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Museu Aeroespacial: um museu de heróis

FABIANA COSTA DIAS


Resumo

Este artigo relata a criação e organização do Museu Aeroespacial (MUSAL) e analisa


a constituição da exposição permanente A FAB na Guerra a partir de uma perspectiva
multidisciplinar (historiográfica, arquivística e museológica). A escolha pela sala A FAB na
Guerra, dentre as oito salas de exposição do museu, ocorreu porque através dela pretende-se
compreender de que forma a participação do I Grupo de Aviação de Caça (I GAvCa) na
Segunda Guerra Mundial (1939-1945) teve relevância para a construção da história da Força
Aérea Brasileira (FAB).

Introdução

O Museu Aeroespacial está localizado em um sítio histórico para a aviação brasileira.


Os hangares que são ocupados por ele no Campo dos Afonsos, em Sulacap, representam o
local onde os cadetes da antiga Escola de Aeronáutica (1941-1969) tinham as suas instruções
de voo. Já o Campo dos Afonsos foi o local onde as primeiras escolas de aviação brasileiras
se instalaram e posteriormente suas construções passaram a pertencer à Escola de Aviação
Militar (1919-1941). Nesse sentido, não existiria lugar melhor para o MUSAL fixar suas
instalações.
O artigo tem o objetivo de estudar uma exposição em particular do Museu
Aeroespacial, A FAB na Guerra. Ela foi inaugurada nos primeiros anos do museu e já está na
sua segunda versão. A intenção do artigo é compreender de que forma a participação do I
Grupo de Aviação de Caça na Segunda Guerra Mundial (1939-1945) teve relevância para a
construção da história da Força Aérea Brasileira. Para isso o texto foi dividido em quatro
tópicos. O primeiro tópico será uma apresentação breve sobre as primeiras escolas de aviação
que estiveram instaladas no Campo dos Afonsos até a constituição do Ministério da
Aeronáutica e consequentemente a criação da Força Aérea Brasileira. O segundo tópico
tratará sobre a organização e criação do Museu Aeroespacial, apresentará suas exposições e
em especial a sala objeto desse artigo, A FAB na Guerra. O terceiro tópico identificará as


Pós-graduada em Planejamento, Organização e Direção de Arquivos pela UFF/AN, Graduada em
História pela UFRJ, graduanda em arquivologia pela UNIRIO e segundo tenente historiadora do
Museu Aeroespacial – Força Aérea Brasileira.
2

duas versões da exposição A FAB na Guerra e apresentará como a segunda versão foi
estruturada. O quarto tópico, a exposição A FAB na Guerra será analisada a partir de
conceitos da história, arquivologia e museologia com o objetivo de entender o que determinou
a preferência pelo I GAvCa na sala.
Embora criado na década de 1970, o Museu Aeroespacial sofreu forte influência dos
primórdios da museologia brasileira (décadas de 1930-1940) e elaborou, consequentemente,
suas exposições com um olhar pautado em uma historiografia positivista. Além disso, o
Arquivo Histórico do MUSAL possui um conjunto de documentos textuais e fotográficos do I
GAvCa que não está organizado. Todas essas informações serão relevantes para a análise da
sala A FAB na Guerra e a partir delas entender a transformação dos aviadores do grupo de
caça como os heróis da FAB e como isso está representado na exposição.

1. A aviação no Brasil, breve histórico: das escolas de formação de pilotos ao Ministério


da Aeronáutica.

As histórias do Museu Aeroespacial e do Campo dos Afonsos, no Rio de Janeiro, estão


diretamente relacionadas e se misturam ao longo dos anos. A aviação brasileira elegeu o
Campo dos Afonsos como base para instalação das primeiras escolas de aviação – Aero Clube
Brasileiro (AeCB), em 1911, e Escola Brasileira de Aviação (EBA), em 1914 – e, desde
então, faz-se presente nessa região.
O AeCB funcionou no Campo dos Afonsos até 1919, sendo posteriormente transferido
para Manguinhos, em uma região próxima à Fundação Oswaldo Cruz. Isso ocorreu porque em
suas instalações passou a funcionar a Escola de Aviação Militar (EAvM), organizada a partir
da vinda da Missão Militar Francesa (1919-1940), cujo objetivo era a modernização do
Exército Brasileiro. Já a EBA teve uma vida breve, tendo ficado aberta apenas alguns meses
no ano de 1916, momento no qual suas atividades ocorreram juntamente com o AeCB.
Em 1927, foi criada a quinta arma do Exército1, a da Aviação, e o Brasil caminhava
para que, em breve, fosse constituída sua Força Aérea Brasileira.

1
Em 13 de janeiro de 1927 foi criada a quinta arma do Exército, a da Aviação, através da Lei nº 5.168.
Isso colocou a aviação no mesmo nível das demais armas existentes: Infantaria, Cavalaria, Artilharia e
Engenharia.
3

Em relação às principais potências da época, a aviação brasileira estava ficando para


trás: França, Alemanha e Inglaterra tinham construído suas forças aéreas nos anos de 1909,
1910 e 1918 respectivamente. Além disso, o mundo já tinha passado pela Primeira Guerra
Mundial (1914-1918), com o emprego da aviação de maneira defensiva e de observação. Com
a eclosão da Segunda Guerra Mundial, em 1939, o Brasil – que desde 1935 tinha iniciado uma
campanha para a criação do Ministério do Ar – viu seu espaço aéreo mais uma vez vulnerável
a ataques.
Finalmente, em 20 de janeiro de 1941, Getúlio Vargas, através do decreto-lei n. 2.961,
criou o Ministério da Aeronáutica e, consequentemente a Força Aérea Brasileira, unindo a
aviação naval, militar e civil. Um ano e meio depois, em agosto de 1942, o Brasil declarou
guerra ao Eixo (Itália, Alemanha e Japão) e se juntou aos Aliados (Estados Unidos, França,
Inglaterra e a antiga URSS). Para esse teatro de operações, no qual a aviação havia mudado a
sua estratégia (passando a ser ofensiva e de ataque), a FAB enviou o I Grupo de Aviação de
Caça e a I Esquadrilha de Ligação e de Observação (I ELO)2.
A partir da criação da FAB, a Escola de Aeronáutica começou a exercer suas
atividades nas instalações da antiga Escola de Aviação Militar e permaneceu no Campo dos
Afonsos até o ano de 1969, quando foi transferida para Pirassununga (São Paulo) tornando-se
Academia da Força Aérea (AFA). A transferência da Escola de Aeronáutica do Campo dos
Afonsos deixou quatro hangares vazios. Foi então que esses hangares foram indicados para
serem usados para organizar o Museu Aeroespacial.
Entretanto, a iniciativa de organizar um Museu Aeroespacial já havia partido do ex-
ministro da Aeronáutica, Joaquim Pedro Salgado Filho, em 1943. Como não existia um local
físico para a instalação do mesmo, o projeto foi adiado por anos. Somente com a saída da
Escola de Aeronáutica do Campo dos Afonsos, em 1969, que os trabalhos iniciaram. A partir
de então, foram criados, em 1972, a Comissão Organizadora do Museu e, no ano seguinte, o
Núcleo do Museu Aeroespacial, cuja data de organização (31/06/1973) tornou-se a data
oficial da criação do MUSAL. Contudo, a inauguração do mesmo apenas ocorreu em 18 de
outubro de 1976. Esse intervalo de tempo entre a criação e a inauguração foi necessário para

2
I Esquadrilha de Ligação e Observação (I ELO) foi criada em 20 de junho de 1944, tinha como
objetivo “apoiar a Artilharia Divisionária da Força Expedicionária do Exército [...] realizando
operações de observação, ligação, reconhecimento e regulagem de tiro”. Com o fim da Segunda
Guerra Mundial, ela foi extinta. Disponível em: < http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB/index.html>.
Acessado em 29.03.2015.
4

que se fossem realizadas as obras nos hangares, a organização do acervo e das primeiras
exposições, restauração das aeronaves, entre outras atividades.

2. O Museu Aeroespacial (MUSAL).

Ao longo dos seus quarenta e dois anos, o MUSAL passou por cinco direções, sendo
aprovados quatro regulamentos e dois regimentos. No início, seu acervo contava com
quarenta aeronaves expostas. Hoje, possui mais de cento e vinte. Além disso, o Museu se
destaca por ser importante para a história da aviação militar e civil. Sua missão é preservar a
memória da Força Aérea Brasileira por intermédio do seu conteúdo histórico.
O MUSAL está localizado no bairro de Sulacap, na zona oeste da cidade do Rio de
Janeiro e recebeu no último ano 46.371 visitantes. Anualmente o Museu realiza e participa de
alguns eventos como: a Semana de Museus (maio), a Primavera de Museus (setembro), o
Domingo Aéreo (outubro), exposições itinerantes sobre as comemorações alusivas à história
da FAB e solenidades para apresentação de novas aeronaves pertencentes ao acervo.
O acervo do MUSAL está distribuído por quatro hangares, além das oito salas de
exposição, sendo uma temporária. Em relação às salas de exposição, algumas existem desde a
inauguração, como a Sala das Armas, a Sala do Ministro Salgado Filho e a Sala do I Grupo de
Aviação de Caça, e hoje renomeada como A FAB na Guerra. Outras salas não existem mais –
como a Sala das Artes, a Sala dos Motores e a Sala dos Instrumentos e Hélices – enquanto
algumas novas foram inauguradas, como a do Bartolomeu de Gusmão, PARA-SAR, Santos
Dumont, EMBRAER e Força Mulher.
A Sala do I Grupo de Aviação de Caça, objeto de nossa análise, é um exemplo de
exposição que teve duas versões, uma da época da inauguração do MUSAL e outra mais
recente (2010). Apesar da diferença de mais de trinta anos entre as duas versões, as
exposições não tiveram grandes alterações. Ao contrário, o foco da sala permaneceu nos
aviadores pertencentes ao grupo de caça que embarcaram para a Itália para lutar na Segunda
Guerra Mundial. Entretanto, a participação da FAB na guerra foi muito maior que isso.
5

Juntamente com os aviadores, foram para o teatro de operações, intendentes, praças (cabos e
soldados), sargentos, a I Esquadrilha de Ligação e Observação (I ELO), enfermeiros, médicos,
além da estrutura que foi organizada no Brasil para a defesa do litoral através da Aviação de
Patrulha3.
O nome dado à sala no primeiro momento, I Grupo de Aviação de Caça, se adequava
mais ao que está exposto do que o título dado à segunda versão, A FAB na Guerra, já que
nesse se imaginava uma apresentação mais ampla da participação da FAB no conflito
mundial, com todos os participantes. A segunda versão da sala permite compreender que o
papel da FAB na Segunda Guerra Mundial foi reduzido ao I GAvCa. A relevância dada aos
aviadores do grupo de caça pode ser compreendida por meio dos seguintes pontos: o primeiro
quadro a ser formado pela FAB foi dos aviadores; o símbolo do quadro dos aviadores é o
mesmo da Força Aérea Brasileira, o gládio alado; o objetivo da FAB é a defesa do espaço
aéreo, realizado pelos aviadores; e, por último, mais relacionado aos pilotos de caça, no dia 22
de abril é comemorado o dia da aviação de caça. Nesse sentido, existem vários itens que
remetem à aviação como meta a ser atingida e, para se conseguir isso, se faz necessário ter
pilotos formados. Portanto, nada mais natural que eleger os aviadores do I GAvCa como os
heróis da participação da FAB na Segunda Guerra Mundial.
Para compreender melhor como o MUSAL reconstruiu a participação da FAB na
Segunda Guerra Mundial, no próximo capítulo será identificado as duas versões da sala e
apresentado como a segunda versão foi estruturada.

3. O I Grupo de Aviação de Caça (I GAvCa) em exposição.

A primeira versão da Sala do I Grupo de Aviação de Caça (I GAvCa) está registrada


no catálogo Museu Aeroespacial Brasileiro, publicado durante a primeira direção do Museu
Aeroespacial (1976-1983), posição ocupada pelo major João Maria Monteiro.
Algumas páginas do catálogo são dedicadas à Sala do I Grupo de Aviação de Caça. O
texto trata especificamente da história desse grupo, relatando em linhas gerais a sua
organização, missão e objetivo. Cita também a antiga Esquadrilha de Ligação e Observação e
explica a data 22 de abril, quando se comemora o dia da Aviação de Caça. Além do texto,

3
Aviação de Patrulha tinha como objetivo defender o Nordeste brasileiro contra investidas de
submarinos alemães.
6

existem algumas fotos que auxiliam na identificação de objetos que permaneceram na


segunda versão da sala e enumera itens que estão expostos. Além disso, existe um trecho do
texto que chama a atenção devido à forma como a autoria transformou o I GAvCa em
personagem central da FAB: “Na sala I Grupo de Aviação de Caça, acha-se em exposição
toda a campanha aérea do grupo, com evocação a feitos gloriosos da Força Aérea Brasileira
nos campos de guerra da Europa” (s./d., p.73, grifos nossos).
Esse trecho pode estar relacionado com a definição da finalidade do museu
estabelecida no primeiro regulamento do Museu Aeroespacial, de 1977. Segundo aquele, a
finalidade do museu era “despertar na juventude o sentimento cívico patriótico, promovendo
os feitos gloriosos do passado que contribuíram para a consolidação da nação” (FORÇA
AÉREA BRASILEIRA, Decreto nº 79.920, Aprova o Regulamento do Museu Aeroespacial,
grifo nosso). O uso da expressão “feitos gloriosos” está presente em ambos os textos e
permite uma análise a partir de uma perspectiva histórica positivista própria do século XIX e
de uma museologia comprometida com a ideia de conformação de uma memória nacional. A
outra expressão grifada, campanha aérea, indica o que se pretendia ilustrar na exposição, a
importância da participação da aviação.
De 1977 para cá o MUSAL já aprovou quatro regulamentos, sendo o mais recente de
2005, cinco anos antes da reinauguração da sala A FAB na Guerra. A finalidade definida
nesse regulamento dizia o seguinte: “preservar a memória da Aeronáutica brasileira por
intermédio de seu acervo histórico”. Apesar da retirada da expressão “feitos gloriosos”, a
atividade do museólogo na atualidade do MUSAL ainda sofre muita influência da finalidade
do regulamento de 1977.
Para entender as modificações da sala do I Grupo de Aviação de Caça em A FAB na
Guerra foi realizada uma entrevista com Amanda Marques, atual museóloga do Museu
Aeroespacial e participante da elaboração da nova versão da sala. Segundo Marques (2015),
em relação à primeira versão
(...) a configuração era totalmente outra, (...), com as vitrines espalhadas sem o
menor critério. (...) Era um acúmulo de objetos. Era uma vitrine que tinha uma
arma, que tinha uma flâmula. (...) Não havia algo a se formar, algo que você olhe e
entenda a história. Tanto que nós reformamos e o diretor ficou surpreso ao ver
determinados acervos. Ele achava que nós havíamos levado para lá. Não, já existia
na sala e não estava organizado.

Ainda nessa mesma entrevista, foi perguntado como foi elaborada a segunda versão da
sala A FAB na Guerra e Marques (2015) respondeu:
7

(...) foi o processo que sempre fazemos, pesquisa histórica, verificar o acervo. Então
nós percebemos que o visitante era jogado para a Segunda Guerra Mundial sem
nenhuma base anterior. Nós procuramos dar esses antecedentes da Segunda Guerra
Mundial para que eles pudessem situar e entrar na Segunda Guerra e as
consequências para a FAB. Então surgiu a ideia de começarmos pela Segunda
Guerra, pela Esquadrilha de Ligação e Observação que também faz parte. [...]
Então primeiro foi a pesquisa histórica, na Segunda Guerra achamos melhor
separar por Eixo e Aliados para que as pessoas verificassem uma dualidade que
havia e influência do Grupo de Caça mesmo, a história. Fizemos uma visita ao
Grupo de Caça, em Santa Cruz, pegamos material. Fomos à casa do brigadeiro
Meira. Na casa dele tinha um quarto reservado para o Grupo de Caça. Nós
conseguimos um relato dele. Foi fantástico esse conhecimento que conseguimos
com ele. Essa pesquisa e muita coisa de fora, pegamos informação com a Base
Aérea de Natal.

Com essa declaração percebeu-se que houve uma tentativa por parte da equipe de
incluir um contexto histórico e até a I Esquadrilha de Ligação de Observação. Entretanto, ao
visitar a sala é notório a divulgação da participação do I GAvCa. A explicação para isso,
segundo Marques, seria que a segunda versão da sala não poderia se afastar muito da primeira
abordagem. Sendo assim, não restou espaço para os coadjuvantes (embora não menos
importantes), como as enfermeiras, os médicos, os intendentes, os sargentos, os cabos e os
soldados que participaram do grupo da FAB que embarcou para a Itália.
Apesar de toda uma expografia com objetos que tentam retratar o contexto da época,
no fundo da sala encontra-se uma representação em tamanho natural, com manequins, de uma
foto clássica. Nela estão identificados, em sua maioria, os aviadores que estiveram e
pertenceram ao I GAvCa. Ao total são 42 participantes da foto, sendo 30 aviadores para 12
que não são. Esse grupo de doze está representado por um cabo, três médicos (dois capitães e
um tenente), um tenente mecânico, um tenente especialista em armamento, dois intendentes
(um capitão e um tenente), um major americano e dois tenentes e um major sem identificação
de quadro ou especialidade. O que representa que além dos pilotos de caça, havia um grupo
de militares que apoiavam a missão.
Também existe um mapa que estava exposto na primeira versão da sala, com os nomes
dos aviadores, o trajeto de algumas de suas missões, onde desembarcaram ou morreram.
Outro ponto de destaque é um painel identificando em quais bases aéreas estão alocadas a
aviação de caça na atualidade, além de um manequim com o uniforme usado por um piloto de
caça. Nesse sentido, por mais que se tentasse pontuar a sala com textos sobre a I Esquadrilha
de Ligação e Observação e sobre a Aviação de Patrulha, o maior peso foi dado ao I GAvCa.
8

Outro detalhe importante que não pode deixar de ser mencionado: o Arquivo Histórico
do MUSAL possui um conjunto documental do I GAvCa constituído por 907 fotografias e 31
caixas de arquivo de documentos textuais produzidos durante os anos de 1944 a 1945. Assim
como o MUSAL, o Centro de Documentação e Histórico da Aeronáutica (CENDOC) também
possui documentos do I GAvCa formados por sessenta imagens. Nenhum desses dois
conjuntos documentais está organizado e, ainda por cima, sua guarda foi dividida entre essas
duas organizações militares da FAB. Ademais, o que se nota na segunda versão da exposição
é que apenas as fotografias do arquivo histórico foram aproveitadas para elaboração da
exposição. Apesar da museóloga Amanda Marques ter afirmado que uma pesquisa histórica
foi desenvolvida, o não uso dos documentos produzidos e acumulados pelo I GAvCa, e
guardados no arquivo histórico do MUSAL e no CENDOC, sinaliza os limites daquele
trabalho. O não uso dos documentos do I GAvCa acumulados tanto pelo arquivo histórico do
MUSAL quanto pelo CENDOC contradiz o que está definido na finalidade do regulamento
mais recente (2005) do Museu Aeroespacial, que seria “preservar a memória da Aeronáutica
brasileira por intermédio do seu acervo histórico”
No próximo capítulo, a exposição A FAB na Guerra será analisada a partir de
conceitos da história, arquivologia e museologia com o objetivo de entender o que determinou
a preferência pelo I GAvCa na sala.

4. O papel da História, da Arquivologia e da Museologia na organização da exposição


sobre o I GAvCa.

Entender como o tema sobre a participação da FAB na Segunda Guerra Mundial se


transformou em exposição será o objetivo dessa parte do trabalho. Para isso será válido
entender o papel da história, da arquivologia e da museologia na constituição das exposições.
O Museu Aeroespacial é um museu militar e por essa razão possui características
muito peculiares. Do ponto de vista museológico, percebe-se, ao visitar o MUSAL, que sua
constituição é muito parecida com os museus brasileiros do início do século XX, como o
Museu Histórico Nacional (MHN). Por essa razão, reconhece-se no MUSAL um forte desejo
em querer reconstruir a história da aeronáutica por meio dos grandes vultos. Assim, mais
9

parece com o que Bittencourt (2002, p.14) sugeriu ao analisar o olhar de Gustavo Barroso4
sobre o Museu Histórico Nacional: “Barroso se apegava a um ‘culto à tradição’ que procurava
em ver no passado e em seus fatos e personagens únicos um ideal para o presente”.
Ao lado disso, Santos (2002, p.106) identificou que os museus militares
[...] surgiram como museus comemorativos e expressando forte sentimento
nacionalista [...] que apareceram inicialmente na França e na Alemanha, no final
do século XIX e expandiram-se por todo o continente. Esses museus expressam o
caráter de cada nação através da exposição de objetos utilizados em sua expansão
territorial, como armas, medalhas e de objetos de artilharia e objetos de heróis
nacionais.

No mesmo texto, Santos (2002, p.112) citou uma passagem de Barroso, onde ele
afirmava que o Brasil necessitava de um museu onde “pudessem ser guardados objetos de
guerreiros e heróis”. Apesar da diferença de mais de meio século entre a criação do MHN
(1922), sob a direção de Gustavo Barroso, e a inauguração do Museu Aeroespacial, em 1976,
a impressão que se tem é que ainda é muito presente no MUSAL as características de um
museologia nacionalista, típica dos anos de 1920. Isso pode ser entendido a partir do que Vera
Tostes5 sugeriu:
O Museu Histórico Nacional, fundado em 1922 pelo Presidente Epitácio Pessoa,
representou a introdução no Brasil de um modelo de museu histórico que perdurou
por mais de 40 anos: um modelo essencialmente baseado nas grandes coleções, nos
personagens históricos e numa relação peculiar entre o diretor, os membros da
instituição e os grandes doadores (in ABREU, 1996, p. 10).

Julião (2006, p.20-21) partilhou da mesma opinião que Tostes e sugeriu que os museus
construídos nas décadas de 1930 e 1940 traziam:

[...] as marcas de uma museologia comprometida com a ideia de uma memória


nacional como fator de integração e coesão social, incompatível, portanto, com os
conflitos, as contradições e as diferenças. A coleta de acervo privilegiava os
segmentos da elite, e as exposições adotavam o tratamento factual da história, o
culto à personalidade, veiculando conteúdos dogmáticos, em detrimento de uma
reflexão crítica.

Assim, a diferença de cinquenta e quatro anos entre o MUSAL e o MHN tornou-se


irrelevante para as práticas museológicas e históricas impressas no Museu Aeroespacial.
Outro fator que influenciou a construção do MUSAL foi o momento político em que ele
estava inserido. Entre os anos de 1964 e 1985 o Brasil passou por um período de presidentes

4
Gustavo Barroso foi diretor do Museu Histórico Nacional entre os anos de 1922 e 1959.
5
Vera Lúcia Bottrel Tostes foi diretora do MHN entre os anos de 1994 e 2014.
10

militares e, segundo Soares (2011, p.190), “nas décadas de 1960 e 1970, novamente, um
governo autoritário fortaleceu a ideia de unidade nacional, sendo dessa vez fortemente
associada à questão da segurança nacional”.
Outro ponto que influenciou o desenvolvimento do perfil do MUSAL foram os
momentos em que se pensaram a sua constituição. O primeiro documento datado sobre a
organização do Museu Aeroespacial é de 1943, embora a sua criação seja de 1973 e a sua
inauguração de 1976, como anteriormente comentado. Ou seja, são três datas, 1943, 1973 e
1976, em que movimentos nacionalistas estavam em alta. Nesse sentido, os aspectos acima
mencionados determinaram que o MUSAL priorizasse a escolha por heróis da FAB para
escrever a sua história.

Outra ferramenta que auxilia na construção das exposições é a História. E para poder
compreender qual é o seu papel na elaboração das salas expositivas se fez necessário analisar
as finalidades do MUSAL nos seus regulamentos6. Apesar de terem sido aprovados quatro
regulamentos, a finalidade do MUSAL ainda é refém da definição expressa no ano de 1977.
Isso revela que o museu foi pensado a partir de um panorama histórico próprio do século XIX,
ou seja, uma história objetiva, empírica e racional. O discurso histórico nesse momento era
construído por “verdades históricas”. Essas verdades seriam determinadas a partir da leitura
pura e simples dos documentos históricos. Ou seja, as fontes históricas eram tidas como uma
representação realista do que aconteceu. Não existia espaço para uma análise ou para
múltiplas narrativas. O pesquisador ficava passivo diante dos documentos e desprezaria as
outras dimensões que envolvessem o evento histórico.

Os historiadores que foram partidários dessa linha de pensamento ficaram conhecidos


como positivistas e suas características principais eram:

[...] o apego ao documento, o esforço obsessivo em separar o falso do verdadeiro, o


medo de se enganar sobre as fontes, a dúvida metódica, que muitas vezes se torna
sistemática e impede a interpretação, o culto ao fato histórico, que é dado, ‘bruto’,
nos documentos (REIS, 2004, p.23).

Essas características estão bem evidentes na sala A FAB na Guerra. Como foi dito, o I
GAvCa é apresentado como o protagonista da Força Aérea Brasileira durante a Segunda
Guerra Mundial. É notória a exaltação a esse grupo, já que a sala denota apenas a sua
participação na Guerra. O título da sala também gera um mal entendido, já que não retrata a

6
Ao total foram publicados quatro regulamentos nos anos 1977, 1982, 1987 e 2005.
11

FAB na guerra e sim a participação do I GAvCa nesse episódio. A I Esquadrilha de Ligação e


Observação e a Aviação de Patrulha foram timidamente mencionadas, o espaço da exposição
é predominantemente ocupado pelos componentes do I GAvCa. Para estimular ainda mais
essa discussão, desde 1966 se comemora o dia da Aviação de Caça7 no dia 22 de abril, em
alusão ao dia em que se obteve o maior número de investidas brasileiras na Itália. Deste
modo, é explícita a tendência em relacionar a participação da FAB na Segunda Guerra
Mundial somente aos aviadores pertencentes ao grupo de caça. Além disso, como já foi
mencionado, existe um engrandecimento ainda maior em relação aos aviadores já que a
identificação do quadro de oficiais aviadores é o mesmo da Força Aérea Brasileira, o gládio
alado. Outro ponto a ser considerado é a maneira como os cadetes são selecionados para
serem os pilotos de caça. Durante a formação, somente os melhores alunos, os primeiros, são
os escolhidos para pertencerem à aviação de caça. Isso naturalmente desenvolve uma
hierarquia entre os próprios aviadores, principalmente se for considerado que outros aviadores
participaram da Segunda Guerra Mundial. Tanto a I ELO quanto a Aviação de Patrulha
tinham pilotos e assim como os do grupo de caça participaram da guerra.

Nota-se ainda nessa sala a analogia que Reis (2004, p.28-29) elaborou entre museus e
o positivismo:

O objetivo dos positivistas, parece-nos, pode ser comparado ao da organização de


um museu, embora o conceito de museu, talvez, seja mais complexo. No museu, os
objetos de valor histórico são resgatados, recuperados e expostos à visitação
pública, com uma ficha com seus dados ao lado, e o observador posta-se diante de
uma “coisa que fala por si”. O observador mantém uma relação direta com o
objeto-coisa, definitivamente re-constituído. Assim, também, procederia o
historiador metódico – através dos documentos, reconstituiria descritivamente, “tal
como se passou”, o fato do passado, que, uma vez reconstituído, se tornaria uma
“coisa-aí, que fala por si”. Ao historiador não competiria o trabalho da
problematização, da construção de hipóteses, da reabertura do passado e da
releitura de seus fatos. Ele reconstituiria o passado minuciosamente, por uma
descrição definitiva. Tratados dessa maneira, os fatos históricos se tornariam
verdadeiros seres, substancias, objetos que se pode admirar do exterior, copiar,
contemplar, imitar, mas jamais desmontar, remontar, alterar, reinterpretar, rever,
problematizar, reabrir. Uma vez “estabelecidos” os fatos passados, a não ser que
aparecessem novos documentos que alterassem sua descrição, tornando-as mais
“verdadeira”, eles seriam uma “coisa que fala por si”.

A sala A FAB na Guerra é exatamente isso que Reis sugeriu. Ela é uma tentativa de
reconstituição do que se quer acreditar e do que se acredita ser histórico, marginalizando

7
A partir do decreto 58.221 de 19 de abril de 1966, o dia 22 de abril tornou-se a data oficial em que se
comemora o dia da Aviação de Caça.
12

tantos outros agentes e momentos. Tem-se como resultado, sua transformação em um evento
isolado (procedimento tão característico do positivismo, que constituiu a história a partir de
uma sucessão de eventos separados).

Essa historiografia colaborou, portanto, para a conformação de uma museologia


igualmente positivista a elaborar salas temáticas que cultuam personagens históricos. Por mais
que essa fosse uma forte tendência entre os anos de 1920 e 1940, o MUSAL, que teve sua
organização somente na década de 1970, contou (e ainda conta) com sua presença na forma
como organizou suas exposições permanentes.

Nesse sentido, apesar da exposição A FAB na Guerra ter passado por uma reforma,
muito pouco foi alterado, já que a proposta não era fugir do que já se tinha anteriormente.
Com essa explicação, com a percepção que o MUSAL ainda bebe em práticas históricas e
museológicas positivistas comprometidas com os grandes feitos de uma memória nacional,
deduz-se que a exposição priorizou a versão dos aviadores heróis e formadores da história
oficial da FAB.

Vale lembrar ainda que, logo a seguir à criação do MUSAL, na década de 1980, foi
lançado o Movimento Internacional da Nova Museologia – MINOM, com o objetivo de
abandonar alguns procedimentos que faziam parte da tradição dos museus. A partir do
MINOM, por exemplo, foi ampliada a noção de patrimônio e as representações da sociedade
se multiplicaram, impactando na valorização das diversas memórias que passaram a ser
reconhecidas. Além disso, os cidadãos passaram a participar mais ativamente dos museus que
os cercavam, começando a se enxergar inseridos na história do seu bairro, cidade e etc. Por
mais que essas mudanças tivessem chegado ao Brasil no transcorrer daquela década, no
Museu Aeroespacial ainda predomina um perfil de museu fortemente refratário ao proposto
por aquele Movimento.

A arquivologia, assim como a história, é outra ferramenta do “backstage” da


museologia. Através delas, pesquisam-se os documentos e são construídas narrativas sobre os
fatos históricos. Os possíveis documentos do I GAvCa, que poderiam ter sido usados para a
pesquisa da exposição, encontram-se, como já mencionado anteriormente, no arquivo
histórico do MUSAL e no Centro de Documentação e Histórico da Aeronáutica (CENDOC).
Esses conjuntos documentais não estão organizados e também não sofreram nenhum tipo de
13

classificação, avaliação e seleção8. Também se sabe que foram poucos os documentos usados
para a elaboração da sala A FAB na Guerra, fato que aconteceu porque o MUSAL priorizou
não se afastar muito da abordagem da primeira versão da sala.

A escolha por não consultar os documentos arquivísticos oferece consequências que já


foram sinalizadas pela museologia e história. Ao mesmo tempo em que existem os
documentos que foram eleitos para participarem da sala A FAB na Guerra, existem os que
não foram, ou seja, aqueles pertencentes ao arquivo histórico. Por mais que esses documentos
pudessem contribuir com novas leituras e olhares sobre a participação da FAB na Segunda
Guerra Mundial, a pesquisa com o acervo arquivístico não foi realizado.

Da mesma forma que assumir que a exposição não é uma versão completa sobre a
participação da FAB na Segunda Guerra Mundial, também não se pode afirmar que os
documentos que estão guardados no arquivo histórico são a memória da aviação na guerra
mundial. Isso seria um equívoco, já que esses documentos não são fruto de classificação,
avaliação e seleção. Ou seja, esses documentos foram os que ‘restaram’, foram os que
sobreviveram ao passar dos anos e chegaram ao arquivo histórico e receberam o valor
permanente9. Tornaram-se “relíquias” da arquivologia e, por isso, são hoje considerados
“patrimônio nacional”. Sobre esse assunto, Jardim (1995, p.8) foi categórico ao afirmar que

Esta memória arqueologizável é frequentemente identificada sob a noção de


patrimônio documental arquivístico. Compostos por acervos mediante critérios
teóricos e políticos pouco explicitados, os arquivos públicos promovem a
monumentalização dos seus documentos privilegiando ações diversas. É o caso, por
exemplo, do favorecimento da recuperação e divulgação de determinadas
informações em detrimento de outras (1995, p. 8).

8
Tanto a classificação quanto a avaliação e a seleção são práticas arquivísticas. A classificação
segundo Paes é um “processo que, na organização de arquivos correntes, consiste em colocar ou
distribuir os documentos numa sequência alfabética, numérica ou alfanumérica, de acordo com o
método de arquivamento previamente adotado” (PAES, 2004, p. 25). A Avaliação segundo o
Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística significa “processo de análise de documentos de
arquivo, que estabelece os prazos de guarda e a destinação, de acordo com os valores que lhes são
atribuídos” (ARQUIVO NACIONAL, 2005, p. 41). A Seleção segundo o Dicionário Brasileiro de
Terminologia Arquivística significa a “separação dos documentos de valor permanente daqueles
passíveis de eliminação, mediante critérios e técnicas previamente estabelecidos em tabela de
temporalidade” (ARQUIVO NACIONAL, 2005, p. 152).
9
Documentos permanentes, formadores do arquivo permanente, de valor secundário, isto é, histórico,
e são definidos como um “conjunto de documentos preservados em caráter definitivo em função de
seu valor” (ARQUIVO NACIONAL, 2005, p.34).
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Ao transformarem os documentos em monumentos tanto dentro do espaço do arquivo


quanto do museu10, os arquivistas e museólogos estão concedendo um valor simbólico a esses
locais e as suas escolhas. Pierre Bourdieu criou conceitos como capital cultural, capital social
e capital simbólico que nos auxiliam a compreender a opção histórica adotada pela exposição
A FAB na Guerra e o que implicou o não uso do conjunto documental do I GAvCa nessa sala.
Segundo Loyola (2002, p. 66), capital cultural “designa uma relação privilegiada com a
cultura erudita e a cultura escolar”, o capital social é “a rede de relações sociais que constitui
umas das riquezas essenciais dos dominantes” e o capital simbólico é “formado pelo conjunto
de signos e símbolos que permitem situar os agentes no espaço social”. Mais à frente,
completa:
Não é somente o capital econômico, como na abordagem marxista tradicional, que
está no princípio das desigualdades sociais, mas também o capital cultural, o
acesso aos bens simbólicos não redutíveis aos valores mercantis. É pelo controle do
capital simbólico que os dominantes impõem aos dominados seu arbitrário
cultural, as hierarquias, as relações de dominação, fazendo-os percebê-las como
legítimas (noção emprestada de Weber), como allant soi. Essa capacidade de
imposição consentida de um arbitrário cultural aos dominados, Bourdieu denomina
de violência simbólica, outra noção importante de sua teoria (LOYOLA, 2002, p.
66, grifos nossos).

Isso fica mais evidente na sala A FAB na Guerra do que nos documentos do I GAvCa.
O poder simbólico da exposição está na vontade de imprimir uma verdade histórica sobre
determinado fato e o que isso contribuiu de forma positiva para a história da FAB. Afinal,
nada mais gratificante do que ser lembrado pelas vitórias. Por outro lado, os documentos do I
GAvCa permitem desenvolver um poder simbólico que está velado e que pode não ser
interessante uma vez que não foram investigados.
Dessa forma, o que parece é que a sala A FAB na Guerra é o que Soares (2011, p.54)
afirmou sobre o papel dos museus até o século XX, ou seja, que eles “foram construídos pelas
elites e serviam exclusivamente aos seus interesses nos contextos em que os valores
‘clássicos’ conseguiam alcançar para legitimar o poder e a autoridade das burguesias
ascendentes”. Portanto, o MUSAL, por meio da sua exposição A FAB na Guerra, comunica-
se e transmite a sua opção de narrativa aos seus pares, “cúmplices” nesse processo.

10
Existe uma diferença teórica e metodológica entre o fazer arquivístico e museológico no momento
da seleção dos documentos para pertencerem a um arquivo e uma exposição. Enquanto que para o
arquivista características como imparcialidade e autenticidade do documento são relevantes, para o
museólogo uma réplica ou cópia de um objeto a ser exposto não interferem na sua produção.
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Considerações Finais

O presente trabalho teve como objetivo apresentar o início da aviação no Brasil; os


antecedentes da criação da Força Aérea Brasileira; a inauguração e desenvolvimento do
Museu Aeroespacial; como foram organizadas as salas do I Grupo de Aviação de Caça
(primeira versão) e A FAB na Guerra (segunda versão); e o papel da história, da arquivologia
e da museologia na organização dessas salas. Nesse sentido foi possível compreender a
influência (e permanência no tempo) de uma museologia preocupada com a construção de
uma nacionalidade e de uma história positivista na elaboração das duas versões da exposição.
Além disso, a arquivologia, representada pelos documentos do I GAvCa, mostrou-se também
uma poderosa ferramenta para a opção (não aproveitada) de se reescrever uma narrativa
histórica para a participação da FAB na Segunda Guerra Mundial mais condizente com a
contemporaneidade.

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no Brasil. Rio de Janeiro: Rocco: Lapa, 1996.

ARQUIVO NACIONAL (Brasil). Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística. Rio


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museografia no Brasil. Anais do Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro, v.34, 2002.

BOURDIEU, Pierre. Pierre Bourdieu entrevistado por Maria Andréa Loyola. Rio de
Janeiro: Ed UFRJ, 2002.

FORÇA AÉREA BRASILEIRA, Decreto nº 79.920, Aprova o Regulamento do Museu


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Informação, Brasília, v. 25. n. 2. 1995.

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MARQUES, Amanda. Entrevista concedida a Fabiana Costa Dias e Rachel Motta Cardoso.
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Museu Aeroespacial Brasileiro. São Paulo: Editora AERO LTDA. s./d.


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PAES, Marilena Leite. Arquivo: teoria e prática.3. ed. Ver. ampl. Rio de Janeiro: Editora
FGV, 2004.

REIS, José Carlos. A História: entre a Filosofia e a Ciência. Belo Horizonte: Autêntica,
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REIS, José Carlos. História e Teoria: historicismo, modernidade, temporalidade e verdade.


Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006

SANTOS, Myriam Sepúlveda dos. Políticas da Memória na Criação dos Museus Brasileiros.
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SOARES, Bruno C. Bruton. O Rapto das Musas: apropriações do mundo clássico na


invenção dos museus. in Anais do Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro, v.43, 2011.

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