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LIVRO DE ATAS

Editores
José Neves
Ana Galvão
António Gago
Isabel Ramos
José Bogas
Luís Guerreiro
Rita Bento
Teresa Freitas
Aviso Legal

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opção livre dos autores.

Ficha Técnica

Título: 2º Simpósio de Engenharia Civil (2SEC 2023): Livro de Atas


Publicação: Instituto Superior Técnico (IST)
Editores: José Neves, Ana Galvão, António Gago, Isabel Ramos, José Bogas, Luís Guerreiro, Rita
Bento, Teresa Freitas
ISBN: 978-989-35262-0-0
DOI: 10.5281/zenodo.8150018

Lisboa, julho de 2023


ÍNDICE
ORGANIZAÇÃO 11

PATROCÍNIOS 13

APOIOS 14

TEMA 01

QUALIDADE E SUSTENTABILIDADE DO AMBIENTE CONSTRUÍDO 15

ESTUDO COMPARATIVO DA SUSTENTABILIDADE DE CAIXILHARIA DE ALUMÍNIO E PVC 17


ROBUSTEZ DA CERTIFICAÇÃO ENERGÉTICA DOS EDIFÍCIOS DE HABITAÇÃO EM PORTUGAL 19
COMPORTAMENTO TÉRMICO E ENERGÉTICO DE PISCINA EM BETÃO COM DESEMPENHO
MELHORADO 21
FACHADAS VERDES E SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL 23
CERTIFICAÇÃO ENERGÉTICA: ESTUDO DE CASO SOBRE A ISENÇÃO DE REQUISITOS EM
ENVOLVENTES COMUNS ENTRE FRAÇÕES DE HABITAÇÃO 25
COMPÓSITO À BASE DE CÂNHAMO E BAGAÇO DE CANA DE AÇÚCAR PARA BLOCOS
CONSTRUTIVOS 27
CONSTRUÇÃO EM TERRA – CONTRIBUTO PARA UMA MELHOR ACEITAÇÃO DESTE MATERIAL
SUSTENTÁVEL 29
MANUTENÇÃO DE EDIFÍCIOS: SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS 31
DESIGN, ANALYSIS AND TESTING OF A GLAZING FAÇADE WITH ENERGY DISSIPATION DEVICES 33

TEMA 02

INDUSTRIALIZAÇÃO E TECNOLOGIAS CONSTRUTIVAS 35

CARATERIZAÇÃO EXPERIMENTAL DO COMPORTAMENTO TÉRMICO DE UM SISTEMA DE PAREDE


DINÂMICO 37
COMPORTAMENTO DE PAINÉIS DE VIDRO LAMINADO À AÇÃO DE EXPLOSÕES – GERAÇÃO DE
CURVAS PRESSÃO-IMPULSO (P-I) 39
BARRIERS TO THE ADOPTION OF MODULAR CONSTRUCTION IN PORTUGAL: AN INTERPRETIVE
STRUCTURAL MODELLING APPROACH 41
COORDENAÇÃO DE SEGURANÇA VS PROCESSOS CONSTRUTIVOS – CASO DE ESTUDO 43
BRITTLE MINERAL FOAM IN A SACRIFICIAL CLADDING SOLUTION FOR BLAST 45
LOADING MITIGATION 45

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


5
TEMA 03

INOVAÇÃO E NOVOS MATERIAIS 47

CARACTERIZAÇÃO MECÂNICA DE ARGAMASSAS DE PROTEÇÃO PASSIVA AO FOGO EM


ESTRUTURAS METÁLICAS DE BASE CIMENTÍCIA E GESSO COM PARTÍCULAS DE NANO E MICRO
SÍLICA 49
DESEMPENHO EM TERMOS DE DURABILIDADE DE BETÕES COM CINZA DE FUNDO DE RESÍDUOS
SÓLIDOS URBANOS ACTIVADA ALCALINAMENTE 51
NUMERICAL ANALYSIS OF AN INNOVATIVE BLAST PROTECTIVE SYSTEM FOR BUILDINGS 53
SISTEMAS DE PROTEÇÃO DE FACHADAS ENVIDRAÇADAS CONTRA EXPLOSÕES COM RECURSO A
TECNOLOGIAS DE IMPRESSÃO 3D 55
INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO 57
TIJOLOS DE SOLO-CIMENTO COM ADIÇÃO DE RESÍDUOS 57
DA INDÚSTRIA DE CELULOSE, DREGS 57
ESTUDO EXPERIMENTAL DE ARGAMASSAS DE CAL COM INCORPORAÇÃO DE CINZA DE CAROÇO
DE AZEITONA 59
AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE INCORPORAÇÃO DO RESÍDUO DE CASCA DE AMÊNDOA EM
ARGAMASSAS DE CAL: RESULTADOS PRELIMINARES 61
AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE MATERIAIS CIMENTÍCIOS COM ÓXIDO DE MAGNÉSIO REACTIVO
E CINZAS VOLANTES 63
COMPORTAMENTO MECÂNICO DE BETÕES SUSTENTÁVEIS PRODUZIDOS COM ÁGUA SALGADA E
AGREGADOS RECICLADOS 65
PLACAS INOVADORAS PARA REVESTIMENTO INTERIOR DE EDIFÍCIOS COM CAPACIDADE DE
REGULAÇÃO TÉRMICA 67
DESEMPENHO MECÂNICO DE BETÕES COM CINZA DE FUNDO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS
ACTIVADA ALCALINAMENTE 69
PROJETO DE ESTRUTURAS EM VIDRO 71
DIMENSIONAMENTO DE REFORÇOS EM COMPÓSITOS COM POLÍMEROS DE FIBRA DE CARBONO,
EM ELEMENTOS ESTRUTURAIS DE BETÃO ARMADO 73
MATERIAIS PRODUZIDOS COM CIMENTO RECICLADO E RCD POR CARBONATAÇÃO ACELERADA 75
DESEMPENHO DE BETÕES PRODUZIDOS COM LIGANTES OBTIDOS ATRAVÉS DA ACTIVAÇÃO
ALCALINA DE DIFERENTES RCD 77

TEMA 04

RECICLAGEM E VALORIZAÇÃO 79

ASSESSMENT OF EUROPE’S CIRCULAR ECONOMY IN THE BUILDING SECTOR 81


CARACTERIZAÇÃO MECÂNICA DE ARGAMASSAS PRODUZIDAS COM CLÍNQUER RECICLADO 83
INCORPORAÇÃO DE RESÍDUO DE VIDRO MOÍDO EM ARGAMASSAS COMO SUBSTITUTO PARCIAL
DO CIMENTO 85

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


6
VALORIZAÇÃO DE RESÍDUOS DA INDÚSTRIA DE FUNDIÇÃO EM ARGAMASSAS DE REVESTIMENTO
PARA EDIFÍCIOS 87
REUTILIZAÇÃO DE LODO DE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO PARA A 89
FABRICAÇÃO DE BLOCOS DE CONCRETO 89
PROPOSTA DE BETÃO À BASE DE RESÍDUOS DA INDÚSTRIA DA CARPINTARIA 91
ECO-ASPHALT MIXTURES MADE WITH BY-PRODUCT 93
FROM OIL REFINING INDUSTRY 93
AVALIAÇÃO DE RISCOS NO TÚNEL DE GOUVÃES 95

TEMA 05

MONITORIZAÇÃO, INSPEÇÃO E EXPERIMENTAÇÃO 97

FISCALIZAÇÃO DE OBRAS PÚBLICAS – SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA E SISTEMA DE


ÁGUAS RESIDUAIS 99
DURABILIDADE DE ETICS E DE PRODUTOS ANTI-GRAFFITI EM AMBIENTE URBANO 101
DETEÇÃO DE DANO EM RODAS DE VEÍCULOS FERROVIÁRIOS BASEADA EM TÉCNICAS DE
INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL 103
GESTÃO DE INFRAESTRUTURAS RODOVIÁRIAS: TOMADA DE DECISÃO BASEADA EM
MONITORIZAÇÃO E INDICADORES DE DESEMPENHO 105
DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÃO DE UM SISTEMA DE MONITORIZAÇÃO A UM MODELO À
ESCALA REDUZIDA 107
DESENVOLVIMENTO DE MODELOS DE MACHINE LEARNING BASEADOS EM DADOS DE
MONITORIZAÇÃO CONTÍNUA DE BARRAGENS DE BETÃO PARA INTERPRETAÇÃO DO
COMPORTAMENTO ESTRUTURAL OBSERVADO 109
DATA-DRIVEN MODELLING OF THE STRUCTURAL BEHAVIOR OF CONCRETE DAMS USING
MACHINE LEARNING TECHNIQUES 111

TEMA 06 113

REABILITAÇÃO E CONSERVAÇÃO DO PATRIMÓNIO CONSTRUÍDO 113

ABÓBADAS QUADRIPARTIDAS E FENDAS DE SABOURET 115


OS MUROS DE PEDRA SECA NO ALGARVE – ESTRUTURAS GEOTÉCNICAS IMPACTANTES NA
MITIGAÇÃO DE RISCOS NATURAIS E ADAPTAÇÃO CLIMÁTICA 117
SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS EM EDIFÍCIOS HOSPITALARES, COM ANÁLISE BASEADA NO
DESEMPENHO, E POR ABORDAGEM PRESCRITIVA 119
ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE MODELOS DE DETERIORAÇÃO DE ESTRUTURAS DE BETÃO
ARMADO 121
CARACTERIZAÇÃO DE BLOCOS DE TERRA COMPACTADA E ARGAMASSAS DE REVESTIMENTO DE
EDIFÍCIOS TRADICIONAIS DA REGIÃO NORTE DE PORTUGAL 123

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


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TEMA 07

ESTRUTURA E ENGENHARIA SÍSMICA 125

PRODUÇÃO DE VIGAS DE SECÇÃO SOLDADA DE ALMA CHEIA GEOMETRIA DE FABRICO,


IMPERFEIÇÕES GEOMÉTRICAS E TENSÕES RESIDUAIS 127
ENCURVADURA DE ESTRUTURAS RETICULADAS COM APOIOS UNILATERAIS 129
PROJETO DE ESTRUTURAS E FUNDAÇÕES DE UM EDIFÍCIO DE ESCRITÓRIOS COM GRANDES VÃOS 131
ASSESSMENT OF ERROR BOUNDS OF SOLUTIONS OBTAINED FROM REDUCED ORDER METHODS 133
CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO SÍSMICO DE ESTRUTURAS DE ALVENARIA ARMADA DE
ACORDO COM A REGULAMENTAÇÃO ACTUAL 135
AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA NA CONSTRUÇÃO DE OBRAS DE ARTE 137
CASO DE ESTUDO – INTERVENÇÃO NA LIGAÇÃO RODOVIÁRIA AO 137
PARQUE DE NEGÓCIOS DE ESCARIZ A32 137
DESIGN OF S690 SLENDER PLATE I-GIRDERS UNDER COMBINED SHEAR, BENDING AND
COMPRESSION 139
ANÁLISE DE UMA INFRAESTRUTURA CRÍTICA DOTADA DE ISOLAMENTO DE BASE SUJEITA À AÇÃO
SÍSMICA 141

TEMA 08

CONSTRUÇÃO 4.0, DIGITALIZAÇÃO E BIM 143

PROPOSTA DE METODOLOGIA ORIENTADA PARA A GESTÃO DA INFORMAÇÃO DIGITAL COM


RECURSO AO BIM 144
VERIFICAÇÃO AUTOMÁTICA DE PROJETOS 146
APLICAÇÃO EM PROJETOS COM CARACTERÍSTICAS PADRONIZADAS 146
IMPLEMENTAÇÃO DA METODOLOGIA BIM NO DESENVOLVIMENTO DE PROJETOS DE
ESTRUTURAS 149
VALIDAÇÃO DA PREPARAÇÃO E MONTAGEM DE ESTRUTURAS METÁLICAS COM BASE EM
TECNOLOGIAS DIGITAIS 151
AVALIAÇÃO DE PAVIMENTOS AEROPORTUÁRIOS COM RADAR DE PROSPEÇÃO - MONITORIZAÇÃO
E VISUALIZAÇÃO EM BIM 153
CRIAÇÃO DE BASE DE DADOS ANOTADA PARA A DETEÇÃO AUTOMÁTICA DE PATOLOGIAS EM
EDIFÍCIOS 155
THE APPLICATION OF MACHINE LEARNING / DEEP LEARNING METHODS TO THE VARIOUS AREAS
OF CIVIL ENGINEERING 157
DIGITALIZAÇÃO DO PROCESSO DE GESTÃO E COORDENAÇÃO DA SEGURANÇA NO TRABALHO DA
CONSTRUÇÃO NO MUNICÍPIO DE LISBOA 159
MODELOS DIGITAIS DE PONTES FERROVIÁRIAS: 161
TECNOLOGIAS DE CAPTURA DE REALIDADE E MODELAÇÃO BIM 161
DRONES, BIM E O DESEMPENHO ENERGÉTICO DE EDIFÍCIOS 163

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


8
GESTÃO DA OBRA EM CAMPO COM RECURSO A APLICAÇÕES DIGITAIS MÓVEIS: CASO DE ESTUDO
EM PORTUGAL 165

TEMA 09

GESTÃO DE ATIVOS E RISCO 167

ANÁLISE DE RISCO DE INCÊNDIO: ESTUDO DE CASO DA ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA DO


INSTITUTO POLITÉCNICO DE CASTELO BRANCO 169
EVACUAÇÃO DE EDIFÍCIOS – BLOCO D DA ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA DE CASTELO
BRANCO 171
ANÁLISE DO RISCO DE INCÊNDIO 173
EDIFÍCIO REMODELADO EM CASTELO BRANCO 173
SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS EM EDIFÍCIOS HOSPITALARES – CENTRO HOSPITALAR E
UNIVERSITÁRIO DE COIMBRA 175
AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA NA CONSTRUÇÃO DE OBRAS DE ARTE 177
CASO DE ESTUDO 177

TEMA 11

ESTRUTURAS GEOTÉCNICAS 179

ANÁLISE DE PEQUENOS MODELOS FÍSICOS E MODELOS NUMÉRICOS EM GEOTECNIA:


FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS EM TALUDES DE SOLO COM E SEM REFORÇO 181
3D EFFECTS IN RETAINING WALL BEHAVIOUR 183
DESENVOLVIMENTO DE UM PROGRAMA PARA DIMENSIONAMENTO DE SAPATAS DE ACORDO
COM O EUROCÓDIGO 2 E O EUROCÓDIGO 7 185
NUMERICAL ANALYSIS OF THE THERMO-MECHANICAL 187
RESPONSE OF ENERGY PILES 187

TEMA 12

ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS, AMBIENTE E RECURSOS NATURAIS 189

ANÁLISE DA EFICIÊNCIA HÍDRICA NA ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA DO INSTITUTO


POLITÉCNICO DE CASTELO BRANCO 191
RISCO DE CONTAMINAÇÃO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS 193
FLUXO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS E TRANSPORTE DE CONTAMINANTES 195

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


9
TEMA 13

HIDRÁULICA, INFRAESTRUTURAS HIDRÁULICAS E APROVEITAMENTO DE ENERGIA 197

NUMERICAL ANALYSIS OF THE EBRO RIVER MEANDER FLOW FIELD, UPSTREAM OF THE BRIDGE
PAVILION 199

TEMA 14

SISTEMAS DE TRANSPORTES 201

AVALIAÇÃO DAS SECÇÕES HOMOGÊNEAS DE UMA ESTRADA DE BAIXO VOLUME DE TRÁFEGO 203
DEFINIÇÃO E ANÁLISE DE CURVAS DE ATENUAÇÃO DE VIBRAÇÕES INDUZIDAS POR TRÁFEGO
FERROVIÁRIO 207
PREVISÃO DO CONSUMO DE COMBUSTÍVEL DE CAMIÕES DE TRANSPORTE 209
EM OBRAS RODOVIÁRIAS ATRAVÉS DE MACHINE LEARNING 209

TEMA 15

PLANEAMENTO TERRITORIAL E URBANO 211

A GIS-BASED MULTI-CRITERIA METHOD TO EVALUATE THE LEVEL OF WALKABILITY IN THE CITY


CENTRE OF GUIMARÃES 213

PROGRAMA DO EVENTO 215

PRÉMIOS ATRIBUÍDOS 216

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


10
ORGANIZAÇÃO
Comissão Organizadora Local
Alexandre Bogas
Ana Galvão
António Gago
Isabel Ramos
José Neves
Luís Guerreiro
Rita Bento
Teresa Freitas

Comissão Organizadora
Ana Bártolo (Instituto Politécnico de Setúbal)
António José Correia (Instituto Politécnico de Coimbra)
António Miguel Paula (Instituto Politécnico de Bragança)
Carlos Chastre (Universidade Nova de Lisboa)
Carlos Oliveira (Instituto Politécnico de Viana do Castelo)
Celeste Almeida (Universidade Fernando Pessoa)
Cristina Costa (Instituto Politécnico de Tomar)
Cristina Reis (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro)
Diogo Ribeiro (Instituto Politécnico do Porto)
Elói Figueiredo (Universidade Lusófona - Pólo Lisboa)
Fátima Farinha (Universidade do Algarve)
Miguel Morais (Universidade de Aveiro)
Helena Bártolo (Instituto Politécnico de Leiria)
Isabel Martins (Instituto Superior de Educação e Ciências)
João Lanzinha (Universidade da Beira Interior)
José Neves (Universidade de Lisboa)
Lígia Silva (Universidade do Minho)
Luís Filipe Jorge (Instituto Politécnico de Castelo Branco)
Nuno Garcez (Academia da Força Aérea)
Manuel Pinto (Instituto Politécnico de Viseu)
Maria da Fátima Portela (Instituto Politécnico do Porto)
Maria João Barros (Universidade dos Açores)
Maria Rosário Oliveira (Instituto Politécnico do Porto)
Nuno Correia dos Santos (Universidade Lusófona - Pólo Porto)
Nuno Melo (Instituto Politécnico da Guarda)
Nuno Ramos (Universidade do Porto)
Paulo Mendes (Instituto Politécnico de Lisboa)
Pedro Matias (Academia Militar)
Raimundo Mendes Silva (Universidade de Coimbra)
Ricardo Santos (Instituto Politécnico do Porto)
Sérgio Lousada (Universidade da Madeira)
Teresa Neto (Instituto Politécnico do Porto)

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


Comissão Científica
Ana Sofia da Silva Carreira (Universidade do Algarve)
Anabela Mendes Moreira (Instituto Politécnico de Tomar)
António Perry da Câmara (Academia Militar)
António Pinto da Costa (Universidade de Lisboa)
Bertha Santos (Universidade da Beira Interior)
Carlos Manuel da Silva Félix (Instituto Politécnico do Porto)
Corneliu Cismasiu (Universidade Nova de Lisboa)
Dinis Gardete (Instituto Politécnico de Castelo Branco)
Eva Barreira (Universidade do Porto)
Joaquim José Oliveira Sousa (Instituto Politécnico de Coimbra)
Joaquim Macedo (Universidade de Aveiro)
José Carlos Costa Almeida (Instituto Politécnico da Guarda)
José Manuel Ferreira da Silva (Instituto Politécnico de Viana do Castelo)
José Manuel Mendes Delgado (Instituto Superior de Educação e Ciências)
José Santos (Universidade da Madeira)
Luís Filipe Sanches Fernandes (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro)
Nuno Garcez (Academia da Força Aérea)
Luís Prola (Instituto Politécnico de Leiria)
Luís Vasconcelos (Instituto Politécnico de Viseu)
Manuel Teixeira Braz César (Instituto Politécnico de Bragança)
Márcia Lima (Universidade Lusófona - Pólo Porto)
Maria João Barros (Universidade dos Açores)
Paulo da Venda Oliveira (Universidade de Coimbra)
Paulo Martins (Instituto Politécnico de Lisboa)
Rui Duarte Neves (Instituto Politécnico de Setúbal)
Rui Ramos (Universidade do Minho)
Vitor Antunes (Universidade Lusófona - Pólo Lisboa)
Vítor Silva (Universidade Fernando Pessoa)

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


PATROCÍNIOS

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


APOIOS

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


TEMA 01

QUALIDADE E
SUSTENTABILIDADE DO
AMBIENTE CONSTRUÍDO

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


SEC 2023 – LIVRO DE ATAS
16
ESTUDO COMPARATIVO DA SUSTENTABILIDADE DE CAIXILHARIA DE
ALUMÍNIO E PVC
Cátia L. Campos1, Joana O. Almeida2
1 Instituto Politécnico de Viana do Castelo. catiacampos@ipvc.pt
2
Grupo disciplinar de Engenharia Civil; proMetheus. Instituto Politécnico de Viana do Castelo.
joliveira@estg.ipvc.pt

Palavras-chave: sustentabilidade, impacto ambiental, caixilharia, custo.

1 - Qualidade e Sustentabilidade do Ambiente Construído Apresentação oral

RESUMO
A caixilharia é uma componente com um impacto significativo na sua sustentabilidade dos
edifícios, quer pelos impactos ambientais associados aos ciclos de vida dos materiais aplicados, quer
pela sua influência no conforto dos seus utilizadores e nas questões económicas.
Foi feita uma análise comparativa da sustentabilidade de caixilharias com os dois materiais mais
habituais em caixilharia - o Alumínio e o PVC. De forma a analisar soluções com um desempenho
similar, a comparação foi feita entre caixilhos em Alumínio com corte térmico e caixilhos em PVC com
reforço. A análise comparativa foi feita tendo em conta diferentes critérios, como os requisitos de
funcionamento, os impactos ambientais do ciclo de vida dos materiais empregues, a durabilidade e os
custos a curto e longo prazo. A Figura 1 sintetiza as principais vantagens identificadas para cada uma
das soluções com base na análise efetuada [1]. A caixilharia em Alumínio mostra ser, em geral, mais
sustentável que a de PVC, exceto nas situações em que são exigidas melhores prestações térmicas e
energéticas e onde seja dada particular relevância a itens de impacto ambiental como a
descarbonização e o consumo de recursos.

Figura 1_ Principais vantagens de cada um dos tipos de caixilharia em análise

Os custos imputados ao cliente durante o ciclo de vida útil da caixilharia englobam os custos
relativos à fase inicial de implantação (custo da caixilharia e da mão de obra necessária à sua
instalação), os custos relativos às ações de manutenções ao longo da fase de utilização e ainda, no final
do ciclo de vida, os custos de substituição. Considerando um período de 50 anos, correspondente ao
tempo de vida útil de um edifício, a solução de caixilharia em Alumínio com corte térmico mostrar ter
menores custos diretos de ciclo de vida do que a caixilharia em PVC com reforço, para diversas
tipologias e dimensões. A Figura 2 mostra um exemplo de estimativa desses custos para diferentes
taxas de atualização monetárias (TA).

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17
Figura 2_ Página de estimativa de custos diretos da folha de cálculo de apoio à escolha de caixilharia

Com base na estimativa de custos de ciclo de vida e na avaliação dos diferentes critérios de
sustentabilidade referidos, foi desenvolvida uma metodologia de análise multicritério de apoio à
decisão, para apoio à escolha da melhor solução a aplicar nas caixilharias de um determinado edifício.
Para aplicação dessa metodologia foi criada uma ferramenta informática em Excel que se ilustra na
Figura 3.

Figura 3_Página de conclusões da folha de cálculo de apoio à escolha de caixilharia

Nessa ferramenta o utilizador introduz as características do caixilho e a importância relativa que


o decisor atribui a cada um dos critérios de sustentabilidade e decisão considerados, podendo depois
identificar a melhor solução para o caso em análise. O apoio aos decisores na escolha da solução mais
sustentável é assim feito tendo em conta as características dimensionais e funcionais pretendidas para
a caixilharia e as exigências ambientais a que irá estar exposta, considerando a respetiva classificação
em termos de um conjunto de indicadores de sustentabilidade, que são ponderados tendo em conta
a sua importância relativa para o decisor e que ajudam depois a selecionar a melhor solução em
termos da maximização da qualidade da vida, da minimização do impacto ambiental e da otimização
dos seus custos de ciclo de vida.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] Campos, C. D. (2022). Estudo comparativo da sustentabilidade de caixilharia de alumínio e PVC.
Tese de Mestrado. Instituto Politécnico de Viana do Castelo.

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ROBUSTEZ DA CERTIFICAÇÃO ENERGÉTICA DOS EDIFÍCIOS DE HABITAÇÃO EM
PORTUGAL
Roberto Tomé1, José Santos2, Patrícia Escórcio3
1
Engenheiro Civil. Universidade da Madeira. rm2reisf@gmail.com
2
Departamento de Engenharia Civil e Geologia. Universidade da Madeira. jmmnsantos@staff.uma.pt
3
Departamento de Engenharia Civil e Geologia. Universidade da Madeira. carlota@staff.uma.pt

Palavras-chave: Análise Paramétrica; Análise de Robustez; Análise de Sensibilidade; Certificação


Energética.

1- Qualidade e Sustentabilidade do Ambiente Construído Vídeo

1. INTRODUÇÃO

A Diretiva UE 2018/844 refere que o parque edificado na europa é responsável por 40% do
consumo da energia final o que se traduz em mais de 35% das emissões de GEE, pelo que é
essencial a descarbonização deste setor. A nível geral as exigências para alcançar uma eficiência
energética elevada no parque edificado impõem o estudo das envolventes dos edifícios, dos
sistemas de acondicionamento do ar interior, ventilação, iluminação, entre outros. Em termos
regulamentares, esta exigência é definida na Diretiva Europeia 2010/31/EU cuja adaptação em
Portugal consiste no Decreto-Lei n.º 118/2013 (Sistema de Certificação Energética) o qual é objeto
de estudo desta dissertação.
Coloca-se a questão de saber se o mesmo é suficientemente robusto tendo em conta as
incertezas e a variabilidade de parâmetros existente em cada edifício, ou seja, cada perito
qualificado pode admitir valores diferentes para muitos dos parâmetros de cálculo. Assim, nesta
dissertação pretende-se, através de análises estatísticas aplicadas a edifícios reais, avaliar a
robustez do sistema de certificação em edifícios de habitação, usando a metodologia de cálculo
imposta pelo Regulamento de Desempenho Energético dos Edifícios de Habitação (REH).

2. CASOS DE ESTUDO, ANÁLISES ESTATÍSTICAS E RESULTADOS

Foram utilizados dois casos de estudo distintos (uma fração de um edifício multifamiliar e uma
moradia unifamiliar isolada), ambos localizados na Região Autónoma da Madeira (RAM). Na
escolha das habitações foi tomada em consideração a sua arquitetura de modo a estas serem
construções modernas, portanto representativas, do que se vêm executando na RAM durante os
últimos anos.
Nestas habitações foram determinadas as classificações energéticas mediante a metodologia
regulamentar para depois aplicar variabilidade nos parâmetros mais influentes na classificação
final.
Foram realizados três tipos de analises estatísticas às habitações em estudo, sendo a primeira uma
análise paramétrica, a segunda uma análise de sensibilidade e a terceira e mais importante a
analise de robustez. Para as duas últimas foi considerada uma dispersão dos parâmetros de cálculo
[1] de acordo com a literatura existente, e que não difere muito da legislação entretanto publicada
(Despacho 6476-B de 2021) para os parâmetros mais relevantes.
Na Figura 1 apresenta-se um exemplo de uma análise paramétrica ao coeficiente de transmissão
térmica U das Envolventes Opacas, observando-se um comportamento linear crescente das
necessidades reais de aquecimento à medida que os elementos da envolvente se tornam menos
eficientes.
Na Figura 2 apresenta-se o resultado da análise de robustez efetuada. Nesta análise verifica-se
que o coeficiente de variação da classificação energética em ambas habitações ronda o 5,5%.

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19
a) b)
Figura 4. Análise paramétrica do coeficiente U das Envolventes Opacas: a) Moradia; b) Apartamento.

Figura 5. Análise de robustez (curva de distribuição de probabilidade) da classe energética: A1


apartamento e M1 moradia.

3. CONCLUSÕES

Conclui-se que embora alguns parâmetros tenham uma variabilidade não desprezável, a
metodologia de cálculo indicada no SCE é suficientemente robusta tendo em conta a baixa
probabilidade de se obterem diferentes classes energéticas quando se efetuam variações de
parâmetros que simulam as incertezas dos diversos parâmetros.
A análise paramétrica da metodologia de cálculo permitiu observar a evolução da classificação
energética à medida que cada parâmetro mudava de valor, por exemplo para o coeficiente de
transmissão térmica das envolventes opacas foi necessário aplicar um aumento em mais de 80%
para a moradia e em mais de 150% no apartamento para alcançar uma classificação energética
diferente.
A análise de sensibilidade mostrou que os parâmetros mais influentes na classificação energética
são os coeficientes de transmissão térmica, da parte opaca para moradia, e da envolvente
envidraçada para o apartamento.
Foi ainda registado a enorme influência que alguns sistemas técnicos podem ter no resultado final.

4. REFERÊNCIAS

[1] Tomé, R. (2021). "Robustez da Certificação Energética dos Edifícios de Habitação em Portugal",
Dissertação de Mestrado, Universidade da Madeira.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


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COMPORTAMENTO TÉRMICO E ENERGÉTICO DE PISCINA EM BETÃO COM
DESEMPENHO MELHORADO
Gonçalo Aguiar de Matos1, Maria da Glória Gomes2, António Moret Rodrigues2
1
Departamento de Engenharia Civil, Arquitectura e Georecursos. Instituto Superior Técnico. Universidade
de Lisboa; e-mail: goncaloamatos@tecnico.ulisboa.pt
2
CERIS, Departamento de Engenharia Civil, Arquitectura e Georecursos. Instituto Superior Técnico.
Universidade de Lisboa, maria.gloria.gomes@tecnico.ulisboa.pt, moret.rodrigues@tecnico.ulisboa.pt

Palavras-chave: Desempenho térmico e energético, Piscinas, Cobertura de Piscinas, Coletores solares

Código da Área Temática: 1 Apresentação oral

1. Introdução:
Do ponto de vista energético, as zonas urbanas e extraurbanas são responsáveis por cerca de 77%
do consumo energético mundial, cabendo aos edifícios 51% desse valor [1]. Numa altura em que
mais de metade da população mundial vive em ambiente urbano, e com tendência para crescer, o
fenómeno da urbanização continuará acelerado, com impactos negativos inevitáveis: maiores
infraestruturas, mais construção, maiores necessidades energéticas e consequentemente
aumento dos níveis de poluição [2]. Desta forma, temas como a qualidade de vida e
sustentabilidade ambiental tornaram-se assuntos prioritários tanto para investigadores, como
governantes e organizações internacionais.
A realidade mostra que um complexo de piscina consome mais energia por unidade de área que
qualquer outra edificação, podendo consumir até 5 vezes mais energia por metro quadrado que
um edifício de escritórios [3]. Este facto releva a importância de um correto dimensionamento e
posterior exploração destes equipamentos, muito utilizados em cidades e fora delas, com o
objetivo de economizar energia.
Portugal apresenta mais de 3000 horas de sol por ano [4] e temperaturas médias nos meses de
verão superiores a 22⁰C. Estas duas características convidam à construção e utilização de piscinas,
sejam elas privadas ou públicas. Procurando otimizar as duas soluções de piscinas mais
comercializadas, betonadas in situ e pré-fabricadas, surgiu o projeto MC-Pool, centrado no
desenvolvimento de uma solução de piscina pré-fabricada com painéis de betão de desempenho
melhorado. Integrado no projeto, este estudo permitiu monitorizar o desempenho da solução
proposta e mapear, a nível nacional, as necessidades energéticas de uma piscina genérica.

2. Monitorização:
Durante mais de 6 meses foram recolhidos dados do protótipo MC-Pool, construído em Ourém.
As suas paredes são compostas por módulos pré-fabricados de betão (Pré-paredes), constituídos
por dois painéis em betão e um núcleo com armadura treliçada, que posteriormente é betonado
in-situ com uma mistura especial, com reduzida dosagem de cimento e incorporando agregados
leves e fibras metálicas. A função deste núcleo é conferir propriedades de isolamento térmico às
paredes, de forma a minimizar as perdas de calor para o solo envolvente [5].
Recorrendo a termopares tipo T, foi possível traçar perfis de temperatura ao longo da espessura
das paredes e da massa líquida da piscina, o que permitiu adquirir conhecimento sobre a forma
como se desenvolvem, e o sentido que tomam, os fluxos de calor que se desenvolvem
interiormente nos elementos sólidos (painel interior, núcleo de betão e painel exterior) e à
superfície e em profundidade na água da piscina. Instalando uma estação meteorológica no local,
apurou-se as quatro variáveis que influenciam termicamente a piscina: temperatura do ar,
radiação solar incidente, humidade relativa do ar e velocidade do vento.

3. Simulação Numérica:
Replicando a metodologia do software RETScreen [6] em Excel, simulou-se o comportamento

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


21
térmico do protótipo da piscina MC-Pool, procurando, por um lado, verificar a análise qualitativa
da fase experimental e, por outro, estudar a influência de alguns parâmetros no comportamento
térmico da piscina. Neste âmbito, foi avaliado o benefício introduzido pela inclusão de uma
cobertura flutuante sobre a água da piscina. Os cálculos foram realizados fazendo variar a
temperatura da água entre 24°C e 28°C, apresentando-se no Quadro 1 os principais resultados de
necessidades anuais de energia com e sem cobertura na piscina.
Quadro 1. Balanço das necessidades de energia anuais do protótipo e redução com a utilização da cobertura

Necessidade anual de energia [kWh]


Temperatura da água [⁰C] s/ cobertura c/ cobertura Redução
24 20 558,12 7 278,86 65%
25 26 031,41 10 409,92 60%
26 31 743,51 13 681,02 57%
27 37 694,16 17 073,55 55%
28 43 894,38 20 593,13 53%

Recorrendo a dados meteorológicos do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), captados


em estações meteorológicas distribuídas pelos 18 distritos de Portugal continental, foram também
avaliadas as necessidades energéticas de uma piscina genérica em função da sua área, localização no
território nacional e ainda da temperatura desejada para a água da piscina, para os cenários de
ativação ou não da cobertura sobre a piscina. Paralelamente, estimaram-se as áreas de coletores
solares necessárias para suprir as necessidades energéticas estimadas.
Por último, compilou-se a informação em mapas temáticos a nível nacional, através do software QGIS.

4. Conclusões:
As piscinas, por serem equipamentos que necessitam de muita energia e apresentarem grande
potencial para reduzir consumos, otimizar materiais e incluir energias renováveis, devem ser
estudadas não só em termos da sua construção como também do ponto de vista térmico e energético,
com o objetivo de avaliar e mitigar as necessidades de climatização da água.
Concluiu-se que 94% das perdas de calor ocorrem à superfície da piscina, através de fenómenos de
evaporação, convecção superficial e radiação, enquanto que as perdas por condução através de
paredes enterradas são quase nulas.
O estudo experimental do protótipo da piscina MC-Pool revelou a mais-valia das paredes em betão,
que apenas por análise dos seus perfis de temperatura, indicaram uma anulação quase completa das
perdas por condução, com o betão do núcleo a funcionar praticamente como um isolante térmico.
Do ponto de vista energético, percebeu-se, através do estudo de simulação numérica que, de entre as
4 variáveis climáticas estudadas, o vento é o principal agente climático a condicionar o desempenho
energético de uma piscina, uma vez que potencia as perdas por evaporação e convecção superficial,
que correspondem em conjunto a mais de 80% das perdas de energia. Desta forma, implementando
uma cobertura que proteja a piscina no período em que esta não esteja a ser utilizada, uma solução
que é simples e económica, permite reduzir as suas necessidades energéticas em mais de 50%.
Por último, concluiu-se que em Portugal continental, as exigências de energia para climatização da
água de uma piscina diminuem de norte para sul, assim como do interior para o litoral.

5. REFERÊNCIAS
[1] World Energy Council, “Perspective Input Into the World Energy Council Scenarios: ‘Innovating Urban
Energy’” no. October, p. 36, 2016.
[2] United Nations, “World Urbanization Prospects - Population Division - United Nations,” 2018.
[3] The Carbon Trust, “Swimming pools. A deeper look at energy efficiency. In-depth technology guide
CTG009,” 2008.
[4] Turismo de Portugal, “Sobre Portugal BI Portugal | www.visitportugal.com,” 2013.
[5] MC-Pool, “Sistema de Incentivos à Investigação ESTRUTURA DO RELATÓRIO TÉCNICO-CIENTÍFICO
INTERCALAR CONSOLIDADO,” 2020.
[6] Minister of Natural Resources Canada, Clean energy project analysis: RETScreen® engineering & cases
textbook: natural resources Canada. 2005.
SEC 2023 – LIVRO DE ATAS
22
FACHADAS VERDES E SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL
Raquel Lima1, Daniel Rodrigues2
1
Departamento de Engenharia Civil. Universidade do Minho.a65129@alunos.uminho.pt
2
Departamento de Engenharia Civil. Universidade do Minho. dsr@civil.uminho.pt

Palavras-chave – Fachadas Verdes, Conforto Térmico, Mitigação, Envi-met.

Código da Área: 1 Apresentação oral ou Poster ou Vídeo

1. RESUMO/MOTIVO - Face ao crescimento da população urbana mundial, as preocupações com


a qualidade do ambiente urbano têm aumentado. Um desses problemas relacionados com o
ambiente urbano é a formação de ilhas de calor, fenómeno intensificado pela densa edificação
existente nos centros urbanos. Com a aplicação de fachadas verdes, este problema pode ser
atenuado pela melhoria dos níveis de conforto térmico nos espaços onde esta problemática se faz
sentir[1].

1.1 Importância do Conforto Térmico, em Espaço Exterior, na Saúde


O conforto térmico das pessoas tem um impacto considerável na sua saúde. Em particular, vários
estudos demostraram que o número de mortes provocadas pelas ondas de calor poderia ser
diminuído caso fossem aplicadas diversas soluções de mitigação [2][3].

1.2 Ilhas de Calor Urbano – São caraterizadas pela diferença de temperatura notada entre as áreas
urbanas e suburbanas comparativamente com as áreas rurais adjacentes.
Numa cidade com uma população de 1 ou mais milhões de pessoas, a temperatura média anual
pode sofrer um aumento de 1ºC a 3ºC em relação às áreas circundantes [2].

1.3 Soluções para Mitigação em Espaços Exteriores


De seguida, enumeram-se algumas das soluções para mitigação do efeito de ilha de calor em
espaços exteriores:
§ Fachadas Verdes – compreendem a vegetação cultivada adjacente à superfície de
construção. Pode ser aplicada direta ou indiretamente à fachada (fixa ou em guias);
§ Paredes Vivas – São referentes à vegetação plantada em caixas de plantio que se
desenvolvem na fachada. É possível o sistema de enraizamento ou hidropónico [4];
§ Hidroponia – Permite o cultivo de plantas sem solo. Com esta técnica, é possível que as
plantas se desenvolvam com os nutrientes necessários utilizando soluções aquosas e
evitando a sujidade gerada quando o cultivo é realizado com solo;
§ Coberturas Verdes – São compostas por várias camadas, sendo que, estas diferem de
espessura consoante as espécies a utilizar nas mesmas.

2. SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL DE FACHADAS VERDES

2.1 Programa SketchUp e Programa Envi-met


O programa SketchUp permite uma simples e eficaz modelação dos espaços urbanos do estudo de
caso e foi usado para elaborar a representação tridimensional dos edifícios da área em estudo.
O programa Envi-met permite obter a simulação do microclima ao ar livre em qualquer parte do
mundo. É possível obter resultados de para análise de diversos temas: Análise Solar; Dispersão
dos Poluentes do Ar; Construção Física; Tecnologias Verdes e Azuis; Fluxo do Vento; Conforto
Térmico ao Ar Livre; Tree Pass.

2.2 Metodologia Aplicada para o Caso de Estudo na Avaliação do Conforto Térmico


A metodologia adotada seguiu os seguintes passos:
SEC 2023 – LIVRO DE ATAS
23
1. Definição geográfica do estudo de caso;
2. Análise de todos os elementos existentes na área de estudo para incluir na modelação no
programa SketchUp (Área; Materiais existentes nos edifícios; Vegetação existente; Fontes
de água);
3. Recolha de dados meteorológicos para incluir na simulação do programa Envi-met
(Temperatura máxima; Temperatura mínima; Velocidade média do vento; Direção média
do vento), com inclusão dos parâmetros humanos pré-definidos no programa (Sexo; Idade;
Peso; Altura)
4. Análise de resultados.

2.3 Análise de Resultados


Para análise do conforto térmico do indivíduo, devemos ter em conta os resultados que o
programa produz relativamente à temperatura, ao PMV (Predicted Mean Vote) e ao PPD (Predicted
Percentage of Dissatisfied). Foram produzidos vários cenários de simulação referentes a diferentes
medidas de mitigação do efeito de ilha de calor. Na figura 1, destacam-se o cenário 3 - com
vegetação e com fonte e novos materiais introduzidos na base de dados – e o cenário 4 - com
vegetação e com fonte, com novos materiais introduzidos na base de dados e com todas as
fachadas dos edifícios verdes. Com a implementação das fachadas verdes, as simulações
projetaram uma redução de temperatura que pode chegar aos 0.3ºC no pico do calor, o que se
pode refletir numa redução de cerca de 4% da percentagem de indivíduos incomodados pelas
condições térmicas.
Figure 1: cenario_444 Figure 1: cenario_3 15.00.01
15.00.01 17.07.2020 17.07.2020
x/y Cut at k=0 (z=0.3500 m) x/y Cut at k=0 (z=0.3500 m)
140.00
140.00

Air temperature Air temperature


below 35.62 °C below 35.74 °C
35.62 to 35.98 °C 35.74 to 36.09 °C
35.98 to 36.34 °C 36.09 to 36.44 °C
36.34 to 36.70 °C 36.44 to 36.80 °C
Y (m)

Y (m)

36.70 to 37.06 °C 36.80 to 37.15 °C


70.00 70.00
37.06 to 37.43 °C 37.15 to 37.51 °C
37.43 to 37.79 °C 37.51 to 37.86 °C
37.79 to 38.15 °C 37.86 to 38.21 °C
38.15 to 38.51 °C 38.21 to 38.57 °C
above 38.51 °C above 38.57 °C

Min: 35.26 °C Min: 35.38 °C


Max: 38.87 °C Max: 38.92 °C

0.00 0.00
0.00 70.00 140.00 0.00 70.00
N N
X (m) X (m)

ENVI_met <Right foot> ENVI_met <Right foot>

Figura 6 - Mapas de temperatura entre dois cenários.

3. CONCLUSÕES
Neste contexto, os espaços verdes afiguram-se como ponto-chave para assegurar melhorias na
qualidade de vida, contribuindo beneficamente para o conforto térmico e na diminuição da
poluição.
Com a utilização do programa Envi-met, é possível avaliar o impacto dos materiais utilizados na
construção e a implementação de soluções mais sustentáveis. Após a análise de benefícios,
poderão ser avaliados os custos associados a cada solução.

4. REFERÊNCIAS

[1] Lopes, A. (2008). O sobreaquecimento das cidades causas e medidas para a mitigação da ilha de
calor de Lisboa. Territorium: Revista Internacional de Riscos 15: 39-52
[2] Alcoforado, M.J.; Andrade, H.; Oliveira, S.; Festas, M.J.; Rosa, F. (2009) Alterações climáticas e
desenvolvimento urbano. Política de Cidades 4
[3] Silva, S. P.; Roquette, R.; Nunes, B.; Dias, C. M. (2016) A onda de calor de junho e julho de 2013:
análise dos seus impactes na mortalidade por distrito de Portugal Continental. Boletim
Epidemiológico Observações. 5 (15): 27-29
[4] Manso, M.; Castro-Gomes, J (2016) Sistemas de parede verde: Uma revisão de suas características.
Revisões de energia renovável e sustentável 41 863-871

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


24
CERTIFICAÇÃO ENERGÉTICA: ESTUDO DE CASO SOBRE A ISENÇÃO DE
REQUISITOS EM ENVOLVENTES COMUNS ENTRE FRAÇÕES DE HABITAÇÃO
Guilherme Vilhena Vilasboas1
1
ESTG. Instituto Politécnico da Guarda. guilherme.vilhena@aiesec.net

Palavras-chave: consumo de energia, comportamento térmico, SCE, REH.

Código da Área Temática: 01 Apresentação oral

1. ENQUADRAMENTO – O cenário climático mundial da atualidade desperta preocupações.


Destaca-se a grande responsabilidade da humanidade por atingir o atual cenário, que através da
exploração dos recursos naturais e produção de energia possuem grande influência sobre isso.
Dessa forma, torna-se de facto indispensável dar uma nova formulação e reequacionar os padrões
de consumo de recursos energéticos, implementando medidas que visem atingir uma maior
racionalização energética. Por sua vez, em Portugal, mesmo com a estagnação do crescimento
populacional [1], pode-se constatar um acentuado crescimento do consumo de energia, sobretudo
a elétrica, até o ano de 2010 [2]. Diante de um parque edificado predominante por edifícios antigos
a serem reabilitados e edifícios novos construídos por medidas de incentivos, e por meio da
transposição das Diretivas da UE, foi implementado o Sistema de Certificação Energética, assim
como também o Regulamento para Edifícios de Habitação (REH) e o Regulamento para Edifícios
de Comércios e Serviços (RECS) [3].

2. PROBLEMÁTICA E PROPOSTA DE ESTUDO – Propõe-se estudar a isenção de requisitos de


comportamento térmico aplicados a envolventes em comum entre frações habitacionais, com foco
na sua aplicação prática. Atualmente, o REH considera todas as frações habitacionais como
climatizadas 24 horas, o que não corresponde à realidade das habitações portuguesas. De acordo
com dados oficiais, quase 20% da população portuguesa não tem condições financeiras para
manter suas casas aquecidas durante o inverno [4]. Isso significa que considerar todas as
habitações climatizadas durante o dia todo não representa a totalidade da real situação. Outra
questão crítica relacionada à isenção de requisitos é que, se um dos componentes da envolvente
em comum entre as frações habitacionais for uma caixa de ar não ventilada com uma espessura
maior que 30 cm, essa caixa de ar passa a ser considerada como um espaço não útil. Como
consequência, essa envolvente passa a ter que cumprir requisitos de comportamento térmico e
entra nos cálculos das necessidades das habitações. No entanto, o que justifica essa conceção,
uma vez que uma caixa de ar com 30 cm tem aproximadamente a mesma área em contato com o
exterior que uma caixa de ar com 30,01 cm? A fim de avaliar os efeitos práticos dessa isenção de
requisitos em envolventes comuns entre frações habitacionais, propõe-se um estudo de caso
comparativo. Será analisado um edifício bi-familiar localizado na cidade da Guarda, que foi objeto
de um projeto de comportamento térmico durante o estágio curricular do mestrado em
construções civis. Serão consideradas três situações distintas: • Situação 1: Será considerada a
forma de cálculo prevista no REH, que considera todas as frações habitacionais como climatizadas
24 horas; • Situação 2: Será considerada uma das frações como não climatizada, porém ainda
espaço útil, desprezando o comportamento térmico das envolventes em comum; • Situação 3:
Será considerada a fração não climatizada como um espaço não útil, o que obrigaria as envolventes
em comum a atenderem requisitos de comportamento térmico e entrarem nos cálculos das
necessidades. Nessa situação, a fração com climatização atenderia apenas a sua própria
necessidade energética. Através desse estudo de caso, espera-se contribuir para o debate sobre a
aplicação prática da isenção de requisitos em envolventes comuns entre frações habitacionais,
destacando suas implicações na eficiência energética e na economia de recursos. [4]

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


25
Figura 1. Edifício bi-familiar (Fração A/Fração B).
3. RESULTADOS – A partir dos resultados obtidos, obtiveram-se os gráficos referentes às
necessidades anuais de energia para cada uma das frações.

Figura 2. Edifício bi-familiar (Fração A/Fração B).


A comparação entre as três situações analisadas revelou que a situação 2, na qual uma das frações é
considerada não climatizada, apresentou maiores necessidades anuais de energia para a climatização
em ambas as frações. Essa situação pode ser mais realista, pois nem todas as habitações são
climatizadas 24 horas por dia. Comparando com a situação 1, que é prevista no REH, a situação 2
apresentou quase o dobro das necessidades anuais de energia para a climatização. Já a situação 3, na
qual a fração não climatizada é considerada um espaço não útil, apresentou valores próximos às
necessidades anuais de energia para a climatização da situação 1, mas garantiria que a fração
climatizada atenderia apenas suas próprias necessidades, resultando em uma economia de energia de
quase 50% em relação à situação 2.

4. CONCLUSÃO – A conclusão do estudo indica que, ao considerar a fração adjacente como ENU,
as necessidades de energia para climatização seriam significativamente reduzidas, representando
uma economia de energia de quase 50% para a fração climatizada. Além disso, o estudo mostrou
que a situação em que ambas as frações são climatizadas (situação 2) apresentou as maiores
necessidades anuais de energia para climatização, como era esperado. No entanto, essa situação
pode não representar totalmente a realidade, uma vez que nem todas as frações habitacionais são
climatizadas 24 horas por dia. Por fim, conclui-se que considerar a fração adjacente como ENU
pode ser uma estratégia viável para reduzir o consumo de energia em edifícios multifamiliares.

5. REFERÊNCIAS
[1] PORDATA, DGEG. Acedido em junho de 2021 – https://www.pordata.pt/Portugal/População
+residente++média+anual+total+e+por+grupo+etário-10.
[2] PORDATA, DGEG. Acedido em junho de 2021 – https://www.pordata.pt/Portugal/Consumo+de+
energia+eléctrica+total+e+por+tipo+de+consumo-1124.
[3] ADENE. Guias SCE 2020. Acedido em junho de 2021 – https://www.sce.pt/documentacao.
[4] Eurostat. Population unable to keep home adequately warm by poverty status. Acedido em
julho de 2021 –https://ec.europa.eu/eurostat/databrowser/view/sdg_07_60/default/bar?

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


26
COMPÓSITO À BASE DE CÂNHAMO E BAGAÇO DE CANA DE AÇÚCAR PARA
BLOCOS CONSTRUTIVOS
Arlen Lizeth Gutiérrez Zúniga1, Rute Maria Gonçalves Eires2

1
Mestrado de Construção e reabilitação Sustentável. Escola de Engenharia, Universidade de
Minho.pg42609@alunos.uminho.pt
2
Departamento de Engenharia Civil, CTAC - Centro de Território, Ambiente e Construção, Escola de
Engenharia, Universidade do MinhoGrupo ou Departamento. Escola ou Universidade. rute@civil.uminho.pt

Palavras-chave: Betão de Cânhamo - Bagaço de Cana-de-Açúcar - Cinza de Bagaço de Cana-de-


Açúcar - Durabilidade

O “betão de cânhamo industrial”, muito estudado nos últimos anos, tem se tornado uma alternativa
viável para as demandas atuais, sendo um material de construção com bom isolamento térmico e
acústico e oferecendo a vantagem de ser uma opção mais sustentável do que o betão convencional.
No entanto, uma de suas principais limitações ainda é a ausência de um traço padrão internacional
que permita a sua utilização, o que acaba por afetar a sua utilização a larga escala.

O bagaço de cana-de-açúcar (BCA) é um resíduo agrícola disponível em grande abundância


mundialmente (são produzidas cerca de 1.890.000.000 Ton./ano de cana-de-açúcar). A cana
processada gera, em massa, de 25 a 30% de bagaço de cana-de-açúcar, o que perfaz cerca de 470
milhões de toneladas por ano. Propõe-se, então, a combinação do “betão de cânhamo” com o bagaço
de cana-de-açúcar, resultando num compósito híbrido.

Este estudo teve como objetivo testar diferentes formulações para avaliar o seu desempenho em
função das propriedades mecânicas e confirmar a integridade do novo compósito, em quanto a
durabilidade com adição de aglutinantes como a cal hidratada, o pó de tijolo e a cinza de bagaço de
cana-de-açúcar. Para definir a composição das misturas foram considerados os melhores resultados
da mistura do betão de cânhamo comum, numa proporção baseada nos estudos de Elfordy, et al [1]
e Fernandes Araújo [2]. Se fizeram 22 misturas, que foram avaliadas mecanicamente, sendo
selecionadas para um estudo mais completo 8 misturas, considerando as melhores resistências e
menor quantidade de cal adicionada de modo a se tornar ainda mais sustentável. As misturas
selecionadas apresentam a seguinte composição no quadro 1.

Quadro 1. Composição das misturas selecionadas


Agregados/ % Agregados % Aglutinantes % Aditivo
Mistura Aglutinantes Cânhamo BCA Cal Pó de Cinza Óleo de
(%) (%) (%) Hidratada Tijolo BCA Coco
1.REF CCA-1 25/75 25 75
2.CBCACA-1 25/75 75 25 75
3.CBCAPT-1 25/75 75 25 75
4.CBCA-CIBCA-1 25/75 75 25 75
5.CBCAZ-1C 30/70 75 25 50 25 25 5
6.CBCAZ-2C 30/70 50 50 50 25 25 5
7.CBCAZ-3C 30/70 25 75 50 25 25 5
8.CBCA-CCBCA-P1 25/75 75 25 75 25 5

Os resultados obtidos, conforme a Figura 1 mostram que a mistura das duas fibras incrementou
24.24% a resistência mecânica comparativamente ao betão de cânhamo convencional, também se
confirma os resultados de outros estudos de melhores rendimentos com proporção 70 a 75%, em
massa, na composição, a mistura com melhor desempenho de todas as misturas produzidas, com 25

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


27
% de agregados (25 % de BCA -75 % de cânhamo), e 75 % de ligantes (25 % de cinza de BCA e 75 % de
cal) com 0,46MPa, confirmando os estudos Sinka & Sahmenko[3] e Athira et al [4]o valor de pozolana.

Figura 7. Resistência à compressão - MPa


As misturas de BCA-CIBCA numa proporção de 25% tiveram melhor desempenho nos ensaios de
durabilidade como simulação de chuva e gelo-desgelo. No caso da degradação biológica, as misturas
com cal hidratada, só em combinação com cinza (CIBCA) foram resistentes à degradação por fungos
comum para madeira como o Penicillium chrysogenum.
No Quadro 2 em encontra-se uma análise geral dos resultados de todos os ensaios realizados, numa
escala de 1 a 8, sendo 1 o melhor desempenho e 8 o pior. Pela análise, verifica-se que a mistura da
cinza de CBCA-CCBCA-P1 apresenta melhor comportamento nos ensaios de durabilidade,
comparativamente aos resultados do estudo de R. Walker [5] .

Quadro 2. Avaliação numérica das misturas aos ensaios aplicados


No Ensaios 1 2 3 4 5 6 7 8
1 Resistência a compressão 3 2 4 8 5 6 7 1
2 Coeficiente de condutibilidade térmica 8 7 1 2 4 6 3 5
3 Resistência Térmica 8 7 2 1 4 5 3 6
4 Coeficiente de absorção de água por capilaridade 6 7 5 8 1 3 2 4
5 Resistência gelo-desgelo 6 5 7 8 3 1 4 2
6 Exposição à simulação de chuva, % Absorção 5 6 7 8 2 4 3 1
7 Exposição à simulação de chuva, % Desgaste pela erosão 5 6 1 8 2 7 4 3
8 Exposição à simulação de chuva, Resistência a flexão 6 5 7 8 3 2 4 1
9 Exposição a sais 2 1 5 8 7 6 4 3
10 Exposição ao ambiente controlado 1 1 1 1 1 1 1 1
11 Exposição a câmara húmida 1 1 1 1 1 1 1 1
12 Exposição a bactérias 1 1 2 7 8 6 5 4 3
13 Exposição a bactérias 2 1 2 7 8 4 5 6 4
14 Exposição a fungos 1 1 2 7 8 4 6 5 3
15 Exposição a fungos 2 1 2 7 8 4 6 5 3
Total 55 56 69 93 51 64 56 41
Posição 3 4 7 8 2 6 5 1
Escala: 1 à 8, (1= melhor no ensaio/8= Pior no ensaio)
Referência:
[1] L. Elfordy, S., Lucas, F., Tancret, F., Scudeller, Y., Goudet, «Mechanical and thermal properties of
lime and hemp concrete (“hempcrete”) manufactured by a spraying process», Constr. Construir.
Mater. 22 (10), 2116mi2123., 2008.
[2] Elisabete Fernandes Araújo, «Materiais compósitos com incorporação de cânhamo industrial.
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil. Universidade do Minho», 2015.
[3] M. Sinka e G. Sahmenko, «Sustainable-thermal-insulation-biocomposites-from-locally-available-
hemp-and-lime», pp. 73–77, 2013.
[4] V. S. Athira, V. Charitha, G. Athira, e A. Bahurudeen, «Agro-waste ash based alkali-activated binder:
Cleaner production of zero cement concrete for construction», J. Clean. Prod., vol. 286, 2021, doi:
10.1016/j.jclepro.2020.125429.
[5] R. Walker, S. Pavia, e R. Mitchell, «Mechanical properties and durability of hemp-lime concretes»,
Constr. Build. Mater., vol. 61, pp. 340–348, 2014, doi: 10.1016/j.conbuildmat.2014.02.065.

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28
CONSTRUÇÃO EM TERRA – CONTRIBUTO PARA UMA MELHOR ACEITAÇÃO
DESTE MATERIAL SUSTENTÁVEL
Juliana F. Nina1, Rute M. G. Eires2
1
Departamento de Engenharia Civil. Universidade do Minho. nina.juliana@gmail.com
2
Departamento de Engenharia Civil. CTAC. Universidade do Minho. rute@civil.uminho.pt

Palavras-chave: construção em terra, sustentabilidade, taipa, BTC.

Tema 1 Apresentação oral

1. INTRODUÇÃO
Hoje na construção há a necessidade de se encontrar soluções que mitiguem os problemas causados
ao meio ambiente, com opções construtivas mais eficazes e saudáveis, sem ter o custo superestimado.
A terra foi utilizada como material de construção por todas as culturas antigas, desde simples
habitações até edifícios religiosos. É um material de construção tão antigo quanto a própria
humanidade, com construções conhecidas há mais de 9000 anos [1]. Os materiais de terra
permitem a construção de elementos estruturais de resistência considerável e sistemas de
construção estáveis e duradouros [2]. Entre as propriedades das construções em terra que trazem
benefícios à saúde humana, é possível destacar a propriedade higrotérmica, que regula a umidade
e o conforto térmico. O uso do solo tem outras vantagens como a redução dos impactos
ambientais, redução do gasto de energia e é reciclável [2]. Assim, realizou-se um inquérito para
averiguar a popularidade e o conhecimento dos profissionais da área da construção sobre técnicas e
materiais construtivos sustentáveis, assim como o seu conhecimento e uso sobre a construção em
terra, que é percebida hoje pela sociedade como sinônimo de pobreza, o que levou à falta de
conhecimento técnico por parte dos profissionais, investimento ou desenvolvimento tecnológico
[3,4]. Para provar a durabilidade dos materiais de construção em terra, foi desenvolvida uma
pesquisa laboratorial, com a preparação e avaliação do desempenho de amostras de elementos
de terra das técnicas de taipa e blocos de terra comprimida (BTC), expostos à ação da água durante
teste de erosão acelerada, simulando períodos de chuva e secagem, e posteriormente avaliados
quanto a resistência à compressão.
2. AVALIAÇÃO DO INTERESSE NA CONSTRUÇÃO EM TERRA E OUTROS MATERIAIS SUSTENTÁVEIS
Os resultados do inquérito mostraram que os fatores mais relevantes para os profissionais da
construção relativamente a um novo empreendimento são: os tipos de técnicas e soluções
construtivas; o custo da manutenção e a durabilidade da construção. Enquanto, segundo eles, para
seus clientes o fator econômico vem em primeiro lugar, seguido do valor estético. Em ambos os casos,
as opções sustentáveis apresentadas, como utilização de materiais locais, recicláveis ou geradores de
baixa poluição, tiveram baixíssima relevância. Os inquiridos foram questionados sobre quais os
principais fatores que os impedem de utilizarem alguma técnica construtiva sustentável em seus
projetos ou obras. A dificuldade em encontrar material e mão de obra especializada foi o fator
apontado como o que mais dificulta a prática, o custo acima da média e a falta de interesse dos clientes
figuram em segundo lugar, depois vem a falta de conhecimento sobre o assunto, que ficou em terceira
posição, logo em seguida tem a preferência pelo que se encontra no mercado hoje, design e
acabamento. Apenas uma pessoa comentou, como resposta adicional que nenhuma das opções seriam
impedimento para a prática sustentável, o que reforça o pensamento de que é uma questão de prioridade.
3. ENSAIOS EM LABORATÓRIO
3.1 Ensaio de erosão acelerada
Os resultados mostram que, dependendo do tipo de composição, alguns provetes não apresentaram sinais de
erosão e até indicaram aumento de massa. Já o BTC 3, com adição de cal hidratada, apresentou variação de -
5%, o que indica alguma perda, com provável aumento de vazios no interior do provete. Resumidamente, os
resultados obtidos neste estudo foram muito bons, de acordo os resultados obtidos por outros autores, como

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29
por exemplo o estudo de Guettala (2005) sobre BTC com cimento ou com cal, com perdas de 1 e 2 %
respetivamente [5]. A Figura 1 mostra um provete durante o ensaio.

Figura 8. Teste de erosão acelerada em provete de taipa

3.2 Ensaio de resistência à compressão


O ensaio de resistência à compressão foi realizado em provetes com e sem adições, que tenham
passado pelo ensaio de erosão à água ou não. Os melhores resultados foram obtidos com adição
de cimento, quer na taipa, quer em BTC. No caso dos BTCs, apresentaram maior resistência os
provetes com adições de cimento e de cal viva que foram expostos à água. Já no caso dos provetes
de taipa, o mesmo ocorreu com aqueles de adições de cal hidratada e cal viva. Dentre os restantes
provetes os índices de resistência ocorreram dentro do esperado. (Figura 2).

Figura 9. Limites de resistência à compressão para BTCs e provetes de taipa

4. CONCLUSÃO
Este estudo comprova que o solo é um material construtivo que pode ser muito durável. É um
material de origem natural e as melhorias que podem ser necessárias fazer são bem simples,
utilizando materiais de baixo custo, e de fácil emprego.
REFERÊNCIAS
[1] G. Minke, Building with Earth - Design and Technology of a Sustainable Architecture. Basel - Berlin -
Boston: Birkhäuser - Publishers for Architecture, 2006.
[2] M. Fernandes, “Técnicas de Construção em Terra,” 2006.
[3] S. Jalali and R. Eires, “Inovações Científicas de Construção em Terra Crua,” Guimarães, 2008.
[4] O. Holland, “Pritzker Prize 2022: Francis Kéré becomes first African to win ‘Nobel of architecture,’” CNN Style,
Mar. 15, 2022. Accessed: Mar. 29, 2022. [Online]. Available: https://edition.cnn.com/style/article/pritzker-
prize-2022-francis-kere/index.html
[5] R. Eires, “Construção em terra: desempenho melhorado com incorporação de biopolímeros,” Jan. 2012,
Accessed: Dec. 02, 2021. [Online]. Available: http://repositorium.sdum.uminho.pt/handle/1822/21010

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MANUTENÇÃO DE EDIFÍCIOS: SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS

José Esteves Pereira1; Carlos Oliveira2; José Ferreira da Silva3


1
Serviços Técnicos. Instituto Politécnico de Viana do Castelo, jcepereira@ipvc.pt
2
Grupo Disciplinar de Engenharia Civil. Instituto Politécnico de Viana do Castelo. carlosoli@estg.ipvc.pt
3
Grupo Disciplinar de Engenharia Civil. Instituto Politécnico de Viana do Castelo. jsilva@estg.ipvc.pt

Palavras-chave: Manutenção de edifícios, segurança contra incêndios, instalações técnicas,


equipamentos e sistemas de segurança.

Código da área temática: 01 Apresentação oral

1. INTRODUÇÃO.
Dois dos problemas que afetam a segurança contra incêndios dos edifícios existentes são a falta de
manutenção das instalações técnicas, equipamentos e sistemas de segurança e o seu grau de
“desconformidade” em relação aos requisitos atualmente exigidos, facto este que se agrava com a
idade do edifício, mormente as medidas de autoproteção procurem atenuar o risco decorrente,
através de medidas compensatórias, e as inspeções periódicas a falta de manutenção. A exploração
dos edifícios pressupõe que as condições de projeto implementadas num edifício mantenham a sua
operacionalidade, mas nem sempre isso acontece, porque o seu custo, por vezes, é elevado, sendo
visto como uma despesa e não como um investimento de longo prazo [1]. No entanto, as medidas de
manutenção corretiva podem ser mais dispendiosas que a manutenção corretiva [2]. Por outro lado,
conforme a idade dos edifícios, mais desconformes se tornam, pelo que é importante ter uma noção
do grau de satisfação dos requisitos atualmente exigidos que potenciem a implementação de medidas
de melhoria, dado que melhores condições de segurança podem contribuir para uma maior
sustentabilidade do ambiente construído [3].
2. ESTUDO DE CASO
O desenvolvimento do estudo de caso envolveu um edifício escolar que entrou em exploração em
1992. Nessa altura, os requisitos de segurança contra incêndios eram inferiores aos que são exigidos
atualmente, verificando-se, por isso, algumas lacunas, entre elas, as que dizem respeito às instalações
técnicas, equipamentos e sistemas de segurança (ITESS), assim como à manutenção preventiva que,
quando havia, se resumia a extintores, bocas e marcos de incêndio. Com a obrigação da
implementação de medidas de autoproteção nos edifícios existentes, não só as desconformidades
foram objeto de alguma compensação, mas também as verificações e manutenções das ITESS foram
objeto de avaliação.
2.1 Avaliação da satisfação dos requisitos prescritos atualmente.
Para chegar ao grau de satisfação dos requisitos exigidos, com base na regulamentação em vigor, Notas
Técnicas e algumas normas, foi constituída uma lista de verificação dos requisitos exigidos às
instalações técnicas. Pelo que podem estar na origem de um incêndio ou ter impacto na sua
propagação, na evacuação e, até, na extinção, e aos equipamentos e sistemas de segurança pela
importância que têm na prevenção, na deteção e alarme, na evacuação e extinção, com exceção dos
equipamentos e sistemas de sinalização de avaliação e de para-raios. Cada requisito foi avaliado numa
escala de 0 a 10, em que 0 corresponde ao incumprimento total, incluindo a inexistência, e 10 ao
cumprimento integral, sendo as classificações intermédias atribuídas em função dos requisitos
conformes. Nos casos em que não foi possível efetuar essa verificação, foram classificados como não
definidos, mas fazem parte do universo dos requisitos analisados. Os coeficientes de ponderação
foram atribuídos a cada ITESS, cujo somatório em cada ITESS é igual a 1.

2.2 Manutenção e verificação das ITESS


Para tratamento das manutenções preventivas e das verificações periódicas, foi elaborado um plano
com definição da periodicidade das ações, identificação dos referenciais normativos aplicados,

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


31
definição da altura em que devem ser realizadas as ações, tendo em conta o calendário letivo,
identificação dos responsáveis pela implementação das ações, assim como a competência para as
realizar e que tipo de registo deve ser produzido. Enquanto a manutenção preventiva é assegurada
por entidades externas inscritas em entidades oficiais que possuem procedimentos de manutenção e
registo da informação. Já as verificações de rotina são essencialmente realizadas por recursos internos
afetos à exploração do edifício, pelo que, para este, foi desenvolvido um conjunto de procedimentos
de verificação e registo.
3. RESULTADOS
3.1 Grau de satisfação dos requisitos de segurança contra incêndios
A aplicação do método referido em 2.1 conduziu aos seguintes resultados referente às ITESS sem
considerar a implementação das medidas compensatórias (MC):

Figura 1. Grau de satisfação dos requisitos das instalações técnicas e dos equipamentos e sistemas de segurança

Figura 2: Grau de satisfação de requisitos pelas ITESS, sem e com medidas compensatórias.

3.2 Manutenção preventiva e verificações de rotina


O estudo da situação conduziu a um plano de manutenção preventiva e verificação consistindo num
mapa e a produção de um conjunto alargado de documentos de registo, em cada folha A4, permite
efetuar o registo de verificações de rotina obrigatórias durante um ano, mesmo para os casos em que
a verificação é diária.
4. CONCLUSÕES
Com base neste estudo foi possível conhecer melhor a situação em que o edifício se encontra em
termos de segurança contra incêndios e a melhoria obtida com medidas compensatórias que não
impunham grandes intervenções, assim como implementar e monitorizar planos de manutenção
preventiva e verificações de rotina.
5. REFERÊNCIAS
[1] Almeida, J. E., & Coelho, A. L. (2007). A Organização e gestão dos equipamentos de segurança contra
incêndios em edifícios urbanos. www.researchgate.net. Acedido em 13-11-2022.
[2] Bader, L. (2018). The Importance of Preventive Maintenance. ISE Magazine, (January), 47–51.
https://doi.org/10.1136/bmj.2.4680.678. Citado por Gouveia, R. (2018). https://re-cipp.ipp.pt.
[3] Silva, J. M.; Coelho, A. L.; Bragança, L. (2014). A Segurança Contra Incêndios em Edifícios e a
Sustentabilidade. Workshop on Sustainable Construction and Rehabilitation. At: Guimarães,
Portugal. www.researchgate.net. Acedido em 05-01-2022.

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32
DESIGN, ANALYSIS AND TESTING OF A GLAZING FAÇADE WITH ENERGY
DISSIPATION DEVICES
José Machado1, Pedro Matias2, José Oliveira Pedro3
1
CCPI. CINAMIL. Academia Militar. machado.jac@exercito.pt
2
CCPI. CINAMIL. Academia Militar. matias.pjsg@exercito.pt
3
CERIS. IST-UL. Instituto Superior Técnico. jose.oliveira.pedro@tecnico.ulisboa.pt

Keywords: Blast Loads; Laminated Glass; Energy Dissipation Device; LS-Dyna.

Theme Area Code: 02 Oral Presentation

1. INTRODUCTION
Terrorism has evolved since its appearance, being utilized as a weapon and a tool for hybrid war, the
new concept of conflict, that North Atlantic Treaty Organization (NATO) is trying to fight [1]. In
Portuguese Military Academy, the project “Protection Glass Façades Against Blast Loads” (ProFESEx)
has, as main goals, designing and developing a solution for protection of the glazing facade using 3D
printable metamaterials.

2. EXPLOSIONS
An explosion happens when a chemical or
physical reaction exists in the matter along
with an impulsive liberation of large
amount of energy and heat that can
generate a blast wave capable of
producing insane damage on buildings and
surrounding environment, including
people and goods [2]. As it may be seen in
Figure 1 the pressure variation in time of
an explosion, given a fixed point in a place,
to a certain distance of a considered free
air burst [3].
Figure 1. Pressure Graph of an Explosion
3. CASE STUDY
The case study is a glazing façade of 2x1 m2 of laminated tempered glass. Each pane of tempered glass
has 10 mm thickness, and the PVB interlayer has 1.52 mm. The laminated glass is fixed with a
continuous clamped solution, and behind it, the energy-dissipation device. The final set-up is
supported by SHS 200x200x8 beams. The steel structure was calculated to resist an explosion using a
dynamic analysis approach [4], and also the glass was calculated to resist wind pressures according to
EC1-1-4 [5]. The blast resistance of the glass was accessed by a Finite Element Analysis (FEA).

4. NUMERICAL DATA ANALYSIS

Figure 2. Dissipator FE Model Figure 3. Glass FE Model Figure 4. Final Set-Up FE Model

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


33
In the numerical data analysis was made three different models, two of them with proper validation,
and the third is the post assembly of the two models made, using the software LS-Dyna. The first model
consisted in the Finite Element (FE) model of energy dissipation device. The second model consisted
into the FE modelling of the laminated glass, and the last model was the sum of the first with the
second model along with the support structure in order to better simulate the reality.

5. EXPERIMENTAL TESTS
Four different explosions were tested to try and explore the response spectrum of the dissipator. The
charges tested were: 5kg@5m, 5kg@6m, 5kg@7m and 5kg@9m. To measure the different values, it
was used incident pressure sensors, reflected pressure sensors and accelerometers. For the charges of
5kg@9m and 5kg@5m the dissipator didn’t break, which meant that there is a limitation and a range
for which it is useful, and a range where it is not. For the charges of 5kg@7m and 5kg@6m the
dissipator almost broke completely which is a good result since the plastic deformation of the
dissipator equals the most dissipated energy. As it can be seen in Table 1 the reduction in acceleration
done by the dissipation system is good in the elastic response spectrum.

Table 1. Acceleration Data Analysis

6. CONCLUSIONS
The results showed that the dissipation
system works but needs improvements
to obtain better results and widen the
range of response of scaled distances
to withstand blast loads. It was
concluded also that, the response of
the dissipators could be improved by
using the same auxetic geometry but
with different size, since the rigidity of
the dissipating system would be lower
having therefore the increase of the
response range given by the dissipation
system.
Figure 5. Energy Dissipation System Response

7. REFERÊNCIAS
[1] “NATO - Topic: NATO’s response to hybrid threats.”
https://www.nato.int/cps/en/natohq/topics_156338.htm?selectedLocale=en (accessed Oct. 25,
2022).
[2] U. S. A. M. C. Headquarters, Engineering Design Handbook. Explosions in Air. Part 1, AD/A-
00381. Alexandria, Virginia: AMC Pamphlet AMCP 706-181, 1974.
[3] E. Yandzio and M. Gough, Protection of Buildings Against Explosions. Teh Steel Construction
Institute, 1999.
[4] J. M. Biggs, Introduction to Structural Dynamics. McGraw-Hill, 1964. doi:
10.1017/CBO9780511618086.
[5] CEN European Committee for Standardization, EN 1991-1-4 Eurocode 1: Actions on structures –
Part 1-4: General actions - Wind actions. 2010.

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TEMA 02
INDUSTRIALIZAÇÃO E TECNOLOGIAS CONSTRUTIVAS

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


35
SEC 2023 – LIVRO DE ATAS
36
CARATERIZAÇÃO EXPERIMENTAL DO COMPORTAMENTO TÉRMICO DE UM
SISTEMA DE PAREDE DINÂMICO
Maria da Silva Teles Ribeiro1, Eva Barreira2, Ricardo Almeida2
1
DEC. FEUP. up201806568@edu.fe.up.pt
2
CONSTRUCT-DEC. FEUP. barreira@fe.up.pt | ralmeida@estgv.ipv.pt

Palavras-chave: fachada adaptativa, isolamento térmico dinâmico, envolvente, ventilação forçada

2 Apresentação oral

INTRODUÇÃO:

A envolvente de um edifício separa o ambiente interior do exterior, sendo responsável pela


manutenção do conforto térmico interior. Enquanto, no inverno, as trocas de calor devem ser
restringidas, no verão, estas trocas são desejáveis (pelo que o valor da resistência térmica do elemento
construtivo deveriam ser o menor possível), permitindo combater o fenómeno de sobreaquecimento
do ambiente interior, que pode ocorrer em fachadas bem isoladas termicamente e em dias de
temperaturas exteriores muito elevadas.
Deste modo, surgiram as fachadas adaptativas, isto é, fachadas que incorporam um sistema que lhes
permite adaptar às condições do ambiente externo. De entre as diversas soluções já existentes, têm
vindo a surgir os sistemas de isolamento térmico dinâmico, que permitem o controlo da transferência
de calor através da fachada, variando entre um estado de isolamento e um estado de condução,
dependendo das necessidades interiores.

METODOLOGIA DE ENSAIO:

Neste estudo, foram realizados diversos ensaios, com o objetivo de testar um protótipo com
incorporação de um sistema de isolamento térmico dinâmico, à base da ventilação da caixa de ar de
uma parede prefabricada, em situação de arrefecimento. A solução, realizada pelo GRUPO FARCIMAR,
encontra-se representada na Figura 1.

Figura 3. Representação esquemática do sistema dinâmico de parede: (a) camadas; (b) designação das
superfícies a medir e das ambiências [1].

Assim, utilizou-se uma câmara climática para impor várias condições térmicas exteriores, de modo a
avaliar a resposta do protótipo. Para melhor controlar a temperatura correspondente ao ambiente
interior, foi desenvolvido um paralelepípedo em XPS e foi utilizada uma manta de aquecimento com
termostato. Foram, então, realizados os ensaios descritos no quadro 1.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


37
Quadro 2. Ensaios realizados
Ensaio Duração Temperatura Temperatura Temperatura Com Com Com manta
na câmara na caixa de na nave sistema de caixa de
climática XPS ventilação? XPS? aquecimento?
1 7 dias 5ºC ± 21 °C ± 24 °C Não Sim Não
2 7 dias 5ºC ± 16 °C ± 22 °C Sim Sim Não
3 7 dias 5ºC ± 24 °C ± 23 °C Não Sim Sim
4 7 dias 5ºC ± 19 °C ± 23 °C Sim Sim Sim
5 [2] 7 dias 5ºC - ± 20 °C Não - -
6 [2] 7 dias 5ºC - ± 20 °C Sim - -

RESULTADOS:

Na figura 2 mostra-se a variação das temperaturas dos ambientes no ensaio 3 (sem ventilação da caixa
de ar) e no ensaio 4 (com ventilação da caixa de ar). Verifica-se que a temperatura no interior da caixa
de XPS, que corresponde ao interior do edifício, é mais baixa no ensaio 4, quando a ventilação da caixa
de ar está ligada, demonstrando a eficácia do sistema para evitar o sobreaquecimento. No quadro 2
podem observar-se os valores de resistência térmica obtidos para cada ensaio. Verifica-se uma
diminuição da resistência térmica do sistema, situação mais adequada para a estação de
arrefecimento.

a) b)
Figura 2. Variação das temperaturas ambientes: a) ensaio 3; b) ensaio 4.
Quadro 2. Resultados dos ensaios
Ensaio Condições R (m2.ºC/W)
1 Com caixa XPS, sem ventilação e sem manta -
2 Com caixa XPS, com ventilação e sem manta 6,8137
3 Com caixa XPS, sem ventilação e com manta 6,6850
4 Com caixa XPS, com ventilação e com manta 1,8079
5 [2] Sem caixa XPS, sem ventilação e sem manta 6,1447
6 [2] Sem caixa XPS, com ventilação e sem manta 1,6976

CONCLUSÕES:

Conclui-se que a utilização da ventilação forçada da caixa de ar do protótipo pode ser uma solução
para a diminuição da resistência térmica global total do sistema de parede, sendo eficaz na mitigação
do sobreaquecimento interior dos edifícios na estação de arrefecimento.

REFERÊNCIAS:

[1] Teixeira, Rui Filipe Gonçalves (2021). Avaliação do Desempenho de um Sistema de Parede com
Isolamento Térmico Dinâmico.
[2] Guimarães, Diogo Filipe dos Santos (2022). Caraterização Experimental do Comportamento
Térmico de um Sistema de Parede Dinâmico.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


38
COMPORTAMENTO DE PAINÉIS DE VIDRO LAMINADO à AÇÃO DE EXPLOSÕES
– GERAÇÃO DE CURVAS PRESSÃO-IMPULSO (P-I)
Tiago Oliveira1, Pedro Matias2, Corneliu Cismasiu3
1
Centro de Competências de Proteção de Infraestruturas. Academia Militar. oliveira.tam@exercito.pt
2
Centro de Competências para Proteção de Infraestruturas. Academia Militar. matias.pjsg@exercito.pt
3
Departamento de Engenharia Civil. Faculdade de Ciências e Tecnologias NOVA. cornel@fct.unl.pt

Palavras-chave: explosão, vidro laminado, pressão, impulso.

Código da Área Temática: 02 Apresentação oral

1. INTRODUÇÃO
A principal ameaça, passados apenas milissegundos desde a detonação do explosivo em si, é associada
aos fragmentos dos painéis de vidro ou dos sistemas de envidraçamento [1].
Em 1995 um carro bomba detonou num edifício federal na cidade de Oklahoma nos Estados Unidos
da América num ataque que ficou conhecido como Oklahoma City Bombing. Neste ataque o explosivo
detonou a cerca de 5 metros da fachada norte do edifício e causando 168 fatalidades [2].
Este projeto focou-se então na análise de painéis de vidro laminado sujeitos à ação de explosões, com
o objetivo principal de avaliar o estado atual do conhecimento no que diz respeito à análise e
dimensionamento desses painéis de vidro laminados, assim como o desenvolvimento de um modelo
de elementos finitos para a geração de diagramas Pressão-Impulso, com o apoio de uma campanha
experimental.

2. CAMPANHA EXPERIMENTAL

2.1 Setup Experimental


Esta campanha experimental procurou calibrar a ação da explosão num painel de vidro de 2m x 1m,
de forma a validar o modelo originado por métodos numéricos, através da medição da pressão
incidente de pico, (PSO) da pressão refletida de pico, (Pr), e pela aceleração, (a).

2.2 Resultados experimentais


Foram realizados seis ensaios, todos com cargas de 5 kg a 12, 10, 9, 7, 6 e 5 metros cujas pressões
incidentes e refletidas foram calibradas através da equação modificada de Friedlander. As pressões
incidentes e refletidas de pico foram então comparadas com as calculadas nos modelos teóricos
desenvolvidos por Kingery & Bulmash (K&B).
Observou-se que as pressões obtidas na campanha experimental eram significativamente superiores
com variações que superam os 100%. Os impulsos foram também calculados de forma a verificar se a
variação diminuía provando assim que a ação da explosão sentida pelo painel de vidro era mais
próxima da teórica. Este não foi o caso, uma vez que os impulsos calculados com as pressões obtidas
se demonstraram bastante superiores aos teóricos.

3. ESTUDO NUMÉRICO
Devido aos custos elevados das campanhas experimentais e a inconsistência das condições ambientais
é importante a utilização de modelos numéricos. Para este projeto recorreu-se ao programa LS-Dyna
para a realização destes modelos numéricos.

3.1 Validação do modelo


Os modelos numéricos foram validados utilizando os ensaios experimentais realizados por Hooper et
al. [3], em 2012 e por Zhang et al. [4], em 2015, uma vez que os resultados dos ensaios realizados para
esta dissertação não foram suficientes para validar o modelo sozinhos. Foram obtidos erros
compreendidos entre os 4.46% e os 16.26%. Existiram anomalias pontuais que apresentam erros até

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


39
aos 37% que correspondem a ensaios onde os próprios autores apontam anomalias nos resultados.
Com estes resultados considerou-se o modelo numérico validado.

3.2 Análise Pressão-Impulso (P-I)


Com o modelo validado, foi possível utilizá-lo para gerar curvas de Pressão-Impulso (P-I), para o painel
de vidro laminado ensaiado na campanha experimental que é comparado com a curva existente na
norma Unified Facilities Criteria (UFC) 3-340-02 [5] (Figura 1). Isto é possível pois o critério de rotura é
a fratura do vidro, possibilitando a sua comparação a um painel de vidro temperado de espessura
equivalente. Estas curvas são de extrema importância para o dimensionamento de fachadas
envidraçadas. Sendo possível a sua geração para vários critérios de rotura, desde a rotura do vidro
como é este caso, até à extensão completa do PVB.

Figura 4. Diagrama (P-I) obtido comparado com o UFC 3-340-02.

4. CONCLUSÕES
No decorrer deste projeto concluiu-se que:
Os modelos teóricos de cálculo de pressão-impulso realizados por Kingery & Bulmash podem ser
utilizados para prever o comportamento de um painel de vidro; os diagramas de Pressão-Impulso
foram gerados com sucesso e podem constituir o início de uma bibliografia para o CCPI e para o próprio
Exército Português; futuramente é necessário estender a campanha experimental de forma a ter
resultados mais conclusivos. Sendo crucial criar um setup que permita a utilização das câmaras de alta
velocidade.

5. REFERÊNCIAS

[1] M. Eslami, K. M. Mosalam, V. Kodur, S. Marjanishvili, B. Katz, and H. N. Mahmoud, “Multi-


performance blast pressure-duration curves of laminated glass panes,” International Journal of
Protective Structures, vol. 12, no. 2, pp. 226–244, 2021.
[2] E. Yandzio and M. Gough, Protection of Buildings Against Explosions. Teh Steel Construction
Institute, 1999.
[3] P. A. Hooper, R. A. M. Sukhram, B. R. K. Blackman, and J. P. Dear, “On the Blast Resistance of
Laminated Glass,” Int J SolidsStruct, vol. 49, no.6, pp. 899–918, 2012.
[4] X. Zhang, H. Hao, and Z. Wang, “Experimental study of laminated glass window responses under
impulsive and blast loading,” Int J Impact Eng, vol. 78, pp. 1–19, 2015.
[5] U.S Department of Defense, “Unifed Facilities Criteria ( UFC ) Structures To Resist the Effects of
Accidental Explosions” 2008.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


40
BARRIERS TO THE ADOPTION OF MODULAR CONSTRUCTION IN PORTUGAL:
AN INTERPRETIVE STRUCTURAL MODELLING APPROACH
Adriana Machado Ribeiro1, Amílcar Arantes2, Carlos Oliveira Cruz3
1
Instituto Superior Técnico, Universidade de Lisboa. adriana.machado.ribeiro@tecnico.ulisboa.pt
2
CERIS, Instituto Superior Técnico, Universidade de Lisboa. amilcar.arantes@tecnico.ulisboa.pt
3
CERIS, Instituto Superior Técnico, Universidade de Lisboa. oliveira.cruz@tecnico.ulisboa.pt

Keywords: Modular construction, barriers, mixed methods research, mitigation.

Código da Área Temática: 2 Apresentação oral

1. INTRODUCTION
The construction industry displays a reluctance to innovate and boost productivity, and mainly relies
on traditional labour-intensive methods [1]. Modular construction is not a novelty concept, but the
development of digital design and management tools, the increasing housing demand and labour
shortage have revitalised it as a possible solution to the industry’s current problems [2]. Modular
construction is the most advanced method of off-site construction available, generating fully-fitted
volumetric units, known as modules. Up to 80% of the works can be completed in a controlled
environment prior to their transportation and installation on-site [2].
The benefits of modular construction in improving some of the industry's issues have been thoroughly
described in the existing literature. However, the adoption rates in most countries have been sluggish
[1], leading researchers to study the Barriers to the Adoption of Modular Construction (BAMC). Most
articles consider barriers individually or group them into clusters, but few consider their
interrelationships and how these may influence each other. No data was found detailing the opinion
of the Portuguese industry, a country with low adoption rates and where the industry is still heavily
reliant on traditional labour-intensive methods.

2. METHODOLOGY
This dissertation explores the BAMC in Portugal using a Mixed Methods Research (MMR) with
quantitative and qualitative results. First, a comprehensive literature review was conducted resulting
in the identification of 42 BAMC. Followed by a survey to gather the opinion of the Portuguese
construction industry (using a five-point Likert scale) on the importance of the barriers which led to
the determination of the 15 critical BAMC. A subsequent qualitative analysis was conducted through
the application of the Interpretive Structural Modelling (ISM) approach and Impact Matrix Cross
Reference Multiplication Applied to a Classification (MICMAC) analysis to determine the
interrelationships between the barriers. Based on a group of experts' opinion, ISM breaks down
complex systems into subsystems, arranging the variables in a simplified structural diagram and
effectively identifying existing relationships; while the MICMAC analysis classifies variables according
to their dependence and driving powers. The higher the dependence power, the more variables have
an influence over it, and the higher the driving power, the more variables it exerts influence over. Two
academics and six practitioners were asked to participate in a group focus to define the
interrelationships between the critical BAMC in Portugal.

3. RESULTS & DISCUSSION


The final product of the MMR is a 7-level model with defines the interrelationships between the BAMC
in Portugal, as displayed in Figure 5. Barriers at the top of the model (levels 1-3), do not excerpt
influence over others but are likely affected by other barriers. Whereas, barriers found at the bottom
of the model (levels 5-7), have a higher influence over the remaining barriers and, as such, are
considered the root BAMC in Portugal. Addressing these root barriers will have a chain impact in the
subsequent barriers found in the upper levels of the model.
The Level 7 barriers are not related to modular construction itself but rather to existing problems

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


41
within the industry, as has been suggested in literature [4]. As insufficient R&D efforts are put into
construction innovations, a lack of knowledge and understanding is generated, and the adoption rates
remain low. The top research countries where modular construction holds higher levels of usage
coincide with countries where more research is undertaken, proving the importance of R&D in
increasing the usage of modular construction. The low levels of R&D hinder the development of codes
and standards for modular construction which in turn affect the number of organizations capable of
certifying the quality of modular components. The creation of adequate design codes, specifications,
regulations and performance management systems have been identified in the literature as critical
success factors in modular construction projects [3].

Figure 5 – Hierarchical ISM model of BAMC in Portugal

Based on the results, 10 tailored mitigating measures were proposed to reduce the impact of the BAMC
in Portugal. The measures include an increase in the levels of R&D within the industry, the
development of value-based evaluation methods and comparisons systems to traditional methods and
the promotion of digital tools (e.g. BIM) to improve communication and coordination between
project's stakeholders. The mitigation measures proposed also target the lack of knowledge and
experience on modular construction, promoting public training courses and the use of the method in
public projects, as well as increasing awareness with assessments from research institutions.

4. CONCLUSION
The combined analysis shows that the main BAMC in Portugal are the low levels of research and development,
the lack of accredited organizations to certify the quality of manufactured components and the industry's
unwillingness to innovate. The list of critical barriers attained is representative of the BAMC found in the existing
literature. However, it is difficult to establish direct comparisons between the results as they depend heavily on
the characteristics of the construction industry of the country under analysis.
The findings of this dissertation have been validated and contribute to the body of knowledge of
modular construction as no previous investigation had considered the Portuguese construction
industry. Furthermore, these findings can enlighten the industry on the benefits, drivers and current
BAMC, so that mitigation measures can be implemented to increase its usage in Portugal. An article
on the subject has been published in Buildings’ Journal.

5. REFERENCES
[1] Mao, C., Shen, Q., Pan, W., & Ye, K. (2015). Major barriers to off-site construction: The developer’s perspective
in China. Journal of Management in Engineering, 31(3).
[2] Hwang, B. G., Shan, M., & Looi, K. Y. (2018a). Key constraints and mitigation strategies for prefabricated
prefinished volumetric construction. Journal of Cleaner Production, 183, 183–193.
[3] Wuni, I. Y., & Shen, G. Q. (2020a). Barriers to the adoption of modular integrated construction: Systematic review
and meta-analysis, integrated conceptual framework, and strategies. Journal of Cleaner Production, 249, 119347.
SEC 2023 – LIVRO DE ATAS
42
COORDENAÇÃO DE SEGURANÇA VS PROCESSOS CONSTRUTIVOS – CASO DE
ESTUDO
Catarina Campos1, Cristina Reis1, João J. F. Baptista 2
1
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. email: cathy.sofia.campos@gmail.com
1
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. email: crisreis@utad.pt
2
Infraestruturas de Portugal, email: joao.baptista@infraestruturasdeportugal.pt

Palavras-chave: Segurança, técnicas construtivas, riscos, prevenção.

Código da Área Temática 02 Apresentação oral

1. INTRODUÇÃO
No quotidiano, é possível empregar métodos mais eficazes, isto é, utilizar uma tecnologia de
construção benéfica para a construção dos vãos de uma ponte/viaduto. A segurança no trabalho
torna-se um fator primordial na boa execução de uma obra, evitando assim diversos imprevistos,
que põem em causa a vida humana. Deste modo, conciliando as boas práticas de segurança
juntamente com a sua correta implementação e utilização, estes imprevistos podem ser reduzidos
e, eventualmente, sanados. Este trabalho, elaborado com o auxílio das Infraestruturas de Portugal,
permitiu estudar as técnicas de segurança em obra, de duas construções com diferentes
metodologias – vigas de lançamento e cimbres ao solo-, e tentar identificar qual a metodologia
mais eficaz, ainda que por vezes não possa ser utilizada, dado o tipo de terreno usado como
suporte à construção.

2. METODOLOGIA
Este trabalho, tem como principal objetivo, a avaliação de riscos da segurança em cada tipo de
obra utilizando tecnologias construtivas distintas, tentando assim deduzir quais as medidas a
serem analisadas na prevenção de imprevistos. A metodologia utilizada inclui a avaliação dos
riscos e as medidas preventivas de acordo com a legislação portuguesa, nomeadamente o Decreto-
Lei nº. 273/2003 de 29 de outubro referente às condições de segurança e de saúde no trabalho
em estaleiros temporários ou móveis [1]. Para a construção de uma ponte, existem vários
processos de construção, cada uma com a sua finalidade e com as suas características. Considerou-
se as vigas de lançamento, as estruturas de cimbre ao solo, os carros de avanço e os cimbres
autolançáveis, como técnicas construtivas utilizadas na construção de pontes, tendo sido objeto
de estudo mais profundo, as duas primeiras. Em cada uma das obras, foram avaliados os planos
de segurança e saúde (PSS), a coordenação de segurança, bem como a comunicação prévia de
cada obra – Viaduto de Escariz e Ponte sobre o rio Veade.

Figura 10 - Ponte sobre o Rio Veade - tabuleiro em vigas de lançamento.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


43
Na figura 1, pode-se identificar a ponte a ser executada sobre o rio Veade, em Mondim de Basto,
e na figura 2, pode-se identificar a localização do viaduto de Escariz, em Arouca (demarcado a
vermelho).

Figura 11 - Viaduto de Escariz - Tabuleiro em laje vigada, contínuo, em betão armado e pré-esforçado.

Tabela 1 - Riscos estudados.

Riscos estudados Entalamento/Esmagamento e capotamento por máquinas


Atropelamento
Queda de material em altura
Sobre esforços
Colisão
Colapso da estrutura

As medidas preventivas foram individualmente estudadas para cada uma das obras.

3. CONCLUSÃO
Conclui-se com este trabalho que, se houver um correto cumprimento de todas as medidas de
segurança, há uma diminuição ao nível de riscos evitados. Assim sendo, para auxiliar estas
medidas, podem ser elaborados simulacros, que visam diminuir as probabilidades de ocorrência
de algum impasse, e caso subsista algum, saber como agir o mais rápido possível ou reagir da
melhor forma, respondendo ao problema de uma maneira eficiente.
Na escolha dos métodos construtivos, dependerá da empreitada em questão, uma vez que cada
uma apresenta as suas características, os seus riscos, bem como as medidas preventivas
associadas. De tal modo, não é possível definir um método mais ou menos excelente, mas sim um
método mais vantajoso, ou mais adequado.

4. REFERÊNCIAS
[1] Cristina Reis (2004), Aula teórica relativa à temática: “Plano de Segurança e Saúde no trabalho”,
Resumos Universidade Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real.
[2] Cabral, F. (2011). Segurança e saúde do trabalho: Manual de prevenção de riscos profissionais.
Lisbon: Verlag Dashofer.
[3] Meretti, F. S., Reis, C., Baptista, J. J. F., Fernandes, L. S., & Oliveira, C. (2020). Safety at Rehabilitation
Works of the Cavez Bridge Over Tâmega River. In Occupational and Environmental Safety and
Health II (pp. 105-113). Springer, Cham.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


44
BRITTLE MINERAL FOAM IN A SACRIFICIAL CLADDING SOLUTION FOR BLAST
LOADING MITIGATION
Duarte Braz1, David Lecompte2, Pedro Matias3
1
Centro de Competências para Proteção de Infraestruturas, CINAMIL, Military Academy, braz.da@exercito.pt
2
Department of Military and Protective Engineering, RMA - Royal Military Academy, david.lecompte@mil.be
3
Centro de Competências para Proteção de Infraestruturas, CINAMIL, Military Academy,
matias.pjsg@exercito.pt

Keywords: Blast mitigation; Sacrificial cladding; Brittle mineral foam; Numerical modelling.

Código da Área Temática 02 Apresentação oral

1. INTRODUCTION
Military structures such as barracks, combat vehicles and civilian buildings of great importance are the
most common targets in terrorist attacks using explosive devices. Apart from them, explosions can be
originated by accidental events. Lightweight protection solutions have been a common target of
research in current days [1,2]. A sacrificial cladding (SC) is composed of crushable core sandwiched
between two sheets called front and rear plate. The philosophy behind the SC is to attenuate the
accelerations and the large damages resulting from an explosion by converting high pressures on a
short time period to lower pressures (below the maximal strength of the structure) on longer time
period [2]. In this study, the objective is to carry out experimental tests a lightweight mineral foam
aiming to assess its capacity in absorbing the blast induced energy. Based on experimental results, a
numerical model is developed and validated. Finally, the numerical results are compared to the
experimental ones. The brittle mineral foam studied in this thesis has a closed-cell structure and is
composed of chalk, sand, cement and water [1].

2. BLAST WAVE ATTENUATION CAPACITY

2.1Experimental study
The main goal of this work is to study the effects of the mineral foam on the attenuation of an
explosion, in particular the deformation generated on the main structure. The experimental set-up
consists of three main groups. First, we have all the elements regarding the test itself, where there is
the control aluminium plate (with and without SC) secured by a clamping frame, the steel frame, the
explosive charge, the detonator and the trigger. Secondly, there are the high-speed cameras and the
LED lights. The cameras are synchronized in order to start recording the footage simultaneously.
Finally, there is a recording system where a computer is equipped with a data recording software. A
mass of 19.8g of C4 is prepared at the entrance of the circular Explosive Driven Shock Tube (EDST). The
aluminium plate is painted with a speckle pattern on the side facing the cameras, so it becomes
possible to exploit the images captured by Digital Image Correlation (DIC). This will allow to calculate
the deformations of the aluminium plate by colour contrast. With the objective to define a good
solution of SC, six configurations were tested. The aluminium plate deforms permanently in
consequence of the shock wave from the explosion, where the maximum displacement occurs at the
center of the plate. The evolution of the displacement as function of time and front plate/skin material.
As the shock wave from the explosion hits the target, some oscillation occurs and after a few
milliseconds it reaches the final value of displacement which corresponds to the plastic deformation.
When the mineral foam is added as a SC, the oscillations decrease in frequency. By adding a front
plate/skin, the maximum displacement can be reduced even more. This aims to protect the mineral
foam and to standardize the shock have, acting as a piston that crushes the core material. In the end
the aluminium as a front plate proved to be the best solution.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


45
2.2. Numerical study
The common cost in experimental test campaign, is very high. Moreover, the lack of control of ambient
conditions, schedules limits, etc. may lead to the failure of the results. For these reasons it is
advantageous to resort to numerical models. The simulation is a product of three stages: first the
definition of the geometry, the mesh, the choice of the materials
and the initial and boundary conditions: secondly the calculations and finally the results processing.
Given symmetrical geometry of the set-up and to reduce the calculation time, a quarter of the
geometry was modelled. All of the parts, except the foam, are define with parallelepipedal solid finite
elements (FE). To accurately replicate the coupling between the steel frame, the clamping frame and
the aluminum plate the algorithm the sliding between them was allowed. The mineral foam is
modelled using Smoothed Particle Hydrodynamics (SPH). Both the steel frame and the clamping frame
do not exceed their elastic limit. For this reason, both were simply modelled using a linear elastic
constitutive law. The control and front plates overcome the elastic region and undergo plastic
deformation. For this reason, the strain rate material properties were considered, as the validated
models in [3], [4]. In LS-Dyna, for SPH elements the material law must be compatible. The software
offers a law based on the constitutive equations for foam materials by Chang (1995), it is also possible
to input stressrate curves plus the mechanical parameters and simulate the brittle mineral foam [5].
The results of the numerical models were compared to the ones from the experimental tests. When
comparing the values obtained in the numerical models with the experimental tests, there is a relative
error between 0.11 and 5.50%, which means that each model was validated.

3. CONCLUSIONS
The brittle mineral foam alone guarantees a significant reduction in the deformation of the control
plate, although and as it was mentioned before, in order to guarantee an even distribution of the shock
wave the front plate is crucial. What was possible to verify in the different solutions tested was that in
the end, the aluminium as a front plate proved to be the best solution in a first approach to a sacrificial
cladding with this foam, ensuring lightness and compactness of the final solution. Lastly, a numerical
model was developed in LS-Dyna to simulate the test set-up used to evaluate the SC capacity. This
model was based on a Fu Chang cellular foam law, according to the quasistatic compression stress-
strain curves of the mineral foam. The results from this model were strongly validated by the obtained
experimental ones.

4. REFERÊNCIAS
[1] A. Aminou, “Atténuation d’ondes d’explosion par mousse minérale: Étude expérimentale et
numérique,” École Royal Militaire, Brussels, 2020.
[2] H. Ousji and P. Berke, “Blast mitigation using crushable core systems: experimental, analytical and
numerical study,” 2017.
[3] O. Atoui, A. Maazoun, B. Belkassem, A. Jonet, L. Pyl, and D. Lecompte, “Numerical Investigation Of
Aluminium Plates Subjected To Blast Loading Using Arbitrary Lagragian Eulerian and Lagragian
Approaches,” Silos proccedings (13th Shock and Impact Loads on Structures 2019), pp. 155–164,
2019.
[4] M. A. Louar et al., “Explosive driven shock tube loading of aluminium plates: Experimental study,”
Int J Impact Eng, vol. 86, pp. 111–123, Aug. 2015, doi: 10.1016/j.ijimpeng.2015.07.013.
[5] LSTC, “LS-DYNA ® KEYWORD USER’S MANUAL VOLUME I LIVERMORE SOFTWARE TECHNOLOGY
(LST), AN ANSYS COMPANY,” 2020. [Online]. Available: www.lstc.com

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


46
TEMA 03
INOVAÇÃO E NOVOS MATERIAIS

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


SEC 2023 – LIVRO DE ATAS
CARACTERIZAÇÃO MECÂNICA DE ARGAMASSAS DE PROTEÇÃO PASSIVA AO
FOGO EM ESTRUTURAS METÁLICAS DE BASE CIMENTÍCIA E GESSO COM
PARTÍCULAS DE NANO E MICRO SÍLICA
Eduardo Celso Cruz Monteiro 1
1
Departamento de Engenharia Civil da Universidade de Coimbra. e.celso_@hotmail.com

Palavras-chave: argamassas, caracterização mecânica, proteção passiva ao fogo, nano e micro sílica

Código da Área Temática: 3 Apresentação oral

1. INTRODUÇÃO E VISÃO GLOBAL DO TRABALHO REALIZADO


As estruturas metálicas são utilizadas em diversos tipos de projetos de engenharia civil à escala global
devido ao grande número de benefícios que estas oferecem [1]. No entanto, em situação de incêndio,
as propriedades mecânicas do aço vão sendo reduzidas à medida que a temperatura aumenta e, a
partir dos 500 ºC, considerada normalmente como temperatura crítica do aço estrutural, estas
reduções mecânicas são mais significativas [2]. O objetivo principal deste estudo foi o desenvolvimento
e a caracterização mecânica de diferentes argamassas de proteção passiva ao fogo à base de gesso ou
cimento com a adição de micro e nano partículas de sílica (NMS). O trabalho de dissertação de
Mestrado enquadrou-se no âmbito do projeto NanoFire, realizado na Universidade de Coimbra.

2. MATERIAIS UTILIZADOS
Com base numa campanha experimental realizada pelo projeto NanoFire [3], seis diferentes
composições de argamassa foram desenvolvidas (Quadro 1). Vale ressaltar que, para efeitos de
comparação de resultados, foi selecionada a melhor solução comercial existente (C) de proteção
passiva ao fogo testada [3].

Quadro 1. Composições das argamassas desenvolvidas


Designação da Argamassa CPPS PC GY EV EP PP NMS W/B
C 100% - - - - - - 0.60
CV - 49% - 50% - 1% - 2.00
CV.NMS - 48% - 50% - 1% 1% 2.40
GP - - 40% - 60% - - 1.08
GP.NMS - - 39% - 60% - 1% 1.04
GV - - 75% 25% - - - 0.70
GV.NMS - - 74% 25% - - 1% 0.66
Legenda: CPPS = solução de proteção passiva comercial, PC = cimento Portland CEM II/B-L 32.5, GY = pó de gesso, EV = vermiculite
expandida, EP = perlite expandida, PP = fibras de polipropileno, NMS = nano e micro partículas de sílica e W/B = rácio água/ligante

3. TESTES REALIZADOS, VALIDAÇÃO DESTES POR MEIO DE REGRESSÕES LINEARES E CONCLUSÕES


Antes da determinação dos módulos de Young (E) e de cisalhamento (G) e do coeficiente de Poisson
(µ), através dos testes destrutivos e não-destrutivos, foram realizados trabalhos para caracterizar
fisicamente as argamassas: medição de densidade normalizada, medição de porosidade por
penetração de mercúrio e análise da microestrutura por SEM. Além disso, a argamassa de melhor
comportamento térmico [3], GP.NMS, foi submetida a uma análise comparativa com a composição
comercial em testes TGA (perda de massa em função da temperatura) e XRD (identificação de fases
cristalinas de materiais). Apresenta-se no Quadro 2 as médias dos outputs dos ensaios não-destrutivos
(testes de velocidade de pulso ultrassônico [4] e de excitação por impulso [5]) e a regressão linear
destes. Do mesmo modo, são apresentados no Quadro 3 os outputs dos ensaios destrutivos (testes de
flexão [6] e compressão [7]) e a regressão linear dos resultados.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


49
Quadro 2. Resultados dos ensaios não-destrutivos e validação por meio de uma regressão linear

E G 3,0
Argamassa μ

E médio (GPa)
(GPa) (GPa)
C 2.629 1.111 0.18 2,0
CV 0.765 0.289 0.32 1,0
CV.NMS 0.921 0.347 0.33
0,0
GP 1.286 0.526 0.23
0,0 0,2 0, 0, , , ,2 1
GP.NMS 1.253 0.512 0.22
GV 2.817 1.164 0.22
GV.NMS 2.691 1.117 0.20

Quadro 3. Resultados dos ensaios destrutivos e validação por meio de uma regressão linear

Resistência Resistência à
Argamassa à flexão compressão 2,5
Flexão (MPa)
Resistência à
(MPa) (MPa) 2
C 1.945 3.297 1,5
CV 0.320 0.540 1
CV.NMS 0.913 1.466 0,5
GP 0.955 1.023 0
GP.NMS 0.868 1.110 0 3 4
GV 2.189 3.139
GV.NMS 2.008 2.767

Os coeficientes de regressão linear (R) entre as resistências à flexão e os E e os G médios e entre as


resistências à compressão e os E e os G médios tomaram valores de 0.9628, 0.9571, 0.9122 e 0.9085,
respetivamente.
Ao fim deste trabalho, foi possível concluir que: 1) o melhor desempenho térmico de GP.NMS, quando
comparada com C, é devido ao fato de que perde menos massa com o aumento da temperatura
(consequentemente, menos fissuras) e devido à existência de um material amorfo (EP) em sua
composição; da análise dos testes não-destrutivos, 2) as argamassas desenvolvidas têm matrizes
uniformes e homogéneas, pois os valores de velocidades/frequências estão de acordo com o intervalo
de valores da literatura revisada e 3) quanto maior a dosagem do ligante e menor a dosagem do
agregado, maiores são as velocidades/frequências obtidas e, consequentemente, valores mais
elevados de resistência mecânica; 4) apenas GV e GV.NMS apresentaram propriedades mecânicas
superiores ou similares à C; 5) adicionar 1% em volume de NMS nas argamassas à base de gesso causou
uma diminuição nas suas propriedades mecânicas e físicas, no entanto, nas cimentícias, ocorreu o
oposto e 6) as propriedades mecânicas estudadas (resistências à flexão e compressão) estão muito
bem correlacionadas com as propriedades físicas (E e G), de acordo com os coeficientes de validação.
4. REFERÊNCIAS
[1] Gervásio, H., L., Simoes da Silva., Bragança, L., (2005), “Sustainability assessment of new
construction technologies: a comparative case study”, Balkema, Leiden, 527-536.
[2] Couto, C., Real, P.V., (2021), “The influence of imperfections in the critical temperature of
Isection steel members”, doi.org/10.1016/j.jcsr.2021.106540.
[3] Caetano, H., Laím, L., Santiago A., Durães L. and Shahbazian A., (2022), “Development of
Passive Fire Protection Mortars”, Applied Sciences, DPI 12, 2093.
[4] ASTM D 2845-05, (2005), “Standard Test Method for Laboratory Determination of Pulse
Velocities and Ultrasonic Elastic Constants of Rock”.
[5] ASTM E 1876-01, (2002), “Standard Test Method for Dynamic Young’s Modulus, Shear
Modulus, and Poisson’s Ratio by Impulse Excitation of Vibration”.
[6] EN 12390-5, (2019), “Testing hardened concrete. Part 5: Flexural strength of test specimens”.
[7] EN 1015, (2020), “Methods of test for mortar for masonry. Part 11: Determination of flexural
and compressive strength of hardened mortar”.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


50
DESEMPENHO EM TERMOS DE DURABILIDADE DE BETÕES COM CINZA DE
FUNDO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS ACTIVADA ALCALINAMENTE
Filipe Sequeira Alves Miguel 1, Rui Vasco Silva 1, Jorge de Brito 1
1
Departamento de Engenharia Civil. Instituto Superior Técnico. filipesequeira1@tecnico.ulisboa.pt;
rui.v.silva@tecnico.ulisboa.pt; jb@civil.ist.utl.pt

Palavras-chave: betão, ativação alcalina, cinzas de fundo de resíduos sólidos urbanos, agregado reciclado.

03 - Inovação e Novos Materiais Apresentação oral

1. INTRODUÇÃO
Atualmente, os impactes ambientais levados a cabo pelo sector da construção tendem a ser cada vez
mais preocupantes levando assim a uma necessidade de os solucionar. Neste contexto e com o
objetivo de minimizar os efeitos negativos provocados pelo sector, é fulcral estudar novas alternativas
que substituam as atuais. Uma dessas alternativas passa pela substituição do cimento Portland (CP)
por materiais que apresentam uma menor pegada ecológica e pela utilização de materiais reciclados.
Este foi o tema principal durante a investigação realizada no desenvolvimento da dissertação de
mestrado em Engenharia Civil no Instituto Superior Técnico [1], na qual se estudou a ativação alcalina
de cinzas de fundo de resíduos sólidos urbanos (CF) e de cinzas volantes (CV) na produção de betão.
Também foi avaliada a influência da substituição de agregado natural por agregado reciclado. Neste
estudo, focou-se na durabilidade dos betões produzidos e na resistência à compressão após cura em
câmara de CO2. Estas alternativas não só apresentam uma maior sustentabilidade dentro do sector da
construção como resolvem o problema do crescente aumento na produção de resíduos sólidos
urbanos e da sua acumulação em aterro, é estimado que, em 2025, a produção mundial destes
resíduos seja de 2,2 mil milhões de toneladas, o que perfaz uma quantidade de 1,42 kg/pessoa.dia [2].

2. MATERIAIS E METODOLOGIA
Foram produzidas quatro composições de betão diferentes onde os rácios de substituição total de CP
pelos ligantes alternativos foram de 100%, 75%, 50% e 25% para as CV e 0%, 25%, 50% e 75% para as
CF, respectivamente, todas produzidas com agregado natural. Quatro misturas adicionais foram
produzidas através da substituição completa do agregado natural por agregado reciclado, perfazendo
oito famílias de betão no total. Duas misturas de betão de referência com CP como ligante foram
também produzidas, com 100% agregado natural e 100% agregado reciclado, a fim de comparar com
as referidas anteriormente. Como activador alcalino, foi utilizada uma mistura de hidróxido de sódio e
silicato de sódio, mistura esta responsável pelo desencadeamento das reacções de policondensação
que levam ao endurecimento do betão na activação alcalina. Três fases foram levadas a cabo durante
a campanha experimental, começando por se realizar uma caracterização dos constituintes dos
betões, passando por ensaios ao betão no estado fresco (consistência e massa volúmica), concluindo
com diversos ensaios ao betão no estado endurecido, sendo estes resistência à compressão (antes e
pós carbonatação), absorção de água por capilaridade e imersão, penetração de cloretos,
carbonatação, retracção total e retracção autogénea.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Relativamente aos resultados da terceira fase descrita anteriormente, os betões activados
alcalinamente produzidos com agregado natural, em geral, mostraram um pior desempenho em
termos de durabilidade, embora tenham mostrado melhores resultados em algumas propriedades.
Considerando a retracção, observou-se que as misturas activadas alcalinamente apresentavam uma
variação dimensional muito menor (sempre inferior a 200 μm/mm) do que o betão de referência, que
exibiu valores rondando 500 μm/mm para a retracção total e 400 μm/mm para a autogénea. Nos
restantes testes de durabilidade, a maioria das misturas activadas alcalinamente mostrou uma
considerável perda de desempenho. Pelo observado na literatura, quanto maior o conteúdo de CF na
SEC 2023 – LIVRO DE ATAS
51
constituição do betão, piores deveriam ser os resultados devido às propriedades do ligante. No
entanto, é observada uma tendência díspar no betão produzido com 50% de CV e 50% de CF, tendo
sido a mistura com melhores resultados na maioria dos ensaios realizados.

Para as misturas de betão produzidas com agregado reciclado, estas mostraram uma tendência
semelhante às acima mencionadas, mas com um declive mais acentuado na perda de desempenho.
Comparando as misturas activadas alcalinamente, observou-se também que ocorreram várias
oscilações. Nos testes de absorção de água, devido às grandes perdas de massa quando as amostras
foram colocadas em água, a massa total da amostra após o teste não aumentou tanto quanto o
esperado, levando a resultados inconclusivos.

Comparando os resultados das misturas produzidas com agregado natural com as produzidas com
agregado reciclado, as amostras produzidas com este último apresentaram sempre um pior
desempenho. Isto deve-se às piores propriedades microscópicas dos agregados reciclados, tornando
a mistura muito mais porosa e permitindo também a migração de componentes reactivos do activador
alcalino para a microestrutura do próprio agregado.

No ensaio de resistência mecânica, a cura das misturas de betão activado alcalinamente em câmara
de CO2 apresentou valores positivos, mostrando um aumento considerável em todas as misturas
testadas, sendo este mais predominante nas misturas produzidas com AR (Figura 12).
Antes CO₂ Após CO₂ Antes CO₂ Após CO₂

70 70
Resistência à compressão (MPa)

Resistência à compressão (MPa)

60 60
50 50
40 40
30 30
20 20
10 10
0 0
F

F
M

M
CV

CV
5C

0C

5C

5C

0C

5C
CE

CE
0

0
/2

/5

/7

/2

/5

/7
10

10
0

0
CV

CV

CV

CV

CV

CV
10

10
75

50

25

75

50

25

Misturas com agregado natural Misturas com agregado reciclado

Figura 12 - Resistência à compressão antes e após cura em câmara de CO2

4. CONCLUSÕES
Com este trabalho, foi possível perceber o comportamento de betões produzidos com ligantes
activados alcalinamente quando estes são substituto total do convencional CP. De evidenciar que,
mesmo sendo a maioria das tendências observadas pior nos betões activados alcalinamente, certos
resultados foram positivos e demonstram a necessidade de estudos adicionais e mais aprofundados
para compreender estes materiais alternativos. Relativamente à substituição total do agregado natural
por agregado reciclado, os resultados foram piores para estes últimos; no entanto, uma substituição
parcial do agregado pode ser uma solução viável e requer um estudo futuro adicional.

5. REFERÊNCIAS
[1] Alves Miguel, F. (2022). Desempenho em termos de durabilidade de betões com cinza de fundo de
resíduos sólidos urbanos ativada alcalinamente. Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil,
Instituto Superior Técnico.
[2] Silva, R. V., de Brito, J., Lynn, C. J. & Dhir, R. K. (2017). Use of municipal solid waste incineration
bottom ashes in alkali activated materials, ceramics and granular applications: A review. Waste
Management, Vol. 68, pp. 207-220.
SEC 2023 – LIVRO DE ATAS
52
NUMERICAL ANALYSIS OF AN INNOVATIVE BLAST PROTECTIVE SYSTEM FOR
BUILDINGS
Pires, Luís1, Gomes, Gabriel2, Júlio, Eduardo3
1
Academia Militar (AM). pires.lmm@exercito.pt
2
CCPI, CINAMIL. Academia Militar (AM). gomes.gj@exercito.pt
3
CERIS, DECivil. Instituto Superior Técnico (IST). eduardo.julio@tecnico.ulisboa.pt

Keywords: Blast; inverted tube; energy-absorption; numerical analysis.

Innovation and New Materials Oral Presentation

1. INTRODUCTION
Terrorist attacks using explosive devices threatened both military and civilian lives. The development
of innovative protective systems for infrastructures against its effects can help mitigate this threat. In
the scope of a PhD thesis [1], an innovative protective system was developed and successfully tested
with proven capabilities. The present work, aims to contribute to this study by developing an advanced
numerical analysis of this solution. The physical system is idealized into a 3D model using SolidWorks.
Then the model is divided into elements using HyperMesh. Following the definition of the problem
parameters through LS-Prepost, the input is processed by the solver LS-DYNA, and results are reviewed.
Methods are used to enhance the trust, efficiency and precision of results (benchmarking, mesh
convergence, experimentation, among others).

2. THEORETICAL BACKGROUND
Explosives were invented more than one thousand years ago, with the development of gunpower in
China. Their development since then has been illuminated by the intersection between military
necessity and technological adaptation in the face of economic constraints. The unpredictable and
destructive aftermath posed by explosions can emerge from accidental hazards to intentional acts of
mankind. Recent terrorist activities in Europe have indicated an increasing interest in the use of
explosives, specially improvised explosive devices (IED). Considering the increasing risk of such events,
it is imperative to deal with this issue [2].

3. PROTECTIVE SOLUTION AND EXPERIMENTAL RESULTS

Figure 1. Protective System with the representation of two sections from the absorption device.
I) Before the blast. II) After the Blast. Reproduced with the authorization of Gomes [3].

3.1. Protective system


The protective system is based on two rigid panels (reinforced concrete) to which are connected a
plurality of ductile metallic connectors, designed to explore an inversion mechanism. The system has
three main purposes. Firstly, rigid panels receive the blast directly, which reduces the reflected
pressure and impulse directly imparted to the structure. On top of that, it offers protection from flying
fragments, impact, and fire. Secondly, plastic deformation of the connectors, dissipates most part of
the energy from the explosion, reducing the energy transmitted to the structure. Thirdly, the location
of the connectors allows to redirect the transferred energy to the slabs of the structure, protecting
vulnerable elements (e.g., columns).
SEC 2023 – LIVRO DE ATAS
53
4. DEVELOPMENT OF NUMERICAL MODELS

4.1 Methodology
The methodology of most analysis follows a pattern that can be summarized in the diagram of Fig.2.
In the first phase, a model is created using SolidWorks; then it is divided into several elements using
HyperMesh. Additionally, some images were rendered, using KeyShot, to allow the reader a better
understanding of the model and its deformation mechanism. In the second phase, the model
parameters were defined using LS-Prepost. In the third phase, after the input file configuration, this
file was imported into LS-DYNA and was processed. Finally, in the last phase, the results were extracted
back into LS-Prepost, where it was possible to view, interpret and analyze them.

Figure 2. Diagram of the applied methodology.

4.2 Modelling and Meshing


During the development of the model, the need for greater detail led to the choice of advanced
software such as SolidWorks, that allowed the various parameters of the connector to be defined with
the desired detail. Furthermore, shell elements integration was crucial to carry out the present analysis
in time efficient manner and idealization made it possible to analyze each solid, variable and parameter
entered separately in each iteration.

5. NUMERICAL ANALYSIS
Benchmarking, mesh convergence and experimentation were used to increase the reliability and
accuracy of the results. Once calibration and validation were achieved, which is a good indication that
the model is correct, the study was complemented with simulation. It allowed for the examination of
previously unstudied aspects, not possible during experimental tests.

6. CONCLUSIONS
Numerical analysis results outline the importance of precision, right simplifications and validation
methods; it details the system absorption capacity according to variable charges of TNT; it confirms
the resilience and efficiency of the solution in adverse conditions and it uncovers and characterizes the
relationship between the different deformation states.

7. REFERENCES

[1] Gomes, G. - "Protection of Infrastructures Against Explosions Using Ductile Blast Energy-Absorption
Connectors." (In Progress). Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, 2023.
[2] Miller, E. - Trends in Global Terrorism: Study of Terrorist and Responses of Terrorism, Tech. Rep. October,
2019, 12 p.
[3] Gomes, G. - “Blast Protective Walls Optimization Design (BLADE) - Blast testing report - 10th June’s Blast testing
on Protective System inversion tubes 64x2mm, NATO Counter IED COE, Madrid Spain.” Tech. Rep., 2020, 45 p.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


54
SISTEMAS DE PROTEÇÃO DE FACHADAS ENVIDRAÇADAS CONTRA EXPLOSÕES
COM RECURSO A TECNOLOGIAS DE IMPRESSÃO 3D
Fátima Martins1, Pedro Matias2, José Oliveira Pedro3

1
Centro de Competências para a Proteção de Infraestruturas. Academia Militar. martins.fcc@exercito.pt
2
Centro de Competências para a Proteção de Infraestruturas; CINAMIL. Academia Militar.
matias.pjsg@exercito.pt
3
Departamento de Engenharia Civil, Arquitetura e Georrecursos; Ceris. Instituto Superior Técnico.
jose.oliveira.pedro@tecnico.ulisboa.pt

Palavras-chave: Ação da explosão; Vidro laminado; Dissipador de Energia.

Inovação e Novos Materiais Apresentação oral

1. INTRODUÇÃO
Tendo em conta que a ocorrência de ataques terroristas é muito difícil de eliminar, torna-se primordial
procurar controlar e minimizar os danos patrimoniais, o número de vítimas e o alarme social.
A maioria das baixas provocadas por ataques terroristas resultam do impacto de fragmentos e detritos,
pelo que é cada vez mais recorrente a solicitação de projeto de ter fachadas de vidro que consigam
fazer face aos efeitos da ação da explosão, de forma a proteger os indivíduos que se encontrem dentro
dos edifícios [1], [2].
O principal objetivo deste trabalho consiste na avaliação do comportamento de painéis de vidro,
inseridos em fachadas envidraçadas, quando sujeitos à ação da explosão, e o estudo de uma solução
de proteção, destinada a aumentar a capacidade resistente dos painéis de vidro e de mitigar os efeitos,
provocados pela ação da explosão, transferidos à restante estrutura.

2. AÇÃO DA EXPLOSÃO
Uma explosão consiste numa mudança física ou química repentina do estado da matéria,
acompanhada por uma libertação de energia e por movimento [3].

2.1Ação da Explosão utilizando o Explosive-Driven Shock Tube


Existem duas formas possíveis de estudar o comportamento dinâmico e impulsivo dos explosivos:
através de explosões aéreas livres (do inglês free air blast, FAB) ou em laboratório, com recurso a tubos
de choque que propagam a ação da explosão (do inglês explosive-driven shock tube, EDST) e que graças
ao seu comprimento mínimo, conseguem gerar uma frente de onda planar da explosão. A utilização
de EDST permite simular ondas de choque provocadas por explosões, sendo que o seu direcionamento
e, posteriormente, a sua medição é feito de forma mais eficaz, o que possibilita que a sua realização
possa ocorrer em condições de laboratório [4].

3. CARACTERIZAÇÃO DE FACHADAS ENVIDRAÇADAS


Os tipos de vidro mais comuns utilizados em aplicações estruturais são o vidro recozido, o vidro termo-
endurecido e o vidro temperado [5]. Este pode ser classificado em vidro monolítico, que consiste num
painel de vidro composto por um único painel de vidro ou vidro laminado, que possui pelo menos dois
painéis de vidro e uma camada intermédia, constituída por um polímero [6], [7]. O vidro laminado foi
criado no sentido de melhorar as propriedades estruturais do vidro, de forma a compensar o seu
comportamento frágil.

4. PROGRAMA EXPERIMENTAL
4.1. Caracterização da Ação da Explosão
Realizaram-se três grupos de ensaios distintos: o primeiro, destinado à medição da pressão incidente
de pico, 𝑃!" , e os restantes, orientados para a caracterização da pressão refletida, 𝑃# . Para cada um
destes grupos foram realizados vários ensaios, em que se variou a carga explosiva e a distância da
SEC 2023 – LIVRO DE ATAS
55
mesma à entrada do EDST.
Os dados obtidos foram calibrados e ajustados, sendo possível obter a pressão incidente de pico e a
pressão refletida de pico e comparar os resultados experimentais obtidos com expressões analíticas.

4.2. Ensaio de Dissipador com Metamaterial


A campanha de ensaios prosseguiu para a caracterização do comportamento dinâmico de dois tipos
de dissipadores que se pretende utilizar na proteção de fachadas envidraçadas contra explosões. Para
tal, foram utilizadas duas geometrias de núcleos esmagáveis impressos em 3D, através da impressora
Original Prusa i3 MK3S, com recurso ao metamaterial PETg. O principal objetivo consiste em analisar
a capacidade de absorção de energia dos dissipadores, quando inseridos num sistema de fachadas
envidraçadas.

5. CASO ESTUDO- PAINEL DE VIDRO LAMINADO


5.1. Descrição do caso de estudo
O caso de estudo consiste num painel de vidro laminado temperado, com 35 cm de largura e 25 cm de
altura. Este painel é apoiado nos dois bordos verticais, com suportes lineares contínuos. Cada sistema
de fixação lateral é composto por uma chapa de suporte e uma cantoneira L 50x5 ligados por dois
varões roscadas e ligações soldadas.

5.2. Análise pelo Programa LS-Dyna


O modelo utilizado para a análise no programa LS-Dyna consiste, por simplificação, num painel de vidro
laminado desenhado à linha média, com os dois bordos verticais apoiados linearmente.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para se avaliar o desempenho de um sistema de proteção para a ação de uma explosão, interessa ter
sempre presente três aspetos: a ação, o dissipador e o elemento estrutural. Assim, através do estudo
efetuado procurou-se, primeiramente, calibrar a ação da explosão, através de ensaios realizados em
laboratório, com recurso a EDST e, na sequência, compreender a eficiência do dissipador. Para tal,
realizaram-se ensaios estáticos e dinâmicos dos dissipadores impressos em 3D. Por fim, pretendeu-se
avaliar o comportamento de um painel de vidro laminado sujeito à ação de uma explosão, com e sem
dissipadores, através do programa de modelação numérica LS-Dyna.
Em resumo, os objetivos propostos para o presente estudo foram alcançados, sendo os resultados
obtido do trabalho realizado uma boa base para o arranque da campanha de ensaios experimentais
de painéis de vidro laminado com e sem dissipadores sujeitos à ação de uma explosão.

7. REFERÊNCIAS
[1] Courtney, E., Courtney, A., & Courtney, M. (2014). Shock tube design for high intensity blast waves
for laboratory testing of armor and combat materiel. Defence Technology.
[2] Draganić, H., & Sigmund, V. (2012). Blast Loading on Structures. Technical Gazette 19, 19, 643–
652.
[3] E. Yandzio, M. G. (1999). Protection of Buildings Against Explosions.
[4] Henrych, J. (1979). The dynamics of explosion and its use. Elsevier Scientific Pub.
[5] Schittich, C., Staib, G., Balkow, D., Schuler, M., & Sobek, W. (1999). Glass Construction Manual.
Birkhäuser - Publishers for Architecture.
[6] U.S. Department of Defense. (2008). Unified Facilities Criteria (UFC) Structures To Resist the Effects
of Accidental.
[7] Wurm, J. (2007). Glass structures. Birkhäuser Verlag AG.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


56
INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO
TIJOLOS DE SOLO-CIMENTO COM ADIÇÃO DE RESÍDUOS
DA INDÚSTRIA DE CELULOSE, DREGS
Bruno Miguel Ribeiro de Oliveira1, Cristina Calmeiro dos Santos2
1
Escola Superior de Tecnologia. Instituto Politécnico de Castelo Branco. b.oliveira108@gmail.com
2
Escola Superior de Tecnologia. Instituto Politécnico de Castelo Branco. ccalmeiro@ipcb.pt

Palavras-chave: inovação, sustentabilidade, tijolo, dregs.

3. Inovação e Novos Materiais Apresentação oral

1. INTRODUÇÃO

Para um desenvolvimento sustentável no setor da construção civil é importante trabalhar no


aproveitamento de materiais de rejeição industrial como substitutos de agregados ou aglomerantes
tanto em misturas de argamassas como em betão, pensando em novas ideias. Assim, a indústria de
papel e celulose, que por meio do processo Kraft processa a celulose e gera grandes quantidades de
resíduos conhecidos como dregs, apresenta-se como uma possibilidade de aproveitamento do resíduo
que têm como destino final aterros, devendo procurar inovações tecnológicas construtivas, aliando-se
ao desenvolvimento da construção sustentável, viabilidade económica e implementação de novos
recursos. Portanto, de forma a minimizar os impactos ambientais e atender às exigências económicas,
estão a ser desenvolvidos estudos para avaliar a viabilidade do aproveitamento destes resíduos em
produtos aplicados na construção civil. Dentro deste esforço, o presente trabalho tem como objetivo
analisar os resultados de uma possível integração dos dregs na construção civil, através da
incorporação deste material em tijolos produzidos através de uma mistura de solo-cimento. Assim a
utilização de um tijolo sustentável composto por um agregado, por dregs e por cimento torna-se
atrativo, por um lado, pelo seu processo de fabricação e, por outro lado, por não ser necessário a
queima do mesmo. Ou seja, este novo tijolo de solo-cimento apresenta-se com elevado potencial para
a incorporação do resíduo, em quantidades adequadas, reduzindo o custo da produção, além de
diminuir os impactos ambientais com o destino atual do resíduo.

2. ESTUDO EXPERIMENTAL

2.1 Material e métodos

Na produção da pasta de papel, a madeira é desintegrada em celulose cujo processo da produção é


relativamente simples, porém, em certas etapas são gerados resíduos que atrapalhariam a qualidade
final do produto se continuassem presentes nos próximos processos, como é o caso do resíduo
denominado dregs [1]. Os dregs, objeto de estudo do presente trabalho, são resíduos gerados na
recuperação química do licor negro, apresentando na sua constituição impurezas tais como partículas
de combustão incompleta e sais sólidos cujos iões são óxidos, carbonatos e sulfuretos de elementos
(como ferro, sílica, cálcio, alumínio e magnésio) que entram no processo de fabrico com a matéria-
prima (madeira), água e produtos químicos. Os dregs são prejudiciais para a eficiência do processo de
recuperação química sendo necessário a sua separação do licor negro por sedimentação num
clarificador de licor verde. Este resíduo, depois de retirado do tanque de clarificação do licor verde, é
adensado e filtrado e, em seguida descarregado para o exterior, sendo finalmente depositado em
aterro.

2.2 Estudo experimental


Os materiais utilizados neste estudo foram cimento Portland (CEM) tipo II/A-L 42,5R e areia fina
(<4mm) (AF). A escolha do cimento deve-se ao facto de este ser um produto com boa trabalhabilidade
e ter elevada resistência. O estudo foi dividido em duas etapas. Na primeira etapa, três composições
SEC 2023 – LIVRO DE ATAS
57
de argamassa foram analisadas de acordo com a quantidade de resíduos adicionados (dregs). Assim, a
primeira composição, denominada argamassa de referência (AR), não foram adicionados resíduos. Na
segunda e na terceira composição, foram adicionados resíduos (Figura 1) substituindo a areia nas
proporções correspondentes de 15% (AD1) e 30% (AD2).

Figura 6. Resíduo - Dregs.

2.3 Sistema e metodologia de ensaio

As proporções das diferentes misturas são apresentadas no Quadro 1.

Quadro 3. Composição das diferentes argamassas em estudo.


CEM [m3] AF [m3] Dregs [m3]
AR 1 3 -
AD1 1 2,55 0,45
AD2 1 2,10 0,90

Para determinar a classe de resistência de acordo com a NP EN 206-1 [2], foram realizados ensaios de
compressão após cura, cujos resultados são apresentados no Quadro 2. Os provetes foram curados,
durante 28 dias, em ambiente de laboratório (temperatura entre 18 e 20ºC) e humidade (entre 40 e
50%).
Quadro 2. Resultados dos ensaios de compressão das diferentes argamassas em estudo.

Tipo de argamassa fcm (MPa)


AR 22,50
AD1 7,80
AD2 2,60

3. CONCLUSÕES

Os resultados obtidos aos 28 dias mostram que a substituição da areia por dregs reflete-se numa perda
considerável da resistência à compressão da mistura. Isso torna o resíduo dregs, pela proporção
utilizada, um material indesejável para a substituição da areia. Uma possível explicação é a
granulometria fina dos dregs (inferior a 0,063 mm), correspondente às categorias de silte e argila. No
entanto, a análise visual permite verificar que os provetes possuem as características de um material
homogêneo, sem vazios, e os tijolos de solo-cimento fabricados com estas misturas, após 28 dias de
cura, apresentaram resistência à compressão simples semelhante à dos tijolos cerâmicos, com valor
médio de 1,8 MPa. De referir que o material utilizado provém de resíduos industriais, devendo ser
realizado um estudo mais aprofundado sobre os efeitos das escórias na saúde pública, pois neste
estudo verificou-se apenas a sua utilidade na construção civil.

4. REFERÊNCIAS

[1] Pinto, S. J. F. (2005). Valorização de resíduos da indústria da celulose na produção de


agregados leves. Universidade de Aveiro, Aveiro, 131 p.
[2] NP EN 206-1 (2007). Concrete Part 1: Specification, performance, production and conformity.
84 p.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


58
ESTUDO EXPERIMENTAL DE ARGAMASSAS DE CAL COM INCORPORAÇÃO DE
CINZA DE CAROÇO DE AZEITONA
Isabelle Cristina Bessa1, Alexandre Jerónimo2, Ana Briga-Sá3
1
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro Isabellecristina44@gmail.com
2
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro ajaj@utad.pt
3
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro anas@utad.pt

Palavras-chave: caroço de azeitona, cinzas, sustentabilidade, resíduos agroflorestais.


3 - Inovação e novos materiais Apresentação oral

1. INTRODUÇÃO
A situação atual do planeta revela a necessidade urgente em diminuir a extração de recursos naturais,
além do problema da geração de incontáveis resíduos, o qual gera impactos sociais, económicos e
ambientais. Na presença de um entrave complexo, as soluções devem ter uma iniciativa de múltiplos
campos [1]. Desse modo, tende-se a estimular a adoção de soluções que contribuam para a redução,
reutilização, recuperação e reciclagem de resíduos. Resíduos que até então eram depositados na
natureza ou incinerados por se considerar o fim da sua vida útil, são reintegrados como matéria-prima
no mesmo setor ou em outros setores de atividade económica, contribuindo para a circulação dos
materiais em ciclo fechado [2]. Sendo a incorporação de resíduos de diferentes origens um tema
explorado entre os investigadores, a incorporação de cinzas com o objetivo de aumentar a resistência
dos materiais tem sido alvo de análise em diversos estudos. Cinza de arroz e da própria casca [3-5],
palha e casca de amendoim [4], bagaço de cana-de-açúcar [5] são exemplos de resíduos introduzidos
em materiais de construção. Neste trabalho, pretende-se contribuir para o desenvolvimento de
soluções que incluam o aproveitamento de resíduos no sector da construção. O resíduo em estudo é
a cinza do caroço de azeitona, um subproduto gerado pela agroindústria na produção de azeite, que
será incorporado em argamassas de cal hidráulica natural como substituto parcial da areia.

2. MATERIAIS E METODOLOGIA
No sentido de avaliar o potencial de incorporação de cinza de caroço de azeitona na produção de
argamassas de cal, Figura 1, procedeu-se à realização de uma campanha experimental. Foram
definidos cinco tipos de misturas, três misturas com substituição da areia pelo resíduo, nas proporções
2%, 4%, 8% (C2, C4 e C8, respetivamente), uma mistura correspondente à argamassa de referência
(Ref1) sem incorporação de resíduo e, finalmente, uma mistura com 2% de nano TiO2 (RefTiO2) como
controlo para o ensaio de suscetibilidade à propagação de fungos. Foi efetuado o registo da variação
da massa para diferentes tempos de cura, bem como realizados ensaios de flexão e compressão,
absorção de água por capilaridade [6] e crescimento dos fungos [7] (Figuras 2).

Figura 1. a) Caroço de azeitona triturado; b) cinza do caroço de azeitona; c) provetes Ref1, C2, C4, C8 (da
esquerda para a direita).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


59
Foi acompanhado o registo da massa de cada provete ao longo dos 28 dias de cura, tendo-se verificado
que a perda de massa mais significativa ocorre nos primeiros 7 dias e todas as misturas tendem a
estabilizar a partir dos 21 dias. Relativamente aos ensaios de compressão e flexão, a amostra que
obteve o melhor desempenho foi a amostra C2 com valores de 2,65MPa e 1,10MPa, respetivamente.
De acordo com a norma EN 998-1:2010 [8], todas as misturas são classificadas na categoria CS II,
(resistência à compressão entre 1,5 a 5,0 MPa aos 28 dias). No entanto, no ensaio de absorção de água
por capilaridade, C2 apresentou maior capacidade de absorção de água, com coeficiente de
capilaridade de 2,15 kg/m2.min0,5, sendo 5 vezes maior que o máximo permitido pela norma EN 998-
1:2010 [8]. Obteve-se resultados satisfatórios no que respeita à suscetibilidade ao desenvolvimento
de fungos, pois ao fim dos 30 dias de ensaio, em crescimento acelerado (temperatura=26°C, Humidade
relativa=85%), não se verificou crescimento de fungos nas amostras.

Figura 2. a): Variação da massa dos provetes; b) Resultados do ensaio de resistência à compressão e flexão.

4. CONCLUSÕES
Os resultados obtidos nos ensaios realizados demonstram que é possível a incorporação de cinza de
caroço de azeitona nas argamassas à base de cal hidráulica natural. Conclui-se que todas as argamassas
com incorporação de resíduos apresentam valores satisfatórios em relação aos ensaios mecânicos e
são mais leves quando comparadas com a argamassa de controlo. Não foi observado o
desenvolvimento de fungos.

5. REFERÊNCIAS
[1] Silva, P. D. M. (2017). Estudo de Argamassas com Incorporação de Resíduos de Casca de Ovo.
Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil, Universidade Coimbra, pp. 1-80.
[2] Brito, V. B. W. (2021). Incorporação do resíduo da queima do folhelho de uva em elementos de
construção. Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil, UTAD, pp. 1-122.
[3] Hasnain, M. H.; Javed, U.; Ali, A.; Zafar, M. S. (2021). Eco-friendly utilization of rice husk ash and
bagasse ash blend as partial sand replacement in self-compacting concrete. Construction and
Building Materials, vol.273, pp. 1-18.
[4] Maraveas, C. (2020). Production of Sustainable Construction Materials Using Agro-Wastes.
Materials, vol.13, pp. 1-29. https://doi.org/10.3390/ma13020262.
[5] Kazmin, S. M. S.; Abbas, S.; Saleem, M. A.; Munir, M. J.; Khitab, A. (2016). Manufacturing of
sustainable clay bricks: Utilization of waste sugarcane bagasse and rice husk ashes. Construction
and Building Materials, vol.9, pp. 1-13.
[6] EN 1015-18:2003 - Methods of Test for Mortar for Masonry. Part 18: Determination of Water
Absorption Coefficient Due to Capillary Action of Hardened Mortar. Brussels, Belgium.
[7] Jerónimo, A. J. A. (2020). Uso de nanomateriais na prevenção de fungos em paredes e tetos. Tese
de doutoramento em Engenharia Civil, Universidade do Minho, pp. 1-134.
[8] CEN, EN 998-1:2010 (2010). Specification for mortar for masonry - Part 1: Rendering and plastering
mortar, European committee for standardization. CEN, Bruxelas.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


60
AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE INCORPORAÇÃO DO RESÍDUO DE CASCA DE
AMÊNDOA EM ARGAMASSAS DE CAL: RESULTADOS PRELIMINARES
Danyele Maciel Gonçalves 1, Alexandre Jerónimo2, Ana Briga-Sá3
1
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro danyele.maciel18@gmail.com
2
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro ajaj@utad.pt
3
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro anas@utad.pt

Palavras-chave: Resíduos agroflorestais, casca de amêndoa, sustentabilidade, economia circular.

3 - Inovação e novos materiais Apresentação oral

1. INTRODUÇÃO
Atualmente nos deparamos com um cenário bastante preocupante, nos mostrando então a
necessidade e a importância de adotar medidas mais sustentáveis, com ênfase no setor da
construção civil que é considerado um dos maiores responsáveis pelo consumo de matérias-
primas, produção de resíduos e emissões de CO2 . Tendo em consideração a elevada produção de
resíduos nos diversos setores económicos, vários estudos têm surgido no sentido de incorporar
resíduos em materiais de construção, nomeadamente os agroflorestais tais como casca de ovo [1],
casca de café [2], casca de amendoim [3], sendo a casca de amêndoa o resíduo escolhido para o
âmbito deste trabalho. A produção de amêndoa é característica de climas mediterrâneos,
assumindo um papel de elevada importância a nível económico, ambiental, cultural e social em
Portugal, tendo, em 2021, sido de 41.452 toneladas [4]. Neste contexto, pretende-se, com este
trabalho, avaliar o potencial de incorporação de resíduos de casca de amêndoa em materiais de
construção, mais concretamente em argamassas de cal.

2. MATERIAIS E METODOLOGIAS
No sentido de avaliar a possibilidade de introdução do resíduo de casca de amêndoa como substituto
parcial da areia (Figura 1) na produção de argamassas de cal, foram definidas várias composições de
mistura com diferentes percentagens de resíduo, tendo sido realizados os seguintes ensaios: análise
química elementar do resíduo de casca de amêndoa; ensaios de resistência mecânica à flexão e
compressão [5], absorção de água por capilaridade [6,7] e ensaio de crescimento acelerado de fungos.

Figura 1 – a) Amêndoa, b) Resíduo de casca de Amêndoa. Figura 2 – Provetes: a) R1, b) CA2%, c) CA4%,
d) CA8%, e) RTiO2.

Foram definidas três composições de argamassa, com 2%, 4%, 8% de pó de casca de amêndoa em
substituição da areia, designando-se por CA2%, CA4%, CA8%, respetivamente. Como referência foi
utilizada uma argamassa tradicional sem adição de resíduo, R1, e também uma argamassa com
introdução de 2% de nano TiO2, denominada RTiO2, para posterior comparação no ensaio de
vulnerabilidade à presença de fungos.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após a desmoldagem dos referidos provetes, procedeu-se à sua pesagem para determinação da
variação da massa, aos 2, 7, 14, 21 e 28 dias de cura, para o cálculo da variação de massa, tendo-se

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


61
verificado uma ligeira perda de peso em todas amostras, que se mostra mais significativa aos 7 dias de
cura. No que respeita aos resultados do ensaio mecânico (figura 3), concluiu-se que todas as misturas
de argamassa apresentam valores de resistência à compressão superiores aos indicados na norma EN
1015-11:1999 [5]. Na Figura 4, apresentam-se os resultados do coeficiente de capilaridade, sendo
possível concluir que todas as argamassas com substituição do resíduo obtiveram um valor de
coeficiente de absorção menor que a amostra referência. No que respeita à suscetibilidade das
amostras ao crescimento de fungos não se verificou crescimento de fungos ao final de 30 dias, para as
condições de humidade relativa de 85% e com temperatura de 26 Cº na estufa.

Figura 3 - Resistência à flexão e à compressão. Figura 4 - Coeficiente de capilaridade.

4. CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS


Os resultados preliminares revelam ser possível a incorporação do resíduo de casca de amêndoa em
argamassas de cal, uma vez que as amostras apresentaram integridade, valores de resistência a
compressão superiores ao exigido, densidade inferior à argamassa de referência, para além de não se
ter verificado a proliferação de fungos. Como trabalhos futuros, sugere-se a otimização da
percentagem de resíduo na mistura e a realização de ensaios de microestrutura, físicos e mecânicos
para uma caracterização mais detalhada destes materiais.

5. REFERÊNCIAS
[1] Silva, C.A.P. (2017). Aproveitamento de resíduos de casca de ovo para incorporação em
argamassas. Dissertação de Mestrado Integrado em Engenharia Civil, Universidade Coimbra, pp.
81.
[2] Santos, A.S.A. (2020). Utilização de casca de café na construção civil: desempenho térmico em
edificações com enfoque na sustentabilidade e reaproveitamento de resíduo agrícola. Dissertação
de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento, da Universidade do Vale do Taquari, pp.73.
[3] Júnior, William Ahlert; Piovesan, Tenile Rieger, 2021. Análise do gradiente de temperatura e das
propriedades físicas de uma parede com argamassa de revestimento com a incorporação de Cinzas
de Casca de Amendoim. pp. 11.
[4] INE, (2022). Instituto Nacional de Estatística. Disponível em:
https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_cont_inst&INST=3585857&xlang=pt. Acesso
em: 26/01/2023
[5] EN 1015-11:1999, (1999). Methods of test for mortar for masonry - Part 11: Determination of
flexural and compressive strength of hardened mortar.
[6] EN 1015-18, (2002). "Methods of test for mortar for masonry Part.18: Determination of water
absorption coefficient due to capillary action of hardened mortar".
[7] ISO 15148, (2002). "Hygrothermal performance of building materials and products —P.10
Determination of water absorption coefficient by partial immersion".

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


62
AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE MATERIAIS CIMENTÍCIOS COM ÓXIDO DE
MAGNÉSIO REACTIVO E CINZAS VOLANTES
Lucas Sequeira 1, Miguel Bravo 1, Jorge de Brito 1
1
Departamento de Engenharia Civil. Instituto Superior Técnico. lucas.sequeira@tecnico.ulisboa.pt;
miguelnbravo@gmail.com; jb@civil.ist.utl.pt

Palavras-chave: betão, MgO, cinzas volantes, sustentabilidade.

03 - Inovação e Novos Materiais Apresentação oral

1. INTRODUÇÃO
A população mundial prevista para o ano de 2050 é de 9,7 mil milhões, segundo a Organização das
Nações Unidas. Consequentemente, cada vez mais são necessárias obras de engenharia para sustentar
a vivência, contemporânea, de um elevado número de pessoas num espaço de território reduzido. A
indústria da construção é responsável pela emissão de 10% das quantidades totais de CO2 emitidos
para a atmosfera em todo o mundo, de acordo com o Programa das Nações Unidas para o Ambiente
(2020). Espera-se que, com o efeito provocado no sector da construção pelo aumento da população,
a quantidade de CO2 emitida seja cada vez mais elevada. [1,2]
Foi neste contexto que se inseriu a presente dissertação. De modo a suavizar os efeitos negativos da
produção de cimento Portland, foram propostas algumas alternativas de materiais para substituir o
mesmo, ainda que parcialmente [3]. Dois dos materiais que têm sido alvo dos mais diversos estudos
são o óxido de magnésio reativo (MgO) e as cinzas volantes (CV). Estes dois materiais, por comparação
com o que acontece na produção de cimento Portland, possuem uma “pegada ecológica” mais
reduzida. Porém, é necessário aferir os efeitos que a utilização destes dois materiais provoca no
desempenho do betão ao longo do tempo.

2. MATERIAIS E METODOLOGIA
Para a realização da dissertação, em termos de campanha experimental, foram produzidas diversas
misturas de betão, com diferentes quantidades de CV e MgO incorporados (BCVMgO). Foram
utilizados dois tipos de MgO diferentes, um de origem australiana (MgO-A) e outro proveniente de
Espanha (MgO-S). Os diferentes rácios de incorporação parcial de MgO, em substituição do cimento
Portland, foram de 0, 5, 10 e 20%, enquanto as cinzas volantes foram utilizadas a 0, 15 e 30%.
O estudo incide principalmente sobre a utilização simultânea dos dois materiais, mas os dois materiais
serão também analisados individualmente para melhor compreender a sua acção conjunta. Em
primeiro lugar, os agregados e ligantes foram caracterizados, seguindo-se a produção de todas as
misturas de betão necessárias. Para caracterizar o betão no estado fresco, realizou-se os ensaios da
trabalhabilidade e da massa volúmica. De modo a concluir a campanha experimental, procedeu-se à
caracterização do betão no estado endurecido, executando-se diversos testes, nomeadamente a
resistência à compressão e à tração, velocidade de propagação dos ultra-sons, módulo de elasticidade,
energia de fractura, fluência e retracção.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após a obtenção dos resultados necessários, e respectiva análise e discussão, foi possível obter
diversas conclusões. Verificou-se um pior desempenho dos betões sustentáveis em termos de
resistência mecânica. No entanto, constatou-se uma melhoria dos resultados obtidos em termos de
durabilidade, comparativamente ao betão de referência (BR) produzido com 100% de cimento
Portland.
Relativamente à resistência à compressão, verificou-se um decréscimo dos resultados dos BCVMgO,
comparativamente ao betão de referência, porque se dá a formação de uma menor quantidade de C-
S-H. Este produto da hidratação do cimento confere mais resistência do que os produtos de hidratação
SEC 2023 – LIVRO DE ATAS
63
do MgO ou das cinzas volantes, pelo que a sua diminuição provoca naturalmente uma diminuição das
características mecânicas do betão. Porém, aos 28 dias, a diminuição dos valores de resistência varia
entre 23 e 59%, aquando da incorporação conjunta de MgO e CV, enquanto aos 91 dias de idade esse
intervalo se situa entre 14 e 39%. O mais interessante resultado obtido consiste na melhoria da
resistência à compressão com a incorporação simultânea de CV e MgO, em relação ao resultado
teórico esperado. O valor teórico corresponde à soma dos efeitos individuais de cada material.
Na resistência à tracção, pelas mesmas razões, também se verificou uma redução da capacidade
resistente com o acréscimo da quantidade de MgO e CV presente no betão.
Também a energia de fractura apresentou uma redução dos resultados obtidos, tal como referido nas
duas propriedades previamente analisadas. Nesta propriedade, foi notória a diferença de resultados
entre o MgO-A e o MgO-S, com o primeiro a obter reduções superiores ao homólogo espanhol. Esta
diferença, embora só tenha sido verificada de forma clara nesta propriedade, deve-se ao facto de o
MgO-A possuir uma reactividade bastante mais elevada.
No caso do módulo de elasticidade, houve ligeiras melhorias em algumas das famílias produzidas. Nas
misturas com 5% de MgO, o módulo de elasticidade apresentou valores superiores aos obtidos para o
BR. As perdas registadas nos restantes betões são claramente inferiores às que se verificaram na
resistência à compressão e à tracção.
Na velocidade de propagação dos ultra-sons, pôde-se verificar que a incorporação de MgO no betão
mostra pouca influência nos resultados desta propriedade. No entanto, com o aumento da quantidade
de CV incorporada, a velocidade de propagação ultra-sónica tende a diminuir.
Todos os BCVMgO apresentam um efeito positivo ao nível da retracção. De facto, existe uma redução
da retração com o aumento da quantidade de CV e MgO utilizada. Esta melhoria dos resultados deve-
se à natureza expansiva do MgO, que ao longo do tempo tende a expandir, fazendo com que a
retracção seja menor. Refira-se que o MgO-A apresenta melhores resultados devido à sua elevada
reactividade, permitindo uma rápida hidratação das suas partículas e originando uma expansão
superior à verificada no homólogo espanhol. Concluiu-se também que o somatório das reduções da
retracção obtidas pela utilização individual de cada material é superior à variação registada quando o
MgO e as CV actuam em conjunto.
Em termos de fluência, apesar do pequeno número de provetes estudados, foi possível verificar uma
melhoria dos resultados, relativamente ao BR. Com o aumento da quantidade de CV e MgO, observou-
se uma redução dos valores de fluência observados.

4. CONCLUSÕES
Com este trabalho, foi possível perceber o comportamento de betões produzidos com MgO e CV, em
substituição parcial do cimento Portland. De evidenciar que, apesar de a maioria das tendências
observadas nestes betões mais sustentáveis ser negativa, certos resultados foram positivos e
demonstram a necessidade de se realizar estudos adicionais e mais aprofundados para compreender
melhor estes materiais alternativos. A principal, e mais importante, conclusão a ser retirada é que, na
maioria dos ensaios, não ocorreu acumulação dos efeitos negativos. Por outras palavras, a
incorporação em simultâneo de MgO e CV provocou perdas de desempenho inferiores à soma das
perdas da sua incorporação individual.
5. REFERÊNCIAS
[1] Benhelal, E.; Gholamreza, Z.; Shamsaei; E.; Bahadori, A. (2013) – “Global strategies and potentials
to curb CO2 emissions in cement industry.” Journal of Cleaner Production, 51 (July), pp.142–161.
[2] Ruan, S.; Unluer, C. (2016) – “Comparative life cycle assessment of reactive MgO and Portland
cement production.” Journal of Cleaner Production, 137, pp. 258–273.
[3] Walling, S.A.; Provis, J.L. Magnesia-based cements: A journey of 150 years, and cements for the
future? Chem. Rev. 2016, 116, 4170–4204

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


64
COMPORTAMENTO MECÂNICO DE BETÕES SUSTENTÁVEIS PRODUZIDOS COM
ÁGUA SALGADA E AGREGADOS RECICLADOS
Lena Kravchanka1, Miguel Bravo2
1
CCPI. Academia Militar. lena.kravchanka@exercito.pt
2
CERIS, IST-UL. Instituto Superior Técnico. miguelnbravo@tecnico.ulisboa.pt

Palavras-chave: betão, sustentabilidade, água do mar, agregados reciclados.

03 - Inovação e Novos Materiais Apresentação oral

1. INTRODUÇÃO
De acordo com o Conselho Nacional da Água, a Terra é constituída por 70% de água, sendo que
apenas 7% dessa água é potável [1]. A água potável é um dos recursos mais preciosos da Terra e,
tendo em vista o seu elevado consumo, é um grande desafio aprender a poupá-la devido à sua
escassez em muitas partes do mundo. Assim sendo, é fundamental encontrar fontes alternativas,
de modo a economizar este recurso. A substituição da água potável por água do mar na
composição do betão poderá ser uma solução benéfica para futuras construções, não só reduzindo
os custos de construção, mas também a emissão de CO2.
A acumulação de resíduos da construção e demolição (RCD) nos aterros também causa grandes
preocupações ambientais. Assim, o uso de agregados reciclados (AR) grossos, como alternativa aos
agregados naturais (AN) grossos, permite mitigar o consumo de energia e a poluição ambiental.
O betão é o material de construção mais utilizado em todo o mundo, sendo acompanhado de
enormes emissões de carbono e impactes negativos no meio ambiente. Neste contexto, para
reduzir o consumo de energia e economizar recursos naturais, obtendo um betão mais “verde”, o
uso de água do mar e de AR grossos torna-se uma opção promissora, permitindo também um alívio
na crise de recursos e no custo da construção, principalmente nas zonas costeiras e insulares.
O presente estudo visa analisar a viabilidade da substituição de água potável por água do mar e
de agregados naturais por agregados reciclados em betões.

2. PROGRAMA EXPERIMENTAL
2.1. Materiais
Nesta dissertação, foi utilizada água do mar proveniente de Ericeira e AR oriundos da central de
reciclagem Vimajas. Foi realizada uma análise composicional dos AR, através de uma análise visual
(Fig. 1).
Alvenaria - materiais argilosos
28,6 % Vidro
0,5 %
Outros
Betão, argamassa e pedra 0,1 %
natural
70,8 %

Figura 1. Composição dos RCD oriundos da central de reciclagem Vimajas.

Estes agregados foram peneirados de acordo com a seguintes granulometrias: 4-5,6 mm; 5,6-8
mm; 8-11,2 mm; 11,2-16 mm e, por fim, 16-22,4 mm. Os AN utilizados foram areia fina (0-2 mm),
areia grossa (0-4 mm), brita 1 (9,5 e 0-4 mm) e brita 2 (19-22 mm). O ligante e o superplastificante
utilizados nos betões produzidos foram CEM I 42,5 R e SikaPlast-717, respectivamente.

2.2. Composição
Para ser possível obter a mesma trabalhabilidade nos diversos betões, foi necessário alterar a
relação de A/C nos betões com AR, provocando assim alterações composicionais nos betões com
AR. No Quadro 1, pode-se visualizar a composição dos 8 betões produzidos com diferentes
SEC 2023 – LIVRO DE ATAS
65
percentagens de AR. A dosagem de cimento utilizada no betão de referência foi de 300 kg/m3.

Quadro 1. Composição dos betões produzidos (kg/m3).

AN finos AN grossos
AR grossos (kg/m3)
(kg/m3) (kg/m3)
Tipo Quantidade
Areia Areia 4-5,6 5,6-8 8-11,2 11,2-16 16-22,4 SP de água
de Brita 1 Brita 2
fina grossa (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (kg/m3) efetiva
betão (kg/m3)
P-0 306 707 165
P-50 291 584 153 354 14 58 84 179 107 178
P-100 28 116 168 359 214 190
3
S-0 302 698 174
S-50 287 577 151 349 15 57 83 177 106 187
S-100 28 115 166 354 212 199

3. CONCLUSÕES
A resistência à compressão diminui com o aumento da taxa de substituição de AR, consequência de um
maior desgaste do ensaio de Los Angeles dos AR face aos AN. Nos betões correntes (com água potável
na composição), a cura com água do mar diminui a resistência à compressão em todas as idades e para
qualquer taxa de substituição de agregados. Nas primeiras idades até aos 28 dias, parece existir um efeito
positivo da utilização da água do mar nos betões com AR. Esse aumento é devido ao efeito do sal de
Friedel que é maior nos AR por serem porosos, fazendo esse sal entrar nos poros aumentando assim a
resistência à compressão.
Relativamente à resistência à tração, a diminuição que ocorre com água do mar, no betão corrente é
muito maior do que a diminuição que ocorre nos betões com AR. A cura com água do mar diminui tanto
no betão corrente como nos betões com água do mar. Nos betões com água do mar na composição e
100% de AR, a cura em água do mar melhorou a resistência à tracção, em comparação com a cura com
água potável (o efeito positivo do sal de Friedel compensou o efeito negativo da relação água-cimento).
Relativamente ao módulo de elasticidade, este varia muito pouco com o tipo de cura, mas diminui com
a utilização de água do mar na composição do betão. Esta diminuição deve-se a fissuras internas do betão
originadas por iões de cloreto presentes na água do mar. A maior diminuição do módulo de elasticidade
ocorre nos betões com 100% de AR e com água do mar na composição e na cura.
A velocidade de propagação dos ultrassons diminui nos betões com AR e a utilização da água do mar
melhora mais nos betões com AR do que nos betões correntes. Isto é verificado no betão S- CP para P-
CP nas primeiras duas idades.
Relativamente a resistência à abrasão, medida em perda de massa, esta diminui com AR. Porém, a cura
com água do mar aumenta a abrasão. A utilização da água do mar tem melhores resultados nos betões
com AR do que nos betões correntes, devido a poros que são preenchidos com sal de Friedel.

4. REFERÊNCIAS
[1] Conselho Nacional da Água. https://conselhonacionaldaagua.weebly.com, acedido a 11 de Agosto.

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66
PLACAS INOVADORAS PARA REVESTIMENTO INTERIOR DE EDIFÍCIOS COM
CAPACIDADE DE REGULAÇÃO TÉRMICA
Ingried Aguiar1, Sandra Cunha1, José Aguiar1
1
Centro Território, Ambiente e Construção. Departamento de Engenharia Civil. Universidade do Minho.
ingried.aguiar@hotmail.com, sandracunha@civil.uminho.pt, aguiar@civil.uminho.pt

Palavras-chave: placas, regulação térmica, materiais de mudança de fase, sustentabilidade.

3 Inovação e Novos Materiais Apresentação oral

1. INTRODUÇÃO
Atualmente, a Europa enfrenta graves problemas relacionados com o abastecimento energético,
especialmente agravados pelos recentes conflitos internacionais. Por outro lado, a Europa tem
também assistido a um aumento significativo dos custos da energia e perante os baixos rendimentos
das famílias, a pobreza energética é cada vez mais uma realidade, fragilizando sobretudo as famílias
economicamente mais desfavorecidas. Assim, cada vez mais os países da União Europeia necessitam
de encontrar formas de se tornarem mais independentes energeticamente. O investimento em fontes
de energia renováveis é uma forma de minimizar esta dependência energética, sem impactos danosos
para o meio ambiente. Por outro lado, apostar em materiais de construção inovadores e funcionais,
nomeadamente materiais de construção com capacidade de armazenamento térmico, que contribuam
para o conforto energético nos edifícios, constitui também uma medida para uma maior
independência energética, especialmente se estes funcionarem com base em energias renováveis. A
disponibilidade de energia solar é imensa, todos os anos a energia fornecida pelo sol que atinge a
superfície da terre é 10.000 vezes superior ao consumo anual de energia em todo o mundo [1]. Assim,
torna-se necessário não só aumentar o recurso a fontes de energia renováveis, mas também aumentar
especificamente o recurso à energia solar. Os materiais de mudança de fase (PCM) possuem a
capacidade de armazenar e libertar energia de acordo com a temperatura ambiente, apenas com
recurso à energia solar [2]. Nos últimos anos a sua incorporação em materiais de construção tem
atraído a atenção da comunidade científica, contudo grande parte dos estudos têm se focado na
utilização da técnica de encapsulamento que acarreta grande custos devido à sua necessidade de
tratamento prévio [2]. A incorporação direta de PCM em argamassas permite obter uma boa
capacidade de regulação térmica nos edifícios, diminuindo significativamente os custos de aquisição
do PCM, uma vez que nesta técnica o material é aplicado puro, sem qualquer tratamento prévio [2].
Assim, o principal objetivo deste trabalho consistiu em desenvolver e caracterizar argamassas e placas
com incorporação direta de PCM. A composição das placas foi baseada na composição de argamassas
à base de cimento, com diferentes teores de PCM (0%, 5%, 10% e 20%). O comportamento das
argamassas foi avaliado, no estado fresco e endurecido, com base na trabalhabilidade, resistência à
compressão e desempenho térmico. O comportamento das placas foi avaliado no estado endurecido,
com base na porosidade total e resistência à flexão.

2. MATERIAIS, PROTÓTIPO E COMPOSIÇÕES


Os materiais utilizados neste estudo foram o cimento CEM II/B-L 32,5 N com uma massa volúmica de
3030 kg/m3, cinzas volantes com uma massa volúmica de 2420 kg/m3, dois tipos de areia natural, sendo
uma areia A com tamanho médio de partícula de 439,9 μm e massa volúmica de 2600 kg/m³ e uma
areia B com tamanho médio de partícula de 762 μm e massa volúmica de 2569 kg/m³. O PCM utilizado
foi puro, orgânico, com transição de temperatura compreendida entre 20ºC e 23ºC, entalpia de 200
kJ/kg, massa volúmica no estado sólido de 760 kg/m3 e massa volúmica no estado líquido de 700 kg/m3.
A determinação da geometria e dimensão das placas, foi realizada com base numa pesquisa de
mercado, tendo sido possível verificar uma grande disponibilidade de placas de pedra natural e
compósitos adequadas às mais variadas necessidades de projeto. Contudo, optou-se por uma
geometria com vista ao seu fácil manuseio e produção industrial, adotando-se as dimensões de
100x100x20 mm3. As composições desenvolvidas encontram-se no Quadro 1.
SEC 2023 – LIVRO DE ATAS
67
Quadro 4. Composição das argamassas (kg/m3).
Composição Cimento Cinza Volante Areia A Areia B PCM Água Água/Ligante Líquido/Ligante
0% PCM 200 300 684.9 684.9 0 280 0.56 0.56
5% PCM 200 300 583.6 583.6 58.4 275 0.55 0.67
10% PCM 200 300 519.1 519.1 103.8 260 0.52 0.73
20% PCM 200 300 423.7 423.7 169.5 240 0.48 0.82

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com o Quadro 1 foi possível verificar que a incorporação de PCM originou uma diminuição
na relação água/ligante nas argamassas, o que pode ser justificado pelo fato do PCM ser incorporado
no estado líquido, atuando como um agente para a formação de uma argamassa homogênea, mesmo
sem contribuir para a hidratação do ligante. A resistência à flexão das argamassas registou uma
diminuição com a incorporação do PCM, devido à presença de uma maior relação líquido/ligante, o
que provoca um aumento da sua porosidade demonstrado também pelo aumento da porosidade total
das placas com incorporação de PCM (Quadro 2). Por outro lado, a incorporação de um PCM puro
também pode afetar o processo de cura das argamassas à base de cimento, causando um atraso no
processo de hidratação do ligante, o que novamente justifica a perda no desempenho mecânico
verificada. Contudo, importa salientar que esta diminuição da resistência em nada compromete a
aplicação prática destas argamassas, uma vez que as mesmas apresentam um bom desempenho
mecânico. No que diz respeito ao seu comportamento térmico foi possível verificar que a incorporação
de 20% de PCM permitiu reduzir a temperatura máxima no interior de células de teste em cerca de
3ºC para a estação de verão e em cerca de 2ºC para a estação de primavera. Relativamente às placas
desenvolvidas verificou-se que a sua geometria se mostrou adequada ao manuseio e transporte,
contudo verificou-se uma diminuição da resistência à flexão com a incorporação de um maior teor de
PCM, justificada pela presença de uma maior macroporosidade das placas, proporcionada pela maior
facilidade de evaporação da água durante o processo de cura, uma vez que a área exposta é maior,
podendo este efeito ser denominado de “efeito de placa” (Quadro 2) [3].
Quadro 5. Caracteristicas das argamassas e placas de referência e aditivadas com PCM.
Argamassa Placas
Composição Resistência à Temperatura Máxima Temperatura Máxima Resistência à Porosidade
flexão (MPa) Verão (ºC) Primavera (ºC) Flexão (MPa) (%)
0% PCM 3.37 39 26 2.73 13.6
5% PCM 2.47 38 25 2.27 20.1
10% PCM 2.07 38 25 2.15 22.4
20% PCM 1.50 36 24 1.90 23.9

4. CONCLUSÃO
Este estudo demonstra que é possível utilizar argamassas com incorporação de PCM puro para a
produção de placas. É de notar que o decréscimo das temperaturas extremas resultante da utilização
de PCM irá permitir diminuir a utilização de equipamentos de climatização no interior dos edifícios, o
que consequentemente irá reduzir o recurso a fontes de energia não renováveis e os consumos
energéticos dos edifícios, assim como aumentar o conforto energético no interior dos edifícios com
recurso à energia solar.

5. REFERÊNCIAS
[1] Blengini, G.; Carlo, T. (2010) The changing role of life cycle phases, subsystems and materials in
the LCA of low energy buildings. Energy and Buildings, Vol.42 pp.869-880.
[2] Cunha, S.; Aguiar, J. B. (2020) Phase Change Materials and Energy Efficiency of Buildings: A Review
of Knowledge. Journal of Energy Storage, Vol.27, e101083.
[3] Cunha, S.; Aguiar, I.; Aguiar, J. B. (2022) Phase change materials composite boards and mortars:
Mixture design, physical, mechanical and thermal behavior. Journal of Energy Storage, Vol.53,
e105135.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


68
DESEMPENHO MECÂNICO DE BETÕES COM CINZA DE FUNDO DE RESÍDUOS
SÓLIDOS URBANOS ACTIVADA ALCALINAMENTE
Gonçalo da Cruz Cagica 1, Filipe Sequeira Alves Miguel 2, Rui Vasco Silva 3, Jorge de Brito 4
1
Departamento de Engenharia Civil. Instituto Superior Técnico. goncalo.cagica@tecnico.ulisboa.pt.
2
Departamento de Engenharia Civil. Instituto Superior Técnico. filipesequeira1@tecnico.ulisboa.pt.
3
Departamento de Engenharia Civil. Instituto Superior Técnico. rui.v.silva@tecnico.ulisboa.pt.
4
Departamento de Engenharia Civil. Instituto Superior Técnico. jb@civil.ist.utl.pt.

Palavras-chave: betão, activação alcalina, cinzas de fundo de resíduos sólidos urbanos, agregado reciclado.

03 - Inovação e Novos Materiais Apresentação oral

1. INTRODUÇÃO
As emissões de CO2 para a atmosfera são um dos problemas mais preocupantes da actualidade, sendo
o sector da construção responsável por cerca de 10% das mesmas. De entre estas, 5-7% são
provenientes da produção do cimento Portland (CP) [1]. Atendendo a estes números, existe urgência
em resolver este problema e é necessário estudar novas alternativas que substituam as actuais. A
substituição do CP por materiais alternativos e a reutilização de materiais reciclados são duas delas e
têm vindo a ser estudadas recentemente. Foi neste âmbito que se inseriu a dissertação de mestrado
em Engenharia Civil no Instituto Superior Técnico [2], onde foram estudadas as propriedades
mecânicas de betões produzidos com materiais activados alcalinamente, cinzas volantes (CV) e cinzas
de fundo de resíduos sólidos urbanos (CF), como substitutos ao CP, avaliando também a substituição
total de agregados naturais (AN) por agregados reciclados (AR). Esta alternativa não só reduz a pegada
ecológica referente à produção do CP, como incide na redução da deposição de resíduos sólidos
urbanos em aterro.

2. ESTUDO DESENVOLVIDO
O trabalho desenvolvido [2] baseou-se na formulação e posterior avaliação mecânica de betões
activados alcalinamente (como activador alcalino, foi utilizada uma mistura de hidróxido de sódio e
silicato de sódio) com diferentes constituintes. Antes de avaliar os betões, tanto no seu estado fresco
(massa volúmica e trabalhabilidade) como no endurecido, foram realizados ensaios de caracterização
dos constituintes, incluindo de difracção de raio-X (DRX) às CF, do microscópio electrónico de
varrimento (MEV) às CF e de fluorescência de raios-X (FRX) às CF e às CV (Tabela 2).

Tabela 2 - Resultados do ensaio de FRX


Precursores Al2O3 (%) CaO (%) Fe2O3 (%) K2O (%) MgO (%) Na2O (%) SiO2 (%) SO3 (%) Cl- (%)
CV 25,5 2,28 6,92 2,75 1,83 1,30 56,44 0,80 0

CF 4,1 22,99 9,21 1,57 2,37 2,4 51,84 2,42 0,7

Após estes ensaios foram produzidos betões constituídos por 100% AN e diferentes combinações de
ligantes: 100%CP (REF), 100%CV, 75%CV/25%CF, 50%CV/50%CF, 25%CV/75%CF. Ao comparar os
valores, foi notado um pior desempenho - resistência à compressão em cubos, resistência à
compressão em cilindros, resistência à tracção e módulo de elasticidade - nos betões activados
alcalinamente. Este declínio no desempenho encontra-se de acordo com o expectável pela revisão da
literatura. Com o aumento do conteúdo de CF na produção do betão, é expectável que as propriedades
mecânicas do mesmo sejam cada vez piores, devido às características deste tipo de ligante. No
entanto, esta tendência não foi observada na compressão em cubos aos 7 e 28 dias para o betão
produzido com 50%CV/50%CF, onde a resistência foi superior (11,73 e 12,3 MPa a 7 e 28 dias,
respectivamente) à do betão produzido apenas com 25% de CF (11,0 e 12,1 MPa). Para a resistência à
tracção, este acontecimento também foi observado havendo um aumento de resistência (+0,10 MPa)

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


69
no betão 75%CV/25%CF para o betão com 50%CV/50%CF. Relativamente à resistência à compressão a
91 dias em cubos e a 28 dias em cilindros, a tendência observada foi a encontrada na literatura.
No entanto, alguns dos resultados mostraram uma melhoria de desempenho. Foi realizado um ensaio
de resistência à compressão em cubos após cura em câmara de CO2, onde foi registado um aumento
considerável desta propriedade em todas as misturas testadas, como se pode ver na Figura 13. Cinco
betões adicionais foram produzidos com os rácios de ligante referidos anteriormente e com uma
substituição total do agregado natural por agregado reciclado. A tendência observada vai ao encontro
da que é relatado na literatura, onde as propriedades do betão vão piorando com o aumento do
conteúdo de CF. Relativamente ao ensaio da compressão após cura em câmara de CO2, o que foi
encontrado na literatura para os betões com agregado natural foi também observado para os betões
com agregado reciclado (Figura 13). Comparando os resultados das misturas produzidas com agregado
natural com as produzidas com agregado reciclado, as amostras produzidas com este último
apresentaram sempre um pior desempenho. Isto deve-se às piores propriedades microscópicas dos
agregados reciclados. Não foi possível realizar o ensaio de módulo de elasticidade nos betões produzidos
com AR devido à sensibilidade da máquina não ser a suficiente para os valores de força média obtidos
para as misturas.
Antes carbonatação Após carbonatação Antes carbonatação Após carbonatação

70 70
64,9
Resistência à compressão (MPa)

Resistência à compressão (MPa)

60 60
50 38,4 50
40 48,5 40
34,8
30 21,1 24,5 30
21,7
20 27,6 20 7,3 11,8
26,3 5,5
10 10 4,3
12,1 11,0 6,8
0 0 3,4 1,0
4,4 1,4
V

V
P

F
5C

0C

5C

5C

0C

5C
0C

0C
0C

0C
/2

/5

/7

/2

/5

/7
10

10
10

10
CV

CV

CV

CV

CV

CV
75

50

25

75

50

25
Famílias de betão Famílias de betão

Figura 13 - Resistência à compressão antes e após cura em câmara de CO2: esquerda - AN; direita - AR

3. CONCLUSÕES
Este trabalho serviu para compreender o comportamento de ligantes activados alcalinamente quando
utilizados como substitutos totais do CP. Os resultados, mesmo não tendo sido os mais positivos para
a maioria dos ensaios, em certos casos mostraram valores de interesse futuro, levando a uma
necessidade de se realizar estudos adicionais de forma a compreender como se deve optimizar as
quantidades a utilizar na formulação destes betões. Quanto à substituição total de agregado natural
por agregado reciclado, concluiu-se que os resultados obtidos não são favoráveis para os betões
produzidos com o agregado reciclado; contudo, uma alternativa não completamente reciclada, com
apenas uma substituição parcial do agregado pode ser uma solução viável e requer um estudo futuro
adicional.

4. REFERÊNCIAS
[1] Benhelal, E., Zahedi, G., Shamsaei, E. & Bahadori, A. (2013). Global strategies and potentials to
curb CO2 emissions in cement industry. Journal of Cleaner Production, Vol. 51, pp. 142-161
[2] Cagica, G. (2022). Desempenho em termos de resistência mecânica de betões com cinza de fundo
de resíduos sólidos urbanos ativada alcalinamente. Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil,
Instituto Superior Técnico.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


70
PROJETO DE ESTRUTURAS EM VIDRO

Joana Andrade1, José Santos2


1
Engenheiro Civil. Universidade da Madeira. joana.andrade.92@gmail.com
2
Departamento de Engenharia Civil e Geologia. Universidade da Madeira. jmmnsantos@uma.pt

Palavras-chave: Vidro Estrutural, EN 16612, CNR-DT 210, Pré-dimensionamento.

3- Inovação e Novos Materiais Vídeo

1. INTRODUÇÃO

Nos dias de hoje começam a surgir nos mais diversos tipos de construções alguns casos de aplicação
em que o vidro toma uma função estrutural. Embora a sua aplicação atualmente não seja tão
extensiva, acredita-se que isso se deva ao facto de ser um material que apresenta alguma fragilidade,
e a investigação desenvolvida e as normas disponíveis são ainda escassas, comparativamente aos
materiais de construção mais correntes, como o betão e o aço. O vidro é um material isotrópico, possui
um comportamento elástico, é resistente quando se encontra no estado sólido, no entanto é
extremamente frágil. Deste modo, na dissertação desenvolvida aprofundou-se o dimensionamento de
elementos estruturais em vidro, tendo sido propostas tabelas e gráficos de pré-dimensionamento que
visam auxiliar a escolha, em termos de espessuras e dimensões de elementos estruturais, como vigas,
pilares, glass fins, painéis aplicados em pavimentos, coberturas e fachadas com base em duas normas
destinadas ao dimensionamento de elementos em vidro, nomeadamente EN 16612 e CNR-DT 210.
Note-se que se procedeu ainda à aplicação das tabelas e gráficos mencionados anteriormente a um
caso de estudo.

2. TABELAS E GRÁFICOS DE PRÉ-DIMENSIONAMENTO


De seguida apresentam-se alguns exemplos do trabalho desenvolvido [1].
Quanto aos elementos estruturais vigas e pilares, é possível aferir no Quadro 1 os momentos
resistentes de uma viga com 400mm de altura. Relativamente aos glass fins, é apresentado na Figura
1 o gráfico que indica a evolução dos esforços resistentes para secções com altura 500mm.

Quadro 3. Momento resistente de vigas em vidro laminado de 3 camadas com altura de 400mm.

Mrd (kNm) de viga com 400mm


Espessuras do vidro
Tipo de vidro
8+8+8 10+10+10 12+12+12 15+15+15 19+19+19 25+25+25
Recozido 3,8 4,7 5,7 7,1 9,0 11,9
Temperado 20,9 26,1 31,3 39,2 49,6 65,3
Termo-endurecido 9,5 11,9 14,3 - - -

3. CASO DE ESTUDO
Para o desenvolvimento do caso de estudo optou-se por projetar uma estrutura regular com dois pisos,
sendo os pavimentos em vidro, apoiados em vigas e pilares igualmente em vidro, bem como glass fins.
Note-se que é previsto ainda toda uma fachada em torno da estrutura em vidro (Figura 2).

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


71
1280

640

320
Nrd (kN)

160

80

40

20

10
1 2 4 8 16 32 64 128
Mrd (kNm)

Temperado 8+8+8 Temperado 10+10+10 Temperado 12+12+12


Temperado 15+15+15 Temperado 19+19+19 Temperado 25+25+25
Recozido 8+8+8 Recozido 10+10+10 Recozido 12+12+12
Recozido 15+15+15 Recozido 19+19+19 Recozido 25+25+25
Termo-endurecido 8+8+8 Termo-endurecido 10+10+10 Termo-endurecido 12+12+12

Figura 14. Esforços resistentes dos elementos glass fins, com 500mm de altura em vidro laminado.

Figura 15. Perspetiva da estrutura projetada para o caso de estudo.

4. CONCLUSÕES
Nesta dissertação foram aprofundadas duas normas distintas, a EN 16612 e a CNR-DT 210. A norma
EN 16612 é a mais utilizada, mas centra-se na determinação da resistência à flexão de painéis apoiados
linearmente, daí ser um pouco limitativa. Em relação ao documento técnico CNR-DT 210, já engloba
verificações para diversos elementos estruturais, sendo que grande parte dos parâmetros a ter em
conta são equivalentes à EN 16612, mas é um documento mais abrangente em termos de casos de
aplicação. Salienta-se ainda que apesar da reduzida informação disponível do tema em estudo, e
alguma limitação em termos de regulamentação é possível fazer-se um dimensionamento em vidro
estrutural, tal como foi demonstrado.

5. REFERÊNCIAS
[1] Andrade, J. (2021). Projeto de Estrutura em Vidro. Dissertação de Mestrado, Universidade da
Madeira.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


72
DIMENSIONAMENTO DE REFORÇOS EM COMPÓSITOS COM POLÍMEROS DE
FIBRA DE CARBONO, EM ELEMENTOS ESTRUTURAIS DE BETÃO ARMADO
Joana Carvalho1, António Correia2
1
Departamento de Engenharia Civil – Instituto Superior de Engenharia de Coimbra.
joanacccarvalho@gmail.com
2
Departamento de Engenharia Civil – Instituto Superior de Engenharia de Coimbra, SUSCITA
antonio.correia@isec.pt

Palavras-chave: Reforço, Compósitos, Laminados, Carbono.

Código da Área Temática - 03 Vídeo

1. INTRODUÇÃO
A presente dissertação tem como objetivo abordar a temática do dimensionamento de reforços de
estruturas de betão com reforços de polímeros reforçados com fibras, em alternativa às técnicas
tradicionais. Para tal, efetuou-se uma pesquisa sobre os compósitos reforçados com Fibras (FRP), o
que são, como se compõem, quais as suas características e o que os distingue [1,2]. Este trabalho
aborda também o desenvolvimento das metodologias de cálculo sugeridas por vários documentos
publicados.
Relativamente ao dimensionamento de reforços com compósitos reforçados com fibras de carbono
(CFRP) objetivamente, utiliza-se um software de cálculo, desenvolvido pela empresa S&P –
Reinforcement [3], num caso de estudo, cujo objetivo é averiguar de forma expedita qual o reforço
com compósitos de CFRP necessário realizar às vigas de um determinado piso de um edifício, que
forçosamente terá que sofrer remodelação.

2. CASO DE ESTUDO
2.1 Edifício de Escritórios
Este caso de estudo incide no reforço hipotético de um piso de um edifício existente (Piso 0), cuja
planta se observa na figura 1. Nesta figura identificam-se os pórticos que foram alvo de
dimensionamento. Inicialmente este piso foi dimensionado para funcionar como escritórios, mas
pretende-se que passe a ser usado como armazém, pelo que foi analisado e redimensionado para o
efeito.

Figura 1. Planta estrutural do piso 0


Genericamente, o edifício é constituído por seis pisos para além da cobertura, sendo que um deles
acima do Piso 0 e os restantes abaixo deste.

2.2 Metodologia
Como o nome indica o Fire Dynamic.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


73
2.3 Software de dimensionamento – FRP Lamella
Para a realização do dimensionamento dos reforços FRP utilizou-se o programa de cálculo FRP Lamella,
da S&P. Este programa foi desenvolvido em ambiente operativo Windows: Ein9x, 2000, NT, XP, Vista,
Windows 7.
No programa, entrada de dados faz-se através de várias janelas que sucessivamente vão surgindo, de
acordo com os tópicos: informação geral, secção transversal, solicitações, reforço á flexão e reforço ao
corte.
Os resultados são também apresentados em janelas adicionais, classificadas de acordo com os tópicos:
informação geral, reforço à flexão e reforço ao corte.

3. RESULTADOS
Na figura 2 apresenta-se o resultado de um dimensionamento da viga do pórtico 1, relativamente ao
momento fletor e esforço transverso, resultantes do acréscimo de sobrecarga no edifício, e
consequentemente dos seus esforços.

Figura 2 – Esquema da viga do Pórtico 1, com indicação dos reforços à flexão e esforço transverso

4. CONCLUSÕES
O reforço de elementos de Betão Armado com elementos de compósitos reforçados com polímeros
de Fibra tem vindo a demonstrar-se uma técnica em grande desenvolvimento, com grandes
potencialidades e uma boa alternativa às comuns técnicas de reforço, técnicas mais tradicionais com
recurso a betão, aço, cofragens.
Ficou demonstrado neste trabalho que com o conhecimento da situação inicial e final em termos de
esforços, é possível dimensionar e aplicar de uma forma fácil os reforços necessários para a estrutura
cumprir com segurança um aumento da sua vida útil, eventualmente com um uso diferente daquele
para o qual a estrutura foi inicialmente dimensionada.

5. REFERÊNCIAS

[1] Barros, J. (2004). Dimensionamento de Reforço à flexão e ao corte com FRP segundo as
recomendações do ACI 440, Report 04-DEC/E12, Universidade do Minho;
[2] Correia, J. Ramõa (2012). Utilização de Materiais FRP na Reabilitação e Reforço de Estruturas,
Instituto Superior Técnico;
[3] FRP – Lamella – Manual de Utilizador, Software version 5.x – Programa de Cálculo para o Reforço
à Flexão e ao Corte com Sistema FRP S&P;

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


74
MATERIAIS PRODUZIDOS COM CIMENTO RECICLADO E RCD POR
CARBONATAÇÃO ACELERADA
Luciana Sucupira and João Castro-Gomes

Centre of Materials and Building Technologies (C-MADE), Departamento de Engenharia civil e Arquitetura,
Universidade da beira interior, Covilhã, Portugal.

Palavras-chave: Sustentabilidade; Resíduos, Cimento reciclado termoativado, Carbonatação


acelerada.

Código da Área Temática: 3 Apresentação Oral

Atualmente, o planeta atravessa uma emergência climática, na qual, a sociedade está a ser afetada
com as consequências causadas pela grande incidência de poluentes no meio ambiente. Um dos
principais causadores dessa incidência, no aumento do índice de poluição, são as empresas geradoras
de materiais cimentícios. A União europeia adotou um programa de combate a grande geração de
gases do efeito estufa e, com isso, diversos países estão incentivando pesquisas para substituir os
materiais poluidores, como também soluções para diminuir o CO2 do meio.
COM ISSO, ESSA PESQUISA ABORDA A ANÁLISE DAS CARACTERÍSTICAS DE UM MATERIAL 100 % RECICLADO OBTIDO
POR COM CARBONATAÇÃO ACELERADA, CONTENDO CIMENTO RECICLADO TERMOATIVADO (CR) E RESÍDUOS DE
CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO (RCD) DE BETÃO, PARA SER UTILIZADO NA CONSTRUÇÃO CIVIL. O NOVO MATERIAL
RECICLADO FOI COMPARADO COM UM MATERIAL SEMELHANTE PRODUZIDO COM CIMENTO PORTLAND (CP),
ATRAVÉS DE UM CONJUNTO DE ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO UTILIZADOS NESSA PESQUISA, NOMEADAMENTE
TERMOGRAVIMETRIA (TGA), DIFRAÇÃO DE RAIOS-X, POROSIMETRIA DE MERCÚRIO, ESPECTROSCOPIA DE
INFRAVERMELHOS, CARACTERIZAÇÃO MICROESTRUTURAL EM MICROSCÓPIO ELETRÓNICO E RESISTÊNCIA À
COMPRESSÃO.

Os resultados dos ensaios indicaram que o material 100% reciclado (com CR) apresentou uma
exigência maior de água e também a decomposição de alguns compostos, isso se deve ao CR ter sido
obtido por um processo de termoativação a 650ºC com vista a ser utilizado como ligante. Os resultados
da resistência à compressão do material produzido com CR foram inferiores aos do material obtido
com CP, porém o valor está dentro do aceitável para sere utilizado na construção. O ensaio de
porosimetria de mercúrio indicaram que o material com CR apresenta uma maior quantidade de
vazios, ou seja, mais porosidade que o material obtido com CP. Os resultados do ensaio de raio-x
demostraram que o material com CP apresenta uma estrutura mais cristalina que o material obtido
com CR. Além disso, o ensaio de espectroscopia de infravermelhos e o TGA indicaram que o material
com CR apresentou uma maior absorção de CO2 em comparação com o material obtido com CP,
podendo ter ocorrido tanto na preparação da amostra, nas misturas e a execução dos cubos, como na
carbonatação acelerada por 24 horas.
Com isso, pode-se concluir que este estudo contribuiu para compreender como a utilização de
materiais 100% reciclados, obtidos com CR e RCD de betão, podem substituir o cimento Portland e
agregados, para a fabricação de blocos de construção. Além disso, utilizar a carbonatação acelerada
em vez da cura por hidratação permite a captação e mineralização de CO2 nos materiais de construção.
Portanto, a utilização de cimento reciclado termoativado como ligante e RCD como agregado em
materiais de construção poderá ser uma prática tecnicamente viável, promovendo, por um lado a
reutilização e a valorização de materiais com baixo valor e, por outro lado, a captura e utilização de
CO2.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


75
SEC 2023 – LIVRO DE ATAS
76
DESEMPENHO DE BETÕES PRODUZIDOS COM LIGANTES OBTIDOS ATRAVÉS
DA ACTIVAÇÃO ALCALINA DE DIFERENTES RCD
Renato Jorge Fernandes Neves 1, Miguel Nuno Caneiras Bravo 1, Jorge Manuel Caliço Lopes de Brito 1
1
DECivil. IST. renato.neves@tecnico.ulisboa.pt; miguelnbravo@tecnico.ulisboa.pt; jb@civil.ist.utl.pt

Palavras-chave: betão, ativação alcalina, cinza volante, RCD, resistência mecânica, durabilidade.

03 - Inovação e Novos Materiais Apresentação oral

1. INTRODUÇÃO
Segundo a United Nations Environment Programme (2020), cerca de 10% da totalidade das emissões globais
de dióxido de carbono (CO2) provém da indústria da construção. A indústria de produção do cimento
representa 7% destas emissões de CO2 provenientes da indústria da construção [1]. Com o objectivo de
minimizar os impactes ambientais da produção deste material, têm vindo a ser propostas várias alternativas
nas últimas décadas. Uma das alternativas ao betão tradicional com cimento Portland tem vindo a ser os
chamados “geopolímeros”, ou seja, betões em que se substitui total ou parcialmente o ligante de cimento
Portland por um material com menores emissões de CO2 e consumo de energia na sua produção. Este foi o
tema principal da dissertação de mestrado em Engenharia Civil no Instituto Superior Técnico [2], que visou
estudar algumas das propriedades mecânicas e de durabilidade de betões activados alcalinamente (BAA),
produzidos com a incorporação de resíduos da construção e demolição (RCD) de tijolo (TJ), azulejo (AZ) e
betão (BE) como precursores, comparando os seus resultados com os do betão de referência (BR), com cinza
volante (CV) como precursor. Adicionalmente, a utilização de RCD como substituto do cimento Portland e das
CV, cujo fim se aproxima com o encerramento das centrais de produção de energia a carvão até 2030, resolve
o problema da gestão de resíduos e vai ao encontro da diretiva definida pela Comissão Europeia que visa a
reutilização e reciclagem de RCD em um mínimo de 70% [3].

2. MATERIAIS E METODOLOGIA
A CV de classe F foi fornecida pela empresa “Secil”. Esta foi substituída por RCD com taxas de substituição de
0%, 50% e 100%. Os resíduos de TJ e AZ foram coletados separadamente em quatro obras localizadas na Área
Metropolitana de Lisboa. O BE foi produzido em laboratório, simulando um betão corrente com cimento
Portland. Nesta investigação, foram utilizados agregados naturais, sendo que os finos correspondem à areia
fina e grossa e os grossos são divididos em bago de arroz, brita 1 e brita 2. A solução de activador alcalino foi
produzida com hidróxido de sódio (NaOH) e silicato de sódio (Na2SiO3), com concentrações de
Na2O/precursor de 13% e 10% e rácios SiO2/Na2O de 1,0 e 0,5. Foram ainda adicionados adjuvantes com um
pH de 10 cedidos pela empresa “Sika”, utilizados para dispersar as partículas e reduzir a necessidade de água,
e um plastificante com função de retardador de presa e um pH de 7,5. Foi mantida uma relação água/ligante
de 0,55 em todas as misturas. Ao contrário do processo de preparação convencional desta solução (preparada
24 h antes da mistura), nesta campanha experimental as soluções foram preparadas nos primeiros 6 minutos
de betonagem e subsequentemente introduzidas na mistura. Todas as amostras de betão produzidas foram
curadas a 70 ºC durante 24 h (cura térmica) e posteriormente mantidas numa câmara seca até serem testadas
(a 7, 28 e 91 dias).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
De modo a estudar as propriedades dos materiais utilizados como precursores, foram realizados ensaios
físicos e químicos. As principais fases cristalinas das amostras de CV, TJ e AZ foram SiO2 e minerais de
aluminossilicato e das amostras de BE foram CaCO3 e SiO2. Relativamente à distribuição granulométrica,
verificou-se que a amostra de BE possui a curva granulométrica mais extensa dos quatro materiais, o que mais
tarde revelou ser a causa do efeito de fíler que melhorou o desempenho mecânico nas famílias de betão com RCD.
De forma a realizar uma caracterização mecânica dos diferentes betões, procedeu-se aos seguintes ensaios:
resistência à compressão em cubos, resistência à compressão em cilindros, resistência à tracção por
compressão diametral, velocidade de propagação dos ultra-sons e módulo de elasticidade. Para uma análise

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


77
geral dos resultados obtidos a 28 dias, os mesmos são apresentados na Tabela 1, cujas variações são relativas
ao BR. Pode-se afirmar que o desempenho mecânico de BAA com incorporação de RCD é inferior à do BR.
Estudando o comportamento ao longo do tempo dos betões produzidos, foram realizados os seguintes
ensaios: absorção de água por imersão, retracção e fluência. Os resultados são apresentados na Tabela 2, com
as respetivas variações relativamente ao BR. De um modo geral, o desempenho ao longo do tempo de BAA
com incorporação de RCD é inferior à do BR, com a excepção dos resultados de retracção.

Tabela 1 - Caracterização mecânica dos betões

Tabela 2 - Caracterização do comportamento ao longo do tempo dos betões

4. CONCLUSÕES
Este estudo procurou compreender a influência da incorporação total e parcial de resíduos TJ, AZ e BE (0%,
50% e 100%) como precursores de BAA, no seu desempenho mecânico e de durabilidade. Tendo como
critério principal a procura de misturas que atingissem valores de resistência à compressão semelhantes aos
do betão de referência, pretendeu-se demonstrar a aplicabilidade dos RCD e perceber se o betão produzido
com estes materiais é uma solução competitiva. De um modo geral, a sua incorporação nestes betões
demonstrou uma perda das suas propriedades. Porém, as misturas de BE como substituição parcial de CV
mostraram valores muito próximos dos das misturas de referência. A forte influência da concentração de
Na2O e do rácio SiO2/Na2O observada nos resultados das propriedades estudadas aponta para a necessidade
de estudos adicionais e mais completos sobre misturas de betão activadas alcalinamente com RCD.

5. REFERÊNCIAS
[1] Gonçalves, J. P., Tavares, L. M., Toledo Filho, R. D., Fairbairn, E. M. R. (2015) - “Handbook of Alkali-
activated Cements, Mortars and Concretes”. Constr. Woodhead Publishing Series in Civil and Structural
Engineering, v. 54.
[2] Neves, R. (2022) - “Desempenho de betões produzidos com ligantes obtidos através da ativação alcalina
de diferentes RCD”. Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil, IST.
[3] European Commission (2011) - “Construction and demolition waste”. Report on the management of
construction and demolition waste in the EU, BIO Intelligence Service. Disponível em
<https://environment.ec.europa.eu/topics/waste-and-recycling/construction-and-demolition-
waste_en#overview>. Visitado pela última vez em 22 de outubro de 2022.
SEC 2023 – LIVRO DE ATAS
78
TEMA 04

RECICLAGEM E VALORIZAÇÃO

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


SEC 2023 – LIVRO DE ATAS
ASSESSMENT OF EUROPE’S CIRCULAR ECONOMY IN THE BUILDING SECTOR
Cyrine Mrad1, Luís Frölén Ribeiro2
1
Instituto Politécnico de Bragança, Campus de Santa Apolónia. mradcyrine@gmail.com
2
Associated Laboratory for Energy, Transports and Aerospace—LAETA/Instituto de Ciência e Inovação em
Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial—INEGI. frolen@ipb.pt

Keywords: Circular economy, Building sector, Europe, Sustainability


Código da Área Temática: 4 Apresentação oral

1. INTRODUCTION
This work is dedicated to evaluating the investigation level of the circular economy in the building
sector in Europe. It holds the assessment of 1750 publications research done about the CE and its
principles in this industry in Scopus and Web of Science as databases. The goal was to extract the
current relevant information and analyse the building sector's circular economy research status
principles. [1]

2. ASSESSMENT
Integrating the CE principles in the construction sector urged as the sectors' practices are harmful to
the environment, being responsible for 42% of total Europe's energy consumption, more than 50% of
extracted materials, 30% of Europe's water consumption, and waste generation, and 35% of the
greenhouse gases (GHG) emissions.
The circular economy (CE) has received increasing attention in the last decade. However, only 10% of
the studies concern the construction sector, where the concept implementation is still at its begging
and treated as a trend for environmental practices. [2] Even though the percentage is low, the studies
in the construction sector are supported, in the majority, by European researchers, due to the
awareness work done by different stakeholders of the industry and the European commissions.
Undoubtedly, researchers try to bend to the Circular Economy principles, called the 10Rs (Recycle,
Reuse, Reduce, Recover, Repair, Refurbish, Repurpose, Remanufacture, Rethink, and Refuse) by
adapting their research to some aspects of CE. However, the results show that the efforts to approach
this concept need to be revised. Researchers and stakeholders are missing the point of the CE
implementation in the building sector by ignoring the critical aspects of the CE: reducing the
consumption of resources and waste production and retaining the value of resources as long as
possible within the system.
A large part of the studies, 41%, is still promoting the recycle and reuse as traditional practices that
should be performed in the construction sector, investigating only a specific subject related to the
circular economy without concerns about its principles.
Only 21% of the studies were about implementing the CE principles, and the most relevant studies
represent 6% of the selected papers. Only one article, "Selection Criteria for Building Materials and
Components in Line with the Circular Economy Principles in the Built Environment-A Review of Current
Trends" [3], included the 10Rs, besides Life cycle assessment (LCA), Construction and Demolition
Waste (CDW), End of Life (EoL), Design for Disassembly, and (DfD) Building Information Modelling
(BIM).
LCA, CDW, EoL, DfD, and BIM, the catalysts of CE implementation in the construction sector, are
performance parameters that facilitate the implementation of CE strategies in the construction sector.
Between 33% and 39% of the studies have focused on finding an optimal combination of assessing the
life cycle of buildings and components and searching for different ways of managing the CDW at the
end-of-life stage. These studies also proposed ideas to design for disassembly and assembly of the
SEC 2023 – LIVRO DE ATAS
81
construction to extend their lifespan and use BIM performance in collecting buildings' materials and
component data to facilitate the process.
Less interest is given to the existing buildings. The current design for demolition should be replaced by
a technique to deconstruct buildings at their end of life for ulterior assembly. For that matter, the
"upcycling" principle is proposed as a new practice for the design strategy to discard as few
architectural components as possible, eliminating waste, and especially, closing the loop at 100%.

3. CONCLUSION
Besides the articles review, one proposed a new circular economy framework for construction sector
activities. The principles of the concept are optimised and adapted to all the life stages of construction.
Circular strategies are suggested for closing the loop, applying sustainable manufacturing, lifespan
extension, waste management, and design for assembly and disassembly.

Figure 1. Circular economy's framework for the building sector

These strategies can be supported by exploiting the BIM performances, allowing building stakeholders
to track materials, understand their origins, and assess their quality. It will enable architects and design
engineers to evaluate building designs for end-of-life sustainability and support waste minimisation
throughout the building design stages.
There is a misunderstanding of the CE concept and its application in the construction sector. The
scientific community must persist in pedagogic and dissemination efforts for CE for the construction
sector. Furthermore, future research may apply the proposed framework for the building sector,
enabling stipulated goals for future CE research and implementation.

4. REFERENCES
[1] Mrad, C. - Assessment of Europe's circular economy in the construction sector - MSc in
Construction Engineering - Instituto Politécnico de Bragança - Portugal, 2022,
http://hdl.handle.net/10198/26056
[2] Mrad, C.; Frölén Ribeiro, L. A Review of Europe’s Circular Economy in the Building Sector.
Sustainability 2022, 14, 14211.
[3] Rahla, K.M.; Mateus, R.; Bragança, L. Selection Criteria for Building Materials and Components in
Line with the Circular Economy Principles in the Built Environment—A Review of Current Trends.
Infrastructures 2021, 6, 49.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


82
CARACTERIZAÇÃO MECÂNICA DE ARGAMASSAS PRODUZIDAS COM CLÍNQUER
RECICLADO
Teresa de Sá Castro Neves1
1
Departamento de Engenharia Civil. Instituto Superior Técnico. teresa.castro.neves@tecnico.ulisboa.pt

Palavras-chave: eco-clínquer; resíduos de matriz cimentícia; emissões CO2.


Código da área temática: 04

1. INTRODUÇÃO
De acordo com os objetivos da união europeia, o sector da construção tem como prioridade promover
práticas mais sustentáveis e circulares, alinhadas com a redução do consumo de matérias-primas
naturais, a reutilização significativa de resíduos e a meta ambiciosa de neutralidade carbónica em
2050. A indústria do cimento envolve o consumo de mais de 1,5 Mt de matérias-primas naturais por
ton de cimento e mais de 7 % das emissões globais de CO2, tendo o maior impacto neste setor. Cerca
de 60 % destas emissões resultam da descarbonatação das matérias-primas durante a clinquerização
[1]. Nesse sentido, o presente trabalho teve por objetivo desenvolver cimentos alternativos de maior
ecoeficiência, associados à incorporação de resíduos de materiais cimentícios não carbonatados,
permitindo responder de forma eficiente aos 3 vetores ambientais (recursos naturais – reutilização –
emissões), sem afetar significativamente o seu desempenho técnico. O trabalho foi desenvolvido no
âmbito dos projetos de investigação FCT – PTDC/ECI-CON/28308/2017 (EcoHydb); PTDC/ECI-
CON/0704/2021 (Eco+RCEB).
2. PROGRAMA EXPERIMENTAL
Foi assim desenvolvida uma extensa campanha experimental em que se procedeu à substituição de
calcário natural por resíduos cimentícios, também fonte de CaO mas na forma não carbonatada. Numa
primeira fase, procedeu-se ao desenvolvimento, refinamento e otimização de um clínquer laboratorial
que fosse representativo de um clínquer corrente. As matérias-primas foram as usualmente
consideradas na produção de cimento normal (CN): calcário, marga, areia e granalha. A otimização
ocorreu a nível da composição, preparação, moldagem e prensagem do cru, processamento térmico,
arrefecimento, moagem e afinação do teor de gesso. Nesta fase, procedeu-se à monitorização das
propriedades físicas, químicas e mineralógicas do clínquer. Otimizado este processo, produziram-se os
clínqueres laboratoriais de referência (KREF), com base na aplicação de análises de otimização
numérica multicritério, apoiadas em parâmetros de composição estabelecidos na literatura: módulo
de sílica (MS), módulo de alumina (MA) e fator de saturação de cal (FSC) [2,3]. Numa segunda etapa,
explorou-se a substituição de matérias-primas naturais por resíduos cimentícios, com vista à produção
de clínqueres/cimentos mais ecoeficientes (eco-cimentos). Estes eco-clínqueres envolveram a
incorporação total (K100RP) e parcial (KRP) de resíduos de pasta cimentícia pura, bem como resíduos
de fração cimentícia resultantes de betão previamente sujeito a separação (KRSB). Neste último caso,
os resíduos de fração cimentícia foram recuperados de betão antigo de acordo com um método
desenvolvido e patenteado no âmbito do projeto EcoHydb. Por comparação, considerou-se ainda um
clínquer teórico, com inclusão direta de resíduos de betão não sujeitos a separação (KRB). Finalmente,
os eco-cimentos foram utilizados na produção de argamassas, as quais foram caracterizadas nos
estados fresco e endurecido (resistência mecânica, absorção capilar, carbonatação e microestrutura –
microscopia de varrimento e porosimetria por intrusão de mercúrio), confrontando o seu desempenho
com o de argamassas produzidas com CN (CEM I 42,5), visando validar a viabilidade dos eco-cimentos
propostos. As caracterizações químicas e mineralógicas dos clínqueres/cimentos, resumidas no
Quadro 1, foram realizadas no laboratório de materiais da empresa SECIL em Outão, que colaborou
com o IST neste trabalho. No Quadro 1 é também apresentado o intervalo alvo adotado para os
principais minerais, definido com base na literatura [2, 3]. A temperatura de clinquerização do K100RP
e KRP foi possível a 1350 ˚C, inferior à dos restantes (1450 ˚C).

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


83
Quadro 4. Composição, em %, de cada cru; composição mineralógica, em %, de cada clínquer.
Clínquer Calcário Marga Areia Granalha Resíduo C3S C2S C3A C4AF
KREF 29,0 65,2 5,4 0,4 - 69,8 4,6 3,6 20,5
K100RP - - - - 100 57,1 24,7 4,3 12,9
KRP 8,7 16,7 - 0,4 74,2 75,1 3,8 3,0 15,6
KRSB 18,6 52,3 - 0,4 28,7 73,5 3,4 2,9 16,8
KRB 16,4 67,0 - 0,4 16,2 - - - -
% alvo 60-70 10-20 3-7 9-13

3. RESULTADOS E CONCLUSÕES
Os ensaios físicos (massa volúmica, superfície específica de Blaine, resíduo de peneiração), químicos
(teor de enxofre, resíduo insolúvel, cal livre) e mineralógicos dos cimentos respeitaram as disposições
regulamentares e indiciaram melhores características do que o CEM I 42,5. Verificou-se uma maior
reatividade dos eco-cimentos, para menores tempos de presa, justificado pela maior finura e teor de
C3S. O mesmo foi comprovado por calorimetria isotérmica. Os eco-cimentos evidenciaram
desempenho mecânico pelo menos semelhante ao CREF e superior ao CEM I (Quadro 2). O C100RP,
de maior ecoeficiência, apresentou menos C3S (Quadro 1), devido ao menor FSC, o que reduziu a sua
velocidade de hidratação e resistência inicial (Quadro 2). O CREF, CRSB e CRP enquadraram-se na classe
52,5 R, e o C100RP na classe 52,5 N. Os eco-cimentos tiveram ainda idêntico desempenho em termos
de absorção, microestrutura e resistência à carbonatação face ao CREF, e melhor face ao CEM I
(Quadro 2).
No Quadro 2 apresentam-se a estimativa teórica do total de CO2 libertado por ton de clínquer
produzido (CO2,tot),bem como a redução de emissões de CO2 nos eco-clínqueres face a KREF (RelCO2,REF).
A incorporação de 29 % de resíduos de betão (CRSB) provou diminuir em 14 % as emissões diretas de
CO2, ao invés de apenas 2 % caso não se fizesse a separação prévia (KRB). A substituição parcial e total
de resíduos de pasta pura conduziu a reduções significativas de 44 % e 57 %, respetivamente. Os
resultados obtidos comprovaram a viabilidade de utilizar resíduos de base cimentícia na produção de
clínqueres mais ecoeficientes. Este processo bastante promissor garante a diminuição das emissões
de CO2 (até quase 60 %), o menor consumo de matérias-primas e o reaproveitamento de resíduos de
construção e demolição (até >@ 75 %). Demonstra-se assim o interesse, a viabilidade e o elevado
potencial de se incluir resíduos de materiais de base cimentícia diretamente no cru para a produção
de clínquer mais ecoeficiente. Esse interesse torna-se especialmente relevante caso se proceda a uma
triagem prévia da fração cimentícia dos resíduos de betão.
Quadro 5. Resistência média à compressão (fcm); coeficiente de absorção (Cabs); profundidade de carbonatação
(Xc,90d); porosidade (PPM) e diâmetro crítico dos poros (dcr), por porosimetria de mercúrio; teor de incorporação
de resíduos (res); total de CO2 por ton de clínquer (CO2,tot); redução relativa de emissões de CO2 face a KREF
(RelCO2,REF).
fcm,2d fcm,7d fcm,28d Cabs Xc,90d PPM dcr res CO2,tot RelCO2,REF
Cimento
(MPa) (MPa) (MPa) (mm/min0.5) (mm) (%) (µm) (%) (kg/t clínquer) (%)
CREF 36,2 49,2 56,6 0,17 2 12,6 0,066 - 896 -
CRP 38,8 - 53,7 0,19 <1 - - 74 504 44
C100RP 30,8 - 60,9 - <1 - - 100 384 57
CRSB 41,5 48,4 55,4 0,18 4 12,7 0,053 29 768 14
CEM I 27,2 40,7 46,1 0,21 8 14,7 0,074 - - -

4. REFERÊNCIAS
[1] Strategic Energy Technology Information System (SETIS) (2021). Deep decarbonisation of industry:
The cement sector.
[2] Liu, Y.; Yang, C.; Wang, F.; Hu, S.; Zhu, M.; Hu, C.; Lu, L. (2021). Performance evaluation of
regenerated clinker from completely recyclable mortar. Construction and Building Materials, Vol.209.
[3] Taylor H. F. W. (1997), Cement Chemistry, 2nd Edition, Thomas Telford, London.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


84
INCORPORAÇÃO DE RESÍDUO DE VIDRO MOÍDO EM ARGAMASSAS COMO
SUBSTITUTO PARCIAL DO CIMENTO
Bruna Moreira1, Raphaele Malheiro2, Aires Camões2
1
Departamento de Engenharia Civil. Universidade do Minho. bruna.moreir.bm@gmail.com.
2
Centro de Território, Ambiente e Construção (CTAC). Universidade do Minho. raphamalheiro@gmail.com.
aires@civil.uminho.pt.

Palavras-chave: pó de vidro, argamassa, resistência mecânica, sustentabilidade.

Código da Área Temática: 04 Apresentação oral

1. INTRODUÇÃO
A União Europeia tem buscado combater as alterações climáticas, visando a neutralidade carbónica
até 2050. O setor da construção tem um papel relevante neste contexto e precisa oferecer produtos e
serviços sustentáveis. Sendo o betão o material artificial mais utilizado no mundo [1], é fundamental
encontrar soluções que o tornem ambientalmente mais favorável. Uma das abordagens tem sido a
redução do consumo de cimento por meio da sua substituição por resíduos. Neste contexto, o vidro
de embalagens tem sido alvo de estudos [2,3], mas ainda há aspetos a serem mais aprofundados. Este
estudo investiga a utilização do pó de vidro como substituto parcial do cimento, avaliando seu impacto
na resistência mecânica de argamassas com diferentes níveis de finura e percentagem de substituição.

2. MATERIAIS E MÉTODOS
Pó de vidro – A Figura 1 resume o processo de transformação de garrafas de vidro em pó. Há 2
diferentes processos de moagem: vidro moído durante 10 horas no Los Angeles (0 ciclo, 0c); vidro
moído 10 horas no Los Angeles mais 0.5 horas em moinho de bolas de porcelana (2 ciclos, 2c). Foram
moídos vidro âmbar (VA), vidro branco (VB) e vidro verde (VV).

a b c d

Figura 7. Resumo do processo para obtenção do pó de vidro.

Argamassa – Foram moldadas argamassas com substituição parcial do cimento por pó de vidro nas
seguintes percentagens: 5, 15, 25 e 35%. O cimento também foi substituído por cinzas volantes (CV):
25%. Utilizou-se o cimento Portland CEM I 42,5 e areia natural siliciosa com diâmetro máximo de 500
µm e densidade de 2620 kg/m3. A relação água/ligante foi mantida em 0,50.
Ensaios – Após o período de cura, foram realizados ensaios de resistência à compressão de acordo
com ASTM C109 (2020). Também se estudou a reação álcalis-sílica considerando a especificação LNEC
461 (2007).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Influência da finura do pó de vidro no índice de atividade pozolânico (IA) – Com os resultados de
resistência à compressão das argamassas com 25% de pó de vidro (90 dias de cura), foram calculados
os IA com base na NP EN 450-1 (2012), Quadro 1. De acordo com os resultados, apenas as argamassas
com 2 ciclos de moagem, VA2c_25% e VV2c_25%, alcançaram índices satisfatórios. O pó de vidro
utilizado nestas argamassas apresenta D50 de 22 µm, similar ao das CV, 24 µm.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


85
Quadro 6. Índice de atividade pozolânica aos 90 dias.
VA0c_ VB0c_ VV0c_ VA2c_ VB2c_ VV2c_25%
25% 25% 25% 25% 25%
71,6 64,3 53,9 98,2 72,4 85,1

Influência da percentagem de pó de vidro na resistência à compressão (RC) – A Figura 2 apresenta os


resultados de RC para argamassas moldadas com diferentes percentagens de pó de vidro (moídos com
2 ciclos) e CV, cura de 28 dias. Observa-se um resultado satisfatório para a substituição de 5%, muito
similar às CV. Para 15% de substituição, o pó de vidro âmbar apresenta melhores resultados quando
comparados ao cimento e às CV. As demais percentagens precisam de um estudo mais alargado.
Considerando o desenvolvimento das reações pozolânicas aos 90 dias, os resultados poderão sofre
alterações, tornando-se ainda mais expressivos, sendo importante a continuação da pesquisa.

Figura 2. Resistência à compressão para argamassas com diferentes percentagens de resíduo.

Reação álcalis-sílica – Não foi identificada expansão RAS significativa em nenhum dos pós de vidro
estudados: âmbar, branco e verde, obtidos através de 2 ciclos de moagem.

4. CONCLUSÕES GERAIS - Os resultados obtidos sugerem que, para as condições estudadas, a


utilização do pó de vidro, proveniente de garrafas de vidro na cor âmbar e verde, pode apresentar-se
como alternativa para substituição parcial do cimento na composição de argamassas comuns,
oferendo respostas similares às CV no que se refere à resistência mecânica. Expandir o estudo para o
campo da durabilidade é um passo fundamental para impulsionar a utilização deste resíduo, o que
auxiliará na promoção da economia circular, com ganhos económicos e ambientais.

5. AGRADECIMENTO - Este trabalho foi financiado por Fundos Nacionais no âmbito do projeto com a
referência 2000.03197.PTDC, GlassCON.

6. REFERÊNCIAS
[1] Colin, R. (2014). Cement and concrete as an engineering material: An historic appraisal and case
study analysis, Engineering Failure Analysis, vol. 40, pp. 114-140.
[2] Malheiro, R.; Moreira, B.; Pontes, K.; Jesus, C.; Camões, A. (2022). Utilização do pó de vidro como
substituto parcial do cimento: uma abordagem experimental a cerca da resistência mecânica, 4º
Congresso Luso-Brasileiro de Materiais de Construção Sustentáveis, Salvador, Brasil.
[3] Ali Aliabdo, A. E. Elmoaty, Abd & Aboshama, A.Y. (2016). Utilization of waste glass powder in the
production of cement and concrete, Construction and Building Materials, vol. 124, pp. 866–877.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


86
VALORIZAÇÃO DE RESÍDUOS DA INDÚSTRIA DE FUNDIÇÃO EM ARGAMASSAS
DE REVESTIMENTO PARA EDIFÍCIOS
Daniel Costa1, Sandra Cunha1, José Aguiar1, Fernando Castro2
1
Centro Território, Ambiente e Construção. Departamento de Engenharia Civil. Universidade do Minho.
pg47122@alunos.uminho.pt, sandracunha@civil.uminho.pt, aguiar@civil.uminho.pt
2
Centro de Engenharia Mecânica e Sustentabilidade de Recursos. Departamento de Engenharia Mecânica.
Universidade do Minho. fcastro@dem.uminho.pt

Palavras-chave: resíduos, cascas de moldes cerâmicos, argamassas, sustentabilidade.

4 Reciclagem e Valorização Apresentação oral

1. INTRODUÇÃO
Atualmente, a gestão de resíduos é um enorme desafio para as indústrias produtoras, mas também
uma enorme oportunidade para a indústria da construção, que pode reutilizar e valorizar esses
resíduos produzindo materiais de construção, com baixo custo e impacto ambiental. Mais do que
nunca, a sustentabilidade da construção e a proteção do meio ambiente são uma questão prioritária,
que tem estado sob escrutínio do governo e das autoridades. Anualmente, são necessários mais de 48
bilhões de toneladas de agregados na indústria da construção, principalmente associados à produção
de betões e argamassas [1]. A atividade de explorar um grande número de recursos minerais não é
sustentável. Por outro lado, a alocação em aterros sanitários ou a incineração de resíduos têm causado
sérios problemas de poluição [2]. Estima-se que mundialmente existam aproximadamente 35000
indústrias de fundição em funcionamento, com uma produção anual de 90 milhões de toneladas de
resíduos de fundição. Sendo que, mais de 10 milhões de toneladas de resíduos de fundição sejam
descartados, causando graves problemas ambientais, sociais e econômicos. É essencial a exploração,
até ao esgotamento de todas as possibilidades, da utilização de subprodutos industriais como matéria-
prima para a produção de materiais de construção. Prevê-se que a utilização de agregado reciclado
reduza o custo dos agregados e ofereça vários benefícios ambientais comparativamente ao agregado
natural, tais como a redução em 30% de energia incorporada e em 60% das emissões de dióxido de
carbono para a atmosfera [1]. As cascas de moldes de cerâmicos (CMC) resultam do processo de
fundição por cera perdida, nos quais estes são utilizados apenas uma vez. Até ao momento, pouco se
sabe sobre os resíduos de fundição gerados nos processos de fundição por cera perdida. Contudo, um
estudo preliminar desenvolvido recentemente por esta equipa de investigação verificou que a
presença de CMC originou o desenvolvimento de microfissuras devido à expansibilidade das
argamassas [3]. Assim, o objetivo deste trabalho consistiu em avaliar a eficácia um método de
tratamento (lavagem das CMC) no comportamento físico e mecânico de argamassas com incorporação
de diferentes teores de resíduo industrial.

2. MATERIAIS E COMPOSIÇÕES
Os materiais utilizados neste estudo foram o cimento CEM I 42,5 R com uma massa volúmica de 3184
kg/m3, superplastificante (SP) à base de poliacrilato com uma massa volúmica de 1041 kg/m3, areia
natural com uma massa volúmica de 2569 kg/m3 e uma absorção de água de 1,19% e CMC lavadas e
não lavadas com uma massa volúmica de 2520 kg/m3 e absorção de água de 6.6%. O processo de
lavagem das CMC permitiu eliminar a presença de compostos tais como o cloro, enxofre, sódio,
potássio, magnésio, cloretos e sulfatos, presentes inicialmente na composição das CMS sem lavagem.
As composições desenvolvidas encontram-se no Quadro 1.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
De forma a avaliar a expansibilidade no estado fresco das argamassas foram desenvolvidos ensaios
durante as primeiras 48 horas de cura das argamassas, tendo sido possível observar que a incorporação
de CMC não lavadas originou um aumento muito expressivo da expansibilidade, tendo este sido mais
significativo com o aumento do teor de CMC incorporado em relação à argamassa de referência
SEC 2023 – LIVRO DE ATAS
87
(100NS), devido à reação álcali-agregado relacionada com a composição química das CMC não lavadas.
Contudo, o estudo das argamassas com incorporação de CMC lavadas revelou a eliminação desta
reação, o que demonstra que a ação e lavagem das CMC constitui uma operação eficaz e possibilita a
utilização destes materiais como substitutos do agregado natural em argamassas. No que confere às
resistências à compressão foi possível observar que a incorporação das CMS não lavadas origina uma
diminuição das mesmas, devido à presença de uma maior quantidade de água presente nestas
argamassas e pela maior fragilidade das mesmas devido à reação alcalis-agregado provocada pelos
constituintes das CMC não lavadas. Contudo, a presença de CMC lavadas origina um aumento no
desempenho da resistência à compressão, justificado pela eficácia do método de tratamento do
resíduo de fundição, pois permitiu eliminar ou reduzir a concentração de elementos que potencializam
a reação álcali-agregado, tais como o sódio, potássio, cálcio, magnésio e alumínio [4].

Quadro 7. Composição das argamassas (kg/m3).


Série Composição Cimento Areia CMC Não CMC SP Água
Natural Lavadas Lavadas
1 UW100CMC 750 0.0 1105.0 0.0 7.5 318.8
UW75CMC25NS 750 280.9 842.7 0.0 7.5 313.5
UW50CMC50NS 750 576.9 576.9 0.0 7.5 303.8
UW25CMC75NS 750 898.3 299.4 0.0 7.5 288.8
100NS 750 1242.1 0.0 0.0 7.5 273.8
2 W100CMC 750 0.0 0.0 1114.5 7.5 315.0
W75CMC25NS 750 285.7 0.0 856.9 7.5 306.0
W50CMC50NS 750 589.3 0.0 589.3 7.5 294.0
W25CMC75NS 750 900.5 0.0 300.2 7.5 287.6

4. CONCLUSÃO –
Este estudo permitiu avaliar a influência de um método de tratamento para mitigar possíveis
problemas relacionados com a alteração das propriedades no estado fresco e endurecido de várias
argamassas com a incorporação de resíduos da indústria de fundição. A possibilidade de utilização
deste resíduo em argamassas para aplicações exteriores e interiores em edifícios pode ser encarada
como um contributo para uma construção mais sustentável e amiga do ambiente, permitindo reduzir
a quantidade de resíduos depositados em aterros, reduzir o consumo de matérias-primas naturais e
não renováveis, bem como reduzir o elevado consumo de energia e gases com efeito de estufa gerados
pela sua exploração. É importante notar que o método de tratamento selecionado é de baixo custo e
com grande possibilidade de implementação em ambiente industrial, possibilitando a possível
aplicação prática das argamassas desenvolvidas.

5. REFERÊNCIAS
[1] Shmlls, M.; Abed, M.; Horvath, T.; Bozsaky, D. (2022). Multicriteria based optimization of second
generation recycled aggregate concrete. Case Studies in Construction Materials. Vol.17, e01447.
[2] Fang, C.; Feng, J.; Huang, S.; Hu, J.; Wang, W.; Li, N. (2022). Mechanical properties and microscopic
characterization of mortar with recycled aggregate from waste road. Case Studies in Construction
Materials. Vol.17, e01441.
[3] Cunha, S.; Tavares, A.; Aguiar, J. B.; Castro, F. (2022) Cement mortars with ceramic molds shells
and paraffin waxes wastes: Physical and mechanical behavior. Construction and Building
Materials. Vol.342, e127949.
[4] Cunha, S.; Costa, D.; Aguiar, J. B.; Castro, F. (2023) Mortars with the incorporation of treated
ceramic mold shells wastes. Construction and Building Materials. Vol.365, e130074.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


88
REUTILIZAÇÃO DE LODO DE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO PARA A
FABRICAÇÃO DE BLOCOS DE CONCRETO
Théo Ferreira Reis1, M. Rosário Oliveira2, M. Luz Garcia3, Liliane Frosini Armelin4
1
ISEP. Instituto Politécnico do Porto. 1210411@isep.ipp.pt
2
ISEP. Instituto Politécnico do Porto. mro@isep.ipp.pt
3
ISEP. Instituto Politécnico do Porto. mlg@isep.ipp.pt
4
UPM. São Paulo, Brasil. liliane.armelin@mackenzie.br

Palavras-chave: concreto, lodo, esgoto.

Código da Área Temática - 4 Apresentação oral

1. RESUMO
O setor da Engenharia Civil abrange diversas frentes de trabalho, principalmente a área da Construção
Civil. Essa linha de trabalho apresenta com frequência aplicações inovadoras voltadas para diferentes
disciplinas. Frente a isso, o presente estudo pretende avaliar a incorporação da matéria orgânica na
produção do concreto convencional.
Não apenas a inovação técnica, mas o trabalho apresenta objetivos ambientais, voltados ao
reaproveitamento de lodo originado em Estações de Tratamento de Esgoto, que teriam como destino
o aterro sanitário.
O concreto convencional é composto por cimento, agregado miúdo, agregado graúdo, água, e
ocasionalmente aditivos. O trabalho é destinado para a substituição parcial do agregado miúdo pelo
lodo de esgoto. São abordadas as etapas de coleta do material, de sua preparação, da avaliação física
de todas as substâncias, e de ensaios de resistência e absorção aos produtos finais.
Foram produzidos inicialmente corpos de prova cilíndricos para avaliar a qualidade do traço do
concreto de acordo com os resultados de resistência a tração, resistência a compressão e absorção de
água. Feito isso, foram elaborados os produtos finais: os blocos de concreto para pavimentação, em
que foram feitos os ensaios de resistência a compressão e absorção de água.
Os resultados permitiram avaliar o impacto do lodo na mistura de concreto. Não apenas teve
repercussões na trabalhabilidade da mistura, mas também nos valores de resistência. Coo conclusão,
os blocos produzidos não foram aprovados por conta da resistência exigida pela norma técnica.

2. METODOLOGIA DE PESQUISA
A metodologia de pesquisa está representada de forma sequencial na Figura 1, desde a coleta do lodo
até os últimos ensaios realizados no estudo.

Figura 1. Roteiro da metodologia.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


89
3. RESULTADOS E CONCLUSÕES
A viabilidade técnica foi analisada perante os ensaios realizados nos corpos de prova cilíndricos e nos
blocos de concreto. A abordagem do estudo foi incluir o lodo na mistura de concreto em taxas pré-
determinadas, a ponto de analisar o comportamento da mistura em 03 frentes: na resistência a tração,
na absorção de água e na resistência a compressão. A Figura 2 demonstra os resultados de resistência
a compressão, tanto em corpos de prova cilíndricos, quanto nos blocos de concreto para
pavimentação.
Em termos de resistência a compressão, tanto o concreto base quanto os concretos produzidos com
lodo não foram aprovados por apresentarem valores de resistência inferiores a 35 MPa. Contudo, os
valores de absorção de água se mostraram adequados conforme a norma, estando abaixo da taxa de
6%.
Apesar na rejeição das peças, os ensaios permitiram melhor conhecimento da ação do lodo na mistura
de concreto. Inicialmente, a incorporação do material orgânico causou um declínio na trabalhabilidade
da mistura, tornando-a seca e pouco fluida. Após a desmoldagem das peças, foi identificada grande
presença de fissuras nas amostras de concreto com lodo, o que pode ser indício da expansibilidade do
material.
Em termos de viabilidade técnica, a aplicação não apenas do lodo, mas de matéria orgânica no
concreto é um tema que precisa ser aprimorado, principalmente por conta de que impurezas orgânicas
nunca são iguais e, portanto, podem cada vez gerar diferentes resultados.

Figura 2. Comparação de resultados de ensaios de compressão para CPs e Blocos.

7. REFERÊNCIAS

[1] ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9781: PEÇAS DE CONCRETO PARA
PAVIMENTAÇÃO - ESPECIFICAÇÃO E MÉTODOS DE ENSAIO. Rio de Janeiro: Abnt, 2013. 21 p
[2] B. MARANGONI, A. ZALESKI, S. VANZETTO - Avaliação da incorporação de lodo de ETE como
substituição ao agregado miúdo na matriz de concreto; Universidade Regional Integrada do Alto
Uruguai e das Missões, 2018.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


90
PROPOSTA DE BETÃO À BASE DE RESÍDUOS DA INDÚSTRIA DA CARPINTARIA
Daniela Araújo1, Jorge Pinto2, Nuno Oliveira Ferreira3, Nelson Bento Pereira4, Cristina Reis5
1
Departamento de Engenharias. Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. danimaraujo14@gmail.com
2
Departamento de Engenharias. Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. tiago@utad.pt
3
. CICon – Center for Innovation in Construction. Vila Pouca de Aguiar. nuno@cicon.pt
4
Graniparalelo, Lda. Vila Pouca de Aguiar. research@graniparalelo.com
5
Departamento de Engenharias. Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. crisreis@utad.pt

Palavras-chave: betão, agregado, resíduo de carpintaria, sustentabilidade.

Código da Área Temática 04 Apresentação oral

1. RESUMO
A procura de soluções mais sustentáveis tem sido uma prioridade em todos os quadrantes da nossa
sociedade. No caso da indústria da construção civil também tem sido uma preocupação. A reutilização,
a reciclagem, a economia circular, a desconstrução, a opção de soluções técnicas passivas, a utilização
da materiais naturais e locais e a reabilitação têm sido algumas das opções adotadas para caminhar no
sentido de uma indústria da construção mais amiga do ambiente. A utilização de resíduos como
materiais de construção tem despertado o interesse da comunidade científica [1,2]. Este trabalho de
investigação pretende dar um contributo nesta temática da sustentabilidade na construção através da
apresentação dos resultados preliminares alcançados num estudo de um betão alternativo de base
cimentícia que ofereça maior leveza e que tenha uma pegada ecológica menor do que a de um betão
estrutural tradicional. Neste caso, pretende-se substituir os agregados de inertes tradicionais de maior
dimensão (parcialmente ou totalmente) por um material lenhoso do tipo granulado de madeira
resultante da indústria da carpintaria. O processo de preparação deste agregado, a escolha da
granulométrica mais adequada e a seleção da composição do betão, será alguma da informação a
divulgar neste trabalho de investigação. A caracterização do betão a propor como material de
construção também será abordada neste trabalho. Neste contexto, destaca-se a capacidade resistente
à compressão, o tempo de secagem, a densidade e a resistência ao fogo como sendo algumas das
propriedades materiais avaliadas deste tipo de betão. O fato de se potenciar a aplicação de material
lenhoso no fabrico do betão poderá ter um interesse especial na valorização da floresta Portuguesa.

2. O RESÍDUO DE CARPINTARIA
A Figura 1.a mostra o resíduo de madeira ou seus derivados resultantes de uma carpintaria tradicional.
Geralmente, este resíduo é usado como lenha para lareiras. Neste trabalho de investigação estudou-
se a possibilidade de o utilizar no fabrico de betão. Para o efeito, é necessário haver um tratamento
prévio de modo a conseguir alcançar uma granulometria adequada. A Figura 1.b mostra o agregado
de resíduo de madeira na granulometria desejada.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


91
a) Resíduo de carpintaria b) Corte do resíduo c) Betão proposto
Figura 1. Material lenhoso de resíduo de carpintaria e o betão proposto.

3. O BETÃO PROPOSTO
O betão proposto neste trabalho, Figura 1.c, foi fabricado com o resíduo de madeira (M), com cimento
Portland (C), com uma areia de rio (A) e água (W). Nesta fase, considerou-se um traço de 1:1,5:1,5 (em
volume) e uma relação W/C de 0.5. Nesta fase, também se substituiu integralmente o agregado
tradicional por agregado de resíduo de madeira. Aquando da preparação das primeiras misturas
verificou-se que era conveniente molhar previamente o agregado de resíduo de madeira, Figura 1.b.

4. CONCLUSÕES
Foi possível fabricar um betão à base de resíduo de madeira. A massa volúmica do betão estudado
insere-se nos valores de um betão leve. A capacidade resistente à compressão do betão em estudo é
muito reduzida. Esta limitação necessita de ser contornada através da reformulação do traço do betão.
O betão estudado parece ter capacidade de adesão a elementos metálicos. Este betão também parece
resistir ao fogo. Este betão também permitirá fazer camada de recobrimento e proteger em relação
ao fogo elementos metálicos. Em termos de trabalhos futuros, é necessário estudar novas
composições, fazer maior quantidade de provetes, estudar o envelhecimento deste betão leve,
estudar outro tipo de aplicação deste betão leve, entre outros.

5. AGRADECIMENTOS
Este trabalho de investigação foi parcialmente financiado pelo Projeto MICADO - Modular Insulated
Concrete core - ADvanced and Optimized panelized production system, operação n.º NORTE-01-0247-
FEDER-113482, BI/UTAD/54/2022.

6. REFERÊNCIAS
[1] Pacheco-Torgal, F.; Castro-Gomes, J.P.; Jalali, S. Utilization of mining wastes to produce geopolymer
binders. Geopolymers Struct. Process. Prop. Ind. Appl. 2009, 267–293.
[2] Jorge Pinto, Daniel Cruz, Anabela Paiva, Sandra Pereira, Pedro Tavares, Lisete Fernandes, Humberto
Varum (2012). Characterization of corn cob as a possible raw building material. Construction and
Building Materials 34 (2012) 28-33 (doi:10.1016/j.conbuildmat.2012.02.014).

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


92
ECO-ASPHALT MIXTURES MADE WITH BY-PRODUCT
FROM OIL REFINING INDUSTRY
G. Alanza1, H.M.B. Miranda1, A.C. Freire2, C. Costa1
1
ISEL – Instituto Superior de Engenharia de Lisboa, Instituto Politécnico de Lisboa.
A47783@alunos.isel.pt; henrique.miranda@isel.pt; carla.costa@isel.pt
2
Departamento de transportes, Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC). acfreire@lnec.pt

Keywords: road pavements, eco-asphalt, equilibrium catalyst (ECat), by-product valorisation.

Código da Área Temática 3 Apresentação oral ou Poster

1. AIM AND SCOPE


This research aimed to evaluate the technological feasibility of partially replacing the filler in Stone
Mastic Asphalt (SMA) with an equilibrium catalyst (ECat), with respect to its application in pavements.
ECat [1] is a by-product generated in significant quantities in oil refineries worldwide and has unique
properties such as high specific surface area and absorb/release water.
Producing a greener asphalt by upcycling ECat meets several Sustainable Development Goals – SDG 12,
SDG 9, SDG 11, SDG 15, SDG 17 – of the United Nations (UN) and contributes to the implementation
of the circular economy.
2. EXPERIMENTAL PROGRAMME
An experimental programme [2] was conducted to evaluate the effects of partially replacing 15 % (by
mass) of the filler with ECat on a reference asphalt mix SMA12 (SMA12.OPT) which has been studied
elsewhere [3] with optimised stone-on-stone effect using the Miranda method [3,4] to obtain a
balanced mix design. The comparison between the asphalt mix with ECat incorporation (SMA12.ECat)
and the SMA12.OPT concerned the evaluation of Marshall properties (EN 12697-34), water sensitivity
(EN 12697-12, method A), resistance to permanent deformation by wheel-tracking test (EN 12697-22,
method B in air), stiffness (EN 12697-26) and resistance to fatigue (EN 12697-24) in four-point bending
test, as well as surface properties (volumetric patch method according to EN 13036-1 and the slip/skid
resistance of asphalt mix surface, EN 13036-4).
The materials used for SMA 12 surf their properties as well as the mixing procedure can be found
elsewhere, see [1,2,3]. Table 1 shows the composition for the optimum bitumen content of
SMA12.ECat studied [2] and SMA12.OPT (optimum bitumen content 6.5 %, previously determined in
[3]). In brief, the difference between the preparation of both mixtures was that the addition of ECat
(as provided) and the filler was done simultaneously. No additional increase in temperature was
required in the production of the asphalt mixtures.
Table 8. Identification and compositions of SMA 12 surf.
Aggregates (%) Filler (%) Bitumen (%) Fibers (%)
ID
Granodiorites (0/4, 6/10 mm) Limestone ECat (%) PMB 45/80-65 Cellulose
SMA12.ECat 83.7 8.8 1.6 5.5 0.4
SMA12.OPT 82.9 10.2 0.0 6.5 0.4
3. RESULTS AND DISCUSSION
Table 2 shows the volumetric and Marshall properties of SMA12.ECat with different bitumen contents.
The first stage of the study consisted of analysing the Marshall results to determine the required
bitumen content in SMA12.ECat. The results in Table 2 show that the addition of ECat to the asphalt
mix does not significantly affect the Marshall properties (stability, S; flow, f; and quotient, Q) compared
to the reference mixture (SMA12.OPT). Also, despite the observed increase in porosity (Vv) – which
could be due to a decrease in the workability of the mix – the results of the Marshall properties remain
stable regardless of the bitumen content.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


93
Table 9. Marshall results.
Bitumen Volumetric properties
ECat/Filler Marshall properties
ID content
content Vv VMA VFB Stability, Flow, f Ratio Stability/
(%) (%) (%) (%) (%) S (kN) (mm) Flow, Q (kN/mm)
5.5 8.0 20.2 60.6 10.9 3.4 3.3
SMA12.ECat 15/85 6.0 7.3 20.7 64.8 11.2 3.7 3.0
6.5 8.2 22.7 64.0 10.2 4.0 2.6
SMA12.OPT 0/100 6.5 3.4 18.6 81.6 11.7 3.9 3.0
Vv – Volume voids; VMA – Voids in the mineral aggregates; VFB – Voids filled with bitumen

Table 3 shows the results of mechanical and surface properties obtained with SMA12.ECat (optimum
bitumen content, 5.5 %) and with SMA12.OPT. The results show that, compared to SMA12.OPT, partial
replacement of the filler by ECat (15 %, by mass) in the production of SMA: improves resistance to
permanent deformation and surface properties; maintains similar performance in terms of water
sensitivity and fatigue; decreases performance in terms of stiffness.
Table 10. Mechanical and surface properties results.
SMA12. SMA12. SMA12. SMA12.
Mechanical properties Surface properties
ECat OPT ECat OPT
Water British
ITSDRY (kPa) 1570 1496 PTV (adm) 69 68
sensitivity, 15 °C, pendulum
previously ITSWET (kPa) 1370 1281 Macrotext
Volumetric
conditioned ure depth 1.8 1.6
ITSR (%) 87 86 patch
72 hours (mm)
Resistance to RDAIR (mm) 2.3 3.0
permanent WTSAIR (mm/103) 0.06 0.09 ITSDRY: indirect tensile strength of dry
deformation, specimen’s; ITSWET: indirect tensile strength
PRDAIR (%) 4.6 6.0
60 °C of wet specimen’s; ITSR: indirect tensile
Mean Stiffness strength ratio; RDAIR: maximum rut depth
Stiffness, 20 °C 1581 3161
(MPa) after 10,000 cycles; WTSAIR: maximum wheel
and 1, 4, 8,
Stand. Dev. (MPa) 84 95 tracking slope; PRDAIR: maximum
10, 30 Hz
Variation coeff. (%) 5.3 3.0 proportional rut depth; ε: strain at one
Resistance to ε6 (x10-6 m/m) 335 400 million applied loads; ρ: slope of the fatigue
fatigue, 20 °C ρ (adm) -6.1 -6.7 law; PTV: Pendulum test value.

4. CONCLUSIONS
Overall, the use of ECat in SMA reduced the content of the two most expensive and CO2-footprint
constituents (bitumen and filler) by almost 16 % and reduced 5 kg CO2 per ton of SMA without
impairing – or even improving - its performance. This shows that the use of ECat is feasible and
reinforces the belief that this by-product can become a steady source for the asphalt industry and an
important contributor to more sustainable construction materials.

5. REFERENCES
[1] Costa, C.; Marques, J. C. (2018). Feasibility of eco-friendly binary and ternary blended binders
made of fly-ash and oil-refinery spent catalyst in ready-mixed concrete production. Sustainability
(9), 3136. https://doi.org/10.3390/su10093136.
[2] Alanza, G. (2022). Eco-asphalt mixtures made with by-product from oil refining industry. Instituto
Superior de Engenharia de Lisboa, Instituto Politécnico de Lisboa.
[3] Miranda, H. M. B. (2016). Stone Mastic Asphalt – Mix design, production, application and
performance. University of Lisbon.
[4] Miranda, H. M. B., Batista, F. A., Antunes, M. L., & Neves, J. (2019). A new SMA mix design,
approach for optimisation of stone-on-stone effect. Road Materials and Pavement Design,
20(sup1), S462-S479. https://doi.org/10.1080/14680629.2019.1588779.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


94
AVALIAÇÃO DE RISCOS NO TÚNEL DE GOUVÃES
Helena Ribeiro1, Cristina Reis2
1
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. email: helenaribeiro85@sapo.pt.
2
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro / Construct. email: crisreis@utad.pt.

Palavras-chave: Escavação, segurança, riscos, prevenção.

Código da Área Temática: 04 Apresentação oral

1. INTRODUÇÃO
O setor da construção é muito amplo e as obras subterrâneas são um exemplo dos que se incluem
neste setor, esta é uma área específica que se tem verificado uma fase de visível desenvolvimento e
mudanças [1], com avultados investimentos financeiros, e a aumentar de volume [2] e de importância
no desenvolvimento das cidades [3].
A escolha do método de escavação a utilizar é delicado e deve ser meticuloso, sob pena de os
resultados obtidos poderem ter graves efeitos sobre os trabalhadores, com consequentes efeitos
financeiros e logísticos. No entanto, o método selecionado deverá possibilitar construir o túnel
permitindo um pico de produção nas condições mais favoráveis, sendo simultaneamente capaz de
gerir as piores condições com riscos toleráveis [9]. Embora a determinação do método mais adequado
para a escavação seja um dilema antigo, uma escolha sensata revela-se crucial para a obtenção de
resultados satisfatórios, em termos de produção, segurança, qualidade e ambiente [4]. Com o
aumento dos desafios técnicos e da complexidade da construção deste tipo de obras e o respetivo
avanço tecnológico, antecipa-se uma ainda maior dificuldade futura na escolha do método.
Debruçando-nos na questão da gestão de riscos, a seleção de um método adequado pode ser agora
considerada como uma primeira resposta aos riscos inicialmente identificados [5]. Assim, quando se
lida com a escolha do método de escavação, tal como se considera o comprimento ou a secção
transversal do túnel, é importante considerar o impacto da ocorrência de um acidente de trabalho ou
do surgimento de uma doença profissional [6], de modo a que a segurança e saúde dos trabalhadores
seja sempre salvaguardada [7]. Ao longo do tempo, os métodos sofreram grandes avanços
tecnológicos, que melhoraram as condições de segurança e saúde na sua utilização.
Relembrando sempre que uma escolha incorreta do método a usar levará ao aumento do risco de
ocorrência de acidentes de trabalho (AT) e de surgimento de doenças profissionais (DP), com os
impactos temporais, financeiros e logísticos associados [8].
Escolher uma tuneladora permite melhorar as condições de trabalho dos operários, a possibilidade de
atravessar complexas condições geológicas e hidrogeológicas com segurança, dentro e fora do túnel,
e relativa economia.

2. METODOLOGIA
Existem diversas técnicas para a escavação de túneis tal como as suas variantes, que se referem à
especialização de uma definida técnica de acordo com o tipo de maciço a escavar. A evolução destas
técnicas resulta de um conhecimento prático obtido ao longo dos anos e que com a necessidade de
abrir túneis mais longos, em maciços geologicamente mais complexos, com maior segurança e
economicamente mais viáveis, foi moldando e consequentemente fazendo desenvolver-se estas
técnicas. O melhor entendimento do comportamento dos maciços, que se vem obtendo através de
estudos, hoje possíveis de efetuar recorrendo à tecnologia moderna, estimulou estas técnicas até ao
ponto em que hoje se conhecem.
No presente Simpósio pretende-se, então, apresentar e elucidar de forma sucinta as diferentes
técnicas de construção de túneis incluindo a construção com TBMs, sendo que se apresenta
posteriormente um capítulo referente a esta última, apresentadas as operações comuns aos diversos
tipos de tuneladoras.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


95
3. CONCLUSÃO
Os tipos de escavação vão sendo adaptados e melhorados ao longo do tempo, como foi possível
verificar ao longo deste trabalho, mas do avanço e adaptação de novas técnicas na de trabalho, a
segurança anda sempre de mãos dadas com este avanço uma vez que não é possível melhorar uma
parte sem que a outra acompanhe.
Cada vez mais se torna imprescindível um bom planeamento, um bom acompanhamento, por
profissionais qualificados e acima de tudo a formação de todos os trabalhadores intervenientes, nas
tarefas a desenvolver. A capacidade de conjugação dos postos de trabalhos, independentemente da
sua função de forma que cada um desenvolva a sua tarefa sem colocar em risco a vida dos colegas tem
sido primordial.
A evolução da tecnologia, uma boa implementação do PSS e a avaliação de riscos levou a uma reduzida
sinistralidade e com baixa gravidade, no caso de estudo verificou-se a ausência de acidentes mortais.

4. AGRADECIMENTOS
Este trabalho foi financiado por: Financiamento Base - UIDB/04708/2020 e Financiamento
programático - UIDP/04708/2020 da Unidade de Investigação CONSTRUCT - Instituto de I&D em
Estruturas e Construções - financiada por fundos nacionais através da FCT/MCTES (PIDDAC).

5. REFERÊNCIAS
[1] Tender, M., Couto, J. (2017). Study on prevention implementation in tunnels construction: Marão
Tunnel’s (Portugal) singularities Revista de la Construcción, 16, 2, pp. 262-273. DOI:
10.1590/0370-44672016700151.
[2] Tender, M., Couto, J. (2016). Analysis of health and safety risks in underground excavations–
identification and evaluation by experts. International Journal of Control Theory and Applications,
9, 6, pp. 2957-2964.
[3] Ritter, S., Einstein, H., Galler, R. (2013). Planning the handling of tunnel excavation material - A
process of decision making under uncertainty. Tunnelling and Underground Space Technology,
33, pp. 193-201. DOI: 10.1016/j.tust.2012.08.009.
[4] Tender, M., Couto, J. (2016). "Safety and Health” as a criterion in the choice of tunneling method.
Occupational Safety and Hygiene IV. Arezes et al (ed), pp. 153-157, CRC Press/Balkema: Londres,
Inglaterra.
[5] Eskesen, S. (2015). Keynote lecture. SEE Tunnel: promoting tunnelling in SEE Region. Kolic, D. (ed),
pp. 5, Hubitg: Dubrovnik, Croácia.
[6] Spencer, S. (2015). Mobilising Latin America. Tunnels and Tunneling, March 2015, pp.
[7] Kaliampakos, D., Benardos, A., Mavrikos, A. (2016). A review on the economics of underground
space utilization. Tunnelling and Underground Space Technology, 55, pp. 236-244. DOI:
10.1016/j.tust.2015.10.022.
[8] International Tunnelling Association - Working Groups 14 - Mechanized Tunnelling / 19 -
Conventional Tunnelling (2016). Report nº 17 - Recommendations on the development process for
mined tunnels. International Tunnelling Association: Avignon, França.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


96
TEMA 05

MONITORIZAÇÃO, INSPEÇÃO E
EXPERIMENTAÇÃO

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


SEC 2023 – LIVRO DE ATAS
FISCALIZAÇÃO DE OBRAS PÚBLICAS – SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA
E SISTEMA DE ÁGUAS RESIDUAIS
Victor Lima1, Isabel Bentes2
1
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, victorsl98sarrazin@gmail.com
2
C-MADE, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, ibentes@utad.pt

Palavras-chave: Fiscalização, execução de obras, controlo, construção civil.

Código da Área Temática: 5 Apresentação oral

O presente resumo, diz respeito a um estágio curricular que foi desenvolvido e entregue para avaliação
à disciplina de Projeto I do 3º ano da Licenciatura em Engenharia Civil da Universidade de Trás-os-
Montes e Alto Douro (UTAD). O estágio foi realizado na empresa RIPÓRTICO, onde atuei em funções
designadas ao fiscal de obra, tive como orientador o Eng.º Eduardo Luciano, membro efetivo da Ordem
dos Engenheiros n.º 67093. A RIPÓRTICO é uma Consultora de Engenharia com o desenvolvimento de
uma variedade de serviços em Projetos de infraestruturas e no setor da Energia. Os serviços da
empresa, envolvem maioritariamente a gestão de projetos, fiscalização de obra, coordenação de
segurança em obra, supervisão, coordenação e gestão de contrato do projeto a ser executado, entre
outras ações. O objetivo do presente relatório é o desenvolvimento das atividades habitualmente
executadas no cumprimento da função de Fiscal de Obra (FISC). O estágio iniciou-se em novembro de
2021 com o seu término em fevereiro de 2022, tendo como objeto os serviços de fiscalização
prestados, na obra pública da Águas do Interior-Norte (AdIN), da ampliação das redes de Sistema de
Águas Residuais (SAR) e reestruturação das redes do Sistema de Abastecimento de Água (SAA) nos
limítrofes da cidade de Vila Real, na zona de Quintela, Parada de Cunhos, Escariz, Paredes, Coedo e
Calçada. Durante este período tive a oportunidade de adquirir experiências práticas na área da
fiscalização de obras públicas. A extensão da rede do SAR era de aproximadamente de 19.500 metros
e a reestruturação do SAA ocorrerá juntamente com a ampliação da rede do SAR. O prazo de execução
da empreitada foi de 550 dias e terminava 09/12/2022. O último ato de consignação deu-se no dia
07/06/2021, sendo que a partir dessa data, começou a contar o prazo definido. O Dono de Obra (DO),
AdIN, é uma empresa encarregada da gestão dos serviços municipais do SAA e de SAR nos Municípios
de Vila Real, Freixo de Espada à Cinta, Murça, Mesão Frio, Peso da Régua, Sabrosa, Santa Marta de
Penaguião e Torre de Moncorvo. A Empresa Manuel Joaquim Caldeira Lda., foi a Entidade Executante
(EE), uma empresa de Construção Civil e Obras Públicas, com sede na Avenida Guerra Junqueiro, em
Freixo de Espada à Cinta e titular do Certificado de Classificação de Empreiteiro de Obras Públicas nº
29077. Com a oportunidade de ingressar na equipa de fiscalização, pude desenvolver atividades como
Leitura e interpretação dos Projetos; Verificação da execução de obras em conformidade com o
projeto de execução; Fiscalização e medição dos trabalhos efetuados; Controlo do plano de trabalho
do projeto em execução; Controlo dos meios humanos e materiais à obra (do Empreiteiro); Controlo
da qualidade dos materiais aplicados em obra, conforme o projeto de execução. Estas atividades,
fazem parte do dia a dia da fiscalização, sendo adicionalmente, foram realizadas reuniões semanais
entre o DO, FISC e EE, para estudar ou resolver assuntos relativos à execução de obra. Portanto, a
minha integração na equipa de fiscalização da RIPÓRTICO e o desenvolvimento das atividades de Fiscal
de Obra, me proporcionou a aquisição de conhecimentos de como um Engenheiro Civil deve-se
posicionar nas diversas situações de trabalho, sendo estratégico e conhecedor de táticas necessárias
para solucionar a díspares adversidades que possam ocorrer em contexto de trabalho. Como
estagiário, consegui interligar o conhecimento adquirido no meio académico com o desenrolar dos
trabalhos em obra. Foi enriquecedor aprender o vocabulário técnico e formal usado profissionalmente
nessa atividade, alem de conhecer os modos de operação de uma empresa e dos seus colaboradores
nas funções desempenhadas.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


99
Figura 1. Sistema de Águas Residuais – Calçada, Figura 2. Sistema de Águas Residuais – Quintela
Coedo, Paredes e Escariz

Figura 3. Escavação em vala para a execução de Figura 4. Execução de eletrossoldadura em acessório


rede do Sistema de Águas Residuais de união

Figura 5. Execução de caixa de visita do coletor da Figura 6. Acessórios pertencentes a um ramal


rede SAR domiciliário da rede SAA

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


100
DURABILIDADE DE ETICS E DE PRODUTOS ANTI-GRAFFITI EM AMBIENTE
URBANO
Bernardo Catita Gil1
1
DECivil. Instituto Superior Técnico. bernafcgil@gmail.com.

Palavras-chave: ETICS, durabilidade, graffiti, anti-graffiti.

Código da Área Temática Apresentação oral

1. INTRODUÇÃO
A necessidade de melhoria do comportamento térmico dos edifícios existentes e novos, tem levado a
um crescente uso dos sistemas compósitos de isolamento térmico pelo exterior ETICS (External
Thermal Insulation Composite Systems). Esta solução está sujeita à degradação das suas propriedades
ao longo da sua vida útil devido à ação de agentes climáticos e antrópicos. O presente trabalho [2]
focou-se no estudo da patologia dos ETICS devido à ação dos graffiti e posterior remoção dos mesmos.
Assim, os principais objetivos do presente trabalho foram: a) o estudo da eficácia de produtos anti-
graffiti em ETICS; b) a otimização da metodologia de remoção de graffiti com base em anteriores
resultados [1] e c) a avaliação da durabilidade dos ETICS e dos próprios produtos anti-graffiti.

2. CAMPANHA EXPERIMENTAL
A campanha experimental dividiu-se em cinco etapas: - i. Caraterização inicial dos ETICS no estado
novo; - ii. Aplicação dos produtos comerciais anti-graffiti; - iii. Aplicação das tintas em aerossol de
graffiti, iv. Remoção dos graffiti; - v. Envelhecimento artificial acelerado (Ciclos higrotérmicos).
Menciona-se no Quadro 1 os parâmetros de caraterização das propriedades físicas e de transporte de
água da superfície dos ETICS ensaiados e avaliados entre cada etapa da campanha. A campanha
experimental incluiu ensaios em 192 provetes [2].

Quadro 6. Parâmetros de caraterização das propriedades físicas e de transporte de água ensaiados.


Parâmetros de caraterização Normas (adaptadas)
Rugosidade superficial Manual de instruções
Dureza superficial ASTM D2240 (2015)
Brilho especular ASTM D6578 (2018)
Avaliação colorimétrica ASTM D2244 (2016)
Absorção de água por capilaridade EAD 040083-00-0404 (2019)
Cinética de Secagem EN 16322 (2013)

2.1 METODOLOGIA DE LIMPEZA


Com base nos resultados obtidos por [1] e com o objetivo de diminuir o impacto negativo nas
superfícies dos ETICS e no ambiente e saúde do operador optou-se por uma metodologia com 6 níveis
de remoção, utilizando vapor de água a baixa pressão (3 bar) e escovagem manual: 1º Nível: Aplicação
de vapor de água (3 bar) em toda a superfície do provete durante 10 segundos; 2º Nível: 6 passagens
com a escova da máquina de vapor com a aplicação, em simultâneo, de vapor de água (3 bar),
alternando ortogonalmente a posição do provete de 2 em 2 passagens; 3º, 4º e 5º Níveis: Repetição
do método do 2º nível; 6º Nível: Escovagem manual, utilizando a escova da máquina de vapor, com 10
movimentos circulares no sentido horário; No final da remoção, aplicação de vapor de água (3 bar) em
toda a superfície do provete durante 5 segundos para lavagem da superfície [2].

2.2 MATERIAIS
Foram utilizados, neste trabalho, 4 tipos diferentes de ETICS, 2 tipos de tintas em aerossol (graffiti) e
3 tipos de produtos comerciais anti-graffiti. No Quadro 2 apresentam-se as características principais
dos materiais utilizados [2].
SEC 2023 – LIVRO DE ATAS
101
Quadro 7. Caraterísticas principais dos materiais utilizados na campanha experimental.
ETICS
S1 S2 S3 S4
Isolamento térmico Isolamento térmico ICB2 Isolamento térmico Isolamento térmico ICB
EPS1 com espessura com espessura média MW3 com espessura com espessura média
média de 40 mm, 2ª de 60 mm, 2ª camada média de 39 mm, 2ª de 60 mm, 2ª camada
camada com argamassa com argamassa à base camada com argamassa com argamassa à base
à base de cimento de cal hidráulica (10%- à base de cimento de cimento Portland
Portland (25%-50%) e 20%) + cimento Portland (25%-50%) e (25%-50%) + cal
acabamento com Portland (5%-10%) e acabamento com co- hidráulica (5%-10%) e
primário + tinta aquosa acabamento com polímero acrílico agregados de cortiça e
100% acrílica. argamassa à base de cal aquoso (primário) e acabamento com
aérea (>50%) + revestimento acrílico primário e tinta à base
pigmentos. aquoso. de silicatos de potássio.
Produtos anti-graffiti
AG1 AG2 AG3
Produto sacrificial de base Produto semi-permanente, Produto permanente, à base de
aquosa e com cor transparente contendo nano-partículas e com polímeros de
(amarelada). cor esbranquiçada. poliorganosiloxanos e com cor
transparente (opala).
Tintas em aerossol (de graffiti)
B S
Cor azul ultramarino (código BLK 5080 da marca Cor prata (código EX014H0101 da marca
Montana ColorsTM S.L.) Montana ColorsTM S.L.)
1 - Poliestireno expandido; 2 - Aglomerado de cortiça expandida; 3 - Lã mineral ou de vidro.

3. RESULTADOS E CONCLUSÕES
Verificou-se que para além da significativa alteração na cor, as tintas em aerossol, habitualmente
empregues em graffiti, reduziram o coeficiente de absorção de água por capilaridade e promoveram
uma maior resistência à secagem dos ETICS [2]. Observou-se que a rugosidade e dureza superficial das
superfícies dos ETICS não alteraram significativamente com a remoção mecânica das tintas em
aerossol através do uso de escova e aplicação de vapor de água a baixa pressão. De facto, a
metodologia de limpeza proposta revelou-se viável, sendo que as propriedades do sistema com
isolamentos térmicos à base de EPS (S1) foram menos alteradas, se se comparar com os resultados
obtidos em trabalhos anteriores, nos quais foram utilizados removedores químicos que deteriorar
significativamente os isolamentos em EPS. [1,2]. A aplicação dos produtos AG2 e AG3 viabilizaram a
remoção das tintas, enquanto o produto AG1 mostrou-se pouco eficaz tendo sido, igualmente, aquele
que mais alterou a cor inicial da superfície dos ETICS [2]. Relativamente às propriedades de transporte
de água, concluiu-se que a aplicação dos produtos anti-graffiti AG2 e do AG3 reduziu
significativamente a absorção de água por capilaridade e aumentou a resistência à secagem dos ETICS.
O produto anti-graffiti AG1 promoveu uma maior absorção de água por parte dos sistemas e uma
maior resistência de secagem [2]. Os resultados do envelhecimento artificial, através de ciclos
higrotérmicos, mostraram que a durabilidade dos ETICS é significativamente afetada para pior com a
aplicação dos produtos anti-graffiti e com a remoção das tintas em aerossol, nomeadamente em ETICS
com lã mineral (MW (S3)), concluindo-se que a utilização deste tipo de ETICS em zonas suscetíveis de
vandalismo por graffiti apresenta desempenho mais limitado [2].

4. REFERÊNCIAS
[1] Feltes, J. C. (2020), “Application and removal of graffiti on ETICS: influence on their water
transport properties”, Dissertação para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia Civil,
Instituto Superior Técnico, Universidade de Lisboa.
[2] Gil, C. B. (2021), “Durabilidade de ETICS e de produtos anti-graffiti em ambiente urbano”,
Dissertação para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia Civil, Instituto Superior Técnico,
Universidade de Lisboa.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


102
DETEÇÃO DE DANO EM RODAS DE VEÍCULOS FERROVIÁRIOS BASEADA EM
TÉCNICAS DE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
António Guedes1, Diogo Ribeiro1, Pedro Montenegro2, Andreia Meixedo2
1
Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP)
2
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP)

Palavras-chave: deteção de dano, simulação numérica, Inteligência Artificial (IA), poligonização nas
rodas

Código da Área Temática 05 Apresentação oral

1. OBJETIVOS
Este trabalho de dissertação de mestrado tem como principal objetivo o desenvolvimento de uma
metodologia não supervisionada, baseada em técnicas de Inteligência Artificial (IA), para deteção
de poligonização nas rodas de veículos ferroviários. A dissertação enquadra-se no âmbito do
projeto WAY4SAFERAIL - WAYside monitoring system FOR SAFE RAIL transportation, que visa
conceber um sistema de monitorização de baixo custo capaz de avaliar a condição das rodas dos
comboios em operação.

2. METODOLOGIA
A metodologia para a deteção automática da poligonização das rodas desenvolve-se em 4 etapas.
Numa primeira fase, os dados provenientes do sistema de monitorização são usados para a
extração de indicadores sensíveis ao dano nomeadamente os modelos Autorregressivos (AR/ARX),
Transformadas Contínuas Wavelet (CWT) e Análise de Componentes Principais (PCA).
Posteriormente, os indicadores extraídos são normalizados relativamente aos efeitos das
variações operacionais e ambientais com recurso à Análise de Componentes Principais (PCA).
Posteriormente, para aumentar a sensibilidade na identificação do dano, é realizada a fusão dos
dados utilizando a distância Mahalanobis. Por último, e de modo a classificar os indicadores como
estando associados a um caso com ou sem dano, é realizada a discriminação de indicadores
através de uma análise de outlier utilizando um limite de confiança estatístico [1].
A metodologia proposta é testada com base num sistema virtual de monitorização na via com
recurso a acelerómetros. A resposta dinâmica é obtida em vários pontos de medição no carril com
recurso a um modelo numérico que contempla a interação dinâmica veículo-via [2], para a
passagem de um comboio de mercadorias constituído por 5 veículos do tipo Laagrss. Para tal,
foram considerados diferentes tipos de cenários baseados em condições reais de operabilidade,
quer para cenários de base (sem dano) quer para os cenários de dano. Para os cenários de dano
foram consideradas diferentes gamas de poligonização nas rodas com harmónicos de ordem 4-7,
10-13 e 17-20.

3. RESULTADOS
Na Figura 16 apresenta-se os resultados da aplicação da metodologia de deteção automática da
poligonização nas rodas com base nas diferentes técnicas de extração de indicadores de dano
(ARX, PCA e CWT). Os resultados têm por base 113 cenários de base e 30 cenários de dano
localizados em diferentes rodas relativas a diferentes vagões (1º, 3º e 5º vagão).
Conforme é provado pela Figura 16, a deteção de dano foi bem-sucedida em todas as abordagens,
tendo-se constatado uma clara separação entre todos os indicadores relativos aos cenários de
base e de dano. Conforme retratado nas Figura 16a e 1c, os resultados baseados em indicadores
ARX e CWT, respetivamente, são aqueles que demonstraram uma maior sensibilidade para a
deteção da poligonização nas rodas.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


103
Disposição de Sensores

(a)

Disposição de Sensores

(b)

Disposição de Sensores

(c)

Figura 16. Deteção automática de dano considerando 6 acelerómetros para todos os 113 cenários de base
e 30 cenários de dano: (a) baseado na técnica ARX; (b) baseado na técnica PCA; (c) baseado na técnica
CWT.

4. CONCLUSÕES
Em conclusão, a metodologia provou ser eficaz na deteção do dano em estágios bastante precoces,
sem ocorrências de falsos negativos e com uma única situação de falso positivo (técnica CWT). São
observadas algumas falsas deteções nos resultados baseados nas técnicas de extração de
indicadores ARX e PCA, 2 e 4 falsos positivos, respetivamente, o que permite concluir que as
utilizações destas técnicas conduzem a uma deteção da poligonização nas rodas ligeiramente
menos eficiente.
Assim, os resultados alcançados demonstram o elevado potencial desta aplicação inovadora de
análise e fusão de dados na indústria ferroviária, especialmente para os gestores de
infraestruturas. No futuro a metodologia proposta será validada através de ensaios na via-férrea
baseados em medições realizadas no local.

5. REFERÊNCIAS

[1] Meixedo A., Santos J., Ribeiro D., Calçada R., Todd M. - Damage detection in railway bridges using
traffic-induced dynamic responses. Engineering Structures, 2021. 238: 112189, doi:
10.1016/j.engstruct.2021.112189.
[2] Montenegro, P.A., Neves, S.G.M., Calçada, R., Tanabe, M., Sogabe, M. - Wheel-rail contact
formulation for analyzing the lateral train-structure dynamic interaction. Computers & Structures,
2015. 152: 200-214.
SEC 2023 – LIVRO DE ATAS
104
GESTÃO DE INFRAESTRUTURAS RODOVIÁRIAS: TOMADA DE DECISÃO
BASEADA EM MONITORIZAÇÃO E INDICADORES DE DESEMPENHO
Ricardino Brito1, Simona Fontul2, Paula Couto3
1
Faculdade de Ciências e Tecnologia. Universidade NOVA de Lisboa. rg.brito@campus.fct.unl.pt
2
Faculdade de Ciências e Tecnologia. Universidade NOVA de Lisboa / Departamento de Transportes.
Laboratório Nacional de Engenharia Civil. simona@lnec.pt
3
Departamento de Edifícios. Laboratório Nacional de Engenharia Civil. pcouto@lnec.pt

Palavras-chave: Gestão de infraestruturas rodoviárias, Inspeção e monitorização de pavimentos,


Indicadores de desempenho de pavimentos, Apoio à tomada de decisão.

Código da Área Temática: 5 Apresentação oral ou Poster

1. RESUMO
A gestão de Infraestruturas Rodoviárias (IR) requer estudos rigorosos do estado real dos
pavimentos para uma tomada de decisão eficiente sobre as ações de Manutenção e Reabilitação
(MR) mais adequadas. Este trabalho contribui para um melhor planeamento e execução destas
ações, com base em dados de inspeção e monitorização, obtidos no momento da avaliação, e em
Indicadores de Desempenho (ID). O processo de apoio à tomada de decisão aplicado permite
auxiliar na escolha das melhores opções para minimização do impacto económico, social e
ambiental. Os ID aqui propostos foram validados pela aplicação a um caso de estudo de uma
estrada nacional.

2. INTRODUÇÃO
A gestão eficiente de IR requer uma avaliação cuidadosa da condição dos pavimentos, e a obtenção
de informação quantitativa e qualitativa a partir dos registos de construção, manutenção,
inspeção e monitorização. Com base nesta informação, a Análise Multicritério (AM) é uma
ferramenta útil que auxilia na minimização da complexidade do problema e na escolha das
melhores opções de MR. Esta metodologia permite avaliar a condição dos pavimentos com base
em ID: funcionais, estruturais, de sustentabilidade e de drenagem, contribuindo para uma gestão
eficiente da MR dos pavimentos, elegendo soluções com a melhor relação custo-benefício. O
objetivo principal é garantir uma gestão eficiente dos pavimentos, considerando as diferentes
vertentes do desempenho dos mesmos.

3. METODOLOGIA DE APOIO À DECISÃO


O processo de MR de pavimentos envolve várias etapas, como sejam a identificação, a avaliação,
a decisão e, por fim, a execução, sendo baseado na literatura [1, 2], de acordo com a metodologia
apresentada na Figura 1.
A utilização desta metodologia permite entender e conhecer quais os métodos de AM que melhor
ajudam na tomada de decisão sobre a MR dos pavimentos. A aplicação de diferentes métodos de
AM em conjunto com dados e análises de sensibilidade possibilitam ao agente decisor a tomada
uma decisão mais informada e baseada em conhecimento. Assim, esta metodologia pode ser
seguida para uma gestão mais eficaz e eficiente de IR.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


105
Figura 8. Fluxograma do processo de Manutenção e Reabilitação de pavimentos [1, 2].

4. PROPOSTA ELABORADA E VALIDAÇÃO


A proposta final deste estudo apresenta a utilização dos quatro pilares principais para a gestão de
IR, nomeadamente, a compilação de indicadores funcionais, estruturais, de sustentabilidade e de
drenagem, para avaliar a condição dos pavimentos e tomar decisões precisas sobre a respetiva
MR. Estes pilares devem ser usados para obter o GPIIR - Índice de Desempenho Geral de IR, com
base na Equação 1. O estudo destes pilares mostrou que eles têm escalas diferentes, tendo sido
necessário uniformizá-los. Além disso, os modelos de AM são flexíveis e podem ser calibrados de
acordo com a especificidade da aplicação.

𝐺𝑃𝐼$% = 0,50×GPI + 0,25×RSF + 0,25×DSI (1)

Em que: GPIIR é o índice de desempenho geral de infraestruturas rodoviárias; GPI é o indicador de


desempenho geral, que inclui parâmetros funcionais e estruturais; RSF é o fator de
sustentabilidade rodoviária; DSI é o indicador de sistema de drenagem.
Para efeito de validação, a metodologia desenvolvida foi aplicada na avaliação da condição do
pavimento de uma estrada nacional em serviço, antes da sua reabilitação e 8 anos após a
reabilitação [3]. O resultado obtido foi a média ponderada de GPIIR de 3,39 antes da beneficiação
e de 1,67 após a beneficiação. Assim, conclui-se que antes da beneficiação o pavimento tinha um
desempenho medíocre e requeria reparação ou reconstrução imediata, e após a beneficiação
tinha um desempenho bom e requeria conservação a médio prazo [4].

5. CONCLUSÕES
Este estudo objetivou a melhoria na utilização de dados de inspeção e monitorização de
pavimentos flexíveis para a tomada de decisões de MR, mostrando a sua eficiência na avaliação
da condição do pavimento. O GPIIR foi proposto e validado numa estrada nacional em serviço,
antes e após a sua reabilitação, e pode ser usado para avaliar pavimentos flexíveis com base em
dados de inspeção e monitorização. Acredita-se que este trabalho ajudará a tomar decisões
precisas com base na condição real do pavimento.

6. REFERÊNCIAS
[1] Almada, J. (2016). Composição de custos diretos, caso de estudo: reabilitação de estradas,
Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil (ISEP).
[2] Barreto, F. (2013). Beneficiação, Reabilitação e Manutenção de Estradas, Dissertação de Mestrado
em Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP).
[3] Antunes, M.; Fontul, S.; Pinelo, A. Estudos Relativos a Técnicas de Refuerzo de Firmes Flexibles
Agrietados. CARRETERAS nº 110, Setembro - Outubro de 2000, pp. 53-68.
[4] Brito, R. (2022). Gestão de Infraestruturas Rodoviárias, Tomada de Decisão Baseada em
Monitorização e Indicadores de Desempenho, Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil,
NOVA School of Science e Technology, (FCT|NOVA).
SEC 2023 – LIVRO DE ATAS
106
DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÃO DE UM SISTEMA DE MONITORIZAÇÃO A
UM MODELO À ESCALA REDUZIDA
Bernardo Tavares1, Filipe Cavadas2, Carlos Félix3
1
Instituto Superior de Engenharia do Porto. btdss@isep.ipp.pt
2
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. fcavadas@fe.up.pt
3
Instituto Superior de Engenharia do Porto. csf@isep.ipp.pt

Palavras-chave: sistema de monitorização, modelo à escala reduzida, modelo numérico

Código da Área Temática: 5 Apresentação oral ou Poster ou Vídeo

1. INTRODUÇÃO
O presente documento corresponde ao resumo da dissertação de mestrado desenvolvida pelo
primeiro autor no âmbito do projeto de investigação S4Bridges – a smart approach for the
maintenance of existing bridges. Este trabalho incidiu no desenvolvimento de um modelo
laboratorial à escala reduzida, que se encontra presente no Laboratório de Física das Construções
do Instituto Superior de Engenharia do Porto, e na posterior aplicação de um sistema de
monitorização.
Importante também referir que, no final da tese de mestrado, o primeiro autor teve a
oportunidade de dar continuidade ao trabalho desenvolvido, no decorrer de uma bolsa de
investigação que lhe foi, entretanto, atribuída. Deste modo, o resumo apresentado estende-se a
esta.
O projeto de investigação teve igualmente divulgação, tanto nacional como internacional, sob a
forma de artigos científicos e comunicações orais perante a comunidade científica.

2. TRABALHO DESENVOLVIDO
Numa primeira fase, foi projetado e construído um modelo laboratorial reduzido à escala do
tabuleiro de uma ponte metálica, retratado na Figura 1. Este corresponde a um par de treliças
Pratt simplesmente apoiadas, perfazendo um comprimento total de vão de 3.0 m. Para o
desenvolvimento do modelo foi necessário recorrer-se a ferramentas de desenho automático 2D
e 3D (Autodesk Autocad ®, Autodesk Advance Steel ® e Fusion 360 ®). O mesmo encontra-se
submetido a diferentes condições de solicitação, e pode ser submetido a diversos cenários de
dano, simulando sempre condições de exploração representativas da realidade.

Figura 9. Vista geral do modelo laboratorial construído.

O conjunto de ações que podem ser aplicadas à estrutura simulam: i) as restantes ações
permanentes, através de barras de aço distribuídas ao longo da viga, de 20 kg cada; ii) o efeito do
tráfego, através da suspensão de dois reservatórios de água de 20 l de capacidade cada, cujo nível
SEC 2023 – LIVRO DE ATAS
107
pode ser ajustado a cada momento através de um sistema de enchimento/esvaziamento; iii) o
efeito do atravessamento de uma carga móvel, materializada por um veículo robotizado e de
funcionamento autónomo, de quatro rodas e com carga variável, até um máximo de 100 kg; iv) o
efeito da variação da temperatura.
Relativamente aos cenários de dano idealizados, foram previstas três situações: i) perda de seção
de barras, simulando, por exemplo, a sua corrosão; ii) perda de barras, simulando, por exemplo, a
rotura de uma ligação; iii) restrições aos movimentos longitudinais dos apoios, simulando o
envelhecimento ou mau funcionamento dos apoios.
Já com o modelo laboratorial em funcionamento, avançou-se para a aplicação de um sistema de
monitorização. Este é composto por um conjunto de sensores, de quatro naturezas diferentes
(transdutores de deslocamento, do tipo LVDT, inclinómetros, extensómetros de resistência
elétrica e sensores de temperatura), uma unidade de aquisição de dados, um computador ligado
à rede web e um sistema de alimentação e de proteção contra sobretensões, que inclui uma UPS
(Uninterruptable Power Supply).
Após a colocação em funcionamento de tanto o modelo laboratorial à escala reduzida, como do
respetivo sistema de monitorização, foi possível proceder-se à análise experimental e numérica.
Nesta etapa, efetuou-se a comparação entre os valores obtidos laboratorialmente e os resultados
numéricos, permitindo assim a construção de uma base de dados, validada através da exploração
das técnicas numéricas exploradas em paralelo. O modelo numérico foi desenvolvido no Autodesk
Robot Structural Analysis ®.
Posteriormente avançou-se para a aplicação de técnicas de processamento de dados. De facto, e
tendo em conta a natureza do trabalho desenvolvido, foi necessário considerar-se eventuais erros
de medição, fontes de ruído, entre outras fontes de perturbações. Como tal, pretendeu-se
melhorar a fiabilidade das séries de dados com recurso à aplicação de algoritmos e filtros, tanto
no pré, como no pós-processamento. No seguimento desta etapa, visou-se explorar técnicas de
deteção de dano, nomeadamente metodologias baseadas no histórico de dados, com particular
foco na análise estatística destes, em particular na regressão linear múltipla.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


108
DESENVOLVIMENTO DE MODELOS DE MACHINE LEARNING BASEADOS EM
DADOS DE MONITORIZAÇÃO CONTÍNUA DE BARRAGENS DE BETÃO PARA
INTERPRETAÇÃO DO COMPORTAMENTO ESTRUTURAL OBSERVADO
J. A. Silva1, A. Cunha2, J. Mata3, S. Pereira4
1
CONSTRUCT. Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. up201705605@up.pt
2
CONSTRUCT. Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. acunha@fe.up.pt
3
Departamento Barragens de Betão. Laboratório Nacional de Engenharia Civil. jmata@lnec.pt
4
CONSTRUCT. Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. sbp@fe.up.pt

Palavras-chave: Barragem de Betão, Machine Learning, Comportamento Estrutural, Sistema de


recolha dados.
Código da Área Temática 5 Apresentação oral

1. SUMÁRIO
A interpretação do comportamento observado de uma barragem de betão pode ser realizada por
modelos de dados, sem recorrer explicitamente aos princípios da Mecânica, calibrados com
recurso aos dados da monitorização do sistema barragem-fundação-albufeira. A exploração de
modelos de Machine Learning (ML) pode ser potenciada, neste contexto, a partir de abordagens
do tipo HST (Hydrostatic, Seasonal, Time) ou HTT (Hydrostatic, Temperature, Time) [1]. Neste
trabalho desenvolveram-se modelos de ML para estudar a componente radial do deslocamento
horizontal de diversos pontos da barragem do Baixo Sabor, utilizando dados de registo manual e
automático, a fim de se poder explicitar as vantagens e desvantagens da aplicação destes modelos
e quantificar do efeito da frequência da aquisição dos dados.

2. MODELOS EXPEDITOS DE INTERPRETAÇÃO DO COMPORTAMENTO ESTRUTURAL


A abordagem mais comum para o desenvolvimento de modelos expeditos no campo da engenharia
de barragens designa-se por HST [1]. Esta abordagem considera que a resposta estrutural
observada é o resultado da combinação de três efeitos: o efeito da carga hidrostática [e.g.
𝑈ℎ(ℎ)=𝑎1∗ℎ4, em que h é a altura de água na albufeira], o efeito da variação sazonal da
temperatura, através de funções sinusoidais de período anual [e.g.
&
𝑈𝜃(𝜃1)𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙=𝑏1∗cos(𝜃1)+𝑏2∗sin(𝜃1)] e o efeito do tempo [e.g. 𝑈𝑡(𝑡)=𝑐1∗ln ( 1+' )]. Em condições de
exploração normal os efeitos das variações da pressão hidrostática e da temperatura podem ser
estudados separadamente, sendo válido o princípio da sobreposição de efeitos.
A abordagem do tipo HTT ([2], [3] e [4]) difere da abordagem HST na componente referente ao
efeito térmico. Neste caso, o efeito da temperatura pode ser representado através das tempera-
turas medidas no corpo da obra ou pela temperatura do ar [e.g. 𝑈T(T)=d1∗T*ar].
Foi escolhida para desenvolvimento neste trabalho esta abordagem do tipo HTT, utilizando os
registos da temperatura do ar, que levou à necessidade da proposta de uma metodologia capaz
de integrar estes registos como valor de entrada, dado o facto da componente do efeito térmico
da resposta estar desfasada da onda térmica do ar, devido às caraterísticas da estrutura.
Esta metodologia consiste: i) na transformação dos registos das temperaturas do ar, com
frequência de aquisição horária, através de uma função de suavização (com base em médias
móveis ponderadas) de forma a se obter uma curva representativa da variação térmica anual;
ii) na elaboração de um modelo do tipo HST para identificar a fase da onda térmica anual
representativa do efeito térmico da resposta observada (𝑈𝜃(𝜃1)𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙); iii) na determinação do
desfasamento entre as duas séries de valores anteriores, adotando o desfasamento que origina
um maior valor para a função de correlação cruzada.
Neste trabalho aplicaram-se métodos de ML para a elaboração destes modelos interpretativos,
tais como a Regressão Linear Múltipla (RLM) e Redes Neuronais Artificiais do tipo Multicamada
Perceptrão (NN – MLP).

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


109
3. CASO DE ESTUDO E ANÁLISE DOS PRINCIPAIS RESULTADOS
O caso de estudo escolhido foi a barragem do Baixo Sabor, uma barragem de betão em arco com
dupla curvatura e altura máxima de 123 m. A grandeza alvo deste estudo foram os deslocamentos
horizontais medidos no fio de prumo 5, à cota - 230,22m, tendo sido escolhida a componente
predominante nestes casos, a radial. Foram elaborados os modelos com as abordagens e métodos
anteriormente referidos, utilizando as medições do sistema de medição automática (registos com
frequência horária). Depois foi efetuada uma análise do desempenho dos mesmos modelos con-
siderando diferentes frequências de aquisição, tendo sido produzidas matrizes de valores com
frequências diárias, semanais e quinzenais. Apresentam-se no Quadro 1. valores indicadores de
desempenho (coeficientes de determinação (R2) e desvio padrão, máximo e mínimo dos resíduos)
para cada um dos modelos (HST_RLM; HST_NN; HTT_RLM; HTT_NN), para a frequência horária.
No Quadro 2. são apresentados os valores do R2 e do desvio padrão dos resíduos para os modelos
do tipo HTT_NN, elaborados com as diferentes frequências de aquisição.
Estes modelos foram desenvolvidos com o software R [5] no ambiente de trabalho Rstudio [6].

Quadro 8. Valores característicos de modelos com frequência horária Quadro 9. Efeito da frequência em modelos HTT_NN

Resíduos Resíduos
2 Modelo: 2
Modelo R Desvio- R Desvio-
Máximo Mínimo HTT_NN
Padrão Padrão
HST_RLM 0,942 1,114 2,67 -3,87 Horária 0,983 0,613
HST_NN 0,974 0,752 2,28 -3,02 Diária 0,982 0,623
HTT_RLM 0,977 0,712 2,25 -2,43 Semanal 0,980 0,653
HTT_NN 0,983 0,613 2,06 -2,15 Quinzenal 0,980 0,654

4. CONCLUSÕES E DESENVOLVIMENTOS FUTUROS


A principal inovação neste trabalho foi a proposta de uma metodologia para a construção de
modelos do tipo HTT com recurso às medições da temperatura do ar para representar o efeito
térmico.
Produzidos os diversos modelos, foi possível analisar o desempenho dos mesmos, tendo sido
constatado, numa análise entre os modelos construídos com dados horários, que o modelo
seguindo a abordagem proposta HTT, com o método NN - MLP, obtém o melhor desempenho
analisando o R2 e o desvio padrão dos resíduos. Esta aplicação mostrou-se interessante, estando
agora abertos novos caminhos para a aplicação a outras grandezas e também a outros métodos
de ML. Com a análise da frequência de aquisição produzida foi identificado que, seguindo qualquer
um dos modelos, a variação de frequência de medição não afeta significativamente os resultados.
Estes resultados são importantes para ilustrar como são afetados os resultados dos modelos se
for necessário reduzir a frequência de medição de forma a prolongar a sua vida útil dos
instrumentos de medição. No entanto, será necessário alargar o estudo a mais pontos da barragem
para termos uma quantidade suficiente de resultados para a confirmação do estudo.

5. REFERÊNCIAS
[1] ICOLD. (2003). Methods of analysis for the prediction and verification of dam behaviour.
21st Congress of the International Commission on Large Dams, Montreal.
[2] Léger, P.; Leclerc, M. (2007). Hydrostatic, Temperature, Time-Displacement Model for
Concrete Dams. Journal of Engineering Mechanics. Vol. 133, pp. 267-277.
[3] Mata, J. (2013). Structural safety control of concrete dams aided by automated monitoring
systems. PhD Thesis, IST, Universidade de Lisboa, Portugal.
[4] Salazar, F.; Morán, R.; Toledo, M.; Oñate, E. (2017). Data-Based Models for the Prediction of
Dam Behaviour: A Review and Some Methodological Considerations. Arch Computat
Methods Eng., pp. 1-21.
[5] R Core Team. (2022). R: A language and environment for statistical computing. R Foundation
for Statistical Computing, Vienna, Austria.
[6] Team, R. (2022). RStudio: Integrated Development Environment for R. RStudio, PBC.

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110
DATA-DRIVEN MODELLING OF THE STRUCTURAL BEHAVIOR OF CONCRETE
DAMS USING MACHINE LEARNING TECHNIQUES
João Francisco Henriques de Sena Cardoso1, Juan Mata2, João Almeida1
1
Instituto Superior Técnico, Portugal, joao.sena.cardoso@tecnico.ulisboa.pt, jalmeida@civil.ist.utl.pt
2
Laboratório Nacional de Engenharia Civil, Portugal, jmata@lnec.pt

Keywords: Structural Health Monitoring of Dams, Analysis and Interpretation of Observed Behavior,
Machine Learning.

5. Monitorização, Inspeção e Experimentação Apresentação oral ou Poster ou Vídeo

1. ABSTRACT
Structural health monitoring of dams (SHMD) consists of activities and procedures that provide information
and data necessary for the assessment of the structural safety of dams (Figure 10, left). During its life cycle,
a dam is exposed to loads (Figure 10, right) that may lead to detrimental effects as minor incidents or even
failure. These effects may cause human casualties, and economic or environmental damages as recorded
in historical accidents. The collected data from the monitoring system is then compared to predictive
models that represent the expected behavior. These models can be statistical, deterministic, hybrid or
mixed [1]. This work provides a comparison between the traditional Hydrostatic-Season-Time model (HST)
(Eq. (1)), the Hydrostatic-Temperature-Time model (HTT) (Eq. (2)) and a Hydrostatic-Temperature-
Foundation-Time model (HTFT) (Eq. (3)). The latter is an innovative new type of model proposed by the
authors. The HTT and HTFT models consider the thermal load assessed via temperature measurements in
the dam body and, for the latter case, the foundation deformation is also considered.

𝛿+,- (ℎ . , 𝑑 ) = ∑ 𝛽. × ℎ . + 𝛽/ × 𝑠𝑒𝑛 (𝑑) + 𝛽0 × 𝑐𝑜𝑠(𝑑) + 𝑘 (1)


𝛿+-- (ℎ . , 𝑇1 ) = ∑ 𝛽. × ℎ . + ∑ 𝛽1 × 𝑇1 + 𝑘 (2)
𝛿+-2- (ℎ , 𝑇1 , 𝐸𝐹3 ) = ∑ 𝛽. × ℎ . + ∑ 𝛽1 × 𝑇1 + ∑ 𝛽3 × 𝐸𝐹3 + 𝑘
. (3)

Figure 10. Left - Main activities of SHMD [1]; Right - Loads affecting the structural response of the dam
[1].

Machine learning is part of the artificial intelligence field and studies the development and application of
algorithms that can learn from data. The goal of using machine learning methods is to find the best
relationship between the observed structural behavior and the independent variables. Multiple Linear
Regression (IQ) is the traditional statistical method adopted for developing data-driven models to interpret
the structural behavior of the dam. The method has been proven reliable and mathematically sound in
previous studies. Artificial Neural Networks (NN) can be applied to different types of problems and is
suitable to both supervised and unsupervised learning. The unit basis for such a method is the artificial
neuron, in which the independent variables are the inputs (Figure 11, left). These inputs are weighted and
added at the core of the artificial neuron, the weighted sum is then transferred to the output via a transfer
function. Random Forest method (RF) is used for both regression and classification problems. This method
can tackle problems in a simple way while remaining an accurate approach for data control. The most used
method of Random Forest is the Random Forest with Random Inputs (Figure 11, right) which adds another
randomness effect that contributes to obtain more significant results.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


111
Figure 11. Left - Artificial neuron; Right - Diagram of random forest with random inputs.

In the study conducted, the proposed methodology has been applied to a case study (Figure 12, left) and
the following outcomes were quantified/evaluated: i) if is possible to improve the performance with the
relative movements of the rock mass foundation (HTFT); ii) whether the application of the machine learning
techniques is reliable and how it compares with the performance of the traditional methods; iii) whether it
is possible to reduce the number of independent variables.
Out of the seven formulations developed in the main work for two different points in the dam body, the
modelling fit for the observed behavior and performance parameters of one of them is displayed in Figure
13. The three models, one for each of the three machine learning methods, represent the radial
displacement measured at FP3-326,5m at the central block of the Alto Lindoso dam (Figure 12, right), for
both the learning and prediction period.

Figure 12. Left - Alto Lindoso dam; Right - Central block instrumentation of the Alto Lindoso dam [1].

Model Model Model


IQ6 NN6 RF6
𝜀𝑚 𝑖𝑛 (mm) -1,63 -0,91 -1,32 Where:
𝜀𝑚 𝑎𝑥 (mm) 1,44 1,08 1,48 𝜀 – residuals;
𝜎𝜀 (mm) 0,35 0,27 0,32 𝜎𝜀 −standard deviation of the residuals.
𝑅2 - 0,45 0,66 0,54

, 𝜀 2 (mm2) 34,18 21,03 28,92

Figure 13. Selected fitted model and prediction and model performance parameters for the learning
period for the observed horizontal displacement at FP3-326,5m [2].

The thermal effect displayed a superior correlation with the displacements when considering the measured
temperatures (HTT models) than with the seasonal formulation (HST model). Although the IQ method and
RF method diverged on which governing variables were more important at the lower point, it is argued that
reducing the governing variables does not significantly decrease the performance of the models. The HTFT
models returned improved performance, as gauged by the sum squared residuals parameter, although more
data is necessary for validation purposes. Both machine learning methods (NN and RF) drew good and
similar results with the traditional method (IQ). The NN method obtained better results at the upper point
and the RF method at the lower point (FP3-232,7m), but both proved to be reliable in both situations [2].

2. REFERENCES
[1] Mata, J. (2013). Structural Safety Control of Concrete Dams Aided by Automated Monitoring Systems. PhD
Thesis in Civil Engineering, Instituto Superior Técnico, Universidade de Lisboa.
[2] Sena Cardoso, J. (2021). Modelação do comportamento observado em barragens de betão com base em
técnicas de aprendizagem automática. Master’s dissertation in civil engineering, Instituto Superior Técnico,
Universidade de Lisboa. – https://fenix.tecnico.ulisboa.pt/cursos/mec/dissertacao/1409728525633125,
accessed on 25th of December of 2022.

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112
TEMA 06
REABILITAÇÃO E CONSERVAÇÃO DO PATRIMÓNIO
CONSTRUÍDO

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


SEC 2023 – LIVRO DE ATAS
ABÓBADAS QUADRIPARTIDAS E FENDAS DE SABOURET
Afonso Anjos1, António Sousa Gago2
1
DECivil. IST-UL. afonso.m.anjos@tecnico.ulisboa.pt
2
DECivil. IST-UL. antonio.gago@tecnico.ulisboa.pt

Palavras-chave: abóbada de aresta, MED, Sabouret, fendas, alvenaria

6 – Reabilitação e Conservação Património Construído Apresentação oral

1. ENQUADRAMENTO
1.1 Abóbadas de aresta - As abóbadas de aresta são um tipo de abóbada que resulta do
cruzamento de duas abóbadas de berço perpendiculares entre si. Este tipo de abóbadas encontra-
se geralmente em edifícios religiosos (igrejas, catedrais,...), edifícios de carater militar ou em
palácios. O local mais comum é sem dúvida nas igrejas. Aí, elas organizam-se sequencialmente na
direção do eixo da nave, obtendo os seus elementos designações próprias em função disso. Assim,
os compartimentos na direção do eixo da nave designam-se por compartimentos longitudinais, ao
passo que aqueles que estão na direção perpendicular se designam por compartimentos
transversais e apoiam-se geralmente em paredes de apoio designadas por paredes transversais -
ver Error! Reference source not found.1. Nos edifícios góticos essas paredes podem descarregar
em arco-botantes.

Figura 14. Designações dos principais elementos de uma abóbada de aresta.

1.2 As fendas de Sabouret – Estas fendas são uma das patologias mais frequentes neste tipo de
abóbadas. Foram primeiramente sinalizadas por Victor Sabouret , em 1928, que lhes deu o nome.
Surgem geralmente na direção paralela ao eixo da nave nos compartimentos transversais, e
caracterizam-se por atravessarem a totalidade da espessura da abóbada, do extradorso ao intradorso.
Sendo que, colocando-se o observador sobre o extradorso é possível espreitar o chão da nave da igreja
através da fenda –[1]. Embora a sua génese seja relativamente intuitiva, não é ainda completamente
conhecido se, por exemplo, as fendas constituem sempre um risco para a estabilidade da abóbada; se
estão a aumentar ao longo do tempo; se são uma consequência de alguma alteração ou se
efetivamente resultam de um mau dimensionamento ou construção, sendo portanto inevitáveis. É
com o fito de responder qualitativamente a algumas destas questões que este trabalho é desenvolvido.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


115
Figura 15. Petits-Ecuries em Versalhes, onde Sabouret as sinalizou inicialmente [2]

3. METODOLOGIA
O estudo das fendas e do comportamento das abóbadas pode ser feito recorrendo à observação
empírica, a modelos experimentais e a modelos numéricos. Estes últimos tomam inúmeras formas e
apoiam-se em diferentes hipóteses e formulações. Entre os mais utilizados na análise estrutural, o
Método dos Elementos Finitos tem sido aplicado com algum sucesso na modelação de estruturas de
alvenaria. no entanto, outras formulações parecem ser mais adequadas para representar a natureza
descontínua e anisotrópica da alvenaria. Destaca-se o método dos elementos discretos (MED).
Desenvolvido inicialmente para o estudo de descontinuidades em grandes massas rochosas, o método
baseia-se na definição do contacto entre blocos e na resolução explícita das equações do movimento
a cada passo, evitando-se a definição de complexas matrizes de rigidez. Assim, recorre-se a este
método para modelar as abóbadas em ambiente 3D.

4. RESULTADOS
Mesmo que, em alguns casos insuficientes, os resultados da análise permitem três eixos principais de
conclusões: que os modelos desenvolvidos através do MED representam uma ferramenta relevante
para a análise qualitativa do estado de fendilhação; muitas das conclusões e observações feitas ao
longo do século XX por vários autores foram demonstradas pelos resultados da modelação. As fendas
de Sabouret podem desenvolver-se mesmo no estado de peso próprio e o seu desenvolvimento é
altamente induzido pela geometria da abóbada.
Por outro lado, no que diz respeito às fendas do Sabouret, podem ser tiradas três conclusões principais:
que estas fissuras se desenvolvem mesmo para o peso próprio em quase 90 % das abóbadas
estudadas; a espessura da abóbada aumenta a profundidade das fissuras e a curvatura no
compartimento tende a reduzi-la; a característica geométrica que mais influencia o desenvolvimento
das fendas é o rácio entre vãos, s/b, desta forma, abóbadas mais oblongas são mais propensas a
desenvolver as fendas do que abóbadas mais quadradas – ver Figura 3.

Figura 16. Abóbada muito semelhante às Pétits-Écuries onde são bem evidentes as fendas de Sabouret.

5. REFERÊNCIAS
[1] J. Heyman, “Chronic defects in masonry vaults: Sabouret's cracks,” Monumentum, vol. 26, p. 131–
141, 1983.
[2] V. Sabouret, Les voûtes d'arêtes nervurées. Rôle simplement décoratif des nervures, vol. 9, 1928,
pp. 205-209.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


116
OS MUROS DE PEDRA SECA NO ALGARVE – ESTRUTURAS GEOTÉCNICAS
IMPACTANTES NA MITIGAÇÃO DE RISCOS NATURAIS E ADAPTAÇÃO
CLIMÁTICA
Ada Andressa Feroldi1
1
Departamento de Engenharia Civil. Universidade do Algarve. a63299@ualg.pt

Palavras-chave: Estruturas resilientes, Geomateriais, Património, Clima e Riscos naturais

Área temática: 6 Comunicação oral

1. ESPECIFICAÇÕES GERAIS
Em 2018, as técnicas de construção de muros de pedra seca foram consideradas património cultural
imaterial da humanidade pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e
Cultura). Todavia, os elementos estruturais “per se” não foram abrangidos, tendo ficado
desprotegidos, e, consequentemente, desprovidos de qualquer intervenção que assegure a sua
proteção, bem como a sua manutenção e preservação. Apesar de Portugal estar repleto de regiões
cuja paisagem é modelada com recurso a muros de pedra seca, apenas duas estão atualmente
classificadas pela UNESCO como património de elevado interesse histórico, nomeadamente, a
Paisagem do Alto Douro Vinhateiro e a Paisagem Vinícola da Ilha do Pico [1].
2. PATRIMÓNIO E PAISAGEM
Os muros de pedra seca fazem parte do património edificado, com predominância em regiões
montanhosas e rurais, sendo a técnica construtiva transmitida pelos nossos antepassados às gerações
seguintes. Apesar de este legado estrutural continuar presente na paisagem, face à sua resiliência, a
arte da sua construção foi desaparecendo e perdendo-se, quer pelo perecimento dos mestres, quer
pelo abandono destas regiões. As técnicas vão muito além do simples empilhamento dos geomateriais,
sendo necessária entre outras, uma seleção criteriosa para assegurar o encaixe e travamento dos
mesmos, uma drenagem eficaz dos terrenos no tardoz e relação altura-espessura adequada com vista
a garantir a estabilidade destas estruturas geotécnicas. A predominância na paisagem deste tipo de
muros prende-se com diversos fatores, destacando-se a abundância de afloramentos rochosos na
região, ou seja, presença de matéria-prima necessária à sua construção [2]. Com a utilização desses
blocos de rocha e a sua disposição orientada no terreno, procede-se não só à limpeza superficial deste,
bem como à criação de socalcos ou terraços e a pegada carbónica associada â construção é
reduzidíssima. Todavia, esta técnica construtiva foi-se perdendo, consequência do êxodo rural e do
abandono de técnicas rudimentares em detrimentos das novas tecnologias [3].
3. IMPACTO ECONÓMICO E SOCIAL
Estas estruturas milenares e seculares, são responsáveis pela profunda transformação de várias
paisagens em todo o mundo, com a formação de terraços em encostas declivosas, proporcionando a
prática da agricultura, silvicultura, pastoreio, bem como a fixação de aglomerados populacionais e
comunidades sustentáveis, fomentando o crescimento económico local e rural, erradicando a pobreza
e a fome e reduzindo desigualdades (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável [ODS]: 1, 2, 8, 10, 11,
12). Contudo, a partir da segunda metade da década de 70 do século passado, o interior Algarvio sofreu
uma desertificação, causando um enorme impacto na economia social regional e na demografia. A
população do interior da região, sujeita a condições climáticas e orogénicas mais inóspitas, migrou
para outros países, para outras regiões portuguesas mais desenvolvidas, ou para o litoral algarvio, o
qual apresenta um clima mais temperado e oportunidades de emprego fascinantes aos mais jovens
[4]. Atualmente, o desequilíbrio entre interior e litoral mantém-se.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


117
4. IMPACTO NA MITIGAÇÃO DE RISCOS NATURAIS E ADAPTAÇÃO CLIMÁTICA
Para Portugal, a informação de base climática (histórico e projeções) é disponibilizada pelo Instituto
Português do Mar e da Atmosfera, I.P. [5]. A generalidade dos cenários apresentados projeta, para
este século, um aumento significativo da temperatura média anual em todas as regiões do país,
acompanhados por um incremento da frequência e intensidade de ondas de calor; uma tendência de
redução significativa dos dias de geada e aumento do número de dias quentes e de noites tropicais;
um aumento do risco de incêndio, alteração das capacidades de uso e ocupação do solo e implicações
sobre os recursos hídricos, decorrentes da alteração do clima; alterações significativas do ciclo anual
da precipitação em Portugal continental e regiões autónomas, com tendências para a redução da
precipitação durante a primavera, verão e outono [6]. Assim sendo, uma das medidas de adaptação às
alterações climáticas propostas consiste na criação de superfícies planas sequenciais ao longo da
encosta e orientadas paralelamente a esta, ou seja, a criação ou reconstrução de socalcos ou terraços
de vertente. Esta técnica permite a conservação do solo e a mitigação da erosão dos solos, bem como
o incremento da infiltração da água durante o seu escoamento superficial. Constatou-se, “in loco”, que
a aplicação desta estruturas é massiva, sendo frequente encontrar passagens hidráulicas, cloacas para
drenagem, delimitação de pequenas linhas de água com vista a impedir o transvaze e destruição de
campos agrícolas, açudes construídos nas linhas de água com vista à regularização dos caudais de
cheia, redução das velocidades de escoamento e consequentemente da erosão superficial, retenção
dos sedimentos nessas bacias de decantação, e ainda aproveitamento da água retida para a época
estival (ODS’s 7 e 13). Os socalcos e terraços para fins agrícolas funcionam, de igual modo, como
elementos estruturais estabilizantes nas encostas e vertentes, potenciando a capacidade destas
estruturas reterem a água no subsolo e fomentarem a biota na região, proporcionando o equilíbrio
ambiental do ecossistema, com consequências positivas para a mitigação de riscos naturais e aumento
da biodiversidade [2], com enquadramento nos ODS 15.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os muros de pedra seca são estruturas geotécnicas resilientes, ecológicas, sustentáveis, com impactos
positivos no desenvolvimento e planeamento regional, na mitigação de riscos naturais e alterações
climáticas, incluindo socioeconómicos, com exceção do impacto visual na paisagem. Os estudos no
campo permitiram ainda estabelecer uma relação direta entre a geologia e a litologia das três regiões
Algarvias, nomeadamente a Serra, o Barrocal e o Litoral, com o tipo de geomateriais aplicados na sua
construção. Deste modo, nas zonas do Barrocal e Litoral recorrem aos calcários, os argilitos e os
arenitos, entre eles o Grés de Silves. Na Serra de Monchique é o sienito nefelínico e na restante Serra
Algarvia predominam os muros de xisto e por vezes alguns grauvaques. Uma descoberta adicional e
interessante, está associada à confirmação geográfica da presença de muros de pedra seca basáltica,
na transição "Serra/Barrocal", coincidente com os mapas geológicos e litológicos onde esta intrusão
ígnea aflora à superfície. Por último, constatou-se a existência de diferentes tipos de disposição no
terreno, de acessos, de aparelhamentos, coroamentos e remates, dependendo da sua função e da
atividade económica, do tipo de rocha e da orografia.

REFERÊNCIAS
[1] UNESCO. (2018). Art of drystone walling, knowledge and techniques.
https://ich.unesco.org/es/RL/conocimientos-y-tecnicas-del-arte-de-construir-muros-enpiedra-
seca-01393?RL=01393.
[2] Kosmas, C., Yassoglou, N., Kounalaki, A., & Kairis, O. (n.d.). Tradicional e nova conservação do solo
e estruturas de cultivo. Lucinda, Land Care in Desertification Affected Areas.
[3] Lourenço, L., Rebelo, F., Nave, A., Pereira, N., Silva, M., Carvalho, A., & Fialho, J. (2006). Paisagem
de socalcos e riscos naturais em Vales do Rio Alva. Universidade de Coimbra.
[4] Antão, T. F. L. (2010). O espaço de habitar vernacular no Barrocal Algarvio. Universidade de
Évora.
[5] IPMA. (2016). Relatório de gestão e contas.
[6] AA.VV. (2019). Plano intermunicipal de adaptação às alterações climáticas do Algarve.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


118
SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS EM EDIFÍCIOS HOSPITALARES, COM
ANÁLISE BASEADA NO DESEMPENHO, E POR ABORDAGEM PRESCRITIVA
Nuno Coelho1 , António Correia2
1
Departamento. De Engenharia Civil – Instituto Superior de Engenharia de Coimbra.
nunoalvarescoelho@gmail.com
2
Departamento. De Engenharia Civil – Instituto Superior de Engenharia de Coimbra, SUSCITA
antonio.correia@isec.pt

Palavras-chave: Simulação Numérica, Incêndio, Evacuação, Comportamento Humano.

Código da Área Temática - 06 Vídeo

1. INTRODUÇÃO
É objetivo deste trabalho uma análise da Segurança contra Incêndios numa Unidade Hospitalar de
Coimbra, com Análise Baseada no Desempenho, e por Abordagem Prescritiva [1].
A metodologia a utilizar é a modelação tridimensional do edifício em estudo onde após a definição das
condições de fronteira, com especial detalhe nos materiais de revestimento de pavimentos, paredes e
tetos, é realizada a simulação da propagação do incêndio. Após esta modelação do incêndio, é utilizado
o software Pathfinder para, em simultâneo com a simulação do incêndio, programar o protocolo de
evacuação do edifício e verificar o funcionamento de todo o processo. Neste tipo de edifícios,
atendendo à existência de pessoas acamadas e com mobilidade condicionada, torna-se fundamental
uma adequada organização da segurança, onde o pessoal auxiliar, pessoal médico e de enfermagem,
bem como eventualmente a intervenção dos bombeiros, têm um papel crucial.
2. CASO DE ESTUDO E MODELAÇÃO NUMÉRICA
2.1 Clínica privada - Hospital da Luz de Coimbra
O Hospital da Luz Coimbra é uma referência de excelência na saúde em Portugal e na Europa. Presta
serviços de consultas externas em várias especialidades, urgências, exames médicos, bem como
cirurgias e internamentos. Para além dos Hospitais da Universidade de Coimbra, trata-se da mais
importante unidade de saúde do Distrito de Coimbra.
2.2 Modelação numérica com o Pyrosim e o Pathfinder
Como o nome indica o Fire Dynamic Simulator (FDS - Simulador de Dinâmica de Fogo) é precisamente
um Computacional Fluid Dynamics (CFD - Fluxo de fluido dinâmico de fogo). Este software a par com
o Smokeview são produtos de um esforço colaborativo internacional entre o National Institute of
Standards and Technology dos Estados Unidos da América (NIST) e o Technical Research Centre of
Finland (VTT). Permitem a modelação da propagação do incêndio e a sua evacuação pelos ocupantes [2,3].
2.3 Cenários de incendio
Neste trabalho foram estudados 5 cenários de incendio e correspondente evacuação. Foram os
cenários: A0; A1; A2; A3 e B. Foram feitas propostas alternativas para todos os cenários exceto o
cenário A0. Como se poderá observar mais à frente as alternativas visaram otimizar a ventilação e
desenfumagem por forma a reduzir os tempos de evacuação dos setores em estudo. Neste estudo
serão apresentados dois cenários: um na zona de internamento, e o outro na zona de consultas
externas. Para ambos os cenários, foram consideradas duas situações: uma com os sistemas de
desenfumagem previstos no projeto, e outra com sistemas de desenfumagem propostos com maiores
potências de desenfumagem. Estas propostas de novos sistemas têm como objetivo controlar os níveis
de concentração de CO para valores abaixo dos limites suscetíveis de provocar danos nos seres
humanos.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


119
Figura 1. Localização da fonte de ignição do cenário B
3. RESULTADOS
No quadro abaixo, também se registam os tempos de evacuação dos utentes acamados para o exterior
do edifício (a) e dos bombeiros para o exterior (b) na zona de Ponto de Encontro indicada no Plano de
Emergência da Clínica.
Quadro 7 - Tempos de Evacuação Utentes Acamados e Bombeiros
TEMPO TEMPO TEMPO
TEMPO NECESSÁRIO
NECESSÁRIO À NECESSÁRIO À NECESSÁRIO À
CENÁRIO À EVACUAÇÃO
EVACUAÇÃO EVACUAÇÃO EVACUAÇÃO
OCUPANTES (m:s)*
OCUPANTES (s) * TOTAL (s) TOTAL (m:s)
A3 1565 26:05 1586 26:26
A3 - Alternativa 1297 21:37 1317 21:57
B 1019 16:59 1153 19:13
B - Alternativa 1019 16:59 1152 19:12
*) Até ao exterior do edifício

4. CONCLUSÕES
A evacuação de pessoas em edifícios em situação de incendio é em situações correntes muito
importante. Quando se trata de edifícios hospitalares onde há ocupantes que pelas suas características
necessitam de assistência, então a dificuldade de evacuação aumenta grandemente. A possibilidade
da realização de simulacros em unidades de saúde com utentes é uma grande dificuldade pois como
se entende não é exequível em unidades que estão em funcionamento a realização de simulacros com
utentes com estas características.
Nos cenários A1, A2 e A3 e B foram efetuadas as alternativas com o objetivo de reduzir a quantidade
de fumo nas vias horizontais de evacuação pelo que se conseguiram tempos de evacuação mais
reduzidos. Pela análise dos gráficos percebeu-se que o aumento de ventilação provocou uma melhor
desenfumagem e teve como resultado a pretendida redução de tempo de evacuação em cada um dos
cenários. Concluiu-se que é possível otimizar os sistemas de ventilação, tendo como objetivo a redução
de tempos de evacuação devido às maiores velocidades de evacuação dos utentes, sendo importante
comparar os resultados de simulacros reais com os resultados a simulação computacional para
calibração dos modelos virtuais, podendo assim explorar o potencial da vantagem do “virtual” onde se
torna difícil ou impraticável a realização de simulacros reais como em zonas de utentes com mobilidade
reduzida.
5. REFERÊNCIAS
[1] Fechinha, P. (2018), "Segurança Contra Incêndios em edifícios de Centros Urbanos Antigos", Tese
de Mestrado em Engenharia Civil, Especialidade em Construção Urbana, ISEC, Instituto Politécnico
de Coimbra
[2] Thunderhead Engineering. (2020), "Pyrosim User Manual" Thunderhead Engineering, Manhattan,
USA
[3] Thunderhead Engineering (2020), “Pathfinder – Technical reference”., Manhattan, USA

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


120
ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE MODELOS DE DETERIORAÇÃO DE
ESTRUTURAS DE BETÃO ARMADO
Luiz Henrique Souza Silva1, José Carlos Costa de Almeida2, Fernando Carlos Scheffer Machado3
1
Departamento de Engenharia Civil. Instituto Politécnico da Guarda. luiz.henr.eng@gmail.com
2
Departamento de Engenharia Civil. Instituto Politécnico da Guarda. jcalmeida@ipg.pt
3
Departamento de Engenharia Civil. Instituto Federal do Sul de Minas.
fernando.scheffer@ifsuldeminas.edu.br

Palavras-chave: modelação, deterioração, carbonatação, penetração de cloretos.

6 Apresentação oral

1. INTRODUÇÃO
Em vista da crescente preocupação social com o uso eficiente dos recursos naturais, o estudo da
durabilidade verifica-se como uma necessidade fundamental para o desenvolvimento de projetos de
estruturas cada vez mais sustentáveis. Os atuais anseios com os impactos da construção civil, estão a
exigir novas conceções e metodologias para identificar oportunidades de melhorias e eficiência na
utilização, escolha e descarte de toda cadeia de recursos envolvidos durante o ciclo de vida (LCA – life
cycle assessment) das estruturas [1].
A duração do ciclo de vida é um parâmetro decisivo para avaliação da economia e do impacto
ambiental de uma estrutura [2]. Entretanto, inúmeros fatores podem ser relatados como
influenciadores na durabilidade do betão [3]. Entre eles existe uma enorme variedade de agentes
destrutivos externos e internos, os quais podem ter origens a partir de ações físicas, químicas ou
biológicas [4]. Entre todas as possíveis patologias, a corrosão das armaduras pode ser considerada o
fenómeno o mais grave [5]. Associada ao processo da carbonatação e penetração de iões cloreto [6] e
como resultado da formação do óxido férrico [4Fe(OH)3] e do óxido de ferro hidratado [Fe2O3H2O], a
fendilhação, a delaminação do betão e a redução da seção das armaduras podem provocar o colapso
da estrutura [7].
A carbonatação pode ser caracterizada como um mecanismo de degradação associado à reação entre
o dióxido de carbono (CO2), presente na atmosfera, com o hidróxido de cálcio [Ca(OH)2] do betão[8].
Como o resultado das reações de hidratação dos componentes do cimento, o betão possui uma alta
alcalinidade [9]. Conforme o CO2 penetra por meio da estrutura porosa do betão, ele diminui o pH
natural do betão até que a película passivadora se rompe iniciando-se o processo de corrosão [7].
A penetração de iões cloreto, acontece devido a diferentes mecanismos de migração e contaminação
[10]. O processo de corrosão acontece quando o betão de recobrimento é contaminado e por meio da
difusão dos iões cloreto, a camada de passivação é rompida e a superfície do aço torna-se o ânodo,
que associado como sua própria superfície catódica, permitem as trocas iónicas [11].

2. METODOLOGIA
Com o principal objetivo de analisar e comparar a eficiência na estimativa da deterioração de
tabuleiros de pontes de betão armado diante as ações de carbonatação e penetração de iões cloretos,
este estudo teve como carácter inovador a aplicação de uma metodologia de análise que abordou
diferentes modelos de cálculo, aplicados em distintas regiões e condições de uso, os quais têm o
propósito comum de determinar o tempo de vida útil das estruturas.
Através de análises determinísticas, estudaram-se, e compararam-se, os modelos apresentados em
[12] com o modelo de determinação da profundidade de carbonatação proposto por [13] e o modelo
de penetração de cloretos apresentado por [11]. O principal objetivo deste estudo foi o de verificar se
os modelos apresentam resultados que satisfaçam as determinações definidas em [14] para tabuleiros
de pontes de betão armado com vida útil pretendida de 100 anos. Foram levadas em considerações as
diversas variáveis e condições de cada modelo a fim de se manter a maior correlação com a realidade
e verificar possíveis adaptações e melhorias.
SEC 2023 – LIVRO DE ATAS
121
3. CONCLUSÕES
Assim, por meio dos resultados apresentados, é possível concluir que este projeto contribuiu para o
avanço do conhecimento nas áreas científicas e de engenharia com as quais está relacionado,
evidenciando que os modelos de cálculo da deterioração são ferramentas essenciais nos estudos da
durabilidade das estruturas, do ciclo de vida e dos materiais de construção.

4. REFERÊNCIAS

[1] ISO 14040 (2006). Environmental management. Life cycle assessment. Principles and framework.
[2] Teplý, B. e Podroužek, J. (2017). Service life, reliability and their role in the Life Cycle Analysis of
concrete structures. Advances in Environmental Research.
[3] Basheer, P.A.M., Chidiac, S.E. e Long, A.E. (1996). Predictive models for deterioration of concrete
structures. Constr. Build. Mater. Vol.10, pp.27–37.
[4] Alexander, M.G. (2018). Service life design and modelling of concrete structures – background,
developments, and implementation. ALCONPAT; Vol.8, pp. 224–245.
[5] Saetta, A.V. (2005). Deterioration of Reinforced Concrete Structures due to Chemical-Physical
Phenomena: Model-Based Simulation. Journal Of Materials in Civil Engineering, Vol.8.
[6] Rodrigues, R., Gaboreau, S., Gance, J., Ignatiadis, I. e Betelu, S. (2021). Reinforced concrete
structures. A review of corrosion mechanisms and advances in electrical methods for corrosion
monitoring. Constr. Build. Mater. Vol.269.
[7] Helene P.R.L. (1993). Contribuição ao Estudo da Corrosão em Armaduras de Concreto Armado. Tese
de Doutorado. Universidade de São Paulo Escola Politécnica.
[8] Silva, M., Madeiros, J., Cavalcante, L., Gomes, G., Cavalcante, F. e Mota, L., et al. (2019) Avanço da
carbonatação em concretos para idades iniciais. II Simpósio Brasileiro sobre Reabilitação Das
Construções, pp. 1–9.
[9] Green, W.K. (2020). Steel reinforcement corrosion in concrete – an overview of some fundamentals.
Corrosion Engineering Science and Technology, Vol.55, pp.289–302.
[10] Coutinho, S. (1998). Melhoria da durabilidade dos betões por tratamento da cofragem. Tese de
doutorado. Universidade do Porto.
[11] Andrade, J.J.O. (2001). Contribuição à previsão da vida útil das estruturas de concreto armado
atacada pela corrosão de armaduras iniciação por cloretos. Tese de doutorado. Universidade Federal
do Rio Grande do Sul.
[12] LNEC E-465 (2007). Betões - Metodologia para estimar as propriedades de desempenho do betão
que permitem satisfazer a vida útil de projeto de estruturas de betão armado ou pré-esforçado sob
as exposições ambientais XC e XS. Lisboa.
[13] Possan E. (2010). Modelagem da Carbonatação e Previsão de Vida Útil de Estruturas de Concreto em
Ambiente Urbano. Tese de Doutorado. Universidade do Rio Grande do Sul.
[14] LNEC E-464 (2007). Betões - Metodologia prescritiva para uma vida útil de projeto de 50 e de 100
anos face às ações ambientais. Lisboa.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


122
CARACTERIZAÇÃO DE BLOCOS DE TERRA COMPACTADA E ARGAMASSAS DE
REVESTIMENTO DE EDIFÍCIOS TRADICIONAIS DA REGIÃO NORTE DE
PORTUGAL
Nicoli Jacon1, Eduarda Cristina Pires Luso2, Arthur Medeiros3

1 ESTIG. Instituto Politécnico de Bragança. a43690@alunos.ipb.pt


2 ESTIG. Instituto Politécnico de Bragança. eduarda@ipb.pt
3 DACOC. Universidade Tecnológica Federal do Paraná. arthurmedeiros@utfpr.edu.br

Palavras-chave: Reabilitação; Blocos de terra compactada; argamassa; materiais tradicionais

6 – Reabilitação e Conservação Património Construído Apresentação oral

1. INTRODUÇÃO
A identidade local das aldeias da região norte de Portugal encontra-se em risco, este fato dá-se pelo
êxodo da população para locais mais populosos. Parte dessa realidade relaciona-se com a falta de
manutenção adequada das edificações mais antigas, pois a forma correta da reabilitação demanda
pesquisa, técnicas específicas e mão de obra especializada. Portanto, o presente trabalho visa avançar
no entendimento dos materiais locais para auxiliar uma possível reabilitação na área, analisou-se
algumas das propriedades físicas, químicas e mecânicas dos mesmos. Além disso, este estudo
pretende colaborar com o projeto INHAVIT, que visa promover a reabilitação do Parque Natural de
Montesinho, localizado próximo da área abrangida por este estudo. Foram recolhidas amostras de
argamassas de revestimento à base de cal (metade da freguesia de Gimonde e metade da Sé, Santa
Maria e Meixedo) e amostras de blocos de terra compactada (BTC) de um edifício localizado na aldeia
de Outeiro. Nos blocos de terra compactada, analisou-se o tipo de solo usado para fabricá-los e a sua
resistência à compressão. As argamassas foram submetidas a ensaios químicos e físicos para
determinar as suas características.

1.1Objetivo
O objetivo geral deste trabalho é caracterizar os blocos de terra compactado e argamassas de
revestimento à base de cal de edifícios antigos na região nordeste de Trás-os-Montes, auxiliando assim
o projeto INHAVT.

2. ENSAIOS
Foram efetuados ensaios de densidade das partículas, granulometria, sedimentação, equivalente de
areia, limite de liquidez e plasticidade, azul de metileno, massa volúmica e resistência à compressão
nos BTC. Nas argamassas foram feitos experimentos de análise química por via húmida, massa
volúmica, espectrofotometria de infravermelho, microscopia óptica, absorção de água por
capilaridade e resistência a compressão.

3. RESULTADOS
Os resultados estão apresentados na Quadro 1.

Quadro 1. Ensaios, normas e resultados

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


123
4. CONCLUSÃO
Da análise constatou-se que os Blocos de terra compactada (BTC) eram preparados a partir de solo
argiloso, com muitos finos e muita matéria orgânica, compatível com o solo da região (cambissolos
húmicos). Os BTC apresentaram baixa resistência à compressão nos ensaios, o que talvez possa ser
explicado pela idade e condições de armazenamento do material. As argamassas das freguesias da Sé,
Santa Maria e Meixedo apresentaram um traço de 1:2,5 a 1:3 e em Gimonde 1:3 a 1:4 e observou-se
pouca matéria orgânica na sua composição. O ensaio de absorção de água por capilaridade e de
resistência à compressão foram apenas indicativos, possivelmente devido à adaptação do ensaio
acrescido das irregularidades das amostras. Em síntese, visto a idade, condições de armazenamento e
a falta de conhecimento sobre a produção dessas matérias, é difícil afirmar as características avaliadas
no estudo, por isso os resultados dos ensaios são indicativos sobre as possíveis propriedades do
material.

5. REFERÊNCIAS
[1] TEUTONICO, J. M., A Laboratory Manual for Architectural Conservators, 1988.
[2] NP 83, Determinação da densidade das partículas, 1965.
[3] E 196, Análise Granulometrica, Lisboa: Laboratório Nacional de Engenharia Civil, 1966.
[4] NP EN 1097-6, Ensaio das propriedades mecânicas e físicas dos agregados. Parte 6: Determinação,
2003.
[5] American Society of Testing Materials, ASTM E 1252: Standard Practice for General Techniques
for Obtaining Infrared Spectra for Qualitative Analysis, United States, 2007.
[6] NP-143, Determinação dos limites de consistência, Norma Portuguesa Definitiva, 1969.
[7] NP EN 933-9, Ensaios das propriedades geométricas dos agregados Parte9: Determinação do teor
de finos Ensaio do azul de metileno, 2002.
[8] Pa 40, Ensaio de Absorção de Água por Capilaridade para Amostras Irregulares e Friáveis, Lisboa:
Laboratório Nacional de Engenharia Civil, 2015.
[9] Pa 42, Ensaio de Resistência á Compressão para Amostras Irregulares, Lisboa: Laboratório
Nacional de Engenharia Civil, 2015.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


124
TEMA 07
ESTRUTURA E ENGENHARIA SÍSMICA

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


SEC 2023 – LIVRO DE ATAS
PRODUÇÃO DE VIGAS DE SECÇÃO SOLDADA DE ALMA CHEIA
GEOMETRIA DE FABRICO, IMPERFEIÇÕES GEOMÉTRICAS E TENSÕES
RESIDUAIS
Sebastião Ferreira1, José Oliveira Pedro2
1
DECivil - Instituto Superior Técnico. sebastiao.o.a.gomes.ferreira@tecnico.ulisboa.pt
2
DECivil - Instituto Superior Técnico. jose.oliveira.pedro@tecnico.ulisboa.pt

Palavras-chave: Viga de secção soldada; Tensões residuais; Imperfeições geométricas; Processos


térmicos; Modelo de elementos finitos; Esbelteza de uma placa.

7 Estruturas e Engenharia Sísmica Apresentação Oral

1. INTRODUÇÃO E OBJECTIVOS
Trata-se de um trabalho enquadrado num âmbito mais geral do fabrico e ensaio de vigas de secção
soldada de alma cheia cuja análise fará parte de uma tese de doutoramento do Eng. Sérgio
Nascimento, e que surgiu, de forma interessada, a pedido da MomSteel como forma de compreender
certos aspetos relacionados com as imperfeições geométricas geradas em cada etapa do fabrico. A
intervenção direta centrou-se no acompanhamento da produção das vigas G07 e G08 bem como em
todos os trabalhos de modelação numérica dos processos de corte e de soldadura alma-banzo.
O presente trabalho tem como principal objetivo simular e avaliar com modelos numéricos os
processos de corte da chapa e soldadura alma-banzo executados no fabrico de uma viga soldada de
alma cheia e qual o impacto que cada um desses processos tem em termos de tensões residuais e
imperfeições geométricas introduzidas na fase final da sua produção. Complementarmente, pretende-
se compreender como se geram as tensões residuais registadas no final da execução de uma viga de
secção soldada de alma cheia, e a forma como a sobreposição das tensões residuais geradas nas
diferentes etapas do fabrico justifica as tensões residuais obtidas no final da execução da viga.

2. ESTADO DA ARTE
Neste capítulo foi apresentada toda a informação relevante que serviu de base para toda a modelação
numérica e para o capítulo da produção e geometria de fabrico. Conceitos como o dimensionamento,
e as ações térmicas utilizadas no fabrico de vigas de alma cheia foram introduzidas neste capítulo.
Existe também uma secção dedicada à forma como se geram tensões residuais e as imperfeições
geométricas devidas a processos térmicos.

3. PRODUÇÃO E GEOMETRIA DE FABRICO


Através do acompanhamento da produção e fabrico de 8 vigas, onde foram realizados os processos de
corte térmico das chapas (alma, banzos, reforços) os processos de soldadura (alma-banzo, reforços) e
um processo de corte a frio onde as vigas eram divididas em dois troços de igual comprimento foi
possível obter, através de um equipamento de recolha de nuvens de pontos (“Camscanner”) e de
termopares, valores da deformação e temperatura introduzida na peça em cada um processos acima
referidos. Das 8 vigas ensaiadas 6 delas foram produzidas recorrendo essencialmente ao processo de
corte denominado de Oxicorte e nas restantes 2 foi utilizado processo de corte por arco de plasma
(processo mais rápido e que envolve temperaturas mais altas do que o Oxicorte), verificou-se que
devido a esse facto houve bastantes diferenças em termos deformações, onde as vigas produzidas
através do corte por arco de plasma atingiram empenamentos cerca de 10 vezes inferiores, e de
tensões residuais, onde as 6 vigas produzidas por oxicorte evidenciaram o surgimento de tensões
residuais de tração nas pontas dos banzos, algo que não é contemplado pelo EC3-14 [1].
As conclusões deste capítulo seguiram justamente esta linha de raciocínio, isto é, qual a relevância do
tipo de corte utilizado, qual a necessidade ou a forma de isto ser contemplado na norma e qual os
caminhos futuros para pôr em prática tudo o que se concluiu.
SEC 2023 – LIVRO DE ATAS
127
4. SIMULAÇÃO DA EXECUÇÃO DA SOLDADURA BANZO-ALMA
Este capítulo serviu de uma tentativa de aproximação aos resultados obtidos por via experimental. De
facto, foi possível verificar que existem formas de simular o processo de soldadura recorrendo a
modelos de elementos finitos [2,3] relativamente simples e onde se obtêm valores de tensão e
deslocamentos semelhantes aos valores experimentais, convém acrescentar que no caso a calibração
do modelo foi feita através dos valores de temperatura medidos nos nós da peça coincidentes com os
nós onde foram colocados os termopares. Foi também possível criar uma forma de conseguir sobrepor
efeitos de várias ações térmicas consecutivas, o que apesar de ter de ser verificado para outros
resultados e outras geometrias poderá ser a abertura de uma porta para o estudo deste tipo de
fenómenos.
Acabando por chegar a uma série de conclusões relacionadas com o que foi referido anteriormente,
concluiu-se que esta fase do trabalho teve um grande impacto nas conclusões da dissertação, quer em
termos de conclusões teóricas, relacionadas com a forma de sobrepor efeitos térmicos, quer em
termos de conclusões relacionadas com o processo de soldadura em si.

5. SIMULAÇÃO DA EXECUÇÃO DO CORTE DAS CHAPAS


Este capítulo, em tudo semelhante ao capítulo anterior permitiu também perceber melhor o tipo de
tensões que surgem numa peça quando esta é sujeita a um processo de corte, bem com abrir portas
para um estudo paramérico que poderá trazer novidades a esta área. De facto, a variação da espessura
ou esbelteza de uma chapa no seu corte bem como a alteração da classe do material utilizado fazem
como que o campo de tensões também se altere.

6. CONCLUSÕES E DESENVOLVIMENTOS FUTUROS


O capítulo final, responsável pela apresentação de todas as conclusões apresenta também uma série
de desenvolvimentos futuros que devem cativar os leitores para darem seguimento a este estudo e o
tornarem mais completo.

7. REFERÊNCIAS PRINCIPAIS
[1] CEN (2010) EN 1993-14, 2020, Eurocode 3: Design of Steel Structures - Part 1-14 General rules -
Design assisted by finite element analysis, European Committee for Standardization, Brussels.
[2] Seleš K., Perić M. and Tonković Z. Numerical simulation of a welding process using a prescribed
temperature approach. J. Constr. Steel Res., 2018, 145, 49-57.
[3] T. Tankova, L. Simoes ˜ da Silva, M. Balakrishnan, D. Rodrigues, B. Launert, H. Pasternak, T.Y. Tun,
Residual stresses in welded I section steel members, Eng. Struct. 197 (2019) 109398.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


128
ENCURVADURA DE ESTRUTURAS RETICULADAS COM APOIOS UNILATERAIS
Francisco F. de Almeida1, A. Pinto da Costa1, F.M.F. Simões1
1
CERIS, DECivil, Instituto Superior Técnico, Universidade de Lisboa.
francisco.f.de.almeida@tecnico.ulisboa.pt

Palavras-chave: pórticos, estruturas reticuladas, encurvadura elástica, apoios unilaterais.

Código da Área Temática: 7 Apresentação oral

1. INTRODUÇÃO
Este trabalho trata da encurvadura elástica de estruturas reticuladas, discretizadas pelo MEF, na
presença de apoios que só restringem o movimento (de translação ou rotação) em apenas um dos
sentidos, tendo a designação de “apoios unilaterais”, usando um algoritmo que se baseia numa
generalização do método de Newton e que considera os contactos unilaterais de forma exata [1].
A figura 1 mostra uma coluna de Euler de comprimento L com dois apoios unilaterais a uma distância
a das extremidades: o do lado esquerdo impede que a secção à distância a da extremidade esquerda
desça e o apoio unilateral da direita impede que a secção à distância a da extremidade direita suba.

Figura 17. Primeiros modos de encurvadura da coluna de Euler com dois apoios unilaterais dispostos de
forma anti-simétrica em relação ao ponto médio da coluna e variação da carga crítica com o parâmetro a que
regula a variação da posição dos apoios unilaterais.

Por exemplo, quando a tende para 0, mas sem os apoios unilaterais encostarem totalmente nos apoios
articulados de extremidade, a coluna comporta-se como encastrada-apoiada para cada lado pois a
proximidade entre os apoios unilaterais e as extremidades articuladas mas fixas obrigam a que, junto
a uma das extremidades o eixo da coluna não consiga rodar significativamente; o modo de
encurvadura é o da coluna de Euler encastrada-apoiada ou apoiada-encastrada (pode ocorrer com a
semionda para um lado ou para o outro) pois só um dos apoios unilaterais fica ativo (comprimento de
encurvadura igual 0.7L).

2. EXEMPLO NUMÉRICO
O pórtico plano da figura 2 é constituído por duas colunas e uma travessa, todos com a mesma rigidez
de flexão EI e comprimento L. Nos nós 1 e 6 existem apoios fixos articulados que impedem os
deslocamentos horizontal e vertical; existem também constrangimentos unilaterais horizontais de
translação nos nós 2 (impedimento de movimento para a esquerda) e 5 (impedimento de movimento
para a direita) a uma altura d = 0.2L e d = 0.8L.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


129
Figura 2. Pórtico plano com cada coluna comprimida com uma força P e com dois apoios unilaterais do tipo
translação. Indicam-se os sentidos positivos dos deslocamentos independentes.

As cargas de bifurcação dos primeiros seis modos de encurvadura obtidos para o pórtico sem apoios
unilaterais são {1.8213, 12.8944, 16.9054, 43.1181, 48.893, 92.649}EI/L2. Há dois tipos de modos: com
deslocamento da travessa (modos 1, 3 e 5) e sem deslocamento da travessa (modos 2, 4 e 6). Os modos
do primeiro grupo são antissimétricos e os do segundo grupo são simétricos; em cada um dos grupos
a complexidade da geometria das colunas aumenta com a carga de bifurcação. A carga crítica
P1=1.8213EI/L2 é muito próxima da que consta na literatura, página 226 do livro [2].
A figura 3 mostra os seis primeiros modos do pórtico com os dois apoios unilaterais à altura 0.8L. Em
cada modo, cada apoio unilateral pode ou não estar ativado; o estado de cada apoio em cada modo
da figura 3 é modo (apoio da esquerda, apoio da direita) = 1(i,a), 2(i,i), 3(a,a), 4(i,a), 5(i,i), 6(a,a)
em que “i = inativo” e “a = ativo”. Os 2o e 5o modos da figura 3 são iguais a dois modos do pórtico
sem apoios unilaterais (por coincidência os mesmos, 2o e 5o), uma vez que nesses modos os apoios
unilaterais não são ativados. A carga crítica do pórtico com apoios unilaterais é substancialmente
superior à carga crítica do seu homólogo sem apoios unilaterais devido à rigidez proporcionada pela
ativação de um apoio unilateral.

Figura 3. Primeiros seis modos de encurvadura e respetivas cargas de bifurcação do pórtico da figura 3 com
apoios unilaterais colocados à altura d = 0.8L.

3. CONCLUSÃO
A introdução de constrangimentos unilaterais aumenta a carga crítica de estruturas reticuladas desde
que o modo de encurvadura fundamental ative pelo menos um apoio unilateral. O algoritmo é
eficiente a calcular os modos de encurvadura de ordem mais baixa desde que se considere um número
suficientemente elevado de condições iniciais.

4. REFERÊNCIAS
[1] Francisco F. de Almeida (2022) Encurvadura Unilateral de Estruturas Reticuladas. Dissertação de
Mestrado em Engenharia Civil (área de especialização em Estruturas). Instituto Superior Técnico.
[2] M. L. Gambhir. Stability Analysis and Design of Structures. Springer, 2004.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


130
PROJETO DE ESTRUTURAS E FUNDAÇÕES DE UM EDIFÍCIO DE ESCRITÓRIOS
COM GRANDES VÃOS
Andreia M. Afonso1, Ana Rita Gião2
1
Departamento de Engenharia Civil. Instituto Superior de Engenharia de Lisboa. a38466@alunos.isel.pt
2
Departamento de Engenharia Civil. Instituto Superior de Engenharia de Lisboa. ana.giao@isel.pt

Palavras-chave: projeto de estruturas, laje fungiforme aligeirada, sistema cobiax, eurocódigos.

7 Estruturas e Engenharia Sísmica Apresentação oral

1. INTRODUÇÃO
O inadequado comportamento sísmico pode estar relacionado com erros de projeto, conceção e
dimensionamento, ou seja, nas primeiras etapas do seu desenvolvimento. É por isso, de grande
importância uma correta análise, avaliação e compreensão do comportamento estrutural. Com a
entrada em vigor dos Eurocódigos estruturais urge a necessidade de esclarecer algumas questões
relacionadas com a sua aplicabilidade. Por essa razão, o estudo do comportamento e
dimensionamento de edifícios que apresentem características especificas é bastante pertinente. Em
termos estruturais, o edifício em estudo apresenta algumas singularidades, tais como, uma solução de
pavimentos em lajes fungiformes aligeiradas, tipo Cobiax, apoiada em pilares e paredes, sendo que, as
condicionantes arquitetónicas, conduziram a uma classificação do sistema estrutural de
torsionalmente flexível. No presente artigo descreve-se o dimensionamento do edifício e as questões
inerente à aplicabilidade dos Eurocódigos, nomeadamente, o Eurocódigo 8 – Parte1 [1].

1.1Descrição do edifício
O edifício em estudo localiza-se em Lisboa e destina-se a escritórios. Faz parte integrante de um
conjunto de três edifícios, separados por junta de dilatação. É constituído por 7 pisos, sendo o piso
térreo enterrado e os pisos 1, 2 e 3 semi-enterrados. O piso enterrado destina-se a estacionamento e
os restantes pisos a escritórios. Apresenta uma planta aproximadamente retangular de 52,0 m x
26,0 m e desenvolve-se numa altura de 24,0 m.

2. SOLUÇÃO ESTRUTURAL
Dada a dimensão dos vãos e à necessidade de criar espaços abertos, adotou-se para a estrutura do
edifício um sistema de lajes fungiformes aligeiradas, tipo Cobiax, apoiadas em pilares e paredes de
betão, com vigas de bordadura na periferia do edifício. Nos pisos 4 e 5, devido à existência de um vão
com mais de 15 m junto a uma abertura, optou-se por uma solução de barras e montantes de betão
armado, formado um passadiço. Quanto às fundações, adotaram-se fundações diretas dadas as
características que o solo apresenta nos ensaios geotécnicos efetuados.

3. METODOLOGIA
Foram posteriormente definidas as bases para a elaboração do projeto, onde se definem os materiais
a adotar, as ações a que a estrutura está sujeita e as combinações de ações necessárias verificar, para
os vários estados limites, de acordo com o Eurocódigo 0 [2]. Recorreu-se a expressões semi-empícas
para o pré-dimensionamento dos elementos estruturais e foi desenvolvido um modelo de cálculo
automático para aferir as dimensões das barras e montantes, garantindo uma flecha a longo prazo do
passadiço dentro dos limites admissíveis (Figura 1).

a) b)
Figura 18. Abertura no piso 4 (a) e Pré-dimensionamento do passadiço em SAP2000 (b).

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


131
A modelação da estrutura foi realizada recorrendo ao programa de cálculo automático de elementos
finitos SAP2000, de forma a simular o seu comportamento (Figura 2).

Figura 2. Modelação da estrutura em SAP2000.

Por se tratar de um edifício com lajes fungiformes em zona sísmica, que não se encontram totalmente
abrangidas no Eurocódigo 8, optou-se por adotar pilares e vigas sísmicas secundárias, por não fazer
parte do sistema resistente às ações sísmicas. Contudo, estes elementos devem ser dimensionados e
pormenorizados de modo a manter a função de suporte das forças gravíticas, quando sujeitos aos
deslocamentos devido à ação sísmica. Assim, a simulação dos pilares e vigas primárias foi realizado
através de outro modelo de cálculo, onde os pilares secundários não contribuem para a rigidez da
estrutura. O dimensionamento e a pormenorização são depois efetuados através da aplicação das
normas em vigor, nomeadamente o Eurocódigo 8 e o Eurocódigo 2 [3], de forma a garantir que a
estrutura apresenta uma capacidade de deformação adequada à sua capacidade de dissipação de
energia, evitando modos de rotura frágeis, e garantindo, em condições normais de utilização, um bom
funcionamento e durabilidade da estrutura.

4. CONCLUSÕES
Com a realização deste trabalho envolveu a aplicação das normas europeias e dos respetivos conceitos
teóricos e práticos. A aplicação do Eurocódigo 8 é sem dúvida da maior importância, uma vez que o
edifício se localiza numa zona sísmica, pelo que é indispensável a consideração desta ação. A análise e
os processos que levam ao dimensionamento da estrutura, que apesar de complexos e morosos,
ajudam a compreender melhor esta ação e a dimensionar estruturas capazes de comportar as
deformações que advém desta ação, através da exploração da ductilidade ou dissipação de energia.
Neste caso, uma vez que a estrutura é constituída por ligações fungiformes e ser um sistema
torsionalmente flexível (com reduzida rigidez à torção, devido às suas irregularidade e assimetrias),
obteve-se um coeficiente de comportamento baixo (1,6). Por essa razão, o nível de ductilidade a
explorar foi limitado. No entanto optou-se, e respeitando a regulamentação, atribuir a esta estrutura
uma capacidade média de ductilidade. Permitindo assim explorar os requisitos e particularidades do
dimensionamento nestas situações, que apresentam uma maior complexidade, mas que permitiu
consolidar e compreender melhor o comportamento estrutural do edifício.

5. REFERÊNCIAS
[1] NP EN 1998-1:2010 Eurocódigo 8 – Projeto de Estruturas para Resistência a Sismos; Parte 1:
Regras gerais, ações sísmicas e regras para edifícios. CEN, Comité Europeu de Normalização.
[2] NP EN 1990:2009 Eurocódigo 0 – Bases para o Projeto de Estruturas. CEN, Comité Europeu de
Normalização.
[3] NP EN 1992-1-1:2004 Eurocódigo 2- Projeto de Estruturas de Betão; Parte 1-1: Regras gerais e
regras para edifícios. CEN, Comité Europeu de Normalização.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


132
ASSESSMENT OF ERROR BOUNDS OF SOLUTIONS OBTAINED FROM REDUCED
ORDER METHODS
Vikesh Navinchandre1, J.P. Moitinho de Almeida2
1
DECivil, University of Lisbon – Instituto Superior Técnico. vikesh.navinchandre@tecnico.ulisboa.pt
2
DECivil, University of Lisbon – Instituto Superior Técnico. moitinho@civil.ist.utl.pt

Keywords: 2D elasticity, Reduced Order Models (ROM), Proper Generalized Decomposition (PGD),
Errors Estimation

Código da Área Temática: 07 Apresentação oral

1. INTRODUCTION
Associated with the continuous advances in both modeling and computing resources, numerical
simulations became an everyday tool in science and engineering activities [1]. Yet, for multi-parameter
models, using classical numerical techniques, where one solution is computed for each set of
parameters, those approaches suffer from the so called curse of dimensionality, due to the
exponentially large number of solutions involved. Alternative approaches, such as reduced order
methods (ROM), appear as an answer for this demand. This article is based on the work done in the
PhD thesis of Jonatha Reis [2] and is essentially focused on the application of one ROM technique, the
Proper Generalized Decomposition (PGD), for obtaining approximated complementary solutions for
the essential unknowns of plane elasticity problems. These solutions are used to compute global and
local bounds of their errors thus assessing the quality of the approximations. Based on this information
it is possible to drive a mesh adaptivity process, which accounts for the effect of varying parameters.

2. PGD OVERVIEW
This technique operates by constructing a separated representation for the solution of the problem
using a priori unknown functions of the model parameters, 𝑥( , such that:

𝑢(𝑥) , 𝑥* , … , 𝑥+ ) = C 𝐹() (𝑥) ) × … × 𝐹(+ (𝑥+ ) (1)


(-)

.
Where the number of terms N and the functions 𝐹( E𝑥. F are unknown a priori.

3. NUMERICAL EXAMPLE
Consider the example shown in Fig. 1, of a square plate made with two materials subjected to a traction
(right) and its symmetry simplification (left). The parameters in question for this problem are the
Young’s modulus (E) and Poisson’s ratio (𝜈) in the two regions.

Figure 19. Square plate (right) and symmetry simplification (left).

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


133
Figure 2. PGD construction of the solution for the compatible displacement field u and equilibrated stress
component 𝜎44 , presenting the solution with the first 3 PGD modes. Uniform mesh: 𝑛5 = 256. Approximation
functions of degree 2 and 1, respectively.

Solving the problem in the parametric domain Ω/ = [0.1; 2.1] and Ω0 = 0.3, one can obtain the PGD
construction of the solution for the compatible displacement field u and equilibrated stress component
𝜎11 , shown in Fig.2. The modes of each case are represented by the same space functions, varying just
its weights depending on the parameter combination. In general, the number of modes required to
yield an accurate solution turns out to be smaller than a few dozens. This also holds when using finer
meshes, however, for a given level of accuracy, they generally imply more modes until convergence is
reached. Finally, as Fig.3 suggests, using a mesh adaptivity process oriented for a given quantity of
interest (QoI), for instance the moment reaction at left support, led in general to smaller values for the
error on that local output than an uniform refinement or the refinement based on either the global
error indicator or the local error indicator for another quantity.

Figure 3. Finite element meshes obtained during adaptive refinement (left); Error bounds of the moment
reaction at left support for all the combinations of the parameters values (right).

4. REFERENCES
[1] L. Chamoin, P. Ladeveze, and F. Pled. Recent advances in the control of PGD-based
approximations. 6th International Conference on Adaptive Modeling and Simulation, pages 170-
181, June 2013.
[2] J. Reis. (2020). Error estimation and Adaptivity for PGD solutions. Tese de Doutoramento,
Universidade de Lisboa, Lisboa.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


134
CONCEPÇÃO E DIMENSIONAMENTO SÍSMICO DE ESTRUTURAS DE ALVENARIA
ARMADA DE ACORDO COM A REGULAMENTAÇÃO ACTUAL
Lourenço Gentil Martins Cortes

Instituto Superior Técnico. lourenco.cortes@tecnico.ulisboa.pt

Palavras-chave: alvenaria armada, ductilidade, flexão, corte.

Código da Área Temática 7 Apresentação oral

1. INTRODUÇÃO
A alvenaria estrutural é vista, nos países onde a sua utilização se encontra difundida, como uma
solução relativamente barata, capaz de responder através de um só elemento a várias questões que
se põem na concepção de edifícios, podendo assumir simultaneamente a função de elemento
resistente, divisório, de isolamento térmico, entre outros.
Estas características fazem da alvenaria, em certo tipo de edificação, uma alternativa potencialmente
viável a materiais como o betão armado, cujo processo construtivo poderá ser mais complexo e
moroso, sendo uma das suas variantes, a alvenaria armada, especialmente interessante neste aspecto,
uma vez que incorpora reforço em aço que lhe conferem um melhor comportamento a solicitações
horizontais, essencial em contextos de actividade sísmica.

2. ALVENARIA ARMADA
A alvenaria armada é o material compósito composto pela unidade de alvenaria e argamassa, nos quais
são incorporados elementos de reforço em aço, geralmente na forma de varões, posteriormente
selados com um betão de enchimento ou argamassa que os solidarizam com os restantes materiais
com vista a melhorar o comportamento global a solicitações horizontais. Esta armadura pode ser
introduzida de diversas maneiras, sendo no caso das paredes frequentemente colocada nas juntas de
assentamento, como armadura de esforço transverso, ou em alvéolos verticais, trabalhando como
armadura longitudinal de flexão, como é representado na Figura 1.

Figura 20. Pormenorização típica de uma parede de alvenaria armada; retirado de [1]

3. ALVENARIA ARMADA E EUROCÓDIGOS


Não obstante a existência, em determinados países, de construção de grande envergadura em zonas
de elevada sismicidade recorrendo à alvenaria, mais concretamente à alvenaria armada, como
principal material estrutural, esta continua a ser olhada com reservas enquanto material sismo-
resistente pelas normas europeias, os Eurocódigos, que regem o seu dimensionamento.
Isto é patente em dois pontos especialmente relevantes no que toca ao dimensionamento sísmico: a
capacidade resistente ao corte de um elemento de alvenaria armada, sendo a parede o elemento mais
comum e aqui analisado, e o critério de definição do coeficiente de comportamento a afectar à acção
sísmica numa análise elástica linear de uma estrutura de alvenaria armada.
No primeiro caso, estabelece o Eurocódigo 6 (EC6) que o valor máximo de resistência ao corte de uma
parede de alvenaria armada é definido pela seguinte expressão:
𝑉%23á1 = 0,3𝑓2 𝑡𝑑 (1)
Em que 𝑉%23á1 é o majorante da resitência ao corte de uma parede de alvenaria armada, 𝑓2 é o valor

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


135
da resistência à compressão da alvenaria na direcção perpendicular às juntas de assentamento
(vertical), 𝑡 a espessura da parede e 𝑑 a sua altura útil [2].
Acontece que, como exemplifica a Figura 2, a direcção do campo de tensões numa parede de alvenaria
armada solicitada ao corte não é vertical, o que, sendo a alvenaria um material anisotrópico, com
diferente resistência à compressão em função da direcção considerada pode conduzir a valores
máximos de resistência ao corte desfasados da realidade.

Figura 2. Sistema de treliça isostática de Ritter-Morsch; retirado de [3]

Sendo essencial um correcto conhecimento da efectiva capacidade de resistência ao corte de um


elemento no contexto do dimensionamento sísmico, até para que se possam adoptar e materializar
princípios de dimensionamento por capacidade real, permitindo explorar a capacidade da estrutura
para comportamento não linear, esta indefinição pode limitar a aplicabilidade da alvenaria armada
como solução sismo-resistente. Diga-se que uma comparação com normas estrangeiras conduz a
resultados mais consistentes de valor máximo da resistência ao corte da alvenaria armada caso se
considere como parâmetro de resistência à compressão a sua resistência na direcção paralela às juntas
de assentamento.
Já o Eurocódigo 8 (EC8) define como critério para definição de coeficientes de comportamento a
percentagem de furação das unidades de alvenaria utilizadas, com unidades mais maciças a possibilitar
a adopção de coeficientes mais elevados. Esta abordagem, diferente da que é tomada por normas
estrangeiras para a alvenaria, e da que o EC8 toma para outro tipo de materiais, parece ser demasiado
redutora uma vez que, sendo o coeficiente de comportamento um factor que visa contabilizar o real
comportamento não linear de uma estrutura analisada em regime elástico linear, faria sentido que o
critério para a sua definição estivesse relacionada com factores que influenciem essa capacidade de
comportamento não linear, nomeadamente com a adopção dos já mencionados princípios de
dimensionamento por capacidade real. Esta última abordagem é a tomada no EC8 para os restantes
materiais aí contemplados, parecendo mais adequada que a que define para a alvenaria, uma vez que
a percentagem de furação de uma unidade pouca ou nenhuma influência directa terá na capacidade
não linear de uma estrutura.

4. CONCLUSÕES
Correctamente dimensionada, seguindo os princípios já referidos para estruturas sujeitas à acção
sísmica, a alvenaria armada tem provado ao longo dos anos a sua adequabilidade, acreditando-se que
uma clarificação nas normas em relação aos seus métodos de dimensionamento a venha tornar um
material mais interessante e com maior expressão na construção nacional.

5. REFERÊNCIAS
[1] Chrysler P., “Reinforcing Steel in Masonry”, Fifth Edition, 2011, ISBN: 978-0-940116-53-5.
[2] NP EN 1996-1-1, “Eurocódigo 6: Projecto de Estruturas de Alvenaria – Parte 1-1: Regras Gerais
para Edifícios – Regras para Alvenaria Armada e Simples”, 2008.
[3] Vinci M., “Calcolo della muratura armata antissísmica per nuove costruzioni”, Dario Flaccovio
Editore s.r.l., 2015, ISBN 978-88-579-0493-1.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


136
AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA NA CONSTRUÇÃO DE OBRAS DE ARTE
CASO DE ESTUDO – INTERVENÇÃO NA LIGAÇÃO RODOVIÁRIA AO
PARQUE DE NEGÓCIOS DE ESCARIZ A32
Felipe S. Meretti1, Cristina M. Reis2
1
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real, Portugal. felipe_meretti@hotmail.com
2
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real, Portugal, crisreis@utad.pt

Palavras-chave: construção, segurança, avaliação de riscos, prevenção.

Código da Área Temática 07 Vídeo

1. INTRODUÇÃO
A idealização de um projeto de uma nova infraestrutura, seja ela ferrovária ou rodoviária, evidencia a
necessidade tanto da análise da viabilidade económica do empreendimento, quanto a capacidade de
tráfego que a nova infraestrutura deverá ter, afim de suprir a necessidade logística da região afetada.
Portanto, este trabalho teve como seu objeto de estudo a análise da segurança e avaliação de riscos
nas tarefas de execução dos elementos verticais do Viaduto de Vilarinho na Ligação Rodoviária ao
Parque de Negócios de Escariz A32, representado na figura 1.

Figura 21. Mapa da empreitada.

2. METODOLOGIA
Tendo como base a aplicação do Decreto-Lei n.º 273/2003 de 29 de outubro, foram utilizadas neste
estudo três metodologias: a Análise Preliminar de Riscos [1,2], que é aplicável na fase de projeto, a
matriz de falhas [3], que é uma metodologia simplificada de avaliação de riscos através da
probabilidade e gravidade dos perigos associados à cada tarefa e a metodologia de avaliação de riscos
fornecida pela Agência Europeia, denominada OiRA (Online interactive Risk Assessment), a qual é
caracterizada pela facilidade de acesso, sendo uma ferramenta totalmente online e gratuita, baseada
em um método de perguntas e respostas, gerando no final um relatório com os perigos classificados e
avaliados.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


137
3. CONCLUSÃO
As metodologias apresentaram limitações quanto à sua utilização, visto que dependem muito da
experiência do técnico de segurança que fará uso destes métodos para a avaliação de riscos em obra.
A análise preliminar de riscos, relativamente eficaz na fase de projeto, carece de técnicas mais
detalhadas e profundas, visto que a sua fácil execução limita o nível de pormenorização, podendo
então ser substituído por outras técnicas de avaliação de riscos mais completas e específicas. A matriz
de falhas, embora seja de fácil aplicação, é a que mais depende da sensibilidade do utilizador, porque
não apresenta diretamente uma diretriz tanto para a identificação quanto para a definição de medidas
preventivas. Já o método do OiRA, apresentou uma limitação proporcionalmente à sua simplicidade,
visto que não foi possível optar pelas tarefas específicas de intervenção necessárias à obra em questão.
Entretanto, a completa descrição dos vários riscos, a possibilidade da inserção de outros riscos e o
relatório produzido de forma automática, renderam ao método uma maior atratividade, além da
facilidade de utilização, interatividade e do facto de ser uma opção gratuita disponibilizada pela
Agência Europeia.
Por fim, as metodologias de matriz de falhas e OiRA mostraram resultados satisfatórios, ambas
identificando uma anomalia, propondo medidas corretas de prevenção não só para esta anomalia, mas
para toda a avaliação dos riscos encontrados. Ressalta-se que ambas poderiam ser aplicadas no estudo
do caso do Viaduto de Vilarinho e que o ambiente de trabalho observado expressou um meio seguro
e saudável para os trabalhadores, que seguiram todas as medidas propostas pela empresa. A análise
preliminar de riscos, entretanto, mostrou um resultado pouco eficaz em uma obra decorrente, sendo
justificável a sua utilização apenas em projeto, porém com a adição de mais técnicas detalhadas.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] Cabral, F. (2011). Segurança e saúde do trabalho: Manual de prevenção de riscos profissionais.
Lisbon: Verlag Dashofer.
[2] Nunes, F. M. D. O. (2010). Segurança e Higiene do Trabalho-Manual Técnico. Lisboa: Edições
Gustave Eiffel.
[3] Sousa, D. (2015). "Gestão de riscos da segurança em obras de barragens" dissertação de mestrado
em Engenharia Civil. Universidade de Trás-Os-Montes e Alto Douro. Vila Real: Universidade de
Trás-Os-Montes e Alto Douro.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


138
DESIGN OF S690 SLENDER PLATE I-GIRDERS UNDER COMBINED SHEAR,
BENDING AND COMPRESSION
Henrique Gonçalves Afonso

Instituto Superior Técnico. henrique.afonso@tecnico.ulisboa.pt

Keywords: N-M-V interaction, EN 1993-1-5, high strength steel S690, longitudinal stiffeners

Código da Área Temática: 07. Estruturas e Engenharia Sísmica Poster

1. INTRODUCTION
Slender plate girders strengthened with transverse and longitudinal stiffeners have been increasingly
used in the design of cable-stayed bridges in the past few years. However, the design of this structures
may become a challenge to the most designers, once the cable-stayed bridge decks, supported by the
slender plate I-girders, are subjected to high compression forces, apart from bending and shear that
are commonly present in those structures. Thus, to ensure the safety of these steel I-girders, N-M-V
interaction should be checked. Though, it has been proven that the formulations present in the current
version of EN 1993-1-5 [1] does not give the best assessment of the real interaction of the forces. In
that regard, recently Biscaya [2] studied the behaviour of unstiffened I-girders to the interaction of N-
M-V stresses, developing expressions that proven to give better results than the current formulation
given by EN 1993-1-5.

Figure 1: N-M-V interaction diagram given in Figure 2: Design of S690 slender plate I-girders
EN 1993-1-5 [2] under combined shear, bending and
compression

2. INVESTIGATED PARAMETER RANGE


The definition of the geometries that were considered in this analysis was made in such a way that
accounted for a vast range of typical plate girders. A total of 20 cross-sections were selected using the
5
following parameters: & ! = [80,120,160,200,240], 𝛾 = [25,50] and 𝛼 = [1,2]. To be able to assess
!
the contribution of the flanges to increase the structural stability of the slender plates, 4 values were
:"
defined for the ratio of areas 𝐴𝑓/𝐴𝑤 = [0; 0,25; 0,50; 1], with 𝑏𝑓=√8 × Af and 𝑡𝑓 = ;
.

3. N-M-V INTERACTION FOLLOWING THE NEW BISCAYA PROPOSAL


Consider the following relations between the applied and resistance forces, accounting for the
6 78!" 9# : :8
eccentricity due to local web buckling, 𝑒𝑁: 𝜂1.𝑀 = !"
6
, 𝜂̅3 = : !" and 𝜂1.𝑁 = 8 !" , which must be
$%%.'" (),'" $%%,'"
lower or equal to the unit. For an axial force 𝑁𝐸𝑑>0 and 𝜂̅3≥0,5𝑘, it must be ensured that:

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


139
Table 1: N-M-V interaction according to the standard EN 1993-1-5 [2] and the Biscaya proposal [1]

Figure 3: 𝑅𝐹𝐸𝑀/𝑅𝐸𝐶3 and 𝑅𝐹𝐸𝑀/𝑅𝑃𝑅𝑂𝑃𝑂𝑆𝐴𝐿 for the ratio 𝐴𝑓/𝐴𝑤 = 0,50

4. MAIN CONCLUSIONS
Comparing the data collected using the interaction
equations suggested by the European standard and the
new Biscaya proposal, the new N-M-V interaction
equations prove to be more reliable from the point of
view of the non-dispersion of results, being also more
economical due to their lower conservatism. It is also
confirmed that it is a calculation method transversal to
the use, or not, of longitudinal stiffeners, one of the main
aims of this investigation, validating the initial premise.
Figure 4: N-M-V interaction diagram given by
the new Biscaya proposal
5. REFERENCES
[1] EN 1993-1-5 – Eurocode 3 – Design of Steel Structures – Part 1-5: Plated Structural elements, CEN,
2006.
[2] A. Biscaya – Buckling resistance of steel plated girders considering M-V interaction with high
compression forces, Instituto Superior Técnico, 2021, (in discussion).

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


140
ANÁLISE DE UMA INFRAESTRUTURA CRÍTICA DOTADA DE ISOLAMENTO DE
BASE SUJEITA À AÇÃO SÍSMICA
Daniela Falacho 1, Luís Guerreiro2, António Perry da Câmara3
1
Academia Militar, Lisboa. falacho.dc@exercito.com
2
DECivil, IST-UL. luis.guerreiro@tecnico.ulisboa.pt
3
Academia Militar, Lisboa. aperry@pcaengenharia.pt

Palavras-chave: Isolamento de base, ação sísmica, análise dinâmica, apoios elastoméricos, apoios
pendulares com atrito.

Código da Área Temática 07 Apresentação oral ou Poster

1. RESUMO
A aplicação de sistemas de isolamento de base é um tipo de tecnologia que permite salvar inúmeras
vidas com a redução dos danos de uma estrutura, garantindo a sua operacionalidade quando sujeita a
ações sísmicas. Pretende-se com este trabalho explorar a aplicação deste tipo de sistemas em
estruturas consideradas importantes, neste caso o Hospital das Forças Armadas, localizado no Lumiar,
Lisboa.

2. INTRODUÇÃO
Em resposta aos danos causados por ações acidentais extremas como os sismos, ocorridos em áreas
densamente povoadas, o dimensionamento de edifícios, pontes e instalações industriais têm evoluído
tendo como objetivo conseguir um melhor desempenho sísmico. A fim de mitigar os efeitos da ação
sísmica em estruturas, muitas soluções foram desenvolvidas, sendo o isolamento de base a abordagem
mais popular para o dimensionamento de sistemas de proteção sísmica [1].

3. ISOLAMENTO DE BASE
O isolamento de base faz parte dos sistemas passivos de proteção sísmica e consiste em “desligar
parcialmente a estrutura da sua fundação”, isto é, criar uma superfície de descontinuidade com
“interposição de uma camada com baixa rigidez horizontal entre a estrutura e o solo de fundação” [2].

3.1 Características – A interposição de uma camada deformável na base da estrutura tem como
consequência a redução da aceleração. Isto deve-se ao facto de aumentar o período próprio de
vibração da estrutura [3]. Na Figura 1 pode-se observar o espetro de resposta elástica horizontal de
acelerações e deslocamentos, representado conforme o EC8.

Figura 22. Espetro de resposta elástica horizontal de acelerações (A) e deslocamentos (B) [3].

3.2 Tipos de Sistemas de isolamento – Os blocos de borracha de alto amortecimento (HDRB - High
Damping Rubber Bearing) têm a capacidade de se deformar através da alteração da sua forma,
conseguindo manter o seu volume e conferem à base da estrutura baixa rigidez horizontal. Nos apoios
de borracha com núcleo de chumbo (LRB- Lead Rubber Bearing) a dissipação de energia é assegurada
pelo núcleo cilíndrico de chumbo [4]. Os apoios pendulares (FPB-Friction Pendulum Bearing) são
SEC 2023 – LIVRO DE ATAS
141
compostos por duas peças deslizantes. Quando a estrutura é sujeita a uma ação sísmica ocorre o
deslocamento das duas peças que promovem movimentos pendulares de pequena amplitude por
parte da estrutura [5].

4. CASO DE ESTUDO
4.1 Descrição e modelação do Edifício – No caso de estudo foram adotadas as características de uma
futura instalação a construir no Hospital das Forças Armadas (HFAR), em Lisboa. A modelação do futuro
edifício hospitalar foi realizada com recurso ao programa de cálculo estrutural SAP2000, foram feitos
dois modelos do edifício, um de base fixa e um com isolamento de base.

5. ANÁLISE ESTRUTURAL
Os aparelhos de apoio de borracha de alto amortecimento (HDRB) podem ser simulados através de
modelos elásticos lineares, neste caso a análise modal por espetro de resposta. Quando a estrutura
apresenta um comportamento não linear é necessário recorrer à análise no domínio do tempo, esta
análise foi aplicada nos aparelhos pendulares com atrito (FPS).

5.1 Dimensionamento dos apoios – Ao contrário dos apoios fixos, todas as translações e rotações
encontram-se livres neste tipo de apoios. Desta forma, é possível aplicar uma mola com o valor de
rigidez pretendido. Para escolher a rigidez horizontal de cada apoio é necessário definir a frequência
fundamental da estrutura de base isolada. Segundo o EC8 o valor da frequência deve pertencer ao
seguinte intervalo:
3𝑇; ≤ 𝑇5;; ≤ 3 𝑠 (1)
Sendo que 𝑇; representa o período fundamental da estrutura com base fixa e 𝑇5;; é o período efetivo
da estrutura com base isolada.

6. CONCLUSÕES
A principal conclusão a retirar dos resultados deste estudo é que a estrutura com base isolada
apresenta um melhor desempenho sísmico que uma estrutura usual “acoplada” ao solo pela sua
fundação. Este estudo permitiu chegar a outra conclusão importante que é a diminuição da quantidade
de armadura com a implementação de uma estrutura de base isolada, assim como uma redução na
própria estrutura onde foram retiradas muitas paredes face ao projeto inicial. A estrutura de base fixa
obriga a ter uma armadura resistente no caso de ocorrência de ação sísmica, contudo, com a
interposição da camada deformável, os esforços sob os elementos estruturais vão ser reduzidos
significativamente o que leva a que apenas se necessite de uma pequena percentagem de armadura,
a armadura mínima requerida pelos regulamentos.

7. REFERÊNCIAS
[1] Sapountzakis, E. J., Syrimi, P. G., Pantazis, I. A., & Antoniadis, I. A. “KDamper concept in seismic isolation of
bridges with flexible piers”, Journal of Engineering Structures, 2017.
[2] Guerreiro, L. “Isolamento de Base” [ Apresentação Powerpoint]. Instituto Superior Técnico, 2020.
[3] Amaral, F. “Análise da influência da componente vertical da acção sísmica na resposta de Apoios Pendulares
com Atrito.” (Dissertação de Mestrado). Instituto Superior Técnico, 2013.
[4] Skinner, R.I., Robinson, W.H., McVerry, G.H. “An Introduction to Seismic Isolation” , Chichester, Inglaterra,
1993
[5] Al-Hussaini, T.M.; Zayas, Victor; Constantinou, M.C. “Seismic Isolation of Multi-Story Frame Structures Using
Spherical Sliding Isolation Systems”, Technical Report, National Center for Earthquake Engineering
Research, Buffalo, New York, EUA, 1994

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


142
TEMA 08
CONSTRUÇÃO 4.0, DIGITALIZAÇÃO E BIM

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


PROPOSTA DE METODOLOGIA ORIENTADA PARA A GESTÃO DA INFORMAÇÃO
DIGITAL COM RECURSO AO BIM
Luiza Assunção1, José Pinto-Faria2, Fernando Sousa3, José Santos4
1
Departamento de Engenharia Civil. ISEP. 1200110@isep.ipp.pt
2
Departamento de Engenharia Civil. ISEP. jpf@isep.ipp.pt
3
ISEPBIM. ISEP. fcs.tecnico@gmail.com
4
Multiprojectus. Garcia, Garcia. jsantos@multiprojectus.com

Palavras-chave: BIM, Gestão da Informação, Sistemas de Classificação, Automatização.

Código da Área Temática: 8. Construção 4.0, Digitalização e BIM. Apresentação oral

1. INTRODUÇÃO
Até agora, a metodologia BIM foi implementada pelas organizações para elaborar, gerir e controlar os
projetos, porém a necessidade da gestão, da partilha e da análise de dados levou a uma transição do
uso do BIM orientado ao projeto para o seu uso orientado à informação. [1] No entanto, uma grande
quantidade dos dados referentes à construção não é estruturada, o que exige a adoção de sistemas de
classificação para a gestão da informação de modelos BIM, por exemplo.
Deste modo, este documento trata-se de um resumo feito com base no Relatório de Estágio do
Mestrado que tem como objetivo estudar modos de organizar a informação de acordo com os usos
BIM4D (planeamento da construção) e BIM5D (estimativa de custos), com incidência no
processamento e na visualização de dados, para o desenvolvimento de uma metodologia a ser
implementada no departamento de projeto da Garcia, Garcia, SA. Para isto, a metodologia foi aplicada
em modelos BIM de um edifício (Figura 1) com a utilização de ferramentas baseadas no BIM e no
Business Inteligence (Power BI).

Figura 23. Modelo do edifício do parque de resíduos da Stelia Aerospace Portugal.

2. CLASSIFICAÇÃO DA INFORMAÇÃO
Para organizar a informação de forma eficiente e promover a integração dos setores de projeto, de
orçamentação e de planeamento, concluiu-se que deveriam ser criados no Revit parâmetros
relacionados à geometria do projeto (3D), ao planeamento da obra (4D) e à estimativa de custos do
projeto (5D). Também foram utilizadas algumas tabelas do sistema Uniclass 2015 do Reino Unido para
a classificação da informação. A Figura 2 apresenta um exemplo da classificação feita.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


Figura 24. Classificação do painel sandwich das paredes.

Para otimizar o processo de classificação, foram elaboradas rotinas no Dynamo para a importação de
dados, que atribuem corretamente os dados nos parâmetros, e facilitam a extração e o cálculo das
quantidades de trabalho, e dos custos.

3. APRESENTAÇÃO DE DADOS E VISUALIZAÇÃO DO MODELO


Após o processo de classificação dos elementos do modelo, foi realizada a exportação dos dados do
Revit para o Excel através de rotinas do Dynamo, e os dados relativos ao 5D foram importados para o
Power BI, enquanto os dados relativos ao 4D serviram de apoio para o desenvolvimento do Plano de
Trabalhos da obra no MS Project, que também foi importado para o mesmo software. Por fim foram
elaboradas duas dashboards no Power BI para a estimativa de custos, utilizando o Uniclass 2015 e a
parametrização idealizada, e uma para o planeamento.
Com o objetivo de integrar os modelos às dashboards, os modelos foram exportados do Revit para o
Navisworks e, neste programa, foram criados “sets” com recurso aos parâmetros 3D, 4D e 5D, o que
permitiu ver a informação sobre um determinado elemento em ambos, conforme mostra as Figuras 3
e 4, referentes às madres da cobertura indicadas a azul. Um vídeo do faseamento construtivo da obra
também foi elaborado para integrar à dashboard de planeamento.

Figura 25. Imagem extraída da dashboard de orçamentação feita no Power BI. [2]

Figura 26. Apresentação das madres da cobertura no Navisworks.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A metodologia desenvolvida permitiu organizar a informação de duas formas distintas, que podiam se
complementar, com a apresentação simultânea do modelo e dos dados. Constatou-se que a dashboard
é uma importante ferramenta, que possibilitou a integração e a apresentação da informação relevante,
otimizou as tomadas de decisão durante a elaboração do projeto e proporcionou uma melhor
comunicação entre os departamentos da empresa. Durante a aplicação da metodologia, a maioria dos
processos realizados foi automatizada com recurso ao Dynamo, que mostrou-se ser uma ferramenta
valiosa ao aumentar a produtividade.

5. REFERÊNCIAS
[1] Pellegrino, Ernesto et al. (2021). Managing and Visualizing Your BIM Data. Understand the
fundamentals of computer science for data visualization using Autodesk Dynamo, Revit, and Microsoft
Power BI. 1.a ed. Packt Publishing Ltd.
[2] Dashboard de Orçamentação – Disponível em:
https://app.powerbi.com/view?r=eyJrIjoiMWYyMWZhOWYtZjkyMC00N2YyLTg3MTctN2Q2YzUzNzE5

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


145
ODM5IiwidCI6ImViYWRjODBkLTI3YjEtNDU4OS04OWZmLTA1MDdjMzhiNmY2NiIsImMiOjl9&pageNa
me=ReportSection572554de3a0e0074bee6

VERIFICAÇÃO AUTOMÁTICA DE PROJETOS


APLICAÇÃO EM PROJETOS COM CARACTERÍSTICAS PADRONIZADAS
Renata Nunes Aguiar e Silva 1, João Pedro da Silva Poças Martins 2
1
Departamento de Engenharia Civil. FEUP. Up202003030@fe.up.pt
2
Departamento de Engenharia Civil. FEUP. jppm@fe.up.pt

Palavras-chave: “code check”, BIM, “model check”, “AEC automation”.

Código da Área Temática 8 Vídeo

1. PROJETOS PADRONIZADOS
Os projetos padronizados representam um volume significativo dos trabalhos de construção de
edifícios, tanto a nível nacional como internacional. As características relacionadas com a repetição e
simplificação na sua elaboração incentivam a adoção de ferramentas de automação que deverão
proporcionar melhor qualidade e produtividade. Alguns exemplos apresentados no Quadro 1
demonstram o volume de repetições de projetos padrão.
Quadro 11. Número de projetos padronizados de diferentes Donos de Obra – alguns exemplos.

Lojas no mundo Lojas no Brasil Lojas em Portugal


McDonalds 40.031 1.031 183
Starbucks 32.660 142 23
Burger King 12.300 792 175
Santander 12.000 2.717 627
Um inquérito detectou que 85% dos profissionais do setor no Brasil possuem software com recursos
BIM, porém menos de 50% dos projetos usam este sistema, e ainda assim apenas parcialmente. A
conferência de projetos é apontada como necessária pelos inquiridos, em seis fases do projeto,
demonstrando ser uma tarefa ideal para se iniciar o processo de automação [1].

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


146
Figura 27. Apontamento de repetições necessárias na tarefa de verificação de projetos padronizados[1]

A empresa Kemp [2], especializada em projetos padronizados, cedeu o modelo de uma rede de lojas
de vestuário, tipicamente instalada em shoppings. Este trabalho propõe a conferencia automática dos
projetos da marca, utilizando as mesmas ferramentas (software) do processo corrente de
remodelações e implantações. Estes recursos também são utilizados por 76% dos profissionais do
setor, o que facilitará sua reprodução em outros projetos.

2. VERIFICAÇÃO AUTOMÁTICA
O processo de verificação começa com a extração de dados. A rotina desenvolvida em Dynamo,
transfere automaticamente para o Excel as informações do projeto. Um “Ficheiro Base” contém dados
de especificações, quantidades e locais de aplicação de acabamentos e mobiliários a serem verificados,
além das variações possíveis em função do tamanho e faturação da loja.
O programa desenvolvido faz a conferência de cada ambiente, avaliando a área útil necessária,
comparando-a com a que é medida no modelo de projeto. Verifica ainda se foram feitas as
especificações adequadas dos 7 tipos de acabamentos de pisos possíveis, 27 tipos de acabamentos em
paredes, 8 tipos de forro (teto falso), 56 tipos de mobiliários e 15 especificações de luminárias.
A verificação dos aspectos descritos no parágrafo anterior é morosa quando realizada por processos
manuais. Ao recorrer-se à rotina desenvolvida, as operações necessárias tornam-se expeditas, a saber:
Preparação das folhas para execução da rotina de extração de dados – 3 minutos; Execução da rotina
de extração de dados pelo Dynamo (Figura 2) – 2 minutos; Atualização dos ficheiros vinculados – 3
minutos; Análise da folha relatório emitido pela folha Excel (Figura 2) - entre 10 e 20 minutos, com as
respetivas consultas nos modelos dos pontos de atenção.

Figura 2. Rotina em Dynamo para extração de dados (à esquerda). Relatório emitido (à direita)

3. CONCLUSÃO
A automação, mesmo que parcial, representa um ganho de produtividade significativo, e em projetos
com características padronizadas pode ser implementada com relativa facilidade. Contudo, enfrenta
como maior desafio a formação de profissionais do setor AEC que em geral não possuem habilidades
em programação.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


147
O protótipo desenvolvido demostra que a implantação trará melhoria significativa da produção tanto
em tempo de execução como em padronização do procedimento e qualidade, sem qualquer alteração
do método de trabalho já estabelecido, porém, o Dynamo não se mostrou uma plataforma estável e o
projeto deverá ser melhorado com a utilização de linguagens mais adequadas.

4. REFERÊNCIAS
[1] R. N. Aguiar, E. Silva, J. Pedro, D. Silva, and P. Martins, “VERIFICAÇÃO AUTOMÁTICA DE PROJETOS
APLICAÇÃO EM PROJETOS COM CARACTERÍSTICAS PADRONIZADAS Dissertação submetida para
satisfação parcial dos requisitos do grau de MESTRE EM PROJETO INTEGRADO NA CONSTRUÇÃO
DE EDIFÍCIOS,” 2022. [Online]. Available: https://www.mprince.net
[2] Kemp, “PROJETOS DE ENGENHARIA, ARQUITETURA E GERENCIAMENTO DE OBRAS,”
https://kemp.com.br, Jan. 11, 2023.

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148
IMPLEMENTAÇÃO DA METODOLOGIA BIM NO DESENVOLVIMENTO DE
PROJETOS DE ESTRUTURAS
António Caeiro1, Paulo Mendes2
1
Departamento de Engenharia Civil. ISEL-IPL. antonio.m.v.caeiro@gmail.com
2
Departamento de Engenharia Civil. ISEL-IPL. paulo.mendes@isel.pt

Palavras-chave: BIM, modelação 3D, interoperabilidade, projeto de estruturas.

Código da Área Temática: 08 Apresentação oral

1. INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, têm-se publicado diversos trabalhos sobre a implementação de metodologias da
modelação de informação da construção (Building Information Modelling - BIM), em diversas áreas
associadas ao designado sector da Arquitetura, Engenharia e Construção (AEC). O presente trabalho
pretende dar um contributo neste domínio, designadamente ao nível da implementação da
metodologia BIM no desenvolvimento de projetos de estruturas.
Neste sentido, envolve o desenvolvimento de um projeto-piloto, baseado na utilização das novas
ferramentas, associadas à implementação da metodologia BIM, que irá permitir obter uma visão mais
alargada sobre o seu grau de implementação e assim aferir a necessidade de mitigar as eventuais
dificuldades.

2. METODOLOGIA BIM
A implementação da metodologia BIM em projeto de estruturas tem como principal objetivo, o
planeamento e a gestão num nível competitivo. A chave para a adoção do BIM como método de
trabalho é a capacidade dos vários intervenientes de partilhar facilmente a informação da construção.
A interoperabilidade tem uma importância elevada para o BIM estrutural, porque é através desta que
a produtividade aumenta significativamente.
A interoperabilidade para o BIM estrutural tem usualmente duas perspetivas. A primeira é considerada
como externa à organização, na qual a interoperabilidade e a colaboração são feitas com organizações
externas, das várias especialidades como a Arquitetura, as Instalações Especiais e outras, por esta via
existem vários modelos 3D por disciplina, que se interligam num modelo federado (Figura 1).
A segunda perspetiva é considerada como interna, e refere-se a um sistema de modelação BIM que
pode interagir, por exemplo com um sistema de análise de cálculo estrutural, através de um Interface
de Programação de Aplicações (Application Programming Interface - API) ou plugins instalados no
sistema de modelação BIM.

Figura 28. Interoperabilidade entre modelos BIM de diferentes disciplinas, adaptado de Knittle [1].

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


149
3. PROJETO PILOTO
A implementação do BIM no projeto de estruturas não é uma tarefa trivial, pois representa uma
evolução completa da maneira como o processo de trabalho se desenvolve [2].
O projeto-piloto, auxilia na avaliação dos fluxos de trabalho BIM, na recolha de informação e opiniões
do progresso da equipa envolvida, para aperfeiçoar a implementação e facilitar o planeamento dos
processos na organização.
Pretende-se, com projeto-piloto, a produção de um modelo 3D de estruturas, para reproduzir peças
desenhadas e mapas de quantidades, a interoperabilidade com o projeto de arquitetura, e a avaliação
da integração com os softwares de análise estrutural. O edifício é composto por 4 pisos acima do nível
do solo e uma cave para estacionamento (Figura 2).

a) b)
Figura 29. Modelos paramétricos: a) Modelo de arquitetura; b) Modelo de estruturas.

No presente trabalho a realização do projeto-piloto, segue o alinhamento das atividades da ISO 19650,
na perspetiva do projeto de estruturas em BIM. Apresenta-se na Figura 3 o modelo numérico utilizado
para a análise estrutural em ETABS.

Figura 30. Integração do modelo no software de análise estrutural ETABS.

4. CONCLUSÕES
Implementar a metodologia BIM, requer uma boa compreensão sobre a temática BIM, um
conhecimento dos fundamentos mais relevantes, das ferramentas mais adequadas e dos seus
benefícios. Para ter uma base sustentada dos objetivos, associados ao investimento, e a uma tomada
de decisão coesa, de modo a implementar a metodologia BIM.
A decisão da implementação da metodologia BIM está dependente de determinados fatores para
adotar esta mudança de paradigma. Neles se destacam os mais relevantes: o conhecimento da
metodologia, o investimento necessário e o intervalo de tempo para a implementar. A solução está no
planeamento bem estruturado, na formação das pessoas, no envolvimento de todos intervenientes
do sector da AEC e da disseminação da normalização.

REFERÊNCIAS
[1] Knittle, B. (2014). Understanding the Flavors of Revit. Obtido de Synergis Building Solutions
Engineer website: https://www.synergis.com/2014/04/01/introduction-to-multi-discipline-
collaboration-in-revit/.
[2] Smith, P. (2014). BIM implementation - global strategies. Procedia Engineering, 85, 482–492.
https://doi.org/10.1016/j.proeng.2014.10.575.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


150
VALIDAÇÃO DA PREPARAÇÃO E MONTAGEM DE ESTRUTURAS METÁLICAS
COM BASE EM TECNOLOGIAS DIGITAIS
Pedro Oliveira1, Diogo Ribeiro2, Rui Gavina3

1
Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP), Porto. 1181766@isep.ipp.pt
2
CONSTRUCT, Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP), Porto. drr@isep.ipp.pt
3
VN2R – Engineering Innovation Consulting, Lda, Porto. rui.gavina@vn2r.pt

Palavras-chave: Preparação e montagem, Estruturas metálicas, Verificação geométrica, Tecnologias


digitais.

Código da Área Temática: 08 Apresentação oral

1. INTRODUÇÃO
No domínio da Engenharia Civil, as estruturas metálicas estão a ser uma das soluções cada vez mais
utilizadas na construção de edifícios para todo o tipo de finalidades, isto porque apresentam inúmeras
vantagens em relação à construção tradicional. Para garantir a qualidade de execução deste tipo de
estruturas, torna-se essencial a realização de dois tipos de verificações em diferentes fases do projeto.
A primeira verificação está relacionada com a validação do modelo fabrico dos elementos estruturais,
com o intuito garantir o cumprimento do especificado em projeto. A segunda verificação é realizada
na fase de construção com o objetivo de assegurar que os eventuais desvios que ocorrem durante a
montagem cumpram as tolerâncias previstas na norma NP EN 1090-2 [1].

2. COMPARAÇÃO ENTRE O MODELO ESTRUTURAL E O MODELO DE FABRICO


Verificação manual da compatibilidade entre modelos – Inicialmente, foi realizada uma
comparação manual entre o modelo estrutural e o modelo de fabrico na plataforma Revit (Figura 1),
com o intuito de encontrar desvios geométricos nos diversos elementos estruturais.
Parametrização através do Dynamo - Devido ao facto de a verificação manual ser um trabalho
bastante moroso e ser suscetível de erros, foi desenvolvida uma parametrização através do programa
Dynamo, de modo que a comparação entre o modelo estrutural e o modelo de fabrico fosse realizada
de forma automática. Na Figura 2 está apresentado um excerto do script genérico desenvolvido.

Figura 17. Modelo estrutural


(vermelho) e de fabrico (cores –
azul, verde, laranja e amarelo) Figura 18. Excerto do script desenvolvido
sobrepostos na plataforma Revit

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


151
3. COMPARAÇÃO ENTRE O MODELO DE FABRICO E A MONTAGEM
Levantamento da obra – Foi planeado o levantamento geométrico tridimensional da estrutura
metálica de um pavilhão industrial recorrendo a duas tecnologias: LIDAR (Laser Scanner) e
Fotogrametria UAV (Drone) [2], no entanto, devido a interdições de zonas de voo, só foi possível
estudar a estrutura através do Laser Scanner BLK 360 da Leica (Figura 3).
A nível do Laser Scanner, foi necessário ter consideração as boas práticas na preparação e utilização
do equipamento, o adequado processamento da informação em nuvem de pontos, o controlo de erros
e a exportação. Na Figura 4 é apresentado o resultado do levantamento por nuvem de pontos.
Verificação manual da compatibilidade entre modelos – Esta verificação foi dividida em duas
etapas: 1) a sobreposição da nuvem de pontos com o modelo de fabrico fornecido, e 2) a
verificação dos desvios geométricos com base nos critérios definidos na norma NP EN 1090-2 [1].

Figura 19. Resultado do levantamento por nuvem de


pontos

Figura 20. Leica BLK 360 em funcionamento

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A validação da preparação e montagem de estruturas metálicas é uma tarefa complexa, no entanto
com o recurso a tecnologias digitais e processos de parametrização é possível o aumento do rigor e da
eficiência da parte dos intervenientes. O uso da tecnologia Laser Scanning envolve experiência e a
qualidade e densidade da nuvem de pontos depende bastante das condições e dimensões da
estrutura. Assim sendo, esta mesma tecnologia não é a mais indicada para realizar o levantamento de
pontos de um edifício com altura elevada, isto porque, para além de necessitar de uma varredura de
pontos de alta intensidade acaba por não apresentar a definição pretendida, em elementos que se
encontrem no topo do edifício.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] Instituto Português da Qualidade. (2020). NP EN 1090-2 Execução de estruturas de aço e de
estruturas de alumínio. Parte 2: Requisitos técnicos para estruturas de aço. Monte da Caparica,
2020.
[2] Razali A, Ariff M, Majid Z. 2022. A hybrid point cloud reality capture from terrestrial laser scanning
and UAV-photogrammetry. 9th Intl. Workshop 3D-ARCH “3D Virtual Reconstruction and
Visualization of Complex Architecture”, 2022.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


152
AVALIAÇÃO DE PAVIMENTOS AEROPORTUÁRIOS COM RADAR DE PROSPEÇÃO
- MONITORIZAÇÃO E VISUALIZAÇÃO EM BIM
Ermes Vera Cruz1, Simona Fontul2, Paula Couto3
1
Faculdade de Ciências e Tecnologia. Universidade NOVA de Lisboa. e.cruz@campus.fct.unl.pt
2
Faculdade de Ciências e Tecnologia. Universidade NOVA de Lisboa / Departamento de Transportes.
Laboratório Nacional de Engenharia Civil. simona@lnec.pt
3
Departamento de Edifícios. Laboratório Nacional de Engenharia Civil. pcouto@lnec.pt

Palavras-chave: Pavimentos Aeroportuários, Radar de Prospeção, Monitorização de espessuras de


camadas, Metodologia BIM.

Código da Área Temática: 8 Apresentação oral ou Poster

1. RESUMO
Os pavimentos aeroportuários têm um papel importante na operação segura e eficiente do transporte
aeroportuário, encontrando-se constantemente sujeitos a ações que contribuem para a redução do
seu nível de serviço. Deste modo, é necessária a monitorização do seu estado a fim de detetar e mitigar
os defeitos, sendo esta uma das preocupações das entidades responsáveis pela gestão dessa
infraestrutura. O conhecimento da sua condição estrutural e funcional é fundamental, já que permite
adotar as medidas adequadas para a manutenção e reabilitação do pavimento, mantendo a segurança
dos utilizadores.
No setor das infraestruturas de transportes, o conhecimento do tipo de estrutura, dos materiais e da
espessura das camadas que constituem o pavimento aeroportuário é essencial para a avaliação e
monitorização da capacidade de carga e para detetar defeitos. Neste contexto, o Radar de Prospeção
é particularmente útil, pois é capaz de fornecer informação de forma contínua, sendo possível gerir e
guardar essa informação em modelos digitais BIM.

2. INTRODUÇÃO
A caraterização do estado dos pavimentos aeroportuários é uma tarefa essencial para a gestão da
segurança, da operação e da manutenção das infraestruturas aeroportuárias. A monitorização
adequada de pavimentos durante o deu ciclo de vida é uma tarefa desafiante, sendo que uma
inspeção eficaz pode levar a uma melhor compreensão das necessidades atuais e do estado de
desempenho estrutural dos pavimentos. Por outro lado, uma avaliação detalhada dos danos nos
pavimentos fornece informação fiável para evitar perdas económicas desnecessárias e garante a
segurança e o conforto para o transporte de pessoas e bens [1].

3. RADAR DE PROSPEÇÃO
O sistema do Radar de Prospeção consiste em três elementos principais: as antenas (uma
transmissora e outra recetora), a unidade de controlo e a unidade de visualização. A antena
transmissora gera ondas magnéticas sinusoidais e a antena recetora recolhe o sinal devolvido ao
longo do tempo [2].
Neste trabalho foram analisados os dados fornecidos pelo GPR, em particular as espessuras das
camadas betuminosa e granular do pavimento flexível, por intermédio de imagens e tabelas extraídas
do Radar de Prospeção, para um caminho de circulação de um aeroporto nacional. De seguida, foi
construído um modelo digital do caminho de circulação em estudo, onde foi inserida a informação
resultante da monitorização com GPR sobre a espessura das camadas constituintes.

4. METODOLOGIA BIM
A utilização da metodologia BIM pretende demostrar que a mesma pode ser implementada em
sistemas de gestão de infraestruturas aeroportuárias, e também rodoviárias, possibilitando o registo
das suas caraterísticas físicas e geométricas, bem como dos dados de medição / monitorização dos

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


153
pavimentos / vias, recolhidos a partir do Radar de Prospeção, e as intervenções realizadas ao longo de
vida útil da infraestrutura [3]. Por outro lado, o modelo digital em 3D do caminho de circulação
desenvolvido permitiu uma melhor visualização das variações das espessuras das duas camadas
estudadas, por intermédio de plantas e cortes.
A introdução da legenda de cores no modelo BIM oferece uma vista evidente das zonas do caminho
de circulação que apresentam alterações de espessura relativamente à espessura de projeto (tanto
para mais ou para menos). Assim, foi possível observar que, no presente caso de estudo, as variações
de espessura estavam localizadas predominantemente nas bermas e na zona central do caminho de
circulação, conforme apresentado na Figura 1.

Figura 1. Modelo BIM e desvios da espessura em 3D [3].

5. CONCLUSÕES
Demostrou-se com este estudo que a metodologia BIM pode ser implementada em sistemas de gestão
de infraestruturas aeroportuárias, possibilitando o registo das suas caraterísticas físicas e geométricas,
bem como os dados de monitorização dos pavimentos, recolhidos a partir do Radar de Prospeção, ao
longo de vida útil da infraestrutura.
Algumas das dificuldades encontradas na execução do modelo BIM foram relacionadas com a
aplicação e definição das camadas (betuminosa, granular e de fundação) e ainda com a divisão do
pavimento transversalmente em cinco seções, por forma a integrar os resultados medidos com o Radar
de Prospeção nos diferentes alinhamentos.

6. REFERÊNCIAS
[1] Fontul, S. (2019). Avaliação Estrutural de Pavimentos Rodoviário e Aeroportuário. Curso
realizado no âmbito do Convénio de Cooperação entre o LEA e o LNEC. Luanda, 2019.
[2] Davis, J.L. e Annan, A.P. (1989). Ground-Penetrating Radar for high resolution mapping of soil and
rock stratigraphy. Geophysical Prospecting.
[3] Vera Cruz, E. (2022). Avaliação de Pavimentos Aeroportuários com Radar de Prospeção –
Monitorização e Visualização em BIM. Dissertação de Mestrado em Engenharia Civil, NOVA
SCHOOL of Science e Technology, (FCT|NOVA).

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


154
CRIAÇÃO DE BASE DE DADOS ANOTADA PARA A DETEÇÃO AUTOMÁTICA DE
PATOLOGIAS EM EDIFÍCIOS
Miguel Rolo1, Sandra Pereira2
1
Departamento de Engenharias. Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.
miguel.decamposrolo@gmail.com
2
Departamento de Engenharias. Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. C-MADE/UTAD
spereira@utad.pt

Palavras-chave: Reabilitação de Edifícios 4.0, Patologias, Deteção automática, Aprendizagem


profunda.

8. Construção 4.0, Digitalização e BIM Apresentação oral ou Poster ou Vídeo

1. INTRODUÇÃO
Numa sociedade que tende a evoluir a reabilitação de edifícios é uma possibilidade onde todas as fases
da construção devem ser eficientes e sustentáveis. Nesta estratégia de construção é preciso efetuar
um levantamento do estado do edifício, o que implica a elaboração de um relatório das patologias
existentes, soluções e custos associados de intervenção. Essa pesquisa envolve pelo menos uma
inspeção do local (com a recolha de anotações, fotos e vídeos). Os procedimentos atuais para avaliar
as condições de construção são demorados, trabalhosos e dispendiosos e podem criar situações que
coloquem em perigo a segurança e a saúde dos engenheiros, especialmente ao inspecionar locais de
difícil acesso ou com patologias relacionadas com a existência de partículas perigosas. Numa
perspetiva de evolução para a reabilitação de edifícios 4.0 pretende-se apostar em processos que
automatizem o maior número de tarefas associadas à reabilitação de edifícios.
Este trabalho pretende dar um contributo na criação da base de dados anotada que posteriormente
permitirá detetar e localizar automaticamente patologias em imagens de fachadas de edifícios, através
da aplicação de modelos de Deep learning.

1.1 Reabilitação de edifícios


A reabilitação de edifícios é uma área da engenharia civil. Sendo que, sob designação genérica, está
dividida em três tipos de obras, as de conservação/manutenção, de reabilitação e as de beneficiação
[1].

1.2 Patologias
As patologias resultam da deterioração progressiva dos diferentes componentes que constituem um
edifício por meio da ação de um ou de uma combinação de forças ou agentes externos. Eles foram
classificados na ISO 19208 [2], em cinco categorias principais: agentes mecânicos; agentes
eletromagnéticos; agentes térmicos; agentes químicos; e agentes biológicos.
São vários os tipos de patologias que podem ser observadas em edifícios, enumeram-se alguns tipos
que podem ser detetados em imagens: eflorescências, desagregações, descascamentos, manchas,
fungos e bolores, enrugamentos e fissuras.

1.3 Aprendizagem máquina


A aprendizagem máquina, ou machine learning é uma técnica de programação que permite que os
computadores aprendam e melhorem seus conhecimentos de forma autônoma ao longo do tempo. A
aprendizagem profunda, ou deep learning é um método de inteligência artificial que utiliza uma rede
de neurônios artificiais para processar informações através de padrões de propagação de ativações
em unidades de informação sobrepostas em camadas. [3].

2. CRIAÇÃO DA BASE DE DADOS ANOTADA


SEC 2023 – LIVRO DE ATAS
155
Neste trabalho, foi utilizado o programa Sensarea, que é um programa de edição de vídeo, para marcar
patologias nas imagens. Com o Sensarea, pode-se selecionar qualquer objeto usando ferramentas
semiautomáticas e salvar o projeto em vários tipos de arquivos. O objetivo deste trabalho é
desenvolver um modelo que possa detetar e localizar patologias nas imagens. A base de dados foi
criada fotografando fachadas de edifícios com e sem patologias em várias cidades do norte de
Portugal. Depois, as fotos foram marcadas com o Sensarea e serão usadas como base para a
aprendizagem dos modelos de deteção. Durante a marcação, foi observado que as imagens tinham
uma resolução muito alta, o que tornava o processo demorado, então foi usado um programa para
redimensionar as imagens para 900 * 600 pixels.

a) b) c)
Figura 31. Criação da base de dados anotada. a) Fotografia original, b) Marcação das patologias com o
software Sensarea, c) Máscara que será importada para aprendizagem dos modelos.

3. CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS


Este trabalho permitiu a criação de uma base de dados anotada com patologias de edifícios, composta
por 1294 fotografias. Com a base de dados anotada, é possível prosseguir para a fase de treinamento
dos modelos de deteção automática de patologias. A figura 2 apresenta os próximos passos desta
metodologia, que permitirá treinar os modelos numa base de dados pública e posteriormente na base
de dados privada criada neste trabalho. O objetivo é aperfeiçoar a capacidade dos modelos de detetar
e localizar patologias de forma automática.

Figura 2. Metodologia para o treino dos modelos numa base de dados pública e posteriormente na base de
dados privada criada neste trabalho.

7. REFERÊNCIAS
[1] Appleton, J. (2002). Estudos de Diagnóstico em Edifícios. Da Experiência à Ciência. A Intervenção
no Património. Práticas de Conservação e Reabilitação. Porto, FEUP
[2] CEN, ISO 19208:2016 - Framework for specifying performance in buildings,
https://www.iso.org/standard/63999.html (2016, consultado em 24 junho de 2021).
[3] Jia, F., Lei, Y., Lin, J., Zhou, X., Lu, N., Jia, F., Lei, Y., Lin, J., Zhou, X., & Lu, N. (2016). Deep neural
networks: A promising tool for fault characteristic mining and intelligent diagnosis of rotating
machinery with massive data. MSSP, 72, 303–315. https://doi.org/10.1016/J.YMSSP.2015.10.025.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


156
THE APPLICATION OF MACHINE LEARNING / DEEP LEARNING METHODS TO
THE VARIOUS AREAS OF CIVIL ENGINEERING
Allae Bousba1, Sandra Pereira2
1
Departamento de Engenharias. Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.
allaebousba@gmail.com
2
Departamento de Engenharias. Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. C-MADE/UTAD
spereira@utad.pt

Palavras-chave: Machine learning, Civil engineering, Structural engineering, Deep learning

8. Construção 4.0, Digitalização e BIM Apresentação oral ou Poster ou Vídeo

1. INTRODUCTION
This work aims to explain the use of Machine Learning (ML) and Deep Learning (DL) in civil engineering.
ML is an application of AI that involves algorithms that learn from data to make informed decisions,
while DL is a subfield of ML that structures algorithms in layers to create an "artificial neural network".
ML and DL are increasingly prevalent in various fields, including civil engineering, replacing traditional
methods. However, some researchers criticize ML as a "black box" due to its complexity and lack of
physically interpretable information. In civil engineering, ML models are used for efficient and detailed
safety, the design of buildings, roads, tunnels, and other structures, project management, and data
management purposes. The importance of ML and interdisciplinary technologies lies in reducing the
risk of errors and improving speed in design. The research will discuss different fields of ML in civil
engineerings, such as deep learning algorithms, physics-based and structural engineering, and their
advantages.

2. THE USES OF ML IN CIVIL ENGINEERING


Machine learning tools use algorithms to parse data and find trends, patterns, and insights of value,
but these algorithms need to be established and optimized to empower AI and ML technologies in civil
engineering. To complete planning, construction, and similar tasks, engineers need to tell the system
where to look for the relevant specs and how to find them while defining parameters for the design.
These technologies will collaborate with human counterparts and work alongside labourers. We are
still in the developmental phase for these algorithms, and there is still untapped potential. The use of
machine learning for engineers is still being explored, with various theories about how to apply it to
improve efficiency, safety, and design in civil engineering.

2.1 Design
Machine learning can expedite the design process for civil engineers by taking care of the rest of the
design process after inputting specifications. This can lead to more designs for the same project, giving
engineers more options and potential for innovation. As machine learning improves, feedback from
engineers can be implemented in future designs to continue improving them. Engineers can then focus
on other jobs while the machines work on designs.

2.2 Safety Checks


Civil engineering requires strict adherence to safety protocols to ensure the safety of workers and
structures. Machine learning can help by detecting safety threats and ensuring that workers have the
proper safety certifications. The system can also alert site managers if someone is violating safety
protocols. Machine learning can prevent unsafe equipment from being used on-site by tracking
equipment usage. With machine learning, civil engineers can ensure that safety is a top priority and
minimize the risk of accidents or other safety threats.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


157
2.3 Project management
The systems can track workers' progress, flag delays or issues, and generate reports for managers to
compare projects. Engineers can tag all tools and materials with smart tags and keep track of inventory
counts. The machine learning system can track everything, detect any missing or stolen items, and
provide accurate inventory counts. Manual tracking is less accurate and may take longer to identify
missing or short items.

3. THE IMPORTANCE OF ML IN CIVIL ENGINEERING


Machine learning plays a significant role in civil engineering by reducing errors in data management
and prediction. Various ML methods, such as Decision Trees and Artificial Neural Networks, can be
used in small-sized civil engineering projects. ML tools like Google Co-Labs, MATLAB, Anaconda, and
Weka can also be implemented. Civil engineers knowledgeable in interdisciplinary domains can be
more successful in their profession and aid the construction industry in developing more. Therefore,
machine learning should be incorporated into civil engineering.

4. DIFFERENT FIELDS THAT USE ML IN CIVIL ENGINEERING


Machine learning has recently gained popularity in structural engineering, divided into structural
system identification, structural health monitoring, vibration control of structures, structural design,
and prediction applications. Structural system identification is essential as it constructs a mathematical
model of a structural system from input-output measurements generated by dynamic time series
signals. ML algorithms have been used extensively in both parametric and non-parametric system
identification. Structural health monitoring continues to be the subject of intensive research in
structural engineering, with both image-based and vibration signal-based SHM approaches utilizing ML
algorithms. Dynamic loadings can generate vibrational responses that can negatively affect the
integrity of a structure, and thus many research efforts focus on the vibration control of structures. ML
has been applied in engineering design, such as a novel approach to concrete mixed design, and for
prediction tasks, such as stress field prediction in cantilevered structures using CNNs.

5. CONCLUSIONS
This work explores the impact of machine learning on civil engineering. Deep learning algorithms can
be applied for visual recognition, prediction, and classification. ML plays an important role in
developing automated technologies and scientific modelling. SVM and deep learning algorithms like
CNN and LSTM are commonly used in structural engineering. ML and deep learning have great
potential for future civil and structural engineering advancements.

6. REFERENCES
[1] D. Chakraborty, I. Awolusi, L. Gutierrez, An explainable machine learning model to predict and
elucidate the compressive behavior of high-performance concrete, Results in Engineering 11
(2021), 100245.
[2] I. Yitmen, et al., An adapted model of cognitive digital twins for building lifecycle management,
Appl. Sci. 11 (9) (2021) 4276.
[3] Giovanni Valle, RA, LEED AP - This Is How Machine Leurning Is Used In Civil Engineering
[4] Cao, J., Song, C., Peng, S., Xiao, F., Song, S., "Improved traffic sign detection and recognition
algorithm for intelligent vehicles", Sensors, 2019, 19(18), 4021.DOI:doi.org/10.3390/s19184021
[5] Dung, C. V., "Autonomous concrete crack detection using deep fully convolutional neural network"
Automation in Construction, 2019, 99, 52-58.
[6] Kuyuk, H. S., Susumu, O., "Real-Time Classification of Earthquake using Deep Learning", Procedia
Computer Science, 2018, 140, 298-305.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


158
DIGITALIZAÇÃO DO PROCESSO DE GESTÃO E COORDENAÇÃO DA SEGURANÇA
NO TRABALHO DA CONSTRUÇÃO NO MUNICÍPIO DE LISBOA
L. Camacho1, N. Almeida2
1
DECivil, Instituto Superior Técnico. luis.camacho@tecnico.ulisboa.pt
2
DECivil, Instituto Superior Técnico. nunomarquesalmeida@tecnico.ulisboa.pt

Palavras-chave: Automatização de processos, digitalização de processos, PowerApps, coordenação


de segurança em obra

Área Temática 08 Apresentação oral

1. BREVE RESUMO DO TRABALHO


O objetivo principal deste trabalho é contribuir para a digitalização do processo de gestão e
coordenação da segurança no trabalho da construção e é fruto de uma parceria com o Município de
Lisboa. Para cumprir este objetivo são precisas três etapas:
1. Criar um fluxograma capaz de analisar a
hierarquia da Divisão de Prevenção e
Segurança (DPS) da Câmara de Lisboa;
2. Analisar os dados relativos à segurança
de várias obras. Para este efeito foram
escolhidas 10 obras das quais se compilaram
tabelas e se analisaram as condições de
segurança dessas obras através de 318
relatórios das respetivas obras;
3. Criar uma aplicação para dispositivos
móveis onde se responde a um questionário
obtendo assim um relatório normalizado,
sucinto e possível de converter em documento
Word editável. Figura 1 – Versão simplificada de um departamento do
O intuito é que com o tempo de utilização e de Município de Lisboa
manutenção da aplicação se reduza o tempo de
trabalho para as equipas de inspeção e de fiscalização, não só no terreno como no escritório.

2. DIGITALIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO RECOLHIDA: FLUXOGRAMA DA DPS


A primeira etapa consiste na análise do processo de
criação dos PSS Projeto e PSS Obra da Divisão de
Prevenção e Segurança da Câmara de Lisboa. Torna-
se assim necessária a compreensão da estrutura
interna da mesma, nomeadamente, todos os
intervenientes que pudessem ter um contributo
para os respetivos PSS. Partindo, então, dos
diagramas providenciados pela Câmara criou-se
uma versão simplificada de fluxograma com essa
informação (Figura 1):
Figura 2 - Excerto do fluxograma do PSS Projeto
Após a determinação dos principais intervenientes
dentro do processo, criaram-se dois fluxogramas onde se apresente todos os passos para a criação do
PSS Projeto e Obra, podendo-se observar na Figura 2 um excerto dos fluxogramas produzidos.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


159
2.1. Digitalização da Informação recolhida: Compilação de dados sobre visitas a obras
Para a segunda etapa, com o apoio dos técnicos e engenheiros da DPS e Câmara Municipal de Lisboa,
visitou-se 10 obras de diversos tipos que estavam sobre a tutela da DPS, permitindo a análise de cerca
de 318 relatórios de segurança. A partir desses relatórios criaram-se tabelas para análise, onde se
representou os dados recolhidos de cada obra. Representada na Tabela 1 encontra-se a obra
denominada “Empreitada Cruz Vermelha” e no Gráfico 1 os resultados da análise da mesma. Esta obra
foi escolhida para este resumo por ter o maior número de registos das 10 obras analisadas.

Tabela 3 - Top 10 dos registos de riscos


de segurança para a Empreitada Cruz
Número de riscos por parâmetro
Vermelha
Bairro Cruz Vermelha Total 328
309
350
Relatório 47 (18-22/11/2019) 48
300 237
Relatório 48 (25-29/11/2019) 50 250 178
Relatório 49 (2-6/12/2019) 48 200
150 107 106 97 90 90
Relatório 50 (09-13/12/2019) 37 100
68

Relatório 55 (20-24/01/2020) 38 50
Relatório 58 (10-14/02/2020) 44 0
Qu Qu F A Q E P er E nt Aci
ed eda Dificu erime trope ueda mba
Relatório 60 (24-28/02/2020) 51 as
em em l da n to lam sd tes furaçõ rada d dente
de s e e / e ep s
n ív a ltur de v
circ ários to
n m a te c ho s ess com t
Relatório 64 (30-03 a 03-04/2020) 50 el a riais ques oas er
ul a
ção ee não ceiros
, de qui aut
Relatório 65 (06-09/04/2020) 43 s or
gan
pam
ent
oriz
ada
iza os sn
Relatório 66 (13-17/04/2020) 69 ção
/…
o…

Total 2167
Gráfico 1 - Número de registos de riscos por parâmetro
2.2. Digitalização da Informação recolhida: Aplicação PowerApps
Para a terceira e última etapa da digitalização de informação, compreendendo a necessidade de
melhorar o acesso à informação contida nos relatórios através da análise dos pontos anteriores,
criaram-se bases de dados nas aplicações disponíveis do Office 365, nomeadamente SharePoint e
Excel, e criou-se uma aplicação para tablet que permite a introdução de valores e de respostas a um
questionário pré-definido. As respostas ao questionário introduzidas na aplicação podem ainda ser
representadas numa tela em tempo real para revisão antes da sua submissão (Figura 3). Através do
modo programador do Word, é possível criar um relatório automatizável que importa as respostas
dadas na aplicação e que é capaz de edição futura como documento Word para casos ainda não
previstos.

3. CONCLUSÕES
O trabalho executado nesta dissertação tem como propósito reduzir a utilização de ferramentas
analógicas e/ou ferramentas que impliquem a escrita, digital ou manual, de relatórios, utilizando
métodos que estão em constante atualização e com informação que pode ser alterada e visualizada
em tempo real, por todos os intervenientes que devem ter acesso a essa informação, bem como alertar
possíveis intervenientes nas obras de erros e falhas de Segurança.

4. REFERÊNCIAS
[1] Ministério da Segurança Social e do Trabalho, “Decreto-Lei nº 273/2003 (Segurança no Trabalho
em estaleiros temporários ou móveis),” Diário da República / Off. J. Port. Repub., vol. I-A, no. 251,
pp. 7199–7211, 2003
[2] H. A. Reijers, “Business Process Management: The evolution of a discipline,” Comput. Ind., vol. 126,
p. 103404, 2021, doi: 10.1016/j.compind.2021.103404.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


160
MODELOS DIGITAIS DE PONTES FERROVIÁRIAS:
TECNOLOGIAS DE CAPTURA DE REALIDADE E MODELAÇÃO BIM
Rogério Oliveira1, Diogo Ribeiro2, Miguel Azenha3, Ricardo Santos2
1
Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP). 1070814@isep.ipp.pt
2
CONSTRUCT, Instituto Superior de Engenharia do Porto. drr@isep.ipp.pt / rps@isep.ipp.pt
3
Universidade do Minho. miguel.azenha@civil.uminho.pt

Palavras-chave: infraestruturas de transporte, modelos digitais, captura de realidade, Building


Information Modelling (BIM).

8. Construção 4.0, Digitalização e BIM Apresentação oral

1. INTRODUÇÃO
A gestão de projetos de infraestruturas civis enfrenta desafios relacionados com a descoordenação,
prazos e custos elevados. Novas tecnologias de informação estão a ser desenvolvidas para tornar a
construção mais eficiente e económica, incluindo o uso de modelos digitais em projetos de pontes e
viadutos [1]. Neste enquadramento, o presente trabalho visa ilustrar a aplicação de tecnologias
avançadas de captura da realidade para o desenvolvimento de modelos digitais de pontes existentes,
incluindo a definição de boas práticas nos procedimentos de digitalização da informação.

2. VIADUTO DE ACESSO À PONTE DAS PIRÂMIDES


O objeto de estudo foi o último tramo do Viaduto Poente de Acesso à Ponte das Pirâmides em Aveiro
do ramal ferroviário de acesso ao porto de Aveiro (Figura 1). Com uma extensão aproximada de 9 km,
a ligação entre a plataforma multimodal de Cacia e o porto de Aveiro, possibilita a circulação de
comboios de mercadorias a uma velocidade de 60 km/h e carga máxima de 25 toneladas por eixo. O
tramo T9 apresenta 4 vãos de 25m, totalizando 100m de extensão.

Figura 32. Vista aérea do Viaduto Poente de Acesso à Ponte das Pirâmides.

3. CAPTURA DE REALIDADE E MODELAÇÃO BIM


Foram realizados levantamentos de última geração com recurso à tecnologia laser scanning (Leica
BLK360) e à fotogrametria com veículos aéreos não tripulados (DJI Mavic 2 EA). Com o apoio do
levantamento topográfico clássico foi possível georreferenciar o levantamento laser. Acresce que a
informação obtida pelo sistema de GNSS do drone, com auxílio do RTK, permitiu uma localização exata
das imagens e a georreferenciação das superfícies dos elementos estruturais do viaduto. O modelo
híbrido resultante da fusão de ambas as fontes de informação, nomeadamente 113 levantamentos de
laser e 3533 fotografias, foi criado no software ContextCapture da Bentley. Na Figura 2 é apresentado
uma vista geral do modelo digital, com elevada resolução e qualidade, além de um detalhe da secção
transversal do tabuleiro.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


161
Figura 2. Modelo completo do tramo T9

Relativamente à modelação BIM foram utilizados os softwares OpenRail e OpenBridge da Bentley, para
modelar respetivamente o traçado ferroviário e os elementos estruturais do viaduto. Desta forma o
modelo tridimensional do viaduto fica parametricamente associado ao traçado e qualquer alteração
no traçado implicará uma adaptação automática do modelo tridimensional do viaduto. O modelo
tridimensional do viaduto inclui a via-férrea, o tabuleiro, os pilares, as fundações, os encontros e os
aparelhos de apoio. Na Figura 3 ilustra-se a sobreposição do modelo digital resultante da captura da
realidade com o modelo BIM de base.

Figura 3. Sobreposição do modelo BIM com o modelo resultante da captura da realidade

4. CONCLUSÕES
As aplicações das metodologias estudadas produziram modelos bastante uteis para avaliações
geométricas e de troca dessa informação, não dispondo ainda de maturidade suficiente para a troca
de informação semântica. A publicação de um formato IFC para este tipo de infraestruturas
ferroviárias, como já existe para os edifícios, será um grande avanço e parece lícito antever claros
benefícios no projeto, construção e manutenção de infraestruturas de transporte ferroviário.

REFERÊNCIAS

[1] A. Costin, A. Adibfar, H. Hu, and S. S. Chen, “Building Information Modeling (BIM) for
transportation infrastructure – Literature review, applications, challenges, and
recommendations,” Autom. Constr., vol. 94, no. October 2017, pp. 257–281, 2018, doi:
10.1016/j.autcon.2018.07.001.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


162
DRONES, BIM E O DESEMPENHO ENERGÉTICO DE EDIFÍCIOS
Diogo F. R. Parracho1, João Poças Martins2,3, Eva Barreira4
1
CONSTRUCT-GEQUALTEC, Departamento de Engenharia Civil, FEUP. dfrparracho@fe.up.pt
2
CONSTRUCT-GEQUALTEC, Departamento de Engenharia Civil, FEUP. jppm@fe.up.pt
3
BUILT CoLAB – Laboratório Colaborativo para o Ambiente Construído do Futuro
4
CONSTRUCT-LFC, Departamento de Engenharia Civil, FEUP. barreira@fe.up.pt

Palavras-chave: digitalização, drones, BIM, desempenho energético.

Código da Área Temática: 8. Construção 4.0, Digitalização e BIM. Apresentação oral

1. INTRODUÇÃO
Apesar das aeronaves não tripuladas (“drones”) terem surgido para fins militares, atualmente já são
usadas em vários tipos de atividades [1]. Nos últimos anos, também a indústria da construção tem
começado a aproveitar as vantagens que advêm da implementação destes equipamentos, por
exemplo, ao agilizar o processo de levantamento da informação em termos de tempo e acesso a locais
de difícil acesso, baixo custo por comparação a outras soluções de engenharia inversa, ou ainda do
reduzido esforço humano necessário para a sua utilização [2,3].
Em Portugal, o uso de drones no setor da construção é ainda relativamente incipiente [4], com apenas
4% das empresas a utilizarem estas aeronaves [5], apesar de poderem ser aplicados em qualquer fase
do ciclo de vida duma construção [2,3]. A título de exemplo, os drones podem ser utilizados para o
levantamento prévio da zona a construir, fazer a monitorização da obra e da segurança, e realizar
inspeções, análises energéticas e atividades relacionadas com marketing [2].
Para criar modelos BIM “as-is” do ambiente construído, pode-se utilizar como base técnicas não
destrutivas e sem contacto capaz de levantar a geometria do ativo em questão (como o laser scanning
e a fotogrametria). Apesar destes métodos digitalizarem a geometria do edifício como nuvens de
pontos, é necessário incorporar a restante informação em falta para ser um verdadeiro modelo BIM
(e.g., a constituição e espessura dos elementos construtivos) [1].
A Figura 1 mostra um exemplo de aplicação duma destas técnicas de levantamento com a finalidade
de criar um modelo BIM, neste caso, para posteriores análises energéticas.

Figura 1. Levantamento fotogramétrico com drone para criação de modelo BIM [4,6]

2. METODOLOGIA
Na revisão da literatura conduzida por Freeman et al. [3], os autores notam a aplicação emergente do
uso de drones para a criação de modelos 3D. De facto, já alguns casos foram propostos para a
integração de drones com BIM (e.g., monitorização da obra e facility management), até porque é uma
tecnologia mais simples de utilizar do que um laser scanner [7]. Com o crescente interesse em estudar
o desempenho energético de edifícios, torna-se útil integrar a informação em modelos BIM e BEM
(Building Energy Modelling) com os dados necessários à simulação. Como tal, é fundamental adquirir
a geometria 3D dos edifícios “as-is”, pelo que é neste processo que a utilização dos drones se torna
numa mais-valia [1,4,8].
Assim sendo, adotou-se uma metodologia inovadora (Figura 2) capaz de integrar digitalmente em BIM
os dados adquiridos por levantamentos fotogramétricos de edifícios existentes unicamente com
drones, para casos relacionados com o desempenho energético [1]. O método tem duas abordagens:
uma que incorpora dados termográficos, e outra que possibilita realizar análises energéticas a partir
de modelos BEM.
SEC 2023 – LIVRO DE ATAS
163
Figura 2. Metodologia para estudo do desempenho energético de edifícios somente com drones [1,8]

3. CONCLUSÕES
O método criado responde à lacuna identificada à data na literatura, em que não era explorada a
possibilidade de integrar em BIM e BEM dados fotogramétricos e termográficos somente com um
drone. Este estudo mostrou também que a escolha do equipamento a utilizar é fundamental para que
os objetivos sejam plenamente alcançados. Drones com câmaras infravermelhas radiométricas, mas
sem capacidade de transferência de dados para pós-tratamento (como é o caso do drone utilizado
para este trabalho [1,8]) permitirão apenas uma avaliação qualitativa que, apesar de válida, será muito
pouco útil. Já a abordagem quantitativa foi posteriormente expandida com um caso de estudo [4,6],
onde sensores foram instalados no edifício para calibrar o modelo BEM com a realidade, tendo a
simulação sido coerente com os dados reais. No futuro, dever-se-á estudar a possibilidade de fundir
ambas as abordagens no mesmo modelo, integrando a termografia com o modelo BEM.

4. REFERÊNCIAS
[1] D.F.R. Parracho, Processos Digitais para a Realização de Levantamentos Fotogramétricos e
Termográficos com Veículos Aéreos Não Tripulados (VANT), Dissertação de Mestrado, Faculdade
de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), Porto, Portugal, 2021.
[2] G. Albeaino, M. Gheisari, Trends, benefits, and barriers of unmanned aerial systems in the
construction industry: a survey study in the United States, Journal of Information Technology in
Construction. 26 (2021) 84–111. https://doi.org/10.36680/j.itcon.2021.006.
[3] M.R. Freeman, M.M. Kashani, P.J. Vardanega, Aerial robotic technologies for civil engineering:
Established and emerging practice, Journal of Unmanned Vehicle Systems. 9 (2021) 75–91.
https://doi.org/10.1139/juvs-2020-0019.
[4] J.M.P.Q. Delgado et al., BIM and BEM Interoperability – Evaluation of a Case Study in a Modular
Wooden Housing, Energies. 16 (2023) 1579. https://doi.org/10.3390/en16041579.
[5] L. Sanhudo, J. Poças Martins, A. Rocha, A. Soeiro, T. Correia, A Digitalização nas Empresas da
Indústria AEC Portuguesa: Inquérito e Análise de Resultados, DECivil. Outubro (2022) 13–17.
[6] J.M.P.Q. Delgado et al., Do Levantamento com Drones à Simulação Energética - Um Caso de Estudo,
in: Congresso Construção 2022, vol.1, Guimarães, Portugal, 2022: pp. 140–150.
[7] Q.F.M. Dupont et al., Potential Applications of UAV along the Construction’s Value Chain, Procedia
Engineering. 182 (2017) 165–173. https://doi.org/10.1016/j.proeng.2017.03.155.
[8] D.F.R. Parracho, J. Poças Martins, E. Barreira, Metodologia Digital para a Realização de
Levantamentos Fotogramétricos e Termográficos de Edifícios Existentes com Drones – Caso de
Estudo, in: 4o Congresso Português de ‘Building Information Modelling’ vol. 2 - ptBIM, UMinho
Editora, Braga, Portugal, 2022: pp. 395–406. https://doi.org/10.21814/uminho.ed.77.34.

5. AGRADECIMENTOS – Os autores agradecem à Direção do infantário utilizado como caso de estudo, por disponibilizar
o espaço para a realização da dissertação de Mestrado que origina este trabalho. Este trabalho é financiado pelo projeto
“REV@CONSTRUCTION”, referência POCI-01-0247-FEDER-046123, cofinanciado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento
Regional (ERDF) do Programa Operaci-onal de Competitividade e Internacionalização (COMPETE 2020), no âmbito do acordo
de parceria Por-tugal 2020; e Financiamento Base – UIDB/04708/2020 da Unidade de Investigação CONSTRUCT – Ins-tituto
de I&D em Estruturas e Construções – financiada por fundos nacionais através da FCT/MCTES (PIDDAC). Este trabalho
também é cofinanciado pelo Fundo Social Europeu (FSE), através do Programa Operacional Regional do Norte (Norte 2020)
[Referência de Financiamento: NORTE-06-3559-FSE-000176]. O primeiro autor dedica este artigo à memória do seu avô
Manuel Santana Parracho.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


164
GESTÃO DA OBRA EM CAMPO COM RECURSO A APLICAÇÕES DIGITAIS
MÓVEIS: CASO DE ESTUDO EM PORTUGAL
Luís Jacques de Sousa1, Miguel Chichorro Gonçalves2, João Poças Martins3, Luís Sanhudo4
1
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), DEC, luisjsousa@fe.up.pt
2
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), DEC, miguelcg@fe.up.pt
3
CONSTRUCT/GEQUALTEC, FEUP – Department of Civil Engineering (DEC), jppm@fe.up.pt
4
BUILT CoLAB – Collaborative Laboratory for the Future Built Environment, luis.sanhudo@builtcolab.pt

Palavras-chave: Aplicativos Móveis, Gestão da obra, Digitalização, Estaleiro

Código da Área Temática 08 Apresentação oral

1. INTRODUÇÃO
Grande parte dos esforços de digitalização da Indústria da Construção (IC) têm sido focados na fase de
projeto [1]. De facto, atualmente no estaleiro de construção ainda se verifica uma dependência da
documentação em papel, sendo necessário desenvolver esforços para trazer aplicações digitais (apps) para
o trabalho em campo. A IC representa 13% do PIB mundial [2], mas tem adotado as tecnologias de
informação e comunicação a um ritmo mais lento do que outros setores. A competitividade e qualidade
dos projetos da IC dependem da relação qualidade-preço da sua mão-de-obra (MdB). A utilização de apps
de gestão pode abordar esta questão, trazendo informação rápida e concisamente aos gestores da obra
[3]. Estas tecnologias podem remover fricções do processo de produção, encurtar distâncias culturais, e
responder à tendência atual em que os gestores querem ter mais controlo, com menos visitas ao estaleiro.
No entanto, as características da MdB da IC condicionam a implementação de tecnologias em estaleiro. Os
trabalhadores não qualificados e semiqualificados constituem a maioria da MdB em estaleiro. A MdB
qualificada, por outro lado, é normalmente constituída por pessoas com qualificações académicas mais
elevadas e formadas em áreas como a administração e gestão de processos de construção. Sendo a IC uma
indústria intensiva em MdB, é necessário reduzir essa dependência, investindo na melhoria da
produtividade [4].
Diagnósticos recentes à IC têm comprovado a crescente adoção da automatização, o aumento da
concentração geográfica do emprego, a diminuição da oferta de MdB e a mistura de sectores e profissões,
uma tendência que se manterá ao longo desta década [5]. Como atores críticos e ativadores da mudança,
as empresas têm um papel crucial neste desenvolvimento tecnológico [4]. Ao criar uma cultura de
aprendizagem contínua e desenvolvimento, as empresas têm o benefício de aumentar o envolvimento dos
trabalhadores. A requalificação dos trabalhadores com experiência e potencial pode ser cerca de 1,5 a 3
vezes mais barata do que a contratação de novos talentos [5]. Assim, neste trabalho explorou-se a utilização
de uma app para o controlo da MdB em estaleiro numa empresa portuguesa para determinar os impactos
na sua utilização.

2. CASO DE ESTUDO
Após a análise de diferentes apps de gestão de produtividade para construção a Raken foi a escolhida
considerando fatores como a disponibilidade em português, adaptação a várias plataformas (smartphone,
computador, tablet), acesso à plataforma a diferentes níveis e armazenamento em nuvem [6, 7]. A Raken
foi implementada numa secção de trabalhos relacionados com escavações de um projeto de uma empresa
portuguesa com o intuito de averiguar se existia a capacidade de monitorizar o trabalho dos funcionários,
verificando se os prazos estavam a ser cumpridos através de rácios de produção (por exemplo, m²/hora). A
metodologia de implementação pode ser resumida em três fases:
(i) Preparação do software, (ii) Recolha de dados no terreno, (iii) Interpretação de dados.
Ao configurar a app na sua versão de computador, foi possível personalizar a versão móvel para a sua
utilização por um encarregado geral no local. Este tinha a função de recolher dados sobre o trabalho através
da recolha de fotos e vídeos, preenchendo inquéritos diários e associando quantidades com tarefas e os
seus códigos de custo. Esta recolha de dados permitia então uma comparação com o planeamento original,
SEC 2023 – LIVRO DE ATAS
165
possibilitando previsões e estimativas do desempenho. Destas ações de recolha resultam numa série de
documentos PDF normalizados que podem ser enviados rotineiramente à direção de obra como se
apresenta na Figura 1.

Figura 1. Exemplo do relatório diário (esquerda) e de produção (direita) produzidos durante o caso de estudo.

3. CONCLUSÕES
A utilização de apps no estaleiro pode ser uma solução que se adequa ao contexto de dispersão geográfica
da IC. Considerando a capacidade do smartphone para capturar vídeo, imagem e inserir texto, as apps
podem transformar-se na ponte entre o estaleiro e o escritório. A introdução de tarefas com os respetivos
códigos de custo, perguntas que compõem o inquérito diário, e a personalização do formato dos relatórios
demonstram a capacidade de configuração da Raken em se adaptar à situação específica de diferentes
empresas. Além disso, o envio de emails automático com o relatório diário para os gestores é uma
ferramenta poderosa para transmitir a informação de forma automatizada.
A apps Raken tem algumas debilidades, nomeadamente na tradução para português e na capacidade
limitada de introdução de dados, devido ao facto de só aceitar ficheiros CSV num formato próprio, tornando
necessários trabalhos de formatação.
Este estudo conclui ainda que é necessária formação de trabalhadores para a utilização da ferramenta. De
um ponto de vista tecnológico, este estudo determina que para obter resultados duradouros para a
transmissão de informação através da equipa de gestão do projeto, é necessário um sistema que permita
a integração da informação. Este sistema deve incluir e armazenar todos os documentos associados ao
projeto (desenhos, horários, relatórios) num único local. Estudos futuros devem determinar os impactos a
longo prazo que a aplicação de um sistema de integração teria na produtividade de uma empresa, bem
como possíveis aplicações de machine learning para o aumento da produtividade da obra e a possibilidade
de estandardizar a informação recolhida em projetos.

4. REFERÊNCIAS
[1] J. P. P. Martins, "Modelação Do Fluxo De Informação No Processo De Construção : Aplicação Ao
Licenciamento Automático De Projectos.," Porto, 2009.
[2] J. W. F. Barbosa, J. Mischke, M. J. Ribeirinho, M. Sridhar, M. Parsons, N. Bertram, and S. Brown, "Reinventing
Construction through a Productivity Revolution," McKinsey Global Institute, Report 2017.
[3] D. Bessa, "O Contributo Da Engenharia Para O Desenvolvimento Da Economia," Síntese da Conferência
proferida no XVII Congresso, 2008.
[4] K. C. Laudon, "Management Information Systems : Managing the Digital Firm.," no. 11th ed. Global ed . 2010.
[5] T. T. S. Smit, S. Lund, J. Manyika, and L. Thiel, "The Future of Work in Europe," McKinsey Global Institute, 2020.
[6] "Raken App." https://www.rakenapp.com/
[7] L. Jacques de Sousa and M. Gonçalves, "Digitalização Da Gestão E Controlo Da Mão-De-Obra Em Estaleiro
Caso De Estudo Numa Empresa De Construção Em Portugal," 2021. Dissertação, FEUP
AGRADECIMENTOS - Este trabalho foi apoiado financeiramente por: Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) através do
Programa Operacional Competitividade e Internacionalização (COMPETE 2020) [Referência de financiamento: POCI-01-0247-FEDER-
046123] e pelo Financiamento de Base - UIDB/04708/2020 da Unidade de Investigação CONSTRUCT - Instituto de I&D em Estruturas e
Construções - financiado por fundos nacionais através da FCT/MCTES (PIDDAC). Este trabalho é também co-financiado pelo Fundo Social
Europeu (FSE) através do Programa Operacional Regional Norte 2020 [Referência de financiamento: NORTE-06-3559-FSE-000176].

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


166
TEMA 09
GESTÃO DE ATIVOS E RISCO

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


SEC 2023 – LIVRO DE ATAS
ANÁLISE DE RISCO DE INCÊNDIO: ESTUDO DE CASO DA ESCOLA SUPERIOR DE
TECNOLOGIA DO INSTITUTO POLITÉCNICO DE CASTELO BRANCO
Ricardo Carrasco1, Cristina Calmeiro dos Santos2
1
Escola Superior de Tecnologia. Instituto Politécnico de Castelo Branco. ricardocarrasco@live.com.pt
2
Escola Superior de Tecnologia. Instituto Politécnico de Castelo Branco. ccalmeiro@ipcb.pt

Palavras-chave: incêndio, desempenho, autogestão, regulamentação.

9. Gestão de Ativos e Risco Apresentação oral

1. INTRODUÇÃO

O incêndio que se expressa por ser um fogo não controlado verte-se num risco elevado de perigo para
as vidas humanas e para as edificações. Todos os edifícios têm como propósito serem frequentados e
utilizados por pessoas onde efetivam todo o tipo de atividades diárias, trabalho, lazer, cuidados, entre
outras. Deste modo, uma das principais preocupações é, garantir a segurança dos utilizadores
enquanto usufruem dos espaços durante a ocorrência de um incêndio. Para tal, é necessário assegurar
um conjunto de critérios presentes no regime jurídico da segurança contra incêndios em edifícios
(SCIE) [1] e garantir a realização de um controlo por parte da autoridade nacional de emergência e
proteção civil (ANEPC), envolvendo a implementação e a verificação de medidas as quais têm como
objetivo mitigar e retardar a propagação de um incêndio dentro de um edifício. O presente trabalho
averiguou o risco de incêndio de um edifício escolar, que recebe público, Escola Superior de Tecnologia
do Instituto Politécnico de Castelo Branco (ESTCB). Neste estudo procedeu-se à identificação e
caracterização da ESTCB, com o intuito de encontrar o nível de risco de incêndio efetivo através da
aplicação método de Gretener [2, 3]. Assim, e tendo em conta a preocupação dos autores
relativamente à segurança dos ocupantes do edifício escolar, foi possível determinar o nível de
segurança que o edifício em estudo apresenta aos seus utilizadores.

2. ANÁLISE DE RISCO DE INCÊNDIO

2.1 Caracterização e atividade produtiva do edifício objeto de estudo

A Escola Superior de Tecnologia do Instituto Politécnico de Castelo Branco, localizada na cidade de


Castelo Branco, no Campus da Talagueira, caracteriza-se por ser uma zona ampla e desimpedida que
apresenta caminhos de rápido e fácil acesso às principais entidades de intervenção. Dispõe de uma
série de infraestruturas que servem de apoio ao leccionamento das aulas e atividades académicas.
Para tal, a ESTCB concilia um edifício principal que é composto por dois pisos, com uma área útil de
construção de cerca de 6800m2, com mais dois edifícios com dois pisos e um com três pisos,
perfazendo o conjunto dos três edifícios uma área útil de construção de cerca de 4500m2. O edifício
principal, dispõe de gabinetes, salas de informática, auditórios, biblioteca e centro de documentação,
serviços gráficos e audiovisuais, secretaria administrativa e de alunos, cantina, bar, zonas de circulação
e diversas zonas de apoio. Nos restantes edifícios existem salas de aulas e laboratórios. A ESTCB é
assim organizada por quatro edifícios, designados por bloco A, bloco B, bloco C e bloco D. O efetivo da
ESTCB, a 31 de dezembro de 2020, era de 889 estudantes, 68 docentes e 20 não docentes.

2.2 Regime jurídico de segurança contra incêndios em edifícios


Por se tratar de um edifício escolar, o edifício em análise tem uma utilização-tipo IV - Escolares. Em
função dos fatores de risco (altura da utilização tipo, efetivo em locais de risco D ou E) considera-se
que o estabelecimento pertence à 3ª categoria de risco. Quanto à classificação do local de risco a
maioria dos espaços constituintes da utilização-tipo é considerada como local de risco A. Este tipo de
locais de risco, dizem respeito às salas de aula, gabinetes e laboratórios. Verifica-se a existência de
vários locais de risco B. Este tipo de locais de risco, dizem respeito à biblioteca, refeitório, auditório e
SEC 2023 – LIVRO DE ATAS
169
anfiteatros. No edifício principal, a cozinha é classificada como local de C e a receção/posto de
segurança é local de risco F.

2.3 Metodologia de análise de risco de incêndios – Método de Gretener


O método de Gretener é um dos métodos mais abordados na análise de risco de incêndio devido ao
seu carácter abrangente e simplista, considera no seu cálculo diversos fatores de perigo e a
determinação do valor das cargas térmicas mobiliárias e imobiliárias. Este método parte do princípio
de que as regras gerais de segurança do edifício são respeitadas, no que concerne às suas
características geométricas e ao seu relacionamento com os edifícios envolventes, assim como a
proteção e evacuação dos seus ocupantes se encontra garantida. No que diz respeito às instalações
técnicas do edifício, considera-se que estas se encontram dimensionadas, executadas, funcionando de
acordo com a respetiva regulamentação legal. Uma das vantagens deste método, é ser de aplicação
quase universal, abrangendo desde grandes edifícios recebendo público, como são os centros
comerciais, os locais de espetáculos, os hospitais, as escolas, os escritórios, os edifícios industriais ou
mesmo os edifícios de usos múltiplos. O método baseia-se na determinação do risco de incêndio
efetivo de um determinado espaço avaliado e a sua comparação com um risco de incêndio admissível,
previamente determinado. Se o risco de incêndio efetivo for inferior ao admissível, considera-se que
o espaço avaliado apresenta condições de segurança aceitáveis.

2.4 Prova de uma segurança suficiente contra incêndio


O valor do coeficiente g da segurança contra incêndio resulta do quociente entre o risco admissível e
o risco efetivo de incêndio. Para que o edifício esteja em segurança, o resultado deste coeficiente g
deve ser maior do que 1.

Quadro 12. Valor de g para a verificação da segurança.


Bloca A Bloco B Bloco C Bloco D
Ru 1,300 1,300 1,300 1,300
R 0,659 0,240 0,240 0,240
g 1,973 5,425 5,425 5,425

Como o valor de g é superior a 1 (Quadro 1), pode-se admitir que o edifício se encontra em segurança,
segundo os pressupostos do método de Gretener, à data da análise de risco.

3. CONCLUSÕES
O estudo permitiu descrever e verificar a metodologia de Gretener na análise de risco de incêndio em
edifícios. O Método de Gretener, por ser dos primeiros a surgir para aplicar em análise de risco de
incêndio, faz uma análise global da segurança do edifício, sem fazer uma distinção entre riscos para os
bens patrimoniais, para os ocupantes e para as atividades. A atividade escolar tem de ser mais
inspecionada e as pessoas sensibilizadas para as condições de segurança que os seus edifícios devem
cumprir.

4. REFERÊNCIAS
[1] Lei 123 (2019). Regulamento Jurídico de Segurança Contra Incêndios em Edifícios. Portugal, 51 p.
[2] Mário José de Magalhães Macedo, M. J. M. (2008). Método de Gretener. Verlag Dashofer. 120 p.
[3] Figueiredo, P. S. D. (2008). Análise de Risco de Incêndio na Baixa de Coimbra. Dissertação de
Mestrado, Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra. 85 p.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


170
EVACUAÇÃO DE EDIFÍCIOS – BLOCO D DA ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA
DE CASTELO BRANCO
Henrdovino Felso Ganhane1, Cristina Calmeiro dos Santos2
1
Escola Superior de Tecnologia. Instituto Politécnico de Castelo Branco. henrdovino@gmail.com
2
Escola Superior de Tecnologia. Instituto Politécnico de Castelo Branco. ccalmeiro@ipcb.pt

Palavras-chave: incêndio, evacuação, edifício, simulação.

9. Gestão de Ativos e Risco Apresentação oral

1. INTRODUÇÃO
A evacuação de edifícios em situação de incêndio tem como propósito a proteção da vida humana que
é inseparável das condições de emergência as quais são afetadas por fatores de difícil determinação e
que necessitam de ser definidos para estimar o tempo e as condições de evacuação. O objetivo deste
trabalho é o levantamento dos aspetos que influenciam o tempo de evacuação em edifícios que
recebem público (a Escola Superior de Tecnologia do Instituto Politécnico de Castelo Branco – bloco
D), desde o comportamento humano às caraterísticas físicas do edifício e às metodologias possíveis de
adotar para a gestão da emergência, com vista a calcular o tempo necessário e disponível para a
evacuação do referido edifício.

2. EVACUAÇÃO
A norma NFPA 101 (2021) define que a evacuação total do edifício ocorre quando todos ou a maior
parte dos ocupantes deixa um edifício de forma ordenada ou não [1]. Ono (2010) [2] refere, nos seus
estudos, que as estratégias de evacuação apresentam-se divididas em estratégias tradicionais e em
novas estratégias de evacuação. As estratégias tradicionais de evacuação são as previstas nas
exigências regulamentares de segurança contra incêndio. A introdução de novas estratégias de
evacuação de edifícios justifica-se com o aumento da altura dos edifícios ao longo dos anos e
consequente aumento do efetivo do edifício, com o facto da população ser cada vez mais obesa e mais
idosa afetando a mobilidade das pessoas, principalmente em escadas. Em Portugal, o Regulamento
Jurídico de Segurança Contra Incêndios em Edifícios, Lei 123/2019 [3], permite a utilização de
elevadores, recorrendo a metodologias devidamente justificadas e baseadas no desempenho. Assim,
os elevadores são exemplo de meios opcionais à evacuação de edifícios. A instalação de pisos de
refúgio e pontes de interligação entre edifícios também podem ser considerados novos meios de
evacuação [4, 5, 6].
O tempo de evacuação é determinado utilizando modelos que se baseiam principalmente no
movimento de pessoas em condições que não coincidem com uma situação de incêndio real. Existem
vários métodos simplificados para determinar o tempo de evacuação os quais permitem avaliar os
tempos de percurso que resultam na evacuação completa do edifício em casos de emergência, tais
como o Método de Predtechenskii-Milinskii (1978) [7] o Método do LNEC (Laboratório Nacional de
Engenharia Civil) e o Método de Van Bogaert (Método Belga) [8].
Também existem modelos computacionais de evacuação os quais permitem minimizar as deduções
empíricas utilizadas pelos métodos simplificados, como os anteriormente referenciados, recorrem. O
Pathfinder é um software desenvolvido pela Thunderhead Engineering, usado para fazer a análise de
vários cenários, permitindo ao utilizador inserir a geometria dos espaços, definir parâmetros e obter
resultados. O Pathfinder permite a realização de simulações com um elevado nível de movimento de
pessoas, com outputs interativos em alta-definição (3D), e respostas rápidas e fiáveis. Para além da
exibição em 3D, o Pathfinder fornece gráficos ilustrativos da ocupação de salas e fluxos das portas
permitindo avaliar pontos de congestionamento.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


171
3. RESULTADOS
O Quadro 1 e o Quadro 2, mostram de forma resumida, os resultados obtidos pelos métodos de
Predtechenskii-Milinskii e o software Pathfinder, e o método Belga-Variante Escolar e o software
Pathfinder. A partir da análise do Quadro 1 é possível perceber que enquanto os resultados para o
cenário B são relativamente próximos, os do cenário A são demasiado dispares. Tal diferença é em
grande parte originada pelo tempo de estrangulamento (TV) obtido pelo método de Predtchenskii-
Milinskii, sendo que o mesmo, quando considerado isoladamente, supera os valores de evacuação
obtidos através da simulação (TV=291,7761 s).

Quadro 1. Resumo dos resultados obtidos pelo método de Predtechenskii-Milinkskii e pelo software Pathfinder

Método de Predtechenskii-Milinskii Software Pathfinder


Tempo de Tempo de
Cenário Situação Cenário Simulação
Evacuação (s) Evacuação (s)
A i 320, 27 A 1ª 214,3
A ii 361,22 A 2ª 152,4
B i 31,47 B 6ª 28,1

Quadro 2. Resumo dos resultados obtidos pelo método Belga-Variante Escolar e pelo software Pathfinder

Método Belga-Variante Escolar Software Pathfinder


Tempo de Tempo de
Cenário Situação Cenário Simulação
Evacuação (s) Evacuação (s)
A i 113,62 A 3ª 211,6
B i 136,19 B 6ª 180,5

4. CONCLUSÕES
Com a aplicação de métodos analíticos é possível chegar-se a valores elucidativos dos tempos de
evacuação para vários tipos de edifícios, e com a utilização de softwares de simulação, esse processo
torna-se ainda mais rápido e eficaz. Contudo, existe ainda um longo caminho a percorrer-se, no que
diz respeito a evacuação em situação de incêndio em edifícios pois, por maiores que sejam os avanços
tecnológicos nessa área, o comportamento humano continuará a ser o maior desafio dada à sua
imprevisibilidade.

5. REFERÊNCIAS
[1] NFPA 101 (2021). Life Safety Code: Code for Safety to Life from Fire in Buildings and Structures.
NFPA, Quincy, 7 p.
[2] Ono, R. (2010). O Impacto do Método de Dimensionamento das Saídas de Emergência sobre o
Projeto Arquitetónico de Edifícios Altos: uma Análise Crítica e Proposta de Aprimoramento. Tese
de Doutoramento, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, 2010,
489 p.
[3] Lei 123 (2019). Regulamento Jurídico de Segurança Contra Incêndios em Edifícios. Portugal, 51 p.
[4] Pauls, J. (2008). Performance of means of egress: Conducting the research needed to establish
realistic expectations. Proceedings of the 7th International Conference on Performance-Based
Codes and Fire Safety Design Methods, Auckland.
[5] Oldfield, P.F. (2005). Bridging the Gap: Proposed Evacuation Links at Height in the World Trade
Center Design Entries, In: Council on Tall Buildings and Urban Habitat World Congress.
[6] Bukowski, R. W. (2007). Emergency egress strategies for buildings. in International Interflam
Conference, 11th Proceedings. September 3-5, 2007, London, England, pp. 159-168.
[7] Predtechenskii, V.M.; Milinskii, A.I. (1978). Planning for Foot Traffic in Buildings. Amerind
Publishing Co., Nova Deli, India.
[8] Coelho, A. L. (2010). Incêndios em Edifícios. Orion Editora, Lisboa, 1056 p.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


172
ANÁLISE DO RISCO DE INCÊNDIO
EDIFÍCIO REMODELADO EM CASTELO BRANCO
Nelson Gravelho Cardoso1, Cristina Calmeiro dos Santos2
1
Escola Superior de Tecnologia. Instituto Politécnico de Castelo Branco. henrdovino@gmail.com
2
Escola Superior de Tecnologia. Instituto Politécnico de Castelo Branco. ccalmeiro@ipcb.pt

Palavras-chave: incêndio, risco, edifício, segurança.

9. Gestão de Ativos e Risco Apresentação oral

1. INTRODUÇÃO
Ao longo dos tempos, o ser humano tem tentado encontrar formas de controlar as forças da natureza,
tanto nos Países Baixos construindo diques para aumentar a área de cultivo e suster o mar, como na
descoberta do fogo. As notícias dão com frequência informação de incêndios urbanos, por vezes em
prédios antigos, alguns devolutos e que se alastram aos prédios contíguos, levando a grandes
prejuízos, quer materiais, quer em perdas de vidas humanas, ou mesmo danos em património cultural.
Perdas essas que se tornam praticamente irreparáveis. É, por isso, essencial identificar os riscos de
incêndio nos edifícios. Assim, existem metodologias próprias que permitem conhecer e controlar os
problemas detetados, de modo a conseguir assegurar uma segurança contra incêndio em edifícios, o
mais eficaz possível. Nesse sentido, este trabalho pretende avaliar a segurança de um edifício, segundo
métodos de análise de risco como o método ARICA, o método de Gretener e o método de FRAME. O
objetivo principal do estudo apresentado consiste na determinação dos aspetos negativos em termos
de Segurança ao Incêndio, para permitir que no futuro essa segurança possa ser mitigada.

2. CASO DE ESTUDO

2.1 Apresentação do edifício


O edifício escolhido para aplicar os métodos de análise de risco, foi uma antiga habitação unifamiliar
sita na Avenida Nuno Álvares na cidade de Castelo Branco. O edifício é um projeto da autoria do
Arquiteto Raul Lino, conceituado arquiteto português, dito mentor do Estilo Português Suave, estilo
de arquitetura que utilizava as características modernistas da engenharia, combinadas com uma
mistura de elementos estéticos exteriores retirados da arquitetura portuguesa dos séculos XVII e XVIII
e das casas tradicionais das várias regiões de Portugal. Datado de 1933, é propriedade da Câmara
Municipal de Castelo Branco, tendo sido celebrado um contrato de comodato entre esta e a ACICB –
Associação Comercial e Empresarial da Beira Baixa, para acolher a nova sede da Associação. O edifício
desenvolve-se em três pisos, um abaixo da cota de soleira e dois acima desta. De acordo com a Lei
123/2019 o presente estabelecimento classifica-se, quanto à sua utilização-tipo, em Utilização-Tipo III
«Administrativos», com a área de implantação de 194,68m² e área bruta de construção de 584,60m²
distribuída por 3 pisos, sendo 2 acima da cota de soleira (Piso 1 e Piso 2) e 1 abaixo da cota de soleira
(Piso 0) [1].

2.2 Aplicação dos métodos de análise risco


Método ARICA
O método ARICA, na sua versão atual, debruça-se na análise das condições de segurança a incêndio
em projetos de intervenção em edifícios existentes, tendo por referência a legislação de SCIE existente.
Pela aplicação do método, que é feita em dois momentos: antes da intervenção (que dá as condições
iniciais) e para a solução de projeto proposta (que advêm das condições de projeto), através da
verificação vai-se obter o valor do índice de segurança ao incêndio, e daqui pode-se verificar se as
condições de segurança estão ou não satisfeitas. No caso em análise, o índice de segurança ao incêndio
SEC 2023 – LIVRO DE ATAS
173
ISI apresentou os seguintes valores: nas condições iniciais ISI= 0,91, sendo esse inferior a 1, significa que
o edifício apresentava um nível de segurança inferior ao regulamentar; nas condições de projeto ISI=
1,02, sendo o índice superior a 1, significa que o nível de segurança é superior ao regulamentar [2].
Método Gretener
No projeto inicial verifica-se que a SCIE era suficiente com γ>1 (γ=1,619), no entanto após as obras de
reabilitação efetuadas, a segurança contra incêndios melhorou significativamente, passando o índice
para γ= 8,599. Isto deve-se ao facto de que na Utilização-tipo III, existe: deteção, CDI, SADI, extintores,
bocas de incêndio armadas tipo carretel, formação do pessoal (prevista nas MAP), e isso, mesmo sem
compartimentação das vias verticais de evacuação, sem controlo de fumos e sem portas classificadas
[3].
Método FRAME
Os resultados obtidos pela aplicação de análise de risco pelo método de FRAME são uma análise do
risco (R) relativamente a: Património, Ocupantes e Atividades. Obteve-se um R0=0,21, que é o risco
inicial. Para o património obteve-se um R=0,22, sendo assim e em conformidade com o método de
FRAME, os bens patrimoniais encontram-se protegidos. Para os ocupantes obteve-se um R1=0,73, o
valor de risco relativo aos ocupantes tem um valor inferior a 1, como tal os ocupantes encontram-se
protegidos. Para as atividades obteve-se um R2=0,17, também aqui o valor do risco relativo à atividade
tem um valor inferior à unidade, e de acordo com o método de FRAME, a atividade encontra-se em
segurança [4].

3. CONCLUSÕES
O presente estudo consistiu na análise de risco de incêndio, de um edifício existente, alvo de uma
reabilitação, inserido na área urbana consolidada da Cidade de Castelo Branco, e para isso foram
utilizados os métodos ARICA, Gretener e FRAME, com o objetivo de obter valores de risco de incêndio,
permitindo atuar face a esse risco, ajustando os parâmetros de forma a obter uma maior segurança
face ao incêndio. Tendo-se verificado que a situação existente tinha piores resultados do que a
situação calculada pelos vários métodos utilizados, chegando esses a níveis aceitáveis, com a
introdução de algumas melhorias. Embora haja ainda um longo percurso a percorrer, sobretudo
quando o objeto de estudo são os edifícios antigos, cuja tipologia construtiva e menor exigência
legislativa anterior conferiram uma maior vulnerabilidade à destruição provocada pelos incêndios
urbanos, estes edifícios devem ser intervencionados com base numa avaliação de Risco de Incêndio
de forma a avaliar o grau de segurança e identificar as principais anomalias, para numa fase posterior,
adotar as medidas mais adequadas, com o objetivo de reduzir o Risco de Incêndio para valores
considerados aceitáveis.

4. REFERÊNCIAS
[1] Lei 123 (2019). Regulamento Jurídico de Segurança Contra Incêndios em Edifícios. Portugal, 51 p.
[2] Coelho, A. L.; Pedro, J. B.; Marta, V.; Ferreia, T. M. (2019). ARIACA - Método de Avaliação da
Segurança ao Incêndio em Edifícios Existentes. Laboratório Nacional de Engenharia Civil, 56 p.
[3] Macedo, M. J. M. (2008). Método de Gretener. Verlag Dashofer. 120 p.
[4] Smet, E. D. (2008). Fire Risk Assessment Method for Engineering (FRAME): Manual para o usuário.
Offerlaan 96, B 9000 GENT, Bélgica, 40 p.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


174
SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIOS EM EDIFÍCIOS HOSPITALARES – CENTRO
HOSPITALAR E UNIVERSITÁRIO DE COIMBRA
Liliana Antunes1, António Correia2

1
Departamento de Engenharia Civil – Instituto Superior de Engenharia de Coimbra.
liliana_antunes_33@sapo.pt
2
Departamento de Engenharia Civil – Instituto Superior de Engenharia de Coimbra, SUSCITA
antonio.correia@isec.pt

Palavras-chave: Edifício Hospitalar, Incêndio, Simulação, Evacuação

Código da Área Temática - 09 Vídeo

1. INTRODUÇÃO
Atualmente, a exigência de segurança relaciona-se com a constante evolução das sociedades humanas
e, consequentemente, da indústria da construção. No âmbito da Engenharia Civil, uma das áreas com
evolução recente é a de Segurança contra Incêndio em Edifícios hospitalares, que dispõe agora de
Nova Regulamentação, menos dispersa, mais organizada e abrangente, permitindo um avanço positivo
nesta área.
No presente trabalho é feita uma avaliação baseada no desempenho com a utilização do software de
simulação dinâmica de fluidos (FDS), através do software Pyrosim, que permite a obtenção de
resultados de visualização de fumos e temperaturas, a evolução da propagação e o impacto da
implementação das medidas de combate a incêndios para cada cenário [1, 2].
Para simular a evacuação de pessoas do edifício no momento de emergência foi utilizado o software
Pathfinder [3]. Foi feita a integração dos resultados das simulações de incêndio e de evacuação
permitindo avaliar a efetividade das medidas de combate a incêndio na segurança da evacuação dos
ocupantes.

2. CASO DE ESTUDO E MODELAÇÃO NUMÉRICA


Centro Hospitalar da Universidade de Coimbra
Atualmente o CHUC é uma entidade pública empresarial, integrada na rede de prestação de cuidados
do SNS. O CHUC ocupa um lugar de excelência na estrutura hospitalar Portuguesa, dando cobertura à
população da Região Centro do País, sendo uma referência nacional e internacional nalgumas
especialidades e técnicas. Para além da vertente assistencial com reconhecida qualidade, o ensino
médico pré e pós-graduado, a investigação a realização de estágios e outros métodos de ensino fazem
parte dos serviços do CHUC.
Modelação numérica com o Pyrosim e o Pathfinder
É de grande importância a informação a importar do REVIT para o Pyrosim, porque o programa
estabelece uma relação entre as propriedades dos materiais com a evolução do fogo e também com a
quantidade de fumo produzido. O Pyrosim trabalha com a definição dos materiais, identificando as
suas propriedades físicas como taxa de libertação de calor (HRR- Heat Release Rate), densidade,
emissividade, condutividade e coeficiente de absorção. O Pathfinder é o software integrado da
Thunderhead Engineering, que permite fazer simulações acopladas com o Pyrosim, da evacuação dos
edifícios por parte dos seus ocupantes. Na figura 1 apresenta-se a evolução das temperaturas e dos
fumos aos 725 segundos de simulação.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


175
Figura 1: Temperaturas e evolução de fumos aos 725 segundos

3. RESULTADOS
Ao longo de várias simulações, a problemática da evacuação de doentes nas suas camas fica mais
visível, as camas para além de ocuparem muito espaço podem provocar congestionamentos (ângulo
de rotação das camas) e impedir a passagem de ocupantes, pondo em risco a evacuação.
Uma solução, seria transportar os doentes acamados para o corredor dos serviços ao lado. Esta
operação terá de ser feita de forma ordeira, caso contrário acontecem congestionamentos e, como
consequência, as equipas podem ficar presas e deixar de assistir os restantes doentes.
O tempo de evacuação de um doente acamado até ao hall dos elevadores, da secção é de 52.3
segundos. O tempo necessário para que todos os ocupantes estejam livres de perigo. As equipas de
assistência permanecem no local, para o caso de ser necessário prestar cuidados de saúde. As pessoas
com autonomia encontram-se também fora do edifício, num local de ponto de encontro.

4. CONCLUSÕES
Este trabalho teve por objetivo, demonstrar a viabilidade de estudos utilizando estas ferramentas
baseadas no desenvolvimento do fogo, permitindo agir rapidamente e assertivamente (uma vez que
estudando vários cenários é possível errar menos) e avaliar a evacuação de compartimentos ou do
próprio edifício, salvaguardando assim pessoas e bens.
Neste estudo foi possível observar que, mesmo evacuando apenas uma ala do hospital, dividida por
compartimentação corta-fogo, o tempo que demora a colocar todos os ocupantes fora de perigo, é
superior ao tempo que a totalidade do compartimento corta-fogo demora a ficar saturado de fumo e,
portanto, a não permitir a evacuação das pessoas.
Neste sentido, importa também aqui referir a extrema importância dos sistemas de desenfumagem
para a situação de incêndio, pois estes sistemas são de extrema importância no processo de evacuação
dos ocupantes.

5. REFERÊNCIAS
[1] Fechinha, P. (2018), "Segurança Contra Incêndios em edifícios de Centros Urbanos Antigos", Tese
de Mestrado em Engenharia Civil, Especialidade em Construção Urbana, ISEC, Instituto Politécnico
de Coimbra
[2] Thunderhead Engineering. (2020), "Pyrosim User Manual" Thunderhead Engineering, Manhattan,
USA
[3] Thunderhead Engineering (2020), “Pathfinder – Technical reference”., Manhattan, USA

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


176
AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA NA CONSTRUÇÃO DE OBRAS DE ARTE
CASO DE ESTUDO
Carina F. R. Fernandes Dias1,Carlos Oliveira1, João J. F. Baptista2

1
Instituto Politécnico de Viana do Castelo, Viana do Castelo, Portugal, email: carinafera77@gmail.com
1
Instituto Politécnico de Viana do Castelo, Viana do Castelo, Portugal, email: carlosoli@estg.ipvc.pt
2
Infraestruturas de Portugal, email: joao.baptista@infraestruturasdeportugal.pt

PALAVRAS-CHAVE: construção; segurança; avaliação de riscos; acidente; prevenção.

Código da Área Temática - 09 Apresentação Oral

1. INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como seu objeto de estudo a execução da empreitada da Ligação do Parque
Empresarial de Formariz à A3, é uma ligação rápida e segura entre o Parque Empresarial de Formariz
e a A3, a qual constitui o percurso fundamental entre a sub-região do Grande Porto e a fronteira com
Espanha (Galiza).O traçado desenvolve-se numa extensão total de 6.3 km (que incluí as interseções
giratórias e restabelecimentos), com início numa nova rotunda a executar na EN303, junto ao nó de
Sapardos, terminando no entroncamento entre EN303 e a atual ligação à zona Industrial de Formariz.
Nas visitas à obra foram identificadas várias anomalias, daí a importância do seu estudo, como por
exemplo na montagem e utilização de andaimes, na atividade de escavação e movimentação de terras.

2. METODOLOGIA
Tendo como base a aplicação do Decreto-Lei n.º 273/2003 de 29 de outubro, este estudo tem como
objetivo fazer uma análise da segurança em obra e fazer a avaliação de riscos da intervenção da
construção das obras de arte da empreitada. Serão utilizadas neste estudo três metodologias: a Análise
Preliminar de Riscos, que é aplicável na fase de projeto, a matriz, que é uma metodologia simplificada
de avaliação de riscos através da probabilidade e gravidade dos perigos associados a cada tarefa e a
metodologia de avaliação de riscos fornecida pela Agência Europeia, denominada OiRA (Online
Interactive Risk Assessment), a qual é caracterizada pela facilidade de acesso, sendo uma ferramenta
totalmente online e gratuita, baseada num método de perguntas e respostas, gerando no final um
relatório e um plano de ação com os perigos classificados e avaliados.
Faz-se a identificação dos riscos, a aplicação das metodologias de avaliação retratadas, para então
definir as medidas de prevenção e correção contra os riscos previamente conhecidos.

Não conformidades/ METODOS DE AVALIAÇÃO OBSERVAÇÃO


atividade ANÁLISE MATRIZ OIRA
PRELIMIN
AR
1- Montagem, Médio Aceitáve Elevad Na análise preliminar teve que conjugar com a
desmontagem e utilização l o lista de riscos especiais para obter um nível de
de andaimes risco;
No método OIRA tive que adaptar algumas
2- Montagem de passagem Médio Aceitáve Elevad
respostas às perguntas, pois não faz referência
hidráulica “ tipo Culvert”- l o
a algumas atividades;
impermeabilização das
O método da matriz neste estudo foi o mais
juntas
prático obtendo logo o nível de risco;
É muito importante a experiência da pessoa
3- Escavação e Alto Melhorá Elevad que está a avaliar os riscos principalmente no
movimentação de terras vel o método preliminar e no método OIRA, pois no
primeiro podem nem conseguir avaliar todos os
riscos, e no segundo nem sempre existem
respostas para a atividade pretendida.
Figura 1 – Matriz com os resultados dos vários métodos - (Autora)
SEC 2023 – LIVRO DE ATAS
177
3. CONCLUSÃO
Pela análise da figura 1 está demonstrado o resultado do estudo em três atividades com a respetiva
avaliação de riscos utilizando os três métodos estudados.
A partir da análise do histórico de acidentes na União Europeia, tanto no geral quanto no setor
específico da construção civil, da caracterização da intervenção, das metodologias utilizadas e das
medidas de prevenção e correção propostas para reduzir ou cessar os riscos, concluiu-se que é
indispensável a identificação correta de todos os riscos, independentemente da metodologia utilizada,
para então propor as medidas de correção com a maior precisão possível. A norma ISO 31000 define
linhas de orientação e cada empresa gere o risco mediante a sua identificação e análise, neste caso é
utilizado para avaliação do risco, o plano de trabalhos de riscos especiais (PTRE) de três atividades para
dar cumprimento ao estipulado na norma, e para minimizar ou eliminar o risco existente nessas
atividades estudadas.
A avaliação de riscos concretiza-se numa metodologia realmente importante para a identificação dos
riscos que coexistem em qualquer atividade, bem como para a priorização dos mesmos e consequente
proposta das medidas corretivas / preventivas, visando a minimização dos efeitos que os riscos
identificados possam lesar. As metodologias apresentaram limitações quanto à sua utilização, visto
que dependem muito da experiência do técnico de segurança que fará uso destes métodos para a
avaliação de riscos em obra. A análise preliminar de riscos, relativamente eficaz na fase de projeto,
como se desenvolve numa fase inicial, carece de técnicas mais detalhadas e profundas, visto que a sua
fácil execução limita o nível de pormenorização, podendo então ser substituído ou ser colmatado
juntamente com outras técnicas de avaliação de riscos mais completas e específicas. O método da
matriz, embora seja de fácil aplicação, é a que mais depende da sensibilidade do utilizador, porque
não apresenta diretamente uma diretriz tanto para a identificação quanto para a definição de medidas
preventivas. Já o método do OiRA, apresentou uma limitação proporcionalmente à sua simplicidade,
visto que não foi possível optar pelas tarefas específicas de intervenção necessárias à obra em questão.
Entretanto, a completa descrição dos vários riscos, a possibilidade da inserção de outros riscos e o
relatório produzido de forma automática, renderam ao método uma maior atratividade, além da
facilidade de utilização, interatividade e do facto de ser uma opção gratuita disponibilizada pela
Agência Europeia.
Por fim, as metodologias da matriz e OiRA mostraram resultados satisfatórios, ambas identificando
uma anomalia, propondo medidas corretas de prevenção não só para esta anomalia, mas para toda a
avaliação dos riscos encontrados. A análise preliminar de riscos, entretanto, mostrou um resultado
pouco eficaz, sendo justificável a sua utilização apenas em projeto, porém com a adição da lista de
riscos consegui ter um resultado mais aproximado das outras duas metodologias.
Para os riscos encontrados nas não conformidades salientadas neste estudo, revela-se essencial a
envolvência da gestão de topo da empresa, pois será essa figura que disponibiliza os meios necessários
para a segurança dos trabalhos e que cativa os seus trabalhadores à sua implementação e boa
utilização. O dono da obra, aquele que adjudica a empreitada também tem um papel importante na
compreensão do andamento dos trabalhos, e para isso enaltece-se o cumprimento do decreto-lei
273/2003 de 29 de Outubro, com destaque da figura do coordenador de segurança. Por último e não
menos importante, destaca-se o envolvimentos dos trabalhadores e a sua pré-disponibilidade para
aprender, evoluir e implementar, porque por muito que a gestão de topo ou o dono da obra o exijam,
são os trabalhadores que implementam, que no seu dia-a-dia têm de ter incutido práticas seguras e
que realmente se verifique a passagem da teoria à prática, pois é na prática onde se revela importante
a sua aplicação. Para tal é necessário trabalhadores conscientes e motivados que trabalhem em equipa
seguindo o mesmo rumo na obtenção de práticas seguras.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Ferramentas - OiRA - Online interactive Risk Assessment.
Infraestruturas de Portugal – PSS “ligação do Parque Empresarial de Formariz à A3”.
NP ISO 31000 – Gestão de risco, princípios e linhas de orientação.
Decreto-Lei nº 273/2003 de 29 de outubro - Procede à revisão da regulamentação das condições de
segurança e de saúde no trabalho em estaleiros temporários ou móveis, constante do Decreto-Lei n.º

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


178
TEMA 11
ESTRUTURAS GEOTÉCNICAS

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


SEC 2023 – LIVRO DE ATAS
ANÁLISE DE PEQUENOS MODELOS FÍSICOS E MODELOS NUMÉRICOS EM
GEOTECNIA: FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS EM TALUDES DE SOLO COM E SEM
REFORÇO
Rafael Anjos1, Luca Crescenzo2, Pinho-Lopes1, Michele Calvello2
1
RISCO, Departamento de Engenharia Civil, Universidade de Aveiro. rafaelanjos@ua.pt / mlopes@ua.pt
2
Departamento de Engenharia Civil, Universidade de Salerno. lcrescenzo@unisa.it / mcalvello@unisa.it

Palavras-chave: talude, geossintético, modelação, reforço

Código da Área Temática Apresentação oral

1.INTRODUÇÃO
A introdução de reforço com geossintéticos sobre fundações superficiais permite aumentar a
capacidade de carga e reduzir assentamentos. A literatura tem-se focado no caso de fundações em
solos reforçados com superfície horizontal. No entanto, poucos estudos têm sido realizados para
fundações superficiais no topo de taludes, em particular com modelos de escala reduzida (1g) e
condições drenadas. O recurso a modelos 1g apresenta limitações conhecidas: baixos estados de
tensão. Alternativamente, podem ser utilizadas centrifugadoras geotécnicas (Ng), pois permitem
induzir níveis de tensão realistas em estruturas de pequena escala. Alguns estudos têm demonstrado
que a disposição ótima do reforço pode diferir da obtida para modelos 1g. Kyparissis & Pinho-Lopes
[1] demonstraram que, para modelos com superfície horizontal, a profundidade ótima da primeira
camada de reforço (u) é menor do que o valor obtido em ensaios de modelos de pequena escala (i.e.,
0,3B ao invés de 0,5B, em que B é a largura da sapata). Guo et al. [2], numa revisão da literatura sobre
ensaios 1g, referem que, para reforço de solos com superfície horizontal, o valor de u varia entre 0,25B
e 0,4B (condições drenadas). No Quadro 10 é apresentado um resumo da disposição ótima do reforço
para o problema em estudo neste trabalho, Anjos [3].
Quadro 10 - Resumo da disposição ótima do reforço em modelos 1g para fundações junto ao topo de um
talude
Referência u/B* l/B# h/B& n+ Tipologia de reforço
Lee & Manjunath [4] 0,5 λ+8 - - Geogrelha, Geotêxtil
Altalhe et al. [5] 0,5 6,0 0,3 2 Geotêxtil
Baah-Frempong & Shukla [6] 0,5 - 0,5 3 Geotêxtil
B=Largura da fundação. Reforço: * Profundidade da 1ª camada. # Comprimento. & Espaçamento vertical entre
camadas sucessivas. + Nº de camadas. λ=distância da sapata à crista do talude (normalizada em B).

2.METODOLOGIA
A dissertação procurou explorar a disposição ótima do reforço para o problema descrito na introdução:
reforço de um solo sob uma fundação superficial perto da crista de um talude. Foi analisado o caso de
um solo arenoso, solicitado em estado plano de deformação e condições drenadas. Com recurso a
modelos físicos de escala reduzida (1g), validados por modelos numéricos (Plaxis 2D v22) foi possível
atingir os principais objetivos da investigação, Anjos [3]:
O1 Avaliar experimentalmente a influência do reforço na capacidade de carga da fundação;
O2 Analisar os mecanismos de rotura passíveis de ocorrer;
O3 Avaliar se a profundidade ótima do reforço da literatura permite maximizar a capacidade de
carga da fundação.
No total foram validados resultados de 5 modelos físicos: 1 modelo não reforçado, 3 modelos com
uma camada de reforço e 2 modelos com duas camadas de reforço (Quadro 11).

3.RESUMO DOS RESULTADOS E CONCLUSÃO

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


181
Na análise dos resultados, a capacidade de carga da fundação, qmax, foi assumida sempre igual à força
máxima aplicada. Com recurso à Razão de Capacidade de Carga, RCC (Equação 1), quantificou-se o
aumento da capacidade de carga para os diferentes modelos, relativamente ao modelo em solo não
reforçado. Na Equação 1, qmax(R) representa a capacidade de carga máxima da solução reforçada e
qmax(NR) a capacidade de carga máxima da fundação não reforçada.

q max( R ) (1)
RCC =
q max( NR )
A introdução de uma camada de reforço possibilitou o aumentou da capacidade de carga de uma
fundação perto da crista de um talude. Quando a camada foi colocada a 0,5B de profundidade,
observou-se um aumento da capacidade de carga da fundação (RCC=3,2). Para o modelo com u=0,3B,
a Razão de Capacidade de Carga foi menor (RCC=2,6); no entanto, o modelo apresentou melhores
comportamento para níveis de assentamento mais reduzidos (condições de serviço). A introdução de
uma segunda camada de reforço permitiu melhorar o comportamento em estado limite último,
relativamente aos modelos reforçados com uma camada única; para condições de serviço não houve
alterações significativas. No Quadro 11 é apresentado um resumo dos resultados obtidos.

Quadro 11 - Resumo dos resultados obtidos para os modelos analisados, em termos de capacidade de carga
Modelo Nomenclatura Capacidade de carga (kPa) RCC (-)
Não reforçado MF_NR 26 -
Reforçado a 0,3B MF_R_03B 68 2,6
Reforçado a 0,5B MF_R_05B 83 3,2
Reforçado a 0,7B MF_R_07B 48 1,8
Reforçado a 0,3B e 0,6B MF_R_03B_06B 85 3,2
Reforçado a 0,5B e a 1,0B MF_R_05B_1B 105 4,0

Em fundações perto ou sob um talude podem ocorrer três mecanismos de rotura: rotura localizada da
fundação, rotura parcial do talude ou rotura do talude acompanhada de rotura por punçoamento da
fundação. Os dois últimos mecanismos de rotura apenas ocorreram quando a fundação foi solicitada
por cargas de elevada magnitude, que lhe impuseram grandes deslocamentos. A introdução do
reforço, a profundidades adequadas (entre 0,3B e 0,5B), permite evitar a formação do último
mecanismo de rotura. Anjos [3] discute os mecanismos de rotura envolvidos.

4. REFERÊNCIAS
[1] A. Kyparissis and M. Pinho-Lopes, “Bearing capacity of reinforced soil under a strip footing:
Centrifuge tests,” 11th International Conference on Geosynthetics 2018, ICG 2018, vol. 3, pp.
1918–1926, 2018.
[2] X. Guo, H. Zhang, and L. Liu, “Planar geosynthetic-reinforced soil foundations: a review,” SN
Appl Sci, vol. 2, no. 12, Dec. 2020, doi: 10.1007/S42452-020-03930-5.
[3] R. Anjos, “Análise de pequenos modelos físicos e modelos numéricos em geotecnia: fundações
superficiais em taludes de solo com e sem reforço,” Universidade de Aveiro, Aveiro, 2022.
[4] K. M. Lee and V. R. Manjunath, “Experimental and numerical studies of geosynthetic-
reinforced sand slopes loaded with a footing,” Canadian Geotechnical Journal, vol. 37, no. 4,
pp. 828–842, 2011, doi: 10.1139/t00-016.
[5] E. B. Altalhe, M. R. Taha, and F. M. Abdrabbo, “Behavior of strip footing on reinforced sand
slope,” Journal of Civil Engineering and Management, vol. 21, no. 3, pp. 376–383, Feb. 2015,
doi: 10.3846/13923730.2014.890646.
[6] E. Baah-Frempong and S. K. Shukla, “Behaviour of a Strip Footing Embedded in a Sand Slope
Reinforced with Multilayer Geotextile,” Indian Geotechnical Journal, vol. 50, no. 4, pp. 560–
576, 2020, doi: 10.1007/s40098-019-00393-3.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


182
3D EFFECTS IN RETAINING WALL BEHAVIOUR
Karim Costa1, Peter Bourne-Webb2, Alexandre Pinto3
1
Instituto Superior Técnico, University of Lisbon, andre.karim@tecnico.ulisboa.pt
2
DECivil, Instituto Superior Técnico, University of Lisbon, peter.bourne-webb@tecnico.ulisboa.pt
3
DECivil, Instituto Superior Técnico, University of Lisbon, alexandrepinto@tecnico.ulisboa.pt

Palavras-chave: Berlin wall, soil arching effect, finite elements method

Código da Área Temática: 11 Apresentação oral

1. BERLIN WALLS OVERVIEW


The Berlin wall construction method is one of the most common retaining wall systems used in the
major cities of Portugal. Berlin walls follow a particular construction sequence which consists of
excavating and executing each concrete panel alternatively, on a hit-and-miss basis (Figure 33). The
hit-and-miss excavation sequence intends to mobilise the soil arching effect to stabilize the open face
before the concrete panels are executed. From a design perspective, 2D analysis in plane-strain is often
undertaken as it is simpler and quicker to perform. Due to the nature of the Berlin wall construction
sequence however, this is not strictly appropriate as the out-of-plane direction is not continuous. A 3D
analysis would, at first glance, be more suitable. The work discussed in this abstract compares the
differences in modelling Berlin walls in 2D versus 3D [1]. The finite elements analysis was conducted
in Optum G2 and Optum G3 for the 2D and 3D analyses respectively [2,3].

Figure 33: Berlin Wall hit-and-miss sequence Figure 34: 2D Model Geometry (dimensions in meters)

2. VERTICAL ARCHING IN 2D
A 2D plane-strain cross-section of a sequentially excavated Berlin wall was modelled, with a cross-
section resemblant of what would be modelled in design for a real excavation using the Berlin wall
method. The excavation geometry considered is shown in Figure 34. The wall system comprises vertical
steel piles spaced 3 m centres with reinforced concrete in-fill panels between; each panel has a
dimension of 3x3 m2, and has anchors on the centres of the panels, spaced 3 m. The soil was modelled
with a Mohr-Coulomb constitutive model. The intent of this model was to provide a benchmark to
which to compare the full-3D model.

3. ANALYSIS OF ARCHING BASED ON A FULL-3D MODEL


In order to consider the in-plane excavation sequence of the Berlin wall in modelling, it was necessary
to model the excavation in full-3D. Figure 35 shows an intermediate stage of the full-3D model, when
the primary panels are excavated and an earth berm is left in front of the yet unexcavated secondary
panel. The boundary conditions prevent the displacement of each face in the out-of-plane direction.
On the bottom face, movement is restricted in all directions. There were significant differences

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


183
observed in terms of displacements between the 2D and full-3D, with the 2D results being generally
more conservative. The differences can be attributed to the fact that the correct excavation sequence
is modelled in full-3D, which considers the development of arching effect (as shown in Figure 36), as
well as a correct representation of the fact that the steel piles do not support the soil in intermediate
stages, as opposed to what is assumed by the 2D model. Another factor that can justify the differences
observed is the fact that the wall in the full-3D model can bend in three directions, influencing its
displacements.

Figure 35: Full-3D Model – Intermediate Stage Figure 36: Arching Effect on Intermediate Stage

To try and approximate the results obtained with 2D modelling with those of full-3D modelling, an
analysis was undertaken in which a boundary on the open soil face is relaxed (by applying a relaxation
factor) in stages before the activation of the wall panel and support. This is done in order to allow some
amount of stress to be released prior to the wall construction, to try and simulate the fact that in
reality, due to the hit-and-miss sequencing, each level of excavation is not completed all at once, with
the primary panels constructed first and then the secondary panels, allowing the development of the
arching effect. It was not possible to approximate all results (i.e. displacements, stress, bending
moments etc) simultaneously between both models.

4. CONCLUSIONS
Modelling an excavation using the Berlin wall method in full-3D does not appear to offer significant
advantages, as the results obtained with the 2D cross-section model would be considered on the safe
side when comparing with the full-3D model. Modelling in 3D is very time and resource consuming,
which in the case of a simple excavation does not yield significant advantages, despite correctly
considering the in-plane excavation sequence. A relaxation factor may be used when modelling in 2D
to try to simulate the hit-and-miss sequence, however, careful consideration and calibration is
required.

5. REFERENCES
[1] Costa, K., Bourne-Webb, P., & Pinto, A. (2021). 3D Effects in Retaining Wall Behaviour.
[2] Optum G2 (2.0.49). (2020). Optum Computational Engineering. www.optumce.com
[3] Optum G3 (2.0.48). (2020). Optum Computational Engineering. www.optumce.com

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


184
DESENVOLVIMENTO DE UM PROGRAMA PARA DIMENSIONAMENTO DE
SAPATAS DE ACORDO COM O EUROCÓDIGO 2 E O EUROCÓDIGO 7
Jhennifer Mara Mendiola Barbosa1, Manuel Teixeira Braz César², António Miguel Verdelho Paula³
1
Mestrado em Engenharia da Construção. Instituto Politécnico de Bragança.
jhennifer.mendiola@gmail.com
2
Instituto Politécnico de Bragança. brazcesar@ipb.pt
³Instituto Politécnico de Bragança. mpaula@ipb.pt

Palavras-chave: Fundações superficiais, Cálculo automático, Dimensionamento segundo EC7 e EC2,


Sapatas isoladas.

Código da Área Temática: 11 Poster ou Vídeo

1. INTRODUÇÃO
A fundação é um elemento estrutural responsável por transferir as cargas de uma superestrutura para
o solo. Por isso, é imprescindível a compreensão dos aspetos do solo, além do conhecimento das regras
de dimensionamento estrutural. Este trabalho teve como objetivo o desenvolvimento de um programa
em Visual Basic for Application (VBA) para o dimensionamento de sapatas isoladas de acordo com os
Eurocódigo 7 [1] e Eurocódigo 2 [2]. Posteriormente realizou-se um estudo comparativo dos resultados
obtidos através da expressão geral da capacidade de carga do solo de fundação, apresentado no Anexo
D do EC7 (Equações (1) – condições drenadas e equação (2) – condições não drenadas) com o método
empírico, considerando apenas no dimensionamento a tensão admissível do solo de fundação.

𝑅⁄𝐴′ = 𝑐′𝑁< 𝑏< 𝑆< 𝑖< 𝒇𝒄 + 𝑞′𝑁> 𝑏> 𝑆> 𝑖> 𝑓> + 0,5𝛾′𝑁? 𝑏? 𝑆? 𝑖? 𝑓? (1)

𝑅⁄𝐴′ = (𝜋 + 2)𝑐@ 𝑁< 𝑏< 𝑆< 𝑖< 𝑓< + 𝑞 (2)

2. DESENVOLVIMENTO DO PROGRAMA
O programa está dividido em duas partes, dimensionamento e verificação geotécnica (GEO) e
dimensionamento e verificação estrutural (STR). Ao iniciar o programa o usuário deverá introduzir as
ações atuantes na sapata. Em seguida, a partir da escolha do tipo de solo que o programa permite
selecionar, irá ser apresentada a tensão admissível do solo. Com esse valor é possível realizar, numa
primeira fase, o pré-dimensionamento da sapata em termos de dimensões em planta. Posteriormente,
o usuário deverá introduzir as restantes propriedades geotécnicas do maciço de fundação e com esta
informação o programa irá calcular a capacidade de carga do solo usando as equações que
genericamente estão representadas em (1) ou (2). No final desta fase é então feita a verificação da
capacidade de carga vertical do solo e caso o usuário pretenda também é possível realizar a verificação
ao deslizamento pela base. Na Figura 1 está representado um Layout de uma das fases do programa.
Na segunda fase do processo, o programa irá fazer o dimensionamento estrutural STR, função das
combinações de ações para este caso. Como o programa, neste trabalho, foi desenvolvido para
fundações isoladas, irá considerar a sapata rígida. Tendo em conta esta condicionante o programa
realiza o dimensionamento da armadura usando o método das bielas e ao final gera-se um relatório
em PDF.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


185
Figura 37. Apresentação das informações das dimensões da sapata e dos coeficientes corretivos usados na
expressão da capacidade de carga.

3. APLICAÇÃO DO PROGRAMA EM CASOS PRÁTICOS


Considerando uma areia mediamente compacta, analisou-se o comportamento de três sapatas
isoladas centradas com esforços axiais diferentes. A Sapata 1 com uma carga de 100 KN, a Sapata 2
com uma carga de 200 kN e a Sapata 3 de 400 kN. No primeiro caso as três sapatas estão situadas à
superfície do terreno. No segundo caso as bases das sapatas estão a uma profundidade de 2 metros.
No terceiro caso a base das sapatas estão situadas à superfície do terreno, mas existe um estrato rígido
a uma profundidade 2,5 m da base da fundação. Finalmente no quarto caso, as bases das sapatas estão a
uma profundidade de 2 metros e o estrato rígido está a uma profundidade de 2,5 m da base das sapatas.
No Quadro 1 apresenta-se um resumo das capacidades de carga obtidos pelo programa para os vários
casos estudados.
Quadro 13. Capacidade de carga (kPa).
Casos Sapata 1 Sapata 2 Sapata 3
Caso 1 45,09 70,71 106,58
Método da expressão Caso 2 1132,28 1126,15 1140,96
geral (kPa) Caso 3 45,09 70,71 106,58
Caso 4 1324,08 1860,32 3311,98
Método da tensão admissível do solo (kPa) 300,00 300,00 300,00

O Método da tensão admissível não leva em consideração a profundida a que se encontra a base
sapata ou a presença de um extrato rígido, por isso, para todos os casos de estudo o valor da
capacidade de carga do solo são os mesmos (300 kPa). Usando a expressão geral da capacidade de
carga verifica-se um aumento desta quando as sapatas estão assentadas a uma profundidade de 2
metros (caso 2 e 4). Constata-se também que a presença de um extrato rígido a certa profundidade da
base da sapata aumenta a capacidade de carga do solo (Caso 4).
Comparando o caso 1 e 3, verifica-se que a existência de um extrato rígido não influenciou na
capacidade de carga devido a sua distância à base da sapata.

4. CONCLUSÃO
A capacidade de carga do solo é influenciada por diversos fatores, como a profundidade da base da
sapata e a presença de um extrato rígido, portanto o método da expressão geral da capacidade de
carga representa uma melhor via de dimensionamento, pois o método da tensão admissível não tem
em consideração esses fatores de influência.

5. REFERÊNCIAS
[1] NP EN 1997-1. 2010, Eurocódigo 7 – Projeto geotécnico. Parte 1: Regras gerais. Lisboa: Instituto
Português da Qualidade.
[2] NP EN 1992-1-1. 2010, Eurocódigo 2 - Projeto de estruturas de betão. Parte 1-1: Regras gerais e
regras para edifícios. Lisboa: Instituto Português da Qualidade.
SEC 2023 – LIVRO DE ATAS
186
NUMERICAL ANALYSIS OF THE THERMO-MECHANICAL
RESPONSE OF ENERGY PILES
Marcelo Fernandes1, Peter Bourne-Webb2, Maria Teresa Bodas Freitas3
1
Department of Civil Engineering. University of Lisbon (IST). marcelo.fernandes@tecnico.ulisboa.pt
2
Department of Civil Engineering. University of Lisbon (IST). peter.bourne-webb@tecnico.ulisboa.pt
3
Department of Civil Engineering. University of Lisbon (IST). tmbodas@civil.ist.utl.pt

Keywords: Energy Piles, Shallow Geothermal Energy, Seasonal Thermal Loading, Numerical
Modelling.

11. Geotechnical Structures Oral Presentation

1. INTRODUCTION
Nowadays, while increasing human development has brought many advantages, depletion of finite
natural resources, like water and fossil fuels, has generated a concern for sustainability. Shallow energy
systems have proven to be an interesting solution for extracting heat from the earth´s reservoir and
using it for multiple purposes. Although they are associated with high installation costs, it can be
remediated by being coupled into thermally activated foundations, such as piles, retaining walls, slabs,
and tunnels, as long as it does not compromise their structural integrity. The present research focus in
energy piles, which are the most common, but still lacking further knowledge on design criteria and
long-term effect of complex thermal loading forms.
Numerical Analyses were developed using finite element software ABAQUS. At first, modelling
validation was conducted by contrasting data with previous numerical analyses available in the
literature [1,2,3]. Then, parametric studies were performed, focusing on the variation of the coefficient
of thermal expansion in a frictional medium for an embedded thermally activated pile, soil spacing,
heating and cooling sequences in seasonal thermal loading with different starting points, as well as
unbalanced thermal loadings [4].

2. BASIS FOR ANALYSES


A two-dimensional axisymmetric geometry was developed according to Figure 1a), which is intended
to represent a 30m long pile (L) with 1m of diameter (D) embedded in cohesive or frictional medium
[5], although the parametric studies are only related to the latter. Based on these dimensions, a quad
element mesh was generated and refined where considered appropriate.
The numerical modelling is based in thermo-mechanical properties [4]. The pile is assumed to have an
elastic behavior and the soil an elastic – perfectly plastic one [5]. A Mohr-Coulomb failure criteria was
adopted for the frictional medium, and the pile-soil interface is set so that the friction coefficient is
dependent on the angle of shearing resistance (δ), allowing for remolding of the granular soil next to
the pile during its construction. Thermal Properties are described by thermal conductivity (λ), specific
heat (cs) and the linear coefficient of thermal expansion (α). Boundary conditions are set as
displacement (fixed horizontally and/or vertically) and temperature restrictions, one of them being a
seasonal thermal loading at the surface.
These analyses followed a modelling sequence of 5 steps: 1- Initial conditions of temperature and
stress field were applied, 2- Thermal dynamic equilibrium at the surface is stablished, 3- Pile
construction is simulated, 4- Mechanical Loading is applied at the head of the pile and 5- thermal
loading is defined to simulate the heat exchangers attached to the cage of the structural element. The
parametric studies mentioned before had different thermal loadings applied to the length of the pile
as it can be seen in Figure 1b), Figure 1c) and Figure 1d). The results were evaluated in terms of depth
profiles, horizontal temperature profiles and time series [4].

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


187
Figure 1. Model geometries considered (a) and thermal loadings for each parametric study (b, c, d).

3. CONCLUSIONS
The results suggest that, for several situations, the coefficient of thermal expansion does have a
significant impact on the thermo-mechanical response of isolated and group piles, with a lower
influence in this response in the case of spring vs fall thermal loading starting points and only
heating/cooling forms of thermal loading as well.

4. REFERENCES
[1] Assunção, R. (2014). Thermal and Thermal-Mechanical Analysis of Thermo-Active Pile
Foundations. Lisbon: Instituto Superior Técnico, Universidade de Lisboa.
[2] Lupattelli, A. (2020). Análisi numerica di fondazioni su pali e micropali termicamente attivi.
Perugia: Università Degli Studi di Perugia.
[3] Zito, M. (2019). Transient Analysis of Building-Pile-Soil Interactions in Thermally-Activated
Foundations. Milano: Politécnico Di Milano.
[4] Fernandes, M. (2022). Numerical Analysis of the Thermo-Mechanical Response of Energy Piles.
Lisboa: Instituto Superior Técnico.
[5] Bourne-Webb, P. J., Bodas Freitas, M., Lupatelli, A., Zito, M., Sterpi, D., & Salciarini, D. (2022).
Outstanding issues in understanding the behavior of thermally-activated pile foundations.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


188
TEMA 12
ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS, AMBIENTE E RECURSOS
NATURAIS

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


SEC 2023 – LIVRO DE ATAS
ANÁLISE DA EFICIÊNCIA HÍDRICA NA ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA DO
INSTITUTO POLITÉCNICO DE CASTELO BRANCO

Carrasco, RMB1, Ferreira, AMS2, Rigueiro, MCS3


1
Unidade Técnico Científica de Engenharia Civil. Instituto Politécnico de Castelo Branco.
rcarrasco@ipcbcampus.pt
2
Unidade Técnico Científica de Engenharia Civil. Instituto Politécnico de Castelo Branco.
amferreira@ipcb.pt
3
Unidade Técnico Científica de Engenharia Civil. ISISE. Instituto Politécnico de Castelo Branco.
constanca@ipcb.pt

Palavras-chave: água, eficiência hídrica, sustentabilidade, campus sustentável.

Alterações Climáticas, Ambiente e Recursos Naturais Apresentação oral

1. ENQUADRAMENTO E OBJETIVOS
A água, sendo um recurso escasso, mas imprescindível para todos os seres vivos, necessita que
olhemos para ela como se de uma preciosidade se tratasse. Assim, urge promover o seu uso da forma
mais eficiente possível, promovendo soluções técnicas que não tenham apenas em conta o custo
inicial. Isto é, é necessário a implementação de soluções técnicas sustentáveis eficientes em termos
ambientais, sociais e económicos em todo o ciclo de vida.
O uso mais eficiente da água e sem desperdícios, requer o uso de equipamentos/dispositivos nos
edifícios que promovam uma maior eficiência hídrica. Neste sentido, a Associação Nacional para a
Qualidade nas Instalações Prediais (ANQIP), que tem como objetivos gerais promover e garantir a
qualidade e a eficiência no ciclo predial da água e em questões de sustentabilidade, estabeleceu um
sistema de certificação e rotulagem de eficiência hídrica para produtos comercializados em Portugal
[1], indo de encontro aos objetivos e metas definidos no Programa Nacional para o Uso Eficiente da
Água [2].
Com o intuito de fazer face a esta problemática que cresce de dia para dia e disseminar este tópico
junto da academia, surge o presente trabalho desenvolvido no âmbito da unidade curricular de Projeto
I do Curso da Licenciatura em Engenharia Civil que pretende dar um contributo para o uso mais
eficiente da água na Escola Superior de Tecnologia do Instituto Politécnico de Castelo Branco (ESTCB).
Neste estudo procedeu-se à identificação e caracterização do campus da ESTCB, quanto ao seu
consumo hídrico, com o intuito de encontrar soluções economicamente viáveis que minimizem o
consumo de água e que, por conseguinte, mais eficientes. Para isso, foi realizado um levantamento de
todos os dispositivos de água em todos os edifícios da ESTCB, foram feitas medições de caudal para
averiguar a possibilidade de substituição dos dispositivos existentes, de forma a melhorar o consumo
hídrico atual e uma análise da viabilidade económica da solução proposta.

2. CASO DE ESTUDO
2.1 Caracterização do Campus da Escola Superior de Tecnologia
O caso de estudo foi aplicado à Escola Superior de Tecnologia (EST) do Instituto Politécnico de Castelo
Branco, localizada na cidade de Castelo Branco no Campus da Talagueira. A EST é composta por quatro
edifícios, blocos A, B, C e D de carácter escolar, um campo desportivo e locais de estacionamento.
A População da EST, a 31 de dezembro de 2020, era de 889 estudantes, 68 docentes e 20 não docentes.
2.2 Descrição e medições efetuadas nos dispositivos de utilização
Foram medidos os caudais de todos os dispositivos de utilização dos aparelhos sanitários da EST,
usando métodos expeditos, que se julgaram ser mais apropriados para cada dispositivo.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


191
Com base nas especificações técnicas da ANQIP [1] e [3] e nos volumes de água medidos para os
dispositivos existentes, foi possível caracterizar o seu nível de eficiência hídrica, verificando-se que
93% dos dispositivos atualmente existentes na EST, são passíveis de apresentar uma rotulagem hídrica
das classes B e C.
2.3 Consumo de água e gastos financeiros
Foi feita uma contabilização do consumo médio de água no campus da EST, tendo por base o consumo
dos anos de 2017, 2018, 2019 e dezembro de 2021 (o ano de 2020 não foi contabilizado assim como
os primeiros 11 meses de 2021, devido à Pandemia provocada pelo vírus SARS-CoV-2), obtendo-se um
consumo médio de água, por mês de 266,2 m3.
Desta forma conseguimos identificar na EST um consumo per capita e por dia de 20 litros, o que
atendendo ao número de utilizadores (889 estudantes e 88 docentes e não docentes) é um valor
abaixo da média para este tipo utilização, que conforme descrito em [4], é de 40 l/dia para estudantes
e 50 l/dia para os restantes utentes.
Considerando as tarifas de consumo de água no município de Castelo Branco, referentes ao ano de
2021, verifica-se um custo médio mensal de 369,91€.
3. PROPOSTA DE SOLUÇÕES E CONCLUSÃO
A solução proposta neste trabalho para o uso mais eficiente da água, passa por uma substituição total
dos dispositivos de utilização, os quais apresentam níveis de eficiência hídrica muito baixa, de forma a
reduzir o consumo atualmente registado. O custo total do investimento a realizar com a solução
proposta, tem o valor total de 10.700,80 € (sem contabilização do custo da mão de obra).
Foi ainda feito o estudo da viabilidade económica da solução proposta para ver se o investimento se
justifica. Para tal, usaram-se as estimativas de consumo consideradas no estudo e a aplicação dos
novos dispositivos a funcionarem de acordo com as condições a que os dispositivos atuais estão
sujeitos. Após a intervenção proposta, estima-se uma poupança no consumo de água de 38,37%, com
uma poupança mensal de 141,93 €. Com o cálculo acumulado do valor inicial de investimento,
determinou-se um período de retorno de 6 anos e 4 meses.
Desta forma, a solução estudada, pode conduzir a uma redução do consumo de água potável no
campus da Escola Superior de Tecnologia do IPCB, contribuindo para a diminuição do valor da fatura
de água e dos riscos de escassez hídrica que se venham a registar no distrito de Castelo Branco. Este
estudo reflete assim, as preocupações e o trabalho desenvolvido na unidade técnico cientifica de
Engenharia Civil no âmbito da Construção Sustentável. Pretende contribuir para uma gestão mais
eficiente e sustentável dos equipamentos e das infraestruturas do Campus da EST do IPCB de modo a
não comprometer o futuro das gerações vindouras.

4. REFERÊNCIAS
[1] ANQIP, ETA 0802 – Regulamento do Sistema voluntário ANQIP de certificação e rotulagem de
eficiência hídrica de produtos, 2013.
[2] Resolução do Conselho de Ministros n.º 113/2005. Programa Nacional para o Uso Eficiente da
Água — Bases e Linhas Orientadoras (PNUEA).
[3] ANQIP, ETA 0803 – Rótulos de eficiência hídrica de produtos. Características e condições de
utilização, 2013.
[4] Sá Marques, JAA, Sousa, JJO (2011). Hidráulica Urbana - Sistemas de Abastecimento de Água e de
Drenagem de Águas Residuais. 3.ª Edição, Imprensa da Universidade de Coimbra, Coimbra.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


192
RISCO DE CONTAMINAÇÃO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS
Victor Lima1, Fernando Pacheco², João Moura³, Teresa Pissarra⁴, Renato Júnior⁵, Maytê Silva⁵, Carlos
Valera⁶, Marília Melo⁷, Luís Fernandes³

1
Universidade de Trás os montes e Alto Douro. victorsl98sarrazin@gmail.com
2
CQVR – Centro de Química de Vila Real, UTAD, fpacheco@utad.pt
3
CITAB – Centro de Investigação e Tecnologias Agroambientais e Biológicas, UTAD, lfilipe@utad.pt;
jpmoura@utad.pt
4
Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, UNESP, teresa.pissarra@unesp.br
5
Instituto Federal do Triângulo Mineiro, Campus Uberaba, Laboratório de Geoprocessamento, Uberaba,
renato@iftm.edu.br, mayte@iftm.edu.br
6
Coordenadoria Regional das Promotorias de Justiça do Meio Ambiente das Bacias dos Rios Paranaíba e
Baixo Rio Grande, carlosvalera@mpmg.mp.br
7
Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Cidade Administrativa do Estado
de Minas Gerais, marilia.melo@meioambiente.mg.gov.br

Palavras-Chave: Sustentabilidade; Vulnerabilidade; Perigo; risco de contaminação; Gestão


territorial.

12 - Alterações Climáticas, Ambiente e Recursos Naturais Apresentação oral

As águas subterrâneas são essenciais para manutenção da fauna e flora, dos sistemas aquáticos como
lagos e rios, também é extremamente importante para a segurança hídrica e abastecimento das
populações, pois são uma reserva essencial para períodos de secas que ocorrem anualmente. Além
disso, havendo poluição dos aquíferos, geralmente não é fácil sua deteção e mitigação dos danos
causados para a natureza e para a sociedade ao longo do espaço e tempo, necessitando de recursos
financeiros e tempo de estudo dos parâmetros e das análises hidroquímicas do local. Pode-se utilizar
como exemplo de caso de contaminação, o rompimento da Barragem de rejeitos de Brumadinho, em
Minas Gerais (Brasil), que ocasionou em danos ambientais imensuráveis na superfície do solo e dos
rios, principalmente na região do córrego Ferro-Carvão, onde depositaram-se cerca de 8 milhões de
m³ e 3 milhões de m³ no rio Paraopeba. Com base nisso, o objetivo desta investigação foi de classificar
a área de estudos em 4 classes de riscos (risco alto, moderado, baixo e muito baixo) de contaminação,
por meio de uma metodologia que engloba a vulnerabilidade intrínseca das água subterrâneas e os
perigos existente, como indústrias, vias de comunicação, dutos, agricultura, saneamento e entre
outras infraestruturas, admitindo desenvolver o método VP (Vulnerabilidade e Perigo), criando mapas
de riscos e gráficos paramétricos. A bacia hidrográfica do rio Paraopeba, localizada na região sudeste
do estado de Minas Gerais (Brasil), apresenta uma área de 13.514,94 km². Trata-se de uma bacia
hidrográfica com padrão de drenagem dendrítico, alongado e exorreica. Sua área compreende em 48
municípios e apresenta uma população estimada de 1,4 milhões de habitantes. Já a sub-bacia do Ferro-
Carvão, possui uma área estimada de 60 km² e está situada no epicentro do desastre ocorrido. O seu
contexto geológico agrupa três unidades principais: o Supergrupo Minas; o Supergrupo Rio das Velhas;
e o embasamento cristalino. O Supergrupo Minas é composto por três Grupos: Caraça; Itabira; e
Piracicaba e se sobrepõe às rochas dos complexos metamórficos. O Supergrupo Rio das Velhas é
formado pelo grupo Nova Lima e outros. Já o embasamento cristalino é formado pelo complexo
granito-gnáissicos. Estimar os locais de potencial risco de contaminação, proporcionaria obter uma
área de estudo menor para modelação do fluxo das águas subterrâneas e do transporte de possíveis
contaminantes nas áreas de riscos de contaminação como ferro, alumínio e manganês. Quanto à
metodologia empregada, compreendeu num novo modelo de análise de risco de contaminação das
águas subterrâneas, o método VP (Vulnerabilidade e Perigo). Este método resulta na utilização de
parâmetros ambientais (método DRASTIC) e parâmetros de atividades económicas (atividade
industrial, agricultura e infraestrutura). Estes parâmetros quando não fiscalizados de forma
responsável, tendem ao longo dos anos originar desastres ambientais. Assim, juntamente com o uso

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


193
do sistema cartesiano, dentro de 4 quadrantes definidos, para identificar a Vulnerabilidade intrínseca
das águas subterrâneas e os Perigo existentes, com valores entre 0 e 1, classificaram-se os riscos e o
tipo de gestão a ser desenvolvida. Quanto maiores os valores de VP, maior o risco e mais exigentes as
medidas a serem tomadas. O fluxograma 1 demonstra a metodologia desenvolvida. Assim, nos locais
de riscos determinados dentro da área de estudo, pode-se desenvolver medidas de prevenção dos
aquíferos, conciliando as questões ambientais e políticas. Em relação aos resultados obtidos, os riscos
de contaminação alto, moderado, baixo e muito baixo é respetivamente de 6.79%; 25.87%; 13.43% e
53.73% da área de estudo. Sendo assim, nas áreas onde são consideradas com risco alto, deverá
intervir nas atividades pela região e desenvolver planos ambientais para empresas com mais rigor. Já
nas regiões de risco moderado, desenvolver um planeamento sustentável e promover um convívio
entre o ambiente natural e o ambiente antrópico. Em zonas de risco baixo, pode-se criar medidas de
monitorização das atividades realizadas, garantido que não ultrapassem os limites estabelecidos nos
planos ambientais. Por fim, nas regiões de risco muito baixo, conservar a natureza, criar parques
florestais e limitar o uso para atividades industriais.

Fluxograma 38. Metodologia VP

Figura 1. Mapa DRASTIC e Mapa de Perigos

Figura 2. Mapas de riscos (Industrial, Infraestrutura, Agricultura)


SEC 2023 – LIVRO DE ATAS
194
FLUXO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS E TRANSPORTE DE CONTAMINANTES
Victor Lima1, Fernando Pacheco², João Moura³, Teresa Pissarra⁴, Renato Júnior⁵, Maytê Silva⁵, Carlos Valera⁶,
Marília Melo⁷, Adriana Monteiro da Costa8, Luís Fernandes³
1
Universidade de Trás os montes e Alto Douro,.victorsl98sarrazin@gmail.com
2
CQVR – Centro de Química de Vila Real, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, fpacheco@utad.pt
3
CITAB – Centro de Investigação e Tecnologias Agroambientais e Biológicas, UTAD, lfilipe@utad.pt;
jpmoura@utad.pt
4
Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, UNESP, teresa.pissarra@unesp.br
5
Instituto Federal do Triângulo Mineiro, Campus Uberaba, Laboratório de Geoprocessamento,
renato@iftm.edu.br, mayte@iftm.edu.br
6
Coordenadoria Regional das Promotorias de Justiça do Meio Ambiente das Bacias dos Rios Paranaíba e Baixo
Rio Grande, carlosvalera@mpmg.mp.br
7
Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável,
marilia.melo@meioambiente.mg.gov.br
8
Universidade Federal de Minas Gerais

Palavras-Chave: Sustentabilidade; Vulnerabilidade; Perigo; risco de contaminação; Gestão territorial.

12 - Alterações Climáticas, Ambiente e Recursos Naturais Apresentação oral

Os acontecimentos envolvendo rejeitos de mineração estão aumentando nas últimas décadas, causando perdas
de vidas e danos ambientais gravíssimos nos países onde sucedem. Logo, uma das preocupações da sociedade é
a qualidade da água, pois está diretamente relacionada à saúde e bem-estar. Assim, surgiu a ideia de utilizar
modelos numéricos que simulam processos que ocorrem com a água, como precipitação, infiltração,
escoamento, drenagem e reações químicas com substâncias dissolvidas. Com esses processos, é possível estimar
a dinâmica hidrológica de aquíferos livres e confinados de uma determinada localidade e ainda auxiliar os
gestores hídricos em seu controle, como elevação do nível freático ou ameaças à qualidade e disponibilidade
hídrica. Assim, o objetivo desta pesquisa é aplicar a modelagem numérica por diferenças finitas do fluxo de águas
subterrâneas e transporte de contaminantes de ferro, alumínio e manganês ao longo dos aquíferos livres e
confinados na região Paraopeba e Ferro-Carvão. A sub-bacia de Ferro-Carvão tem uma área estimada de 50 km²
e está localizada no epicentro do desastre da barragem de Brumadinho (B1), ocorrido em 25 de janeiro de 2019,
de propriedade da VALE S.A. A rutura da B1 causou severa contaminação do rio, pois os rejeitos tiveram
interações com o local, mantendo elevadas concentrações dos elementos químicos, como o ferro, alumínio e
manganês. A metodologia de estudo consistiu em aplicar o modelo numérico por diferenças finitas, que
fragmenta o local de estudo em tamanho de células especificadas, substituindo todo o domínio físico por um
conjunto de elementos discretos estruturados numa grelha. Assim, em cada célula particular, substitui-se as
derivadas parciais por aproximações que admitem resolver no modelo idealizado, através da aplicação de
equações algébricas e de condições de fronteiras como (as recargas, os poços, cargas hidráulicas). Como
apresentado na Figura 1, foi constituído o modelo em 3 camadas principais, onde cada camada possui dados
obtidos em campo (contaminação, tipo de solos, profundidade da água e entre outros). Além disso, esse modelo
possui 12.378 mil células ativas, num período de modelação de 20 anos, subdividido em períodos mensais, com
unidades dos parâmetros em metros e o tempo em dias. Relativamente aos resultados, para o modelo de fluxo,
a recarga/precipitação de entrada do modelo teve uma extração de água de 464,15 Mm³ (98,6987%) no sistema.
Por outro lado, quando a água sai do sistema, a distribuição dos recursos hídricos é melhor, a carga hidráulica
descarrega cerca de 49,82 Mm³ (10,5948%) de água, os poços extraem 2,94 Mm³ (0,6261%), enquanto o sistema
de drenagem e o rio, juntos removem 175,18 Mm³ (37,2510%), a evapotranspiração é de cerca de 242,32 Mm³
(51,5281%). A poluição dos contaminantes analisados apresentaram valores de pluma maiores no aquífero livre
do que no aquífero confinado, como é visto na Figura 2 e Figura 3, devido à baixa dispersão horizontal e vertical
dos poluentes ao longo dos anos simulados e a constituição geológica das camadas. Mesmo em baixa dispersão,
as plumas de soluto tendem a fluir em direção à jusante do rio Paraopeba e seus tributários. As cores e zonas
mais graves (contornos vermelhos e pretos) estão concentradas perto dos locais de deposição de rejeitos de
ferro, alumínio e manganês, como está exposto na Figura 4. Portanto, sobre a Sub-bacia do Ferro-Carvão, local
principal do desastre da barragem de rejeitos de Brumadinho, os resultados demonstraram que houve

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


195
contaminação das águas subterrâneas na área do rejeito, mas dificilmente dará sua propagação pelos aquíferos
livre e confinado, já que seu gradiente hidráulico tende a empurrar os contaminantes de volta à superfície.

Figura 1. Modelo hidrogeológico idealizado.

Figura 2. Contaminação através do fluxo, aquífero


Figura 3. Contaminação através do fluxo, aquífero
livre.
confinado

Figura 4. Resultado de contaminação por Ferro, Alumínio e Manganês, respetivamente.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


196
TEMA 13
HIDRÁULICA, INFRAESTRUTURAS HIDRÁULICAS E
APROVEITAMENTO DE ENERGIA

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


SEC 2023 – LIVRO DE ATAS
NUMERICAL ANALYSIS OF THE EBRO RIVER MEANDER FLOW FIELD,
UPSTREAM OF THE BRIDGE PAVILION
César Santos1, Cristina Fael2, Juan Martín-Vide3
1
Ph.D. student, Universidade da Beira Interior (UBI), C-MADE. cesar.vaz.santos@ubi.pt
2
Assistant Prof., Universidade da Beira Interior (UBI), C-MADE. cfael@ubi.pt
3
Full Prof., Universitat Politècnica de Catalunya (UPC). juan.pedro.martin@upc.edu

Keywords: Numerical study; Meander; Complex pier

Código da Área Temática Apresentação oral

1.ABSTRACT
In this work, the Ebro River meander flow field and the effects resulting from the large and complex
pier of the Zaragoza Bridge Pavilion (Spain) are numerically analysed resorting to ANSYS Fluent. The
presence of an upstream meander bend, the pier’s shape, size, and skewed position relative to the
flow contribute to a unique flow-structure interaction. The RANS equations are solved using the
Standard 𝑘 − ε turbulence model, and the results are compared with previous experimental work and
field surveys. Relevant contributions were achieved on the influence of the upstream meander on the
flow velocities near the pier, highlighting the imbalance between the left and right bridge spans.

2. INTRODUCTION
The complex flow dynamics in meander bends are well-known. An interesting process is the formation
of secondary currents resulting from the combination of centrifugal forces and pressure gradients.
These currents play an important role in hydro- and morphodynamics [1,2], as it redistributes flow
velocities and increases the bed shear stress at the outer bank [3,4]. On the other hand, the inner bank
is usually prone to sediment accumulation. This behaviour leads to the natural meander migration
process, which can adversely impact structures like bridge piers [5]. Understanding the flow-structure
interaction is a crucial task because many bridge failures result from foundation scouring [6]. Local
scour at bridge piers can be influenced by the formation of wake vortices [7], pier alignment relative
to the flow [8], pier shape and size [7], bed sediment size and grading, and flow depth [8].

3. METHODOLOGY
The current work focuses on the numerical analysis of the effects on flow hydrodynamics caused by
the presence of a large and complex pier in a meandering channel. Simulations are conducted in ANSYS
Fluent, employing the Standard 𝑘 − ε turbulence model. Given computational limitations, a simplified
geometry at a scale of 1/62.5 is adopted. The proposed ratio and geometry simplification has been
used in previous works [6]. Furthermore, the study adopts a rigid lid approximation for the free surface,
which results in accurate flow behaviour predictions under this work's conditions [2,4]. Since a rigid lid
approximation may suppress the generation of secondary currents [2], a transverse slope is imposed
on the free surface. Simulations will consist of three cases to separate the effects caused by the bridge
pier from the ones caused by the meander. The first considers only the meander, the second with the
pier inside a straight channel (replicating the conditions of previous experimental works [9]), and the
last one considers the meander with the pier. Further details on the numerical work and procedure
can be found in [10].

4. RESULTS AND DISCUSSION


For the case pertaining to this work, the effects on the flow field caused by the large complex pier of
the Zaragoza Bridge Pavilion are analysed. The bridge pier can obstruct up to 30% of the flow width for
the 500-year return period. Over the years, an increasing imbalance was seen between the left and
right sides of the pier. A significant sediment accumulation was reported under the left bridge span,
whereas the right span was subjected to severe erosion. This behaviour was attributed to the size of
SEC 2023 – LIVRO DE ATAS
199
the pier, which acts as a bifurcation, and the meander upstream, which causes a deviation of the
velocity vector [6]. Figure 1 a) shows the velocity magnitude, normalised by the inlet velocity. Note
how the core of high velocities remains closer to the outer bank near the bend exit. In the vicinity of
the pier, a distinct behaviour can be seen between the left and right sides. On the right side, the
velocity increases up to 50%, whereas, on the left, the velocity increase is not as pronounced. These
results differ from the straight channel case, where the velocity increase was nearly symmetrical for
both sides of the pier. Thus, the imbalance observed at the pier can be linked to the meander
upstream. As noted from the 2D streamlines, a vortex-pair forms downstream of the pier. Suspended
sediments are expected to be caught in this low-velocity region and settle on the riverbed. Indeed,
field surveys showed that significant sediment accumulation occurred in this area [6]. As for the bed
shear stress values, shown in Figure 1 b), the region near the pier experiences a two-fold general
increase. Furthermore, a five-fold increase takes place under the right span. The results indicate higher
erosion potential under the right bridge span, which is in agreement with previous works [6].

Figure 39 – a) Velocity magnitude and b) Bed shear stress.

5. REFERENCES
[1] Blanckaert, K. and Vriend, H. J. D. (2004). Secondary flow in sharp open-channel bends. J Fluid
Mech, 498, 353–380.
[2] Khosronejad, A., Rennie, C. D., Neyshabouri, S. A. A. S., and Townsend, R. D. (2007). 3d numerical
modeling of flow and sediment transport in laboratory channel bends. J Hydraul Eng, 133(10),
1123–1134.
[3] Blanckaert, K. and Graf, W. H. (2004). Momentum transport in sharp open-channel bends. J
Hydraul Eng, 130(3), 186–198.
[4] Kashyap, S., Constantinescu, G., Rennie, C. D., Post, G., and Townsend, R. (2012). Influence of
channel aspect ratio and curvature on flow, secondary circulation, and bed shear stress in a
rectangular channel bend. J Hydraul Eng, 138(12), 1045–1059.
[5] Blanckaert, K., Constantinescu, G., Uijttewaal, W., and Chen, Q. (2013). Hydro- and morphody-
namics in curved river reaches – recent results and directions for future research. Advances in
Geosciences, 37, 19–25.
[6] Martín-Vide, J. P., Fael, C. M. S., Núñez-Gonzáez, F., Ferrer-Boix, C., Santos, C. A. V., Prats- Puntí,
A., and Chavarrias, V. (2022). A large bridge pier in an alluvial channel: Local scour versus
morphological effects and the role of physical models. Journal of Hydraulic Engineering, 148(8).
[7] Melville, B. W. and Coleman, S. E. (2000). Bridge Scour. Water Resources Pubns.
[8] Raudkivi, A. (2020). Scour at bridge piers. Scouring, CRC Press, 61–98.
[9] Martín-Vide, J. P. (2008). Estudio hidráulico en modelo físico de la protección del pabellón-puente
de la expo 2008. Report, UPC.
[10] Santos, C. (2022). Numerical Analysis of the Ebro River Meander Flow Field, Upstream of the
Bridge Pavilion. Master’s thesis. Universidade da Beira Interior. Nov. 2022.
SEC 2023 – LIVRO DE ATAS
200
TEMA 14
SISTEMAS DE TRANSPORTES

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


SEC 2023 – LIVRO DE ATAS
AVALIAÇÃO DAS SECÇÕES HOMOGÊNEAS DE UMA ESTRADA DE BAIXO
VOLUME DE TRÁFEGO
William Eduardo Kolodi1, Manuel Joaquim da Costa Minhoto2, António Miguel Paula3
1
ESTIG. Instituto Politécnico de Bragança. a52517@alunos.ipb.pt
2
ESTIG. Instituto Politécnico de Bragança. minhoto@ipb.pt
3
ESTIG. Instituto Politécnico de Bragança. mpaula@ipb.pt

Palavras-chave: Light Weight Deflectometer (LWD), California Bearing Ratio (CBR), Secções
Homogêneas, Estradas de baixo volume de tráfego (EBVT).

Código da Área Temática: 14 Apresentação Oral

1. INTRODUÇÃO
As redes rodoviárias nacionais integram na sua composição uma percentagem considerável de
estradas de baixo volume de tráfego (EBVT), as quais compreendem estradas não pavimentadas. Estas
estradas são o principal meio de ligação entre os centros urbanos e as regiões de baixa densidade
demográfica e zonas de montanha. Devido à sua importância e à sua suscetibilidade a degradações
causadas pelas ações climáticas e em sobreposição à passagem de veículos, diversas metodologias de
monitorização do seu estado mecânico e funcional foram desenvolvidas e têm vindo a ser aplicadas.
Existem vários ensaios disponíveis com o objetivo de avaliar a capacidade mecânica da estrada não
pavimentada em suportar o tráfego expectável. Estes ensaios, denominados “ensaios de capacidade
de carga” dividem-se em duas vertentes: os ensaios em laboratório, como o California Bearing Ratio -
CBR (laboratorial), e os ensaios in situ. Entre estes últimos, enquadram-se ensaios estáticos, como o
de carga em placa (ECP) e os ensaios dinâmicos, como o deflectômetro de impacto leve (LWD – Light
Weight Deflectometer). Estes tipos de ensaios apresentam a vantagem de serem mais expeditos e
representativos das condições de carregamento real dos veículos.

2. CASO DE ESTUDO
Uma estrada de baixo volume de tráfego (EBVT) no município de Bragança, Portugal, foi objeto de
estudo. Esta situa-se no parque natural de Montesinho e sua extensão total é de 3016 metros. O
tráfego a que está sujeita esta estrada envolve veículos de lazer, e veículos pesados de trabalho
agrícola e de preservação duma barragem e dum parque natural.

3. OBJETIVO
Pretendeu-se observar o estado mecânico da estrada não pavimentada, por meio de ensaios de
capacidade de carga in situ, realizados ao longo de três anos. A partir dos resultados dos ensaios
adaptou-se o método das diferenças acumuladas desenvolvido pela American Association of State
Highway and Transportation Officials (AASHTO) [1] para subdivisão da estrada em secções de
comportamento homogêneo. Por fim, faz-se um comparativo das secções resultantes, a fim de
observar sua evolução ao longo do período de observação, procurando um padrão de desempenho.

4. METODOLOGIA
O trabalho de observação do estado mecânico do leito do pavimento foi realizado utilizando o Light
Weight Deflectometer (LWD), com capacidade de medir o módulo de deformabilidade dinâmico (Evd)
e o CBR dinâmico (CBRd). Com os valores obtidos para estes dois parâmetros, realizou-se a
determinação de secções de comportamento mecânico homogêneo através do método das diferenças
acumuladas da AASHTO. O procedimento para obtenção destas secções efetuou-se separadamente
para cada conjunto de resultados obtidos com o Light Weight Deflectometer (LWD). Desta forma
obtiveram-se dois conjuntos de secções homogéneas para a mesma extensão de estrada (um em
função de Evd e outro do CBRd), em diferentes períodos de observação, permitindo assim, comparar
parâmetros mecânicos e suas evoluções.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


203
A obtenção dos dados, foi efetuada de 100 em 100 metros, determinando-se, em cada ponto, o
módulo de deformabilidade dinâmico (Evd) e o CBR dinâmico (CBRd). Este tipo de dados foram
anteriormente obtidos por diferentes autores, em 2019 por Freitas [2] e em 2020/2021 por Wolf [3],
noutras campanhas de ensaios. Desta forma, existe a disponibilidade de quatro conjuntos de valores
do Evd e três valores de CBRd, para cada um dos 30 pontos da estrada analisada. As secções com base
no Evd podem ser visualizadas na Figura 1, onde estão os gráficos destas. Nos gráficos observam-se
diferentes secções homogêneas, representadas pelo alinhamento reto.

Figura 40. Definição de secções homogêneas, em função de Evd, em cada período de estudo.

5. CONCLUSÕES
Pela análise constata-se que o comportamento das secções homogêneas da estrada não-pavimentada
em estudo é muito similar com o decorrer do tempo, seja em termos de módulo de deformabilidade
dinâmico (Evd), seja em termos de CBR dinâmico (CBRd). As principais variações entre um período e
outro estão contidas nas extremidades do trecho analisado, indicando que esses poucos pontos
extremos possam ter passado para uma secção anterior ou posterior da estrada de estudo para estudo.
A comparação feita neste trabalho indica que, para a estrada não-pavimentada analisada, não se
alteram significativamente quer a homogeneidade das suas propriedades mecânicas, quer as
propriedades mecânicas, a um prazo relativamente longo, sugerindo que, para este tipo de estradas,
a degradação mecânica tem um peso menor do que a degradação funcional, que considera o estado
da superfície e de drenagem, da estrada de terra, a qual necessita de ser efetuada periodicamente.

6. REFERÊNCIAS
[1] AASHTO. Design of Pavement Structures. Washington, D.C.: American Association of State
Highway and Transportation, 1993.
[2] Freitas, B. (2019). Avaliação e caracterização geotécnica de uma estrada de baixo volume de
tráfego. Bragança, Portugal.
[3] Wolf, M. P. (2021). Observação da qualidade de uma estrada de baixo volume de tráfego não
pavimentada. Bragança, Portugal.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


204
INVESTIGATING ASPHALT SELF-HEALING WITH CLEAR BINDER AND
PIGMENTED OIL
Tiago Letras Ribeiro1, Rui Baltazar Micaelo2, Ana Cristina Freire3
1
Dep. Eng. Civil – NOVA School of Science and Technology – tl.ribeiro@campus.fct.unl.pt
2
Dep. Eng. Civil – NOVA School of Science and Technology – ruilbm@fct.unl.pt
3
Dep. de Transportes – Laboratório Nacional de Engenharia Civil – acfreire@lnec.pt

Keywords: asphalt self-healing, rejuvenator encapsulation, experimental methods.

14 Apresentação oral

1. INTRODUCTION
Transportation is a vital aspect of any society, and improvements in travel speed and capacity have
had significant economic and social impacts. The degradation of this infrastructure is due in large part
to the hardening of bitumen over time [1], which can increase the likelihood of surface cracking. This
occurs because bitumen is an organic substance that is affected by oxygen, ultraviolet radiation, and
temperature changes.
Capsules containing rejuvenators or “softening agents” are intended to expedite the asphalt's
inherent self-healing mechanisms by releasing their contents when the pavement layer incurs damage,
improving its durability [1]. Asphalt’s own self-healing ability requires significant rest periods to
develop, incompatible with regular traffic patterns.
One of the key ways of better developing an understanding of the working mechanism behind this
technology is to study the rejuvenator’s dispersion and its interaction with the binder. To do so, three
modern experimental techniques have been used: infrared spectroscopy, fluorescence microscopy,
and computed tomography scans, that each have their own limitations.
This study aimed to test the viability of a new method of studying the rejuvenator’s release, by
producing bituminous mixtures with added encapsulated rejuvenator, in which rejuvenator and
capsules can be easily seen and studied. This was accomplished by producing mixtures with a light-
coloured binder and colouring the rejuvenating agent with an adequate pigment.

2. MATERIALS AND SPECIMENS


The synthetic binder Recofal S100-P, provided by Repsol, is a light-coloured binder, with physical and
rheological properties designed to resemble a conventional bitumen, and is especially suited to
applications where pigmentation is required.
Two pigmented oils were used: vegetable oil with 0.66% (w/w) red asphalt-colouring pellets, and
vegetable oil with 50% (w/w) red fat-soluble food colouring. These oils were then encapsulated in
calcium alginate capsules.
Two types of asphalt mixture were studied: a continuously graded Asphalt Concrete (AC 14) and a
discontinuously graded Stone Mastic Asphalt (SMA 11). A number of cylindrical Marshall-type
specimens were produced with each mixture, with varying capsule concentrations. Prismatic beam-
like specimens were also produced for each mixture type (without capsules).

3. EXPERIMENTAL PLAN
Before producing asphalt specimens, it was necessary to determine whether vegetable oil could
modify the synthetic binder. To do so, a series of Dynamic Shear Rheometer (DSR) tests were
conducted, using mixtures of binder and oil at concentrations ranging from 0% to 10% by weight.
Cylindrical specimens containing capsules were uniaxially compressed at 200 kN while confined by
their moulds. This was intended to promote oil release. These specimens were then opened with a
chisel, and their fractured surfaces were visually studied. The number of capsule and pigmentation
occurrences, along with their area, was counted and measured. This yielded data from which statistical
conclusions could be drawn.
SEC 2023 – LIVRO DE ATAS
205
Prismatic specimens were loaded using a modified Wheel Tracking Simulator (WTS) test, which allowed
them to experience flexion and crack in a more realistic way. Pigmented oil (with fat-soluble food
colouring) was then directly injected into the newly developed cracks.

4. RESULTS AND CONCLUSIONS


Firstly, it was possible to produce calcium alginate capsules with pigmented oil, something that had
not been done previously. It is worth noting that, despite this, pigment release did not totally
accompany oil release when capsules were crushed, with a type of filtration effect being present. While
this still enabled the visual study of oil release, it certainly affected its reliability and raised an
important question about the extent to which capsules can modify the rejuvenators contained in them.
Results from DSR testing showed that vegetable oil was indeed capable of modifying the binder’s
physical properties, although to a limited extent when compared to similar tests done with aged
bitumen.
Data resulting from the visual analysis of loaded specimens revealed that the continuously graded AC
14 mixture had more occurrences of piment release than the discontinuously graded SMA 11. This
countered the initial expectations of the SMA mixture being able to load the capsules more effectively
due to its “aggregate to aggregate” internal structure. In fact, the capsules appeared to have been
High Damage
somewhat shielded in this case, due to them occupying the voids between larger Level
aggregates. H
It is important to discuss the overall performance of this technique, that showed some limitations. Oil
and pigment release were not uniform, and a higher concentration of capsules did not directly
translate into a higher number of pigmentation occurrences, which would be expected.
When inspected, the prismatic specimens mostly showed that the oil was capable of occupying very
thin cracks and to do so across significant lengths but was otherwise incapable of significantly
penetrating into the asphalt.
These shortcomings point towards future research possibilities, such as using other types of
rejuvenator or softening agent which are more capable of modifying this binder, along with exploring
the use of other pigments or dyes.
Medium Damage Level M

a) b) c)

a) a)

Figure 41. Internal structure of a cylindrical specimen containing 1.25% capsules (a), pigmentation around a calcium
alginate capsule produced with red food colouring (b), cracking along the Low
side ofDamage Level
a prismatic specimen (c). L

5. REFERENCES
[1] Micaelo, R.; Al-Mansoori, T.; Garcia, A. (2016) Study of the Mechanical Properties and Self-Healing
Ability of Asphalt Mixture Containing Calcium-Alginate Capsules. Construction and Building
Materials, 123, 734–744.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


206
DEFINIÇÃO E ANÁLISE DE CURVAS DE ATENUAÇÃO DE VIBRAÇÕES INDUZIDAS
POR TRÁFEGO FERROVIÁRIO
Ricardo Pedra Gomes1, Aires Colaço2, Eduardo Fortunato3
1
Dep. de Engenharia Civil. Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. up201703977@fe.up.pt
2
CONSTRUCT-FEUP. Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. aires@fe.up.pt
3
LNEC. Laboratório Nacional de Engenharia Civil. efortunato@lnec.pt

Palavras-chave: vibrações; curvas de atenuação, modelação numérica, tráfego ferroviário.

14. Sistemas de Transportes Apresentação oral

1. INTRODUÇÃO
O crescimento populacional mundial, atualizado recentemente para o valor de 8 mil milhões de
pessoas e previsões de cerca de 10 mil milhões em 2055, surge como um dos principais desafios no
que toca ao desenvolvimento de cidades sustentáveis e com sistemas de transportes eficazes [1].
Portugal, nos últimos anos, tem apresentado vários planos de investimento nos setores de mobilidade
e transportes. Contudo, a implantação e consequente exploração de uma rede ferroviária em
ambiente urbano suscita uma preocupação acrescida com o conforto dos habitantes na vizinhança da
infraestrutura, derivada da possível ocorrência de fenómenos de vibração excessiva. Numa fase de
construção de novas linhas ferroviárias, a existência e adoção de modelos de previsão de vibrações
empíricos, capazes de simular o comportamento de um maciço geotécnico à superfície, revela-se uma
ferramenta útil. No entanto, dado o seu caráter empírico, encontram-se sempre condicionados pelos
cenários para os quais foram derivados. Desta forma, o presente trabalho tem como objetivo principal
a derivação e análise, por intermédio de modelação numérica avançada, de curvas de atenuação de
vibrações à superfície do maciço, as quais permitem, de uma forma direta, aferir o nível de vibração
expectável em função da distância à via-férrea. Este estudo tem em conta a variação de diferentes
fatores, tais como: i) características e tipologia da via-férrea; ii) condições geológico-geotécnicas; iii)
características do material circulante.
2. METODOLOGIA
A metodologia de análise proposta consiste na derivação de curvas de atenuação à superfície do
maciço geotécnico por intermédio de modelação numérica avançada. Para tal, foi utilizado o modelo
numérico 2.5D FEM-PML (do inglês Finite Element Method – Perfectly Matched Layer) - Figura 1 [2]. As
curvas de atenuação numéricas definidas por esta via são, posteriormente, comparadas com as curvas
empíricas propostas pela FTA (do inglês Federal Transit Administration) [3], de modo a averiguar a
adequabilidade desta metodologia em traduzir os diferentes cenários de análise.

1 Receptância da via para cargas móveis

Modelação do sistema via - (túnel) - maciço Modelo estrutural do veículo e


sua interacção com a via férrea

Modelos 2.5D; Modelos semi-analíticos

3 2

Resposta dinâmica da via-férrea e do maciço de Forças de interação dinâmica via-veículo


fundação induzida pela passagem do comboio

Figura 1 - Fluxograma representativo da interação entre diferentes módulos do modelo numérico 2.5D FEM-PML [2].

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


207
3. PRINCIPAIS RESULTADOS
Foi realizado um conjunto alargado de estudos paramétricos da resposta dinâmica da via-férrea,
divididos por tipologia de via (balastrada e não balastrada) e avaliando a influência de fatores como: i)
velocidade de circulação; ii) rigidez do maciço de fundação; iii) classe de irregularidades da via; iv) tipo
de comboio; v) elemento resiliente – manta resiliente. Posteriormente, procedeu-se à comparação
entre as curvas de atenuação de vibrações geradas através do modelo numérico e da metodologia
proposta pela FTA [3]. A Figura 2 apresenta, a título de exemplo, o conjunto de resultados obtidos para
as condições de análise identificadas na mesma figura.

Via-férrea
classificada com
Alfa-Pendular classe de
irregularidades 3

Maciço de fundação
n=0.35
x=0,03
3
r=2000 kg/m

a) b)

Figura 2 – Vibrações induzidas por tráfego ferroviário: a) Condições de análise do caso apresentado; b) curvas
de atenuação geradas através do modelo numérico 2.5D FEM-PML (linhas azul (Cs=150 m/s) e vermelha
(Cs=300 m/s)) e a curva proposta pela FTA (linha roxa) (dBref=5*10-8 m/s).

4. CONCLUSÕES
Dos resultados alcançados a partir do exemplo apresentado, é possível concluir que: tendo como
ponto de partida a curva gerada numericamente representativa de um solo menos rígido (linha azul),
quando comparada com a curva empírica, para pontos mais próximos do eixa da via verificam-se
diferenças de nível de vibração na ordem dos +8dB, sofrendo estas uma diminuição até aos +3dB para
pontos mais distantes. Para a curva caracterizadora de um solo mais rígido (linha vermelha), para
pontos mais próximos da fonte de vibrações, ocorrem diferenças na ordem +6dB, ocorrendo uma
diminuição até valores inferiores por parte desta curva quando comparada com a curva empírica
proposta pela FTA. Tendo em conta a não linearidade de resultados, a aplicação da metodologia
empírica proposta pela FTA deve ser considerada apenas como um primeiro indicador, sendo
recomendável a realização de análises mais detalhadas em situações que requerem um maior controlo
dos níveis de vibração permitidos.

5. REFERÊNCIAS
[1] P. Gerland et al., World Population Prospects 2022: Summary of results. 2022.
[2] Lopes, P., Vibrações induzidas por tráfego ferroviário em túneis, in Departamento de
Engenharia Civil. 2015, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto: Porto.
[3] A. Quagliata, M. Ahearn, E. Boeker, C. Roof, L. Meister, and H. L. Singleton, "Transit
Noise and Vibration Impact Assessment Manual [2018]," (in English), Tech Report
2018, doi: https://doi.org/10.21949/1503619.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


208
PREVISÃO DO CONSUMO DE COMBUSTÍVEL DE CAMIÕES DE TRANSPORTE
EM OBRAS RODOVIÁRIAS ATRAVÉS DE MACHINE LEARNING
Hugo Fernandes1, José Neves2, Manuel Parente3

1
Instituto Superior Técnico, Universidade de Lisboa. hugofsfernandes@gmail.com
2
CERIS, DECivil, Instituto Superior Técnico. jose.manuel.neves@tecnico.ulisboa.pt
3
BUILT CoLAB. manuel.parente@builtcolab.pt

Palavras-chave: camiões de transporte, consumo de combustível, machine learning, obras de


pavimentação, sensores.

Código da Área Temática: 14 Apresentação Oral

1. INTRODUÇÃO
No contexto tecnológico e empresarial atual bastante competitivo, a otimização dos processos é cada
vez mais importante para a minimização do consumo de recursos e a maximização da produção. Assim,
utilizar a tecnologia mais recente em áreas como a inteligência artificial com o objetivo de se ter
máquinas a prever e estimar custos configura-se muito relevante também nos vários setores da
engenharia civil. Sabendo que o custo dos combustíveis, mais concretamente dos veículos pesados de
transporte de materiais para obras de pavimentação de estradas, representa uma parte relevante do
custo total do processo, este trabalho teve como objetivo a análise da viabilidade da previsão do
consumo de combustível através de Machine Learning (ML).

2. METODOLOGIA
Recorrendo à utilização de base de dados real decorrente da instalação de sensores num camião de
obra, procedeu-se à previsão do consumo de combustível através da implementação de modelos de
Inteligência Artificial (IA), mais especificamente de ML, considerando o trajeto percorrido, a velocidade
média, a carga transportada e o registo do consumo real associado a cada trajeto, que corresponde ao
termo de comparação no qual se baseia o estudo. Esta premissa foi validada em contexto real num
estaleiro de construção rodoviária em colaboração com uma empresa construtora portuguesa.
Atendendo ao tipo de dados que se pretendia recolher e conhecendo as ofertas existentes, optou-se
por três tipos de sensores: antena GNSS, acelerómetro e giroscópio. Para efeitos de armazenamento,
leitura de sensores e futuro processamento de algoritmos de ML em tempo real, utilizou-se o
microcomputador NVIDIA Jetson Nano 2GB Development Kit. A Figura 1 mostra pormenores da
conceção e construção do protótipo de aquisição de dados dos sensores, bem como da instalação no
interior do habitáculo do camião [1].

(a) (b) (c)


Figura 1. Conceção (a), construção (b) e instalação (c) do protótipo de aquisição de dados [1].

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


209
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados foram obtidos com recurso ao pacote rminer para R [2]. Com a utilização desta
ferramenta, foram treinados e testados vários modelos na base de dados processada, nomeadamente
random forest (RF), artificial neural network (ANN) e support vector machines (SVM). Uma vez que a
capacidade de generalização é uma preocupação fundamental, não só para implementação futura
como também para a avaliação dos modelos, foi adotada uma abordagem de validação cruzada de 10
runs. A quantidade relativamente baixa de dados justifica o valor k-fold de 3. Isto significa que os dados
são avaliados em todo o conjunto de treino, dividindo-os em 3 partes. O modelo é então treinado 3
vezes enquanto reserva uma parte diferente de cada vez, como um conjunto de dados de teste, usando
assim os dados disponíveis em todo o seu potencial. O modelo que se revelou com melhor ajustamento
foi o RF. A Figura 2 mostra como os valores previstos vão de encontro aos valores observados no
conjunto de dados de teste. Como se pode facilmente inferir, quanto mais perto os pontos estiverem
da linha diagonal, melhor é o ajuste, e consequentemente melhor é o valor de R2. A análise deste valor
mostra que o modelo parece ser capaz de reproduzir o comportamento da variável-alvo especialmente
nos valores da gama média (ou seja, os valores de consumo de combustível de 20 a 27 litros), embora
os valores mais próximos da extremidade inferior (i.e., à volta dos 17 litros) e superior (i.e., à volta dos
30 litros) estejam a ser ligeiramente sobrestimados e subestimados, respetivamente. Como expetável,
isto deve-se ao facto de existir uma quantidade muito menor de registos na base de dados que se
enquadram nestas extremidades, algo a aprimorar com o incremento da base de dados ao longo do
tempo [1].

Figura 2. Representação gráfica do resultado dos dados estimados vs. observados [1].

4. CONCLUSÃO
O trabalho apresentou um modelo de previsão do consumo de combustível aplicado a camiões de
transporte de materiais de construção, baseado em cenário real, com o objetivo de ser utilizado como
uma ferramenta para o planeamento e gestão de projetos e análise orçamental. A inovação deste
trabalho foi a integração de uma estrutura concetual de IoT para recolha e transmissão de informação
na base de dados, que compreende os dados de treino e teste para os modelos preditivos. Mais
detalhes sobre o trabalho desenvolvido estão descritos em [1].

5. REFERÊNCIAS
[1] Fernandes, H. (2021). Análise da viabilidade de previsão do consumo de combustível de camiões
de transporte em obras rodoviárias através de machine learning. Dissertação de mestrado em
Engenharia Civil. Instituto Superior Técnico, Universidade de Lisboa.
[2] Cortez, P. (2010). “Data Mining with Neural Networks and Support Vector Machines using the
R/miner Tool”. Advances in Data Mining - Applications and Theoretical Aspects, 10th Industrial
Conference on Data Mining (ICDM 2010), P. Perner, ed., Springer, Berlin, Germany, 571–583.

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


210
TEMA 15
PLANEAMENTO TERRITORIAL E URBANO

SEC 2023 – LIVRO DE ATAS


SEC 2023 – LIVRO DE ATAS
A GIS-BASED MULTI-CRITERIA METHOD TO EVALUATE THE LEVEL OF
WALKABILITY IN THE CITY CENTRE OF GUIMARÃES
Escolástica Fernandes1, Rui Ramos2, Fernando Fonseca3
1
CTAC, Escola de Engenharia, Universidade do Minho. escolastica.fernandes.39716@gmail.com
2
CTAC, Escola de Engenharia, Universidade do Minho. rui.ramos@civil.uminho.pt
3
CTAC, Escola de Engenharia, Universidade do Minho. ffonseca@civil.uminho.pt

Keywords: pedestrians, active mobility, multi-criteria analysis, urban planning.

Thematic area code: 15 Video presentation

1. INTRODUCTION
Walking is the greenest, cheapest, and easiest mode of transport and is often the first and last mode
of transport used in a trip. Walking is also a form of doing physical activity that helps to prevent various
physiological and mental diseases associated with sedentary lifestyles. Due to these benefits, the
promotion of more walkable cities has received increasing attention over the last years. The extent to
which the built environment is pedestrian-friendly and enables walking is broadly defined as
walkability. The research on walkability has resulted in increased precision in measuring the influence
of built environment variables on walking, namely due to the availability of spatial data along with the
use of GIS tools. Many different methods, variables and measures have been used to describe
walkability, which usually rely on a composite measure (index) of various built environment criteria
[1]. This presentation summarizes a MSc dissertation on Civil Engineering carried out at the University
of Minho [2], which was focus on applying a GIS-based multi-criteria analysis to evaluate the level of
walkability in the city centre of Guimarães.

2. METHODOLOGY
The GIS-based multi-criteria method was inspired in the Smart Pedestrian Net (SPN) research project,
which was firstly implemented in Bologna and Porto. The two main steps were evaluating and
weighting the attributes. As adopted in SPN, a total of 19 built environment and streetscape attributes
grouped in six criteria were used to evaluate the level of walkability in Guimarães (Figure 1). The
evaluation consisted in a binary classification, where each street segment was scored with 1 and 0
according to the respective performance in each item. For example, street segments within 400 m to
a bus stop scored 1, otherwise scored 0; sidewalks wider than or equal to 1.5 m scored 1, otherwise 0.
All the details about these evaluation, which involved GIS operations and street audit work, can be
found in [3]. Inversely to SPN, where the scores were based on a survey to 1438 individuals, in this
study the weighting process was support on the evaluation of 28 experts (mainly engineers, architects
and geographers) of the University of Minho using the analytic hierarchy method (AHP). As detailed
described in [3], first a pairwise comparison was performed to assess the relative value of each decision
criterion, then the results were normalized so that the sum of the weightage of each criterion was
equal to 1, and finally the consistency of the comparison matrix was checked. The obtained scores are
shown in Figure 1. Through GIS operations, the binary evaluation of each criterion was then combined
with the AHP scores and the values normalized again. The result was a walkability map ranging from 0
to 1, showing the final classification of all street paths according to the various criteria. A sector of 1.6
km2 at the centre of Guimarães was selected as the case study (Figure 2). This compact urban area
includes 90 streets divided into 118 paths, squares, and footpaths, which sum a length of 28 km.

3. RESULTS
In terms of average evaluation, the performance of the six main criteria in the study area was as
follows: accessibility (0.88), street connectivity (0.74), sidewalk facilities (0.69), traffic safety and
security (0.66), land use (0.51), and streetscape design (0.46). The level of accessibility and street
connectivity were very favourable due to the compact urban structure of the city centre and to the
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diversity of urban functions. To obtain the walkability scores, the normalized values from the
evaluation were combined with the weights derived from the multi-criteria analysis. The final
walkability evaluation combining the six criteria is shown in Figure 2.

Figure 42. Criteria, sub-criteria and scores to evaluate walkability Figure 2. Walkability evaluation

The analysis showed that the overall walkable conditions in this area are favourable. As shown in Table
1, 29% of the street paths are within the best-scored class (>0.701), while around 65% of the streets’
path lengths scored above 0.60. There were no street paths ranked below 0.29. The best-ranked street
paths can be mostly found in the city centre. Besides the overall favourable conditions, the study area
does not have a pedestrian network of high walkable streets. Although the city centre has a network
of streets providing good levels of walkability, the study area has several discontinuities and
interruptions, which could make walking less comfortable and attractive and encourage the use of
other modes of transport for short urban trips.
Table 14. Summary of the walkability assessment in Guimarães
Walkability score Street paths Street length
classes By class Accumulated By class Accumulated
<0.400 7.73% 7.73% 4.48% 4.48%
0.401–0.500 13.53% 21.26% 15.46% 19.94%
0.501–0.600 14.49% 35.75% 14.77% 34.71%
0.601–0.700 35.75% 71.50% 30.14% 64.85%
>0.701 28.50% 100.00% 35.15% 100.00%
4. CONCLUSION
The centre of Guimarães can be classified as pedestrian-friendly area. Around 64% of the street length
scored above 0.60, which is a threshold value used to classify high walkable areas [3]. In part, these
results reflect the good performance of the three criteria, which were highly scored by the experts:
sidewalk facilities, accessibility, and street connectivity. The application of the SPN method proved to
be efficient in mapping the different levels of walkability in Guimarães and the discontinuities of the
pedestrian network. The method also proved to be adjustable in terms of weighting the attributes
according to local specificities. Thus, this method could be replicated in order to evaluate and support
policies to create more sustainable cities.
5. REFERENCES
[1] Fonseca, F., Ribeiro, P., Conticelli, E., Jabbari, M., Papageorgiou, G., Tondelli, S., Ramos, R. (2022).
Built environment attributes and their influence on walkability. International Journal of Sustainable
Transportation, 16(7), 660-679.
[2] Fernandes, F. (2022) Implementação do conceito “Smart Cities are Walkable” à cidade de
Guimarães. Dissertação Mestrado em Engenharia Civil, Universidade do Minho, Guimarães.

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PROGRAMA DO EVENTO

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PRÉMIOS ATRIBUÍDOS
Prémio “+Sustentabilidade”
Certificação energética. Estudo de caso sobre a isenção de requisitos em envolventes comuns entre
frações destinadas a habitação
Guilherme Vilhena Vilasboas

Prémio Resumo - Licenciatura


1º Prémio
Validação da preparação e montagem de estruturas metálicas com base em tecnologias digitais
Pedro Oilveira
2º Prémio
Criação de base de dados anotada para a detação automática de patologias em edifícios
Miguel Rolo

Prémio Resumo - Mestrado


1º Prémio
Eco-asphalt mixtures made with by-product from oil refining industry
Giuseppe Alanza
2º Prémio
Design analysis and testing of a glazing façade with energy dissipation devices
José Machado

Prémio Apresentação
1º Prémio
Numerical analysis of the Ebro river meander flow field, upstream of the bridge pavilion
César Santos
2º Prémio
Abóbadas quadripartidas e fendas de sabouret
Afonso Anjos

Em complemento, foi atribuído o seguinte prémio ao estudante de Mestrado em Engenharia Civil do


Instituto Superior Técnico

Prémio +Mérito
Rafael da Silva Francisco

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