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HISTORIA DA VIDA
DE NOSSA SENHORA
Reformatado by:
O !)rimeiro ato após o nascimento de Nossa Senhora foi aquele
do casal Joaqui m .e Ana: oferecê-IA a Deus, como o artista procurou
ilustrar com esta concepção, in "Na Luz Perpétua" - 11 vol. - Liv.
Ed. Lar Católico- 1950
·- Juiz de Fora (MG).
-I-
ORAÇÃO
-li-
CRONOLOGIA HISTóRICO/BIOGRAFICA DE NOSSA SENHORA Antonio Maia, c.m.
(da Academia Marial, Aparecida)
anos 738/700 antes de Cristo - de uma Virgem (heb. ' t/mah), Isaías 7, 14
lsraei/Judá (reinados de Maria, diz o profeta qu e nascerá
Acaz - Ezequias - Ozias). o Messias (Emanuel = leus conosco).
ano 731 a.C. - Judéia I Bet o profeta indica com p ·ecisão o Miquéias 5, 1-3
Gibrin (reinado de Acaz e lugar da Palestina ond l a " Virgem"
Ezequias). (Maria} dará à luz: Éfrata (Belém).
1- - - ---
1
3/8 dias após o nascimento - festas Aposição do nome: Myriam; extrabíblicos/
estabelecidas para: (12 de Apresentação da menina no Templo. tradição/Liturgia.
1
setembro) Santo Nome; e 21 de (segundo a lei Mosaica, dentro dos
i novembro, Apresentação. 11 dias após o nascimento).
�
BIBLIOGRAFIA PARA A FEITURA DESTA CRONOLOGIA:
I' J O monge Dlonlslo, o pequeno lt 550), fez coincidir o nascimento da Cristo no ano 754 da lundaçlo da Roma, porém, estudos poste·
rlorea verificarem o engano nos célculos, firmando o nasci mento de Jesus nos anos 747 ou 748 da Roma, l .é., 6/7 anos antes do
118111belecldo pelo monge europeu ocidental; desta forma, o calendário cristão, ao Invés de Iniciar-se no nascimento de Cristo,
começa na verdade 6/7 anos depois (observação de Mons. Galblatl). - Hé, porém, os que advogam o Inicio da Era Cristã no ano 753
de Roma.
e Uni 116 Evangelho (harmonia conforme o texto original grego, com lndlcaçlo de tempo e lugar para cada acontecimento) - Pe. Léo
Persch - Ed. Paullnas, - 1955.
e O Enngelho de Jeaue - Assoe. MTMEP. sob direção de Mons. Enrlco Galblatl (Doutor em Ciências Blbllcas) - Pessano (Milano).
ltélla, ed. brasileira, 1968.
• 81111111 8agnda - Traduçlo da Vulgata e anotação pelo Pe. Matos Soares - (Paullnas) - 10.• edlçlo.
,....__ Centro Mariológico/Cultural de Publicações -
-VIII-
Antonio Maia, c.m.
Congregado Mariano
Adorador Noturno
Zelador do Apostolado da Oração
Serra Clube - Tijuca - (Rio)
da Associação dos Jornalistas Católicos (Rio)
Ori antad or do Circulo de Estudos Missa Est (Rio)
da Academia de Ciências a Letras Sio Tomás da Aqulno (Rio)
da Aca de m ia Mariana (Nova Friburgo - RJ)
da Academia Marial - Aparecida (SP)
da Academia Matar Salvatorls (Bahia)
Ministro Extraordinário da Palavra
(processo em tramitaçio)
Apresentação
Alice Gérin lsnard Távora, jornalista, es
critora, Fundadora-Diretora da Agência
Católica de Notícias, Secretária da Co
missão do "Dia Nacional de Ação de
Graças".
-------,
de
R io/RJ
1 966/ 1 989
APROVAÇAO ECLESIÁSTICA
NIHIL OBSTAT
Côn. João Corrêa Machsc/o
Censor librorum ex deleg.
Aparecida, 24 de setembro de 1989
Nossa Senhora das Mercês
I M P R IMATU R
FICHA TÉCNICA
Editoração:
Devotos de Maria Ssma. de di
versas pastorais, movimentos c
associações religiosas.
Arte Gráfica:
Gerson Rltter
Ricardo de Souza
lto Oliveira Lopes
Re visão :
Fernando Camacho Pereira
Diagramação:
O Autor
Linotlpia:
Laércio José Costa
Paginação:
Joel de Almeida Couto
Encadernação:
Edellclo Mariano
Clichês:
"Garcia" (fotogravura, fotolito e
cl icheria)
Traduções:
Prof. Joaquim Affonso de Oli
veira e Odete Costabi le
Partitura musical:
Cantora/Maestrina Maria Neves
Terra Cunha
Cantora/Organista !rene Neves
Terra
Caplstas:
Deserthista Alexandre Martins
e gravador Gilberto Soares (so
bre croquis do Autor).
Capa:
Reprodução adaptada da capa do
"Boletim Sales/ano" (de maio de
19.87, N.• 8 Ano 111 ) Particular
- .
e, conseqüentemente,
é de todos aqueles que A amam
e quer�m vê-IA glorificada nesta Terra
na maior extensão possível ;
se se permite
(sem quaisquer direitos de reserva)
transcrições, no todo ou em parte,
é , na certeza de que seja feita
de forma fiel e indicada a fonte;
considerem-se co-editores,
com o Autor, todos que,
de uma forma ou de outra,
generosa e devotamente,
possibilitaram a publicação destas páginas.
dilatando o reinado
d a Rainha do Céu e da Terra.
Editoração ao ensejo do
"Grande Advento Mariano",
preconizado pelo Papa João Paulo 11
em preparaçlío aos 2 .000 anos
do nascimento temporal de Cristo,
" i nauguração " do século XXI.
$.
COMPANffiA
BRASILEIRA DE
ARTES
'RA'FICAS
IIUCI'IIII::J«BJJS m-..ma,..23<...Q&2l•Zfil-..'nll
"AD IESUM PER MARIAM"
-5.-
Aqui, no cena no do seu humilde quotidiano, convhiemos ·com
Maria Santíssima acompanhando-A nos seus habituais afazeres, obe
diente a Deus, a serviço do próximo. por montes e vales, ensinan
do-nos seus usos e costumes, suas leis e idioma, no Templo e no
lar, tudo na singeleza de nosso conviver, dir-se-ia comensal à nossa
mesa, Estrela-companhia ao cair da noite e ao nascer do dia .
Vemo-IA, aqui retratada, Maria-amor. Maria-esperança. Maria
mestra. Maria-vítima, cumpridora do que nos prega: fazer a vontade
de Deus. A todos vai ensinando o caminho. Que o homem pode
ser sacerdote mas a mulher pode ser vítima e holocausto hóstia -
Um trabalhão! Parabéns!
Nossa Senhora apareceu . radiante com o seu l ivro. Tive fran-
camente essa sensação ao ler a última palavra. Deus o_ abençoe e
conserve assim sempre fiel. Ave Maria!
Alice Gérln lsnard Távora, .jornalista e escritora, fundadora da ACN . (Agência Cató
lica de Notrclas) é, com seu irmão, Comendador da Santa Sé, João Baptista
lsnard,_ lócansável. promotora no Brasil do "DJa· NaCI.aaal. de� Acãb· . .de Graça•"
• Epígrafe:
(•) In pgs. 1 16/7, "O roeto de Maria", Thel811rU8, Braallla (DF) - 1987.
SAGRADO CORAÇAO DE JESUS
EU TENHO CONFIANÇA EM VóS.
(Jaculatória que o Pe. Jorge Van Peteghem (belga) começou a aconselhar aos seus
penitentes no confessionérlo. em 1898, e em pouco tempo unlversallzou-se)
(Jacu latória escolhida pela vidente de Fátima, Jacint�. no elenco �present ado pelo
Servo de Deus, Pe. Francisco Rodrigues da Cruz, S. J . . em 10-12-1925, reportando-se
à segunda aparl çêo da Virgem, em 13-6-1\:117)
.....-s-
OVERTTURE
1) V. Bib. n.• 1.
- 9 -
como os ensinamentos da Litu rgia. nos possib i l itando
campo magnífico para uma segura cronologia, que republi
camos aqu i . Os próprios escritos apócrifos (:!) nos ofere
cem boa base para um conhecimento histórico da Mãe do
Salvador, escoi mados. é claro , de tudo o que a Igreja con
dena nessas páginas como herético e tolo.
* *
-.tO-�
" Para uma coisa ser verdadeira , exige-se que seja
conforme a real idade, o que nem sempre requer-se o
" testemunho histórico", m uitas vezes impossível e outras
d esnecessários". (3). Sim, " há fatos e q uestões sobre as
quais m uita m uitas vezes é impossível qualquer averi
guação rigorosamente histórica" (4 ) , mas nem por isso
carecem de valor.
As fontes, nos primeiros séculos. sobre Maria Ssma.,
são muito escassas porque, segundo afirmam diversos
Autores , assim determi nou sabiamente a Providência, pois
as idéias mitológ icas pagãs rei nantes à época , tornavam
temerário apresentar a Mãe de Cristo juntamente com o
seu Fi lho; fatal mente os neófitos a fariam uma divindade .
Prova é que os escritos apócrifos falam muito mais de
Maria que de Cristo. ('•)
A vida de Maria Ssma .. do nascimento (e mesmo an
tes) à morte ou "dormitio", sem lhe negar os privilégios
pessoa is outorgados, histórica e humanamente foi - co
mo não poderia de ixar de ter sido - em tudo bem seme
lhante à de uma cidadã israelense pobre e temente a Deus,
"é a vida da m u l her mãe, e coloca-nos conti nuamente no
ambiente das mulheres e das mães, com as suas preo
cupações femininas de amor e de sacrifícios mater
nais" (6)
E é esta história (ou cronologia histórica). que vamos
fazer desenrolar nas pági nas que se seguirão. Assim co
nheceremos, de certa forma como foi a vida de Nossa
Senhora no seu dia-a-d ia.
Pela bibliografia não nos podem negar que estamos
em muito boa companhia, pois nos baseamos em Autores
dos mais autorizados, que por sua vez se estribam nos
Santos Padres. na Tradição e em escritores e hi storiadores
abalisados, sem contar a Sagrada Escritura, razão pela qual
encontrarão geral mente aspeadas todas as transcrições
"ips i s leteris" ou que apenas hajam sofrido l i geira adap
tação para efeito de concordância gramati cal . sem jamais,
porém , i nval idar o conteúdo aprovado pela Censura Ecle
siástica .
3) V. Bib. n.• 3.
4) V. Bib. n.• 6.
5) V. Bib. n.• 5.
6) V. Bib. n.•· 2.
-1 1 -
Como é de justiça e para orientação do l eitor, colo
camos no rodapé , numeradas, as remetências (V. Bíb.) .
Quando os trechos são de maior responsabi l i dade ou opi
nativos vão com a fonte declarada no próprio contexto ;
ver-se-á então que propriamente não criamos a Obra, mas
apenas coligimos (copydesk) dos mais autorizados Auto
res, o que de mais i nteressante encontramos dentro do
esquema a que nos propuzemos seguir.
Declaramos por fim, como fi lhos obedientes da Santa
Madre Igreja , que os fatos miracu losos e expressões santo,
beato, milagre, ou prodígios, narrados nas lendas, como
ordenou o Papa Urbano VIII, (7) não pretendem adiantar-se
ao juízo e veredicto da Santa Sé, m erecendo, portanto,
pura e excl usivamente fé humana.
reformulação de texto:
1 984/6, nos 2.000 anos do nasc i mento de N ossa Senhora
2." reformulação de texto e acrésci mos ,
-12-
INTRODUÇÃO
- 13 -
• Já foi dito com m uito acerto que a "biografia de
Deus está escrita na vida de Maria". (8) Assi m sendo, a
história da vida da Ss m a . Virgem faz parte da hi stória
da'vida de cada um de nós , porque Nossa Senhora é " re
presentante oficial de Deus na h i stória da H umanidade" .(!')
• Com efeito, já antes do surg i mento do M undo-Un i
verso, a "presença de Maria", não foi d e forma d iferente
daquela que toda criatura teve na m ente divina, ( 1" ) M aria,
porém, não apenas foi amada de modo ontológico, mas
predesti nada, escolh ida de forma particu laríss i ma:
- 14 -
cia de Eva (mas respeitou a sua liberdade), já anunciava
a "presença de Maria" - é difícil para o homem, em sua
inte ligênc ia finita , em sua compreensão limitada, ter a to
tal e plena percepção deste " mistério da presença de Ma
na Então. como s i mples criatura refugia-se no amor le
vado pela fé .
-15-
natus est ( . . ) Ex Maria Vírgine: Et homo factus est ( 1")
a Virgem Ssma. anuiu, com o seu "fiat",(17) em figurar na
História Salvífica (que é a do gênero humano). em ser o
elo entre Cristo e nós, o Povo de Deus peregrinante neste
"vale de lágrimas" (18)
-16-
acomodações no Antigo Testamento (ver quadro sinótlco
à pág. 18); cenas evangél icas que os 4 "repórteres" de
Deus, no Novo Testamento (ver quadro s inótico à pág . 72) .
narram nos episódios prenhes d e significado; abordagens
da Liturgia (lex orandi , lex credendi ) ; tradição ci mentada
naquilo que nos legaram contemporâneos da Virgem -
h istoriadores e santos -; estudos, pesquisas de devotos
de todos os tempos, de mariólogos modernos, de arqueó
logos, bem como visões e locuções de al mas privi legiadas
cuja aceitação a Igreja nos permite já que apenas fé hu
mana - e não divina - nos merecem e podemos, assim ,
depositar nossa crença devota.
-17-
r ab &eterno (Prov 8,22) +
•' mundo'· dos fatos/colsae
(verificadas. explicite e
realmente, no chio da
{ gênero
literal l
Eclo 1 ,4ss - cr l açlo do
mundo - Eva - mie doa
viventes - Gn 3,15 -
História) dlvereos Salmos - Dilúvio/
arca - arco-frls. etc.
l
- Mlquélas - Arca da
"mundo" do mfstico/esplrltual
(antedlz, implicitamente,
o que viria)
{ gênero
tfplco
Aliança - Tenda - Salmos/
Cêntlcos - égua llmplda
pureza/i macu lada - luz -
(trouxe ao mundo a) -
porta - escada de Jacó -
ele.
PRESENÇA
DE praticamente quase todas
MARIA as mulheres b ib l l cas , das
SSMA. quais estas 5 formam um
acróstico:
NOS 4
{
M - arfa, a l rmi de Molaaé;
"MUNDOS" A - na, a mãe de Samue l (e
DO também o nome da pró·
"mundo" das Instituições/ p rl a mãe ds VIrgem);
ANTIGO
fi guras/tipos gênero R - ute. mie do avô de Davi;
TESTAMENTO
(significados e aplicações epocalfptlco/ I - udite. que llb9rou Betú·
- nem sempre de modo simbólico/ lia do feroz Holoférnes:
pleníssimo - mas algo alegórico A - bigall, Irmã de Davi
e m part i cul ar) (também o nome da
viúva de Narbal).
aatroa{estrelas - sol/lua -
manhA/aurora - chuva -
Nota: não poucas vezes há projeções da Ssma. VIrgem Maria (para mais de uma
centena da vezes) presente em mais de um dos 4 "mu ndos ". Isto 6, podem ser
classificadas simultaneamente nos 4 grupos deata " ped agog i a divina".
1 - PREDESTINAÇAO "AB AETERNO"
21) Gn 1 ,1 (em heb. tohú e bohú = " o deserto vazio ", como as
trevas sobre o abismo, o "vento " e as "águas", trata-se de
Imagens que, por seu caráter negativo. preparam a noção da
criação a partir do nad a " ) - cfr. nota de rodapé "c" e "d" da
Bíblia de Jerusalém.
22) Todo o contido nas Escrituras é de inspiração divina, mesmo se
dito pelo escritor sagrado, daí a expressão " boca de Deus",
dada aos textos dos Livros Sagrados, conforme se lê em Ex 4,16:
"O profeta é o mensageiro das Palavras de Deus; é sua "boca".
23) cfr. sobretudo todo o Cap. VIII da Const. Dog. "Lumen Gentium ",
- 19 -
• Nunca haverá u m ponto de consenso nesta o u n a
quela data, em tal ou qual s istema de contage m ; todos os
estudos tentados para determinar esta " i dade", levando
em conta certos caracteres do Céu e pela posi ção das
estrelas, ou através de resíduos das eras ou períodos
"sidera l ", "telúrico", "glacial " , " orgânico", têm sido bal
dados (diz-se que o Sol - si mples estrel a - ainda não
chegou à sua perfeita forma e concl usão! e que o " co
meta de Hal ley", (hipótese de pesquisadores) , que perio
dicamente - de 75/6 em 75/6 anos " passeava" perto d a
Terra, constituía um dos poucos " resíduos" daqui l o que
primeiramente foi criado! mais: que provavel mente é
aquel e astro que, no presépio, aparece sobre o estreba
ria/estábulo de Belém! ! ! )
• 1 6 são os sistemas ou teorias que o Pe. Riccioti
apreciou sobre a " Idade do Mundo " ; inclusive preferiu-se
dizer, para alguns cálculos, "criação do homem", "criação
de Adão", e não "do mundo" Abriu-se então uma fai xa
onde cabem todos os m ilênios que os estudiosos acharem
justo e necessário: a "idade do Mundo" cronologicamente
pode-se estabelecer entre 10 milhões e 6 bilhões de anos!
3 - PROFETISMO BlBLICO
- 20 -
conhecido de outras re l igiões e até mesma anteriormente :
só que de forma mu ito diferente , com conotações diver
sas: Hana/Orante (séc. VI I I a .C.), Marí/Eufrates (séc. XVI I
a .C .) ; o sacerdote Balaão que teve, n o Monte Carmelo, a
confund i r seus 450 profetas , a ação intimorata do profeta
El ias.
• Os profetas (do heb. nabi = chamar, falar com
autoridade, e do gr. prophetes = o que fala diante dos ou
tros, que anuncia/denuncia, proclama, revel a antecipada
mente feitos d ivi nos em nome de Deus) , diziam-se e de
fato eram " mensageiros", a "boca" de Javé. ( 25 ) O m i
nistério profético foi aquele de anunciar a vinda do Mes
s ias prometido nas Escrituras e instalado pelos Patriarcas
Moisés, Abraão, Jacó, etc ., que de certa forma também
foram profetas . Sendo o profetismo o anúncio do Mes
sias, ipso facto, indi retamente o foi também de Maria, pois
sua vida está unida a de Cristo, o Messias.
• Praticamente em quase todos os profetas de to
das as épocas dos 1 .000 e poucos anos até o profeta e rei
Davi (sem preocupação cronológica e contextual): Natã/
Gad - Samuel - Elias - Balaão - Isaías - Miquéias -
Amós - Habacuc - Débora - Hulda, etc.), hajam sido
eles " maiores" ou " menores" (26), tenham escrito ou não,
quer homem ou mulher, no fundo no fundo, quando anun
ciavam o Messias, indi retamente anunciavam também
Aquela que o havia de gerar, a " parturiente", a Mãe . Os
exegetas descobrem no profetismo, isto é, na l i nguagem ,
nos escritos , nas figuras sagradas, por comparação, por
acomodação, por aplicação e simbolismo, não poucas ve
zes, a pessoa, a figuração de Maria Santíssima, nos seus
escritos como de resto de quase toda a Bíbl ia: Arco-lris
(símbolo de reconcil iação) , Arvore do Éden (Sinal do ma
deiro da Cruz) , Arca ou tenda da Al iança (portadora do
Salvador) , Estrela, Luz, Lua , Sol , Chuva, Núvem . . - iría
mos longe - lembram Maria. Mas não se pode deixar
de destacar pelo menos estes 3: Elias , Isaías, Miquéias.
- 21 -
- EliL:�s, não deixou nada escrito, portanto, não clas
sificado nos grupos " maiores" nem " menores" .(27)
Já 900 antes do nasci mento de Nossa Senhora
(cerca do ano 558 a .C.) teve a visão, através do
seu servo, daquel a nuvenzinha branca que saía do
mar fazendo chover copiosamente sobre a terra
castigada por severa estiage m ; a forma de uma
[ figura humana?] trouxe àquel a bênção após terrí
vel seca, prenúncio de fome para todo o povo. E os
eremitas do monte Carmelo (Carmelo, corruptel a
d e Carmo) iniciaram então neste monte o chamado
"culto profético" Aquel a que viria a ser a mãe do
Messias. (28)
- 22 -
dará à luz''.(30) As precisas ind icações d este orá·
cu!o é que poss!bil !taram aos Magos chegarem
até a cas à onde encontraram o Menino. r:om Me
ria sua Mãe. ( 31 )
4 - A ALMA DE MARIA
- 23 -
• O Pe. Perroy, S .J . nos diz:
- 25 -
• Sirvam-nos - embora todas as imperfeições -
as abordagens que se seguirão, procurando revelar-nos
este ou aquele aspecto do espírito. do Interior psicoló
gico, da alma da Virgem. Fazemo-l o por amor como poe
ta-amante (o que é um devoto de Maria senão um poeta
amante?) a quem tudo se perdoa, pois as ousadias d e
amor são sempre puras, ingênuas e por isso dignas d e
perdão.
• Com antiga e humilde prece latina é que aborda
mos este d ifícil aspecto:
- 26 -
Jesus traria os traços do semblante de sua Mãe. Como
teria s ido o rosto da Vi rgem M a r i a ? f ) O comporta
mento das personagens, a construção do rosto, evocam
a transcendência. Não há, como escreve Pichard , procura
especial de expressão para o rosto, que é determinado
por normas ideais de construção. A expressão emana
da personagem toda, de suas proporções, do movimento
equ i l i brado que a anima ( . . . ) Entre os protóti pos trans
m itidos na Arte Cristã, um dos mais i mportantes é a i ma
gem da Virgem, atribuído a São Lucas".(33)
6 - TRAÇOS FISICOS
• Quanto mais se gosta, se quer, se ama a alguém,
mais e muito mais se quer a sua presença, ver, sentir
que está perto, que está junto, ao nosso lado. E com
Nossa Senhora então este desejo cresce de i nstante a
i nstante fazendo-nos i nsaciáveis nesta procura quer es
piritual como materialmente .
• Beleza Física/Corpo - Diz S. Dionísio, o Aeropa
g ita, que quando a viu tão bela, tê-la-ia tomado por uma
d ivindade, tal o encanto que emanava de sua pessoa de
beleza i ncomparável , se a Fé em que estava bem assente,
confirmado, não lhe ensinasse o contrário, a teria tomado
como Deus! (testor qui aderat in Virgine Deum) .
• Segundo Sto. Epifânio, S. Nicéforo e S. Gregório
Nazianzeno - também contemporâneos da Virgem - a
cabeleira Dela era l oura e seus cabelos flutuavam livre
mente sobre seus ombros; suas vestes eram, como cos
tume da época , de lã branca ou l igeiramente azulada, cinto
(correia) de estofo s i mples envolvendo a ci ntura , véu
branco cobrindo-lh e a fronte e esvoaçando-lhe sobre os
ombros para depois descerem até o chão.
• Modesto e circunspecto - diz-nos S. Pedro Cri
sólogo - era o seu porte, graves os seus passos , doce o
olhar, firme e límpido o timbre da voz, afávei s e atencio
sos os seus gestos, sem pretensões as atitudes.
• É Sto. Antonino, que piedosamente observa : o
corpo da Bem-aventurada Virgem Maria , era de uma per
fei ção absoluta e de uma forma i rrepreensível " , sobre o
que nos assevera Bossuet: "E a razão disto é que, Deus,
formando o corpo de Maria, teve diante de Si a i magem do
corpo de Jesus"; no mesmo tom diz-nos Sto. Alberto
- 27 -
Magno: " Não se pode duvidar que do mesmo modo que o
Salvador foi o mais belo entre os filhos dos homens, M aria
também não foi excedida em beleza por nenhuma filha de
Eva ( . . ) dotada de todas as belezas naturais de que u m
corpo mortal é susceptível " S . Bernardo: " Maria e r a dota
da de beleza sem igual , tanto corporal como espiritual " .
• Mãos -No contexto de corpo humano a s mãos
constituem verdadeiro mundo-universo de movimentos,
gerando i ncontáveis gestos-uti l idades, desde o fazer e d e
satar um simples nó (nunca máquina alguma conseguiu
isto) até a execução, ao piano ou violino, das páginas mais
l i ndas dos inspirados compositores, porém, de modo es
pecial , acariciar os rostos dos que sofrem , dos velhos
sol itários e das crianças desamparadas.
• Os 4 m i l congregados marianos, reun idos em Ro
ma, para homenagear os 50 anos de congregação d o Papa
Mariano, Pio XII, ouviram-lhe dos lábios que estavam sem
pre cheios de Nossa Senhora, ouvi ram estas palavras que
se tornaram cél ebres e tremendamente responsáveis aos
marianos.
• "
pela sua consagração o congregado mariano
se torna ministro de Maria e como que suas mãos visíveis
sobre a Terra".(34) E o Cone. Vat. 1 1 , 1 6 anos depois, esten
deu a todos os leigos cristãos esta atitude de consagra
dos, no serviço da Igreja, portanto, de mãos visíveis de
Maria na Terra.(35)
• Para o desempenho consciente e generoso dessas
funções das mãos visíveis de Maria é preciso, antes de
tudo, que si ntonizemos com estas mesmas benditas mãos
nas posições em que elas se nos mostram desde o " Fiat"
ao " Stabat Mater", até mais além: até o Cenáculo de J e
rusalém, onde, "com Maria, perseveravam em oração" .(36 )
• Mãos postas, para o Céu - Mãos que rezam , que
se enriquecem de graças , no encontro vertical com Deus.
Os artistas no-las apresentam como, p.ex., N ossa Senhora
da Conceição em outros títulos com que nós brasi l ei ros
assim a veneramos entusiástica e fi lial mente - N. S. Apa
recida - desde que foi "pescada", em 1 7 1 7, pelos humil
des pescadores Domingos G arcia , J oão Alves e Felipe Pe
droso, nas águas do rio Paraíba. - As mãos postas de
Maria em direção do Céu é aquela i nefável real i dade apon-
- 28 -
tada pelo seu grande devoto S . Bernardo: Onipotência su
plicante.
• Mãos abertas, para a Terra - Enriquecidas no en
·COntro com Deus, essas m ãos medianeiras, cheias de gra
ças, desprendendo raios de luz e de paz, mãos abertas
para o mundo, mãos de orante antigo, prontas para dar,
para o serviço, para a luta, para a entrega. Sintetizam
aquela atitude dos cristãos de ontem, de hoje e de sem
pre: oração e ação (ora et laboral. - Grave é o erro, sé
rio erro, o das mãos supostamente fechadas em Deus, mas
o fato é que abertas para o mundo, portanto, vazia de Deus.
- A contemplatividade não exclui a atividade; a oração
não e l imina a ação, eis o que nos indicam as mãos de Ma
ria postas e abertas.
• Mãos cruzadas sobre o peito, portadoras de Cristo
- Foram as mãos de M aria, cruzadas sobre o peito que,
na hora bendita daquele "fiat", assinalaram a coisa mais
i mportante acontecida no m undo: a vinda de Cristo, a en
carnação do Verbo Divino, para nossa salvação. Faziam
as mãos de Maria, dali para frente, o que de mais trans
cendente e subl i me se pode conceber: carregar Cristo
J esus. - Mãos cristóforas. São Cristóvão (padroei ro dos
motoristas) tem esse nome de grafia eti mológica grega e
Ital iana que significa portador, carregador de Cristo, pois
piedosa lenda conta que em seus fortes ombros ajudava
aqueles que precisavam atravessar duma margem a outra
caudaloso rio, e um dia, como prêmio, transportou o Me
n ino Jesus. - Todo cristão autêntico, Isto é, cristóforo,
só o é mesmo, dando continuidade, in abscondlto ao tra
balho das mãos de Maria sobre a Terra. - Quanto mais
formos mãos de M a ri a mais seremos "cristóforos" neste
,
- 29 -
• Pés/Calcanhar - Obviamente, em termos anatô
m icos, o calcanhar é u ma das partes (a de trás) dos pés,
tida nas lendas como vulnerável (dar a expressão: "calca
nhar de Aquiles", da M itologia) - Conforme esta ou aque
la versão da Bíblia, aparece ora o termo pés, ora calca
nhar. Perto de uma centena de vezes falam as Escrituras
Sagradas sobre os pés, destacando-se obviamente pela
importância e sublimidade a cena da l avagem dos pés dos
discípulos pelo Divi no M estre e quando , noutro sítio, o
Divino Mestre teve seus pés lavados pelas lágrimas de
Madalena que, em seguida, os enxugou com seus próprios
cabelos.
• Ao respigarmos algo alusivo a Maria Ssma., l ogo
logo se nos depara àquela profecia sarda d iretamente da
"boca" de Deus na "inauguração" do mundo, quando o
Senhor vaticinou de modo terrível , que a serpente I nfernal
seria esmagada pelos pés da mulher. (Maria Ssma.) . E
l igamos esta profecia do I nício do mundo aquela outra que
nos fala dos seus derradeiros dias, quando S. João, sob
véus, anuncia: " Depois apareceu no Céu um grande sinal :
uma mulher vestida de sol , com a lua debaixo de seus
pés . . " (38)
• Portanto, os pés benditos de Maria, as suas pas
sadas, nos protejeram e protejerão sempre contra as arti·
manhas satânicas; eis porque não devemos jamais deixar
os seus cami nhos , nunca abandonar suas veredas, não nos
desviar de suas estradas, aquelas que têm os sinais dos
seus pés. Contrariamente as pistas que encontraremos
serão as de outra mulher que a Bíblia nos previne:
• Seus pés encaminham-se para a morte e o s
seus passos penetram até G S infernos. Não andam pela
vereda da vida".(39) Ou então se nos depararão como que
os pés esmagadores daquela 4." besta da visão de Da
n ie l : . . . despedaçava e calcava aos seus pés o que so
"
brava". (7,7)
• Os pés que sobre nuvens - algumas vezes des
calços - já muitas vezes videntes o viram (mormente
i nocentes crianças) em várias aparições da Virgem - esta
bendita visitadora do mundo que Ela tanto conhece pois
aqui passou, por cerca d e 72 anos (segundo N lceforo), o
- 30 -
decurso de sua vida terrena, antes de ser levada em corpo
e alma aos céus - seus pés já repousaram sobre nuvens
em tantos lugares e numa azinheira , na Cova da I ria (Fá
tima), pés que desde 24 de junho de 1 981 - são vistos
por 4 m ocinhas e 2 rapazes em Medjugorje ( Iugoslávia).
E , de uma maneira i nusitada : de ouro; sim, dourados, es
tavam nas aparições de Natividade (RJ), ao Dr. Fausto .
De prata eles já eram para os devotos da cidadezinha de
Toul (França), onde desde o séc . XV venera-se Notre Dame
ou Pied d'Argent ( Nossa Senhora do Pé de Prata). (� 0 )
• Projetam os pés de Maria - quer de prata ou de
ouro - nestas constantes e abençoadas "visitas de Mãe"
o que o profeta Isaías disse: " Que formosos são sobre
os montes os pés do que anuncia e prega a paz, que anun
cia o bem , do que prega a salvação, do que diz a Sião : o
Deus está para reina r ! " (52,7)
• Em todas as aparições outra coisa, implícita ou
explicitamente, não tem feito Nossa Senhora ; nesta agora
da I ugoslávia i ntitulou-se inclusive a " mensageira da Paz"
(Mir, em croata) , confirmando a devoção espanhola do
séc. XI e a i nvocação lauretana aprovada em 1 91 5 por
Bento XV. Então só podemos exclamar a tão Excelsa Mãe.
como i mplorou no seu cântico Zacarias: " para dirigir
os nossos pés no caminho da paz". (4 1 )
• Rosto/Semblante - "Se todo exterior do homem
é reflexo de sua alma, o é de um modo especial o " seu
rosto" (Juan Rey, S.J .) - Sim, a face, o semblante, é o
espelho d'alma, onde todos os sentimentos se manifes
tam ; o semblante, o rosto, reflete com fidel idade não ape
nas o exterior, mas também o i nterior.
E como foi ? como era ? como é o rosto de Nossa Se
nhora? Quem poderia dize-lo com precisão? Não poucos
como por exemplo Sto . Ambrósio - tentaram "descrever"
o rosto da Ssma. Virgem , e, é claro , não conseguiram. Se
chamarmos para um depoimento pessoal a I rmã Lúcia , (a
vidente de Fátima, que ai nda vive entre nós aos oitenta e
poucos anos) ou uma das 4 mocinhas i ugoslavas - viden
tes de Medjugorie quando das visões ainda jovens: Vicka
lvakvic (20 anos), M i rjana Dragicevic (21 anos) . Marija
Pavlovic (21 anos). lvanka lvankovic ( 1 9 anos) e seus 2
patrícios Ivan D ragicevic (21 anos que não é, embora a
identidade do sobrenome , ( 1 4 anos) , apesar de terem, es-
- 31 -
tes irmão de M i rjana), e Jakov Colo 8 videntes (passou
d epois também a ver Nossa Senhora , a menina Jelena
Vasj ly), visto a rosto da Ssma. Virgem bem de perto - os
da I ugoslávia , tridimensionalmente, o que não aconteceu
·com os de Fáti ma - nenhum deles será capaz de dizer
como exatamente viu o rosto de Maria Ssma.; ou melhor:
não saberão descrever a beleza resplandescente, infinita
mente l i ndo de tal rosto, simplesmente porque é i mpos
sível tal descrição.
• Os próprios anjos do Céu que vêem Nossa Senho
ra de minuto a m inuto, não saberiam dizê-lo. - Se o rosto
é o espelho d 'alma, não existiu nem existi rá rosto mais
belo do que o de Nossa Senhora, cuja alma, com o seu
sagrado corpo, está de forma gloriosa no Céu, ao lado de
Deus Nosso Senhor.
• O l hos - Na face, ou seja , na parte superior do
rosto, a mais nobre, sem dúvida alguma do corpo humano,
Deus colocou os olhos , distinguindo-os sobremaneira em
tudo, em nossa constituição física. Diz-se que os olhos
são os janelas do nosso ego, através deles revela-se , re
flete-se a nossa a l ma.
• E como eram os olhos da Ssma . Virgem ? - como
eram não, mas como são ? (pois está viva, em corpo e
alma, na visão face-a-face de Deus) . Devemos prescindir
se eram azuis turquesa tal qual o céu outonal ; se eram
verdes esmeralda como as águas de calma praia; se eram
castanhos como as nozes , ou eram pretos como reman
sosa noite de estio. Tenhamos certeza porém, que e ram
- mais exatamente, são - de extrema beleza . Nenhum
vidente pôde até hoje descrevê-los com precisão, após as
aparições mas quedam-se extasi ados diante do magnetis
mo que expandem tal qual fachos de l uz i nebriantes.
• O Doutor da Igreja Sto . Ambrósio é quem, desde
o séc. IV nos forneceu descrição de como, certamente,
foram - são - os olhos de Maria, quando "pintando" o
seu retrato emprega duas frases sobre seus olhos; duas
observações mais importantes que a cor que possam ter:
N uma frase o Doutor da Igreja diz que refletiam o seu in
terior e noutra fala que se defendiam do exterior.
• É preciso dizer alguma coisa mais para se ter
idéia da beleza dos olhos de Maria? Seus o lhos jamais
espelharam a raiva, o aborreci mento, o enfado, a tristeza ,
a inveja ou a menor atitude negativa, mas sempre se mos
traram no esplendor do seu brilho, a serena doação, a sua-
,...- 32 -
ve ternura , a pleníssima confiança , a doce paz. Assi m ,
eles eram ou são azuis, verdes, castanhos, negros porque
simplesmente belos em sua constituição intrínseca.
• Os olhos de Maria foram destinados a contemplar
Jesus , logo eram e são olhos onde o profano não emitiu
seus raios ao mundo, não lhe empanou o falso brilho da
i m pureza. Nos olhos de Maria estavam destinados a mira r
o Céu e s e volviam para o chão d a terra somente quando
Ela procedia a l ida do lar.
• Os o lhos de Maria se hoje nesta Terra estives
sem não pousariam nos vídeos indecorosos, das TVs, nas
telas aberrantes dos cinemas, nas páginas peçonhentas
das revistas e jornais, nos pal cos criminosos dos teatros e
tantas casas de espetáculos, mas se recolheriam nos li
vros de devoção, volveriam, ternos, contemplativos ao
crucifixo onde seu Divino Filho pagou com a sua vida, até
a última gota do seu Sangue, o nosso resgate pelo pecado
dos nossos primeiros pais, Adão e Eva.
• Os olhos da Virgem entre as muitas e santas vir
tudes que refletiam, sem dúvida de forma eloqüente mos
travam a da pureza, as portas ou janelas dos seus olhos
estavam sempre abertas para a contemplação do Belo e
do Santo. Nossos ol hos devem imitar em tudo os da Vir
gem. Ordenemos nosso interior a transmitir, pelos olhos,
nossos sentimentos puros e não deixemos que do mundo
exterior entrem pelos nossos olhos o mal do pecado. D i
gamos como a congregada mariana, Maria Tereza Gonzalez
Quevedo y Cadarso ( 1 -4-1 930/8-4-1 950}, cujo processo de
canonização se acha em curso: " Madre mia, que el que
me vea, te vea a Ti ". (42)
• Olhar - Os olhos transmitem o olhar, irradiam
suas mensagens. Dizem os Autores antigos, Inclusive mui
tos que foram contemporâneos da Virgem, que jamais al
guém A viu numa situação ou atitude cujo olhar não re
fletisse seriedade. Sto. Ambrósio diz: jamais surpreen
deu-se na Virgem um olhar turvo; o olhar da Virgem era
pudoroso. Podemos , muito de longe é claro, deduzir de
alguns momentos da vida de Nosso Senhor, como foi o
olhar de Nossa Senhora :
- de m ístico espanto - aquela " perturbação" de que
fala o evangelista, no instante verdadeiramente abismal
- 33 -
da mensagem do Anjo, convite que jamais mulher a l
guma do mundo já teve .nem terá: ser a. mãe de Deus!
o tê-10 pequenino, i ndefeso como homem no seu colo,
enfaixando-O contra as i ntempéries ;
- quando cruzou seu olhar com o de S imeão para ouvir
aquele terrível vaticínio!
- o olhar de dura, dolorosa, tormentosa , angustiosa fuga
apressada rumo à terras desconhecidas do Egito;
- ai nda na infância, aquele olhar de suma alegria que
afugentou a afl ição de 3 dias de procura por toda Je
rusalém!
- as vezes , inúmeras, que mirou a garoto ir passando
a jovem, no lar de Nazaré, cheio de vida e tão " sub
misso", anota o evangel ista.
- já adulto feito, mirando-l he a cabeleira vasta sobre os
ombros , ao retorno de suas pregações e noutras ati
vidades como aquela numa festa de bodas - a d e
Caná d a Gali léia - quando o olhar terno de mãe, con
segu iu de Jesus, apressar o seu pri meiro milagre, antes
da hora!
- olhar que n i nguém no mundo poderá fazer idéia da ter
rível extensão : trocado, a distância, lá pela " hora ter
ça" do d i a 23 de Nisan, na Parasceve, quando, ao sinal
da trombeta, pôs-se em marcha, sob o comando do cen
turião Cornél io, o cortejo levando o "condenado" até o
Calvário para a maior ignomia jamais perpetrata contra
um i nocente!
- o olhar da Pietá, vendo morto no seu colo Aquel e
que tantas vezes tivera pequenino e sorridente !
- que olhar de profundo sofrimento da Dolorosa no encer
ramento no sepulcro de José de Arimatéia daquele
corpo sem vida!
- os outros olhares dali pra frente, só tiveram a cessar
lhe a imensa dor quando após aquele bendito d i a da
"dormitio" Jesus mandou que os anjos a levassem , em
corpo e alma para o Céu, onde está, com benévolo
olhar de mãe nos esperando, a todos que A quere mos .
Escreveu Sto . Ambrósio e repetimos nós cheios de
respeitoso cari nho:
"Jamais surpreendeu-se na Virgem um olhar tur
vo; o olhar da Virgem era pudoroso ( . . . ) os olhos
refletiam o seu interior ( . . . ) defendiam-nA do ex
terior".
• Voz/Palavra - Todos os estados ou atitudes ou
gestos ou formas da Vi rgem nos devem tender a i mitá-los
- 34 -
potque se todos eles santificaram-na ou melhor, refletiam
a sua excelsa santidade, a nós nos servirão como bal iza- . · .
- 35 -
• Notícias, anotações que temos sobre o sorriso
de Maria estão grandemente no depoimento dos videntes ,
nas aparições; na documentação policial - portanto i n
suspeita - que o Cônego Hubert Pasquier, extrai u respei
tante às aparições de Lourdes , anotações do Comissário
do Cantão, Jean-Dominique Jacomet:
" . . . uma mocinha [ BernadeHe Soubirous ] anda
dizendo estar em comunicação com a Virgem
( . . . ) convidamos esta criança para depor: ( . . )
"Encarei um instante, me ajoelhei e rezei. Aque
ro [aquilo] sorriu para mim e entrou na gru
ta . . .
"
- 36 -
• Escreveu o Pe. Juan Rey, S. J . , dizendo da subida
g loriosa de Maria aos Céus :
- 37 -
• Nada mais delicioso do que conhecermos bem de
perto, e largamente o quanto possível . os famil iares -
começando pelos ancestrai s da Ssma. Virgem, a M ã e
do Salvador. E para isso grandemente vamos uti l izar
aqui lo que nos deixou a estigmatizada alemã Anna Catarina
Emmerich. (46) Em alma ass i m piedosa e privi legiada po
demos depositar - no que diz de forma tão surpreen
dente - podemos depositar fé humana e teremos ass i m
nossa amorosa curiosidade grandemente elucidada.
• A éra, a época ou o tempo de Jesus Cristo co
meça, como já vimos, pela chegada da "plenitude dos
tempos", tempo, éra pred ita pelos profetas quando se
cumpriram todas as predições e consumou-se a verdadei ra
Al iança; os ancestrais da Mãe do Messias esperado nos
são apontados assim por Anna Catarina Emmerich:
- "Vi a linhagem do Messias dividir-se em Davi
em ramos;l•l à direita passou a l inha através de
Salomão,lbl acabando em Jac_ó , pai de José, . es-
. -· -- ·
poso de Maria.
- A linha da esquerda passou de Davi por Natan
até Heli, (cl que é o verdadeiro nome de Joaquim,
pois recebeu este nome só mais tarde, como
Abrão o de Abraão.
- Sant'Ana descendeu, pelo pai, da tri�Q de Levi ,
pela mãe, da de Benjamin./ Vi alguns-de seus
avós carregarem a Arca da'-Aiiança, mui piedosos
e devotos e notei que receberam nessa ocasião
raios do mistério , os quais se lhe referiam à des
cendência: Ana e Maria. Vi sempre muitos sa
cerdotes frequentarem a casa paterna de Ana,
como também a de Joaqui m ; daí o parentesco
com Isabel e Zacarias. �-- -·
- 38 -
- Embora Jesus tenha sido o "Santo dos Santos"
e também tenha por Mãe uma Virgem Imaculada
e por pai nutrício S. José, houve, todavia, peca
dores e pecadoras entre os seus antepassados,
por exemplo, o rei Salomão, Asa, Joram, Achaz.
.�Manasses, Tamar e Betsabé; até duas pagãs :
· Rachab e Rute. Com certeza Jesus assim o per
mitiu, para manifestar a sua misericórdia e o seu
amor para com os pecadores e também a inten
ção que tinha, de fazer participar da Redenção os
gentios e conduzi-los à eterna bem-aventurança.
- Foram as avós de Maria Santíssima piedosos
israelitas, que estavam em íntimas relações com
os essenios, os quais formavam uma espécie de
" ordem religiosa."
- Vi os avós da Ssma. Virgem, gente extraordi
nariamente piedosa e simples, que alimentava se
cretamente o vivo desejo da vinda do Messias
prometido. Vi-os ltvar uma vida mortificada; os
casados muitas vezes fizeram a promessa de mú
tua continência durante certo tempo. Eram tão
piedosos, tão cheios de amor a Deus, que os vi
freqüentemente sozinhos no campo deserto, de
dia e também de noite, clamando por Deus com
um desejo tão veemente, que arrancavam as ves
tes do peito, como para deixar que Deus entrasse
pelos raios do sol . ou como para saciar com o
brilho da lua e das estrelas a sêde que os devo
rava , do cumprimento da promissão.
- Chamava-se Emo rum a avó de Sant'Ana e teve
do matrimônio com Stolanus 3 filhas, uma das
quais lsméria, foi mais tarde a mãe de Sant'Ana.
Ana tinha uma i rmã mais velha, chamada Sobe e
uma mais moça, com o nome de Maharha e uma
terceira, que era casada com um pastor.
- O pai de Ana, cle nome Eliud, era da tribo de
--tevi, ao passo que a mãe pertencia a tribo de Ben-
jamjn. Ana- nasceu em Belém--;�mas os páis foram
depois viver em Séforis, perto de Nazaré. Após
a morte de lsméria, Eliud morava no vale de Za
bulon. Ali se encontraram Ana e Joaquim e tra
varam conhecimento.
- O pai de Joaquim, Matthat, era o segundo ir
mão de J_�ó. pai de S. JC)_sé. Joaquim, cujo no
me legítimo era Heli e José eram descendentes,
- 39 -
pelo lado paterno, da estirpe real de Davi . Joa
quim e Ana, depois de casados , levaram uma vida
piedosa e benfazeja, primeiro em casa do pai ,
Eliud, depois em Nazaré.
• Do saudoso mons . Ascânio Brandão vejamos o
que recolheu sobre os parentes e ancestrais da Vi rgem :
"Ana foi tia-avó d e S . José, d e S . João Batista , d e S . João
Evà·ngelist�Ctle Tiago e de S . Judas. Os fil hos ou netos do
irmão e das irmãs de Ana são aqueles parentes de Jesus,
que o Evangelho chama os " i rmãos e as i rmãs de Cristo"
(como sabemos por não ter equivalente em hebraico era
uso corrente da linguagem da época usar-se " irmão" para
o tratamento os parentes próximos ) . (47)
• Quanto a Joaquim, cujo nome l egítimo e ra Helí,
pai da Virgem Ssma. sabemos apenas que era próspero
pastor judeu e comerciante de peles e que, "segundo a
tradição oral e o testemunho dos nossos antepassados,
chegado o tempo de contra i r matrimônio, foi procurar na
tribo de Davi, entre a gente da sua estirpe, uma esposa
digna e virtuosa. Embora não sendo rico, vivia bem do
comércio de lãns e de carneiros". (48)
8 - NASCIMENTO DE MARIA :
Circunstância, Loca l e Data
- 40 -
l her, tal família de seus planos. Dir-se-la que um homem
sem filhos ficava parado, ·que não ia ao encontro do Sal
vador" (51), tanto que " o sacerdote Rubem reprovou S .
. Joaquim por ser o único sem descendên-cia entre as tribos
de lsare l . A provação da esteri l idade dos pais de Maria
Ssma ., diz o Pe. Marc-Ramus, após haver consultado as
tradições, segundo as mais seguras opiniões, durou cerca
de 40 anos" (52) .
• "Joaqu im foi para o deserto onde jejuou por 40
dias; no fim deste retiro recebeu a visita de um anjo, e,
em sua casa Ana também teve idêntica visita, dizendo o
anjo que Deus se apiedara deles e atendera suas ora
ções." ( 5:t) "Após tantas orações, generosas esmolas e
prolongados jejuns, Joaquim e Ana, segundo diz Suarez, e
antes já o afirmara S. João Crisóstomo e S. Jerônimo, ti
veram do Céu a revel ação da concepção e nascimento
miraculoso de Maria. O argumento de Suarez é este : é
um princípio admitido como certo pela teologia católica,
que toda graça concedida aos santos, o foi também em
grau eminente à Ssma . Virgem, além daquelas graças
s ingulares, exclusivas e pessoais que do Céu recebeu para
a m issão da maternidade divina. Ora, se o nascimento
de João Batista , desti nado a ser o precursor, fôra anun
c iado pelo Anjo a Zacarias, não o seria o da Mãe do Re
dentor? Sara tivera do Céu revelação do fim de sua este
ril idade, e Ana, que concebeu por mi lagre a maior das
criaturas nascidas de uma mulher, não seria avisada pelo
alto de tão grande graça? " (54)
• Segundo a tradição, como vi mos acima, " certo dia
um anjo foi enviado do Céu pri meiramente a Joaquim e
depois a Ana. mandando-os que se encontrassem sob a
Porta Aurea do Templo de Jerusalém, o que fizeram, obe
dientes como eram. (55) U ma segunda vez apareceu a Ana
e escreveu na parede o nome MIRIAM ( Maria) que em
hebraico significa " Senhora" ou "Amada de Deus." O no
me Maria era muito comum e o Evangelho cita diversas
- 41 -
· mulheres assim chamadas : Maria, i rmã de Moisés; Maria
de Magdala ou Madalena; Maria d e Betâ n ia (irmã d e lá
zaro) ; M aria, esposa de Cleófas; na fam ília de Heródes
.encontramos uma série de Marias
• Opinião geral, baseada nas tradições que remon
tam ao século 1 1 , dizem que Maria Ssma . nasceu e m Jeru
salém, perto da Piscina Probática ou Si loé, onde se guar
dava água para purificação das ovel has desti nadas ao sa
crifício (a piscina Si loé ou Probática , como sabemos , e ra
aquela onde u m anjo anualmente tocava a água e o pri
meiro que nela mergu lhasse ficava completamente curado).
Até hoje no local do nascimento da Virgem existe um
templo erguido em sua honra , centro de peregrinações e
visitas. Mas uma corrente há que defende como cidade
natal da Virgem, Nazaré. Mais fundado, porém, é o grupo
oposto, pois se baseia em diversos documentos da S anta
Sé, no Breviário Romano e na constante tradição do Orien
te.
• "O nascimento de Maria Ssma., segundo opin ião
dos antigos Padres da Igreja , deu-se sem causar a Sant'Ana
as dores do parto. S. Jerônimo, com autoridade de Doutor
da Igreja, fala disto como uma verdade conhecida de to
dos os cristãos do seu tempo. Nenhuma dor, mas grande
a legria trouxe o nascimento d e Nossa Senhora ao mundo,
e a Igreja canta : " Nativitate tua Dei Genetrix Virgo gau
dium annuntiabit universo mundo ." ( 116 )
• A data do nascimento da Virgem é estabel ec i da
pelos historiadores como tendo sido a da Festa dos Ta
bernácu los (lembrava os benefícios no deserto) rea l izada
nos dias 1 5 a 21 de Tishri (princípio de outubro) , 5 dias
depois da Festa da Expiação; 1 O de Tis h r i no calendário
judaico; pelos anos 728-733 de Roma (20 anos a.C.) . li
turgicamente a Igreja comemora o nascimento da Virgem
Ssma. a 8 de setembro, data que deveria ser o "Dia das
Mães", pois é a da maternidade da Mãe das mães ,(57)
embora não fique em desacordo o mês de maio, cogno
minado "Mês de Maria", por ser dedicado, desde o séc. X I I I
- 42 -
"(l g . de S . Maria della Vizitazione) à Virgem Mãe. (5 8) -
Ao entrar-se na cidade de Jerusalém propriamente [intra
muros) - Sitti Maryam - próximo a Porta de Sto. Estê
vão (local onde sofreu o martírio por lapidação, apedreja
mento) . numa lápide de mármore está escrito em francês :
Nativité de la B. S. Vierge Maria. - Passando-se por um
jardim alcança-se a majestosa Igreja de Sant'Ana ; monu
mento dedicado ao nascimento da Ssma. Virgem (os apó
crifos local izam este acontecimento perto do Templo, junto
da Piscina Probática). - Já no Séc. V, surgia nestes luga
res uma igreja e era referida: "onde nasceu Santa Maria."
- Na Igreja de Sant'Ana - venturosa Mãe de Nossa Se
nhora - o a ltar de granito da ábside central tem relevos
alusivos à vida de Maria; e na cripta, onde a tradição ve
nera o lugar onde nasceu Maria Ssma., está, sob o altar,
uma efígie de Maria recém-nascida. De certa forma, é o
presépio do nascimento de Nossa Senhora que os Carme
l itas sugerem que se arme, e, achamos nós que poderia
ser de 8 a 1 2 de set. (da Natividade ao Santo Nome).
- 43 -
a tradição, foi levada ao Templo na Idade de 3 anos e
oferecida generosamente por seus benditos pais ao ser
viço da Casa de Deus. Este uso de consagrar os filhos
ao Templo era dos mais antigos e primitivos entre os ju
deus. Piedosas jovens passavam em orações e jejuns ,
ao lado do Tabernáculo e julgavam-se honradas em ador
nar a Casa de Deus, preparar os objetos e a lfaias para as
cerimônias do culto; era uma espécie de col égio e con
vento." (�")
• A descrição da ida para a entrega no Templo, feita
por Sto. Afonso, baseada nas tradições , é das mais co
moventes e belas : " Eis que Joaquim e Ana, generosamente
sacrificando a Deus a parte mais cara dos seus corações ,
que na Terra possuíam, partem para J erusalém, l evando
ora um, ora outro, nos braços, a filha amada, pois não era
ela ainda capaz de uma viagem tão longa , como a de Na
zaré a Jerusalém, de cêrca de 80 m ilhas, como d izem
muitos Autores. Cami nhavam acompanhados dos de pou
cos parentes, mas esquadrões de anjos os seguiam . Che
gada a com itiva ao Templo, a bela menina se voltou para
os seus pais e lhes pediu a bênção. Depois sobe os 1 5
degraus do Templo e se apresenta ao sacerdote [ segundo
S. Germano, era Zacarias ] , despede-se do mundo, renun
cia a todos os bens e se oferece e se consagra ao Criador.
Ana e Joaquim voltam para o si lêncio, o trabalho e a ora
ção da vida humi lde, após haverem consagrado a Deus o
tesouro mais rico e mais precioso que receberam do Céu,
a custa de tantos sacrifícios e de longa espera cheia de
provações ." (60 )
• Em que pese esta belíssima e piedosa descrição
de Sto. Afonso, historiadores ocidentais, contra a opi nião
dos ori entais, d izem que Nossa Senhora fi cou em casa com
Joaquim e Ana, pois o ensino das crianças, que cons istia
no conhecimento da lei Mosáica e das Escrituras, e ra
adm in istrado em casa pelos pais e, precipuamente nas
sinagogas . Maria foi sim, para o Templo, porém, mais
tarde. E mesmo no Templo, como veremos , dividia N ossa
Senhora suas obrigações de consagrada ao Templo com
os momentos de lazer em companhia de seus pais.
- 44 -
• A festa da Apresentação de Nossa Senhora no
Templo, a Igreja marcou no dia 21 de novembro, celebran
do-se a M issa " Salve, Sancta Parens" , cuja Oração Coleta
é cheia de santa esperança :
"ó Deus, que quizestes que neste dia Vos
fosse apresentada no Templo a Bem-aventurada
Virgem Maria, a morada do Espírito Santo, fazei,
Vos pedimos, que por sua intercessão, mereça
mos ser apresentados no Templo de vossa Gló
ria ." ( 6 1 )
• E o Pe. G iuseppe Lo Giudice, com o respaldo de
Dom Antonio M. Travia, Arcebispo Titular de Termini (Mon
senhor da Santa Sé, " Primo dei i 'Arcicta S. Maria Odigi
tria"), ofereceu à aprovação da Igreja novos 35 M istérios
do Rosário e, consta como 2 .0 mistério vocacional (terças
fei ras): Maria, criança apresentada no Templo (SI 45,
1 4-1 6). (62 ) , devoção (Maria Bambina) que as congregadas
marianas Santa Bartoloméia Capitânia e Santa Vicenza Ge
rosa ,em 1 832, tornam na concreta Obra, " Irmãs da Cari
dade de Maria Menina Lovere."
- 45 -
deavam essas 3 montanhas. As muralhas tinham diversas
portas e possuíam muitas torres de observação; 3 delas,
edificadas ao Oeste, dominavam todas as demais, e seus
nomes eram H i ppicus, Fasael e Mariane; atrás delas levan
tava-se o belíssimo Palácio de H eródes. Ao Norte do
Monte Moriah, sobre uma rocha de 25 metros , erguia-se
a célebre Fortaleza Antônia, residência da guarn ição ro
mana na Palesti na, sendo protegida por 4 torres (daí se
via tudo que se passava no Templo, medida de precaução
m i l itar) ." (63)
• Tendo ainda H. Lesêtre como cicerone e por ou
tras vezes Vittore Dalla Libera vejamos num "tour" breve
e apressado como são todos os "tours":
� 46 -
tos reservatórios construídos por Salomão, cujas
águas eram l evadas até Jerusalém por um aquetudo
sinuoso. ( 6 4)
* ...
- 47 -
Dentro do Pátio dos Gentios erguiam-se os edifícios
do Templo, propriamente dito , e estes estavam rodeado
por um muro baixo, formando um reci nto retangular,
com 1 3 portas e igual número de inscrições em l atim
e grego, proibindo aos gentios, sob pena de morte, de
lá entrarem.
Em planos diversos existi a m : o Pátio das M ulheres,
cuja porta monumental chamava-se Formosa ou Au
rea, (67) o Pátio de Israel , cuj a e ntrada principal era
recamada de ouro e prata e somente os sacerdotes a l i
podiam entrar.
O Pátio dos Sacerdotes era o de maior d imensão, a l i
s e cumpriam todos o s atos do q u e exigiam contínuas e
copiosas efusão de sangue e a consum ição pelo fogo
de enorme quantidade de carne de animais. Via-se
então o Altar dos Holocaustos, feito de pedra tôsca
(ara) - daí a chamada " pedra d 'ara dos nossos altares
de hoje", no culto cristão .
- O Santuário, propriamente dito estava no Pátio dos Sa
cerdotes a Oeste do Altar dos Holocaustos e era com
posto de um Vestíbulo, um comparti mento chamado
Santo e dentro um outro denominado Santo dos Santos .
Pórtico dtt
······ ······ · ·· · ·
S.JomAo
··
· ·· · · · · · · · · · ······ ·
- 48 -
Além desses havia o chamado sacrifício quotidiano
ou perpétuo prescrito pela lei mosaica. consistindo na
i molação de um cordeiro. pela manhã e, a tarde, outro.
Na festa dos Tabernáculos aumentava o número de víti
mas: 14 cordeiros, 13 cabras, 2 carneiros e 1 bode que
eram mortos cada d i a durante o oitavário .
- 49 -
• Antes de suas funções os sacerdotes, conforme
prescrição de Moisés, purificavam as mãos e só depois
pod iam revestir-se da túnica e outras vestes sacerdotai s .
No Templo andavam sempre descalços. Pertenciam eles à
família de Aarão e exerciam a função de sacrificadores,
dividindo-se em 24 classes. Cada c lasse, fazi a dura nte
uma semana, os serviços do Templo. Os Levitas, também
divididos em classes, eram chamados para as funções
secundárias e como auxil iares.
• A administração do Templo era exercida por u m
" Sagam" ( = douto e prudente) e Subprefeitos , destacan
do-se suas atividades mais i mportantes :
a) guarda das inúmeras riquezas;
b) vigi lância sobre os atos do culto; e
c) preparação dos sacrifícios e execução de tudo que
dizia respeito as funções religiosas : canto, toques
dos instrumentos musicais, etc .
• O chefe supremo de tudo que se relacionava com
o cu lto era o Sumo Sacerdote que devia ser da raça de
Aarão. No tempo de Heródes, porém, eram indicados pelo
Poder Civi l , imperando tremenda política (presidia ele o
Sinédrio ou Sanhedri m , uma assembléia aristocráti ca d e
71 membros com o caráter de tl"ibunal para i nterpretar a s
l e i s religiosas e civis.
• Recebiam para seu sustento, parte daqui l o que
rendiam os sacrifícios, as primícias da terra, os d ízimos
de determinados produtos artesanais, os pri mogênitos dos
animais e o resgate dos filhos primogênitos, sem contar
os donativos extraordinários que não eram poucos, etc.
Os rendi mentos do Templo eram acrescidos ainda do Tri
buto (meia dracma) que todo israel ita do sexo mascul i no
de mais de 20 anos, habitando ou não na Palestina, tinha
que entregar anualmente.
• Assim era a vida no Templo, e, assim transcorri ãffi
os dias e m Jerusalém. E todo este movimento Nossa
Senhora certamente presenciava ; a expectação da vinda
do Messias aviva-se na de inúmeros corações e, ass i m ,
muitos praticavam e tinham vida devota, Maria, porém , a to·
dos suplantava nesse comportamento de espera piedosa e
consagrada. No Magnificat que a Virgem vi ria a entoar a
gente como que antevê. Com muita propriedade Wil lam
- 50 -
observa: " Para compreender Maria, é muito importante
ter uma idéia bem clara da vida que levava , [ no Templo)
vivendo do espírito dos Livros Santos."
- 51 -
mas é o pintor do gênero que se compraz em surpreen
der as cenas das crianças, como por exemplo aquela em
que apresenta o Menino Jesus acari ciando uma pombinha
ou aquela outra em que se distrai com um cordeirinh o
branco. E Murilo não deixou d e retratar u m a c e n a i nfan
til de Nossa Senhora quando a surpreendeu, na casa d e
seus pais - embora a s roupas, móveis e objetos n ã o cor
respondam com rigor a época - estudando com Sant'Ana.
- 52 -
caem sacrificados sob o cutelo dos degoladores, ao som
dos tambores , c í mbalos e trombetas. O sangue escorria
manchando as túnicas dos sacerdotes e impregnando o ar
do ambiente . O espetácu lo emocionava e entristecia a
Virgem . Segundo tradições palestinas, Joaquim e Ana,
após a entrega no Templo, d eixaram Nazaré e foram resi
d i r em Jerusalém, onde, no Templo se achava a filha. En
quanto Maria levava na Casa de Deus uma vida angélica,
éles progred iam também cada dia no amor a Deus e na
prática de todas as virtudes."
• Quanto à juventude de Maria, existe tradição an
tiga que atesta ter sido ela passada no Templo de Jerusa
lém, como muitas outras jovens de Israel. Uns querem
que Nossa Senhora tenha ido ou sido entregue no Templo
com 3 anos ; outros, que somente aos 10 ou 1 2, permane
c e ndo até aos 1 4 ou 16 anos . A vida no Templo equivalia
ao de uma colegial e podemos então dizer que Nossa Se
nhora foi estudante. As ocupações das jovens que viviam
no Templo se reduziam a oração, trabalho e conhecimento
dos Livros Sagrados. Quando o sol começava a dourar os
d istantes montes da Arábia, as jovens assistiam o Sacri
fício Matutino . Cobertas com o véu , inclinavam a cabeça
e oravam ped indo a vinda do Messias . E entre as jovens
estava Maria que tinha o desejo contínuo pela Redenção.
Acred itava-se que a vinda do Messias podia ser antecipada
pelas orações, pelas boas obras, jejuns e sacrifícios. E
N ossa Senhora a todas excedia nessas práticas. A noite,
às escondidas , rezava horas e horas. Depois se dedica
vam ao trabalho: costuravam os véus do altar, l i mpavam
os vasos das oferendas, poliam os mosáicos do pavimen
to, recamavam de ouro, de púdpura e de jacinto os para
m entos, teciam no tear e no bastidor fina tapeçaria.
• Lugar de proeminência tinha o estudo dos Livros
Sagrados, aprendendo-se de memória hinos e cânticos
rel igiosos, e Maria recordava-se das l i ções de Sant'Ana,
em casa. Tais obrigações de oração, trabalho e estudo
nos levam a pensar: será que aquelas moças se educavam
para rel igiosas? - Não era propriamente para a vida reli
giosa, embora as virgens do Templo pudessem acompanhar
com timbales a Arca da Aliança e nas Lamentações fica
vam ao lado dos sacerdotes, o mesmo acontecendo com
as viúvas que depois do primeiro matrimônio não con
traíssem novas núpcias; nos l embram tais funções os epi-
- 53 -
sódios de Judite , de Ana, a profetisa, e das diaconisas.( 60 )
Mas estes estudos, estes trabal hos e as orações prepara
vam as prendas, o nível cultural e rel igioso das jovens das
boas famílias de Israel , encaminhavam-nas para que sou
bessem administrar mais tarde o lar que Deus lhes con
fiaria. ensinava-lhes a ser boas esposas e mães que é a
missão precípua da mulher.
• "Ana viu durante alguns anos Maria crescer no
Templo cheia de graça e de sabedoria. Teve muitas ve
zes a felicidade de se entreter na intimidade com sua fi
lha, nas visitas ao Templo. Vi u-a interpretar a Sagrada
Escritura e conhecer perfeitamente os orácu los dos pro
fetas da Antiga Lei . A iconografia representa Ana a e n
sinar Maria Ssma. menina a Escritura Sagrada, mas na
verdade, Nossa Senhora possuía toda a sabedoria e i ntel i
gência perfeita dos Livros Sagrados. N ada tinha a apren
der de sua bendita mãe. Ambas liam e interpretavam a
Escritura Sagrada para cumpri mento da lei e meditação
cotidiana das coisas celestes ." (apud F. Wil lam)
• Ora no Templo, ora em casa de seus pais foi-se
passando a juventude de Nossa Senhora e diz a tradição
que ela ficou órfã cedo, já que Joaquim e Ana a tiveram
em avançada idade. " Não se pode saber com precisão,
diz o Pe. Marc-Ramus, quanto tem po viveu S. Joaquim,
mas há indícios seguros de que morreu antes ãeSant'Ana,
cheio de méritos, e chegou a i®.dtLde 80 -ª!!9 � "_,_ _0uanto
a Ana consta que "depois de alguns anos , quando Maria
ainéíaSe encontrava no Templo, e antes do matrimônio
virginal com S. José, expi rou suavemente, tendo atingido
a idade de 79 anos. Foi sepultada em Jerusalém, junto do
seu esposo'Jõaqüim", ainda segundo o Pe . Marc-Ramus.
• Uma corrente de historiadores, baseados e m fon
tes primitivas atestam que Joaquim e Ana morreram antes
- 54 -
do retorno da Sagrada Família do Egito, deixando antever,
portanto, que a mbos chegaram a conhecer seu divino neto,
Cris.to Nosso Senhor. Mas o fato seguro, é que--rvrãria não
se achava mais no Templo de Jerusalém e já estava des
posada quando o anjo S. Gabriel anunciou-lhe que seria a
Mãe. de Deus. Vivia em Nazaré, certamente em casa de
pare ntes-; porque não coabitiDiâ_com S._ José , _ o que certa
mente só aconteceu depois que Maria VOltou da casa de
sua prima Sta. l s�bel .
- 55 -
- 1 .") negociações dos i nteressados, i . é . , pais ou
chefes de clãs (na falta destes, funcionavam os parentes
mais próximos ou tutores). � nesta fase inicial que, se
gundo F. Willam, os noivos e seus fami l ia res tinham que
pensar em três sérios tributos : o " patrimônio" , o "dote" e
o "crédito da boda", requisitos i ndispensáveis; senão os
três, pelo menos dois, para inici ação das "negociações",
trocas ou verdadeiras compras e vendas d e bens e proprie
dades, tudo como num negócio qualquer. Esta fase poderia
durar meses e até mesmo um ano, com encontros, reu
niões, demandas , sem necess idade ou obrigatoriedade do
conhecimento e presença dos noivos.
• Expl i ca F. Wil la m : " O 'patrimônio' tinha que ser
da parte do noivo e deveria ser o mais rico possíve l : mó
veis, roupas, utensíl ios (para os pobres geral mente). acres
centava-se d i nheiro, jóias, escravos (para os ricos). Des
ses bens o noivo só tinha usufruto. O 'dote' tanto podi a
pertencer à mul her como a o varão e era regido por outras
condições jurídicas : o marido pod ia aumentá-lo e trans
formá-lo e se o matri mônio se d issolvesse não era ele
obrigado a devolver senão o dote primitivo. Quanto ao
'crédito da boda', constituía-se uma soma que o marido
tinha que tirar dos seus ben5 pessoais e entregar a es
posa, se a despedisse ; para os pobres consistia numa
'quota fixa' e para os ricos era adicionado u m 'suplemento
proporciona l ' à posição do indivíduo, variando conforme o
'patrimônio' e o 'dote'. Essas obrigações tinham i m por
tância não só econômica mas também mora l , pois m uitas
vezes impediam que o marido despedisse a esposa por
aborrecimentos fortuitos ."
• As duas etapas seguintes completavam as d ispo
sições jurídico/religiosas:
- 2.") etapa dita qddushin (desponsório, i . é . , noiva
do), geralmente consumava-se na Corte (Templo) perante
autoridade competente o compromisso formal , onde, i m
plícita e expl icitamente constava a final idade do casamen
to a parti r daquele contrato (ketubbah) . Exemplo: só pelo
"decreto de repúdio" ( = d ivórcio) poderia l ivrar-se da
noiva ; esta, em caso de infidel idade , poderia ser apedre
jada ; em algumas cidades - Nazaré excluía-se da rela
ção desde há 500 anos - a coabitação e união conjugal
era permitida no período qddushin. O comum, nesta V
fase era, ao final dos atos, cada qual seguir para suas
próprias casas.
--,., 56 -
• O cerimonial (qddushln) consistia no ato do jovem
depositar na mão da moça um objeto de um valor mínimo
d e 5 centimos, como "arras do matrimônio", i . é . , "sinal
do-casamento" e declarar: "Com Isto ficas solenemente
ccmprometida como minha desposada", seguindo-se uma
fórmula d e bênção. Deste momento em d iante a noiva
ficava sendo a esposa, embora só dentro de 6 meses a 1
ano a cerimônia se completasse com a então chamada bo
das: o noivo então conduzia a noiva para a casa que ele
preparara, a fim de coabitar com a agora então esposa.
Portanto, o noivado entre os judeus tinha o mesmo valor e
legalidade de u m verdadeiro casamento . Pergunta-se en
tão: para que as bodas, se os desponsórios tinham o mes
mo valor e legalidade? Era um costume que obedecia , pro
vavelmente , a uma experiência maior da vida, maior do
que nós geral mente supomos. Por uma parte, era conve
n iente que a mulher se l igasse cedo ao homem que havia
de ser seu marido e que este nela tivesse os seus pensa
mentos; por outra, não devia esta submeter-se cedo de
mais aos encargos do matrimônio. Daí a pressa nos des
ponsórios, para estarem unidos com laços fortes, e a de
mora no casamento, para que as jovens se desenvolves
sem convenientemente (expl icações de F. Wil lam).
• Obvia mente com algumas diferenças de circuns
tâncias, assim dentro de semelhante contexto sucedeu
com o casamento de Maria e José, pois o evangelista (Mt
1 ,1 8-2 1 ) alude apenas a etapa dita qddushin. Mas nos
apócrifos lêse mais ou menos assi m : chegara a idade em
que Maria, após 1 2 anos de naziriato (70) no Templo de
Jerusalém (entrara, ao que consta, com 3 anos), e ao que
parece agora órfã, precisava consorciar-se. O Sumo Sacer
dote de então (Abiatar? Zacarias?) comunicou todas as
1 2 tribos de Israel e, dentre elas, foi sorteada a de Judá.
Desta apresentaram-se diversos candidato s , Tnclusiveo
jovem aprendiz-de-carpinteiro José. R ito ou cerimônia inu
sitada : o Pontífice solicitou --ãõ s candidatos deixassem
durante 3 dias seus bastões sobre o altar do Santo dos
Santos; aquele bastão que florisse, o seu dono fora o es
colhido por Deus. No dia e hora aprazados, do bastão de
José brotaram 2 l írios , sinal de sua eleição para desposar
Maria. O ato, revestido de esplendorosos ritos e cerimô
n ias pomposas , já teve o pincel dos mais célebres pinto
res , Rafael , Sanzio, Fra Angélico (este com processo de
canonização instaurado) . Carpáccio e tantos outros mais,
-- 57 -
a fixar este momento de Céu na Terra (eles pintam a cena
do lado de fora dum Templo, nas escadarias). A figura
extra-bíblica do jovem Agapo, também candidato a espo
sar Maria, não escolhido, quebrou a vara (ver quadro d e
Murilo), fato lembrado num trabalho de Adyr Amara l , no
Serra Clube-Tijuca.
• O episódio das bodas de Caná da Galiléia (Jo 2 ,
1-1 1 ) onde Maria Ssma. desempenharia papel tão i m por
.
- 58 -
concebido é [ obra] do Espírito Santo. ( . . . ) Ao
despertar José do sono, fez como lhe tinha man
dado o anjo do Senhor, e recebeu em sua casa
[ Maria] . sua esposa." ( Mt 1 , 1 8-24)_
• Por seu turno Maria (pelo que se diz já órfã e não
morando mais no Templo e sim em casa de parentes) ,
como toda noiva, estava rad iante de fel icidade neste dia
d e suas bodas. Fôra fixado, provavel mente, segundo o
costum e , para esta festa uma 4.• fei ra ou um sábado; ha
via aqueles que preferiam a celebração no dia do Senhor
como s i nal de bênção sobre a nova família; outros ainda,
escolhiam a estação outonal (setembro) e m cujo início
verifica-se o ano lunar (daí certamente, veio mais tarde,
a expressão lua-de-mel ) ; e cuidava Maria, neste entarde
cer: daquelas coisas que l evaria para a outra casa, o de
finitivo lar: enxoval de núpcias, convites de última hora,
recepção a amigos e vizinhos, orientaçao âs damas-de
hõnrã:;'"-etc. A jovem hebréia estava pronta "para receber o
esposo que haveria de conduzí-la para sua casa. Vestia
o traje nupcial (molack) . ou seja, longa túnica branca , es
treita nos flancos perto da cintura, enquanto üm -veu- des
cia da cabeça até os p�s. apertado na fronte pela êoroa-de
louro (ou murta). modesto adorno que lhe presentearam
as a migas e vizinhas (identicamente portavam semelhante
enfeite as damas-de-honra) .
• Montando manso jumenti nho, José deixa a sua
casa, também trajado segundo o costume, tendo a se
gui-lo o cortejo nupcial dos colegas e parentes, dos toca
dores de fl auta e batedores de tamborim, de castanholas,
cantando músicas, dando vi\ias e batendo palmas ao mes
mo tempo que dançavam ; tornavam pleno de alegria e
festa o atalho de uns 1 00 metros que separavam o casa de
José da de Maria. Esta já estava cheia de convidados,
destacando-se I sabel e Zacarias que eram apontados pela
posição que desfrutavam : ele, de Sacerdote do Templo e
ela, Isabe l , tornara-se muito conhecida pelo parto de João
em avançada idade. De Maria poderia ter-se d ito o que mais
tarde foi consignado na parábola das esposas, que se lê
em S. Mateus : " Eis que vem o esposo, saí ao seu en
contro". (25,6)
• Chegou José e adentrou-se pela pequena residên
cia e m direção do altar d ito "huppa" (= paraíso) e junto
d e M aria - como na Corte quando das promessas - os
- 59 -
noivos/nubentes (tornando-se esposos), num breve rito
recebem a bênção: sobre a cabeça deles estende-se o
"tallit" (uma longa tira de l inho, onde, segundo as c i r
cunstâncias, está escrito um texto b íb l ico i nvocativo a
Deus à guisa de oração) . Então, faltando os pa is, um
rabino ou algum parente consangüíneo mais próximo de
Maria abei ra-se (Zacarias?) e, pegando duma taça de vi
nho novo pronuncia, de mãos erguidas, as "7 bênçãos do
esposo" ("séva berakot"), que culmi na com estas pala
vras: "Que o Deus Abraão, de lsac e de Jacó seja com
vocês e O!ii_JI_li!ID
l ; faca descer sobre vocês a sua bênção e
os permita ver os filhos e os netos ate a 4." geração.
• O coração de Maria exulta de alegria porque esta
prece (depois terá o seu sentido inserido no rito do ma
tri môn io cristão) , esta espéci e de cânti co lhe recorda
aquele que entoara em Ain-Karin - Magnificat - onde
profetisa Ela que "todas as gerações a chamarão bem
aventurada". Ela verá os seus filhos, inseridos no "corpo
m ístico de Cristo", não apenas até o fim da 4 .• geração,
mas até o fim da última geração da Terra, pois não é Ela
mãe de todos os homens ? a "nova Eva"?
• A cerimônia prossegue com a entrega do bracelete
ou do anel ; este é mostrado aos presentes pelo rabino
(ou um parente categorizado) e restituído ao noivo que
então o enfia no dedo indicador da mão esquerda daquela
que até então era simples noiva, d izendo : " Com este anel
(pode ser também bracel ete) você se torna minha esposa,
segundo o rito de Moisés e de Israel . " Gera l mente este
anel era um belo trabalho de ourivezaria com símbolos e
i nscrições augurais e a data . _O anel que José entregou
a Maria, era certamente muito modesto, como ao costu
me da gente si mples, mas de muito bom gosto. Segundo
o pesquisador mariano André Damino, esta jóia-re l íquia se
encontra na região de Perúsia: " . . . guarda-se aí o anel
que José pôs no dedo da Vi rgem : é um círculo de ame
tista sobre o qual estão gravadas duas flores semidesa
brochadas ." (apud " Na Escola de Maria" - 4." edição -
Pau l ínas, 1 962) .
• Das últimas cerimônias do rito matrimonial e m
casa d a noiva, antes d e conduzi-la a d o noivo era a do cha
mado "cálice da bênção" . que ambos simultaneamente
bebiam, e, seguidamente os parentes, amigos, vizinhos e
presentes (teria sido este o vinho que 30 anos mais tarde,
nas bodas de Caná da Gali léia, caso não tivesse h avido a
- 60 -
i nterferência de Maria?) Formulados os votos e a ugúrios
José, segu;1do o costume, atira o cál ice por terra e des
trui ndo-o total mente pisa os fragmentos, jurando fideli
dade a esposa. N esta hora os convivas dansam em torno
dos esposos e cantam salmos jogando trigo e cevada so
bre o fel i z casal, símbolos da fertilidade.
• Encerrados estes ritos na casa da esposa, tem
i n ício o cortejo nupcial que é animado pelos sons musi
cais, dansas e vozerio dos acompanhantes; praticamente
a população de todo o vilarejo se põe na estrada seguindo
os esposos com vivas e pal mas ritimadas . Chegados a
casa de J osé, Maria é solene e festivamente introduzida
na nova residência e prossegue o banquete de núpcias, no
qual todos participam, pois as portas da casa são abertas
a todo mundo: parentes, vizinhos, amigos, amigos dos
am igos , forasteiros e viajantes festejarão o feliz evento
não só no d i a seguinte, mas até por uma semana em fora!
- 62 -
desde esse momento, tinha firme garantia de poder en
tregar-se , em absoluto a Deus, às suas esperanças mes:
siânicas e à preparação para a vinda do Salvador. Jõse;
seu e·sp�o. representava-se-lhe como uma muralha que a
defendia exteriormente." (Wil lan) Mas donde vinha esta
certeza para Maria Ssma.? " Uma jovem l igada com votos
antes do matri mônio tinha obrigação de manifestá-lo ao
noivo; tanto mais se os votos se referiam ao mais íntimo
da vida matrimonial . Ass i m determinava a moral hebréa
e a razão natural confirmava que devia ser assim", (J. Rey)
e, "antes dos desponsórios Maria naturalmente deu conta
a José de tudo isto e ambos concordaram em viver como
i rmãos ." (Wi l lan) Dal la Libera procura expl icar ou mais
exato, situar o voto de Maria, referentemente ao sinal pre
d ito pelo profetismo no contexto de sua época; vejamos,
portanto, antes o que constituía voto:
- 63 -
• Urna senhora ebréia tinha como honroso e mes
mo sagrado contrai r n(•pcias, casar-se, cujo mais a lto l e
gado seria o desidP.rato de, eventual mente, nascer dela o
esperado Messias . Diga-se que a figura do Messias e ra
concebida de forma um tanto confusa : u m rei poderoso?
um excepcional soberano? u m profeta? um conquistador?
um grande construtor de Israel ? Não se defi nia m u ito
claramente a esperada figura. A infocar o contexto vi
vencia! desta forma, o de virgindade soa um tanto extra
nhamente , inconcebível mesmo; ainda se fosse o cel ibato
pelas razões ascéticas da seita dos essênios , mas as mu
lheres sem marido eram mal vistas e até amaldiçoadas !
(como em parte ainda atualmente acontece).
• Não obstante sabemos, Maria fizera "voto de vir
gindade"; confi rma-o a resposta ao anjo anunciador: " Co
mo se fará isso, pois eu não conheço varão? " (Lc 1 ,34) -
[. eu não conheço varão] foi o enfemismo usado por
Nossa Senhora para subl inhar o fato de que entre o anún
cio que recebia e a real idade vivencial do seu ser, havia
um voto feito e a ser cumprido: ser virgem .
• Por que Maria fizera voto de virgindade? Claro
que foi inspirada pelo Espírito Santo já que se l he havia
cumulado com a sua graça na Conceição I maculada. Era
isto um desígnio de Deus em perfeita consonância com
quanto predisse o profeta Isaías 700 anos antes, ou seja,
que o Senhor um dia daria um sinal excepcional ao seu
povo, fazendo nascer o M essias Salvador não da maneira
comum, mas de modo único, isto é, nascerá da predita
virgem: " . . . o Senhor vos dará esta sinal : uma virgem
conceberá e dará à luz um filho e o seu nome será Ema
nuel ". (ls 7,14)
- 64 -
rém. este termo na palavra grega parthenos, ou seja. "vir
gem" Supõe-se, assim que corrente interpretativa do an
tigo texto de Isaías ao tempo da tradução dos Setenta
fixasse "jovem senhora virgem". S. Jerônimo, também
profundo conhecedor da língua hebraica traduziu '"almah"
pela palavra latina " virgo" ( = virgem) . Substancialmente
se trata da concepção virginal de Jesus como está nos
evangelistas Mateus e Lucas. Assim, não se trata de
qualquer virgem que por tal ou qual método biológico
científico pode, em teoria, conceber, mas de uma virgem
bem determi nada [ com voto de castidade] que concebe
sem i ntervenção do home m . Este sinal de Deus [o voto
d e Maria] manifestar-se-á a N ossa Senhora (ls 7,14) , cum
prindo-se a promessa feita a d inastia de Davi (2Sam 7 , 1 6 ) ,
e até o lugar está indicado onde dará a l uz aquela (vir
gem) parturiente (Mq 5, 1 2 ) : Belém. Maria, portanto, na
idade do crescimento, sabedora de tudo isto - embora
não plenamente - se consagrou a Deus com voto de vir
g i ndade perpétua. Onde tal aconteceu , se no Templo ou
na famíl ia, não é possível determi ná-lo; da mesma forma ,
não se pode estabelecer com precisão a data do voto.
Apenas estejamos certos de que este voto foi feito por
M aria antes do casamento com José.
• E, para desempenhar a excepcional íssima missão
de protejer o voto daquela mãe-virgem, como seu castís
simo esposo, a Divina Providência buscou a excelsitude
de um varão "justo" (biblicamente "justo" quer dizer san
to) , José, o carpinteiro . Dentro da definição de voto, S.
José é, sem dúvida alguma, um voto person ificado: teve
ele a " patern idade virginal" de Jesus, no dizer do Pe. Ga
briel Galache, S .J . - Se não teve a " paternidade-de-gera
ção", recebeu, porém, a "paternidade jurídico-legal " (aque
la segundo a Lei) ; se não teve a "patern idade fís ico-bioló
g ica", desempenhou, porém no escondimento - é com
que dignidade! - a " paternidade de criação". E quer a
tradição que S. José tenha proferido também voto (o que
não deixava de ser comum no Oriente àquela época) ; co
mo quer que seja, Maria teve, por lei, obrigação de cienti
ficá-lo do seu voto, antes do casamento. E devido a isto
São José viveu mais unido, mais perto de Deus através
da esposa Santíssima e Mãe Imacu lada Virgem . Encerre
m os este capítulo com os "alexandrinos" de Anchieta, o in·
signe missionário Jesuíta de nossa terra , que portava o
nome de José por ter nascido no dia do grande santo
- 65 -
( 1 9/3/1 534), ao redigir, em latim os 3 .000 e poucos versos
do " Poema da Virgem". ass i m se referiu a S. José e ao
voto de Maria:
�.66�
• Caridade : A virtude da Caridade de Maria, que
abismo inexplorado e inexpl o rável ! S . Francisco de Sales
diz que Ela foi Regina amoris ( = Rai nha do amor, i .é., de
Caridade) . Nenhum coração foi tão abrasado de amor co
mo o d e Maria, foi com amor, de amor e pelo Amor que
Ela morreu.
• As virtudes, além das teologais, dividem-se ainda
nas cardeais (ou morais), cujo objeto são os bens criados
à saciedade , à família humana:
- Prudência; J ustiça ; Fortaleza ; e Temperança.
• A nobi l íssima virtude da Prudência em Maria, can
tamos em superlativo, na Ladainha: Virgo Prudentíssima.
• A J ustiça , cons iderada no mais rigoroso sentido
do termo, vem sempre acompanhada de outras virtudes,
sobretudo, a Obed iência e a Relig ião. O ancila Domini
dos lábios de Maria revela, como num espelho, toda a be
l eza desta virtude que ornara sua alma e seu coração
na Terra e a g lorifica no Céu.
• Quanto a Fortal eza, Ela, e quem mais do que Ela,
foi a " mulher forte " sub l i mado pelo sapi entíssi mo Salo
mão. A Liturgia o proclama e canta no cél ebre hi no Stailat
Mater esta força ante a dor, esta fortal eza de espírito no
Consummatum est, no grupo genial da escultura de M iguel
Angelo, Pietá.
• Finalmente, na Virgem resplandece, com aquele
bri lho, com uma l uz toda própria a virtude da Temperança,
i .é., a moderação exemplaríssima d iante dos gozos , mes
mos l ícitos, estri bado na sobriedade e, sobretudo, na pu
reza, na castidade: Tota pulchra es Maria. Ressalte-se que
e m conexão com a virtude da Temperança sempre está a
h u m i l dade.
• Quando formos, capítulos seguintes , tratar mais
" domesticamente " com a Ssma. Virgem, inculcaremos ,
apontaremos as Virtudes de Maria para bal isamento da
n ossa vida espiritual mora l , social . O cortejo destas 7 vir
tudes que se nos deparam é para que Maria mesma nos
ajude a que possamos imitá-la nestas práticas . (72)
72) Este capítulo, ind ispensável numa " b iografia " de Ssma. Virgem,
mostrando-nos o seu "égo " interior, é transcrição praticamente
" ipsis verbis" d o que se consigna no verbete Virtudes (de Ma·
ria) no " Peq. Dlc. de Nossa Senhora, do Autor.
- 67 -
Anunciação: Lc 1 ,2-38
(diálogo c/ anjo)
{ S.Gabri e l : 134 palavras
(3 lrases)
( a entrev I ata
J (155 palavras)
Nazaré Maria Ssma . : 21 pa l avras
'I mala decis i va
(2 lrases)
( da História/Mundo
Perda/Encontro: Lc
(diálogo c/Jas us)
2,41-42 { Mari a Ssma . : 1 frase
(17 palavras)
Templo da Jerusalém Jesus (12 anos): 1 frase
(14 palavras)
Bodae de Cenlli: Jo
(diá 1ogo c/Jesusl
2 1.11 { Maria Ssma . : 2 frases
(23 palavras)
(30 anos): 18
·
- 69 -
era m uito d iferente do hebraico. Por razões óbvias, po
rém, o hebraico foi conservado como a l íngua sagrada,
tanto que nas sinagogas a leitura dos rôlos era· feita em
hebraico: aos poucos, paulatiname nte foram traduzindo
trecho por trecho para o aramaico, para comodidade e
aproveitamento dos poucos que já não compreendiam mais
a l íngua prim itiva." (H. Lesêtre) .
- 70 -
A Ave-Maria em aramaico (caracteres siro-ca/daicos) conforme
transcrição do Pe. Elias Maria Gorayeb, maronita, de quem fomos
" ' coroinha ·· nas Missas maronitas da viagem à Roma (Ano Santo
-1 950), à bordo do navio "'Jenny".
- 71 -
f
PRESENÇA DE NOSSA SENHORA NO NOVO TESTAM ENTO
I
3,31 -35 (ref. Mêe)
6,3-4 (ref. Ml!e)
14,12ss (preperaç�o última cela)?l
SIo 15,20-23 (vla-crucls)?l
Marcos [ 1 5,24-47 ( cruci ficação , agonia, morte, desclmento da cruz e
sepultamento de Jesus)?!
16,1-14 (as santas mulheres no sepulcro vazlo)?l
16,19 (ascens!lo)?l
1 ,26-38 (anunclaç!lo/"flat")
1 ,39-55 (vlsl tação/" Mügnlflcat"J
1 ,56-57 (estada de 3 meses em Aln-Karln atá nasc. Batista)
2,4-6 (viagem p/Belém)
MARIA 2,7ss (nascimento Jesus/gruta/estábulo)
2,8-12 (presépio/pastores)
SSMA. 2,21-24 (clrcuns.fap. nome)
São 2,22-24 (apresant./purlflcação)
NA
Lucas
2,25-35 (proL Simeào: esp. dores)
2,36-40 (profetisa Ana)
NOVA 2,39-40 (obediência do Menino Jesus ê Maria)
2,41 -42 (perda/encontro)
ALIANÇA
2,51 (obediência da Jesus)
3,23-38 (genealogia masc.: avô/pai de Maria)
8,19 (ref. Mã�>l
1 1 ,27-28 (rof. Miia: ologlo)
Atos dos
Apólltoloe { 1 ,13-14 (unidos c/Maria)
Ep. 101
Nota: nos episódios/passagens onde os evangel i stas (mormente São João) não men
cionam Maria e os exegetas, blbllstas, pesquisadores consideram Imposs ível não haJa
havido a "presença" da Ssma. Virgem, assinalamos com ?I e explicamos: os evange
l istas detiveram-se na Obra da Redenção, na história salvlfica, cuja pcrsonagom principal
é Cristo Jesus; não escreveram, de modo algum, a "Vida de Mari a " : esta transcorreu,
simplesmente unida e, in abscondita, a do Salvador. Maria á Lua e não Sal,
N
t
MAR lM ·-
GALII.ÉlA
f
PÉRSIA
A PALESTINA
NO TEMPO
DE MARIA
Q.Jii.t..•/1
O IS 10 4S 6o 1S 90 lOS no
- 74 -
· • A que horas ? e o que fazia a V i rgem Ssma.? A
" entrevista" mais i mportante que a História registra (diá
logo de 5 frases e 55 palavras) não adianta nada sobre
estes pormenores . Uma coisa, porém, pode ser sub l i nha
da: a g rande maioria dos a rtistas pinta a cena e m lugar,
em momento de oração . Certamente , portanto, estava
Nossa Senhora em oração, talvez até em contemplação no
i nstante da aparição de Arcanjo São Gabrie l . É sabido que
" os judeus - observa H . Lesêtre - de manhã e à tarde,
liam à guisa de oração, cerca de 3 passagens da Lei que
e ram exortações para ficarem fiéis a Deus. Havia outras
orações, como por exemplo, a chamada "as dezoito" por
que se compunha de 1 8 fórmulas. Essa era rezada 3 ve
zes ao d i a , recomendando-se, porém, que se fizesse às
ocultas e sem muito palavreado." E F. W i l lan reforça :
"Quem sabe Nossa Senhora não estivesse recitando 'as
dezoito' ou algum salmo messiân ico quando São Gabriel
lhe apareceu? Seja como for, o seu espírito estava sem
pre recolhido e em qualquer instante Ela estava mais pre
parada para receber um enviado do Céu do que qualquer
criatura na mais fervorosa oração." O Cardeal Barônio
tornou as 18 hs. como sendo a hora da Anunciação; e com o
nome de "Angelus" (ou da "Ave-Maria") tradicionalmente
este mistério é lembrado em todo o mundo .
• "Entrando o Arcanjo onde Ela estava . . - Estas
palavras provam que o Arcanjo se apresentou em forma
visíve l , i .é . , com formas humanas , tal como se apresen
tara a Daniel em Bab i lônia e em tantas outras passagens
do Antigo Testamento. Fác i l se percebe que o texto evan
gélico faz supor que Maria reconheceu (de imediato) no
embaixador celeste, um ser espi ritua l , um enviado divino,
embora sob fi gura humana. E entre outras razões de per
cepção, esta : certamente S. Gabrie l apareceu num jacto
de luz prod ig iosa e desde que Adão fora expu lso do Pa
raíso, era a primeira vez que um seu descendente era
ass i m saudado com expressões tão sublimes." (F. Willan)
Todas as pa lavras do Anjo estão cal cadas em textos do
Ant. Testamento, observa L. Mckenzie, S. J .: Gn 1 6,1 1 ;
Jz 5, 24 ; 6,1 2 ; 1 3 ,3; 25m 7,1 2; ls 9,6; Dn 7 , 1 4; Mq 4,7.
• O evangel ista diz que Maria turbou-se, ficou per
p l exa e que S. Gabriel se apressou em expl icar-lhe dizendo
que não tivesse medo. Mas certamente não dever ter
s ido o medo dos sentidos, como p. ex., o medo que senti
mos na hora do perigo, de catástrofe, de angústia , não.
Explica um dos maiores mariólogos: "A perturbação era
- 75 -
de outro gênero, mais profunda d o que tudo I sto. O evan
gel ista confi rma-o, empregando uma expressão que I ndica
uma inquietação muito grande. Em seu espanto, Maria
ficou, a princípio, sem palavra, e procurava assegu rar-se
contra o que se l he representava muito confuso. E o Anjo
se apressou em tirá-la daquel a perplexidade: " . . . encon
traste graça junto de Deus". l lc 1 ,3 1 ) A expressão "en
contraste graça junto de Deus" tinha um sentido m uito
mais profundo do que "o Senhor é contigo" aos homens
que Deus escolheu para algum a m issão especial . Assi m
s e fala n a Bíblia d e Noé, o "segundo pai d a Humanidade" ;
assim d e Abraão, "pai d o povo d e I srae l " ; ass i m d e Davi ,
"cabeça da Casa Real" do seu nome: todos estes " en
contraram graça junto de Deus." (F. Willam)
• E assim, tranqü i l i zada pelo Arcanjo S . Gabriel, que
melhor do que n inguém - anjo e emba ixador celeste -
mostrou que nada sofreria o seu voto, não se fez esperar
a firme decisão de Maria Ssma .: - " Eis aqui a escrava do
Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra ." (Lc 1 ,38)
Deu o seu consentimento, o "fiat", sem querer saber se
isso lhe causaria alegria ou sofrimento, honra ou lgnomi n i a ,
glória o u humilhação. A única vontade era cooperar com
os planos de Deus. E, deste modo, pronunciou a palavra
definitiva: "fiat", não só a seu respeito, mas também a
favor e em representação de toda a H umanidade. Em , na
quele justo momento do "fiat" Maria começava a ser a
Mãe de Deus, Cristo Jesus . . . "Qui propter nos homines,
et proptar nostram salutem descendit de caalis. Et incar
natus est de Spiritu Sancto ex Maria Virgine: Et homo
factus est." (o qua l , por amor de nós, homens, e para a
nossa salvação desceu dos céus. E encarnou-se por obra
do Espírito Santo em Maria Virgem, e se fez homem) . (74)
O verbo fiat ( = faça-se, em lati m , é costume traduzi-lo pelo
adjetivo sim: consentimento, aceitação, obed iência, hu
mi ldade, cooperação.
• E eis Maria mãe-virgem, a " 'almah" dos profetas
escolhida, preservada " ab aeterno" para Mãe de Deus,
mas também a nossa Mãe, a segunda mãe dos homens,
- 76 -
pois "a verdadei ra maternidade - no dizer do Pe. J . Buys ,
S . J . - não é apenas de ordem biológica, mas também e,
sobretudo, uma relação de ordem espiritual . Ao aceitar
ser Mãe do Filho de Deus, N ossa Senhora aceitou ao mes
mo tempo, uma colaboração i ncondicional em toda a Obra
do seu Filho. Quando São Gabriel lhe anunciou, não pre
viu Ela, por certo, tudo o que estava impl ícito em sua
missão, mas tudo aceitou com fé e caridade sem l imites."
Eis a grandeza i ncomensurável do "fiat": não apenas hu
m i ldade, mas fé ; não apenas fé, mas amor. " Maria sus
pi rara ano após ano, pela salvação da Humanidade. Todos
os dias pedia a Deus apressasse a vinda do Redentor.
Para essa vinda se havia preparado cada vez com mais
fervor. Por isso deu o "fiat" para o Salvador descer no
seu seio puríssimo e nele estabelecer sua morada. A
maternidade espiritual de Maria começou, portanto, no
mesmo i nstante em que começou a corpora l , a física. Po
de-se d izer, até, que a espiritual tomou virtualmente a
frente da corporal , pelos sentimentos ínti mos , que a ani
mava , pelos anos que consagrava a Humanidade e pelos
anseios que tinha pela vinda do Redentor." (F. Wil lam)
• Querem muitos estudiosos e pesquisadores que o
relato da Anunciação se deve à informações da própria
Virgem, que certamente, de viva voz, narrou o que então
escreveu S. Lucas o único dos 4 evangel i stas a fazê-lo lar
gam ente. E o que não se percebe de imediato, mas ressalta
de forma sublime e para a nossa imensa satisfação é que
no episód io da da Anunciação/Encarnação estão contidos,
ressaltam 3 dos 4 dogmas marianos : 1 ) Conceição Ima
culada - 2) Maternidade d ivina- 3) Virgindade perpé
tua. E vamos encontrar, com base ou com inspiração
neste central episódio da vida de Nossa Senhora pelo
menos para mais de 50 prerrogativas, privi légios , trata
mentos , títu los, figuras/símbolos , paradigmas, pri mícias
e i nvocações ( i nclusive na tradição grego/latina, eslava,
etc.):
1 - Maternidade espi ritual,
2 - M ater divinae gratie,
3 - Mater puríssima,
4 - Mater castíssima,
5 - Mater inviolata,
6 - Vaso espiritual ,
7 - Esposa de José,
8 - Cheia de G raça (Kekhatoriméne) ,
- 77 -
9 - "Serva do Senhor"
10 - Virgem de Nazaré.
11 - Virgem Santíss ima,
12 - Semper Virgo,
13 - Beata Virgem Maria (*)
14 - Anunciada,
15 - N. S. da Expectação,
16 - N. S. do Parto,
17 - N. S. da Luz,
18 - Mãe do Redentor,
19 - Mãe nutriz do Redentor,
20 - Geratriz do seu Genitor,
21 - Mãe dos homens (da Humanidade),
22 - Esposa do Divino Espírito Santo,
23 - Mediadora,
24 - Mãe dos cristãos,
25 - Figura da Igreja como (Esposa/Mãe),
26 - Modelo da Fé, da Esperança e da Caridade,
27 - Obed iência na Fé,
28 - A que primeiro acreditou,
29 - A primeira a testemunhar,
30 - Rainha do Universo,
31 - Coorredentora do gênero humano,
32 - Guia nos caminhos da verdade,
33 - Remida do modo mais subl i me,
34 - Inestimável dom de Deus,
35 - Poderoso auxíl io,
36 - M ística Rosa e Esposa Fiel,
37 - l ntercessora magnífica,
38 - Dom de Cristo a cada um pessoalmente,
39 - Porta do Céu,
40 - Mulher extraordinária, e
41 - Luz do espírito humano.
Louvação em línguas orientais:
Deípara/Deigenitrix ( = Mãe de Deus)
Theotókos ( = Mãe de Deus)
Parthenon ( = Virgem)
Odiguitria ( = guia, caminho, via)
Déisis (= orante, i ntercessora, medianeira)
Pokróv (= protetora, refúgio)
Elousa (= misericordiosa, clemente)
Glycoufilousa (= terna, pia, dulce/doce).
- 76. -
1 7 - GRAVIDEZ DE MARIA SSMA.
PERPLEXIDADE DE S. JOSÉ
- 80 -
prestar atenção à narração clara do evangelista: de Maria
d iz que guardou si lêncio absoluto a respeito de sua con
ceição miraculosa; de José que pensou seriamente em
abandoná-la secretam ente: por ter concebido antes de
coabitarem. "José ( . . . ) sendo justo, e não a querendo di
famar, resolveu repudiá-la secretamente. Andando ele com
isto no pensamento, eis que um anjo lhe aparece em so
nhos e lhe disse: . . não temas em receber Maria, sua
esposa . " (M t 1 ,1 8-20) .
- 81 -
" Maria contou agora a São José os s ucessos e m i lagres
que tiveram lugar em Ai n-Karin e anteriormente como o
anjo l he anunciara o mistério da maternidade divina e co
mo lhe ordenara puzesse o nome de Jesus no Menino. E
José , por sua vez, contou-lh e o que o anjo dissera : que
podia recebe-la por esposa porque tudo se dava por obra
do Espírito Santo e também mandou-lh e pôr no Menino o
nome de Jesus . E vieram outras novidades : devem ter
comentado a mudez de Zacarias , a l ida de Isabel sem Ma
ria perto, etc. Todas as trevas se dissiparam e começava
ali vida nova. " Nenhum casal de noivos dispôs os prepa
rativos próxi mos do seu casamento com amor mais puro
nem mais santo que José e Maria naquela hora em que
se vi ram escolhidos para protetores do grande mistério
divino.
• Os antístites ita lianos , através da Conferência
Episcopal - noticiou a imprensa mundial - preconizam
o retorno ao noivado religiosamente mais consciente, d i
zendo aos jovens como será benéfico a " redescoberta da
aprendizagem pré-nupcial ", o que, de certa forma, nos
recorda o noivado da Virgem Ssma. com S. José, achamos
nós; " essa etapa da vida - diz o oportuníssimo documen
to - desde que caiu em desuso o noivado rel igioso, l i
túrgico e seus benéficos frutos deve ser prática redesco
berta e posta em uso novamente como uma bela e impor
tante apredizagem dos noivos, para amadurecimento es
pi ritual de sua relação de amor"; (75) os valores da união,
da fidelidade, da indissolubilidade do casamento - expres
sos de modo tão eloqüente no referido documento dos
bispos ital ianos - foram luminosas pedra-de-toque na con
vivência do santo casal de Nazaré. Maria teve em sua
vida de constante dores e instantes de i nfinita a l egria,
mas este momento há de ter sido dos mais memoráveis,
dos mais sublimes. E J osé também. O par total e san
tamente estabelecido, em via de ser aumentado de mais
um figurante, formando então uma família, a família sa
grada: Jesus, Maria e José
- 82 -
18 - VISITA A STA. ISABEL E O " MAGNI FICAT"
- 83 -
mts . de a ltitude , uma bíbl ica estrada d escia até a planície
de Esdrelon, subia a cord i lheira de Samaria. atravessando
Dothain, Samaria, Siquem e por fim entrava na Judéia, em
cujo coração está Jerusalém, d istante, contada à antig a ,
cerca de 5.000 passos (= 1 50 Kms .).
• Maria já tinha conhecimento da estrada devido
às diversas vezes que tomara parte nas Festas do Templo,
em peregrinações à Terra Santa que duravam 4/5 dias ou
mesmo 1 semana. Juntou-se por certo a alguma caravana
das que por aí trafegavam ord inariamente, e, ao que mu itos
querem , teve a companhia de S. José, pelo menos em
grande parte do percurso . É mais natural supor que josé
acompanhou Maria até Jerusalém, certamente integrado
n 'alguma peregrinação para os festejos do Templo, e que
daí em diante Nossa Senhora continuou a viagem integrada
em comitiva que retornava a Ain-Kari m , ou com algum pa
rente. Praticamente durante a Virgem Maria não sentiu
nada dos incômodos, de tanto que seu espírito extasiado,
pensava, meditava no mistério que l evava em seu seio.
Daí não ser temerário pensar que a Virgem Santa teria
começado neste momento a e laboração do " Magnificat"
para ulterior complementação em Ain-Karim .
• Muitos estudiosos acham q u e o encontro, após a
longa e cansativa viagem pela região montanhosa, se deu
numa casa de campo e não na residência propriamente de
Zacarias, pois Isabel se encondera por algum tempo, refu
g iara "por 5 meses." ( Lc 1 ,24) em lugar longe da curiosi
dade públ ica de ver uma sen hora idosa em estado de g ravi
dez. Em escond imento, também agradeceria bem me
lhor a Deus, em contínua oração o tornar-se mãe em
idade tão tardia, e levantava-lhe a maldição, o opróbio.
Para esta vis ita/encontro com sua parenta descendente
de Aarão, da estirpe de Abia, mul her do sacerdote Zaca
rias, a Virgem fora movida pelo Espírito Santo ; pois ne
cessitava Isabel dos serviços da jovem, carinhosa e ínti ma
parente, acrescendo a determinação divina desta visita/
encontro entre as duas mães . cujos nascituros estavam
fortemente l igados ao mi stério da Redenção e no ventre
materno se conheceram ( I sabel disse que o Precursor pu
lou de alegria na sua barriga (Lc 1 .4 1 -47) ; ass inala com
parativamente Dalla Libera : " Maria, nova Arca de Aliança,
sai de Nazaré para Judá como a Arca Santa foi l evada por
Davi , de Kariatijm até Jerusalém, (2Sm 6 , 1 7) para a tenda
real que lhe preparara."
- 84 -
• São Lucas dá como sendo i mediato, logo após os
cumprimentos de praxe e o conhecimento milagroso da
maternidade divina de Nossa Senhora, a recitação ou cân
tico do "Magnificat" Maria prorrompeu num cântico de
louvor, dando l ivre curso aos sentimentos que tinha co
movido seu coração durante o tempo que mediou entre a
Anunciação, a viagem a Ain-Karin e sua chegada a casa
do sacerdote Zacarias com sua esposa Isabel . - Outros,
porém, dão todo o espaço de tempo da permanência na
vila que foi do nascimento do Batista até sua circuncisão,
ou seja, 3 meses e pouco. - Exaramos, no vol . n .o 1 desta
Coleção - " Peq. Dic. de Nossa Senhora" - sobre este
cântico-oração de Maria:
• Magnificat, que Le Camus diz ser "a única página
do Evangelho que nos permite penetrar nos mistérios do
espírito de Maria ( . . ) Ela não fala, canta ." - Sim, canta
i mersa na mais profunda humildade exaltativa, o seu cân
tico de agradecimento. - Di.3se, e disse-o bem Sto. Agos
ti,nho, ao afirmar que cantar é rezar duas vezes, e senti
mos eloqüente prova disto quando entoamos este poema
oracional que a Ssma. Virgem proferiu em sua l íngua ma
terna - a rameo/aramáico: Nascho dil tchabah lmorio -
- 85 -
19 - MARIA, MAE DE DEUS/NATAL DE J ESUS
- 86 �
• Dorm ia!!l na� ç_l_�m:li ras, a céu aberto, quando o
__
'
sol se punha e a estrada ficava escura , embora -- S. José
-
erovidenciasse o lume da]amparina de aze fte : tendo ria
cho próximo procurava abastecer-se de água (o odre de
vinho já estava no fina l ) . Via a provisão de a l imentos,
m ormente o pão, cuidava do jumento, o companheiro in
separável . Mana, naturalmente com o ventre entumecido,
ajeitava-se do melhor modo possível , devido o peso da
criança. J osé, transbordante de ternura, todo atenções e
cuidados, mol hava panos no rio Jordão e refrescava o
rosto, os braços , os pés da esposa que agradecia. Em
algumas ocasiões conversavam sobre suas famílias , há
bitos , tradições , jeitos, enquanto se ali mentavam , com a
típica comida, acompanhadas com " charoset", ervas e fru
tos . Fazendo-se manhã, bem ced inho, com o sol por traz
das montanhas de Moab retomavam a cami nhada de mis
tura com peregrinos e comerciantes em demanda do Sul
e provindos de Jerusalém e até do Egito; pelo 4 .0 dia, à
noite já estavam em Jericó, a poucos quilômetros do Mar
Morto (ou Salgado) . avistando-se o Monte Nebo, a Leste .
Quem sabe? aí encontrariam uma estalagem ? Daí para
frente seriam 30 kms. de deserto até Betânia e depois
mais 5 kms. até Jerusalém, e deveriam vencer este per
curso até o pôr-do-sol . José e Maria conseguiram aí em
J ericó uma tijela com um grosso caldo fumegante e ben
d izerem a baru l henta e movimentada estalagem .
• Chegaram a Jerusa lém, pelo entardecer, cidade
que ambos bem conheciam, pois ali r\i1ãriã""" passaraain
fância, a meninice, a juventude , era como uma "ante-sala
terrena para o Paraíso ; não iriam gozar-lhe as delícias,
porém, porque o destino era Belém, distante ainda uns
8 kms. ao Su l . E segu iram viagem para Oeste, passan
do sob a grande mura l ha da Cidade rumo ao Val e de
H inon, subindo as coli nas entre Jerusalém e Belém. De
súbito pediu Maria que José parasse um pouco (será que
seria a noite da chegada do bebê ? ) . José calculara a via
gem para chegar a Belém pela manhã do 5 .0 dia, e acalmou
Nossa Senhora. Os poucos qui lômetros finais foram ex
tenuantes e José perguntava a todo momento à esposa,
como estava se sentindo. Faltando ainda 3 kms. para che
gar a Belém Maria d isse que os si ntomas se acentuavam !
Pegaram agora um trecho da estrada de subida ingrime;
a esquerda, um val e escarpado; vindo de uns 1 00 metros
abaixo podi a-se .ouvir o assovio �os . apitos dos pastores,
= 87 =
cortando o s i l êncio da noite ; noite fria e ameno soprar da
brisa correndo do Sul ; a escuridão da noite era rasgada
pelo brilho de estrel as no céu. Puxou, José, com u m
pouco d e mais pressa o jumento com a s preciosas cargas:
Maria e no seu santíssi mo seio, prestes a nascer, o Sal
vador do mundo. E, final mente , chegaram à Cidade de
Davi !
• A noite era escu ra e chovia ; já aproxi mando-se da
hospedagem , José percebeu a desusada movi mentação,
com gente dormi ndo à beira da estrada. A " Hospedaria
de Chamaã" ficava à esquerda, construída num penhasco
rochoso que se projetava sobre o vale. Deixando Maria
à pequena distância José procurou o proprietário e expl i
cou a difíci l situação em que se encontrava: esposa pres
tes a ser mãe, precisando, pois de um lugar com um pouco
de privacidade, não servi ndo dorm itório coletivo como via:
pessoas que dormiam no chão da sala principa l , vestidos
e com as cabeças apoiadas em sacos de viagem ou em
brul hos à guisa de travesseiro ; mu itos procuravam dorm i r
e m pé , encostados nas paredes! (cada côvado fora a l ugado
há 3 dias e mu itos peregrinos estavam se revezando no
mesmo espaço! ) José insistia e o esta lajadei ro i rritou-se;
chamou sua mulher e perguntou se e l a conhecia algum
l ugar para indicar ao forastei ro . " lugar para ter um filho?
Só se fosse nas grutas, lá distante, perto do Campo dos
Pastores , onde ficavam animais (lá não quiseram fi�ar os
peregrinos). José agradeceu e voltou para onde deixara
a esposa , pois " . . aconteceu completarem-se os dias
em que devia dar à luz . " ( Lc 1 ,6)
• Por um dos dois caminhos que desciam do a lto
da hospedagem penhasco abaixo, José foi ter na escavação
da caverna, espécie de g ruta ; notou g rande fadiga em
Maria, e, de fato, Ela era toda cansaço e dores. Contem
plou por instantes a José, e , sorrindo l evemente agrade
ceu-lhe tanto trabalho e preocupações, pedindo-lhe que se
afastasse, e, quando chamado voltasse com uma porção
de água quente. José, l evando o ôdre foi cuidar de acen
der, fóra da g ruta , uma foguei ra ; antes, l i mpou rapida
mente uma manjedoura que esta perto duma baia , en
chendo-a de feno, o mais macio que encontrou por a l i .
• A fogueira ardia lá fora, esquentando a água; M aria
chamou-o e pediu trapos de pano, e que acendesse, e pu
zesse perto dela o lume da lamparina (velha companheira
de viagem que fora tão úti l). Os animais, ou seja, umas
- 88 -
ove l has, boi , camelo, o jumentinho da viagem , a l i estavam
ao abrigo da noite ; atiçado pela brisa fria que soprava
do Sul o fogo continuava a aquecer a água . Nenhuma
viva alma descera da hospedagem a fim de indagar se a
parturi ente precisava de a lguma coisa ! Uma infinidade
de silêncio envolveu por instantes aquele futuro da Hu
manidade ! . . Maria rezou . . . José esgotara de há muito
tempo todas as suas reservas de orações . E piedosa
l enda conta : Maria Ssma ., l evantando o rosto para a saída
da gruta permitiu que seus olhos vissem o aparecimento
de 3 estrelas de bri l ho i nvulgar lá pelas montanhas de
Moab . e logo em seguida fundi ram numa só Estrela de
mais e mais i ntenso brilho, algo excepcional , jamais pre
senciado; quando se fixava de modo total no que via, a
Virgem ouviu um gem ido fininho, baixinho, um som
tênue de choro de criança! E o ambiente todo i lumi-
nou-se duma luz sem igua l ! Chamou com nervosa-ale-
g re afl ição o esposo José, e apontou-lhe um bebê sobre
as pal has! - E deixemos concluir este quadro a pena do
escritor Jim Bishop, transcrito já l i nhas atrás:
" Maria sorriu para José, seu esposo por lei, en
quanto ele se inclinava, todo ternura, para ver o
menino que reclinado estava na manjedoura que
preparara. Esta Criança - refletiu o carpinteiro
- é Aquele de quem falou o Anjo a mim, e, ante
teriormente, a Ela, o Filho de Deus Altíssimo! E
caiu de joelhos adorando o Messias."
- 89 -
CALENDÁRIO E FESTAS JUDAICAS
(na época de Maria Ssma.)
13/�4
Punm
Isortes)
16121
Tabii'Nculo1
Sukk&t•Cibanos \
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Pentecostes
(Shevu5t-colheita)
501? dia
- 90 -
20 - PURIFICAÇAO DE NOSSA SEN HORA/
APRESENTAÇAO DO MENINO
- 91 -
evangelista São Lucas enfoca em dois pontos fundamen
tais: a Purificação de Nossa Senhora, (" Quando se cumpriu
o tempo da sua purificação ") e apresentação do Menino
Jesus no Templo (" levaram-n'O a Jerusalém para O apre
sentarem ao Senhor . ").
• Para Israel uma das coisas que tornava a m u l her
impura legal mente era dar à l u z uma criança . Por isso o
Levítico, (obra sacerdotal e de caráter ritualista) . diz que
a mulher parturiente deve apresentar-se ao sacerdote na
entrada da "tenda da reunião", (mais tarde será no Templo
de Jerusalém), 40 dias depois , s e é um filho e 8 0 dias, se
é uma filha, para purifica r-se . Deve levar consigo um cor
deiro de um ano para oferecer em holocausto, como reco
nhecimento e homenagem a Deus e uma pomba ou uma
rol a , em sacrifício pelo pecado, como expiação pessoal e
para purificação da impureza lega l . Se for pobre l evará
duas pombas ou duas rolas, uma para o holocausto e outra
para o sacrifício. (Lv 1 2 , 1 -8) . N ão se sabe ao certo qual
é a origem desta lei. Pode provir do paganismo mas fil
trada pela fé do povo de Deus, ou ser fruto duma reação
deste povo de Deus , Israe l , contra a divinização do sexo
professada pelos vizinhos idólatras e pol iteístas; ou ainda
pode ter sido d itada pelo sentido do respe ito para com as
fontes da vida da qual só Deus é o Senhor; se trata duma
lei puramente legal e ritual e não mora l , muito embora com
sentido teológico profundo. De modo que a m u l her que
dera a l uz, considerada impura pela lei, tampouco era per
mitido entrar na comunidade santa do povo de Deus para
dar culto ao Senhor, sem antes se purificar, era onerada
em 5 ciclos de prata ao ter que l evar animais para o ho
locausto! E, "quando se cumpriu o tempo da sua purifica
ção" Maria, subiu ao Templo de Jerusalém ( Lc 1 2 ,22) , não
estava obrigada porque não tinha necessidade de purifi
car-Se. Ninguém melhor do que Ela, que tivera um parto
Virginal d isso sabia, mas hum i l de e obediente , quis i gua
lar-Se todas as outras mulheres.
• Com o Menino, José, seu pai nutrício, já cumprira
a tradição da circuncisão aos 8 dias de nascido, pois o apor
o nome, o pai ou o rabino poderia proceder o corte do
prepúcio, lei mais de hig iene do que propriamente rel i
giosa . "A circuncisão, que em relação aos hebreus re
presentava o nosso batismo quanto a incorporação ao povo
eleito." (cfr. nota-de-rodapé, comentário do Pe . Matos Soa
res, na " Bíblia Sagrada" dos Pau l inos).
- 92 -
• Ao que se deduz a circuncisão do Menino foi pro
cedido na s inagoga, no cruzamento principal de Belém:
" Depois que se completaram os 8 dias para ser circunci
dado o Menino, foi-lhe posto o nome de Jesus , como lhe
tinha chamado o anjo, antes de ser concebido no ventre
[ materno] " llc 1_,_2 1 ) - Então José çpmpareceu diante do
rabino e a l egando não ter prática, porque jamais tora W.
pediu ajuda para ohc1ar o nto/cerimoma (o que era per
m itido) . O rabino guiou, então, a mão calosa do carpin
teiro, e as primeiras gotas de sangue foram derramadas
pelo Filho de Maria.
• Mais tempo teria que permanecer fora da sua
oficina o carpintei ro José tomando providências referente
m ente ao M en i no e as leis; o lado divino continuava ocul
to e de forma clara só se mostraria numa festa de casa
m ento, em Caná da Galiléia, por interferência de Maria
Ssma.
• A quarentena desde o nasci mento do Menino foi de
profunda emoção e muitas alegrias, dias fel izes, passados
em ambi ente humi lde. Ao amanhecer do 41 .0 dia José prepa
rou o serviçal , manso e úti l jumento para uma viagem até
J erusalém, rumo ao Templo já nosso conhecido sobeja
mente. Juntaram a um grupo que seguia para o Norte.
Em chegando, ao passar pelo grande cemitério ao Sul ,
subiu pelo Val e do Kidron, pelo Norte, entrando pelo Por
tão da Ovelha. Comprou 2 rol i nhas (era o que se dizia
"oferenda dos pobres ", pois um cordeiro imaculado era
oferta de rico).
• Passara o 30.0 dia e José entregou o Menino a
u m sacerdote para examiná-lo (ver se o primogênito tinha
algum defeito físico impeditivo de ser sacerdote). O sa
cerdote pegou o Men ino com extremos cuidados e bas
tante prática. Maria, ao lado, apertou as mãos e fechou
os ol hos . No instante exato em que o sacerdote elevou
o corpo da criança , aproximou-se bem perto um ancião -
chamava-se Simeão - sendo muito conhecido pois ali
comparecia há anos, diariamente, pela manhã, pois i nspi
rado pelo Espírito Santo, tivera a promessa de não morrer
sem ver o Messias. Certificando-se, tirou o Menino dos
braços do sacerdote e entoou o hino que se tornou das
mais belas peças bíblicas: (ver Lc 1 , 29-32) E o velho
Sí meão devolveu a criança ao sacerdote, dirigiu-se a Ma
ria, dizendo :" tua alma será traspassada por uma es-
- 93 -
pada, a fim de se descobrirem os pensamentos escondi
dos nos corações de muitos" (Lc 2,35)
• Maria i ntrigara-se com estas coisas, e a inda refa
zia-se quando surgiu da multidão uma m u l her de aparên
cia mu ito idosa . Era a profetisa Ana, f i l ha de Fanu e l . da
tribo de Aser (deveria ter perto de 1 06 anos: era v1uva
há 84 anos, mais 7 de casamento e a i dade ritual para
consociar-se: 1 5 antes das núpcias) . Ao que parece ,
fora preceptora de Nossa Senhora, quando i nterna (nazi
rena) no Templo.
- 94 -
• Dão como primeiro l ugar a hoje chamada "Gruta
do Leite", (pi edosa tradição conta que a Puríssima Virgem
deixou cair a l i uma gota de leite quando amamentava Je
sus, e a pedra tornou-se esbranquiçada) onde está cons
truído um antiquíssimo Santuário, cerca de 1 00 me
tros da Basíl ica da Natividade, na col ina dita " Daví
d ica". � i ndicado, porém, um segundo lugar, onde
também existe modesto santuário dedicado a S. José,
ao longo da estrada, cerca de 5 mi nutos caminhando-se a
pé; asseveram que a l i morou a Sagrada Família. O fato
é que tão logo serenaram os problemas dos forasteiros a
Sagrada Família reestruturou-se numa casa-gruta, pensan
do - quem sabe? - fixar-se para sempre na " Cidade de
Davi " ; e a casa, poss ivel mente dispunha dum portão, cis
terna ou poço, bancos, fogão-de-pedra e, i ndispensavel
mente, a ofici na-de-carpintaria .
• Naquela noite em que Maria deu à luz, em Belém,
na mesma noite uma Estrela de bri l ho i ntenso apareceu no
páramo celeste orienta l , podendo ser nitidamente vista
desde as florestas e bosques até no espel ho sereno de
um lago, ou como pérola nos rios , bem como, azu l-branca ,
junto das nuvens,tremo/cintilante e misteriosa . E 3 ho
mens que tinham convivência assídua com os astros , ricos
persas, contemplaram no Sudoeste a nova, a inusitada
Estrel a a bri l har cada vez mais! Será real mente uma Es
trela? Será um cometa ? Ou várias estrelas em conjun
ção? Quem sabe um planeta? Foi somente depois de
consultarem as antigas Escrituras judaicas que aqueles
sábios perceberam o verdadeiro significado da grande
Estrela:
- 95 -
Judeus". E empreenderam viagem, tomando o caminho
mais viáve l , que da fndi a l evava ao Egito, d ito pelos roma
nos "Via Maris" , porque costeava o mar. Depois d e vá
rios dias passaram pelos desfi ladeiros de Moab para Je
ricó, onde o Mar Morto e o Rio Jordão se encontram .
Cruzaram o rio e subi ram para Jerusalém; chegando ao
Templo se intei raram com sacerdotes levíti cos , sempre
muito prestativos no atendimento do povo . Estes mos
traram outras profecias : Isaías falou de uma "virgem que
dará a luz" (7,1 4} e M i quéias apontava o lugar: " Você
Éfrata de Belém, Terra de Judá" (S. 1 -3 ) . E os 3 sábios,
depois de visita de cortezia a Heródes, que l hes ofereceu
uva e figos frescos, fez-lhes muitas perguntas veladamente
acadêmicas, pro-forma . pedindo que depois lhe i nfor
massem, porque também queria adorar o novo rei ! Os
3 partiram para Belém, mas conheciam bem os antece
dentes de Heródes, o mais cruel dos reis, o mais afastado
de Deus, com 35 anos de reinado tirânico. Como tolerar
que um recém-nascido se i ntrometesse em sua vida ?
• Enquanto José instalava-se na nova residência, nu
ma casa e não na gruta-estábulo (pelo que deixa antevê
S. Mateus e apontamos l inhas atrás). lá para as bandas
do Oriente - Caldéia? Assíria ? Arábia? - formava-se
a descrita luzidia caravana de sábios sob a l iderança d e
3 magos ( d o persa "magush" = participante d o dom ) .
Eram fiéis discípulos de Zoroastro que viveu n o l ram n o
séc V I a.C. e fundou o Mazdeísmo, cod ificando-o n o Avesta.
Não eram feiticei ros - atesta-o a B íbl i a ; denominados
magos eram encontrados pelo Egito, na M esopotâmia, na
Pérs ia, na Babilônia, no I mpério Romano e mesmo na Pa
lesti na. Tudo indica que os magos que vieram adorar o
Menino. eram de têmpera antiga, chefes ou sacerdotes
corretos que reverenciavam o verdadeiro Deus , estuda
vam astronomia e as Sagradas Escrituras.
- 97 -
• Estes 3 presentes mencionados no Evangelho: o
ouro puro, que também , extra-l iturgia, simbol iza o verda
deiro amor; o i ncenso, de aroma agradável quando q uei
mado para afumação, assinala a fé, a oração, a adoração;
e, a mirra (outra resina da Arábia) mostra a fé viva em
Deus humanado que morreu pelos nossos pecados , estes
3 presentes não deixam de supor que tenha havido outros .
Do alforge os 3 sábios, após presentear o Menino , come
çaram a depor dádivas para Maria e José: Tec idos finos,
potes de olibano (para armazenar ali mentos) , toa lhas, u n
güentos vários. José está atordoado e agradecia sem
cessar. E já noitinha, não podendo aquiecer aos convites
de José e Maria, para permanecerem, os magos deram os
cumpri mentos à maneira orienta l , se foram como está d ito
no Evangelho, não voltaram, pelos caminhos, pelos quais
encontrariam Heródes .
- 98 -
à Hel iópolis (outrora cidade dita de On) e prossegumam
até à tranqüila aldeia de Matarich (cerca de 7/8 kms, do
Cairo) . A população de Matarich (alguns grafam Matariê)
orgul hosamente venera no Jard i m do Bálsamo, um sicôromo
(espécie de figueira) cognomi nado árvore da Virgem (origi
na-se de outras que ali existiam) e diz-se que Nossa Se
nhora à sombra dela repousou.
• Nada relatam os evangel istas da viagem de ida e
retorno ao Egito e tão pouco algo sobre a estada. Estão
cheios s i m , os apócrifos que narram numerosos episódios:
por exemplo, faltando a l i mentos, uma palmeira , certo dia,
curvou-se e parmitiu se ti rassem dela del iciosas tâmaras;
os salteadores de estradas, vendo lumi nosa auréol a sobre
tudo circundando a cabeça de Menino Jesus defendiam
nos; os ani mais ferozes, espal hados pelo deserto, serpen
tes, chacais, leões, ienas não só não atacavam, mas os
seguiam pela estrada como um cortejo de mansos bichos
domésticos . Evidente que tudo isto não passa de pura
e inocente fantasia. Porém, outros episódios existem que
deturpam não só a história , mas a doutrina. Inúmeros te
rão sido os momentos de unção e poesia fami l iar. Que
nos perm itam este vôo imaginativo:
- 99 -
E os dromedários - pescoços erguidos -
Cruzavam a estepe como adormecidos ;
Lançava um jasmim perfumes ligeiros,
Da mãe envolvendo seus sonhos primeiros .
E sempre que Cristo os olhos abria,
De amor era um hino à Virgem Maria! " (78)
- 1 00 -
• E recomeçaria toda aquela agrura, fazendo José
pensar bem nos planos para o retorno: não poderia
usar os mesmos cam inhos de quando veio, não poderia
vencer em média, mais do que 1 5 kms. por dia; o
cami nho a percorrer, como supunha, era de muita
areia, logo, mais árduo e lento, o Menino, já um
tanto crescido, daria mais trabal ho. Mas as lágri mas
do exílio term i nara m ! M aria cuidou das primeiras pro
visões, o Menino sa ltitava com a novidade! Jamais
se exigira a um marido tão duras provas de amor
como estas ao humilde carpinteiro! O retorno - que foi
no tempo da Páscoa , obrigou José, por segurança, "evitar
a passagem pela reg ião da Judéia, tomando ele, certamen
te , às margens do M editerrâneo por Gaza e Cesaréia da
Palestina. Esse cami nho passa pelo Carmelo e quer a
tradição local que os viajantes tenham passado na caverna
chamada Escola dos Profetas ( . . ) e foram estabelecer
moradia em Nazaré da Gali léia. - Há, porém, os que ali
mentam esta hipótese : podiam ter escolhido, quem sabe?
retornar di reto a Nazaré , servindo-se da "estrada fluvial"
que é o Rio N i l o , pois pequenas embarcações os conduzi
riam até Alexandria, depois, costeando o litoral pal esti
nense chegariam ao porto de Joppe e a Tolemaida. Deste
ú ltimo porto até Nazaré, a distância é apenas de um dia
à pé. O fato é que fi ndava a odisséia, acabou-se o exíl io!
A casa da Sagrada Família, onde quer que estivessem :
Belém, Egito, Nazaré sempre foi l ugar de encontro dos
chamados "anawin" ( = pobres de espírito, ou seja, sem
a mbição) ; Maria se sentia pertencer, por direto, a esta
categoria que um dia seu Divino Filho chamara " bem-aven
turada" (Mt 5,3) . porque, ante a dura prova do exíl io (na
ida e no retorno) , tudo aceitou sem reclamos e, sobretudo,
porque era Mãe de Deus, Aquele que viera salvar os opri
m idos e sofredores.
� .1 0 1
Tabernáculos ( 1 5/21 do 7.0 mês Tishri) d ita também
(Sukkôt/cabanas) setembro/outubro .
• E é certíssimo (atesta-o S . Lucas, 2,4 1 ) : J o s é e
Maria eram fidel íssi mos no observarem esta prescrição
(e Ela não estava obrigada por ser mul her, pois obrigados
s i m , estavam os varões) ; criança só depois de ati ngir a
maioridade que no Oriente é 1 2 anos, tornando-se " Filho da
Lei " Era, pois, a Páscoa de estré ia do M enino. Viajavam
em caravana dividi ndo-se em grupos e as crianças tanto
pod iam acompanhar os homens, como ir com as mu
l heres. Esta, provave lmente era a Páscoa do ano 6 ou 7
da era cri stã e Séforis (das cidades que d isputam ser a d e
nascimento de Nossa Senhora) ascendera a o prestígio d e
Capital d a Gali léia com o nome de Diocesaréia. E m uma
semana de peregrinação, saindo-se de Nazaré, vencia-se
os 1 40 kms . percorrendo a planície de Esdrelon, Samaria
e a Judéia Setentriona l . E o santo casal com o Menino
chegara a Jerusalém ainda aos derradei ros preparativos
para as festas (sobretudo pol imento dos vasos) .
• Ao entardecer do dia 1 4 do mês de N ísan (que na
época podia recair em qualquer dia da semana, e, não obri
gatoriamente num domingo como hoje), S. José levou o
Menino a conhecer os lugares do Templo, percorrendo-o
na grandiosidade suntuosa da sua construção, no d i a m es
mo de abertura das ceri mônias pascais; no dia i mediato,
1 5 , celebrar-se-ia o Ofício Solene com belíssi mos cânticos
acompanhados de variados instrumentos musicais ; cele
bravam-no Sacerdotes e Levitas em grande número, com
a Bênção ao povo piedosamente api nhado por todos os
lados . Conta a historiador antigo Flavio Josefo que num
determi nado ano sacrificaram-se 256.500 vítimas, para
mais de 3 .000 pessoas na Cidade Santa! Para a época e
lugar, convenhamos , verdade i ro record ! Enquanto desen
rolavam-se diante dos peregrinos tais belezas e emoções ,
nas casas dos j udeus se reuniam num mínimo de 1 0/20
pessoas para comerem o " Cordeiro'', pão ázimo e ervas
amargas, conforme as prescrições da lei mosaica. Encer
rava o dia o chamado Sacrifício Vespertino, muito conhe
cido de Nossa Senhora desde seu tempo de "nazi reato" .
Voltava-se a o Templo na manhã do 3 .0 dia para a Oblação
Matutina, ocasião de oferecerem-se a Deus as "primícias"
Após os ritos e ceri mônias de grandes significados e be
leza estavam todos dispensados e podiam voltar aos seus
lares, mas a grande maioria ficava ainda por mais 3 dias ,
- 1 02 -
quando então tinham fim os festejos pascais secundários
(como se preparassem as coisas , dispondo as obrigações
de tal modo, a permanecerem , uns ficavam, outros não) ;
retornavam logo as mulheres e crianças.
• Tanto na ida como na volta - já o dissemos -
reuni am-se, de preferências, grupamentos de homens e de
mulheres (os homens tinham movimentação mais rápida,
ao passo que as mulheres tinham, por exemplo, os afa
zeres próprios que continuavam: lavagem de roupa, cozi
nhar, cuidar das crianças . Tanto na ida como na volta, o
M enino Jesus teria preferido o grupo onde estava S. José,
pois atingia a maioridade. Os grupos dos nazaretanos ou
nazarenos (oriundos de Nazaré) eram numerosos e muitos
retornaram cedo, isto é, antes dos derradeiros atos. O
Menino, naturalmente peralta nesta idade, distraía-se com
algum coleguinha e desgarrou-se do grupo de sua gente.
Ao chegarem de retorno, aqueles que eram da cidade de
N azaré, ao ponto combi nado de encontro para a merenda
e pernoite constatou-se a ausência do Menino! Pensa
ram , cada um, Maria e José, que estivesse o Menino no
grupo deles! Constatavam porém, agora, que se enga
naram e o Menino ficara no Templo! Que jeito? Voltar,
como voltaram, ao Templo, encontrando-o após 3 d ias de
afl itíssima busca!
• Como tudo que acontece na vida de todos nós, o
episódio da perda e encontro do Menino, com 1 2 anos, no
Templo, deu-se, temos de convir, por manifesta del iberação
d ivina e foi , segundo muitos Autores, "o único a causar no
coração da Virgem receios comparáveis aos que teria quan
do Jesus a deixasse, definitivamente dentro de 1 8 anos,
início então de sua vida pública." I magine-se a dor dum
coração de mãe que de repente constata a perda do filho
que consigo trazia com todo desvelo e carinho para uma
festa? ! E i s u m a outra " espada" d e que falara o velho
Simeão. Ainda não cicatrizara a ferida daquela provocada
pela fuga e exílio no Egito. De forma alguma se poderá
acusar Maria e José de negl igentes, ainda mais conhe
cendo-se os hábitos tradicionais das caravanas que de
mandavam, na Festa da Páscoa, a Jerusalém: muito natu
ral mente supôs José estar o Menino no grupo de Maria,
enquanto Maria pensou estivesse ele no grupo dos homens
(com 1 2 anos, ainda uma criança, tanto podia ficar num
grupo como noutro). - Por vez primeira, dissemos já, es
tava ele indo a uma Festa da Páscoa.
- 1 03 -
• De louvar , portanto, o cuidado de José e M aria,
providenciando a desobriga do M enino aos preceitos da lei
mosaica, embora sabedores - como sabiam - que estava
ele dela isento como F i l ho de Deus. Al iás , Jesus à isto
a ludiu de certa forma quando, após estes 3 dias de afl ita
procura foi encontrado a d i scutir com os doutores da lei :
" Filho, por que procedeste assim conosco? Teu pai e eu
te procurávamos ( . . . ) Ele disse-lhes: por que me buscá
veis? Não sabíeis que devo ocupar-me das coisas de meu
Pai ? " (Lc 2, 48-49) Note-se ainda que ao referir-se ao
subseqüente em Nazaré, o evangel ista assevera que "o
Menino era-lhes submisso" , adiantando que ao mesmo
tempo que crescia em sabedoria e estatura, também cres
cia "em graça diante de Deus e dos homens". ( Lc 2, 5 1 -52)
E diz São Bernardo no tocante a este passo das Escrituras:
" Em Nazaré , Aquele a Quem os espíritos cel estes obede
cem, e diante do Qual tremem , está submisso a duas cria
turas; não se sabe o que admirar mais: se a obediência do
F i l ho ou a dignidade da mãe. Na obed iência de Jesus há
uma humi ldade sem par; na autoridade de Maria sobre um
Deus há uma grandeza sem rival ."
- 1 04 -
Mas em Atenas não encontraremos a Casa de
Maria.
- Seu Filho era o Messias profetisado e espe
rado ; logo, a casa de sua mãe deveria estar em
Jerusalém, a cidade santa, onde viviam os dou
tores das Escrituras e em cujo Templo todos
dias se elevavam preces e perpetravam-se sa
crifícios pedindo a vinda do Salvador.
Mas em Jerusalém não encontraremos a Casa
de Maria.
Onde vamos encontrá-la então?
Vamos encontrá-la em Nazaré, aldeiasinha es
condida, tal qual humilde violeta, na planície
de Estrelon.
- 1 05 -
sair ou entrar em casa tocavam com os dedos no rolo e
depois na fronte (assim como fazemos nós com a água
benta) . O teto era chato (lage) e servia também como ter
raço, pois tinham uma bal austrada (mu itas vezes , no verão,
faziam-se a l i as refeições , rezava-se e até mesmo, dormia
se, armando tendas sobre catres, ditos " leitos" como n o
episódio da cura do paral ítico de Cafarnaúm , cujo " leito "
foi retirado p e l o "teto") . (Me 2, 1 -5) O piso era de terra ba
tida (muito raramente forrado de tábuas) .
• Tendo passado, assim como fazem altas autorida
des civis/mil itares, "em revista à tropa" a Casa de M aria
no seu aspecto de construção, vejamos agora no que tem
de constituição, ou seja, móveis, utensílios, aparelhamen
to/equipamentos e arrumação: móveis e utensíl ios da
mesma forma que a casa , naturalmente eram simples: num
canto da sala eram empilhados os colchões , não como os
nossos ocidentais, porém mais finos, quase pareci dos com
esteiras . Após a última refeição eram estendidos no chão
para o sono reparador. Famíl ias de maiores posses pos
suíam catre (espécie de cama portátil ou maca) que de
pois de uti l izados eram colocados em pé, junto a parede.
(ver no asterisco anterior " leito"). As almofadas, tam
bém empilhadas serviam como travesseiros à noite e du
rante o dia. postas no chão, para sobre elas sentar-se
para comer. As vezes, faziam da arca dos vestuários como
que mesa , pois estas só existiam nas residências ricas. Mas
estas arcas arrumavam-se num canto da sala, onde guar
davam-se as roupas de festa , pois as de uso diário eram
dependuradas na parede, o mais escondido possível (con
vém que se esclareça : as casas tinham apenas duas pe
ças que eram uma espécie de sala-quarto e outra que
servia de cozinha-d ispensa). O fogão, trempe sobre tijo
los ou pedras, ficava a um canto do 2.0 compartimento, e ,
em prateleiras o necessário para a cozinha e outras tare
fas: ânforas, tijelas de barro, copos de madei ra , pilão, e ,
sobretudo, o i ndsipensável moinh o manual para triturar o
trigo; acompanhava o moinho duas pedras , uma com a
superfície superior convexa e a outra com a superfície
superior convexa e a outra com a superfície inferior côn
cava, ajustáveis. O movimento quanto à técn ica era feito
rotativamente por meio de um cabo vertica l fixo na beira
do mó (pedra) moía o grão que, triturado, passava por uma
abertura já como farinha mais ou menos fina . H avia moi
nhos grandes puxados por jumento, mas em famíl ias mais
- 1 06 -
numerosas e ricas. Era, praticamente o instrumento mais
i mportante da casa (por isso descrevemo-lo com pormeno
res). de uso diário e indispensáve l , pois necessário para a
farinha do pão de cada dia, dos bolos e biscoitos e demais
a l i mentos. O ôdre (feito de pele de cabra ou de ovelha)
servia para reservar o vinho, assim como o cantaro ou
â nfora para a água . Não faltava, obviamente, a lamparina
(vaso de barro ou metal com pavio embebido em óleo
(de peixe gera l mente) . Tinham as lâmpadas (lamparinas)
manuais, as de parede e as que pendiam do teto.
• A dona de casa é uma espécie de "ministro do
i nterior" do lar e sua m issão é de uma diversidade i men
sa; desdobra-se em m i l cuidados a fim de que todos os
componentes da família sintam-se num ambiente ordena
do, acolhedor, l impo, arrumado, em suma, que se sintam
todos fe lizes, acolhidos, em ordem, em santa harmonia
doméstica, mormente o esposo e filhos, bem como pa
rentes, amigos e vizinhos. E, muito do como ser feito,
Maria Ssma. aprendeu desde menini nha no Templo onde
ficou até casar-se. Sabido é que no Oriente, o trabalho
da dona de casa começa em horas bem matutinas : fazer
o pão, conduzir os a n i mais domésticos para fora (muitos
deles, especialmente o jumentinho, dormem num canto da
cozinha, i .é . , dentro de casa), arrumar o que se uti l izou
para dorm i r, buscar água na fonte (bica públ ica), lavar a
" ketona" ( = tún ica longa) e outras roupas.
• Chegada a noitinha a Casa de Maria, como todos
os lares palestinos da época ganhava tintas, cores, beleza
de extraordi nário valor: horas de intimidade famil iar, equi
vale dizer, de amor, de justiça, de carinho comunitário,
quando a figura e missão patriarcal sobressaia de forma
rel igiosamente subl ime; era hora da instrução e oração,
já que o dia tinha sido de trabalho e luta, de suor e can
saço. As mães tinham o dever de ler as Escrituras aos
fi lhos; ao chefe da casa cabia comentar as Letras Sagra
das, entoar os salmos e hinos, proceder as preces e louva
ção (especial de exame de consciência, pois consistia em
orações sobre o praticar-se ou não os preceitos divinos e
nas promessas e ameaças da Lei ) . E vinham os dias, um
após outros que formavam extensa corrente de meses e
anos, muitos, muitos que Maria viveu em terras da Pa
l esti na , sempre como autêntica e exemplar dona de casa
do grupo das pessoas "anawin", i .é., pobre de espírito (=
sem ambição, humilde, obediente) .
- 1 07 -
25 - BODAS DE CANÃ - VIDA SOCIAL DE MARIA
- 1 08 -
• Do episódio ressalta aqui l o que todos sabemos e
devemos fazer mais uso, confiantes e agradecidos a Deus :
M aria, é, sem dúvida alguma a "onipotência supl icante",
Deus Nosso Senhor no-IA deu como "medianeira" e Ela
gosta imenso desta função, já nos d isse e sabem�lo.
Neste episódio de Caná Ela sai do seu habitua l escondi
menta o obtém de Jesus o seu primeiro m ilagre (pelo
menos aquele que primeiro é narrado em sua vida públi
ca): 600 litros do mais delicioso vinho que jamais alguém
bebera (a capacidade das 6 talhas ou cântaros comumente
usadas cheias d 'água para ablusão das mãos, rito h igiê
nico e religioso, era de 80/ 1 20 l itros cada) ; o que não
nos obterá de graças espirituais para a nossa salvação,
quando tanto se preocupou para satisfação social ? Está
na " Lumen Gentium", constituição dogmática e documento
central do Concílio Vaticano 1 1 : "Na vida pública de Jesus
Sua Mãe aparece significativamente. Já no começo, quan
do, para as núpcias em Caná da Galiléia, movida de mise
ricórdia, conseguiu por sua intercessão o Início dos sinais
[ m i lagresj de Jesus, o Messias". (n.o 58)
• E, exaramos no Vol . n .o 1 desta Coleção - "Pe
queno Dicionário de Nossa Senhora" : " Hoje, próximo da
fonte onde se apanhou a água uti l izada no milagre da trans
formação nesse vinho, ergue-se, com sua cúpula vermelha,
(ali existiu um templo nos primórd ios do Cristianismo) pa
ra assinalar o episódio marcante da mediação da Virgem,
uma igreja entregue aos PP. Franciscanos. E, segundo
a inda a mesma tradição é, mais ou menos, no lugar onde
existiu a casa de Simão (nome que a tradição dá ao jovem
noivo) , ergue-se uma outra igreja, de cúpula branca, dos
gregos.
- 1 09 -
de Maria, nos é narrada na vida pública de Jesus, após o
m i l agre das Bodas de Caná da G a l i léia, até o derradeiro ,
no c i m o d o Calvário. E Maria jamais, em tempo a l g u m , se
apresentou pública e ostensivamente como Mãe de Deus,
mesmo em ocasiões em que i mensa alegria i nvadi ra sua
alma (duas multipl icações dos pães) e infinita tristeza lhe
trespassara como " espada" o coração (ver o filho expul so
da sinagoga de sua pátria) , o povo s i m , é que, inúmeras
vezes, apontou Maria como Mãe de Jesus. (Mt 1 2, 46,50 ;
1 3, 54-55- Me 3, 3 1 -35 - Lc 1 1 , 27-28 - Jo 6.42) .
• Somam 3 anos em q u e toda a Gali léia e a Judéia
foram pal m i l hadas em todas as suas cidades , vilas , aldeias
e caminhos (Cafarnaúm ficou como " 2 ." pátria de Jesus"
e de "Sua Mãe"), estivesse chovendo ou fazendo sol , de
noite ou de dia, em sbbat ou outro dia. E para poder acom
panhar Jesus teria a Ssma. Virgem deixado completamente
a sua casa de Nazaré? - Tudo faz crer que sim, para po
der seguir o seu Divino Filho em suas freqüentes, longas
e cansativas peregrinações, caminhadas i nesperadas por
sítios difíceis.
• Fala-se de "santas mulheres" que da Galiléia se
guiam a Jesus para servi-lO; que se d i rá de Sua Mãe? Por
acaso não era este o apelativo pelo qual Maria era co
nhecida em Cafarnaúm, a Mãe? E é c laro, portanto, é i m
possível não tivesse Maria Ssma., a escolhida para ser a
co-Redentora, não tivesse ficado Ela junto de Jesus em
todos os l ances anteriores, como esteve e agora, na " hora"
em que começava sua obra salvífica, em que completaria
a missão para a qual encarnara no seio puríssi mo da I ma
culada. - " Maria foi associada a Cristo no preparar a obra
redentora, por que, juntamente com Jesus foi prometida e
anunciada pelos profetas e esperada pelos antigos justos",
e, de fato, segundo a tradição, Maria, de modo muito fre
qüente, juntava-se as "santas mulheres" naquele serviço
complementar feminino ao ministério público de Jesus .
(Lc 8, 1 9-21 ) - Quem melhor do que a Virgem poderia
orientá-las, ensinar-lhes sobremaneira que, antes de tudo,
seu Filho tinha como missão primeira a obediência ao Pai
Celeste?
• São 4, a rigor, as a lusões que os evangel istas fa
zem a Nossa Senhora neste longo espaço de 3 anos :
1 .") no chamado 2.0 período das primeiras
atividades (julho/setembro do ano 29) pela G a l i
léia, tendo visitado a casa de Pedro (num sábado,
- 1 10 -
21 ( ?) de out.), e m Cafarnaúm : "Tua mãe e teus
" irmãos" estão lá fora a tua procura . "
2.") mesma época, na 2.• visita a Nazaré ,
num sábado na sinagoga loca l : " Não se chama a
sua mãe Maria? "
3.") na si nagoga de Cafarnaúm , desconfian
ça à afi rmação de Jesus de ser o " pão da vida"
(já dera m i l agrosamente as multidões o pão ma
terial : " Por ventura não é este Jesus, o filho de
José, cujo pai e mãe nós conhecemos?"
4.") no 3 .0 período, ano 29, Judéia, out.fnov.,
quando, em Jerusalém, indiretamente, Jesus elo
gia Maria ao responder uma voz dentre a multi
dão: " Bem-aventurado o ventre que te gerou e os
seios que te amamentaram." ( Lc 1 1 , 27-28) .
• Da resposta de Jesus, ensinam os comen
tadores, que frisou o Divino Mestre: a bem-aven
turança de sua mãe não era por ter Ela cuidado
do aspecto físico Dele, de sua condição social,
mas, antes , por ter sempre ouvido, crido e pra
ticado a palavra de Deus : " Não repudia a própria
Mãe, mas afi rma que o título sub l i me de nada
lhe teria val ido, se não houvesse sido boa e fie l .
(Crisótomo) Maria deve ser glorificada pela sua
a ltíssima dignidade, sim, porém mais ainda pel a
s u a virtude inati ngível e pelos insignes exemplos
de aceitação heróica da vontade de Deus. Obe
decendo às palavras de Jesus, estabelece com
Ele um víncu lo espi ritual superior ao de sangue."
(79) Ressalte-se por fim e com muita precisão:
este elogio ficou sendo a primeira manifestação
concreta que tornava realidade o que profetica
mente dissera, 30 anos antes, em Ain-karin, a
Virgem ao entoar o " Magnificat" . . . todas as ge
rações me chamarão bem-aventurada . . . (Lc 1 ,48)
E resta a nós , desta geração, não deixar que lá
bios se emudeçam jamais nesta louvação a Ma
ria, não i nconscientemente, mas com o mais acen
drado amor de conhecimento e confiança. Foi dito
e repitamos aqui com acentos de oração: Des-
79) Pe. Matos Soares : Nota aos versículos 27/28 de Lc 19, na Bíblia
Sagrada (Ed. Paullnas).
- 111 -
cobrir [ conhecer a vida] Nossa Senhora é como
entrar num Continente maravilhoso e inexplorado,
de uma beleza e de uma fecundidade inexauríve l ,
porque a "biografia " de Deus está escrito Nela,
Livro Sagrado de letras escritas pela Trindade
Santa!
- 1 12 -
guntar com grande tristeza e João contou-lhe tudo o que
vira , desde a saída do Cenáculo até aquela hora. Leva
ram , mais tarde, a Virgem para a casa de Lázaro, evitando
passar pelas vias onde l evaram seu Divino Fi l ho, pois
ass i m evitavam-lhe maiores sofrimentos. Enquanto o lodo
do povo judaico se agitava pelas ruas, ávidos de notícias
sensacionais, muitos a migos sinceros iam, chorando, hi
potecar maior solidariedade à Maria. Apóstolos e discí
pulos vagavam e se escondiam medrosos . . ) João foi ter
novamente com Maria, na casa de Marta, perto da Porta
do Angulo, onde Lázaro escondera Pedro, que chorava
m uito".
• "No tribunal , em contínua e profunda compaixão,
sabia e sentia tudo que a Ele faziam ( . . . ) rezava pelos
algozes , ped ia por seus pecados. Mas o coração de Mãe
clamava a Deus, pedindo que não permitisse esses peca
dos . . . que afastasse essas torturas [ socos , punhadas.
cuspidelas, açoites, coroa de espinhos . . ] - A Mãe de
.
- 1 13 -
(Natal), nos 33 anos o mais diuturnamente que lhe foi per
mitido, ei-IA firme no seu lugar: "Junto a cruz de Jesus
estava sua Mãe. Quando Jesus viu aí parada sua Mãe e o
discípulo a quem amava, disse a sua Mãe: - Mulher, eis
aí o teu filho. - E disse ao discípulo: Eis aí a tua Mãe.
E desde aquela hora o discípulo a levou para sua casa. "
(Jo 1 9 , 25-27)
• Querer-se-á outro e maior motivo para amarmos
Maria, nossa Mãe? - " U m cél ebre orador, i nterpretando
essa crença unânime diz: Jesus Cristo não se deu por sa
tisfeito nem repartindo conosco a sua sabedoria , nem en
riquecendo-nos com a sua graça , nem derramando para nos
sa salvação todo o seu Sangue. Para que a Redenção
fosse, sob todos os aspectos abundante , a fim de que ín
tima e perfeita fosse a união com Deus, a fim de que a
troca que fizera, assum indo a natureza humana e comuni
cando-nos a divina, fosse completa, Ele nos legou a i nda
seus d ireitos de Filho que pareciam intransmissíveis, tor
nando-nos com Ele e Nele, filhos de um mesmo Pai e de
u'a mesma Mãe, Maria . " {80)
- 1 14 -
• O grande Cardeal Bossuet imagina que b e l íssi mos
colóquios deviam ter Nossa Senhora e S. João ! " Podemos
ter uma vaga idéia; porém, exatamente saber como fo
ram estes momentos , nem m esmo os serafins! Que belo!
Santo! Formoso era aquele momento de conversação da
Mãe e do d iscípulo predi leto de Jesus ! Sto. Agostinho em
Ostia, sentado ao lado da mãe, e contempl ando o céu,
d iante do Mar Tyrrenio; S. Bento e a irmã, ao pé da mon
tanha, enfrentando uma noite de tempestade, a falar das
coisas da vida futura, darão pálida idéia desses coló
q u ios." (82)
- 115 - ·
lhe apresenta para comungar, ( 84 ) a Hóstia Santa, repetin
do-lhe a palavra que o Senhor dirigiu-lhe do a lto da C ruz :
" Mulher, eis aí teu Filho ! "
- 116 -
ou não, daí sermos completamente l ivres de aceitar esta
ou aquela corrente opinativas; o dogma diz apenas e tão
somente quanto a assunção em corpo e alma; (ver Cap. 30)
- quanto ao túmulo: sem qualquer apoio a esta
reivindicação, inclusive ao esforço, até louvável, de um
m issionário lazarista, util izando-se de revelações da rel i
g i osa Catharina Emmerich e pesquisas em ruínas da ci
dade. (ver Cap. 30)
• O que devemos creditar a �teso, e que no mundo
p rojeta esta cidade até os páramos da glória, não é o ter
possuído atrações das mais val iosas como o G inasium, o
Estadium, o Teatro (com 24 mil lugares sentados) , a Bi·
bl ioteca, o Forum, o Mercado, os famosos magos (astró
logos de mistura com sábios e adivinhos), a 7." Mara
vilha do Mundo Antigo, o Templo Artemision, onde se
cultuava a deusa Artemis, hoje em ruínas e o Muselon
(dedicado às 9 musas). A glória de �teso há de vir, sem
d úvida alguma, por ter abrigado o Concíl io Ecumên ico -
4 .0 da história da Igreja - que defi niu o 1 .0 dogma mariano :
Maria, mãe de Deus (Theotókos) . �teso é muito citada nos
Atos dos Apóstolos, l ouvada é sua Igreja pela sua ortodoxia.
• A tese da permanênci a de S. João e de Maria Ssma.
em �teso tem substancioso desenvolvimento nos l ivros
dos Capuchinhos, "Ephese, ville marianne" (1 974), Pe. P.
Filibert, e " Le mystere de la Maison de la Vierge", Pe. El ise
R êmy Thierry ( 1 978), edições da " Meryen Ana (= Casa de
Maria, em turco) que já se chamou " Panaya Kapulu Derne
g i " , representante judiciária do santuário no Monte do
Roxi nol ( Bülbül Dag) C . P. 537, Esmi rna, Turquia. No Brasi l
os d i reitos autorais estão reservados a o tradutor Napol eão
Lopes Filho e editor G. R. Dorea (Edições GRD) - Rua
Topazio, 478/41 - Acl imação - CEP 041 05 - S. Paulo/SP.
- E em Natividade (Estado do Rio de Janeiro), pode-se
ver a única répl ica no mundo da casa onde Maria teria
residido, distinguida, no original, já por 3 Papas : João XXIII
ali chegou de helicóptero, deixando como "souvenir" da
sua visita um dos i nú meros candelabros de madeira que
recebem as velas dos fiéis (traz o seu brasão esculpido) ;
Paulo VI, ao visitar a Terra Santa por a l i passou e deteve-se
e rezou piedoso (ofertou outro candelabro para fazer par
com o do seu antecessor) ; e João Paulo 1 1 , ao passar por
l á , deixou o seu cál ice e paramentos de celebração .
. . "'
1 17 -
29 - MARIA MÃE. NO CENÁCULO
( Mãe da Igreja)
- 1 18 -
mo Cenáculo da i nstitui ção da Eucaristia, preside agora
Ela a pri meira reunião da Igreja, o primeiro encontro ofi·
cial e aclesial de oração.
• "E como é belo pensar - escreve Vittore Dalla
Libera - com que acentos na voz, com que piedade e
unção terá Nossa Senhora procedido às orações antes e
depois da primeira pregação do "primeiro Papa", Vigário
seu Jesus que, com tanto amor, Santa Catarina de Sena
defin i ra como o " o Doce Cristo na Terra". Certamente de
vido às prece, ao pedido de Maria, unindo todos naquel es
momentos - "unanimemente", isto é, sem discordâncias
opi nativas - todos os membros da primeira comuni dade
alegrou-se com a eficácia da palavra de Ped ro, rendendo
g raças pela ação do Espírito Santo. São Lucas assinala
que naquele dia - do Cenáculo com Maria para receber
o Santo Espírito - "converteram-se cêrca de 3 .000 pes
soas " (At 2, 41 ) ouvindo, como ouviram, após a oração
da Virgem, a 1 .• "fala" papal na Igreja nascente. Que
a legria terá sentido no seu coração (já tão trespassado
de espadas), a Virgem Mãe, vendo crescer a "família de
Deus", agora sim, de fato, os " i rmãos de Jesus"!
-·- 119 -
30 - DE OUU COMO? ONDE? MORREU
NOSSA SENHORA?
- 1 20 -
Terra; Ela termi nou, portanto, sua carreira terrena aos 72
anos.
• Cerca dos anos 56/58 d.C., estando, pois, a Ssma .
V I rgem pelos seus 72/75 anos ( 1 2/ 1 5 após a Ascensão)
é que a maioria dos Autores colocam o termo do "decurso
de sua vida terrena". (8 9)
• São João, sob cujo guarda ficara após o Calvário,
é quem melhor que ninguém nos poderia ter d ito como foi
a morte de Nossa Senhora ; mas nada deixou. Do ponto de
vista físico-biológico é aceito que, o final da vida de Maria
Ssma. não foi como o de qualquer outro mortal , não morreu
Ela (se é que morreu) exalando o chamado "ú ltimo sus
piro", mas quer-se que tenha tido um sono diferente, um
suave sono, dormitio, ou seja "dormição."
• A morte de Nossa Senhora é, até hoje, uma parti
cularidade a i nda passível de discussão, porque não está
exarada como dogma de fé. Verdadeiramente não se sabe
(e provavel mente nunca se ficará sabendo) se Maria mor
reu ou se não morreu .
• Se morreu, teve i mediata ressurreição? (tentou-se
até estabel ecer o número de horas ou dias) . e foi el evada
ao Céu, em corpo e alma onde está, obviamente, viva (aí.
s i m . é que reside a verdade de fé) .
• Se não morreu, chegado o momento derradeiro de
sua vida terrestre, Deus, como que transfigurando-lhe o
corpo e elevou-A g loriosamente à Pátria Celeste.
• Sabido é que um texto dogmático tem sempre
interpretação l iteral . Nas palavras da Bula Munificentis
simus Deus (definitória da assunção corpórea) não se
exclu i , evidentemente, a possibil idade dum período de tem
po entre o fim do "decurso da vida terrestre" e a elevação
ao Céu.
• Temos de convir, porém, que o sentido mais di
reto não é esse. A definição pontífica parece - salvo
melhor juízo - indicar que a elevação se segui u imedia
tamente à vida terrestre, sem nada haver de permeio.
- 121 -
Neste particular, porém, l ivre é a nossa crença e os únicos
textos que falam da morte de Maria (sem se deterem n a
"causa mortis") fundamentam-se no testemunho dos apó
crifos/extra-bíbl icos.
• "Preservada do pecado original, deveria não mor
rer. Se morreu foi , não por necessidade da natureza, mas
unicamente por semelhança com o seu Divino F i l ho . E,
tal como o Filho não havia de conhecer a decomposição
do túmulo. A sua carne virginal tornava-se i rmã dos anjos.
• A tradição denomina o trânsito, o passamento da
Virgem (e não morte). Pelo menos não como a vemos e
entendemos (se de fato houve morte) . São João Damas
ceno em seu "2.0 sermão sobre a Dormição" aventa a pos
sibil idade, não acontecência da morte como nós a senti
mos e temos :
--,- 1 22 -
profunda e sincera piedade amorosa, mas não vazadas no
rigor científico-histórico-documenta l .
• O lugar do óbito é ignorado, embora muitos rei
vind iquem o privi légio de terem acol h ido Maria nos seus
derradeiros dias de vida e terem ali seu corpo depositado
a ntes da Assunção.
• Após os funerais ou exéquias (cerimônias e ritos
mortuários), segue-se a deposição do corpo da pessoa fa
l ecida, num túmulo ou tumba, numa sepultura (cova) ou
mausoléu, transportando-se em cortejo (féretro) . Quanto
à Maria Ssma., como aconteceram os fatos?
• Após ter Ela estado ora em Jerusalém, ora em Sé
foris, ora em Éfeso, sob a guarda carinhosa do Apóstolo e
Evangelista S. João, a quem Jesus i ncumbira dessa missão
honrosa: "ecce Mater tua (mais que missão honrosa , le
gado precioso), chegou a "hora" de Maria Ssma.
• Avisados todos os Apóstolos, vieram eles para o
" passamento", "transito" que foi suave, como o tinha sido
a sua vida; Ela vivera de amor, Ela morreu de amor. Che
gada ao cume da mais elevada santidade, a sua alma de
sapegou-se cal mamente do seu santíssimo corpo. O seu
" ú ltimo suspiro" foi uma aspiração de amor que A levou
como que natural mente até as alturas do Céu."
• Seguiram-se 3 d ias nos quais sentiram todos sua
víssimo perfume impregnar as coisas , dizem os Autores
da corrente que admite tenha a Virgem mo�rido.
• Os jerusalemitanos reivindicam como lugar do
trânsito a sua cidade de Jerusalém. No monte Sión a
lembrança da "dorm ição" foi local izada na Basíl ica bizan
tina, u e a l i venerava o Cenáculo e suas rel íquias; hoje,
entregue aos ene itinos a emaes e_reta em 1 898 a Ba
Silica da "Dormição" e-sfá nu-m predio próximo, dividido
em 2 corpos : a parte superior é a igreja propriamente:
redonda , l u mi nosa, com belos mosaicos na abside e alta
res laterais; escadas conduzem à cripta onde é venerada
uma imagem jacente da Virgem, representada no suave
momento da "dormição". Capela especial de altar armênio
também aí está , dedicada a S. Joaquim e Sant'Ana .
• O cortejo (féretro) e acontecências correlatas do
" enterro" da Virgem que se lêem em documentos extra
b íb licos ou os historiadores e nos Padres da Igreja,
- 1 23 -
são peças, como já o d issemos, exaradas por " co
rações levados e enlevados em profunda e sincera p i edade
amorosa, mas não vazados no rigor clentrflco-histórico
documenta l ."
• Local izam a tumba (tú mulo) de Nossa Senhora n u
ma gruta no Getsemani e esta gruta mede 1 7 x 9 ms.
com 3 ms . e meio de a lto; hoje, com l igeiras d iferenças ,
conserva o aspecto original (para se ter uma idéia, veja-se
a Igreja de Bom Jesus, na Bahia) - Na gruta mariana, bem
ao fundo, num braço mais largo da galeria (30 ms.), em
a ltar armênio, se encontra a "edicula", quase quadrada,
que recolheu o corpo da Ssma. Virgem.
• A tradição que menciona como local da tumba de
Nossa Senhora a região do Getsemani (ao fundo do Vale
de Josafá). aí apontam também, uma primeira igreja, ereta
no ano 455, depois do Concíl io de Macedônia, sob o i ncre
mento da devoção mariana al icerçada com a proclamação
de " Maria Mãe de Deus" (Theotókos) .
• Escreve o Pe. M iguéns, ofm : "O proprietário do
olival no Getsemani que permitia a Nosso Senhor o uso
da gruta [existente no Horto] , por razões de am izade ou
consagui nidade, pode também ter cedido u m túmulo em
sua propriedade para sepulcro da Virgem, como fez José
de Arimatéia com Jesus."
• Qualquer que haja sido o derradei ro momento da
Virgem nesta Terra, o fato é que Ela está palpitante de
vida e amor em nosso coração; e, desde o dia s- ·de agosto
� Ma r ia no ) , foi entron izada na cripta da Basíl ica da Dor-
_mição, a imagem fac-simile (33 cms�-alfol de N. ��
recida . LevadaJ)Or 55 brasileiros de 7 Estados. em pere
grinação à Terra Santa sob d i reção espi ritual de O. G e
raldo Maria de Moraes Penldo, e 6 padres de M inas Ge
rais. a imagem ficará agora no chamado "altar bras i l e i ro"
(ali já existiam 6 altares dedicados cada u m a 2 Apóstolps,
e ue foram ofertados elos aíses :-----c õsta ao Marfim ,
ustria, Hun ria, Venezuela e EE.UU . O Abade O . I m
-
- 1 24 -
3 1 - ASSUNÇAO: RAINHA DO C�U E DA TERRA
91) cfr. " Lumen Gentíum n.• 59, baseando-se no texto da Bula
" ,
- 1 25 -
de agosto de 1 945, dirigindo-se às senhoras sindicalizadas:
" . .; . neste dia a Igreja comemora a assunção dtt_M�uia e!ll
_corpo e alma ao Céu " .
- 1 26 -
mo como homem, e Senhor de todas as coisas " A rea
leza de Maria é uma partici pação analógica e l i m itada da
e na Realeza e senhorio universal de Jesus Cristo .
- 1 27 -
e, novamente, anjos preveniram José da perigosa es
tada em Belém, dizendo-lhe da fuga com Maria e o
Menino para o Egito, e quando seria seu retorno, nas
viagens e permanência no exílio são inúmeros os epi
sódios nos extra-bíblicos encontráveis de anjos pres
tando serviços e homenagens a Maria e ao Menino;
em piedosa lenda se diz que foi avisada pelos anjos
do seu trãnsito/dormi ção;
final mente, os coros de anjos, presentes na " dormi
ção" ou "trânsito", no cortejo que a l evou, em corpo e
alma à glória celeste para receber a coroa de Rainh a
do Céu e da Terra, dos anjos e dos Santos, já q u e fora
e é Mãe de Deus e dos homens, formam-tE a corte .
* * *
_---,-- 1 28 -
ltiNO DOI Z.OOO ANOS DO NASCIMENTO DIE MARIA
L.nra a Músic�:
Arnimio MM. c.m
A-.. J. .....Q. -
!!e :l r• J 1 4 §}
= O l n J.; • • l 1 ? J J
rp;n m
"l ....Ilo4: s t'f'M1 d.N..o s
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Faal-nGI t.lilll.
MDIII"'III-nGI 1 Lu ri
Amltdo
Do Douo . do JM
Nasdd1jl t
........
M1rle. a Bralll
- com 3 anos Maria foi entre dez e ficando com ela até o
gue no Templo; nascimento de João Batista
- após 1 2 anos, portanto, com (3 meses); então, ao retor
15, deixou o Templo; nar estava Maria com 1 5/ 1 6
anos e 3 meses d e gravidez;
recém-salda do Templo, nos
nascimento de Jesus, por
seus 1 5/ 1 6 aos, foi esposada
·-
6 - "SANT'ANA"
Mons. Ascãnlo Brandão
Relmprlmatur
Conhapeyette [ex-delegatlone)
S. Paulo - 30-9,54
- 1 30 -
8 - "A VIDA DE MARIA "
[encarte policrômico) na
Bfblla Sagrada (edição de luxo da ·Enciclopédia BARSA)
Pe. Pereira de Figueiredo
Notas, Dicionário Prático e Supervisão de
D. José Alberto L de Castro Pinto
Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro
Aprovação do Exmo. Cardeal Arcebispo D. Jaime de Barros
Câmara e Carta autógrafa de recomendação (em separata) de
S. Santidade o Papa Paulo VI
Censor: D. Estevão Bettencourt, OSB
lmprlmatur: Mons. Caruso - VIgário Geral
Rio d e Janeiro - 30-8-58
9 - "VIDA DA SSMA. VIRGEM MARIA" [1862)
De Anna Catharlna Emmeriche [Inserida In "VIda, Paixão e
Glorificação de Cordeiro de Deus "), c/ anotações de Clemente
Brentano - Pelo Pe. H. Auf der Helde, svd - 2.' edição -
Uv. Lsr Cstófico - Juiz de Fora - M G - 1 946.
Nota: jornais, revistas e outras publicações, destacadamente:
"Estrefa do Mar" e "A Cruz "
(quando da reformulação do texto primitivo: 1 984/9)
10 - " MARIA NELLA SUA TERRA "
Vlttore Dalla Libera
(não menciona censura eclesiástica)
Figlie dl San Paolo, 1 986
Milano/Torlno - Itália
11 - "PALESTINA SAGRADA "
Pe. M. Mlguens, o.f.m.
(espanhol/castel lano)
Top. PP. Franciscanos
Jerusalém - 1 936
1 2 - "A VIAGEM MARIA"
Pe. Luis Perroy, S.J.
2.' ed. Vozes Ltda.
Petrópolis - AJ
1 3 - "PEQUENO DICIONARIO DE NOSSA SENHORA"
Antonio Maia, c.m.
Apresentação e lmprlmatur de
D. Geraldo Maria de Moraes Penldo,
Arcebispo MetroJ){)Iitano de Aparecida - SP
Rlo/AJ - 1 984/85 (2.000 do nascimento da VIrgem Ssma.)
1 4 - " BIBLIA DE JEAUSAL�M "
Edições Paullnas - 1 980.
15 - "O ROSTO DE MARIA"
Luiz Plva
Thesaurus Editora, Brasllla (DF) 1 987.
1 6 - "O APOSTOLO SAO JOAO "
Mons. Baunard
Reitor da Universidade Católica de Lllle
1 .' edição (1 865) - Tlp. Amérlcà , RJ � 1 924.
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fNDICE
(Cronologia Hlstórlco/Biogréflca de Nossa Senhora, encarte de abertura)
Pég. Pág.