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Eletrônica Básica para Técnicos em Elevadores

Introdução aos tiristores


São os componentes básicos da Eletrônica Industrial, chaveando grandes
cargas, como motores, eletroimãs, aquecedores, convertendo CA em CC, CC em CA e
gerando pulsos de controle para outros tiristores.

Trava ideal a transistores


A estrutura semicondutora comum (com variações) dos tiristores é PNPN. A
trava ideal é um circuito que permite compreender o funcionamento dos tiristores.

P
N
Trava P
ideal e N
estrutura

Funcionamento

No circuito, a base do transistor NPN é alimentada pelo coletor do PNP, e


vice-versa. Não há inicialmente corrente de coletor alimentando o outro transistor, e
ambos estão no corte.

Mas se aplicarmos um pulso positivo na base do NPN, ou negativo na do PNP,


o transistor será ativado, fornecendo uma corrente amplificada na base do outro, que
amplificará esta corrente fornecendo uma corrente ainda maior à base do transistor que
recebeu o pulso. O processo leva rapidamente os transistores à saturação, fornecendo
corrente somente limitada pela carga, o resistor.

Uma vez disparada, a trava só se desliga quando a corrente for limitada a um


valor a um valor mínimo, corrente de manutenção, que não permite manter os
transistores na saturação. Isto pode ser conseguido desligando o circuito, ou
curtocircuitando os emissores.

A trava também pode ser disparada por avalanche, aplicando-se uma


sobretensão entre os emissores, que inicia a ruptura em um dos transistores,
alimentando a base do outro, o que leva à saturação como no caso do pulso, anterior.
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SCR:
É o principal dos tiristores, pelo número de aplicações.

A sigla significa retificador controlado de silício (Sillicon Controlled


Rectificier). Ele é um diodo controlado por pulso, aplicado no gatilho ( gate ). Sua
estrutura PNPN é igual à da trava ideal, sendo o pulso positivo aplicado no terminal
que corresponde à base do transistor NPN, o gatilho. O emissor do PNP é o anodo e o
do NPN, o catodo do diodo.

SCS:
É um tiristor semelhante ao SCR, mas com dois terminais de disparo,
correspondentes às bases dos transistores da trava ideal, gatilho de anodo, Ga, e g. de
catodo, Gc, permitindo disparo por pulsos negativo ou positivo, respectivamente.

Não é muito comum, sendo geralmente de baixa potência. A sigla significa


chave controlada de silício (S de Switch).

Diodo de quatro camadas:


É um tiristor de avalanche, sendo disparado com tensões de algumas dezenas
de V. Seu dois terminais são o catodo e o anodo, não há gatilho.

É usado em geradores de pulso de disparo de SCR e osciladores dente-de-


serra.

GTO:
Todos os tiristores só se desligam quando a corrente cai abaixo da corrente de
manutenção, o que exige circuitos especiais de desligamento em certos casos. O GTO
permite o desligamento pelo gatilho, por pulso negativo de alta corrente, daí o nome
(Gate Turn Off, desligamento pelo gatilho).

Estruturalmente, é similar ao SCR, mas a dopagem e a geometria da camada do


gatilho permite minimizar o sobreaquecimento no desligamento (que destruiria um
SCR).

O deligamento é feito em geral através de descarga de um capacitor.

Foto-SCR:
Se expusermos a junção NP central da trava ideal à luz, através de uma janela e
lente, esta se comportará como um fotodiodo, fornecendo uma corrente de base ao
transistor NPN, e disparando o SCR. Isto permite isolar o circuito de disparo, feito por
um LED, do circuito de potência.

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DI AC:
Pode ser entendido como dois diodos Schokley em antiparalelo. O seu disparo
ocorre quando se atinge a tensão de bloqueio em qualquer sentido, da ordem de 25 a
40 V. É usado em geral para disparar o TRIAC, em circuitos de controle de tensão CA
por ângulo de disparo. Sua estrutura é PNP, e funciona como um transistor cuja base
só é alimentada quando se atinge a tensão de ruptura, o que leva à saturação, caindo a
tensão nos terminais para uns 0.2 V.

T RI AC:
É o equivalente ao SCR, para operação em CA. A sua estrutura é a mais
complexa entre os tiristores, contendo diversas regiões PNPN que atuam como travas
ideais interligadas, o que permite que o disparo seja feito com tensão + ou -, e a
polarização entre terminais principais 1 e 2 (análogos ao K e A do SCR) + ou - , o que
é chamado operação em 4 quadrantes. A corrente de disparo é menor no quadrante 1
(gatilho e terminal principal 2 - MT2 - positivos em relação ao terminal principal 1-
MT1) e maior no quadrante 4, (G + e MT2 -).

O TRIAC seria mais comum em aplicações CA se não fosse menos robusto e


sensível (exige bem maior corrente de disparo), além de mais caro que 2 SCR’s ou
GTO’s em antiparalelo de grandes correntes. É usado em controle de lâmpadas e
motores universais, e chaveamento de cargas até uns 50A.

Disparo dos tiristores


Os tiristores podem ser disparados de diversos modos: através de pulso, por
ângulo de fase em CA e por CC.

O disparo por CC é usado em chaveamento de cargas por longos períodos,


como lâmpadas, calefatores, eletroimãs e motores, em sistemas de controle tipo liga-
desliga e por ciclos. Nestes casos manter a alimentação de gatilho, apesar do consumo
de energia desnecessário e o aquecimento da junção, simplifica o circuito de comando.

O disparo por ângulo de fase é típico de controle de luminosidade de lâmpadas


em CA (dimmer), e de velocidade de motores universais ou de CC. Nestes, a cada
ciclo da tensão CA de alimentação, é gerada uma tensão defasada por uma ou duas
redes de atraso RC, e quando a tensão atingir a tensão necessária ao disparo do SCR
ou TRIAC (mais a do DIAC, se estiver em série), num dado ângulo de fase, o tiristor é
disparado. O processo se repete a cada ciclo (ou sericícola, em onda completa), e
variando o valor do(s) resistor(es), varria-se a porção do ciclo em que é alimentada a
carga (ângulo de condução do tiristor), variando a tensão média e eficaz, e a potência
na carga.

O disparo por pulsos é o mais sofisticado e preciso, e o mais empregado. Usa


um gerador de pulsos, freqüentemente com transistor unijunção, UJT, que é outro

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tiristor, constituído de uma barra de material N, com uma porção lateral tipo P
próxima do centro. A região P é o emissor, E, e os extremos da barra as bases 1 e 2,
B1 e B2.

estrutura do UJT símbolo

Funcionamento do UJT
O UJT atua como uma trava ideal com a base do PNP polarizada por um
divisor de tensão, que é o efeito da barra N dividida pela região P. Quando a tensão no
emissor for 0.6 V acima da tensão fornecida pelo divisor, o PNP é ativado, que
polariza o NPN, disparando a trava. Quando a corrente cair abaixo do valor de
manutenção, a trava se desliga.

Circuito equivalente Gerador de pulsos

O UJT é usado como gerador de pulsos, conforme o circuito à direita. O


capacitor se carrega através do resistor e quando a tensão no E do UJT ultrapassa a
tensão de disparo do UJT, fornecida pel0a fonte e resistores, ele se dispara,
descarregando o capacitor e fornecendo um pulso curto ao resistor de carga, ligado à
B1.

O valor da tensão de disparo está entre 0.55 e 0.8 vezes a tensão de


alimentação, conforme o UJT. O período dos pulsos é próximo de T = RC e a
freqüência de f = 1 / RC, o resistor e o capacitor ligados ao emissor, variando um
pouco com o UJT.

Alarme Econômico

Quando um dos sensores ligados a comporta do SCR é aberto pela


entrada de alguém num local, o SCR dispara e aciona o relé. A carga do
relé pode ser uma sirene, buzina ou outro dispositivo de aviso.

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Os sensores são fios bem finos enlaçados em portas e janelas e que


se rompem com a entrada do intruso.
Uma característica muito importante deste circuito é que seu
consumo é praticamente zero quando ele está na condição de espera.
Com isso podemos usar baterias para sua alimentação ou mesmo
pilhas comuns.
O SCR não precisará de radiador de calor, pois o relé consome pouca
corrente. O número de sensores é limitado e podemos usar fios bem longos
para sua distribuição por uma casa.
Sensores do tipo reed também podem ser usados. Esses sensores
têm ampolas com lâminas que se mantém encostadas na presença de um
pequeno ímã. Quando o ímã é afastado as lâminas se separam abrindo o
circuito. São usados da mesma forma que os sensores de fio, ficando o ímã
preso na parte móvel da porta ou janela e a ampola no batente.

Análise do circuito:

A corrente virá da fonte contínua, passará por R1 seguindo através


dos sensores direto para a massa. Se um dos sensores se romper, a corrente
irá para o gate do SCR, polarizando-o, o que fará conduzir uma corrente da
fonte para o relé, disparando o sistema sonoro ou similar.

Controle de Potência

O circuito de corrente alternada apresentado a seguir pode controlar


a velocidade de um motor universal, o brilho de uma lâmpada ou então a
temperatura de um soldador e emprega por base um TRIAC num controle
de onda completa.

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Este circuito opera conduzindo maior parcela de cada semiciclo,


conforme seja feito seu disparo, no início ou no final. Isso é conseguido
com um retardo controlado do ponto de disparo pelo potenciômetro e pelo
capacitor.
O disparo é feito com um DIAC, que conduz quando o capacitor
chega a sua tensão de disparo.
Em outras palavras, este controle de potência opera atuando sobre o
ângulo de condução.

Análise do circuito:
Em ambos os semiciclos a corrente carregará o capacitor que
descarregará no DIAC, fazendo-o conduzir no gate do Triac, que
polarizado conduzirá também conduzirá fechando um curto entre a carga e
a fonte.
O ângulo de disparo do DIAC será controlado pela relação entre o
potenciômetro, resistência e capacitor, sendo a resistência (R1) e capacitor
fixos, ficando o controle ajustável no potenciômetro (P1).

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Formas de onda:

V
Carga

V
Gatilho

t
OBS:
As formas de ondas são ilustrativas, já que haverá uma forma de onda para cada ajuste de
ângulo de disparo.

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Sensores
São dispositivos que mudam seu comportamento sob a ação de uma grandeza
física, podendo fornecer diretamente ou indiretamente um sinal que indica esta
grandeza. Quando operam diretamente, convertendo uma forma de energia neutra, são
chamados transdutores. Os de operação indireta alteram suas propriedades, como a
resistência, a capacitância ou a indutância, sob ação de uma grandeza, de forma mais
ou menos proporcional.
O sinal de um sensor pode ser usado para detectar e corrigir desvios em
sistemas de controle, e nos instrumentos de medição, que freqüentemente estão
associados aos SC de malha aberta (não automáticos), orientando o usuário.

Características

Linearidade: É o grau de proporcionalidade entre o sinal gerado e a grandeza física.


Quanto maior, mais fiel é a resposta do sensor ao estímulo. Os sensores mais usados
são os mais lineares, conferindo mais precisão ao SC. Os sensores não lineares são
usados em faixas limitadas, em que os desvios são aceitáveis, ou com adaptadores
especiais, que corrigem o sinal.
Faixa de atuação: É o intervalo de valores da grandeza em que pode ser usado o
sensor, sem destruição ou imprecisão.

1. Sensores de Temperatura

O controle de temperatura é necessário em processos industriais ou comerciais,


como a refrigeração de alimentos e compostos químicos, fornos de fusão (produção de
metais e ligas, destilação fracionada (produção de bebidas e derivados de petróleo),
usinas nucleares e aquecedores e refrigeradores domésticos (fornos elétricos e
microondas, freezers e geladeiras).

NT C e P T C

São resistores dependentes de temperatura.


O NTC (Negative Temperature Coeficient, Coeficiente Negativo de
Temperatura), tem resistência inversamente proporcional à temperatura. Ele é feito de
compostos semicondutores, como os óxidos de ferro, magnésio e cromo. Segue a
equação abaixo:

R = A e B/T

A e B são coeficientes que variam com a composição química e "e" é o número


de Neper, 2.718.T é a temperatura, em graus Kelvin (some 273 à temperatura em
Celsius, para conversão).
Sua curva característica é, então, exponencial decrescente.

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Curva do NTC

Devido a seu comportamento não linear, o NTC é utilizado numa faixa pequena
de temperaturas, em que a curva é próxima de uma reta, ou com uma rede de
linearização, como abaixo.

Rede se linearização, Símbolo do NTC

O NTC é empregado em temperaturas de até uns 150º C.


O PTC (Positive Temperature Coeficient) tem resistência proporcional à
temperatura, e atua numa faixa restrita. A variação da resistência é maior que a de um
NTC, na mesma faixa. Seu uso é mais freqüente como sensor de sobretemperatura, em
sistemas de proteção, por exemplo, de motores.

Diodos

O diodo comum de silício, polarizado diretamente com corrente de 1mA, tem


queda de tensão próxima de 0.62V, a 25oC. Esta tensão cai aproximadamente 2mV
para cada ºC de aumento na temperatura, e pode ser estimada pela equação:

Vd = A - BT

A e B variam um pouco conforme o diodo. Esta equação é de uma reta, e vale


até uns 125 ºC, limite para o silício.

Curva térmica do diodo

O diodo é encontrado em controles e termômetros de baixo custo e razoável


precisão, até uns 100 ºC.

Termopar

Quando dois metais encostados são submetidos a uma temperatura, surge nos
extremos deles uma tensão proporcional à temperatura. Este é o efeito Seebeck.

V=KT

K é uma constante para cada par de metais, que é utilizável até seu limite
térmico.

Metal Temperatura Máxima Constante K


Cobre-constantán 375ºC 0.1mV/ ºC
Ferro-constantán 750ºC 0.0514mV/ ºC

O custo dos termopares é elevado, e são empregados em aplicações


profissionais, onde se requer alta confiabilidade e precisão.

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Sensores Integrados:

Há circuitos integrados sensores de temperatura, como o LM 335, da National.


Oferecem alta precisão, por conterem circuitos linearizados. Operam de 0 a
100ºC aproximadamente.

2. Sensores de Luz

Além de seu uso em fotometria (incluindo analisadores de radiações e


químicos), é a parte de sistemas de controle de luminosidade, como os relés
fotoelétricos de iluminação pública e sensores indireto de outras grandezas, como
velocidade e posição (fim de curso).

LDR:

O LDR (light dependent resistor, resistor dependente da luz) tem sua resistência
diminuída ao ser iluminado. É composto de um material semicondutor, o sulfeto de
cádmio, CdS. A energia luminosa desloca elétrons da camada de valência para a de
condução (mais longe do núcleo), aumentando o número destes, diminuindo a
resistência. A resistência varia de alguns Mw, no escuro, até centenas de W, com luz
solar direta.
Os usos mais comuns do LDR são em relés fotoelétricos, fotômetros e alarmes.
Sua desvantagem está na lentidão de resposta, que limita sua operação.

Símbolo do LDR

Foto-diodo

É um diodo semicondutor em que a junção está exposta à luz. A energia


luminosa desloca elétrons para a banda de condução, reduzindo a barreira de potencial
pelo aumento do número de elétrons, que podem circular se aplicada polarização
reversa.
A corrente nos foto-diodos é da ordem de dezenas de mA com alta
luminosidade, e a resposta é rápida. Há foto-diodos para todas as faixas de
comprimentos de onda, do infravermelho ao ultravioleta, dependendo do material.
O foto-diodo é usado como sensor em controle remoto, em sistemas de fibra
óptica, leitoras de código de barras, scanner (digitalizador de imagens, para
computador), canetas ópticas (que permitem escrever na tela do computador), toca-
discos CD, fotômetros e como sensor indireto de posição e velocidade.

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Foto-transistor

É um transistor cuja junção coletor-base fica exposta à luz e atua como um


foto-diodo. O transistor amplifica a corrente, e fornece alguns mA com alta
luminosidade. Sua velocidade é menor que a do foto-diodo.
Suas aplicações são as do foto-diodo, exceto sistemas de fibra-óptica, pela
operação em alta freqüência.

Células foto-voltaicas

São dispositivos que convertem energia luminosa em elétrica.


O diodo iluminado intensamente na junção pode reverter a barreira de potencial
em fonte de elétrons, produzindo energia. A eficiência do processo é baixa devido a
pouca transparência da junção (somente as camadas superficiais são iluminadas),
apenas alguns %.
Seu uso principal está nos painéis solares.
Outro dispositivo é a foto-célula de selênio (um semicondutor), de operação
similar. Usa-se em medidores de luminosidade e aparelhos de análise química (como
fotocolorímetros).

3. Sensores de Velocidade

Empregam-se nos controles e medidores de velocidade de motores dentro de


máquinas industriais, eletrodomésticos como videocassete e CD, unidades de disquetes
e Winchesters de computadores, na geração de eletricidade (garantindo a freqüência da
CA), entre outros.

Tacogerador:

É um pequeno gerador elétrico de CC, com campo fornecido por imã. A tensão
gerada, pela Lei de Faraday é proporcional à velocidade com que o fluxo magnético é
cortado pelo enrolamento do rotor. Assim, o Tacogerador é um transdutor mecânico
elétrico linear.

V=Kn

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K é uma constante que depende do campo do imã, do número de espiras e


pólos e das dimensões do rotor; n é a rotação do eixo (por minuto, rpm, ou segundo,
rps).
A polaridade da tensão gerada depende do sentido de rotação.

Interruptor de Lâminas:

Conhecido como reed-switch (em inglês), compõe-se de duas lâminas de ferro


próximas, dentro de um pequeno envoltório de vidro. Ao se aproximar um imã ou
solenóide as duas lâminas se encostam, fechando os contatos externos.
Instalando-se um imã na periferia de uma roda, que gira poucos mm em frente
ao interruptor de lâminas, este fechará os contatos a cada volta. Se este for ligado a
uma tensão contínua, gerará pulsações numa freqüência proporcional à rotação da
roda.
Além de seu uso como sensor de velocidade, é encontrado em alarmes,
indicando porta ou janela fechada (um imã é instalado nesta, e o reeds-witch no
batente), e em sensores de fim-de-curso, em máquinas industriais, gavetas de toca-
discos CD e videocassete, etc.

Sensores Ópticos:

Empregam foto-diodos ou foto-transistor e uma fonte luminosa, lâmpada, LED


ou laser. Há dois tipos básicos:

Sensor de reflexão
Interrupção de luz.

No sensor de reflexão um feixe luminoso atinge um disco com um furo ou


marca de cor contrastante, que gira. O sensor recebe o feixe refletido, mas na passagem
do furo a reflexão é interrompida (ou no caso de marca de cor clara a reflexão é maior),
e é gerado um pulso pelo sensor.
O sensor de interrupção de luz usa também um disco com furo, e a fonte de
luz e o sensor ficam em lados opostos. Na passagem pelo furo, o feixe atinge o sensor,
gerando um pulso.
A freqüência destes pulsos é igual à velocidade, em rps, nos dois tipos.
As vantagens destes sensores são o menor tamanho e custo, a maior
durabilidade e a leitura à distância. É usado em sistemas de controle e tacômetros
portáteis.

4. Sensores de Vazão

Servem para medir o fluxo de líquidos em tubulações.

Sensor de turbina:

Se instalarmos uma turbina ou roda dentada numa tubulação, o fluxo fará esta
girar, convertendo a vazão em velocidade, que pode ser medida como já visto.

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Sensor por diferença de pressão:

Quando uma tubulação se estrangula, pela redução do diâmetro, há uma queda


de pressão, e a velocidade do fluído aumenta. Medindo-se a diferença de pressão
através do desnível numa coluna de mercúrio, pode-se calcular a vazão.
Este processo é usado em medidores de vazão em processos industriais, não
automáticos.

Sensor térmico:

Quando um gás ou líquido flui sobre um corpo aquecido, retira calor deste,
reduzindo a temperatura de forma proporcional à velocidade do fluído.
Se colocarmos um sensor de temperatura, como um NTC, aquecido a uma
temperatura maior que a do fluído, podemos avaliar a vazão pela variação da
resistência.
Para obtermos um sinal que compense as variações na temperatura do fluído,
usamos um sensor em Ponte de Wheatstone diferencial. Há dois NTC’s em contato
com o fluído, mas um deles protegido do fluxo, numa cavidade, o qual faz a
compensação de temperatura. A diferença de tensão indica a vazão.

Este sensor em ponte também é usado para medir diferenças de temperatura.

6. Sensores de Posição

Em aplicações em que se necessita monitorar a posição de uma peça, como


tornos automáticos industriais, ou contagem de produtos, ou verificar a posição de um
braço de um robô ou o alinhamento de uma antena parabólica com outra ou um
satélite, usam-se sensores de posição.
Os sensores se dividem em posição linear ou angular. Também se dividem entre
sensores de passagem, que indicam que foi atingida uma posição no movimento, os
detetores de fim-de-curso e contadores, e sensores de posição que indicam a posição
atual de uma peça, usados em medição e posicionamento.

Chaves fim-de-curso:

São interruptores que são acionados pela própria peça monitorada. Há diversos
tipos e tamanhos, conforme a aplicação.

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Ex.: Nas gavetas de toca-discos laser e videocassetes há chaves fim-de-curso


que indicam que a gaveta está fechada, ou há fita. Estas informações são necessárias ao
microprocessador, para o acionamento dos motores (e do LED laser).
Também se usam com motores, na limitação do movimento, como no caso de
um plotter ou impressora, ou abertura / fechamento de um registro.

Sensores fim-de-curso magnético:

Quando se aplica um campo magnético num condutor, as cargas elétricas se


distribuem de modo que as positivas ficam de um lado e as negativas do lado oposto da
borda do condutor. No caso de um semicondutor o efeito é mais pronunciado. Surge
então uma pequena tensão nas bordas do material. É o Efeito Hall.
Ele é a base do sensor magnético Hall. Atualmente são construídos sensores em
circuito integrado na forma de um transistor.
Este pode ser usado como sensor de posição se usado junto a um pequeno imã,
colocado na peça. Quando esta é aproximada, o sensor atua, saturando o transistor
Hall, fazendo a tensão entre coletor e emissor próxima de 0V.

Sensor com interruptor de lâminas:

Como o anterior, mas usando este interruptor acionado pelo imã.


Obs.: Os dois últimos também se usam como sensores de posição angular. Uma
aplicação interessante é o motor C.C. sem escovas ("brush-less"), onde a comutação é
eletrônica, feita quando o rotor, com imãs, passa por um sensor Hall, que envia um
sinal ao C.I. controlador, invertendo os pólos do motor. É usado em videocassetes,
CDP’s e unidades de disco de computadores, pela grande precisão e facilidade de
controle da velocidade.

Sensores ópticos:

Há duas formas básicas de usar estes: S. por reflexão, que detectam a posição
pela luz que retorna a um fotosensor (fotodiodo ou f. transistor, LDR ), emitida por um
LED ou lâmpada e refletida pela peça, e S. por interrupção, no qual a luz emitida é
captada por um fotosensor alinhado, que percebe a presença da peça quando esta
intercepta o feixe.
Este sensor é usado para contagem de peças, numa linha de produção, além das
aplicações como fim-de-curso.

Sensores de posição específica

Como vimos, estes indicam a posição atual da peça, num sistema posicionado,
esta pode ser linear ou angular.

Potenciômetro:

Quando se aplica uma tensão nos extremos de um potenciômetro linear, a


tensão entre o extremo inferior e o centro (eixo) é proporcional à posição linear
(potenciômetro deslizante) ou angular (rotativo).

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Nos sistemas de controle usam-se potenciômetros especiais, de alta linearidade


e dimensões adequadas, de fio metálico em geral, com menor desgaste.

Sensores Capacitivos:

A capacitância depende da área das placas A, da constante dielétrica do meio,


K, e da distância entre as placas, d:

C= KA/d

Nos sensores Capacitivos podemos variar qualquer destes fatores, sendo mais
prático alterar a distância entre uma placa fixa e uma móvel, ou a área, fazendo uma
placa móvel cilíndrica ou em semicírculo (ou várias paralelas, como no capacitor
variável de sintonia) se mover em direção à outra fixa.
A variação na capacitância pode ser convertida num desvio na freqüência de um
oscilador, ou num desvio do equilíbrio (tensão) numa Ponte feita com dois capacitores
e dois resistores, alimentada com C.A.. O desvio de tensão será inversamente
proporcional ao desvio na capacitância, neste caso, e usando um sensor por distância
entre as placas, será proporcional ao deslocamento entre as placas.
Este método é usado em sensores de posição, força e pressão, havendo uma
mola ou diafragma circular suspenso por borda elástica (como o cone de um alto-
falante), suportando a placa móvel.
Há também o sensor por diferença de capacitância, que é um capacitor duplo,
com duas placas fixas e uma móvel no centro. Também é usada a Ponte para converter
a diferença de capacitância em tensão.

Sensores indutivos:

Num indutor, a indutância depende do número de espiras, da largura do


enrolamento, ou área da espira, do comprimento do enrolamento e da permeabilidade
do núcleo.

L = m N2 A / l

Nos sensores práticos, se altera em geral a permeabilidade do núcleo,


deslizando um núcleo ferromagnético para dentro ou fora do enrolamento, ou
aproximando uma parte do enrolamento móvel de outra fixa.
Também se usam sensores que detectam variações na permeabilidade do meio,
como nos detectores de metais. Esta variação é facilmente convertida em variação na
freqüência de um oscilador LC, e o desvio na freqüência acusado por um demodulador
FM.
Para uso em medida de posição é comum se usar a indutância mútua, ou
coeficiente de acoplamento entre 2 enrolamentos num transformador. Uma das bobinas
se move em direção à outra, aumentando o acoplamento e o sinal C.A. captado nesta
outra.
Todos os sensores indutivos até aqui são não lineares, o que limita o uso. Já o
LVDT (Linear Variable Differential Transformer), transformador diferencial linear
variável, tem esta característica, dentro de uma faixa em torno de metade do
comprimento do núcleo móvel, ferromagnético. Usa 3 enrolamentos fixos, alinhados,

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sendo aplicada a alimentação no central, os 2 outros estão em série, mas com os


terminais invertidos, de modo que as tensões se subtraem. Quando o núcleo fica na
posição central, a tensão induzida nos 2 enrolamentos são iguais, se cancelando. Ao se
deslocar o núcleo, o acoplamento entre o enrolamento central e cada um dos outros
varia, e as tensões não se cancelam, resultando uma tensão de saída cuja fase é
diferente, conforme o núcleo penetre mais numa ou outra bobina.
O LVDT é usado em posicionadores de precisão, desde frações de mm até
dezenas de cm. É usado em máquinas ferramentas, CNC e robôs industriais.

Sensores ópticos:

São sensores que atuam por transmissão de luz. Além dos já vistos, há os
encoders (codificadores), que determinam a posição através de um disco ou trilho
marcado.
Se dividem em relativos, nos quais a posição é demarcada por contagem de
pulsos transmitidos, acumulados ao longo do tempo, e absolutos, onde há um código
digital gravado no disco ou trilho, lido por um conjunto de sensores ópticos (fonte de
luz e sensor). Os códigos adotados são os de Gray, nos quais de um número para o
seguinte só muda um bit, o que facilita a identificação e correção de erros.
A demarcação do disco ou trilho é feita através de furo ou ranhuras, ou por
pintura num disco plástico transparente, que podem ser feitos através de técnicas
fotolitográficas, permitindo grande precisão e dimensões micrométricas.
A fonte de luz é geralmente o LED, e o sensor um fotodiodo ou fototransistor.
Estes sensores são muito precisos e práticos em sistemas digitais (encoder absoluto), e
usam-se em robôs, máquinas-ferramenta, CNC e outros.

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DISPOSITIVOS OPTOELETRÔNICOS
OBJETIVOS:
Analisar o funcionamento de um acoplador optoeletrônico e a performance dos
dispositivos emissores de luz (leds).

INTRODUÇÃO TEÓRICA

A optoeletrônica é uma tecnologia que associa a óptica com a eletrônica,


baseados na reação de uma junção pn .

Os componentes optoeletrônicos mais conhecidos são os diodos emissores de


luz (LED), fotodiodos, optoacopladores, etc.

DIODOS EMISSORES DE LUZ (LED)


Em um diodo de junção comum com polarização direta, há uma combinação de
portadores na junção (elétrons-lacunas) . À medida que esses elétrons caem de um nível
mais alto de energia para um nível mais baixo, eles irradiam energia, sendo uma parte
dessa energia emitida em forma de calor e outra parte na forma de fótons.

No silício e no germânio a maior parte dessa energia é emitida na forma de


calor, sendo a luz emitida insignificante.

Os diodos LED tem sido atualmente utilizados para indicação em substituição


as lâmpadas piloto convencionais, devido ao seu baixo consumo de energia (baixa
tensão e baixa corrente), sua vida longa e rápida comutação on-off (liga-desliga).
Enquanto os diodos comuns são fabricados a partir do silício e do germânio, os
LEDs são construídos a partir de elementos como o fosfato de arsenieto de gálio
(GaAsP) ou o fosfato de gálio (GaP) e o número de fótons de luz emitida é suficiente
para constituir uma fonte de luz bastante visível. O processo de emissão de luz por
aplicação de uma fonte elétrica de energia é chamada de eletroluminescência.

O símbolo mais utilizado para representar um diodo LED é mostrado abaixo:

Como o LED é um dispositivo de junção pn ele terá uma característica de


polarização direta

Os LEDs operam com uma tensão típica que varia entre 1,7 a 3,3V para
correntes entre 10 a 50mA e potências típicas entre 10 a 150mW emitindo luz nas cores
vermelha, amarela, laranja, verde, branca e azul e atualmente também na cor azul.

A corrente e a tensão em um LED varia de acordo com a cor do LED e sua


própria tolerância.

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Eletricidade Básica para Técnicos em Elevadores – Módulo 2

O fato de sua construção ser de semicondutor, torna-o bastante robusto,


podendo sua vida útil atingir cerca de 100.000 horas.

A corrente no LED pode ser calculada pela fórmula:

I = V - VLED / RS

Admitindo uma tensão no LED de 2V e uma tensão de alimentação de 12V, e


um resistor limitador de 820? , teremos:

I = 12 - 2 / 820 = 12,2mA

Portanto, o brilho de um LED depende de sua cor e característica. Por


exemplo, o LED TIL222 é um LED verde com uma tensão que varia de 1,8V a 3V
(mínima e máxima respectivamente), para uma corrente aproximada de 25mA.

FOTODIODOS
O fotodiodo caracteriza-se por ser sensível à luz, isto é, quanto a luz incide em
sua junção, ocorre uma produção de elétrons e lacunas.

Quanto maior for a intensidade luminosa que incide na junção, maior será o
número de portadores minoritários e maior será a corrente reversa.

A figura abaixo mostra o símbolo de um fotodiodo:

Em resumo, podemos dizer então que um fotodiodo é um dispositivo que


converte a luz recebida em uma determinada quantidade elétrica.

Se associarmos um LED a um fotodiodo, teremos então um optoacoplador,


conforme mostra a figura abaixo:

O optoacoplador possui em LED no lado da entrada e um fotodiodo no lado da


saída. A tensão da fonte V1 e o resistor série R1 produzem uma corrente através do
LED. Por sua vez a luz emitida pelo LED atinge o fotodiodo, produzindo a corrente
I2. Somando as tensões ao longo da malha, temos:

VS(saída) - V2 + I2R2 = 0
VS(saída) = V2 - I2R2

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Eletricidade Básica para Técnicos em Elevadores – Módulo 2

No circuito acima a tensão de saída depende da corrente reversa I2. Se a tensão


de entrada V1 estiver variando, a quantidade de luz emitida estará também flutuando, o
que significa que a tensão de saída também estará flutuando de acordo com a tensão de
entrada.

Portanto o optoacoplador é um dispositivo capaz de acoplar um sinal de


entrada com um circuito de saída, com a vantagem de possuir uma isolação entre os
dois circuitos extremamente elevada, pois o único contato entre esses dois circuitos é
um feixe de luz.

PARTE PRÁTICA
Nesta experiência analisaremos o comportamento dos LEDs quanto a sua
performance no que diz respeito ao seu brilho em função da corrente que circula pelo
mesmo e de um optoacoplador comercial.

O diodo LED pode ser identificado quanto a sua polaridade, bastando para
tanto examiná-lo com cuidado quanto ao seu aspecto físico.

Um dos lados do encapsulamento tem um chanfrado, que identifica o terminal


do catodo. Alguns fabricantes fazem o terminal do catodo menor do que o terminal do
anodo.

MATERIAIS NECESSÁRIOS
2 - Fontes de alimentação 0-20V
1 - Optoacoplador 4N26 ou equivalente
1 - Multímetro analógico ou digital
1 - Placa tipo Proto-board
1 - Módulo de ensaios ELO-1

1 - Monte o circuito da figura a seguir, usando um LED vermelho:

2 - Ajuste a tensão da fonte VS até obter uma corrente de 10mA no LED. Anote a
tensão do LED com este valor de corrente na tabela 1.

3 - Ajuste a tensão da fonte até obter os valores de corrente listados na tabela 1. Anote
cada valor de tensão no LED.

4 - Substitua o LED vermelho pelo LED verde.

5 - Repita os passos 2 e 3 para o LED verde.

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Eletricidade Básica para Técnicos em Elevadores – Módulo 2

TABELA 1
I VLED (vermelho) VLED (verde)
10mA
20mA
30mA
40mA

6 - Monte o circuito da figura a seguir:

7 - Ajuste a fonte VS para 2V. Meça e anote a tensão na saída (Vsaída) na tabela 2.

8 - Repita o passo 7, seguindo os ajustes de VS listados na tabela 2.

TABELA 2
VS VSAÍDA
2V
4V
6V
8V
10V
12V
14V

QUESTÕES:

1 - A queda de tensão no LED vermelho com uma corrente de 30mA foi próxima de:
a) 0V b) 1V c) 2V d) 4V

2 - A queda de tensão no LED verde com uma corrente de 30mA foi próxima de:
a) 0V b) 1V c) 2V d) 4V

3 - No circuito optoacoplador desta experiência, quando a fonte de tensão aumenta, a


tensão na saída:
a) diminui
b) permanece a mesma
c) aumenta

4 - Projete um resistor limitador de corrente para o LED vermelho, para que pelo
mesmo circule uma corrente de 18mA, quando a tensão na fonte for 15V.

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Eletricidade Básica para Técnicos em Elevadores – Módulo 2

5 - Monte o circuito com o resistor que você projetou e verifique se há coincidência


entre o valor projetado e medido.

6 - Repita os passos 4 e 5, usando agora um LED verde.

7 - Qual é a diferença básica entre os leds de cores vermelha, verde e amarela?

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TRANSISTOR DE JUNÇÃO BIPOLAR - I

O transistor de junção bipolar é um dispositivo semicondutor de três terminais,


formado por três camadas consistindo de: duas camadas de material tipo "n" e uma de
tipo "p" ou de duas de material tipo "p" e uma de tipo "n".
O primeiro é chamado de transistor npn enquanto que o segundo é chamado de
transistor pnp.
Através de uma polarização de tensão adequada consegue-se estabelecer um
fluxo de corrente, permitindo que o transistor seja utilizado em inúmeras aplicações
como: chaves comutadoras eletrônicas, amplificadores de tensão e de potência,
osciladores, etc.
O termo bipolar refere-se ao fato dos portadores lacunas e elétrons participarem
do processo do fluxo de corrente. Se for utilizado apenas um portador, elétron ou
lacuna, o transistor é denominado unipolar (FET).

ESTRUTURA BÁSICA:
As figuras abaixo ilustram a estrutura básica de um transistor, representando um
circuito T equivalente com diodos, ligados de tal forma a permitir a identificação da
polarização das junções, as quais são: base-emissor e base-coletor (B-E e B-C
respectivamente).

Observa-se que no transistor pnp a junção dos dois catodos do diodo forma a
base, que é negativa, sendo o emissor e o coletor positivos, enquanto que no transistor
npn a junção dos dois anodos forma a base que é positiva, sendo o emissor e o coletor
negativos. A simbologia utilizada para os transistores de junção é mostrada logo abaixo
dos circuitos equivalentes "T" com diodos.

POLARIZAÇÃO:
Para que um transistor funcione é necessário polarizar corretamente as suas
junções, da seguinte forma:
1 - Junção base-emissor: deve ser polarizada diretamente
2 - Junção base-coletor: deve ser polarizada reversamente

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Eletricidade Básica para Técnicos em Elevadores – Módulo 2

Esse tipo de polarização deve ser utilizado para qualquer transistor de junção
bipolar, seja ele npn ou pnp.

As figuras abaixo ilustram exemplos de polarização para os dois tipos de


transistores:

Transistor npn com polarização


direta entre base e emissor e
polarização reversa entre coletor e
base.

Transistor pnp com polarização


direta entre base e emissor e
polarização reversa entre coletor e
base

Observe atentamente nas figuras acima a polaridade das baterias.

OPERAÇÃO BÁSICA:
1 - Junção diretamente polarizada:
A figura abaixo mostra o desenho de um transistor pnp com a polarização direta
entre base e coletor. Para estudar o comportamento da junção diretamente polarizada,
foi retirada a bateria de polarização reversa entre base e coletor.

Observa-se então uma semelhança entre a polarização direta de um diodo com a


polarização direta entre base e emissor, onde aparece uma região de depleção estreita.

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Eletricidade Básica para Técnicos em Elevadores – Módulo 2

Neste caso haverá um fluxo relativamente intenso de portadores majoritários


do material p para o material n.
2 - Junção reversamente polarizada:
Passemos a analisar o comportamento da junção reversamente polarizada,
conforme mostra a figura abaixo. Neste caso, foi removida a bateria de polarização

direta entre emissor e base.


Observa-se agora, em virtude da polarização reversa um aumento da região de
depleção semelhante ao que acontece com os diodos de junção, isto é ocorre um fluxo
de portadores minoritários (corrente de fuga nos diodos), fluxo este que depende
também da temperatura. Podemos então dizer que uma junção p-n deve ser diretamente
polarizada (base-emissor) enquanto que a outra junção p-n deve ser reversamente
polarizada (base-coletor).

FLUXO DE CORRENTE:
Quando um transistor é polarizado corretamente, haverá um fluxo de corrente,
através das junções e que se difundirá pelas camadas formadas pelos cristais p ou n.
Essas camadas não tem a mesma espessura e dopagem, de tal forma que:
1. A base é a camada mais fina e menos dopada;
2. O emissor é a camada mais dopada;
3. O coletor é uma camada mais dopada do que a base e menos dopada do que o
emissor.

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Eletricidade Básica para Técnicos em Elevadores – Módulo 2

Uma pequena parte dos portadores majoritários ficam retidos na base. Como a
base é uma película muito fina, a maioria atravessa a base a se difunde para o coletor.
A corrente que fica retida na base recebe o nome de corrente de base (IB),
sendo da ordem de microampères. As correntes de coletor e emissor são bem maiores,
ou seja da ordem de miliampères, isto para transistores de baixa potência, podendo
alcançar alguns ampères em transistores de potência. Da mesma forma, para
transistores de potência, a corrente de base é significativamente maior.

Podemos então dizer que o emissor (E) é o responsável pela emissão dos
portadores majoritários; a base (B) controla esses portadores enquanto que o coletor
(C) recebe os portadores majoritários provenientes do emissor.

A exemplo dos diodos reversamente polarizados, ocorre uma pequena corrente


de fuga, praticamente desprezível, formada por portadores minoritários. Os portadores
minoritários são gerados no material tipo n (base), denominados também de corrente de
fuga e são difundidos com relativa facilidade até ao material do tipo p (coletor),
formando assim uma corrente minoritária de lacunas. Lembre-se de que os portadores
minoritários em um cristal do tipo n são as lacunas.

Desta forma a corrente de coletor (IC), formada pelos portadores majoritários


provenientes do emissor soma-se aos portadores minoritários (ICO) ou (ICBO).
Aplicando-se a lei de Kirchhoff para corrente (LKT), obtemos:

IE = IC + IB, onde:
IC = IC (PORTADORES MAJORITÁRIOS) + ICO ou ICBO (PORTADORES MINORITÁRIOS)

Para uma melhor compreensão, a figura a seguir ilustra o fluxo de corrente em


um transistor npn, através de uma outra forma de representação. No entanto, o
processo de análise é o mesmo.

Na figura acima oberva-se que os portadores minoritários (ICO ou ICBO)


provenientes da base são os elétrons, que se somarão a corrente de coletor.

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Eletricidade Básica para Técnicos em Elevadores – Módulo 2

Verifica-se ainda em relação ao exemplo anterior (transistor pnp), que a


corrente de base (IB) tem um sentido oposto , uma vez que, essa corrente é formada
por lacunas. Da mesma forma as correntes de emissor (IE) e de coletor (IC) também tem
sentidos opostos, por serem formadas por elétrons.
OBS: Os transistores do tipo pnp e npn são submetidos ao mesmo processo de
análise, bastando para isso, inverter a polaridade das baterias de polarização e lembrar
que:
Cristal N - os portadores majoritários são os elétrons e os minoritários as
lacunas;
Cristal P - os portadores majoritários são as lacunas e os minoritários os
elétrons.

A figura abaixo mostra um circuito com transistor npn.

A junção base-emissor está polarizada diretamente e por isto, representa uma


região de baixa impedância. A voltagem de polarização base-emissor é baixa (da ordem
de 0,55V a 0,7V para transistores de silício), polarização esta, caracterizada pela
bateria VEE enquanto que, a junção base-coletor está reversamente polarizada em
função da bateria VCC. Na prática, VCC assume valores maiores do que VEE.

Como já foi dito anteriormente, a corrente IC é o resultado dos portadores


majoritários provenientes do emissor. A corrente de coletor divide-se basicamente em
duas componentes: a corrente proveniente do emissor e a corrente proveniente do
junção reversamente polarizada coletor-base, denominada ICBO, sendo que esta última
assume valores extremamente baixos que em muitos casos podem ser desprezados.

A quantidade de corrente que chega no coletor proveniente do emissor depende


do tipo de material e dopagem do emissor. Essa quantidade de corrente varia de acordo
com o tipo de transistor.
A constante de proporcionalidade dessa corrente é definida como ? (alfa)1, de
forma que, a corrente de coletor é representada por ? IE. Os valores típicos de ? variam
de 0,9 a 0,99. Isto significa que parte da corrente do emissor não chega ao coletor2.

Exemplo: Qual é a corrente de coletor de um transistor com ? = 0,95, sabendo-


se que a corrente de emissor é 2mA?
Solução:
IC = ? IE
IC = 0,95 . 2mA = 1,9mA

1
O símbolo hFB é algumas vezes usado na lugar de ?
2
Isto é explicável, pois ? é menor do que 1.

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Eletricidade Básica para Técnicos em Elevadores – Módulo 2

Caso ICBO não seja desprezada, a corrente de coletor é dada por:

IC = ? IE + ICBO ( I )

Como dito anteriormente, parte da corrente do emissor que fica retida na base
forma a corrente de base, assim:

IE = IC + IB ( II )

Substituindo ( I ) em ( II ), podemos calcular a corrente de base:

1- ? ICBO
IB = (1 - ? ) . IE - ICBO = . IC -
? ?

A relação ? / (1 - ? ) é representada por ? (beta)3.


Podemos então estabelecer as relações:

?
?=
1- ?

?
? =
? ?1

Exemplos:
a) Um transistor possui um fator ? = 0,92. Qual é o fator ? ?
Solução:
0,92 0,92
?= = = 11,5
1 - 0,92 0,08

b) Um transistor possui um fator ? = 100. Qual é o fator ? ?


Solução:
? 100
? = = = 0,99
? ? 1 101

Podemos então estabelecer uma relação entre ? e ? .4


Temos então:
IC IC
?= e ? =
IB IE
? assume valores muito mais elevados em relação a ? (o valor típico de ? é da
ordem de 30 a 300). Então, quanto maior for o valor de ? , mais o valor de ? tende a
aproximar-se de 1.
Assim, levando-se em conta que IC = ? IE, para um valor de ? ? 100, podemos
considerar para fins práticos:

3
O símbolo hFE é algumas vezes usado no lugar de ?
4
Alguns autores utilizam a notação ? CC e ? CC

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Eletricidade Básica para Técnicos em Elevadores – Módulo 2

IC = IE
CONFIGURAÇÕES BÁSICAS:
Os transistores podem ser ligados em três configurações básicas: base comum
(BC), emissor comum (EC) e coletor comum (CC). Essas denominações relacionam-se
aos pontos onde o sinal é injetado e retirado, ou ainda, qual dos terminais do transistor
é referência para a entrada e saída de sinal.
? BASE COMUM:
No circuito a seguir, observa-se que o sinal é injetado entre emissor e base e
retirado entre coletor e base.
Desta forma, pode-se dizer que a base é o terminal comum para a entrada e
saída do sinal. O capacitor "C" ligado da base a terra assegura que a base seja
efetivamente aterrada para sinais alternados.

CARACTERÍSTICAS:

? Ganho de corrente (Gi): < 1


? Ganho de tensão (GV): elevado
? Resistência de entrada (RIN): baixa
? Resistência de saída (ROUT): alta

? EMISSOR COMUM:
No circuito emissor comum, o sinal é aplicado entre base e emissor e retirado
entre coletor e emissor. O capacitor no emissor "CE" assegura o aterramento do
emissor para sinais alternados. CA é um capacitor de acoplamento de sinal.

CARACTERÍSTICAS:

? Ganho de corrente (Gi): elevado


? Ganho de tensão (GV) elevado
? Resistência de entrada (RIN) média
? Resistência de saída (ROUT) alta

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Eletricidade Básica para Técnicos em Elevadores – Módulo 2

? COLETOR COMUM:
A figura a seguir mostra um circuito na configuração coletor comum.
A configuração coletor comum também é conhecida como seguidor de emissor.
Essa denominação é dada devido a tendência de todo o sinal aplicado na entrada estar
praticamente presente na saída (circuito de emissor).
O sinal de entrada é aplicado entre base e coletor e retirado do circuito de
emissor. O capacitor "CC" ligado do coletor a terra assegura que o coletor esteja
aterrado para sinais alternados. CA é um capacitor de acoplamento de sinal.

CARACTERÍSTICAS:

? Ganho de corrente (Gi): elevado


? Ganho de tensão (GV): ? 1
? Resistência de entrada (RIN): muito
elevada
? Resistência de saída (ROUT): muito
baixa

As configurações emissor comum, base comum e coletor comum, são também


denominadas emissor a terra, base a terra e coletor a terra. Essas configurações
também podem ser apresentadas conforme ilustram as figuras abaixo:

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Eletricidade Básica para Técnicos em Elevadores – Módulo 2

REPRESENTAÇÃO DE TENSÕES E CORRENTES:


Para representar tensões e correntes em um circuito com transistores, utiliza-se
usualmente o método convencional (do + para o -), através de setas.
Para as tensões, a ponta da seta aponta sempre para o potencial mais positivo e
as correntes são representadas com setas em sentido contrário as das tensões.
Podemos por exemplo representar uma tensão entre coletor e emissor por VCE
quando o transistor for npn. Isto significa que o coletor é mais positivo do que o
emissor. Em outras palavras, a primeira letra após o V (neste caso o coletor) é mais
positiva do que a segunda letra (neste caso o emissor).
Para um transistor pnp a tensão entre coletor e emissor é representada por VEC,
indicando que o emissor é mais positivo do que o coletor.
A figura abaixo ilustra dois transistores com polaridades opostas, utilizando
essa representação.

Na figura abaixo temos um outro exemplo utilizando essas representações;


observe que as setas que indicam o sentido da corrente são opostas aquelas que
indicam as tensões.

Para as tensões VRC (tensão no resistor de coletor) e VRE ( tensão no resistor de


emissor), a ponta da seta indica que a tensão na parte superior desses resistores é mais
positiva do que na parte inferior.

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Eletricidade Básica para Técnicos em Elevadores – Módulo 2

POLARIZAÇÃO COM UMA ÚNICA BATERIA:


Temos visto até agora a polarização de transistores utilizando duas baterias,
sendo uma para polarização da junção base-emissor e outra para a junção base-coletor.
Na maioria das vezes, uma única bateria pode polarizar um circuito
transistorizado, visto que o mesmo comporta-se como um circuito fechado.
As tensões nas junções do transistor e nos componentes externos, como
resistores, capacitores, indutores, etc. podem ser calculadas utilizando-se as leis de
Kirchhoff para tensão (LKT).
Da mesma forma, as correntes podem ser calculadas aplicando-se LKC.
A figura a seguir mostra um transistor com polarização por divisor de tensão na
base, cuja teoria será vista no capítulo referente aos circuitos de polarização.
Observe atentamente as indicações das tensões e das correntes em função do
sentido das setas.

Aplicando-se LKT, podemos obter várias equações:


1. VCC - VRC - VCE - VRE = 0
2. VCE -VBE - VCB = 0
3. VCC - VRB1 - VRB2 = 0
4. VRB1 - VRC - VCB = 0
5. VRB2 - VBE - VRE = 0
6. VCC - VRC - VCB - VBE - VRE = 0

Aplicando-se LKC no ponto X, temos:


1. IB = I1 - I2
I 1 = I2 + IB

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