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Introdução
O intuito inicial é demonstrar aspectos da educação feminina no século XIX a partir da
literatura nacional e seu papel na formação da mulher ideal.
Além das poucas escolas construídas, mulheres mais pobres não frequentavam a escola,
muitas não tinham interesse e outras não tinham disponibilidade para tal. Em
contrapartida, mulheres com condições de vida melhores, ao invés de se deslocarem até
essas escolas, tinham preceptores, ou seja, ensino em casa.
Em 1827, foi decidido a ementa base para a educação feminina no Brasil, seria ensinado
somente a ler, escrever e apenas as quatro operações de matemática. Afirmaram que
como a educação feminina deveria ser aplicada por professoras mulheres, não teriam
profissionais aptas para aulas mais complexas.
Essas instituições educativas eram mantidas pelo Estado e/ou Ordens Religiosas
Femininas. O ensino era voltado em sua maior parte para prendas domésticas, leitura,
escrita e noções matemáticas básicas. Ao fim da formação, essas mulheres poderiam
exercer o magistério. Entretanto, o ensino básico era privilégio de poucas mulheres. As
mulheres pobres em sua maioria, não tinham a sua educação como principal fator. Os
responsáveis por elas, acreditavam que o mais importante era saber como cuidar da casa
e arrumar um casamento agradável.
Guacira Lopes Louro, faz uma abordagem acerca da saída de homens do ensino
primário no final do século XIX e a ocupação dessa função por mulheres. Lentamente
os homens foram abandonando esse espaço docente, o que foi abrindo margem para que
mulheres o ocupassem. O discurso seria de que mulheres possuem intrinsicamente o
instinto maternal, atribuindo a essas mulheres o dever de cuidar não somente de seus
filhos, mas agora dos filhos de todos.
As mulheres pobres no século XIX que se viam com filhos, solteiras, ou até mesmo
conciliava a criação dos filhos e trabalho com seus parceiros, atuavam no trabalho
informal. Portanto, apesar da submissão inerente, essas mulheres tinham certa
independência. O objetivo principal na educação dessas mulheres eram o trabalho
doméstico e cuidado dos filhos.
Deveriam estudar línguas, tocar piano, falar bem, mas tudo isso de forma superficial. O
ensino ainda era precário e raso. Portanto, essas mulheres deveriam saber o básico de
tudo, o básico do francês, do piano etc. Não tinham o estudo filosófico, e não era do
interesse patriarcal que elas obtivessem acesso a esses estudos.
Os autores da época tinham o interesse em educar sobre o que seriam os valores ideais
das mulheres e criticar aquilo que para a sociedade patriarcal, era o oposto. Portanto,
usavam do espaço que tinham para fortalecer a função social das mulheres como
guardiãs do lar e dos bons costumes. Claramente, essas obras eram voltadas para as
mulheres abastadas que tinham acesso a literatura. Era um movimento de definição dos
ideias patriarcais.