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Introdução
Pós-graduada em Planejamento, Organização e Direção de Arquivos pela UFF/AN, Graduada em
História pela UFRJ, graduanda em arquivologia pela UNIRIO e segundo tenente historiadora do
Museu Aeroespacial – Força Aérea Brasileira.
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duas versões da exposição A FAB na Guerra e apresentará como a segunda versão foi
estruturada. O quarto tópico, a exposição A FAB na Guerra será analisada a partir de
conceitos da história, arquivologia e museologia com o objetivo de entender o que determinou
a preferência pelo I GAvCa na sala.
Embora criado na década de 1970, o Museu Aeroespacial sofreu forte influência dos
primórdios da museologia brasileira (décadas de 1930-1940) e elaborou, consequentemente,
suas exposições com um olhar pautado em uma historiografia positivista. Além disso, o
Arquivo Histórico do MUSAL possui um conjunto de documentos textuais e fotográficos do I
GAvCa que não está organizado. Todas essas informações serão relevantes para a análise da
sala A FAB na Guerra e a partir delas entender a transformação dos aviadores do grupo de
caça como os heróis da FAB e como isso está representado na exposição.
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Em 13 de janeiro de 1927 foi criada a quinta arma do Exército, a da Aviação, através da Lei nº 5.168.
Isso colocou a aviação no mesmo nível das demais armas existentes: Infantaria, Cavalaria, Artilharia e
Engenharia.
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I Esquadrilha de Ligação e Observação (I ELO) foi criada em 20 de junho de 1944, tinha como
objetivo “apoiar a Artilharia Divisionária da Força Expedicionária do Exército [...] realizando
operações de observação, ligação, reconhecimento e regulagem de tiro”. Com o fim da Segunda
Guerra Mundial, ela foi extinta. Disponível em: < http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html>.
Acessado em 29.03.2015.
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que se fossem realizadas as obras nos hangares, a organização do acervo e das primeiras
exposições, restauração das aeronaves, entre outras atividades.
Ao longo dos seus quarenta e dois anos, o MUSAL passou por cinco direções, sendo
aprovados quatro regulamentos e dois regimentos. No início, seu acervo contava com
quarenta aeronaves expostas. Hoje, possui mais de cento e vinte. Além disso, o Museu se
destaca por ser importante para a história da aviação militar e civil. Sua missão é preservar a
memória da Força Aérea Brasileira por intermédio do seu conteúdo histórico.
O MUSAL está localizado no bairro de Sulacap, na zona oeste da cidade do Rio de
Janeiro e recebeu no último ano 46.371 visitantes. Anualmente o Museu realiza e participa de
alguns eventos como: a Semana de Museus (maio), a Primavera de Museus (setembro), o
Domingo Aéreo (outubro), exposições itinerantes sobre as comemorações alusivas à história
da FAB e solenidades para apresentação de novas aeronaves pertencentes ao acervo.
O acervo do MUSAL está distribuído por quatro hangares, além das oito salas de
exposição, sendo uma temporária. Em relação às salas de exposição, algumas existem desde a
inauguração, como a Sala das Armas, a Sala do Ministro Salgado Filho e a Sala do I Grupo de
Aviação de Caça, e hoje renomeada como A FAB na Guerra. Outras salas não existem mais –
como a Sala das Artes, a Sala dos Motores e a Sala dos Instrumentos e Hélices – enquanto
algumas novas foram inauguradas, como a do Bartolomeu de Gusmão, PARA-SAR, Santos
Dumont, EMBRAER e Força Mulher.
A Sala do I Grupo de Aviação de Caça, objeto de nossa análise, é um exemplo de
exposição que teve duas versões, uma da época da inauguração do MUSAL e outra mais
recente (2010). Apesar da diferença de mais de trinta anos entre as duas versões, as
exposições não tiveram grandes alterações. Ao contrário, o foco da sala permaneceu nos
aviadores pertencentes ao grupo de caça que embarcaram para a Itália para lutar na Segunda
Guerra Mundial. Entretanto, a participação da FAB na guerra foi muito maior que isso.
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Juntamente com os aviadores, foram para o teatro de operações, intendentes, praças (cabos e
soldados), sargentos, a I Esquadrilha de Ligação e Observação (I ELO), enfermeiros, médicos,
além da estrutura que foi organizada no Brasil para a defesa do litoral através da Aviação de
Patrulha3.
O nome dado à sala no primeiro momento, I Grupo de Aviação de Caça, se adequava
mais ao que está exposto do que o título dado à segunda versão, A FAB na Guerra, já que
nesse se imaginava uma apresentação mais ampla da participação da FAB no conflito
mundial, com todos os participantes. A segunda versão da sala permite compreender que o
papel da FAB na Segunda Guerra Mundial foi reduzido ao I GAvCa. A relevância dada aos
aviadores do grupo de caça pode ser compreendida por meio dos seguintes pontos: o primeiro
quadro a ser formado pela FAB foi dos aviadores; o símbolo do quadro dos aviadores é o
mesmo da Força Aérea Brasileira, o gládio alado; o objetivo da FAB é a defesa do espaço
aéreo, realizado pelos aviadores; e, por último, mais relacionado aos pilotos de caça, no dia 22
de abril é comemorado o dia da aviação de caça. Nesse sentido, existem vários itens que
remetem à aviação como meta a ser atingida e, para se conseguir isso, se faz necessário ter
pilotos formados. Portanto, nada mais natural que eleger os aviadores do I GAvCa como os
heróis da participação da FAB na Segunda Guerra Mundial.
Para compreender melhor como o MUSAL reconstruiu a participação da FAB na
Segunda Guerra Mundial, no próximo capítulo será identificado as duas versões da sala e
apresentado como a segunda versão foi estruturada.
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Aviação de Patrulha tinha como objetivo defender o Nordeste brasileiro contra investidas de
submarinos alemães.
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Ainda nessa mesma entrevista, foi perguntado como foi elaborada a segunda versão da
sala A FAB na Guerra e Marques (2015) respondeu:
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(...) foi o processo que sempre fazemos, pesquisa histórica, verificar o acervo. Então
nós percebemos que o visitante era jogado para a Segunda Guerra Mundial sem
nenhuma base anterior. Nós procuramos dar esses antecedentes da Segunda Guerra
Mundial para que eles pudessem situar e entrar na Segunda Guerra e as
consequências para a FAB. Então surgiu a ideia de começarmos pela Segunda
Guerra, pela Esquadrilha de Ligação e Observação que também faz parte. [...]
Então primeiro foi a pesquisa histórica, na Segunda Guerra achamos melhor
separar por Eixo e Aliados para que as pessoas verificassem uma dualidade que
havia e influência do Grupo de Caça mesmo, a história. Fizemos uma visita ao
Grupo de Caça, em Santa Cruz, pegamos material. Fomos à casa do brigadeiro
Meira. Na casa dele tinha um quarto reservado para o Grupo de Caça. Nós
conseguimos um relato dele. Foi fantástico esse conhecimento que conseguimos
com ele. Essa pesquisa e muita coisa de fora, pegamos informação com a Base
Aérea de Natal.
Com essa declaração percebeu-se que houve uma tentativa por parte da equipe de
incluir um contexto histórico e até a I Esquadrilha de Ligação de Observação. Entretanto, ao
visitar a sala é notório a divulgação da participação do I GAvCa. A explicação para isso,
segundo Marques, seria que a segunda versão da sala não poderia se afastar muito da primeira
abordagem. Sendo assim, não restou espaço para os coadjuvantes (embora não menos
importantes), como as enfermeiras, os médicos, os intendentes, os sargentos, os cabos e os
soldados que participaram do grupo da FAB que embarcou para a Itália.
Apesar de toda uma expografia com objetos que tentam retratar o contexto da época,
no fundo da sala encontra-se uma representação em tamanho natural, com manequins, de uma
foto clássica. Nela estão identificados, em sua maioria, os aviadores que estiveram e
pertenceram ao I GAvCa. Ao total são 42 participantes da foto, sendo 30 aviadores para 12
que não são. Esse grupo de doze está representado por um cabo, três médicos (dois capitães e
um tenente), um tenente mecânico, um tenente especialista em armamento, dois intendentes
(um capitão e um tenente), um major americano e dois tenentes e um major sem identificação
de quadro ou especialidade. O que representa que além dos pilotos de caça, havia um grupo
de militares que apoiavam a missão.
Também existe um mapa que estava exposto na primeira versão da sala, com os nomes
dos aviadores, o trajeto de algumas de suas missões, onde desembarcaram ou morreram.
Outro ponto de destaque é um painel identificando em quais bases aéreas estão alocadas a
aviação de caça na atualidade, além de um manequim com o uniforme usado por um piloto de
caça. Nesse sentido, por mais que se tentasse pontuar a sala com textos sobre a I Esquadrilha
de Ligação e Observação e sobre a Aviação de Patrulha, o maior peso foi dado ao I GAvCa.
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Outro detalhe importante que não pode deixar de ser mencionado: o Arquivo Histórico
do MUSAL possui um conjunto documental do I GAvCa constituído por 907 fotografias e 31
caixas de arquivo de documentos textuais produzidos durante os anos de 1944 a 1945. Assim
como o MUSAL, o Centro de Documentação e Histórico da Aeronáutica (CENDOC) também
possui documentos do I GAvCa formados por sessenta imagens. Nenhum desses dois
conjuntos documentais está organizado e, ainda por cima, sua guarda foi dividida entre essas
duas organizações militares da FAB. Ademais, o que se nota na segunda versão da exposição
é que apenas as fotografias do arquivo histórico foram aproveitadas para elaboração da
exposição. Apesar da museóloga Amanda Marques ter afirmado que uma pesquisa histórica
foi desenvolvida, o não uso dos documentos produzidos e acumulados pelo I GAvCa, e
guardados no arquivo histórico do MUSAL e no CENDOC, sinaliza os limites daquele
trabalho. O não uso dos documentos do I GAvCa acumulados tanto pelo arquivo histórico do
MUSAL quanto pelo CENDOC contradiz o que está definido na finalidade do regulamento
mais recente (2005) do Museu Aeroespacial, que seria “preservar a memória da Aeronáutica
brasileira por intermédio do seu acervo histórico”
No próximo capítulo, a exposição A FAB na Guerra será analisada a partir de
conceitos da história, arquivologia e museologia com o objetivo de entender o que determinou
a preferência pelo I GAvCa na sala.
parece com o que Bittencourt (2002, p.14) sugeriu ao analisar o olhar de Gustavo Barroso4
sobre o Museu Histórico Nacional: “Barroso se apegava a um ‘culto à tradição’ que procurava
em ver no passado e em seus fatos e personagens únicos um ideal para o presente”.
Ao lado disso, Santos (2002, p.106) identificou que os museus militares
[...] surgiram como museus comemorativos e expressando forte sentimento
nacionalista [...] que apareceram inicialmente na França e na Alemanha, no final
do século XIX e expandiram-se por todo o continente. Esses museus expressam o
caráter de cada nação através da exposição de objetos utilizados em sua expansão
territorial, como armas, medalhas e de objetos de artilharia e objetos de heróis
nacionais.
No mesmo texto, Santos (2002, p.112) citou uma passagem de Barroso, onde ele
afirmava que o Brasil necessitava de um museu onde “pudessem ser guardados objetos de
guerreiros e heróis”. Apesar da diferença de mais de meio século entre a criação do MHN
(1922), sob a direção de Gustavo Barroso, e a inauguração do Museu Aeroespacial, em 1976,
a impressão que se tem é que ainda é muito presente no MUSAL as características de um
museologia nacionalista, típica dos anos de 1920. Isso pode ser entendido a partir do que Vera
Tostes5 sugeriu:
O Museu Histórico Nacional, fundado em 1922 pelo Presidente Epitácio Pessoa,
representou a introdução no Brasil de um modelo de museu histórico que perdurou
por mais de 40 anos: um modelo essencialmente baseado nas grandes coleções, nos
personagens históricos e numa relação peculiar entre o diretor, os membros da
instituição e os grandes doadores (in ABREU, 1996, p. 10).
Julião (2006, p.20-21) partilhou da mesma opinião que Tostes e sugeriu que os museus
construídos nas décadas de 1930 e 1940 traziam:
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Gustavo Barroso foi diretor do Museu Histórico Nacional entre os anos de 1922 e 1959.
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Vera Lúcia Bottrel Tostes foi diretora do MHN entre os anos de 1994 e 2014.
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militares e, segundo Soares (2011, p.190), “nas décadas de 1960 e 1970, novamente, um
governo autoritário fortaleceu a ideia de unidade nacional, sendo dessa vez fortemente
associada à questão da segurança nacional”.
Outro ponto que influenciou o desenvolvimento do perfil do MUSAL foram os
momentos em que se pensaram a sua constituição. O primeiro documento datado sobre a
organização do Museu Aeroespacial é de 1943, embora a sua criação seja de 1973 e a sua
inauguração de 1976, como anteriormente comentado. Ou seja, são três datas, 1943, 1973 e
1976, em que movimentos nacionalistas estavam em alta. Nesse sentido, os aspectos acima
mencionados determinaram que o MUSAL priorizasse a escolha por heróis da FAB para
escrever a sua história.
Outra ferramenta que auxilia na construção das exposições é a História. E para poder
compreender qual é o seu papel na elaboração das salas expositivas se fez necessário analisar
as finalidades do MUSAL nos seus regulamentos6. Apesar de terem sido aprovados quatro
regulamentos, a finalidade do MUSAL ainda é refém da definição expressa no ano de 1977.
Isso revela que o museu foi pensado a partir de um panorama histórico próprio do século XIX,
ou seja, uma história objetiva, empírica e racional. O discurso histórico nesse momento era
construído por “verdades históricas”. Essas verdades seriam determinadas a partir da leitura
pura e simples dos documentos históricos. Ou seja, as fontes históricas eram tidas como uma
representação realista do que aconteceu. Não existia espaço para uma análise ou para
múltiplas narrativas. O pesquisador ficava passivo diante dos documentos e desprezaria as
outras dimensões que envolvessem o evento histórico.
Essas características estão bem evidentes na sala A FAB na Guerra. Como foi dito, o I
GAvCa é apresentado como o protagonista da Força Aérea Brasileira durante a Segunda
Guerra Mundial. É notória a exaltação a esse grupo, já que a sala denota apenas a sua
participação na Guerra. O título da sala também gera um mal entendido, já que não retrata a
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Ao total foram publicados quatro regulamentos nos anos 1977, 1982, 1987 e 2005.
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Nota-se ainda nessa sala a analogia que Reis (2004, p.28-29) elaborou entre museus e
o positivismo:
A sala A FAB na Guerra é exatamente isso que Reis sugeriu. Ela é uma tentativa de
reconstituição do que se quer acreditar e do que se acredita ser histórico, marginalizando
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A partir do decreto 58.221 de 19 de abril de 1966, o dia 22 de abril tornou-se a data oficial em que se
comemora o dia da Aviação de Caça.
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tantos outros agentes e momentos. Tem-se como resultado, sua transformação em um evento
isolado (procedimento tão característico do positivismo, que constituiu a história a partir de
uma sucessão de eventos separados).
Nesse sentido, apesar da exposição A FAB na Guerra ter passado por uma reforma,
muito pouco foi alterado, já que a proposta não era fugir do que já se tinha anteriormente.
Com essa explicação, com a percepção que o MUSAL ainda bebe em práticas históricas e
museológicas positivistas comprometidas com os grandes feitos de uma memória nacional,
deduz-se que a exposição priorizou a versão dos aviadores heróis e formadores da história
oficial da FAB.
Vale lembrar ainda que, logo a seguir à criação do MUSAL, na década de 1980, foi
lançado o Movimento Internacional da Nova Museologia – MINOM, com o objetivo de
abandonar alguns procedimentos que faziam parte da tradição dos museus. A partir do
MINOM, por exemplo, foi ampliada a noção de patrimônio e as representações da sociedade
se multiplicaram, impactando na valorização das diversas memórias que passaram a ser
reconhecidas. Além disso, os cidadãos passaram a participar mais ativamente dos museus que
os cercavam, começando a se enxergar inseridos na história do seu bairro, cidade e etc. Por
mais que essas mudanças tivessem chegado ao Brasil no transcorrer daquela década, no
Museu Aeroespacial ainda predomina um perfil de museu fortemente refratário ao proposto
por aquele Movimento.
classificação, avaliação e seleção8. Também se sabe que foram poucos os documentos usados
para a elaboração da sala A FAB na Guerra, fato que aconteceu porque o MUSAL priorizou
não se afastar muito da abordagem da primeira versão da sala.
Da mesma forma que assumir que a exposição não é uma versão completa sobre a
participação da FAB na Segunda Guerra Mundial, também não se pode afirmar que os
documentos que estão guardados no arquivo histórico são a memória da aviação na guerra
mundial. Isso seria um equívoco, já que esses documentos não são fruto de classificação,
avaliação e seleção. Ou seja, esses documentos foram os que ‘restaram’, foram os que
sobreviveram ao passar dos anos e chegaram ao arquivo histórico e receberam o valor
permanente9. Tornaram-se “relíquias” da arquivologia e, por isso, são hoje considerados
“patrimônio nacional”. Sobre esse assunto, Jardim (1995, p.8) foi categórico ao afirmar que
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Tanto a classificação quanto a avaliação e a seleção são práticas arquivísticas. A classificação
segundo Paes é um “processo que, na organização de arquivos correntes, consiste em colocar ou
distribuir os documentos numa sequência alfabética, numérica ou alfanumérica, de acordo com o
método de arquivamento previamente adotado” (PAES, 2004, p. 25). A Avaliação segundo o
Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística significa “processo de análise de documentos de
arquivo, que estabelece os prazos de guarda e a destinação, de acordo com os valores que lhes são
atribuídos” (ARQUIVO NACIONAL, 2005, p. 41). A Seleção segundo o Dicionário Brasileiro de
Terminologia Arquivística significa a “separação dos documentos de valor permanente daqueles
passíveis de eliminação, mediante critérios e técnicas previamente estabelecidos em tabela de
temporalidade” (ARQUIVO NACIONAL, 2005, p. 152).
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Documentos permanentes, formadores do arquivo permanente, de valor secundário, isto é, histórico,
e são definidos como um “conjunto de documentos preservados em caráter definitivo em função de
seu valor” (ARQUIVO NACIONAL, 2005, p.34).
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Isso fica mais evidente na sala A FAB na Guerra do que nos documentos do I GAvCa.
O poder simbólico da exposição está na vontade de imprimir uma verdade histórica sobre
determinado fato e o que isso contribuiu de forma positiva para a história da FAB. Afinal,
nada mais gratificante do que ser lembrado pelas vitórias. Por outro lado, os documentos do I
GAvCa permitem desenvolver um poder simbólico que está velado e que pode não ser
interessante uma vez que não foram investigados.
Dessa forma, o que parece é que a sala A FAB na Guerra é o que Soares (2011, p.54)
afirmou sobre o papel dos museus até o século XX, ou seja, que eles “foram construídos pelas
elites e serviam exclusivamente aos seus interesses nos contextos em que os valores
‘clássicos’ conseguiam alcançar para legitimar o poder e a autoridade das burguesias
ascendentes”. Portanto, o MUSAL, por meio da sua exposição A FAB na Guerra, comunica-
se e transmite a sua opção de narrativa aos seus pares, “cúmplices” nesse processo.
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Existe uma diferença teórica e metodológica entre o fazer arquivístico e museológico no momento
da seleção dos documentos para pertencerem a um arquivo e uma exposição. Enquanto que para o
arquivista características como imparcialidade e autenticidade do documento são relevantes, para o
museólogo uma réplica ou cópia de um objeto a ser exposto não interferem na sua produção.
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Considerações Finais
Bibliografia
ABREU, Regina. A Fabricação do Imortal: memória, história e estratégias de consagração
no Brasil. Rio de Janeiro: Rocco: Lapa, 1996.
BOURDIEU, Pierre. Pierre Bourdieu entrevistado por Maria Andréa Loyola. Rio de
Janeiro: Ed UFRJ, 2002.
JARDIM, José Maria. A Invenção da Memória nos Arquivos Públicos. Revista Ciência da
Informação, Brasília, v. 25. n. 2. 1995.
MARQUES, Amanda. Entrevista concedida a Fabiana Costa Dias e Rachel Motta Cardoso.
Rio de Janeiro, 12 de janeiro de 2015.
PAES, Marilena Leite. Arquivo: teoria e prática.3. ed. Ver. ampl. Rio de Janeiro: Editora
FGV, 2004.
REIS, José Carlos. A História: entre a Filosofia e a Ciência. Belo Horizonte: Autêntica,
2004.
SANTOS, Myriam Sepúlveda dos. Políticas da Memória na Criação dos Museus Brasileiros.
In Cadernos de Sociomuseologia, Lisboa, v. 19, n.19, 2002.