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Universidade do Estado do Pará - UEPA

Centro de Ciências Sociais e Educação - CCSE


Curso de Letras

Perae duae nōbis a dea minērva imponĕntur: unam,


proprĭis vitĭis repletam, qui in tergo ponĕtur. Altĕram, alienĭs
vitĭis gravem, qui in pecto suspendetur. Sic nostra mala a nobis
non videbŭntur: dum alii delinqŭunt, criticas personas sumus...
(Adaptado de Fedro)

Latinae Linguae
Studium Initiale
Prof. Marcos Jaime

Belém, 2022
PLANO DE ENSINO

I-IDENTIFICAÇÃO:

Curso: LETRAS
Disciplina: Língua Latina
Carga Horária: 120h (3h/a semanais)
Docente: MARCOS JAIME ARAÚJO
Titulação: DOUTORANDO EM LINGUÍSTICA
Turma: 2º ANO DE LETRAS (MANHÃ)
Ano: 2022

II – EMENTA:

Fundação de Roma e expansão romana. Idioma latino: elementos de fonética e estrutura


morfossintática. Flexão dos casos latinos. Substantivos: as cinco declinações. Sistema verbal.
Adjetivos. Agente da passiva. Redução dos casos e declinações. Estrutura morfossintática da
língua portuguesa.

III – OBJETIVOS:

Geral: Ler textos em Latim.


Específicos: (1) Construir conhecimentos necessários para refletir e entender a estrutura
morfossintática da língua latina. (2) Traduzir textos latinos diversos. (3) Produzir textos latinos a
partir do sentido alcançado na tradução. (4) Descrever e justificar os processos morfossintáticos
da língua latina, estabelecendo a interface com a língua portuguesa.

IV – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS:

Prática de leitura, com posterior discussão em sala de aula. Prática de tradução de texto.

V – RECURSOS:

Quadro magnético. Data-show. Computador. Material bibliográfico. Dicionários de Latim.


Exposições orais. Leituras e atividades de pesquisa externa ou na biblioteca da Uepa.
VI – CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO:

Avaliação escrita:
- 7,0 (tradução de texto - individual);
- 3,0 (tradução de frases e análise morfossintática – grupo de até 3 alunos).

VII – CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:

1) Apresentação do conteúdo e sua respectiva importância para formação do aluno.


2) Fundação de Roma; expansão romana; idioma latino.
3) Elementos da fonética latina: alfabeto e prosódia.
4) Leitura e Tradução de Textos: base gramatical
5) Estrutura do idioma latino: declinação, desinência, caso, flexão de caso.
6) Correlação dos casos latinos com as funções sintáticas do português.
7) Grupos de substantivos da 1ª declinação (-ae).
8) Verbos primitivos e derivados, categorias de tempo, modo, voz.
9) Sistema verbal: 1ª conjugação (-āre) voz ativa e passiva.
10) Grupos de substantivos da 2ª declinação (-i).
11) Sistema verbal: 2ª conjugação (-ēre) voz ativa e passiva.
12) Grupo de adjetivos de 1ª classe.
13) Sistema verbal: verbo ESSE.
14) Agente da passiva.
15) Grupos de substantivos da 3ª declinação (-is).
16) Grupo de adjetivos de 2ª classe.
17) Grau dos adjetivos: normal, comparativo e superlativo.
18) Sintaxe do adjetivo no grau comparativo.
19) Grupos de substantivos da 4ª declinação (-us).
20) Sistema verbal: 3ª conjugação (-ĕre) voz ativa e passiva.
21) Grupos de substantivos da 5ª declinação (-ei).
22) Sistema verbal: 4ª conjugação (-īre) voz ativa e passiva.
23) Grupo de pronomes.
VIII – BIBLIOGRAFIA BÁSICA:

ALMEIDA, N. M. de. Gramática latina. 25ª ed. São Paulo: Saraiva, 1994.
ARAÚJO, Marcos Jaime. Latinae Linguae Studium Initiale (Brochura).
BERGE et alii. Ars Latina 1. Petrópolis: Vozes, 1995.
CARDOSO, Z. A. de. Iniciação ao latim. São Paulo: Ática, 2000.
GARCIA, Janete M., Introdução à Teoria e Prática do Latim, Editora UnB, 1993.
FURLAN, Oswaldo Antônio. Língua e Literatura Latina e Sua Derivação Portuguesa.
Rio de Janeiro: Vozes, 2006.
REZENDE, Antônio Martinez de. Latina essentia: preparação ao latim. 3ª ed. Belo Horizonte:
UFMG, 2003.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR:

ALMENDRA, Maria Ana & FIGUEIREDO, José Nunes de. Compêndio de gramática
latina. Porto: Porto Editora, 1977.
COMBA, Pe Júlio. Programa de Latim: introdução aos clássicos latinos (volume I e II). 6ª
ed. São Paulo: Salesiana, 2003.
OSBERG, H Hans. Lingua latina: per se illustrata. Pars I. Familia Romana. Domus
Latina, MMIII.
____________. Lingua latina: per se illustrata. Pars II. Roma Aeterna. Domus Latina,
MMIII.
RONÁI, Paulo. Curso básico de latim: gradus primus. 15ª ed. São Paulo: Cultrix, 1945.
_____________. Curso básico de latim: gradus secundus. 7ª ed. São Paulo: Cultrix, 1985.
Cronograma de aulas / 2022 — 1° e 2º semestres

Mês Dia Assunto


Aula 01
18 - Apresentação da disciplina, do conteúdo, da bibliografia e do processo avaliativo
abril - Leitura – apresentação; (3)
Aula 02 – (1) Estratégia de ensino: segmentação do texto, identificação de palavras, uso do dicionário,
25
tradução; (4) Algumas particularidades da palavra em latim: o uso do dicionário; (5) Prática de observação I
2 Aula 03 – (1)

9 Aula 04 - (1) Prática de observação (Texto n.º 1: Apud Agricolam): leitura, tradução e análise morfossintática
Aula 05 – (1) Estrutura morfossintática latina: casos e declinações (Parte I); (2) Relação com o português; (3) A
maio 16 importância do caso genitivo latino; (4) Exercício de declinação Leitura, tradução e análise morfossintática do
texto (nº 2, Garcia, 2000, p. 40 – In schola)
Aula 06 – (1) Estrutura morfossintática latina: sistema verbal (Parte II); (2) Sistema Verbal: estrutura
23
(número, pessoa, modo, tempo, voz); (3) Verbos primitivos e derivados; (4) Exercício de flexão
Aula 07 – (1) Leitura, análise morfossintática e tradução de texto (nº 3, Garcia, 2000, p. 47 – Magistra et
30
Poeta)
Aula 08 – (1) Estrutura morfossintática latina: sistema verbal (Parte III); (2) as conjugações ativa e passiva; (2)
6
Exercícios de flexão verbal
13 Primeira Avaliação (Parte I - 3,0)
junho
20 Aula 09 – (1) correção automática

27 Primeira Avaliação (Parte II - 7,0)


Aula 10 – (1) Leitura, tradução e análise morfossintática do texto (nº 4, Garcia, 2000, p. 48 – Reginae Corona);
1
(2) A morfossintaxe dos adjetivos latinos: de 1ª classe e de 2ª classe; (2) exercício de tradução de frases
8 Aula 11 – (1) Verbo Esse; (2) Exercício de tradução do verbo esse; (3) Exercício de tradução de frases
Aula 12 – (1) Leitura, tradução e análise morfossintática do texto (nº 5, Garcia, 2000, p. 70 – De Fatidicis et
15
agosto Auspiciis)

22 Aula 13 –

Aula 14 nº 5, Rezende, 2009, p. 45 – De Romanorum Imperio)Aula 11


27 (1) (1) A morfossintaxe dos pronomes latinos: possessivos e demonstrativos; (2) exercício de tradução de
frases
Aula 15
5
(1) Leitura, tradução e análise morfossintática do texto (nº 7, Rezende, 2009, p. 77 – De Narciso)
Aula 16
12
setembro (1) Análise morfossintática e tradução de texto (n.º 8, Rezende, 2009, p. 85 – De Vitiis Hominum)

19 Segunda Avaliação (10,0)

26

10

outubro 17

24

31

14
novembro
21
28

5
12
dezembro
19
26
2
9
Janeiro
16
(2023)
23
30
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO

MÉTODO DE ENSINO

PRÁTICA DE LEITURA E TRADUÇÃO

UNIDADE I – UM POUCO DE HISTÓRIA


1.1 Roma antiga: o berço da língua portuguesa
1.2. Expansão romana
UNIDADE II – IDIOMA LATINO
2.1 O latim
2.2 O alfabeto latino
2.3 A estrutura da língua latina
UNIDADE III – GRUPO DE SUBSTANTIVOS E SISTEMA VERBAL LATINO
3.1 Primeira declinação: -ae
3.1.1 Particularidades da primeira declinação
3.1.2 Colocação das palavras na frase latina
3.1.3 Procedimentos de tradução de frases
3.1.4 Diferença de quantidade
3.2 Sistema verbal latino – noções básicas
3.2.1 Verbos primitivos e derivados
3.2.2 Derivação a partir dos tempos primitivos
3.2.3 Primeira conjugação latina: -āre
UNIDADE IV – GRUPO DE SUBSTANTIVOS DE SEGUNDA DECLINAÇÃO E
SISTEMA VERBAL DE SEGUNDA CONJUGAÇÃO
4.1 Segunda declinação latina: -i
4.2 Particularidades da segunda declinação latina
4.3 Segunda conjugação latina: -ēre
UNIDADE V – GRUPO DE ADJETIVOS, VERBO ESSE e AGENTE DA PASSIVA
5.1 Adjetivos de primeira classe: -us, -a, -um
5.2 Verbo ESSE
5.3. Agente da voz passiva
UNIDADE VI – GRUPO DE SUBSTANTIVOS DE TERCEIRA DECLINAÇÃO
6.1 Terceira declinação latina: -is
6.2 Particularidades da terceira declinação latina
6.3 Nomes neutros da terceira declinação latina
6.3.1 Neutros do grupo A

6.3.2 Neutros do grupo B


6.4. Outras particularidades da terceira declinação latina
UNIDADE VII – GRUPO DE SUBSTANTIVOS DA QUARTA E QUINTA
DECLINAÇÃO E SISTEMA VERBAL DA TERCEIRA E QUARTA CONJUGAÇÃO
7.1 Quarta declinação latina: -us
7.2 Quinta declinação latina: -ei
7.3 Terceira conjugação latina: -ĕre
7.4 Quarta conjugação latina: -ire
REFERÊNCIAS

APRESENTAÇÃO

O objetivo de produzir este trabalho fundamentou-se na dificuldade que os

alunos do Curso de Letras encontram quando se deparam com o latim. É claro que não

são todos que sentem essa dificuldade, mas se observa, no decorrer do curso, que o

número daqueles que mantêm uma assimilação contínua, ou seja, apresentam fácil

aprendizado e conseguem resolver os exercícios propostos é bastante reduzido.

É comum entre os professores que a essência dessa dificuldade nada mais é que

uma deficiência na língua portuguesa, mais precisamente no que diz respeito à sintaxe.

Ressalta-se que o latim é uma língua sintética, diferente do português que é analítico.

Quanto a isso, valho-me das palavras do professor Tassilo Spalding 1 quando

afirma que, no latim, uma idéia pode ser expressa por poucas palavras, o que,

geralmente, não acontece em português, como se pode observar na idéia expressa em Ao

que sabe compreender, pouca coisa basta. No latim, essa idéia é expressa apenas por duas

palavras: Intelligenti pauca. Aqui também está outro fator que dificulta o aprendizado:

não se tem a prática de uso do latim.

Todavia, independente dos obstáculos, o estudo do latim é maravilhoso,

possibilita conhecimento cultural e linguístico, além de desenvolver o intelecto. Nesse

sentido, imagino o professor de língua portuguesa que não tenha nenhuma base de

latim, nem de sua estrutura, nem de sua evolução. Pensando no ensino da língua

portuguesa, é inadmissível para um professor o desconhecimento do latim e de suas

modalidades.

1 Spading (1982).
Esse posicionamento está relacionado à falta de abrangência daquilo que é

fundamental para um professor: o conhecimento da disciplina que ministra. No caso em

questão, a língua portuguesa.

Em algumas conversas informais pelos corredores das universidades, nas quais

ainda se ensina a língua latina, observo que há uma dualidade de concepção: uma que

defende o ensino do latim; outra que não. Para minha satisfação, o número daqueles que

defendem o latim é bem maior.

Como professor de latim, mas também de língua portuguesa, adoto um

posicionamento de defensor do ensino do latim, não somente no ensino superior, mas

em todo o ensino fundamental e médio, já que considero, como falei, o latim um meio

para o desenvolvimento do intelecto. É, portanto, um conhecimento imprescindível.

No entanto, é notório que, após o decreto estabelecido pela Lei 4.024/61, o ensino

do latim nas escolas brasileiras deixou de ser obrigatório. Nesse contexto, torna-se

evidente que grande parcela do povo brasileiro não teve o latim como disciplina

formadora, desconhecendo, de fato, o seu caráter formador do pensamento lógico e

crítico.

Já se passaram muitos anos sem o contato com o latim, a não ser nas

universidades; mesmo assim, nem todas; apenas nas que oferecem o curso de Letras e,

ressalta-se, não são todas. E aí surge uma pergunta: que professores de português

queremos ser/formar, se não conhecemos a origem da língua portuguesa, se não

sabemos o que é declinação, se não sabemos o que é flexão de casos, se não sabemos o

que é caso, se não conhecemos nem um pouco de latim: do seu apogeu como idioma

nem das diversas mudanças fonético-fonológicas e morfossintáticas que sofreu?

Como consequência dessa lei, vê-se que grande parte de professores de língua

portuguesa dos ensinos fundamental e médio, e até mesmo de universidades, apresenta


dificuldades na produção do texto (falado e escrito). Isso pode, sim, ser relacionado à

falta de conhecimento sobre a estrutura da língua latina, fortemente fundamentada na

sintaxe.

Às vezes o que acontece é que o ensino de língua portuguesa nas escolas,

segundo AZEREDO (2000), não apresenta nenhum esforço para o aluno, mais parece

um ensino voltado à didática do aprender dormindo e brincando, transformando o ensino-

aprendizagem em um acontecimento lúdico.

Nesse sentido o professor José Carlos Azeredo afirma contundentemente que:

Exercitar o pensamento e promover o entendimento da natureza, estrutura e


funcionamento da língua é um objetivo de alta relevância pedagógica e
filosófica das aulas de português, sejam elas dadas a futuros alunos de letras ou
comunicação, história ou sociologia, arquitetura ou medicina, tecnologia ou
direito, pois todos os campos do saber se estruturam simbolicamente e
encontram na linguagem verbal seu único meio universal de expressão
(AZEREDO, 2000).

Defendo o ensino do latim para melhor conhecimento da língua portuguesa,

melhor produtividade na leitura e escritura de texto, e, principalmente, para o

desenvolvimento do intelecto.

Entenda-se, aqui, por intelecto a abrangência tanto na formação da inteligência

como no melhor conhecimento da língua portuguesa: histórica e linguisticamente

falando. É, na verdade, a capacidade que o indivíduo tem em discernir, raciocinar,

deduzir, refletir. Neste ponto, ressalto a importância do latim que, segundo o professor

Viaro2:

Serve-nos de trampolim para mergulhos mais profundos na nossa visão de


mundo, no nosso modo de pensar, na nossa vida. Aquele que entende bem a
mensagem que o latim passa em seus textos se questionará melhor e verá que
antes de nossos valores, havia outros, muito distintos, mas perfeitamente
coerentes, que merecem nossa admiração e respeito. Longe de ser retrógrado, o

2 Professor da USP, em seu artigo sobre a importância do latim.


estudo do latim associado ao estudo da vida social em Roma nos faz vislumbrar
quanta coisa mudou e quanta coisa ainda continua surpreendentemente do
mesmo jeito que era, muitas vezes apenas com os nomes trocados. Sim, porque o
que se herdou do Império Romano ao longo desses 27 séculos de uso do latim
escrito não foi pouco3.

Nesse contexto, portanto, o ensino do latim passa a ser uma questão cultural, na

qual todos deveriam ter a oportunidade de aprendê-lo. Se o conhecimento é importante

para a convivência em uma sociedade bastante seletiva, qual o motivo de não se ensinar

latim nas escolas? Por que se ensina apenas em algumas universidades? E mais

agravante ainda: esse ensino só acontece no Curso de Letras e, dependendo da

Universidade, dá-se em apenas 1 ano ou menos. Se se trata também de uma questão

cultural, deveria ser estendida a todos.

Portanto, este trabalho tem a finalidade de proporcionar ao iniciante de latim a

condição necessária para que possa ir mais além. Mas isso só será possível se estiver

comprometido com seu aprendizado, se for coerente com o seu objetivo maior: ser

professor de língua portuguesa e suas literaturas.

3 Excerto do artigo A importância do latim na atualidade, retirado do site: www.


Fflch.usp.Br/dlcv/lport/Mviaro018.pdf.
O MÉTODO DE ENSINO

Desde que o latim passou a fazer parte no Brasil, o ensino passou por inúmeras
modificações de ordem individual, isto é, não houve uma determinação de método para o ensino,
ficando a critério do professor decidir o que fazer em sala. O que se viu, em um primeiro
momento, foi o uso do ensino tradicional, no qual a participação do professor ditando as regras
era a base do ensino: o professor falava, ensinava as regras, e o aluno as reproduzia.

Esse tipo de ensino primava pela sintaxe da frase, ou melhor, morfossintaxe, já que eram
ensinados não apenas os casos latinos, mas também as funções sintáticas do português, em uma
espécie de correlação morfossintática. Traduzia-se a sentença a partir da análise morfossintática
tanto da frase latina quanto da frase em português. Esse ensino, certamente, foi muito pouco
eficiente, até porque o aluno esquecia o que aprendia em pouquíssimo tempo.

Em um segundo momento, após a percepção de que o ensino tradicional não apresentou o


resultado que se esperava dele, ou seja, maior conhecimento da gramática latina, olhou-se para o
ensino de uma outra forma. Outra ótica que pudesse condicionar o aluno, não para as questões
prescritivas apenas, mas também para a possibilidade de tecer comentários sobre o que se
observava nos textos. Deixava-se de lado a frase e suas particularidades gramatico-prescritivas e
orientava-se, agora, para a leitura da mensagem do texto.

No entanto, os textos precisariam ser selecionados para que se atingisse o objetivo maior:
de conhecer, por exemplo, o pensamento político ou religioso que se manifestava no texto
selecionado para a prática da leitura interpretativa. O que se viu foi a seleção de textos pouco
convidativos para a prática de leitura em sala de aula, evidenciando a falta de entusiasmo dos
alunos para as mensagens que os textos traziam: algo do tipo Poeta urbanus amicum rusticum
visitat (O poeta urbano visita o amigo rústico) etc., que não despertam o interesse do aluno por
identificar o tema neles apresentados e discuti-los, servindo apenas para trabalho de análise
morfossintática, o que não deixa de ser algo bom, mas não é suficiente para o desenvolvimento
discursivo.

Muito bem! Isso foi feito! Os textos foram selecionados por níveis de complexidade,
tanto de conteúdo como de estrutura, quer dizer... dos mais simples aos mais complexos. Porém,
o trato com eles se mostrou, com o passar dos anos, um simples pretexto para as aulas de
gramática, já que, dos textos, eram retiradas frases para o trabalho analítico-prescritivo e, assim,
volta-se à abordagem inicial: o trato tradicional. Isso aconteceu, em virtude de o aluno ter muita
dificuldade em compreender de forma fiel ao que a mensagem passava. Por exemplo, iuvabit
significa chama, chamava ou chamou? Como traduzir uma forma verbal, de forma adequada,
sem o conhecimento dos tempos verbais? Desculpe-me pela figura de linguagem, mas
retornamos, portanto, à estaca zero.

O método que será abordado nas aulas de latim, na UEPA, não tem nenhuma pretensão
de ser visto como o mais adequado nem tampouco o mais indicado. Ele será utilizado com o
propósito de possibilitar ao aluno de letras dessa IES o ingresso aos estudos de latim, ou seja, a
maneira como as aulas serão conduzidas tem o objetivo (sem maior presunção, diga-se de
passagem) de servir apenas de base para voos mais altos no idioma. É, portanto, um estudo inicial
que precisará de uma boa dose de autodidatismo.

O método consiste, em um primeiro momento, identificar no texto as palavras ditas


cognatas, tomando como base as palavras latinas e portuguesa. Entende-se por palavra cognata as
que se originaram de uma mesma raiz ou possuem uma mesma etimologia. Do latim cognatus,
que significa nascidos juntos. Por exemplo, a palavra latina Paulus tem sua forma cognata na
palavra portuguesa Paulo. Isso parece simples, porém, a percepção deve ser feita com auxílio de
um bom dicionário.

Feito isso, passamos às palavras que não foram reconhecidas como cognatas, o que
impossibilita, por falta de conhecimento sobre o idioma, do reconhecimento do seu significado.
Essas palavras devem ser separadas para que, com auxílio do dicionário, tenham o significado
reconhecido.

O terceiro momento é o de tradução. Nessa etapa, já se tem o conhecimento do


significado das palavras, o que possibilita uma tradução, que denominamos de livre, ou seja, a
tradução é feita sem se levar em conta a técnica prescritiva. Por exemplo, em Mater filios iuvat,
como palavra cognata temos filios que se assemelha pela forma à palavra portuguesa filhos.

Muito bem! Dando prosseguimento à observação, podemos selecionar mater e iuvat, uma
vez que não se sabe nem, se pode atribuir significados a elas por falta de conhecimento de latim.
Nesse caso, devemos ir até o dicionário para descobrirmos o significado de ambas as palavras.
Mater é mãe e iuvat, relaciona-se à ideia básica de ajudar.
Então, temos uma tradução livre para a frase Mater filios iuvat, a qual pode ser A mãe
ajuda os filhos. Isso é possível, assim como outras com tradução da forma verbal nos tempos
perfeito, imperfeito e futuro (ajudou, ajudava e ajudará, respectivamente). Na tradução livre, para
essa frase latina, há, basicamente falando, quatro possibilidades de tradução.

A pergunta que surge após essa reflexão é a de que apenas a técnica, entendida aqui como
prescrição gramatical, poderá resolver o impasse. Só podemos chegar à tradução fidedigna da
frase pelo conhecimento de que a forma iuvat representa a 3ª pessoa do singular do presente do
indicativo latino, o que é traduzida para ajuda. Assim, temos A mãe ajuda os filhos como a
tradução adequada ao padrão gramatical normativo do latim clássico.

Esses são os primeiros processos intelectuais realizados diante de um texto latino básico,
sem sintaxe complexa, pelo menos nesse primeiro momento.

Esse trato com o texto pode muito bem ser complementado com certa disciplina. O que
estou querendo dizer é que uma boa atenção para aquilo que está sendo feito pode render bons
frutos. Isto é, a observação, aliada a uma boa análise, pode dar ao aluno a condição exata para
entender a estrutura sintática, já que o texto, no seu sentido macro, é constituído por frases
justapostas a outras (seu sentido micro). Sabendo e atentando para isso, pode-se descrever a
morfossintaxe latina usada nos textos.

Descobrir, por exemplo, que geralmente: (i) o verbo é colocado na parte final; (ii) o
nominativo vem no início da frase; (iii) as palavras substantivas podem modificar-se em sua parte
final e isso muda o sentido da palavra; (iv) o tempo do verbo é modificado quando a desinência
alterna; (v) há um caso que aparece sempre na frente de seu referente, entre muitas outras
informações de cunho prescritivo que podem surgir a partir de uma boa observação e análise.

Quanto aos aspectos gramaticais, devemos saber que são importantes e que servirão de
base para que se faça uma tradução mais adequada da ideia original. Serão eles, sem dúvida, os
responsáveis pela tradução e, portanto, pelo sentido final que deverá ser expressado pelos alunos
como forma de fechar o ciclo do processo intelectual do trato com o texto latino. Fala-se da
produção escrita em latim, a qual se vinculará ao desfecho do aprendizado: leitura e escrita
fundamentadas na gramática.

É isso que penso como método! Espero conduzir os alunos ao objetivo aqui proposto:
introdução dos alunos nos estudos do latim clássico.
Figura 1: A ilustração do método.
PECULIARIDADES DA PALAVRA EM LATIM: o uso do dicionário

O uso do dicionário, nas aulas de latim, é imprescindível até para aqueles que já
têm nível de proficiência avançado, já que, em muitas situações, uma palavra ou outra
se apresenta desconhecida. É assim em português, é assim, também, em qualquer
língua.
Para os que ainda estão iniciando o processo de aprendizado da língua de César,
é importante saber disso e principalmente como usar o dicionário de forma adequada.
Vamos lá!
Hipotetizamos uma frase como Timidus senex asellum in agro pascebat, da qual
selecionaremos a palavra assellum. Desconhecendo o seu significado, como trabalhar
com ela tendo um dicionário nas mãos?
O processo intelectual a ser deliberado nessa atividade requer organização de
raciocínio, aliás a organização mental deve ser uma das preocupações do aluno em
quaisquer assuntos, em se tratando do latim.
Após fazer a seleção, devemos identificar se se trata de um nome ou de um verbo,
pois essas categorias são apresentadas, no dicionário, de formas distintas. Como asellum
é um substantivo, devemos ter em mente a estrutura nominativo+genitivo, que aparecerá
no dicionário, ou seja, respectivamente, a forma completa do nominativo (geralmente no
singular) e apenas a desinência do genitivo (também, geralmente no singular), ambas as
formas separadas por vírgula. Segue-se a essa estrutura uma das três consoantes m, f ou
n, que indicará o gênero da palavra, seguida do significado. Por exemplo: asellus, i m.:
burrinho.

Figura 2: Estrutura lexicográfica do nome latina.

Descobrir a desinência se mostra uma prática muito proveitosa, uma vez que,
sabendo-se à qual declinação a palavra pertence, identificaremos o genitivo, ou melhor,
a desinência do genitivo, que estará após a vírgula. Identificando-se a declinação,
saberemos, também, a(s) desinência(s) do nominativo, que devem aparecer na estrutura
lexicográfica, bastando, para isso, apenas olhar o quadro de desinências.
Nesse trato com a palavra latina, subjaz um conhecimento, também, relevante.
Qual é?
O desfecho desse processo, que é o de encontrar a palavra no dicionário, só é
possível pelo conhecimento gramatical da estrutura morfossintática latina, já que saber o
que é uma desinência ou que a vogal que aparece logo após a vírgula da estrutura
lexicográfica do nome é a desinência do genitivo, é saber gramática. Sem esse
conhecimento, o desfecho seria difícil. Para facilitar a compreensão dessa reflexão,
responda a essa pergunta: a palavra praeceptorem pertence a que declinação? Responder a
ela só é possível com conhecimento gramatical, o que aquele que está iniciando os
estudos de latim ainda não o tem.
É esse tipo de processo intelectual, organizado em etapas, que possibilita o
desenvolvimento do hábito da observação e da análise, imprescindíveis ao aprendizado
do latim.
Entendido essa peculiaridade da palavra latina, vamos organizar o raciocínio
tendo, agora, o verbo como referente, ressaltando que o processo de análise é
semelhante ao do nome.
Tomemos a forma pascebat (da frase-exemplo) para trabalharmos a identificação
lexicográfica. O que devo saber dela para me aventurar pelo dicionário?
Primeiramente, saber que a forma como a estrutura verbal aparece no dicionário
é completamente diferente da do nome. No verbo, temos mais ou menos cinco
estruturas significativas importantíssimas ao processo de análise. Duas que representam
o presente do indicativo, uma para o perfeito, outra para o supino e a última para o
infinitivo, seguidas pelo significado. Basicamente, é dessa forma que o verbo é
apresentado no dicionário. Disso, devemos entender que jamais encontraremos a forma
pascebat no dicionário, a não ser que o autor queira facilitar para o aluno. Se assim não
for, a forma mais adequada de encontramos a estrutura lexicográfica desse verbo é
identificando o radical. Para isso, devemos segmentar pascebat em suas formas
constituintes: pasc- (RAD), -e (VT), -ba (DMT) e –t (DNP).
De posse do radical pasc- fica mais simples encontrar o verbo. Procurando-o no
dicionário, encontramos pasco, -is, -avi, -atum, -ĕre: alimentar.

Figura 3: Estrutura lexicográfica do verbo latino.

Outras peculiaridades das palavras no dicionário serão explicadas quando


surgirem as oportunidades, durante a prática de exercícios.
PRÁTICA DE OBSERVAÇÃO – identificando algumas regras

Analisando os dados abaixo (expressões latinas e traduções aproximadas ao


português), descubra a(s) regra(s) que está(ão) por trás das frases em latim e, depois, de
posse dessas informações, faça o que se pede nos itens a e b.

Frases no Latim e suas correspondências no Português:

1. Agricolas amo 1. Eu amo os agricultores


2. Agricolas amas 2. Tu amas (você ama) os agricultores
3. Agricolas amabat 3. Ele/ela amava os agricultores
4. Agricolis placemus 4. Nós agradamos aos agricultores
5. Agricolis placent 5. Eles/elas agradam aos agricultores
6. Belletes voco 6. Eu chamo os guerreiros
7. Agricolas vocatis 7. Vós chamais (vocês chamam) os agricultores
8. Agricolas vocamus 8. Nós chamamos os agricultores
9. Equos celas 9. Tu escondes (você esconde) os cavalos
10. Equum celat 10. Ele/ela esconde o cavalo
11. Leones celatis 11. Vós escondeis (vocês escondem) os leões
12. Leo in silva mane rudivit. 12. O leão rugiu na floresta pela manhã.
13. Mulieres celant 13. Eles/elas escondem as mulheres
14. Vilae mulieris domus. 14. A casa da mulher da vila.
15. Arboris fructus saporosus est. 15. O fruto da árvore é saboroso
16. Poetae Áfricae ninfas ladabunt 16. Os poetas elogiarão as ninfas da África
17. Homo mulieribus et cattis aquam dedit 17. O homem deu água aos gatos e às mulheres

Observações:
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a. Traduzir para o português

1. Agricolas celamus _____________________________________

2. Agricolas vocas _______________________________________

b. Versar para o latim:

1. Eu escondo os agricultores ____________________________________

2. Vocês amam os agricultores ___________________________________

3. Eles/elas chamam os agricultores _______________________________

4. Ele/ela chama os agricultores __________________________________


Observe as traduções das frases latinas (F1-F9), depois preencha as lacunas a partir
das observações feitas:

Latim Português

1. Puellae servam amant. As meninas amam a serva.

2. Puella servam amat. A menina ama a serva.

3. Luna viam iluminat. A lua ilumina o caminho.

4. Luna viam iluminabat. A lua iluminava o caminho.

5. Domina filiae pupam dat. A senhora dá a boneca à filha.

6. Domina filiis pupam dabit. A senhora dará a boneca às filhas.

7. Domina filiis pupam dabat. A senhora dava a boneca às filhas.

8. Serva dominae filiam vocat. A serva chama a filha da senhora.

9. Servae dominarum filias vocant. As servas chamam as filhas das senhoras.

10. ____________ filias _______________ As senhoras amam as filhas.

11. Agricola terram amat. ________________ ama ____________________

12. Poeta poesias recitabat. _____________ ______________ as poesias.

13. Poetae poesiam recitabant. ____________ recitavam _______________

14. _________ reginae __________ laudat A menina elogia a terra da rainha.

15. Reginae filia servam vocat. A filha _____________ chama _____________

16. Magistrae discipulis historias narrant. ___________ narram histórias ___________

17. Discipula magistrae historiam narrabit . _________ à mestra __________ __________

18. ___________________________________ A menina narra a história do poeta à mestra.

19. ___________________________________ As meninas amavam as servas.

20. Domina servae filiam vocat. ______________________________________

21. Servae filia reginam laudabat. ______________________________________


PRÁTICA DE LEITURA E TRADUÇÃO

Texto 1: Apud agricolam


Aemilius, poeta urbanus, Silvanum, amicum rusticum, visitat. Vita rustica valde
Aemilium delectat, sed "vita urbana est", ita Silvanus censet. Poeta amicum laudat, quia agricola
laboriosus est, etiam fundum Laudat, ferae pericolosae umbrosas silvas ubi habitant et muscae
innumerae vitae molestam faciunt. Nocte mirificae stellae lunaque plena caelum illuminant;
mane Phoebus terram calidam facit, itaque vitam undique trepidat.
(Apud agricolam. Martinez, 2009, p. 31)

Observações gerais:
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Tradução:
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Mensagem (ideia desenvolvida):


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Versão da mensagem:
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Texto 2: In Schola
Ecce schola.
Puellae magistram salutant.
Tulia magistra est. Discipulae sunt: Caecilia, Claudia, Livia et Marcia. Caecilia poetae filia
est; Claudia Liviaque agrícolae filiae sunt.
Hodie nautae filia hic non est.
Discipulae magistrae historias amant. Caecilia et Claudia attentae sunt dum magistra
ranae fabulam discipulis narrat. Livia sedula non est.
Tulia inquit:
— Aquila alte volat. Rana aquilam notat et maesta coaxat quia alas valde desiderat.
Musca rana aquilaque etiam spectat. Stulta rana muscam non spectat, solum aquilae alas.
Musca volat. Callida aquila ranam sura captat.
“Stulta rana, musca ait, alas desideras sed vitam pessundas. Aquila non capta muscas...
sed ranas.” Puellae clamant: “ Fabulam valde amamus!”
Nunc etiam Livia attenta est.
(In Schola. Garcia, 2000, p. 40)

Observações gerais:
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Tradução:
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Mensagem (ideia desenvolvida):


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Versão da mensagem:
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Texto 3: Magistra et Poeta


Tulia cum puellis in schola est. Multae herbae circa scholam sunt. Schola ad aquam,
prope silvam, est. Magistra et discipulae in silvam, prope aquam, ambulant et violas delibant.
Ardea ex aqua volat. Tum discipulae violas portant, postea scholam violis ornant. Poeta
appropinquat. Magistram discipulasque salutat:
— “Ave, Tulia! Avete, puellae!”
— “Ave, poeta!” Deinde Caecilia cum poeta, a schola, as villam remeat et amicis magistraeque
ait: “Valete!”
— Vale Caecilia!” (Magistra et poeta. Garcia, 2000, p. 47)

Observações gerais:
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Tradução:
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Mensagem (ideia desenvolvida):


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Versão da mensagem:
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Texto 4: Lucius avum visitat
Lucius avum visitat. Nam avus benignus est et doctus: libenter laborat et multas fabulas
narrat. Lucius valde gaudet. Hodie caelum serenum et clarum est. Itaque iucundum est avum
visitare.
Fundus immensus est et horti placidi amoenam villam ornant. Lucius primo intrat
stabulum. Ibi videt perpastas gallinas, multos taurus et vaccas, porcos gulosos, hircos barbatos,
albos tenerosque agnos. Deinde agros percurrit: videt fluvius et plantas pulchras; etiam umbrosa
silva valde Lucium delectat. Sed súbito procul clamat bestia, et Lucium terret. Servi rident et
exclamant.
— Quietus asellus timedum puerum conturbat. Vero urbani pueri vitam rusticam nesciunt.
Itaque tanta pericula inveniunt.
(Lucius avum visitat. Rezende, 2011, p. 31)

Observações gerais:
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Tradução:
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Mensagem (ideia desenvolvida):


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Versão da mensagem:
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Texto 5: De Narciso
Multae nymphae Narcisum amare cupiebant, sed formosissimus puer non solum
feminarum sed etiam puerorum praesentiam uitabat et sibi dicebat: "nec puellae nec pueri me
tangent"."Nolo amplexus tuos", olim nymphae dixit, quae maledictum in odiosum puerum
coniecit.
Fonticulus erat purissimus et argenteus quem neque capellae neque aviculae neque
bestiae paruae uel magnae contigerant neque fera turbauerat neque ramus. Ibi lassus narcisus,
dum bibere uult, figuram suam aquarumin speculo videt formamque esse suam putat, quod
umbra est.
Nescit se esse quem spectat et uehementer puerum in aqua repercussum adamat. Sed
quia capere quem ardet non potest, paulatim laguescit, membra rigida fiunt, ex oculis lacrimae
frustra manant et fugit anima frigida per labra.
Dum aquarum incolae per fluuios et lacus perque fonticulos Narcisum quaerunt, ad
ripam riui inter arbusta croceum nympha inuenit flosculum quem medium alba folia cingunt.
Fabula narcisum sic surgere axponit...
(De Narciso. Rezende, 2011, p. 77)

Observações gerais:
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Tradução:
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Mensagem (ideia desenvolvida):


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Versão da mensagem:
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Texto 6: De Vitiis Hominum


Iuppiter nobis imposuit peras duas: unam, repletam propriis vitiis, post tergum dedit.
Alteram, gravem vitiis alienis, ante pectus suspendit. Sic videre nostra mala nos possumus;
dum alii delinquunt, censores sumus.
(De vitiis hominum. Rezende, 2011, p. 85)

Observações gerais:
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Tradução:
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Mensagem (ideia desenvolvida):


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Versão da mensagem:
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UNIDADE I – UM POUCO DE HISTÓRIA

1.1 Roma antiga: o berço da língua portuguesa

Segundo Souto Maior (1966:137), a Itália é uma península européia que penetra

profundamente na parte central do Mar Mediterrâneo. Suas costas não são muito

favoráveis; grandes extensões eram antigamente impróprias para a navegação em

virtude de escarpas e bancos de areia, além da insalubridade. Em compensação o solo

era bem mais fértil do que o da Grécia.

A partir de 2000 a.C., povos de origem indo-européia, em migrações sucessivas,

deslocaram-se para o centro e para o sul da península, onde, mais tarde, foram

miscigenados em consequência das invasões dos etruscos, dos gregos e dos gauleses.

Esses povos de origem indo-européia ficaram conhecidos como italiotas ou itálicos, e

formavam vários núcleos de povoação: latinos, samnitas, úmbrios, volscos e sabinos.

No século VIII a.C. encontravam-se os primitivos habitantes da antiga Itália

distribuídos da seguinte maneira: ao norte, os gauleses, espalhados pelo Vale do Pó e

nas costas ao norte do Mar Tirreno; ao centro, os etruscos e latinos (zona ocidental); os

sabinos e os úmbrios nas montanhas apeninas; os samnitas nas costas do Mar Adriático;

ao sul, os gregos, fixados em um conjunto de colônias denominado Magna Grécia.

Enquanto o nível de vida das tribos italiotas era ainda muito rudimentar, os

gregos que começaram a colonizar o sul já apresentavam notável desenvolvimento

econômico e cultural. Nessa mesma época chegaram também os etruscos, oriundos

provavelmente da Ásia Menor, ocupando a planície a oeste do Tibre.e que alcançaram

nível cultural elevado. Embora usassem o alfabeto grego, seu idioma continua, ainda

hoje, quase desconhecido, pois dele se pode apenas traduzir umas duzentas palavras,

aproximadamente.
Distribuídos em doze cidades, os etruscos formavam uma confederação. A partir

de sua área de ocupação inicial, estenderam seus domínios para o sul, até chegar às

planícies do Lácio e de Campânia. Ao norte, expandiram-se em direção ao vale do Pó.

Ao sul chegaram a competir com os gregos, principalmente depois de se aliarem aos

fenícios de Cartago.

Quanto à fundação da cidade de Roma, há duas versões. A primeira refere-se à

conhecida Guerra de Tróia; a segunda ao crescimento demográfico, político, social e

cultural da região central da Península Itálica.

Para a primeira versão, conserva-se a lenda da loba, na qual Enéas, um jovem

troiano, acorda sobressaltado após ter sonhado com a destruição de Tróia. O jovem foge

juntamente com seu pai e outros troianos e chega à Península Itálica, na Região do Lácio

(parte central da península). Casa-se com a filha do rei de Alba Longa. Seus herdeiros

herdaram-lhe o trono.

Um deles, Numitor, foi destronado por seu irmão Amúlio. Uma filha do rei

destronado, Rhea Silvia, teve dois filhos gêmeos, Rômulo e Remo, que foram

considerados filhos de Marte, deusa da guerra. Amúlio, temendo perder o poder,

ordenou que as crianças fossem abandonadas em uma cesta às margens do Rio Tibre.

Amamentados por uma loba e depois recolhidos por um casal de pastores, os dois

meninos ao crescerem repuseram seu velho avô no trono e mataram o usurpador

Amúlio.

Em seguida, retiraram-se de Alba Longa para fundar uma cidade no mesmo local

onde haviam sido encontrados pelo casal de pastores. Quando Rômulo traçava com um

arado as muralhas da nova cidade, Remo saltou por cima dos sulcos abertos, zombando

da pretensão do irmão, sendo então morto por Romulus que naquela ocasião teria dito:

"o mesmo aconteça a todos que se atreverem a pular sobre as muralhas de Roma". Perde-se, pois,

na lenda a verdadeira origem de Roma.


Na segunda versão, contudo, ocupando toda região do Lácio, os etruscos

conseguiram dar a essa região nova estrutura. Empregaram novas técnicas,

desconhecidas pelos latinos, e fizeram da agricultura a atividade econômica

predominante. Desenvolveram também atividades tipicamente urbanas como o

comércio e o artesanato, contribuindo para a transformação da aldeia em cidade.

As mudanças econômicas ocorridas nessa região conduziram a transformações

na organização social.

Com o surgimento da propriedade privada, a comunidade primitiva teve fim e as

famílias ligadas ao páter-família apropriaram-se das melhores terras, formando uma

aristocracia de patrícios (palavra cujo significado se aproxima de "pai", ou pater,tris em

latim). Constituindo a camada social dominante, os patrícios eram denominados gentes

por estarem agrupados numa única unidade básica, o gens ou clã. Os membros de gens

reuniam-se em torno do mesmo chefe e cultuavam o mesmo antepassado. Essa unidade

compreendia os parentes pobres ou clientes e os patrícios agrupavam-se em associações

religiosas chamadas cúrias.

Todos os que não pertenciam ao gens eram considerados plebeus. Em geral a

camada dos plebeus era formada por estrangeiros, comerciantes, artesãos e pequenos

proprietários de terras pouco férteis.

Os plebeus que conseguiram enriquecer podiam reivindicar a condição de

clientes, desde que se colocassem sob a proteção legal de uma família patrícia. Em troca,

prestavam determinados serviços e adotavam o mesmo culto religioso da família. Desse

modo, conseguiram assegurar seu direito à propriedade perante as leis. Tais plebeus

que enriquecidos compunhas a clientela que, dependendo da família patrícia, poderia

tornar-se hereditária.
Havia, ainda, os escravos que, em pequeno número, limitavam-se aos serviços

domésticos ou a atender as necessidades pessoais dos patrícios.

Com toda essa estrutura essa região já era reconhecida como cidade: a cidade de

Roma.

Na figura 1, a seguir, pode-se observar como era a disposição dos povos na

Península Itálica do século VI a. C.

Germania
Lugudunensis

Aquitania
Galia

Hispania
Etruria Samnium

Corsica Lucania
Latium Apulia
Estreito de Gilbratar
Calabria
Campania
Sardinia
Bruttium

Africa Sicilia

Fig.01. Distribuição dos povos na Península Itálica antiga do século VI a. C.


Fonte: adaptação de ILARI (2000:43).

1.2 Expansão romana

Os romanos levaram 230 anos para conquistar toda Itália. As primeiras guerras

tiveram um caráter diferente: a prosperidade de Roma atraía a cobiça dos vizinhos e,

para defender-se, os romanos acabavam ocupando novos territórios. Nessa fase inicial

foram vencidos os volscos e sabinos; as cidades latinas foram tomadas em 338 a.C..
No outro lado do Rio Tibre estavam os etruscos, dominadores dos romanoS

durante vários séculos. Cinquenta anos depois da conquista das cidades latinas, os

romanos anexaram toda a Etrúria Meridional. Entretanto, a expansão romana pelo

continente foi interrompida pelos gauleses, que invadiram a Península, atravessando a

Etrúria, e saquearam Roma. Exigindo um resgate de 1.000 libras de ouro4, os gauleses

retiraram-se depois5, pois ainda eram seminômades.

Depois que os gauleses se retiraram de Roma, o passo seguinte foi a conquista da

fértil planície de Campânia. Mas a presença romana ao sul da península alertou os

gregos da Magna Grécia.

Os territórios conquistados pelos romanos na Itália não apresentavam uma

organização uniforme. Havia uma imensa variedade de culturas e sistemas de governo,

e em toda parte os romanos procuravam manter os vencidos unidos numa

confederação. Tentavam, assim, estabelecer uma ligação permanente entre o Estado

romano e o resto da Itália. Além disso, adotaram uma hábil política diplomática,

concedendo o direito de cidadania a muitos povos conquistados. A construção de um

sistema de estradas também permitiu o rápido deslocamento e a presença do seu forte

exército em qualquer parte da Itália.

Nos meados do século IV a.C. os romanos expulsaram do sul do Lácio os volscos

e impuseram a hegemonia romana no Lácio, embora os samnitas houvessem

conseguido infligir à já poderosa Roma uma dura derrota. Cercadas num desfiladeiro as

tropas romanas foram submetidas a uma capitulação vergonhosa, que consistiu na

passagem de todos os seus soldados por baixo de uma lança sustentada

horizontalmente por duas outras fincadas verticalmente no solo, sob as vaias e motejos

do inimigo. Mais tarde, porém, os samnitas converteram-se em aliados de Roma.

4Aproximadamente 360 quilos.


5Segundo a tradição, no momento em que se pesava o resgate exigido, Breno, o chefe gaulês, colocou no prato da
balança uma pesada espada de ferro, aumentando assim o peso do tributo. Como os romanos reclamassem, teria dito
então o chefe bárbaro: Voe victis.' (Ai dos vencidos).
A supremacia romana no sul era obstada pelas colônias gregas que constituíam a

chamada Magna Grécia, cuja mais forte cidade era Tarento. Não querendo ser

englobada como mais uma conquista romana, Tarento pediu auxílio a Pirro, rei do

Epiro, para sua defesa. Na primavera do ano 280 a.C. chegou Pirro à Itália com uma

bem organizada infantaria, grande cavalaria e muitos elefantes de combate. Os romanos

foram vencidos nas primeiras batalhas, pois não sabiam lutar contra os elefantes e sua

cavalaria os temia. No ano seguinte o exército romano voltou a encontrar-se no campo

de batalha com as tropas de Pirro. Este, apesar de vencedor, teve tão grandes perdas

que, segundo a tradição, teria exclamado : — "Com mais uma vitória destas, ficarei sem

soldados"6.

Compreendendo que a guerra com Roma seria muito prolongada, dirigiu-se Pirro

para a Sicília; ao regressar, foi vencido pelos romanos que não tiveram, então,

dificuldades para a conquista do sul da Itália.

A derrota de Pirro e seus aliados abriu aos romanos a possibilidade de conquistar

toda Itália, o que foi confirmado com a anexação da Etrúria, em 265 a.C., e a vitória

sobre os gauleses da costa do Andriático. Toda a Península Apenina ficou então sob o

domínio de Roma.

6Desse fato derivou-se a expressão vitória de Pirro, que por extensão significa um sucesso onde as perdas são tão
grandes que anulam o sabor da vitória.
UNIDADE II – O IDIOMA LATINO

2.1 O latim

Segundo CARDOSO (2000:5), o latim era a língua falada no Lácio (latium), região

da Itália Central, onde, em meados do século VIII a.C., foi fundada a cidade de Roma.

O latim originou-se de uma língua hipotética, denominada indo-europeu7,

reconstruída a partir de estudos comparativos das línguas conhecidas. Há bastante

tempo, observam-se as semelhanças que existem entre certas línguas.

No final do século XVIII, alguns linguistas observaram que algumas línguas

antigas da Europa e da Ásia, como o latim, o grego e o sânscrito, apresentavam grandes

semelhanças em suas gramáticas. Isso provavelmente indicava a existência de uma

língua primitiva comum a elas.

De acordo com GARCIA (2000:17), das épocas mais remotas, o latim falado no

Lácio sobrepõe-se aos outros dialetos itálicos como o osco, o umbro e o etrusco. Todos

eles originados do itálico, diretamente ligados ao indo-europeu. O latim adquire

características literárias somente a partir do século III a. C., por influência grega.

Pode-se considerar que o latim apresenta cinco fases, a saber: (i) Período proto-

histórico (séc III – 240 a. C.), com as primeiras inscrições encontradas; (ii) Período

arcaico (240 – 81 a. C), com textos epigráficos e literários; (iii) Período clássico (81 a. C –

17 d. C), quando a prosa e a poesia chegam ao apogeu; (iv) Período pós-clássico (17 d. C.

– século II d. C.), com poetas e prosadores não originários da Itália, que já não seguem o

modelo clássico; e (v) Período cristão (século III d. C. – V d. C.), com textos de Santo

Agostinho, Santo Ambrósio, entre outros.

7É uma ampla família linguística que engloba a maior parte das línguas européias antigas e atuais. Tem este nome
porque corresponde à região geográfica que se estende da Europa até a Índia setentrional. Foi o Itálico que deu
origem aos falares da Península Itálica, a exemplo do latim.
Com a Romanização, a Língua Latina expandiu-se em toda a Itália, na Espanha,

em Portugal (Lusitânia), no Norte da África, nas Gálias (França, Suíça, Bélgica e regiões

alemãs ao longo do Rio Reno), na Récia e no Nórico (Áustria), na Dácia (Romênia), na

Grã-Bretanha (Inglaterra, Escócia, País de Gales), na Frísia (Holanda), na Dalmácia e na

Ilíria (lugoslávia) e na Panonia (Hungria).

No século III a.C., o Latim começou a adquirir uma forma literária, que se

desenvolveu lentamente até o seu período de maior esplendor, no século l d.C.,

chamado idade de ouro. Os maiores literatos latinos dessa época foram:

• Marco Túlio Cícero (106 -43 a.C.). Foi político, filósofo, destacando-se como um
dos mais importantes oradores;
• Caio Júlio César (100-44 a.C.). Foi escritor e se destacou por ser um grande general
romano;
• Caio Crispo Salústio (87-35 a.C.). Foi historiador;
• Públio Vergílio Marão (70-19 a.C.). Foi um excelente poeta da literatura latina;
• Quinto Horácio Flaco (65-8 a.C.). Foi poeta lírico;
• Públio Ovídio Nasão (43 a.C. - 17 d.C.). Foi lírico;

2.1 O alfabeto latino: composição e pronúncia das letras

De acordo com GARCIA (2000:18), o alfabeto latino primitivo era composto de

21 letras, ou seja, o mesmo alfabeto do português atual, não figurando na fase inicial

as letras J e V, mas incluindo-se K e Z, como forma de facilitar a escrita de palavras de

origem grega. No latim, as letras I e U apresentavam valores ora de consoante, ora de

vogal, conforme o contexto fônico do vocábulo. Por exemplo, o I e o U eram

consideradas consoantes quando precediam vogal, independente da posição. Nos

demais casos, eram vogais. Nesse sentido, era provável que se poderia encontrar frase

do tipo Iesus Christus seruatum uenit (Jesus Cristo veio para salvar o mundo).
A letra K foi logo no início aceita, por influência do grego. Também por essa

mesma influência, a fim de facilitar as transcrições literárias, os latinos começaram a

empregar as letras Y e Z. Posteriormente, século XVI, foram adicionadas ao alfabeto

as letras J e V.

Ponto de discórdia entre os estudiosos é a pronúncia do latim. Para GARCIA

(2000:19), a pronúncia do latim sofreu variações no decorrer de sua evolução.

Entretanto, é a pronúncia da época clássica que se costuma ensinar nas universidades.

Para a mencionada autora, há três possíveis pronúncias do latim clássico: (i)

Eclesiástica, a mais difundida, na época do ensino do latim no Brasil (até a década de

60), com forte acento italiano, por influência dos padres da Igreja Católica; (ii)

Tradicional, bastante usada pelos acadêmicos de direito, uma pronúncia

aportuguesada; (iii) Restaurada, adotada nas universidades, resultados de profundos

estudos embasados na linguística comparativa.

Na verdade, a pronúncia restaurada é fruto de estudos de gramática

comparativa, quando linguistas tentaram construir uma pronúncia do latim mais

original, sendo, por isso, chamada de pronúncia restaurada.

Ressalta-se que essas informações têm aqui apenas caráter ilustrativo, pois não

é objetivo do curso praticar a pronúncia. Para trabalhar o latim em sala de aula, será

necessário pronunciar algumas palavras latinas; desse modo, será adotada a fonética

das letras do português, observando-se algumas considerações:

a) as vogais mantêm sempre seu som original, em qualquer posição que ocupem no

vocábulo, evitando-se pronunciar o “o” como “u” e o “e” como “i” no final das

palavras;

b) os ditongos “ae” (æ) e “oe” pronunciam-se como “é”;


c) a sílaba “ti”, quando não for tônica nem precedida por “s”, será pronunciada como

“ci”;

d) a letra “x” tem sempre o som de “ks”, como na palavra “fixo”;

e) o grupo “ch” tem sempre o som de “k”;

f) os conjuntos “qu” e “gu” pronunciam-se sempre como se houvesse um trema no

“u”;

g) o grupo “ph” tem o som de “f”.

Segundo ALMEIDA (1994:28), não se usam acentos gráficos em latim, quando

isso ocorre em alguns livros, é para facilitar a leitura. Como regra geral, atente-se para

o fato de que não existem palavras oxítonas em latim, a não ser aquelas de uma sílaba

só. Havendo dúvida, deve-se consultar um dicionário.

No latim, as palavras têm o acento tônico ou na penúltima ou na

antepenúltima sílaba; em regra geral, não há palavras com acento na última sílaba

(oxítonas em português).

A sílaba que indica a posição do acento é a penúltima, isto é, se a penúltima

vogal (penúltima sílaba) de uma palavra latina trouxer o sinal , que se assemelha a

meia lua (ă, ĕ, ǐ, ǒ, ǔ) o acento deverá recuar para a sílaba anterior (proparoxítona).

Tomemos como exemplo a palavra agricŏla. A penúltima sílaba é cŏ; em cima

da vogal o vemos o sinal , chamado Bráquia, isto é, o sinal de vogal breve. Isso

indica que o acento tônico deve recuar para a sílaba anterior gri, pronunciando-se

agrícola.

Se a penúltima sílaba de uma palavra latina trouxer, ou seja, a penúltima vogal

apresentar o sinal , que se assemelha a um tracinho longo (ā, ē, ī, ō, ū), o acento


deverá cair nessa sílaba, como na palavra Penātes. A penúltima sílaba é nā; em cima

da vogal a vemos o sinal , chamado Mácron, isto é, o sinal de vogal longa. Isso

indica que o acento tônico deve recair sobre a sílaba nā, pronunciando-se Penátes.

Para esse fenômeno de acentuação tônica em latim, dá-se o nome de

quantidade8, em que, se a penúltima for breve, o acento recairá para a sílaba anterior

(palavra proparoxítona), se for longa, o acento recairá nela mesma (palavras

paroxítonas).

2.3 A estrutura morfossintática da língua latina

Segundo Tarallo (1990, p. 145), as funções gramaticais no latim clássico eram

transparentes a ponto de se revelarem na própria forma, ou seja, era por meio da

terminação da palavra que se identificava o caso. Desta forma, as relações sintáticas

podiam ser estabelecidas sem se levar em consideração a disposição das palavras na

frase.

De acordo com Cardoso (2003, p. 11), seguindo as concepções dos filólogos

alemães Schlegel e Schleicher, o latim é classificado como língua flexível, ou seja,

línguas em cujas palavras existe um elemento significativo ao qual podem ser

agregados morfemas indicadores de categorias variáveis (gênero, número, caso, grau,

quando se tratar de nomes; tempo, modo, voz, quando se tratar de verbos). Nessa

classe de línguas as palavras se formam mediante processos de derivação e

composição e se articulam na frase, por relações de dependência.

Vê-se, portanto, que o latim clássico se fundamenta na morfossintaxe, ou seja, é

uma língua que apresenta variações na parte final de uma determinada palavra. Essa

8 Era a maneira como a vogal era pronunciada, breve ou longa.


variação de terminações recebe o nome de flexão de caso, uma questão morfológica.

No entanto, além da característica morfológica que se pode observar na palavra,

outra particularidade também é evidente, já que as funções sintáticas no latim

aparecem justamente nessas terminações, como se observa na palavra mulier, is que

pode figurar em uma frase com a forma mulieris ou mulierem. Neste caso, obtém-se a

informação a respeito do caso (morfologia) e da função que ambas palavras

exerceriam em uma frase (sintaxe): para a morfologia, o termo mulieris apresenta-se

como caso genitivo singular e função sintática de adjunto adnominal restritivo, enquanto

mulierem apresenta-se como caso acusativo singular e função sintática de objeto direto.

Nesse contexto morfossintático, o latim clássico apresenta seis casos, a saber:

nominativo, genitivo, dativo, acusativo, vocativo e ablativo.

Percebe-se com o que foi explanado que a língua latina apresenta uma

estrutura fundamentada na morfologia e na sintaxe, a qual pode ser estudada,

levando-se em conta cinco itens: flexão, processo de declinação, mudança de

desinência, casos latinos, flexão de caso.

Entende-se por flexão a mudança que certas palavras sofrem em sua parte final.

Esse processo é muito importante na declinação de palavras e na tradução de frases,

pois é um dos pontos essenciais para o estudo do latim, assim como o conhecimento

sobre a análise sintática do português, é claro.

O segundo item é o processo de declinação. Ao se estudar o latim, deve-se ter em

mente que se trata de uma língua declinável, isto é, a parte final é mutável e depende

obrigatoriamente do caso e da função que a palavra exerce na frase. Ressalta-se que

esse processo de variação ocorre tanto nos nomes quantos nos verbos, declinação e

flexão, respectivamente.
Quanto à mudança de desinência, o terceiro item deste tópico, deve-se,

primeiramente, atentar para o sentido do termo desinência. Entende-se por desinência a

parte final da palavra que varia de acordo com o caso que exerce na frase. Nesse

contexto, é necessário saber identificar o radical e, é claro, a sua desinência, que

dependerá exclusivamente da declinação que ela (a palavra) pertence.

O quarto item refere-se aos casos latinos, em número de seis como já foi

mencionado, e correlacionam-se com as funções sintáticas da língua portuguesa.

Sendo assim, caso é também um termo sintático que apresenta uma função dentro da

frase, e sua estrutura morfológica altera quando altera sua função.

Flexão de caso é o último item e consiste na variação que a palavra latina sofre

na última sílaba, de acordo com seu caso e sua função, inferindo-se, assim, que a

flexão de caso depende obrigatoriamente da análise que é feita na frase: se, em

português, um termo apresentar-se como sujeito, em latim, deverá ser traduzido para

o caso nominativo, por exemplo.

Concomitante à flexão dos casos, há em latim clássico a distribuição dos nomes

substantivos em cinco grupos, recebendo cada grupo o nome de declinação que, por

sua vez, é o conjunto de flexões de determinado grupo de nomes.

Se cada grupo (ou declinação) possui seis casos, e uma palavra latina pode ser

declinada no singular e plural, infere-se que, na verdade, essa palavra pode

apresentar 12 estruturas formais: seis para o singular e seis para o plural,

diferentemente do português que apresenta apenas duas possibilidades

(menino/meninos).

Fazendo uma comparação sintática entre os dois idiomas, pode-se inferir que

as funções sintáticas, no português, dependem de sua posição na frase (analitismo);


enquanto, no latim, dependem de sua terminação de caso (sinteticismo). Assim

sendo, pode-se estabelecer correlação sintática entre o latim e o português, a partir do

nome menino (puer,i) apresentado como exemplo para análise.

F1: O menino está alegre. (sujeito) / Puer laetus est. (nominativo).

F2: O pai do menino é João. (adj. Adn. restritivo) / Pueri pater Juhannes est (genitivo).

F3: João deu um presente ao menino. (obj. indireto) / Juhannes puero domum dedi. (dativo).

F4: João chamou o menino. (obj. direto) / Juhannes puerum vocavit. (acusativo).

F5: Ó menino, elogio tua sabedoria! (vocativo) / Puer, tuam sapientiam laudo! (vocativo).

F6: João passeou com o menino. (adj. adv. comp.) / Juhannes cum puero ambulavit. (ablativo).

Na Tabela 1, a seguir, observa-se que os casos latinos se correlacionam com as

funções sintáticas do português.

Tabela 1. Correlação entre as funções sintáticas da língua portuguesa e os casos latinos.

Função sintática Preposição Caso latino


Sujeito ---- Nominativo, Pred. do Sujeito
Adj. adn. restritivo de Genitivo
Objeto indireto para, a Dativo, Compl. nominal
Objeto direto ---- Acusativo
Vocativo ---- Vocativo
Adj. adverbial per, cum, in Ablativo
UNIDADE III – GRUPO DE SUBSTANTIVOS E SISTEMA VERBAL
De acordo com ILARI (2000:88), o latim clássico apresentava grande flexibilidade

na morfologia nominal dos substantivos, em razão da possibilidade de variação na parte

final das palavras. Essa variação chamava-se, na verdade, variação de caso, ou seja, a

terminação da palavra indicava a função que desempenhava na frase e podia figurar em

número de seis: nominativo, genitivo, dativo, acusativo, vocativo e ablativo 9.

Ressalta-se, aqui, que o termo terminação difere do sentido de desinência, pois,

segundo CARDOSO (2000:24), trata-se da parte final da palavra latina, podendo conter

a vogal de ligação, a vogal temática e a própria desinência, dependendo do caso.

Quando se estudam os nomes substantivos latinos, devem-se ressaltar dois

pontos: o primeiro diz respeito à morfologia; o segundo, à sintaxe.

Em se tratando da morfologia, de acordo com CARDOSO (2000:18), o sistema

morfológico latino é bastante complexo, pois os nomes substantivos são passíveis de

modificações em sua parte final, ou seja, ao radical da palavra podem ser acrescentados

afixos, vogais temáticas e vogais de ligação, como se observa na palavra agricolae (ao

agricultor / do agricultor), a qual apresenta o radical agricol agregado à desinência ae,

formando, assim, a palavra agricolae (referente a agricultor).

Os nomes substantivos flexionam-se de acordo com o gênero e número, isto é,

podem figurar como substantivos masculinos, femininos ou neutros, conforme se

observa nas palavras puellam f.; puer m. e bellum n., (uma/a menina, o/ó menino e a/ó

guerra), em que as consoantes f, m e n representam os gêneros feminino, masculino e

neutro, respectivamente. Podem também aparecer no singular ou plural, como em

puerum (um/o menino) ou pueros (uns/os meninos).

9 A palavra podia apresentar seis casos diferentes, mas cada caso era flexionado no singular e plural, o que permite
inferir que uma palavra latina poderia ser grafada de 12 maneiras.
Outro ponto do estudo dos nomes substantivos diz respeito à sintaxe; no entanto,

acredita-se que seja melhor se adotar a nomenclatura morfossintaxe, porque aborda não

somente a função que determinada palavra exerce na frase, mas também como se grafa

essa mesma palavra, ou seja, uma questão morfológica.

Os substantivos são divididos em cinco grupos, distintos uns dos outros pela

terminação do caso genitivo singular: luna, ae (lua); gener, i (genro); animal, is (animal);

fructus, us (fruto) e spes, ei (esperança). Na verdade, essa divisão ocorreu em virtude de

um grupo de filólogos latinos passar a analisar a ocorrência dessas terminações de caso

nos substantivos, as quais se diferenciavam no caso genitivo singular, como se observa

nos exemplos anteriormente citados.

Sendo assim, para que essa análise possa ser melhor assimilada, faz-se, aqui, uma

ilustração de como, possivelmente, os latinos chegaram a essa divisão. Observe:

Imaginemos um universo de nomes substantivos e dentro dele figurassem

diversos nomes, diferenciados entre si pela terminação do caso do genitivo singular,

independentemente da terminação do nominativo singular. Passou-se, então, à analise

de cada grupo individualmente, ou seja, fixou-se a atenção no grupo de nomes

substantivos que apresentavam a forma -ae como terminação de caso do genitivo

singular. Neste grupo de palavras, o nominativo singular sempre apresentava o tema -a.

Isto quer dizer que um determinado grupo de palavras apresentava a terminação do

nominativo e genitivo singular em -a e -ae, respectivamente, como em umbra, ae;

avaritia, ae; mensa, ae etc. Este grupo recebeu, por convenção, a denominação de

primeira declinação latina.

Passou-se à análise de um segundo grupo, o qual apresentava como terminação

de caso genitivo singular a vogal -i. Esse grupo passou a ser denominado de segunda

declinação latina.
Todavia, diferentemente da primeira declinação, que apresentava apenas uma

terminação possível para o caso nominativo singular (-a), os substantivos pertencentes à

segunda declinação apresentavam quatro terminações para esse caso: -us, -er, -ir e -um

como nos nomes servus, i; puer, i; vir, i; caelum, i etc.

Terminada a convenção dos nomes de segunda declinação, os estudiosos latinos

passaram, então, a analisar um terceiro grupo de substantivos, de terminação no caso

genitivo singular em -is. No entanto, esse grupo apresentava uma certa complexidade,

pois o nominativo singular poderia apresentar inúmeras terminações, como x, as, ns, e,

ar, al, o, is, or, io, entre outras, não podendo, portanto, fixar as terminações para o caso

nominativo singular. Neste ponto, ressalta-se ALMEIDA (1994:65) que atribui às

terminações do nominativo singular a denominação de várias terminações, por serem tão

variadas.

Seguindo esse raciocínio, analisou-se o restante dos nomes substantivos que

apresentavam a terminação do caso genitivo singular em -us e -es, chamados então de

quarta e quinta declinações, respectivamente. Os nomes da quarta apresentavam o

genitivo singular em -us; os da quinta, em -ei, como nas palavras fructus, us; manus, us;

spes, ei; res, ei; dies, ei etc.

Nessa concepção, infere-se que o caso genitivo tem a finalidade de indicar a que

declinação pertence uma palavra latina, assim como é, por meio dele, que se conhece o

radical da palavra, usado na declinação.

3.1 Primeira declinação latina: -ae

Vimos, segundo Cardoso (2000, p. 23), que os nomes substantivos possuem um

radical, que contém um significado básico, e a ele podem ser acrescentados afixos, vogal

temática (determina a declinação) ou vogal de ligação.


À primeira declinação correspondem os substantivos de tema em -a. Vê-se,

portanto, que a primeira declinação latina abrange as palavras terminadas em -a no

nominativo singular, cuja terminação do genitivo singular é -ae. Todavia, isto não se

aplica somente aos substantivos, mas também aos adjetivos, numerais e particípios

passados dos verbos. Porém, nesta unidade, ver-se-á apenas a classe dos nomes

substantivos.

Ressalta-se que a maioria das palavras da primeira declinação é do gênero

feminino, havendo algumas do gênero masculino e nenhuma do gênero neutro. Na

Tabela 2 a seguir, observam-se as desinências e seus respectivos casos.

Tabela 2. Desinências correspondentes à primeira declinação latina e seus respectivos casos.

Flexão de número
Casos latinos
Singular Plural
Nominativo a æ
Genitivo æ arum
Dativo æ is
Acusativo am as
Vocativo a æ
Ablativo a is

Ao se analisar a tabela acima, pode-se inferir que uma determinada palavra da

primeira declinação poderá ser flexionada de 12 maneiras (seis no singular e seis no

plural) e apresentará agregadas ao seu radical as desinências acima mencionadas. Ou

seja, sabendo-se qual é o radical da palavra, pode-se decliná-la sem maiores

problemas. Observe a palavra abaixo tomada como forma de ilustração: Prudentia, ae

f.: prudência, em que:


a) Prudentia representa o nominativo singular;
b) -ae representa a desinência do genitivo singular e, portanto, a declinação a qual
pertence a palavra;
c) f. representa o gênero da palavra; no caso, a palavra é feminina.

Agora, observe os passos que devem ser seguidos para se declinar uma palavra
latina:

1) Olhar o vocabulário para identificar a declinação;


2) Relacionar os casos latinos na posição vertical;
3) A posição de nominativo singular deve ser preenchida pela forma que está antes da
vírgula;
4) A posição de genitivo singular deve ser preenchida pela forma que está antes da
vírgula, menos a terminação -a, acrescida da terminação -ae que indica o caso genitivo;
5) Retirar a terminação do genitivo singular (ae) para encontrar o radical;
6) Ao radical encontrado, que deverá ser grafado nos demais casos restantes, no
singular e plural, acrescentar as terminações de acordo com o caso, bastando, para isso,
olhar a Tabela 2.

Observe, agora, a palavra prudentia, ae f. declinada na língua latina:

Caso Singular Plural


Nominativo Prudentia Prudentiae
Genitivo Prudentiae Prudentiarum
Dativo Prudentiae Prudentiis
Acusativo Prudentiam Prudentias
Vocativo Prudentia Prudentiae
Ablativo Prudentia Prudentiis

Com a finalidade de fixar as informações a respeito de declinação, decline as

palavras abaixo:
Regina, ae f.= rainha Patientia, ae f.= paciência

_______________________ _______________________
_______________________ _______________________
_______________________ _______________________
_______________________ _______________________
_______________________ _______________________
_______________________ _______________________

Ancilla, ae f.= criada Laetitia, ae f.= alegria

_______________________ _______________________
_______________________ _______________________
_______________________ _______________________
_______________________ _______________________
_______________________ _______________________
_______________________ _______________________
Aquila, ae f.= águia Via, ae f.= via, caminho

_______________________ _______________________
_______________________ _______________________
_______________________ _______________________
_______________________ _______________________
_______________________ _______________________
_______________________ _______________________

3.1.1. Particularidades da primeira declinação

Ao aluno cabe ressaltar que os gêneros dos nomes substantivos latinos nem

sempre correspondem ao que eles são em português: a palavra combate, p.e., é do

gênero masculino, em português; já em latim é pugna, ae f., do gênero feminino. Esta

informação é importantíssima, pois, no emprego de nomes adjetivos que fazem

referência a um nome substantivo, há tendência a raciocinar no idioma português. Por

isso, a atenção e concentração são fundamentais.


Como já foi mencionado anteriormente, na primeira declinação, com a

terminação -a no nominativo singular e -æ no genitivo singular, a maioria das palavras

é do gênero feminino. Porém, há também palavras do gênero masculino terminadas

também em -a, como: incola, ae m.: habitante; nauta, ae m.: marinheiro; agrícola, ae m.:

agricultor; pöeta, ae m.: poeta etc.

Segundo Garcia (2000, p. 34), existem também nomes substantivos da primeira

declinação que só figuram na forma plural, ou seja, não têm singular. Sendo assim, caso

não se encontre uma palavra com as terminações -a, -ae (nominativo e gentivo) no

vocabulário, deve-se procurar pelas terminações -ae, -arum, a qual deverá, portanto,

ser declinada no plural. Dessa forma, relacionam-se algumas palavras com esta

particularidade: nuptiæ, arum f.: núpcias; divitiæ, arum f.: riquezas; Athenae, arum f. :Atenas

(a cidade grega); tenebrae, arum f.: trevas etc.

Existem ainda, nesta declinação, nomes substantivos que apresentam um

significado no singular e outro no plural (ALMEIDA, 1994), conforme se observa a

seguir: angustia, ae f.: brevidade / angustiae, arum f.: desfiladeiros; cera, ae f.: cera / cerae, arum

f.: tábuas escritas; copia, ae f.: abundância / copiae, arum f.: tropas; fortuna, ae f.: sorte /

fortunae, arum f.: bens etc.

3.1.2. Colocação das palavras na frase latina

Para o linguista Fernando Tarallo, mencionado na Unidade II deste trabalho, as

funções gramaticais no latim clássico eram transparentes a ponto de se revelarem na

própria forma, ou seja, as palavras não eram obrigadas a manterem um

posicionamento fixo na frase, pois suas funções eram identificadas pelas terminações

que apresentavam.
No entanto, isso não pode ser considerado como definitivo, pois as palavras da

língua latina apresentam, sim, uma disposição definida, conforme comenta a

professora Janete Garcia:

Como as desinências de caso, alterando a morfologia das palavras, indicam


as funções sintáticas, poderíamos concluir que, em qualquer ordem que se
coloquem estas palavras, o resultado será o mesmo. Entretanto, esta
tendência a considerar a ordenação das palavras em latim como livre é
errônea. A ordem das palavras em latim é uma ordem natural própria da
índole da língua (GARCIA, 2000:30).

Levando em consideração essa afirmação, deve-se adotar, para uma tradução de

frases ao latim, a disposição das palavras abaixo:

nominativo dativo acusativo ablativo verbo

A bola preta representa o caso genitivo. Ressalta-se, aqui, que este caso sempre

faz referência a um outro termo da frase latina, podendo, por isso, aparecer junto ao

nominativo, ao dativo, ao acusativo ou junto ao ablativo. E, na tradução, o caso genitivo

vem sempre à frente do nome a que se refere.

Em conformidade com o quadro acima ilustrado, faz-se referência a ALMEIDA

(1994:41), o qual indica a disposição das palavras na frase latina, como se observa a

seguir:

a) O latim costuma colocar o verbo na posição final.

b) O caso dativo vem antes do acusativo.

c) O caso genitivo vem antes do nome a que se refere.


3.1.3. Procedimentos de tradução de frases

Quando se leva em consideração a tradução de frases da língua portuguesa para a

latina, deve-se observar que, diferentemente do português, o latim não apresenta artigos,

definidos nem indefinidos. Por exemplo, na frase a lua ilumina o caminho dos marinheiros,

deve-se traduzir ao latim apenas os substantivos lua, caminho e marinheiros, assim como a

forma verbal ilumina. Os artigos que figuram na frase não devem ser levados em conta.

Assim como acontece com os artigos de uma frase na língua portuguesa, ao ser

traduzida ao latim, que desaparecem, o mesmo acontece com certas preposições. No

entanto, algumas preposições serão traduzidas quando acompanharem os casos

acusativo e ablativo, e isso em certas situações apenas, conforme se observa nas frases a

seguir:

A filha do Antônio passeou no campo – Antonii filia in agro ambullavit.


Antônio passeou com a criada da rainha – Antonius cum reginae ancilla ambullavit.
Antônio enfeitou a rainha com flores – Antonius reginam flore ornavit.

Quando se trata da tradução de frases do português ao latim, deve-se atentar para

alguns pontos:

a) Fazer a análise morfossintática da frase;

b) Relacionar a função sintática encontrada com o caso latino;

c) Observar o vocabulário para identificar a declinação e o sentido da palavra;

d) Isolar o radical;

e) Declinar as palavras e flexionar o verbo.

f) Identificar as desinências correspondentes com os casos latinos;

g) Traduzir a frase.
Agora, levando-se em conta a tradução de uma frase da língua latina para o

português, deve-se atentar para o fato de que a língua portuguesa usa artigos e

preposições e, portanto, devem figurar na frase portuguesa. Outro fator imprescindível é

identificar a forma verbal, pois, se estiver no singular, o nominativo também estará no

singular; se estiver flexionada no plural, o nominativo estará no plural. Além disso,

deve-se eliminar da função de nominativo (função sujeito) toda palavra que não

apresentar a terminação de caso nominativo (singular/plural). E, por último, identificar a

regência do verbo; o verbo pede complemento direto ou indireto, ou não pede nenhum

complemento?

Ao se tomar esses cuidados, não se terá nenhuma dificuldade na tradução das

frases, seja do latim para o português, seja do português para o latim.

3.1.4. Diferença de quantidade

Quando se tem como objetivo o estudo da quantidade latina, tem-se, na verdade,

que se levar em conta o processo de evolução dos fonemas vocálicos do latim para o

português, de forma que se possa entender com mais facilidade o que seja a quantidade

no latim.

As vogais, no latim clássico, eram pronunciadas de acordo com sua quantidade,

uma questão puramente fonológica, ou seja, apenas usada para a distinção da pronúncia

vocálica nas palavras, mas que acarretava em uma questão semântica, pois o sentido da

palavra também mudava, como se observa em lŭto (lodo) e lūto (amarelo), ou fazia a

distinção entre o caso nominativo e o caso ablativo no singular: breve para o nominativo

(rosă) e longa para o ablativo (rosā). Neste ponto, faz-se referência ao linguista

Fernando Tarallo que afirma:


No latim clássico, a quantidade da vogal tinha função distintiva: assim,
distinguiam-se o nominativo e o ablativo da primeira declinação, por exemplo,
através da quantidade da vogal, breve para o caso nominativo e longa para o
caso ablativo (TARALLO, 1990:94-95).

Entende-se, portanto, a quantidade latina como a maneira que as vogais eram

pronunciadas, podendo ser breves ou longas. As vogais breves eram marcadas com o

sinal ( ), denominado bráquia, ou com o sinal (−), denominado mácron. Para ilustrar a

diferença de quantidade das vogais no latim em palavras de primeira declinação, usa-se

mensa, ae (mesa), a seguir:

Casos Sing. Pl.


Nominativo mensă (a mesa) mensae (as mesas)
Genitivo mensae (da mesa) mensarum (das mesas)
Dativo mensae (à mesa) mensis (às mesas)
Acusativo mensam (a mesa) mensas (as mesas)
Vocativo mensa ( ó mesa) mensae (ó mesas)
Ablativo mensā (pela mesa) mensis (pelas mesas)

Atenção: observar atentamente o caso para o qual a palavra portuguesa será traduzida

para que não ocorra erro de tradução (referindo-se à quantidade latina).

3.2. Sistema verbal latino – noções

Segundo Ilari (2000, p. 96), o verbo em latim clássico era uma palavra

particularmente rica, dotada de uma grande variedade de desinências, o que levou os

linguistas a considerá-lo uma palavra por excelência.

Para Câmara Jr. (1976, p. 125), o sistema verbal latino, assim como no português,

apresenta uma flexão simultânea orientada em dois sentidos: de um lado serve para

indicar o sujeito do verbo, isto é o falante, o ouvinte ou outro ser; de outro lado,
designa certas características que acompanham obrigatoriamente, dentro da língua, a

significação intrínseca da forma verbal, como o singular ou plural.

De acordo com Almeida (1994, p. 203-204), conjugar um verbo é flexioná-lo em

todas as pessoas, números, modos, tempos e vozes. Sendo as pessoas consideradas as

pessoas gramaticais do sujeito, ou seja, ego (P1), tu (P2), ille (P3), nos (P4), vos (P5) e illi

(P6)10.

Quanto ao número, os verbos podem figurar no singular ou plural, de acordo

com o número do sujeito. Ressalta-se que se o sujeito estiver no singular, o verbo

deverá ser empregado no singular; se estiver no plural, deverá ir para o plural.

Levando-se em consideração o modo, o sistema verbal latino apresenta quatro

modos verbais: o indicativo (Id), o subjuntivo (Sb), o imperativo (Ip) e o infinitivo (If).

Na verdade, o modo é a maneira como o enunciador realiza a ação expressa pelo verbo.

Para a questão do tempo, no sistema verbal latino, faz-se necessário observar o

que diz Zélia Cardoso:

Os tempos verbais agrupam-se em dois blocos, cada um dos quais indicador de


um aspecto do enunciado verbal: o infectum (não feito) e o perfectum (feito,
realizado). Ao infectum prendem-se os tempos verbais que indicam ações ou
procedimentos gerais, não concluídos ou em prosseguimento: o presente, o
imperfeito e o futuro imperfeito. Ao perfectum prendem-se os tempos que
indicam ações ou procedimentos concluídos, realizados: o perfeito, o mais-que-
perfeito, o futuro perfeito (CARDOSO, 2000:65).

Para efeito de didática, adotam-se, neste trabalho, as abreviações que indicam os

tempos dos verbos, como Pr para presente; Pt para pretérito, sendo Pt1 (pretérito

imperfeito), Pt2 (pretérito perfeito) e Pt3 (pretérito mais-que-perfeito); Ft para futuro,

sendo Ft1 (futuro imperfeito) e Ft2 (futuro perfeito).

10 P1, P2, P3, P4, P5, P6 indicam as pessoas do discurso: eu, tu, ele/ela, nós, vós, eles/elas.
No que diz respeito às vozes, o sistema verbal latino, tal qual o português,

apresentava o emprego de duas vozes: a ativa e a passiva. Neste ponto, ressalta-se o

linguista Joaquim Mattoso Câmara Jr., que afirma:

A expressão do verbo se faz essencialmente na voz ativa. A inversão dessa


relação entre sujeito e verbo foi, desde o indo-europeu primitivo, uma estrutura
secundária, chamada voz passiva, que o latim possuía, mas desapareceu das
línguas românicas como processo flexional (CÂMARA JR., 1976: 125)

Analisando o que diz Câmara Júnior, a forma que não passou ao português foi a

sintética, ou seja, aquela em que a terminação da forma verbal indicava não somente a

pessoa, o número, mas também a voz do verbo.

No estudo do sistema verbal latino, assim como ocorre no português, os verbos

flexionavam-se de acordo com os enunciadores do discurso, número, modo, tempo e

vozes. Com relação à voz ativa em latim, p.e., o sujeito pratica a ação do verbo,

enquanto, na voz passiva, o sujeito é paciente, ou seja, sofre ação verbal, assim como

ocorre no português. Entretanto, no latim, a voz passiva podia ser representada de

duas maneiras: por uma locução verbal ou por uma forma sintética, forma única; já em

português, a passividade é representada apenas por uma locução verbal: verbo auxiliar

+ particípio passado do verbo principal.

3.2.1 Verbos primitivos e derivados

Os dicionários latinos oferecem a forma completa dos verbos (Porto, as, avi,

atum, are), ou seja, com as formas dos tempos primitivos do presente, do perfeito, do

supino e do infinitivo. Essa forma do verbo, em latim, possibilita não somente a

identificação dos tempos primitivos como a sua conjugação. Portanto, a consulta dos

verbos nos dicionários deve ser feita tendo como base de informação essas formas.

Nessas formas primitivas do verbo, pelas quais também é possível verificar se o verbo
tem conjugação regular ou não, ainda é possível compor os seus diversos tempos

conjugáveis (tempos derivados).

Os verbos latinos apresentam-se de forma completa nos dicionários, na seguinte

forma: Porto, as, avi, atum, are.

Esse verbo, de forma completa, tem significado, em português, de levar/trazer.

Em latim, essa forma completa, tem um significado. O radical do verbo é port

(significado básico), obtido a partir da primeira forma, com exceção da desinência

número-pessoal -o.

Porto: é a P1 Pr Id – eu levo
As: é a P2 Pr Id – tu levas
Avi: é a P1 Pt2 Id – eu levei
Atum: é a forma do supino – para levar
Are: é o If – indica a conjugação do verbo

Vê-se, portanto, que os tempos primitivos são os tempos fundamentais e deles é

que se derivam para os demais tempos latinos, assim como ocorre no português,

guardando, é claro, suas diferenças. Uma vez descobertos os tempos primitivos de

quaisquer verbos em discussão, fica bem mais fácil sua conjugação.

Diferentemente do português, como já fora mencionado, o latim apresentava

quatro conjugações: primeira em -are; segunda em -ere; terceira também em -ere e

quarta em -ire. Quatro são os tempos primitivos da voz ativa. Neste ponto, recorre-se ao

professor Napoleão Mendes de Almeida e sua exposição ilustrada no quadro, a seguir:

Conjugação
1ª 2ª 3ª 4ª
1ª pess. sing. do ind. pres. Amo Deleo Lego Capio Audio
2ª pess. sing. do ind. pres. Amas Deles Legis Capis Audis
1ª pess. sing. do ind. perf. Amavi Devei Legi Cepi Audivi
Supino Amatum Deletum Lectum Captum Auditum
Infinitivo Amare Delere Legere Capere Audire

Fonte: Almeida (1994, p. 208).


Levando-se em consideração o exposto acima, considerando o verbo trabalhar

que aparece na seguinte sequência em latim: laboro, as, laboravi, laboratum, laborare; o

verbo responder com sua forma completa: respondeo, es, respondi, responsum,

respondere; e, por último, o verbo eleger que, em latim, vem assim: eligo, is, elegi,

electum, eligere, façamos uma análise de cada forma verbal para observar quais as

informações que se podem obter delas:

• Verbo laboro, as, laboravi, laboratum, laborare: trabalhar

1.ª pessoa do presente do indicativo: _______________, que significa

______________________________;

2.ª pessoa do presente do indicativo: _______________, que significa

______________________________;

1.ª pessoa do pretérito perfeito do indicativo: ________________, que significa

_________________________________________________;

Supino: ______________, que significa _________________________;

Infinitivo: _____________, que significa ________________________.

Com os devidos preenchimentos das lacunas, vê-se que se trata de um verbo

regular da primeira conjugação, pois não houve nenhuma alteração no radical labor.

Aliás, os verbos da primeira conjugação, na sua grande maioria, são de conjugação

regular e apresentam a terminação do perfeito geralmente em -avi.

• Verbo respondeo, es, respondi, responsum, respondere

1.ª pessoa do presente do indicativo: _______________, que


significa______________________________;
2.ª pessoa do presente do indicativo: ________________, que significa
____________________________________;
1.ª pessoa do pretérito perfeito do indicativo: _________________, que significa
_________________________________________________;
Supino: ______________, que significa _________________________;
Infinitivo: ______________, que significa _______________________.
Vê-se, agora, que o radical respond sofre alteração na forma do supino

(respons), o que permite inferir que se trata de um verbo irregular.

• Verbo eligo, is, elegi, electum, eligere

1.ª pessoa do presente do indicativo: _________________, que significa


_______________________;
2.ª pessoa do presente do indicativo: _________________, que significa
______________________________;
1.ª pessoa do pretérito perfeito do indicativo: _______________, que significa
_________________________________________________;
Supino: ______________, que significa _________________________;
Infinitivo: _____________, que significa ________________________.

Também, nesse verbo, o radical sofre alteração no supino, indicando que se trata

de um verbo irregular, tal qual o verbo respondere.

Levando-se em conta os verbos respondere e elegere, obtemos algumas

considerações: (i) como já analisado, são verbos irregulares, por apresentarem alterados

os radicais respond e elig nos tempos primitivos do supino; (ii) o verbo respondere

pertence à segunda conjugação (ēre), pois a segunda pessoa do presente do indicativo é

es; (iii) o verbo eligere pertence à terceira conjugação (ĕre), pois na segunda pessoa

aparece a terminação is;

Outra informação (em razão da quantidade da terminação do infinitivo), o verbo

respondere é considerado paroxítono, enquanto eligere é proparoxítono.


3.2.2 Derivação a partir dos tempos primitivos

Assim como no português, guardando suas respectivas distinções, o sistema

verbal latino apresenta tempos primitivos dos quais se originam outros tempos.

Neste ponto, faz-se referência a Rodolfo Ilari que diz:

Associados a sufixos modo-temporais e desinências número-pessoais


específicas, os temas do presente e do perfeito davam origem na voz ativa a
um número alentado de formas estritamente verbais e a um número menor
de formas nominais (nomes e adjetivos verbais); do tema do supino
derivavam algumas formas nominais (ILARI, 2000:97).

Sendo assim, pode-se ilustrar esse processo de derivação do seguinte modo:

a) Do tema de P2 do presente do indicativo (Pr Id)11 derivam: o imperfeito (Pt1), o

futuro do presente (Ft2), o particípio presente (Pa Pr) e o gerúndio (Gr);

b) Do tema de P1 do presente do indicativo (Pr Id) deriva: o presente do subjuntivo (Pr

Sb).

b) Da forma de P1 do perfeito (Pt2 Id) derivam: os mais-que-perfeitos do indicativo

(Pt3 Id) e do subjuntivo (Pt3 Sb), o futuro anterior (Ft2), também conhecido como

futuro perfeito, o perfeito do subjuntivo (Pt2 Sb) e o infinitivo passado (If Pt).

c) Da forma de P1 (sem a desinência um) do supino derivam: os particípios passado e

futuro;

Para efeito de fixação, tomemos como exemplo o verbo Porto, as, avi, atum, are:

portare, de forma que seja observado todo o processo de derivação a partir de tempos

primitivos do sistema verbal latino. Observe:

11 Fazendo-se analogia às nomenclaturas usadas em SILVA & KOCH (2002).


1) Presente do indicativo (Pr Id): Tempo primitivo do Infectum

Pessoa Rad VT DMT DNP


P1 Port Ø Ø o
P2 Port a Ø s
P3 Port a Ø t
P4 Port a Ø mus
P5 Port a Ø tis
P6 Port a Ø nt

Observe que em P1, na posição da vogal temática, o Pr Id apresenta alomorfe

zero (Ø) em razão da contração com a desinência número-pessoal -o, e também a

desinência modo-temporal é sempre Ø em todas as pessoas, pois se trata do presente.

Quanto às desinências número-pessoais, têm-se como padrão as do presente do

indicativo: o, s, t, mus, tis e nt.

Derivações a partir do tema de P2 Pr Id: port + a (porta)

a) Imperfeito do indicativo (Pt1 Id): acrescenta-se ao tema de P2 Pr Id, a DMT -BA:

Pessoa Rad VT DMT DNP


P1 Port a ba m
P2 Port a ba s
P3 Port a ba t
P4 Port a ba mus
P5 Port a ba tis
P6 Port a ba nt
Observa-se que há uma mudança na DNP de P1 para -m, o que é considerado

alomorfia, já que o padrão seria P1 igual a -o.

b) Presente do subjuntivo (Pr Sb): acrescenta-se ao tema de P1 Pr Id, a DMT -e:

Pessoa Rad VT DMT DNP


P1 Port Ø e M
P2 Port Ø e s
P3 Port Ø e t
P4 Port Ø e mus
P5 Port Ø e tis
P6 Port Ø e nt

Observa-se que a posição da VT é sempre Ø (alomorfe zero), pois o subjuntivo

deriva do tema de P1 (port + Ø) e ocorre também alomorfia na DNP de P1. Observe

que a desinência que indica o modo do subjuntivo é –e.

c) Futuro imperfeito (Ft1): acrescenta-se ao tema de P2 Pr Id, a DMT BI com

alomorfes12 em P1 (-B) e P6 (-BU):

Pessoa Rad VT DMT DNP


P1 Port a b o
P2 Port a bi s
P3 Port a bi t
P4 Port a bi mus
P5 Port a bi tis
P6 Port a bu nt

Entenda-se como anomalias que ocorrem nas desinências do sistema verbal latino, assim como no português SILVA
12

& KOCH (2002).


Observa-se que a DNP de P1 volta a ser padrão e que a desinência modo-

temporal que indica o tempo futuro imperfeito apresenta duas alomorfias (-b e -bu)

d) Particípio presente (Pa Pr): ao tema de P2 Pr Id, acrescenta-se a terminação -NS para

o nominativo e -NT para os demais casos. Neste ponto, ressalta-se Garcia (2000, p. 121),

que afirma ser o particípio presente um adjetivo verbal, seguindo, nesse caso, a

declinação dos adjetivos de segunda classe uniforme13 (terceira declinação). Faz-se, a

seguir, a declinação desse tipo de derivado do presente, tendo como exemplo o verbo

Amare:

Caso Sing. Plural


Nominativo Amans Amantes
Genitivo Amantis Amantium
Dativo Amanti Amantibus
Acusativo Amantem Amantes
vocativo Amans Amantes
Ablativo Amante (i) Amantibus

Em se tratando do caso ablativo, quando predominar o traço verbal, usa-se a

desinência -e, como se observa em a domina amante nautam (pela senhora que está

amando o marinheiro); quando predominar o traço adjetival, usa-se -i, como em a

domina amanti nautam (pela senhora que ama o marinheiro, neste caso amante).

2) Perfeito indicativo (Pt2 Id): tempo primitivo que se forma com o acréscimo da

desinência do perfeito -AVI ao radical port- para formar P1 e as demais flexões.

Pessoa Rad VT DMT DNP


P1 Port a vi Ø
P2 Port a vi sti

13 Apresenta uma única forma para os três gêneros: masculino, feminino e neutro.
P3 Port a vi t
P4 Port a vi mus
P5 Port a vi stis
P6 Port a veru nt

Observa-se que a DMT do perfeito é VI com uma alomorfia em P6 (veru), assim

como na DNP de P1 (Ø), P2 (sti) e P5 (stis).

Derivações a partir da forma de P1 Pt2 Id final: port + a + vi (portavi)

a) Mais-que-perfeito do indicativo (Pt3 Id): elimina-se a vogal i final da forma portavi

de P1 e acrescenta-se -ERA, ou seja, a DMT passa a ser -VERA:

Pessoa Rad VT DMT DNP


P1 Port a vera m
P2 Port a vera s
P3 Port a vera t
P4 Port a vera mus
P5 Port a vera tis
P6 Port a vera nt

Observe que as desinências de número-pessoal voltam ao padrão, com exceção

de P1 (-m).

b) Mais-que-perfeito do subjuntivo (Pt3 Sb): acrescenta-se a desinência -SSE à forma

portavi de P1, ou seja, a DMT passa a ser -VISSE:

Pessoa Rad VT DMT DNP


P1 Port a visse m
P2 Port a visse s
P3 Port a visse t
P4 Port a visse mus
P5 Port a visse tis
P6 Port a visse nt

c) Futuro anterior (Ft2): elimina-se a vogal i final da forma portavi de P1 e acrescenta-

se -ERI, ou seja, a DMT passa a ser VERI, com variação em P1 (-ER):

Pessoa Rad VT DMT DNP


P1 Port a ver O
P2 Port a veri S
P3 Port a veri T
P4 Port a veri Mus
P5 Port a veri Tis
P6 Port a veri NT

Observa-se que há alomorfia na DMT de P1 (ver) e a DNP de P1 volta a ser

padrão.

d) Perfeito do subjuntivo (Pt2 Sb): elimina-se a vogal i final da forma portavi de P1 e

acrescenta-se -ERI, ou seja, a DMT passa a ser VERI:

Pessoa Rad VT DMT DNP


P1 Port a veri m
P2 Port a veri s
P3 Port a veri t
P4 Port a veri mus
P5 Port a veri tis
P6 Port a veri NT
Observe que, neste tempo, as únicas diferenças com o Ft2 ocorrem nas DMT e

DNP de P1 (-veri e -m, respectivamente).

e) Infinitivo passado (If Pt): à forma de P1 Pt2 Id acrescenta-se a desinência –SSE:

Portavisse, que quer dizer ter levado.

3) Supino: tempo primitivo. É um substantivo verbal ativo declinado apenas em três

casos: o acusativo, o dativo e o ablativo. A forma de acusativo (-um) é usada com verbos

de movimento para expressar finalidade (GARCIA, 2000:126). Observe o emprego dessa

forma verbal, a seguir:

Achiles inquit: Victum Hectorem veni (Aquiles disse: vim para vencer Heitor)
Hector pugnatum cum Achile venit (Heitor veio para lutar com Aquiles)

Já a terminação -u é empregada com o dativo e ablativo e apresenta um sentido

implícito de passividade. Segundo ALMEIDA (1994: 206), essa terminação do supino

também indica finalidade, mas é empregada com certos adjetivos, como se observa nas

frases abaixo:

Lingua facilis discitu (língua fácil de aprender / de ser aprendida)


Leo, facilis vinctu (Leão, fácil de vencer / de ser vencido)

Derivações do supino

a) Particípio passado (Pa Pt): origina-se da forma do supino portatum (menos a

desinência do acusativo -um). À forma portat-, acrescentam-se as desinências que

indicam o particípio: -us, -a, -um.


Portatus, a , um (levado): declina-se como os adjetivos de primeira classe terminados

em us, a, um, como magnus, a, um.

b) Particípio futuro (Pa Ft): origina-se também da forma do supino portatum (menos a

desinência do acusativo -um). À forma portat-, acrescentam-se as desinências -urus, -

ura, -urum. Portaturus, a, um.

Esse tipo de verbo, segundo ALMEIDA (1994:205), tem duas formas: uma para a

vos ativa; outra para a passiva.

O particípio futuro ativo é traduzido por uma oração relativa em tempo futuro e

apresenta a terminação -us, -a, -um, sendo declinado como um adjetivo de primeira

classe.

Homo mulieribus pacem portaturus: o homem que vai levar paz às mulheres.
Homines morituri: os homens que morrerão (irão morrer).

O particípio futuro passivo, chamado também de gerundivo, segundo GARCIA

(2000:123), é derivado do tema de P2 Pr Id (porta-), acrescentando-se a desinência -nd e

a terminação -us, -a, -um. Este particípio segue também a declinação dos adjetivos de

primeira classe. Sua tradução para o português corresponde a uma oração relativa.

Equus portandus: o cavalo que deverá ser levado.


Puer et pulla portandi: o menino e a menina deverão ser levados.

4) Infinitivo: tempo primitivo.

Portare

a) Imperativo: para formar o imperativo, basta retirar a desinência -RE:


portare: porta - re — porta: leva tu e portate: levais vós

b) Imperfeito do subjuntivo: à forma do infinitivo, acrescentar as desinência número-


pessoais -m, -s, -t, -mus,- tis e -nt:

Pessoa Rad VT DMT DNP


P1 Port a re m
P2 Port a re s
P3 Port a re t
P4 Port a re mus
P5 Port a re tis
P6 Port a re nt

Corresponde a se eu trabalhasse.

3.2.2. Primeira conjugação latina: are

Dando prosseguimento ao estudo do sistema verbal latino, nesta subseção será

abordada a primeira conjugação, a qual é representada pela terminação -are do

infinitivo, nas duas vozes. Diferentemente do português, que apresenta três

conjugações (-ar, -er e -ir), o latim apresenta quatro conjugações, a saber: -are, -ēre, -

ĕre e -ire.

Na voz ativa, como já foi mencionado, o sujeito pratica a ação do verbo.

Ressalta-se que, assim como nas declinações de nomes substantivos existem

desinências e radicais, existem também desinências e radicais nos verbos.

Uma vez descoberto o radical do verbo, que é sempre obtido da primeira pessoa

do singular do presente do indicativo, fora a desinência número-pessoal -o, para

verbos da primeira conjugação, pode-se conjugar, recorrendo-se, para isso, a alguns

procedimentos.

Assim como ocorre em português, para se conjugar um verbo latino, basta

acrescentar ao radical a vogal temática, a desinência modo-temporal e as desinências


número-pessoal -o, -s, -t, -mus, -tis, -nt, consideradas padrão para a flexão latina, ou

seja, toda alteração em qualquer DNP14 será considerada alomorfia.

Para se entender de forma mais clara a flexão do verbo em latim, tem-se a forma

verbal voco, as, avi, atum, are, que será flexionada no presente do indicativo em P3,

como segue abaixo:

1º passo: encontra-se o radical do verbo em questão eliminando-se a desinência

número-pessoal da forma de P1 Pr Id -o (lê-se primeira pessoa do singular do presente

do indicativo): voc-o

2º passo: para formar P3, faz-se necessário acrescentar a vogal temática –a do verbo em

questão, neste caso, de primeira conjugação, ao radical já encontrado, formando, assim,

o tema: voc + a: voca.

3º passo: após a junção da vogal temática ao radical, deve-se acrescentar a desinência

modo-temporal, a qual indicará o modo e o tempo na qual deve ser flexionada a forma

verbal: voca + Ø (alomorfe zero porque é tempo presente; seria -BA se fosse imperfeito;

-BI se fosse futuro imperfeito etc.).

4º passo: para finalizar a flexão do verbo falta apenas acrescentar a desinência número-

pessoal que, como P3 representa a terceira pessoa do singular, é -t: voca + t: vocat

(ele/ela chama).

Vê-se, portanto, que, na flexão do verbo na voz ativa, tem-se que levar em

consideração esses quatro fatores: o enunciador, o modo-tempo, a conjugação e, é

lógico, o verbo.

Agora, como se escreve em latim sois chamados ou fôreis chamados? No latim,

assim como no português, diferentemente da voz ativa, a voz passiva caracteriza-se

14DNP significa desinência número-pessoal que representa tanto o enunciador quanto o número de
enunciadores.
pela passividade do sujeito, ou seja, o sujeito sofre a ação do verbo, ação essa praticada

por um termo denominado agente da passiva, mas que, às vezes, a passividade do verbo

não o explicita, como em O jogo foi paralisado.

Nessa particularidade do verbo em latim, faz-se necessário observar que, como

já foi anteriormente mencionado, diferentemente do que ocorre em português, o verbo

que indica passividade do sujeito em latim pode apresentar-se de duas maneiras

possíveis – dependendo do tempo no qual é empregado –, isto é, na forma sintética ou

na analítica: características do idioma. Na forma sintética, encontra-se tanto sua

desinência pessoal como sua forma passiva.

Para GARCIA (2000:131), a forma passiva pode ser formada de duas maneiras.

A primeira faz-se pela simples substituição das desinências número-pessoais da voz

ativa (-o, -s, -t, -mus, -tis e -nt) pelas da voz passiva, quando o verbo pertencer ao

presente ou a uns de seus derivados. Por exemplo, à primeira pessoa do presente do

indicativo do verbo chamar, acrescenta-se a desinência r, a qual indica a passividade da

voz (sou chamado): voco + r: vocor (sou chamado).

Para a formação da passividade das outras pessoas, basta fazer a substituição

das terminações restantes, no caso -s, -t, -mus, -tis e -nt, pertencentes à voz ativa, por

estas: -ris, -tur, -mur, -mini e -ntur, da voz passiva. Lembre-se de que, nessa primeira

conjugação latina, os verbos sempre têm a terminação -o em P1.

A segunda maneira para representar em latim a voz passiva consiste em

empregar uma locução verbal (formas compostas) quando o verbo for perfeito ou um

de seus derivados. Por exemplo, P1 Pt2 Id do verbo chamar é representada na voz

passiva da seguinte forma: a forma composta é vocatus, a, um + o verbo auxiliar ESSE

no presente: vocatus, a, um sum, em que as terminações -us, -a, -um correspondem aos

gêneros masculino, feminino e neutro, respectivamente, e a forma do auxiliar sum

seguindo um determinado padrão, como se observa a seguir:


Se o verbo estiver no:

a) Perfeito (Pt2): usa-se o auxiliar no presente (Pr).


Foi chamado / vocatus est.
b) Mais-que-perfeito (Pt3): usa-se o auxiliar no imperfeito (Pt1).
Foras chamado / vocatus eras.
c) Futuro perfeito (Ft2): usa-se o auxiliar no futuro imperfeito (Ft1).
Terá chamado / vocatus erit.

Como forma de exercitar a flexão do verbo latino, conjugar os verbos a seguir no

presente, imperfeito, futuro imperfeito, perfeito e mais-que-perfeito do modo

indicativo da voz ativa. Conjugar também esses mesmos verbos na voz passiva no

presente, pretérito imperfeito e futuro imperfeito:

Laudo, as, avi, atum, are: laudare (louvar/elogiar)

Voz ativa

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Imperfeito


Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP

Perfeito Mais-que-perfeito
Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP
Voz passiva (somente os derivados do presente)

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Imperfeito


Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP

Servo, as, avi, atum, are: servare (salvar)

Voz ativa

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Imperfeito


Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP

Perfeito Mais-que-perfeito
Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP
Voz passiva (somente os derivados do presente)

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Imperfeito


Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP

Amo, as, avi, atum, are: amare (amar)

Voz ativa

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Imperfeito


Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP

Perfeito Mais-que-perfeito
Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP
Voz passiva (somente os derivados do presente)

Presente Petérito Imperfeito Futuro Imperfeito


Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP

Exercícios de tradução – primeira declinação e primeira conjugação

1) Traduzir para o latim.

a) Os marinheiros comunicam a vitória aos habitantes.


_________________________________________________________
b) A vigilância dos marinheiros salva a pátria.
_________________________________________________________
c) A rainha passeia com as criadas
________________________________________________________
d) Os habitantes dão água aos marinheiros.
________________________________________________________

Vocabulário:

Ancilla,ae f.: criada Nauta, ae m.: marinheiro Regina,ae f.: rainha


Aqua,ae f.: água Nauta,ae m.: marinheiro Vigilantia,ae f.= vigilância
Cum prep. + ablat.: com Pátria,ae f.: pátria Victoria, ae f.: vitória
Íncola,ae m.= habitantes
Ambulo, as, avi, atum, are: ambulare (passear) Nuntio, as, avi, atum, are: nuntiare (comunicar)
Do, as, avi, atum, are: care (dar) Servo, as, avi, atum, are: servare (salvar)

2) Traduzir para o português.

a) Poetae Graciae linguam amant.


_________________________________________________________
b) Coronae reginas ornant.
_________________________________________________________
c) Patriae gloriam do.
_________________________________________________________
d) Patriae gloriam laudamus.
_________________________________________________________
e) Aqua insulas circundat.
_________________________________________________________

Vocabulário:

Aqua, ae f.: água Insula, ae f.: ilha Poeta, ae m.: poeta


Corona, ae f.: coroa Gloria, ae f.: glória Regina, ae f.: rainha
Amo, as, avi, atum, are: amare (amar) Orno, as, avi, atum, are: ornare (enfeitar)
Do, as, avi, atum, are: dare (dar) Laudo, as, avi, atum, are: laudare (louvar)
Cincundo, as, avi, atum, are: cincundare (circundar)

3) Tradução de texto para o português:


Diciplulae sedulae et pigrae15
Magistra puellis poetarum sententias dictat. Postea, discipulae sedulae magistrae sententias
recitant. Discipulae pigrae magistrae sententias ignorant. Magistra sedulas laudat et pigras
castigat. Sempronia Sylviae pupam dat, quia diligenter laborat. Discipulae Semproniam
comiter laudant.

_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________

15 Adaptação de RÓNAI (1945:20)


__________________________
Vocabulário:

Comiter adv.: delicadamente Postea adv.: em seguida Setentia, ae: sentença


Discipula, ae f.: discípula Pigra, ae: preguiçosa Sedulus, a, um: cuidadoso
Diligenter adv.: deligentemente Pupa, ae: boneca Sempronia, ae f.: Semprônia
Et conj.: e Poeta, ae m.: poeta Sylvia, ae f.: Sílvia
Magistra, ae f.: mestra Quia (conj.): porque
Castigo, as, avi, atum, are: castigare (catigar) Ignoro, as, avi, atum, are: ignorare (ignorar)
Do, as, avi, atum, are: dare (dar) Laboro, as, avi, atum, are: laborare (trabalhar)
Dicto, as, avi, are: dictare (ditar) Laudo, as, avi, atu, are: laudare (louvar)
UNIDADE IV – GRUPO DE SUBSTANTIVOS DE SEGUNDA
DECLINAÇÃO E SISTEMA VERBAL DE SEGUNDA CONJUGAÇÃO

Nesta quarta unidade, será trabalhado o segundo grupo de nomes substantivos, o

qual apresenta a desinência do genitivo singular igual a -i, assim como os verbos de

segunda conjugação, com desinência do infinitivo impessoal em -ēre.

4.1. Segunda declinação latina: -i

Como já foi explicado, deu-se o nome de segunda declinação ao grupo de nomes

substantivos que apresentava a terminação do nominativo singular em -us, -er, -ir e -um

e desinência do genitivo singular em -i. Portanto, já podemos identificar em um

dicionário uma palavra latina pertencente à segunda declinação, basta, para isso,

observar e identificar a desinência do genitivo singular que é -i.

Comparando-se a segunda com a primeira declinação, faz-se necessário ressaltar

algumas diferenças.

Diferentemente dos nomes da primeira declinação que apresentavam apenas a

terminação -a no nominativo singular, os nomes da segunda figuravam com quatro

terminações diferentes entre si, sendo a maioria nomes masculinos. Apenas nomes

terminados em -us apresentavam-se tanto no masculino quanto no feminino.

Outra distinção entre as duas declinações está na categoria de gênero: na

primeira, figuravam apenas nomes femininos e masculinos, enquanto, na segunda,

outra categoria poderia fazer parte do um enunciado, a de gênero neutro. Sendo assim,

ilustram-se, a seguir, alguns nomes da segunda declinação latina:

Amicus, i m.: amigo Humus, i f.: terra Triunvir, i m.: triunviro Caelum, i n.: céu
Lituus, i m.: clarim Puer, i m.: menino Vir, i m.: varão Bellum, i n.: guerra
Abyssus, i f.: abismo Gener, i m.: genro
O processo de declinação dos nomes que têm a desinência -i no genitivo singular

segue o de nomes da primeira declinação, ou seja, é necessário isolar o radical da

palavra e acrescentar as desinências de caso. No entanto, há de se ressaltar que, nos

nomes terminados em -er no nominativo singular, o genitivo pode apresentar duas

terminações distintas: uma, em que figura apenas a desinência -i; outra, que aparece a

sílaba final do genitivo singular. Pode-se, portanto, dividir esse grupo de nomes

substantivos em grupo A e grupo B.

Os do grupo A são aqueles em que a formação do genitivo singular se faz com a

junção do radical a sua desinência, que, por sua vez, aparece apenas com a vogal -i,

como nas palavras socer, i m. (sogro) e puer, i m. (menino). O genitivo singular é

representado por soceri e pueri, respectivamente. Observa-se, nesses exemplos, a

permanência do fonema e da terminação -er (socer+i; puer+i).

A seguir, a palavra socer, i m. (sogro) é usada para ilustrar a declinação dos

nomes substantivos terminados em -er do grupo A:

Caso Singular Plural


Nominativo Socer Soceri
Genitivo Soceri Socerum
Dativo Socero Soceris
Acusativo Socerum Soceros
Vocativo Socer Soceri
Ablativo Socero Soceris
Observa-se, no exemplo acima, que o fonema -e do nominativo singular não

sofreu Síncope16, permanecendo, assim, no radical da palavra.

Agora, para a formação do genitivo singular, a desinência -i agrega-se

diretamente ao radical socer, formando a palavra soceri. Após a formação do genitivo

singular, isola-se o radical que servirá para formar as demais palavras de acordo com o

caso.
16 Metaplasmos por subtração: é a subtração de fonema no interior do vocábulo (COUTINHO, 1976:148).
Vê-se, portanto, que não há nenhuma dificuldade em declinar uma palavra desse

grupo.

Os do grupo B são aqueles em que a formação do genitivo singular se faz de

forma diferente. Ao invés de apresentar somente a desinência -i, aparece toda a sílaba

final do genitivo singular, como nas palavras magister, tri m. (mestre) e líber, bri m.

(livro). Essa terminação do genitivo singular indica que houve Síncope do fonema -e, da

terminação -er. Por exemplo, na palavra magister, o genitivo singular é formado da

seguinte maneira: (i) há perda do fonema -e da terminação –er (magist(e)r); (ii) à forma

magistr (radical), acrescenta-se a desinência -i, formando-se, assim, magistri.

Nessas condições, vê-se que a terminação -tri indica tão somente que ocorreu a

queda do fonema -e, da terminação -er. Para que haja maior facilidade de identificação, a

terminação do genitivo singular desse grupo de nomes traz sempre a sílaba final da

palavra.

Declina-se a palavra ager, gri m. (campo), a seguir, para efeito de ilustração dos

nomes substantivos terminados em -er do grupo B.

Caso Singular Plural


Nominativo Ager Agri
Genitivo Agri Agrorum
Dativo Agro Agris
Acusativo Agrum Agros
Vocativo Ager Agri
Ablativo Agro Agris

Na Tabela 3 a seguir, observam-se as desinências da segunda declinação e seus

respectivos casos.
Tabela 3. Desinências correspondentes à segunda declinação latina e seus respectivos casos.

Flexão de número
Casos latinos
Singular Plural
Nominativo us – er – ir – um i–i–i–a
Genitivo I orum
Dativo o is
Acusativo um os – os – os – a
Vocativo e – er – ir - um i–i–i-a
Ablativo o is

Para efeito de exercício e fixação do que foi explanado acima, você deve declinar

as palavras abaixo, observando a categoria de gênero:

Dominus, i m.: senhor Fluvius, i m.: rio

______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________

Nuntius, i m.: mensageiro Meritum, i n.: mérito

______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________
Aegyptus, i f.: Egito Vir, i m.: varão

______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________

4.2. Particularidades da segunda declinação latina

Primeiramente falaremos dos nomes dessa declinação que terminam em -us.

Esses nomes podem ser masculinos e femininos, mas com predominância dos nomes

masculinos.

ALMEIDA (1994:44) afirma que, com exceção de alguns nomes de árvores, ilha,

alguns países e cidades, as palavras terminadas em -us são masculinas.

Segundo GARCIA (2000:51), para essa terminação, há casos em que palavras da

segunda apresentam formas idênticas às da primeira declinação nos casos dativo e

ablativo plural, como nas palavras animus, i m. (ânimo, disposição, espírito) e anima, ae

f. (alma). Nesse caso, quando houver ambiguidade, deve-se substituir a desinência -is da

palavra feminina por -abus.

Ao olharmos a Tabela 3 observamos que nomes terminados em -us formam o

vocativo singular em -e. No entanto, há quatro nomes latinos da segunda declinação em

-us que formam o vocativo singular de forma diferente: os nomes Deus, i m. (Deus),

chorus, i m. (coro) e agnus, i m. (cordeiro) apresentam o vocativo singular em -us, ou


seja, a forma desses nomes é idêntica à do seu nominativo singular; outro nome que

deve ser evidenciado é filius, i m. (filho), porque apresenta o vocativo singular igual ao

seu radical (fili-).

Para o nome Deus, i, sua declinação deve ser ressaltada, porque diferentemente

dos outros nomes terminados em -us, no nominativo singular, esse nome se declina de

maneira diferente no plural. Vejamos, a seguir:

Caso Singular Plural


Nominativo Deus Di / Dii
Genitivo Dei Deorum / Deum
Dativo Deo Dis / Diis
Acusativo Deum Deos
Vocativo Deus Di / Dii
Ablativo Deo Dis / Diis

Outra particularidade desse grupo é com relação a nomes próprios terminados

em ius. Segundo ALMEIDA (1994:47), esta particularidade diz respeito à quantidade

latina17, ou seja, quando o nome apresenta o i breve (ĭ) no nominativo, tal como na

palavra Caĭus, i m. (Caio), o vocativo singular apresenta a terminação -i, igual ao

próprio radical: Cai

Quando o nome apresenta o i longo (ī) no nominativo singular, tal como em

Darīus, i m. (Darío), o vocativo singular apresenta a terminação -e, igual à desinência do

vocativo singular da Tabela 3: Darīe.

ALMEIDA (1994:45) afirma que, assim como na primeira declinação, há palavras

da segunda que podem apresentar um significado diferente quando estão no plural:

Vejamos, a seguir, alguns exemplos:

Auxilium, i n.= auxílio – Auxilia, orum (s.n)= auxiliares

17 Maneira como as vogais eram pronunciadas.


Castrum,i (s.n)= castelo – Castra, orum n.= acampamento
Ludus, i m.= jogo – Ludi, orum m.= espetáculo público
Impendimentum, i n.= impendimento – Impendimenta, orum n.= bagagens

Outras há, à semelhança do que se viu na primeira declinação, que só se usam no

plural:

Arma, orum n.: armas Liberi, orum m.: meninos Argi, orum (s.m): Argos

Como forma de trabalhar a teoria, vocês devem traduzir as frases abaixo,

enfatizando a atenção para a categoria de gênero das palavras, assim como sua

declinação.

1) Traduzir para o português.

a) Magistrorum libri scholae pueros iuvant.


__________________________________________________________
b) Agricolae in heri agris laborabunt.
__________________________________________________________
c) Bellum inter graecos et troianos mumdum modificavit.
__________________________________________________________
Vocabulário:

Agricola, ae m: agricultor Inter prep. + ac.: entre Liber, bri m.: livro
Ager, i m.: campo Graecus, i m.: grego Puer, i m.: menino
Bellum, i n.: guerra Mundus, i m.: mundo Schola, ae f.: escola
Herus, i m.: patrão Magister, tri m.: mestre Troianus, i m.: troiano
Iuvo, as, iuvi, iutum, are: ajudar Laboro, as, avi, atum, are: trabalhar
Modifico, as, avi, atum, are: modificar

2) Traduzir para o latim.

a) O estudo do latim ajuda o aluno de português.


__________________________________________________________
b) A riqueza do mundo sempre ajudará os povos.
__________________________________________________________
c) Os escritos dos poetas elogiavam as rainhas.
__________________________________________________________
Vocábulo:

Alumnus, i m.: aluno Lusus, i m.: português Scriptum, i: escrito


Divitiae, arum f.: riquezas Mundus, i m.: mundo Poeta, ae m.: poeta
Studium, i n.: estudo Populus, i m.: povo Regina, ae f.: rainha
Latium, i n.: latim
Iuvo, as, iuvi, iutum, are: ajudar Laudo, as, avi, atum, are: elogiar / louvar
Modifico, as, avi, atum, are: modificar

4.2. Segunda conjugação latina: ēre

Observou-se que, no sistema verbal latino de primeira conjugação, há poucas

alterações desinenciais. Na verdade, isso ocorre apenas nas DMT e DNT, em razão da

mudança de tempo ou pessoa do discurso. No entanto, para quem entendeu os

procedimentos que devem ser tomados para a flexão verbal, não haverá nenhum

problema na flexão de verbos da segunda conjugação.

Viu-se que para a primeira conjugação o que realmente deve mudar é o radical

do verbo. Isto é claro, porque, quando se muda o verbo (significado), muda-se o radical.

Nesse sentido, considera-se que as posições de vogal temática, desinência modo-

temporal e desinência número-pessoal permanecem inalteradas, de acordo com o tempo

em que se está conjugando o verbo. Isto quer dizer que, para o tempo presente, por

exemplo, a posição da vogal temática será sempre ocupada pelo alomorfe Ø,

independente da conjugação: uma característica do tempo presente. Levando-se em

conta o pretérito imperfeito (PT1), deve-se usar na posição da DMT a desinência -ba. Isso

mostra que, memorizando as desinências de um verbo de uma determinada conjugação,


o que mudará é somente o radical do verbo. Nesse sentido, as particularidades da

primeira conjugação também estarão presentes na segunda conjugação.

Quando se analisa verbos da segunda conjugação, observa-se que pouca

diferença existe entre eles e os da primeira. Primeiramente, o aluno deve observar que

os verbos da segunda terminam sempre em -eo em P1 Pr Id: placeo, fulgeo, moveo,

doceo etc. A característica principal desses verbos está na vogal temática -e, que aparece

também em P2 Pr Id (-es) e If (-ere), levando-se em consideração a forma completa do

verbo em latim.

Para efeito de melhor compreensão do que foi exposto acima, usa-se o verbo

deleo, es, evi, etum, ere: delere (destruir), nos tempos já estudados.

Voz ativa

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Imperfeito


Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP
del E Ø o del e ba m del e b m
del E Ø s del e ba s del e bi s
del E Ø t del e ba t del e bi t
del E Ø mus del e ba mus del e bi mus
del E Ø tis del e ba tis del e bi tis
del E Ø nt del e ba nt del e bu nt

Perfeito Mais-que-perfeito
Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP
del e vi Ø del e vera m
del e vi sti del e vera s
del e vi t del e vera t
del e vi mus del e vera mus
del e vi stis del e vera tis
del e veru nt del e vera nt
Voz passiva (somente os derivados do presente)

Presente Petérito Imperfeito Futuro Imperfeito


Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP
del E Ø or del e ba r del e b or
del E Ø ris del e ba ris del e be ris
del E Ø tur del e ba tur del e bi tur
del E Ø mur del e ba mur del e bi mur
del E Ø mini del e ba mini del e bi mini
del E Ø ntur del e ba ntur del e bu ntur

Para exercitar a flexão dos verbos da segunda conjugação, flexionar os verbos

abaixo nos tempos estudados.

Moneo, es, monui, monitum, ere: (advertir)


Voz ativa
Presente Petérito Imperfeito Futuro Imperfeito
Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP

Perfeito Mais-que-perfeito
Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP

Voz passiva (somente os derivados do presente)


Presente Pretérito Imperfeito Futuro Imperfeito
Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP

Maneo, es, mansi, mansum, ere: (ficar)


Voz ativa
Presente Pretérito Imperfeito Futuro Imperfeito
Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP

Perfeito Mais-que-perfeito
Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP

Voz passiva (somente os derivados do presente)


Presente Pretérito Imperfeito Futuro Imperfeito
Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP

Jubeo, es, jussui, jussum, ere: (mandar)


Voz ativa
Presente Pretérito Imperfeito Futuro Imperfeito
Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP

Perfeito Mais-que-perfeito
Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP

Voz passiva (somente os derivados do presente)


Presente Pretérito Imperfeito Futuro Imperfeito
Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP

Agora você deverá traduzir as frases abaixo como forma de praticar o que foi

exposto até aqui. As frases apresentarão palavras da primeira e segunda declinação,

assim como verbos da primeira e segunda conjugação. Além disso, você deverá fazer

a tradução do texto do item 3. Não se preocupe. Lembre-se de que um texto nada

mais é que frases articuladas. Portanto, acredito que não haverá muita complexidade

na tradução. Não se esqueça de que o latim possui uma ordem sintática que deve ser

respeitada.

1) Traduzir para o latim:

a) Deus dará disposição aos alunos.


__________________________________________________________

b) A lua brilhou no céu.


__________________________________________________________

c) As palavras de Deus advertem os habitantes da ilha.


__________________________________________________________

d) Os lobos sujam as águas dos riachos e dos rios.


__________________________________________________________

e) Agradaremos aos senhores do campo.


__________________________________________________________

Vocabulário:
Animus, i m.: Deus, i m.: Deus Hortus, i m.: jardim Luna, ae f.: lua
disposição Dominus, i m.: senhor Incola, ae m.: habitante Rivus, i m.: riacho
Aqua, ae f.: água Equus, i m.: cavalo Insula, ae f.: ilha Servus, i: criados
Alumnus, i m.: alunos Fluvius, i m.: rio Impius, i: ímpio Verbum, i n.: palavra
Amicus, i m.: amigo Filius, i m.: filho In prep.+abl.: em
Ager, gri m.: campo Herus, i m.: patrão Lupus, i m: lobo
Caelum, i n.: céu
Do, as, dedi, atum, are: dare (dar) Recuso, as, avi, atum, are: recusare (recusare)
Moneo, es, monui, monitum, ere: (dvertir) Placeo, es, placui, placitum, ere: (agradar)
Inquino, as, avi, atum, are: inquinare (sujar) Fulgeo, es, fulsi, ---, ere: brilhar

2) Traduzir para o português.

a) Ancilla herorum servos accusat.


__________________________________________________________
b) Inter heros et servos concordiam praedicant.
__________________________________________________________
c) Agricolarum equos et asnos verberatis.
__________________________________________________________

d) Reginae filii prudentiam existimanus.


__________________________________________________________

e) Deuervorum filiis et filiabus prudentiam et patientiam dat.


__________________________________________________________

Vocabulário:

Ancilla, ae f.: criada Deus, i: Deus Inter prep.+ Ac.: entre


Asinus, i: burro Equus, i m.: cavalo Prutendia, ae f.: prudência
Agricola, ae m.: agricultor Filius, i m.: filho Patientia, ae: paciência
Concordia, ae f.: concórdia Filia, ae f.: filha Regina, ae f.: rainha
Et conj.: e Herus, i m.: patrão Servus, i m.: criado
Existimo, as, avi, atum, are: existimare (apreciar) Praedico, as, avi, atum, are: praedicare (gabar)
Verbero, as, avi, atum, are: verberare (surrar, açoitar) Accuso, as, avi, atum, are: accusare (acusar)

3) Tradução de texto para o português.


1 Verba volant, scripta manent18
2 Quintus Horatius Flaccus Orbilii scholam frequentat. Puer parvus magistri
3 praecpta observat, semper diligenter discit. Quintus collegis exemplo est1.
4 Magister bono discipulo librum dono dat2. Flaccus olim magnus poeta erit.
5 Orbilius saepe disciplulis proverbia dictat. Pueri proverbia describunt, quia
6 “verba volant, scripta manent”. Ecce primum proverbium: avarum irritat, non
7 satiat pecúnia.
8 1. exemplo est: serve de exemplo.
9 2. dono dat: dá de presente.
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
____________________________________________________
__________________________________________________________

Vocabulário:

Avarus, i n.: avarento Ecce adv.: eis Primus, a, um.: primeiro


Collega, ae: m. colega Líber, bri m.: livro Puer, i m.: menino
Describunt: descreverão Magnus, a, um: grande Parvus, a, um: pequeno
Donum, i n.: presente, dom Magister, i m.: mestre Poeta, ae m.: poeta
Discipulus, i m.: discípulo Non adv.: não Quintus: Quinto
Diligenter adv.: diligentemente Orbilius, i m.: Orbílio Schola, se f.: escola
Discit: aprende Olim adv.: um dia Saepe adv.: muitas vezes
Flaccus, i m.: Flaco Parvus, a, um: pequeno Semper adv.: sempre
Hoartius, i m.: Horácio Praeceptum, i n.: preceito Verbum, i n.: palavra
Exemplum, i n.: exemplo Proverbium, i n.: provérbio Scriptum, i n.: escrito
Erit :será Pecúnia, ae f.: dinheiro
Satio,as, avi, atum, are: satiare (saciar) Observo, as, avi, atum, are: observare
Maneo, es, si, sum, ere: mere (ficar) Irrito, as, avi, atum, are: irritare (irritar)
Frequento, as, avi, atum, are: frequentare (frequenter) Volo, as, avi, atum, are: volare (voar)

4) Quanto ao texto, pede-se:

18 Adaptação de RÓNAI (1945:43).


a. Qual o tempo e a conjugação do verbo frequentat (linha 02)? ________________
b. Qual o caso da palavra scholam (linha 02)? _____________________________
c. Qual a função sintática da palavra discípulo (linha 03)? ____________________
d. Como ficaria a frase Quintus Horatius Flaccus Orbilii scholam frequentat se o verbo fosse
empregado no tempo perfeito do indicativo latino?
__________________________________________________________
UNIDADE V – GRUPO DE ADJETIVOS, VERBO ESSE E AGENTE
DA PASSIVA
Segundo CARDOSO (2000:43), os adjetivos são palavras que servem para

qualificar ou caracterizar os substantivos. Assim acontece em português, assim

acontece em latim.

Como elemento modificador do substantivo, servindo-lhe de atributo (adjunto

adnominal ou aposto), predicativo do sujeito, o adjetivo, via de regra, concorda com o

substantivo em gênero, número e caso.

Os adjetivos declinam-se como substantivos de primeira, segunda ou terceira

declinação.

Segundo ALMEIDA (1994:49), os nomes adjetivos, em latim, distribuem-se em

dois grupos: (i) de primeira classe e (ii) de segunda classe. Nesta unidade,

estudaremos os do primeiro grupo, cuja característica principal é que são declinados

pela primeira e segunda declinações.

5.1. Adjetivos de primeira classe

Os adjetivos deste grupo sempre apresentam as terminações -us, -a e -um, -er, -

ra, -rum, e também -ur, -ra, -um, em que as terminações -us, -er e -ur se referem a um

nome substantivo do gênero masculino, -a, a um nome substantivo do gênero

feminino e -um, a um nome substantivo do gênero neutro.


Ressalta-se que os adjetivos concordam com o substantivo em gênero, número

e caso. Isso quer dizer que, se a palavra a qual o adjetivo está se referindo for um

substantivo feminino, o adjetivo deverá ser declinado também no feminino,

observando o caso e o número dessa palavra. Vejamos um exemplo: uma menina alta

veio à aula de vôlei. Quando se quer traduzir a expressão menina alta ao latim, deve-se

levar em conta o seguinte:

a) Primeiramente, identifica-se o substantivo, observando seu gênero, número e

caso;

b) Como menina é uma palavra feminina, em latim (puella, ae f.), o adjetivo alto

(altus, a, um) deverá ser declinado pela terminação -a,

c) Como menina está no singular, o adjetivo alto obrigatoriamente deverá

aparecer no singular;

d) Como menina está no caso nominativo, o adjetivo alto deverá também ser

grafado no nominativo.

Ressalta-se que os nomes adjetivos sempre apresentam as três terminações do

nominativo singular: uma para o masculino, uma para o feminino e outra para o

neutro.

Altus: masculino Alta: feminino Altum: neutro

O masculino e o neutro seguem a segunda declinação, e o feminino segue a

primeira.

Altus, i Alta, ae Altum, i


2ª 1ª 2ª
Para efeito de exercício, declinar os adjetivos abaixo relacionados:

Bonus, a, um (bom)

Singular masculino feminino neutro


Nominativo
Genitivo
Dativo
Acusativo
Vocativo
Ablativo
Plural masculino feminino neutro
Nominativo
Genitivo
Dativo
Acusativo
Vocativo
ablativo

Longus, a, um (longo)

Singular masculino feminino neutro

Nominativo
Genitivo
Dativo
Acusativo
Vocativo
Ablativo
Plural masculino feminino neutro
Nominativo
Genitivo
Dativo
Acusativo
Vocativo
ablativo
Magnus, a, um (grande)

Singular masculino feminino neutro


Nominativo
Genitivo
Dativo
Acusativo
Vocativo
Ablativo
Plural masculino feminino neutro
Nominativo
Genitivo
Dativo
Acusativo
Vocativo
ablativo

Observe que os adjetivos de primeira classe são sempre triformes, ou seja, uma

forma para cada gênero (masc., fem., neutro). Portanto, para sabermos se uma

palavra latina é adjetivo de 1ª classe, basta observarmos essas terminações.

De acordo com ALMEIDA (1994:51), tal como no português, o adjetivo latino

concorda com o substantivo a que se refere, isto é, em latim o adjetivo deve ir para o

gênero, para o número e para o caso do substantivo com que se relaciona. Além disso,

deve ser é colocado ordinariamente depois do substantivo. No entanto, se o adjetivo

vier antes do substantivo e este estiver regendo um genitivo, coloca-se o adjetivo em

primeiro lugar, em seguida o genitivo e por último o substantivo. Por exemplo, a

frase A piedosa filha da rainha traduz-se por Pia reginae filia, em que Pius, a, um
(piedosa) é o adjetivo, filia, ae f. (filha) é o substantivo que antecede o caso genitivo

Regina, ae f. (rainha).

Agora, como forma de exercitar, apresentam-se algumas frases simples para

tradução:

1) Traduzir para o português:

a) Herus gratus, heri grati, hero grato.


__________________________________________________________
b) Parvi equi, parvum equum, parvis equis.
__________________________________________________________
c) magnae gallinae, magnarum galinarum.
_________________________________________________________

Vocabulário:

Equus, i m.: cavalo Gallina, ae f.: galinha Magnus, a, um: grande


Gratus, a, um: grato Herus, i m.: patrão Parvus, a, um: pequeno

5.2. Verbo ESSE (SUM)

Segundo CARDOSO (2000:89), o verbo ESSE não se enquadra em nenhuma

das conjugações. Por sua própria significação (ser, estar. Haver) e por ser muito

antigo na língua, apresenta várias peculiaridades.

Para ALMEIDA (1994: 53), não há idioma no mundo em que esse verbo não

seja irregular; é irregular, portanto, também em latim, mas a irregularidade do

presente do indicativo está somente no radical.


De acordo com GARCIA (2003:158), o verbo ESSE, pelo seu frequente uso

conseguiu, em grande parte, escapar das ações analógicas, mantendo sua estrutura

complexa.

Assim como no português, o verbo ESSE aparece com bastante frequência em

frases com estrutura latina em S + PS + VL, em que o S significa sujeito, o PS,

predicativo do sujeito e o VL, verbo de ligação.

Flexão do verbo ESSE no modo indicativo:

Presente Perfeito Pret. Imperf. Fut. Imperf. Pret. M-Q-P

Sum Fui Eram Ero Fueram

Es Fuisti Eras Eris Fueras

Est Fuit Erat Erit Fuerat

Sumus Fuimus Eramus Erimus Fueramus

Estis Fuistis Eratis Eritis Fueratis

Sunt Fuerunt Erant Erunt Fuerant

Assim como ocorre no português, o verbo ESSE é um verbo de ligação e seu

complemento é um predicativo do sujeito, podendo ser um substantivo ou um

adjetivo.

Emanuelle é estudiosa (estudiosa: adjetivo)

Vítor é o sustento da família. (sustento: substantivo)

Em uma frase latina que obedece à estrutura S + PS + VL, se o predicativo for

constituído por um nome adjetivo, deve concordar com o nome que está na posição

de nominativo, ou melhor, que exerce a função de caso nominativo, em gênero,


número e caso. Se o nome for masculino, o adjetivo será masculino; se o nome for

feminino, o adjetivo será feminino também; se o nome for neutro, o adjetivo será

neutro também. O mesmo ocorre com o número e com o caso. Por exemplo:

Maria est bona. Exemplum est bonum. Paulus est bonus.


Fluvius et rivius sunt boni. Maria et Paulus sunt boni.

Agora, se o predicativo é constituído por nome substantivo, este apresenta

gênero próprio e, muitas vezes, não pode variar em número; dessa forma, só deve

concordar com o nome no caso nominativo da frase em CASO, apenas. Nesse sentido,

tanto faz dizer:

Vítor é o sustento da casa.


Emanuelle é o sustento da casa.
Vítor e Emanuelle são o sustento da casa.

Observa-se nos exemplos acima que o substantivo sustento não varia nem em

gênero nem em número.

Para ALMEIDA (1994:55), quando o predicativo se refere a seres animados de

gênero diferente, prevalece o masculino: Volicus et vilica sunt expediti (o caseiro e a

caseira são expeditos). Se referentes a seres inanimados de gênero diferente, o

predicativo vai para o neutro plural: lecus et sella sunt lígnea (a cama e a cadeira são

de madeira).

Agora, como forma de exercitar a tradução de frases que apresentam nomes da

primeira e segunda declinação, assim como adjetivos de primeira classe, verbos de

primeira conjugação e verbo de ligação, apresentamos, a seguir, um exercício de

fixação:
Exercícios:

1) Traduzir para o português.

a) Veri amici pauci sunt.


_________________________________________________________
b) Poetae parcas agricolarum mensas laudant.
_________________________________________________________
c) Pugnae ruinarum magnarum causa sunt.
__________________________________________________________
d) Agricolarum modestam vitam amo.
__________________________________________________________
Vocabulário:

Amicus, i m.: amigo Poeta, ae m.: poeta Agricola, ae m.: agricultor


Parcus, a, um: humilde, simples Magnus, a, um: grande Mensa, ae f.: mesa
Paucus, a, um: pouco Modestia, ae f.: medesta Pugna, ae f.: luta, combate
Verus, a, um: verdadeiro Ruina, ae f.: ruína
Causa, ae f.: causa Vita, ae f.: vida
Laudo, as, avi, atum, are: louvar, elogiar Sum, es, fui, esse: ser, estar
Amo, as, avi, atum, are: amar

2) Traduzir para o latim.

a) As mesas de muitos senhores são humildes.


__________________________________________________________
b) Os verdadeiros amigos são tesouro para a pátria.
__________________________________________________________
c) Os romanos foram discípulos dos gregos.
__________________________________________________________

d) O lobo devora o cordeiro.


__________________________________________________________

Vocabulário:
Amicus, i m.: amigo Discipulus, i m.: discípulo Multus, a, um: muito Patria, ae f.: pátria
Agnus, i m.: Graecus, i m.: grego Mensa, ae f.: mesa Parcus, a, um: humilde
Cordeiro Lupus , i m.: lobo Thesaurus, i m.: tesouro Romanus, i m.: romano
Dominus, i m.: senhor
Devoro, as, avi, atum, are: devorare (devorar) Sum, es, fui,----, esse: ser, estar

5.3. Agente da voz passiva

Sabemos que o sujeito de um verbo é aquele que pratica a ação expressa pelo

verbo. Quando o sujeito pratica a ação, o verbo está na voz ativa.

Vejamos agora um caso em que o sujeito, em vez de praticar, recebe a ação do

verbo: o cão foi batido pelo carro.

Estamos, dessa forma, vendo um caso em que o sujeito recebe, sofre a ação do

verbo em vez de praticá-la. Quando o sujeito recebe a ação do verbo, dizemos que o

verbo está na voz passiva.

Observando a frase tida como exemplo, como se analisa o termo pelo carro.

Esse termo recebe o nome de agente da passiva, ou seja, é o termo da oração que

pratica a ação do verbo. O agente da passiva geralmente aparece com preposição

(per+o=pelo; per+a=pela).

Na tradução de uma frase na voz passiva do português para o latim, o sujeito

da frase vai para o caso nominativo; o verbo coloca-se em uma forma especial para

indicar passividade; e o agente da passiva vai para o ablativo, levando-se em

consideração algumas particularidades:

1) Quando o agente da passiva é ser inanimado, basta ir para o ablativo simples.

2) Quando é pessoa ou qualquer ser animado, ou considerado animado pelo autor,

além de ir para o ablativo deve ser antecedido por preposição (a ou ab).

a) Preposição a: quando a palavra começa por consoante.


b) Preposição ab: quando a palavra começa por vogal ou pela consoante h.

Vejamos alguns exemplos de frases na voz passiva:

Aquiles foi morto por Paris.


Heitor foi vencido por Aquiles.
O mundo é iluminado pelo sol.
Os troianos foram sacrificados por Agamenon.

Agora, façamos o exercício a seguir para fixar o que foi abordado neste

subitem:

1) Traduzir para o latim.

a) Os maus são castigados pela consciência.


___________________________________________________
b) O troiano será capturado pelo grego.
___________________________________________________

c) O bom aluno é estimado pelos mestres.


___________________________________________________
Vocabulário:

Alumnus, i m.: aluno Magister, tri m.: mestre Populus, i m.: povo
Bonus, a, um: bom Malus, i m.: mau Romanus, i m.: romano
Conscientia, ae f.: consciência: Nerus, i m.: Nero Troianus, i m.: troiano
Graecus, i m.: grego
Capto, as, avi, atum, are: capturado Existimo, as, avi, atum, are: estimar
Castigo, as, avi, atum, are: castigar
UNIDADE VI – GRAUPO DE SUBSTANTIVOS DA TERCEIRA
DECLINAÇÃO

Neste grupo de substantivos, observa-se grande variedade de terminações e

abrange maior número de palavras para as três categorias de gênero: masculino,

feminino e neutro. Este grupo recebe o nome de terceira declinação latina. Nesta

declinação as palavras podem aparecer no nominativo singular em -or, -er, -us, -os, -io, -

es, -as, -is, -ex, -em, consoante, entre outras, ou seja, há uma variedade enorme de

terminações, mas que possui a terminação do genitivo singular -is como característica

comum. Pode-se observar melhor, no quadro abaixo, a diversidade de terminação dessa

declinação.
Arbor, oris f.: árvore Frater, tris m.: irmão Mos, oris m.: costume Rete, is n.: rede

Amor, oris m.: amor Grex, gis m.: rebanho Nugax, cis m.: louco Sitis, is f.: sede

Belles, ites m.: guerreiro Hiems, mis f.: inverno Os, oris n.: boca Tapes, etis f.: tapete

Canis, is m.: cão Illisio, onis f.: luta Pacto, onis f.: pacto Urbs, bis f.: cidade

Ditio, onis m.: império Judex, cis m.: juiz Plebs, plebis f.: plebe Vanitas, átis f.: vaidade

Eques, itis m.: cavaleiro Leo, onis m.: leão Questio, onis f.: questão Zetima, atis f.: problema

6.1 Terceira declinação latina: -is

Nas duas primeiras declinações, não há nenhuma preocupação em se formar o

genitivo singular, o que não se observa na terceira declinação. Quanto a isso, recorre-se

à professora Janete Melasso que afirma:

No estudo da 3ª declinação, a simples retirada da desinência casual nem


sempre permite que se encontre, imediatamente, o radical da palavra e o
consequente enunciado (em nominativo singular) que o dicionário apresenta.
Isso se deve às transformações fonéticas que se deram nessas palavras
(GARCIA, 2000:72).

Se, para as duas declinações já estudadas, é simples formar o genitivo singular

com a simples retirada da desinência do nominativo singular; nesta terceira declinação,

é praticamente impossível estabelecer uma regra. Portanto, não sendo conhecida a

palavra, a única alternativa é consultar o dicionário.

Pelo quadro acima ilustrado, pode-se observar a variedade de que se compõe a

terceira declinação. Sugiro, como exercício de fixação das desinências, que se declinem

alguma delas em todos os casos, no singular e no plural, seguindo os mesmos

procedimentos já usados para a primeira e segunda declinação. É claro que se deve dar

mais atenção para a formação do genitivo singular.

No entanto, antes de se declinar uma palavra da terceira declinação, é necessário

comentar sobre nomes parissílabos e nomes imparissílabos.


Os nomes parissílabos são aqueles que apresentam mesmo número de sílaba no

nominativo e genitivo singular, como se observa na palavra nubes, is f. (nuvem), em que

o número de sílabas é 2, tanto para o nominativo quanto para o genitivo singular: nu –

bes: 2 (nom.) / nu – bis : 2 (gen.)

Os nomes imparissílabos são aqueles que apresentam número de sílaba diferente

para o nominativo e genitivo singular. Por exemplo, na palavra rex, regis m. (rei)

observa-se que o nominativo (rex) apresenta apenas uma sílaba, enquanto o genitivo,

duas (re-gis).

Já que agora se pode distinguir entre palavras parissílabas e imparissílabas, para

que serve esse conhecimento?

Na verdade, a perfeita formação do genitivo plural de uma palavra (masc./fem.)

da terceira declinação só é possível se o aluno souber fazer essa distinção. Se a palavra

for parissílaba seu genitivo plural apresentará a terminação -ium. Caso a palavra seja

imparissílaba, o aluno deverá observar atentamente o radical: se no final do radical

aparecer somente uma consoante, o genitivo plural deverá ser formado com -um; se

aparecerem duas ou mais consoantes, usa-se a terminação -ium. Por exemplo, na

palavra nox, noctis f. (noite), observa-se que se trata de uma palavra imparissílaba, pois

o número de sílaba entre o nominativo e o genitivo singular é diferente. Nesse caso, o

aluno deverá observar se o radical da palavra termina com uma, duas ou mais

consoantes. Nox, noctis apresenta o radical com duas consoantes e faz, portanto, o

genitivo plural com a terminação -ium (noctium).

Na palavra rex, regis m. (rei), o radical termina com uma consoante apenas.

Portanto, seu genitivo plural apresentará a terminação –um (regum).

Ressalta-se que a maioria das palavras da terceira declinação é a que apresenta

maior complexidade, maior quantidade e variedade de palavras e também a que


comporta mais exceções. Quer dizer que os nomes da terceira declinação devem ser

estudados quase de um em um ou de grupo em grupo, por causa dessa variedade de

terminações. Na Tabela 4, a seguir, ilustram-se as desinências e seus respectivos casos.

Tabela 4. Desinências correspondentes à terceira declinação latina e seus respectivos casos.

Flexão de número
Casos latinos
Singular Plural
Nominativo VT es
Genitivo is um / ium
Dativo i ibus
Acusativo em es
Vocativo VT es
Ablativo e ibus

Ao se analisar a tabela acima, pode-se inferir que o nominativo singular

apresenta as letras VT em razão da variedade de terminações das palavras da terceira

declinação. O vocativo não apresenta nenhuma dificuldade, porque é sempre igual ao

nominativo e o genitivo plural pode ser empregado com duas terminações (-um e -ium).

Com a finalidade de fixar as informações a respeito dessa declinação, decline as

palavras a seguir:
Pastor, oris m.: pastor Mulier, is f.: mulher
______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________

Homo, inis m.: homem Victor, oris m.: vencedor


______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________

Plebs, plebis f.: plebe Os, oris n.: boca


______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________

Agora, como forma de exercitar a análise e tradução, faça o que se pede:

1) Traduzir para o latim.

a) Os bons costumes dos alunos são elogiados pelo professor.


________________________________________________________
b) Os perfumes e as cores das flores são variados.
________________________________________________________
c) Os escritores romanos louvavam os costumes dos germanos.
________________________________________________________
Vocabulário:

Alumnus, i m.: aluno Germanus, i m.: germano Scriptor, oris m.: escritor
Bonus, a, um: bom Mos, moris m.: costume Varius, a, um: variado
Color, oris m.: cor Odor, oris m.: perfume Romanus, a, um: romano
Flos, floris m.: flor Preceptor, oris m.: professor
Laudo, as, avi, atum, are: elogiar

2) Traduzir para o português.

a) Hector cum Achile pugnavit.


________________________________________________________
b) Graeciae precptores a romanis vocabant.
________________________________________________________
c) Regum romanorum castros deleverunt.
________________________________________________________
Vocabulário:

Achile, is m.: Aquiles Cum prep+abl.: com Graecia, ae f.: Grécia


Altare, is m.: altar Castrum, I n.: castelo Rex, Regis m.: rei
Bonus, a, um: bom Hector, oris m.: Heitor Romanus, a, um: romano
Laudo, as, avi, atum, are: elogiar Pugno, as, avi, atum, are: lutar
Voco, as, avi, atum, are: chamar

6.2 Particularidades da terceira declinação latina

Observa-se, ao se estudar a terceira declinação, que certos nomes apresentam

nominativo singular com terminação em -ter. Esses nomes, na formação do genitivo

singular, perdem o e da terminação, igualmente aos nomes da segunda declinação de

terminação também em -er do grupo B. Nesse caso, isso ocorrerá na formação de

todos os demais casos.

Para a formação do genitivo plural, haverá uma exceção, pois, mesmo

apresentando duas consoantes no final do radical (tr), a desinência do genitivo plural

de tais nomes será sempre -um.

Pater, patris Mater, matris Frater, fratris Accipiter, accipitris


Segundo ALMEIDA (1994: 70), há nesta declinação um nome terminado em TER

bastante irregular: juppiter, is (júpiter), cujo genitivo singular é jovis. Essa palavra é

declinada somente no singular.

Nominativo Juppiter
Genitivo Jovis
Dativo Jovi
Acusativo Jovem
Vocativo Juppiter
Ablativo Jovi

Conhecendo as desinências e algumas particularidades da terceira declinação

latina, faça a tradução das frases abaixo:

1) Traduzir para o latim.

a) As noites de inverno são compridas.


________________________________________________________
b) Os procedimentos dos homens é condenado pelo rei.
________________________________________________________
c) As asas dos gaviões são variadas.
________________________________________________________

Vocabulário:

Ala, ae f.: asa Longus, a ,um: comprido Rex, Regis m.: rei
Accipiter, is m.: gavião Mores, morum m.: procedimentos Varius, a, um: variado
Hiems, hiemis f.: inverno Nox, noctis f.: noite
Damno, as, avi, atum, are: damnare (condenar) Sunt, es, fui, ---, esse: ser/estar

6.3 Neutros da terceira declinação latina


Os substantivos neutros apresentam distinção quando comparados aos nomes

masculinos e femininos. Os casos nominativo, vocativo e acusativo apresentam-se iguais

em forma no singular, ou seja, a forma que aparecer no nominativo será igual às do

acusativo e vocativo. No plural também são iguais, com terminação -ia ou -a,

dependendo do tipo de nome neutro. Nesse sentido, para completo estudo dos nomes

neutros da terceira declinação, devemos dividi-los em dois grupos: grupos A e B.

a) Grupo A: nomes neutros terminados em AR-E-AL;

b) Grupo B: nomes neutros especiais que não apresentam as terminações de

nominativo singular dos nomes do grupo A.

6.3.1 Neutros do grupo A

Os neutros da terceira declinação terminados em -ar -e ou -al fazem o ablativo

singular em -i, além de apresentar a forma do nominativo singular igual no acusativo

e vocativo. Outra característica desses neutros que foge à regra geral é sua terminação

do genitivo plural que é em -ium.

Na Tabela 5, a seguir, ilustram-se as desinências dos nomes neutros do grupo

A.

Tabela 5. Desinências dos nomes neutros do grupo A correspondentes à terceira declinação


latina e seus respectivos casos.

Flexão de número
Casos latinos
Singular Plural
Nominativo VT ia
Genitivo is ium
Dativo i ibus
Acusativo VT ia
Vocativo VT ia
Ablativo i ibus
Mare, is n.: mar Exemplar, is n.: exemplar
_____________________________ _____________________________
_____________________________ _____________________________
_____________________________ _____________________________
_____________________________ _____________________________
_____________________________ _____________________________
_____________________________ _____________________________

Animal, is n.: animal Calcar, aris n.: espora


_____________________________ _____________________________
_____________________________ _____________________________
_____________________________ _____________________________
_____________________________ _____________________________
_____________________________ _____________________________
_____________________________ _____________________________

6.1.2 Neutros do grupo B

Os neutros do grupo B da terceira declinação não apresentam as terminações

do nominativo singular em -ar -e ou -al. Esses neutros fazem o ablativo singular em -

e. Igualmente aos neutros do grupo A apresentam as formas iguais no nominativo,

acusativo e vocativo. A formação do genitivo plural é em -um. Veja, na Tabela 6, a

seguir, as desinências dos nomes neutros do grupo B.

Tabela 6. Desinências dos nomes neutros do grupo B correspondentes à terceira declinação


latina e seus respectivos casos.

Flexão de número
Casos latinos
Singular Plural
Nominativo VT a
Genitivo is um
Dativo i ibus
Acusativo VT a
Vocativo VT a
Ablativo e ibus
Iter, itineris n.: itinerário Corpus, oris n.: corpo
____________________________ _____________________________
____________________________ _____________________________
____________________________ _____________________________
____________________________ _____________________________
____________________________ _____________________________
____________________________ _____________________________

Ônus, oneris n.: encargo Omen, ominis n.: presságio


____________________________ _____________________________
____________________________ _____________________________
____________________________ _____________________________
____________________________ _____________________________
____________________________ _____________________________
____________________________ _____________________________

Ver, veris n.: primavera Robur, oris n.: força

______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________

6.4 Outras particularidades da terceira declinação

Já foi comentado que a terceira declinação apresenta diversas particularidades.

Vejamos algumas delas segundo ALMEIDA (1994:77).

1. Certos nomes da terceira declinação têm o acusativo em -im e o ablativo em -i.

Esses nomes são os seguintes:

a) nomes próprios geográficos em is, como Tiberis, is (Tibre); Neapolis, is (Nápolis);

Tripolis, is (Trípoli).
b) os seguintes nomes comuns:

Sitis, is f.: sede Tussis, is f.: tosse Vis, viris f.: força Febris, is f.: febre

2. Genitivo plural irregular:

a) alguns nomes há na 3ª declinação que no genitivo plural fogem da regra geral

apresentada. São eles:

Canis, is m.: canum Panis, is m.: panum Senex, senis m.:– senum Juvenis, is m.:- juvenum

b) alguns nomes imparissílabos com uma consoante no radical têm o genitivo plural

em ium (exceção). São eles:

Dos, dotis – dotium Nix, nivis – nivium Lis, litis – litium Mus, muris - murium

c) alguns nomes que só se usam no plural. São eles:

Fores, forium – porta Furfures, um – farelo Preces, cum – preces Verbera, rum - surra

Exercícios:

1) Traduzir para o português:

a) Senes tussi vexantur.


________________________________________________________
b) Fidorum canum custodia agricolis cara est.
________________________________________________________

c) Murium et glirium foramina parva sunt.


________________________________________________________
Vocabulário:

Canis, is m.: cão Foramen, is n.: buraco Parvus, a, um: pequeno


Custodia, ae f.: guarda Fidus, a, um: fiel Tussis, is f.: tosse
Carus, a, um: caro Mus, muris m.: rato Senex, senis m.: velho
Vexo, as, avi, atum, are: vexare (atormentar) Sunt, es, fui, ---, esse: ser/estar

2) Traduzir para o latim.

a) os agricultores cansados matam a sede.


________________________________________________________
b) Antônio desejava Roma e Nápoles.
________________________________________________________
c) Muitas vezes os soldados são atormentados pela fome e pela sede.
________________________________________________________
Vocabulário:

Fessus, a, um: cansados Miles, militis m.: soldado Roma, ae f.: Roma
Fames, is f.: fome Neapolis, is f.: Nápoles Sitis, is f.: sede
Seape: muitas vezes
Sedo, as, avi, atum, are: matar Vexo, are: atormentar
Desidero, as, avi, atum, are: desejar

UNIDADE VII – GRUPO DE SUBSTANTIVOS DE QUARTA E


QUINTA DECLINAÇÃO E SISTEMA VERBAL DE TERCEIRA
CONJUGAÇÃO LATINA (VOZ ATIVA E PASSIVA)
Assim como nas declinações já mencionadas, em que se suas particularidades

foram estudadas, principalmente no que diz respeito à declinação, passaremos a

observar as duas últimas declinações latinas: a quarta e a quinta.


7.1. Quarta declinação latina: us

Nos nomes pertencentes à quarta declinação, observa-se que há palavras

pertencentes aos gêneros masculino, feminino e neutro, em que os nomes masculinos

e femininos apresentam sempre a terminação -us no nominativo singular, enquanto,

para os nomes neutros, a terminação é -u. A terminação do genitivo singular é sempre

-us. Sendo assim, na Tabela 7, a seguir, podemos conferir as desinências que

pertencem aos nomes masculinos e femininos da quarta declinação latina e seus

respectivos casos.

Tabela 7. Desinências correspondentes aos nomes masculinos e femininos da quarta

declinação latina e seus respectivos casos.

Flexão de número
Casos latinos
Singular Plural
Nominativo us us
Genitivo us uum
Dativo ui ibus
Acusativo um us
Vocativo us us
Ablativo u ibus

Ao se analisar a tabela acima, observa-se que existe algo em comum com a

terceira declinação, o que pode proporcionar um problema de interpretação, assim

como ocorre entre a primeira e a segunda declinação. No caso da quarta declinação, a

terminação do dativo e ablativo plural é -ibus, o que graficamente é igual à terceira

declinação nos mesmos casos. Em razão de se evitar a ambiguidade, para os nomes

da quarta declinação, adota-se a terminação -ubus. Essa particularidade pode ser

observada quando usamos em um texto qualquer palavras de terceira declinação par,

tis f.(parte) e palavras de quarta declinação partus, us m. (parto). Por exemplo, na frase
Observa-se que a grafia partibus é igual para ambas as palavras. Nesse caso,

a fim de evitar a ambiguidade, usa-se a terminação -ubus para nomes da quarta

declinação.

Agora, na Tabela 8, a seguir, observam-se as desinências dos nomes neutros

da quarta declinação latina.

Tabela 8. Desinências correspondentes aos nomes neutros da quarta declinação latina e seus

respectivos casos.

Flexão de número
Casos latinos
Singular Plural
Nominativo u ua
Genitivo us uum
Dativo ui ibus
Acusativo u ua
Vocativo u ua
Ablativo u ibus

Observa-se que os nomes neutros geralmente têm o singular invariável, com

exceção do genitivo e do dativo singular que terminam em -us e -ui, respectivamente.

Segundo GARCIA (2000:96), a quarta declinação pode ser considerada

variante da segunda, pois há palavras que se declinam por uma ou por outra. Na

verdade, esse fato começou a evidenciar-se no momento em que o latim entrou em

decadência e começou a perder sua estabilidade morfológica (CARDOSO, 2000:41).

Com a finalidade de exercitar a declinação de palavras pertencentes à quarta

declinação, declinar as palavras a seguir:

Quaercus, us f.: carvalho Lacus, us m.: lago


______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________

Partus, us m.: parto Manus, us f.: mão


______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________

Genu, us n.: joelho Cornu, us n.: corno, chifre


______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________

Outra exceção dos nomes da quarta declinação que, na verdade, é uma anomalia

aparece apenas no nome Iesus, us m. (Jesus), que é declinado apenas no singular, como

se observa abaixo:

Nominativo Iesus
Genitivo Iesus
Dativo Iesui
Acusativo Iesum
Vocativo Iesus
Ablativo Iesu

Passemos agora à quinta declinação latina. É a quinta declinação a mais pobre de

todas em número de palavras.


7.2. Quinta declinação latina: -ei

Apresenta apenas palavras femininas. As que aparecem no masculino são dies, ei

(dia) e meridies, ei (meio-dia) quando significam período de 24 horas; quando indicarem

dia marcado serão femininas.

As palavras deste grupo que apresentam declinação completa são dies, ei (dia) e

res, ei (coisa). As outras palavras ou têm apenas singular ou, no plural, apresentam

apenas os casos nominativo, acusativo e vocativo.

Algumas palavras da quinta, pelas questões evolutivas do latim, passaram a

figurar na primeira e na terceira declinação. Na Tabela 9, a seguir, apresentam-se as

desinências da quinta declinação e seus respectivos casos.

Tabela 9. Desinências correspondentes aos nomes da quinta declinação latina e seus

respectivos casos.

Flexão de número
Casos latinos
Singular Plural
Nominativo es es
Genitivo ei erum
Dativo ei ebus
Acusativo em es
Vocativo es es
Ablativo e ebus

Como forma de exercitar a declinação deste grupo de palavras, declinar as

palavras a seguir:

Materies ,ei f.: madeira Res, ei f.: coisa


______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________

Plebes, ei f.: plebe Fides, ei m.: fé


______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________
______________________________ ______________________________

7.3. Terceira conjugação latina: ĕre

Já se sabe que o verbo em latim se apresenta de forma completa, ou seja, com

cinco formas: duas para o presente, uma para o perfeito, uma para o supino e uma

para o infinitivo.

Para se flexionar um verbo da terceira, basta seguir os passos já vistos na

primeira conjugação. No entanto, quanto à terceira conjugação latina, faz-se

necessário ressaltar algumas características: (i) Diferentemente da primeira e segunda

conjugação, que apresentam na DMT a terminação -ba, os verbos da terceira

apresentam na DMT a terminação -eba; (ii) Apresentam a vogal temática apenas na

forma do infinitivo (ĕre), ou seja, não aparece nas demais flexões.

Segundo ALMEIDA (1994:), a terceira conjugação apresenta diferenças mais

pronunciadas. Em primeiro lugar devemos saber que o infinitivo termina também em

ere (como os verbos da 2ª), mas essa terminação nunca pode ser acentuada. Na 2ª

conjugação, o ere do infinitivo é acentuado (ēre), mas na 3ª o ere é sempre átono (ĕre).
Já que a terminação do infinitivo -ere é igual para os verbos de segunda e

terceira conjugação, como fazer a distinção entre eles? Isso é bastante fácil: basta

observar P1 Pr Id; pois os verbos da segunda sempre apresentam a terminação -eo

(vogal temática e DNP), ao contrário dos verbos da terceira que apresentam somente

a DNP -o.

Se observarmos atentamente a forma completa dos verbos em questão, será

fácil concluir que P2 Pr Id são também diferentes entre si. Os verbos de segunda

conjugação apresentam sempre a terminação -es (vogal temática e DNP), enquanto os

da terceira apresentam -is (vogal de ligação e DNP), como se observa em Places

(Placere) e Capis (Capere).

Como já se observou na primeira e segunda conjugação todo o procedimento

para se conjugar um verbo, não haverá problemas para se flexionar um verbo da

terceira conjugação. É evidente que antes de qualquer coisa é preciso fazer a distinção

dos verbos, de acordo com sua conjugação, para que as desinências correspondentes

ao verbo sejam empregadas.de forma adequada.

Baseando-se nessas informações, ilustra-se, a seguir, o verbo lego,is, legi,

lectum, ere: legere (ler), conjugado nos tempos até aqui estudados.

Voz ativa

Presente Petérito Imperfeito Futuro Imperfeito


Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP
Leg Ø Ø o Leg Ø eba m Leg Ø a m
Leg i Ø s Leg Ø eba s Leg Ø e s
Leg i Ø t Leg Ø eba t Leg Ø e t
Leg i Ø mus Leg Ø eba mus Leg Ø e mus
Leg i Ø tis Leg Ø eba tis Leg Ø e tis
Leg u Ø nt Leg Ø eba nt Leg Ø e nt
Perfeito Mais-que-perfeito
Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP
Leg Ø i Ø Leg Ø era m
Leg Ø i sti Leg Ø era s
Leg Ø i t Leg Ø era t
Leg Ø i mus Leg Ø era mus
Leg Ø i stis Leg Ø era tis
Leg Ø eru nt Leg Ø era nt

Voz passiva (somente os derivados do presente)

Presente Petérito Imperfeito Futuro Imperfeito


Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP
Leg Ø Ø or Leg Ø eba r Leg Ø a r
Leg i Ø ris Leg Ø eba ris Leg Ø e ris
Leg i Ø tur Leg Ø eba tur Leg Ø e tur
Leg i Ø mur Leg Ø eba mur Leg Ø e mur
Leg i Ø mini Leg Ø eba mini Leg Ø e mini
Leg u Ø ntur Leg Ø eba ntur Leg Ø e ntur

É importante ressaltar que, além de verbos que apresentam tema em

consoante, como é o caso de legĕre (lego, legere: ler), a terceira conjugação apresenta

também verbos com tema em i (venio, venere: vir/chegar) e em u (tribuo, tibere:

atribuir)

Nesse ponto, ressalta-se o que o professor Antônio Martinez Rezende fala:

As vogais i e u, que aparecem no verbo de tema em consoante, são chamadas


de LIGAÇÂO, pois são necessárias para a junção do tema (em consoante)
com as desinências, que também são começadas por consoante.
As vogais u(terceira pessoa do plural dos temas em i e em u) e i do tema em u
(tribu-) são chamadas EUFÔNICAS, pois teoricamente não desempenham
aquele mesmo papel de ligar duas consoantes (REZENDE, 2003:51).
Para exercitar a conjugação dos verbos de terceira conjugação, flexionar os

verbos abaixo nos tempos estudados.

Rego, is, rexi, rectum, ere: (reger / dirigir)


Voz ativa

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Imperfeito


Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP

Perfeito Mais-que-perfeito
Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP

Voz passiva (somente os derivados do presente)

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Imperfeito


Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP
Capio, is, cepi, captum, ere: (agarrar / prender)
Voz ativa

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Imperfeito


Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP

Perfeito Mais-que-perfeito
Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP

Voz passiva (somente os derivados do presente)

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Imperfeito


Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP
Tribuo, is, tribui, tributum, ere: (atribuir / dar)
Voz ativa

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Imperfeito


Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP

Perfeito Mais-que-perfeito
Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP

Voz passiva (somente os derivados do presente)

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Imperfeito


Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP
7.4. Quarta conjugação latina: ire

Se o aluno pode encontrar certa dificuldade em distinguir um verbo latino de

segunda e de terceira conjugação em razão da terminação do infinitivo -ere, idênticas

na morfologia, ou fazer a distinção entre um verbo de primeira e outro de terceira

pela terminação da P1 Pr Id, em razão da mesma terminação -o, para ambos, isso não

acontecerá com os verbos da quarta conjugação.

É extremamente fácil identificar um verbo da quarta conjugação, pois o

infinitivo termina sempre em -ire, mesmo que possa apresentar em P1 Pr Id a

terminação -io.

Diferentemente dos verbos de terceira conjugação, os da quarta apresentam a

vogal temática –i, característica dessa conjugação e que se conserva em todas as

formas verbais.

Assim como a segunda conjugação segue o padrão da primeira, a quarta

seguirá o padrão da terceira. Isto quer dizer que a DMT do pretérito imperfeito será –

eba, e a do futuro imperfeito será -e, com alomorfia em P1 (-a).

Segue abaixo o verbo audio ,is, audivi, itum, ire: audire conjugado nos tempos

já estudados.
Voz ativa

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Imperfeito


Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP
aud i Ø o aud i eba m aud i a m
aud i Ø s aud i eba s aud i e s
aud i Ø t aud i eba t aud i e t
aud i Ø mus aud i eba mus aud i e mus
aud i Ø tis aud i eba tis aud i e tis
aud i Ø nt aud i eba nt aud i e nt

Perfeito Mais-que-perfeito
Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP
aud i vi aud i vera m
aud i vi aud i vera s
aud i vi aud i vera t
aud i vi aud i vera mus
aud i vi aud i vera tis
aud i veru aud i vera nt

Voz passiva (somente os derivados do presente)

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Imperfeito


Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP
aud i Ø or aud i eba a aud i a r
aud i Ø ris aud i eba ris aud i e ris
aud i Ø tur aud i eba tur aud i e tur
aud i Ø mur aud i eba mur aud i e mur
aud i Ø mini aud i eba mini aud i e mini
aud i Ø ntur aud i eba ntur aud i e ntur
Para exercitar a conjugação dos verbos de quarta conjugação, flexionar os

verbos abaixo nos tempos estudados.

Aperio, is, aperui, apertum, ire: (abrir)


Voz ativa
Presente Petérito Imperfeito Futuro Imperfeito
Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP

Perfeito Mais-que-perfeito
Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP

Voz passiva (somente os derivados do presente)

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Imperfeito


Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP
Exeo, is, exii, itum, ire: (sair)
Voz ativa

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Imperfeito


Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP

Perfeito Mais-que-perfeito
Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP

Voz passiva (somente os derivados do presente)

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Imperfeito


Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP

Salio, is, salui, saltum, ire: (saltar)


Voz ativa
Presente Pretérito Imperfeito Futuro Imperfeito
Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP

Perfeito Mais-que-perfeito
Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP

Voz passiva (somente os derivados do presente)

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Imperfeito


Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP Rad VL DMT DNP

REFERÊNCIAS

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Padrão , 1976.

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ILARI, R. Linguística românica. 3ª ed. São Paulo: Ática, 2000.

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www.fflch.usp.br/dlcv/lport/MViaro018.pdf. A importância do latim na atualidade.

Retirado em 10/04/2005.

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