por não obediência as normas
elementares na realização de manifes-
tação, assim como de desestabilização
da ordem e segurança pública naquele
ponto da nossa província”.
Entretanto, o nosso correspondente em
Angoche anotou que uma senhora de
idade contraiu ferimentos atropelada por
uma viatura quando tentava fugir, e que
os feridos ainda encontram-se no leito
hospitalar, sendo que um que obteve fer-
imentos mais graves teve de ser trans-
ferido para o Hospital Central de Nam-
pula.
Domingos Dauda Ambasse, delegado
distrital da Renamo em Angoche, acusa
a PRM de quer assassinar os seus mem-
bros e nega que os mesmos tivessem
empunhado instrumentos contundentes
na data dos factos e muito menos pre-
tendessem assaltar o edifício onde fun-
ciona o governo distrital.
A história
A cidade de Angoche, a sul da província
de Nampula, viveu momentos de con-
fronto entre a Polícia da República de
Moçambique (PRM) e simpatizantes da
Renamo, por conta da proibição destes
em utilizar certas rotas para a sua man-
ifestação pacífica em reivindicação dos
IKWELI
resultados eleitores.
Nosso correspondente em Angoche as-
segurou que até as 17h30 da última quin-
ta-feira (16) ainda ouviam-se disparos,
tanto de balas reais, assim como de gás
lacrimogénio.
Paradoxalmente, desta vez o confronto
não foi no mítico bairro de Ínguri, concre-
tamente a zona de Mussoriri, mas sim na
estrada principal de Angoche, próximo as
instalações do Governo do Distrito.
“Não dá se quer para pegar uma foto.
Está tudo em debandada. Os membros
da Renamo querem pegar nos agentes
da Polícia”, conta o nosso corresponden-
te, avançando que “tudo ganhou mais
vida quando os membros da Renamo
ficaram a saber que o Conselho Consti-
tucional solicitou as actas e editais de
apuramento neste município”.
Uma fonte que não quis se identificar,
mas que foi encontrada na encruzilhada
dos disparos avançou que “isso parece
guerra mesmo, a polícia não quer saber
de nada. Há pessoas que vão morrer. Há
crianças a voltarem da escola”.
“Está muito gás lacrimogénio por aqui.
Conseguiram me atingir com gás lacri-
mogénio, eu só estava a voltar do serviço,
não provoquei a ninguém”, disse o sen-
hor Jamal, que regressava do seu local
de trabalho.
As autoridades locais de Angoche ainda
não falaram sobre essa situação, como
também a polícia ainda não elaborou
sobre mais um episódio de conflito
pós-eleitoral que esta desaguando em
uma guerra urbana numa das autarquias
do maior círculo eleitoral do país.
5

Na campanha agrária 2022/2023
A cultua do milho registou um crescimento de
produção na ordem dos 19% em Moçambique
M
aputo (IKWELI) – O
ministério moçambi-
cano da Agricultura e
Desenvolvimento Ru-
ral (MADER) anunciou, recente-
mente, que na campanha agrária
2022/2023, a cultura do milho reg-
istou uma taxa de crescimento
na ordem dos 19%, o que ditou a
disponibilidade deste produto no
mercado.
Em termos numéricos, na campanha
em referência o país atingiu 2 832
494 toneladas de milho, contra 2 382
511 da campanha anterior.
Ainda na classe dos cereais, o
crescimento na produção do arroz
não foi para além dos 5%, tendo sido
obtidas 256 928 toneladas, contra
245 792 da campanha passada.
A produção dos feijões foi, também,
de grande realce, tendo registado
um aumento em 25%, com 567 356
toneladas, contra 452 902 toneladas
da campanha 2021/2022. O amen-
doim teve um aumento de produção
em 38%, com 154 742 toneladas.
A classe das oleaginosas teve, tam-
bém, um desempenho de realce, ao
Política
Por: Redação
registar uma taxa de crescimento na
ordem dos 31%.
Para a campanha em análise, a área
semeada foi de cerca de 5 970 254
hectares, perfazendo um crescimen-
to de cerca de 2,1% face a campanha
passada. A área da produção ocupou
cerca de 17% da área agrícola poten-
cial do país, de cerca de 36 milhões
de hectares, onde os cereais e as le-
guminosas, principais culturas de se-
gurança alimentar, representam cer-
ca de 41% e 14% da área cultivada,
respectivamente.
O impacto das adversidades cli-
matéricas, com destaque para o Ci-
clone Freddy e inundações, resultou
na perda de 376 371 hectares (6%
da área semeada), de cerca de 722
000 hectares afectados, e um total
de 510 459 produtores afectados.
Por outro lado, o acesso aos serviços
de extensão teve um crescimento na
ordem dos 30% em 2023, vindo de
uma taxa de 21.3% em 2022 e 9.9%
em 2021.
A integração de famílias no fomen-
to agrícola registou um crescimento
exponencial no programa SUSTE-
IKWELI
NTA, fixando em 316 235 na cam-
panha 2022/2023, contra 139 247
na campanha anterior, mas no al-
godão a coisa não esteve tão bem,
pois reduziu o número de famílias
que praticam a cultura de 144 221 na
campanha 2021/2022 para 134 258
na campanha 2022/2023. Quanto ao
tabaco, também, houve redução dos
praticantes, caindo dos 110 542 na
campanha 2021/2022 para 95 000 na
campanha 2022/2023.
Quanto a Fitossanidade, no período
em análise, as pragas mais comuns
foram a lagarta do funil de milho (20
526ha), gafanhoto elegante (309ha),
lagarta invasora (7.5ha) e besouro
(919ha), que afectaram uma área de
cerca de 163.270ha.
No que se refere a sanidade ani-
mal, foram reportados 366 focos de
doenças, nomeadamente: Fasciolose
(22%), Tuberculose (21%), Doenças
Transmitidas por Carraças (14%),
Equinococose (10%), Stilesia Hepáti-
ca com 9% Dermatose Nodular (7%),
Febre Aftosa (4%), Newcastle (3%) e
Peste Suína Africana (3%)..
6
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7

Para suprir as dificuldades da vida
Jovem vende espeto de carne porco no maior
prostíbulo de Chimoio
Por:Constantino Henriques
C
himoio (IKWELI) – Tito
Bernardo Ramos é como
se chama um jovem de
25 anos de idade, actual-
mente residente na cidade Chimo-
io, província de Manica, no centro
de Moçambique, que se dedica a
venda de espeto da carne suína,
num conhecido prostíbulo daque-
la autarquia.
O estabelecimento em causa fica
localizado na famosa zona da
Madrinha, cidade de Chimoio, mes-
mo à beira da Estrada Nacional
número 7, ligando as cidades de Chi-
moio e Tete, o que confere ao local
maior frequência de pessoas que ali
passam vindo de diferentes partes
do país e do mundo, o que propiciou
uma oportunidade de negócio para o
jovem Tito.
Falando exclusivamente ao Ikwe-
li, Tito Bernardo contou ser natural
de Mocuba, província da Zambézia,
mas que maior parte de sua vida
passou em Inhaminga, em Sofala.
Em Inhaminga, Tito Bernardo ded-
icava-se a venda de carne de ani-
mais selvagens que eram caçados
nas extensas matas daquela região
moçambicana, mas com a fiscal-
ização cada vez mais ascende, viu o
seu negócio paralisado.
Sem fonte de renda em Inhaminga,
o jovem conta que saiu para Chimoio
onde abraçou a venda da carne de
porto, em forma de espeto.
“Eu depois de ter feito minha 12ª
classe fazia meus negócios lá mes-
mo em Inhaminga, só que com o
passar do tempo houve imprevistos
e acabei caindo nos meus negócios.
Dali fiquei muito tempo aflito. Ali eu
não tinha como adquirir alguma coi-
sa para me manter firme face as
necessidades da vida. Então, con-
segui vender meu teclado e paguei
passagem e vim para cá. Quando
Sociedade
cheguei aqui, ia procurando biscates
e achei um senhor ali que acabou me
acolhendo para este trabalho que es-
tou fazendo”, contou a fonte.
“Em Mocuba eu vendia plásticos,
mas, quando o nosso pai perdeu a
vida acabamos mudando em Inham-
inga, junto com a mamã. Em Inham-
inga, na altura vendia gazela e outros
animais selvagens, só que nesses
dias isso já parou porque é proibido”,
acrescentou.
Tito Bernardo disse estar satisfeito
com o nível de negócio naquele local,
apesar do o valor que recebe do seu
patronato não estar dentro das suas
expectativas, aliado ao tempo diário
que ali fica exposto. Os maiores
clientes, segundo a fonte, são as
próprias trabalhadoras de sexo, out-
ros residentes locais e hóspedes.
“Aqui pelos vistos tem mais saída
porque nessa zona tem sido raro en-
contrar em abundância esse tipo de
carne, é difícil encontrar onde se cria
porco nessa zona, contrariamente
aos frangos e peixe que podemos
encontrar facilmente. Por isso tem
mais saída, sai com flexibilidade”,
disse.
“Mas eu encaro este tipo de negócio
IKWELI
para evitar estar parado, não tenho
como. Este é um trabalho que me
obriga a permanecer aqui o dia in-
teiro, entro aqui as 6 horas até, as
vezes zero horas, dependendo da
hora que a carne acabar; já o mov-
imento depende dos dias, aos fins
-de-semana, por exemplo, a carne
acaba mais cedo. Bem, bem, não es-
tou mesmo satisfeito com o trabalho”,
prosseguiu.
Casado e pai de duas filhas, actual-
mente residentes na cidade de Queli-
mane, Tito Bernardo lamenta não ter
alcançado o sonho de infância, que
era de terminar de estudar e conse-
guir um emprego digno para cuidar
melhor sua família. Apesar disso,
ainda acredita num futuro melhor
naquelas bandas de João Ferrei-
ra. “Meu sonho era que, assim que
terminei de estudar, me formar em
qualquer instituição, tarde ou cedo eu
também ser alguém, esse era o meu
maior propósito. Só que com a per-
ca dos meus pais, praticamente aca-
bamos ficando assim porque não te-
mos alguém que nos possa cuidar. Eu
acabei a minha 12ª classe em 2018,
na Escola Secundária de Inhaminga”.
8

Nampula: Vendedores de rua desfrutam da
ausência dos policias municipais
N
ampula (IKWELI) – A ci-
dade de Nampula, maior
autarquia do norte de
Moçambique, encon-
tra-se numa situação, completa-
mente, desgovernada, o que faz
com que vendedores ambulantes
desfrutem da ausência da polícia
camararia para fazerem das suas
nas ruas.
Desde que iniciou a fase derradeira
das eleições, os polícias municipais
e de fiscalização nada fazem parte
manter o Código de Postura Mu-
nicipal inviolável, por isso mesmo,
a cada dia, novas bancas informais
vão surgindo na urbe.
De acordo com Abacar Abdul, vend-
edor de acessórios de telefones
móveis, faz algum temo que os polí-
cias municipais não se fazem sentir
na cidade, de forma a impedir que
Sociedade
Por: Neide de Frisão
eles continuem fazendo a sua rota
diária. “Aqui está tudo óptimo, não
temos problemas quanto aos polícias
municipais, está tudo a correr bem
até agora”, conta esta fonte que se
diz feliz pela ausência dos polícias
municipais na rua.
Meide é um jovem que pratica o
comércio informal nas imediações
do mercado Central de Nampula, o
qual no passado já sofreu nas mãos
dos agentes da polícia municipal e
de fiscalização. “Revendo roupa da
calamidade”, disse, afirmando que
“quanto aos polícias municipais não
posso mentir para eles que continu-
am a nos arrancar os produtos, já se
passam semanas que estamos livres
pela cidade, por enquanto estamos
bem”.
Nelson Tarso, vendedor ambulante
de bijuterias, é outro homem feliz,
IKWELI
porque diz que passou parte signifi-
cante do ano correndo, fugindo da
polícia municipal. “A situação não
está a ser fácil, quase todo o ano es-
tamos a desafiar, o país tem falta de
dinheiro”.
O cidadão António Omar, que tra-
balha numa loja no mercado Central
de Nampula, conta que tem vivencia-
do situações graves de perseguição
de vendedores ambulantes por parte
de agentes da polícia municipal, mas
desde que as eleições arrancaram
nada disso acontece.
“Faz 3 meses que a polícia municipal
não está a fazer nada, isso quer diz-
er que não incomodam a ninguém”,
disse, recordando que “antigamente
os vendedores não circulavam a von-
tade, porque os policiais recolhiam os
bens”.
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