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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS


CURSO DE BACHARELADO EM FILOSOFIA (2021.4)

DISCENTE: MADSON DE ALMEIDA BOMFIM

Atividade assíncrona complementar


Proposta pelo Profs. Jonathan Molinari
Para a disciplina de Filosofia Medieval

Introdução

Analisando aspectos da luta que os primeiros cientistas modernos travaram contra o misticismo, o ocultismo
e o orientalismo, esta obra oferece excelente oportunidade para uma ampla reflexão sobre este movimento
que abalou as formas de pensar dos séculos XV e XVI, além das interpretações inovadoras de aspectos
científicos do trabalho desses pioneiros.

Meu objetivo principal nesta apresentação é expor, reconstruir de modo resumido, as ideias de Rossi
“A ciência e a filosofia dos modernos” de Paolo Rossi: exposição e breves comentários de algumas
passagens.
Segundo Rossi, em sua nota prévia, o que ele pretende é esclarecer alguns temas da chamada Revolução
Científica, por exemplo, o declínio do mundo mágico e da tradição hermética. Como o autor deixa claro,
possui intenções claramente polêmicas dirigidas aos divulgadores de uma imagem negativa da ciência e da
sociedade industrial. Sua introdução, intitulada “O pensamento de Galileu no século XX”, inicia com a
seguinte frase de Heidegger “Nasce a ciência, desaparece o pensamento”. Então afirma: as variações deste
tema são quase infinitas. Ainda sobre Heidegger dirá que, “Na conferência de 1953 sobre a ‘Questão da
técnica’, Heidegger chegou a conclusões claríssimas. A ciência ‘reifica as coisas em objetualidade e falsifica
o Ser’” e dirá que neste contexto conclui-se que a escravidão, opressão e exploração são resultado a
conquista e sujeição do mundo natural e não da organização da sociedade ou do uso da ciência e da técnica.
Mas o alvo de Rossi não parece ser Heidegger ou Husserl, mas as variações quase infinitas do que dizem
estes filósofos. Entre estas variações estão Arendt e Koestler. Segundo Rossi, a primeira uma jornalista de
alto nível e o segundo um notável escritor. Rossi é “duro”: em Arendt e Koestler “a ‘crítica da ciência” de
Husserl e Heidegger, de Horkheimer e de Adorno, transforma-se num desfile de lugares comuns, …”. Quem
também não é “poupado” é René Guenon: “Não será inoportuno recordar o livro La crise du monde
moderne, que René Guénon publicou em 1946 e … . Um defensor do ocultismo e de um orientalismo
misticizante …”. Realizada tal apresentação, passaremos à exposição do primeiro capítulo intitulado “Sobre
o declínio da astrologia nos inícios da idade moderna”.

De saída, nosso autor, refere-se a um ensaio de Lynn Thorndike publicado na revista Isis. Dirá que a
contraposição astrologia-ciência moderna, para Thorndike, não resulta nem da ‘descoberta’ de uma lei
universal da natureza, nem da aplicação da matemática à natureza, pois ambos estão presentes na astrologia.
Tal contraposição tem sua origem na obliteração gradual da distinção céu-terra. Rossi aceita a hipótese da
‘derrota’ da astrologia como consequência da substituição do sistema aristotélico pelo copernicano, mas, “o
que se pretende é lançar luzes sobre o caráter excessivamente esquemático dessa interpretação”. Para isso,
lança mão de outra obra e autor, “Disputationes” de Pico della Mirandola.
Rossi parece discordar, do que para ele é ponto de vista comum entre estudiosos, que a polêmica
antiastrológica de Pico é “a manifestação de uma mentalidade ‘incoerente e desordenada’, ou como um
exercício de caráter retórico-literário …”. Diz ainda que tais estudiosos parecem ver na nova astronomia o
fator único e determinante do ‘desaparecimento’ da astrologia. Nosso autor diz explicitamente que quer
refutar o ponto de vista de Thorndike e, portanto, desse “lugar comum”. Rossi alerta que para Pico, a
astrologia é uma mistura híbrida de ciência e religião, de cultos e de técnicas. Deste modo, o exame da
astrologia, para Pico, deve considerar todos estes elementos: de um lado astronomia, medicina e
meteorologia, de outro lado superstições, cultos e cerimônias. Dito isso, Rossi foca sobre três pontos que
considera relevantes nas argumentações de Pico. O primeiro ponto versa sobre a mentalidade dos astrólogos:
estes desejam suscitar espanto e admiração, não tem como fim o conhecimento, mas a ‘glória e o lucro’ e
“… esconde ‘o absurdo de sua profissão com a grandeza das coisas sobre as quais afirma o falso’ e com a
‘amplidão de suas promessas’…”. O segundo ponto, refere-se às considerações de Pico sobre o método na
astrologia. De acordo com Pico, nas palavras do autor de “A ciência e a filosofia dos modernos”, a acusação
de Ptolomeu de que os astrólogos não deram unidade metódica à sua arte é sem sentido, pois na astrologia a
prática das predições não se dá conforme regras, mas é “conduzida com extrema negligência e descuido”.

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