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- Por exemplo:
- Por exemplo:
1.2.3.) Referências à realidade
- Por exemplo:
Complicadores
Existem: problemas bem definidos e mal - Este tipo de ensino foi formulado por George
definidos Polya e apresentado por meio de seu livro (A
Arte de Resolver problemas):
Conclusão
- As dificuldades de compreensão
apresentadas pelos estudantes no
ensino/aprendizagem da Matemática, os induz - A noção de quantidade trabalhada na reta
a pensar que a matemática é extremamente numérica irá auxiliar o aluno a entender o
difícil e inútil; aspecto de comprimento;
- A culpa muitas vezes sobre cai no trabalho - O geoplano auxilia a trabalhar geometria e
do professor, que se justifica por má formação também aritmética por meio de multiplicações
ou pelas condições de trabalho que se fazem realizadas com os quadrados ali existentes;
necessárias devido à remuneração precária; - Trabalhar com busca de padrões, pois isso
- A falta de motivação para a aprendizagem fará com que o educando relacione padrões e
Matemática se dá pela falta de aplicabilidade isso está começando a introduzir o aluno no
dos cálculos matemáticos na vida; pensamento algébrico; e
- O conhecimento quando construído, ao invés - A álgebra é uma abstração da matemática,
de transmitido pelo professor faz muito mais aonde se trabalha generalizações.
sentido para estudante, por isso é mais
facilmente absorvido; Exemplo na multiplicação
- A iniciação do conhecimento algébrico o
quanto antes na vida escolar da criança é um
dos caminhos almejados para a concretização
de um conhecimento matemático mais
integrador e provocante, possibilitando aos
alunos desenvolverem suas capacidades
matemáticas com compreensão; e
- Atividades adequadas sem uma abordagem
pontual não geram significados,
principalmente quando estas são de cunho
- 5 traços na horizontal e 6 traços na vertical,
investigativo.
o aluno conseguirá descobrir com este
método multiplicando o número total de
Material-base: Relações entre os diferentes
traços. Além disso, é possível ainda o aluno
campos da Matemática
perceber que 5X6 é o mesmo que 6X5.
Como as unidades temáticas estão
organizadas na BNCC?
Exemplo de aritmética e combinatória
Jogo de dados
- Geogebra é um aplicativo que auxilia no
aprendizado de geometria com algebra; e
- Trabalhar os números figurados para
aprender relações aritméticas.
- Absolutismo burocrático:
a) O absolutismo, sustentar que os erros são
absolutos e podem ser eliminados pelo Texto-base: O diálogo nos ambientes de
professor” (p. 22); aprendizagem nas aulas de matemática
b) A tarefa do professor é detectar e eliminar Introdução
esses erros. Não significa que não deve-se - Pedagogia do Oprimido, a importância da
corrigir os erros (relativismo absoluto); dialogicidade como prática educativa
c) Os erros precisam ser discutidos e libertadora em contraposição à teoria da ação
relativizados (processo, resultado, algoritmo, antidialógica que se utiliza da relação com o
sequência de ações, interpretação). Apontar outro para manter a opressão. “Os opressores
caminhos por onde o aluno deve “caminhar”; pretendem transformar a mentalidade dos
d) O modo como o professor enxerga o erro oprimidos e não a situação que os oprime”
em matemática também influencia no modo (FREIRE, 1987, p.34);
como ele se comunica com os alunos; - O papel político da educação na perspectiva
e) Mesmo o professor querendo mudar sua de emancipação humana;
prática, muitas vezes não consegue pois o - Como afirmam Shor e Freire (1986), o
ambiente escolar foi engessado pelo diálogo não é uma técnica de ensino para
absolutismo burocrático; e obter resultados e menos ainda uma forma de
f) Por um lado, o professor tem que formar manipulação para conquistar amizades na
alunos críticos, por outro tem que seguir um relação professor-aluno; e
livro-texto e treinar os alunos para - Freire (1987) destaca que para o diálogo
determinadas provas baseadas em acontecer são necessários dois elementos
absolutismos burocráticos. primordiais: ação e reflexão. Ele não se
- Padrões de comunicação e aprendizagem: esgota na relação “eu-tu” e nos interesses
a) Formas de comunicação estabelecidas nas desse binômio. O diálogo é, portanto, inerente
aulas influenciam as qualidades da à natureza da humanidade e se caracteriza
aprendizagem de matemática (ALRØ; pelo encontro entre pessoas capazes de
SKOVSMOSE, 2004); refletir sobre suas realidades, de analisá-las
b) Dependendo do modo como o professor criticamente e transformá-las.
possibilita que os alunos manifestem-se e
como ele responde a essas manifestações, o Educação Matemática Crítica como campo
tipo de participação dos alunos na aula será de estudo e de pesquisa
distinto e isso influencia no processo de - A Educação Matemática Crítica (EMC) é um
aprendizagem (STREITLIEN, 2010); campo de estudo que revela preocupações
c) Não só as metodologias de ensino com a matemática e seu ensino. Esse campo
influenciam o tipo de aprendizagem, mas, se preocupa com os fins sociais para os quais
também, a forma como professor e alunos tal ciência se destina. É foco desse campo de
interagem! estudo investigar as práticas sócio-políticas
em que a matemática opera, seja em
- Modelo de cooperação investigativa: contextos tecnológicos, profissionais, políticos
ou de pesquisa, com o intuito de analisá-las
criticamente (Idem, 2014a);
- E as práticas sociais são formatadas pela
matemática, ou seja, os modelos matemáticos
utilizados nesses contextos têm poder
prescritivo (DAVIS; HERSH, 1988);
- A EMC se preocupa com as formas com as
quais se aprende matemática na escola e está
- O professor, ao considerar o paradigma do
voltada para a formação do sujeito crítico;
exercício ou os cenários para investigação,
- Atividades escolares preparem os alunos
como estratégia pedagógica, o faz a partir de
para a cidadania e reflitam sobre a natureza
três referências. A primeira referência
crítica da matemática; e
caracteriza-se pela preocupação com a
- O papel da Educação Matemática (EM) que
matemática pura em si ou com os conteúdos
pode tanto formatar o sujeito como o
curriculares;
empoderar de conhecimentos reflexivos.
- A segunda, caracterizada pela
semirrealidade, situações de aprendizagem
Ambientes de Aprendizagem nas aulas de
relacionadas com ambientes contextualizados;
Matemática
- Na terceira referência, alunos e professores
- Todo espaço escolar em que há interação
trabalham com situações do mundo real, que
entre professor e aluno constitui um ambiente
interagem com outras áreas do conhecimento;
de aprendizagem (CIVIERO, 2009);
- Essas três referências podem ter papéis
- As práticas que ali acontecem distinguem-se
distintos no ensino e na aprendizagem da
entre dois paradigmas, denominados, por
matemática, dependendo em qual paradigma
Skovsmose (2000), de paradigma do exercício
está alicerçada:
e cenários para investigação;
a) O ambiente de aprendizagem tipo (1),
- Paradigma do exercício é que existe uma, e
vinculado à matemática pura, desenvolve
somente uma, resposta certa para o exercício.
habilidades de sistematização, estimulando a
Os exercícios, geralmente de livros didáticos,
prática de seguir regras e de organização,
costumam apresentar informações
concluindo etapa por etapa. São os exercícios
estritamente necessárias para seu objetivo
do tipo siga o modelo, encontrados facilmente
final, ou seja, para a sua solução;
e em abundância nos livros didáticos. Esse
- Os cenários para investigação constituem
ambiente é importante para a fixação de
ambientes de aprendizagem construídos na
regras, técnicas e algoritmos relativos a
sala de aula para dar suporte a um trabalho
conteúdos matemáticos;
investigativo, no qual os estudantes são
b) O ambiente tipo (2), também desenvolvido
convidados a realizar descobertas, em um
com base na matemática pura, vai além da
processo repleto de perguntas, explicitação de
sistematização de regras e fórmulas
perspectivas e reflexão;
pré-estabelecidas. Além de se questionar os
- Skovsmose (2000), um cenário para
porquês dessas fórmulas e regras, professor e
investigação é constituído a partir do momento
alunos estão engajados em realizar
em que os alunos aceitam (e se assumem
descobertas sobre conceitos matemáticos que
como participantes ativos) o processo de
representam novidades aos alunos;
exploração e de explicação. Segundo o autor:
c) Ambiente do tipo (3), os exercícios tratam
Um cenário para investigação é aquele que
de situações referentes a uma suposta
convida os alunos a formular questões e a
realidade. No entanto, na maioria das vezes, o
procurar explicações;
contexto apresentado no exercício é distante
- Skovsmose (2000) apresenta uma matriz
da realidade dos alunos, sendo relevante
combinando três tipos de referências e a
somente os dados numéricos estabelecidos.
distinção entre os dois paradigmas de práticas
O objetivo é usar uma técnica ou algoritmo em
de sala de aula:
determinado contexto não matemático;
d) O ambiente tipo (4) também contém
referências a situações contextualizadas, mas
que não são efetivamente reais. Nesse
ambiente, não há respostas pré-determinadas
pelo professor ou autor do livro didático. A Quando se deseja saber o que o outro pensa,
situação é aberta a argumentações, os alunos pode-se desconfiar de algo, mas não se tem a
apresentam suas perspectivas, trabalham em certeza do que o outro vai responder.
grupo, e chegam a conclusões; Aprender e investigar em um cenário dialógico
e) O ambiente tipo (5) pode levar o aluno a envolve correr riscos e há o desafio de
agir em seus processos de aprendizagem, experimentar novas possibilidades, o que gera
reconhecendo a matemática como parte de oportunidades de aprendizagem. O
sua realidade. Segundo essa abordagem, os sentimento de incerteza em excesso não é
dados utilizados vêm da vida real, oferecendo benéfico ao diálogo. Os alunos podem desistir
uma condição diferente para a comunicação da atividade ao se sentirem perdidos. A ideia
entre professor e os alunos. Não há reflexão não é remover o risco, mas sim promover
ou levantamento de questões a respeito do momentos de incerteza passageira. Uma
que tratam as situações apresentadas; e relação interpessoal igualitária. Todos têm
f) No ambiente tipo (6), em que a s referências direito à fala, e as diferenças e a diversidade
também são à realidade, tornando possível ao agir e pensar são respeitadas;
aos alunos produzir diferentes significados b) A segunda característica do diálogo
para as atividades. O pressuposto de que há refere-se ao conjunto dessas ações,
uma, e somente uma resposta certa, não faz chamadas de atos dialógicos, os quais
parte dessa proposta, sendo eliminadas as auxiliam tanto na manutenção como no
autoridades que exercem seu poder no desenvolvimento do diálogo;
paradigma do exercício. c) Estabelecer contato é um elemento
fundamental na atividade de cooperação. Sem
O Diálogo na perspectiva da Educação esse elemento, o processo de cooperação
Matemática Crítica não se inicia. Não basta, portanto,
- Paulo Freire, dialogar não se refere a uma estabelecer um contato inicial, mas também
simples conversa. O diálogo é um encontro mantê-lo;
entre pessoas com o objetivo de pronunciar o d) O ato dialógico de reconhecer envolve o
mundo, o que significa tentar modificá-lo. detalhamento de uma perspectiva, quando
Nesse sentido, o diálogo é existencial e são expressas suas particularidades e
envolve ação e reflexão. Não se trata de uma implicações para a investigação.;
disputa de ideias, uma discussão guerreira, e) os alunos posicionam-se para argumentar,
nem uma imposição. Diálogo é criação em defender ou rejeitar ideias. A fala é uma
conjunto. É um direito das pessoas. Não há ferramenta poderosa na aprendizagem
diálogo se não houver amor, humildade, fé matemática;
nos homens, esperança; f) . O ato dialógico de pensar alto refere-se à
- Alrø e Skovsmose (2004) conceituam o verbalização de raciocínios para tornar pública
diálogo como um tipo de conversação com uma perspectiva, e assim possibilitar que seja
algumas características especiais que visa à investigada;
aprendizagem crítica; g) A partir da exposição das ideias, tanto por
- Os autores caracterizaram o diálogo por oito parte do professor quanto por parte do aluno,
atos dialógicos que compõem o Modelo de ambos podem reformular o que é dito pelo
Cooperação Investigativa (Modelo-CI): outro, verificando se as perspectivas de cada
estabelecer contato, perceber, reconhecer, lado foram entendidas;
posicionar-se, pensar alto, reformular, desafiar h) Desafiar significa tentar levar os raciocínios
e avaliar: envolvidos em um trabalho para uma nova
a) Nessas atividades, cada participante pode direção. O desafio, porém, não pode ser feito
ter um ponto de vista no qual acredita e de qualquer modo; e
defende, mas deve haver um equilíbrio entre i) É importante que professor e alunos possam
posicionar-se e abrir mão do que se pensa, avaliar o trabalho realizado como um todo e
para que o coletivo seja valorizado e outras também os raciocínios e os procedimentos
perspectivas sejam criadas e exploradas. os específicos.
rumos de um diálogo são imprevisíveis.
- Milani (2015) propôs a seguinte interpretação tentar adivinhar o que o professor quer como
de diálogo. Diálogo é uma forma de interação resposta, característica essa do padrão
entre professor e alunos, engajados em uma adivinhação (ALRØ; SKOVSMOSE, 2004);
atividade de aprendizagem, em que a fala e a d) Construir uma discussão em aula a respeito
escuta ativa são compartilhadas, ideias são do assunto e verificar se mais alunos pensam
discutidas e a compreensão do que o outro diz como aqueles que responderam à pergunta
é fundamental. Essa perspectiva de diálogo do professor;
em educação matemática tem como base e) Ao perguntar, o professor procura
uma postura política que acredita que não reconhecer a perspectiva do aluno,
pode haver a fala dominada por apenas uma aprofundar-se a respeito das ideias
das partes, mas, sim, compartilhada entre as evidenciadas. Além das perguntas, o
partes (MILANI, 2015, p.202, grifo do autor); e professor pode dizer como entendeu a
- O diálogo, para Alrø e Skovsmose, está perspectiva do aluno, trazendo à tona o ato
diretamente associado aos ambientes de dialógico de reformular;
aprendizagem em que figuram cenários para f) Alunos e professor são parte do diálogo e,
investigação. com a participação de ambos, a
responsabilidade pelo processo de
O diálogo em ambientes de aprendizagem: aprendizagem é compartilhada;
um novo eixo, novas possibilidades g) Outra possibilidade da comunicação entre
- Os modos com que professor e alunos se professor e alunos avançar em direção ao
comunicam nas aulas de matemática diálogo é o que Skovsmose (2014b) chama de
influenciam nas formas de aprendizagem que abrir um exercício;
ali ocorrem (ALRØ; SKOVSMOSE, 2004); h) A ideia de abrir um exercício refere-se a
- Quando o aluno assume a posição central no criar outras possibilidades de
processo de aprendizagem, sua participação, encaminhamento sobre a temática proposta
inclusive verbal, torna-se mais ativa; nele (SKOVSMOSE, 2011); e
- O desafio que percebemos existir para os i) Abrir um exercício pode fazer com que
professores é o de como implementar ações professor e alunos passem a trabalhar em um
que se aproximem do diálogo, nos ambientes cenário para investigação com referência à
de aprendizagem ligados ao paradigma do matemática pura.
exercício; - No ambiente tipo (2):
- O ambiente de aprendizagem (1): a) Com propósito de questionar os porquês
a) Está localizado no paradigma do exercício das regras e entender os conceitos
com referência à matemática pura. O matemáticos, o diálogo é intensificado. O
professor explica o conteúdo, traz definições, professor não mais emite apenas respostas,
mostra como as regras e algoritmos mas torna-se um inquiridor;
funcionam e dá exemplos. Os alunos escutam b) O diálogo é ampliado para questões de
a fala do professor e resolvem exercícios de natureza investigativa, do tipo “e se…?”, “o
fixação; que acontece se...?”; e
b) Outra possível interação entre professor e c) Se faz presente nesse ambiente a fala e a
alunos, nesse ambiente, seria quando o escuta ativa compartilhadas por parte de
primeiro abre espaço para a fala dos alunos e professor, visto que a intenção das
estudantes para completar uma ideia iniciada atividades no ambiente não é encontrar a
por ele ou para adivinhar o que ele quer como resposta certa, mas, sim, a aprendizagem dos
resposta a uma pergunta fatual; conceitos envolvidos por parte de todos, sob a
c) O padrão sanduiche, em que a fala dos forma da investigação.
alunos é sanduichada pela do professor. Esse - O ambiente tipo (3):
padrão é quase um monólogo, pois os alunos a) Refere-se à semirrealidade. A tarefa do
apenas recheiam o discurso do professor. aluno, como no ambiente (1), segue sendo a
Algumas vezes, eles não respondem o que de resolver exercícios de uma única resposta.
ele estava esperando e, aí, começa um jogo Esses, porém, possuem um contexto não
de adivinhação, em que a preocupação é
limitado à matemática, como, por exemplo, a b) Aqui, toda exploração, reflexão e crítica são
da compra de algum produto; possíveis;
b) Para não gerar conflitos, torna-se essencial c) Ele poderá, portanto, mobilizar diferentes
um “acordo” entre professor e alunos para estratégias de resolução e conhecer com mais
trabalharem no paradigma do exercício, ou profundidade os conteúdos matemáticos e o
seja, o aluno deve contentar-se em encontrar contexto em que vive; e
a solução, sem muitas considerações extras; d) Quando o professor procura realizar uma
e escuta ativa, ele inicia o movimento do diálogo
c) A comunicação fica limitada à busca por tal que busca a compreensão do que o aluno diz.
solução única. Esse movimento não é simples e imediato,
- No ambiente tipo (4): pois trata-se de uma mudança de postura, no
a) Nesse ambiente, os alunos são sentido epistemológico, metodológico e
incentivados a explorar os elementos do político.
enunciado do exercício. Eles têm mais
liberdade para investigar, fazer inferências e Considerações finais
tomar decisões. O pressuposto da „resposta - Nos ambientes associados ao paradigma do
certa‟ é substituído pelo da melhor resposta‟; exercício, a intencionalidade do professor ao
b) O diálogo é intensificado, ao provocar os propor atividades se restringe quase que
alunos a perceberem as relações para além exclusivamente à aprendizagem de um
das fórmulas matemáticas. A matemática a conteúdo matemático, independentemente de
ser utilizada, muitas vezes, pode não estar as atividades fazerem referência à matemática
explícita, o que exige do aluno a sua pura (1), à semirrealidade (3) ou à realidade
descoberta; (5). Nestes ambientes a memorização do
c) A atividade de simulação é também um conteúdo por meio da repetição é comumente
exercício de possíveis realidades; e priorizada por professores e alunos. Já, nos
d) É necessário posicionar-se, avaliar, cenários para investigação, nos ambientes (2),
estabelecer contato reformular, desafiar, (4) e (6), nas respectivas referências, a
perceber, reconhecer e pensar alto para prioridade é a reflexão sobre os conteúdos
participar da atividade. Vale frisar que não matemáticos e a sua imbricação com a
existe uma ordem fixa entre os atos realidade; de modo a avançar num movimento
dialógicos. para além da técnica matemática;
- O ambiente de aprendizagem (5): - É oneroso para o professor que é instigado a
a) Localiza-se no paradigma do exercício com sair da sua zona de conforto. Nessa zona ele
referência à realidade. Os dados dos não corre riscos porque possui uma vasta
exercícios são extraídos de situações reais. experiência com o planejamento que
Não são os alunos que os trazem para a aula, reproduz, por vezes, anos após anos,
mas, sim, são apresentados pelo professor e, conhece bem o funcionamento da classe e
a exemplo dos ambientes caracterizados dos alunos, sabe bem as perguntas que
anteriormente nesse paradigma, podem surgir quando ensina um determinado
encontram-se todos no enunciado do conteúdo. Além disto, ele é instado a investir
exercício. A solução também é única e é o mais tempo de pesquisa para construir os
foco da resolução. As discussões oriundas do cenários;
exercício sobre a realidade não são o objetivo - Ensinar por meio dos cenários para
nesse ambiente. investigação não depende somente do
- Ambiente tipo (6): professor. Há diversos fatores que interferem
a) Nesse ambiente, o diálogo entre professor fortemente desde a constituição até a
e alunos e entre alunos se intensifica, e já não implementação;
há uma regra explícita para resolução da - As condições de trabalho e de preparação
atividade. O processo de investigação instiga das aulas; reconhecimento da
o entrelaçamento de conversas e debates, profissionalização docente; o apoio dos pares,
para decifrar os próximos passos. É preciso dos alunos, dos pais e demais membros da
negociações; a palavra está aberta; comunidade escolar;
- É possível que em uma mesma aula o gráfico, calcule primeiro alguns pontos da fun-
professor trabalhe atividades associadas aos ção!”); à interpretação do texto (“Não, quando
dois paradigmas, começando, por exemplo, o exercício é escrito desse jeito, você tem que
com um cenário para investigação para depois primeiro encontrar o valor de x!”); à progra-
apresentar uma lista de exercícios do livro mação dos alunos (“Não, não, esses
didático. O que pensamos ser problemático é exercícios são para amanhã!”);
permanecer sempre em um mesmo ambiente - Embora esses erros sejam diferentes entre
de aprendizagem, privando os alunos de si, no momento da correção eles são
outros tipos de aprendizagem e comunicação; reduzidos a uma única categoria absoluta: a
- Entendemos que o diálogo pode impulsionar de erro. E só há uma única coisa a fazer:
reflexões que provoquem tais mudanças e corrigi-los. O fenômeno caracterizado pelo
que, de certa forma, possam atenuar a linha tratamento uniforme de todos os tipos de erro
que separa os ambientes; e ocorridos em sala de aula como se fossem
- O diálogo que pressupõe a relação erros de verdade nós denominamos
sociopolítica e cultural e, portanto, a absolutismo de sala de aula;
mutualidade e a equidade entre os atores, - O professor discute de que forma o aluno
poderá acontecer nos ambientes de errou; ele apenas aponta o erro. Tampouco há
aprendizagens quando há cooperação qualquer indício de orien- tação sobre o que o
investigativa aluno deveria fazer:
Texto-base: Comunicação na sala de aula - O professor não diz claramente que o aluno
de matemática cometeu um erro, mas como só se apaga algo
- Antes mesmo de ter experimentado aulas de que está errado ou incompleto, o aluno pode
matemática por si próprias, as crianças já facilmente depreender que se trata de uma
demonstram uma compreensão de que errar e correção de um erro:
cor- rigir são parte integrante da Educação
Matemática;
- Em epistemologia, o termo “absolutismo”
está associado à noção de que o indivíduo
- O professor privilegia o procedimento
tem a possibilidade de conceber a verdade
algorítmico ou o resultado da investigação dos
absoluta. Isso tem relação com o ideal
alunos:
euclideano. O “relativismo”, por outro lado,
sustenta que a verdade é sempre definida por
alguém em certo contexto em certa época; e
- No contexto matemático, o relativismo tem
sido promovido tanto pelo construtivismo
radical quanto pelo social.
Absolutismo burocrático
- O absolutismo filosófico sustenta que
algumas verdades abso- lutas podem ser
obtidas pelo indivíduo. O absolutismo da sala - O erro diz respeito a um algoritmo
de aula vem à tona quando os erros (dos equivocado ou ao uso equivocado do
alunos) são tratados como absolutos: “Isso algoritmo:
está errado!”, “Corrija essas contas!”;
- Um erro pode se referir ao resultado de um
algoritmo (“A conta não está certa!”); ao
algoritmo empregado (“Você não tem que - O erro apontado pelo professor obviamente
somar, e sim subtrair!”); à sequência com que diz respeito ao resultado do trabalho do aluno.
as ações foram feitas (“Para desenhar o Correções evocam, explicita ou
implicitamente, uma autoridade, que pode ser que os alunos têm que fazer certos tipos de
o professor, o livro-texto ou o livro de exercício e que as fórmulas que eles têm que
respostas: usar são aquelas escritas no alto da página;
- Mesmo quando o professor mostra grande
simpatia com alguma forma de ensino
inovadora, acaba impedido de colocar essas
ideias em prática, já que o ambien- te escolar
- O professor impõe uma convenção para tornou-se engessado pelo absolutismo
indicar números usados pelo aluno no burocrático;
exercício. O professor não argumenta por que - Normalmente a comunicação em sala de
motivo fazer uma linha poderia ser melhor ou aula é caracteri- zada por uma relação
mais correto do que colocar uma cruz em desigual entre professor e alunos;
cima dos números. O professor passa a - O “sanduíche” é um padrão de comunicação
exercer sua autoridade: que enfatiza a existência de uma autoridade
na sala de aula e pode ser visto como uma
manifestação do absolutismo de sala de aula.
O professor conhece as respostas para suas
questões de antemão e espera que os alunos
adivinhem o que ele tem em mente. Alunos
concentram-se mais no processo de
- A correção do professor indiretamente faz adivinhação do que no conteúdo matemático
referência ao livro-texto: “Seguir as estudado:
instruções”, isto é, que o aluno seguisse
exatamente o que foi prescrito no livro-texto.
O livro-texto passa a representar a autoridade:
- Obstáculos didáticos.
Situação