Você está na página 1de 99

AS SETE ALIANÇAS

Parte 1 – Introdução

A BASE DA ALIANÇA - COMUNHÃO COM DEUS

Deus é um Deus de alianças. Através da Bíblia, através da sua história


de relacionamento com o homem, Deus fez sete alianças. Para conhecer o
plano de Deus, precisamos conhecer suas alianças. Para entender a aliança
que está em vigor atualmente, precisamos entender as alianças passadas e o
caminho que foi percorrido até aqui no relacionamento entre Deus e o homem.
Para conhecer a natureza de Deus, precisamos ver como e em que condições
ele faz aliança com o homem. Assim estaremos mais preparados para andar
com Deus hoje, entrar em aliança com ele e nos encaixar no seu plano.

Aliança é um compromisso firmado entre duas pessoas. Mas antes de


estabelecer um compromisso, é preciso conhecer um ao outro. Um exemplo
clássico disso é o casamento. O casamento é um compromisso firme entre
duas pessoas que vão compartilhar o resto das suas vidas juntos. Mas é
perigoso se comprometer antes de se conhecerem! Por isto antes de falarmos
sobre as alianças de Deus com o homem precisamos falar sobre comunhão.

DOIS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

Em primeiro lugar quero apresentar dois princípios. Um se chama "o


escândalo de particularidade". Isto significa que a maneira como Deus age é
um escândalo para o homem natural. Deus faz tudo através de relacionamento
pessoais. É assim que ele tem desenvolvido todo o seu plano até agora, e é
assim que ele o consumará. O homem, ao contrário, quer entender tudo
através de leis e princípios impessoais. Tudo que o homem realiza e edifica é
através de conhecimentos, de descobrir e aplicar leis naturais. Se ele consegue
entender como algo funciona, que chave ou que princípio o governa, então ele
pode trabalhar e usá-lo para os seus objetivos.

Deus, porém, é uma pessoa e não podemos descobrir os princípios


impessoais ou científicos que o fazem funcionar. Ele não é uma influência
misteriosa, ele é uma pessoa com uma personalidade definida. Fomos criados
na imagem dele e por isto também somos pessoas e temos personalidades
definidas. Deus não começa com leis ou princípios abstratos para desenvolver
o seu plano. Ele começa com encontros pessoais e através deles o seu plano
neste mundo é realizado. Isto é um escândalo para a mente do homem natural.

Jesus foi o maior escândalo de particularidade. Se o homem tentasse


resolver a situação de toda a humanidade, ele nunca teria feito assim. Ele
procuraria uma lei, uma chave ou uma filosofia para solucionar todos os
problemas de pecado e rebeldia do mundo. Mas Deus veio para o mundo na
pessoa de um homem, nascido de virgem, de carne e osso, que viveu neste
mundo sujeito a todas as leis e limitações naturais. Ele deu a sua vida e esta
vida é a solução para todo pecado e para todos os homens. Ele mostrou o
relacionamento perfeito com Deus e através dele nós também podemos nos
encontrar com Deus. Assim todo o plano de Deus se fundamenta no
relacionamento pessoal que ele tem com os homens.

Visto desta forma, cada homem em comunhão com Deus possui um


potencial infinito de criatividade divina. Não é uma questão de capacidade
pessoal, mas do potencial que existe na comunhão e relacionamento com
Deus. Deus é infinito, e através de um encontro dele com o homem toda a
história do mundo pode ser mudada. Por isto cada um de nós tem um potencial
infinito para fazer a vontade de Deus na terra. Não há limitações daquilo que
pode surgir de um encontro pessoal entre uma pessoa e Deus, pois é assim
que ele realiza o seu plano na terra.

O método humano de resolver as coisas pode ser comparado com a


lógica indutiva. Lógica indutiva é o processo em que se tira uma conclusão
geral a partir de fatos ou observações individuais. Usando os cinco sentidos, o
homem descobre o que está no mundo. A partir dessas investigações, tira
conclusões e descobre como o universo e os seres vivos funcionam. Este é o
método científico. Primeiro procuram-se fatos, depois chega-se a uma
conclusão.

O processo oposto chama-se lógica dedutiva. Lógica dedutiva é quando


fatos individuais são interpretados à luz dos princípios gerais já aceitos como
verdadeiros. Ao invés de partir dos fatos para formar uma visão como na
indução, a dedução começa com a visão já formada e interpreta os fatos
baseados nela.

Deus criou o mundo partindo de uma palavra já existente. Esta palavra,


como sabemos, é uma pessoa (Jo 1.1-3). Todos os fatos e circunstâncias da
criação podem ser entendidos à luz desta palavra, pois foi ela que os criou.
Portanto, para entender a criação e para conhecer a verdade, devemos usar o
método dedutivo. Os cientistas começam com o visível, com o particular, para
chegar à verdade e aos princípios gerais. Acontece que nem eles conseguem
aplicar perfeitamente o método indutivo, pois todo homem tem preconceitos e
pressuposições que influenciam suas observações e conclusões. Mas mesmo
depois de observar todos os fatos e descobrir muitos princípios e leis de
criação, os cientistas nunca chegam ao conhecimento de Deus.

Se quisermos conhecer a verdade, temos que partir da revelação da


palavra de Deus que é uma pessoa viva. Este é o ponto de partida. Não há
outro caminho para a verdade. Isto é um escândalo para a mente racional do
homem. Deus começou com um homem individual para depois alcançar toda a
humanidade. Através deste homem podemos conhecer toda a verdade, ser
partes da família de Deus e do próprio Deus.

Assim, partindo já da palavra viva que Deus revelou na pessoa de Jesus


Cristo, podemos interpretar e entender todas as coisas à luz desta revelação. E
esta revelação só vem através de comunhão pessoal com um Deus infinito e
pessoal, através de relacionamentos. Se não partirmos deste ponto nunca
chegaremos à verdade. Desta forma podemos perceber a ligação entre a
infinita criatividade divina e o potencial infinito que existe em cada coração
humano. Um homem em comunhão com Deus pode mudar a história do
mundo. Isto é porque quando se une a Deus, libera-se a criatividade que vem
dele. Em cada coração há este potencial que pode ser liberado ou trancado. Há
um destino, um plano eterno para cada um de nós.

Na história do mundo, homens deram suas vidas para abrir novos


horizontes, erradicar doenças, e fazer descobertas para o resto da
humanidade. Fizeram isto usando o método indutivo. Quando o homem natural
usa o método dedutivo, ele pode ser facilmente levado ao erro porque parte de
filosofias ou pressuposições erradas. A ciência desmentiu muitas superstições
e enganos da antiguidade provando pelo método indutivo que as conclusões
eram erradas. Mas há alvo muito além do método indutivo. É partir da
revelação da palavra de Deus que nos leva à própria verdade em si. Assim
partimos de uma visão completa e verdadeira. A indução pode levar a
conclusões individuais corretas, mas nunca pode mostrar o quadro total da
verdade.

O segundo princípio é relacionado ao primeiro e pode ser enunciado


assim: "Quando Deus está para fazer algo importante no mundo, ele começa a
procurar alguém com quem ele possa andar e conversar".

Este princípio pode ser desdobrado em quatro subdivisões para


entendê-lo melhor:

a. Deus sempre quis esta comunhão com o homem. Isto faz parte do propósito
eterno de Deus e é um desejo constante do seu coração.

b. Porém, Deus procura comunhão em maior intensidade nos períodos de crise


no seu plano para a humanidade. A história de Deus com o homem é um
história de amor. Um relacionamento de amor envolve crises. Princípios e leis
não produzem crises, mas relacionamentos pessoais sempre as enfrenta. O
próprio Deus tem crises no seu plano com o homem, justamente porque não é
um plano mecânico, mas um plano que depende do seu relacionamento
pessoal com o homem.

c. No tempo final do plano de Deus, ele procura muito mais ter comunhão com
os homens. O fim da história da humanidade é a maior crise que já houve no
plano de Deus.

d. Você está disponível para ter esta comunhão com Deus? Você quer dar sua
vida para andar com Deus e ter um relacionamento com ele nestes dias finais
do seu plano na terra? Ele tem muito que falar a respeito da consumação do
seu plano e está procurando pessoas para andar e conversar com ele.
EXEMPLOS DE PESSOAS QUE ANDARAM COM DEUS

Em Amós 3.3-7, lemos que para duas pessoas andarem juntas, elas
precisam estar de acordo, ter harmonia entre si. Se Deus quer andar conosco,
e nós não estamos em harmonia com ele, é certo que Deus não vai mudar! Só
resta uma opção - nós temos de mudar!

No versículo 7 vemos o resultado de Deus andar com o homem. Ele


declara que não faz coisa alguma na terra sem antes conversar sobre isto com
seus amigos os profetas. De fato, Deus realiza sua obra na terra através de
revelar seus segredos a homens que irão cooperar com ele no seu propósito.
Na comunhão de andar junto com o homem, Deus lhe revela seus segredos.
Isto torna o homem participante e colaborador na execução do plano que foi
compartilhado.

A fim de ver como isto tem acontecido através da história do homem,


iremos examinar rapidamente alguns personagens na Bíblia que tiveram esta
comunhão com Deus e que assim participaram do plano de Deus.

1. Adão.
Deus fez o primeiro homem na sua própria imagem a fim de ter
comunhão com ele. Este seria evidentemente um requisito básico para ter
comunhão - estar na imagem de Deus. O homem só pode ter comunhão com
outros que tenham a mesma imagem. É impossível ter comunhão com um
cachorro ou um cavalo, por exemplo.

Gn 3.8-10. À tardinha Deus procurava o homem para ter comunhão com


ele. Mas o pecado entrou com a transgressão do mandamento de Deus, e a
comunhão foi cortada. O homem perdeu sua comunhão com Deus porque
escolheu conhecimento, ciência, filosofia, ética e moralidade (o fruto do
conhecimento do bem e do mal). E assim perdeu-se a vida cuja fonte está em
Deus. A mesma escolha existe até hoje e o mesmo dilema para os homens.
Perdemos a vida e ficamos com o conhecimento que produz morte, temores e
frustrações. A história das sete alianças é a história de como esta comunhão
que traz vida foi perdida e como Deus tem procurado restabelecê-la.

2. Enoque.
Gn 5.22-24. Enoque foi o sétimo homem depois de Adão (Jd 14). Ele foi
como que as primícias da comunhão completa, que no final da história levará
toda a igreja a ficar para sempre em comunhão com Jesus. Pois Enoque foi
trasladado, e isto é uma figura do arrebatamento da igreja na vinda de Jesus. A
trasladação de Enoque fala da igreja saindo do sistema deste mundo para
estar para sempre em comunhão com Jesus. Enoque andou com Deus e
desapareceu, corpo, alma e espírito. Antes de desaparecer, Enoque profetizou
da segunda vinda de Jesus. Isto foi porque andou com Deus e Deus lhe
compartilhou os seus segredos. A própria vida de Enoque e o seu
desaparecimento se tornaram uma profecia.
Muitos falam hoje no arrebatamento da igreja, mas é preciso saber
quando e como será este arrebatamento. A vida de Enoque mostra claramente
que o arrebatamento é uma consequência de comunhão. Se ele não tivesse
andando com Deus não teria havido a trasladação. Se a igreja não está em
comunhão com Jesus, como será arrebatada?

3. Noé
Gn 6.8-14. Nos dias de Noé, Deus passou por uma crise tão forte no seu
plano que se decepcionou com o homem e se arrependeu de o ter criado.
Porém Noé achou graça aos olhos do Senhor.

É incrível pensar que um homem andando com Deus salvou toda a


humanidade e o plano de Deus. Deus tinha tanta comunhão com Noé que
chegou a contar-lhe tudo. O que pretendia fazer, como ia destruir o mundo, e
como ele poderia salvar sua família através da arca. Ele revelou seus segredos
a Noé e mostrou como daria continuidade ao seu plano através da
descendência dele.

Se a vida de Enoque mostra como Deus vai arrebatar e tomar para si um


povo em comunhão com ele, a vida de Noé mostra como Deus vai preservar no
meio da tribulação e juízo sobre o mundo o povo que anda com ele e acha
graça aos seus olhos. Não são princípios contraditórios, mas complementares.

4. Abraão.
Gn 17.1. Deus falou com Abraão para andar na sua presença e ser
perfeito. Se andarmos na presença de Deus, seremos perfeitos. Não há outra
consequência possível.

Abraão foi chamado amigo de Deus (Is 41.8; 2 Cr 20.7; Tg 2.23). Deus
revelou para ele grandes segredos. Além do propósito imediato de dar
continuidade ao seu plano, formando uma nação e dando-lhe uma terra, Paulo
mostra que Deus anunciou a Abraão o evangelho da promessa (Gl 3.8). Assim,
embora o cumprimento fosse ainda bem distante, Deus mostrou ao seu amigo
e profeta (Gn 20.7) a nova aliança. E no seu relacionamento com Deus, os
primeiro passos foram dados para a realização destes planos. ele se tornou o
pai de todos os que creem (Gl 3.7), pois a sua fé na promessa de Deus foi o
alicerce da nova aliança.

5. Moisés.
Êx 33.11. Deus tinha tanta amizade com Moisés que falava com ele face
a face. A Bíblia fala que jamais um homem mortal alcançou tanta intimidade
com Deus a ponto de falar com ele como qualquer fala a seu amigo (Dt 34.10-
12). Deus falava com ele dos seus propósitos, das suas intenções, e até
mesmo dos seus sentimentos. Falou com ele a respeito da formação da nação
de Israel, como tirá-la do Egito, e como formá-la como povo exclusivo de Deus
na terra. Consultou-o antes de derramar a sua ira por causa da desobediência
do povo. Mostrou-lhe o futuro da nação de Israel, sua desobediência, e a vinda
de um profeta semelhante a ele (Dt 18.15).
6. Elias.
1 Rs 17.1. Elias era um homem que vivia na presença de Deus, e por
isto sua palavra era a própria palavra de Deus. Tal era o grau de intimidade
que Elias tinha com Deus que falava: "em cuja presença estou". ele não tinha
apenas estado com Deus ontem, mas vivia na presença de Deus
constantemente. Ele podia falar "segundo a minha palavra", porque era amigo
de Deus e sabia o que Deus queria fazer.

7. Davi.
At 13.22. Davi era um homem segundo o coração de Deus. Esta
passagem fala que Deus achou Davi. Isto significa que ele estava procurando
alguém. Ele queria um amigo e o encontrou em Davi. É difícil para nós
entendermos que Deus tem necessidade de alguma coisa, mas é isto que
vemos aqui. Deus precisa de amigos para cumprir o seu plano, e está à
procura deles. Você quer que Deus o ache?

Davi tinha problemas sérios na sua vida, mas Deus o amava por causa
do seu coração. Ele procurou uma morada para Deus acima de todos os outros
interesses pessoais (Sl 132.1-5). Tudo que ele fazia para Deus, ele fazia com
todas as suas forças. Ele amava a Deus ardentemente. Dançava diante da
presença de Deus com tudo que tinha. Ajuntou materiais para a casa de Deus
com todo empenho possível. E Deus mostrou-lhe o plano da sua casa e deu-
lhe no Espírito visão da nova aliança, da graça de Deus e da vinda do Messias.
8. Maria.

Lc 10.38-42. Jesus dava muito mais valor a Maria porque ela ficava
sentada aos seus pés. Jesus queria comunhão e era isto que Maria também
procurava. Não é que as atividades de Marta eram desnecessárias ou sem
importância. Nem significa que não devemos fazer nada. A lição é que o mais
importante é a comunhão. Muitas vezes nos refugiamos em ocupações para
não ter comunhão. Temos medo do que Deus pode fazer conosco. Achamos
que ele vai nos castigar ou exigir algo difícil de nós. Porém quando temos um
encontro com Deus descobrimos que ele não é assim: antes quer envolver-nos
com seu amor, a fim de transmitirmos o mesmo amor aos outros.

9. João.
Jo 13.26. Jesus não amava este discípulo por causa da sua aparência
ou personalidade. Ele era o discípulo mais amado de Jesus porque estava
sempre perto dele. Alguém falou certa vez que João ficava sempre junto de
Jesus porque era filho do trovão e sempre tinha que pedir perdão por alguma
coisa! O certo é que ele tinha mais intimidade com Jesus e mais acesso a ele
do que os outros discípulos. Por causa da intimidade Jesus falava dos seus
segredos com ele. Alguns se contentam em apenas ser discípulo e estar
andando com Jesus. Outros querem chegar o mais perto possível e ter uma
amizade mais íntima com ele. João era um destes.
10. Paulo.
Fp 3.7-11; 2 Co 12.1-5. Paulo tinha amizade com Deus que foi
arrebatado ao terceiro céu e ouviu coisas não lícitas ao homem falar. Sua
experiência foi semelhante a Enoque que andou com Deus e foi arrebatado, e
a Moisés que tinha uma intimidade com Deus que homem algum alcançou.
Paulo foi um amigo de Deus que compartilhou de coisas profundas, do mistério
que ficara oculto desde os séculos eternos, do plano de Deus para a igreja
através dos séculos vindouros, e da vinda de Cristo.

Poderíamos falar de outros ainda, como Daniel que foi chamado homem
mui amado. Cada pessoa tinha um relacionamento com Deus, um pouco
diferente dos outros. O relacionamento foi descrito de maneira diferente em
cada caso: o amigo de Deus, um homem segundo o coração de Deus, o
discípulo que Jesus amava, etc. Mas de uma forma ou de outra todos eram
amigos de Deus. Como Jesus mostra em João 15.14, o amigo é diferente do
servo, porque interessa nos assuntos de Deus e conversa livremente com ele.

Então vemos que através da Bíblia e da história do homem, Deus tem


procurado pessoas com quem ele pudesse andar, e conversar a fim de cumprir
o seu plano por intermédio dessas pessoas. Este é o escândalo de
particularidade, e se manifesta de forma especial em Cristo que é a pessoa que
cumpriu de fato todo o plano de Deus. Ele é a imagem de Deus e tinha
comunhão perfeita com Deus como homem. Agora Deus vai desenvolver o seu
plano, realizado potencialmente em Cristo, através de outras pessoas na
mesma imagem.

Este relacionamento que Deus procura com as pessoas é um


relacionamento de amor e amor produz crises. Às vezes preferimos fugir de
relacionamentos pessoais porque trazem sofrimento. Mas sem este sofrimento,
sem o processo que é necessário para ter relacionamento, sempre ficaremos
isolados e cortados de qualquer amizade e amor humanos. Da mesma forma,
se entrarmos em relacionamento com Deus e andarmos com ele, mesmo que
passarmos por crises, no fim teremos amizade e comunhão com ele - e isto é
vida eterna!

O próprio Deus passa por crises, porque é um Deus de amor. E por isto
os homens que buscam a Deus e que procuram ter comunhão com ele também
passam por crises. Deus quer conversar com pessoas que sejam seus amigos.
porque assim através desta comunhão ele poderá passar as crises e cumprir
seu plano.

Crises e sofrimentos alargam o nosso coração, permitindo-nos entrar a


apreciar a glória de Deus. Sem sofrimento o coração fica endurecido e
insensível. Deus quer pessoas que tenham abertura e sensibilidade para com
ele, que sintam a necessidade de conversar com ele, que sintam o drama do
que passa no seu coração. Uma pessoa assim pode mudar todo o curso da
história.
ALIANÇA

Vimos que comunhão com é Deus andar e conversar com ele, e que
esta comunhão é o alicerce da aliança que Deus faz com o homem.

Aliança é um acordo solene entre duas ou mais pessoas para fazer ou


não fazer algo específico. Quando duas pessoas querem fazer algo juntas de
uma forma mais permanente, estabelecem um contrato com certas condições e
requisitos, a fim de poderem continuar andando juntas.

Uma aliança na Bíblia é simplesmente o conjunto de condições pelas


quais Deus promete andar com seu povo. A Bíblia é uma história de alianças.
Deus é um Deus de amor, e ele tem desejo de se casar. Ele é uma pessoa,
com personalidade e desejos definidos. Ele é dinâmico, cheio de sentimentos e
emoções. Ele não quer ficar sozinho e por isto criou o homem. Seu propósito é
comunhão, ter uma casa, uma família e para isto precisa se casar.
Mas Deus não quer fazer aliança com quem ele não conhece. Primeiro precisa
haver comunhão, pois se não gostamos de andar e conversar com Deus, como
podemos entrar em aliança com ele?

A história do plano de Deus do início ao fim é uma história de comunhão,


aliança e casamento. Deus não só quer ter comunhão de vez em quando,
visitar ou passear conosco. Ele quer andar e habitar com o seu povo numa
morada permanente. Todas as alianças que Deus já fez com o homem podem
ser vistas como passos para chegar a este alvo final que é casamento, união e
comunhão permanente entre Deus e o homem.

A própria formação da Bíblia mostra a centralidade da aliança no plano


de Deus. ela consiste do Velho Testamento ou velha aliança e Novo
Testamento ou nova aliança.

A velha aliança é representada pela lei de Moisés e enfatiza a obrigação


do homem de obedecer a fim de manter comunhão com Deus. Se ele
obedecesse, Deus cumpriria sua parte em abençoar, em ter comunhão e em
dar vida eterna para ele. Se ele desobedecesse, Deus o castigaria e ele seria
eternamente rejeitado.

Portanto na velha aliança havia uma lacuna entre Deus e o homem,


porque este não conseguiu cumprir o seu lada da aliança. A condição da
aliança é obediência ou morte, e isto cria um abismo entre Deus e o homem
que este nunca consegue transpor.

A nova aliança é a vinda de Deus em carne para abolir as condições do


lado do homem. Desta forma acaba-se a lacuna entre Deus e o homem, pois
agora as condições são todas do lado de Deus. Deus veio em carne para pode
habitar entre nós, de acordo com seu objetivo eterno. Só precisamos crer e
aceitar o que ele prometeu. Até a fé vem de Deus (Ef 2.8; Fp 2.13). Se Deus
efetua tanto o querer como e realizar, não sobrou nada para nós fazermos. Não
há lugar para jactância humana, só para louvar a Deus pela sua obra. É uma
aliança incondicional com Deus.
Na verdade, Deus fez sete alianças com o homem através da Bíblia. O
período de história conhecido como a velha aliança englobou seis alianças,
sendo que a nova aliança é a sétima. São sete alianças porque sete é o
número de perfeição. Na simbologia numérica, três é o número de Deus, da
trindade, e quatro é o número da criação. Sete portanto seria Deus unido com a
criação, formando um todo completo e perfeito. Neste sentido as sete alianças
representam um só aliança. Cada aliança representaria uma parte do todo,
assim como cada cor é uma parte do arco-íris e da luz completa.

Todas as alianças falam do desejo de Deus de firmar uma aliança eterna


e permanente com seu povo. Representam as várias épocas da história e a
forma como Deus estabeleceu condições para andar e conversar com seu
povo naquela época específica. Não foi como se Deus quisesse experimentar
vários tipos de relacionamentos, ou como se ele estivesse sempre fracassando
nos seus propósitos e passando a tentar outro plano. Antes representam os
passos e ajustamentos que Deus fez na jornada progressiva para o seu alvo
final.

Deus nunca muda o seu alvo. Ele quer andar e habitar conosco. ele quer
casar-se com seu povo. Mas para isto ele precisa desenvolver um
relacionamento de amor, precisa conquistar e atrair o seu povo para si. Este
relacionamento de amor envolve crises, ajustamentos e mudanças. Deus
mudou de tempos em tempos as condições da aliança com seu povo a fim de
poder caminha para o seu alvo final. O alvo de Deus nunca muda, mas ele se
acomoda às necessidades do homem para prosseguir para lá. Então as sete
alianças não representam sete alvos ou sete fracassos, mas uma sequencia
significativa e necessária para acompanhar as nossas necessidades, as
nossas crises no relacionamento com ele.

Deus trata conosco como filhos que crescem e que precisam de coisas
diferentes em épocas diferentes. Deus é um Deus de misericórdia, mas
também de severidade e disciplina, que visita a iniquidade e julga retamente.
Precisamos de amor, mas precisamos de disciplina também. Há alianças que
são mais negativas, com mais disciplina e condenação. Outras já são mais
graça e misericórdia. Tudo faz parte do propósito de Deus de preparar seu
povo para morar eternamente com ele. Deus pôs diante de si um alvo difícil,
mas ele vai obtê-lo!

A FIGURA DO TABERNÁCULO

No Velho Testamento há um quadro bem claro da centralidade de


aliança no plano de Deus. Deus ordenou o povo de Israel a fazer um
tabernáculo para revelar o seu desejo de se encontrar com seu povo e de
andar com ele. Era uma figura da jornada que Deus está fazendo com seu
povo para chegar na Nova Jerusalém, a cidade onde Deus vai habitar para
sempre com sua esposa. Neste tabernáculo havia três partes: o átrio exterior, o
lugar santo e o santíssimo lugar. Era uma casa móvel para mostrar a sua
transitoriedade e a necessidade de caminhar para um alvo. O próprio
tabernáculo era uma figura desta jornada para o alvo de Deus, pois havia um
processo para se chegar desde a porta do átrio até o lugar santíssimo.

O altar de bronze e a bacia de bronze no átrio representam a fé no


sacrifício de Jesus e o batismo nas águas com a purificação dos pecados. O
candelabro, os pães de proposição e o altar de incenso no lugar santo
representam as experiências com o Espírito Santo, com a palavra e com a
oração, que são as experiências da vida normal de um cristão. Mas tudo isto é
apenas para poder entrar além do último véu onde estava a arca da aliança, o
lugar mais sagrado e importante de todo o tabernáculo. Podemos dizer que
todo o tabernáculo existia em função deste lugar. E este lugar santíssimo era
onde estava a aliança que Deus fizera com o povo. A comunhão que Deus
queria ter com o homem ali era baseada na sua aliança com ele.

Esta posição da arca mostra a importância de aliança para Deus. Depois


de passar por tudo que as outras peças do tabernáculo representam, a
salvação pela fé no sacrifício perfeito de Jesus, a palavra de Deus, o Espírito
Santo e a oração como atividades contínua e essenciais para a santificação,
entramos no santíssimo lugar para descobrir que o alvo de Deus é aliança.
Deus quer comunhão permanente, aliança com seu povo. Ele não que apenas
meios indiretos de comunicação, por mais importantes que sejam a leitura da
Palavra, a experiência com o Espírito Santo, e a oração. Ele quer essas coisas
como meios para nos levar a uma aliança firme, a uma comunhão permanente,
de falar boca a boca conosco.

Deus não nos salvou para nos livrar do inferno, mas para conhecermos
a ele. Aliança é central no plano de Deus. Se não entendermos isto,
perderemos por completo o objetivo de Deus em toda a Bíblia e em todo o seu
relacionamento com o homem.

A ALIANÇA ETERNA

Queremos estudar as sete alianças para conhecer o plano único de


Deus de firmar uma aliança eterna conosco. Desta forma podemos
compreender melhor o seu alvo final e nos encaixar nele. Através de estudar as
sete alianças, obteremos uma visão de águia, uma vista panorâmica de todo o
plano de Deus. Assim veremos a Bíblia não como uma coletânea de ensinos,
histórias e palavras disjuntas, mas como um plano unido e harmonioso que
caminha para uma única consumação final.

Vamos examinar algumas passagens que mostram a aliança eterna


como alvo final de todas as alianças que Deus fez com o homem.

Gn 9.16. Deus está falando com Noé que o arco-íris o faria lembrar de
sua aliança eterna com o homem. Nesta passagem Deus está fazendo uma
aliança específica com Noé para não destruir mais a terra com água. Mas
representa o desejo de Deus de ter um pacto permanente com o homem.
Gn 17.7,13,19. Quando Deus fez sua promessa a Abraão, ele disse que
seria uma aliança perpétua, com a descendência de Abraão para sempre.
Deus é fiel às suas promessas específicas, mas vemos atrás deles o desejo de
Deus de firmar um compromisso ou aliança permanente com seu povo.

Lv 24.8. Os pães da proposição representam uma aliança perpétua


também. Deus promete nos prover de alimento todos os dias, alimento
espiritual que nunca faltará ao seu povo.

Nm 18.19. A aliança perpétua do sustento dos sacerdotes que


ministravam diante de Deus. Deus faz provisão dotes que ministravam diante
de Deus. Deus faz provisão para os seus servos que deixam outras coisas para
viver para ele. Deus não faz alianças de qualquer maneira. Até pequenos
detalhes ele promete e firma de maneira permanente. Ele quer um
relacionamento firme, uma aliança duradoura, não algo esporádico ou sem
compromisso.

2 Sm 23.5. Deus fez uma aliança com Davi também, de edificar a sua
casa através da sua descendência que estaria para sempre no seu trono. Era
uma aliança específica que Deus guardou, mas falava da mesma aliança
eterna que Deus sempre ansiava firmar com seu povo.

1 Cr 16.14-17. Davi está cantando da promessa dada a Abraão, Isaque


e Jacó, que se estende a todo o seu povo, e que fala da aliança perpétua ou
eterna.

Is 24.5. Os homens quebram a aliança eterna porque desprezam a


graça e o amor de Deus.

Is 55.3. Deus deu uma promessa incondicional a Davi. A descendência


de Davi podia falhar mas Deus não falharia. De fato, Jesus, filho de Davi,
sentou-se no trono para sempre. Recebemos através de Jesus as fiéis
beneficências de Davi, quando cremos na sua promessa.

Jr 32.38-40. Deus prometeu operar no coração do homem para tornar-


lhe impossível se separar de Deus, ou Deus do homem. Esta é a aliança
eterna. Deus nunca cessará de fazer o bem para o homem. Será uma aliança
indissolúvel.

Ez 37.26-28. Vemos aqui a morada permanente de Deus com seu povo.


A aliança eterna ou a nova aliança está bem clara no Velho Testamento. Não
poderia haver uma descrição melhor da aliança eterna do que esta que
encontramos aqui.

Hb 13.20,21. Temos aqui a aliança eterna no sangue de Jesus,


prefigurada por todas as outras alianças anteriores.
Vemos então que as sete alianças que estudaremos através da Bíblia
inteira falam do propósito singular de Deus de firmar uma alianças eterna com
seu povo. A separação entre Deus e o homem acabará para sempre e
estaremos ligados eternamente com ele em perfeita comunhão.

AS SETE CRISES

Antes de iniciar o estudo detalhado de cada uma das sete alianças,


devemos ver as sete crises que causaram as alianças. Qualquer
relacionamento de amor envolve crises, e a história de Deus e o homem não
constitui uma exceção. À medida que o plano de Deus se desenvolvia, e ele
procurava andar com o homem e o atrair para si, havia crises que terminavam
uma aliança e criavam a necessidade de fazer um novo ajustamento, um nova
mudança no relacionamento. Daí surgia outra aliança e dava-se mais um passo
para atingir o alvo de Deus.

1. A Crise da Desolação
Gn 1.1,2. A terra ficou sem forma e vazia. Comparando isto com
Jeremias 4.23-27 e Isaías 45.18, concluímos que Deus não fez a terra assim,
mas ela se tornou sem forma e vazia por causa de algo que aconteceu. Foi
resultado de um julgamento de Deus. Destruição e caos não acontecem sem
motivo. Não sabemos muito sobre as causas desta crise, mas podemos
entender que aconteceu como consequência da queda de Lúcifer que quis se
exaltar acima de Deus e tomar o domínio da criação para si (Is 14.12-14; Ez
28.12-19). Isto trouxe uma crise de desolação e trevas sobre a criação de
Deus, e do meio desta situação surgiu a primeira aliança, a aliança Edênica.

2. A Crise da Queda do Homem.


Deus fez o homem para ter um novo começo e cumprir o seu propósito.
Mas o homem quebrou a aliança que Deus fez com ele e pecou. Novamente
houve uma crise no relacionamento de Deus com a criação e o homem foi
expulso de jardim (Gn 3.22-24). Depois desta crise, Deus fez a Aliança
Adâmica.

3. A Crise do Dilúvio.
O homem se corrompeu tanto que Deus se arrependeu de o ter feito (Gn
6.5,6). Veio a crise do dilúvio e Deus fez uma aliança com Noé.

4. A Crise de Torre de Babel.


Depois da aliança com Noé, o homem ainda não cumpriu a sua parte da
aliança e se ajuntou para fazer uma torre e alcançar o céu (Gn 11.1-9). Nesta
crise Deus espalhou o homem e confundiu as línguas. E depois fez outra
aliança, a aliança Abraâmica.

5. A Crise do Egito.
Os descendentes de Abraão, Isaque e Jacó desceram para o Egito e lá
foram escravizados (Ex 1.9-14). Parecia que as promessas feitas a Abraão
nunca se realizariam. Mas por causa desta crise, Deus fez aliança com Moisés.
6. A Crise de Anarquia e Rebeldia.
Depois de Moisés o povo entrou na terra prometida, mas logo entrou nos
seus próprios caminhos e não guardou a aliança de Deus. Viveram um longo
período de anarquia, sem governo certo, e sem guardar os mandamentos de
Deus (Jz 21.25). Para solucionar esta crise, Deus fez a aliança com Davi.

7. A Crise de Idolatria e Cativeiro.


Mesmo depois da aliança com Davi e o estabelecimento do governo de
Deus, o povo abandonou o Senhor e serviu a ídolos. Então o povo foi levado
para o cativeiro, fora da sua terra de herança. Depois desta crise Deus
preparou o caminho para a Nova Aliança por meio de Jesus. Esta aliança é
uma aliança eterna, pois não depende do homem para cumpri-la. Não haverá
mais crises e não haverá outras alianças depois desta!

As crises são uma parte inevitável de relacionamento. O amor traz


sofrimento e crises, mas ao mesmo tempo o relacionamento está se
aperfeiçoando. O importante é chegar ao alvo final que é uma aliança eterna e
permanente com Deus, onde não haverá mais crises nem mudanças, só
comunhão e união perfeitas para sempre!

-oo0oo-

PERGUNTAS PARA REVISÃO

01. Por que precisamos conhecer as alianças de Deus?


02. Por que a comunhão deve vir antes da aliança?
03. Qual a diferença entre o caminho de Deus e o caminho do homem para
realizar um propósito?
04. De que forma a vida de Jesus se torna o melhor exemplo deste método de
Deus?
05. Por que o homem tem dificuldade em aceitar o caminho de Deus.
06. Explique o potencial infinito que existe em cada ser humano.
07. Por que não devemos usar o método dedutivo na ciência?
08. Por que não adianta usar o método indutivo para encontrar Deus?
09. Explique como o ponto de partida para conhecer a verdade é uma pessoa.
10. Relacione os dois princípios fundamentais.
11. Quando é que Deus quer ter comunhão com o homem?
12. Por que ocorrem crises no plano de Deus?
13. Que desafio há diante de nós nesta geração?
14. O que precisa acontecer para podermos andar com Deus?
15. O que vai acontecer como resultado de andar com Deus?
16. Como sabemos que Deus fez o homem para ter comunhão com ele?
17. Explique como a escolha de Adão é a nossa até hoje, e quais as
consequências dessa escolha.
18. Dê um motivo para estudarmos as sete alianças.
19. Dê dois motivos pelos quais podemos dizer que Enoque era um profeta.
20. Em que sentido a vida de Enoque é um figura da igreja nos últimos dias?
21. Existe um requisito para o arrebatamento? Qual é?
22. Qual foi o resultado da comunhão de Noé com Deus?
23. Como a vida de Noé mostra outro aspecto dos últimos dias que
complementa o que aprendemos com Enoque?
24. Quais foram os resultados da comunhão de Abraão com Deus?
25. Como podemos aplicar estes resultados à nossa vida?
26. Mostre alguns fatos que provam a intimidade entre Moisés e Deus.
27. Por que Elias podia fizer "segundo a minha palavra"?
28. Por que Deus tem necessidade de pessoas, a ponto de procurá-las?
29. Por que Deus amava a Davi?
30. Sobre o que Deus conversava com Davi?
31. O que podemos aprender com Maria sobre comunhão?
32. Por que João era o discípulo mais amado?
33. Como sabemos que Paulo tinha muita intimidade com Deus?
34. Dê a sua definição do que é um amigo de Deus.
35. Por que é difícil manter verdadeiros relacionamentos?
36. Qual seria a consequência de não haver ninguém em relacionamento com
Deus?
37. Por que agora é mais fácil ter um relacionamento com Deus do que n Velho
Testamento?
38. O que acontecerá se fugirmos de crises ou sofrimentos?
39. Que resultado haverá se passarmos pelas crises e entrarmos em
relacionamento com Deus?
40. Explique o fato de Deus ter que passar por crises.
41. O que é aliança?
42. Com que finalidade as pessoas firmam uma aliança?
43. O que é aliança na Bíblia?
44. Qual o alvo de Deus em estabelecer aliança com o homem?
45. Como podemos definir o objetivo de Deus em estabelecer várias alianças
provisórias com o homem durante a história?
46. Como podemos demonstrar que aliança é um tema central da Bíblia?
47. Qual a diferença fundamental entre a velha e a nova aliança?
48. Por que Deus fez sete alianças com o homem?
49. Explique por que as sete alianças não representam fracassos de Deus ou
tentativas mal sucedidas.
50. Mostre como as alianças têm acompanhado as necessidades do homem no
seu caminho para o alvo de Deus.
51. Que jornada é tipicamente pelo tabernáculo?
52. Mostre como as três partes do tabernáculo representam a jornada do povo
de Deus.
53. Qual o alvo dessa jornada?
54. Mostre a diferença entre o lugar santo e o lugar santíssimo como lugares
de comunhão com Deus.
55. Por que o estudo de aliança nos ajudará a entender melhor a Bíblia?
56. Que fato central podemos ver em cada uma das promessas individuais de
Deus para os homens?
57. Explique por que podemos dizer que as promessas de Deus tinham dois
cumprimentos.
58. Algumas promessas de Deus parecem não ter se cumprido literalmente,
com por exemplo, Lv 24.8. Como podemos explicar isso?
59. Expresse nas suas palavras o que é aliança eterna.
60. Em que sentido as crises causavam as alianças?
61. Por que surgiram as crises?
62. Como podemos concluir que Gn 1.2 fala de uma crise?
63. Por que não haverá mais crises depois da sétima aliança?
64. Por que não podemos evitar as crises?

-oo0oo-
AS SETE ALIANÇAS
PARTE 2

Edênica, Adâmica e Noaica

A PRIMEIRA ALIANÇA - A ALIANÇA EDÊNICA

Passaremos agora a examinar cada aliança individualmente. Para


facilitar o nosso estudo, dividi casa aliança em sete pontos. Então são sete
alianças, e cada aliança tem sete pontos. Essa divisão em sete pontos é uma
contribuição minha - mas não significa que seja algo definitivo ou que faça
parte da inspiração das Escrituras. É uma forma de estudar as alianças e de
compreendê-las melhor. Na verdade, Deus usa muito o número sete, porque é
um número que significa perfeição, um número total e completo. Mas não estou
querendo dizer que Deus separou suas alianças em sete pontos quando as
estabeleceu com o homem.

1. Amizade (comunhão com Deus).

Este é o primeiro ponto desta aliança que Deus fez com o homem no
jardim de Éden. É a base de tudo, pois foi o propósito de Deus em criar o
homem (Gn 1.27). O homem foi criado na imagem de Deus a fim de ter base
para ter amizade com Deus. Não é possível ter comunhão com criaturas de
natureza diferente. O homem não pode ter amizade ou comunhão, no
verdadeiro sentido da palavra, com animais como cachorros ou cavalos. Para
ter amizade e comunicação, tem que ter a mesma natureza. Deus quer se
relacionar com pessoas que tenham a mesma forma de pensamento e
funcionamento.

Em Gênesis 3.8 vemos como era o costume de Deus vir à tardinha para
conversar com o homem. Era numa hora marcada, com um propósito definido
de ter comunhão, de saber como foi o dia. Conversavam sobre o que estavam
pensando ou o que tinham feito.

2. Multiplicar-se e encher a terra.

Deus queria que o homem em comunhão com ele enchesse a terra para
dominar a criação como representante de Deus (Gn 1.28). Ele seria como Deus
na terra, seria o seu representante, não um ser autossuficiente. O homem hoje
quer ser Deus na terra e dominá-la independentemente de Deus, não como
instrumento dele.

Os dois propósitos de Deus para o homem são que este o expresse pela
sua imagem e o represente pela sua autoridade. Sem estar na imagem de
Deus, o homem não o pode expressar e nem exercer sua autoridade. Deus
quer ser revelado na terra, não por ele mesmo aparecer, mas pela
instrumentalidade do homem. E Deus quer governar a terra através do homem
também.
Na aliança Edênica vemos o propósito original de Deus para o homem.
Embora não fosse realizado naquela época por causa da queda do homem,
este propósito é o alvo imutável de Deus e será realizado ainda. Haverá uma
expressão da imagem de Deus na terra através do homem, e isto trará o
governo de Deus. O homem na imagem de Deus governará toda a criação.

3. Nu e Inocente.

O homem ficava nu, sem preocupação ou vergonha, até o dia em que


pecou (Gn 2.25). Foi então que sentiu sua nudez e se escondeu. É a primeira
vez que apareceu medo na Bíblia. Medo é algo horrível, e no fim leva para o
lago de fogo (Ap 21.8).

O fato de ficarem envergonhados provou que tinham tomado do fruto


proibido. Antes tinham o resplendor da glória de Deus e não se preocupavam
consigo mesmos. Tinham a cobertura de Deus e não se sentiam descobertos
nem desprotegidos. Quando a perderam a primeira reação foi esconder-se de
Deus.

O resultado de conhecer o bem e o mal foi que se tornaram


autoconscientes, e perderam a inocência de criança que tinham antes. Tiveram
que usar peles de animais, à custa de sangue, abaixando-se assim para outro
nível. Agora o homem se preocupa consigo mesmo, e nasceu assim a vaidade
com roupas artificiais. No fim, porém, o homem será revestido da glória de
Deus outra vez.

4. Alimentação - Ervas e Frutas.

Esta era a alimentação dada por Deus tanto a homem como a animal
(Gn 1.29). Não havia morte de outros animais ou homens para prover a
alimentação. Não havia guerra entre a criação.

5. Serviço - cultivar e guardar o jardim.

Havia serviço, mas não era serviço difícil, pois o suor e trabalho árduo só
vieram depois da queda. Não é bom ficar à toa. Há pessoas que fazem uma
ideia do paraíso como um lugar sem nada para fazer - descanso eterno. Mas
no jardim do Éden havia muita coisa para fazer. Não era um serviço de dor e
fadiga, mas a vida de comunhão com Deus envolve muita atividade sadia e
criativa. Não sabemos em detalhes o que era este serviço, pois parece que não
havia ervas daninhas, espinhos nem abrolhos. Sabemos que não era uma
coisa pesada ou desagradável, mas uma atividade construtiva e sadia.

6. Proibição - comer da árvore do conhecimento do bem e do mal.

Havia uma ordem, uma lei - não comer do fruto da árvore do


conhecimento do bem e do mal (Gn 2.16,17). Deus colocou duas árvores
especiais no jardim. Uma era a árvore da vida, que segundo Deus ficava no
meio do jardim (Gn 2.9). A outra era a árvore do conhecimento do bem e do
mal, que para a mulher ficava no meio do jardim (Gn 3.3).
Vemos, então, que esta aliança tinha uma condição bem definida, algo
que o homem teria que cumprir. A aliança tinha direitos, privilégios e a
promessa de vida eterna através da árvore da vida, mas tinha uma condição
que determinaria tudo o mais.

7. Uma Escolha: Obediência ou morte.

O homem podia escolher entre guardar ou não a condição desta aliança.


Mas a pena de não guardar era a morte (Gn 2.17).
Temos aqui a primeira revelação da lei da Deus. "Não faça isto, pois se fizer
certamente morrerá." A lei traz morte. Porém, tornou-se necessário introduzir a
lei por causa da primeira crise, a queda de Satanás.

A SEGUNDA ALIANÇA - ALIANÇA ADÂMICA

1. Inimizade com a serpente e a promessa do Salvador (Gn 3.15).

Esta é a primeira promessa messiânica na Bíblia. A primeira aliança foi


feita com o homem antes do pecado no jardim Éden. Agora a segunda aliança
veio por causa da crise provocada pelo pecado e desobediência do homem. A
primeira aliança foi quebrada e a segunda agora é uma aliança bastante
negativa. A primeira foi quase toda positiva, cheia de luz, comunhão com Deus
e um jardim em perfeição. Só tinha a lei que trouxe a morte. Agora a segunda
aliança é cheia de coisas negativas, que são as consequências do pecado.
Porém, apesar de tudo isso, esta aliança tem algo muito importante que é a
primeira promessa do Salvador. A primeira aliança tinha a lei com sua
consequências de morte, mas a segunda aliança tem a promessa da graça que
viria para solucionar a lei e a morte.

O descendente da mulher que introduziu o pecado, esmagaria a cabeça


da serpente. Este descendente é Jesus que venceu sobre Satanás. Satanás
sempre estará perseguindo o homem e ferindo o seu calcanhar, porém sem
resultados mortais. A vitória definitiva é do homem Jesus que esmagou a
cabeça da serpente.

2. Multiplicação com dores e domínio da mulher (Gn 3.16).

Agora não é multiplicação para o fim de dominar a terra para Deus. A


tarefa agora é dominar a mulher! Num sentido o propósito original de Deus
continua através da multiplicação do homem para expressá-lo na terra, e
forma-se assim um paralelo com a primeira aliança. Mas como consequência
do pecado, as condições são radicalmente mudadas. Ao invés de
multiplicarem-se como um processo natural da vida, o homem e a mulher vão
se multiplicar com dores. Ao invés de serem companheiros na tarefa de
dominar o mundo para Deus, o homem terá que lutar para dominar a mulher. E
evidentemente isto o impedirá em grande parte de se dedicar a sujeitar o
mundo, pois ele terá que se ocupar primeiramente com o governo do seu
próprio lar.
3. Vestido e com vergonha (Gn 3.21).

Já não estava mais no estado de inocência. Terá agora que usar roupa,
e ao mesmo tempo conviver com outra consequência do pecado que é o senso
de vergonha.

4. Alimentação: pão (Gn 3.19).

Na primeira aliança, o alimento do homem era ervas e frutas. Agora


seria pão. Podemos ver uma progressiva queda do homem que se reflete na
sua alimentação. Pão era menos natural e exigia maior esforço humano. Note
que não podemos desfazer os efeitos de pecado sobre a humanidade, no
sentido de voltar ao estado de nu e inocente, ou de ter uma alimentação de
frutas e ervas, assim como não podemos evitar a dor de dar a luz. São todas
consequências da aliança que Deus fez com o homem e serão desfeitas
somente no dia em que a nossa redenção for completa (a volta de Jesus).

5. Serviço: com suor e fadiga (Gn 3.17-19).

Não só foi mudado o tipo de alimentação, mas também a forma de


conseguir o alimento. Antes era só apanhar a fruta; agora teria que trabalhar
com suor e fadiga.

6. Proibição: comer da árvore da vida (Gn 3.22).

Agora que já tinham comido do fruto proibido, perderam o direito de


comer da árvore da vida que antes estava à sua disposição. Se comessem
desta árvore agora viveriam eternamente como pecadores. Seriam como
Satanás, eternamente condenado, sem possibilidade de arrependimento. Por
isto Deus proibiu de comer dessa árvore. Ele nem completa a frese no v.22, de
tão terríveis que seriam as consequência, mas expulsa o homem e a mulher e
coloca guardas para evitar qualquer possibilidade de acontecer tal coisa.

7. Exílio e Morte (Gn 3.23,24).

Este é o triste fim de uma aliança negativa. São as consequências finais


e drásticas do pecado. Todas as condições e todos os itens desta aliança são
negativos e terminam com o afastamento do homem da presença de Deus.
Seria uma aliança sem esperança, não fosse a promessa, no primeiro item, de
um Salvador que no fim resgataria o homem dessa condição desesperadora, e
venceria sobre o inimigo mortal, Satanás.

É importante ressaltar que a aliança Adâmica trouxe as consequências


do juízo de Deus sobre o homem por ele ter quebrado a primeira aliança. Mas
mesmo nisso Deus é glorificado, pois no meio da punição há a promessa do
Salvador, que abriu o caminho para uma nova aliança e um estado de vida
onde não se pode pecar mais. Portanto, no meio do pecado e fracasso do
homem, Deus abre um caminho para um estado mais alto que aquele dado ao
primeiro homem no estado de inocência no jardim do Éden, Deus nunca perde!
A TERCEIRA ALIANÇA - A ALIANÇA NOAICA

Depois da aliança Adâmica, a humanidade se aprofundou


progressivamente nas consequências do pecado. Quando chegou num ponto
máximo de desenvolvimento (Gn 6. 1-4), Deus não suportou mais, e até se
arrependeu de ter feito o homem (Gn 6:5,6). Resolveu mandar um dilúvio e
destruir da face da terra o homem que criara, salvando apenas Noé e a sua
família, pois Noé achou graça aos olhos do Senhor. Depois do dilúvio, Deus
firmou uma aliança com Noé.

1. Não haverá mais dilúvio (Gn 9.8-11).

Deus destruiu a humanidade de então, mas prometeu nunca mais o


fazer através de água. Deus viu que a imaginação do homem é má
continuamente, e que o problema está no coração dele. Ele sabia que embora
Noé houvesse achado graça aos olhos do Senhor, seus descendentes
continuariam se corrompendo. A única solução seria destruir os homens
totalmente, mas este não era o seu plano. Apesar de ter purificado a terra
temporariamente, e preparado o caminho para prosseguir no seu plano, a água
não podia lavar a terra ou o homem da sua maldade. Então Deus prometeu
nunca mais destruir a terra com água. Com isto ele estava mostrando que a
terra se encheria novamente de pecado e que haveria perigo de ser destruída,
mas que ele não o faria com água.

Sabemos, através de outras passagens (Is 66.16; 2 Ts 1.7,8; 2 Pe 3.3-


13), que no fim Deus vai destruir o mundo com fogo. O dilúvio foi um alerta,
uma sombra e uma preparação para essa destruição final. Se Deus inundou o
mundo uma vez com água literal, ele há de batizar o mundo com fogo literal
também. Se andarmos com Deus agora e acharmos graças aos olhos de Deus,
se abraçarmos o fogo do Espírito e deixarmos que ele queime tudo que é
destrutível, então seremos protegidos no meio deste batismo, assim como Noé
foi.

Mas o primeiro item da aliança com Noé foi a promessa de nunca


destruir o mundo com água. Deus estava dando estabilidade para a
humanidade.

2. O sinal da aliança: o arco-íris (Gn 9.12,13).

Esta é a primeira aliança em que Deus deu um sinal definido para


confirmar e selar o seu acordo. O arco-íris é produzido pela combinação de
fogo do sol (luz) e água da chuva. O arco-íris aparece no trono de Deus (Ez
1.26-28; Ap 4.2-5), e suas cores falam da variedade de Deus, diversidade na
unidade da luz perfeita. O arco-íris é um sinal da aliança de Deus com Noé, e
sempre nos causa alegria ao vê-lo e lembrar da fidelidade da promessa de
Deus.
3. Estações permanentes (Gn 8.22).

Enquanto a terra durar, sempre haverá as estações. Isto é uma


consequência de não destruir mais a terra com dilúvio. As mudanças de tempo
serão de acordo com épocas certas. Deus não vai permitir que estas épocas
falhem. Haverá estabilidade de acordo com a fidelidade de Deus, até o fim. A
segurança de Deus para nós é que Deus não vai permitir que nada se altere
até chegar o fim de todas as coisas. O ritmo da vida não vai mudar. Haverá
catástrofes regionais, mas não mundiais. Por causa dessa estabilidade muitos
não creem em Deus, nem no fim do mundo, mas na permanência das leis
imutáveis da natureza. Mas um dia haverá outra catástrofe. É só por causa da
aliança com Noé que tudo ainda está em ordem.

4. Multiplicar-se e encher a terra (Gn 9.1).

Pela terceira vez encontramos a ordem de multiplicar-se e encher a


terra. Cada vez está num contexto um pouco diferente. Desta vez está no
contexto de guerra, como veremos um outro item. Não fala nada sobre dominar
a terra. Só ficou a família de Noé, e eles vão encher a terra, mas fora do
contexto de comunhão com Deus.

5. Alimento: carne de animais (Gn 9.2,3).

A alimentação do homem vai mudando de acordo com sua queda


progressiva. Agora sua alimentação pode incluir carne de animais, não só
alimentos de origem vegetal. Foi Deus que concedeu isso ao homem, mas é
um sintoma da condição dele e do clima que vai reinar na criação. Vai haver
agora inimizade, guerra e medo entre homem e animal, entre animal e animal,
e entre homem e homem. Vai haver guerra, medo e doença. A terra se encherá
de violência, guerra e crime porque se encherá de pessoas sem comunhão
com Deus.

6. Proibição: Não comer sangue (Gn 9.4-6).

Deus deu a carne para o homem comer, mas não o sangue porque a
vida está no sangue. Deus não queria que o homem recebesse a vida dos
animais. Isto mostra que o sangue era um figura já da Nova Aliança, e que
Deus queria reservar o ato de comer sangue para o sangue do seu Filho, que
transmitiria a verdadeira vida. Se a vida está no sangue, não devemos receber
a vida de animais, mesmo que estes sejam usados como figuras expiatórias.
Só podemos tomar o sangue de Jesus, o Filho de Deus. É uma proibição, mas
ao mesmo tempo uma promessa, pois não se devia comer sangue, por causa
do sangue que nos seria dado na Nova Aliança.

7. Medo e Guerra (Gn 9.2).

Esta é a condição social que predominaria, e que continua até hoje. A


história do homem é uma história de guerras, com intervalos de paz. Toda a
criação está em guerra e desarmonia.
Então esta também é uma aliança bastante negativa, pois são as
condições e regras que Deus deu para uma humanidade em declínio
progressivo. O dilúvio foi apenas uma figura da destruição que vai purificar o
mundo, mas não mudou o coração do homem. Mas esta aliança também tem
aspectos positivos, a fidelidade de Deus revelada pelo arco-íris, e a promessa
do sangue que nos dará vida e verdadeiro alimento.

Em Gênesis 9.20-27, encontramos a profecia de Noé sobre seus três


filhos. Não faz parte propriamente da aliança Noaica, mas é importante para
ver o que aconteceu com seus descendentes, e como foi a nova ordem depois
do dilúvio.

Os três filhos de Noé em ordem de idade foram Sem, Jafé e cão. Vão foi
amaldiçoado, porque não teve receio de levar notícias infames a respeito do
seu pai e espalhá-las lá fora. Não respeitou sua autoridade. Sem foi
abençoado, e à sua descendência foi dada a revelação de Deus. Deus é o
Deus de Sem. A revelação começou com Abraão, descendente de Sem. Jafé
foi o que mais se multiplicou. Sua descendência se converteu à revelação do
Deus de Sem, e assim, habitou nas tendas de Sem. A descendência de Cão
tornou-se escrava dos outros. Mas eles também são abençoados através de
Abraão.

COMPARAÇÃO ENTRE AS TRÊS PRIMEIRAS ALIANÇAS

As primeiras três alianças devem ser estudadas em conjunto. Todas as


três tratam da humanidade em declínio. Tratam da humanidade como um todo.
A partir da quarta aliança, Deus tratará com um povo especial e começará a
fase ascendente do plano de Deus em que a comunhão entre Deus e o homem
será progressivamente restaurada.

A primeira aliança mostra a situação original do homem, os privilégios,


direitos e condições que Deus tinha para o homem. A segunda e terceira
mostram como Deus tratou com a entrada do pecado no mundo, como o
homem caiu progressivamente e as condições que Deus colocou sobre a
humanidade em consequência do seu estado. Tudo isso, embora negativo e
triste, é necessário entender, antes de começar o plano de Deus para restaurar
o homem.

Faremos agora uma comparação entre os itens dessas primeiras três


alianças, para entendê-las melhor.

1. O primeiro ponto da aliança Edênica é amizade com Deus.

Da aliança Adâmica é inimizade com a serpente e a promessa do


Salvador. Como consequência do pecado, perdeu-se a amizade com Deus que
foi substituída pela inimizade com Satanás. Mas graças a Deus temos a
promessa do Salvador que vai vencer a serpente e restaurar nossa amizade
com Deus. O resultado final do pecado é a morte, simbolizada pelo dilúvio, mas
na aliança Noaica temos a promessa de nunca mais ser destruída a terra com
água. Isto também é uma figura da promessa de uma nova terra onde não vai
mais haver pecado ou morte.

2. O segundo ponto nas três alianças é multiplicar-se e encher a terra.

Na aliança Edênica, é multiplicar-se e encher a terra para sujeitá-la para


Deus. Na aliança Adâmica, é multiplicar-se com dores e dominar a mulher. Na
aliança Noaica, é multiplicar-se e encher a terra, porém num clima de medo e
guerra. Então podemos ver o declínio progressivo e o distanciamento do
verdadeiro alvo de Deus.

3. Na aliança Edênica, estavam nus e inocentes.

Olhavam para Deus e não para si mesmos. Tinham a glória de Deus e


não sentiam medo e nem insegurança. Na aliança Adâmica, tinham roupas
para se cobrirem, mas agora estavam autoconscientes. Olhavam para si e
tinham medo e insegurança. Perderam a glória de Deus e sentiam medo de
Deus. O instinto é esconder-se de Deus, não andar em comunhão com ele.

4. O alimento na primeira aliança era frutas e ervas.

Não envolvia esforço humano. Na segunda aliança era pão, produzido à


custa de trabalho e fadiga, com a necessidade de vencer sobre os espinhos e
abrolhos. Na terceira aliança, incluía carne de animais, envolvendo guerra com
o resto da criação. Aqui também há um linha progressiva de decadência.

5. O serviço na primeira aliança era guardar o jardim.

Era algo interessante e desafiante. mas não cansativo. Na segunda


aliança, é produzir o pão com suor e fadiga.

6. Na aliança Edênica, era proibido comer da árvores do conhecimento


do bem e do mal.

Este conhecimento corromperia a inocência do homem e a sua


dependência e comunhão com Deus. Foi o que aconteceu e é o problema de
todo homem natural até hoje. Por causa disso, na aliança Adâmica, Deus
proibiu o homem de comer da árvore da vida para não perpetuar o seu estado
caído. As duas árvores não podem alimentar o homem simultaneamente. Se
quiser comer da árvore do conhecimento do bem e do mal, então não pode ter
vida. Se escolher o conhecimento, então terá que comer só desta árvore, e não
da árvore da vida.

Na aliança Noaica, Deus proibiu o homem de comer sangue de animais


para não receber vida de outra fonte senão daquela que ele mesmo iria prover
- o sangue de seu Filho.
7. Na aliança Edênica, havia uma escolha: obediência ou morte.

Esta é a escolha que a lei nos proporciona. Na aliança Adâmica temos a


consequência da escolha que o homem fez - exílio e morte. É a punição de
Deus sobre o homem por causa da sua escolha. Na aliança Noaica, temos a
continuação e desenvolvimento desta punição - medo e guerra como clima
social reinante na humanidade.

-oo0oo-

PERGUNTAS PARA REVISÃO

Onde e quando foi feita a primeira aliança?


Como sabemos que a amizade foi o propósito de Deus em criar o homem?
Por que Deus queria que o homem enchesse a terra?
Qual a diferença entre a ordem de Deus de dominar a terra, e o propósito atual
do homem de dominar a terra?
Como os dois propósitos de Deus para o homem dependem um do outro?
qual o significado do homem estar nu antes do pecado?
O que aconteceu com o estado de inocência quando pecaram?
O que mostra o fato do homem só se alimentar de ervas e frutas?
Como era o serviço na primeira aliança?
Qual a condição fundamental de primeira aliança?
Qual a semelhança entre essa aliança e a lei?
Por que era necessário introduzir a lei?
Mostre como vários aspectos desta aliança ainda se cumprirão no fim da
história.
Onde e quando foi feita a segunda aliança?
Como foi diferente a segunda aliança da primeira? Por quê?
Explique como, junto com as consequências do pecado, Deus trouxe a
promessa da solução do pecado.
Em que foi mudado na segunda aliança o propósito de multiplicação do
homem?
Se as provisões de Deus para o home na aliança Adâmica representam um
declínio em relação à primeira, podemos voltar às provisões da primeira? Por
quê?
Por que não podiam agora comer da árvore da vida?
Como Deus conseguiu ser glorificado mesmo nessa aliança tão negativo?
Quando e onde foi feita a terceira aliança?
Por que surgiu a crise que originou essa aliança?
Por que Deus prometeu não destruir mais o mundo como fez no dilúvio?
Com essa promessa, o que Deus estava mostrando?
A destruição do mundo com água foi uma preparação para qual acontecimento
futuro?
Como podemos nos preparar para isso?
Que sinal Deus deu nesta aliança e com qual finalidade?
Que tipo de estabilidade Deus deu na aliança Noaica?
Explique como essa estabilidade até favorece a incredulidade dos homens.
Mostre como a aliança Noaica representa outro passo no declínio do homem.
Qual o significado da proibição de comer sangue?
Mostre como as primeiras três alianças vão juntas.
Por que é necessário ver estas alianças mais negativas antes de ver as outras
que vêm depois?
Explique o que aconteceu com o propósito de Deus de ter amizade com o
homem nas primeiras três alianças.
Como é diferente o contexto da ordem de multiplicar-se nas três alianças?
Mostre o declínio do homem revelado na sua alimentação.
Mostre nas três alianças como Deus sempre tem um propósito em proibir algo
ao homem.
Quais foram as consequências da escolha do homem na primeira aliança?

-oo0oo-
AS SETE ALIANÇAS
Parte 3

ABRAÂMICA
Introdução

Antes de iniciar o estudo da 4ª aliança, queremos examinar dois


esquemas que darão uma visão global das alianças, e as situarão no contexto
da cronologia do plano de Deus.

Esquema nº 1

4000 a.C. - Adão - 1ª aliança - Edênica


3000 a.C. - Enoque
2500 a.C. - Noé - 3ª aliança - Noaica
2000 a.C. - Abraão - 4ª aliança - Abraâmica
1500 a.C. - Moisés - 5ª aliança - Mosaica
1000 a.C. - Davi - 6ª aliança - Davídica
500 a.C. - Cativeiro e Restauração
0 - Jesus - 1ª vinda
500 a 1500 A.D. - Apostasia - Falso Milênio da Igreja Falsa
1500 A.D. - Reforma
2000 A.D. (?) - Jesus - 2ª vinda

É importante sempre simplificar e sintetizar o plano de Deus que


encontramos na Bíblia, para podermos vê-lo melhor. Para Deus tudo que foi
esquematizado aqui representa pouco tempo, apenas uma semana com dias
de mil anos. Durante este período, Deus está desenvolvendo seu propósito
nesta particulazinha no meio do universo.

A eternidade depende da consumação deste plano - que inclui o homem!


Não sabemos quase nada sobre o que aconteceu antes deste plano, nem
muito sobre o que virá depois, mas precisamos entender e participar da
realização disso que Deus está fazendo agora.

Esquema nº 2

1 - Éden
2 -Adão
3 - Noé
4 - Abraão
5 - Moisés
6 - Davi
7 - Jesus
Aqui também temos uma visão da Bíblia inteira. Nas primeiras alianças, o
homem estava em declínio. Cada aliança encontra o homem numa posição
mais baixa que a anterior.

Abraão foi chamado no ponto mais baixo, e representa o começo da


fase ascendente, onde o homem começa a se aproximar de Deus.
Muitas vezes no plano de Deus é preciso descer antes de poder subir e atingir
o seu alvo. Precisamos entender isso e esperar com paciência a hora de Deus
para começar a subir.

O Sanduíche

As três primeiras alianças formam um conjunto e devem ser estudadas


juntas. Elas se relacionam com a queda progressiva do homem, e com a ordem
de Deus de multiplicar-se e encher a terra. Nelas Deus está tratando com toda
a humanidade, não com somente uma parte. Na primeira, Deus proibiu o
homem de comer da árvore do conhecimento do bem e do mal. Na segunda
ele o proibiu de comer da árvore da vida. Na terceira ele o proibiu de comer
sangue. Foram as soluções de Deus para resolver cada crise em que o homem
foi entrando.

Depois de Noé, ao invés do homem encher a terra conforme Deus lhe


ordenou, ele fez uma torre para se unir na base errada. Mais uma vez, o
homem, e o plano de Deus para ele, estavam em crise. Deus espalhou o
homem e confundiu as suas línguas.

Desta forma começou a quarta aliança, e a etapa do plano de Deus que


está em vigor até hoje. Até a sétima aliança, a Nova Aliança em Jesus,
constitui uma sequencia, uma continuação da aliança feita com Abraão,
conforme veremos.

Abraão ouviu o chamado de Deus de sair da sua terra e atravessou o rio


Eufrates. Por isto foi chamado hebreu - alguém que atravessou o rio. Ele foi o
primeiro crente, pois ouviu o evangelho pela primeira vez e creu (Gl 3.9). Ele
ouviu uma promessa cuja condição era somente crer, confiar no poder de Deus
para cumprir o que prometera. Cada passo da vida de Abraão era uma questão
de ouvir uma palavra de Deus e confiar nela. É exatamente isto o evangelho -
uma palavra de Deus ouvida e recebida com fé.

Deus não falou com Abraão para multiplicar-se e encher a terra. Era
para ele habitar numa terra específica e alcançar toda a terra através da
bênção do seu descendente. Todas as demais alianças foram feitas nesta terra
com os seus descendentes.

ALIANÇA ABRAÂMICA (GRAÇA)


ALIANÇA MOSAICA (LEI)
ALIANÇA DAVÍDICA (GRAÇA)
Então a quarta, quinta e sexta alianças também formam um conjunto
que deve ser estudado junto. Podemos dizer que estas três alianças formam
um sanduíche. Deus fez promessas incondicionais da sua graça a Abraão (4ª)
e a Davi (6ª), mas entre eles veio Moisés com a lei. Então Abraão e Davi
representam as duas fatias de pão, e Moisés é o recheio da carne (a lei) no
meio. Estaremos estudando com maiores detalhes o plano de Deus para ver
por que a lei veio nesta ordem, entre duas alianças de graça.

Cronologia da Vida de Abraão

* Deus o chamou quando ele tinha aproximadamente 70 anos, em Ur dos


Caldeus.
* Ele foi para Harã, onde ficou talvez por cinco anos, e onde seu pai morreu.
* Ele saiu de Harã com 75 anos.
* Com 85 anos Deus já havia falado com ele várias vezes, inclusive em
Gênesis 15 prometeu dar-lhe um filho. Mas seguindo o conselho da sua
esposa, ele gerou o filho da carne, Ismael. É um exemplo da tentativa do
homem ajudar a Deus cumprir sua própria promessa.
* Com 100 anos nasceu Isaque, 25 anos depois de entrar na terra.
* Com 125 anos ofereceu Isaque (aproximadamente).
* Com 137 anos sua esposa Sara morreu.
* Com 140 anos seu filho Isque se casou.
* Com 144 anos aproximadamente Abraão se casou novamente e teve mais 6
filhos.
* Com 175 anos morreu, 100 anos depois de entrar na terra prometida.

Os Encontros de Deus com Abraão

O tema destes estudos é comunhão e aliança. Antes de estudar os itens


da aliança Abraâmica, queremos examinar os dez encontros de Deus com
Abraão. É através da comunhão que se faz uma aliança. Comunhão é
amizade. Aliança é fruto de comunhão, é morar juntos, não só se encontrar.
Mas antes de chegar neste ponto, é preciso desenvolver um relacionamento.

Deus chama a si mesmo de "Deus de Abraão" (Êx 2.6,15). Isto é por


causa da importância que deu aos seus encontros com Abraão.

1º Encontro - Gn 12.1-3.

Esta é uma passagem chave da Bíblia, porque aqui Deus inicia uma
nova etapa da sua história com a humanidade, através de chamar um homem
para ter comunhão consigo.

Deus prometeu três coisas a Abraão neste primeiro encontro: uma terra,
um povo, e fazer dele uma bênção para todas as nações. Sabemos que Jesus
é o descendente de Abraão através de quem todas as famílias da terra são
abençoadas para conhecer a Deus e herdar a promessa, a herança do Espírito
Santo.
Nós somos testemunhas do cumprimento desta promessa, pois fazemos
parte de uma das famílias da terra mais distantes do povo e da terra de Israel,
e fomos abençoados por seu descendente. Abraão é nosso pai na fé, o
primeiro crente.

Estas três promessas são fundamentais a tudo que Deus conversou com
Abraão posteriormente. São a base de toda a herança do povo de Deus até
hoje.

Sem entender o significado deste fundamento do propósito de Deus na


terra, não podemos realmente compreender a Bíblia. Deus prometeu fazer de
Abraão um povo numeroso, um povo especial; dar a esta descendência uma
terra especial; e através deste povo especial na terra especial Deus abençoaria
todas as famílias da terra, restaurando a humanidade à imagem e ao propósito
de Deus.

Abraão levantou-se e obedeceu. Fé é ouvir a voz de Deus e obedecer.

2º Encontro - Gn 12.6,7.

O que Deus falou desta vez está em apenas um versículo. Deus


apareceu a Abraão e confirmou que ele havia chegado à terra certa. Ele
prometeu outra vez dar-lhe esta terra. O assunto foi a terra. Deus quis mostrar
que chegara lá antes de Abraão!

3º Encontro - Gn 13.14.

Abraão deixou Ló escolher a melhor parte da terra para si. Deus então
apareceu a Abraão outra vez para encorajar seu amigo. Prometeu-lhe mais
uma vez a terra. Abraão deu o melhor da terra para Ló, mas Deus deu tudo
para Abraão. Renovou também a promessa de fazer a descendência dele uma
grande nação, como o pó da terra.

Em Gênesis 12, Deus prometera uma terra que ainda mostraria, mas
agora já a está mostrando. Ele volta a enfatizar a terra no v.17. Deus está
dando muita importância à terra. Para um grande povo precisa haver uma
grande terra.

Ló sempre foi um causador de problemas. Existem pessoas com esta


função até hoje! É duro para nós, mas Deus usa estas pessoas! Ló foi a causa
deste encontro de Abraão com Deus, e do 4º também, que surgiu depois de
outro problema com Ló, que foi a primeira guerra registrada na Bíblia.

4º Encontro - Gn 14.18.

Este foi um encontro diferente. Não sabemos se Melquisedeque era um


homem, um anjo ou o próprio Deus. Mas foi um encontro de Abraão com Deus,
pois Melquisedeque era sacerdote do Deus Altíssimo, mas figura de Cristo.
Abraão, o primeiro crente, participou da primeira ceia, depois da primeira
guerra. Depois da guerra vem a comunhão, o reforço com pão e vinho. Foi isto
que Jesus serviu na nova aliança. Vemos desta forma a aliança eterna. A
"nova" aliança veio simbolicamente antes da "velha" aliança (aliança Mosaica).
Foi para mostrar uma figura de Cristo, simbolizando algo diferente, superior a
sacrifícios de animais e a toda a velha aliança.

Neste encontro vemos o pão e o vinho, o dízimo, e o nome de Deus, que


é Deus Altíssimo.

5º Encontro - Gn 15.1-21.

Alguns encontros são pequenos, bem rápidos, enquanto outros são bem
extensos, envolvendo um diálogo entre Deus e Abraão.

No versículo 1 Deus mostra que ele mesmo é o grandíssimo galardão de


Abraão. Não é importante receber um grande galardão de Deus, mas ter um
grande galardão nele.

No versículo 6 Deus falou-lhe que sua descendência seria como as


estrelas do céu. Abraão creu nesta promessa apesar de não ter filho e já ser
bem idoso. Isso foi imputado como justiça para ele. Ele foi justificado pela fé,
simplesmente porque creu na palavra do Senhor.

Abraão não creu na Bíblia, porque não havia Bíblia ainda. Ele creu
naquilo que Deus lhe prometeu. Assim ele foi justificado. Deus o chamou para
conversar debaixo das estrelas e prometeu algo definido. Por crer na palavra
de um Deus justo, ele se tornou justo. Se seguimos uma palavra justa, seremos
justos. Se confiarmos na palavra de um Deus justo, seremos justos também.

Neste encontro, Deus fez uma aliança com Abraão de acordo com os
costumes da época, com animais partidos e sangue. Mostrou-lhe que sua
descendência passaria por um período de escravidão. E houve um
acontecimento sobrenatural para estabelecer esta aliança com Abraão (v.17).
Foi o próprio Deus que fez a aliança com ele.

Vamos relacionar os itens importantes deste 5º encontro:

a. Deus prometeu a Abraão um filho gerado por ele mesmo (v.4).


b. Confirmou que sua descendência seria numerosa como as estrelas do céu
(v.5).
c. Abraão foi justificado pela fé (v.6).
d. Confirmou a promessa da terra (v.7).
e. O prazo determinado para a descendência possuir a terra de fato foi
estipulado (v.13).
f. Deus fez uma aliança com Abraão de dar-lhe a terra (v.18).
Deus prometeu a terra, e até firmou uma aliança para deixar sua
promessa mais segura, mas mostrou que antes viria um tempo de trevas e
escravidão no Egito.

É bom notar que Deus não levou a mal a pergunta de Abraão. Ele quis
saber como se cumpriria a promessa já que não tinha filho. Deus explicou para
Abraão até mais do que este perguntara. Se pedirmos a Deus para nos explicar
algo sobre seu plano e nossa participação nele, ele nos responderá além das
nossas expectativas.

6º Encontro - Gn 17:1-21.

Este é um outro grande encontro entre Deus e Abraão - maior que o 5º.
Foi uma entrevista, um diálogo entre dois. Vamos enumerar os assuntos desta
conversa. O 5º encontro foi sobre a justificação pela fé. Agora é sobre a
santificação pela fé.

a. Um novo nome para Deus - o Deus Todo-poderoso (v.1). Esta é a chave da


santificação - andar na presença de Deus e ser perfeito.

b. A promessa renovada de fazer da sua descendência um povo (v.2).

c. A promessa renovada de fazer de Abraão uma bênção para todas as


famílias da terra (v.3). Abraão será pai de muitas nações. Esta é a primeira vez
que Abraão é chamado de pai.

d. Abrão recebe um novo nome - Abraão (v.5). Seu nome foi mudado.

e. Deus vai fazer uma aliança eterna de ser para sempre o Deus da sua
descendência. É a promessa do casamento (v.7).

f. A renovação da promessa da terra (v.8).

g. O sinal da aliança - a circuncisão. Circuncidar-se não é a aliança em si, pois


a aliança foi feita através de crer na palavra de Deus. A circuncisão é uma
prova da fé, uma ação da fé. Quem crê e está em aliança vai mostrar um sinal
exterior da sua fé.

h. Sarai recebe um novo nome, Sara ou princesa. ela é mãe de nações (vv.15-
19).

i. O filho da promessa será através dela, não de outra pessoa (v.16).

j. O nome do filho da promessa será Isaque ou riso. A aliança é com ele e não
com Ismael (v. 19).
k. O tempo do nascimento deste filho foi determinado (v.21).

l. Ismael será um povo numeroso também (v.20).

Podemos ver que em cada encontro Deus chegava mais perto de


Abraão, e o relacionamento prosseguia. Cada vez mais a promessa ia se
tornando mais clara e explícita. Deus falou que usaria a descendência de
Abraão, depois confirmou que lhe daria um filho, que seria através de Sara, sua
mulher, e finalmente tratou diretamente com Sara e com a sua incredulidade
(no 7º encontro).

Havia espaços de 10 ou 14 anos entre um encontro e outro (ver Gn 12:4;


16:3 e 17:1). Temos que ficar firmes; à vezes demora, mas precisamos
aguardar que Deus volte a falar conosco outra vez.

7º Encontro - Gn 18:1-33.

Três homens vieram visitar Abraão. Na verdade eram anjos, e um


representava o próprio Senhor. Neste encontro, Deus tratou com Sara e com a
sua incredulidade. Ele não a julgou, nem disse que não teria mais o filho por
causa do seu riso. Mas o filho seria chamado Isaque por causa disso.

Dois deles prosseguiram para julgar Sodoma e Gomorra. Outra vez Ló


estava causando problemas! Abraão intercedeu por ele numa das experiências
mais profundas que teve com Deus. Deus não encontrou nem dez pessoas
justas na cidade, e assim a destruiu mas salvou a vida de Ló. A mulher de Ló
estava presa por coisas materiais. Se alguma coisa nesta terra nos prende
mais do que Deus, estamos na mesma situação que ela!

8º Encontro - Gn 21:12,13.

Deus falou com Abraão claramente que Isaque era o filho da promessa e
não Ismael. Ismael era um produto de maquinação humana.

Este contraste, e o significado disso é explicado no Novo Testamento


(Rm 9.6-9; Gl 4.21-28). Somos filhos da linhagem de Isaque, da promessa, e
não do esforço carnal como Ismael. Jesus foi gerado como filho de Deus, pelo
Espírito Santo, assim como Isaque. Se crermos nele, assim como Abraão creu,
seremos filhos da promessa, gerados pelo Espírito Santo, e herdeiros da
promessa, da terra prometida.

Este encontro foi bem pequeno, mas foi muito significativo, pois Deus
queria fazer uma distinção bem clara entre as duas linhagens.

9º Encontro - Gn 22.1-14.

Este encontro envolve um assunto só - a prova do amor de Abraão para


com Deus. Deus pediu-lhe o que ele tinha de mais precioso, aquilo que havia
recebido pela fé, por um milagre de Deus. Deus queria saber o que era mais
importante para Abraão - Isaque ou o próprio Deus.
Quando Deus viu a obediência de Abraão, ele o chamou duas vezes do
céu: "Abraão, Abraão!". Deus proveu-lhe um cordeiro e recebeu um outro
nome: "Jeová-Jiré" ou "o Senhor proverá".

10º Encontro - Gn 22:15-18.

Agora Deus jurou por si mesmo, repetindo a promessa de fazer dele um


grande povo e abençoar todas as nações. Deus jurou por si mesmo porque não
havia nada mais alto que ele. Eram duas coisas em que era impossível Deus
mentir - sua palavra, e seu juramento (Hb 6.13-18).

O mais importante para Deus era a obediência de Abraão. Nesta maior


prova da sua obediência total, Deus ficou comovido com a atitude de Abraão.

Temos aqui neste último encontro a renovação das promessas dadas no


primeiro encontro: o povo, a terra (a descendência possuir as portas dos seus
inimigos, vencer os povos de Canaã), e ser uma bênção a todas as nações. Os
primeiros dois encontros estão no capítulo 12, e os últimos dois no capítulo 22.

Vemos então que em cada encontro Deus fala essencialmente a mesma


coisa, porém ampliando e clarificando cada vez mais. Cada vez o
relacionamento é mais íntimo, e a conversa mais específica. A confirmação da
promessa torna-se cada vez mais forte. E o que tornou a promessa irrevogável
foi quando Abraão chegou ao ponto de colocar Deus antes de quem era mais
precioso e importante na sua vida. É o ponto mais alto de um relacionamento
com Deus e a aliança ficou confirmada com um juramento.

Deus é o Deus de Abraão por causa destes encontros com ele e o


relacionamento que desenvolveram. Ele é o mesmo Deus hoje, e quer
encontrar-se conosco. A fé que justifica não é aceitar uma doutrina sobre Jesus
e a cruz; é encontrar-se com Deus, ouvir a sua voz de uma maneira viva, e crer
nisso. Esta fé produzirá obediência que é o fruto da salvação.

A ALIANÇA ABRAÂMICA

Os primeiros três itens da aliança Abraâmica se relacionam com a


promessa que Deus fez a Abraão em Gênesis 12.1-3, e os trataremos juntos.

1. A Terra. Deus falou com Abraão: "Sai da tua terra e vai para uma terra que
te mostrarei, uma terra que ainda não conheces".

2. O Povo. Ele também falou: "Sai do teu povo, e eu farei de ti uma grande
nação". Ele teria que deixar sua terra, mas ganharia outra, e sair do seu povo,
porém para Deus começar através dele uma nova nação.

3. Pai de muitas nações. "Em ti serão benditas todas as famílias da terra".


Estes três pontos são fundamentais para a aliança Abraâmica e para todo o
plano subsequente de Deus na terra. As boas novas estão escondidas nesta
aliança, mas queremos entender por que a promessa do descendente que
abençoaria todas as famílias da terra está liga aos primeiros dois itens da terra
e do povo.

Mentalmente, nós do Ocidente, somos mais descendentes dos gregos


do que dos judeus. Gostamos mais de ideia, filosofias, teorias e teologias do
que da ligação prática com a terra. Os judeus estão preocupados com a terra.
Herdaram uma tradição de ser um povo especial de Deus com direito a uma
terra especial. E sem esta terra eles nunca se sentem completos ou realizados.

Para nós, com toda a tradição e metodologia grega, o evangelho fala de


algo espiritual. Pensamos, discutimos, desenvolvemos teorias, discordamos
uns dos outros e esperamos ir embora para um lugar espiritual, onde corpos e
matérias não têm sentido.

Porém, o plano de Deus com Abraão começou com uma terra


específica. Por quê? Porque Deus queria desenvolver o seu plano através de
um povo, mas este povo precisava de uma terra para poder desenvolver uma
prática. Deus não pode revolucionar o mundo através de teorias. Ele precisa de
um povo definido num lugar definido para estabelecer o seu reino. O reino de
Deus começa agora e é algo prático. Se não puder ser praticado agora, nunca
vai triunfar sobre a terra.

A terra é o pensamento central do Velho Testamento. Deus criou a terra,


mas ficou sem forma e vazia. Deus criou o homem para expressar a imagem e
natureza dele neste lugar escuro e para representar a sua autoridade. Mas o
homem não cumpriu a ordem de Deus de encher a terra a dominá-la, porém a
entregou a Satanás. Por isso, este é o príncipe do mundo agora.

Nas primeiras três alianças vemos os efeitos do domínio de Satanás e


da queda do homem. Mas com Abraão Deus começou a inverter o processo, e
a estabelecer uma base para reconquistar a terra para si e para o seu domínio.

Deus só vai tornar a possuir a terra através do homem, e é este princípio


que precisamos começar a entender com Abraão. Deus começou com um
homem e com uma terra específica. Através deste começo, ele poderia ter uma
garantia de alcançar toda a terra e toda a humanidade.

Vamos ver algumas passagens que mostram o valor da terra para Deus.

Gn 14.22 - Deus é chamado "o Deus Altíssimo, possuidor dos céus e da


terra". Isto é porque Abraão estava na terra que Deus lhe prometeu. É como os
colonizadores que chegavam numa terra e plantavam ali a bandeira do seu
país. A presença deles ali garantia a possessão daquela terra para seu país.
Abraão estava na terra, possuindo aquela terra específica e simbolicamente a
terra toda para Deus.
Deus não tem nada na terra se ele não tiver nela um homem que
obedeça à sua voz e que ande com ele. Deus possui a terra através de
comunhão, pois assim o seu domínio começa e vai se alastrando aos outros
até atingir a terra toda.

Ne 1.4,5 - Nesta oração de Neemias, Deus é somente o Deus dos céus,


porque nesta época Israel não estava na terra. O povo de Deus estava no
cativeiro e consequentemente Deus também não possuía base na terra. Deus
está nos céus, mas ele quer trazer o reino dos céus para a terra. Para isto ele
precisa de um povo numa posição, numa prática definida. Ele não vai
estabelecer o reino dos céus sozinho, nem vai levar-nos embora. Ele quer
usar-nos aqui. Ele precisa de nós para cumprir o seu plano.

Mt 5.3,5 - os mansos vão herdar a terra. O que significa isso? Significa


que o reino de Deus vem dos céus para a terra, começa num lugar, parte de
um pequeno princípio, até alcançar toda a terra. Se nós formos instrumentos
dele, herdaremos a terra, porque tudo será reconquistado para ele.

O povo de Deus hoje também é um povo sem terra. Isto não significa
que o povo de Deus vai voltar a ter uma pátria como Israel natural. Mas não é
possível viver como povo de Deus sem ter uma terra. No plano natural a terra
era um lugar onde Deus podia tratar com seu povo sem a interferência de
outros governos, faraós ou reis. Ele podia ter comunhão com eles, governar,
andar com eles, e juntos podiam conquistar toda a terra para Deus.

Geralmente quando lemos essas coisas no Velho Testamento, fazemos


uma aplicação mental para judeus de outra época, e o assunto passa a não ter
importância alguma para nós como igreja. Mas se foi uma terra tão importante
para os tratamentos de Deus com o povo natural, e isto é um modelo e uma
chave para o plano de Deus conosco hoje, então precisamos dar mais atenção
para este princípio a fim de entendermos o que Deus quer nos mostrar.

Veremos mais detalhes sobre a terra nas alianças com Moisés e Davi,
mas a semente começa aqui com Abraão. Não teria adiantado nada para o
plano de Deus se Abraão tivesse esperado o cumprimento da promessa lá na
terra dele, em Ur dos Caldeus. Era preciso ele sair e achar a herança de Deus
para seu povo e permanecer lá como peregrino.

Em Hebreus 11.8-16 vemos que Abraão estava tomando uma posição


visível na terra, porém em esperança da cidade celestial que vem do invisível.
É uma ligação fina entre o visível e o invisível. Deus quer que tomemos uma
posição visível como seu povo na terra, porém que esperemos o reino que vem
dos céus, dos lugares invisíveis no Espírito.

Temos sempre dois extremos no meio do povo de Deus. Alguns estão


esperando um reino invisível e acham que não há nada a ser feito agora, além
de ajuntar mais pessoas com esta esperança. Outros, como os próprios judeus,
estão buscando a restauração visível da teocracia de Deus - em Israel, ou às
vezes de outra forma. Acham que Deus vai governar as nações já nesta era.
Na verdade é interessante notar que Deus está restaurando os judeus
na sua terra de Israel. Isto é muito significativo, não porque Deus quer
estabelecer novamente a teocracia ali, mas como um paralelo que retrata o que
Deus está fazendo também na igreja. Deus quer unir o seu povo, reinar sobre
eles, e usá-los na terra como seu instrumento.

A Nova Jerusalém desce dos céus ( Ap 21.1-3), mas depende do que


está acontecendo conosco hoje, como povo dele. Se não encontrarmos a
nossa herança agora, e não a possuirmos, esta cidade não aparecerá. O povo
de Deus está espalhado sobre a terra, e não encontrou a posição no Espírito
onde Deus possa estabelecer o seu reino e usar-nos na terra como ele quer.
Mas a volta dos judeus a Israel é um sinal de que Deus quer fazer o mesmo
com a igreja. Precisamos crer que há uma terra a ser encontrada, que temos
uma herança, que há uma posição de união e vida no Espírito aonde Deus vai
nos usar para abençoar todas as famílias da terra. A promessa de Deus a
Abraão vai ser uma realidade total, mas antes precisamos ser o seu povo na
terra.

4. O Descendente, o filho da Promessa. "Em Isaque será chamada a tua


descendência."

Para Abraão ser uma bênção a todas as famílias da terra, ele precisava
se tornar um povo. Deus falou que ele seria uma multidão (Gn 12.2; 15,5), e
prometeu a terra para a sua descendência ou semente (Gn 12.7).

Em Gálatas 3.16, Paulo esclarece que a descendência ou semente fala


em primeiro lugar de uma pessoa, no singular. Em outras palavras a promessa
dependia de um filho específico. Foi por isto que Abraão e Sara tiveram que
esperar 25 anos para esta promessa se concretizar. Não seria qualquer filho
que herdaria esta promessa, mas um filho especial, um filho que seria um
milagre, o fruto da comunhão entre Deus e o homem que escolhera.

Como muitas vezes ocorre conosco, Abraão teve problemas para


esperar o cumprimento desta promessa e tentou auxiliar a Deus. Nasceu
Ismael como fruto da sua tentativa bem intencionada de cumprir o que Deus
prometera.

Mas Deus fez questão de esclarecer para Abraão (Gn 21.12) que em
Isaque seria chamada a descendência dele, não em Ismael. Paulo mostrou em
Romanos 9.6,7 que os descendentes carnais não são herdeiros da promessa.

Então mais uma vez temos que estabelecer muito bem os nossos
alicerces. Deus não vai cumprir a sua promessa a Abraão através de uma
linhagem natural (os judeus, descendentes naturais de Abraão), nem através
dos filhos da carne (pessoas com nome de cristão, mas que não nasceu
segundo o Espírito - Gl 4.21-31). O descendente milagroso de Abraão, que
realmente cumpre todas as promessas de Deus feitas a ele, é o próprio Jesus
Cristo (Gl 3.16). E é através deste filho da promessa gerado pelo Espírito, que
vem a grande nação e a bênção a todos os povos. Não é suficiente ser filho de
Abraão, ou ter nome de cristão - é necessário nascer segundo o Espírito, ser
descendente de Abraão através de Jesus. Em toda a história de Abraão, em
todas as promessas de longe alcance, a figura central é o filho-milagre que lhe
nasceria. Desta forma, a aliança de Deus com Abraão apontava para a vinda
de Jesus através de quem todas as promessas se cumpririam.

5. Justificação pela fé (Gn 15.5,6).

Depois mil anos antes da Nova Aliança, aproximadamente, Abraão viveu


o princípio mais central da graça de Deus - a justificação pela fé.

Estamos tão acostumados à terminologia do evangelho, que na maioria


das vezes nem entendemos o que significa "fé" e "justificação". Só
conhecemos a fórmula: "Crer em Jesus para ter vida eterna". Mas podemos ver
melhor com Abraão o que acontece quando alguém crê, e o que significa crer.

Podemos visualizar o que acontece na fé através de um pequeno diagrama:

PESSOA PROCESSO FÉ ALVO DO PROCESSO = DEUS

Há três elementos aqui; a pessoas que crê, o alvo ou depósito da sua fé,
e o processo da fé.

Como diz o texto em Gênesis 15, Abraão creu numa palavra específica
que Deus lhe deu. A sua fé lhe foi atribuída como justiça.

Comumente falamos que a fé justifica ou salva. Mas isso dá uma ideia


errada. Não é a fé que justifica. Quando alguém crês em Deus, ou confia em
algo que ele fala, ou o tem como fiel à sua promessa, isso permite que Deus o
justifique. É Deus quem justifica, mas a fé é o processo que o permite fazê-lo.

Hoje há muita ênfase em fé no sentido de acreditar em si mesmo, liberar


o poder do positivismo, acreditar no sucesso, etc. A fé tem poder, mas isso não
salva nem justifica ninguém. Depende do alvo, ou depósito da nossa fé. O
elemento central não é tanto o desejo de receber aquela promessa e
beneficiar-se da bênção, mas a confiança em Deus e na sua palavra, e a
convicção que ele será sempre confirmado como fiel e verdadeiro. Quando nós
cremos no caráter fiel, imutável, santo e verdadeiro de Deus, ele nos justifica
(ver também Gl 3.6).

E qual foi o resultado desta fé? O nascimento de um filho-milagre.


Ismael foi uma obra da carne que veio de uma forma totalmente natural e que
não trouxe nenhum benefício à vida de Abraão.

Mas Isaque foi um milagre de Deus totalmente impossível pelas leis


naturais.
Fé sem obras é morta (Tg 2.26), mas as obras da fé são obras
sobrenaturais, não obras que conseguimos produzir por nós mesmos.

Vejamos como isso é aplicado a nós em Gálatas 3.2,14. Como no caso


de Abraão, temos uma promessa, ou uma palavra específica dada por Deus, e
que são as boas novas do evangelho.

O alvo da nossa fé, que é ao mesmo tempo aquele que trouxe estas
boas novas para nós, é Jesus Cristo. E o milagre que acontece como resultado
da nossa fé é o recebimento do Espírito Santo. Podemos esquematizar assim:

PAI - FILHO - ESPÍRITO - (3+1) HOMEM


PROMESSA - FÉ - MILAGRE = OBRAS DA FÉ

Novamente, não é a fé que justifica, mas crer nesta promessa,


colocando nossa confiança numa pessoa, é que libera a ação de Deus que nos
justifica. Isto não é uma teoria bonita, isto é realidade pela operação
sobrenatural de Deus pelo Espírito Santo em nós. Não somos salvos por obras
naturais (Ismael) nem por uma fé que não produz resultados (fé morta).
Quando realmente cremos em Jesus, quando ouvimos a palavra com fé,
recebemos a promessa de Abraão que é o Espírito Santo, e que nos justifica
por produzir obras sobrenaturais em nós (ver também Ef 2.8-10).

Abraão não produziu obra alguma para sua justificação, mas pela sua fé
Deus pôde operar milagrosamente. E este princípio é o mesmo até hoje!

6. O Sinal da Aliança - Circuncisão (Gn 17.9).

Agora entra outro aspecto da aliança com Abraão. Não é só fé, é faca
também.

A fé vem primeiro, como podemos observar em Gênesis (fé - cap. 15;


faca - cap. 17), e como Paulo enfatiza em Romanos 4.11-13. A circuncisão não
foi dada como uma espécie de lei, mas como o selo da sua fé. Deus é um Deus
de aliança. Ele quer relacionamento e confiança, e isso leva a uma aliança.
Primeiro tem que haver esta fé e confiança, e isso nos levará a um
compromisso firme e inviolável. Deus que um povo de aliança, um povo que
tenha coragem de manifestar um símbolo externo ou visível da sua aliança
invisível.

Paulo explica o significado da circuncisão para a Nova Aliança em


Romanos 2.28,29, Filipenses 3.3. e Colossenses 2.11,12. A circuncisão
também é uma obra do interior, pelo Espírito, mas envolve o despojamento das
obras da carne. Por isso é usada a simbologia da faca, mortificando e
despojando pelo Espírito as obras da carne (ver também Rm 8.12). Morremos
com Cristo, portanto mortificamos as obras do corpo que já morreu (Cl 3.3-5). A
circuncisão é o sinal da nossa fé. A morte e despojamento das obras da carne
são o sinal da nossa fé.
7. Pão e Vinho. (Gn 14.18)).

Aqui temos outro aspecto da aliança Abraâmica que prefigura a Nova


Aliança. Melquisedeque, um rei e sacerdote, vem para servir o primeiro crente
com pão e vinho, figuras da ceia do Senhor, a carne e o sangue de Jesus.
Melquisedeque era uma figura de Cristo (Hb 7.1-3) pois era um sacerdote que
não descendeu da linha levítica, e que era rei ao mesmo tempo. Isto tudo é
mais importante ainda por vir antes da aliança com Moisés e do sacerdócio
levítico. Veremos na aliança Mosaica qual foi o propósito da lei, mas é
essencial ver que, em figura, a Nova Aliança veio antes.

PERGUNTAS PARA REVISÃO

01. Por que é importante simplificar o plano de Deus através de diagramas ou


esquemas?
02. O que podemos saber a respeito do plano de Deus e o que não podemos
saber?
03. Quais são as diferenças entre as duas fases do plano de Deus com o
homem que vemos nas sete alianças?
04. Porque é especialmente importante para nós hoje entendermos o plano de
Deus a partir da 4ª aliança?
05. Por que Abraão é chamado o primeiro crente?
06. Por que foi necessário começar uma nova aliança com Abraão?
07. Explique o que significa a figura do sanduíche.
08. Que processo precisa acontecer para produzir aliança?
09. Por que podemos dizer que somos herdeiros da promessa de Deus a
Abraão?
10. Por que as promessas de Deus a Abraão são fundamentais ao
entendimento de toda a Bíblia?
11. Ilustre com a vida de Abraão o que significa a fé.
12. Como Ló foi usado por Deus na vida de Abraão?
13. Qual foi a importância do encontro de Abraão com Melquisedeque?
14. Explique o que aconteceu de mais significativo na vida de Abraão no 5º
encontro dele com Deus.
15. De acordo com o princípio revelado na vida de Abraão, como nós podemos
ser justificados?
16. O que Deus acha sobre as nossas perguntas e dúvidas sobre o seu plano?
17. O que veio de uma forma nova para Abraão no 6º encontro?
18. Quais são os itens que Deus mais repetiu nestes encontros?
19. O que você conclui sobre os pontos várias vezes repetidos nas conversas
de Deus com Abraão?
20. Qual foi o maior objetivo de Deus no 1º encontro?
21. Como foi que ele tratou com o problema de Sara?
22. O que Deus queria enfatizar no 8º encontro, e por que isso foi importante?
23. Na prova de Abraão, o que Deus queria verificar?
24. Por que Deus falou tantas vezes com Abraão?
25. O que podemos aprender sobre a maneira de Deus falar conosco através
destes encontros?
26. O que tornou a aliança de Deus com Abraão irrevogável?
27. Que tipo de fé nos justifica?
28. Por que as condições da terra e do povo foram essenciais para a aliança
Abraâmica?
29. Por que são importantes até hoje?
30. Mostre como a terra é um ponto central no plano de Deus.
31. Para Deus qual era a importância de Abraão estar na terra?
32. Explique o que você entendeu sobre o significado hoje da "terra"no plano
de Deus.
33. Por que podemos dizer que somos um povo sem terra?
34. Explique os dois extremos que existem hoje em relação à "terra" que Deus
tem para nós.
35. O que devemos estar esperando e buscando hoje em relação ao
cumprimento da promessa de Deus a Abraão?
36. Por que foi essencial para a aliança Abraâmica nascer um filho-milagre? O
que significa isso?
37. Por que é errado afirmar que a fé justifica?
38. Explique o que significa realmente a fé, e que tipo de fé permite que Deus
nos justifique.
39. Como podemos saber se a nossa fé é viva ou morta?
40. Qual a relação entre fé e faca na vida de Abraão?
41. Como isso se aplica para nós hoje?
42. Como se pode relacionar os princípios revelados no 5º e no 6º itens?
43. O que nos mostra a figura de Abraão e Melquisedeque?
AS SETE ALIANÇAS
PARTE 4

MOSAICA

INTRODUÇÃO

A aliança de Deus com Moisés, ou por intermédio de Moisés,


é a quinta das sete alianças que estamos estudando. Vimos que as
três primeiras alianças acompanharam a queda progressiva do
homem, e trataram com toda a humanidade. Na quarta aliança, com
Abraão, Deus escolheu um homem individual e chamou-o para uma
terra específica ao invés de ordená-lo a se multiplicar e encher a
terra. Foi nessa aliança que Deus anunciou pela primeira vez as
boas novas do evangelho. Abraão creu na promessa de Deus e foi
estabelecida a aliança.

Vimos também que a quarta, quinta, e sexta alianças formam


uma unidade da mesma forma que as três primeiras. Usamos a
ilustração de um sanduíche para representar o fato de que as
alianças com Abraão e Davi revelaram a graça de Deus, enquanto a
aliança com Moisés, que veio entre as outras duas, foi a aliança da
lei.
Antes então de examinar a aliança Mosaica, devemos dar
uma olhada no significado deste “sanduíche”. Por que esta aliança
com as condições duras da lei, que talvez simbolize a própria
“Velha Aliança” ou “Velho Testamento”, foi interposta entre as duas
alianças da graça? Por que esta aparente contradição? Devemos
seguir mais às alianças da graça ou da lei? Por que Deus permitiu
estas notas discordantes tão próximas umas das outras?

Uma passagem chave para entender esta situação é Gálatas


3.16-24. Paulo, que foi o grande promulgador da graça de Deus,
mostra que na realidade a Nova Aliança em Jesus não foi um
concerto novo e contrário à Velha Aliança com Moisés. A graça veio
primeiro, com Abraão, e a lei que apareceu 400 anos depois, não
anula esta promessa incondicional de Deus. Deus tem um plano
que continua sempre firme. Depois da promessa a Abraão, Deus
deu a lei para Moisés, mas tudo faz parte do mesmo plano de Deus.
A lei é diferente da promessa, mas não é contrária a ela. A
promessa promete vida pela fé, enquanto a lei exige obras e
obediência para que se alcance a vida. Parece uma contradição,
mas na verdade a lei está concordando e cooperando com o plano
de Deus. Ela veio como um instrumento necessário para provar a
necessidade da graça, para mostrar que é impossível alcançar a
vida pelos meios que ela oferece. Se o homem houvesse alcançado
a vida pela lei, seria uma negação da promessa, mas não foi assim.
A Escritura, ou a lei, encerrou todos debaixo do pecado para que a
graça pudesse ser recebida pelos que creem.

A lei veio para mostrar esta necessidade do homem, e para


guardar a humanidade até que Jesus, o descendente de Abraão,
pudesse vir tirar a lei e implantar a Nova Aliança. Ele foi o
cumprimento da promessa a Abraão, a bênção para todas as
famílias da terra.

Outro sinal que mostra que a lei não anulou a promessa a


Abraão é que na sequencia do plano de Deus, a sexta aliança, com
Davi, voltou ao mesmo tema de graça. Como o recheio do
sanduíche, a lei foi necessária, mas não foi o fim nem o alvo do
plano de Deus.

Foi uma época intermediária, um período e uma dispensação


especial para cumprir um propósito imediato. Deus deu a promessa
a Abraão, e este experimentou a graça de Deus na vida dele.

Porém ninguém pode receber a graça de Deus sem sentir


necessidade, sem sentir o próprio pecado e insuficiência. Deus
queria preparar não só um indivíduo, mas um povo inteiro para
receber a graça de Deus.

Assim a palavra de Deus a Abraão foi: “Eu vou fazer tudo”, e a


Moisés foi: “Vocês têm de fazer tudo”. Apesar de ser um contraste
tão forte, e duas dispensações tão diferentes, no fim Deus queria
que o povo todo chegasse ao ponto onde na Nova Aliança ele
pudesse dizer novamente: “Já fiz tudo em Jesus”.
O PROPÓSITO DA LEI

Podemos resumir em seis pontos o propósito de Deus em dar


a lei.

1. O propósito da lei não é salvar, porém condenar, mostrar o


pecado, tirar todas as saídas naturais para o homem salvar a si
mesmo. Deus é justo e ele exige justiça do homem. O homem não
consegue ser justo. A lei tem um papel importante, porém negativo,
de mostrar a injustiça do homem. As boas novas do evangelho não
são boas novas para quem não se acha injusto ou incapaz de
atingir a alvo de Deus.

2. O resultado da lei é que toda a glória seja atribuída a Deus,


e que o homem nunca receba glória para si. Isto é resultado da
condenação do homem. O homem natural gostaria de realizar tudo
sozinho, mas a lei o condena e corta todos os seus esforços até
que ele sinta necessidade da graça de Deus. O homem não precisa
apenas de ajuda, mas precisa deixar Deus fazer tudo.

Segundo Hudson Taylor, missionário para a China, há três


etapas para se chegar à maturidade. A primeira é quando o homem
pede a Deus para ajudá-lo nos seus planos de realizar uma obra
para Deus. A segunda é quando reconhece que não deve pedir a
Deus para ajudar nos seus planos, mas cooperar com os planos de
Deus. E a terceira é quando reconhece que não pode fazer nada, e
se entrega a Deus para que Deus faça a obra dele na sua vida.

3. A lei é necessária para reger os relacionamentos


horizontais de um povo. Um homem sozinho com Deus não envolve
uma situação tão complexa, mas para governar um povo, é preciso
ter lei. Um homem sozinho pode ouvir de Deus e viver de acordo
com esta palavra, mas para levar todo um povo a conhecer a Deus,
a situação fica bem mais complexa. A lei do Espírito no interior do
homem ainda não fora revelada, e assim precisava de uma
estrutura firme para guardar o povo até que surgisse a Nova Aliança
(ver Gl 3.23).

4. A lei é uma sombra ou figura de tudo aquilo que seria


realizado como realidade pela graça. A lei é um professor que nos
mostra através de símbolos o que Deus quer cumprir pela graça.
Mostra em figuras o verdadeiro propósito de Deus, é uma
tesouraria cheia das riquezas de Deus. Revela mas não cumpre.
Neste sentido, a Nova Aliança não mudou a lei, mas levou-a para o
interior, ao invés de deixá-la como um símbolo ou uma exigência
exterior. A lei exige e a graça cumpre, mas é a mesma palavra ou
objetivo de Deus. A lei mostra as multiformes facetas, fatores e
detalhes da personalidade de Deus e das coisas que ele quer
cumprir através da graça. É como um pintor que usa sombras
escuras para realçar a luz. O negativo da lei ressalta o positivo da
graça de Deus.

5. A lei guardou a humanidade até o tempo da graça, o tempo


certo do descendente nascer. A lei fechou todas as outras portas
até o tempo determinado para a revelação da graça. Até chegar o
cumprimento da promessa, precisava da lei. Deus tem muita
paciência para cumprir os seus planos e às vezes demora muitos
anos até passar à próxima etapa.

6. O povo não queria ouvir diretamente de Deus, queria um


mediador. A lei tornou-se este mediador. Na graça não há mediador
(Gl 3.19-20). A lei serviu como mediador, por um tempo, para que o
povo pudesse ver que assim não funciona. Assim ao chegar o
tempo da graça, eles estariam prontos para conhecer a Deus sem
mediador. Então a lei guardou o povo até o tempo certo, e levou-o à
condição certa também. Esta condição era querer ouvir a voz de
Deus e saber que contato indireto por mediador não soluciona os
problemas dos homens. Na Nova Aliança Jesus como Deus e
homem ao mesmo tempo é Deus falando conosco diretamente.

SÍNTESE DOS SETE PONTOS DA ALIANÇA MOSAICA

Antes de entrar em maiores detalhes sobre cada um dos


pontos da aliança Mosaica, queremos falar rapidamente sobre
todos ele para obtermos uma visão global.

1. A lei – as tábuas de pedra com os dez mandamentos. Este


ponto é sinônimo da aliança Mosaica.

2. O tabernáculo – o modelo da casa de Deus que Moisés


recebeu no monte.

3. O sacerdócio – o ministério que Deus ordenou para servir


na casa de Deus, o sacerdócio levítico.
Veremos melhor depois como estes três primeiros pontos são
interligados. Um não tem sentido sem o outro. A lei não pode ser
ouvida nem praticada sem a casa de Deus. A casa de Deus foi
edificada para conter a lei. O sacerdócio serve na casa, e sua
função é ouvir a palavra de Deus, a lei, e proclamá-la ao povo na
casa. Sem uma casa, e sem uma mensagem (a lei de Deus), o
sacerdócio não tem função. Então, na realidade, formam um só
conjunto.

4. A terra – o alvo do ministério de Moisés foi levar o povo


para a terra. Foi para isso que ele o tirou do Egito. Apesar de não
entrar ele mesmo na terra, ele a viu. Ele tinha visão, e mostrou-a ao
povo. A lei não pode entrar na terra prometida, mas leva o povo até
lá, e dá uma visão dela. Foi a lei que preparou o povo para a Nova
Aliança e levou-o ao ponto de poder entrar, Josué, figura de Jesus,
foi quem realmente o introduziu na terra. Isto não significa que a lei
não tem mais valor na terra. Como veremos, guardar a lei é
condição para entrar na terra e para permanecer nela.

5. O sábado – este foi o sinal da aliança com Moisés – o


repouso sabático. É um contraste interessante – o sinal de
mandamentos e ordenanças era o descanso, era não fazer nada.
Podemos ver aqui também que a Nova Aliança está escondida na
Velha.

6. Sinais e Prodígios – na libertação do Egito e na provisão


miraculosa no deserto.

7. Obediência ou Morte – Se o povo obedecesse, resultaria


em vida, se desobedecesse resultaria em morte. É semelhante à
aliança Edênica, onde havia a pena de morte se comessem do
conhecimento do bem e do mal.

Agora passaremos a ver cada um destes pontos com maiores


detalhes.
A LEI

Eu Deuteronômio 5.22 vemos que os dez mandamentos que


formam a base da aliança Mosaica, foram dadas de duas maneiras:
à viva voz, e nas tábuas de pedra. Deus se comunicou de duas
maneiras, as duas mais fáceis de serem recebidas pelo homem:
oralmente e por escrito.

Deus fala. Você já pensou um pouco nisso? Este fato a


respeito de Deus é totalmente irreconciliável com o conceito que
muitas pessoas têm de Deus como um ser impessoal. Um força
misteriosa. Deus fez o homem à sua imagem e se comunica com
ele. Ele pode se comunicar de diversas maneiras.

Muitas pessoas acham que a Bíblia Sagrada e a Palavra de


Deus são expressões equivalentes. Mas na verdade a Bíblia é uma
das edições da Palavra de Deus. Para ver isso de uma maneira
simples e didática, e situar os dez mandamentos no contexto certo,
podemos enumerar sete edições ou formas de comunicação que
Deus usou para expressar sua palavra.

1. Criação – Deus usa as coisas criadas, todo o universo, para


expressar a si mesmo, para nos falar (Rm 1.20).

2. Consciência – Deus escondeu também a sua palavra no


nosso interior (Rm 2;15).

3. Pedra – Deus escreveu a sua lei nas tábuas de pedra (Dt


5.22).

4. Papel – Esta é a edição que conhecemos como a Bíblia. É


também uma edição escrita como a anterior, só que destinada a ser
divulgada e espalhada no mundo inteiro, o livro mais lido pelos
homens.

5. Pessoa – Uma edição “ilustrada”, a palavra de Deus em


carne, na pessoa de Jesus Cristo (Jo 1.1,14,18).

6. Coração – Agora a lei é escrita não só na consciência para


nos condenar, mas no centro da existência do homem, na fonte de
todas as suas ações, pela Nova Aliança (Jr 31.33).
7. Corpo – Na etapa final da revelação de Deus ao mundo, ele
se expressa através das cartas vivas que são a igreja. A lei escrita
no coração se manifesta através das vidas de muitas pessoas, da
mesma maneira que ocorreu com Jesus.

Deus falou e a criação veio a existir. Deus falou e a


consciência registrou. Deus falou e escreveu na pedra. Deus falou e
homens escreveram no papel. Deus falou e Jesus revelou em
pessoa. Agora ele fala no coração e quer falar com todo o seu
corpo.

O importante em todo este esquema é o fato que Deus fala.


Ter os dez mandamentos na pedra e não ter a voz de Deus não
adianta. Hoje temos a Bíblia que carregamos assim como os judeus
carregavam a arca. É a nossa possessão mais preciosa. A arca era
o centro do tabernáculo porque continha as tábuas de pedra. Hoje
temos a Bíblia. Mas o propósito do lugar especial reservado para a
arca era para ser um lugar onde Deus falasse com o homem (Ex
25.22). Deus tem o mesmo propósito hoje.

Então existe a palavra viva, a voz de Deus falando no


presente, e a palavra escrita que registra e preserva o que ele já
falou. A palavra viva é mais importante, porque sem ela a palavra
escrita não pode existir. Mais ainda, se não ouvir a voz de Deus, a
pessoa não pode entender nem obedecer a palavra escrita. O povo
não quis ouvir a voz de Deus, só queria preservar as tábuas
escritas (Dt 5.25-27). E esta foi a chave de seu fracasso em
continuar num relacionamento vivo com Deus.

Hoje temos a mesma situação. Temos a Bíblia que registra o


que Deus falou no passado com diversas servos dele. Mas sem
ouvir continuamente dele, esta palavra não tem sentido nem vida
para nós hoje. Preferimos ouvir através de mediadores, como o
povo queria ouvir através de Moisés.

Podemos ter a Bíblia, mas se não ouvirmos a voz de Deus


que a produziu, perdemos o alvo dela. O objetivo da Bíblia é nos
conduzir a Deus que deseja falar pessoalmente conosco.

A lei foi escrita em tábuas de pedra, um material duro que


representa a permanência e imutabilidade da lei de Deus. Fala
também da dureza do coração humano que nunca obedeceria por si
mesmo esta lei.
A lei contém as ordens claras e definidas que Deus revelou
para o homem. Não pode haver nenhuma dúvida de interpretação,
nenhuma relatividade na sua aplicação para o homem. Deus deixou
bem clara a diferença entre o certo e o errado. Não era uma
questão de estar certo para alguém mas errado para outrem. Não
dependem da relatividade ou subjetividade do homem, mas das
ordens objetivas e claras de Deus. Isto é a lei de Deus.

A CASA DE DEUS

Quando Moisés subiu ao monte para receber as tábuas de


pedra, a primeira coisa que Deus falou com ele foi a respeito do
modelo da casa que deveria ser construída. Antes de dar a lei, ele
deu a Moisés o modelo do santuário onde seria guardada a lei (Ex
25.1-9,21,22). Este fato nos mostra algo muito significativo – que
não devemos procurar a lei (ou a palavra de Deus) fora da casa de
Deus, e que a casa de Deus não tem sentido sem o seu propósito
central que é ouvir a voz de Deus.

O que significa isto na prática? Já mostramos a distinção e a


ligação entre a palavra escrita e a palavra viva. Ter a palavra escrita
é essencial, mas não produz vida sem a palavra atual e vivificadora
de um Deus presente. A casa de Deus representa, evidentemente,
a igreja.

Hoje temos dois extremos. Existem muitas igrejas que não


procuram ouvir de Deus hoje. Creem que ter a Bíblia como palavra
escrita é suficiente. Isto é perder o objetivo central da casa de Deus.
A arca ocupava o lugar central e mais importante no tabernáculo,
mas o propósito de estar ali era para que Deus pudesse vir e falar
continuamente. A sua palavra atual seria dada por cima da palavra
escrita, e desta forma havia uma maneira segura de saber se era
Deus mesmo que estava falando. Uma revelação mística da voz de
Deus para hoje nunca pode entrar em conflito com o registro
objetivo e claro da palavra de Deus que temos na Bíblia. Mas
rejeitar ou ignorar a manifestação de Deus hoje no lugar santíssimo
é perder contato com Deus, mesmo que continue com a Bíblia nas
mãos. Então uma casa onde não se ouve a voz de Deus hoje é uma
casa vazia, formal e sem propósito.
Por outro lado, há pessoas que alegam estar ouvindo de Deus
hoje e que querem transmitir o que ouviram para o povo de Deus.
Deus realmente fala através de homens hoje como falava pelos
profetas da antiguidade. Porém ouvir a palavra de Deus fora da sua
casa é muito perigoso. Como já observamos, a palavra de Deus
deveria ser ouvida por cima da arca onde estavam as tábuas da lei.
Isto quer dizer que a palavra viva precisa ser testada pela palavra
escrita. E se a casa de Deus representa a igreja, então a voz de
Deus precisa surgir e ser ouvida não por pessoas isoladas, mas no
meio da igreja onde pode haver confirmação e segurança contra
extremos e exageros. Deus quer mesmo falar com o homem, mas
seu alvo em falar é construir a sua casa. Se a palavra que alguém
está ouvindo não nos conduz nesta direção, se não contribui para a
formação da casa de Deus, se não está sendo produzida, ouvida e
praticada dentro do contexto da igreja local, então é muito perigoso
e pode muito bem não ser uma palavra de Deus.

Sem fazer um estudo detalhado do tabernáculo, queremos ver


alguns aspectos que podem nos ajudar a entender melhor a casa
de Deus.

O modelo do tabernáculo ou santuário que Deus deu a Moisés


tinha três partes: átrio, lugar santo e santo dos santos. Da mesma
forma o homem é triúno, formado de espírito, alma e corpo, assim
como Deus é Pai, Filho e Espírito Santo.

O alvo de Deus era conduzir o homem até a terceira parte, ou


o santos dos santos, que era onde ele queria ter comunhão com o
homem. Mas para chegar lá, o homem precisava passar por uma
preparação para não morrer. Era para isto que existiam as outras
partes do tabernáculo.

No átrio, que era um pátio exterior, todo cercado, havia dois


móveis: o altar de bronze e a bacia de bronze. No altar de bronze
eram feitos sacrifícios de animais continuamente, e o fogo em cima
dele nunca se apagava. Na bacia de bronze havia água para lavar
os pés e as mãos dos sacerdotes e algumas partes dos sacrifícios.

Temos aqui simbolizadas as três testemunhas de 1 Jo 5.8, a


água, o sangue, e o Espírito. A água é uma figura da palavra,
enquanto o fogo simbolizava o Espírito. No altar de bronze vemos o
sangue dos sacrifícios e o fogo que os consumia. O sangue é o
primeiro passo para se chegar a Deus. Jesus morreu antes da
fundação do mundo como o Cordeiro de Deus que tira os pecados
do mundo. Sem o seu sangue nada mais tem valor. O Espírito
Santo está presente no fogo e a palavra na água que nos purifica. É
difícil, às vezes, separar ou identificar cada testemunha nas
experiências individuais, mas sempre as três estão presentes.

O TABERNÁCULO DE MOISÉS

O átrio, então, representa o primeiro estágio de preparação,


que seria a conversão efetuada pela operação das três
testemunhas. Depois disso podemos entrar no lugar santo. Lá
encontramos três móveis: a mesa dos pães da proposição, o
candelabro e o altar de incenso.

Na mesa, colocava-se doze pães que eram renovados todo


sábado. O número doze representa as doze tribos, e os pães
representam o corpo de Cristo, e também a palavra de Deus. Para
entendermos a palavra de Deus, precisamos ter comunhão com
todo o corpo de Cristo, com as doze tribos, não com uma ou duas
partes apenas.

O candelabro com o azeite representa a iluminação do


Espírito Santo. Aqui temos outra vez o equilíbrio da palavra com a
iluminação do Espírito Santo. Se ficarmos só com a palavra, tudo
será seco e morto. Se ficarmos só com o Espírito, teremos
fanatismo. Precisamos dos dois.

O altar de incenso representa a oração que sobe a Deus, e


que dentro do santo dos santos forma uma nuvem onde Deus
aparece. Em alguns casos colocava-se sangue dos sacrifícios nas
pontas do altar de incenso. Outra vez temos as três testemunhas –
o Espírito, a palavra e a sangue.

O lugar santo representa a preparação para entrar no santo


dos santos. Depois da experiência de salvação que ocorre no átrio,
temos que comer a palavra, ter experiências com o Espírito Santo e
ter uma vida de oração baseada no sangue de Jesus que nos
purifica continuamente. O lugar santo representa o que deve estar
acontecendo nas reuniões da igreja, e na nossa vida individual
também.
O santo dos santos só tinha uma coisa, a arca onde ficavam
os dez mandamentos. Por cima da arca ficava o propiciatório onde
se aspergia o sangue, e os dois querubins de ouro que guardavam
ou vigiavam a presença de Deus. Os querubins não deixam o
homem carnal entrar na presença de Deus e participar da árvore da
vida (ver Gn 3.24). Então aqui também estão as três testemunhas,
pois a palavra estava na arca, o sangue era aspergido no
propiciatório, e o incenso com fogo era introduzido para criar a
nuvem da presença de Deus pelo Espírito Santo (Lv 16.13).

O fato de encontrarmos as três testemunhas em cada um dos


três passos mostra que há um equilíbrio perfeito que funciona na
casa de Deus. A palavra não deve ficar sem o Espírito e nem vice-
versa. E os dois precisam ser recebidos com base no sangue de
Jesus que fala não só do seu sacrifício por nós, mas da sua vida
sacrificial que flui através de nós e que coloca a união da palavra e
do Espírito em prática nas nossas vidas e comunidade.

O MINISTÉRIO

Em Êxodo 19.5,6, Deus mostrou a Moisés que seu propósito


em escolher um povo especial na terra era fazer dele um reino de
sacerdotes para salvar pessoas de todas as famílias da terra, e
restaurar toda a criação (ver também Rm 8.21). Mas antes de fazer
sacerdotes da nação inteira, foi preciso tomar uma tribo e começar
a desenvolver com eles seu propósito sacerdotal. Deus tem muita
paciência, e para alcançar seus propósitos, muitas vezes ele
começa com algo bem pequeno e insignificante. Seus alvos são
grandes, mas ele pode alcançá-los com pequenos começos.

Em I Pedro 2.5 temos uma ligação interessante entre a casa e


o ministério. Somos a casa de Deus e individualmente somos
pedras vivas desta casa. Ao mesmo tempo somos sacerdotes na
casa (ver também vv 9,10). Então este terceiro elemento vai junto
com os primeiros dois para formar um conjunto inseparável. A lei
não pode ser ouvida, entendida ou praticada fora da casa de Deus.
A casa de Deus não tem sentido sem a palavra de Deus, escrita e
ouvida hoje. Mas para ouvir a voz de Deus dentro da sua casa,
precisa do ministério ou sacerdócio. Não era qualquer pessoa que
podia entrar no santo dos santos para ouvir de Deus.
Na Nova Aliança, nós somos as pedras que formam a casa e
estas pedras vivas são vivas porque são sacerdotes que conhecem
a Deus. Assim como em Ex 19.5, vemos em I Pe 2.9, que o
propósito de Deus é que todos que formam sua casa sejam
sacerdotes para proclamar aos que não o conhecem as suas
virtudes e misericórdias. Mas para alcançar este objetivo, ele tem
que usar um passo intermediária que é separar alguns como
sacerdotes, para que estes, por sua vez, levem todo o povo à
mesma posição.

Em Efésios 4.11-13, lemos que os cinco ministérios, dados


por Jesus à igreja, vão aperfeiçoar os santos pela palavra de Deus
até que estes alcancem a plenitude de Deus, e revelem Jesus ao
mundo. Temos aqui três elementos novamente. O sacerdócio está
ajudando a construir a casa para que a voz de Deus seja ouvida e
saia para curar os povos e restaurar a criação.

A interação destes três elementos é progressiva. A casa ainda


não está formada, portanto ouvimos imperfeitamente a voz de
Deus. O sacerdócio não está funcionando como deveria para levar
os santos a se tornarem sacerdotes também e assim edificar a casa
viva. Mas à medida que prosseguimos com o que temos,
caminharemos para este alvo.

A própria figura do tabernáculo como casa móvel mostra que


não representa a posição final. O propósito dele era para que o
povo ouvisse de Deus e continuasse caminhando até chegar a
Jerusalém onde finalmente se levantaria uma casa permanente.
Temos que procurar ouvir de Deus em comunhão e relacionamento
uns com os outros e caminhar juntos para este alvo.

A TERRA

Na aliança Abraâmica foi visto que a terra é um elemento


indispensável do plano de Deus. Para o cumprimento da promessa
feita a Abraão, Deus precisa não só de um povo, mas de uma terra.
No contexto da aliança Mosaica, precisamos entender o significado
de três lugares geográficos: o Egito, o deserto e a terra prometida.

Faraó é claramente uma figura de Satanás, o príncipe deste


mundo, e o seu reino é um reino inimigo de Deus. Ele mantém os
homens sob a escravidão.
Deus levantou Moisés para libertar seu povo deste sistema, e
resgatá-los da escravidão. Sabemos que o êxodo do Egito com o
cordeiro pascal é uma bela figura da nossa salvação por Jesus
Cristo.

Para Deus estabelecer o seu reino, e governar seu povo, é


evidente que ele precisa tirá-los do reino, domínio ou sistema onde
estão escravizados e onde não podem fazer a vontade dele.
Sabemos que hoje isto não é uma questão geográfica, mas é a
libertação do domínio do pecado e de Satanás sobre as nossas
vidas.

O interessante é que Deus não mandou levar o povo


diretamente para a terra prometida, que representa o reino de Deus
em funcionamento aqui neste mundo. Antes os guiou para o
deserto.
Por que precisavam ficar no deserto, e o que significa este deserto
para nós hoje?

Em primeiro lugar, o propósito do deserto era para que Deus


pudesse fazer sua aliança com seu povo, ou seja, revelar-lhes a lei
no Monte Sinai (Ex 19.5,6).

Em segundo lugar, Deus queria provar, ou testar o povo para


ver se realmente seriam fiéis à aliança com Deus ouvindo e
obedecendo à sua voz (Dt 8).

Há uma ligação interessante entre a lei, o deserto, e a terra


prometida. Deus estava tirando o povo da escravidão do Egito, não
para ficar livre, mas para servir a ele (Lv 25.55). A terra prometida
era o lugar onde ele reinaria sobre este povo, e onde o seu reino se
expandiria a toda a terra (Dt 4.5-8). Portanto, para entrar na terra, e
para permanecer lá depois de entrar, o povo precisava conhecer as
condições desta aliança com Deus, ouvir a sua voz e experimentar
o seu governo (ver Dt 4.1; 6.1-3; 8.1; 11.8,9; 28.58-68). Então o
deserto era o lugar de fazer aliança e de testar esta aliança, para
que somente entrassem na terra aqueles que estavam dispostos a
ouvir e a obedecer a voz de Deus.

Agora é importante observar que o povo tomou conhecimento


da lei e das ordenanças de Deus no deserto, mas lá era impossível
praticar tudo que Deus estava falando. A prática seria na terra
prometida. A prova pela qual passaram no deserto não era se
estavam guardando todos os estatutos e todas as leis da nova
teocracia, mas se estavam dispostos a dar ouvidos à voz de Deus.

E o deserto era o lugar ideal para testar isso. A própria


sobrevivência do povo dependia de seguir as ordens de Deus e de
estar sob a sua proteção. Se ele não ouvissem a voz de Deus lá no
deserto, certamente não ouviriam na terra prometida onde não
teriam que depender tão diretamente da provisão sobrenatural de
Deus.

Aprendemos com isto duas lições importantes. Primeiro que


ouvir a voz de Deus e depender dele, é muito mais fundamental do
que guardar regras, leis ou mandamentos. Deus tinha muito
interesse em formar um povo diferente que pudesse expressá-lo na
terra, através de guardar a sua lei. Mas ele sabia que isto não
aconteceria sem um relacionamento vivo com ele.

Segundo, que o alvo de Deus, representado pela terra


prometida, não é que vivamos momento por momento na
dependência de uma intervenção sobrenatural. Esta fase da
provisão miraculosa de Deus no deserto representa a fase da
imaturidade espiritual, quando o pai provê tudo o que o filho pede.

Porém, temos uma herança que mana leite e mel, onde a vida
de Deus é abundante, mas onde não precisamos dos grandes
milagres para alcança-la. A lição a ser aprendida no deserto é a
atitude de dependência de Deus, o quebrantamento, a humildade
(Dt 8), que devem ser a base da nossa vida na terra prometida. Se
não mantivermos o mesmo relacionamento vivo com Deus que
surge quando estamos num deserto de apuros e angustia, então
tudo que passamos lá foi em vão.

Aprendemos, então, a ouvir a voz de Deus no deserto, pois lá


não sobrevivemos sem ela, e porque não há outra distração, não há
outra atividade, não há nenhum perigo de nos acomodarmos ali.
Mas o alvo de ouvir esta voz, o alvo de edificar o tabernáculo móvel
para Deus, é caminhar para a terra prometida onde o reino de Deus
será uma realidade. Enquanto estivermos no deserto, estamos
aprendendo, estamos conhecendo mais as condições da aliança,
mas ainda não somos o reino de Deus em realidade.
Até mesmo a terra prometida ainda não é o alvo final. Deus
quer usá-la como base para alcançar toda a terra, toda a criação, e
trazer tudo debaixo dos pés de Jesus.

Moisés não entrou na terra prometida. Ele conduziu o povo


até a fronteira, e viu a terra, mas não pôde entrar. Isto representa a
dispensação da lei, que prepara o povo para a graça, que mostra a
graça, mas que não pode introduzir o povo na graça de Deus.
Josué, como figura de Cristo, foi quem levou o povo a entrar.

O SÁBADO

Deus deu a Moisés dez mandamentos que formam o alicerce


da aliança Mosaica. O quarto mandamento era diferente dos
demais, porque era o sinal da aliança entre Deus e o seu povo. Era
como a circuncisão para Abraão. Guardar o sábado era uma prova
de que o povo estava sendo fiel à aliança com Deus (Ex 31.12-18).

“Sábado” significa descanso. A origem do sábado vem da


criação quando Deus descansou depois de ter criado todas as
coisas (Gn 2.1-3). O significado deste descanso é que Deus fizera
tudo, e viu que tudo era muito bom. Não havia mais nada para
fazer. Então ele descansou. Ele não ficou cansado – ele descansou
porque fizera algo perfeito.

Em Hebreus 4.1-11, podemos ver o significado espiritual do


sábado, que também é ligado à terra prometida. Ambos falam de
um descanso espiritual.

O versículo 3 diz que entramos no descanso quando cremos


em Deus. Este descanso não é apenas guardar um dia por semana,
pois este era apenas um sinal, uma figura daquilo que viria na Nova
Aliança. Não foi cumprido tampouco ao entrar na terra prometida,
embora representasse descanso dos inimigos. Mas “resta um
repouso para o povo de Deus” (v.9).

O que é este repouso? É descansar de nossas próprias obras


ou esforços para agradar a Deus (v.10). Aí está o paradoxo. Dentro
da aliança que enfatizava a lei, ou as justas exigências de Deus
sobre o homem, está um mandamento de não fazer nada! Este é o
sinal da aliança, já prefigurando que o homem não conseguiria
obedecer a lei. Então, quando descansamos das nossas obras, o
próprio Deus nos santifica (ver Ex 31.13).

No livro de Hebreus achamos sete vezes a afirmação que


Jesus fez tudo por nós um vez por todas. Jesus disse aos judeus
que o acusavam de curar no sábado que seu Pai trabalhava até
agora e ele também (Jo 5.17). Deus descansou das suas obras na
criação porque terminou tudo, mas ele ainda opera em nós – se nós
descansamos! Se continuarmos nos esforçando, Deus não poderá
fazer nada e ele vai descansar. Se nós descansarmos, Deus
operará em nós sua grande salvação (Fp 2.13).

Ainda não entramos neste descanso (Hb 4.9). Não entramos


na terra prometida. Mas precisamos entender quão importante esta
condição é para Deus.

Era um crime condenado por morte, violar o sábado. Se não


aceitamos este descanso, estamos invalidando a obra perfeita de
Jesus. O sábado representa a revelação total de Cristo e da sua
obra por nós.

SINAIS E MARAVILHAS

O ministério de Moisés foi marcado por sinais e milagres.


Estes sinais provam, como Jesus disse, que Deus ainda está
trabalhando. Ele não está descansando no sentido de não fazer
nada. Ao tirar o povo de Israel do Egito, Deus operou grandes
sinais. Para passar no Mar Vermelho e para sustentar e guiar o
povo no deserto, Deus continuou a operar sinais e milagres. E para
introduzir o povo na terra sob a direção de Josué e subjugar os
inimigos lá, Deus ainda operou grandes sinais.

Ao estudarmos a história do povo de Deus na Bíblia, podemos


observar que não foi em todas as épocas que Deus operava
grandes sinais. Em qualquer época Deus operava sinais ou
milagres isolados, mas houve determinadas épocas quando se
destacou a abundância da operação sobrenatural de Deus no meio
do seu povo.
Na Bíblia encontramos três destas épocas de sinais e
milagres. A primeira foi esta que estamos examinado, com Moisés e
depois com Josué. A data é aproximadamente 1500 A.C.

A segunda época de milagres abundantes foi com Elias e


Eliseu em aproximadamente 850 A.C.

A terceira foi com Jesus e os apóstolos no primeiro século da


nossa era.

Há uma quarta época que não está na Bíblia. É a nossa


época atual, do século XX, principalmente nas últimas décadas.
Deus tem operado muitos milagres nos nossos dias através de
ministérios poderosos, e através do derramamento do Espírito
Santo e dos dons no mundo inteiro.

O que significam estas épocas sobrenaturais no plano de


Deus? O que têm de comum entre elas? Se entendermos isso,
poderemos compreender melhor a época em que nós estamos no
plano de Deus, e o propósito de Deus em operar
sobrenaturalmente.
Em primeiro lugar, podemos dizer que cada uma dessas três
épocas era um marco decisivo no desenvolvimento do plano de
Deus.

O ministério de Moisés representa a libertação do povo da


escravidão do Egito, e o estabelecimento da aliança da lei com eles
como condição para entrar na terra prometida. Daí em diante, Deus
seria conhecido como o Deus que tirou Israel do Egito com mão
poderosa e braço estendido. Deus queria se revelar ao povo de tal
forma que cressem nele. Os sinais chama a atenção de todos para
Deus e para o seu plano.

Os ministérios de Elias e Eliseu foram acompanhados por


grandes sinais. Elias operou sete milagres, e Eliseu que recebeu a
porção dobrada operou quatorze. Eles vieram numa época de
grande apostasia e idolatria, quando Deus estava para tirar o povo
da terra prometida. Foram precursores de toda a sucessão de
profetas que foi enviada por Deus para avisar o seu povo, e levá-lo
ao arrependimento. Os profetas tinham a missão de chamar o povo
de volta para a lei de Deus, para a aliança que fora abandonada, e
mostrar as consequências se o povo não se arrependesse. Os
sinais foram para chamar a atenção do povo para Deus para que
não fosse preciso levá-lo ao cativeiro. Era um sinal de alerta, de
crise, para que o povo se acordasse. A maioria dos profetas não
tinha sinais no seu ministério, mas a introdução do ministério
profético foi com sinais.

Não é preciso falar muito sobre Jesus e os apóstolos. Era


uma época decisiva, pois Deus estava estabelecendo a Nova
Aliança com o povo, preparando para introduzi-lo na terra prometida
do Espírito. Ele queria chamar a atenção de todos para este novo
passo no seu plano.

É interessante notar que no monte da transfiguração as três


épocas estavam representadas. Na época de Moisés foi
apresentada a lei. Na época de Elias foi introduzido o ministério
profético. Como Jesus, iniciou-se o ministério que reúne todas as
partes, o ministério apostólico.

Podemos observar que nas três épocas houve um ministério


complementar que veio depois do primeiro. Depois de Moisés veio
Josué; depois de Elias, Eliseu; e depois de Jesus, os apóstolos.

Outra comparação é que as primeiras duas épocas se


completam, formando uma figura das últimas duas. Moisés e Josué
representam a promulgação da lei que preparou o povo para entrar
na terra prometida. Elias e Eliseu representam o ministério de
restauração, a volta para a lei, avisando o povo antes de sair da
terra.

Jesus e os apóstolos representam o início da igreja, a


promulgação da Nova Aliança, preparando o povo para entrar na
vida do Espírito, no descanso das obras carnais, que é nossa
herança, a terra prometida.

Agora Deus está dando outra época de sinais e maravilhas


para chamar atenção para outro marco importante no seu plano.
Como no tempo de Elias e Eliseu, é uma época de restauração, de
voltar para tudo que perdemos nos séculos de escuridão e
apostasia. É também uma época de preparação profética para a
segunda vinda de Cristo. Que maior acontecimento poderia haver
do que a volta de Jesus? Que maior necessidade de chamar a
atenção do povo através de sinais e milagres?

O Século XX tem testemunhado muitas ondas de sinais e


avivamento. É interessante que duas das maiores ondas neste
século vieram com muita proximidade às duas guerras mundiais.
Logo antes da Primeira Guerra Mundial veio o derramamento do
Espírito que deu origem ao movimento pentecostal. E logo depois
da Segunda Guerra Mundial Deus moveu em 1948 com o
levantamento de muitos grandes ministérios de evangelismo e de
cura divina, e com a restauração de louvor, e de abundância de
dons e revelações. Então, através das guerras e do derramamento
do Espírito, Deus está avisando e preparando o seu povo para os
últimos dias.

Outro paralelo interessante entre as épocas de sinais pode


ser feito entre Moisés e Jesus. Moisés deu a lei, acompanhada por
sinais . Jesus deu o evangelho também acompanhado por sinais.
Ambos tinham uma palavra forte e nova, e tinham sinais juntos.

Elias e Eliseu não tinham uma palavra nova, nem escreveram


nada. Eles tinham sinais, mas não tinham um grande palavra.
Outros profetas tinham palavras sem sinais. Esdras, Neemias e
João Batista são exemplos também de ministérios que tinham uma
palavra sem sinais. Hoje também temos visto muitos sinais sem
uma palavra forte ou restaurada. Mas podemos esperar que a
restauração da palavra ainda venha assim como os profetas vieram
depois de Elias e Eliseu.

Em Apocalipse 11.3-6 fala sobre o ministério das duas


testemunhas que virá nos últimos dias. Pelos sinais que vão operar,
podemos identificá-las como representando os ministérios de
Moisés e Elias. Não serão duas pessoas, mas um ministérios
poderoso em todo o mundo que restaurará a lei ou palavra de Deus,
e o ministério profético para preparar a igreja para a segunda vinda
de Cristo. Isto mostra que haverá sinais e palavra na igreja dos
últimos dias, para revelar Jesus na terra. O tempo de seu ministério
é de três anos e meio, mostrando que representa um paralelo com
o ministério de Jesus na terra.
Em conclusão vemos que os sinais e milagres assinalam
marcos importantes no plano de Deus. Chamam atenção para um
novo passo, para algo muito decisivo no propósito profético de
Deus. Não são para criar uma dependência no sensacional, ou para
exaltar o homem. Não são para chamar a atenção para os milagres
em si, mas para confirmar a palavra e o passo que Deus está dando
no seu plano.

Outra coisa importante a ser notada é que os sinais são uma


espada de dois gumes – trazem a bênção de Deus, a cura e a
restauração por um lado, mas trazem o juízo e a ira de Deus por
outro lado. Os sinais de Moisés eram das duas classes – juízo
sobre o Egito e sobre os rebeldes e desobedientes, e provisão e
cura para o povo de Deus. Os sinais de Elias eram mais de juízo
enquanto os de Eliseu eram mais de misericórdia e graça. No
ministério de Jesus os sinais foram sempre para abençoar, mas os
apóstolos tiveram demonstrações da ira de Deus (como no caso de
Ananias e Safira). Hoje também temos visto sinais do amor e da
graça de Deus, mas lemos em Apocalipse 11 que as duas
testemunhas exercerão juízo sobre as nações. Já vimos muitos
sinais e maravilhas no século XX, mas podemos esperar mais pois
há muito ainda para se cumprir antes da vinda de Cristo.

Então procuremos prestar atenção e ouvir o que Deus quer


mostrar sobre seu plano e os últimos dias através da sua
demonstração de sinais que vemos hoje. E estejamos prontos para
atender à sua palavra de alerta, como nos dias de Elias, para que o
juízo vindouro não venha sobre nós. Haverá um grande conflito
entre o reino de Deus e o reino das trevas. Precisamos saber se
estamos em aliança com Deus para que estejamos no lugar certo
quando esta guerra espiritual sobrevier ao mundo.

OBEDIÊNCIA OU MORTE

Em Deuteronômio 30.15-20, Moisés termina sua exposição da


aliança com Deus com a decisão que cabe ao povo: obediência à
lei que resultará em vida ou desobediência que trará morte.

Podemos observar a semelhança deste ponto da aliança


Mosaica com o último ponto da primeira aliança. Em ambos os
casos Deus deu uma ordem que resultaria em vida se obedecesse
e em morte se desobedecesse. Na primeira aliança, foi um
mandamento dado a um indivíduo, enquanto nesta aliança foi uma
lei dada a uma nação.

Em ambos os casos a decisão tomada pelo homem é sempre


a decisão errada. Assim como no jardim do Éden, a nação de Israel
também escolheu a morte. Este é o resultado da lei sobre a nossa
natureza carnal. Não conseguimos obedecer.

Vemos nesta passagem de Deuteronômio a ligação entre a lei


e a terra. Se guardassem a lei, teriam vida e permaneceriam na
terra. Se não guardassem, Deus enviaria a morte e sairiam da terra.
A terra representa obediência, é o reino de Deus. Sem obediência
não há governo, não existe o reino de Deus.

Como sempre, embora esta aliança mostre a falha da lei


como instrumento de conduzir-nos a esta terra de obediência, ela
aponta para a graça e contém num código secreto os princípios que
seriam revelados na Nova Aliança.

Deuteronômio 30.20 mostra que a obediência está ligada ao


amor. Se você ama, você confia e obedece, não por força, mas
espontaneamente. Esta é a chave que faz cumprir a lei. Por isto
também Deus mostra no mesmo capítulo, versículos 11-14, que a
lei não está longe, nem difícil demais para alcançar. Está no
coração e na boca. Paulo explica em Romanos 10.5-8 que esta
chave é a fé em Jesus Cristo. A fé que nos salva é a confiança e o
amor para com Jesus que também nos leva a obedecê-lo e servi-lo
de coração como Senhor. Isto é o reino de Deus, é o cumprimento
da lei.

PERGUNTAS PARA REVISÃO

1) Explique o propósito de Deus em dar a lei entre duas alianças de


graça.
2) Mostre como a lei não é contrária à graça.
3) Por que dizemos que a lei tem um papel negativo?
4) Por que este papel é importante?
5) Como é que a lei guardou a humanidade até a vinda da graça?
6) De todas as funções da lei, qual seria a mais positiva, e por quê?
7) Quais são as duas maneiras principais de Deus se comunicar
com o homem?
8) Como devemos relacionar na nossa experiência atual estas duas
formas de comunicação?
9) Qual a importância da lei ou da palavra escrita?
10) Qual o perigo quando se dá muita ênfase à palavra escrita?
11) Explique por que a casa de Deus depende da lei de Deus.
12) Explique por que a lei de Deus depende da casa de Deus.
13) Qual o perigo de ouvir Deus falar fora da sua casa?
14) Em síntese, qual a finalidade de ter três divisões no
tabernáculo?
15) O que representa na nossa experiência, a preparação no átrio?
16) O que representa a preparação no lugar santo?
17) Por que Deus queria conduzir o homem ao santo dos santos?
18) Qual o significado de encontrarmos as três testemunhas em
cada parte do tabernáculo?
19) Qual é o alvo final de Deus em relação ao ministério?
20) Por que Deus teve que começar com um grupo menor?
21) Como é que a casa de Deus se torna uma casa viva?
22) O que vai acontecer quando a casa viva estiver em
funcionamento?
23) Por que não estamos ouvindo claramente a voz de Deus hoje?
24) O que devemos fazer?
25) Qual a importância da terra no plano de Deus?
26) Por que Deus não levou seu povo direto para lá?
27) O que significa dizer que a lei era requisito para se entrar e
permanecer na terra?
28) Por que não era possível guardar a lei no deserto?
29) Como Deus estaria a obediência do povo, se não podiam
guardar a lei no deserto?
30) O que significa o fato que Moisés não pôde entrar na terra
prometida?
31) Por que representa um paradoxo o sábado ser o sinal da
aliança Mosaica?
32) Por que Deus descansou no primeiro sábado?
33) Isto significa que Deus não age mais? Como sabemos?
34) Em que sentido a terra prometida representa descanso?
35) Por que ainda resta um repouso para o povo de Deus?
36) Como devemos guardar o sábado hoje?
37) Se não descansarmos, o que estamos fazendo?
38) O que significa no plano de Deus quando ele opera muitos
sinais e maravilhas?
39) Quais são as quatro épocas quando houve muitos sinais?
40) Quais são as semelhanças entre os dias de Moisés e de Jesus
em relação aos sinais e ao plano de Deus?
41) Quais as semelhanças entre a época de Elias e os nossos dias?
42) Baseado em Apocalipse 11.3-6, o que podemos esperar ainda
para os nossos dias além do que já vimos?
43) Que dois tipos de sinais existem?
44) Qual a diferença entre o que o homem procura nos sinais e o
que Deus quer fazer?
45) Qual deve ser a nossa atitude hoje em relação ao que Deus tem
feito e está fazendo?
46) Compare o último item da aliança Mosaica com o último item da
primeira aliança.
47) O que prova o resultado de ambas as alianças?
48) Quais os elementos da Nova Aliança revelados mesmo neste
item negativo?
AS SETE ALIANÇAS
Parte 5

Davídica
Estamos prontos agora para iniciar a sexta aliança, a aliança
com Davi. É a última das alianças no Velho Testamento. É a
terceira aliança no “sanduíche” de graça, lei e graça novamente que
vimos na sequencia de Abraão, Moisés e Davi.

Quando pensamos em Abraão, lembramos da promessa


incondicional. Quando pensamos em Moisés, lembramos da lei.
Quando pensamos em Davi, lembramos de um homem segundo o
coração de Deus. Vamos descobrir por que Davi recebeu este
nome.

LUTA E LOUVOR

Davi era um homem de guerra (1 Sm 16.18; 1 Rs 5.3; 1 Cr


22.8), mas também era o mavioso salmista de Israel (2 Sm 23.1).
São suas qualidades muito destacadas na vida de Davi, e
paradoxalmente vão juntas.

Em 1 Sm 13.14, Deus falou através de Samuel que estava


procurando um homem que lhe agradasse, já que Saul não o
colocava em primeiro lugar na sua vida. Em At 13.22 lemos que
Deus achou este homem em Davi, pois ele faria toda a vontade de
Deus.

Uma das chaves na vida de Davi era o seu conflito com os


inimigos. Ele era um homem de guerra. Sabemos que esta
qualidade tinha um aspecto negativo, pois Deus não permitiu que
Davi edificasse uma casa permanente para seu nome por ser um
homem de sangue (1 Cr 22.8). Mas em Sl 139.21,22, vemos que
para Davi os inimigos de Deus eram seus inimigos, e ele os odiava
com um ódio perfeito ou consumado. Se alguém não amasse a
Deus, Davi tampouco pedia amá-lo.

Talvez para nós isto pareça um pouco estranho. Às vezes


pensamos que Deus é amor, que o evangelho é só graça e
aceitação, e que não existe algo como ódio perfeito. Mas
precisamos ver este lado da natureza de Deus num homem que era
segundo o seu coração.

Pelo menos metade dos salmos foi da autoria de Davi. A


palavra “inimigo” apareceu mais ou menos cem vezes nos salmos,
além de outros sinônimos. A linguagem que é usada em relação a
estes inimigos pode até nos causar dúvidas, se não entendermos o
que significam estes inimigos. Mas pela ênfase que recebem,
podemos concluir que representam um assunto importante para
Deus.

Precisamos entender que Deus usa personagens e objetos


visíveis no Velho Testamento para mostrar-nos verdades
espirituais. Ele queria tanto que entendêssemos o seu plano que fez
com que tudo fosse dramatizado visivelmente em grande detalhe no
Velho Testamento. A criação, a nação especial de Israel e
finalmente Jesus, o Verbo em carne, foram os meios que ele usou
par revelar-nos as verdades invisíveis.

Então, os inimigos de Davi eram pessoas reais que


simbolizavam os nossos inimigos espirituais. Podemos descrever
estes inimigos de diversas formas.

Uma maneira é generalizá-los como demônios, seres


espirituais, astutos e reais, que estão lutando contra os objetivos de
Deus. Farão todo o possível para destruir o povo de Deus e impedir
o seu plano na terra.

Outra maneira de aplicar esta simbologia é dizer que os


nossos inimigos são Satanás, o mundo e a carne.

Nosso ser é composto de espírito, alma e corpo. O espírito foi


criado para ter comunhão com Deus, mas quando não tem, o corpo
não pode ser dominado, e começa a ser atraído pelo mundo e pelas
coisas materiais. Na verdade é Satanás quem domina este mundo e
quem opera através dele para nos subjugar aos seus desejos. Ele
não se revela abertamente, mas tenta conquistar-nos através do
mundo que ele governa.

Finalmente podemos classificar os inimigos de Davi em quatro


categorias.
Os filisteus, contra os quais Davi lutava, especialmente nos
dias de Saul. Representam os “eus”, as obras da carne. Foram suas
primeiras experiências com guerra.

A casa de Saul. Depois que Davi foi ungido como o próximo


rei de Israel, Saul começou a persegui-lo. Saul é uma figura de
justiça própria, amor próprio e o sistema religioso que tem
aparência de servir a Deus, mas cujo coração está longe dele. É um
sistema rival ao sistema do reino de Deus. Mas Davi não resistia,
não estendia a sua mão contra este inimigo. Nesta luta, Deus teria
que operar a vitória sem a força natural de Davi para ajudá-lo. Aqui
tem lições muito importantes de guerra espiritual. Precisamos
identificar os nossos inimigos para saber qual estratégia devemos
usar contra eles.

Os gigantes e outras nações contra os quais Davi lutou depois


de rei de Israel. Representa os exércitos de Satanás que procuram
impedir o estabelecimento do reino de Deus.

Os da sua própria casa – seu filho Absalão. Isto representa


traição, facção e divisão dentro do próprio povo de Deus. Neemias
também encontrou este inimigo. Aqui também Davi não usou
métodos naturais para vencer, em parte porque a guerra foi
resultado da sua própria carnalidade.

Então Davi aprendeu durante toda a sua vida como lutar


contra estes inimigos, e as estratégias adequadas para cada tipo de
inimigo. Devemos aprender com Davi a amar os nossos inimigos,
mas a odiar os inimigos de Deus, a começar com aqueles que
atuam em nossa própria carne! Deus não quer pessoas moles ou
mornas; ele quer pessoas intensas, pessoas de paixão, como Davi.
Veja alguns exemplos da sua ira contra os inimigos: Sl 3.7; 5.8-10;
6.7,10; 7.6; 21.8; 23.5; 25.2,19.

Se quisermos ser pessoas segundo o coração de Deus, é


certo que teremos muitos inimigos, e precisamos saber como lutar
contra eles. Precisamos aprender a discernir quem são estes
inimigos, como usar armas espirituais, como não ser passivos,
aceitando tudo que nos acontece, pois assim os propósitos de Deus
não serão realizados. Jesus também não era uma pessoa passiva
nem mole. Ele amava as pessoas, mas tinha ódio das forças que as
escravizavam e que impediam a graça de Deus de ser revelada.
Aqui vemos como Davi também era um homem de louvor. Ele
enfrentava suas lutas com louvor. No mesmo cenário onde
encontrou seus primeiros inimigos, o urso e o leão, ele aprendeu
sua maior arma, a música de louvor a Deus.
Muitas vezes ele louvava a Deus pela vitória já concedida (Sl 9.1-3;
27.1-6). Outras vezes já começava a louvar antes de ver a vitória
consumada (Sl 22.20-25). Ás vezes ele começava com clamor e
angústia e no meio do salmo, antes de alcançar qualquer resultado
visível, já entrava em louvor (ver Sl 56; 35.1-4,9,10,17,18,26-28).

Nem sempre é possível louvar a Deus antes de ver a vitória.


Deus aceita o nosso clamor também. Mas muitas vezes a vitória
será alcançada mais rápido se louvarmos a Deus. O louvor libera o
poder de Deus. Se não conhecemos o clamor, dificilmente
conheceremos o louvor. A angústia é difícil, mas no plano de Deus
deve gerar o louvor.

Quando alcançamos a vitória precisamos ter cuidado para


continuar em louvor, dando glória a Deus. O perigo da nossa carne
é sempre querer tomar a glória para nós mesmos.

A vida de Davi era cheia de luta até o fim, mas a luta tornou-
se para ele uma causa de louvor. Antes da vitória, no meio da luta,
ou depois de alcançar a vitória, Davi estava sempre louvando a
Deus. Foi por isto que foi chamado o mavioso salmista de Israel.
Ele lutou com a espada, mas com a harpa também. Este foi outra
característica que o marcou como homem segundo o coração de
Deus.

PROFECIA

Este ponto é consequência do primeiro. Primeiro vem a luta


que produz a necessidade de clamor, e de entrar na presença de
Deus através do louvor. Davi passou por muita luta e por isto
aprendeu bastante sobre as armas espirituais. O louvor é uma arma
contra Satanás, uma arma que não utiliza a força humana, mas
libera o poder de Deus.

O louvor, por sua vez, faz entrar em contato com Deus no


espírito, faz encher do Espírito de Deus, e faz profetizar. Davi foi um
profeta por causa do espírito de louvor que ele tinha. Profecia é
falar as palavras de Deus, é falar no lugar dele para a sua geração.
Deus quer muitos profetas hoje, quer que todo o seu povo profetize
(Nm 11.29). Mas isto não se aprende através de métodos ou
cursos, mas por entrar no nível do Espírito, e ter contato vivo com
Jesus. O testemunho de Jesus é o espírito da profecia (Ap 19.10b).
Não há “atalhos”; precisamos conhecer a Deus através de lutas e
experiências difíceis e isto fará entrar em contato com Deus.

Davi foi conhecido como profeta (At 2.29-31). Ele recebeu


uma visão no Espírito através da música e do louvor. Muitas vezes
nos salmos, ele começa clamando ou louvando, e termina
profetizando. A música e o louvor vão juntos e produzem a profecia.

Davi falou de Jesus, seu descendente, e viu a sua vinda, a


sua morte, a ressurreição, o seu reino e a libertação de toda a
criação. Como exemplos podemos citar Sl 2.7,8; 22.16-18; 110.1-4;
Lc 20.41-44; 24.44; At 4.24-26.

O TABERNÁCULO DE DAVI

Quando Davi se tornou rei de Israel, a primeira coisa que fez


foi conquistar Jerusalém (1 Co 11.4-9). Deus havia prometido
escolher um lugar para colocar seu nome ali, e para ser o centro de
culto a Deus e união do povo (Dt 12.1-14). Embora Deus não
tivesse até então cumprido esta promessa, por causa de Davi este
lugar veio a ser Jerusalém (1 Rs 8.15-21). Achando um homem
segundo o seu coração, ele achou também um lugar para colocar o
seu nome e estabelecer o seu reino.

Neste tempo o tabernáculo de Moisés estava em Gibeon,


enquanto que a arca de Deus se achava em Quiriate-Jearim, desde
que voltara da terra dos filisteus (ver 1 Cr 21.29; 13.5). Davi queria
trazer a arca de volta para junto dele, e para isto armou uma tenda
perto da sua casa no monte Sião, em Jerusalém (1 Cr 15.1). Seu
plano era fazer uma casa para Deus, mas Deus não permitiu (1 Cr
17.1-15; 2 Cr 6.6-9). Então esta tenda que Davi armou para a arca
permaneceu até que Salomão construiu a casa permanente, e ficou
conhecida como o tabernáculo de Davi. Durante todo o reinado de
Davi, a arca ficou nesta tenda, separada do restante do tabernáculo
de Moisés em Gibeon. Davi instituiu um ministério de música e
louvor junto à arca de Deus com turnos de levitas, músicos e
cantores (1 Cr 16.1-7,37-38) enquanto os sacerdotes continuavam
oferecendo holocaustos em Gibeon (1 Cr 16.39,40).
Já vimos que o tabernáculo de Moisés era uma estrutura
móvel que representava a casa de Deus num sentido temporário,
sempre pronto para se deslocar, andar, e alcançar o alvo final de
Deus. A casa de Deus no sentido permanente, a morada completa
e final de Deus, é representada pelo templo de Salomão. O que
representaria no plano de Deus este estágio do tabernáculo de
Davi?

Dividiremos a resposta em três partes:

1) Davi era um homem de visão, um homem que viu os alvos


de Deus e seu plano de uma forma muito ampla. Na nação de
Israel, ele é comparável a Moisés. Moisés deu a lei, Davi deu o
reino e o louvor na casa de Deus. Nos séculos posteriores, quando
o povo apóstata voltava a Deus, voltava a Moisés e a Davi (2 Cr
35.4,6; Ed 3.2,10). Moisés queria entrar na terra prometida, mas
Deus não deixou; Davi queria fazer a casa permanente para Deus,
e ele também não o deixou. Ambos tinham corações grandes e
queriam fazer além das suas possibilidades.

A visão de Deus cria pressão, pois quando se vê o propósito


de Deus, nasce um desejo muito grande de vê-lo atingido. Amplia
os horizontes, mas cria zelo e ansiedade. Moisés perdeu a
paciência com o povo e não pôde entrar na terra. Davi estava
sempre em guerra e por isso não pôde edificar a casa.

Apesar disso, eles não ficaram acomodados. Moisés levou o


povo até o rio Jordão, e preparou-o de toda forma possível para
entrar. Davi fez tudo que pôde, com todas as suas forças, para
preparar a construção da casa. Ambos deixaram tudo pronto para a
próxima geração, de tal forma que foi fácil para Josué e Salomão
respectivamente.

Neste sentido a tabernáculo de Davi representa o povo


profético, que vê aquilo que Deus vai fazer e que está fazendo todo
o possível em preparação. O tabernáculo de Davi não é a casa
permanente, mas é a preparação para ela.

2) O tabernáculo de Davi representa a institucionalização do


ministério de louvor na casa de Deus. Ele não se deu por satisfeito
pelo fato de entrar sozinho neste ministério de louvor. Ele queria
que todo o povo entrasse, que se levantassem muitos profetas para
ouvir de Deus. Vários dos seus cantores foram profetas e alguns
como Asafe, Jedutum e outros, escreveram salmos.

3) O tabernáculo de Davi representa uma mudança de


dispensação, da lei para a graça. É a terceira parte do nosso
sanduíche. Não que a lei foi anulada, mas a ênfase passou para a o
louvor, a música e a alegria na presença de Deus.
O tabernáculo de Moisés continuou em Gibeon, mas sem a arca
que era o objeto central; o motivo principal da existência do
tabernáculo. Na edificação da casa permanente, tudo seria reunido
em perfeito equilíbrio novamente, mas durante os dias de Davi,
havia muito mais ênfase naquilo que Deus estava fazendo de
maneira nova, que era o louvor e a revelação da graça. Dentro do
tabernáculo de Davi, onde os cantores e músicos ministravam, só
havia a arca, e dentro da arca havia as tábuas da lei. Então o louvor
não dispensou a lei, mas na mudança de dispensação ou de
regime, havia mais ênfase em entrar na presença de Deus através
de louvor e cânticos, do que através dos ritos da lei. No sentido de
ter todos os elementos presentes em perfeito equilíbrio, o templo de
Salomão representa o cumprimento perfeito e total da casa de
Deus. Mas o tabernáculo de Davi representava a ênfase especial
dada àquilo que Deus estava dando naquela geração, e prefigurava
também a Nova Aliança em Jesus, quando todos poderiam entrar
na presença de Deus sem ter que cumprir rituais exteriores.

Deus permitiu a separação da arca e do ministério de louvor


do restante do tabernáculo, para que todos pudessem entender
bem o que ele estava falando. Depois, com Salomão, ele reuniu
tudo novamente no equilíbrio certo (2 Cr 5.1-14). O sanduíche de
Abraão, Moisés e Davi é para ser recebido junto, não
separadamente. No seu plano, a lei e a graça são complementares,
e juntas formam a revelação da sua natureza.

Neste sentido, o reinado de Salomão e a casa permanente de


Deus representam a perfeição, o reino de Deus na terra. Mas o
tabernáculo de Davi é uma figura do povo profético, que vê a visão
desta casa de Deus no Espírito, que sente grande ansiedade e
desejo para dar tudo para construí-la e que desde agora já está
vivendo dentro daquilo que Deus está revelando. Não temos todos
os elementos, nem podemos ainda edificar a habitação perfeita
para Deus. Mas podemos ser homens e mulheres de visão, e
começar a preparar o caminho. O desejo de Davi de trazer a arca e
de ter a presença de Deus com ele faz parte do homem que era
segundo o coração de Deus.

A CASA

Queremos falar agora sobre o propósito que Davi tinha de


edificar uma casa para Deus. Colocamos este assunto num item
separado, pois embora tenha muita ligação com o item anterior,
representa, na verdade, a essência da aliança que Deus fez com
Davi. A aliança Davídica foi a respeito da casa que Davi queria
edificar para Deus.

Vimos que Davi era um homem de visão, de ardo, de paixão


por Deus. Ele queria a presença de Deus junto com ele, e por isso
trouxe a arca para perto da sua casa. Mesmo depois da primeira
tentativa se frustrar (1 Cr 13), Davi não desistiu. Depois de levantar
o tabernáculo para a arca, ele quis fazer a casa eternamente. Você
pode ler sobre este desejo dominante da vida de Davi nos salmos,
especialmente no Salmo 132.

Em 1 Crônicas 17 encontramos a história de como Davi


propôs fazer a casa, e da resposta que Deus lhe enviou. Em
resumo, Deus lhe falou duas coisas: “Tu não edificarás casa para
minha habitação” (v.4), e: “Também te fiz saber que o Senhor te
edificaria uma casa” (v.10).

Na primeira parte da resposta, Deus está mostrando que é


impossível o homem edificar uma casa para Deus. Deus gostou
muito da atitude no coração de Davi (2 Cr 6.8), mas ao mesmo
tempo mostrou-lhe que não seria possível ele mesmo fazer esta
casa.

Na segunda parte da resposta, Deus inverte o quadro e


promete fazer uma casa para Davi. Esta casa seria a sua
descendência (1 Cr 17.11,12), que sentaria no trono de Davi para
sempre.

Então vemos uma estranha inversão. Davi queria com todas


as suas forças edificar uma casa para Deus. Ele não queria visitas
apenas, ele queria que Deus habitasse com seu povo. Davi não
estava com isto procurando alguma vantagem ou bênção pessoal,
pois Deus já lhe havia dado vitória sobre todos os seus inimigos (2
Sm 7.1). Ele queria algo para o prazer, para o bem-estar de Deus,
sem nenhum interesse próprio. Ele não tinha motivos secundários.

Deus foi de tal forma comovido com esta atitude que


prometeu fazer uma casa para Davi. E depois revelou que esta
casa, ou descendência, é que edificaria a casa para Deus.

Podemos resumir da seguinte forma: Davi queria fazer uma


casa para Deus.

Podemos resumir da seguinte forma: Davi queria fazer uma


casa para Deus. Deus falou que seria impossível, mas que ele faria
uma casa para Davi. E é a casa que Deus fez para Davi que faria a
casa para Deus!

Mas não acabamos de afirmar que o homem não pode


edificar uma casa para Deus? Sim, mas não é impossível Deus usar
o homem para edificar a sua casa. Há uma diferença muito grande
entre as duas coisas.

Deus não está interessado numa casa em si; em primeiro


lugar Deus está interessado na comunhão. Quando ele encontrou
tal atitude no coração de Davi, ele achou a base ou fundamento
para preparar o instrumento que edificaria a sua casa.

Hoje se fala muito sobre a casa de Deus. Mas sem este


alicerce, sem a aliança de comunhão que resulta da atitude que
havia no coração de Davi, o homem nunca conseguirá fazer uma
casa para Deus. A casa é um lugar de comunhão de representa o
alvo de Deus de habitar para sempre com seu povo. Mas antes do
lugar de comunhão, precisa haver comunhão. A comunhão vai
produzir o instrumento que pode criar um lugar onde possa fluir um
ambiente de comunhão, um lugar que realmente satisfaça os
desejos do coração de Deus.

Salomão foi o filho de Davi que cumpriu de forma visível e


imediata esta aliança de Deus. Mas Jesus é o verdadeiro
descendente de Davi que cumpre a promessa de sentar-se para
sempre no trono de Davi. E ele é quem edificará a casa permanente
para Deus.
Davi era um homem de guerra. Salomão era um homem de
paz. O reinado de Salomão prefigura o reinado milenar de paz na
terra, depois da volta de Jesus. Neste contexto está claro que nós,
como Davi, somos incapazes de edificar esta casa, e este reinado
para Deus. Porém a chave é ter a atitude de Davi. Ele não
descansava, ele procurava uma coisa acima de tudo (Sl 27.4). Ele
queria agradar a Deus, queria que Deus habitasse com ele, queria a
presença de Deus a qualquer custo.

É esta atitude que é simbolizada pelo tabernáculo de Davi, e


que produz a resposta de Deus de fazer uma casa para Davi. Em
outras palavras, quando Deus encontra pessoas que não estão
preocupadas em vantagens ou bênçãos para si, que não querem
levantar a casa a seu próprio modo, mas querem agradar a Deus
acima de tudo, que colocam os desejos de Deus acima de conforto,
prazer ou interesses próprios, então seu coração se comove, ele
pode ter comunhão com elas, e desta comunhão são formados os
instrumentos que Deus pode usar.

Deus é quem faz tudo. A casa será feita por ele mesmo –
porém ele usa instrumentos humanos. E estes instrumentos são
pessoas com o coração de Davi, pessoas que acham melhor errar
no seu zelo de achar a presença de Deus do que ficar acomodados
vivendo para si mesmos. Davi era um homem de crises, de paixão,
mas de ação. Deus teve que corrigi-lo, às vezes discipliná-lo. Mas
ele se agradou de seu coração de zelo e de ardor, e firmou uma
aliança eterna com ele.

Hoje também Deus quer encontrar um povo profético, um


povo com este coração, com este ardor pela casa de Deus. Mesmo
que Deus mostre que não é possível levantar a casa perfeita que
sabemos ser o seu alvo na terra, podemos ser instrumentos.
Mesmo que cometemos erros, mesmo que tentemos às vezes da
forma errada, se nosso coração anseia pela habitação de Deus, se
nosso alvo é Deus, o seu conforto, a satisfação do seu coração,
então ele poderá nos usar como instrumentos. O homem não pode
fazer a casa de Deus, mas o homem que deseja fazer a casa de
Deus mais do que todas as coisas, pode ser usado por Deus para
fazer a casa de Deus!
A CIDADE

Já mencionamos o fato que o primeiro ato de Davi como rei


de todo o Israel foi tomar a cidade de Jerusalém, escolhendo-a
como sua sede de governo (2 Sm 5.6-10; 1 Cr 11.4-9).

Sabemos que desde então Jerusalém passou a representar


Israel, como sua capital, e como o lugar sagrado onde todo
verdadeiro judeu prestava culto a Deus. Tudo isto estava no plano
de Deus dado a Moisés em Deuteronômio 12.1-14. Deus estava
dando a terra prometida como herança do povo de Israel. Esta terra
seria uma base para Deus usar esta nação escolhida para estender
o seu reino a toda a terra. Mas no meio desta terra, Deus prometeu
escolher uma cidade, um lugar específico para “colocar ali o seu
nome”.

Deus queria habitar no meio do seu povo, não de uma forma


vaga ou misteriosa, mas num lugar geográfico definido. Desta
forma, não haveria dúvida quanto a como encontrar-se com Deus.
Três vezes por ano, todos do sexo masculino deveriam se
apresentar a Deus (Dt 16.16). O culto a Deus não seguiria os
caprichos individuais de cada um, mas seria unificado (Dt 12.8).
Todo sacrifício a Deus seria apresentado somente neste lugar.

No plano de Deus este lugar seria, então, um ponto de união


de toda a nação de Israel. O culto da Deus não ficaria disperso e
não se afastaria do padrão original. Todos poderiam ter um ponto
bem definido de encontro com o Deus que habitava no meio deles.

Porém, depois de entrarem na terra, durante os


aproximadamente quinhentos anos antes de Davi, Deus nunca
havia escolhido este lugar. E aconteceu o que Deus não queria que
acontecesse – cada um fazia o que era reto aos próprios olhos, e se
afastava do verdadeiro culto a Deus.

Quando Davi conquistou Jerusalém, não houve nenhuma


revelação de Deus a ele, mostrando que este era o lugar, ou que
Deus tinha um propósito para aquela cidade. Mas a partir de Davi,
vemos que realmente Deus achou em Jerusalém o lugar para
colocar o seu nome. Era chamada a cidade de Davi, e passou a ser
chamada também a cidade de Deus.
Vemos aqui algo interessante. Deus não escolheu um lugar
geográfico por algum motivo especial para colocar ali o seu nome.
Ele encontrou em Davi o coração que ardia por ele, que desejava
agradar-lhe, que procurava ansiosamente um lugar para a sua
habitação. Por isto, Deus escolheu Jerusalém. Ele escolheu Davi, e
Davi escolheu Jerusalém. Desta forma, Jerusalém passou a ser a
cidade de Deus.

O Salmo 132 mostra exatamente isto. Começa falando do


coração de Davi que colocava os interesses de Deus acima dos
próprios interesses (vv.1-10). Depois fala da aliança ou juramento
que Deus fez a Davi a respeito da sua casa e descendência (vv.11-
12). E finalmente fala que o Senhor escolheu a Sião como sua
eterna habitação (v.13). Isto foi por causa do coração de Davi. Deus
sentiu vontade de morar ali.

É mais importante andar com Deus do que buscar uma


revelação mística daquilo que deve ser feito para cumprir o plano de
Deus. Deus realmente tem um plano, e quando há profecias ou
revelações na Bíblia sobre aquilo que ainda há de acontecer,
podemos ter certeza que serão cumpridas. Mas Deus tem maneiras
misteriosas e surpreendentes de agir. Ele confunde todos os nossos
quadros e previsões proféticas. O importante é andar com Deus, em
comunhão com ele, com um coração apaixonado por ele. Davi nem
lembrava da profecia de Deuteronômio 12, mas por andar em
comunhão com Deus, o seu ato natural e espontâneo de conquistar
Jerusalém tornou-se um ato histórico no plano de Deus. Não foi por
causa de Jerusalém ser um lugar diferente, mas porque Davi estava
lá, e tinha um coração para Deus. Se andarmos com Deus, ele
cumprirá o seu plano através de nós, mesmo que não saibamos na
hora. Sem dúvida, Deus sabia de antemão que Jerusalém seria o
lugar da sua escolha, mas aconteceu por causa de Davi. Podemos
lembrar que Melquisedeque, a figura de Jesus, fora rei deste lugar
(Gn 14.18). Assim o plano de Deus se cumpre de forma
maravilhosa.

A cidade de Jerusalém era um aspecto muito importante da


aliança Davídica. Na história posterior de Israel, Deus poupava
Judá por causa da sua aliança, do seu propósito para Jerusalém (1
Rs 15.4,5). Os salmos e os profetas estão cheios de citações de
Jerusalém como sede da habitação e do governo de Deus em toda
a terra (Sl 2.6-8; 48.1,2,8-10; Is 2.1-4; 24.19-23; 40.1-3,9).
O que representa espiritualmente esta cidade? Como a base
de união de todo o povo de Deus, é mais fácil dizer o que não
representa! Sabemos na prática que muitos grupos e organizações
têm tentado unir todo o povo de Deus e tem falhado. Lugares
geográficos, doutrinas, organizações, estruturas, a própria Bíblia,
nada disto pode servir como base de união. Sabemos que o único
ponto de união é a fé viva em Jesus, conforme está muito bem
exposto no livro “União Através de Comunhão” (que você pode
pedir ao endereço ao final deste livreto se ainda não o possui). Mas
aplicar isto na prática é que não tem acontecido ainda.

Podemos saber, entretanto, que assim como todos estes


símbolos do Velho Testamento servem para mostrar uma realidade
espiritual, Jerusalém representa algo que existe no plano de Deus,
e que podemos buscar.

Há outro aspecto, entretanto, que queremos focalizar, não da


cidade como a chave da união do povo de Deus, mas no seu
contexto de casa, cidade e reino.

Sabemos que a casa de Deus representa a igreja,


especialmente no sentido de ser um lugar de comunhão entre Deus
e o seu povo. É onde ele fala, onde temos contato vertical com
Deus. O reino por outro lado é a expansão do governo de Deus
para alcançar outras pessoas. Onde entra o conceito de cidade?

Uma casa não pode existir sem estar numa cidade. É a cidade
que protege e que sustenta a casa. É onde vão acontecer todas as
atividades, todos os intercâmbios e relacionamentos das pessoas
que fazem parte da casa. Se Deus reina sobre seu povo e sobre
seu reino, é porque ele fala e ordena na sua casa. Mas para exercer
seu governo de uma forma prática precisa da cidade.

A casa é a igreja na sua comunhão vertical com Deus. Mas a


cidade é a expressão visível da igreja no seu dia a dia, na sua vida
prática no mundo. É a igreja nos seus relacionamentos, na sua vida
de comunidade.

Isto nos leva a uma conclusão muito importante. Se a igreja


enfatizar somente o seu relacionamento com Deus, se for só a casa
de Deus, ela nunca vai alcançar o mundo e nem estabelecerá o
reino de Deus. Se ela enfatizar só a vida comunitária, só a vida
prática, e não tiver contato com Deus, também não vai alcançar
este objetivo. Ela tem que ser a casa de Deus, mas tem que ser a
cidade de Deus também. Precisamos manter o equilíbrio entre
estas duas tendências importantes.

No fim de tudo, a cidade de Deus desce dos céus (Ap 21.1) e


nem encontramos a casa ou o santuário mais. Isto é porque Deus
mesmo habita nela e não precisa ter uma ponte vertical para
estabelecer contato com Deus. Portanto, a cidade é algo muito
importante no plano de Deus. Deus não quer algo muito espiritual e
teórico – ele quer nos levar a uma vida prática, pois é isto que o
mundo pode ver e entender. E Deus mesmo quer participar conosco
de algo bem concreto e real.

Hoje tudo está separado e desvinculado. Existem muitas


igrejas que só cuidam da casa, e não têm visão para alcançar o
mundo. Existem outras obras que não são igrejas, mas trabalham
unicamente para expandir o reino de Deus. Como nos dias de Davi,
alguns lugares enfatizam a lei ou a estrutura (tabernáculo de
Moisés), enquanto outros enfatizam a presença de Deus, o louvor e
os dons (tabernáculo de Davi). Mas queremos ver ainda tudo junto
– uns valorizando os outros, uns recebendo dos outros. Cada parte
é importante, se não excluir os demais.

Não queremos buscar a palavra de Deus na sua casa, e


depois deixar de viver esta palavra. Precisamos ver a cidade
levantada, ver a igreja expressando a vida de Cristo de uma forma
prática. Então o reino de Deus começará a ser uma realidade e
poderá expandir para outros lugares.

O REINO

2 Samuel 8 (ver também 1 Cr 18) descreve as vitórias de Davi


sobre todos os seus inimigos em redor. O versículo 15 diz que o rei
Davi reinava sobre todo o Israel, e julgava a todos com justiça. Este
foi o reino de Davi que por sua vez preparou o caminho para o
período de maior glória em toda a história de Israel, que foi o
reinado de Salomão (1 Rs 4.20,21). Foi somente nestes dois
reinados que os filhos de Israel ocuparam todo o território prometido
por Deus a Abraão (Gn 15.18).
O reino de Deus é um dos grandes temas da Bíblia. João
Batista o anunciou (Mt 3.2) e era a mensagem do próprio Jesus (Mt
4.17,23). Os judeus o esperavam (At 1.6), embora não o
entendessem no sentido em que Jesus veio trazer. Mas todo este
conceito de reino originou-se realmente com o rei Davi. Nos salmos
e nos profetas há numerosas passagens que o descreve, que o
predizem, e que o anunciam. Quase sempre, relacionam o reino
com o rei Davi.

Assim como o filho de Davi foi considerado filho de Deus (1 Cr


28.6), por ser figura do mais distante descendente de Davi, Jesus,
da mesma forma a casa de Davi tornou-se a casa de Deus, pois a
sua casa era a sua descendência, e Jesus é a habitação plena de
Deus (Cl 2.9). A cidade de Davi também veio a ser a cidade de
Deus (Sl 48.1,2) e o reino de Davi é uma figura do reino de Deus.

Uma das diversas passagens proféticas que mostram o reino


de Davi como figura do reino de Deus é Ezequiel 37.21-28. Esta
profecia dada muitas anos depois de Davi, fala da restauração de
Israel sob o reinado de Davi. Por isto os judeus esperavam uma
restauração literal dos dias de glória, justiça e paz que tiveram com
Davi e Salomão, não entendendo que Deus estava falando do rei
Jesus e de um novo Israel.

Porém, assim como os judeus tinham conceitos errados sobre


o reino vindouro, nós como cristãos nem entendemos o que é o
reino de Deus e muitas vezes não o esperamos.

Se nossa analogia a respeito de Davi e Salomão estiver


correta, podemos dizer que Davi representa os dias de preparação
que introduzem o reino em plenitude no reinado de Salomão. O
reinado de Salomão representaria o milênio de paz que virá depois
que Jesus voltar em poder e glória. Não cremos que há base bíblica
para esperar que a transformação deste mundo, a aniquilação de
pecado, doenças e de todos os nossos inimigos, e a implantação
visível do reino de Deus virão antes da vinda de Cristo. Por outro
lado, temos o direito e a responsabilidade de introduzir o reino de
Deus nos corações e nas vidas dos homens desde agora. Doutra
forma, por que Jesus veio pregando que o reino de Deus está
próximo? E que o reino de Deus já estava entre eles (Lc 17.20,21)?
Como Davi, que não podia experimentar ele mesmo a plenitude de
tudo que Deus lhe mostrou, nós fomos chamados para ser uma
geração profética, um povo que anuncie e que viva os princípios do
reino de Deus. Um dia a igreja pisará sobre todos os inimigos para
sempre, mas desde agora podemos vencer sobre o pecado, a
doença, e as obras da carne. Estamos sendo preparados para
governar desde agora. Na parábola das dez minas, aqueles que
foram fiéis com o pouco receberam autoridade sobre cidades, (Lc
19.11-27). Aqueles que forem sacerdotes, reinarão com Cristo (Ap
20.6).

O reino de Deus é um assunto muito vasto, mas nos


limitaremos a mostrar que faz parte da aliança Davídica como a
semente do verdadeiro reino que Deus está preparando agora.
Devemos lembrar do ponto anterior, onde vimos que a cidade é o
ponto estratégico para alcançar o reino. Daí a necessidade de ver a
restauração da vida prática de Jesus na igreja hoje, a cidade posta
sobre o monte que todos precisam ver e entender, e de onde sairá
luz e vida para todos os povos (Mt 5.14; Is 2.1-4).

AS FIÉIS MISERICÓRDIAS DE DAVI

Este é o ponto culminante da aliança Davídica. Encontramos


em 1 Crônicas 17, na resposta que Deus enviou a Davi depois que
este expressou seu desejo de edificar uma casa para Deus.

Depois de prometer a casa a Davi, que seria a sua


descendência, e que edificaria a casa para Deus, Deus promete
dar-lhe um trono ou um reino eterno. As suas misericórdias nunca
seriam retiradas da descendência de Davi para sempre.

Este aspecto da aliança Davídica é que mais a caracteriza


como uma aliança de graça, e não de lei. Deus está dando uma
promessa incondicional. Não depende mais do homem, mas de
Deus, para cumpri-la. Em outros lugares, diz que Deus jurou a Davi
(Sl 89.35; 132.11). É como o juramento que Deus fez a Abraão (Gn
22.16).

Em diversas outras passagens da Bíblia há referência às fiéis


misericórdias de Davi. Deus prometeu, jurou a Davi, e sua palavra
não pode voltar atrás.
É muito difícil para nós entendermos os caminhos de Deus, e
nunca podemos ter a presunção de acharmos que temos as chaves
para os seus mistérios. Mas em Abraão e Davi podemos entender
um pouco sobre a graça de Deus. Em ambos os casos, Deus
chegou a este ponto de aliança incondicional por causa do nível de
comunhão que alcançaram com ele. Abraão não negou a Deus seu
único filho, que ele mais amava, e que recebera do próprio Deus
por milagre. Davi queria os interesses de Deus, queria fazer uma
casa para Deus, sem qualquer motivo secundário, acima de todos
os seus próprios interesses. Ao chegar neste ponto de
relacionamento com Deus. Deus entrou em aliança incondicional
com ele, e prometeu coisas que ele próprio se comprometeu a
cumprir.

Agora, Deus tem sua própria maneira de cumprir suas


promessas. Ele nunca revela de antemão exatamente como ele vai
realizar o que prometeu. Reserva para si mesmo o método que vai
usar, revelando em tempo oportuno para que todos entendam. Mas
ele é sempre fiel às suas promessas.

No caso de Davi, Deus prometeu um casa e um reino. A casa


é a sua descendência que se assentaria para sempre no seu trono.
Então da casa de Davi, Deus edificará sua própria casa, e o seu
reino. O coração de Davi produziu uma aliança com a casa de Davi,
que se tornou a base para estabelecer o reino de Deus. Se
compararmos 1 Cr 17.14 com 2 Sm 7.16, veremos que a casa e o
trono de Davi são a casa e o trono de Deus.

No Salmo 89 (vv.19-37), o salmista descreve um pouco mais


como eram estas fiéis misericórdias. Se os filhos de Davi não
fossem fiéis a Deus, Deus os disciplinaria e trataria com ele.
Contudo, as suas misericórdias jamais seriam retiradas da sua
casa.

Deus não estava dizendo que esta aliança dava direito para
os filhos de Davi viverem como quisessem. Hoje algumas pessoas
acham que a graça de Deus que ele nós dá em Jesus é este tipo de
“graça barata”. Dizem: “Uma vez salvo, sempre salvo”. Acham que
se Deus nos prometeu a salvação, podemos viver como bem
quisermos, e Deus ainda cumprirá a sua parte. Mas isto não é o
significado da promessa incondicional conforme vemos na história
da descendência de Davi. Os seus filhos realmente foram
desobedientes a Deus, e Deus os disciplinou chegando ao ponto de
expulsá-los da terra prometida. Deus é um Deus justo e nunca
passará por cima de iniquidade.

Mas por outro lado, Deus se comprometeu com Davi, de


firmar para sempre o seu descendente no trono. E ele nunca se
esqueceu disso. Os profetas falam da restauração do tabernáculo,
ou do trono de Davi (Is 16.5; Am 9.11,12), e o anjo que falou com
Maria prometeu que seu filho Jesus seria o descendente de Davi,
que se assentaria para sempre no trono de seu pai (Lc 1.31-33).
Este é o cumprimento da promessa feita a Davi, são as fiéis
misericórdias de Davi. Quem poderia ter imaginado antes de
acontecer que seria assim? Esta é a casa de Davi e o trono de
Davi, que Jesus ressuscitou dos mortos para ocupar eternamente
(At 13.34).

Assim como podemos receber a bênção de Abraão pela fé na


promessa (Gl 3.6-14), nós também podemos participar das fiéis
misericórdia de Davi (ver Is 55.1-4; Jr 33.20-22). A misericórdia
dada a Davi não é algo vago ou místico que Deus resolveu conferir
sobre ele. Foi resultado do coração de Davi, da comunhão que ele
teve com Deus. A misericórdia de Deus agora foi firmada para
sempre com a casa de Davi. Nós podemos nos beneficiar desta
provisão se entrarmos na mesma linhagem, no mesmo espírito. Os
da fé são abençoados com o crente Abraão. Os que têm o coração
de Davi são abençoados com Davi.

Se confiarmos em Jesus, que é o rei no trono de Davi,


entramos no reino de Davi, e recebemos a misericórdia
incondicional de Deus prometida à sua descendência. É através de
Jesus que recebemos um novo coração, uma nova atitude, e o
mesmo espírito de Davi. Entrando na casa de Davi através de
Jesus, fazemos parte daqueles que vão edificar a casa de Deus e
estabelecer o reino de Deus.

Então não precisamos ficar questionando se somos dignos ou


não da misericórdia de Deus. Não é algo dado aleatoriamente, mas
é uma promessa incondicional que se aplica àqueles que aceitam o
seu descendente que está sobre o seu trono, e que recebem o seu
Espírito e o seu reino. Temos desta forma direito às fiéis
misericórdias prometidas incondicionalmente por Deus à casa de
Davi.
PERGUNTAS PARA REVISÃO

Qual o aspecto positivo e negativo de ser um homem de guerra?


Quais os inimigos que devemos odiar hoje, e quais não devemos
odiar?
Por que Davi lutava com alguns inimigos, e não resistia a outros?
O que podemos aprender disso?
O que precisamos aprender a respeito dos inimigos espirituais hoje,
para podermos enfrentar a guerra espiritual?
Por que luta e louvor vão junto?
Qual a ligação entre louvor e profecia?
Por que homens de visão geralmente sentem muita pressão?
Como podemos ser um “tabernáculo de Davi” hoje?
Qual foi a contribuição de Davi a estrutura espiritual de Israel que foi
equiparável à contribuição de Moisés?
Em que sentido o tabernáculo de Davi representou uma mudança
de dispensação?
Quando entraremos na época de glória e equilíbrio perfeito
representado pelo reinado de Salomão?
O que podemos esperar agora, então, para a nossa época?
O que significa a resposta negativa de Deus a Davi, dizendo que
não podia edificar a casa para ele?
O que significa o propósito de Deus de fazer uma casa para Davi?
Segundo o que aprendemos de Davi, como pode ser edificada a
casa de Deus?
Por que Deus queria uma cidade específica para colocar ali o seu
nome?
Como Deus escolheu este lugar?
O que aprendemos deste fato?
O que representa a cidade hoje?
Que equilíbrio importante a igreja precisa manter para realizar seu
propósito divino?
Como é a situação espiritual hoje?
Quando virá o reino de Deus em plenitude?
O que podemos fazer para preparar agora?
Como foi que Deus chegou ao ponto de fazer promessas
incondicionais a Abraão e Davi?
Descreva como Deus mantém sua fidelidade às suas promessas e
continua julgando as iniquidade daqueles que são infiéis às suas
alianças
Como nós podemos participar das fiéis misericórdias de Davi?
AS SETE ALIANÇAS
PARTE 6

A NOVA ALIANÇA
INTRODUÇÃO

Temos visto que o tema aliança atravessa a Bíblia inteira, porque


representa o propósito final de Deus de ter comunhão com o homem. As sete
alianças não são sete tentativas fracassadas de alcançar esta comunhão, mas
são passos que Deus deu no seu relacionamento de namoro com a
humanidade, até chegar ao casamento, que é a consumação final, a aliança
eterna. Todas as alianças prefiguram e mostram este alvo final de Deus; porém
a Nova Aliança, como o último passo, é a que introduz o homem neste
relacionamento eterno com Deus. Não é uma aliança que será superada ou
ultrapassada. É o último passo no plano de Deus.

Como uma forma de revisar rapidamente as alianças que já estudamos,


vamos comparar a comunhão que Deus conseguiu em cada uma delas...

Aliança Edênica – Comunhão Provisória. Deus deu uma escolha para o


homem que determinaria se este continuaria ou não em comunhão com Deus.
Deus teve comunhão por um tempo com Adão, mas não continuou por causa
da escolha que este tomou.

Aliança Adâmica – Comunhão Cortada. Uma aliança escura que fala da


comunhão que foi cortada entre Deus e o homem. Mesmo assim, houve uma
promessa de restauração.

Aliança Noaica – Comunhão Perversa. Houve uma comunhão falsa,


perversa, entre os filhos de Deus e as filhas dos homens. Isto produziu o
dilúvio. Deus salva a humanidade através de Noé que alcançou graça aos
olhos de Deus.

Estas três alianças mostram a comunhão diminuindo a cada passo entre


Deus e a humanidade.

Aliança Abraâmica – Comunhão Individual e Incondicional. Agora


começa uma nova etapa. Deus fez uma aliança com uma pessoa, chegando a
fazer uma promessa incondicional para ela. A partir daí, qualquer que fosse a
atitude dos descendentes, Deus se comprometia a cumprir esta promessa. Só
que ele a cumpre a seu mondo, e não como os homens pensam. Deus é fiel às
suas promessas, e justo ao mesmo tempo.

Aliança Mosaica – Comunhão Coletiva e Condicional. Esta aliança foi o


contrário da aliança com Abraão. Deus agora fez aliança com um povo, o que
era o seu alvo. Ele não queria apenas comunhão com uma pessoa isolada.
Mas ao mesmo tempo, era uma aliança condicional – dependia do povo fazer
uma escolha e cumprir a lei de Deus.
Aliança Davídica – Comunhão Coletiva e Incondicional, Porém
Provisória. Uma aliança que já trazia muitos elementos da Nova Aliança, mas
que ainda era provisória porque Davi não construiu o lugar permanente para
Deus. Foi uma aliança com o povo de Israel, e tinha uma promessa
incondicional também. Mas ainda era uma figura, e não a realização
permanente.

Nova Aliança – Comunhão Coletiva, Incondicional e Permanente. Este


é o alvo de Deus. Veremos neste estudo como podemos ter esta comunhão.

RESUMO DOS SETE ITENS DA NOVA ALIANÇA

As Três Testemunhas. Lemos em 1 João 5.6-8 que Jesus veio pela água
e pelo sangue, e que há três testemunhas: o Espírito, a água e o sangue. Já
falamos um pouco sobre estes três fatores na aliança Mosaica. Veremos agora
como funcionam na Nova Aliança.

Batismo nas Águas – a testemunha da água na prática.

Batismo no Espírito Santo – a testemunha do Espírito na prática.

A Ceia do Senhor a testemunha do sangue na prática.

O Novo Homem – o resultado da operação das três testemunhas.

Casamento – a consumação da união entre Deus e o homem.

Vida Eterna a comunhão eterna que Deus vai ter com a sua noiva. Este
casamento vai dar certo!

AS TRÊS TESTEMUNHAS

As três testemunhas estavam presentes por meio de figuras na aliança


Mosaica. Vimos que no tabernáculo de Moisés eram encontradas no átrio, no
lugar santo e no santo dos santos. Em Êxodo 25.21,22, lemos sobre o
propósito de Deus de ter comunhão com o homem neste tabernáculo. Ele
queria falar continuamente com o homem ali. Em Levítico 16.2,12-14, vemos as
figuras das três testemunhas – a lei representando a palavra ou a água, o
sangue no propiciatório, e a fumaça do incenso formando a nuvem do Espírito,
de onde Deus falaria. Então podemos concluir que Deus quer falar ou ter
comunhão conosco, mas para isto é necessário ter as três testemunhas em
ação e em harmonia.

Neste ponto seria importante falar um pouco sobre o sentido do nome


“Nova Aliança”. Este nome implica que num sentido há apenas duas alianças, a
velha e a Nova. Todas as seis alianças anteriores seriam a Velha Aliança
porque continham símbolos e figuras, enquanto a Nova Aliança é a realidade
de todas aquelas figuras.
Na Nova Aliança temos um novo caminho (Hb 10.20), um novo coração
e um novo espírito (Ez 36.26), um novo cântico (5.9), vinho novo (Mt 26.29),
um novo nome (Ap 2.17), uma nova criação (2 Co5.17), um novo homem (Ef
2.15; Cl 3.10), novos céus e nova terra (Is 65.17), uma nova Jerusalém (Gl
4.26; Ap 21.2).

Jeremias 31.31-33 mostra o que é novo na Nova Aliança. Não é que


Deus vai mudar a sua palavra ou sua lei. Não é que ele agora tem outro
Espírito. As testemunhas são as mesmas. É que agora vão alcançar o coração
do homem, o seu interior, as fontes da sua vida. A sua lei vai estar no coração.
Deus vai nos dar um novo coração e um novo espírito (Ez 36.26), que são duas
maneiras de falar a mesma coisa.

A Nova Aliança traz uma nova dimensão, trata da realidade e não da


figura, porque começa no coração. Há muitas referências no Novo Testamento
acerca do propósito de Deus de efetuar uma transformação no coração ou no
homem interior. Como exemplos veja Efésios 3.16,17; Romanos 7.22 e 2
Coríntios 4.16.

AS TRÊS TESTEMUNHAS NA VIDA DE JESUS

Jesus é o autor da Nova Aliança. Precisamos ver na vida dele a


operação das três testemunhas para ver como podem operar nas nossas vidas.
Para entender melhor, colocaremos em três itens.

Maria concebeu Jesus, o Verbo de Deus, pelo Espírito Santo (Mt 1.20;
Jo 1.1,14). O Verbo eterno de Deus se fez carne pelo Espírito. Aqui temos a
palavra e o Espírito. Ele iniciou seu ministério como o batismo nas águas (para
cumprir toda a justiça da Palavra de Deus – Mt 3.15) e com o batismo no
Espírito (Mt 3.16).

Jesus veio pela água e pelo sangue. Ele não só veio pela água, que
representa a obediência à Palavra de Deus, mas também pelo sangue (1 Jo
5.6). Ele deu a sua vida e morreu na cruz. Do seu coração partido saíram água
e sangue (Jo 19.34). Isto representa o terceiro batismo, o batismo de sangue
(Lc 12.50). Ele deu a vida para que nós pudéssemos ter vida. A partir deste
ponto, o sangue que era proibido aos homens comerem (Lv 17.11-28; Jo
6.53.54).

Jesus foi ressuscitado pelo Espírito de Deus (At 2.23; Rm 1.4). Depois
de ser visto por muitas testemunhas, ele subiu ao Pai e foi glorificado (At 1.9).
Só então ele pôde derramar o Espírito sobre aqueles que o aguardavam em
Jerusalém.

Este é o mistério do Espírito do Deus-homem. Talvez nossas mentes


não possam entender, mas mesmo assim colocaremos aqui o que entendemos
das Escrituras.

Principalmente no evangelho de João, está claro que o Espírito Santo


não poderia ser dado aos homens enquanto Jesus não completasse a sua
missão (Jo 7.37-39; 16.7). De alguma forma, até o dia de Pentecostes o
Espírito Santo havia operado e pairado sobre os homens, mas não pudera
habitar neles e se tornar um com eles. Por causa do mistério da encarnação e
da união de Deus com o homem em Jesus Cristo, agora o Espírito pode habitar
em nós e se unir conosco (1 Co 6.17). E é por causa deste Espírito em nós que
temos a esperança da ressurreição (Rm 8.11). Esta união do Espírito de Deus
com o espírito do homem é o novo elemento da Nova Aliança, e explica o fato
do menor no reino de Deus ser maior do que João Batista (Lc 7.28).

AS TRÊS TESTEMUNHAS EM OPERAÇÃO

É impossível compreender o mistério da salvação, e achar uma fórmula


que todos possam seguir. Mas podemos identificar a presença das três
testemunhas em todas as etapas da nossa salvação, assim como estiveram
presentes em cada parte do tabernáculo de Moisés.

Quando ouvimos as palavras desta vida (At 5.20), o evangelho da nossa


salvação, e cremos nelas, recebemos a vida de Jesus pelo Espírito que dá
testemunho desta palavra (Ef 1.13; Gl 3.2). A palavra é vida porque fala da
obra de Jesus, o evangelho (1 Co 15.3,4). Jesus é a mensagem de Deus, o
amor em realidade. Ele deu a sua vida para nos dar vida – o Espírito. Por isto
quando ouvimos estes fatos, o Espírito dá testemunho nos nossos corações. A
palavra fala da morte de Jesus, da sua vida derramada, do seu amor. Assim
vemos as três testemunhas operando. As palavras (água) desta vida
derramada (o sangue) são espírito e vida (Jo 6.63).

O batismo nas águas é para demonstrar nossa fé nesta palavra e assim


recebermos o perdão dos pecados (At 2.38; 22.16). Aqui temos a união da
água e do sangue. É a fé visível na palavra que fala do sangue. E isto produz o
batismo no Espírito (At 2.38; Ef 1.13). O próximo passo é participar da ceia do
Senhor, comendo sua carne e bebendo seu sangue junto com outros que
creem igualmente.

A igreja primitiva tinha tudo isto em ação, conforme podemos verificar


em Atos 2.42. A doutrina dos apóstolos era a palavra; as orações
representavam a ação do Espírito; e no meio, a comunhão e o partir do pão
representam o sangue.

Hoje não temos a presença das três testemunhas de forma completa e


equilibrada. Muitas vezes temos ênfase exagerada, geralmente na palavra
(grupos tradicionais) ou no Espírito (grupos pentecostais). E geralmente falta a
testemunha do sangue. Assim como foi no quadro que Deus pintou no
tabernáculo de Moisés, Deus não quer só um ou dois elementos. Ele quer a
harmonia e o equilíbrio de todos, a fim de que ele possa falar. Não adianta ter
pregações muito profundas e maravilhosas por um lado, ou muitos dons do
Espírito e reuniões de quebrantamento por outro. Nada vai acontecer porque
falta alguma coisa para Deus poder falar. E experiências em si não resolvem.
Precisamos ouvir a voz de Deus. É só através de ouvi-la que receberemos
vida.
É aí que vemos a importância do corpo de Cristo, a igreja. É possível ter
experiências com a palavra ou com o Espírito sozinho. Mas o sangue que
opera através de comunhão e de doar nossas vidas uns pelos outros, não pode
ser restaurado na igreja numa base individual. O sangue flui no corpo. Fora do
corpo não pode funcionar.

Então é um ciclo de vida. Jesus deu a sua vida e derramou o seu


sangue para podermos receber vida em nós. Quando cremos na palavra que
anuncia o que ele fez, recebemos a testemunha do Espírito que forma esta
mesma palavra em nós ao ponto de darmos a nossa vida também (ver João
3.16 e 1 João 3.16). Demonstramos a nossa fé nesta palavra comendo a carne
e bebendo o sangue de Jesus. Fazendo assim revelamos a vida de Cristo
visivelmente ao mundo para que outros vejam e creiam.

O CORAÇÃO DA NOVA ALIANÇA

Vimos que a Nova Aliança começa no homem interior, no coração do


homem. Vamos ver como isto também se relaciona com as três testemunhas.

O ser do homem é formado de corpo, alma e espírito (1Ts 5.23). O


coração é um termo que a Bíblia usa para se referir ao homem interior ou
invisível, que seria a união da alma e do espírito. Há um conflito sério entre a
alma e o espírito, porque o pecado inverteu a ordem de Deus, e o espírito do
homem sem contato com Deus não consegue mais governar a alma e através
dela o corpo. Só a palavra viva pode dividir entre a alma e o espírito (Hb 4.12).

A Nova Aliança é a promessa de Deus de mudar esta estrutura interior e


nos dar um novo coração ou um novo espírito. Vimos que ao ouvir a palavra de
Deus sobre a obra de Jesus, recebemos o Espírito. Este Espírito é o próprio
Jesus (2 Co 3.17) e Jesus é o Verbo, a Palavra de Deus em ação. Isto é o novo
coração, a lei escrita em nosso interior.

O coração no corpo físico é o centro do sistema circulatório. Isto


estabelece uma ligação com o terceiro elemento que é o sangue. No corpo é o
sangue que une o oxigênio (Espírito) com o alimento (palavra) para dar vida e
energia às células individuais. A Bíblia diz que a vida está no sangue, e isto se
torna claro através desta figura. A palavra e o Espírito são vida porque são o
próprio Jesus, mas só podem ser transmitidos a nós através do sangue,
através da comunhão.

Jesus deu a sua vida por nós. Isto é o sangue, e é por isto que sua
palavra atinge o nosso coração. Da mesma forma, o Espírito opera naqueles
que creem formando esta mesma palavra, este mesmo desejo de dar a vida.
Se o sangue não estiver operando, se não estivermos vivendo a palavra e
dando a nossa vida nossa mensagem não terá valor e não alcançará os
corações dos ouvintes. Será uma nova lei e não uma nova aliança.

Mas o sangue flui no corpo, não numa célula individual. Por isto,
representa comunhão no corpo de Cristo, e não um novo sacrifício individual.
Não fomos chamados para repetir individualmente o sacrifício de Jesus, mas
para juntos comermos o seu corpo e bebermos o seu sangue, para
expressarmos coletivamente a sua vida ao mundo.

Desta forma a palavra de Deus tem que ser ouvida na sua casa, onde há
comunhão e relacionamento. Não é só ouvir uma pregação teórica, mas ouvir,
crer, repartir, dar e receber amor e ver a realidade desta palavra. Assim a lei de
Deus será escrita no nosso coração. A operação do Espírito também só
produzirá resultados permanentes no contexto de quebrantamento e
sinceridade na família de Deus – não em buscas de poder e manifestações
individuais.

Então assim como o coração é o centro do nosso sistema sanguíneo, o


centro da nossa vida na Nova Aliança é comunhão, a vida de Jesus
experimentada no relacionamento vivo uns com os outros, que une a palavra e
o Espírito tornando-os operantes na nossa vida. Assim a partir da
transformação do nosso coração, do interior de cada pessoa, é formado um
novo homem, uma manifestação vida de Jesus neste mundo.

Resumindo, podemos dizer que há uma operação das três testemunhas


para nos tirar da velha natureza adâmica e nos introduzir em Cristo. Isto é
representado pelas experiências de fé em Jesus, batismo nas águas e batismo
no Espírito (At 2.38; 1 Co 12.12-13). É a experiência de crer no que Jesus fez
por nós (o sangue), receber e obedecer à palavra, e a vida nova pelo Espírito.
Depois de sermos enxertados no corpo de Cristo, a nossa vida diária depende
do fluir do sangue, que traz a palavra e o Espírito para nossas necessidades
através da interação dos membros deste corpo. Isto é vivenciado e
demonstrado através de participarmos da ceia do Senhor.

Neste contexto temos a palavra viva. Podemos definir a palavra escrita


como a Bíblia; a palavra ungida como a palavra escrita vivificada pelo Espírito,
mas recebida numa base individual; e a palavra viva como a palavra que sai da
casa de Deus no contexto de comunhão e fluir do sangue. Esta é uma palavra
prática, não uma teoria, e é resultado da operação das três testemunhas. É
esta palavra que pode ser escrita nos nossos corações e que produz um novo
homem.

O TESTEMUNHO DAS TRÊS TESTEMUNHAS

As três testemunhas dão testemunho unânime da mesma verdade (1 Jo


5.8). Vamos ver como isto funciona.

Em João 5.39 Jesus afirma que as Escrituras dão testemunho dele. A


vida não está na Bíblia em si, mas ela fala de Jesus e mostra onde podemos
encontrar a vida. A palavra aponta para Jesus, testifica dele, mostra o caminho.
Então a palavra é uma testemunha que fala da vida eterna.

O Espírito também fala. É mais fácil entendermos isso, pois sabemos


que o Espírito é uma das três pessoas da Trindade. O Espírito está ligado à
palavra, pois em João 15.26, Jesus mostra que o Espírito da verdade testifica
dele. A verdade está na palavra, e o Espírito dá testemunho desta verdade.
É mais difícil entendermos que o sangue é uma testemunha e fala
também. Mas Hebreus 12.24 mostra que o sangue realmente tem uma voz. O
sangue de Abel pediu vingança, e isto trouxe juízo sobre Caim. O sangue de
Jesus fala coisas melhores, pois pede perdão para os culpados da sua morte.

Portanto, temos segurança neste testemunho dado por três testemunhas


a respeito da vida que está em Jesus.

Da mesma forma, podemos verificar que as três testemunhas operam a


nossa santificação. Veja as referências:

Santificação pela palavra – Ef 5.25-27; Jo 17.17.


Santificação pelo Espírito – 2 Ts 2.13; 1 Pe 1.2.
Santificação pelo sangue – Hb 13.12.

BATISMO NAS ÁGUAS

Não entraremos em muitos detalhes sobre estes próximos itens, porque


representam a ação das três testemunhas na prática da Nova Aliança. Mas
daremos algumas referências sobre cada item para estudo e reflexão.

1 Pedro 3.20,21 – O Batismo na água não é para lavar o corpo físico,


mas para alcançar uma boa consciência pela fé no sangue de Jesus e pela
ressurreição de Jesus Cristo (o Espírito). Outra vez aí está a ação das três
testemunhas.

Colossenses 2.11,12 – O batismo nas águas é a circuncisão do coração


pelo Espírito. O batismo nas águas é ligado ao batismo no Espírito. Se fomos
batizados na água com fé, de acordo com a Palavra de Deus, devemos ser
batizados no Espírito (ver At 19.1-6). O batismo no Espírito é que completa o
batismo nas águas.

Romanos 6.3-5 – Somos batizados nas águas, ressuscitados pelo


Espírito e andamos em novidade de vida pelo sangue.

Gálatas 3.26-27 – Se formos sepultados com Cristo, seremos também


ressuscitados com ele. Se fomos batizados em Cristo, seremos também
revestidos dele. Teremos nova roupa, nova vida.

BATISMO NO ESPÍRITO SANTO

Mateus 3.11 – João Batista recebeu e pregou uma palavra forte de


arrependimento. Esta mensagem e o passo prático de batismo nas águas
foram a preparação para a vinda de Jesus que batiza com o Espírito Santo.

Atos 1.4,5 – Jesus não batizou ninguém com o Espírito Santo enquanto
estava na terra. Ele começou a batizar no Espírito depois que voltou para o Pai.

João 14.26 – O Pai enviaria o Espírito Santo no nome do Filho para


ensinar todas as coisas. Não podemos entender nada sem o Espírito que
revela toda a verdade.

João 15.26; 16.7 – O derramamento do Espírito Santo envolve toda a


Trindade. Não é importante discutir se é o Pai que o envia, ou se é Jesus. O
importante é recebê-lo!

Atos 2.32,33,37,38 – Qual o caminho que Pedro abriu para aqueles que
queriam seguir Jesus? Ser batizados na água no nome de Jesus para remissão
de pecados, e receberiam o dom do Espírito Santo. Queremos ver este
evangelho anunciando outra vez com poder, e assim veremos os mesmos
resultados.

Gálatas 3.14 – O Espírito é o cumprimento da promessa feita a Abrão. É


a bênção que viria através da sua descendência a todas as famílias da terra.
João 3.5 – É preciso nascer da água (palavra) e do Espírito para entrar no
reino de Deus.

A CEIA DO SENHOR

1 Coríntios 11.23-26 – Entre a primeira e a segunda vinda de Jesus, a


atividade principal dos seus discípulos é reunir-se em torno da mesa do Senhor
para anunciar a morte dele até que ele venha. Lembramo-nos da sua morte e
nos preparamos para a sua vinda. Os cristãos primitivos estavam tão cheios da
esperança da segunda vinda que comiam pão de casa em casa todos os dias e
repartiam os seus bens.

Gênesis 9.4 (ver também Lv 17.14) – Na Velha Aliança não se podia


comer o sangue, pois era sangue de animal. O sacrifício de animais era uma
figura da morte de Cristo, mas como era figura o sangue não podia ser comido.
Na Nova Aliança podemos comer o sangue verdadeiro, que tem a vida de
Cristo. Deus não queria que o homem comesse o sangue de animais, pois
estaria recebendo o espírito ou a vida daquele animal. Agora recebemos a
verdadeira vida em Jesus.

João 6.53-58 – Sem comer o sangue de Jesus, não temos vida em nós
mesmos.

João 6.60-63 – As três testemunhas: a palavra que é espírito e vida


(sangue).
Atos 2.42 – Depois do batismo nas águas e de receber o Espírito Santo, os
discípulos continuavam na doutrina dos apóstolos, na partir do pão, na
comunhão e nas orações.

A própria ceia tem as três testemunhas: o pão com farinha de trigo


(palavra) e azeite (o Espírito), e o vinho que representa o sangue. Então
entramos na vida de Cristo pelas três testemunhas, e depois continuamos
mantendo a vida cada dia pelas mesmas três testemunhas. Desta forma Cristo
é formado em nós.
O NOVO HOMEM

A Nova Aliança começa com a formação de um novo coração e termina


com o aperfeiçoamento de um novo homem. As seis primeiras alianças foram
passos para chegar à Nova Aliança, mas ainda estavam na velha estrutura, na
velha natureza do homem. Tinham verdades e figuras da nova vida, mas ainda
não tinham a realidade.
Para Deus toda a humanidade se resume em dois homens: Adão e Cristo. Um
trouxe o pecado e a morte, o outro trouxe a justiça e a vida (ver 1 Co
15.20,21,45,47; Rm 5.17). São totalmente opostos entre si – duas naturezas,
duas origens, dois destinos. Jesus veio como o último Adão para levar a
natureza adâmica à morte, e como o segundo homem para iniciar uma nova
ordem.

Deus não quer consertar ou melhorar a velha natureza. Ele quer criar
algo totalmente novo. O melhor que a vida de Adão produz é uma alma vivente,
um receptor, um ser que vive. Jesus, porém, é espírito vivificante, ele dá vida
ao invés de receber. Ele veio do céu, tomou a nossa natureza sobre si, morreu,
ressuscitou e voltou ao Pai para derramar o seu Espírito e criar o novo homem
em nós. Dentro deste vaso de barro, dentro desta capa velha, ele está gerando
algo novo, uma natureza completamente nova. É um mistério oculto, uma
criação que está sendo formada, escondido dos olhos humanos, em
preparação para o maior acontecimento na história, a segunda vinda de Cristo.
O invisível está sendo formado em nós, para um dia se tornar visível.

O novo homem será formado quando Cristo for tudo em todos (Ef 4.20-
24; Cl 3.9-11). Não é ter um pouco de Cristo, mas Cristo ser tudo em nós. Mas
também não é Cristo em alguns, mas Cristo em todos. O nível do cristianismo
atual é ter um pouco de Cristo em algumas pessoas. O novo homem é formado
pela transformação completa do nosso interior (2 Co 5.17 – uma nova criatura),
e pela união de todos os membros do corpo de Cristo. Precisamos de todos
que Deus chamou para formar Cristo. A cabeça do corpo não vai se unir com
apenas uma parte do corpo. Ele quer penetrar em cada coração e unir todos
em um só corpo, para ser tudo em todos.

Estar em Cristo é Cristo também estar em nós. Jesus rasgou o véu da


sua carne para que nós da velha criação pudéssemos estar nele, e entrar no
santíssimo lugar, que é seu próprio corpo. Pelo batismo nas águas
demonstramos nossa fé nesta identificação com a morte e ressurreição de
Jesus. O Espírito Santo então vem operar esta nova criação dentro de nós. A
ceia não simboliza o tomar do corpo e sangue de Jesus como se estivéssemos
fora de Cristo; antes é a demonstração da nossa posição de estar nele,
recendo o seu sangue e a sua vida naturalmente como membros dele. A falta
de revelação e fé nesta verdade espiritual permite a manifestação da vida
natural de Adão; por isto precisamos permanecer na fé, e dia a dia participar da
vida de Jesus.

O evangelho, então, não é falar de Jesus lá no céu onde vamos morar,


mas é identificar-nos com ele aqui na terra, com o seu corpo. É estar na igreja,
na casa de Deus, no corpo de Cristo. O novo homem não é uma criatura
individual, mas uma parte do corpo de muitos membros. O novo homem
começa no coração de cada um, mas no fim é um só homem, formado da
união verdadeira de todos aqueles que têm esta nova vida.

Podemos dizer assim que o novo homem é algo muito íntimo, profundo e
interior, mas muito universal e abrangente ao mesmo tempo. Este novo homem
ou nova criação é a resposta a todas as ideologias, filosofias e necessidades
humanas. É a origem de um novo sistema, uma nova ordem, que resolve todos
os problemas e impasses que a humanidade enfrenta. Cristo se torna tudo em
todos, nada vem da nossa natureza adâmica. Ele implanta em nós o seu
querer, a sua vida. Este é o nosso destino. Não vamos correr atrás de outras
soluções. Não vamos tentar forçar ou produzir o novo coração ou a nova
natureza por nossa própria força e capacidade. É uma obra que vem dele e
está sendo feita no nosso interior pela operação das três testemunhas.

O CASAMENTO

A Bíblia começa e termina com casamento. No princípio toda a criação


de Deus foi boa, menos o fato do homem estar só (Gn 1.18). Deus não criou
outra pessoa, mas tirou-a do próprio corpo de Adão, para que lhe fosse
compatível e harmoniosa. Mas foi uma pessoa imperfeita porque Adão era
imperfeito.

A igreja é a noiva de Jesus (2 Co11.2; Ef 5.22-33). Podemos dizer que a


igreja foi tirada do lado de Jesus, pois quando ele morreu saíram água e
sangue do seu lado (Jo 19.34), que representam a palavra e o sangue que nos
dão vida. Nossa vida provém de comer sua carne e beber seu sangue (Jo 6.54-
57). O casamento que vai haver na consumação do século será um casamento
maravilhoso, porque fomos tirados de alguém que não tem defeito (ver Ap 19.9;
21.2,9).

Agora somos o corpo de Cristo (1 Co 12.27), mas isto é pela fé, pois a
nossa união com ele ainda não foi consumada. Para ser um só corpo com o
nosso Noivo em realidade, é só depois do casamento (ver Gn 2.24). Agora
estamos ligados com Cristo no Espírito que nos está preparando como noiva
para aquele dia. O casamento será o dia da glorificação dos nossos corpos, a
manifestação visível do novo homem e a união permanente com o nosso
Cabeça.

Quanto mais amor e união há entre um casal, mais eles anseiam pelo
dia do seu casamento. Quem já está unido não sente o desejo ardente de se
unir. Por isto a igreja deve ansiar pela volta de Cristo e pela união completa,
pois ainda não está casada com ele. E quanto mais conhecemos a Cristo,
quanto mais comunhão e união temos com ele no Espírito agora, mais anseio e
urgência sentimos para que a nossa união seja completa e permanente. É esta
comunhão no nível que podemos experimentar agora, como corpo de Cristo
pela fé, que nos prepara para o casamento. A nossa união com Cristo no
Espírito nos prepara para a união plena e total com ele naquele dia (1 Co
6.16,17).
É importante saber o que podemos experimentar agora como corpo de
Cristo pela fé, e o que só virá depois do casamento. Isto nos dará ousadia para
possuir tudo que está ao nosso alcance agora, mas gerará expectativa e
ansiedade para a sua volta.

Agora somos filhos de Deus, mas ainda não se manifestou o que


havemos de ser (1 Jo 3.2,3). Podemos ter vitória sobre o pecado (1 Jo 3.9), ter
as primícias da nossa herança (Ef 1.13,14) e experimentar o poder da sua
ressurreição (Ef 1.19,20). A igreja tem experimentado e continuará a
experimentar tempos de refrigério e avivamento (At 3.20). Porém a glorificação
do nosso corpo (1 Co 15.51,52), a paz no mundo e a libertação da criação (Rm
8.18-25; Ap 11.15) só virão com a volta de Jesus. A nova sociedade e o reino
de Deus em plenitude e domínio sobre a terra só virão quando Jesus vier em
poder e grande glória. É esta expectativa que constitui um dos grandes
preparativos para a segunda vinda.

Por outro lado, a segunda vinda não vai resolver problemas que
deveriam ser resolvidos antes. Quem não apropriou da graça e vitória que
Jesus nos ofereceu na sua primeira vinda, não estará pronto para a segunda.
Jesus ilustrou isso com a parábola das bodas em Mateus 22.1-14. Aquele que
não tinha veste nupcial não havia usado aquilo que Jesus ofereceu para se
preparar (ver também Ap 19.8). Este é o nosso desafio presente. Precisamos
entrar em tudo que Deus nos ofereceu em Cristo, através da sua obra
completa, para que Jesus possa voltar.

A VIDA ETERNA

Este é o sétimo item da sétima aliança. É o alvo final de Deus em todas


as sete alianças. Às vezes pensamos que é o que o homem mais quer, mas na
verdade é o que Deus quer – a comunhão permanente entre ele e nós.

Os cientistas querem descobrir o segredo da vida para poderem


produzir, manipular, prolongar e controlar a vida. Nós também queremos
descobrir este segredo, mas com outro propósito – para podermos repartir a
vida com outros.
Gênesis – 2.7-10 – A Bíblia começa com um homem, uma alma vivente, num
jardim em cujo centro havia a árvore da vida, e de onde fluía um rio para o
resto da terra.

Apocalipse 22.1,2 – No fim da história encontramos o rio da vida e a


árvore da vida novamente. Desde o princípio até o fim, a Bíblia fala sobre vida
– como foi perdida, e como será restaurada.

O rio é um tema da bíblia também. Já o temos visto em Gênesis e


Apocalipse. Em João 4 Jesus afirma que quem beber da água que ele der,
tornar-se-á uma fonte de água inesgotável, que jorra para a vida eterna (Jo
4.14). Os salmos falam que há um rio que alegra a cidade de Deus (Sl 46.4).
Ezequiel fala sobre o rio de águas vivas que sai do santuário e sara a terra (Ez
47.1-12).
As religiões orientais ensinam que a fonte da vida está no próprio interior
do homem. Acham que para alcançá-la, basta liberá-la através de meditação,
concentração e exercícios místicos. Isto não é verdade. Eles conseguem fazer
milagres através dos seus métodos, mas na verdade é através da operação de
outros espíritos, e a vida que procuram não aparece. Por outro lado, os cristãos
creem que a vida vem de Deus, fora de nós, mas muitas vezes em contentam
em crer em doutrinas teóricas e falar da vida eterna que vem depois da morte.
Neste caso eles também não estão manifestando a vida que o mundo procura.
Temos que entender que a vida não provém de nós – vem de Deus, totalmente
fora do nosso controle esforços ou capacidades. O rio flui do trono do Senhor,
mas quando o recebemos, torna-se uma fonte no nosso interior, que jorra
continuamente para saciar a nossa sede e de outros. Flui de fora para dentro, e
depois de dentro para fora, formando assim um ambiente de vida dentro e fora
de nós.

Aqui está uma definição de vida: vida é a misteriosa faísca interior de


criatividade, que prova a existência de uma causa primordial de todas as
coisas. A morte acontece quando esta faísca se apaga. Vida é um mistério que
até hoje os cientistas não entendem, nem sabem explicar. É como a
eletricidade – podemos ver seus efeitos e estudar suas leis de funcionamento,
mas não podemos defini-la ou descobrir sua essência. A vida produz muitos
efeitos visíveis e multiformes manifestações (plantas, animais, seres
microscópios, o homem, etc). A característica marcante da vida é a
criatividade; ela está sempre produzindo algo novo, crescendo, reproduzindo,
adaptando-se com as circunstâncias, mexendo, correspondendo,
comunicando. Esta criatividade prova a existência de Deus, pois ela tem que
ter uma origem, uma causa primordial. De onde veio esta faísca? Não pode
surgir do nada, e nem simplesmente da matéria – tem que existir um Criador
vivo para criar seres vivos.

Pelo fato das coisas materiais serem limitadas, nossa mente consegue
entendê-la e compreender seus princípios e fins. Entretanto, não conseguimos
compreender a vida porque ela é o próprio Deus infinito. É impossível explicar
Deus, porque ele é quem tem de nos explicar. Se o explicássemos ou
compreendêssemos, ele seria inferior a nós. Podemos conhecer alguns
aspectos dele, mas nunca poderemos abranger o seu todo, que é infinitamente
grande. Se explicarmos a vida, estaremos explicando o próprio Deus.

1 Coríntios 15.44-47 – Existem dois tipos de vida bem distintos. Vida


natural (alma vivente) e vida espiritual (espírito vivificante). A vida natural
depende da contínua correspondência do interior da criatura com a criação
exterior. Exemplos: respiração, alimentação, adaptação ao ambiente, etc.
Quando esta correspondência cessa, a vida também cessa. A vida espiritual
depende da contínua correspondência do interior do homem com Deus. É o
relacionamento entre o Criador e a criatura. Só o homem pode manter este
relacionamento, porque foi feito na imagem de Deus. Os animais não têm vida
eterna ou espiritual.

A vida natural é um espelho, uma figura da vida espiritual para a nossa


melhor compreensão. Através do corpo físico, podemos entender o corpo de
Cristo e o funcionamento da vida espiritual. Por exemplo, na Biologia
aprendemos que há quatro processos essenciais para toda a forma de vida:
metabolismo (produção e consumo de energia, e edificação das substâncias
básicas para a vida), crescimento, reprodução e adaptação (capacidade de
ajustar-se ao ambiente em que vive). Através destes princípios da vida natural,
podemos aprender importantes lições sobre os princípios da vida espiritual.

A luta principal da vida natural é a auto preservação. A maior parte dos


esforços e tempo de todos os seres vivos é destinada a evitar a morte. (Uma
ilustração disso são as nações hoje – a maior parte da renda e da tecnologia
dos governos é gasta em armamentos.) A vida espiritual, porém, é totalmente
diferente. Longe de estar preocupada com a morte, ela está tão envolvida em
dar vida aos outros que não tem tempo ou necessidade de preocupar-se
consigo mesma. Note o contraste das duas vidas: (1 Co 15.45) alma vivente
versus espírito vivificante. Ambas têm vida, mas há uma diferença fundamental.

A primeira recebeu vida de Deus e quer preservá-la, e a segunda está


tão preocupada em transmitir vida a outros, que a morte nem pode atingi-la.
Jesus fala sobre estes dois tipos de vida em Mateus 10.39: “Quem achar a sua
vida, perdê-la-á; e quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á”. Isto
tem acontecido na história – pessoas têm perdido as suas vidas e assim têm
vivificado milhares através do seu testemunho.

A vida do homem é receber para dar. A vida de Deus é dar para receber.
Se recebermos a vida de Jesus, nós também vamos querer dar ao invés de só
receber. A maioria dos cristãos hoje é alma vivente. Estamos estudando sobre
vida para receber mais revelação do que é a vida de Jesus, e assim começar a
dar nossa vida para outros.

VIDA NO EVANGELHO DE JOÃO

João fala mais sobre vida em todos os seus escritos do que qualquer
outro autor na Bíblia.

João 1.1,4 – Jesus é a Palavra e a Palavra é Deus. Nesta Palavra


estava a vida e esta vida era a luz dos homens. O mundo quer achar
conhecimento (luz) para produzir vida, mas na verdade, funciona ao contrário.
É a vida que produz o verdadeiro conhecimento. Não há luz, verdade,
conhecimento ou orientação sem partir desta faísca de vida. Vida é uma
pessoa e não uma teoria, doutrina, fórmula ou método religioso. Vida é Deus
revelado em sua Palavra, Jesus.

A primeira coisa que lembramos sobre o relato da criação, em Gênesis


1, é que Deus disse: “Haja luz”. Parece que a luz veio primeiro. Se, porém,
olharmos com atenção, veremos que a luz veio no versículo 3. Antes disto, no
versículo 2, o Espírito de Deus pairava sobre as águas. O Espírito de Deus é
Deus, é o Espírito de vida, é a própria vida. Antes de Deus falar, já havia vida
pelo Espírito de Deus, e foi esta vida que falou e deu ordem para haver luz. A
luz é consequência da vida. A vida criou todas as coisas, inclusive a luz. A luz
vem da Palavra (haja luz), mas a Palavra é vida (procede do Espírito).
João 5.26 – O Pai tem vida em si mesmo e o Filho também. Vida é algo interior
e misterioso.

João 6.54,57 – Vida é comer o filho de Deus. A chave não está em nós
mesmos, mas em Deus, na vida que ele nos oferece. Comer o Filho de Deus é
um mistério, algo que vem de fora entra no nosso interior e passamos a ter vida
para repartir com outros. Esta é a base da nossa salvação. Não é receber uma
teoria, ou apenas uma promessa futura, mas experimentar a verdadeira vida
eterna agora – o pão da vida que desceu dos céus!

Jesus disse que ele é a vida (Jo 11.25). Ele é o caminho, a verdade e a
vida (Jo 14.6). Aqui a sequencia está numa ordem inversa, pois vida produz
verdade (ou luz), e a luz mostra o caminho de crescimento para alcançar o alvo
de Deus. A vida eterna é conhecer a Deus através de Jesus (Jo 17.3).

VIDA EM 1 JOÃO

1 Jo 1.1-4 – João teve a audácia de afirmar que a vida é uma pessoa. A


vida que todo o mundo procura está numa pessoa de carne e osso, que agiu
na história, foi ouvida, vista e tocada pelos apóstolos, e agora está com seu
Pai. A vida não é qualquer pessoa, nem está em todas as pessoas como
afirmam as filosofias orientais, mas é uma pessoa específica – Jesus Cristo.
Algumas religiões ensinam que a criação é Deus, enquanto outras que a vida
que está em cada pessoa é Deus. Na verdade a vida está na pessoa do
unigênito Filho de Deus, e só pode entrar em nós através de uma experiência
objetiva, uma conversão. Muitos já têm recebido esta vida, mas precisam
entendê-la melhor para usufruir de todo o seu potencial, ao ponto de transmiti-
la a outros.

Apesar de Jesus ter ido embora para o céu novamente, ele deixou
testemunhas autorizadas (os apóstolos), que falariam desta vida eterna que
tinham visto, ouvido e experimentado. E qual o propósito deste testemunho que
dariam? No versículo 3 diz: “... para que vós também tenhais comunhão
conosco; e a nossa comunhão é com o Pai, e com seu Filho Jesus Cristo”.
Note que os apóstolos anunciavam a vida para produzir comunhão. E o que é
esta comunhão? É a própria vida! Comunhão é o compartilhar da vida. Os que
ouviam os apóstolos recebiam a mesma vida que era anunciada por eles, e
assim tinham comunhão. O efeito da vida é compartilhar, dar aos outros,
vivificar outros. E a comunhão é baseada no compartilhar da vida recebida de
Deus.

Podemos resumir isso em três passos. 1. A vida é uma pessoa, Jesus,


que é o próprio Deus. 2. Tendo comunhão com esta pessoa (conhecendo,
tocando, ouvindo e vendo Jesus), recebemos a vida. 3. Ao receber a vida,
vamos compartilhá-la com outros, para que tenham comunhão, não só
conosco, mas com Deus. Se tivermos comunhão com quem achou vida, nós
também receberemos vida. Se temos comunhão com uma pessoa que tem
uma forte amizade com uma terceira pessoa, nós também seremos levados a
ter comunhão e amizade com esta terceira pessoa. Podemos levar outras
pessoas a ter comunhão com Deus se nós tivermos esta comunhão. E
comunhão com Deus é vida eterna.

A chave para a vida não é comunhão em si, mas a pessoa de Jesus.


Qualquer tipo de comunhão não vai produzir vida. A comunhão que produz vida
parte da comunhão com Jesus. Ele é a própria vida e comunhão com ele nos
traz vida. Se anunciarmos esta vida, teremos comunhão com todos que
aceitarem nossa palavra, e eles terão vida também. No versículo 4, vemos que
esta vida e comunhão resultam em gozo. Não existe gozo mais completo do
que dar vida a outros.

1 João 1.5-7 – João quer nos conduzir por três passos bem distintos
nestes primeiros dois capítulos de sua epístola. O primeiro é que Deus é vida.
Agora chegamos ao segundo: Deus é luz. Vimos que luz ou conhecimento não
produz vida, mas que vida produz luz. Os homens procuram a vida através da
ciência, que é luz natural. Porém, estão a caminho de destruir a vida natural
através de armas nucleares, poluição, produtos químicos, etc. No jardim do
Éden, Deus mostrou isso: a árvore do conhecimento do bem e do mal (luz)
gerou a morte, enquanto a árvore da vida tinha o segredo da vida e da luz.

Por que João falou sobre comunhão novamente no versículo 6? Por que
agora ele quer mostrar que se alguém falar que tem vida e comunhão, mas
anda nas trevas, ele está mentido e enganando a si mesmo. Não adianta falar
palavra bonitas sobre ter vida em Jesus e sobre a comunhão, se não há
resultados práticos na sua vida. A vida verdadeira produz luz. Deus é vida, mas
ele também é luz. Se alguém diz que tem vida, que tem comunhão com Deus,
e não tem luz, está enganado. A luz é a prova de que realmente há vida.

Andar na luz é a mesma coisa que ter comunhão com Deus. Se temos
comunhão com Deus, temos comunhão com outros também. Quem tem
comunhão com Deus tem vida, esta vida produz luz e a luz produz comunhão
com os outros. Se todo nosso ser está aberto e exposto à luz de Deus, pode
também ser exposto aos nossos irmãos. Se o que enche o nosso interior é a
vida de Deus, não nos envergonharemos de expor tudo diante dos homens.

A luz produzida pela vida revela os impedimentos que não permitem o


fluir da vida. Quando reconhecemos no profundo do nosso ser que não somos
nada, que não temos justiça, estamos recebendo a luz que provém da vida.
Não é uma luz mental de filosofia, psicologia ou teologia, mas é a luz palpitante
e vivificante da vida. Num instante somos mudados, pois na mesma hora que a
nossa terrível podridão é revelada e trazida à luz, o sangue flui levando embora
toda a sujeira. Somos assim totalmente libertos para fluir em vida.

Em 1 João 2.3-8, chegamos ao terceiro passo. A prova que conhecemos


a Deus é que guardamos os seus mandamentos. Antes ele falou que a prova
era andar na luz, mas agora vai acrescentar outro elemento.

Quando lemos sobre guardar os mandamentos no Novo Testamento,


geralmente levamos um choque, porque achamos que os mandamentos fazem
parte da velha aliança. Mas o mandamento (vv. 5,6) é amor! O amor é muito
forte. É possível dar sua vida por alguém que você ama de verdade. Se temos
amor por Deus, guardaremos seus mandamentos.

Este mandamento é velho (vv.7,8) porque se encontra em Levítico e


Deuteronômio. Deus não mudou sua palavra ou sua lei. O problema era que na
velha aliança era impossível guardar o mandamento. Não conseguimos amar a
Deus sem Jesus em nós. Por isto é também um mandamento novo, pois é
verdadeiro nele (em Jesus), e em nós. Jesus o cumpriu na sua vida, e pelo seu
Espírito o cumpre em nós também. Podemos amar a Deus porque Jesus está
em nós pelo Espírito Santo.

Estar em Jesus e ele estar em nós é comunhão perfeita. É o verdadeiro


conhecimento. E esta união perfeita com ele é amor.

Se temos vida, temos a luz ou a verdade que nos mostrará o nosso


pecado (1 Jo 1.8). A luz que mostra o pecado permite a purificação pelo
sangue, deixando assim a vida fluir livremente. Pecado é morte, é obstáculo
para o fluir da vida. O fluir da vida é amor. Quando o sangue tira os
impedimentos, temos comunhão contínua com Deus e com os outros, e isto é
amor. Mas para isto, tem que ter luz pois a comunhão depende de andar na
luz. O começo de tudo é vida. O fim de tudo é amor. E o processo é luz.

PERGUNTAS PARA REVISÃO

Compare as seis primeiras alianças com a Nova Aliança.


Mostre como a comunhão do homem com Deus estava diminuindo nas
primeiras três alianças.
Mostre o progresso da comunhão do homem com Deus a partir da quarta
aliança.
O que há de novo na Nova aliança?
O que quer dizer quando a Escritura afirma que Jesus não veio apenas por
água, mas por água e sangue?
Por que a operação do Espírito Santo é diferente depois de Jesus do que antes
dele?
Mostre como as três testemunhas estão presentes na nossa salvação.
Como estão presentes também na nossa vida cristã depois da salvação?
Descreva a ação das três testemunhas na igreja primitiva.
Como está a igreja hoje em relação às três testemunhas?
Por que o sangue só pode ser experimentado no contexto da igreja, e não
sozinho?
Explique como o início e o fim do ciclo de vida são semelhantes.
Por que existe um conflito no interior de cada pessoa?
Como a Nova Aliança resolve este conflito?
Que tipo de palavra atinge o coração dos homens?
Por que a palavra precisa ser ouvida na casa de Deus para ter efeito real?
Por que a comunhão está no centro da Nova Aliança?
Explique o que é palavra escrita, ungida e viva.
Mostre como cada uma das três testemunhas dá testemunho de Jesus.
Qual o sentido do batismo nas águas na Nova Aliança?
Qual a relação entre o batismo nas águas e o batismo no Espírito?
Por que não era permitido comer sangue na velha aliança?
Explique como Jesus é o último Adão e o segundo homem.
Qual o significado de participar da ceia do Senhor na Nova Aliança?
O que pode ser feito com a vida de Adão?
Como podemos sair de Adão e estar em Cristo?
O que quer dizer Cristo ser tudo em todos?
Como é formado o novo homem?
O que é este novo homem?
Quando é que a vida de Adão pode se manifestar em nós?
Por que podemos dizer que a igreja saiu do lado de Jesus assim como Eva foi
tirada de Adão?
Em que sentido somos o corpo de Cristo agora?
Como é produzido o anseio pela volta de Jesus?
O que é que a igreja pode experimentar antes do casamento?
O que virá só depois do casamento?
Como devemos nos preparar para este casamento?
Por que estamos interessados em descobrir mais sobre a vida eterna?
Por que podemos dizer que Deus está mais interessado em nos dar a vida
eterna do que nós em recebê-la?
Qual a diferença entre a visão oriental e a visão cristã sobre a origem da vida
verdadeira?
Por que é impossível explicar a vida eterna?
Qual a característica marcante da vida, e o que isso prova?
O que é vida espiritual?
Dê algumas diferenças entre a vida do homem e a vida de Deus.
O que é luz e de onde vem?
Explique como vida e comunhão estão relacionadas.
Que tipo de comunhão produz vida?
Explique a relação entre vida, luz e amor.
Por que a operação da luz é importante?
Que dois tipos de luz ou conhecimento existem?
Qual a diferença entre mandamento na Velha e na Nova Aliança?

Você também pode gostar