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SUMÁRIO

Quem foi Nísia Floresta


Sobre Fany ou o modelo das donzelas
Fany ou o modelo das donzelas
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Créditos
QUEM FOI NÍSIA FLORESTA
Nísia Floresta Brasileira Augusta, pseudônimo de
Dionísia Gonçalves Pinto, nasceu em 1810, em Parari, no
Rio Grande do Norte. Filha do português Dionísio
Gonçalves Pinto, advogado que veio para o Brasil no
início do século XIX, e da brasileira Antônia Clara Freira,
herdeira de uma das principais famílias da região. Devido
ao trabalho do pai e sua origem, Nísia e a família
precisaram se mudar muito e, com o início da Revolução
Pernambucana, em 1817, as perseguições antilusitanas
se tornaram maiores, forçando-os a se mudar para
Goiana. Foi nessa cidade que Nísia iniciou os seus
estudos.
Segundo as tradições da época, meninas a partir
de doze anos já estavam prontas para o matrimônio,
sendo assim, em 1823, com treze anos, Nísia é forçada a
se casar com um proprietário de terras, porém a união
dura pouquíssimos meses. Após romper com o marido,
Nísia é aceita novamente na casa dos pais. Essa atitude
já demostra como a vida da autora seria, desde cedo,
marcada por transgressões.
Quando a jovem tinha dezessete anos, retornou
para Olinda. Nessa época, sua vida sofreu uma
reviravolta quando o pai de Nísia foi assassinado por
membros da elite pernambucana. Neste mesmo ano,
ainda vivenciando o luto, Nísia passou a morar com
Augusto, juntos eles tiveram dois filhos. Ela foi acusada
de adultério.
Em 1832, o casal se mudou para Porto Alegre,
porém, pouco tempo depois, Augusto faleceu, e Nísia se
viu sozinha com dois filhos para criar. Ela procurou ajuda
da família, que prontamente a recebeu, sua vida teve um
período de calmaria até estourar a revolução Farroupilha,
que a forçou a mudar de cidade mais uma vez.
Nísia então se muda para a capital do Brasil
Império, o Rio de Janeiro. No mesmo ano, 1838, ela funda
o Colégio Augusto, que apresenta um currículo
educacional revolucionário para a época, pois adicionou
ao currículo das meninas matérias como ciências,
matemática, línguas, história etc.
Nísia foi professora e escritora em uma época
extremamente patriarcal, em que as mulheres viviam
presas à realidade do lar e às tarefas domésticas. Ela
lutou pelo direito das mulheres à educação, ao voto e ao
trabalho sem a necessidade de permissão do pai/marido,
direitos esses que ainda demorariam cem anos para
serem conquistados. O simples fato de acreditar que
meninas pudessem estudar fez com que a autora fosse
vista com maus olhos, criando a necessidade do uso de
pseudônimos.
Pode-se considerar a fundação do Colégio um
marco, afinal, foi a partir dele que Nísia teve a chance de
colocar em prática aquilo que sempre defendeu e
idealizou. Tanto que, graças ao seu pioneirismo, ela é
considerada a primeira educadora feminista do Brasil.
Além de visionária na educação, Nísia foi uma
grande escritora, tendo diversos livros publicados, tanto
no Brasil como no exterior.
Em 1849, Nísia mudou-se para a Europa com a
família, alegando que sua filha precisaria de um
tratamento de saúde, porém especula-se que ela
precisou fugir de uma represália do governo brasileiro.
Em 1853, Nísia lançou o seu segundo livro:
Opúsculo Humanitário. A narrativa recupera a história da
condição feminina, relacionando-a com o
desenvolvimento intelectual do país e o local ocupado
por mulheres naquele momento.
A autora faleceu em 1885 e, por muito tempo, sua
figura seguiu sendo vista como emblemática.
Nísia marcou a história do nosso país pelo apoio e
luta à educação feminina, sendo um grande símbolo de
que as mudanças sociais são possíveis se acreditarmos e
lutarmos para isso.
Atualmente, o município em que ela nasceu
carrega o nome de Nísia Floresta.
SOBRE FANY OU O MODELO DAS
DONZELAS
Fany ou o modelo das donzelas foi lançado em
1847. A obra foi escrita para ser consumida pelas alunas
de Nísia no Colégio Augusto.
Nessa obra, Nísia apresenta um pouco de sua
vivência no Rio Grande do Sul, contando ao leitor como
era a vida no sul do país através do olhar da doce e
virtuosa Fany, uma jovem de família abastada que, ao
longo da vida, vivenciou o caos, o medo e o luto que se
instaurou quando iniciou-se a Revolução Farroupilha.
Para ler e compreender a relevância das obras da
Nísia para a literatura e a sociedade brasileira, é
necessário despir-se das crenças contemporâneas e
lembrar como era revolucionário uma mulher frequentar
a escola e usar a ciência e a educação de apoio em
momentos difíceis.
Nísia acreditava que a mulher merecia mais do que
tinha acesso na época, como, por exemplo, o direito à
educação, mas isso não muda a posição da autora
quanto aos deveres filiais que deveriam ser cumpridos,
ao temor a Deus que precisava ser mantido, assim como
as tarefas designadas à mulher pela sociedade e pela
natureza.
A edição que você lerá a seguir teve a gramática
atualizada para o novo acordo ortográfico de 1990 e a
linguagem adaptada para os tempos atuais.
FANY OU O MODELO DAS DONZELAS
Ao ilustre Dr. Fernando Osório, cujo arquivo
histórico melhor figurará este interessante manuscrito,
oferece Borges de Medeiros. Porto Alegre, 23-12-1934.

A capital de São Pedro do Sul está situada em uma


feliz e agradável colina, à margem oriental do Rio Jacuí.

O habitante de Porto Alegre dispõe do ponto de


vista mais encantador que pode despertar no homem a
ideia sublime do seu Criador. De um lado, veem-se as
águas calmas do vasto rio lambendo as fraldas da colina
e trazendo ao porto embarcações carregadas de diversas
mercadorias de outras províncias do Império e de
diferentes nações do mundo; de outro, avistam-se férteis
campinas, semeadas aqui e ali de uma multidão de
flores, cujas diferentes cores, formando o mais agradável
contraste, trazem à imaginação um quadro que nos
lembra do Éden feliz onde a soberana bondade de Deus
colocou o primeiro homem; quadro que é completado
pela simplicidade e pela gentileza dos excelentes
habitantes desses campos que descrevo. Chácaras onde
abundantes frutos saborosos da Europa se oferecem aos
olhos do contemplador, que se admira à vista da simetria
com que ali brotam as roseiras e os cravos de todas as
qualidades, sem exigirem grandes esforços. As frentes da
maior parte dessas chácaras, coroadas de rosas e como
que situadas entre o azul do céu e o verde das
montanhas, apresentam, no delicioso outubro, um
panorama digno do pincel de Rafael[1].
As vinhas pendem com o peso de seus grandes
cachos esperando o outono para oferecer o néctar sob a
cor da pérola ou do roxo-violeta. O aveludado pêssego, o
saboroso damasco, a rubra maçã, a roxa cereja e a linda
amora sucedem à estação das flores e dão a Ceres[2] um
triunfo sobre Flora[3]. Este delicioso país oferecia, até
1835, tudo que um homem pode desejar sobre a terra:
paz, abundância, simplicidade e a doce influência de um
clima sadio.
Vivia com todos esses bens, na cidade de Porto
Alegre, uma família que se compunha de seus chefes e
nove filhos.
Fany, a primogênita deles, tinha apenas treze anos,
e as belas características que ela apresentava prometiam
a seus pais um futuro que não parecia lhes trazer
preocupação.
Fany frequentava um colégio da capital, cuja
diretora, fazendo justiça ao seu esforço, havia lhe
designado, depois de algum tempo, o título de monitora.
Nesse lugar, a jovem estudante, longe de inspirar às suas
companheiras um sentimento amargo, atraiu,
rapidamente, pela doçura, gentileza e
grande perseverança em transmitir-lhes as lições que
recebia da diretora, uma grande estima, mesmo das
colegiais que não estavam sob a sua direção. Seu
progresso foi rápido, todos que a conheciam a
admiravam e estavam maravilhados de suas qualidades
naturais, somente ela as ignorava, porque a mais
perfeita modéstia ressaltava todas as outras virtudes.
Ela estava certa de que a obediência filial e o
desempenho exato dos deveres de uma donzela eram
leis que Deus escrevera no coração dela, portanto,
estranhava que o simples cumprimento dessas leis
pudesse gerar tantos elogios. Ademais, o monstro
devorador das qualidades das mulheres, a desprezível
vaidade, não havia infeccionado sua alma com seu
contagioso hálito; então, quando nos salões ela ouvia um
elogio passar
de boca em boca, o mais lindo rubor lhe coloria
às faces e, procurando se esconder entre as outras, dizia
haver cometido algum erro que desejava esconder aos
olhos de todas.
Com quase quinze anos, essa grande modéstia era
a coisa mais apreciável que Fany possuía, qualidade que
lhe atraía felicitações em todos os lugares. Mas ela sabia
que, se era bela, não era a si que devia esse fútil e frágil
atrativo que não tinha merecimento. Se fazia mais
progressos nos estudos do que suas colegas, não os
atribuía à menor capacidade daquelas, mas, sim, a uma
providência divina que, tendo lhe dado onze irmãos
depois dela, a destinava, talvez, a dirigir a educação de
alguns deles um dia.
Vestida sempre com capricho, mas mantendo seus
adereços o mais simples possível, Fany não aspirava
outra felicidade além de ser útil a seus pais, a quem
amava com a mais profunda dedicação.
Que quadro interessante ela participava quando,
voltando do colégio, colocava os livros de lado e, rodeada
de seus irmãozinhos, ocupava-se em pensar ela mesma
nos mais pequenos, poupando à sua boa mãe o peso dos
trabalhos domésticos que, longe de desdenhar, sabia ser
a prática deles, reunida a outras qualidades, que poderia
conferir à mulher o nobre título de boa mãe de família!
Quando se formou na escola, era ela quem dirigia,
sob as ordens da mãe, toda a organização da casa: cosia
a roupa de seus irmãos, tratava de sua mãe com uma
devoção quase angelical e, longe de parecer essas
jovens que, deixando de ser estudantes acreditam ter
conquistado uma coisa que chamam liberdade e que lhes
permite dormirem até tarde ou, ainda, passarem muito
tempo despenteadas ou à janela, afastada dos livros, em
que grande parte delas não pegam mais ou leem sem
fruto, Fany, no meio de tantas ocupações, achava tempo
de cultivar os estudos que havia aprendido e manter uma
correspondência diária com aquela que havia cuidado de
sua educação.
Aproximava-se, porém, o momento em que suas
belas qualidades e virtudes iam ser submetidas a uma
dura prova. O anjo de paz, que até então
havia preservado aquela fértil localidade dos golpes da
rebelião, que nas outras províncias do Império fazia
tantos estragos há longos anos, voando para a etérea
morada pareceu abandoná-la durante quase dez anos!
Os clarões da aurora do memorável vinte de setembro de
1835[4] desdobraram aos olhos dos habitantes da capital
o primeiro painel da rebelião daquele ponto, até então,
asilo feliz dos perseguidos nas demais províncias. O rio
ficou coberto de iates que conduziam de uma margem a
outra os rebelados, e em menos de uma hora, a capital
estava em poder deles; o presidente e as demais
autoridades, surpreendidas, foram obrigados a deixar o
governo nas mãos dos que para ele foram nomeados,
embora não dentro da lei.
Enquanto acontecia esse grande movimento, e
quando mesmo entre as mulheres, algumas, esquecendo
as virtudes pacíficas de seu sexo, elevavam o grito
revolucionário de particulares vinganças, profanando
o santo nome de liberdade em seu fatal entusiasmo,
Fany, no recinto de seu quarto, dirigia fortes preces ao
Divino para que protegesse seu pai que, imprudente,
comandava uma das forças rebeldes; seu pai que, surdo
à voz do dever que o chamava junto a uma esposa
incrível e seus filhos, correra abraçar uma guerra civil,
murchando os louros que havia colhido nas fileiras legais
quando combatera, no passado, o inimigo em defesa de
sua pátria!
Entretanto, o primeiro sucesso dos rebeldes, tendo
excedido toda expectativa, deu às famílias destes uma
esperança de terem alcançado a felicidade, muitos
aplausos pareceram assegurar a sua causa.
A mãe de Fany sentiu um entusiasmo que
contrastava com a tranquilidade de suas doces paixões,
até então deslumbrada pelo bom resultado daquela
primeira tentativa, via em seu marido um dos principais
reformadores do governo que pretendiam estabelecer,
assim, em uma ocasião em que foi necessário seu
marido ir à frente de uma força combater, ela exclamou,
como uma antiga espartana:
— Vá, eu cuidarei de nossos filhos em sua
ausência. Afasta os inimigos de nossa pátria e só volte
vitorioso!
A sensível Fany, pelo contrário, sem proferir uma só
palavra que ferisse o que seu pai chamava de
patriotismo, apresentava em seu silêncio um contraste
ao entusiasmo exposto por sua mãe, que tampouco se
orgulhava com a doçura e a timidez natural de seu
excelente caráter. Ela implorava ao Criador pelo seu pai e
continuava em seus exercícios diários, sem que aquela
mudança política, tão vantajosa para seu pai,
influenciasse em nada seus hábitos cotidianos.
A caridade era uma de suas principais virtudes,
muito porque sua mãe tinha, ainda em sua infância, lhe
dado o maior exemplo, por isso sua bondade se
destacava ainda mais quando ajudava alguém em
sofrimento.
Desse modo, ela recebia ao mesmo tempo as
economias dos grandes e as bênçãos dos indigentes,
para quem obtinha sempre de sua mãe algum socorro.
Todos repousavam tranquilos na cidade de Porto
Alegre na noite de quinze de junho de 1836, quando uma
reação do governo legítimo foi operada, e aqueles da
rebelião que não puderam fugir foram trancados em
prisões.
O sol trouxe uma cena bem diferente daquela que
há meses tinha ocorrido ali. Havia começado a
perseguição aos rebeldes, da qual não escaparam nem
mesmo as famílias, que não tinham cometido crime
algum senão ouvido em silêncio as opiniões de seus
esposos, irmãos ou pais.
Algumas foram presas, outras deportadas, sofriam
agora a pena que somente seus familiares haviam
merecido. Aquelas que haviam ficado em suas casas na
capital estavam expostas aos insultos do povo, que
nessas circunstâncias, nunca deixa de injuriar o oprimido.
Enquanto na capital se passavam essas cenas
desagradáveis, consequências de uma guerra civil, no
campo, dois exércitos disputavam, ambos rio-
grandenses, ambos irmãos de armas, um contra o outro,
fazendo chorar a humanidade que lacerava seu próprio
seio! As famílias dos rebeldes, que se dispuseram
livremente a escapar da capital, achavam-se entre os
exércitos em que combatiam seus chefes, expostas,
como estes, às balas inimigas. Em um dos combates
entre os dois exércitos, uma das carretas que conduzia
uma das tristes famílias aproximou-se imprudentemente
do lugar onde o fogo era mais vivo, e, de repente, uma
chuva de balas caiu sobre ela! Quais serão as vítimas
que ela criou? Era Fany, sua mãe e seus irmãos, que,
vendo seu pai e seu esposo empenhado no calor da
batalha, quiseram, em desordem, aproximar-se dele e
salvá-lo da morte, se fosse possível! Fany, a mais
modesta e tímida das donzelas, não hesitou em se
colocar no meio de uma tropa de guerreiros ferozes, no
calor das batalhas, para seguir sua mãe que, delirante,
queria livrar seu pai da morte que pairava sobre sua
cabeça!
Tão heroica coragem e tão sublime sentimento filial
encontrou apoio no seio da Divindade, porque Fany e sua
família ficaram ilesas das balas que, em direção da
carreta, caíram a seus pés, deixando apenas assustados
os seus mais jovens irmãos. Foi então que Fany
desenvolveu todas as virtudes de seu sexo com graça:
animava com doces carícias a mãe abatida, cuidava dos
irmãos, prestava socorro aos que caíam feridos a seus
pés, rompendo suas roupas para estancar o sangue que
corria de suas feridas e impondo um religioso respeito
aos soldados, que a contemplavam tão bela e tão jovem
no meio deles!
Cessou o fogo, a vitória foi do partido que seu pai
comandava naquele ponto, mas ai de Fany! Alguns dias
depois, esse pai que ela tanto amava e que tinha
resistido aos combates, caiu vítima de uma traição em
um bosque onde não acreditava estar o inimigo. Pois ela
ficou órfã, com uma numerosa família, no meio de uma
campanha, onde rapidamente novos combates
ensanguentaram a terra, não lhe deixando nem mesmo
os recursos mais básicos da vida. Mas aquele que
protege a inocência e prepara a coroa da virtude iria
desamparar Fany nesse momento difícil? Não, por certo,
afinal, é na adversidade onde os seus filhos prediletos
experimentam mais as suas grandes bondades!
Em sua desgraça, desprovida dos meios que mais
deslumbram os homens quando tratam de fazer uma
união, ela teve pretendentes, mas queria viver somente
para sua mãe e seus irmãos, ao menos por alguns anos,
por isso, renunciou ao casamento e encarou resignada à
pobreza e o desdém de um povo, cuja causa seu pai não
havia seguido. Foi sempre boa e dócil aos conselhos da
mãe que adorava, sempre modesta e atenciosa com
todas as pessoas. Fany, em sua pobreza, que podava sua
prosperidade, continuava atraindo a admiração dos que a
conheciam. E se ela chorava sob o peso de sua tristeza,
era pela perda do pai, cuja morte nunca superou, ou
porque o bem-estar passado não adoçava os dias atuais
de mãe e irmãos, por quem ela sentia a privação de sua
fortuna.
Oito anos se passaram para Fany, durante os quais
nenhuma queixa contra as vontades de Deus saiu de sua
boca. Era uma verdadeira filha cristã, que sofria em
consequência dos males que seu pai havia atraído, sem
murmurar nem reclamar da conduta desse pai, cuja
memória ela religiosamente respeitava!
Era tempo de o Eterno enviar a coroa que havia lhe
preparado por suas virtudes.
O governo imperial compreendeu as necessidades
daquela famosa província e empregou, afinal, os meios
de colocá-la em seu seio. Uma anistia geral fez os ódios
serem esquecidos, e por uma bondade especial do chefe
da nação, todos os rebeldes puderam permanecer em
seus antigos empregos, desfrutando de seus direitos.
Fany era de uma das principais famílias daquele
local e, por consequência, achou-se de posse de todos os
bens que pertencem agora à sua mãe, da meia pensão
de seu pai e, o que é mais, da estima geral de um povo,
que valoriza as suas virtudes, e entre o qual ela vive hoje
aproveitando dos mais puros prazeres domésticos,
rodeada de sua família, ocupada da educação de seus
irmãozinhos a quem ama demais. Ao vê-la assim ou nos
melhores círculos da capital, recebendo com a sua
inalterável e encantadora modéstia os respeitos de
todos, pode-se pensar que ela é completamente feliz.
Uma única lágrima às vezes a traí, é a de saudade e da
dolorosa lembrança de seu pai.
Possam todas as donzelas, principalmente aquelas
para quem escrevi estas linhas da história de Fany, imitar
suas virtudes e inspirar uma mão ainda mais hábil do
que a minha para descrevê-las.
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CONSELHOS À MINHA FILHA


Em Fany, Nísia Floresta nos mostra a revolução
Farroupilha pelos olhos de uma doce menina filha da elite
gaúcha que sofre as consequências da guerra civil.
Escrito originalmente para o consumo das alunas
do Colégio Augusto, o texto foi quase perdido.
A ESCRAVA
A Escrava, conto publicado no auge do movimento
abolicionista brasileiro, é uma excelente introdução à
autora Maria Firmina dos Reis, mulher negra considerada
a primeira romancista brasileira e cuja obra está sendo
redescoberta após décadas de esquecimento. Essa
edição tem texto adaptado para o acordo ortográfico
vigente, e conta também com uma atualização da
linguagem de forma a ser mais acessível aos leitores de
hoje. Nessa narrativa poderosa, conhecemos uma mulher
abolicionista que se vê na posição de auxiliar e escutar a
história de uma escrava que foge de seu algoz. Em
poucas páginas, você encontrará uma história que vai
reverberar em sua mente por muito tempo.
SOLO VIRGEM
Ela era uma jovem inocente quando se casou por
pressão da família com um homem adequado, de posses.
Agora, já uma mulher mesmo poucos anos passados, ela
retorna para uma conversa franca com sua mãe, uma
discussão sobre o que significa ser mulher e o significado
do casamento. Mary Chavelita Dunne Bright escreveu
sempre sobre o pseudônimo de George Egerton.
Australiana por nascimento, cresceu na Irlanda e chegou
a morar em Nova York e no Reino Unido, onde morreu.
Foi vanguardista da literatura modernista de língua
inglesa e é uma das mais importantes autoras do
movimento feminista, chegando a flertar com o
movimento sufragista. Mesmo com a sua importância
histórica, essa é a primeira obra da autora traduzida para
o português.
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EDITORA:
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REVISÃO:
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CAPA E ILUSTRAÇÕES:
Jonnifferr

PRODUÇÃO DO EBOOK:
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Todos os direitos desta edição reservados à Galuba


Editorial.
ISBN: 978-65-84978-10-2
[1] Rafael Sanzio (1483–1520) foi um mestre da pintura e da arquitetura da

escola de Florença durante o Renascimento italiano. É conhecido pela


perfeição e pela suavidade presente em suas obras.
[2] Deusa romana da agricultura, equivale à Deméter na mitologia grega.
[3] Deusa romana que desencadeava a floração das árvores, das flores, dos

jardins, também conhecida como deusa da primavera.


[4] Início da Revolução Farroupilha, ocorrida no Rio Grande do Sul. O

movimento foi organizado pela elite gaúcha, que lutava contra o poder
imperial no Brasil. A grande motivação foi a política fiscal do governo
brasileiro, na época o estado possuía um dos maiores mercados de charque,
e os estanceiros estavam descontentes com os impostos cobrados pelo
governo.

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