Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
i:
!,r li
ffi tuK
Edmund Husserl
empreendeu, com a
fenomenologia,
a(itima grande
tentativa de
fundação total
do conhecimento
@ cultura
(Martins Fontes). parricídio bastante comum na história da filosofia.
H1:s$ti n1
rì': I lì()lrl tjio
Thomas Edison Guema hlspano- Guena dos Mor Planck Morte da Guena russo- Albert Ensbln Revolução
; A Cnnferência 0s irmãos
amedcana" 0s Bôeres, ente turmula a lel rainha publlca um na Rússla,
inventa o i de Berlim Auguste e Japonesa,
ÍonógraÍo espanhólsi denohdos, os brltânicos da radiação Vltória, venclda pelo arügo sobre a
lregulamenta Louis Lumiàre,
pedem suae colônias e os colonos
e, três anos i a partilha da inventores do tÉrmlca, base da do Reino Japã0. deüodhâmlca
de Cuh, Porto Rico de orlgem teoda quânüca corp6 em
depois, a ! África petas cinematógraÍ0, Unldo. dos
potências e das Fillplnas. 0s holandesa da Ínovlmonb, no
lâmpada 1
realizam a
elétrica. primeira exibição Eshdos Unidos África do Sul. apresenb a boda
i europons.
pública de despontam c-omo da reladvidade
clnema. po6ncia. espa:ial.
I
Wn
psíquicos, e sim por obietos que não ïru't'liNe:i{}\,\i,xi },\i}l:. t.,[,,\ i'{ } desejo de um desejado, a imaginação é
são "partes" da própria consciência, A apresentação canônica da intencio- imaginação de um objeto imaginado...
como esta pode tçr acesso àqueles? nalidade, tal como esta aparece em Mas, sinceramente, qlÌem, algum dia,
Como a subjetividade pode ter acesso textos de Brentano ou de Husserl, duvidou dessa trivialidade, para que ela
E à transcendência? Como o sujeito pode parece a exposição, muito solene, de seja reafirmada assim, com tanta pom-
J
1914 1915 1917 1918 1919 1922 1924 1928 1929 '
1931
;. ;r,',ì':*....J:t'
1 933
{&**S*kSWSHEMH
i il ìiil:
:iiiil
1ì :l:
PúIo lnício da iEinstein Revolução na : Fevolução e Formação ; Eshbelecimenb l Morte de ; Lançamento ÌA
qlebra ì 0s iaponeses i 0s nazistas
Picasso Primeira i apresenta Rússia.0s iproclamação da Liga i da União das i tênin. ; de Luzes de , da Bolsa de r ocupam a i chegam ao
pinta Lês Guerra j sua teoria bolchevlques ìda República das Nações. I RegiUticas ì statin i NovaYork,o , Valores de i Manchúria. i poder na
demolselles Mundlal. ì geral da o
tomam ina Alemanha. I Socialishs ì concentra ì primeiro filme i Nova York Ì i iUemanha.
d'Avignon, irelativldade. poder. iFragmentação i Soúéticas (UBSS). ; o poder ì inteiramente , precipita
i
Íascishs iàcriieda Ì
ì
marco do I Franz KaÍka idos impérios i 0s : na URSS. ; falado. i
cubismo. i publica Á irusso' ì tomam o poder na r , economia i ì
Ì
iti ti
INc;nnsse Ne Untr,'rnstoaoe
nr GÒmrucrru.
Pusucn htfies.
I Aposerura-sr oa UNrwnsrDADE
oe Fnergunc.
E TRANSCENIDENTAL.
vo, um acréscimo de conhecimento ao coisa" é dizer que ela se relaciona di-
l()ìii REALrzl coxrnRÊruchs NÀ SonBoNNE, legado desta mesma tradição. retamente ao rnundo, não está fechada
DEPots PUrìLTcADAS coM o rÍrulo Quanto a seu lado negativo, afirmar sobre si mesma mas abre-se imediata-
or. MÉotr,tnovs cARTE;IENNES.
que "toda consciência é consciência de mente ao "exterior". É esse resultado, cJ)
ô
na sua vertente empirista. o sujeito, tal mundo, no "meio da multidão", =
Rraltze coxnrRÊNcrRs rn Vlru U
como Descaftes o concebia, não se rela- Quanto a seu aspecto positivo, a in-
U)
r Pnecl.
cionava diretarnente a coisas, a objetos. tencionalidade representaÍâ, em primeiro
Ele só se relacionava imediatamente a lugar, a descoberla de uma certa "ativi- z
U
Escnevr A cnse oes cÉrvctes
ELIROPEIAS E A FENOME,\OLOGIA suas "idéias", eventos de sua própria inte- dade" de nossa consciência, que perma- Y
TRANSCENDENTAL. rioridade. E essas idéias eram vistas como necia desconhecida pela tradição. Quer -
U
t-
o
sendo ou "imagens" dos objetos siruados se considere n sujeito caftesiano, com f
co
iliìI, MORTE or EouuNo ó
HUSSRnL, no mundo (caso das idéias intelecnrais), seu estoque de "idéias inatas", quer se J
eu Fnersunc. z.
ou "signos" da existência desses objetos considere o sujeito segundo Locke, mera tr
(caso clas idéias sensíveis). tábula rasa na qual o mundo inscreverá as z
z.
De qualquer forma, esse sujeito car- "idéias", nos dois casos a consciência ou a U
:tr
cr
Husserl começa a vislumbrar essa ativi- U cl
inl*lir:it )ïìiïlidarÌr
scïïlpr'* rlLKl, Itlrxvijs
ttï
tt* f llll tliiili), \jiSílIll{}:ì
i){ilÌ{l i":{rl:rìil" '.i'ìíÌ[']l'tì
.-I
do que os dois teÍïnos têm nesse momen-
to, "intuir'' alguma coisa é simplesmente
't"' E será justamente esse conceito de fe-
j"{ r. t i'* o
ver essa coisa, como ao perceber da janela \ tì{ tr$i-J }[ Itti it: i
i .''; ì^.I
\ { r$
l
nômeno qr-re exigirá o reconhecimento
â
()
J
CE
U
F
t--
()
)
E
U
J
=
E
U
J
J
c)
cr
:<
u
an
=
ì
</)
:<
f
EADWEARD MUYBRIDGE, frlulher com um lequer l887. A eucessão de lmagens remete ao rragoÍarr, ao passado lmedlato o ao íuturo próxlmo
um trabalho da consciência, uma ativa encarregada de unificar uma multiplici- experiência de um som que dura, temos
doação de sentido. As intencionalidades dade de fenômenos como sendo a apre- consciência do momento "presente",
de horizonte, ao contrário, não parecem sentação, para a consciência, de um e o mas também do passado imediato e do
envolver qualquer atividade expressa mesmo objeto. E esse passo nos levará futuro próximo, sem o qLle a melodia
da consciência. Tudo se passa como se a novas figuras da intencionalidade, do nem seria experimentada por nós como
elas operassem espontaneamente dian- reenvio do dado ao não dado, da ex- um objeto que dura. O essencial em
te de um eu passivo, assim como um pressão do ausente no presente. nossa experiência do tempo não é a abs-
coração que bate. A fenomenologia não trata do tem- tração do "instante", mas sim aquilo que
Sendo assim, as intencionalidades de po "objetivo", aquele sobre o qual o Husserl chamarâ de "presente vivo". Ele
horizonte apontanÌ para a existência de físico se debruça. Ela investiga a tem- já envolve uma cefia extensão temporal,
uma expressividade inscrita na nossa ex- poralidade interna à nossa consciên- inclui, além do "àgoÍa", um "passado
periência perceptiva, eu€ trabalha sem cia, aquela em que transcorre a nossa imediato" e um "futuro próximo".
nenhuma doação de senticlo operada experiência de um objeto temporal, No interior desse presente vivo, o
por um sujeito ativo. Em nossa expe- como na experiência de um som que momento temporal do "agora" reenuia
riência efetirra, o lado dado do cubo re- dura. E bastante comum, na história a um passado imediato que não está
envia aos lados não dados, cada objeto da filosofia, encontrarmos o tempo mais "presente", assim como a LÌm futuro
reenvia à sua circunvizinhanÇa e enfim representado como sendo uma suces- próximo que ainda não chegou. Aqui, no-
é o "mundo" que se exprime em cada são de instantes descontínuos, uma vamente, através do dado uisamos o não
percepçào, Como cornpreender essa ex- slrcessão de "presentes", Era assim que dado, Isso significa que nossa consciência
pressividade desde sempre iâ dada? Descartes, por exemplo, compreendia o do tempo é cosrurada pelo trabalho de
tempo, Husserl considera essa imagem duas intencionalidades originai.s. Husserl
CtlNst ,t flpl :t;\ l )r ) 't'Ì ' í t;{ t uma abstração sern qualquer relação chamarâ de "retençào" a intencionalidade
Husserl pensará encontrar sua chave na com nossa experiência efetiva. pela qual o passado imediato está "quase o
nossa "consciência do tempo". Como Se o tempo fosse essa sucessão de pr.r"Ãt"" à minha consciência. E de tpro- ã
será também no plano da temporalidade instantes descontínuos, seria impossível ,^12Á^Á^ graças >
tensão" a intencionalidade ^.,^l o
à qual E
C
u
que ele situará a ralz daquela "síntese" ouvir uma melodia, Quando temos a eu me dirijo ao fururo próximo. CE
;){lllll}tü "'tI
{!,:t;*t l'l{Ìïì{r i{ I eÌ Ì
t.J
1.1
Retenção e protensão não sào atos brir qual é a "sintese" que unifica
da consciência. É passivamente, sem lrtttlxì { :{}r}ilì tï ;t múltiplos fenômenos como apre-senta-
os
,,t" ì
qualquer atividade de um eu, que o ções de um objeto idêntico, Husserl
presente se liga ao passado imediato e
ï ìr)\r;t$ rì iiE"l t', i:ì il:t a localizarâ na própria síntese do
n r ì. ! I
ao futuro próximo. Assim, a retenção lïì {{'t !{11{irì:ìJ li ltiiì{" tempo, naquela síntese "passiva" que
não se confunde com a memória. Esta é unifica os diferentes momentos tempo-
o ato deliberado em que um sujeito ati- it{ x *\./., t"ì tif , ï'{ l;,,;Si ì{ l lq
t
q : raís em um só tellìpo.
vo evoca um passado revolto. Quando "}ïrj No decorrer de sua vida, progres-
oLlço a melodia, não é preciso qualquer làlt$tiÌI {* r i{ } ì}fc${:rf sivamente Husserl silencia sobre a pri-
ato mell para qrÌe minl-ra consciência do meira figura cle intencionalidade por ele
presente retenha o momento tempofal descoberta, a "intencionalidade de ato".
passado e aponte para o futuro. Não que ele a renegLle. Simplesmente,
Quando um "agora" decai no pas- como pode existir, para nós, a estrutu- não se volta mais a esse assunto. Ele se
sado, gÍaç s à retenção ele permanece Ía "sentido", o reenvio compreensivo preocupará sobretudo em explicitar o
visado por mim, através de novo agora do dado ao não dado. Se nossa ex- fundamento temporal das intenciona-
que tomou o seu lugar. Ele está "quase periência é tecida por uma expressivi- lidades de horizonte. E este é um dos
presente" ali, mas através de um outro dade, se existem as intencionalidades ângulos para entender o prestígio que
modo de doação, É um "fenômeno" do de horizonte, se o aspecto dado do a "temporalidade" adquire na filosofia
antigo "agora" que permanece "retido" cubo exprime os aspectos não dados, se contemporânea. Não é pouca glória ser
no novo presente. E como o momento cada objeto que percebo expõe o "mun- promovida a úrltirna instância graças à
temporal do "agora" é entendido por do" do qual ele faz parte, no limite, qual existe, para nós, a estrLltura "sen-
Husserl como um limite ideal, como o é graças à estrutura de nossa consci- tido", a "expressão", o reenvio de uma
ponto de interseção entre a série das ência do tempo. Se para nós o dado coisa a outra coisa. W
retençôes e a série das protensões, ele remete ao não dado e o exprime, é por-
não será na verdade Llm "dado fenome- que nossa consciência do tempo é tal
nológico". Nossa experiência do presen- que, nela, o presente sempre exprime o
te é sempre a experiência de um ceno passado e o futuro * Le développement de I'intenüonnalité dans la
passado, o sorrì que dura é a unidade É até este plano que se precisa re- phénomenologie husserlienne. Denise Souche-
sintética dos múltiplos modos de doa- gredir para compreender como nossa Dagues. M. Nijhoff, 1972.
ção que o apresentam a nós. consciência é sempre consciência de um " Husserlian meditaüons. Robert Sokolowski.
Northwestern University Press, 1 974.
É na consciência do tempo que objeto, como nossa subjetividade pode
Husserl termina a sLla "arqueologia". ter acesso a um mundo transcendente. " Husserl et la naissance de la phénoménologie.
Jean-François Lavigne. PUF, 2005.
Entender a intencionalidade é verificar E se compreender isso envolve desco-
qf $\-Ë*rF:$;
$: í\yliïii+;iii[:ì:#1Ë tïti$$\r$t"] $iH$.,ü i,Ì:iij$i::i
'r
Edmund Husserl tornou-se a Heidegger, membro do fenomenologia tanscendenhl.
proÍessor da Universidade partido nazista, comunicar Em 1937, a doença tornou
de Freiburg em 1916. Ao se ao antigo mestre a decisã0. impossível a continuidade
aposentar, em 1928, Ainda assim, respeitado de seu trabalho intelectual.
Íoi sucedido por seu ex- intemacionalmente como Husserl passou a expressar
aluno Martin Heidegger, um dos mais importantes uma preocupaçã0 c0nstante:
a quem Gonsiderava seu intelectuais de seu bmpo, "Uivi como ÍilósoÍ0", repetia,
herdeiro. Husserl continuou Husserl teve oportunidade de "quero morrer Gomo filósoÍ0."
a desenvolver pesquisas realizar, em 1935, confêrências Ele moneu em 1938. No ano
na Universidade, até que em Viena e depois em seguinte, seus manuscritos
a ascênsão de Hitler ao poder, Praga, rompendo o coÍdão Íoram transÍeridos
f em 1933, calou a sua voz. de isolamento imposto pelo clandestinamente para a
U
(5
(5
U
Devido à ascendência judaica, nazismo. Uma dessas palestras Bélgica. Dois anos depois,
U o ÍilósoÍo foi afastado e teve deu origem a seu úNmo texto, Heidegger retirou, da segunda
I
z
z.
proibido o acesso à biblioteca de 1S16, intitulado Acrise edição de sua obra $er e
MARTIN HEI0EGGËR, discÍpulo e
da Universidade;coube das ciências eurnpéias e a tempo, a dedicatória a Husserl.
cc
U suoessor de Husserl em Freiburg
I