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Índice
Capítulo I – Cálculo Vectorial (no plano) .................................................................................................... 6

1.1 Conceito de vector............................................................................................................................ 6

1.1.1 Vectores equipolentes ................................................................................................................ 6

1.1.2 Vectores simétricos .................................................................................................................... 6

1.1.3 Vector como diferença de dois pontos........................................................................................ 7

1.2 Componentes e coordenadas de um vector ..................................................................................... 7

1.3 Norma de um vector......................................................................................................................... 8

1.4 Adição de vectores ........................................................................................................................... 8

1.4.1 Propriedades da adição de vectores ........................................................................................... 9

1.5 Subtracção de vectores ...................................................................................................................10

1.6 Adição de um ponto com um vector ................................................................................................10

1.7 Multiplicação de um número real por um vector ............................................................................11

1.7.1 Propriedades da multiplicação de vectores ................................................................................12

1.8 Vectores colineares .........................................................................................................................12

1.9 Distância entre dois pontos .............................................................................................................13

1.10 Ângulo de dois vectores.................................................................................................................13

1.11 Produto interno (ou escalar) de dois vectores ...............................................................................14

1.11.1 Consequências da definição.....................................................................................................14

1.11.2 Propriedades do produto interno ............................................................................................14

1.11.3 Produto escalar nas coordenadas dos vectores ........................................................................15

1.12 Perpendicularidade de vectores ....................................................................................................15

1.13 Projecção de um vector sobre um eixo ..........................................................................................16

Capítulo II – Sucessões ..............................................................................................................................17

2.1 Conceito de sucessão.......................................................................................................................17

2.1.1 Termos de uma sucessão ...........................................................................................................17

2.1.2 Gráfico de uma sucessão ...........................................................................................................18

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2.1.3 Contradomínio de uma sucessão ...............................................................................................18

2.2 Modos de representação de uma sucessão .....................................................................................19

2.2.1 Pelos seus termos ......................................................................................................................19

2.2.2 Pelo termo geral ........................................................................................................................19

2.2.3 Por um processo de recorrência ................................................................................................19

2.3 Noção de subsucessão .....................................................................................................................20

2.4 Sucessões monótonas .....................................................................................................................21

2.5 Sucessões limitadas .........................................................................................................................22

Capítulo III – Progressões ..........................................................................................................................23

3.1 Progressões Aritméticas ..................................................................................................................23

3.1.1 Termo geral ...............................................................................................................................23

3.1.2 Propriedade ..............................................................................................................................23

3.1.3 Soma de n termos consecutivos de uma P.A. .............................................................................24

3.2 Progressões Geométricas ................................................................................................................24

3.2.1 Monotonia ................................................................................................................................24

3.2.2 Termo geral ...............................................................................................................................25

3.2.3 Propriedade ..............................................................................................................................25

3.2.4 Soma de n termos consecutivos de uma P.G. .............................................................................25

Capítulo IV – Limites de Sucessões ............................................................................................................27

4.1 Vizinhança de um número real ........................................................................................................27

4.2 Limite de uma sucessão ...................................................................................................................28

4.3 Sucessões convergentes ..................................................................................................................30

4.3.1 Teoremas sobre sucessões convergentes...................................................................................31

4.4 Infinitésimos ....................................................................................................................................33

4.4.1 Infinitésimos de referência ........................................................................................................33

4.5. Infinitamente grandes ....................................................................................................................33

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4.5.1 Infinitamente grande positivo....................................................................................................34

4.5.2 Infinitamente grande negativo ..................................................................................................35

4.5.3 Infinitamente grande em módulo ..............................................................................................36

4.6 Teorema sobre infinitamente grandes e infinitésimos ....................................................................37

4.7 Classificação de sucessões ...............................................................................................................38

Capítulo V – Cálculo do Limite de Sucessões ..............................................................................................39

5.1 Operações com sucessões convergentes .........................................................................................39

5.2 Operações com sucessões divergentes ............................................................................................40

5.3 Indeterminações..............................................................................................................................41


5.3.1 Indeterminações do tipo ......................................................................................................41

5.3.2 Indeterminações do tipo 0  ..................................................................................................42

0
5.3.3 Indeterminações do tipo .......................................................................................................43
0

5.3.4 Indeterminações do tipo  − .................................................................................................44

5.4 Sucessão do tipo a n (a  IR, n  IN ) ............................................................................................45

5.4.1 Limites de sucessões do tipo a n (a  IR, n  IN ) ....................................................................45

5.5 Soma de todos os termos de uma progressão geométrica ..............................................................47

5.6 O número de Neper .........................................................................................................................48

5.6.1 Aplicação do número de Neper ao cálculo de limites .................................................................49

Capítulo VI – Função Exponencial de Base Positiva ...................................................................................51

6.1 Função exponencial de base positiva ..............................................................................................51

6.1.1 Alguns gráficos de funções exponenciais ...................................................................................53

6.2 Equações exponenciais ....................................................................................................................54

6.3 Sistemas de equações envolvendo a função exponencial................................................................55

6.4 Inequações exponenciais .................................................................................................................56

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Capítulo VII – Função Logarítmica .............................................................................................................57

7.1 Noção de logaritmo de um número .................................................................................................57

7.2 Propriedades operatórias dos logaritmos........................................................................................58

7.3 Função logarítmica de base positiva e diferente de 1 ......................................................................60

7.3.1 Alguns gráficos de funções logarítmicas .....................................................................................61

7.4 Equações logarítmicas .....................................................................................................................63

7.5 Sistemas de equações envolvendo a função logarítmica .................................................................63

7.6 Inequações logarítmicas ..................................................................................................................64

7.7 Função inversa da função exponencial e da função logarítmica ......................................................65

7.8 Estudo da função exponencial e da função logarítmica ...................................................................67

7.9 Problemas envolvendo a função exponencial e a função logarítmica .............................................70

Capítulo VIII – Limites de Funções .............................................................................................................73

8.1 Limite de uma função num ponto....................................................................................................73

8.2 Regras operatórias de limites de funções ........................................................................................76

8.3 Limites laterais ................................................................................................................................77

8.4 Limites e infinitos ............................................................................................................................79

8.4.1 Limite quando x → + ou x → − ............................................................................................79

8.4.2 Limite infinito quando x tende para um número real .................................................................81

8.5 Limites notáveis da função exponencial ..........................................................................................83

8.6 Limites notáveis da função logarítmica ...........................................................................................84

Capítulo IX – Continuidade de Uma Função Real de Variável Real ............................................................85

9.1 Continuidade de uma função num ponto ........................................................................................85

9.2 Propriedades das funções contínuas ...............................................................................................90

9.3 Continuidade de uma função num intervalo de números reais .......................................................90

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Capítulo X – Assimptotas do Gráfico de Uma Função Real de Variável Real .............................................93

10.1 Assimptotas verticais .....................................................................................................................93

10.2 Assimptotas não-verticais .............................................................................................................94

Capítulo XI – Derivada de Uma Função Real de Variável Real ...................................................................96

11.1 Derivada de uma função num ponto .............................................................................................96

11.1.1 Interpretação geométrica da derivada de uma função num ponto ...........................................97

11.2 Derivadas laterais de uma função num ponto ...............................................................................99

11.3 Função derivada. Regras de derivação ........................................................................................101

11.3.1 Regras de derivação ..............................................................................................................102

11.3.2 Derivada da função exponencial. Regras de derivação ...........................................................104

11.3.3 Derivada da função logarítmica. Regras de derivação ............................................................105

11.4 Aplicações das derivadas .............................................................................................................106

11.4.1 Sentido da variação de uma função .......................................................................................106

11.4.2 Extremos relativos de uma função .........................................................................................107

11.4.3 Sentido das concavidades do gráfico de uma função..............................................................108

11.5 Estudo completo de uma função ................................................................................................110

11.6 Noção de infinitésimo simultâneo com ( x − a ) ............................................................................116

11.6.1 Ordem de um infinitésimo simultâneo ...................................................................................116

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Capítulo I – Cálculo Vectorial (no plano)


1.1 Conceito de vector
B
Se num segmento de recta  AB  definirmos um sentido, de A para B, indicado
A
por uma seta, obtemos o segmento orientado AB , onde o ponto A é a origem do
segmento e o ponto B é a extremidade do segmento.

Assim,

Definição:

Chama-se vector a um segmento de recta orientado, caracterizado por uma direcção, um sentido e
um comprimento. Representa-se por u ou u = AB .

Exemplo:

B
u
A

1.1.1 Vectores equipolentes

Definição:

Dois vectores AB e CD dizem-se equipolentes se os segmentos  AB  e CD  têm a mesma


direcção, o mesmo sentido e o mesmo comprimento.

Exemplo:
B
u v D
A
C

1.1.2 Vectores simétricos

Definição:

Dois vectores AB e CD dizem-se simétricos se tiverem, a mesma direcção, o mesmo


comprimento e sentido contrário.

B D
Exemplo: u −u
A
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OBS: O vector nulo 0 tem comprimento nulo e direcção e sentido indeterminados.

1.1.3 Vector como diferença de dois pontos

Definição:

Sendo A ( x1 , y1 ) e B ( x2 , y2 ) , então o vector AB define-se do seguinte modo:

AB = B − A = ( x2 , y2 ) − ( x1 , y1 ) = ( x2 − x1 , y2 − y1 )

Exemplo:

Considera os pontos: A ( 3;2) ; B (3;3) ; C (5;5) e D (5;6 ) .

a) Justifica que BA = DC .
b) Escreve as coordenadas dos vectores AC e DB .

Resolução:

a) BA = A − B = ( 3; 2 ) − ( 3; 3) = ( 3 − 3; 2 − 3) = ( 0; − 1) e

DC = C − D = ( 5; 5 ) − ( 5; 6 ) = ( 5 − 5; 5 − 6 ) = ( 0; − 1) , logo BA = DC .

b) AC = C − A = ( 5; 5 ) − ( 3; 2 ) = ( 2; 3)

DB = B − D = ( 3; 3) − ( 5; 6 ) = ( −2; − 3)

1.2 Componentes e coordenadas de um vector


Um vector u pode definir-se de dois modos:

• pelasRepública
suas coordenadas: u = ( u1 , u2 ) ;
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• pelas componentes dos vectores unitários i e j definidos num referencial ortonormado do plano

( O, i, j ) : u = u1i + u2 j . 7

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Exemplo:

Indica as componentes e as coordenadas de cada um dos


vectores representados na figura ao lado.

Resolução:

Considerando os vectores unitários i e j , tem-se:

vector coordenadas componentes


a ( 4; 0) 4i
b ( 2; 3) 2i + 3 j
c ( −2; − 2 ) −2i − 2 j
d ( −1; 3) −i + 3 j
e ( −4; 0 ) −4i
f ( −2; − 2 ) −2i − 2 j

1.3 Norma de um vector

Definição:

A norma de um vector u é o seu comprimento e representa-se por: u .

Se u = ( u1 , u2 ) , então u = u12 + u22 .

1.4 Adição de vectores

Definição:

A soma do vector u = ( u1 , u2 ) com o vector v = ( v1 , v2 ) é o vector: u + v = ( u1 + v1; u2 + v2 )


ou u + v = ( u1 i + u2 j ) + ( v1 i + v2 j ) = ( u1 + v1 ) i + ( u2 + v2 ) j .

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Geometricamente:

Sejam os vectores u e v representados pelos segmentos orientados AB e BC, como mostra a


figura:
B
u

v v
u
C
A
s = v +u

Os pontos A e C determinam um vector s que é a soma dos vectores u e v , isto é, s = v + u .

Exemplo:

Considera os vectores definidos por: u = ( −1,3) e v = ( 2,1) . Determina:

a) u e v b) u + v

Resolução:
v
a) u = ( −1)2 + 32 = 10 e v = 22 + 11 = 5

u+v
b) u + v = ( −1, 3) + ( 2, 1) = (1, 4 ) u

1.4.1 Propriedades da adição de vectores

Propriedades:

A adição de vectores goza das seguintes propriedades:

• comutatividade: u + v = v + u ;
• associatividade: ( u + v ) + w = u + ( v + w ) ;

• existência de elemento neutro: v + 0 = 0 + v = v ;

• existência de elemento simétrico: qualquer que seja o vector v , existe um só vector


−v (simétrico de v ) tal que: v + ( −v ) = −v + v = 0 .

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1.5 Subtracção de vectores

Definição:

A diferença do vector u = ( u1 , u2 ) com o vector v = ( v1 , v2 ) é o:

( )
u − v = u + −v = ( u1 + ( −v1 ) ; u2 + ( −v2 ) )

Geometricamente:

Sejam os vectores u e v :
v
−v −v
v
u
u
s =u+v
w = u −v

Exemplo:

Considera os vectores definidos por: u = ( −1,3) e v = ( 2,1) . Determina: u − v e v − u .

Resolução:

( )
• u − v = u + −v = ( −1,3) + ( −2, −1) = ( −1 − 2,3 − 1) = ( −3,2)

( )
• v − u = v + −u = ( 2,1) + (1, − 3) = (3, − 2)

1.6 Adição de um ponto com um vector

Definição:

A soma de um ponto A com um vector u é o ponto B que corresponde à extremidade do


vector AB , sendo AB = u , ou seja, A + u = ( x0 , y0 ) + ( u1 , u2 ) = ( x0 + u1 , y0 + u2 ) = B .

Geometricamente:
B = A+u

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Exemplo:

Considera o vector u = ( −1,3) e o ponto A = ( 2,1) . Determina a soma do ponto A com o vector u .

B = A+u
Resolução:

A + u = ( 2, 1) + ( −1, 3) = (1, 4)
u

1.7 Multiplicação de um número real por um vector

Definição:

Seja k  IR e u = ( u1 , u2 ) , então ku = k ( u1 , u2 ) = ( ku1 , ku2 ) , ou ainda, ku = k ( u1 i + u2 j ) = ku1 i + ku2 j .

Geometricamente:

u v
2u −3v

Exemplo:
1
Considera os vectores u = ( −1,3) e v = ( 2,1) . Determina 3u − v .
2

Resolução:

1 1  1  17 
3u − v = 3  ( −1, 3) −  ( 2, 1) = ( −3, 9 ) − 1,  =  −4, 
2 2  2   2

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1.7.1 Propriedades da multiplicação de vectores

Propriedades:

Se u e v são vectores quaisquer e a e b números reais, tem-se:

• associatividade: a (bu ) = ( ab ) u ;

• distributividade em relação à adição de escalares: ( a + b ) u = au + bu ;

• distributividade em relação à adição de vectores: a (u + v ) = au + av ;

• identidade: 1u = u .

1.8 Vectores colineares

Definição:

Dois vectores u e v dizem-se colineares (ou paralelos) se existe um número k  IR tal que
u = kv .

OBS: O vector nulo é colinear com qualquer vector.

Exemplo:

Verifica se são colineares os seguintes pares de vectores:

a) u = ( 4,1) e v = ( −8, −2 ) b) u = 2i + 5 j e v = 4i − 6 j .

Resolução:

 4  1
4 = −8k k = − 8 
k =−
a) u = kv  ( 4, 1) = k ( −8, − 2 )     2
.
1 = −2 k k = − 1 k = − 1
 2  2

1
Logo, u = − v , donde se conclui que os vectores são colineares.
2

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 2  1
 2 = 4k k = 4 k = 2
(
b) u = kv  2i + 5 j = k 4i − 6 j   )
5 = −6k
  .
k = − 5 k = − 5
 6  6

Logo, não existe k de modo que u = kv , e portanto, os vectores não são colineares.

1.9 Distância entre dois pontos

Definição:

Sejam A e B dois pontos tais que: A = ( x1 , y1 ) e B = ( x2 , y2 ) . Então a distância entre A e B,

que se designa por AB , é dada por: AB = AB = ( x2 − x1 )2 + ( y2 − y1 )2 .

Exemplo:

Considera os pontos: A ( 3;2) ; B (3;3) e D (5;6 ) e determina AB e DA .

Resolução:

AB = ( 3 − 3)2 + ( 3 − 2 )2 = 1 = 1 e DA = ( 3 − 5 )2 + ( 2 − 6 )2 = 20

1.10 Ângulo de dois vectores

Definição:

Sejam u e v dois vectores não nulos com a mesma origem. O ângulo dos dois vectores u e
^
v representa-se por u , v e tem-se que:

^
• 00  u , v  1800

^ u v
• u , v = 00 se os vectores forem colineares, com o mesmo sentido.

^
• u , v = 1800 se os vectores forem colineares com sentidos contrários. v
u
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1.11 Produto interno (ou escalar) de dois vectores

Definição:

O produto interno, ou produto escalar, de dois vectores não nulos u e v é um número real
(daí o nome de escalar), e representa-se por u  v ou u | v .

 ^   ^  u v
Por definição tem-se: u  v = u  v .cos  u , v   cos  u , v  = .
    u  v

1.11.1 Consequências da definição

Consequências:

• O produto escalar de dois vectores perpendiculares é nulo, ou seja, u ⊥ v  u  v = 0 .


• Se u = 0 ou v = 0 , então u  v = 0 .
• Se u  v  0 , então o ângulo dos vectores u e v é agudo.
• Se u  v  0 , então o ângulo dos vectores u e v é obtuso.

1.11.2 Propriedades do produto interno

Propriedades:

O produto interno goza das seguintes propriedades:


• u  v = v  u, u, v V (o produto escalar é comutativo);
2
• u  u = u , u V ;

• ( ) ( ) ( )
k u  v = ku  v = u  kv , u , v  V , k  IR ;

• u  ( v + w ) = u  v + u  w, u, v, w  V (o produto escalar é distributivo em relação à adição de


vectores).

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1.11.3 Produto escalar nas coordenadas dos vectores

Definição:

O produto escalar de dois vectores u e v , num referencial o.n., é igual à soma do produto
das primeiras coordenadas com os produto das segundas coordenadas dos vectores, ou seja, sendo
u = ( u1 , u2 ) e v = ( v1 , v2 ) , então u  v = u1v1 + u2v2 .

Exemplo:

Considera, num referencial ortonormado ( O , i, j ) do plano, os vectores a = ( 2; −1) e b = (1;3) .


^
Determina a , b .

Resolução:
^
Para determinar a , b é necessário calcular a , b e a  b .

Ora, a = 22 + ( −1) = 5 , b = 12 + 32 = 10 e a  b = 2 1 + ( −1)  3 = −1 .


2

 ^  −1 −1 ^
Assim, cos  a , b  = = −0,14  a , b = arccos ( −0,14 ) 980
  5  10 50

1.12 Perpendicularidade de vectores

Definição:

Num referencial o.n. do plano, dois vectores u = ( u1 , u2 ) e v = ( v1 , v2 ) , são perpendiculares

se e só se u1v1 + u2v2 = 0  u  v = 0 .

Generalizando: Dado um vector u = ( u1 , u2 ) num referencial o.n., todos os vectores com


coordenadas do tipo ( −ku2 , ku1 ) , com k  IR , são perpendiculares a u .

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Exemplo:

Dado o vectores a = (1;3) , determina o valor de a de modo que o vector ( −5, a ) seja perpendicular
ao vector a .

Resolução:

Designe-se o vector ( −5, a ) por b .

Para que a e b sejam perpendiculares, então a  b tem de ser nulo, ou seja, a  b = 0 .

5
Portanto, a  b = 0  1 ( −5 ) + 3a = 0  −5 + 3a = 0  a = .
3

5
Deste modo, considerando a = tem-se que os vectores dados são perpendiculares.
3

1.13 Projecção de um vector sobre um eixo

Definição:

Dados dois vectores u e v pertencentes a V , chama-se v


projecção ortogonal de v sobre u ao número real

( )
proju v = v  cos u,v . u
proju v

u v
Nota: Atendendo às definições dadas, tem-se que: u  v = u  proju v  proju v = .
u

Exemplo:

Determina a projecção do vector a = (1;3) sobre o vector b = ( −3; 4 ) .

Resolução:

a b
Pela nota anterior tem-se que: projb a = .
b

a b 9
Ora, a  b = 1 ( −3) + 3  4 = 9 e b = ( −3) + 42 = 25 = 5 , logo projb a =
2
= .
b 5

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Capítulo II – Sucessões
O termo sucessão é muito utilizado na linguagem corrente. Por exemplo, é frequente falar-se:

 da sucessão dos dias e das noites;


 da sucessão dinástica; etc.

2.1 Conceito de sucessão


Chama-se sucessão a toda a aplicação de domínio IN.

Exemplos:

g : IN →
f : IN →
4−n
n n +1 n
n

sucessão com valores em ou sucessão com valores em ou

sucessão de números inteiros sucessão de números racionais

Definição:

Chama-se sucessão de números reais a toda a função real de variável natural, ou seja, a
toda a aplicação de IN em IR.

Exemplo:

A sucessão ( un )nIN definida por un = n + 1 é uma sucessão de números reais.

2.1.1 Termos de uma sucessão


Considerando a sucessão do exemplo acima, os seus termos são:

u1 = 1 + 1 = 2 → primeiro termo ou termo de ordem um

u2 = 2 + 1 = 3 → segundo termo ou termo de ordem dois

u10 = 10 + 1 = 11 → decimo termo ou termo de ordem dez

… un = n + 1 → n-esimo termo ou termo de ordem n ou termo geral ou termo gerador

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2.1.2 Gráfico de uma sucessão

O gráfico de uma sucessão é um conjunto de pontos isolados.

un

2.1.3 Contradomínio de uma sucessão

O contradomínio de uma sucessão é o conjunto dos termos da própria sucessão.

Relativamente à sucessão ( u n ) temos que o seu contradomínio

é: D un = u1, u2 , u3 , ..., un , un+1, ... .


'

 De entre as sucessões mais simples destacam-se:

- a sucessão dos números naturais 1, 2, 3, 4, ... , n, ... ( un = n )

- a sucessão dos números pares 2, 4, 6, 8, ... ,2n, ... ( vn = 2n )

- a sucessão dos números ímpares 1, 3, 5, 7, ... ,2n − 1, ... ( wn = 2n − 1)


- as sucessões cujos termos são todos iguais entre si (sucessões constantes)

5, 5, 5, 5, ... ,5, ... ( tn = 5 )

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2.2 Modos de representação de uma sucessão


As sucessões podem ser representadas de três formas diferentes: pelos seus termos, pelo termo
geral e por um processo de recorrência.

2.2.1 Pelos seus termos


Exemplo:

an : 2, 4, 6, 8, ... ,2n, ... ( an = 2n ) sucessão dos números pares

2.2.2 Pelo termo geral


Exemplos:

3 2n − 1
an = 1 + bn =
2n n+5

(OBS : Uma sucessão de números reais fica bem definida se for dado o seu termo geral, visto que o
domínio é IN e o conjunto de chegada é IR.)

2.2.3 Por um processo de recorrência

Se os termos de uma sucessão se podem calcular a partir de termos anteriores conhecidos, diz-se
que a sucessão está definida por recorrência.

Exemplos:
c1 = 3
c2 = c1 + 4 = 3 + 4 = 7
c1 = 3
cn =  c3 = c2 + 4 = 7 + 4 = 11
cn +1 = cn + 4, n  IN c4 = c3 + 4 = 11 + 4 = 15

cn : 3, 7, 11, 15, ...

d1 = 1
d1 = 1 d2 = 2

d n = d 2 = 2 d3 = d 2 + d1 = 1 + 2 = 3
d = d + d , n  IN d 4 = d3 + d 2 = 3 + 2 = 5
 n + 2 n +1 n
d5 = d 4 + d3 = 5 + 3 = 8

d n : 1, 2, 3, 5, 8, ...

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2.3 Noção de subsucessão

Definição:

Uma subsucessão de uma sucessão é uma sucessão que se obtém da primeira por omissão
de alguns termos.

Exemplos:

1.

• sucessão: un = n (1, 2, 3, 4, 5, ... , n, ...)

• subsucessão dos termos de ordem par : vn = 2n ( 2, 4, 6, 8, ... , 2n, ...)

sucessão dos números pares

• subsucessão dos termos de ordem ímpar : wn = 2n − 1 (1, 3, 5, 7, ... , 2n − 1, ...)

sucessão dos números ímpares

2.

n 2 se n par
• sucessão: un = 1 + ( −1) =  ( 0, 2, 0, 2, 0, 2, ...)
0 se n impar

• subsucessão dos termos de ordem par : vn = 2 ( 2, 2, 2, 2, ... , 2, ...)

sucessão constante igual a 2

• subsucessão dos termos de ordem ímpar : wn = 0 ( 0, 0, 0, 0, ... , 0, ...)

sucessão constante igual a 0

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2.4 Sucessões monótonas

Definições:

Seja ( un )nIN uma sucessão de números reais.

Então,

▪ ( u n ) é crescente  un+1  un , n  IN  un+1 − un  0, n  IN .

(isto é, cada termo é menor que o termo seguinte)

▪ ( u n ) é crescente em sentido lato  un+1  un , n  IN  un+1 − un  0, n  IN .

▪ ( u n ) é decrescente  un+1  un , n  IN  un+1 − un  0, n  IN .

▪ ( u n ) é decrescente em sentido lato  un+1  un , n  IN  un+1 − un  0, n  IN .

Nota: Às sucessões crescentes (decrescentes) também se chama sucessões estritamente


crescentes (estritamente decrescentes).

OBS: Toda a sucessão crescente ou decrescente em sentido estrito ou lato é uma sucessão
monótona.

Exemplo:

Estuda cada uma das seguintes sucessões quanto à monotonia.

a) an = 1 − 2n

an +1 − an = 1 − 2 ( n + 1) − (1 − 2n ) = 1 − 2n − 2 − 1 + 2n = −2  0, n  IN

Como an+1 − an  0, n  IN , então ( an ) é monótona decrescente em sentido lato.

b) bn = ( −1)n

n 1 se n par −2 se n par


bn = ( −1) =  , logo, bn+1 − bn = ( −1)n+1 − ( −1)n = 
−1 se n impar 2 se n impar

Como bn+1 − bn não é sempre positivo, negativo ou nulo para todo o n  IN , então ( bn ) é não
monótona; e, como os seus termos são alternadamente positivos e negativos, então ( bn ) é não
monótona e oscilante.

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2.5 Sucessões limitadas

Definições:

Seja ( un )nIN uma sucessão de números reais.

Def. 1: ( un )nIN diz-se limitada sse o conjunto dos seus termos admite um majorante
e um minorante, isto é,

( u n ) é limitada  m, M  IR : m  un  M , n  IN .

Def. 2: ( un )nIN diz-se limitada sse existe um número real positivo L tal que
un  L, n  IN , isto é,

( u n ) é limitada   L  IR + : un  L, n  IN .

(Note-se que un  L  − L  un  L )

Exemplo:

4
Mostra que a sucessão de termo geral an = 3 + é limitada.
n

Resolução:

Aplicando a def. 1: Aplicando a def. 2:

Queremos mostrar que   L  IR + : an  L, n  IN .

Ora,
4 1 4 4 4
an = 3 + = 3+ 4 an  L  3 +  L  3 +  L   L − 3  4  nL − 3n 
n n n n n
1 4 4
Ora, 0   1  0   4  3  3 +  7  nL − 3n  4  n ( L − 3)  4
n n n

• se L = 4, tem − se n ( 4 − 3)  4  n  4
Logo, considerando m = 4 e M = 7 , temos
• se L = 7, tem − se n ( 7 − 3)  4  n  1
que m  an  M , n  IN .

Donde, ( an ) é limitada. Considerando L = 4 não se obtém uma condição


universal para qualquer n  IN mas tomando L = 7 isso
já acontece, logo com L = 7 temos que an  L, n  IN .
Logo, ( an ) é limitada.

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Capítulo III – Progressões


3.1 Progressões Aritméticas

Definição:

Uma sucessão ( un )nIN é uma progressão aritmética sse a diferença entre dois termos
consecutivos quaisquer é constante, isto é,

( u n ) é progressão aritmética  un+1 − un = r, n  IN .

À constante r dá-se o nome de razão da progressão e tem-se que:

• se r  0 , então ( u n ) é monótona crescente;

• se r 0, então ( u n ) é monótona decrescente;

• se r = 0 , então ( u n ) é monótona constante.

3.1.1 Termo geral

O termo geral de uma progressão aritmética ( un )nIN , de primeiro termo u1 e razão r é dado
por: un = u1 + ( n − 1)  r , n  IN .

3.1.2 Propriedade

A relação entre dois quaisquer termos de uma progressão aritmética ( un )nIN é dada pela
seguinte fórmula: un = uk + ( n − k ) .r , n  IN .
Exemplo:

Numa progressão aritmética ( an )nIN sabe-se que a3 = 5 e a5 = 15 . Calcula a razão da


progressão e escreve uma expressão do seu termo geral.

Resolução:

10
a5 = a3 + ( 5 − 3) .r  15 = 5 + 2r  2r = 15 − 5  r = r =5
2

a5 = a1 + ( 5 − 1) .5  15 = a1 + 4.5  a1 = 15 − 20  a1 = −5

Logo, o termo geral será: an = −5 + ( n − 1) .5  an = −5 + 5n − 5  an = −10 + 5n

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3.1.3 Soma de n termos consecutivos de uma P.A.

A soma de n termos consecutivos de uma progressão aritmética ( un )nIN é dada por:


u1 + un
Sn = .n, n  IN , em que u1 e un são o primeiro e o último termos, respectivamente, a somar.
2

Exemplo:

22 e 27 são respectivamente o décimo e o décimo primeiro termos de uma progressão


aritmética ( un )nIN .

Determina o primeiro termo e a soma dos vinte primeiros termos.

Resolução:
r = u11 − u10  r = 27 − 22  r = 5
u1 = u10 + (1 − 10 ) .r  u1 = 22 − 9.5  u1 = 22 − 45  u1 = −23
u20 = u10 + ( 20 − 10 ) .r  u20 = 22 + 10.5  u20 = 22 + 50  u20 = 72

u1 + u20 −23 + 72
S20 = .20  S20 = .20  S20 = 490
2 2

3.2 Progressões Geométricas


Definição:

Uma sucessão ( un )nIN , de termos não nulos, é uma progressão geométrica sse o quociente
entre cada termo e o anterior é constante, isto é,
un +1
( u n ) é progressão geométrica  = r , n  IN , sendo r a razão da progressão.
un

3.2.1 Monotonia
Uma progressão geométrica ( un )nIN de razão r e primeiro termo u1 , quanto à monotonia é:

u1  0 u1  0

0  r 1 decrescente crescente

r 0 r =1 constante constante

r 1 crescente decrescente

r 0
Não monótona (os termos são alternadamente positivos e
negativos)

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3.2.2 Termo geral

O termo geral de uma progressão geométrica ( un )nIN , de primeiro termo u1 e razão r é


dado por: un = u1  r n−1, n  IN .

Exemplo:

Prova que a sucessão de termo geral an = 3  6n −2 é uma progressão geométrica e classifica-a


quanto à monotonia.

Resolução:

an +1 = 3  6n +1− 2 = 3  6n −1

an +1 3  6n −1 6n −1 n −1−( n − 2 )
Logo, = = =6 = 6n −1− n + 2 = 6, n  IN
an 3  6n − 2 6n − 2

an +1
Como = 6 (constante), n  IN , então ( an ) é uma progressão geométrica.
an

Para estudar a monotonia temos de calcular a1 .

1 1
a1 = 3  61− 2 = 3  6−1 = 3  =
6 2

Como a razão é maior que 1 e a1 é positivo, então ( an ) é monótona crescente.

3.2.3 Propriedade

A relação entre dois quaisquer termos de uma progressão geométrica ( un )nIN é dada pela
seguinte fórmula: un = uk  r n−k , n  IN .

3.2.4 Soma de n termos consecutivos de uma P.G.

A soma de n termos consecutivos de uma progressão geométrica ( un )nIN é dada por:

Sn = n.u1, se r = 1
1− rn , em que u1 é o primeiro termo a somar.
Sn = u1  , se r  1, n  IN
1− r

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Exemplo:

Os quarto e oitavo termos de uma progressão geométrica crescente ( un )nIN são,


respectivamente 4 e 64 .

Determina o primeiro termo, a razão e a soma dos dez primeiros termos da sucessão.

Resolução:

u8 = u4  r 8−4  64 = 4  r 4  r 4 = 16  r =  4 16  r = 2  r = 2 (pois ( an ) é monótona crescente.)

64 1
a8 = a1  r 8−1  64 = a1  27  a1 =  a1 =
128 2

1 − r10 1 1 − 210 1 1 − 1024 1 −1023 1 1023


S10 = a1   S10 =   S10 =   S10 =   S10 =  1023  S10 =
1− r 2 1− 2 2 −1 2 −1 2 2

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Capítulo IV – Limites de Sucessões


4.1 Vizinhança de um número real
Dizemos que x é valor aproximado de a com erro inferior a
 se:
a − a a +
x−a  , sendo x − a o erro de x em relação a a.

Repare-se que:

x−a  
 x − a    x − a  − 
 x   + a  x  − + a 
 a −  x  a +
 x  a −  , a +  

Definição:

Ao intervalo a −  , a +   chama-se vizinhança de centro a e raio  e representa-se por


V ( a ) , isto é,

V ( a ) = a −  , a +   . (portanto, vizinhança de a de raio  é o conjunto de todos os valores aproximados de


a com erro inferior a  .)

Exemplo:

V0,1 ( 3) = 3 − 0,1 ; 3 + 0,1 = 2,9 ; 3,1

OBS: Qualquer intervalo de números reais aberto pode ser escrito sob a forma de vizinhança
do seguinte modo:

b+a
a , b = Vb −a  
2
 2 

Exemplo:

 11,4 + 10,6 
10,6 ; 11,4 = V11,4−10,6   = V0,4 (11)
2
 2 

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4.2 Limite de uma sucessão


n −1
Consideremos a sucessão ( un )nIN de termo geral un = .
n

Calculemos os seus primeiros termos e esbocemos o seu gráfico.

1 −1 2 −1 1 3 −1 2 4 −1 3 5 −1 4 100 − 1 99
u1 = = 0 ; u2 = = ; u3 = = ; u4 = = ; u5 = = ; ... ; u100 = =
1 2 2 3 3 4 4 5 5 100 100

Verifica-se que os termos da sucessão se vão aproximando de 1 .

Analise-se o erro de cada termo em relação a 1.

• u1 = 0 → 0 −1 = 1

1 1 1
• u2 = → − 1 = = 0,5
2 2 2

2 2 1
• u3 = → − 1 = = 0, ( 3)
3 3 3

3 3 1
• u4 = → − 1 = = 0,25
4 4 4

4 4 1
• u5 = → − 1 = = 0,2
5 5 5

99 99 1
• u100 = → −1 = = 0,01
100 100 100

Observa-se que os erros se estão a aproximar-se de zero, logo, os termos da sucessão se


aproximam de 1. Portanto, fixando um erro qualquer  , podemos sempre determinar uma ordem a
partir da qual todos os termos da sucessão são valores aproximados de 1 , com erro inferior a  , isto é,

  0 p  IN n  IN , n  p  un − 1   ou   0 p  IN n  IN , n  p  un  V (1) .

28 Matemática - 12º Ano de Escolaridade


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Neste caso, dizemos que 1 é o limite da sucessão e representa-se por: lim un = 1 ou un → 1 (lê-se
un tende para 1 ou un converge para 1 ).

Definição:

Uma sucessão ( un )nIN tem por limite, tende para a ou converge para a, a  IR sse para

todo o   IR+ existe uma ordem a partir da qual todos os termos da sucessão são valores
aproximados de a a menos de  , ou seja, todos os termos da sucessão pertencem ao
intervalo a −  , a +   .

Simbolicamente, tem-se:

lim un = a    0 p  IN n  IN , n  p  un − a   ou

lim un = a    0 p  IN n  IN , n  p  un  V ( a )

Exemplo:

2n
Mostra que a sucessão de termo geral an = tende para 2.
n+3

Resolução:

lim an = 2    0 p  IN n  IN , n  p  an − 2  

2n 2n − 2n − 6 −6 6 6 − 3
Ora, an − 2    − 2           6  n + 3  n + 3  6  n  .
n+3 n+3 n+3 n+3 

6 − 3 2n
Portanto, podemos escrever n   −2  ; e consequentemente, tomando p um
 2n + 3

6 − 3
número natural maior ou igual a , temos que é verdadeira a proposição

  0 p  IN n  IN , n  p  an − 2   .

Então, lim an = 2 ou an tende para 2 .

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___________________________________________________________ 29
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4.3 Sucessões convergentes

Definição:

Uma sucessão ( un )nIN é convergente sse tem por limite um número real a. Dizemos que a

sucessão tende para a, converge para a ou que o seu limite é a.

Simbolicamente escreve-se: lim un = a ou un → a .

Se uma sucessão não é convergente, diz-se que é divergente.

Exemplo:

2n + 1
Mostra, a partir da definição, que a sucessão de termo geral wn = não converge para 1 .
n

Resolução:

Suponhamos que wn → 1 . Então,   0 p  IN n  IN , n  p  wn − 1   .

2n + 1 2n + 1 − n n +1 n +1
Ora, wn − 1    −1           n + 1  n  n  1 + n  n − n  1  n ( − 1)  1
n n n n

1 1
Se  − 1  0    1 vem n Se  − 1  0    1 vem n
 −1  −1

Apesar de todos os termos a partir da ordem Neste caso, os únicos termos que são valores
1
serem valores aproximados de 1 a menos de aproximados de 1 a menos de  são apenas os de
 −1
1
ordem inferior a e não todos a partir de uma
 , tal só acontece se   1 e não para qualquer  −1

  0 , como exige a definição. certa ordem como exige a definição.

Portanto, é falso que wn → 1 , ou seja, wn não converge para 1 .

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4.3.1 Teoremas sobre sucessões convergentes

Teorema:

Toda a sucessão constante é convergente e converge para essa constante.

Exemplo:

Considere-se a sucessão ( vn )nIN de termo geral vn = 5, n  IN .

Ora, lim vn = lim 5 = 5 ou ainda vn → 5 .

Teorema da Unicidade do Limite:

O limite de uma sucessão, quando existe, é único.

Exemplo:

5
Mostra que a sucessão de termo geral un = ( −1)n − 2  é divergente.
3

Resolução:

Calculemos os primeiro quatro termos de ( u n ) .

1− 2 5 −1 5 5 5 2−2 5 0 5 5 5
u1 = ( −1)  = ( −1)  = −1  = − u2 = ( −1)  = ( −1)  = 1  =
3 3 3 3 3 3 3 3

3− 2 5 1 5 5 5 4−2 5 2 5 5 5
u3 = ( −1)  = ( −1)  = −1  = − u4 = ( −1)  = ( −1)  = 1  =
3 3 3 3 3 3 3 3

 5
− se n impar
n−2 5 
 3
Verificamos que un = ( −1)  = , ou seja, a subsucessão dos termos de ordem
3 5
se n par

3
5 5
par converge para e a dos termos de ordem ímpar converge para − ; pelo que a sucessão ( u n ) não
3 3
5 5
pode ter como limite e − (Teorema da Unicidade do Limite). Logo, ( u n ) não tem limite e por isso
3 3
é uma sucessão divergente oscilante.

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Teorema:

Toda a subsucessão de uma sucessão convergente converge para o mesmo limite.

Exemplo:

1 1
Considerando a sucessão de termo geral un = , temos que vn = é uma subsucessão de ( u n )
n 2n
e un → 0 . Logo, vn → 0 .

Teorema (Critério de Convergência):

Toda a sucessão monótona e limitada é convergente.

Exemplo:

2n + 1
Prova que a sucessão de termo geral an = é convergente.
n+3

Resolução:

• Monotonia

2 ( n + 1) + 1 2n + 1 2n + 2 + 1 2n + 1 2n + 3 2n + 1 2n 2 + 6n + 3n + 9 − 2n 2 − n − 8n − 4
an +1 − an = − = − = − =
n +1+ 3 n+3 n+4 n+3 n+4 n+3 ( n + 3)( n + 4 )
5
=  0, n  IN
( n + 3)( n + 4 )

Como an+1 − an  0 n  IN , então ( an ) é monótona crescente.

• Limitada

Pretende-se mostrar que L  IR + : an  L, n  IN .

2n + 1 2n + 1
Ora, an  L  L  L  2n + 1  nL + 3L  2n − nL  3L − 1  n ( 2 − L )  3L − 1
n+3 n+3

Tomando L=2, tem-se n ( 2 − 2 )  3  2 − 1  0n  5 , o que é uma condição universal em IN.

Logo, ( an ) é limitada.

Portanto, como ( an ) é monótona e limitada, então é convergente.

32 Matemática - 12º Ano de Escolaridade


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4.4 Infinitésimos

Definição:

Uma sucessão ( un )nIN é um infinitésimo sse o seu limite é zero.

Simbolicamente escreve-se:

( un ) infinitésimo  lim un = 0
 un → 0
   0 p  IN n  IN , n  p  un  V ( 0 )
   0 p  IN n  IN , n  p  un  

Exemplo:

5
Prova que a sucessão de termo geral an = é um infinitésimo.
2n + 5

Resolução:

Quer-se mostrar que   0 p  IN n  IN , n  p  an   .

5 5 −5 + 5
Ora, an         5  2n + 5  −2n  5 − 5  2n  −5 + 5  n  .
2n + 5 2n + 5 2

5 − 5
Assim, tomando p um número natural maior ou igual a , temos que é verdadeira a
2

proposição   0 p  IN n  IN , n  p  an   .

Então, lim an = 0 ou an tende para 0 . Portanto, an é um infinitésimo.

4.4.1 Infinitésimos de referência


Consideram-se infinitésimos de referência as seguintes sucessões de termo geral:

1 1 1 1
an = bn = cn = dn =
n n2 n 2n

4.5. Infinitamente grandes


Considere-se a sucessão dos números pares: un = 2n e escreva-se os seus seis primeiros termos:

2 ; 4 ; 6 ; 8 ; 10 ; 12 ; ...

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___________________________________________________________________________

Existirá um número par maior do que todos os outros? Não. Por maior que seja o número par
que se imagine, existe sempre um maior do que ele e todos os números pares seguintes são também
maiores do que o número imaginado.

Diz-se que a sucessão dos números pares é um infinitamente grande positivo ou que tende
para mais infinito. Simbolicamente escreve-se: lim ( 2n ) = + ou 2n → + .

4.5.1 Infinitamente grande positivo


Definição:

Uma sucessão ( un )nIN é um infinitamente grande positivo sse, qualquer que seja o número

real positivo L, existe uma ordem a partir da qual todos os termos de ( u n ) são maiores do que L,

isto é,

( u n ) é um infinitamente grande positivo  L  0 p  IN n  IN , n  p  un  L

Simbolicamente escreve-se: un → + ou lim un = + .

Exemplo:

Mostra que a sucessão de termo geral bn = 2n + 1 é um infinitamente grande positivo.

Resolução:

Pretende-se provar que L  0 p  IN n  IN , n  p  bn  L .

Seja L  0 qualquer.

L −1
Ora, un  L  2n + 1  L  2n  L − 1  n  . Assim, tomando p um número natural maior ou
2

L −1
igual a , temos que todos os termos da sucessão de ordem superior a p são maiores do que L, ou
2

seja, é verdadeira a proposição   0 p  IN n  IN , n  p  bn  L .

Então, lim bn = + ou bn → + . Portanto, bn é um infinitamente grande positivo.

34 Matemática - 12º Ano de Escolaridade


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____________________________________________________

4.5.1.1 Infinitamente grandes positivos de referência


Consideram-se infinitamente grandes positivos de referência as seguintes sucessões de termo
geral:

an = n bn = n2 cn = n dn = 2n

4.5.2 Infinitamente grande negativo

Definição:

Uma sucessão ( un )nIN é um infinitamente grande negativo sse a sucessão ( −un )nIN cujos

termos são simétricos dos da sucessão ( u n ) , é um infinitamente grande positivo, isto é,

( u n ) é um infinitamente grande negativo  ( −un ) é um infinitamente grande positivo, ou

seja, un → −  −un → + .

Exemplo:

Mostra que a sucessão de termo geral cn = 1 − 5n é um infinitamente grande positivo.

Resolução:

Para mostrar que lim un = − temos de mostrar que lim ( −un ) = + , ou seja,

L  0 p  IN n  IN , n  p  −un  L .

Seja L  0 qualquer.

L +1
Ora, −un  L  −1 + 5n  L  5n  L + 1  n  . Assim, tomando p um número natural maior
5

L +1
ou igual a , temos que todos os termos da sucessão ( −un ) de ordem superior a p são maiores do
5

que L, ou seja, é verdadeira a proposição   0 p  IN n  IN , n  p  −un  L .

Então, lim ( −un ) = + e assim ou lim un = − . Portanto, un é um infinitamente grande negativo.

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___________________________________________________________ 35
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___________________________________________________________________________

4.5.2.1 Infinitamente grandes negativos de referência


Consideram-se infinitamente grandes negativos de referência as seguintes sucessões de termo
geral:

an = −n bn = −n2 cn = − n dn = −2n

4.5.3 Infinitamente grande em módulo

Definição:

Uma sucessão ( un )nIN é um infinitamente grande em módulo sse a sucessão ( un )nIN cujos

termos são o módulo dos da sucessão ( u n ) , é um infinitamente grande positivo, isto é,

( u n ) é um infinitamente grande em módulo  un →   ( un ) é um infinitamente grande positivo,


ou seja, un → + .

Exemplo:

Mostra que a sucessão de termo geral dn = ( −1)n  (1 − 3n ) é um infinitamente grande em módulo.

Resolução:

Para mostrar que d n é um infinitamente grande em módulo temos de mostrar que

lim ( dn ) = + , ou seja, L  0 p  IN n  IN , n  p  d n  L .

Seja L  0 qualquer.

L +1
Ora, dn  L  ( −1)n  (1 − 3n )  L  ( −1)n  (1 − 3n )  L  −1 + 3n  L  3n  L + 1  n  . Assim,
3

L +1
tomando p um número natural maior ou igual a , temos que todos os termos da sucessão d n de
3

ordem superior a p são maiores do que L, ou seja, é verdadeira a proposição


  0 p  IN n  IN , n  p  d n  L .

Então, lim ( dn ) = + e portanto, d n é um infinitamente grande em módulo.

36 Matemática - 12º Ano de Escolaridade


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____________________________________________________

4.5.3.1 Infinitamente grandes em módulo de referência


Consideram-se infinitamente grandes em módulo de referência as seguintes sucessões de
termo geral:

an = ( −1)  n bn = ( −1)  n2 cn = ( −1)  n dn = ( −1)  2n


n n n n

4.6 Teorema sobre infinitamente grandes e infinitésimos

Teorema:

O inverso de um infinitamente grande é um infinitésimo e vice-versa, isto é, se

1 1
un →   →0, com un  0, n  IN e un → 0  → , com un  0, n  IN .
un un

Exemplo:

1
Prova que lim = 0.
5 + 3n

Resolução:

1
Para provar que lim = 0, basta provar que lim ( 5 + 3n ) = + , ou seja,
5 + 3n

L  0 p  IN n  IN , n  p  5 + 3n  L .

Seja L  0 qualquer.

L−5
Ora, 5 + 3n  L  3n  L − 5  n  . Assim, tomando p um número natural maior ou igual a
3

L−5
, temos que todos os termos da sucessão ( 5 + 3n ) de ordem superior a p são maiores do que L, ou
3

seja, é verdadeira a proposição   0 p  IN n  IN , n  p  5 + 3n  L .

1
Então, lim ( 5 + 3n ) = + e portanto, lim = 0.
5 + 3n

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___________________________________________________________________________

4.7 Classificação de sucessões


Quanto à existência e natureza do limite, as sucessões classificam-se em:

Não tem limite a sucessão: Tem limite  a sucessão:

2 se n par un = ( −1)  n
n

un =  1
 n se n impar

devido ao teorema da unicidade do


limite

38 Matemática - 12º Ano de Escolaridade


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Capítulo V – Cálculo do Limite de Sucessões


5.1 Operações com sucessões convergentes
Sejam ( an )nIN e ( bn )nIN duas sucessões convergentes em que: lim an = a e lim bn = b , com
a, b  IR .

Então, verificam-se as seguintes propriedades:

• lim ( an + bn ) = lim an + lim bn = a + b

• lim ( an − bn ) = lim an − lim bn = a − b

• lim ( an  bn ) = lim an  lim bn = a  b

 a  lim an a
• lim  n  = = ( bn  0, n  IN e b  0)
 bn  lim bn b

an a
Nota: Se a  0 e b = 0, lim =  ( = , a  0 )
bn 0

• ( )
lim anbn = ( lim an )
lim bn
= a b (a e b não podem ser simultaneamente nulos)

• lim k an = k lim an = k a (se k é par, então an  0, n  IN  a  0 )

Exemplo:

1 3n + 1
Considera as sucessões de termo geral un = 1 − e vn = . Calcula:
n 2n

 2u − a 2 
a) lim un b) lim vn c) lim  n n
 
 u n  
 

Resolução:

a) lim un = lim 1 −  = lim 1 − lim = 1 − 0 = 1


1 1
 n n

3n + 1  3n 1  3n 1 3 1 1 3 1 3 3
b) lim vn = lim = lim  +  = lim + lim = lim +  lim = +  0 = + 0 =
2n  2n 2n  2n 2n 2 2 n 2 2 2 2

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c)
 2u − v 2    2u − v  
lim 2
  2u v 
2
  v  
2
v 
2
lim  n n   = lim  n n   = lim  n − n   = lim  2 − n   =  lim 2 − lim n 
 un     un     un un     un    un 
 
2
2 
3
 lim vn   2 
2 2
3 1 1
= 2 −  = 2 −  = 2 −  =   =
 lim un   1  2  2 4
 
 

5.2 Operações com sucessões divergentes


Considere-se duas sucessões ( an )nIN e ( bn )nIN que têm por limite + , ou seja, lim an = + e
lim bn = + .

Então, lim ( an + bn ) = lim an + lim bn = + .

Simbolicamente, escreve-se: ( + ) + ( + ) = + .

Tomando a  IR \ 0 , outros resultados podem simbolicamente ser assim escritos:

• ( − ) + ( − ) = −

• ( + )  ( + ) = + ( + )  ( − ) = − ( − )  ( − ) = +

+ se a  0 − se a  0
• a  ( + ) =  a  ( − ) = 
− se a  0 + se a  0

• a + ( + ) = + a + ( − ) = − a − ( + ) = − a − ( − ) = +

+ + se a  0 − − se a  0
• = =
a − se a  0 a + se a  0

a a
• =0 =
 0

Exemplo:

3
Considera as sucessões de termo geral un = 2 + e vn = −2n .
n

Calcula:

a) lim un b) lim vn c) lim ( un  vn )

e) lim  − vn 
1
d) lim ( 3vn )
 2 

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Resolução:

a) lim un = lim  2 +  = lim 2 + lim = 2 + 3lim = 2 + 3  0 = 2


3 3 1
 n n n

b) lim vn = lim ( −2n ) = lim ( −2 )  lim n = −2  ( + ) = −

c) lim ( un  vn ) = lim un  lim vn = 2  ( − ) = −

d) lim ( 3vn ) = lim 3  lim vn = 3  ( − ) = −

e) lim  − vn  = lim  −   lim vn = −  ( − ) = +


1 1 1
 2   2 2

5.3 Indeterminações
0
Do cálculo de limites com sucessões convergentes podem resultar situações do tipo ou 00 e
0

quando os cálculos envolvem operações com sucessões divergentes podem acontecer casos de

 − ; ; 0  ; 0 e 1 .

Nestes casos não é possível indicar, de uma forma directa, o limite. Por vezes esse limite nem
existe. São situações chamadas de indeterminação.

Quando, efectuando alguns cálculos, se consegue determinar o limite, diz-se que se levantou a
indeterminação.

 0
As indeterminações a estudar são do tipo ; ; 0 e  −  .
 0


5.3.1 Indeterminações do tipo

Exemplo:

3n 2 + 2n + 1
Calcula o seguinte limite: lim .
−4n 2 + 2

Resolução:

Temos que

( ) ( )
lim 3n2 + 2n + 1 = lim 3  lim n2 + lim 2  lim n + lim 1 = 3  ( + ) + 2  ( + ) + 1 = ( + ) + ( + ) + 1 = ( + ) + 1 = +

e lim ( −4n2 + 2) = lim ( −4 )  lim ( n2 ) + lim 2 = −4  ( + ) + 2 = ( − ) + 2 = −

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___________________________________________________________________________

3n 2 + 2n + 1 
Logo, lim = .
−4n 2 + 2 

Para levantar indeterminações deste tipo existem dois processos diferentes:

1º Processo: Dividir o numerador e o denominador pela maior potência de n.

3n 2 2n 1 2 1 2 1
+ 2+ 2 3 + + 2 lim 3 + lim + lim 2
3n + 2n + 1
2
n 2
n n n n n n 3+ 0+ 0 3
lim = lim = lim = = =−
−4n 2 + 2 −4n 2 2 2
−4 + 2
2
lim ( −4 ) + lim 2 −4 + 0 4
+ 2
n2 n n n

2º Processo: Pôr em evidência no numerador e no denominador o termo em n de maior grau.

 2 1  2 1 2 1
3n2 1 + + 2 1+ + 2 lim 1 + lim + lim 2
3n2 + 2n + 1  3n 3n  3n2 3n 3n  3 3 n 3n 3 1+ 0 + 0 3
lim = lim = lim  lim = lim  −   =−  =−
−4n + 2
2  2  −4n 2
1− 2
2  4 2
lim 1 − lim 2 4 1− 0 4
−4n2 1 − 2 
 4n  4n 4n


OBS: De um modo geral, as indeterminações do tipo levantam-se da seguinte forma:

 a a p −1 ap 
a0 n p 1 + 1 + ... + + p
P ( n) a0 n p + a1n p −1 + ... + a p −1n + a p  an p −1 
lim = lim = lim  0 a0 n a 0n 
Q (n) b0n q + b1n q −1 + ... + aq −1n + aq  b bq −1 bq 
b0 n q 1 + 1 + ... + + q
 bn q −1 
 0 b0 n b0n 

 a a p −1 ap 
1 + 1 + ... + + 
a0n p
 a0n a0n p − 1
a0n p  a0 n p a0n p
= lim  lim = lim  1 = lim
b0 n q  b bq −1 bq  b0 n q b0n q
1 + 1 + ... + q −1
+ q 
 b0 n b0n b0 n 

Ou seja, este tipo de indeterminação levanta-se, normalmente, através do cálculo do limite do


quociente entre os termos de mais alta potência do numerador e do denominador.

5.3.2 Indeterminações do tipo 0


Este tipo de indeterminações reduz-se a indeterminações do tipo , efectuando cálculos.

42 Matemática - 12º Ano de Escolaridade


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Exemplo:

 1 n3 + 5 
Calcula o seguinte limite: lim   2  .
n n 

Resolução:

 n3 5 5
 1 n3 + 5  0 + 3 lim 1 + lim 3
n3 + 5  n 3
n n 1+ 0
lim   2  = lim 3 =
lim = = =1
n n  3 lim 1 1
  n n
n3

0
5.3.3 Indeterminações do tipo
0


Este tipo de indeterminações também se reduz a indeterminações do tipo , efectuando

cálculos.

Exemplo:

2
Calcula o seguinte limite: lim 3n +1 .
n +1
n2

Resolução:

2 0  2n 2
2 
lim 3n + 1 = lim n2
0 2n 2 lim 2
= lim = lim =
n +1 ( 3n + 1) n + 1  3n 1  3 1   3 1 
 2 + 2  n +1  + 2  n + 1  lim + lim 2  lim n + lim1
n2 n n  n n   n n 
2 2
= = =?
(
+
0 +0 +
) + + 1 0  

Outro processo:

2 0 
3n + 1 0 2n 2  2n 2 2n 2 2n 2
lim = lim = lim = lim = lim
n +1 ( 3n + 1) n + 1 ( 3n + 1)2 ( n + 1) (9n2 + 6n + 1) ( n + 1) 9 n3 + 9 n 2 + 6 n 2 + 6 n + n + 1
n2
 2n 2
2 
= lim
2n n2 = lim
2
= lim
9n + 15n + 7 n + 1
3 2
9n + 15n + 7 n + 1
3 2
9n 15n 2 7 n 1
3
2
+ 4 + 4+ 4
n n4 n n n
2 lim 2 2 2
= lim = = = + = +
+ + + +
9 15 7
+ + +
1 9 15 7
lim + lim 2 + lim 3 + lim 4
1 0 +0 +0 +0 0
n n 2 n3 n 4 n n n n

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___________________________________________________________________________

Outro processo:

2 0  2
2n 2   2n 2   2n 2 
2
4n 4
+ 0
= lim   lim 
3n 1  = lim
= lim
(9n2 + 6n + 1) ( n + 1)
lim
( 3n + 1) n + 1 ( 3n + 1) n + 1   
n +1 

  ( 3n + 1) n + 1 
2
n
4n 4 4n 4 4n 4
= lim = lim = lim
9n + 9n + 6n + 6n + n + 1
3 2 2
9n + 9n + 6n + 6n + n + 1
3 2 2
9n + 15n 2 + 7 n + 1
3

 4n 4
 n4 4 lim 4 2
= lim 3 = lim = = +
9n 15n 2
7n 1 9 15 7 1
+ 2+ 3+ 4
9 15 7 1
lim + lim 2 + lim 3 + lim 4 0 + 0 + 0+ + 0+
+
+ 4 + 4+ 4
n 4
n n n n n n n n n n n
2
= = + = +
0+

5.3.4 Indeterminações do tipo −

Este tipo de indeterminações levanta-se por dois processos diferentes:

1º Processo: Pôr em evidência o termo em n de maior grau (no caso dos polinómios).

Exemplo:

Calcula o seguinte limite: lim ( 2n3 − n ) .

Resolução:

( 
)  n    1  
( )
1 
−
lim 2n3 − n = lim 2n3 1 − 3  = lim 2n3 1 − 2  = lim 2n3  lim 1 − 2  = ( + )  (1 − 0 ) = +
  2n    2n   2n 

2º Processo: Multiplicar e dividir pelo conjugado (no caso dos radicais).

Exemplo:

Calcula o seguinte limite: lim ( n − n + 1 ) .

Resolução:

( )( ) = lim ( n ) − ( )
2 2
n − n +1 n + n +1 n +1 n − n −1 −1
( )
−
lim n − n +1 = lim = lim = lim
n + n +1 n + n +1 n + n +1 n + n +1
lim ( −1) −1 −1 −1
= = = = = 0−
lim n + lim n + lim 1 ( + ) + ( + + 1) ( + ) + ( + ) +

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5.4 Sucessão do tipo a n (a  IR, n  IN )


Seja ( un )nIN uma sucessão de termo geral un = an (a  IR, n  IN ) .

Então, quanto à monotonia e à convergência, tem-se:

a  IR Monotonia Convergência
Propriamente divergente
a 1 Monótona crescente
un → +
Convergente
a =1 Constante
un → 1
0  a 1 Monótona decrescente Convergente (infinitésimo)
a=0 Constante
un → 0
−1  a  0
a = −1 Não monótona
Divergente oscilante
a  −1

Exemplo:

Calcula cada uma das seguintes sucessões quanto à monotonia e à convergência:


n n
a) un =   b) vn =  − 
3 2
2  3

Resolução:

3
a) Como 1, então ( u n ) é monótona crescente e propriamente divergente ( un → + ) .
2

2
b) Como −1  −  0 , então ( vn ) é não monótona e é um infinitésimo ( vn → 0 ) .
3

5.4.1 Limites de sucessões do tipo a n (a  IR, n  IN )


Exemplo:

Determina cada um dos seguintes limites:

2n +1 + 3n
a) lim b) lim ( 5n +1 − 6n )
2n

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___________________________________________________________________________
Para levantar a indeterminação devemos dividir ambos os
termos da fracção pelo termo de maior base ou maior
expoente.
Resolução:

2n +1
n
 3n 3n 1 3 1
+ n +1 1+ n  1+   
2n +1 + 3n  n +1 2 1 + ( + )
= lim  
2 2 2 2 2
a) lim = lim = lim n = = +
2n 2 n
2 1 1
1 1

2n +1 2n 2 2 2

outro processo:

2n +1 3n
n
 2n 2
n +1
+ 3n 
+  2 +1    2 +1 0 2 +1 1
2 3n n
3 = lim 3n
= 3 = = + +
a) lim = lim lim
2n 2 n
 2
n
2
n
0+ 0
   
3n  3 3

Para levantar a indeterminação devemos colocar em


evidência o termo de maior base ou maior expoente.

b)

 n +1  6n    6n 
( ) ( )
−
lim 5n +1 − 6n = lim 5 1 − n +1   = lim 5  5  lim 1 − n +1 
n

  5    5 
 6n 1    6 n 1 
( ) ( )
  5  5 
 
 
1 
= lim 5n  5  lim 1 − n   = lim 5n  5  lim 1 −     = +  1 −  +    = +  ( − ) = −
 5 5 5 
 

outro processo:

b)

 n  5n +1    5n 
( ) ( )
−
lim 5n +1 − 6n = lim 6  n − 1  = lim 6  lim  n  5 − 1
n

  6   6 
 5  n 
( )
= lim 6n  lim    5 − 1 = +  ( 0  5 − 1) = +  ( −1) = −
 6  

46 Matemática - 12º Ano de Escolaridade


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____________________________________________________

5.5 Soma de todos os termos de uma progressão


geométrica
Nota:
Ao estudar-se as progressões geométricas, foi apresentada a fórmula para
S1 = u1
determinar a soma de n termos consecutivos de uma progressão geométrica ( un )nIN : S2 = u1 + u2
S3 = u1 + u2 + u3
1− r n ...
Sn = u1  , com r  1 .
1− r S15 = u1 + u2 + ... + u15
...
Se se designar por S a soma de todos os termos de ( un )nIN , ou seja, o limite Sn = u1 + u2 + ... + un
...
de Sn quando n → + , tem-se:
 1− rn  Quando n → +  obtém-se
S = lim Sn = lim  u1   , com r  1.
 1 − r  a soma de todos os termos

da sucessão ( un ) .
nIN

 u 
S = lim Sn = lim  1  .
Se −1  r  1 , então r n → 0 , logo, vem 1− r 

Exemplos:

1. Determina a soma de todos os termos de uma progressão geométrica ( un )nIN em que


1
u1 = 1 e r= .
2

3n − 2
2. Determina a soma de todos os termos da progressão geométrica de termo geral vn = .
5

Resolução:

u1 1 1
1. Como −1  r  1 , então S = . Logo, S = = = 2. Portanto, a soma de todos os termos
1− r 1 1
1−
2 2

de ( un )nIN é 2 .

3n +1− 2 1
5  3n −1 n −1−( n − 2 ) 31− 2 3−1 3 1
2. r = n5− 2 = =3 = 3n −1− n + 2 = 3, n  IN e v1 = = = = . Logo,
3 5  3n − 2 5 5 5 15
5

 1 1 − 3n   1 − 3n 
S = lim Sn = lim   
 15 1 − 3 
= lim 
 −30 
 1 
 30 
1
(
30
) 1
= lim  −   lim 1 − 3n = −  1 − ( + ) = −  ( − ) = +
30
   

Portanto, a soma de todos os termos de ( vn )nIN é + .

República de Cabo Verde


___________________________________________________________ 47
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___________________________________________________________________________

5.6 O número de Neper


n
Considere-se a sucessão ( un )nIN de termo geral un = 1 +  . Determine-se alguns dos seus
1
 n

termos e veja-se o que acontece quando n → + .

1
 1
u1 = 1 +  = 2
 1
2
 1
u2 = 1 +  = 2, 25
 2
3
 1
u3 = 1 +  = 2, ( 370 )
 3
...
5
 1
u5 = 1 +  2, 48832
 5
...
10
 1
u10 = 1 +  2,59374
 10 
...
100
 1 
u100 = 1 +  2,70481
 100 
...
1000
 1 
u1000 = 1 +  2,71692
 1000 
...
10.000
 1 
u10.000 = 1 +  2,71815
 10.000 

Verifica-se que a sucessão se aproxima cada vez mais de um número. A esse número
irracional dá-se o nome de número de Neper e representa-se por e. A sua descoberta atribui-se a um
lorde escocês chamado John Napier, que em 1614 publicou um livro que lhe levou mais de 20 anos a
escrever e que revolucionou a Matemática da época.

Neper não se apercebeu da importância deste número. Só um século depois, com o


desenvolvimento do cálculo infinitesimal, se veio a reconhecer o papel de relevo de tal número.

Hoje este número é importante em quase todas as áreas do conhecimento: economia,


engenharia, biologia, sociologia, etc.

n n
 1  1
Assim, escreve-se: lim 1 +  = e ou 1 +  → e
n →+  n  n

Uma aproximação do número e com dez casas decimais é a seguinte: e 2,718 281828 4 .

48 Matemática - 12º Ano de Escolaridade


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5.6.1 Aplicação do número de Neper ao cálculo de limites


Sejam ( un )nIN uma sucessão de números reais, a, k  IR e k  0 .

1. un un
 1   k 
lim 1 +  =e e lim 1 +  = ek
 u n  u n

Exemplos:

2n 3n
 2
a) lim 1 + 
1 1
=e b) lim 1 − n  = e−2 =
 2n   3  e2

2. n+a
 1  1 n  1 a   1
n
 1
a
lim 1 +  = lim 1 +   1 +   = lim 1 +   lim 1 +  = e  1 = e
 n  n   n    n  n

ou
Exemplos:

3+ n 3 n
 1  1  1
a) lim 1 +  = lim 1 +   lim 1 +  = 1 e = e
 n   n  n

n −5 n −5
 1  1  1
b) lim 1 +  = lim 1 +   lim 1 +  = e 1 = e
 n   n  n

3. n+a −a n+a −a
 1  
n
1   1   1  
lim 1 +  = lim 1 +  = lim 1 +   1 +  
 n+a  n+a  n + a   n + a  
n+a −a
 1   1 
= lim 1 +   lim 1 +  = e 1 = e
 n+a  n+a

Exemplos:

n n +3−3 n +3 −3
 1   1   1   1 
a) lim 1 +  = lim 1 +  = lim 1 +   lim 1 +  = e 1 = e
 n+3  n+3    n+3  n+3
n n − 4+ 4 n−4 4
 1   1   1   1 
b) lim 1 +  = lim 1 +  = lim 1 +   lim 1 +  = e 1 = e
 n−4  n−4  n−4  n−4

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4. k lim k
 1
kn  1  n    1 n 
lim 1 +  = lim 1 +   = lim 1 +   = ek
 n  n     n  

Exemplos:

−3n −3 lim( −3)


 1  1  n    1 n  1
a) lim 1 +  = lim 1 +   = lim 1 +   = e−3 =
 n  n     n   e3

3n2 2 lim 2
6n  5  
3n   5  
3n
 5   5 
( )
2 1
b) lim 1 −  = lim 1 −  = lim 1 −   = lim 1 −   = e−5 = e−10 =
 3n   3n  3n     3n   e10

5.  kn 
1
kn lim
1 1
 1 
n
  1  k  1  k  
kn
1   k
1
lim 1 +  = lim 1 +  = lim 1 +   = lim 1 +   = ek
 kn   kn    kn     kn  
 

Exemplos:

1 1
 10n 
1
 10n lim
1  10   1   10
n 10n 1
 1    1  10 
a) lim 1 +  = lim +
 10n 
1

= lim   1 +   =  lim  1 +   = e10
 10n   10n     10n  
 

b)
1 1
 3n 
1
 3n lim
2  3   2  3
n 3n 1 2

( )3 = e 3 =
 2  2  3 −

lim 1 −  = lim 1 −  = lim 1 −   = lim 1 −   = e−2
1
=
1
 3n   3n     3n     3n  
2 3 2
      e
e3

50 Matemática - 12º Ano de Escolaridade


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Capítulo VI – Função Exponencial de Base Positiva


6.1 Função exponencial de base positiva

Definição de função exponencial de base positiva:

Chama-se função exponencial de base a à correspondência: f : IR → IR tal que

f ( x ) = a x , com a  0 .

Função exponencial do tipo f ( x ) = a x Função exponencial do tipo f ( x ) = a x

a 1 0  a 1

▪ Domínio: IR ▪ Domínio: IR

▪ Contradomínio: IR + ▪ Contradomínio: IR +

▪ f é injectiva ▪ f é injectiva

▪ f é contínua e diferenciável em IR ▪ f é contínua e diferenciável em IR

▪ f é estritamente crescente ▪ f é estritamente decrescente

▪ f ( x )  0, x  IR e f ( 0) = 1 ▪ f ( x )  0, x  IR e f ( 0) = 1

▪ lim a x = + ▪ lim a x = 0
x →+ x →+

▪ lim a x = 0 ▪ lim a x = +
x →− x →−

▪ A recta de equação y = 0 é uma assimptota ▪ A recta de equação y = 0 é uma assimptota


horizontal do gráfico de f quando x → − . horizontal do gráfico de f quando x → + .

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Nota: Se a = 1 , a função é constante e por isso tem pouco interesse o seu estudo. Veja-se,
então, os casos em que 0  a  1 e a  1 .

OBS: Deste tipo de funções, a mais importante é a de base e (Número de Neper), que é
definida por: f ( x ) = e x .

Exemplo da aplicação da função exponencial:

Uma população de bactérias aumenta 50% em cada dia. Se no início havia 1 milhão de
bactérias, quantas haverá ao fim de 3 dias? E ao fim de t dias?

Resolução:

Considere-se a unidade como sendo milhões de bactérias.

Então, tem-se:

▪ Ao fim de 1 dia 1 + 0,5 = 1,5

▪ Ao fim de 2 dias 1,5 + 0,5 1,5 = 1,5 (1 + 0,5) = 1,5 1,5 = 1,52

▪ Ao fim de 3 dias 1,52 + 0,5 1,52 = 1,52 (1 + 0,5) = 1,52 1,5 = 1,53

▪ Ao fim de t dias ……………………………………………. 1,5t

Portanto, ao fim de 3 dias existem 3 milhões, trezentas e setenta e cinco bactérias.

Verifica-se, ainda, que o número de bactérias, ao fim de t dias, é dado por uma função
exponencial de base 1,5.

Nota: A função exponencial intervém em inúmeras aplicações matemáticas, na Ciência e na


Indústria, e é indispensável no estudo de muitos problemas de Economia e Finanças, nomeadamente
no cálculo de “juros compostos”.

52 Matemática - 12º Ano de Escolaridade


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Exercício:

Suponha-se que se coloca 3000 contos a prazo, à taxa de juro de 20% ao ano e não se levanta
qualquer dinheiro durante 10 anos.

Quanto se tem a receber (capital acumulado) ao fim desse período ao fim desse tempo?

E ao fim de t anos?

(Tenta resolver o problema e apresenta a solução ao teu professor de Matemática)

6.1.1 Alguns gráficos de funções exponenciais


Gráficos das funções Gráficos das funções
f1 ( x ) = 3x ; f 2 ( x ) = 5x ; f3 ( x ) = 7 x ; f4 ( x ) = 1 f ( x ) = 2x ; f1 ( x ) = 2 x + 1; f2 ( x ) = 2x + 2
.
e f5 ( x ) = 0. e f3 ( x ) = 2 x + 3.
Quais não são funções exponenciais?

x
1
Gráficos das funções f ( x ) = 2x e g ( x ) =   = 2− x .
 2

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x x
Gráficos das funções f ( x ) = 2x ; g ( x ) =   = 2− x e h ( x ) =   .
1 1
 2  2
y

6.2 Equações exponenciais


Exemplo:

Resolve cada uma das seguintes equações exponenciais:

−x 4 2 2 x−1 4
= 4 x +1
2
a) 8x = 0, 25 b) 8x c) 4 x − 20  2 x + 64 = 0 d) − =
2 3 3

Resolução:

( )  2
x 1 1 2
a) 8x = 0, 25  23 =  23x = 2  23x = 2−2  3x = −2  x = − C.S . = − 
4 2 3  3

b)

( ) ( )
−x x2 − x x +1
= 4 x +1  23 −3 x
= 22 x + 2  3 x 2 − 3 x = 2 x + 2  3 x 2 − 5 x − 2 = 0
2 2
8x = 22  23 x

5  49 1  1 
x= x=2  x=− C.S . = − ; 2 
6 3  3 

( ) ( )
x 2
c) 4 x − 20  2 x + 64 = 0  22 − 20  2 x + 64 = 0  22 x − 20  2 x + 64 = 0  2 x − 20  2 x + 64 = 0

Fazendo uma mudança de variável e considerando 2 x = y , tem-se:

20  400 − 256 20  144


y 2 − 20 y + 64 = 0  y = y=  y = 16  y=4
2 2

54 Matemática - 12º Ano de Escolaridade


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Substituindo os valores encontrados na equação acima, vem:

• 2 x = 16  2 x = 24  x = 4

• 2 x = 4  2 x = 22  x = 2 C.S. = 2; 4

d)
x
4 2 2 x −1 4
x x x

2

3
=  3  4 2 − 2  2 x −1 = 8  3  22
3
( ) 2
( )
− 2  2 x  2 −1 = 8  3  22 2 − 2  2 x  2 −1 = 8
2x
1 8
 3.2 2 − 2  2 x  = 8  3  2 x − 2 x = 8  2  2 x = 8  2 x =  2 x = 4  2 x = 22  x = 2
2 2

C.S . = 2

6.3 Sistemas de equações envolvendo a função exponencial


Exemplo:

Resolve cada um dos seguintes sistemas de equações exponenciais:

 x
22 x + y = 4 8 2 16 y −1 = 1
 
a)  1 b)  x

2 x − y = 2 2 5 4 − 4 y = 1
  5

Resolução:

a)
22 x + y = 4 22 x + y = 22 2 x + y = 2  ______________  ____________
    y = 2 − 2x  
     1     1   1
 x − ( 2 − 2 x ) = − 2
1 1
 x − y = − 2  x − 2 + 2 x = − 2
− −
2 x − y = 2 2 2 x − y = 2 2  ________
 
 ____  1 y =1
 _____________  _____  y = 2 − 2   1  
   1   2   1 C.S . =  , 1 
 2 x − 4 + 4 x = −1  6 x = 3  x =  __________  x =  2  
2 2

b)

 x  x
8 2 16 y −1 = 1 8 2 16 y −1 = 1  __________  __________  __________
 −4+16 y
   8 2 16 y −1 = 1
 x   x   
5 4 − 4 y = 1
x
 4 −4 y −1  4 − 4 y = −1  x − 16 y = −4  x = −4 + 16 y  _______________
 5 =5
5

( ) ( )
−2 +8 y y −1
8−2+8 y 16 y −1 = 1  23  24 =1 2−6+ 24 y  24 y −4 = 1 2−6+ 24 y + 4 y −4 = 1
   
 _____________  __________________  ______________  _____________

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228 y −10 = 20  10  5  _____________  _________


28 y − 10 = 0 y = y =  
   28   14   5   80
 _________  __________  _____ x = −4 + 16  x = −4 +
 _____  14  14

 5
 __________
 
 _____  y = 14  12 5  
 −56 + 80   24   C.S . =  ,  
 x = 14  x = 14  x = 12  7 14  
 7

6.4 Inequações exponenciais


Exemplo:

Resolve cada uma das seguintes inequações exponenciais:

x
b)    81 d) 5u ( u−3) 
1 1
a) 5 x  625 c) 91− x  243
 
3 25

Resolução:

a) 5x  625  5x  54  x  4 C.S. = 4, + 

x
b)    81  3−1 ( )
1 x
 34  3− x  34  − x  4  x  −4 C.S. = −4, + 
3 

outro processo

x x x −4
1 1 1 1
   81     3      
4
 x  −4 C.S . = −4, + 
 3 3 3 3

c)

( )
1− x 3
91− x  243  32  35  32−2 x  35  2 − 2 x  5  −2 x  5 − 2  −2 x  3  2 x  −3  x  −
2
 3
C.S . =  −, − 
 2

d)
5( )
1 1
 5u −3u  2  5u −3u  5−2  u 2 − 3u  −2  u 2 − 3u + 2  0  u  −, 1  2, + 
u u −3 2 2

25 5

C. A.
3 1
u 2 − 3u + 2 = 0  u =  u = 2  u =1
2

C.S. = −, 1  2, + 

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Capítulo VII – Função Logarítmica


7.1 Noção de logaritmo de um número

Definição de logaritmo de um número:

Chama-se logaritmo de um número x na base a, e escreve-se log a x , com

a  IR+ \ 1 e x  IR+ , ao número y a que é necessário elevar a base a para obter x, e escreve-se:

loga x = y  x = a y

CASOS PARTICULARES:

• log a 1 = 0 ; log a a b = b ; a log a b = b .

Nota: Quando a base é e (Número de Neper), omite-se o e e escreve-se ln a (logaritmo


neperiano de a); e, quando a base é 10, omite-se o 10 e escreve-se log a .

Exemplo:

Calcula o valor dos seguintes números reais:

1
a) log3 27 b) log5 c) log 2 8
125

1
d) log 2
4 e) log 4
64

Resolução:

1 1
a) log3 27 = log3 33 = 3 b) log5 = log5 3 = log5 5−3 = −3
125 5

1 1 3
c) log 2 8 = log 2 8 2 = log 2 23 ( ) 2 = log 2 2 2 =
3
2

d) Neste caso é mais fácil resolver a equação


y
 1y
y
y
log 2 4 = y  4 = 2  4 =  2 2   22 = 2 2  2 =  y = 4 . Logo, log 4 = 4.
  2 2
 

1 1 3

( )
1 1 1 − − − 3
e) log 4 =y = 4y  1
= 4 y  64 2 = 4 y  43 2 = 4y  4 2 = 4y  y = −
64 64 2
64 2

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7.2 Propriedades operatórias dos logaritmos

Propriedades operatórias dos logaritmos:

Sejam x, y  IR+ , p  IR e a, b  IR+ \ 1 . Então, têm-se as seguintes propriedades:

• loga ( x  y ) = loga x + loga y ;

x
• log a   = log a x − log a y ;
 y

• log a x p = p  log a x ;

logb x 1
• log a x = , log a x = , com x  IR+ \ 1
logb a log x a

• log a x = logb x  log a b (mudança de base)

Exemplos:

1. Sem efectuar as operações entre parêntesis, calcula:

a) log3 (81 27 ) b) log (10 000  0,01) c) log 2 ( 2  64 )

Resolução:

a) log3 (81 27 ) = log3 81 + log3 27 = log3 34 + log3 33 = 4 + 3 = 7

 10 000 
 = log10 000 − log 0, 01 = log10 − log10 = 4 − ( −2 ) = 6
4 −2
b) log 
 0, 01 

1
c) log 2 ( )
2  64 = log 2 2 + log 2 64 = log 2 22 + log 2 26 =
1
2
+6 =
13
2

2. Sem efectuar as operações, determina:

105  0, 001 5
216 e  e10
a) log b) log 6 c) ln
3 0, 01 36 4 e5 e

58 Matemática - 12º Ano de Escolaridade


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________________________________________________________
Resolução:

a)
1 1
log
105  0, 001
3 0, 01
( )
= log 105  0, 001 − log 3 0, 01 = log105 + log 0, 001 − log 0, 013 = 5 + log10−3 − log 10−2 ( ) 3

2
−  2 8
= 5 − 3 − log10 3 = 2−−  =
 3 3

b)
1 1 3

( ) ( )
5
216 2 4 3 37
log 6 4
= log 6 216 − log 6 36 = log 6
5 4
216 5 − log 6 6 = log 6 63 5
− log 6 6 = log 6
8
6 5 −8 = −8 = −
36 5 5

c)
1 1
ln
e  e10
5
e e
= ln ( e e 10
) − ln ( e e ) = ln
5 10
(
e + ln e − ln e + ln e = 5
) ln e 2 + 10 − 1 − ln e 5 =
1
2
1 93
+9− =
5 10
= 9,3

3. Simplifica cada uma das seguintes expressões:

a) e 2 −3 ln 5 b) 101+ 2 log  c) 23+ 2 log2 10

Resolução:

−3 1 e2
a) e2−3ln 5 = e2  e−3ln 5 = e2  eln 5 = e2  5−3 = e2  =
53 125

b) 101+ 2 log  = 101 102 log  = 10 10log  = 10 2


2

c) 23+ 2 log2 10 = 23  22 log 2 10 = 8  2log 2 10 = 8 102 = 800


2

4. Prova que:

2
− 2 log 7 y x6
a) 4log 4 x +1 = 4 x b) 73log7 x = c) 23+ 2log2 10
y2

Resolução:

a) 4log4 x +1 = 4log 4 x  41 = x  4 = 4 x c.q.d .

( )
3
− 2 log 7 y log7 x 2 −2 1 x6
= 73log7 x  7 −2 log 7 y = 7
2 2 6
b) 73log7 x  7log 7 y = 7log 7 x  y −2 = x6  =
y2 y2

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___________________________________________________________ 59
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7.3 Função logarítmica de base positiva e diferente de 1

Definição de função logarítmica de base positiva:

Chama-se função logarítmica de base a à correspondência: f : IR → IR tal que

f ( x ) = loga x, com a  IR+ \ 1 .

Propriedades da função logarítmica:

Função logarítmica f ( x ) = log a x Função logarítmica f ( x ) = log a x

a 1 0  a 1

▪ Domínio: IR +

▪ Contradomínio: IR

▪ f é injectiva ▪ Domínio: IR +

▪ Contradomínio: IR
▪ f é contínua e diferenciável em IR +
▪ f é injectiva
▪ f é estritamente crescente
▪ f é contínua e diferenciável em IR +
▪ f (1) = 0
▪ f é estritamente decrescente
▪ lim log a x = −
x → 0+
▪ f (1) = 0
▪ lim log a x = +
x →+ ▪ lim log a x = +
x → 0+
▪ A recta de equação x = 0 é uma assimptota
vertical unilateral do gráfico de f. ▪ lim a x = −
x →+

A recta de equação x = 0 é uma assimptota



vertical unilateral do gráfico de f.
OBS: Deste tipo de funções, a mais importante é a de base e (Número de Neper), que é
definida por: f ( x ) = ln x .

60 Matemática - 12º Ano de Escolaridade


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________________________________________________________

7.3.1 Alguns gráficos de funções logarítmicas

OBS: Quanto maior for a base de um logaritmo, mais próximo de ambos os eixos estará o seu gráfico.

OBS: Conhecido o gráfico da função exponencial, o da função logarítmica é o simétrico do da


primeira relativamente à bissectriz dos quadrantes ímpares (a recta de equação y = x ), visto as duas
funções serem inversas uma da outra.

Exemplo:

Gráficos das funções f ( x ) = e x , g ( x ) = ln x e h ( x ) = x .

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7.4 Equações logarítmicas


Exemplo:

Resolve cada uma das seguintes equações logarítmicas:

a) log 2 x + log 2 2 = −2 ( )
b) log3 x 2 + 8 − log3 x = 2

d) 4log   + log 
x 25 
c) log52 x − log5 x − 6 = 0  = 2log x
5  4 

Resolução:

a) log 2 x + log 2 2 = −2

O domínio da equação é dado por: D = x  IR : x  0 = 0, +  = IR+ .

1 1
log 2 x + log 2 2 = −2  log 2 ( 2 x ) = log 2 2−2  2 x = 2−2  2 x =  x = D
4 8

1 
C.S . =  
8 

( )
b) log3 x 2 + 8 − log3 x = 2

 
O domínio da equação é dado por: D = x  IR : x 2 + 8  0  x  0 = 0, +  = IR + .

 x2 + 8 
( )
log3 x 2 + 8 − log3 x = 2  log3 
 x   = log3 32 
x2 + 8
x
= 32 
x2 + 8
x
= 9  x2 + 8 = 9 x
 
9  49
 x2 − 9 x + 8 = 0  x =  x=8  x =1 C.S . = 1; 8
2

c) log52 x − log5 x − 6 = 0

O domínio da equação é dado por: D = x  IR : x  0 = 0, +  = IR+ .

Fazendo uma mudança de variável e considerando log5 x = y , tem-se:

62 Matemática -12º Ano de Escolaridade


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________________________________________________________

1  25
y2 − y − 6 = 0  y =  y=3  y = −2
2

Substituindo os valores encontrados na equação acima, vem:

• log5 x = 3  x = 53  x = 125  D

1 1  1
• log5 x = −2  x = 5−2  x = x= D C.S. = 125; 
52 25  15 

d) 4log   + log   = 2log x


x 25
5  4

O domínio da equação é dado por: D =  x  IR :  0  x  0 = 0, +  = IR + .


x
 5 

 x  25 
4 log   + log   = 2 log x  4 ( log x − log 5 ) + log 25 − log 4 − 2 log x = 0
5  4 

 4 log x − 4 log 5 + log 25 − log 4 − 2 log x = 0  2 log x − 4 log 5 + log 5 2 − log 4 = 0

 2 log x − 4 log 5 + 2 log 5 − log 4 = 0  2 log x − 2 log 5 − log 4 = 0  2 ( log x − log 5 ) = log 4

 x
 2 ( log x − log 5 ) = log 22  2 ( log x − log 5 ) = 2 log 2  log x − log 5 = log 2  log   = log 2
5
x
 = 2  x = 10  D C.S . = 10
5

7.5 Sistemas de equações envolvendo a função logarítmica


Exemplo:

log y x = 2
Resolve o seguinte sistema envolvendo uma equação logarítmica: 
 x + y = 6

Resolução:

a)
log y x = 2
 x = y2  x  0  y  0  y  1 
  ________  ___________
  _____  x = 4
   2  2  
x + y = 6
  _______________________
 y + y = 6
 y + y −6 = 0
  y = −3  y = 2

C.S. = ( 4;2)

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7.6 Inequações logarítmicas


Exemplo:

Resolve cada uma das seguintes inequações logarítmicas:

a) log3 ( 2 x − 1)  log3 5 b) log 1 ( 5x + 2 )  −2 ( )


c) log5 x 2 − 4  0
2

Resolução:

a) log3 ( 2 x − 1)  log3 5

O domínio da inequação é dado por: D = x  IR : 2 x − 1  0 =  x  IR : x   =  , +   .


1 1
 2  2 

1 
log3 ( 2 x − 1)  log3 5  2 x − 1  5  2 x  6  x  3 C.S. =  ; 3
2 

b) log 1 ( 5x + 2 )  −2
2

 2  2 
O domínio da inequação é dado por: D = x  IR : 5x + 2  0 =  x  IR : x  −  =  − , +   .
 5  5 

−2 −2
1 1
log 1 ( 5 x + 2 )  −2  log 1 ( 5 x + 2 )  log 1    5x + 2     5 x + 2  22
2 2 2
2 2
2 2 
 5x + 2  4  5x  2  x  C.S . =  ; +  
5 5 

(
c) log5 x 2 − 4  0 )
 
O domínio da inequação é dado por: D = x  IR : x 2 − 4  0 = −, − 2  2, +  .

( ) ( )
log5 x 2 − 4  0  log5 x 2 − 4  log5 1  x 2 − 4  1  x 2 − 5  0

C. A.
x2 − 5 = 0  x2 = 5  x =  5  x = 5  x = − 5

C.S . =  −, − 5    5, +  

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7.7 Função inversa da função exponencial e da função


logarítmica
Nota: A função inversa de uma função exponencial de base a é uma função logarítmica com
a mesma base, e vice-versa. Assim, por exemplo, as funções f ( x ) = e x e g ( x ) = ln x , ou
f ( x ) = 10x e g ( x ) = log x são inversas uma da outra, ou seja, g ( x ) = f −1 ( x ) e f ( x ) = g −1 ( x ) .

Exemplo:

Caracteriza a função inversa de cada uma das seguintes funções reais de variável real
definidas analiticamente por:

1 − log3 (1 + 2 x ) 5
a) f ( x ) = 2 − e x−5 b) g ( x ) = c) h ( x ) = − ln ( 2 − 3x )
4 3

Resolução:

a) f ( x ) = 2 − e x−5

Como f é uma função exponencial, então o seu domínio é IR, logo, o contradomínio da sua
função inversa também é IR.

Determine-se a sua expressão analítica.

1º passo: substituir f ( x ) por y y = 2 − e x −5

2º passo: fazer mudança de variáveis x = 2 − e y −5

3º passo: resolver a equação em ordem a y


x = 2 − e y −5  e y −5 = 2 − x  ln e y −5 = ln ( 2 − x )  y − 5 = ln ( 2 − x )  y = ln ( 2 − x ) + 5

Portanto, f −1 ( x ) = ln ( 2 − x ) + 5 .

D f −1 =  x  IR : 2 − x  0 =  x  IR : − x  −2 =  x  IR : x  2 = −; 2

f −1 : −; 2 → IR
Assim, a caracterização da função inversa da função f é dada por:
x → ln ( 2 − x ) + 5

1 − log3 (1 + 2 x )
b) g ( x ) =
4

 1  1 
Dg =  x  IR :1 + 2 x  0 =  x  IR : x  −  =  − ; +   .
 2  2 

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Determine-se a sua expressão analítica.

1 − log3 (1 + 2 x )
1º passo: y=
4

1 − log 3 (1 + 2 y )
2º passo: x=
4

3º passo:
1 − log3 (1 + 2 y )
x=  1 − log3 (1 + 2 y ) = 4 x  − log3 (1 + 2 y ) = 4 x − 1  log 3 (1 + 2 y ) = −4 x + 1
4
log3 (1+ 2 y ) 31− 4 x − 1
3 = 31− 4 x  1 + 2 y = 31− 4 x  2 y = 31− 4 x − 1  y =
2

31−4 x − 1
Portanto, g −1 ( x ) = .
2

Dg −1 = IR

 1 
g −1 : IR →  − ; +  
 2 
Assim, a caracterização da função inversa da função g é dada por:
31− 4 x − 1
x →
2

5
c) h ( x ) = − ln ( 2 − 3x )
3

 2  2
Dh = x  IR : 2 − 3x  0 = x  IR : −3x  −2 =  x  IR : x   =  −;  .
 3  3

Determine-se a sua expressão analítica.

5
1º passo: y= − ln ( 2 − 3x )
3

5
2º passo: x= − ln ( 2 − 3 y )
3

3º passo:
5 5 5
−x −x −x
x = − ln ( 2 − 3 y )  ln ( 2 − 3 y ) = − x  e (
5 5 ln 2−3 y )
= e 3  2 − 3 y = e 3  −3 y = e 3 − 2
3 3
5 5 −3 x
−x
e3 −2 2−e 3
 y=  y=
−3 3

5 −3 x
2−e 3
Portanto, h−1 ( x ) = .
3

Dh−1 = IR

66 Matemática -12º Ano de Escolaridade


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________________________________________________________
 2
h −1 : IR →  −;
 3 
Assim, a caracterização da função inversa da função h é dada por: 5 −3 x
2−e 3
x →
3

7.8 Estudo da função exponencial e da função


logarítmica
Exemplos:

x
1. Considera a função real de variável real definida analiticamente por: f ( x ) =   − 1 .
1
 3

a) Determina o domínio e o contradomínio da função.

b) Calcula f ( 0) + f ( −2) .

c) Determina os zeros de f, se existirem.

d) Estuda a função quanto à injectividade.

e) Determina lim f ( x ) e lim f ( x ) .


x →+ x →−

f) Esboça o gráfico da função.

g) Caracteriza a função f −1 .

Resolução:

a) D f = IR

x x
1 1
   0    − 1  −1 , logo, D f = −1; + 
'
 3  3

 1 0   1 −2 
b) f ( 0 ) + f ( −2 ) =   − 1 +   − 1 = 1 − 1 + 32 − 1 = 8
 3    3  

x x x 0
1 1 1 1
c) f ( x ) = 0    − 1 = 0    = 1    =    x = 0 . Logo, o zero de f é x = 0 .
 3  3  3  3

República de Cabo Verde


___________________________________________________________ 67
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__________________________________________________________________________________

d) f é injectiva se x1 , x2  D f , f ( x1 ) = f ( x2 )  x1 = x2 . Sejam x1 , x2  D f .

x x2 x x2
1 1 1 1 1 1
f ( x1 ) = f ( x2 )    − 1 =   −1    =    x1 = x2 . Portanto, f é injectiva.
 3  3  3  3

 1  x  1
x
e) lim f ( x ) = lim   − 1 = lim   − lim 1 = 0 − 1 = −1
x →+ x →+  3   x→+  3  x→+

 1  x  x −
1 1 1 1
lim f ( x ) = lim   − 1 = lim   − lim 1 =   − 1 = +
− 1 = + − 1 = + − 1 = +
x →− x →−  3   x →−  3  x →−  3  1 0

 
3

f) f

g) Determine-se a sua expressão analítica.

x
1
1º passo: y =   −1
3

y
1
2º passo: x =   −1
3

y y y
1 1 1
3º passo: x =   − 1    = x + 1  log 1   = log 1 ( x + 1)  y = log 1 ( x + 1)
 3  3 3
3 3 3

Portanto, f −1 ( x ) = log 1 ( x + 1) .
3

Assim, a caracterização da função inversa da função f é dada por:

f −1 : −1; +  → IR
x → log 1 ( x + 1)
3

68 Matemática -12º Ano de Escolaridade


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2. Considera a função real de variável real definida analiticamente por:
g ( x ) = 1 + log2 ( 3x + 1) .

a) Determina o domínio e o contradomínio da função.

b) Calcula g ( 0 ) − g ( 5) .

c) Determina os zeros de g se existirem.

d) Esboça o gráfico da função.

e) Caracteriza a função g −1 .

Resolução:

 1  1 
a) Dg = x  IR : 3x + 1  0 =  x  IR : x  −  =  − ; +   e D' g = IR
 3  3 

b) g ( 0 ) − g ( 5) = 1 + log 2 (1) − 1 + log 2 (16 ) = 1 − 1 − log 2 16 = − log 2 24 = −4

c)

g ( x ) = 0  1 + log 2 ( 3x + 1) = 0  log 2 ( 3x + 1) = −1  log 2 ( 3 x + 1) = log 2 2 −1  3 x + 1 = 2 −1


1 1 1
 3x + 1 =  3x = −  x = −
2 2 6

1
Logo, o zero de g é x = − .
6
g
d)

e) Determine-se a sua expressão analítica.

1º passo: y = 1 + log2 (3x + 1)

2º passo: x = 1 + log2 (3 y + 1)

República de Cabo Verde


___________________________________________________________ 69
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3º passo:

log 2 ( 3 y +1) 2 x −1 − 1
x = 1 + log 2 ( 3 y + 1)  log 2 ( 3 y + 1) = x − 1  2 = 2 x −1  3 y + 1 = 2 x −1  3 y = 2 x −1 − 1  y =
3

2 x −1 − 1
Portanto, g −1 ( x ) = .
3

Assim, a caracterização da função inversa da função g é dada por:

 1 
g −1 : IR →  − ; +  
 3 
2 x −1 − 1
x →
3

7.9 Problemas envolvendo a função exponencial e a


função logarítmica
Exemplos:

1. Um pára-quedista salta de um helicóptero. Ao fim de algum tempo, o pára-quedas abre.


Admita-se que a distância (em metros) a que o pára-quedista se encontra do solo, t segundos após a
abertura do pára-quedas, é dada por: d ( t ) = 840 − 6t + 25e−1,7t .

a) A que distância do solo se encontrava o pára-quedista no momento em que o pára-quedas


se abriu? E após 3 segundos?

b) Sabendo que, no momento em que o pára-quedista salta do helicóptero, este se


encontrava a 1500 metros do solo, qual a distância percorrida em queda-livre pelo pára-quedista
(desde que salta do helicóptero até ao momento da abertura do pára-quedas)?

Resolução:

a) O momento em que o pára-quedas se abriu é o instante em que t = 0 , logo, a distância do


solo a que o pára-quedista se encontrava no momento em que o pára-quedas se abriu é dada por:

d ( 0 ) = 840 − 6  0 + 25e−1,70 = 840 − 0 + 25  e0 = 840 + 25 = 865 m

Portanto, o pára-quedas abriu-se quando o pára-quedista se encontrava a 865m do solo.

d ( 3) = 840 − 6  3 + 25e−1,73 = 840 − 18 + 25  e−5.1 = 822 + 25  e−5.1  822 m

70 Matemática -12º Ano de Escolaridade


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________________________________________________________
Logo, três segundos após o pára-quedas se abrir, o pára-quedista encontrava-se a
aproximadamente 822m do solo.

b) A distância percorrida em queda-livre pelo pára-quedista é igual à diferença entre a


distância a que ele se encontrava do solo no momento em que saltou do helicóptero e a distância ao
solo no instante em que o pára-quedas abriu, ou seja, é igual a:

h = 1500 − 865 = 635m

Portanto, o pára-quedista percorreu 635m e queda-livre.

2. Um população de mosquitos desenvolve-se segundo o modelo dado pela


função: P (t ) = P ( 0)  e0,01t , onde a variável t indica o tempo dado em dias.

a) Qual a população inicial, sabendo que após 4 dias a população é de, aproximadamente,
400 mosquitos?

b) Quantos dias foram necessários para que a população de mosquitos chegasse aos 4000
indivíduos?

Resolução:

400
a) P ( 4 ) = 400  P ( 0 )  e0,014 = 400  P ( 0 ) =  P ( 0 )  384 mosquitos
e0,04

Portanto, inicialmente o número de mosquitos era, aproximadamente, 384.

4000  4000   4000 


P ( t ) = 4000  384  e0,01t = 4000  e0,01t =  ln e0,01t = ln    0, 01t = ln  
384  384   384 
b)  4000 
ln  
t= 
384 
 t  234 dias
0, 01

Assim, ao fim de 234 dias, aproximadamente, a população de mosquitos era de 4000


indivíduos.

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3. O nível N de um som, medido em decibéis, é função da sua intensidade I, medida em


watt por metro quadrado, de acordo com a igualdade: N = 10log (1012 I ) , com I  0 .

a) Mostra que N = 120 + 10log I .

b) Qual o nível do som produzido por um aparelho cuja intensidade é de 100 watts?

c) Admite que o nível de ruído de um avião a jacto, ouvido por uma pessoa que se encontra
na varanda de um aeroporto, é de 140 decibéis. Determina a intensidade desse som, em watt / m 2 .

Resolução:

a) N = 10log (1012 I ) = 10 ( log1012 + log I ) = 10 (12 + log I ) = 120 + 10log I c.q.d .

b) N = 120 + 10log100 = 120 + 10log102 = 120 + 10  2 = 140 decibéis.

Portanto, o nível de ruído produzido pelo aparelho é de 140 decibéis.

c) 140 = 120 + 10log I  10log I = 20  log I = 2  I = 102  I = 100 watts.

Assim, a intensidade do som produzido pelo avião é de 100 watts / m 2 .

72 Matemática -12º Ano de Escolaridade


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Capítulo VIII – Limites de Funções


8.1 Limite de uma função num ponto
4
Considere-se a função definida analiticamente por f ( x ) = .
x2

Verifica-se que D f = IR \ 0 , logo, não se pode calcular f ( 0 ) , mas pode ter interesse saber-se o que

acontece a y quando x se aproxima de zero.

Analise-se a seguinte tabela:

x aproxima-se de 0 pela esquerda


0 x aproxima-se de 0 pela direita

x -0,1 -0,01 -0,001 -0,0001 x 0,1 0,01 0,001 0,0001

f ( x) 400 40 000 4 000 000 400 000 000 f ( x) 400 40 000 4 000 000 400 000 000

f(x) tende para +  + f(x) tende para + 

4
y=
O gráfico da função f é o apresentado x2

ao lado.

Estudou-se o limite da função


quando x tendia para zero e 0  D f . Veja-se

agora outros exemplos, onde x tende para um


valor do domínio da função.

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Considere-se a função f ( x ) = 2 x − 1 .

O que acontece a f ( x ) quando x se aproxima de 2?

Analise-se a tabela:

x aproxima-se de 2 pela esquerda x aproxima-se de 2 pela direita


2
x 1,9 1,99 1,999 1,9999 x 2,1 2,01 2,001 2,0001

f ( x) 2,8 2,98 2,998 2,9998 f ( x)


3,2 3,02 3,002 3,0002

f(x) aproxima-se de 3
3 f(x) aproxima-se de 3

A tabela e o gráfico sugerem que à medida que x se aproxima de 2, y se aproxima de 3.

Diz-se, neste caso, que o limite de f(x) quando x tende para 2 é 3, e escreve-se:

lim f ( x) = 3
x →2

x se x  2
Considere-se, agora, a função f ( x ) =  .
 x + 1 se x  2

O que acontece a f ( x ) quando x se aproxima de 2?

Analise-se a tabela e o gráfico:

74 Matemática -12º Ano de Escolaridade


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x aproxima-se de 2 pela direita


x aproxima-se de 2 pela esquerda
2
x 1,9 1,99 1,999 1,9999 x 2,1 2,01 2,001 2,0001

f ( x) f ( x)
1,9 1,99 1,999 1,9999 3,1 3,01 3,001 3,0001

f(x) aproxima-se de 2
? f(x) aproxima-se de 3

Observando a tabela e o gráfico conclui-se que à medida que x se aproxima de 2, y não se aproxima
de uma constante única.

Neste caso, diz-se que não existe limite de f(x) quando x tende para 2, e escreve-se:

Não existe lim f ( x ) ou  lim f ( x )


x →2 x →2

Definição:

Um número real a diz-se ponto de acumulação de um conjunto C sse em qualquer


vizinhança de a existe pelo menos um elemento de C diferente de a.

Definição de limite de uma função num ponto (segundo Heine):

Seja f uma função real de variável real e a a abcissa de um ponto de acumulação do


domínio de f. Diz-se que f ( x ) tende para b, quando x tende para a e escreve-se

lim f ( x ) = b ou f ( x) → b sse, a toda a sucessão de valores de x, do


x→a x→a

domínio de f, convergente para a (sendo todos os termos da sucessão diferentes de a), corresponde
uma sucessão de imagens por f, convergente para b, ou seja,

lim f ( x ) = b  lim xn = a ( xn  a, n  IN )  lim f ( xn ) = b 


x →a

Nota: A definição de limite segundo Heine não exige que a pertença ao domínio da função, mas exige que a
não seja ponto isolado do seu domínio.

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8.2 Regras operatórias de limites de funções


Sejam f e g duas funções reais de variável real, b1, b2 , a, k  IR e p  IN , tal que lim f ( x ) = b1 e
x →a

lim g ( x ) = b2 .
x→a

Então,

• lim ( f + g )( x ) = lim  f ( x ) + g ( x ) = lim f ( x ) + lim g ( x ) = b1 + b2


x →a x →a x →a x →a

• lim ( f − g )( x ) = lim  f ( x ) − g ( x ) = lim f ( x ) − lim g ( x ) = b1 − b2


x →a x →a x →a x →a

• lim ( f  g )( x ) = lim  f ( x )  g ( x ) = lim f ( x )  lim g ( x ) = b1  b2


x →a x →a x →a x →a

• lim ( k. f )( x ) = lim k. f ( x ) = k lim f ( x ) = k .b1


x →a x →a x →a

 f ( x )  xlim f ( x)
f 
• lim  
x →a  g 
( x ) = lim 
x →a  g ( x )


= →a
g ( x )
b
= 1
b
( com g ( x )  0, x  Dg  b2  0 )
  lim 2
x →a

• lim p
f ( x) = p lim f ( x ) = p b1 (se p é par, então f ( x )  0, x  D f  b1  0 )
x→a x →a

Exemplo:

Determina cada um dos seguintes limites:

5 x 2 − 12 x x −3
lim ( x + 2 )
18
a) b) lim c) lim
x →−3 x →0 x x →9 x−9

Resolução:
18
18   xlim
lim ( x + 2 ) =  lim x + lim 2  = ( −3 + 2 ) = ( −1) = 1
→−3 18 18
a)
x →−3  x →−3 x →−3 

0
5 x 2 − 12 x 0 x ( 5 x − 12 )
b) lim = lim = lim ( 5 x − 12 ) = lim 5  lim x − lim 12 = 5  0 − 12 = −12
x →0 x x →0 x x →0 x →0 x →0 x →0

( )( x + 3) =
0
x −3 0 x −3 x−9 1 lim 1 1 1
x →9
c) = lim = lim = = =
( x − 9) ( x + 3) x →9 ( x − 9 ) ( x + 3) x →9
lim lim
x →9 x − 9 x →9 x + 3 lim x + lim 3 9 +3 6
x →9 x →9

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8.3 Limites laterais


x se x  2
Considere-se a função f, real de variável real, definida por: f ( x ) =  .
2 x − 1 se x  2

A sua representação gráfica é a seguinte:

Através da observação do gráfico verifica-se que:

 quando x se aproxima de 2 pela direita, f ( x ) se aproxima de 2.

 quando x se aproxima de 2 pela esquerda, f ( x ) se aproxima de 3.

Diz-se, neste caso, que:

• O limite de f ( x ) à direita de 2 é 2 e escreve-se lim f ( x ) = 2 .


+
x →2

• O limite de f ( x ) à esquerda de 2 é 3 e escreve-se lim f ( x ) = 3 .



x →2

Aos limites referidos dá-se o nome de limites laterais.

Nota: Se existirem os limites laterais de uma função num ponto, o limite da função nesse
ponto existe sse os limites laterais são iguais, isto é, lim f ( x ) = b  lim f ( x ) = b  lim f ( x ) = b .
+
x →a x →a x →a −

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Exemplo:

 x se x  4
Considera a função f definida por: f ( x ) =  .
1 se x  4

Calcula, se existir:

a) lim f ( x ) b) lim f ( x ) c) lim f ( x )


x →5 x →1 x→4

Resolução:

a) lim f ( x ) = lim 1 = 1
x →5 x →5

b) lim f ( x ) = lim x = 1 = 1
x →1 x →1

c) lim f ( x ) = ? Uma vez que a função f está definida por expressões algébricas diferentes à
x→4

direita e à esquerda de 4, tem de se calcular os limites laterais.

lim f ( x ) = lim 1 = 1 ; lim f ( x ) = lim x = 4=2.


x →4+ x → 4+ x → 4− x → 4−

Como lim f ( x )  lim f ( x ) , então não existe lim f ( x ) .


+ − x→4
x →4 x →4

78 Matemática -12º Ano de Escolaridade


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8.4 Limites e infinitos

8.4.1 Limite quando x → + ou x → −


Quando x → + ou x → − , a função pode ter limite + , − ou a  IR .

• x → +

f ( x ) = x2 g ( x ) = − x2 h( x) =
1
+1
x

x 10 100 1 000 … x 10 100 1 000 … x 10 100 1 000 …

f ( x) 100 10 000 1 000 000 … g ( x) -100 -10 000 -1 000 000 … h( x) 1,1 1,01 1,001 …

lim f ( x ) = + lim g ( x ) = − lim h ( x ) = 1


x →+ x →+ x →+

Por vezes a observação do gráfico é insuficiente para ver o que acontece ao limite da função.

É o que acontece, por exemplo, com a função


i ( x) = x , em que lim i ( x ) = lim x = + .
x →+ x →+

Para além do gráfico, é necessário ter em conta a

expressão algébrica da própria função.

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• x → −

f ( x) = x + 1 g ( x ) = −2 x 1
h( x) =
x2

x -10 -100 -1 000 -10 000 … x -10 -100 -1 000 -10 000 … x -10 -100 -1 000 …

f ( x) -9 -99 -999 -9 999 … g ( x) 20 200 2 000 20 000 … h( x) 0,01 0,0001 0,000 001 …

lim f ( x ) = − lim g ( x ) = + lim h ( x ) = 0


x →− x →− x →−

Exemplos:

1.
Considera a função i representada
graficamente ao lado. i

Determina cada um dos seguintes limites:

a) lim i ( x )
x →+

b) lim i ( x )
x →−

Resolução:

a) lim i ( x ) = −
x →+

b) lim i ( x ) = +
x →−

80 Matemática -12º Ano de Escolaridade


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2. Calcula cada um dos seguintes limites:

1
a) lim
x →+
( 3x − x ) 2
b) lim
x →+
x5 − 2 x + 3
− x5 − 5 x
c) lim
x →+ 3
x

x +1

Resolução:

( )  2  3 
( )
−  3 
lim 3x − x = lim − x  − + 1 = lim − x  lim  − + 1 = −  1 = −
2 2
a)
x →+ x →+   x  x→+ x →+  x 

x5 2 x 3
 2 3 2 3
5
− 2x + 3 
− + 1− 4 + 5 lim 1 − lim 4 + lim 5 1 − 0 + 0
x x5 x5 x5 = x x = x →+ x →+ x x →+ x
= = −1
b) lim = lim lim
x →+ − x − 5 x
5
x5 5 x x →+ −1 − 5 5 −1
x →+
− 5− 5 lim ( −1) − lim
x x x4 x →+ x →+ x
4

1 0  x 1 1 1
+ +
+ 1+ lim 1 + lim 1+ 0 1
x 0  1 x 1  x 1  x x = x = x →+ x →+ x
c) lim = lim    = lim = lim lim = =
x →+ 3 x →+  x 3  x →+ 3 x x →+ 3 x x →+ 3 lim 3 3 3
x +1 x x →+

8.4.2 Limite infinito quando x tende para um número real


Quando x → a, com a  IR , também se pode obter um limite infinito.

1 1 1
f ( x) = g ( x) = − h( x) =
x 4
x 4 x −1

x 0,1 0,01 0,001 … x 0,1 0,01 0,001 … x 1,1 1,01 1,001 …

f ( x) 10−4 10−8 10 −12


… g ( x) - 10−4 - 10−8 - 10 −12
… h( x) 10 100 1 000 …

x -0,1 -0,01 -0,001 … x -0,1 -0,01 -0,001 … x 0,9 0,99 0,999 …

f ( x) 10−4 10−8 10 −12


… f ( x) - 10−4 - 10−8 - 10 −12
… f ( x) -10 -100 -1 000 …

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lim f ( x ) = + lim g ( x ) = − lim h ( x ) = +


x → 0+ x → 0+ x →1+

lim f ( x ) = + lim g ( x ) = − lim h ( x ) = −


x → 0− x → 0− x →1−

Logo, lim f ( x ) = + Logo, lim g ( x ) = − Logo, não existe o limite lim h ( x ) .


x →0 x →0 x →1

Exemplos:

1. Considera a função j j

representada graficamente ao lado.

Determina, se existir:

a) lim j ( x )
x →3

b) lim j ( x )
x →−2

c) lim j ( x )
x →0+

d) lim j ( x )
x →0−

e) lim j ( x )
x→0

Resolução:

a) lim j ( x ) = 5 b) lim j ( x ) = −2 c) lim j ( x ) = 5


x →3 x →−2 x → 0+

d) lim j ( x ) = 0 e) lim j ( x ) não existe


x →0− x→0

x3 − 3 x 2 + 2 x
2. Calcula o seguinte limite: lim .
x →1 x2 − 4 x + 3

Resolução:

 
lim x   lim x − lim 2 
0
x3 − 3 x 2 + 2 x 0 x ( x − 2 )( x − 1) x ( x − 2) x →1  x →1 x →1  1  (1 − 2 ) −1 1
lim 2 = lim = lim = = = =
x →1 x − 4 x + 3 x →1 ( x − 3 )( ) x→1 x − 3
x − 1 lim x − lim 3 1 − 3 −2 2
x →1 x →1

82 Matemática -12º Ano de Escolaridade


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8.5 Limites notáveis da função exponencial


No caso particular da função exponencial de base e, existem dois limites notáveis muito
importantes:

ex −1 ex
. lim =1 e lim = +, com p  IR
x→0 x x→+ xp

Exemplo:

Calcula cada um dos seguintes limites:

e3 x − 1 eh −1 − 1
a) lim b) lim
x →0 x h →1 h − 1

x − xe x x5 + 1
c) lim 2
d) lim
x →0 x x →+ ex

Resolução:

e3 x − 1  e3 x − 1  e3 x − 1
a) lim = lim   3  = lim  lim 3 = 1  3 = 3
x →0 x x →0  3 x  x →0 3 x x →0
 

eh −1 − 1
b) lim
h →1 h − 1

Se h → 1 , então h − 1 → 0 . Logo, considere-se a seguinte mudança de variável: h − 1 = y ; e,


ey −1
assim o limite dado pode ser escrito na forma lim .
y →0 y

eh −1 − 1
Deste modo, estamos perante um dos limites notáveis dados e portanto lim =1 .
h →1 h − 1

c) lim
x − xe x
= lim
(
x 1 − ex ) = lim 1 − ex = − lim ex − 1 = −1
x →0 2 x →0 2 x →0 x x →0 x
x x

x5 + 1 x5 1 1 1 1 1 1
d) lim = lim + lim = lim + lim = + = +0= 0+0= 0
x →+ e x x →+ ex x →+ ex x →+ ex x →+ ex ex + +
lim 5
x5 x →+ x

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8.6 Limites notáveis da função logarítmica


No caso particular da função logarítmica, existem três limites notáveis muito importantes:

log a x log ( x + 1) log x


lim = + , com a  IR + \ 1 ; lim =1 e lim =1
x →+ x x →0 x x →1 x −1

Exemplo:

 1
log 1 + 
Calcula o seguinte limite: lim  x
.
x →+ 1
x

Resolução:

1 1
Como x → + , →0. Logo, considere-se a seguinte mudança de variável: = y; e, assim o
x x
log (1 + y )
limite dado pode ser escrito na forma lim .
y →0 y

 1
log 1 + 
Deste modo, estamos perante um dos limites notáveis dados e portanto lim  x
=1 .
x →+ 1
x

84 Matemática -12º Ano de Escolaridade


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Capítulo IX – Continuidade de Uma Função Real de


Variável Real
9.1 Continuidade de uma função num ponto

A palavra contínua significa, em geral, "sem interrupções no tempo e no espaço".


Assim seria de esperar que uma função contínua fosse uma função representada por um gráfico sem
interrupções, que se pudesse desenhar de uma só vez, sem levantar o lápis do papel.

Os gráficos das funções contínuas f e g definidas em IR com valores em IR, dadas por
f ( x) = x e g ( x ) = x3 confirmam exactamente esta ideia.

Seguindo com o lápis cada um dos gráficos das


funções, verifica-se que se consegue percorrê-los totalmente
sem ter que passar por nenhuma zona do plano que não
pertença ao gráfico.

O mesmo não acontece com os gráficos das funções h e j. Estes não poderão ser desenhados
sem levantar o lápis do papel.

República de Cabo Verde


___________________________________________________________ 85
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x se x  1
O mesmo não acontece com os gráficos das funções h e j, definidas por: h ( x ) = 
 x + 1 se x 1

x se x  3
e j ( x ) = 6 se x = 3 . Estes não poderão ser desenhados sem levantar o lápis do papel.
 x + 1 se x  3

Tentando com o lápis seguir os gráficos destas funções,


verifica-se que tal não é possível.

Nalguns pontos é necessário passar com o lápis numa


zona do plano em branco, ou seja, que não pertence ao gráfico
dessa função. Tal acontece uma única vez em cada uma das
funções h e j, nos pontos de abcissa 1 e 3, respectivamente.

Este facto parece apoiar a ideia de funções contínuas, pois estas duas funções, ao contrário das
funções f e g, são descontínuas.

Definição de continuidade de uma função num ponto:

Seja f uma função real de variável real e a um ponto de acumulação do domínio de f e


pertencente a este. Diz-se que:

• A função f é contínua em x = a sse lim f ( x ) = f ( a ) .


x →a

• A função f é contínua à esquerda de a sse lim− f ( x ) = f ( a ) .


x→a

• A função f é contínua à direita de a sse lim+ f ( x ) = f ( a ) .


x→a

• Se a função f não é contínua à esquerda nem à direita de a, diz-se que f tem uma
descontinuidade bilateral nesse ponto.

86 Matemática -12º Ano de Escolaridade


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Nota: A função f é descontínua em x=a sse não existe lim f ( x ) ou lim f ( x )  f ( a ) .
x→a x→a

Exemplos:

 x2 se x  1
1. Averigua se a função f definida por: f ( x ) =  é contínua no ponto de abcissa

 x + 1 se x 1
1.

Resolução:

existir lim f ( x )
A função f será contínua no ponto de abcissa 1 sse  x →1
.
lim f ( x ) = f (1)
 x →1

Procure-se lim f ( x ) . Como à direita e à esquerda de 1 a função está definida por expressões
x →1

designatórias diferentes, é necessário determinar os limites laterais.

lim f ( x ) = lim ( x + 1) = 2 lim f ( x ) = lim x = 1 ; logo, não existe lim f ( x ) .


2
e
x →1+ x →1+ x →1− x →1− x →1

Portanto, a função f não é contínua no ponto de abcissa 1.

Analisando a sua representação gráfica também se conclui


a descontinuidade de f nesse ponto.

 x3 − 5 x + 2 se x  0
2. Verifica se a função h definida por: h ( x ) =  é contínua no ponto de
x + 2
 se x  0

abcissa 0.

Resolução:

Verifique-se se existe lim h ( x ) . Para tal é necessário calcular os limites laterais.


x →0

x → 0+ x → 0+
(
lim h ( x ) = lim x − 5 x + 2 = 2
3
) e lim h ( x ) = lim ( x + 2 ) = 2
x → 0− x → 0−

Logo, lim h ( x ) = 2
x →0

Determine-se h ( 0) . Ora, h ( 0) = 03 − 5  0 + 2 = 2 . Como

lim h ( x ) = 2 = h ( 0 ) , então a função h é contínua no ponto de abcissa 0.


x →0

Tal facto também é possível de concluir através da análise gráfica ao


lado.

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__________________________________________________________________________________

 x 2 − 1 se x  −2

3. Mostra que a função j definida por j ( x ) = 1 se x = −2 tem limite no ponto de abcissa -
 x + 5 se x  −2

2 mas não é contínua nesse ponto.

Resolução:

Para que j tenha limite no ponto de abcissa -2, então lim+ j ( x ) = lim− j ( x ) .
x →−2 x →−2

Determine-se os limites laterais.

lim j ( x ) = lim
x →−2+ x →−2+
(x 2
)
−1 = 3 e lim j ( x ) = lim
x →−2− x →−2−
( x + 5) = 3 .

Logo, lim j ( x ) = 3 .
x →−2

Determine-se j ( −2 ) . Ora, j ( −2) = 1  3 = lim j ( x ) . Portanto, a função j é descontínua no ponto


x →−2

de abcissa -2.

Através do gráfico apresentado em baixo, é possível confirmar a não continuidade da função


nesse ponto.

88 Matemática -12º Ano de Escolaridade


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________________________________________________________
 3 x −12  1 
x −9

( −1) .  se x  4
 2

4. Considera a função f, real de variável real, definida por: f ( x ) =  − x 2 + 8k se x = 4 .
 2
 x − 16 se x  4
 x −2

4.1 Mostra que lim f ( x ) = 32 .


x→4

4.2 Determina o valor de k, de modo que a função seja contínua em x = 4 .

Resolução:

4.1 Uma vez que a função f está definida por expressões diferentes à direita e à esquerda de 4,
é necessário calcular os limites laterais nesse ponto.

Ora,

( x2 − 16) ( ) = lim ( x − 16) ( x + 2) = lim ( x − 16 ) ( )


0
x 2 − 16 0 x +2 2 2
x +2
lim+ f ( x ) = lim+ = lim+
x→4 x→4 x − 2 x→4 (
x −2 )( x + 2) x → 4+
( x) − 2
2
2 x → 4+ x−4

( x − 4 )( x + 4 ) ( x +2 ) = lim ( x + 4)
= lim+
x→4 x−4 x → 4+  ( )
x + 2  = ( 4 + 4)
 ( )
4 + 2 = 32

 3 x −12  1 
x −9
 1
x −9
1
−5

lim− f ( x ) = lim− ( −1)     = lim− ( −1)  lim−   = ( −1)    = 1  25 = 32


3 x −12 0

x →4 x →4
  2   x → 4 x →4  2  2

Assim, como lim f ( x ) = lim f ( x ) = 32 , então lim


+ − x→4
f ( x ) = 32 .
x→4 x→4

4.2 Para que f seja contínua no ponto de abcissa 4, então lim f ( x ) = f ( 4 ) , ou seja, 32 = f ( 4 ) .
x→4

48
Assim, 32 = f ( 4 )  32 = −42 + 8k  32 + 16 = 8k  k = k =6.
8

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9.2 Propriedades das funções contínuas

Se duas funções f e g são contínuas num ponto de abcissa a, pertencente ao conjunto


D f  Dg , então também são contínuas nesse ponto, as seguintes funções:

• f +g; f −g; f g;

f
• k f ( com k  IR ); ( com g ( a )  0 );
g

• fn ( com n  IN ); n f ( com n  IN e se n é par então f ( a )  0 ).

9.3 Continuidade de uma função num intervalo de


números reais

Outro aspecto que vem reforçar ainda mais a primeira ideia para a definição de função
contínua é o facto de as funções serem descontínuas exactamente nos pontos onde é necessário
levantar o lápis para desenhar os seus gráficos.

A verdade é que nem todas as palavras usadas em Matemática estão a ser usadas no seu
sentido habitual.

Observando os seguintes exemplos, todos eles de funções contínuas nos seus domínios,
conclui-se que nenhum deles poderá ser desenhado sem levantar o lápis do papel.

90 Matemática -12º Ano de Escolaridade


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Nota: Uma função polinomial é contínua em IR e uma função racional é contínua em todo o
seu domínio.

Definição de continuidade de uma função num intervalo de números reais:

• Uma função f é contínua num intervalo de números reais a, b (com a  b ), do seu

domínio sse é contínua em todos os pontos desse intervalo.

• Uma função f é contínua num intervalo de números reais  a, b  (com a  b ), do seu

domínio sse:

- é contínua em a, b ;
- é contínua à direita de a;
- é contínua à esquerda de b.

Exemplo:

Justifica que a função f definida pela expressão analítica f ( x ) = 2 + x + x é contínua no

intervalo  −2, 7  .

Resolução:

Por se tratar de uma função irracional, sabe-se que é contínua no seu domínio. Logo,
determine-se o domínio de f.

D f =  x  IR : 2 + x  0 =  −2, +  .

Tem de se mostrar que f é contínua no intervalo −2, 7 , à direita de -2 e à esquerda de 7.

✓ Como −2, 7   −2, +  então f é contínua no intervalo −2, 7 .

✓ Para provar que f é contínua à direita de -2, ter-se-á de mostrar que lim+ f ( x ) = f ( −2 ) .
x →−2

Ora, lim+ f ( x ) = lim+ ( 2 + x + x ) = −2 e f ( −2) = 2 + ( −2 ) + ( −2 ) = −2 , logo, f é contínua à


x →−2 x →−2

direita de -2.

✓ Para provar que f é contínua à esquerda de 7, ter-se-á de mostrar que lim− f ( x ) = f ( 7 ) .


x →7

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Ora, lim f ( x ) = lim ( 2 + x + x ) = 10 e f ( 7 ) = 2 + 7 + 7 = 10 , logo, f é contínua à esquerda


− −
x →7 x →7

de 7.

Portanto, como f é contínua no intervalo −2, 7 e é contínua à direita de -2 e à esquerda de 7,

então é contínua no intervalo  −2, 7  .

92 Matemática -12º Ano de Escolaridade


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Capítulo X – Assimptotas do Gráfico de Uma Função


Real de Variável Real
10.1 Assimptotas verticais

Definição de assimptota vertical do gráfico de uma função:

Diz-se que a recta de equação x = a, a  IR é uma assimptota vertical do gráfico de uma


função f, sse:

• a  Df , f é descontínua em a e lim f ( x ) =  (ou lim f ( x ) =  ).


+ −
x →a x →a

• a  Df mas a é ponto de acumulação do domínio de f e lim f ( x ) =  (ou lim f ( x ) =  ).


+ −
x →a x →a

OBS : Se lim f ( x ) =  e lim f ( x ) =  , diz-se que a recta de equação x = a é assimptota vertical


+
x →a x →a −

bilateral do gráfico de f.

Exemplo:

3 x3 − 2 x 2
Seja h a função real de variável real definida por h ( x ) = . Determina as equações das
x2 − 9

assimptotas verticais do gráfico de h.

Resolução:

 
Dh = x  IR : x 2 − 9  0 = x  IR : x  3  x  −3 = IR \ −3, 3 .

Ora,

3 x3 − 2 x 2 63 3 x3 − 2 x 2 63
lim h ( x ) = lim = +
= + e lim h ( x ) = lim = = −
x →3+
x →3 +
x −9
2
0 −
x →3 x →3−
x −9
2
0−

3 x3 − 2 x 2 −99 3 x3 − 2 x 2 −99
lim h ( x ) = lim = −
= + e lim h ( x ) = lim = = −
x →−3+ x →−3+ x −9
2
0 x →−3− x →−3− x −9
2
0+

Logo, as rectas de equação x = 3 e x = −3 são assimptotas verticais do gráfico da função h.

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10.2 Assimptotas não-verticais

Definição de assimptota não-vertical do gráfico de uma função:

Diz-se que a recta de equação y = mx + b, com m, b  IR é uma assimptota não-vertical do gráfico


de uma função f, sse:

lim  f ( x ) − ( mx + b ) = 0 ou lim  f ( x ) − ( mx + b ) = 0 , sendo:


x →+ x →−

 f ( x)  f ( x)
m = lim m = lim
 x →+ x ou  x →− x
b = lim  f ( x ) − mx  b = lim  f ( x ) − mx 
 x →+  x →−

OBS : Se m = 0 , então a equação da assimptota é y = b , logo é uma assimptota horizontal. Se m  0 ,

então a equação da assimptota é y = mx + b , logo é uma assimptota oblíqua.

Exemplo:

−2 x3
Seja i a função real de variável real definida por i ( x ) = + 2 . Determina as equações das
x2 − 9
assimptotas não-verticais do gráfico de i.

Resolução:

* Suponhamos que x → +

−2 x3 −2 x3 + 2 x 2 − 18
+2
i ( x) −2 x3 + 2 x 2 − 18
= lim x − 9 x2 − 9
2
m = lim = lim = lim
x →+ x x →+ x x →+ x x→+ x3 − 9 x
 −2 x3 2x2 18 2 18 .
+ − lim ( −2 ) + lim − lim 3

x 3
x 3
x = 3 x →+ x →+ x x →+ x −2 + 0 − 0
= lim = = −2
x →+ 3
x 9x lim 1 − lim 2
9 1− 0
− x →+ x →+ x
x3 x3

94 Matemática -12º Ano de Escolaridade


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________________________________________________________

 −2 x3 + 2 x 2 − 18   −2 x3 + 2 x 2 − 18 
b = lim i ( x ) − mx  = lim  − ( −2 ) x  = lim  + 2x 
x →+  x −9
2  x −9
2 
x →+
  x →+  
 2 x2 18 x 18
− −
−2 x + 2 x − 18 + 2 x − 18 x
3 2 3
2 x − 18 x − 18
2 
x 2
x 2
x2
= lim = lim = lim
x →+ x −92 x →+ x −9
2 x →+ x 2
9
2

x x2
18 18
lim 2 − lim − lim 2
x →+ x →+ x x → + x 2−0−0
= = =2
lim 1 − lim 2
9 1− 0
x →+ x →+ x

Logo, a recta de equação y = −2x + 2 é assimptota oblíqua do gráfico de i, quando x → + .

* Suponhamos que x → −

−2 x3 −2 x3 + 2 x 2 − 18
+2
i ( x) x2 − 9 −2 x3 + 2 x 2 − 18
x2 − 9
m = lim = lim = lim = lim
x→− x x→− x x→− x x→− x3 − 9 x
 −2 x3 2 x 2 18 2 18
+ − lim (−2) + lim − lim
 x 3 x 3 x = x→−
3 x→− x x→− x3 −2 + 0 − 0
= lim = = −2
x→− x3 9 x 9 1− 0
− lim 1 − lim
x→− x→− x 2
x3 x3

 −2 x3 + 2 x 2 − 18   −2 x3 + 2 x 2 − 18 
b = lim i ( x ) − mx  = lim  − ( −2 ) x  = lim  + 2x 
x →−  x −9
2
x −9
2 
x →−
  x →−  
 2 x2 18 x 18
− −
−2 x + 2 x − 18 + 2 x − 18 x
3 2 3
2 x − 18 x − 18
2 
x 2
x 2
x2
= lim = lim = lim
x →− x −92 x →− x −9
2 x →− x 2
9
2

x x2
18 18
lim 2 − lim − lim 2
=
x →− x →− x x → − x = 2−0−0 = 2
lim 1 − lim 2
9 1− 0
x →− x →− x

Logo, a recta de equação y = −2x + 2 é assimptota oblíqua do gráfico de i, quando x → − .

Então, a recta de equação y = −2x + 2 é assimptota oblíqua do gráfico de i, quando x → + e


x → − .

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Capítulo XI – Derivada de Uma Função Real de


Variável Real
11.1 Derivada de uma função num ponto

Definição de derivada de uma função num ponto:

Seja f uma função real de variável real de domínio D f e x0  D f .

A derivada da função f no ponto de abcissa x0 , se existir, é dada por:

f ( x0 + h ) − f ( x0 )
f ' ( x0 ) = lim , em que:
h→0 h

h é o acréscimo ou incremento da variável independente;

f ( x0 + h ) − f ( x0 ) é o acréscimo ou incremento da função;

f ( x0 + h ) − f ( x0 )
é a razão incremental.
h

Fazendo h = x − x0 e como h → 0 , então x → x0 . Assim:

f ( x ) − f ( x0 )
f ' ( x0 ) = lim .
x → x0 x − x0

OBS : Se uma função tem derivada finita num ponto x0 do seu domínio, diz-se que a função é

diferenciável nesse ponto. Do mesmo modo, se essa função possuir derivada finita ou infinita em
x = x0 , diz-se que a função é derivável em x0 .

Exemplo:

Determina a derivada da função j definida analiticamente por: j ( x ) = x3 − 2 x , no ponto de

abcissa 2.

96 Matemática -12º Ano de Escolaridade


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Resolução:

( x2 + 2x + 2) ( x − 2)
0
j ( x ) − j ( 2) x3 − 2 x − 4 0
j ( 2 ) = lim
'
= lim = lim
x→2 x−2 x→2 x−2 x→2 x−2
= lim ( x + 2 x + 2 ) = 2 + 2  2 + 2 = 10
2 2
x →2

11.1.1 Interpretação geométrica da derivada de uma


função num ponto

Seja f uma função real de variável real e x0 um ponto do seu domínio.

f ( x0 + h )

f ( x0 )

x0 x0 + h

A tangente à curva no ponto de abcissa x0 é a recta t, que é a posição limite das secantes
AM quanto M se aproxima de A, sobre a curva.

Assim, geometricamente, a derivada de uma função f num ponto de abcissa x0 é o declive da

recta tangente ao gráfico da função nesse ponto, isto é, m = f ' ( x0 ) .

A equação da recta tangente à curva no ponto A ( x0 , f ( x0 )) é dada por:

y − f ( x0 ) = f ' ( x0 )  ( x − x0 ).

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Exemplo:

Determina a equação da recta tangente ao gráfico da função f definida analiticamente por:


−2 x3
f ( x) = , no ponto de abcissa -1.
x2 + 1

Resolução:

Ora, a equação da recta tangente ao gráfico da função f no ponto de abcissa -1 é dada pela
expressão: y − f ( −1) = f ' ( −1) .( x + 1) .

Determine-se f ( −1) e f ' ( −1) .

−2  ( −1)
3
2
f ( −1) = = =1
( −1) +1
2
2

−2 x3 −2 x3 − x 2 − 1
f ( x ) − f ( −1) −1
= lim x + 1 = lim x2 + 1
2
f ' ( −1) = lim
x →−1 x − ( −1) x →−1 x +1 x →−1 x +1

( x + 1) ( −2 x 2 + x − 1)
0
−2 x 2 + x − 1 −2  ( −1) + ( −1) − 1
2
−2 x3 − x 2 − 1 0
= lim 2 = lim = lim = = −2
x →−1
( x + 1) ( x + 1) x→−1 ( x2 + 1) ( x + 1) x→−1 x2 + 1 ( −1) + 1
2

Logo, a equação da recta tangente ao gráfico de f no ponto de abcissa -1 é:

y − 1 = −2. ( x + 1)  y = −2 x − 2 + 1  y = −2 x − 1 .

98 Matemática -12º Ano de Escolaridade


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11.2 Derivadas laterais de uma função num ponto

Definição de derivada lateral de uma função num ponto:

Seja f uma função real de variável real de domínio D f e x0  D f .

Então,

• Ao declive da semi-tangente à esquerda de x0 chama-se derivada da função f à esquerda


no ponto de abcissa x0 , e representa-se por:

f ( x ) − f ( x0 ) f ( x0 + h ) − f ( x0 )
( )
f ' x0− = lim
x → x0− x − x0
ou ( )
f ' x0− = lim
h →0− h

• Ao declive da semi-tangente à direita de x0 chama-se derivada da função f à direita no


ponto de abcissa x0 , e representa-se por:

f ( x ) − f ( x0 ) f ( x0 + h ) − f ( x0 )
( )
f ' x0+ = lim
x→x + x − x0
ou ( )
f ' x0+ = lim
h →0+ h
0

Nota: Se ( )
f ' x0+ = a  ( )
f ' x0− = a , então f ' ( x0 ) = a , sendo a finito ou infinito.

Se f ' ( x0+ )  f ' ( x0− ) , então não existe f ' ( x0 ) .

Exemplos:

1. Considera a função f definida analiticamente por: f ( x ) = 2 x + x + 3 .

a) Escreve a expressão analítica da função sem o símbolo de módulo.

b) Verifica se existe f ' ( −3) .

Resolução:

 x + 3 se x + 3  0
a) Ora, x + 3 =  .
 − x − 3 se x + 3  0

2 x + x + 3 se x + 3  0 3 x + 3 se x  −3
Logo, f ( x ) = 2 x + x + 3 =  = .
2 x − x − 3 se x + 3  0  x − 3 se x  −3

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b) Como à direita e à esquerda do ponto de abcissa -3 a função tem expressões designatórias


diferentes, para verificar se existe f ' ( −3) é necessário recorrer ao cálculo das derivadas laterais.
0
f ( x ) − f ( −3) 3x + 3 − ( −6 ) 3x + 9 0 3 ( x + 3)
f ( −3
' +
)= lim = lim+ = lim+ = lim+ = lim+ 3 = 3
x →−3+ x − ( −3) x →−3 x+3 x →−3 x+3 x →−3 x+3 x →−3

0
f ( x ) − f ( −3) x − 3 − ( −6 ) x+3 0
f ( −3
' −
)= lim = lim− = lim− = lim− 1 = 1
x →−3− x − ( −3) x →−3 x+3 x →−3 x + 3 x →−3

Logo, como f ' ( −3+ ) = 3  1 = f ' ( −3− ) , então não existe f ' ( −3) .

2. Na figura abaixo está representada parte do gráfico de uma função f. Então, podemos
concluir que (escolhe a opção correcta):

(A) f ' (1) = 0

(B) f ' (1) = +

(C) f ' (1) = 1

(D) f ' (1) não existe

3. Na figura abaixo está parte da representação gráfica de uma função g. Qual o valor de

g ' ( 0+ ) , derivada lateral direita de g no ponto de abcissa 0? (escolhe a opção correcta)

(A) 0 (B) 1 (C) 2 (D) +

100 Matemática -12º Ano de Escolaridade


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________________________________________________________

11.3 Função derivada. Regras de derivação

Definição de função derivada de uma função:

Chama-se função derivada de uma função f a uma função que faz corresponder a cada ponto
do seu domínio, a derivada de f nesse ponto.

A derivada da função f representa-se por f’.

Exemplo:

Determina a expressão analítica da função derivada das funções f e g definidas analiticamente


por: f ( x ) = x2 − 3x + 1 e g ( x ) = x + 1 .

Resolução:

f ( x + h) − f ( x) ( x + h) − 3 ( x + h ) + 1 − ( x 2 − 3x + 1)
2

f ' ( x ) = lim = lim


h →0 h h →0 h
0
x 2 + 2hx + h 2 − 3x − 3h + 1 − x 2 + 3x − 1 2hx + h 2 − 3h 0 h ( 2 x + h − 3)
= lim = lim = lim
h →0 h h → 0 h h → 0 h
= lim ( 2 x + h − 3) = 2 x − 3
h →0

Portanto, f ' ( x ) = 2x − 3 .

g ( x + h) − g ( x) x + h +1 − x +1
g ' ( x ) = lim = lim
h →0 h h →0 h
0
0
= lim
( x + h +1 − x +1 )( x + h +1 + x +1 ) = lim x + h +1− x −1
h →0
h ( x + h +1 + x +1 ) h →0
h ( x + h +1 + x +1 )
h 1 1
= lim = lim =
h →0
h ( x + h +1 + x +1 ) h →0
x + h +1 + x +1 2 x +1

1
Portanto, g ' ( x ) = .
2 x +1

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___________________________________________________________ 101
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11.3.1 Regras de derivação

Regras de derivação de funções:

Sejam f e g duas funções reais de variável real; a, b, c  IR e p  Q . Então:

• se f ( x ) = c  f ' ( x ) = 0;

• se f ( x ) = x  f ' ( x ) = 1;

• (f + g ) ( x) = f ' ( x) + f ' ( x) ;
'

• ( cf ) ( x ) = c  f ' ( x ) ;
'

• se f ( x ) = ax + b  f ' ( x ) = a;

• ( f  g ) ( x) = f ' ( x)  g ( x) + f ( x)  g ' ( x) ;
'

f ' ( x)  g ( x) − f ( x)  g ' ( x)
'
f
•   ( x) = , g ( x )  0, x  Dg ;
 g ( x )
2
g

p −1
• se f ( x ) =  g ( x ) f ' ( x ) = p   g ( x )  g' ( x)
p

Nota: De um modo geral, para f ( x ) = n g ( x ) , n  IN , pode utilizar-se a seguinte regra:

g' ( x)
f ' ( x) = .
n −1
n  n  g ( x ) 

Exemplo:

Determina a expressão analítica da função derivada das seguintes funções:

3x + 2
a) a ( x ) = 4 x2 − 5x b) b ( x ) = 3x2 ( 2 − x ) c) c ( x ) =
3x − 2
3
x+2  x2 
d) d ( x ) = x 2 + 1 e) e ( x ) = f) f ( x) =  
( x − 3)  4− x
2

102 Matemática -12º Ano de Escolaridade


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Resolução:

a) a ' ( x ) = ( 4 x 2 − 5 x ) = ( 4 x 2 ) − ( 5 x ) = 4 ( x 2 ) − 5 = 4  2 x − 5 = 8 x − 5
' ' ' '

b)

b' ( x ) = 3x 2 ( 2 − x )  = ( 3x 2 )  ( 2 − x ) + 3x 2  ( 2 − x ) = 6 x  ( 2 − x ) + 3x 2  ( −1)


' ' '

= 12 x − 6 x 2 − 3x 2 = 12 x − 9 x 2

 3x + 2  ( 3x + 2 )  ( 3x − 2 ) − ( 3x + 2 )  ( 3x − 2 ) 3  ( 3 x − 2 ) − ( 3 x + 2 )  3
' ' '

c' ( x ) =   = =
 3x − 2  ( 3x − 2 ) ( 3x − 2 )
2 2

c)
9x − 6 − 9x − 6 −12 12
= = =−
( 3x − 2 ) ( 3x − 2 ) ( 3x − 2 )
2 2 2

(x + 1)
'

( )
2
'
2x x
d) d ( x ) = '
x +1 =
2
1
= =
2   x + 1 2 2. x + 1
2
x +1
2

 

'
 x + 2  ( x + 2 )  ( x − 3) − ( x − 2 )  ( x − 3)  1 ( x − 3)2 − ( x − 2 )   2 ( x − 3)
' ' 2 2

e ( x) = 
'
 = =
 ( x − 3)  ( x − 3)
2 2 4
( x − 3 ) 2 
e)  
( x − 3) − ( 2 x − 4 )( x − 3) ( x − 3)( x − 3 − 2 x + 4 ) − x + 1
2

= = =
( x − 3) ( x − 3) ( x − 3)
4 4 3

f)

 x2  ( x )  ( 4 − x ) − x  ( 4 − x )
' '
 x 2 3  2 ' 2 2 2 '
 x2   x2 
f ( x ) = 
'
  = 3     = 3   
 4 − x    4− x  4− x  4− x (4 − x)
2

 x 2  2 x ( 4 − x ) − x  ( −1)
2 2 2
 x2  8x − 2 x2 + x2  x2  8x − x2
2

= 3   = 3     = 3    
 4− x (4 − x)  4− x (4 − x)  4 − x  (4 − x)
2 2 2

x4 x (8 − x ) 3x5 (8 − x )
= 3  =
(4 − x) (4 − x) (4 − x)
2 2 4

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11.3.2 Derivada da função exponencial. Regras de


derivação

Regras de derivação da função exponencial:

Seja f uma função real de variável real. Então:

• se f ( x ) = e x  f ' ( x ) = e x ;

• f ( x ) = eu  f ' ( x ) = u '  eu ;

• f ( x) = ax  f ' ( x ) = a x  ln a ; e,

• f ( x ) = au  f ' ( x ) = u'  au  ln a .

Exemplo:

Determina a função derivada de cada uma das seguintes funções reais de variável real definidas por:

1

a) f ( x ) = e2 x−3 b) g ( x ) = 3 x

x
c) h ( x ) = x3 .e x d) i ( x ) =
2

ex

Resolução:

( )
' 2 x −3 2 x −3
f ' ( x ) = e2 x −3 = ( 2 x − 3) .e
'
a) = 2e

'
 − 1   1 ' − 1 1 −
1 1
ln 3 − x
b) g ( x) = 3
'  x  = −  3  ln 3 = 2  3  ln 3 = 2  3
x x
   x  x x
 

( ) = (x ) e ( ) = 3x  e ( )
' '
3 ' '
h' ( x ) = x3 .e x
2
x2 2
x2 2 2 2
+ x3  e x 2
+ x3  x 2  e x = 3x 2  e x + x3  2 x  e x
c)
(3 + 2x )
2 2 2
= 3x 2  e x + 2 x 4  e x = x 2 .e x 2

( ) = ex − x  e x = ex (1 − x ) = 1 − x
'
 x  x e − x e
' ' x x
d) i ( x) =  x  =
'
e 
( ) (ex ) (ex ) e
2 2 2 x
ex

104 Matemática -12º Ano de Escolaridade


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11.3.3 Derivada da função logarítmica. Regras de


derivação

Regras de derivação da função logarítmica:

Seja f uma função real de variável real. Então:

1
• se f ( x ) = ln x  f ' ( x) = ;
x

u'
• f ( x ) = ln u  f ' ( x) = ;
u

1
• f ( x ) = log a x  f ' ( x) = ; e,
x ln a

u'
• f ( x ) = log a u  f ' ( x) = .
u ln a

Exemplo:

Determina a função derivada de cada uma das seguintes funções reais de variável real definidas por:

 x2 
a) (
f ( x ) = ln 3x 2 − 5 ) (
b) g ( x ) = log x 2 − 3 ) c) h ( x ) = log 2  
3x 
e 

Resolução:

( 3x 2 − 5 ) = 6 x
'

( x ) = ln ( 3x − 5) = 2
'
' 2
a) f
3x − 5 3x 2 − 5

(x )
'
2
−3
( )
' 2x
b) g ( x ) = log x − 3  =
' 2
=
  x 2 − 3 ln10 x 2 − 3 ln10 ( ) ( )
(x ) e
2 '
( )
'
'
3x
− x 2  e3 x 2 x  e3 x − x 2  3e3 x
 x  2

  x2
h' ( x ) = log 2  3 x

 
'

= 
 3 x 
e 
=
(e ) 3x 2
=
(e )
3x 2

 e  x2  x2 x2
  
 3 x  ln 2 ln 2 ln 2
c) e  e3 x e3 x
xe3 x ( 2 − 3 x )
x ( 2 − 3x )

=
(e ) 3x 2
= e3 x =
x ( 2 − 3 x )  e3 x
=
2 − 3x
x 2
x 2
e  x  ln 2
3x 2 x ln 2
ln 2 ln 2
e3 x e3 x

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11.4 Aplicações das derivadas

11.4.1 Sentido da variação de uma função

Sentido da variação (estudo da monotonia) de uma função:

Seja f uma função de domínio D  IR e I um intervalo tal que I  D . Então:

• se f ' é positiva em todos os pontos do intervalo I, então f é estritamente crescente nesse


intervalo.

• se f ' é negativa em todos os pontos do intervalo I, então f é estritamente decrescente


nesse intervalo.

• se f ' é nula em todos os pontos do intervalo I, então f é constante nesse intervalo.


Exemplo:

Estuda a monotonia da função real de variável real definida analiticamente por:


f ( x ) = 2 x3 − 54 x .

Resolução:

Ora, para indicar os intervalos de monotonia da função é necessário estudar o sinal da função

f ' . Assim, determine-se a sua expressão analítica e os zeros, a fim de se construir um quadro de
sinais.

f ' ( x ) = ( 2 x 3 − 54 x ) = 6 x 2 − 54
'

54
f ' ( x ) = 0  6 x 2 − 54 = 0  x 2 =  x = 3
6

x − -3 3 +

f ' ( x) + 0 _ 0 +

f ( x) 108 -108

Portanto, f é crescente em −, − 3  3, +  e é decrescente em −3, 3 .

106 Matemática -12º Ano de Escolaridade


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11.4.2 Extremos relativos de uma função

Extremos relativos (máximo e mínimo) de uma função:

Seja f uma função real de variável real e a um ponto do seu domínio. Então:

• f ( a ) é máximo relativo de f se:

- f ' ( a ) = 0 , a derivada de f é positiva à esquerda de x = a e negativa à direita de x = a ;

- se não existe f ' ( a ) , as derivadas laterais neste ponto (finitas ou infinitas) têm sinais

contrários.

• f ( a ) é mínimo relativo de f se:

- f ' ( a ) = 0 , a derivada de f é negativa à esquerda de x = a e positiva à direita de x = a ;

- se não existe f ' ( a ) , as derivadas laterais neste ponto (finitas ou infinitas) têm sinais

contrários.


Notas:

1. Não basta que a derivada se anule num ponto a para que haja um extremo nesse ponto. É
necessário que ela mude de sinal.

2. Pode haver um extremo num ponto a, sem haver derivada nesse ponto. Basta que as
derivadas laterais sejam de sinais contrários.

Exemplos:

1. f ( x ) = x3  f ' ( x ) = 3x2 e f ' ( x ) = 0  3x2 = 0  x = 0

x − 0 +

f ' ( x) + 0 + Embora f ' ( 0 ) = 0 , f ( 0 ) não é um


extremo relativo de f pois f ' não
f ( x) 0
muda de sinal à direita e à
esquerda de x = 0 .

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___________________________________________________________ 107
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x x0 1  x  0
2. f ( x) = x  f ( x) =   f ' ( x) = 
− x  x  0  −1  x  0

Note-se que não existe f ' ( 0 ) pois f ' ( 0+ ) = 1  −1 = f ' ( 0− ) .

x − 0 +

f ' ( x) _ + Embora não exista f ' ( 0 ) ,


f ( 0 ) = 0 é um mínimo relativo de
f ( x) 0 f pois f ' passa de negativa para
positiva.

11.4.3 Sentido das concavidades do gráfico de uma função

Sentido das concavidades do gráfico de uma função:

• Se o gráfico de uma função f tem a concavidade voltada para cima, num dado intervalo,
então nesse intervalo tem-se:

- f ' é crescente; e, - f '' é positiva.

• Se o gráfico de uma função f tem a concavidade voltada para baixo, num dado intervalo,
então nesse intervalo tem-se:

- f ' é decrescente; e, - f '' é negativa.

• Se a função f '' é nula para x = a e tem sinais diferentes à esquerda e à direita de a , então

o ponto ( a, f ( a ) ) em que o gráfico muda o sentido da concavidade é um ponto de inflexão do


gráfico de f.

Notas:

1. Não basta que a segunda derivada se anule num ponto a para que o ponto a, f ( a ) seja ( )
um ponto de inflexão do gráfico de f. É necessário que ela mude de sinal.

2. O ponto ( a, f ( a ) ) pode ser um ponto de inflexão do gráfico de f sem que exista f '' ( a ) ,

finita. Basta que f '' mude de sinal à direita e à esquerda de a.

108 Matemática -12º Ano de Escolaridade


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Exemplo:

Estuda o sentido das concavidades e a existência de pontos de inflexão do gráfico da função

real de variável real definida analiticamente por: f ( x ) = −


3
(
1 3
x − 9 x 2 + 24 x − 48 . )
Resolução:

Ora, para estudar o sentido das concavidades do gráfico de uma função é necessário estudar o

sinal da função f '' . Assim, determine-se a sua expressão analítica e os zeros, a fim de se construir um
quadro de sinais.

'
 1 
f ' ( x ) =  − ( x3 − 9 x 2 + 24 x − 48 )  = − ( x3 − 9 x 2 + 24 x − 48 ) = − ( 3x 2 − 18 x + 24 )
1 ' 1
 3  3 3
= −x + 6x − 8
2

( )
'
f '' ( x ) = − x 2 + 6 x − 8 = −2 x + 6

−6
f '' ( x ) = 0  −2 x + 6 = 0  x =  x=3
−2

x − 3 +

f '' ( x ) + 0 _

f ( x) 10

Portanto, o gráfico de f tem a


concavidade voltada para cima em −, 3 e
voltada para baixo em 3, +  . O ponto de
inflexão tem de coordenadas ( 3, 10 ) .

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11.5 Estudo completo de uma função

Estudo completo de uma função:

Para se proceder ao estudo completo de uma função é necessário seguir os seguintes passos:

• Determinar o domínio

• Determinar as coordenadas dos pontos de intersecção do gráfico com os eixos coordenados

• Determinar as equações das assimptotas do gráfico (caso existam)

• Estudar a monotonia, indicando os extremos relativos

• Estudar o sentido da concavidade do gráfico e determinar os pontos de inflexão (caso


existam)

• Esboçar o gráfico e verificar a concordância das informações

• Ler o contradomínio

Exemplos:

1. Considere-se a função real de variável real definida por: f ( x ) = x3 − 3x2 − 9x + 11 , e faça-

se o seu estudo completo.

✓ Domínio: D f = IR , pois f é uma função polinomial.

✓ Imagem de zero: f ( 0) = 11

Zeros: tem-se que f (1) = 0 , logo, o polinómio x3 − 3 x 2 − 9 x + 11 é divisível por x −1 .

Efectuando a divisão através da Regra de Ruffini, obtém-se o quociente x 2 − 2 x − 11 .


Assim,

( )
f ( x ) = 0  x3 − 3x 2 − 9 x + 11 = 0  ( x − 1) x 2 − 2 x − 11 = 0  x − 1 = 0  x 2 − 2 x − 11

2  48 24 3
 x =1  x=  x =1  x =  x =1  x = 1 2 3
2 2
 x =1  x = 1+ 2 3  x = 1− 2 3

Portanto, os zeros de f são: 1; 1 + 2 3  4,5 e 1 − 2 3  −2,5 .

110 Matemática -12º Ano de Escolaridade


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✓ Assimptotas verticais: como f é uma função polinomial então é contínua no seu
domínio. Logo, o seu gráfico não tem assimptotas verticais.

✓ Assimptotas não verticais:

Suponha-se que x → + .

 x3 3x 2 9x 11 3 9 11
− − + 1− − 2 + 3
f ( x) x3 − 3x 2 − 9 x + 11  3
x3 x3 x3 = lim x x x = 1 − 0 − 0 + 0 = +
m = lim = lim = lim x
x →+ x x →+ x x →+ x x →+ 1 0+
x3 x2
Quando x → − , os cálculos são análogos.

Donde, o gráfico da função f não tem assimptotas não verticais.

✓ Monotonia e extremos:

( )
'
f ' ( x ) = x3 − 3x 2 − 9 x + 11 = 3x 2 − 6 x − 9

2  16
Ora, f ' ( x ) = 0  3x2 − 6 x − 9 = 0  x =  x = −1  x=3
2

Faça-se o quadro de sinais.

x − -1 3 +

f ' ( x) + 0 _ 0 +

f ( x) Max.
mín.

f ( −1) = ( −1) − 3 ( −1) − 9 ( −1) + 11 = 16 e f ( 3) = 33 − 3  32 − 9  3 + 11 = −16


3 2
Tem-se:

Portanto,

- a função é crescente em −, − 1  3, +  e decrescente em −1, 3 ,

- tem um máximo relativo igual a 16, e o respectivo maximizante é -1,

- tem um mínimo relativo igual a -16, e o respectivo minimizante é 3.

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✓ Concavidades e pontos de inflexão:

( )
'
f '' ( x ) = 3x 2 − 6 x − 9 = 6 x − 6

6
Ora, f '' ( x ) = 0  6 x − 6 = 0  x =  x =1
6

Faça-se o quadro de sinais.

x − 1 +

f '' ( x ) - 0 +

f ( x) P.I.

Tem-se: f (1) = 13 − 3 12 − 9 1 + 11 = 0 . Portanto,

- o gráfico da função f tem a concavidade voltada para cima em 1, +  e voltada

para baixo em −, 1 ;

- o ponto de inflexão tem de coordenadas (1, 0 ) .

✓ Gráfico:

Podemos, através das informações


obtidas, traçar o gráfico da função:

✓ Contradomínio:

Do estudo feito, e da análise do gráfico, pode concluir-se que o contradomínio da função


é IR, ou seja, D'f = IR .

112 Matemática -12º Ano de Escolaridade


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x
2. Estuda analiticamente a função real de variável real definida por: t ( x ) = .
1 − ln x

✓ Domínio:
Dt = x  IR : x  0  1 − ln x  0 = x  IR : x  0  ln x  1 = x  IR : x  0  x  e = IR+ \ e

✓ Imagem de zero: não faz sentido calcular a imagem de zero uma vez que não pertence
ao domínio.

✓ Zeros:
x
t ( x) = 0  = 0  x = 0  1 − ln x  0  x  Dt  x = 0  xe  x  Dt ,
1 − ln x
que é uma condição impossível.

Portanto, a função t não tem zeros.

✓ Assimptotas verticais: atendendo ao domínio de t, calcule-se lim+ t ( x ) e lim t ( x ) .


x →0 x →e

x 0
lim t ( x ) = lim+ = =0
x →0+ x →0 1 − ln x +

x e x e
lim t ( x ) = lim+ = = − e lim− t ( x ) = lim− = = + , logo, a recta de equação
x →e + x →e 1 − ln x 0− x →e x →e 1 − ln x 0+

x = e é uma assimptota vertical bilateral do gráfico de t.

✓ Assimptotas não verticais:

x
t ( x) − x 1 1
m = lim = lim 1 ln x = lim = lim = = 0−
x →+ x x →+ x x →+ x (1 − ln x ) x→+ (1 − ln x ) −


x  1 1 1 1
b = lim t ( x ) − 0 x  = lim = lim = lim = = = −
x →+ x →+ 1 − ln x x →+ 1 − ln x x →+ 1 ln x 1 ln x 0 − 0
− lim − lim
x x x x →+ x x →+ x

Donde, o gráfico da função t não tem assimptotas não verticais.

✓ Monotonia e extremos:

 1
1 (1 − ln x ) − x   0 − 
 x  1 − ln x + 1 2 − ln x
t' ( x) = = =
(1 − ln x ) 2
(1 − ln x ) (1 − ln x )2
2

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___________________________________________________________ 113
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Ora,
2 − ln x
t' ( x) = 0  = 0  2 − ln x = 0  (1 − ln x )2  0  ln x = 2  x  e  x = e2  xe
(1 − ln x ) 2

Faça-se o quadro de sinais.

x 0 e e2 +

t' ( x) + s.s. + 0 -

t ( x) s.s.
máx.

Tem-se: t e 2 = ( ) e2
1 − ln e 2
=
e2
1− 2
= −e 2

Portanto,

- a função é crescente em 0, e   e, e 2  e decrescente em  e 2 , +   ,

- tem um máximo relativo igual a −e 2 , e o respectivo maximizante é e 2 .

✓ Concavidades e pontos de inflexão:

1  1
 2 − ln x  − x (1 − ln x ) − ( 2 − ln x )  2  (1 − ln x )   − x 
' 2

t '' ( x ) =   =  
 (1 − ln x )2  (1 − ln x ) 4

1 1
− (1 − ln x )(1 − ln x − 4 + 2 ln x ) − ( −3 + ln x )
x 3 − ln x
= = x =
(1 − ln x ) 4
(1 − ln x )3
x (1 − ln x )
3

Ora,
3 − ln x
t '' ( x ) = 0  = 0  3 − ln x = 0  x  0  (1 − ln x )3  0  ln x = 3  x0  xe
x (1 − ln x )
3

 x = e3  x0  xe

Faça-se o quadro de sinais.

114 Matemática -12º Ano de Escolaridade


Escola Secundária de Palmarejo
________________________________________________________

x 0 e e3 +

t '' ( x ) + s.s. - 0 +

t ( x) s.s. P.I.

Tem-se: t e3 = ( ) e3
1 − ln e3
=
e3
1− 3
e3
=− .
2

Portanto,

- o gráfico da função t tem a concavidade voltada para cima em 0, e   e3 , +   e

voltada para baixo em  e, e3  ;

 e3 
- o ponto de inflexão tem de coordenadas  e3 , − .
 2 

✓ Gráfico:

Podemos, através das informações


obtidas, traçar o gráfico da função:

✓ Contradomínio:

Do estudo feito, e da análise do gráfico, pode concluir-se que o contradomínio da


função é  −, − e 2   0, +  , ou seja, Dt' =  −, − e2   0, +  .

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___________________________________________________________ 115
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11.6 Noção de infinitésimo simultâneo com ( x − a )

Definição de infinitésimo simultâneo com ( x − a ) :

Uma função f diz-se um infinitésimo simultâneo com ( x − a ) se lim f ( x ) = 0 .


x→a

Exemplo:

Averigua se a função real de variável real definida analiticamente por:

 x3 − 1
 se x  1
f ( x) =  x −1
log ( 3x + 5) se x  1
 2

é ou não um infinitésimo simultâneo com ( x + 2) . (Adaptado da P.G.N. – 2006/2007 – 1ª chamada)

Resolução:

f é um infinitésimo simultâneo com ( x + 2) se lim f ( x ) = 0 .


x →−2

x3 − 1 ( −2 ) − 1 −9
3
Ora, lim f ( x ) = lim = = =30.
x →−2 x →−2 x − 1 −2 − 1 −3

Logo, a função f não é um infinitésimo simultâneo com ( x + 2) .

11.6.1 Ordem de um infinitésimo simultâneo

Ordem de infinitésimo simultâneo:

Se f e g são infinitésimos simultâneos com ( x − a ) , diz-se que:

f ( x)
• são infinitésimos da mesma ordem se o limite lim é um número real e diferente de zero.
x→a g ( x)

f ( x) g ( x)
• f é um infinitésimo de ordem superior à de g quando lim = 0 ou lim =.
x →a g ( x) x →a f ( x)

116 Matemática -12º Ano de Escolaridade


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Exemplos:

1. Sejam as funções reais de variável real definidas por: j ( x ) = x2 − x e k ( x ) = 2 − x + 3 .

Mostra que j e k são infinitésimos simultâneos com ( x − 1) e compara as suas ordens.

(Adaptado da P.G.N. – 2006/2007 – 1ª chamada)

Resolução:

Para se mostrar que j e k são infinitésimos simultâneos com ( x − 1) é necessário provar que

lim j ( x ) = 0 e lim k ( x ) = 0 .
x →1 x →1

( )
Ora, lim j ( x ) = lim x2 − x = 1 − 1 = 0 e lim k ( x ) = lim 2 − x + 3 = 2 − 2 = 0
x→1 x→1 x →1 x →1
( )
Logo, as funções j e k são infinitésimos simultâneos com ( x − 1) . Compare-se as suas ordens:

( x2 − x ) ( 2 + x + 3 ) ( x2 − x ) ( 2 + x + 3 )
0
j ( x) x2 − x 0
lim = lim = lim = lim
( x) x + 3 x →1 ( 2 − x + 3 )( 2 + x + 3 ) x →1 22 − x + 3 2
x →1 k x →1 2 −
( )
= lim
( x2 − x ) ( 2 + x + 3)
= lim
( x2 − x ) ( 2 + x + 3 )
= lim
x ( x − 1) ( 2 + x + 3 )
x →1 4− x−3 x →1 −x +1 x →1 − ( x − 1)

( )
= lim  − x 2 + x + 3  = −1( 2 + 2 ) = −4
x →1  

Logo, as funções j e k são infinitésimos simultâneos da mesma ordem.

2. Mostra que as funções definidas por: l ( x ) = 3x e m ( x ) = x são infinitésimos

simultâneos com x e que a ordem de l é superior à de m.

Resolução:

Ora, lim l ( x ) = lim ( 3 x ) = 0 e lim m ( x ) = lim


x →0 x →0 x →0 x →1
( x) = 0.
Logo, as funções l e m são infinitésimos simultâneos com x. Compare-se as suas ordens:

0
l ( x)
( )
3x 0 3x x 3x x 3x x
lim = lim = lim = lim = lim = lim 3 x = 0 .
x →0 m ( x) x →0 x x →0 x x x →0
( x)
2 x →0 x x →0

Logo, a ordem de l é superior à de m.

República de Cabo Verde


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