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O Livro de Esthas

(Livro I: Initio ou Livro da Existência)

Escrito por:
Pablo Rodrigues dos Santos

Versão 3.1
de 03/10/2015 21h48min
Capítulo I
Susurrāre

“Todo o universo é constituído de diferentes manifestações da unidade


infinita.”

Susurrāre 1:0.
Eis o princípio...

Susurrāre 1:1. O Início


No início dos tempos, a existência encetou seus primeiros movimentos para a
constituição de tudo que conhecemos. Exordialmente, as formas mais primitivas
brilharam, por conseguinte os sussurros ecoaram e, ao fim, o surgimento da Vida. Eis
o princípio. A síntese da gênese. Contudo, para entendê-la, necessita-se explanar tais
ponderações. E tudo, absolutamente tudo, tem um começo...

Susurrāre 1:2. O Nada


Começa-se pelo Nada. Antes não havia coisa alguma, nem vácuo, nem energia, nem
leis divinas, nem espaço vazio para se ter alguma coisa, nem mesmo o tempo
decorria. Seria o nada. Essa é a hípotese que os profetas mais antigos pregam acerca
do nascimento do universo. No entanto, o Nada existe? Tal indagação é um
pseudoproblema, já que o nada, é apenas patavina. Não existe, não está em lugar
algum e dessa forma pode ser considerado a ausência de tudo ou qualquer coisa. Nada
está nele e nada há nele. É a exiguidade de qualquer existência. Porém se pode
considerar que o Nada se opõe a qualquer forma de ser, porquanto a mera
comparência de um único elemento já se contrapõe ao Nada. Logo, conclui-se que o
universo não surgiu do nada. Sempre teria existido algo. Então, de onde surgiu o
universo?

Susurrāre 1:3. A Unidade


Tudo começa a partir de um ponto único, uma coisa só, conectado em todos os pontos,
em todas as formas. O nexo da totalidade a torna apenas um. A Unidade, um ponto
homogêneo e indivisível. Essa unificação perdurou por um tempo que não pode ser
medido pela mente dos mortais, foi então que algo aconteceu. Esta matéria una e
primordial expandiu, desmembrou-se, e partir disso, deu início à formação de tudo.

Susurrāre 1:4. O Tudo


Partindo do Vazio, e visto que aquilo não era o Nada, então passou a ser Tudo. Aquilo
era Tudo. O universo e suas medidas, desde as menores e mais imperceptíveis até as
maiores e imensuráveis. Aquilo era Tudo, Tudo era aquilo. Ainda não tinha nome,
ainda não tinha uma forma realmente definida, era um incomensurável. Mas como
poderia se medir todas as coisas? Como poderia se saber o limite do ilimitado? Como
se estabelece o início do infinito? Sabe-se que se ele não tiver um início, podemos
traçar trajetórias infinitas para o ser (ou os seres) que compõe o universo, até que as
coisas alcancem seu estado atual. Mas uma trajetória infinita nunca pode ser
percorrida por completo, o que impossibilita a existência das coisas no tempo presente
ou em qualquer outro tempo determinado.

Susurrāre 1:5. A Eternidade


Partindo dessa premissa, considerar-se-ia que o universo seria eterno - e até, com
definições mais complexas do que seja esta eternidade - e sempre existiu, jamais se
originando do nada. Caso assim fosse, isso seria um paradoxo, o universo não teria se
produzido a partir do nada e sim a partir de um estado anterior que pode inclusive ser
a contração de um universo anterior. Em outras palavras, sempre teria existido algo.
Se o universo teve um início, o que existia antes do princípio?

Susurrāre 1:6. As Manifestações


Foi então que o primórdio tomou consciência de si. Ele era Tudo, ele era A Unidade,
ele estava lá e não lembrava de não estar. Ele era. - Eu sou! -. Tudo está conectado
pois tudo Sou Eu e Eu faço parte do Todo. - Quem sou eu? - A dúvida exclamou por
toda imensidão do universo. Não houve respostas. Eu sou já sabia que era; que tinha
sido; que seria; para todo o sempre.

Susurrāre 1:7. A Letra “A”


Foi então que houve a primeira Manifestação - A. Eu sou A. O Eu sou analisou e
percebeu que ainda estava incompleto. Eu sou A não era suficiente para mensurar o
Eu sou. A Consciência Primordial, em sua menor unidade passível de existir,
manifestou seus primeiros passos. Mais precisamente seis passos. Sete primeiros
passos, e tais passos foram sete sons que ecoaram pelo espaço que lá havia. Sete sons,
sete fonemas representados por sete letras. Primeiro soou o A, expandindo-se
claramente por todo o cosmo.

Susurrāre 1:8. As Letras “E” e “Y”


Após o grave E ecoou de forma imponente e imperante. Y fora a última das vogais a
ecoar prosseguindo diretamente do E. Os três primeiros sons haviam se manifestado.
A, E e Y. A primeira sílaba se formou AEY, porém nada representava.

Susurrāre 1:9. As Letras ”K” e “H”


As vogais sozinhas nada representavam, então surgiu a primeira consoante, K. Esta
ressoou por todos os cantos do universo e discretamente outra letra a acompanhou, era
o H. Seu som era imperceptível e nada formava.

Susurrāre 1:10. As Letras “L” e “W”


Por fim as últimas letras se manifestaram: L e W. A primeira uma consoante que
acompanharia as vogais, a segunda uma consoante que faria as vezes de vogal.
terminando o conjunto dos sete sons fundadores da existência. Sete sons
representados por sete letras. Estes foram os elementos básicos para formação do
criador.

Susurrāre 1:11. As Sílabas


A partir daquele momento, duas eram as sílabas formadoras, AEY e KHLW. As
sílabas, sozinhas, nada formavam. Nem um tom, nem uma palavra. Nada
representavam e nada poderiam representar. Mas isto era um equívoco, pois já se
sabia que o Nada era a ausência total de tudo e agora haviam seis sons ecoando no
vazio. As sílabas se desmembraram e separaram assim, juntas, elas criaram outras
formas, Lewkhay, Khawyel, Haykwel, mas nenhuma das três representou algo. Então
se formou Yaw’khel*, a mais primordial das consciências, A Alma Primeva ou
mesmo, como viria a ser conhecido posteriormente, O Grande Senhor.
Susurrāre 1:12. A Ordem
Foi então que, em meio ao vazio, ao silêncio, à escuridão e às sombras, O Grande
Senhor, agora consciente de si mesmo, deu início ao universo. Ele era tudo e também
a unidade. No entanto para que o universo pudesse nascer uma Ordem deveria ser
establecida… A conexão entre todos os elementos da imensidão do universo, apesar
de aparentemente ser desordenada e babélica, coordenava-se, conzduzia-se, formava
tudo que existia e viria a existir. Os movimentos galácticos não eram ao acaso, porém
obedeciam a uma trajetória centrífuga. O Universo era infinitesimalmente minúsculo,
e infinitamente denso. Nessas condições, os eventos antes desta singularidade não
afetavam o tempo atual ou que passára, pois ao iniciar o universo, expandindo a
massa e ao mesmo tempo se desenvolvendo em todas as direções. Tudo era ordenado
e à vista disto Yaw’khel determinou que o ordenamento é o cerne primacial da
formação existencial, e o Grande Senhor estabeleceu o seu primeiro aspecto, El, A
Senhora da Ordem. Esta foi a primeira das dez representações que surgiriam.

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