Apagar A Palestina - Outras Palavras

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OUTRASPALAVRAS Apagar a Palestina 
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Ao final, Gaza, como o Gueto de Varsóvia, será inabitável. Mas “exterminar
todos os bárbaros” vai além de Hitler e de Netanyahu. Sua origem está nas
guerras coloniais que o Ocidente faz há cinco séculos, em nome de sua
“civilização”
OUTRASPALAVRAS GEOPOLÍTICA & GUERRA

(HTTPS://OUTRASPALAVRAS.NET/CATEGORY/GEOPOLITICAEGUERRA/)
por Chris Hedges Publicado 08/11/2023 às 20:01 - Atualizado

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Apagar
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Por Chris Hedges para Mint Press News

(https://www.mintpressnews.com/chris-hedges-exterminate-brutes-gaza-
genocide/286165/) | Tradução: Maurício Ayer | Imagem: Hannibal
Hanschke/EPA
Eu era repórter do New York Times, durante o cerco a Sarajevo. Nunca

enfrentamos o nível de bombardeamento de saturação e o bloqueio quase
total de alimentos, água, combustível e medicamentos que Israel impôs a
 Gaza. Nunca tivemos de suportar centenas de mortos e feridos por dia.
Nunca
(https://outraspalavras.net/) enfrentamos a cumplicidade da comunidade internacional com a
OUTRASPALAVRAS
campanha sérvia de genocídio. Nunca suportamos a intervenção de
Washington para bloquear resoluções de cessar-fogo. Nunca enfrentamos

carregamentos maciços de armas dos EUA e de outros países ocidentais para
sustentar o cerco. Nunca enfrentamos que notícias provenientes de Sarajevo
fossem sistematicamente desacreditadas e rejeitadas pela comunidade
internacional, embora 25 jornalistas tenham sido mortos
(https://cpj.org/data/killed/europe/bosnia/?
status=Killed&motiveConfirmed%5B%5D=Confirmed&motiveUnconfirmed
%5B%5D=Unconfirmed&type%5B%5D=Journalist&type%5B%5D=Media%2
0Worker&cc_fips%5B%5D=BK&start_year=1992&end_year=2023&group_
by=location) na guerra pelas forças sérvias sitiantes. Nunca toleramos que os
governos ocidentais justificassem o cerco como o direito dos sérvios de se
defenderem, embora as forças de manutenção da paz da ONU enviadas para
a Bósnia tenham sido em grande parte um gesto de relações públicas,
ineficazes para travar a matança até serem forçadas a responder aos
massacres (https://www.aljazeera.com/news/2023/7/8/thousands-march-
in-bosnia-to-mark-1995-srebrenica-genocide) que tiraram a vida de 8 mil
homens e meninos bósnios em Srebrenica.
Não pretendo minimizar o horror do cerco de Sarajevo, que me dá pesadelos

quase três décadas depois. Mas o que sofremos – trezentos a quatrocentos
a/)
bombardeamentos por dia, quatro a cinco mortos por dia e duas dúzias de
a/)
feridos por dia – é uma pequena fração da morte e destruição em massa em
a/)
gar Gaza. O cerco israelense a Gaza assemelha-se mais ao ataque da Wehrmacht
gar [as forças
a/)
telegram.me/share/url? armadas alemães durante o cerco nazista] a Stalingrado, em que
mais de 90% dos edifícios da cidade foram destruídos, do que a Sarajevo.
a/)
Apagar
(https://apoia.se/outraspalavras)
Na sexta-feira, a Faixa de Gaza teve toda a sua comunicação cortada.

Ficaram sem internet. Sem serviço telefônico. Sem eletricidade. O objetivo
de Israel é perpetrar o assassinato de dezenas, provavelmente centenas de
milhares de palestinos e fazer a limpeza étnica
(https://mondoweiss.net/2023/10/israeli-think-tank-lays-out-a-blueprint-
for-the-complete-ethnic-cleansing-of-gaza/) daqueles que sobreviverem em
campos de refugiados no Egito. Trata-se de uma tentativa
(https://www.democracynow.org/2023/10/16/raz_segal_textbook_case_of
_genocide) de Israel de apagar
(https://www.aljazeera.com/opinions/2023/10/19/erasing-palestine-2) não
apenas o povo, mas a ideia da Palestina. É um cópia
(https://news.un.org/en/story/2022/10/1129942) das campanhas maciças
de massacre racializado levadas a cabo por outros projetos de colonização
que acreditavam que a violência indiscriminada e generalizada poderia fazer
desaparecer as aspirações de um povo oprimido, cujas terras roubaram. E tal
como outros autores de genocídio, Israel pretende mantê-lo escondido.
 A campanha de bombardeamento de Israel matou mais de 7.300 palestinos,
quase
(https://outraspalavras.net/) metade dos quais crianças, juntamente com 26 jornalistas,
OUTRASPALAVRAS
profissionais de saúde, professores e funcionários das Nações Unidas. Cerca
de 1,4 milhão de palestinos em Gaza foram deslocados

(https://www.ochaopt.org/content/hostilities-gaza-strip-and-israel-
reported-impact-day-20), e cerca de 600 mil estão desabrigados
(https://www.bbc.co.uk/news/av/world-middle-east-67195401). Mesquitas,
120 instalações de saúde, ambulâncias, escolas, blocos de apartamentos,
supermercados, estações de tratamento de água e esgoto e centrais elétricas
foram reduzidos a escombros. Hospitais e clínicas, sem combustível,
medicamentos e eletricidade, foram bombardeadas ou estão fechadas. A
água limpa está acabando. Gaza, no final da campanha de terra arrasada de
Israel, será inabitável, uma tática que os nazistas empregavam regularmente
quando enfrentavam a resistência armada, incluindo no Gueto de Varsóvia e,
mais tarde, na própria Varsóvia. Quando Israel terminar, Gaza, ou pelo
menos Gaza como a conhecíamos, não existirá.
Não só as táticas são as mesmas, também a retórica

(https://www.lrt.lt/en/news-in-english/19/2102363/interview-with-israeli-
photographer-we-are-hearing-calls-to-erase-gaza) é igual. Os palestinos são
chamados (https://www.commondreams.org/opinion/language-of-
genocide-in-gaza) de animais, bestas e nazistas. Eles não têm o direito de
existir. Seus filhos não têm o direito de existir. Eles devem ser extirpados da
a/)
terra.
a/)
O extermínio daqueles cujas terras roubamos, cujos recursos saqueamos e
a/)
gar
cujo trabalho exploramos está codificado no nosso DNA. Pergunte aos
gar
a/)
nativos americanos. Pergunte aos indígenas. Pergunte aos congoleses.
a/)
Apagar Pergunte aos Kikuyu no Quênia. Pergunte aos Herero na Namíbia que, tal
como os Palestinos em Gaza, foram baleados
(https://www.nytimes.com/2021/07/08/opinion/germany-genocide-
herero-nama.html) e levados para campos de concentração no deserto, onde
morreram de fome e doenças. Oitenta mil deles. Pergunte aos iraquianos.
Pergunte aos afegãos. Pergunte aos sírios. Pergunte aos curdos. Pergunte aos
líbios. Pergunte aos povos indígenas em todo o mundo. Eles sabem quem
somos.
A face distorcida da invasão colonial de Israel pertence a nós. Nós fingimos

ser outra coisa. Atribuímos a nós próprios virtudes e qualidades civilizatórias
que são, como em Israel, justificativas frágeis para privar um povo ocupado e
sitiado dos seus direitos, confiscando as suas terras e recorrendo à prisão
prolongada, à tortura, à humilhação, à pobreza forçada e ao assassinato para
mantê-los subjugados.
O nosso passado, incluindo o nosso passado recente no Oriente Médio,

baseia-se na ideia de subjugar ou exterminar as raças “inferiores” da terra.
Damos a essas raças “inferiores” nomes que personificam o mal. Estado
Islâmico. Al Qaeda. Hezbolá. Hamas. Usamos insultos racistas para
desumanizá-los. “Haji” “Sand Nigger” “Camel Jockey”, “Ali Baba”, “Dung
Shoveler”. E então, porque eles personificam o mal, porque eles são menos
que humanos, sentimos ter uma licença para – como disse
 (https://twitter.com/nissimv/status/1710694866009596169) Nissim Vaturi,
membro
(https://outraspalavras.net/) do parlamento israelense pelo Likud, partido do governo – apagar
OUTRASPALAVRAS
“a Faixa de Gaza da face da terra”.
Naftali Bennett, ex-primeiro-ministro de Israel, em entrevista à Sky News 
em 12 de outubro, disse (https://news.sky.com/video/were-fighting-nazis-
former-israeli-prime-minister-defends-cutting-off-energy-to-gaza-strip-
12983288), “Estamos lutando contra os nazistas” – em outras palavras,
contra o mal absoluto.
(https://elefanteeditora.com.br/loja/)
Para não ficar atrás, primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, numa coletiva

de imprensa com o chanceler alemão Olaf Scholz, descreveu
(https://thehill.com/policy/international/4261308-netanyahu-labels-
hamas-the-new-nazis-alongside-germanys-scholz/) o Hamas como “os
novos nazistas”.
Pense sobre isso. Um povo, preso no maior campo de concentração do

mundo durante 16 anos, a quem foi negada comida, água, combustível e
medicamentos. Sem exército, força aérea, marinha, unidades mecanizadas,
artilharia, comando e controle e baterias de mísseis, que está sendo
a/)
massacrado (https://mondoweiss.net/2023/10/they-let-humanitarian-aid-
a/)
in-then-they-bombed-it-so-that-gaza-would-starve/) e submetido à fome
a/)
gar (https://mondoweiss.net/2023/10/operation-al-aqsa-flood-day-20-human-
gar
rights-group-warns-israel-is-using-starvation-as-a-weapon-of-war-in-gaza/)
a/)
por uma das forças militares mais avançadas do planeta – e eles são os
a/)
Apagar
nazistas?
Há uma analogia histórica aqui. Mas não é algo que Bennett, Netanyahu ou
qualquer outro líder israelita queira reconhecer.
Quando aqueles que estão ocupados se recusam a se submeter, quando

continuam a resistir, abandonamos toda a pretensão da nossa missão
“civilizadora” e desencadeamos, como em Gaza, uma orgia de massacre e
destruição. Ficamos bêbados de violência. Essa violência nos deixa loucos.
Matamos com ferocidade sem limites. Tornamo-nos as feras que acusamos
os oprimidos de serem. Expomos a mentira da nossa alardeada
superioridade moral. Expomos a verdade fundamental sobre a civilização
ocidental: somos os assassinos mais implacáveis e eficientes do planeta. Só
por isso dominamos os “miseráveis da terra”. Não tem nada a ver com
democracia ou liberdade. Estes são direitos que nunca pretendemos
conceder aos oprimidos.
“Honra, justiça, compaixão e liberdade são ideias que não têm adeptos”,
lembra-nos Joseph Conrad, autor de No coração das trevas. “Só existem
pessoas, sem conhecimento, compreensão ou sentimentos, que se intoxicam
com palavras, repetem palavras, gritam-nas, imaginando que acreditam
nelas sem acreditar em mais nada senão no lucro, na vantagem pessoal e na
própria satisfação.”
 O genocídio está no cerne do imperialismo ocidental. Não é exclusivo de
Israel.
(https://outraspalavras.net/) Não é exclusivo dos nazistas. É o alicerce da dominação ocidental. Os
OUTRASPALAVRAS
partidários do “intervencionismo humanitário
(https://scheerpost.com/2023/09/17/humanitarian-imperialism-created-

the-libyan-nightmare/)” que insistem que devemos bombardear e ocupar
outras nações porque somos a encarnação da bondade – embora promovam
a intervenção militar apenas quando esta é percebida como sendo do nosso
interesse nacional – são idiotas úteis da máquina de guerra e do
imperialismo global. Eles vivem em um conto de fadas de Alice no País das
Maravilhas, onde os rios de sangue que geramos tornam o mundo um lugar
melhor e mais feliz. Eles são os rostos sorridentes do genocídio. Você pode
assisti-los em suas telas. Você pode ouvi-los proclamar sua
pseudomoralidade na Casa Branca e no Congresso. Eles estão sempre
errados. E eles nunca vão embora.
Talvez sejamos enganados pelas nossas próprias mentiras, mas a maior parte
do mundo nos vê – a nós e a Israel – com clareza. Eles entendem nossas
tendências genocidas, classificam a hipocrisia e a justiça própria. Eles veem
que os palestinos – em grande parte sem amigos, sem poder, forçados a viver
em campos de refugiados miseráveis ou na diáspora, privados da sua pátria e
eternamente perseguidos – sofrem o tipo de destino outrora reservado aos
judeus. Esta, talvez, seja a ironia trágica final. Aqueles que anteriormente
necessitaram de proteção contra o genocídio, agora, cometem-no.
a/)
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Chris Hedges, jornalista e professor, escreveu 11 livros, incluindo "Days of
Destruction, Days of Revolt", em parceria com o cartunista Joe Sacco
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Diários do Apocalipse A participação que falta ao Brasil: timidez diante do
Sob terror e escombros, humanidade e governo Lula genocídio palestino
poesia. Crônica da guerra, por uma A democracia está em crise. Contra o Diplomacia de Lula 3 esquece postura
escritora palestina. A família confinada em individualismo neoliberal, novos “ativa e altiva” e contenta-se com retóricas
Gaza. As bombas gritam, os telefones se mecanismos de cidadania coletiva são vazias. Israel, que perpetra o extermínio, é
calam. As mortes que não contam. Em necessários e urgentes. Um deles: oferecer poupado nas denúncias. Ao romper com
meio ao terror de Israel, a Palestina viverá à população moeda educativa a ser Tel Aviv, Bolívia, Colômbia e Chile dão
investida, por meio de assembleias, em lição de coragem ao Itamaraty
ações comunitárias
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Luiz Marques: o caminho O que diz a derrota da A Nakba dos trabalhadores
para a III Guerra Mundial ultradireita na Polônia palestinos e a guerra
Foram os EUA, em sua resposta brutal ao Participação de mulheres e jovens foi Desde 2021, Israel recruta imigrantes para
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bomba-relógio: a das crises ambientais democracia não acabou 4 mil estejam presos ou desaparecidos
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O genocídio palestino e as Palestina: Wall Street se
palavras que matam excita com o cheiro de
Os bárbaros decapitam bebês e estupram guerra
mulheres, diz o Ocidente. A verdade não Registros mórbidos das reuniões de
importa: “se não fizeram, um dia farão”, negócios mostram o cinismo de bancos e
afinal, não se assassina apenas corpos. corretoras que especulam para alimentar o
Leviandade é arma de guerra para que a conflito. Junto a quase 10 mil mortos e
voz do colonizado seja grunhidos múltiplos crimes contra a humanidade,
ininteligíveis despontam as altas nas ações da indústria
bélica
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por Chris Hedges Publicado 08/11/2023 às 20:01 - Atualizado

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O nosso passado, incluindo o nosso passado recente no Oriente Médio,

Naftali Bennett, ex-primeiro-ministro de Israel, em entrevista à Sky News 

em 12 de outubro, disse (https://news.sky.com/video/were-fighting-nazis-

Para não ficar atrás, primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, numa coletiva

Pense sobre isso. Um povo, preso no maior campo de concentração do

Quando aqueles que estão ocupados se recusam a se submeter, quando

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